UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS DOUTORADO EM ECOLOGIA E CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE

PADRÕES DE DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DE LAGARTOS (REPTILIA, ) NA BACIA DO RIO PARAGUAI, AMÉRICA DO SUL

RICARDO ALEXANDRE KAWASHITA RIBEIRO

CUIABÁ – MT 2015

ii

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS DOUTORADO EM ECOLOGIA E CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE

PADRÕES DE DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DE LAGARTOS (REPTILIA, SQUAMATA) NA BACIA DO RIO PARAGUAI, AMÉRICA DO SUL

RICARDO ALEXANDRE KAWASHITA RIBEIRO

Tese apresentada ao Curso de Pós- Graduação, do Instituto de Biociências, para obtenção do título de Doutor em Ecologia e Conservação da Biodiversidade.

CUIABÁ – MT 2015

Dados Internacionais de Catalogação na Fonte.

R484p Ribeiro, Ricardo Alexandre Kawashita. Padrões de distribuição geográfica de lagartos (Reptilia, Squamata) na Bacia do Rio Paraguai, América do Sul / Ricardo Alexandre Kawashita Ribeiro. - - 2015 viii, 119 f. : il. ; 30 cm.

Orientadora: Christine Strüssmann Tese (doutorado) – Universidade Federal de Mato Grosso, Instituto de Biociências, Programa de Pós- Graduação em Ecologia e Conservação da Biodiversidade, Cuiabá 2015. Inclui bibliografia.

1. Biogeografia. 2. Modelagem de distribuição de espécies. 3. Componentes bióticos. 4. Mudanças climáticas globais. 5. Conservação.

Ficha catalográfica eleborada automaticamente de acordo com os dados fornecidos pelo(a) autor(a).

Permitida a reprodução parcial ou total, desde que citada a fonte.

iii

ORIENTADORA: CHRISTINE STRÜSSMANN

iv

BANCA EXAMINADORA

v

Dedico este trabalho à Luana, por toda a paciência, estímulo, apoio, amor e companheirismo.

vi

“A mente que se abre a uma nova idéia jamais voltará ao seu tamanho original.”

Albert Einstein

vii

AGRADECIMENTOS

À Luana Aparecida Gomes de Arruda, pela ajuda na execução do projeto, pela revisão crítica dos manuscritos, pelo incentivo, paciência, “puxões de orelha” e por todo o seu amor! Te amo!!!!;

À minha orientadora, Christine Strüssmann, por acreditar no projeto, pelo apoio, estímulo, confiança, paciência e amizade. É uma honra poder trabalhar com você!

À Jacqueline Pimentel Silva, por toda a (essencial) ajuda na execução das análises, pela revisão crítica dos manuscritos e pelo refinamento nas discussões, muito obrigado! Ao Cristiano Nogueira e à Vanda Lúcia Ferreira, por disponibilizar dados, apoio na execução do projeto e pela revisão crítica dos manuscritos;

À Luciana Mendes Valério Brun, por ter auxiliado na coleta, identificação e compilação de dados;

Ao Gabriel Côrrea Costa, pelo suporte financeiro via projeto “Rede de pesquisa em anfíbios e répteis de ecossistemas não florestais brasileiros”; processo 563352/2010-8;

Aos meus pais biológicos, Luzia e Sidnei, ao meu pai de “coração”, Reinaldo, e a minha querida irmã, Thaís, pelo incentivo e compreensão, durante todas as fases de minha vida;

Ao ICMBio, pelo fornecimento de licenças de coleta;

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pelo apoio financeiro;

Ao Núcleo Interdisciplinar de Estudos Faunísticos (NIEFA);

Aos curadores dos museus mencionados pelo acesso às coleções;

À Universidade Federal de Mato Grosso em nome da Coleção Zoológica do Instituto de Biociências. Especialmente aos grandes amigos, Evanildo “Capivara” Nunes de Albuquerque, Marcos “Curimpampam” André de Carvalho, Felipe Curcio, pela disponibilizar a infraestrutura, pela a imensa amizade e profissionalismo;

À Universidade Federal de Mato Grosso em nome do Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação da Biodiversidade;

Aos amigos de Cuiabá, André Pansonato, Danilo Granjeiro Arruda, Drausio H. Morais, Elizângela Silva de Brito, Elton Pinho, Helder A. B. Faria, Isaías M. Fernandes, viii

Jerry M. Penha, Jéssica Mudrek, João Batista Pinho, Luciana M. V. Brun, Luiz Gabriel, Robson W. Ávila, Rogério C. L. Santos, Thiago Semedo, pelo profissionalismo e amizade; Aos amigos de Santarém da UFOPA e afins, Alfredo Pedroso dos Santos Júnior, André Luiz Colares Canto, Antônio do Socorro Ferreira Pinheiro, Cleiton Signor, Ezequias Procópio Brito, Frank Raynner Vasconcelos Ribeiro, Hérlon Mota Atayde, Israel Nunes Henrique, José Max Barbosa de Oliveira Júnior, Keid Nolan Silva Sousa, Leandro L. Giacomin, Lincoln Lima Corrêa, Marlisson Augusto Costa Feitosa, Maxwell Barbosa de Santana, Taides Tavares dos Santos, Thiago José de Carvalho André e Síria Lisandra de Barcelos Ribeiro; obrigado pelo apoio, compreensão e amizade. Agradeço aos membros de minha banca de qualificação e defesa por importantes considerações que contribuíram consideravelmente com a melhoria da versão final desta tese. Gostaria de agradecer sinceramente à todos aqueles que colaboraram direta ou indiretamente para a conclusão desta tese. A conclusão desta tese é o resultado do trabalho de muitas pessoas, que com extremo profissionalismo, dedicação, empenho e amizade, se uniram por um objetivo. Certamente não me lembrarei de todos, mas gostaria de expressar meus agradecimentos e sinceras desculpas à todos aqueles que não foram citados.

9

SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS DO CAPÍTULO 1...... 11 LISTA DE FIGURAS DO CAPÍTULO 2...... 12 LISTA DE TABELAS CAPÍTULO 2...... 13 RESUMO...... 14 ABSTRACT...... 15 1. INTRODUÇÃO...... 16 2. Capítulo 1 – Manuscrito: “Biogeografia de lagartos (Reptilia, Squamata) da Bacia do Rio Paraguai, centro da América do Sul”...... 23 Resumo...... 25 Introdução...... 26 Material e Métodos...... 28 Caracterização da área de estudos...... 28 Dados de distribuição das espécies...... 30 Análises biogeográficas...... 31 Análise de elementos bióticos...... 31 Análise de endemicidade (critério de otimização)...... 33 Resultados...... 33 Elementos bióticos...... 34 Células com 1°x1° de tamanho...... 34 Células com 2°x2° de tamanho...... 37 Análise de endemicidade (critério de otimização)...... 39 Células com 1°x1° de tamanho...... 39 Células com 2°x2° de tamanho...... 40 Sobreposição das áreas de endemismo...... 41 Discussão...... 42 Referências...... 50 Apêndice 1 - Lista das espécies de lagartos registrados na Bacia do Rio Paraguai com indicação das fontes dos dados...... 64 Apêndice 2 - Lista das espécies de lagartos registradas na Bacia do Rio Paraguai com indicação do padrão de distribuição na bacia...... 74 Apêndice 3 - Mapa com pontos de ocorrência das espécies de lagartos (Registros) na Bacia do Rio Paraguai (BRP), com indicação dos principais rios, limites geopolíticos de países e elevação, em metros...... 79 3. Capítulo 2 – Manuscrito: “Mudanças climáticas globais e áreas úmidas: Um estudo usando modelagem de distribuição de lagartos (Reptilia, Squamata) no Chaco Úmido e Pantanal, centro da América do Sul”...... 80 10

Resumo...... 82 1. Introdução...... 83 2. Material e métodos...... 85 2.1. Área de estudo...... 85 2.2. Seleção das espécies...... 87 2.3. Dados de distribuição das espécies...... 87 2.4. Variáveis ambientais...... 88 2.5. Modelagem da distribuição das espécies...... 89 3. Resultados...... 90 4. Discussão...... 95 5. Conclusões...... 98 6. Referências...... 99 7. Apêndice 1 Consenso dos modelos de distribuição de lagartos no cenário atual para a América do Sul com pontos de ocorrência para as espécies utilizadas nas análises...... 111

4. CONCLUSÕES...... 112 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS………………………………………..…… 112

11

LISTA DE FIGURAS DO CAPÍTULO 1 Figura 1. Delimitação da Bacia do Rio Paraguai (PRB) com indicação dos principais rios da região (Rivers), limites geopolíticos (Country limits) e ecorregiões presentes na bacia. Ecorregiões adaptadas de Olson et al. (2001). Alto Paraná Atlantic forests = Floresta Atlântica do Alto Paraná; Bolivian montane dry forests = Florestas Montanhosas Secas da Bolívia; Central Andean dry puna = Puna seca dos Andes Centrais; Central Andean puna = Puna dos Andes Centrais; Cerrado = Cerrado; Chiquitano dry forests = Florestas Secas dos Chiquitanos; Dry Chaco = Chaco Seco; Humid Chaco = Chaco Úmido; Pantanal = Pantanal; Southern Anean Yungas = Yungas do Sul dos Andes...... 29 Figura 2. Agrupamentos das espécies de lagartos registradas na Bacia do Rio Paraguai, obtidos pela análise de elementos bióticos e representados nas duas primeiras dimensões do escalonamento multidimensional não-métrico (NMDS). Os agrupamentos foram obtidos através da análise da matriz de distâncias GECO no MCLUST em (a) grid com células de 1°X1° e (b) grid com células de 2°X2°. Números indicam os elementos bióticos (1-5) detectados e a letra “N”, os componentes ruídos...... 35 Figura 3. Distribuição dos elementos bióticos (BE 11° – 51°) formados a partir das espécies de lagartos presentes dentro dos limites da Bacia do Rio Paraguai (BRP), obtida pela análise de elementos bióticos com grid de células com 1°X1°. A coloração no interior das células representa > 70%, > 30%, > 0% de espécies nas células dos elementos bióticos em relação ao total presente no elemento biótico...... 37 Figura 4. Distribuição dos elementos bióticos (BE 12° – 52°) formados a partir das espécies de lagartos presentes dentro dos limites da Bacia do Rio Paraguai (BRP), obtidos pela análise de elementos bióticos com grid de células com 2°X2°. A coloração no interior das células representa > 70%, > 30%, > 0% de espécies nas células dos elementos bióticos em relação ao total presente no elemento biótico...... 38 Figura 5. Distribuição das áreas de consenso (set 01° – 31°) formadas a partir dos registros de distribuição das espécies de lagartos presentes na Bacia do Rio Paraguai (BRP), por meio da análise de endemicidade, com grid de células com 1°X1°. A coloração no interior das células representa os scores (valores de endemicidade das áreas)...... 40 Figura 6. Distribuição das áreas de consenso da análise de endemicidade (set 02° – 32°) formadas a partir dos registros de distribuição das espécies de lagartos presentes na Bacia do Rio Paraguai (BRP), com grid de células com 2°X2°. A coloração no interior das células representa os scores (valores de endemicidade das áreas)...... 41 Figura 7. Sobreposição das áreas de endemismo de lagartos da Bacia do Rio Paraguai (limites pontilhados) gerada com grid de células com 1°X1° e 2°X2° de tamanho através das análises de elementos bióticos (consideradas apenas as áreas core com mais de 70% das espécies que compõem os elementos bióticos, para ambos os tamanhos das células) e análise de endemicidade (considerando áreas com maiores scores, acima de 3,21 para células com 1°X1° e acima de 9,30 para células com 2°X2° de tamanho). Colorações mais escuras representam áreas com maior sobreposição das áreas de endemismo.. 42 12

LISTA DE FIGURAS DO CAPÍTULO 2 Figura 1. Localização do Chaco Úmido (linhas transversais) e do Pantanal (linhas losangulares) na Bacia do Rio Paraguai (Paraguay River Basin), com indicação dos limites geopolíticos (Country limits) e elevação em metros (Elevation)...... 86 Figura 2. Consenso dos modelos de distribuição de cinco espécies de lagartos que ocorrem na Bacia do Rio Paraguai, para projeções climáticas atuais (Current; A, D, G, J e M), projeções futuras para o cenário RCP 2,6 (Future, RCP 2.6; B, E, H, K e N) e RCP 8,5 (Future, RCP 2.6; C, F, I, L e O), com indicação dos pontos de ocorrência (Records). Probabilidades de ocorrência indicadas por escala de cinza, sendo que cores mais escuras representam maiores probabilidades...... 93

13

LISTA DE TABELAS DO CAPÍTULO 2 Tabela 1. Valores das médias (M) do cálculo da área sob a curva (AUC), com valores mínimos (Min), máximos (Max) e desvio-padrão (SD), utilizando projeções climáticas atuais e futuras para cenários otimista (RCP 2.6) e pessimista (RCP 8.5), para cinco espécies de lagartos Gymnophthalmidae que ocorrem na Bacia do Rio Paraguai. 91

14

RESUMO

A busca por padrões de distribuição geográficos e a compreensão dos processos que influenciam estes, são pontos centrais da biogeografia e ecologia. Processos temporais históricos e restrições ecológicas são agentes que influenciam a distribuição das espécies. A identificação de componentes bióticos ajuda no reconhecimento de áreas de endemismo, que utilizadas para propor hipóteses sobre eventos históricos biogeográficos e para prever a influência das mudanças climáticas globais sobre espécies. Alterações no clima representam uma importante ameaça à biodiversidade, especialmente, em áreas úmidas, que são altamente dependentes da temperatura e pluviosidade para regulação de suas dinâmicas. Os objetivos deste estudo são investigar a existência de componentes bióticos de lagartos na Bacia do Rio Paraguai, centro da América do Sul e avaliar potenciais efeitos das mudanças climáticas globais sobre populações de lagartos e sobre as áreas úmidas do Chaco Úmido e Pantanal, utilizando modelagem de distribuição de espécies de lagartos Gymnophthalmidae. A Bacia do Rio Paraguai (BRP) é a segunda maior bacia hidrográfica da América do Sul, localizada no centro deste continente. Na BRP estão presentes diversas ecorregiões, incluindo duas grandes áreas úmidas do continente, o Chaco Úmido e o Pantanal. Nós obtivemos os dados de ocorrência das espécies de lagartos através de consulta a coleções científicas e revisão bibliográfica, que foram georreferenciados com maior nível de precisão possível. Nós utilizamos as análises de elementos bióticos e análise de endemicidade com dados de ocorrência das espécies dispostos em grids com células de 1°X1° e 2°X2° de tamanho sobrepostos à área da BRP para identificar componentes bióticos. Na análise de modelagem de distribuição nós utilizamos dados de ocorrência que incluíram registros para toda a área de distribuição conhecida de cinco espécies de lagartos Gymnophthalmidae. Geramos modelos consenso com o critério de ensemble forecasting a partir dos algoritmos BIOCLIM, DOMAIN, MAXENT, SVM e GLM, com projeções climáticas atuais e para dois cenários futuros, RCP 2,6 e RCP 8,5. Nós obtivemos 4718 registros de 80 espécies de lagartos para a BRP. Detectamos cinco grupos com distribuição significativa que corroboraram as predições do modelo vicariante com a análise de elementos bióticos com grid de células de 1°X1° e com 2°X2° de tamanho. A análise de endemicidade com grid de 1°X1° de tamanho detectou quatro áreas de endemismo e com 2°X2° seis áreas de endemismo. Eventos históricos como a pouca idade geológica e recente estabilidade climática, aliados a atual instabilidade ambiental, gerada principalmente pelo pulso de inundação no Pantanal, parecem ter exercido papel mais intenso sobre a extinção e padrões de dispersão das espécies do que sobre a especiação. A região BRP é composta por diferentes componentes bióticos que são influenciados por unidades biogeográficas maiores. Os consensos dos modelos de distribuição futuros sugerem a expansão da área de distribuição para a maioria das espécies de lagartos sobre as áreas úmidas do Chaco Úmido e Pantanal. Considerando que as espécies modeladas neste estudo habitam micro-habitats secos, a expansão detectada da distribuição sobre áreas úmidas pode significar redução das áreas úmidas destas ecorregiões. A fraca previsão sobre alterações hidrológicas dos modelos climáticos globais (GCM), entretanto, pode significar que a magnitude dos impactos nas áreas úmidas pode ser maior que o estimado. A redução das áreas úmidas poderá causar impactos negativos sobre diversas espécies que dependem direta ou indiretamente dos recursos disponíveis nestas áreas.

Palavras-chave: Biogeografia, modelagem de distribuição de espécies, componentes bióticos, mudanças climáticas globais, conservação.

15

ABSTRACT Search for geographic distribution patterns and understand of the processes that influence these patterns are concern of biogeography and ecology. Historical time-space processes and ecological constraints are agent that influences distribution. Identification of biotic components helps the recognition of the endemism areas, which are useful to propose hypothesis about biogeographic historic events and to predict the influences of global climate changes on species. Climate changes are considered as the main threat to the biodiversity, especially in wetlands, which are highly dependent on temperature and rainfall for regulation of their dynamic. The main goal of this study was to investigate the existence of biotic components of in the Paraguay River Basin, central South America and also to assess potential effects of the future global climate changes on populations of lizards in a wetland areas of the Humid Chaco and Pantanal, using species distribution modeling of Gymnophthalmidae lizards. The Paraguay River Basin (PRB) is the second largest river basin in South America, situated in the center of aforemencioned continent. In the PRB several ecoregions are presents, including two South American large wetlands, the Humid Chaco and the Pantanal. We obtained occurrence data of lizards by consulting the scientific collections and literature that were georeferenced with higher possible level of accuracy. We used biotic elements and endemicity analysis with occurrence data arranged in grids with 1°X1° and 2°X2 ° cells size that overlapping on the PRB area to identify biotic components. In the species distribution modeling analysis, we used occurrence of data of all known geographic range of five Gymnophthalmidae lizards. We made consensus models with ensemble forecasting criteria from BIOCLIM, DOMAIN, MAXENT, SVM and GLM algorithms, with current climate projections and for two future scenarios, RCP 2.6 and RCP 8.5. We obtained 4718 records of 80 species of lizards from PRB. We detected five groups with significant distribution that corroborated the predictions of vicariance model with biotic elements analysis with grid 1°X1° and 2°X2° cells size. We detected four areas of endemism with grid 1°X1° and six areas of endemism with 2°X2° cell size with endemicity analysis. Historical events like the young geological age with recent climatic stability, combined with current environmental instability, mainly generated by the flood pulse in the Pantanal, may have more intense role on the extinction and dispersal patterns than on speciation of the species. The PRB is composed by different biotic components that are influenced by major biogeographic units. Species distribution models consensus suggest the expansion of the distribution areas for future projections to the most lizards on moist wetland areas of the Humid Chaco and Pantanal. Considering that modeled species in this study inhabit dry micro-habits, the expansion in the distribution of lizards on the wetlands detected here, could mean reducing on the area of wetland in these ecoregions. However, global climate models (GCM) have weak prediction on hydrological changes, so the magnitude of the impacts in the wetlands may be greater than estimated. The reduction of wetlands may affect negatively several species that depend directly or indirectly the resources available in these areas.

Keywords: Biogeography, species distribution modeling, biotic components, global climate change, conservation 16

1. INTRODUÇÃO

A distribuição geográfica das espécies não ocorre de forma aleatória. Complexas relações ecológicas inter e intraespecíficas e entre espécies e o ambiente onde co- evoluíram, parecem exercer grande influência sobre o padrão de distribuição das espécies (DASILVA, 2011; SEXTON et al., 2009), conferindo à biodiversidade grande heterogeneidade de distribuição no globo (GASTON, 2000). A busca pelos processos que moldam os padrões de biodiversidade e de distribuição das espécies é um dos pontos centrais da ecologia e biogeografia (GASTON, 2000; GUISAN; THUILLER, 2005; RICKLEFS, 2004; SEXTON et al., 2009).

Processos espaço-temporais que incluem eventos históricos em escala regional e global, como vicariância, dispersão e extinção, são atribuídos como potenciais agentes que influenciam os padrões de distribuição (CRISCI et al.; 2006; RICKLEFS, 2004; WARREN et al., 2014). O reconhecimento de eventos biogeográficos passados que influenciaram os atuais padrões de distribuição das espécies, pode compreender três perspectivas: reconstrução histórica da distribuição de taxa individuais; reconstrução da distribuição da biota; e identificação de áreas de endemismo (CRISCI, 2001).

A identificação de componentes bióticos, conjuntos de taxa integrados espaço- temporalmente que coexistem em determinada região (MORRONE, 2009), ajuda no reconhecimento de áreas de endemismo que são unidades biogeográficas que possuem distribuição congruente não aleatória de duas ou mais espécies, ocasionada pela influência de eventos históricos compartilhados pela biota (CARVALHO, 2010; MORRONE, 1994). A identificação das áreas de endemismo é importante para propor hipóteses sobre os processos históricos, responsáveis pelo atual padrão de distribuição e para a conservação de espécies (DASILVA, 2011; SZUMIK et al., 2002a). Alguns autores agregaram bases do modelo vicariante proposto inicialmente por Croizat et al. (1974) à definição de áreas de endemismo, incorporando ao conceito a necessidade dos taxa presentes na área de endemismo serem monofiléticos e possuírem espécies filogeneticamente relacionadas em outras áreas próximas, fora da área de endemismo (HAROLD; MOOI, 1994; HAUSDORF, 2002; HAUSDORF; HENNING, 2003).

Outros autores, entretanto, sugerem que outros fatores além da vicariância também podem afetar os padrões de distribuição (e.g. dispersão, extinção, alterações ambientais). Estes fatores podem não exercer influência sobre todos os taxa, causando padrões de distribuição distintos para diferentes grupos, podendo haver ou não sobreposição na distribuição (SZUMIK; GOLOBOFF, 2004; SZUMIK et al., 2002a). Apesar da discordância sobre alguns aspectos do conceito de áreas de endemismo 17 entre diferentes autores (ver: DASILVA, 2011; HAROLD; MOOI, 1994; MORRONE, 1994; HAUSDORF, 2002; SZUMIK; GOLOBOFF, 2004; SZUMIK et al., 2002a), a importância da identificação das áreas de endemismo é consensual (DASILVA, 2011; SZUMIK et al., 2002a). Análises que possuem alta sensibilidade na detecção de áreas de endemismo, como a análise de elementos bióticos (HAUSDORF, 2002) e a análise de endemicidade (SZUMIK et al., 2002a), são importantes ferramentas na identificação de padrões biogeográficos (CASAGRANDA et al., 2012). A análise de elementos bióticos é baseada no modelo vicariante de biogeografia (HAUSDORF, 2002; HAUSDORF; HENNIG, 2003), que assume que as diferenças na diversidade são causadas pela especiação alopátrica da biota ancestral devido ao surgimento de barreiras geográficas e/ou ecológicas (CARVALHO, 2010; CROZAIT et al., 1974; HAUSDORF, 2002; HAUSDORF; HENNIG, 2003). A análise testa duas predições do modelo vicariante: 1) a formação de grupos de taxa não aleatórios que possuem maior similaridade entre si em suas distribuições espaciais que com outros grupos de taxa (áreas de endemismo) e 2) a distribuição uniforme de espécies aparentadas, em diferentes agrupamentos, indicando especiação alopátrica (HAUSDORF, 2002; HAUSDORF; HENNIG, 2003).

A análise de endemicidade (EA) (SZUMIK et al., 2002a) é empregada para evidenciar a formação de conjuntos de células (sets) que possuem espécies restritas a uma determinada região (SZUMIK; GOLOBOFF, 2004; SZUMIK et al., 2002a, 2002b), por meio do programa NDM/VNDM (GOLOBOFF, 2004). A análise de endemicidade (SZUMIK et al., 2002a) considera que a biota de uma área de endemismo pode não ser constituída por espécies que foram afetadas por um único fator ou evento (e.g. vicariância, dispersão, etc.), uma vez que diferentes grupos podem apresentar respostas distintas a diferentes fatores (SZUMIK et al., 2002a). A repetição no padrão de distribuição em diferentes taxa indicaria a influência de um mesmo fator, formando conjuntos conspícuos. Por outro lado, a formação de conjuntos menos evidentes, indicariam que a sobreposição de diversos fatores ou de eventos que teriam influenciado os padrões de distribuição (SZUMIK et al., 2002a).

A análise de endemicidade é descrita como um critério de otimização para identificação de áreas de endemismo. De maneira resumida, a análise, identifica e sobrepõem a distribuição de espécies endêmicas, posteriormente estabelece um Índice de Endemicidade (EI) para cada espécie, que varia entre 0 e 1 (SZUMIK et al., 2002a). Espécies com EI igual a 1 possuem distribuição totalmente congruente com a área de endemismo; valores inferiores no EI indicam espécies que possuem distribuições menos congruentes. Um Índice de Endemicidade da Área (EIA) é então calculado a partir da 18 soma dos EI individuais das espécies presentes nas células. Quanto maior for o valor atribuído ao EIA das células (score), maior é a probabilidade de endemismo. (AAGESEN et al., 2013; CASAGRANDA et al., 2012; SZUMIK; GOLOBOFF, 2004; SZUMIK et al., 2002a, 2002b).

Os resultados obtidos pela EA podem gerar agrupamentos de espécies que compartilham maior ou menor grau de sobreposição. Estes agrupamentos podem ser sintetizados através da construção de áreas de consenso (CA). Estas sintetizam as informações obtidas nas áreas individuais que compartilham espécies endêmicas (AAGESEN et al., 2013). Para determinação das CA é necessária a escolha de uma medida de consenso que determinará o modo de agrupamento das áreas. No consenso estrito, uma área individual somente será incorporada a uma área de consenso se compartilhar um percentual preestabelecido de espécies endêmicas (cut-off value) com todas as áreas que estejam dentro da provável área de consenso, detectando agrupamentos conspícuos; este critério pode ser mais útil em estudos com escalas geográficas pequenas para identificar áreas que serão mais detalhadamente examinadas (AAGESEN et al., 2013). No consenso flexível, uma área individual será incluída em uma área de consenso se compartilhar um percentual preestabelecido de espécies endêmicas com alguma das áreas dentro da provável área de consenso; a aplicação deste critério em estudos com escalas geográficas mais extensas (escala regional ou continental) parece ser mais apropriado, para identificação de padrões mais abrangentes (AAGESEN et al., 2013).

Além de eventos históricos, outros processos espaço temporais que podem influenciar a distribuição geográfica das espécies são eventos relacionados às restrições ecológicas, que incluem fatores bióticos, abióticos, evolutivos e geológicos (CRISCI et al., 2006). Entre as restrições ecológicas, os fatores abióticos parecem ser determinantes para limitar a extensão da distribuição de espécies (SEXTON et al., 2009). Estudos com comunidades e populações vegetais demonstraram existir relação entre a distribuição de plantas e parâmetros ambientais, como variáveis climáticas (GUISAN et al., 1998).

Eventos naturais lentos e graduais de resfriamento e aquecimento globais ao longo da história geológica da Terra influenciaram os padrões de distribuição das espécies (CRISCI et al., 2006; SCHNEIDER; ROOT, 1998). Apesar do clima estar em constante mudança ao longo da história geológica da Terra, atualmente a velocidade das mudanças climáticas está muito acima dos registros históricos nos últimos mil anos (STOUFFER et al., 1994), especial para o último século (ACKERLY et al., 2010; IPCC, 2007). A elevada emissão de gases de efeito estufa de origem antrópica tem sido 19 apontada como principal responsável pelas mudanças climáticas globais atuais (HULME, 2005; IPCC, 2007, 2014) e como a principal ameaça à integridade aos ecossistemas (HULME, 2005; MCCARTY, 2001).

Neste contexto, de rápidas e drásticas mudanças climáticas, ecossistemas que são altamente dependentes da temperatura e pluviosidade para manutenção de seus processos podem ser considerados frágeis, como é o caso das áreas úmidas (IPCC, 2001; WINTER, 2000). Apesar das áreas úmidas propiciarem diversos serviços ambientais, entre eles a regulação do clima local (MILLENNIUM ECOSYSTEM ASSESSMENT, 2005), os impactos das mudanças climáticas globais sobre elas ainda permanecem incertos (IPCC, 2001), especialmente para a região sul-americana (MARENGO et al., 2010). Informações sobre a distribuição das espécies, como extensão e limites, são importantes dados para acessar os efeitos das mudanças climáticas globais (GUISAN; ZIMMERMANN, 2000; MCCARTY, 2001). Os parâmetros ambientais que as espécies podem tolerar em um espaço multidimensional correspondem a uma das dimensões de seu nicho ecológico (HUTCHINSON, 1957), que é a base conceitual utilizada na modelagem de distribuição de espécies (ARAÚJO; GUISAN, 2006). A modelagem de distribuição de espécies, desta forma, utiliza variáveis presentes nos pontos de ocorrência e/ou de ausência para construir estimativas da tolerância ecológica da espécie, que são extrapoladas para o universo amostral para identificar outras áreas com condições ambientais similares para a sua sobrevivência (WARREN et al., 2014).

