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EIXO TEMÁTICO: ( ) Biogeografia e a Paisagem ( ) Biogeografia e as Mudanças Climáticas ( ) Biogeografia e a Educação Ambiental ( ) Biogeografia e Saúde ( ) Biogeografia Histórica ( x ) Biogeografia e Conservação ( ) Biogeografia e Agronegócio ( ) Biogeografia e Agroecologia ( ) Biogeografia e SAFs ( ) Biogeografia e a Educação Ambiental

Análise de integração do plano diretor do município de Colorado/PR com o Plano da Bacia do Piraponema.

Gustavo Luciano Blonski Silva Mestrando em Geografia pela UNESP [email protected]

Rodrigo Babora Borri Mestrando em Geografia pela UNESP [email protected]

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Resumo: O estudo diz respeito a importância de integração entre o plano diretor municipal e o plano de bacia, escolhendo para análise o município de Colorado, localizado no estado do Paraná, que é abastecimento pelos rios Pirapó e Paranapanema 3 e 4, como forma de garantia do fornecimento do recurso natureza água, para as necessidades da população, mas também com a preocupação de não contaminação, conservação de nascentes e recurso hídricos.

Palavra-chave: Plano Diretor; Bacias Hidrográficas; Recursos Hídricos; Gerenciamento.

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INTRODUÇÃO

O presente artigo científico tem por objetivo a análise da integração do plano diretor aplicado no município de Colorado/PR com o plano da Bacia do Piraponema. No entanto para que a análise fosse apresentada, fez-se necessário a conceituação do que seria o plano diretor, seu modo de criação e a sua finalidade, além de apresentar a definição de Plano de Bacias Hidrográficas e Gerenciamento de Recursos Hídricos que, em conjunto, formam todo o campo de pesquisa sugerido no presente artigo. Ainda, preocupou-se em trazer dados geográficos sobre a localidade do município de Colorado/PR, bem como a sua história de fundação, rememorando o modo primitivo que era, para hoje gerar a um município de mais de 20 mil habitantes. Também busca-se, no presente estudo a análise do Plano Diretor Municipal de Colorado associado ao Plano da Bacia do Piraponema, em especial ao texto legal trazido pelo artigo 66 do PDM, o qual estabelece as diretrizes da política municipal de saneamento básico e a necessidade de uma integração entre os planos em busca de um objetivo único que é a preservação das áreas permanentes, constituídas por nascentes. Para tanto utilizou-se do método dedutivo-hipotético, através de estudos de materiais bibliográficos constituído pela legislação brasileira, artigos científicos, dissertações de conclusão de curso, livros e sites disseminados pela internet.

DESENVOLVIMENTO

BREVE CONSIDERAÇÃO

Os Planos de Bacias Hidrográficas são um instrumento de gestão de recursos hídricos que definem as diretrizes gerais para o desenvolvimento local e regional em curto, médio e longo prazo. A área de abrangência do Plano é a Unidade Hidrográfica de Gerenciamento de Recursos Hídricos, que pode compreender uma bacia hidrográfica, um conjunto de bacias hidrográficas e/ou partes de uma bacia hidrográfica, por ser de grande extensão ou localizada dentro de uma base territorial de mais de uma unidade federativa. Segundo a Lei Estadual 12.726/99, que instituiu a Política Estadual de Recursos Hídricos e cria o Sistema Estadual de Gerenciamento de Recurso Hídricos no Estado do Paraná, são partes integrantes dos Recursos Naturais do Estado: a Política Estadual de Recursos Hídricos e o Plano de Bacia Hidrográfica.

