Tese De Doutoramento
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N.º 13 / D / 07 Ano de 2007 TESE DE DOUTORAMENTO Apresentada à Universidade da Madeira LEONOR MARTINS COELHO A EXPERIÊNCIA FICCIONAL DE GÉRARD AKÉ LOBA: UTOPIA E CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE PÓS-COLONIAL Júri: Reitor da Universidade da Madeira Doutor João Ferreira Duarte (Universidade de Lisboa) Doutora Maria Eduarda Bicudo Azevedo Keating (Universidade do Minho) Doutora Maria de Lourdes Câncio Martins (Universidade de Lisboa) Doutora Ana Isabel Ferreira da Silva Moniz (Universidade da Madeira) Doutora Ana Margarida Simões Falcão Seixas (Universidade da Madeira) Doutora Celina Maria Rodrigues Martins (Universidade da Madeira) N.º 13 / D / 07 Ano de 2007 TESE DE DOUTORAMENTO Apresentada à Universidade da Madeira LEONOR MARTINS COELHO A EXPERIÊNCIA FICCIONAL DE GÉRARD AKÉ LOBA: UTOPIA E CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE PÓS-COLONIAL Júri: Reitor da Universidade da Madeira Doutor João Ferreira Duarte (Universidade de Lisboa) Doutora Maria Eduarda Bicudo Azevedo Keating (Universidade do Minho) Doutora Maria de Lourdes Câncio Martins (Universidade de Lisboa) Doutora Ana Isabel Ferreira da Silva Moniz (Universidade da Madeira) Doutora Ana Margarida Simões Falcão Seixas (Universidade da Madeira) Doutora Celina Maria Rodrigues Martins (Universidade da Madeira) UNIÃO EUROPEIA PROGRAMA OPERACIONAL PLURIFUNDOS DA REGIÃO FUNDO SOCIAL EUROPEU AUTÓNOMA DA MADEIRA 2 A EXPERIÊNCIA FICCIONAL DE GÉRARD AKÉ LOBA: UTOPIA E CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE PÓS-COLONIAL Dissertação de Doutoramento em Estudos Interculturais, apresentada à Universidade da Madeira, sob a orientação da Professora Doutora Maria de Lourdes Câncio Martins 3 AGRADECIMENTOS Lembrando os múltiplos apoios pessoais e institucionais de que beneficiei ao longo da presente dissertação de Doutoramento, quero aqui expressar o sentido reconhecimento e imensa gratidão: à Prof. Doutora Maria de Lourdes Câncio Martins, pelo privilégio de ter partilhado comigo o seu vasto saber, pela sua orientação atenta e constante ao longo do percurso deste trabalho. Pela sua sábia supervisão, pela disponibilidade de um empenho constante, o meu Muito Obrigada; à Universidade da Madeira, pela dispensa de serviço lectivo concedida para levar a bom termo a minha investigação; ao CITMA, pela bolsa de doutoramento, que permitiu suportar financeiramente parte deste estudo; à Professora Helene NG’besso, pela generosa disponibilização de bibliografia e essencial conhecimento de Gérard Aké Loba; aos amigos e colegas, pelo constante apoio, sobretudo nas horas de maior desânimo, o seu incentivo foi indispensável, um agradecimento especial à Luísa Pinho, à Helena Rebelo, ao Rui Formoso e à Isabel Falé. A estas, outras presenças se juntaram, a quem desejo expressar a minha amizade: à Belinha, à Carla e ao Agostinho, à Lucília e ao Miguel. ao Thierry, ao Rodrigo e ao Lourenço, pela ternura e pela dedicação e paciência com que sempre me apoiaram. A todos, o meu mais profundo agradecimento. 4 Ao Rodrigo, ao Lourenço e ao Thierry 5 GÉRARD AKÉ LOBA’S FICTIONAL EXPERIENCE: UTOPIA AND THE CONSTRUCTION OF A POST-COLONIAL IDENTITY Gérard Aké Loba’s fictional experience – Kocoumbo, l’étudiant noir (1960), Les fils de Kouretcha (1970), Les dépossédés (1973) and Le sas des parvenus (1990) – is anchored in the dynamics of culture, honourableness and respect for the Self and the Other, and is centred on the problematics of utopia and the construction of a post- colonial identity. Considering that Literature, as a semiotic system of text production and reception, is bound to a vision of the world, we analyse the relationships between the West (Europe) and the Francophone African regions (Ivory Coast) and how they manifest themselves on the path of metamorphoses leading to Post-Colonialism. The author’s fictional universe raises the issue of utopia and also dystopia as approached in the proposal of Éric Aunoble1, for whom utopias must be understood in their relations with time and with the present historicity as they try to respond “aux attentes de leurs temps”. Key words: Gérard Aké Loba, Ivory Coast, post-colonialism, utopia, dystopia, culture, identity, intercultural, acculturation, assimilation. 1 Éric Aunoble, “Les utopies, moteurs d’Histoire”, in Revue des deux mondes, Avril 2000, pp. 10-11. 