A modelagem tem sido aplicada para identificar melhores preditores ambientais para ocorrência de espécies e para preencher lacunas de conhecimento sobre sua distribuição de taxa (GUISAN; THUILLER, 2005). Outra abordagem da modelagem é a utilização de modelos de projeções das variáveis climáticas para inferir a distribuição pretérita ou futura de uma espécie (GUISAN; THUILLER, 2005; ORTEGA-HUERTA; PETERSON, 2008). A utilização de dados ambientais, modelados a partir de cenários socioeconômicos futuros, possibilita estimar o efeito das mudanças climáticas globais futuras sobre a distribuição das espécies (GUISAN; THUILLER, 2005; GUISAN; ZIMMERMANN, 2000).

A crescente utilização da modelagem nas últimas décadas promoveu o desenvolvimento de diversos métodos estatísticos que são empregados na construção dos modelos (ARAÚJO; GUISAN, 2006; GUISAN; THUILLER, 2005; GUISAN; ZIMMERMANN, 2000; MUÑOZ; FELICÍSIMO, 2004; ORTEGA-HUERTA; PETERSON, 2008; TSOAR et al., 2007). A comparação e avaliação da performance dos métodos de modelagem, muitas vezes, sugere que a precisão dos métodos pode ser influenciada 20 pelo grupo taxonômico utilizado (TSOAR et al., 2007). Algoritmos mais amplamente utilizados em estudos de modelagem de distribuição de espécies são o BIOCLIM, DOMAIN, MAXENT, SVM e GLM. O algoritmo BIOCLIM (BUSBY, 1991; NIX, 1986) utiliza os extremos das variações ambientais (mínimo e máximo) dos pontos de registro das espécies para definir habitats com potencial ocorrência. Os registros são classificados ao longo de cada variável e são utilizados na construção do modelo apenas aqueles que se encontram dentro de um determinado intervalo percentual, para reduzir a sensibilidade das previsões do modelo para valores extremos (TSOAR et al., 2007). Comparando com outros algoritmos, o BIOCLIM é considerado como mais simples e com menor performance, porém é o que mais se aproxima do conceito ecológico de nicho (BOOTH et al., 2014).

O algoritmo DOMAIN (CARPENTER et al., 1993) é baseado na distância de Gower, utilizando similaridade métrica ponto-a-ponto, atribuindo valor adequação de habitat (similaridade ambiental entre locais de ocorrência da espécie e locais de ocorrência potencial) para cada local de ocorrência potencial com base na sua proximidade ao local de ocorrência mais próximo (TSOAR et al., 2007). DOMAIN, se comparado ao BIOCLIM, apresenta maior nível de precisão e habilidade de utilizar dados de ocorrência distribuídos de maneira descontinua no espaço ambiental (TSOAR et al., 2007). Sua principal limitação é utilizar apenas um registro para cada local em potencial (o ponto vizinho mais próximo no espaço ambiental) para determinar a sua adequação às espécies modeladas (TSOAR et al., 2007).

O algoritmo MAXENT (PHILLIPS et al., 2006) é baseado em técnicas de aprendizagem de máquinas desenvolvidas para fazer predições com dados incompletos (BALDWIN, 2009). O algoritmo estima a distribuição mais uniforme (entropia máxima) de pontos amostrados comparados a locais de fundo (BALDWIN, 2009; ELITH et al., 2011). O algoritmo MAXENT possui alta sensibilidade de predição de distribuições potenciais para escalas geográficas locais e regionais, além de possuir bom desempenho com poucos pontos de ocorrência (AGUIRRE-GUTIÉRREZ et al., 2013; PHILLIPS et al., 2006). O algoritmo MAXENT possui bom desempenho com poucos pontos de ocorrência (PEARSON et al., 2007) e alto poder de evitar erros de comissão (sobreprevisão), entretanto é vulnerável a tendências nos dados de entrada (PETERSON et al., 2007).

O algoritmo Support Vector Machines – SVM compreende técnicas de aprendizagem de máquinas utilizadas para reconhecer e classificar padrões. Estas 21 técnicas podem ser empregadas na construção de modelos de distribuição de espécies (GUO et al., 2005). Estas técnicas minimizam erros de classificação empírica, pois são baseadas na minimização da probabilidade de classificar, de forma errada, padrões ainda não vistos pela distribuição de probabilidade dos dados, e maximizam a margem geométrica, otimizando a separação dos dados em um espaço de características de alta dimensão (MARCO JÚNIOR; SIQUEIRA, 2009). A desvantagem do algoritmo SVM é sua sensibilidade ao quão bem os pontos de ocorrência captam a amplitude da variação ambiental da espécie (DRAKE, 2006).

Os algoritmos do tipo Generalized Linear Model – GLM (GUISAN et al., 1998) são extensões matemáticas dos modelos lineares, baseados em uma relação presumida entre a média da variável-resposta e a combinação linear das variáveis explicativas (GUISAN et al., 2002). Algoritmos do tipo GLM possuem média sensibilidade de predição de distribuição para escalas geográficas regionais (AGUIRRE- GUTIÉRREZ et al., 2013). A vantagem dos algoritmos do tipo GLM é que eles permitem a seleção de subconjuntos de variáveis explanatórias aumentando a precisão na determinação do nicho da espécie (GUISAN et al., 1999). Entretanto, os algoritmos consideram a relação entre variável resposta e preditora como sendo linear, sendo que no mundo real geralmente esta relação é mais complexa (MUÑOZ; FELICÍSIMO, 2004) e possuem poder preditivo mais fraco com menos pontos de ocorrência (GUISAN et al., 1999).

A combinação de diferentes métodos para a obtenção de um resultado consenso que reflete a tendência geral é uma forma de maximizar a eficiência preditiva dos modelos e minimizar as limitações individuais dos métodos (GIANNINI et al., 2012; GUISAN; THUILLER, 2005; PLISCOFF; FUENTES-CASTILLO, 2011), sendo que um dos métodos que pode ser utilizado é o critério de conjugação de projeções que é gerado com a média dos modelos de cada algoritmo (ensemble forecasting; ARAÚJO; NEW, 2006), que possuem boa sensibilidade de predição de distribuição para escalas geográficas regionais e bom desempenho com poucos pontos de ocorrência (AGUIRRE-GUTIÉRREZ et al., 2013).

Espécies que são mais dependentes da temperatura ambiental para regulação de seus processos fisiológicos e ecológicos podem ser mais sensíveis às mudanças climáticas globais, como no caso de répteis (ARAÚJO et al., 2006; HULME, 2005;). Outra característica que torna os répteis, em particular lagartos, ainda mais susceptíveis às mudanças climáticas globais é a baixa capacidade de movimentação espacial do grupo, se comparado a outros vertebrados (HILLMAN et al., 2014). Esta característica poderia dificultar, ou mesmo impedir o deslocamento de algumas espécies para 22 ambientes climaticamente mais adequados para sua sobrevivência no caso de aquecimento global. Conhecer os processos que levaram ao atual padrão de distribuição das espécies e prever o comportamento futuro de populações são informações importantes para prever o impacto das mudanças climáticas globais sobre ambientes e espécies (DASILVA, 2011; WHITTAKER et al., 2005;). Este conhecimento serve de base para planejar ações de manejo e proteção para a biodiversidade e mitigação dos impactos gerados (WHITTAKER et al., 2005). Os objetivos deste estudo são investigar a existência de áreas de endemismo em lagartos na Bacia do Rio Paraguai e avaliar potenciais efeitos das alterações climáticas nas áreas úmidas do Chaco Úmido e Pantanal utilizando modelos de distribuição de espécies de lagartos. Os resultados obtidos no presente estudo estão apresentados na forma de manuscritos.

23

2. CAPÍTULO 1

“Biogeografia de lagartos (Reptilia, Squamata) da Bacia do Rio Paraguai, centro da América do Sul”

Manuscrito em preparação para “Journal of Biogeography”

24

Article type: Original Article – Journal of Biogeography

Biogeografia de lagartos (Reptilia, Squamata) da Bacia do Rio Paraguai, centro da América do

Sul

Ricardo Alexandre Kawashita-Ribeiro1,2*, Jacqueline Pimentel Silva1, Vanda Lúcia Ferreira3,

Cristiano Nogueira4, Christine Strüssmann1,5

1Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação da Biodiversidade, Instituto de

Biociências, Universidade Federal de Mato Grosso, 78060-900, Cuiabá, MT, Brasil

2Instituto de Ciências e Tecnologia das Águas, Universidade Federal do Oeste do Pará, 68040-

050, Santarém, PA, Brasil

3Departamento de Biologia, Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, Universidade Federal de

Mato Grosso do Sul, 79070-900, Campo Grande, MS, Brasil

4Laboratório de Herpetologia, Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo, 04263-000, São

Paulo, SP, Brasil

5Departamento de Ciências Básicas e Produção , Faculdade de Agronomia, Medicina

Veterinária e Zootecnia, Universidade Federal de Mato Grosso, 78060-900, Cuiabá, MT, Brasil

*Correspondência: Ricardo A. Kawashita-Ribeiro, Instituto de Ciências e Tecnologia das Águas,

Universidade Federal do Oeste do Pará, 68040-050, Santarém, PA, Brasil. E-mail: [email protected]

Cabeçalho: Biogeografia de lagartos da Bacia do Rio Paraguai

Contagem de palavras do texto: 10007; Contagem de palavras do resumo: 227 25

1 RESUMO

2 Objetivo Nosso objetivo é identificar componentes bióticos na Bacia do Rio Paraguai utilizando

3 lagartos como organismo-modelo.

4 Localização Bacia do Rio Paraguai, centro da América do Sul.

5 Métodos Nós revisamos e georreferenciamos 4718 registros de lagartos, com base em exame de

6 coleções científicas e revisão de dados em literatura. Identificamos componentes bióticos por meio

7 de duas análises independentes, a análise de elementos bióticos e a análise de endemicidade, em

8 grids com células de 1°X1° e 2°X2° de tamanho sobrepostas a área da Bacia do Rio Paraguai.

9 Resultados Nós registramos 80 espécies de lagartos para a Bacia do Rio Paraguai. Detectamos

10 grupos com distribuição significativa pela análise de elementos bióticos que corroboraram as

11 predições do modelo vicariante. Identificamos cinco elementos bióticos com grid de células de

12 1°X1° e 2°X2°. Detectamos com a análise de endemicidade com grid de células de 1°X1° quatro

13 áreas de endemismo e seis áreas de endemismo com células de 2°X2°. Os resultados das duas

14 análises apresentaram grande sobreposição em áreas de planalto da sub-bacia do Rio Paraguai.

15 Não identificamos componente biótico exclusivo da Bacia do Rio Paraguai.

16 Principais conclusões A Bacia do Rio Paraguai é composta pela confluência de diferentes

17 componentes bióticos de lagartos influenciados por unidades biogeográficas maiores. A

18 sobreposição de componentes bióticos em áreas de planalto da sub-bacia do Alto Paraguai indica

19 que estas áreas são importantes unidades biogeográficas para lagartos da bacia.

20 Palavras-chaves: Análise de elementos bióticos, análise de endemicidade, padrões de distribuição,

21 Neotrópico, componentes bióticos 26

22 INTRODUÇÃO

23 A biogeografia estuda a distribuição geográfica das espécies, reconhecendo padrões e

24 buscando explicações sobre os processos que os moldaram (Crisci, 2001; Posadas et al., 2006). Um

25 dos métodos para identificação destes padrões é a definição de áreas de endemismo, com biota

26 característica (Carvalho, 2010). O reconhecimento de componentes bióticos (Morrone, 2009) ajuda

27 na delimitação das áreas de endemismo que é o primeiro passo para compreensão dos processos

28 históricos e ecológicos que diferenciam os componentes de sua biota, sendo importante para

29 entender a história evolutiva de um táxon e de sua área de ocorrência (Carvalho, 2010).

30 Diversos métodos de análises biogeográficas, com diferentes abordagens, têm sido

31 propostos para identificar áreas de endemismo (Morrone & Crisci, 1995; Posadas et al., 2006;

32 Carvalho, 2010). Entretanto, algumas análises não incorporam a influência de fatores como

33 extinção e dispersão, podendo fornecer resultados não naturais (Brooks & Van Veller, 2003). A

34 solução para este problema é a utilização de métodos que consideram estes fatores, como a análise

35 de elementos bióticos (Hausdorf, 2002) e a análise de endemicidade (critério de otimização; Szumik

36 et al., 2002). Estudo realizado por Casagranda et al. (2012), utilizando uma base de dados

37 hipotéticos, indicou que estes foram os métodos que forneceram respostas mais próximas ao

38 padrão de distribuição dos dados hipotéticos para a formação de áreas de endemismo, embora

39 apresente diferenças nos conceitos utilizados na obtenção dos resultados.

40 Para a América do Sul existem alguns estudos utilizando áreas de endemismo com base em

41 análise de elementos bióticos (répteis esquamatas - Nogueira et al., 2011; serpentes - Guedes et

42 al., 2014; anfíbios - Xavier et al., 2015; serpentes - J.P. Silva et al., dados não publicados) e em

43 análise de endemicidade (gramíneas - Aagesen et al., 2009; coleópteros - Dolores et al. 2009;

44 hemípteros - Ferrari et al., 2010; plantas, insetos, anfíbios, répteis, aves e mamíferos - Szumik et

45 al., 2012; roedores - Prado et al., 2014). Estudos realizados com elementos bióticos na América do

46 Sul compreenderam o Cerrado (Nogueira et al., 2011), a Caatinga (Guedes et al., 2014) e as

47 restingas da Mata Atlântica (Xavier et al., 2015). Já a análise de endemicidade foi empregada em 27

48 análises envolvendo biotas da porção sul da América do Sul (Aagesen et al., 2009; Dolores et al.

49 2009; Szumik et al., 2012). Entretanto, a região central da América do Sul onde esta localizada a

50 Bacia do Rio Paraguai permanece pouco estudada. A bacia abrange partes da Argentina, Bolívia,

51 Brasil e Paraguai, sendo composta por complexo mosaico de diferentes ecorregiões (Olson et al.,

52 2001).

53 O Pantanal esta inserido na Bacia do Rio Paraguai. De formação geológica recente e sob

54 marcada influência de pulso de inundação determinado por cheias anuais, a planície de inundação

55 do Pantanal apresenta baixa quantidade de endemismos, se comparada a de outros biomas sul-

56 americanos (Junk et al., 2006; Strüssmann et al., 2007). Apesar disso, alguns estudos utilizando

57 escalas espaciais grandes indicam que o Pantanal possui biota diferenciada de outras formações

58 abertas da América do Sul, principalmente para plantas (Olson et al., 2001) e para répteis

59 esquamatas (Nogueira et al., 2011). A utilização de escalas espaciais menores para investigar a

60 presença de padrões de distribuição pode fornecer informações mais detalhadas para a tomada de

61 decisões voltadas para o manejo e conservação das espécies (Ojeda et al., 2003).

62 A capacidade de movimentação espacial pode influenciar os padrões de distribuição

63 (Rundle et al., 2002; Linares-Palomino & Kessler, 2004; Wiens & Donoghue, 2004; Arribas et al.,

64 2012; para um ponto de vista contrário ver Lester et al., 2007). Organismos com menores

65 capacidades de movimentação podem ser mais sensíveis a barreiras de dispersão (Hillman et al.,

66 2014), evidenciando mais facilmente a presença de áreas de endemismo. Lagartos podem ser

67 considerados bons modelos para estudos biogeográficos, pois a maioria das espécies possui

68 habilidade de movimentação inferior a de outros vertebrados como mamíferos e aves (Hillman et

69 al., 2014). Neste estudo nós utilizamos lagartos como organismo-modelo para investigar a

70 existência de padrões de distribuição espacial de fauna na Bacia do Rio Paraguai utilizando duas

71 análises, a análise de elementos bióticos e análise de endemicidade.

72 28

73 MATERIAL E MÉTODOS

74 Caracterização da área de estudo

75 A Bacia do Rio Paraguai (BRP) é uma área de drenagem com 1.135,000 km² que cobre

76 grande parte do Paraguai e porções da Argentina, Bolívia e Brasil. Esta localizada no centro da

77 América do Sul, entre 14° e 27° de latitude sul e 53°e 67° de longitude oeste e possui como principais

78 tributários os rios Paraná, Paraguai e Uruguai. A formação geológica da bacia é diversa com rochas

79 datadas do Pré-Cambriano até o Quaternário e pode ser dividida do ponto de vista geológico e

80 hidrográfico em quatro sub-bacias: Paraná, Paraguai, Uruguai e sistema do Rio La Plata (Brea &

81 Zucol, 2011).

82 As interpretações dos registros paleoambientais para a região indicam a existência de

83 coberturas de vegetação distintas em diferentes períodos geológicos, sugerindo episódios de

84 mudanças climáticas drásticas que incluem alternância de períodos secos, úmidos, frios e quente

85 (Brea & Zucol 2011; Junk et al. 2006). Atualmente a BRP engloba diversas ecorregiões terrestres

86 (sensu Olson et al., 2001): Cerrado, Florestas Secas dos Chiquitanos, Florestas Montanhosas Secas

87 da Bolívia, Chaco Seco, Chaco Úmido, Floresta Atlântica do Alto Paraná, Puna dos Andes Centrais,

88 Yungas do Sul dos Andes e Pantanal (Fig. 1).

89 29

Figura 1. Delimitação da Bacia do Rio Paraguai (PRB) com indicação dos principais rios da região (Rivers), Rio Paraguai (Paraguay River) e ecorregiões presentes na bacia. Ecorregiões adaptadas de Olson et al. (2001). Alto Paraná Atlantic forests = Floresta Atlântica do Alto Paraná; Bolivian montane dry forests = Florestas Montanhosas Secas da Bolívia; Central Andean dry puna = Puna seca dos Andes Centrais; Central Andean puna = Puna dos Andes Centrais; Cerrado = Cerrado; Chiquitano dry forests = Florestas Secas dos Chiquitanos; Dry Chaco = Chaco Seco; Humid Chaco = Chaco Úmido; Pantanal = Pantanal; Southern Anean Yungas = Yungas do Sul dos Andes.

90

91 Duas destas ecorregiões que merecem destaque por apresentarem condições ambientais

92 que diferem do padrão geral de ambientes secos da BRP, são as áreas úmidas do Chaco Úmido e

93 Pantanal. O Chaco Úmido (ou Chaco Oriental) possui área aproximada de 120 mil km2 (Adámoli,

94 1999; Bucher, 1982; Pennington et al., 2000), com origem geológica provável no Holoceno e

95 formada basicamente por paleocanais, antigos depósitos aluviais e leques aluviais de grandes rios

96 (Iriondo, 1993). Compreende a porção mais úmida da planície chaquenha, com algumas áreas

97 apresentando períodos de inundação, relacionados ao transbordamento dos rios durante o período

98 chuvoso e a baixa permeabilidade do terreno (Bucher, 1982; Iriondo, 1993). 30

99 O Pantanal é uma grande planície inundável inserida na sub-bacia do Alto Paraguai, com

100 área total superior a 135 mil km2 (Hamilton et al., 1996; Assine & Soares, 2004; Junk & Cunha, 2005;

101 Junk et al., 2006). A origem da principal fase de subsidência da planície, muito provavelmente, esta

102 relacionada com o último pulso de compressão dos Andes entre o Plioceno superior e Pleistoceno

103 inferior (2,5 M.A.A.P.) (Ussami et al., 1999; Junk et al., 2006). A planície apresenta elevação entre

104 85-150 m, com baixa declividade no sentido norte-sul, os planaltos que compõem o entorno da

105 planície apresentam altitudes entre 250-1200 m (Hamilton et al., 1996) e são, em sua maioria,

106 compostos por arenitos com diferentes idades geológicas, como as formações do Complexo do

107 Parecis (ao norte), Chapada dos Guimarães (a noroeste), Serra de São Jerônimo (leste) e Serra de

108 Maracajú (sudeste), formações calcárias, como a Serra das Araras (norte) e Serra da Bodoquena

109 (sul) e afloramentos graníticos, no planalto Taquari-Itiquira e (noroeste) na Serra de São Vicente

110 (noroeste). A oeste, na divisa entre Brasil e Bolívia, a planície é limitada pelos maciços pré-

111 cambrianos de Urucum e Amolar (Hamilton et al., 1996; Boggiani et al. 1998; Junk et al., 2006).

112 O Pantanal é caracterizado pelo pulso de inundação que é considerado como uma das

113 principais forças que estruturam a paisagem e as comunidades biológicas no Pantanal (Junk et al.,

114 1989; Junk & Wantzen, 2004; Junk et al., 2006; Resende, 2008; Junk et al., 2011), ocasionado pelo

115 transbordamento anual do rio Paraguai e seus afluentes, juntamente com intensa precipitação local

116 durante a estação chuvosa (Junk et al., 1989; Junk & Wantzen, 2004; Junk et al., 2006; Resende,

117 2008; Junk et al., 2011).

118

119 Dados de distribuição das espécies

120 Os dados foram obtidos em consulta a bancos de dados e/ou material testemunho de 11

121 coleções brasileiras (87% dos registros; CEUCH, CHUNB, HCPAP, IBSP, MHNCI, MNRJ, MZUSP,

122 UFMT, UFMS, ZUEC e MPEG – identificação das instituições esta presente no Apêndice 1), 17

123 coleções de outros países (2% do material analisado; AMNH, ANSP, BMNH, CZPLT, FMNH, KU,

124 MACN, MCZ, MHNP, MRSN, TCWZ, UMMZ, UNNE, USNM, UTA, ZMB e ZMH – identificação das 31

125 instituições esta presente no Apêndice 1), ou em bibliografia (11% do material analisado) (Apêndice

126 1). As coordenadas geográficas para cada registro foram obtidas utilizando dados disponíveis nas

127 coleções, sempre que possível, ou recuperadas através do Google Earth versão 6.1 (Google Inc.,

128 2011) ou ArcView 10.1 (ESRI, 2011) (aproximadamente 27% do total); ou bibliografia (34%).

129 Alternativamente, na ausência de informações detalhadas sobre a localidade, as coordenadas

130 geográficas foram recuperadas utilizando gazetteers do GEOnet Names Server (NGA, 2014) (17%)

131 ou os centroides dos municípios (22%). As análises foram realizadas considerado apenas até o nível

132 específico e espécies com identificação duvidosa não foram utilizadas. Taxa com forte indicação

133 morfológica de constituírem novas espécies foram indicados como “sp.” e utilizados nas análises

134 (e.g., Ameiva sp.1; Ameiva sp.2; Gonatodes sp.; Kentropyx sp.; Stenocercus sp.).

135

136 Análises biogeográficas

137 Análise de elementos bióticos

138 Para identificar componentes bióticos nós utilizamos a análise de elementos bióticos

139 (Hausdorf, 2002; Hausdorf & Hennig, 2003). A análise identifica grupos de taxa não randômicos que

140 possuem maior similaridade entre si em suas distribuições espaciais que com outros grupos de taxa.

141 A presença de taxa filogeneticamente relacionados em distintos elementos bióticos pode ser

142 interpretada utilizando os pressupostos da teoria de vicariância (Crozait et al., 1974; Hausdorf,

143 2002; Hausdorf & Hennig, 2003).

144 Nós utilizamos um grid de 79 células com 1° de latitude por 1° de longitude e outro com 32

145 células com 2° de latitude por 2° de longitude que foram utilizados para calcular a matriz de

146 distância entre a distribuição das espécies. Na matriz utilizamos o coeficiente de distância GECO,

147 pois reflete melhor a similaridade entre distribuições geográficas e é mais robusto frente a

148 amostragens incompletas e lacunas que outros coeficientes (Hennig & Hausdorf, 2006). Em seguida

149 foi obtida uma razão entre as 25% menores e maiores distâncias (estatística T), que indicou o grau 32

150 de agrupamento das espécies. Para testar a não-aleatoriedade (significância) do grau de

151 agrupamento dos dados reais, a estatística T obtida foi comparada a 1000 valores gerados por

152 modelos nulos produzidos através de simulações de Monte Carlo. Os modelos nulos foram gerados

153 com parâmetros aproximados aos dados reais, sendo eles: o número de células ocupadas por

154 espécie, a riqueza de espécies por célula e autocorrelação espacial (Hausdorf & Hennig, 2003;

155 Hennig & Hausdorf, 2006).

156 As análises foram implementadas no ambiente R (R Core Team, 2014) utilizando o pacote

157 PRABCLUS (Hausdorf & Hennig, 2003). Para evidenciar a formação de grupos pelas espécies

158 aplicamos o modelo baseado no agrupamento Gaussiano (MBGC), implementado pelo pacote

159 MCLUST (Fraley et al., 2012) sobre a matriz de distâncias, para determinar a formação de grupos

160 mais parcimoniosos. Posteriormente, nós utilizamos escalonamento não métrico multidimensional

161 (NMDS) com três dimensões como escala e o ruído inicial (número mínimo de espécies que irão

162 compor um agrupamento) foi obtido dividindo o número de espécies por 40, como sugerido por

163 Hausdorf e Hennig (2003).Os grupos formados a partir das análises (elementos bióticos - BE) foram

164 numerados sequencialmente de 1 a 5 com numerais arábicos (BE1, BE2, etc.), acompanhados das

165 notações sobrescritas “1°” para células de 1°X1° de tamanho e “2°” para células de 2°X2°.

166 Distribuições que não podem ser atribuídas de forma adequada a nenhum grupo foram

167 consideradas como componente ruído (N) (Fraley & Raftery, 1998; Hausdorf & Hennig, 2003). Áreas

168 dentro dos elementos bióticos que possuíam maior riqueza de espécies (70% ou mais) foram

169 classificadas como áreas core. Mantivemos a nomenclatura de elementos bióticos para os

170 resultados da análise, porém estes foram considerados como sendo componentes bióticos no

171 presente estudo.

172 O modelo vicariante de áreas de endemismo (Hausdorf, 2002) ainda prevê que espécies

173 taxonomicamente próximas se distribuam uniformemente entre os elementos bióticos, indicando

174 a ocorrência de especiação alopátrica, segunda predição do modelo vicariante. Para testar esta

175 predição nós utilizamos o teste qui-quadrado para avaliar a independência entre linhas e colunas 33

176 de uma tabela cruzada onde as espécies foram classificadas de acordo com seu gênero (linhas) e

177 suas presenças nos elementos bióticos (colunas), de gêneros compostos por mais de uma espécie

178 que estavam presentes nos elementos bióticos (Hausdorf & Hennig, 2003). Espécies pertencentes

179 ao componente ruído ou a gêneros monoespecíficos não foram utilizadas.

180 Análise de endemicidade (critério de otimização)

181 Utilizamos a análise de endemicidade (EA) (Szumik et al., 2002), por meio do programa

182 NDM/VNDM (Goloboff, 2004), para evidenciar a formação de conjuntos de células (sets) que

183 possuem mais espécies restritas a uma determinada região (Szumik et al., 2002). Para realizar a EA,

184 nós utilizamos grids com células de 1° de latitude por 1° de longitude (169 células) e com 2° de

185 latitude por 2° de longitude (49 células), em sobreposição à área da BRP. As análises foram

186 efetuadas com 50% de sobreposição de conjuntos de espécies únicas e com 100 repetições de

187 busca por áreas de endemismo. As áreas de consenso foram geradas com consenso flexível,

188 agrupando áreas individuais que compartilham no mínimo 30% de espécies endêmicas, o que

189 permite indicar a influência de fatores que não afetaram todos os taxa. Os grupos formados a partir

190 das análises (conjuntos de células - set) foram numerados sequencialmente de 0 a 5 com numerais

191 arábicos (set 1, set 2, etc.), acompanhados das notações sobrescritas “1°” para células de 1°X1° de

192 tamanho e “2°” para células de 2°X2°. Mantivemos a nomenclatura de áreas de endemismo (set)

193 para os resultados da análise, porém estes foram considerados como sendo componentes bióticos

194 no presente estudo.

195

196 RESULTADOS

197 Nós obtivemos 4718 registros de lagartos de 80 espécies, pertencentes a cinco infraordens

198 e 13 famílias (Apêndice 2) para 275 localidades na Bacia do Rio Paraguai (BRP) (Apêndice 3). Do

199 total de espécies registradas, 11 (aproximadamente 14% do total de espécies) são conhecidas de

200 apenas uma localidade; 25 espécies estão registradas para duas a cinco localidades (31%); 10 34

201 espécies, entre seis e 10 localidades (13%) e 34, para mais de 10 localidades (43%). Para a planície

202 de inundação do Pantanal foram registradas 38 espécies de lagartos (47% do total registrado para

203 a BRP), pertencentes a quatro infraordens e 10 famílias (Apêndice 2). Para a BRP foram detectadas

204 apenas duas espécies de lagartos endêmicas: cacerensis Castrillon & Strüssmann, 1998 e

205 Dracaena paraguayensis Amaral, 1950. Alguns taxa, aparentemente ainda não descritos, estão

206 sendo estudados e podem constituir espécies endêmicas para a BRP (e.g., Ameiva sp.1; Ameiva

207 sp.2; Gonatodes sp.; e Kentropyx aff. viridistriga).

