Jornalismo Teoria E Prática.Indd
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COLEÇÃO ACADÊMICA EDITORA CATARSE LTDA Rua Oswaldo Aranha, 444 Bairro Santo Inácio Santa Cruz do Sul/RS CEP 96820-150 www.editoracatarse.com.br facebook.com/editoracatarse CONSELHO EDITORIAL Antonio Fausto Neto – Unisinos Ernesto Söhnle Jr. – UNISC Eunice Piazza Gai – UNISC Fernando Resende – UFF Jesús Gallindo Cáceres – Benemérita Universidad Autónoma de Puebla (México) João Canavilhas – Universidade de Beira Interior (Portugal) Mario Carlón – Universidade de Buenos Aires (UBA) Marcos Fábio Belo Matos – UFMA. Raquel Recuero – UFPel. Walter Teixeira Lima – UMESP Fábio Cruz Gilmar Hermes Organizadores Jornalismo: Teoria e Prática - Abordagens culturais, interfaces e meios Pelotas 2017 editora J82 Jornalismo: teoria e prática – abordagens culturais, interfaces e meios [recurso eletrônico] / Fábio Cruz, Gilmar Hermes, organizadores - Santa Cruz do Sul: Catarse, 2017. 196 p. : il. Texto eletrônico. Modo de acesso: World Wide Web. 1. Jornalismo. 2. Jornalismo - Teoria. 3. Telejornalismo. 4. Semiótica. 5. Jornalismo esportivo. 6. Redes sociais. I. Cruz, Fábio. II. Hermes, Gilmar. ISBN: 978-85-69563-18-1 CDD: 070.4 Bibliotecária responsável: Fabiana Lorenzon Prates - CRB 10/1406 Diagramação: Mirian Flesch de Oliveira Editor: Demétrio de Azeredo Soster PREFÁCIO A Comunicação é essencial. Perpassa todos os saberes. Agencia a produção de conhecimentos. Está presente, de uma forma indissociável, na vida humana. A cada passo, desenha as transformações de todos os níveis da trajetória existencial. Possui um perfil multifacetado. É singular e, ao mes- mo tempo, se inscreve na pluralidade. O seu sentido plural tem abrangência. Diversifica-se em aspectos, circunstâncias e reali- dades. Uma de suas pronúncias é o Jornalismo, indissociável das sociedades democráticas. Falar em Jornalismo, escrevê-lo e criticá-lo nunca é pisar no excessivo e no demasiado. É conduzi-lo pelo caminho da reflexão, onde ele se depura e se faz melhor, mais significa- tivo, para cumprir a sua missão de atender à necessidade social de informação. O livro, Jornalismo, Teoria e Prática – interfaces cul- turais, tem um sabor especial, no conjunto dos seus saberes. Não separa teoria e prática. Faz o contrário, as une, porquanto uma só tem existência à medida que a outra exista. Encontram-se co- nectadas em uma relação. É um livro inteligente. Articula perspicácia e refle- xão. Transita por diferentes portos do Jornalismo, com uma vir- tude básica das práticas científicas. Possui equilíbrio, em suas escolhas teóricas e metodológicas. O que resulta em um conjun- to de textos com análises instigantes. Materializa-se, como uma leitura indispensável. Em um primeiro momento, com alunos, professores e pesquisadores de Jornalismo. Expande-se, todavia, para todos os segmentos, já que a Comunicação é transcendente e onipresente. A estrutura do livro possui três partes. A primeira, Abordagens Culturais, com os artigos, “O incessante rugido: Robert Plant e o mainstream inteseccional”, de Fábio Cruz, Gui- lherme Curi e Estevan Garcia, e “Uma metodologia semiótica 5 para estudos jornalísticos e estéticos, de Gilmar Hermes. A segunda parte, Interfaces, tem os artigos, “Cultu- ra e pós-modernidade no jornalismo de revista: uma leitura das formas da socialidade nas páginas de Veja”, de Larissa Azubel, “Jornalismo, ambiente e ethos”, de Carlos André Dominguez, e “Definição de Jornalismo Esportivo face à midiatização do Es- porte”, de Ricardo Fiegenbaum. A última, Meios, apresenta os artigos, “A elaboração de pautas jornalísticas e as redes sociais digitais”, de Sílvia Mei- relles Leite, “Mídia e Educação: Impactos da WebRádio e da WebTV no Universo Escolar Inclusivo”, de Marislei Ribeiro, e “Fundamentos para a realização de uma cobertura telejornalísti- ca”, de Michele Negrini e Roberta Brandalise. A todos, uma excelente leitura! Roberto Ramos Pós-Doutor em Ciências da Comunicação Professor do PPGCom da PUCRS 6 SUMÁRIO PRIMEIRA PARTE – ABORDAGENS CULTURAIS O incessante rugido: Robert Plant e o mainstream interseccional ............................................. ....................... 10 Fábio Cruz Guilherme Curi Estevan Garcia Uma metodologia semiótica para estudos jornalísticos e estéticos............................................................................ 30 Gilmar Hermes SEGUNDA PARTE – INTERFACES Cultura e pós-modernidade no jornalismo de revista: uma leitura das formas da socialidade nas páginas de Veja ....................................................................................... 55 Larissa Azubel Jornalismo, ambiente e o ethos ............................................. 74 Carlos André Echenique Dominguez Definição de Jornalismo Esportivo face à midiatização do Esporte ............................................................................. 