Netflix E a Estética Do Banco De Dados
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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CENTRO DE EDUCAÇÃO, FILOSOFIA E TEOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO, ARTE E HISTÓRIA DA CULTURA Helena Zanella Prates Netflix e a estética do banco de dados São Paulo 2017 Helena Zanella Prates Netflix e a estética do banco de dados Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Educação, Arte e História da Cultura da Universidade Presbiteriana Mackenzie, e à banca examinadora, como requisito à obtenção de título de Mestre em Educação, Arte e História da Cultura. Orientadora: Prof.ª Dra. Jane de Almeida São Paulo 2017 P912n Prates, Helena Zanella. Netflix e a estética do banco de dados / Helena Zanella Prates. 107 f. : il. ; 30 cm Dissertação (Mestrado em Educação, Arte e História da Cultura) – Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2018. Orientador: Jane Mary Pereira Almeida Bibliografia: f. 93-96. 1. Estética do banco de dados. 2. Internet Tv. 3. Tv conectada. 4. Convergência. 5. Novas mídias. 6. Internet. 7. Netflix. 8. Audiovisual. I. Almeida, Jane Mary Pereira, orientador. II. Título. CDD 791.45 Agradecimentos À CAPES/PROSUP e à Universidade Presbiteriana Mackenzie, pela bolsa concedida no período de um ano, incentivo fundamental para a conclusão desta pesquisa; À professora Jane de Almeida pela generosidade e pelo incentivo constante ao conhecimento; Ao Armando Prates pela constante generosidade e pelo sólido apoio ao meu crescimento pessoal e profissional. Ao Mateus Teixeira e demais amigos que conheci durante o mestrado pelo apoio e pela alegria do convívio. Resumo A convergência da internet com a televisão faz surgir uma “nova mídia”, que tem sido chamada de “Internet TV” (HUNT, URIBE, 2015) ou “TV Conectada” (BRENNAN, 2013), a presente pesquisa pretende avaliar se tal convergência está também ocorrendo em relação às linguagens desses meios. Além de apresentar um debate sobre a convergência dos meios, também reflete sobre uma linguagem dos Bancos de Dados a partir de autores como Lev Manovich, Victoria Vesna, Christiane Paul, Sharon Daniel, entre outros, para analisar a produção de filmes e séries do serviço de streaming de vídeo Netflix, principal representante dessa “nova mídia”. A partir desse conteúdo, a presente dissertação procura observar a convergência de linguagens demonstrando as modificações recentes da plataforma de distribuição audiovisual em relação ao grau de convergência entre os filmes e séries e as possibilidades técnicas e estéticas provenientes do formato de bancos de dados, apresentando duas possíveis novas linguagens de produção audiovisual: linguagem interativa e linguagem algorítmica. Palavras-chaves: Estética do Banco de Dados; Internet TV; TV Conectada; Convergência; Novas Mídias; Internet; Netflix; Audiovisual. Abstract The convergence of the Internet with television brings about a “new media”, which has been called “Internet TV” (HUNT, URIBE, 2015) or “Connected TV” (BRENNAN, 2013), the present research intends to evaluate if such convergence would also occur in relation to the languages of these media. After a debate on the convergence of media, this dissertation reflects on the language of Databases from authors such as Lev Manovich, Victoria Vesna, Christiane Paul, Sharon Daniel, among others, to analyze the film production of the service streaming video Netflix, the main representative of this “new media”. From this content, the current research tries to observe the convergence of languages demonstrating the recent changes of the film and series provider in relation to the degree of convergence between the films and series and the technical and aesthetic possibilities coming from the format of databases. Keywords: Database Aesthetics; Internet TV; Connected TV; Convergence; New Media; Internet; Netflix; Audiovisual. Sumário Introdução ............................................................................................................................................ 8 Cap. 01 – Netflix e a lógica do Banco de Dados .................................................................. 16 1.1- Netflix ícone da Internet TV .......................................................................................... 24 1.2- Netflix e o Cinema de Bancos de Dados .............................................................................. 34 Cap. 02 – Conteúdo e plataforma Netflix ............................................................................. 38 2.1- Organização do Banco de Dados Netflix ................................................................... 45 2.2- Destaque dos dados do ano de 2017 sobre a Netflix ................................................ 