ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER AS POLÍTICAS PÚBLICAS DE PROTEÇÃO À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE CONTRA O ABUSO SEXUAL E O USO DE DROGAS, REALIZADA NO DIA 15 DE MAIO DE 2009, ÀS 09:00 HORAS.

ATA Nº 017

PRESIDENTE - DEPUTADO RIVA

O SR. PRESIDENTE (RIVA) - Autoridades presentes, senhoras e senhores, bom- dia! Declaro aberta esta Audiência Pública com o objetivo de debater as políticas públicas de proteção à criança e ao adolescente contra o abuso sexual e o uso de drogas. Convido para compor a mesa, o Presidente da CPI da Pedofilia, Senador Magno Malta; o Excelentíssimo Senador da República, Sr. ; também o Deputado Federal Valtenir Pereira; a Deputada Federal Thelma de Oliveira; a Coordenadora do Comitê Nacional do Abuso Sexual da Criança e Adolescente, Srª Neide Castanha; o Prefeito Municipal da nossa Capital, Sr. Wilson Pereira dos Santos; o Deputado Estadual Guilherme Maluf; o Deputado Estadual Carlos Brito; a Deputada Estadual Chica Nunes; o Presidente da Câmara Municipal de Cuiabá, Vereador Deucimar Aparecido da Silva; o Secretário de Estado de Trabalho, Emprego e Assistência Social, em substituição legal, Sr. José Rodrigues Rocha Júnior; a Secretária Municipal de Assistência Social e Desenvolvimento Humano de Cuiabá, Srª Celcita Pinheiro; a Presidente da Infância e Juventude da OAB/MT, a Srª Benedita Rosarinha de Arruda Bastos; a Coordenadora da Sala da Mulher e uma das idealizadoras deste movimento, Srª Janete Riva; o Secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública, Dr. Diógenes Gomes Curado Filho. Gostaria de convidar, de uma maneira muito Especial, Senador Magno, o pai do menino Kaytto, Sr. Jorgemar Luiz Silva Pinto; e convidar o Coordenador-Geral do Conselho Tutelar da Capital, Sr. Davino Mário de Arruda. (PALMAS) O SR. NARRADOR (EDSON PIRES) - Sr. Presidente, nós queremos registrar e agradecer as presenças, aqui nesta audiência pública, dos funcionários da Secretaria de Segurança Pública do Estado, Ney Scheeffer, Psicólogo, neste ato representando o Conselho Regional de Psicologia; dos funcionários da Secretaria de Estado de Saúde, Srª Cibele Bogiglian, membro do Comitê Estadual de Enfretamento à Violência e Exploração Sexual da Criança e Adolescentes; dos funcionários da SETECs, a Drª Mara Rúbia, Delegada de Polícia Civil, neste ato representado a Diretoria-Geral, Dr. José Lindomar Costa; o Vereador Roosevelt Coelho; a Srª Silbene dos Santos Domingues, Gerente do CRAS, do Planalto; Cleise Helen Franco, da equipe disciplinar da SEDUC DEDICA; da Srª Regina Márcia de Arruda, Coordenadora do Fórum de Enfrentamento de Abuso Sexual Contra Crianças e Adolescente de Várzea Grande; a Srª Marci Barros Rocha, Coordenadora do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil do Município de Cuiabá; do Sr. Eduardo Baldacci de Lima, ouvidor da SEDUC, pastor da igreja batista; dos professores acadêmicos da Universidade Federal de Mato Grosso; da Srª Janete Carvalho, Presidente da União Brasileira de Mulheres, Secção de Mato Grosso; da MORP - Associação dos Moradores Residencial Paiaguás; da Srª Aparecida de Castro, Assistente de Coordenação de Projeto Escola que Protege, da UFMT; do Sr. Lázaro Pág. 1 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER AS POLÍTICAS PÚBLICAS DE PROTEÇÃO À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE CONTRA O ABUSO SEXUAL E O USO DE DROGAS, REALIZADA NO DIA 15 DE MAIO DE 2009, ÀS 09:00 HORAS. Donizete, representando a Senadora Serys Marly; dos alunos PRO-JOVEM Adolescentes; da Srª Ondina Fernandes, Supervisora Pedagógica, do PRO-JOVEM; da Srª Jacira