Universidade de S˜aoPaulo Instituto de Astronomia, Geof´ısicae CiˆenciasAtmosf´ericas Departamento de Astronomia

Tiago Vecchi Ricci

Espectroscopia IFU das gal´axias “Seyfert/starburst” NGC 6221 e NGC 7582

S˜aoPaulo 2008

Tiago Vecchi Ricci

Espectroscopia IFU das gal´axias “Seyfert/starburst” NGC 6221 e NGC 7582

Disserta¸c˜aoapresentada ao Departamento de Astronomia do Instituto de Astronomia, Geof´ısicae CiˆenciasAtmosf´ericas da Universidade de S˜aoPaulo como parte dos requisitos para a obten¸c˜aodo t´ıtulode Mestre em Ciˆencias.

Area´ de Concentra¸c˜ao:Astronomia Orientador: Prof. Dr. Jo˜aoEvangelista Steiner

S˜aoPaulo 2008

Ao meu pai Douglas e minha m˜aeNadir.

Agradecimentos

Gostaria de agradecer primeiramente `aminha fam´ılia(meus pais Douglas e Nadir, meus irm˜aosErico e Bruno, minha cunhada Heydde, minha sobrinha Larissa, meus avˆosIvo e Francisco e minhas av´osIrene e Elvira) por sempre estarem ao meu lado. Agrade¸comeu orientador Jo˜aoEvangelista Steiner por ajudar a construir o caminho de meu conhecimento na astronomia que vem desde a inicia¸c˜aocient´ıficae que continuar´a a ser trilhado durante o doutorado. A` Roberto Cid Fernandes, pela ajuda com o programa “Starlight” e por coment´arios importantes sobre as gal´axiasalvo dessa disserta¸c˜aoe `a Aurea´ Garcia-Rissmann por permi- tir a utiliza¸c˜aodos dados analisados nesta disserta¸c˜ao.Agrade¸cotamb´em`aLaerte Sodr´e Jr. pelos coment´ariosnos relat´oriosdo departamento. A` Alexandre Soares de Oliveira pelas in´umerasajudas principalmente na redu¸c˜aode dados do Gemini. Agrade¸cotamb´em meu colega Roberto Menezes pelas ajudas sempre importantes no desenvolvimento do tra- balho. E um grande agradecimento ao Raimundo Lopes de Oliveira pela paciˆenciaque ele teve em ler a primeira vers˜aode minha disserta¸c˜ao,o que n˜aodeve ter sido nada agrad´avel. A` F´atimae ao Aziz do IEA, ambos sempre me deram uma m˜aonas horas certas. Aos bons amigos que fiz durante a p´os-gradua¸c˜ao:Patr´ıciaCruz, Rodrigo Vieira, Os- caaaaaaaaaaaaaaaaaaar (o cara mais peligroso do IAG), Felipe Santos, Marcio Avelar, Marcio Barreto, S´ergio(gringo), Grazi, Tatiana Lagan´a,Z´eColm´eia(esse j´a´edo tempo da gradua¸c˜ao)e bem, ao Pedro Paulo tamb´em. E a todos os colegas do IAG que me ajudaram durante esses dois anos do mestrado. Agrade¸coa FAPESP, pelo apoio financeiro, sob o projeto no 2005/03323-9.

“And in the end, the love you take is equal to the love you make”

Lennon/McCartney

“A mente que se abre a uma nova id´eiajamais voltar´aao seu tamanho original”

Albert Einstein

Resumo

Gal´axias Seyfert s˜aoassociados a objetos com presen¸cade atividade nuclear (AGN, de “active galatic nuclei”). Seus espectros no ´opticopossuem linhas em emiss˜aopermitidas e proibidas e s˜aomais alargadas em rela¸c˜ao`aslinhas observadas em “starbursts” ou em nebulosas planet´arias,indicando um g´asde baixa densidade rotacionando em torno de

6−9 um objeto massivo, provavelmente um buraco negro com massa na faixa de 10 M¯. As gal´axiasSeyfert s˜aodivididas em tipo 1 (presen¸cade asas largas nas linhas permitidas) e tipo 2 (ausˆenciade asas largas nas linhas permitidas). NGC 6221 e NGC 7582 s˜aogal´axias cujos espectros na faixa do ´opticos˜aocaracter´ısticosde regi˜oesH II. Por´em,as linhas de [O III]λ4959,5007A˙ sugerem a presen¸cade uma Seyfert 2 e os espectros em raio-x s˜ao peculiares a uma Seyfert 1. Atrav´esda espectroscopia de campo integral (IFU), estudamos as propriedades dessas gal´axias“Seyfert/starburst”. Neste trabalho utilizamos a t´ecnicada tomografia PCA. Para uma an´alisemais precisa, fizemos um estudo sobre deconvolu¸c˜aode imagens atrav´esdo m´etodo de Richardson-Lucy. Apresentamos um m´etodo de corre¸c˜aodo efeito da refra¸c˜ao atmosf´ericaem cubo de dados, onde revisamos teorias sobre este efeito. Na gal´axiaNGC 6221, a an´alisecom o PCA revelou a presen¸cade duas regi˜oesH II, dois “clusters” de estrelas do tipo Wolf-Rayet (WR) e restos de , observados principalmente na linha de [N I]λ5198A˙ e He II. Esta gal´axiapossui um pico duplo nas linhas de [O III]λ4959,5007A˙, que, junto com as imagens referentes a cada pico de [O III], revela a presen¸cade uma atividade nuclear dupla, talvez o resultado mais surpreendente deste trabalho. Em NGC 7582, a an´alisecom o PCA mostrou tamb´ema presen¸cade duas regi˜oesH II, o AGN e restos de supernovas. Analisamos, ainda, uma amostra de gal´axiasSeyfert pr´oximas;mostramos que a va- rian¸ca´edominada pela taxa de acre¸c˜aode mat´eriano buraco negro. A segunda componente ´eexplicada pela massa do buraco negro central, revelando um efeito de “downsizing” no universo local, dada a correla¸c˜aoda massa do bojo da gal´axia,que ´eproporcional a massa do buraco negro, com a atividade nuclear e a anticorrela¸c˜aoentre a massa e a presen¸cade regi˜oesde forma¸c˜aoestelar. O desenvolvimento da metodologia apresentada nesta disserta¸c˜aofoi testada e aper- fei¸coadaao longo do mestrado. Com ela, conseguimos revelar caracter´ısticasimportantes nas gal´axiasNGC 6221 e NGC 7582, como a presen¸cade restos de supernovas, de duas regi˜oesH II em cada gal´axiae a localiza¸c˜ao,bem como a caracteriza¸c˜ao,de seus AGNs. Abstract

Seyfert are associated to objects having nuclear activity (AGN, from “active galatic nuclei”). Their spectra in the optical have permited and forbidden emission lines and they are broader than those observed in starbursts or in planetary nebulae, indicating low density gas rotating around a massive object, probably a black hole with mass in

6−9 the range of 10 M¯. Seyfert galaxies are divided in type 1 (presence of broad wings in permitted lines) and type 2 (absence of broad wings in permitted lines). NGC 6221 and NGC 7582 are galaxies whose optical spectra have characteristics of H II regions. However, [O III]λ4959,5007A˙ lines suggest the presence of a Seyfert 2 and the x-ray spectra are similar to Seyfert 1. We studied the properties of these Seyfert/staburst galaxies with the integral field spectroscopy (IFU). In this work, we used the PCA tomography technique. To improve the analysis, we made the image deconvolution using the Richardson-Lucy method. We present a way of correcting the effect of atmospheric refraction in datacubes. In NGC 6221, the PCA analisys revealed the presence of two H II regions, two clusters of Wolf-Rayet (WR) and supernovae remnants, observed mainly in the [N I]λ5198A˙ and He II. This has a double-peaked profile in [O III]λ4959,5007A˙ lines that, together with the images referent to each peak of [O III], shows a double nuclear activity. In NGC 7582, the PCA tomography showed also the presence of two H II regions, the AGN and supernovae remnants. In addition, we analysed a sample of near Seyfert galaxies; we showed that the variance is dominated by the acretion rate of matter into the black hole. The second component is explained by the central black hole mass, revealing a downsizing effect in the local universe, given the correlation between the galaxy’s bulge mass, which is proportional to the black hole mass, with the nuclear activity and the anti-correlation between this mass and the presence of starburst regions. The development of the methodoly presented in this dissertation was tested and im- proved throught the master course. With it, we were able to show important features in NGC 6221 and NGC 7582 galaxies, like the presence of supernovae remnants, two H II regions in each galaxy and the location as well as the characterization of their AGNs. Lista de Figuras

1.1 Esquema conceitual para a unifica¸c˜aoentre as Sy1 e Sy2. Um toro de poeira esconde a fonte do cont´ınuo (ponto preto no centro) e a BLR (nuvens perto do centro). No entanto, as NLR est˜aofora do toro, por isso apenas as linhas estreitas s˜aoobservadas nas Sy2. No eixo do toro, o n´ucleon˜ao´eobstru´ıdo e a mesma gal´axia´eclassificada como Sy1. Figura de Peterson (1997) . . 31 1.2 Espectro de NGC 1068. O espectro acima n˜ao´epolarizado e possui apenas linhas estreitas. O espectro abaixo, polarizado, apresenta evidˆenciasde linhas permitidas largas, indicando que a gal´axia´euma Sy1 intr´ınseca. Figura de Osterbrock e Ferland (2006) ...... 32 1.3 Observa¸c˜aoda fonte H1649-595. Caixas de erro com tamanhos 3.60 e 0.84 em graus2. O asterisco ´ea posi¸c˜aoda poss´ıvel fonte, no caso NGC 6221. Figura de Marshall et al. (1979) ...... 35 1.4 Espectro de NGC 6221, de Veron et al. (1981). As linhas em emiss˜aode [O III] s˜aoclaramente mais largas que Hβ. Figura de Veron et al. (1981) . . . 35 1.5 Compara¸c˜aoentre os perfis de linhas de [O III] e Hβ. Est˜aoplotadas na mesma escala de velocidade relativa `avelocidade m´edianuclear. Figura de Pence e Blackman (1984) ...... 36 1.6 Raz˜aodas linhas nucleares de [O III]λ5007A e as linhas de Hβ da figura 1.5. A raz˜aovaria no pico de aproximadamente 0.2 correspondem a regi˜oesHII at´eaproximadamente 3 na asa azul indicando uma Sy2. Figura de Pence e Blackman (1984) ...... 36 1.7 Esquematiza¸c˜aodo modelo de “starburst” obscurecendo o AGN. A linha de visada A ´eo que acontece com NGC 6221, onde a BLR e a NLR s˜ao escondidas pelo “starburst”. Como a coluna de densidade do AGN medido no raio-x ´eda ordem de 1022cm−2, as caracter´ısticasde Sy1 nesta faixa do espectro n˜ao´euma surpresa. A linha de visada B mostraria uma Sy2 ver- dadeira, com absor¸c˜oesdevido ao “starburst” e ao toro. Figura de Levenson et al. (2001) ...... 39 1.8 Distribui¸c˜aoespectral de energia de NGC 6221, modelados por contribui¸c˜oes de AGN e de “starburst”. O componente AGN ´emedido no raio-x e em medidas fotom´etricasde imagens do HST (losangos preenchidos). O “- burst”, com imageamento e espectroscopia, engloba uma maior faixa (lo- sangos vazios). O modelo de AGN est´aem linhas pontilhadas, enquanto o modelo de “starburst” em linha cheia. A extin¸c˜aodo AGN ´emedida no raio- x, no “starburst” ´emedida no ´optico.Nota-se o dom´ıniodo “starburst” no ´opticoe do AGN no raio-x, sendo que o “starburst” contribui com a maior parte da luminosidade bolom´etricae o AGN com apenas 1%, praticamente todo no raio-x. Figura de Levenson et al. (2001) ...... 40 1.9 Observa¸c˜aoda fonte em raio-x 2A 2315-428. Caixa de erro com confiabili- dade de 90%. Note que somente uma gal´axiaest´adentro da caixa, no caso NGC 7582. Norte para cima e leste para a esquerda. Figura de Ward et al. (1978) ...... 42 1.10 Espectro de NGC 7582. Linhas mais estreitas se comparadas com Seyferts, por´emlinhas de alta ioniza¸c˜aocomo por exemplo [Ne V]λ3426 est˜aopre- sentes, sugerindo uma fonte n˜aot´ermica.Figura de Ward et al. (1978) . . 42 1.11 Esquema de NGC 7582. O asterisco no centro ´eo cont´ınuo nuclear, emissora de raios-x com ∼ 0.05pc e fonte r´adiocompacta. A regi˜aoquadriculada ´e o g´asionizado. A regi˜aopontilhada ´eo material obscurecedor. A cruz ´e componente estelar, com algumas estrelas quentes presentes por causa das altas s´eriesde absor¸c˜aode Balmer observadas ...... 43 1.12 Espectros de NGC 7582. E´ poss´ıvel notar o aparecimento das linhas nos espectros mais recentes, mostrando a transi¸c˜aode Sy2 para Sy1. Figura de Aretxaga et al. (1999) ...... 45 1.13 Imagens de NGC 7582. Em cima, da esquerda para a direita: HST/WFPC2 F606W e HST/NICMOS F160W. Embaixo, da esquerda para a direita: VLT/VISIR e mapa r´adio,feito com o ACTA, em 3 cm. Os c´ırculosao sul indica a posi¸c˜aodas duas fontes MIR. As duas flechas nas imagens HST foram estrelas utilizadas para alinhamento. Norte para cima, leste para a esquerda. Cada marca maior nos eixos equivalem a 1 arcsec. Figura de Wold e Galliano (2006) ...... 47 1.14 Esquerda: raz˜aoentre as imagens NIR e ´opticodo HST, mapeando a quan- tidade de poeira na regi˜aocincunuclear de NGC 7582. O contorno branco refere a emiss˜aodo Chandra abaixo de 0.8 keV, enquanto o contorno ver- melho ´ea raz˜ao0.8-1.3/0.3-0.8 keV. Os contornos vermelhos referem-se `a imagem da direita, por´emem outra escala, como mostrado pelo retˆangulo tracejado. A cruz preta informa a posi¸c˜aodo n´ucleo. Figura de Bianchi et al. (2007) ...... 49

2.1 FWHM (pixeis) pelo n´umerode itera¸c˜oes.O FWHM ´emedido com o IDL atrav´esde um ajuste gaussiano do perfil radial...... 55 2.2 Calibra¸c˜aodo FWHM em fun¸c˜aodo comprimento de onda para o GMOS - S. 56 2.3 Imagens de CAL 83 em 4774.65 A˙; 5309.54 A˙ e 6168.64 A˙ (da esquerda para a direita) original (acima) e deconvolu´ıdacom 9 itera¸c˜oes(abaixo). Imagens com 2.4 x 3.9 arcsec com tamanho do pixel igual a 0.1 arcsec...... 58 2.4 NGC 4579 original (esquerda) e deconvolu´ıda7 vezes (direita) com uma PSF gaussiana e FWHM = 0.05 arcsec. A deconvolu¸c˜aorevela duas estruturas no objeto central, que n˜aoest˜aopresentes na imagem original...... 59 2.5 NGC 6221 deconvolu´ıda7 vezes com uma PSF gaussiana com FWHM = 0,1 arcsec. Note os an´eisde Airy...... 60 2.6 NGC 6221 deconvolu´ıda7 vezes com uma PSF de Airy. Comparando-se com a figura 2.5, note que o anel mais externo est´abem mais fraco. . . . . 60 2.7 NGC 404, deconvolu´ıdacom uma PSF de Airy (esquerda) e uma PSF gaus- siana (direita). Note que apesar das franjas na imagem deconvolu´ıdacom a PSF gaussiana, aparecem maiores detalhes nesta imagem do que na decon- volu¸c˜aocom uma PSF de Airy ...... 60 2.8 Disposi¸c˜aodos eixos S, W, x , y e dispers˜aodos centr´oides. O centr´oide da parte mais vermelha do espectro estar´asempre mais perto do objeto, enquanto o centr´oideda parte mais azul do espectro estar´amais perto do zˆenite...... 66 2.9 Compara¸c˜aoentre os resultados te´oricose os pontos experimentais de CAL 83...... 68 2.10 Exemplos de aplica¸c˜aodo PCA. Figura de Fukunaga (1990) ...... 78

3.1 Distribui¸c˜aode idade e metalicidade da popula¸c˜aoestelar superposta `aH IIA...... 83 3.2 Distribui¸c˜aode idade e metalicidade da popula¸c˜aoestelar superposta `aH IIB...... 83 3.3 Distribui¸c˜aode idade e metalicidade da popula¸c˜aoestelar superposta ao AGN 84 3.4 Distribui¸c˜aode idade e metalicidade da popula¸c˜aoestelar n˜aonuclear da gal´axia...... 84 3.5 Mapa de rota¸c˜aoestelar de NGC 6221 em km/s ...... 85 3.6 Mapa da dispers˜aode velocidades de NGC 6221 em km/s ...... 85 3.7 Tomogramas e autoespectros 1 a 3 ...... 87 3.8 Imagem centrada na linha de [N I]λ5198A obtida com o cubo constru´ıdo atrav´esdos autovetores 10, 13 e 14 ...... 88 3.9 Espectro da regi˜aodo AGN...... 92 3.10 Espectro da regi˜aoH II B...... 93 3.11 Figura RGB de Hβ `aesquerda e de regi˜oesde alta densidade em R e baixa densidade (Steiner et al, 2008, em anexo com o relat´orio)em B `adireita. Nota-se que a asa azul de Hβ est´alocalizada no AGN, enquanto a emiss˜ao estreita, na cor G, representa as duas regi˜oesH II. A emiss˜aoem R ´emais extensa em dire¸c˜aoa regi˜aoH II A. Na imagem de baixa densidade aparece o AGN e na de alta densidade as duas regi˜oesH II...... 94 3.12 A` esquerda: Imagem em R da linha de [O III]λ5007A e em B de N IIIλ4640A. A linha de [O III] corresponde ao AGN e a de N III corresponde `aWR. A separa¸c˜aoentre as duas ´ede 0.7 arcsec. A` direita: Emiss˜aoda componente larga azul de Hα em R e da linha de C III em B. Novamente o AGN na emiss˜aolarga de Hα, no entanto na linha de C III h´auma emiss˜aoextensa dentro das regi˜oesH II e em alguns “spots” ...... 95 3.13 Espectro da regi˜aoda Wolf-Rayet...... 96 3.14 Espectro de 3 hot-spots presentes na figura 3.15...... 97 3.15 Imagem RGB, com a linha de [O I]λ6300 em R, [N I]λ5198 em G e He II emB...... 98

4.1 Espectro do AGN de NGC 6221. A linha cheia ´e[O III]λ5007A enquanto a linha pontilhada ´e Hβ. A velocidade ´ecalculada em rela¸c˜aoao λ de repouso de cada uma das linhas...... 102 4.2 Acima: Imagem em RB dos dois picos de [O III]λ5007A e em G da linha de N III/He II `aesquerda e do HST-WFPC `adireita. Abaixo: Imagem em RB dos dois picos de [O III]λ5007A e do cont´ınuo estelar de NGC 6221 `a esquerda e HST-NICMOS `adireita...... 104

5.1 Distribui¸c˜aode idade e metalicidade da popula¸c˜aoestelar superposta `aH IIA...... 108 5.2 Distribui¸c˜aode idade e metalicidade da popula¸c˜aoestelar superposta `aH IIB...... 108 5.3 Distribui¸c˜aode idade e metalicidade da popula¸c˜aoestelar superposta ao AGN108 5.4 Distribui¸c˜aode idade e metalicidade da popula¸c˜aoestelar n˜aonuclear da gal´axia...... 108 5.5 Espectro das regi˜oesHII de NGC 7582 e imagem centrada na linha de Hα 109 5.6 Mapa de rota¸c˜aoestelar de NGC 7582 em km/s ...... 111 5.7 Mapa da dispers˜aode velocidades de NGC 7582 em km/s ...... 111 5.8 Tomograma e autoespectro 1 da primeira an´alise.Note a presen¸cadas duas regi˜oesH II e o espectro caracter´ısticodeste tipo de objeto ...... 111 5.9 Tomogramas e autoespectros 1 a 3 ...... 113 5.10 Tomogramas e autoespectros 4 a 6 ...... 114 5.11 Tomogramas e autoespectros 7 a 9 ...... 115 5.12 Acima: Imagens do HST - NICMOS `aesquerda e WFPC `adireita, com o AGN indicado. Abaixo: Imagem da linha de [O I]λ6300A `aesquerda e RGB da linha de [O III]λ5007A `adireita ...... 117 5.13 Espectro da regi˜aodo AGN de NGC 7582...... 118 5.14 Imagem da linha de He IIλ4686A. Note a presen¸cade 6 hot-spots, identifi- cados de 1 a 6, ao longo do cone de ioniza¸c˜ao...... 119 5.15 Espectros do HS 1 dividido nos 3 CCDs...... 120 5.16 Espectros dos HS 3, 4 e 5 ...... 121 5.17 Espectros do HS 6 dividido nos 3 CCDs...... 122 5.18 RGB da emiss˜aode g´asde baixa densidade (esquerda) e alta densidade (direita). A parte azul ´ea emiss˜aode -243 a -82 km/s, verde ´ede 82 a 0 km/s e vermelho ´ede 0 a 81 km/s, todas as velocidades em rela¸c˜aoao pico da emiss˜aode [S II]...... 125

6.1 Rela¸c˜aoentre a massa do buraco negro central e k(MSMBH )...... 133 6.2 Autovetor 1 x Autovetor 2 para a amostra de gal´axiasde Seyfert ...... 139 6.3 Observacionais - Autovetor 1 x Autovetor 2 ...... 139 6.4 Autovetor 1 x Autovetor 3 para a amostra de gal´axiasde Seyfert. Destaque para as Seyferts 2b ...... 140 6.5 Observacionais - Autovetor 1 x Autovetor 3 ...... 140 6.6 Autovetor 2 x Autovetor 3 para a amostra de gal´axiasde Seyfert ...... 141 6.7 Observacionais - Autovetor 2 x Autovetor 3 ...... 141 Lista de Tabelas

2.1 Medidas da FWHM para as imagens apresentadas na figura 2.3 ...... 57 2.2 Centr´oidede CAL 83 nos eixos x e y. Medidas de ∆R no zˆenitefeita em rela¸c˜ao`aposi¸c˜aodos centr´oidesem 5000 A ...... 68 2.3 Exemplo de dados para c´alculodas componentes principais. Dados de en- trada e dados com m´ediasubtra´ıda ...... 74

3.1 Varian¸cados dados explicado por cada autovetor ...... 86 3.2 Linhas fracas identificadas no autovetor 1 ...... 89 3.3 Linhas fracas identificadas no autovetor 3 ...... 90

5.1 Contribui¸c˜aode cada autovetor para a variˆan¸cados dados ...... 112 5.2 Linhas de emiss˜aopara o HS 1 ...... 123 5.3 Linhas de emiss˜aopara o HS 6 ...... 124

6.1 Contribui¸c˜aoda componente disco para os diferentes tipos morfol´ogicosde gal´axias ...... 132 6.2 Parˆametrosanalisados no PCA. (1) Nome da gal´axia(NGC); (2) Lumino- sidade da linha de Hα em erg/s; (3) Largura da linha de Hα (0 - linha estreita. 1 - linha larga); (4) “Full Width at Half Maximum” na linha de [N II]; (5) Largura equivalente da linha de Hα ; (6) e (7) Raz˜oesdas linhas de [OIII]/Hβ e [N II]/Hα, respectivamente ...... 134 6.3 Parˆametrosanalisados no PCA. (1) Nome da gal´axia(NGC); (8) Raz˜oesdas linhas de [SII]/Hα; (9) Magnitude absoluta da gal´axiana banda K dentro

2 da isofota de 20 mag/arcsec ; (10) Massa do buraco negro central em M¯; (11) Raz˜aoentre as linhas de [O I]/[O III]; (12) Luminosidade em raio- x na banda 2-10 keV do n´ucleoda gal´axiaem erg/s.; (13) Raz˜aoentre a luminosidade em raio-x e a luminosidade da linha de Hα ...... 135 6.4 Parˆametrosanalisados no PCA. (1) Nome da gal´axia(NGC); (14) Tipo morfol´ogicoda gal´axia;(15) Raz˜aode Eddington; (16) Raz˜aoda intensidade das linhas proibidas e Hα ; (17) Raz˜aoentre as luminosidades em FIR e em Hα; (18) Raz˜aoentre as luminosidades em FIR e em Lx; (19) Raz˜aoentre as luminosidades em FIR e de Eddington...... 136 6.5 Coordenadas dos parˆametrosobservados nos autovetores 1, 2 e 3...... 137 6.6 Coordenadas das gal´axiasobservadas nos autovetores 1, 2 e 3...... 138 6.7 Contribui¸c˜aodos autovetores 1, 2 e 3 na varian¸cados dados da amostra de Seyferts. Note que o autovetor 1 explica a maior parte da variˆanciados dados, seguido pelos autovetores 2 e 3. A contribui¸c˜aosomada dos trˆes autovetores ´ede 63,7%...... 143 6.8 - An´alisemanual da amostra de Seyfert. Algumas gal´axiasn˜aoentraram efetivamente no PCA por faltarem alguns dados, como por exemplo NGC 3941 e NGC 4138, mas foi poss´ıvel fazer uma an´alisemanual delas. (1) Nome da gal´axia(NGC); (2) Raz˜aodo fluxo FIR com o fluxo em r´adio;(3) Morfologia r´adio(A - Amb´ıgua,C - Compacto, E - Extenso. Quando h´a complemento ´ea morfologia da regi˜aoextensa L - Linear e D - Difusa); (4) ´Indice espectral no r´adio;(5) Raz˜aoentre a luminosidade FIR e luminosi- dade da linha de Hα; (6) Raz˜aoentre a luminosidade FIR e luminosidade em raio-x; (7) Raz˜aoentre a luminosidade FIR e luminosidade de Edding-

−3 ton; (8) Comptonthick. A fonte ´ecomptonthick quando NH > 1024cm . (s - Sim, n - N˜aoe d - duvidoso); (9) Parˆametrode virializa¸c˜ao;(10) Massa do g´asuma vez ionizado ...... 145 Sum´ario

1. Introdu¸c˜ao ...... 25 1.1 Gal´axiasde Seyfert: Aspectos hist´oricos...... 25 1.2 Seyferts 1 e 2: O modelo unificado ...... 30 1.3 Alvos ...... 34 1.3.1 NGC 6221 ...... 34 1.3.2 NGC 7582 ...... 41 1.4 Objetivos ...... 48

2. Tratamento de dados: Aspectos metodol´ogicos...... 51 2.1 Deconvolu¸c˜aode imagens ...... 51 2.1.1 “Point Spread Function” ...... 53 2.1.2 O n´umerode itera¸c˜oes ...... 54 2.1.3 Deconvolu¸c˜aocom PSF vari´avel ...... 55 2.1.4 Deconvolu¸c˜aode imagens do HST ...... 57 2.1.5 Discuss˜aodos resultados ...... 61 2.2 Refra¸c˜aodiferencial da atmosfera ...... 61 2.2.1 Aspectos te´oricosda refra¸c˜aoatmosf´erica...... 61 2.2.2 Transforma¸c˜aode coordenadas da refra¸c˜aoatmosf´erica ...... 66 2.2.3 Compara¸c˜aodas equa¸c˜oescom os dados experimentais...... 67 2.2.4 Discuss˜oese conclus˜oessobre a refra¸c˜aoatmosf´erica...... 69 2.3 An´aliseem componentes principais ...... 70 2.3.1 A expans˜aodiscreta de Karhunen-Lo´eve ...... 70 2.3.2 Propriedades da expans˜aode Karhunen-Lo´eve ...... 73 2.3.3 Procedimento de c´alculodas componentes principais ...... 74 2.3.4 Discuss˜oessobre a an´alisedas componentes principais ...... 76

3. NGC 6221 ...... 81 3.1 Observa¸c˜oese redu¸c˜aodos dados ...... 81 3.2 Resultados e an´alisede dados ...... 83 3.2.1 Hist´oriaqu´ımicae de forma¸c˜aoestelar da regi˜aocentral ...... 83 3.2.2 Cinem´aticaestelar ...... 85 3.2.3 An´alisede componentes principais aplicada ao cubo de dados . . . 85 3.2.4 AGN ...... 90 3.2.5 As regi˜oesH II ...... 91 3.2.6 A componente Wolf-Rayet ...... 93 3.2.7 Restos de supernovas (SNR) ...... 95 3.2.8 HS - 1. Uma estrela LBV? ...... 98 3.2.9 Meio Interestelar ...... 98 3.3 Conclus˜oes...... 99

4. Atividade nuclear dupla em NGC 6221 ...... 101 4.1 Resultados ...... 102 4.2 Discuss˜ao ...... 103 4.2.1 AGN duplo ...... 103 4.2.2 Trˆesburacos negros? ...... 105 4.2.3 Jatos ...... 106 4.2.4 Disco? ...... 106

5. NGC 7582 ...... 107 5.1 Resultados e an´alisede dados ...... 107 5.1.1 Hist´oriaqu´ımicae de forma¸c˜aoestelar da regi˜aocentral ...... 107 5.1.2 Cinem´aticaestelar ...... 110 5.1.3 An´aliseem componentes principais aplicada ao cubo de dados . . . 111 5.1.4 AGN ...... 112 5.1.5 “Hot-spots” ...... 116 5.1.6 Emiss˜aodo g´asde baixa e de alta densidade ...... 117 5.2 Discuss˜ao ...... 124

6. An´alisede uma amostra de Gal´axiasde Seyfert ...... 129 6.1 Defini¸c˜aoda amostra de Gal´axiasSeyferts ...... 130 6.2 C´alculode parˆametrospara o PCA ...... 130 6.3 A massa do buraco negro central ...... 131 6.4 An´alisedos dados ...... 133 6.4.1 Resultados dos parˆametroscalculados para o PCA...... 133 6.4.2 C´alculodas componentes principais e resultados ...... 137 6.4.3 An´alisecomparativa de parˆametros ...... 144 6.5 NGC 6221 e NGC 7582 ...... 144 6.6 Discuss˜aodos resultados ...... 146

7. Conclus˜oese perspectivas ...... 147

Referˆencias ...... 151

Apˆendice 165

A. Primeira p´aginade artigos publicados de minha co-autoria ...... 167

Cap´ıtulo 1

Introdu¸c˜ao

1.1 Gal´axiasde Seyfert: Aspectos hist´oricos.

A hist´oriadas gal´axias Seyfert come¸couem 1909, quando Fath (1909), interessado em estudos sobre a natureza de “nebulosas espirais”, fez observa¸c˜oesno observat´oriode Lick, procurando saber se esses objetos eram pr´oximos,se eram gasosos como a nebulosa de Orion´ ou se eram distantes conjuntos de estrelas que n˜aopodiam ser resolvidas. Na maio- ria dos objetos estudados, Fath encontrou espectros com cont´ınuos e linhas em absor¸c˜ao caracter´ısticosde conjuntos de estrelas n˜aoresolvidas do tipo solar. No entanto, em NGC 1068 ele verificou um espectro composto, com linhas em emiss˜aoe em absor¸c˜ao.6 linhas brilhantes foram reconhecidas como as mesmas que eram observadas em nebulosas gasosas. As linhas em emiss˜aoe absor¸c˜aode NGC 1068 foram confirmadas por Slipher (1917), que mostrou que as linhas s˜aoalargadas. Por´em,ele rejeitou uma interpreta¸c˜aode velocidade radial ordin´ariano alargamento das linhas. Nos anos seguintes, v´ariosastrˆonomosnota- ram a presen¸cade linhas em emiss˜aoem algumas nebulosas espirais. Um exemplo foi dado por Hubble (1926), que mencionou que espirais relativamente raras, com n´ucleosestelares, apresentam um espectro de nebulosas planet´arias,notadamente NGC 1068, 4051 e 4151. Por´emnenhum estudo sistem´aticofoi feito com essas gal´axiasat´eo trabalho de Seyfert (1943). Seyfert obteve espectrogramas de 6 gal´axias,NGC 1068, 1275, 3516, 4051, 4151 e 7469, com n´ucleosestelares e linhas em emiss˜aosuperpostas ao espectro de estrelas do tipo G. As duas mais brilhantes (NGC 1068 e NGC 4151) mostravam fortes linhas em emiss˜ao, como ´eo caso nebulosa planet´ariaNGC 7027. Seyfert atribuiu as larguras das linhas ao desvio Doppler, alcan¸cando8500 km/s para as linhas de hidrogˆeniode NGC 3516 e 7469. Os perfis das linhas em emiss˜aovariam de linha para linha e de objeto para objeto. Por´em 26 Cap´ıtulo1. Introdu¸c˜ao dois padr˜oestornaram t´ıpicosdessa classe de gal´axia. As linhas proibidas e permitidas em NGC 1068 tˆemperfis similares, com larguras de 3000 km/s. Em contraste, NGC 4151 mostrava linhas proibidas e regi˜oesmais centrais das linhas permitidas relativamente estreitas. No entanto, as linhas de hidrogˆeniotinham asas largas (7500 km/s), ausentes nas linhas proibidas. Gal´axiascom linhas em emiss˜aocom alta excita¸c˜aonuclear s˜ao chamadas de gal´axiasde Seyfert. No entanto, o trabalho de Seyfert n˜aodava indica¸c˜oes sobre a natureza desses objetos e do seu papel para o futuro da astronomia. J´apoderia ser mostrado em 1942, segundo Weedman (1976), que o n´ucleode gal´axiasSeyferts s˜ao objetos muito luminosos e uma r´apidainvestiga¸c˜aoda gal´axiaatrav´esdo telesc´opiopoderia mostrar que as Seyferts s˜aobem diferentes de gal´axiascomuns. Enquanto as gal´axias comuns s˜aogradualmente mais brilhantes em dire¸c˜aoao centro, o n´ucleode uma Seyfert parece como que se uma estrela brilhante estivesse colocada bem no centro de uma gal´axia convencional. Essa propriedade de uma alta luminosidade em um volume compacto ´ea principal semelhan¸caentre o n´ucleode uma Seyfert e um quasar. Se essas investiga¸c˜oes tivessem sido feitas em 1942, provavelmente a relevˆanciado estudo das gal´axiasSeyferts n˜ao passasse tanto tempo sem ser notada. Com a descoberta da variabilidade do n´ucleode NGC 4151 em 1968 foi demonstrado que essa regi˜aoera compacta, o que j´apoderia ser mostrado em qualquer momento com um pequeno telesc´opio,uma vez que sua magnitude no vis´ıvel ´e 11. Depois do trabalho de 1943, as gal´axiasSeyferts s´oforam citadas na literatura em 1954, quando NGC 1068 e 1275 foram re-descobertas no r´adiopor Baade e Minkowski (1954). Em 1959, a curva de rota¸c˜aode NGC 1068 foi determinada por Burbidge et al. (1959), em uma tentativa de se medir a massa do n´ucleo. A raz˜aomassa/luminosidade era t˜ao baixo que concluiu-se que as estrelas possu´ıamalta massa e alta luminosidade. Tamb´em sugeriu-se que essas estrelas massivas estimulavam a alta velocidade no g´asionizado. Essas interpreta¸c˜oesainda podem ser feitas para uma Seyfert, por´emo n´ucleoda maioria destes objetos n˜ao´ecomposto por estrelas. Como o trabalho de Seyfert apenas apresentava observa¸c˜oes,o estudo de Woltjer (1959) foi a primeira tentativa te´oricade entendimento da natureza da atividade nuclear. Estudando NGC 1068, 4051 e 4151 e assumindo que a luminosidade era provenientes de estrelas, ele derivou massas nucleares extremamente elevadas. Assim, ele concluiu que as linhas largas de emiss˜aos˜aoconsequˆenciada alta velocidade de rota¸c˜aodo g´asao redor dessas grandes massas. Ele derivou uma densidade Se¸c˜ao1.1. Gal´axiasde Seyfert: Aspectos hist´oricos. 27

4 −3 eletrˆonicade Ne = 10 cm e uma temperatura T ≈ 20000K a partir das raz˜oesdas linhas de [S II] e [O III]. A distin¸c˜aoentre os dois tipos de Seyferts surgiu com Khachikian e Weedman (1974), que propuseram que as Seyfert 1 (Sy1) s˜aoas gal´axiascom as asas largas nas linhas permitidas, ao passo que as Seyfert 2 (Sy2) n˜aopossuem essa caracter´ıstica. A regi˜ao que emite as linhas mais estreitas foi resolvida para as Seyferts mais pr´oximase tem um diˆametrot´ıpicoda ordem de 100 pc (Walker 1968 e Oke e Sargent 1968). Oke &

