U2 – Discografia Comentada
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U2 – Discografia Comentada BOY (1980) Aqui no Brasil, todo mundo ficou intrigado com essa capa. Só depois descobrimos que se tratava de um estupendo álbum de estreia de uma banda irlandesa. Com a certeira produção de Steve Lillywhite, que tratou de valorizar uma sonoridade encorpada e mais consistente em relação ao que se fazia na época dentro da seara do “pós-punk-pop”, todo o repertório acabou se valorizando ainda mais. Não tinha como não se entusiasmar com as audições de pequenas maravilhas “I Will Follow”, “The Electric Co.”, “Twilight” e a dobradinha “An Cat Dubh”/”Into the Heart”, todas com refrãos maravilhosos e que grudavam imediatamente no cérebro. Um dos melhores discos de estreia de todos os tempos! https://www.youtube.com/watch?v=g2BqLlVHlWA https://www.youtube.com/watch?v=lMgUifLVPpM https://www.youtube.com/watch?v=5qWidx0CBOU OCTOBER (1981) O segundo disco da banda foi lançado no Brasil com um atraso indesculpável, muito depois do estouro de The Unforgettable Fire em 1984. Tudo porque os executivos brasucas não viam qualquer aspecto comercial em relação ao primeiro álbum. Por um lado, ficaram receosos em soltar por aqui um disco diferente do anterior, em que a banda deixou de lado os refrãos fáceis e elaborou um repertório mais “difícil”, que exigia muito mais do ouvinte. A canção que mais de aproximava do que estávamos acostumados é “Gloria”, que até ganhou videoclipe por causa disso. É um disco com menor intensidade sônica, como comprovam os violões e piano em “I Fall Down”, a introspecção de “Scarlet” e da faixa-título. É um disco criminosamente subestimado até pelos fãs da banda! https://www.youtube.com/watch?v=ybYgP48X2DY https://www.youtube.com/watch?v=r4AyW6IpzyA https://www.youtube.com/watch?v=WbrFnZ80748 https://www.youtube.com/watch?v=kqdJ6CsXt4Y WAR (1983) Foi a partir desse terceiro álbum que a banda começou a galgar a montanha do sucesso que viria a seguir. Ao mesmo tempo, foi quando o messianismo de Bono aflorou e se tornou quase um ser à parte do vocalista. Menos mal que isso foi feito com um repertório sensacional, com justíssimo destaque para as sensacionais “Sunday Bloody Sunday”, “New Year’s Day”, “Surrender” e “Two Hearts Beat as One”, que poderiam tranquilamente ser incluídas em Boy. Ao mesmo tempo, algumas novidades surgiram, como o naipe de sopros e o coral na bela “Red Light” e o The Edge fazendo parte dos vocais principais em “Seconds”. Discaço! https://www.youtube.com/watch?v=d8FYJ9qvegI https://www.youtube.com/watch?v=vdLuk2Agamk https://www.youtube.com/watch?v=rJONY9FndlU https://www.youtube.com/watch?v=uIuAFBRyjj4 THE UNFORGETTABLE FIRE (1984) O disco marca a ausência do produtor Lillywhite e o início da colaboração com Brian Eno e Daniel Lanois, que duraria muitos anos. Com uma sonoridade totalmente diferente dos discos anteriores, menos intensa e mais experimental em termos de ambientação, foi de certa forma o primeiro ponto de redirecionamento artístico que a banda sentiu a necessidade de fazer. O sucesso absurdo de canções como “Pride (in the Name of Love)” e “Bad” finalmente levaram a banda a um sucesso avassalador, embora o disco esconda pequenas preciosidades, como a placidez de temas como “4th of July” e “Promenade” em contrapartida ao engajamento delicado e dolorido de “MLK” – uma tocante homenagem, a Martin Luther King - e à abordagem percussiva da pouca citada “Elvis Presley and America”, esta última funcionando como um prenúncio do álbum seguinte. É daqueles álbuns que precisa ser reouvido com atenção e com um bom par de fones de ouvido. https://www.youtube.com/watch?v=LHcP4MWABGY https://www.youtube.com/watch?v=LCdltGg4EzM https://www.youtube.com/watch?v=ZlyZ0YGi9nM https://www.youtube.com/watch?v=G_Z10NCnwlg THE JOSHUA TREE (1987) Para muitos, é a obra-prima dentro da discografia da banda, algo que concordo em partes. Não porque tenha se tornado um dos discos mais vendidos da história e que tenha sedimentado o sucesso da banda em escala mundial a partir da meteórica apresentação no Live Aid em 1985, mas principalmente porque foi um passo certeiro para atingir o mercado musical mais desejado por todas as bandas e artistas: o americano. Nem vou comentar a respeito da mortal trinca de hits - “With or Without You”, “I Still Haven’t Found What I’m Lookin’ for” e “Where the Streets Have no Name” –, do peso de “Bullet the Blue Sky” (que anos depois rendeu uma ótima versão do Sepultura), da beleza crítica de “In God’s Country” e “Red Hill Mining Town”. Ouça o disco do início ao fim, como se estivesse lendo um livro, e surpreenda-se com a densidade do álbum como um todo. https://www.youtube.com/watch?v=fdmNC8ylrXI https://www.youtube.com/watch?v=qv5xGrzml7I https://www.youtube.com/watch?v=yLvpZwN9Oko RATTLE AND HUM (1988) A mistura de canções inéditas com músicas conhecidas gravadas ao vivo só faz