III

Diálogos entre Brasil e México São Caetano do Sul, Brasil 06,07 e 08 de Maio, 2019

CADERNO DE PROGRAMAÇÃO E RESUMOS

REALIZAÇÃO: APOIO: Organização e diagramação Antonio Roberto Rossi (UNIP) (UNIP) do caderno de Cristine Gleria Vecchi resumos

REALIZAÇÃO: APOIO:

2 APRESENTAÇÃO

A Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), a Universidade de Colima, a Universidade Paulista (UNIP), a Fundação Pró-Memória de São Caetano do Sul organizam o III Simpósio Internacional Comunicação e Cultura: Aproximações com Memória e História Oral. Diálogos entre Brasil e México.

O primeiro Simpósio foi realizado em São Caetano do Sul, São Paulo, no período de 27 a 30 de abril de 2015. A sua segunda versão ocorreu na cidade de Colima, no México, de 24 a 26 de abril de 2017.

O III Simpósio Internacional de Comunicação e Cultura é organizado pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação (PPGCOM) da USCS, pelo Centro Universitario de Investigaciones Sociales (CUIS) da Universidad de Colima (UdeC), pelo Programa de Pós- Graduação em Comunicação (PPGCOM) da UNIP e pela Fundação Pró-Memória de São Caetano do Sul. Conta com apoio do Laboratório Hipermídias da USCS e recebeu aporte da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) e FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) para a realização do simpósio, com apoio também do Consulado Geral do México em São Paulo.

Esse III Simppósio dá continuidade às reflexões teórico-metodológicas em três eixos, de volta a São Caetano do Sul, em 2019:

- Comunicação e cultura. A comunicação, em suas diversas formas de existência humana, midiática e tecnológica, tem um papel preponderante nas sociedades tradicionais, modernas e pós-modernas. Assim, a comunicação é transversal à cultura, dinamiza e impacta a vida em sociedade, de forma local, regional, nacional e global;

- Memória e comunicação. A memória tem uma relação eminente com as culturas que a constroem, a sustentam ou a transformam, desde as narrativas orais e relatos múltiplos que provêm de sujeitos históricos únicos e irrepetíveis, protagonistas da microhistória. A memória tem caráter comunicativo quando pensado em suas relações com a cultura;

- História Oral e Interdisciplinaridade. Problemas teóricos, epistemológicos, metodológicos e técnicos da História Oral, assim como os desafios de sua encruzilhada interdisciplinar no século XXI.

A Comissão Organizadora espera que o Simpósio permita a conexão das pesquisas nacionais e internacionais, ampliando, dessa forma, o debate e a produção do conhecimento.

Comissão Organizadora

3 SUMÁRIO

4 PROGRAMAÇÃO GERAL 6

RESUMOS: MINICURSOS, PALESTRAS E ESPAÇOS DE CONVERSAÇÃO 13

PROGRAMA DOS GRUPOS DE TRABALHO E RESUMOS 21 GT-1. Comunicação e Cultura: meios de comunicação e cinema 22 GT-2. Comunicação e Cultura: textualidades e intertextualidades 50 GT-3. Comunicação e Cultura: semiótica da comunicação visual 83 GT-4. Comunicação e Cultura: linguagens da arte 96 GT-5. Cultura e Memória: tecnologias de informação e comunicação 111 GT-6. Cultura e Memória: migrações, deslocamentos e diásporas culturais 138 GT-7. Cultura e Memória: processos comunicacionais, ativismos e construção de cidadania 162 GT-8. Cultura e memória: acervos culturais, centros de documentação e comissões da verdade 193 GT-9. História oral e Interdisciplinaridade: identidades e práticas da diversidade religiosa 207 GT-10. História oral e Interdisciplinaridade: comunicação para a saúde 220 GT-11. História oral e Interdisciplinaridade: ensino e prática 233 GT-12. História oral e Interdiciplinaridade: estudo das organizações sociais 249 GT-13. História oral e Interdiciiplinaridade: identidades e práticas da diversidade de gênero 262

PROGRAMAÇÃO SOCIOCULTURAL 279 Programa social e artístico 280 Mostra de filmes e debate 281 Exposição 283

INFORMAÇÕES E SERVIÇOS 285

COMISSÃO ORGANIZADORA E CIENTÍFICA 291

5 6-8 DE MAIO DE 2019

Campus Conceição: Campus Centro: Rua Conceição, 321 Rua Santo Antônio, 50 São Caetano do Sul São Caetano do Sul

PROGRAMAÇÃO GERAL

6 UNIVERSIDADE MUNICIPAL DE SÃO CAETANO DO SUL (USCS)

III Simpósio Internacional Comunicação e Cultura:

aproximações com Memória e História Oral - diálogos entre Brasil e México

De 6 a 8 de maio de 2019

Campus Conceição: Campus Centro: Rua Conceição, 321, Rua Santo Antônio, 50, São Caetano do Sul São Caetano do Sul

PROGRAMAÇÃO GERAL

6 DE MAIO / 6 DE MAYO SEGUNDA-FEIRA / LUNES

8h – 12h – LIVRE

12h – 13h ALMOÇO

13h ÀS 17h - CREDENCIAMENTO

Hall, Bloco A, 2º andar Campus Conceição/USCS

14h ÀS 17h – MINICURSO: DOCUMENTÁRIO E MEMÓRIA (PARTE 1)

Com Prof. Ms. Roberto Levy (UdeC, México) Auditório 2, Bloco A, 2º andar - Campus Conceição/USCS

7 16h - MOSTRA DE FILMES E DEBATE

Frederico Simões Barbosa: ciência e compromisso social, 51 min, 2016. Documentário de Silvia Bezerra dos Santos.

Auditório 1, Bloco A, 2º andar - Campus Conceição/USCS

17h30 ÀS 19h – RECEPÇÃO

Coquetel

Duo Maria Pimenta - Voz e Violão Hall do Auditório, Térreo - Campus Centro/USCS

19h – CERIMÔNIA DE ABERTURA

Solenidade

Coral USCS Auditório, Térreo - Campus Centro/USCS

19h30 – MESA DE PALESTRAS: HISTÓRIA ORAL E VÍDEO

Mediação: Dra. Priscila F. Perazzo (USCS, Brasil)

Palestrantes:

Dra. Lourdes Roca (Instituto Mora, México) Dra. Ana Maria Mauad (UFF, Brasil)

Auditório, Térreo - Campus Centro/USCS

8 7 DE MAIO/ 7 DE MAYO

TERÇA-FEIRA / MARTES

9h ÀS 11h30 – ESPAÇO DE CONVERSAÇÕES: EXPERIÊNCIAS PROFISSIONAIS EM COMUNICAÇÃO E MEMÓRIA Expositores:

Ademir Medici (Coluna Memória - Diário do Grande ABC, Brasil) Paula Fiorotti (Revista Raízes – FPM-SCS, Brasil) Dra. Ana Paula Goulart Ribeiro (UFRJ, Brasil)

Auditório 2, Bloco A, 2º andar - Campus Conceição/USCS

11h30 - MOSTRA DE FILMES E DEBATE

Imagens e Narrativas do Teatro no ABC Paulista. Programa 3 – Mulher em Cena e Programa 4 – Censura e Imaginário, 32 min, 2009. Pesquisa em Vídeo. Direção Paula Venâncio. Produção Priscila Perazzo e Memórias do ABC/USCS.

Auditório 1, Bloco A, 2º andar - Campus Conceição/USCS

13h – 14h ALMOÇO

14h ÀS 17h – MINICURSO: DOCUMENTÁRIO E MEMÓRIA (PARTE 2) Com Prof. Ms. Roberto Levy (UdeC, México) Auditório 2, Bloco A, 2º andar - Campus Conceição/USCS

14h ÀS 18h – APRESENTAÇÕES DE TRABALHOS NOS GTS

Salas de Aula, Blocos B e C, 1º andar - Campus Conceição/USCS

14h ÀS 19h – EXPOSIÇÃO DE ARTE Arte plástica contemporânea: obras de Michele Micha. Vão Livre, Bloco A, 1º andar - Campus Conceição/USCS

9 14h ÀS 19h – EXPOSIÇÃO AUDIOVISUAL – USCS 50 ANOS

Vão Livre, Bloco A, 1º andar - Campus Conceição/USCS

16h30 ÀS 19h – EXPOSIÇÃO DE LIVROS COM PARTICIPAÇÃO DOS AUTORES

Vão Livre, Bloco A, 1º andar - Campus Conceição/USCS

17h – MOSTRA DE FILMES E DEBATE Fala Pomerano, fala, min 41 min. Documentário de José Walter Nunes. Auditório 1, Bloco A, 2º andar - Campus Conceição/USCS

16h30 ÀS 18h30 – CAFÉ

Duo Maria Pimenta - Voz e Violão Hall, Bloco A, 2º andar - Campus Conceição/USCS

19h – MESA DE PALESTRAS: MEMÓRIA, ETNOGRAFIA E HISTÓRIA ORAL

Mediação: Dra. Karla Covarrubias (UdeC/USCS, México/Brasil)

Palestrantes: Dra. Ana B. Uribe (UdeC, México); Dra. Nina Alejandra Martinez (UABC, México); Dra. Simone Luci Pereira (UNIP, Brasil)

Auditório 2, Bloco A, 2º andar - Campus Conceição/USCS

21h30 – CONFRATERNIZAÇÃO: CARMONA BAR

Av. Senador Roberto Simonsen, 678, Bairro Santo Antônio, São Caetano do Sul

10 8 DE MAIO/ 8 DE MAYO

QUARTA-FEIRA / MIÉRCOLES

9h ÀS 11h30 – ESPAÇO DE CONVERSAÇÕES: ARTE PÚBLICA, NARRATIVAS DA CIDADE Expositores:

Ms. Sandra Uribe (UNAM/UdeC, México); Dr. João Batista Freitas Cardoso (USCS, Brasil)

Auditório 2, Bloco A, 2º andar - Campus Conceição/USCS

11h30 - MOSTRA DE FILMES E DEBATE

Comics Tattoo, 59 min, 2018. Pesquisa em Vídeo. Direção Evandro Gabriel Izidoro Merli e João Batista Freitas Cardoso/USCS.

Auditório 1, Bloco A, 2º andar - Campus Conceição/USCS

13h ÀS 14h - ALMOÇO

14h ÀS 18h - APRESENTAÇÕES DE TRABALHOS NOS GTS

Salas de Aula, Blocos B e C, 1º andar - Campus Conceição/USCS

14h ÀS 19h - EXPOSIÇÃO DE ARTE

Arte plástica contemporânea: obras de Michele Micha

Vão Livre, Bloco A, 1º andar - Campus Conceição/USCS

14h ÀS 19h - EXPOSIÇÃO AUDIOVISUAL: USCS 50 ANOS

Vão Livre, Bloco A, 1º andar - Campus Conceição/USCS

11 16h30 ÀS 18h30 - CAFÉ Duo Maria Pimenta - Voz e Violão

Hall, Bloco A, 2º andar - Campus Conceição/USCS

16h30 ÀS 19h - EXPOSIÇÃO DE LIVROS COM PARTICIPAÇÃO DOS AUTORES

Vão Livre, Bloco A, 1º andar - Campus Conceição/USCS

17h - MOSTRA DE FILMES E DEBATE Depois daquele dia, 50 min, 2018. Documentário de Luciane Treulieb

Auditório 1, Bloco A, 2º andar - Campus Conceição/USCS

19h - MESA DE PALESTRAS: MEMÓRIAS, NARRATIVAS E TESTEMUNHOS Mediação: Dra. Barbara Heller (UNIP, Brasil) Palestrantes: Dr. Amaury Fernandez (UdeC, México); Dr. Márcio Seligmann-Silva (UNICAMP, Brasil); Dra. Teresa Neves (UFJF, Brasil) Auditório 2, Bloco A, 2º andar - Campus Conceição/USCS

21H30 – ENCERRAMENTO Coral USCS Auditório 2, Bloco A, 2º andar - Campus Conceição/USCS

12 resumos: minicurso, palestras e espaços de conversação

13 Minicurso Documentário e Memória Data: 6 e 7 de maio Horário: 14h às 17h Local: Auditório 2, Bloco A, 2º andar, Campus Conceição/USCS

José Roberto Levy (UdeC, México) O minicurso Documentário e Memória tem como proposta aproximar os participantes da linguagem do documentário, seus objetivos, discutir temas e formatos, além de promover uma discussão sobre os trabalhos que serão apresentados. Ministrado pelo Professor Ms. Roberto Levy, o minicurso será baseado em sua experiência profissional e pessoal como documentarista e membro do Comitê Organizador do Festival de Cine Documental Mexicano Zanate (Colima, México, Novembro). Suas produções atravessam o continente latinoamericano, com temas atuais e transversais ao registro e documentação da memória.

Mesa de Palestras

1) História Oral e Vídeo Data: 6 de maio Horário: 19h30 Local: Auditório, Térreo, Campus Centro/USCS Mediação: Dra. Priscila F. Perazzo (USCS, Brasil)

Dra. Lourdes Roca (Instituto Mora, México) El careo de las imágenes con la historia oral: rutas y retos metodológicos La memoria, como las trayectorias de vida, están acompañadas siempre de un sinfín de imágenes que nos significan, nos cuestionan, nos evocan, nos dan sentido, nos conforman, nos increpan y nos conmueven. Hoy en día podemos revisar algunas propuestas metodológicas que hilvanan el potencial de la historia oral y el video como herramienta de registro y expresión audiovisual, con el uso de las imágenes como fuentes de investigación. Unas y otras, propias y ajenas, aquéllas colocan retos diversos para la investigación, por lo que amerita revisar a fondo la cuestión metodológica, para trazar nuevas rutas a seguir en la construcción de estos documentos como fuentes por describir, interpretar y analizar a la luz del contraste y confrontación con otras. Todas estas implicaciones han puesto sobre la mesa una de las mayores urgencias de investigación interdisciplinaria, un incipiente impulso a las humanidades digitales y consideraciones de peso para la revisión y renovación del estado del patrimonio sonoro y audiovisual de nuestros países.

14 Dra. Ana Maria Mauad (UFF, Brasil) Por uma história em movimento: a experiência videográfica do LABHOI-UFF O Laboratório de História Oral e Imagem da UFF é precursor nos estudos sobre a história da memória, por meio de fontes orais e visuais. Criado em 1982 o LABHOI-UFF, desde então, vem investindo em estratégias conceituais e metodológicas para a produção, armazenamento e divulgação, por meio da escrita videográfica, do material resultante dos projetos de pesquisa - em suporte fotográfico, áudio e vídeo. Entretanto, mais do que relatar a experiência institucional do LABHOI, proponho abordar a relação entre história oral e vídeo, do ponto de vista dos estudos sobre memória e mais especificamente da experiência do LABHOI. Para tanto, proponho um caminho que se inicia com uma breve avaliação das tendências e abordagens sobre o tema da memória. Enfatizo as abordagens historiográficas que propõem uma história da memória, os usos do passado pelo presente e o valor da memória pública nos processos de constituição das identidades sociais, bem como a relação entre arquivo e pesquisa. Caracterizo os agentes, suportes e representações como princípios conceituais dos projetos históricos que se orientam pelo uso de fontes visuais e orais. Paralelamente, o uso de fontes de memória - orais e visuais -, na produção do texto histórico impõe ao historiador um outro desafio que, aos poucos, vem sendo enfrentado: o uso de outras linguagens para compor uma nova narrativa histórica que dê conta da dimensão intertextual estabelecida entre palavras e imagens – tema que nos orienta para a segunda parte da minha reflexão. As- sim, a partir desse momento, me debruço sobre a seguinte questão: é possível uma história escrita com imagens em movimento que mobilizaria a produção de acervos de pesquisa para a criação de uma escrita videográfica? Para responder a essa questão, tomo a trajetória do LABHOI e sua vocação em formar acervos audiovisuais e fazer história em movimento. Na minha abordagem destacarei os princípios para a constituição do acervo de fontes de memória do LABHOI; as estratégias de publicização da pesquisa acadêmica e os debates teórico-metodológicos que norteiam as ações de história pública, na era digital.

2) Memória, Etnografia e História Oral Data: 7 de maio Horário: 19h Local: Auditório 2, Bloco A, 2º andar, Campus Conceição/USCS Mediação: Dra. Karla Covarrubias (UdeC/USCS, México/Brasil)

Dra. Ana B. Uribe (UdeC, México) Experiencia etnográfica e historia oral con adultos migrantes mexicanos en California En Estados Unidos la educación para adultos dirigida a la población hispana, no recibe la atención necesaria. Por lo tanto esta población es vulnerable ante las condiciones en las que desenvuelven sus vidas: trabaja en el sector servicios, vive en condiciones económicas

15 desiguales y frágiles, no habla suficiente inglés y las personas no siempre tienen documentos de residencia legal. El objetivo de esta presentación es compartir experiencias y avances de investigación de uma investigación realizada con adultos migrantes con rezago educativo. Para la producción de datos, esta investigación interdisciplinaria, consideró una metodología etnográfica pertinente para la construcción de narrativas orales, entendidas además fuentes para acceder a la memoria de las personas entrevistadas. Por lo tanto se expone el análisis de las narrativas orales recuperadas de estudiantes y maestros que atienden programas educativos para adultos en español y que viven en contextos urbanos trasnacionales en el estado de California, lugar de alta migración.

Dra. Nina Alejandra Martínez (UABC, México) El estudio del tiempo social en la comunidad indígena Pai pai del noroeste de México: una experiencia etnográfica para la reconstrucción de la identidad y la memoria La etnografía en una metodología que implica gran compromiso de los participantes de un proceso investigativo (investigador y la comunidad estudiada), tanto en tiempo como disposición para co-participar en este proceso reflexivo para el uso pertinente de las técnicas de investigación. A partir de la observación y la participación directa, se puede “entrar” y construir una representación cultural de los grupos sociales; con la entrevista conversacional se obtienen las narrativas orales que son centrales para objetivar la memoria de sus los integrantes del grupo. Esta presentación, expone primero, el encuentro de la investigadora con los ritmos e itinerarios que se escenifican en la cotidianidad de la comunidad Pai pai, los desafíos enfrentados en esta investigación etnográfica, así como las bondades y limitaciones de las técnicas de investigación para dar respuesta a la pregunta central, cómo se configura la identidad Pai pai a partir de los usos sociales del tiempo en esa comunidad indígena del noroeste mexicano. La presentación incluye además la cosmovisión del tiempo social como parte de las identidades culturales y memoria colectiva de esta comunidad.

Dra. Simone Luci Pereira (UNIP, Brasil) Memórias, palimpsestos e sentidos do bairro do Bixiga no século XXI Apresentamos algumas considerações acerca da pesquisa em curso que visa compreender práticas musicais-midiáticas alternativas/autorais juvenis na região central da cidade de São Paulo e, particularmente, no Bixiga. Na exploração cartográfica (conceito que também abordaremos) do território do Bixiga na atualidade, nos deparamos com camadas de sentido e de tempos/espaços acumulados e em negociação e conflito que dizem respeito às sonoridades e etnopaisagens e demais fluxos locais/globais que ali se cruzam. A presença italiana e negra na formação do bairro, dos migrantes nordestinos desde os anos 1960/70, a recente presença de refugiados e migrantes do Oriente Médio e da África em torno do espaço cultural Al Janiah, bem como os frequentadores da região (não-moradores). Nestes cruzamentos de fluxos, de redes e de atores percebemos as camadas de sentido da memória e das identidades que surgem, afloram, se apagam, se (re)inventam, trazendo as complexidades do que nomeamos aqui como as dinâmicas culturais e comunicacionais do Bixiga.

16 3) Memórias, Narrativas e Testemunhos Data: 7 de maio Horário: 19h Local: Auditório 2, Bloco A, 2º andar, Campus Conceição/USCS Mediação: Dra. Barbara Heller (UNIP, Brasil)

Dr. Amaury Fernández (UdeC, México) Geosímbolos: territórios simbólicos y su relación con las identidades de moradores colimenses en México Se reflexiona sobre los significados y el sentido que otorgan mexicanos colimenses a determinados geosímbolos de la región. Se expone un análisis cultural de las narrativas orales de estos moradres específicos. El análisis de estas narrativas orales considera que existen geosímbolos que influyen en la construcción de imaginarios e identidades particulares relacionadas con los territorios habitados. De esta manera los habitantes del estado de Colima, México, mantienen un vínculo intenso con un conjunto amplio de geosímbolos como el Mar, el Volcán de Fuego, el Volcán Nevado de Colima, La Piedra Lisa, La Laguna Las Marías, entre otros. Este análsis permite volver observable la manera en que los sujetos sociales construyen y resignifican su realidad respecto al territorio en el que nacieron y apropiaron simbólicamente ya que este territorio enraíza sus identidades culturales.

Dr. Márcio Seligmann-Silva (UNICAMP, Brasil) Inscrever o testemunho dos traumas da ditadura brasileira em era de memoricídio e negacionismo A apresentação terá como foco 3 recentes curadorias de exposições de artes visuais que tiveram por tema a ditadura civil-militar brasileira de 1964-85. No estudo da construção das memórias das ditaduras civil-militares na América Latina as artes visuais e as curadorias que constroem narrativas desses eventos possuem um papel fundamental. Nossa apresentação destacará sobretudo a exposição “Hiatus: a memória da violência ditatorial na América Latina “, ocorrida no Memorial da Resistência em São Paulo entre 10/2017 e 03/2018. A fala tratará também de duas outras exposições: “Estado(s) de emergência“ (Oficina Cultural Oswald de Andrade, 9-12/2018) e “Exceção“ (Casa do Lago, UNICAMP, 7-9/2018). Essas curadorias e suas obras serão lidas como trabalhos de testemunho e como resistência ao memoricídio e ao negacionismo da violência ditatorial que marcam o atual discurso político no país.

17 Dra. Teresa Neves (UFJF) A criação da verdade e o esquecimento: narrativas de Nietzsche e Borges O que temos chamado de “o declínio da verdade” refere-se a um conjunto de circunstâncias que, insubordinado à episteme, sugere um vértice, um limite, o fim de uma totalidade intuído no prefixo “pós-“ repisado nos neologismos com os quais ensaiamos designar a nossa época. Que limiar é esse? Em que contexto se situa tal epílogo? Em que narrativa, afinal, está enredado? Onde podemos ir com o convite que nos dirige a chamada “crise da verdade”? Para uma abordagem destas indagações, buscamos um trânsito de sentidos entre o conto As ruínas circulares, de Jorge Luís Borges, e a Genealogia da Moral, de Friedrich Nietzsche, no intuito de retomarmos um esquecimento de origem: o de que a verdade é uma criação.

Espaços de Conversação

1) Experiências Profissionais em Comunicação e Memória Data: 7 de maio Horário: 9h às 11h30 Local: Auditório 2, Bloco A, 2º andar, Campus Conceição/USCS

Expositores: Dra. Ana Paula Goulart Ribeiro (UFRJ, Brasil) História oral e comunicação no Brasil: desafios institucionais e acadêmicos O Brasil possui uma forte tradição em história oral. Desde a década de 1970, quando foi montado o primeiro programa institucional do país, muitos projetos foram desenvolvidos nessa área, envolvendo pesquisadores e profissionais de diferentes campos do conhecimento. Ao longo dos anos, nos diferentes contextos, as formas de praticar a história oral variaram bastante. Falaremos sobre as especificidades, assim como sobre os desafios teóricos e metodológicos desse tipo de trabalho em dois diferentes contextos: o institucional e o acadêmico. Apresentar os desafios metodológicos que enfrenta um profissional ao trabalhar num acervo institucional de História Oral e como estão relacionadas as experiências da prática profissional às questões da metodologia acadêmica.

18 Ademir Medici (Coluna Memória - Diário do Grande ABC, Brasil) A Memória e a Mídia Ideia é focalizar a construção da memória oral via órgãos de comunicação, tarefa que procuramos realizar desde 1968, no antigo jornal “O Tambor”, de uma indústria química de São Bernardo, a Resana, hoje em Mogi das Cruzes. Ouvir as pessoas, confrontar falas com a documentação disponível, sugerir pauta e temas, mostrar que memória e documentos pessoais são subsídios importantíssimos para a história de cada um de nós, em particular, e de uma sociedade como um todo. As pessoas curtem memória, o que pode ser sintetizado em quase 32 anos de publicação diária de uma seção sobre o assunto nas páginas do Diário do Grande ABC, e que resultaram em 37 livros, a maioria, publicados. Com esse escopo, pretende-se demonstrar como o campo editorial e seus profissionais lidam com o tema da memória.

Paula Fiorotti (Revista Raízes – FPM-SCS, Brasil) Revista Raízes, a experiência da memória em São Caetano do Sul Apresentar a revista Raízes, editada desde 1989 pela Fundação Pró-Memória de São Caetano do Sul, e que tem o objetivo de reconhecer e valorizar a história e a memória da cidade e da região do ABC, sendo, ainda, importante ferramenta de divulgação e incentivo à pesquisa histórica. Na apresentação, abordaremos a evolução da revista nos quesitos editorial e de design gráfico, demonstrando como um profissional da cultura e do jornalismo trabalha com os objetos da memória social na cidade.

2) Arte Pública, Narrativas da Cidade Data: 8 de maio Horário: 9h às 11h30 Local: Auditório 2, Bloco A, 2º andar, Campus Conceição/USCS

Expositores: Sandra Uribe (UdeC/UNAM, México) Los jóvenes y el arte público en Colima. Experiencia estética y metodológica El objetivo de esta presentación es exponer el planteamiento metodológico de la investigación para el Doctorado en Ciencias y Humanidades para el Desarrollo Interdisciplinario; con ello se busca compartir la experiencia con el uso de las estrategias durante el trabajo de campo y las implicaciones culturales y estéticas de jóvenes estudiantes colimenses, estimulada y objetivada a través del uso de la fotografía y en narrativas orales. Primero se abordará la

19 cuestión metodológica con todos sus componentes en dos estrategias técnicas: a) el taller reflexivo(convocatoria, reclutamiento y producción de observables) que fueron realizados en la Ciudad de Colima, México; particularmente con 8 grupos de estudiantes de nivel superior de la Universidad de Colima y otros 2 grupos con estudiantes del Programa de Educación para Adulto del Instituto Nacional de Educación para Adultos (INEA), con extensión en Colima; b) observación etnográfica, se muestra la experiencia etnográfica grupal de estos jóvenes sobre las visitas que realizaron a tres esculturas públicas de la ciudad de Colima. Finalmente expongo de manera sintética los resultados más sobresalientes sobre la relación entre arte público y la experiencia estética en estos jóvenes estudiantes.

Dr. João Batista Freitas Cardoso (USCS, Brasil) O Grafite em São Paulo – Entre a Subversão e o Mercado O objetivo da apresentação é trazer ao debate os movimentos que se realizam, em torno da arte do Grafite, em direções opostas, que envolvem a prática de apropriação do espaço urbano e de imagens licenciadas pelos grafiteiros locais e a comercialização dessas imagens pelas grandes marcas. Em uma direção, a apropriação de figuras protegidas por direito autoral parte da subversão das normas de uso desses e, muitas vezes, leva a alteração de seus sentidos originais; e em outra, a criação voltada ao ato intervencionista, que atualmente encontra espaço no mercado formal. O objeto de discussão é parte da pesquisa Personagem de HQ e Comunicação de Interesse Público, que é financiada pela FAPESP (Processo 2016/24486-8).

20 6-8 DE MAIO DE 2019

Campus Conceição: Campus Centro: Rua Conceição, 321 Rua Santo Antônio, 50 São Caetano do Sul São Caetano do Sul

PROGRAMA DOS GRUPOS DE TRABALHO E RESUMOS

21 6-8 DE MAIO DE 2019

Campus Conceição: Campus Centro: Rua Conceição, 321 Rua Santo Antônio, 50 São Caetano do Sul São Caetano do Sul

GT-1 COMUNICAÇÃO E CULTURA: MEIOS DE COMUNICAÇÃO E CINEMA

22 GT 01 COMUNICAÇÃO E CULTURA: MEIOS DE COMUNICAÇÃO E CINEMA

Coordenadores: Dra. Marli dos Santos (Fundação Cásper Líbero) - [email protected] Dr. Gustavo Souza (UNIP) - [email protected] Dra. Daniela Jakubaszko (USCS) – [email protected]

Ementa: O papel cultural, nos dias de hoje, dos meios de comunicação tradicionais nas diversas sociedades, assim como seus diversos impactos nos âmbitos e campos de ação relacionados ao jornalismo, publicidade, televisão, rádio e cinema.

23 Sessão: 01 - Televisão, Cultura e Entretenimento Data: 07/05/2019 Horário: das 14h às 18h Sala 113, Bloco B

Coordenação Dra. Marli dos Santos (Fundação Cásper Líbero); Dr. Gustavo Souza (UNIP); Dra. Daniela Jakubazsko (USCS)

SEQUÊNCIA CÓDIGO TÍTULO AUTORES

El proyecto cultual de la Tele- 01 GT01-004 visión del SODRE en Uruguay María Florencia Soria González - (1963- 1967) Conteúdos Culturais na Tele- 02 GT01-019 visão: Análise dos Formatos Mônica Rodrigues Nunes na TV Brasil Questões LGBT na programação da Rede Globo: 03 GT01-014 Georgia de Mattos uma análise a partir dos Estudos Culturais Folclore como fuente entre- Karla Andrea Terán Machicado e Aline 04 GT01-025 tenimiento televisivo: estudio Wendpap Nunes de Siqueira sobre la fiesta de Gran Poder A dupla caracterização da Nadia Piacesi Cunha Ramos e Marcelo 05 GT01-007 morte na animação Book of Hamdan Alvim - Life Estereótipos, Identidades e Carlos Humberto Ferreira Silva Júnior, 06 GT01-023 Diversidade na série Super Marli dos Santos e Izabel Marques Meo Drags A representação de 07 GT01-006 indivíduos e povos indígenas Mariana Moro e Daniela Jakubaszko na telenovela brasileira

24 (GT01-004) El proyecto cultual de la Televisión del SODRE en Uruguay (1963- 1967) María Florencia Soria González (Facultad de Información y Comunicación, Universidad de la República)

La ponencia tiene como objetivo analizar el proyecto cultural de la televisión pública del Servicio Oficial de Difusión Radio Eléctrica (SODRE) en Uruguay y las discusiones políticas sobre sus funciones como institución social durante la etapa de su creación y primeros años de funcionamiento. Se presentan los resultados parciales de la tesis de Maestría en Comunicación y Cultura de la Universidad de , que se encuentra en la etapa final de desarrollo. Desde la sociología de la cultura y la historia de los medios, la ponencia identifica las posiciones políticas de los representantes de los partidos políticos, las empresas privadas de televisión y los intelectuales en torno a la relación entre televisión pública y cultura. Siguiendo las funciones que definían al SODRE y la tradición generada en su radio CX30, la programación televisiva buscó integrar a la sociedad a través de la emisión de información, cultura y contenidos educativos. Sin embargo, políticos, intelectuales y empresarios discreparon sobre la necesidad de recuperar la herencia cultural del SODRE, promover contenidos con entretenimiento, buscar que la televisión pública representara la cultura política de su tiempo o promover programación educativa. En efecto, las autoridades del SODRE buscaron articular el nuevo medio de comunicación con la enseñanza formal y crear tele-clubes. Si bien el uso educativo de la televisión fue usualmente celebrado por los diferentes actores sociales estudiados, no se reflexionaba sobre el vínculo que tenía esta política con el desarrollismo –cuestionado desde algunos grupos e intelectuales de izquierda- que en ese momento impulsaba UNESCO respecto a la comunicación de los países latinoamericanos. En este contexto de discusión sobre las funciones de la televisión pública y su relación con la cultura, la tradicional vocación cosmopolita del SODRE también se volvió problemática. Si bien la “extranjerización” de los contenidos y de los trabajadores de los medios de comunicación había sido discutida en la historia de la radio, el debate se renovó en el contexto de la Guerra Fría, cuestionando la procedencia de la programación y el impacto que tendrían en la cultura del país. A partir del recorrido por estos diferentes ejes de debate sobre la función cultural del SODRE, la ponencia muestra que los conflictos institucionales y económicos para llevar a cabo el proyecto cultural de la televisión pública, las tensiones políticas entre las distintas perspectivas que impulsaban al SODRE así como las dificultades que tuvo la televisión pública para articularse con el proceso de transformación social de los años sesenta, permiten comprender el declive de la institución en los años previos al golpe de Estado de 1973. En concordancia con el problema expuesto, se optó por un enfoque metodológico cualitativo cuyos métodos y técnicas implicaron el relevamiento y sistematización de fuentes primarias documentales organizadas en tres ejes de trabajo: a)- documentación estatal del Poder Ejecutivo, el Parlamento y las actas y archivos privados vinculados al SODRE; b)- prensa nacional para el estudio de la programación televisiva, así como artículos y crítica periodística; y c)- documentación de las empresas privadas de televisión.

25 (GT01-019) Conteúdos culturais na televisão: análise dos formatos na TV Brasil Mônica Rodrigues Nunes (Escola de Comunicações e Artes – ECA/USP)

Tomando a produção televisiva brasileira como objeto de estudo, esta pesquisa busca entender e discutir a presença de programas culturais (de difusão do teatro, da música, do cinema, dos livros, das artes entre outros) na grade de programas da TV Brasil – emissora pública, generalista de sinal aberto e cobertura nacional, que foi fundada em 2 de dezembro de 2007, por meio de Medida Provisória, dois meses depois da criação da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), responsável por sua gestão. Em um segundo momento, em tempos de mudanças estruturais do jornalismo – que passam pelas transformações na produção, criação de novos gêneros, perfil e identidades profissionais –, a análise se direciona a entender como se configura o jornalismo cultural nesta emissora. Este estudo justifica-se porque, mesmo com o impacto das novas tecnologias, a televisão continua a exercer grande influência na sociedade brasileira com grande importância tanto para informação, quanto para consumo cultural. Amparada em pesquisa bibliográfica e análise de conteúdo os resultados evidenciam que, na TV Brasil, ao contrário das emissoras generalistas comerciais, de maior audiência, transmitidas em sinal aberto, há em sua grade programas deliberadamente culturais, que permitem às amplas camadas do público o contato com diversas obras artísticas, contribuindo para ampliação do seu repertório. Cabe ressaltar, que este estudo se mostra, também, como um registro e análise das emissões da TV Brasil, em um período que antecede a reestruturação da grade de programas após a entrada do novo governo, em 2019, que após ameaçar o seu fechamento, suspendeu programas, como o “Sem Censura” e anunciou o lançamento de uma “nova TV do governo”.

Referências bibliográficas BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2011. BRASIL. Presidência da República, Secretaria de Comunicação Social. Pesquisa brasileira de mídia 2016: hábitos de consumo de mídia pela população brasileira. Brasília, 2017. DÉBRAY, Régis. Vida e morte da imagem: uma história do olhar no Ocidente. Petrópolis/RJ: Vozes, 1993. JORDÃO, Gisele & ALLUCCI, Renata Rendelucci. Panorama setorial da cultura brasileira 2013-2014. São Paulo: Alucci & Associados Comunicações, 2014. JOST, François. Compreender a televisão. Porto Alegre/RS: Sulina, 2007. PASTORIZA, Francisco Rodríguez. Cultura y televisión: una relación de conflicto. Barcelona: Editorial Gedisa, 2003. RIVERA, Jorge B. El periodismo cultural. Barcelona: Paidós, 1995. SOUZA, José Carlos Aronchi de. Gêneros e formatos na televisão brasileira. São Paulo: Summus, 2007. WOLFF, Michael. Televisão é a nova televisão: o triunfo da velha mídia na era digital. São Paulo: Globo, 2015. WOLTON, Dominique. Internet, e depois? Uma teoria crítica das novas mídias. Porto Alegre: Sulina, 2012.

26 (GT01-014) Questões LGBT na programação da Rede Globo: uma análise a partir dos Estudos Culturais Georgia de Mattos (Universidade de Sorocaba – Uniso)

O presente trabalho advém da pesquisa desenvolvida no Mestrado em Comunicação e Cultura, concluído em 2018, que consiste em entender como se deu a construção de sentido da telenovela A Força do Querer (2017), da Rede Globo, sobre a transexualidade. A análise do trabalho se utiliza do instrumento analítico do Circuito da Cultura, aporte teórico-metodológico dos Estudos Culturais. Essa perspectiva metodológica estabelece cinco processos distintos – representação, identidade, produção, consumo e regulação, como responsáveis por produzir os significados na sociedade. São processos diferenciados que se articulam na construção de sentidos. Nessa concepção, a representação é entendida como os significados atribuídos a um determinado artefato/produto cultural; que consequentemente, associa-se a certas identidades, as quais correspondem à forma como são representadas; a produção, por sua vez, refere-se às maneiras pelas quais o artefato é produzido; a regulação trata do poder que é exercido pelo/no artefato; e o consumo é o momento em que as pessoas fazem uso desse artefato/produto. Assim, o Circuito da Cultura possibilita estudar e compreender o processo comunicativo enquanto um processo também cultural que contribui para formular as práticas sociais. Neste texto, apresenta-se o conteúdo trabalhado no eixo Regulação, considerando a telenovela um artefato cultural, enquanto um sistema de representação, que produz significados que dão sentindo as ações sociais e exerce certo poder que contribui para modelar nossa cultura, portanto, atua também como uma força regulatória sobre e através da nossa cultura. “Seja o que for que tenha a capacidade de influenciar a configuração geral da cultura, de controlar ou determinar o modo como funcionam as instituições culturais ou de regular as práticas culturais, isso exerce um tipo de poder explícito sobre a vida cultural” (HALL, 1997, p. 35). Desse modo, a televisão tem o poder de controlar quais temas podem ser expostos e quais devem ser excluídos, qual o tempo de aparição e como são trabalhadas suas temáticas, dentro de inúmeras outras regras e condutas que regem a composição de sua programação, regulando não somente sua grade televisiva, mas também os significados de nossa cultura, influenciando a vida social e os modos de ser do brasileiro. Identificou-se, assim, no ano de exibição da telenovela, quatro programas que trabalharam de forma profunda as questões LGBT: Profissão Repórter, Amor e Sexo, Conversa com Bial e a série Quem Sou Eu?, exibida pelo Fantástico. Como resultado, percebeu-se, nestes programas, que a emissora tem produzido uma formação discursiva a favor das diferenças, dos direitos civis à comunidade LGBT e alertando sobre a realidade brasileira violenta em que pessoas LGBT estão sujeitas. O discurso proferido pela Rede Globo tem promovido à liberdade de expressão das identidades de gênero, reforçando essa concepção no interior de sua grade televisiva, instituindo um tipo de comportamento social inclusivo, de igualdade de direitos e respeito às diferenças.

(GT01-025) Folclore como fuente entretenimiento televisivo: estudio sobre la fiesta de Gran Poder Karla Andrea Terán Machicado (Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT) Aline Wendpap Nunes de Siqueira (Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT)

Presentación del tema

El folclore es un componente vital para cualquier sociedad, ya que la cultura popular, de donde proviene, agrega tradiciones y costumbres de un pueblo, son herramientas que dan soporte a la construcción de identificaciones. Por lo tanto, el interés en realizar un estudio sobre el folclore en La Paz (Bolivia), más concretamente sobre la fiesta de gran poder, es en el contexto de la danza, que se explora como entretenimiento por los medios de comunicación, en particular la televisión.

27 Problemas de investigación La sociedad en su conjunto, genera espacios culturales en los que los sujetos actúan y modifican su mundo, desde su experiencia, su conocimiento, sus prácticas y lenguaje; y la forma en que los códigos se comunican y transmiten verbalmente y no verbal. El desafío reflexivo de este texto apunta a la inclusión de otras categorías teóricas en trabajos anteriores sobre el folclore en Bolivia.

Objetivos de investigación El objetivo general es analizar cómo se desarrollan los procesos de comunicación y aprendizaje cuando los individuos interactúan emitiendo y recibiendo mensajes, información y cultura en el campo del folclore. El objetivo específico: el análisis del folclore y las expresiones culturales vinculadas a la danza, entendiendo el contexto asociado a las entradas folclóricas en Bolivia.

Métodos y procedimientos de investigación Desde diferentes puntos de vista teóricos, la obra busca llevar a cabo un proyecto analítico que, desde la danza, abre un conjunto de reflexiones y debates sobre cómo desarrollan procesos de comunicación y aprendizaje, en el momento en que los individuos interactúan Envío y recepción de mensajes, información, cultura, entre otros, particularmente asociados con entradas folclóricas en Bolivia.

Resultados En consecuencia, las reflexiones que se desarrollan para tratar de enfatizar en detalle, que está presente en la vida cotidiana y, por lo tanto, en un hecho social; Esto no sólo puede contribuir a la comprensión de una danza, el estudio del folclore nacional, sino también a la comprensión de una sociedad que en sí misma es auto-construida y explicada a partir de ciertos procesos de comunicación y aprendizaje.

Conclusiones La industria cultural difiere de cualquier otra, por el carácter de sus productos, el uso de estos productos es necesariamente diferente de otros tipos de productos. La clase social, como una dimensión determinante en la percepción-lectura del público, favorece una perspectiva compleja, en torno a las prácticas sociales de la vida cotidiana, transmitidas por la televisión, ya que se entrelazan con las múltiples actividades, relaciones y deseos de la audición. La televisión convencional está en declive, aunque es una exageración decir que está en riesgo de extinción. Es en este momento que surge el concepto de televisión social: la televisión que se integra en la conversación del espectador en las redes sociales.

Bibliografía DIAS, RUAS PATRÍCIA. Televisão brasileira: entretenimento do espetáculo ao mito. Revista Extraprensa 2017. Disponível em: https://doi.org/10.11606/extraprensa2017.122580.

28 FRANDSEN, KIRSTEN. Tv-entertainment. Crossmediality and Knowledge – A Research Project. 2017. Disponível em: http://www.nordicom.gu.se/sites/default/files/kapitel-pdf/255_frandsen%20 research%20project.pdf . TEVES, Nilda. Prefácio. In. GUIMARÃES, Gláucia. TV E ESCOLA: discursos em confronto. 3. ed. São Paulo. Cortez. 2001. (Coleção Questões de Nossa Época, 74).

(GT01-007) A dupla caracterização da morte na animação Book of Life Nadia Piacesi Cunha Ramos (Universidade do Estado de – UEMG) Marcelo Hamdan Alvim (Universidade do Estado de Minas Gerais – UEMG)

O presente estudo “A dupla caracterização da morte na animação Book of Life” busca analisar as duas formas como a morte é retratada na animação mexicana Book Of Life, que no Brasil recebeu o nome Festa no céu. Sendo esses dois aspectos representados como duas mortes que podem acontecer. O primeiro, de caráter simbólico, é representado pela Catrina junto a Terra dos Lembrados e o segundo, de caráter definitivo, por Xibalba com a Terra dos Esquecidos. Junto a isso é apresentado um ideal da morte em que para as pessoas se manterem vivas é preciso que se conte a história delas ou serão esquecidas para sempre. Então, o objetivo desse artigo é analisar as duas representações que a morte recebe dentro do filme sob a perspectiva apresentada dentro da animação e como elas são construídas com o aspecto da oralidade. Assim, será feita uma análise de trechos do filme Book of Life lançado em 2014, com direção de Jorge Gutierrez e produção de Guilhermo del Toro por meio do método de análise narrativa. Nos resultados parciais da pesquisa têm-se: a importância que a mitologia dentro da animação pede para contar as histórias daqueles que faleceram e o tão importante que a tradição oral se torna para que mantenham essa chama viva. Como consequência dessas tradições orais dentro do filme, ao se lembrarem dos mortos, eles continuam vivos e o ato de comunicar essas histórias para as gerações mais novas é importante. Para as conclusões parciais chegou-se a percepção da importância dos ritos do Dia de Los Muertos para os mexicanos e a sua grande influência na animação Book Of Life. Não obstante, também percebeu-se a importância das tradições orais para manter os ritos e passar as tradições para a frente, assim como manter a memória de uma pessoa viva e essa influência na comunicação, em que tudo precisa ser comunicado para existir na memória das pessoas. Foram usados textos referentes a cultura mexicana como El laberinto de la Soledad de Paz (1998), cinema de animação como Animators Survival Kit do Richard Williams, análise narrativa cinematográfica com David Bordwell e a ideia do “Comunico logo existo” de Omar Ríncon em cima do Mapa noturno de Jesús Martín-Barbéro (2015).

(GT01-023) Estereótipos, Identidades e Diversidade na série Super Drags Carlos Humberto Ferreira Silva Júnior (Universidade Estadual Paulista – Unesp/Bauru) Marli dos Santos (Faculdade Cásper Líbero) Izabel Marques Meo (Universidade Metodista de São Paulo – Umesp) Este trabalho tem o objetivo de analisar os estereótipos presentes na série Super Drags, produzida e distribuída pela plataforma de streaming Netflix, e como a imprensa noticiou seu lançamento, a repercussão negativa junto a grupos conservadores, e por fim, seu cancelamento. O enredo da série trata sobre três jovens que possuem vidas normais, mas quando algo ameaça a cidade onde vivem, e sobretudo a comunidade LGBTI+, eles se transformam em drag queens com poderes especiais para salvar o dia. Além de referências com gírias da comunidade LGBTI+, o dialeto pajubá, e

29 personalidades como Pabllo Vittar e Silvetty Montilla, a série tem inspiração em programas clássicos de espionagem (As Panteras / Charlie’s Angels) e de super heroínas (As Meninas Super Poderosas). Durante o pré-lançamento de Super Drags, diversas manifestações contrárias foram realizadas, a principal delas, de grande destaque na mídia, foi da Associação Brasileira de Pediatria que acusou a série “de se utilizar uma linguagem iminentemente infantil para discutir tópicos próprios do mundo adulto” (SUPER…, 2018). Apesar das manifestações contrárias, e após um vídeo produzido pela própria Netflix sobre a classificação indicativa, a série foi disponibilizada na plataforma digital. Temos como discussão central da pesquisa a relação entre o jornalismo e as questões de gênero e diversidade. A pergunta que baseia nosso trabalho se formula da seguinte maneira: Quais estereótipos discursivos foram utilizados na série Super Drags e como esses eles se relacionaram com as questões de gênero, sexualidade e foram traduzidos pela imprensa brasileira? Nosso objetivo geral, portanto, é a identificação dos estereótipos discursivos utilizados tanto pela série, quanto pela imprensa, o que divide nosso trabalho em dois eixos: 1) compreender as marcas institucionais do discurso jornalístico sobre a série; 2) e como o desenho animado abordou as questões de gênero por meio da linguagem do desenho animado e quais estereótipos foram utilizados em sua narrativa. O arcabouço teórico-metodológico é a análise do discurso. Baseando nossas reflexões, de caráter qualitativo, no conceito de ethos institucional de Ruth Amossy (2008), buscaremos delimitar quais os estereótipos são utilizados como marca inicial discursiva dos enunciadores selecionais. Buscando, após essa análise, a comparação entre os estereótipos utilizados pelos veículos de comunicação e pela série. Como corpus da pesquisa, teremos os cinco episódios da série lançados em 2018 e às reportagens sobre a série dos sites: G1, UOL, Istoé, Terra e Huffpost Brasil, a definição dos veículos foi decidida após busca pela palavra-chave “Super Drags”.

Referências AMOSSY, R (org.). Imagens de si no discurso: a construção do ethos. São Paulo: Contexto, 2008. CHARAUDEAU, P.; MAINGUENEAU, P. Dicionário de análise do discurso.3.ed. São Paulo:Contexto, 2016. MAINGUENEAU, D. Ethos, cenografia, incorporação. In: AMOSSY, R (org.). Imagens de si no discurso: a construção do ethos. São Paulo: Contexto, 2008. ______. Gênese dos discursos. São Paulo: Parábola Editorial, 2008a. ______. Análise de textos em comunicação. 3a ed. São Paulo: Cortez Editora, 2004. SUPER Drags: desenho para adultos sobre drag queens super-heroínas estreia após críticas. Pop & Arte. G1. 9 nov. 2018. Disponível em: https://g1.globo.com/pop-arte/noticia/ 2018/11/09/super-drags-desenho-para-adultos-sobre-drag-queens-super-heroinas-estreia-apos- criticas.ghtml Acesso em 4 mar. 2019.

30 (GT01-006) A representação de indivíduos e povos indígenas na telenovela brasileira Mariana Moro (Universidade Municipal de São Caetano do Sul – USCS) Daniela Jakubaszko (Universidade Municipal de São Caetano do Sul – USCS) Apresentação do tema Esta pesquisa é realizada acerca da construção e representação de personagens indígenas nas telenovelas brasileiras. Para tanto, é realizado um caminho que parte de uma análise cronológica e um levantamento das obras de ficção televisiva nacional em que se encontram indivíduos e/ou povos indígenas, indo em direção a um estudo de caso (a ser concluído em etapas posteriores da pesquisa) baseado na obra Velho Chico, que foi ao ar em 2016 pela Rede Globo.

Problemas e objetivos O principal problema que motiva esta pesquisa são os personagens indígenas estereotipados e, muitas vezes, desumanizados que predominam nas telenovelas. A teledramaturgia, que carrega um grande poder cultural e ocupa um espaço privilegiado no cotidiano do brasileiro, tem, muitas vezes, um papel fundamental na conscientização sobre temas de importância social. Entretanto, não é o que se observa no caso dos povos indígenas: o espaço amostral já é reduzido e, além disso, bastante problemático. Predomina, nas obras, uma visão branca, etnocêntrica e colonial. Para aprofundar-se nesse problema, foram traçados alguns objetivos: estudar a telenovela brasileira como gênero do discurso (Bakhtin, 2006; Jakubaszko, 2008); realizar um levantamento das telenovelas que trabalharam com representação de indivíduos e/ou grupos indígenas; realizar uma pesquisa do momento histórico e do contexto de produção das obras teledramatúrgicas; e, por fim, contribuir para as pesquisas da professora orientadora deste projeto.

Métodos e procedimentos de pesquisa A metodologia de desenvolvimento desta pesquisa se deu em quatro etapas: o estudo e fichamento de um referencial teórico (vide referências abaixo); o levantamento de bases históricas e cenográficas do indígena nas telenovelas brasileiras; a organização e compilação dos dados; e, por fim, na etapa ainda em andamento, a análise dos resultados obtidos.

Resultados parciais No atual estágio da pesquisa, algumas considerações já podem ser feitas, e a relação estreita entre telenovela e história é uma delas. Entre os anos 60 e 70, por exemplo, percebe-se uma grande concentração de telenovelas com a participação de personagens indígenas. Isso pode ser um reflexo de um momento histórico que fervilhava com a construção da Transamazônica, com a internacionalização da Amazônia, com os conflitos por posse de terras e com a criação da Funai. Entretanto, o número de personagens índios ainda é extremamente restrito, considerando que a televisão brasileira já conta com mais de cinco décadas de teledramaturgia. São poucas as personagens expressivas que representam os povos indígenas, e menos ainda as que de fato são interpretadas por índios. A grande maioria é representada por atores brancos.

31 Referências As fontes mais valiosas de pesquisa para a pesquisa foram: MOTTER, Maria Lourdes (2003); CAMPEDELLI, Samira Youssef (1985); JAKUBASZKO, Daniela (2004; 2008); BAKHTIN, Mikhail (2006); JUNQUEIRA, Carmen (2008); e ARRUDA, Rinaldo (2001).

32 Sessão: 02 - Jornalismo, Narrativas e Memória Data: 08/05/2019 Horário: das 14h às 18h Sala 113, Bloco B

Coordenação Dra. Marli dos Santos (Fundação Cásper Líbero) SEQUÊN- CÓDIGO TÍTULO AUTORES CIA A biografia como fonte 01 GT01-022 histórica para o jornalismo Felipe Adam e Sérgio Luiz Gadini brasileiro As Memórias Sobre A Revista “Intervalo”: Metodologia 02 GT01-027 Talita Souza Magnolo de história oral a serviço da pesquisa La historia de vida como herramienta metodológica Arnoldo Delgadillo Grajeda e Aideé C, 03 GT01-003 para el periodismo de Arellano Ceballos investigación Usuários de Redes Sociais Digitais - A Influência dos 04 GT01-018 Henrique Terra de Farias Ramos Ouvintes nas Práticas do Radiojornalismo Comunicação, narrativas e afetos: uma leitura das 05 GT01-026 Renata de Brito Silva estratégias narrativas do canal Ter.a.pia no Facebook O vidro dos acontecimentos como espelho da história ou 06 GT01-008 a tela da contemporaneidade Sonia Regina Soares Da Cunha como desejo mítico de outra história Melodrama infanto-juvenil na televisão brasileira: narrativa 07 GT01-002 João Paulo Lopes de Meira Hergesel e estilo em Chiquititas (SBT, 2013-2015) Melodrama infanto-juvenil e identidade nacional: poéticas João Paulo Lopes de Meira Hergesel e Jés- 08 GT01-001 do samba em As Aventuras sica de Almeida Bastida Raszl de Poliana (SBT)

33 (GT01-022) A biografia como fonte histórica para o jornalismo brasileiro Felipe Adam (Universidade Estadual de Ponta Grossa – UEPG) Sérgio Luiz Gadini (Universidade Estadual de Ponta Grossa – UEPG) Este artigo visa compreender de que forma as biografias de três empresários do ramo da comunicação ajudam a construir a história do jornalismo brasileiro. Serão analisadas três obras, todas assinadas por jornalistas: Roberto Marinho (2004), escrita por Pedro Bial; O Bispo: A história revelada de Edir Macedo (2007), publicada por Douglas Tavolaro em parceria com Christina Lemos, e Topa tudo por dinheiro: As muitas faces do empresário Silvio Santos (2018), de Mauricio Stycer. Com esta pesquisa, os objetivos específicos são identificar trechos nas obras cujos bastidores resgatam os primórdios da imprensa e analisar como os biografados são caracterizados, em especial durante a sua trajetória de empresários da comunicação. Esta pesquisa aponta dados do Media Ownership Monitor Brasil (2017), que revelou um retrato limitado da concentração dos veículos de comunicação no país, em especial, às famílias Marinho, Macedo e Abravanel. Como referenciais teóricos, este trabalho se baseia em Maurice Halbwachs (1990) e Michael Pollak (1989, 1992) a fim de refletir sobre o conceito de memória coletiva. Juliana Bulhões e Gustavo Sobral (2016) contribuem com a pesquisa sobre o uso de biografas e autobiografias como documentos para a história do jornalismo brasileiro. Sergio Vilas Boas (2002) reforça o trabalho com a classificação autoral das obras biografias. A figura da celebridade é também abordada neste trabalho pela ótica da antropóloga Paula Sibilia (2008), que, para esclarecer sua opinião, resgata a ideia de sociedade do espetáculo, cunhada pelo francês Guy Debord. Como metodologia para avaliação dessas três obras, aplicou-se os seis tópicos observados pelo professor Vilas Boas (2008), aqui transformadas como critérios de análise no jornalismo biográfico. Isto é, de que forma que as temáticas Descendência, Fatalismo, Extraordinariedade, Verdade, Transparência e Tempo são abordadas na caracterização dos protagonistas. Por fim, como um dos resultados parciais, infere-se que as diferentes formas de tratamento dadas às histórias dos biografados têm impactos distintos no modo como se obtém informações a respeito de acontecimentos da esfera jornalística brasileira. Por exemplo, enquanto Stycer opta por uma linguagem mais afastada do biografado, Bial, Tavolaro e Lemos se esforçam para emitir um relato com isenção; porém, sem muito sucesso.

(GT01-027) As memórias sobre a revista “Intervalo”: metodologia de história oral a serviço da pesquisa Talita Souza Magnolo (Universidade Federal de Juiz de Fora - UFJF) O trabalho tem como objetivo discutir alguns conceitos, aspectos e diferentes percepções com relação à importância da preservação das lembranças, recordações e conservação de registros, responsáveis por reconstruir a narrativa do passado pessoal, social, política, cultural, entre outras. Parte-se do pressuposto que a memória recente não é reconstituída somente pela Metodologia da História Oral, mas também através de documentos, arquivos, fotos, entre outras fontes que são capazes de guardar resíduos e rastros do passado. Nosso objeto de pesquisa será a revista “Intervalo” (1963-1972), da Editora Abril e utilizaremos não só os depoimentos, mas também fotografias e os exemplares do semanário. A experiência com a realização de entrevistas com ex-funcionários da “Intervalo” permitiu que a história da revista fosse resgatada e que houvesse um melhor entendimento do contexto histórico do período. Analisaremos, através de trechos dos depoimentos colhidos, alguns aspectos e estratégias de comunicação por parte da revista, que foi reforçada pela criação e disseminação de programas televisivos – programas musicais, quiz shows, entrevistas, programas humorísticos, competições musicais, entre outros – como grande estratégia de marketing por parte das emissoras de TV. Pesquisar sobre a revista “Intervalo” é contribuir para esse processo de rememoração produtiva, especialmente

34 com a reconstituição da história da revista junto aos jornalistas e diretores que trabalhavam na Editora Abril durante os anos 1960. Buscamos desvendar os contextos político, social e cultural de uma era que já tem muito a nos contar, porém, acreditamos que os depoimentos tornaram possível resgatar e descobrir novas histórias e memórias que ainda não foram compartilhadas. Será possível perceber que, ao longo dos estudos acerca da memória, bem como a utilização da Metodologia de História Oral, a história é única e, portanto, tem seu valor e merece ser preservada e experimentada. O uso das narrativas históricas faz parte do nosso cotidiano e merecem ser guardadas para gerações futuras e aqueles depoimentos que possuem sentido social devem ser apropriados pela sociedade para que colaborem para uma nova memória social pois, uma vez que são articuladas, as narrativas tecem uma nova memória social e plural.

Referências ALBERTI, Verena. Fontes Orais: história dentro da história. In: PINSKY, Carla Bassanezi (org.). Fontes Orais, p. 155-202. Contexto: São Paulo, 2005. BERGSON, Henri. Matéria e Memória: ensaio sobre a relação do corpo com o espírito. São Paulo: Martins Fontes, 2010. HALBWACHS, Maurice. Memória Coletiva. Edições Vértice: São Paulo, 1990. HUYSSEN, Andreas. Seduzidos pela memória: arquitetura, monumentos, mídia. : Aeroplano, 2000. _____. Culturas do passado-presente: modernismos, artes visuais, políticas da memória. Coordenação Tadeu Capistrano. Tradução Vera Ribeiro.1. Ed. Rio de Janeiro: Contraponto: Museu de Arte do Rio, 2014. LE GOFF, Jacques. História e Memória. Campinas: Editora da Unicamp, 2003. NORA, Pierre. Entre memória e História: a problemática dos lugares. Projeto História, São Paulo, n.10, p. 7-28, 1993. POLLAK, Michael. Memória e Identidade Social. Estudos Históricos, vol.5, n.10, p.200-212, Rio de Janeiro, 1992. THOMPSON, Paul. A voz do passado – História Oral. Editora Paz e Terra: São Paulo, 1992

(GT01-003) La historia de vida como herramienta metodológica para el periodismo de investigación Arnoldo Delgadillo Grajeda (Universidad de Colima) Aideé C. Arellano Ceballos (Universidad de Colima)

La historia oral –como metodología de investigación cada vez más difundida en las Ciencias Sociales– tiene como una práctica importante dentro de su quehacer la construcción de historias de vida, entendidas como narraciones autobiográficas orales, generadas en el diálogo interactivo de la entrevista como técnica para la producción de información (De Garay, 2013). Su uso ha sido difundido en disciplinas como la historia, la sociología, la ciencia política e incluso la ecología y el desarrollo sustentable (Vergara, Larios y Lemus, 2013), pero ahora esta ponencia propone reflexionar sobre su utilidad como herramienta metodológica para el periodismo de investigación.

35 Para esta pesquisa se recurrió a una investigación documental y posteriormente a un estudio de caso que implicó el análisis de contenido del libro Una historia oral de la infamia (2016), de John Gibler, una crónica polifónica en la que el autor reconstruye lo ocurrido desde la tarde del 26 de septiembre de 2014 hasta el mediodía del 27 con los estudiantes de la Normal Rural de Ayotzinapa, en el estado de Guerrero, México, a través de cuarenta sólidas entrevistas que son traducidas en historias de vida. La presente investigación nos permitió proponer una serie de pasos para la aplicación de la historia de vida como herramienta metodológica para el periodismo de investigación, misma que incluye: a) la realización de entrevistas a profundidad (Arfuch, 2010); b) con una muestra amplia-diversa; c) un enfoque múltiple-diverso; d) generando evidencia de una experiencia colectiva. A manera de conclusión, en el caso específico del trabajo periodístico de John Gibler, se derrumba la llamada “verdad histórica” del Estado Mexicano, mostrando que esa noche miembros de la policía municipal, estatal y federal se confabularon para emboscar, asesinar, secuestrar y desaparecer a civiles desarmados. Así de potente es la recuperación de historia oral para el periodismo.

(GT01-018) Usuários de redes sociais digitais - a influência dos ouvintes nas práticas do radiojornalismo Henrique Terra de Farias Ramos (FACÁSPER)

Este texto objetiva aprofundar os conhecimentos no jornalismo contemporâneo e compreender as possíveis alterações em alguns aspectos da relação emissor-receptor, como proximidade, colaboratividade e disseminação da informação, bem como quanto à sobrevivência de empresas jornalísticas. Está baseado principalmente em dados colhidos em pesquisa de campo, realizada junto a jornalistas, que direta e diariamente participam da elaboração das pautas de quatro das emissoras de rádio mais relevantes do país, dentre aquelas do segmento/gênero jornalismo de maior audiência na grande São Paulo, no segundo semestre de 2018, que visa compreender como a relação destas com os ouvintes, usuários de redes sociais digitais, tem se modificado e transformado os processos de produção jornalística e de entretenimento no rádio. O texto discorre a respeito da participação do público nas práticas jornalísticas e na produção de programas. A metodologia aplicada é a de abordagem qualitativa, de natureza básica, com objetivo exploratório. A técnica da pesquisa de campo é a entrevista semiestruturada com 6 jornalistas que atuam em três dos principais grupos de emissoras do país, deste segmento, que mantém estúdios e transmissores na capital paulista, e transmissões também por meio da internet: Rádio Bandeirantes AM/FM, Rádio CBN FM, Rádio Globo FM e Rádio Jovem Pan AM/FM. O resultado deste trabalho possibilita compreender, de maneira empírica, que o jornalismo vive uma época, em que a participação do seu público está longe de ser passiva e muito mais perto das emissoras e dos jornalistas do que nunca. A qualidade das participações é tida como variável, mas convidar o ouvinte para interagir pelas redes sociais digitais, mostra-se fundamental para todas as emissoras que pretendem lutar pela audiência e/ou por sua sobrevivência.

Referências ANDERSON, C.W.; BELL, Emily; SHIRKY, Clay. Jornalismo Pós-Industrial: adaptação aos novos tempos. Trad. Ada Felix. Revista de Jornalismo da ESPM. São Paulo: ESPM, abril, maio, junho/2013. Disponível em http://www.espm.br/download/2012_revista_jornalismo/Revista_de_Jornalismo_ESPM_5/files/assets/ common/downloads/REVISTA_5.pdf.

36 BARBOSA, Suzana. Jornalismo convergente e continuum multimídia na quinta geração do jornalismo nas redes digitais. IN: CANAVILHAS< João (Org). Notícia e mobilidade. Jornalismo na era dos dispositivos móveis. Covilhã, UBI, LabCom, Livros LabCom. Disponível em: http://www.livroslabcom.ubi.pt/book/94. Acesso em 20 de nov. 2015. BARSOTTI, Adriana. Jornalismo, interesse público e interesse do público: A imprensa popular na internet. IN: TEMER, Ana C.R.P.; SANTOS, Marli (Orgs). Fronteiras híbridas do jornalismo. Curitiba: Appris, 2015. G1. Lady Gaga responde a rumores sobre romance com Bradley Cooper: “enganamos vocês”. Disponível em https://g1.globo.com/pop-arte/cinema/oscar/2019/noticia/2019/02/28/lady-gaga-responde- a-rumores-sobre-romance-com-bradley-cooper-apos-oscar-enganamos-voces.ghtml acessado em 28/02/2019. JENKINS, Henry. Cultura da convergência. 2. ed. São Paulo: Aleph, 2009. MARSHALL, Leandro. O jornalismo na era da publicidade. São Paulo: Summus, 2003. STEWART, D. Radio: Revenue, reach, and resilience. Disponível em: https://www2.deloitte.com/insights/ us/en/industry/technology/technology-media-and-telecom-predictions/radio-revenue.html acessado em 28/02/2019.

(GT01-026) Comunicação, narrativas e afetos: uma leitura das estratégias narrativas do canal Ter.a.pia no Facebook Renata de Brito Silva (UNISO)

INTRODUÇÃO: Este projeto tem como objetivo compreender as relações entre comunicação, narrativas e afetos existentes no canal TER.A.PIA, disponível na rede social Facebook. Buscando, de forma empírica, analisar os motivos pelos quais pessoas comuns narram fatos do cotidiano que as marcaram, de alguma forma e de maneira íntima, nos vídeos expostos no canal. Sob a abordagem de pesquisadores como Walter Benjamim, Vilém Flusser, Ciro Marcondes Filho, entre outros, iremos analisar o que faz, mesmo com o tempo tão fugaz, as pessoas que não conhecem os interlocutores prendem suas atenções por vários minutos para ouvirem as narrativas, gerando uma empatia, um vínculo com o desconhecido através de histórias que podem impactar aqueles que a ouvem. Este projeto pode nos ajudar a compreender as relações humanas na era das redes sociais e como a comunicação e a narrativa são utilizadas para expor as experiências. OBJETIVOS: O trabalho tem como objetivo geral: Compreender os fenômenos comunicacionais e suas relações com os afetos e narrativas que ocorrem a partir das interações proporcionadas pelo canal TER.A.PIA. Os objetivos específicos são: a) identificar e compreender a linguagem utilizada nas narrativas do canal; b) identificar os índices de linguagem relacionados ao afeto e à produção de vínculos; c) por meio das teorias da mídia de Vilém Flusser e Norval Baitello Junior, discutir as relações entre mídia, tempo e espaço na sua relação com a comunicação; d) pesquisar as redes sociais e suas relações com os indivíduos através das narrativas expostas e midiatização das experiências. MÉTODOS: Pesquisa se desdobrará de forma exploratória para definição das narrativas (sessões do canal) a serem analisadas, com base teórica sobre os conceitos utilizados e pesquisa bibliográfica para revisão do estado da arte, analisando as narrativas sob a perspectiva de Benjamin, Silva, Mota entre outros.

37 Referências ARAÚJO, Marlson. A ecologia flusseriana da Comunicação: ideias e conceitos chave*. São Paulo: Intercon, dezembro de 2012. BAITELLO JUNIOR, Norval. Ciclo de Pensamento. Amazônas: Programa Academia Amazônia, 2017. ______. Conferencia, IX encontro de pesquisadores em comunicação e cultura: cultura digital – imagens, narrativas e espaços. São Paulo: Universidade de Sorocaba, 2015. BAUMAN, Zygmunt. Modernidade Líquida. 1a ed. Rio de Janeiro: J. Zahar, 2001. BENJAMIN, Walter. O narrador: considerações sobre a obra de Nikolai Leskov. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. São Paulo: Brasiliense, 1994. FELINTO, Erick. Por uma crítica do imaginário tecnológia, novas tecnologias e imagens da transcedência. Rio de Janeiro: Compós, 2002. FLUSSER, Vilém. O mundo codificado. São Paulo: Cosac & Naify, 2007. ______. Filosofia da caixa preta: ensaios para uma futura filosofia da fotografia. Rio de Janeiro: Relume Demará, 2002. ______. A arte: o belo e o agradável. Aula não-publicada, escrita originariamente em francês (“L’art: le beau et joli”), para ser usada num curso intitulado “Les phénomènes de la communication” (Théâtre du Centre, Aix-en-Provence, 1975/1976). GONZAGA, Draiton; TAUCHEN, Jair. A comunicação humana a partir de Vilém Flusser. Porto Alegre: Revista Veritas, 2018. HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Tradução Tomaz Tadeu da Silva e Guacira Lopes Louro. Rio de Janeiro: DP&A, 2006. HAN, Byung-Chul. A sociedade da transparência. Lisboa: Relógio D´Água, 2012. MACHADO, Joicemegue; TIJIBOY, Ana. Redes Sociais Virtuais: um espaço para efetivação da aprendizagem cooperativa. Rio Grande do Sul, Cinted, 2005. MARCONDES FILHO, Ciro. Teoria Comunicacional. Programa Diálogo. São Paulo: TV Unesp, 2015. MORIN, Edgar. Amor, poesia e sabedoria. Rio de Janeiro: DFL, 2005. ______. Cultura de massas no século XX. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2007. MUELLER, Letícia. Narrativas Póstumas na Contemporaneidade: A Paradoxal (Re)Construção da Identidade Post Mortem no Facebook. Paraná: Universidade Tuiuti do Paraná, 2018. SERRA, Paulo. Manual da teoria da comunicação. Covilhã: Labcom UBI, 2007. SODRÉ, Muniz. Mídia, espetáculo e grotesco. Espanhol (Espanha): Chasqui – Revista Latinoamericana de Comunicación, 2015/2016. SILVA, Miriam C.C., Representações Poéticas da Morte nas Narrativas Midiáticas: Um Conto Chinês. Porto Alegre: Revista Famecos, 2018. 38 (GT01-008) O vidro dos acontecimentos como espelho da história ou a tela da contemporaneidade como desejo mítico de outra história Sonia Regina Soares da Cunha (Universidade de São Paulo – USP)

Tema: O estudo analisa a comunicação jornalística televisual, a partir da perspectiva culturalista da prática epistêmica. A ilustração empírica da investigação é a série de reportagens “As crianças e a tortura”, apresentada pelo jornalista Luiz Carlos Azenha, no Jornal da Record, em junho de 2013, que revela as atrocidades cometidas durante os “anos de chumbo”, período mais repressivo da ditadura militar no Brasil (1964-1985), e reflete sobre os efeitos da tortura em crianças brasileiras. Metodologia: Na primeira fase: documental, bibliográfica e quantitativa operacional (transcrição de áudio, vídeo e texto das reportagens). Na segunda: análise qualitativa. Reflexão: O arquétipo da tortura na série “As crianças e a tortura” revela um microcosmo de tirania política que a democracia liberal mais refuta na sociedade contemporânea. A ritualística do interrogatório violento como troca arquetípica entre torturador e vítima faz com que a voz do torturador silencie a da vítima. Em nome da chamada emergência nacional, a tortura foi e ainda é utilizada por muitos governos democráticos. A técnica evoluiu para a tortura limpa (sem cicatriz corporal, mas com incurável ferida emocional), p.ex., privação de sono, humilhação sexual, choque elétrico, tortura de crianças na frente dos pais etc. No Brasil, as crianças eram levadas para ver os pais sendo torturados, nos Estados Unidos, as crianças são levadas para longe dos pais, e em alguns casos, escravizadas. Quando se trata de desigualdade e perda do valor humano, tortura e escravidão parecem andar de mãos dadas desde o início da humanidade, e isso precisa ser conhecido e debatido. A tortura é o fim deliberado do que conhecemos como civilização, porque inverte o princípio da dignidade nas relações sociais e extermina o paradigma dialógico social entre o Eu e o Outro. A série torna público o conhecimento de um acontecimento, porque não é possível deixar no esquecimento a prática da tortura com a justificativa de que foi apenas naquela situação, ou naquele momento da História do Brasil. Não há excepcionalidade cultural, legal ou religiosa que justifique a tortura. A história da sociedade é uma produção complexa diante de um universo de símbolos comuns e no processo de construção dessa comunicação social coletiva três forças atuam: “os arquétipos, fatores biogenéticos, elementos sociogenéticos ou mitos que por serem universais entram no coletivo, os osmotipos que procedem da corrente de relação cultural, e os lidertipos, desencadeados dos centros industrialmente mais equipados, com maiores recursos financeiros e políticos”. (MEDINA, 1978, p. 44-45). A série “As crianças e a tortura” abre possibilidades de leituras compreensivas através da arte e do mito. As crianças, hoje adultos, que foram entrevistados na reportagem, não fizeram especulações fantasiosas, abstratas ou que negassem a realidade, e sim, expressaram interpretações reais através do desejo mítico de outra história. Referências As crianças e a tortura. Ano: 2013. Repórter: Luiz Carlos Azenha. Jornal da Record. Dur.: 45 min. São Paulo, SP. Disponível em: https://player.r7.com Acesso em: jan 2019. MEDINA, Cremilda. Notícia um produto à venda: jornalismo na sociedade urbana e industrial. SP: Alfa- Ômega, 1978.

39 (GT01-002) Melodrama infantojuvenil na televisão brasileira: narrativa e estilo em Chiquititas (SBT, 2013-2015) João Paulo Hergesel (Universidade Anhembi Morumbi – UAM) Com autoria assinada por Íris Abravanel e direção geral de Reynaldo Boury, Chiquititas foi exibida ao longo de 25 meses, de julho de 2013 a agosto de 2015, contando com 545 capítulos, posteriormente reprisados (entre setembro de 2016 de janeiro de 2019). Trata-se uma releitura de Chiquititas (Brasil: SBT, 1997), que por sua vez foi uma versão de Chiquititas (Argentina: Telefé, 1995-2001; 2006), que – entre hiatos e divergências contratuais – contou, ao todo, com 1412 capítulos. Ao se observar a trama, percebe-se que a presença da estrutura melodramática é a maneira de condução da narrativa; nesse sentido, objetiva-se entender como a matriz melodramática se manifesta na respectiva obra. Para isso, desenvolve-se a análise de algumas cenas que compõem o melodrama de forma geral (par romântico, conflito familiar, tragédia e conflito social) e, mais especificamente, da sintaxe latino-americana (alegorias nacionais, identidade de produção, funcionalidade da música e imagens simbólicas), utilizando referenciais como Jesús Martín- Barbero (2009), Jonathan Frome (2014) e Silvia Oroz (1992), além de aprofundar as pesquisas de João Paulo Hergesel (2017) sobre o assunto. O resultado reforçou a tese de que, embora as produções nacionais busquem uma identidade própria, a presença de elementos melodramáticos indica que, mais do que brasileiras, tais obras são latino-americanas, em sua forma de comunicar e em suas relações socioculturais.

Referências FROME, Jonathan. Melodrama and the psychology of tears. Projections. Nova Iorque; Oxford, n. 8, v. 1, p. 23-40, 2014. Disponível em: http://goo.gl/py0d60. Acesso em: 22 nov. 2018. HERGESEL, João Paulo. Carrossel de sentimentos: melodrama na telenovela do SBT. Fronteiras: estudos midiáticos. Unisinos, São Leopoldo (RS), v. 19, p. 72-82, 2017a. HERGESEL, João Paulo; FERRARAZ, Rogério. Melodrama infantojuvenil na televisão brasileira: análise estilística de Carrossel (SBT, 2012-2013). Conexão: Comunicação e Cultura, UCS, Caxias do Sul (RS), v. 16, n. 31, 2017b, p. 201-222. MARTÍN-BARBERO, Jesús. Melodrama: o grande espetáculo popular. In: _____. Dos meios às mediações: comunicação, cultura e hegemonia. Trad. Ronald Plito e Sérgio Alcides. 6. ed. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2009, p. 163-172. OROZ, Silvia. Melodrama: o cinema de lágrimas da América Latina. Rio de Janeiro: Rio Fundo, 1992.

(GT01-001) Melodrama infantojuvenil e identidade nacional: poéticas do samba em As Aventuras de Poliana (SBT) João Paulo Hergesel (Universidade Anhembi Morumbi – UAM) Jéssica de Almeida Bastida Raszl (Universidade de Sorocaba – Uniso) As alegorias nacionais, isto é, marcas de identidade cultural enraizadas na pátria em que a narrativa se ambienta, são elementos comuns no melodrama latino-americano. A teledramaturgia brasileira, por sua vez, ainda que tente consolidar características próprias, continua pautada nessa estrutura melodramática. Nesse sentido, a presença do samba na ficção televisiva e o modo como ele é apresentado tornam-se relevantes para o entendimento de fenômenos culturais e comunicacionais, sobretudo quando se trata de mídia voltada a crianças e pré-adolescentes. Este artigo tem como objetivo compreender, por meio

40 dos estudos contemporâneos atrelados às análises narratológicas e estilísticas, a construção poética do samba em As Aventuras de Poliana (SBT, 2018-presente). Para isso, estabelecem-se discussões acerca de cenas da telenovela, bem como de videoclipes derivados, ancorando-se nos estudos de Maria Immacolata Vassallo de Lopes (2009; 2017) e Silvia Oroz (1992), além de aprofundar as pesquisas iniciais de João Paulo Hergesel (2017) e Jéssica de Almeida Bastida Raszl (2015). Até o momento, o resultado desta pesquisa aponta para o fato de que, com as adaptações de canções consagradas por sambistas do passado, os jovens telespectadores estão desenvolvendo o interesse pelo gênero musical no presente, preservando a memória nacional e quebrando os paradigmas da indústria fonográfica.

Referências HERGESEL, João Paulo. Carrossel de sentimentos: melodrama na telenovela do SBT. Fronteiras: estudos midiáticos. Unisinos, São Leopoldo (RS), v. 19, p. 72-82, 2017a. HERGESEL, João Paulo; FERRARAZ, Rogério. Melodrama infantojuvenil na televisão brasileira: análise estilística de Carrossel (SBT, 2012-2013). Conexão: Comunicação e Cultura, UCS, Caxias do Sul (RS), v. 16, n. 31, 2017b, p. 201-222. LOPES, Maria Immacolata Vassallo de. Telenovela como recurso comunicativo. MATRIZes, v. 3, n.1, p. 21- 47, dez./ago. 2009. LOPES, Maria Immacolata Vassallo de. Telenovela e memória em tempos de transmídia. In: ENCONTRO ANUAL DA COMPÓS, 26., Faculdade Cásper Líbero, São Paulo, 2017. Anais [...]. Brasília: Compós, 2017. OROZ, Silvia. Melodrama: o cinema de lágrimas da América Latina. Rio de Janeiro: Rio Fundo, 1992. RASZL, Jéssica de Almeida Bastida. O samba como processo comunicacional nos jornais Folha da Manhã e Folha da Noite: de 1930 a 1935. Dissertação (Mestrado em Comunicação e Cultura) – Universidade de Sorocaba, Sorocaba, SP, 2015.

41 Sessão 3: Cinema, Cultura e Memória Data: 08/05/2019 Horário: das 14h às 18h Sala 114, Bloco B

Coordenação

Dr. Gustavo Souza (UNIP); Dra. Daniela Jakubazsko (USCS)

SEQUÊNCIA CÓDIGO TÍTULO AUTORES

Reação à inclusão: análise das peças publicitárias denuncia- Irina Vianna Glindmeier Didier e Camilla Ro- 01 GT01-015 das no CONAR por incluírem drigues Netto da Costa Rocha homossexuais

História das Salas de Cinema 02 GT01-012 Bruna Serafim Moura de São Caetano do Sul

O curta-metragem e as discus- 03 GT01-013 sões sobre memória em Baba Herman Tacasey 105 (2013) Memórias do Cine Tangará em Letícia Polli Ferreira de Lima e Priscila F. Pera- 04 GT01-017 Santo André: Transformações zzo de Cultura e Arte Local

Do sentido à presença: o “cine- 05 GT01-020 Natália Lago Adams ma de cotidiano” em Roma

O Controle Através do Consu- Hess Takashima Grigorowitschs, 06 GT01-024 mo - Uma Análise Semiótica de Ana Carolina Fogaça Barbosa e Andrey Albu- Blade Runner 2049 querque Mendonça Edward Hopper e La La Land: Vanessa Lopes e Denise Wanderley Paes de 07 GT01-021 A representação visual da soli- Barros dão pós-moderna

42 (GT01-015) Reação à inclusão: análise das peças publicitárias denunciadas no CONAR por incluírem homossexuais Irina Vianna Glindmeier Didier (Escola Superior de Propaganda e Marketing – ESPM) Camilla Rodrigues Netto da Costa Rocha (Escola Superior de Propaganda e Marketing – ESPM)

Neste artigo, vamos analisar as peças denunciadas no CONAR por incluírem homossexuais, drag queen e transgêneros em suas campanhas publicitárias bem como os termos mobilizados pelos denunciantes em suas reclamações. Fizemos uma varredura dos processos que tramitaram no órgão regulador entre de 2006 a 2018 e encontramos seis casos, registrados sob os números 018/14, 054/15, 095/15, 072/17, 110/17 e 160/17. Os dois algarismos após a barra denotam o ano da denúncia e, como se pode observar, essas denúncias reacionárias à inclusão de LGBT’s na propaganda só aparecem em anos mais recentes – provavelmente devido ao movimento de inclusão igualmente recente por parte do mercado. Para tanto, com o intuito de problematizarmos a maneira como a população LGBT vem sendo retratada nas peças publicitárias, e, ainda, como participam e constroem suas narrativas, nos valemos dos aportes teóricos do campo da Comunicação/educação, a partir de Baccega (1995; 1998; 1999; 2001), Orozco Gómez (2014), Miskolci (2013) e Lahni, Assis e Auad (2013). Também utilizaremos a teoria de performatividade de gênero de Butler (2016) para tensionarmos essa análise e, ainda, como aporte teórico-metodológico, lançamos mão dos estudos críticos do discurso de Fairclough (2016) a fim de investigarmos as evidências que esses processos nos fornecem de modo a entendermos como acontecem as disputas discursivas entre aqueles que buscam uma mudança e os que procuram manter o status quo da heteronormatividade. Ao final, à contrapelo, traremos algumas peças recentes que incluíram LGBT’s, mas não foram denunciadas ao CONAR nem por ofensa aos grupos marginalizados nem por reacionários.

Referencial teórico BACCEGA, M. A. Comunicação/educação: conhecimento e mediações. Comunicação & Educação, São Paulo, n.20, p.7-14, jan-abr. 2001. ______. Comunicação & Educação: do mundo editado à construção do mundo. Comun, São Paulo, v. 2, n.2, p. 176-187, jul-dez. 1999. ______. Comunicação e linguagem: discursos e ciência. São Paulo: Editora Moderna, 1998. ______. Palavra e discurso: história e literatura. São Paulo: Ática, 1995. BUTLER, J. Problemas de Gênero: feminismo e subversão da identidade. 12 edição. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2016. ______. Your behavior creates your gender. Big Think. 6 jun. 2017. Disponível em: . Acesso em: 6 mai. 2018. CANCLINI, N. G. Consumidores e Cidadãos. UFRJ: Rio de Janeiro, 2010. 8 ed. FAIRCLOUGH, N. Discurso e mudança social. Brasília: Editora Universidade de Brasília. 2. ed. 2016. LAHNI, C. R.; ASSIS, R. B. B. R. De; AUAD, D. Homossexuais em séries de TV: reflexões sobre Glee. In: XVIII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste. Anais do XVIII Intercom Regionais, 2013.

43 MISKOLCI, R. Teoria queer: um aprendizado pelas diferenças. 2. ed. rev. e ampl., 1. reimp. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2013. OROZCO GÓMEZ, G. Educação: recepção midiática, aprendizagens e cidadania. São Paulo: Paulinas, 2014.

(GT01-012) História das Salas de Cinema de São Caetano do Sul Bruna Serafim Moura (Universidade Municipal de São Caetano do Sul – USCS) Apresentação do tema O tema do artigo surgiu do livrorreportagem “Cenas do Passado: história das salas de cinema de São Caetano do Sul”, escrito pela autora deste artigo, em conjunto com outros colegas na ocasião. No decorrer do texto, será contado o surgimento das primeiras salas de cinema na cidade, a explosão cultural da época, bem como se encontram os locais onde estavam os cinemas de rua, que estavam em seu auge entre as décadas de 1960 e 1980. Também será traçado um breve comparativo com o modo das pessoas frequentarem cinemas nos dias atuais, e o quanto isso impacta na sociedade atual.

Problemas e objetivos da pesquisa O objetivo deste artigo é resgatar a história das salas de cinema da cidade, destacando personagens que fizeram parte dessa história. Também será possível registrar uma parte da história cultural de São Caetano do Sul, além de mostrar e contextualizar estas salas na atualidade. A escolha do tema justifica-se pelo fato de não haver artigos que tratam exclusivamente da história das salas de cinema de São Caetano do Sul, e também pelo interesse e paixão dos moradores da cidade pela preservação dessa história. Como os munícipes têm um apreço especial pela história da cidade, há um rico material iconográfico e depoimentos de frequentadores e proprietários do cinema para a elaboração do artigo.

Métodos e procedimentos de pesquisa Entrevistas com exibidores e frequentadores dos cinemas da época: depoimentos gravados em áudio e imagem; Trabalho de fotojornalismo com fachadas e ambientes dos cinemas; Pesquisa bibliográfica.

Resultados (parciais ou conclusivos) e conclusões principais (ou parciais) Como resultado da pesquisa na época do lançamento do livro (2012), pôde-se perceber que os cinemas de rua de São Caetano do Sul eram mais que um entretenimento para assistir a um filme, era um encontro social e cultural. As memórias relatadas pelas pessoas e famílias que frequentaram essas salas de cinema remetem a bons momentos, primeiros encontros, casamentos, realização de sonhos, sucesso e lucratividade dos proprietários das salas de cinema de São Caetano do Sul.

Referências ALBERTI, Verena. História Oral. A experiência do CPDOC. Rio de Janeiro: FGV, 1990. ______. Manual de História Oral. 3ed. Rio de Janeiro: FGV, 2005. ALVES, Luiz Roberto. Grande ABC. Culturas que excedem o lugar culturalizado. Santo André: Alpharrabio, 2009.

44 ARAÚJO, Vicente de Paula. A bela época do cinema brasileiro. São Paulo: Perspectiva, 1976. BOSI, Ecléa. O tempo vivo da memória. Ensaios de Psicologia Social. 2ed. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003. CAPRINO, Mônica Pegurer; PERAZZO, Priscila Ferreira. Possibilidades da comunicação e inovação em uma dimensão regional. In: CAPRINO, Mônica Pegurer (org.). Comunicação e Inovação. São Paulo: Paulus, 2008. p. 111-126. HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva. Trad. de Beatriz Sidou. São Paulo: Centauro, 2006. LE GOFF, Jacques. Memória e História. Trad. de Bernardo Leitão et al. 5ed. Campinas, SP: Ed. Unicamp, 2003. LODUCA, Wilson. São Caetano: De Várzeas Alagadiças a “Príncipe dos Municípios”. São Caetano do Sul - São Paulo: Hucitec, 1999. MARTINS, José de Souza. Subúrbio. Vida Cotidiana e História no Subúrbio da Cidade de São Paulo: São Caetano, do fim do Império ao fim da República Velha. São Caetano do Sul, - São Paulo: Hucitec, 1992. SIMÕES, Inimá Ferreira. Salas de cinema de São Paulo. São Paulo: PW/Secretaria Municipal de Cultura/ Secretaria de Estado da Cultura, 1990. TURNER, Graeme. Cinema como prática social. São Paulo: Summus. 1997. POLLAK, Michael. Memória e identidade social. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, vol. 5, n. 10, 1992, p. 200-212.