5 Sargent derivaram uma massa de ∼ 10 M¯ e um pequeno volume de preenchimento do espa¸copelo g´asque emite as linhas estreitas (daqui em diante NLR de “Narrow Line Regions”) em NGC 4151. No entanto, a pergunta que surgiu foi: por que essas asas largas eram vistas apenas nas linhas permitidas e n˜aonas linhas proibidas? Woltjer (1959) postulou a existˆenciade uma regi˜aoseparada com movimento r´apido,possivelmente um g´asligado gravitacionalmente, que produzisse as asas largas nas linhas de Balmer. Uma alternativa seria que as asas largas das linhas de Balmer poderiam ser produzidas por espalhamento de el´etrons(Burbidge et al. 1966). No entanto, apenas o trabalho de Oke e Sargent (1968) apoiava essa possibilidade. O trabalho de Weymann (1970) sobre perfis de espalhamento de el´etrons,o de Anderson (1971) sobre perfis das asas das linhas de Balmer irregulares favorecendo o movimento de massas e o trabalho de Shklovskii (1964) sobre profundidade ´opticade espalhamento de el´etronsno quasar 3C273 favoreceram a hip´otesede tratar-se de uma pequena regi˜aodensa, com nuvens de movimento r´apido (regi˜aode linhas largas, ou BLR de “broad line region”) composto com as NLR, que s˜aoregi˜oesmenos densas e mais lentas em rela¸c˜ao`aBLR. Esse modelo ganhou for¸ca com os modos de fotoioniza¸c˜ao(Shields 1974) e mais tarde com modelos detalhados de nuvens de g´asfotoionizados por cont´ınuos com lei de potˆencia,calculados com a ajuda de computadores, com aplica¸c˜oesna nebulosa de Caranguejo, estrelas bin´ariasde raios-x e AGNs (Williams 1967, Tarter e Salpeter 1969, Davidson 1972, MacAlpine 1972). Na geometria das BLR, era claro que eram regi˜oescom pequeno volume de preenchimento de g´asno espa¸coe uma tradicional figura de nebulosa de nuvens ou filamentos espalhados ao longo da BLR. Os modelos de fotoioniza¸c˜aotipicamente assumem uma geometria fatiada plana, ou casca de cebola (esf´erica),representando a face ionizada de uma nuvem que ´e opticamente espessa no cont´ınuo de Lyman. A densidade eletrˆonicada BLR foi estimada 28 Cap´ıtulo1. Introdu¸c˜ao

11 −3 como Ne ≈ 10 cm , necess´ariapara explicar a raz˜ao Hα/Hβ (Wills et al. 1985) e tamb´em atrav´esda emiss˜aode Fe II por causa da regi˜aoaquecida por raios-x (Collin-Souffrin et al. 1980). Por´em,ferramentas poderosas como o mapa de reverbera¸c˜ao,que ´eo mapeamento dos atrasos de tempo entre varia¸c˜oesobservadas no cont´ınuo e os efeitos desta mudan¸ca nas linhas de emiss˜aocausado pela viagem da luz ao longo da BLR (Blandford e McKee 1982), mostraram que a BLR era menor e mais densa do que o indicado pelos modelos de fotoioniza¸c˜ao(Ulrich et al. 1984; Peterson et al. 1985). Massas do objeto central, nessa ´epoca j´aassumido como sendo um buraco negro, pode ser derivada com maior precis˜ao.O raio menor implicou em menores massas, as quais assumiram valores razo´aveis. Levando em conta outras considera¸c˜oes,a id´eiade movimentos gravitacionais para a BLR ganhou popularidade. A concep¸c˜aode r´adio-gal´axiascomo gal´axiasem colis˜aomostrou que os n´ucleosgal´acticos s˜aoregi˜oesde atividade violenta e concentrada. Burbidge (1961) sugeriu uma rea¸c˜aoem cadeia de supernovas, que poderia ocorrer em um aglomerado estelar denso no n´ucleo.Ou- tras id´eiasenvolvendo aglomerados estelares densos foram sugeridas por Cameron (1962), Spitzer e Saslaw (1966) e Arons et al. (1975) e modelos de starbursts por Terlevich e Melnick (1985). Hoyle e Fowler (1963) discutiram a id´eiade uma estrela supermassiva

8 (∼ 10 M¯) como fonte de energia gravitacional e termonuclear. Logo depois, Salpeter (1964) propˆosque a energia dos quasares seriam produzidas atrav´esde acre¸c˜aoem um buraco negro supermassivo (SMBH, de “supermassive black hole”). Para um material es- piralando gradualmente em uma ´orbitainterna est´avel de um buraco negro n˜aorotativo em r = 6GM/c2, onde M ´ea massa do buraco negro, a energia emitida por unidade de massa seria de 0.057c2 e em princ´ıpiosuficiente para suprir de energia um quasar luminoso com uma massa razo´avel. Essa id´eiaganhou aten¸c˜aoquando Lynden-Bell (1969) argumentou que quasares mortos em forma de corpos colapsados (buracos negros) seriam comuns em n´ucleosgal´acticos,dando um tempo de vida para a energia dos quasares e a prevalˆenciados mesmos nos prim´ordiosdo universo. Linden-Bell explorou a radia¸c˜aot´ermicae a emiss˜ao de part´ıculasr´apidasesperadas por um disco de g´asorbitando o SMBH. Com diferentes valores de massa e de taxa de acre¸c˜ao,esses discos s˜aocapazes de prover uma explica¸c˜ao para uma grande fra¸c˜aode fenˆomenosde astrof´ısicade altas energias, como Seyferts e quasares. Ali´as,o paralelo entre as gal´axiasde Seyferts e os quasares foi muito discutido, Se¸c˜ao1.1. Gal´axiasde Seyfert: Aspectos hist´oricos. 29 devido `aslinhas em emiss˜ao,`apresen¸cade linhas mais alargadas, um cont´ınuo n˜aoestelar e mesmo `avariabilidade na luminosidade, sugerindo-se assim um fenˆomenof´ısicocomum para as duas classes de objetos. Por´emno caso dos quasares era necess´arioresolver o problema de estarem em altos , o qual foi sendo aceito ao longo dos anos (ver Weedman 1976 e Shields 1999 para uma revis˜ao). Grande parte do desenvolvimento dos AGNs baseou-se em informa¸c˜oesno ´optico.No entanto, o estudo em outros comprimentos de onda foi de essencial importˆanciapara uma melhor compreens˜aodesses objetos. No caso dos raios-x, Elvis et al. (1978) mostraram que as Sy1 possuem uma forte emiss˜aonesta banda, onde luminosidades t´ıpicaseram de ∼ 1042.5 −1044.5erg/s. A potˆenciados raios-x est´acorrelacionada com o cont´ınuo no ´optico e no infravermelho e com a intensidade da linha de Hα. Elvis et al. consideraram modelos de bremsstrahlung t´ermico(∼ 107K), synchrotron e “synchrotron self-compton” para a emiss˜aode raios-x. Estudos posteriores com o HEAO 1 e o “Einstein Observatory” (HEAO 2) trouxeram novos resultados, como um novo limite para a massa do buraco negro. No r´adio,as informa¸c˜oespermitiram determinar suas fun¸c˜oesde luminosidade nesta faixa do espectro, compara¸c˜oesentre as propriedades dos subtipos de Seyferts e destas em geral com outras classes de AGNs (ver Ho e Ulvestad 2001 para mais referˆencias).No infravermelho e no ultravioleta, medidas ap´osos lan¸camentos do International Ultraviolet Explorer (IUE) e do Infrared Astronomical Satellite (IRAS) mostravam um “bump” entre 3-5µm na maioria das Seyferts e quasares, com 40% da luminosidade entre 2.5 e 10µm. Sanders et al. (1989) mostraram medidas de 109 quasares de 0.9 nm at´e6 cm, indicando que a distribui¸c˜aot´ıpica de energia poderia ser ajustada por um disco de acre¸c˜aoquente em comprimentos de onda mais curtos e por poeira quente nos comprimentos maiores. O sat´eliteIRAS mostrou que uma grande popula¸c˜aode gal´axias´efortemente dominado pelo infravermelho long´ınquo, o que indica uma emiss˜aode poeira aquecida por um “starburst” ou por um AGN. Mais detalhes sobre a hist´oriados AGNs podem ser vistos em Shields (1999) e Weedman (1976). Um bom artigo sobre linhas de emiss˜ao´eV´eron-Cetty e V´eron(2000). Para AGNs pr´oximos,Ho (2004) ´erecomendado. 30 Cap´ıtulo1. Introdu¸c˜ao

1.2 Seyferts 1 e 2: O modelo unificado

As caracter´ısticasobservadas de um AGN podem estar fortemente relacionadas com a orienta¸c˜aoda gal´axiaem rela¸c˜ao`anossa linha de visada. Assim, os diferentes tipos de AGNs podem ser fun¸c˜aodo ˆangulode visada. Essa ´ea base do modelo unificado, o qual tenta associar os diferentes tipos de AGNs a um fenˆomeno´unico(orienta¸c˜aoda gal´axia:“face-on” ou “edge-on”). Os modelos de unifica¸c˜aopodem ser caracterizados de duas maneiras: fracos e fortes. Os modelos de unifica¸c˜aofracos permitem a compara¸c˜ao entre dois parˆametrosintr´ınsecos,por exemplo luminosidade no ´opticoe luminosidade no r´adio. Nesses modelos h´adois tipos de AGNs, os “radio loud” e os “radio quiet”. Em cada tipo ´evisto uma faixa de fenˆomenosrelacionados com as varia¸c˜oesentre esses dois parˆametrosb´asicosmais diferen¸casaparentes devido a orienta¸c˜aodo sistema em rela¸c˜ao ao observador. O modelo de unifica¸c˜aoforte ´ecomplementar ao modelo fraco e assume apenas um parˆametrointr´ınseco,a luminosidade (estas caracter´ısticasno ´opticoe no r´adio seriam correlacionadas). Todas as outras diferen¸casque se observa, incluindo a diferen¸ca nas propriedades no ´opticoe no r´adio,s˜aoconsequˆenciasda orienta¸c˜aodo objeto. No ´optico,os cen´ariosde unifica¸c˜aosurgiram com a tentativa de compreens˜aoda na- tureza das Seyferts 2. O reconhecimento de que o fenˆomenopoderia estar relacionado com a orienta¸c˜aodevido ao obscurecimento das regi˜oesmais centrais come¸coucom Osterbrock (1978). No caso das fontes em r´adio,os modelos convencionais de radia¸c˜aosynchrotron mostram um alto grau de anisotropia. Blandford e Rees (1978) foram os primeiros a recon- hecer que o fenˆomenode Blazar seria devido a observa¸c˜aodo objeto ao longo do eixo do r´adio,assim o fluxo ´edominado pelo “doppler beaming”. Os elementos chaves s˜aoo toro de poeira, respons´avel pelo obscurecimento no ´opticoe o jato emissor de synchrotron no r´adio.No caso das Sy1 e Sy2, se o toro ´evisto “face on”, a visada `asregi˜oescentrais n˜ao´e obstru´ıdae as linhas largas s˜aodetectadas (Sy1). Por outro lado, se o objeto ´eorientado “edge on”, as regi˜oescentrais n˜aopodem ser vistas, resultando em um espectro apenas com linhas estreitas. A figura 1.1 ilustra o conceito b´asicodos modelos de unifica¸c˜aomais simples. As diferen¸casentre os dois tipos de Seyferts s˜aoa falta de linhas largas em emiss˜aonas Sy2 e o fato de que o “featureless continuum” ´emais fraco relativo ao cont´ınuo estelar. A primeira suspeita foi que s´oexistiria um tipo de gal´axiaSeyfert, por´emem alguns Se¸c˜ao1.2. Seyferts 1 e 2: O modelo unificado 31

Figura 1.1: Esquema conceitual para a unifica¸c˜aoentre as Sy1 e Sy2. Um toro de poeira esconde a fonte do cont´ınuo (ponto preto no centro) e a BLR (nuvens perto do centro). No entanto, as NLR est˜aofora do toro, por isso apenas as linhas estreitas s˜aoobservadas nas Sy2. No eixo do toro, o n´ucleon˜ao´eobstru´ıdoe a mesma gal´axia´eclassificada como Sy1. Figura de Peterson (1997)

casos a regi˜aonuclear era atenuada por algum meio. Como a atenua¸c˜aose daria em uma grande faixa do espectro, poeira ´eo candidato mais forte para o obscurecimento das regi˜oes centrais. No entanto, o “featureless continuum” na Sy2 ainda ´euma lei de potˆenciapura, o que n˜aodeveria ser verdade se o espectro fosse altamente avermelhado. Outro problema ´eque o espectro no UV possui o mesmo formato na Sy2 e na Sy1. E a magnitude t´ıpica de uma Sy2 ´eapenas uma ordem de magnitude menor do que a magnitude de uma Sy1. Uma hip´otese´eque as Sy2 seriam Sy1 por´emem um estado em que o cont´ınuo ´emais fraco, no entanto essa explica¸c˜ao´epouco prov´avel. Blandford e Rees (1978) propuseram o modelo do toro que obscurece o n´ucleo,resolvendo os problemas acima (com exce¸c˜ao do avermelhamento do cont´ınuo). Como a densidade espacial de Sy2 ´ecerca de 3 vezes maior que a densidade espacial de Sy1, isso significa que o toro deve bloquear cerca de 3/4 do c´eu,como seria visto pela fonte central, consistente com os ˆangulosde abertura dos cones de ioniza¸c˜ao(ver cap´ıtulo 6 de Peterson 1997). O que torna o modelo de Blandford e Rees vi´avel ´eum componente adicional, um meio espalhador, que estaria 32 Cap´ıtulo1. Introdu¸c˜ao situado acima do buraco do toro, espalhando a luz nuclear ao observador no plano do disco. Isso foi corroborado por Antonucci e Miller (1985), que detectaram linhas permitidas mais largas no espectro polarizado de NGC 1068, como ´evisto na figura 1.2. A polariza¸c˜aodo “featureless continuum” em NGC 1068 ´eindependente do comprimento de onda, ao menos at´eaproximadamente 1500 A˚, o que indica que as part´ıculasespalhadoras s˜aoel´etrons, ao inv´esde poeira. O vetor de polariza¸c˜ao E ´eperpendicular ao eixo do r´adioda fonte, como seria esperado por um modelo de simples espalhamento. A NLR ´epolarizado em ∼< 1%, uma vez que ela ´eobservada diretamente e n˜aoap´oso espalhamento. Assim, os componentes nucleares do espectro s˜aofracos e polarizados, mas n˜aoavermelhados.

Figura 1.2: Espectro de NGC 1068. O espectro acima n˜ao´epolarizado e possui apenas linhas estreitas. O espectro abaixo, polarizado, apresenta evidˆenciasde linhas permitidas largas, indicando que a gal´axia´euma Sy1 intr´ınseca.Figura de Osterbrock e Ferland (2006)

O caso de NGC 1068 mostra que algumas Sy2 s˜aoSy1 obscurecidas, por´ema pergunta se todas as Sy2 s˜aoSy1 intr´ınsecasainda ´ev´alida. Peterson (1997) apresenta testes em que n˜ao´eposs´ıvel argumentar contra o modelo do toro, por´emesses testes devem ser feitos com mais cuidado. Uma delas ´ea raz˜aoentre o n´umerode f´otonsionizantes previsto e o Se¸c˜ao1.2. Seyferts 1 e 2: O modelo unificado 33 observado, que depende do fator de preenchimento do espa¸copelo g´ase de propriedades individuais das nuvens (uma primeira aproxima¸c˜aoap´oiao modelo unificado). Outra raz˜ao ´ea compara¸c˜aoentre o IR e altas energias, onde assume-se que o toro absorve as radia¸c˜oes mais energ´eticase as reemite no IR. No entanto, c´alculosenvolvendo essa an´alises˜ao incertos, devido ao fato de ser dif´ıcilisolar a parte nuclear da emiss˜aoextensa no IR. Testes estat´ısticoss˜aosugeridos em Peterson (1997). Um deles, que ser´adiscutido no cap´ıtulo6 , ´eo estudo de amostra de Seyferts limitada em distˆancia,onde ´eposs´ıvel a compara¸c˜aode parˆametrosobservados de diferentes gal´axiasem um volume fixo. Outro teste ´eestudar parˆametrosque independam do ˆangulode visada. Algumas sugest˜oess˜aoa emiss˜aoextensa em r´adio,emiss˜aoem raios-x duros, emiss˜aono infravermelho long´ınquo e emiss˜aoda NLR extensa. As investiga¸c˜oesacerca dos modelos de unifica¸c˜aomostram que algumas Sy2 s˜aoreal- mente Sy1 obscurecidas. Por exemplo, as propriedades de linhas estreitas em Sy1 e Sy2 s˜aoestatisticamente indistingu´ıveis, embora muitas linhas estreitas de alta ioniza¸c˜aos´o s˜aoencontradas em Sy1. Por´emn˜aoh´araz˜aopara se acreditar que os espectros de linhas estreitas s˜aoprovenientes de diferentes regi˜oes.No entanto, alguns resultados sugerem que h´aSy2 intr´ınsecas,como o cont´ınuo de Sy2 n˜aoser polarizado, o que sugeriria a ausˆencia de meios de espalhamento nessas fontes, mas n˜aoa ausˆenciade BLR. N˜aoh´anenhuma Sy2 com alta polariza¸c˜ao,onde em um sistema em “edge on”, polariza¸c˜aono cont´ınuo deveria alcan¸carat´e50 %, longe de qualquer outra fonte detectada. Outro resultado interessante ´eque todos os quasares possuem espectro do tipo 1. Alternativas para explicar isso s˜ao que a alta luminosidade destr´oia poeira, ou sen˜aoo toro em objetos de alta luminosidade ´emais fino. Em qualquer um dos casos, a BLR seria vis´ıvel em qualquer ˆangulode visada. Na grande unifica¸c˜ao(ou seja, no modelo forte), a diferen¸caprim´ariaentre Seyferts e qua- sares ´ea luminosidade. Propostas de se unir “radio loud” e “radio quiet” n˜aoproduziram resultados conclusivos com estudos estat´ısticose de propriedades das fontes. Mais detalhes sobre a unifica¸c˜aopode ser visto no cap´ıtulo7 de Peterson (1997), em Osterbrock e Ferland (2006) e em Antonucci (1993). 34 Cap´ıtulo1. Introdu¸c˜ao

1.3 Alvos

1.3.1 NGC 6221

NGC6221 ´eclassificada pelo “Nasa Extragalatic Database”1 (NED) como uma gal´axia SB(s)bc pec; Sy1Sy2, com uma velocidade radial heliocˆentrica de 1499(5) km/s. Martin (1976) descreveu o n´ucleocomo sendo pontual, com um espectro em linhas em emiss˜ao de baixa excita¸c˜ao.De acordo com de Vaucouleurs (1975), NGC 6221, NGC 6215 e NGC 6300 s˜aoos membros mais brilhantes de um grupo de aproximadamente 8 gal´axias. No entanto, as curiosidades com essa gal´axiaaparecem com Marshall et al. (1979), que relaciona NGC 6221 com a fonte H1649-595, observada em raios-x duros pelo HEAO A-2, dentro de uma caixa de erro de 90%. Phillips (1979) realizou observa¸c˜oesno ´optico mostrando linhas de emiss˜aomoderadamente fortes, superposto em um cont´ınuo gal´actico dominado por linhas estelares “late-type” em absor¸c˜ao. Uma an´alisemais profunda das linhas em emiss˜aoe mesmo a ausˆenciade algumas linhas n˜aopermitiram a Phillips classi- ficar NGC 6221 como uma Sy2, talvez por causa da baixa resolu¸c˜aode suas observa¸c˜oes. Ele argumenta que suas observa¸c˜oesdescrevem um espectro de g´asionizado por estrelas jovens e quentes e que n˜aosugere a presen¸cade um componente n˜aot´ermicono UV e no raio-x, mas que n˜aoexclui a associa¸c˜aode NGC 6221 com a emiss˜aoem raio-x detectada pelo HEAO A-2. Veron et al. (1981), com uma resolu¸c˜aoespectral melhor que Phillips, perceberam que os perfis das linhas de Hβ e [O III] n˜aose assemelham aos perfis de outras linhas e notaram que o espectro, apresentado na figura 1.4 prov´emde duas regi˜oes: uma com a linha de Hβ forte por´emestreita e linhas de [O III] mais fracas; e caracterizada por linhas mais largas de [O III] e com um limite superior para a largura da linha de Hβ de um quarto da largura de [O III]λ5007, sendo essa regi˜aode mais alta excita¸c˜ao. Levando em conta esses novos resultados, a gal´axiapode ser considerada uma Sy2, tornando assim mais prov´avel a identifica¸c˜aode NGC 6221 com a fonte H1649-595. Pence e Blackman (1984) tamb´emencontraram as linhas de [O III] mais largas do que as outras linhas em emiss˜ao, especialmente na asa azul. As figuras 1.5 e 1.6 mostram a compara¸c˜aodo perfil de [O III]

1 This research has made use of the NASA/IPAC Extragalactic Database (NED) which is operated by the Jet Propulsion Laboratory, California Institute of Technology, under contract with the National Aeronautics and Space Administration. Se¸c˜ao1.3. Alvos 35

Figura 1.3: Observa¸c˜aoda fonte H1649-595. Caixas de erro com tamanhos 3.60 e 0.84 em graus2. O asterisco ´ea posi¸c˜aoda poss´ıvel fonte, no caso NGC 6221. Figura de Marshall et al. (1979)

com Hβ e a raz˜aoentre [O III] e Hβ no pico e outras regi˜oesat´ea asa azul, mostrando evidˆenciasde duas regi˜oesrespons´aveis pelas.

Figura 1.4: Espectro de NGC 6221, de Veron et al. (1981). As linhas em emiss˜aode [O III] s˜aoclaramente mais largas que Hβ. Figura de Veron et al. (1981)

D´ıazet al. (1997) atrav´esde medidas das linhas em emiss˜aoe do FWHM do espec- tro classificou o n´ucleode NGC 6221 como uma Sy2. Eles encontraram movimentos n˜aocirculares em alguns setores e uma importante diferen¸cade velocidade entre as ve- 36 Cap´ıtulo1. Introdu¸c˜ao

Figura 1.5: Compara¸c˜aoentre os perfis de linhas de [O III] e Hβ. Est˜aoplotadas na mesma escala de velocidade relativa `avelocidade m´edianuclear. Figura de Pence e Blackman (1984)

Figura 1.6: Raz˜aodas linhas nucleares de [O III]λ5007A e as linhas de Hβ da figura 1.5. A raz˜aovaria no pico de aproximadamente 0.2 correspondem a regi˜oesHII at´eaproximadamente 3 na asa azul indicando uma Sy2. Figura de Pence e Blackman (1984)

locidades sistˆemicasderivadas de dados de regi˜oesinternas (1442(10)km/s) e externas (1505(10)km/s). Essas caracter´ısticasforam explicadas como sendo uma consequˆenciada Se¸c˜ao1.3. Alvos 37 presen¸cade um fluxo de g´asionizado expandindo do n´ucleo.Esse fenˆomeno´eaumentado na fonte central, cujo diˆametro´e r ≈ 100pc, onde as linhas em emiss˜aomostram uma com- ponente escondida com FWHM ≈ 600km/s. Forbes e Norris (1998), a partir de an´alises no r´adio,mostraram que NGC 6221 possui um ´ındiceespectral n˜aot´ermicocom α ∼ −0.6 - t´ıpicode remanescentes de supernovas. A raz˜aoentre os fluxos no infravermelho long´ınquo (FIR) e em r´adioem 4.8 GHz ´ede 2.21, caracter´ısticode “starbursts” (essa raz˜ao´ediscu- tida no cap´ıtulo6) . Essas informa¸c˜oespossibilitaram a conclus˜aode que a morfologia em r´adioe outras propriedades s˜aoconsistentes com a forma¸c˜aoestelar ser a fonte dominante da emiss˜aoem r´adio.Oddone et al. (1999), com an´alisesde cubo de dados utilizando-se Fabry-Perot mostraram uma distor¸c˜aono centro do campo de velocidades. De acordo com as larguras de linhas e fluxos relativos, os autores conclu´ıramque NGC 6221 possui um n´ucleoSeyfert, rodeado por uma regi˜aocircumnuclear de violenta forma¸c˜aoestelar. Levenson et al. (2001a) argumentaram que NGC 6221 ´edetectado em raios-x pelos sat´elitesROSAT HRI e ASCA GIS, com caracter´ısticasde uma Sy1. Com uma absor¸c˜ao

22 −2 baixa, NH = 1 × 10 cm , a emiss˜aono raio-x mole inclui uma contribui¸c˜aode 80% do AGN intr´ınseco. A linha de Fe em 6.7 keV ´elarga. A largura equivalente ´e400 eV, relativamente larga se comparada com as linhas em emiss˜aode Sy1 e a energia ´e alta, sugerindo uma regi˜aoionizada. As observa¸c˜oesdo HRI demonstram que a regi˜aode emiss˜aoem raios-x moles ´eextensa (at´eum raio de 4.8 kpc) e contribui com metade das contagens observadas, em contraste `apequena fra¸c˜aode raio-x mole t´ermicodetectado espectroscopicamente. Varia¸c˜oesno fluxo em raio-x foram detectados entre as observa¸c˜oes do ROSAT e do ASCA e podem ser devidas a mudan¸casno AGN, ou em sua luminosidade intr´ınsecaou na varia¸c˜aoda coluna de densidade. Uma mudan¸cana potˆenciado AGN por um fator de 5 entre as observa¸c˜oes´econsistente com os dados. Outra alternativa

22 −2 ´ea diminui¸c˜aode NH . Nos dados de 1997, NH = 1.1 × 10 cm ´ebaixo. Se fosse o 23 −2 valor t´ıpicodas Sy2/starburst, NH ≈ 10 cm na epoca dos dados do ROSAT, o fluxo detectado pelo satelite n˜aodeveria ser do AGN intr´ınseco. A 1990W, presente em NGC 6221, provavelmente n˜aofoi a fonte dessa varia¸c˜aomedida. Em Levenson et al. (2001b), ´econfirmada a caracter´ısticade Sy1 de NGC 6221 e discutidos os resultados de Levenson et al. (2001a). Um artigo espec´ıficosobre NGC 6221 foi escrito por Levenson et al. (2001). Com ob- 38 Cap´ıtulo1. Introdu¸c˜ao serva¸c˜oesno ´opticoos autores confirmaram as conclus˜oesde Veron et al. (1981) e Pence e Blackman (1984). A componente larga2 de [O III] produz uma FWHM ∼ 600km/s. As raz˜oesdas linhas em emiss˜aos˜aoconsistentes com a classifica¸c˜aode um “starburst” nos dia- gramas convencionais: [OIII]/Hβ = 0.89, [NII]λ6584/Hα = 0.56, [OI]λ6300/Hα = 0.02 e [SII]λλ(6717 + 6731)/Hα = 0.21. E´ notado que [NII]/Hα cai no limite entre AGN e regi˜aoHII, quando comparado com [OIII]/Hβ (Veilleux e Osterbrock 1987). Enquanto a raz˜ao[OIII]/Hβ para as componentes largas e estreitas produzem NLR e regi˜aoHII (2.1 e 0.2, respectivamente), as raz˜oes[NII]/Hα e [SII]/Hα s˜aoapenas ligeiramente maiores para a componente larga. Esse comportamento ´eesperado, uma vez que [O III] ´ea linha mais brilhante da NLR. Atrav´esda linha de [S II], inferiu-se a densidade eletrˆonica,que de-

−3 −3 cresce de dentro pra fora, sendo ne ∼ 700cm no n´ucleoe ne ∼ 100 − 300cm em 500 pc, comum em outros sistemas de “starburst” (Lehnert e Heckman 1996). Tamb´emse resolveu espacialmente a regi˜aoque produz a componente mais larga, pois [O III] ´efacilmente detec- tada com observa¸c˜oescentrada em 3”(290 pc) longe do n´ucleoe marginalmente detectada em espectros de fenda mais larga (e mais ruidosos). O tamanho de 300-500 pc projetado ´et´ıpicode NLR em gal´axiasSeyferts (Lehnert e Heckman 1996). Levenson et al n˜aoen- contram sinais de BLR, apesar que ajustes de linhas largas com FWHM entre 2500 e 7000 km/s permitem estimativas de largura equivalente m´aximada linha de Hβ proveniente da BLR de 10A˙. Em compara¸c˜ao,a medida da largura equivalente de Hβ ´ede 21.5A˙. Em

BLR −14 2 termos de fluxo, esse limite corresponde `a FHβ < 1.1 × 10 ergs/cm /s, que, corrigindo BLR 40 para AV = 3 mag, implica em um limite para a luminosidade de LHβ < 1.3 × 10 ergs/s. A extin¸c˜aofoi calculada atrav´esda raz˜ao Hα/Hβ com a lei de extin¸c˜aode Cardelli et al.

(1989), com RV = 3.1 e assumindo a raz˜aote´oricade Hα/Hβ de 2.86 (Osterbrock e Ferland

2006), apropriada a uma nebulosa “starburst”. Assim, para a regi˜aonuclear AV = 3.0mag. A raz˜ao Hα/Hβ para a NLR ´ede 7.9, enquanto para o “starburst” ´ede 7.2, sugerindo que a NLR sofre uma extin¸c˜aoadicional de 0.3 mag com respeito `aslinhas do “starburst”.

Se a Via L´acteapossui AV = 0.5 mag (Schlegel et al. 1998), a extin¸c˜aointr´ınsecade NGC 6221 ´ede 2.5. O “starburst” possui uma taxa de forma¸c˜aoestelar (SFR) no n´ucleode

0.17M¯/ano, o que qualifica NGC 6221 como uma gal´axia“starburst”. A forma¸c˜aoeste-

2 considere aqui componente larga em compara¸c˜ao`alargura de linhas provenientes de “starburst”, sendo uma medida de linha originada na NLR Se¸c˜ao1.3. Alvos 39 lar forte se concentra no n´ucleoe se estende a um raio de aproximadamente 400-500 pc. Dentro da regi˜aocircumnuclear, a forma¸c˜aoestelar ocorre em v´arioslugares, como mo- strado pelas an´alisesespectrais e por imagens do Hubble. A luminosidade no infravermelho

10 long´ınquode NGC 6221 ´ede LFIR = 2.7 × 10 L¯, o que indica uma luminosidade bo- 10 lom´etrica Lbol = 3.7×10 L¯. Em termos de taxa de forma¸c˜aoestelar, um modelo de taxa 10 −1 −1 constante prevˆe Lbol ∼ 1.1 × 10 L¯(M¯ano ) , implicando numa SFR = 3.3M¯/ano. Em raio-x ´edetectado uma variabilidade em uma escala de tempo de 5 × 104s. An´alises mais robustas mostraram que essa variabilidade est´aassociada a gal´axiasSy1. Baseado nas informa¸c˜oesdo ´opticoe de raios-x, Levenson et al sugerem um cen´arioonde o g´ase a poeira associado ao starburst obscurece o AGN. A figura 1.7 mostra um esquema desse cen´ario. A regi˜aode forma¸c˜aoestelar ´egrande o suficiente para cobrir inclusive a NLR, enquanto o modelo do toro obscurece apenas a BLR. O pr´oprio“starburst” ´eempoeirado, como mostra observa¸c˜oesno ´optico.O efeito de obscurecimento ilustra bem como o “star- burst” pode ser dominante no ´opticoe o AGN mais pronunciado no raio-x. A figura 1.8 mostra o ajuste de modelos calculados atrav´esde uma gal´axia“starburst” n˜aoobscurecida (Schmitt et al. 1997) e de um quasar “radio-quiet” normalizado em 5000A˙ (Elvis et al. 1994) em pontos medidos por Levenson et al.

Figura 1.7: Esquematiza¸c˜aodo modelo de “starburst” obscurecendo o AGN. A linha de visada A ´eo que acontece com NGC 6221, onde a BLR e a NLR s˜aoescondidas pelo “star- burst”. Como a coluna de densidade do AGN medido no raio-x ´eda ordem de 1022cm−2, as caracter´ısticasde Sy1 nesta faixa do espectro n˜ao´euma surpresa. A linha de visada B mostraria uma Sy2 verdadeira, com absor¸c˜oesdevido ao “starburst” e ao toro. Figura de Levenson et al. (2001) 40 Cap´ıtulo1. Introdu¸c˜ao

Figura 1.8: Distribui¸c˜aoespectral de energia de NGC 6221, modelados por contribui¸c˜oesde AGN e de “starburst”. O componente AGN ´emedido no raio-x e em medidas fotom´etricasde imagens do HST (losangos preenchidos). O “starburst”, com imageamento e espectroscopia, engloba uma maior faixa (losangos vazios). O modelo de AGN est´aem linhas pontilhadas, enquanto o modelo de “starburst” em linha cheia. A extin¸c˜aodo AGN ´emedida no raio-x, no “starburst” ´emedida no ´optico. Nota-se o dom´ıniodo “starburst” no ´opticoe do AGN no raio-x, sendo que o “starburst” contribui com a maior parte da luminosidade bolom´etrica e o AGN com apenas 1%, praticamente todo no raio-x. Figura de Levenson et al. (2001)

Com medidas no raio-x, Levenson et al fazem previs˜oesde fluxo para a linha larga de

41 BLR 39 Hβ. O ASCA mede L2−10keV = 6.3 × 10 ergs/s, implicando em LHβ = 8.5 × 10 ergs/s BLR −13 2 ou um fluxo de FHβ = 1.8 × 10 ergs/s/cm , do AGN intr´ınseco,uma vez que a m´edia BLR da raz˜aoentre esses dois valores ´e LHβ /L2−10keV = 0.013, obtido atrav´esde medidas no raio-x de Xu et al. (1999) e de medidas de Hβ em Whittle (1992) e Dahari e De Robertis

BLR −15 2 (1988). Se AV = 5.0 para a BLR, o fluxo esperado ´ede FHβ = 1.8 × 10 ergs/s/cm , abaixo do limite previsto estimado do espectro ´optico.Uma estimativa para a luminosidade

NLR 39 da linha de [O III]λ5007, produzida pelo NLR, ´ede L[OIII] = 5.7 × 10 ergs/s ou fluxo de NLR −13 2 F[OIII] = 1.2 × 10 ergs/s/cm , com a m´ediada raz˜aoentre esses dois valores para Sy1 NLR de L[OIII]/L2−10keV 8.7 × 10−3 (Xu et al. 1999). Com corre¸c˜aopara o avermelhamento, a NLR −13 2 NLR previs˜ao´ede F[OIII] = 4.2 × 10 ergs/s/cm na abertura central 1.5” × 1.5” ou F[OIII] = 8.1 × 10−13ergs/s/cm2 integrado em toda a fenda. Se¸c˜ao1.3. Alvos 41

1.3.2 NGC 7582

NGC 7582 ´euma gal´axiaSB(s)ab Sy2, com uma velocidade radial heliocˆentrica de 1575(7) km/s, de acordo com o “Nasa Extragalatic Database”. Faz parte do grupo de gal´axias“Grus”, em um quarteto envolvendo NGC 7552, 7590, 7599 al´emda pr´opria7582. Shobbrook (1966) descreve a gal´axiacomo tendo um pequeno n´ucleobrilhante com fortes linhas em emiss˜aoestreitas ([O II], [O III], [N I], [N II], Hβ, Hγ, He II e Ne III), sugerindo uma regi˜aoH II de alta excita¸c˜ao.Glass (1973) encontrou valores da medida da cor (K-L) compar´aveis a de gal´axiasSeyferts e identificou a fonte r´adioPKS 2313-428 como sendo NGC 7582, com potˆenciada ordem de magnitude de Seyferts. Glass (1976) comentou que sua posi¸c˜aoanˆomalano diagrama (J-H)/(H-K) indica a presen¸cade poeira mais quente que o normal para uma gal´axiaespiral e uma composi¸c˜aoestelar diferente, argumentando que a gal´axiade Seyfert IC4329A tem a mesma contribui¸c˜aode luz estelar e de poeira. Martin (1976) relatou um n´ucleotipo estelar e linhas em emiss˜aode Balmer, [O II], [O III], [S II] e [N II]. Ward et al. (1978) identifica NGC 7582 como sendo a fonte em raio-x 2A 2315- 428, do cat´alogo2A, feito com observa¸c˜oesdo Ariel 5 Sky Survey Instrument e do sat´elite Uhuru. Apesar de haver quatro gal´axiasem “Grus”, apenas NGC 7582 est´adentro da caixa de erro da observa¸c˜ao,como mostra a figura 1.9. A figura 1.10 mostra o espectro ´optico de NGC 7582. Ward et al argumentam que as linhas s˜aomuito estreitas se comparadas com Seyferts, por´emalgumas linhas como He IIλ4686 em 16%(5) em rela¸c˜aoa Hβ e [Ne V]λ3426 aparecem no espectro, indicando uma poss´ıvel fonte n˜aot´ermica. Estimativas

21 −2 de AV =4.0 e NH = 7.4 × 10 cm s˜aoapresentadas. A curva de luz em raio-x mostra uma variabilidade ao longo de 60 dias, t´ıpicode uma Sy1, implicando que a fonte emissora dos raios-x n˜aodeve ter mais do que 0.05 pc. A variabilidade foi tamb´emdetectada pelo “Einstein Observatory” por Maccacaro et al. (1981). As caracter´ısticasno infravermelho mostram que NGC 7582 est´ana posi¸c˜aode uma Seyfert, conclus˜aoconfirmada por Glass (1979). Clavel et al. (1980), com observa¸c˜oesno UV, mostraram um cont´ınuo nesta faixa em lei de potˆenciacom ´ındiceespectral αuv = 3.4(4). Clavel et al calcularam uma absor¸c˜ao ˙ de AV = 1.35(9) da banda de extin¸c˜aoem λ = 2300 A. Ward et al. (1980) confirmaram NGC 7582 como uma fonte r´adio,descrito como sendo possivelmente uma fonte pontual mais uma componente extensa. Ajustes no cont´ınuo mostraram uma fonte n˜aot´ermica, 42 Cap´ıtulo1. Introdu¸c˜ao

Figura 1.9: Observa¸c˜aoda fonte em raio-x 2A 2315-428. Caixa de erro com confiabilidade de 90%. Note que somente uma gal´axiaest´adentro da caixa, no caso NGC 7582. Norte para cima e leste para a esquerda. Figura de Ward et al. (1978)

Figura 1.10: Espectro de NGC 7582. Linhas mais estreitas se comparadas com Seyferts, por´emlinhas de alta ioniza¸c˜aocomo por exemplo [Ne V]λ3426 est˜aopresentes, sugerindo uma fonte n˜aot´ermica.Figura de Ward et al. (1978)

com ´ındiceespectral α = 2.1(1). Foi estimado que estrelas quentes contribuem com 1/3 ˙ 21 −2 da energia observada na faixa entre 3600 e 4200 A. O valor de NH = 2.5(1.7) × 10 cm implica um corte na faixa do raio-x em 0.75 keV. An´alisesfeitas por Ward et al. , a partir de espectros com baixa dispers˜ao,mostram que a regi˜aoque absorve o cont´ınuo s˜ao possivelmente nuvens de HI longe de regi˜oesfortemente ionizantes, que podem ser estrelas Se¸c˜ao1.3. Alvos 43

OB, por exemplo, explicando a diferen¸cano valor de AV estimado naquele trabalho e no trabalho de Clavel et al. Assim, na regi˜aode linha de emiss˜aotem-se o valor para

AV de 3.5 a 4 e para o cont´ınuo de aproximadamente 1. No ´optico,o ´ındiceespectral ´e aproximadamente o mesmo daquele do UV. A figura 1.11 mostra o modelo para NGC 7582, onde o avermelhamento para o cont´ınuo ´ediferente do avermelhamento para a regi˜aode linhas de emiss˜ao.As conclus˜oess˜aode que a distribui¸c˜aoda energia espectral ´et´ıpicade uma Sy2, com um modelo de “Synchrotron Self Comptom”. O ´ındiceespectral do raio-x encontrado em Maccacaro et al. (1981) ´ede α ∼ 0.9, t´ıpicode uma Sy1.

