As Revoltas Dos Engenhos (1822) E De Achada Falcão (1841)
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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA SOCIAL OS CAMINHOS DA REVOLTA EM CABO VERDE E A CULTURA DE RESISTÊNCIA: AS REVOLTAS DOS ENGENHOS (1822) E DE ACHADA FALCÃO (1841) . Eduardo Adilson Camilo Pereira Dissertação apresentada ao Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, como exigência parcial para a obtenção do título de Mestre em História Social. Orientadora: Prof.ª Dr.ª Leila Maria Gonçalves Leite Hernandez. São Paulo 2006 À memória do meu querido irmão falecido, Jorge Emídio dos Reis Pereira, aos meus pais, Emídio e Mariana, às minhas irmãs, Eurisa e Jaqueline, à minha namorada, Dayse, por acreditarem no meu projeto. AGRADECIMENTOS A minha orientadora, Prof.ª Dr.ª Leila Maria Gonçalves Leite Hernandez, não só pela sábia orientação que possibilitou a realização desse trabalho, como também pela amizade que tem demonstrado por todos nós cabo-verdianos. Pude compartilhar, ao longo desse tempo, não só a sabedoria e um grande conhecimento sobre a realidade cabo-verdiana, como também a confiança em mim depositada. Igualmente, queria agradecer a Marly Spacachieri, pela paciência na organização do meu exame de qualificação e da minha defesa. A Prof.ª Dr.ª Margarida Maria Moura e a Prof.ª Dr.ª Ana Maria de Almeida Camargo, pela co-orientação indispensável não só a nível metodológico. Queria agradecer ainda pelo conhecimento adquirido ao longo dos cursos de pós-graduação realizados. Ao Arquivo Histórico de Cabo Verde, na pessoa do seu presidente, José Maria Almeida, pela desponibilização dos materiais de pesquisa. Ao Arquivo Histórico Ultramarino, na pessoa do seu presidente, João Corrêa da Silva, ao Arquivo Central da Marinha, ao Arquivo Nacional da Torre do Tombo, ao Arquivo Histórico Militar, à Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, à Biblioteca Nacional de Lisboa, à Biblioteca da Ajuda em Lisboa, pelo apoio e orientação que me deram no decurso da minha estada em Portugal. A CNPq, pela bolsa de pesquisa que auferi ao longo destes dois anos de pesquisa, como também agradecer à Faculdade de Filosofia, Letras e Ciência Humanas da Universidade de São Paulo, através do Gabinete de Cooperação Internacional e seus funcionários, pela calorosa recepção ao longo da minha estadia no Brasil. Quero a todos expressar os meus sinceros agradecimentos e dizer que, enquanto tiver saúde, coragem e vontade, continuarei a pesquisar. A minha família pelo apoio que sempre me deram, possibilitando a realização deste trabalho. Ao meu irmão já falecido, Jorge Emídio dos Reis Pereira, a quem dedico este trabalho, pela confiança de que eu deveria continuar o árduo caminho da sabedoria. A cada segundo estarás na minha memória, como uma referência de resistência única e, principalmente, de amizade e luta. Aos meus pais, Emídio dos Reis Pereira e Mariana Manuel Camilo, pelo apoio e confiança. Às minhas irmãs, Eurisa dos Reis Pereira e Jaqueline dos Reis Pereira, um obrigado pela confiança que em mim depositaram. Um obrigado ainda aos meus tios: Elmano Livramento, Bernalda Tavares, Isaura e João Soares, Maria Camilo Lomba, pelo apoio moral. A minha namorada, Dayse Karina de Bastos, fonte de toda a minha inspiração, pelo companheirismo, compreensão e confiança nos momentos mais delicados deste trabalho de pesquisa. Por último, quero agradecer aos meus amigos, Fernando Jorge Pina Tavares e Gabriel António Fernandes, pela partilha de idéias; a Péricles Celestino Almada, Ângelo Correia, Custódio, Alberto Brito pelo companheirismo em Lisboa e Faro; a Amândio Augusto Brito Martins Tavares, António Mendes Filho, Dirceu Leônidas Fortes, Euclides Felomeno Tavares, Ido Carvalho, Luis Brito, Luis Gabriel Dupret Carvalhal, Mafaldo Carvalho, Manuel Joaquim e Ulisses Barbosa, pela amizade de sempre, no Brasil e em Cabo Verde. Queria ainda agradecer aos meus primos, Fidel dos Reis Tavares, Wladimir dos Reis Tavares e Rosy, pelo acolhimento e atenção dispensada a quando da minha estadia em Coimbra e Lisboa. “Toda pesquisa historiográfica se articula com um lugar de produção sócio-econômico, político de cultural. Implica um meio de elaboração que circunscrito por determinações próprias: uma profissão liberal, um posto de observação ou de ensino, uma categoria de letrados, etc. Ela está, pois, submetida a imposições, ligada a privilégios, enraizada em uma particularidade. É em função deste lugar que se instauram os métodos, que se delineia uma topografia de interesses, que os documentos e as questões, que lhes serão propostas, se organizam”. (Certeau, 2002, p. 66). RESUMO PEREIRA, Eduardo Adilson Camilo, 2006. Os caminhos da Revolta em Cabo Verde e a cultura de resistência: as revoltas dos Engenhos (1822) e de Achada Falcão (1841). Dissertação (Mestrado em História Social). Departamento de História. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. Universidade de São Paulo. Este trabalho tem como principal objetivo fazer uma reflexão sobre duas revoltas dos rendeiros na Ilha de Santiago em Cabo Verde, entre os anos de 1822 a 1841. Propõe mostrar a especificidade das revoltas dos Engenhos (1822) e de Achada Falcão (1841), compreendendo além do panorama político da metrópole, a importância das legislações sobre a terra, como elementos condicionadores dessas revoltas que reinterpretadas no cotidiano pelos rendeiros, perpetuaram uma cultura de resistência, identificada nos festejos do batuco e da tabanca. Por outro lado, propõe demonstrar que, além das causas econômicas apontadas pela historiografia, as revoltas foram buscar sua inspiração nos rituais de representação praticados durante o cortejo da tabanca e nos festejos da batuco. Palavras-chave: Cabo-Verde, história, propriedade da terra, relações de trabalho e cultura de resistência. ABSTRACT The present work intends mainly to make a reflection about two tenant farmers revolts that took place in the island of Santiago in Cape Verde between 1822 and 1841. Aims to show the specificity of the revolt of Engenhos in 1822 and Achada Falcão in 1841, analyzing apart from the metropolis politic panorama, the importance of lands legislations, as elements that made contingents on such revolts that reinterpreted by the tenant farmers in everyday life, perpetrated a culture of resistance, identified in the “batuco” and “tabanca” regional celebrations. On the other hand, it proposes to demonstrate that, apart from the economic reasons pointed by the historiography, the revolts were found its inspirations in the rituals of representation practiced during the “tabanca” procession and during batuco festivity . Key words: Cape Verde, history, land property, work relations and resistance culture. ÍNDICE: Pág. INTRODUÇÃO .......................................................................................................1 I – A COLONIZAÇÃO: DA DESCOBERTA ATÉ 1825.........................................................11 1.1. – A origem das instituições: a capitania hereditária, a donataria e as companhias de comércio..........................................................................11 1.2. – A questão do trabalho: rendeiros, parceiros e meeiros.......................................26 1.3. – As fomes, secas e epidemias...................................................................................48 1.4. – A Revolta de 28 de dezembro de 1811...................................................................59 II – A REVOLTA DOS ENGENHOS (1822).............................................................................63 III – A REVOLTA DOS RENDEIROS DE ACHADA FALCÃO (1841)...............................85 IV – CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................101 V – BIBLIOGRAFIA.................................................................................................................104 ANEXO I: DOCUMENTOS......................................................................................................136 ANEXO II: MAPAS DE CABO VERDE E DA ILHA DE SANTIAGO..............................151 ANEXO III: TOPOGRAFIA DA RIBEIRA DOS ENGENHOS E DE ACHADA FALCÃO .................................................................................................................161 ANEXO IV: IMAGENS (QUADROS E FOTOGRAFIAS)...................................................166 SIGLAS/ABREVIATURAS ACM – Arquivo Central da Marinha em Lisboa. AGS – Arquivo Geral de Simancas, Valladolid (Espanha). AHM – Arquivo Histórico Militar em Lisboa. AHMF – Arquivo Histórico do Ministério das Finanças em Lisboa. AHN – Arquivo Histórico Nacional de Cabo Verde, na Cidade da Praia. AHU – Arquivo Histórico Ultramarino em Lisboa. ANTT – Arquivo Nacional da Torre do Tombo em Lisboa. ARSI – Arquivo Romano da Companhia de Jesus. AV – Arquivo do Vaticano, em Roma. BAL – Biblioteca da Ajuda de Lisboa. BNL – Biblioteca Nacional de Lisboa. BUC – Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra. CC – Corpo Cronológico. CGGPM – Companhia Geral do Grão Pará e Maranhão. CU – Conselho Ultramarino. LUS – Lusitânia. SGG – Secretaria Geral do Governo. 1 INTRODUÇÃO O presente estudo pretende dar resposta à insatisfação face às carências e limitações demonstradas pela historiografia, ao abordar duas das principais revoltas do campo, no século XIX, no interior da ilha de Santiago, em Cabo Verde. As revoltas dos rendeiros dos Engenhos (1822) e de Achada Falcão (1841) tem sido analisadas unicamente sob o ponto de vista econômico, limitando-se a