(GT01-013) O curta-metragem e as discussões sobre memória em Baba 105 (2013) Herman Tacasey (Universidade Paulista – Unip) O curta-metragem BABA 105, de Felipe Bibian, um documentário em primeira pessoa e um objeto biográfico (Bosi, 2004), uma voz em off narra a biografia da personagem, associando-a a sentimentos de pertencimento, acolhimento e saudades. Segundo Halbwachs (1968), essa memória não é exclusivamente individual, pois nenhuma lembrança coexiste isolada de um grupo social. Ressignifica uma memória não comprovada ou documentada, mas sua coerência, tanto na narrativa verbo-visual e na trilha sonora, quanto no tratamento estético lhe confere aparência de objeto de família, recria uma história verossímil, mas não verdadeira. Beatriz Sarlo (2007), diz que a verdade, como ícone da contemporaneidade, é uma construção social. A originalidade, reside no movimento da câmara que percorre uma única fotografia em branco e preto, priorizando certos detalhes, em perfeita sintonia com a narrativa oral. A figura que a recordação tenta recompor é desconhecida e depende de uma memória alheia. De um lado, a foto de uma senhora idosa, no avesso, a anotação do ano de 1967, com o enunciado: “Vovó, já com 105 anos, mas ainda muito bem”, em lituano. Uma memória individual ou coletiva? O texto no verso indica se tratar da memória subjetiva da neta, mas, a imagem corporal da personagem, sua posição, indumentária e os elementos do ambiente, configuram a representação coletiva da velhice. O título reforça essa tese, se entende que “Baba” significa “avó” e 105ª a idade. Uma fotografia still, é a origem do curta, vista dentro de um regime de visualidade imposto pelo cinema, testemunho de algo passado, guardião da memória, se tornou algo do nosso tempo, o tempo do “agora”, mas também uma projeção do futuro. Desde o início do séc. XX havia a crença de que o futuro sempre nos reservaria algo novo. Fotografar seria um modo de resguardar o futuro como reserva de novidade, um “ter-estado-lá”, Barthes (2004), apesar de nunca termos ido “lá”, sempre temos a impressão de já termos “ido”, sentimos saudades do futuro. Produzir imagem e armazená-la, sem o critério do tempo, do cronograma, e da

45 legenda, tornou-se possível. Na “era da catástrofe” (Walter Benjamim), não cabe mais o discurso inocente e simplificador da autonomia do estético, mas, as histórias outras que também devem ser motivo de interesse. A sociedade com a evolução tecnológica, vem sofrendo constantes alterações. Da reprodução de Gutemberg a fotografia, o último aceno da “aura” ainda pode ser encontrado nos retratos.

Referências Barthes, O rumor da língua. Trad. Mario Laranjeira. São Paulo: Martins Fontes, 2004. BOSI, Eclea. O tempo vivo da memória. São Paulo, Ateliê, 2004. BENJAMIN, Walter. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. Tradução de Sérgio Paulo Rouanet. 7ed. São Paulo: Brasiliense, 1994. HALBWACHS, M. 1968 [1950]. La Mémoire Collective, Paris, Presses Universitaires de France. SARLO, B. Tempo passado. Cultura da memória e guinada subjetiva. São Paulo: Cia. das Letras, 2007.

Filmografia Título: BABA 105. 5,29 minutos. Animação/ documentário. Direção, roteiro e animação: Felipe Bibian. Edição e montagem: Gabriel Medeiros e Felipe Bibian. Direção de som: Bruno Armelin. Voz: Giedre Jokubauskaite. Trilha sonora: Cesar Antónovich Cui. Produtora: Cinema de guerrilha/ Filmes do bem. Rio de Janeiro. Brasil. Disponível em: vimeo.com/76307432. Acesso em 26 02 2019.

(GT01-017) Memórias do Cine Tangará em Santo André: Transformações de Cultura e Arte Local Letícia Polli (Universidade Municipal de São Caetano do Sul – USCS) Priscila F. Perazzo (Universidade Municipal de São Caetano do Sul – USCS) Tema: Ao considerar os variados aspectos da arte, cultura e seus impactos sociais e econômicos na sociedade brasileira, em específico na Região do Grande ABC, nota-se que o cinema está sempre presente na memória local. Durante a segunda metade do século XX, grandes salas de cinema foram importantes espaços de projeção nas cidades. Uma dessas salas é a do cinema Tangará, em Santo André, inaugurada em 1950, e que exerceu o fascínio do cinema sobre gerações de andreenses, notabilizando sua importância em relação aos outros cinemas da cidade desde a sua inauguração, até sua decadência nos anos 1990. A sala do Cine Tangará, localizada na rua Cel. Oliveira Lima, número 50, no centro de Santo André, era bastante frequentada. Desde sua inauguração até a decadência, nos anos 1990, foram tantas as pessoas que frequentaram o cinema que a memória do Tangará pode ser evocada e sua história relembrada a partir dos relatos orais das pessoas que por ali passaram. Dessa forma, um estudo sobre o Cine Tangará é oportunidade de compreensão de aspectos e avanços sociais e tecnológicos relacionados a essa arte, bem como a recuperação e reconstrução dos hábitos culturais de uma cidade como Santo André. Problema e objetivo: Voltando-se para o estudo da memória social do cine Tangará, considerando-se as experiências de gerações de andreenses com a cultura e arte local, pergunta-se: Quais mudanças ocorreram no Cinema Tangará que permitam compreender as transformações que levaram ao desaparecimento de grandes salas de cinema nas cidades? O objetivo dessa pesquisa é identificar as

46 mudanças pelas quais o cinema Tangará passou na segunda metade do século XX, em Santo André, considerando-se as transformações que levam ao desaparecimento de grandes salas de cinema nas cidades, ao final do século XX. Justificativa: O Tangará representou o desenvolvimento da arte e da cultura cotidiana em Santo André. Hábitos da frequência do público nos cinemas nesse período, filmes projetados, espaços de sociabilidade, condições tecnológicas e transformações das salas de cinema podem ser identificados a partir do estudo da memória do Tangará. A memória social possibilita a compreensão de muitas dessas transformações sociais no cotidiano das cidades e no desenvolvimento da arte cinematográfica. Metodologia: A metodologia utilizada para essa pesquisa foi: 1) Bibliografia sobre o cinema como campo econômico, espaço cinematográfico e transformação de salas. 2) Entrevistas com frequentadores do cinema nos moldes das Narrativas Orais de Histórias de Vida. 3) Reportagens do jornal Diário do Grande ABC. 4) Relatos de histórias de vida de pessoas que têm lembranças sobre o Tangará, arquivados no HiperMemo – Acervo de Memórias da USCS. Resultados Parciais: Parte dessa pesquisa foi desenvolvida e pode-se observar a posição das pessoas que acompanharam o desenvolvimento e a decadência do cinema. As impressões relatadas sobre as condições da sala, o glamour do cinema e as suas transformações, permitiram a identificação de conceitos e valores desenvolvidos no decorrer desse período. Algumas categorias de análise foram identificadas como: espaço de sociabilidade; mudanças tecnológicas; advento de salas em shopping centers; filmes estrangeiros; filmes nacionais; popularização. Tais categorias estão sendo aplicadas aos discursos das fontes (relatos e documentos).

(GT01-020) Do sentido à presença: o “cinema de cotidiano” em Roma Natália Lago Adams (Universidade Tuiuti do Paraná – UTP) Em Roma (2018), Alfonso Cuarón — diretor, roteirista e cinegrafista da película — reconstrói as memórias do período de sua infância vivido na Cidade do México, entre 1970 e 1977. Ele seleciona, no entanto, não as recordações de momentos extraordinários, mas sim as miudezas da vida rotineira — e nas poucas vezes em que volta seu olhar para grandes acontecimentos, confere a eles a mesma tonalidade que recebem aqueles marcados pela banalidade. Neste sentido, os 135 minutos de filme parecem abrigar-se sob a lógica das narrativas de suspensão (GORDON, 2017), caracterizadas pela recusa de um argumento bem definido para, então, dar lugar à narração da experiência em si. Partindo do nada, trabalha-se com a sugestão, deixam-se possibilidades em aberto, prolongam-se durações, faz-se sentir o incessante devir. Transmite-se, assim, a sensação de um vazio, aquela mesma observada em Roma. Na obra, tal efeito parece ser possível graças à perspectiva adotada por Cuarón para trazer suas memórias à vida: a de Cleo, uma das empregadas domésticas da família. É mirando demoradamente nas atividades repetitivas e nada excepcionais desempenhada pela jovem, como lavar a louça, estender a roupa, varrer o corredor ou ir ao cinema, que o diretor permite-nos enxergar na suspensão as nuances e fissuras do cotidiano. Por sua vez, é justamente em tais brechas instaladas na interrupção que se manifestam experiências estéticas resultantes da oscilação entre efeitos de sentido e de presença (GUMBRECHT, 2010), permitindo que o espectador, por breves segundos, se distancie dos significados das coisas para, então, sentir na pele o desvelamento de sua presença física e sensorial, de modo que é capaz de acessar a própria sensação das memórias de Cuarón. Partindo de tais pressupostos, a presente pesquisa tem como problema a atual indefinição de um “cinema de cotidiano” como conceito autônomo, uma vez que, por haver cotidiano em filmes das mais diversas naturezas, os estudos cinematográficos parecem negar-lhe um campo próprio. A hipótese que orienta a

47 investigação é de que é possível delinear tal tipologia fílmica com base não só em seu substrato repetitivo e rotineiro, mas sim neste apresentado sob uma narrativa de suspensão e pautado por uma estética que oscila entre revelações de sentido e presença. O objetivo é, portanto, tentar lançar, de modo breve, os fundamentos para delinear o dito cinema de cotidiano, adotando como procedimento para tal a análise de Roma em busca de identificar tanto na forma, quanto no conteúdo do filme as manifestações dos conceitos sugeridos. Assim, espera-se obter como resultado a confirmação de que películas orientadas por tais condições constituem um cânone específico que pode atender ao título de “cinema de cotidiano”.

Referências GORDON, Rocío. Narrativas de la suspensión: una mirada contemporánea desde la literatura y el cine argentinos. Buenos Aires: Libraria Ediciones, 2017. GUMBRECHT, Hans Ulrich. Produção de sentido: o que o sentido não consegue transmitir. Rio de Janeiro: Contraponto/Ed. PUC-Rio, 2010.

(GT01-024) O controle através do consumo - uma análise semiótica de Blade Runner 2049 Hess Takashima Grigorowitschs (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP) Ana Carolina Fogaça Barbosa (IED) Andrey Albuquerque Mendonça (Escola Superior de Propaganda e Marketing – ESPM) As obras de ficção científica geralmente são terrenos bastante férteis para discussão de metáforas e subtextos. Por sua natureza, tais obras são frequentemente formas de seus autores levantarem análises e críticas sociais e, acima de tudo, humanas. No filme de 2017 Blade Runner 2049, do diretor Denis Villeneuve, somos apresentados à uma sociedade distópica, na qual as relações interpessoais e o conceito de humanidade tornam-se turvos devido aos avanços tecnológicos aos quais o indivíduo comum não teve tempo de se adequar. Apesar deste filme poder ser utilizado em discussões de diversas esferas, contemplando principalmente o existencialismo, este texto planeja analisar um recorte específico. A assistente pessoal conhecida como Joi, um produto disponível para qualquer cidadão com poder aquisitivo suficiente, promete ser tudo aquilo que seu consumidor quiser, de mera companhia cotidiana à objeto sexual. Essa inteligência artificial oferece tratamento totalmente individualizado e sob medida, dando a cada um de seus consumidores a sensação de estar sendo tratado de forma única e especial. Com essa sensação de demandas atendidas, o sistema dominante mantém os cidadãos sob controle, ocupados demais com suas necessidades pessoais para conseguirem questionar de forma eficaz as relações de poder dessa sociedade, num cenário próximo da servidão voluntária proposta por Étienne de la Boétie. Através dos estudos semiológicos de Christian Metz e dos conceitos de linguagem cinematográfica levantados por Marcel Martin, interpretaremos os signos presentes neste recorte da trama do filme. Nessa análise, evidenciamos como os elementos cinematográficos contribuem para a criação do cenário proposto, e como a obra manifesta tal crítica através de sua linguagem própria. Assim, ao final deste texto, trazemos considerações quanto às analogias que podem ser feitas entre o cenário fílmico e nossa realidade. Como muitas ficções científicas que tratam de cenários distópicos, os tópicos trazidos pela obra são discussões pertinentes não a um futuro incerto, mas sim à nossa condição presente. Tais considerações nos permitem agregar mais um elemento à crítica quanto ao sistema e modo de vida atuais.

48 (GT01-021) Edward Hopper e La La Land: A representação visual da solidão pós-moderna Vanessa Lopes (Universidade Presbiteriana Mackenzie – UPM) Denise Wanderley Paes de Barros (Universidade Presbiteriana Mackenzie – UPM) O presente artigo comparou, em um primeiro momento, a comunicação visual do musical La La Land: cantando estações com as pinturas do artista americano Edward Hopper, para entender como a solidão, em uma era pós moderna, pode ser representada, e a partir disso estudar como esta percepção é compreendida e vivida na sociedade atual. Para tanto, o estudo teve como problema de pesquisa entender se a temática do musical “La La Land: Cantando Estações”, segue a corrente pós modernista, com a solidão sendo reforçada pela comunicação visual semelhante as pinturas de Edward Hopper. A pesquisa buscou observar se a comunicação visual entre o filme e as pinturas utilizam, de alguma forma, a mesma linguagem semiótica; já, o objetivo especifico foi entender se a intermidialidade entre o filme e a pintura, limitou-se apenas ao campo visual, ou se a temática do movimento pós-modernista, também se estendeu para a narrativa do filme. Foi utilizada uma diversificada pesquisa bibliográfica, sendo importante ressaltar que para a analise semiótica do filme adotou-se o modelo sugerido por Roland Barthes, assim como foi essencial a análise sobre a pós modernidade realizada por Zygmunt Bauman e Jean François Lyotard. O presente artigo aproveita-se das metanarrativas de Lyotard para apontar uma nova experiência da pós-modernidade: a solidão líquida, fruto das inúmeras possibilidades de escolhas e decisões que o indivíduo toma ao longo de sua vida, que, por consequência, faz com que sua trajetória seja única.

49 6-8 DE MAIO DE 2019

Campus Conceição: Campus Centro: Rua Conceição, 321 Rua Santo Antônio, 50 São Caetano do Sul São Caetano do Sul

GT-2. Comunicação e Cultura: textualidades e intertextualidades

50 GT 02 COMUNICAÇÃO E CULTURA: TEXTUALIDADES E INTERTEXTUALIDADES

Coordenadores: Dra. Barbara Heller (UNIP) - [email protected] Dra. Monica Rebecca Nunes (ESPM) - [email protected] Dra. Miriam Cristina Carlos Silva (UNISO) - [email protected] Dra. Gloria Vergara (UdeC) - [email protected]

Ementa: A textualidade como qualquer unidade de sentido suscetível de ser estudada desde a análise cultural à análise do discurso. As diversas textualidades ou intertextualidades, não necessariamente de textos literários, sobre a epistemologia da cultura e sua relação com a memória; a importância da memória discursiva dos interlocutores; os diferentes tipos de textos culturais – literatura, teatro, arquitetura, música, cinema, moda, ritos, imagens, comportamentos – seus usos e manifestações discursivas.

51 Sessão: 01 Data: 07/05/2019 Horário: das 14h às 18h Sala 115, Bloco B

Coordenação Dra. Miriam Cristina Carlos Silva (UNISO); Dra. Barbara Heller (UNIP)

SEQUÊNCIA CÓDIGO TÍTULO AUTORES

A reenunciação de provérbios em anúncios 01 GT02-003 publicitários como retomada da memória dis- Denise Durante cursiva Anderson William Marzin- Bizarros Eleitos: Análise Discursiva De Campa- 02 GT02-014 howsky nhas Eleitorais Carnavalizadas Em 2016 Benalia e Cristiane Furlan Narrativa Autobiográfica de Transformação de GT02-008 Vida, A Textualidade Do Evento Day1 Endeavor: 03 Espaço Biográfico, Katia Martins Valente

Comunicação e Alta Performance

GT02-007 A rede de memórias de blogs literários: dis- 04 Dorama de Miranda Carvalho cursos e intertextualidades midiáticas

Representações poéticas da morte nas narra- 05 GT02-011 Míriam Cristina Carlos Silva tivas da Cia. Tempo de Brincar

Os rastros históricos e culturais na produção Juliana Porto Chacon Hum- 06 GT02-026 artística do período simbolista brasileiro phreys

52 (GT02-003) A reenunciação de provérbios em anúncios publicitários como retomada da memória discursiva Denise Durante (Universidade Paulista – Unip) O trabalho tem como objetivo analisar a reenunciação de provérbios em anúncios publicitários como estratégia dos anunciantes para a retomada da memória discursiva coletiva. Reflete-se sobre a reenunciação proverbial em anúncios impressos relacionada ao aproveitamento intencional da intertextualidade como recurso estilístico e expressivo. O corpus é formado por anúncios publicados na revista Veja, os quais são analisados tendo-se como fundamentação teórica os estudos de autores da Análise do Discurso de linha francesa, como Charaudeau e Maingueneau, bem como por estudiosos que se dedicaram à descrição das características específicas dos provérbios, como Urbano e Castro. Utilizam-se igualmente conceitos e pressupostos teóricos da Análise da Conversação, desenvolvida por Marcuschi, Preti e Urbano. Trata-se, portanto, de pesquisa bibliográfica e documental, baseada no método indutivo, visto considerar-se que os aspectos observados nos anúncios analisados pode ser uma amostra significativa do que se manifesta nos anúncios em geral. No corpus selecionado, verifica-se, até o momento, que provérbios, reenunciados em sua forma integral ou parcial, constituem intertexto recorrente e se apresentam como frequente marca de oralidade nos textos publicitários veiculados pelo meio gráfico. A expressividade que os provérbios inserem na conversação cotidiana é explorada pelos redatores publicitários, cujas mensagens apelam para nossa memória discursiva social. A força persuasiva, decorrente de seu aspecto divertido, inusitado, não raro irônico, assim como seus aspectos de autoridade argumentativa e generalização, fazem do provérbio uma das importantes ferramentas discursivas na intertextualidade implícita presente nos anúncios, por agirem no sentido de chamar a atenção, causar identificação e envolvimento interacional e emocional em relação ao público leitor. Caracterizados pela impressão da “verdade” da tradição da sabedoria popular ou do conhecimento do senso comum, os provérbios se adaptam aos objetivos do discurso da propaganda comercial, que igualmente busca divulgar certezas sobre a boa qualidade e os benefícios dos produtos anunciados, para cumprir a meta de persuadir os indivíduos a realizarem o ato de compra.

Referências CASTRO, Maria Lilia Dias. Provérbios e máximas: a questão enunciativa. Anais do IX Encontro Nacional da ANPOLL. V. 2, Tomo 2. João Pessoa, 1995, pp. 1315-1320. CHARAUDEAU, Patrick. Langage et Discours. Paris: Hachette, 1983. MAINGUENEAU, Dominique. Análise de textos de comunicação. 2 ed. São Paulo: Cortez, 2002. MARCUSCHI, Luiz Antônio. Análise da conversação. São Paulo: Ática, 1986. PRETI, Dino. Sociolinguística: os níveis de fala. São Paulo: Ed. Nacional, 1977. URBANO, Hudinilson. Uso e abuso de provérbios. In: PRETI, Dino (org.). Interação na fala e na escrita. Série Projetos Paralelos. V. 5. São Paulo: Humanitas, 2002, pp. 253-321.

53 (GT02-014) Bizarros eleitos: análise discursiva de campanhas eleitorais carnavalizadas em 2016 Anderson Marzinhowsky Benalia (Universidade Paulista – UNIP) Cristiane Furlan (Universidade Paulista – UNIP) Este artigo deriva de uma pesquisa de Mestrado apresentada ao Programa de Pós Graduação em Comunicação e Cultura Midiática da Universidade Paulista, intitulada “Direito ao Esquecimento e Rastros da Memória nas Mídias Digitais: o blog “Não Salvo” e seus candidatos bizarros”. Aqui utilizamos como objeto de análise os candidatos eleitos, apresentados pelo blog como bizarros no pleito municipal de 2016. Amparados na Análise do Discurso de Mikhail Bakhtin, identificamos nos santinhos eleitorais dos referidos candidatos, elementos de carnavalização, sátira e paródia, que por serem dialógicos, representam intertextualidade com características, objetos, pessoas e práticas comuns na sociedade, o que pode denotar uma estratégia de aproximação entre candidato e eleitor. Contudo, considerando a política como um campo fadado de seriedade, ao menos na teoria, tendo em vista que é o meio responsável pela administração da vida como um todo em sociedade, determinados elementos encontrados acabam por banalizar tal conceito, uma vez que embora aproxime político e eleitor, é a marca da distância entre política, seriedade e formalidade, características necessárias para o comando da vida pública de pessoas não bizarras.

Referências ARAGÃO, M. L. P. de. A paródia em a força do destino. Revista Tempo Brasileiro (Rio de Janeiro), n 62, pp. 18-28, jul-set. 1980. BAKHTIN, Mikhail. A cultura popular na idade média e no renascimento: o contexto de François Rabelais. Brasília: Universidade de Brasília, 1987. _____. Questões de literatura e de estética: a teoria do romance. Trad. Aurora Fornoni Bernardini et al. 5 ed. São Paulo: Hucitec, 2002. _____. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 2003. FIORIN, José Luiz. Introdução ao pensamento de bakhtin. 1. ed. São Paulo: Ática, 2006. DRIESSEN, Hank. Humor, riso e o campo: reflexões da antropologia. In: BREMMER, Jan; ROODENBURG, Herman (Org.). Uma história cultural do humor. Rio de Janeiro: Record, 2000, pp. 251-276. HUTCHEON, Linda. Uma teoria da paródia. Lisboa: Edições 70, 1985.

(GT02-008) Narrativa autobiográfica de transformação de vida, a textualidade do evento Day1 Endeavor: espaço biográfico, comunicação e alta performance Katia Martins Valente (Escola Superior de Propaganda e Marketing – ESPM) Estudar a textualidade simbólica em representações de narrativas autobiográficas de transformação de vida e trabalho, inseridas na cultura empreendedora, torna-se um assunto relevante no contexto social. Assim, refletir sobre a constituição identitária do sujeito e papéis representados possibilitou o interesse deste estudo de doutorado centrado na forma de operar do sistema neoliberal contemporâneo e suas práticas empreendedoras. O problema foi identificar quais as características do espaço biográfico (ARFUCH, 2010) estão relacionadas às narrativas do Day1 Endeavor e analisar quais são as estratégias discursivas da Endeavor Brasil, que propagam as narrativas de empreendedoras como histórias de

54 vida exemplares (BUONNANO, 2011). O principal objetivo desse estudo de doutorado foi estudar as representações sociais, que atravessam e circulam as práticas da cultura empreendedora, seus efeitos, as interpretações de sentido simbólicos e o consumo dos discursos praticados. Neste processo de exposição e visibilidade da narrativização da vida de empreendedoras estudamos as narrativas de vida de várias empreendedoras. Para esse texto, escolhemos a análise da narrativa de vida da empreendedora Sônia Hess, empresária da Dudalina, que palestrou no evento Day1 Endeavor. A fala de Sônia Hess, apresenta a narrativa de vida e de sucesso extraído do texto e do vídeo desta empreendedora divulgado no site da Endeavor e na plataforma de vídeos YouTube. Vale ressaltar, que a estrutura do Day1 Endeavor é constituída por palestras com duração média de 20 minutos, em um palco com plateia, em que o/a palestrante narra as transformações de vida, centradas nas práticas da cultura empreendedora e que são orquestradas pela própria organização Endeavor. A Endeavor é considerada a maior organização mundial de apoio ao empreendedorismo com foco produtivo na disseminação de práticas empreendedoras e a narrativização da vida que atravessa os acontecimentos retidos na memória como forma de reconstruir e apresentar os feitos da vida. Nesse contexto, o estudo concentra-se no novo espírito do capitalismo (BOLTANSKI E CHIAPELLO, 2009), na valorização e exposição do culto da alta performance (EHRENBERG, 2010) e no trabalho (CASAQUI, 2009. A metodologia utilizada foi análise de discurso de linha francesa (ADF) e o método de análise de percurso de vida proposto por Giele e Elder Jr (1998), que atravessa as crenças da cultura empreendedora. Como principais conclusões temos a presença da intertextualidade, da comunicação, do espaço biográfico (ARFUCH, 2010) e o consumo materializado por meio dessas narrativas autobiográficas de transformação de vida da empreendedora que valoriza as práticas inseridas na cultura empreendedora contemporânea. Assim, pudemos compreender a relevância da textualidade e a compreensão da representação social e de sentidos que circulam na comunicação e no consumo dessas narrativas como forma de pensar as práticas empreendedoras em projetos de vida em que o sujeito é autor de si em sua representação social. A reflexão deste estudo tem como quadro teórico o espaço biográfico (ARFUCH, 2010), cultura empreendedora (DRUCKER, 1985), trabalho (CASAQUI, 2009), alta performance de (EHRENBERG, 2010), a exposição do eu (SIBILIA, 2010) e a memória.

(GT02-007) A rede de memórias de blogs literários: discursos e intertextualidades midiáticas Dorama de Miranda Carvalho (Escola Superior de Propaganda e Marketing – ESPM - DMC) Este trabalho é um dos resultados da tese de doutorado intitulada “Blogs literários, consumo de literatura e a formação da identidade de um leitor-protagonista”. O objetivo é mostrar que há novos modos de acesso à leitura e que blogueiros e youtubers são representantes de variadas práticas de consumo literário. O percurso de pesquisa e as análises discursivas de 12 blogs indicaram a emergência de sujeitos que estão transformando a dinâmica do setor livreiro. Os significados gerados pelas obras hoje ganham novas nuances que indicam que os livros transcendem o entendimento de estudos de crítica literária, linguagem e estilo. Ao chegar às mãos dos leitores, geram novos textos que podem comunicar aquilo que somos, ou seja, revelam a formação de processos identitários por meio das resenhas produzidas por blogueiros e youtubers na internet. São discursos de identidade que contêm narrativas do passado, com elementos da memória social e tramas que se articulam com o presente, apoiados em intertextualidades que formam pontes entre plataformas midiáticas. Para Jesús Martín-Barbero (2004), o novo ponto de partida dos estudos de comunicação está no processo de fetichização do meio de comunicação enquanto atuante, metamorfoseador das relações sociais em coisas, que vai encontrar na ideologia um campo estratégico para a análise. Vale indicar aqui

55 o pensamento de García-Canclini (2014) que nos ajuda a indagar se o que importa hoje é o “quanto se lê” ou o “como se lê”. Como resultados principais, nosso estudo indica a emergência de novos produtores de conteúdo, que se tornaram figuras importantes para a divulgação das próprias idéias. Surge no cenário um sujeito capaz de formar um campo de atuação. Nosso estudo mostra que os blogueiros sobre literatura e booktubers hoje são convocados a fazer parte do que Bourdieu (2007) chama de “revolução simbólica” de artistas e de construção de novas posições sociais. As subjetividades entram em ação na medida em que a mídia se insere na sociedade como uma força que reitera os elementos de ressignificação. Novas representações e sensibilidades estão a disposição e são afetadas. São textos verbais e não-verbais, imagens, memórias em que esses leitores-protagonistas das histórias que leem e narram para os seguidores vão tomando a forma de resistência. São elementos de libertação, com um novo “agenciamento de enunciados” (GREGOLIN, 2007) feito a partir de um constante movimento de identificação e “desindentificação”. É um trabalho coletivo em que quanto mais são feitos diálogos, trocas e interações, surge a indeterminação (SALLES, 2017) e, como conseqüência, novos textos e significados.}

Referências BOURDIEU, Pierre. A distinção - critica social do julgamento. Sao Paulo, Edusp; Porto Alegre, Zouk, 2007. GARCIA-CANCLINI, Nestor Garcia. Revista Observatorio Itau Cultural, n. 17 (ago/dez.2014). Sao Paulo, Itau Cultural, 2014. GREGOLIN, Maria do Rosario. Discurso, historia e a produção de identidade na midia. In: FONSECA-SILVA, Maria da Conceição & POSSENTI, Sirio (orgs.). Midia e rede de memoria. Vitoria da Conquista, Uesb, 2007. MARTIN-BARBERO, Jesus. Oficio de cartografo. Travessias latino-americanas da comunicação na cultura. Sao Paulo, Edições Loyola, 2004. SALLES, Cecilia Almeida. Processo de criação em grupo. Dialogos. Sao Paulo, Estação das Letras e Cores, 2017.

(GT02-011) Representações poéticas da morte nas narrativas da Cia. Tempo de Brincar Míriam Cristina Carlos Silva (Universidade de Sorocaba – Uniso) Este artigo compõe um dos desdobramentos de uma pesquisa regular amparada pela Fapesp, cujo tema são as Representações Poéticas da Morte nas Narrativas Midiáticas. Aqui, abordaremos narrativas apresentadas pela Cia. Tempo de Brincar, que desde 2001 realiza espetáculos cênicos- musicais baseados nas culturas populares brasileiras. Ampara-se teoricamente em Lotman (sobre cultura e tradução); Flusser, Marcondes Filho, Baitello Júnior (sobre comunicação, incomunicabilidade e mídia primária); Dravet; Castro e Silva e Silva (sobre comunicação poética); Benjamin e Silva (sobre narrativas); Flusser e Morin (para a morte como fundamento da cultura) e Silva e Andrade (para a poética antropofágica). O trabalho tem como objetivo geral: compreender como se constituem as representações da morte nas narrativas midiáticas encenadas pela Cia. Tempo de Brincar, a partir de conceitos como comunicação, incomunicabilidade, acontecimento comunicacional, diálogos e discursos. Os objetivos específicos são: a) discutir a possibilidade de uma comunicação poética como forma de representação / construção complexa do fenômeno da morte, especialmente por meio do

56 que chamamos de poética antropofágica; b) avaliar narrativas de morte encenadas pela Cia. Tempo de Brincar, a fim de compreender as raízes culturais populares e sua tradução antropofágica, que consiste em uma atualização; c) compreender como se constitui a ambiência criada nos espetáculos da Cia. Tempo de Brincar, e quais os possíveis efeitos de sentido produzidos pelo ambiente para a narratividade; d) debater sobre a natureza da mídia primária na construção das narrativas e da comunicabilidade; e) incrementar metodologias de análise de narrativas e ampliar de forma heterodoxa a compreensão do conceito de comunicação. Partimos de uma pesquisa bibliográfica, seguida da observação participante, com o acompanhamento de espetáculos da Cia. Tempo de Brincar. Em seguida, passamos à análise das narrativas encenadas, na qual procuraremos desvelar aspectos poéticos nas representações da morte. A relevância deste trabalho está em apontar para a possibilidade de uma comunicação poética como forma complexa de representação / construção do fenômeno da morte nas narrativas.

Referências ANDRADE, O. A utopia antropofágica. São Paulo: Globo, 1990. BAITELLO JÚNIOR, N. As Irmãs Gêmeas: Comunicação e Incomunicação. Tribuna do Norte, 2002. BENJAMIN, W. O narrador: Considerações sobre a obra de Nikolai Leskov. In: ______. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. São Paulo: Brasiliense, 1994. p. 197-221. DRAVET, F. M. e CASTRO e SILVA, G. O pensamento comunicacional mediante o pensamento poético. Disponível em: http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2006/resumos/R1592-1.pdf. Acesso em 23 nov de 2016. FLUSSER, V. O mundo codificado. São Paulo: Cosac & Naify, 2007. LOTMAN, I. A estrutura do texto artístico. Lisboa: Estampa, 1978. MARCONDES FILHO, C. Até que ponto, de fato, nos comunicamos? São Paulo: Paulus, 2004. MORIN, E. O homem e a morte. Rio de Janeiro: Imago, 1997. SILVA, M. C. C. Comunicação e cultura antropofágicas: mídia, corpo e paisagem na erótico-poética oswaldiana. Porto Alegre / Sorocaba: Sulina / Eduniso, 2007, v.1.

(GT02-026) Os rastros históricos e culturais na produção artística do período simbolista brasileiro Juliana Porto Chacon Humphreys (Universidade Presbiteriana Mackenzie – UPM) Este artigo tem como objetivo estudar a fase de produção artística no Brasil conhecida por simbolismo, sob a ótica da cultura e da história, considerando ambas como textualidade eminentemente brasileira que emerge da literatura e da pintura, mesmo que, em primeira instância estejam imbuídos de um discurso estilístico inspirado por fatores externos ao país. O período simbolista no Brasil teve início oficial no ano de 1893 e foi diretamente inspirado pelo movimento homônimo francês. Apesar de sua aptidão europeia e de seus impulsos criativos estarem voltados para uma reminiscência romântica, além de uma subjetividade espiritualista que fundia-se com a objetividade da realidade, esse foi um movimento que entendeu a arte como um produto em si, ou seja, como o fruto de um fazer artístico que revela a alma de quem o faz, valorizando o sujeito que confere sentido ao mundo que o cerca e realiza conexões

57 entre fenômenos que só se revelam àquele cujo espírito está a serviço da arte. Sendo assim, apesar de relativamente tímido em comparação ao modernismo que o sucedeu, o simbolismo é extremamente revelador em termos históricos e culturais, justamente porque, ao valorizar o fazer artístico, faz suscitar questões sociais, culturais e ideológicas, inerentes ao artista, que antes ficavam suprimidas pelas questões do estilo que, quase sempre, ganhavam espaço na busca por uma arte muito próximo do academicismo europeu. Considera-se portanto, que o simbolismo traz em si uma textualidade histórica e cultural brasileiras que emergem tanto da materialidade das obras, quanto do sentido que delas escapa. O corpus do estudo engloba a literatura e a pintura simbolistas realizadas entre os anos 1890 e 1920. O resgate do indianismo romântico, a manutenção de algumas estruturas parnasianas, a fixação pela mitologia, tudo isso, europeu em sua gênese, dá lugar a um fenômeno de referências genuinamente brasileiras que serão perpetuadas mais adiante. O referencial teórico que suporta o estudo é composto principalmente por Mikhail Bakhtin e seus apontamentos sobre problema do texto implícito na arte, Iuri Lotman para as questões estruturais do texto artístico e seus reflexos culturais e, por fim, Mario Praz em sua relação entre a literatura e as artes visuais. Utilizando uma metodologia de pesquisa bibliográfica e analítica, o estudo utiliza-se de análise comparativa entre textos literários e quadros do período para reconhecer as correspondências entre as estruturas, a materialidade e os sentidos que fazem do simbolismo um caminho direto para uma construção histórica e cultural do Brasil.

Referências ARTE NO BRASIL. Volumes I e II. São Paulo: Ed. Abril, 1979. BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1992. ______. Notas sobre literatura, cultura e ciências humanas. São Paulo: Editora 34, 2017. CANDIDO, Antonio. CASTELLO, J. Aderaldo. Presença da literatura brasileira das origens ao realismo: história e antologia. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2008. HAUSER, Arnold. História social da arte e da literatura. São Paulo: Martins Fontes, 2003. LOTMAN, Iuri. A estrutura do texto artístico. Lisboa: Editorial Estampa,1979. PRAZ, Mario. Literatura e artes visuais. São Paulo: Cultrix, 1982. SOURIAU, Étienne. A correspondência das artes: elementos de estética comparada. São Paulo: Cultrix, 1983.

58 Sessão: 02 Data: 07/05/2019 Horário: das 14h às 18h Sala 116, Bloco B

Coordenação Dra. Monica Rebecca Nunes (ESPM)

SEQUÊNCIA CÓDIGO TÍTULO AUTORES

A Performance da Mãe e o Investimento de Si 01 GT02-012 Renata Alcalde Pereira nas Narrativas do Blog Relatos de Parto

GT02-004 Análise do Filme Como Nossos Pais Sob 02 Os Conceitos de Dialogismo e Polifonia de Maria Fernanda Cavassani Mikhail Bakhtin

Crítica musical na escola do ouvir: os escritos 03 GT02-009 Mauro de Souza Ventura sobre música clássica de Otto Maria Carpeaux

GT02-017 O Hit “O Nome Dela é Jenifer”: A Adaptação 04 Nicholas Novo Rivelli Musical aos Formatos de Streaming

Comunidades de Fanfiction e as transforma- 05 GT02-020 ções do amor: um estudo sobre os romances Andre Luis dos Santos no Nyah! Fanfiction

Mulheres na luta: as narrativas de lutadoras 06 GT02-019 Tarcyanie Cajueiro Santos brasileiras de MMA

O Steampunk na Publicidade: Visibilidade e 07 GT02-005 Apagamento na Campanha de Páscoa da Ca- Lucas de Vasconcelos Teixeira cau Show

59 (GT02-012) A performance da mãe e o investimento de si nas narrativas do blog Relatos de Parto Renata Alcalde Pereira (Escola Superior de Propaganda E Marketing – ESPM) Vivemos em uma era em que os aparatos tecnológicos se tornam cada vez mais condicionantes da nossa vida cotidiana. Na metade do século XX a introdução da televisão no cotidiano dos lares ensinou a sociedade a viver dentro de uma dinâmica voltada sobretudo para a tela, para as imagens. O avanço intenso e em ritmo acelerado das tecnologias de comunicação, sobretudo após o surgimento da internet e das redes sociais digitais no início do século XXI, fizeram com que a imersão estrutural dos meios de comunicação se intensificasse na sociedade, modificando as formas de interação social, os modos de sociabilidade e até mesmo a constituição da subjetividade. O acesso à conexão móvel ofereceu a possibilidade de estar sempre online, ampliando exponencialmente as possibilidades de reinvenção do eu, na mesma proporção em que faz desaparecer a fronteira entre as esferas públicas e privadas. Ansiamos pelo prazer de adentrar as vidas privadas das pessoas ao mesmo tempo que desejamos abrir também as nossas. Para isso, o sujeito se torna um “empreendedor de si”, investindo constantemente em sua imagem para atender às exigências contemporâneas de performatividade e sucesso. Nossa subjetividade passa a ser o cerne de uma sociedade pautada pela lógica do capitalismo. Nossos afetos são racionalizados e nos transformamos em mercadorias. Por isso, o sujeito contemporâneo se publiciza nas múltiplas telas que nos acompanham diariamente. Os canais de comunicação, quase onipresentes, se tornam os principais responsáveis pela manutenção da ordem capitalista que tem como cenário toda uma cultura promocional. Até mesmo os momentos mais íntimos, antes pertencentes apenas à família, como o parto de uma mãe e o nascimento de uma criança, se tornam conteúdo de exibição e confirmação do sucesso da mulher enquanto parturiente. A fim de ilustrar melhor a discussão dos conceitos abordados propomos uma observação crítica de um fenômeno que vem crescendo no Brasil nos últimos anos: a pauta do parto natural. O protagonismo da mãe, o respeito à natureza feminina, e depoimentos de mulheres que dizem ter sofrido “violência obstétrica” envolvem as discussões acaloradas nas mídias sociais. As mães fazem questão de registrar esses momentos de intimidade, expondo fotos e vídeos nas redes sociais na internet que, por vezes, contém imagens detalhadas da genitália feminina. Por que as mães fazem questão de publicar este momento da vida? Por que resolvem abrir algo tão íntimo para uma multidão de desconhecidos? Seria a experiência do parto natural, com mínima (ou nenhuma) intervenção médica, uma maneira de se expressar como uma “mãe mais forte”, uma “mãe melhor”? A importância dada a dor de “parir”, demonstrada nos relatos e nas fotos íntimas e das expressões faciais, uma externalização da competência afetiva daquelas mães? Para compreender um pouco mais sobre este tema tomamos como objeto empírico o blog Relatos de Parto, da fotógrafa e doula Lela Beltrão, que nos servirá como objeto para análise interpretativa. O blog traz depoimentos e fotos de quatorze mães sobre o momento do nascimento do filho – todos nascidos de parto natural humanizado. Trazemos à discussão autores como CASAQUI (2011), DAVIS (2013), DELEUZE (1992), JAMESON (1985), NUNES (2001), PELBART (2016) e SAFATLE (2015).

60 (GT02-004) Análise do filme Como Nossos Pais sob os conceitos de Dialogismo e Polifonia de Mikhail Bakhtin Maria Fernanda Cavassani (Universidade de Sorocaba – UNISO) Miriam Cristina Carlos Silva (Universidade de Sorocaba – UNISO) O artigo tem como objetivo analisar o filme Como Nossos Pais de Laís Bodanzky a partir dos conceitos de dialogismo e polifonia de Mikhail Bakhtin. O percurso analítico consistirá, primeiramente, em apresentar filme e diretora, contextualizando-os. Em seguida, será proposta uma reflexão acerca dos conceitos de dialogismo e polifonia de Mikhail Bakhtin. Por último, a análise da narrativa cinematográfica Como Nossos Pais sob a ótica dialógica e polifônica do filósofo russo. Lançado em 2017, o filme Como Nossos Pais de Laís Bodanzky, levanta discussões e reflexões contemporâneas acerca de como é ser mulher no século XXI. O enredo gira ao redor de Rosa, mulher de aproximadamente 40 anos que começa a questionar-se em relação a seu papel enquanto mulher, esposa, mãe e profissional. Esta narrativa cinematográfica teve grande aceitação de público e crítica, ganhou prêmios nacionais e internacionais, tornando-se um dos filmes brasileiros mais interessantes daquele ano. Sem qualquer pretensão de esgotar as possibilidades de análise da narrativa Como Nossos Pais, o artigo tem como objetivo a observação do filme aplicando os conceitos de dialogismo e polifonia de Mikhail Bakhtin. Primeiramente, filme e diretora serão apresentados para contextualização. Em seguida, reflexão sobre os conceitos de dialogismo e polifonia de Mikhail Bakhtin. Por último, a análise da narrativa cinematográfica Como Nossos Pais sob a ótica dialógica e polifônica do filósofo russo.

Referências BAKHTIN, M. Marxismo e filosofia da linguagem: problemas fundamentais do método sociológico na ciência da linguagem. 3a ed., São Paulo: Hucitec, 1986. BAKHTIN, Mikhail Mikhailovich. Problemas da poética de Dostoiévski. Tradução Paulo Bezerra. 4ª ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2008. BARROS, Diana Luz Pessoa de; FIORIN, José Luiz. (Org.). Dialogismo, Polifonia, Intertextualidade: em torno de Bakhtin. São Paulo: Edusp, 1999. BEZZERRA, Paulo. Polifonia. In: BRAIT, Beth (Org.). Bakhtin: conceitos-chave. 4ª ed. São Paulo: Contexto, 2008. p. 191-200. BODANZKY, L. Como Nossos Pais. São Paulo: Buriti Filmes, 2017. BRAGA, J. L. A sociedade enfrenta sua mídia: dispositivos sociais de crítica midiática. São Paulo: Paulus, 2006. CANDIDO, A. Literatura e sociedade. São Paulo: Editora Nacional, 1980. GOMES, R. Teorias da Recepção, História e Interpretação de Filmes: Um Breve Panorama. In: Livro de Actas – 4º SOPCOM, 2005. Disponível em: . Acesso em: 10 jan. 2019. STAM, R. Bakhtin: da teoria literária à cultura de massa. São Paulo: Ática, 1992.

61 (GT02-009) Crítica musical na escola do ouvir: os escritos sobre música clássica de Otto Maria Carpeaux Mauro Souza Ventura (Universidade Estadual Paulista – Unesp) Entre os anos de 1931 e 1934, o jornalista e crítico literário austríaco-brasileiro Otto Maria Carpeaux (1900-1978) publicou uma série de artigos sobre música na revista Signale für die Musikalische Welt, de Berlim. Esses artigos são parte de um conjunto maior de textos, que abordam temas como política, sociedade, cultura e religião. Todos foram escritos e publicados em periódicos da Áustria e da Alemanha, antes de sua vinda para o Brasil, em 1939. Nesta comunicação, propomos um recorte de estudo dedicado à leitura e interpretação de quatro textos, inéditos e desconhecidos, de Carpeaux, publicados em 1931, ano que assinala o início da atividade crítica daquele que se tornaria, a partir da década de 1940, um dos mais importantes críticos literários e culturais do Brasil. Após uma abordagem de cunho histórico-cultural, os escritos sobre música de Otto Maria Carpeaux são estudados a partir dos vínculos entre a paisagem sonora presente na cultura musical vienense do fin-du-siècle e do início do século 20 e os marcos teóricos que informam a cultura do ouvir. Assim, interessa-nos identificar e descrever os enlaces possíveis entre essa escola do ouvir chamada Viena e a cosmovisão que surge dos escritos sobre música de Otto Maria Carpeaux. Como conclusão, propomos a hipótese de que a cultura musical vienense da Ringstrasse possibilitou a criação de um ambiente cultural-comunicacional capaz de promover a eclosão de trocas simbólicas e de vínculos sonoros que se impregnaram por todos os aspectos da vida social vienense daquele período.

Referências CANETTI, Elias. “Karl Kraus, escola da resistência. In: A consciência das palavras: ensaios. Trad. Marcio Suzuki. São Paulo: Companhia das Letras, 2011, p.49. KAMPER, Dietmar. (2016) Mudança de horizonte: o sol novo a cada dia, nada de novo sob o sol, mas... Trad. Danielle Naves de Oliveira. São Paulo: Ed. Paulus. KARPFEN, Otto. (1931) “Don Giovanni ein romantisches Kunstwerk?”. In: Signale für die musikalische Welt, Ano 89, No. 29/30, 15/julho/1931, p. 746-748. Berlim, Coleção de Periódicos de Música da Biblioteca Nacional Austríaca (Musiksammlung, Österreichische Nationalbibliothek). KARPFEN, Otto. (1931a) “Wo stehen wir? ”. In: Signale für die musikalische Welt, Ano 89, No. 41, 07/ Oktober/1931, p. 923-924. Berlim, Coleção de Periódicos de Música da Biblioteca Nacional Austríaca (Musiksammlung, Österreichische Nationalbibliothek). KARPFEN, Otto. (1931b) “Die Deutsche Musik im Ausland”. In: Signale für die musikalische Welt, Ano 89, No. 40, 30/Setembro/1931, p. 899-901. Berlim, Coleção de Periódicos de Música da Biblioteca Nacional Austríaca (Musiksammlung, Österreichische Nationalbibliothek). KARPFEN, Otto. (1931) “Letzte Periode ”. In: Signale für die musikalische Welt, Ano 89, No. 29/30, 15/ julho/1931, p. 746-748. Berlim, Coleção de Periódicos de Música da Biblioteca Nacional Austríaca (Musiksammlung, Österreichische Nationalbibliothek). MENEZES, José Eugenio. (2012) “Cultura do ouvir: os vínculos sonoros na contemporaneidade”. In: MENEZES, J. E. e CARDOSO, M. Comunicação e cultura do ouvir. São Paulo: Ed. Plêiade. MENEZES, José Eugenio. (2016) Cultura do ouvir e ecologia da comunicação. São Paulo: UNI Editora.

62 SCHORSKE, Carl. E. (1989) Viena Fin-de-Siècle. Política e Cultura. Trad. Denise Bottmann. São Paulo, Companhia das Letras. VENTURA, Mauro Souza. (2015) A crítica e o campo do jornalismo: ruptura e continuidade. São Paulo: Cultura Acadêmica. ZWEIG, Stefan. O mundo de ontem. Memórias de um europeu. Trad. Manuel Rodrigues. Rio de Janeiro, Liv. Civilização, 1953.

(GT02-017) O hit “O nome dela é Jenifer”: a adaptação musical aos formatos de streaming Nicholas Novo Rivelli (Escola Superior de Propaganda e Marketing – ESPM) Cultura e arte sempre foram temas discutidos na comunicação, principalmente pelo seu papel na formação do indivíduo. O termo indústria cultural, apresentado por Horkheimer e Adorno (1947), é o caso mais representativo, por analisar o papel da arte na sociedade, enfatizando a dominação, através da cultura, e também, por refletir a concepção artística e sua conversão em produto, para consumo em larga escala como forma de alienação massiva. A transformação cultural, social e tecnológica ocorrida desde o início da linha frankfurtiana, além das teorias que a contrapõem, fornecem insumos para uma reflexão com novas perspectivas para a comunicação, especialmente se considerarmos o impacto da tecnologia no mercado cultural em suas diferentes formas, por exemplo a plataforma de streaming de vídeo como o Netflix, como o Spotify no mercado da música. Crocco (2009) contrapõe a indústria cultural, e coloca em análise a dominação total do indivíduo e a subjetividade, bem como a passividade das massas em relação ao consumo de bens culturais, ao falar do esquematismo e semiformação. Appadurai (2008, p.30) já articula o tema sob outra perspectiva, em um modelo de troca simbólica: Mercadoria é qualquer coisa destinada a troca, o que nos liberta de uma preocupação exclusiva com o “produto”, a “produção” e possibilita nos concentrarmos nas dinâmicas de troca. (Appadurai, 2008, p 22). Embora haja diversas críticas, alguns dos pontos de Frankfurt merecem uma atualização. Por exemplo, Adorno e Horkeheimer (1947) mencionam que o novo é repelido do grande público, relegando aos artistas, aqueles que não modificam sua linguagem para algo vendável, as margens do mercado e tornando o público refém de uma delimitada gama de produtos artísticos, fruto da dominação política e social. Se na era frankfurtiana, arte significava a reflexão e a técnica ou, evolução técnica, culminou na caricaturização da cultura, associada à produção em larga escala, com o discurso de democratização, uma análise do ponto de vista tecnológico atual é válida, especialmente com as plataformas como o Spotify. As listas geradas por esta plataforma se comportam como os novos críticos musicais? Neste contexto, o artigo pretende analisar as 50 músicas mais ouvidas no Brasil, no Spotify, e comparar com novos artistas apresentados no produto “sua lista de novidades”, na forma de identificar se existe um padrão ou linguagem específica para este novo modelo de negócios e circulação musicais. Nesse sentido, será desenvolvida uma pesquisa bibliográfica centrada nas teorias de Frankfurt e em teorias do consumo com o objetivo de identificar a formatação ou não de produtos culturais, para que novos autores figurem como destaque nas listas de novidades criada pelo spotify, como forma de acesso ao grande público.

63 Referências ADORNO, T. W.; HORKHEIMER, Max. Dialética do Esclarecimento. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1985. APPADURAI, ARJUN. (2008). A Vida Social das Coisas: as mercadorias sob uma perspectiva cultural. Niterói: Editora da Universal Federal Fluminense. CROCCO, FABIO LUIZ TEZINI. Industria Cultural: Ideologia, consumo e semiformação. In:Revista de economia politica de las tecnologias de la informacion y comunicacion, acesso em 15 de fevereiro de 2019: https://seer.ufs.br/index.php/eptic/article/view/148.

(GT02-020) Comunidades de Fanfiction e as transformações do amor: um estudo sobre os romances no Nyah! Fanfiction Andre Luis dos Santos (Universidade de Sorocaba – Uniso) As histórias românticas amadoras publicadas na plataforma digital Nyah! Fanfiction são o objeto de estudo desta pesquisa. A partir da análise de tais obras, guiamo-nos pela seguinte questão: qual o grau que essas histórias criadas de maneira comunitária por crianças e adolescentes ao redor de seus personagens favoritos, contemplando relações amorosas, atualizam os variados modos de relacionamento amoroso, e como essas interações comunitárias envolvendo tais histórias contribuem para essa atualização? Desta forma, com o objetivo de explicar o processo de atualização das noções de amor e intimidade por meio dessas histórias, e para avaliar em qual grau essa comunidade poderia ser caracterizada como uma Comunidade de Inquirição, analisamos duas obras literárias amadoras, produzidas e indicadas pela própria comunidade do Nyah! Fanfiction. Para construir essa análise, lançamos mão das ideias sobre as transformações do amor e da intimidade na sociedade moderna de Giddens, além da teoria de análise de conteúdo proposta por Bardin. Reflexões sobre o impacto e atualização do conhecimento, atado à definição de Comunidade de Inquirição proposta por Charles S. Peirce permeiam essa análise. Entre seus resultados, destacamos o intenso uso de elementos do amor apaixonado e do amor romântico, como definidos por Giddens, que estão presentes mesmo em relacionamentos modernos, inserindo nesses elementos tradicionais como a transição gradual da intimidade e o casamento. Refletir sobre as possibilidades de transformação de crenças, conceitos e hábitos referentes ao amor, bem como os processos comunicacionais dentro de uma Comunidade de Inquirição, constitui a importância desta pesquisa.

(GT02-019) Mulheres na luta: as narrativas de lutadoras brasileiras de MMA Tarcyanie Cajueiro Santos (Universidade de Sorocaba – Uniso) Este trabalho apresenta os resultados parciais de uma pesquisa em desenvolvimento com financiamento da Fapesp sobre esporte e gênero a partir dos eixos comunicação e cultura. Seu objetivo geral é refletir sobre a representação das atletas do MMA (Mixed Martial Arts), contratadas pelo UFC (Ultimate Fighting Championship) na mídia brasileira, dada à urgência de uma discussão mais aprofundada sobre os padrões midiáticos e a questão do gênero em nossa sociedade. No cenário internacional, o UFC é a principal liga de MMA. Para este trabalho especificamente, elegemos as narrativas das atletas do UFC na série documental “Mulheres na luta”, que conta a história de nove atletas brasileiras do MMA, cuja estreia ocorreu no dia 2 de dezembro, às 23h no canal de variedades GNT, da Rede Globo. Coproduzida

64 pelo UFC, a plataforma de pay-per-view Combate e a produtora Conspiração, a série conta, em oito episódios, com a participação das brasileiras: Cris Cyborg, Ketlen Vieira, Jessica Andrade, Bethe Correia, Poliana Botelho, Priscila Pedrita, Ana Maria Índia, Érica Paes e Viviane Sucuri. Dirigida por Flávio Barone e uma equipe de mulheres, a série objetiva contar como foi a introdução dessas atletas no MMA, mostrando a partir de suas narrativas, seus desafios, dificuldades e vitórias, antes mesmo de terem entrado neste esporte de combate. Ao falar da série, o diretor menciona que evitou um olhar diferente do já apresentado, “de como o MMA é filmado, que é um olhar muito masculinizado. Procuramos um outro termômetro, para não só humanizá-las, mas também filmar por um novo prisma” (BALACÓ, 2018). Diante disso, partimos do seguinte problema: como essas atletas vivem e interpretam suas experiências no mundo do esporte? Que tipo de identidade e subjetividade são construídas pelas atletas ao narrarem suas vidas a partir de um local tradicionalmente masculino, como é o MMA? Os referenciais teórico e metodológico se apoiam em estudos de gênero com Buttler (2003) e Scott (1990), de narrativas com Walter Benjamin (1982) e Umberto Eco (1994) e também pensadores dos estudos culturais, como Stuart Hall (2016). O resultado parcial aponta que o documentário nos permite pensar que um esporte de combate como o MMA, apesar de ser um território machista e misógino, ainda assim pode ser visto como um espaço potencial de despadronização corporal.

Referências BALACÓ, Bruno. GNT lança série com histórias de vida de lutadoras de MMA; cearense Viviane Sucuri é tema de um dos episódios. O Povo online, 30/11/2018. Disponível em: blogs.opovo.com.br/ clubedaluta/2018/11/30/gnt-lanca-serie-com-historias-de-vida-de-lutadoras-de-mma-cearense- viviane-sucuri-e-tema-de-um-dos-episodios/. Acesso em: 10 fev. 2019. BENJAMIN, W. O narrador: Considerações sobre a obra de Nikolai Leskov. In: Magia, técnica, arte, política. São Paulo: Brasiliense, 1982. BUTLER, Judith. Problemas de Gênero. Feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira. 2003. Eco, Umberto. Passeios pelos bosques da ficção. São Paulo: Companhia das Letras, 1994. HALL, Stuart. Cultura e representação. Rio de Janeiro: PUC-Rio, Apicuri, 2016. SCOTT, J. “Gênero: uma categoria útil de análise histórica”. In. Educação e realidade. vol. 16. n. 2. Porto Alegre, 1990, p. 5-22.

65 (GT02-005) O Steampunk na publicidade: visibilidade e apagamento na campanha de páscoa da Cacau Show Lucas de Vasconcelos Teixeira (Escola Superior de Propaganda e Marketing – ESPM) O sistema midiático presente na vida dos sujeitos na sociedade do consumo tem na publicidade um potente meio de transferência de significado e de configuração de visões particulares de mundo. Desse modo, o artigo tematiza esse traço da publicidade por meio da campanha de Páscoa da Cacau Show em 2018 e seu personagem com visualidade steampunk. O problema de pesquisa versa sobre como se dá a circulação de sentidos da estética steampunk apropriados pela publicidade. O objetivo é avaliar as práticas discursivas da comunicação publicitária dessa campanha na tentativa de inferir as razões pelas quais o anunciante optou por não creditar que utilizou-se de elementos da estética steampunk. A perspectiva teórico-metodológica é a Análise de Discurso de Linha Francesa (ADF). Já o corpus de pesquisa compõe-se de peças que utilizam o personagem Ovaldo durante a referida campanha de Páscoa e também por falas de alguns steamers entrevistados durante a IV Steamcon. Os resultados dessa discussão apontam um apagamento da prática steampunk ocasionado pelas características intrínsecas ao discurso publicitário. Porém, existe a possibilidade dos textos culturais steampunks irromperem no espaço semiótico, independentemente da vontade do anunciante.

Referências BACCEGA, M. A. “O Campo da comunicação”. In: BARROS FILHO, C.; CASTRO, G. Comunicação e práticas de consumo. São Paulo: Saraiva, p.79-86, 2007. BACCEGA, M. A. Estereótipos e as diversidades. Revista Comunicação & Educação. São Paulo. (13) 07 a 14. Set./dez, p. 7-14, 1998. BACCEGA, M. A. Palavra e discurso: história e literatura. SP: Ática, 1995. BAKHTIN, M. “Estudo das ideologias e filosofia da linguagem”. In: BAKHTIN, M. Marxismo e filosofia da linguagem. São Paulo: Hucitec, p. 31-38, 1997. CARRASCOZA, J. Estratégias criativas da publicidade: consumo e narrativa publicitária. São Paulo: Estação das Letras e Cores, 2015. LÓTMAN, I.; USPENSKII, B. “Sobre o mecanismo semiótico da cultura”. In: Ensaios da semiótica soviética. Lisboa: Livros Horizontes, 1981. LÓTMAN, I. “Acerca de la semiosfera”. In: LÓTMAN, I. La semiosfera I: Semiótica de la cultura y del texto. Madri: Ediciones Cátedra, 1996. MAINGUENEAU, D. “Do discurso ao interdiscurso”. In: MAINGUENEAU, D. Novas tendências em análise do discurso. Campinas: Pontes; Unicamp, p. 111-128, 1989. NUNES, M. R. F.; BIN, M. A. “Retrofuturismo, espaço e corpo-mídia: steampunk e a memória do futuro”. In: Revista Famecos, Porto Alegre, v. 25, n. 2, mai/ago., p. 1-21, 2018. NUNES, M. R. F. (Org.) Cosplay, steampunk, medievalismo: memória e consumo em teatralidades juvenis. Porto Alegre: Sulina, 2017.

66 NUNES, M. R. F. “Memórias e matrizes em textos midiáticos explosivos: cenas medievalistas na cultura jovem”. In: Revista Intexto, Porto Alegre, n. 37, set/dez., p. 242-262, 2016. ORLANDI, E. Análise de Discurso: princípios e procedimentos. Campinas: Pontes, 1999. PEGORARO, E. “Visualidade steampunk: a reapropriação de um imaginário”. In: Revista Estudos em Comunicação. Covilhã, Portugal, n. 18, mai., p. 23-37, 2015. PEGORARO, E. “Retrofuturismo e experiência urbana: o steampunk no Brasil”. In: Anais XII Congresso Latioamericano de Pesquisadores em Comunicação (ALAIC), GT 15: Comunicação e Cidade. Lima: PUCP, 2014.

67 Sessão: 03 Data: 08/05/2019 Horário: das 14h às 18h Sala 115, Bloco B

Coordenação Dra. Barbara Heller (UNIP)

SEQUÊNCIA CÓDIGO TÍTULO AUTORES

O cronotopo das “Diretas Já” na telenovela brasileira: a construção da cidade fictícia Joyce Simplicia de Moraes e 01 GT02-024 Asa Branca na telenovela Roque Santeiro Daniela Jakubaszko de Dias Gomes

Alejandro Cesarco: Curadoria, Memória e Pedro de Assis Pereira 02 GT02-016 Remix Scudeller

Mulher, Mídia e Discurso nos Anos 60 Em Por- Maria das Graças Andrade 03 GT02-023 tugal: Memória E Imaginário Nas Páginas Das Ataíde de Almeida Revistas Femininas A memória discursiva na construção do su- jeito neoliberal feminino: ditos e não ditos da 04 GT02-021 Sabina Ribeiro Lovato campanha institucional “Silicone Seguro”, de Johnson & Johnson O estranhamento do intertexto: um olhar 05 GT02-010 comunicacional sobre a arte cristã a partir de Isabella Pichiguelli Rookmaaker e Flusser Denise Wanderley Paes de Barros, Marlon Luiz Clasen 06 GT02-006 Intermedialidade e o consumo de luxo Muraro e Mariana Seminati Pacheco

68 (GT02-024) O cronotopo das “Diretas Já” na telenovela brasileira: a construção da cidade fictícia Asa Branca na telenovela Roque Santeiro de Dias Gomes Daniela Jakubaszko (USCS) Joyce Moraes (USCS) Este artigo apresenta resultados de uma pesquisa realizada ao longo de dois anos que se propôs a estudar sobre a importância do espaço dentro da narrativa. O compilado de pesquisas e resultados de relatórios de IC buscavam a importância do espaço para a produção de sentidos na ficção televisiva, para a construção da verossimilhança da narrativa, para o desenvolvimento das ações e personagens, bem como para a estruturação do cotidiano ficcional. Percorrendo dois anos de estudo os resultados aqui demonstrados foram obtidos no primeiro ano de IC, nesse primeiro momento o objetivo foi de conhecer o gênero e reconhecer seus padrões de composição, cenários e espaços, observando aqueles que garantem a identificação com o público receptor e fortalecem os vínculos da ficção televisiva com a audiência e cotidiano dos brasileiros. Isso foi feito por meio da observação da telenovela Roque Santeiro de Dias Gomes. Para isso, na primeira etapa foi feita uma revisão bibliográfica sobre o tema teledramaturgia brasileira (CAMPEDELLI (1985); HAMBURGER (2005); JAKUBASZKO (2004; 2010); MOTTER (2000-2001; 2003); ORTIZ E BORELLI (1991); PALLOTTINI (1998), construção do espaço na ficção, (CARDOSO (2009);COMPARATO (2000); FIELD (2001); JAKUBASZKO e SOLER (2008); MOTTER (2003); McKEE (2011), além de uma pesquisa sobre espaço/cenário como objeto de comunicação e memória (BAKHTIN (2003); BRAIT (2005; 2008); GASTAL (2006); BOSI (2003); HALBWACHS (1990); JAKUBASZKO (2004; 2010); MOTTER (2000-2001); PERAZZO (2005; 2015); Um levantamento de dados sobre o contexto social decorrente da telenovela localizando-a no espaço e no tempo, a categorização e separação dos cenários/espaços mais decorrentes de comentários na mídia, e também realizar entrevistas com espectadores de telenovelas. A preocupação central, a exemplo de Bakhtin, é a de perceber como a ficção articula as categorias de tempo-espaço (ficcionais e históricas) e a imagem dos variados tipos de cidadãos brasileiros ali representados, de forma a consolidar para além de seu tempo histórico de produção, as narrativas e conflitos que emergem a partir dessa articulação como representativas de um tempo histórico vivido pela nação. Acredita-se que os estudos de Bakhtin que falam a respeito de um grande tempo que se revela dentro da literatura podem trazer valiosas contribuições para o estudo da ficção televisiva. Supomos a existência das seguintes formas cronotópicas nas telenovelas da fase do realismo fantástico de Dias Gomes: Cronotopo do AI-5 (O Bem Amado e Saramandaia); Cronotopo das “Diretas Já” (Roque Santeiro) e Cronotopo da “Nova Ordem Mundial” (O Fim do Mundo). Neste artigo apresentamos resultados da primeira parte destes estudos que foram colocados em prática tendo como base a telenovela Roque Santeiro, muito aclamada pela crítica como narrativa da abertura democrática brasileira. Após uma análise espacial com foco na observação de toda a comunicação visual, foi possível observar representações que colocam os personagens no mesmo espaço e no mesmo tempo que o telespectador. Cores, roupas, costumes, falas, saltam aos olhos e se tornam além de parte da narrativa zonas de contato com o telespectador, dessa forma os espaços que compõem a trama em articulação com os outros elementos da narrativa nos mostram que que a cidade fictícia de Asa Branca foi criada para ser entendida de forma metafórica como um microcosmo do Brasil.

69 (GT02-016) Alejandro Cesarco: Curadoria, Memória e Remix Pedro de Assis Pereira Scudeller (Escola Superior de Propaganda e Marketing – ESPM) O presente trabalho busca discutir os processos curatoriais e de produção artística de Alejandro Cesarco no contexto da 33ª Bienal de São Paulo. Artista-curador selecionado por Gabriel Perez-Barreiro, como parte do projeto curatorial descentralizado que se colocou em prática nesta edição do evento, Cesarco mobiliza as ideias de repetição, originalidade, temporalidade e tradução, de forma a realizar, em suas palavras, “”uma genealogia””. Nela, a repetição se manifesta como origem das diferenças, e confrontam-se narrativas que se estabelecem ao longo do tempo e pela história, que escolhe seus vencedores, optando por uma determinada partilha do sensível, pela manutenção de algumas memórias e pelo silenciamento de outras. Ao reproduzir, reapresentar ou apropriar-se, não somente de obras, mas de conceitos e visibilidades, é possível ressignificá-las e transformar, de modo crítico, as narrativas que as envolvem e estruturam, operando-se, assim, uma politicidade que atua diretamente no ato de recontextualizar. Busca-se, portanto, tecer considerações acerca de algumas ideias e conceitos que se identificam nas práticas de Alejandro Cesarco, tendo por chaves interpretativas o Remix e a Cultura Remix, em especial quanto às discussões acerca das noções de originalidade, reprodutibilidade e repetição. Pensa-se, fundamentalmente, na arte como meio de comunicação, nos processos curatoriais como textos da cultura, e no uso do remix como elemento que opera também nas lógicas de tradução destes textos, sendo, portanto atuante em suas renegociações, como propõe Peverini. Metodologicamente, propõe-se uma cartografia das potencialidades mobilizadas, fazendo uso das lições de Rolnik, e utilizando-se de análise bibliográfica e dos rastros midiáticos por meio de um corpus que contém material diverso (catálogo oficial, vídeos, entrevistas) referente ao evento em questão, a 33ª Bienal de São Paulo, informados e relacionados a partir da experiência do autor no evento. No tocante ao quadro teórico de referência, este trabalho terá por base as ideias de Navas, particularmente em seus trabalhos no contexto da cultura remix e sua concepção do remix como discurso; mobilizam-se, conjuntamente, os ensinamentos de Walter Benjamin sobre a reprodutibilidade técnica das obras e suas teses sobre o conceito de história, e do uso dos rastros e das reminiscências para uma análise dos processos de transmissão da cultura. Tem-se, também, em mente as discussões propostas por Ricoeur acerca das relações entre a memória e a história. Finalmente, faz-se uso das noções de Jacques Rancière quanto à sua Partilha do Sensível, que, argumenta-se, relaciona-se em sua politicidade com o típico fazer artístico do remix, e ao seu Mestre Ignorante, que propõe modos diversos de compreensão das diversas inteligências sensíveis.

Referências BENJAMIN, Walter. Obras escolhidas. Vol. 1. Magia e técnica, arte e política. São Paulo: Brasiliense, 1987. PEVERINI, Paolo. A Semiotic Analysis of Creative Dissent,in NAVAS, Eduardo(org.) et al. Routledge Companion to Remix Studies. Nova York e Londres, Routledge, 2015. RANCIÈRE, Jacques. A partilha do sensível. São Paulo, Ed. 34, 2009. ____.O espectador emancipado. São Paulo, Martins Fontes, 2012. ____.O Mestre Ignorante: cinco lições sobre a emancipação intelectual. Belo Horizonte, Autêntica, 2005. RICOEUR, Paul. Memória, História, Esquecimento. Conferência “Haunting Memories: History in Europe after Authoritarianism”, trad. Hugo Barros. Budapeste, 2003. ROLNIK, Suely. Cartografia Sentimental. Porto Alegre, Sulina e Editora da UFRGS, 2006.

70 (GT02-023) Mulher, mídia e discurso nos anos 60 em Portugal: memória e imaginário nas páginas das revistas femininas Maria das Graças Andrade Ataíde de Almeida (Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE) Os ideais de liberdade e igualdade, presentes nos discursos revolucionários de 1968 (DE CERTEAU, 1974) na França, ecoaram também nos EUA e na resistência à ditadura militar no Brasil. Concomitante a este cenário, a importação de idéias autoritárias de ultra direita, refletidas pela disseminação do ideário comunista, como a entrada de Cuba nesse bloco em 1959, ajudou a construir um paradigma no qual os cânones de autoritarismo e nacionalismo são eleitos como valores importantes e imprescindíveis ao ideário de ordem versus desordem (BALANDIER, 1982) nos Estados onde as ditaduras de direita e conservadoras ainda vigoravam, como a ditadura de Salazar em Portugal. Nesses embates ideológicos, a imprensa portuguesa é responsável por trazer um discurso em relação à mulher acerca dos novos tempos que pareciam surgir em Portugal nos anos 1960. Assim, essa comunicação tem como objetivo desconstruir o discurso da revista feminina Mamães e Bebês, publicada no ano de 1968, em Portugal, a fim de analisar e compreender os sentidos e significados que emergem desta produção de discurso (ORLANDI, 2002) da imprensa portuguesa voltada pra a mulher nessa década. Também tem como objetivo procurar as imbricações na construção e manutenção de um imaginário coletivo sobre o papel da mulher naquele contexto social no âmbito da ditadura salazarista, que nesse momento começava a expor suas próprias fissuras. Analisar o discurso sob o viés do imaginário nos remete para as afirmações de Baczko (1985) quando aponta a instrumentalidade do imaginário social para a compreensão destes discursos. Nesta ótica é no espaço discursivo em que os imaginários tornam- se inteligíveis, cravam-se na memória social e efetuam a comunicação, construindo os imaginários coletivos. O que se constatou dessa análise foi uma produção de discurso construída pela revista, no sentido de ajudar a criar e manter um imaginário instituído (CASTORIADIS, 1982), que servisse como uma barreira para as mudanças de comportamento social que vinham ocorrendo naqueles contextos de cunho revolucionário da década de 1960. Era o momento do movimento feminista, da presença mais intensa da televisão, da expansão do trabalho feminino, que representavam novos paradigmas sobre o moderno em detrimento de um mundo já obsoleto. Nesse sentido que memória e imaginário sociais apontam os movimentos ambíguos entre o tradicional e o moderno e esses embates surgem justamente no que dizia às significativas mudanças do papel da mulher na sociedade nos anos de 1960.

Referências BALANDIER, G. O Poder em Cena. Brasilia: UNB,1982. BACKO, B. “A Imaginação Social”. In: Enciclopedia Eunadi. Lisboa: Imprensa Nacional/Casa da Moeda, 1985. CASTORIADIS, C. A Instituição Imaginária da Sociedade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982. CERTEAU, M. A Invenção do Cotidiano. São Paulo: Vozes, 1974. ORLANDI, E. Análise de discurso. Campinas: Pontes, 2002.

71 (GT02-021) A memória discursiva na construção do sujeito neoliberal feminino: ditos e não ditos da campanha institucional “Silicone Seguro”, de Johnson & Johnson Sabina Lovato (Escola Superior de Propaganda e Marketing – ESPM) A reflexão deste artigo parte de nossa dissertação de mestrado, a ser defendida em março deste ano, intitulada “Fábrica do corpo neoliberal: ditos e não ditos dos discursos midiáticos sobre beleza e saúde”. Neste fragmento de nossa pesquisa, delimitamos a discussão em torno da memória discursiva mobilizada pelo nosso objeto empírico, os já- ditos que fornecem as bases do dizível (ORLANDI, 2015). Com o objetivo de identificar como se constituem as interações discursivas entre os discursos midiáticos sobre beleza e saúde, analisamos textos verbais e não verbais do discurso da campanha “Silicone Seguro”, da Johnson & Johnson, veiculada no Facebook, apontando e categorizando os ditos e não ditos sustentados pela memória discursiva que convocam o sujeito neoliberal feminino ideal. Este sujeito caracteriza-se pelas disposições ao consumo e ao empreendimento do “labor estético”, termo de Elias, Gill e Scharff (2017), as quais o definem como o trabalho que se exige principalmente das mulheres para que se mantenham de acordo com ideais normativos de feminilidade circulantes em nossa sociedade, incluindo aí seios moldados cirurgicamente. A exigência deste labor é ressignificada em “Silicone Seguro” como empoderamento feminino por meio de uma estratégia discursiva que mobiliza afetos positivos e aspectos do feminismo para inculcar a mentalidade neoliberal do empreendedorismo de si, utilizando a força e a potência de agência feminina como catalisadores de individualismo e desempenho. Neste discurso, a mulher é posicionada como empoderada na medida em que se conforma com antigas normas de feminilidade e de conduta, ainda presentes na memória discursiva de uma sociedade machista. Os discursos midiáticos naturalizam as cirurgias plásticas tratando-as como apenas mais uma prática de beleza enquanto ignoram estruturas sociais mais amplas ao posicionar a mulher como agente de si, cujas decisões partem de um desejo profundo e não relacionado com pressões sociais. Nestes embates discursivos, constroem-se novos textos enquanto apagam-se outros. Os seios já foram considerados sagrados no passado por serem fontes de vida e hoje são vistos como objetos eróticos. Para avançarmos, talvez seja preciso olhar para trás, recuperando antigas potências femininas.

Referências BOLTANSKI, Luc; CHIAPELLO, Ève. O novo espírito do capitalismo. São Paulo: Martins Fontes, 2009. BRANDÃO, Helena H. Nagamine. Introdução à análise do discurso. Campinas: Editora da Unicamp, 2012. BUITONI, Dulcilia H. S. “Revistas femininas: ainda somos as mesmas, como nossas mães.” Communicare, v. 14, p. 36-45, 2014. DARDOT, Pierre; LAVAL, Christian. A nova razão do mundo: ensaio sobre a sociedade neoliberal. São Paulo: Boitempo, 2016. ELIAS, Ana Sofia; GILL, Rosalind; SCHARFF, Christina. Aesthetic Labour: Rethinking Beauty Politics in Neoliberalism. Londres: Pagrave Macmillan, 2017. GILL, Rosalind; SCHARFF, Christina. New femininities: Postfeminism, neoliberalism and subjectivity. Basingstoke: Palgrave Macmillian, 2011. GREGOLIN, Maria do Rosario de Fatima. Análise do discurso e mídia: a (re) produção de identidades. Comunicação mídia e consumo, v. 4, n. 11, p. 11-25, 2007.

72 ORLANDI, Eni P. Análise de discurso: princípios e procedimentos. Campinas: Pontes Editores, 2015. MCROBBIE, Angela. “Notes on the Perfect: Competitive Femininity in Neoliberal Times.” Australian Feminist Studies, v. 30, p. 3-20, 2015.

(GT02-010) O estranhamento do intertexto: um olhar comunicacional sobre a arte cristã a partir de Rookmaaker e Flusser Isabella Pichiguelli (Universidade de Sorocaba – Uniso) Partimos do entendimento de que o estranhamento da intertextualidade, compreendida como processo comunicativo, dialógico (BAKHTIN, 1997), é hegemônico quando presente em produções artísticas realizadas por evangélicos no Brasil (SCARANELLO, 2017). A partir dessa premissa, questionamos: o que atravessa, embasa e fomenta esse cenário, no qual predomina um olhar que conflagra e/ou segrega cultura evangélica e cultura secular? Nesta etapa de pesquisa, o objetivo geral é compreender de que modo autores que versam sobre comunicação, arte e religião – campos que guardam similaridades (PICHIGUELLI; SILVA, 2017) – podem lançar luz sobre os fios que constituem a trama apresentada: a hegemonia do estranhamento frente à intertextualidade na arte cristã evangélica. Neste artigo, nossos objetivos específicos são compreender de que maneira podem contribuir para a reflexão proposta: Vilém Flusser, que afirma que “as religiões e as ideologias em geral desconfiam da arte” (2001, p. 12), em razão de suas características intrínsecas; e Hans Rookmaaker, que reconhece que, historicamente, “o protestantismo como tal não promoveu as artes” (2015, p. 38), mas defende a existência de uma arte feita por evangélicos que não tenha, necessariamente, fins evangelísticos. Para ambos os autores, a arte é uma forma de comunicação. “Trata-se da elaboração e da comunicação de modelos para nossas experiências concretas do mundo”, para Flusser (2001, p. 10). Já para Rookmaaker (2015), a arte “oferece uma visão particular sobre a realidade, uma filosofia” (p. 31) e é capaz de “renovar o aspecto do mundo” (p. 114) através de sua mensagem. Por meio do cotejo teórico, antevemos apontar que, embora concordem com relação à capacidade que a arte tem de modelar nossa percepção de mundo, uma das divergências fundamentais entre Flusser e Rookmaaker está no conceito de beleza, pois, para Flusser, o belo opõe-se ao agradável, o qual abarca os modelos de experiência tradicionais, que já estão “perfeitamente armazenados em nossa memória” (2001, p. 12), ao passo que, para Rookmaaker, a beleza está condicionada a um determinado modelo de experiência, na medida em que, para o autor, “a beleza e a verdade estão muito relacionadas” e “um pensamento horrível nunca pode ser verdadeiramente belo, pois uma mentira não é verdade; mas a verdade é bela quando apresentada em sua profundidade e plenitude” (2015, p. 249). Diante disso, nossa hipótese é que, para a arte na concepção de Flusser, a intertextualidade é uma possibilidade mais próxima, enquanto para a arte na perspectiva de Rookmaaker, é uma possibilidade mais distante.

Referências BAKHTIN, Mikhail. Estética da Criação Verbal. 2ª. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1997. FLUSSER, V. A arte: o belo e o agradável. Revista ArteFilosofia, v. 11, jul-dez 2001, p. 9-13. PICHIGUELLI, I.; SILVA, M. C. C. Comunicação, Poesia e o Religare. Revista Comunicologia, Brasília, UCB, v.10, n.2, p. 3-18, jul./dez. 2017. ROOKMAAKER, H. R. A arte moderna e a morte de uma cultura. 1. ed. Viçosa: Ultimato, v. 1, 2015.

73 SCARANELLO, I. R. P. Gospel e Secular no Jornalismo: a antropofagia da popstora Baby do Brasil. Dezembro de 2017. 121 f. Dissertação (Mestrado em Comunicação e Cultura) – Universidade de Sorocaba, Sorocaba-SP.

(GT02-006) Intermedialidade e o consumo de luxo Denise Wanderley Paes de Barros (UPM) Marlon Luiz Clasen Muraro (UPM) Mariana Seminati Pacheco (UPM) O presente trabalho busca analisar e relacionar três diferentes obras, que possuem em comum, a recorrência ao estilo artístico, do final do século XVIII: o Rococó. A visualidade do filme Maria Antonieta, de Sophia Coppola, lançado em 2006; o ensaio fotográfico para a revista Vogue, também em 2006, assim como as imagens da campanha publicitária, da marca Louis Vuitton, primavera/verão- 2007. A escolha desses objetos para análise pretende reforçar, ainda mais, a intermedialidade, onde a Arte, possibilita e amplia o diálogo entre áreas como: publicidade, cinema, moda e consumo de luxo. A multiterritorialidade, fenômeno presente nesse estudo, ressalta a importância do entrecruzamento de territórios ou zonas de saber distintas, segundo concepção de Haesbaert (2004) presente na concepção das obras estudadas. A metodologia utilizada baseia-se na pesquisa crítica do material bibliográfico e na análise imagética, principalmente, da campanha publicitaria da marca Louis Vuitton, primavera/verão – 2007. Foi utilizada a leitura e reflexão de autores tais como: Jean Castarède; Gilles Lipovetsky; Danielle Allérès; Karl Marx, Bakhtin; Nelly de Carvalho que possibilitaram a análise das relações do mercado de luxo com a arte, e a mesma, como influenciadora no cinema e moda.

74 Sessão: 04 Data: 08/05/2019 Horário: das 14h às 18h Sala 116, Bloco B

Coordenação Dra. Monica Rebecca Nunes (ESPM); Dra. Miriam Cristina Carlos Silva (UNISO)

SEQUÊNCIA CÓDIGO TÍTULO AUTORES

A Contemporaneidade da Imagem Publi- Alexandre Francisco Silva 01 GT02-025 citária do Lazer Teixeira

Análise de Circuitos Comunicacionais: GT02-013 Uma Proposta Metodológica Baseada nas 02 Eric de Carvalho Mediações e Midiatização de Comunica- ção de Marca A Marca Veste a Casa: A Transformação do Lugar de Memória “Casarão 1811” em 03 GT02-018 Filipe de Oliveira Costa Ambiência de Consumo de Experiências na Cidade-Mídia Marcária Museu do Amanhã: Uma Análise do Con- Sheila Mihailenko Chaves 04 GT02-015 sumo de Fantasmagorias de Temporalida- Magri des Contemporâneas El socialismo con olor a empanadas Marco Antonio Bin e Mônica 05 GT02-022 y vino tinto: memórias radiofônicas Rebecca Ferrari Nunes da derrubada de Salvador Allende

Estratégias microficcionais no 06 GT02-001 Wendell Guiducci de Oliveira esquetejornalismo do Sensacionalista

Tadeu Rodrigues Luama e 07 GT02-002 Eu fui o que tu és, e tu serás o que sou Vanessa Heidemann

75 (GT02-025) A contemporaneidade da imagem publicitária do lazer Alexandre Francisco Silva Teixeira (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP) A pesquisa em processo discuti acerca das estratégias publicitárias do Serviço Social do Comércio do Estado de São Paulo. Assim, supõem-se para esta investigação que grande parte da ideia mestra da instituição tenha se consolidado pela difusão da imagem do lazer via material publicitário onde destacam-se espaços, atividades e programações culturais. Acredita-se, que o efeito deste formato tenha influenciado diretamente na construção do imaginário do lazer, pois tal estratégia anuncia um território possível a permeabilidade social entre as representações da cultura, trabalhadores do comércio e a população de um modo geral. O recorte temporal definido entre os anos de 1982 a 2012 destaca-se por concentrar significativas transformações nas práticas do lazer retratadas em folders, convites e matérias publicadas em revista como: a arquitetura dos Centros Culturais e a diversidade cultural das programações. Assim, as fontes de pesquisa são as imagens do lazer publicizadas durante a campanha inaugural de cinco Centros Culturais e Desportivos na cidade de São Paulo selecionados: SESC/Pompeia, SESC/Vila Mariana, SESC/Santana SESC/Belenzinho e SESC/Bom Retiro. Os critérios para a seleção foram: não mais que uma unidade por zona municipal com inauguração entre 1982 a 2012. Pode-se constatar até o momento que na publicidade inaugural há uma nítida intenção em agregar realidades como um convite ao desfrute da programação e dos espaços dos equipamentos implantados. A interpretação da textualidade imagética como evidência histórica tem como base a literatura segundo vários autores (BURK, 2017; MAUAD, 1990). Assim, o processo de pesquisa e análise do material selecionado encontra permanências e transformações nas programações culturais do SESC/SP que reposicionam o lazer na capital paulista.

Referências BURK, Peter. Testemunha Ocular, São Paulo, UNESP, 2017. DINES, Yara Schreiber. Cidadelas da Cultura no Lazer: Uma reflexão em Antropologia sobre o SESC São Paulo. São Paulo: SESC/SP, 2012. FOUCAULT, Michel. Nascimento da Biopolítica. São Paulo, Martins Fontes, 2008. FIGUEIREDO, Betânia Gonçalves. A criação do SESI e SESC: Do enquadramento da preguiça a produtividade do ócio. (Mestrado), Instituto de Filosofia e Ciências Humanas do Departamento de História, UNICAMP, 1991. GALANTE, Regiane Cristina. Memórias do CELAZER: Influencias e contribuições para os estudos do lazer no Brasil. Tese (doutorado) Faculdade de Educação Física, UNICAMP, 2018. MAUAD, Sob o signo da imagem. (Mestrado) Universidade Federal Fluminense. Centro de Estudos Gerais Instituto de Ciências Humanas E Filosofia, Niterói, 1990. SANT’ANNA, Denise Bernuzzi de. O prazer justificado – história e lazer (1969 - 1979). São Paulo: Marco Zero, 1994.

76 TEIXEIRA, Alexandre Francisco Silva. A cidade, o lazer e a criança: O Programa Curumim no SESC/Santana (2005 a 2014). (Mestrado), Programa de Estudos Pós-graduados em História, PUC/SP, São Paulo, 2015.