6 A EXPERIÊNCIA FICCIONAL DE GÉRARD AKÉ LOBA: UTOPIA E CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE PÓS-COLONIAL A experiência ficcional de Gérard Aké Loba — Kocoumbo, l’étudiant noir (1960), Les fils de Kouretcha (1970), Les dépossédés (1973) e Le sas des parvenus (1990), ancorada na dinâmica de culturas, no respeito e na honorabilidade do Eu e do Outro, centra-se na problemática da utopia e da construção da identidade pós-colonial. Considerando que a Literatura, enquanto sistema semiótico de produção e recepção de textos, se encontra vinculada a uma visão do mundo, iremos ver como nela se manifestam as relações entre o Ocidente (Europeu) e as regiões da África francófona (Costa do Marfim) no percurso das metamorfoses que conduzem ao Pós-Colonialismo. Procuraremos, de igual modo, problematizar a utopia, e também a distopia, comungando da proposta de Éric Aunoble2, para quem estas questões deverão ser compreendidas na sua relação com o tempo e com a historicidade presente por tentarem responder “aux attentes de leurs temps”. Palavras-chave: Gérard Aké Loba, Costa do Marfim, pós-colonialismo, utopia, distopia, cultura, identidade, intercultural, aculturação, assimilação. 2 Éric Aunoble, “Les utopies, moteurs d’Histoire”, in Revue des deux mondes, Avril 2000, pp. 10-11. 7 Remettre les principes en question, c’est peut-être lutter et rêver. Je ne crois pas que la lutte et le rêve soient contradictoires. Edouard Glissant, Introduction à une poétique du Divers. L’utopie est proposition, profondément sociale et politique. Michel Wieviorka, “L’utopie comme réenchantement de la politique”. 8 SIGLAS UTILIZADAS KEN – Kocoumbo, l’étudiant noir LFK – Les fils de Kouretcha LD – Les dépossédés LSP – Le sas des parvenus 9 ÍNDICE INTRODUÇÃO..........................................................................................................................................12 PARTE I: IMPOSIÇÃO DO OUTRO ......................................................................................................25 1. DA HISTÓRIA À FICÇÃO: EXPERIÊNCIA DA SUBALTERNIDADE .................................................27 1.1. DO PARADIGMA DA INFERIORIDADE AO PATERNALISMO EUROPEU.................................................31 1.2. FICCIONALIZAÇÃO DA HISTÓRIA .....................................................................................................54 2. EFEITOS DA HERANÇA COLONIAL...................................................................................................84 2.1. COSMOVISÃO E REALISMO DA REPRESENTAÇÃO .............................................................................86 2.2. ASSIMILAÇÃO E EFEITOS BARROQUIZANTES ..................................................................................108 PARTE II: UTOPIA E CONFORMAÇÃO DO EU ...............................................................................120 1. PERCEPÇÃO DA DIFERENÇA E EMANCIPAÇÃO CULTURAL .....................................................128 1.1. DO GLOBAL AO LOCAL..................................................................................................................131 1.2. NEGRITUDE E CONSCIENCIALIZAÇÃO FRANCÓFONA .......................................................................146 2. CONTINUIDADE E MUDANÇA NA PRODUÇÃO AKELOBIANA....................................................165 2.1. DO QUESTIONAMENTO À MODALIZAÇÃO .......................................................................................168 2.2. ENTRE O UNO E O DIVERSO: OS SENTIDOS DA MUDANÇA...............................................................198 PARTE III: IDEALIZAÇÃO E (DES)ILUSÃO PÓS-COLONIAL ......................................................229 1. EMPENHAMENTO DO TEXTO E CRÍTICA DO CONTEXTO...........................................................239 2. IMAGINÁRIO DOS MUNDOS INVERTIDOS .....................................................................................269 3. UM OUTRO MUNDO POSSÍVEL? .....................................................................................................299 10 CONCLUSÃO..........................................................................................................................................316 BIBLIOGRAFIA .....................................................................................................................................320 APÊNDICES ...........................................................................................................................................356 ÍNDICE DE AUTORES..........................................................................................................................361 11 INTRODUÇÃO 12 INTRODUÇÃO Este trabalho, que surgiu do processo de leccionação das disciplinas de Literatura de Expressão Francesa e de Cultura Francesa no Departamento de Estudos Romanísticos da Universidade da Madeira, é o resultado dos desafios constantes que a empatia com a cultura africana, em geral, e a da costa-marfinense, em particular, nos suscitou ao longo da nossa vinculação ao ensino e à investigação científica. Dada a dimensão das possibilidades de abordagem dentro do mundo francófono3, optámos por contemplar a África Negra, na sua visão contemporânea, porventura mais complexa pela herança de uma tripla tradição cultural. Uma tradição, como sublinha Jahnheinz Jahn4,