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A Política Estadual de Recursos Hídricos pode ser entendida como o plano estratégico da gestão dos recursos hídricos, traçando as principais linhas de aproveitamento e proteção dos recursos hídricos do Estado, sendo elaborado com base em planejamentos efetuados nas bacias hidrográficas. Já o Plano da Bacia Hidrográfica pode ser compreendido como o conjunto de ações a serem desenvolvidas nas bacias, além de ter a função de orientar na implementação da Política Estadual de Recursos Hídricos. Entretanto, para que o Plano seja aprovado, necessário a sua apresentação e anuência perante o Comitê de Bacia e a sua execução pela AGUASPARANÁ, de acordo com as atribuições conferidas pela Agência da Bacia Hidrográfica. O artigo 9º da Lei Estadual 12.726/99 dispõe que:

Art. 9º. O Plano de Bacia Hidrográfica é de longo prazo, com horizonte de planejamento compatível com o período de implantação de seus programas, projetos, ações e atividades e terá o seguinte conteúdo mínimo: I - diagnóstico da situação atual dos recursos hídricos; II - análise de cenários alternativos de crescimento demográfico, de evolução de atividades produtivas e de modificações dos padrões de ocupação do solo; III - balanço entre disponibilidade e demandas futuras dos recursos hídricos, em quantidade e qualidade, com identificações de conflitos potenciais; IV - metas de racionalização de uso, adequação da oferta, melhoria da qualidade dos recursos hídricos disponíveis, proteção e valorização dos ecossistemas aquáticos; V - medidas a serem tomadas, programas a serem desenvolvidos e projetos a serem implantados, para o atendimento de metas previstas; VI - divisão dos cursos de água em trechos de rio, com indicação da vazão outorgável em cada trecho; VII - prioridades para outorga de direitos de uso de recursos hídricos; VIII - diretrizes e critérios para cobrança pelos direitos de uso dos recursos hídricos; IX - propostas para a criação de áreas sujeitas a restrição de uso, com vistas à proteção dos recursos hídricos e dos ecossistemas aquáticos. X - propostas de enquadramento dos corpos de água em classes segundo usos preponderantes. (Incluído pela Lei 16242 de 13/10/2009)

Dentro do Plano da Bacia Hidrográfica se faz necessário traçar, além dos objetivos acima especificados, o enquadramento dos corpos de água em classes segundo o seu uso preponderante, visando assegurar qualidade às águas, bem como subsidiar o processo

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de concessão de outorga de direitos de uso dos recursos hídricos e promover a redução dos custos de combate à poluição das águas, mediante ações preventivas permanentes. Além da Política Estadual de Recursos Hídricos e o Plano de Bacia Hidrográfica, não podemos deixar de mencionar acerca dos planos diretores, que é instrumento básico da política de desenvolvimento de um Munícipio, possuindo como finalidade, orientar a atuação do poder público e da iniciativa privada na construção de espaço urbanos e rurais com oferta de serviços públicos essenciais, assegurando melhores condições de vida à toda a população. Contudo, o plano diretor somente é exigido para municípios com mais de 20.000 habitantes, sendo criado por iniciativa de quem detém o cargo de Prefeito, que deve criar elementos de investimento em saneamento, transporte coletivo, educação, saúde, ou seja, todos os setores que beneficiem a população residente naquela localidade. Não obstante, para que o Plano Diretor Municipal seja criado, e as demais leis urbanísticas que a compõem, se faz necessário que estejam em consonância com os demais dispositivos legais vigentes como: a Constituição Federal, a Constituição do Estado do Paraná, o Estatuto da Cidade (Lei n°10.257/01), a Política de Desenvolvimento Urbano da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano do Paraná (Decreto n°. 2.581 de 17/02/04), a Lei Estadual n°. 15.229/2006, o Decreto Federal n°. 5.031/04 que instituiu o Conselho das Cidades (CONCIDADES), a Lei Orgânica Municipal, a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e o Plano Plurianual (PPA) Municipal, a Lei Federal n°. 6.766, o Código Florestal, dentre outras. Ademais, os planos diretores têm como objetivo: promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano. (Brasil, 1988). Sendo de extrema importância que seja analisado pelos municípios, quando da criação do plano diretor pelo Poder Executivo Municipal, a análise adequada de ocupação e uso do solo, considerando as fragilidades e a capacidade de sua extensão, visto que nas últimas décadas, a grande expansão desenfreada das zonas urbanas e a desqualificação do Estado em solucionar o problema da necessidade de moradias para os moradores de baixa renda, acabam sendo resolvidos pelo Município que constroem em locais de risco para desastres ambientais e em regiões periféricas de difícil acesso. Razão que, é importante o planejamento adequado para se reduzir e prevenir desastres e garantir a inclusão dessas pessoas em um ambiente digno. Para José Afonso da Silva, têm-se como fundamental que:

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[...] os planos sejam exatamente adequados à realidade do Município, que correspondam aos problemas efetivamente sentidos pela população e àqueles que existem objetivamente, ainda que não sejam bem conscientes na comunidade (SILVA, 2009).

