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BRASIL, E A QUESTÃO CUBANA (1959-1964): QUANDO A INDEPENDÊNCIA FAZ A UNIÃO

BRASIL, ARGENTINA AND THE CUBAN QUESTION (1959-1964): WHEN THE INDEPENDENCE CLAIMS THE UNION

1 LEONARDO DA ROCHA BOTEGA

Recebido em: 17/06/2009 Aprovado em: 29/03/2011

RESUMO ABSTRACT

O momento histórico em que Brasil e Argentina The historical moment in which and Argenti- vivenciaram, ao mesmo tempo, a experiência das na passed through, at the same time, the experience políticas externas independentes dos governos do of independent external politics of the Argentine presidente argentino Arturo Frondizi (1958-1962) e President Arturo Frondizi (1958-1962), and the dos presidentes brasileiros Jânio Quadros e João Brazilian Presidents, Jânio Quadros and João Goulart Goulart (1961-1964) constitui-se de um momento (1961-1964), has established a decisive time for the único nas relações internacionais entre esses dois international relations between these countries. países. Naquela conjuntura, foram pontos comuns o Through the circumstances of that time, common princípio de autodeterminação dos povos e de não- points were the principle of auto-determination of intervenção, o desenvolvimentismo, a universa- the peoples and non-interference, the national lização das relações comerciais, a crítica à deteriora- developmentism, the international trade relations, ção dos termos de troca, o desejo de industrialização the discussion about the exchange rate growing e a busca da integração latino-americana. Assim, as worse, the hankering for industrialization, and the políticas externas independentes constituíram o prin- being sought after integration. So, the cipal pilar de aproximação entre Brasil e Argentina, independent external politics stood as the main base e as suas políticas externas independentes tiveram for getting both of these countries nearer. Such unit como teste fundamental a Questão Cubana. Em and its independent external politics of both Brazil contraposição a ela, os governos dos Estados Uni- and Argentina had undergone an ultimate test, the dos, tanto na presidência de Dwight Eisenhower Cuban Question. Acting against to it, the United como, posteriormente, na de John Kennedy, procu- States government, as the president Dwight raram inserir essa política nos marcos do sistema Eisenhower as the president John Kennedy later, interamericano, definindo-a em oposição a ele. A sought how to put it into the Inter-American system partir desta definição, passaram a impor sanções ou boundary lines, defining it as opposed to this. From até mesmo intervir militarmente na ilha caribenha. this definition, they got to impose sanction or even Palavras-chave: Governo Arturo Frondizi; Gover- to militarily intervene on the Caribbean island. no Jânio Quadros; Governo João Goulart. Keywords: Arturo Frondizi Government; Jânio Qua- dros Government; João Goulart Government.

1 Professor do Colégio Agrícola de Frederico Westphalen/ Universidade Federal de Santa Maria. Mestre em Integração Latino-Americana pela UFSM. E-mail: [email protected]

