Excursão a Tíndari
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TÍTULO ANDREA CAMILLERI EXCURSÃO A TÍNDARI (La Gita a Tindari - 2000) Comissário Salvo Montalbano #08 * * * ÍNDICE Capa Título Índice O Autor Série Resumo Capítulos Um Dois Três Quatro Cinco Seis Sete Oito Nove Dez Onze Doze Treze Quatorze Quinze Dezesseis Dezessete Nota do Autor * * * O AUTOR NDREA CAMILLERI, (Porto Empedocle, Sicília, 06 de setembro de 1925) filho único de ACarmelina Fragapane e Joseph Camilleri, Inspetor de empresas portuárias que participou da Marcha sobre Roma, é um escritor, diretor de teatro, televisão e escritor italiano. De 1939 a 1943, depois de um breve período numa escola católica (foi expulso por atirar ovos em um crucifixo), estudou na escola secundária Empédocles de Agrigento, onde em 1943 se formou sem provas, devido ao bombardeio e em antecipação ao iminente desembarque das forças aliadas na Sicília. Em 1944 se matriculou na Faculdade de Artes, mas não continuou seus estudos, e começou a publicar contos e poemas. Também faz parte do Partido Comunista Italiano. Entre 1948 e 1950 estudou direção na Academia de Artes Dramáticas Silvio d'Amico e começou a trabalhar como diretor e libretista. Nestes anos, até 1945, publicou contos e poemas, ganhando o "Prix St. Vincent." Em 1954, participou com sucesso em um concurso para ser funcionário da RAI, mas não foi empregado por sua condição de comunista. No entanto, entrou na RAI alguns anos mais tarde. Em 1957 se casou com Rosetta Siesto Dello, com quem tem três filhas. Em 1958 começou a ensinar no Centro Experimental de Cinematografia em Roma. Por 40 anos foi escritor e diretor de teatro e televisão. Camilleri começou com uma série de montagens musicais de Luigi Pirandello, Eugene Ionesco, TS Eliot e Samuel Beckett como produtor. Foi co-escritor da série de Inspetor Maigret de Simenon para a televisão italiana, e das aventuras do tenente Sheridan, que se tornaram muito popular na Itália. Em 1978, estreou na narrativa com IL CORSO DELLE COSE, escrito 10 anos antes e publicado por uma editora paga: o livro foi um fracasso. Em 1980 publicou na Garzanti UN FILO DI FUMO, o primeiro livro de uma série de romances situados na cidade siciliana imaginária Vigata entre o século XIX e início do século XX. Em 1992 regressa à escrita após uma pausa de 12 anos e publica LA STAGIONE DELLA CACCIA na Sellerio Editore: Camilleri se torna um autor best-seller e seus livros, com sucessivas edições, vendem uma média de 60.000 mil exemplares cada. Em 1994 publicou LA FORMA DELL'ACQUA, o primeiro romance da série estrelada pelo Comissário Montalbano, nome escolhido em homenagem ao escritor espanhol Manuel Vázquez Montalbán. Graças a esta série de romances policiais, o autor se torna um dos escritores mais bem sucedidos de seu país. O personagem se torna um herói nacional na Itália e já atuou em uma série de televisão supervisionada por seu criador. * * * LIVROS DA SÉRIE COMISSÁRIO SALVO MONTALBANO 1. 1994; La forma dell'acqua; 2. 1996; Il cane di terracotta (Premio Letterario Chianti); 3. 1996; Il ladro di merendine; 4. 1997; La voce del violino; 5. 1998; Un mese con Montalbano; 6. 1999; Gli arancini di Montalbano; 7. 1999; Quindici giorni con Montalbano; 8. 2000; La Gita a Tindari; 9. 2001; L'odore della notte; 10. 2002; La paura di Montalbano; 11. 2002; Storie di Montalbano; 12. 2003; Il giro di boa; 13. 2004; La pazienza del ragno; 14. 2004; La prima indagine di Montalbano; 15. 2005; La luna di carta; 16. 2006; La vampa d'agosto; 17. 2006; Le ali della sfinge; 18. 2007; La pista di sabbia; 19. 2008; Il campo del vasaio; 20. 2008; L'età del dubbio; 21. 2008; Racconti di Montalbano; 22. 2008; Il commissario Montalbano. Le prime indagini; 23. 2009; La danza del gabbiano (Premio Letterario Cesare Pavese); 24. 2009; Ancora tre indagini per il commissario Montalbano; 25. 2010; La caccia al tesoro; 26. 2010; Acqua in boca; 27. 2010; Il sorriso di Angelica; 28. 2011; Il gioco degli specchi; 29. 2011; Altri casi per il commissario Montalbano; 30. 2012; Una lama di luce; 31. 2012; Una voce di notte; 32. 2012; Tre indagini a Vigàta; 33. 2013; Un covo di vipere; 34. 2014; La piramide di fango; 35. 2014; Morte in mare aperto e altre indagini del giovane Montalbano; * * * RESUMO M CASAL de velhinhos de Vigàta desaparece misteriosamente depois de fazer uma Uexcursão à cidade vizinha, Tíndari. No mesmo prédio onde moravam os anciãos, um homem é assassinado. Fatos aparentemente sem ligação que acabam na mesa do comissário Salvo Montalbano. Mesmo indo contra as orientações de seus superiores, o detetive segue em suas investigações sem acreditar em coincidências. Busca, então, entre as delícias da cozinha regional e dos melhores vinhos italianos, algum fato que possa ligar o casal à vítima do assassinato. * * * Um ERCEBIA estar acordado porque sua cabeça funcionava com lógica, e não seguindo o Pabsurdo labirinto do sonho, porque escutava o regular chape-chape das ondas, porque um ventinho de alvorecer entrava pela janela escancarada. Mas mantinha obstinadamente os olhos fechados, sabia que todo o mau humor que o torturava por dentro explodiria