(GT02-013) Análise de circuitos comunicacionais: uma proposta metodológica baseada nas mediações e midiatização de comunicação de marca Eric de Carvalho (Cásper Libero) Este estudo propõe a análise de circuitos comunicacionais como uma perspectiva metodológica de estabelecimento de vínculos entre marcas e consumidores. Para desenvolver tal argumentação, será resgatado o atual panorama do sistema publicitário sob a óptica de distintas perspectivas teóricas. É sabido que o sistema publicitário é estabelecido sobre processos cujas lógicas afetam a construção da sociedade por meio da divulgação de imagens e imaginários que afetam os indivíduos e colaboram na composição de suas identidades culturais. marcas são importantes agentes desse constructo social, atuando como balizadoras das identidades culturais e promotores de narrações socioculturais que compõem o repertório cultural de indivíduos na sociedade. Sua atuação na contemporaneidade inclui a criação de conteúdo para consumo cultural e o estabelecimento de vínculos com públicos que passam a interagir com elas, promovendo e gerando seus conteúdos de marca para novos públicos. Para que essa argumentação seja desenvolvida, faz-se necessário aqui, distinguir as noções de consumo cultural, consumo midiático e recepção a partir das considerações de Toaldo e Jacks (2013) estabelecidas sobre os estudos de Garcia Canclini (1993 e 2005). O consumo cultural na perspectiva das mediações culturais é uma prática de natureza essencialmente simbólica, em que se configura como “lugar de diferenciação social e distinção simbólica entre os grupos” (GARCIA CANCLINI, 1993), de forma que Garcia Canclini o define como “o conjunto de processos de apropriação e usos de produtos nos quais o valor simbólico prevalece sobre os valores de uso e de troca, ou onde ao menos estes últimos se configuram subordinados à dimensão simbólica” (GARCIA CANCLINI, 1993, p. 34). O consumo midiático pode ser analisado como uma vertente do consumo cultural sob uma das mediações culturais, a mediação técnica-midiática. A fruição de conteúdos veiculados por mídias diversas configura o consumo cultural de um produto midiático (ou de um conteúdo midiatizado), ou seja, um consumo midiático. Enquanto um estudo de recepção se concentra na interpretação de conteúdos de fenômenos midiáticos por seus receptores, o estudo de consumo midiático analisa, não somente a apropriação desses conteúdos, como também a relação com os meios nos quais são veiculados. Esse processo de midiatização de conteúdo torna fenômenos passíveis de consumo cultural em produtos midiáticos passíveis de consumo midiático por receptores. Dessa forma, o artigo pretende analisar o processo de midiatização da comunicação de marcas com seus públicos de interesse por meio de seus pontos de contato: os circuitos presenciais frequentados por esse públicos e os circuitos digitais nos quais se informam e para os quais produzem conteúdo. A intertextualidade entre textos culturais presentes no tecido urbano e no ambiente digital, estabelecendo elos entre aspectos culturais desses públicos e os discursos de marca por eles gerados. A análise será realizada por meio do recorte da atuação da marca Red Bull Culture no fomento à cultura, desenvolvimento de lideranças locais e promoção do advocacy da marca em circuitos culturais regionais de resistência assim como em seus equivalentes digitais.

77 (GT02-018) A marca veste a casa: a transformação do lugar de memória “Casarão 1811” em ambiência de consumo de experiências na Cidade-Mídia Marcária Filipe de Oliveira Costa (Escola Superior de Propaganda e Marketing – ESPM) Este trabalho propõe analisar de que forma o consumo do espaço “Casarão 1811”, situado na avenida Paulista, na cidade de São Paulo, em ação publicitária por parte da marca Pantene, é capaz de intensificar seu discurso de posicionamento de marca a partir do oferecimento de consumo de experiências para seus consumidores. Compreendemos a marca Pantene realizando as movimentações: 1°) o consumo físico do casarão e de seu significado para a cidade de São Paulo (a exemplos: sua localização, sua arquitetura de luxo, a sua “biografia”) e 2°) oferecendo uma ambiência física imaginada e criada (“Casa Pantene”) em alicerce com a percepção que a marca pretende ser entendida pelo público. A pesquisa parte de revisão bibliográfica de Teorias da Cultura, de Memória e do Consumo sob as perspectivas da Teoria Semiótica da Cultura de Tártu-Moscou, das Teorias sociais da Memória assim como da Sociologia e Antropologia do Consumo. Os resultados desta discussão apontam que a ação publicitária da Pantene no “Casarão 1811” convida o público ao consumo de suas interpretações do espaço urbano paulistano desde que esse consumo simbólico e de experiências engaje vivências experimentais condizentes com suas propostas de posicionamentos marcários. O casarão é notado como cenografia. Uma representação apresentada com diferentes significados, porém onde ainda é consumido a importância de seu status na capital paulista ser um lugar requintado corroborando para as estratégias midiáticas da marca.

Referências COSTA, Filipe de Oliveira. “Ellus na estação Júlio Prestes: memória, consumo e (trans)formação de um espaço urbano para uma cidade-mídia marcária”. In:_____ COMUNICON, 2018, São Paulo, GT 07 Comunicação, Consumo, Memória: cenas culturais e midiáticas, Anais, 2018. Disponível em: https://goo. gl/mFNDFQ. Acesso em: março, 2019. FERREIRA, Jerusa Pires. Armadilhas da memória e outros ensaios. Cotia, SP: Ateliê Editorial, 2003. HALBWACHS, Maurice. A Memória Coletiva. São Paulo: Centauro Editora, 2004. LÓTMAN, Iuri. La Semiosfera I. Madri: Ediciones Cátedra, 1996. NORA, Pierre. Entre memória e história: a problemática dos lugares. Revista Projeto História. São Paulo, v. 10, dez. 1993. Disponível em: . Acesso em: 26 dez. 2015. PEREIRA, Cláudia et al. “Consumo de experiência e experiência de consumo: uma discussão conceitual”. In:______COMUNICON, 2015, São Paulo, GT 06 Comunicação, consumo e subjetividade, Anais, 2015. Disponível em: https://goo.gl/LHU9MX. Acesso em: março, 2019. ROCHA, Rose de Melo e HOFF, Tânia. Culturas do consumo, corporalidades e urbanidade como tecidos contemporâneos. In: FREITAS, Ricardo Ferreira. FERREIRA, Francisco Romão. CARVALHO, Maria Claudia da Veiga Soares. PRADO, Shirley, Donizete. Corpo e consumo nas cidades. Curitiba: Editora CRV, 2014.

78 (GT02-015) Museu do Amanhã: uma análise do consumo de fantasmagorias de temporalidades contemporâneas Sheila Mihailenko Chaves Magri (Escola Superior de Propaganda e Marketing – ESPM) Este artigo propõe uma breve reflexão sobre a comunicação e o consumo de fantasmagorias de temporalidades contemporâneas, enquanto práticas sociais, a partir da análise do texto “Amanhã é Hoje”, um discurso exposto nas paredes de entrada do Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro e de excerto do discurso Manifesto Futurista de Marinetti, datado do início do século XX, publicado no jornal Le Figaro, em Paris. Iniciamos nosso trabalho a partir de uma breve “arqueologia” dos sentidos de tempo na história do pensamento ocidental: eternidade e ausência de tempo, tempo cronológico e incomensurável (kronos e aion), alma e reminiscência, tempo do mundo e tempo da alma, escapismo, tempo das percepções, aporia do instante, tempo do prazer, limites do tempo (finitude e infinito), eterno retorno do mesmo, tempo e repetição, tempo histórico e memória, tempo enquanto condição humana, tempo e o ente, poder no controle dos ritmos do cotidiano, prazo e produtividade, tempo e vida, o ser temporal e espacial versus a atopia e acronia do mundo virtual. Sob a luz das problemáticas da comunicação e do consumo, analisamos criticamente, as principais proposições e valores contidos na argumentação sobre o tempo futuro e o compromisso do presente em ambos os textos, confrontando-os com as problematizações da modernidade articuladas por Berman em sua obra Tudo que é solido desmancha no ar, de Walter Benjamin, em Magia e técnica, arte e política e em Benjaminianas, de Olgária Matos. Para tanto, tomamos por base os marcos históricos da Revolução Industrial e da Revolução Francesa, encontrados no pensamento de Eric Hobsbawn em A era das revoluções (1789-1848). Seguimos com o resgate, em Walter Benjamin, de conceitos como história, narração e narrador e de memória, tensionando fantasmagorias e museus com a produção e o consumo de sentidos de temporalidades enquanto discursos de engajamento de compromisso social para conservação do sistema capitalista. Com a ascensão da industrialização, da metropolização e de um espírito do tempo que se funda no novo, problematizamos as incertezas transformadoras instaladas no presente e as emergências que daí surgem tanto na preconização do pensamento futurista, no início do século passado, quanto na contemporaneidade. Por meio desta análise, notamos a valorização, em ambos os textos, de uma convocação para a presentificação compromissada a partir de significações de acelerações de tempos e espaços, uma diferenciação de valoração do futuro, de utópico em Marinetti, para um futuro distópico no discurso do Museu do Amanhã e a produção de discursos de temporalidades e o consumo de fantasmagorias motivadas pelo capitalismo.

79 (GT02-022) El socialismo con olor a empanadas y vino tinto: memórias radiofônicas da derrubada de Salvador Allende Marco Antonio Bin (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP) Mônica Rebecca Ferrari Nunes (Escola Superior de Propaganda e Marketing – ESPM) O golpe cívico-militar de 1973 no Chile é sempre lembrado por sua violenta intervenção social, política e histórica. Impressiona retomar os fatos em sua cronologia, observar a brutalidade misturada ao silêncio dos partidos e corporações que apoiavam a Unidade Popular, frente constituída pelos partidos de esquerda. É importante ver, rever e escutar o drama do processo de deposição do presidente Salvador Allende Gossens, dentro do Palácio de La Moneda, imolado e inumado em nome da práxis revolucionária. Passado todo esse tempo, resulta observarmos o nome de Allende forte no panteão dos representantes mais significativos da luta por uma sociedade livre e justa, enquanto seu oponente, Augusto Pinochet, que tomou o poder, é lembrado por transformar o Chile em um laboratório neoliberal a cargo dos economistas da escola de Chicago. O objetivo deste trabalho é apresentar e analisar os acontecimentos do 11 de setembro de 1973, data da morte de Allende, a partir dos relatos radiofônicos transmitidos por várias emissoras, recuperados e editados pelo Museo de La Memoria y los Derechos Humanos, do Chile, que reconstitui de maneira cronológica diversos áudios, como os comunicados do presidente Allende, as ordens dos militares durante os combates pela Moneda, os testemunhos de repórteres presentes in locu, dentre outras emissões. A metodologia propõe a escuta analítica a partir de pesquisa bibliográfica da teoria da memória, Gondar & Dodebei (2005); Passerini (2011) e da teoria política contemporânea, Moniz Bandeira (2013) e Verdugo (2008). Este trabalho pretende demonstrar que a montagem radiofônica desvela a representação do fim do socialismo democrático e o início do neoliberalismo tal como conhecemos hoje na América Latina.

Referências GARCÉS, J. Allende e as armas da política. São Paulo: Scrita, 1993. GONDAR, J.; DODEBEI, V. O que é memória social?. Rio de Janeiro: Contracapa Livraria Ltda, 2005. MONIZ BANDEIRA, L.A. Fórmula para o caos. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2013. PASSERINI, L. Memória entre emoção e política. São Paulo: Letra e Voz, 2011. VERDUGO, P. Salvador Allende. Allende - como la Casa Blanca provocó su muerte. Santiago: Catalonia, 2008.

80 (GT02-001) Estratégias microficcionais no esquetejornalismo do Sensacionalista Wendell Guiducci (Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF)

Criado em 2009 para fazer humor a partir da releitura de notícias “sérias”, o site Sensacionalista esmerou- se em diluir fronteiras entre o jornalismo e o entretenimento, entre a realidade e a ficção. Esse teor paradoxal lateja em seu slogan, “isento de verdade”, prenhe de duplo sentido. Sua forma concisa, dos títulos carregados de ironia distribuídos pelas redes sociais até os textos telegráficos hospedados no site, fazem com que se filie a um gênero narrativo ficcional recém-consolidado no Brasil: a minificção. A minificção é, segundo Zavala, “a escritura experimental cuja extensão não ultrapassa uma página impressa, ou seja, que tem menos de (aproximadamente) 250 palavras” (2008, p.23). Vários de seus traços distintivos, como brevidade, intertextualidade, releitura paródica, ironia e intensidade expressiva, podem ser encontrados também nas “matérias” do Sensacionalista. Há uma particular semelhança com a minificção brasileira, marcada por forte inclinação realista-naturalista que, por vezes, provoca o nublamento entre as noções entre real e fictício. Segundo Josefina Ludmer, uma característica central do que ela chama de literaturas pós-autônomas é o fato de habitar umbrais entre o literário e o não literário, pois não demandam para si leituras necessariamente literárias. “isto quer dizer que não se sabe ou não importa se são ou não literatura. E tampouco se sabe ou não importa se são realidade ou ficção” (Ludmer, 2007, p. 1) Como o Sensacionalista, que aproxima-se do jornalismo através da apropriação de uma linguagem e de um estilo próprios da reportagem para subvertê-las a favor de um efeito cômico, a minificção brasileira também tem como uma de suas características mais acentuadas a apropriação de linguagens não literárias, inclusive a jornalística, como mostram minicontos de Veronica Stigger e Fernando Bonassi. Muitas vezes a matéria-prima para a ficção é colhida no mundo cotidiano, prática que ancora toda a dinâmica criativa do Sensacionalista, que toma do noticiário acontecimentos corriqueiros para transformá-los em escândalo, no sentido atribuído por Alan Badiou (2017). Ainda que desconheçam o gênero minificção, os redatores das notícias-esquetes do Sensacionalista utilizam vários procedimentos do repertório dos minificcionistas. E nesta empreitada, demandam para si leitores preparados, que sejam capazes de interpretar as diferentes dimensões do texto paródico. Também a minificção, quando reelabora textos prévios, compondo “quadros em três dimensões” (Alonso e Peña del Barco in Jiménez, 2004, p.105), exigem leitores – quem sabe interlocutores? - capazes de compreender as narrativas em todas as suas potencialidades, com menor ou maior grau de fruição.

Referências BADIOU, Alain. Em busca do real perdido. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2017. JIMÉNEZ, Francisca Noguerol (org). Escritos disconformes: nuevos modelos de lectura. Salamanca: Ediciones Universidad de Salamanca, 2004. LUDMER, Josefina. Literaturas pós-autônomas. In: Sopro – Panfleto político-cultural. N. 20. Desterro: 2010. Disponível em: . Acesso em 10 de junho de 2016. ZAVALA, Lauro. El boom de la minificción y otros materiales didácticos. Calarcá: Cuadernos Negros Editorial, 2008.

81 (GT02-002) Eu fui o que tu és, e tu serás o que sou Tadeu Rodrigues Iuama (Universidade Paulista – UNIP) Vanessa Heidemann (Universidade de Sorocaba – UNISO) A presente pesquisa nasce de nossa inquietação parente a condição sedada do humano diagnosticada por Norval Baitello Junior. Nesse sentido, atentamo-nos ao fato de que uma vida sedada é uma vida sem experiência, e uma vida sem experiência, é árida para a gestação de memórias. Destarte, o que nos provoca na presente investigação é a existência de Zonas Autônomas Temporárias, conceito desenvolvido por Hakim Bey, que ocupam eventuais brechas nessa lógica de sedação. Nosso objetivo, portanto, é interpretar a possibilidade de ruptura mesmo em espaços que são, por excelência, da sedação tida como perene. Por isso, nossa pesquisa visa experienciar as rupturas de sedação ao observar epitáfios em um cemitério na cidade de Sorocaba, interior de São Paulo. Uma vez que não temos como abarcar a vida das pessoas que lá estão, nossa pesquisa parte do método autoetnografico, proposto pela pesquisadora Carolyn Ellis, pois a ferramenta que dispomos para tecer reflexões sobre esses epitáfios são nossos próprios afetos diante de tais fenômenos. Nesse sentido, compreendemos que os epitáfios são uma tentativa de cimentar em um único texto a memória dos diversos textos que permeiam a vida de uma pessoa. Doravante, percebemos nos epitáfios uma narrativa dos mortos que convida o viver, uma insurreição ante a inevitabilidade da finitude humana. Um derradeiro chamado para a negação da morte em vida, a sedação. A partir disso evocamos a reflexão acerca da possibilidade de levantes, rupturas na apatia do cotidiano pois, se até no lugar da morte perene há um convite da experiência do viver, acreditamos que existem ventos ainda mais favoráveis para uma vida vivida.

Referências BAITELLO JUNIOR, Norval. O pensamento sentado: sobre glúteos, cadeiras e imagens. São Leopoldo: Editora Unisinos, 2012. BEY, Hakim. TAZ – Zona Autônoma Temporária. São Paulo: Veneta, 2018. ELLIS, Carolyn; ADAMS, T. E.; BOCHNER, A. P.. Autoethnography: as overview. Forum: Qualitative Social Research, v. 12, n. 1, 2010. Disponível em: . Acesso em: 22 fev. 2019.

82 6-8 DE MAIO DE 2019

Campus Conceição: Campus Centro: Rua Conceição, 321 Rua Santo Antônio, 50 São Caetano do Sul São Caetano do Sul

GT-3. Comunicação e Cultura: semiótica da comunicação visual

83 GT 03 COMUNICAÇÃO E CULTURA - SEMIÓTICA E COMUNICAÇÃO VISUAL

Coordenadores: Dr. João Batista Freitas Cardoso (USCS) - [email protected] Dr. Amaury Fernández (UdeC) - [email protected] Dra. Sandra Fischer (UTP) - [email protected]

Ementa: A linguagem visual como um sistema de significação, com vista à preservação e à comunicação da memória. A compreensão da imagem (registro pictórico e iconográfico, entre outros) e a memória como elementos de significado em diferentes contextos; a evolução histórica da imagem em diferentes meios de comunicação; a transformação das representações visuais de acordo com o desenvolvimento das TICs, assim como abordagens teóricas e metodológicas em estudos de semiótica visual.

84 Sessão: 01 Data: 07/05/2019 Horário: das 14h às 18h Sala 129, Bloco C

Coordenação Dr. João Batista Freitas Cardoso (USCS); Dra. Sandra Fischer (UTP)

SEQUÊNCIA CÓDIGO TÍTULO AUTORES

História das exposições a contrape- 01 GT03-009 Icaro Ferraz Vidal Junior lo: cânone e reencenação. A produção de efeitos de sentido na visualidade da campanha de Jair 02 GT03-005 Antonio Roberto Rossi Bolsonaro à Presidência da República em 2018. A Manipulação do Autêntico, A Profanação do Contrário e o 03 GT03-006 Sandra Fischer e Aline Vaz Imaginário do Bufão no Teatro da Política Brasileira Decifra-me ou Consumo-te: o ima- 04 GT03-001 Patricio Dugnani ginário pós-moderno de Lady Gaga O Pop E O Sagrado - Tensionamen- 05 GT03-012 tos e negociações na obra da Marco Aurélio Oliveira Giachetto cantora Mariah Carey A Construção do Sagrado e do 06 GT03-003 Profano em “Cristo Deus Shiva”: Priscilla Cláudia Pavan de Freitas Uma Leitura Semiótica GT03- Volta à infância - apelo emocional, 07 simbologia e os novos ambientes Katia Perez 002 de trabalho

85 (GT03-009) História das exposições a contrapelo: cânone e reencenação Icaro Ferraz Vidal Junior (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP)

No domínio das pesquisas em arte, a análise estética ou histórica das artes visuais passou, até muito recentemente, ao largo da medialidade através da qual o público, especializado ou não, relacionou-se com as obras de arte propriamente ditas: geralmente, o contexto de uma exposição de arte. Apenas muito recentemente, com o desenvolvimento de um novo domínio comprometido com a escrita de uma história das exposições (Altshuler, 2008, 2013; Steeds, 2014; Cypriano & Oliveira, 2017), tenta-se remediar este idealismo, subjacente a uma historiografia da arte na qual as obras de arte são abordadas como unidades identitárias (Simondon, 2013), fechadas sobre si mesmas, no caso de uma perspectiva formalista; ou herdeiras de temas e estilos atribuídos a obras historicamente anteriores, no caso de uma abordagem diacrônica (Belting, 2012). Propomos, no quadro desta comunicação, a retomada de algumas questões caras às reflexões sobre as práticas curatoriais contemporâneas e à reconfiguração do sistema da arte a partir deste processo de auto-conscientização, por parte da história das exposições, da importância do contexto no qual o encontro do público com as obras de arte tem lugar (Cypriano & Oliveira, 2017). Além de introduzir uma série de novos atores – as instituições, a arquitetura, os displays, as publicações, os programas educativos etc. – como objetos de reflexão e produtores de sentido, o movimento que vem sendo criticamente operado pela escrita das histórias das exposições cria uma brecha através da qual torna-se possível problematizar uma ideia estanque e desencarnada de visualidade; e reinvestir na pluri-sensorialidade da experiência corporal como chave para se pensar os processos de produção de sentidos nos diferentes contextos expositivos. Esta conscientização acerca da importância das mediações nos processos de circulação e recepção das artes visuais tem reverberado na construção de um corpus canônico de exposições de arte - exposições icônicas que passam a integrar uma tradição em vias de se constituir. Por um lado este processo reverbera na historiografia da arte, que passa a disputar a (des)construção deste cânone a partir de lugares contra-hegemônicos; por outro lado, ele incide diretamente nas práticas artísticas e curatoriais, que vêm lançando mão da reencenação como estratégia para abordar exposições icônicas (Oliva, 2017), com todas as tensões, controvérsias e provocações que este gesto pode ensejar. Lançar uma luz sobre estas disputas, desde os estudos acerca da medialidade das exposições, é o que propomos com esta comunicação.

Referências ALTSHULER, B. Salon to Biennial, exhibitions that made Art History, volume I: 1863-1959. Nova Iorque, Londres: Phaidon, 2008. ______. Biennials and Beyond: Exhibitions that Made Art History: 1962-2002. Londres/Nova Iorque: Phaidon, 2013. BELTING, H. O fim da história da arte: Uma revisão dez anos depois. São Paulo: Cosac Naify, 2012. CYPRIANO, F.; OLIVEIRA, M. M. de. (Orgs.) Histórias das exposições: casos exemplares. São Paulo: Educ, 2017. OLIVA, F. “3ª Bienal da Bahia: refazendo tudo”. In: CYPRIANO, F.; OLIVEIRA, M. M. de. (Orgs.) Histórias das exposições: casos exemplares. São Paulo: Educ, 2017.

86 SIMONDON, Gilbert. L’individuation à la lumière des notions de forme et d’information. Grenoble: Millon, 2013. STEEDS, Lucy (Org.). Exhibition (Documents of Contemporary Art). London, Cambridge, Massachussets: Whitechapel Gallery, The MIT Press, 2014.

(GT03-005) A produção de efeitos de sentido na visualidade da campanha de Jair Bolsonaro à Presidência da República em 2018 Antonio Roberto Rossi (Universidade Paulista – UNIP) Esta pesquisa tem como objetivo entender, sob o prisma da semiótica de Algirdas J. Greimas e Eric Landowski, como os aspectos visuais presentes na campanha do candidato Jair Bolsonaro foram utilizados para a construção de isotopias que o singularizassem e criassem um simulacro de verdade à sua presença. Ela faz parte de um estudo mais amplo para a dissertação de mestrado que investiga os efeitos de sentido presentes na campanha que levou Jair Bolsonaro à Presidência da República em 2018. Temos como pressuposto, que a construção visual da campanha continha aspectos plásticos e figurativos que remetiam a um sentido de produção popular, adjuvante na construção de isotopias ligadas à sanção, engajamento e diferenciação do candidato em relação aos políticos tradicionais. Nosso corpus é composto por entrevistas e depoimentos à TV aberta, vídeos oficiais publicados no site do PSL, imagens e posts veiculados no Facebook, Twitter e por postagens no grupo 50 do WhatsApp oficial, com mensagens unidirecionais de apoio ao candidato durante o segundo turno. Para este estudo, os materiais serão analisados plástica e discursivamente em sua dimensão visual de forma a agregar aspectos que venham compor o estudo mais amplo, ora em andamento. O recorte temporal desta pesquisa vai do dia 16 de agosto de 2018 até o dia 27 de outubro de 2018, respectivamente o início e término da campanha eleitoral, conforme resolução 23.551 de 18/12/2017 do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Consideramos este recorte por entender que foi durante esse período que os candidatos puderam fazer uso de todos os recursos de comunicação ao seu dispor.

(GT03-006) A manipulação do autêntico, a profanação do contrário e o imaginário do Bufão no teatro da política brasileira Sandra Fischer (Universidade Tuiuti do Paraná – UTP) Aline Vaz (Universidade Tuiuti do Paraná – UTP) O presente estudo apresenta reflexões concernentes ao bolsonarismo, originado no bojo do recrudescimento da extrema-direita no Brasil, e ao imaginário do bufão - que desde então tem dado o tom à cena política no país. Alçado à presidência nas eleições de 2018, durante a campanha Jair Bolsonaro, o candidato do PSL (Partido Social Liberal), faz uso de uma linguagem populista e agressiva ‘dando-se a conhecer’ 1) na expressão de uma atuação cotidiana dita autêntica e espontânea; 2) na reiteração do bolsonarismo como popular em contraposição a um intelectualizado lulismo. Nessa perspectiva, amparadas principalmente em estudos semióticos de linha francesa, as análises buscam demonstrar situações de contágio bufonesco que nos últimos tempos têm tido lugar no Brasil: observando a caricatura do populismo em fotografias de Bolsonaro, publicadas em suas redes sociais, nota-se a tentativa deliberada de se construir a imagem de um sujeito político supostamente igual e próximo de seu eleitorado, sempre colocando em questão a credibilidade política do PT (Partido dos

87 Trabalhadores) e de suas lideranças e fortalecendo sua excentricidade corrosiva de bufão destemido. Estruturam esse imaginário os contrários lulismo vs bolsonarismo – heroico vs bufonesco, alicerçando a apologia do popular em detrimento do erudito.

Referências LANDOWSKI, Eric. Aquém ou além das estratégias, a presença contagiosa. Documentos de Estudos do Centro de Pesquisas Sociossemióticas, Vol. 3, São Paulo, 2005. LANDOWSKI, Eric. Presenças do outro: ensaios de sociossemiótica. São Paulo: Perspectiva, 2002. LANDOWSKI, Eric. A sociedade refletida. São Paulo: Educ/Pontes. Perspectiva, 1992. MAFFESOLI, Michel. “O imaginário é uma realidade”. In: Revista Famecos, v. 8, n. 15, p. 74-82, 2001. SODRÉ, Muniz; PAIVA, Raquel. O império do grotesco. Rio de Janeiro: Mauad Editora Ltda, 2002.

(GT03-001) Decifra-me ou Consumo-te: o imaginário pós-moderno de Lady Gaga Patricio Dugnani (Universidade Presbiteriana Mackenzie)

Levando-se em consideração que a expressão estética na comunicação da Pós-modernidade se baseia, principalmente, nos processos de citação, paródia, mistura de estilos e colagem, para criar, assim, um humor irônico, um estranhamento para a percepção, pretende-se desenvolver uma análise das imagens na Pós-modernidade. Essa análise tem como objetivo, verificar na sua constituição plástica, o processo de utilização de referências, buscando-se entender o processo hereditário de seu imaginário e a sua construção de significados, criando assim um processo de análise da herança simbólica da imagem. Para isso serão utilizados conceitos e estratégias da semiótica de Charles S. Peirce, e da da semiologia de Roland Barthes, para a constituição dessa análise. Essas relações intersemióticas e intertextuais serão avaliadas buscando-se assim a compreensão da constituição do campo expressivo através de suas qualidades. A partir de sua expressividade é possível revelar seus significados, e que, a partir do contexto onde estão inseridos, é possível acessar o sentido de suas representações. A justificativa para o uso de diferentes métodos ligados à teoria dos signos e da representação se dá pelo fato de ter como objeto um fenômeno contemporâneo: os vídeo clipes de Lady Gaga. Como o objeto dessa análise é resultado do campo de expressão e conteúdo dos processos de comunicação e linguagem de um sujeito complexo, acredita-se que se torna necessário avançar sobre os limites dessas teorias, para se conseguir um método híbrido. Método que possa trazer novas informações sobre a constituição da linguagem visual, tão explorada na sociedade pós-moderna. Sociedade, essa, que vive um processo de superexposição e valorização da imagem, principalmente através dos novos meios digitais. No sentido da construção da imagem na Pós-modernidade e sua constituição, busca-se analisar sua expressão plástica, suas qualidades e suas relações intersemióticas e intertextuais. Dessa forma será possível entender seu percurso de constituição da representação, para, enfim, decifrar o processo contemporâneo de formação de imagem na pós- modernidade e, quem sabe, evitar o banquete iconofágico que se descortina em nossos processos de leitura e representação do imaginário. Como objeto dessa análise da herança simbólica na construção da imagem na Pós-modernidade, nada melhor que verificar essas relações sígnicas em uma mídia contemporânea e um campo expressivo atual. Serão analisados os vídeo-clipes que foram veiculados no youtube: Lady Gaga. Entre os vídeos da cantora, selecionaram-se dois, pertencentes ao álbum The Fame Monster (2009): Bad Romance e Telephone.

88 (GT03-012) O pop e o sagrado - Tensionamentos e negociações na obra da cantora Mariah Carey Marco Aurélio Oliveira Giachetto (Escola Superior de Propaganda e Marketing – ESPM)

Este artigo pretende observar, ainda que inicialmente, os tensionamentos e articulações entre a cultura pop e a cultura gospel norte-americana, tomando como objeto empírico a obra da cantora Mariah Carey. Partimos, assim, da compreensão que considera cultura pop e práticas religiosas como campos inicialmente distantes, mas que, na contemporaneidade, podem se interconectar, seja por oposição, seja por simbioses. Recorremos aos estudos de Martino (2015) e Borelli (2010), para depreender, no entanto, as constantes negociações de sentido e apropriações entre as duas esferas. Isto significa observar os fluxos de sentido e as tensões que caracterizam tal relação, sendo o pop o território cultural que nos serve de posto de observação. Todavia, sabemos que também a cultura religiosa se coloca em negociação com a cultura pop, seja para utilização da mesma em um sentido restrito, ou seja, a simples utilização técnica dos meios midiáticos como meio de propagação de doutrinas, ou em negociação ampla, adotando os formatos, processos e códigos pertencentes ao que chamarei de “conjunto da cultura pop”. Por último, a cultura pop negocia com a cultura religiosa, incorporando elementos, práticas e símbolos sacros no processo de construção de suas formas e conteúdos. É este segundo caso que nos interessa investigar. Lançamos a problemática: seria a obra da cantora um ponto de cruzamento através do qual podemos enxergar ressignificações do campo religioso a partir da lógica da cultura pop? Para responder a esta problemática o artigo propõe a análise de videoclipes selecionados de Mariah nos quais esta complexa relação sagrado/canônico/secular/profano se manifesta, seguindo à metodologia proposta por Soares (2012, 2013). Também de Soares (2014), tomamos a compreensão da cultura pop como sendo um conjunto de práticas, experiências e produtos norteados pela lógica midiática, que tem como gênese o entretenimento. Neste contexto, como propõe Herschmann (2005), a cultura pop, enquanto produção, performance e representação, não só é formatada e condicionada pela lógica “culturalizada”, mas também a condiciona.

Referências BORELLI, Viviane. Midiatização, dispositivo e os novos contratos de leitura geram uma outra religião. 2010. Disponível em: http://www.bocc.ubi.pt/pag/borelli-viviane.pdf. MARTINO, Luís Mauro Sá. “Like a prayer: articulações da cultura pop na midiatização da religião”. In: SÁ, Simone Pereira; CARREIRO, Rodrigo; FERRARAZ, Rogério (Org.). Cultura Pop. Salvador: EDUFBA; Brasília: Compós, 2015. SOARES, Thiago. A estética do videoclipe. João Pessoa: Editora UFPB, 2013. _____. “Percursos para estudos sobre música pop”. In: SÁ, Simone Pereira; CARREIRO, Rodrigo; FERRARAZ, Rogério (Org.). Cultura Pop. Salvador: EDUFBA; Brasília: Compós, 2015. _____. Videoclipe: o elogio da desarmonia. João Pessoa: Marca de Fantasia, 2012.

89 (GT03-003) A construção do sagrado e do profano em “Cristo Deus Shiva”: uma leitura semiótica Priscilla Cláudia Pavan de Freitas (Universidade Presbiteriana Mackenzie)

Vários artistas, por meio de diferentes linguagens, retrataram o emblemático momento de Cristo na Cruz, algumas delas concordantes com o texto sagrado, a Bíblia, outras nem tanto, todavia independente do estilo e da linguagem utilizados, a necessidade de manifestar ou construir a imagem de um sagrado é evidente e esta parece ser recriada a cada nova manifestação. A pintura polêmica do artista Fernando Baril Cruzando Jesus Cristo com Deus Shiva, nosso objeto de estudo, é uma dessas obras que permite trazer à tona uma nova construção da imagem de Cristo, cercado de elementos religiosos de várias culturas. O trabalho se justifica pelo fato de que a pintura de Baril apropria-se de uma maneira excêntrica de uma passagem bíblica, a crucificação de Cristo, trazendo uma linguagem que produz um efeito de subjetividade e que parece ter sido manipulada para produzir os efeitos desejados, o de criticar, por exemplo, a forma como concebemos o sagrado, que vai muito além da versão bíblica, atualizando e ressignificando, assim, a imagem de Cristo e do sagrado no cenário atual, o qual é marcado por opulências materiais, consumismo, individualismos e, às vezes, muito distante da prática espiritual. Jesus Cristo é uma figura eminente para muitas religiões e a escolha por um trabalho que o represente, mesmo que de forma inusitada, permite ampliar a visão acerca dessa personagem que permeia não somente o universo religioso, mas artístico- cultural. Como respaldo teórico, foram utilizadas, principalmente, as ideias de A. J. Greimas (1917-1992) no campo da semiótica, visto que esta área de estudo permite uma análise ampla não somente de textos verbais como também de não-verbais, como é o caso da pintura de Baril. O trabalho foi dividido em três partes, sendo a primeira uma breve apresentação do autor e a interpretação de algumas de suas obras, as quais contribuíram para delinear o seu estilo; em seguida, foram feitas algumas considerações sobre a representatividade de Jesus na Bíblia e a do deus Shiva para os hinduístas para, assim, estabelecer pontos de convergência e divergência entre as duas figuras, já que parecem dialogar na pintura de Baril; por fim, o trabalho contemplou a análise da pintura do artista sob o viés da semiótica. A semiótica greimasiana contribuiu de forma significativa para a compreensão do processo de interpretação da pintura e dos seus possíveis efeitos de sentido e, pela arte pictórica ser uma atividade normalmente simbólica e representativa das ações do homem, apresenta um aparato amplo de estudos para a semiótica, conforme este trabalho tentou comprovar. Todo esse percurso contribuiu para evidenciar que o estilo excêntrico e simbólico (ou semissimbólico) de certos artistas pode trazer não somente novas concepções à arte, mas pode, acima de tudo, oferecer novas reflexões sobre o que é sagrado e qual é o lugar que ele ocupa na vida das pessoas, principalmente nos dias atuais.

(GT03-002) Volta à infância - apelo emocional, simbologia e os novos ambientes de trabalho Katia Perez (Universidade Metodista de São Paulo – Umesp)

Espaços lúdicos, com jogos ou áreas de lazer envolvidos em muitas cores têm sido vistos cada vez mais nas organizações, especialmente nas empresas de tecnologia. Estes ambientes de trabalho inovadores, vivenciados diariamente pelos funcionários, induzem à criação de sentidos diferentes dos apresentados tradicionalmente por escritórios e fábricas. Tais sentidos provocam emoções, sensações, percepções que ficam na mente dos funcionários, fortalecendo imagens nem sempre reais ou verdadeiras da organização. Diante desse cenário, nosso objetivo neste estudo é compreender melhor como se dá esse envolvimento dos funcionários pela emoção, o papel desses objetos simbólicos infantis e como estes contribuem para uma construção positiva da organização no imaginário dos funcionários. Uma questão irá nortear esse

90 percurso: como as empresas de tecnologia buscam envolver os funcionários emocionalmente por meio de símbolos que despertem a memória da infância na rotina de trabalho? Para isto, trazemos uma visão discursiva, especialmente de Michel Pecheux com seu ‘jogo de imagens’, e recuperamos conceitos da semiótica, seguindo o pensamento de Lucrécia Ferrara em sua busca para organizar procedimentos metodológicos para a leitura do não verbal. Para materializar tais reflexões, analisamos três ambientes corporativos de empresas de tecnologia: Google, de Belo Horizonte-MG, OLX, do Rio de Janeiro-RJ, e LinkedIn, de São Paulo–SP. Assim, foi possível notar o quanto as emoções estão presentes na leitura do farto material não verbal, por parte dos funcionários que vivenciam os novos ambientes corporativos, despertadas não apenas pela visão, mas por todos os órgãos dos sentidos humanos. Se, pelo ponto de vista empresarial, é possível unir esses sentidos e emoções dos funcionários à imagem da organização – e por isso criar uma imagem bastante favorável para ela –, colocando-se no lugar dos funcionários, esses sentimentos não são tão benéficos. Os ‘momentos de lazer’ que são vivenciados dentro da empresa retiram do funcionário os momentos de lazer reais. Balançar-se, andar de patinete ou escorregar até a piscina de bolinhas trazem sensações de memórias infantis, genuínas, mas não reais, para ao ambiente de trabalho.

Referências (usadas neste resumo) COSTA, Joan. Diseñar para los ojos. La Paz (Bolivia): Grupo Editorial Design, 2003. FERRARA, Lucrécia D’Aléssio. Leitura sem palavras. São Paulo, Editora Ática, 2001. ORLANDI, Eni. As formas do silêncio: no movimento dos sentidos. São Paulo: Editora Unicamp, 1997. PÊCHEUX, Michel. Análise Automática do Discurso (AAD-69). In: GADET, Françoise; HAK, Tony (orgs.). Por uma análise automática do discurso: uma introdução à obra de Michel Pêcheux. Campinas: Editora UNICAMP, 1997. PITTA, Danielle Perin Rocha. Iniciação à teoria do imaginário de Gilbert Duran. Curitiba: CRV, 2017. SANTAELLA, Lucia; WINFRIED, Noth. Imagem – cognição, semiótica, mídia. São Paulo: Iluminuras, 2008. SANTAELLA, Lucia. A leitura das imagens. São Paulo: Melhoramentos, 2012. SCHMIDT Eric; ROSENBERG e Jonathan. Como o Google funciona. Rio de Janeiro: Intrinseca, 2015 (ebook). SILVA, Maurício Ribeiro da. Na órbita do imaginário – comunicação, imagem e os espaços da vida. São Paulo: Editora UNIP, 2012. VILLAFAÑE Justo. La gestión profesional de la imagen corporativa. Madrid: Ediciones Pirámide, 2008.

91 Sessão: 02 Data: 08/05/2019 Horário: das 14h às 18h Sala 129, Bloco C

Coordenação Dr. Amaury Fernández (UdeC); Dra. Sandra Fischer (UTP)

SEQUÊNCIA CÓDIGO TÍTULO AUTORES

João Batista Freitas Cardo- O consumo de bens simbólicos da Cultura 01 GT03-007 so, Evandro Gabriel Izidoro Geek – o papel da CCXP Merli e Lucas Scavoni A Experiência Afetiva da Marca: O Filme 02 GT03-011 Marcelo Ribaric Publicitário e a Produção de Afetos Maria de Fátima Ramos de Escritas contemporâneas e processos co- 03 GT03-008 Andrade e Ana Silvia Moço municativos: o cinema de animação Aparício Televisão e Futebol: Como a Rede Globo Felipe Vidal Lourenço e 04 GT03-004 noticiou o Acidente aéreo da Associação Paolo Demuru Chapecoense de Futebol.

92 (GT03-007) O consumo de bens simbólicos da Cultura Geek – o papel da CCXP João Batista Freitas Cardoso (Universidade Municipal de São Caetano do Sul – USCS) Evandro Gabriel Izidoro Merli (Universidade Municipal de São Caetano do Sul – USCS) Lucas Scavoni (UPM) Nos últimos anos tem havido uma inserção gradativa de elementos da cultura geek em ambientes que ultrapassam o universo nerd, consolidando o mercado de produtos relacionados às narrativas midiáticas ficcionais. A cultura geek é comumente associada ao consumo de histórias em quadrinhos, séries, filmes, games e produtos derivados dessas narrativas. O desenvolvimento dessa cultura se dá no contexto do universo nerd. Originalmente, o termo nerd era relacionado aos shows de bizarrices, “freak show” (WOO, 2018), mas atualmente as narrativas midiáticas ficcionais tendem a associar o nerd ao indivíduo inteligente e tímido que prefere se isolar em seus temas de interesse (KINNEY, 1993). Ainda que alguns autores considerem os termos como sinônimos (LANE, 2018), neste trabalho se aplicará o termo nerd ao indivíduo e geek à cultura. Percebendo o potencial desse mercado, as empresas têm investido em segmentos variados, como vestuário, decoração, literatura, tatuagem e lojas especializadas. Segundo a Associação Brasileira de Licenciamento, o segmento movimenta R$18 bilhões por ano. O crescimento desse mercado tende, naturalmente, a impulsionar o consumo de bens simbólicos. A difusão de bens simbólicos da cultura geek se dá, em grande parte, em eventos como a Comic Con Exerience (CCXP). A CCXP foi fundada em meados de 1970 para servir apenas como espaço de encontro de fãs de quadrinhos. Com o aumento da popularidade do evento, os encontros passaram a incluir experiências para os aficionados por outras atividades relacionadas à cultura pop. Segundo a revista Exame (11/12/2017), com uma média de 220 mil visitantes e participação de 140 marcas e sete estúdios, a CCXP 2017, em São Paulo, foi a maior edição do evento. Mais que vender produtos, o evento promove o consumo simbólico de elementos da cultura geek, ampliando seu alcance para além do universo nerd. Com base nesses pressupostos, o trabalho pretende responder à pergunta: Como a CCXP contribui para a difusão de elementos simbólicos da cultura geek? Para responder à pergunta foi realizado um estudo de campo na 19ª edição do evento (São Paulo, 2018). O estudo parte do princípio que o consumo simbólico está ligado à réplica de convenções culturais e normas mercadológicas que envolvem tanto valores coletivos quanto padrões visuais orientados pelo mercado (PEIRCE, 2003).

Referências GORDON, I. Comic Strips and Consumer Culture – 1890-1945. Washington: Smithsonian Institution Press, 1998. KINNEY, D. From nerds to normal: the recovery of identity among adolescents from middle school do high school. Sociology of Education. Chicago, n.01 (66): 21-40, 1993. LANE. K. E. Age of the Geek: Depictions of Nerds and Geeks in Popular Media. 2018. PEIRCE, C. S. Semiótica. São Paulo: Perspectiva, 2003. WOO, B. Getting a Life: The Social Worlds of Geek Culture. Toronto: McGill-Queen’s University Press, 2018.

93 (GT03-011) A experiencia afetiva da marca: o filme publicitário e a produção de afetos Marcelo Ribaric (Universidade do Algarve – Ualg)

O filme publicitário é um objeto multifacetado que não pode ser visto apenas por sua função promotora de consumo, nem o seu público como um simples consumidor. Neste artigo lançamos à comunicação publicitária uma tese: É possível à publicidade se utilizar de um apelo afetivo como alternativa à persuasão. Desta forma nos deparamos com os seguintes problemas: 1º - Quais características da publicidade fazem com que os elementos presentes nos filmes afetem e emocionem o espectador? e 2º - Como esses afetos reconstroem um imaginário coletivo e reforçam a imagem da marca? Para responder essas questões nos valemos da análise fílmica do spot publicitário institucional Misunderstood, da empresa APPLE, veiculado nas redes sociais para o natal de 2013. Buscando explorar o filme publicitário a partir do cotidiano contemporâneo através de uma estratégia metodológica que segue os pressupostos teóricos da teoria dos afetos e da análise semiótica peirceana. Este estudo aponta as escolhas estéticas utilizadas para sensibilizar o espectador, o que gera, estrategicamente, elementos emocionais que avivam e acentuam cenas cotidianas, normalmente despercebidas, que produzem o chamado “choque do real”, a utilização de uma estética realista que visa produzir um efeito de assombro catártico no espectador, isso nos permite compreender a afetividade no processo perceptivo em sua experiência corpo/mente, e como esta mesma experiência pode reforçar o posicionamento de uma marca.

(GT03-008) Escritas contemporâneas e processos comunicativos: o cinema de animação Maria de Fátima Ramos de Andrade (Universidade Municipal de São Caetano do Sul – USCS) Ana Silvia Moço Aparício (Universidade Municipal de São Caetano do Sul – USCS) Com a expansão dos processos comunicativos, novas formas de interação, de percepção, de visibilidade, assim como novas redes de transmissão de informações foram se constituindo. A presença das tecnologias em nosso cotidiano gerou transformações nos processos comunicacionais, na forma de aprender, na prática de leitura e também de expressão escrita. Hoje, percebemos diferentes formas de convivência com os aparatos tecnológicos. Apesar de muitos ainda não utilizarem o livro, usufruem das imagens produzidas pelos aparelhos eletrônicos. A nossa convivência com os meios, apesar de “pacífica”, tem sido marcada pelo desconhecimento de como esses novos formatos vêm se constituindo. Além disso, é difícil acompanhar a velocidade dessas mudanças. Ainda estamos distantes de um entendimento e do desenvolvimento de parâmetros para lidar com essa complexidade: nossa cultura. Buscando contribuir com o debate sobre essa temática, sobretudo para lidar com o ensino da escrita atualmente, no presente texto, propomos uma discussão conceitual em relação a características dos textos multimodais que circulam na contemporaneidade. Para tal, utilizamos como recurso historiar um desses textos: o cinema de animação. A partir de uma reflexão a respeito de concepções de linguagem, o presente trabalho tem o objetivo de discutir o conceito de escrita contemporânea. Para mostrar a constituição dessa escrita, apresentamos uma síntese da história do cinema de animação. Historiar um determinado sistema de representação é um exercício para entendermos como essa cultura expandida vem sofrendo transformações. Fica perceptível o quanto os sistemas que foram “criados” pelo homem foram, na realidade, por ele transformados. Logo, fazer animação, produzir filmes de animação é saber lidar com as mediações presentes nesse formato. É uma experiência cognitiva de linguagem que poderia ser trabalhada no contexto escolar.

94 (GT03-004) Televisão e Futebol: Como a Rede Globo noticiou o Acidente aéreo da Associação Chapecoense de Futebol Felipe Vidal Lourenço (Universidade Paulista – Unip) Paolo Demuru (Universidade Paulista – Unip) O objetivo desse artigo é analisar como a principal emissora do país noticiou o acidente aéreo da Chapecoense em toda sua programação em 29 de novembro de 2016 — Dia que ocorreu o acidente de avião que levava a deleção da Chapecoense para a disputa do torneiro Sul-Americano — utilizando a programação televisiva da Rede Globo e a forma como está estabeleceu um sentido de contágio, com base na semiótica discursiva de Algirdas Greimas (1987), Eric Landowski (2014) e o artigo de Yvana Fechine(2002). A hipótese a ser comprovada é a de que houve um contagio estésico, nos indivíduos que buscaram notícias sobre o acidente na Rede Globo de Televisão. Buscando analisar como houve mudança na programação televisiva da emissora no dia 29 de novembro de 2016 por conta do acidente aéreo com a equipe de futebol catarinense, e com isso comprovar que houve uma mudança da rotina da programação televisiva e mostrar como uma das vozes do Brasil no esporte, Galvão Bueno, passo a ser o porta voz da comoção nessa análise.

Referências CASTELLS, Manuel – A Sociedade em Rede: do Conhecimento à Política. In CASTELLS, Manuel; CARDOSO, Gustavo (org) A Sociedade em Rede: do Conhecimento à Acção Política. Belém, Debates 2005. LANDOWSKI, Eric – Presenças do outro – Editora Perspectiva, São Paulo, 2002. LANDOWSKI, Eric – A Sociedade refletida – EDUC, São Paulo, 1992. LANDOWSKI, Eric – Interações arriscadas – Estação das Letras e Cores, São Paulo, 2014. GREIMAS, Algirdas J. e COURTÉS, J.: Dicionário de Semiótica – Editora Cultrix – São Paulo – 1979. GREIMAS, Algirdas J: Sobre o Sentido II – Ensaios Semióticos – Edusp – São Paulo 2014. GREIMAS, Algirdas J: Da Imperfeição – Hacker Editora – São Paulo – 2002. GREIMAS, Algirdas J: Semiótica Figurativa e Semiótica Plástica – Revista Significação, Nº 4 – ECA/USP 1984. OLIVEIRA, Ana Cláudia M. :– A dupla expressão da identidade do jornal – Trabalho apresentado ao CPS – Centro de Pesquisas Sociossemióticas da PUCSP e ao GT “Produção de sentido nas mídias” no XV Encontro da Compós, UNESP, Bauru, 2006.

95 6-8 DE MAIO DE 2019

Campus Conceição: Campus Centro: Rua Conceição, 321 Rua Santo Antônio, 50 São Caetano do Sul São Caetano do Sul

GT-4. Comunicação e Cultura: linguagens da arte

96 GT 04 COMUNICAÇÃO E CULTURA - LINGUAGENS DA ARTE

Coordenadores: Dra. Heloísa Duarte (UNIP) - [email protected] Doutoranda Sandra Uribe (UdeC/UNAM) - [email protected]

Ementa: Linguagem e expressividade artísticas diversas, como música, dança, canto, teatro, entre outros; expressões do corpo, das comunidades ou sociedades contemporâneas e do passado, a expressão artística como parte da memória e do patrimônio cultural.

97 Sessão: 01 Data: 07/05/2019 Horário: das 14h às 18h Sala 112, Bloco B

Coordenação Dra. Heloísa Duarte (UNIP); Doutoranda Sandra Uribe (UdeC/UNAM)

SEQUÊNCIA CÓDIGO TÍTULO AUTORES

“Oui, je suis heureuse”: a presença de Tuca na 01 GT04-003 Ricardo Santhiago história da música do Brasil

Aspectos ideológicos das canções italianas Denise Durante e Rodrigo 02 GT04-009 veiculadas, no Brasil nos “anos de chumbo” Vicente Rodrigues

A memória das canções francesas no Brasil 03 GT04-011 Raphael F. Lopes Farias através do seriado “Presença de Anita”

Formas de encenar a memória: a memória Leonardo B. de Carvalho e Ivo 04 GT04-004 materializada nos processos de R. de Sá criação em teatro Legado que trasciende: repersentación gráfica Marco Antonio R. Herrera e 05 GT04-006 del patrimonio cultural mexicano a través del Maribel . Chiu Ballet Folklórico de la Universidad de Colima

Muralismo, movimento chicano e grafite: 06 GT04-008 Juliana A. dos Santos engajamentos possíveis

O grafite como comunicação da memória coletiva do Caldeirão Santa Cruz do Deserto Kelsma A. T. Machicado e 07 GT04-012 nas dependências da Universidade Federal do Cristine Gleria Vecchi Cariri -UFCA

98 (GT04-003) “Oui, je suis heureuse”: A presença de Tuca na história da música do Brasil Ricardo Santhiago (Unifesp)

Nesta ocasião, irei apresentar comentários metodológicos e resultados iniciais sobre uma pesquisa desenvolvida no contexto maior de uma investigação sobre as relações entre a música brasileira e a música francesa. O enfoque da pesquisa sob minha responsabilidade recai sobre o trabalho da cantora e compositora Tuca, pseudônimo artístico de Valenisa Zagni da Silva, cuja vida foi precocemente encerrada (ela viveu entre 1944 e 1978). A artista legou uma obra discográfica enxuta, composta por alguns compactos e pelos LPs “Meu Eu” (1966), “Eu, Tuca” (1968) e “Drácula, I Love You” (1975), com repercussão limitada quando de seus lançamentos, sendo hoje raridades altamente disputadas no mercado de colecionadores. Tendo vivido em Paris entre o final dos anos 1960 e o início dos anos 1970, Tuca participou, lá, de duas obras altamente significativas para as relações entre a música brasileira e a música francesa. Ela produziu, arranjou e tocou no LP Dez anos depois (1971), de Nara Leão, um dos mais emblemáticos da carreira da carioca, por marcar seu período de exílio e por promover seu retorno à bossa nova. Produziu, também, La Question (1971), o décimo sexto álbum solo de Françoise Hardy, sendo arranjadora e coautora de onze de suas doze faixas. La Question é reputado como o melhor disco de Hardy, que o considera um de seus favoritos. Tendo em vista o persistente “esquecimento” de Tuca na história da música brasileira – particularmente conveniente a uma narrativa refratária a discussões sobre sexualidades desviantes e sobre os efeitos psicológicos da celebridade e do modus operandi da indústria fonográfica –, espera-se que este trabalho não apenas ajude a elucidar os intercâmbios entre a música brasileira e a música feita na França, mas também colabore para a revitalização da memória artística de Tuca.

(GT04-009) Aspectos ideológicos das canções italianas veiculadas, no Brasil, nos “anos de chumbo” Denise Durante (Universidade Paulista – Unip) Rodrigo Vicente Rodrigues (Universidade de São Paulo – USP)

O objetivo geral da pesquisa é refletir sobre como, durante os chamados “anos de chumbo”, a canção popular italiana chegou ao Brasil e ajudou a criar a paisagem sonora (Schafer, 2001) daquele momento. Enfoca-se o período que se estende do golpe militar à publicação do AI-5. Este trabalho se utiliza de informações fornecidas pelo cantor, radialista e produtor musical italiano Dick Danello, bem como de outras bases de dados, como o Nopen. Primeiramente, foi feito o levantamento estatístico das canções mais recorrentes nas paradas de sucesso e vendagem de discos. Posteriormente, foram interpretadas as letras dessas canções no sentido de se criar qualitativamente um panorama conteudístico das canções que se destacaram. Buscou-se observar se havia ou não aspectos ideológicos semelhantes nessas canções, verificando-se como os discursos contidos em suas letras dialogam (ou não) entre si. Dentre os artistas cujas canções foram analisadas, encontram-se, entre outros, Nico Fidenco, Sergio Endrigo e Gigliola Cinquetti. O texto aborda também o movimento pendular entre esse tipo de canção e aqueles que combatiam o romantismo de viés burguês: a geração rebelde representada por Rita Pavone, próxima aos movimentos de contracultura.

Referências Chauí, M. O que é ideologia, 6ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1981. Cândido, Antônio. O romantismo, nosso contemporâneo. (resumo da aula inaugural na PUC-RJ). In: Suplemento Ideias. Jornal do Brasil. Rio de Janeiro, 19 março 1988.

99 Gramsci, A. Concepção dialética da História. 6ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1986. Hugo, V. Do grotesco e do sublime. São Paulo: Perspectiva, 1991. Kant, I. Observações sobre o sentimento do belo e do sublime. Campinas: Papirus, 1993.

(GT04-011) A memória das canções francesas no Brasil através do seriado Presença de Anita Raphael Fernandes Lopes Farias (Universidade Paulista – Unip)

A presença do cancioneiro francês em produtos audiovisuais brasileiros é bastante significativa. Dentre os variados produtos midiáticos que servem de exemplo para tal afirmação, este trabalho seleciona o seriado televisivo Presença de Anita, que fora transmitido pela Rede Globo originalmente em agosto de 2001, sendo reprisado outras cinco vezes em canais da mesma Rede. Por meio do estudo das canções das/nas mídias (VALENTE, 2003), nota-se que alguns cantores nacionais e algumas canções francesas são reincidentes no repertório cultural brasileiro. A telenovela desempenha um papel fundamental de memória (HAMBURGER, 2005; LOPES, 2004), do mesmo modo que as canções, inseridas nesse contexto, criam um diálogo entre poéticas para formar uma ideia. Portanto, a visualidade da telenovela reforça um tipo de imaginário ligado a esse repertório francês, tido como “romântico”, mas com especificidades que serão aqui indicadas, ao mesmo tempo em que serve de veículo difusor do cancioneiro francês no Brasil.

Referências GOMES, R. Matrizes culturais e formatos industriais: uma série brasileira de televisão. Caligrama (São Paulo. Online), 2(2), 2006. HAMBURGER, Esther. O Brasil antenado: a sociedade da novela. Rio de Janeiro: Zahar, 2005. LOPES, Maria Immacolata Vassallo. Para uma revisão das identidades coletivas em tempo de globalização, in LOPES, M. I. V. (org.). Telenovela: internacionalização e interculturalidade. São Paulo: Loyola, 2004. MARCADET, Christian. Fontes e recursos para a análise das canções e princípios metodológicos para a constituição de uma fonoteca de pesquisa. In: VALENTE, Heloísa (org.) Música e mídia: novas abordagens sobre a canção. São Paulo: Via Lettera; FAPESP, 2007. MOTTER, Maria de Louder. A telenovela: documento. REVISTA USP, São Paulo, n.48, p. 74-87, dezembro/ fevereiro 2000/2001. VALENTE, Heloísa A. D. As vozes da canção na mídia. São Paulo: Via Lettera/ FAPESP, 2003.

100 (GT04-004) Formas de encenar a memória: a memória materializada nos processos de criação em teatro Leonardo Birche (Universidade Municipal de São Caetano do Sul – USCS) Ivo Ribeiro de Sá (Universidade Municipal de São Caetano do Sul – USCS)

No teatro contemporâneo, são frequentes os processos de criação de espetáculos que têm na memória – dos autores, ou dos atores do espetáculo, ou de uma comunidade, ou das testemunhas de um fato, apenas para citar alguns exemplos – seu disparador e matriz criativa. Tendo em vista este trabalho sobre a memória no período de ensaio e pesquisa para a criação teatral, torna-se importante verificar: como as memórias são encenadas nos resultados finais dos processos de criação? Esta pesquisa tem como objetivo exemplificar algumas possibilidades de encenação para as memórias em espetáculos teatrais a partir da descrição destas possibilidades em três peças: “Campo Minado”, “Luis Antonio – Gabriela” e “Favor beber o leite, senão estraga”; bem como a apresentação dos procedimentos de criação da terceira peça a partir das memórias. A metodologia da pesquisa é exploratória bibliográfica, em materiais publicados sobre as três peças, e documental, com base em documentos do processo de criação de “Favor beber o leite, senão estraga”.

Campo Minado (2016) O espetáculo da diretora e dramaturga argentina Lola Arias tem em seu elenco seis veteranos da Guerra das Maldivas, sendo três argentinos e três ingleses. Reunidos na sala de ensaio da peça após 34 anos do fim da guerra, os seis veteranos e a diretora investigaram o que decantou ou se sepultou nas memórias do período em que combatiam em lados opostos. O resultado final do processo é um relato autobiográfico e histórico-político.

Luis Antonio – Gabriela (2011) Dirigido por Nelson Baskerville para a Cia Mungunzá, o espetáculo se originou na memória do diretor sobre seu irmão, nascido Luis Antonio, que mais tarde se tornaria Gabriela e mudaria de país, falecendo em Bilbao, longe da família. A partir de objetos pessoais, cartas, fotografias e relatos de familiares e amigos, Baskerville e o grupo criaram uma peça que traz à tona a tentativa de reconstituir a trajetória de Gabriela e a partir dos fragmentos que restaram.

Favor beber o leite, senão estraga (2015) Espetáculo dirigido por Alice Nogueira. O elenco era formado por 3 adolescentes (com 15 anos, à época) e 3 atores (com 23, 26 e 30 anos). Dentre os procedimentos utilizados no processo da peça, destacam-se: a escrita, pelos atores mais velhos, de uma carta ao seu “eu” adolescente; a gravação em vídeo de uma entrevista realizada pela diretora com os atores mais velhos, perguntando a eles sobre os sonhos que deixaram sem realizar na adolescência; a execução, por cada ator, de uma cena que materializasse uma repressão vivida na infância e uma cena que retratasse um episódio ou sensação recorrente na adolescência. A peça resultado do processo é a conjuminação do material criado e apresentado pelos atores durante os ensaios, sendo possível reconhecer o reflexo deste material nos quadros que compõem sua dramaturgia.

101 Referências CAMPO minado. Produção de Sofia Medici e Luz Algrandi, Londres: LIFT Festival, 2016. FAVOR beber o leite, senão estraga. Produção de Leonardo Birche. São Paulo: Coletivo Cronópio, 2015. LUIZ Antonio – Gabriela. Produção de Sandra Modesto e Marcos Felipe, São Paulo: Cia Mungunzá, 2011. NOGUEIRA, A. P. O Teatro Jovem: diálogos com a cena contemporânea do Brasil e da Alemanha. 2015. Dissertação (Mestrado em Artes Cênicas) – Escola de Comunicação e Artes, Universidade de São Paulo, São Paulo.

(GT04-006) Legado que trasciende: representación gráfica del patrimonio cultural mexicano a través del ballet folklórico de La Universidad de Colima Marco Antonio Robles Herrera (Universidad de Colima) Maribel Rubio Chiu (Universidad de Colima)

México es un crisol de formas, colores y sabores. Un país que manifiesta su historia a través de música y sus bailes. Cada región nos muestra un sinfín de elementos que son representados a través de ritmos y recursos musicales, acompañados de vestimentas y elementos representativos de cada entidad. Escenas de nuestra historia que, desde el surgimiento de sus comunidades prehispánicas, la época colonial y la reforma, se manifiestan como momentos icónicos de nuestra algarabía mexicana. Desde hace más de 35 años, el Ballet folklórico de la Universidad de Colima, ha contribuido en la preservación de tradiciones y costumbres de nuestro México. Como embajador cultural por excelencia, ha compartido con el mundo su arte a través de la danza, conjugando ritmos y movimientos propios de cada región. Como agrupación universitaria está entre sus quehaceres el conservar y preservar estas tradiciones, por lo que, como parte de su misión, se manifiesta el interés por llevar a cada rincón del mundo la música y el folklore mexicano, ser un referente cultural para todos aquellos que buscan, en la historia de México, las manifestaciones artísticas que hablen de nuestro pasado. Hoy en día, los recursos gráficos nos permiten conocer la historia y el surgimiento de cada repertorio, por lo que, con ayuda de elementos visuales, se busca dejar testimonio de la historia, la información y los elementos técnicos que han dado origen al acervo artístico de la agrupación. En esta ponencia se presentarán los productos gráficos elaborados como apoyo a las estrategias de información y difusión utilizadas en la campaña de la Temporada 2019 del Ballet folklórico de la Universidad de Colima. Dichos productos son una recopilación de datos significativos y referencias visuales que ilustran el desarrollo creativo y la producción escénica que conforma su repertorio, dejando con ello elementos gráficos que servirán como recursos informativos para contribuir a la manifestación, documentación y preservación del patrimonio artístico y cultural de nuestro país, dejando así un legado que trasciende.

102 (GT04-008) Muralismo, Movimento chicano e grafite: engajamentos possíveis Juliana Abramides (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP, UCSB)

As artes de rua nem sempre são politizadas e não o devem ser necessariamente mas desafiam as percepções da arte moderna e do paradoxo contemporânea e das relações cotidianas dos temas clássicos relativos a relação do humano com a natureza. A intensificação do grafite na América Latina teve referência na pintura de murais em espaços públicos, tradição nas zonas suburbanas e bairros industriais iniciada com a prática da pintura mural mexicana a partir de 1910, que trazia consigo forte apelo político e social e impulsionou o aparecimento de diversas formas de arte em espaços públicos. O presente trabalho busca uma análise sobre a importância do muralismo mexicano e do movimento posterior chicano para as artes plásticas dos últimos 40 anos. O muralismo combina os estudos acadêmicos europeus com os ensinamentos indígenas a um contexto totalmente latino americano. Em um tempo de crescente debate sobre a arte revolucionária, nasce o movimento mexicano, também chamado de Mexican mural Renaissance. Vemos na pintura muralista, a Civilização Tarascan, Zapateca, Huaxteca, Totonac, Tenochtitlan, Azteca, a figuração da constituição de 1857, A independência mexicana (1810-1821), A revolução de Madero contra a ditadura do general Don Porfírio Diaz, A execução do Imperador Maximiliano, entre outros fatos históricos revolucionários. Como parte da afirmação identitária dos Mexicanos-Americanos ao longo do movimento Chicano por direitos civis e justiça social que começou no início dos anos 60, os murais novamente provaram ser uma importante ferramenta e o significado de uma reivindicação da herança cultural a eles específica. O renascimento do muralismo pós revolução mexicana cria as bases estilísticas e de inovação para a moderna cultura do mural. Nos estados unidos principalmente pelos murais sociais realistas. Se hoje temos a arte de mural como a grande arte das ruas também nas vertentes do grafite, pixo e stêncil muito se extende a influência potente do muralismo mexicano.

(GT04-012) O grafite como comunicação da memória coletiva do Caldeirão da Santa Cruz do Deserto nas dependências da Universidade Federal do Cariri – UFCA Kelsma Maria Silva Gomes (Universidade Federal do Cariri – UFCA) Cristine Gleria Vecchi (Universidade Paulista – Unip)

Nas instituições há disputa pelos espaços de comunicação onde circula o maior número de pessoas devido às subjetividades que o alcance destas informações podem criar. O grafite, pela extensão e dinamismo que possui, impulsiona a urbe do Campus Juazeiro do Norte da Universidade Federal do Cariri e se constitui como potente ferramenta de comunicação para significar os espaços de maior circulação com a memória coletiva local. Dentre as memórias da região do Cariri delimitamos a comunidade socio-religiosa liderada pelo Beato José Lourenço, que ocupou as terras doadas pelo Padre Cícero de 1926 a 1936, e que se tornou a experiência conhecida pela bem-sucedida de organização do trabalho – após a morte do santo popular e em decorrência dos interesses dominantes da época, a comunidade sofreu um massacre. Em nosso estudo objetivamos desenvolver, por meio das técnicas do grafite, um projeto de comunicação desta memória coletiva do Caldeirão da Santa Cruz do Deserto para a UFCA campus

103 Juazeiro do Norte; buscaremos caracterizar, por meio dos relatos orais dos remanescentes, os elementos visuais que melhor refletem a memória coletiva da comunidade. Além disso, propomos elaborar um projeto de grafite para a UFCA Campus Juazeiro do Norte que comunique a memória coletiva da comunidade. O estudo será baseado em pesquisas exploratória e qualitativa se utilizando das técnicas de relatos orais para a coleta dos dados junto aos remanescentes e seus descendentes. Os caminhos de silenciamento e esquecimento percorridos por estas memórias nos levam a considerá-las com os acúmulos e desgastes do tempo. As fontes documentais e bibliográficas servirão para explicar como as memórias se construíram. Para a criação dos grafites memórias relacionaremos os relatos orais com as fontes audiovisuais. Para o presente momento temos que o estudo sobre o Caldeirão da Santa Cruz do Deserto se destaca pela relevância de suas memórias submetidas ao silenciamento e esquecimento através das décadas. Segundo o pensamento de Pollak, memórias sufocadas pelos dominadores continuam seu trabalho em silêncio e esperam o momento de cobrar seu reconhecimento. A melhor forma de acesso às memórias se dá pelos sentidos: cheiro, som, movimento, contrastes visuais diz (POLLAK, 1989). Temos, então, que a comunicação da urbe é rica em informação, estímulos visuais e interação e é neste espaço que o “grafite vai estar se inserindo como forma de comunicação. Dentro de um campus universitário que possui a heterogeneidade característica das cidades, de seus meios e suas mediações várias formas de criatividade estética se manifestam e “dentre todas essas expressões, talvez seja o grafite o que apresenta uma transformação mais sintomática das mudanças em curso no modo de existência do popular urbano (MARTIN-BARBERO, p. 276, 1997). Se arquitetura predial, monumentos, estátuas, placas e os registros que se fizeram deles conservaram a memória histórica (CANCLINI, 1997), grafites pela sua natureza comunicacional se constitui a potencialidade expressiva necessária à manutenção das memórias coletivas.

Referências CANCLINI, N. G. Culturas hibrídas, poderes oblíquos - Estratégias para entrar e sair da modernidade. São Paulo: EDUSP, 1997. Disponível em: http://www.cdrom.ufrgs.br/garcia/garcia.pdf. Acesso em: 06 dez. 2018. MARTÍN-BARBERO, J. Dos meios às mediações: comunicação. cultura e hegemonia. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 1997. POLLAK, M. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, vol. 2, n. 3, 1989, p. 3-15.

104 Sessão: 02 Data: 08/05/2019 Horário: das 14h às 18h Sala 112, Bloco B

Coordenação Dra. Heloísa Duarte (UNIP); Doutoranda Sandra Uribe (UdeC/UNAM)

SEQUÊNCIA CÓDIGO TÍTULO AUTORES

Uma breve cartografia dos anos 80 a GT04-002 partir de algumas canções dos Enge- 01 Therence S. A. Feitosa nheiros do Havaí: semiótica, mídia e produção de sentido Narrativas, imaginário, identidade e 02 GT04-010 memória: Considerações sobre o Ra- Renan M. de Q.Souza tos de Porão (RDP)

Música e os problemas de aprendiza- 03 GT04-001 Eliane H. da S. Martinoff gem na fase da alfabetização

O palco da Mostra Internacional de Teatro de São Paulo (MITsp) como 04 GT04-007 Virginia Lais de Souza possibilidade de ressignificação de estigmas do corpo Cultura y comunicación: una apro- Karla Andrea Terán Machicado 05 GT04-013 ximación a la danza como forma de e Aline Wendpap Nunes de comunicación en Bolivia Siqueira

Comunicación como diálogo e inter- 06 GT04-005 Irving S. A. Rocha culturalidad

105 (GT04-002) Uma breve cartografia dos anos 80 a partir de algumas canções dos Engenheiros do Havaí: semiótica, mídia e produção de sentidos Therence Santiago Alves Feitosa (Universidade Paulista - UNIP) O presente artigo tem como objeto de estudo duas canções do pop rock brasileiro nos anos de 1980 e sua relação na construção/produção de sentidos naqueles meandros. Para isso, foi investigado os diálogos desenvolvidos no âmbito da cultura, entre os sujeitos da cultura, os objetos da cultura e os ambientes/ paisagens em que viviam esses sujeitos. Para uma melhor abordagem do objeto, foram feitas análises relacionais, direcionadas para as atenções/ações desprendidas pelas mídias do período, bem como, as ações/representações dos sujeitos envolvidos nos processos dialógicos. Buscou-se entender algumas questões importantes que aconteciam no Brasil a partir das produções culturais, tendo como ponto de partida o rock (que em um determinado momento se tornaria pop rock) produzido no período. Pensando a música, em específico o pop rock brasileiro dos anos de 1980, surgiram as seguintes inquietações: como é possível compreender através das canções de algumas bandas do pop rock brasileiro, alguns traços marcantes da sociedade brasileira nos anos de 1980? Quais diálogos foram estabelecidos entre os sujeitos, as mídias e a cultura nos processos relacionados à comunicação? Para responder essas inquietações, foram analisadas aqui duas canções da banda Engenheiros do Havaí, são elas: Além dos outdoors e A Revolta de Dândis I. A escolha tanto da banda, como das duas canções se deu pelo fato de como os Engenheiros impactaram uma parcela significativa dos jovens roqueiros naquele momento (isso pensando suas propostas sonoras/poéticas). A escolha da banda e das duas canções na presente investigação se deu pelo fato de ambas expressarem em suas performances sonoras, elementos compósitos antropofágicos (no sentido oswaldiano do conceito). Acrescenta-se o fato de que nas duas canções diversos elementos tessiturais (semioticamente falando) explodiram em potentes narrativas. Essas narrativas, serviram como instrumentos cartográficos que evidenciaram traços socioculturais marcantes em se tratando de uma significante parcela de jovens, que naquele momento (anos de 1980), “gritavam” performaticamente pelos quatro cantos. O itinerário trilhado no artigo, seguiu na linha de compreender melhor o que Lótman (1981) define como “complexo e heterogêneo contexto cultural”. Partindo da compreensão de como ocorreram determinados movimentos da cultura, é possível o desenvolvimento de leituras mais precisas dos fenômenos que compõe as dinâmicas sociais. Tais leituras, como apontado na presente investigação, evidencia que as relações dentro “desses contextos”, elucidados por Lótman (1981), sempre se dão de maneira emaranhada, e não ortogonal. As abordagens aqui elaboradas partiram de premissas qualitativas, onde o posicionamento teórico desenvolvido, metodologicamente falando, se concentrou de início, em teorias/elementos da Semiótica da Cultura, da Comunicação e da Antropologia (Bakhtin, Barbero, Canclini, Glissant, Lótman, Pinheiro, Zumthor, entre outros). A investigação se desdobrou em olhares atentos para as maneiras que foram “feitos” os códigos (processos criativos), bem como, nas formas em que os mesmos possivelmente foram decodificados, ou seja, analisando as canções (análises internas e externas das letras, e suas combinações com os elementos sonoros/arranjos), procurou-se perceber os nexos possíveis do fenômeno estudado, com os diversos elementos constituintes dos sistemas de linguagens presentes naquele momento.

(GT04-010) Narrativas, imaginário, identidade e memória – Considerações sobre o Ratos De Porão (R.D.P.) Renan Marchesini de Quadros Souza (Universidade Metodista de São Paulo – Umesp)

Esta investigação busca compreender as relações entre narrativa, imaginário, identidade e memória partindo de uma perspectiva comunicacional da música, tendo como base o conjunto paulista Ratos

106 De Porão (R.D.P.). Suas músicas reativam sentidos de imaginário e memória que constroem e reforçam os sentidos indenitários. Ao narrarem a história recente do Brasil em suas letras de realidade social, colocam em uma perspectiva convergente as diversas experiências que compõem uma memória que cria a identidade do grupo ao qual pertencem (punks/headbangers). Para tal debates utilizamos como aportes teóricos, Laplantine, Trindade, Hall, Maffesoli e González para tratar das identidades e do imaginário, Elsa Peralta, Beatriz Sarlo e Ricouer no que concerne narrativas e memória.

(GT04-001) A música e os problemas de aprendizagem na fase de alfabetização Eliane Hilario da Silva Martinoff (Universidade Municipal de São Caetano do Sul – USCS)

A linguagem oral, a escrita, o sistema numérico, entre outros, fazem parte de um sistema de signos que são criados pela sociedade ao longo da história. Sabemos que a escrita passou historicamente por um processo de transformações ao longo dos tempos, primeiramente em forma de desenhos e, mais tarde, utilizando diferentes letras e sinais. Ferreiro (2017) considera que existem duas formas diferentes de se conceber a escrita: como representação da linguagem ou como um código de representação das unidades sonoras; Barbosa (2008) avalia a escrita como um suporte gráfico da memória auditiva, reconhecendo essa memória e a percepção sonora como partes importantes no processo de aquisição dessas habilidades. Huotilainen (2011) pondera que o desenvolvimento da percepção auditiva está relacionado à exposição sonora e a ações comunicativas na infância. Sabemos que não somente a percepção auditiva, mas também a memória sonora e visual é importante, pois o aluno deve associar o som da palavra com a grafia relativa a esse mesmo som. Sabe-se que a música está presente em todas as culturas e observa-se atualmente a ideia de que a música pode ser considerada uma forma de linguagem. Buscou-se contrapor esses conceitos com os relatos de alguns pesquisadores, a fim de verificar em que medida a música pode ser usada como recurso pedagógico por professores sem formação nessa área e que tenham sob sua responsabilidade alunos com dificuldades de aprendizagem em alfabetização. A metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica. Concluiu-se que os problemas de aprendizagem em alfabetização podem ser resolvidos desde que haja empenho e mente aberta para todas as possibilidades e a música certamente é uma delas.

Referências BARBOSA, José Juvencio. Alfabetização e leitura. São Paulo: Cortez, 2008. FERREIRO, Emília. Reflexões sobre alfabetização. [livro eletrônico]. São Paulo: Cortez, 2017. Disponível em http://bit.ly/2DB2r6E HUOTILAINEN, M. (2011). Percepção auditiva e desenvolvimento inicial do cérebro. In Enciclopédia sobre o Desenvolvimento na Primeira Infância. University of Helsinki, Finlândia. Disponível em http:// www.enciclopedia-crianca.com/sites/default/files/textes-experts/pt-pt/2432/percepcao-auditiva-e- desenvolvimento-inicial-do-cerebro.pdf. Acesso: 17/09/2018.

107 (GT04-007) O palco da Mostra Internacional de Teatro de São Paulo (MITsp) como possibilidade de ressignificação de estigmas do corpo Virginia Lais de Souza (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP) A presente pesquisa ressalta o ambiente artístico como essencial para que determinadas discussões sejam evidenciadas. Se, de um lado, temos movimentações políticas conservadoras buscando massificar o que pode ser dito e apagando determinadas vozes, nas artes do corpo temos crescentes ações visando exatamente o contrário, ao valorizar as pautas discutidas pelas chamadas minorias. A hipótese da pesquisa é que alguns trabalhos artísticos, pela maneira como propõe o debate ao público, são capazes de desestabilizar leituras em relação aos sujeitos considerados marginalizados ou excluídos socialmente. Para exemplificar o assunto, analisamos obras de teatro e dança presentes nas últimas edições da Mostra Internacional de Teatro (MITsp). Este evento tem se constituído como aglutinador de trabalhos contemporâneos de diversos países e nos ajuda a pensar, por exemplo, como questões acerca de deficiência e etnia estão evidenciadas em nossos tempos. Sendo uma pesquisa de abordagem qualitativa, não se trata de calcular a quantidade de trabalhos desta natureza, mas de investigar como as discussões foram se complexificando e não mais aceitam apenas uma afirmação trivial a respeito da urgência de diversidade e igualdade. Como conclusão parcial acreditamos que por estarmos vivenciando um momento de intensa reivindicação por uma sociedade mais igualitária, discussão que se alimenta e é alimentada pelo universo artístico, temos também a recorrência dessas temáticas no palco. Os artistas encontram maneiras de ressignificar estigmas do corpo e têm insistido em apresentar essas novas leituras ao espectador. Para embasar a pesquisa bibliográfica utilizo autores como Antonio Negri (2007, 2003), Erving Goffman (1963), André Mesquita (2011), Christine Greiner (2005, 2010).

(GT04-013) Cultura y comunicación: una aproximación a la danza como forma de comunicación en Bolivia Karla Andrea Terán Machicado (Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT) Aline Wendpap Nunes de Siqueira (Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT) Presentación del tema Se realizará un trabajo de análisis sobre la danza folklórica, tomando en cuenta que la danza es una expresión cultural y artística, con un lenguaje particular. La danza también es una forma de comunicación pues al danzar, una persona emplea su cuerpo para transmitir un mensaje emocional no verbal al mundo exterior. Basado en construcciones teóricas de Valenti, Bateson, Schutz, Luckmann y otros autores, el análisis de esta expresión artística en el contexto de las entradas folklóricas en Bolivia intentará comprender sus elementos más significativos.

Problemas de investigación El problema de investigación es que en toda situación siempre hay dos elementos en el lenguaje del cuerpo a través de la danza: el envío del mensaje y la recepción del mismo, considerando ciertas características de algunas danzas folklóricas representadas en la fiesta del Gran Poder.

Objetivos de investigación El objetivo general es hacer un análisis de la danza como forma de comunicación y expresión en la fiesta del Gran Poder.

108 Objetivos específicos Determinar la importancia de la danza como expresión de la vida colectiva en la sociedad paceña (La Paz - Bolivia). Identificar los elementos que hacen de la danza folklórica boliviana una forma de comunicación.

Metodología Se sustenta en una revisión bibliográfica de los autores que trabajan con el concepto de folclore y comunicación, con especial énfasis en la danza y el lenguaje del cuerpo. Asimismo, se pretende hacer un análisis de las danzas más representativas de la fiesta del Gran Poder, considerando su historia y significados más relevantes para un determinado grupo social.

Resultados La investigación tratará de resaltar el papel de la danza dentro de la cultura de la sociedad paceña y boliviana, pues históricamente ha sido una de las formas principales de expresión social, por el contenido emocional que expresa, comunica y transmite, que realza determinadas características que forman parte de la identidad de un colectivo. Esto genera la posibilidad de hallar nuevas formas de redefinir la danza y a su vez poder representar los significados del lenguaje del cuerpo.

Conclusiones Toda danza tiene determinados movimientos corporales rítmicos que siguen un patrón, acompañados generalmente de música. Los seres humanos tienen la cualidad de expresarse a través del movimiento. El baile es un medio de comunicación que ocupa un espacio y un tiempo determinado, puesto de manifiesto en la fiesta del Gran Poder. En la danza folklórica confluyen la capacidad representativa del lenguaje y el carácter rítmico de la música que emiten un mensaje a todos quienes aprecian esta forma de comunicación. La expresión corporal de los danzantes se sincroniza con el movimiento de los demás de una manera que favorece la cohesión social.

Referencias BATESON, Gregory; BIRDWHISTELL, Ray; GOFFMAN, Irving Et.al. La Nueva Comunicación. Barcelona-EP: 1994. MOELLER, Hans-George. O paradoxo da teoria. Tempo social. Revista de Sociología da USP, v 27. (N° 2). pp. 167-179. 2015. PAGOLA, Herminia. La danza, ¿Comprensión y comunicación a través del cuerpo en movimiento? Brocar (40). Pp. 269-293. 2016. SCHUTZ, Alfred; LUCKMANN, Thomas. Las Estructuras del Mundo de la Vida. Buenos Aires: Amorrortu, 2001. VALENTI, Vanesa. Comunicación en la danza. Performance. (2006). Argentina: UNLP.

109 (GT04-005) Comunicación como diálogo e interculturalidad Irving Samadhi Aguilar Rocha (Universidad Autónoma del Estado de Morelos)

Este trabajo tiene como propuesta abordar la comunicación desde un sentido filosófico y en relación a una experiencia existenciaria como es la experiencia intercultural. A partir de aquí se propone repensar el concepto de cultura en relación a la comunicación entendida de forma ontológica, es decir, como diálogo. Desde la comunicación entendida desde Heidegger se entiende como una comunicación existencial, esto muestra la capacidad de relación humana. Se trata de una relación donde se conforman y comprenden los sujetos de la relación, es de fondo un encuentro. Es habitual que en el contexto de la interculturalidad se utilice la palabra diálogo, concepto que encuentra dificultades en el momento de querer definirlo, trabajo que se propone llevar a cabo en este trabajo. Una de las primeras características radica en que el diálogo es diacrónico. Cuando hablo, lo hago después de escuchar al interloculor y antes de escucharlo de nuevo. El diálogo es llevado acabo todos los días, es decir, se trata de un esfuerzo mantenido. La segunda característica y siguiendo al filósofo catalán J.M. Esquirol, consiste en el hecho de que hablar exige al otro, un otro concreto, por lo que asumimos la pluralidad como constitutiva del diálogo. Y por último es una auténtica comunicación, en un diálogo sucede algo, por lo que es un acontecimiento, algo cambia como tiene lugar un diálogo. Esto implica que el diálogo no sea repetición y no nos sujeta al pasado, es decir, el diálogo es capaz de creación. En este sentido el lenguaje es la forma esencial del diálogo en la que se encuentra con otros, y con ello la comunicación requiere de la creación de un leguaje común. Desde el sentido intercultural la auténtica comunicación permite tender los puentes desde la diferencia, que permite repensar en sentido ontológico, también del concepto de cultura.

110 6-8 DE MAIO DE 2019

Campus Conceição: Campus Centro: Rua Conceição, 321 Rua Santo Antônio, 50 São Caetano do Sul São Caetano do Sul

GT-5. Cultura e Memória: tecnologias de informação e comunicação

111 GT 05 COMUNICAÇÃO E CULTURA TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO

Coordenadores: Dr. Alan Angeluci (USCS) - [email protected] Dra. Aidée Arellano (UdeC) - [email protected] Dr. Liráucio Girardi Junior (USCS) – [email protected]

Ementa: As novas articulações da memória em tempos de informatização e digitalização, assim como grandes volumes de dados (Big Data). Automatização da vida dos sujeitos e as comunidades das novas mídias e dos algoritmos da comunicação; arquivos e buraco negro digital; estudos de autofoto, registros multimídia, inclusão digital e a nova sociabilidade por meio das redes sociais, questões de privacidade ou de vigilância e estudos sobre cibercultura.

112 Sessão: 01 - Afetos e mídias Data: 07/05/2019 Horário: das 14h às 18h Sala 114, Bloco B

Coordenação Dr. Alan Angeluci (USCS)

SEQUÊNCIA CÓDIGO TÍTULO AUTORES

Nostalgia e Saturação do Passado – o 01 GT05-025 Bruno Vieira Leonel resgatemidiático de memórias Mario Abel Bressan Júnior, Afetos e Memória em Rede: conversações Francisca D`Altoé, Isadora 02 GT05-002 “estendidas” de uma memória teleafetiva Vicente Rafael e Marina da em Verão 90 Silva Barbosa. Futebol ao Vivo e Twitter: segunda tela e 03 GT05-011 as relações entre televisão e rede Dario da Silva Leite social digital Comunicação e Cognição: aproximações Luís Roberto Albano Bueno 04 GT05-023 entre máquina semiótica e inteligência da Silva artificial A tecnologia e sua influência na Missila Loures Cardozo e 05 GT05-005 sociedade da informação: os games e suas Marina Jugue Chinem transformações Avaliações nas plataformas digitais: a 06 GT05-013 opinião de desconhecidos influencia o Marcello Tenório de Farias comportamento, o desejo e o consumo Loja conceito, tecnologia, experiência e 07 GT05-024 memória: estudo de caso da loja Hering Danuza Pessoa Polistchuk Experience

113 (GT05-025) Nostalgia e Saturação do Passado – o resgate midiático de memórias Bruno Vieira Leonel (Universidade Estadual de Londrina – UEL)

Vivemos hoje uma era de intensa produção midiática voltada para o resgate de antigas memórias! Junto com o progresso tecnológico, nas últimas décadas vimos surgir também uma crescente obsessão pelas técnicas de arquivamento de imagens, pelos remakes e pelo ‘retrô’ - com a criação de informações e produtos cada vez mais focados no resgate de lembranças e no saudosismo. Seja no alto investimento em remakes, nos reboots e continuações (cinema), no armazenamento sem limites do big data, e até na recriação de personalidades mortas (com hologramas e CGI), nos tornamos uma sociedade disposta a pagar caro pelo prazer de rever antigas lembranças. Criamos hábitos de consumo que se dedicam à compra e à posse de objetos (como souvenires e almanaques de antigas décadas) por achar que a coleção de certos símbolos é capaz de recuperar sentimentos próximos do que a lembrança original causava. Décadas atrás, autores como Walter Benjamin já analisavam a questão das obras de arte e da cultura inseridos em novos aparatos tecnológicos, mas hoje, este processo parece ter avançado a níveis ainda mais intensos. Nunca se dedicou tanta tecnologia para recriar e acessar imagens e símbolos do passado. Este processo acontece no entretenimento, na mídia (com matérias especiais que resgatam antigos acontecimentos) e ainda na moda. Essas antigas memórias, no capitalismo, passam a ser inseridas em uma nova lógica que oferece mensagens e consumo através de impressões nostálgicas. Vendendo mercadorias com um apelo emocional embutido, produções midiáticas hoje buscam sensibilizar o público evidenciando a ausência de antigas reminiscências, e oferecendo novos ‘mitos’ sobre banalidades da cultura pop, lembranças da infância, e sobre imagens ligadas à figura de um passado perdido (e idealizado). Esse ‘resgate’ de memória se abastece, sobretudo no amplo acervo de referências arquivadas hoje disponível. Atualmente, ao invés de uma única memória, temos fragmentos e emaranhados de diversas memórias (coletivas, digitais, arquivadas, artificiais) que se misturam e se repelem, que se modificam enquanto se repelem. Todo o nosso entendimento de história e de passado, é filtrado por uma lógica midiatizada que ressignifica símbolos e impressões. “Não é que o passado lance a sua luz sobre o presente, ou que o presente lance a sua luz sobre o passado, mas, antes, imagem é onde o ocorrido encontra-se com o agora como num raio formando uma constelação. Em outras palavras: Imagem é a dialética em suspensão”” (Márcio Seligmann, 1999). Neste trabalho pretendemos analisar alguns casos ligados aos processos de obsessão com acervos artificiais de memória, e como aparatos tecnológicos geram novas dinâmicas nestes processos, sobretudo em relação ao arquivamento, e também à novos entendimentos da historiografia com a idealização do passado. Utilizando ideias de escritores como Walter Benjamin – com textos discutidos por autores como Márcio Seligmann – e obras de nomes como Andreas Huyssen e Ryan Lizardi (e seu livro ‘Mediated Nostalgia’ de 2014), veremos como essa nova lógica midiática transforma antigas reminiscências e tenta embutir novos consumos e sensações a símbolos já estabelecidos no imaginário do público alvo.