SOCIAIS E HUMANAS, SANTA MARIA, v. 23, n. 02, jul/dez 2010, p. 09-18 10 LEONARDO DA ROCHA BOTEGA

1 Introdução tica externa independente dos governos Jânio Quadros e João Goulart, no Brasil, se A produção de uma pesquisa da histó- posicionaram diante da questão cubana. ria das relações internacionais latino-ameri- canas deve partir sempre dos limites e das 2 O Método comparativo e a história das possibilidades históricas dessa integração. A relações internacionais partir do “sentido da história” é que se de- finiu o tema deste trabalho. Enquanto a Para fins de verificação do problema maioria dos trabalhos historiográficos situa- deste artigo, é fundamental observar que dos no campo da história das relações inter- este trabalho situa-se na intersecção da his- nacionais de Brasil e Argentina se prende tória das relações internacionais latino-ame- em análises que visam buscar as raízes da ricanas com a história política. Porém, a his- rivalidade entre os dois países ou optam tória política é entendida aqui diferente de pelos momentos mais tensos desta rivalida- sua acepção tradicional, pautada pelo naci- de, aqui se busca o oposto. onalismo das historiografias positivista e Tem-se como temática as políticas ex- historicista, buscando uma história política ternas independentes adotadas, simultane- que, conforme René Rémond, não se feche amente, pelo governo do presidente Arturo em si mesma nem se distancie da realidade Frondizi, na Argentina, e pelos governos dos da disciplina histórica e de seu constante presidentes Jânio Quadros e João Goulart, movimento.2 Para tanto, é necessário bus- no Brasil, mais especificamente na atuação car os instrumentos conceituais no próprio dessas políticas em relação à questão - processo de renovação da história política, na, entre os anos 1959 e 1964. para evitar, ao máximo possível, os percal- Apesar da convivência temporal entre ços da própria pesquisa histórica. os três governos, há certa disparidade em Conforme Falcon (1997, p. 62), a his- suas datações específicas. O governo tória política nasceu com a concepção de Frondizi, na Argentina, durou de 1958 a história criada pelos gregos. Porém, somen- 1962. Já os governos de Jânio Quadros e João te mais tarde é que acabará “identificada Goulart tiveram duração, respectivamente, como um tipo de história: a história política de 1961 a 1964, sendo que o primeiro du- tradicional”. Esta identificação é iniciada no rou apenas sete meses. Dessa forma, por tra- processo da Revolução Francesa, quando os tar-se de uma pesquisa focada nas políticas historiadores pretendiam colocar-se contra externas independentes adotadas por estes uma história dos reis e da nobreza, constru- governos, optou-se pela delimitação tempo- indo uma história verdadeiramente nacio- ral de 1959 a 1964. Ou seja, da tomada do nal, destinada a formar patriotas.3 poder pelos revolucionários em Cuba até o Porém, é no século XIX, com a defini- abandono da política externa independen- ção da ciência histórica, que se terá o auge te pelo governo brasileiro, com o Golpe Ci- da história política tradicional. Foi no con- vil-Militar de 31 de março de 1964. texto de afirmação da nova ordem burguesa Essa delimitação temporal permite que surgiram as correntes historiográficas que se possa verificar desde a elaboração definidoras da história política tradicional, inicial das políticas externas independen- sobretudo o positivismo de Auguste Comte, tes de Brasil e Argentina até a última ruptu- na França, e o historicismo de Leopold von ra desse posicionamento internacional pe- Ranke, na Alemanha. Para esses historiado- los dois países e o retorno ao distanciamento res, a história seria um meio eficaz de “as- e à rivalidade. Será possível, assim, respon- segurar-se a difusão dos valores e idéias da der, de maneira consistente, o problema que norteia este artigo, que consiste em verifi- car como a política externa independente do governo Frondizi, na Argentina, e a polí- 2 Ver introdução e capítulo 1 de Rémond (2003). 3 Ver Fontana (1998).

SOCIAIS E HUMANAS, SANTA MARIA, v. 23, n. 02, jul/dez 2010, p. 09-18 BRASIL, ARGENTINA E A QUESTÃO CUBANA (1959-1964): QUANDO A INDEPENDÊNCIA FAZ A UNIÃO 11 nova sociedade” (FONTANA, 1998, p. que, na busca de uma abordagem nova e 118). Assim, interdisciplinar da história, condenava a his- tória política tradicional, caracterizando-a Prisioneira da visão centralizadora e como elitista, biográfica, idealista e parcial. institucionalizada do poder, a história po- A partir desta sentença, “o jogo político, a lítica tradicional foi definindo progressi- vida parlamentar, os postos políticos são vamente temas, objetos, princípios e mé- postos de lado” e o campo político, abando- todos. Ligada intimamente ao poder essa nado completamente, “se torna supérfluo, história pretendeu ser também memória. anexo, ponto morto no horizonte” (DOSSE, Coube-lhe então, durante séculos, lem- 1992, p. 25). Dessa forma, pode-se enten- brar e ensinar pelos exemplos reais e ilus- tres de que era a única depositária. Esta der que, a partir dos anos 1929-1930, a his- história magistra vitae pôde então servir tória política tradicional inicia o seu declínio, com equanimidade aos políticos, filóso- que culminará, no período de 1945 a 1968- fos, juristas e pedagogos. (FALCON, 1970, com a sua “crise final”. 1997, p. 62). Porém, no período posterior à “crise final da história política tradicional”, iniciou- Essa função foi ainda mais acentuada se a progressiva constituição da “nova his- a partir da ascensão do nacionalismo, quan- tória política”. Este fenômeno esteve liga- do a rivalidade entre as potências passava do a dois fatores. Primeiramente, o fato de também pela competição no plano da orga- a quarta geração dos Annales ter ido “bus- nização de arquivos, fazendo com que a con- car fora da historiografia os modelos e a sus- solidação da história, como disciplina, fosse tentação teórica para repensar as relações associada ao nacionalismo nas suas mais va- Estado-sociedade impostos pelo seu inte- riadas manifestações. Na Alemanha, esse resse em renovar o estudo político” processo foi concomitante à Unificação: (FALCON, 1997, p. 75). Isso os levou ao encontro com o weberianismo, com o estru- Ao movimento político militar que culmi- turalismo e à descoberta dos estudos de nou com a unificação alemã (1871) Michel Foucault, permitindo a abertura para corresponde, com anterioridade, um mo- novas e variadas concepções a respeito de vimento intelectual intensificado sobre- temas pouco frequentados pela tudo após as guerras napoleônicas que, de historiografia: os poderes, os saberes en- certa forma, procurava justificação histó- quanto poderes, as instituições supostamen- rica para amparar as pretensões políticas te não políticas e as práticas discursivas. daqueles que aspiravam a unificação ale- mã sob hegemonia prussiana. Da mesma Um segundo fator que veio em auxí- forma que o movimento romântico incen- lio dessa renovação da história política diz tivava o interesse pelo folclore e literatu- respeito à difusão de novas correntes mar- ra alemã, passou a existir uma preocupa- xistas. Estas, em graus e segundo visões di- ção deliberada de buscar e explicitar as ferentes, travaram discussões que “lançaram raízes da ‘nação alemã’ na história medie- luzes novas sobre o político, o Estado, suas val. (SILVA, 2001, p.55). relações com a sociedade civil” e deflagraram a “investigação histórica à ques- Essa unidade entre a história política tão muito mais ampla do poder, e daí à das tradicional e o nacionalismo entra em crise suas formas de dominação” (FALCON, no período posterior à Primeira Guerra 1997, p. 76). Nesse caso, foram de funda- Mundial, quando “a vontade mental importância alguns conceitos deliberadamente pacifista” incitou “à supe- althusserianos - autonomia relativa, ração do relato da história puramente naci- sobredeterminação, determinação em últi- onalista, chauvinista” (DOSSE, 1992, p. 23). ma instância, aparelhos ideológicos do Es- Nesse contexto, surge a Escola dos tado – e gramscianos – hegemonia, bloco Annales, de Marc Bloch e Lucien Febvre, histórico, dominação versus direção, intelec-