assim que ele abrisse os olhos, levando-o a fazer ou dizer bobagens das quais teria de se arrepender depois. Escutou de longe o assovio de uma pessoa caminhando pela praia. Aquela hora, certamente alguém que se dirigia ao trabalho em Vigàta. Ele conhecia a melodia assoviada, mas não lembrava nem o título nem a letra. De resto, que importância tinha isso? Jamais conseguira assoviar, nem mesmo metendo um dedo no rabo. “Enfiou no cu um dedo e soltou um assovio agudo, como um arremedo do apito dos vigias”... Era uma tolice que um amigo milanês da escola de polícia cantarolava às vezes, e que ele não esquecera. Já no primário, por causa dessa sua incapacidade de assoviar, tinha sido a vítima predileta dos coleguinhas de escola que eram mestres na arte de assoviar à camponesa, à marinheira, à montanhesa, acrescentando inspiradas variações. Os colegas! Era isso que o fizera dormir mal! A lembrança dos colegas e a notícia lida no jornal, pouco antes de se deitar, de que o Doutor Carlo Militello, que ainda nem chegara aos cinquenta, havia sido nomeado presidente do segundo banco mais importante da ilha. O jornal formulava os mais efusivos votos de felicidade ao novo presidente, de quem publicava uma foto: óculos certamente de ouro, temo de grife, camisa irrepreensível, gravata finíssima. Um homem bem-sucedido, um homem da ordem, defensor dos grandes Valores, tanto os da Bolsa quanto os da Família, da Pátria, da Liberdade. Montalbano lembrava muito bem, claro que lembrava, aquele seu coleguinha não do primário, mas de 1968! “Enforcaremos os inimigos do povo com suas próprias gravatas!” “Os bancos só servem para ser assaltados!” Carlo Militello, apelidado “Carlo Martello”, primeiro por suas atitudes de chefe supremo e, segundo, por usar contra os adversários palavras que eram verdadeiras marteladas e socos piores que as marteladas. O mais intransigente, o mais inflexível, a tal ponto que, em comparação com ele, Ho Chi Min, tão invocado nas passeatas, pareceria um simples reformista socialdemocrata. Tinha obrigado todo mundo a não fumar cigarros de tabaco para não enriquecer o Monopólio de Estado; maconha e haxixe, sem problemas, à vontade. Sustentava que o companheiro Stalin só agira bem num único momento de sua vida: quando começara a rapinar bancos para financiar o partido. “Estado” era uma palavra que provocava mal-estar em todos, deixava-os enfurecidos como touros diante do pano vermelho. Daquela época, Montalbano recordava sobretudo um poema de Pasolini que defendia a polícia contra os estudantes em Valle Giulia, em Roma. Todos os seus colegas tinham cuspido sobre aqueles versos, enquanto ele tentava defendê-los: “Mas é um belo poema.” Carlo Martello, se não o segurassem, quase lhe quebrava a cara com um de seus socos assassinos. Por que, se perguntou Montalbano, não desgostara daquele poema, na época? Será que já via assinalado nele seu destino de policial? Fosse como fosse, vira os seus companheiros, aqueles míticos, de 68, começando a “ponderar”. Ponderando, ponderando, as fúrias abstratas haviam murchado, se transformando a seguir em concretas aquiescências. E agora, exceção feita a um que, com dignidade extraordinária, suportava há mais de uma década processos e prisão por um crime patentemente nem cometido, nem ordenado, por ele, exceção feita ainda a um outro misteriosamente assassinado, os remanescentes haviam se colocado muitíssimo bem, saltitando da esquerda para a direita, depois novamente para a esquerda e a seguir mais uma vez para a direita, e havia quem dirigisse um jornal, um canal de televisão, quem se tornara alto executivo estatal, deputado, senador. Já que não tinham conseguido mudar a sociedade, tinham mudado a si mesmos. Ou então sequer haviam precisado mudar, porque em 68 tinham feito apenas teatro, envergando figurinos e máscaras de revolucionários. De fato, Montalbano não conseguia digerir a nomeação de Carlo ex-Martello. Sobretudo porque isso provocara nele outro pensamento, sem dúvida o mais aborrecido de todos: “Será que você não é também da mesma laia que esses que critica? Afinal, não serve àquele Estado que combatia tão ferozmente aos dezoito anos? Ou está reclamando por inveja, porque ganha uma porcaria e os outros faturam bilhões?” Uma lufada de vento fez a janela bater. Não, não iria fechá-la nem por ordem do Pai Eterno. Já bastava a chateação. Fazio: “Doutor, me desculpe, mas o senhor parece até que está procurando problema! Não somente mora numa casinha isolada e térrea, mas ainda por cima deixa a janela aberta à noite! Desse jeito, se existir alguém que não goste da gente, e existe, é entrar na sua casa quando e como quiser!” E havia a outra chateação chamada Livia: “Não, Salvo, janela aberta à noite, não!” “Mas você, em Boccadasse, não dorme de janela aberta?” “E daí? Eu moro no terceiro andar, e além disso em Boccadasse não existem ladrões como os daqui.” E assim, quando Livia lhe telefonara transtornada certa noite, dizendo que, enquanto estava fora, os ladrões de Boccadasse tinham esvaziado sua casa, ele, depois de um mudo agradecimento aos ladrões genoveses, conseguira aparentar desagrado, mas não tanto quanto deveria.