Composição Bromatológica De Plantas Da Caatinga Do Estado Da Paraíba, Nordeste Do Brasil
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Revista Brasileira de Gestão Ambiental e Sustentabilidade (2019): 6(14): 857-871. ISSN 2359-1412 https://doi.org/10.21438/rbgas.061416 Composição bromatológica de plantas da Caatinga do Estado da Paraíba, Nordeste do Brasil Homero Perazzo Barbosa¹, Carolina Uchôa Guerra Barbosa de Lima¹, Eduardo Uchôa Guerra Barbosa²,*, Reinaldo Farias Paiva de Lucena², Elson Soares dos Santos³ e Karla Renata Freire Meira4 ¹Faculdades Nova Esperança. Av. Frei Galvão, 12. Gramame. João Pessoa-PB, Brasil (CEP 58067-695). ²Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente. Centro de Ciências Exatas e da Natureza. Universidade Federal da Paraíba. Campus Universitário. João Pessoa-PB, Brasil (CEP 58051-900). *E-mail: [email protected]. ³Empresa de Pesquisa Agropecuária da Paraíba - EMEPA. Rodovia PB-008. Costa do Sol. João Pessoa-PB, Brasil (CEP 58033-455). 4Universidade Federal da Paraíba. Campus Universitário. João Pessoa-PB, Brasil (CEP 58051-900). Resumo. Considerando-se a importância da diversidade de alimentos disponíveis para os ruminantes na Caatinga do Estado Recebido: da Paraíba, objetivou-se realizar avaliar o valor nutricional de 26/03/2019 plantas das espécies estudadas. Foram registradas 176 espécies distribuídas em 125 gêneros e 36 famílias. As famílias mais Aceito: 24/12/2019 representativas foram Poaceae (47), Fabaceae (49), Euphorbiaceae (9), Cactaceae (8), Malvaceae (6), Bromeliaceae Publicado: (5), Convolvulaceae, Amaranthaceae, Anacardiaceae e Rubiaceae 31/12/2019 (4), Capparaceae, Combretaceae e Cucurbitaceae (3), Agavaceae, Asteraceae, Bignoneaceae e Solonaceae (2). As demais famílias contribuíram com um único representante. Após a identificação, Acesso aberto as partes aéreas foram coletadas para as análises bromatológicas. Os principais gêneros em número de espécies foram Urochloa, Cenchrus e Mimosa. Os teores médios (%) de matéria seca (MS), proteína bruta, fibra bruta e matéria orgânica foram, respectivamente, 28,16 ± 15,25, 3,50 ± 2,19, 7,29 ± 5,61 e 26,08 ± 15,23. O estudo revela uma elevada riqueza de espécies vegetais. Palavras-chave: Composição química; Composição bromatológica; Ruminantes; Paraíba. 0000-0003-2976-4066 Homero Perazzo Abstract. Floristic diversity and bromatologic composition of Barbosa plants from the Paraiba State, Northeast Brazil. Considering 0000-0001-9703-3156 the importance of the available food diversity for ruminants in Carolina Uchôa Guerra the Caatinga in the Paraíba State, Brazil, the objective of this Barbosa de Lima research was to evaluate the nutritional value of the studied IS’SN 2359-1412/RBGAS-2019-0017/2019/6/14/16/857 Rev. Bras. Gest. Amb. Sustent. http://revista.ecogestaobrasil.net 858 Barbosa et al. species. It has been registered 176 species distributed in 125 0000-0002-6818-7604 genera and 36 families. The ones most represented were Poaceae Eduardo Uchôa Guerra (47), Fabaceae (49), Euphorbiaceae (9), Cactaceae (8), Malvaceae Barbosa (6), Bromeliaceae (5), Convolvulaceae, Amaranthaceae, 0000-0003-4775-7775 Anacardiaceae and Rubiaceae (4), Capparaceae, Combretaceae Reinaldo Farias Paiva de Lucena and Cucurbitaceae (3), Agavaceae, Asteraceae, Bignoneaceae and 0000-0002-4293-1124 Solonaceae (2). The remaining families studied contributed with Elson Soares dos only one species. After the identification, the aerial parts were Santos collected for the bromatologic analyzes. The main genera in 0000-0002-7514-1786 number of species were Urochloa, Cenchrus and Mimosa. The Karla Renata Freire average contents (%) of dry matter (DM), crude protein, crude Meira fiber and organic matter were, respectively, 28.16 ± 15.25, 3.50 ± 2.19, 7.29 ± 5.61, and 26.08 ± 15.23. This study shows a great richness of vegetal species. Keyword: Chemical composition; Bromatological composition; Ruminants; Paraíba State. Introdução minam a concentração de energia meta- bolizável, bem como a eficiência da O Estado da Paraíba está utilização parcial (Mott e Moore, 1970). localizado na porção oriental da Região O conhecimento da composição Nordeste do Brasil, tendo como área total bromatológica é o ponto de partida para 56.468,435 km², com uma população o discernimento da concentração e dis- estimada, em 2017, de 4.025.558 ponibilidade dos nutrientes, o que contri- habitantes, e uma densidade demográfica bui para predizer a resposta animal em de 70,29 hab./km², totalizando 223 diferentes situações de pastejo (Van municípios (IBGE, 2017). Soest, 1994). Neste sentido, a broma- A vegetação predominante na tologia consiste em estudar os alimentos, Caatinga é composta por espécies arbus- as características de sua composição tivas, arbóreas e herbáceas, constituindo química e as modificações de seus uma importante fonte