SOCIAIS E HUMANAS, SANTA MARIA, v. 23, n. 02, jul/dez 2010, p. 09-18 12 LEONARDO DA ROCHA BOTEGA tuais tradicionais e orgânicos – para as no- estudos acabavam pecando pelo excesso de vas abordagens e perspectivas da história generalizações, principalmente aqueles dos política. teóricos do populismo, devido às suas ten- Nesta tendência, o método compara- tativas de enquadrar um conceito pré-esta- tivo, retomado dos estudos de Marc Bloch, belecido nos objetos a serem estudados. tornou-se uma ferramenta eficaz para as Dessa maneira, acabaram encobrindo as ca- abordagens no campo da história das rela- racterísticas peculiares das realidades estu- ções internacionais. dadas.5 Assim, o método comparativo consti- Recentemente, Boris Fausto e tuiu-se em uma forma de ruptura com as Fernando Devoto buscaram retomar a uti- análises ainda muito presas ao nacionalis- lização do método comparativo, através do mo da historia política tradicional, pois, con- livro Brasil e Argentina: um ensaio de his- forme Cardoso e Brignoli (2002, p. 412), tória comparada (1850-2002).6 Em que pese o caráter ensaístico do livro, a opção por com- Uma grande utilidade adicional do méto- parações, a partir de uma delimitação tem- do comparativo está em que leva à ruptu- poral muito longa, acabou fazendo com que ra com uma pesada herança da os autores deixassem de lado as historiografia do século XIX: o quadro das especificidades de cada período. fronteiras políticas como definição de Portanto, no que diz respeito a estu- unidades “naturais” de análises; a atitu- dos comparativos em períodos específicos de comparativa abre vias à construção de que permitem, conforme Bloch, “buscar, universos de análises definidos segundo critérios conceituais bem mais coerentes. para explicá-las, as semelhanças e diferen- ças que apresentam duas séries de nature- Para que esta análise, segundo critéri- zas análogas, tomadas de meios sociais dis- os conceituais mais coerentes, se produza, tintos” (BLOCH apud CARDOSO; de acordo com Marc Bloch (1953), deve-se BRIGNOLI, 2002, p. 409), os avanços nas comparar tão somente o que é comparável, pesquisas de história política aplicada às re- para que não se caia em excessivas gene- lações internacionais ainda são lentos, de- ralizações. Dessa forma, Bloch (1993, p. 70) vido às próprias dificuldades de aplicação pôde fugir das comparações generalistas de do método comparativo. Ainda assim, há James Fazer e definir que “não poderíamos certa tendência para esse campo de estu- esperar na Europa encontrar todas as insti- dos, com as recentes iniciativas desenvolvi- tuições da Oceania”. Ou seja, não se pode, das em projetos que visam a uma integração com a comparação, suprimir as realidades nos programas de pesquisa no âmbito do específicas de cada objeto de pesquisa a ser Mercosul. comparado. Conforme Mörner (1994, p. 374-375), No campo da história latino-america- as dificuldades de aplicação do método com- na, o método comparativo teve grande su- parativo de dão porque este método “no cesso nos estudos realizados pela Comissão tíene teoría propia, tampoco herramientas Econômica para a América Latina (CEPAL). analíticas específicas”, sendo “más bien for- No âmbito das relações entre Brasil e Ar- mas de acercamiento que nos permiten con- gentina, interessam os estudos realizados siderar un fenómeno histórico dentro de un pelo historiador argentino Gino Germani, na contexto más amplio de donde emerge”. década de 1960, os quais, no entanto, não 4 Ver Rouquié (1991, 1984). tiveram sequência. Também não houve 5 Uma importante crítica aos teóricos do populismo e às compa- rações desenvolvidas em seus estudos é feita em Capelato muitos avanços nos estudos comparativos (2001). Cabe ressaltar que, segundo Rouquié, em O Extremo- nas décadas seguintes, com exceção dos es- Ocidente, as generalizações são mais constantes que em O Estado Militar na América Latina, no qual o autor optou por tudos de teóricos do populismo e os desen- comparar a realidade da inserção política da camada militar de volvidos por Alain Rouquié.4 Porém, esses modo geral, e por especificar situações peculiares de algumas nações latino-americanas. 6 Ver Fausto e Devoto (2004).