114 (GT05-002) Afetos e memória em rede: conversações “estendidas” de uma memória teleafetiva em Verão 90 Mario Abel Bressan Júnior (Universidade do Sul de Santa Catarina – Unisul) Francisca D’altoé (Universidade do Sul de Santa Catarina – Unisul) Isadora Vicente Rafael (Universidade do Sul de Santa Catarina – Unisul) Marina da Silva Barbosa (Universidade do Sul de Santa Catarina – Unisul)

Nos dias de hoje, tratamos mais da coletividade na rede do que propriamente comunidades. A televisão transpõe a coletividade para fora de casa, com as redes. “Hoje, porém, não precisamos mais dividir com os amigos ou familiares o tradicional sofá da sala em frente à TV para conversar sobre nossos programas preferidos da televisão”. (FECHINE, 2014, p. 128). Esta coletividade na rede, na internet, é que fortalece a formação da SocialTV. Como diz Fechine (2014), essas práticas reforçam, ao invés de ameaçar, o consumo da programação. Para a autora, há duas razões para isso. A primeira razão se dá pela instantaneidade provocada pela troca de informação, que privilegia o consumo dos conteúdos de acordo com o fluxo da programação ofertado. “Sofá estendido”, diz Fechine (2014), a respeito da conexão dos espectadores. A segunda razão consiste na intervenção dos telespectadores nos programas “ao vivo”, no sentido de que é monitorado o que passa a ser publicado nas redes sociais e, muitas vezes, acabam incorporando como conteúdo (FECHINE, 2014). Esta pode ser considerada a nova forma de se ver e fazer TV. A participação online do telespectador não só reforça a função da programação, como diz: “ei estou aqui, estou te vendo e falando sobre você”. Talvez aí esteja a comprovação da cultura convergente de Jenkins (2009). Há um cruzamento de conteúdos em meios distintos. A TV não deixará de existir em função da participação ativa do público nas redes. Pelo contrário, o “sofá estendido” de Fechine (2014) corrobora para que, cada vez mais, se tenha a certeza de que a TV não deixará de existir. O que será diferente é a forma, como se lida com ela e com os novos dispositivos para assisti-la. É por esta conversação em rede, por meio do “sofá estendido” que vem acontecendo uma “propagação” de uma memória teleafetiva com as imagens revisitadas na televisão. Esta pesquisa objetiva apresentar a movimentação e a afetividade do telespectador ao comentar em sites de redes sociais, suas lembranças ao assistir a telenovela Verão 90, exibida atualmente às 19h30min, na Rede Globo de Televisão. A memória teleafetiva (BRESSAN JÚNIOR, 2017) é aquela composta por pulsões emocionais do telespectador, que ao estar diante da imagem revisitada na televisão, reconstrói um laço social de um tempo vivido. Os sentimentos que se despontam só são rememorados em razão de um grupo social de referência, em que a TV fez parte, e que são externados via site de rede social. A audiência necessita expor suas afeições e recordações diante do que vê. Com o método da análise de conteúdo (BARDIN, 2011) e com a coleta dos tweets realizados durante a primeira semana de exibição da telenovela Verão 90 foi possível perceber elementos rememorados na abertura, trilha sonora e objetos de cena. Reminiscências afetivas que são expostas na rede através de uma conversação “estendida”, provocadas por uma memória teleafetiva.

115 Referências BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. 2ª reimp. da 1.ed. São Paulo: Edições 70, 2011. BRESSAN JÚNIOR, Mario Abel. A Memória Afetiva e os Telespectadores: um estudo do Canal Viva. 2017. Tese (Doutorado em Comunicação Social) – PUCRS, Porto Alegre, 2017. FECHINE, Yvana. Elogio à programação: repensando a televisão que não desapareceu. In.: CARLÓN, Mario; FECHINE, Yvana (Orgs.). O fim da televisão. Rio de Janeiro: Confraria do Vento, 2014. HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva. São Paulo: Centauro, 2003. LE BRETON, David. As paixões ordinárias: antropologia das emoções. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009.

(GT05-011) Futebol ao vivo e Twitter: segunda tela e as relações entre televisão e rede social digital Dario da Silva Leite (Faculdade Cásper Líbero)

A partir das experiências em Segunda Tela, esse trabalho investiga as interações entre os espectadores/ usuários e as emissoras de Televisão durante as transmissões ao vivo de futebol a partir da Rede Social Digital Twitter. Partiremos de uma análise da relação entre a televisão e público. Como os arranjos sintagmáticos que envolvem a grade de programação das emissoras molda e é moldada pela cotidianidade do telespectador. Como o hábito de assistir à Televisão – como indica Yvanna Fechine – tem muito a ver com essa fruição que determina o nosso dia-a-dia. O tempo da TV e o tempo das pessoas são simultâneos. A transmissão direta da Televisão reforça esse tempo comum em que o acontecimento se dá ao mesmo tempo em que é transmitido, ao mesmo tempo em que é visto. Esse tempo comum dirige o nosso olhar a um conceito da semiologia – desenvolvido por Eric Landowski: o sentido estésico; um sentimento de participação no espetáculo em si e um pertencimento ao grupo de pessoas que em torno dele se reúnem. A TV, com seu discurso constrói, esse “lugar” comum da interação e o surgimento dos aplicativos e aparatos móveis – a partir da segunda tela – se agregam a esse processo, permitindo ao torcedor expressar também – em tempo real – seus sentimentos e opiniões. Nesse ponto, Lucia Santaella e Renata Lemos levantam algumas características que transformam o Twitter em arena preferida para as interações em segunda tela durante os jogos de futebol. A sintaxe de 280 caracteres namora com o tipo de interação apaixonada que os torcedores costumam fazer na rede. A formação de laços sociais não é baseada apenas ou de forma mais relevante em vínculos pré-existentes, mas sim na penetração individual em fluxos de ideais, ideias compartilhadas em tempo real, em movimento contínuo. Na hipótese defendida aqui, a sintaxe reduzida e a velocidade de formação e encerramento de laços sociais se assemelham muito à experiência vivida pelo torcedor num estádio de futebol. Nesse universo de interações e vínculos emocionais, a pesquisa pretende ainda– a partir das classificações apresentadas por Raquel Recuero – demonstrar como essas relações se estabelecem. Conceitos como cooperação, competição e conflito, além de questões como reputação e autoridade. A criação de personas pelos atores, as relações entre expert e fã nem sempre respeitam a autoridade nascida fora da timeline. O artigo vai se basear em recursos bibliográficos, estatísticos e na observação do fenômeno.

116 (GT05-023) Comunicação e cognição: aproximações entre máquina semiótica e inteligência artificial Luís Roberto Albano Bueno da Silva (Universidade de Sorocaba – Uniso) Esta pesquisa tem como tema a relação comunicação/cognição cujas aproximações se fazem com conceitos de máquina semiótica, Inteligência Artificial e semiótica ou lógica peirceana (proposta por Charles Sanders Peirce). Considera-se, de um lado, a máquina semiótica como um dispositivo não necessariamente orgânico que realiza um processo cognitivo e a Inteligência Artificial como um meio sintético que simula processos cognitivos de tomada de decisões independentes; de outro, considera- se que os processos cognitivos envolvem transformações dos signos e não apenas troca de informações e dados. Diante deste contexto, pergunta-se: Em que medida a cognição em sistema inteligente e em máquina semiótica aproxima-se da semiose na mente humana, interpretada na perspectiva da semiótica peirceana? O objetivo geral consiste em compreender especificidades da semiose, a partir de sistema inteligente e máquina semiótica, fundamentando-se na semiótica ou lógica proposta por Charles Sanders Peirce, enquanto explicitar as teorias peirceanas e conceitos de máquina semiótica; tratar da Inteligência Artificial e identificar especificidades da cognição em Inteligência Artificial e em máquina semiótica constituem os objetivos específicos. A metodologia envolve pesquisa bibliográfica e comparação entre a aprendizagem – ou semiose - desenvolvida em Inteligência Artificial e em máquina semiótica, valendo-se de representações gráficas para as dez classes de signos que constam na semiótica ou lógica peirceana. A reflexão sobre comunicação e cognição, em momentos em que este é configurado ou reconfigurado, ou mesmo guiado, por máquinas ou por programas, em que o pensamento precisa ser visto para além de desenvolver o potencial de executar algoritmos com o auxílio de máquinas, constitui a relevância desta pesquisa.

(GT05-005) A tecnologia e sua influência na sociedade da informação: os games e suas transformações Marina Jugue Chinem (Universidade Municipal de São Caetano do Sul – USCS) Missila Loures Cardozo (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP) Trata-se de uma pesquisa inicial sobre as transformações culturais que a tecnologia produziu na sociedade com foco no universo dos games. A narrativa é um modo central de compreender o mundo que nos rodeia. À medida que a narrativa se expandiu para as mídias digitais, novas possibilidades surgiram para a criação e o design visual das narrativas criam novas formas de erudição e comunicação. Este artigo busca compreender o uso de interfaces gráficas em adaptações de narrativas de jogos digitais, com a composição de personagens e cenários nas adaptações, bem como levantar a importância das transformações, como ocorre a produção de conteúdo no segmento gamer e como alterou a relação entre consumidores e as franquias de jogos. Abordar esses processos de design visual e os aspectos teóricos sobre a importância deste sistema organizativo para a percepção e estética com o embasamento que nos possibilita compreender como o conhecimento é construído. As adaptações transmidiáticas entre literatura, cinema e jogos digitais na evolução de histórias se constrói nas narrativas visuais onde se compreende as imagens como linguagem e sua utilização nesta organização é impulsionada por seu design visual. Essas representações estariam impregnadas de signos, sentidos e códigos visuais que se sobressaem constantemente, implicando seleções, sobreposições, relações, sucessões e uma troca dinâmica de valores. O juízo estético que exige de cada um, busca uma comunicação universal e resgata esteticamente os conceitos da percepção visual. O estudo abordará um breve estudo de narrativas adaptadas para os jogos digitais, como a série literária Harry Potter, buscando comparar os jogos produzidos com base na

117 adaptação para cinema e na adaptação direta dos livros para jogos. Na produção de conteúdo para os games, será realizada observação das interfaces gráficas utilizadas nos canais gamer. Este estudo preliminar será desenvolvido através de pesquisa documental sobre jogos digitais, narrativas, interfaces gráficas e produção de conteúdo para o Youtube. A principal constatação é de que os canais de Youtube servem de suporte para os jogadores, que encontram ajuda e dicas sobre os games, além de permitir que usuários se conectem e troquem experiências valiosas para manter a jogabilidade.

Referências CAMPBELL, Joseph & MOYERS, Bill. O poder do mito. 1990. CASTELLS, Manuel. A Sociedade em Rede. Volume I. 8ª edição revista e ampliada. São Paulo: Paz e Terra, 1999. COLBERT, DAVID. Mundo Mágico de Harry Potter. 1ª Edição, São Paulo: Sextante, 2001. COUCHOT, Edmond. A tecnologia na arte: da fotografia à realidade virtual. Porto Alegre: UFRGS, 2003. (Trad. Sandra Rey). 319 p. JENKINS, Henry. Cultura da Convergência. São Paulo: Aleph, 2009. MURRAY, Janet H. Hamlet no Holodeck: o futuro da narrativa no ciberespaço. Editora UNESP, São Paulo, 2003.

(GT05-013) Avaliações nas plataformas digitais: a opinião de desconhecidos influência o comportamento, o desejo e o consumo Marcello Tenorio de Farias (Universidade Municipal São Caetano do Sul – USCS) As plataformas digitais contemporâneas trouxeram um grande poder para os usuários: as avaliações online. A todo tempo as pessoas estão consultando reviews de lugares, produtos ou serviços para criarem uma opinião convicta sobre tomar uma decisão ou não. Essa decisão está totalmente relacionada ao que outros usuários já registraram sobre suas percepções e vivências, mesmo que eles sejam desconhecidos. Esse artigo tem como objetivo se aprofundar na percepção do comportamento dos indivíduos no ambiente digital em relação às avaliações online e então analisar os conceitos que formam esse universo, considerando os perfis diferentes dos usuários, seus respectivos comportamentos e o resultado que as avaliações causam, com dados comprovados por meio de pesquisa realizada.

(GT05-024) Loja conceito, tecnologia, experiência e memória: estudo de caso da loja Hering Experience Danuza Pessoa Polistchuk (Universidade Municipal de São Caetano do Sul – USCS)

Apresentação A forma como as marcas têm se comunicado com o mercado sofreu alterações ao longo dos anos. A participação e a interação dos consumidores com as marcas são fatores importantes no processo de escolha. Não basta apenas anunciar, é necessário cativar, envolver, falar a mesma língua, ressignificar o consumo e, principalmente, promover experiência. Nesse novo contexto, o virtual e todos dispositivos eletrônicos digitais facilitam a promoção de novas formas de interação e de compra.

118 O setor varejista também vem se transformando para atender a essas novas demandas. Lojas passam a ser vitrines de tendências das grandes marcas, que utilizam o PDV para promover experiência tangível aos consumidores. Elas assumem um papel importante para consolidar os valores da marca, oferecer um contato mais profundo e completo e envolver as pessoas em seu universo, ao mesmo tempo em que sugerem soluções para os seus problemas, conquistando, gradativamente a sua preferência. Nesta perspectiva de mercado, as marcas investem cada vez mais em projetos de concept store e flagship store e servem-se de todo o aparato tecnológico disponível para alcançar seus objetivos, como é o caso do objeto deste estudo: a loja conceito da marca Hering de São Paulo, a Hering Experience.

Problema Se a marca Hering está investindo em um espaço de interação, que transmita seus valores, promova a experiência, se valendo de técnicas como o marketing sensorial, o storytelling e dos aparatos tecnológicos, como essas novas formas de comunicação no PDV podem ajudar na construção de sua memória e contribuir para a lembrança da marca?

Objetivos Investigar de que maneira a marca Hering utiliza os aparatos tecnológicos que promovem interação e experiência ao consumidor em sua loja conceito, aliando-os às técnicas de storytelling e marketing sensorial. Compreender como essa nova mudança na comunicação do seu PDV reforça a imagem da marca e contribui para a manutenção da sua memória e lembrança.

Métodos Trata-se de pesquisa de caráter exploratório com realização de revisão bibliográfica sobre os eixos temáticos visual merchandising, marketing sensorial, comunicação e tecnologia e construção da memória. Para responder aos objetivos, será realizada entrevistas qualitativas com funcionários da loja Hering e consumidores.

Resultados e conclusões Pelo fato das entrevistas ainda não terem sido realizadas, os resultados aqui apresentados são parciais e frutos apenas da revisão bibliográfica. A interferência da tecnologia no modo de comunicar o espaço do PDV tem transformado o modo de marcas se relacionarem com seus consumidores e proporcionar experiências tangíveis a eles. Nessa perspectiva, os consumidores interagem com a marca em seu próprio espaço, que foi pensado para que ele se sinta parte da sua história.

Bibliografia BAUMAN, Z. Globalização: as conseqüências humanas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1999. BLESSA, Regina. Merchandising no ponto-de-venda. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2011. CASTELLS, M. A sociedade em rede. vol. I. São Paulo: Paz e Terra, 2003.

119 NORA, Pierre. Entre memória e história: a problemática dos lugares. Projeto História: Revista do Programa de Estudos Pós-Graduados de História, São Paulo, v. 10, 1993. Disponível em: . Acesso em: 09 mar. 2019. RUSSO, Beatriz; HEKKERT, Paul. Sobre amar um produto: os princípios fundamentais. In: MONTALVÃO, Cláudia; DAMAZIO, Vera (Org.). Design ergonomia emoção. Rio de Janeiro: Mauad, 2008. SCHMITT, Bernd H. Marketing experimental: sua empresa e suas marcas conquistando o sentir e o pensar, o agir e o identificar-se dos clientes. São Paulo: Nobel, 2000. SCHULTZ, D.; BARNES, B. E. Campanhas estratégicas de comunicação de marca. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2001.

120 Sessão: 02 - Registros e linguagens Data: 07/05/2019 Horário: das 14h às 18h Sala 142, Bloco B

Coordenação Dr Liráucio Girardi Júnior (USCS)

SEQUÊNCIA CÓDIGO TÍTULO AUTORES

Hiperconsumo, Excesso de Registros 01 GT05-004 Wagner Alexandre Silva Digitais e Memória A hora e a vez do instantâneo: estratégias 02 GT05-009 de gerenciamento da memória nas mídias Carolina dos Santos Vellei sociais efêmeras Memória Virtual e Rastros Digitais: 03 GT05-014 Plataformas digitais e a eternização de Pamella Regina D’Ornellas memórias afetivas Eternizando histórias: uso das novas Silvia Carvalho da 04 GT05-030 mídias como elementos para publicações Conceição e Alan Angeluci de pequena escala O compartilhamento de fotos em redes e plataformas digitais durante o incêndio Silvia Carvalho da 05 GT05-031 no Museu Nacional: como a solidariedade Conceição e Alan Angeluci dos usuários pode ajudar na construção de um repositório digital

Debate de Temas de Interesse Público na Walmir Gomes Sebastião e 06 GT05-003 Universidade Mediado pelo Facebook Thainá Rocha Silva

Linguagem audiovisual na era da Rita de Cássia Donato dos conexão e mobilidade: a produção de um 07 GT05-028 Santos e Marialda de Jesus vídeo documentário a partir do uso do Almeida smartphone

A escrita intermediária web documentaria Elaine Carneiro Brito 08 GT05-010 como dispositivo metodológico para a Fichefeux produção do saber

121 (GT05-004) Hiperconsumo, excesso de registros digitais e memória Wagner Alexandre Silva (Escola Superior de Propaganda e Marketing – ESPM)

O presente estudo tem por objetivo analisar a cultura de hiperconsumo de registros digitais proporcionada pelos aparatos eletro-eletrônicos do Século XXI e suas influências na construção de memórias e identidades no contexto atual. Com base nas ideias de “memória coletiva” de Maurice Halbwachs (2006); de “comunicação e consumo” trazidas Everardo Rocha (2005), “memória” presentadas por Andreas Huyssen (2000) e Mônica Nunes (2001); “cultura” por Campbell (2006) e Lipovetsky (2011); Sociedade em Rede de Castells (2000) e Lixo eletrônico por Favera (2014), dentre outros conceitos e autores; o presente artigo buscará, por meio do entrecruzamento dos conceitos acima citados, compreender a quão importante tem sido a prática cotidiana de registros digitais e o quão relevantes se tornaram os conteúdos digitalizados para a retomada, a preservação e a operação de memórias na contemporaneidade. O trabalho desenvolvido no artigo será subdividido em duas etapas metodológicas: uma voltada à pesquisa bibliográfica, por intermédio da qual almeja-se selecionar os arcabouços teóricos e críticos que levem a uma reflexão do estudo a ser desenvolvido e assim angariar elementos que fundamentem a compreensão do que entendemos por hiperconsumo no presente estudo e como se dá o excesso de registros digitais na contemporaneidade; e a outra de cunho netnográfico, que se constitui parte indissociável das argumentações que serão apresentadas, uma vez que será por intermédio dessa análise que poderemos identificar como os registros digitais contribuem à operação de memórias.

Referências CAMPBELL, Colin. BARBOZA, Livia. Cultura, consumo e identidade. Rio de Janeiro: FGV, 2006. CASTELLS, Manuel. A Sociedade em Rede. Tradução Roneide Venancio Majer. 8. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2000. COSTA, Maria Cristina Castilho. O Objeto, o Colecionador e o Museu. In: Imaginário. Revista do Núcleo Interdisciplinar do Imaginário e Memória NIME/Universidade de São Paulo. São Paulo, nº 2. Jan/95. FAVERA, Eduardo C.D. Lixo eletrônico e a sociedade. Disponível em: < http://www.mobilizadores.org.br/ wp-content/uploads/2014/05/artigo_favera.pdf>. Acesso em 08 jan. 2019. HALBWACHS, M. A memória coletiva. São Paulo: Centauro, 2006. HUYSSEN, Andreas. Seduzidos pela memória: arquitetura, monumentos, mídia. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2000. LIPOVETSKY, Gilles. SERROY, Jean. A cultura-mundo – resposta a uma sociedade desorientada. São Paulo: Cia das Letras, 2011. NUNES, Mônica R. F. A memória na mídia: a evolução dos memes de afeto. São Paulo: Annablume/ FAPESP, 2001. ROCHA, Everardo. Culpa e prazer: imagens do consumo na cultura de massa. Comunicação e práticas de consumo, São Paulo, v. 2, n. 3, mar. 2005. SCHMIDT, Maria Luisa Sandoval e MAHFOUD, Miguel. Halbwachs: memória coletiva e experiência. Psicol. USP [online]. 1993, vol.4, n.1-2, pp. 285-298.

122 (GT05-009) A hora e a vez do instantâneo: estratégias de gerenciamento da memória nas mídias sociais efêmeras Carolina dos Santos Vellei (Universidade de São Paulo – ECA-USP) Os avanços no desenvolvimento de tecnologias de comunicação nas últimas décadas geraram grandes volumes de trocas de informações, ocasionando uma superabundância de memórias. Com isso, a noção de que a liberdade das pessoas é ameaçada não pela falta de informação ou pela censura, mas sim pelo caos provocado pelo acúmulo de informações, aponta a necessidade de encontrar formas de educar os indivíduos em um universo comunicacional pautado pelo excesso (LIPOVETSKY e SERROY, 2011). Neste contexto, esta pesquisa investiga o surgimento de aplicativos de troca de mensagens e de redes sociais que permitem a postagem de conteúdos efêmeros, como o Snapchat e o Instagram, que subvertem a lógica do acúmulo através do apagamento compulsório. A partir de uma revisão crítica de bibliografia sobre o tema, identificou-se a influência de três fenômenos concomitantes que constroem a base para o surgimento das mídias sociais efêmeras. O primeiro deles diz respeito à constante aceleração dos processos de produção, intensificada a partir da modernidade. Bauman (2001) acredita que o esforço para acelerar a velocidade do movimento tenha chegado a seu “limite natural” na contemporaneidade. Outro fenômeno é a condição de uma memória saturada pela produção incessante de informações, em que o ritmo frenético de acontecimentos da atualidade compromete a capacidade de se absorver informações e gerar novas memórias, contribuindo para a formação de um “eterno presente” (ROBIN,2016), terceiro fenômeno deste recorte teórico. Nesse sentindo e de forma semelhante, a ideia da valorização de um tempo fragmentado e instantâneo também permeia os estudos de outros pesquisadores: “tirania do momento” (ERIKSEN, 2001), “tempo pontilhista” (BAUMAN, 2008), “presente perpétuo” (DEBORD, 2009) e “presentismo” (HARTOG, 2013). Em complemento, a pesquisa ainda se vale de uma análise descritiva das ferramentas disponíveis nas principais plataformas de conteúdo efêmero da atualidade, destacando mecanismos do Snapchat e do Instagram que dialogam com as tendências socioculturais identificadas na investigação bibliográfica. No estágio atual da análise, é possível observar que ambas plataformas oferecem mecanismos de apagamento de publicações após 24 horas e, ao mesmo tempo, também possibilitam o arquivo para os usuários que desejam resgatar lembranças. Entende-se que a criação de ferramentas de controle de memórias dentro das ambiências estudadas pode facilitar o gerenciamento das histórias compartilhadas por estes meios, contribuindo para a diminuição do acúmulo de informações e aumentando a flexibilidade na construção de narrativas mais fluídas.

Referências BAUMAN, Z. Modernidade Líquida. Rio de Janeiro: Zahar, 2001. ______. Vida para consumo. Rio de Janeiro: Zahar, 2008. DEBORD, G. A sociedade do espetáculo. Rio de Janeiro: Contraponto, 2009. ERIKSEN, T.H. Tyranny of the moment. fast and slow time in the Information Age. Londres: Pluto Press, 2001. HARTOG, F. Regimes de historicidade - Presentismo e experiências do tempo. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2013. LIPOVETSKY, G. e SERROY, J. A cultura-mundo, respostas a uma sociedade desorientada. São Paulo: Companhia das Letras, 2011. ROBIN, R. A memória saturada. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2016.

123 (GT05-014) Memória virtual e rastros digitais: plataformas digitais e a eternização de memórias afetivas Pamella Regina D’Ornellas (Universidade Metodista de São Paulo – Umesp) Em função da tecnologia, comportamentos afetivos, profissionais e até biológicos mudam. A memória se encaixa no contexto da sociedade virtualizada, munida de dispositivos tecnológicos, ao ser de alguma forma desconsiderada como procedimento orgânico essencial às experiências pessoais. Nesse contexto, estão inseridas plataformas virtuais, como Instagram e Facebook, que colaboram com a conservação de memórias, seja por meio de fotos, vídeos ou qualquer outra manifestação pública que preserva alguma circunstância individual. Dessa forma, a proposta do artigo é discutir como as memórias têm sido armazenadas em dispositivos virtuais e as facilidades que esse comportamento contemporâneo causa. Para isso, são abordadas plataformas online como Waybackmachine, site que possibilita o mapeamento de sites e páginas online e seu desenvolvimento em períodos de tempo específicos. O Google Drive e outros sites de armazenamento também são discutidos, pois são repositórios virtuais de memórias consideradas importantes pelos usuários. Não menos importante, o próprio smartphone e sites de interações sociais, como o Facebook e o Instagram, modificam a relação do indivíduo com suas memórias pessoais, e esses locais virtuais tornam-se o local de retorno pela busca de momentos vividos. Para finalizar, é realizada uma breve análise do terceiro e último episódio da primeira temporada do seriado de ficção científica Black Mirror, chamado The Entire History of You (Toda a sua história), no qual a dimensão da memória é colocada diretamente no âmbito tecnológico e faz-se uma projeção de uma possível tecnologia ser instalada em nossa sociedade. Com as análises realizadas, conclui-se que a forma de armazenamento de memórias já não é mais a mesma: das narrativas orais e escritas, a sociedade dá um salto tecnológico e reelabora formas de conservação memórias em dispositivos virtuais, o que possivelmente favorece o esquecimento de memórias fundamentalmente orgânicas. São utilizados alguns conceitos de memória propostos por autores como Maurice Halbwachs, Elsa Peralta, Luciana Amormino, entre outros.

Referências AMORMINO, Luciana. Identidade e memória: um olhar a partir dos Estudos Culturais. Lumina, v.1, n.2, p.1-15, dez/2007. Disponível em: Acesso em:01/05/2017. GUARINELLO, Norberto L. Memória coletiva e história científica. Revista Brasileira de História. São Paulo, v.14, n.28, p.180-193, 1994. Disponível em: Acesso em: 10/06/2017. PERALTA, Elsa. Abordagens teóricas ao estudo da memória social: uma resenha crítica. Arquivos da memória. Antropologia, Escala e Memória, n.2, p.4-23, 2007. Disponível em: . Acesso em: 26/05/2017. PERAZZO, P. F. Memória e narrativas orais em estudos de comunicação social. Comunicação & Inovação, v.7, n.13, jul/dez 2006. Disponível em: . Acesso em: 17/04/2017. POLLAK, Michael. Memória, esquecimento, silêncio. Estudos Históricos, v.2, n. 3, p.3-15. Rio de Janeiro, 1989. Disponível em: . Acesso em: 21/05/2017.

124 (GT05-030) Eternizando histórias: uso das novas mídias como elementos para publicações de pequena escala Silvia Carvalho da Conceição (Universidade Municipal de São Caetano do Sul – USCS) Alan Cesar Belo Angeluci (Universidade Municipal de São Caetano do Sul – USCS) Com a emergência das novas mídias, o barateamento dos aparatos tecnológicos (PASSARELLI; JUNQUEIRA; ANGELUCI, 2014) e a consequente convergência das mídias (JENKINS, 2009) os sujeitos contemporâneos passaram a ser produtores do seu próprio conteúdo (TOFLER, 2007). Decerto, foram revelados escritores, blogueiros, youtubers, e autores no Instagram, devido ao surgimento das redes sociais digitais. Nesse contexto, as memórias de família, puderam ser resgatas e mostradas ao público por meio das redes sociais e das mídias tradicionais. Desta forma, a publicação de um livro em uma editora ficou mais acessível aos escritores menos conhecidos, que passaram a publicar em pequena escala. Mais especificamente, pretendeu-se analisar o livro “Retratos da Vida”, de 2016, a fim de identificar características marcantes de histórias de família e como a escritora Lucia Helena Lopez, utilizou o barateamento dos equipamentos tecnológicos para tornar sua publicação possível. Adotou-se, então, a estratégia de estudo de caso (YIN, 2001), técnicas da história oral (MEIHY; HOLANDA, 2007), para coleta de dados, com a realização de entrevista em profundidade. Observou-se como a influência das novas mídias ajudou a autora, tanto na escrita do livro, quanto em sua forma de publicação. A obra em questão narra de maneira poética a trajetória Odila de Lourdes Vasconi e de sua família, e que no ano da publicação, a matriarca completava 80 anos. Publicado em pequena escala e distribuído somente para a família e amigos mais íntimos, o livro é uma forma encontrada para homenagear Odila. Neste sentindo, foi possível compreender que, ao mesmo tempo que a Internet auxiliou o na publicação de um livro físico, restrito a um público, como a família e amigos da homenageada, também ofereceu condições de eternizar uma obra on-line, que estará exposta por tempo indeterminado ao mundo, no maior canal de divulgação que é a web.

Referências JENKINS, Henry. Cultura da convergência. São Paulo: Aleph, 2009. MEIHY, José Carlos Sebe B.; HOLANDA, Fabíola. História oral: como fazer, como pensar. São Paulo: Contexto, 2007. 176 p. PASSARELLI, Brasilina; JUNQUEIRA, Antonio Helio; ANGELUCI, Alan César Belo. Digital natives in and their behavior in front of the screens. Matrizes, v. 8, n. 1, p.159-178, 2014. doi 0.11606/issn.1982- 8160.v8i1p159-178. TOFLER, Alvin. A Terceira Onda: a morte do industrialismo e o nascimento de uma nova civilização.29. ed. Rio de Janeiro: Record, 2007. YIN, Robert K. Estudo de caso: planejamento e métodos. Porto Alegre: Bookman, 2001.

125 (GT05-031) O compartilhamento de fotos em redes e plataformas digitais durante o incêndio no Museu Nacional: como a solidariedade dos usuários pode ajudar na construção de um repositório digital Sílvia Carvalho da Conceição (Universidade Municipal de São Caetano do Sul – USCS) Alan Cesar Belo Angeluci (Universidade Municipal de São Caetano do Sul – USCS)

Este artigo tem como objetivo analisar, de modo sintético, a possível construção de um repositório digital do Museu Nacional, face ao incêndio ocorrido no começo de setembro de 2018, que culminou em importante perda de objetos e documentos que foram destruídos pelas chamas que devastaram o local. Deste modo, o compartilhamento de fotos por internautas, por meio de redes sociais e plataformas digitais poderá contribuir na reconstrução da memória de parte do acervo perdido reconstruir parte do acervo perdido. Neste sentido, a inclusão digital, permitiu que presente, passado e futuro estejam interconectados através de qualquer tipo de registro digital. Desde meados da década de 1990, o indivíduo pode transformar registros históricos em arquivos digitais. No entanto, mesmo com a reformulação do modo de armazenamento de documentos, por meio de repositórios digitais, plataformas, ou mesmo guardados nas “nuvens”, algumas instituições ainda não se preparam para a era digital. Com o passar dos anos, alguns imprevistos ocorreram, como foi o caso do incêndio no Museu Nacional, no qual, muitos documentos, entre outros objetos perderam-se para sempre. Justamente em 2018, ano em que o órgão completava 200 anos de existência, sendo a instituição científica mais antiga do país e uma das mais importantes do mundo. A falta de um repositório digital criou o projeto Museu Nacional Vive, e com isso emergiu a campanha/ hashtag “#MuseuNacionalVive”, com o intuito despertar nos frequentadores do local uma espécie de empatia e a vontade de enviar fotos, para a reconstrução da memória da instituição. Com o projeto Museu Nacional Vive, a equipe de resgate da memória está empenhada no processo de recuperação da estrutura do antigo palácio imperial, pelo qual já foram resgatas mais de 100 peças durante esse período. A análise quantitativa simples será embasada em levantamento bibliográfico se conjugado com técnicas de Análise de Redes Sociais (ARS) e ferramentas Gephi e Tableau, sistemas que também auxiliam na interpretação de resultados gerados a partir do nível de entrosamento, influência e compartilhamento na Internet, neste caso, da hashtag criada e divulgada nas rede social Facebook, ao longo dos 30 dias, após o ocorrido, para reconstrução da memória do museu. Além disso, ser considerada a ecologia midiática do cotidiano, surgida dos resultados de netnografia, pelos estudos de Kozinets (2014), que inauguraram as pesquisas de mapeamento e descrição dos comportamentos no ciberespaço.

Referências BOCHNER, Rosany. Memória fraca e patrimônio queimado. Revista Eletrônica de Comunicação Informação, Inovação em Saúde. S.i. v. 12, p. 244-248, 2018. Trimestral. http://dx.doi.org/10.29397/reciis.v12i3.161. KOZINETS, Robert V. Netnografia: realizando pesquisa etnográfica online. Penso Editora, 2014. NOIRET, Serge. História Pública Digital. Liinc em Revista, Rio de Janeiro, v.11, n.1, p. 28-51, maio 2015, doi: 10.18225/liinc.v11i1.797. SANTOS, Ricardo Ventura. “Olá + convite: ‘Como as coleções terminam’”: o incêndio do Museu Nacional e histórias compartilhadas. Cadernos de Saúde Pública; p. 1-3. doi: 10.1590/0102-311X00206118.

126 (GT05-003) Debate de temas de interesse público na universidade mediado pelo Facebook Walmir Gomes Sebastião (Universidade de São Caetano do Sul – USCS) Thainá Rocha Silva (Universidade de São Caetano do Sul – USCS)

Este trabalho tem por objetivo analisar como temas de interesse público são debatidos na esfera pública midiatizada, a partir do estudo de caso do o programa #UnimonteDebate que sutiliza como ferramenta de participação nas discussões as redes sociais on-line, principalmente o Facebook. Identificando por meio de uma metodologia exploratória via dados secundários a formulação de hipóteses que possam apoiar a criação de um plano de comunicação para engajar estudantes do ensino superior no debate de temas de interesse público. Trata-se da análise do registro das quatro edições do programa e da nova sociabilidade por meio das redes sociais, propiciada aos estudantes do ensino superior que participaram dos debates. O objeto escolhido para análise é o programa #UnimonteDebate. Trata-se de uma oportunidade de promover debates consistentes sobre temas atuais e relevantes para a sociedade através de um espaço cada vez mais utilizado pela população. O programa #UnimonteDebate é um projeto desenvolvido na Fanpage Oficial do Facebook do Centro Universitário Unimonte, em Santos, no Litoral Sul Paulista. Durante a realização de cada uma das edições, foi necessária uma revisão para o desenvolvimento de uma abordagem teórica e formulação de projeções de pontos de melhoria, alinhamento e meios de controle dentro de parâmetros já estudados em teorias anteriores. O ambiente escolhido para estudo foi criado com o objetivo de preencher a lacuna evidenciada acima, com o propósito de oferecer, compartilhar, estudar e gerenciar um espaço seguro e qualificado para que temas de interesse público alcancem o maior número de pessoas. Os temas propostos pelo programa e discutidos pelos estudantes de Ensino Superior são todos de interesse público relacionados à saúde, comportamento, trabalho, gênero, cultura. Os resultados apontam para a hipótese de que o Facebook, enquanto rede social, pode ser um ambiente seguro e interessante para a promoção de debates de impacto na nossa sociedade. Avançando sobre essa reflexão, estes estudos favorecem a multiplicação de espaços de diálogo e debate nas redes sociais, possibilitando a estruturação de um plano de comunicação para que estes programas sejam acolhidos pela audiência, e o engajamento de estudantes no Ensino Superior em temas de interesse público.

Referências CASTELLS, Manuel. Redes de indignação e esperança: movimentos sociais na era da internet. Rio de Janeiro: Zahar, 2017. DA SILVA, Siony. Redes sociais digitais e educação. Revista Iluminart, Sertãozinho, v. 1, n. 5, pp. 36-46, 2010. MEIRELES, Damiana Santos de Lima et al. A teoria do agir comunicativo e sua contribuição para a relação professor-aluno no ensino superior. Revista Docência do Ensino Superior, Belo Horizonte, v. 7, n. 2, pp. 97-112, 2017. GONZÁLEZ, Jorge Alejandro. Cibercultur@ y sociocibernética: ideas para una reflexión conjunta en paralelo. Líbero, São Paulo, v. 14, n. 28, pp. 9-32, 2011. HABERMAS, Jürgen. Mudança estrutural da esfera pública: investigações quanto a uma categoria da sociedade burguesa. Tradução: Flávio R. Kothe. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2003. RECUERO, Raquel. Curtir, compartilhar, comentar: trabalho de face, conversação e redes sociais no Facebook. Verso e Reverso, São Leopoldo, v. 28, n. 68, pp. 117-127, 2014.

127 ______. Diga-me com quem falas e dir-te-ei quem és: a conversação mediada pelo computador e as redes sociais na internet. Revista FAMECOS: mídia, cultura e tecnologia, Porto Alegre, n. 38, pp. 118- 128, 2009.

(GT05-028) Linguagem audiovisual na era da conexão e da mobilidade: a produção de um vídeodocumentário a partir do uso do smartphone Rita Donato (Centro Universitário Sant’Anna – UniSant’Anna) Marialda de Jesus Almeida (Universidade Municipal de São Caetano do Sul – USCS) A Internet e as mídias móveis passaram a ditar um ritmo social pautado na conexão e na mobilidade (WEINBERGER, 2008; LEMOS, 2005). No Brasil, onde 49% das pessoas se informam por meio da Internet – sobretudo nas regiões Sul e Sudeste (BRASIL, 2016) –, as práticas comunicacionais se tornaram mais ágeis, resultado do uso de dispositivos tecnológicos móveis atrelados à tecnologia sem fio. Ao definir essa mobilidade informacional como “mobilidade tecnológica”, Lemos (2007) pondera que essa era “[...] pode permitir uma nova maneira de compreender, dar sentido e criar vivências no espaço das cidades contemporâneas”. Com a inserção das chamadas tecnologias nômades na vida cotidiana (LEMOS, 2005), as produções audiovisuais estão se adaptando para oferecer vídeos apropriados ao consumo no virtual. Diante desse cenário, a tentativa de aproximar teoria da prática deu vida a um projeto que permitiu a produção de um videodocumentário a partir do uso do smartphone. Durante sete meses, oito nativos digitais, graduandos em Comunicação Social de um centro universitário da Zona Norte de São Paulo, desenvolveram o produto intitulado “Meu primeiro voto: o uso do celular e a influência das mídias sociais na decisão dos jovens eleitores”. A metodologia respeitou quatro fases: (1) um questionário elaborado no Google Forms foi aplicado em escolas de Ensino Médio de São Paulo para coletar dados quantitativos de jovens com idades entre 16 e 20 anos, (2) a roteirização e a captura de imagens e de entrevistas com sete personagens, com idades entre 18 e 19 anos e que votaram pela primeira vez em 2018, (3) a edição dos materiais, (4) e a elaboração da linguagem visual do videodocumentário e das peças utilizadas na divulgação do produto diretamente pelo celular, reforçando a linguagem típica de conteúdos produzidos por meio de uma mídia digital. Os resultados foram relevantes do ponto de vista social e mercadológico, considerando a reconfiguração nas formas de agregação da sociedade e produção audiovisuais a partir do uso da Internet e de mídias móveis (LEMOS, 2005; COMSCORE, 2016). Ademais, o tema abordado teve relevância estratégica em ano eleitoral e ampliou o debate sobre a importância do celular e a influência do conteúdo veiculado nas mídias sociais na vida dos nativos digitais (PRENSKY, 2001) que exerceram, pela primeira vez, o direito ao voto. Por fim, houve impacto educacional, pois os alunos participaram de todas as etapas de produção de um documentário, demonstrando capacidade técnica e criativa.

Referências BRASIL. Presidência da República. Secretaria de Comunicação Social. Assessoria de Pesquisa de Opinião Pública. Pesquisa Brasileira de Mídia 2016: relatório final. Brasília: Secom, 2016. LEMOS, André. Cibercultura e mobilidade: a era da conexão. In: XXVIII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, 2005. Rio de Janeiro.

128 LEMOS, André. Cidade e mobilidade. Telefones celulares, funções pós-massivas e territórios informacionais. MATRIZes, v. 1, n. 1, 2007. PRENSKY, Marc. Nativos digitais, imigrantes digitais. On the horizon, v. 9, n. 5, p. 1-6, 2001. WEINBERGER, David. Why open spectrum matters: the end of the broadcast nation. In: Tovey, Mark (Ed.). Collective intelligence: creating a prosperous world at peace. Virginia: Earth Intelligence Network, 2008.

(GT05-010) A escrita intermediária webdocumentária como dispositivo metodológico para a produção de saber Elaine Brito (Équipe Culture et Communication / Centre Norbert Elias - Université d’Avignon et des pays de Vaucluse)

A comunicação aqui proposta tem por intenção de atestar nosso dispositivo metodológico de organização e de “mise en forme” de documentos heterogêneos à partir de uma escrita webdocumentária. Se trata de uma « escrita intermediária » (Achard, 1994) através da qual podemos mobilizar nossa prática documentária de entrevistas (foto, audiovisual, áudio), de cartografias territoriais, de coleta de arquivos, em relação da pesquisa sobre a patrimonialização. Para isso, nos apoiamos nos “rastros” (Barthes, 1980) documentários produzidos durante nossas pesquisas de campo, na França e no Brasil. Nosso objetivo maior é de dar sentido ao movimento patrimonial que designamos de “Rizoma patrimonial” (Brito, 2018). Gostaríamos então de expor uma utilização científica de uma “escritura hipermediática” (Eckert e Rocha, 2004) webdocumentária através do qual o pesquisador desenvolve a possibilidade de organizar a sua produção documentária, de dar sentido para a pesquisa e, por fim, de produzir conhecimento. Foi com a intenção de questionar o processo do advir patrimonial, ou seja a transição « entre » um objeto ordinário em objeto patrimonial, que desenvolvemos um dispositivo metodológico semio- pragmático que nos permite analisar o discurso social como produtor de sentido patrimonial. Trata- se de compreender a patrimonialização desde uma perspectiva comunicacional (Davallon, 2006) que coloca em relevância a elaboração dos sentidos patrimoniais através da circulação dos discursos sociais. Desta forma, nossa atenção se focaliza sobre o ator social e de seu discurso considerado como ação. Em consequência, nosso dispositivo metodológico tenta revelar a patrimonializaçaão como um conjunto de ações que fazem construir e transformar os patrimônios, tal um movimento “rizomático” (Deleuze e Guattari, 1980). Dentro desta problemática, a patrimonialização pode ser compreendida como um movimento “rizomático” que agencia atores heterogêneos e engendra uma multiplicidade de ações ao redor de objetos em advir patrimônio (Tardy, 2003). A preocupação em utilizar as técnicas de uma « escritura hipermediática » surgi com o intuito de possibilitar a manipulação de documentos de diferentes formatos produzidos durante as nossas pesquisas de campo. A escritura webdocumentária permite de fato o pesquisador de analisar semio- pragmaticamente seus documentos heterogêneos, de organizá-los e de construir uma « representação documentária » (Tardy, 2012) da pesquisa. Foi com este intuito que a escritura webdocumentária foi elaborada como um dispositivo metodológico, nos permitindo de dar sentido à um conjunto de dados heterogêneos: de documentos, de formatos, de atores, de discursos, de imagens, de sons, de mapas, e de dinâmicas. Ou seja, a escritura webdocumentária contribui para a construção de um “rizoma patrimonial” e por consequência na produção do saber científico.

129 Sessão: 03 - Instituições e Interesse Público Data: 08/05/2019 Horário: das 14h às 18h Sala 142, Bloco B

Coordenação Dr. Alan Angeluci (USCS)

SEQUÊNCIA CÓDIGO TÍTULO AUTORES

Antônio Aparecido de O buraco negro criado pelas Tecnologias Carvalho, Milton Carlos 01 GT05-012 da Informação e Comunicação Farina e Leonardo Birche de Carvalho O papel social das IES: relações entre 02 GT05-006 Marcos Antônio Biffi cibercultura, glocal e memória

Usos e Apropriações da Imagem em 360 Carolina Gois Falandes e 03 GT05-020 graus no Instagram Alan Angeluci

O Twitter e sua facilidade no demonstrar Renata Freitas e Alan 04 GT05-017 de opiniões no período eleitoral Angeluci

MemoPinABC: lembranças dos moradores 05 GT05-026 das cidades do ABC, Santo André, São Andressa Pereira Claudino Bernardo do Campo e São Caetano do Sul As linhas invisíveis e divisórias da cidade Regiane Maria da Silva 06 GT05-021 linda: a São Paulo inteligente que não é Bianchini e Arquimedes para todos Pessoni A emergência do FactChecking nas Pautas Lilian Crepaldi de Oliveira 07 GT05-008 de vacinação: mapeamento das agências Ayala e editorias de checagem nacionais

130 (GT05-012) O buraco negro criado pelas Tecnologias da Informação e Comunicação Antonio Aparecido de Carvalho (Universidade Municipal de São Caetano do Sul – USCS) Milton Carlos Farina, Leonardo Birche de Carvalho (Universidade Municipal de São Caetano do Sul – USCS) A presente pesquisa tem o intuito de fazer uma análise crítica acerca da forma de coleta de dados e informações, anteriormente documentados e arquivados em meio manual (relatórios, livros, etc.), já na atualidade a tecnologia de informação e comunicação trouxe a ideia de que para salvar as informações, estas devem estar armazenadas em meios digitais, nuvens, pen drives, e-mails, mídias digitais, contudo o que nos garante que no futuro teremos programas, dispositivos e ferramentas compatíveis para acessa-las, a exemplo das informações arquivadas em tapes, em CDs e disquetes, hoje difícil de acessar devido à indisponibilidade de dispositivos. A pergunta norteadora da pesquisa é: Estamos cientes de como preservar, armazenar e acessar as informações digitalizadas no futuro? A aplicação nas mais variadas áreas das tecnologias de informação e comunicação expressam o desenvolvido tecnológico aos quais a sociedade está suscetível, o conhecimento e utilização de tais tecnologias permitem o acesso e armazenamento de uma grande quantidade de dados, que posteriormente serão transformadas em informações. Tais informações são de extrema relevância para as organizações, para os processos de tomadas de decisão, para projeções futuras, para a academia é fundamental para que pesquisadores acessem com agilidade e confiabilidade dados de fontes seguras. Veloso (2011) ressalta que uma das características mais importantes das TICs é a capacidade de produção de conteúdo, de registro, armazenamento e acesso. Cert (2015), vice-presidente da Google afirma que documentos arquivados poderão estar perdidos para sempre, devido ao fato de os programas necessários para acessa-los deixarem de existir. Villa Verde (2016) assevera que as grandes empresas somente passam a buscar soluções acerca dos acervos de documentos, quando o espaço físico é insuficiente ou há geração de custos extras para a manutenção, contudo é necessário que haja uma solução para os arquivos, permitindo acesso ágil às informações prioritárias para o funcionamento das organizações. Uma das alternativas é a digitalização dos documentos, contudo se a digitalização não for de forma orientada e executada por profissionais capacitados, as informações poderão ser perdidas, a autora denomina de buracos negros digitais. Villa Verde (2016) salienta que dependendo, do meio e onde os arquivos foram armazenados haverá um grande ônus de tempo para recupera-los, talvez se estiverem em meio papel será menos dispendioso o acesso. Cerf (2015) complementa que os arquivos digitais poderão ser perdidos devido às constantes atualizações de sistemas, que podem deixar arquivos inacessíveis, incompatíveis ou defasados em relação aos leitores do futuro. Arquivos salvos nos formatos atuais poderão estar indisponíveis no futuro.

Referências CERF, Vicent. Pai da Internet alerta para uma possível idade das trevas digital. Disponível em: https:// canaltech.com.br/internet/Pai-da-internet-alerta-para-uma-possivel-idade-das-trevas-digital/. Acesso em 05 mar. 2019. VELOSO,R. Tecnologias da Informação e Comunicação: desafios e perspectivas. Saraiva. São Paulo, 2011.

131 VILA VERDE, C.D. http://www.docexpert.com.br/2016/11/buracos-negros-digitais/Acesso em 05 mar. 2019.

(GT05-006) O papel social das IES: relações entre cibercultura, glocal e memória Marcos Antonio Biffi (Universidade Municipal de São Caetano do Sul – USCS, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP)

As instituições de ensino superior (IES) possuem incisiva função em nossa sociedade através da indissociabilidade entre pesquisa, ensino e extensão que são capazes de fomentar a cultura em dimensões glocais. O conceito de glocal pode ser entendido como a intersecção entre as culturas locais de um determinado território com os padrões globais socialmente aceitáveis (TRIVINHO, 2005). Diante dessa visão de atuação das IES de maneira glocal, o pensamento de Marquesin, Penteado e Baptista (2015) se torna uma ferramenta de compreensão desse cenário ao consideram que as IES devem transitar entre dois mundos: o educacional e o extraescolar, por mais distante que sejam, pois, o intuito de Ensino Superior está na educação, mas também na formação humana do indivíduo. Corroborando com essa linha de raciocínio, Chauí (2001) concebe a universidade como uma instituição tanto histórica quanto social. Nesse sentido, a universidade atua como possibilidade de construção de memória, ou seja, como propriedade de preservar certas informações (LE GOFF, 2003). Assim, como as mudanças tecnológicas de nosso tempo são instrutivas, como indicam Passarelli, Junqueira e Angeluci (2014) ao analisarem que os comportamentos dessa nova geração interativa no Brasil atuam para um projeto futuro de educação, cultura e cidadania. Nesse cenário surge o problema da pesquisa: Quais as novas formas de configurações de memórias que a cibercultura fornece para a concepção da imagem das IES? O objetivo central da pesquisa é compreender o impacto da memória sobre a imagem das IES a partir da proliferação da cibercultura relacionada ao conceito de glocal. Por sua vez, o método utiliza pesquisa qualitativa através de estudo bibliográfico e natureza exploratória. A pesquisa também possui dimensão empírica com emprego de questionários a gestores de três universidades do Estado de São Paulo. Os resultados parciais da pesquisa apontam para uma transformação social advinda do relacionamento entre as novas tecnologias e o glocal, e assim a presença de novas formas de memória da imagem das IES. Portanto, nesse cenário de contínuas mudanças se exige uma análise aprimorada da cibercultura para possibilitar a compreensão da memória e de nosso zietgeist.

Referências CHAUI, Marilena. Escritos sobre a universidade. São Paulo: Editora UNESP, 2001. LE GOFF, Jacques. História e memória. Trad. Irene Ferreira, Bernardo Leitão e Suzana Ferreira Borges. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2003. p. 207-233, 419-476.

132 MARQUESIN, Denise Filomena Bagne; PENTEADO, Adriano Franco; BAPTISTA, Denise Cristina. O coordenador de curso da Instituição de Ensino Superior. Atribuições e expectativas. Revista de Educação, v.11, n.12, 2015. PASSARELLI, Brasilina; JUNQUEIRA, Antonio Helio; ANGELUCI, Alan César Belo. Os nativos digitais no Brasil e seus comportamentos diante das telas. Matrizes, v. 8, n. 1, p. 159-178, 2014. TRIVINHO, Eugênio. Comunicação, glocal e cibercultura. Bunkerização da existência no imaginário mediático contemporâneo. Fronteiras-estudos midiáticos, v. 7, n. 1, p. 61-76, 2005.

(GT05-020) Usos e Apropriações da Imagem em 360 graus no Instagram Carolina Gois Falandes (Universidade Municipal de São Caetano do Sul – USCS) Alan César Belo Angeluci (Universidade Municipal de São Caetano do Sul – USCS)

Diante de uma grande difusão e acessibilidade as mais variadas tecnologias digitais na atualidade, as redes sociais virtuais têm se estabelecido como importantes espaços comunicativos democráticos, em que todos podem consumir, interagir e distribuir conteúdos, a exemplo do Instagram, aplicativo em que a imagem digital (estática ou em movimento) figura como linguagem principal. Nesse sentido, o presente estudo pretende identificar usos e apropriações de hashtags no Instagram relacionadas com imagens em 360 graus, modalidade imagética imersiva ainda emergente no cenário midiático contemporâneo. Orientada pelos pressupostos da metodologia de análise de conteúdo (MARCONI; LAKATOS, 2007), esta pesquisa se apoia em levantamento feito no Instagram nos dias 30 de outubro, 09 e 11 de novembro de 2018, envolvendo as hashtags 360degrees (inglês), 360graus (português), 360grados (espanhol) e 360 (numeral). A investigação emprega uma abordagem mista: quantitativa, por meio de estatística descritiva, a partir das ferramentas Netlytic (extração dos dados) e Gephi (desenvolvimento de grafos), e qualitativa, com base na observação de postagens, auxiliada por filtros de publicações do próprio aplicativo. O trabalho também é suportado por pesquisa bibliográfica, tendo como referência autores que retratam a cultura da imagem, as visualidades nas redes sociais virtuais e os fenômenos da midiatização e imagens esféricas, a exemplo de Manovich (2017), Buitoni (2016), Hjarvard (2012) e Costa e Brasil (2017). Em síntese, os resultados quantitativos deste estudo mostraram que a #360degrees apresentava relação com a imagem 360 graus em todos os perfis analisados e que a maioria das postagens tinha características de produções especializadas, com destaque para fotos e vídeos Little Planet (Pequeno Planeta), recurso visual que chama a atenção pelo caráter lúdico e artístico. Por outro lado, nas demais hashtags constatou-se uma mesclagem: alguns perfis com imagens em 360 graus, outros sem nenhuma relação com esta linguagem, como imagens de bicicletas e flyers de serviços de cabeleireiros, além daqueles que utilizaram o termo apenas para nomear atividades comerciais. Relativamente a análise qualitativa, serviu para corroborar as informações observadas na quantitativa, possibilitando a verificação mais aprofundada dos usos e apropriações das hashtags investigadas, baseando-se em filtros de busca do Instagram. As pesquisas realizadas em torno da #360degrees apontaram a maior quantidade de publicações de imagens em 360 graus (8 de 9), ao passo que nos outros indexadores averiguou-se a proeminência de postagens sem relação com a linguagem esférica. Diante do exposto, pode-se concluir que a #360degrees é a mais direcionada às produções em 360 graus e que os principais divulgadores desta linguagem, de modo geral, são produtores especializados, evidenciando que esta tecnologia ainda não foi popularizada. Também, constatou-se que o Instagram é

133 um espaço público onde cada usuário compreende o termo 360 da maneira que lhe convém, inclusive para fins publicitários. Logo, esta rede social virtual se tornou um lócus para a divulgação de conteúdos imagéticos em 360º, mesmo ainda não oferecendo aos usuários condições tecnológicas para a imersão nas imagens.

(GT05-017) O Twitter e sua facilidade no demonstrar de opiniões no período eleitoral Renata Freitas (Universidade Municipal de São Caetano do Sul – USCS) Alan Angeluci (Universidade Municipal de São Caetano do Sul – USCS) As eleições de 2018 entraram para história pelo envolvimento gratuito do povo brasileiro na escolha do Presidente, seja na defesa do candidato de sua preferência ou por um apelo ao público, para que não votem em alguns dos candidatos pela proposta expostas por eles. Durante o dia da eleição foram feitas análises das hashtag dos Trending Topic Mundial, que são os assuntos que mais estão sendo comentados naquele exato momento no Twitter mundial. Para realização desse trabalho, foi preciso a análise de uma Rede Social, nesse caso o Twitter, seguindo os preceitos de Recuero (2015) que retrata a Análise de Redes Sociais (ARS) como uma das perspectivas de estudo de grupos sociais que permite sua análise sistemática a partir de sua estrutura. Fundamentados pelo conceito dado por Recuero (2009), utilizaremos a Teoria dos Grafos para analisar os conteúdos à serem apresentados adiante, Essa teoria estuda o conjunto de objetos e as conexões existentes entre elas. Após o levantamento das hashtag foi utilizado a ferramenta Netlytic para extração do banco de dados e anexados ao Gephi com a função de gerar um grafo, possibilitando uma futura análise mais detalhada.

(GT05-026) MemoPinABC: Lembraças dos moradores das cidades do ABC, Santo André, São Bernardo do Campo e São Caetano do Sul Andressa Pereira Claudino (Universidade Municipal de São Caetano do Sul – USCS)

A pesquisa MemoPinABC: Lembranças das cidades de Santo André, São Bernardo do Campo e São Caetano do Sul vem sendo desenvolvida a partir dos depoimentos coletados por pesquisadores que deram origem ao HiperMemo, o acervo da USCS que reúne cultura e memória numa plataforma hipermidias. Essa proposta de pesquisa justifica-se pela possibilidade de contribuir com a preservação do patrimônio histórico e cultural das cidades do ABC, uma vez que construirá um mapa virtual de localidades significativas para os moradores da região, considerando-se que são locais lembrados e citados em entrevistas de memória. O acervo do HiperMemo, que já se constitui com uma base de dados hipermidias sobre o patrimônio cultural da região permite a ampliação de sua perspectiva por meio da confecção do aplicativo MemoPinABC, que possibilitará a interação da comunidade de narradores entre si e com a própria comunidade da região. Esse projeto é uma continuidade da pesquisa iniciada em 2016, com base no sistema HiperMemo e nessa primeira etapa realizou-se a coleta de informações das pessoas sobre determinados lugares das cidades de Santo André, São Caetano do Sul e São Bernardo do Campo. Para essa segunda etapa propõs-se coletar as imagens correspondentes a esses lugares. Porém, durante a pesquisa, comecei a estudar sobre os meios de comunicação do Grande ABC e descobri que na “”Era de Ouro das Rádios””, a região chegou a ter 7 emissoras (AM e FM). A rádio na região possui uma história importante, meios pelos quais passaram cantores de sucesso e

134 profissionais notórios, alguns ficaram famosos e ainda continuam atuando nos meios de comunicação. Nesse sentido optou-se por mapear as rádios das cidades do ABC e as lembranças das pessoas correspondentes às suas experiências com esses meios de comunicação.

(GT05-021) As linhas invisíveis e divisórias da cidade linda: a São Paulo inteligente que não é para todos Regiane M.S. Bianchini (Universidade Municipal de São Caetano do Sul – USCS) Arquimedes Pessoni (Universidade Municipal de São Caetano do Sul – USCS) A ideia de obsolescência nas cidades trouxe a adoção de novas tecnologias de produção, informação e comunicação, como agentes de inclusão social e digital, obedecendo à lógica de narrativas mercadológicas de grandes corporações e do poder público, que culminam em uma linha divisória entre as mazelas da periferia e os avanços nos grandes centros urbanos. Este artigo tem como objetivo investigar até que ponto as narrativas da cobertura jornalística da visita do ex-prefeito de São Paulo, João Dória Jr., à China e Inglaterra, em busca de soluções para o projeto de cidade inteligente, correspondem à inclusão cidadã. O estudo se justifica pela indagação recente, porém frequente, em pesquisas realizadas, inclusive no Brasil, em torno da reorganização de ideias sobre o papel das cidades inteligentes, sob o protagonismo das pessoas. Embora, voltadas a melhorar a qualidade de vida, como são apontadas as iniciativas para smart cities, há opiniões controversas sobre o real papel destes projetos, nos quais são estabelecidas linhas invisíveis e divisórias de acesso às facilidades criadas para a população, bem como às condições básicas de vida, ainda precárias em vários locais. Ao longo de suas obras, Milton Santos, Néstor García Canclini, David Hartley, Ermínia Maricato, Raquel Rolnik e Saskia Sassen, abordaram os temas das cidades criativas, inteligentes e digitais, evidenciando o viés das desumanidades, da falta de políticas públicas condizentes à realidade da população e de suas necessidades, além da “invasão” territorial, de culturas desprezadas e da tentativa da criação da homogeneidade imposta por mercados dominantes a países emergentes e, principalmente, do uso das tecnologias a partir da participação popular e a favor do cidadão. O método escolhido para o estudo é o de análise de conteúdo, que reúne elementos de Laurence Bardin; com o olhar sobre a ética jornalística, de Rogério Christofoletti; bem como do papel social do jornalismo, que se encontra em Dennis McQuail. Como resultados prévios, a tal inclusão digital, tão propagada pelas narrativas midiáticas, vindas do poder público e das grandes corporações, passa ao largo da população periférica que, mesmo de posse de aparelhos celulares de última geração, acesso à Internet e desempenho intenso em redes sociais, não consegue formar juízo de valor sobre a possível segregação social imposta pelas novas divisões territoriais e digitais.

Referências CANCLINI, N. G. Imaginários culturais da cidade: conhecimento espetáculo desconhecimento. Em: COELHO, Teixeira (Org.). A Cultura pela cidade. São Paulo: Iluminuras/Itáu Cultural, 2008. Disponível em: http://www.santoandre.sp.gov.br/pesquisa/ebooks/355442.pdf. Acesso em 16 nov. 2017. p. 15-31.

135 HARVEY, David. O Direito à Cidade. Revista Piauí, edição 82, Julho 2013. SP. Disponível em https://piaui. folha.uol.com.br/materia/o-direito-a-cidade/>. Acesso em dez. 2018 MARICATO, Ermínia. É a questão urbana, estúpido! In: Cidades rebeldes: passe livre e as manifestações que tomaram as ruas do Brasil. São Paulo: Boitempo, 2016. ROLNIK, Raquel. Smart Cities: o cidadão em mãos de aproveitadores. 17 ago. 2017. In Blog Raquel Rolnik. Disponível em https://outraspalavras.net/outrasmidias/smart-cities-o-cidadao-em-maos-de- aproveitadores/. Acesso em set. 2018. SANTOS, Milton. Espaço do Cidadão: O Vol. 8. São Paulo: Edusp, 2007. SANTOS, Milton e SILVEIRA, María Luiza. O Brasil: território e sociedade no início do século XXI. 9 ed., Rio de Janeiro: Record, 2006, 473 p. SASSEN, Saskia. Why does it matter that we keep cities complex and incomplete? In: TED Talks, 2013. Disponível em . Acesso em 21 nov. 2018.

(GT05-008) A emergência do Fact Checking nas pautas de vacinação: mapeamento das agências e editorias de checagem nacionais Lilian Crepaldi de Oliveira Ayala (Universidade Municipal de São Caetano do Sul – USCS/Fapcom) Cabe aos jornalistas e acadêmicos verificar de que forma o campo da Comunicação estuda e combate as notícias falsas e seus efeitos no agendamento. Especificamente na área da saúde, uma notícia falsa pode levar à disseminação de conteúdo prejudiciais à qualidade de vida e, até mesmo, ao aumento de adeptos a grupos anticientíficos, sobretudo os antivacina, como o SafeMinds. Em estudo que analisou 126 mil tweets espalhados por 3 milhões de usuários da rede, verificou-se que os boatos se espalham mais rápidos do que as notícias. Realizada pelo Media Lab, do MIT, e publicada na revista Science, em março de 2018, o estudo mostrou que mesmo as notícias mais populares raramente atingem mais de mil pessoas, enquanto as notícias falsas atingem entre mil e 100 mil pessoas. A velocidade dos boatos também costuma ser seis vezes maior do que as notícias. Desta forma, as agências de fact-checking tornam-se uma importante ferramenta no combate aos grupos que espalham notícias falsas sobre doenças. Quando fake news sobre reações adversas ou ineficácia de vacinas ou medicamentos se espalham, toda a sociedade inteira é exposta a riscos. Ainda não existe um mapeamento preciso sobre o efeito das notícias falsas em movimentos como os antivacinação, mas os números mostram aumento de contágio e diminuição da imunização.Tendo em vista que as agências de checagem de notícias são pontas fundamentais do jornalismo no cenário cibercultural da contemporaneidade, a pesquisa tem como objetivo geral entender como as agências, editorias e projetos de checagem de fatos atuam na verificação de declarações e postagens sobre vacinas. Como objetivos específicos, o estudo irá: verificar quais são os procedimentos das checadoras para assuntos ligados ao tema; Comparar as diferenças de checagem na área de saúde com outras editorias; mostrar os principais selos atribuídos pelas agências, editorias e projetos de checagem e descrever o funcionamento das checagens relacionadas às vacinas. A primeira etapa da pesquisa será um mapeamento das agências, projetos especiais, editorias, blogs e tags de checagens brasileiras. Num segundo momento, é preciso inseri-las num contexto internacional para entender essa nova movimentação do jornalismo digital em busca de credibilidade e, num âmbito macro, de lucratividade. Já numa terceira fase, serão abordadas as checagens relacionadas às vacinas e vacinação no Brasil, tendo como gancho a diminuição da vacinação no país e o aumento de números

136 de casos de doenças como o sarampo. Como referencial teórico, serão utilizados, sobretudo, autores de cultura digital, como Henry Jenkins e Elizabeth Saad Corrêa, e jornalismo de saúde, como Roxana Tabakman, Kátia Lerner e Arquimedes Pessoni.

137 6-8 DE MAIO DE 2019

Campus Conceição: Campus Centro: Rua Conceição, 321 Rua Santo Antônio, 50 São Caetano do Sul São Caetano do Sul

GT-6. Cultura e Memória: migrações, deslocamentos e diásporas culturais

138 GT 06 COMUNICAÇÃO E CULTURA MIGRAÇÕES, DESLOCAMENTOS E DIÁSPORAS CULTURAIS

Coordenadores: Dra. Ana Uribe (UdeC) - [email protected] Dra. Adriana Cruz (UdeC) - [email protected] Dra. Denise Cogo (ESPM) - [email protected] Doutoranda. Cristina Toledo (FPM) - [email protected]

Ementa: Migração em qualquer de suas perspectivas sociais, concepções teóricas e experiências metodológicas. Os processos migratórios diversos, deslocamentos forçados, exílios, diásporas culturais, memórias migrantes, entre outros, assim como experiências de investigações de migrações internas ou transnacionais.

139 Sessão: 01 Data: 07/05/2019 Horário: das 14h às 18h Sala 137, Bloco C

Coordenação Dra. Ana Uribe (UdeC); Doutoranda Cristina Toledo (FPM); Dra. Denise Cogo (ESPM)

SEQUÊNCIA CÓDIGO TÍTULO AUTORES

Carlos Alberto Diez Salazar e Camila Latino-americanos em Colima: um Sofía Ceballos Gómez; Jorge Alberto 01 GT06-009 caso de migración continental Acosta Nava; José Alejandro Torres Covarrubias Trajetória do Desenvolvimento Eco- nômico: Aspectos e Perspectivas da 02 GT06-014 Gustavo Di Cesare Giannella Questão Ambiental e Deslocamen- tos no Sul Mundial El fenomeno migratorio de los jorna- 03 GT06-008 leros agricolas en el Valle de Saul Martinez Gonzalez Tecoman, Colima. Mexico O program Au Pair como porta de 04 GT06-003 entrada para a imigração brasileira Amanda Arrais Mousinho nos EUA O Racismo, Xenofobia no Brasil - Mi- gração Haitiana no Brasil e a Expe- 05 GT06-011 Fritznel Alphonse riência Dolorida de Migrantes Haitia- nos no Brasil no Século XXI”. Comunicação, diáspora haitiana no 06 GT06-013 Brasil e narrativas sobre relações Denise Cogo raciais Rádio Latina do Caribe: política, re- 07 GT06-019 ligião e arte de imigrantes haitianos em São Paulo Bruno Fuser 08 Operação Acolhida: Memória dos Ve- GT06-017 Sidmar José Cruz Junior nezuelanos que passam pelo Brasil

140 (GT06-009) Latinoamericanos en Colima: Un caso de migración continental Carlos Alberto Diez Salazar (Universidad de Colima) Camila Sofía Ceballos Gómez (Universidad de Colima) Jorge Alberto Acosta Nava (Universidad de Colima) José Alejandro Torres Covarrubias (Universidad de Colima)

Presentación del tema La migración es uno de los fenómenos humanos más comunes en la historia de la humanidad, ya sea por motivos económicos, étnicos o ideológicos, aunque no puede descartarse que ésta también se da por motivos personales o por desarraigo y desculturización y/o pérdida de sí, de acuerdo con Yvon Le Bot (2006). La migración es pues, en síntesis, un viaje, que también se da con los desplazamientos forzados al interior de un país, de ahí que este fenómeno nos lleve a entender “los viajes no sólo como problema macrosocial, sino también como experiencias vividas, interacciones entre personas y grupos, modos de habitar, negociar e imaginar lo que sucede” (Garcia y Mantecón: 2013, 103) en los diversos lugares adonde llega a radicar el viajero. En México, la migración se ha dado desde diversos países del mundo. Son muchos los latinoamericanos que han venido en éxodo a nuestro país, ya sea de paso o con la intención de radicar en territorio mexicano y, en algunos casos, escapando de una realidad difícil, para buscar otra realidad y la recuperación de la dignidad humana, perdida en sus países de origen. Así es como, después de emprender el viaje y a México como destino final, han llegado a Colima en los últimos años.

Problemas y objetivos de la investigación El problema que aborda el presente artículo es el de la migración, en este caso particular, de ciudadanos centro y sudamericanos a México y, en especial, al estado de Colima. Los objetivos son: Conocer la situación particular de algunos migrantes que han optado por radicar en Colima, creando un sentido de arraigo o pertenencia a la nueva cultura y sociedad receptoras. Conocer antecedentes históricos y motivos que propiciaron la salida del país de origen y posterior radicación en Colima, México.

Métodos y procedimientos de investigación El método de trabajo es cualitativo, basado en lecturas previas y entrevistas directas a migrantes latinoamericanos que hoy en día radican en el estado de Colima.

Resultados parciales o concluyentes Actualmente el equipo se encuentra en el proceso de concretar las entrevistas, para lo cual prevé hacer entre cinco y diez a sendos migrantes latinoamericanos.

141 Conclusiones principales (parciales o concluyentes) Todavía en proceso de investigación, por lo cual el equipo no está en posibilidades de concluir nada por el momento.

Referencias bibliográficas García, Castellanos, Mantecón (2013) La ciudad de los viajeros: travesías e imaginarios urbanos. México 1940-2000. México, UAM y FCE. Le Bot Yvon (2006) Migraciones, fronteras y creaciones culturales. En Foro Internacional N° 185, vol. XLVI, 3. Julio-Septiembre. (pgs. 533 a 548) México. El Colegio de México.

(GT06-014) Trajetória do desenvolvimento econômico: aspectos e perspectivas da questão ambiental e deslocamentos no sul mundial Gustavo Di Cesare Giannella (UFABC) Visa-se com o presente a realizar um breve estudo da trajetória do desenvolvimento econômico, com foco à partir do século XIX, correlacionado com os aspectos e perspectivas das questões ambiental e agrária no Sul mundial. A emergência do Terceiro Mundo direcionam a debates sobre os possíveis rumos das relações Norte-Sul, os quais ainda não foram totalmente definidos. Questões ambientais e os fluxos de pessoas, anteriormente não amplamente difundidas e discutidas, acabarão pesando no cenário socioeconômico atual e futuro, podendo levar a graves crises no sistema capitalista. O trabalho está dividido em três partes, quais sejam: Panorama da Economia Política e visão a partir do Sul mundial, Desenvolvimento econômico e o ambiente: questão agrária e relação Norte-Sul, e Perspectivas das questões ambiental e agrária sob o panorama econômico. Pretende-se, assim, abordar a questão agrária em um mundo em que a atuação do ser humano já provoca grandes reflexos, buscando novas formas de utilização da mão-de-obra, com foco na equidade de gênero e sustentabilidade ecológica, contribuindo para a estabilização do Antropoceno.

Referências AMIN, S. O Futuro do Maoismo. São Paulo: Vértice, 1986. AMSDEN, Alice A. A ascensão do ‘resto’: Os desafios ao ocidente de economias com industrialização tardia. São Paulo: Unesp, 2009. ANGUS, I. Facing the Anthropocene. N.Y.: Monthly Review, 2016. ARRIGHI. G. O Longo Século XX. Rio de Janeiro: Contraponto, 1996. BARAN, P. e SWEEZY, P. Capitalismo Monopolista. N.Y.: MR, 1966. CHANG, Ha- Joon. Chutando a escada: A estratégia do desenvolvimento em perspectiva histórica. São Paulo: Unesp, 2004. DURKHEIM, E. O que é um fato social. In: As Regras do Método Sociológico. São Paulo: Cia Editora Nacional, 1975.

142 FREEMAN, Chritopher; SOETE, Luc. A economia da inovação industrial. Campinas, SP: Unicamp, 2008. Págs. 541 e 572. FREIRE DE MELLO, L. et al. Entre Antropoceno, Escala e Território. São Paulo, 2017. FUKUYAMA, F. A Grande Ruptura. São Paulo: Rocco, 2000. FURTADO, Celso. O mito do desenvolvimento econômico. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1974. GIDDENS, Anthony. The Politics of Climate Change. Cambridge: Polity Press, 2009. HOBSBAWN, Eric. A Era dos Impérios. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1999. HYMER, S. Empresas Multinacionais. Rio de Janeiro: Ed. Graal, 1978. HUNTINGTON, S. The clash of civilizations. Londres: Simon&Schuster, 2002. KAUTSKY, Karl. A questão agrária. São Paulo: Nova Cultural. 1986. LI, M. Barbarism or Socialism, 1917-2017-2050 (?), Agrarian South Journal of Political Economy, 6(2), 2017. MARTENS, Ludo. Balanço do colapso da URSS. São Paulo: Nova Cultura, 2016. MARX, K. e ENGELS, F. Manifesto Comunista. São Paulo: Boitempo, 2010. MINQI LI. Rise of China and the Demise of Capitalism. Londres: Pluto, 2008. MOYO, S. e YEROS, P.. The Zimbabwe Model: Radicalisation, Reform and Resistance, In: MOYO, S. e CHAMBATI, W., Land and Agrarian Reform in Zimbabwe: Beyond White-Settler Capitalism. Harare e Dakar: AIAS e CODESRIA, 2013. MOYO, S., JHA, P. e YEROS, P. The Classical Agrarian Question: Myth, Reality and Relevance Today, Agrarian South, 2(1), 2013. PATNAIK, U. & PATNAIK, P. A Theory of Imperialism. NY: Columbia University Press, 2017. PREBISCH, Raul. Capitalismo periférico. Cidade do México: Fondo de Cultura Económica, 1986. SACHS, Ignacy. Estratégias de transição para o século XXI. In: BURSZTYN, M. (org).Para pensar o desenvolvimento sustentável. São Paulo: Brasiliense, 1993. TSIKATA, D. Gender, Land Tenure and Agrarian Production Systems in Sub-Saharan Africa. Agrarian South Journal of Political Economy, 5(1), 2016. VEIGA, José Eli. Desenvolvimento sustentável. O desafio do século XXI. Rio de Janeiro: Garamond, 2005.

143 (GT06-008) El fenomeno migratorio de los jornaleros agricolas en el Valle de Tecoman, Colima. Mexico Saul Martinez Gonzalez (Universidad de Colima)

La migración de personas no es un fenómeno nuevo, por el contrario, ésta se ha acompañado por el desarrollo de la humanidad desde que existe. Los seres humanos se desplazan de un lugar a otro por diversos motivos, desde migraciones obligadas por un conflicto bélico, para sobrevivir, hasta por la búsqueda de mejores condiciones de vida. El caso que nos ocupa es la migración rural-rural que ocurre como el desplazamiento de jornaleros agrícolas de su lugar de residencia hacia otras regiones agrícolas más desarrolladlas en busca de empleo, sobrevivencia y mejores condiciones de vida. Este ensayo analiza en forma particular a los jornaleros agrícolas migrantes que concurren al valle de Tecomán, la mayor región productora de limón en México como un tradicional un polo de atracción de fuerza de trabajo agrícola local y migrante, desde hace más de cinco décadas. Hoy se ha convertido en el municipio más violento del país. Se analiza, entonces, la importancia de la región como demandante de mano de obra, las características del trabajo que se genera en esta región, la composición de la fuerza del trabajo migrante, así como estacionalidad de la oferta y la demanda del trabajo en el cultivo del limón y el valor de la fuerza de trabajo y el ingreso de los jornaleros agrícolas cortadores de limón, asimismo, se explican la condiciones laborales de estos trabajadores, todo ello basado en investigación de campo y consulta de fuentes documentales realizada desde el año 2010. Por último, se indaga la relación entre desempleo, pobreza y violencia en la región.

(GT06-003) O programa Au Pair como porta de entrada para a imigração brasileira nos Estados Unidos Amanda Arrais Mousinho (Universidade de São Paulo – USP) A au pair é uma jovem mulher oriunda de um país estrangeiro que mora com uma família anfitriã – normalmente por um período de 12 a 24 meses – para a qual trabalha prestando serviços de assistência à infância. Este trabalho busca analisar de que forma o programa Au Pair, formalmente classificado como intercâmbio cultural, serve como porta de entrada para a imigração de brasileiras nos Estados Unidos. A pesquisa parte de levantamento bibliográfico e documental sobre o tema e pretende analisar a participação de brasileiras no intercâmbio, investigando, principalmente, sua motivação no que se refere à escolha pelo programa, bem como à decisão de permanecer nos Estados Unidos após o término do contrato assinado com a família anfitriã. A hipótese sustentada é a de que o intercâmbio, por vezes, resulta em “rotas desviantes” nos casos de brasileiras que, em vez de voltar ao Brasil, como previsto pelo programa, optam por continuar a residir nos Estados Unidos. Baseadas no estudo da subjetividade narrativa por meio da história oral, foram realizadas 12 entrevistas com brasileiras a fim de fixar experiências de vida dessas participantes durante o programa Au Pair e, também, no momento seguinte ao término do programa. Além das entrevistas, também foram aplicados questionários. A hipótese foi confirmada, visto que parcela significativa das participantes brasileiras do programa Au Pair nos Estados Unidos continua a residir no país sob uma diversidade de circunstâncias, sendo as mais comuns: casamento, matrícula em uma universidade estadunidense e indocumentação.

144 Bibliografia CHUANG, J. A. The U.S. Au Pair Program: Labor Exploitation and the Myth of Cultural Exchange. Harvard Journal of Law & Gender, Vol. 36, 2013, Forthcoming. American University, WCL Research Paper No. 2012- 46. Disponível: https://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=2163595 Acesso em: 9 mai. 2017. MARGOLIS, Maxine. Little Brazil: Imigrantes Brasileiros em Nova York. Campinas, São Paulo: Papirus Editora, 1994. OMT. Introdução à metodologia da pesquisa em turismo. São Paulo: Roca, 2005. ROCHA-TRINDADE, M. B. (org.). Sociologia das migrações. Universidade Aberta: Lisboa, 1995. SAYAD, A. A imigração ou os paradoxos da alteridade. São Paulo: Edusp, 1998. SCHULTES, A. K. Caring and Cleaning “On Par”: the Work of Au Pairs & Housecleaners in the Chicagoland Area. University of Wisconsin-Milwaukee, 2014.

(GT06-011) O racismo, xenofobia no Brasil - migração haitana no Brasil e a experiência dolorida de migrantes haitianos no Brasil no século XXI Fritznel Alphonse (Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS)

Este trabalho propõe de analisar o racismo, xenofobia no Brasil bem como o processo migratório de haitianos no Brasil e a experiência dolorida destes no Brasil desde 2010. Para isso, analisaremos: 1) a historicidade de racismo e de xenofobia no Brasil; 2) o processo migratório de haitiano no Brasil no século XXI; 3) a experiência dolorida vivida por imigrantes haitianos com racismo e desigualdades raciais no Brasil desde 2010; 4) consideração final para finalizar este trabalho. A justificativa desta pesquisa tem sido ancorada na necessidade de ver o fenômeno migratório de haitianos no Brasil de um modo diferente dos outros pesquisadores mediantes de um olhar crítico de política de visto humanitário para os cidadãos haitianos desde 2010. Conhecendo a história geral do Brasil no que diz respeito aos problemas ligados as relações raciais desde 1888, este trabalho procura saber como se deu a experiência dos migrantes haitianos com o racismo brasileiro desde 2010? Assim, neste trabalho, partimos da hipótese de que a política de visto humanitário brasileiro para os haitianos no Brasil representa a principal ferramenta explicativa toda drama destes imigrantes no Brasil mediante de uso exclusivamente de racismo e desigualdades em que os haitianos estão sendo vítimas no Brasil desde 2010. Este trabalho trata-se de uma pesquisa documental que conta com apoio de uso de documentos oficiais, produções acadêmicas e de documentos não oficiais etc. Os resultados desta pesquisa mostram que a experiencia de migrantes haitianos no Brasil com sistema segregacionista brasileira sobre tudo o racismo e xenofobia constituírem uma barreira muito grande que levam esses sujeitos a viver um drama histórico de todos os sentidos no Brasil desde 2010.

145 (GT06-013) Comunicação, diáspora haitiana no Brasil e narrativas sobre relações raciais Denise Cogo (Escola Superior de Propaganda e Marketing – ESPM)

Em 2010, após o terremoto que atingiu o Haiti, o Brasil começou a se consolidar como uma das novas rotas migratórias da diáspora haitiana no mundo. Estimativas apontavam para a existência, em 2017, de cerca 60 a 65 mil haitianos instalados em diferentes regiões do país, assim como para a presença majoritária desse grupo migratório no mercado de trabalho formal brasileiro. Desde sua chegada ao Brasil, os imigrantes haitianos têm se mobilizado para a criação e uso de espaços digitais próprios como blogs, site, e redes sociais, para narrar suas experiências migratórias e articular suas demandas por cidadania. No marco dessas dinâmicas, esse artigo reúne os resultados de uma pesquisa orientada à análise das práticas de comunicação em espaços digitais desenvolvidas por haitianos no Brasil, focalizando especialmente aquelas narrativas sobre relações raciais produzidas e compartilhadas por esses imigrantes. A metodologia da pesquisa abrange a coleta de um corpus de narrativas materializadas em 11 produções de distintos formatos e gêneros (espetáculos teatrais, biografias, história em quadrinhos, videoclips, perfis de redes sociais, etc;) compartilhadas em mídias digitais por imigrantes haitianos entre 2015 e 2017, assim como a realização de 15 entrevistas semi-estruturadas com imigrantes envolvidos na produção dessas narrativas em três regiões brasileiras. Os resultados da análise apontam para duas dimensões centrais dessas narrativas. Uma primeira dimensão diz respeito ao reconhecimento, por parte dos imigrantes, da existência, no Brasil, de um racismo “não imaginado” antes de seu processo migratório, e configurado por relações raciais demarcadas pela mestiçagem e o mito da democracia racial. Uma segunda dimensão alude ao esforço desses imigrantes de enfrentarem o racismo a partir de um “recontar” a história do Haiti a fim de darem visibilidade a outras representações sobre os haitianos que não os reduza às imagens racializadas de pobreza, falta e precariedade.

Referências AUDEBERT, C. The recent geodynamics of Haitian migration in the Americas: refugees or economic migrants? Revista Brasileira de Estudos Populacionais. Belo Horizonte, v.34, n.1, p.55-71, jan./abr. 2017. COGO, D. Redes migratórias transnacionais e comunicação cidadã. Revista Coletiva. n. 23, , p. 1-8. ago- nov 2018. Disponível em: Acesso em: 23 dez 2018. GEOURGIOU, M. Does the subaltern speak? Migrant voices in digital Europea. Popular Communication. v. 16, n. 1, p. 45-57, 2008. HALL, S. El espectaculo del “Otro”. In: HALL, Stuart. Sin garantías: Trayectorias y problemáticas en estudios culturales. Popayán (Colombia): Envion, 2016, p. 419-445.

146 (GT06-019) Rádio Latina do Caribe: política, religião e arte de imigrantes haitianos em São Paulo Bruno Fuser (Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF)

O rádio, em sua história, tem exercido diversas funções sociais – desde entretenimento, difusão de notícias, comerciais, e também a defesa de reivindicações de segmentos populares, interação entre comunidades, construção de identidades, espaço de alteridades. Nessa trajetória, experiências como rádio-poste, rádios comunitárias e muitas outras foram e seguem intensamente estudadas e implantadas (COGO, 1998; FUSER, 2006; PERUZZO, 1997). Entre as várias comunidades que utilizam o rádio – em suas formas tradicional e/ou digital – estão aquelas que vivenciam experiências de imigração. As diásporas contemporâneas produzem ou acentuam desigualdades, exclusões, marginalidades, econômicas e sociais, entre elas o isolamento ou distanciamento entre seus pares, em seus novos países de moradia e vida. No caso da diáspora haitiana, vários estudos dedicam-se ao debate sobre tal imigração e as distintas formas de comunicação produzidas por haitianos no Brasil (COGO, 2014). ] Este trabalho, voltado para o estudo da experiência da Radio Latina do Caribe, criada por imigrantes haitianos em São Paulo, utilizou como metodologia pesquisa bibliográfica, entrevistas qualitativas e, também, o acompanhamento de emissões efetuadas pela emissora. A rádio, que funciona na web e em aplicativo para celulares (www.radiolatinadocaribe.com), foi criada em abril de 2019, e inaugurada formalmente em novembro do mesmo ano, embora vários programas tenham começado a ser produzidos e transmitidos antes dessa data. Propõe-se a ser uma rádio que dê voz a todos, especialmente quem não tem voz. Tentou abrir-se para outras nacionalidades, mas, na prática, os programadores são todos haitianos, ainda que haja propostas de programas a serem feitos por brasileiros. O estudo demonstra que a rádio é gerida por imigrantes haitianos que possuem, em maior ou menos medida, experiência de trabalho como comunicadores no Haiti. A emissora se constitui em espaço de expressão desses profissionais, cuja história de vida é marcada, em seu país de origem, por restrição a liberdades democráticas e situações de risco e repressão. A rádio possui vínculo orgânico com a associação de imigrantes haitianos sediada em São Paulo, da qual tenta ser forma de apoio financeiro, e seus dirigentes atuavam, todos, até a realização deste estudo, de forma voluntária. A possibilidade de criação de negócios a partir da rádio e a venda de tempo na programação mostraram-se, nos primeiros meses da rádio, pouco promissores, mas o baixo custo da emissora, o caráter voluntário dos programadores, o vínculo com a USIH e a possibilidade de produção de programas em que veiculem debates e ideias mantêm a rádio no ar. Referências COGO, D. M. No ar... uma rádio comunitária. São Paulo: Ed. Paulinas, 1998. FUSER, B. Rádios comunitárias em Campinas: a perda de espaço da alternativa popular. Em: COGO, D.; MAIA, J. (orgs). Comunicação para a cidadania. Rio de Janeiro : Editora da UERJ, 2006. Págs. 141-156. PERUZZO, C. M. K. Comunicação nos movimentos populares: a participação na construção da cidadania. Petrópolis : Vozes, 1998. COGO, D. Comunicação e migrações transnacionais: o Brasil (re)significado em redes migratórias de haitianos”. Revista de Estudos Universitários. n. 40, v 2, p. 233 - 257, dez. 2014. Disponível em: http:// periodicos.uniso.br/ojs/index.php/reu/article/view/2130. Acesso: 09 mar. 2019.