208

209 Elementos bióticos

210 Células com 1°x1° de tamanho

211 A distribuição dos lagartos na BRP, avaliada pela análise de elementos bióticos com células

212 do grid em 1°X1°, apresentou padrão não randômico, em concordância com a primeira predição do

213 modelo vicariante, com valor de T = 0,36 (P < 0,005) e com valores de T nos modelos nulos variando

214 entre 0,35 e 0,46 (média de 0,40). Nós detectamos cinco elementos bióticos compostos por 15

215 espécies (19% do total de espécies) (Apêndice 2) e 66 espécies foram classificadas como

216 componente ruído (Fig. 2a). 35

Figura 2. Agrupamentos das espécies de lagartos registradas na Bacia do Rio Paraguai, obtidos pela análise de elementos bióticos e representados nas duas primeiras dimensões do escalonamento multidimensional não-métrico (NMDS). Os agrupamentos foram obtidos através da análise da matriz de distâncias GECO no MCLUST em (a) grid com células de 1°X1° e (b) grid com células de 2°X2°. Números indicam os elementos bióticos (1-5) detectados e a letra “N”, os componentes ruídos.

217

218 O elemento biótico 1 (BE11°; Fig. 3a) foi formado por seis espécies (40% das espécies que

219 compõem todos os BE) e apenas uma área core. As espécies deste BE apresentam registros para os

220 planaltos do norte da BRP no noroeste da sub-bacia do Paraguai (próximo ao planalto do Parecis),

221 na margem do Pantanal e são espécies amplamente distribuídas na região amazônica. O elemento 36

222 biótico 2 (BE21°; Fig. 3b) agrupa três espécies (20%) em uma única área core, com poucos registros

223 restritos à Cordilheira dos Andes, na Bolívia, oeste da BRP. O elemento biótico 3 (BE31°; Fig. 3c) é

224 composto por duas espécies (13%) com registros distribuídos no norte da BRP (planalto dos

225 Guimarães), sendo composto por quatro áreas core. O elemento biótico 4 (BE41°; Fig. 3d) agrupa

226 duas espécies com registros no nordeste (planalto dos Guimarães e planaltos Taquari-Itiquira) da

227 BRP e é composto por três áreas core. O elemento biótico 5 (BE51°; Fig. 3e) é composto, também,

228 por duas espécies, com registros dispersos e disjuntos em planaltos e planícies do centro oeste e

229 sudoeste da BRP, fora do Pantanal, e é composto por quatro áreas core disjuntas.

230

Figura 3. Distribuição dos elementos bióticos (BE 11° – 51°) formados a partir das espécies de lagartos presentes dentro dos limites da Bacia do Rio Paraguai (BRP), obtida pela análise de elementos bióticos com grid de células com 1°X1°. A coloração no interior das células representa > 70%, > 30%, > 0% de espécies nas células dos elementos bióticos em relação ao total presente no elemento biótico.

231 37

232 No teste da segunda predição do modelo vicariante nós utilizamos dois gêneros que

233 possuíam duas espécies cada um, totalizando quatro espécies (26% das espécies que compuseram

234 os elementos bióticos). No elemento biótico 1 (BE11°), duas espécies estavam presentes e nos

235 elementos bióticos 2 (BE21°) e 3 (BE31°), uma espécie em cada um deles (Apêndice 2). O resultado

236 do teste qui-quadrado mostrou que espécies proximamente relacionadas tem uma distribuição

237 uniforme (P = 0,32), o que sugere a ocorrência de especiação vicariante dentro destes grupos.

238 Células com 2°x2° de tamanho

239 A distribuição dos lagartos na BRP avaliada pela análise de elementos bióticos com grid de

240 células com 2°X2° apresentou padrão não randômico, em concordância com a primeira predição

241 do modelo vicariante, com valor de T = 0,29 (P < 0,001) e com valores de T nos modelos nulos

242 variando entre 0,32 e 0,41 (média de 0,36). Foram detectados cinco elementos bióticos, compostos

243 por 31 espécies (39% das espécies registradas na BRP; Apêndice 2) e 49 espécies compondo o

244 componente ruído (Fig. 2b).

245 O elemento biótico 1 (BE12°; Fig. 4a) foi formado por 14 espécies (45% das espécies que

246 compõem os elementos bióticos) com distribuição no norte da BRP (próximo ao planalto do Parecis

247 e dos Guimarães), tendo apresentado uma área core restrita ao noroeste da bacia. O elemento

248 biótico 2 (BE22°; Fig. 4b) foi formado por seis espécies (19%), com distribuições que acompanham a

249 extensão do rio Paraguai. O BE22° apresenta área core nos planaltos que margeiam o oeste do

250 Pantanal (complexo do Amolar), compreendendo áreas de planalto e planície no sentido nordeste-

251 sudeste da BRP que incluem todo o Pantanal e também uma área disjunta no oeste da BRP, na

252 Cordilheira dos Andes. O elemento biótico 3 (BE32°; Fig. 4c) inclui quatro espécies (13%),

253 apresentando duas áreas disjuntas e apenas uma área core, restrita ao oeste da BRP, na Cordilheira

254 dos Andes. O elemento biótico 4 (BE42°; Fig. 4d) foi formado por quatro espécies com registros no

255 norte e leste da BRP, relacionadas ao Pantanal, e apresentou quatro áreas core nos planaltos ao

256 norte (próximo ao planalto do Parecis, complexo da Serra das Araras e planalto dos Guimarães),

257 leste (Serra de São Vicente, planaltos Taquari-Itiquira), sul (complexo da Serra da Bodoquena) e 38

258 oeste (Serra do Urucum e complexo do Amolar), que contornam o Pantanal. O elemento biótico 5

259 (BE52°; Fig. 4e) compreende três espécies (10%) com registros que se estendem dos planaltos a

260 sudeste da BRP para oeste, até a Cordilheira dos Andes, com uma área core no sul da BRP.

261

Figura 4. Distribuição dos elementos bióticos (BE 12° – 52°) formados a partir das espécies de lagartos presentes dentro dos limites da Bacia do Rio Paraguai (BRP), obtidos pela análise de elementos bióticos com grid de células com 2°X2°. A coloração no interior das células representa > 70%, > 30%, > 0% de espécies nas células dos elementos bióticos em relação ao total presente no elemento biótico.

262

263 No teste da segunda predição do modelo vicariante nós utilizamos sete gêneros com mais

264 de uma espécies em qualquer elemento biótico, totalizando 19 espécies (61% das espécies que

265 compuseram os elementos bióticos). Em cada elemento biótico estavam presentes: no BE12°, oito

266 espécies; no BE22°, quatro espécies; no BE32°, três espécies, e nos elementos bióticos BE42° e BE52°,

267 duas espécies em cada elemento (Apêndice 2). O resultado do teste qui-quadrado mostrou que 39

268 espécies proximamente relacionadas têm uma distribuição uniforme (P = 0,16), que sugere a

269 ocorrência de especiação vicariante dentro destes grupos.

270

271 Análise de endemicidade (critério de otimização)

272 Células com 1°x1° de tamanho

273 A análise de endemicidade realizada com grid de 1°x1° identificou oito áreas de endemismo

274 que geraram quatro áreas de consenso com scores entre 2,11-3,60, compostas por 19 espécies

275 (24% do total de espécies; Apêndice 2). O conjunto 0 (set 01°; Fig. 5a) apresentou scores entre 2,60-

276 3,60 e foi formado por oito espécies (42% do total de espécies que compuseram as áreas de

277 endemismo) que apresentam registros no sudeste da BRP, correspondendo a toda a área do

278 Pantanal, incluindo planaltos e planície. O conjunto 1 (set 11°; Fig. 5b), com scores 2,11-2,36, incluiu

279 três espécies (16%) com registros para o norte da BRP nos planaltos que contornam o Pantanal a

280 oeste (Serra do Urucum e complexo do Amolar), norte (próximo ao planalto do Parecis, complexo

281 da Serra das Araras e planalto dos Guimarães) e leste (planaltos Taquari-Itiquira). O conjunto 2 (set

282 21°; Fig. 5c), com scores 2,59-2,84, compreendeu quatro espécies (21%) com registros disjuntos no

283 nordeste da BRP, que incluiu os planaltos ao norte (planalto dos Guimarães) e leste (planaltos

284 Taquari-Itiquira) do Pantanal. O conjunto 3 (set 31°; Fig. 5d) apresentou scores entre 3,21-3,46 e foi

285 formado por cinco espécies (26%), com registros restritos ao norte da BRP.

286 40

Figura 5. Distribuição das áreas de consenso (set 01° – 31°) formadas a partir dos registros de distribuição das espécies de lagartos presentes na Bacia do Rio Paraguai (BRP), por meio da análise de endemicidade, com grid de células com 1°X1°. A coloração no interior das células representa os scores (valores de endemicidade das áreas).

287

288 Células com 2°x2° de tamanho

289 A análise de endemicidade realizada com grid de 2°X2° identificou 19 áreas de endemismo,

290 gerando seis áreas de consenso com scores variando entre 2,11-10,30, compostas por 50 espécies

291 (63% do total de espécies; Apêndice 2). O conjunto 0 (set 02°; Fig. 6a) apresentou scores entre 2,80-

292 4,30 e foi formado por nove espécies (18% das espécies que compuseram as áreas de endemismo),

293 com registros no oeste, norte, centro e leste da BRP, incluindo o Pantanal. O conjunto 1 (set 12°; Fig.

294 6b), com scores entre 9,30-10,30, incluiu 21 espécies (42%) com registros para o nordeste da BRP,

295 incluindo planaltos e planície do Pantanal. O conjunto 2 (set 22°; Fig. 6c), com scores entre 2,11-

296 2,86, compreendeu seis espécies (12%) com registros no centro e sul da BRP, na porção sul do

297 Pantanal, incluindo o complexo da Serra da Bodoquena. O conjunto 3 (set 32°; Fig. 6d) apresentou

298 scores entre 6,71-6,97 e foi formado por 11 espécies (22%), com registros que acompanham toda 41

299 a extensão do rio Paraguai no sentido nordeste-sudeste da BRP, incluindo a planície do Pantanal. O

300 conjunto 4 (set 42°; Fig. 6e), com scores 6,85-7,35, compreendeu 13 espécies (26%) com registros

301 na maior porção da BRP, incluindo todo o Pantanal. O conjunto 5 (set 52°; Fig. 6f), com scores 2,85-

302 3,10, compreendeu quatro espécies (8%), com registros no sudeste da BRP.

303

Figura 6. Distribuição das áreas de consenso da análise de endemicidade (set 02° – 32°) formadas a partir dos registros de distribuição das espécies de lagartos presentes na Bacia do Rio Paraguai (BRP), com grid de células com 2°X2°. A coloração no interior das células representa os scores (valores de endemicidade das áreas).

304

305 Sobreposição das áreas de endemismo

306 As áreas core identificadas por meio das análises de elementos bióticos para ambos os

307 tamanhos de células e as áreas de endemismo evidenciadas pelas análises de endemicidade com

308 maiores scores (acima de 3,21 para células com 1°X1° e acima de 9,30 para células com 2°X2° de

309 tamanho) apresentam grande sobreposição em suas distribuições na região que compreende a sub-

310 bacia do Paraguai, principalmente nos planaltos a noroeste e ao norte, que margeiam o Pantanal

311 (Fig. 7). Menor grau de sobreposição foi observado para os planaltos que delimitam o oeste e leste 42

312 do Pantanal e pouca sobreposição foi observada para o sul (Chaco Úmido no Paraguai) e oeste

313 (região andina de Puna) da BRP.

314

Figura 7. Sobreposição das áreas de endemismo de lagartos da Bacia do Rio Paraguai (limites pontilhados) gerada com grid de células com 1°X1° e 2°X2° de tamanho através das análises de elementos bióticos (consideradas apenas as áreas core com mais de 70% das espécies que compõem os elementos bióticos, para ambos os tamanhos das células) e análise de endemicidade (considerando áreas com maiores scores, acima de 3,21 para células com 1°X1° e acima de 9,30 para células com 2°X2° de tamanho). Colorações mais escuras representam áreas com maior sobreposição das áreas de endemismo.

315

316 DISCUSSÃO

317 Os resultados que nós obtivemos por meio das análises de elementos bióticos e com as

318 análises de endemicidade para lagartos, com grids de células de 1°X1° e de 2°X2° de tamanho,

319 evidenciam o agrupamento de diferentes conjuntos de espécies de lagartos em determinadas

320 porções da Bacia do Rio Paraguai (BRP), conforme sugerido anteriormente por Junk et al. (2006),

321 Strüssmann et al. (2007), Strüssmann et al. (2011) e Werneck (2011). Na classificação de 43

322 ecorregiões de Olson et al. (2001), utilizando análise em fina escala, é possível identificar nove

323 ecorregiões na região da BRP (Chaco seco, Chaco úmido, Yungas do sudeste dos Andes, Puna dos

324 Andes centrais, Puna seca dos Andes centrais, Florestas Secas Montanhosas bolivianas, Florestas

325 Secas dos Chiquitanos, Cerrado, Pantanal e Mata Atlântica do Alto Paraná). No estudo de Morrone

326 (2014a), utilizando escala maior, é possível reconhecer apenas quatro províncias biogeográficas na

327 região da BRP: província de Puna (Puna dos Andes centrais + Puna seca dos Andes centrais sensu

328 Olson et al., 2001), província de Rondônia (Pantanal + Florestas Secas dos Chiquitanos + Florestas

329 Secas Montanhosas bolivianas + Yungas do sudeste dos Andes sensu Olson et al., 2001), província

330 do Cerrado (Cerrado + Chaco seco + Chaco úmido sensu Olson et al., 2001) e província do Paraná

331 (Mata Atlântica do Alto Paraná sensu Olson et al., 2001). Na escala geográfica que utilizamos para

332 lagartos, a distribuição dos elementos bióticos e das áreas de endemismo melhor se ajustaram a

333 algumas das ecorregiões descritas por Olson et al. (2001).

334 O elemento biótico BE11° (Fig. 3a), BE12° (Fig. 4a) e a área de endemismo set 31° (Fig. 5d)

335 possuem distribuição que coincide com a ecorregião das Florestas Secas dos Chiquitanos. Estudo

336 realizado com elementos bióticos de serpentes na BRP, com grid com células de 1°X1°, também

337 encontrou agrupamento semelhante para esta área da bacia (J.P. Silva et al., dados não publicados).

338 Aparentemente, este componente biótico que detectamos na ecorregião dos Chiquitanos da BRP

339 representam os limites de unidades biogeográficas maiores para répteis Squamata do Cerrado,

340 correspondendo aos elemento biótico 4 e elemento endêmico EE2 Paraguay-Guaporé identificados

341 por Nogueira et al. (2011). Nosso componente biótico é formado principalmente por espécies

342 amazônicas de lagartos (Apêndice 2), com registros em poucas localidades da BRP. De maneira

343 semelhante, Nogueira et al. (2011) também encontraram espécies amazônicas distribuídas nos

344 agrupamentos de Squamata identificados por eles. Nossos resultados corroboram estudos

345 anteriores que classificaram a ecorregião dos Chiquitanos como uma zona de transição, entre

346 florestas úmidas tropicais amazônicas (ao norte) e região semiárida subtropical (ao sul), porém com

347 uma biota característica (Killeen et al., 2006; Werneck, 2011). 44

348 A maioria das localidades presentes no componente biótico que identificamos na

349 ecorregião dos Chiquitanos esta situada em regiões onde há grande proximidade entre as

350 cabeceiras dos rios que drenam para a BRP e de rios que drenam para a bacia do Guaporé-Madeira.

351 Esta proximidade poderia facilitar a dispersão e estabelecimento de espécies amazônicas naquela

352 região, especialmente em matas ripárias (Oliveira-Filho & Ratter, 1995; Silva, 1996; Johnson et al.,

353 1999a; Costa, 2003; Garda & Cannatella, 2007, Carvalho & Albert, 2011). Em contrapartida, a

354 subsidência da planície de inundação do Pantanal pode ter atuado como barreira à dispersão dessas

355 espécies. A condição pretérita de drenagem para o rio Amazonas, das cabeceiras dos rios que

356 drenam atualmente para o rio Paraguai (Ribeiro et al., 2013), influenciou o padrão de distribuição

357 de organismos aquáticos (Arzamendia & Giraudo, 2009; Ribeiro et al., 2013; Carvalho & Albert,

358 2011) e também poderia ter contribuído para o padrão de distribuição observado atualmente em

359 lagartos, principalmente pela influência das matas ripárias.

360 Os elementos bióticos BE31° (Fig. 3c), BE41° (Fig. 3d) e a área de endemismo set 21° (Fig. 5c)

361 encontram-se distribuídos exclusivamente nos planaltos a noroeste da BRP, na ecorregião do

362 Cerrado (sensu Olson et al., 2001), sendo aparentemente limitados pela planície de inundação do

363 Pantanal. A identificação do componente biótico de lagartos no Cerrado condiz com o registrado

364 para outros grupos taxonômicos, como para roedores (Nascimento et al., 2013) e répteis Squamata

365 (Nogueira et al., 2011). Este componente biótico identificado para lagartos esta em concordância

366 com o limite da distribuição das unidades biogeográficas reconhecidas para Squamata do Cerrado

367 (elementos bióticos 1, 3, 8 e elemento endêmico EE4 Guimarães-Roncador; Nogueira et al. 2011).

368 O Cerrado é uma importante unidade biogeográfica da América do Sul (Colli et al., 2002; Rodrigues,

369 2005; Nogueira et al., 2010), de grande insubstituibilidade biológica (Diniz-Filho et al., 2009) e com

370 elevada riqueza de espécies de diversos grupos de vertebrados (plantas vasculares e vertebrados,

371 com exceção de peixes - Myers et al., 2000; plantas e vertebrados - Klink & Machado, 2005; plantas,

372 mamíferos, aves e insetos - Prevedello & Carvalho, 2006; anfíbios - Valdujo et al., 2012). A influência 45

373 do Cerrado na composição da biota do Pantanal já foi relatada, de modo geral, por Junk et al. (2006)

374 e Pott et al. (2011).

375 Os elementos bióticos BE21° (Fig. 3b) e BE32° (Fig. 4c) agrupam espécies da ecorregião de

376 Puna (sensu Olson et al., 2001), na Cordilheira dos Andes, considerada como uma zona de transição

377 biogeográfica sul-americana (Morrone, 2001; 2004). Nestas zonas de transição teriam ocorrido

378 eventos de hibridização através da troca ecológica entre os componentes bióticos das regiões

379 vizinhas (Morrone, 2004). A formação de um componente biótico de lagartos na ecorregião de Puna

380 da BRP é congruente com o observado em outros grupos taxonômicos, a exemplo de gramíneas

381 (Aagesen et al., 2009), crustáceos (Morrone & Lopretto, 1994; Morrone, 1996), insetos (Morrone,

382 2006; Ferrari et al., 2010), aves (Cracraft, 1985; Morrone, 2001) e mamíferos (Morrone, 2001; Ojeda

383 et al.,2003). O componente biótico identificado aqui para a Puna pode corresponder a uma porção

384 de uma área de endemismo maior reconhecida para o noroeste da Argentina na região da Puna por

385 Szumik et al. (2012) utilizando diversos grupos taxonômicos (plantas, insetos, anfíbios, répteis, aves

386 e mamíferos).

387 O elemento biótico BE52° (Fig. 4e) e a área de endemismo set 52° (Fig. 6f) estão localizados

388 nos planaltos no sudeste da BRP, nas ecorregiões da Mata Atlântica do Alto Paraná e do Chaco

389 Úmido. Diversos autores indicaram a presença de espécies características nas unidades

390 biogeográficas do Alto Paraná (aves - Cracraft, 1985; crustáceos - Morrone & Lopretto, 1994;

391 Morrone, 1996; plantas, insetos, anfíbios, répteis, aves e mamíferos - Szumik et al. 2012; plantas e

392 artrópodes - Morrone, 2014a) e do Chaco lato sensu (aves - Cracraft, 1985; crustáceos - Morrone &

393 Lopretto, 1994; Morrone, 1996; insetos - Goldani & Carvalho, 2003; plantas, insetos, anfíbios,

394 répteis, aves e mamíferos - Szumik et al. 2012; plantas, artrópodes, aves e mamíferos - Morrone,

395 2014a). Alguns estudos sugerem que a biota do Alto Paraná esta relacionada com a da Mata

396 Atlântica, como para serpentes (Arzamendia & Giraudo, 2009; Sigrist & Carvalho, 2009) e alguns

397 taxa de artrópodes (Sigrist & Carvalho, 2009; Morrone, 2014b), mas essa maior afinidade não foi

398 verificada para lagartos até o momento. Esta áreas de endemismo identificadas para lagartos da 46

399 BRP, aparentemente, correspondem a porção da área de endemismo identificada por Szumik et al.

400 (2012) para o norte da Argentina na região do Chaco e de unidades biogeográficas identificadas por

401 Nogueira et al. (2011) para Squamata (elemento biótico 6 e elemento endêmico EE3 Paraná-

402 Paraguay).

403 Outros componentes bióticos de lagartos encontrados com o presente estudo abrangem

404 mais de duas ecorregiões, apresentando padrões de distribuição mais complexos para

405 interpretação. O elemento biótico BE51° (Fig. 3e) distribui-se nas ecorregiões das Florestas Secas

406 dos Chiquitanos, Pantanal, Chaco Seco e Chaco Úmido. O elemento biótico EB42° (Fig. 4d) e as áreas

407 de endemismo set 22° (Fig. 6c) e set 32° (Fig. 6d) abrangem porções do Cerrado, das Florestas Secas

408 dos Chiquitanos, Pantanal, Chaco Seco, Chaco Úmido e Mata Atlântica do Alto Paraná. As áreas de

409 endemismo set 01° (Fig. 5a) e set 12° (Fig. 6b) abrangem porções do Cerrado, Florestas Secas dos

410 Chiquitanos e Pantanal e a área de endemismo set 11° (Fig. 5b), porções do Cerrado, Florestas Secas

411 dos Chiquitanos, Pantanal e Chaco Seco. O elemento biótico BE22° (Fig. 4b) e as áreas de endemismo

412 set 02° (Fig. 6a) e set 42° (Fig. 6e) distribuem-se pelo Cerrado, Florestas Secas dos Chiquitanos,

413 Pantanal, Chaco Seco, Chaco Úmido, Puna e Yunga. Resultados semelhantes, especialmente para o

414 elemento biótico BE22° e a área de endemismo de lagartos set 32°, foram encontrados para

415 serpentes da BRP (J.P. Silva et al., dados não publicados).

416 Elementos bióticos e/ou áreas de endemismos que abrangem múltiplas ecorregiões podem

417 estar relacionados, em parte, com a grande heterogeneidade da paisagem no Pantanal (Pott et al.,

418 2011; Scremin-Dias et al., 2011), no Cerrado (Furley, 1999) e no Chaco (Barberis et al., 2002) e/ou

419 com a influência de diversos fatores (e.g., eventos geológicos, fatores ecológicos) sobre a biota.

420 Estudos sobre o relacionamento das unidades biogeográficas da América do Sul com base em

421 abelhas (Zanella, 2002), lagartos (Colli, 2005) e aves (Porzecanski & Cracraft, 2005; Sigrist &

422 Carvalho, 2009) indicam maior relacionamento entre o Cerrado e o Chaco. Lagartos do gênero

423 Tropidurus Wied-Neuwied, 1825 do Cerrado são mais relacionados ao Pantanal (Carvalho et al.,

424 2013). Entretanto, análises de cladograma de áreas (Análise de Endemicidade Parcimoniosa - PAE 47

425 e Análise Cladística de Distribuição e Endemismo - CADE), utilizadas nestes trabalhos, devem ser

426 interpretadas com cautela (especialmente a PAE por não consideram eventos históricos), podendo

427 refletir apenas similaridades ecológicas atuais (Brooks & Van Veller, 2003; ver detalhes em

428 Werneck, 2011). As diferenças encontradas no grau de relacionamento entre áreas biogeográficas

429 podem ser atribuídas ao fato de que grupos taxonômicos distintos podem responder de forma

430 diferente a processos que moldaram os padrões de distribuição atualmente observados. Outro

431 problema é a falta de padronização no esquema de classificação de unidades biogeográficas (Sigrist

432 & Carvalho, 2009).

433 O resultado estatisticamente não significativo para a segunda predição do modelo

434 vicariante na análise de elementos bióticos, tanto com células de 1°X1° como 2°X2°, sugere que

435 espécies taxonomicamente próximas estão distribuídas homogeneamente nos elementos bióticos,

436 indicando que processos vicariantes podem ter sido responsáveis pelos padrões atualmente

437 observados. Entretanto, no teste da segunda predição para células de 1°X1° utilizamos dois gêneros

438 (compostos por quatro espécies) dos quais apenas um gênero possuía espécies em elementos

439 bióticos distintos (Apêndice 2), conferindo grande incerteza aos resultados obtidos. No caso do

440 teste da segunda predição do modelo vicariante com células de 2°X2° a maioria das espécies

441 utilizadas pertencem a famílias cujos representantes são relativamente pequenos em tamanho

442 (e.g., Gymnophthalmidae, Dactyloidae, Tropiduridae, Sphaerodactylidae e Liolemidae; Apêndice 2).

443 Estas espécies poderiam ser mais facilmente influenciadas por eventos vicariantes de menor

444 magnitude por apresentar fatores intrínsecos, como menor capacidade de movimentação se

445 comparadas com vertebrados que possuem maior porte (Hillman et al., 2014; Estrada et al., 2015).

446 A escala espacial maior das células de 2°X2° de tamanho também podem favorecer a detecção de

447 padrões biogeográficos.

448 Lacunas de dados é um fator que influencia o resultados das análises (Dolores et al., 2009).

449 Esta lacuna foi especialmente observada para determinadas porções da BRP influenciando as

450 diferenças observadas nos resultados com diferentes tamanhos de células. A utilização de células 48

451 de maior tamanho tem sido apontada como mais adequada para reconhecer padrões gerais quando

452 há poucos dados ou registros espacialmente dispersos (Dolores et al., 2009). A utilização de células

453 pequenas pode introduzir ruído no caso de amostragens insuficientes, dificultando o

454 reconhecimento dos elementos bióticos (Hausdorf & Hennig , 2003). Em contrapartida, células

455 muito grandes podem dificultar o reconhecimento de padrões de distribuição restritos (Szumik et

456 al., 2002; Dolores et al., 2009). Considerando o conjunto de dados utilizados para lagartos,

457 avaliamos que os grids com células de 2°X2° parecem ter fornecido uma resposta mais satisfatória.

458 As duas análises aqui utilizadas permitiram reconhecer agrupamentos de espécies de lagartos com

459 distribuições que se ajustam às ecorregiões definidas por Olson et al. (2001) e outras que possuem

460 correspondência com mais de uma ecorregião. O compartilhamento de distintas ecorregiões por

461 elementos bióticos e áreas de endemismo pode refletir um padrão biogeográfico natural mais

462 complexo (Dolores et al., 2009), especialmente em regiões com elevada heterogeneidade da

463 paisagem, como discutido acima.

464 A grande sobreposição dos elementos bióticos e das áreas de endemismo identificadas no

465 presente estudo na região da sub-bacia do Paraguai (Fig. 7) indica que planaltos que margeiam o

466 Pantanal representam importantes unidades biogeográficas para lagartos da BRP, por

467 apresentarem componentes bióticos próprios. Um destes componentes bióticos esta localizado no

468 planalto dos Guimarães no nordeste da BRP, que já foi apontada por Mello et al. (2015) como tendo

469 alta prioridade para conservação de répteis Squamata endêmicos do Cerrado. A formação geológica

470 da planície de inundação do Pantanal pode não ter representado um evento vicariante para

471 lagartos, porém as condições ecológicas presentes atualmente na planície (e.g. pulso de inundação,

472 regime pluviométrico, etc.) poderiam limitar a persistência de alguns taxa, funcionando como

473 barreira de dispersão, selecionando aquelas espécies que possuem melhores adaptações ao regime

474 de inundação. Para outros taxa, estas condições ecológicas poderiam favorecer a movimentação

475 ou expansão da área de vida tornando o Pantanal um corredor para a colonização de outras áreas,

476 como no caso de espécies que possuem ampla distribuição nas formações abertas da América do 49

477 Sul [e.g. Phyllopezus pollicaris (Spix, 1825), Iguana iguana (Linnaeus, 1758), Polychrus acutirostris

478 Spix, 1825, Micrablepharus maximiliani (Reinhardt & Luetken, 1862), Ameiva ameiva (Linnaeus,

479 1758)]. Fjeldså (1994), estudando aves, sugere que extensas áreas alagáveis possuem um papel

480 menor como centros de diversificação, atuando mais intensivamente como “museus” que

481 acumulariam ao longo do tempo, grande quantidade de espécies, possivelmente de diferentes

482 grupos filogenéticos. O maior volume de dados para a região da sub-bacia do Paraguai, se

483 comparado a outras regiões da BRP, também é um fator que pode ter influenciado a identificação

484 de componentes bióticos sobrepostos, considerando que áreas melhores amostradas podem ter

485 sua biota melhor representada.