sentido para quem assiste ao documentário que deu origem a esse disco. Gravado durante a turnê do álbum anterior, é um documento precioso a respeito de como a banda funcionava nas internas e de seu fascínio pela cultura americana, algo sempre presenta na cultura irlandesa em geral. No geral, as canções são ótimas; desde a intensa homenagem a Bo Diddley em ”Desire” e ao blues em “When Love Comes to Town” (composta em parceria com o lendário B. B. King e com a participação do próprio) ao tributo a Billie Holiday na antológica “Angel of Harlem” e a Bob Dylan em uma esplendorosa versão de “All Along the Watchtower”, a reverência explícita nunca resvala pelo pieguismo, mesmo quando The Edge assume os vocais na tocante “Van Diemen’s Land”. Outro discaço, mas que precisa do documentário para ser perfeitamente compreendido. https://www.youtube.com/watch?v=jVorYO-gH5A ACHTUNG BABY (1991) O disco marcou a mais radical virada dentro da carreira da banda. Não foram poucos os fãs que ficaram assustados e até mesmo com raiva de tal redirecionamento, que foi da imagem da banda – quem imaginaria ver Bono com maquiagem diabolicamente carregada e o baixista Adam Clayton pelado na contracapa do álbum? – ao próprio som, agora com uma abordagem eletrônica. Isso explica porque o álbum até hoje é massacrado pelos “fãs raiz” e considerado por mim como um dos favoritos na discografia do quarteto. Recheado de canções espetaculares - “Even Better Than the Real Thing”, “Until the End of the World”, “Who’s Gonna Ride Your Wild Horses”, “Misterious Ways” e, claro, “One” –, o disco funciona desde sempre como uma ponte perfeitamente bem construída ligando dois universos aparentemente inconciliáveis: o rock e a eletrônica. Clássico indiscutível! https://www.youtube.com/watch?v=HyI3mFQweYs https://www.youtube.com/watch?v=t7ElEHJpvNs https://www.youtube.com/watch?v=Z4egwj-ba-o https://www.youtube.com/watch?v=ftjEcrrf7r0 ZOOROPA (1993) È mais um daqueles álbuns criminosamente massacrados por quem apresenta ouvidos rudimentares. Concordo que é preciso ter gostado e se familiarizado com o disco anterior para curtir tudo o que Zooropa pode oferecer, mas nada justifica a tremenda má vontade do “fã raiz”, mesmo que a produção de Brian Eno tenha buscado a colaboração de Flood, um produtor especializado em música eletrônica. O resultado foi um repertório coeso e cheio de canções muito mais que interessantes, como “Lemon”, “Stay (Faraway So Close)”, a esquisita “Numb” e “The Wanderer”, essa última com a participação de ninguém menos que Johnny Cash! É daqueles discos que precisam urgentemente de uma reavaliação por parte dos mais preconceituosos! https://www.youtube.com/watch?v=9YoAQ50BK74 https://www.youtube.com/watch?v=7RNu7VDiJcs https://www.youtube.com/watch?v=VQx-xzjhVC0 https://www.youtube.com/watch?v=al9x2l12CR0 POP (1997) Outro disco odiado pelos “fãs ortodoxos”, já que nem se deram ao trabalho de entender o senso de humor do quarteto logo no clipe da faixa de abertura, a deliciosa “Discothèque”, e nem sequer perceberam que se trata de um álbum conceitual. Sim, isso mesmo! Todas as faixas formam um enredo acidamente crítico em relação à tirania dos Estados Unidos, cujas maiores armas estavam – e estão! – no estímulo ao desenfreado consumismo em escala mundial. É claro que a atmosfera eletrônica perdura ao longo das faixas, mas nunca a ponto de obscurecer a porção rock dos caras, como podemos perceber em “Mofo” e “Last Night on Earth”. Dá para sacar isso até mesmo nas belas baladas “If You Wear that Velvet Dress” e “If God Will Send His Angels” e na depressiva “Wake Up, Dead Man!”. Outro álbum que merece uma audição mais atenta e livre de preconceitos. https://www.youtube.com/watch?v=GUuCFxKPI3A https://www.youtube.com/watch?v=cRWbytzs0n4 https://www.youtube.com/watch?v=YswMTdys0cc https://www.youtube.com/watch?v=3385OS31Yio ALL THAT YOU CAN’T LEAVE BEHIND (2000) Cansados de ser massacrada por boa parte da mídia e até mesmo de uma grande parcela conservadora de seus próprios fãs, a banda resolveu retomar um pouco a sua vertente sonora mais básica e desprovida dos excessos eletrônicos. Assim, o repertório desse disco voltou a ser trabalhado pela produção de Eno e Lanois de um modo mais vigoroso, que tem nas sensacionais “Beautiful Day”, “Walk On” e “Elevation” os exemplos perfeitos desse “retorno ao básico”. Da mesma forma, a sensibilidade demonstrada em “Stuck in a Moment You Can’t Get Out Of”, “In a Little While” e “Peace on Earth” demonstram que a inspiração do quarteto estava de volta. Belo álbum! https://www.youtube.com/watch?v=co6WMzDOh1o https://www.youtube.com/watch?v=gwKEdFoUB0o https://www.youtube.com/watch?v=19KstSgU-c0 https://www.youtube.com/watch?v=R-BT2yzXP8w HOW TO DISMANTLE AN ATOMIC BOMB (2004) O tal “retorno ao básico” iniciado no disco anterior se completou nesse excelente álbum, que acabou sendo o tapa na cara que todo fã ranheta precisava tomar.