Fela, De Carlos Moore: Narrativas De Um Abiku

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Fela, De Carlos Moore: Narrativas De Um Abiku FELA, DE CARLOS MOORE: NARRATIVAS DE UM ABIKU Gustavo Oliveira Bicalho* * [email protected] Mestre em Estudos Literários (PÓS-LIT/UFMG). RESUMO: Este artigo busca fazer um estudo do livro Fela. ABSTRACT: This article intends to study the book Fela. Esta Esta vida Puta, assinado pelo etnólogo cubano Carlos Moore, vida Puta (Fela. This bitch of a life), written by the Cuban tendo como foco as estratégias de elaboração de uma narra- ethnologist Carlos Moore. It focuses on the strategies used tiva biográfica composta por várias vozes. A obra tem como in order to build a biographic narrative which has been com- base uma série de entrevistas realizadas por Moore entre posed by a variety of voices. The work is based on a series 1981 e 1982, com Fela Kuti e outras figuras-chave de sua vida, of interviews taken by Carlos Moore between 1981 and 1982 as quais complementam ou questionam a voz do biografa- with Fela Kuti and other key figures in his life whose voice do. Nota-se que a montagem do texto toma alguns temas complements or questions that of the biographic subject. It típicos das narrativas biográficas (predestinação, aconteci- is noticed that the text is assembled through the use of some mento traumático e epifanias) como princípio organizador typical themes in the biographic narratives (predestination, das entrevistas. Além disso, a obra conta com a presença tragic event and epiphany). Besides, there is Afa Ojo, the intrigante de Afa Ojo, personagem espiritual da falecida mãe intriguing spiritual character of Fela’s deceased mother. As de Fela. Artifício dramático, a narrativa de Afa Ojo opera a dramatic artifice, Afa Ojo redefines the meanings in her uma ressignificação da vida do filho sob o signo do Abiku, son’s life under the sign of Abiku, a mythological Yoruba espírito da mitologia ioruba, nascido duas vezes na mesma spirit who is born twice into the same family. Combined, família. Articuladas, essas narrativas constroem uma imagem these narratives build a multifaceted image of Fela which multifacetada de Fela, intimamente relacionada à sua visão is closely related to his pan-Africanist views of life and arts. pan-africanista da vida e da arte. KEYWORDS: Fela Kuti; Carlos Moore; biographic narratives. PALAVRAS-CHAVE: Fela Kuti; Carlos Moore; narrativas biográficas. 26 “In vain your bangles cast polifônica Fela. Esta vida puta, publicada no ano de 1982 em Charmed circles at my feet I am Abiku, calling for the first Londres e Paris e finalmente traduzida para publicação no And repeated time” Brasil, em 2011. Wole Soyinka, “Abiku” A biografia interessa por algumas características especiais, das quais gostaríamos de destacar duas, que irão nortear as “I’m finished, mother” reflexões deste trabalho. Em primeiro lugar, por sua estru- tura heterogênea, sobretudo no que concerne às vozes nar- Fela Kuti, em “Unknow Soldier”. rativas. Embora quem assine a obra seja Carlos Moore, a No ano de 1981, o etnólogo cubano Carlos Moore, então narração biográfica dos 25 capítulos é conduzida, de maneira radicado em Paris, onde trabalhava como jornalista, recebe alternada, pela voz de Fela Kuti (na primeira pessoa, em 18 um telefonema originado de Lagos. Tratava-se da mensa- capítulos) e pela voz das pessoas entrevistadas (em 5 capítu- gem de um amigo, o músico e ativista Fela Kuti, que lhe los, um dos quais se desmembra nas quinze entrevistas com convocava, por meio de um assessor, a viajar imediatamente as esposas de Fela). para a capital da Nigéria. Naquele momento, Fela confiava a A conta dos 25 capítulos se fecha, ainda, com a abertura e Moore a tarefa de compor sua biografia, a qual – Moore sa- o encerramento da obra, impressos em páginas negras sob o beria mais tarde – viria a ser considerada a primeira a tratar título de “Afa Ojo – Aquela que comanda a chuva”, nos quais da vida de um artista africano. a o espírito da falecida mãe de Fela toma palavra. Esses dois Moore viaja, então, à casa de Fela, na Kalakuta Republic capítulos delimitadores das fronteiras da narrativa biográfica (República de Kalakuta), nome dado pelo artista à comuni- nos fornecem a segunda característica intrigante: a presença dade que abrigava os membros de sua família e de sua banda, de uma voz espiritual, imersa no imaginário mítico ioru- 1. Das vinte e sete esposas além de alguns agregados simpáticos às causas políticas por bá. Tal voz é identificada a uma personagem da biografia, com quem Fela se casara, Funmilayo (mãe de Fela), de quem a vida, a morte e alguns simultaneamente, em 20 de ele defendidas. A viagem de Moore lhe permitiu realizar uma fevereiro de 1978, catorze ainda série de entrevistas com Fela, com seu assessor e amigo J. K. de seus retornos ao mundo dos vivos são resumidos por Fela viviam em sua casa, além de Kuti no decorrer da narrativa. Remi, primeira esposa de Fela Braihma e com cada uma das quinze esposas que moravam com quem ele se casara em 1961. na República de Kalakuta à época1, resultando na biografia EM TESE BELO HORIZONTE V. 20 N. 3 SET.