Figura 1.11: Esquema de NGC 7582. O asterisco no centro ´eo cont´ınuo nuclear, emissora de raios-x com ∼ 0.05pc e fonte r´adiocompacta. A regi˜aoquadriculada ´eo g´asionizado. A regi˜aopontilhada ´eo material obscurecedor. A cruz ´ecomponente estelar, com algumas estrelas quentes presentes por causa das altas s´eriesde absor¸c˜aode Balmer observadas

Veron et al. (1981), em um espectro ´opticocom prevalˆenciade linhas de uma regi˜ao H II encontram caracter´ısticasde uma Seyfert atrav´esda linha de [O III]λ5007, an´aloga a an´alisefeita em NGC 6221. Com as linhas n˜aoresolvidas, os autores obtiveram I([O III]λ5007)/I(Hβ)=0.9 e com as linhas resolvidas I([O III]λ5007)/I(Hβ)=6.5. Para as linhas de Hβ, tem-se I(Hβbroad)/I(Hβnarrow)=0.34. Esses resultados mostram a superposi¸c˜aono espectro ´opticode uma regi˜aoH II (linhas estreitas) com uma regi˜aoemissora de linhas mais largas de alta excita¸c˜ao,caracter´ısticade uma Sy2. Ver´onet al. tamb´emargumentam sobre a possibilidade de gal´axiasde raios-x com linhas estreitas (NELG) poderem ser Seyferts 1, se as componentes largas das linhas de H forem dif´ıceisde serem detectadas por causa da absor¸c˜aoda mat´eriainterestelar. Como n˜aofoi detectada essa componente mais larga, Ver´onet al. propuseram que se h´auma componente Sy1, ela ´eextremamente fraca. 44 Cap´ıtulo1. Introdu¸c˜ao

Mushotzky (1982), com observa¸c˜oesno raio-x concluiu que NGC 7582 ´euma NELG, e que este tipo de gal´axiaest´aassociado a uma Sy1 de baixa luminosidade. No entanto em todas as gal´axiasestudadas por Mushotzky (1982), apenas NGC 7582 n˜aoapresenta ind´ıciosde linhas largas de Hα. Consistente com os resultados de Ver´onet al, Morris et al. (1985) detectaram um anel de regi˜oesH II atrav´esda linha de Hα. Storchi-Bergmann e Bonatto (1991) detectaram um cone de ioniza¸c˜aoatrav´esda linha de [O III]λ5007 na dire¸c˜aosudoeste de NGC 7582, com o centro da emiss˜aodeslocado em 0.7 arcsec. Uma pequena emiss˜aona linha de Hα tamb´em´edetectada como proveniente do cone, por´ema evidˆencia´emenor, pois outras regi˜oesemitem neste comprimento de onda. Storchi-Bergmann e Bonatto (1991) discutem que outras gal´axiasSeyferts tamb´emtiveram cones detectados, e sugerem que campos de radia¸c˜aobicˆonicospodem ser produzidos ou por colima¸c˜aoda parede do toro ou se a fonte central ´eintrinsecamente anisotr´opica.Antonucci e Miller (1985) sugeriram que um jato de plasma forma um canal por onde a radia¸c˜aodo motor central escapa ao longo de um cone, possivelmente alcan¸candograndes distˆancias. Esse resultado foi uma importante evidˆenciaa favor dos modelos de unifica¸c˜aodas Seyfets. Forbes e Norris (1998), atrav´esde observa¸c˜oesno r´adio,sugerem uma morfologia de um jato linear Seyfert, por´emo ´ındiceespectral, a raz˜aor´adio/FIRe a raz˜ao[Fe II]/r´adio indicam que a forma¸c˜aoestelar ´ea fonte dominante de emiss˜aonesta faixa do espectro. Heisler et al. (1997) n˜aodetectaram a BLR atrav´esda espectropolarimetria. Por ou- tro lado, Aretxaga et al. (1999) reportou uma mudan¸cano espectro de NGC 7582; uma muta¸c˜aode Sy2 para uma Sy1. Eles mostram que observa¸c˜oesat´epelo menos junho de 1998 o espectro ´opticoera caracter´ısticode uma Sy2. A figura 1.12 mostra espectros em diferentes ´epocas de NGC 7582. O espectro de 11 de julho mostra emiss˜oesda linhas largas de Hα, Hβ, Na I e Fe II, ausente em observa¸c˜oesanteriores. Em 6 de outubro, a componente larga de Hβ havia desaparecido. Em 21 de outubro, um decl´ıniona compo- nente larga de Hα ´eobservado. Uma poss´ıvel interpreta¸c˜aoseria uma captura de estrelas pelo buraco negro, por´emisso s´oseria poss´ıvel em NGC 7582 se a id´eiado toro ao redor do n´ucleofosse abolida, pois este bloquearia toda a luz ´opticaproveniente dos arredores do buraco negro. Uma alternativa ´ea varia¸c˜aodo avermelhamento do toro. Por´emes- sas possibilidades entra em conflito com os altos valores de extin¸c˜aomedidos para o toro, com AV da ordem de 200 mag. Outra hip´otese´eque o fenˆomenotenha ocorrido ao redor Se¸c˜ao1.3. Alvos 45 do toro e que n˜aoseja diretamente relacionado com o AGN. O “starburst” detectado ´e uma poss´ıvel fonte, uma vez que explos˜oesde supernova (SN) s˜aomais frequentes nestas regi˜oes.A explos˜aocausa alargamento nas linhas e aumento na luminosidade. A explos˜ao de uma SN IIn (SN com linhas largas observadas situada em regi˜oescom linhas estreitas proeminentes) gera d´uvidasquanto a classifica¸c˜aode gal´axiasnormais com um n´ucleotipo Sy1, caso a explos˜aoocorra neste lugar. A evolu¸c˜aoda largura da linha de Hα ´esimilar `aevolu¸c˜aoinicial de SN 1988Z, no entanto a evolu¸c˜aotemporal da intensidade da linha parece ser mais r´apidado que a observada para SN 1988Z ou NGC 5548 (Sy1). Aretxaga et al. sugerem observa¸c˜oespara checar se a evolu¸c˜aodo “flare” de NGC 7582 mostra um com- portamento similar a SN 1988Z ou NGC 5548. Levenson et al. (2001a), com observa¸c˜oes no raio-x, argumentaram que a coluna de densidade que obscurece o n´ucleovaria. Embora um simples crescimento na extin¸c˜aocom a lei de avermelhamento local n˜ao´econsistente com a varia¸c˜aono cont´ınuo do ´optico,a contribui¸c˜aoda componente “starburst” pode n˜ao ser adequadamente distinguida no espectro ´optico.

Figura 1.12: Espectros de NGC 7582. E´ poss´ıvel notar o aparecimento das linhas nos espectros mais recentes, mostrando a transi¸c˜aode Sy2 para Sy1. Figura de Aretxaga et al. (1999)

Su et al. (2000), atrav´esde observa¸c˜oesno r´adio,infravermelho, ´opticoe raio-x, concluem que NGC 7582 ´euma gal´axia“starburst” com um n´ucleoativo Sy2 e com uma alta taxa 46 Cap´ıtulo1. Introdu¸c˜ao de forma¸c˜aoestelar, podendo estar passando por um processo violento de forma¸c˜aoestelar e que esta tem uma importante contribui¸c˜aona emiss˜aodo r´adioe do infravermelho. Mi- hara et al. (2000) sugeriram uma estrutura “esburacada” do toro, baseado no decr´escimo

22 −2 da coluna de densidade NH ∼ 4 × 10 cm de 1994 a 1996. Suas observa¸c˜oesem raios-x mostraram variabilidade t´ıpicade Sy1, uma componente dominante na banda mole do raio-x provavelmente de emiss˜aonuclear espalhada e uma parte (10-20%) da componente “starburst”. A linha de ferro Kα ´edetectado em ∼ 6.4keV , com largura equivalente si- milar aos valores m´ediosde Sy1. Isso pode ser interpretado como a emiss˜aofluorescente de uma distribui¸c˜aon˜aouniforme de material em uma geometria do tipo toro. A linha ´e ligeiramente larga, por´emmuito mais estreita do que a largura m´ediade uma Sy1. A com- ponente linha-disco n˜aoparece ser dominante em NGC 7582. A linha larga pode ser um sinal de uma linha de ferro K multi origem n˜aoresolvida. Dewangan e Griffiths (2005), com observa¸c˜oesdo XMM Newton, encontrou uma varia¸c˜aode um fator 2 na taxa de contagem em 2-12 keV, ou uma mudan¸cana mesma faixa do espectro da luminosidade intr´ınseca ∆L > 9.3 × 1041ergss−1 da emiss˜aoprim´aria,em ∼ 200s. Eles concluiram que esta r´apida variabilidade ´esimilar `asSy1 com linhas estreitas (NLS1’s), que s˜aoSy1 com propriedades extremas, ou seja, FWHMHβ ≤ 2000km/s, espectro mais inclinado e uma r´apidavariabi- lidade, ambos no raio-x. O espectro ´ebem descrito por uma lei de potˆenciainclinada na +0.14 faixa 2-12keV com Γ = 2.26−0.17. A sugest˜ao´eque NGC 7582 ´ea contrapartida tipo 2 das gal´axiasNLS1. Espectros de baixa resolu¸c˜aoe imagens no infravermelho pr´oximomostram emiss˜aode PAH (hidrocarbono arom´aticopolic´ıclico)das regi˜oesde forma¸c˜aoestelar (Siebenmorgen et al. 2004). A fonte pontual do AGN ´eforte e bem definida nas bandas L (3.8µm) e M(4.7µm) e o disco de forma¸c˜aotamb´emaparece na banda L (Prieto et al. 2002), prova- velmente por causa da emiss˜aodo PAH em 3.3µm. Wold et al. (2006), com observa¸c˜oesdo

7 VLT (VISIR), derivam uma massa para o buraco negro de 5.5 × 10 M¯, com um intervalo 7 de confian¸cade 95% de [3.6,8.1]×10 M¯, consistente com a rela¸c˜ao MBH − σ (Ferrarese et al. 2006, Gebhardt et al. 2000). Wold et al. (2006) tamb´emdiscutem a morfologia do disco circumnuclear, com duas regi˜oesao sul do n´ucleosendo densas regi˜oesde intensa forma¸c˜aoestelar, profundamente embebida em poeira, como relatado por Wold e Galliano (2006). Essas regi˜oess˜aoobservadas no “mid-infrared” e n˜aotem contrapartida ´opticae Se¸c˜ao1.3. Alvos 47 no infravermelho pr´oximo(comparada com imagens do HST). Com fluxos ionizantes de ∼ 1 × 1052fotons/s e ∼ 2.5 × 1052fotons/s, atrav´esde modelos de “starburst”, as regi˜oes

5 possuem massas na faixa de 3-5×10 M¯, com um n´umerode estrelas O em cada fonte compacta de 0.6-1.6×103. As fontes menos brilhantes detectadas tem massas provavel-

5 3 mente menores de 2.0-3.2×10 M¯, com ∼ 1.0 × 10 estrelas do tipo O. Wold et al. (2006) mostraram que as duas fontes mais fortes est˜aoinclusas na curva de rota¸c˜aodo disco. Isto ´econsistente com a hip´otesede um disco fino rotacionando no potencial gravitacional do bojo, sugerindo que essas regi˜oesde forma¸c˜aoestelar est˜aono plano do disco. Assim o cont´ınuo do AGN n˜aodeve influenciar essas duas regi˜oes. A figura 1.13 mostra imagens no ´optico(HST/WFPC2 F606W), no infravermelho pr´oximo(HST/NICMOS F160W), no infravermelho m´edio(VLT/VISIR) e um mapa r´adio(ATCA) em 3 cm.

Figura 1.13: Imagens de NGC 7582. Em cima, da esquerda para a direita: HST/WFPC2 F606W e HST/NICMOS F160W. Embaixo, da esquerda para a direita: VLT/VISIR e mapa r´adio,feito com o ACTA, em 3 cm. Os c´ırculosao sul indica a posi¸c˜aodas duas fontes MIR. As duas flechas nas imagens HST foram estrelas utilizadas para alinhamento. Norte para cima, leste para a esquerda. Cada marca maior nos eixos equivalem a 1 arcsec. Figura de Wold e Galliano (2006)

Bianchi et al. (2007), com an´alisesde imagens do Chandra e do HST, mostraram que a emiss˜aona banda mole dos raios-x ´ealtamente influenciada pela distribui¸c˜aode poeira na gal´axia.Isso pode ser claramente visto na figura 1.14, onde ´eapresentado a raz˜aoentre as 48 Cap´ıtulo1. Introdu¸c˜ao imagens NIR e ´opticado Hubble, com contornos da emiss˜aodos raios-x moles em branco. O contorno em vermelho revela a raz˜aoentre as bandas de 0.8-1.3 keV e 0.3-0.8 keV, selecionadas por serem sens´ıveis `acoluna de densidades da ordem de 1021cm−2. Interessa apenas as mudan¸casrelativas nessa raz˜ao,uma vez que a raz˜aoabsoluta n˜aopossui uma interpreta¸c˜aof´ısica. A imagem da direita exp˜oea raz˜aodas bandas de 0.8-1.3 keV e 0.3- 0.8 keV. Nota-se que a regi˜aoonde h´ao maior valor da raz˜ao(alta absor¸c˜aodos raios-x) e a faixa de poeira est˜aolocalizados `anordeste do n´ucleo. A emiss˜aonos raios-x moles coincide com a dire¸c˜aodo cone de [O III], observada por Storchi-Bergmann e Bonatto (1991). Parte da emiss˜aodos raios-x moles pode ser vista a leste do n´ucleo,onde a poeira provavelmente ´eopticamente fina. Foram feitas an´alisesdas linhas de (OVII) (0.5-0.6 keV), (OVIII) (0.6-0.7 keV), (NeIX) (0.85-0.95 keV) e (NeX) (0.95-1.1 keV). Construiu-se imagens da raz˜aoentre alta ioniza¸c˜aoe baixa ioniza¸c˜ao,resultando em dois “hotspots”, onde a emiss˜aoOVIII e NeX s˜aomais brilhantes do que OVII e NeIX, presentes em ambos os lados do n´ucleo.Enquanto em um dos “hotspots” esse efeito pode ser causado por absor¸c˜ao(varia¸c˜aoda densidade de coluna obscurecedora), os dois pontos podem ser importantes tra¸cadoresde heterogeneidade do g´asemissor. No entanto, a n˜aocoincidˆencia entre as regi˜oesde forma¸c˜aoestelar (observadas pelas imagens do HST) e os “hotspots” parecem excluir em NGC 7582 que o “starburst” tem um importante papel como fonte de fotoioniza¸c˜ao.Finalmente, Bianchi et al. concluiram que o cen´arioglobal ´econsistente com os cen´ariosde unifica¸c˜ao,onde um toro compacto intercepta a linha de visada apenas em AGN “Compton-thick”, enquanto o material “Compton-thin” em larga escala ´eassociado com a gal´axiahospedeira.

1.4 Objetivos

O objetivo da presente disserta¸c˜ao´eestudar as propriedades das gal´axiasNGC 6221 e NGC 7582 atrav´esda espectroscopia de campo integral (ou IFU, de “integral field unit”). Para isto, desenvolvemos um m´etodo baseado na an´aliseem componentes principais apli- cado em cubo de dados (Steiner et al. 2008b). Estudamos tamb´emuma amostra de gal´axias Seyfert pr´oximas,buscando encontrar correla¸c˜oesentre os parˆametrosobservados para es- tas gal´axiasatrav´esda an´aliseem componentes principais. A disserta¸c˜ao´edividida da seguinte forma: no cap´ıtulo2, discutimos os aspectos metodol´ogicosdo trabalho, apresen- Se¸c˜ao1.4. Objetivos 49

Figura 1.14: Esquerda: raz˜aoentre as imagens NIR e ´opticodo HST, mapeando a quantidade de poeira na regi˜aocincunuclear de NGC 7582. O contorno branco refere a emiss˜aodo Chandra abaixo de 0.8 keV, enquanto o contorno vermelho ´ea raz˜ao0.8-1.3/0.3-0.8 keV. Os contornos vermelhos referem-se `aimagem da direita, por´emem outra escala, como mostrado pelo retˆangulotracejado. A cruz preta informa a posi¸c˜aodo n´ucleo.Figura de Bianchi et al. (2007)

tando um estudo sobre a deconvolu¸c˜aode imagens baseada no m´etodo de Richardson-Lucy, outro sobre a refra¸c˜aoatmosf´ericae a teoria matem´aticada an´aliseem componentes prin- cipais . No cap´ıtulo3, analisamos os dados IFU de NGC 6221 e discutimos seus resultados. No cap´ıtulo4, destacamos a presen¸cade uma atividade nuclear dupla em NGC 6221. No cap´ıtulo5 s˜aoanalisados os dados IFU de NGC 7582. No cap´ıtulo6 ´efeito o estudo sobre a amostra de gal´axiasSeyfert pr´oximas. Finalmente no cap´ıtulo7 s˜aoapresentadas as conclus˜oese perspectivas deste trabalho. 50 Cap´ıtulo1. Introdu¸c˜ao Cap´ıtulo 2

Tratamento de dados: Aspectos metodol´ogicos.

2.1 Deconvolu¸c˜aode imagens

A restaura¸c˜aode imagens astronˆomicasvem se mostrando ´utilem dados do Hubble, no ´optico,“Einstein Observatory” e ROSAT, em raio-x e algumas observa¸c˜oesem r´adio. A maioria dos m´etodos de deconvolu¸c˜aopropostos na literatura ´ebaseada em uma id´eia conhecida como regulariza¸c˜ao,onde a imagem ´erestaurada at´eque se tenha o melhor ajuste vinculado ao m´etodo da m´aximaentropia. Uma exce¸c˜aoa esse m´etodo, que ser´a estudado neste trabalho, ´ea regulariza¸c˜aobaseada em um m´etodo iterativo proposto em ´opticapor Richardson (1972) e, independentemente em astronomia, por Lucy (1974). Neste caso, a imagem inicial, com uma distribui¸c˜aode densidade constante que aparentemente tem m´aximaentropia, bem como sendo perfeitamente suave, ´emodificada passo a passo, coletando informa¸c˜oesdos dados observados, at´eque um ajuste razo´avel seja alcan¸cado. Grosseiramente falando, ´eum processo oposto `aregulariza¸c˜ao. (r) O m´etodo de Richardson - Lucy (RL) faz uma estimativa ˜uj de uj em um passo iterativo r (=1, 2, ...) de acordo com (Bi e Boerner 1994): X (r+1) (r) ci u˜j =u ˜j pij (2.1) c˜i com:

XM ci = pijuij + ni , i = 1, ..., N (2.2) j=1 X (r) c˜i = u˜j pij (2.3) j 52 Cap´ıtulo2. Tratamento de dados: Aspectos metodol´ogicos.

onde ci s˜aoas contagens observadas, uj ´eo sinal subjacente, pij ´ea “point spread func- tion”(PSF) e ni ´eo ru´ıdo. Para as contagens e sinais ap´osa r-´esimaitera¸c˜aotemosc ˜i e (r) P P u˜j . Aqui i c˜i = i ci = C (conserva¸c˜aodo n´umerototal de contagens). A estimativa (0) inicialu ˜j ´egeralmente uma constante. O m´etodo RL melhora o ajuste passo a passo e (∞) em princ´ıpiodeve derivar um modelo de sinalu ˜j que ´ea solu¸c˜aomatem´aticada equa¸c˜ao 2.2 sem ru´ıdo. Um dos maiores problemas da deconvolu¸c˜aode RL ´edeterminar o passo em que se deve parar as itera¸c˜oes.Algumas sugest˜oesforam apresentadas na literatura. Bi e Boerner (1994) sugeriram um m´etodo que foi chamado de “simulation-based bootstrap”, um m´etodo global de testar a convergˆenciada deconvolu¸c˜ao. Em seu artigo original, Lucy prop˜oeo teste do χ2, que ´e´utilquando a contagem de f´otons´ealta o suficiente, por´empode ser menos sens´ıvel a desvios sistem´aticosno ajuste. Lucy (1994) propˆoso uso do teste de Kolmogorov-Smirnov (KS), que informa um limite superior aos erros de ajuste. Por´em, em imagens 2-D, a estimativa de onde se deve parar ´e,`asvezes, feita a olho. O uso do m´etodo de RL ´ejustificada nesta disserta¸c˜aoem produzir uma melhora na resolu¸c˜aoespacial dos dados do GMOS IFU. Com a garantia que a raz˜aoS\N dessas observa¸c˜oes´erazoavelmente alta, pretende-se fazer a deconvolu¸c˜aonas imagens, apoiado no fato de que a an´alisedos componentes principais (discutida na se¸c˜ao2.3) nos cubos de dados de NGC 6221 e NGC 7582 (cap´ıtulos3 e 5) seria mais sens´ıvel em dados com maior resolu¸c˜aoespacial. S˜aoobjetivos desta se¸c˜ao: - Verificar onde devem ser interrompidas as itera¸c˜oesa partir de cria¸c˜aode uma imagem artificial convolu´ıdacom uma PSF artificial. Em seguida aplica-se o m´etodo RL com o n´umerode itera¸c˜oesnecess´ariopara retomar a imagem original. - Construir um c´odigoque efetue a deconvolu¸c˜aoutilizando-se uma PSF vari´avel. Isso porque o FWHM da PSF no cubo de dados varia com o comprimento de onda. Medidas do FWHM de observa¸c˜oesdo GMOS - S de CAL 83 foram utilizadas para se obter a rela¸c˜ao FWHM x λ. - Analisar imagens do (HST) com uma maior resolu¸c˜aoespa- cial. A se¸c˜ao´edividida da seguinte maneira: Na subse¸c˜ao2.1.1 s˜aodiscutidas as PSFs utili- Se¸c˜ao2.1. Deconvolu¸c˜aode imagens 53 zadas na deconvolu¸c˜ao.Na subse¸c˜ao2.1.2 ´efeito um estudo de onde deve ser interrompida a deconvolu¸c˜ao. Na subse¸c˜ao2.1.3, ´eapresentado a varia¸c˜aodo FWHM em fun¸c˜aodo comprimento de onda e a deconvolu¸c˜aoutilizando-se a PSF vari´avel no cubo de dados de CAL 83. Na subse¸c˜ao2.1.4 s˜aoapresentados alguns resultados de deconvolu¸c˜aode algu- mas gal´axiasobservadas pelo HST. Finalmente na subse¸c˜ao2.1.5 ser˜aofeitos coment´arios gerais de como realizar a deconvolu¸c˜aode RL nos cubos de dados que ser˜aoanalisados com o PCA neste trabalho.

2.1.1 “Point Spread Function”

A “point spread function” (PSF)1 descreve a resposta de um sistema de imageamento a uma fonte pontual. Teoricamente, se uma imagem pontual ´edescrita por uma fun¸c˜ao delta de Dirac, o que ser´aobservado ´ea convolu¸c˜aodesta fun¸c˜aocom a PSF, resultando em uma imagem que, em geral, tem uma forma aproximada de um disco. Na deconvolu¸c˜ao de RL, a imagem de uma fonte pontual ´erestaurada com “x” itera¸c˜oesat´eque se alcance uma PSF razo´avel, que ´eo mais pr´oximoposs´ıvel de uma fun¸c˜aodelta de Dirac. Vale lembrar que a deconvolu¸c˜aotamb´empode ser feita para imagens extensas (que ´eo caso de NGC 6221 e NGC 7582), no entanto suas PSFs devem ser estimadas atrav´esde fontes pontuais (estrelas ou quasares) na imagem. Em um telesc´opioterrestre, o que domina a PSF ´egeralmente a turbulˆenciaatmosf´erica(seeing), a menos que o telesc´opiotenha ´optica adaptativa. Em r´adiotelesc´opiosou em telesc´opiosespaciais, o termo dominante da PSF pode ser o limite de difra¸c˜ao,determinado pelo tamanho da abertura do telesc´opio. Neste trabalho achou-se conveniente, para as imagens do GMOS IFU, utilizar-se PSFs artificiais gaussianas, pois nem sempre ´eposs´ıvel calcular a PSF de algumas imagens. Neste caso, a PSF ´edada por2:

1 −[(x − x )2 + (y − y )2] f(x, y) = exp{ 0 0 } (2.4) 2πσ 2σ2 onde x0 e y0 ´ea posi¸c˜aodo centr´oideda imagem. O parˆametro σ est´arelacionado com a largura a meia altura (FWHM) como: √ FWHM = 2 2ln2σ ≈ 2.3548σ (2.5)

1 http://en.wikipedia.org/wiki/Point spread function, consultado em 10/10/2007 2 http://mathworld.wolfram.com/GaussianFunction.html, consultado em 10/10/2007 54 Cap´ıtulo2. Tratamento de dados: Aspectos metodol´ogicos.

No limite de difra¸c˜ao(por exemplo, HST ou em telesc´opiocom ´opticaadaptativa), ´e interessante utilizar uma PSF baseada na fun¸c˜aode Airy para a difra¸c˜aode uma abertura circular, cuja equa¸c˜ao´e(Nussenzveig 2002):

I(θ) J (kasenθ) = 4[ 1 ] (2.6) I(0) kasenθ onde J1(u) ´ea fun¸c˜aode Bessel de ordem 1, k = 2π/λ ´eo n´umerode onda, a ´eo raio do espelho prim´arioe θ ´eo ˆanguloentre o eixo normal ao telesc´opioe o raio de luz difratado. Na deconvolu¸c˜ao´econveniente que a PSF esteja centrada na imagem para evitar deslo- camentos no centr´oideda imagem restaurada em rela¸c˜ao`aimagem original. E´ importante tamb´emque a PSF seja normalizada, para minimizar erros na corre¸c˜aodo sinal.

2.1.2 O n´umerode itera¸c˜oes

O procedimento adotado para se verificar onde parar as itera¸c˜oesna deconvolu¸c˜aode RL foi criar uma imagem gaussiana com FWHM = 4 pixeis e convoluir com uma PSF tamb´em gaussiana com FWHM = 8 pixeis. Isso foi feito com a task “LUCY” do IRAF, onde a primeira itera¸c˜ao´ea convolu¸c˜aodestas duas imagens. O n´umerode itera¸c˜oesrazo´avel ´e atingido quando a deconvolu¸c˜aoconseguir produzir uma imagem gaussiana com FWHM de √ aproximadamente 8/ 2 (metade da ´areatotal 2D da imagem obtida observacionalmente). A deconvolu¸c˜aofoi feita utilizando o c´odigodo IDL “MAX LIKELIHOOD”, que faz parte do “IDL astronomy user’s library”3. A convolu¸c˜aoda imagem com FWHM = 4 com uma PSF contendo FWHM = 8 resulta em uma nova imagem com FWHM = 8.94 px - raiz da soma dos quadrados das duas medidas de FWHM. Note que a primeira itera¸c˜aodo IDL tamb´em´ea convolu¸c˜aoda imagem com a PSF, uma vez que a primeira itera¸c˜aofaz crescer o FWHM da imagem. De acordo com a figura 2.1 podemos estimar que o n´umerode itera¸c˜oesque produz uma √ imagem com FWHM ∼ 8/ 2 = 5.65 ´eaproximadamente 9. Bi & Borner (1994) chegaram `amesma conclus˜aocom simula¸c˜oesfeitas de maneiras distintas. Esta an´alise,mais os resultados de Bi & Borner (1994), mostram que um n´umero razo´avel de itera¸c˜oespara a deconvolu¸c˜aode RL deve estar entre 6 e 9 itera¸c˜oes. Com

3 http://idlastro.gsfc.nasa.gov/ Se¸c˜ao2.1. Deconvolu¸c˜aode imagens 55

Figura 2.1: FWHM (pixeis) pelo n´umerode itera¸c˜oes. O FWHM ´emedido com o IDL atrav´esde um ajuste gaussiano do perfil radial.

isso minimizam a introdu¸c˜aode ru´ıdos,com um ganho de aproximadamente 2 vezes na resolu¸c˜aoespacial das imagens. Vale a pena citar que uma das maneiras de se evitar a produ¸c˜aode ru´ıdosna imagem ´esubtrair a corrente de fundo (DC) das imagens de ciˆencia(no caso do teste acima, como foram imagens artificiais, essa corre¸c˜aon˜aofoi necess´aria).Isso pode ser feito subtraindo- se uma constante (geralmente o menor valor de contagens em um pixel da imagem) no caso de uma fonte pontual ou uma fun¸c˜ao“smooth” ajustada a uma fonte extensa (neste caso, ap´osa deconvolu¸c˜ao,essa fun¸c˜aodeve ser adicionada de volta, pois ela pode possuir informa¸c˜oes).

2.1.3 Deconvolu¸c˜aocom PSF vari´avel

Em um cubo de dados do GMOS verifica-se que o FWHM da imagem 2D varia com o comprimento de onda. Isso ´eimportante no momento de se fazer a deconvolu¸c˜ao,pois a FWHM da PSF deve variar com o comprimento de onda de acordo com uma fun¸c˜ao 56 Cap´ıtulo2. Tratamento de dados: Aspectos metodol´ogicos. definida para o instrumento. Observa¸c˜oesde CAL 83 tornaram poss´ıvel uma calibra¸c˜aodo FWHM, desta vez em segundos de arco, em fun¸c˜aodo comprimento de onda em A˙ para o GMOS-S. Ao longo do espectro, em regi˜oesdo cont´ınuo, ou seja, evitando linhas em emiss˜ao,´etomado um comprimento de onda qualquer e, ao redor deste s˜aosomados, em m´edia,140 imagens, para que se tenha uma medida mais precisa do perfil radial das imagens. Com as medidas de FWHM x λ, a calibra¸c˜ao´efeita e o resultado ´eapresentado no gr´afico2.2. O perfil radial das imagens foi ajustado com uma fun¸c˜aogaussiana atrav´esdo m´etodo dos m´ınimos quadrados do programa “GNUPLOT”.

Figura 2.2: Calibra¸c˜aodo FWHM em fun¸c˜aodo comprimento de onda para o GMOS - S.

As medidas do FWHM em fun¸c˜aodo comprimento de onda s˜aoapresentadas na figura 2.2. Um ajuste linear nestes dados com o m´etodo de m´ınimosquadrados resulta em: Se¸c˜ao2.1. Deconvolu¸c˜aode imagens 57

5000 0.48(6) FWHM(λ) = FWHM(5000)( ) (2.7) λ A equa¸c˜ao2.7 ´eencontrada a partir de dados de apenas uma observa¸c˜aodo GMOS- S. Ela deve ser recalibrada com um n´umeromaior de objetos do GMOS-S e tamb´em com o GMOS-N. Neste trabalho, a equa¸c˜ao2.7 ´eadotada em todos os procedimentos de deconvolu¸c˜aocom PSF vari´avel.

O cubo de dados de CAL 83. Exemplo de deconvolu¸c˜aocom PSF vari´avel

Com a calibra¸c˜aofeita na se¸c˜aoanterior, foi desenvolvido um algoritmo no IDL que efetua a deconvolu¸c˜aode RL em um cubo de dados com PSF vari´avel. No cubo de dados, cada pixel espectral (comprimento de onda) possui uma imagem espacial. No algoritmo, cada imagem espacial ´edeconvolu´ıdautilizando-se uma PSF gaussiana com FWHM dado pela equa¸c˜ao2.7, dado o valor de λ referente ao pixel espectral da imagem em quest˜ao.O algoritmo foi testado para a pr´opriaCAL 83, utilizando-se 9 itera¸c˜oespara a deconvolu¸c˜ao. Os resultados s˜aoapresentados na figura 2.3, com as medidas do FWHM na tabela 2.1.

λ(A) FWHM imagem original (arcsec) FWHM imagem deconvolu´ıda(arcsec) 4774.65 0.89 0.60 5309.54 0.85 0.63 6168.64 0.79 0.60

Tabela 2.1 - Medidas da FWHM para as imagens apresentadas na figura 2.3

Os resultados da tabela 2.1 mostram que a deconvolu¸c˜aocom 9 itera¸c˜oesest´aprodu- √ zindo imagens com FWHM ∼ FWHMoriginal/ 2, de acordo com o que foi estimado na se¸c˜ao2.1.2. Finalmente, em uma an´alisecompleta no cubo de dados, verifica-se que a de- convolu¸c˜aoproduz resultados aceit´aveis para uma futura an´alisede componentes principais com uma melhor resolu¸c˜aoespacial.

2.1.4 Deconvolu¸c˜aode imagens do HST

Foram feitos testes de deconvolu¸c˜aode RL nas imagens do HST em 3 gal´axias:NGC 404, NGC 4579, que foram observadas com o “faint object camera” (FOC) e NGC 6221, 58 Cap´ıtulo2. Tratamento de dados: Aspectos metodol´ogicos.

