A Transparência Brasil é uma organização brasileira, independente e autônoma. e-mail:
[email protected] www.transparencia.org.br Clãs políticos no Congresso Nacional Lauren Schoenster1 Junho/2014 A crise de popularidade que afeta as instituições políticas brasileiras, em particular o Legislativo, é fruto de um complexo de fatores, entre os quais deve contar a persistência de clãs regionais; entra e sai governo, os oligarcas e seus filhos, netos, cônjuges, irmãos e sobrinhos seguem dando as cartas. A transferência de poder de uma geração a outra da mesma família provoca tanto a formação de uma base parlamentar avessa a mudanças significativas como a perpetuação no poder de políticos tradicionais desgastados ou até impedidos de concorrer em eleições. De modo a mapear esse panorama, a Transparência Brasil fez um levantamento sobre o parentesco político dos congressistas eleitos no último pleito, de 2010, e dos senadores eleitos em 2006, e analisou a sua distribuição por partidos, estados, regiões, idade e gênero, além de cruzar a lista com o rol de detentores de concessões de rádio e TV. O resultado mostra que as relações de sangue podem ser importante capital político: na Câmara e no Senado, quase metade dos congressistas alavancaram parentes ou foram por eles promovidos; entre os deputados federais com menos de 30 anos, o número de “herdeiros” chega a quase 80%. Os percentuais são mais altos entre nordestinos, mulheres e detentores de concessões de rádio e TV. A maioria dos parlamentares com parentes políticos faz parte de clãs regionais, famílias com pelo menos duas gerações envolvidas na política local.