-DEZ. 2014 BICALHO. Fela, de Carlos Moore: narrativas de um Abiku P. 25-35 Dossiês 2. Alguns exemplos: “Minha mãe 27 conseguiu derrubar esse pseudo- rei, o Alake. Como é que ela fez? Foi engenhoso...” (MOORE, Diante dessas características, parece possível dizer que infinitum quando, no decorrer do livro, são apresentadas as 2011, p.52); “Como eu me envolvi com maconha? Você pode não a predominância da voz de Fela Kuti faz com que a obra entrevistas com personagens que figuram no relato de Fela, acreditar em mim, mas foi uma garota que me iniciou no fumo...” flerte com os gêneros autobiográficos. Sobretudo quando com a voz de Moore explicitada no texto. Desse modo, o re- 4. Para François Dosse, a biografia (p.82); “Adivinha o que ele fez... sabemos, por meio dos comentários de Moore que prece- lato autobiográfico ganha traços de biografia, gênero impuro aquele sujeito? O julgamento é um gênero híbrido que “se tinha sido marcado pro dia 27 dem o texto, que a presença da voz do músico em primeira por excelência (DOSSE, 2009, p.55-122), já que depende das situa em tensão constante entre a vontade de reproduzir um de novembro de 1974, né?...” pessoa corresponde às entrevistas de 1981, em Lagos. Tal tensões constantes entre as visões que cada um dos sujeitos (p.144); “Ela nunca se recuperou asserção do biógrafo busca legitimar a autenticidade da bio- da narrativa tem do passado vivido e a imaginação criadora vivido real passado, segundo dos ferimentos e do choque que as regras da mimesis, e o polo ela sofreu durante o ataque à grafia como presença do biografado diante do leitor, assim de Carlos Moore, responsável por selecionar e combinar o imaginativo do biógrafo, que 4 deve refazer um universo perdido Kalakuta, sabe?” (p.260). Todos os como algumas marcas textuais: o aproveitamento e ênfase tecido de relatos colhidos . destaques são nossos. segundo sua intuição e talento da oralidade na redação dos capítulos, o uso de fotos de ar- Essa reflexão fundamenta a proposição deste trabalho, criador” (DOSSE, 2009, p.55). Na biografia em questão, essa 3. Tais instrumentos de legitimação quivo na abertura e no decorrer da biografia, relacionados a saber, a de que a multiplicidade de vozes mediadas por impureza é amplificada pela da autenticidade da presença aos eventos narrados, e a sugestão de uma voz interlocutora multiplicação de sujeitos que do Fela Kuti “real” no texto Moore modifica a narrativa biográfica de tal maneira que ocupam a posição de “biógrafos” aproximariam o livro de uma implícita – a do entrevistador. Essa voz se faz notar por meio o livro se constitui como reunião de relatos biográficos di- da vida de Fela: Moore, cada um conceituação mais tradicional de questionamentos que direcionam a progressão temática dos entrevistados e o próprio da autobiografia, sobretudo versos, fragmentados e tensionados entre si e reunidos em e por meio de marcadores discursivos de interação que in- biografado. Se podemos dizer se considerarmos a famosa (e 2 torno de alguns temas. que Moore é o autor de Fela. Esta contestada) definição de Philippe terrogam o entrevistador (né?; sabe?, saca?) . São marcas que vida puta, é somente por ter sido Lejeune desse gênero como: emprestam autenticidade ao texto diante do leitor, apresen- ele o responsável pela seleção e “narrativa retrospectiva em prosa AFA OJO, ESPÍRITO BIÓGRAFO – PARTE I combinação dos relatos para a que uma pessoa real faz de tando-lhe uma proposta de leitura da narração do artista ni- composição do texto final, atos sua própria existência, quando 3 Como afirmamos, “Afa Ojo – aquela que comanda a chu- geriano como relato autobiográfico . que, na visão de Wolfgang Iser focaliza sua história individual, va” é o título tanto do primeiro, como do último capítulo da (2002, p.957-984), fazem com que em particular a história de sua Trata-se, contudo, de um relato autobiográfico impuro. o texto se apresente para o leitor personalidade” (LEJEUNE, 2008, obra. Mas, como poderia um espírito narrar uma biografia “como se” ele estivesse diante do p.14). Embora a heterogeneidade A voz do entrevistador, implícita no discurso e explicitada não-ficcional? Vejamos o que diz Moore sobre essa perso- mundo empírico. Moore torna-se da obra impeça sua mera pelo para-texto (“Nota do autor”, “Introdução” e “Epílogo”, nagem-narradora, em nota, no epílogo do livro: biógrafo na medida em que reúne classificação nesse gênero, é assinados por Moore), media os rumos e o ritmo da narrati- os relatos e os apresenta para interessante perceber como o leitor como se ele estivesse uma biografia contemporânea, va.
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