Figura 2.3: Imagens de CAL 83 em 4774.65 A˙; 5309.54 A˙ e 6168.64 A˙ (da esquerda para a direita) original (acima) e deconvolu´ıdacom 9 itera¸c˜oes(abaixo). Imagens com 2.4 x 3.9 arcsec com tamanho do pixel igual a 0.1 arcsec.

que foi observada com o “wide-field planetary camera 2” (WFPC2). Segundo informa¸c˜oes obtidas do site do NED4, o FOC possui uma resolu¸c˜aoespacial de 0.05 arcsec, enquanto o WFPC2 possui uma resolu¸c˜aoespacial de 0.1 arcsec. Essas informa¸c˜oess˜aorelevantes, pois d˜aouma id´eiado FWHM da PSF instrumental destas cˆamaras. Todas as imagens foram cortadas de maneira a ficarem com 5 x 5 arcsec. Nesta se¸c˜ao´einteressante notar a modifica¸c˜aoque ocorre com a deconvolu¸c˜aodas imagens para simples an´alisevisual. Primeiramente, ser´aanalisado o caso de NGC 4579, original e deconvolu´ıda7 vezes. Na figura 2.4 aparecem diferen¸casimportantes entre a imagem original e a imagem deconvolu´ıda. Na imagem original, mais especificamente na regi˜aodo AGN, parece ter

4 http://nedwww.ipac.caltech.edu/ Se¸c˜ao2.1. Deconvolu¸c˜aode imagens 59

Figura 2.4: NGC 4579 original (esquerda) e deconvolu´ıda7 vezes (direita) com uma PSF gaussiana e FWHM = 0.05 arcsec. A deconvolu¸c˜aorevela duas estruturas no objeto central, que n˜aoest˜aopresentes na imagem original.

apenas um objeto. Na imagem deconvolu´ıda,´erevelada que este objeto na verdade s˜ao dois objetos muito pr´oximos. Um caso interessante aconteceu com a gal´axiaNGC 6221. A deconvolu¸c˜aoda imagem foi feita utilizando-se uma PSF gaussiana com FWHM = 0.1 arcsec e 7 itera¸c˜oes.No entanto, aparecem os an´eisde difra¸c˜aode Airy, como se pode ver na figura 2.5. Para evitar o aparecimento dos an´eis,foi utilizada uma PSF baseada na fun¸c˜aode Airy para a difra¸c˜aoem uma abertura circular. A deconvolu¸c˜aode NGC 6221 com 7 itera¸c˜oes utilizando-se uma PSF de Airy ´eapresentada na figura 2.6. A figura 2.6 mostra que a utiliza¸c˜aode uma PSF de Airy pode ser importante na deconvolu¸c˜aode imagens do HST. Por´emisso n˜ao´everdade em todos os casos. Note na figura 2.7 que em NGC 404, a deconvolu¸c˜aocom uma PSF gaussiana produz resultados melhores do que uma PSF de Airy para um mesmo n´umerode itera¸c˜oes,que tamb´ems˜ao 7 neste caso. 60 Cap´ıtulo2. Tratamento de dados: Aspectos metodol´ogicos.

Figura 2.6: NGC 6221 decon- Figura 2.5: NGC 6221 decon- volu´ıda7 vezes com uma PSF de volu´ıda 7 vezes com uma PSF Airy. Comparando-se com a figura gaussiana com FWHM = 0,1 arc- 2.5, note que o anel mais externo sec. Note os an´eisde Airy. est´abem mais fraco.

Figura 2.7: NGC 404, deconvolu´ıdacom uma PSF de Airy (esquerda) e uma PSF gaus- siana (direita). Note que apesar das franjas na imagem deconvolu´ıdacom a PSF gaussiana, aparecem maiores detalhes nesta imagem do que na deconvolu¸c˜aocom uma PSF de Airy Se¸c˜ao2.2. Refra¸c˜aodiferencial da atmosfera 61

2.1.5 Discuss˜aodos resultados

Segundo o estudo feito nesta se¸c˜ao,a deconvolu¸c˜aode RL pode ser muito ´utilpara se ter um ganho na resolu¸c˜aoespacial de uma observa¸c˜ao.Por´emalguns cuidados devem ser observados para que os ganhos em resolu¸c˜aoe o ru´ıdointroduzido na imagem sejam otimizados. Mostrou-se na an´aliseda se¸c˜ao2.1.2 que as itera¸c˜oesdevem ser sempre em torno de 6 a 9 itera¸c˜oes.Uma boa subtra¸c˜aodo DC das imagens tamb´em´eimportante, para que se minimize a introdu¸c˜aode ru´ıdos. E´ importante tamb´emter uma boa corre¸c˜aopara pixeis ruins, no entanto os c´odigosde IDL encontrados na internet n˜aos˜aoadequados. Uma solu¸c˜ao´efazer uma boa m´ascarade pixeis no momento da redu¸c˜aodo cubo de dados. Na se¸c˜ao2.1.3 foi verificada a importˆanciada introdu¸c˜aode uma PSF vari´avel na deconvolu¸c˜aodo cubo de dados, uma vez que esse ´eum comportamento intr´ınsecodas imagens do GMOS IFU. A se¸c˜ao2.1.4 mostrou testes de deconvolu¸c˜aonas imagens do HST, destacando os detalhes sobre a fun¸c˜aoque deve ser utilizada em uma PSF.

2.2 Refra¸c˜aodiferencial da atmosfera

2.2.1 Aspectos te´oricosda refra¸c˜aoatmosf´erica

As observa¸c˜oesfeitas com o GMOS IFU da estrela CAL 83 revelaram um deslocamento do centr´oideda imagem em fun¸c˜aodo comprimento de onda. Associado com o fenˆomeno da refra¸c˜aodiferencial da atmosfera, conclu´ımosque era necess´ariofazer uma corre¸c˜ao para todas as observa¸c˜oesdo GMOS IFU que n˜aotenham sido feitas no zˆenite,pois esse efeito poderia acarretar em falsas interpreta¸c˜oesna an´alisedos dados. Para pequenas distˆanciaszenitais, como a densidade do ar diminui com o aumento da altura acima da superf´ıcieterrestre, ´econveniente tratar a atmosfera como um grande n´umerode camadas finas, concˆentricas com a superf´ıcie(tratada como esf´erica),onde em cada uma delas os parˆametrosf´ısicossejam constantes. Sup˜oe-seque haja n+1 camadas, cada uma com um ´ındicede refra¸c˜ao µn e que o ˆangulode entrada do raio de luz em rela¸c˜aoao zˆeniteseja z (verdadeira distˆanciazenital de um objeto). Segundo a lei de Snell, o deslocamento do raio de luz em cada camada ´e(Smart 1977):

µsen z = µnsen zn (2.8) 62 Cap´ıtulo2. Tratamento de dados: Aspectos metodol´ogicos. no v´acuo, µ = 1, ent˜ao:

sen z = µnsen zn

µnsen zn = µn−1sen zn−1

µn−1sen zn−1 = µn−2sen zn−2 ..

..

..

µ1sen z1 = µ0senξ onde ξ ´ea distˆanciazenital medida no telesc´opio.Dessas equa¸c˜oestemos que:

sen z = µ0senξ (2.9) onde µ0 ´eo ´ındicede refra¸c˜aodo ar na superf´ıcieda Terra. Vamos chamar o ˆangulode refra¸c˜aode R = z − ξ. Da equa¸c˜ao2.9 temos:

sen (ξ + R) = µ0senξ

senξcos R + cosξsen R = µ0senξ

Se R ´epequeno, ent˜ao cosR → 1 e senR → R, assim:

senξ + Rcosξ ' µ0senξ.

Re-arranjando, obt´em-se:

R = (µ0 − 1)tanξ (2.10)

Convertendo 2.10 para segundos de arco, temos:

R = 206265(µ0 − 1)tanξ (arcsec) (2.11) Se¸c˜ao2.2. Refra¸c˜aodiferencial da atmosfera 63

O ´ındicede refra¸c˜aona superf´ıcieterrestre depende de alguns parˆametrosf´ısicoscomo densidade (do ar seco e do ar ´umido),press˜ao,temperatura e do comprimento de onda da luz incidente. Edlen (1953) sup˜oeque a forma da equa¸c˜aopara a refra¸c˜aodeva ser:

X 2 2 µ − 1 = Ai(σi − σ ), (2.12) onde σ = 1/λ ´en´umerode onda incidente; σi est´arelacionado com a freq¨uˆenciade res- sonˆanciado g´ase Ai ´eum parˆametroque deve ser ajustado. Edlen argumenta que a equa¸c˜aode Cauchy, dada por µ − 1 = a + b/λ2 + c/λ4 e utilizada por Barrell (1951), n˜ao cobre uma faixa mais extensa do espectro sem grandes desvios. Ao mesmo tempo, Edl´en diz que a equa¸c˜ao2.12 deve ser ajustada com dois termos (1 ≤ i ≤ 2), pois apesar de n˜aose conseguir um ajuste ´otimoaos dados, um terceiro termo teria uma freq¨uˆenciade ressonˆanciamuito alta e um resultado igualmente bom ´eobtido quando σ2 ´edesprezado em um dos termos. Filippenko (1982) utilizou as equa¸c˜oesde Edlen (1953) para T = 15o C e P = 760 mm Hg e extrapola para outros valores de temperatura e press˜aoutilizando uma rela¸c˜aoobtida por Barrell (1951). No geral, a equa¸c˜ao´edada por:

2949810 25540 (µ(λ) − 1) × 108 = 6462.8 + + , (2.13) 15,760 146 − σ2 41 − σ2 P [1 + (1.049 − 0.0157T )10−6P ] (µ(λ) − 1) = (µ(λ) − 1) × . (2.14) T,P 15,760 720.883(1 + 0.003661T ) A contribui¸c˜aodo vapor de ´aguafoi obtida de Barrell (1951) e reduz (µ − 1)106 por 0.0624 − 0.000680σ2 f. (2.15) 1 + 0.003661T Nestas equa¸c˜oes, σ ´edada em microns−1, P ´ea press˜aoem mmHg, T ´ea temperatura em oC e f ´ea fra¸c˜aoda press˜aodo vapor de ´aguaem mmHg. Filippenko (1982) utilizou equa¸c˜oesderivadas por Edlen (1953) e Barrell (1951). Se- guindo a ordem cronol´ogicadas rela¸c˜oestestadas, estudaremos agora as equa¸c˜oesderivadas por Owens (1967), que usa a equa¸c˜ao2.12 para o ar seco contendo 0,03% de CO2 mais a contribui¸c˜aodo vapor de ´aguana forma de Cauchy. Neste caso, a equa¸c˜aofica:

· ¸ 683939.7 4547.3 (µ(λ) − 1) × 108 = 2371.34 + + D (130 − σ2) (38.9 − σ2) S 2 4 6 +[6487.31 + 58.058σ − 0.71150σ + 0.08851σ ]DW . (2.16) 64 Cap´ıtulo2. Tratamento de dados: Aspectos metodol´ogicos.

Note que em 2.16 h´afatores de densidade na corre¸c˜aopara o ar seco (DS) e para o vapor de ´agua(DW ), dados por: · µ ¶¸ P 9.3250 × 10−4 0.25844 D = S 1 + P 57.9 × 10−8 − + , (2.17) S T S T T 2

P © ª D = W 1 + P [1 + (3.7 × 10−4)P ] × f(T ) , (2.18) W T W W com:

· ¸ 2.23366 710.792 7.75141 × 104 f(T ) = −2.37321 × 10−3 + − + (2.19) T T 2 T 3 Nas equa¸c˜oes2.17, 2.18 e 2.19, a temperatura est´aem oC, a press˜aoem mbar e σ em microns−1. Ciddor (1996) propˆosestimativas mais modernas nas equa¸c˜oespara a densidade do ar seco e do vapor de ´agua. Uma revis˜aonas constantes da equa¸c˜ao2.12 tamb´emfoi feita. Neste caso, o ´ındicede refra¸c˜ao´edado por:

µ(λ) − 1 = (ρa/ρaxs)(µaxs − 1) + (ρW /ρWS)(µWS − 1), (2.20) onde: 5792105 167917 (µ − 1) × 108 = + (2.21) axs (238.0185 − σ2) (57.362 − σ2) 8 2 3 (µWS − 1) × 10 = 1.022(295.235 + 2.6422σ − 0.032380σ + 0.004028σ ) (2.22)

ρa = pMa(1 − xw)/ZRT (2.23)

ρw = pMwxw/ZRT (2.24)

ρi = (pMa/ZiRT )[1 − xw(1 − Mw/Ma)] (2.25)

−6 −8 Zi = 1 − (p/T )[1.58123 × 10 − 2.9331 × 10 T +

−10 2 −6 −8 1.1043 × 10 T + (5.707 × 10 − 2.051 × 10 T )xw

−4 −6 2 +(1.98898 × 10 − 2.376 × 10 T )xw]

2 −11 −8 2 +(p/T ) (1.83 × 10 − 0.765 × 10 xw) (2.26)

xw = φhsvp/p (2.27)

φ = 1.00062 + 3.1 × 10−8p + 5.6 × 10−7T 2 (2.28) Se¸c˜ao2.2. Refra¸c˜aodiferencial da atmosfera 65

svp = exp(1.2378847 × 10−5T 2 − 1.9121316T + 33.93711047 − 6.3431645 × 103/T ) (2.29)

Nesta lista de equa¸c˜oes,a equa¸c˜ao2.21 descreve o ´ındice de refra¸c˜aodo ar seco com

450 ppm de CO2; a equa¸c˜ao2.22 descreve o ´ındicede refra¸c˜aodo vapor de ´agua. Nos dois casos, σ est´aem microns−1. A equa¸c˜ao2.23 descreve a densidade do ar seco com

−3 −6 Ma = 10 [28.9635 + 600.55 × 10 ]kg/mol sendo a massa molar do ar seco contendo 450 ppm de CO2 e R a constante universal dos gases. A equa¸c˜ao2.24 ´ea densidade do vapor de ´aguacom Mw = 0.018015kg/mol sendo a massa molar do vapor de ´agua. A equa¸c˜ao 2.25 descreve a densidade do parˆametroi. Quando i = axs, T = 288.15 oK, p = 101325 Pa

o e xw = 0 e quando i = ws, T = 293.15 K, p = 1333 Pa e xw = 1. Essas duas condi¸c˜oes da equa¸c˜ao2.25 s˜aoreferˆenciasde temperatura e press˜aopara a corre¸c˜aodas densidades do ar seco e do vapor de ´agua,respectivamente, para a equa¸c˜ao2.20. A equa¸c˜ao2.26 ´ea compressibilidade, sendo Zaxs do ar seco, Zws do vapor de ´aguae quando n˜aoh´a´ındice´e a compressibilidade da mistura de ar seco com vapor de ´aguacom valores de p e T (em Pa

o e K, respectivamente) experimentais. Xw ´ea contribui¸c˜aoda press˜aodo vapor de ´agua, onde h ´ea umidade relativa do ar, f ´eo fator de crescimento do vapor de ´aguano ar (no caso da equa¸c˜ao2.28, a temperatura est´aem oC) e svp ´ea press˜aode satura¸c˜aodo vapor de ´agua. O ´ultimotrabalho analisado na disserta¸c˜aofoi o de B¨onsch e Potulski (1998). Eles propuseram: 2333983 15518 (µ(λ) − 1) × 108 = 8091.37 + + (2.30) N (130 − σ2) (38.9 − σ2) Para qualquer valor de T e p, teremos: (µ(λ) − 1) p{1 + 10−8(0.5953 − 0.009876T )p} (µ(λ) − 1) = N (2.31) T,p 93214.60 (1 + 0.0036610T ) Com a contribui¸c˜aodo vapor de ´agua,teremos:

2 −10 µtpf − µtp = −f{3.8020 − 0.0384σ }10 (2.32)

Na equa¸c˜ao2.32 e na equa¸c˜ao2.15, f = svp × h, que ´ea press˜aoparcial do vapor de ´agua. A temperatura ´edada em oC, a press˜aoem Pa e se sup˜oeque a atmosfera contem 0,04% de CO2. O objetivo desta se¸c˜ao´emostrar, dentre todas as equa¸c˜oesapresentadas anteriormente, qual delas melhor explica os efeitos da refra¸c˜aodiferencial da atmosfera nos dados obser- vados. Na subse¸c˜ao2.2.2 ser´amostrado como a refra¸c˜aoda atmosfera observada ao longo 66 Cap´ıtulo2. Tratamento de dados: Aspectos metodol´ogicos. do zˆenitedeve ser transformada para as coordenadas x e y do CCD. A subse¸c˜ao2.2.3 mostrar´auma compara¸c˜aodos resultados previstos por cada um dos trabalhos discutidos acima. As conclus˜oese sugest˜oesde como se corrigir o efeito da refra¸c˜aoatmosf´ericanos dados do GMOS IFU ser˜aoapresentados na subse¸c˜ao2.2.4.

2.2.2 Transforma¸c˜aode coordenadas da refra¸c˜aoatmosf´erica

Foi mostrado acima que a refra¸c˜aoatmosf´erica´efun¸c˜aoda distˆanciazenital. Por´em,a corre¸c˜aodeve ser feita nas coordenadas x e y do CCD. De acordo com Filippenko (1982), o ˆangulo η que a dispers˜aodevido `arefra¸c˜aoatmosf´ericafaz em rela¸c˜aoao eixo norte (N) ´edado por:

sen hcosφ senη = . (2.33) [1 − (senφsenδ + cosφcosδcos h)]1/2 O ˆangulo η ´edefinido positivo de norte (N) para leste (E) com −180o ≤ η ≤ 180o. Na equa¸c˜ao2.33, h ´eo ˆangulohor´ariodo objeto, φ ´ea latitude do observat´orioe δ ´ea declina¸c˜aodo objeto. O ˆangulode posi¸c˜ao θ do CCD, no caso do GMOS-S, ´edefinido como o ˆanguloque o eixo y faz com o eixo sul (S) na dire¸c˜aoE. Neste caso, 0 ≤ θ ≤ 360o. A figura 2.8 mostra a disposi¸c˜aodos eixos sul (S), leste (E), x e y, bem como a dispers˜ao dos centr´oides dR = R − R0.

Figura 2.8: Disposi¸c˜aodos eixos S, W, x , y e dispers˜aodos centr´oides. O centr´oideda parte mais vermelha do espectro estar´asempre mais perto do objeto, enquanto o centr´oide da parte mais azul do espectro estar´amais perto do zˆenite.

De acordo com a figura 2.8, temos que: Se¸c˜ao2.2. Refra¸c˜aodiferencial da atmosfera 67

dS = dRcos(η) (2.34)

dW = dRsen(η) (2.35)

Mudando dS e dW para dx e dy, com uma rota¸c˜ao θ aos eixos S e W, teremos:

dx = dW cos(θ) − dSsen(θ) (2.36)

dy = dW sen(θ) + dScos(θ) (2.37)

Substituindo as equa¸c˜oes2.34 e 2.35 nas equa¸c˜oes2.36 e 2.37, obtemos:

dx = −dRsen(η − θ) (2.38)

dy = −dRcos(η − θ) (2.39)

O sinal de menos resulta no fato de que o ´ındicede refra¸c˜aono vermelho ´emenor do que no azul, tal que dR < 0. A parte mais azul est´asempre mais pr´oxima`aorigem dos eixos de S e W (a refra¸c˜aosempre parte do objeto ao zˆenite,como visto na figura 2.8). Considerando θ = 0 por simplicidade, vemos que o sinal negativo ´enecess´ariopara calcular dx e dy com rela¸c˜ao`aorigem. Todas as informa¸c˜oespara se calcular a dispers˜aodos centr´oidesdevido `arefra¸c˜ao atmosf´ericanos eixos x e y est˜aodispon´ıveis nos cabe¸calhos(“headers”) de cada imagem.

2.2.3 Compara¸c˜aodas equa¸c˜oescom os dados experimentais.

Para a compara¸c˜aodas equa¸c˜oescom os dados experimentais, foi feito o contr´ario do proposto na se¸c˜ao2.2.2, ou seja, os dados experimentais, medidos em x e y, foram transformados para valores ao longo do zˆenite. As medidas dos centr´oidesnas imagens foram feitas com a tarefa “imexamine” do IRAF, que ajusta um perfil gaussiano em torno do centr´oidepara x e y. A posi¸c˜aodo pico das gaussianas ajustadas em x e em y s˜aoas medidas dos centr´oidesem cada eixo. Para cada comprimento de onda, foram somadas 30 imagens na vizinhan¸cade um dado λ central. As medidas de dR foram feitas obtendo-se a posi¸c˜aodo centr´oideem um dado com- primento de onda λ (tomando-se o cuidado de selecionar regi˜oesno cont´ınuo, livres de 68 Cap´ıtulo2. Tratamento de dados: Aspectos metodol´ogicos. linhas em emiss˜ao)com rela¸c˜aoa posi¸c˜aodo centr´oideem 5000 A˙. A rela¸c˜aoarcsec/pixel dos dados de CAL 83 ´ede 0.1. A observa¸c˜aofoi feita com uma massa de ar m´ediade 1.295, o que resulta em uma altura do objeto de 50.55o. Os resultados dessas medidas s˜ao apresentados na tabela 2.2.

Lambda(A) Centroide x (px) Centroide y (px) dR (arcsec) 4200.02 12.35 19.52 0.336 5000 14.35 22.22 0 5124.77 14.62 22.78 -0.06 6260.03 16.09 25.03 -0.33 6799.81 16.74 25.77 -0.428

Tabela 2.2 - Centr´oidede CAL 83 nos eixos x e y. Medidas de ∆R no zˆenitefeita em rela¸c˜ao`aposi¸c˜ao dos centr´oidesem 5000 A

A figura 2.9 mostra uma compara¸c˜aoentre as rela¸c˜oesapresentadas na se¸c˜ao2.2.1 e os dados experimentais de CAL 83. As equa¸c˜oesapresentadas por Filippenko (1982), Owens (1967) e B¨onsch e Potulski (1998) ajustam bem a parte azul, por´emh´auma discrepˆancia no vermelho. J´aa rela¸c˜aode Ciddor (1996) n˜aoajusta convenientemente os dados.

Pontos Experimentais CAL 83

Filippenko (1982)

0.7

Owens (1967)

0.6

Bonsch (1998)

0.5

Ciddor (1996)

0.4

0.3

0.2

0.1

0.0

-0.1 dR(arcsec)

-0.2

-0.3

-0.4

-0.5

-0.6

0.40 0.45 0.50 0.55 0.60 0.65 0.70 0.75

( m)

Figura 2.9: Compara¸c˜aoentre os resultados te´oricose os pontos experimentais de CAL 83. Se¸c˜ao2.2. Refra¸c˜aodiferencial da atmosfera 69

2.2.4 Discuss˜oese conclus˜oessobre a refra¸c˜aoatmosf´erica

A corre¸c˜aoda refra¸c˜aoatmosf´ericanos cubos de dados ´enecess´ariapara se evitar falsas interpreta¸c˜oesna an´aliseem componentes principais. Para uma corre¸c˜aoemp´ırica,´eusada uma fun¸c˜aode segundo grau em λ para ajustar os centr´oidesobservados. Com essa fun¸c˜ao, corrige-se o deslocamento do centr´oideutilizando um algoritmo desenvolvido por Steiner et al. (2008, em prepara¸c˜ao),o qual possui uma precis˜aode 0.1 pixel. Nos casos de NGC 6221 e de NGC 7582 n˜aoh´aum centr´oidebem definido por causa da forte absor¸c˜aoque esses n´ucleospossuem no ´optico. Assim, a corre¸c˜aote´oricabaseada nas equa¸c˜oesacima s˜aonecess´arias. O que ´efeito ´euma simula¸c˜aodos centr´oidesnos eixos x e y das duas gal´axiasbaseada nas informa¸c˜oesde press˜aoatmosf´erica,massa de ar, umidade relativa e temperatura informadas nos headers das imagens (pode-se utilizar valores m´ediosdo observat´oriocaso essas informa¸c˜oesn˜aoestejam presentes). Para a transforma¸c˜aodas coordenadas utiliza-se o “position angle”, o ˆangulohor´ario,a declina¸c˜aodo objeto e a coordenada do observat´orio.Assim ´eajustada a fun¸c˜aode segundo grau `asimula¸c˜aopara se proceder com a corre¸c˜ao. Apesar da discrepˆanciana parte vermelha do espectro nas equa¸c˜oesde Filippenko (1982), Owens (1967) e B¨onsch e Potulski (1998), a diferen¸caentre a teoria e os dados experimentais ´ede aproximadamente 0.05 arcsec, um d´ecimodo seeing das observa¸c˜oes. Uma vez que os trabalhos acima apresentam resultados compar´aveis entre si, optamos por utilizar as rela¸c˜oesdo trabalho mais recente de B¨onsch e Potulski (1998). No entanto, n˜aoest´adescartada uma revis˜aonas constantes Ai da equa¸c˜ao2.12 e isso deve ser feito futuramente. Isso porque a qualidade ´opticado Gemini permite uma maior precis˜aonas medidas das centr´oidesdos objetos. A verifica¸c˜aodeve ser feita com um n´umeromaior de objetos (preferencialmente estrelas, para os quais os centr´oidess˜aomais bem definidos) e utilizando-se dados do Gemini Norte e do Gemini Sul. E´ importante salientar que o uso de uma fun¸c˜aode segundo grau em λ no ajuste dos dados experimentais ´eprovis´orio.Devemos implementar a equa¸c˜ao2.12 no algoritmo futuramente com as constantes Ai revistas. 70 Cap´ıtulo2. Tratamento de dados: Aspectos metodol´ogicos.

2.3 An´aliseem componentes principais

A an´aliseem componentes principais (tamb´emconhecida como an´alisefatorial ou PCA, de “principal components analysis”) ´euma ferramenta robusta para analisar um conjunto de objetos com v´ariosparˆametrosobservados para cada um dos objetos. O PCA analisa a amostra ajustando-a um sistema de coordenadas linearmente independentes (autovetores). Os autovetores s˜aoordenados em ordem decrescente de seus respectivos autovalores, os quais representam o peso que cada autovetor possui na varian¸cada amostra. Isso implica que o primeiro autovetor ´eaquele que explica a maior parte da varian¸cada amostra, seguido pelo segundo autovetor, depois pelo terceiro e assim sucessivamente. Cada autovetor ´euma combina¸c˜aodos diferentes parˆametrosobservados da amostra. A correla¸c˜aoentre os parˆametrosde um dado autovetor deve indicar o parˆametrof´ısico respons´avel pela varian¸cada amostra. A se¸c˜ao2.3 ´edividida da seguinte maneira: Na subse¸c˜ao2.3.1 ser´amostrado a expans˜ao discreta de Karhunen-Lo´eve (K-L) (Fukunaga 1990), que ´ea teoria matem´aticado PCA. Em 2.3.2 ser˜aoapresentadas as propriedades da expans˜aoK-L. A sequˆenciade c´alculopara a an´alisede componentes principais ´eapresentada na subse¸c˜ao2.3.3. Finalmente em 2.3.4 ser˜aofeitos coment´arios,exemplos de aplica¸c˜oese limita¸c˜oessobre o m´etodo PCA.

2.3.1 A expans˜aodiscreta de Karhunen-Lo´eve

Seja X um vetor qualquer com n dimens˜oes.X pode ser representado pela soma de n vetores linearmente independentes como: Xn X = yiφi = ΦY (2.40) i=i onde

Φ = [φ1...φn] (2.41) e

T Y = [y1...yn] . (2.42)

A matriz Φ ´edetermin´ısticae possui n vetores colunas linearmente independentes. Assim Se¸c˜ao2.3. An´aliseem componentes principais 71

|Φ| 6= 0. (2.43)

As colunas de Φ cobrem o espa¸code n dimens˜oesque cont´emX e s˜aochamados de vetores de base. Podemos assumir que as colunas de Φ formam um conjunto ortonormal, que ´e:   T 1 se i = j Φi Φj = (2.44)  0 se i 6= j Se a condi¸c˜aode ortonormalidade ´esatisfeita, as componentes de Y podem ser calculadas como:

T yi = φi X (i = 1, . . . , n) (2.45)

Assim, Y ´euma transforma¸c˜aoortonormal de um vetor X qualquer. Podemos chamar φi de vetor caracter´ısticoe yi a i-´esimacomponente da amostra no espa¸cocaracter´ıstico.

Suponha que seja escolhido apenas m (

Xm Xn ˆ X(m) = yiφi + biφi (2.46) i=1 i=m+1 O erro resultante ´e:

Xm Xn Xn ˆ ∆X(m) = X − X(m) = X − yiφi − biφi = (yi − bi)φi (2.47) i=1 i=m+1 i=m+1

Note que Xˆ e ∆X s˜aovetores quaisquer. Utiliza-se a medida da m´ediaquadr´aticade ∆X como um crit´eriode medida da representatividade do subconjunto de m vetores carac- ter´ısticos.Tem-se: 72 Cap´ıtulo2. Tratamento de dados: Aspectos metodol´ogicos.

²¯2(m) = E{||∆X(m)||2} Xn Xn T = E{ (yi − bi)(yj − bj)φi φj} i=m+1 j=m+1 Xn 2 = E{(yi − bi) }. (2.48) i=m+1 Aqui E(X) ´eo vetor esperado ou m´ediade um vetor X qualquer, definido como: Z E{X} = Xp(X)dX (2.49) onde p(x) ´ea fun¸c˜aodensidade de probabilidade. Para toda escolha de vetores de base e termos constantes, obt´em-seum valor para² ¯2(m). A escolha ´efeita de modo a minimizar ²¯2(m).

2 A escolha ´otimapara bi ´eobtida minimizando² ˆ em rela¸c˜aoa bi como:

∂ 2 E{(yi − bi) } = −2[E{yi} − bi] = 0 (2.50) ∂bi

Resolvendo 2.50 para bi, temos:

T bi = E{yi} = φi E{X} (2.51)

0 Ou seja, devemos substituir os yis que n˜aomedimos pelos seus valores esperados. O erro quadr´aticom´edio´edado por:

2 2 ²¯ (m) = E[(yi − E{yi}) ] Xn T T = φi E[(X − E{X})(X − E{X}) ]φi i=m+1 Xn T = φi ΣX φi (2.52) i=m+1

T onde ΣX = E[(X − E{X})(X − E{X}) ] ´e,por defini¸c˜ao,a matriz de covarian¸cade X. 0 Pode-se mostrar (Fukunaga 1990) que a escolha ´otimapara os φis ´eaquela que satisfaz a equa¸c˜ao:

ΣX φi = λiφi (2.53) Se¸c˜ao2.3. An´aliseem componentes principais 73

ou seja, os autovetores da matriz ΣX . Assim, substituindo a equa¸c˜ao2.53 em 2.52 obt´em-se para o erro quadr´aticom´edio:

Xn 2 ²¯ (m)opt = λi. (2.54) i=m+1 A expans˜aode um vetor qualquer nos autovetores da matriz de covarian¸ca´echamada de expans˜aodiscreta de Karhunem-Lo´eve.

2.3.2 Propriedades da expans˜aode Karhunen-Lo´eve

A expans˜aoK-L possui propriedades relevantes. Come¸candopela nomenclatura, os au- tovetores φi da matriz de covarian¸cas˜aochamados de componentes principais da amostra.

Os autovalores λi s˜aoa varian¸cada distribui¸c˜aoao longo dos eixos φi. A equa¸c˜ao2.45 ´ea proje¸c˜aodos autovetores na matriz X.

No contexto da an´alisedas componentes principais, os coeficientes y1, ..., yn na ex- pans˜ao´evisto como valores caracter´ısticosrepresentando o vetor observado X no espa¸co caracter´ıstico.Esse espa¸copossui algumas propriedades relevantes:

1. A relevˆanciade cada autovetor, em termos de representa¸c˜aodo vetor X, ´edetermi-

nada pelo seu autovalor correspondente. Se um autovetor φi ´eexclu´ıdo,o erro m´edio

quadr´aticocresce por um fator λi, de acordo com a equa¸c˜ao2.54. Assim, pode-se desprezar os autovetores com os menores autovalores, em uma ordem crescente.

2. Os autovalores s˜aomutuamente n˜aocorrelacionados, o que implica que a matriz de covarian¸cade Y ´ediagonal. Isso segue de:

  λ 0  1     λ  T  2  ΣY = Φ ΣX Φ =  .  . (2.55)  ..    0 λn

Atrav´esda equa¸c˜ao2.55, conclu´ımosque os autovetores yi s˜aolinearmente indepen- dentes. 74 Cap´ıtulo2. Tratamento de dados: Aspectos metodol´ogicos.

3. O conjunto de m autovetores de ΣX , correspondente aos m maiores autovalores, minimiza² ¯2(m) em rela¸c˜aoa qualquer outra escolha de m vetores de base ortonor- mal. Transforma¸c˜oeslineares n˜aoortonormais n˜aos˜aoconsideradas, pois somente ´e interessante mudan¸casonde a estrutura da distribui¸c˜ao´epreservada.

2.3.3 Procedimento de c´alculodas componentes principais

A expans˜aode K-L deve seguir o seguinte procedimento para ser calculado computa- cionalmente (Smith 2002):

1. Organiza¸c˜aodos dados

Os dados devem ser organizados para a computa¸c˜ao de uma maneira tal que cada objeto observado fique nas linhas e suas vari´aveis nas colunas de uma matriz u x v qualquer. Neste caso s˜aoutilizados como exemplo os dados da tabela 2.3

ABCA − AB¯ − BC¯ − C¯ 3,32 0,22 0,61 -2,76 -0,10 -0,69 10,13 0,07 0,94 4,05 -0,25 -0,36 3,81 0,18 1,23 -2,27 -0,14 -0,07 12,82 0,09 0,76 6,74 -0,23 -0,54 5,77 0,12 0,86 -0,31 -0,20 -0,44 3,83 1,04 2,91 -2,25 0,72 1,61 4,11 1,27 2,23 -1,97 0,95 0,93 4,15 0,18 1,59 -1,93 -0,14 0,29 3,42 0,05 0,70 -2,66 -0,27 -0,60 5,91 0,23 1,33 -0,17 -0,09 0,03 9,57 0,07 1,14 3,49 -0,25 -0,16

Tabela 2.3 - Exemplo de dados para c´alculodas componentes principais. Dados de entrada e dados com m´ediasubtra´ıda

2. Subtrair a m´edia

A subtra¸c˜aoda m´ediade cada dimens˜ao(de cada vari´avel) ´eo primeiro c´alculo que se faz com os dados. A m´ediadeve ser subtra´ıda pois isto minimiza o erro Se¸c˜ao2.3. An´aliseem componentes principais 75

quadr´aticom´edioda aproxima¸c˜aodos dados (Miranda et al. 2008). A tabela 2.3 tamb´emapresenta os dados com a m´ediasubtra´ıda.

3. C´alculoda matriz de covarian¸ca

A matriz de covarian¸ca´esempre uma matriz quadrada. No caso dos dados da tabela 2.3, onde os dados s˜aotri-dimensionais, temos uma matriz 3x3 calculada de acordo com:

    cov(A, A) cov(A, B) cov(A, C) 10.66 −0.53 −0.79         Σdados =  cov(B,A) cov(B,B) cov(B,C)  =  −0.53 0.18 0.26      cov(C,A) cov(C,B) cov(C,C) −0.79 0.26 0.50 (2.56)

4. C´alculodos autovetores e autovalores da matriz de covarian¸ca.

Os autovetores (avt) e autovalores (avl) da equa¸c˜ao2.56 foram calculados com o programa “maple 9”, resultando em avl1 = 10.75, avl2 = 0.56, avl3 = 0.03 e avt1 = (-0.99 0.05 0.08), avt2 = (0.09 0.47 0.87) e avt3 = (0.01 0.88 -0.48).

5. Escolher as componentes e formar o vetor caracter´ıstico.

Neste procedimento, deve-se ordenar os autovetores de acordo com seus autovalores em ordem decrescente. Assim, o autovetor com o maior autovalor ser´aa primeira componente principal, o autovetor com o segundo maior autovalor ser´aa segunda componente principal e assim sucessivamente. O vetor caracter´ısticoΦ ´econstru´ıdo como:

Φ = (avt1, avt2, avt3..., avtn) (2.57)

No caso dos dados da tabela 2.3, temos apenas 3 dimens˜oes,ent˜aotemos 3 escol- has, que s˜ao:utilizar apenas o primeiro autovetor; utilizar o primeiro e o segundo autovetores; utilizar os trˆesautovetores.

6. Obter o novo conjunto de dados.

O passo final do c´alculo´eprojetar os autovetores nos objetos, resultando no espa¸co onde a base ´eo vetor caracter´ıstico. A proje¸c˜ao´efeita de acordo com a equa¸c˜ao 76 Cap´ıtulo2. Tratamento de dados: Aspectos metodol´ogicos.

2.45 com Φ dado pela equa¸c˜ao2.57 e X representando a tabela 2.3 com os objetos observados em cada coluna da matriz X e os parˆametrosobservados em cada linha da matriz X (transposta da tabela). A matriz X deve ser os parˆametrosobservados com a m´ediasubtra´ıda,representada pelas 3 ´ultimascolunas da tabela 2.3.