52 2.3 - Conteúdo “original” do Banco de Dados Netflix visualizado para o presente trabalho ................................................................................................................................... 55 Cap. 03 – Novas possibilidades de linguagens audiovisuais feitas e distribuídas através da Internet TV e do Cinema de Banco de dados:. ........................................................................... 63 3.1- Linguagem interativa: a relação entre espaço e imagem ......................................... 67 3.2 – A linguagem algorítmica ........................................................................................... 89 Considerações finais ............................................................................................................... 89 Referências .............................................................................................................................. 93 Introdução O presente trabalho pretende refletir e argumentar sobre a Estética do Banco de Dados e sobre a convergência de mídias e de linguagens, temas que merecem a atenção de qualquer pessoa em sintonia com a criação da realidade atual e por vir. Para isso, e por esta pesquisa ter como vertente a Estética do Banco de dados especificamente na produção e distribuição audiovisual, escolheu-se ter como foco de análise a Netflix, banco de dados que produz e distribuiu dados audiovisuais. A escolha do objeto de estudo desta dissertação também se deu por outros fatores, que serão demonstrados e devidamente argumentados no decorrer deste trabalho. Para se compreender este tema foi preciso refletir, primeiramente, sobre o campo comunicacional e as várias mudanças que esta área do conhecimento humano sofreu nos últimos anos, devido ao digital e à internet, que modificaram os modelos de comunicação e os meios de distribuição dos objetos culturais. A reflexão sobre a modificação nos modelos de comunicação foi realizada para a construção do memorial de qualificação desta dissertação. Assim, concluiu-se que essa modificação se iniciou com a digitalização dos dados. O digital substituiu a película por dados, a fita e o vinil que registravam o som também foram substituídos por dados. A popularização da internet, a partir de meados dos anos 1990, fez com que a cultura contemporânea se tornasse uma e-cultura, uma grande quantidade de dados a ser estruturada por códigos. “Na comunicação cultural, um código raramente é simplesmente um mecanismo de transporte neutro; geralmente afeta as mensagens transmitidas com sua interferência”1 (MANOVICH, 2000, p. 64, tradução nossa). Dessa forma, os códigos que estruturam e distribuem os dados culturais contemporâneos estão também influenciando a criação e produção desses dados. A internet – aqui considerada igualmente como um gigante banco de dados (como será devidamente argumentado ao longo deste trabalho) – possui os principais códigos da cultura contemporânea. Portanto, ela é o principal meio de distribuição e influência na criação dos dados culturais atuais. Assim, pode-se supor que dentro deste novo contexto cultural também se crie uma nova linguagem, uma nova estética, uma estética do banco de dados, e suas possibilidades de linguagens. Manovich (2000) sugere que, “as narrativas de novas mídias podem explorar as 1“In cultural communication, a code is rarely simply a neutral transport mechanism; usually it affects the messages transmitted with its help”. 8 novas possibilidades estéticas e de composição oferecidas por um banco de dados do computador”2 (MANOVICH, 2000, p. 10, tradução nossa). Esta dissertação tem interesse específico nessas novas possibilidades estéticas e narrativas oferecidas (ou não) por um banco de dados, por isso, avaliou-se uma amostragem do conteúdo produzido pela Netflix. O objetivo foi o de se observar se há novas linguagens narrativas audiovisuais surgindo deste modelo de produção e distribuição de áudio e imagens em movimento, e se concluiu que, sim, há novas possibilidades de linguagens audiovisuais decorrentes dessa nova forma de produção e distribuição audiovisual. Outra mudança causada pelo contexto cultural contemporâneo, da e-cultura, aconteceu na relação entre emissor e receptor, dentro dos processos comunicacionais. A web 2.0, no início dos anos 2.000, modificou sobretudo a relação entre emissor e receptor, tornando o então “espectador” em usuário dos conteúdos audiovisuais, já que segundo Manovich et al.: “[...] As possibilidades técnicas oferecidas pela Web 2.0, portanto, mudaram a maneira como nos comportamos, trazendo a possibilidade de usarmos, ou melhor, reutilizarmos os conteúdos visuais ao invés de apenas os visualizarmos.”3 (MANOVICH et al., 2015, p. 115, tradução nossa). Ainda de acordo com Manovich (2000), a digitalização da cultura também influencia uma nova transação nos meios de distribuição. Um exemplo das novas estruturas de distribuição