147 (GT06-017) Operação Acolhida: Memória dos Venezuelanos que passam pelo Brasil Sidmar José Cruz Junior (Exército Brasileiro)

A crise que se instalou na Venezuela e que temos testemunhado vem se agravando e provocando sérios problemas econômicos e sociais no Brasil, principalmente no Estado de Roraima. Tem-se como reflexo um aumento vertiginoso no contingente populacional principalmente em Pacaraima, cidade de fronteira, e Boa Vista, a capital. Isso exigiu de outras nações tais como o Brasil a necessidade de uma prontidão no atendimento a essas pessoas e um posicionamento frente aos desafios a serem enfrentados no acolhimento desses refugiados. O Governo Brasileiro, junto as Organização das Nações Unidas (ONU), criaram a Operação Acolhida, com o objetivo de controlar a entrada, abrigar e destinar os imigrantes venezuelanos que ingressam em território nacional. Com um total de 13 Abrigos, essa operação já é conhecida como a maior missão humanitária em território nacional. Pretende-se com o presente trabalho analisar a memória e o dia a dia das práticas desses venezuelanos que hoje habitam os abrigos. Da mesma forma pretende-se averiguar os processos de adaptação ao novo ambiente e as relações com as Forças Armadas e agências das Nações Unidas. Outro aspecto muito importante a ser tratado no presente trabalho consiste no papel do Exército Brasileiro atuando em conjunto com outras organizações e entidades do governo federal em assegurar a continuidade da prestação de serviços públicos e o pleno funcionamento da infraestrutura regional no sentido de prevenir um colapso por conta do contingente de massa de pessoas que estão chegando ao Brasil, fugindo da tirania no país vizinho. A atuação do Exército Brasileiro, por conta da Operação Acolhida seu de em foram conjunta, contando a interação de natureza humanitária, abrangendo o trabalho das Forças Armadas e dos mais diversos órgãos a nível federal, estadual e municipal, além de agências internacionais e organizações não governamentais que se mobilizaram por conta do contexto que se formou na fronteira brasileira com a Venezuela, com fuga e êxodo em massas de pessoas vindouras daquele país passando as mais diversas espécies de dificuldades. Enquanto resultado parcial, fica exposto que as pessoas que se encontram no país, na maioria, tiveram seu movimento migratório impulsionado pela forme no seu país de origem. Em território nacional, vivem em estado de adaptação por necessidade, seja para garantir alimento para si ou família, seja para garantir um emprego e enviar dinheiro para família na Venezuela. A expectativa tem se mostrado variada, com alguns desejando migrar para regiões brasileiras com novas oportunidades, enquanto outros desejam assim que possível retornarer ao seu país de origem. Fica também consagrado como será visto ao longo do presente trabalho que a Operação Acolhida, consagra valores humanitários do Exército Brasileiro, garantindo o pleno atendimento e a dignidade aos imigrantes provenientes da Venezuela que recém-chegaram ao Brasil, na mais absoluta condição de fragilidade. Finalmente o presente trabalho será desenvolvido pautado na pesquisa de natureza bibliográfica, com consulta a obras, artigos, publicações dos mais renomados autores assegurando o devido embasamento teórico ao tema proposto. Associado a este, será realizada uma análise e discussão envolvendo a experiencia pessoal do autor na Operação Acolhida, buscando transcrever uma experiencia militar e de vida muito enriquecedora e que

148 rende frutos para o aprimoramento profissional de um servidor militar que teve a honrosa oportunidade de atuar, representado o Brasil em um acontecimento tão importante a nível regional e internacional. A conclusão que se chega a princípio é que o país de fato tem conseguido realizar uma atuação satisfatória em termos de política externa e poder de influência nas decisões políticas e estratégicas.

Referências BAENINGER, Rosana; JAROCHINSKI SILVA, João Carlos. Migrações venezuelanas. Unicamp, Campinas, 2018. CAPITÓ, Maria Alana Calado e ALQUERQUE, Pedro Victor M. A. Direitos constitucionais e internacionais dos refugiados. Direito, democracia e internacionalização da Constituição: Direito(s) em debate. Recife: APPODI, 2016. https://www.youtube.com/watch?v=8FTUVF0agRU&list=PLnkYkTv4HbMa08vULlCXWcoE2V1KtfLol. Acesso em 09/03/2019. https://www.youtube.com/watch?v=1x9jm0jJIe4. Acesso em 08/03/2019. https://mail.google.com/mail/u/0/#inbox/FMfcgxwBVDKpxvqgsPSkStMgFWQWmrQc?p. rojector=1. Acesso em 09/03/2019. SOUZA MARQUES, Andressa Clycia Mello de; OLIVEIRA LEAL, Marilia Daniella Freitas. Migrantes venezuelanos no Brasil: cooperação como meio para garantir direitos. Congresso Internacional de Direitos Difusos. São Paulo, 2018.

149 Sessão: 02 Data: 08/05/2019 Horário: das 14h às 18h Sala 135, Bloco C

Coordenação Dra. Denise Cogo (ESPM); Doutoranda Cristina Toledo (FPM)

SEQUÊNCIA CÓDIGO TÍTULO AUTORES

Memórias de Jornalistas Refugia- 01 GT06-016 dos no Brasil: um legado intelec- Rosana Henrique Faber e tual de combate ao nazifascismo Priscilla F. Perazzo Eva Alterman Blay: “O Brasil como destino: Raízes da imigração Daniela Susana Segre 02 GT06-015 judaica contemporânea para São Guertzenstein Paulo”. Editora UNESP, 2010. Ressignificação da identidade 03 GT06-021 polono-brasileira entre Larissa Drabeski descendentes de migrantes Travessias clandestinas: representações da imigração ile- 04 GT06-012 gal de mineiros rumos aos EUA Carolina Silva Horta Machado (2001-2016) Filhos de imigrantes brasileiros 05 GT06-004 no Japão: telenovela brasileira, Helen Emy Nochi Suzuki identidade e pertencimento Entre o nordeste e o sudeste: Uma revisão de literatura sobre 06 GT06-020 a comunicação e migração nor- Mariana Gurgel Godeiro destina no estado de São Paulo a partir da década de 80

150 (GT06-016) Memória de Jornalistas Refugiados no Brasil: um legado intelectual no combate ao nazifascismo Rosana Henrique Faber (Universidade Municipal de São Caetano do Sul – USCS) Priscila F. Perazzo (Universidade Municipal de São Caetano do Sul – USCS)

Essa comunicação apresenta uma proposta de pesquisa em desenvolvimento voltada para o estudo das memórias de intelectuais que atuaram como jornalistas e escritores durante o século XX, após terem buscado refúgio no Brasil, por conta da perseguição nazifascista sofrida na Europa. Projetaram- se como escritores e atuaram em publicações de periódicos e jornais brasileiros. O ponto de inflexão das histórias dessas pessoas para que fazer o deslocamento da Europa para o Brasil, em meados do século XX, diz respeito à ascensão do nazifascismo na década de 1930. Suas vidas profissionais foram interrompidas e suas obras abandonadas. No país de refúgio, sobreviveram, reconstituíram as experiências de vida e, ao retomarem suas atividades profissionais e intelectuais, passaram também a escrever nos jornais, configurando-se assim, como jornalistas. Nessa época, o ofício de jornalista quase sempre era desenvolvido por intelectuais e escritores. As histórias de vida e as obras desses intelectuais e escritores contribuem permanentemente com a cultura, a arte e a ciência. O estudo sobre a atuação de intelectuais e escritores como jornalistas contribuirá para a compreensão histórica da imprensa do século XX no Brasil e para a compreensão do cenário do jornalismo até a nossa atualidade. Do ponto de vista da dinâmica da comunicação, cultura e memória essa pesquisa discute o ofício jornalístico entre o tradicional e o contemporâneo, desde a produção de intelectuais e escritores nos jornais em contraste às condições atuais da prática profissional. Nesse sentido essa proposta de pesquisa visa relacionar literatura, jornalismo e memória com biografias e histórias de vida de personalidades estrangeiras, obrigadas a fazer o caminho da imigração por conta de buscar um lugar de refúgio contra as atrocidades nazifascista que ameaçavam suas vidas na Europa. Por meio da memória, das histórias de vida e da biografia dessas pessoas será possível discutir o desenvolvimento do jornalismo no Brasil, numa perspectiva de comunicação de interesse público voltada para a cultura. A narrativa biográfica, por meio do relato oral ou de escritos desses mesmos refugiados permite a reconstrução de suas biografias. Muitas vezes esquecidas no campo dos estudos de Comunicação. Somados ao exercício profissional, suas histórias são significativas por tratar de pessoas que foram obrigadas a se refugiar no Brasil por conta da perseguição política e ideológica sofrida na Europa. Vidas de refúgios somadas à importância do trabalho intelectual permite que deixem um legado importante para o desenvolvimento do jornalismo no Brasil. Narrar suas biografias torna-se uma ação importante na comunicação de interesse público que tem nesse trajeto da memória a condição de retirar do esquecimento vidas e textos importantes para a trajetória da intelectualidade brasileira no século XX. Tomando essas premissas, a pergunta dessa pesquisa é: como a trajetória de vida de intelectuais e escritores refugiados do Nazismo no Brasil, na segunda metade do século XX, contribuiu para o desenvolvimento da prática jornalística no lugar de refúgio, no sentido de um legado para a comunicação de interesse público? Tem como objetivo apontar o legado intelectual desses imigrantes refugiados para o exercício do Jornalismo no Brasil, numa perspectiva de comunicação de interesse público. Será utilizada essencialmente a pesquisa documental e, quando possível, entrevistas de histórias de vida e história de famílias.

151 (GT06-015) Eva Alterman Blay: “O Brasil como destino: Raízes da imigração judaica contemporânea para São Paulo”. Editora UNESP, 2010 Daniela Susana Segre Guertzenstein (Programa Nacional de Pós Doutorado Capes, PPGS DS FFLCH Universidade de São Paulo – USP)

A apresentação e artigo propostos colocam em evidência o livro “O Brasil como destino: Raízes da imigração judaica contemporânea para São Paulo”, que resultou da pesquisa de mais de trinta anos da socióloga e professora emérita Eva Alterman Blay da Universidade de São Paulo sobre as raízes da imigração judaica contemporânea para São Paulo (SP) Brasil. O objetivo dessa apresentação e artigo é divulgar a contribuição inédita literária e acadêmica do discurso do livro em questão; no qual são cuidadosamente transcritos depoimentos que expressam a memória oral viva da complexidade do pertencimento social, político e econômico dos entrevistados. O livro de Eva Blay permite conhecer um extenso leque de identidades judaicas, no qual as pessoas são identificadas pelas suas diferenças revelando a diversidade cultural, religiosa e sócio-econômica entre elas na região de origem e no país de destino. A apresentação desse livro sobre imigrações contemporâneas é muito importante porque além de expor as migrações judaicas de uma época e tratar sobre diferentes identidades religiosas, políticas, nacionais e suas redes sociais no paradigma das (i)mobilidades migratórias e globalização permite perceber, analisar e refletir que as discriminações e perseguições contra judeus podem ser mais eficientes para a perpetuação da “identidade judaica” do que a transmissão de crenças e tradições familiares.

(GT06-021) Ressignificação da identidade polono-brasileira entre descendentes de migrantes Larissa Drabeski (Universidade Federal do Paraná – UFPR)

O foco deste trabalho é a comunidade de descendentes de imigrantes poloneses em São Mateus do Sul – PR, cidade colonizada por imigrantes poloneses no final do século XIX. Entre os anos 1890 e 1893, período de maior fluxo de imigrantes, o município recebeu 1910 colonos poloneses (Gluchowski, 2005). Os imigrantes chegaram trazendo sua língua, sua religião e seu estilo de vida. Passados mais de cem anos da imigração polonesa, os traços culturais dessa etnia ainda são percebidos em diversas manifestações culturais. Descendentes da quarta ou até quinta gerações cultivam ainda as influências polonesas, por meio da culinária, religião, música, da língua falada, entre outros aspectos. A análise da produção acadêmica sobre a etnia polonesa evidencia uma lacuna importante para a compreensão de um fenômeno migratório que marcou a história do Paraná, por isso, consideramos que a pesquisa desenvolvida contribui para a compreensão das comunidades contemporâneas de origem polonesa no Brasil. O número de pesquisas stricto sensu realizadas até hoje não é tão numeroso, totalizando 36 teses e dissertações disponíveis no Banco de Teses e Dissertações da Capes e no Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações. Outro aspecto é a concentração destes estudos na área da História, enquanto em outras áreas, como na própria Comunicação, o tema é pouco desenvolvido. O conceito de identidade cultural foi a matriz teórica essencial para o desenvolvimento da pesquisa, definidas como: “aqueles aspectos de nossas identidades que surgem de nosso ‘pertencimento’ a culturas étnicas, raciais, lingüísticas, religiosas e, acima de tudo, nacionais” (HALL, 2006, p 8). Não se trata de algo unificado e estável que o indivíduo carrega consigo desde o nascimento, mas de uma construção histórica, fragmentada e, por vezes, contraditória.

152 A pesquisa foi desenvolvida com uma abordagem multimetodológica que permitisse apreender as complexas relações entre a construção e a ressignificação da identidade polono-brasileira e os processos comunicativos dessa comunidade, especialmente os relacionados com os meios de comunicação. Durante a pesquisa de campo foi observado que no dia a dia as narrativas midiáticas não têm o peso principal para a constituição da identidade étnica. Ganham força outros processos comunicativos, tais como as práticas religiosas e as transmissões familiares, como a passagem de receitas da culinária polaca, orações e canções em polonês, participação em eventos étnicos, entre outros. Uma das razões para isso é também porque no dia a dia a Polônia e as tradições polonesas não são temas mais frequentes ou de destaque nas mídias que eles consomem, de acordo com os próprios descendentes.

No entanto, quando questões relativas à polonidade ganham projeção na mídia, aí sim as narrativas midiáticas tornam-se parte da constituição identitária. É o caso da visita do primeiro papa polonês, João Paulo II, ao Brasil em 1980. Outro exemplo foi a Copa do Mundo de 2018, que contou com a participação da seleção polonesa, momento em que afloraram as reflexões sobre a própria identidade por parte dos polono-brasileiros.

Referências GLUCHOWSKI, K. Os poloneses no Brasil: subsídios para o problema da colonização polonesa no Brasil. Tradução de Mariano Kawka. Porto Alegre: Rodycz & Ordakowski Editores, 2005. HALL, S. A identidade cultural na pós-modernidade. 4. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2000.

(GT06-012) Travessias clandestinas: representações da migração ilegal de mineiros rumo aos EUA (2001-2016) Carolina Silva Horta Machado (Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP)

A partir da década de 1980, foi perceptível um avanço na emigração de brasileiros em busca de melhores oportunidades socioeconômicas. Nesse panorama, a região de Governador Valadares/MG, tornou-se representativa da emigração para os EUA. Com o passar dos anos e o aumento dos empecilhos para a entrada de emigrantes nos EUA, novas alternativas foram criadas e apoiadas pelo que se convencionou chamar de ‘’indústria da migração ilegal’’ (FAZITO; SOARES, 2014). Dentre as formas ilegais, a travessia clandestina por terra das fronteiras mexicanas para os EUA é das mais conhecidas. Essa pesquisa, propôs-se a analisar diferentes representações da travessia clandestina que são constituídas em narrativas de memória de migrantes retornados (da região de Governador Valadares) e em veículos midiáticos. No intuito de compreender e identificar as condições e a forma em que se deu essa travessia clandestina entre 2001-2016, foram realizadas três entrevistas com migrantes retornados, valendo-se da metodologia da História Oral, que possibilita trazer à luz aspectos sociais, históricos e principalmente subjetivos dessa experiência, percebendo os sujeitos como únicos em sua vivência (OSMAN, 2007). Foi realizada também uma pesquisa nos acervos online dos jornais Estadão, A folha e da revista Veja, que atuam “na articulação, divulgação e disseminação de projetos, ideias, valores, comportamentos, etc.” (CRUZ e PEIXOTO, 2007:259), sendo, portanto, fonte privilegiada de constituição e difusão do imaginário social sobre a travessia clandestina. Percebeu-se que as reportagens jornalísticas analisadas enfatizavam situações de abusos, assassinatos e deportações, destacando as situações de violência vivenciadas durante a travessia clandestina. Enquanto isso, nas narrativas de memória, a travessia clandestina

153 apareceu marcada por situações de vulnerabilidade e riscos (QUIROZ e PIÑEIRO, 2013), percebidas como obstáculos necessários à realização de um sonho. Concluímos, portanto, que as representações sobre a travessia clandestina são múltiplas e giram em torno principalmente da indústria da migração ilegal, que é, em grande maioria, representada pela atuação do “coiote”. Tal como Spener (2001), percebemos que, ao culpabilizar o mercado da migração ilegal pelas situações de violências, vulnerabilidades e riscos, essas representações eximem as responsabilidades do Estado pelas violações de direitos ocorridas durante a travessia clandestina.

Referências bibliográficas CRUZ, Heloísa de Faria; PEIXOTO, Maria do Rosário da Cunha. Na oficina do historiador: conversas sobre história e imprensa. Projeto História, São Paulo, n. 35, dez. 2007. FAZITO, Dimitri; SOARES, Weber. The Industry of Illegal Migration: Social Network Analysis of the Brazil- US Migration System. International Migration / OIM. doi: 10.1111/imig.12034. 2014. OSMAN, Samira Adel. Imigração e o Tema Movedor. Oralidades, São Paulo, (1), p. 33-40, mai. 2007. QUIROZ, Yolanda Silva; PIÑEIRO, Rodolfo Cruz. Niñez migrante retornada de Estados Unidos por Tihuana. Los riesgos de su movilidad. Región y Sociedad. Año XXV, no. 58. 2013. SPENER, David. Mitos y realidades de um arquetipo fronterizo: Narrativas sobre el coyote mexicano. Ponencia presentada en el XXXIII Congreso de la Asociación Latinoamericana de Sociología, Ciudad de Guatemala. 2001.

(GT06-004) Filhos de imigrantes brasileiros no Japão: telenovela brasileira, identidade e pertencimento Helen Emy Nochi Suzuki (Universidade São Paulo – USP)

O artigo trata da experiência de pertencimento dos filhos de imigrantes brasileiros entre dois mundos: Japão e Brasil. Utilizando a mediação da telenovela como espaço simbólico de produção de sentidos, investigamos elementos de identidade cultural brasileira e de brasilidade nos discursos produzidos pelos filhos de imigrantes brasileiros que moram no Japão em relação aos seguintes temas: identidade, pertencimento, cultura, preconceito, estranhamento, escola, família e sociedade. Essa pesquisa qualitativa de estudo de caso utilizou como técnica a entrevista em profundidade e a história de vida. A coleta de dados foi realizada no Japão entre maio e novembro de 2017. O quadro teórico baseia-se nas Mediações de Martín-Barbero (2008), nos Estudos Culturais, principalmente Stuart Hall (2009) e Homi BhaBha (1998), na Análise do discurso de linha francesa e nos estudos de linguagem de Bakhtin-Volochínov (2010). Estudar como a telenovela está presente nas relações familiares significa dimensioná-la com base no dialogismo fundador das relações de linguagem conforme destacam Bakhtin-Volochínov (2010) e Bakthin (2003). Os lugares de mediação são considerados a partir de Martín-Barbero (2008, p. 294), isto é, “dos lugares dos quais provêm as construções que delimitam e configuram a materialidade social e a expressividade cultural da televisão”. Para a análise com rigor e método dos discursos registrados, utilizamos a Análise do Discurso (AD), em que a delimitação de um corpus institui empiricamente o objeto a ser analisado e, por meio da qual “não se procura o sentido ‘verdadeiro’, mas o real sentido em sua materialidade linguística e histórica.” (ORLANDI, 2007, p. 59). Então, existe uma interação ou um terreno onde se conjuga o repertório e a história individual do receptor, pois, nas situações em que

154 esse lugar de permanência não corresponde ao lugar de pertencimento, temos uma ruptura com as certezas que pareciam inicialmente solidificadas, e a identidade não é mais a mesma, pois “na situação da diáspora, as identidades se tornam múltiplas.” (HALL, 2009, p. 26). O estranhamento em relação à língua, aos costumes, e às tradições tão diferentes entre Brasil e Japão, gera uma necessidade constante de identificação e diferenciação que possa “atender”, mesmo que momentaneamente, esses brasileiros.

Bibliografia BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 2003. BAKHTIN-VOLOCHÍNOV, Mikhail. Marxismo e filosofia da linguagem. 14. ed. São Paulo: Hucitec, 2010. BHABHA, Homi. O local da cultura. Belo Horizonte: UFMG, 1998. HALL, Stuart. Da diáspora: identidades e mediações culturais. Belo Horizonte: UFMG, 2009. MARTÍN-BARBERO, Jesús. Dos meios às mediações: comunicação, cultura e hegemonia. 5. ed. Rio de Janeiro: UFRJ, 2008. ORLANDI, Eni P. Análise de discurso: princípios e procedimentos. São Paulo: Pontes, 2007.

(GT06-020) Entre o nordeste e o sudeste: Uma revisão de literatura sobre a comunicação e migração nordestina no estado de São Paulo a partir da década de 80 Mariana Gurgel Godeiro (Escola Superior de Propaganda e Marketing – ESPM)

A migração nordestina para São Paulo teve seu auge entre as décadas de 60 e 80, tendo como principais motivações duas causas: as grandes secas, fenômeno climático que atinge a região nordestina, e as oportunidades de trabalho resultantes de atividades econômicas em expansão (OJIMA e FUSCO, 2015). O ser migrante pode até migrar sozinho, mas traz consigo seus objetos, suas experiências, seus modos de ser, e a, principal forma que eles utilizavam para se comunicar com os que ficavam, era por meio de cartas. Atualmente, o processo migratório continua acontecendo, porém, além de já ter vivido um intenso fluxo de migrações de retorno, as razões pelas as quais elas continuam ocorrendo estão se diversificando e a maneira de manter contato com os que ficaram na terra natal também. Diante disso, o presente trabalho se propõe a fazer o estado da arte para compreender o que vem sendo estudado sobre a temática nos últimos anos, observando os diferentes suportes comunicacionais. Além disso, ele faz parte da pesquisa de mestrado em comunicação e consumo desenvolvida na ESPM, que tem como objetivo observar como ocorre o processo de tradução das cartas de migrantes nordestinos em produtos comunicacionais pelo coletivo teatral Estopô Balaio. A metodologia utilizada foi um levantamento bibliográfico, com base nas palavras chaves: migração nordestina, nordestinos e comunicação, nos bancos de teses e dissertações dos principais programas de pós-graduação em comunicação do país, bem como no repositório da CAPES. Além do mais, foi feita uma busca nas principais revistas acadêmicas da área de comunicação, por exemplo, Matrizes e Comunicação, Mídia e consumo. Com a realização desse trabalho, foi possível observar que ao combinar as palavras chaves já mencionadas anteriormente, os resultados eram voltados para diferentes suportes comunicacionais: rádio, literatura, documentário. Observou-se também a existência de outros trabalhos que abordavam a temática das cartas, mas ele não tinham relação com a migração nordestina. Sendo assim, pode-se dizer que o assunto ainda é pouco explorado e tem muitas lacunas a serem estudadas.

155 Referências OJIMA, RICARDO; FUSCO, WILSON. “Migrações e nordestinos pelo Brasil: uma breve contextualização”, p.11-26. In Ricardo Ojima, Wilson Fusco. Migrações Nordestinas no Século 21 - Um Panorama Recente, São Paulo: Editora Edgard Blücher,2015

Sessão: 03 Data: 08/05/2019 Horário: das 14h às 18h Sala 137, Bloco C

Coordenação Dra. Ana Uribe (UdeC)

SEQUÊNCIA CÓDIGO TÍTULO AUTORES

Imigração e abordagem biográfi- 01 GT06-010 Zeila de Brito Fabri Demartini ca: possibilidades para pesquisa Memórias de mulheres búlgaras 02 GT06-005 bessarabianas e descendetes: Vilma Lemos narrativas de histórias de vida Minha casa é onde estou – auto- 03 GT06-018 Adriana Marcolini biografia de Igiaba Scego

A infância migrante a partir da 04 GT06-007 Juliana Doretto webdiáspora

A transitoriedade dos lugares da Clélia Gomes dos Santos 05 GT06-002 experiência: puxando um fio d’O cachorro e o lobo Ricardo Martins Valle Cultura, Língua e Memória: a 06 GT06-022 diáspora como lugar de recriação José Walter Nunes cultural

156 (GT06-010) Imigração e abordagem biográfica: possibilidades para pesquisa Zeila Demartini (CERU/USP-CNPq)

As narrativas dos sujeitos imigrantes são objeto de nossas pesquisas, recorrendo às diferentes formas sob as quais podem ser obtidas e que os colocam como participantes na produção de conhecimento. Essa comunicação traz à tona possibilidades da pesquisa biográfica procurando salientar sua importância para a compreensão dos contextos migratórios, dos dilemas enfrentados pelos imigrantes e de suas vivências. Aborda inicialmente as possibilidades colocadas para períodos mais remotos, sobre as quais foram estudados relatos autobiográficos e cartas. Depois trata de pesquisas mais recentes em que o acesso aos próprios imigrantes foi possível, recorrendo-se a histórias de vida e depoimentos por meio de narrativas orais. Tratam-se de estudos de natureza diferente: o primeiro caso é sobre os imigrantes; o segundo os incorpora e com eles dialoga. A pesquisa recorrendo à abordagem biográfica tornou- se fundamental para a discussão das questões envolvendo os imigrantes principalmente pelo fato de considerá-los como “sujeitos”, mesmo quando são considerados como “outros” pela sociedade e como ameaçadores pelo Estado brasileiro. Nossa intenção é refletir sobre a pesquisa por meio da abordagem biográfica nos estudos migratórios, evidenciando a importância das fontes que podem ser trabalhadas com relação a diferentes grupo em diferentes épocas, chamando a atenção para alguns pontos que consideramos fundamentais no estudo das migrações atuais: intensificar a construção e coleta de fontes produzidas por e com os imigrantes, para que se possa refletir sobre os processos migratórios para além do ponto de vista do Estado e das políticas públicas, mas com base no olhar dos sujeitos envolvidos; diversificação e complementaridade das fontes na produção do conhecimento; incorporação de narrativas produzidas por imigrantes e por sujeitos “outros” não imigrantes; utilização de fontes do país de adoção mas também dos contextos de origem (ou de passagem). Nos dias atuais em que os deslocamentos continuam ocorrendo motivados por situações de pobreza ou de guerra, acompanhados muitas vezes por ações de violência e conflitos, esse é um desafio que cabe à pesquisa biográfica e aqueles que dela se aproximam: tornar os sujeitos imigrantes menos “estranhos”, mais presentes, parte da mesma sociedade.

(GT06-005) Memórias de mulheres búlgaras bessarabianas e descendetes: narrativas de histórias de vida Vilma Lemos (Memórias do ABC) Trata-se de narrativas orais (Bruner, 1986) de 14 mulheres, das quais 3 são imigrantes, que narraram suas histórias de vida pelo viés da memória (Halbwachs, 1990), enfocando, dentre outros temas, o trabalho, a língua, a culinária, o preconceito, as tradições referentes às suas origens, a Bessarábia. Suas histórias de vida compõem um painel de três gerações de mulheres que estão ligadas, direta ou indiretamente, à região que já não existe mais por razões políticas, guerras, dominações. O objetivo foi registrar e analisar suas visões e compreensão em relação à trajetória e cultura desse grupo no Brasil, tendo em vista suas memórias, lembranças, vivências, sentimentos. A metodologia utilizada foi a da História Oral (Alberti, 2005), com entrevistas de história de vida gravadas em estúdio, ressalvando-se que 5 depoentes não gravaram em vídeo, sendo entrevistadas em suas residências, uma delas por telefone. Resultou desse processo um livro, em fase de finalização.

157 (GT06-018) Minha casa é onde estou – autobiografia de Igiaba Scego Adriana Marcolini (LEER – Universidade de São Paulo – USP)

Proponho uma reflexão sobre o livro Minha casa é onde estou, autobiografia de Igiaba Scego (São Paulo: Editora Nós, 2018). Nascida em Roma em 1974, filha de imigrantes somalis, a autora entrelaça a sua vida com o percurso de sua família antes e depois da emigração para a Itália, e com a história da Somália. Filha caçula de Ali Omar Scego, um político somali exilado pela ditadura de Siad Barre, Scego traz à tona seus conflitos de pertencimento e declara ser, ela mesma, “uma encruzilhada, uma ponte, uma equilibrista, alguém que está sempre no limiar e nunca está”. Relata o preconceito sofrido na escola quando criança em Roma, por ser “negra e suja”, e aponta o papel de mediação que teve uma professora, fundamental para que ela superasse o medo. Na narrativa, Scego percorre vários lugares emblemáticos de Roma, revelando detalhes que a remetem a reflexões em torno do exílio, da colonização italiana da Somália e da comunidade somali na capital. A trajetória relatada por Igiaba Scego percorre os primeiros vinte anos de sua vida. Traz o sofrimento de uma menina negra, crescida numa época em que a Itália começava a receber os primeiros imigrantes, passa pela diáspora somali e pelos conflitos de identidade de uma filha de estrangeiros. Termina com a redescoberta da língua somali e a afirmação de uma identidade afro-italiana. Igiaba Scego enxerga Roma com olhar africano. Traz à tona a faceta globalizada da capital, formada por imigrantes de várias nacionalidades. A partir da análise de Minha casa é onde estou, esta pesquisadora abordará o papel de mediadores culturais exercido pelos filhos de imigrantes, e o hibridismo que muitas vezes adquirem.

(GT06-007) A infância migrante a partir da webdiáspora Juliana Doretto (Faculdade das Américas – FAM)

A infância é uma categoria social mutante, que adquire diferentes feições não apenas ao longo do tempo, mas também de acordo com os contextos culturais e econômicos em que os sujeitos crianças vivem (ARIÈS, 2006). Neste trabalho, nos interessa sobretudo o conceito de “infância migrante”, entendido como algo que “se compone de niñas y niños que vienen de flujos migratorios internacionales [...] y va cambiando según el predominio de ciertas nacionalidades y características socioeconómicas”. (SOTO, 2013, p. 7). Aqui, vale também ressaltar que, para o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (on-line), migrantes são os que “escolhem se deslocar não por causa de uma ameaça direta de perseguição ou morte, mas principalmente para melhorar sua vida em busca de trabalho ou educação, por reunião familiar ou por outras razões”, enquanto os refugiados “não podem voltar ao seu país”. Entendemos ainda que as crianças migrantes não são apenas as que nasceram em áreas diferentes daquelas em que vivem hoje mas também as que são filhas de migrantes e, por isso, consideradas estrangeiras (SOTO, 2013). Nesse sentido, e numa perspectiva foucaultiana, compreendemos ainda que os discursos midiáticos são importantes palcos para essa construção social da infância, afetando inclusive a maneira de meninos e meninas se compreenderem como criança. Em relação aos pequenos migrantes (ou refugiados), compreendemos que entre esses discursos estão também os relatos vindos de suas regiões de origem, sem intermediação da grande mídia. Esse movimento, que vem sendo facilitado pelas tecnologias digitais, é traduzido no conceito de webdiáspora, utilizado por “pesquisadoras como Scopsi (2009), Elhajji (2015) Elhajji e Malerba (2016) e Brignol, Costa (2016) para fazer referência a ambientes comunicacionais

158 marcados pela lógica do deslocamento e pela vivência em rede das próprias diásporas na internet” (COGO, 2018, p. 108). São canais no YouTube, páginas no Facebook e blogs, entre outros, geridos por migrantes ou feitos em parcerias com eles, que constroem narrativas sobre o ser “outro” no estrangeiro. Esses discursos produzidos pelos que migraram participam, com outros, da formação da chamada “infância migrante”. Neste trabalho, buscamos retratar essa infância a partir de relatos ligados à webdiáspora, em veículos da plataforma Mídia de Migrantes de São Paulo (midiasdemigrantesdesp. com.br). O objetivo foi selecionar páginas com caráter informativo, como MigraMundo, Agência de Notícias Brasil-Árabe e Bolívia Cultural, e entender como narrativas publicadas ali nos últimos dois anos constroem modos de ser criança em situação de mobilidade. Entre os resultados, nota-se o predomínio de discursos que vitimizam a criança migrante e trazem poucas vozes de infantes, reproduzindo a cobertura da infância na grande mídia.

Referências ACNUR. Disponível em: . Acesso em 21 jan. 19. ARIÈS, P. História social da criança e da família. Rio de Janeiro: LTC, 2006. COGO, D. Mídia e cidadania das migrações transnacionais no Brasil. In: GAVIRIA MEJÍA, M. R. (Org.). Migrações e direitos humanos: problemática ambiental. Lajeado: Univates, 2018. SOTO, I. P. Los significados de “ser niña y niño migrante”: conceptualizaciones desde la infancia peruana en Chile. Polis, Santiago, 35, 2013.

(GT06-002) A transitoriedade dos lugares da experiência: puxando um fio d’O cachorro e o lobo Clélia Gomes dos Santos (Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB) Ricardo Martins Valle (Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB)

Apresentação do tema Temáticas vinculadas à migração, com viés para o deslocamento, o não-lugar, a territorialização/ reterritorialização, têm sido recorrentes no universo da literatura. Diversas são as narrativas de ficção em que a mobilidade se faz presente, trazendo a problemática do desenraizamento e da identidade, agenciados por diferentes contatos culturais. Por meio dessas categorias conceituais, questionamos o movimento de abandono e de afastamento do território que se empreende a construção de outro território. Partimos do princípio de que a migração pressupõe não apenas um ultrapassar de fronteiras, mas, sobretudo, de transição de valores, de estágios de descentramentos, adaptações e desestabilização. Nesse sentido, este estudo apresenta o romance O cachorro e o lobo do escritor Antônio Torres, considerando aspectos relacionados às diversas mobilidades da contemporaneidade.

Problema O cachorro e o lobo que, juntamente com Essa Terra e Pelo Fundo da Agulha forma a trilogia torresiana, resulta das dinâmicas da migração nordestina e seus desdobramentos, os quais colocam em evidência

159 a complexidade dos processos psíquicos, culturais e sociais que envolvem o ultrapassar de fronteiras. Os personagens do romance zarpam-se cada um à sua maneira, caracterizando um deslocamento para além geográfico. Nesse sentido, este estudo investiga os desdobramentos da migração no romance O cachorro e o lobo, sobretudo dos sujeitos personagens que vivem em condições de desterro, de não pertencimento e não-lugares.

Objetivos - Identificar a crítica literária sobre a produção de Torres, considerando o contexto contemporâneo para a escrita em análise. - Investigar os desdobramentos da migração na obra O cachorro e o lobo, sobretudo dos sujeitos da narrativa.

Metodologia De cunho teórico-crítico, portanto bibliográfica, essa pesquisa ancora-se nos estudos culturais e de estudiosos que discutem a migração e suas implicações na vida dos sujeitos, como Guilles Deleuze e Félix Guattari (1997) e de Sturat Hall (2003) e nas discussões de Bauman (2001) e Bhabha (2005) sobre manobras ideológicas.

Resultados parciais Parte de uma pesquisa de mestrado, ainda em andamento, o que ora podemos postular é que a migração nordestina intrica debates e estudos acerca da temática, assim como forte é a presença da diáspora do retirante nas produções literárias.

Conclusões parciais A literatura de Torres, ao tratar a realidade dos excluídos, reconhecendo-os enquanto sujeitos e pacientes de um drama histórico, traz a mobilidade enquanto um fenômeno universal e propõe uma reconfiguração das justificativas da migração. Migrar não é mais uma sina, é uma escolha, ainda que tomada sob efeito de uma realidade ilusória. Dessa forma, O cachorro e o lobo reflete sobre o sujeito no complexo mundo contemporâneo, imbrincado de incertezas e instabilidades.

Referências BAUMAN, Zigmunt. Modernidade liquida. Trad. Plinio Dentzien. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2001. BHABHA, Homi K. O local da cultura. Trad. Myriam et al. Belo Horizonte: UFMG, 2005. DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Felix. Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia, vol. 5. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1997. HALL, Stuart. Da Diáspora: Identidades e Mediações Culturais. Belo Horizonte: UFMG, 2003. TORRES, Antônio. O cachorro e o lobo. 2. ed. Rio de Janeiro: Record, 1997.

160 (GT06-022) Cultura, Língua e Memória: a diáspora como lugar de recriação cultural José Walter Nunes (Universidade de Brasília – UnB)

No ano de 2006 iniciei a elaboração de um projeto de pesquisa em torno da cultura pomerana no Brasil. Após o levantamento bibliográfico sobre o tema e sua leitura, escolhi o estado do Espírito Santo, onde vivem algumas dessas comunidades de descendentes de imigrantes pomeranos, para a realização de um trabalho de campo preliminar para definir o projeto. Várias atividades investigativas foram realizadas: coleta de relatos orais, observação participante, levantamento de materiais escritos, visuais e audiovisuais, contato com pesquisadores, professores, funcionários do governo local e outros grupos da sociedade civil. Do diálogo com esses interlocutores, a questão da preservação da língua pomerana veio à tona. De fato, essa língua materna, na sua relação com a língua nacional, e outras línguas imigração, situou-se em primeiro plano. Questão esta motivada em parte pela implantação, no ano anterior (2005), do Projeto de Educação Escolar Pomerana/PROEPO, nas escolas públicas do município de Sta Maria de Jetibá, de maioria de origem pomerana (85% da população). Essa política pública de educação na perspectiva da cultura, em busca do reconhecimento do bilinguismo através da escola, provocou tensões e debates em diversos espaços sociais, sinalizando para questões do passado, inscritas no presente. Na verdade, o PROEPO desencadeou um processo de rememoração de experiências que colocava para todos os grupos, pomeranos ou não, um outro tempo, o tempo de agora, o tempo de reparação das interdições (BENJAMIN), de reconhecimento das diferenças culturais e da necessidade de igualdade de direitos sociais historicamente ignorados, negados e reprimidos.. Por isso, observar a língua pomerana enquanto língua minorizada e na diáspora, num país de política de língua única, tornou-se fundamental nesta pesquisa. De fato, as comunidades de fala a têm como língua materna, herdadas de seus ancestrais, em sua maioria camponeses, que chegaram ao Brasil entre os anos de 1858-1874, vindos da Pomerânia, à época, território pertencente ao Reino da Prússia e, mais tarde, 1871, vai se constituir em uma das províncias do Estado Nação da Alemanha. Essas evidências justificaram a elaboração do meu projeto de pesquisa: “A língua pomerana num contexto de relações interculturais: memórias, culturas e identidades em Santa Maria de Jetibá/ES”. Para encarar esse fenômeno, algumas indagações foram formuladas: como compreender essa língua na relação cultura- memória e identidade? Quais as formas de repressão e interdição à fala pomerana, e quem tem sido seus agentes? Como essas comunidades vêm combinando resistência cultural com uma noção de diáspora enquanto lugar de recriação cultural e não de isolameno ou dispersão? (Hall, Bhabha, Bauman) Quais as formas de interação social, passadas e presentes, com os outros grupos linguístico-culturais? Quais os desdobramentos epistemológicos, políticos e culturais dessa experiência de educação? Metodologia: o horizonte teórico-metodológico deste trabalho se insere nos debates em torno das relações entre história, história oral, memória e narrativa fílmica documental. Tenho buscado a perspectiva benjaminiana de História que a compreende enquanto uma reconstrução associada ao ato de narrar, articulada à memória e à experiência. Nessa direção, a memória deve ser encarada enquanto forma de pensamento, tanto em relação a relatos do presente quanto a relatos do passado, posto que o ato de rememorar reinscreve o lembrado na atualidade, com força para reabrir questões até então fixadas pela História. Fontes: orais, visuais, audiovisuais, escritas, entre outras. Alguns resultados: a pesquisa revela que esse processo de reconhecimento da cultura e língua pomerana elevou a autoestima dessas comunidades; gerou um expansão epistemológica em torno desse tema; fez emergir o pluralismo linguístico cultural local, transcendendo o bilinguismo; as diferentes formas de repressão e seus diferentes agentes não conseguiram apagar a memória e a prática da língua. Finalmente, as formas de resistência cultural e recriação de identidades se fundamentam num tipo de diáspora em que a “terra de origem” já não existe mais (a Polônia anexou o território da Pomerânia no final da 2ª Guerra Mundial).

161 6-8 DE MAIO DE 2019

Campus Conceição: Campus Centro: Rua Conceição, 321 Rua Santo Antônio, 50 São Caetano do Sul São Caetano do Sul

GT-7. Cultura e Memória: processos comunicacionais, ativismos e construção de cidadania

162 GT 07 COMUNICAÇÃO E CULTURA: PROCESSOS COMUNICACIONAIS, ATIVISMOS E CONSTRUÇÃO DE CIDADANIA

Coordenadores: Dr. Fernando Luiz Monteiro (USCS) - [email protected] Dra. Alejandra Chávez (UdeC) - [email protected] Dra. Bruno Fuser (UFJF) - [email protected] Dra. Cicilia Peruzzo (UAM) - [email protected]; [email protected]

Ementa: A comunicação é concebida como instrumento da cultura e como agente de problemas sociais. Entre suas funções, aparece como mediadora ou articuladora de ativismos e sua relação com as sociedades e com a construção da cidadania.

163 Sessão: 01 Data: 07/05/2019 Horário: das 14h às 18h Sala 143, Bloco C

Coordenação Dr. Fernando Luiz Monteiro (USCS)

SEQUÊNCIA CÓDIGO TÍTULO AUTORES

Isabella Semeraro Amaral Narrar a Própria Dor: o potencial da história 01 GT07-004 e Rita de Cassia Alves de oral para movimentos de mães em luto Oliveira Revista AzMina: tensões e atualizações Martha Alvarez Lopes 02 GT07-005 do feminismo no principal veículo digital Makita feminista brasileiro Fernando Luiz Monteiro Mulheres negras e feministas: 03 GT07-024 de Souza e Beatriz Denise interseccionalidade, colorismo e afetividade Silva Santos Religião e gênero em textos constitucionais: Daniela Susana Segre 04 GT07-008 Itália, Argentina, Palestina e Israel Guertzenstein

Vai Garota: O Empreendedorismo Feminino Carolina Fabris Ferreira e 05 GT07-009 na Construção da Imagem da Marca Itaú Bruno Vasconcelos

A Judicialização do Acesso a Creches do Juliana Andrade Vieira e 06 GT07-014 Município de Santo André Sanny Silva da Rosa

164 (GT07-004) Narrar a própria dor: o potencial da história oral para movimentos de mães em luto Isabella Semeraro Amaral (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUC-SP) Rita de Cássia Alves de Oliveira (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUC-SP) O presente artigo é um desdobramento da pesquisa O Olhar e a Dor do Outro: as representações de violência sobre os jovens no Brasil e os movimentos de suas mães em luto em andamento no Programa de Ciências Sociais da PUC-SP, com previsão de conclusão para agosto/2019 e apoio do CNPq. O trabalho de mestrado trata das articulações entre as representações de violência na imprensa brasileira e a população mais afetada pelo problema de segurança no país: os jovens negros de periferia. Pretendemos caracterizar a batalha de narrativas entre essa representação e os Movimentos de Mães em Luto, articulando o poder das imagens, uma Ética do Jornalismo e trabalhos de memória. Nossa aspiração é contribuir para uma discussão sobre violência, comunicação e memória no Brasil. Neste artigo, vamos trabalhar o potencial da história oral como definido por Paul Thompson (1999) “não para confirmar, mas para mudar o mundo”, colocando essa metodologia no centro de um trabalho de memória que pode equilibrar a batalha em torno das narrativas sobre violência no Brasil. Nosso objetivo é demonstrar que a valorização dos relatos pessoais de quem está no centro dos acontecimentos – neste caso, os familiares em luto – é fundamental para a concepção de uma comunicação que articule diálogos e mudanças sociais. Utilizaremos trechos de entrevistas (já realizadas no contexto do grupo de pesquisa Genocídio Juvenil e os movimentos de resistência: as mães do luto à luta) com as mães ativistas para demonstrar como elas cumprem os papéis apontados por Thompson. Suas narrativas revelam novos campos de investigação, reconstituem o passado de forma mais realista e, consequentemente, complexa e, quando analisadas em conjunto, ganham uma força criativa e cooperativa capaz de romper barreiras e provocar novas sensibilidades. Podemos constatar que essa dinâmica se mostra muito fértil na discussão sobre violência e segurança pública, já que tira os jovens assassinados pelo terrorismo de Estado da condição de vítimas ou bandidos e os coloca de volta como sujeitos que merecem empatia. Do ponto de vista da Comunicação, é possível afirmar que essa metodologia cumpre uma função de extrema importância: a de colocar as pessoas que vivenciaram a história no espaço do narrador. Isso porque muitas das coberturas jornalísticas em casos de violência não chegam nem a ouvir familiares e tendem a privilegiar comunicados estatais ou imagens de câmeras de segurança. Articulamos isso com o que Paul Ricouer (2007) chama de trabalho da memória: uma imaginação que se articula com o conhecimento, o ato de relembrar algo para que ele não caia no esquecimento, mas sempre a partir de uma instrução e de uma estética. A memória individual é ligada à construção da identidade de maneira que somente a pessoa que viveu algo pode narrá-lo. Esse trabalho de memória que defendemos aqui é o uso político da metodologia da história oral, que reivindica o valor da experiência e da vivencia para contar a própria historia. Ou, nesse caso, a própria dor.

Referências RICOEUR, Paul. A memória, a história, o esquecimento. Campinas: Unicamp, 2007. THOMPSON, Paul. A Voz do Passado: história oral. São Paulo: Paz e Terra, 1998.

165 (GT07-005) Revista AzMina: tensões e atualizações do feminismo no principal veículo digital feminista brasileiro Martha Alvarez Lopes Makita (Escola Superior de Propaganda e Marketing – ESPM)

A comunicação medeia os valores e as características de um tempo, sendo capaz de transformar comportamentos. Nesse sentido, a imprensa destinada às mulheres tem papel fundamental, pois tem demonstrado “participação decisiva na formação intelectual da mulher e na construção cultural e discursiva de sua identidade” (DUARTE, 2016, p. 14). Essa participação foi potencializada com o advento da internet, dos blogs e das redes sociais, aumentando a pluralidade de vozes. Com a nova onda de popularização do feminismo observada no Brasil desde 2015, quando aconteceu a chamada “Primavera Feminista” (BRITO, 2017), há o surgimento de veículos digitais como a Revista AzMina. O projeto se apresenta como uma revista mensal com reportagens, entrevistas e relatos, em editorias que versam, por exemplo, sobre sexo “pra você – chega de só satisfazer o/a outro/a na cama” (AZMINA, s/d). É importante pontuar que a publicação se impõe ser representativa de “mulheres de A a Z”, com diferentes realidades. Contudo, na prática, que discursos são mediados pela publicação e quais são as normatividades que ela delimita? Ao longo de dois anos de pesquisa, foi possível recuperar as condições de produção do veículo (VERÓN, 1974), seus embates discursivos e como ele se articula à tradição dos movimentos feministas, à cibercultura e à história da imprensa alternativa brasileira. Por meio das ferramentas metodológicas do estudo de caso e da análise do discurso, com apoio de Orlandi (2006) e Baccega (2007), o objetivo deste trabalho é apresentar o contexto em que a Revista AzMina se constitui, de que maneira dialoga com os movimentos feministas e de cibercultura, e as tensões que puderam ser notadas em seu projeto editorial. Acredita-se, assim, que seja possível contribuir para que se compreenda de que maneira um veículo digital feminista contemporâneo colabora para a ampliação da representatividade feminina e a construção da cidadania.

Referências AZMINA, Revista. Disponível em: < https://azmina.com.br/>. Acesso em: 22 fev. 2019. BACCEGA, Maria Aparecida. Palavra e discurso: história e literatura. São Paulo: ed. Ática, 2007. BRITO, Priscilla Caroline de S. Primavera feminista: a internet e as manifestações de mulheres em 2015 no Rio de Janeiro. In: SEMINÁRIO INTERNACIONAL FAZENDO GENERO, 11., & WOMEN’S WORLD’S CONGRESS, 13., 2017, Florianópolis. Anais eletrônicos ... Florianópolis: MM, 2017. CASTELLS, Manuel. Redes de indignação e esperança: movimentos sociais na era da internet. Rio de Janeiro: Zahar, 2013. DE MIGUEL, Ana; BOIX, Montserrat. Os gêneros da rede: os ciberfeminismos. In: NATANSOHN, G. (Org.). Internet em código feminino. Teorias e práticas. E-book. Buenos Aires: La Crujía, 2013, p. 39-75. DUARTE, Constância Lima. Imprensa feminina e feminista no Brasil: Séc. XIX: Dicionário Ilustrado. São Paulo: Autêntica, 2016. ORLANDI, Eni. A linguagem e seu funcionamento: as formas do discurso. Campinas: Ponte Editores, 2006.

166 PRADO, Magaly. Ciberativismo e noticiário: da mídia torpedista às redes sociais. Rio de Janeiro: Alta Books, 2015. VERÓN, Eliseo. Comunicación de masas y producción de ideología: acerca de la constitución del discurso burgués en la prensa semanal. Revista Latinoamericana de Sociología, Buenos Aires, n. 1, p. 9-42, 1974.

(GT07-024) Mulheres negras e feministas: interseccionalidade, colorismo e afetividade Fernando Luiz Monteiro de Souza (Universidade Municipal de São Caetano do Sul – USCS) Beatriz Denise Silva Santos (Universidade Municipal de São Caetano do Sul – USCS)

Introdução: Na atualidade além dos feminismos que lutam pela promoção da igualdade, ganhou evidencia aqueles que atuam pelo reconhecimento das diferenças. Nessa pesquisa relacionamos feminismo e diferenças como forma destacar o feminismo das mulheres negras. Trata-se de compreender a narrativa de luta política que diferencia as mulheres negras das não-negras no que tange a experiência de subordinação e enfrentamento de uma estrutura social patriarcal e racista. Objetivos: Por isso, busca-se identificar na narrativa de mulheres negras a situação de vulnerabilidade social, racial e afetiva, bem como compreender por meio da interseccionalidade como esse grupo está mais sujeito à solidão (CRENSCHAW, 2010). Procedimentos da pesquisa: A pesquisa é qualitativa e se inicia pelo levantamento bibliográfico sobre a solidão da mulher negra e se processará na análise entrevistas de ativistas feministas negras. Na primeira etapa utilizou-se as palavras chave: racismo; afetividade; feminismo negro; como investigação da bibliografia relativa o tema. Resultados: O levantamento bibliográfico permitiu, além reconstruir o debate sobre o tema, a estruturação de um quadro com termos e significados que serão um importante recurso analítico das narrativas a serem investigadas em outra etapa pesquisa. São respectivamente: Gênero, estereótipos, branquitude, colorismo, negra, afetividade, racismo. Considerações: A solidão da mulher negra se apresenta desde a infância até a vida adulta. Na vida adulta, as acompanham tanto na esfera íntima como na profissional e social. Esse grupo é marcado por diversas opressões que se sobrepõem, ligadas aos seu gênero, sua personalidade e a coloração de sua pele. Os estereótipos as petrificam em papéis que elas são forçadas a representar, ainda que não se encaixem. O colorismo nega suas origens, sua cor de pele e seus traços, afirmando que quanto mais próximo de características africanas, pior será seu tratamento social e menores serão as possibilidades de acesso à elementos que as façam ascender socialmente. Por fim, a solidão se torna uma realidade que acompanha mulheres negras desde a infância, hipersexualizando seus corpos, privando-as de afeto e oportunidades na vida íntima e profissional (PACHECO, 2013; SILVA,2018; SOUZA,183; SOUZA, 2008).

Referencial bibliográfico

CRENSHAW, Kimberle. A interseccionalidade da discriminação de raça e gênero. 200.

PACHECO, Ana Cláudia Lemos. Mulher Negra: afetividade e solidão / Ana Cláudia Lemos Pacheco; [posfácio], Isabel Cristina Ferreira dos Reis. - Salvador: ÉDUFBA, 2013. 382 p. - (Coleção Temas Afro)

SOUZA, Claudete Alves da Silva. A solidão da mulher negra – sua subjetividade e seu preterimento pelo homem negro na cidade de São Paulo. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais), PUC/SP, São Paulo, 2008.

SOUZA, Neusa Santos. Tornar-se negro: as vicissitudes da identidade do negro brasileiro em ascensão social. Edição Graal, Coleção Tendências; v.4, 1983

167 SILVA, Anna Beatriz Nascimento do. O Impacto do Colorismo no Feminismo Negro do Brasil. Humanidades em Perspectivas, v. 4, n. 2, 2018.

(GT07-008) Religião e gênero em textos constitucionais: Itália, Argentina, Palestina e Israel Daniela Susana Segre Guertzenstein (Universidade de São Paulo – USP)

Essa apresentação expõe a identidade demográfica geopolítica nacional nos textos constitucionais de diferentes países. As informações têm como objetivo estimular o desenvolvimento de métodos que mensurem discriminações xenófobas, religiosas e de gênero sexual nas leis civis de diferentes regiões. O recorte selecionado é: 1) A Constituição da República Italiana; 2) A Constituição da República da Nação Argentina; 3) As Leis Básicas da Autoridade Palestina, e; 4) As Leis Básicas do Estado de Israel. A pesquisa apresenta textos constitucionais, para que se reflita sobre a hermenêutica jurídica na literatura constitucional de cada país, que identifica sua nação e estado e dá sentido à aplicação de suas leis. As reflexões finais incentivam investigar a sobreposição de doutrinas sociais, valores civis e fundamentos clericais, que em defesa de interesses de autoridades políticas, sob a áurea de ordem e moralidade pública, se sobrepõem aos direitos humanos e aos princípios democráticos.

(GT07-009) Vai Garota: o empreendedorismo feminino na construção da imagem da marca Itaú Carolina Fabris (Escola Superior de Propaganda e Marketing – ESPM) Bruno Vasconcelos (Escola Superior de Propaganda e Marketing – ESPM)

Este artigo explora algumas mudanças que ocorreram e estão ocorrendo ao longo dos anos em relação à comunicação empresarial. A primeira diz respeito ao papel das marcas no cenário atual e os desafios que isso acarreta. Segundo Fontenelle (2017), com a ascensão do capitalismo financeiro global, a “imaterialidade” passou a ser mais valiosa do que os ativos físicos das corporações. Dessa forma, o branding, ou seja, as ações das empresas para valorização das marcas, se tornou estratégico para os negócios, pois é por ele que é estabelecido e gerenciado as imagens, percepções e associações envolvidas no relacionamento dos consumidores com os produtos ou as empresas (KLEIN, 2002). Uma segunda mudança explorada nesse artigo é como, para construir suas marcas, as empresas passaram a adotar em suas estratégias comerciais temas como a responsabilidade social, cidadania e ativismos. Para Fontenelle (2007), os desenvolvimentos tecnológicos da década de 1980 trouxeram desafios para a atração de novos clientes e a manutenção dos já existentes, pois o mercado se tornou volátil com as constantes inovações em produtos e serviços, além da comoditização. Tal período também foi marcado por um consumidor mais preocupado com as questões ambientais e sociais envolvidas no processo de produção das mercadorias, o que exigiu das corporações uma nova postura. Assim, a construção da imagem da marca assumiu uma importância competitiva crucial, pois permitiu às corporações a associação às causas reivindicadas pelo público. É nesse processo de comunicação, através do uso de causas sociais para a construção de uma marca, que esse artigo foca. As questões sociais escolhidas são: o sujeito neoliberal e o protagonismo feminino. O sujeito neoliberal fruto de importantes mudanças no capitalismo, apontadas por autores como Boltanski e Chiapello (2009) e Sennett (2007), surge como uma nova subjetividade. Nessa lógica, o indivíduo é visto como soberano, sua propriedade privada é seu meio de independência, ele é que dá a última palavra sobre a política e o mercado (DARDOT e LAVAL, 2016). Dessa forma, esse artigo tem como objetivo explorar como o Itaú constrói sua marca atrelada às questões sociais: empreendedorismo e protagonismo feminino. Para isso pauta sua análise no Programa Mulher Empreendedora que congrega essas mudanças até aqui apresentadas. Dessa forma, com os resultados é possível contribuir para o debate de como a retórica da responsabilidade social é 168 defendida no fortalecimento da legitimidade das corporações perante os consumidores. E como o processo de comunicação e ativismo se encontram, se conectam e se retroalimentam.

Referências BOLTANSKI, L.; CHIAPELLO, È. O novo espírito do capitalismo. São Paulo: Martins Fontes, 2009. DARDOT, P.; LAVAL, C. A nova razão do mundo: ensaio sobre a sociedade neoliberal. São Paulo: Boitempo, 2016. FONTENELLE, I.A. Construção e desconstrução de fronteiras e identidades organizacionais: história e desafios do mcdonald’s. Revista de administração de empresas, v. 47, p. 60-70, 2007. ______Cultura do consumo: fundamentos e formas contemporâneas. 1a. Ed. Rio de janeiro: fgv, 2017. V. 1. 220p. KLEIN, N. Sem logo: a tirania das marcas em um planeta vendido. Rio de Janeiro: Record, 2002. SENNETT, R. A corrosão do caráter: consequências pessoais do trabalho no novo capitalismo. Rio de Janeiro: Record, 2007.

(GT07-014) A judicialização do acesso a creches do município de Santo André Juliana Andrade Viera (Universidade Municipal de São Caetano do Sul – USCS) Sanny Silva da Rosa (Universidade Municipal de São Cetano do Sul – USCS) A judicialização do acesso à Educação Infantil é um dos grandes desafios das creches públicas quando se tem em mente a garantia de direitos fundamentais. Cabe aos municípios oferecer vagas nas creches mais próximas do domicílio das famílias, um direito da criança assegurado pela Constituição Federal de 1988, pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e pela Lei de Diretrizes e Bases n°9394/96. Para assegurar esse direito, muitas famílias estão recorrendo ao poder Judiciário, mecanismo que tem comprometido outro direito fundamental do cidadão, o de acesso a um atendimento com qualidade. Contudo, as creches municipais que atendem a população mais carente não possuem infraestrutura física condizente com a demanda e nem profissionais em número suficiente para um atendimento dentro dos padrões mínimos de qualidade. Dados da Defensoria Pública do Estado de São Paulo indicam a grande defasagem entre a demanda e o número de vagas nas creches de Santo André – Esse problema crônico no Brasil se relaciona ao conflito entre igualdade de oportunidade e igualdade de condições, mencionado há décadas por autores como Sônia Kramer (1995), Kuhlman Jr. (2000) e Campos e Rosemberg (2009). Este trabalho de pesquisa combina dados quantitativos e qualitativos e tem como objetivos mapear o fenômeno da judicialização do acesso às creches públicas do município de Santo André, identificar pontos críticos quanto aos padrões de qualidade das creches; e conhecer os desafios dos profissionais frente à insuficiência de vagas. Por meio da observação empírica, sabemos que o fenômeno de judicialização resulta em salas superlotadas, atendimento educacional sofrível e professores submetidos a uma carga de trabalho desgastante. Compreender as questões que permeiam esse fenômeno é relevante para que, no âmbito dos municípios, os poderes públicos – Judiciário e Executivo - encontrem meios de compatibilizar os direitos individuais com políticas de educação que garantam a todos uma educação pública de qualidade.

169 Sessão: 02 Data: 07/05/2019 Horário: das 14h às 18h Sala 144, Bloco C

Coordenação Dra. Cicilia Peruzzo (UAM); Dr. Bruno Fuser (UFJF)

SEQUÊNCIA CÓDIGO TÍTULO AUTORES

Rádios livres sorocabanas: o resgate da memória de meios de comunicação 01 GT07-001 Felipe Parra alternativos por meio da história oral temática Imaginário e Memória: A experiência de se 02 GT07-002 Amanda Jordão Zanco hospedar em uma obra de arte

“La afectividad y la memoria colectiva: el 03 GT07-029 Edwin G. Mayoral Sánchez caso del Rey Colimán”

Ditadura no Brasil pós 1964 : história ciência 04 GT07-021 Alice Mitika Koshiyama e a disputa de memórias Um documentário em primeira pessoa e a Luciane Treulieb e Neli 05 GT07-026 tragédia da Kiss: a disputa da memória em Fabiane Mombelli “Depois daquele dia” Comunicação Comunitária e Diversidade: Marcos Corrêa; Suelen de 06 GT07-013 Proposta de Inclusão de Minorias e Aguiar Silva; Ingrid Gomes pluralidades na Contemporaneidade Bassi

170 (GT07-001) Rádios livres sorocabanas: o resgate da memória de meios de comunicação alternativos por meio da história oral temática Felipe Parra (Universidade de São Paulo – USP) Este artigo científico propõe estudar a razão de ser das rádios livres da cidade de Sorocaba das décadas de 1970 e 1980 bem como o posicionamento político dos seus realizadores. Eminentemente, as rádios livres são emissoras independentes de rádio que estimulam a participação das pessoas comuns na produção e difusão de informações pelas ondas eletromagnéticas. Nesse sentido, o cidadão comum assume o papel de programador, locutor ou DJ das rádios livres. Tal tendência chega a Sorocaba em 1976 e logo o município contava com mais de 40 rádios livres operando regularmente. Essa iniciativa foi de grande importância para o desenvolvimento da comunicação radiofônica no Brasil. Justifica-se o estudo ao averiguar que os registros acadêmicos sobre o assunto são vagos e incompletos. Essa afirmação ganha relevância ao verificar que textos acadêmicos tratam alguns aspectos das rádios livres sorocabanas como lendas. Assim, a proposta pretende recorrer ao uso da história oral temática e de entrevistas como metodologia de investigação. Tal procedimento metodológico foi selecionado para tentar preencher lacunas deixadas por estudos passados. Logo, tenta-se registrar a veracidade dos relatos por meio de entrevistas bem roteirizadas. Estrategicamente, o presente texto se foca no depoimento do Dr. Claudio José Dias Batista, dono da extinta rádio livre de Sorocaba chamada Voyage. Ao se concentrar em tal material, o artigo científico tenta resgatar algumas características desse importante movimento da comunicação radiofônica brasileira. As considerações finais indicam que a razão de ser dessa emissora estava atrelada ao direito de livre expressão por meio das ondas eletromagnéticas, mesmo que estas não tivessem relação com lutas políticas e movimentos sociais. Quanto ao posicionamento político do realizador, nota-se que, mesmo sem conexões com movimentos revolucionários, a rádio Voyage demonstrava uma insatisfação com os modos de se fazer rádio impostas pelo poder hegemônico. A transgressão das normas elaboradas pelo monopólio das telecomunicações assinalava revoluções moleculares provocadas por tais atitudes.

(GT07-002) Imaginário e memória: a experiência de se hospedar em uma obra de arte Amanda Jordão Zanco (Universidade Metodista de São Paulo – Umesp)

Em 2005, o artista de rua Banksy, iniciou suas intervenções na Palestina, se posicionando contra a barbárie, as injustiças e as atrocidades que os palestinos exilados enfrentam em Gaza. Ele utiliza como suporte para suas obras um marco histórico, social e político da região, o muro que divide Israel e Palestina. Sua história é controversa e tem um impacto dramático no dia-a-dia de muitas pessoas. As intervenções externas na região causam enormes consequências a população local, especialmente aos refugiados palestinos que são submetidos as situações de extrema falta de humanização. Este artigo propõe- se a problematizar a construção da narrativa do artista a respeito do conflito Israel-Palestina. O estudo é desenvolvido a partir da observação do hotel-museu, sob o ponto de vista das questões de memória, do cotidiano e do imaginário social. O The Walled Off Hotel, foi inaugurado em 2017 e narra a história do conflito Israel-Palestina. Ele homenageia ironicamente o marco de 100 anos, desde que os britânicos assumiram o controle da Palestina e ajudaram a iniciar um século de confusões e conflitos. É importante descrever o objeto de pesquisa para entender como o artista expõe as fantasias dos simulacros destacando as situações enfrentadas na região, sendo o hotel um lugar de memória. Ele foi construído por meio dos rastros deixados pelos conflitos na região e luta contra o esquecimento, a denegação e a repetição do horror. A narração da forma ao que é informe, organiza e, por este motivo, Ricoeur (2012) considera que histórias não narradas não são nem memórias. Assim, consideramos a história como uma reconstrução do passado sobre a

171 base dos rastros deixados por ele. Walter Benjamin propõe reconstruir narrativas marginais a partir do choque dialético provocado pelos índices do passado, que nunca vão desaparecer totalmente nas ruínas do presente. O artista britânico propõe justamente a construção de sua narrativa sobre o conflito Israel- Palestina a partir das ruínas e resíduos. Banksy abandona o discurso dominante e valoriza a memória de um povo marginalizado, silenciado e esquecido. É necessário falar de tempos passados para orientar as memórias para o futuro. Jean Marie Gagnebin (2006) comenta sobre a tarefa do historiador no trabalho de luto, que deve ajudar os vivos a se lembrarem dos mortos para melhor viver o hoje. O The Walled Off Hotel, recupera a história do muro e insere os visitantes em uma cotidianidade imaginativa hospedando- se em uma obra de arte. A arte de rua se tornou na região do Oriente Médio, após as intervenções de Banksy, um veículo de protesto, de expressão popular e um meio que gera e sustenta o turismo. O artista britânico, leva aos povos marginalizados e silenciados uma esperança, aclamando por paz, justiça e reflexão. Ele produz sentidos sobre questões humanas e políticas diante de uma infância improvável das crianças refugiadas e da necessidade dos adultos resistirem e continuarem a viver seu cotidiano.

Referências GAGNEBIN, J.M. Lembrar, escrever, esquecer. S. Paulo: Ed. 34, 2006. RICOUER, P. Entre tempo e narrativa: concordância/discordância. Kriterion, n. 125, p.299-310, jun. 2012. Disponível em: . Acesso em: 20 out 2018. BENJAMIN, W. Passagens. Belo Horizonte: Ed. EFMG; São Paulo: Oficial do estado de São Paulo, 2009.

(GT07-029) La afectividad y la memoria colectiva: el caso del Rey Colimán Edwin G. Mayoral Sánchez (Universidad de Colima)

En esta ponencia se abordará el papel central de la afectividad en la construcción y reconstrucción de la memoria colectiva. Sabido es que el afecto es un marcador principal de significado, el cual interroga sobre qué objetos o sucesos importan a la gente, qué es lo que las hace memorables o dignas de comunicarse y transmitirse. En específico, en este trabajo la afectividad es concebida como un marco y una especie de subjetividad que facilita que los sucesos significativos se contengan en la memoria. Estas nociones teóricas serán ilustradas mediante el caso del Rey Colimán como monumento y símbolo histórico central en la identidad de la sociedad de Colima, México. Por supuesto, lo anterior tiene implicaciones teóricas y prácticas para los científicos sociales que atenderán este III Simposio. Sobre todo, hace falta desarrollar y extender la historia acerca del Rey Colimán y esto puede ser abordado por los estudios culturales y los historiadores orales, para rastrear las memorias colectivas alrededor del Rey Colimán, que dan cohesión grupal y un distintivo ciudadano a los colimenses.

(GT07-021) Ditadura no Brasil pós 1964: história ciência e a disputa de memórias Alice Mitika Koshiyama (Escola de Comunicações e Artes – ECA, Universidade de São Paulo – USP)

A pesquisa parte de uma questão sobre a história do tempo presente que são as memórias sobre a ditadura implantada no Brasil em 1964. O corpus do trabalho estuda a história do tempo presente e interroga as memórias individuais e coletivas perceptíveis nas manifestações capturadas em

172 depoimentos, entrevistas, em narrativas jornalísticas e em obras de ficção. Trata-se de um estudo que pretende demonstrar como o processo de comunicação na cultura apresentava indicadores da existência da diversidade de memórias sobre o processo histórico ditadura no Brasil. A hipótese da pesquisa é que a memória coletiva é um processo cuja elaboração depende das crenças, valores e das informações assumidas pelos grupos de pessoas que se antagônizam em pró e contra a ditadura. Constatamos que os marcos históricos --como Golpe de 1964, Ato Institucional de 1968, Repressão dos “aos de chumbo” (de Médici a Geisel), Anistia de1979, Constituinte de 1988, Os governos dos líderes civis –não explicitam necessariamente apoio ou oposição processo histórico da ditadura. Trabalhamos com mediações teóricas de leituras de Agnes Heller, E.H. Carr, F. Braudel. M. Pollack. Vimos interpretações de autores como R. A. Dreifuss, D. A. Reis Filho, P. R. Arantes, Cristian Laval. Obras de jornalistas como B. Kucinski, Flávio Tavares, Geneton de Moraes, L.Cláudio Cunha. A conjutura da anistia de 1979 `Constituinte de 1988 sinalizava a volta dos políticos civis à cena. Com a instauração das Comissões da Verdade, no governo de Dilma Roussef , eventos indicavam memórias de exilados políticos, de ex-presos políticos sobre a repressão e a tortura, indicação de mortos e desaparecidos políticos. Temos uma disputa pela história e pela memória do período 1964-2019 travada publicamente pelos que integraram Governo e oposição. O trabalho de historiadores, jornalistas e escritores em depoimentos ou em obras de ficção comprovam esse embate. Conforme pontua Michel Pollack a memória coletiva sobre uma época compõem-se das memórias individuais em que se conjungam experiências pessoais do mundo real concreto e impressões capturadas em narrativas secundárias que transmitem crenças, valores e mitos. O embate pela memória coletiva vale-se dos registros históricos, mas a interpretação dos dados é fruto da construção da pesquisa de cada historiador. Nos processos de comunicação pública dos resultados podem ocorrer distorções, quando há o uso para fins de propaganda política dos resultados de uma pesquisa. Neste caso, temos a luta contra os conceitos científicos da construção da memória e da história. E na negação da diversidade de interesses e de valores e de princípios éticos-políticos na construção das memórias temos a tentativa de impor uma perspectiva parcial como se fosse a totalidade dos envolvidos no processo.

Bibliografia BRAUDEL, Fernand. Escritos Sobre a História. São Paulo, Perspectiva, 1978. CUNHA, L.C. “Todos temos que lembrar”, [Discurso proferido na cerimônia de diplomação de notório saber do jornalista Luiz Cláudio Cunha, em 9 de maio de 2011]. Disponível em http://observatoriodaimprensa. com.br/imprensa-em-questao/todos-temos-que-lembrar/ . Acesso 10/03/2019. CARR, Edward Hallet. Que é História? , trad. Lúcia Alverga, rev. técnica de M. Y. Linhares, 3a. ed. (1982), 7a. reimpressão . Rio: Paz e Terra, 1996. POLLAK, Michel. “Memória, esquecimento, silêncio”. Estudos Históricos. Rio de Janeiro: CPDOC/FGV, v.1, n.3, 1989. Ou in: http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/reh/article/view/2278/1417.

173 (GT07-026) Um documentário em primeira pessoa e a tragédia da Kiss: a disputa da memória em “Depois daquele dia” Luciane Treulieb (Universidade Municipal de São Caetano do Sul – USCS) Neli Fabiane Mombelli (Universidade Franciscana – UFN)

Em 27 de janeiro de 2013, aconteceu a tragédia de Santa Maria. Na cidade ao sul do Brasil, houve um incêndio na casa noturna Kiss que resultou em 242 mortes. Cinco anos após o fato, produzimos o documentário “”Depois Daquele Dia””, objeto deste artigo. Partimos da problemática de como construir um filme de memória sobre uma cidade que passou por um evento traumático, ancorado em testemunhos e utilizando-se do relato condutor em primeira pessoa. Como objetivo geral, nos propusemos a analisar a investigação e a produção deste documentário, que trata dos impactos e aprendizados que a tragédia da Kiss trouxe à cidade de Santa Maria, evocando questões como justiça, memória e esquecimento. Utilizamos como metodologia a hermenêutica. O documentário é narrado em primeira pessoa, articulando a vivência particular, enquanto irmã de uma das vítimas da Kiss, à memória coletiva sobre a ruptura provocada pela tragédia. Ainda, através de testemunhos de santa-marienses que vivenciaram o evento trágico de diferentes maneiras, são expostas as relações e conflitos que, ao longo dos últimos anos, criaram-se entre os sobreviventes, os familiares e a própria cidade, como a luta pelo não-esquecimento e contra o silenciamento. Para este artigo, articulamos a reflexão sobre o processo de realização de um documentário com a investigação teórica que ocorreu concomitantemente à produção do filme. A partir de autores como Paul Ricoeur (2007), Pierre Nora (1993) e Seligman-Silva (2008), o trabalho traz conceitos como memória individual e coletiva, o trauma, o silenciamento e o “dever de memória” para discutir a situação encontrada em Santa Maria na investigação feita na cidade para a produção do documentário, em que se percebeu um receio por parte da cidade em lembrar e falar sobre a tragédia. Como conclusão, observou-se que, ao abordar uma tragédia pessoal, mas também coletiva, buscou- se que o filme fosse um desafio ao esquecimento e fizesse parte de um esforço coletivo para tornar a memória um instrumento de respeito à dor. Ao perceber os embates entre diferentes memórias e a batalha pelo “não esquecimento”, notou-se que o documentário, como forma de representação cinematográfica, tem a capacidade de atuar como instrumento para propor a discussão pública. Ao lidar com uma memória recente, o filme pode servir como uma ferramenta para enfrentar as marcas que o incêndio deixou em todos, criando pontes entre o passado, o presente e o futuro.

Referências NORA, Pierre. Entre memória e história: a problemática dos lugares. Revista Projeto História. PUC, São Paulo, n. 10, p. 7-28, dez. 1993. RICOEUR, Paul. A memória, a história, o esquecimento. Tradução: Alain François et al.. Campinas, SP: Unicamp, 2007. SELIGMAN-SILVA, Márcio. Narrar o trauma – A questão dos testemunhos e das catástrofes históricas. Disponível em http://www.scielo.br/pdf/pc/v20n1/05.pdf Acesso em 10 de março de 2019.

174 (GT07-013) Comunicação Comunitária e Diversidade: Proposta de Inclusão de Minorias e Pluralidades na Contemporaneidade Marcos Corrêa (Faculdade Campos Elíseos – FCE) Suelen de Aguiar Silva (Universidade Estácio de Sá – UNESA/RJ) Ingrid Gomes Bassi (Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará – Unifesspa) O presente artigo propõe desenvolver ensaio-analítico da Comunicação Comunitária como espaço de intervenção cidadã, e, prospectivo em incluir minorias e diversidades sociais da esfera plural dos tempos atuais. Para a reflexão nos baseamos nos estudos de direitos humanos de Hélio Gallardo (2014) e comunidade de Cicilia Peruzzo (2004) e Raquel Paiva (2008). Como método de análise utilizamos a Hermenêutica de Profundidade (Thompson, 2011) e a Análise de Conteúdo (Bardin, 1977; Penafria, 2009) ao investigar as ações comunicativas nos vídeos documentários apresentados em 2018 na mostra cidadã da XIII Conferência Brasileira de Comunicação Cidadã. Como resultados e discussão apresentamos as principais narrativas de como foi o processo de inclusão das diversidades e minorias representadas nos vídeos, além de situá-las com as dinâmicas de complexidade do contemporâneo pela fundamentação teórica e correlações de reinterpretação. Nas considerações finais visualizamos a flexibilidade de funções socioculturais da comunicação para às comunidades e minorias, abarcando plataformas de voz em direitos de incluírem-se nas visibilidades de denúncia e desdobramentos políticos de garantia de vida, além, do empoderamento dos sujeitos na comunicação como proposta de articulação autônoma e de direito à comunidade.

175 Sessão: 03 Data: 08/05/2019 Horário: das 14h às 18h Sala 143, Bloco C

Coordenação Dr. Fernando Luiz Monteiro (USCS)

SEQUÊNCIA CÓDIGO TÍTULO AUTORES

O Poder Legislativo Municipal visto como Paulo Antonio de 01 GT07-006 espaço midiático de transparência, Sousa Marquez e Paulo Participação Social e Educação Cidadã Celso da Silva Marina Roriz Rizzo A gestão da informação e da comunicação Lousa da Cunha, Leticia para potencializar a construção da 02 GT07-007 Segurado Côrtes e cidadania e otimizar os recursos investidos Arnaldo Alves Ferreira em museus universitários. Junior Táticas e estratégias: possibilidades de Gustavo Fernandes 03 GT07-016 exercício da cidadania para a proteção de Americo Dainezi dados pessoais Débora Aligieri, Ciberativismo em Diabetes e a Eduardo Alves Silva e 04 GT07-022 Participação Social na Saúde Através das Marília Cristina Prado Mídias Digitais Louvison Mass-self communication e o 08 de maio de 2019 no léxico identitário da juventude 05 GT07-017 Renato Vercesi Mader urbanana conectada: Primeiras impressões em 144 caracteres Valentina Ribeiro 06 GT07-020 Conflito ético na Comunicação Altermann e Alexandre de Souza “Isso a Globo não mostra”: a relação do uso do termo, e seu compartilhamento, com o Eliana Regina Lopes 07 GT07- contrapoder e a democratização da mídia Loureiro 025 em tempos de pós-verdade e fake news

176 (GT07-006) O Poder Legislativo Municipal visto como espaço midiático de Transparência, Participação Social e Educação Cidadã Paulo Antonio de Sousa Marquêz (Universidade de Sorocaba – Uniso) Paulo Celso da Silva (Universidade de Sorocaba – Uniso)

Este trabalho investiga a existência de práticas dialógicas e interativas nas Câmaras Municipais – sob o olhar da comunicação pública e de interesse público – capazes de levar os cidadãos a perceberem estas instituições como espaços midiáticos de transparência, participação social e educação cidadã. A discussão se dá por meio da identificação de canais que promovam informação, comunicação e educação cidadã, para ampliar a participação e o envolvimento dos cidadãos no processo decisório e da análise de como a tríade “transparência, participação social e educação cidadã” contribui para que estas instituições sejam percebidas como espaços que promovam a interação, o diálogo e a compreensão entre os atores sociais – objeto principal deste estudo. Tem por metodologia uma pesquisa documental e bibliográfica com o propósito de apontar prováveis práticas comunicacionais no poder legislativo municipal. Tal abordagem implica avaliar os respectivos portais institucionais, permitindo um diagnóstico da qualidade da transparência legislativa, sob o aspecto de quatro dimensões: transparência legislativa, transparência administrativa, participação e controle social e aderência à Lei de Acesso à Informação, culminando em um estudo descritivo, o que requer a análise dos produtos e veículos de comunicação das Câmaras Municipais. Como base teórica, os conceitos de comunicação pública, de Pierre Zémor, Jorge Duarte, Elisabeth Brandão e Heloísa Matos; de informação, de Gonçal Mayos Solsana e Chun Wei Choo; de participação social, de Cris Ferri e Ladislaw Dowbor; e educação política e cidadã, de Humberto Dantas e Rildo Cosson. Essa fase inicial da pesquisa aponta que as Câmaras Municipais: 1) divulgam informações e promovem debates de interesse da sociedade, mas adotam poucos mecanismos de participação popular; 2) seus espaços de comunicação refletem, em grande parte, somente a posição dos parlamentares; 3) se colocam como fonte de informação de interesse público para a cidade, o que implica vários desdobramentos práticos, como a existência de ouvidorias legislativas que estreitam a relação entre a sociedade e o Poder Legislativo mas que, na prática, não garante a participação popular no processo de elaboração e discussão das leis da cidade; e 4) desenvolvem ações de educação cidadã e qualificação de servidores, permitindo assim maior acesso ao conhecimento legislativo. Considera-se, portanto, que nesses espaços midiáticos há um processo que favorece o compartilhamento de informações relevantes ao cidadão, facilitando o exercício da cidadania. Porém, informação apenas não basta, é preciso transparência em seus atos para garantir o diálogo com o cidadão e incentivar sua participação ativa na vida pública. Finalmente, lançar bases para a promoção de boas práticas e aperfeiçoar o exercício das funções de informar, comunicar e educar das Câmaras Municipais, pode viabilizar um processo de deliberação e tornar a gestão da coisa pública mais transparente e democrática.

177 (GT07-007) A gestão da informação e da comunicação para potencializar a construção da cidadania e otimizar os recursos investidos em museus universitários Marina Roriz Rizzo Lousa da Cunha (Universidade Federal de Goiás – UFG) Leticia Segurado Côrtes (Universidade Federal de Goiás – UFG) Arnaldo Alves Ferreira Junior (Universidade Federal de Goiás – UFG)

Apresentação Vivemos na época da Sociedade da Informação e do Conhecimento, um período no qual as condições de geração de conhecimento e processamento de informação redesenham sociabilidades fluidas e interativas, exigindo a reinvenção de fronteiras e significados. Neste ambiente, os processos de informação e comunicação ocupam lugar estratégico e forçam instituições a reinventarem a forma como lidam com tecnologias delas derivadas, bem como o conhecimento gerado. O contexto exige adequação da informação e da comunicação para desempenharem papéis centrais na construção da cidadania. Este também é o caso dos museus universitários. De instituições centradas em si mesmas, são forçados na contemporaneidade a ampliarem seus horizontes e levarem os conhecimentos ali expostos para fora de suas próprias fronteiras, revendo sua posição na democratização da cultura. Assim, faz-se necessário a construção de modelos de gestão da comunicação e informação, capazes de tornar suas estratégias mais eficientes, de forma a potencializar a produção e as trocas de informações e conhecimento e garantir maior acesso à cidadania.

Problema e objetivos Informação e comunicação são áreas capazes de ajudarem as organizações a reverem sua posição na democratização da cultura. Nesta perspectiva, especificamente a informação e a comunicação museológicas podem ser conduzidas a um caminho em que estas instituições deixem de se caracterizar como um bastião de alta cultura para se tornar o que Huyssen (1995, p. 18) considera “the new kingpin of the culture industry”. Seu uso pode ser repensando em benefício da cidadania. Sob este ponto de vista, propusemos desenvolver um modelo de gestão da informação e da comunicação, com foco em instituições museológicas universitárias, que seja capaz de intensificar seu potencial como instrumento de desenvolvimento. Esta pesquisa tem como recorte o Museu Antropológico (MA) da Universidade Federal de Goiás, no Brasil, e conta com parceria do Museum of Antropology, da University of British Columbia, no Canadá. Métodos: Sua metodologia está centrada em duas etapas: a primeira, denominada revisão bibliográfica da literatura e a segunda, trabalho de campo, concentrada em visitas técnicas, em que serão utilizadas tanto entrevistas em profundidade, com seus gestores, funcionários e frequentadores, quanto à observação participante, na intenção de acompanhar as rotinas, fluxos, processos e procedimentos organizacionais dos museus analisados.

Resultados Resultados parciais demonstram que a compreensão do código museológico é elemento chave para que a relação entre a instituição e seus públicos se estabeleça. No entanto, nota-se que tanto a informação, quanto a comunicação museológica, em sua maioria, não são produzidas visando agregar os não detentores do código. São feitas por especialistas para especialistas. Nesse sentido, sem possuir os elementos que os fazem compreender a mensagem, os públicos não especialistas neste tipo de código, não desenvolvem empatia ou relacionamento para com a instituição.

178 Conclusões Para que o museu universitário consiga atrair e envolver um maior quantitativo de público, o modelo de informação e comunicação precisa ter como elemento central a compreensão do código museológico. Mais do que possuir diversos canais de disseminação, o código utilizado, a mensagem repassada, precisa ter destaque no processo.

Referências HUYSSEN, Andreas. Twilight memories. Nova York: Routledge, 1995.

(GT07-016) Táticas e estratégias: possibilidades de exercício da cidadania para a proteção de dados pessoais Gustavo Fernandes Americo Dainezi (Escola Superior de Propaganda e Marketing – ESPM/SP)

Neste artigo, propomos uma discussão sobre relações entre tática e estratégia (DeCERTEAU, 2010; COHN, 2009) a partir de uma visada específica que atravessa os eixos de estudo de comunicação, consumo e sociedade de vigilância, enquanto trata da questão da proteção de dados pessoais no uso de tecnologias ubíquas de comunicação. Este olhar se constitui e se aprimora a partir de um ponto específico do trabalho de campo realizado para pesquisa de mestrado “Consumidores ou Cidadãos? Questões éticas nos discursos sobre proteção de dados pessoais na cidade de São Paulo” defendida em 01/02/2019, no programa de pós-graduação em Comunicação e práticas de consumo da ESPM-SP. Como um desdobramento deste estudo propomos ampliar a discussão ali realizada a partir da identificação de três práticas diferentes de consumo com vias de controlar fluxos de informação. Assim, propomos como guia de nossa análise, a seguinte pergunta: é possível observar nestes usos da tecnologia possibilidades do exercício pleno de cidadania através do consumo? Temos como objetivos: i) discutir o entendimento do exercício da cidadania pelo consumo, no caso específico da proteção de dados; ii) verificar se - e de que maneira - os usos das tecnologias identificados se aproximam dos critérios de exercício de cidadania abordados na literatura. Nossos objetos de estudo serão, de um lado, os entendimentos sobre cidadania no consumo; mais especificamente, a princípio, os de Canclini (2001), Baccega (2009), Han (2017, 2018) deCerteau (2000) e de outro lado, as seguintes formas de uso de tecnologias no que tange a proteção de dados pessoais: O movimento ‘dumb phone’, o uso de um aplicativo chamado AppGuardian e o uso de um aplicativo chamado Protect my Privacy. Estes três exemplos partem de princípios distintos e adotam táticas distintas para lidar com o mercado de dados pessoais. Seu arrolamento se dá justamente por oferecer perspectivas diversas, que partem de pontos diferentes, de pressupostos diversos e alteram também de maneiras bastante diferentes as relações de consumo de quem as praticam. Apoiaremos também nossa discussão nos ensinamentos de Giddens (1991), Cohn (2009), Marshall (1973) Carvalho (2018), Castells (2005), Pelbart (2000), Foucault (2009) e eventuais autores que entendamos relevantes no andamento da análise.