Esse passo nada mais ´edo que a representa¸c˜aodos dados originais em termos das componentes principais, onde cada linha do espa¸cocaracter´ıstico´ea proje¸c˜aode cada autovetor nos objetos. De fato, ´efeita uma rota¸c˜aodos dados onde os novos eixos s˜aoos autovetores da matriz de covarian¸ca.

7. Reconstruir a amostra original.

Pode-se recuperar a amostra original X atrav´esda equa¸c˜ao2.40, onde Y ´edado pela equa¸c˜ao2.42. A m´ediade cada dimens˜aode X deve ser somada de volta aos dados.

Os passos acima constituem uma receita computacional de como deve proceder o c´alculo das componentes principais de uma amostra de dados. Nesta disserta¸c˜ao,foi utilizado, no caso dos cubos de dados, a fun¸c˜ao“princomp” do programa “matlab 6.5” (ou a vers˜ao R2007b). Ele retorna as componentes principais j´acalculadas, seus respectivos autova- lores e os objetos observados projetados em cada autovetor. Para a amostra de gal´axias Seyferts, foi utilizado uma macro externa do excel chamada “XLSTAT”. Al´emde retornar as componentes principais, os autovalores e proje¸c˜oesdos objetos, o XLSTAT automatica- mente cria gr´aficosrelacionando dois autovetores com a posi¸c˜aodas vari´aveis observadas em pares de autovetores e gr´aficoscom a posi¸c˜aodos objetos observados em pares de autovetores. Outro programa que foi testado foi o VISTA5. Al´emde ser um programa gratuito, ele possui algumas visualiza¸c˜oesem 3 dimens˜oesdos dados. Por´em,o VISTA e o XLSTAT n˜aopossuem capacidade de mem´oriasuficiente para se fazer a an´alisecom o cubo de dados, por isso o uso do matlab neste caso.

2.3.4 Discuss˜oessobre a an´alisedas componentes principais

Uma das caracter´ısticasmais interessantes do PCA ´ea capacidade de explicar esta- tisticamente um conjunto de dados com m dimens˜oesutilizando-se n < m autovetores. Pela equa¸c˜ao2.54, s˜aoos autovalores que est˜aorelacionados com a contribui¸c˜aode cada

5 http://forrest.psych.unc.edu/research/ Se¸c˜ao2.3. An´aliseem componentes principais 77 autovetor para os dados. Como a soma de todos os autovalores significa 100% da varian¸ca dos dados, podemos ver a contribui¸c˜aode cada autovetor em termos de porcentagem. Utilizando-se os dados da tabela 2.3, temos que a soma dos 3 autovalores encontrado ´e 11.34. Como avl1 = 10.75, ent˜aoo primeiro autovetor explica 95% dos dados da tabela 2.3, ou seja, o conjunto de dados inicial que estava em 3 dimens˜oespode ser estatisticamente analisado apenas com o primeiro autovetor. Os autovetores 2 e 3 respondem por 4% e 1% da amostra, respectivamente. O primeiro autovetor explica 95% dos dados, mas o que significa esse autovetor? Se o avt1 = (-0.99 0.05 0.08), isso significa que ele ´eexplicado em sua maior parte por uma anticorrela¸c˜aomais forte na vari´avel A, ou seja, enquanto B e C permanecem constantes na amostra, a vari´avel A decresce. Esta caracter´ıstica´ea varian¸camais significativa da amostra. J´ao segundo autovetor, com avt2 = (0.09 0.47 0.87), mostra que as vari´aveis B e C est˜aomais fortemente correlacionadas entre si, ou seja, elas crescem juntos dado uma certa rela¸c˜aoenquanto A aproximadamente permanece constante. Isto explica 4% da varian¸cados dados da amostra. O terceiro autovetor, com avt3 = (0.01 0.88 -0.48), mostra uma anti-correla¸c˜aoentre as vari´aveis B e C, que seria um crescimento de B correlacionado com uma diminui¸c˜aode C enquanto A ´eaproximadamente constante, respons´avel por 1% da varian¸cados dados. J´aque os autovetores s˜aolinearmente independentes, as interpreta¸c˜oesf´ısicasde cada autovetor tamb´ems˜aoindependentes uma da outra, o que significa que cada autovetor est´arelacionado por fenˆomenosf´ısicosindependentes uns dos outros. Vale discutir alguns exemplos que est˜aoem Fukunaga (1990). A figura 2.10 mostra trˆes distribui¸c˜oes,que s˜aoos quatro pontos em cruz que aparecem na figura. Em a), temos que a matriz de covarian¸ca´edada por:   10/4 10/4 ΣXa =   (2.58) 10/4 10/4 e em b), a matriz ´e   10/4 6/4 ΣXb =   (2.59) 6/4 10/4 Seus autovetores, com os respectivos autovalores s˜ao: 78 Cap´ıtulo2. Tratamento de dados: Aspectos metodol´ogicos.

Figura 2.10: Exemplos de aplica¸c˜aodo PCA. Figura de Fukunaga (1990)

λ1a = 5, λ2a = 0,  √   √  1/ 2 1/ 2     Φ1a = √ , Φ2a = √ para os dados do item (a) (2.60) 1/ 2 −1/ 2

λ1b = 4, λ2a = 1,  √   √  1/ 2 1/ 2     Φ1b = √ , Φ2b = √ para os dados do item (b) (2.61) 1/ 2 −1/ 2

Note que este ´eum caso bi-dimensional, mas que mostrar´auma caracter´ıstica im- portante dos autovetores nos dados. No caso dos dados do item a), λ2a = 0, assim, se eliminarmos o segundo autovetor na expans˜aoK-L, o erro quadr´aticom´edioda equa¸c˜ao 2.54 ´enulo, assim a figura 2.10a ´eexplicada, sem erros, pelo primeiro autovetor. J´anos dados do item b), λ2b = 1, ou seja, teremos um erro quadr´aticom´ediode 1 se o segundo T T autovetor for desconsiderado. Somente os pontos X2 = [2, 2] e X4 = [−2, −2] podem ser T T explicados pelo primeiro autovetor sem erros, j´aos pontos X1 = [−1, 1] e X3 = [1, −1] √ √ √ possuem erros de 2, logo o erro quadr´aticom´edio´ede (02 + 02 + ( 2)2 + ( 2)2)/4 = 1, ´ que ´eigual `a λ2b. E interessante verificar pela figura 2.10 que, na verdade, os autovetores s˜aocurvas que melhor ajustam os dados. Note no caso do item b) que o primeiro autovetor ´ea curva que melhor ajusta os dados e o segundo autovetor ´euma curva que ´eo segundo Se¸c˜ao2.3. An´aliseem componentes principais 79 melhor ajuste aos dados. No caso de dimens˜oesmaiores, o autovetor n seria o n-´esimo melhor ajuste aos dados. Suponha que se aplique a seguinte transforma¸c˜ao`adistribui¸c˜aodo item b):

   √ √   √ √  1/2 0 1/ 2 1/ 2 1/(2 2) 1/(2 2) Y =    √ √  X =  √ √  X (2.62) 0 2 1/ 2 −1/ 2 2 − 2

Na equa¸c˜ao2.62 aplicamos a transforma¸c˜aoortonormal da equa¸c˜ao2.61 e mudamos as escalas, resultando em novos eixos modificados por fatores de 1/2 e 2 resultando na distribui¸c˜aoapresentada no item c) da figura 2.10. Como as distribui¸c˜oesdo item b) e do item c) s˜aodiferentes, qualquer conclus˜aosobre as propriedades de c) n˜aopodem ser aplicadas diretamente `ab). Um exemplo, se concluirmos que o segundo autovetor em b) explica a maior parte da varian¸cada amostra por causa da distribui¸c˜aoem c), isto contradiz a conclus˜aoquando analisamos apenas a distribui¸c˜aodo item b), onde o primeiro autovetor ´emais relevante para a varia¸c˜aoda amostra. Como a extra¸c˜aode padr˜oespara representar um sinal encontra um pequeno n´umerode padr˜oesefetivos para aproximar uma dada distribui¸c˜ao,qualquer transforma¸c˜aoque altera a estrutura da distribui¸c˜ao(ou seja, uma transforma¸c˜aon˜aoortonormal) n˜aodeve ser permitida. 80 Cap´ıtulo2. Tratamento de dados: Aspectos metodol´ogicos. Cap´ıtulo 3

NGC 6221

3.1 Observa¸c˜oese redu¸c˜aodos dados

Os dados da gal´axiaNGC 6221 analisados neste trabalho foram obtidos com o telesc´opio Gemini-Sul1 sob o programa GS-2004A-Q-35 (PI - Aurea´ Garcia-Rissmann). Foi utilizado o “Gemini Multi-Object Spectrograph” (GMOS - Hook et al. 2004; Allington-Smith et al. 2002), operado com o “Integral Field Unit” (IFU). Esse modo utiliza um conjunto de 1500 microlentes, onde 1000 s˜aodestinadas a observa¸c˜aodo objeto e 500 para a observa¸c˜aodo c´eu.Cada lente cobre no c´euum tamanho espacial projetado de 0.2 arcsec. A luz coletada pelas lentes ´edirecionada por fibras ´opticasque s˜aolinearmente organizadas e terminam na localiza¸c˜aonominal da fenda do espectr´ografo(pseudo-fenda). O dado final possui trˆes dimens˜oes,sendo duas espaciais e uma espectral. Com isto, ´eposs´ıvel reconstruir imagens em uma faixa espectral desejada ou obter o espectro de uma regi˜aoespacial qualquer do campo observado. O campo cient´ıficodo IFU cobre 5 x 7 arcsec, com o c´eulocalizado a 1 arcmin de distˆanciado campo cient´ıfico. No caso de NGC 6221, o aparato utilizado no modo de fenda ´unica,com 500 microlentes para o objeto e 250 para o c´eu,o que resultou em um campo de 5 x 3.5 arcsec, por´emcom cobertura espectral mais ampla. Os dados cobrem uma faixa espectral de 4223 A˙ - 7074 A˙ com uma resolu¸c˜aoR = 2424 medida

1 Based on observations obtained at the Gemini Observatory, which is operated by the Association of Universities for Research in Astronomy, Inc., under a cooperative agreement with the NSF on behalf of the Gemini partnership: the National Science Foundation (United States), the Science and Techno- logy Facilities Council (United Kingdom), the National Research Council (Canada), CONICYT (Chile), the Australian Research Council (Australia), Minist´erioda Ciˆenciae Tecnologia (Brazil) and SECYT (Argentina) 82 Cap´ıtulo3. NGC 6221 atrav´esda linha de c´eu5577 A˙. Foram feitas 3 exposi¸c˜oesde 12 minutos cada e estas foram somadas ap´osa redu¸c˜ao. Espectros de lˆampadasde calibra¸c˜aoCuAr, imagens de flat (“dome” e “twilight”) e bias foram obtidos para a calibra¸c˜aodos dados. A redu¸c˜ao foi feita com o pacote padr˜aodo Gemini-Gmos no IRAF, onde foram feitas subtra¸c˜aode bias e background, remo¸c˜aode raios c´osmicos,corre¸c˜oesda sensibilidade dos pixeis e da resposta das fibras, subtra¸c˜aodo c´eue constru¸c˜aodo cubo de dados com amostragem de pixeis espaciais em 0.05 arcsec, resultando em um tamanho final de 66 x 98 x 3118 pixeis (x, y, λ). Ap´osa montagem do cubo foi feita a corre¸c˜aoda refra¸c˜aoatmosf´erica. A observa¸c˜ao foi feita com uma massa de ar m´ediade 1.316. As informa¸c˜oesatmosf´ericase de posi¸c˜ao da gal´axiano momento da observa¸c˜ao(ˆangulohor´arioe declina¸c˜ao)foram obtidas no “header” das imagens. A refra¸c˜aoatmosf´ericafoi calculada teoricamente com a equa¸c˜oes 2.11, 2.30 , 2.31 e 2.32. Os cubos foram corrigidos deste efeito atrav´esde um algoritmo desenvolvido por Steiner et al (2008 em prepara¸c˜ao),cuja precis˜ao´ede 0.1 pixel (0.005 arcsec). Devido a limita¸c˜oescomputacionais na corre¸c˜ao,o cubo teve seu tamanho espacial reduzido (parte das bordas cortadas) para 50 x 91 pixeis, ou 2.5 x 4.55 arcsec. O procedimento seguinte foi a deconvolu¸c˜aodo cubo de dados. Para isso, foi utilizada uma PSF vari´avel, com a FWHM variando em fun¸c˜aode λ de acordo com a equa¸c˜ao 2.7. A FWHM de referˆencia´ede 0.53 arcsec em 6300 A˙, medida atrav´esda imagem de aquisi¸c˜ao. Como a regi˜aodo cubo com o maior sinal ru´ıdoest´ana borda (por causa de um erro na observa¸c˜ao),foram feitas aproximadamente 15 c´opiasdas primeiras e ´ultimas linhas e colunas, para fora do cubo, com o intuito de se evitar efeitos de borda devido a deconvolu¸c˜ao.Foram feitas 6 itera¸c˜oes,que produziram resultados razo´aveis no cubo e nos testes da se¸c˜ao2.1.2 do cap´ıtulo2.1. O passo posterior foi o ajuste da popula¸c˜aoestelar no centro da gal´axia.Foi utilizado o programa “Starlight”2 ( Cid Fernandes et al. 2005). O cubo foi dividido espacialmente em 35 caixas de 0.5 x 0.65 arcsec , onde cada uma destas caixas possui um espectro m´edio referente a sua posi¸c˜aono cubo original. O cont´ınuo de cada espectro m´edioteve que ser normalizado, uma vez que os dados de NGC 6221 n˜aopossuem calibra¸c˜aoem fluxo.

2 The STARLIGHT project is supported by the Brazilian agencies CNPq, CAPES and FAPESP and by the France-Brazil CAPES/Cofecub program. Se¸c˜ao3.2. Resultados e an´alisede dados 83

O ajuste com o “Starlight” foi feito em cada uma das 35 caixas, obtendo-se assim 35 espectros das popula¸c˜oesestelares, informa¸c˜oessobre a cinem´aticareferente `asestrelas e contribui¸c˜oesde diferentes idades e metalicidades estelares nesta regi˜aoda gal´axia.O cubo original tamb´emfoi normalizado em 1 e cada pixel espacial, num total de 4450, teve seu espectro subtra´ıdoda contribui¸c˜aodas popula¸c˜oesestelares, resultando em um cubo de dados apenas com a contribui¸c˜aonebular. Todas as imagens resultantes do cubo possuem orienta¸c˜aonorte para cima e leste para esquerda.

3.2 Resultados e an´alisede dados

3.2.1 Hist´oriaqu´ımicae de forma¸c˜aoestelar da regi˜aocentral

Como foi citado na se¸c˜ao3.1, a s´ıntese espectral obtida com o “Starlight” revela in- forma¸c˜oessobre a cinem´aticaestelar da regi˜aoe a contribui¸c˜aode popula¸c˜oesestelares com diferentes idades e metalicidades. O cubo de dados revela duas regi˜oesH II, denominadas aqui de A e B (figuras 3.11 e 3.15) e discutidas na se¸c˜ao3.2.5. A popula¸c˜aoestelar das duas regi˜oess˜aomostradas nas figuras 3.1 e 3.2.

40

HII Region A HII Region B

z = 0.004 35 30 z = 0.004

z = 0.008 z = 0.008

z = 0.02 z = 0.02

30

25

z = 0.05

z = 0.05

25

20

20

15

15

10

10 Relativecontribution Relativecontribution to the opticalthe to continuum to the opticalthe to continuum

5

5

0

0

6.0 6.5 7.0 7.5 8.0 8.5 9.0 9.5 10.0

6.0 6.5 7.0 7.5 8.0 8.5 9.0 9.5 10.0

Log age (yr) Log age (yr)

Figura 3.1: Distribui¸c˜aode idade Figura 3.2: Distribui¸c˜aode idade e metalicidade da popula¸c˜aoeste- e metalicidade da popula¸c˜aoeste- lar superposta `aH II A. lar superposta `aH II B.

Na figura 3.1 observa-se uma forte contribui¸c˜aode uma popula¸c˜aojovem, com 3 milh˜oes de anos de idade. Tamb´emest˜aopresentes popula¸c˜oesde idades intermedi´ariasna faixa 84 Cap´ıtulo3. NGC 6221 de 300 milh˜oesat´e3 bilh˜oesde anos. O “starburst” A ´econsistente com a presen¸cade g´asionizado e com a existˆenciade uma popula¸c˜aoWolf-Rayet, que ser´adiscutido na se¸c˜ao 3.2.6. A regi˜aoH II B possui uma distribui¸c˜aosimilar `aregi˜aoA, por´emcom uma forte contribui¸c˜aodas popula¸c˜oesde idade intermedi´ariae mais fraca nas mais jovens. Enquanto altas metalicidades dominam a regi˜aode idade intermedi´aria,as popula¸c˜oes mais jovens possuem uma solu¸c˜aocom metalicidade mais baixa em ambas as regi˜oesH II. Isso pode n˜aoser relevante, uma vez que h´aum efeito de degenerescˆenciade solu¸c˜oes envolvendo popula¸c˜oesjovens, onde a capacidade de discrimina¸c˜ao´epobre (Cid Fernandes et al. 2005). J´ana regi˜aocentral, uma popula¸c˜aode 4 bilh˜oesde anos ´erespons´avel por 28 % da emiss˜aode luz. Essa popula¸c˜aopossui baixa metalicidade de z = 0.004, cujo valor ´emais provavel em idades mais velhas. Uma popula¸c˜aode 400 milh˜oesde anos tamb´emest´a presente. A popula¸c˜aode 4 milh˜oesde anos pode ser explicada pela luz proveniente da regi˜aoH II A, uma vez que as suas PSFs se contaminam. A figura 3.3 mostra os resultados Na gal´axia,o estudo mostra que popula¸c˜oesde 109 anos s˜aodominantes, com ind´ıcios de idades de 1010 anos. N˜aoh´acontribui¸c˜aode estrelas mais jovens. Isso pode ser visto na figura 3.4.

AGN

Galaxy NGC 6221

30

z = 0.004

z = 0.004 27

z = 0.008

z = 0.008

z = 0.02

z = 0.02 25

z = 0.05

z = 0.05

20

18

15

10

9 Relativecontribution Relativecontribution to the opticalthe to continuum to the opticalthe to continuum

5

0 0

6.0 6.5 7.0 7.5 8.0 8.5 9.0 9.5 10.0 6.0 6.5 7.0 7.5 8.0 8.5 9.0 9.5 10.0

Log age (yr) Log age (yr)

Figura 3.3: Distribui¸c˜aode idade Figura 3.4: Distribui¸c˜aode idade e metalicidade da popula¸c˜aoeste- e metalicidade da popula¸c˜aoeste- lar superposta ao AGN lar n˜aonuclear da gal´axia. Se¸c˜ao3.2. Resultados e an´alisede dados 85

3.2.2 Cinem´aticaestelar

O mapa de velocidade radial ´emostrado na figura 3.5. O gradiente de velocidades cobre uma faixa de 50 km/s at´e130 km/s, com velocidade m´ediade 85 km/s. Esta curva foi corrigida da velocidade heliocˆentrica. No entanto, a m´ediacalculada teria que dar em torno de zero. Houve um problema na calibra¸c˜aoem comprimento de onda, confirmada atrav´esda observa¸c˜aode um desvio no comprimento de onda da linha de c´euO Iλ5577A˙. O desvio deve estar associado ao fato de que a imagem de lˆampadafoi feita horas depois das observa¸c˜oesde ciˆencia. J´aa velocidade de dispers˜aoda gal´axiamostra uma m´ediade 75 km/s, aproximada- mente constante ao longo da regi˜aoanalisada.

Figura 3.5: Mapa de rota¸c˜aoeste- Figura 3.6: Mapa da dispers˜aode lar de NGC 6221 em km/s velocidades de NGC 6221 em km/s

3.2.3 An´alisede componentes principais aplicada ao cubo de dados

O cubo de dados de NGC 6221 foi analisado segundo a t´ecnicado PCA (Steiner et al, 2008 em prepara¸c˜ao). Foi constru´ıdauma tabela onde os objetos s˜aoos pixeis espaciais e os parˆametrosobservados s˜aoas intensidades em cada pixel espectral, referente a um dado comprimento de onda. Os resultados s˜aoos autoespectros, que s˜aoas componentes principais resultantes e os tomogramas, que s˜aoa proje¸c˜aodos autoespectros nos pixeis espaciais. A interpreta¸c˜aodo autoespectro ´esutil. O que se analisa s˜aoas correla¸c˜oes entre diferentes comprimentos de onda. Os tomogramas revelam em qual regi˜aodo espa¸co 86 Cap´ıtulo3. NGC 6221 ocorrem as (anti)correla¸c˜oes. A figura 3.7 mostra os resultados dos 3 primeiros autovetores. A tabela 3.1 mostra a contribui¸c˜aona variˆan¸canos dados dos 10 primeiros autovetores, calculados atrav´esdos respectivos autovalores.

Autvetor Contribui¸c˜aoindividual na variˆancados dados Contribui¸c˜aototal na variˆan¸ca dos dados at´eo i-´esimoautovetor 1 90.237 90.237 2 6.060 96.297 3 2.816 99.113 4 0.272 99.385 5 0.156 99.542 6 0.122 99.664 7 0.055 99.718 8 0.048 99.766 9 0.039 99.806 10 0.023 99.829

Tabela 3.1 - Varian¸cados dados explicado por cada autovetor

No autovetor 1, que explica 90.2 % da variˆan¸cados dados, as linhas permitidas s˜ao estreitas e aparecem correlacionadas entre si , bem como linhas de m´ediaioniza¸c˜ao,como [N II]λ6548,6584A˙ e [S II]λ6716,6731A˙. A linha de [O I]λ6300A˙ tamb´emaparece cor- relacionada. [O III]λ4959,5007A˙ s˜aomais largas em compara¸c˜ao`asoutras linhas. Este autovetor deve ser dominado principalmente pelas regi˜oesH II, contaminada em parte pelo AGN e pela Wolf-Rayet, j´aque ´eidentificado uma componente mais larga na linha de He IIλ4686A e nas linhas N III-IV 4634-42 e C III-IV 4650-58, ambas caracter´ısticasde uma WR. Identifica¸c˜aode algumas linhas mais fracas, n˜aovis´ıveis na figura 3.7 por terem picos da ordem de 0.001, foram feitas e est˜aoapresentadas na tabela 3.2. No autovetor 2, respons´avel 6% da variˆan¸ca, aparecem asas largas em Hα correla- cionadas com a linha de [O I]λ6300A. As linhas permitidas e as linhas proibidas de m´ediaioniza¸c˜ao([N II] e [S II]) possuem componentes largas correlacionadas entre si e anti-correlacionadas com uma componente estreita delas pr´oprias. As linhas de [O III]λ4959,5007A aparecem novamente largas e correlacionadas com as componentes lar- gas de [N II] e [S II]. Isso implica que o AGN e uma das regi˜oesH II, que pelo tomograma ´eo objeto A (ver figura 3.11 para as defini¸c˜oes)devem estar anti-correlacionados, com o AGN em “emiss˜ao”e a regi˜aoA em “absor¸c˜ao”. J´ao autovetor 3, contribuindo com 2.8 % da variˆan¸cados dados, possui um autoespectro Se¸c˜ao3.2. Resultados e an´alisede dados 87

Av1

0.5

0.4

0.3 W eight

0.2

0.1

0.0

4000 4500 5000 5500 6000 6500 7000

W avelength (A)

Av2

0.3

0.2

0.1

0.0 W eigth

-0.1

-0.2

-0.3

4000 4500 5000 5500 6000 6500 7000

W avelength (A)

Av3

0.4

0.2

0.0 W eigth

-0.2

-0.4

4000 4500 5000 5500 6000 6500 7000

W avelength (A)

Figura 3.7: Tomogramas e autoespectros 1 a 3 88 Cap´ıtulo3. NGC 6221 bem similar ao segundo autovetor. O tomograma mostra uma correla¸c˜aodo AGN, anti correlacionada com a regi˜aoH II B. Um pouco so sul do AGN ´erevelado uma emiss˜aomais fraca na regi˜aoonde acreditamos haver uma WR. O auto espectro ampliado na regi˜aodo He IIλ4686 mostra que esse objeto aparece fracamente correlacionado em rela¸c˜aoao cont´ınuo. Algumas linhas fracas tamb´emforam identificadas neste autoespectro e os resultados s˜ao apresentados na tabela 3.3. Nos autovetores posteriores, mais especificamente o 10, 13 e o 14, aparece uma contri- bui¸c˜aoforte da linha de [N I]λ5198A˙. Decidimos ent˜aocombinar estes trˆesautovetores para formar um novo cubo cujas caracter´ısticass˜aofortemente influenciadas por esta linha, de acordo com o m´etodo desenvolvido por Steiner et al. (2008b).

Figura 3.8: Imagem centrada na linha de [N I]λ5198A obtida com o cubo constru´ıdoatrav´es dos autovetores 10, 13 e 14

A figura 3.8 revela uma caracter´ısticaimportante. Vemos trˆesobjetos estelares onde nos quais a linha de [N I] est´aem forte emiss˜ao.Uma faixa menos intensa parece ligar estes pontos. H´auma faixa semelhante `adireita. Isto pode estar relacionado a uma onda de choque, de origem desconhecida, mas que pode ter causado “starbursts”, onde as estrelas Se¸c˜ao3.2. Resultados e an´alisede dados 89 mais massivas j´aexplodiram como uma supernova, cujos restos vemos nos trˆespontos estelares. As SNRs s˜aodiscutidas em mais detalhes na se¸c˜ao3.2.7.

Elemento comprimento de onda (A˙) He II 4685.7; 5411.5; 6170.7; 6527.1 C II 5033.2 N I 5199.3; 5201.7 N II 5172.3; 5530.2; 5754.6 N III 4544.8; 4634.2; 4640.6; 4641.9; 5776.3; 6478.7 O I 5329.6; 6300.3; 6363.8 O II 4609.4; 4696.4 O III 4363.2 O V 5594.4 Si II 5056.0; 5806.7; 5957.6; 5979.0; 6347.1; 6371.4 S III 6312.1 Cl III 5471.3 Ar IV 4711.4; 4740.1 Ar V 6133.5 Ti II 6405.3 Cr II 5216.0; 5229.8 Mn V 6166.0 Fe I 4325.7; 4375.9; 5696.4 Fe II 4382.8; 4533.0; 4639.7; 4730.8; 4917.2; 5035.5; 5056.0; 5072.4; 5181.9; 5260.3; 5325.1; 5333.6; 5364.9; 5527.6; 5534.1; 5551.3; 6160.0; 6447.0 Fe III 4652.9; 4658.0; 4664.0; 4701.5; 4936.4; 5270.4 Fe VI 5335.2; 5484.8 Fe VII 5158.3; 5720.9 Ni II 6007.1 Ni IV 4537.9

Tabela 3.2 - Linhas fracas identificadas no autovetor 1 90 Cap´ıtulo3. NGC 6221

Elemento comprimento de onda (A) C II 4618.4? C III 4647.5; 5094.8? N II 4431.8?; 4643.1; 4694.6?; 4718.4 N III 4523.6 N V 4603.8? OII 4319.6; 4610.2?; 4703.2 O III 4363.2? O IV 4783.3 Ne II 5161.9 Ne IV 4725.6 Si III 4455.9 S II 4819.6 Ti II 4312.8; 4464.4 Cr II 5216.0 Ni II 5161.9 Fe II 4319.6; 4432.4; 4474.9; 4522.6; 4549.5; 4639.7; 5074.1?; 5075.8; 5094.9; 5107.9; 5169.0 Co III 4400.1

Tabela 3.3 - Linhas fracas identificadas no autovetor 3

3.2.4 AGN

Como discutido na se¸c˜ao3.2.3, o AGN foi detectado principalmente nos autovetores 2 e 3. O AGN ´eobservado nas imagens das linhas de [O I] e na asa larga azul de Hα, como pode ser visto nas figuras 3.15 e 3.12. A imagem da linha de [O III] revela dois objetos do tipo estelar. Este resultado ´ediscutido com detalhes no cap´ıtulo4. Em outras linhas, o AGN tamb´em´eobservado, por´emjunto com componentes extensas. Isso ocorre nas imagens das linhas de He II, [N I] e na emiss˜aode baixa densidade das linhas de [S II]. O espectro do AGN foi extra´ıdoatrav´esde uma soma de espectros em uma regi˜aocircular centrada no AGN com diˆametrode 0.5 arcsec (10 pixeis). A Wolf-Rayet, detectada no autovetor 3, aparece no espectro da AGN, por´emcom uma Se¸c˜ao3.2. Resultados e an´alisede dados 91 contribui¸c˜aomais fraca do que no espectro do “cluster” onde ela se encontra. Localizado a uma distˆanciade 0.7 arcsec do AGN, suas PSFs provavelmente tem superposi¸c˜ao. No entanto, a emiss˜aode He II parece ser muito forte para vir apenas da WR, o que nos leva a supor que parte da emiss˜aode He II vem da fotoioniza¸c˜aodo AGN. Emiss˜aoproibida de Fe em uma grande faixa de ioniza¸c˜aotamb´em´edetectada, de [Fe II] at´e[Fe X]. Linhas fracas de [Fe II] e [Fe III] s˜aoas de potencial de ioniza¸c˜aomais baixos vistos ao longo do espectro ´optico.As linhas de maior ioniza¸c˜aodetectadas s˜ao[Fe X]λ5158.3 e [Fe VII]λ5720.9 A. H´auma linha no espectro do topo da figura 3.9 em aproximadamente 5030 A˙. Ela aparece na combina¸c˜aodas trˆesexposi¸c˜oes,no entanto n˜aoparece existir em todas as exposi¸c˜oese nem em um outro conjunto de dados de NGC 6221 que n˜aofoi utilizado nesta disserta¸c˜ao(com exce¸c˜aode uma imagem RGB da linha de [O III] com o cont´ınuo estelar, apresentada no cap´ıtulo4). Atribu´ımosesta linha a um defeito instrumental. A s´ıntese espectral revelou a presen¸cade uma popula¸c˜aoestelar de 106 anos, contri- buindo com aproximadamente 6% do cont´ınuo estelar. Mais jovens que a popula¸c˜aodetec- tada nas regi˜oesH II, uma poss´ıvel interpreta¸c˜aopara este resultado ´eque isto corresponde ao “featureless continuum” (fc) associado ao AGN. Um cont´ınuo parecido com o “fc” pode ser visto nestas popula¸c˜oes,pois estrelas mais jovens tamb´emmostram um cont´ınuo forte no azul com caracer´ısiticasespectrais muito fracas. Dentro da PSF do AGN, h´auma contribui¸c˜aode 28% da luz vinda de uma popula¸c˜aode 4 × 109 anos. Esta popula¸c˜aopossui uma metalicidade de z = 0.004, razoavelmente baixa. Esse componente est´apresente na regi˜aoH II A, provavelmente por causa da superposi¸c˜ao parcial de seus PSFs. E´ interessante notar que na regi˜aoH II B, mais longe do AGN, esta popula¸c˜aon˜ao´eencontrada.

3.2.5 As regi˜oesH II

As regi˜oesH II A e B est˜aolocalizadas a uma distˆanciaprojetada de 0.94 arcsec (norte) e 1.40 arcsec (sul) do AGN, respectivamente. As duas regi˜oesH II dominam as linhas de Balmer no cubo, como pode ser conclu´ıdo do autovetor 1 (aproximadamente 90 % da variˆan¸cados dados). N˜aoparecem ser regi˜oesmuito jovens, uma vez que a emiss˜aoem [O III] s˜aomuito mais fracas em rela¸c˜aoa Hβ. Pelo menos, esta ´ea situa¸c˜aona regi˜aoB. O 92 Cap´ıtulo3. NGC 6221

NGC6221 - AGN

98

91 Relativeflux

84

77

4300 4400 4500 4600 4700 4800 4900 5000 5100

W avelength (A)

NGC6221 - AGN

85 Relativeflux

80

5200 5300 5400 5500 5600 5700 5800 5900 6000

W avelength (A)

NGC6221 - AGN

90

85 Relativeflux

80

6100 6200 6300 6400 6500 6600 6700 6800 6900

W avelength (A)

Figura 3.9: Espectro da regi˜aodo AGN. Se¸c˜ao3.2. Resultados e an´alisede dados 93

NGC 6221 - HII Region B 120

110

100

90 Relativeflux

80

70

4400 4600 4800 5000 5200 5400 5600 5800 6000 6200 6400 6600

W avelength (A)

Figura 3.10: Espectro da regi˜aoH II B.

espectro da regi˜aoH II B pode ser visto na figura 3.10. Este espectro foi extra´ıdode um c´ırculode diˆametrode 0.5 arcsec centrado na regi˜aoH II B. As linhas de He I s˜aotamb´emmuito fracas em rela¸c˜aoao Hβ no objeto B, assim como [O III]/Hβ. No objeto A essas raz˜oess˜aomais fortes. Poderia se supor que isso seria contribui¸c˜aodo AGN, uma vez que suas PSFs se cruzam, no entanto isso ´eimprov´avel, uma vez que as linhas de He I s˜aomais estreitas. No entanto, parte dos fotons ionizantes da regi˜aoH II A pode sim ser emitidos devido a fotoioniza¸c˜aopelo AGN. De qualquer maneira, a id´eiade que a popula¸c˜aoionizante na regi˜aoA ´emais jovem que na regi˜aoB ´e plaus´ıvel. Isso j´ahavia sido conclu´ıdona se¸c˜ao3.2.1. Imagens feitas em Hβ e da emiss˜ao [S II] de alta densidade mostram as duas regi˜oesH II.

3.2.6 A componente Wolf-Rayet

A separa¸c˜aoentre o AGN e o “cluster” WR ´ede 0.7 arcsec. E´ poss´ıvel ver a contribui¸c˜ao da componente WR no espectro do AGN na figura 3.9. Uma emiss˜aolarga em He IIλ4686A mais duas emiss˜oesfortes em N III - IV 4634-42 e em CIII - IV 4650-58 mostram que ambos os subtipos WN (Nitrogenada, presen¸cade linhas de N) e WC (Carbonada, presen¸cade linhas de C) est˜aopresentes. A imagem de N III - IV mostra uma estrutura compacta, coincidente com a regi˜aoH II A, enquanto na imagem em 4650-58 A˙ a estrutura ´eextensa e tamb´emrevela a presen¸cade “spots” , vistos na imagem das linhas de He II e [N I] (figura 94 Cap´ıtulo3. NGC 6221

Figura 3.11: Figura RGB de Hβ `aesquerda e de regi˜oesde alta densidade em R e baixa densidade (Steiner et al, 2008, em anexo com o relat´orio)em B `adireita. Nota-se que a asa azul de Hβ est´alocalizada no AGN, enquanto a emiss˜aoestreita, na cor G, representa as duas regi˜oesH II. A emiss˜aoem R ´emais extensa em dire¸c˜aoa regi˜aoH II A. Na imagem de baixa densidade aparece o AGN e na de alta densidade as duas regi˜oesH II.