486 Os resultados das análises de elementos bióticos e de endemicidade sugerem que o rio

487 Paraguai atuou fracamente, tanto como barreira vicariante, quanto na dispersão de lagartos. Para

488 mamíferos, a influência do rio Paraguai como barreira também foi considerada fraca para três

489 famílias de roedores (D’Elía et al., 2008), mas parece ter exercido importante papel para outras

490 famílias de roedores e pequenos felinos (Johnson et al., 1999b; D’Elía et al., 2008; Giarla & Jansa,

491 2014). Os lagartos Tropidurus guarani Alvarez, Cei & Scolaro, 1994 e T. spinulosus (Cope, 1862)

492 ocorrem em margens opostas do rio Paraguai (a oeste e leste, respectivamente). Ambas pertencem

493 ao mesmo clado, apesar de não serem espécies-irmãs (Frost et al., 2001), sugerindo que o rio

494 Paraguai pode ter atuado como barreira responsável pela diferenciação entre as duas espécies.

495 A história geológica relativamente recente do Pantanal, com estabilidade climática

496 supostamente atingida entre 12 e 13 mil anos antes do presente (Ab’Saber, 1988), pode ser um

497 fator que contribui para o baixo nível local de endemismo. A instabilidade ambiental no Pantanal,

498 gerada, principalmente, por fatores hídricos como o regime de chuvas e pulso de inundação,

499 também pode atuar limitando a especiação (MacArthur, 1955; Fjeldså & Lovett, 1997; Fjeldså et al.,

500 1999). A combinação destes fatores, pouca idade geológica (Stephens & Wiens, 2003) e

501 instabilidade ambiental (Fjeldså & Lovett, 1997), poderia exercer papel ainda mais intenso sobre a

502 extinção, padrões de movimentação e de extensão de área de vida das espécies do que sobre a 50

503 especiação. A escassez de espécies endêmicas de lagartos na BRP e a sobreposição de componentes

504 bióticos em áreas de planalto que margeiam o Pantanal, poderiam ser padrões influenciados por

505 esta condição de barreira exercida pelo Pantanal. Portanto, a combinação de fatores históricos,

506 fatores ecológicos e intrínsecos dos lagartos (e.g. capacidade de dispersão), parece ter influenciado

507 o padrão de distribuição observado para este grupo na BRP.

508

509 REFERÊNCIAS

510 Aagesen, L., Szumik, C., Zuloaga, F.O. & Morrone, O. (2009) Quantitative biogeography in the South

511 America highlands – recognizing the Altoandina, Puna and Prepuna through the study of Poaceae.

512 Cladistics, 25, 295-310. http://dx.doi.org/10.1111/j.1096-0031.2009.00248.x.

513 Ab’Saber, A.N. (1988) O Pantanal Mato-Grossense e a teoria dos refúgios. Revista Brasileira de

514 Geografia, 50, 9-57.

515 Adámoli, J. (1999) Los humedales del Chaco y del Pantanal. Tópicos sobre humedales subtropicales

516 y templados de Sudamérica (ed. by A.I. Malvárez), pp. 81-89. Universidad de Buenos Aires. Oficina

517 Regional de Ciencia y Tecnología de la UNESCO para América Latina y el Caribe, ORCYT, Montevideo,

518 Uruguay.

519 Arribas, P., Velasco, J., Abellán, P., Sánchez-Fernández, D., Andújar, C., Calosi, P., Millán, A., Ribera,

520 I. & Bilton, D.T. (2012) Dispersal ability rather than ecological tolerance drives differences in range

521 size between lentic and lotic water beetles (Coleoptera: Hydrophilidae). Journal of Biogeography,

522 39, 984-994. http://dx.doi.org/10.1111/j.1365-2699.2011.02641.x.

523 Arzamendia, V. & Giraudo, A.R. (2009) Influence of large South American rivers of the La Plata Basin

524 on distributional patterns of tropical snakes: a panbiogeographical analysis. Journal of

525 Biogeography, 36, 1739-1749. http://dx.doi.org/10.1111/j.1365-2699.2009.02116.x. 51

526 Assine, M.L. & Soares, P.C. (2004) Quaternary of the Pantanal, west-central Brazil. Quaternary

527 International, 114, 23-24. http://dx.doi.org/10.1016/S1040-6182(03)00039-9.

528 Barberis, I.M., Batista, W.B., Pire, E.F., Lewis, J.P. & Leon, J.C. (2002) Woody population distribution

529 and environmental heterogeneity in a Chaco forest, Argentina. Journal of Vegetation Science, 13,

530 607–614. http://dx.doi.org/10.1658/1100-9233(2002)013[0607:WPDAEH]2.0.CO;2.

531 Boggiani, P.C., Coimbra, A.M., Riccomini, C. & Gesicki, A.L.D. (1998) Recursos minerais não-

532 metálicos do estado de Mato Grosso do Sul, Brasil. Revista do Instituto Geológico, 19, 31-41.

533 http://dx.doi.org/10.5935/0100-929X.19980004.

534 Brea, M. & Zucol, A.F. (2011) The Paraná-Paraguay basin: geology and paleoenvironments.

535 Historical Biogeography of Neotropical Freshwater Fishes (ed. by J.S. Albert & E.E. Reis), pp. 69-87.

536 University of California Press, Berkley.

537 http://dx.doi.org/10.1525/california/9780520268685.001.0001.

538 Brooks, D.R. & Van Veller, M.G.P. (2003). Critique of parsimony analysis of endemicity as a method

539 of historical biogeography. Journal of Biogeography, 30, 819–825.

540 http://dx.doi.org/10.1046/j.1365-2699.2003.00848.x.

541 Carvalho, C.J.B. (2010) Áreas de endemismo. Biogeografia da América do Sul: padrões e processos

542 (ed. by C.J.B. Carvalho & E.A.B. Almeida), pp. 41-51. Editora Rocca, São Paulo.

543 Carvalho, T.P. & Albert, J.S. (2011) The Amazon-Paraguay divide. Historical Biogeography of

544 Neotropical Freshwater Fishes (ed. by J.S. Albert & E.E. Reis), pp. 193-202. University of California

545 Press, Berkley, p. 193-202. http://dx.doi.org/10.1525/california/9780520268685.003.0011.

546 Carvalho, L.G., Britto, M.R. & Fernandes, D.S. (2013) Biogeography of the Tropidurus

547 Wied-Neuwied, 1825 (Squamata: Tropiduridae): distribution, endemism, and area relationships in

548 South America. PLoS ONE, 8, 1-14. http://dx.doi.org/10.1371/journal.pone.0059736. 52

549 Casagranda, M.D., Taher, L. & Szumik, C.A. (2012) Endemicity analysis, parsimony and biotic

550 elements: a formal comparison using hypothetical distributions. Cladistics, 2012, 1-10.

551 http://dx.doi.org/10.1111/j.1096-0031.2012.00410.

552 Colli, G.R. (2005) As origens e a diversificação da herpetofauna do Cerrado. Cerrado: ecologia,

553 biodiversidade e conservação (org. by A. Scariot, J.C.S. Silva, & J.M. Felfili), pp. 249-264. Ministério

554 do Meio Ambiente, Brasília.

555 Colli, G.R., Bastos, R.P. & Araújo, A.F.B. (2002) The character and dynamics of the Cerrado

556 herpetofauna. The Cerrado of Brazil: ecology and natural history of Neotropical savana (org. by P.S.

557 Oliveira & R.J. Marquis), pp. 223-241. Columbia University Press, New York.

558 Costa, E.P. (2003) The historical bridge between the Amazon and the Atlantic Forest of Brazil: a

559 study of molecular phylogeography with small mammals. Journal of Biogeography, 30, 71-86.

560 http://dx.doi.org/10.1046/j.1365-2699.2003.00792.x.

561 Cracraft, J. (1985) Historical biogeography and patterns of differentiation within the South

562 American avifauna: areas of endemism. Ornithological Monographs, 36, 49-84.

563 Crisci, J. V. (2001) The voice of historical biogeography. Journal of Biogeography, 28, 157–168.

564 http://dx.doi.org/10.1046/j.1365-2699.2001.00523.x.

565 Diniz-Filho, J.A.F., Bini, L.M., Oliveira, G., Barreto, B.S., Silva, M.M.F.P., Terribile, L.C., Rangel,

566 T.F.L.V.B., Pinto, M.P., Sousa, N.P.R., Vieira, L.C.G., Melo, A.S., Marco Júnior, P., Vieira, C.M.,

567 Blamires, D., Bastos, R.P., Carvalho, P., Ferreira, L.G., Telles, M.P.C., Rodrigues, F.M., Melo e Silva,

568 D., Silva Jr., N.J. & Soares, T.N. (2009) Macroecologia, biogeografia e áreas prioritárias para

569 conservação no Cerrado. Oecologia Brasiliensis, 13, 470-497.

570 http://dx.doi.org/10.4257/oeco.2009.1303.05.

571 Dolores, C.M., Roig-Juñent, S. & Szumik, C. (2009) Endemismo a diferentes escalas espaciales: Un

572 ejemplo con carabidae (coleoptera: Insecta) de américa del sur austral. Revista Chilena de Historia

573 Natural, 82, 17-42. http://dx.doi.org/10.4067/S0716-078X2009000100002. 53

574 D’Elía, G., Mora, I., Myers, P. & Owen, R.D. (2008) New and noteworthy records of Rodentia

575 (Erethizontidae, Sciuridae, and Cricetidae) from Paraguay. Zootaxa, 1784, 39-57.

576 ESRI (2011) ArcGIS Desktop: release 10.1. Environmental Systems Reasearch Institute, Redlands.

577 Estrada, A., Meireles, C., Morales-Castilla, I., Poschlod, P., Vieites, D., Araújo, M.B., & Early, R. (2015)

578 Species’ intrinsic traits inform their range limitations and vulnerability under environmental

579 change. Global Ecology and Biogeography, 2015, 1-10. http://dx.doi.org/10.1111/geb.12306.

580 Ferrari, A., Paladini, A., Schwertner, C.F. & Grazia, J. (2010) Endemism analysis of Neotropical

581 Pentatomidae (Hemiptera, Heteroptera). Iheringia, Série Zoologia, 100, 449-462.

582 http://dx.doi.org/10.1590/S0073-47212010000400018.

583 Fjeldså, J. (1994) Geographical patterns for relict and young species birds in Africa and South

584 America and implications for conservation priorities. Biodiversity and Conservation, 3, 207-226.

585 http://dx.doi.org/10.1007/BF00055939.

586 Fjeldså, J. & Lovett, J.C. (1997) Biodiversity and environmental stability. Biodiversity and

587 Conservation, 6, 315–323. http://dx.doi.org/10.1023/A:1018304522320.

588 Fjeldså, J., Lambin, E. & Ivlertens, B. (1999) Correlation between endemism and local ecoclimatic

589 stability documented by comparing Andean bird distributions and remotely sensed land surface

590 data. Ecography, 1, 63–78. http://dx.doi.org/10.1111/j.1600-0587.1999.tb00455.x.

591 Fraley, C. & Raftery, A.E. (1998) Hoe many clusters? Which clustering method? Answers via model-

592 based cluster analysis. The Computer Journal, 41, 578-588.

593 http://dx.doi.org/10.1093/comjnl/41.8.578.

594 Fraley, C., Raftery, A.E., Murphy, T.B. & Scrucca, L. (2012) MCLUST Version 4 for R: Normal Mixture

595 Modeling for Model-Based Clustering, Classification, and Density Estimation. Technical Report no.

596 597, Department of Statistics, University of Washington. 54

597 Frost, D.R., Rodrigues, M.T., Grant, T. & Titus, T.A. (2001) Phylogenetics of the lizard genus

598 Tropidurus (Squamata: Tropiduridae: Tropidurinae): direct optimization, descriptive efficiency, and

599 sensitivity analysis of congruence between molecular data and morphology. Molecular

600 Phylogenetics and Evolution, 21, 352-371. http://dx.doi.org/10.1006/mpev.2001.1015.

601 Furley, P.A. (1999) The nature and diversity of neotropical savanna vegetation with particular

602 reference to the Brazilian cerrados. Global Ecology and Biogeography, 8, 223-241.

603 http://dx.doi.org/10.1046/j.1466-822X.1999.00142.x.

604 Garda, A.A. & Cannatella, D.C. (2007) Phylogeny and biogeography of paradoxical frogs (Anura,

605 Hylidae, Pseudae) inferred from 12S and 16S mitochondrial DNA. Molecular Phylogenetics and

606 Evolution, 44, 104-114. http://dx.doi.org/10.1016/j.ympev.2006.11.028.

607 Giarla, T.C. & Jansa, S.A. (2014) The role of physical geography and habitat type in shaping the

608 biogeographycal history of a recent radiation of Neotropical marsupials (Thylamys: Didelphidae).

609 Journal of Biogeography, 41, 1547-1558. http://dx.doi.org/10.1111/jbi.12320.

610 Goldani, A. & Carvalho, G.S. (2003) Análise de parcimônia de endemismo de cercopídeos

611 neotropicais (Hemiptera, Cercopidae). Revista Brasileira de Entomologia, 47, 437-442.

612 http://dx.doi.org/10.1590/S0085-56262003000300013.

613 Goloboff, P. (2004) NDM/VNDM version 3.0 – Programs for identification of areas of endemism.

614 Available in www.zmuc.dk/public/phylogeny/endemism. Accessed in May 10, 2015.

615 Google Inc. (2011) Google Earth version 6.1. Available in https://earth.google.com/. Accessed in May

616 01, 2013.

617 Guedes, T.B.; Sawaya, R.J. & Nogueira, C.C. (2014) Biogeography, vicariance and conservation of

618 the snakes of neglected and endangered Caatinga region, north-eastern Brazil. Journal of

619 Biogeography, 41, 919-931. http://dx.doi.org/10.1111/jbi.12272. 55

620 Hamilton, S.K., Sippel, S.J. & Melack, J.M. (1996) Inundation patterns in the Pantanal wetland of

621 South America determined from passive microwave remote sensing. Archiv für Hydrobiologie, 135,

622 1-23.

623 Harvey, M.B., Ugueto, G.N. & Gutberlet Jr., R.L. (2012) Review of Teiid morphology with a revised

624 and phylogeny of the Teiid (Lepidasauria: Squamata). Zootaxa, 3459, 1-156.

625 Hausdorf, B. (2002) Units in biogeography. Systematic Biology, 51, 648–652.

626 http://dx.doi.org/10.1080/10635150290102320.

627 Hausdorf, B. & Hennig, C. (2003) Biotic element analysis in biogeography. Systematic Biology, 52,

628 717–723. http://dx.doi.org/10.1080/10635150390235584.

629 Hennig, C. & Hausdorf, B. (2006) A robust distance coefficient between distribution areas

630 incorporating geographic distances. Systematic Biology, 55,170-175.

631 http://dx.doi.org/10.1080/10635150500481523.

632 Hillman, S.S., Drewes, R.C., Hedrick, M.S. & Hancock, T.V. (2014) Physiological vagility and its

633 relationship to dispersal and neutral genetic heterogeneity in vertebrates. The Journal of

634 Experimental Biology, 217, 3356–3364. http://dx.doi.org/10.1242/jeb.105908.

635 Iriondo, M. (1993) Geomorphology and late Quaternary of the Chaco (South America).

636 Geomorphology, 7, 289-303. http://dx.doi.org/10.1016/0169-555X(93)90059-B.

637 Jimenez-Rueda, J.R., Pessotti, J.E.S. & Mattos, J.T. (1998) Modelo para o estudo da dinâmica

638 evolutiva dos aspectos fisiográficos dos pantanais. Pesquisa Agropecuária Brasileira, 33, 1763-1773.

639 Johnson, M.A., Saraiva, P.M. & Coelho, D. (1999a) The role of gallery forests in the distribution of

640 Cerrado mammals. Revista Brasileira de Biologia, 59, 421-427. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-

641 71081999000300006.

642 Johnson, W.E.; Slattery, J.P.; Eizirik, E.; Kim, J.H.; Raymond, M.M.; Bonacic, C.; Cambre, R.;

643 Crawshaw, P.; Nunes, A.; Seuánez, H.N.; Moreira, M.A.M.; Seymour, K.L.; Simon, F.; Swanson, W. & 56

644 O’Brien, S.J. (1999b) Disparate phylogeographic patterns of molecular genetic variation in four

645 closely related South American small cat species. Molecular Ecology, 8, S79-S94.

646 Junk, W.J. & Cunha, C.N. (2005) Pantanal: a large South American wetland at a crossroads.

647 Ecological Engenering, 24, 391-401. http://dx.doi.org/10.1016/j.ecoleng.2004.11.012.

648 Junk, W.J. & Wantzen, K.M. (2004) The flood pulse concept: new aspects, approaches, and

649 applications – an update. Proceedings of the Second International Symposium on the Management

650 of Large Rivers for Fisheries (ed. by R. L. Welcomme & T. Petr), pp. 117-149, Volume 2, Food and

651 Agriculture Organization & Mekong River Commission, RAP Publication 2004/16, FAO Regional

652 Office for Asia and the Pacific, Bangkok.

653 Junk, W.J., Bayley, P.B. & Sparks, R.E. (1989) The flood pulse concept in river floodplain systems.

654 Proceedings of the International Large River Symposium (LARS) (ed. by D.P. Dodge), pp. 110-127,

655 Canadian Special Publication of Fisheries and Aquatic Sciences 106, Department of Fisheries and

656 Ocean, Ottawa.

657 Junk, W.J., Cunha, C.N., Wantzen, K.M., Petermann, P., Strüssmann, C., Marques, M.I. & Adis, J.

658 (2006) Biodiversity and its conservation in the Pantanal of Mato Grosso, Brazil. Aquatic Sciences,

659 68, 278-309. http://dx.doi.org/10.1007/s00027-006-0851-4.

660 Junk, W.J., Cunha, C.N., Silva, C.J. & Wantzen, K.M. (2011) The Pantanal: a large South American

661 wetland and its position in limnological theory. The Pantanal: Ecology, biodiversity and sustainable

662 management of a large neotropical seasonal wetland (ed. by W.J Junk, C.N. Cunha & K.M.

663 Wantzen), pp. 23-44. Pensoft Publisher, Sofia-Moscow.

664 Killeen, T.J., Chávez, E., Peña-Claros, M., Toledo, M., Arroyo, L., Caballero, J., Correa, L., Guillén, R.,

665 Quevedo, R., Saldias, M., Soria, L., Uslar, Y., Vargas, I. & Steininger, M. (2006) The Chiquitano dry

666 forest, the transition between humid and dry forest in Eastern lowland Bolivia. Neotropical

667 Savannas and Dry Forests: Diversity, Biogeography, and Conservation (ed. by R.T. Pennington, G.P. 57

668 Lewis & J.A. Ratter), pp. 113-149. Taylor & Francis, CRC Press, London.

669 http://dx.doi.org/10.1201/9781420004496.ch9.

670 Klink, C.A. & Machado, R.B. A conservação do Cerrado brasileiro. Megadiversidade, 1, 147-155.

671 Lester, S.E., Ruttenberg, B.I., Gaines, S.D., & Kinlan, B.P. (2007) The relationship between dispersal

672 ability and geographic range size. Ecology Letters, 10, 745–758. http://dx.doi.org/10.1111/j.1461-

673 0248.2007.01070.x.

674 Linares-Palomino, R. & Kessler, M. (2004) The role of dispersal ability, climate and spatial separation

675 in shaping biogeographical patterns of phylogenetically distant plant groups in seasonally dry

676 Andean forests of Bolivia. Journal of Biogeography, 36, 280-290. http://dx.doi.org/10.1111/j.1365-

677 2699.2008.02028.x.

678 MacArthur, R. (1955). Fluctuations of animal populations and a measure of community stability.

679 Ecology, 36, 533-536. http://dx.doi.org/10.2307/1929601.

680 Mello, P.L.H.; Machado, R.B. & Nogueira, C.C. (2015) Conserving biogeography: habitat loss and

681 vicariant patterns in endemic Squamates of Cerrado hotspot. PLoS ONE, 10, 1-16.

682 http://dx.doi.org/10.1371/journal.pone.0133995.

683 Morrone, J.J. (1996) On the geographical distribution of the species of Aeglea leach: identification

684 of areas of endemism (Decapoda: Aeglidae). Biogeographica, 72, 113-119.

685 Morrone, J.J. (2001) A formal definition of the Paramo-Punan biogeographic subregions and its

686 provinces, based mainly on animal taxa. Revista del Museo Argentino de Ciencias Naturales, 3, 1-

687 12.

688 Morrone, J.J. (2004) Panbiogeografía, componentes bióticos y zonas de transición. Revista

689 Brasileira de Entomologia, 48, 149-162. http://dx.doi.org/10.1590/S0085-56262004000200001. 58

690 Morrone, J.J. (2006) Biogeographic areas and transition zones of Latin America and the Caribbean

691 Islands based on panbiogeographic and cladistic analyses of the entomofauna. Annual Review of

692 Entomology, 51, 467-494. http://dx.doi.org/ 10.1146/annurev.ento.50.071803.130447.

693 Morrone, J.J. (2009) Evolucionary biogeography: an integrative approach with case studies.

694 Columbia Press.

695

696 Morrone, J.J. (2014a) Cladistic biogeography of the Neotropical region: identifying the main events

697 in the diversification of terrestrial biota. Cladistics, 30, 202-214.

698 http://dx.doi.org/10.1111/cla.12039.

699 Morrone, J.J. (2014b) Biogeographical regionalisation of the Neotropical region. Zootaxa, 3782, 1-

700 110. http://dx.doi.org/10.11646/zootaxa.3782.1.1.

701 Morrone, J.J. & Lopretto, E.C. (1994) Distributional patterns of freshwater Deacpoda (Crustacea:

702 Malacostraca) in southern South America: a panbiogeographic approach. Journal of Biogeography,

703 21, 97-109.

704 Morrone, J.J. & Crisci, J.V. (1995) Historical biogeography: introduction to methods. Annual Review

705 of Ecology and Systematics, 26, 373-401. http://dx.doi.org/10.1146/annurev.es.26.110195.002105.

706 Myers, N., Mittermeier, R.A., Mittermeier, C., Fonseca, G.A.B. & Kent, J. (2000) Biodiversity hotspots

707 for conservation priorities. Nature, 403, 853-858. http://dx.doi.org/10.1038/35002501.

708 Nascimento, F.F., Lazar, A., Menezes, A.N., Durans, A.M., Moreira, J.C., Salazar-Bravo, J., D’Andrea,

709 P.S. & Bonvicino, C.R. (2013) The role of historical barriers in the diversification processes in open

710 vegetation formations during the Miocene/Pliocene using an ancient rodent lineage as a model.

711 PLoS ONE, 8, 1-13. http://dx.doi.org/10.1371/journal.pone.0061924.

712 NGA, National Geospacial-Intelligence Agency (2014) Toponymic information is based on the

713 Geographic Names Data Base. Available in http://www.nga.mil/. Accessed in October 10, 2014. 59

714 Nogueira, C., Colli, G.R., Costa, G.C. & Machado, R.B. (2010) Diversidade de répteis Squamata e

715 evolução do conhecimento faunístico no Cerrado. Cerrado: conhecimento científico quantitativo

716 como subsídio para ações de conservação (org. by I.R. Diniz, J. Marinho-Filho, R.B. Machado & R.B.

717 Cavalcanti), pp. 333-375. UnB, Brasília.

718 Nogueira, C., Ribeiro, S., Costa, G.C. & Colli, G.R. (2011) Vicariance and endemism in a Neotropical

719 savana hotspot: distribution patterns of Cerrado . Journal of Biogeography, 38, 1907-1922.

720 http://dx.doi.org/10.1111/j.1365-2699.2011.02538.x.

721 Ojeda, R.A., Stadle, J. & Brandl, R. (2003) Diversity of mammals in the tropical-temperate

722 Neotropics: hotpots on a regional scale. Biodiversity and Conservation, 12, 1431-1444.

723 http://dx.doi.org/10.1023/A:1023625125032.

724 Oliveira-Filho, A.T. & Ratter, J.A. (1995) A study of the origin of Central Brazilian Forests by the

725 analysis of plant species distribution patterns. Edinburg Journal of Botany, 52, 141-194.

726 http://dx.doi.org/10.1017/S0960428600000949.

727 Olson, D.M., Dinerstein, E., Wikramanayake, E.D., Burgess, N.D., Powell, G.V.N., Underwood, E.C.,

728 D’amico, J.A., Itoua, I., Strand, H.E., Morrison, J.C., Loucks, C.J., Allnutt, T.F., Ricketts, T.H., Kura, Y.,

729 Lamoreux, J.F., Wettengel, W.W., Hedao, P. & Kassem, K.R. (2001) Terrestrial Ecoregions of the

730 World: A New Map of Life on Earth. Bioscience, 51, 933-938. http://dx.doi.org/10.1641/0006-

731 3568(2001)051[0933:TEOTWA]2.0.CO;2.

732 Porzecanski, A.L. & Cracraft, J. (2005) Cladistic analysis of distribuitions and endemism (CADE): using

733 raw distributions of birds to unravel the biogeography of the South American aridlands. Journal of

734 Biogeography, 32, 261-275. http://dx.doi.org/10.1111/j.1365-2699.2004.01138.x.

735 Posadas, P., Crisci, J.V, & Katinas, L. (2006) Historical biogeography : A review of its basic concepts

736 and critical issues. Journal of arid Environments, 66, 389–403.

737 http://dx.doi.org/10.1016/j.jaridenv.2006.01.003. 60

738 Pott, A., Oliveira, A.K.M., Damasceno-Junior, G.A. & Silva, J.S.V. (2011) Plant diversity of Pantanal

739 wetland. Brazilian Journal of Biology, 71, 265-273. http://dx.doi.org/10.1590/S1519-

740 69842011000200005.

741 Prado, J.R., Brennand, P.G.G., Godoy, L.P., Libardi, G.S., Abreu-Júnior, E.F., Roth, P.R.O., Chiquito, A.

742 & Percequillo, A.R. (2014) Species richness and areas of endemism of oryzomyine rodents

743 (Cricetidae, Sigmontinae) in South America: an NDM/VNDM approach. Journal of Biogeography, 42,

744 540-551. http://dx.doi.org/10.1111/jbi.12424.

745 Prevedello, J.A. & Carvalho, C.J.B. (2006) Conservação do Cerrado brasileiro: o método pan-

746 biogeográfico como ferramenta para seleção de áreas prioritárias. Natureza & Conservação, 4, 39-

747 57.

748 R Core Team (2014). R: A language and environment for statistical computing. R Foundation for

749 Statistical Computing, Vienna, Austria. URL http://www.R-project.org/.

750 Resende, E.K. (2008) Pulso de inundação – Processo ecológico essencial à vida no Pantanal.

751 Embrapa Pantanal, 94, 1-16.

752 Ribeiro, A.C. ,Jacob, R.M., Silva, R.R.S.R., Lima, F.C.T., Ferreira, D.C., Ferreira, K.M., Mariguela, T.C.,

753 Pereira, L.H.G. & Oliveira, C. (2013) Distributions and phylogeographic data of rheophilic freshwater

754 fishes provide evidences on the geographic extension of a central-brazilian Amazonian

755 paleoplateau in the area of present day Pantanal Wetland. Neotropical Ichthyology, 11, 319-326.

756 http://dx.doi.org/10.1590/S1679-62252013000200010.

757 Rodrigues, M.T. (2005) A biodiversidade dos Cerrados: conhecimento atual e perspectivas, com

758 uma hipótese sobre o papel das matas de galeria na troca faunística durante os ciclos climáticos.

759 Cerrado: ecologia, biodiversidade e conservação (org. by A. Scariot, J.C.S. Silva & J.M. Felfili), pp.

760 235-246. Ministério do Meio Ambiente, Brasília. 61

761 Rundle, S.D., Foggo, A., Choiseul, V. & Bilton, D.T. (2002) Are distribution patterns linked to dispersal

762 mechanism? An investigation using pond invertebrate assemblages. Freshwater Biology, 47, 1571-

763 1581. http://dx.doi.org/10.1046/j.1365-2427.2002.00886.x.