No entanto, muito se observa que, na maioria das cidades, o contraste na divisão de riquezas está inserido em bairros ou condomínios de luxo, em decorrência da localidade geográfica ao qual pertencem. A cidade é vista cada vez mais como um centro de aglomeração e replicação capitalista, ao mesmo tempo, também concentra pobreza e fragilidades, principalmente pela separação socioespacial. A esse respeito, é preciso considerar que:

Por conseguinte, na complexa e dinâmica produção social do espaço, o planejamento urbano insere-se como um dos domínios de intervenção mais importantes das autoridades públicas, com os planos diretores sendo os instrumentos que, de forma mais detalhada, definem as regras de uso, ocupação e transformação dos solos urbano e rural. (Lopes, Sousa, Oliveira, 2018 p. 323).

Desse modo, feitas as considerações iniciais, passemos a tratar especificamente sobre o objeto de pesquisa ao qual foi proposto discorrer o presente.

DA LOCALIZAÇÃO DO MUNICÍPIO

A criação da cidade de Colorados ocorreu no ano de 1948, quando a Companhia Companhia Colonizadora Imobiliária e Agrícola de Catanduva (CIAC), possuidor de uma gleba de terra denominada Bacia do Pirapó, no município de Jaguapitã, decidiu por dividir e demarcar suas terras em lotes rurais e urbanos, com o intuito de fundar uma cidade; contratando para a demarcação os serviços dos engenheiros CAYAMORI e REBELLO. Naquela época, as lavouras de café estavam em plena expansão na região, motivo que as terras férteis acabaram por logo, atraindo migrantes de todo o País para àquela localidade, principalmente residentes do Estado de São Paulo, que já no final do ano de 1948, passaram a morar na nova cidade fundada, transformando floresta em sítios e fazendas, sendo os primeiros moradores conhecidos pelo nome de: Antônio Roberto, José Consalter, Rodolfo Consalter e Hideu Akiyama.

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Passado seis anos, aproximadamente no ano de 1954, devido ao rápido crescimento e expansão da cidade, o território foi desmembrado do município de Jaguapitã, ganhando sua própria autonomia, deixando de ser distrito para também ser município, mas agora, município de Colorado/PR, segundo a Lei Estadual 253, de 2 de dezembro de 1954, ao qual seria governado pelo primeiro prefeito eleito Sr. Jeronimo Ribeiro. O desenvolvimento da cidade foi de extrema grandeza que, no ano de 1962, sob o mandato do Sr. Arcílio Frankini (1958 – 1962), foi criado o primeiro Distrito que iria pertencer a Colorado/PR, ao qual foi dado o nome de Alto Alegre, através da Lei Municipal nº 49, de 21 de setembro de 1962. No entanto, com o crescimento exacerbado do município, Colorado foi elevado a categoria de Comarca, através da Lei 4.667 de 29 de dezembro de 1962, ao qual passaria a abranger os municípios de: Santo Inácio, Itaguajé, Santa Inês e Nossa Senhora das Graças, tendo ainda a nomeação do Juiz substituto, Sr. Antônio O. Gonçalves, bem como a criação de: Cartório Civil, Comércio e Anexos, Cartório Eleitoral, Cartório de Crime e do Júri, Cartório de Distribuição e Anexos, Cartório de Registro de Imóveis. O município de Colorado está localizado na região Norte Central do Estado do Paraná, nas coordenadas geográficas de: Latitude 22°50’16” no Hemisfério Sul e Longitude de 51°58'22" à oeste de Greenwich, sendo limítrofe aos municípios de Santo Inácio, , Itaguajé e Nossa Senhora das Graças. A distância da cidade de Colorado até a capital do Estado Curitiba, é de aproximadamente 507 km.

Figura 1: Localização de Colorado no Paraná

Fonte: IBGE, 2019.

