Vascular Access Through the Intraosseous Route in Pediatric Emergencies
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ARTIGO DE REVISÃO Ricardo Américo Ribeiro de Sá1, Clayton Lima Melo2,3,4, Raquel Batista Dantas2,4,5, Luciana Acesso vascular por via intraóssea em emergências Valverde Vieira Delfim6 pediátricas Vascular access through the intraosseous route in pediatric emergencies 1. Hospital Universitário São José - Belo RESUMO 2011, além do protocolo vigente de Horizonte (MG), Brasil. ressuscitação cardiopulmonar da Ameri- 2. Centro Universitário Una - Belo Horizonte (MG), Brasil. A obtenção do acesso venoso em can Heart Association, de 2010. Após a 3. Pontifícia Universidade Católica de Minas crianças gravemente enfermas é um pro- leitura das publicações, os dados foram Gerais - PUC-Minas - Belo Horizonte (MG), Brasil. cedimento essencial para o restabeleci- agrupados, possibilitando a construção 4. Hospital Municipal Odilon Behrens - Belo mento da volemia e a administração de de cinco categorias de análise: aspectos Horizonte (MG), Brasil. fármacos nas emergências pediátricas. A históricos e princípios fisiológicos; in- 5. Faculdade Estácio - Belo Horizonte (MG), Brasil. primeira opção para obtenção de acesso dicações, vantagens e contraindicações; 6. Unidade de Internação, Hospital Belo vascular é pela punção de uma veia pe- atribuições dos profissionais; princípios Horizonte - Belo Horizonte (MG), Brasil. riférica. Quando essa via não pode ser técnicos; cuidados com o acesso; e pos- utilizada ou sua obtenção se torna demo- síveis complicações. Os resultados desse rada, a via intraóssea consiste em efetiva estudo mostraram que a via intraóssea opção para obtenção de um acesso ve- consolida-se, hoje, como uma segunda noso rápido e seguro. O presente estudo opção de acesso vascular no atendimen- possui caráter descritivo e exploratório, to a emergências, por ser uma técnica de realizado por meio de pesquisa biblio- fácil e rápida execução, apresentar vários gráfica, com o objetivo de descrever os sítios de punção não colapsáveis e per- princípios técnicos, as atribuições profis- mitir que a administração de fármacos sionais e os cuidados relacionados à ob- e a reposição volêmica sejam rápidas e tenção do acesso venoso pela via intra- eficazes. óssea em emergências pediátricas. Foram selecionados 22 artigos disponibilizados Descritores: Infusões intraósseas/ nas bases de dados LILACS e MEDLI- métodos; Infusões intraósseas/instrumentação; NE e na biblioteca eletrônica SciELO, Enfermagem em emergência; Cuidados publicados entre o período de 2000 a críticos/métodos; Criança INTRODUÇÃO A punção de acesso venoso consiste em um procedimento essencial no tra- tamento das emergências pediátricas, pois é por meio dele que fluidos e medi- Conflitos de interesse: Nenhum. camentos poderão ser administrados. Em crianças, esse procedimento é tecni- camente mais difícil, devido à própria anatomia e à resposta hemodinâmica aos Submetido em 7 de Maio de 2012 processos patológicos graves.(1,2) Aceito em 27 de Novembro de 2012 Nas crianças criticamente doentes, a via intraóssea apresenta-se como uma Autor correspondente: alternativa rápida e segura, pois trata-se de um acesso vascular não colapsável, ao Ricardo Américo Ribeiro de Sá contrário do acesso vascular em veias periféricas, que sofrem vasoconstrição diante Rua Rio Pomba, 408 - Carlos Prates de situações clínicas e traumáticas que levem ao choque, impossibilitando a pun- CEP: 30720-290 - Belo Horizonte (MG), Brasil E-mail: [email protected] ção e a manutenção de uma via adequada para o tratamento. Pela via intraóssea, é possível infundir medicamentos, soluções hidroeletrolíticas e hemoderivados Rev Bras Ter Intensiva. 2012; 24(4):407-414 408 Sá RA, Melo CL, Dantas RB, Delfim LV diretamente no plexo venoso ósseo, no qual a absorção e o materiais de pesquisa, utilizou-se o recorte temporal de 11 tempo de ação são os mesmos de um acesso venoso perifé- anos, considerando-se o período de 2000 a 2011, para ob- rico ou central.(3,4) tenção de informações mais atualizadas sobre o tema. Alguns estudos mostram que a realização da punção in- Para a seleção dos artigos a serem lidos, consideraram-se, traóssea é bem-sucedida em mais de 90% dos casos em que como critérios de exclusão, dissertações de mestrado e teses é indicada, e o tempo médio para sua obtenção pode ser in- de doutorado (devido ao tempo previsto pelo cronograma), ferior a 2 minutos quando um profissional experiente, com trabalhos repetidos nas bases de dados e pesquisas com ani- material adequado, faz a execução. Dessa forma, o acesso mais. Dessa forma, foram lidos 283 resumos de artigos e, de intraósseo está, cada vez mais, consolidando-se como uma acordo com o objetivo do estudo, foram selecionados 22 ar- boa alternativa para infusão de fluidos na falha do acesso tigos, sendo 20 da base de dados MEDLINE, 1 da SciELO venoso periférico.