Nelson Rodrigues E Sua Cena: Teatro Da Dupla Tensão, Cinema Da Síntese
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Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. JADE GANDRA DUTRA MARTINS Nelson Rodrigues e sua cena: teatro da dupla tensão, cinema da síntese FLORIANÓPOLIS 2008 10 Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. JADE GANDRA DUTRA MARTINS Nelson Rodrigues e sua cena: teatro da dupla tensão, cinema da síntese Tese de Doutorado apresentada como exigência parcial para obtenção de título de Doutor em Teoria Literária do curso de Doutorado em Teoria Literária, da Universidade Federal de Santa Catarina, sob a orientação da Professora Doutora Tânia Regina de Oliveira Ramos. FLORIANÓPOLIS 2008 11 Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. Dedico as linhas seguintes aos três fantasmas deste ensaio, que adoraria entrevistar, se ainda fosse possível: Nelson Rodrigues, Nietzsche e Freud. 12 Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. AGRADECIMENTOS: Ao Felipe, meu menino, meu recomeço. Ao meu pai, o melhor do mundo, por me mostrar que educação estética é tão importante quanto o resto todo, pela valorosa lição de que ausência de arte é quase sempre desespero. À minha mãe, a melhor do mundo, pelo incentivo permanente, pela troca constante de teorias e pelas opiniões sobre Nelson Rodrigues (quase sempre opostas às sugeridas aqui). Aos meus avós, Loli e Júlio, sempre, pelos livros todos e as conversas muitas. Aos meus irmãos, Diego e Bebel, o primeiro lá em Los Angeles, a segunda presente nos mínimos detalhes. Ao outro Diego, irmão também, capaz de proezas diversas. Aos meus amigos, todos, próximos, distantes, bissextos, insistentes, recentes, antigos, da infância, da pós, da rua, dos botecos, das esquinas, pelo prazer que ainda mantinham (será que fingiam?) mesmo após ouvirem pela décima vez minhas declarações exaltadas sobre o tema principal desta tese (Evelise, Ellen, Camila, Clóvis, Cristiano, Daniel, Dalton, Gina, Paulinho, Regina, Rodrigo, Scotto). À Tânia Regina de Oliveira Ramos, minha orientadora, pela generosidade e pela acolhida, por ter aberto a porta da pós e tantas outras, marcando presença há seis anos em fatias tão distintas da minha história, como meus secretíssimos projetos literários, onde sempre foi a minha maior estimuladora. Ao professor Edélcio Mostaço, meu mestre em teatro, autor das melhores aulas que já presenciei, e que tanto me ajudaram a chegar até aqui. Ao professor João Hernesto Weber, orientador de trilhas fundamentais para a elaboração deste trabalho, pela paciência com as laudas todas, pela gentileza com as dúvidas sempre iguais, pelas sugestões de cortes e cortes, pelas correções ortográficas e as crases faltosas, pelos índices desvirados de trás para frente, pelas introduções refeitas, pelas tantas aulas sobre Machado, pelas outras tantas discussões sobre Helena, pelo apoio sempre presente. Aos professores especiais para a minha caminhada dentro desta pós-graduação: Cláudio Cruz , Helena Tornquist, Pedro Souza, Sérgio Medeiros, Walter Costa. À Elba, sempre tão carinhosa, capaz de desmanchar os nós mais improváveis. À Capes, que financiou meus estudos desde o princípio, possibilitando a entrega do melhor possível dentro da proposta inicial. 13 Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. Olha, meu bem, eu lutei muito, eu passei fome, eu não tive condições de fazer o que podia ter feito, a obra que devia ter feito, porque tinha que trabalhar para que toda a minha família não morresse de fome, para eu mesmo não morrer de fome. Para meu irmão, Joffre, que morreu de fome, e eu também, que fiquei tuberculoso de fome, como ele. Só que ele morreu e eu tive cinco recaídas, compreendeu? E tudo isso perturbou a minha vida e me deixou amargurado. Eu me sinto um espantalho e nunca vi o ser humano tão perverso, tão sem grandeza como agora.4 Nelson Rodrigues 4 www.jornalismo.ufsc.br/nelson_rodrigues 14 Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. Alguém já disse que as grandes obras literárias fundam um gênero ou fazem-no desaparecer, e por isso são casos especiais. Este precisamente é o caso de Nelson Rodrigues em relação ao teatro brasileiro: ele ao mesmo tempo construiu uma nova cena assim como incumbiu-se de fixar os procedimentos modelares para a superação dos antigos padrões. A renovação modernista rodrigueana não se intimidou em abrir as cortinas sobre temas, situações e assuntos até então mantidos como tabus pelo nosso teatro como, especialmente, criou novos padrões cênicos, anos-luz distanciados das convenções de sua época e, em muitos casos, ainda não superados. Este imenso trabalho de arquiteto e ao mesmo tempo de demolidor o individualiza em nosso teatro, alçando-o à posição sincrética e pluriforme de profeta, messias e mártir5. Edélcio Mostaço 5 MOSTAÇO, Edélcio. Nelson Rodrigues: A transgressão. São Paulo: Cena Aberta, 1996, p. 29. 