98 Ricardo Z. Fiegenbaum 7 TERCEIRA PARTE – MEIOS A elaboração de pautas jornalísticas e as redes sociais digitais: relações possíveis ........................................ 125 Sílvia Porto Meirelles Leite Mídia e Educação: Impactos da WebRádio e WebTV no Universo Escolar Inclusivo .............................................. 145 Marislei da Silveira Ribeiro Fundamentos para a realização de uma cobertura Telejornalística ..................................................................... 169 Michele Negrini Roberta Brandalise 8 PRIMEIRA PARTE ABORDAGENS CULTURAIS 9 O incessante rugido: Robert Plant e o mainstream interseccional Fábio Cruz1 Guilherme Curi2 Estevan Garcia3 1. Watching you4 Um homem com uma missão. Atemporal. Um vocalista com uma tradição a sustentar. Um músico que se recusa a seguir o caminho mais fácil. Um outsider/insider da cultura musical contemporânea, algo que está ao mesmo tempo fora e dentro do jogo mercadológico. Um artista que, segundo o próprio, está à esquerda do mainstream. Tudo isso consiste neste mosaico humano que é Robert Plant. Da vida com o Led Zeppelin aos voos solo, em quase cinco décadas, o cantor inglês vem mantendo acesa a tradição dos tempos do seu grupo. De um disco a outro, promove cruzamentos com as mais variadas possibilidades, a saber: hard rock, blues, música oriental, a 1 Pós-doutor em Direitos Humanos, Mídia e Movimentos sociais (Universidade Pablo de Olavide – Sevilha/Espanha). Doutor em Cultura Midiática e Tecnologias do Imaginário (PUCRS). Professor do curso de graduação em Jornalismo da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Coordenador do projeto de pesquisa “Cultura da mídia, rock e recepção” (UFPel). email: [email protected] 2 Mestre em Sociologia pela University College Dublin. Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Integrante do Grupo de Pesquisa Diaspotics. email: [email protected] 3 Graduando (8° semestre) do curso de Jornalismo da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Bolsista de pesquisa (UFPel) do projeto “Cultura da mídia, rock e recepção”. e-mail: [email protected] 4 Título de uma das músicas pertencentes ao álbum Manic Nirvana, lançado em 19 de março de 1990. 10 Fábio Cruz, Guilherme Curi, Estevan Garcia sonoridade do norte da África, prog rock, baladas, música eletrônica, pop, new wave, break, rockabilly, folk, soul, a psicodelia dos anos de 1960, bluegrass etc. Conservando a sua essência do blues e do rock, Robert Plant transita por outros ambientes buscando desafios constantes. Todos esses diálogos fazem dele um artista “mainstream interseccional”, assim como também é o seu ex-grupo. Longe do “mainstream estático” de bandas como AC/DC5, Iron Maiden6 e o cantor Ozzy Osbourne7, os quais permanecem fiéis aos formatos que os consagraram, Plant pode personificar uma possível autenticidade do rock: a partir de um capital simbólico acrescido durante todos esses anos no cenário da música popular massiva (Janotti Junior, 2006; 2007), o vocalista estimula a criatividade em suas produções. Nesse sentido, considerando as colocações acima expostas, buscaremos, neste artigo, explorar conceitos como mainstream, autenticidade, autonomia e tradição em torno da carreira de Robert Plant. Levaremos em conta, também, algumas questões que permeiam o horizonte da música popular massiva como, por exemplo, os conflitos existentes entre os processos de criação e o mercado. Outrossim, baseados nesse arsenal de conceitos e reflexões, procuraremos postular algumas categorias analíticas previamente apresentadas no parágrafo anterior. Igualmente, cabe ressaltar que, através de uma pesquisa bibliográfica, esse arcabouço teórico será desenvolvido e tensionado conjuntamente com a trajetória de Robert Plant desde a era pré-Led Zeppelin até os últimos e mais recentes trabalhos. Mais especificamente, como corpus de análise, elegemos os seus dez discos 5 Grupo de rock australiano. 6 Conjunto britânico de heavy metal. 7 Ex-vocalista da banda inglesa Black Sabbath e artista solo. 12 11 O incessante rugido: como artista solo, o que abarca um período que tem início em 1982, com Pictures at eleven, e vai até a sua última produção, Lullaby and... The ceaseless roar, lançado em 2014. 2. Come into my life8 Filho de um engenheiro civil e de uma dona de casa, Robert Anthony Plant nasceu no dia 20 de agosto de 1948, em West Bromwich, Staffordshire, Inglaterra (REES, 2014). Apaixonado pelo rock e o blues norte- americanos, formou as suas primeiras bandas na adolescência. Entre estas destacavam-se a Black Snake Moan e The Crawling King Snakes, aonde conheceu o baterista John Bonham, seu futuro melhor amigo e baterista do Led Zeppelin (Williamson, 2011). Depois do fracasso em alguns singles9 como