764 Scremin-Dias, E., Lorenz-Lemke, A.P. & Oliveira, A.K.M. (2011) The floristic heterogeity of the

765 Pantanal and the occurrence of species with different adaptive strategies to water stress. Brazilian

766 Journal of Biology, 71, 275-282. http://dx.doi.org/10.1590/S1519-69842011000200006.

767 Sigrist, M.S. & Carvalho, C.J.B. (2009) Historical relationships among areas of endemism in the

768 tropical South America using Brooks Parsimony Analysis (BPA). Biota Neotropica, 9, 79-90.

769 http://dx.doi.org/10.1590/S1676-06032009000400009.

770 Silva, J.M.C. (1996) Distribution of Amazonian and Atlantic birds in gallery forests of the Cerrado

771 region, South America. Ornitologia Neotropical, 7, 1-18.

772 Stephens, P.R. & Wiens, J.J. (2003) Explaining species richness from continents to communities: the

773 time-for-speciation effect in Emydid turtles. The American Naturalist, 161, 112-128.

774 http://dx.doi.org/10.1086/345091.

775 Strüssmann, C., Ribeiro, R.A.K., Ferreira, V.L. & Béda, A.F. (2007) Herpetofauna do Pantanal

776 brasileiro. Herpetologia no Brasil II (ed. by L.B. Nascimento & M.E. Oliveira), pp. 66-84. Sociedade

777 Brasileira de Herpetologia, Belo Horizonte.

778 Strüssmann, C., Prado, C.P.A., Ferreira, V.L. & Ribeiro, R.A.K. (2011) Diversity, ecology, management

779 and conservation of amphibians and reptiles of the Brazilian Pantanal: a review. The Pantanal:

780 Ecology, biodiversity and sustainable management of a large neotropical seasonal wetland (ed. by

781 W.J. Junk, C.N. Cunha & K.M. Wantzen), pp. 23-44. Pensoft Publisher, Sofia-Moscow.

782 Szumik, C.A., Cuezzo, F., Goloboff, P.A. & Chalup, A.E. (2002) An optimality criterion to determine

783 areas of endemism. Systematic Biology, 51, 806-816.

784 http://dx.doi.org/10.1080/10635150290102483. 62

785 Szumik, C., Aagesen, L., Casagranda, D., Arzamendia, V., Baldo, D., Claps, L.E., Cuezzo, F., Gómez,

786 J.M.D., Di Giacomo, A., Giraudo, A., Goloboff, P., Gramajo, C., Kopuchian, C., Kretzschmar, S.,

787 Lizarralde, M., Molina, A., Mollerach, M., Navarro, F., Nomdedeu, S., Panizza, A., Pereyra, V.V.,

788 Sandoval, M., Scrocchi, G. & Zuloaga, F.O. (2012). Detecting areas of endemism with a

789 taxonomically diverse data set: plants, mammals, reptiles, amphibians, birds, and insects from

790 Argentina. Cladistics, 28, 317-329. http://dx.doi.org/10.1111/j.1096-0031.2011.00385.x.

791 Torres-Carvajal, O., Lobos, S.E. & Venegas, P.J. (2015) Phylogeny of Neotropical Cercosaura

792 (Squamata: Gymnophthalmidae) lizards. Molecular Phylogenetics and Evolution,

793 http://dx.doi.org/10.1016/j.ympev.2015.07.025.

794 Ussami, N., Shiraiwa, S. & Dominguez, J.M.L. (1999) Basement reactivation in a sub-Andean foreland

795 flexural bulge: the Pantanal wetland SW Brazil. Tectonics, 18, 25-39.

796 Valdujo, P.H., Silvano, D.L., Colli, G. & Martins, M. (2012) Anuran species composition and

797 distribution patterns in Brazilian Cerrado, a Neotropical hotspot. South American Journal of

798 Herpetology, 7, 63-78. http://dx.doi.org/10.2994/057.007.0209.

799 Werneck, F.P. (2011) The diversification of eastern South American open vegetation biomes:

800 historical biogeography and perspectives. Quaternary Science Reviews, 30, 1630-1648.

801 http://dx.doi.org/10.1016/j.quascirev.2011.03.009.

802 Wiens, J.J. & Donoghue, M.J. (2004) Historical biogeography, ecology and species richness. Trends

803 in Ecology and Evolution, 19, 639-644. http://dx.doi.org/10.1016/j.tree.2004.09.011.

804 Xavier, A.L., Guedes, T.B. & Napoli, M.F. (2015) Biogeography of anurans from the poorly known

805 and threatened coastal sandplains of eastern Brazil. PLoS ONE, 10, 1-18.

806 http://dx.doi.org/10.1371/journal.pone.0128268.

807 Zanella, F.C.V. (2002) Systematics and biogeography of the bee genus Caenonomada Ashmead.

808 1899 (Hymenoptera: Apidae: Tapinotaspini). Studies on Neotropical Fauna and Environment, 37,

809 249-261. http://dx.doi.org/10.1076/snfe.37.3.249.8571. 63

810

811 INFORMAÇÕES DE APOIO

812 Informações de apoio podem ser encontradas na versão online deste artigo.

813 Apêndice 1 Lista das espécies de lagartos registrados na Bacia do Rio Paraguai com indicação das 814 fontes dos dados.

815 Apêndice 2 Lista das espécies de lagartos registradas na Bacia do Rio Paraguai com indicação do 816 padrão de distribuição na bacia.

817 Apêndice 3 Mapa com pontos de ocorrência das espécies de lagartos (Registros) na Bacia do Rio 818 Paraguai (BRP), com indicação dos principais rios, limites geopolíticos de países e elevação, em 819 metros. 64

820 APÊNDICE 1

821 Lista das espécies de lagartos registrados na Bacia do Rio Paraguai com indicação das fontes dos 822 dados.

Taxa Fonte dos dados ANGUIMORPHA Anguidae 1. Ophiodes fragilis (Raddi, 1826) MZUSP; Cacciali & Scott (2012); Ávila et al. (2013)

2. Ophiodes intermedius Cruz et al. (1992); Álvarez et al. (1995); Dirksen & De la Boulenger, 1894 Riva (1999); Fitzgerald et al. (1999); Álvarez et al. (2009); Cano & Leynaud (2009); Cacciali & Scott (2012); Ávila et al. (2013) 3. Ophiodes striatus (Spix, 1825) UFMT; Uetanabaro et al., 2007; Silva Jr. et al., 2009; Cacciali & Scott, 2012 4. Ophiodes vertebralis Bocourt, Ávila et al. (2013) 1881 GEKKOTA Gekkonidae 5. Lygodactylus wetzeli (Smith, CEUCH; CHUNB; MZUSP; UFMT; ZUEC-REP; González Martin & Swain, 1977) (1998); Dirksen & De la Riva (1999); Uetanabaro et al. (2007) 6. Garthia gaudichaudii (Duméril Kluge (1964) & Bibron, 1836) 7. Homonota fasciata (Duméril & Kluge (1964); González (1998); Dirksen & De la Riva Bibron, 1836) (1999); Fitzgerald et al. (1999); Leynaud & Bucher (2005); Kacoliris et al. (2006); Etchepare et al. (2011); Ávila et al. (2013) 8. Homonota rupicola Cacciali, Cacciali et al. (2007); Cabral & Weiler (2014) Ávila & Bauer, 2007 9. Phyllopezus pollicaris (Spix, CEUCH; CHUNB; IBSP; MHNCI; MZUSP; UFMT; ZUEC-REP; 1825) ZUFMS; Cei (1993); González (1998); Dirksen & De la Riva (1999); Leynaud & Bucher (2005); Kacoliris et al. (2006); Silva Jr. et al. (2009); Souza et al. (2010); Ávila et al. (2013); Cabral & Weiler (2014) 10. Thecadactylus solimoensis UFMT Bergmann & Russell, 2007 Sphaerodactylidae 11. Coleodactylus brachystoma CEUCH; CHUNB; MZUSP; UFMT; ZUFMS; Silva Jr. et al. (Amaral, 1935) (2009) 12. Gonatodes hasemani Griffin, UFMT 1917 13. Gonatodes sp. UFMT 14. Gonatodes humeralis CEUCH; CHUNB; MZUSP; UFMT; ZUFMS; Ávila-Pires (Guichenot, 1855) (1995) 65

IGUANIA Dactyloidae 15. Norops brasiliensis (Vanzolini Souza et al. (2010) & Williams, 1970) 16. Norops fuscoauratus UFMT (D’Orbigny, 1837) 17. Norops meridionalis (Boettger, CHUNB; MZUSP; UFMT; ZUFMS; Uetanabaro et al. 1885) (2007); Silva Jr. et al. (2009); Motte & Cacciali (2009); Souza et al. (2010) Hoplocercidae 18. Hoplocercus spinosus Fitzinger, CHUNB; MZUSP; UFMT; ZUEC-REP; ZUFMS; Ávila-Pires 1843 (1995); Silva Jr. et al. (2009) Iguanidae 19. Iguana iguana (Linnaeus, CHUNB; HCPAP; MZUSP; UFMT; ZUEC-REP; ZUFMS; 1758) Dirksen & De la Riva (1999); Souza et al. (2010); Cabral & Weiler (2014) Liolaemidae 20. Liolaemus alticolor Barbour, Dirksen & De la Riva (1999) 1909 21. Liolaemus chacoensis Shreve, Cruz et al. (1992); Fitzgerald et al. (1999); Leynaud & 1948 Bucher (2005); Kacoliris et al. (2006); Aguilar-Kirigin & Ocampo (2011); Ávila et al. (2013); 22. Liolaemus orientalis Müller, Ávila et al. (2013) 1924 23. Liolaemus signifer (Duméril & Dirksen & De la Riva (1999) Bibron, 1837) Polychrotidae 24. Polychrus acutirostris Spix, CEUCH; CHUNB; HCPAP; IBSP; MHNCI; MZUSP; UFMT; 1825 ZUFMS; Cei (1993); Dirksen & De la Riva (1999); Kacoliris et al. (2006); Álvarez et al. (2009); Silva Jr. et al. (2009); Ávila et al. (2013); Cabral & Weiler (2014) 25. Polychrus liogaster Boulenger, UFMT 1908 Tropiduridae 26. Plica umbra (Linnaeus, 1758) UFMT 27. Stenocercus caducus (Cope, AMNH; CEUCH; CHUNB; MZUSP; UFMT; USNM; ZUEC- 1862) REP; ZUFMS; González (1998); Dirksen & De la Riva (1999); Torres-Carvajal (2005); Torres-Carvajal (2007); Uetanabaro et al. (2007); Silva Jr. et al. (2009); Núñez (2012); Ávila et al. (2013); Cabral & Weiler (2014) 28. Stenocercus doellojuradoi Cruz et al. (1992); Fitzgerald et al. (1999); Leynaud & (Freiberg, 1944) Bucher (2005); Kacoliris et al. (2006); Torres-Carvajal (2007) 29. Stenocercus marmoratus Dirksen & De la Riva (1999); Torres-Carvajal (2007); Ávila (Duméril & Bibron, 1837) et al. (2013) 66

30. Stenocercus roseiventris Dirksen & De la Riva (1999); Torres-Carvajal (2007); Ávila D’Orbigny in Duméril & Bibron, et al. (2013) 1837 31. Stenocercus sinesaccus Torres- MZUSP; UFMT Carvajal, 2005 32. Stenocercus sp. UFMT 33. Tropidurus etheridgei Cei, CHUNB; IBSP; MZUSP; UFMT; Cruz et al. (1992); González 1982 (1998); Dirksen & De la Riva (1999); Fitzgerald et al. (1999); Leynaud & Bucher (2005); Kacoliris et al. (2006); Ávila et al. (2013); Cabral & Weiler (2014) 34. Tropidurus guarani Álvarez, CEUCH; CHUNB; HCPAP; IBSP; MHNCI; MZUSP; UFMT; Cei & Scolaro, 1994 ZUEC-REP; ZUFMS; Álvarez et al. (1994); Frost et al. (1998); Bursey & Goldberg (2004); Uetanabaro et al. (2007); Silva Jr. et al. (2009); Souza et al. (2010); Cabral & Weiler (2014) 35. Tropidurus itambere CHUNB; MZUSP; UFMT; ZUFMS Rodrigues, 1987 36. Tropidurus melanopleurus Dirksen & De la Riva (1999); Ávila et al. (2013) Boulenger, 1902 37. Tropidurus montanus MZUSP Rodrigues, 1987 38. Tropidurus oreadicus CHUNB; MZUSP; UFMT Rodrigues, 1987 39. Tropidurus spinulosus (Cope, Cruz et al. (1992); Frost et al. (1998); González (1998); 1862) Dirksen & De la Riva (1999); Fitzgerald et al. (1999); Leynaud & Bucher (2005); Kacoliris et al. (2006); Álvarez et al. (2009); Ávila et al. (2013) 40. Tropidurus torquatus (Wied- CHUNB; IBSP; MZUSP; UFMT; ZUEC-REP; Álvarez et al. Neuwied, 1820) (1995); Álvarez et al., (2009); Silva Jr. et al. (2009); Ávila et al. (2013); Cabral & Weiler (2014) LACERTOIDEA Gymnophthalmidae 41. Alopoglossus angulatus UFMT (Linnaeus, 1758) 42. Bachia bresslaui (Amaral, CHUNB; MZUSP; UFMT; McDiarmid & Foster (1987); Silva 1935) Jr. et al. (2009); Cacciali (2010) 43. Bachia cacerensis Castrillon & ZUEC-REP Strüssmann, 1998 44. Bachia didactyla Freitas, UFMT Strüssmann, Carvalho, Kawashita-Ribeiro & Mott, 2011 45. Bachia dorbignyi (Duméril & UFMT; González (1998) Bibron, 1839) 46. Cercosaura eigenmanni UFMT (Griffin, 1917) 67

47. Cercosaura ocellata Wagler, CHUNB; MZUSP; UFMT; ZUEC-REP; ZUFMS; Uetanabaro 1830 et al. (2007); Silva Jr. et al. (2009); Cacciali (2010); Souza et al. (2010); Smith et al. (2011); Núñez (2012) 48. Cercosaura parkeri Ruibal, CEUCH; CHUNB; MZUSP; UFMT; UMMZ; ZUEC-REP; 1952 ZUFMS; Cei (1993); Barreto et al. (2012) 49. Cercosaura schreibersii ANSP; CHUNB; MHNCI; MZUSP; ZUFMS; Cruz et al. Wiegmann, 1834 (1992); Cei (1993); Álvarez et al. (1995); Dirksen & De la Riva (1999); Fitzgerald et al. (1999); Álvarez et al. (2009); Cano & Leynaud (2009); Silva Jr. et al. (2009); Cacciali (2010); Smith et al. (2011); Cabral & Weiler (2014)

50. Colobosaura modesta CHUNB; MZUSP; UFMT; ZUEC-REP; ZUFMS; Ávila-Pires (Reinhardt & Luetken, 1862) (1995); Uetanabaro et al. (2007); Silva Jr. et al. (2009); Cacciali (2010) 51. Iphisa elegans Gray, 1851 UFMT 52. Micrablepharus atticolus CHUNB; MZUSP; UFMT; ZUFMS Rodrigues, 1996 53. Micrablepharus maximiliani CEUCH; CHUNB; HCPAP; IBSP; MZUSP; UFMT; ZUEC-REP; (Reinhardt & Luetken, 1862) ZUFMS; González (1998); Dirksen & De la Riva (1999); Uetanabaro et al. (2007); Silva Jr. et al. (2009); Cacciali (2010); Smith et al. (2011) 54. Vanzosaura rubricauda CHUNB; CZPLT-H; FLI; FML; HCPAP; MACN; MNHNP; (Boulenger, 1902) MTR; MZUSP; ZUFMS; Cruz et al. (1992); Cei (1993); González (1998); Dirksen & De la Riva (1999); Fitzgerald et al. (1999); Kacoliris et al. (2006); Torres-Carvajal (2007); Silva Jr. et al. (2009); Cacciali (2010); Smith et al. (2011); Ávila et al. (2013)

Teiidae 55. Ameiva ameiva (Linnaeus, CEUCH; CHUNB; HCPAP; MHNCI; MZUSP; UFMT; ZUFMS; 1758) Cruz et al. (1992); Ávila-Pires (1995); González (1998); Dirksen & De la Riva (1999); Fitzgerald et al. (1999); Leynaud & Bucher (2005); Kacoliris et al. (2006); Uetanabaro et al. (2007); Álvarez et al. (2009); Silva Jr. et al. (2009); Souza et al. (2010); Ávila et al. (2013); Cabral & Weiler (2014)

56. Ameiva sp.1 CHUNB; UFMT 57. Ameiva sp.2 ZUFMS 58. Ameivula abalosi (Cabrera, HCPAP; UFMT; ZUFMS; Cabrera (2012); Ávila et al. 2012) (2013); Cabral & Weiler (2014) 59. Ameivula ocellifera (Spix, CHUNB; MZUSP; UFMT; ZUFMS; Cruz et al. (1992); 1825) Álvarez et al. (1995); González (1998); Dirksen & De la Riva (1999); Fitzgerald et al. (1999); Leynaud & Bucher (2005); Kacoliris et al. (2006); Silva Jr. et al. (2009); Harvey et al. (2012) 60. Contomastix lacertoides Dirksen & De la Riva (1999); Ávila et al. (2013) (Duméril & Bibron, 1839) 68

61. Contomastix vittata Harvey et al. (2012) (Boulenger, 1902) 62. Dracaena paraguayensis CEUCH; IBSP; MZUSP; UFMT; ZUEC-REP; Scott & Cacciali Amaral, 1950 (2011); Cabral & Weiler (2014) 63. Kentropyx altamazonica UFMT (Cope, 1876) 64. Kentropyx calcarata Spix, 1825 UFMT; ZMB; Ávila-Pires (1995); Dirksen & De la Riva (1999) 65. Kentropyx paulensis Boettger, CHUNB; MCZ; MZUSP; UFMT 1893 66. Kentropyx vanzoi Gallagher & CHUNB; MZUSP; UFMT; ZUEC-REP Dixon, 1980 67. Kentropyx viridistriga BM; MCZ; ZMH; Cruz et al. (1992); Álvarez et al. (1995); Boulenger, 1894 Fitzgerald et al. (1999); Álvarez et al. (2009); Cano & Leynaud (2009); Harvey et al. (2012); Ávila et al. (2013) 68. Kentropyx aff. viridistriga CEUCH; MZUSP; UFMT; ZUFMS 69. Salvator duseni (Lönnberg in MHNP Lönnberg & Andersson, 1910) 70. Salvator merianae (Duméril & CHUNB; MHNCI; MNRJ; MZUSP; UFMT; ZUFMS; González Bibron, 1839) (1998); Uetanabaro et al. (2007); Álvarez et al. (2009); Cano & Leynaud (2009); Silva Jr. et al. (2009); Souza et al. (2010); Núñez (2012); Ávila et al. (2013)

71. Salvator rufescens (Günther, Cruz et al. (1992); González (1998); Dirksen & De la Riva 1871) (1999); Fitzgerald et al. (1999); Leynaud & Bucher (2005); Kacoliris et al. (2006); Ávila et al. (2013) 72. Teius oculatus (D’Orbigny & Álvarez et al. (1995); Álvarez et al. (2009); Cano & Bibron, 1837) Leynaud (2009); Núñez (2012); Ávila et al. (2013) 73. Teius teyou (Daudin, 1802) CEUCH; CHUNB; MZUSP; ZUFMS; Cruz et al. (1992); González (1998); Dirksen & De la Riva (1999); Fitzgerald et al. (1999); Leynaud & Bucher (2005); Kacoliris et al. (2006); Álvarez et al. (2009); Souza et al. (2010); Harvey et al. (2012); Ávila et al. (2013) 74. Tupinambis quadrilineatus CHUNB; MNRJ; UFMT; Silva Jr. et al. (2009) Manzani & Abe, 1997 75. Tupinambis teguixin (Linnaeus, CHUNB; MZUSP; UFMT; Álvarez et al. (1995); Dirksen & 1758) De la Riva (1999) SCINCOMORPHA Mabuyidae 76. Aspronema dorsivittatum CHUNB; MZUSP; ZUEC-REP; ZUFMS; Cei (1993); Dirksen & (Cope, 1862) De la Riva (1999); Álvarez et al. (2009); Cano & Leynaud (2009); Silva Jr. et al. (2009); Núñez (2012); Ávila et al. (2013) 77. Copeoglossum CEUCH; CHUNB; KU; MZUSP; UFMT; ZUFMS; Ávila-Pires nigropunctatum (Spix, 1825) (1995); Uetanabaro et al. (2007) 69

78. Manciola guaporicola (Dunn, CEUCH; CHUNB; MHNCI; MPEG; MZUSP; UFMT; ZUFMS; 1935) Ávila-Pires (1995); Uetanabaro et al. (2007); Souza et al. (2010); Cabral & Weiler (2014) 79. Notomabuya frenata (Cope, CEUCH; CHUNB; HCPAP; MZUSP; UFMT; ZUFMS; Cruz et 1862) al. (1992); Cei (1993); Álvarez et al. (1995); González (1998); Dirksen & De la Riva (1999); Fitzgerald et al. (1999); Kacoliris et al. (2006); Uetanabaro et al. (2007); Álvarez et al. (2009); Silva Jr. et al. (2009); Souza et al. (2010); Ávila et al. (2013); Cabral & Weiler (2014)

80. Varzea bistriata (Spix, 1825) MZUSP; Dirksen & De la Riva (1999); Silva Jr. et al. (2009)

Acrônimo Instituição AMNH American Museum of Natural History, Nova Iorque, Estados Unidos da América ANSP Academy of Natural Sciences of Philadelphia, Filadélfia, Estados Unidos da América BMNH British Museum of Natural History, Londres, Reino Unido

CEUCH Seção de Herpetologia da Coleção Zoológica de Referência da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Corumbá, Mato Grosso do Sul, Brasil CHUNB Coleção Herpetológica da Universidade de Brasília, Brasília, Distrito Federal, Brasil CZPLT-H Colección Zoológica de Para La Tierra - Herpetologia, Reserva Natural Laguna, Paraguai FML Instituto de Herpetologia, Fundación Miguel Lillo, San Miguel de Tucuman, Tucuman, Argentina HCPAP Coleção de Vertebrados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agrapecuária (EMBRAPA) - Herpetologia, Corumbá, Mato Grasoos do sul, Brasil IBSP Coleção Herpetológica do Instituto Butantã, São Paulo, São Paulo, Brasil KU KU Biodiversity Institute & Natural History Museum, Kansas, Kansas, Estados Unidos da América MACN Museo Argentino de Ciencias Naturales, Buenos Aires, Argentina MCZ Museum of Comparative Zoology, Universidade de Harvard, Cambridge, Massachusetts, Estados Unidos da América MHNCI Museu de História Natural Capão da Imbuia, Curitiba, Paraná, Brasil MHNP Muséum National d'Histoire Naturelle, Paris, França MNRJ Museu Nacional, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil MPEG Museu Paraense Emílio Goeldi, Belém, Pará, Brasil 70

MTR Laboratório de Herpetologia da Universidade de São Paulo (USP), São Paulo, São Paulo, Brasil MZUSP Museu de Zoológia da Universidad de São Paulo, São Paulo, São Paulo, Brasil UFMT Coleção Zoológica da Universidade Federal de Mato Grosso - Répteis, Cuiabá, Mato Grosso, Brasil UMMZ University of Michigan Museum of Zoology, Ann Arbor, Michigan, Estados Unidos da América USNM National Museum of Natural History, Smithsonian Institution, Washington, DC, Estado Unidos da América ZMB Museum für Naturkunde, Berlin, Alemanha ZMH Zoologiches Museum Hamburg, Hamburg, Alemanha ZUEC-REP Museu de Zoologia da Universidade de Campinas - Répteis, Campinas, São Paulo, Brasil ZUFMS Coleção Zoológica de Referência da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, Mato Grosso do Sul, Brasil

Citação Referência Aguilar-Kirigin & Ocampo Aguilar-Kirigin, A.J. & Ocampo, M. (2011) Ampliación de (2011) la distribución de Liolaemus chacoensis (Shreve, 1948) (Iguania: Liolaemidae) en el Chaco boliviano. Kempffiana, 7, 39-40.

Álvarez et al. (1995) Álvarez, B.B., Lions, M.L., Aguirre, R., Céspedez, J.A. & Hernando, A. (1995) Herpetofauna del area de influencia del embalse de la represa Yacyreta (Argentina-Paraguay). Facena, 11, 57-73.

Álvarez et al. (2009) Álvarez, B.B., García, J.A.R., Céspedez, J.A., Hernando, A.B., Zaracho, V.H., Calamante, C.C. & Aguirre, R.H. (2009) Herpetofauna, provinces of Chaco and Formosa, Chaco Oriental region, north-eastern Argentina. Check List, 5, 74-82.

Ávila et al. (2013) Ávila, L.J., Martinez, L.E. & Morando, M. (2013) Checklist of lizards and amphisbaenians of Argentina: an update. Zootaxa, 3616, 201-238. Ávila-Pires (1995) Ávila-Pires, T.C. (1995) Lizards of Brazilian Amazonia (Reptilia: Squamata). Zoologische Verhandelingen,299, 1- 706. Barreto et al. (2012) Barreto, D.S., Valadão, R.M., Nogueira, C.N., Castro, C.P., Ferreira, V.L. & Strüssmann, C. (2012) New locality records, geographical distribution, and morphological variation in Cercosaura parkeri (Ruibal, 1952) (Squamata: Gymnophthalmidae) from western Brazil. Check List, 8, 1365-1369.

Bursey & Goldberg (2004) Bursey, C.R. & Goldberg, S.R. (2004) Helminths of Tropidurus guarani (Sauria: Tropiduridae) from Paraguay. Comparative Parasitology, 71, 203-207. 71

Cabral & Weiler (2014) Cabral, H. & Weiler, A. (2014) Lista comentada de los reptiles de la Coleccíon Zoológica de la Facultad de Ciencias Exactas y Naturales de Asunción, Paraguay. Cuadernos de Herpetología, 28, 1-10.

Cabrera (2012) Cabrera, M.R. (2012) a new species of Cnemidophorus (Squamata, Teiidae) from the South American Chaco. Herpetological Journal, 22, 123-131. Cacciali & Scott (2012) Cacciali, P. & Scott, N.J. (2009) Revisión del género Ophiodes de Paraguay (Squamata: Anguidae). Boletín de la Sociedad Zoológica del Uruguay, 21, 1-8. Cacciali et al. (2007) Cacciali, P., Ávila, I. & Bauer, F. (2007) A new species of Homonota (squamata, Gekkonidae) from Paraguay, with key to the genus. Phyllomedusa, 6, 137-146. Cacciali (2010) Cacciali, P. (2010) Distribución y afinidades biogegráficas de la familia Gymnophthalmidae de Paraguay (Reptilia: Sauria). Reportes Científicos de la Facen, 1, 10-19.

Cano & Leynaud (2009) Cano, P.D. & Leynaud, G.C. (2009) Effects of fire and cattle grazing on amphibians and lizards in northeastern Argentina (Humid Chaco). European Journal of Wildlife Research, 56, 411-420.

Cei (1993) Cei, J.M. (1993) Reptiles del Noroeste, Nordeste y Este de la Argentina. Herpetofauna de las selvas subtropicales, Puna y Pampas. Museo Regionale di Scienze Naturali, Torino.

Cruz et al. (1992) Cruz, F.B., Perotti, M.G. & Fitzgerald, L.A. (1992) Lista de anfibios y reptiles colectados em uma localidad del Chaco Salteño. Acta Zoologica Lilloana, 42, 101-107. Dirksen & De la Riva (1999) Dirksen, L. & De la Riva, I. (1999) The lizards and amphisbaenians of Bolivia (Reptilia, Squamata): checklist, localities, and bibliography. Graellsia, 55, 199-215.

Etchepare et al. (2011) Etchepare, E.G., Ingaramo, M.R., Falcione, C., Aguirre, R.H. & Barrios, C.E. (2011) Homonota fasciata Duméril y Bibron, 1839 (Reptilia, Squamata, Phyllodactylidae). Primer registro para la provincia de Corrientes (República Argentina). Cuadernos deHerpetología, 25, 21-22.

Frost et al. (1998) Frost, D.R., Crafts, H.M., Fitzgerald, L.A. Titus, T.A. (1998) Geographic variation, species recognition, and molecular evolution of Cytochrome Oxidase I in the Tropidurus spinulosus complex (Iguania: Tropiduridae). Copeia, 1998, 839-851.

Fitzgerald et al. (1999) Fitzgerald, L.A., Cruz, F.B. & Perotti, G. (1999) Phenology of a lizard assemblage in the dry Chaco of Argentina. Journal of Herpetology, 33, 526-535. 72

González (1998) González, L.A. (1998) La herpetofauna del Izozog. Ecología em Bolivia, 31, 45-51. Harvey et al. (2012) Harvey, M.B., Ugueto, G.N. & Gutberlet Jr., R.L. (2012) Review of Teiid morfology with a revised taxonomy and phylogeny of the Teiidae (Lepidosauria: Squamata). Zootaxa, 3459, 1-156.