SOCIAIS E HUMANAS, SANTA MARIA, v. 23, n. 02, jul/dez 2010, p. 09-18 BRASIL, ARGENTINA E A QUESTÃO CUBANA (1959-1964): QUANDO A INDEPENDÊNCIA FAZ A UNIÃO 13

Estas dificuldades aumentam à medida que, explica as pressões externas sofridas pelos na utilização do método comparativo nas dois países. análises de relações internacionais, não se Dessa forma, trabalha-se com a hipó- pode perder de vista que “não há natureza, tese de que a política externa independen- tampouco separação estanque entre o inte- te do governo Frondizi, na Argentina, e a rior e o exterior, mas interações evidentes dos governos Jânio Quadros e João Goulart, entre um e outro, com primazia reconheci- no Brasil, posicionaram-se diante da ques- da do primeiro sobre o segundo” (MILZA, tão cubana de forma conjunta, a partir dos 2003, p. 370). princípios de não-intervenção e de autode- Assim, buscando reconhecer esta não terminação dos povos, além da defesa do separação estanque entre o interior e o ex- direito internacional, elementos comuns a terior, é que se define as políticas externas ambos os países no que tange às suas rela- independentes, adotadas por Brasil e Argen- ções internacionais. tina, ao longo da delimitação temporal defi- nida, como parte de projetos de desenvol- 3 Brasil e Argentina diante da questão vimento mais amplos, que visavam à cons- Cubana trução de um capitalismo autônomo. Dessa forma, as políticas externas independentes O momento histórico em que Brasil e se inserem em uma estratégia nacional de Argentina vivenciaram, ao mesmo tempo, a superação do subdesenvolvimento, porém experiência das políticas externas indepen- com princípios e objetivos comuns, que dentes dos governos do presidente argenti- permitam sua aproximação. no Arturo Frondizi e dos presidentes brasi- Como a superação do subdesenvolvi- leiros Jânio Quadros e João Goulart consti- mento requeria profundas modificações na tui-se de um momento único nas relações estrutura dos dois países, o que afetava tan- internacionais entre esses dois países. to o interesse das elites nacionais como o A experiência histórica anterior ao Pac- interesse do imperialismo norte-americano, to do ABC, proposto pela diplomacia de Rio o enfrentamento político fora marcante nes- Branco, em 1915,7 ou a tentativa de sua re- te processo. O mesmo pode ser verificado tomada, segundo a proposta do presidente na pressão sobre as ações tomadas no âmbi- argentino Juan Domingos Perón, em 19508 ; to das políticas externas independentes e as posteriores experiências de aproximação, na repercussão delas. na gestão do presidente argentino Raúl Para uma análise profícua desses Alfonsín e na do presidente brasileiro José enfrentamentos políticos, deve-se partir do Sarney, nos anos 1980, quando os dois paí- entendimento de que eles, mesmo pressio- ses viviam os dilemas da redemocratização, nados externamente, estavam sujeitos à di- que culminou com assinatura, juntamente nâmica própria das realidades do Brasil e da com Uruguai e Paraguai, em 1991, do Tra- Argentina, bem como, da especificidade de tado de Assunção e a criação do Mercosul; seus contextos históricos. Por isso, neste ou a recente aproximação das políticas ex- processo, buscar-se-á analisar, a partir da ternas do governo brasileiro de Luiz Inácio dialética interna, a luta de classes de ambos Lula da Silva e dos governos de Néstor os países. Ao mesmo tempo, ao analisar a Kirchner e de Cristina Kirchner, na Argen- política externa independente de Brasil e tina;9 nenhum desses momentos significou Argentina diante da questão cubana, não se pode perder de vista que esta luta interna 7 O Pacto ABC foi parte da política externa adotada pelo Brasil de classes se inseria também em uma luta na gestão de Rio Branco à frente do Ministério das Relações mais ampla, de caráter continental, Internacionais, que visava a uma maior ingerência do país na América do Sul. Dessa forma, houve uma aproximação entre aprofundada pela Revolução Cubana. Isto as diplomacias de Argentina, Brasil e , cuja culminância foi a assinatura do Tratado do ABC em 1915. Ver: Cervo e Bueno (2002, p. 195-196) e Rapoport e (1998). 8 Sobre a proposta de Perón, ver Hilton (1987). 9 Ver Sallum (2004).