de alimentação componentes durante o processamento para os animais (Andrade et al., 2006). (Martins, 2007). Santos et al. (2010) citam que as plantas Diversas pesquisas indicam que xerófilas e caducifólias perdem as folhas mais de 70% das plantas da Caatinga com a chegada da estação seca. Algumas compõem, de forma significativa, a dieta espécies botânicas de plantas anuais, dos ruminantes domésticos. Na estação cactáceas e bromélias também compõem das chuvas, a maior parte da forragem é este bioma. De acordo com Araújo Filho proporcionada pelo estrato herbáceo, et al. (2002), a folhagem dos arbustos com baixa participação da folhagem de lenhosos em pastagens nativas tem gran- árvores e arbustos. No entanto, à medida de importância, uma vez que, representa que a estação seca se pronuncia, a a maior parte do material disponível, folhagem das espécies lenhosas passa a quando as condições ambientais são constituir a principal fonte de alimento desfavoráveis. para os animais. O valor nutritivo da forragem é A análise química da forragem decorrente da concentração de nutri- fornece informações importantes, que entes, da digestibilidade dos nutrientes e podem promover melhor entendimento da natureza dos produtos digeridos. dos fatores que limitam o desempenho Desta forma, o valor nutritivo deve se dos animais ruminantes. No entanto, os referir às características inerentes à métodos de caracterização química não forragem consumida, às quais deter- podem estimar diretamente o valor Rev. Bras. Gest. Amb. Sustent., 2019, vol. 6, n. 14, p. 857-871. Composição bromatológica de plantas da Caatinga 859 nutritivo da forragem, mas sem dúvida, cando-se um estudo aprofundado para apresentam uma relação direta com a incrementar a produção pecuária. ingestão e com a digestibilidade (Cherney, 2000). Material e métodos Bakke et al. (2010) ressaltaram a importância de estudos para avaliar Época e local de coleta espécies arbóreo-arbustivas na alimen- Coletas botânicas mensais, entre tação de pequenos ruminantes. julho de 2017 e julho de 2018, nos Neste contexto, deve-se propor Municípios de Alagoa Grande, Areia, para a região a adoção de sistemas de Campina Grande, Esperança, Patos, produção que gerem competitividade e Poçinhos, Remígio, São João do Cariri e sustentabilidade para a atividade pecu- Soledade, nas estações seca e chuvosa, ária, objetivando melhorar os índices foram realizadas utilizando os métodos produtivos e consequentemente aumen- usuais em taxonomia (Judd et al., 2009). tar o retorno econômico para os produ- tores. Segundo Santos et al. (2010) o Identificação das espécies cultivo de espécies nativas da Caatinga coletadas constitui importante alternativa para au- A identificação das espécies e das mentar o suprimento de alimentos, prin- famílias foi confirmada com o material cipalmente devido a grande adaptabili- botânico depositado no Herbário Lauro dade dessas plantas ao ecossistema. Pires Xavier (JPB), da Universidade Além disso, Voltolini et al. (2010) cita Federal da Paraíba. que as pesquisas revelam que mais de Para efeito de comparação dos 70% das espécies vegetais da Caatinga compostos bromatológicos, as espécies participam significativamente da compo- foram divididas em três grandes grupos sição da dieta dos animais ruminantes. compostos pelas Fabaceae, Poaceae e Apesar do Estado da Paraíba outras famílias. apresentar boa disponibilidade de fito- massa, parte significativa deste material Análise bromatológica não é utilizada na alimentação animal, Para a análise bromatológica as devido ao pouco conhecimento do seu amostras foram pesadas e submetidas à valor nutritivo. Evidencia-se então a pré-secagem em estufa de ventilação necessidade da geração de informações forçada a 55 °C, por 72 h. Após este regionalizadas de composição de procedimento, o material coletado (parte alimentos permitindo, assim, a melhor consumida pelos animais ruminantes) foi utilização dos recursos disponíveis. Isto triturado em moinho marca Willey com se torna ainda mais premente diante da peneira de 1 mm de crivo e acondicio- complexidade e diversidade de recursos nado em recipientes devidamente forrageiros encontrados. etiquetados. Atualmente, entre outros aspec- As amostras preparadas foram tos, tem-se evidenciado a necessidade de analisadas quanto aos teores de matéria estudos sobre o valor nutritivo dessas seca (MS), proteína bruta (PB), fibra plantas como fonte de alimentos para os bruta (FB) e matéria orgânica (MO) animais. segundo metodologias de Silva e Queiroz Considerando-se que as muitas (2002). famílias botânicas apresentam grande potencial de utilização na alimentação As análises estatísticas dos animais, este artigo objetiva identi- As análises estatísticas foram ficar espécies do estrato herbáceo, arbus- realizadas de acordo com o SAS SYSTEM tivo e arbóreo além de caracterizá-las (2002),