Kacoliris et al. (2006) Kacoliris, F.P., Berkunsky, I. & Willians, J. (2006) Herpetofauna of the Argentinean impenetrable great Chaco.Phyllomedusa, 5, 149-157. Kluge (1964) Kluge, A.G. (1964) A revision of the South American Gekkonid lizard enus Homonota Gray. American Museum Novitates, 2193, 1-41. Leynaud & Bucher (2005) Leynaud, G.C. & Bucher, E.H. (2005) Restoration of degraded Chaco woodlands: effects on assemblage. Forest Ecology and Management, 213, 384- 390.

McDiarmid & Foster (1987) McDiarmid, R.W. & Foster, M.S. (1987) Additions to the reptile fauna of Paraguay with notes on a small herpetological collection from Amambay. Studies on Neotropical Fauna and Environment, 22, 1-9.

Motte & Cacciali (2009) Motte, M. & Cacciali, P. (2009) Descripción de um neotipo para Anolis meridionalis Boettger, 1885 (Sauria: Polychrotidae). Cuadernos de Herpetología, 23, 19-24.

Núñez (2012) Núñez, K. (2012) La herpetofauna de um fragmento de Bosque Atlántico em el Departamento de Itapúa, Paraguay.Boletin de la Asociación Herpetológica Espanola, 23, 1-6.

Scott & Cacciali (2011) Scott, N.J. & Cacciali, P. (2011) Reptilia, Squamata, Teiidae, Dracaena paraguayensis Amaral, 1950: in Paraguay, Dracaena sí, Crocodilurus no. Check List, 7, 52.

Silva Jr. et al. (2009) Silva Jr., N.J., Cintra, C.E.D., Silva, H.L.R., Costa, M.C., Souza, C.A., Pachêco Jr., A.A. & Gonçalves, F.A. (2009) Herpetofauna, Ponte de Pedra hydroelectric power plant, states of Mato Grosso and Mato Grosso do Sul, Brazil. Check List, 5, 518-525.

Smith et al. (2011) Smith, P., Cacciali, P., Atkinson, K., Källberg, A. & Pheasey, H. (2011) Nuevos registros de Gymnophthalmidae (Reptilia: Sauria) em la Reserva Natural Laguna Blanca, departamento San Pedro, Paraguay y ua clave para las especies paraguayas. Nótulas Faunísticas, 81, 1-6.

Souza et al. (2010) Souza, F.L.; Uetanabaro, M., Landgref-Filho, P., Piatti, L. & Prado, C.P.A. (2010) Herpetofauna, municipality of Porto Murtinho, Chaco region, state of Mato Grosso do Sul, Brazil. Check List, 6, 470-475.

73

Torres-Carvajal (2005) Torres-Carvajal, O. (2005) A new species of Stenocercus (Squamata, Iguania) from central-western Brazil with a key to Brazilian Stenocercus. Phyllomedusa, 4, 123-132.

Torres-Carvajal (2007) Torres-Carvajal, O. (2007) A taxonomic revison of South American Stenocercus (Squamata: Iguania) lizards. Herpetological Monographs, 21, 76-178. Uetanabaro et al. (2007) Uetanabaro, M., Souza, F.L., Landgref Filho, P., Béda, A.F. & Brandão, R.A. (2007) Anfíbios e répteis do Parque Nacional da Serra da Bodoquena, ato Grosso do Sul, Brasil. Biota Neotropica, 7, 279-289.

823 74

824 APÊNDICE 2

825 Lista das espécies de lagartos registrados na Bacia do Rio Paraguai (BRP) com indicação das espécies 826 que compuseram os elementos bióticos (EB) identificados pela análise de elementos bióticos e 827 áreas de consenso (set) obtidos com a análise de endemicidade, para grids de células de 1°X 1° e 828 2°X2°. Estão indicadas as aspécies registradas na planície de inundação do Pantanal (PTN). Espécies 829 utilizadas no teste da segunda predição do modelo vicariante da análise de elementos bióticos para 830 células de 1°X 1° estão indicadas com “1°” e com células 2°X2° estão indicadas com “2°”.Espécies que 831 não estão assinaladas para nenhum elemento biótico compõem o elemento ruído. BE1: elemento 832 biótico 1; BE2: elemento biótico 2; BE3: elemento biótico 3; BE4: elemento biótico 4; BE5: elemento 833 biótico 5; set 0: conjunto 0 das áreas de consenso; set 1: conjunto 1 das áreas de consenso; set 2: 834 conjunto 2 das áreas de consenso; set 3: conjunto 3 das áreas de consenso; set 4: conjunto 4 das 835 áreas de consenso; set 5: conjunto 5 das áreas de consenso.

Taxa PTN EB set Grid 1°x1° Grid 2°x2° Grid 1°x1° Grid 2°x2° ANGUIMORPHA Anguidae 1. Ophiodes fragilis (Raddi, 1826)

2. Ophiodes intermedius Boulenger, set 2; set 5 1894 3. Ophiodes striatus (Spix, 1825) set 3

4. Ophiodes vertebralis Bocourt, 1881 GEKKOTA Gekkonidae 5. Lygodactylus wetzeli (Smith, X set 0 Martin & Swain, 1977) Phyllodactylidae 6. Garthia gaudichaudii (Duméril & Bibron, 1836) 7. Homonota fasciata (Duméril & set 2 Bibron, 1836) 8. Homonota rupícola Cacciali, Ávila BE5 & Bauer, 2007 9. Phyllopezus pollicaris (Spix, 1825) X set 0; set 4

10. Thecadactylus solimoensis BE1 BE1 Bergmann & Russell, 2007 Sphaerodactylidae 11. Coleodactylus brachystoma X set 0 set 1 (Amaral, 1935) 12. Gonatodes hasemani2° Griffin, BE1 BE1 1917 75

13. Gonatodes aff. hasemani2° X BE2

14. Gonatodes humeralis (Guichenot, X set 1 set 1 1855) IGUANIA Dactyloidae 15. Norops brasiliensis (Vanzolini & X Williams, 1970) 16. Norops fuscoauratus2° (D’Orbigny, BE1 set 1 1837) 17. Norops meridionalis2° (Boettger, X BE4 set 0 set 1; set 3 1885) Hoplocercidae 18. Hoplocercus spinosus Fitzinger, X set 0 set 1 1843 Iguanidae 19. Iguana iguana (Linnaeus, 1758) X

Liolaemidae 20. Liolaemus alticolor Barbour, 1909

21. Liolaemus chacoensis1°, 2° Shreve, set 2 1948 22. Liolaemus orientalis Müller, 1924 BE2 BE3

23. Liolaemus signifer1°, 2° (Duméril & BE2 BE3 Bibron, 1837) Polychrotidae 24. Polychrus acutirostris Spix, 1825 X set 4

25. Polychrus liogaster Boulenger, BE1 1908 Tropiduridae 26. Plica umbra (Linnaeus, 1758) BE1 BE1

27. Stenocercus caducus (Cope, 1862) X set 4

28. Stenocercus doellojuradoi (Freiberg, 1944) 29. Stenocercus marmoratus (Duméril & Bibron, 1837)

30. Stenocercus roseiventris2° BE3 D’Orbigny in Duméril & Bibron, 1837 31. Stenocercus sinesaccus2° Torres- BE3 BE1 set 3 set 1 Carvajal, 2005 76

32. Stenocercus sp. 2° BE1 set 3

33. Tropidurus etheridgei Cei, 1982 X set 0; set 4

34. Tropidurus guarani2° Alvarez, Cei X BE2 set 3 & Scolaro, 1994 35. Tropidurus itambere Rodrigues, X set 0 set 1 1987 36. Tropidurus melanopleurus Boulenger, 1902 37. Tropidurus montanus Rodrigues, 1987

38. Tropidurus oreadicus2° Rodrigues, X BE4 set 0 set 1 1987 39. Tropidurus spinulosus2° (Cope, X BE5 BE5 set 2; set 4 1862) 40. Tropidurus torquatus2° (Wied- X BE2 set 3 Neuwied, 1820) LACERTOIDEA Gymnophthalmidae 41. Alopoglossus angulatus (Linnaeus, BE1 BE1 1758) 42. Bachia bresslaui (Amaral, 1935) set 1; set 3

43. Bachia cacerensis2° Castrillon & BE2 Strüssmann, 1998 44. Bachia didactyla2° Freitas, BE1 Strüssmann, Carvalho, Kawashita- Ribeiro & Mott, 2011 45. Bachia dorbignyi2° (Duméril & BE1 set 3 Bibron, 1839) 46. Cercosaura eigenmanni (Griffin, BE1 BE1 1917) 47. Cercosaura ocellata Wagler, 1830 X set 3

48. Cercosaura parkeri Ruibal, 1952 X set 0

49. Cercosaura schreibersii X set 4 Wiegmann, 1834 50. Colobosaura modesta (Reinhardt X set 0 set 1; set 3 & Luetken, 1862) 51. Iphisa elegans Gray, 1851 BE1 set 3

52. Micrablepharus atticolus BE4 set 2 set 1 Rodrigues, 1996 77

53. Micrablepharus maximiliani X set 4 (Reinhardt & Luetken, 1862) 54. Vanzosaura rubricauda X set 0; set 4 (Boulenger, 1902) Teiidae 55. Ameiva ameiva (Linnaeus, 1758) X set 4

56. Ameiva cf. parecis BE4 set 2 set 1

57. Ameiva sp. X

58. Ameivula abalosi (Cabrera, 2012) X set 3

59. Ameivula ocellifera (Spix, 1825) X set 0; set 4

60. Contomastix lacertoides (Duméril & Bibron, 1839) 61. Contomastix vittata (Boulenger, BE2 BE3 1902) 62. Dracaena paraguayensis Amaral, X set 1 1950 63. Kentropyx altamazonica1°, 2° BE1 BE1 (Cope, 1876) 64. Kentropyx calcarata Spix, 1825 set 0

65. Kentropyx paulensis Boettger, set 2 set 1 1893 66. Kentropyx vanzoi1°, 2° Gallagher & BE3 BE1 set 3 set 1 Dixon, 1980 67. Kentropyx viridistriga2° Boulenger, X BE5 set 5 1894 68. Kentropyx aff. viridistriga X set 1

69. Salvator duseni (Lönnberg in set 5 Lönnberg & Andersson, 1910) 70. Salvator merianae (Duméril & X BE2 set 3 Bibron, 1839) 71. Salvator rufescens (Günther, X BE5 set 2; set 4 1871) 72. Teius oculatus (D’Orbigny & set 5 Bibron, 1837) 73. Teius teyou (Daudin, 1802) X set 2; set 4

74. Tupinambis quadrilineatus BE4 set 2 set 1 Manzani & Abe, 1997 78

75. Tupinambis teguixin (Linnaeus, X set 1 set 1 1758) SCINCOMORPHA Mabuyidae 76. Aspronema dorsivittatum (Cope, X set 3 1862) 77. Copeoglossum nigropunctatum X set 0 set 1 (Spix, 1825) 78. Manciola guaporicola (Dunn, X set 1; set 3 1935) 79. Notomabuya frenata (Cope, 1862) X BE2 set 4

80. Varzea bistriata (Spix, 1825) BE4 set 0; set 1 set 1 TOTAL 80 38 15 31 19 50 836 79

837 APÊNDICE 3

838

839 Mapa com pontos de ocorrência das espécies de lagartos (Registros) na Bacia do Rio Paraguai (BRP), 840 com indicação dos principais rios, limites geopolíticos de países e elevação, em metros.

80

3. CAPÍTULO 2

“Mudanças climáticas globais e áreas úmidas: Um estudo usando modelagem de distribuição de lagartos (Reptilia, Squamata) no Chaco Úmido e Pantanal, centro da América do Sul”

Manuscrito em preparação para “Biological Conservation”

81

Article type: Full length article (Research paper) – Biological Conservation

Mudanças climáticas globais e áreas úmidas: Um estudo usando modelagem de distribuição de lagartos (Reptilia, Squamata) no Chaco Úmido e Pantanal, centro da América do Sul

Ricardo Alexandre Kawashita-Ribeiroa,b, *, Jacqueline Pimentel Silvaa, Vanda Lúcia Ferreirac,

Cristiano Nogueirad, Christine Strüssmanna,b aPrograma de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação da Biodiversidade, Instituto de

Biociências, Universidade Federal de Mato Grosso, 78060-900, Cuiabá, MT, Brazil bInstituto de Ciências e Tecnologia das Águas, Universidade Federal do Oeste do Pará, 68040-

050, Santarém, PA, Brazil, [email protected] cDepartamento de Biologia, Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, Universidade Federal de

Mato Grosso do Sul, 79070-900, Campo Grande, MS, Brazil dLaboratório de Herpetologia, Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo, 04263-000, São

Paulo, SP, Brazil eDepartamento de Ciências Básicas e Produção Animal, Faculdade de Agronomia, Medicina

Veterinária e Zootecnia, Universidade Federal de Mato Grosso, 78060-900, Cuiabá, MT, Brazil

*Autor para correspondência em: Instituto de Ciências e Tecnologia das Águas, Universidade

Federal do Oeste do Pará, 68040-050, Santarém, PA, Brazil,

Endereço de e-mail:[email protected] (R. A. Kawashita-Ribeiro).

Cabeçalho: Mudanças climáticas globais e áreas úmidas

Contagem de palavras do texto: 7768; Contagem de palavras do resumo: 291 82

1 RESUMO

2 Mudanças climáticas globais são eventos biogeográficos históricos naturais. Entretanto, a

3 velocidade com que as mudanças climáticas estão atualmente ocorrendo estão acima do registro

4 histórico e são atribuídas principalmente a emissão de gases de efeito estufa pela ação antrópica.

5 Ecossistemas que dependem da temperatura e precipitação para regular seus processos abióticos

6 e bióticos, como as áreas úmidas, são particularmente sensíveis às alterações ambientais.

7 Identificar modificações na distribuição geográfica de espécies através da modelagem é uma

8 maneira de acessar potenciais impactos das mudanças climáticas. Aqui nós utilizamos as

9 modelagens de distribuições de cinco espécies de lagartos obtidas a partir dos consensos dos

10 algoritmos BIOCLIM, MAXENT, DOMAIN, SVM e GLM, com projeções para variáveis climáticas atuais

11 e para os cenários futuros RCP 2,6 e 8,5, para avaliar potenciais efeitos das mudanças climáticas

12 globais sobre estas espécies e sobre as áreas úmidas de duas ecorregiões no centro da América do

13 Sul, o Chaco Úmido e o Pantanal. Os modelos de distribuição para os cenários futuros indicaram

14 aumento de áreas com maior probabilidade de ocorrência sobre regiões úmidas do Chaco Úmido e

15 Pantanal no cenário RCP 2,6 para duas das cinco espécies e no RCP 8,5 para três espécies. A

16 expansão nas áreas com probabilidade de ocorrência para os cenários futuros poderia estar

17 relacionada a fisiologia ectotérmica do grupo. Entretanto, os modelos não incorporam limitações

18 fisiológicas, na movimentação e a fragmentação do habitat. Considerando que as espécies

19 modeladas não são aquáticas e ocorrem em micro-habitats secos, a ampliação de áreas com

20 probabilidade de ocorrência pode ser consequência da retração das áreas úmidas nas projeções

21 futuras. A fraca predição de alterações hidrológicas nos modelos climáticos globais futuros limita a

22 previsão dos efeitos do aquecimento global, podendo causar subestimação da magnitude dos

23 impactos, especialmente sobre as áreas úmidas.

24 Palavras-chave: Aquecimento global, modelagem de distribuição de espécies, Global Climate

25 Model, ensemble forecasting, Gymnophthalmidae, Squamata, Reptilia

26 83

27 1. Introdução

28 Os atuais padrões de biodiversidade e de distribuição geográfica apresentado pelas

29 espécies foram influenciados por processos históricos, como movimentação de continentes,

30 formação de barreiras de dispersão e mudanças climáticas globais naturais (Crisci et al., 2006). Estes

31 processos ocorreram de forma lenta e gradual, selecionando organismos mais adaptados

32 (Schneider & Root, 1998). Apesar das mudanças climáticas globais serem processos naturais, as

33 atuais modificações no clima estão ocorrendo em velocidade nunca antes presenciada na história

34 evolutiva da Terra (Ackerly et al., 2010). Enquanto a taxa natural histórica de aquecimento global é

35 da ordem de 0,5 °C e 1 °C a cada mil anos, a taxa de aquecimento global contemporâneo está entre

36 0,5 °C e 0,9 °C a cada cem anos (Stouffer et al., 1994; IPCC, 2007).

37 As rápidas mudanças climáticas globais são atribuídas a alterações antrópicas,

38 principalmente aquelas relacionadas à elevada emissão de gases de efeito estufa (IPCC, 2007;

39 2014). Estas mudanças climáticas são consideradas as principais ameaças à integridade de

40 ecossistemas em ampla escala (Hulme, 2005; McCarty, 2001), pois afetam não somente a

41 temperatura, mas também a pluviosidade, evapotranspiração, ventos, nível dos oceanos, etc.

42 (Hulme, 2005). O aumento da temperatura e alterações no regime pluviométrico podem causar

43 consequências negativas sobre diversos aspectos da biologia das espécies e modificar processos

44 ecológicos em ecossistemas (McCarty, 2001).

45 Ecossistemas altamente dependentes da temperatura e precipitação para a regulação de

46 seus processos abióticos e bióticos, como as áreas úmidas (Birdgham et al., 1995; Dawson et al.,

47 2003; Erwin, 2009; Mulholland et al., 1997), são especialmente frágeis frente as mudanças

48 climáticas futuras (Winter, 2000; IPCC, 2001). Importantes serviços ambientais podem ser afetados,

49 como o suporte de material sedimentar, ciclagem de nutrientes, armazenamento de carbono,

50 regulação climática local, recarga de águas subterrâneas, purificação da água e produção de

51 alimentos, entre outros (Millennium Ecosystem Assessment, 2005). Apesar da ampla distribuição

52 das áreas úmidas no mundo, com extensão estimada superior a 12 milhões de km2 (Millennium 84

53 Ecosystem Assessment, 2005), os efeitos futuros das mudanças climáticas globais sobre elas ainda

54 são incertos (IPCC, 2001).

55 Impactos potenciais relacionados às alterações climáticas foram relatados ou previstos para

56 áreas úmidas na Ásia (Erwin, 2009), Europa (Dawson et al., 2003), América do Norte (Burkett &

57 Kusler, 2000; Erwin, 2009; Johnson et al., 2005; McMenamin et al., 2008; Poiani & Johnson, 1991)

58 e América do Sul (Marengo et al., 2010). Na América do Sul, duas das maiores áreas úmidas do

59 continente, as ecorregiões do Chaco Úmido (ou Chaco Oriental) e do Pantanal (Adámoli, 1999),

60 estão localizadas na bacia hidrográfica do Prata, que foi apontada como altamente sensível à

61 variações na precipitação, tornando-a vulnerável as alterações climáticas (Berbery & Barros, 2002).

62 Uma forma de monitorar os impactos de mudanças climáticas é através do mapeamento e

63 acompanhamento da distribuição das espécies (Guisan & Zimmermann, 2000; McCarty, 2001).

64 Entretanto, amostragens em campo, geralmente, demandam longos períodos e dependem de

65 logística elaborada em locais mais isolados, que influencia no custo e tempo para execução. A

66 utilização de modelos de distribuição de espécies é uma maneira de minimizar estes vieses. Dados

67 ambientais, modelados a partir de cenários sócio-econômicos futuros, possibilitam estimar o efeito

68 das mudanças climáticas globais sobre a distribuição das espécies (Guisan & Thuiller, 2005; Guisan

69 & Zimmermann, 2000; Ackerly et al., 2010).

70 Populações podem responder de maneira distinta aos efeitos potenciais das mudanças

71 climáticas globais: enquanto algumas espécies podem aumentar suas abundâncias e áreas de

72 distribuição, outras podem se tornar mais vulneráveis à extinção (IPCC, 2001). Espécies

73 ectotérmicas (que dependem da temperatura do ambiente para a regulação de sua temperatura

74 corporal, como répteis) podem possuir dinâmica, distribuição e abundância mais fortemente

75 correlacionadas com a temperatura ambiental que espécies endotérmicas (Hulme, 2005),

76 tornando-as sensíveis às mudanças climáticas globais. Outra característica dos répteis é que a

77 maioria das espécies possui menor capacidade de dispersão, se comparado com endotérmicos 85

78 (Schneider & Root, 1998; Hillman et al., 2014), o que poderia impossibilitar sua dispersão frente as

79 rápidas alterações climáticas futuras.

80 Diante do cenário de rápidas mudanças climáticas globais, da fragilidade e da incerteza do

81 futuro dos ecossistemas úmidos, o objetivo deste estudo foi utilizar modelos de distribuição de

82 espécies, com projeções de variáveis ambientais atuais e para dois cenários futuros, para avaliar os

83 efeitos potenciais das mudanças climáticas globais sobre espécies de lagartos e sobre as áreas

84 úmidas do Chaco Úmido e Pantanal.

85

86 2. Material e métodos

87 2.1. Área de estudo

88 A área de estudo compreende as áreas úmidas do Chaco Úmido e Pantanal, localizadas na

89 região central da América do Sul, na Bacia do Rio Paraguai (BRP), a segunda maior bacia hidrográfica

90 da América do Sul com área total de drenagem superior a 1,1 milhões km² (Carvalho & Albert, 2011)

91 (Figura 1). Do ponto de vista fitofisiográfico, o Chaco Úmido e Pantanal, estão inseridos na diagonal

92 de formações abertas da América do Sul que inclui Cerrado (incluindo o Pantanal), Florestas

93 Tropicais Sazonalmente Secas e Chaco (Chaco Seco e Chaco Úmido ou Oriental) (Vanzolini, 1963).

94 86

Figura 1. Localização do Chaco Úmido (linhas transversais) e do Pantanal (linhas losangulares) na Bacia do Rio Paraguai (Paraguay River Basin), com indicação dos limites geopolíticos (Country limits) e elevação em metros (Elevation).

95

96 As características climáticas presentes no Cerrado e nas Florestas Tropicais Sazonalmente

97 Secas são semelhantes (Mayle, 2004), com sazonalidade marcada por prolongado período seco (5

98 a 6 meses) e precipitação média anual de 1.500 mm (Gentry, 1995; Klink & Machado, 2005). O

99 Chaco Úmido (ou Chaco Oriental) possui área aproximada de 120 mil km2, com estação seca

100 variando entre 2 e 7 meses, precipitação entre 450 e 1.500 mm e períodos de geada no inverno

101 (Adámoli, 1999; Bucher, 1982; Pennington et al., 2000). Compreende a porção mais úmida da

102 planície chaquenha, com abundância de rios e pântanos e com vegetação predominante de savana

103 parque (Bucher, 1982; Iriondo, 1993). Períodos de inundação ocorrem devido, principalmente, ao 87

104 aporte de grande volume de água no período chuvoso nos rios da região e pela baixa infiltração do

105 solo (Iriondo, 1993). Toda a região do Chaco Úmido é formada por paleocanais, antigos depósitos

106 aluviais e leques aluviais de grandes rios, com provável origem geológica no Holoceno (Iriondo,

107 1993).

108 Inserido no Cerrado e conectado ao Chaco Úmido esta o Pantanal, uma planície inundável

109 com área total superior a 135 mil km2 (Adámoli, 1999; Assine & Soares, 2004; Hamilton et al., 1996;

110 Junk & Cunha, 2005; Junk et al., 2006). No Pantanal o transbordamento anual do rio Paraguai e seus

111 afluentes, aliado à intensa precipitação local durante a estação chuvosa e à baixa declividade do

112 terreno determinam o pulso de inundação anual, previsível e monomodal (Junk & Wantzen, 2004;

113 Junk et al., 1989; 2006; 2011; Resende, 2008).

114

115 2.2. Seleção das espécies

116 Os lagartos utilizados na construção dos modelos foram Cercosaura ocellata Wagler, 1830,

117 C. parkeri Ruibal, 1952, Micrablepharus atticolus Rodrigues, 1996, M. maximiliani (Reinhardt &

118 Luetken, 1862), e Vanzosaura rubricauda (Boulenger, 1902). Estes foram selecionados por

119 apresentarem artigos recentes de revisão taxonômica ou de distribuição geográfica para a maior

120 parte da área de ocorrência das espécies. Nenhuma das espécies é aquática e seus registros de

121 ocorrência nas porções úmidas do Chaco e Pantanal, correspondem a localidades que não são

122 inundadas durante as cheias anuais.

123

124 2.3. Dados de distribuição das espécies

125 Os dados de ocorrência de cada uma das espécies de lagartos selecionadas incluíram

126 registros em toda a área de distribuição conhecida, não se limitando a área de estudos, para que a

127 maior amplitude de variação climática exigida por cada espécie pudesse ser captada pelos modelos.

128 Utilizamos 106 localidades para Cercosaura ocellata, 33 para C. parkeri, 117 para Micrablepharus 88

129 atticolus, 182 para M. maximiliani e 58 para Vanzosaura rubricauda. Os dados foram obtidos em

130 artigos de taxonomia e revisões de distribuição das espécies (84% dos registros), complementados

131 com informações de bancos de dados e/ou material testemunho de sete coleções científicas

132 brasileiras (16% dos registros): CEUCH – Seção de Herpetologia da Coleção Zoológica de Referência

133 da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Corumbá, Mato Grosso do Sul; CHUNB – Coleção

134 Herpetológica da Universidade de Brasília, Brasília, Distrito Federal; HCPAP – Coleção de

135 Vertebrados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA)-Herpetologia, Corumbá,

136 Mato Grosso do Sul; MZUSP – Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo, São Paulo, São

137 Paulo; UFMT – Coleção Zoológica da Universidade Federal de Mato Grosso – Répteis, Cuiabá, Mato

138 Grosso; ZUEC – Museu de Zoologia da Universidade de Campinas – Répteis, Campinas, São Paulo;

139 ZUFMS – Coleção Zoológica de Referência da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campo

140 Grande, Mato Grosso do Sul.

141 As coordenadas geográficas para cada registro foram obtidas utilizando dados disponíveis

142 nas referências bibliográficas e coleções, sempre que possível, ou recuperadas através do Google

143 Earth versão 6.1 (Google Inc., 2011) ou ArcView 10.1 (ESRI, 2011). Não utilizamos localidades com

144 coordenadas geográficas obtidas em centroides dos municípios ou obtidas em gazetteer para

145 garanti maior precisão possível das variáveis ambientais.

146

147 2.4. Variáveis ambientais

148 Utilizamos 19 variáveis ambientais, com resolução espacial de 0,5°X 0,5°, simuladas a partir

149 do modelo climático global (GCM – Global Climate Model) do CCSM (The Community Climate

150 System Model) com projeções para as variáveis climáticas atuais (utilizando dados entre os anos de

151 1950 e 1999) e para o futuro (projeção entre os anos de 2080 e 2100), que incluem dois cenários

152 de vias de concentração representativas de emissão de gases de efeito estufa (RCP), o cenério RCP

153 2,6 e RCP 8,5, obtidas em Lima-Ribeiro et al. (2015). As variáveis ambientais utilizadas na 89

154 modelagem de espécies de lagartos foram selecionadas através de análise fatorial usando os eixos

155 que explicam a maior parte da variação dos dados. A análise fatorial permite reduzir a

156 dimensionalidade dos dados, selecionando variáveis originais e independentes (Gotelli & Ellison,

157 2013; Walker, 2012). A análise fatorial é semelhante à análise de componentes principais (PCA), no

158 que diz respeito a reduzir o número de variáveis; entretanto, a análise fatorial não cria novas

159 variáveis, utilizando as variáveis originais (Gotelli & Ellison, 2013).

160 Os cenários futuros são nomeados de acordo com a força radioativa, baseados nos gases

161 do efeito estufa e outros agentes (Van Vuuren et al., 2011a). O RCP 2,6 é um cenário otimista, com

162 trajetória de força radioativa na emissão de gases de efeito estufa com pico de emissão em meados

163 de 2030, declinando posteriormente e atingindo estabilização a partir do ano de 2100. Esse modelo

164 prevê mudanças no clima (mudança na temperatura média global de aproximadamente 2ºC em

165 2100) (Meinshausen et al., 2011; Van Vuuren et al., 2011b).

166 O cenário futuro RCP 8,5 representa um cenário pessimista, com alta emissão de gases do

167 efeito estufa, que aumentam consideravelmente e progressivamente ao longo do tempo. A

168 mudança na temperatura média global será de aproximadamente 5ºC em 2100 (Meinshausen et

169 al., 2011; Riahi et al., 2011).

