Visibilidade Para O Futebol Feminino Chega Para Provocar Nossa Maneira De Contar a His- Tória Do Futebol Brasileiro
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X! Editora Xeroca! A Editora Xeroca! é fruto do Coletivo COMjunto de comunicadores sociais. Car- rega consigo a principal bandeira levantada pelo coletivo: a Democratização da Comunicação. Possibilitando o compartilhamento de ideias, de pesquisas e de diversos pontos de vista através de publicações impressas e virtuais, com a linha editorial voltada para a desconstrução das relações opressoras da sociedade. Foge da lógica do lucro, tendo como prioridade a circulação e o acesso. A Xeroca! é imperativo de reprodução. Missão Publicar livros que possam promover o debate crítico sobre a sociedade, cultura, educação e comunicação, estimulando à leitura e à produção. CONSELHO EDITORIAL Cecília Bandeira Delosmar Magalhães Isa Paula Morais Juliana Terra Mayra Medeiros O Observatório de Mídia - Gênero, Democracia e Direitos Humanos é um pro- jeto ligado ao Departamento de Comunicação da Universidade Federal de Per- nambuco. Atua como uma instituição intermediária dentro da sociedade civil, fiscalizando os produtos da estrutura mercadológica dos meios de comunicação e possibilitando o acesso do público ao Estado por meio da realização de discussões sobre a definição e a implementação das políticas de comunicações. www.obmidia.org Editoração e Projeto Gráfico Janaine Aires Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Agência Brasileira do ISBN - Bibliotecária Priscila Pena Machado CRB-7/6971 E37 Elas e o futebol [recurso eletrônico] / orgs. Cecília Almeida Rodrigues Lima, Larissa Brainer e Soraya Barreto Januário. —— João Pessoa : Xeroca!, 2019. Dados eletrônicos (pdf). ISBN 978-85-67001-25-8 1. Futebol Feminino. 2. Mulheres no esporte. 3. Representatividade. I. Lima, Cecília Almeida Rodrigues. II. Brainer, Larissa. III. Januário, Soraya Barreto. IV. Título. CDD 796.3340082 O e-book Elas e o futebol organizado por Cecília Almeida Rodrigues Lima, Larissa Brainer e Soraya Barreto Januário está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-CompartilhaIgual 4.0 Internacional. Os dados e as informações contidas nos artigos reunidos nesta obra são de responsabilidade de suas respectivas autoras. 5 sumário A todas as meninas e mulheres que tiveram (e ainda têm) que lutar pelo direito de jogar bola. PREFÁCIO Ao organizar esse livro, pretendíamos, antes de tudo, produzir uma obra que viesse preencher uma lacuna, no cam- po de estudos sobre Mulheres, Esportes e Comunicação, sob uma perspetiva transdisciplinar. O crescimento do debate em torno dos Estudos dos Esportes e do Futebol na perspec- tiva de gênero é inegável e de grande pertinência na contem- poraneidade. As autoras nos apresentam uma coletânea de artigos, desbravando um tema ainda incipiente, especialmente numa reflexão que se distancia das prerrogativas biologizantes dos escritos em torno da Saúde e Educação Física. A proposta deste e-book é de pensar a presença das mulheres, bem como suas (in)visibilidades, por uma via mais sociológica, etnográ- fica e filosófica. Os trabalhos que compõem esta obra trilham um caminho inovador, propondo um debate sobre os pro- cessos de ruptura e conquistas das mulheres no mundo do Futebol, num diálogo interdisciplinar entre Gênero, Femi- nismos, Esportes e Mídia, fazendo dialogar temáticas acerca das questões de gênero abarcadas pelas pedagogias culturais (LOURO, 1995) e de representação das mulheres na mídia esportiva (BARRETO JANUÁRIO, 2016). vii Como as prefaciadoras não devem, à partida, ser neu- tras, assinalamos a qualidade desta publicação, que consi- deramos importante contribuição para o campo de estudos de Gênero, Esportes e Futebol de Mulheres (GOELLNER, 2004). Partimos da compreensão de que os processos de construção do futebol enquanto fenômeno sociocultural faz parte de uma constante (re)construção (WERTHEIN, 2004), não sendo, portanto, um tema estático. Pontuamos especial- mente sob o recorte dos Estudos de Gênero a construção do futebol pautada no cogito e ideais das masculinidades tóxicas (SINAY, 2016) que fomentam e legitimam práticas e discur- sos sexistas, e ainda, são perpassados por questões ligadas às interseccionalidades (CRENSHAW, 2002) que embrincam outras relações de poder envolvendo questões de raça/etnia e classe social. Admitir e analisar criticamente o silenciamento e as (in) visibilidades da mulher no ambiente esportivo especialmen- te, futebolístico é, ao nosso ver, reescrever a história sob ou- tros dogmas e princípios. Com efeito, esse e-book é de grande relevância em torno do campo de estudos das Mulheres e Fe- minismos, bem como dos Estudos do Futebol. Os trabalhos publicados nesse e-book não só questionam a relação am- bivalente entre mulheres e futebol, como, indo mais além, identificam formas de refletir acerca dos discursos, represen- tações e participação das mulheres no ambiente clubístico e futebolístico. Considerando suas construções históricas, so- ciais e culturais. Os debates versam sobre a efetiva represen- tação, participação e experiências vivenciadas e estudadas viii por mulheres sob o recorte do futebol. O livro revela-nos um apanhado