Universidade De São Paulo Escola De Comunicação E Artes
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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE COMUNICAÇÃO E ARTES CARLOS ARTHUR AVEZUM PEREIRA O silêncio como afeto ou a escuta corporal na recente música experimental SÃO PAULO 2017 UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO CARLOS ARTHUR AVEZUM PEREIRA O silêncio como afeto ou a escuta corporal na recente música experimental Versão Corrigida Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Música da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo, como requisito parcial para a obtenção do título de doutor em Música. Área de Concentração: Processos de Criação Musical. Linha de Pesquisa: Sonologia (Criação e Produção Sonora). Orientador: Fernando Henrique de Oliveira Iazzetta. SÃO PAULO 2017 Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte. Catalogação na Publicação Serviço de Biblioteca e Documentação Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo Dados fornecidos pelo(a) autor(a) Pereira, Carlos Arthur Avezum O silêncio como afeto ou a escuta corporal na recente música experimental / Carlos Arthur Avezum Pereira. -- São Paulo: C. A. A. Pereira, 2017. 205 p.: il. + DVD. Tese (Doutorado) - Programa de Pós-Graduação em Música - Escola de Comunicações e Artes / Universidade de São Paulo. Orientador: Fernando Henrique de Oliveira Iazzetta Bibliografia 1. música experimental 2. Teoria do Afeto 3. escuta 4. silêncio 5. corpo I. Iazzetta, Fernando Henrique de Oliveira II. Título. CDD 21.ed. - 780 Nome: PEREIRA, Carlos Arthur Avezum Título: O silêncio como afeto ou a escuta corporal na recente música experimental Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Música da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo, como requisito parcial para a obtenção do título de doutor em Música. Aprovado em: Banca Examinadora Prof. Dr. _______________________________________________________ Instituição: _______________________________________________________ Julgamento: _______________________________________________________ Prof. Dr. _______________________________________________________ Instituição: _______________________________________________________ Julgamento: _______________________________________________________ Prof. Dr. _______________________________________________________ Instituição: _______________________________________________________ Julgamento: _______________________________________________________ Prof. Dr. _______________________________________________________ Instituição: _______________________________________________________ Julgamento: _______________________________________________________ Prof. Dr. _______________________________________________________ Instituição: _______________________________________________________ Julgamento: _______________________________________________________ Ao Gabriel e ao João (o cão). AGRADECIMENTOS Ao meu orientador Fernando Iazzetta pela receptividade, paciência e espírito crítico que tanto me foram necessários para a conclusão deste trabalho. Aos professores Rogério Costa, Regis Faria, e Marcelo Queiroz sempre presentes neste percurso de 4 anos. À Lilian Campesato pela boa energia que movimenta o nosso grupo de pesquisas, o NuSom, do qual quero agradecer por tanto conhecimento compartilhado na presença dos colegas: Denise Aoki, Flora Holderbaum, Valéria Bonafé, Ariane Stolfi, Alexandre Marino, José Guilherme, Kooi Kawasoe, Felipe Castellani, Vitor Miskalo, Julian Jaramillo, Tilo Kosh, Davi Donato, André Damião, André Martins, Fábio Martinelli, Jonathan Andrade, Luciano Mendes, Miguel Antar, Antônio Goulart, Rui Chaves, Alexandre Porres e todos os outros. Ao Luis Fernando Cirne e ao Gustavo Germano pela parceria musical na pesquisa e ao Pedro Paulo pelo apoio técnico. À professora Juliana Bom-Tempo (UFU) e Fernando Martins pelas ressonâncias afetivas de amizade e parceria performática. Ao Klaus Aaron pelo apoio técnico. Aos professores Alexandre Zamith (UNICAMP) e Daniel Barreiro (UFU) que me inspiraram o início desse caminho no Mestrado. À pianista Araceli Chacon e ao falecido violonista Jodacil Damaceno, ambos pela valiosa orientação eternamente reconhecida e impregnada na minha expressão musical independente de suas diversas formas. Ao amigo Hugo Romano pela receptividade em me receber em terras longínquas durante uma viagem para um congresso na Europa durante o Doutoramento. Aos amigos de São Paulo: Celso Amâncio, Alexandre Romano, Raphael Moreira, Elisa Pupim, Luciana Cunha, Débora Peron e Léo que foram imprescindíveis durante esses 4 anos pelo seu acolhimento, humor e afeto compartilhado. Aos amigos de Uberlândia: Juraci Alves, Daniela Reis, Fabiana Machado, Milena Lage, Fabíola Benfica, Wilza Assunção, Cristiano