SOCIAIS E HUMANAS, SANTA MARIA, v. 23, n. 02, jul/dez 2010, p. 09-18 14 LEONARDO DA ROCHA BOTEGA tamanha afinidade e unidade de princípios da aproximação foi o Encontro de e ações no contexto internacional entre Bra- Uruguaiana, cuja declaração final consistia sil e Argentina. na afirmação dos pontos comuns das políti- Esta aproximação começou antes mes- cas externas independentes de Brasil e Ar- mo de o Brasil adotar a sua política externa gentina.11 independente. As raízes desse contexto de Com base no método comparativo, aproximação entre os dois países devem ser pode-se definir que os pontos em comum buscadas em 1958, quando o governo de entre a políticas externas independentes retomou o papel ati- brasileira e argentina consistiam no princí- vo da diplomacia brasileira no cenário regi- pio de autodeterminação dos povos e no de onal, com a proposta da Operação Pan-Ame- não-intervenção, no desenvolvimentismo, ricana, tendo encontrado no recém eleito na universalização das relações comerciais, presidente argentino, Arturo Frondizi, um na crítica à deterioração dos termos de tro- aliado incondicional. A partir da Operação ca, no desejo de industrialização e na busca Pan-Americana, conforme Camilión (1969, da integração latino-americana. Ainda cabe p. 37), “as linhas da diplomacia argentina e ressaltar que o caráter independente das brasileira começaram a aproximar-se de políticas externas de Brasil e Argentina não maneira nova e frutífera”. Brasil e Argenti- significou neutralidade, conforme a defini- na perceberam que, do outro lado da fron- ção proposta pela Conferência de Bandung. teira, nas palavras do presidente Frondizi Ambos os países se definiam como perten- (apud INSTITUTO BRASILEIRO DE centes ao bloco ocidental, porém, nem res- RELAÇÕES INTERNACIONAIS, 1958, tringiam suas relações com os países perten- p. 237), “não está um inimigo que nos vai centes a este bloco, nem entendiam o ali- atacar, mas sim um irmão que nos proteja nhamento automático aos Estados Unidos os flancos”. como condição sine qua non para fazer par- Essa proximidade entre os presiden- te do mesmo. A política externa indepen- tes Juscelino Kubitschek e Arturo Frondizi dente, no entender de Brasil e Argentina, era também uma proximidade de projetos significava, portanto, independência, den- de desenvolvimento. Tanto o nacional- tro dos marcos definidos pela Guerra Fria.12 desenvolvimentismo brasileiro quanto o No que diz respeito às particularida- desarrollismo argentino partiam da mesma des dos processos históricos de cada um dos concepção de superação do atraso econômi- países e à sua relação com a adoção da polí- co. a partir da industrialização, com os capi- tica externa independente, a política exter- tais estrangeiros sendo colocados a serviço na brasileira representou um avanço em re- dessa estratégia.10 lação às experiências anteriores. Tais expe- A aproximação inicial foi aprofundada riências haviam sido marcadas pela barga- com a posse do presidente Jânio Quadros nha nacionalista adotada pelo governo de no Brasil. O novo governo lançou a política Getúlio Vargas, em todas as suas fases, e pelo externa independente brasileira, a partir da governo de Juscelino Kubitschek, a partir qual o papel das relações com a Argentina de 1958. Ao mesmo tempo, a inserção inde- era definido como fundamental para uma pendente do Brasil no cenário internacio- inserção soberana do país no cenário inter- nal respondia às necessidades produzidas nacional. Ao mesmo tempo, a política ex- pelo processo de transformação que o país terna desarrollista argentina destacava, cada vinha vivendo ao longo do pós-Guerra e que vez mais, seu aspecto independente. O auge