179 Referências CARVALHO, José Murilo de. Cidadania no Brasil: o longo caminho. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2018. CASTELLS, Manuel. A Sociedade em Rede. São Paulo: Paz e Terra, 2005. Cohn, G. Indústria cultural como conceito multidimensional in BACCEGA, M. A. BARROS, C. Comunicação e culturas do consumo. São Paulo: Atlas, 2009. DeCerteau, M. Making do: uses and tactics in LEE, M. J. (ed) The consumer society reader. Oxford; Masdel: Blackwell, 2000. FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: nascimento da prisão. Petropolis: Vozes, 2009. GARCÍA CANCLINI, Néstor. Consumers and citizens: globalization and multicultural conflicts. Minneapolis: University of Minnesota Press, 2001. (Cultural studies of the Americas, v. 6). GIDDENS, A.; FIKER, R. As conseqüências da modernidade. 5. reimpr. São Paulo: Ed. UNESP, 1991. HAN, Byung-Chul. No enxame. Petrópolis: Vozes, 2018. HAN, Byung-Chul. Sociedade da Transparência. Petrópolis: Vozes, 2017. MARSHALL, T. H. Class, citizenship, and social development: essays. Westport, Conn: Greenwood Press, 1973.

(GT07-022) Ciberativismo em diabetes e a participação social na saúde através das mídias digitais Débora Aligieri (Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo – FSP, Universidade de São Paulo – USP) Eduardo Alves Silva (Universidade Nova de Lisboa – UNL) Marília Cristina Prado Louvison (Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo – FSP, Universidade de São Paulo – USP)

Apresentação do tema O Sistema Único de Saúde (SUS) tem por uma de suas diretrizes a participação da comunidade, correspondente ao processo e aos mecanismos de influência da sociedade sobre o Estado. Constituindo-se como espaço de debates complementar às arenas formais de negociação integrantes da institucionalidade de governo/Estado, a internet renovou as perspectivas para a comunicação em saúde ao ampliar as arenas de lutas sociais. Na sociedade em rede a política passa a ser inserida na mídia (1), alterando-se o perfil dos participantes dos movimentos sociais de militantes para ativistas (2).

Problemas e objetivos O estudo levanta como principais problemas: em que condições os relatos dos usuários da saúde na internet se constituem em ferramentas da participação social no SUS? Os relatos indicam possíveis invenções de novos modos de existência para além do modelo proposto pela sociedade de controle (3)? Assim, o estudo pretende analisar as narrativas produzidas nas redes sociais por portadores de diabetes (doença crônica com prevalência crescente no mundo) brasileiros, buscando entender como articulam suas experiências de convívio com a doença na luta política por direitos relacionados à saúde.

180 Métodos e procedimentos Trata-se de análise preliminar, integrante de pesquisa qualitativa de mestrado sobre o ciberativismo em diabetes como estratégia de transformação social e ativismo político por meio das mídias digitais. Para tanto, serão analisados os textos publicados por portadores de diabetes em páginas do Facebook, escolhidas através de busca com os descritores “diabetes e brasil”, “diabético e brasil”, e “diabética e brasil”. Selecionadas as páginas de interesse para o estudo, utilizou-se a ferramenta Netvizz para a extração dos dados das respectivas postagens. Utilizou-se o software Iramuteq para análise dos textos das postagens, e o software Gephi para gerar a visualização em rede da análise semântica criada pelo Iramuteq.

Resultados parciais No mapa semântico gerado encontram-se os termos mais utilizados nos textos das páginas de diabetes como um fator de importância no discurso, sendo os mais frequentes “diabetes”, “dia”, “vida”, “insulina”, “pessoa”, “saber”, entre outras. A rede semântica contém um total de 15.916 nós, 15.920 conexões e 855 clusters (grupos) distintos que aglomeram os vários termos que se relacionam semanticamente. A palavra “diabetes” contém o maior número de conexões e representa o centro do maior cluster da rede. Termos relacionados à política de saúde como gestão, incorporação, tecnologia, etc., aparecem em vários clusters diferentes.

Conclusões parciais Considerando os termos mais frequentes “diabetes”, “dia”, “vida”, “insulina”, “pessoa”, e “saber”, infere-se que a doença exige cuidados diários e conhecimentos como condições para a qualidade de vida, sendo o acesso às insulinas a política prioritária na garantia do direito à saúde para os usuários. E a presença dos termos relacionados à política de saúde em clusters diferentes sugere que todas as discussões podem ser qualificadas como debates políticos.

Referências 1. CASTELLS, M. O poder da identidade. 3ª ed., vol. 2. Sao Paulo: Paz e Terra, 2002. 2. GOHN, M. G. Sociologia dos movimentos sociais. 2ª ed. Sao Paulo: Cortez, 2014. 3. FOUCAULT, M. Em Defesa da Sociedade. São Paulo: Martins Fontes, 2005.

181 (GT07-017) Mass-self communication e o 08 de maio de 2019 no léxico identitário da juventude urbanana conectada: Primeiras impressões em 144 caracteres Renato Vercesi Mader (Escola Superior de Propaganda e Marketing – ESPM/SP)

Pretendemos investigar de que forma a data de 08 de março, celebrada globalmente como dia internacional das mulheres, é percebida no âmbito dos processos comunicacionais cotidianos de jovens urbanos, estudantes, menores de idade e conectados. Partimos da hipótese de que a apropriação midiática (BONIN, 2016), inerente as redes sociais digitais vigentes, à partir de sua prática cotidiana (COULDRY N., LIVINGSTONE S., & MARKHAM T., 2010) opera uma condição reflexiva que possa fortalecer a noção cidadão/cidadã e, consequentemente, o ativismo social ante a condição feminina. Metodologicamente pelo conceito de Mass-self Communication (CASTELLS, 2009), estabelecemos vetores sociais de localização – Global/Local – e de amplitude – Individualismo/Comunalismo, como critérios de análise. Em que pese ainda, a visão institucional de Dominique Wolton, (2009), pelas duas dimensões sociais da comunicação: a normativa e a funcional, impulsionadas por um viés tecnicista, pelo qual a civilização avança a uma condição social “individualista de massa” como afirma Wolton. Assim, partimos do estudo de campo já em andamento para projeto de doutorado “Juventude, Comunicação e Cidadania: Formas de representação e representatividade política do jovem urbano à partir de sua prática comunicacional cotidiana””, na qual construímos um universo de observacão participativa e netnográfica de 28 estudantes, entre 15 e 18 anos, do 1º e 2º anos do ensino médio em escola técnica estadual, localizada na zona leste de são paulo e usuários das redes sociais instagram, facebook, twitter e/ou youtube. Para o campo deste estudo, iremos focar na rede social twitter – utilizada cotidianamente por 50% dos 28 jovens, sendo 09 do sexo feminino e 05 do sexo masculino – a partir dos conteúdos autorais e reproduzidos coletados em seus perfis. Evidências destes conteúdos – textos, vídeos, fotos, animações – endossados mas não autorais, dão conta das condições identitárias vivenciadas para referência e localização social. Tanto quanto a produção autobiográfica, em forma de micro narrativas – adequadas portanto ao uso do telefone celular para produção – condição natural a todos os 14 jovens analisados – nos dão boas referências de como este léxico identitário se forja através do cotidiano familiar e escolar off line, tanto quanto pelas formas on line, através da rede twitter.

Referências Bibliográficas CASTELLS, Manuel. Communication power. New York: Oxford University Press, 2009. COGO, Denise. A Comunicação cidadã sob o enfoque do transnacional. São Paulo: Intercom – Revista Brasileira de Ciências da Comunicação v.33, n.1, p. 81-103, jan./jun. 2010. CORTINA,Adela. Cidadãos do mundo: para uma teoria da cidadania. São Paulo: Ed. Loyola, 2005. COULDRY N., LIVINGSTONE S., & MARKHAM T., Media Consumption and Public Engagement: Beyond the Presumption of Attention. Londres,Palgrave McMillan, 2010. WOLTON, Dominique. Pensar a comunicação. Brasília: Editora UnB, 2004.

182 (GT07-020) Conflito ético na Comunicação Valentina R. Altermann (Universidade Municipal de São Caetano do Sul – USCS) Alexandre de Souza (Universidade Municipal de São Caetano do Sul – USCS)

Este artigo se propõe a discutir a importância da prática da cidadania em sua relação específica com a prática comunicacional pública com vistas a0o desenvolvimento da sociedade. Acerca do assunto, o objetivo deste artigo é apresentar a proposta de inclusão do tema greenwashing (lavagem verde) na comunicação pública, a fim de informar a sociedade sobre esta prática por parte das empresas que, muitas vezes, geram conflito ético na comunicação de seus produtos. A metodologia adotada neste artigo é de natureza quantitativa a partir de uma pesquisa bibliométrica utilizando como palavras chave “greenwashing”, “comunicação pública”, “cidadania” e “ética”. Os resultados esperados dizem respeito a importância da discussão em torno do tema comunicação ética quanto ao greenwashing, alertando e informando a sociedade acerca da preocupação ambiental, inclusive sobre a necessidade da utilização dos selos oficiais de certificação ambiental.

Referências APPOLINÁRIO, Fabio. Dicionário de metodologia científica: um guia para produção do conhecimento científico. São Paulo: Atlas, 2004. CAMPOS, Roger Francisco Ferreira de; COSTA, Darleila Damasceno. Rotulagem ambiental: um estudo do greenwashing no brasil. Revista Conversatio – ISSN 2525-9709. Vol. 2, n 3, Jan/Jun 2017. DUARTE, J. Instrumento de comunicação pública. In: DUARTE, Jorge (Org.). Comunicação pública: estado, mercado, sociedade e interesse público. São Paulo: Atlas, 2007. GIL, ANTONIO CARLOS. Como elaborar Projetos de Pesquisa. São Paulo: Atlas, 2007. LOPES, Weslei Maique Oliveira; FREITA, Wesley Ricardo de Souza. Marketing ambiental: análise da produção científica brasileira. Brazilian Journal of Marketing – BJM. Revista Brasileira de Marketing – ReMark. Vol. 15, n 3, Jul/Set 2016. Texto de Layon Carlos Cezar, publicado em REVISTA DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA | Rio de Janeiro 52(1):52-70, jan. - fev. 2018.

(GT07-025) “Isso a Globo não mostra”: a relação do uso do termo, e seu compartilhamento, com o contrapoder e a democratização da mídia em tempos de pós-verdade e fake News Eliana Regina Lopes Loureiro (Escola Superior de Propaganda e Marketing – ESPM)

Tema: Atualmente assistimos à perda de legitimidade da grande mídia, aqueles que antes eram considerados os guardiões da verdade (TANDOC et al., 2017). Fenômeno mundial (ALLCOTT E GENTZKOW, 2017) que no Brasil é evidenciado pelo uso do termo “Isso a Globo não mostra” nas redes sociais. O uso do jargão funciona como uma convocação para o compartilhamento de conteúdos, nos parâmetros de Aidar Prado (2010), ou seja, a partir de seu uso, entende-se que o enunciador é portador de uma informação inédita, que a grande mídia não quer que seja revelada, e o enunciatário precisa não apenas saber, mas permitir que outras pessoas recebam tal conteúdo. Castells (2015), por outro lado,

183 deixa claro que o contrapoder vem da sociedade civil e dessa forma, o uso da comunicação funciona como uma forma de protesto e quebra do poder do Estado, que poderia ser personificado pelo poderio da Rede Globo de Televisão, tantas vezes acusada de manipular a informação a favor do poder vigente e ditar os rumos do País (vide o caso da edição do debate entre Lula e Collor, que a própria emissora hoje admite ter favorecido Fernando Collor de Melo). Para deixar claro a importância do controle da informação, o teórico ainda destaca: “o poder é mais do que comunicação e comunicação é mais do que poder. Mas o poder depende da comunicação, assim como o contrapoder depende do rompimento desse controle” (ibid, p. 21). Neste cenário hoje vivemos a democratização da comunicação, que não depende mais da grande mídia, devido à facilidade da produção de conteúdo e sua disseminação, em uma autocomunicação de massa, conforme pensado por Castells (2015), o que tem contagiado todo o ecossistema de informação. Ao mesmo tempo, o indivíduo muitas vezes tem melhor reputação e índice de confiança (vide a ascensão da figura dos influenciadores) (RECUERO, 2008; ISSAAF, 2016) do que a imprensa, que é vista muitas vezes como manipuladora (ADORNO, 1987). Esse comportamento estimula não apenas o consumo das fake news e pós-verdade, como sua propagação. Objeto: estudar a relação entre os fenômenos de consumo das fake news e pós-verdade à perda da legitimidade da grande mídia (antes detentora da verdade), a democratização da informação, ativismo e contrapoder com o uso do termo “Isso a Globo não mostra”. Metodologia: revisão da bibliografia existente sobre o tema, procurando relacionar os fenômenos de consumo das fake news e pós-verdade à perda da legitimidade da grande mídia (antes detentora da verdade), a democratização da informação, ativismo e contrapoder com o uso do termo “Isso a Globo não mostra”. Quadro teórico de referência: Allcott e Gentz; Christian Dunker; Fabio Malini e Henrique Antoun; José Luiz Aidar Prado; Karhawi Issaaff; Lucia Santaella; Manuel Castells; Massimo di Felice; Matthew D’Ancona; Pollyana Ferrari; Ralph Keyes; Raquel Recuero; Tandoc et al.; Theodor Adorno.

184 Sessão: 04 Data: 08/05/2019 Horário: das 14h às 18h Sala 144, Bloco C

Coordenação Dr. Bruno Fuser (UFJF)

SEQUÊNCIA CÓDIGO TÍTULO AUTORES

Direito à cidade e Vida na cidade: como o 01 GT07-010 G1 abordou esses temas na cobertura do Guy Pinto de Almeida Wilton Paes de Almeida Junior Comunicação, Cultura e História de Márcio Alexandre 02 GT07-011 Santos: a gestão da arte no interesse Esteves Bernardino público local Aproximações entre a produção 03 GT07-018 audiovisual indígena na Bolívia, no Warley Borges de México e no Brasil. Miranda Costa Opinião pública: dos debates ao ativismo 04 GT07-028 e mudanças sociais Anelisa Maradei Do Egocentrismo ao Ecocentrismo: um movimento na contramão do consumo e 05 GT07-015 Lara Cristina Vollmer produção de subjetividade da sociedade capitalista contemporânea A Seca dos Três Setes (1877-1879) Marcelo Augusto Vieira na grande reportagem “O Dia dos e Sandra 06 GT07-012 Mil Mortos” do Jornal O POVO: Raquew dos Santos representações e imaginário Azevedo Keller Regina Viotto Vozes do Bixiga – Uma experiência Duarte, Danielle GT07- sinestésica: aproximações entre a cultura 07 027 Franco da Rocha e local do bairro Bixiga em São Paulo e a Maria Helena região nordeste do Brasil Machado Farina

185 (GT07-010) Direito à cidade e Vida na cidade: como o G1 abordou esses temas na cobertura do Wilton Paes de Almeida Guy Pinto de Almeida Jr (Escola Superior de Propaganda e Marketing – ESPM)

São Paulo é uma cidade de contrastes por definição. Ao seu Centro, estruturado no século 20, se opõe a uma periferia precária e carente da infraestrutura mais básica, condição necessária para o provimento da cidadania à população. Foi para lá que a expansão econômica jogou os pobres para morar. Paradoxalmente a essa oposição, o Centro da cidade é o local que abriga muitas ocupações de movimentos de luta por moradia do município. Uma delas, em especial, a localizada no edifício Wilton Paes de Almeida veio da sucumbir em ruínas, após um incêndio no dia 1º de maio de 2018. Não por acaso os movimentos sociais buscam, em muitos dos casos, ocupar a região central, além da oferta de prédios vazios, naquela região as pessoas estarão amparadas por condições de infraestrutura de serviços e lazer que lhes concede participação na vida urbana, algo que nas regiões periféricas não conseguem. Seria possível dizer que vivendo ali, essas pessoas tem acesso ao Direito à cidade (LEFEBVRE, 2001) e a Vida na cidade (GEHL e SVARRE, 2018)? O primeiro trata a cidade como um bem coletivo que pode ser transformado pelas pessoas, e o segundo fala da vida nas pessoas em meio às edificações, como elas ocupam e usufruem do espaço público. Para tentarmos elucidar esse problema, o objetivo deste trabalho é, a partir das notícias veiculadas pelo portal G1, gerido pelo Central Globo de Jornalismo das Organizações Globo, analisar como – ainda que contexto de uma tragédia –, os conceitos de Direito à Cidade e Vida na cidade estão abordados no que diz respeito à condição cidadã das pessoas que ali viviam. Para tal, realizamos uma análise de discurso nas reportagens veiculadas na semana subsequente ao evento. O veículo escolhido foi escolhido, pois trata do braço online da maior rede televisa do País e, por conta, disso abarca diversos formatos midiáticos (textos, imagens e vídeos, em especial). Entendemos que a comunicação, ao colocar em circulação discursos que mobilizem valores de cidadania, busca contribuir para a mesma. Os estudos dos discursos se justificam pois é a partir deles que podemos compreender a palavra em curso, inserida em um contexto onde atua o histórico e a ideologia (ORLANDI, 2009). O produto desta análise não é “o que” o texto diz, mas “como” diz. Partiremos da premissa que a informação é um discurso que possui sua construção sujeita a diversas forças. (CHARAUDEAU, 2018) Selecionamos reportagens a partir da leitura na íntegra da cobertura. O corpus é formado por textos que apresentaram diretamente esses conceitos ou abordagens correlatas que pudessem (ou não) favorecer a condição cidadã àquelas pessoas. Esse é submetido à análise de discurso, a partir da qual poderemos compreender como os sentidos desses conceitos, caros ao que entendemos como acesso a cidadania, são produzidos na perspectiva midiática. Como resultados prévios da investigação, podemos afirmar que as vítimas do incêndio e consequente desabamento são poucas vezes inseridas na mídia como cidadão, pois nos discursos analisados, o Direito à cidade e a Vida na Cidade são conceitos pouco relacionados a essa população.

Referências CHARAUDEAU, P. Discurso das Mídias. 2ª. ed. São Paulo: Contexto, 2018.

186 GEHL, J.; SVARRE, B. A vida na cidade: como estudar. São Paulo: Perspectiva, 2018. LEFEBVRE, H. O direito à cidade. São Paulo: Centauro, 2001. ORLANDI, E. P. Análise de Discurso: princípios e procedimentos. 8ª. ed. Campinas: Pontes, 2009.

(GT07-011) Comunicação, cultura e história de Santos: a gestão da arte no interesse público local Márcio Alexandre Esteves Bernardino (Universidade Municipal de São Caetano do Sul – USCS)

A cidade de Santos formulou em 2017 seu Plano Municipal de Cultura (PMC), que detectou que apenas 25% da população opta pela programação cultural em seu tempo livre. Como solução para fomentar o acompanhamento do fazer artístico, o plano indica ações de gerenciamento e comunicação que são colocadas em prática pela prefeitura. No entanto, tais estratégias não consideram em profundidade um sentimento de regionalismo (SOUZA, 2018) dito muito comum aos santistas. De identificação com um estilo de vida praiano, mas também repleto de referências de progresso econômico e vida urbana que refutam o imaginário rústico atribuído ao caiçara paulista (MARCÍLIO, 2006). Regionalismo que tem vínculo à memória coletiva (HALBWACHS, 2006) da população, estruturada sobre comportamentos relacionados ao processo histórico de desenvolvimento da cidade, com o porto de Santos como centro propulsor das transformações e costumes. Memória que constrói, por meio de seus códigos simbólicos, o imaginário social (BACZKO, 1985) local, por meio do qual os santistas se autorrepresentam e agem. Deste modo, tendo em vista os conceitos de cidadania como felicidade alcançada pela plena prática dos direitos individuais (ULHÔA, 2000) e de arte como instrumento informativo (ALVES, 1997) que gera conhecimento, discernimento e cidadania, este estudo propõe a verificação da adequação das metas de comunicação do PMC à realidade implícita da cidade, compreendendo os motivos do afastamento do público da arte, em especial da local, buscando criar estratégia de comunicação para ampliar o interesse sobre essa produção. Para estudar essa relação, o trabalho exploratório tem fundamentação na metodologia da História Oral. Contempla entrevistas com dez produtores culturais da cidade que atuam nas áreas de teatro, música, dança, cinema e literatura. Busca-se, assim, a reinterpretação dos episódios do passado confrontados às práticas do presente (PERAZZO, 2015).

Referências ALVES, Erinaldo. A Informação, a cidadania e a arte: elos para a emancipação Informação & Sociedade: Estudos, João Pessoa, v.7, n.1, p.12-25, jan./dez. 1997. Disponível em: . Acesso em: 17 jan. de 2019. BACZKO, Bronislaw. Imaginação social. In: Enciclopédia Einaudi. Anthropos-Homem. Lisboa: Imprensa Nacional/Casa da Moeda, 1985. vol. 5. BRASIL (Município). Lei nº 0058, de 11 de julho de 2017. Plano Municipal de Cultura de Santos. 1. ed. Santos, SP: Prefeitura Municipal de Santos, Disponível em:

187 HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva. São Paulo, SP: Ed. Centauro, 2006. MARCÍLIO, Maria Luiza. Caiçara: Terra e População. São Paulo, SP: Edusp – 2º edição, 2006. PERAZZO, Priscila Ferreira. Dossiê Narrativas Orais de História de Vida. Revista Comunicação & Inovação, São Caetano do Sul, v. 16, n. 30 (121-131) jan-abr 2015. Disponível em: Acesso em: 17 de janeiro de 2019. SOUZA, Gustavo Matiuzzi de. Noções de fronteira na teoria e práxis do regionalismo: uma visão crítica. Civitas - Revista de Ciências Sociais, [s.l.], v. 18, n. 2, p.245-261, 7 ago. 2018. EDIPUCRS. http://dx.doi. org/10.15448/1984-7289.2017.3.31575. ULHÔA, Joel Pimentel de. Cidadania. Philósophos - Revista de Filosofia, [s.l.], v. 5, n. 2, p.49-68, 5 set. 2010. Universidade Federal de Goias. http://dx.doi.org/10.5216/phi.v5i2.11338.

(GT07-018) Aproximações entre a produção audiovisual indígena na Bolívia, no México e no Brasil Warley Borges de Miranda Costa (Universidade Federal de Goiás – UFG)

Neste texto, começo a examinar pontos de aproximação e afastamento entre a produção audiovisual indígena na Bolívia, no México e no Brasil- de forma breve, do surgimento aos dias atuais, considero as particularidades históricas, o contexto institucional e sociopolítico. Desta forma, encaminho um interesse oriundo desde autores que, como Souza Lima (2002), informa-nos acerca dos importantes vínculos e relações entre as produções antropológicas do Brasil e do México. As políticas indigenistas, formuladas pelo estado nacional mexicano, teriam se disseminado pela América Latina nas primeiras décadas do Século XX; neste sentido, por exemplo, também, questiona-se: o cinema nacional mexicano teria difundido uma “imagem indígena” para e na América Latina? De modo geral, a comunicação indígena contemporânea traz elementos valiosos para debatermos temas de importância global como Estado-nação, identidade nacional, racismo, dentre outros. Então, para melhor discutir e contextualizar os lugares da comunicação indígena, faço uso de trabalho de campo sobre a comunicação indígena e a construção de Estados plurinacionais na Bolívia, bem como de revisão bibliográfica sobre a produção dos três países. Com isto, objetiva-se encontrar aspectos que demonstrem a potencialidade dessa comunicação para a imaginação política de um Sul global.

(GT07- 028) Opinião pública: dos debates ao ativismo e mudanças sociais Anelisa Maradei (Universidade Metodista de São Paulo – Umesp)

O artigo problematiza a questão da formação da opinião pública na contemporaneidade, na sociedade em rede. Busca refletir sobre seu papel na pressão por mudanças e institucionalização dos anseios sociais em forma de medidas concretas em sociedades democráticas. Realizamos uma revisão teórica sobre diversas abordagens do conceito de opinião pública (ROUSSEAU, 2010; BOURDIEU, 2014; NEUMANN, 1995, entre outros), que partem de contextos históricos diferenciados, perspectivas distintas e da racionalização ou percepção do conceito como controle social. À luz da dialética poder e contra-poder, observamos a questão da importância da opinião pública e os desafios para sua estruturação hoje. Concluímos que há de se pensar na complexidade do conceito, retomar o debate, tendo em vista que as tecnologias da informação e comunicação podem ser libertadoras ou aprisionar mentes.

188 Como sustenta Maradei (2018), é tempo de pensarmos em alternativas para que a sociedade se aproprie das inovações tecnológicas e não se sujeite a elas, em um novo ciclo que amplifique vozes das diferentes vertentes sociais. Boyd (2007), por exemplo, acredita que as redes sociais online são como espaços públicos mediados. Seriam esferas onde se torna possível a reunião pública dos indivíduos, por meio da tecnologia, e em que é permitido às pessoas expressarem-se, aprenderem com os outros e até discutirem as normas que regem a sociedade. Lemos e Lévy (2010), também, dentro de uma percepção otimista, pontuam que os princípios que regem a esfera pública digital são a abertura, as relações entre pares e a colaboração. Para Fiedland et al. (2006), as redes estão se tornando centrais para a compreensão de sistemas complexos, e isso se reflete no que tange à opinião pública. “O conhecimento das estruturas de rede abre novas perspectivas para a formação da opinião pública entre esferas que até agora têm sido concebidas como funcionalmente conectadas” (Friedland et al, 2006, p. 1). Também otimista em relação ao uso da internet, Benkler (2006, p. 213), por sua vez, argumenta que “A possibilidade de se comunicar efetivamente na esfera pública permite que as pessoas deixem de ser leitoras passivas e ouvintes e passem a ser oradoras em potencial, partes de uma conversa”. Nesse contexto, a percepção da opinião pública apresenta ganhos, na medida em que, como proposto por Fraser (1992), a esfera pública de hoje é composta por uma rede heterogênea de públicos, os quais têm a possibilidade de renegociar, repensar questões diversas que antes não eram colocadas na pauta e ficavam na periferia. Nossa perspectiva preserva a dimensão crítica do público e não o subestima no processo deliberativo, ainda que atente para inúmeros desafios que se interpõem nesse contexto. Perseguimos a ideia que estabelece a dialética poder e contra-poder (Castells, 2015), ou seja, a possibilidade do público contestar. Nessa linha de pensamento, a educação de base, a educação para os meios, a inclusão digital, a emancipação dos cidadãos para que adquiram condições de operar na esfera pública torna-se imprescindível.

(GT07-015) Do egocentrismo ao ecocentrismo: um movimento na contramão do consumo e produção de subjetividade da sociedade capitalista contemporânea Lara Cristina Vollmer (Escola Superior de Propaganda e Marketing – ESPM/SP)

O artigo propõe uma reflexão sobre a construção de um senso comum em que ego e autocentrismo devem ser administrados de forma imperativa para se obter “sucesso”, falseando sentimentos como a liberdade e a felicidade. Um grande e constante consumo de “fluxos” regido pelo ideário neoliberal tende a compor, sobretudo, maneiras de ver, sentir, pensar, perceber, vestir, ou seja, toneladas de subjetividade que vem afastando o sujeito de sua origem e natureza, trazendo um vazio de sentido de grandes proporções e consequências para a vida cotidiana nas grandes cidades (Vladimir SAFATLE e Jessé de SOUZA). Por outro lado, surgem novas formas de resistência ao sistema imposto, cujo foco é o “todo”, e não mais o “eu”, e que podem indicar um caminho mais sólido e efetivo ao que poderíamos chamar de “sucesso”. Neste desafio de fazer do pensar algo positivo e contributivo, me aproprio de alguns conceitos de Peter Pál PELBART e Suely ROLNIK, entre outros autores, para buscar uma melhor compreensão sobre o papel da mídia na construção do sujeito-consumidor e de como este pode resistir positivamente ao sistema. Para além, busco as brechas, a possível ocupação dos meios públicos e privatizados, a oportunidade por trás do complexo contexto que nos envolve atualmente, a possibilidade de fazermos do pensamento uma ferramenta de mudança para uma nova forma de ser e agir. Penso também na ação individual como uma forma de micropolítica silenciosa, contagiosa, rizomática e lenta, mas com enorme potencial de transformação

189 (Isleide FONTENELLE e Naomi KLEIN). Transformação esta que pode mudar positivamente as perspectivas dos indivíduos a longo prazo, bem como de todo o contexto sócio-político em que estão inseridos. Como cerne deste ensaio reflexivo, proponho uma leitura (ilustrada) das 3 possíveis centralidades do indivíduo ao longo do tempo – ANTROPOcêntrico, EGOcêntrico e ECOcêntrico – que possibilitará analisar as implicações de cada um deste centrismo no âmbito de suas relações com aspectos como poder, responsabilidade, hierarquia e liberdade a que o sujeito se submete. Com um foco maior no ECOcêntrico, examino melhor seu papel social e hábitos de consumo, que o caracterizam como minimalista e tácito, de consumo silencioso porém “efusivo”, e cujo estilo de vida não é copiado, mas adotado, como reflexo à constante crítica ao sistema – mas que também sofre ameaças de desestabilização (ROLNIK) neste contexto social do capitalismo neoliberal cuja verdade é “a busca da circulação infinita”, e cuja premissa é, antes de mais nada, de ordem política e ideológica, e não econômica ou ecológica (FONTENELLE). Por fim, sinalizo a possibilidade do indivíduo fazer uma religação de si com a vida através de uma maior aproximação com a arte, seus afetos e a natureza em si.

(GT07-012) A Seca dos Três Setes (1877-1879) na grande reportagem “O Dia dos Mil Mortos” do Jornal O POVO: representações e imaginário Sandra Raquew dos Santos Azevedo (Universidade Federal da Paraíba – UFPB) Marcelo Augusto Vieira (Universidade Federal da Paraíba – UFPB) O trabalho em questão analisa, a partir de uma abordagem comunicacional e historiográfica, a retomada do debate na imprensa da “Grande Seca” ou “Seca dos Três Setes” (1877, 1878 e 1879), recentemente noticiada pelo Jornal O Povo, de Fortaleza (Nordeste do Brasil). O tópico de maior repercussão no âmbito da grande reportagem foi a morte de 1.004 pessoas, infectados por uma epidemia de varíola, em um dia só, em Fortaleza, daí o nome “O Dia dos Mil Mortos”. Além disso, a reportagem especial reflete sobre as medidas paliativas de “combate a seca” e a epidemia, a exemplo da construção de açudes e saneamento básico. Objetivamos portanto analisar a reportagem e melhor refletir sobre a construção social das notícias e as perceber as representações sociais dessa “Grande Seca”, interpelando as medidas governamentais de “combate à seca” e também perceber como as imagens (fotografias e ilustrações) e códigos veiculados (des)constroem um imaginário sobre o Nordeste a partir do universo simbólico tecido sobre o fenômeno da estiagem. Escolhemos como referencial metodológico, a Hermenêutica de Profundidade (Thompson, 1990) que nos permite fazer uma análise mais qualificada da realidade expressa na reportagem. A metodologia mescla três processos de investigação das formas simbólicas: a Análise Sócio-Histórica; Análise Discursiva e Interpretação/Reinterpretação. A partir dessa hibridização, conseguimos explorar o contexto-histórico, o espaço-temporal e os sentidos ocultos presentes no fenômeno estudado. Do ponto de vista teórico, refletimos sobre a temática da seca, não apenas como um fenômeno natural, mas como um problema social e um fenômeno comunicativo importante para pensar as representações sociais que incidem num imaginário cria, reforça e expõe as desigualdades no âmbito do Nordeste e de sua população.

Referências ALBUQUERQUE JÚNIOR, Durval Muniz. A invenção do Nordeste e outras artes. 5ª. edição. São Paulo: Cortez, 2011. ANDRADE, Manoel Correia de. A Seca: Realidade e Mito. Recife: Editora Asa Pernambuco, 1985. GUERRA, Lúcia de Fátima. Raízes da Indústria da Seca: o caso da Paraíba. João Pessoa: UFPB, 1993.

190 MALVEZZI, Roberto. SEMI-ÁRIDO: uma visão holística. Brasília: Confea, 2007. Disponível em: . Acesso em: 10 dez. 2018. SANTOS, Rinaldo. A Revolução Nordestina: a epopéia das secas. 1.ed. Recife: Tropical, 1984. THOMPSON, John B. Ideologia e cultura moderna: Teoria social crítica na era dos meios de comunicação de massa. 7.ed. Petropólis, RJ: Vozes, 2007.

(GT07-027) Vozes do Bixiga – Uma experiência sinestésica: aproximações entre a cultura local do bairro Bixiga em São Paulo e a região nordeste do Brasil Keller Regina Viotto Duarte (Universidade Presbiteriana Mackenzie) Danielle Franco da Rocha (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP) Maria Helena Machado Farina (Universidade Presbiteriana Mackenzie) O Bixiga é um bairro da cidade de São Paulo, Brasil, situado entre as Avenidas 23 de Maio e 9 de Julho, vizinho ao centro da cidade e próximo à Avenida Paulista (também conhecido como Bela Vista). Esse lugar que já foi sede de quilombo no século XIX é um reduto da comunidade negra até hoje. No início do século XX acolheu os imigrantes italianos vindos da região da Calábria, que vinham trabalhar em São Paulo e desde a segunda metade do século XX recebe muitos migrantes nordestinos. Atualmente é um local que compartilha esse convívio cultural diverso. A comunidade negra está fortemente abraçada e representada pela Escola de Samba Vai-Vai que até hoje ocupa a região do quadrilátero da Saracura, próxima à Avenida 9 de Julho. A comunidade italiana, oriunda da região da Calábria, de tradição católica, desde 1920 encontra-se na paróquia recém construída e que só em 1949 receberá o nome de sua santa de devoção, Nossa Senhora de Acchiropita, localizada na Rua 13 de Maio, onde acontece a tradicional Festa da Acchiropita. Tem-se ali sua maior representação identitária, complementada pela cultura gastronômica das cantinas e padarias do entorno. Já a comunidade nordestina, sejam moradores, trabalhadores ou ainda, frequentadores da região que vem desfrutar dos encontros com a cultura nordestina que se apresenta ali, ainda não se percebe reconhecida numa festa ou evento característico. Essa mistura cultural originária dos filhos e descendentes de nordestinos, vindos de diversas cidades e estados do Nordeste do Brasil, aparece nas vozes, no sotaque, na bebida, nos temperos, na gastronomia, no modo de organizar um restaurante, um mercado, nos produtos que comercializam e objetos decorativos, na música, enfim, uma comunidade nordestina presente no dia a dia desse bairro central de São Paulo, ou como eles mesmo dizem: “o Bixiga é o coração do Nordeste em São Paulo”. Percebendo essa ausência de representação festiva cidadã na comunidade, o ativista e jornalista Paulo Santiago, um singular morador do Bixiga, filho de pai italiano e mãe maranhense, nascido na cidade de Caxias, interior do Maranhão, era um adolescente quando chegou no Bixiga no início da década de 1960, vive intensamente esse lugar. Ele é um dos fundadores do MUMBI - Museu Memória do Bixiga, junto com o Armandinho Puglisi, ou melhor, o Armandinho do Bixiga e também fundador da ONG NOVOLHAR e é o propositor da festa do BIXIGA NORDESTINO. E assim, incialmente, reúne um grupo colaborativo para pensar, pesquisar e idealizar essa festa da cultura nordestina no Bixiga. É nesse contexto que apresentamos essa pesquisa, com as primeiras entrevistas e observações da pesquisa de campo, realizadas com representantes dessa cultura, protagonistas do bairro e colaboradores que revelam suas memórias, seus depoimentos de vida e expectativas com o bairro que vivem.

191 Aflora desses modos de vida e dessas memórias uma experiência sinestésica reunindo imagens, sonoridades, cheiros e sabores. Na busca por uma afirmação do Bixiga como um bairro afro italiano e nordestino, propõe-se uma cartografia afetiva, artística e multimidiática desse lugar, destacando pontos físicos e endereços de representação cultural, pessoas singulares com suas memórias que compõem a trama desse tecido urbano paulistano. A comunicação dessas manifestações culturais apresenta-se desde a oralidade dessa gente, se estendendo ao cardápio dos restaurantes, à embalagem de diversos produtos no mercado local, à música, aos anúncios e cartazes de shows de forró, repente, à fotografia e a inserção desse universo nas redes sociais. A expectativa dessa festa nordestina concentrada no mês de junho é o auge dessa proposição que deverá desdobrar-se em diversos produtos materiais, culturais e midiáticos, estendendo essa fala do Bixiga Nordestino para além de seu território físico, valorizando sua gente.

Referências BOSI , Ecléa. Memórias e Sociedade. Lembrança dos Velhos – São Paulo. Edusp 1987. CANTON, Katia. Tempo e Memória. (Coleção temas da arte contemporânea). São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2009. ______. Espaço e Lugar. (Coleção temas da arte contemporânea). São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2009. CARERI, Francesco. Walkscapes: o caminhar como prática estética. Traduç.: Frederico Bonaldo. 1ª ed. Editora Gustavo Gili, São Paulo, 2013. ______. Caminhar e parar. Traduç. Aurora Fornoni Bernardini. Gustavo Gili, Barcelona, 2017. CASTRO, Márcio Sampaio de. Bixiga: um bairro afro-italiano. Ed. Annablume, São Paulo, 2008. CHARTIER, Roger. A história cultural: entre práticas e representações. Lisboa: Difel, 2000. LE GOFF, Jaques. História e Memória. São Paulo, UNICAMP, 1996. MCLUHAN, Marshall. Os meios de comunicação como extensões do homem. Trad. Décio Pignatari. São Paulo, Cultrix, 2007. PEREC, Georges. Tentativa de esgotamento de um local parisiense. Traduç, Ivo Barroso. Editora Gustavo Gili, São Paulo, 2016.

192 6-8 DE MAIO DE 2019

Campus Conceição: Campus Centro: Rua Conceição, 321 Rua Santo Antônio, 50 São Caetano do Sul São Caetano do Sul

GT-8. Cultura e memória: acervos culturais, centros de documentação e comissões da verdade

193 GT 08 COMUNICAÇÃO E CULTURA: ACERVOS CULTURAIS, CENTROS DE DOCUMENTAÇÃO E COMISSÕES DA VERDADE

Coordenadores: Dr. Francisco Delgado (UdeC) - [email protected] Monica Iafrate (FPM-SCS) - [email protected] Dra. Fernanda Nalon Sanglard (UFMG) - [email protected]

Ementa: Memória para consulta no marco da História Oral. Os acervos de dados concebidos como memórias vivas e dinâmicas – testemunhos orais; narrativas diversas, históricas ou atuais – em qualquer de seus formatos, princípios de organização e razões de sua construção.

194 Sessão: 01 Data: 07/05/2019 Horário: das 14h às 18h Sala 130, Bloco C

Coordenação Monica Iafrate (FPM-SCS); Dra. Fernanda Nalon Sanglard (UFMG)

SEQUÊNCIA CÓDIGO TÍTULO AUTORES

Memórias digitalizadas: a experiência do 01 GT08-005 Centro de Documentação do Jornalismo Roseane Arcanjo Pinheiro de Imperatriz-MA O Centro de Documentação e Memória Morisa Pardi Garbelotto 02 GT08-008 da USCS: políticas e práticas da memória Rodegher a serviço do interesse público Retratos do passado em revista: o Flavia de Vasconcellos Protta 03 GT08-006 colecionador como editor da história Sado O conceito de memória sob uma nova perspectiva e os possíveis debates e 04 GT08-003 Fernando Miramontes Forattini repercussões na Comissões da Verdade da Argentina e Chile De la memoria colectiva e histórica a las comisiones de la verdad: la matanza 05 GT08-004 de Tlatelolco y Los 43 normalistas Amaury Fernandez Reyes de Ayotzinapa como dos casos de juvenicidio en México As tecnoimagens e a preservação da memória - Estudo de caso sobre a 06 GT08-011 Carolina Vilaverde Ruta Lopes digitalização das obras de Antonio Benetazzo

195 (GT08-005) Memórias digitalizadas: a experiência do Centro de Documentação do Jornalismo de Imperatriz-MA Roseane Arcanjo Pinheiro (Universidade Federal Do Maranhão – UFMA)

O presente trabalho tem como objetivo apresentar as atividades realizadas pelo Centro de Documentação do Jornalismo de Imperatriz, no Maranhão, no tocante à digitalização dos jornais impressos que circularam na cidade entre os anos 1970 e anos 2000. Localizado na Universidade Federal do Maranhão, o centro conta com equipamentos adquiridos com recursos da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Tecnológico do Maranhão (FAPEMA), que possibilitaram a organização de um acervo na internet que reúne edições digitalizadas desses impressos doados pela comunidade. O Centro de Documentação do Jornalismo de Imperatriz foi organizado a partir de 2016 e pode ser consultado através da plataforma www.joimp.ufma.br. O site apresenta registros sobre a trajetória do jornalismo, jornalistas e mídias através da digitalização de impressos, publicação de pesquisas e compartilhamento de registros audiovisuais. A iniciativa aborda reflexões de Halbwachs (2003) sobre a construção das memórias individuais e coletivas, as contribuições de Marialva Barbosa (2007) a respeito da historiografia da imprensa brasileira e das concepções de Palácios (2014) quanto ao jornalismo, memória e história na era digital e de Pierry Lévy (2010) sobre a ciberespaço. São conexões teóricas que nos ajudam a compreender os impressos como lugares de memória no ciberespaço, que podem trazer novos significados e interações dos diferentes públicos com o jornalismo e os jornalistas. Compreendemos que a memória é um processo de ressignificar o passado e construir sentidos sobre o tempo presente. E os jornalistas, com suas práticas culturais, atuam em duas temporalidades: compartilham representações sobre o cotidiano e alimentam o debate público, podendo influenciar a organização das sociedades na atualidade, e, ao mesmo tempo, produzem referências sobre os acontecimentos históricos para as gerações do futuro. O jornalismo, como construção social da realidade, aponta para pistas sobre a memória coletiva de seus sujeitos, os jornalistas, sua identidade e seus valores, tecidos ao longo das décadas, ao delimitar o tempo da captação, da circulação e recepção das notícias. Ao construir um centro de documentação e reunir memórias digitais, apreendemos o ciberespaço como fenômeno hegemônico mundial, a se constituir em espaço de produção cultural que pode vitalizar as leituras sobre a produção jornalística do passado, fazendo fluir o debate sobre o jornalismo produzido, as ações dos repórteres e as narrativas publicadas. É lugar de outras sociabilidades, de relações sociais mediadas e de atuação dos que almejam as transformações sociopolíticas.

(GT08-008) O Centro de Documentação e Memória da USCS: políticas e práticas da memória a serviço do interesse público Morisa Pardi Garbelotto Rodegher (Universidade Municipal de São Caetano do Sul – USCS)

Todo documento público é gerado no cumprimento de uma função administrativa, seja ela atividade funcional propriamente dita, atividade intelectual de pessoas ou órgãos da administração direta e indireta. A administração pública opera diversos arquivos autônomos, cada qual respondendo às necessidades do seu setor específico, mantidos em relativa organização. Passado o período de uso corrente, esses documentos se transformam em “arquivo morto” ou são descartados e destruídos, sem um controle técnico específico ou critérios claros de classificação. Esses documentos ocupam áreas de

196 trabalho de volume desordenado e, muitas vezes, são transferidos para depósitos, cuja conservação é comprometida pelo descaso ou despreparo dos funcionários quanto à preservação de documentos. Desse modo, para que se compreenda a finalidade, a localização, as condições e as dimensões em que os documentos são gerados e acumulados e determinar o seu valor administrativo e histórico é necessário que se constitua um Centro de Documentação e Memória institucional, a fim de dar apoio efetivo nessas decisões. A preservação é uma importante ação de comunicação de interesse público por meio da memória de comunidades, instituições, grupos sociais ou, mesmo, sociedades e exigem reflexão sobre as questões de memória e cultura nas instituições. As informações geradas ou produzidas pelas instituições públicas, como a Universidade Municipal de São Caetano do Sul, cuja trajetória é cinquentenária, têm um valor temporal a ser garantido. E, como polo gerador de informação e, consequentemente, de cultura, essas informações necessitam de instrumentos e métodos apropriados para a conservação da documentação que a Universidade produz sobre sua história. Tomando essa premissa, foi criado, em agosto de 2000, o Centro de Documentação e Memória da USCS que tem como propósito documentar e preservar o processo histórico da Instituição, impedindo sua deterioração, construindo narrativas sobre sua presença, missão e importância local, evitando os esquecimentos e mantendo seu acervo sempre disponível ao público. Também é parte dos seus objetivos idealizar e montar exposições, elaborar publicações comemorativas ou periódicas em revistas, livros, jornais, internet, entre outros meios. Seu acervo é constituído por: 1) Fontes gráficas: artigos de jornais, revistas, folhetos entre outros impressos. 2) Fontes iconográficas: fotografias, mapas, plantas de áreas ou estruturas, exposições, filmes, desenhos, pinturas, gravuras, estátuas, entre outros. 3) Fontes orais: entrevistas com professores, estudantes e funcionários. Para dar conta da gestão do acervo, mantem-se um sistema informatizado desenvolvido para a manutenção e atualização do conteúdo histórico arquivado. Nesse sentido, essa comunicação visa apresentar o sistema atualmente implantado no Centro de Documentação e Memória da USCS e discutir novas propostas, formatos e suportes de informática e hipermídias para atualização do sistema de organização, controle e preservação e discutir procedimentos quanto à organização e arquivamento do conteúdo histórico. Realizar esforços para criar um sistema de acesso à documentação histórica da instituição, voltada tanto para a comunidade USCS quanto para a sociedade sulsancaetanense é uma das justificativas de importância da manutenção do Centro de Documentação e Memória da USCS e, por isso, a preocupação em atualizar e manter seus modos de arquivamento e preservação.

(GT08-006) Retratos do passado em revista: o colecionador como editor da história Flavia de Vasconcellos Protta Sado (Escola Superior de Propaganda e Marketing – ESPM)

A Cátedra Instituto Cultural ESPM, em desenvolvimento, perante orientação de Mônica Rebecca F. Nunes (PPGCOM-ESPM) na área Memória, Comunicação e Consumo, trabalha com a identificação de peças que pertenciam ao Instituto Cultural, cujo objetivo final é disponibilizar tais materiais à comunidade em geral. Ao nos debruçarmos sobre questionamentos a respeito de como era a vida em nossa cidade anos atrás, quais eventos marcaram suas ruas, quem eram seus habitantes, como se constituíam suas rotinas, somos levados a pesquisar documentos antigos, muitas vezes peças midiáticas como recortes de jornais e exemplares de revista. Esses guardados por vezes fazem parte de coleções familiares ou encontram-se dentro de instituições culturalmente legitimadas como detentoras de conhecimento: bibliotecas, museus e universidades. Tomamos como verdade essas produções e esquecemos que todos os processos, desde a elaboração dos textos, a criação das imagens, a decisão de conservar determinadas publicações em detrimentos de outras, são realizados por pessoas e seus valores e experiências prévias permanecem incrustados nesses objetos. Este artigo tem como objetivo entender como a história de

197 vida de um colecionador transparece e se relaciona com a formação de um acervo público. A coleção selecionada como corpus da presente pesquisa é a Coleção de Revistas No 1, doada pelo publicitário José Francisco Queiroz a ESPM. Hoje ela está sob responsabilidade da Cátedra Instituto Cultural ESPM. Como metodologia a investigação faz uso da história de vida (HAGUETTE, 1999; PASSERINI, 2011) para aprofundamento dos conhecimentos a respeito da formação da coleção. Os relatos são tencionados com as obras de Baudrillard (2008), Pearce (1994), Colombo (1991), Derrida (2001), Lotman (1996) e Nunes (2001), entre outros autores, que desconstroem o significado de objeto, arquivo, cultura, memória como usados pelo senso comum e indagam sobre a falsa imparcialidade da história.

Referências BAUDRILLARD, Jean. O sistema dos objetos. 5. ed. São Paulo: Perspectiva, 2008. BORGES, Maria Eliza Linhares. Exposições universais e museus comerciais: entre o efêmero e o permanente. In:___. Inovações, coleções, museus. São Paulo: Autêntica, 2011. (Ebook) COLOMBO, Fausto. Os arquivos imperfeitos: memória social e cultura eletrônica. São Paulo: Perspectiva, 1991. DERRIDA, Jacques. Mal de arquivo. Uma impressão freudiana. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2001. HAGUETTE, Teresa Maria Frota. Metodologias qualitativas. In __. Metodologias qualitativas na Sociologia. Rio de Janeiro: Vozes, 1999. p. 61-106. HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva. São Paulo: Centauro, 2004. LOTMAN, Iuri. Culture and explosion. Berlin: Walter de Gruyter GmbH & Co, 2009. ___, Iuri. La semiosfera I: semiótica de la cultura y del texto. Madrid: Ediciones Cátedra, 1996. NUNES, Mônica Rebecca Ferrari. A memória na mídia: a evolução dos memes de afeto. São Paulo: Annablume/Fapesp, 2001. ___; BIN, Marco A; LOBATO, Mayara L. A. C. M. São Paulo e memórias do futuro: entre a utopia e a retrotopia. In: Anais Compós, 2018, Belo Horizonte - MG, 05 a 08 de junho de 2018, 2018. p. 1-22. PASSERINI, Luisa. A memória entre política e emoção. São Paulo: Letra e voz, 2011. PEARCE, Susan M. Interpreting Objects and Collections. London and New York: Routledge, 1994. VOGEL, Daisi. Revista e contemporaneidade: imagens, montagens e suas anacronias. In: Frederico de Mello Brandão Tavares; Reges Schwaab. A Revista e seu Jornalismo. Porto Alegre: Penso, 2013.

198 (GT08-003) O conceito de memória sob uma nova perspectiva e os possíveis debates e repercussões na Comissões da Verdade da Argentina e Chile Fernando Miramontes Forattini (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP) A memória tem sido alvo de estudos recentes que estão inovando ao trazer à tona uma nova concepção sobre o que ela seria e qual o seu papel na formação tanto do indivíduo, quanto do coletivo. Grosso modo, será ela que irá determinar como o indivíduo irá se relacionar com o passado (o que interpreta dele), mediante suas concepções do presente e expectativas sobre o futuro (moldando suas ações no presente tendo em vista estas expectativas). Sendo algo tão precioso para o indivíduo, sê-lo-á também para a identidade coletiva, moldando-a de forma recíproca e assimétrica. Consequentemente, teremos grupos com alguma forma de poder que buscarão se utilizar da memória visando forjar o passado, moldar o presente e legitimar ações futuras. Esse é o caso, por exemplo, das discussões surgidas na Argentina (Comisión Nacional sobre la Desaparición de Personas, 1983-84) e no Chile (Comisión Nacional de Verdad y Reconciliación, 1990) durante, e após, a efetuação de suas Comissões da Verdade. Este trabalho visa debater como certas narrativas buscavam se tornar predominantes, visando alterar a memória coletiva e minimizar, ou mesmo extinguir, suas culpas pelos erros e desastres econômicos, sociais e políticos (inclusive a tortura) dos atores responsáveis direta ou indiretamente por eles terem ocorrido. Para isso, veremos como importantes pensadores, como Oscar Terán (argentino, mas de forte influência durante a Comissão da Verdade chilena), denunciarão estas manobras afirmando haver um movimento organizado em torno deste tema que busca alterar a memória não somente para o intuito visivelmente mais básico, alterar o passado, mas, principalmente, por um outro objetivo, mais pragmático, a saber, reconquistar o papel de relevo e de legitimidade que possuíam durante o período de vigência dos anos de ditadura. Buscam, enfim, poder novamente influir na arena pública, ditar regras, participar como membros “responsáveis e democráticos” (assim como diziam ser quando apoiavam o golpe em cada um dos países aqui estudados) do processo de formação político-econômico destes países, salvaguardando seus interesses. É nosso intuito, também, buscar analisar, em paralelo, como essas ações foram e estão sendo utilizadas por importantes grupos no caso brasileiro.

(GT08-004) De la memoria colectiva e histórica a las comisiones de la verdad: la matanza de Tlatelolco y Los 43 normalistas de Ayotzinapa como dos casos de juvenicidio en México Amaury Fernández Reyes (Universidad de Colima – UdeC)

Esta ponencia pretende mostrar una reflexión acerca del surgimiento de Comisiones de la verdad, a partir de la “Matanza de Tlatelolco” ocurrida en la ciudad de México en 1968 y la desaparición de “Los 43 normalistas de Ayotzinapa” acontecida en la localidad de Ayotzinapa, Guerrero en 2014, como resultado de dos casos emblemáticos de juvenicidio Valenzuela (2015), y necropolítica Mbembe (2011) y Reguillo (2015), a nivel de crímenes de Estado, Moreno (2014) y violaciones a los derechos humanos. Para ello se emplean los conceptos de memoria histórica y memoria colectiva desde Halbwachs (1995; 2002), que forman parte del recuerdo vivo de varias generaciones de mexicanos, durante su historia moderna y reciente, y que a partir del activismo de varios actores sociales, se presionó para la construcción de dichas comisiones de justicia.

199 (GT08-011) As tecnoimagens e a preservação da memória - Estudo de caso sobre a digitalização das obras de Antonio Benetazzo Carolina Vilaverde Ruta Lopes (Universidade de São Paulo – USP) Antonio Benetazzo foi um artista plástico e militante político assassinado pela ditadura militar em 1972, cujas obras foram apagadas da arte contemporânea brasileira pela dinâmica de ocultamento do regime militar. Espalhados nas casas de amigos e familiares, os trabalhos artísticos de Benetazzo sobreviveram à ação do tempo e foram devidamente reunidos e catalogados apenas em 2014, por ação da Secretaria Municipal de Direitos Humanos de São Paulo, no âmbito das políticas públicas pelo direito à memória e à verdade. De acordo com a recomendação de número 28 da Comissão Nacional da Verdade, é fundamental a “preservação da memória das graves violações de direitos humanos”. A partir do levantamento de cerca de 200 obras, portanto, o catálogo do artista foi organizado em diferentes períodos e fases, ocasionando na realização de uma exposição no ano de 2016. Dois anos depois, a valorização da memória de Benetazzo e a democratização de seus experimentos artísticos alcançaram nova fase com a digitalização de suas obras e o lançamento de uma mostra virtual permanente no Google Arts&Culture, plataforma imersiva e gratuita para compartilhamento de coleções de arte. Este trabalho tem como objetivo discutir o processo de digitalização e exposição virtual das obras de Antonio Benetazzo, analisando as potências e desafios deste procedimento como estratégia e ferramenta de preservação da memória, a partir do conceito de imagem técnica (ou tecnoimagem) de Vilém Flusser. Neste caso, entendemos a digitalização como um movimento de transformação de imagens tradicionais (pinturas do artista feitas à mão) em imagens técnicas (arquivos de imagem em alta resolução), alterando suas características para o observador externo e também o próprio status dessas imagens, que se movem da esfera privada (familiar) para a esfera pública (cultura). A partir dos documentos de pesquisa cedidos pela Prefeitura de São Paulo, investigamos os critérios utilizados no projeto de recuperação das obras e os seus resultados concretos - por exemplo, os diferentes públicos atingidos pelas exposições física e virtual. Como referência trazemos, além das obras O Universo das Imagens Técnicas e O Mundo Codificado (ambas escritas por Flusser), uma revisão bibliográfica que dialoga com a proposta, como Walter Benjamin (A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica), Susan Sontag (Diante da dor dos outros), Régis Debray (Vida e Morte da Imagem), Henry Jenkins (Cultura da Convergência), Jonathan Crary (Suspensões da percepção), entre outros. Com os resultados obtidos, busca-se compreender o impacto das novas tecnologias de informação no desenvolvimento de métodos de conservação e valorização da memória. Nossa hipótese é de que, apesar de facilitar a possibilidade de circulação das imagens tradicionais quando convertidas em tecnoimagens, a digitalização e exposição no Google Arts and Culture, imediatamente, não produz efeito superior ao da exposição física para a ampliação da memória do artista, por ser dependente de outras ações no espaço público fragmentado das redes sociais e por funcionar sob a lógica de algoritmos de distribuição que atuam de forma não transparente. No entanto, a longo prazo, tem potencial para colaborar de forma consistente com a preservação da memória, pois os arquivos tendem a se consolidar como referência nas ferramentas de busca da web.

200 Sessão: 02 Data: 08/05/2019 Horário: das 14h às 18h Sala 130, Bloco C

Coordenação Monica Iafrate (FPM-SCS); Dra. Fernanda Nalon Sanglard (UFMG)

SEQUÊNCIA CÓDIGO TÍTULO AUTORES

Ginásio Estadual Vocacional de Vila Santa 01 GT08-010 Maria: memórias de um breve projeto de Maria Aparecida de Carvalho inovação educacional (1968-1969) Visibilidade / Invisibilidade: a DANÇA na Renata Ferreira Xavier e Kathya 02 GT08-002 cidade de São Paulo Maria Ayres de Godoy Chácara Lane: as representações Fernando Santos da Silva 03 GT08-001 socioculturais de um lugar que “evoca” Marcel Mendes lembranças na metrópole paulistana. Memórias USCS: a história por meio da 04 GT08-009 Luciana de Almeida Cunha voz dos protagonistas A memória da desigualdade social e da violência: aspectos valorativos da 05 GT08-007 participação brasileira nas mostras Marcelo Eduardo Leite latino-americanas de fotografia (México 1978/1981) A Universidade Municipal de São Caetano do Sul – USCS - e a Fundação Pró-Memória de São Caetano do 06 GT08-012 Márcia Gallo Sul: aproximações entre teóricos da Educação ocidental e a história da Educação local

201 (GT08-010) Ginásio Estadual Vocacional de Vila Santa Maria: memórias de um breve projeto de inovação educacional (1968-1969) Maria Aparecida de Carvalho (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP)

O Ensino Vocacional foi um projeto piloto, desenvolvido no Brasil entre 1961 e 1969, exclusivamente no Estado de São Paulo, nas cidades: Americana, Barretos, Batatais, Rio Claro, São Paulo e, posteriormente, o de São Caetano do Sul. Cada unidade do Vocacional tinha sua especificidade: Americana era um polo da indústria têxtil; Barretos, referência do setor pecuário; Batatais era um município de predominância agrícola; Rio Claro, um entroncamento ferroviário quando este modal de transporte estava no auge; São Paulo, a capital e São Caetano do Sul, seu subúrbio industrial. O projeto tinha como objetivo proporcionar ao estudante um grande leque de possibilidades, tanto no plano de cultura geral como técnica, incentivando-o a situar-se no mundo e identificar seu papel transformador. Vale ressaltar que o Brasil foi regido por uma Ditadura Civil-Militar no período de 1964 a 1985, sendo que a vigência dos Anos de Chumbo – período mais repressivo – foi entre dezembro de 1968 até março de 1974. Das seis unidades instaladas, a de São Caetano do Sul foi a mais breve (1968 e 1969). No dia 12 de dezembro de 1969, numa operação orquestrada, os ginásios vocacionais foram invadidos pela polícia e exército que destruíram livros, registros, materiais didáticos e trabalhos dos estudantes, dando início ao desmonte de toda a estrutura do ensino vocacional, culminando com a extinção total do projeto. Este artigo é parte da investigação que visa recuperar a memória do Ginásio Estadual Vocacional de Vila Santa Maria, de São Caetano do Sul, uma vez que restaram poucos registros dessa unidade. Dentre as inovações do projeto vocacional destacou-se a contratação de professores em regime especial de trabalho, formação diferenciada, o que atraiu muitos jovens recém- formados para a carreira docente, como também o Estudo do Meio, as Unidades Pedagógicas com temas específicos – escolhidos pelos estudantes – introduzindo também a autoavaliação. Este texto contempla a trajetória de ex-professores e ex-alunos por meio de registros de História Oral, com a metodologia de Narrativas Orais de História de Vida. Para o estudo da memória são utilizados os conceitos de Jacques Le Goff, Maurice Halbwachs, Michael Pollak e Ecléa Bosi.

(GT08-002) Visibilidade / Invisibilidade: a DANÇA na cidade de São Paulo Renata Ferreira Xavier (Instituto de Artes – Unesp/SP) Kathya Maria Ayres de Godoy (Instituto de Artes – Unesp/SP)

Trabalhei como pesquisadora / documentadora de Dança na Divisão de Pesquisas (IDART) do Centro Cultural São Paulo (CCSP) / Secretaria Municipal da Cultura (SMC) / Prefeitura Municipal de São Paulo (PMSP) (1994/ 2007). O IDART tinha como objetivo documentar a produção artística contemporânea na cidade de São Paulo e acompanhar os registros nos cadernos de cultura. Esse trabalho possibilitou o conhecimento e convivência com a comunidade da Dança da cidade de São Paulo. A partir dessa experiência a pesquisa de doutorado discutiu a visibilidade/ invisibilidade da dança nos acervos públicos da cidade de São Paulo e nos cadernos de cultura (PUC/ SP, 2009) - “”O (não) lugar da dança na imprensa e nos acervos públicos da cidade de São Paulo: um estudo sobre as ambivalências da memória e da documentação”” (XAVIER, 2009). Posteriormente, durante o estágio Pós Doutoral no Instituto de Artes/ UNESP (2012/ 2013), a pesquisa desenvolvida registrou depoimentos de sete artistas da Dança contemporânea da cidade de São Paulo.

202 Durante todo esse tempo, desde 1994, quando iniciei minha carreira como pesquisadora/ documentadora de Dança, a discussão sobre o lugar da DANÇA na cidade de São Paulo, sobre a visibilidade dos artistas da dança contemporânea, dos interpretes/ criadores e das leis de fomento a Dança são temas recorrentes. Por que da invisibilidade? Por que o esvaziamento de instituições de memória? Autores como Sigrid Nora (2013), Dominique Dupuy (2007), Isabelle Launay (2007). Michel Bernard (2001), entre outros, abordam a questão da história/ memória da dança. A história da Dança em São Paulo vem sendo construída/ vivida nesse limiar entre a possibilidade e a impossibilidade. entre ao lugar e o não lugar, entre a visibilidade e a invisibilidade do artista se estabelecer como intérprete e/ ou criador.

(GT08-001) Chácara Lane: as representações socioculturais de um lugar que “evoca” lembranças na metrópole paulistana Fernando Santos da Silva (Universidade Presbiteriana Mackenzie – UPM) Marcel Mendes (Universidade Presbiteriana Mackenzie – UPM)

A presente comunicação tem como objetivo analisar as representações socioculturais que foram desenvolvidas em torno da Chácara Lane, cujo prédio é tombado pelo Departamento do Patrimônio Histórico da cidade de São Paulo e pelo CONPRESP, por ser considerado uma importante referência para a história da formação do bairro da Consolação e na constituição da paisagem da Rua da Consolação. Nesse ambiente urbano é que foi construído um imaginário estabelecido pelas mutações decorrentes da passagem inexorável do tempo, bem como, pelas vivências e experiências das pessoas e instituições que por lá transitaram. Pretende-se aqui estabelecer um diálogo interdisciplinar entre a teoria do geógrafo francês Paul Charles Christophe Claval (1932) a respeito da geografia cultural, ou seja, dos mecanismos de comunicação responsáveis pela transmissão da cultura e formação das identidades culturais em conexão com um determinado espaço territorial, e a teoria do historiador francês Pierre Nora (1931) a respeito dos lugares de memória, ou seja, dos ambientes e objetos que constroem identidades e evocam lembranças, sendo, ao mesmo tempo, experiência concreta e elaboração abstrata. Adotando esses referenciais, a proposta central do presente estudo é identificar os diversos significados (e transformações destes) da representação da Chácara Lane junto à sociedade e sua relevância ao longo dos anos, constituindo-a efetivamente como um lugar de memória na metrópole paulistana. Referências ANDERSON, Benedict. Comunidades Imaginadas – Reflexões sobre as origens e a difusão do nacionalismo. Tradução Denise Bottman. São Paulo: Companhia das Letras, 2008. BURKE, Peter. O que é História Cultural? Tradução Sérgio Goes de Paula. 2.ed. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editora, 2008. CATROGA, Fernando. Memória, História e Historiografia. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2015. CLAVAL, Paul Charles Christophe. Geografia Cultural: um balanço. In Revista de Geografia. Londrina, v.20, n.3, set-dez. 2011.

203 CHARTIER, Roger. A História Cultural – entre práticas e representações. Tradução Maria Manuela Galhardo. 2.ed. Lisboa: Difusão Editora, 2002. GARCEZ, Benedicto Novaes. O Mackenzie. 2.ed. São Paulo: Editora Mackenzie, 2004. JORGE, Clóvis de Athayde. Consolação, uma reportagem histórica. São Paulo: DPH, s.d. (Série História dos Bairros de São Paulo; v 22). HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva. Tradução Beatriz Sidou. 2.ed. São Paulo: Centauro Editora, 2003. LE GOFF, Jacques. História e memória. Campinas: Editora da Unicamp, 2013. MAFFESOLI, Michel. O Poder dos Espaços de Celebração. In Revista TB, Rio de Janeiro, 116: 59-70, jan.- mar., 1994. MENDES, Marcel. Tempos de transição: a nacionalização do Mackenzie e sua vinculação eclesiástica (1957-1973). 2ª ed. São Paulo: Editora Mackenzie, 2016. MORSE, Richard. Formação Histórica de São Paulo – de comunidade a metrópole. São Paulo: Difel, 1970. NORA, Pierre. Entre memória e história: a problemática dos lugares. Tradução de Yara Aun Khoury. São Paulo, 1993. PRADO JR., Caio. A Cidade de São Paulo – Geografia e História. São Paulo: Brasiliense, 1983.

(GT08-009) Memórias USCS: a história por meio da voz dos protagonistas Luciana de Almeida Cunha (Universidade Municipal de São Caetano do Sul – USCS)

Esse trabalho tem como objetivo apresentar a ação intitulada Memórias USCS, a qual busca a construção de memórias institucionais da Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS) por meio da metodologia das Narrativas Orais de História de Vida. A Faculdade de Ciências Econômicas, Políticas e Sociais, fundada em 1º de agosto de 1968, percorreu uma longa trajetória até, em 2004, tornar-se Universidade Municipal de São Caetano do Sul e, em 2018, comemorar seus 50 anos. Ao longo desses anos, conquistou números que representam um crescimento bastante expressivo e, por meio dessa ação, objetiva-se ouvir, compreender e escrever a história da instituição por meio da voz, do olhar e das memórias de seus protagonistas. Meihy e Ribeiro (2011, p. 58) destacam que

A partir da certeza de que todos têm história e que essas vivencias fazem parte de um patrimônio ou de uma construção de memória comunitária, tem-se o objetivo de registrar e analisar histórias orais de vida que podem contar experiências, valores e identidades de grupos.

Para isso, a USCS, por meio do Núcleo de Pesquisa Memórias do ABC e da Coordenadoria de Comunicação, deu início ao Memórias USCS realizando, a partir de 2004, entrevistas com professores, funcionários e ex-alunos. Nessas entrevistas, gravadas em vídeo e com duração média de 60 a 120 minutos, o depoente compartilha a sua história de vida desde a infância até o momento em que a entrevista é realizada. Nosso acervo está em constante crescimento

204 e conta, atualmente, com 95 depoimentos sendo 45 professores, 32 funcionários e 18 alunos/ ex-alunos. As entrevistas são feitas de acordo com a Metodologia da História Oral e, mais especificamente, das Narrativas Orais de História de Vida que, segundo Perazzo (2015, p. 130),

[...] constituem-se em um método para se trabalhar com o passado dos indivíduos, com o cotidiano e com as micros experiências sociais. Mas também é um método que nos permite compreender como as pessoas pensam, porque fazem ou fizeram suas escolhas na vida, que posição social assumiram. Por isso, é um método que nos permite compreender as subjetividades.

A partir disso, podemos destacar alguns resultados e considerações, ainda iniciais, sobre essa experiência e seus desdobramentos. Ao longo do processo, é possível perceber o despertar de sentimentos de pertencimento, motivação e engajamento. Observamos que, na visão de muitas pessoas, a Universidade é uma segunda casa e, portanto, uma segunda família. Dessa forma, a dimensão subjetiva do método das Narrativas Orais de História de Vida nos ajuda a compreender esses depoentes enquanto indivíduos e, também, enquanto sujeitos de uma ação coletiva. Por fim, construímos a memória institucional a partir das memórias das pessoas que efetivamente viveram essa trajetória de 50 anos.

Referências MEIHY, José Carlos Sebe Bom; RIBEIRO, Suzana L. Salgado. Guia Prático de História Oral. São Paulo: Contexto, 2011. PERAZZO, Priscila Ferreira. Narrativas orais de histórias de vida. Comunicação & Inovação, PPGCOM/ USCS, v. 16, n. 30, 2015.

(GT08-007) A memória da desigualdade social e da violência: aspectos valorativos da participação brasileira nas mostras latino-americanas de fotografia (México 1978/1981) Marcelo Eduardo Leite (Universidade Federal do Cariri – UFCA)

A presente comunicação tem como objetivo expor alguns resultados da pesquisa de Pós-doutorado desenvolvida no Instituto de Investigaciones Esteticas (UNAM), cujo objetivo foi analisar a participação brasileira nas mostras fotográficas que fizeram parte dos colóquios latino-americanos de fotografia realizados na Cidade do México nos anos de 1978 e 1981. Tais imagens, agregadas ao acervo do Consejo Mexicano de Fotografia, estão hoje aos cuidados do Centro de La Imagen (CDMX), no qual realizamos nossa investigação. As mostras de fotografia, que foram realizadas dentro das atividades dos Colóquios Latino-americanos de Fotografia, demarcaram um esforço pioneiro no sentido de criar laços entre os fotógrafos da região. A participação brasileira foi emblemática, ficando atrás apenas do país organizador. Dentre um vasto material da participação brasileira, estão fotógrafos de vertentes variadas, tal como fotoclubistas, retratistas, fotojornalistas e autores de ensaios com temáticas diversificadas. Em nossa apresentação daremos atenção aos trabalhos de alguns fotodocumentaristas e fotojornalistas, sendo que a escolha lança luz sobre narrativas que denunciam a desigualdade e a violência no país, em concordância com o viés político buscado pelos organizadores. Isto

205 posto, destacamos que tais imagens, criadas em sua maioria no ambiente efêmero do jornalismo, ganharam maior envergadura documental ao serem inseridas no âmbito dos colóquios, sobretudo pelo encaminhamento dado, com sua preservação nas décadas posteriores, inicialmente pelo Consejo Mexicano de Fotografia e agora pelo Centro de la Imagen. Finalmente, destacamos que tais imagens são extremamente importantes para a memória da sociedade brasileira. Lembramos ainda a peculiaridade do fato do material ter sido organizado por meio de uma convocação feita por outra nação, a qual, por meio de seu conselho de fotografia, buscou elementos comuns entre os países latino-americanos.

(GT08-012) A Universidade Municipal de São Caetano do Sul – USCS - e a Fundação Pró- Memória de São Caetano do Sul: aproximações entre teóricos da Educação ocidental e a história da Educação local Márcia Gallo (Universidade Municipal de São Caetano do Sul – USCS / Fundação Pró-Memória de São Caetano do Sul)

A disciplina História das Ideias Pedagógicas faz parte do currículo do Curso de Pedagogia da USCS – Universidade Municipal de São Caetano do Sul, abordando um panorama das principais correntes educacionais e do pensamento dos teóricos dos séculos XVII ao XX. Entre seus objetivos, a disciplina elenca: relacionar as teorias com os fatos atuais a uma ação de reflexão da educação; e sistematizar a história das ideias pedagógicas com os nossos dias, sempre pensando na formação do educador. Como docente, encontrar meios de contemplar esses objetivos e promover a aproximação entre as ideias universais sobre Educação e a educação local foi o que motivou a busca de estratégias para as aulas. Pensando em proporcionar aos discentes a oportunidade de verificar, praticamente, a aplicação da teoria no passado recente em escolas do nosso município, foi realizada a pesquisa sobre as propostas pedagógicas de algumas escolas, no Centro de Documentação da Fundação Pró-Memória de São Caetano do Sul. A indicação de artigos publicados na Revista Raízes aos grupos de alunos, seu estudo e contextualização com a teoria aprendida foi compartilhada por meio de seminários, avaliados no período do segundo semestre do ano de 2018. Ao mesmo tempo, como colaboradora da Fundação Pró-Memória, promover a divulgação do trabalho diversificado da Fundação e do seu acervo de documentos aos universitários trouxe novos desafios a serem perseguidos e estão sendo pensados a partir da experiência relatada acima. Com base nas análises de GADOTTI, 2002, SEMERARO, 2004 e SAVIANI, 2007, trazendo as ideias de teóricos estrangeiros e nacionais, foi desenvolvida a estratégia que poderá concorrer para que novas abordagens sejam oferecidas aos estudantes. Artigos das Revistas Raízes Nºs 7, 9, 26 e 40 trouxeram dados sobre a história e as propostas pedagógicas de escolas da cidade.

206 6-8 DE MAIO DE 2019

Campus Conceição: Campus Centro: Rua Conceição, 321 Rua Santo Antônio, 50 São Caetano do Sul São Caetano do Sul

GT-9. História oral e Interdisciplinaridade: identidades e práticas da diversidade religiosa

207 GT 09 COMUNICAÇÃO E CULTURA: IDENTIDADES E PRÁTICAS DA DIVERSIDADE RELIGIOSA

Coordenadores: Dra. Magali Cunha - [email protected] Dra. Karla Covarrubias (UdeC) – [email protected] Dra. Leticia Ruano Ruano (UdeG) - [email protected]

Ementa: Distintas religiões do Ocidente e Oriente, abordagens metodológicas interdisciplinares entre comunicação social e religiosa, mediatização da religião, investigações que abordem o dinamismo e a complexidade do campo religioso, assim como as práticas religiosas ou espirituais, mitos e ritos de sociedades tradicionais e contemporâneas.

208 Sessão: 01 Data: 07/05/2019 Horário: das 14h às 18h Sala 132, Bloco C

Coordenação:

Dra. Karla Covarrubias (UdeC)

SEQUÊNCIA CÓDIGO TÍTULO AUTORES

Narrativas orales sobre experiencias de sufrimiento en católicos, evangélicos Erika Valenzuela Gómez e 01 GT09-003 y budistas, habitantes de la ciudad de Karla Y. Covarrubias Tijuana, México Interacciones religiosas entre católicos 02 GT09-005 y no católicos en León, Guanajuato, Demetrio Arturo Feria Arroyo México Andrey Albuquerque Religião e Consumo: um Estudo Sobre Mendonça e Adille Rigoni 03 GT09-010 a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Massimini Últimos Dias

La transformación del consumo y práctica religiosa en jóvenes: Una Maria Eusebia Deniz Padilla e 04 GT09-008 aproximación al proceso de transmisión Karla Y. Covarrubias Cuellar de la religión católica en estudiantes universitarios Busca-se um objeto radical: o primeiro 05 GT09-011 passo de uma pesquisa sobre as Giselle Xavier de Avila Lucena “alternative churches”

209 (GT09-003) Narrativas orales sobre experiencias de sufrimiento en católicos, evangélicos y budistas, habitantes de la ciudad de Tijuana, México Erika Valenzuela Gómez (UABC) Karla Y. Covarrubias (Universidad de Colima - UdeC) Analizar la memoria es una forma de estudiar la cultura, si relacionamos aquélla con el sufrimiento de las personas, implica sumergirse a explorar un tipo de emoción dolorosa encarnada en el cuerpo, lugar de la memoria y el sufrimiento. Así ante el sufrimiento en las personas, la religión ofrece a ellas una manera de sobrellevar, o en todo caso resolver el sufrimiento desde esa perspectiva religiosa. Objetivo. Presentar un análisis sobre un conjunto de narrativas orales de distintas experiencias de sufrimiento en personas de tres grupos religiosos, católicos, evangélicos y budistas, habitantes de la ciudad de Tijuana, México. En esta investigación el sufrimiento incluye situaciones como el duelo, la enfermedad, la discriminación, la pobreza, la violencia y las adicciones por mencionar algunas. El sufrimiento es analizado como un padecimiento físico, mental, emocional o espiritual, de origen multifactorial; asimismo retomamos la manera en que las personas lo rechazan, reconocen, comprenden, resignifican y enfrentan para sobrellevarlo o en todo caso quitarlo de sus vidas. Perspectiva teórica. Colocamos al cuerpo (Barrera, 2011; Foucault, 1966; Matta, 2010; Rodríguez et al, 2007; Sabido, 2013) como el espacio desde donde las personas viven y lidian con sus sufrimientos. Esta investigación también se vale de la categoría de análisis de la memoria (Giménez, 2001; Halbwachs, 2004) para comprender que el cuerpo tiene una memoria individual y colectiva que es dinámica y selectiva y que ésta colabora en las personas para resignificar sus experiencias de sufrimiento, en función de experiencias anteriores y presentes. Recurrimos a la comunicación (Alberto y Massoni, 2009; Galindo, 2005; Lozano y Piñuel, 2006; Rizo, 2005; Serrano, 2007; Torrico, 2006) como categoría asociada a la cultura (Geertz, 1973; Spradley, 1980; Thompson, 2002), puesto que ambas son pertinentes para comprender cómo estas experiencias de sufrimiento son resignificadas por las personas que lo viven, cómo le dan sentido en su cuerpo y cómo se liberan de él desde sus posibilidades y capacidades. Para abordar puntualmente esta última cuestión, nos valemos del concepto de resiliencia (Gaxiola, 2013; Manciaux, 2003; Vanistendael, 2003). Metodología. Empleamos la Etnográfica e la Historia Oral para la producción de narrativas orales con los entrevistados sobre sus motivos subjetivos, sociales y culturales del sufrimiento, así como las estrategias y recursos objetivos o simbólicos que emplean para darle sentido desde sus visiones religiosas. Resultados. Los sujetos usan de forma diferenciada los recursos que les proveen sus sistemas de creencias para interpretar y actuar ante el sufrimiento, de manera que se observan variadas representaciones sociales en torno al sufrimiento, en algunas se le percibe como una prueba, una oportunidad, un castigo o incluso como parte natural e ineludible de la existencia. Además de los elementos del campo religioso, los sujetos apelan al uso de recursos seculares (psicoterapia, medicina) para construir resiliencia. Estas acciones cotidianas contribuyen a delinear las características del campo religioso en la ciudad. Por último, algunas formas de sufrimiento son normalizadas en el marco de los sistemas de creencias; otras son percibidas como experiencias positivas, lo que contribuye a visibilizarlas; mientras que existen algunas que son ignoradas y se vuelven invisibles en la vida cotidiana.

Referencias Barrera, O. (2011). El cuerpo en Marx, Bourdieu y Foucault. Revista de Ciencias Sociales de la Universidad Iberoamericana, VI (11), pp.121-137. Recuperado dehttp://www.redalyc.org/articulo. oa?id=211019068007. Halbwachs, M. (2004). La memoria colectiva. España: Prensas Universitarias de Zaragoza. Thompson, J. B. (2002). Ideología y cultura moderna. Teoría crítica social en la era en la comunicación de masas. México: Universidad Autónoma Metropolitana. Serrano, M. (2007). Teoría

210 de la comunicación humana. La comunicación, la vida y la sociedad. Madrid, España: McGraw-Hill Interamericana, y Manciaux, M., Vanistendael, S., Lecomte, J., y Cyruinik, B. (2003). La resiliencia: estado de la cuestión. En M. Manciaux (Ed.), La resiliencia: resistir y hacerse (pp. 17-27). Barcelona, España: Gedisa.

(GT09-005) Interacciones religiosas entre católicos y no católicos en León, Guanajuato, México Demetrio Arturo Feria Arroyo (Universidad de Guanajuato, Campus León) Con base en el modelo analítico propuesto por Norbet Elias en su “”Ensayo acerca de las relaciones entre establecidos y marginados””, en el cual analiza la figuración que se forma entre un grupo de establecidos u originarios y otro de recién llegados o marginados, se propone estudiar las interacciones religiosas entre católicos y no católicos en León, Guanajuato. De acuerdo con Elias, la figuración constituida entre establecidos y marginados se caracteriza por un desequilibrio de poder, a favor del grupo de establecidos que se expresa mediante un carisma de grupo, tabú de trato, exclusión y estigmatización hacía el grupo de marginados o “forasteros”. La originalidad de la propuesta analítica de Elias es la inclusión de factores poco utilizados en los estudios sociológicos acerca de los conflictos y es el ámbito afectivo, pues otorga a las emociones un papel relevante en el surgimiento de tensiones sociales. Así el conflicto entre establecidos y marginados se da por la valoración afectiva que los individuos realizan acerca de su grupo de pertenencia y el concomitante desprecio de aquellos que no pertenecen a su grupo. Y en donde además, la modelación de la autoimagen de los distintos grupos está relacionada con su porcentaje de poder de su propio grupo en esta situación relacional. Asimismo, parafraseando a Elias, decimos que a través del análisis de las experiencias ligadas a la figuración entre establecidos y marginados permite acceder a dimensiones de la experiencia y la memoria. En el caso estudiado, las interacciones religiosas entre católicos y no católicos en León, Guanajuato, encontramos que las herramientas del modelo de la figuración entre establecidos y marginados, permite comprender como se han transformado las relaciones entre católicos, que representa en la figuración analizada al grupo establecido, con grupos principalmente de evangélicos-cristianos, que representan a los marginados. De acuerdo con la memoria de algunos informantes, el contexto leones al cual se integraron los primeros protestantes, era percibido como un ambiente violento y agresivo respecto a ellos, pues una constante encontrada en los relatos, es el alto grado de conflictividad en el que se relacionaron los miembros más antiguos de los grupos no católicos con la mayoría católica. Estas narraciones, nos hablan tanto de experiencias propias vividas años atrás en los cuales manifiestan un contexto más agreste, así como de experiencias que les narraron miembros más antiguos de sus respectivos grupos. Por su parte, los católicos leoneses de principios del siglo XX, ejercían su dominio como grupo establecido a través de la exclusión y la estigmatización de los protestantes, del grupo marginado. De esta manera, son adjudicadas a todos los miembros de los grupos protestantes, ciertas características en las cuales predomina el factor anómico desde la concepción del grupo más poderoso, es decir, el grupo católico. Así, los protestantes en términos de los católicos son: Antipatriotas, Engañadores del pueblo, Materialistas y Torpes Sin embargo, a través del tiempo se han dado modificaciones en la balanza de poder que han menguado por un lado el poder de los católicos y por otro lado han permitido el aumento de poder de los grupos no católicos. En el caso analizado, fueron principalmente tres factores que han contribuido a dicha

211 modificación, cuatro se refieren a una pérdida de poder del catolicismo y una al incremento de poder de los grupos no católicos la conversión religiosa registrada a partir de la década de 1970 por los censos poblacionales del INEGI, que manifiestan la reducción de la población católica y el crecimiento de otras filiaciones religiosas; una perdida en el prestigio de los jerarcas de la iglesia católica, a raíz de algunos escándalos en los que se han visto inmiscuidos altos mandos del vaticano, situación que juega en contra del prestigio social y moral de la iglesia; y por último, la división en la interpretación de la religiosidad entre expertos y laicos, que resultan en una mella en la cohesión del grupo.

(GT09-010) Religião e consumo: um estudo sobre a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias Andrey Albuquerque Mendonça (Escola Superior de Propaganda e Marketing – ESPM) Adille Rigoni Massimini (Escola Superior de Propaganda e Marketing – ESPM)

Esse artigo nasceu a partir da pesquisa monográfica que abordou as influências da religião na esfera do consumo – especificamente no caso de Mórmons –, bem como a relação entre estes fatores e os conceitos de meritocracia, recompensa e felicidade. Autores como Lívia Barbosa & Colin Campbell (2006), Mike Featherstone (1995) e Gilles Lipovetsky (2007) foram importantes nos primeiros passos do estudo. Num segundo momento, foi necessário entender o contexto no qual a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias foi organizada, bem como suas crenças, e o fizemos através de uma pesquisa documental. Realizamos também entrevistas em profundidade, semiestruturadas, com dez pessoas que foram batizadas e são ativas na Igreja, de ambos os sexos, diferentes idades, chamados e tempo de Igreja. Com isso, pudemos resgatar a história da Igreja a partir das memórias de cada um dos entrevistados e suas relações com os símbolos, mitos e rituais sagrados que, de acordo com o antropólogo Clifford Geertz, formam o ethos religioso.

(GT09-008) La transformación del consumo y práctica religiosa en jóvenes: una aproximación al proceso de transmisión de la religión católica en estudiantes universitários Karla Y. Cobarrubias Cuellar (UdeC) Maria Eusebia Deniz Padilla (UdeC) Las transformaciones sociales y los cambios inducidos por los efectos de la globalización invitan a reflexionar entorno a las nociones de lo religioso y reevaluar su pertinencia, actualidad, función social, así como las representaciones que generan en el ámbito local (Covarrubias y De la Mora, 2002). En ese sentido, surge este proyecto de investigación con el objetivo de comprender la transformación del consumo y prácticas religiosas en los jóvenes. Es importante reconocer cómo influye la cultural, la identidad, el espacio geográfico y la etapa de vida en la transformación del consumo y prácticas religiosas, para dar cuenta y valorar las posibles repercusiones en generaciones futuras. Reconocer este tipo de fenómenos en la sociedad, permite analizar las dimensiones del consumo cultural, la fragmentación de la identidad y la construcción de nuevas concepciones acerca de la religión y sus manifestaciones. Mediante esta ponencia, a través de un ejercicio exploratorio se busca que además de reconocer la transformación del consumo y prácticas religiosas, se pueda comprender la dimensión que representa la religión y el consumo religioso dentro de la estructura social, así mismo reflexionar acerca de la importancia de la construcción de identidades religiosas sólidas, haciendo énfasis en el consumo religioso como forma de transmisión generacional de cultura, valores y formas de vida.

212 (GT09-011) Busca-se um objeto radical: o primeiro passo de uma pesquisa sobre as “alternative churches” Giselle Xavier d Avila Lucena (Universidade Federal do Acre – UFAC) Este artigo é uma aproximação teórica e empírica para a construção de um projeto de pesquisa de doutorado, sobre os temas: cultura, identidade e igrejas alternativas cristãs. Propõe-se a metapequisa como estratégia para identificar referenciais bibliográficos, enfoques, problemas de investigação, objetos, pesquisadores, entre outros. Ou seja: considera-se que mapear a evidência do tema no contexto científico, pode oferecer os primeiros pilares para o desenho de uma outra investigação. Afinal, a pesquisa da pesquisa possibilita que as novas investigações possam, efetivamente, avançar com e a partir dos trabalhos já realizados (BONIN, 2011). Assim, espera-se que tal procedimento aponte para o delineamento de um projeto de tese a respeito de dinâmicas identitárias, expressões culturais e circuitos comunicativos presentes em igrejas que atuam com e em ambientes alternativos, tais como a Bola de Neve Church, existente no Brasil desde 1999, com foco um surfistas e praticantes de esportes radicais; e a Crash Church Underground Ministry, surgida no Brasil, em 2006, para o público metaleiro. O tema é recorrente no campo acadêmico em diferentes áreas, como: Antropologia, Geografia, História, Psicologia e Ciências Sociais. Deste modo, este trabalho se apresenta como estratégia de entrada em um determinado contexto de pesquisa, a partir da perspectiva da Comunicação. O mapeamento aqui proposto utiliza a plataforma do Gloogle Acadêmico, que filtra buscas para produções acadêmicas – artigos, monografias de graduação, dissertações de mestrado e teses de doutorado a respeito do tema no Brasil. Os trabalhos são observados e categorizados a partir de seus procedimentos, enfoques e conceitos tensionados.