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Ainda, consigne-se que a área geográfica do município de Colorado/PR é estimada em 412.233 km², com uma população de aproximadamente 23.941 habitantes. Também apresenta uma densidade de 58.08 hab/km² com altitude de 380 metros. E, segundo dados do IBGE, apresenta um clima Subtropical Cfa com fuso horário UTC-3 (IBGE, 2018). Além de indicadores de IDH-M de 0,782 (alto); PIB de R$ 85.272.010,00 e PIB per capita: R$ 26.037,64.

DO PLANO DIRETOR

A cidade de Colorado/PR como trazido acima foi fundada no ano de 1948, porém, foi seu Plano Diretor de 2006, elaborado pela empresa DRZ GEOTECNOLOGIA E CONSULTORIA LTDA e revisado em 2017 pela mesma, que foi utilizado como parte integrante do processo de planejamento municipal, sendo um instrumento básico da política de desenvolvimento urbano, cujas diretrizes e prioridades nele contidas deverão ser incorporadas pelo Plano Plurianual (PPA), pela Lei de Diretrizes Orçamentais (LDO) e pelo Orçamento Anual (LOA). O Plano Diretor do município tem como objetivo principal a garantia da função social da cidade e da propriedade, estabelecendo estratégias de desenvolvimento municipal, com definição do processo administrativo de planejamento urbano, determinar o traçado do perímetro urbano, propor o uso e ocupação do solo urbano e rural por meio do zoneamento, disciplinar o parcelamento do solo e implantação de loteamentos, hierarquizar e classificar o sistema viário urbano e formular o código de obras e posturas. Consigne-se que, o Plano Diretor não é apenas criado e deve ser obedecido ao longo dos anos, pelo contrário, em decorrência das mudanças territoriais e aumento populacional, admite-se a sua revisão, tendo em vista que prioriza o debate e a harmonia de interesses não só no aspecto político, mas acima de tudo no bem estar de toda a comunidade que integra o município.

PLANO DE BACIA DO PIRAPONEMA

A bacia de Piraponema é formada pelas Bacias: Pirapó e Paranapanema 3 e 4, cuja unidade Hidrográfica de Gerenciamento de Recursos Hídricos do Piraponema foi criada pela Resolução 49/06 do Conselho Estadual de Recursos Hídricos, abrangendo uma área

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de 12.797 Km2 e uma população de 791.452 habitantes; além de estar composta pelos seguintes municípios: Ângulo, Alto Paraná, , Apucarana, , Astorga, Atalaia, Bela Vista do Paraíso, , Cambé, , Centenário do Sul, Colorado, Cruzeiro do Sul, , Florestópolis, Flórida, Guairacá, Guaraci, , Inajá, Itaguajé, Itauna do Sul, Jaguapitã, Jandaia do Sul, Jardim Olinda, Loanda, Lobato, Lupionópolis, Mandaguaçu, , , , Maringá, , Munhoz de Mello, Nossa Senhora das Graças, Nova Esperança, , Paranacity, , Paranavaí, Pitangueiras, Porecatu, , Presidente Castelo Branco, Primeiro de Maio, Rolândia, Sabáudia, Santa Fé, Santa Inês, Santo Antonio do Caiuá, Santo Inácio, São João do Caiuá, Sarandi, Terra Rica e . A Unidade de Gerenciamento Piraponema localizada no baixo curso e na vertente esquerda da Bacia do Rio Paranapanema. Quando da criação do Plano da Bacia do Piraponema, foi instituído um Comitê através do Decreto 2.245 de 03 de março de 2008, sendo um órgão colegiado, vinculado ao Conselho Estadual de Recursos Hídricos, com atribuições normativas, consultivas e deliberativas à serem exercidas na jurisdição que compreende as bacias hidrográficas do Pirapó, Paranapanema 3 e 4 e seus afluentes descritos pela Resolução 49/CERH/PR, de 20 de dezembro de 2006, fazendo-se o gerenciamento dos recursos hídricos, cujo município de Colorado/PR está inserido.

Figura 2: Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos - Piraponema

COLORADO

Fonte: Plano de bacia do Piraponema.