170

171 2.5. Modelagem da distribuição das espécies

172 As modelagens da distribuição das espécies foram realizadas utilizando três algoritmos que

173 consideram apenas registros de presença das espécies (BIOCLIM, distância de Gower – DOMAIN e

174 MAXENT), um algoritmo que considera presenças e pseudo-ausências (Support Vector Machines –

175 SVM) e um que considera presenças e ausências (Generalized Linear Model – GLM). Metade dos

176 pontos de ocorrência de cada espécies foi utilizada para teste (para avaliação) e a outra metade

177 para treino (construção) dos modelos. Dados de ausência das espécies foram simulados 90

178 randomicamente para a América do Sul, para calibrar os algoritmos de modelagem baseados em

179 observações de presença-ausência e pseudo-ausência.

180 Os diferentes modelos gerados para cada algoritmo, para cada espécie, em cada projeção

181 foram utilizados para a confecção de modelos-consenso por espécie/projeção através do critério

182 de conjugação de projeções (ensemble forecasting; Araújo & New, 2006), para maximizar as

183 informações individuais obtidas por cada algoritmo. Para a avaliação dos modelos foram utilizados

184 os valores do cálculo da área sob a curva (AUC). Todas as análises estatísticas e os modelos foram

185 realizados no programa RStudio (2015), utilizando os pacotes estatísticos DISMO (Hijmans et al.,

186 2011), sp (Pebesma & Bivand, 2005), RASTER (Hijmans & Van Etten, 2012), MNORMT (Azzalini &

187 Genz, 2015), PSYCH (Revelle, 2015), PERMUTE (Simpson, 2015), VEGAN (Oksanen et al., 2015) e

188 KERNLAB (Karatzoglou et al., 2004). Os arquivos dos modelos-consenso foram convertidos para o

189 formato shapefile pelo pacote RGDAL (Bivand et al., 2015), exportados para o programa ArcMap

190 10.1 (ESRI, 2011).

191

192 3. Resultados

193 A análise fatorial das variáveis bioclimáticas utilizadas indicou que a maior parte da variação

194 ambiental foi explicada por cinco fatores: Bio 2 – variação da temperatura média [média mensal

195 (temperatura máxima – temperatura mínima)]; Bio 4 – temperatura sazonal (desvio padrão * 100);

196 Bio 10 – temperatura média no quadrimestre mais quente; Bio 14 – precipitação no mês mais seco;

197 Bio 16 – precipitação no quadrimestre mais úmido. Os consensos gerados a partir dos modelos de

198 distribuição de espécies apresentaram AUC médio variando entre 0,709 e 0,868 para as projeções

199 de distribuições atuais, entre 0,758 e 0,902 para as projeções futuras no cenário RCP 2,6 e entre

200 0,729 e 0,883 para o cenário futuro RCP 8,5 (Tabela 1). 91

201 Tabela 1. Valores das médias (M) do cálculo da área sob a curva (AUC), com valores mínimos (Min), 202 máximos (Max) e desvio-padrão (SD), utilizando projeções climáticas atuais e futuras para cenários 203 otimista (RCP 2.6) e pessimista (RCP 8.5), para cinco espécies de lagartos Gymnophthalmidae que 204 ocorrem na Bacia do Rio Paraguai.

AUC Espécies Projeção M Min Max SD Cercosaura ocellata Atual 0,709 0,513 0,904 0,080 RCP 2.6 0,758 0,507 0,940 0,086 RCP 8.5 0,729 0,563 0,858 0,065 Cercosaura parkeri Atual 0,721 0,313 1,000 0,154 RCP 2.6 0,759 0,273 1,000 0,126 RCP 8.5 0,776 0,406 1,000 0,132 Micrablepharus atticolus Atual 0,868 0,525 1,000 0,086 RCP 2.6 0,902 0,642 1,000 0,069 RCP 8.5 0,883 0,603 1,000 0,088 Micrablepharus maximiliani Atual 0,777 0,488 0,954 0,118 RCP 2.6 0,763 0,500 0,961 0,110 RCP 8.5 0,778 0,516 0,962 0,125 Vanzosaura rubricauda Atual 0,790 0,361 1,000 0,155 RCP 2.6 0,822 0,413 1,000 0,147 RCP 8.5 0,784 0,375 1,000 0,146 205

206 Os consensos dos modelos das distribuições atuais dos lagartos indicaram que áreas com

207 maior probabilidade de ocorrência (valores entre 0,8 e 1,0) para a maioria das espécies, com

208 exceção a Vanzosaura rubricauda, não ocorreram em toda a extensão do Chaco Úmido e Pantanal

209 (Figura 2 A, D, G, J e M). A única região que apresentou maior probabilidade de ocorrência para a

210 todas as espécies esta situada na região dos planaltos Taquari-Itiquira a leste do Pantanal.

211 Os modelos de distribuição no cenário futuro RCP 2,6 indicaram aumento de áreas com

212 maior probabilidade de ocorrência para três das cinco espécies, Cercosaura ocellata, C. parkeri e

213 Micrablepharus atticolus (Figura 2 B, E e H), comparado aos modelos de distribuição para as

214 variáveis ambientais atuais. Estas espécies expandiram suas áreas com maior probabilidade de

215 ocorrência sobre o Chaco Úmido e principalmente sobre o Pantanal.

216 Duas espécies, C. ocellata e C. parkeri, aumentaram as áreas com maior probabilidade de

217 ocorrência no cenário futuro RCP 8,5 em comparação aos modelos de distribuição para variáveis

218 atuais (Figura 2 C e F). As demais espécies apresentaram redução em suas áreas de ocorrência 92

219 potencial (Figura 2 I, L e O). Os modelos de distribuição indicaram expansão sobre áreas do Chaco

220 Úmido e Pantanal de três espécies, C. ocellata, C. parkeri e M. maximiliani (Figura 2 C, F e L). As

221 áreas de potencial ocorrência modeladas para o cenário futuro 2,6 apresentaram redução se

222 comparadas aos modelos para o cenário 8,5 para quatro espécies, C. ocellata, C. parkeri, M.

223 atticolus e M. maximiliani (Figura 2 B e C; E e F; H e I; K e L). 93

Figura 2. Consenso dos modelos de distribuição de cinco espécies de lagartos Gymnophthalmidae que ocorrem na Bacia do Rio Paraguai para projeções climáticas atuais (Current; A, D, G, J e M), projeções futuras para o cenário RCP 2,6 (Future, RCP 2.6; B, E, H, K e N) e RCP 8,5 (Future, RCP 2.6; C, F, I, L e O), com indicação dos pontos de ocorrência (Records). Probabilidades de ocorrência indicadas por escala de cinza, sendo que cores mais escuras representam maiores probabilidades.

224 94

225 As áreas com maior probabilidade de ocorrência para C. ocellata no modelo de variáveis

226 ambientais atuais não incluíram áreas no interior do Chaco Úmido e Pantanal (Figura 2 A). Os

227 modelos de distribuição futuros para a espécie em ambos os cenários foram os que exibiram

228 maiores diferenças nas áreas de maior probabilidade de ocorrência entre todas as espécies

229 modeladas (Figura 2 B e C). O modelo para o cenário futuro RCP 2,6 apresentou a maior quantidade

230 de áreas com maior probabilidade de ocorrência para a espécie, expandindo sua distribuição

231 potencial para porções do Chaco Úmido e Pantanal (Figura 2 B). Para o cenário futuro RCP 8,5 as

232 áreas com maior probabilidade de ocorrência incluíram pequenas porções periféricas no norte do

233 Chaco Úmido e sudeste do Pantanal (Figura 2 C).

234 O modelo de variáveis ambientais atuais para C. parkeri incluía áreas com maior

235 probabilidade de ocorrência para o Chaco Úmido e Pantanal (Figura 2 D). O modelo para o cenário

236 futuro RCP 2,6 indicou expansão de áreas de maior probabilidade de ocorrência sobre estas regiões

237 (Figura 2 E). Para o cenário futuro RCP 8,5 as áreas com maior probabilidade de ocorrência

238 abrangeram porções no nordeste do Chaco Úmido e quase a totalidade da área do Pantanal (Figura

239 2 F).

240 Os modelos de distribuição para M. atticolus para variáveis ambientais atuais e para os

241 cenários futuros RCP 2,6 e RCP 8,5 apresentaram poucas diferenças entre eles, tanto em relação à

242 quantidade quanto à distribuição das áreas com maior probabilidade de ocorrência (Figura 2 G, H

243 e I). Entretanto, o modelo de distribuição para o cenário RCP 8,5 foi o que indicou menores áreas

244 de probabilidade de ocorrência, que não incluíram o Chaco Úmido e Pantanal (Figura 2 I).

245 M. maximiliani apresentou modelos de distribuição com redução gradual em suas áreas

246 com maior probabilidade de ocorrência entre os modelos para variáveis ambientais atuais e para

247 os cenários futuros RCP 2,6 e RCP 8,5 (Figura 2 J, K e L). O modelo para variáveis ambientais atuais

248 previram probabilidade de ocorrência para porções periféricas no norte do Chaco Úmido e oeste,

249 norte, leste e sudeste do Pantanal (Figura 2 J). Para o cenário RCP 2,6 houve pequena redução de

250 áreas de probabilidade de ocorrência, principalmente para o Pantanal (Figura 2 K). Para o cenário 95

251 RCP 8,5 houve redução de áreas para o Chaco Úmido, porém expansão sobre o Pantanal (Figura 2

252 L).

253 V. rubricauda apresentou áreas com maior probabilidade de ocorrência no modelo para

254 variáveis ambientais atuais sobre a porção centro-norte do Chaco Úmido e quase todo o Pantanal

255 (Figura 2 M). As áreas com probabilidade de ocorrência nos modelos RCP 2,6 (Figura 2 N) e RCP 8,5

256 (Figura 2 O) apresentaram redução sobre as duas regiões úmidas, sendo as maiores reduções

257 observadas para o cenário RCP 2,6.

258

259 4. Discussão

260 Os valores médios de AUC obtidos para todas as espécies e em todas as projeções sugerem

261 que os modelos gerados são satisfatórios (Swets, 1988). Apesar dos pontos de ocorrência de

262 Cercosaura ocellata na área de estudo pouco coincidirem com as áreas de maior probabilidade de

263 ocorrência geradas pelo modelo para variáveis ambientais atuais, os pontos de ocorrência da

264 espécie para outras regiões da América do Sul apresentaram congruência com as áreas de

265 probabilidade de ocorrência (Apêndice 1).

266 O aumento de áreas de potencial ocorrência nas projeções futuras para três das cinco

267 espécies de lagartos modelados neste estudo, concorda com os resultados obtidos por Araújo et al.

268 (2006) para a maioria das espécies répteis da Europa. O aumento da temperatura média no futuro

269 poderia favorecer a fisiologia ectotérmica dos répteis, sendo que baixas temperaturas poderiam

270 impor maiores limitações que altas temperaturas (Araújo et al., 2006; Brandt, 2012). Entretanto,

271 alguns estudos não suportam a expansão na distribuição geográfica de répteis com o aumento da

272 temperatura média global (Brereton et al., 1995; Gibbons et al., 2000; Sinervo et al., 2010).

273 Características intrínsecas aos lagartos são apontadas como fatores que poderiam limitar a

274 ampliação da distribuição com o aquecimento global (Sinervo et al., 2010): 1 – apesar de serem

275 ectotérmicos, em muitas espécies de répteis há estreita aproximação entre as temperaturas 96

276 máximas toleradas e as temperaturas máximas críticas que podem ser letais (Cowles & Bogert,

277 1944; Sinervo et al., 2010); e 2 – répteis em geral possuem baixa capacidade de movimentação

278 (Hillman et al., 2014; Schneider & Root, 1998). Além disso, a fragmentação do habitat natural

279 causada por ações antrópicas (desmatamentos, plantações, estradas, cidades, etc.) podem atuar

280 como barreiras à movimentação de algumas espécies (Brereton et al., 1995). Estes fatores não são

281 incorporadas aos algoritmos de modelagem havendo a necessidade de cautela na interpretação

282 dos resultados gerados pela modelagem de distribuição de espécies.

283 As espécies de lagartos aqui utilizadas não são aquáticas ou semi-aquáticas, mesmo os

284 registros de ocorrência no interior da planície do Pantanal correspondem a micro-habitats não

285 permanentemente alagáveis. A maioria das espécies ocorre ao longo de uma diagonal de áreas

286 abertas da América do Sul que compreende o Chaco, Pantanal, Cerrado e Florestas Tropicais

287 Sazonalmente Secas (Werneck, 2011), com exceção a Cercosaura ocellata, que possui populações

288 distribuídas em diversas ecorregiões, provavelmente por constituir um complexo de espécies

289 (Torres-Carvajal et al., 2015). As áreas abertas de Cerrado e Florestas Tropicais Sazonalmente Secas

290 fazem limite com o Chaco Úmido e Pantanal não são alagáveis e possuem características ambientais

291 mais secas que as que ocorrem nestas ecorregiões. Desta forma, a expansão de áreas de potencial

292 ocorrência nas projeções futuras para três espécies aqui analisadas sobre o Chaco Úmido e

293 Pantanal, sugerem contração dos habitats úmidos.

294 Modelos de distribuição de espécies são ferramentas úteis para preencher lacunas de

295 conhecimento, simularem distribuições pretéritas e futuras e auxiliar nas predições dos efeitos das

296 mudança climáticas globais (Guisan & Thuiller, 2005; Guisan & Zimmermann, 2000; Hulme, 2005).

297 Entretanto, as simulações futuras das variáveis ambientais disponíveis nos modelos climáticos

298 globais (GCM) possuem fraco poder preditivo sobre alterações hidrológicas diretas em rios e áreas

299 úmidas (volume, descarga de sedimentos, drenagem lateral da água da chuva, etc.) (Xu, 1999a;

300 1999b). Mudanças no regime pluviométrico e na taxa de evaporação nas áreas úmidas e nas

301 cabeceiras dos rios que abastecem estas áreas exercem influência direta na manutenção e nos 97

302 padrões de inundação locais (Dawson et al., 2003; Erwin, 2009; Hamilton et al., 1996; Junk & Cunha,

303 2005; Junk et al., 2006; Junk et al., 2013b; Mulholland et al., 1997). Em contrapartida, alterações

304 hídricas nas áreas úmidas poderiam acentuar as mudanças climáticas globais influenciando as taxas

305 de armazenamento de carbono, aumentando a variação biogeoquímica e alterações na taxa de luz

306 solar refletida (albedo) (Pereira et al., 2007; Junk et al., 2013a).

307 Essas simulações também possuem fraca predição sobre os impactos indiretos regionais e

308 locais que podem potencializar os efeitos das mudanças globais (Xu, 1999a; 1999b). Para a sub-

309 bacia do Alto Paraguai são identificadas e previstas alterações hidrológicas decorrentes de

310 estressores já implantados ou em processo de implantação, como o grande número de

311 hidrelétricas, desvio de água para agricultura, erosão com aumento do depósito de sedimento e

312 substituição de formações vegetais naturais (Caldas et al., 2013; Harris et al., 2005; Junk & Cunha,

313 2005; Junk et al., 2006; Zeilhofer & Moura, 2009; Souza Filho, 2013).

314 A complexidade das interações abióticas e bióticas que promovem a manutenção das áreas

315 úmidas torna estes ambientes, e muitas espécies dependentes destes, altamente vulneráveis às

316 alterações ambientais regionais e globais (Burkett & Kusler, 2000; Junk et al., 2006). Potenciais

317 impactos causados pelas mudanças climática globais sobre vertebrados terrestres que habitam

318 áreas úmidas já foram relatados para anfíbios (McMenamin et al., 2008; Westervelt et al., 2013).

319 Propostas para o manejo adequado das áreas úmidas que beneficiariam diversas espécies, em

320 escala regional, devem englobar as bacias e as cabeceiras dos rios que alimentam estas áreas

321 (Winter, 2000). Algumas destas ações incluem: incentivo a pesquisas, proteção de habitats-chave,

322 evitar o desenvolvimento de projetos que modificam o regime hidrológico natural (represas,

323 hidrelétricas e canais) e redução da descarga de sedimentos e poluentes (Burkett & Kusler, 2000;

324 Junk et al., 2006; Mulholland et al., 1997). Regionalmente, a conservação das paisagens naturais e

325 a criação de corredores ecológicos poderiam permitir que populações possam se dispersar para

326 áreas com condições ambientais mais satisfatórias para sua sobrevivência (Combes, 2003). 98

327 Apesar das limitações dos modelos de distribuição das espécies (Hampe, 2004; Pearson &

328 Dawson, 2003; Tôrres & Vencillo, 2012), a modelagem é uma importante ferramenta que fornece

329 uma primeira aproximação para acessar as alterações ambientais decorrentes das mudanças

330 climáticas (Pearson & Dawson, 2003). No caso do Chaco Úmido e Pantanal, nossos resultados

331 sugerem redução das áreas úmidas destas regiões evidenciada pela expansão da distribuição futura

332 de três das cinco espécies modeladas. Entretanto, as variáveis climáticas futuras modeladas a partir

333 dos modelos climáticos globais demonstram grande incerteza em suas projeções para a região

334 central da América do Sul (Marengo et al., 2010), dificultando a previsão mais precisa dos impactos.

335 Há, desta forma, a necessidade urgente de mais estudos em diversas escalas e com diversas

336 abordagens para prever e minimizar os impactos globais e regionais sobre o Chaco Úmido e

337 Pantanal.

338

339 5. Conclusões

340 Os modelos de distribuição das espécies de lagartos utilizados neste estudo indicam

341 expansão de áreas com probabilidade de ocorrência futura sobre as áreas úmidas do Chaco Úmido

342 e Pantanal para três das cinco espécies analisadas, interpretadas aqui como redução das áreas

343 úmidas destas regiões, devido as caracterpisticas ambientais dos locais onde estes lagartos

344 habitam. Duas espécies de lagartos apresentaram diminuição de áreas com probabilidade de

345 ocorrência futura.

346 Nossos resultados fornecem uma compreensão adicional sobre a distribuição atual e futura

347 de lagartos no Chaco Úmido e Pantanal. Além disso, nossos modelos são ferramentas úteis para a

348 identificar a tendência e direção das alterações na distribuição das espécies, causadas pelos efeitos

349 potenciais da mudanças climáticas.

350

351 99

352 REFERÊNCIAS

353 Ackerly, D.D., Loarie, S.R., Cornwell, W.K., Weiss, S.B., Hamilton, H., Branciforte, R., Kraft, N.J.B.

354 2010. The geography of climate change: implications for conservation biogeography. Diversity

355 and Distributions, 16, 476-487. http://dx.doi.org/10.1111/j.1472-4642.2010.00654.x.

356 Adámoli, J. 1999. Los humedales del Chaco y del Pantanal. In: Malvárez, A.I. (Ed.). Tópicos sobre

357 humedales subtropicales y templados de Sudamérica. Universidad de Buenos Aires. Oficina

358 Regional de Ciencia y Tecnología de la UNESCO para América Latina y el Caribe, ORCYT,

359 Montevideo, Uruguay.

360 Araújo, M.B., New, M. 2006. Ensemble forecastings of species distributions. TRENDS in Ecology and

361 Evolution, 22, 42-47. http://dx.doi.org/10.1016/j.tree.2006.09.010.

362 Araújo, M.B., Thuiller, W., Pearson, R.G. 2006. Climate warming and the decline of amphibians and

363 reptiles in Europe. Journal of Biogeography, 33, 1712-1728. http://dx.doi.org/10.1111/j.1365-

364 2699.2006.01482.x.

365 Assine, M.L., Soares, P.C. 2004. Quaternary of the Pantanal, west-central Brazil. Quaternary

366 International, 114, 23-24. http://dx.doi.org/10.1016/S1040-6182(03)00039-9.

367 Azzalini, A., Genz, A. 2015. The R package 'mnormt': The multivariate normal and 't' distributions

368 (version 1.5-3). Disponível em: http://azzalini.stat.unipd.it/SW/Pkg-mnormt.

369 Berbery, E.H., Barros, V.R. 2002. The hydrologic cycle of the La Plata Basin in South America. Journal

370 of Hydrometeorology, 3, 630-645. http://dx.doi.org/10.1175/1525-

371 7541(2002)003<0630:THCOTL>2.0.CO;2.

372 Birdgham, S.D., Johnston, C.A., Pastor, J., Updegraff, K. 1995. Potential feedbacks of Northern

373 wetlands on climate change. BioScience, 45, 262-274. 100

374 Bivand, R., Keitt, T., Rowlingson, B., Pebesma, E., Sumner, M., Hijmans, R., Rouault, E. 2015. package

375 rgdal: Bindings for the Geospatial Data Abstraction Library. Disponível em:

376 http://www.gdal.org.

377 Brandt, R. 2012. Mudanças climáticas e os lagartos brasileiros sob a perpectiva da história de vida.

378 Revista da Biologia, 8, 15-18.

379 Brereton, R., Bennett, S., Mansergh, I. 1995. Enhanced greenhouse climate change and its potential

380 effect on selected fauna of South-Eastern Australia: a trend analysis. Biological Conservation,

381 72, 339-354. http://dx.doi.org/10.1016/0006-3207(94)00016-J.

382 Bucher, E.H. 1982. Chaco Caatinga – South American arid savannas, woodlands and thickets. In:

383 Huntley, B.J., Walker, B.H., Ecology of Tropical Savannas. Springer Berlin Heidelberg, pp. 48-

384 79. http://dx.doi.org/10.1007/978-3-642-68786-0_4.

385 Burkett, V., Kusler, J. 2000. Climate change: potntial impacts and interations in wetlands of United

386 States. Journal of the American Water Resources Association, 36, 313-320.

387 http://dx.doi.org/10.1111/j.1752-1688.2000.tb04270.x.

388 Caldas, M.M., Goodin, D., Sherwood, S., Krauer, J.M.C., Wisely, S.M. 2013, Land-cover change in the

389 Paraguayan Chaco: 2000-2011. Journal of Land Use Science, 10, 1-18.

390 http://dx.doi.org/10.1080/1747423X.2013.807314.

391 Carvalho, T.P., Albert, J.S. 2011. The Amazon-Paraguay divide. In: Albert, J.S., Reis, E.E. (Eds.),

392 Historical Biogeography of Neotropical Freshwater Fishes. University of California Press,

393 Berkley, p. 193-202.

394 Combes, S. 2003. Protecting freshwater ecosystems in the face of global climate change. In: Hansen,

395 L.J., Biringer, J.L., Hoffman, J.R. (Eds.), Buying time: a user’s manual for building resistance and

396 resilience to climate change in natural systems. Island Press, Washington, D.C., pp. 203-242. 101

397 Cowles, R.B., Bogert, C.M. 1944. A preliminary study of thermal requirements of desert reptiles.

398 Bulletin of the American Museum of Natural History, 83, 261-296.

399 Crisci, J.V., Sala, O.E., Katinas, L., Posadas, P. 2006. Bridging historical and ecological approaches in

400 biogeography. Australian Systematic Botany, 19, 1-10.

401 Dawson, T.P., Berry, P.M., Kampa, E. 2003. Climate change impacts on freshwater wetland habitats.

402 Journal of Natural Conservation, 11, 25-30. http://dx.doi.org/10.1078/1617-1381-00031.

403 Erwin, K.L. 2009. Wetlands and global climate change: the role of wetland restoration in a changing

404 world. Wetlands Ecology Management, 17, 71-84. http://dx.doi.org/10.1007/s11273-008-

405 9119-1.

406 ESRI. 2011. ArcGIS Desktop: release 10.1. Environmental Systems Reasearch Institute, Redlands.

407 Gentry, A.H. 1995. Diversity and floristic composition of neotropical dry forests. In: Bullock, S.H.,

408 Mooney, H.A., Medina, E. (Eds.), Seasonally Dry Tropical Forests. Cambridge University Press,

409 Cambridge, UK, pp. 146-194. http://dx.doi.org/10.1017/CBO9780511753398.007.

410 Gibbons, J.W., Scott, D.E., Ryan, T.J., Buhlmann, K.A., Tuberville, T.D., Metts, B.S., Greene, J.L., Mills,

411 T., Leiden, Y., Poppy, S., Winne, CT. 2000. The global decline of reptiles, déjà vu amphibians.

412 BioScience, 50, 653-666. http://dx.doi.org/10.1641/0006-

413 3568(2000)050[0653:TGDORD]2.0.CO.

414 Google Inc. 2011. Google Earth version 6.1. Available in https://earth.google.com/. Accessed in May

415 01, 2013.

416 Gotelli, N.J., Ellison, A.M. 2013. A primer of ecological statistics, second ed. Sinauer Associates, Inc.,

417 Sunderland.

418 Guisan, A., Zimmermann, N.E. 2000. Predictive habitat distribution models in ecology. Ecological

419 Modelling, 135, 147-186. http://dx.doi.org/10.1016/S0304-3800(00)00354-9. 102

420 Guisan, A., Thuiller, W. 2005. Predicting species distribution: offering more than simple habitat

421 models. Ecology Letters, 8, 993-1009. http://dx.doi.org/10.1111/j.1461-0248.2005.00792.x.

422 Hamilton, S.K., Sippel, S.J., Melack, J.M. 1996. Inundation patterns in the Pantanal wetland of South

423 America determined from passive microwave remote sensing. Archiv für Hydrobiologie, 135,

424 1-23.

425 Hampe, A. 2004. Bioclimate envelope models: what they detect and what they hide. Global Ecology

426 and Biogeography, 13, 469-476. http://dx.doi.org/10.1111/j.1466-822X.2004.00090.x.

427 Harris, M.B., Tomas, W., Mourão, G., Silva, C.J., Guimarães, E., Sonoda, F., Fachim, E. 2005.

428 Safeguarding the Pantanal wetlands: threats and conservation initiatives. Conservation

429 Biology, 19, 714-720. http://dx.doi.org/10.1111/j.1523-1739.2005.00708.x.

430 Hijmans, R.J., Van Etten, J. 2012. raster: Geographic analysis and modeling with raster data. R

431 package version 2.0-12. Disponível em: http://CRAN.R-project.org/package=raster.

432 Hijmans, R.J., Phillips, S., Leathwick, J., Elith, J. 2011. Package ‘dismo’. Disponível em: http://cran.r-

433 project.org/web/packages/dismo/index.html.

434 Hillman, S.S., Drewes, R.C., Hedrick, M.S., Hancock, T.V. 2014. Physiological vagility and its

435 relationship to dispersal and neutral genetic heterogeneity in vertebrates. The Journal of

436 Experimental Biology, 217, 3356-3364. http://dx.doi.org/ 10.1242/jeb.105908.

437 Hulme, P.E. 2005. Adapting to climate changes: is there scope for ecological management in the

438 face of a global threat?. Journal of Applied Ecology, 42, 784-794.

439 http://dx.doi.org/10.1111/j.1365-2664.2005.01082.x.

440 IPCC (International Panel on Climate Change). 2001. Climate change 2001: synthesis report.

441 Contribution of working groups I, II and III to the Third Assessment Report of the

442 Intergovernmental Panel on Climate Change [Core Writing Team, Watson, R.T. (eds.)].

443 Cambridge University Press, Cambridge, and New York, NY, 398 pp. 103

444 IPCC (International Panel on Climate Change). 2007. Climate change 2007: synthesis report.

445 Contribution of working groups I, II and III to the Fourth Assessment Report of the

446 Intergovernmental Panel on Climate Change [Core Writing Team, Pachauri, R.K., Reisinger, A.

447 (eds.)]. IPCC, Geneva, Switzerland, 104 pp.

448 IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change). 2014. Climate change 2014: synthesis report.

449 Contribution of working groups I, II and III to the Fifth Assessment Report of the

450 Intergovernmental Panel on Climate Change [Core Writing Team, Pachauri, R.K., Meyer, L.A.

451 (eds.)]. IPCC, Geneva, Switzerland, 151 pp.

452 Iriondo, M. 1993. Geomorphology and late Quaternary of the Chaco (South America).

453 Geomorphology, 7, 289-303. http://dx.doi.org/10.1016/0169-555X(93)90059-B.

454 Johnson, W.C., Millet, B.V., Gilmanov, T., Voldseth, R.A., Guntenspergen, G.R., Naugle, D.E. 2005.

455 Vulnerability of northern prairie wetlands to climate change. BioScience, 55, 863-872.

456 http://dx.doi.org/10.1641/0006-3568(2005)055[0863:VONPWT]2.0.CO;2.