3.15). Isso sugere que a caracter´ısticaem 4658 A˙ n˜ao´eproveniente apenas de C III. H´a uma contribui¸c˜aosignificante de [Fe III]λ4658 neste caso. Linhas em emiss˜aoalargadas s˜aovistas tamb´emem 5340 A˙ e 5790 A˙. Julgando pela intensidade da linha de 4640 A˙ e da ausˆenciada emiss˜aode N V, estima- se que a componente WN ´edominado por estrelas do subtipo WN7. Estrelas WN podem ser o sub-tipo mais numeroso em uma gal´axiaWR, mas somente em uma faixa de idade entre 3-4 e 6-8 Manos e somente para “starbursts” com metalicidade super solar (Meynet 1995). Essas afirma¸c˜oess˜aoapoiadas pelos resultados de idade e metalicidade da regi˜aoH II A discutidos na se¸c˜ao3.2.1. No espectro do “cluster” WR, apresentado na figura 3.13, al´emda caracter´ısticaem 4640 - 4690 A˙, s˜aoobservados: - Absor¸c˜aono azul da linha interestelar Na I com velocidades acima de 5000 km/s; - Forte absor¸c˜ao(n˜aoidentificada) em 5925 A˙; - Emiss˜aoestreita de Si II em 5056, 5959, 6347 e 6371 A˙; - Linhas em emiss˜aofortes e estreitas de He I; - Linhas em emiss˜aofortes de [Fe III] em 4658 e 5271 A˙. Se¸c˜ao3.2. Resultados e an´alisede dados 95

Figura 3.12: A` esquerda: Imagem em R da linha de [O III]λ5007A e em B de N IIIλ4640A. A linha de [O III] corresponde ao AGN e a de N III corresponde `aWR. A separa¸c˜aoentre as duas ´ede 0.7 arcsec. A` direita: Emiss˜aoda componente larga azul de Hα em R e da linha de C III em B. Novamente o AGN na emiss˜aolarga de Hα, no entanto na linha de C III h´a uma emiss˜aoextensa dentro das regi˜oesH II e em alguns “spots”

3.2.7 Restos de supernovas (SNR)

Cerca de 10 “hot spots” s˜aovistos nas imagens das linhas de He IIλ4686 A˙, [N I]λ5198,5200 A˙ e [Fe III]λ4658 A˙. A proposta ´eque a maioria deles sejam SNRs. 5 deles s˜aovistos em linhas de alta ioniza¸c˜aocomo He II, 9 em [Fe III] e 3 desses objetos tamb´ems˜aodetectados como fortes fontes de [N I]. O HS - 3 ´eo objeto com a emiss˜aode [N I] mais forte. N˜aoapresenta emiss˜aoem He II e sua contribui¸c˜aono [O I] ´efraca. Oxigˆenio´eprovavelmente acoplado com Sil´ıcioem gr˜aosde silicato neste objeto. J´ao HS - 4 ´eum objeto de alta ioniza¸c˜ao. Mesmo assim possui [N I] forte e [O III]λ5007A fraco. Os espectros de HS - 1, HS - 3 e HS - 4 s˜aoapresentados na figura 3.14. A imagem RGB com [O I]λ6300, He II e [N I] ´emostrada na figura 3.15. HS - 1 ser´adiscutido na pr´oximase¸c˜ao. 96 Cap´ıtulo3. NGC 6221

NGC 6221 - W olf Rayet

82.5

82.0

81.5 Relativeflux

81.0

4400 4500 4600 4700 4800 4900 5000 5100

W avelength (A)

82.5

NGC 6221 - W olf Rayet

82.0

81.5 Relativeflux

81.0

80.5

5200 5300 5400 5500 5600 5700 5800 5900 6000

W avelength (A)

NGC 6221 - W olf Rayet

85 Relativeflux

80

6100 6200 6300 6400 6500 6600 6700 6800 6900

W avelength (A)

Figura 3.13: Espectro da regi˜aoda Wolf-Rayet. Se¸c˜ao3.2. Resultados e an´alisede dados 97

NGC 6221 - Hot Spot 1

60 Relativeflux

55

4600 4800 5000 5200 5400 5600 5800 6000 6200 6400 6600

W avelength (A)

NGC 6221 - Hot spot 3

84 Relativeflux

82

4600 4800 5000 5200 5400 5600 5800 6000 6200 6400 6600

W avelength (A)

NGC 6221 - Hot Spot 4

81.9 Relativeflux

81.2

4600 4800 5000 5200 5400 5600 5800 6000 6200 6400 6600 6800

W avelength (A)

Figura 3.14: Espectro de 3 hot-spots presentes na figura 3.15. 98 Cap´ıtulo3. NGC 6221

Figura 3.15: Imagem RGB, com a linha de [O I]λ6300 em R, [N I]λ5198 em G e He II em B.

3.2.8 HS - 1. Uma estrela LBV?

O espectro do HS 1 possui linhas de Balmer fortes e tamb´emfortes emiss˜oesem [N II] e [S II]. [N I] tamb´emaparece muito forte. Da figura 3.11 , que representa a emiss˜aode regi˜oescom alta densidade `apartir das linhas de [S II] (Steiner et al. 2008a) ´eclaro que o

−3 g´aspossui alta densidade (Ne > 4000cm ). O espectro tamb´em´erico em Fe II e Ti II, que s˜aolinhas mais fracas. [O III]λ5007 A ´edetectado, por´emcom baixa intensidade.

3.2.9 Meio Interestelar

As linhas de absor¸c˜aointerestelares do Na Iλ5890,5896A˙ s˜aodetectadas em diferentes velocidades. Elas s˜aomelhores analisadas no espectro do AGN da figura 3.9. Provavel- mente a componente com v = 20 km/s corresponde `aabsor¸c˜aoda pr´opriaNGC 6221. Uma das nuvens possui um de 195 km/s e outras duas possuem um blueshift de -180 Se¸c˜ao3.3. Conclus˜oes 99 km/s e -337 km/s. Nota-se que a absor¸c˜aoda Via L´acteatamb´empode ser observada com v ≈ -1500 km/s, uma vez que estes espectros est˜aono referencial de NGC 6221.

3.3 Conclus˜oes

Dos resultados discutidos acima, podemos concluir que a regi˜aocentral de NGC 6221 ´e complexa, com objetos de natureza distintas como o AGN, duas regi˜oesH II, um “cluster” WR, v´ariosSNR e, possivelmente, uma LBV. As regi˜oesH II A e B s˜aoobservadas `a0.94 arcsec (norte) e 1.40 arcsec (sul) do AGN, respectivamente. Essas regi˜oesH II dominam a emiss˜aode Balmer no cubo de dados. A regi˜aoH II B possui uma fraca emiss˜aoem [O III]λ5007, indicando um “starburst” mais antigo. A s´ıntese de popula¸c˜aoestelar revelou que h´apopula¸c˜oesjovens com idades de 3 milh˜oes de anos em ambas as regi˜oesH II. Mais ainda, popula¸c˜oesde idade intermedi´aria,com 300 milh˜oesde anos at´e3 bilh˜oestamb´ems˜aovistas, consistente com os valores de alta metalicidade. Aparentemente n˜aoh´auma popula¸c˜aojovem de 3 milh˜oesde anos no bojo. Uma componente mais velha com 4 bilh˜oesde anos e baixa metalicidade (z= 0.004), entretanto, responde por 28% da emiss˜aode luz. 45 % da luz vem de uma popula¸c˜aode aproximadamente 400 milh˜oesde anos. No resto da gal´axia,grande parte da luz vem de uma popula¸c˜aode 109 anos, com uma contribui¸c˜aomais fraca de uma popula¸c˜aode 10 bilh˜oesde anos. A distribui¸c˜aode velocidade radial da componente estelar mostra um mapa de rota¸c˜ao com velocidades de 50 a 130 km/s, com uma m´ediade 85 km/s. A m´edia´ediferente de zero devido a erros na calibra¸c˜aoem comprimento de onda. A dispers˜aode velocidades central ´e σ = 75 km/s, o que corresponde a uma massa do buraco negro central (Ferrarese

6 et al. 2006) de Mbh = 2.2 × 10 M¯, similar ao n´ucleoda Via L´actea. A imagem de [N I], obtida com um cubo de dados reconstru´ıdoatrav´esdos autovetores 10, 13 e 14 do PCA, revela 3 restos de supernova e duas faixas, uma inclusive passando pelas 3 SNR. Essas faixas podem estar associadas a ondas de choque, que podem ter causado os “starbursts” que orinaram as supernovas observadas na imagem. O AGN ´eclaramente visto com uma emiss˜aopontual em [O III], [O I], na asa de Hα e como uma emiss˜aomais extensa em He II, [N I] e emiss˜aoda regi˜aode nuvens baixa densidade. Uma caracter´ısticasignificativa de uma WR ´evista, no entanto mais fraca do 100 Cap´ıtulo3. NGC 6221 que no cluster WR, a 0.7 arcsec de distˆancia.Linhas de emiss˜aode Fe s˜aovistos em v´arios graus de ioniza¸c˜ao,de [Fe II] e [Fe III] at´e[Fe VII] e [Fe X]. Fortes emiss˜oesde [N I]λ5200 e [O I] tamb´ems˜aoobservadas. Uma evidˆenciado “featureless continuum” ´edetectada, contribuindo com 6% da emiss˜aoestelar no AGN. Uma emiss˜aode Wolf-Rayet, ambas WN e WC, s˜aovistas em uma distˆanciade 0.7 arcsec do AGN. Associado com a regi˜aoH II A, esses objetos s˜aoclaramente detectados nas linhas de N III λ 4640A˙,CIII λ 4660A˙ e tamb´emnas asas vermelhas de He IIλ 4686A˙ e em 4850 A˙. Cerca de 10 “hot spots” s˜aovistos em emiss˜oesHe II, [N I] e [Fe III]+C III. Propusemos que s˜aoSNRs. 5 deles s˜aovistos em linhas de alta ioniza¸c˜aocomo He II, 9 em [Fe III] e 3 desses objetos s˜aotamb´emfortes emissores de [N I]. A SNR com a emiss˜aomais forte em [N I] n˜aoapresenta linhas de He II e sua contribui¸c˜aoao [O I] ´efraca. Oxigˆenioprovavelmente est´aacoplado com silicatos nesses objetos. O meio interestelar apresenta linhas de absor¸c˜aoem 195, 20, -180 e -337 km/s quando vistos na dire¸c˜aodo AGN. Quando vistos no cluster WR, tem uma indica¸c˜aode um vento com velocidades da ordem de 5000 km/s. Cap´ıtulo 4

Atividade nuclear dupla em NGC 6221

O espectro do AGN de NGC 6221, apresentado na figura 3.9 revela que as linhas de [O III] em 4959 A˙ e em 5007 A˙ possuem picos duplos. A imagem correspondente aos picos da linha de [O III]λ5007A˙ (figura 4.2), mostra dois objetos estelares. Os mesmos objetos s˜aovistos na imagem do HST no ´optico(WFPC centrada em 6001 A˙). Qual a natureza destes dois objetos? Uma suposi¸c˜ao´eque sejam dois buracos negros supermassivos (SMBH), resultado da fus˜aode gal´axias. A evolu¸c˜aode um sistema bin´ariode SMBH envolve 3 est´agios (Rodriguez et al., 2006; Begelman et al., 1980; Merritt e Milosavljevi´c,2005): a) Quando a fus˜aoacontece, o SMBH se desloca na dire¸c˜aoda nova gal´axiavia fric¸c˜aodinˆamica, formando um sistema bin´ario;b) o sistema continua a colapsar principalmente devido a intera¸c˜aocom as estrelas em orbita, que interseccionam o sistema dos SMBH e s˜aoejetadas a velocidades compar´aveis com a velocidade orbital das bin´arias,ocorrendo uma perda de momento angular e energia; c) quando a separa¸c˜aodo sistema bin´ariodecresce a ponto da a emiss˜aode radia¸c˜aopor ondas gravitacionais ser eficiente para remover momento angular, o SMBH coalesce rapidamente. Buracos negros bin´ariosja foram detectados em alguns sistemas. Komossa et al. (2003) detectaram um sistema bin´ariode SMBH na gal´axiaNGC 6240 atrav´esde observa¸c˜oesno Chandra. O blazar OJ 287 ´esupostamente um sistema bin´ariocomo inferido das varia¸c˜oes peri´odicasdo brilho em r´adio(Vicente et al. 1996; Sillanpaa et al. 1996; Lehto e Valtonen 1996). Rodriguez et al. (2006) reportaram um bin´ariona r´adiogal´axia0402+379 com uma distˆanciaf´ısicade 7.3 pc entre eles. Zhang et al. (2007) argumentaram que o objeto SDSS J1130+0058 possui linhas em emiss˜aolargas de baixa ioniza¸c˜aocom dois picos e 102 Cap´ıtulo4. Atividade nuclear dupla em NGC 6221 estrutura em r´adiono formato de X. Eles prop˜oemque a presen¸cade um buraco negro bin´ario´ea maneira mais natural de se explicar as propriedades ´opticase de r´adiodeste AGN. Gerke et al. (2007) encontraram uma forte emiss˜aodupla na linha de [O III] e uma fraca emiss˜aoem Hβ, com raz˜oesde linha caracter´ısticasde Seyfert em uma gal´axia “early-type” na regi˜aodo “extended Groth strip”. Os dois picos est˜aoseparados por 630 km/s e vem de duas regi˜oesdistintas, espacialmente resolvida no espectro do DEIMOS, com uma separa¸c˜aof´ısicade 1.2 kpc. Imagens do HST mostram uma gal´axiacom uma estrutura distorcida, consistente com uma remanescente de uma fus˜aode baixa dissipa¸c˜ao. Na se¸c˜ao4.1 ser˜aoapresentados os espectros e as imagens de NGC 6221 que sugerem a presen¸cade dois objetos e na se¸c˜ao4.2 ser˜aodiscutidas as poss´ıveis interpreta¸c˜oesdestes resultados.

4.1 Resultados

O perfil da linha de [O III] revela um pico duplo. A linha de Hβ possui uma asa azul larga, possivelmente devido ao mesmo fenˆomenoque causa a componente azul de [O III]. O espectro ´eapresentado na figura 4.1.

[O III] 5007

H

1.5 RelativeFlux

1.0

-1500 -1000 -500 0 500 1000

Velocity (km/s)

Figura 4.1: Espectro do AGN de NGC 6221. A linha cheia ´e[O III]λ5007A enquanto a linha pontilhada ´e Hβ. A velocidade ´ecalculada em rela¸c˜aoao λ de repouso de cada uma das linhas.

A identifica¸c˜aodo AGN na imagem do HST foi feita por Levenson et al. (2001). A Se¸c˜ao4.2. Discuss˜ao 103 imagem do HST foi dimensionada de modo que o AGN ficasse na mesma posi¸c˜aona qual ele foi observado no FOV. Para isso usamos a imagem correspondente `alinha de [O I]λ6300A (figura 3.15). A imagem RB correspondente `alinha de [O III], onde o R ´eo perfil vermelho e B ´eo perfil azul, revela a presen¸cade dois objetos do tipo estelar. Na mesma figura, em G, est´aa imagem correspondente `alinha de N III/He II, representando a componente Wolf-Rayet, discutida no cap´ıtulo3. Por clareza, ´emostrado apenas o topo da PSF. Esses objetos s˜aovistos na imagem do HST - WFPC. As imagens s˜aoapresentadas na figura 4.2, onde tamb´em´eapresentada uma exposi¸c˜aodo GMOS-IFU diferente da que vem sido estudada nesta disserta¸c˜ao,onde o AGN est´acentralizado no FOV. Nela s˜aomostrados os dois picos do [O III] e uma imagem referente ao cont´ınuo estelar. A imagem do HST- NICMOS (infravermelho), com a posi¸c˜aodo AGN definida por Levenson et al. (2001) ´e mostrada em 4.2. Os objetos vistos em azul e vermelho na imagem de [O III] possuem uma separa¸c˜aode 0.15 arcsec. Os mesmos objetos identificados na imagem do HST-WFPC tamb´empossuem uma separa¸c˜aode 0.15 arcsec. Isso resulta em uma separa¸c˜aof´ısicade 15.7 pc. Os dois picos de [O III] est˜aoseparados por 286 km/s e possuem intensidades similares. As linhas tˆemuma largura de 586 km/s. Um ajuste de duas gaussianas confirma a similaridade das intensidades e um FWHM ≈ 300km/s. A raz˜ao[O III]/Hβ ´ede 3.5 para a componente azul, consistente com um AGN. Para a componente vermelha esta compara¸c˜aon˜ao´e poss´ıvel, j´aque n˜aopodemos separar a contribui¸c˜aoem Hβ oriunda da regi˜aoH II

4.2 Discuss˜ao

4.2.1 AGN duplo

Podemos considerar dois cen´ariospara NGC 6221 no contexto de dois buracos negros: O sistema estaria na fase bin´aria(ver passo “b” na introdu¸c˜aodo cap´ıtulo). Assim, com a lei de Kepler, dada por:

4π2 M + M = min = a3 (4.1) 1 2 GP 2 8 a massa m´ınimado sistema ´e Mmin = 2.4 × 10 M¯. A massa obtida atrav´esda rela¸c˜ao

M − σv (Ferrarese et al. 2006), mostrada na equa¸c˜ao6.8 e calculada com os dados do 104 Cap´ıtulo4. Atividade nuclear dupla em NGC 6221

Figura 4.2: Acima: Imagem em RB dos dois picos de [O III]λ5007A e em G da linha de N III/He II `aesquerda e do HST-WFPC `adireita. Abaixo: Imagem em RB dos dois picos de [O III]λ5007A e do cont´ınuo estelar de NGC 6221 `aesquerda e HST-NICMOS `adireita.

6 cap´ıtulo 3, resulta em M ≈ 2.1 × 10 M¯, duas ordens de magnitude menor do que a obtida com a equa¸c˜ao4.1. A massa calculada atrav´esda rela¸c˜aoM - Magnitude K do bojo (equa¸c˜ao6.9, ver cap´ıtulo6 para mais detalhes) ´eequivalente `amassa obtida atrav´es Se¸c˜ao4.2. Discuss˜ao 105

da rela¸c˜ao M − σv. Em um segundo cen´ario,sugerimos que os SMBH estejam na fase a). Nesta hip´otese,a massa real pode ser menor do que a massa calculada atrav´esda equa¸c˜ao 4.1. A s´ıntese de popula¸c˜aoestelar estudada na se¸c˜ao3.2.1 do cap´ıtulo3 mostra que uma fus˜aopode ter acontecido h´aaproximadamente 109 anos. Isso significa que a fus˜aodas gal´axiasocorreu h´a10 vezes a escala de tempo dinˆamica.Talvez a raz˜aode se levar tanto tempo para os dois SMBH se tornarem um sistema bin´ario´eque o SMBH menos massivo possui uma velocidade alta quando comparado com a dispers˜aode velocidades da gal´axia. Se a gal´axiatinha um bojo compacto, este foi perdido, uma vez que o raio de influˆenciado buraco negro de menor massa ´emuito pequeno para manter um n´umerosignificativo de

2 2 estrelas. O raio de influˆencia,dado por Rh ≈ GM/v ≈ 0.049×M6(v/300km/s) pc, prova- velmente fez com que este SMBH perdesse todas suas estrelas companheiras. Este cen´ario diminui a viscosidade e faz com que o SMBH tenha dificuldades em parar sua oscila¸c˜ao. Deve ser considerado que uma velocidade t˜aogrande permitiria que este SMBH viajasse ao longo do bojo gal´actico. Por que estaria perto do n´ucleo? Poderia ser coincidˆencia, por´emestatisticamente improv´avel.

4.2.2 Trˆesburacos negros?

Se trˆesgal´axiasse juntaram, uma configura¸c˜aotripla pode ter acontecido. Dois SMBH podem ter formado um bin´ario,que, na presen¸cade um terceiro corpo, podem facilmente se aproximar um do outro, transferindo momento angular para fora do bin´arioe assim expelindo o terceiro componente. Quando os dois componentes do bin´arioficam bem pr´oximosentre si, as ondas gravitacionais se transformam na fonte principal de perda de energia e, com isso, o processo de fus˜aodos BH ´er´apidoe inevit´avel. Como uma consequˆenciada coalescˆenciafinal, a perda de momento angular ´eanisotr´opicae acaba por ejetar o objeto final da coalescˆencia.A intensidade dessa velocidade de recuo depende muito da raz˜aode massa e da rota¸c˜aodos buracos negros iniciais. Redmount e Rees (1989) argumentaram que a velocidade de recuo seria modesto para buracos negros sem rota¸c˜ao

, como mostrado por simula¸c˜oesonde vrecuo ≤ 200km/s (Baker et al. 2006; Gonz´alez et al. 2007; Herrmann et al. 2007). C´alculosnum´ericosrecentes mostraram velocidades de recuo da ordem de 2000 km/s para uma rota¸c˜aoarbitr´ariaem intensidade e orienta¸c˜ao 106 Cap´ıtulo4. Atividade nuclear dupla em NGC 6221

(Campanelli et al. 2007a; Gonz´alezet al. 2007; Tichy e Marronetti 2007). A velocidade m´aximaprevista ´ede ≈ 4000km/s para buracos negros de mesma massa, tendo rota¸c˜ao m´axima,alinhados opostamente e orientados paralelos ao plano orbital (Campanelli et al. 2007b). Esta configura¸c˜ao´ebem improv´avel, mas mostra que velocidades da ordem de ≈ 280km/s s˜aoposs´ıveis se os buracos negros iniciais tinham algum spin. Surge a quest˜aose um BH com tal velocidade manteria um disco de acre¸c˜ao.C´alculos te´oricosmostram que isto ´eposs´ıvel, embora com uma luminosidade limitada (Loeb 2007). A quest˜aode um “narrow line region”, luminoso o suficiente para explicar as observa¸c˜oes, certamente precisa ser considerado, mas esta ´euma quest˜aorelacionada com todas as possibilidades acima de um sistema duplo.

4.2.3 Jatos

As duas componentes observadas nas linhas de [O III] poderiam estar relacionadas `a jatos? Ou a um cone de ioniza¸c˜ao? A velocidade do segundo componente certamente poderia ser explicada, no entanto surgem dificuldades neste cen´ario:Por que a imagem ´e estelar? Por que n˜aotem um jato deslocado para o vermelho? E como pode a luminosidade do [O III] do jato ser igual `ado AGN que gerou este jato? Estas quest˜oescolocam d´uvidas nesta interpreta¸c˜ao.

4.2.4 Disco?

Perfis de linha duplos s˜aofrequentemente vistos em discos. Em estrelas bin´arias,como vari´aveis catacl´ısmicasou estrelas Be, esta caracter´ıstica´efrequente, especialmente se o disco ´evisto “edge-on”. Perfis duplos de linhas permitidas s˜aovistos em AGN. Algumas caracter´ısticasfavorecem este cen´ario.As duas componentes da linha de [O III] possuem intensidade e larguras similares. Dada a velocidade observada, pode-se calcular a massa

7 central, resultando em M ∼ 3 × 10 M¯, que ainda ´e10 vezes maior que o previsto atrav´es da dispers˜aode velocidade estelar. Entretanto teria que se explicar o porquˆeda velocidade do sistema ser ≈ 150km/s. Esta ´euma velocidade alta para um SMBH e a hip´otesedo objeto expulso ´erequerida, com a diferen¸caque, neste caso, n˜ao´enecess´arioum sistema triplo. Cap´ıtulo 5

NGC 7582

NGC 7582 foi observada pelo Gemini-Sul sob o mesmo programa de NGC 6221 (GS- 2004A-Q-35, PI - Aurea´ Garcia-Rissmann). Toda a descri¸c˜aode observa¸c˜aodo GMOS-IFU e da redu¸c˜aode dados feitas para NGC 6221 s˜aov´alidospara NGC 7582. A corre¸c˜aoda refra¸c˜aoatmosf´ericapara NGC 7582 n˜aofoi necess´aria,pois a massa de ar da observa¸c˜ao foi de 1.024. Tamb´emforam feitas 3 exposi¸c˜oesde NGC 7582, no entanto elas foram combinadas pela mediana devido a falhas isoladas em uma das exposi¸c˜oes.A deconvolu¸c˜ao foi feita com 6 itera¸c˜oese uma PSF vari´avel com FWHM = 0.53” em 6300 A˙. O tamanho final das imagens analisadas de NGC 7582 ´ede 66 x 98 pixeis (3.30 x 4.75 arcsec) O ajuste da popula¸c˜aoestelar foi feita com o “Starlight” nos mesmos moldes de NGC 6221, com cada uma das 35 caixas possuindo uma dimens˜aode 0.65 x 0.70 arcsec, com exce¸c˜aoda ´ultimacoluna espacial (as 35 caixas formam um “cubo” com 5 colunas e 7 linhas) que possuia um tamanho de 0.6 x 0.70 arcsec. O cubo original tamb´emteve o cont´ınuo normalizado em 1 para a subtra¸c˜aoda componente estelar. Os espectros do cubo foram degradados em ∆λ = 1 para a subtra¸c˜ao,uma vez que este passo em λ ´enecess´ario para o “starlight” fazer o ajuste da popula¸c˜aoestelar. Em NGC 6221 essa degrada¸c˜ao ocorreu apenas no ajuste da popula¸c˜aoestelar. Na subtra¸c˜aofoi feita uma “rebinagem” no espectro estelar ajustado para o ∆λ original do cubo.

5.1 Resultados e an´alisede dados

5.1.1 Hist´oriaqu´ımicae de forma¸c˜aoestelar da regi˜aocentral

O cubo de dados de NGC 7582 revela duas regi˜oesH II, denominadas aqui de A e B. Elas podem ser vistas em uma imagem centrada na linha de Hα, mostrada na figura 5.5. 108 Cap´ıtulo5. NGC 7582

A s´ıntese da popula¸c˜aoestelar destas regi˜oesH II s˜aomostradas nas figuras 5.1 e 5.2 e os espectros, extra´ıdosdo cubo de g´ascentrados em cada um dos objetos e com um raio de 5 px (0.25 arcsec), na figura 5.5.

H II Region A

H II Region B

36 z = 0.004

z = 0.004

34 z = 0.008

z = 0.008

40

32

z = 0.02

z = 0.02

30

z = 0.05

z = 0.05

28

26

30

24

22

20

18

20

16

14

12

10 Relativecontribution

Relativecontribution 10

8 opticalthe to continuum to the opticalthe to continuum

6

4

2

0

0

6.0 6.5 7.0 7.5 8.0 8.5 9.0 9.5 10.0 6.0 6.5 7.0 7.5 8.0 8.5 9.0 9.5 10.0

log age (yr) log age (yr)

Figura 5.1: Distribui¸c˜aode idade Figura 5.2: Distribui¸c˜aode idade e metalicidade da popula¸c˜aoeste- e metalicidade da popula¸c˜aoeste- lar superposta `aH II A. lar superposta `aH II B.

z = 0.004 z = 0.004

z = 0.008 z = 0.008

25 17

z = 0.02 AGN z = 0.02

NGC 7582 Galaxy

16

z = 0.05 z = 0.05

15

14

20

13

12

11

15

10

9

8

7

10

6

5

Relativecontribution 4 Relativecontribution to the opticalthe to continuum to the opticalthe to continuum 5

3

2

1

0 0

6.0 6.5 7.0 7.5 8.0 8.5 9.0 9.5 10.0 6.0 6.5 7.0 7.5 8.0 8.5 9.0 9.5 10.0

log age (yr) log age (yr)

Figura 5.3: Distribui¸c˜aode idade Figura 5.4: Distribui¸c˜aode idade e metalicidade da popula¸c˜aoeste- e metalicidade da popula¸c˜aoeste- lar superposta ao AGN lar n˜aonuclear da gal´axia.

A regi˜aoH II A possui uma popula¸c˜aoestelar mais significativa com uma idade inter- medi´ariade 108 anos. H´acontribui¸c˜oesde uma popula¸c˜aomais jovem entre 3 × 106 e 107 anos e de uma popula¸c˜aomais velha de 109 a 2 × 109 anos. J´aa regi˜aoH II B mostra uma contribui¸c˜aomais intensa da popula¸c˜aojovem com 5 × 106 anos. Por´emas popula¸c˜oes Se¸c˜ao5.1. Resultados e an´alisede dados 109

H II A

3500000

3000000

2500000

2000000

1500000 RelativeFlux

1000000

500000

0

-500000

4200 4500 4800 5100 5400 5700 6000 6300 6600 6900

W avelength (A)

H II B

3000000

2500000

2000000

1500000

1000000 RelativeFlux

500000

0

-500000

4000 4500 5000 5500 6000 6500 7000

W avelength (A)

Figura 5.5: Espectro das regi˜oesHII de NGC 7582 e imagem centrada na linha de Hα 110 Cap´ıtulo5. NGC 7582 intermedi´ariase mais velhas possuem uma contribui¸c˜aosignificativa nesta regi˜ao.Anali- sando em termos relativos, em cada uma das regi˜oesH II as contribui¸c˜oesdas popula¸c˜oes jovens e intermedi´ariass˜aoda mesma ordem de grandeza (≈ 30 % para 108 anos e entre 15 e 20 % para 109 anos). A s´ıntese de popula¸c˜aoestelar do AGN, apresentada na figura 5.3, mostra uma contri- bui¸c˜aode quase 50 % de uma componente jovem com idades de 4 a 10 milh˜oesde anos. Uma componente mais velha, com 1 bilh˜aode anos, contribui com aproximadamente 25 % do espectro estelar. Esse resultado ´esurpreendente, uma vez que seria esperado uma popula¸c˜aode aproximadamente 10 bilh˜oesde anos nesta regi˜ao. J´ao ajuste no campo da gal´axiamostra que a maior contribui¸c˜aovem de popula¸c˜oescom 1 bilh˜aode anos, no entanto ´esignificantiva a presen¸cade algumas com 1010 anos, como mostra a figura 5.4.

5.1.2 Cinem´aticaestelar

No mapa de rota¸c˜ao´eclaramente visto o eixo de rota¸c˜aoestelar com uma amplitude da ordem de 150 km/s ao longo de 6 arcsec. O mapa de dispers˜aode velocidades mostra que a dispers˜aoaumenta de dentro pra fora do n´ucleo,com ≈ 130 km/s nas bordas do FOV e ≈ 80 km/s na regi˜aocentral. Esse resultado n˜ao´eincomum e usualmente s˜aointerpretados como efeitos de forma¸c˜ao estelar recentes. Estrelas mais jovens nesta popula¸c˜aopossuem maiores massas e, mesmo em equil´ıbriocin´etico,podem ter velocidades menores em rela¸c˜ao`asoutras estrelas. Este efeito parece n˜aoestar centralizado no AGN e sim com as duas regi˜oesH II. Isso n˜ao´e surpresa, uma vez que estes s˜aoos s´ıtiosprincipais de emiss˜aode luz das estrelas mais massivas.

Assumindo-se uma dispers˜aocentral de 130 km/s, obtemos a partir da rela¸c˜ao M − σv

(equa¸c˜ao6.8, discutida no cap´ıtulo6) uma massa do buraco negro central de MSMBH ∼ 7 2.4 × 10 M¯. Os mapas de rota¸c˜aoe de dispers˜aode velocidades s˜aoapresentadas nas figuras 5.6 e 5.7, respectivamente. Se¸c˜ao5.1. Resultados e an´alisede dados 111

Figura 5.6: Mapa de rota¸c˜aoeste- Figura 5.7: Mapa da dispers˜aode lar de NGC 7582 em km/s velocidades de NGC 7582 em km/s

0.5

0.4

0.3

0.2 W eigth

0.1

0.0

-0.1

4000 4500 5000 5500 6000 6500 7000

W avelength (A)

Figura 5.8: Tomograma e autoespectro 1 da primeira an´alise. Note a presen¸cadas duas regi˜oesH II e o espectro caracter´ısticodeste tipo de objeto

5.1.3 An´aliseem componentes principais aplicada ao cubo de dados

A an´alisedas componentes principais feita em NGC 7582 foi realizada da mesma ma- neira que em NGC 6221. Em uma primeira an´alise,o primeiro autovetor revela um espectro caracter´ısticode regi˜oesH II e o tomograma revela a presen¸cade duas regi˜oesH II pre- sentes na gal´axia,similar `afigura 5.5 da linha de Hα. A figura 5.8 mostra o resultado. No entanto, como a contribui¸c˜aodo sinal das regi˜oesH II ´emuito forte em rela¸c˜aoaos outros objetos (73 % da variˆan¸ca),decidiu-se por excluir a contribui¸c˜aodas regi˜oesH II neste 112 Cap´ıtulo5. NGC 7582

Autovetor Contribui¸c˜aopara a variˆan¸ca(%) 1 66.717 2 17.818 3 5.068 4 4.854 5 2.109 6 0.925 7 0.616 8 0.479 9 0.399

Tabela 5.1 - Contribui¸c˜aode cada autovetor para a variˆan¸cados dados primeiro autovetor (linhas de H, He I, [S II], [N II] e [O III]) e fazer uma opera¸c˜aoinversa do pca, ou seja, reconstruir o cubo de dados utilizando-se os autovetores e os tomogramas atrav´esda equa¸c˜ao2.40 . Ent˜aocom o primeiro autovetor sem a contribui¸c˜aodas regi˜oes H II e os outros 14 autovetores obtidos da primeira an´aliseconstruiu-se um novo cubo de dados, sem a soma da m´edia,e dele foi aplicada uma nova an´alisecom o PCA. Os resultados desta an´alises˜aomostrados nas figuras 5.9, 5.10 e 5.11. A contribui¸c˜aode cada autovetor para a variˆan¸cados dados, calculados atrav´esde seus respectivos autovalores, est˜aoapresentados na tabela 5.1

5.1.4 AGN

O AGN pode ser claramente visto na imagem da linha de [O I]λ6300A˙. Imagens do HST com o WFPC em 6001 A˙ e no NICMOS em 16060 A˙ tamb´emmostram a presen¸ca do AGN, como identificado por Bianchi et al. (2007). A figura 5.12 mostra o AGN nestas trˆesobserva¸c˜oes.O espectro do AGN, extra´ıdoda soma de uma regi˜aocircular centrada na imagem de [O I] com um raio de 5 px (0.25 arcsec), ´eapresentado na figura 5.13. Este espectro, bem como as figuras 5.15 e 5.17 s˜aodivididos em 3 CCDs porque a observa¸c˜aodo IFU ´efeita em um mosaico de 3 CCDs e cada faixa do espectro (azul, amarelo e vermelho) cai em um CCD diferente. O espectro revela a presen¸cada linha de [O I], que melhor representa o AGN em uma Se¸c˜ao5.1. Resultados e an´alisede dados 113

Av 1

0.008

0.006

0.004

0.002 W eigth

0.000

-0.002

-0.004

4000 4500 5000 5500 6000 6500 7000

W avelength (A)

Av 2

0.010

0.008

0.006

0.004 W eigth

0.002

0.000

-0.002

4000 4500 5000 5500 6000 6500 7000

W avelength (A)

Av 3

0.03

0.02

0.01

0.00 W eigth

-0.01

-0.02

-0.03

4000 4500 5000 5500 6000 6500 7000

W avelength (A)

Figura 5.9: Tomogramas e autoespectros 1 a 3 114 Cap´ıtulo5. NGC 7582

Av 4

0.02

0.01 W eigth

0.00

4500 5000 5500 6000 6500

W avelength (A)

Av 5

0.04

0.03

0.02

0.01 W eigth

0.00

-0.01

-0.02

4000 4500 5000 5500 6000 6500 7000

W avelength (A)

Av 6

0.1

0.0 W eigth

-0.1

4000 4500 5000 5500 6000 6500 7000

W avelength (A)

Figura 5.10: Tomogramas e autoespectros 4 a 6 Se¸c˜ao5.1. Resultados e an´alisede dados 115

Av 7

0.0 W eigth

-0.1

4000 4500 5000 5500 6000 6500 7000

W avelength (A)

Av 8

0.2

0.1

0.0

-0.1 W eigth

-0.2

-0.3

4000 4500 5000 5500 6000 6500 7000

W avelength (A)

Av 9

0.3

0.2

0.1

0.0 W eigth

-0.1

-0.2

-0.3

4000 4500 5000 5500 6000 6500 7000

W avelength (A)

Figura 5.11: Tomogramas e autoespectros 7 a 9 116 Cap´ıtulo5. NGC 7582 imagem. Algumas caracter´ısticascomo uma componente larga de Hα e a linha de He IIλ4686A˙ tamb´ems˜aocaracter´ısticosde AGN, no entanto suas imagens revelam outros componentes, que ser˜aoestudados nas se¸c˜oesposteriores. Por´emparte do Hα largo parece vir do AGN, como ´emostrado no autovetor 5 do PCA.