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Segundo o Plano de Bacia do Piraponema, o Rio Pirapó nasce em Apucarana a 1.000 m de altitude, possuindo 5.098,92 km² seguindo por 168 km para o norte no rio Paranapanema, no município de Jardim Olinda e drenando mais 33 municípios de diversos portes e com diversas atividades, como agropecuária e indústria. Considerando que um dos instrumentos do gerenciamento de recursos hídricos é o enquadramento dos corpos d’águas e que este deve ser utilizado não somente para separar os corpos d’água em classes de qualidade, mas que também deverá propor a classe mais adequada para cada curso d’água dentro de um horizonte temporal, este instrumento foi utilizado como ponto de partida e orientador para o Plano de Bacia do Piraponema, no qual são apresentados os diagnósticos gerais para a demanda de recursos hídricos e de enquadramento, bem como também os cenários para demanda e a proposta de reenquadramento dos cursos d’água. Não obstante, quando da elaboração do plano da Bacia do Piraponema, de modo pretérito é apresentado um documento denominado “Estudo Específico – Reenquadramento de Corpos D’Água e Plano para Efetivação do Enquadramento”, que segundo a AGUASPARANA orienta, seria:

O estudo para reenquadramento compreende os cursos d’água principais de cada bacia hidrográfica da UGRHI, os seus afluentes de primeira ordem e quaisquer cursos d’água que atravessem sedes urbanas, ou recebam efluentes de ETEs domésticos ou industriais.

O estudo específico - Reenquadramento de Corpos D’Água e Plano para Efetivação do Enquadramento é importante porque possui como objetivo básico, possibilitar a avaliação da qualidade da água e o atendimento a classes de enquadramento de segmentos da rede de drenagem. Razão que, após a aprovação da proposta da “Atualização do Enquadramento” pelo Conselho Estadual de Recursos Hídricos – CERH, caberá aos gestores, seja do Comitê de bacias, seja de outros setores governamentais, acompanhar a efetivação do enquadramento. Isso porque, tal efetivação dependerá da articulação entre vários tipos de gestão, quais sejam: ambiental, de saneamento, territorial e de recursos hídricos, considerando principalmente os gestores municipais, uma vez que são os grandes responsáveis por implementar a gestão do uso e ocupação do solo que impactam diretamente a qualidade das águas. Quando avaliamos o reenquadramento dos corpos d’água, observamos que no município de Colorado, o rio Ribeirão Jupira e o córrego Água da Cachoeira, é onde

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desagua o Rio Pirapó, razão que ambos cursos d’água sofrem influência das atividades desenvolvidas na cidade, seja pelo uso e ocupação do solo, que alteram diretamente a dinâmica dos escoamentos superficiais, seja pelos despejos de efluentes domésticos e industriais, que passaram por tratamento prévio, ou não, impactando diretamente a qualidade da água destes cursos. Segundo o Plano de Bacia do Piraponema, o município de Colorado possui Estação de Tratamento de Esgoto operada pelo próprio município, onde são coletados 96,1% do esgoto doméstico e todo o esgoto coletado é tratado, com eficiência média de 70% de remoção da carga de DBO5,20.

Figura 3: Localização dos rios

Fonte: Gustavo Luciano Blonski Silva

O cenário tendencial é de que se mantenha esse índice de coleta e tratamento, porém, o cenário proposto é que a coleta se mantenha em 96,1%, com tratamento de 100% do que é coletado e a eficiência seja elevada para 90% de remoção da carga de DBO5,20, ou seja, 20% a maior do que se apresenta.

PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE COLORADO

O Plano Diretor Municipal, o qual estabeleceu o zoneamento urbano, além de propor a expansão do perímetro urbano em direção o córrego da Água da Cachoeira, propôs o estabelecimento de uma zona industrial em torno deste mesmo curso d’água em local anexo à malha urbana já implantada, como é apresentado a seguir:

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Figura 4: Expansão do Perímetro Urbano – Traçado em Vermelho