11 Sobre o Encontro de Uruguaiana, ver: Instituto Brasileiro de Relações Internacionais (1961). Os documentos firmados são 10 Para Amado Luiz Cervo, as experiências do nacional- encontrados também nessa referência.. desenvolvimentismo no Brasil e do desarrollismo na Argentina 12 Referências básicas para as pesquisas sobre as políticas exter- são parte do novo paradigma desenvolvimentista adotado pela nas independentes do Brasil e da Argentina ao longo deste política externa dos países latino-americanos a partir da década período são: Dantas (1962), Frondizi (1958, 1979) e Quadros de 1930. Ver Cervo (2007). (1961).

SOCIAIS E HUMANAS, SANTA MARIA, v. 23, n. 02, jul/dez 2010, p. 09-18 BRASIL, ARGENTINA E A QUESTÃO CUBANA (1959-1964): QUANDO A INDEPENDÊNCIA FAZ A UNIÃO 15 fora aprofundado pelo forte crescimento in- tentativa de construção de uma terceira via dustrial do período de Kubitschek. Como entre a Terceira Posição e o alinhamento consequência deste crescimento, a urbani- automático, tendo como base o desar- zação e o incremento do mercado interno rollismo, que também era uma tentativa de geraram a necessidade de ampliação das re- constituição de uma terceira via entre o lações comerciais do Brasil. peronismo e o liberalismo conservador da Este processo só poderia ser visto com Revolução Libertadora.16 Dessa forma, a a diversificação de suas relações internacio- política externa independente frondizista nais, uma vez que a recuperação europeia, mantinha os preceitos de independência da o crescimento econômico do Japão, da Chi- Terceira Posição, abandonando o isolacio- na e dos países do leste-europeu, bem como nismo desta. Este abandono, por sua vez, a descolonização da África e da Ásia abriam não representava a adoção do alinhamento novas possibilidades de mercado. automático com os Estados Unidos, preco- No governo João Goulart, a política nizado pela Revolução Libertadora, mas a externa independente pode ser associada ao adoção de uma postura universalista, de di- programa das Reformas de Base, um con- álogo com todas as nações, mantendo-se, junto de reformas na estrutura do país, com porém, dentro do bloco ocidental. o objetivo de fortalecer o capitalismo nacio- No âmbito continental, a coerência das nal.13 políticas externas independentes e a apro- Em relação à Argentina, a política ex- ximação entre Brasil e Argentina tiveram terna independente pode ser considerada como teste fundamental a questão cubana, uma síntese do choque entre os modelos surgida da ascensão ao poder dos revolucio- anteriores de inserção internacional. Nas nários liderados por e Ernesto primeiras décadas do século XX, a Argenti- , em Cuba. na experimentou significativo crescimento A Revolução Cubana pode ser vista a econômico, através do modelo agroexpor- partir de duas dimensões: uma correspon- tador de desenvolvimento. Este modelo dente à realidade interna da ilha caribenha; impunha ao país uma inserção dependente outra correspondente ao próprio avanço do no cenário internacional, sobretudo da In- nacionalismo e do antiamericanismo latino- glaterra.14 A crise de 1929 e a consequente americano ao longo da década de 1950. Em crise econômica inglesa levaram à ruptura seu contexto interno, a revolução represen- deste modelo. Em substituição, o presiden- tava uma reação à ditadura estabelecida por te Juan Domingos Perón adotou a Terceira Fulgêncio Batista, que transformou Cuba Posição, baseada na opção pelos preceitos em um grande cassino para os estrangeiros, nacionalistas como base para a inserção in- sobretudo os norte-americanos, enquanto a ternacional argentina. A Terceira Posição maioria da população do país vivia na misé- peronista acabou gerando o isolamento do ria. No contexto internacional, a Revolução país no imediato pós-Guerra e deu lugar, Cubana pode ser considerada o clímax de então, à Revolução Libertadora de 1955, uma década marcada por governos naciona- que adotou o alinhamento automático com listas, como o de Getúlio Vargas no Brasil, os Estados Unidos, seguindo o modelo da de Juan Domingos Perón na Argentina, e Guerra Fria.15 de Jacobo Arbens na Guatemala. De certa A política externa independente ado- forma, todos esses governos foram interrom- tada pelo governo Frondizi representou a pidos por golpes ou tentativas de golpes conservadores, apoiados pelo governo nor- te-americano do presidente Dwight Eisenhower. Também se destacam como 13 As fases da política externa independente brasileira são desta- cadas por Vizentini (2004). 14 Sobre este período de crescimento da economia argentina e o processo de consolidação da classe dominante ver Sábato (1996). 15 Ver Paradiso (2005). 16 Esta posição é defendida por Gómez (2004).