5.1.5 “Hot-spots”

A imagem da linha de He II, mostrada na figura 5.14 revela a presen¸cade pelo menos 6 hot-spots (HS) ao longo do cone de ioniza¸c˜ao. De cada um desses HS foram extra´ıdos espectros de uma regi˜aocircular centrada em cada um deles com um raio de 5 px (0.25 arcsec), mostrados nas figuras 5.15, 5.16 e 5.17 Dois destes “spots”, HS1 e HS6, s˜aomais destacados na imagem de He II. Um grande n´umerode linhas foi identificado em seus espectros e estas identifica¸c˜oess˜aoapresentadas nas tabelas 5.2 e 5.3. O objeto mais forte, o HS 1, ´erico em linhas de baixa ioniza¸c˜ao como [Fe II] e cobre uma grande faixa, indo at´e[Fe XIV]. Algumas destas linhas s˜ao denominadas coronais, pois aparecem na coroa solar. S˜aocolisionalmente excitadas por

7 um g´ascom Te ≈ 10 K e s˜aovistos em restos de supernovas. O HS 6 n˜aoapresenta linhas coronais, por´emmostra linhas de mais alta ioniza¸c˜ao,quando comparado com o HS 1. Ela n˜aoapresenta [Fe II] mas linhas de [Fe III] at´e[Fe VII] est˜aopresentes. Esp´eciessimilares de Co e Ni s˜aoobservadas. Uma segunda diferen¸caentre esses dois objetos ´eque HS 1 apresenta Hα largo, en- quanto o HS 6 n˜ao. Essa emiss˜aopossui uma velocidade v ≈ 5000 km/s. Todas estas caracter´ısticass˜aovistas em restos de supernovas. Em particular, o espectro de HS 1 ´e muito similar ao espectro de SN 1987a na idade de 20 anos (Gr¨oningssonet al. 2008). Outra caracter´ıstica´eque estes objetos apresentam uma emiss˜aodeslocada para o azul com respeito ao referencial de repouso de cada objeto. No caso de SN 1987a a velocidade ´e v ≈ 100 km/s mas se estende de -260 km/s para esp´eciesde baixa ioniza¸c˜aoa -340 km/s para as linhas coronais. Em HS 1 as linhas de Balmer, bem como [N II] possuem veloci- dades similares. Isso n˜ao´esurpreendente, uma vez que estas linhas prov´embasicamente da regi˜aoH II. Mas as linhas de alta ioniza¸c˜ao(He II e [O III]) tem uma velocidade m´edia de ≈ −150 km/s, enquanto para o objeto 2 a velocidade ´ede ≈ −180 km/s. Se¸c˜ao5.1. Resultados e an´alisede dados 117

Figura 5.12: Acima: Imagens do HST - NICMOS `aesquerda e WFPC `adireita, com o AGN indicado. Abaixo: Imagem da linha de [O I]λ6300A `aesquerda e RGB da linha de [O III]λ5007A `adireita

5.1.6 Emiss˜aodo g´asde baixa e de alta densidade

Calculamos a emiss˜aocorrespondente a regi˜oesde alta e de baixa densidade atrav´esdas linhas de [S II] seguindo a metodologia definida por Steiner et al. (2008a). Essas imagens 118 Cap´ıtulo5. NGC 7582

40000

AGN - CCD 1

30000

20000

10000 RelativeFlux

0

-10000

-20000

4300 4400 4500 4600 4700 4800 4900 5000 5100

W avelength (A)

20000

AGN - CCD 2

15000

10000

5000 RelativeFlux

0

-5000

-10000

5100 5200 5300 5400 5500 5600 5700 5800 5900 6000 6100

W avelength (A)

AGN - CCD 3

15000

10000

5000 RelativeFlux

0

-5000

-10000

6100 6200 6300 6400 6500 6600 6700

W avelength (A)

Figura 5.13: Espectro da regi˜aodo AGN de NGC 7582. Se¸c˜ao5.1. Resultados e an´alisede dados 119

Figura 5.14: Imagem da linha de He IIλ4686A. Note a presen¸cade 6 hot-spots, identificados de 1 a 6, ao longo do cone de ioniza¸c˜ao.

podem ser constru´ıdasatrav´esde:       Iij(ld) 1 1 −Rhd Iij(λld)   =     (5.1) (R − R ) Iij(hd) ld hd −1 Rld Iij(λhd)

onde, no caso das linhas de [S II], Iij(λld) e Iij(λhd) s˜aoas imagens das linhas de 6716 ˙ ˙ A e 6731 A, respectivamente e Iij(ld) e Iij(hd) s˜aoas imagens de baixa e alta densidade e Rhd e Rld s˜aoos limites da raz˜ao R(λld6716/λhd6731), com Rhd = 0.44 para nuvens de alta densidade e Rld = 1.44 para nuvens de baixa densidade.

Para o caso de NGC 7582, as imagens Iij(ld) e Iij(hd) s˜aomostradas na figura 5.18. As imagens claramente mostram um mapa de rota¸c˜aogal´atico.Na imagem da regi˜ao de alta densidade, o grosso da emiss˜aoparece ser originada nas duas regi˜oesH II. A emiss˜aocorrespondente a regi˜aode baixa densidade possui uma estrutura mais com- 120 Cap´ıtulo5. NGC 7582

HS 1 - CCD1

60000

50000

40000

30000

20000 RelativeFlux

10000

0

-10000

-20000

4300 4400 4500 4600 4700 4800 4900 5000 5100

W avelength (A)

60000

HS 1 - CCD2

40000

20000

0 RelativeFlux

-20000

-40000

-60000

5100 5200 5300 5400 5500 5600 5700 5800 5900 6000 6100

W avelength (A)

HS 1 - CCD3

40000

30000

20000

10000 RelativeFlux

0

-10000

6000 6100 6200 6300 6400 6500 6600 6700 6800

W avelength (A)

Figura 5.15: Espectros do HS 1 dividido nos 3 CCDs. Se¸c˜ao5.1. Resultados e an´alisede dados 121

HS 3

60000

50000

40000

30000

20000 RelativeFlux

10000

0

-10000

4400 4600 4800 5000 5200 5400 5600 5800 6000 6200 6400 6600 6800

W avelength (A)

HS 4

40000

20000 RelativeFlux

0

4400 4600 4800 5000 5200 5400 5600 5800 6000 6200 6400 6600 6800

W avelength (A)

HS 5

40000

20000 RelativeFlux

0

-20000

4400 4600 4800 5000 5200 5400 5600 5800 6000 6200 6400 6600 6800

W avelength (A)

Figura 5.16: Espectros dos HS 3, 4 e 5 122 Cap´ıtulo5. NGC 7582

20000

HS 6 - CCD 1

15000

10000

5000 RelativeFlux

0

-5000

4500 5000

W avelength (A)

HS 6 - CCD 2

20000

15000

10000 RelativeFlux

5000

0

-5000

5500 6000

W avelength (A)

HS 6 - CCD 3

20000 RelativeFlux

0

6100 6200 6300 6400 6500 6600 6700

W avelength (A)

Figura 5.17: Espectros do HS 6 dividido nos 3 CCDs. Se¸c˜ao5.1. Resultados e an´alisede dados 123

Elemento λ H I 4340.5; 4861.3; 6562.8 He I 4387.9; 4471.5; 4713. 2; 4921.9; 5015.7; 5047.7; 5875.7; 6678.2 He II 4541.6; 4685.7; 5411.5 N I 5198; 5200 N II 5754; 6548; 6583 N V 4601; 4944.6 O I 6300; 6363 O III 4363; 4959; 5007 Ne IV 4714.4; 4715.8; 4724.2; 4725.6 Mg I Si II 5041.0; 5056.0; 5957.6; 5979.0; 6347.1; 6371.4 S II 6716; 6731 Cl III 5517.7; 5537.6 Ar IV 4710; 4740 Ar V 6435.1 Ca VI 5460.7 Ca XV 5694.8 Ti I 4694.9; 6597.7; 6694.3; 6695.1 Ti II 4793.1; 4835.56148.9; 6418.1; 6656; 6424.5 Mn III 4400.8 Mn IV 4409.4; 4548.5 Mn V 4399.7; 5990.1; 6024.4; 6157.6; 6166.0 Mn VI 4375.4 Fe II 4329.4; 4371; 4409.8; 4416.3; 4435.1; 4452.1; 4458.0; 4638; 4665.7/66.9; 4746.8; 4772.1; 4774.7; 4814.6; 4889.7; 4905.4; 5158.0/58.8; 5261.6/68.9/73.3; 5333.7; 5495.8; 5511.6; 5519; 5527.3; 5721.3; 6190.3; 6354.9; 6368.7; 6448.8; 6491.8; 6633.1; 6748.4/48.8 Fe III 4607.0; 4658.0; 4701.5; 4733.9; 4754.7; 4769.4; 4777.7; 4830.5; 4881.0; 5011.3; 5042.7; 5270.4; 5412.0; 5981; 6177.2; 6184.5 Fe VI 5175; 5517.4 Fe VII 5720.7 Fe XIV 5302.9 Co II 4375.6; 4739.7; 4802.4; 4835.6; 6148.8; 6177.2; 6182.6; 6193.0; 6356.4; 6426.0; 6746.7 Co III 4400.1; 4758.5; 6197.2 Co V 6148.4 Ni I 6491.4; 6606.1 Ni III 4732.1; 5370.2; 6410.1/24.9; 6489.8; 6532.1; 6633.1; 6673.0 Ni IV 4421.1; 4629.9; 5517.7; 5801 Ni VI 4313.1; 4323.1; 4521.2; 4764.9; 5187.7

Tabela 5.2 - Linhas de emiss˜aopara o HS 1 plexa. Essa complexidade ´edevido aos “hot-spots” que correspondem ao AGN e aos restos de supernova. Uma emiss˜aodifusa no azul ´einterpretada como vento, fotoionizado pelo AGN, delineando um cone de ioniza¸c˜ao(Morris et al. 1985; Storchi-Bergmann e Bonatto 124 Cap´ıtulo5. NGC 7582

Elemento λ H I 4340.5; 4861.3; 6562.8 He I 4387.9; 4471.5; 4713. 2; 4921.9; 5015.7; 5047.7; 5875.7; 6678.2 He II 4541.6; 4685.7; 5411.5 N I 5198; 5200 N II 5754; 6548; 6583 N V 4601 O I 6300; 6363 O III 4363; 4959; 5007 Mg I 4262.6 S II 6716; 6731 Cl III 5517.7; 5537.6 Ar IV 4710; 4740 Ar V 6435.1 Mn III 4535.4/34.4; 4882.5 Mn IV 4529.1; 4536.4/37 Mn V 4564.7; 5885.4; 6024.6 Fe III 4607.0; 4658.0; 4777.7; 4881.0; 5084.8; 5270.4; 5412.0 Fe IV 4491.1; 5233 Fe VI 5176. 5335.2 Fe VII 5720.7 Co III 4758.5 Co IV 5713.9 Co V 4534.9; 5310.2; 6031.2; 6225.4; 6252.4; 6318.2; 6398.3; 6606.0 Co VII 4351.7; 4758.1; 5302.1 Ni III 4326.1; 6438.4? Ni IV 4394.; 4420.; 4628.; 5039.; 6349.7 Ni VI 4314.7; 4323.1; 4520.; 5166.; 5187.; 5307.; 5539.2

Tabela 5.3 - Linhas de emiss˜aopara o HS 6

1991).

5.2 Discuss˜ao

Os resultados acima revelam a presen¸cade duas regi˜oesH II, um AGN e 6 hot-spots. A cinem´aticada componente estelar revela que o mapa de rota¸c˜aopossui uma amplitude de 150 km/s. Seu eixo de rota¸c˜aoaparentemente coincide com o jato azul observado na imagem de [O III] (figura 5.12). A velocidade de dispers˜aomostra um m´aximode 130 km/s e cai para 80 km/s perto do centro gal´atico.Esse gradiente radial negativo da dispers˜ao´e devido `aforma¸c˜aoestelar recente perto do centro, concentrando estrelas com alta massa, respons´aveis por uma fra¸c˜aosignificantiva da luz emitida. A s´ıntese de popula¸c˜aoestelar Se¸c˜ao5.2. Discuss˜ao 125

Figura 5.18: RGB da emiss˜aode g´asde baixa densidade (esquerda) e alta densidade (direita). A parte azul ´ea emiss˜aode -243 a -82 km/s, verde ´ede 82 a 0 km/s e vermelho ´ede 0 a 81 km/s, todas as velocidades em rela¸c˜aoao pico da emiss˜aode [S II].

revelou uma evidˆenciade forma¸c˜aoestelar recente h´a5 milh˜oesde anos ao longo da gal´axia. Na posi¸c˜aodo AGN e perto da regi˜aoH II A, esta componente ´emais forte do que em outros lugares. Uma popula¸c˜aode idade intermedi´aria,com 108 e 109 anos tamb´emest´a presente. Na gal´axia,uma popula¸c˜aomais velha de 1010 anos ´erevelada. As abundˆancias qu´ımicas,determinadas pela s´ıntese espectral e dentro de suas limita¸c˜oes,´econsistente com um valor de Z=0.05 (Z ≈ 2Z¯). A emiss˜aono ´optico´edominada por duas regi˜oesH II, denominadas de A e B. Isso foi confirmado no PCA do cubo de g´as,onde o primeiro autovetor, que responde por uma varian¸cade 73 % mostrou claramente a presen¸cadas duas regi˜oesH II. As regi˜oesH II s˜aoclaramente vistas na imagem de Hα. Seus espectros foram extra´ıdosdo cubo e s˜ao caracter´ısticosde regi˜aoH II. Um novo PCA foi feito com um cubo constru´ıdoatrav´esda primeira an´alise,mas com o primeiro autovetor sem as caracter´ısticasda regi˜aoH II. O procedimento apresentou resultados positivos. O primeiro autovetor aparentemente revela um cone de ioniza¸c˜ao, 126 Cap´ıtulo5. NGC 7582 correlacionado com o cont´ınuo, e desviado para o azul e os HS 1 e 2 anti-correlacionados. As linhas referentes ao cone est˜aodesviadas para o azul em rela¸c˜aoaos HS, como pode ser visto nas linhas de [O I] e [O III] no autoespectro. No autovetor 2, os HS 1 e 2 aparecem em correla¸c˜aoentre si e com uma emiss˜aodifusa para o sul, que parece ser um vento de alta densidade, se comparado com a imagem 5.18. O autovetor 5 parece revelar a presen¸cado AGN segundo seu tomograma, e mostra a componente de [O I] fortemente correlacionada com o cont´ınuo. Nota-se a presen¸cade um Hα largo, que pode ser proveniente desta regi˜ao. O HS 6 aparece anti-correlacionado na imagem, com as linhas de He II e [O III] com uma forte componente em “absor¸c˜ao”no espectro, indicando a natureza de alta ioniza¸c˜aodeste objeto. O autovetor 8 possui uma forte anti-correla¸c˜aocom a linha de Na I, causada pela absor¸c˜aointerestelar. Parece ser o principal mapeador do g´asneutro da gal´axia. O AGN aparece na imagem de [O I], bem como nas imagens do HST (WFPC e NIC- MOS). Como visto na imagem de [O III], ele aparece no topo do cone de alta ioniza¸c˜ao. O cone aparece desviado para o azul na dire¸c˜aosul. Um cone de baixa ioniza¸c˜ao´evisto na imagem de baixa densidade, tamb´emna dire¸c˜aosul e desviado para o azul. Storchi- Bergmann e Bonatto (1991) encontraram um cone na linha de [O III], desviado para o azul na regi˜aosudoeste. Apesar de nossas observa¸c˜oesrevelarem o cone na dire¸c˜aosul, pode ser que haja problemas na orienta¸c˜aodo GMOS. Isso precisa ser verificado com mais detalhes. Seis “hot-spots” foram identificados na imagem de He II. Pelo menos dois desses objetos (HS 1 e HS 6) s˜aoaparentemente restos de supernova (SNR). O HS 2 coincide com a posi¸c˜ao do AGN. Uma caracter´ısticados HS identificados como SNR s˜aosuas grandes faixas de ioniza¸c˜ao,indo de [Fe II] a [Fe XIV] e de [O I]-[N I] a [Ca XV]. Eles aparentemente possuem as linhas desviadas para o azul em rela¸c˜ao`asregi˜oesH II. O HS 1 apresenta uma componente larga de Hα. Propomos que esta seja a supernova detectada por Aretxaga et al. (1999). Este objeto possui uma emiss˜aode baixa ioniza¸c˜ao.Adicionalmente, mostra linhas coronais como [Ca XV] e [Fe XIV]. A emiss˜aolarga e desviada para o azul de Hα ´e similar a emiss˜aoobservada na SN 1987a, vindo de SN debris e de choque reverso (Smith et al. 2005). O AGN aparentemente tamb´emrevela uma emiss˜aolarga de Hα, como ´e visto no autovetor 5 e em seu espectro na figura 5.13. No entanto n˜aose pode distinguir se essa emiss˜aorealmente vem do AGN ou se vem de uma SNR adjacente. Se¸c˜ao5.2. Discuss˜ao 127

O toro respons´avel pelo obscurecimento da regi˜aocentral ´erevelado no autovetor 8 (anticorrelacionado com o cont´ınuo). E´ associado com o g´asinterestelar e forma uma elipse em torno do cone de ioniza¸c˜ao. Se o starburst dominante da gal´axia´ede 109 anos, ´eposs´ıvel que uma fus˜aode duas gal´axiastenha ocorrido naquela ´epoca. H´a150 milh˜oesde anos, algum outro evento significativo tamb´emdeve ter ocorrido e tamb´empode estar correlacionado com uma fus˜ao. O AGN ´eprovavelmente uma “Narrow Line Seyfert 1” (NLS1) que apresenta um toro de poeira na frente da BLR. Em favor deste argumento est´aa detec¸c˜aoda linha estreita de Fe K no raio-x (Dewangan e Griffiths 2005). Estas gal´axiasdeveriam estar perto do limite de Eddington (Boroson 2002). Este n˜aoparece ser o caso de NGC 7582, uma vez que o limite de Eddington esperado ´ede 3×1045erg/s e a luminosidade em raio-x ´e6×1042erg/s. No entanto NLS1 possui uma forte emiss˜aode Fe II permitido; a detec¸c˜aodessas linhas poderia confirmar essa previs˜aopara NGC 7582. 128 Cap´ıtulo5. NGC 7582 Cap´ıtulo 6

An´alisede uma amostra de Gal´axiasde Seyfert

O enfoque deste cap´ıtuloser´aestudar gal´axiasdo tipo Seyfert no universo local (d < 30 Mpc). A partir de uma amostra de Seyferts pr´oximase de baixa luminosidade (LLAGN de low luminosity AGN) e utilizando a an´aliseem componentes principais, queremos verificar quais parˆametrose correla¸c˜oesexplicam melhor a variˆanciada amostra. Pretende-se, com isso, obter as seguintes informa¸c˜oes:

1. Verificar quais s˜aoas grandezas fundamentais que controlam os parˆametrosenvolvi- dos. Isto ´e,identificar quais s˜aoos significados f´ısicosdos diversos autovetores.

2. Verificar se existem parˆametrosintr´ınsecosque diferenciem as Seyferts do tipo 1 e 2. Supomos que possam existir dois grupos de Seyfert 2: Aquelas que s˜aodo tipo 1, porem obscurecidas e as que s˜aointrinsecamente distintas das do tipo 1 e, portanto, n˜aose enquadram no modelo unificado.

A amostra das Seyferts utilizadas no trabalho ´edefinida na se¸c˜ao6.1. Na se¸c˜ao6.2 s˜ao apresentandos os c´alculosde parˆametrosinclusos na amostra. J´ana se¸c˜ao6.3 ´eapresentada uma maneira de se estimar a massa do buraco negro central utilizando-se uma rela¸c˜ao entre esta e a magnitude absoluta na banda K dentro da isofota de 20 mag/arcsec2. Na se¸c˜ao6.4, dividida em trˆessubse¸c˜oes,s˜aoapresentados os parˆametrosde entrada para o PCA em 6.4.1, o c´alculoe uma an´alisedos componentes principais em 6.4.2 e uma an´alisecomparativa de certos parˆametrosobservados de gal´axiasde nossa amostra em 6.4.3. Em 6.5 ´ediscutido o comportamento de NGC 6221 e NGC 7582 frente a esta amostra. Finalmente, na se¸c˜ao6.6 ´efeita uma breve discuss˜aodos resultados obtidos neste cap´ıtulo. 130 Cap´ıtulo6. An´alisede uma amostra de Gal´axiasde Seyfert

6.1 Defini¸c˜aoda amostra de Gal´axiasSeyferts

A amostra de gal´axiasSeyferts foi selecionada dentro de 30 Mpc, visando uma an´alise no universo local. As gal´axiasforam selecionadas de Ho et al. (1997), que re´unedados

o espectrosc´opicosde alta qualidade de 486 gal´axiasno hemisf´erionorte (d > 0 ), com BT ≤ 12.5 mag. Deste artigo tamb´emforam obtidos os dados de luminosidade no infravermelho distante (FIR) e da densidade eletrˆonica Ne. Os dados da magnitude na banda K s˜ao do 2MASS (Skrutskie et al. 2006) . As distˆanciass˜aodo Tully (1988). As dispers˜oesde velocidade central s˜aodo Hyperleda (Paturel et al. 2003) . As luminosidades em raio-x s˜ao de Panessa et al. (2006). As larguras da linha de Hα s˜aode Ho et al. (1997). Os dados em r´adioforam obtidos em Ho e Ulvestad (2001) e Ulvestad e Ho (2001). Para as gal´axiasNGC 6221 e NGC 7582, os dados espectrosc´opicosforam obtidos em Veron-Cetty e Veron (1986), as luminosidades em raio-x de Levenson et al. (2001a) e a luminosidade em FIR a partir de dados do IRAS1. As densidades foram calculadas atrav´es das linhas de [S II] dos cubos de dados destas gal´axias.As duas gal´axiasforam inclu´ıdasna amostra como n˜ao possuindo componente larga de Hα, apesar de resultados dos cap´ıtulos3 e 5 mostrarem que tal componente existe. Isso porque Veron-Cetty e Veron (1986) medem os espectros das regi˜oesH II, as quais possuem um sinal mais forte nesta regi˜aoda gal´axia e eles encontram apenas componentes de Sy 2 superpostas `ascaracter´ısticasdos espectros regi˜oesH II.

6.2 C´alculode parˆametrospara o PCA

Alguns parˆametrosforam calculados para o PCA. A raz˜aoentre o fluxo no FIR pelo fluxo em r´adioem 20 cm, que ´euma maneira de se verificar uma poss´ıvel influˆenciade “Starbursts” na regi˜aocentral das gal´axias(Hoe Ulvestad 2001), ´edada por:

µ ¶ µ ¶ FIR S q ≡ log − log 20 (6.1) 3.75 × 10−12W m−2 Jy

onde S20 ´eo pico do fluxo em r´adioem λ = 20 cm e FIR ´edefinido como:

1 This research has made use of the NASA/ IPAC Infrared Science Archive, which is operated by the Jet Propulsion Laboratory, California Institute of Technology, under contract with the National Aeronautics and Space Administration. Se¸c˜ao6.3. A massa do buraco negro central 131

µ ¶ 2.58S + S FIR ≡ 1.26 × 10−14 60µ 100µ W m−2 (6.2) Jy α O ´ındiceespectral α da emiss˜aoem r´adio,para um cont´ınuo da forma Sν ∝ ν , ´edado por:

log(S6cm) − log(S20cm) αν = (6.3) log(ν6cm) − log(ν20cm) A raz˜aoda intensidade das linhas proibidas observadas em rela¸c˜aoa Hα ´e:

µ ¶ F fl [OIII] 286 [OI] [NII] [SII] = 1.3 × + 1.3 + 1.3 + (6.4) Hα Hβ 100 Hα Hα Hα A raz˜aode Eddington ´edada por:

LogRedd = 1 + logLx − logMSMBH − 38.25 (6.5)

O parˆametro sf 1/3, que ´eum teste para verificar se o g´asno centro da gal´axiaest´a

+ virializado com o n´ucleo,e o parˆametro Mg , que ´ea massa de g´asuma vez ionizado em rela¸c˜ao`amassa do buraco negro, s˜aodados, respectivamente, por:

1 µ 2 ¶ µ ¶ 1 FWHM([NII]) 3L([NII]) 3 sf 3 = (6.6) GMSMBH 4πj([NII])

+ L([NII])Nemh Mg = (6.7) MSMBH j([NII]) onde FWHM([N II]) ´ea largura total a meia altura da linha de [N II] (representa a velocidade do g´asionizado), L([N II]) ´ea luminosidade da linha de [N II], Ne ´ea densidade eletrˆonica,j([N II]) ´ea emissividade da linha de [N II], G ´ea constante gravitacional e mh ´ea massa do ´atomode H.

6.3 A massa do buraco negro central

A massa do buraco negro central foi calculada de duas maneiras diferentes. As gal´axias cujos dados de dispers˜aode velocidades em seus centros σ s˜aoconhecidos, utilizamos a rela¸c˜aode Ferrarese et al. (2006), relacionando MSMBH com σ como: 132 Cap´ıtulo6. An´alisede uma amostra de Gal´axiasde Seyfert

³ σ ´ logM = 4.41(43)log + 8.48(7) (6.8) SMBH 224kms−1 J´aem gal´axiasonde n˜ao´econhecida a dispers˜aode velocidades no centro, uma rela¸c˜ao entre a massa do buraco negro central com a magnitude do bojo dentro da isofota de 20 mag/arcsec2 na banda K foi calibrada. Selecionamos gal´axiasdo RC2 (de Vaucouleurs et al. 1976) com dados de dispers˜aode velocidades na regi˜aocentral e obtemos as massas do buraco negro central de cada gal´axia,utilizando-se a equa¸c˜ao6.8. Com essas gal´axias, foram calibradas curvas relacionando a massa do buraco negro central e a magnitude absoluta da gal´axiana banda K (Mk) para diferentes tipos morfol´ogicosde gal´axias.Haver´a um excesso de luminosidade nas gal´axiasespirais devido ao disco, cujo componente n˜ao sofre influˆenciadireta da massa do buraco negro central. A luminosidade referente ao disco deve ser subtra´ıdanas gal´axiasS0, Sa, Sb e Sc. Se para uma dada massa de buraco negro central MSMBH a magnitude absoluta na banda K de uma gal´axiael´ıptica´e K = k(MSMBH ), ent˜aopara uma gal´axiaespiral com um buraco negro central de mesma massa

MSMBH , a magnitude absoluta medida na banda K ´e K = k(MSMBH )+ ∆Kdisco. A tabela 6.1 mostra os valores para ∆K para os diferentes tipos morfol´ogicos.

Tipo Morfol´ogico ∆Kdisco E 0 S0 0,41 Sa 0,71 Sb 1,13 Sc 1,80

Tabela 6.1 - Contribui¸c˜aoda componente disco para os diferentes tipos morfol´ogicosde gal´axias

Atrav´esda tabela 6.1, calculamos a componente k(MSMBH ) para todos os tipos mor- fol´ogicosde gal´axiasselecionadas do RC2 e fizemos um gr´aficode k(MSMBH ) em fun¸c˜ao da massa do buraco negro central, apresentado na figura 6.1. Um ajuste linear no gr´aficoda figura 6.1 resultou em uma rela¸c˜aoentre a massa do buraco negro central e a magnitude k(MSMBH ) dada por:

logMSMBH = −0.650(38)k(MSMBH ) − 7.23(87) (6.9) Se¸c˜ao6.4. An´alisedos dados 133

10

9

8

7 BN LogM

6

5

4

-26 -24 -22 -20 -18 -16

k(M ) (mag)

SMBH

Figura 6.1: Rela¸c˜aoentre a massa do buraco negro central e k(MSMBH ).

6.4 An´alisedos dados

6.4.1 Resultados dos parˆametroscalculados para o PCA.

Os dados coletados dos artigos citados acima mais os parˆametroscalculados nas se¸c˜oes 6.2 e 6.3 foram analisados no PCA para uma amostra de 25 Seyferts selecionadas em Ho et al. (1997) mais NGC 6221 e NGC 7582. As tabelas 6.2, 6.3 e 6.4 mostram as gal´axias Seyferts com seus respectivos parˆametrosobservados. 134 Cap´ıtulo6. An´alisede uma amostra de Gal´axiasde Seyfert

NGC logL(Hα) Broad (Hα) FWHM [N II] LogEW(Hα) [OIII]/Hβ [NII]/Hα (1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) 1058 37.4 0 96 0.40 3.81 1.23 1068 41.55 1 931 2.33 12.82 0.76 2273 40.41 0 210 1.60 5.77 0.86 2655 39.55 0 404 0.68 3.83 2.91 3031 37.64 1 210 0.42 4.11 2.23 3079 38.76 0 900 1.07 4.15 1.59 3185 39.6 0 232 1.30 3.42 0.7 3227 40.38 1 471 1.21 5.91 1.33 3486 37.79 0 149 0.44 4.54 1.05 3982 39.21 1 227 1.26 21.35 0.87 4051 40.04 1 228 1.31 4.5 0.64 4151 41.22 1 331 1.69 11.56 0.68 4168 37.6 1 305 -0.52 3.79 2.85 4258 38.35 1 296 0.52 10.32 0.8 4388 40.07 1 280 2.34 11.15 0.57 4477 38.84 0 264 0.45 3.7 1.87 4501 38.93 0 194 0.60 5.31 2.1 4565 37.97 1 181 0.16 8.73 2.5 4639 38.34 1 180 0.20 3.77 1.12 4698 38.69 0 172 0.37 4.29 1.31 4725 38.19 0 186 0.05 6.64 1.14 5033 39.32 1 261 0.65 4.69 2.36 5194 38.88 0 224 1.00 8.96 2.90 5273 39.27 1 147 0.70 11.08 1.14 7743 39.59 0 300 0.90 5.68 1.65 6221 41.51 0 351 2.24 0.61 0.53 7582 41.61 0 303 1.95 2.93 0.71

Tabela 6.2 - Parˆametrosanalisados no PCA. (1) Nome da gal´axia(NGC); (2) Luminosidade da linha de Hα em erg/s; (3) Largura da linha de Hα (0 - linha estreita. 1 - linha larga); (4) “Full Width at Half Maximum” na linha de [N II]; (5) Largura equivalente da linha de Hα ; (6) e (7) Raz˜oesdas linhas de [OIII]/Hβ e [N II]/Hα, respectivamente Se¸c˜ao6.4. An´alisedos dados 135

NGC [S II]/Hα K LogMSMBH [O I]/[O III] Log Lx Log Lx/L(Hα) (1) (8) (9) (10) (11) (12) (13) 1058 0.73 -20.77 4.52 0.14 37.55 0.15 1068 0.24 -24.98 8.25 0.02 42.84 1.29 2273 0.47 -23.69 7.33 0.06 42.58 2.17 2655 1.93 -24.79 7.87 0.78 41.85 2.3 3031 1.37 -21.80 7.85 0.88 40.25 2.61 3079 0.86 -24.20 7.66 0.12 42.62 3.86 3185 0.37 -22.32 5.93 0.04 40.79 1.19 3227 0.68 -23.77 7.49 0.11 41.74 1.36 3486 0.93 -21.01 5.91 0.06 38.86 1.07 3982 0.57 -22.23 6.17 0.04 41.18 1.97 4051 0.36 -23.27 6.60 0.09 41.31 1.27 4151 0.54 -24.03 7.79 0.05 42.47 1.25 4168 2.93 -22.56 8.10 0.20 39.87 2.27 4258 0.94 -23.56 7.50 0.11 40.86 2.51 4388 0.61 -22.96 7.21 0.04 41.72 1.65 4477 1.12 -23.72 8.13 0.09 39.65 0.81 4501 0.94 -24.79 7.85 0.10 39.59 0.66 4565 0.97 -23.80 7.52 0.10 39.43 1.46 4639 1.09 -22.21 6.67 0.24 40.22 1.88 4698 0.88 -23.45 7.48 0.05 39.16 0.47 4725 0.64 -24.08 7.46 0.04 38.89 0.7 5033 1.08 -24.20 7.46 0.18 41.08 1.76 5194 0.86 -23.83 6.86 0.05 40.91 2.03 5273 0.89 -22.81 6.14 0.06 41.36 2.09 7743 0.90 -23.36 6.60 0.12 41.47 1.88 6221 0.22 -21.31 5.88 0.01 41.82 0.31 7582 0.27 -22.12 6.68 0.00 41.81 0.20

Tabela 6.3 - Parˆametrosanalisados no PCA. (1) Nome da gal´axia(NGC); (8) Raz˜oesdas linhas de [SII]/Hα; (9) Magnitude absoluta da gal´axiana banda K dentro da isofota de 20 mag/arcsec2; (10)

Massa do buraco negro central em M¯; (11) Raz˜aoentre as linhas de [O I]/[O III]; (12) Luminosidade em raio-x na banda 2-10 keV do n´ucleoda gal´axiaem erg/s.; (13) Raz˜aoentre a luminosidade em raio-x e a luminosidade da linha de Hα 136 Cap´ıtulo6. An´alisede uma amostra de Gal´axiasde Seyfert

NGC Hubble Log Redd F fl/Hα Log LFIR/L(Hα) Log Lfir/Lx Log Lfir/Ledd (1) (14) (15) (16) (17) (18) (19) 1058 5 -4.22 4.29 4.89 4.74 -0.38 1068 3 -2.66 7.17 2.79 1.50 -2.05 2273 0 -2.00 4.37 3.08 0.91 -1.98 2655 0 -3.27 8.80 3.38 1.08 -3.08 3031 2 -4.85 7.79 4.29 1.68 -4.06 3079 5 -2.29 5.05 5.40 1.54 -1.63 3185 1 -2.39 2.89 3.10 1.91 -1.37 3227 1 -3.00 5.39 3.03 1.67 -2.22 3486 5 -4.30 4.48 4.63 3.56 -1.63 3982 3 -2.24 11.82 3.99 2.02 -1.11 4051 4 -2.54 3.42 3.30 2.03 -1.40 4151 2 -2.57 6.96 1.93 0.68 -2.78 4168 -5 -5.48 8.71 3.97 1.70 -4.67 4258 4 -3.89 7.16 4.62 2.11 -2.67 4388 3 -2.74 6.63 3.24 1.59 -2.04 4477 -2 -5.73 5.39 3.21 2.40 -4.21 4501 3 -5.51 6.33 4.75 4.09 -2.30 4565 3 -5.34 8.59 5.04 3.58 -2.65 4639 4 -3.70 4.66 4.25 2.37 -2.21 4698 2 -5.57 4.63 3.48 3.01 -3.44 4725 2 -5.82 5.26 4.67 3.97 -2.74 5033 5 -3.63 6.66 4.38 2.62 -1.90 5194 4 -3.20 8.91 4.83 2.80 -1.29 5273 -2 -2.03 7.69 3.14 1.05 -1.87 7743 -1 -2.38 5.94 3.10 1.22 -2.05 6221 5 -1.31 3.19 2.58 2.27 0.07 7582 2 -2.12 12.14 2.52 2.32 -0.69

Tabela 6.4 - Parˆametrosanalisados no PCA. (1) Nome da gal´axia(NGC); (14) Tipo morfol´ogicoda gal´axia;(15) Raz˜aode Eddington; (16) Raz˜aoda intensidade das linhas proibidas e Hα ; (17) Raz˜aoentre as luminosidades em FIR e em Hα; (18) Raz˜aoentre as luminosidades em FIR e em Lx; (19) Raz˜aoentre as luminosidades em FIR e de Eddington. Se¸c˜ao6.4. An´alisedos dados 137

6.4.2 C´alculodas componentes principais e resultados

Com as tabelas apresentadas na se¸c˜ao6.4.1, foram feitos c´alculosdas componentes principais da amostra de Seyferts. Os resultados das coordenadas dos parˆametrosobser- vados nos autovetores (“factor loadings”) e das coordenadas das gal´axiasnos autovetores (“factor scores”) s˜aoapresentados nas tabelas 6.5 e 6.6, respectivamente. Os autovetores foram nomeados neste cap´ıtulocomo F1, F2, F3 e assim sucessivamente.

Parˆametros F1 F2 F3 logL(Hα) 0.893 0.203 -0.269 Broad (Hα) 0.046 0.418 0.446 FWHM [NII] 0.393 0.503 0.109 LogEW(Hα) 0.938 0.048 -0.017 [OIII]/Hβ 0.265 0.257 0.648 [NII]/Hα -0.724 0.368 0.025 [SII]/Hα -0.762 0.442 -0.099 K20 -0.010 -0.616 0.017 LogMbh -0.226 0.787 -0.145 [OI] / [OIII] -0.445 0.404 -0.031 Log Lx 0.752 0.608 0.037 Log Lx/L(Hα) -0.125 0.656 0.449 Hubble 0.230 -0.508 0.535 Log RE 0.875 0.083 0.129 Ffl -0.065 0.422 0.396 Log Lfir/L(Hα) -0.666 -0.237 0.572 Log Lfir/Lx -0.482 -0.749 0.132 Log Lfir/Ledd 0.636 -0.596 0.283

Tabela 6.5 - Coordenadas dos parˆametrosobservados nos autovetores 1, 2 e 3. 138 Cap´ıtulo6. An´alisede uma amostra de Gal´axiasde Seyfert

NGC F1 F2 F3 1058 -1.862 -5.826 0.592 1068 4.019 2.635 0.569 2273 2.347 0.896 -1.255 2655 -1.653 3.698 -1.092 3031 -3.390 1.980 0.389 3079 0.735 1.830 1.805 3185 1.707 -1.833 -1.433 3227 1.431 1.224 -0.619 3486 -1.539 -3.627 0.370 3982 1.680 0.025 3.542 4051 1.919 -0.959 -0.140 4151 3.051 2.053 -0.569 4168 -4.978 3.214 -1.202 4258 -0.660 0.697 1.897 4388 2.462 0.513 0.707 4477 -2.262 0.669 -2.636 4501 -2.240 -0.991 -0.315 4565 -2.947 -0.179 1.584 4639 -1.211 -0.888 0.574 4698 -1.845 -1.225 -1.730 4725 -2.424 -1.781 -0.406 5033 -0.855 0.482 0.995 5194 -0.699 -0.219 1.611 5273 0.971 0.831 0.401 7743 0.753 0.701 -1.134 6221 4.194 -2.880 -1.506 7582 3.295 -1.041 -0.998

Tabela 6.6 - Coordenadas das gal´axiasobservadas nos autovetores 1, 2 e 3.