Fonte: Gustavo Luciano Blonski Silva

Figura 5: Estabelecimento de Zona Industrial – Área em Magenta

Fonte: Gustavo Luciano Blonski Silva

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Como apresentado no Plano de Bacia do Piraponema, foi proposto uma redução de 51% da carga que aportaria nos cursos d’água em 2030 (Tendencial versus Proposto), sendo que 24,5% está relacionada a melhorias na prestação dos serviços de saneamento básico e 74,4% a um controle nos lançamentos de efluentes industriais, que correspondem a 30 toneladas de DBO, sendo 6,7 toneladas de DBO proveniente do saneamento básico doméstico e 20,3 toneladas de DBO proveniente de efluentes industriais. Do mais, verifica-se um descompasso no diz respeito ao incremento da qualidade da água do córrego Água da Cachoeira, visto que o zoneamento proposto avança para as áreas próximas a este curso d’água em detrimento da expansão em áreas afastadas de cursos d’águas e suas respectivas áreas de preservação permanente. Ainda, o Plano Diretor do município de Colorado, no que diz respeito ao Saneamento básico traz em seu artigo o seguinte:

Art. 66. São diretrizes da política de saneamento básico: I - Monitorar e adequar o despejo de efluentes nos cursos de águas, sob pena de sanções legais; II - Preservar e conservar as faixas não edificáveis dos cursos hídricos, para garantia de preservação da qualidade de água e do meio ambiente mediante a implantação de programas específicos; III - criar programas para a separação do lixo reciclável nos domicílios, logradouros e instituições públicas; IV - Implantar programas de educação sanitária voltada às questões de saneamento, ou seja, esgotamento sanitário, drenagem urbana e abastecimento de água.

Já em seu artigo 77,

Art. 70. A política de desenvolvimento e ordenamento físico territorial será pautada nas seguintes diretrizes: I - Identificar diferentes realidades das regiões do Município, orientar o planejamento e a definição de políticas públicas, especialmente aquelas definidoras e/ou indutoras do processo de ocupação e/ou urbanização; II - Delimitar áreas urbanas garantindo o cumprimento da função social da propriedade; III - racionalizar a ocupação do espaço urbano, de expansão urbana e rural

E posteriormente ao tratar sobre a Política Municipal de Meio Ambiente e seus instrumentos, regula seu exercício na redação do artigo 80, inciso XXVII, in verbis:

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XXVII - Integrar-se ao Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos e articular-se com os órgãos públicos competentes, visando à consecução, no âmbito do Município, dos objetivos da Política Nacional dos Recursos Hídricos, estabelecidos na legislação federal pertinente.

Significa que, o Plano Diretor Municipal de Colorado deve estar integrado ao Plano de Bacia do Piraponema, ao qual também se encontra integrado no Plano de Bacia do Paranapanema, e que, portanto, deve considerar as proposições dos cenários futuros para que os objetivos dos planos sejam atingidos. Desse modo, sendo inserido pela proposta de Reenquadramento do Curso d’Água, exige-se que seja realizado o cuidado necessário para se manter a qualidade das águas e que sofrem influência direta do uso e ocupação do solo do entorno dos corpos d’água, bem como também, dos despejos realizados , principalmente no que diz respeito ao efluentes industriais.

CONCLUSÃO

Conforme podemos evidenciar do presente estudo, após a conceituação de todos os elementos necessários para o estudo do caso, há uma obrigação jurídica por parte do município da criação de um Plano Diretor Municipal que deve ser integrado ao Plano da Bacia, na qual o município se encontra inserido. Porém, quando avaliado especificadamente para o município de Colorado/PR, observa-se a ausência dessa integração, o que não pode ser admitido e nem aceito. Até mesmo porque, é obrigação do município de Colorado tratar sobre a matéria de “Enquadramento dos Corpos D’Águas”, seja em seu Plano Diretor, seja na Política Municipal de Meio Ambiente, o que não fez realizando. A preocupação com que os planos sejam integrados deve existir e se exigir do Poder Executivo postura mais ativa quanto a sua criação, tendo em vista que, com o crescimento populacional, haverá, como já existe, influência no meio ambiente que cerca o perímetro urbano, tendo em vista que são 3 rios que desaguam no município, bem como sofrer risco de contaminação, através dos descartes de resíduos sólidos domésticos e industriais, que se não tratados, irão ocasionar na redução do fornecimento de água para os recursos necessários, além de ocasionar no risco de sua escassez, já que tratamos de um bem da natureza disponível, porém esgotável.

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