SOCIAIS E HUMANAS, SANTA MARIA, v. 23, n. 02, jul/dez 2010, p. 09-18 16 LEONARDO DA ROCHA BOTEGA manifestações deste avanço do nacionalis- servador, o qual, desde o governo do presi- mo e do antiamericanismo latino-america- dente Getúlio Vargas, ensaiava constantes no a Revolução Boliviana de 1952 e as hos- tentativas de golpe de Estado. Ao mesmo tilidades ao vice-presidente dos Estados tempo, os governos do Brasil e da Argenti- Unidos, Richard Nixon, em sua passagem na sofreram forte pressão dos Estados Uni- pela América Latina. dos para que abandonassem a política ex- Nesse contexto, é que se insere a Re- terna independente ou alguns de seus prin- volução Cubana, como fruto da própria ne- cípios fundamentais em nome da luta con- cessidade estabelecida pelo povo cubano de tinental contra o comunismo.17 romper com uma estrutura que aliava o lati- Mesmo diante dessa pressão, tanto o fúndio com o imperialismo norte-america- governo Arturo Frondizi como os governos no, e não como fruto da intervenção comu- de Jânio Quadros e João Goulart mantive- nista na América Latina. O avanço desta ram suas posições independentes, reafir- intervenção em direção ao socialismo, a par- mando, a todo momento, os princípios de tir da definição de seu caráter, para a revo- não-intervenção e de autodeterminação dos lução, em 1961, representou uma escolha povos bem como a defesa do direito inter- própria e soberana de Cuba. Porém, preo- nacional, com destaque para o mais tenso cupados com o rumo da revolução e com o destes momentos, a VIII Reunião de Con- fracasso de suas tentativas de derrubar o sulta dos Ministros de Relações Exteriores governo revolucionário de Fidel Castro, o da Organização dos Estados Americanos, governo dos Estados Unidos, tanto sob a realizada em , no Uruguai, presidência de Dwight Eisenhower, como, entre os dias 23 e 30 janeiro de 1962.18 posteriormente, com a presidência de John Também se faz necessário destacar as Kennedy, procurou inserir a questão cuba- importantes contribuições do chanceler bra- na nos marcos do sistema interamericano. sileiro, San Tiago Dantas, na apresentação Dessa forma, o governo norte-americano da proposta de “finlandização de Cuba”, a colocou Cuba em oposição ao sistema qual visava estabelecer um estatuto de re- interamericano e, a partir desta definição, lações entre Cuba e os demais países do impôs sanções e, até mesmo, intervenções hemisfério.19 A proposta visava à transfor- militares na ilha caribenha. mação da ilha caribenha em “Estado neu- Diante dessa realidade, a questão cu- tro, a partir de um ‘tratado de obrigações bana passou a ser pauta constante nos fóruns negativas’”.20 A contribuição do chanceler da Organização dos Estados Americanos, o argentino, Miguel Angel Cárcano, também que forçava os países latino-americanos a foi importante, por formular a posição de tomarem uma posição em relação ao gover- defesa do direito interamericano, em no de Fidel Castro. No que diz respeito a contraposição ao rompimento de relações Brasil e Argentina, a questão cubana trans- diplomáticas ou à exclusão de Cuba da formou-se em um desafio para a aproxima- OEA. ção e a independência destes países. Ao A posição assumida na VIII Reunião mesmo tempo, a questão inseriu a própria de Consulta dos Ministros de Relações Ex- dinâmica da luta de classes interna a ambos na dinâmica de luta de classes latino-ameri- canas, a qual se polarizou nas posições pró e 17 Ver Bandeira (1998). contra Cuba. 18 A íntegra das resoluções encontra-se na Ata da VIII Reunião Na Argentina, o governo Frondizi viu- de Consulta dos Ministros de Relações Exteriores da OEA e também em uma versão em português publicada na Revista se ainda mais ameaçado pelo golpismo da Brasileira de Política Internacional, n. 17, de 1962. Ver Institu- to Brasileiro de Relações Internacionais (1962). extrema direita gorillista, setor militar que 19 No imediato pós-Guerra, diante da instabilidade política vivi- procurava impor tutela sobre as ações do da, a Finlândia estabeleceu um acordo de amizade, coopera- ção e assistência mútua com a URSS, o qual fez do país uma presidente. No Brasil, a questão cubana agu- espécie de tampão entre o bloco socialista e o bloco capitalista çou ainda mais os brios do liberalismo con- na Europa. 20 Neto (2005, p. 139).