Referências BONIN, Jiani Adriana. Revisitando os bastidores da pesquisa: práticas metodologias na construção de um projeto de investigação. In: MALDONADO, Alberto Efendy [et al]. Metodologias de Pesquisa em Comunicação: Olhares, trilhas e processos. Porto Alegre: Sulina, 2011. ROSÁRIO, Nísia Martins do. A via da complementariedade: reflexões sobre a análise de sentidos e seus percursos metodológicos. In: MALDONADO, Alberto Efendy [et al]. Metodologias de Pesquisa em Comunicação: Olhares, trilhas e processos. Porto Alegre: Sulina, 2011. MALDONADO, Alberto Efendy. Pesquisa em Comunicação: trilhas históricas, contextualização, pesquisa empírica e pesquisa teórica. In: MALDONADO, Alberto Efendy [et al]. Metodologias de Pesquisa em Comunicação: Olhares, trilhas e processos. Porto Alegre: Sulina, 2011.

213 Sessão: 02 Data: 08/05/2019 Horário: das 14h às 18h Sala 132, Bloco C

Coordenação

Dra. Karla Covarrubias (UdeC); Dra. Magali Cunha

SEQUÊNCIA CÓDIGO TÍTULO AUTORES

Música Feita por Cristãos: identidades, 01 GT09-009 Deivison Brito Nogueira discursos e apropriações culturais

Tradição de Umbanda: um estudo 02 GT09-007 Ana Clara Tomaz Carneiro sobre memória coletiva Pedagogia Espírita: as 03 GT09-004 possíveiscontribuições de Allan Kardec Iristeu Gomes Barboza para a educação brasileira O imaginário, a narrativa mítica e Jéssica de Oliveira Collado 04 GT09-002 asubmissão feminina Mateos A festa como um espaço de disputana cidade: As narrativas orais sobre o dia 05 GT09-001 Cleyton Antonio da Costa 16 de Julho em Borda da Mata, Minas Gerais.

214 (GT09-009) Música Feita por Cristãos: identidades, discursos e apropriações culturais Deivison Brito Nogueira (Universidade Metodista de São Paulo – Umesp)

O artigo visa compreender a maneira como alguns artistas cristãos produzem suas músicas no Brasil atualmente. Pretende-se partir de uma delimitação do objeto que caracteriza uma ruptura com o movimento Gospel, gerando assim o chamado “”Pós-Gospel”” ou “”Crossoever”” , uma espécie de diáspora em relação ao movimento Gospel. São artistas que não se veem representados em termos filosófico, estético ou discursivo pelo movimento Gospel e, com isso, se veem imbuídos a criar uma outra cultura e identidade cultural que caracterize a sua atuação artística dentro de uma vertente cristã. Busca-se, em um primeiro momento, refletir sobre as práticas distintivas, os discursos e apropriações culturais destes novos artistas e os motivos pelos quais optaram seguir um caminho alternativo e contra-hegemônico. O Corpus de pesquisa está na análise do discurso dos artistas como forma de encontrar possíveis diálogos que marcam essa ruptura com o circuito cultural do qual não se veem representados. Utiliza-se como quadro teórico de referência a Semiótica da Cultura de extração russa de Yuri Lotman; os conceitos de dialogismo e gêneros do discurso de Mikhail Bakhtin; as noções de “campos sociais” e “distinção” em Pierre Bourdieu; a teoria das Mediações de Jesús Martin-Barbero; as noções de hibridismo e apropriação cultural em Néstor Garcia Canclíni; questões de identidade no âmbito dos Estudos Culturais, sobretudo em Stuart Hall e o conceito de Obra Aberta em Umberto Eco.

(GT09-007) Tradição de Umbanda: um estudo sobre memória coletiva Ana Clara Tomaz Carneiro (Universidade Federal do ABC – UFABC)

Pretende-se compreender os estudos sobre Umbanda destacando as relações de transmissão da tradição umbandista dentro da Tenda de Umbanda Estrela Matutina localizada na cidade de Campinas a partir da pesquisa etnográfica realizada e analisada a partir do arcabouço teórico que visa expandir os estudos sobre umbanda ao escopo dos estudos de memória, relacionando memória e experiência (Halbwachs, 2012; Benjamin,1994). Entende-se que a permanência e transmissão da tradição umbandista, passada oralmente para seus integrantes, tem um forte apelo às memórias desse grupo, sendo memórias coletivas, em que é necessário compreender e evocar momentos passados que definem as atuais circunstâncias do presente. Tendo em vista essa perspectiva, o entendimento da memória para a manutenção e reprodução dos rituais e ensinamentos umbandistas é uma das fontes da própria constituição religiosa assim como dos integrantes do grupo. Compreender como se processa a tradição umbandista também é entender como os integrantes desse grupo se manifestam e se identificam na atual conjuntura de identidades fragmentadas, retomando os aspectos da tradição oral e transmitindo a tradição a partir da experiência.

215 (GT09-004) Pedagogia Espírita: as possíveis contribuições de Allan Kardec para a educação brasileira Iristeu Gomes Barboza (Universidade Municipal de São Caetano de Sul – USCS) Apresentação do Tema Pretende-se neste trabalho sistematizar as possíveis contribuições de Allan Kardec para a educação no contexto brasileiro por meio da análise de seus livros básicos: Livro dos Espíritos, Evangelho Segundo o Espiritismo, Livros dos Médiuns, A gênese e o Céu o Inferno e outros. Parte-se da constatação que o Espiritismo tem em sua base epistemológica a ciência, a filosofia e a religião, podendo assim contribuir para a ciência da educação, caso seja sistematizada enquanto conhecimento pedagógico.

Problema de pesquisa Sendo o Brasil o maior País com adeptos da Doutrina Espírita, com diversas instituições baseadas nos princípios do Espiritismo, por que ainda não se tem uma pedagogia espírita sistematizada e reconhecida?

Objetivos da pesquisa Fazer uma leitura analítica do Pentateuco de Allan Kardec onde se encontra a origem do pensamento pedagógico espírita; Analisar o pensamento pedagógico nas obras básicas de Allan Kardec, procurando definir sua real contribuição para a educação brasileira. Indicar possíveis meios para contribuir na reflexão de problemas que estão presentes na educação brasileira: indisciplinas, reprovação, desmotivação - aluno e professor - e evasão escolar.

Métodos e procedimentos metodológicos Para desenvolver essa pesquisa foi buscado dados em duas fontes a saber : pesquisa bibliográfica e pesquisa de campo, sendo que: A pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos... partir de fontes bibliográficas. Parte dos estudos exploratórios podem ser definidos como pesquisas bibliográficas, assim como certo número de pesquisas desenvolvidas a partir da técnica de análise de conteúdo (GIL, 2008). Além da pesquisa bibliográfica, uma pesquisa de campo com questionário semiestruturado, (Fonseca,2002), foi enviado às instituições que atuam seguindo os princípios da Doutrina Espírita a fim de atender os objetivos propostos aqui. Resultados parciais Pode se dizer que há uma Pedagogia Espírita Brasileira. Porém requer uma sistematização para que se possa denominá-la como ciência.

216 Conclusões parciais Ainda não há uma sistematização da pedagogia espírita no Brasil, apesar de esforços tais como: o primeiro colégio espírita fundado em Sacramentos - MG, em 1919 ainda em atividades; Curso de Pós- graduação em Pedagogia Espírita.

Referências FONSECA, J. J. S. Metodologia da pesquisa científica. Fortaleza: UEC, 2002. Apostila. GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1999. INCONTRI, Dora. A ontologia de Pestalozzi e a prática da educação moral em Stans. Dissertação de Mestrado. São Paulo, USP, 1991. KARDEC, Allan. A Gênese. 19. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1977. KARDEC, Allan. O céu e o inferno. Rio de Janeiro, FEB, 1976. KARDEC, Allan. O que é o Espiritismo. 37. ed. Rio de Janeiro, 1995. KARDEC, Allan. A prece conforme O Evangelho segundo o Espiritismo. 28. ed. Rio de Janeiro, 1974. KARDEC, Allan. O livro dos médiuns. São Paulo, Edicel, 1969. KARDEC, Allan. Obras póstumas. São Paulo, Edicel, 1971. KARDEC, Allan. Revista Espírita. 12 volumes (1858-1869) Trad. Júlio Abreu Filho. São Paulo, Edicel, 1968 a 1976. https://www.pedagogiaespirita.org.br/blank-8. Acesso 23/02/2019.

(GT09-002) O imaginário, a narrativa mítica e a submissão feminina Jéssica Collado (Universidade Metodista de São Paulo – Umesp)

A discriminação de gênero e a violência contra a mulher são assuntos que merecem destaque na pauta social e acadêmica pela quantidade de abusos e crimes que são praticados todos os dias e vistos como algo natural ou de culpa da vítima. Para se ter uma ideia, somente uma das 102 mulheres jornalistas participantes da pesquisa de mestrado desta autora relatou não ter sofrido alguma violência ou discriminação durante o exercício da profissão e nem viu uma colega sofrer. Mas por que isso acontece? Para tal, é necessário discutir a condição da mulher na sociedade patriarcal. Sendo assim, o objetivo deste artigo é adentrar na pesquisa bibliográfica sobre mitos e imaginário social afim de compreender a herança patriarcal e machista que está por detrás da naturalização das violências sofridas pelas mulheres, que perduram até os dias atuais. Para abordar as questões do imaginário social recorreu-se aos autores Castoriadis (1987) e Legros et al. (2014). Martin Sagrera (1967) pontua sobre a apropriação indevida dos mitos pelas instituições. Na discussão sobre a história de Adão e Eva, Berger (2015), Laraia (1997) e Reimer (2009) indicam possíveis interpretações do mito bíblico, além de explicações sobre o porquê de maneira de ver o mundo ser abordada na narrativa. Nader e Rangel (2015), Morgan (1978) e Muraro e Boff (2010) nos auxiliam a

217 compreender a ascensão do patriarcado e a queda do matriarcado como instituições. Por fim, Gilles Lipovetsky (2000) e Naomi Wolf (1992) trazem a discussão sobre sobre o mito da beleza feminina, um ideal de perseguição eterna. Com a pesquisa é possível entender que os processos discriminatórios continuam ocorrendo por estarem enraizados sob formas mais dispersas e irreconhecíveis, como explicado por Bourdieu (2016). São uma espécie de herança transmitida pela sociedade, também por meio dos mitos, na qual o submisso acaba se vendo pelos olhos do dominante e projetando em conformidade aquela estrutura.

Referências BERGER, Carlos Norberto. Pecado Original. In: COLLING, Ana Maria; TEDESCHI, Losandro Antonio (Orgs). Dicionário Crítico de Gênero. Dourados: UFGD, 2015. p. 520-524. BOURDIEU, Pierre. A dominação masculina. 3ed. Rio de Janeiro: BestBolso, 2016. CASTORIADIS, Cornelius. As encruzilhadas do labirinto II: Os domínios do Homem. Tradução José Oscar de Almeida Marques. Rio de janeiro: Paz e Terra, 1987. LARAIA, Roque de Barros. Jardim do Éden revisitado. In: Revista de Antropologia, v. 40, n. 1, p. 149-164, 1997. LEGROS, Patrick; MONNEYRON, Frédéric; RENARD, Jean-Bruno; TACUSSEL, Patrick. Sociologia do imaginário. Tradução de Eduardo Portanova Barros. Porto Alegre: Sulina, 2014. LIPOVETSKY, Gilles. A Terceira Mulher. Lisboa: Instituto Piaget, 2000. MORGAN, Lewis H. A sociedade primitiva II. 2ed. Tradução de Maria Helena Barreiro Alves. Portugal: Editorial Presença, 1978. MURARO, Rose Marie; BOFF, Leonardo. Feminino e masculino: uma nova consciência para o encontro das diferenças. Rio de Janeiro: Record, 2010. NADER, Maria Beatriz; RANGEL, Lívia de Azevedo Silveira. Matriarcado. In: Dicionário Crítico de Gênero. COLLING, Ana Maria; TEDESCHI, Losandro Antonio (Orgs). Dourados: UFGD, 2015. P. 445-450. REIMER, Haroldo. Forma e Lugar de Gênesis 3 na História da Religião Hebraica. In: Fragmentos de Cultura, v. 19, n. 1, p. 91-109, 2009. SAGRERA, Martín. Mitos y sociedad. Barcelona: Editorial Labor, 1967. WOLF, Naomi. O mito da beleza: como as imagens de beleza são usadas contra as mulheres. Rio de Janeiro: Rocco, 1992.

218 (GT09-001) A festa como um espaço de disputa na cidade: As narrativas orais sobre o dia 16 de Julho em Borda da Mata, Minas Gerais Cleyton Antonio da Costa (Universidade do Vale do Sapucaí)

O presente estudo tem como objetivo entender e problematizar os diferentes discursos da festa, que contém duas partes, uma dedicada à padroeira do município, Nossa Senhora do Carmo, e a outra à sua emancipação política administrativa, realizadas, na cidade de Borda da Mata no Sul de Minas Gerais, Brasil, no dia 16 de Julho. O estudo foi desenvolvido através prática da História Oral, com cruzamento com outras fontes, que nos possibilitou dialogar com muitas memórias e outras histórias de diferentes gerações e significados do festejo, bem como as permanências e rupturas desta prática cultural, que é permeada de diferentes valores, sentimentos e tensões. Configura-se como uma prática cultural e religiosa que é (re)significada a cada ano, entendendo a festa não como algo imóvel, cristalizado, mas, dinâmico e permeado por diferentes discursos que produzem múltiplos sentidos. Buscamos compreender a festa como um acontecimento discursivo, que compõe a memória histórica do sul de Minas Gerais, percebendo sua historicidade e todo processo de constituição de sua realização, observando as formações discursivas de homens e mulheres, que contribuíram e contribuem para a dinâmica do festejo, em seus diferentes aspectos, como principalmente o religioso.

219 6-8 DE MAIO DE 2019

Campus Conceição: Campus Centro: Rua Conceição, 321 Rua Santo Antônio, 50 São Caetano do Sul São Caetano do Sul

GT-10. História oral e Interdisciplinaridade: comunicação para a saúde

220 GT 10 COMUNICAÇÃO E CULTURA: COMUNICAÇÃO PARA A SAÚDE

Coordenadores: Dr. Arquimedes Pessoni (USCS) - [email protected]; [email protected] Dra. Lucía Tamayo (Universidade de Medelín – Colômbia) - [email protected]

Ementa: Comunicação para a saúde como uma ação social, combinando estratégias educativas orientadas a mudar a consciência pública pelo uso das mídias para disseminar informação, incluir mensagens em programas populares de entretenimento e desenvolver foros de debate político. Ações para a tomada de decisões individuais e uso de aconselhamento por pessoal de saúde. Desenvolvimento de habilidades individuais para solucionar problemas e ativar a capacidade comunitária de mobilização das pessoas e das redes sociais.

221 Sessão: 01 Data: 07/05/2019 Horário: das 14h às 18h Sala 133, Bloco C

Coordenação Dr. Arquimedes Pessoni (USCS)

SEQUÊNCIA CÓDIGO TÍTULO AUTORES

O HIV/Aids no tempo: histori- Katia Lerner GT10- cizando os deslocamentos de 01 006 sentidos de uma epidemia na cobertura noticiosa brasileira “TáNaMão”: uma estratégia de co- municação em saúde para ampliar Thiago Pássaro e 02 GT10-002 o acesso à Prevenção Combinada Allan Gomes de Lorena ao HIV no município de São Paulo Aids, Comunicação e Cultura 03 GT10-007 Maria Inês Amarante Popular “Esquentou, Deu Match”: campa- nha publicitária de incentivo ao uso da camisinha produzida por alunos de graduação em Publicida- Thiago Pássaro 04 GT10-001 de e Propaganda da Universidade Metodista de São Paulo em parce- ria com o Programa Municipal de DST/Aids de São Paulo

222 (GT010-006) O HIV/Aids no tempo: historicizando os deslocamentos de sentidos de uma epidemia na cobertura noticiosa brasileira Katia Lerner (Fiocruz)

Esta comunicação tem como objetivo refletir sobre os deslocamentos de sentidos acerca do HIV/Aids na cobertura noticiosa brasileira entre os anos 1980 e 2010. Identificada formalmente em 1981 nos EUA, o primeiro registro da doença no Brasil data de 1982, e sua emergência se deu em um contexto no qual as relações entre epidemia e morte estavam paulatinamente sendo reconfiguradas mediante o desenvolvimento das tecnologias médicas, relegando as grandes epidemias à ideia de passado. Seu surgimento coloca-se, assim, como um evento disruptivo, não apenas devido a este contexto sanitário, mas também ao novo cenário comunicacional. Embora fosse um acontecimento inédito, foi acionada a memória de outras doenças correlatas (“peste”, “câncer”, “Mal”), estabelecendo como marca a forte relação entre doença e moralidade. Além disso, duas outras importantes características lhe foram constitutivas neste momento: a mobilização da sociedade civil nas disputas por visibilidade e a sua condição inédita de uma enfermidade que nasceu e se desenvolveu sob o atento olhar público, em especial devido ao lugar dos meios massivos no final do século XX. A partir de material bibliográfico e midiático (Revista Veja), este texto buscou acompanhar os deslocamentos de sentidos da doença tomando como referência quatro grandes marcos: a) seu surgimento (anos 1980), b) sua reconfiguração enquanto doença a partir do surgimento das terapias retrovirais (anos 1990), c) seu processo de cronificação (anos 2000) e os desafios contemporâneos (anos 2010). As novas configurações sanitárias, comunicacionais e políticas no Brasil atual trazem um contexto adverso para o enfrentamento da epidemia, que a despeito das conquistas tecnológicas ainda se depara com seu crescimento em determinados segmentos, levando a uma reflexão sobre o papel da grande mídia e dos profissionais de Comunicação, informação e Saúde, em geral, neste novo contexto.

(GT010-002) “TáNaMão”: uma estratégia de comunicação em saúde para ampliar o acesso à Prevenção Combinada ao HIV no município de São Paulo Thiago Pássaro (Universidade Municipal de São Caetano do Sul – USCS, Programa Municipal de DST/ Aids de São Paulo - PM DST/Aids, Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo - SMS-SP)

Apresentação do tema A Prevenção Combinada ao HIV “faz uso combinado de intervenções biomédicas, comportamentais e estruturais aplicadas no nível dos indivíduos, de suas relações e dos grupos sociais a que pertencem, mediante ações que levem em consideração suas necessidades e especificidades e as formas de transmissão do vírus” (BRASIL, 2017, p 18) para populações-chave e prioritárias à infecção do HIV.

Problemas e objetivos da pesquisa As barreiras de acesso a essas tecnologias ainda são um desafio (BRASIL, 2017), assim como o direito ao acesso à informação. Portanto, as Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) aparecem como uma alternativa para superar esses obstáculos, no caso, o aplicativo “TáNaMão”. Este resumo tem como objetivo relatar a experiência de implantação do aplicativo do PM DST/Aids da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) de São Paulo.

223 Métodos e procedimentos de pesquisa Trata-se de um estudo de caso qualitativo, de forma a produzir uma análise descritiva de ambos os autores e colaboradores do PM DST/Aids que participaram do processo de atualização do aplicativo.

Resultados (parciais ou conclusivos) O “TáNaMão” está estruturado em oito eixos que possibilita o usuário escolher seu “itinerário de prevenção” através do sistema de tecnologia global (GPS) para identificar os serviços mais próximo do usuário que oferecem PEP, PrEP, testes e autoteste de HIV, além dos preservativos. Ainda, conta com uma calculadora com a função de avaliar o risco de infecção em relação ao HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), sendo este autoreferido pelo usuário. O aplicativo conta ainda com dúvidas sobre prevenção, tratamento para ISTs e orientação para usar os preservativos masculino e feminino.

Conclusões principais (ou parciais) O “TáNaMão” constitui-se como uma ferramenta de comunicação e prevenção para o enfrentamento ao HIV/Aids no município de São Paulo, uma vez que contribui para a diminuição das barreiras de acesso à informação e aos insumos de prevenção. Esta tecnologia possui dados que são oficiais, o que assegura a qualidade da informação em relação aos conteúdos disponíveis na internet e outros meios de comunicação. E, possibilita que esta experiência seja mantida e expandida para outras cidades que desejam ampliar sua política de HIV para garantir aos usuários autonomia e cuidado sobre seus itinerários de prevenção.

Referências BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das Infecções Sexualmente Transmissíveis, do HIV/Aids e das Hepatites Virais. Diretrizes para Organização do CTA no âmbito da Prevenção Combinada e nas Redes de Atenção à Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2017. BRASIL. Ministério da Saúde. Prevenção Combinada do HIV: bases conceituais para profissionais, trabalhadores e gestores de saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2017. PROGRAMA CONJUNTO DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE HIV/AIDS (UNAIDS). Organização das Nações Unidas. Relatório de Consulta: Tecnologias de Informação e Comunicação. Genebra: UNAIDS, 2016.

(GT010-007) Aids, comunicação e cultura popular Maria Inês Amarante (UNILA) A cultura se faz presente em todas as esferas sociais, afeta e é afetada pelas diversas dinâmicas da sociedade (SANTOS). Ela representa relações presentes e uma possível compreensão do futuro, pelo reconhecimento e expressão da realidade por cada grupo, unindo ou diferenciando-o no curso da história. Nas práticas da vida cotidiana, ela se modifica numa relação de intercâmbio e retroalimentação, pois a nossa história é feita de lutas, tensões e conflitos entre culturas. Culturas são vistas também como sistemas de padrões de comportamento socialmente transmitidos (CUCHE) que servem para adaptar

224 as comunidades humanas aos seus embasamentos bio-lógicos. Em Fortaleza, no Ceará, em meados dos anos 1990, um grupo de pesquisadoras e especialistas em saúde com formação interdisciplinar, reunidos na Fundação Instituto Conceitos Culturais & Medicina e preocupados com o aumento da contaminação pelo HIV, sobretudo em mulheres casadas, cujos maridos tinham experiências extraconjugais, foi a campo a fim de elaborar materiais iconográficos para ações práticas de prevenção em terreiros de umbanda e consultórios de videntes. Com a proposta de convencer homens e mulheres de baixa escolaridade a usarem preservativo, mesmo nas relações de casais, recolheram as expressões e conceitos que faziam parte das conversas cotidianas sobre temas como sexualidade, fidelidade e família. Com o aporte de artistas do meio popular e mediadores, criaram o Baralho do Amor e outros jogos e publicações contra a Aids que traziam situações corriqueiras, expressas em linguagem local do imaginário do nordestino, costumes populares, levando em conta a dimensão oral-escrito. Do ponto de vista da saúde comunitária foi extremamente relevante considerar o universo cultural dos grupos com os quais interagiram, pois existem práticas, saberes e relações que se constroem no dia a dia, sobretudo em uma região que transita entre a modernidade e uma cultura permeada de “machismos” patriarcais e “coronelismos” históricos que fazem com que a mulher seja constantemente subalternizada. É esta experiência que pretendemos resgatar neste trabalho de pesquisa bibliográfica e documental que considera a importância do estudo de práticas e linguagens na prevenção, a questão de gênero que permeia estas práticas, o conceito de “comunidades interpretativas” (OROZCO-GOMES) no meio popular e reafirma a importância da interdisciplinaridade e das metodologias etnográficas para se compreender e atuar no âmbito da prevenção em ambientes de diversidade cultural.

(GT010-001) “Esquentou, Deu Match”: campanha publicitária de incentivo ao uso da camisinha produzida por alunos de graduação em Publicidade e Propaganda da Universidade Metodista de São Paulo em parceria com o Programa Municipal de DST/Aids de São Paulo Thiago Pássaro (Universidade Municipal de São Caetano do Sul – USCS, Programa Municipal de DST/ Aids de São Paulo - PM DST/Aids, Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo - SMS-SP)

Apresentação do tema A cidade de São Paulo registrou no ano retrasado 3.334 novas notificações do vírus da imunodeficiência humana (HIV), sendo 51% desses casos entre jovens de 15 a 29 anos (SÃO PAULO, 2018). Os jovens são considerados, portanto, uma das populações prioritárias para o enfrentamento do HIV (BRASIL, 2017).

Problemas e objetivos da pesquisa Um dos principais desafios da gestão pública é promover uma Comunicação que seja atrativa e eficazmente direcionada a determinados seguimentos populacionais. No caso dos jovens, o Programa Municipal de DST/Aids (PM DST/Aids), da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) de São Paulo, conta com uma série de iniciativas para superar esse obstáculo, como a criação e manutenção de parcerias com cursos de graduação em Publicidade e Propaganda – majoritariamente frequentados por jovens. Este trabalho tem como objetivo apresentar os resultados parciais do feedback dado pelos discentes da Universidade Metodista de São Paulo que realizaram a campanha “Esquentou, Deu Match”, de incentivo ao uso do preservativo, no primeiro semestre de 2017.

225 Métodos e procedimentos de pesquisa Ao final do desenvolvimento da campanha, que tem duração aproximada de um semestre, os alunos recebem um questionário online anônimo e de preenchimento voluntário para opinaram sobre o trabalho. O questionário foi criado pelo setor de Comunicação do PM DST/Aids e é composto por 15 perguntas abertas e fechadas, validadas por um médico infectologista e um pós-doutor em Comunicação, com ênfase em Publicidade e Propaganda.

Resultados (parciais ou conclusivos) Dos 12 alunos que realizaram a campanha “Esquentou, Deu Match”, 10 responderam ao questionário. O perfil dos discentes que participaram da avaliação é de jovens entre 20 e 23 anos de idade, 40% homens e 60% mulheres e quase 100% de brancos autodeclarados, com apenas um negro. Quase todos (90%) já conheciam e tema e, depois de realizada a campanha, compartilharam o assunto com outras pessoas, como os amigos (78%). Os alunos afirmaram que o conhecimento deles após o trabalho aumentou (100%) e que a campanha os ajudou a crescer profissionalmente e como cidadãos (90%).

Conclusões principais (ou parciais) Esse tipo de trabalho mostra que as parcerias são fundamentais para o avanço do enfrentamento ao HIV/ Aids. A união entre o órgão municipal e a Universidade permitiu que os alunos tivessem contado com um tema de interesse público, aprimorando os conhecimentos de prevenção e até compartilhando-os com pessoas ao redor. A campanha, portanto, não se limita aos saberes técnicos da Comunicação, mas em formar jovens cidadãos mais conscientes e engajados.

Referências BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das Infecções Sexualmente Transmissíveis, do HIV/Aids e das Hepatites Virais. Diretrizes para Organização do CTA no âmbito da Prevenção Combinada e nas Redes de Atenção à Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2017. SÃO PAULO. Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo. Programa Municipal de DST/Aids de São Paulo. Boletim Epidemiológico HIV Aids – Cidade de São Paulo 2018. São Paulo: Secretaria Municipal da Saúde, dez., 2018.

226 Sessão: 02 Data: 08/05/2019 Horário: das 14h às 18h Sala 133, Bloco C

Coordenação Dr. Arquimedes Pessoni (USCS)

SEQUÊNCIA CÓDIGO TÍTULO AUTORES

Políticas de saúde por meio de ima- Victoria Sayuri Freire dos San- GT10- gens: as relações de poder no web 01 tos Kudeken 008 documentário Apoiadores Região Sul Marina Vázquez Guerrero e La comunicación para la salud se- Julio 02 GT10-005 xual yreproductiva como temáticas

de publicaciones brasileñas César Aguila Sánchez Alexandre Navero dos Reis Consulta Ginecológica: Uma Análi- 03 GT10-004 se da Relação Médico Paciente Eder Viana de Souza Narrativas de saúde em comunica- Arquimedes Pessoni 04 GT10-003 ção pública Andressa Pereira de Lucena

227 (GT010-008) Políticas de saúde por meio de imagens: as relações de poder no webdocumentário Apoiadores Região Sul Victória Sayuri Freire dos Santos Kudeken (Escola Superior de Propaganda e Marketing – ESPM)

Introdução As dinâmicas discursivas dos contextos de saúde se constituem de uma linguagem específica e de articulações do ethos que ultrapassam as argumentações científicas e dão voz de autoridade ao especialista nas mais diferentes situações sociais, sendo estas dentro ou fora do espaço hospitalar. Por meio de imagens, a atuação e registro das hierarquias e falas dos profissionais de saúde podem denotar as relações de poder que são extraídas dos procedimentos e rotinas hospitalares para o campo social na implementação de políticas. O papel exercido pela medicina no contexto disciplinar e no biopoder se solidifica pela transformação de um conjunto de práticas que tinham inicialmente uma função caritativa e de acolhimento aos moribundos para o status de agentes da cura, uma vez que as práticas higienistas adotadas pelo Estado durante o século XIX promoviam agora a restauração do indivíduo para transforma-lo e mantê-lo em um corpo de produção. A transformação do papel social desse grupo de profissionais se torna mais evidente uma vez que coloca em destaque a doença, a catalogação anatômica e na preservação da vida ou como Foucault (2005) afirma “Fazer viver, deixar morrer”, criando cada vez mais segmentações que distanciam o processo terapêutico do cuidado com o doente.

Problemas e objetivos de pesquisa O presente trabalho tem como objetivo compreender como se organizam as relações de poder por meio da imagem em registros documentais do projeto Apoiadores, exercido para o SUS. Esse objetivo surge da seguinte questão: como a imagem representa a atuação do profissional da saúde fora do contexto hospitalar?

Métodos e procedimentos de pesquisa Para esse estudo, será realizado em um primeiro momento um levantamento das questões de biopoder nas atuações de profissionais da saúde e, sobretudo, nas relações hierárquicas e dinâmicas de poder entre os profissionais nas diferentes especializações. Posteriormente, será feita uma análise de imagens do webdocumentário confrontando as premissas encontradas no levantamento com as escolhas técnicas e estéticas da produção audiovisual como o enquadramento, montagem, uso de grafias, entre outros.

Resultados parciais Em uma primeira visualização é possível denotar que a escolha de enquadramentos para cada personagem evidencia quem o espectador deve possuir uma maior relação de afetividade. Confrontando a relação hierárquica dos profissionais da saúde, não é por acaso que a personagem eleita para tal enfoque é a enfermeira que, até mesmo na sua matriz curricular, tem o compromisso de prever e prover os cuidados para o tratamento indicado pelo médico. Mais detalhadamente, outros enfoques poderão ser visualizados na análise das imagens.

228 Conclusões parciais O registro do projeto Apoiadores em formato audiovisual tem uma importância simbólica em demonstrar a atuação dos profissionais da saúde em outros campos sociais e também em registrar, de forma mais subjetiva, como as dinâmicas de poder continuam a ser exercidas pelos lugares de fala indicados a cada profissional.

Referências AMOSSY, R. Imagens de si no discurso: a construção do ethos. 2 ed. São Paulo: Contexto, 2011. FOUCAULT, M. Em defesa da Sociedade. Curso no Collège de France (1975-1976). 4º tiragem. São Paulo: Martins Fontes, 2005. ______. Microfísica do Poder. Org. Roberto Machado. 3 ed – Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2015.

(GT010-005) La comunicación para la salud sexual y reproductiva como temáticas de publicaciones brasileñas Marina Vázquez Guerrero (Universidad de Colima – UCOL) Julio César Aguila Sánchez (Universidad de Colima – UCOL)

El terreno de las publicaciones científicas es hoy un pilar fundamental para la divulgación de la ciencia y del conocimiento en general. Las tecnologías de la información y la comunicación (TICs en adelante) han propiciado novedosas formas de acceder al conocimiento que rebasan la tradicional consulta a los textos impresos. Un ejemplo de ello ha sido la creación de plataformas virtuales en tanto publicaciones que recogen la ciencia socializada en revistas, congresos y otros espacios de divulgación científica. El presente trabajo plantea como problema científico: ¿qué ha caracterizado la producción científica brasileña sobre comunicación para la salud sexual y reproductiva de los últimos 10 años? A partir del cual, nos proponemos como objetivo central caracterizar la producción científica brasileña sobre la comunicación para la salud sexual y reproductiva en este periodo de tiempo. El método utilizado es la revisión documental para la búsqueda, interpretación y sistematización de datos de los textos analizados. La totalidad de los documentos han sido encontrados en las plataformas virtuales de revistas, congresos y bases de datos, tanto brasileñas como extranjeras, pero siempre con autores de aquél país. Consultamos los números disponibles en los sitios web de la Revista Brasileira em Promoção da Saúde, Revista Ciência & Saúde Coletiva, Intercom - Revista Brasileira de Ciências da Comunicação, Interface - Comunicação, Saúde, Educação; Saúde em Debate y la Revista Rosa dos Ventos. Además, tuvimos en cuenta la base de datos ENCIPECOM que recoge las memorias de los congresos brasileiros de comunicación y salud en el sitio de la Universidad Metodista de São Paulo, y las memorias de la XIII edición del Congreso Latinoamericano de Investigadores de la Comunicación (en adelante ALAIC). Como resultados nos encontramos que continúa siendo el VIH/Sida el tema de mayor cobertura en las publicaciones de comunicación para la salud sexual y reproductiva. Asimismo, existe una amplia utilización de estadísticas de organismos internacionales dedicados a la temática como ONUSida, OMS,

229 OPS, etc., en combinación con otras de alcance nacional como INEGI, CENSIDA, etc. El trabajo nos permitió llegar a la conclusión de que los estudios están encaminados principalmente de las estrategias y campañas de comunicación mediática para la promoción de salud y la prevención de enfermedades. Aunque coexisten otros temas como las representaciones sociales, las necesidades comunicativas y los factores de riesgo. Por último, es notorio el predominio de estudios cualitativos, auxiliados de métodos como el estudio de caso, el análisis del discurso, el análisis de contenido y la Investigación-Acción-Participación (IAP en adelante).

(GT010-004) Consulta Ginecológica: Uma Análise da Relação Médico Paciente Alexandre Navero dos Reis (Universidade Municipal de São Caetano do Sul – USCS) Eder Viana de Souza (Universidade Municipal de São Caetano do Sul – USCS)

Introdução: Quando se trata de consulta ginecológica, aborda-se um tema delicado, visto que é neste campo que se trata de fases significativas da vida da mulher, como reprodução, maturação sexual e concepção. Além do mais, este é um momento em que mulheres encontram-se em uma posição vulnerável, podendo ter sua intimidade exposta por um profissional da saúde. Assim é uma área que encontra-se confrontos éticos e morais(1)(2). Tal estudo tem como objetivo construir uma mensagem, sobre a promoção em saúde, analisando a consulta ginecológica, centralizada na relação médico paciente. Metodologia: Foi realizado um estudo transversal exploratório, do qual teve o consentimento do conselho de ética e pesquisa. O projeto tem como foco a consulta ginecológica, avaliando-a por meio de um questionário. Este tem como objetivo traçar uma perspectiva da paciente em relação ao seu ginecologista. O público alvo foi 150 mulheres do curso de medicina da Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), destas 130 foram incluídas e 20 excluídas. Os critérios de inclusão foram: Idade maior de 18 anos, além de já frequentarem o ginecologista. Já, os critérios de exclusão foram: Aquelas que não assinaram o termo de consentimento livre esclarecido e/ou se negaram a responder os questionários. Resultado: Das 130 mulheres que aceitaram participar da pesquisa, descobriu-se que a média de idade delas era de 21,93 anos. Estas frequentam o mesmo ginecologista aproximadamente 4,16 anos, indo com uma freqüência de 1,56 consultas por ano. Além do mais, cerca de 76,15% dos ginecologistas foram indicados por algum amigo ou familiar. Já no âmbito da consulta ginecológica, 43,07% das pacientes sentem vergonha. Todavia, 83,84% se sentem confortáveis para discutir sobre sua vida sexual. 7,69% das participantes já sentiram algum constrangimento provocado pelo médico quando abordava tal temática e 5,38% quando realizava o exame físico. Foi questionado as participantes, se elas sentiam-se mais a vontade com uma terceira pessoa no recinto, 83,84% disseram que não. Destas, 68,46% já tiveram a presença de uma terceira pessoa no recinto, sendo: amiga, familiar ou outro profissional de saúde. Por fim, o questionário pedia para a participante classificar a sua relação com seu ginecologista em ótima, boa, regular, ruim e péssimo. Resultando respectivamente nas porcentagens de: 41,53%, 36,15%, 16,92%, 2,30% e 3,76%. Conclusão: A pesquisa tentou expor quantitativamente aspectos que influenciam positivamente ou negativamente em torno da relação médico paciente. Por exemplo, o fato das pacientes preferirem privacidade total, sem a presença de terceiros. Ou, a conjuntura de existir médicos que constrangem as pacientes ao mencionar assuntos a respeito da sexualidade, ou o manejo do exame físico. Desta forma, tais dados podem orientar ambos o públicos a fim de provocar mudanças comportamentais, estabelecendo um vínculo profissional ainda melhor.

230 Referencias 1. Bioética e Violência contra a mulher - Um debate recorrente entre profissionais da saúde e do direito. Caderno CREMESP (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo), 2017. 2. Ética em Ginecologia e Obstetrícia - Caderno CREMESP (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo), 4°Edição - 2011.

(GT010-003) Narrativas de saúde em comunicação pública Arquimedes Pessoni (Universidade Municipal de São Caetano do Sul – USCS) Andressa Pereira de Lucena (Universidade Municipal de São Caetano do Sul – USCS)

Apresentação do tema A saúde, sendo um tema de interesse público, cabe ao governo, em especial o de nível municipal, o dever de criar, manter e aperfeiçoar constantemente os canais oficiais de comunicação com o objetivo de facilitar cada vez mais o acesso à informação. Comunicação pública é uma estratégia ou ação comunicativa que acontece quando o olhar é direcionado ao interesse público, a partir da responsabilidade que o agente tem (ou assume) de reconhecer e atender o direito dos cidadãos à informação e participação em assuntos relevantes à condição humana ou vida em sociedade. Ela tem como objetivos promover a cidadania e mobilizar o debate de questões afetas à coletividade, buscando alcançar, em estágios mais avançados, negociações e consensos (KOÇOUSKI, 2012a, p. 92).

Problemas e objetivos da pesquisa O objetivo principal da pesquisa é identificar como o conceito de interesse público aparece presente nas narrativas dos press-releases produzidos pelas assessorias de comunicação das prefeituras de Santo André, São Bernardo do Campo e São Caetano do Sul (ABC Paulista) bem como as estratégias educativas presentes orientadas a mudar a consciência pública na área da saúde. Também busca-se identificar por meio da análise das narrativas presentes nos press-releases os sentidos contidos nas matérias jornalísticas, e se estão relacionados aos conceitos de saúde e comunicação pública.

Métodos e procedimentos de pesquisa Trata-se de pesquisa de desenho metodológico documental (GIL, 1999), com o uso de análise de conteúdo (BARDIN, 1970), tendo como recorte temporal os textos publicados nos sites das prefeituras do ABC no período de 2017, escolhido por ter sido o primeiro ano das atuais administrações escolhidas na última eleição municipal. Após a identificação dos press releases com temática saúde, as categorias de análise englobarão a presença de conceitos de comunicação pública bem como a de elementos de narrativas. Os elementos que compõem uma narrativa são: Enredo --› Personagens --› Tempo --› Ambiente --› Narrador (GANCHO, 2004; MARTINEZ et al., 2017).

Resultados (parciais ou conclusivos) Na fase da análise de conteúdo, os trabalhos de pré-análise com a pesquisa documental nos sites das

231 prefeituras com um recorte temporal de janeiro/2017 a dezembro/2017, alcançaram o total de 181 notícias. Algumas foram excluídas pois, embora estivessem relacionadas com a área da saúde, pendiam mais para publicidade do que para notícia. O corpus compreende 10 press releases de Santo André, 143 de São Bernardo do Campo e 28 de São Caetano do Sul. Foi construída uma tabela como categoria de análise os conceitos de comunicação pública baseados em diversos autores (ZÉMOR; DUARTE; OLIVEIRA; MONTEIRO; MATOS, HASWANI; COSTA; MELLO; KUNSCH; JARAMILLO LÓPEZ; ANDRADE; WEBER e KOÇOUSKI) e cada notícia classificada dentro do conceito mais presente no press release. Finda esta etapa, o material de análise será classificado quanto à presença ou não de formas de narrativas e, nos casos positivos, quais os elementos de narrativa presentes nos textos publicados. Referências BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2009. ISBN 978-972-44-1506-2. GANCHO, C. V. Como analisar narrativas. Editora Ática, 2004. GIL, Antonio Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. São Paulo: Atlas, 1999. MARTINEZ, M. et al. Assessoria de imprensa, narrativas midiáticas e saúde: simbiose de fontes, jornalistas, leitores, personagens e afetos. 2017. In Texto (UFRGS. Online), v. 38, p. 197-224. Disponível em: https:// bdtd.ucb.br/index.php/esf/article/view/7991/5330. Acesso em 25 fev 2019.

232 6-8 DE MAIO DE 2019

Campus Conceição: Campus Centro: Rua Conceição, 321 Rua Santo Antônio, 50 São Caetano do Sul São Caetano do Sul

GT-11. História oral e nterdisciplinaridade: ensino e prática

233 GT 11 COMUNICAÇÃO E CULTURA: ENSINO E PRÁTICA

Coordenadores: Dra. Ana Silvia Aparício (USCS) - [email protected] Dra. Marta Regina Paulo da Silva (USCS) - [email protected]; [email protected] Ms. Márcia Gallo (FPM) - [email protected]

Ementa: Ensino da História Oral e da Memória e sua importância para a geração de conhecimento no âmbito acadêmico, desde a educação básica até a atividade profissional, assim como em outros âmbitos e contextos da sociedade.

234 Sessão: 01 Data: 07/05/2019 Horário: das 14h às 18h Sala 134, Bloco C

Coordenação Dra. Ana Silvia Aparício (USCS); Dra. Marta Regina Paulo da Silva (USCS); Ms. Márcia Gallo (FPM)

SEQUÊNCIA CÓDIGO TÍTULO AUTORES

Música, interdisciplinaridade e formação de Eliane Hilario da Silva 01 GT11-001 professores Martinoff Formação de professores de Educação de Thalita Di Bella Costa 02 GT11-002 Jovens e Adultos da rede pública de Santos: Monteiro relato de experiências e história oral Concepções e Memórias do currículo nos anos iniciais do Ensino Fundamental no Maria de Lara Terna Garcia 03 GT11-003 município de Santo André: reflexões dos Mancilha Profissionais da Educação

04 GT11-009 O Professor como Narrador de Histórias Jair Rodrigues da Silva

Alfabetização em Língua Portuguesa de Crianças Haitianas na Rede Municipal de Giseli Pimentel Soares e 05 GT11-010 Santo André: As Narrativas Docentes em Ana Silvia Moço Aparicio Foco Cintia Cristina Angelotti Experiência com inclusão escolar de Farina, Elizabete Cristina 06 GT11-011 estudante com Transtorno do Espectro Costa Renders e Milton Autista e Síndrome de Ohtahara Carlos Farina

235 (GT011-001) Música, interdisciplinaridade e formação de professores Eliane Hilario da Silva Martinoff (Universidade Municipal de São Caetano do Sul – USCS)

A música sempre esteve presente na vida humana desde os acalantos para o bebê até o último toque dos cantos fúnebres. Presente na educação brasileira desde o início da colonização, embora com finalidades diversificadas, atualmente é possível afirmar que sua utilização além de promover o desenvolvimento do senso estético e artístico, pode contribuir para o conhecimento e reconhecimento da diversidade cultural do país, mesmo sendo considerada apenas como um dos conteúdos obrigatórios na disciplina Arte. O conceito de interdisciplinaridade tem despertado muitos questionamentos na educação contemporânea, especialmente na área de música. Segundo Lima (2007), o conceito tem cerca de cem anos e adveio de uma necessidade científica que buscava substituir uma ordem hierárquica das ciências veiculada por Auguste Comte. Mesmo assim, a integração é um dos caminhos da interdisciplinaridade, mas não o único. Para Keith Swanwick (2003), a música promove e aprofunda nossa compreensão sobre nós mesmos e sobre o mundo e, assim, podemos ouvir música de diferentes maneiras, extraindo diferentes significados. Arroyo (1999) considera que as músicas devem ser valorizadas de modo contextualizado, pois desencadeiam dinâmicas sociais de acordo com as biografias dos indivíduos envolvidos nas situações culturais. Entretanto, mesmo fazendo parte da vida das pessoas de forma tão significativa, por ser apreciada, em geral, mais como forma de entretenimento do que como elemento cultural, buscou-se conhecer se os professores em formação poderiam utilizar-se da música popular brasileira composta em diferentes períodos de nossa história, como recurso pedagógico para elaboração de estratégias de ensino de conteúdos diversos. O presente estudo objetivou averiguar em que medida a pesquisa sobre aspectos da História da Música Popular Brasileira realizada numa disciplina cursada nas modalidades presencial e à distância num curso de Pedagogia poderia auxiliar os futuros educadores na preparação de estratégias pedagógicas para o ensino de temas transversais, segundo os PCN. Foram elaboradas com os discentes algumas propostas interdisciplinares direcionadas aos alunos do ensino fundamental, utilizando esses conhecimentos como ponto de partida. Concluiu-se que é preciso considerar a possibilidade de aprendermos a pensar e ensinar interdisciplinarmente e que a contribuição do professor generalista à reflexão cultural, será proporcional à compreensão que este profissional tiver sobre a importância da arte, mais especificamente da música, na formação dos indivíduos.

Referências Bibliográficas ARROYO, Margarete. Representações sociais sobre práticas de ensino e aprendizagem musical: um estudo etnográfico entre congadeiros, professores e estudantes de música. Porto Alegre, 1999. [406 f.]. Tese (Doutorado em Música – Educação Musical). UFRGS, Disponível em: . Acesso em: 15 mar. 2011. LIMA, Sonia Albano de. Interdisciplinaridade: uma prioridade para o ensino musical. Música Hodie, vol. 7, nº 1. Goiânia: UFG, 2007, p 51-65. SWANWICK, K. Ensinando música musicalmente. Tradução. A. Oliveira e C. Tourinho. São Paulo: Moderna, 2003. Original em inglês.

236 (GT011-002) Formação de professores de Educação da Jovens e Adultos da rede pública de Santos: relato de experiências e história oral Thalita Di Bella Costa Monteiro (Universidade Católica de Santos – Unisantos)

A pesquisa em desenvolvimento em nível de doutoramento apresentou seus questionamentos a partir da entrevista de uma professora que trabalhou junto ao Movimento Brasileiro de Alfabetização (Mobral), nos anos 1970, e que se fez docente da modalidade no dia a dia das aulas. O relato dessa experiência de vida por meio de entrevista gravada e transcrita que é parte de uma dissertação sugeriu a dúvida sobre como outros professores ligados a Educação de Jovens e Adultos (EJA) buscaram aprimoramento de seus conhecimentos de docência para continuarem o trabalho no magistério a partir de um dado momento de suas vidas: 1991, com a aprovação em um concurso público professores da EJA da rede pública de ensino da cidade de Santos - SP. Na perspectiva de conhecimento da formação buscada dos mais variados meios, a noção que Josso (2002, p. 17) traz a respeito de experiências formadoras é que satisfaz a proposta da pesquisa porque tem uma “constante preocupação de que os autores de narrativas consigam atingir uma produção de conhecimentos que tenha sentido para eles, que eles próprios se inscrevam num projeto de conhecimento que os institua como sujeitos”. Em outras palavras, a subjetividade desses sujeitos é o modo de produção do saber. O acesso a essas experiências se dá por meio da história oral e das narrativas que exploram os momentos considerados de profunda transformação da percepção daquilo que os professores fazem e vivem em suas profissões. “O conceito de experiência formadora implica uma articulação conscientemente elaborada entre atividade, sensibilidade, afetividade e ideação, articulação que se objetiva uma representação e numa competência.” (JOSSO, 2002, p. 35). O modo de alcançar a experiência de formação desses professores da EJA é o que François (2006, p. 11) a que garante muitos documentos sobre um campo historiográfico “[...] de novas formas de intervenção e de comunicação à margem das formas habituais do ensino e da pesquisa, mais participativas do que acadêmicas, porém cientificamente tão rigorosas quanto as precedentes”. É a congruência necessária entre objeto e método de pesquisa de que surgirá explicações de sobre o interesse na profissão de professor, conhecimento de seus desafios como sujeitos em constante formação e transformação e direcionamento de propostas de capacitação e formação continuada de professores da EJA para que o exercício da docência seja abrangente diante das demandas sociais de um país como o Brasil. O questionamento pertinente é de que se os estudantes de EJA formam-se em experiências de vida antes de voltar à escola, onde e como, na vida, professores de EJA buscam formação para a docência? Na trama desses elementos, a questão da formação docente para o exercício da docência na modalidade para a qual não foram formados, buscando em suas experiências e histórias de vida, na condição de história oral, é o que move esta pesquisa.

Referências FRANÇOIS, Etienne. A fecundidade da história oral. In: FERREIRA, Marieta de Moraes; AMADO, Janaína. (Orgs). Usos e abusos da história oral. 8. ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2006. JOSSO, Marie-Christine. Experiências de vida e formação. Lisboa: Educa, 2002.

237 (GT011-003) Concepções e Memórias do currículo nos anos iniciais do Ensino Fundamental no município de Santo André: reflexões dos Profissionais da Educação Maria de Lara Terna Garcia Mancilha (Universidade Municipal de São Caetano do Sul – USCS) Sanny Silva da Rosa (Universidade Municipal de São Caetano do Sul – USCS)

Entre poucas continuidades e alguns retrocessos, as políticas curriculares permeiam o repertório de formação docente e de implementação de propostas ou orientações curriculares em Santo André, município localizado na região do grande ABC Paulista. Como patrimônio público, a memória curricular constitui-se de elementos formativos que coadunam a construção de concepções de educação integradas às práticas pedagógicas presentes neste município. Considerando essa premissa, este estudo em desenvolvimento pretende resgatar a história do currículo de Santo André no período constituído entre 2006 e 2016, com a finalidade de compreender as concepções que têm orientado as práticas pedagógicas presentes no chão das salas de aula, protagonizadas pelos profissionais desta rede. A relevância deste estudo relaciona-se ao cenário de discussões da aprovação da BNCC em consonância a construção de uma nova orientação curricular proposta pela SE deste município. Na medida em que se propõe resgatar a trajetória histórica da construção do currículo de Santo André, é possível identificar rupturas e interfaces envolvidas nas diferentes gestões políticas no período de 2006 a 2016. Assim, para compreendermos este cenário, o texto apresenta definições sobre o currículo à luz dos autores Sacristán (2000, 2013), Apple (2006, 2017), Moreira e Silva (1999) e Santomé (2013), e tece aspectos sobre as diferentes dimensões das teorias do currículo, referenciadas por Silva (2005) e Moreira e Candau (2007). Consideraremos neste estudo a constituição identitária dos profissionais da educação desta rede, e para fundamentar tal dimensão, os saberes docentes e profissionais serão abordados teoricamente em conformidade às pesquisas de Tardif (2014) e Imbernón (2011). A opção metodológica da pesquisa possui caráter qualitativo, e se desenvolve por meio de estudo documental e histórias orais. Entre os instrumentos de coleta estão as entrevistas semi-estruturadas e/ou rodas de conversa com os profissionais da educação de Santo André, entre eles professores e coordenadores pedagógicos, além da busca por documentos, registros escritos ou iconográficos que configuram-se como currículo do município ou parte dele. Torna-se essencial subsidiar os profissionais desta rede com contribuições críticas acerca das memórias e histórias curriculares, com o propósito de favorecer a construção de concepções menos fragmentadas do currículo, e ao mesmo tempo, recuperar o sentido histórico e os documentos já produzidos neste recorte cronológico. Vale destacar que as informações relacionadas aos resultados deste estudo encontram-se em processo de construção.

(GT011-009) O professor como narrador de histórias Jair Rodrigues da Silva (Universidade Municipal de São Caetano do Sul – USCS) Ana Sílvia Moço Aparício (Universidade Municipal de São Caetano do Sul – USCS)

Esta pesquisa faz uma reflexão sobre práticas literárias e propõe a narração de histórias no cotidiano de escolas e universidades como atividade de fruição e prazer estético no processo de ensino aprendizagem. Faço essa proposição baseado primeiramente por minha prática enquanto professor dos anos iniciais do Ensino Fundamental e pesquisador da área da Literatura e da formação de professores e também como narrador de histórias. O que proponho aqui é uma ação de repertoriar e empoderar o professor para sua função de formar leitores. Seja no cotidiano escolar, seja na graduação. A narração pode se converter numa criativa ferramenta de trabalho e o professor pode, se assim o quiser, se utilizar desta ferramenta e ser um narrador de histórias. As bases teóricas para essa proposição estão em Avelar e Sorsy e Machado sobre a arte de narrar histórias. Em Cosson e Soares

238 sobre o ensino da Literatura e suas práticas. Candido sobre o direito à Literatura e em Freire sobre a boniteza no processo de ensino aprendizagem. Os resultados esperados estão na reflexão e tomada de consciência de que os professores podem fazer uso da narrativa como uma ação de proporcionar uma experiência literária em sala de aula.

(GT011-010) Alfabetização em língua portuguesa de crianças haitianas na Rede Municipal de Santo André: as narrativas docentes em foco Giseli Pimentel Soares (Universidade Municipal de São Caetano do Sul – USCS) Ana Silvia Moço Aparício (Universidade Municipal de São Caetano do Sul – USCS)

Neste trabalho, apresentamos resultados iniciais de uma pesquisa de mestrado que tem por objetivo principal investigar os desafios de professores na alfabetização de crianças haitianas que chegaram recentemente ao Brasil e ainda não compreendem o português. A pesquisa, de natureza exploratória, é realizada em duas escolas públicas municipais situadas na região de Utinga, no município de Santo André, SP, onde há grande concentração de crianças haitianas matriculadas nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Como referencial teórico da pesquisa consideramos estudos de alfabetização e letramento com base em Soares (2008, 2017), e as da abordagem intercultural no ensino do português como língua estrangeira (NÓBREGA, 2010; SANTOS E ALVAREZ, 2010; MENDES, 2011), em que há uma preocupação de se ensinar a nova língua sem que haja a negação da cultura do aprendiz. Trata-se de uma abordagem que se pretende comunicativa e intercultural, de modo a promover experiências de vida entre diferentes culturas, em um processo de hibridação. Como procedimento metodológico da pesquisa, estamos realizando entrevistas, em forma de narrativas (CLANDININ; CONELLY, 2011), com professores alfabetizadores dessas crianças. Resultados iniciais apontam que as escolas não têm um projeto de acolhimento desses alunos; os professores dos anos iniciais não têm formação, na Pedagogia, para o ensino do português para estrangeiros, e apresentam dificuldade em estabelecer um diálogo com as crianças haitianas.

Referências CLANDININ, D. Jean. CONELLY, F. Michael. Pesquisa narrativa: experiências e história na pesquisa qualitativa. Tradução: Grupo de Pesquisa Narrativa e Educação de Professores ILEEL/UFU. Uberlândia: EDUFU, 2011. MENDES, Edleise. Diálogos Interculturais: Ensino e Formação em Português Língua Estrangeira. Campinas, SP: Pontes Editores. 2011. NÓBREGA, Maria Helena da. Ensino de português para nativos e estrangeiros: na prática, a teoria é outra. Revista Linha D’Água, São Paulo, n. 23, 2010. SANTOS, Percilia & ALVAREZ, Maria Luisa Ortíz. Língua e Cultura no Contexto de Português Língua Estrangeira. Campinas, SP: Pontes Editores, 2010. SOARES, M. Alfabetização e letramento. São Paulo: Contexto, 2008. SOARES, M. Alfabetização: a questão dos métodos. São Paulo: Contexto, 2017.

239 (GT011-011) Experiência com inclusão escolar de estudante com Transtorno do Espectro Autista e Síndrome de Ohtahara Cintia Cristina Angelotti Farina (Faculdade São Bernardo – FASB) Elizabete Cristina Costa Renders (Universidade Municipal de São Caetano do Sul – USCS) Milton Carlos Farina (Universidade Municipal de São Caetano do Sul – USCS) Este trabalho objetiva descrever o processo inclusivo de uma criança com Transtorno do Espectro Autista e Síndrome de Ohtahara em uma sala de aula regular do Ensino Fundamental em diferentes situações de aprendizagem. As justificativas para a execução deste trabalho estão pautadas na importância da investigação, registro e análise desta interação de modo que a observação desta dinâmica forneça informações o seu processo inclusivo em sala de aula. Metodologicamente, optamos por realizar as observações em uma escola municipal de São Bernardo do Campo. A coleta de dados foi realizada por meio de observações não participantes. Segundo Lakatos (1999), o observador sabe o que procura e o que carece de importância em determinada situação e a observação é uma técnica que objetiva conseguir informações utilizando-se os sentidos na obtenção de determinados aspectos da realidade. Chizzotti (2003) complementa esta ideia quando coloca que o observador deve ser objetivo, reconhecendo possíveis erros e eliminando sua influência sobre o que vê ou recolhe. As observações foram realizadas durante as atividades que proporcionavam maior interação da aluna com o restante do grupo e que poderiam lhe proporcionar um maior desenvolvimento social e acadêmico. Verificou-se que a aluna realizou a maior parte das atividades através da imitação de seus pares. Vygotsky (1991) atribui grande importância à imitação, pois há uma relação de influência recíproca entre o processo de imitar e aprender. A imitação auxilia no processo de socialização, na linguagem e cognição, sendo o meio, o ambiente propício para que ocorram essas trocas. É na interação com indivíduos mais competentes que se desenvolvem as funções mentais superiores, com a interiorização progressiva de instrumentos mediadores. Para o autor, o desenvolvimento é um processo que se dá de fora para dentro. É nesse processo de ensino-aprendizagem que ocorre a apropriação da cultura e consequentemente desenvolvimento do indivíduo. Desta forma, a escola surgirá como um espaço privilegiado de desenvolvimento, pois é o espaço em que o contato com a cultura é feito de forma sistemática, intencional e planejada (VYGOTSKY, 1991). De acordo com Stainback e Stainback (1999), os sistemas cooperativos de aprendizagem em grupo permitem e promovem um agrupamento heterogêneo de alunos. Nesta estrutura os alunos são responsáveis não somente por sua própria aprendizagem, mas também pela aprendizagem de outros membros do seu grupo e são responsáveis pela exibição de alguns comportamentos pró-sociais com seus colegas, o que pôde ser observado durante os momentos de socialização e interação da aluna com seus pares. As crianças com deficiências têm o direito de participar de forma geral e equilibrada das experiências educativas, beneficiando-se do trabalho e da interação com outras crianças que, presumivelmente, têm mais facilidade em aprender. Eles são encorajados a trabalhar em equipe ajudando uns aos outros e procurando soluções para os problemas levantados por suas tarefas e atividades (MEC, 1998). A partir dos resultados das observações concluiu-se que a aluna com TEA e síndrome de Ohtahara foi reconhecida pelas outras crianças como membro ativo do grupo, interagindo e participando das atividades propostas.

240 Referências bibliográficas CHIZZOTTI, A. Pesquisa em Ciências Humanas e Sociais. 6ª ed. São Paulo: Cortez Editora, 2003. LAKATOS, E. M. Técnicas de Pesquisa. 4ª ed. São Paulo: Atlas, 199. MEC. Programa de Capacitação de Recursos Humanos do Ensino Fundamental. Nec. Esp. Em sala de aula. Série Atualidades Pedagógicas2. Brasília: MEC/SEESP, 1998. STAINBACK, S.; STAINBACK, W. Inclusão: um guia para educadores. Porto Alegre: Artmed, 199. VYGOTSKY, L.S. Pensamento e Linguagem. São Paulo, Martins Fontes, 1991.

241 Sessão: 02 Data: 08/05/2019 Horário: das 14h às 18h Sala 134, Bloco C

Coordenação Dra. Ana Silvia Aparício (USCS); Dra. Marta Regina Paulo da Silva (USCS); Ms. Márcia Gallo (FPM)

SEQUÊNCIA CÓDIGO TÍTULO AUTORES

Alexandra Cristina Madeira História da Matemática e os França, Andrea Araújo dos 01 GT11-013 multiletramentos Santos e Maria de Fátima Ramos de Andrade Renata Cristina Polydoro e A Educação de Jovens e Adultos: ambiente 02 GT11-014 Maria de Fátima Ramos de de ressignificação Andrade A Aprendizagem Baseada em Projetos e a 03 GT11-015 História do Aluno: Um Registro Digital de sua Patricia Gallo de França Memória Individual

História de Família: técnica para Larissa Drabeski 04 GT11-016 compreender identidade e recepção midiática

Diálogos e registros entre familiares 05 GT11-006 e educadores(as): a participação da Isis Sousa Longo comunidade escolar em destaque Qualidade social da educação e (des) Xirlaine dos Anjos Sousa, orientações curriculares no Grande ABC 06 GT11-012 William Santos Nascimento Paulista: desafios da gestão escolar na e Sanny Silva da Rosa construção colaborativa do currículo Docência nos berçários de São Caetano Marilda Capitulina Costa 07 GT11-008 do Sul: do senso comum à qualificação Salgado e Marta Regina profissional Paulo da Silva

242 (GT011-013) História da Matemática e os multiletramentos Alexandra Cristina Madeira França (Universidade Municipal de São Caetano do Sul – USCS) Andrea Araújo dos Santos (Universidade Uni Atlântico de Santander/Espanha) Maria de Fátima Ramos de Andrade (Universidade Municipal de São Caetano do Sul – USCS)

O presente trabalho teve como objetivo discutir a história da Matemática, numa perspectiva interdisciplinar, por meio dos multiletramentos. É um relato de uma experiência que ocorreu numa sala de 9º. Ano de Ensino Fundamental, numa escola particular localizada no Grande ABC. Partimos da leitura do livro “Ideias geniais da Matemática; maravilhas, curiosidades e soluções brilhantes da mais fascinante das ciências” de Surendra Verma (2014), procurando problematizar temas considerados importantes no campo da história da Matemática. Após discussão e análise do que foi apresentado no livro, foi proposto a transformação dos conceitos numa revista digital. Os alunos apresentaram as revistas, explanando todo o processo da elaboração e da produção nesse formato. Dessa forma, várias competências específicas de matemática para o ensino fundamental, que fazem parte do documento orientador sobre um ensino e aprendizagem com qualidade e equidade “Base Nacional Comum Curricular” (2017), foram desenvolvidas. Podemos citar de modo mais específico a de número 06 que trata do enfrentamento de situações-problema em múltiplos contextos e linguagens. Com as atividades realizadas, além do professor estimular a leitura de conceitos importantes da Matemática, ele trabalhou competências necessárias para a leitura dos textos que circulam no contexto atual, numa perspectiva interdisciplinar.

(GT011-014) A Educação de Jovens e Adultos: ambiente de ressignificação Renata Cristina Polydoro (Universidade Municipal de São Caetano do Sul – USCS) Maria de Fátima Ramos de Andrade (Universidade Municipal de São Caetano do Sul – USCS)

Este trabalho tem como tema o processo transformador dos sujeitos no contexto da Educação de Jovens e Adultos (EJA). Modalidade da Educação Básica, a EJA é direcionada às pessoas que apresentam defasagem idade-ano por terem o direito à educação tolhida. A EJA tem sido vista como um lugar de pertencimento para este público diverso e heterogêneo, com idades, gêneros e trajetórias de vida peculiares. Além disso, é um ambiente de ressignificação para aqueles que procuram maior interação e pertencimento nos diversos espaços sociais A intenção com o presente estudo é investigar qual o papel da EJA para os alunos, procurando identificar as expectativas que os alunos têm em relação ao contexto escolar. Para a realização da pesquisa, procuramos, por meio de assembleias, escutar o que os alunos apontam como expectativas do trabalho pedagógico que é realizado neste contexto. As falas foram coletadas em uma Escola Municipal de Educação Infantil e Fundamental de Santo André que também atende a EJA. A partir dos relatos orais, como técnica de conversação, analisamos as experiências de discentes na Educação de Jovens e Adultos neste município. As falas foram transcritas e somadas a diálogos espontâneos para que pudéssemos explorar o tema e responder a questão proposta. A maioria dos discentes relatou como (re) iniciaram os estudos e como se sentem em relação à escola que frequentam. No momento, os dados estão sendo analisados e como resultado parcial podemos afirmar que os alunos buscam uma maior inserção social. Os resultados permitirão inferir o impacto da educação de Jovens e Adultos na qualidade e melhoria de vida destas pessoas, assim como sua participação plena na sociedade.

243 (GT011-015) A aprendizagem baseada em projetos e a história do aluno: um registro digital de sua memória individual Patricia Gallo (FIAP) Promover a construção de conhecimento de forma significativa para os alunos ainda é um desafio à educação a distância (EAD). A Aprendizagem Baseada em Projetos (ABP) ou Project-Based Learning (PBL) tem sido cada vez mais usada, no sentido que propiciar uma dinâmica mais envolvente entre aluno e objetos de estudo, pois é uma abordagem pedagógica que têm em suas premissas: o ensino centrado no aluno e a aprendizagem colaborativa e participativa. Por ser baseada em projeto, essa metodologia apresenta um produto tangível ao final. Mas como saber se e quão significativo foram o conteúdo e as atividades que deram embasamento ao projeto? No curso de Sistemas de Informação EAD, da Faculdade de Informática e Administração Paulista – FIAP, ao final do projeto interdisciplinar Friendbot, que consiste na construção de um robô para recreação de crianças em hospitais com alas infantis, os alunos foram convidados a serem os autores de parte da história do 1º ano do curso, escrevendo um capítulo que enfatizem suas memórias a partir do projeto, fazendo conexões entre os conteúdos e o conhecimento construído. Assim, como autores, escreveram um texto sobre os assuntos que mais marcaram em âmbito pessoal ou profissional. Nessa direção, obtivemos como resultado temas que ajudaram no dia a dia de trabalho ou mesmo que rendeu um debate sobre negócio, tecnologia ou inovação com pessoas externas à Instituição de Ensino. Inclusive obtivemos relatos de assuntos que ocasionaram alguma mudança em suas histórias de vidas, seja uma inspiração para realizar algo seja uma nova forma de olhar o mundo. Com isso, trabalhando a memória individual por meio da escrita de texto, a gramática normativa foi também trabalhada, pois como um capítulo oficial do curso, o texto foi publicado na plataforma online e acessado por outros alunos. Na visão do aluno-autor, publicar um texto autoral enfatizou seu protagonismo na relação com o curso e com o próprio aprendizado por meio de registro digital da sua história e memória.

Referências BUCK INSTITUTE FOR EDUCATION. Aprendizagem baseada em projetos: guia para professores de ensino fundamental e médio. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2008. DELORS, J., Educação – Um Tesouro a Descobrir. 10a Edição, Editora Cortez; Brasília – DF; MEC; UNESCO, 2006. Echeverría, M. D. P. P., Pozo, J. I.(1998). Aprender a Resolver Problemas e Resolver Problemas para aprender . In: POZO, Juan Ignácio (Orgs.). “A Solução de Problemas: Aprender a resolver, resolver para aprender”. Porto Alegre: Artmed. Markham, T; Larmer, J; Ravitz, J. (organizadores) (2008). “Aprendizagem baseada em projetos: guia para professores de ensino fundamental e médio”. Porto Alegre: Artmed.

244 (GT011-016) História de Família: técnica para compreender identidade e recepção midiática Larissa Drabeski (Universidade Federal do Paraná - UFPR) Este trabalho apresenta a experiência desenvolvida em estudo de recepção com descendentes de imigrantes poloneses de cidade na região Sudeste do Paraná desenvolvida para dissertação na área da Comunicação. O objetivo foi compreender de que modo os processos comunicativos, especialmente aqueles relacionados aos meios de comunicação, participam da construção da identidade polono- brasileira desse grupo. Para observar essas relações, foram escolhidas duas famílias, a partir do entendimento das relações familiares como espaço privilegiado para compreender as imbricações entre a construção identitária e a recepção midiática. Para tanto, foi adotada uma abordagem multimetodológica desenhada em sintonia com o campo, de modo a tornar observáveis as relações existentes nesse contexto. Nessa construção metodológica, a técnica da História de Família (GONZÁLEZ, 1995) ganhou papel central por permitir profundidade na análise dessas relações. Foram realizadas entrevistas de História Oral (ALBERTI, 2015) com integrantes da família, a fim de reconstruir a trajetória familiar e os processos comunicativos e identitários envolvidos. A técnica de História de Família pode ser campo frutífero para compreender diversas relações, as quais incluem a transmissão de valores, condutas, recursos comunicativos de uma geração a outra (JACKS e CAPARELLI, 2006). No entanto, ainda que a técnica seja rica para observar essas relações, não é tão difundida na área da Comunicação. Em busca no Banco de Teses e Dissertações da Capes, apenas duas pesquisas foram encontradas com a adoção da técnica. (SILVA, 2012; GRIJÓ, 2014). Com a aplicação dessa técnica, foi possível, por exemplo, observar as relações entre a construção da identidade polono-brasileira e os processos comunicativos de acordo com cada geração, uma vez que os processos étnicos são influenciados pelo tempo histórico. Ao mesmo tempo em que a construção metodológica ofereceu possibilidades de explorar a riqueza do universo de significações com o qual nos deparamos ao escolher esse objeto empírico, houve também desafios. O principal foi com relação ao tempo limitado disponível para a execução da pesquisa para dissertação, que se contrapõe à necessidade de uma pesquisa de campo de longa duração, que permita estabelecer uma relação de confiança com o grupo pesquisado, além de possibilitar conhecer o contexto em que essas famílias estão envolvidas, ponto primordial para produção das significações.

Referências ALBERTI, Verena. Manual de história oral. Editora FGV, 2015. GONZÁLEZ, Jorge A. Y todo queda entre familia. Estrategias, objeto y método para historias de familias. Estudios sobre las culturas contemporáneas, v. 1, n. 1, p. 135-154, 1995. GRIJO, Wesley Pereira. Mediações quilombolas: Apropriações étnicas na recepção de telenovelas’ 285 f. Tese (Doutorado em Comunicação e Informação) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2014. JACKS, Nilda Aparecida; CAPPARELLI, Sérgio. TV, família e identidade: Porto Alegre” fim de século”. Edipucrs, 2006.

245 SILVA, Lourdes Ana Pereira. Melodrama como matriz cultural no processo de constituição de identidades familiares: um estudo de (tele)novela e bumba-meu boi: usos, consumos e recepção’. 236 f. Tese (Doutorado em Comunicação e Informação) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2012.

(GT011-006) Diálogos e registros entre familiares e educadores(as): a participação da comunidade escolar em destaque Isis Sousa Longo (Universidade Municipal de São Caetano do Sul – USCS, Emef Celso Leite) Este texto apresenta o projeto de pesquisa-ação desenvolvido com familiares e educadores(as) de uma EMEF – Escola Municipal de Ensino Fundamental – em São Paulo, para atender aos preceitos legais da política de educação inclusiva no cotidiano escolar. O projeto surge a partir da identificação, pelos diferentes sujeitos da comunidade escolar, das barreiras comunicacionais e atitudinais na escola, que não favorecem a participação plena dos estudantes público-alvo da educação inclusiva no processo de aprendizagem e interação social. Como a Educação na perspectiva Inclusiva é um processo de constante aprendizado e disputas políticas, no qual, a escola pública apresenta-se como o lócus “privilegiado” deste outro paradigma de ensino, estas disputas implicam mudanças de práticas e mentalidades, o que significa afirmar que este movimento dialético envolve diferentes atores sociais: escola, família, comunidade, poder público. Para aproximar a relação escola-comunidade, pela intermediação das Professoras de Atendimento Educacional Especializado (AEE) a realização do projeto “Chá das Cinco” baseia-se na metodologia da história oral comunitária (SANTHIAGO; MAGALHÃES, 2015). Aplicam- se as modalidades das entrevistas de história de vida aos familiares dos estudantes público alvo da educação inclusiva e as modalidades de conversas temáticas, nos encontros periódicos entre familiares e educacores(as). Pelo diálogo, as narrativas singulares são compartilhadas, as subjetividades respeitadas, e, há o fortalecimento da identidade de grupo para estabelecer combinados e estratégias aos desafios da transformação dos padrões hegemônicos de ensino-aprendizagem.

Referências BOSI, E. Memória e sociedade. Lembrança de velhos. 3ªed. São Paulo: Cia das Letras, 1995. BRASIL. Lei no 13.146, de 6 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). FAZENDA, I. (Org.) Metodologia da pesquisa educacional. – 6.ed.- São Paulo: Cortez, 2000. KLEIN, L.R; SILVA, G.L.R. Quando o discurso da diferença desdenha a desigualdade: as armadilhas da inclusão. In: BARROCO, S.M.S et al . Educação Especial e Teoria Histórico-Cultural. Maringá: Eduem, 2012. LACERDA, C.B.F.; SANTOS, L.F.; MARTINS, V.R.O. (Orgs) Escola e Diferença. São Carlos: EdUFSCar, 2016. MANTOAN, M. T. E. Inclusão escolar. O que é? Por quê? Como fazer? São Paulo: Summus, 2015. MEIHY, J.C.S.B. Os novos rumos da História Oral: O caso brasileiro. In: Revista de História 155 (2º - 2006), 191-203. SANTHIAGO, R.; MAGALHÃES, V.B. História Oral na sala de aula. Belo Horizonte: Autêntica, 2015.

246 SÃO PAULO. Portaria n. 8.764, de 23 de Dezembro de 2016. Regulamenta o Decreto n. 57379, de Outubro de 2016, que “Institui no Sistema Municipal de Ensino, a Política Paulistana de Educação Especial, na Perspectiva da Educação inclusiva”. SILVEIRA, T.B.; SANTOS, J.B.; SILVA, L.M. “Percepções de mães de alunos com deficiência sobre a inclusão e o preconceito no ambiente escolar”. In: SILVA, L.M.; SANTOS, J.B. (Orgs) Estudos sobre preconceito e inclusão escolar. Salvador: UFBA, 2014; p. 163-196. THOMPSON, P. A voz do passado. 2ªed. Rio de Janeiro: Paz & Terra, 1992. VEIGA, I.P. (org.) Projeto Político-Pedagógico da escola: uma construção possível. Campinas: Papirus, 1995. VIGOTSKY, L.S. A formação social da mente. – 7.ed.- S.P: Martins Fontes, 2007.

(GT011-012) Qualidade social da educação e (des)orientações curriculares no Grande ABC Paulista: desafios da gestão escolar na construção colaborativa do currículo Xirlaine dos Anjos Sousa (Universidade Municipal de São Caetano do Sul – USCS) William Santos Nascimento (Universidade Municipal de São Caetano do Sul – USCS) Sanny Silva da Rosa (Universidade Municipal de São Caetano do Sul – USCS)

O trabalho discute os desafios de gestores escolares frente às inconsistências das orientações curriculares emanadas dos órgãos centrais dos sistemas públicos de educação básica, em dois municípios da região do Grande ABC Paulista: Diadema e Ribeirão Pires. Em ambos os casos, seja por omissão, seja pela sobreposição de propostas curriculares contraditórias entre si, gestores e professores veem-se diante do grande desafio de encontrar arranjos pedagógicos para garantir esse direito aos seus alunos. No caso de Diadema, as pré-escolas convivem, atualmente, com pelo menos quatro orientações curriculares: a Proposta Curricular para a Educação Infantil da Secretaria Municipal de Diadema, publicada em 2007; a do Sistema SESI, implementado em 2014, após a mudança de gestão municipal; as diretrizes curriculares do Programa Pacto Nacional de Alfabetização na Idade Certa - PNAIC -, ao qual o município aderiu em 2017; e, mais recentemente, as orientações da Base Nacional Comum Curricular para a Educação Básica – BNCC. Em Ribeirão Pires, o estudo focaliza o currículo das oficinas pedagógicas dos anos iniciais do ensino fundamental em uma escola da rede estadual paulista de tempo integral, no âmbito do Programa ETI (Escola de Tempo Integral) que não prevê um currículo para as atividades do contraturno escolar. Tendo em vista esses dois cenários, discute-se as implicações das (des) orientações curriculares para o trabalho de gestores e professores frente ao compromisso de oferecer uma educação pública de qualidade, como determina a Constituição Federal de 1988 e a legislação educacional brasileira. Como embasamento teórico comum, os trabalhos se valem das contribuições de autores que discutem a relação entre currículo e justiça social (GIMENO SACRISTÁN, 2013; PONCE, 2018); e o conceito de qualidade social da educação (DOURADO; OLIVEIRA, 2009; BERTAGNA, 2017). A abordagem metodológica dos dois estudos é de cunho primordialmente qualitativo, incluindo análise de documentos e procedimentos da pesquisa-ação colaborativa, como rodas de conversa e sessões reflexivas (IBIAPINA, 2008). Como resultados, esses estudos em andamento visam o adensamento das reflexões conceituais sobre o tema da qualidade social da educação e a indicação de propostas para a construção colaborativa do currículo escolar.

247 (GT011-008) Docência nos berçários de São Caetano do Sul: do senso comum á qualificação profissional Marilda Capitulina Costa Salgado (Universidade Municipal e São Caetano do Sul – USCS) Marta Regina Paulo da Silva (Universidade Municipal de São Caetano do Sul – USCS)

Este trabalho apresenta os resultados de uma pesquisa de mestrado realizada com educadoras de bebês de escolas municipais integradas (EMIs) de São Caetano do Sul/SP. Trata-se de uma pesquisa qualitativa inspirada em abordagens biográficas, que utilizou relatos orais em forma de depoimentos, e ainda, fontes iconográficas e documentais. Parte do pressuposto de que a relação adulto-bebê nos berçários é fator preponderante na qualidade do trabalho pedagógico, e está diretamente relacionada à formação dos(as) profissionais que neles atuam. Assim, teve como objetivo compreender como as educadoras de bebês da Rede Municipal de Educação de São Caetano do Sul vêm constituindo sua identidade profissional. Procurou compreender essa identidade dentro de um contexto histórico que envolveu um resgate do início do atendimento aos bebês nas creches e escolas municipais integradas do município. Como referencial teórico, utilizou-se dos estudos de Zygmunt Bauman, Claude Dubar, Stuart Hall, Zeila de Brito Fabri Demartini, Maria Carmen Silveira Barbosa, Anna Tardos, Emmi Pikler, Loris Malaguzzi, entre outros(as). Os resultados da pesquisa revelam que nos primeiros anos, o modelo de atendimento nos berçários era, exclusivamente, assistencialista. A qualificação das profissionais se deu por meio da iniciativa das gestoras responsáveis pelas instituições, uma vez que não havia profissionais com experiência e conhecimento para atuar com bebês. Diante das demandas que surgiam no dia a dia, as educadoras foram construindo suas práticas, com base em conhecimentos de senso comum e também naqueles adquiridos em ações formativas desenvolvidas por diretoras e professoras das próprias unidades educacionais, que buscavam referenciais teóricos para qualificar o trabalho. É possível dizer, que a creche procurava construir sua própria identidade. O Projeto Bebê 2000, considerado pelas educadoras como primeira ação formativa dedicada às auxiliares, promoveu a reorganização dos espaços dos berçários trazendo também uma nova concepção de atendimento, que passou a compreender a potência dos bebês em suas relações com o mundo. A atuação de profissionais sem formação em magistério nos berçários somada ao contexto estabelecido pelo município, no qual as educadoras assumem atribuições de auxiliares e de docentes vêm contribuindo para dicotomização do cuidar e educar, o que se observou em relatos nos quais as educadoras classificam práticas pedagógicas (atividades referentes aos conteúdos das áreas de conhecimento) e práticas não pedagógicas (relativas aos cuidados com alimentação, higiene e proteção). A análise dos documentos da Rede demonstra que não há clareza quanto às atribuições das auxiliares berçaristas, uma vez que não consideram as especificidades inerentes à prática docente com bebês, como também o contexto dos berçários no município, que vem se configurando, historicamente, pela ausência de professor(a). A docência de bebês exige qualificação profissional pautada tanto na formação inicial quanto na continuada, para que não se incorra no equívoco de retroceder ao antigo atendimento, meramente assistencialista, como apontaram as educadoras que participaram da pesquisa.

248 6-8 DE MAIO DE 2019

Campus Conceição: Campus Centro: Rua Conceição, 321 Rua Santo Antônio, 50 São Caetano do Sul São Caetano do Sul

GT-12. História oral e Interdiciplinaridade: estudo das organizações sociais

249 GT 12 COMUNICAÇÃO E CULTURA: ESTUDOS DAS ORGANIZAÇÕES SOCIAIS

Coordenadores: Dra. Isabel Cristina dos Santos (USCS) - [email protected] Dr. Silvio Minciotti (USCS) - [email protected] Dra. Lucia Santa Cruz (ESPM-RJ) - [email protected] Dr. Paulo Nassar (USP) – [email protected]

Ementa: Concepções de storyteeling, de memória institucional e de cultura organizacional que discutem experiências sobre Memória e História Oral desenvolvidas no interior das organizações governamentais e não governamentais ou empresas privadas.

250 Sessão: 01 Data: 07/05/2019 Horário: das 14h às 18h Sala 135, Bloco C

Coordenação Dra. Isabel Cristina dos Santos (USCS) - Dr. Silvio Minciotti (USCS); Dra. Lucia Santa Cruz (ESPM-RJ)

SEQUÊNCIA CÓDIGO TÍTULO AUTORES

01 GT12-005 As memórias coletivas de um museu Lucia M. M. de Santa Cruz

Levantamento histórico das agências de Celeste Marinho Manzanete 02 GT12-002 publicidade em São José dos Campos e Ramón S. Duarte O Enquadramento da memória na formação da identidade institucional: O Emilene J. Santos e Sérgio 03 GT12-004 caso da Assessoria de Comunicação da Augusto Soares Mattos Universidade Federal do Recôncavo da Bahia. Linguagem visual aplicada à construção Isabel Cristina dos Santos e 04 GT12-006 da narrativa do desempenho Nadson Jaime Ferreira Alves organizacional.

251 (GT012-005) As memórias coletivas de um muse Lucia Santa Cruz (Escola Superior de Propaganda e Marketing – ESPM/Rio)

O incêndio que consumiu o acervo do Museu Nacional, no Rio de Janeiro, em setembro de 2018, acendeu um movimento que vai além da recuperação das obras ali guardadas ou do edifício que as abrigava. Em meio aos lamentos da comunidade científica pela perda de anos de trabalho coletando materiais, espécimes e obras únicos, uma onda de memórias pessoais invadiu as redes sociais. Relatos como o da estudante Elisa Ranieri, no Facebook: Eu lembro da primeira vez que fui no Museu Nacional. Eu devia ter uns 9 anos. Excursão da escola. Cheguei em casa encantada com tanta coisa legal e fiquei falando durante dias que eu tinha tocado em um meteorito. Nunca esqueci. Ano passado, levei o Davi. Ele se divertiu muito. Olhava tudo, se encantava com tudo. Lembro como se fosse ontem dos olhinhos dele vendo toda a história do Brasil na frente dele. Não que ele entendesse muito, mas um dia ele vai e vai lembrar com carinho dessa visita. Que bom que ele pôde ir. (RANIERI, 2018) Ou da jornalista Marina Saraiva, que frequentava o Museu desde grávida: A dor que é da história, da ciência, do país e da humanidade, é também uma ferida profunda no nosso infinito particular. A Quinta é quintal desde o barrigão e os primeiros banhos de sol... (...) A sala escurinha dos sarcófagos era onde ele pedia pra mamar. E lá testemunhávamos visitantes se espantarem com múmias e - fazer o quê - com a voracidade mamífera no banquinho perto da janela. (SARAIVA, 2019). Neste processo de arqueologia afetiva, despontou o movimento ‘Museu Nacional Vive”, que gerou camisetas, adesivos, oo uso da hashtag #museunacionalvive, e ações como a campanha de crowdfunding Museu Nacional Vive nas Escolas, para a continuidade dos projetos educativos do museu. (BENFEITORIA, s/d). Uma das ações mais emblemáticas é a réplica do Trono de Adandozan, do antigo reino africano de Daomé, produzida em papel machê por um aluno de 13 anos para um trabalho escolar, que conhecia a peça original, perdida para o fogo, das 11 visitas que fez com os pais (LISBOA, 2019). Este artigo propõe uma análise de narrativa das publicações de frequentadores do Museu Nacional em redes sociais (Facebook e Twitter) que utilizaram a hashtag #MuseuNacionalVive, a partir da perspectiva de Halbwachs (2016, p. 51), para quem “cada memória individual é um ponto de vista sobre a memória coletiva... mas nossas lembranças permanecem coletivas, e elas nos são lembradas pelos outros, mesmo que se trate de acontecimentos nos quais só nós estivemos envolvidos”. O objetivo é discutir o museu como um espaço produtor de memórias, para além da sua função museológica, especialmente pelas lembranças individuais que ele evoca.

Referências BENFEITORIA. Museu Nacional vive nas escolas. Benfeitoria. Disponível em: . Acesso em: 1 mar 2019. HALBWACHS, M. A memória coletiva. São Paulo: Centauro, 2013.

252 LISBOA, V. Exposição sobre Museu Nacional tem peça refeita por estudante. Agência Brasil, 27/2/2019. Disponível em: . Acesso em 28 fev. 2019. RANIERI, E. “#MuseuNacionalVive”. Post do Facebook, 3/9/2018. Disponível em: . Acesso em 4 set. 2018. SARAIVA, M. “Incêndio no Museu Nacional”. Post do Facebook, 3/9/2018. Disponível em: . Acesso em 4 de setembro de 2018.

(GT012-002) Levantamento histórico das agências de publicidade em São José Dos Campos Celeste Marinho Manzanete (Universidade do Vale do Paraíba – Univap) Ramón S. Duarte (Universidade do Vale do Paraíba – Univap) Apresentação do Tema O artigo busca entender e catalogar, a história das agências de publicidade de São José dos Campos, recuperando o início, formação e o caminho percorrido das agências. No Vale do Paraíba, mais especificamente, em São José dos Campos - SP, a atividade de publicidade e propaganda ganha força com a chegada da Rede Vanguarda de televisão, nos anos 80. O aumento da demanda por serviços nessa área, fez com que a cidade se tornasse uma potência no mercado publicitário do estado. Com 30 anos de história a atividade publicitária na cidade ainda é desconhecida pelos estudiosos e até mesmo pelos profissionais. Na realidade, não existe uma documentação histórica sobre o caminho percorrido pelo mercado publicitário da cidade. É importante fazermos esse estudo, como forma documental sobre o mercado publicitário, como o resgate histórico do processo de formação do mercado, mas também em uma perspectiva analítica, e quais foram os caminhos percorridos do mercado contribuindo assim para pensar o papel da comunicação na sociedade no futuro.