457 Junk, W.J., Cunha, C.N. 2005. Pantanal: a large South American wetland at a crossroads. Ecological

458 Engenering, 24, 391-401. http://dx.doi.org/10.1016/j.ecoleng.2004.11.012.

459 Junk, W.J., Wantzen, K.M. 2004. The flood pulse concept: new aspects, approaches, and

460 applications – an update. in: Welcomme, R. L., Petr, T. (Eds.), Proceedings of the Second

461 International Symposium on the Management of Large Rivers for Fisheries, Volume 2, Food

462 and Agriculture Organization & Mekong River Commission, RAP Publication 2004/16, FAO

463 Regional Office for Asia and the Pacific, Bangkok, pp. 117-149.

464 Junk, W.J., Bayley, P.B., Sparks, R.E. 1989. The flood pulse concept in river floodplain systems. in:

465 Dodge, D.P. (Ed.), Proceedings of the International Large River Symposium, 106, pp. 110-127. 104

466 Junk, W.J., Cunha, C.N., Wantzen, K.M., Petermann, P., Strüssmann, C., Marques, M.I., Adis, J. 2006.

467 Biodiversity and its conservation in the Pantanal of Mato Grosso, Brazil. Aquatic Sciences, 68,

468 278-309. http://dx.doi.org/10.1007/s00027-006-0851-4.

469 Junk, W.J., Cunha, C.N., Silva, C.J., Wantzen, K.M. 2011. The Pantanal: a large South American

470 wetland and its position in limnological theory. in: Junk, W.J., Cunha, C.N., Wantzen, K.M.

471 (Eds.), The Pantanal: Ecology, biodiversity and sustainable management of a large Neotropical

472 seasonal wetland. Pensoft Publisher, Sofia-Moscow, pp. 23-44.

473 Junk, W.J., An, S., Finlayson, C.M., Gopal, B., Kvet, J., Mitchell, S.A., Mitsch, W.S., Robarts, R.D.

474 2013a. Current state of knowledge regarding the world’s wetlands and their future under

475 climate change: a synthesis. Aquatic Sciences, 75, 151-167. http://dx.doi.org/10.1007/s00027-

476 012-0278-z.

477 Junk, W.J., Piedade, M.T.F., Lourival, R., Wittmann, F., Kandus, P., Lacerda, L.D., Bozelli, R.L.,

478 Esteves, F.A., Nunes da Cunha, C., Maltchik, L., Schöngart, J., Schaeffer-Novelli, Y., Agostinho,

479 A.A. 2013b. Brazilian wetlands: their definition, delineation, and classification for research,

480 sustainable management, and protection. Aquatic Conservation: Marine and Freshwater

481 Ecosystems, 24, 5-22. http://dx.doi.org/10.1002/aqc.2386.

482 Karatzoglou, A., Smola, A., Hornik, K., Zeileis, A. 2004. kernlab - An S4 Package for Kernel Methods

483 in R. Journal of Statistical Software 11, 1-20. Disponível em: http://www.jstatsoft.org/v11/i09/.

484 Klink, C.A., Machado, R.B. 2005. A conservação do Cerrado brasileiro. Megadiversidade, 1, 147-155.

485 Lima-Ribeiro, M.S., Varela, S., González-Hernández, J., Oliveira, G.; Diniz-Filho, J.A.F., Peterson, A.T.,

486 Terribile, L.C. 2015. The ecoClimate Database. Disponível em: http://ecoclimate.org. Acessado

487 em: 05 de setembro de 2015.

488 Marengo, J.A., Ambrizzi, T., Rocha, R.P., Alves, L.M., Cuadra, S.V., Valverde, M.C., Torres, R.R.,

489 Santos, D.C., Ferraz, S.E.T. 2010. Future change of climate in South America in the last twenty- 105

490 first century: intrecomparison of scenarios from three regional climate models. Climate

491 Dynamics, 35, 1073-1097. http://dx.doi.org/10.1007/s00382-009-0721-6.

492 Mayle, F.E. 2004. Assessment of the Neotropical dry forest refugia hypothesis in the light of

493 paleoecological data and vegetation model simulations. Journal of Quaternary Science, 19,

494 713-720. http://dx.doi.org/10.1002/jqs.887.

495 McCarty, J.P. 2001. Ecological consequences of recent climate change. Conservation Biology, 15,

496 320-331. http://dx.doi.org/10.1046/j.1523-1739.2001.015002320.x.

497 McMenamin, S.K., Hadly, E.A., Wright, C.K. 2008. Climatic change and wetland desiccation cause

498 amphibian decline in Yellowstone National Park. PNAS, 105, 16988-16993.

499 http://dx.doi.org/10.1073/pnas.0809090105.

500 Meinshausen, M., Smith, S.J., Calvin, K., Daniel, J.S., Kainuma, M.L.T., Lamarque, J-F., Matsumoto,

501 K., Montzka, S.A., Raper, S.C.B., Riahi, K., Thomson, A., Velders, G.J.M., Van Vuuren, D.P.P.

502 2011. The RCP greenhouse gas concentrations and their extensions from 1765 to 2300.

503 Climatic Changes, 109, 213-241. http://dx.doi.org/10.1007/s10584-011-0156-z.

504 Millennium Ecosystem Assessment. 2005. Ecosystems and human wellbeing: wetlands and water.

505 Disponível em: http://www.unep.org/maweb/documents/document.358.aspx.pdf. Acessado

506 em: 13 Set. 2015.

507 Mulholland, P.J., Best, G.R., Coutant, C.C., Hornberger, G.M., Meyer, J.L., Robinson, P.J., Stenberg,

508 J.R., Turner, R.E., Vera-Herrera, F., Wetzel, R.G. 1997. Effects of climate change on freshwater

509 ecosystems of the south-eastern United States and the Gulf of Coast of Mexico. Hydrological

510 Processes, 11, 949-970. http://dx.doi.org/10.1002/(SICI)1099-1085(19970630)11:8<949::AID-

511 HYP513>3.0.CO;2-G.

512 Oksanen, J., Blanchet, F.G., Kindt, R., Legendre, P., Minchin, P.R., O’Hara, R.B., Simpson, G.L.,

513 Solymos, P., Stevens, M.H.H., Wagner, H. 2015. package vegan: community ecology package. 106

514 Pearson, R.G., Dawson, T.P. 2003. Predicting the impacts of climate changes on the distributions of

515 species: are bioclimate envelope models useful?. Global Ecology and Biogeography, 12, 361-

516 371. http://dx.doi.org/10.1046/j.1466-822X.2003.00042.x.

517 Pebesma, E.J., Bivand R.S. 2005. Classes and methods for spatial data in R. R News 5. Disponível em:

518 http://cran.r-project.org/doc/Rnews/.

519 Pennington, R.T., Prado, D.E., Pendry, C.A. 2000. Neotropical seasonally dry forests and Quaternary

520 vegetation changes. Journal of Biogeography, 27, 261-273. http://dx.doi.org/10.1046/j.1365-

521 2699.2000.00397.x.

522 Pereira, G., Moraes, E.C., Arai, E., Oliveira, L.G.L. 2007. Estudo preliminar da estimativa da

523 reflectância e albedo de microssistemas pantaneiros a partir de imagens de satélite. Revista

524 Brasileira de Cartografia, 59, 55-61.

525 Perry, G., Garland Jr., T. 2002. Lizard home ranges revisited: effects of sex, body size, diet habitat,

526 and phylogeny. Ecology, 83, 1870-1885. http://dx.doi.org/10.1890/0012-

527 9658(2002)083[1870:LHRREO]2.0.CO;2.

528 Poiani, K.A., Johnson, W.C. 1991. Global warming and prairie wetlands. BioScience, 41, 611-618.

529 http://dx.doi.org/

530 Resende, E.K. 2008. Pulso de inundação – Processo ecológico essencial à vida no Pantanal. Embrapa

531 Pantanal, 94, 1-16.

532 Revelle, W. 2015. Psych: Procedures for Personality and Psychological Research, Northwestern

533 University, Evanston, Illinois. Disponível em: http://CRAN.R-project.org/package=psych.

534 Riahi, K., Rao, S., Krey, V., Cho, C., Chirkov, V., Fischer, G., Kindermann, G., Nakicenovic, N., Rafaj, P.

535 2011. RCP8.5- A scenario of comparatively high greenhouse gas emissions. Climate Change,

536 109, 33-57. http://dx.doi.org/10.1007/s10584-011-0149-y.

537 RStudio. 2015. RStudio: Integrated Development for R version 0.99.473. RStudio, Inc., Boston. 107

538 Schneider, S.H., Root, T.L. 1998. Climate change. In: Mac, M.J., Opler, P.A., Haecker, C.E.P., Doran,

539 P.D. (Eds.), Status and trends of the Nation’s Biological Resources, v. 1. Reston: U.S.

540 Department of Interior, U.S. Geological Survey, pp. 89-116.

541 Simpson, G.L. 2015. Restricted permutations, using the permute package.

542 Sinervo, B., Méndez-de-la-Cruz, F., Miles, D.B., Heulin, B., Bastiaans, E., Villagrán-Santa Cruz, M,

543 Lara-Resendiz, R., Martínez-Méndez, N., Calderón-Espinosa, M.L., Meza-Lázaro, R.N., Gadsden,

544 H., Avila, L.J., Morando, M., De la Riva, I.J., Sepulveda, P.V., Rocha, C.F.D., Ibargüengoytía, N.,

545 Puntriano, C.A., Massot, M., Lepetz, V., Oksanen, T.A., Chapple, D.G., Bauer, A.M., Branch,

546 W.R., Clobert, J., Sites Jr., J.W. 2010. Erosion of lizard diversity by climate change and altered

547 thermal niches. Science, 328, 894-899. http://dx.doi.org/10.1126/science.1184695.

548 Souza Filho, E.E. 2013. As barragens na bacia do Rio Paraguai e a possível influência sobre a descarga

549 fluvial e o transporte de sedimentos. Boletim de Geografia, 31, 113-117.

550 http://dx.doi.org/10.4025/bolgeogr.v31i1.13638.

551 Stouffer, R.J., Manabe, S., Vinnikov, K.Ya. 1994. Model assessment of the role of natural variability

552 in recent global warming. Nature, 367, 634-636. http://dx.doi.org/ 10.1038/367634a0.

553 Swets, J.A. 1988. Measuring the accuracy of diagnostic systems. Science, 240, 1285-1293.

554 http://dx.doi.org/10.1126/science.3287615.

555 Tôrres, N.M., Vencillo, U.E. 2012. Como ferramentas de modelagem de distribuição de espécies

556 podem subsidiar ações de governo?. Natureza & Conservação, 10, 228-230.

557 http://dx.doi.org/10.4322/natcon.2012.023.

558 Torres-Carvajal, O., Lobos, S.E., Venegas, P.J. (2015) Phylogeny of Neotropical Cercosaura

559 (Squamata: Gymnophthalmidae) lizards. Molecular Phylogenetics and Evolution, 93, 281-288.

560 http://dx.doi.org/10.1016/j.ympev.2015.07.025.

561 Van Vuuren, D.P., Edmonds, J., Kainuma, M., Riahi K., Thomson, A., Hibbard, K., Hurtt, G.C., Kram,

562 T., Krey, V., Lamarque, J.F., Masui, T., Meinshausen, M., Nakicenovic, N., Smith, S.J., Rose, S.K. 108

563 2011a. The Representative concentration pathways: an overview. Climatic Change, 109, 05-31.

564 http://dx.doi.org/10.1007/s10584-011-0148-z.

565 Van Vuuren, D. P., Stehfest, E., Den Elzen, M.G.J., Kram, T., Van Vliet, J., Deetman, S., Isaac, M.,

566 Goldewijk, K.K., Hof, A., Beltran, A.M., Oostenrijk, R., Van Ruijven, B. 2011b. RCP 2.6: exploring

567 the possibility to keep global mean temperature increase below 2°C. Climatic Change, 109, 95-

568 116. http://dx.doi.org/10.1007/s10584-011-0152-3.

569 Vanzolini, P.E. 1963. Problemas faunísticos do Cerrado. in: Ferri, M.G.(Ed.), Simpósio Sobre o

570 Cerrado. Editora da Universidade de São Paulo, pp. 267-280.

571 Walker, J.T. 2012. Chapter 14: Factor analysis, path analysis and structural equation modeling. In:

572 Walker, J.T. & Maddan, S. (Eds.), Statistics in criminology and criminal justice. Jones & Bartlett

573 Learning, Burlington, pp. 325-351.

574 Werneck, F.P. 2011. The diversification of eastern South American open vegetation biomes:

575 historical biogeoraphy and perpectives. Quaternary Science Reviews, 30, 1630-1648.

576 http://dx.doi.org/10.1016/j.quascirev.2011.03.009.

577 Westervelt, J.D., Sperry, J.H., Burton, J.L., Palis, J.G. 2013. Modeling response of frosted flatwoods

578 salamander populations to historic and predicted climate variables. Ecological Modelling, 268,

579 18-24. http://dx.doi.org/10.1016/j.ecolmodel.2013.07.026.

580 Winter, T.C. 2000. The vulnerability of wetland to climate change: a hydrologic landscape

581 perpective. Journal of American Water Resources Association, 36, 305-311.

582 http://dx.doi.org/10.1111/j.1752-1688.2000.tb04269.x.

583 Xu, C.Y. 1999a. From GCMs to river flow: a review of downscaling methods and hydrologic

584 modelling approaches. Progress in Physical Geography, 23, 229-249.

585 http://dx.doi.org/10.1177/030913339902300204. 109

586 Xu, C.Y. 1999b. Climate change and hydrologic models: a review of existing gaps and recent research

587 developments. Water Resources Manegement, 13, 369-382.

588 http://dx.doi.org/10.1023/A:1008190900459.

589 Zeilhofer, P., Moura, R.M. 2009. Hydrological changes in the northern Pantanal caused by the

590 Manso dam: impact analysis and suggestions for mitigation. Ecological Engineering, 35, 105-

591 117. http://dx.doi.org/10.1016/j.ecoleng.2008.09.011.

110

Informações de apoio

Apêndice 1 Consenso dos modelos de distribuição de lagartos no cenário atual para a América do Sul com pontos de ocorrência para as espécies utilizadas nas análises. 111

Apêndice 1

Consenso dos modelos de distribuição de lagartos no cenário atual para a América do Sul com pontos de ocorrência para as espécies utilizadas nas análises.

112

4. CONCLUSÕES

Foram identificadas diferentes componentes bióticos na Bacia do Rio Paraguai (BRP), entretanto nenhum destes corresponde a uma unidade biogeográfica exclusiva à Bacia.

Áreas nos planaltos que margeiam a sub-bacia do alto Paraguai possuem alta congruência de componentes bióticos identificados neste estudo, utilizando diferentes análises e diferentes tamanhos de células.

Na escala utilizada, a atuação do Rio Paraguai como barreira vicariante para lagartos se mostrou fraca.

As projeções dos modelos de distribuição gerados para os cenários futuros para três das cinco espécies de lagartos Gymnophthalmidae modelados, indicaram expansão de áreas de probabilidade de ocorrência sobre áreas atualmente ocupadas pelo Chaco Úmido e Pantanal. Esta expansão futura é aqui interpretada como provável redução das áreas úmidas destas ecorregiões.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AAGESEN, L.; SZUMIK, C.; GOLOBOFF, P. Consensus in the search for areas of endemism. Journal of Biogeography, v.40, p.2011-2016, 2013.

ACKERLY, D. D.; LOARIE, S. R.; CORNWELL, W. K.; WEISS, S. B.; HAMILTON, H.; BRANCIFORTE, R.; KRAFT, N. J. B. The geography of climate change: implications for conservation biogeography. Diversity and Distributions, v.16, p.476-487, 2010. http://dx.doi.org/10.1111/j.1472-4642.2010.00654.x.

AGUIRRE-GUTIÉRREZ, J.; CARVALHEIRO, L. G.; POLCE, C.; VAN LOON, E. E.; RAES, N.; REEMER, M.; BIESMEIJER, J. C. Fit-for-purpose: species distribution model performance depends on evaluation criteria – dutch hoverflies as a case study. PLoS ONE, v.8, p.1-11, 2013. http://dx.doi.org/10.1371/journal.pone.0063708.

ARAÚJO, M. B.; GUISAN, A. Five (or so) challenges for species distribution modelling. Journal of Biogeography, v.33, p.1677-1688, 2006.

113

ARAÚJO, M.B.; NEW, M. Ensemble forecastings of species distributions. TRENDS in Ecology and Evolution, v.22, p.42-47, 2006. http://dx.doi.org/10.1016/j.tree.2006.09.010.

ARAÚJO, M. B.; THUILLER, W.; PEARSON, R. G. Climate warming and the decline of amphibians and reptiles in Europe. Journal of Biogeography, v.33, p.1712-1728, 2006. http://dx.doi.org/10.1111/j.1365-2699.2006.01482.x.

BALDWIN, R. A. Use of maximum entropy modeling in wildlife research. Entropy, v.11, p.854-866, 2009. http://dx.doi.org/ 10.3390/e11040854.

BOOTH, T. H.; NIX, H. A.; BUSBY, J. R.; HUTCHINSON, M. F. BIOCLIM: the first species distribution modelling package, its early applications and relevance to most current MAXENT studies. Diversity and Distributions, v.20, p.1-9, 2014. http://dx.doi.org/ 10.1111/ddi.12144.

BUSBY, J. R. BIOCLIM – a bioclimatic analysis and prediction system. In: MARGULES, C. R.; AUSTIN, M. P. (Eds.). Nature Conservation: cost effective biological surveys and data analysis. Nature Conservation, 1991.

CARPENTER, G.; GILLISON, A.N.; WINTER, J. DOMAIN: a flexible modelling procedure for mapping potential distribution of plants and . Biodiversity Conservation, v.2, p.667-680, 1993. http://dx.doi.org/10.1007/BF00051966.

CARVALHO, C. J. B. Áreas de endemismo. In: CARVALHO, C. J. B.; ALMEIDA, E. A. B. (Eds.). Biogeografia da América do Sul: padrões e processos. São Paulo: Editora Rocca, 2010. pp. 41-51.

CASAGRANDA, M. D.; TAHER, L.; SZUMIK, C. A. Endemicity analysis, parsimony and biotic elements: a formal comparison using hypothetical distributions. Cladistics, v.2012, p.1-10, 2012. http://dx.doi.org/10.1111/j.1096-0031.2012.00410.

114

CRISCI, J. V. The voice of historical biogeography. Journal of Biogeography, v.28, p.157– 168, 2001. http://dx.doi.org/10.1046/j.1365-2699.2001.00523.x.

CRISCI, J. V.; SALA, O. E.; KATINAS, L.; POSADAS, P. Bridging historical and ecological approaches in biogeography. Australian Systematic Botany, v.19, p.1-10, 2006.

CROIZAT, L.; NELSON, G.; ROSEN, D. E. Centers of origin and relate concepts. Systematic Zoology, v.23, p.265-287, 1974.

DASILVA, M. B. Áreas de endemismo: as espécies vivem em qualquer lugar, onde podem ou onde historicamente evoluíram?. Revista da Biologia, Vol. Especial Biogeografia, p.12- 17, 2011.

DRAKE, J. M.; RANDIN, C.; GUISAN, A. Modelling ecological niches with support vector machines. Journal of Applied Ecology, v.43, p.424-432, 2006. http://dx.doi.org/10.1111/j.1365-2664.2006.01141.x.

ELITH, J.; PHILLIPS, S. J.; HASTIE, T.; DUDÍK, M.; CHEE, Y.E.; YATES, C. J. A statistical explanation of MaxEnt for ecologists. Diversity and Distribution, v.17, p.43-57, 2011. http://dx.doi.org/ 10.1111/j.1472-4642.2010.00725.x.

GASTON, K. J. Global patterns in biodiversity. Nature, v.405, p.220-227, 2000.

GIANNINI, T. C.; SIQUEIRA, M. F.; ACOSTA, A. L.; BARRETO, F. C. C. Desafios atuais da modelagem preditiva de distribuição de espécies. Rodriguésia, v.63, p.733-749, 2012.

GOLOBOFF, P. NDM/VNDM version 3.0 – Programs for identification of areas of endemism, 2004. Disponível em: www.zmuc.dk/public/phylogeny/endemism. Acesso em: 10 mai. 2015.

115

GUISAN, A.; ZIMMERMANN, N. E. Predictive habitat distribution models in ecology. Ecological Modelling, v.135, p.147-186, 2000. http://dx.doi.org/10.1016/S0304- 3800(00)00354-9.

GUISAN, A.; THUILLER, W. Predicting species distribution: offering more than simple habitat models. Ecology Letters, v.8, p.993-1009, 2005. http://dx.doi.org/10.1111/j.1461- 0248.2005.00792.x.

GUISAN, A.; THEURILLAT, J.-P.; KIENAST, F. Predicting the potential distribution of plant species in an alpine environment. Journal of Vegetation Science, v.9, p.65-74, 1998. http://dx.doi.org/10.2307/3237224.

GUISAN, A.; WEISS, S. B.; WEISS, A. D. GLM versus CCA spatial modeling of plant species distribution. Plant Ecology, v.143, p.107-122, 1999.

GUISAN, A.; EDWARDS JR, C.; HASTIE, T. Generalized linear and generalized additive models in studies of species distributions: setting the scene. Ecological Modelling, v.157, p.89-100, 2002. http://dx.doi.org/10.1016/S0304-3800(02)00204-1.

GUO, Q.; KELLY, M.; GRAHAM, C. H. Support vector machines for predicting distribution of Sudden Oak Death in California. Ecological Modelling, v.182, p.75-90, 2005. http://dx.doi.org/10.1016/j.ecolmodel.2004.07.012.

HAROLD, A. S.; MOOI, R. D. Areas of endemism: definition and recognition criteria. Systematic Biology, v.43, p.261-266, 1994.

HAUSDORF, B. Units in biogeography. Systematic Biology, v.51, p.648–652, 2002. http://dx.doi.org/10.1080/10635150290102320.

HAUSDORF, B.; HENNIG, C. Biotic element analysis in biogeography. Systematic Biology, v.52, p.717–723, 2003. http://dx.doi.org/10.1080/10635150390235584.

116

HILLMAN, S. S.; DREWES, R. C.; HEDRICK, M. S.; HANCOCK, T. V. Physiological vagility and its relationship to dispersal and neutral genetic heterogeneity in vertebrates. The Journal of Experimental Biology, v.217, p.3356-3364, 2014. http://dx.doi.org/ 10.1242/jeb.105908.

HULME, P. E. Adapting to climate changes: is there scope for ecological management in the face of a global threat?. Journal of Applied Ecology, v.42, p.784-794, 2005. http://dx.doi.org/10.1111/j.1365-2664.2005.01082.x.

HUTCHINSON, G. E. Concluding remarks. Cold Spring Harbor Symposia on Quantitative Biology, v.22, p.145-159, 1957.

IPCC. International Panel on Climate Change. Climate change 2001: synthesis report. Contribution of working groups I, II and III to the Third Assessment Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change [Core Writing Team, WATSON, R. T. (Eds.)]. Cambidge e New York: Cambridge University Press, 2001. 398 p.

IPCC. International Panel on Climate Change. Climate change 2007: synthesis report. Contribution of working groups I, II and III to the Fourth Assessment Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change [Core Writing Team, PACHAURI, R. K.; REISINGER, A. (Eds.)]. Geneva: IPCC, 2007. 104 p.

IPCC. Intergovernmental Panel on Climate Change. 2014. Climate change 2014: synthesis report. Contribution of working groups I, II and III to the Fifth Assessment Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change [Core Writing Team, PACHAURI, R. K.; MEYER, L.A. (Eds.)]. Geneva: IPCC, 2014. 151 p.

MARCO JÚNIOR, P.; SIQUEIRA, M. F. Como determinar a distribuição potencial de espécies sob uma abordagem conservacionista?. Megadiversidade, v.5, p.65-76, 2009.

MARENGO, J. A.; AMBRIZZI, T.; ROCHA, R. P.; ALVES, L. M.; CUADRA, S. V.; VALVERDE, M. C.; TORRES, R. R.; SANTOS, D. C.; FERRAZ, S. E. T. Future change of climate in South America in the last twenty-first century: intrecomparison of scenarios from 117 three regional climate models. Climate Dynamics, v.35, p.1073-1097, 2010. http://dx.doi.org/10.1007/s00382-009-0721-6.

MCCARTY, J. P. Ecological consequences of recent climate change. Conservation Biology, v.15, p.320-331, 2001. http://dx.doi.org/10.1046/j.1523-1739.2001.015002320.x.

MILLENNIUM ECOSYSTEM ASSESSMENT. Ecosystems and human wellbeing: wetlands and water, 2005. Disponível em: http://www.unep.org/maweb/documents/document.358.aspx.pdf. Acessado em: 13 set. 2015.

MORRONE, J. J. On the identification of areas of endemism. Systematic Biology, v.43, p.438-441, 1994.

MORRONE, J. J. Evolucionary biogeography: an integrative approach with case studies. Columbia Press, 2009. 304 p.

MUÑOZ, J.; FELICÍSIMO, A. M. Comparison of statistical methods commonly used in predictive modelling. Journal of Vegetation Science, v.15, p.285-292, 2004.

NIX, H. A. A biogeography analysis of Australian elapid snakes. In: LONGMORE, R. (Ed.). Atlas of elapid snakes of Australia: Australian flora and fauna series 7. Camberra: Bureau of Flora and Fauna, 1986. pp. 4-15.

ORTEGA-HUERTA, M. A.; PETERSON, A. T. Modeling ecological niches and predicting geographic distributions: a test of six presence-only methods. Revista Mexicana de Biodiversidad, v.79, p.205-216, 2008.

PEARSON, R.G.; RAXWORTHY, C. J.; NAKAMURA, M.; PETEERSON, A. T. Predicting species distributions from small number of occurrence records: a test case using cryptic in Madagascar. Journal of Biogeography, v.34, p.102-117, 2007. http://dx.doi.org/ 10.1111/j.1365-2699.2006.01594.x. 118

PETERSON, A. T.; PAPES, M.; EATON, M. Transferability and model evaluation in ecological niche modeling: a comparision of GARP and Maxent. Ecography, v.30, p.550- 560, 2007. http://dx.doi.org/0.1111/j.2007.0906-7590.05102.x.

PHILLIPS, S.J.; ANDERSON, R. P.; SCHAPIRE, R. E. Maximum entropy modeling of species geographic distributions. Ecological Modelling, v.190, p.231-259, 2006. http://dx.doi.org/10.1016/j.ecolmodel.2005.03.026.

PLISCOFF, P.; FUENTES-CASTILLO, T. Modelación de la distribución de especies y ecossistemas em el tempo y em el espacio: uma revisión de las nuevas herramientas y enfoques disponibles. Revista de Geografía Norte Grande, v.48, p.61-79, 2011.

RICKLEFS, R. E. A comprehensive framework for global patterns in biodiversity. Ecology Letters, v.7, p.1-15, 2004.

SCHNEIDER, S. H.; ROOT, T. L. Climate change. In: MAC, M. J.; OPLER, P. A.; HAECKER, C. E. P.; DORAN, P. D. (Eds.). Status and trends of the Nation’s Biological Resources, v. 1. Reston: U.S. Department of Interior, U.S. Geological Survey, 1998. p. 89- 116.

SEXTON, J. P.; MCINTYRE, P. J.; ANGERT, A. L.; RICE, K. J. Evolution and ecology of species range limits. The Annual Review of Ecology, Evolution, and Systematics, v.40, p.415-436, 2009.

STOUFFER, R. J.; MANABE, S.; VINNIKOV, K. YA. Model assessment of the role of natural variability in recent global warming. Nature, v.367, p.634-636, 1994. http://dx.doi.org/ 10.1038/367634a0.

SZUMIK, C. A.; GOLOBOFF, P. A. Areas of endemism: An improved optimality criterion. Systematic Biology, v.53, p.968-977, 2004.

SZUMIK, C. A.; CUEZZO, F.; GOLOBOFF, P. A.; CHALUP, A. E. An optimality criterion to determine areas of endemism. Systematic Biology, v.51, p.806-816, 2002a. http://dx.doi.org/10.1080/10635150290102483.

119

SZUMIK, C. A.; CASAGRANDA, D.; ROIG-JUÑENT, S. Manual de NDM/VNDM: programas para la identificación de áreas de endemismo, 2002b. Disponível em: www.zmuc.dk/public/phylogeny/endemism. Acesso em: 10 mai. 2015.

TSOAR, A.; ALLOUCHE O.; STEINITZ, O.; ROTEM, D.; KADMON, R. A comparative evaluation of presence-only methods for modelling species distribution. Diversity and Distribution, v.13, p.397-405, 2007. http://dx.doi.org/10.1111/j.1472-4642.2007.00346.x.

WARREN, D. L.; CARDILLO, M.; ROSAUER, D. F.; BOLNICK, D. I. Mistaking geography for biology: inferring processes from species distributions. Trends in Ecology & Evolution, v.29, p.572-580, 2014.

WINTER, T. C. The vulnerability of wetland to climate change: a hydrologic landscape perpective. Journal of American Water Resources Association, v.36, p.305-311, 2000. http://dx.doi.org/10.1111/j.1752-1688.2000.tb04269.x.

WHITTAKER, R. J.; ARAÚJO, M. B.; JEPSON, P.; LADLE, R. J.; WATSON, J. E. M.; WILLIS, K. J. Conservation biogeography: assessment and prospect. Diversity and Distributions, v.11, p.3-23, 2005.