de reflexões complexas em que a diversidade de representações e formas de “ser mulher” em um ambiente dito masculino é pura resistência e luta. O caráter simbólico que as masculinidades possuem no âmbito do futebol e suas nuances, práticas e narrativas é um elemento a destacar, especialmente, num momento em que a mídia e as redes sociais elencam o debate em torno da prá- xi social, com a notícia de que pela primeira vez no Brasil a Copa de Futebol da FIFA de mulheres será transmitida em rede nacional e a academia que amplia a reflexão em torno dos debates teóricos abarcados pela teoria crítica feminista na busca de reinterpretar a participação das mulheres no fu- tebol. Não por coincidência, selecionamos onze textos para esta publicação, tal qual a escalação de um time de futebol. As contribuições foram divididas em duas seções. A primeira parte, o campo de defesa, reúne pesquisas acadêmicas teó- ricas ou empíricas sobre a presença de mulheres no futebol. A sequência de artigos discute o papel da mulher no futebol, como atleta ou torcedora. No gol, o primeiro texto é um artigo científico que ana- lisa as ações desenvolvidas pelo coletivo Guerreiras Project, cujo foco é o processo de empoderamento de mulheres por meio do futebol. O artigo intitulado Mudando cabeças, cor- pos e campos: a experiência do Guerreiras Project no em- poderamento de mulheres por meio do futebol é de autoria de ix Luiza Aguiar dos Anjos, Suellen dos Santos Ramos, Pamela Joras e Silvana Vilondre Goellner. Na zaga, o texto Gênero, Mídia e Futebol: a cobertura midiática genderificada no Brasil, das professoras Soraya Barreto e Ana Veloso, discute o silenciamento do futebol fe- minino na mídia tradicional corporativa, numa comparação das Copas do Mundo Feminina e Masculina. Também na linha de defesa, a professora Carolina Dan- tas Figueiredo discute como as políticas de silêncio e silencia- mento impostas sobre o futebol feminino na mídia de massas prejudicam a divulgação e consumo desta prática esportiva pelo grande público. O artigo #martamelhorqueneymar – Uma proposta de análise sobre o uso de uma hashtag como indício de silenciamento da mídia tradicional apresenta re- sultados de uma análise de 200 publicações sobre futebol de mulheres no Instagram, indicando que os sujeitos são capa- zes de produzir e fazer circular conteúdo sobre futebol femi- nino. No meio de campo, o trabalho Elas têm torcida: análi- se das manifestações on-line nas transmissões ao vivo dos jogos da Copa América Feminina de 2018, escrito pela pro- fessora Cecília Almeida Rodrigues Lima, surgiu a partir da coleta e análise de comentários realizados por torcedores da Seleção Brasileira Feminina no Facebook, por ocasião da Copa América Feminina de 2018. O artigo tem o objetivo de tecer considerações sobre o perfil dos torcedores virtuais e de verificar os assuntos discutidos pela torcida de futebol femi- nino nos ambientes digitais. x A pesquisa de Leide Botelho objetiva apresentar a histó- ria das torcedoras na cidade de Belo Horizonte, assim como apontar os principais acontecimentos que propiciaram uma maior presença do público feminino nas arquibancadas nos últimos anos. Intitulado A presença das torcedoras nas ar- quibancadas dos estádios de futebol na capital mineira, o trabalho tem como foco as torcedoras de futebol masculino. Na mesma linha, o texto Consumo delas: a presença nos estádios da torcida feminina dos três clubes da capital pernambucana, de Gabriela de Melo, Lerynda Lima e Palo- ma de Castro, busca entender as características de consumo das torcedoras que frequentam – ou não – o estádio, a partir dos três principais clubes pernambucanos. No campo de ataque, a segunda parte do e-book traz re- latos de experiência de mulheres que de algum modo atuam na área esportiva, contribuindo ativamente para fomentar o debate sobre as desigualdades de gênero no esporte. Nas laterais, dois textos enfatizam, cada um à sua ma- neira, a importância de promover ações que incrementem a visibilidade do futebol de mulheres e lancem luz sobre as batalhas travadas diariamente pelas atletas e demais envol- vidas no esporte. O primeiro deles, de Aira F. Bonfim, leva o nome de Visibilidade ao invisível? A formação de acervos públicos sobre o futebol de mulheres no Brasil. Apresenta as reflexões acumuladas pela autora a partir de suas experiên- cias como técnica pesquisadora do Centro de Referência do Futebol Brasileiro (CRFB) e no Museu do Futebol. xi Do outro lado, o texto Impedidas: a construção da his- tória” narra a experiência da jornalista pernambucana Cami- la Alves na elaboração da reportagem especial “Impedidas: Machismo e Violência no Futebol”. Publicada em 2017, a re- portagem trazia os relatos de diversas atletas sobre assédios e preconceitos sofridos na profissão, recebendo os prêmios Anamatra de Direitos Humanos e o MPT de Jornalismo, na categoria Especial Promoção de Igualdade, referente ao com- bate à discriminação no ambiente de trabalho. No ataque, o texto de Larissa Brainer sistematiza al- gumas das táticas implementadas pela ONG love.fútbol no contexto da campanha #JogaPraElas, uma campanha de conteúdo e engajamento digital com o objetivo de fortalecer e discutir o futebol feminino no Brasil.