Problemas e Objetivos da pesquisa Este trabalho visa criar uma documentação da história publicitária dessa região, para que a posterioridade possa saber de onde veio, e mais importante, ter embasamento para possíveis situações futuras que possam já haver se repetido no passado, sabendo assim como agir e como não agir, facilitando a vida de todos aqueles envolvidos.

Métodos e procedimentos de pesquisa A pesquisa foi feita por meio de pesquisas documentais, bibliográficas e de história oral com a coleta de entrevistas com os profissionais que fizeram parte da construção dessa história, e trouxeram novos conceitos e técnicas que impulsionaram a atividade na região. O universo da pesquisa foi feito as agências em São José dos Campos, catalogou-se 79 agências. A

253 amostra foi por acessibilidade para que fosse realizada as entrevistas com os profissionais mais antigos, selecionou-se os publicitários: Nelson Agustin e Maria Isabel Valladares – Onda Sete, Mario Sergio Pulice – Regional Marketing; Oswaldo Rodrigues – Central Business; Bete Roxo/ Silvia C.F. de Carvalho – PPC&M; Nelson Campos – BC&C Comunicação e Design e Cassio Rosas – KMS. As entrevistas foram pessoalmente, outras por e-mail. Após a pesquisa foi feito um levantamento de dados em veículos regionais, o jornal Valeparaibano, as revistas regionais Recall, Metrópole e Lettering, na internet, site Guia Mais e catálogos. Levantamento de fotografias e arquivos pessoais.

Referências CARVALHO, R.;SANTANA, E. F. B. Agências de São José dos Campos tentam se reinventar em busca de novos formatos e negócios. RECALL, N.192, P.9-10, Maio, 2017.Disponível em: https://dev.meioemensagem. com.br/home/comunicacao/2016/09/06/sinapro-sp-um-perfil-do-mercado-publicitario-regional.html Acesso em: 06/11/2018 LEDUC, R. Propaganda: Uma Força a Serviço da Empresa. São Paulo. 1977. MANZANETE, C.M. e OLIVEIRA, V.B. Panorama Publicitário no Vale do Paraíba. VIII Encontro Nacional de História da Mídia. Unicentro, Guarapuava.Paraná.2011. NETO, M.M.M. Marketing Cultural das Práticas à Teoria. São Paulo. 2002. SANT’ANNA, A, JUNIOR, I.R. e GARCIA, L.F.D. Propaganda: Teoria, técnica e prática. São Paulo. 2009.

(GT012-004) O Enquadramento da Memória na Formação da Identidade Institucional: O Caso da Assessoria de Comunicação da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia Emilene Jesus dos Santos (Universidade Federal do Recôncavo da Bahia – UFRB) Sérgio Augusto Soares Mattos (Universidade Federal do Recôncavo da Bahia – UFRB)

Os estudos da memória focam em temas que evidenciam o uso da linguagem na formação dos processos sociais a partir da comunicação. Considerando o tema que revela como as narrativas das vivências reproduzem práticas culturais e simbólicas que contribuem para construção da identidade social e coletiva da instituição. A atuação da ASCOM/UFRB é compreendida como participante fundamental na construção da identidade institucional da UFRB. Por tanto é indispensável observar como as práticas comunicacionais utilizadas na assessoria refletem a imagem da coletividade. O objetivo deste artigo é apresentar como as trajetórias de vidas pessoal/profissional dos atores na implantação e atuantes no desenvolvimento da ASCOM/UFRB, potencializam os valores e características predominantes na memória da comunidade. As experiências marcantes, compartilhadas, emergem numa relação de comprometimento e confronto, evidenciando a história institucional por meio da trajetória de vida. Imagem passível de ser contestada sob a perspectiva da metodologia (auto) biográfica, onde o relato dos responsáveis pela implantação e gestão da ASCOM, permite análise e interpretação dos acontecimentos memoráveis. Levando a entender que, por estabelecer ligação entre a instituição e seus utilizadores, as narrativas, enriquecidas com os registros das mídias e documentos de arquivo, revelam diferentes aspectos da

254 gestão, que incide na formação da identidade institucional.

Referências COGO, Rodrigo Silveira; NASSAR, Paulo. A história e a memória na comunicação organizacional: Um estudo da narrativa de experiencia para atratividade dos públicos. IN: Revista Inter. De Comunicação Midiatica, Santa Maria, V.10, n. 19, sem.2011. COGO, Rodrigo Silveira; NASSAR, Paulo. Identidade é o território organizado e assegurado pela memória e pelas narrativas. IN: Organicom – Revista Brasileira de Comunicação Organizacional e Relações Publicas/ Departamento de Realações públicas, Propaganda e Turismo, Escola de comunicação e Artes, universidade de São Paulo, - v.1, n.1(2004). – São Paulo: ECA-USP/ Gestcorp, 20004. LE GOFF. J. O desejo pela historia. In: AGUILHOM, M. Ensaios da ego-história. Lisboa: Ediçãoes 70, 1989. MOURA, Eliana P.Gonçalves de. Da Pesquisa (Auto)biográfica à cartografia: desafios epistemológicos no campo da psicologia. 2004. NASSAR, Paulo. Relações Públicas: a construção da responsabilidade histórica e o resgate da memória institucional das organizações, São Caetano do Sul, SP: Difusão Editora, 2012. POLLAK, Michael. Memória, esquecimento, silêncio. Estudos Históricos, Rio de Janeiro 1989, vol. 2, n.3, p.3-15. RIBEIRO, Suzana Lopes Salgado, História e memórias: elementos constitutivos da expressão e da compreensão de culturas nas organizações. IN: MARCHIORI, Marlene(org.) Historia e Memória. São Caetano do Sul, SP: Difusão Editora, 2013, p. 53-62.

(GT012-006) Linguagem visual aplicada à construção da narrativa do desempenho organizacional Isabel Cristina dos Santos (Universidade Municipal de São Caetano do Sul – USCS) Nadson Jaime Ferreira Alves (Universidade Federal do Pará – UFPA)

Atribui-se à Contabilidade Gerencial a partir de 1970, o uso sistemático de indicadores para mensurar os resultados do negócio, de modo a permitir comparações entre ciclos da operação. Os indicadores, sobretudo de caráter financeiro, ofereciam respostas às escolhas estratégicas da organização para os seus principais interessados, especialmente, os investidores e acionistas, fornecedores, credores (Valmorbida, Ensslin & Ensslin, 2018). Apesar da relação entre a empresa e os seus stakeholders ser estabelecida com base em dados e informações objetivas acerca dos principais resultados e eventos que os justificam, ao longo do tempo, observou-se que em uma sociedade reconhecidamente iconográfica, segundo Villafañe e Minguez (2002, apud Maggioni, 2015, p. 16), as imagens funcionam como um “gatilho sensorial”, e despertam percepções que “recorrem a mapas mentais” para apreensão dos conteúdos que elas visam comunicar (Maggioni, 2015, p. 68). No contexto de imagens e percepções, a comunicação sobre o desempenho institucional passaria por uma onda de ressignificação pelo uso de signos semióticos, originando o Relato Integrado, na década

255 de 2000. Tido como um processo social evolucionário e inovador na comunicação corporativa (Rocha & Goldschmidt, 2010), o Relato surge da combinação entre comitês de Sustentabilidade, de Contabilidade e a Global Reporting Initiative, e resultou na entidade International Integrated Reporting Council [IIRC], (Maciel & Cintra, 2015). O Relato Integrado integra dados e fatos de ordem Econômico-financeira, Sustentabilidade, Administração e Governança Corporativa, permitindo demonstrar resultados relacionados à estratégia, alinhando-os às ações de responsabilidade social, orientadas às necessidades das partes interessadas, reduzindo inconsistências (Eclles & Krzus, 2011, apud Alves, 2017). Entre 2012 e 2017, 150 empresas haviam adotado o Relato Integrado no mundo. No Brasil, o Programa Piloto do Relato contou com as empresas AES Brasil, BNDES, CCR, CPFL Energia, Fibria, Itaú, BRF, Grupo Segurador Banco do Brasil e Mapfre Seguradora, Natura, Petrobrás, Via Gutenberg e Votorantim Cimentos. O estudo desenvolvido por Alves (2017), base deste artigo, buscou responder: qual o padrão dominante da linguagem visual das informações econômico-financeiras e não financeiras nos Relatos Integrados mais concisos das empresas participantes do Programa Piloto no Brasil? E visou identificar a linguagem visual predominante nos Relatos. Para tanto, aplicou-se uma abordagem é qualitativa, do tipo exploratório-descritiva e delineamento documental. Os resultados indicam prevalência dos signos com função indicial. Dados quantitativos nos ícones e signos atribuem clareza e sentido à linguagem textual, acompanhada por imagens e diagramas, que buscam simplificar a estrutura dos relatórios contábeis com foco na informação essencial (ALVES, 2017).

Referências: Alves, N.J.F. (2017). Relato Integrado: potencial de significação da linguagem visual das informações financeiras e não financeiras nos relatos das empresas do Programa Piloto no Brasil. Universidade Municipal de São Caetano do Sul, São Caetano do Sul, SP. Maciel, P. A.; Cintra, Y. C. (2015). De único a integrado: a história recente da evolução dos relatórios corporativos. In: Centre for Social and Environmental Accounting Research. Salvador: UFBA, 2015. MAGGIONI, F. (2015). Estrutura básica da representação visual nas construções discursivas da apresentação do telejornal. Tese (doutorado). Universidade Federal de Santa Maria, Centro de Ciências Sociais e Humanas, Programa de Pós-graduação em Comunicação, RS. Rocha, T.; Goldschmidt, A. (2010). Gestão dos stakeholders: como gerenciar o relacionamento e a comunicação entre a empresa. São Paulo: Atlas, 2010. VALMORBIDA, S.M.I.; ENSSLIN, S.R.; ENSSLIN, L. (2018). Avaliação de Desempenho e Contabilidade Gerencial: [...]. Revista Contabilidade, Gestão e Governança, v. 21[3], p.339-360, set. /dez.

256 Sessão: 02 Data: 08/05/2019 Horário: das 14h às 18h Sala 139, Bloco C

Coordenação Dr. Silvio Minciotti; Dra. Lucia Santa Cruz (ESPM-RJ)

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Preservação do Patrimônio documental Emilene J. Santos e Sérgio 01 GT12-003 das instituições. Augusto Soares Mattos Memória de luta: a tribuna metalúrgica como suporte da mobilização dos 02 GT12-001 Cristine Gleria Vecchi metalúrgicos do ABC no Novo Sindicalismo. Estudio del Patrimônio Natural y Cultural Irma Magaña Carrillo, Carlos del destino turístico de Colima, México 03 GT12-008 Mario A. Molinar Ileana para su inscripcion em la lista del Ochoa Llamas patrimônio mundial de la UNESCO Irma Magaña Carrillo, Carlos El plan de manejo como instrumento Mario A. Molinar, Karla de aseguramiento de um patrimônio 04 GT12-009 Zapién Béltor, Laura Itzel mundial de la Humanidad por la G. Guzmán, Lizeth A. López UNESCO: Colima México Pérez

257 (GT012-003) Preservação do Patrimônio Documental das Instituições Emilene Jesus dos Santos (Universidade Federal do Recôncavo da Bahia – UFRB) Sérgio Augusto Soares Mattos (Universidade Federal do Recôncavo da Bahia – UFRB)

Os estudos da memória enfocam temas que permitem refletir sobre a ação da memória na formação da identidade. O tema deste trabalho é a memória institucional e seu destaque influenciador na identidade coletiva. Este trabalho discute a importância das instituições investirem em ações que preservem a memória, resguardando seus acervos documentais, como possibilidade de consolidar sua identidade, valorizando a história institucional e contribuindo para a formação da identidade do país. Preparar os acervos documentais como referência da memória, serve para consolidar a cultura da instituição, valorizando o capital intelectual e potencializando a identidade institucional como patrimônio (DEBRAY, 2000, p.16; TEDESCO, 2004 p.59). Por meio da estratégia descritiva é evidenciado como a conservação das mídias propiciam a disseminação e acesso da memória institucional, como os princípios e aspectos arquivísticos justificam a constituição do patrimônio documental e como a gestão das informações se relacionam com a construção da memória institucional. Resultando no consenso de que é indispensável às instituições, desenvolver ações de preservação de sua história para minimizar a vulnerabilidade de seus acervos, assim, construirão a memória social. Que sobre o desenvolvimento da cultura organizacional tem elementos e personalidade de cada indivíduo (NASSAR, 2007, p. 45) os quais, consolidarão a identidade que destaca e configura o Patrimônio (BELLOTTO, 2004, p. 263), fornecerão informação histórica que permite compreender as decisões e rumos tomados em cada período, além de compreensão da situação social (LE GOFF, 2003, p.27; SIQUEIRA, 2013, p.85) e fortalecerão as relações com os colaboradores, que expressam o sentido de existência da instituição (CRUZ, 2014, p. 184).

Referências BELLOTTO, Heloisa Liberalli. Arquivos permanentes: tratamento documental. 2ª. ed. Rio de Janeiro: FGV, 2004. CRUZ, Lucia Santa. Memória e comunicação organizacional no Brasil: interfaces. Organicom-ano11- n.20-1ºsem. 2014. DEBRAY, R. Transmitir: o segredo e a força das ideias, Petrópolis: Vozes, 2000. LAGE, M. O. P. Abordar o patrimônio documental: territórios, práticas e desafios. Guimarães: Éden Gráfico, 2002. (Coleção Cadernos NEPS 4). LE GOFF, Jacques. História e memoria5 ed. São Paulo, Ed. Unicamp, 2003. 541p. MATTOS, Sérgio. O resgate da memória no contexto cultura, 2019. NASSAR. Paulo. Relações públicas na construção da responsabilidade histórica da memória institucional das organizações. 2.ed.São Caetano do sul, SP: Difusão editora, 2008. TEDESCO, João Carlos. Nas cercanias da memória: temporalidade, experiencia e narração. Passo Fundo: UPF; Caxias do Sul: EDUCS, 2004.

258 THIESEN, Icléa. Memória Institucional: a construção conceitual numa abordagem teórico-metodologia. 1997.169f. Tese (Doutorado em Ciência da Informação) IBCT, Rio de Janeiro, 1997. SCHELLENBERG, T. R. Arquivos modernos: princípios e técnicas. 6.ed. Rio de Janeiro: Ed. da FGV, 2006. SILVA, Fenelon. Documentação. São Paulo: DASP, 1961. SIQUEIRA, Jéssica C. As Noções de documento e informação. São Paulo; AgBoo.

(GT012-001) Memória de luta: a Tribuna Metalúrgica como suporte da mobilização dos metalúrgicos do ABC no novo sindicalismo Cristine Gleria Vecchi (Universidade Paulista – Unip)

Estudar um período histórico autoritário é complexo, pois a censura e a repressão alteram a narrativa dos fatos e a negociação política é feita, em grande parte, às escuras. Consequentemente, as fontes escritas não refletem claramente o conflito de interesses, quer regionais, setoriais ou de classes, mas ainda assim comparecem em maior número do que os relatos pessoais. Para cobrir o vácuo de informações provocado pelo silenciamento dos excluídos da história oficial nos utilizamos da história oral que, embora não deva ser utilizada para “tapar buracos documentais” (MEIHY; HOLANDA, 2013, p. 25), ajuda na produção de “documentos em episódios em que a censura e as políticas governamentais não promoveram ‘outros registros’”. Portanto, nos valemos, no presente artigo, da história oral para analisar, compreender e conhecer as particularidades das vivências, bem como os significados atribuídos pelo nosso primeiro depoente às grandes greves que ocorreram no período denominado pelos historiadores como “novo sindicalismo”. Essa etapa, iniciada em 1978 e marcada pela irrupção do movimento grevista, rapidamente se alastrou do ABC paulista, onde se originou, para os grandes centros industriais do Estado, envolvendo milhares de trabalhadores que voltaram a reivindicar seus direitos após um longo período de privações impostas pela ditadura militar. No centro dessa transformação estavam os metalúrgicos, categoria que deu o pontapé inicial para a “revolução”, comandada pelo então Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo e Diadema. A organização desse movimento deveu- se, muitas vezes, ao jornal do sindicato, a Tribuna Metalúrgica, que mesmo sob intervenção inúmeras vezes, foi produzido e distribuído clandestinamente. Utilizamos, portanto, a história oral como fonte e método para entender como o principal veículo de comunicação da categoria auxiliou os trabalhadores na organização de suas lutas. Para tanto, não só consideramos a memória como socialmente construída (Halbwachs), como também aplicamos os conceitos propostos por Michel Pollak (1992), “vestígios datados da memória” e “enquadramento da memória”, para compreendermos as formas pelas quais as narrativas servem de fonte para a elaboração de uma “memória oficial/institucional”. Dessa forma, analisamos a entrevista realizada com um membro do Sindicato que atuou na Tribuna Metalúrgica no início da década de 1980 e, a partir dos autores que apresentam a metodologia de história oral (Alberti, Meihy, Holanda e Perazzo), discutimos os primeiros resultados da tese de doutoramento em andamento.

Referências ALBERTI, Verena. Manual de história oral (3ª ed.). São Paulo: FGV Editora, 2013. HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva. São Paulo: Centauro, 2003. MEIHY, José Carlos Sebe Bom; HOLANDA, Fabíola. História oral. Como fazer, como pensar. São Paulo: Editora Contexto, 2013.

259 PERAZZO, Priscila Ferreira; CAPRINO, Mônica Pegurer. História oral e estudos de comunicação e cultura. Revista Famecos. Porto Alegre, v. 18, n. 3, p. 801-815, 2011. POLLAK, Michael. Memória e identidade social. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, vol. 5, n. 10, 1992, p. 200- 212. Disponível em: www.pgedf.ufpr.br/memoria%20e%20identidadesocial%20A%20capraro%202. pdf Acesso em: 17 jan. 2018.

(GT012-008) Estudio Del Patrimonio Natural Y Cultural Del Destino Turítico Colima, México Para Su Inscripción En La Lista Del Patrimonio Mundial De La Unesco Irma Magaña Carrillo (Colima) Carlos Mario Amaya Molinar (Colima) Ileana Ochoa Llamas (Colima) Colima patrimonio tanto natural como cultural, donde se involucran tangibles e intangibles, por lo que se hace necesario la búsqueda de ser reconocido como un espacio y territorio en el contexto turístico, destacando la aportación desde sí mismo hacía la humanidad, con el reto de ser reconocido y sobre todo trascender como patrimonio de la humanidad (Gasca, 2016). La Organización de las Naciones Unidas para la Educación, la Ciencia y la Cultura (UNESCO por sus siglas en inglés), es la organización que ofrece esta posibilidad para llegar a ser como estado o partes de su composición un patrimonio de la humanidad. A través de la UNESCO se busca establecer un dialogo entre todas las civilizaciones que conforman la gran humanidad en el mundo, una forma de comunicar, de establecer esa comunicación permanente en lo bien que hace la humanidad para la humanidad. El Cuerpo Académico UCOL CA 60 Estudios de Turismo y Competitividad, de la Universidad de Colima, recibió financiamiento para realizar la investigación: Determinación del potencial del patrimonio natural y cultural del estado de Colima para su inscripción en la lista del Patrimonio Mundial de la UNESCO. El objetivo general del proyecto es: Determinar la factibilidad de que el estado de Colima, en su totalidad o en alguno de sus recursos, sea denominado Patrimonio Cultural y/o Natural de la Humanidad, a fin de contribuir a la conservación de sus recursos naturales y culturales e impulsar la atracción de visitantes a la entidad, en virtud de la obtención de la denominación. De acuerdo a la naturaleza del estudio la perspectiva fue cualitativa (Ruiz, 2012), se utilizó la técnica de grupos focales, se desarrollaron dos en diferentes fechas, una guía de detonadores que dio como resultado un levantamiento, dinámico, diverso, deja un trabajo denso pero interesante para su análisis en dos direcciones: 1. El estado sea propuesto como un todo, 2. Se proponen una variedad de atractivos, naturales, y culturales, con esa base se procederá a llevar a cabo entrevistas a actores de ámbitos que son indispensables en este estudio, como autoridades en sus tres niveles de gobierno, empresarios y población colimense. En el avance de los resultados, la Universidad de Zacatecas y la de Guadalajara, se han sumado al estudio, así también, dos grupos de tres estudiantes cada uno quienes están realizando su tesis para concluir su carrera con este tema.

260 Referencias bibliográficas Gasca, T. Habitar el patrimonio: experiencias espaciales de los habitantes del Centro Histórico Potosino. Iztapalapa, Revista de Ciencias Sociales y Humanidades [en linea] 2016, (Sin mes): [Fecha de consulta: 5 de noviembre de 2018] Disponible en: ISSN 0185-4259 Organización de las Naciones Unidas para la Educación, la Ciencia y la Cultura: https://es.unesco.org/ Ruiz, J. (2012). Metodología de la Investigación cualitativa (5ta. Edición). Bilbao: Universidad de Deusto.

(GT012-009) El Plan De Manejo Como Instrumento De Aseguramiento De Un Patrimonio De La Humanidad Por La Unesco: Colima, México Irma Magaña Carrillo (Colima) Carlos Mario Amaya Molinar (Colima) Karla Zapién Béltor (Colima) Laura Itzel González Guzmán (Colima) Lizeth Anayansi López Pérez (Colima)

Para asegurar el reconocimiento por parte de la Organización de las Naciones Unidas para la Educación, la Ciencia y la Cultura (UNESCO), ¿es necesario tener un plan de manejo?, ¿Qué sucede con los proyectos cuando no cuentan con un plan de manejo?, en este trabajo de investigación se pretende gestionar los requisitos que se necesitan para elaborar un plan de manejo para el estado de Colima y que sus atractivos sean reconocidos por la UNESCO. El área de oportunidad es contar con un plan de manejo al mismo tiempo que se propone el expediente, bajo las ‘Directrices sobre la inscripción de tipos específicos de propiedades en el patrimonio mundial a la UNESCO del estado de Colima, fue parte clave desde los expertos en la región para tener una mayor probabilidad de éxito en la propuesta que se planea sea reconocido como parte del patrimonio mundial. El método utilizado fue el cualitativo, se realizaron dos grupos de enfoque, uno como piloto y otro para obtener resultados concretos. Con el uso de la guía de discusión los expertos aportaron nuevas interrogantes e información bastante útil. Se analizaron las grabaciones de audio y video, así como la transcripción de los comentarios de ambos grupos de enfoque para comparar los resultados. El análisis se está llevando a cabo de forma manual y posteriormente se decidirá el programa a usar. El interés de realizar este proyecto surge de los estudiantes y profesores de la Universidad de Colima para apoyar a su comunidad, el principal objetivo de esta investigación es aportar directamente información concisa y veraz, con el plan de manejo como parte del proyecto que conduzca a la obtención del reconocimiento del estado de Colima como parte de la lista de patrimonios naturales y culturales para presentarse ante la UNESCO, así como generar conciencia en la población, para que se sensibilicen con las maravillas con las que cuenta su estado. Es importante que exista el turismo para la sociedad, esto genera el movimiento y reactivación económica del lugar donde se desarrolla El resultado fue que el estado de Colima cuenta con una inmensa diversidad de atractivos naturales y culturales muchos de los cuales se están perdiendo, la creación de un plan de manejo que cumpla con los lineamientos que se requieren, así como el apoyo en investigaciones de otros planes de manejo que encuentren en México y el mundo permitiría que la UNESCO apoyara a su preservación.La investigación pretende generar un beneficio para el estado de Colima, aunque el proyecto se encuentra en su fase inicial es un trabajo del cual se esperan grandes cosas en un futuro próximo.

261 6-8 DE MAIO DE 2019

Campus Conceição: Campus Centro: Rua Conceição, 321 Rua Santo Antônio, 50 São Caetano do Sul São Caetano do Sul

GT-13. História oral e Interdiciiplinaridade: identidades e práticas da diversidade de gênero

262 GT 13 COMUNICAÇÃO E CULTURA: IDENTIDADES E PRÁTICAS DA DIVERSIDADE DE GÊNERO

Coordenadores: Dr. Antar Martinez (UdeC) - [email protected] Dra. Rebeca Guedes de Oliveira (USCS) - [email protected] Dra. Mirtes de Moraes (Universidade Presbiteriana Mackenzie -UPM) - [email protected]

Ementa: Estudos de gênero enquanto construto social instaurador discursos e em perspectiva teórico- metodológica para a análise sociocultural da historicidade da construção das relações de poder que perpassam os símbolos, a linguagem, as normas culturais e as identidades subjetivas inscritas em torno do gênero, do corpo e da sexualidade, expressos na memória social ou nas narrativas orais. Estudos culturais interseccionais sobre identidade de gênero e diversidade, que articulem gênero, classe, etnia, orientação sexual e geração, memória e identidade.

263 Sessão: 01 Data: 07/05/2019 Horário: das 14h às 18h Sala 131, Bloco C

Coordenação Dr. Antar Martinez (UdeC); Dra. Rebeca Guedes de Oliveira (USCS); Dra. Mirtes de Moraes (Universidade Presbiteriana Mackenzie -UPM)

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A Busca Pela Felicidade Nos Desenhos Infantis: As 01 GT13-002 Alessandra Ferreira de Brito Transformações Dos Conceitos De Felicidade Feminina SERIE PAN AM - Feminismo e GT13- Debora Cavalcanti de Souza 02 estereótipos de gênero vinculados às 0003 Lima aeromoças. “Pra ser tão ‘viado’ assim precisa ter muito, mas muito talento”: Os estigmas carregados por gays não Everton Vitor Pontes da 03 GT13-004 normativos e articulações nos Silva sentidos políticos LGBTQI+ presentes na obra de Linn da Quebrada O Fanatismo Na Pele. Histórias E Paixões Selma Peleias Felerico 04 GT13-008 Consumidas E Consumindo O Corpo Garrini

Narrativas de dominação dos corpos Elisa Maria Curci Grec e 05 GT13-009 femininos a partir de projetos de lei Rebeca Nunes brasileiros Guedes de Oliveira Dialogia como restauradora da dignidade: como recontar as histórias de mulheres Hanna Suanne de Oliveira 06 GT13-011 criminalizadas pelo aborto pode promover Silva o resgate da memória

264 (GT013-002) A busca pela felicidade nos desenhos infantis: as transformações dos conceitos de felicidade feminina Alessandra Ferreira de Brito (Universidade Municipal de São Caetano do Sul – USCS)

A busca pela definição ou conceito de felicidade, possivelmente não tenha uma data inicial, contudo, desde a Filosofia Clássica ao Existencialismo até a Psicologia Contemporânea, a Felicidade tem constituído os questionamentos da existência humana e de uma necessidade para a constituição da subjetividade e na construção do ser social. Nesta abordagem, o conceito de Felicidade é recente e tem aproximadamente 58 anos, com base na tese de doutorado de Warner R. Wilson apresentada em 1960, que propôs o estudo de hipóteses sobre a Felicidade. (GALINHA, 2005; GIACOMINI, 2004). Analogicamente, Diener (1983) define que existem três componentes que integram a felicidade: afeto positivo, negativo e satisfação com a vida. Nesta abordagem, os construtos da Felicidade, podem ser considerados pelos múltiplos fatores que recebem influência da cultura, de valores coletivos e da relação de identificação que o indivíduo estabelece com os múltiplos fatores que o constituem como subjetividade. Portanto, é possível relacionar os valores coletivos e a influência da cultura em suas múltiplas manifestações, como fatores que intervém na constituição e construção da Felicidade, individual e coletiva e nos impactos do afeto positivo, negativo e com a satisfação de vida. (DIENER,1983). Contudo, os desenhos animados por gerações tem reproduzidos valores culturais de época, segundo cada contexto social. Nesta abordagem, o objeto de estudo a ser analisado, são as características das personagens princesas da Disney. Dessa forma, as características das princesas da Disney serão contrastadas, a abordagem de Felicidade de Diener (1983), que nesta perspectiva serão analisadas as sucessões de princesas, segundo o contexto dos valores de época e quais as características que constituem a Felicidade das protagonistas femininas durante as últimas décadas. Para tanto, o estudo terá o método qualitativo, como sugestão da instrumentalização mais adequada, considerando que o problema da pesquisa tem características sociais que são caracterizadas por fenômenos temporais, de grupos específicos e consideram as múltiplas influências sobre o objeto de estudo. O caráter exploratório desde tipo de metodologia, permite a comparação de conceitos com modelos da atualidade, por meio de pesquisa bibliográfica. (GIL, 2008, p.175).

Referências DIENER, Ed. Subjetive Well – Being. American Psychological Assocition, Inc. Ohio, v. 95, n. 3, p. 542-575, jul. 1983. Disponível em: Acesso em: 15 set. 2018. GALINHA, Iolanda. RIBEIRO, J. L. História e Evolução do Conceito de Bem – Estar Subjetivo. Psicologia, Saúde, & Doença. Lisboa, Portugal,v.6, n. 2,p. 203-214, 2005. Disponível em: Acesso em :15 set 2018. GIACOMINI, Claudia H. Bem – estar subjetivo: em busca da qualidade de vida. Temas em Psicologia da SBP, Ribeirão Preto, v. 12,n. 1, p. 43-50, jun. 2004. Disponível em Acesso em: 07 set. 2018 GIL. Antônio. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 6. ed. São Paulo: Editora Atlas, 2008. 175 p. 265 (GT013-003) Serie Pan Am - Feminismo e esteriótipos de gênero vinculados às aeromoças Debora Cavalcanti de Souza Lima (Universidade Paulista – Unip)

O presente artigo que foi apresentado em congresso anterior pretende ampliar a analise acerca do enredo da série televisiva Pan Am, — produzida pela Sony Pictures Television, estreada em 25 de setembro de 2011 — cuja narrativa trata da vida de cinco aeromoças no ano de 1963. Nossas hipóteses são: 1- o olhar como alimento das imagens (Belting 1994-2001), influencia na criação de estereótipos, incentiva o abuso de poder e a prática de assédios; 2- aciona rótulos baseados em tendências machistas, trazendo como efeito a valorização e desvalorização da profissão aeromoça. Pretendemos ainda: Analisar a contribuição do movimento feminista para ascensão profissional das mulheres em especial das aeromoças da série, o que será no momento, o principal objetivo desse trabalho. O corpus é composto 14 episódios da primeira e única temporada, tomando como referência o início da onda feminista e o empoderamento das comissárias daquela época. Ao final desse estudo compreendemos que o feminismo pode ser percebido, a princípio como contribuição, para as aeromoças da serie em praticamente todos os episódios, tendo em vista o próprio reconhecimento da profissão à época e o fato das mulheres enfrentarem tudo e todos em busca de sua liberdade, profissional e pessoal, como no caso dessas aeromoças que deixaram casamentos, romances, para buscaram seus ideais com determinação e segurança. Finalmente, para corroborar a análise proposta, utilizaremos os seguintes autores: Butler (2003), Wolf (1992), Beauvoir (1949), Morin (1970-1975), Durand (1993-2004) e Hall (2016).

Referências BUTTLER, J. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Tradução de Renato Aguiar, Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003. BEAUVOIR, S. O segundo sexo. Tradução de Sérgio Milliet. 2. Ed. São Paulo: Difusão Europeia do Livro, 1967. Durand, Gilbert “A imaginação simbólica”, Editora Edições 70, Lisboa: 1993. ______, Gilbert ”O imaginário: ensaio acerca das ciências e da filosofia da imagem” 3 edição, Editora Difel; Rio de Janeiro: 2004. DVD da série Pan Am: Disponível em:< https://www.amazon.com/Pan-Am-Season-Christina-Ricci/dp/ B0062LQPGO> Acesso em 10 de fevereiro de 2019. ELLEN CHURCH. Disponível em:< http://ceabbrasil.com.br/blog/historia-aeromoca-comissario-bordo/> Acesso em 10 de junho de 2018. ESCOLA DE AVIAÇÃO. Disponível em: Acesso em 10 de fevereiro de 2019. MORIN, Edgar. “O homem e a morte” 2 edição, Publicações Europa América 1970. ______, Edgar. “O enigma do homem” Zahar Editores, Biblioteca de ciências sociais, Rio de Janiero: 1975. WOLF, N. O mito da Beleza Ed Rocco, Rio de Janeiro 1992.

266 (GT013-004) “Pra ser tão ‘viado’ assim precisa ter muito, mas muito talento”: Os estigmas carregados por gays não-normativos e articulações nos sentidos políticos LGBTQI+ presentes na obra de Linn da Quebrada Everton Vitor Pontes da Silva (Universidade Paulista – Unip) Este artigo é parte de uma pesquisa de doutorado, que propõe pensar ativismos, estéticas e identidades construídas no circuito musical, e por artistas que articulam com regionalidades e o ethos-alternativo presente em algumas das territorialidades do centro urbano da capital paulista, dialogando com estéticas não-hegemônicas, sonoridades regionais e engajamentos sociopolíticos ligados ao LGBTQI+ não-normativo. O artigo vem tratar sobre a representação do gay, negro, afeminado e/ou pós-periférico na sociedade, assim como a discriminação sofrida dentro do próprio meio LGBTQI+ por não reproduzirem os padrões normativos que foram construídos de maneira hegemônica através do tempo, sobre como um homossexual deveria ser/agir. Articulamos aqui com a produção artística da MC brasileira Linn da Quebrada, percebendo através de sua performatividade, estética, identidade e posicionamento sociopolítico que transpassa por sua produção fonográfica/audiovisual, que nos serve de parâmetro ao pensarmos engajamento LGBTQI+ na contemporaneidade e na trajetória do movimento conquistando diversas maneiras de re-existir, articulando com outras personalidades brasileiras que carregaram os mesmo estigmas e luta durante suas trajetórias de vida (Madame Satã, Vera Verão e Lacraia). Apontamos que o tema desse artigo apresenta grande relevância enquanto manifesto engajado e militante em torno às causas LGBTQI+, negra e pós-periférica, mas principalmente buscamos perceber na obra de Linn da Quebrada, seus questionamentos e rupturas em relação aos mitos da masculinidade e construções heteronormativas.

(GT013-008) O fanatismo na pele. Histórias e paixões consumidas e consumindo o corpo Selma Felerico (Escola Superior de Propaganda e Marketing – ESPM)

Resultado parcial de um projeto de pesquisa em desenvolvimento, sobre corpo, identidade, consumo e publicidade, intitulado: Fanáticos na Pele, este artigo aponta para algumas reflexões sobre as tatuagens dos torcedores de futebol inspiradas em jogadores e seus respectivos clubes e a construção de identidades midiáticas associadas à publicidade, considerando-se a redescoberta do corpo como manifestação cultural e resistência social. Foram levados em consideração os aportes teóricos de publicização com Casaqui, de linguagem discursiva com Braga de Identida com Hall e os estudos corporais com Le Breton, entre outros. A partir de um levantamento sobre tatuagens presente nas mídias digitais, verifica-se a previsibilidade do repertório das tatuagens, pois são elementos imagéticos dos times reconhecidos no âmbito esportivo, e registram figuras e jogadas dos atletas que reforçam signos apaixonantes. Quais são as práticas de resistência encontradas no cotidiano? Quais são as razões dos indivíduos no processo de escolha e de resistência das tatuagens? Como a tatuagem transforma seu corpo e/ ou sua vida? A tatuagem traz arrependimento posterior? São questões contempladas e ancoradas pela hipótese de que as tatuagens são manifestação de identidade, memória, resistência e expressões de paixão e promovem alterações nos regimes de visibilidade e legitimam novos corpos. A classificação aplicada nesse estudo baseia-se no binômio fanatismo e corpo – emblemas de guerra: distintivos dos times, escudos das torcidas organizadas, etc.; ídolos e conquistas: autógrafos e imagens de jogadores, taças e campeonatos, comemorações em estádios, cenas e jogadas de partidas inesquecíveis, entre outros; epígrafes e lendas: versos dos hinos, frases ditas por jogadores, curiosidades relacionadas ao entrevistado, ao jogador e ao time.

267 Referências BRAGA, J. L. Circuitos versus campos sociais. In: MATTOS, MA., JANOTTI JUNIOR, J., and JACKS, N., orgs. Mediação & midiatização [online]. Salvador: EDUFBA, 2012, pp. 29-52. ISBN978-85-2321206. Disponíveem.http://books.scielo.org/id/k64dr/pdf/mattos-97 8523212056- 03.pdf > Acessado em 7 de Julho de 2018. CASAQUI, V. Por uma teoria da publicização: transformações no processo publicitário. São Paulo: Revista Significação, nº 36, pgs. 131- 150, 2011. FELERICO, S; HOFF, T. Publicização do eu: tatuagem e regimes de visibilidade do corpo. Anais Intercom 2014. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2014. HALL, S. A Identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 2003. Le BRETON, D. Sinais de identidade: tatuagens, piercings e outras marcas corporais. Lisboa: Mosótis, 2004. ______, David. Adeus Ao Corpo. Antroplogia e Sociedade. Campinas: Papirus, 2007. RODRIGUEZ, L. S. e CARRETEIRO, T. C. O. C. Olhares sobre o Corpo na Atualidade: Tatuagem, Visibilidade e Experiência Tátil. Psicologia & Sociedade, 26(3), 746755. SILVESTONE, Roger. Porque estudar a Mídia. São Paulo: Edições Loyola: 2005.

(GT013-009) Narrativas de dominação dos corpos femininos a partir de projetos de lei brasileiros Elisa Maria Curci Grec (Universidade Municipal de São Caetano do Sul – USCS) Rebeca Nunes Guedes de Oliveira (Universidade Municipal de São Caetano do Sul – USCS) Apresentação do tema A legitimação da dominação dos corpos femininos por meio da violência simbólica engendrada pela ideologia patriarcal é discutida a partir da análise de narrativas veiculadas no Projeto de Lei (PL) 261/2019 e da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 181/2015, que tratam da proibição do uso de contraceptivos e do aborto em qualquer circunstância.

Problemas Ao longo da história, a ideologia patriarcal concebeu os corpos femininos enquanto propriedade masculina. Tal apropriação é uma construção história e social que atende a interesses dominantes para manutenção da ordem estabelecida e desigual. O ideário da reificação dos corpos femininos compreende as mulheres enquanto seres sujeitados e de segunda categoria, aos quais caberia a função social associadas à reprodução e ao cuidado, assim como objeto para satisfação sexual masculina. As propostas de leis apresentadas reforçam essa narrativa, que precisa ser problematizada e compreendida à luz do referencial teórico de gênero.

268 Objetivo Analisar as narrativas presentes na PL 261/2019 e na PEC 181/2015 à luz da categoria gênero.

Métodos Trata-se de um estudo exploratório, documental e de abordagem qualitativa que analisará as narrativas presentes na PL 261/2019 e PEC 181/2015.

Resultados Apenas nos dois primeiros meses do ano de 2019 foram apresentadas propostas polêmicas nas quais é possível identificar as narrativas do patriarcado e da dominação sobre os corpos femininos. A PL 261/2019 trata da proibição do comércio, propaganda, distribuição e implantação pela rede pública de saúde de micro abortivos (BRASIL, 2019). Pela Lei, micro abortivos são dispositivos como qualquer pílula anticoncepcional de progetógeno, DIU, pílula do dia seguinte e outras. Esses dispositivos fazem parte das políticas públicas de planejamento familiar e direitos reprodutivos garantidos pelo ministério da saúde e por tratados internacionais de direitos humanos assinados pelo Brasil. Proibir seu uso e o acesso a eles é impedir que a mulher exerça seus direitos de escolher se quer ter filhos, quando e quantos. A PEC 181/2015, quem vem tramitando desde o ano de 2015 no senado propõe a mudança do texto constitucional de forma que passe a vigorar com nova redação o art.5º da CF, acrescentando à garantia de direito à vida a todo cidadão, o termo “desde a sua concepção” (BRASIL, 2015). O direito ao aborto já é restrito no país, e essa mudança aponta para uma restrição ainda maior. Esses projetos foram propostos por deputados da chamada Bancada da Bíblia e a justificativa presente tem cunho religioso, demonstrando tensionamento do estado laico na definição de políticas públicas de planejamento familiar.

Conclusões A partir da análise das narrativas presentes nos projetos apresentados neste trabalho verificou-se que o discurso de dominação masculina e do patriarcado presentes na sociedade refletem-se nos legisladores, de forma que estes pretendem legitimar ainda mais essa dominação por meio de leis que restringem a liberdade feminina sobre seus corpos e o exercício dos direitos reprodutivos.

Referências BRASIL. Proposta de emenda à constituição n. 181/2015. Disponível em: . Acesso em 25 fev. 2019. BRASIL. Projeto de Lei n. 261/2019. Disponível em: . Acesso em 25 fev. 2019.

269 (GT013-011) Dialogia como restauradora da dignidade: como recontar as histórias de mulheres criminalizadas pelo aborto pode promover o resgate da memória Hanna Suanne de Oliveira Silva (Universidade Presbiteriana Mackenzie) O silêncio é o elo comum entre grande parte das mulheres que se submetem a um aborto no Brasil. A prática que é crime hoje no país, salvo casos de estupro e risco de vida a mãe, alcançou números alarmantes nos últimos anos e tem causado mortes e deixado sequelas em mulheres marcadas pelos recortes de raça e classe. Como restaurar a dignidade de mulheres violentadas em diferentes níveis pelo aborto e sua criminalização por meio da dialogia? Em números do Sistema Único de Saúde (SUS), apenas em 2017 foram realizados 190.510 procedimentos comuns pós-aborto. Desses, acredita-se que 66% tenham sido por aborto clandestino. Ainda há um panorama muito raso sobre o real tamanho dos dados sobre aborto no país. O fato é que a prática na maioria dos casos é solitária e silenciosa, grande parte das mulheres recorre ao procedimento sozinhas em suas casas ou em clínicas clandestinas sem aparato psicológico ou acolhimento de conhecidos e familiares. Há também um percentual de mulheres que além de passar pela dor dessa escolha, acaba criminalizada e respondendo judicialmente pela prática. A impossibilidade de compartilhar as angustias dessa decisão antes, durante e após aborto, selam um destino de culpa e dor em mulheres desamparadas tanto por seus parceiros sexuais, quanto por suas famílias, amigos e até mesmo círculo religioso. Aquelas que são criminalizadas veem suas histórias sendo contadas por meio de um tribunal. Assistindo, de mãos atadas, aos significados de suas escolhas serem transformados em matéria para o judiciário legislar sobre seus corpos, compondo uma chamada “memória oficial” (POLLAK). O direito à memória e a possuírem e contarem suas próprias histórias é mais uma violência a que essas mulheres são submetidas: se veem vazias da posse de seus corpos, história e destino. A dialogia, em sentido Freiriano, parece ser um caminho possível de resgate à dignidade de mulheres criminalizadas pelo aborto. Ouvi-las e recontar suas histórias se mostra um caminho possível para restituir seus direitos.

270 Sessão: 02 Data: 08/05/2019 Horário: das 14h às 18h Sala 131, Bloco C

Coordenação Dr. Antar Martinez (UdeC); Dra. Rebeca Guedes de Oliveira (USCS); Dra. Mirtes de Moraes (Universidade Presbiteriana Mackenzie -UPM)

SEQUÊNCIA CÓDIGO TÍTULO AUTORES

Kelly Cristina Pereira 01 GT13-006 Youtube: Ativismo LGBTQI+ e haters Albuquerque e Bárbara Heller Roupa de homem x roupa de mulher: 02 GT13-007 Carina Borges Rufino discursos midiáticos sobre moda agênero Violência No Namoro E Rafaela Rieira Cepeda dos Ativismo Na Campanha Online 03 GT13-012 Santos e Rebeca Nunes #Euviviumrelacionamentoabusivo: um Guedes de Oliveira ensaio à luz de gênero Meu Cabelo, Nossas Histórias: espaço 04 GT13-010 biográfico e narrativas Dariane Arantes midiáticas de transição capilar Mujeres periodistas de México, una Elvira Hernández Carballido 05 GT13-005 memoria que está recuperándose e Josefina Hernández Téllez

O Silêncio Feminino Nas Organizações: Simone Cristina Dantas GT13- 06 Uma Análise Para Dar Voz Às Mulheres Miranda e 013 Por Meio Das Relações Públicas Maria Aparecida Ferrari

271 (GT013-006) Youtube: Ativismo LGBTQI+ e haters Kelly Cristina Pereira Albuquerque (Universidade Paulista – Unip) Bárbara Heller (Universidade Paulista – Unip) O presente trabalho propõe-se a pensar o debate que se estabeleceu entre ativistas LGBTQI+ e os comentários de haters aos vídeos “Massacre LGBT em Orlando” e “Uganda, Bolsonaro e assassinato”, veiculados no Youtube, ambos do Canal das Bee em 2014, 2016, respectivamente. Para investigar tais enunciados, foram utilizadas como método de pesquisa a abordagem qualitativa, complementada com dados quantitativos, bem como estabelecimento de categorias, a partir da Análise de Conteúdo (Flores, 1994). O trabalho insere-se no campo dos estudos de gênero e processos midiáticos ocorrido nas redes sociais. Analisamos o progressivo avanço das tecnologias e as mudanças provocadas pelas interações humanas. Assim, o presente artigo analisa como se articulam as práticas dialógicas nos comentários em redes sociais vivenciadas por membros da comunidade LGBTQI+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgêneros, Queer, Intersexuais e +) e haters, buscando compreender como suas práticas sociais cibernéticas atuam e se contribuem para a construção de uma sociedade plural e tolerante. A análise indica a existência de uma arena de conflitos pautada por afetos, ativistas e haters na qual se disputa o imaginário em um ambiente desprovido de regulação. Também concluímos que a argumentação sustentada em referências teóricas ou na práxis política no ciberespaço tem perdido espaço para enunciados motivados exclusivamente pelos afetos.

(GT013-007) Roupa de homem x roupa de mulher: discursos midiáticos sobre moda agênero Carina Borges Rufino (Escola Superior de Propaganda e Marketing – ESPM/SP)

Este trabalho tem como objetivo investigar, por meio de análise imagética e textual, como se manifestam as tensões existentes nos discursos relacionados à moda agênero, prática que busca desconstruir o modelo binário de feminino e masculino no vestuário. Para isso toma como corpus a matéria veiculada pela revista Marie Claire em 24/06/2015 intitulada “Tendência unissex domina passarelas de Milão e propõe mix de referências”. Notável especialmente por meio do vestuário como uma das formas mais visíveis de consumo (CRANE, 2016), a moda assume a capacidade de impor identidades sociais e se associa às questões de gênero como marcador social das diferenças entre masculino e feminino. A relação entre moda e gênero é o ponto central do discurso da reportagem de Marie Claire por meio da qual se nota que marcas e estilistas reforçam a fluidez de elementos de vestuário masculino e feminino entre os corpos desestabilizando, dessa maneira, códigos binários que dividem as roupas em categorias como “roupa de homem” e “roupa de mulher”. De maneira a estabelecer uma melhor contextualização sobre o agênero na moda retomamos as discussões apontadas por Butler (2018) sobre o próprio conceito de gênero. Para a filósofa, a ideia de sexo é tratada como um elemento da natureza e seria biologicamente construída, ao passo que a ideia de gênero é abordada como registro da cultura e seria socialmente construída. O sujeito construído por Marie Claire por meio da proposta de moda agênero parece dialogar, então, com as discussões apontadas pela autora trazendo ao leitor, mulheres e homens vestidos de maneira similares e apontando para uma construção de gênero que se volta mais para aspectos socioculturais que para os biológicos. Desse modo, vemos que os personagens, nas imagens de Maire Claire, se articulam de modo a desconstruir os estereótipos comumente estampados nas páginas de revistas de moda e a produzir efeitos de sentido dissensuais, em contraste com os signos consensualmente estabelecidos na ordem das roupas (LIPPMAN, 2017; MARQUES, 2011).

272 Ao se observar o homem de saia e a mulher de calça e paletó, por exemplo, constroem-se personagens cujas posições parecem sugerir a emergência de outros papéis e discursos sociais, bem como outras lógicas de poder além dos já socialmente estabelecidos. Vê-se assim, que as tensões existentes no discurso sobre moda agênero construído por Marie Claire se manifestam de modo a suscitar o questionamento acerca de padrões sociais hegemônicos presentes na sociedade contemporânea e apontar para a emergência de um cenário social constituído por múltiplas possibilidades culturais.

Referências BUTLER, Judith. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2018. CRANE, Diana. A moda e seu papel social. São Paulo: Senac, 2006. ORLANDI, Eni. Análise de Discurso: Princípios e Procedimentos. Campinas: Pontes (2000). LIPPMAN, Walter. Opinião Pública. Petrópolis: Vozes, 2017. MARQUES, Ângela Cristina Salgueiro. Comunicação, estética e política: a partilha do sensível promovida pelo dissenso, pela resistência e pela comunidade. Revista Galáxia. nº 22, p.25-39. São Paulo: PUC-SP, 2011.

(GT013-012) Violência no namoro e ativismo na campanha online #euviviumrelacionamentoabusivo: um ensaio à luz de gênero Rebeca Nunes Guedes de Oliveira (Universidade Municipal de São Caetano do Sul – USCS) Rafaela Rieira Cepeda dos Santos (Universidade Municipal de São Caetano do Sul – USCS) Apresentação do Tema: O estudo aborda as possibilidades de representação da violência nos relacionamentos entre jovens nas mídias sociais digitais, visando compreender, à luz de gênero, a vivência de violência nos relacionamentos entre jovens, representadas nas histórias publicadas mídias sociais digitais por meio das campanhas #EuViviUmRelacionamentoAbusivo e #MeuRelacionamentoAbusivo. Problemas: “No mundo, uma em cada três mulheres foi vítima de violência física ou sexual, principalmente por parte de um parceiro íntimo.” (ONU-BR online, 2017). As redes sociais podem ser meios responsáveis por apoio e visibilidade para as mulheres. (NETTO et al., 2017). As hashtags concedem um espaço para a expressão, o relato de experiências e mobilização social contra os abusos sofridos. (MOTA et al., 2017). Assim, o estudo questiona: Quais os limites e possibilidades da representação da violência nos relacionamentos entre jovens nas mídias sociais digitais? Objetivos da Pesquisa: Compreender, à luz da categoria gênero, a vivência de violência nos relacionamentos entre jovens, representadas nas mídias sociais digitais por meio das campanhas #EuViviUmRelacionamentoAbusivo e #MeuRelacionamentoAbusivo. Métodos e Procedimentos de Pesquisa: Trata-se de uma pesquisa exploratória, de abordagem qualitativa. O corpus de análise foi constituído pelas histórias publicadas por mulheres nas hashtags #EuViviUmRelacionamentoAbusivo e #MeuRelacionamentoAbusivo, no facebook. As categorias de análise elencadas para a interpretação do fenômeno materializado nas narrativas das mulheres nas redes sociais digitais foram gênero e violência de gênero.

273 Resultados: As narrativas veiculadas pelas hashtags despontam para a vivência de violência por parceiro íntimo no namoro, nos quais as vítimas foram principalmente meninas adolescentes. O discurso revela normas e estereótipos de gênero marcados pela dominação masculina e pelo amor romântico. Conclusões: As hashtags como um espaço de voz e ativismo para o enfrentamento da violência se mostrou enquanto possibilidade de promoção da visibilidade do problema e partilha de vivência pelas mulheres na esfera das redes sociais digitais. As histórias narradas foram trazidas para o âmbito público, desvelando a magnitude do problema e a necessidade de se debater sobre gênero e violência.

Referências MOTA, Camila et al. O Uso de Hashtags no Facebook e a Repercussão da Campanha #Meuprimeiroassédio. Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação: XIX Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste. Fortaleza, p. 1-10. 2017. NETTO, Leônidas de Albuquerque et al. Isolation of women in situation of violence by intimate partner: a social network condition. Escola Anna Nery - Revista de Enfermagem, v. 21, n. 1, p.1-7, 2017. ONU-BR online. No Dia dos Direitos Humanos, agências da ONU pedem fim da violência contra mulheres. 2017 Disponível em:< https://nacoesunidas.org/no-dia-dos-direitos-humanos-agencias-da- onu-pedem-fim-da-violencia-contra-mulheres/>. Acesso em: 23 out. 2018.

(GT013-010) Meu cabelo, nossas histórias: espaço biográfico e narrativas midiáticas de transição capilar Dariane Lima Arantes (Escola Superior de Propaganda e Marketing – ESPM) 1. Apresentação do tema Este artigo analisa as dinâmicas entre comunicação e cultura no debate centrado nas visibilidades sociais que emanam das vivências midiáticas de mulheres negras. Interessa-nos perceber como os fluxos identitários e culturais que emergem dessas experiências autobiográficas midiatizadas dialogam com realidades sociais e contextos culturais, atrelados às subjetividades, disputas simbólicas e imaginários, em um contexto permeado por lógicas de branqueamento e pelo mito da democracia racial.

2. Problemas e objetivos da pesquisa O cabelo se destaca como elemento corporal para analisar as imposições e estigmas a que estão sujeitos os corpos negros, ao mesmo tempo que alude a possíveis sentidos de (re)existência que dele pode emergir. Ao refletir sobre as significações do corpo da mulher negra, temos que do cabelo emanam sentidos de aceitação, rejeição e ressignificação, pois são expressões e suportes simbólicos da identidade negra no contexto brasileiro. Acreditamos que o debate em torno desses tensionamentos sociais que envolvem a conformação dos corpos e seus atos de resistência é perpassado pela cultura e materializa- se na mídia, entendendo-a como espaço de expansão dos corpos (BAITELLO, 2010). Como problemática, indagamos se a estética pode atuar como possibilidade de negociação de sentidos, partindo do entendimento de que da experiência de transição capilar emergem sentidos ligados aos corpos negros, que englobam estigmas e exclusões, mas também possíveis sentidos de (re)significação e (re)existência.

274 3. Métodos e procedimentos de pesquisa Este artigo pretende, a partir das reflexões sobre espaço biográfico proposto por Leonor Arfuch (2010) e das vivências midiáticas da atriz Taís Araújo, analisar as narrativas autobiográficas de transição capilar de mulheres negras na cena audiovisual brasileira.

4. Resultados Nossa reflexão se dispôs a desconstruir elementos essencialistas derivados de discursos e práticas hegemônicos que legitimam a construção social estigmatizada que inferioriza os corpos negros, em especial, o que se refere aos cabelos crespos de mulheres negras. Neste ensejo, as narrativas autobiográficas de transição capilar, compartilhadas por mulheres negras com visibilidade midiática oportunizaram discussões acerca de símbolos identitários da negritude, salientando as significações que emergem desses signos corpóreos, como o cabelo e os sentidos a ele atrelados.

5. Conclusões Observamos que o corpo e seus atributos físicos constituem-se como territórios de disputas de sentido, onde a mídia adquire papel de centralidade, ao se configurar como “palco” ao visibilizar esses embates a partir das narrativas autobiográficas de transição capilar. Nessa direção, mulheres negras, como a aqui estudada, vêm ganhando poder de fala e visibilidade midiática para discutir questões sobre o próprio corpo e para questionar padrões, estigmas e a falta de representatividade percebidas por elas nos meios de comunicação.

6. Referências ARFUCH, L. O espaço biográfico: dilemas da subjetividade contemporânea. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2010. BAITELLO, N. A maçã e o holograma da maçã: sobre corpos, imagens, escritas, fios e comunicação. In: ______. A serpente, a maçã e o holograma: esboços para uma teoria da mídia. São Paulo: Paulus, 2010. p. 22-44.

(GT013-005) Mujeres periodistas de México, una memoria que está recuperándose Elvira Hernández Carballido (Universidad Autónoma del Estado de Hidalgo) Josefina Hernández Téllez (Universidad Autónoma del Estado de Hidalgo) Presentación: La presencia de las mujeres en la historia del periodismo nacional poco a poco se hace más visible gracias a las investigaciones que se han especializado en recuperarlas. Aunque todavía falta mucho por hacer ya que aún hay periodos donde no se mencionan o parece que no han estado, pero siempre han estado ahí, primero como impresoras, después como colaboradoras y fundadoras de sus propias publicaciones, más tarde como reporteras y articulistas de prestigio. Entre las técnicas utilizadas para darles voz está principalmente el registro de datos, pero también la entrevista y el testimonio directo. De esta manera, se ha logrado ubicarlas en tiempo y espacio durante el desarrollo de la prensa en México.

Objetivo: Dar a conocer cuatro estudios que han utilizado la entrevista y el testimonio directo para que las mujeres periodistas se expresen por sí mismas y compartan la forma en que se han integrado al

275 ejercicio periodístico. Dichas investigaciones son: - Mujeres periodistas en el estado de Hidalgo. - Revista Fem, primera revista feminista en México. - Periodistas del estado de Jalisco. - Tres periodistas feministas. Sara Lovera, Bertha Hiriart y Esperanza Brito.

Métodos y procedimientos: En dichos trabajos, se aprovechó la propuesta metodológica de la historiadora Gabriela Cano. Ella considera que la construcción del cuestionario para realizar la entrevista o crear un testimonio, debe tomar en cuenta las siguientes etapas de vida: la infancia, los estudios, la experiencia laboral, la presencia masculina, la maternidad, el contexto, la lucha y la muerte.

Resultados: 1. Advertir que las periodistas dan voz a muchas mujeres y se olvidan de sus propias condiciones de trabajo, así como de sus historias de vida. 2. Reconocer que siguen viéndose limitadas y marginadas de algunas fuentes y temas por el simple hecho de ser mujeres. 3. Proponer el periodismo feminista como una manera de hacer visibles a las mujeres en los medios de comunicación.

Referencias - Cano, Gabriela y Verena Radku (1986). “Lo privado y lo público o la mutación de espacios. Historia de Mujeres 1920 – 1940#, en La investigación sobre la mujer: informes en sus primeras versiones, México: El Colegio de México, 1986, pp.514 – 561. - Castellanos, Rosario. (1976). Mujer que sabe latín. México: Fondo de Cultura Económica. - Hernández Téllez, Josefina. (2009) “Tres periodistas feministas” en Nosotros. México: Universidad Veracruzana. - Hernández Carballido, E. (2009) Bellas y Airosas: Mujeres en Hidalgo. México: Universidad Autónoma del Estado de Hidalgo. - Hernández Carballido, Elvira y Josefina Hernández Téllez. (2014). Fem: siempre entre nosotras, México: Demac. - Hernández Carballido, E. (2018). Las informadoras. Mujeres periodistas en Guadalajara. México: Universidad Autónoma del Estado de Hidalgo. - Tovar Ramírez Aurora. (1996). Mil quinientas mujeres en nuestra conciencia colectiva, México: DEMAC.

276 (GT013-013) O silêncio feminino nas organizações: uma análise para dar voz às mulheres por meio das relações públicas Simone Cristina Dantas Miranda (Universidade de São Paulo – USP) Maria Aparecida Ferrari (Universidade de São Paulo – USP) A presença das mulheres no mercado de trabalho tem sido muito debatida nas últimas décadas, tanto na academia como na sociedade (SAFFIOTI, 1976; HIRATA e KERGOAT, 2007; BRUSCHINI e LOMBARDI, 2000, ALVES et al., 2017) e foi a partir da década de 1970 que a mulher passou a estar mais presente no mercado. Segundo Silva et al. (2016) as diferenças entre gêneros são encontradas comumente no mercado, onde algumas profissões podem ser vistas como masculinas ou femininas. Diante dessa visão de mundo, a inserção das mulheres no mercado passa a ser um processo difícil e muitas vezes acompanhado de preconceito e discriminações, colocando as mulheres em condições menos favoráveis quando comparada aos homens (GALEAZZI et al., 2011). Apesar do aumento de estudos nos últimos anos sobre políticas organizacionais de gênero, os resultados ainda demonstram que as mulheres são marcadas por estereótipos, preconceitos, abusos, violência, segregação ocupacional e discriminação salarial no mercado laboral. Como consequência, a violência organizacional (GALTUNG, 1990) é um dos gatilhos, muitas vezes materializada na forma de assédio moral e/ou sexual, além da disparidade de salários entre homens e mulheres no mercado de trabalho, sendo o silêncio organizacional uma forma para a mulher adequar-se e suportar tais violências no ambiente laboral. No estudo, propomos que a violência organizacional de gênero e o silenciamento devem também ser analisados à luz das relações públicas nas organizações. A visão contemporânea de relações públicas (TOTH, 1998; SPICER, 1997) explicita que seu papel deve ser de produtora de sentidos entre membros de uma organização e de seus públicos estratégicos. O objetivo do artigo é resgatar referências de estudos, discutir a violência organizacional de gênero e o silêncio feminino nas organizações, como que uma forma de comunicação adotada, com base no contexto cultural. Essa temática é analisada por meio das relações públicas, como atividade que pode dar voz às mulheres nesse contexto organizacional, ao analisar os cenários e, em seguida, colaborar para a construção de políticas de gênero que se transformem em oportunidades para as mulheres e permitam a equidade entre homens e mulheres no ambiente corporativo.

Referências ALVES, J. E. D. et al. Meio século de feminismo e o empoderamento das mulheres no contexto das transformações sociodemográficas do Brasil. In: BLAY, E. A.; AVELAR, L. (Orgs.). 50 anos de feminismo – Argentina, Brasil e Chile. São Paulo: EDUSP, 2017. 352 p. BRUSCHINI, C.; LOMBARDI, M. R. A bipolaridade do trabalho feminino no Brasil contemporâneo. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, n.110, 2000. GALEAZZI, I. M. S. et al. Mulheres trabalhadoras: 10 anos no mercado de trabalho atenuam desigualdades. v. 3, 2011. GALTUNG, J. Cultural violence. Journal of Peace Research, Oslo, v. 27, n. 3, 1990. HIRATA, H.; KERGOAT, D. Novas configurações da divisão sexual do trabalho. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, v. 37, n. 132, p.595-609, 2007. SAFFIOTI, H. A mulher na sociedade de classes: mito e realidade. Petrópolis, RJ: Vozes, 1976. 384p.

277 SILVA, P. M. M.da et al. Equidade de gênero nas organizações: o trabalho e os desafios da mulher na construção civil. Revista Organização em Contexto, v. 12, n. 24, p. 283-305, jul. 2016. SPICER, C. Organizational public relations: a political perspective. London: Routledge, 1997. p. 344. TOTH, E. L. et al. Trends in public relations roles: 1990-1995. Public Relations Review, n. 24, p. 145-163, 1998.

278 Programação socioCultural

279 PROGRAMA SOCIAL E ARTÍSTICO

6 de maio, 17h30 às 19h Recepção e Coquetel Hall do Auditório, Térreo, Campus Centro/ USCS Coral USCS – Maestro Diego Pacheco - 6 de Maio, 19h – Cerimônia de Abertura Auditório, Térreo, Campus Centro/USCS

- 8 de Maio, 21h30 – Cerimônia de Encerramento Auditório 2, Bloco A, 2º andar, Campus Conceição/USCS Duo Maria Pimenta - Voz e Violão Tom (violão) e Fernanda (voz) - 6 de Maio, 17h30 Apresentações musicais Hall do Auditório, Térreo, Campus Centro/ Organização: Alexandre de Souza (USCS) USCS

- 7 de Maio, 16h30 Hall, Bloco A, 2º andar, Campus Conceição/ USCS

- 8 de Maio, 11h30 Vão Livre, Bloco A, 1º andar, Campus Conceição/USCS - 8 de Maio, 16h30 Hall, Bloco A, 2º andar, Campus Conceição/ USCS Carmona Bar 7 de Maio, a partir das 21h30 Confraternização Av. Senador Roberto Simonsen, 678, Bairro Santo Antônio, São Caetano do Sul

280 MOSTRA DE FILMES E DEBATE Organização: Luciane Treulieb (USCS)

Frederico Simões Barbosa: ciência e compromisso social, 51 min, 2016. Documentário de Silvia Bezerra dos Santos. 6 de Maio, 16h, Auditório 1, Bloco A, 2º andar, Campus Conceição/USCS Sinopse: O documentário retrata a trajetória de Frederico Simões Barbosa, pesquisador, sanitarista e pioneiro da epidemiologia no Brasil, com grande destaque nos estudos da negligenciada esquistossomose e também um dos incentivadores da estratégia de agentes de saúde da família. A trajetória de Frederico, homem público comprometido com a saúde pública é contada por meio de rico acervo histórico e por relatos de alunos, colegas e familiares, além do próprio Frederico, formando um instigante painel sobre a memória da saúde brasileira.

Imagens e Narrativas do Teatro no ABC Paulista. Programa 3 – Mulher em Cena e Programa 4 – Censura e Imaginário, 32 min, 2009. Pesquisa em Vídeo. Direção Paula Venâncio. Produção Priscila Perazzo e Memórias do ABC/USCS. 7 de Maio, 11h30, Auditório 1, Bloco A, 2º andar, Campus Conceição/USCS Sinopse: “Imagens e Narrativas do Teatro no ABC Paulista” é resultado de pesquisa desenvolvida na USCS de 2003 a 2009, com apoio do CNPq, tendo por base as narrativas orais de artistas de teatro da região. O vídeo mostra depoimentos de artistas locais sobre suas produções entre os anos de 1950 a 1980. Da série completa, que possui cinco capítulos, serão exibidos os episódios “Mulher em cena” e “Censura e Imaginário”.

Fala Pomerano, fala, min 41 min, 2017. Documentário de José Walter Nunes. 7 de Maio, 17h, Auditório 1, Bloco A, 2º andar, Campus Conceição/USCS Sinopse: Os personagens deste documentário contam suas experiências enquanto falantes da língua pomerana, língua de herança, de memória, trazida para o Brasil pelos seus ancestrais europeus em meados do século 19. Aqui, em contato com a língua majoritária, o português, e com outras línguas imigrantes na região serrana do estado do Espírito Santo, os descendentes pomeranos, quando narram tais relações, estão falando de culturas, identidades, memórias e histórias em permanente reconstrução.

Comics Tattoo, 59 min, 2018. Pesquisa em Vídeo. Direção Evandro Gabriel Izidoro Merli e João Batista Freitas Cardoso/USCS 8 de Maio, 11h30, Auditório 1, Bloco A, 2º andar, Campus Conceição/USCS Sinopse: Resultado da pesquisa “Personagem em Tatuagem: transposição das páginas das histórias em quadrinhos para o corpo humano”, o vídeo registra o relato de fãs

281 aficionados em desenhos e HQs, que decidiram eternizar seus personagens favoritos na própria pele, transpondo sua biografia para um novo tipo de linguagem, em uma espécie de representação nostálgica. O trabalho também conta com depoimentos de tatuadores e especialistas, como o prof. Dr. Roberto Elísio, estudioso do tema, e do diretor de Marketing da Warner Bros., Igor dos Reis, profissional em licenciamento da marca.

Depois daquele dia, 50 min, 2018. Documentário de Luciane Treulieb 8 de Maio, 17h, Auditório 1, Bloco A, 2º andar, Campus Conceição/USCS Sinopse: O filme apresenta uma investigação sobre os impactos e aprendizados deixados pela tragédia em Santa Maria, as cicatrizes que marcaram a comunidade e as relações que, ao longo dos últimos cinco anos, criaram-se entre as vítimas, os familiares e a própria cidade. Busca tratar um tema triste de forma sensível, abordando a continuidade da vida das pessoas da cidade, que foi abalada pela perda repentina de tantos jovens. Irmã de uma das vítimas do incêndio da boate Kiss é a narradora da história e relata o triste e trágico episódio desde sua perspectiva pessoal, mas também colocando narrativas de outras pessoas e com diferentes sentimentos sobre a mesma experiência. Como todos têm na cidade de Santa Maria (RS) depois daquele dia.

282 EXPOSIÇÕES

Arte plástica contemporânea: obras de Michele Micha 7 e 8 de Maio, 14h às 19h Vão Livre, Bloco A, 1º andar, Campus Conceição/USCS

USCS 50 anos 7 e 8 de Maio, 14h às 19h Vão Livre, Bloco A, 1º andar, Campus Conceição/USCS Exposição de Livros com participação dos autores 7 e 8 de Maio, 16h30 às 19h Vão Livre, Bloco A, 1º andar, Campus Conceição/USCS

Exposição de Livros com participação dos autores Organização: Profa. Dra. Karla Covarrubias (UdeC/USCS) 7 e 8 de Maio, 16h30 às 19h Vão Livre, Bloco A, 1º andar, Campus Conceição/USCS

Autores Título Ano Edição Editores El Programam Bracero en Colima: Ana B. Uribe y Universidad de Enfoques plurales 2018 México Covarrubias, Karla Y. Colima y experiencias de vida. México Nina Martínez Números y cielo 2016 México UNAM Arellano Pai Pai Nina Martínez Arellano, Armandina Tñur. Lecciones de González y 2018 México UNAM Pai Pai Manuel A. Sánchez Fernández Jóvenes de arena Pesca artesanal, Amaury Fernández esquemas Universidad de 2018 México Reyes culturales e Colima identidad en Armería, Colima Gloria Vergara, Ada Diálogos Aurora Sánchez P. y interdisciplinarios Universidad de 2018 México Amaury Fernández desde las ciencias Colima Reyes sociales

283 Cristina Toledo de Fundação Pró- São Caetano em Carvalho e Paula 2018 Brasil Memória de São Crónicas Fiorotti Caetano do Sul

Mulher, cultura e mídia: Ana Paula Goulart 2019 Brasil Editora Mutifoco investigações sobre o feminino Canção romântica nos anos de chumbo: paisagens sonoras Heloísa Valente 2018 Brasil Letra e Voz e imaginário na cultura midiática. São Paulo: Letra e Voz Brasil Projeto realizado com apoio Mônica Rebecca do Governo Ferrari Nunes e do Estado de Marco Antônio Bin Histórias Invisíveis 2011 São Paulo, Editora Horizonte Secretaria de Estado da Cultura. Programa de Ação Cultural, 2010 Cena Cosplay: Mônica Rebecca Comunicação, Ferrari Nunes Consumo e 2015 Brasil Sulina (Organizadora) Memória nas Culturas Juvenis Cosplay, Mônica Rebecca Steampunk e Ferrari Nunes Medievalismo: (Organizadora) Memória e 2017 Brasil Sulina Porto Alegre: Sulina, Consumo nas 2017. Teatralidades Juvenis.

284 INFORMAÇÕES E SERVIÇOS

285 COMO CHEGAR EM SÃO CAETANO DO SUL E A USCS De Metrô + Uber/Táxi Linha Verde do Metrô, até estação Tamanduateí. Chamar Uber/Táxi da estação Tamanduateí do Metrô (Linha Ver- De São Paulo (Capital) em de) até o local desejado. transporte público para São Caetano do Sul De Metrô + Trem Na estação Tamanduateí do Metrô fazer conexão com Linha Tur- quesa/CPTM, direção Rio Grande da Serra, descer na estação de trem São Caetano. De ônibus Linha 03 - Circular Gerty até Rua Major Carlos Del Prete, 1120- 1144 (altura do Colégio Eduardo Gomes). Virar à direita em Rua Conceição, seguir até o número 321. De Uber/Táxi Da Estação de Trem São Viagem até Rua Conceição, 321. Bairro Santo Antônio - São Cae- Caetano do Sul para tano do Sul. Preço Médio R$10-15 (sujeito a variações). Campus Conceição da USCS (Rua Conceição, 321) A pé Na saída da estação, ir à direita, direção do Terminal Rodoviário Nicolau Delic (da estação São Caetano). À esquerda, buscar o início da Rua Manoel Coelho, seguir até a Av. Goiás. Cruzar a Av. Goiás, na Rua Roberto Simonsen à esquerda (sentido bairro). Se- guir a Rua Roberto Simonsen até Rua Conceição, entrar à direita e seguir até o número 321, Campus Conceição da USCS. De Trem No Aeroporto Internacional de São Paulo em Guarulhos tomar trem CPTM Linha 13 – Jade até estação na Estação Engenheiro Do Aeroporto Goulart. Baldeação para CPTM Linha 12 – Safira até Estação Brás. Internacional de São Pau- Na estação Brás, transferência para a CPTM Linha 10 – Turquesa, lo em Guarulhos para São sentido Rio Grande da Serra, até estação São Caetano do Sul. Caetano do Sul De Táxi/Uber Procurar táxis de empresas autorizadas no aeroporto. Chamar carros por aplicativo que façam serviço no aeroporto. Procurar local específico de embarque. De ônibus Linha 470 - São Paulo (Aeroporto de Congonhas) / Santo André (Terminal Metropolitano Leste). Descer na Av. Goiás, em São Caetano do Sul. De metrô Buscar as estações mais próximas nas linhas: Linha 1-Azul (bal- Do Aeroporto de deação com Verde); Linha 2-Verde; Linha X - Lilás (baldeação Congonhas em São Paulo com Verde). Linha Verde do Metrô, até estação Tamanduateí. (capital) para São Caetano Uber/Táxi da estação Tamanduateí do Metrô (linha verde) até o do Sul local desejado ou Conexão com Linha Turquesa/CPTM, direção Rio Grande da Serra, descer na estação de trem São Caetano. De Táxi/Uber Procurar táxis de empresas autorizadas no aeroporto. Chamar carros por aplicativo que façam serviço no aeroporto. Pro- curar local específico de embarque.

286 Horários de Funcionamento das redes de transportes metropolitanos Trem BRÁS - AEROPORTO 2ª a 6ª feira: 6h25 - 7h05 - 7h45 - 18h05 - 18h45 - 19h25 GUARULHOS Sábado: 6h25 - 7h05 - 7h45 Trem AEROPORTO 2ª a 6ª feira: 6h20 - 7h - 7h40 - 18h - 18h40 - 19h20 GUARULHOS - BRÁS Sábado: 6h20 - 7h - 7h40 A CPTM mantém as estações em funcionamento de domingo a 6ª feira, das 4h à meia-noite, e aos sábados das 4h à 1h (sentido único, do centro de São Paulo para os bairros e municípios da Região Metropolitana). Ônibus em São Paulo 4h à meia-noite. (capital) Ônibus em São Caetano 4h à meia-noite. do Sul

HOSPEDAGEM - HOTÉIS SEDE DO SIMPÓSIO Telefone (11) 4229-7704 Endereço: Espaço - Torre, Alameda Terracota, 250 - 2A - Cerâ- QUALITY HOTEL – 4 estrelas mica, São Caetano do Sul - SP https://www.atlanticahotels.com.br/hotel/quality-hotel-sao- -caetano/1135673 Telefone (11) 4280-6870 Espaço - Torre, Alameda Terracota, 250 - 2A - Cerâmica, São COMFORT HOTEL - 3 estrelas Caetano do Sul - SP https://comfortsaocaetano.atlanticahotels.com.br

ONDE COMER Restaurantes próximos R. Conceição, 306 - Santo Antônio, SCS AULA VAGA BAR E RESTAURANTE ($) COZINHAS: Brasileira R. Conceição, 346 - Santo Antônio, SCS RESTAURANTE SANTA MALAGUETA ($) COZINHAS: Brasileira R. Maj. Carlos Del Prete, 1263 - Santo Antônio, SCS BAR E RESTAURANTE JODELE ($) COZINHAS: Brasileira R. Maj. Carlos Del Prete, 1157 - Santo Antônio, SCS FOOD 4 BODY ($$) COZINHAS: Brasileira DIETAS ESPECIAIS: Opções vegetarianas SABORES DE SÃO CAETANO ($) R. Maj. Carlos Del Prete, 1157 – Santo Antônio, SCS COZINHAS: Brasileira COBRA DE GELO CHOPERIA E Av. Sen. Roberto Simonsen, 686 - Santo Antônio, RESTAURANTE ($$) SCS COZINHAS: Brasileira, Churrasco, Sul-americana

Rua Pernambuco, 400 – Centro LAPORTES RESTAURANTE ($$) COZINHAS: Contemporânea DIETAS ESPECIAIS: Opções vegetarianas

287 R. Baraldi, 818 - Centro, SCS LE JARDIN ($) COZINHAS: Brasileira Especialidade: serve almoço KENROKU SUSHI CULINÁRIA JAPONE- Rua Espírito Santo, 104 – Santo Antônio SA ($$) COZINHAS: Japonesa

Cafés e Bares

(11) 4901-2399 CHOPERIA CARMONA Av. Sen. Robert Simonsen 678 – Santo Antônio (11) 2629-4729 ÁGUA DOCE SÃO CAETANO ($$) Rua Rio Grande do Sul, 460 – Centro ARMAZÉM SÃO CAETANO BAR E (11) 4228-3292 | 4226-3388 RESTAURANTE ($$) Rua Piauí, 248 – Santo Antônio (11) 4227-1763 | 97172-5634 BOLA SETE SNOOKER BAR ($$) Rua João Pessoa, 157 – Centro

CAFÉ TERRAZZA ($$) R. Carlos de Campos, 56 - Centro DO CARMO ADEGA E RESTAURANTE (11) 4227-1811 ($$) Avenida Goiás, 236 – Santo Antônio (11) 2376-5945 ESTAÇÃO TORTO BAR ($$) Rua João Pessoa, 115 – Centro FRANS CAFÉ ($$) R. Amazonas, 604 - Centro Telefone: (11) 4228-5022 (11) 96357-9655 GOIÁS LOUNGE & BAR ($) Avenida Goiás, 1183 – Santo Antônio (11) 4229-3689 INTERCONTINENTAL CHOPERIA ($$) Avenida Goiás, 692 – Santo Antônio Telefone: (11) 3565-6040 MENINAS CAFÉ COM LEITE ($$) Av. Goiás, 233 - Santo Antônio (11) 4226-5796 SALVADOR DALI Bar ($$) Avenida Goiás, 1452 – Santa Paula ZANGÃO CHOPERIA E RESTAURANTE (11) 4224-5963 ($$) Rua Goitacazes, 279 – Centro

INFORMAÇÕES TURÍSTICAS Casa do Artesão Rua Pará, 88 – Centro Alameda Terracota, 545 - Cerâmica, São Caetano ParkShopping São Caetano do Sul Praça Comendador Ermelino Matarazzo, 6 - Antiga Igreja Matriz Bairro Fundação Fundação, São Caetano do Sul Praça do Forno do Espaço Cerâmica, Bairro Forno Cerâmica Cerâmica - acesso pela Rua Casemiro de Abreu

288 Praça Cardeal Arco-Verde, 100 - Centro, São Igreja Matriz Cardeal Arco Verde Caetano do Sul Rua Maximiliano Lorenzini 122, Fundação, São Caetano do Sul, SP Museu Histórico Municipal de São Painel da Cerâmica Caetano do Sul Espaço Cerâmica - Alameda Terracota. Bairro Cerâmica, São Caetano do Sul - SP Av. Fernando Simonsen, 566 - Cerâmica Espaço Verde Chico Mendes Tel.: 4232-5165 Boulevard São Caetano, Espaço Cerâmica - São Parque Espaço Cerâmica Tom Jobim Caetano do Sul Pinacoteca Municipal de São Caetano Av. Dr. Augusto de Toledo, 255 - Santa Paula, São do Sul/ Biblioteca Pública Municipal Caetano do Sul

SERVIÇOS Casas de Câmbio ParkShopping São Caetano - Alameda Terracota, ABC Câmbio 545 - Shop 11 - Cerâmica, São Caetano do Sul ParkShopping São Caetano - Alameda Terracota, Confidence Câmbio 545 - Loja 1054 - Cerâmica, São Caetano do Sul Lastro Serviços Financeiros R. Amazonas, 439 - Santa Paula bancos R. Goitacazes, 20 - Centro, São Caetano do Sul Banco do Brasil Telefone: (11) 4221-8372 Endereço: Rua Santa Catarina, 211 - Centro, São Bradesco Caetano do Sul Telefone: (11) 4223-7600 R. Rio Grande do Sul, 436 - Santo Antônio, São Caixa Econômica Federal Caetano do Sul Telefone: (11) 3186-1300 Endereço: R. Baraldi, 1002 - Centro, São Caetano Itaú do Sul - Telefone: 4004-4828 Endereço: Av. Goiás, 483 – Centro, São Caetano Itaú Personnalité do Sul Telefone: (11) 3004-4054 Endereço: R. Rio Grande do Sul, 247 - Centro, São Santander Caetano do Sul Telefone: (11) 4223-5500 pontos de táxi (11) 4224-2332 06 Ponto de Táxi Rua Baraldi, 743 – Centro (11) 2132-8000 | 4426-8000 ABC Rádio Táxi São Caetano do Sul

289 GOIÁS Ponto de Táxi (11) 98201-6288 | 7874-7750 HORA DO TÁXI Centro (11) 4224-5261 HOSPITAL SÃO CAETANO Ponto de Táxi Rua Espírito Santo, 277 – Santo Antônio (11) 4221-2200 | 4221-4771 SÃO CAETANO Rádio Táxi São Caetano do Sul estacionamentos 3 Park Estacionamento R. Joaquim Nabuco, 159 - Santo Antônio Espaço Infester Av. Sen. Roberto Simonsen, 620 - Santo Antônio Estacionamento Garajão Av. Sen. Roberto Simonsen, 439 - Santo Antônio Goofy Wash & Park Rua Conceição, 594 - Santo Antônio Playball São Caetano Rua Conceição, 160 - Santo Antônio Vitória Park Senador Roberto Simonsen Av. Senador Roberto Simonsen, 743 - Centro supermercados Dia Av. Sen. Roberto Símonsen, 965 - Santo Antônio Extra R. Sen. Vergueiro, 428 - Centro Hirota R. Amazonas, 872 - Centro Joanin R. Manoel Coelho, 472 -B - Centro Park Shopping São Caetano, Alameda Terracota, St. Marche 545 - 1032 - Cerâmica ASSISTÊNCIA MÉDICA hospitais Rua São Paulo, 1840 – Bairro Olímpico Hospital Maria Braido Telefone: 4228-8000 Rua Casemiro de Abreu, 560 - Bairro Cerâmica Unidade Básica de Saúde Moacir Gallina Telefone: 4227-3482 Horário de Atendimento: Das 7 às 17 horas Unidade de Saúde Oftalmológica Dr. Rua Peri, 361- Bairro Santa Paula Jaime Tavares Telefone: 4226-2230 drogarias R. Amazonas, 885 - São Caetano do Sul Droga Raia Av. Goiás, 601 - São Caetano do Sul R. São Paulo, 1759 - São Caetano do Sul R. Manoel Coelho, 204 - São Caetano do Sul Drogaria São Paulo Av. Goiás, 850 - São Caetano do Sul Alameda Terracota, 545 - Cerâmica R. Arquidaban, 301 – Box 14/15/16 DROGASIL R. Manoel Coelho, 354 - Centro Av. Goiás, 776 - Santa Paula

290 Comissão Organizadora E CIENTÍFICA

291 COORDENAÇÃO GERAL

Dra. Priscila F. Perazzo Dra. Karla Y. Covarrubias Cuéllar Comissão Organizadora-USCS Dr. Alan Angeluci Dr. Arquimedes Pessoni Dr. João Batista Freitas Cardoso Dra. Priscila F. Perazzo Dra. Rebeca Nunes Guedes de Oliveira Técnicos-USCS Alexandre de Souza Evandro Gabriel Izidoro Merli Letícia Polli Letícia Jancauskas Luciana de Almeida Cunha Luciane Treulieb Natalia Improta Ms. Regiane Maria da Silva Bianchini Renata de Freitas Silva Sidnei Chiari UDEC Dra. Ana B. Uribe Alvarado Ms. Edwin G. Mayoral Sánchez Ms. Patricia Sánchez Sandoval Ms. Genaro Zenteno Bórquez Dra. Karla Y. Covarrubias Cuéllar Técnicos-UDEC Ms. Arturo Jiménez Landín Omar Medina Cárdenas UNIP Dra. Barbara Heller Dr. Maurício Ribeiro da Silva Técnicos-UNIP Antonio Roberto Rossi Cristine Gleria Vecchi Fundação Pró-Memória de São Caetano do Sul Ms. Márcia Gallo Mônica Iafrate Paula Ferreira Fiorotti

292 Comissão Científica Dra. Ada Aurora Sánchez (UdeC) Dra. Adriana Cruz (UdeC) Dra. Aidée Arellano (UdeC) Dr. Alan Angeluci (USCS) Dra. Alejandra Chávez (UdeC) Dr. Amaury Fernández (UdeC) Dra. Ana B. Uribe (UdeC) Dra. Ana Josefina Cuevas (UdeC) Dra. Ana Paula Goulart Ribeiro (UFRJ) Dra. Ana Silvia Aparício (USCS) Dr. Antar Martinez (UdeC) Dr. Arquimedes Pessoni (USCS) Dra. Barbara Heller (UNIP) Dr. Bruno Fuser (UFJF) Dra. Cicília Peruzzo (UAM) Ms. Cristina Toledo (FPM) Dra. Denise Cogo (ESPM) Ms. Edwin G. Mayoral (UdeC) Dr. Elias Estevão Goulart (USCS) Dra. Fernanda Nalon Sanglard (UFMG) Dr. Fernando Luiz Monteiro (USCS) Dr. Francisco Delgado (UdeC) Dra. Gloria Vergara (UdeC) Dr. Gustavo Souza (UNIP) Dra. Heloísa Duarte (UNIP) Dra. Isabel Cristina dos Santos (USCS) Dr. João Batista Freitas Cardoso (USCS) Dra. Karla Covarrubias (UdeC) Dra. Leticia Ruano Ruano (UdeG) Dra. Lúcia Santa Cruz (ESPM-RJ) Dra. Lucía Tamayo (Universidade de Medelín – Colômbia) Dra. Magali Cunha Ms. Márcia Gallo (FPM) Dra. Maria do Carmo Romeiro (USCS) Dra. Marina Vázquez (UdeC) Dra. Marli dos Santos (Fundação Cásper Líbero) Dra. Marta Regina Paulo da Silva (USCS) Dr. Maurício Ribeiro da Silva (UNIP) Dra. Miriam Cristina Carlos Silva (UNISO) Dra. Mirtes de Moraes (Universidade Presbiteriana Mackenzie -UPM) Monica Iafrate (FPM-SCS) Dra. Monica Rebecca Nunes (ESPM) Dra. Mónica Tamayo Acevedo (Universidad de Antioquia, Colombia) Dra. Nina Alejandra Martínez (UABC) Dr. Paulo Nassar (USP)

293 Dra. Priscila F. Perazzo (USCS) Dra. Rebeca Nunes Guedes de Oliveira (USCS) Dr. Ricardo Santhiago (UNIFESP) Dra. Sandra Fischer (UTP) Ms. Sandra Uribe (UdeC/UNAM) Dr. Silvio Minciotti (USCS) Dra. Teresa Neves (UFJF)

294