Oeste Catarinense – História Dos Seus Empreendedores” Expõe a Ocupação Da Região, Seus Empreendedores, Época E Como Ocorreu

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Oeste Catarinense – História Dos Seus Empreendedores” Expõe a Ocupação Da Região, Seus Empreendedores, Época E Como Ocorreu Carlos José Pereira; Antonio Carlos Freddo eGesta, v. 3, n. 3, jul.-set./2007, p. 32-76 OESTE CATARI E SE HISTÓRIA DOS SEUS EMPREE DEDORES Carlos José Pereira Antonio Carlos Freddo Resumo “Oeste Catarinense – História dos Seus Empreendedores” expõe a ocupação da região, seus empreendedores, época e como ocorreu. É uma tentativa de demonstrar que a busca de novas oportunidades de viver, conjugada com atividades cotidianas adredemente planejadas acaba por levar à cons-trução de uma nova sociedade. Caçador, Chapecó, Concórdia, Joaçaba e Videira, formam a base de uma região que, de totalmente despovoada no início do século XX, foi se formando de forma lenta, porém gradual até constituir-se nos dias de hoje em uma região de grande importância econômica para o País, devido ao agronegócio. Palavras-chave Povoamento, ferrovia, empreendedorismo Abstract “Santa Catarina-West – History of its entrepeuners” exibit the region occupancy, its entrepeuners, age and how it happened. It is a try to demonstrate that the search of new opportunities to live, conjugated with dayli activities purposely planned turn to built a new society. Caçador, Chapecó, Concórdia, Joaçaba and Videira are the basis of a region that was completely unhabited in the beggining of the XX century, went moulding in a slow but progressive way up to be nowadays in a region of large economical significance to the country, due to agribusiness. Keywords Population, railway, entrepreunership eGesta - Revista Eletrônica de Gestão de Negócios - ISSN 1809-0079 Mestrado em Gestão de Negócios - Universidade Católica de Santos Facultade de Ciencias Económicas e Empresariais - Universidade de Santiago de Compostela 32 Carlos José Pereira; Antonio Carlos Freddo eGesta, v. 3, n. 3, jul.-set./2007, p. 32-76 OESTE CATARI E SE HISTÓRIA DOS SEUS EMPREE DEDORES Carlos José Pereira Antonio Carlos Freddo 1 Introdução Este trabalho pretende estudar a forma de ocupação de parte do território do Oeste Catarinense, as razões da fixação do homem à terra, mais especificamente, os imigrantes alemão e italiano, as duas etnias dominantes dentre outras que definiram o caldo cultural hoje lá existente, como portugueses, espanhóis, poloneses, etc. Fonte: http://mapas.ibge.gov.br/divisao/viewer.htm eGesta - Revista Eletrônica de Gestão de Negócios - ISSN 1809-0079 Mestrado em Gestão de Negócios - Universidade Católica de Santos Facultade de Ciencias Económicas e Empresariais - Universidade de Santiago de Compostela 33 Carlos José Pereira; Antonio Carlos Freddo eGesta, v. 3, n. 3, jul.-set./2007, p. 32-76 A região a ser estudada engloba as cidades de Caçador, Chapecó, Concórdia, Joaçaba e Videira, assim como aquelas que se desenvolveram perifericamente a estas. Este estudo procurará identificar as razões que levaram a região a dedicar-se às atividades que hoje nela predominam, quer seja, atividades do setor primário, secundário ou terciário, assim como as razões de foro íntimo dos seus primeiros ocupantes, que somadas às necessidades primeiras da busca pela sobrevivência, aliadas ao seu empreeendedorismo e gerenciamento constituiu a base decisorial que levou à formação econômica que a região tem hoje. No estudo histórico-econômico e na definição do perfil atual da região serão consideradas, entre outros fatores, as lutas do Contestado e a construção da estrada de ferro. O Oeste Catarinense é uma região cuja área geo-política tem sido alterada ao correr dos anos, devido a injunções políticas e econômicas. 2 Século XVI: Espanha e Portugal definem seus domínios No início do século XVI, a região correspondente ao atual Oeste Catarinense, bem como a quase totalidade do Estado de Santa Catarina, não pertenciam à Coroa Portuguesa, mas à Espanha. Portugal e Espanha desenvolviam, naquela época, seu colonialismo expansionista, tendo quase chegado à guerra pela posse das terras do continente americano. O Tratado de Tordesilhas pôs fim à lide e determinou que as terras seriam de Portugal ou Espanha, conforme se situassem a leste ou a oeste de uma linha divisória imaginária, estabelecida de pólo a pólo a 370 léguas do Arquipélago de Cabo Verde. eGesta - Revista Eletrônica de Gestão de Negócios - ISSN 1809-0079 Mestrado em Gestão de Negócios - Universidade Católica de Santos Facultade de Ciencias Económicas e Empresariais - Universidade de Santiago de Compostela 34 Carlos José Pereira; Antonio Carlos Freddo eGesta, v. 3, n. 3, jul.