15 Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. SUMÁRIO: Resumo ........................................................................................................................... 08 Abstract .......................................................................................................................... 09 Introdução. ..................................................................................................................... 10 Capítulo 1: A dramaturgia da dupla tensão: na encruzilhada dos novos tempos, entre o melodramático e o trágico........................................................................................... 23 1 - Apontamentos sobre a tradição: ultrapassagens, diálogos e traições. ........................... 24 2 - Um autor na encruzilhada da modernidade: margens e mal-estar na fronteira dos “novos tempos”............................................................................................................................ 68 3 – Teatro do acúmulo: tensões entre o melodramático e o trágico. ................................ 109 Capítulo 2: Toda nudez será castigada - a peça: prosa e apogeu do teatro da dupla tensão............................................................................................................................ 148 1 - A história e as histórias de Toda nudez será castigada .............................................. 149 2 - Temática da tensão: a derrocada da família burguesa brasileira como símbolo do embate entre passado e futuro .................................................................................................... 171 3 - Tensão estética: vontade de vida, sentimento de morte e peripécias desmedidas........ 201 Capítulo 3: Das fendas do teatro à redução cinematográfica: insucessos na trajetória audiovisual ................................................................................................................... 260 1 - O excesso como fenda: expressionismo e gargalhadas............................................... 261 2 - Adaptação: cruzamentos e relações........................................................................... 292 3 - As releituras reducionistas: o (não) rodrigueano no cinema ....................................... 344 3.1 - Os sete gatinhos e Bonitinha, mas ordinária: a espetacularização do sexo.............. 347 3.2 - O beijo, O beijo no asfalto: duas abordagens, (quase) nenhuma contribuição ......... 367 3.3 - Boca de Ouro: a fenda política do "dramaturgo reacionário" .................................. 375 3.4 - A falecida: o triunfo do trágico............................................................................... 382 3.5 - Perdoa-me por me traíres: didático e convencional................................................ 388 Capítulo 4: Toda nudez será castigada - o filme: o teatro da dupla tensão ressignificado por Arnaldo Jabor ....................................................................................................... 395 1 - A estréia do Brasil nas telas do cinema ..................................................................... 396 2 - Duas vozes, dois autores: adaptação como diálogo e criação ..................................... 410 3 - Estética do excesso: morte e decadência na tensão entre o melodramático e o trágico 425 4 - Tensão na encruzilhada: uma realidade à moda expressionista, um olhar sobre a casa desarrumada................................................................................................................... 449 Considerações finais..................................................................................................... 474 Referências bibliográficas............................................................................................ 485 16 Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. RESUMO: Esta tese busca uma leitura possível das razões do fracasso de grande parte das adaptações da dramaturgia de Nelson Rodrigues para o cinema. Sua primeira investida percorre o teatro rodrigueano, elaborando o conceito de dupla tensão como marca do autor. A primeira tensão, articulada ainda nos domínios temáticos, responderia pelo embate firmado entre o Brasil anterior à gripe-espanhola e os “novos tempos”, dominados por uma modernidade produtora de tripla decadência, como pensa Eric Hobsbawm. A segunda tensão, insinuada nos domínios estéticos, promoveria certo afastamento do