SOCIAIS E HUMANAS, SANTA MARIA, v. 23, n. 02, jul/dez 2010, p. 09-18 BRASIL, ARGENTINA E A QUESTÃO CUBANA (1959-1964): QUANDO A INDEPENDÊNCIA FAZ A UNIÃO 17 teriores da Organização dos Estados Ameri- BLOCH, M. Os reis taumaturgos: o cará- canos (OEA) foi o último ato conjunto das ter sobrenatural do poder régio, França e políticas externas independentes de Brasil Inglaterra. São Paulo: Companhia das Le- e Argentina. Diante da proposta de expul- tras, 1993. são de Cuba da OEA, os governos de Brasil e Argentina, juntamente com Bolívia, Chi- BLOCH, M. Toward a Comparative History le, Equador e México, mantiveram uma of European Societies. In: LANE, F.; posição de abstenção, a qual pode ser en- RIEMERSMA, J. C. (org.). Enterprise and tendida, conforme o direito internacional, secular change: readings in economic como uma atitude de contrariedade. Acaba- history. London: Hardcover, 1953. ram derrotados, porém este momento repre- sentou o ápice de suas políticas externas independentes. CAMILIÓN, O. H. As relações entre o Bra- sil e a Argentina no mundo atual. In: Re- Posteriormente, a derrubada do pre- vista Brasileira de Política Internacio- sidente Frondizi, em 29 de março de 1962 nal, , ano 12, n. 45-46, mar./ e a retomada do alinhamento automático jun. 1969. com os Estados Unidos, pelo governo de José Maria Guido, significaram uma ruptu- CAPELATO, M. H. R. Populismo latino- ra da unidade de posições entre os dois pa- americano em discussão. In: FERREIRA, íses, que pode ser vista no episódio da Cri- J. (org.). O populismo e sua história. Rio se dos Mísseis. A derrubada do governo de de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001. João Goulart, em 31 de março de 1964, e a adoção do alinhamento automático com os Estados Unidos, pela ditadura civil-militar CARDOSO, C. F.; BRIGNOLI, H. P. Os brasileira, trouxeram, novamente, ao cená- métodos da história: introdução aos pro- rio do Cone Sul, a rivalidade e as disputas blemas, métodos e técnicas da história. 6. hegemônicas que geraram um ed. Rio de Janeiro: Graal Editora, 2002. distanciamento ainda maior entre Brasil e Argentina. CERVO, A. L. Relações internacionais Porém, em que pese este distancia- da América Latina: velhos e novos mento, as políticas externas independentes paradigmas. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2007. deixaram raízes profundas na diplomacia de ambos os países, sendo retomados alguns de CERVO, A. L.; BUENO, C. História da seus preceitos pelos governos dos presiden- política exterior do Brasil. 2. ed. Brasília: tes Arturo Illía, Leopoldo Galtierri, Raul Editora Universidade de Brasília, 2002. Alfonsín, Néstor Kirchner e Cristina Kirchner, na Argentina; e dos presidentes Arthur Costa e Silva, Ernesto Geisel, José Sarney e Luiz DANTAS, S. T. Política externa indepen- Inácio Lula da Silva, no Brasil.21 dente. Rio de Janeiro: Civilização Brasilei- ra, 1962. 4 Referências bibliográficas DOSSE, F. A história em migalhas: dos BANDEIRA, L. A. M. De Martí a Fidel: “Annales” à “Nova História”. São Paulo: a Revolução Cubana e a América Latina. Rio Ensaio; Campinas: Editora da Universida- de Janeiro: Civilização Brasileira, 1998. de Estadual de Campinas, 1992.

21 Arturo Illía governou a Argentina entre 1963 e 1966; o general FALCON, F. História e poder. In: CARDO- entre 1981 e 1982; Raúl Alfonsín de 1983 e SO, C. F.; VAINFAS, R. (Org.). Domínios 1989; Nestor Kirchner de 2003 a 2007; Cristina Kirchner é a atual presidente, desde 2007. No Brasil, o general Costa e Sil- da História: ensaios de teoria e va governou de 1967 a 1969; José Sarney entre 1985 e 1990; metodologia. Rio de Janeiro: Campus, 1997. Luiz Inácio Lula da Silva de 2002 a 2010.

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