-set./2007, p. 32-76 O Estado do Rio Grande do Sul e a quase totalidade do Estado de Santa Catarina, portanto, couberam à Coroa Espanhola. Os portugueses, entretanto, tendo primeiro aportado em nossas costas, entenderam que a terra lhes pertencia e trataram de ir se fixando nela. E o fizeram lenta, mas decididamente. No início do século XVIII, Portugal dominava serenamente a região. Economicamente, o Brasil vivia a época da mineração. A perspectiva mercantil do fornecimento de gado para alimentar essas populações interessava aos paulistas, que optaram pelo gado existente no sul do país. Para possibilitar tal intercâmbio, foi aberta uma estrada ligando os Estados de São Paulo e Rio Grande do Sul. A cidade de Lages, em solo catarinense, estava inserida na rota. Alguns paulistas, então, aí se fixaram, iniciando o seu povoamento. A partir de Lages, são ocupadas as terras de Curitibanos e Campos Novos, de onde partem os desbravadores do Oeste Catarinense. Foram essas entradas de brasileiros, feitas no sentido leste-oeste, que permitiu ao Brasil garantir a posse da área de que hoje dispõe a Região Sul. 3 A divisão territorial atual Atualmente o Oeste Catarinense, quando citado de forma genérica, é entendido como a porção do Estado de Santa Catarina situada entre as proximidades da ferrovia que liga Porto União (SC) e União da Vitória (PR), cidades gêmeas, situada ao norte, com as cidades de Uruguai (SC), situada ao sul, com a ferrovia fazendo às vezes de fronteira leste, enquanto a fronteira à oeste é a fronteira Brasil-Argentina. eGesta - Revista Eletrônica de Gestão de Negócios - ISSN 1809-0079 Mestrado em Gestão de Negócios - Universidade Católica de Santos Facultade de Ciencias Económicas e Empresariais - Universidade de Santiago de Compostela 35 Carlos José Pereira; Antonio Carlos Freddo eGesta, v. 3, n. 3, jul.-set./2007, p. 32-76 Para efeito de delimitação da área objeto de deste estudo foi utilizada a divisão micro- regional do Brasil, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, representada pelo somatório das micro-região 305-Colonial do Rio do Peixe e 306-Colonial do Oeste Catarinense. Geograficamente o Oeste Catarinense está compreendido entre os paralelos 26º 15’ e 27º 30’e os meridianos 50º 28’ e 53º 50’ a oeste de Greenwich. Seus limites são, ao sul, o Rio Uruguai, como divisor natural das terras do Estado do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina; a oeste, a divisão natural que separa o Brasil da Argentina, formada pelo Rio Peperi-Guaçu, afluente do Rio Uruguai; ao norte, a linha demarcatória entre os Estados do Paraná e Santa Catarina, partindo do sentido oeste, onde os dois Estados se limitam com a Argentina, indo em direção ao leste até o ponto em que o Estado do Paraná faz fronteira com os municípios catarinenses de Matos Costa e Caçador e seguindo a divisa entre esses dois municípios até atingir a do oeste do município de Lebon Régis; a leste partindo da divisa entre Matos Costa, Caçador e Lebon Régis, seguindo os limites de Santa Cecília, Curitibanos-Fraiburgo, Herval Velho, Campos Novos, até atingir a fronteira do Rio Grande do Sul. Em termos físicos a região é classificada como de clima mesotérmico, tendo, porém, sofrido algumas alterações nos últimos anos. As secas de verão, por exemplo, tem causado prejuízos, provocando perdas da produção agrícola. Na safra de 77/78 tais perdas foram de 50% e na de 78/79, de 40%. Em algumas regiões, principalmente na região Colonial do Rio do Peixe, o solo apresenta-se com baixa fertilidade. Em conjunto o Oeste Catarinense apresenta 86% de sua área utilizável para a lavoura, 10% para pastagem e silvicultura e 4% são inaproveitáveis para a agricultura, segundo o PROINFRA (1980, p. 11). eGesta - Revista Eletrônica de Gestão de Negócios - ISSN 1809-0079 Mestrado em Gestão de Negócios - Universidade Católica de Santos Facultade de Ciencias Económicas e Empresariais - Universidade de Santiago de Compostela 36 Carlos José Pereira; Antonio Carlos Freddo eGesta, v. 3, n. 3, jul.-set./2007, p. 32-76 A região objeto deste estudo representa, em relação à totalidade do Estado de Santa Catarina, uma importante parcela, reconhecida, atualmente, como “celeiro do Estado”. 4 A estrutura sócio-econômica recente A importância do Oeste Catarinense pode ser sopesada nos dados abaixo: SC total Oeste Catarinense (b)/(a) SC sem a região (c)/(a) (a) (b) Oeste(c) Área, km2 95.985 25.338 26% 70.647 74% População, 1980 3.628.761 894.544 25% 2.734.217 75% Habitantes/km2 38 35 92% 3 8% Municípios 197 64 32% 133 68% Municípios/km2 0,0021 0,0025 123% 0,0019 92% Produto industrial, Cr$, 1975 24.163.147 3.800.869 16% 20.362.278 84% Produto agrícola, Cr$, 1975 6.547.169 3.327.461 51% 3.219.708 49% Fonte: IBGE, Censos de 1975 e 1980 Podemos notar que a participação populacional é compatível com o território da região pois ele representa 26% da área estadual e a população, segundo dados do Censo Demográfico preliminar, de 1980, eqüivale a 25% da população estadual. Apesar de ser a área do Estado de colonização mais recente, a densidade demográfica corresponde, estribando-nos nos dados preliminares do Censo de 1980, a 92% da densidade estadual, pois o Estado como um todo tem 38 habitantes/km2 enquanto que a região tem 35 habitantes/km2. eGesta - Revista Eletrônica de Gestão de Negócios - ISSN 1809-0079 Mestrado em Gestão de Negócios - Universidade Católica de Santos Facultade de Ciencias Económicas e Empresariais - Universidade de Santiago de Compostela 37 Carlos José Pereira; Antonio Carlos Freddo eGesta, v.
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