Os gr´aficosF1 x F2, F1 x F3 e F2 x F3, com os valores das tabelas 6.5 e 6.6, s˜ao apresentados nas figuras 6.2, 6.3, 6.4, 6.5, 6.6 e 6.7. Se¸c˜ao6.4. An´alisedos dados 139

Sy1

Sy2

4

2655

4168

1068

4151 2 3031

3079

3227

2273 5273

4258 7743 4477

4388 5033

3982 0

4565 5194

4639

4051 4501 7582

4698 F2

4725 3185

-2

6221

3486

-4

1058

-6

-6 -4 -2 0 2 4

F1

Figura 6.2: Autovetor 1 x Autovetor 2 para a amostra de gal´axiasde Seyfert

1.0

LogMbh

logLx/L(H )

Log Lx

FW HM [NII] 0.5

log[S II]/H

Ffl Broad (H )

[OI]/[OIII]

log[N II]/H

log[O III]/H

logL(H ) F2

Log RE

logEW (H )

0.0

-0.5 0.0 F1 0.5 1.0

logLfir/L(H )

-0.5 Hubble

Log Lfir/Ledd

K_20

Log Lfir/Lx

Figura 6.3: Observacionais - Autovetor 1 x Autovetor 2 140 Cap´ıtulo6. An´alisede uma amostra de Gal´axiasde Seyfert

4

3982

Sy1

3

Sy2

2

4258

3079

5194 4565

1 5033

4388

1058 4639 1068

5273 3031 3486 F3

0

4051

4501

4725

4151

3227

7582 -1

2655

7743

4168

2273

3185

6221

4698

-2

4477

-3

-6 -4 -2 0 2 4

F1

Figura 6.4: Autovetor 1 x Autovetor 3 para a amostra de gal´axiasde Seyfert. Destaque para as Seyferts 2b

log[O III]/H

logLfir/L(H )

Hubble

0.5

logLx/L(H ) Broad (H )

Ffl

Log Lfir/Ledd

Log Lfir/Lx Log RE F3

FW HM [NII]

Log Lx

log[N II]/H

K_20

0.0

logEW (H )

[OI]/[OIII]

-1.0 -0.5 0.0 0.5 1.0 F1

log[S II]/H

LogMbh

logL(H )

-0.5

Figura 6.5: Observacionais - Autovetor 1 x Autovetor 3 Se¸c˜ao6.4. An´alisedos dados 141

4

3982

Sy1

3

Sy2

2

4258

3079

5194

4565

1 5033

4388

1058 4639 1068

5273 3031 3486 F3

0

4051

4501

4725

4151

3227

7582 -1

2655

7743

4168

2273

3185

6221

4698

-2

4477

-3

-6 -4 -2 0 2 4

F2

Figura 6.6: Autovetor 2 x Autovetor 3 para a amostra de gal´axiasde Seyfert

log[O III]/H

logLfir/L(H )

Hubble

0.5

logLx/L(H ) Broad (H )

Ffl

Log Lfir/Ledd F3

Log Lfir/Lx Log RE

FW HM [NII]

Log Lx

log[N II]/H

K_20

0.0

logEW (H )

[OI]/[OIII]

F2 -0.5 0.0 0.5 1.0

log[S II]/H

LogMbh

logL(H )

-0.5

Figura 6.7: Observacionais - Autovetor 2 x Autovetor 3 142 Cap´ıtulo6. An´alisede uma amostra de Gal´axiasde Seyfert

Como um exemplo da an´aliseem componentes principais neste caso, verificaremos a divis˜aoentre as Seyferts 1 (possui componente larga em Hα) e as Seyferts 2 (n˜aopossui componente larga em Hα). Os gr´aficos6.4 e 6.6 revelam uma clara divis˜aoentre os dois tipos de Seyfert. Tra¸camosuma linha que divide as Sy 1 das Sy 2 em ambos os gr´aficos. Comparando-se os gr´aficos6.5 e 6.7 com os gr´aficos6.4 e 6.6, respectivamente, nota-se que as linhas que dividem os dois tipos de Seyfert s˜aoaproximadamente perpendiculares `as linhas que ligam a origem `acoordenada do “broad Hα” em cada um dos gr´aficos.Como o parˆametro“broad Hα” tem valor 0 quando a componente larga de Hα n˜aoest´apresente e possui valor 1 quando a componente larga de Hα est´apresente, o PCA calculou as coordenadas das gal´axiasda amostra de modo que as Sy 1 estivessem na regi˜aoonde existe a componente larga de Hα e as Sy 2 na regi˜aoonde n˜ao´eobservada a componente larga de Hα. Seguindo esta base de an´alise,podemos estudar cada autovetor individualmente.

Autovetor 1 (31% da varian¸cados dados)

Vemos da tabela 6.5 que o autovetor 1 ´edominado pela correla¸c˜aoentre a luminosi- dade em Hα, pela largura equivalente em Hα, pela luminosidade em raio-x e pela raz˜aode Eddington. Parece ser um indicador da luminosidade do AGN, mostrando que a lumino- sidade (´opticae de raios-x, mas n˜aoa FIR) ´eo parˆametroque melhor explica a variˆancia dos dados nessa amostra de Seyferts. Portanto o autovetor 1 ´edeterminado pela taxa de acres¸c˜aosobre o buraco negro.

Autovetor 2 (22% da varian¸cados dados)

O autovetor 2 ´edominado pela massa do buraco negro, correlacionado com o FWHM

[N II] e anticorrelacionado com a magnitude K, o tipo de Hubble e a fra¸c˜aoda Lfir/Ledd. Esses resultados indicam que o autovetor 2 ´edeterminado pela massa do buraco negro. E´ poss´ıvel verificar o efeito do “downsizing” no universo local, onde gal´axiasmais massivas (el´ıpticas)tendem a ter buracos negros mais massivos em seus centros. J´agal´axias menos massivas (espirais), com buracos negros centrais menos massivos, mostram uma ´ maior presen¸cade “starbursts”, isto ´euma maior raz˜aode LFIR/Redd. E interessante notar que n˜ao´enosso objetivo fazer uma an´alisedesse efeito ao longo do tempo, pois o estudo ´efeito com gal´axiasno universo local. O “downsizing” est´arelacionado com a Se¸c˜ao6.4. An´alisedos dados 143 massa da componente esferoidal das gal´axias,proporcional `amagnitude K e `amassa do buraco negro central. A rela¸c˜aoentre a massa do buraco negro central e a massa da gal´axia

(Mgal) ´edada por (Ferrarese et al. 2006):

Mgal logMSMBH = 0.92(11)log 11.3 + 8.47(8) (6.10) 10 M¯ Relacionada a massa da gal´axiae a massa do buraco negro central, pode-se dizer que o autovetor 2 separa gal´axiascom baixa massa de buraco negro central e indicativo de “starbursts” nessa regi˜ao,de poss´ıveis AGNs do tipo LINER com massas do buraco negro central maiores e linhas de baixa ioniza¸c˜aofortes, ao longo da seq¨uˆenciade Hubble (gal´axias el´ıpticastendem a ser AGNs com buracos negros mais massivos, enquanto gal´axiasespirais possuem buracos negros menos massivos e presen¸cassignificativas de “starbursts”). A massa do buraco negro e o efeito de “downsizing” ´eo fator que explica melhor a variˆancia dos dados depois da luminosidade central.

Autovetor 3 (11% da varian¸cados dados)

Finalmente o autovetor 3 est´acorrelacionado com a largura das linhas de Hα e com as linhas de alta-ioniza¸c˜ao. E´ o autovetor que apresenta a diferen¸caentre as Seyferts 1 das Seyferts 2, indicando que as Seyferts 1 possui linhas de alta ioniza¸c˜aomais fortes. A divis˜aoentre os tipos de Seyferts ´ea terceira colocada na explica¸c˜aoda variˆanciados dados. A tabela 6.7 com a relevˆanciade cada autovetor na varian¸cados dados da amostra ´eapresentada abaixo.

Fatores F1 F2 F3 Autovalores 6.847 4.758 2.419 Contribui¸c˜aoindividual (%) 31.121 21.628 10.997 Contribui¸c˜aosomada (%) 31.121 52.748 63.745

Tabela 6.7 - Contribui¸c˜aodos autovetores 1, 2 e 3 na varian¸cados dados da amostra de Seyferts. Note que o autovetor 1 explica a maior parte da variˆanciados dados, seguido pelos autovetores 2 e 3. A contribui¸c˜ao somada dos trˆesautovetores ´ede 63,7%. 144 Cap´ıtulo6. An´alisede uma amostra de Gal´axiasde Seyfert

6.4.3 An´alisecomparativa de parˆametros

Uma an´alisemais detalhada ´efeita no gr´afico6.4, que apresenta a rela¸c˜aoentre os autovetores 1 e 3. Na regi˜aode baixa luminosidade h´aum grupo de Seyferts 2 que possuem caracter´ısticasparecidas. Define-se essa regi˜aocomo Seyfert 2b (as outras Seyferts do tipo 2 ss˜aodefinidas como 2a). Foi feita uma an´alisecomparativa entre certos parˆametros.Os resultados est˜aona tabela 6.8. As gal´axiasforam divididas por tipo de Seyfert (1, 2a e 2b) e ordenadas de cima para baixo na tabela segundo o grau de ioniza¸c˜aode cada gal´axia (baixa ioniza¸c˜aono topo de cada tipo de Seyfert e alta ioniza¸c˜aona parte de baixo de cada tipo de Seyfert). Note que h´auma diferencia¸c˜aoentre as Seyferts 2b das Seyferts 2a. Enquanto o tipo 2b n˜ao´e“compton thick”, possui uma massa de g´asuma vez ionizado menor e provavelmente um n´ucleovirializado, as Seyferts 2a s˜ao“compton thick”, possuem uma maior massa de g´asuma vez ionizado e provavelmente seus n´ucleossofrem alguma influˆenciaal´emdo buraco negro, possivelmente de superventos, pois em geral sf 1/3 À 1. Outro resultado encontrado na an´alisefoi a divis˜aoencontrada entre as Seyferts 1. Nota-se que Seyferts 1 de baixa ioniza¸c˜aotendem a ter fontes compactas e “flat spectra”. J´aas Seyferts 1 de alta ioniza¸c˜aotendem a ter fontes extensas e “steep spectra”. Segundo

Ho e Ulvestad (2001), o “flat spectra” ´edefinido como αν ≥ −0.2.

6.5 NGC 6221 e NGC 7582

NGC 6221 e NGC 7582 est˜aolocalizadas no hemisf´eriosul. Por isso n˜aoforam inclu´ıdas no “survey” de Ho et al. (1997). No entanto, como esses objetos foram os alvos principais desta disserta¸c˜ao,seria interessante ver quais s˜aoseus comportamentos frente a amostra de gal´axiasSeyfert. Deve-se tomar cuidado com a interpreta¸c˜aodada a essas gal´axias, uma vez que o espectro medido em Veron-Cetty e Veron (1986) s˜aode suas regi˜oesHII, respons´aveis por maior parte do sinal dos espectros destas gal´axias,como foi visto nos cap´ıtulos3 e 5. No autovetor 1, ambas as gal´axiasaparecem nas coordenadas 4.194 (NGC 6221) e 3.295 (NGC 7582). Isso indica que elas possuem uma forte luminosidade em Hα e em raio-x em compara¸c˜aoa amostra. Isso tamb´em´evisto nas tabelas 6.2 e 6.3. A luminosidade em Se¸c˜ao6.5. NGC 6221 e NGC 7582 145

1/3 Nome q Morf αν Log LFIR/LHα Log LFIR/Lx Log LFIR/Ledd Cthick Sf Mg+ (1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) (8) (9) (10) Sy2b 3941 A 0.41 N 1.58 5.43E-05 4477 1.87 A 0.29 3.21 2.40 -4.21 N 0.62 3.46E-05 4501 2.32 C -0.44 4.75 4.09 -2.30 N 0.56 6.48E-05 4698 1.96 A 0.58 3.48 3.01 -3.44 N 0.84 6.70E-05 4725 2.95 0.29 4.67 3.97 -2.74 N 0.56 1.49E-05 Sy2a 1058 2.64 0.00 4.89 4.74 -0.38 D 53.25 1.41E-03 3486 2.95 0.00 4.63 3.56 -1.63 D 37.36 1.58E-03 5194 2.96 C+L -0.63 4.83 2.80 -1.29 S 5.86 5.04E-04 7743 0.58 E -0.46 3.10 1.22 -2.05 S 43.20 5.31E-03 3185 2.19 A 0.14 3.10 1.91 -1.37 S 96.55 1.17E-02 3079 1.02 C+D 0.17 5.40 1.54 -1.63 S 230.85 3.10E-03 2273 0.47 E -0.60 3.08 0.91 -1.98 S 4.08 1.93E-03 Sy1 4168 -0.14 C 0.18 3.97 1.70 -4.67 N 0.60 6.27E-06 3031 1.15 C+L 0.16 4.29 1.68 -4.06 N 0.13 1.40E-06 3982 1.62 C+D -0.41 3.99 2.02 -1.11 S 19.63 1.07E-03 4565 2.08 C 0.20 5.04 3.58 -2.65 N 0.61 2.27E-05 4138 C 0.35 N 1.52 8.77E-05 5273 0.83 C -0.52 3.14 1.05 -1.87 N 13.43 2.65E-03 4639 2.38 A 0.44 4.25 2.37 -2.21 N 3.98 1.46E-04 4258 2.42 E 0.01 4.62 2.11 -2.67 N 1.27 1.32E-05 5033 1.75 E+L -0.53 4.38 2.62 -1.90 N 3.68 4.74E-04 4388 1.09 E+L -0.72 3.24 1.59 -2.04 N 7.72 1.02E-03 3227 0.36 E -0.88 3.03 1.67 -2.22 N 15.67 1.86E-03 1068 0.28 E+L -0.73 2.79 1.50 -2.05 S 27.91 4.01E-03 AGN/Starburst 6221 2.58 2.27 0.07 572.07 3.63E-01 7582 2.52 2.32 -0.69 83.02 1.02E-01

Tabela 6.8 - - An´alisemanual da amostra de Seyfert. Algumas gal´axiasn˜aoentraram efetivamente no PCA por faltarem alguns dados, como por exemplo NGC 3941 e NGC 4138, mas foi poss´ıvel fazer uma an´alisemanual delas. (1) Nome da gal´axia(NGC); (2) Raz˜aodo fluxo FIR com o fluxo em r´adio;(3) Morfologia r´adio(A - Amb´ıgua,C - Compacto, E - Extenso. Quando h´acomplemento ´ea morfologia da regi˜aoextensa L - Linear e D - Difusa); (4) ´Indice espectral no r´adio;(5) Raz˜aoentre a luminosidade FIR e luminosidade da linha de Hα; (6) Raz˜aoentre a luminosidade FIR e luminosidade em raio-x; (7) Raz˜aoentre a luminosidade FIR e luminosidade de Eddington; (8) Comptonthick. A fonte ´ecomptonthick −3 quando NH > 1024cm . (s - Sim, n - N˜aoe d - duvidoso); (9) Parˆametrode virializa¸c˜ao;(10) Massa do g´asuma vez ionizado raio-x indica a presen¸cado AGN, por´emcom a luminosidade em Hα a interpreta¸c˜aopode ser que a fonte de ioniza¸c˜aomais forte s˜aoas regi˜oesH II. No autovetor 2, as coordenadas para NGC 6221 e NGC 7582 s˜ao-2.880 e -1.041. Estes resultados implicam que ambas as gal´axiaspossuem buracos negros centrais menos massivos em rela¸c˜aoa amostra de Ho et al. (1997). Ambas as gal´axiass˜aoespirais com uma forte presen¸cade “starburst” em seus n´ucleos. Isso as insere dentro do efeito do “downsizing” verificado na amostra. 146 Cap´ıtulo6. An´alisede uma amostra de Gal´axiasde Seyfert

No autovetor 3, com coordenadas -1.506 para NGC 6221 e -0.998 para NGC 7582, ´e visto nos gr´aficos6.4 e 6.6 que ambas as gal´axiasest˜aoem regi˜oesde Sy2. Isso est´ade acordo com as observa¸c˜oesno ´opticode Veron-Cetty e Veron (1986), afinal seus espectros revelam componentes de Sy 2 nas linhas de [O III] e caracter´ısticasde regi˜oesH II nas linhas permitidas e nas outras linhas proibidas (Phillips 1979, Veron et al. 1981 e Veron et al. 1981). As gal´axiasNGC 6221 e NGC 7582 est˜aosempre localizadas pr´oximasnos gr´aficos6.2, 6.4 e 6.6, o que possibilitaria definir um local para objetos do tipo “AGN/Starburst”. A an´aliseda se¸c˜ao6.4.3 revela diferen¸casentre este grupo e as demais Seyferts. Devemos ter em mente que as medidas no espectro ´opticode ambas as gal´axiass˜aoprovenientes de suas regi˜oesH II. Por isso, deve-se tomar cuidado com os valores encontrados para o parˆametro de virializa¸c˜ao,especialmente em NGC 6221, onde suspeita-se de um AGN duplo, como discutido no cap´ıtulo4. O mesmo cuidado ´evalido para a massa de g´asionizado.

6.6 Discuss˜aodos resultados

A an´aliseem componentes principais da amostra de gal´axiasforneceu resultados in- teressantes, como a divis˜aode dois tipos de Sy2, e que os objetos compostos tamb´em ocupam um grupo a parte quando v´ariosparˆametross˜aoanalisados ao mesmo tempo, que ´eo intuito do uso do PCA nesta amostra. A separa¸c˜aoentre os dois tipos de Sy2, vista na tabela 6.8, ´eclara e indica at´eposs´ıveis origens para as Sy2b. Uma das propostas ´e que essas regi˜oessejam fotoionizadas por estrelas quentes, ou mesmo associada a “cooling flows”. A inclus˜aode NGC 6221 e NGC 7582 confirmou que ambas as gal´axiaspossuem forte forma¸c˜aoestelar no n´ucleo,o que ´eamplamente discutido na literatura e tamb´emrevela- dos nos resultados dos cap´ıtulos3 e 5. Isto porque os espectros utilizados na amostra s˜ao provenientes de suas regi˜oesH II, uma vez que estes objetos dominam o sinal do espectro na faixa do ´optico.J´aa correla¸c˜aode NGC 6221 e NGC 7582 no autovetor 1 com a lumino- sidade em raio-x indica a presen¸cade AGNs tipo Seyfert 2 em ambas as gal´axias.Por´em, o PCA n˜aorevela caracter´ısticasde Sy 1 em NGC 6221 e NGC 7582. Isso indica que uma an´alisemais profunda, como a desenvolvida nesta disserta¸c˜ao,ou a espectropolarimetria, pode ser necess´ariapara encontrar caracter´ısticasde Sy1 em AGNs. Cap´ıtulo 7

Conclus˜oese perspectivas

O desenvolvimento de novas tecnologias de observa¸c˜aoastronˆomicatais como os IFUs possibilitaram a obten¸c˜aode um grande volume de dados. Cada observa¸c˜aopode ter dezenas de milh˜oesde pixels. Os m´etodos tradicionais de an´aliseespectrosc´opicas˜ao limitados; novas estrat´egiase m´etodos precisam ser desenvolvidos. No presente trabalho, apresentamos a an´alisedos n´ucleosde duas gal´axiascomplexas: NGC 6221 e NGC 7582. A complexidade adv´emdo fato de que essas gal´axiasapresentam AGNs obscurecidos por poeira, ao mesmo tempo em que tem superposto emiss˜aode regi˜oes H II. Isto ´e,ao mesmo tempo em que o AGN ´eobscurecido, ele ´e,tamb´em,ofuscado. A an´alisede medidas feitas com IFU ´e,sem d´uvida,apropriada. E´ necess´ariauma grande quantidade de informa¸c˜aoespectral, com a melhor resolu¸c˜aoespacial poss´ıvel. Nes- sas circunstˆanciastemos sempre um problema de falta de f´otons.O advento de telesc´opios de 8 metros, sem d´uvida,´eum passo essencial para a nova etapa da pesquisa desses objetos. Participamos do desenvolvimento de uma s´eriede metodologias apropriadas para esse tipo de an´alise: corre¸c˜aoda refra¸c˜aoatmosf´erica;deconvolu¸c˜aoRicharson-Lucy; Tomo- grafia PCA etc. A aplica¸c˜aodessas metodologias a casos complexos, permitiu ao mesmo tempo aperfei¸coaras metodologias e aprender sobre detalhes dos objetos em an´alise. Uma das conclus˜oesimportantes foi a descoberta de um n´umerosignificativo de res- tos de supernovas (SNRs). Em ambas as gal´axiasse observam um significativo n´umero desses objetos que apresentam grau de ioniza¸c˜aobem vari´avel. Ambas as gal´axiastem duas regi˜oesH II dominantes, nas quais se vˆemforma¸c˜aoestelar recente, com idades de 3 milh˜oesde anos em NGC 6221 e de 4 milh˜oesde anos em NGC 7582. Al´emdisso descobri- mos em NGC 6221, dois aglomerados de estrelas Wolf-Rayet, cujas idades devem estar por 148 Cap´ıtulo7. Conclus˜oese perspectivas volta de 3 milh˜oesde anos. Essa gal´axiatem uma curiosa onda de choque linear, a cerca de um segundo de arco do n´ucleo.Essa onda de choque ´eevidenciada pela forte emiss˜aode [N I] 5200A. Associada a ela, tem 5 SNRs e uma candidata a estrela LBV. Esse fenˆomeno´e in´edito;desconhecemos que tal fenˆomenotenha sido observado em outras gal´axias.Talvez o fenˆomenomais peculiar descoberto nessa pesquisa seja a evidˆenciade que o AGN de NGC 6221 ´eduplo, sendo espacialmente resolvido. Isso abre uma importante linha de investiga¸c˜aosobre o processo de coalescˆenciade buracos negros supermassivos. Confirma- mos a existˆenciade um cone de ioniza¸c˜aona gal´axiaNGC 7582. Al´emdisso, propomos a identifica¸c˜aodo SNR da estrela que explodiu h´auma d´ecada,pr´oximado n´ucleo. A complexidade dessas duas gal´axiasse deve ao fato de elas terem tido eventos de fus˜aoh´a cerca de um bilh˜aode anos atr´as. Inserimos as duas gal´axiasnuma amostra maior de Seyferts do tipo 1 e 2. O objetivo ´erealizar uma an´alisePCA das propriedades dessa amostra e verificar como as caracter´ısticasdessas duas gal´axiasse correlacionam com a amostra mais abrangente. Sem d´uvidao caminho delineado aqui se mostra promissor no sentido de entendermos a f´ısica,a geometria e a evolu¸c˜aode AGNs e sua intera¸c˜aocom o meio ambiente. A disponibilidade de espectr´ografosIFU nos telesc´opiosGemini e, futura- mente, no SOAR d˜aouma oportunidade para a astronomia brasileira trazer contribui¸c˜oes significativas para o estudo dessa ´area.Nesse sentido estamos propondo dar continuidade no trabalho com as seguintes perspectivas:

• Aprofundar a an´aliseem curso das gal´axiasNGC 6221 e 7582, refinando o processa- mento de dados existentes e publicando artigos contendo seus resultados.

• Para a fase de doutorado nossa proposta ´erealizar a an´alisede uma amostra de 10 gal´axiaspr´oximascujos dados j´aforma obtidos com o IFU nos telesc´opiosGemini. S˜aogal´axiasnas quais n˜aose tem not´ıciade AGN, mas que tem bojos massivos. E,´ pois, poss´ıvel que haja AGNs de muito baixa luminosidade. A sua descoberta e caracteriza¸c˜aos˜aofundamentais para caracterizar a limite inferior de sua fun¸c˜aode luminosidade. A an´alisedessa amostra ser´ainiciada assim que o mestrado estiver conclu´ıdo.

• Tomografia PCA de gal´axiasdo banco de dados do Gemini e de outros telesc´opios tanto no ´opticocomo no infravermelho pr´oximo. Cap´ıtulo7. Conclus˜oese perspectivas 149

• Realizar uma analise PCA de uma grande amostra de gal´axiaspr´oximas,contendo o maior n´umerode parˆametrosposs´ıvel. O objetivo ´eentender os diversos mecanismos envolvidos nesse tipo de objetos. 150 Cap´ıtulo7. Conclus˜oese perspectivas ReferˆenciasBibliogr´aficas

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Apˆendice A

Primeira p´aginade artigos publicados de minha co-autoria A&A 447, L1–L4 (2006) Astronomy DOI: 10.1051/0004-6361:200500227 & c ESO 2006 Astrophysics

Assisted stellar suicide in V617 Sagittarii

J. E. Steiner1,A.S.Oliveira2,3,D.Cieslinski4, and T. V. Ricci1

1 Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas, Universidade de São Paulo, 05508-900 São Paulo, SP, Brasil e-mail: [steiner;tiago]@astro.iag.usp.br 2 SOAR Telescope, Casilla 603, La Serena, Chile Letter to the Editor e-mail: [email protected] 3 Laboratório Nacional de Astrofísica / MCT, CP21, Itajubá, MG, Brasil 4 Divisão de Astrofísica, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, CP 515, S. J. dos Campos, Brasil e-mail: [email protected]

Received 7 December 2005 / Accepted 18 December 2005

ABSTRACT

Context. V617 Sgr is a V Sagittae star – a group of binaries thought to be the galactic counterparts of the Compact Binary Supersoft X-ray Sources – CBSS. Aims. To check this hypothesis, we measured the time derivative of its orbital period. Methods. Observed timings of eclipse minima spanning over 30 000 orbital cycles are presented. Results. We found that the orbital period evolves quite rapidly: P/P˙ = 1.1 × 106 years. This is consistent with the idea that V617 Sgr is a wind driven accretion supersoft source. As the binary system evolves with a time-scale of about one million years, which is extremely short for a low mass evolved binary, it is likely that the system will soon end either by having its secondary completely evaporated or by the primary exploding as a supernova of type Ia.

Key words. binaries: close – stars: winds, outflows – stars: individual: V617 Sgr – supernovae: general

1. Introduction that display properties quite similar to those of CBSS, but are not detected as supersoft sources. They may be the galactic Compact Binary Supersoft X-ray Sources (CBSS) are a class counterpart of the CBSS. The soft photons are either absorbed of objects that share in common a set of properties. They are by the stellar wind or by the interstellar medium (or both). In ∼ luminous ( Eddington luminosity) sources of soft (15–70 eV) case this hypothesis is correct, these two classes should share a X-ray photons and were initially discovered in the Magellanic number of properties in common. For example, the time varia- Clouds by the Einstein observatory and ROSAT. The CBSS tion of the orbital period should be high and similar in the two are thought to be cataclysmic binaries in which the secondary situations – and this could be a critical test for the hypothesis is more massive than the primary star. In this situation, when of the CBSS – V Sge connection. the secondary fills its Roche lobe a dynamical instability oc- curs and the mass transfer takes place on the thermal time- What do we expect in terms of the orbital period time scale, which is about 10 million years for donor stars of 1– derivative? In the scenario of dynamical instability, we ex- 1.5 M. This produces accretion rates 100 times larger than pect that the orbital period decreases with time. There is only in normal cataclysmic variables and causes hydrostatic nuclear one such object for which the period derivative has been mea- burning on the surface of the white dwarf (see Kahabka & sured: V Sge. Its period, in fact, decreases with a time-scale van den Heuvel 1997 for a review). of 5 million years (Patterson et al. 1998). However, this sce- Only two CBSS (MR Vel and QR And) are found in the nario only predicts the existence of orbital periods longer than Galaxy, where one should find about a thousand. This is pre- 6 h (Deutschmann 1998; King et al. 2001). For periods smaller sumably due to the absorption of their soft X-ray emission than this limit, the mass transfer is too small for nuclear burn- by the interstellar gas in the Galactic plane. V Sagittae stars ing to occur. This limitation on the orbital period imposes a (Steiner & Diaz 1998) were proposed as a new class of binaries problem to the interpretation of the short orbital period sys- tems among CBSS (SMC 13 and RX J0537.7-7034) and among Based on observations made at Laboratório Nacional de V Sge stars (V617 Sgr), which have orbital periods shorter than Astrofísica/CNPq, Brazil. 5h.

Article published by EDP Sciences and available at http://www.edpsciences.org/aa or http://dx.doi.org/10.1051/0004-6361:200500227 Mon. Not. R. Astron. Soc. 000, 1–8 (2008) Printed 27 August 2008 (MN LATEX style file v2.2)

PCA Tomography: how to extract information from datacubes⋆

J. E. Steiner1†, R. B. Menezes1, T.V. Ricci1 and A. S. Oliveira2 1Instituto de Astronomia, Geof´ısica e Ciˆencias Atmosf´ericas, Universidade de S˜ao Paulo, 05508-900, S˜ao Paulo, SP, Brasil 2IP&D, Universidade do Vale do Para´ıba, Av. Shishima Hifumi, 2911, CEP 12244-000, S˜ao Jos´edos Campos, SP, Brasil

Accepted . Received

ABSTRACT Astronomy has developed basically with the use of spectroscopic and imaging tech- niques, operated separately. With the development of modern technologies it is possible to obtain datacubes in which one combines both techniques simultaneously, producing images with spectral resolution. To extract information from them may become quite complex, and the development of new methods of data analysis is desirable. We present a method of analysis of datacube (data with two spatial and one spec- tral dimension) that uses PCA (Principal Component Analysis) to express the data in form of latent variables and reduced dimensionality, facilitating the information extraction. PCA transforms the system of correlated coordinates into a system of un- correlated coordinates ordered by principal components of decreasing variance. The new coordinates are called eigenvectors and the projections of the data on these co- ordinates are called tomograms. The association of the tomograms (images) to eigen- vectors (spectra) is important for the interpretation of both. The eigenvectors are orthogonal among themselves and this information is fundamental for their handling and interpretation. When the datacube shows objects that present uncorrelated physi- cal phenomena, the eigenvectors orthogonality may be instrumental in separating and identifying them. By handling eigenvectors and tomograms one can enhance features, extract noise, compress data, calibrate them, extract spectra, etc. We applied the method, for illustration purpose only, to the central region of the LINER galaxy NGC 4736, and show that it has a type 1 active nucleus, not known before, displaced from the center of its bulge. Key words: Methods: data analysis – methods: statistical – techniques: image pro- cessing – techniques: spectroscopic – galaxies: active.

1 INTRODUCTION datacubes of large proportions that present data in tree di- mensions: two spatial and one spectral. The analysis of these Along the XX Century, Astronomy has developed basically data may become complex and exhausting, as it may involve with the use of image and spectral techniques, produced sep- tens of millions of pixels. More dramatic is that, given this arately. To extract information from these types of data, re- complexity, only some restricted subset of the data ends up quires relatively simple tools. With the advent of panoramic being analyzed (kinematical maps, line flux ratios, extinc- spectroscopic devices such as Integral field units – IFU – tion and excitations maps, etc.); the rest is frequently ig- and Fabry-Perot spectrographs, it is possible to construct nored. New techniques that allow us to extract information in a condensed, fast and optimized form are necessary and ⋆ Based on observations obtained at the Gemini Observatory, welcome. which is operated by the Association of Universities for Re- In this paper we present a method of datacube anal- search in Astronomy, Inc., under a cooperative agreement with ysis that uses Principal Component Analysis – PCA. This the NSF on behalf of the Gemini partnership: the National Sci- method condenses the significant part of the information ence Foundation (United States), the Science and Technology Fa- associated to the data, with real dimensional reduction, fa- cilities Council (United Kingdom), the National Research Council (Canada), CONICYT (Chile), the Australian Research Council cilitating its interpretation and identification of latent vari- (Australia), Minist´erio da Ciˆencia e Tecnologia (Brazil) and SE- ables and structures. PCA transforms the data expression CYT (Argentina). from a set of correlated variables into a set of uncorrelated † E-mail: [email protected] (JES) variables, ordered by their principal components. The goal

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Mon. Not. R. Astron. Soc. 000, 1–6 (2008) Printed 1 August 2008 (MN LAT X style file v2.2) E 1 2 3 4 Mapping low and high density clouds in astrophysical 5 ⋆ 6 nebulae by imaging forbidden line emission 7 8 1 1 1 2 9 J. E. Steiner †, R. B. Menezes , T.V. Ricci and A. S. Oliveira 10 1Instituto de Astronomia, Geof´ısica e Ciˆencias Atmosf´ericas, Universidade de S˜ao Paulo, 05508-900, S˜ao Paulo, SP, Brasil 2 11 IP&D, Universidade do Vale do Para´ıba, Av. Shishima Hifumi, 2911, CEP 12244-000, S˜ao Jos´edos Campos, SP, Brasil 12 13 14 Accepted . Received 15 16 ABSTRACT 17 Emission line ratios have been essential for determining physical parameters such 18 as gas temperature and density in astrophysical gaseous nebulae. With the advent 19 of panoramic spectroscopic devices, images of regions with emission lines related to 20 these physical parameters can, in principle, also be produced. We show that, with 21 observations from modern instruments, it is possible to transform images taken from 22 density sensitive forbidden lines into images of emission from high and low-density 23 clouds by applying a transformation matrix. In order to achieve this, images of the 24 pairs of density sensitive lines as well as the adjacent continuum have to be observed 25 and combined. 26 We have computed the critical densities for a series of pairs of lines in the in- 27 frared, optical, ultraviolet and X-rays bands, calculated the pair line intensity ratios 28 in the high and low-density limit using a 4 and 5 level atom approximation; we have applied the method to two galactic nuclei. We conclude that this method provides 29 new information of astrophysical interest, especially for mapping low and high-density 30 clouds. 31 32 Key words: Atomic processes – techniques: image processing – techniques: spectro- 33 scopic – ISM: clouds. 34 35 36 37 1 INTRODUCTION tio of the auroral to the nebular components, for example, for the Carbon-like 2p2 and the Silicon-like 3p2 ions. A clas- 38 Forbidden line intensity ratios from given species (O+,O++, sical intensity ratio is that of [O iii] Iλ4363/Iλ5007. Aver- 39 N+,S+) have been widely used in the literature to derive age electron densities are obtained, for example, from the 40 average electron temperatures and densities in astrophysical 3 3 Nitrogen-like 2p and Phosphorus-like 3p ions. Intensity 41 nebulae. The method for measuring the electron tempera- ratios, used very often, are those of [O ii] Iλ3726/Iλ3729 42 ture was suggested by Menzel, Aller & Hebb (1941) while the and [S ii] Iλ6716/Iλ6731 lines. With the development of in- idea of using the [O ii] line intensity ratios to measure elec- 43 frared, ultraviolet and X-ray detectors, other pairs of lines tron densities was suggested by Aller, Ufford & van Vleck 44 have also been used. A comprehensive review on the subject (1949) and worked out quantitatively by Seaton (1954) for 45 is given in Osterbrock & Ferland (2006). 46 both [O ii] and [S ii] lines. An early review of these methods In the traditional single aperture spectroscopic ap- 47 is given by Seaton (1960). Since then, intensity ratios for proach, one obtains a single spectrum of a given object and 48 lines from many other species have been proposed and used. Electron temperatures are sensitive to the intensity ra- only one intensity ratio is measured. This has the obvious 49 disadvantage of providing a single average property (tem- 50 perature and/or density) for the object at a time for a sin- 51 ⋆ Based on observations obtained at the Gemini Observatory, gle object or along the slit. With the development of two- 52 which is operated by the Association of Universities for Re- dimensional spectroscopic devices such as the Integral Field 53 search in Astronomy, Inc., under a cooperative agreement with Units (IFU) and Fabry-Perot instruments, a new approach is 54 the NSF on behalf of the Gemini partnership: the National Sci- possible as one can obtain simultaneously the average prop- 55 ence Foundation (United States), the Science and Technology Fa- erty along the line of sight for each point of the object on 56 cilities Council (United Kingdom), the National Research Council the sky, if the object is spatially resolved. (Canada), CONICYT (Chile), the Australian Research Council 57 (Australia), Minist´erio da Ciˆencia e Tecnologia (Brazil) and SE- In this paper we present a method of transforming two 58 CYT (Argentina). images of density-sensitive emission lines into two other im- 59 † E-mail: [email protected] (JES) ages, of high and low-density cloud emission. We demon- 60 c 2008 RAS