(1,5,6) e 1 da base de dados LILACS. Apesar de sua indicação ser bem definida nas emergên- O levantamento dos dados foi pautado no referencial cias pediátricas, verifica-se, ainda, que este é um assunto proposto por Gil:(7) (a) leitura exploratória; (b) leitura sele- pouco abordado na literatura científica brasileira e nos cur- tiva, por meio do título e de respectivo resumo para identi- sos de graduação na área de saúde. Devido a isso, surgem ficação dos artigos que respondiam ao objetivo do estudo; dúvidas quanto aos princípios técnicos, às atribuições dos (c) leitura analítica, para ordenar as informações detectadas profissionais e aos cuidados relacionados à punção intraós- nos artigos encontrados; (d) leitura interpretativa, visando sea nas emergências pediátricas. à compreensão do material selecionado e à construção do Nessa perspectiva, a relevância deste estudo está relacio- arcabouço teórico para análise. nada à carência de publicações nacionais referentes ao acesso Nesse caminhar, realizou-se a leitura analítica dos artigos venoso por via intraóssea em pediatria e à possibilidade de encontrados no levantamento bibliográfico, com posterior fornecer subsídios científicos importantes aos profissionais marcação dos pontos-chave, ordenando-os à medida que atuantes em urgência e emergência para a realização desse apareciam nos textos. procedimento de forma segura e efetiva. A apresentação dos resultados e a discussão dos dados Diante disso, este estudo teve como objetivo descrever obtidos foram feitos de forma descritiva nas categorias: as- os princípios técnicos, as atribuições profissionais e os cui- pectos históricos e princípios fisiológicos; indicações, van- dados relacionados à obtenção do acesso venoso, por via tagens e contraindicações; atribuições dos profissionais; intraóssea, em emergências pediátricas. princípios técnicos; cuidados com o acesso e possíveis com- plicações. Optou-se por essa forma de apresentação para MÉTODOS propiciar ao leitor maior clareza na avaliação da aplicabili- dade do estudo. O presente estudo caracteriza-se como uma pesquisa bi- bliográfica, de caráter descritivo e exploratório. RESULTADOS Para a execução do objetivo do estudo, foram seleciona- dos artigos da literatura internacional, publicados em por- Aspectos gerais tuguês, inglês ou espanhol, por meio dos resumos disponi- O acesso venoso pela via intraóssea não consiste em um bilizados na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), especifica- procedimento recente, tendo sido primeiramente descrito mente nas bases de dados da Literatura Latino-Americana e em 1922. Sua maior difusão ocorreu na década de 1940, do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e MEDLINE, quando a técnica foi introduzida em rotinas de atendimento e na Scientific Electronic Library Online (SciELO). Realizou- a emergências médicas e, durante a Segunda Guerra Mun- -se também a busca de livros no acervo do Centro Uni- dial, no atendimento a pacientes gravemente feridos.(8-11) versitário Una, de Belo Horizonte (MG), e de documentos Uma década após esse evento, a partir de 1950, houve publicados por conselhos de enfermagem e de medicina, redução em seu uso devido à entrada de novos cateteres para além do protocolo em vigência da American Heart Associa- punção venosa (cateteres sobre agulha). No entanto, em tion (AHA) para atendimento a parada cardiorrespiratória meados de 1980, o acesso venoso pela via intraóssea voltou e emergências cardiovasculares, publicado em 2010. Para a ser utilizado de forma crescente em pacientes pediátricos busca de artigos, utilizaram-se, conforme os Descritores em devido à facilidade de obtenção, aos novos estudos cientí- Ciência da Saúde (DeCS/BIREME), os termos “infusões ficos, a recomendações de órgãos como a AHA e às novas intraósseas”, “pediatria”, “enfermagem”, “enfermagem em tecnologias disponíveis.(9-11) emergência” e “cuidados intensivos”. Para identificação dos A infusão de fluidos pela via intraóssea se tornou possí- Rev Bras Ter Intensiva. 2012; 24(4):407-414 Acesso intraósseo em emergências pediátricas 409 vel pelo fato de o osso ser ricamente vascularizado, princi- punção de um acesso venoso central, por exemplo, consiste palmente em sua porção em que há medula óssea vermelha. em técnica de maior complexidade e realização demorada, Os vasos sanguíneos penetram no osso pelo periósteo, pas- o que não é viável durante a assistência de uma reanimação sando através do osso compacto, pelos canais perfurantes cardiopulmonar. Outra via possível para a administração de ou canais de Volkmann e os canais centrais ou canais ha- fármacos, nesse caso, seria a via endotraqueal. Entretanto, vesianos, que correm longitudinalmente através do osso. diversos estudos já demonstraram que a absorção por essa Ao seu redor, existem lamelas,