Barbosa, Kely Lopes, Kelen Oliveira, Adelina, Mariana Melo, Mariana Corsini e aos irmãos Tannus pelo tamanho de seus corações. À Caroliny Pereira, Adriana Paes Leme, Rodrigo Michel, amigos mais do que queridos que, apesar de distantes compartilhamos essa jornada do Doutoramento. Ao Anderson Carvalho, à Júlia Jorge e família pela generosidade e amizade. Ao apoio da minha família (Arlene Avezum, Antônio Gallo, Carlos Arantes, Cláudio Arthur e demais) e da CAPES, ambos imprescindíveis. Ao Gabriel Henrique, por tudo. Por fim, agradeço a oportunidade concedida pela Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo. “No disco de vitrola as circunvoluções negras por um triz não se misturam com outros círculos mágicos: e daí sai a aura da música. Eu tenho aura musical. O disco eu o pego e perpasso de leve por pêlos de meu braço e os pêlos se arrepiam eriçados. É que sua aura toca a minha” (LISPECTOR, 1978). RESUMO PEREIRA, Carlos Arthur Avezum. O silêncio como afeto ou a escuta corporal na recente música experimental. 2017. 205 f. Tese (Doutorado em Música) – Escola de Comunicação e Artes, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2017. Na década de 1990 assistimos a uma tendência na música experimental localizada em diferentes países, a qual pode ser reconhecida como uma volta para o silêncio. Essa tendência é identificada na música do coletivo internacional de compositores-performers Wandelweiser com sede na Alemanha, no estilo Berlin Reductionism da cena Echtzeitmusik na cidade de Berlim, no Onkyô na cidade de Tóquio, no estilo lowercase/quiet microsound que é descentralizado geograficamente, além de outros. A notável relação com o silêncio de 4’33” composta em 1952 por John Cage, considerado o criador da música experimental, levanta questões sobre se essa volta para o silêncio poderia ser uma farsa como a recuperação de um dispositivo das vanguardas de meados do século XX ou se ela seria algo diferente disto. O primeiro objetivo deste trabalho é o de ‘compreender’ a escuta desse ‘novo silêncio’. Nota-se que o aspecto conceitual do silêncio dessa nova tendência na música experimental é algo de menor expressão se comparado com o seu aspecto ‘afetivo’. Dessa forma, optou-se por uma metodologia especulativa para saber o que o silêncio da recente música experimental ‘faz’ no ouvinte ao invés de saber o que esse silêncio ‘significa’. A metodologia é fundamentada pela Teoria do Afeto que consiste em uma volta no início deste século para a filosofia da imanência de Baruch Spinoza, ressignificada por Gilles Deleuze, Félix Guattari e outros. O método utilizado é o de meta-modelização de Guattari em que a interação de conceitos geram novos conceitos desconhecidos que, dessa forma, permite o devir de elementos que frequentemente escapam dos modelos baseados na representação. Argumentamos primeiramente que a escuta do silêncio na recente música experimental é uma escuta corporal, visto que seu silêncio é afetivo. Para chegarmos a tal resultado, partimos inicialmente de uma análise dos choques tanto das manifestações vanguardistas quanto os do mundo capitalista que, embora sejam de domínios diferentes ambos expressam um potencial para o estudo da recepção corporal. Em seguida, definimos uma noção de recepção corporal por meio do conceito de Corpo-sem-Órgãos. Em um terceiro momento discutimos a possibilidade de um modelo teórico que aborde a escuta para o que está além do som, ou seja, uma escuta corporal do som inaudível, indicando um uso estendido dos modelos ‘correlacionistas’ de escuta de Pierre Schaeffer e de Seth Kim-Cohen. Então apresentamos uma série de pesquisas e trabalhos artísticos sob a luz da Teoria do Afeto, além dos conceitos de ‘masoquismo produtivo’, ‘ruído afetivo’ e ‘escuta afetiva’. Finalmente apresentamos as recentes cenas da música experimental silenciosa que, com o auxílio da interação entre os conceitos discutidos anteriormente e o discurso de músicos e pesquisadores envolvidos com essas cenas torna-se possível especular que o seu silêncio afetivo pode promover um agenciamento para restabelecer a capacidade micropolítica da escuta atuar no ambiente. Essa pesquisa pretende assim contribuir com uma investigação sobre música no campo da Teoria do Afeto e uma investigação do afeto nos campos dos Estudos do Som e da Musicologia. Palavras-chave: música experimental. Teoria do Afeto. escuta. silêncio. corpo. ABSTRACT PEREIRA, Carlos Arthur Avezum. Silence as affect or bodily listening in the current scenario of experimental music. 2017. 205 f. Tese (Doutorado em Música) – Escola de Comunicação e Artes, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2017. In the 1990s we witnessed in different countries a trend in experimental music that can be acknowledged as a turn to silence. Such a trend is verified in the musical expression