Auxiliadora Correa do Reis, Coordenadora da Pastoral das Crianças de Chapada dos Guimarães; da Pastora Gisela, do Conselho Ministério do Evangelho; da Srª Enelinda Scala, ex-Vereadora de Cuiabá. Feito o Registro, Sr. Presidente. O SR. PRESIDENTE (RIVA) - Composta a mesa, registrada a honrosa presença de várias autoridades, queremos também agradecer a presença de todos e gostaria de convidá-los para, de pé, cantarmos o Hino Nacional. (É EXECUTADO O HINO NACIONAL - PALMAS.) O SR. NARRADOR (EDSON PIRES) - Vamos passar ao Coral, Sr. Presidente. Neste momento, convidamos para uma apresentação especial a Orquestra do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil - PETI, composta por vinte uma meninas e trinta menino, composto de vozes, violão, flauta e violino, para interpretar as músicas: Hino Bom Jesus de Cuiabá , de Dom Aquino Corrêa; e Vida , de autoria do Padre Fábio de Melo. (NESTE MOMENTO É FEITA A APRESENTAÇÃO DAS MÚSICAS ACIMA CITADAS - PALMAS.) O SR. PRESIDENTE (RIVA) - Gostaríamos de agradecer a apresentação especial do Programa Erradicação do Trabalho Infantil - PETI, composto de vozes, violão, flauta e violino que interpretaram estas músicas maravilhosas. Muito obrigado. Vocês fiquem à vontade. O SR. NARRADOR (EDSON PIRES) - Sr. Presidente... O SR. PRESIDENTE (RIVA) - Queremos registrar a presença da Drª Mara Rúbia, Titular da Delegacia Especializada de Defesa da Criança e Adolescentes. Gostaria de convidar para compor a mesa, o representante do Ministério Público, Coordenador do GAECO, Titular da Procuradoria Especializada em Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente, Exmº Procurador Paulo Prado. Mais uma vez, cumprimento a todos, em nome do Senador Magno Malta, a quem faço um agradecimento muito especial. Não é fácil você reservar um tempo da sua agenda e sair do seu Estado. O Senador Magno Malta tem empunhado a bandeira dessa causa sem medir esforços. Então, queremos agradecê-lo! Cumprimentar o Senador Jayme Campos e o Deputado Federal Valtenir Pereira, que juntos abraçaram essa causa e, inclusive, encaminharam a Coordenadora da Sala da Mulher, Srª Janete Riva para falar com o Senador Magno Malta, possibilitando a realização desta Audiência Pública. Quero saudar meus colegas Deputados Estaduais: Carlos Brito e Guilherme Maluf e a Deputada Estadual Chica Nunes; a Deputada Federal Thelma de Oliveira; o Prefeito Wilson Santos; Em nome do Presidente da Câmara Municipal de Cuiabá, Sr. Deucimar Silva, quero saudar as demais autoridades aqui presentes; representantes do Ministério Público, que têm se empenhado nesta causa; representantes da nossa Justiça e todos os segmentos sociais que se envolveram nessa luta. Costumeiramente, usam as audiências públicas como instrumento para a discussão de problemas, para expor situações em que se faz necessário o debate amplo e que urgem ações efetivas do Estado. Este plenário já foi testemunha de debates intensos sobre os mais diversos assuntos. Este plenário é testemunha do quanto a sociedade do nosso Estado clama por melhoria nos Pág. 2 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER AS POLÍTICAS PÚBLICAS DE PROTEÇÃO À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE CONTRA O ABUSO SEXUAL E O USO DE DROGAS, REALIZADA NO DIA 15 DE MAIO DE 2009, ÀS 09:00 HORAS. aparelhos sociais; por mudanças efetivas na realidade que vivemos e que, muitas vezes, está aquém do mínimo exigido para que se tenha a dignidade humana, preconizada tão amplamente em nossa Constituição da República. Ainda assim, poucas vezes nesta Assembleia Legislativa houve um debate como o que se inicia agora, com um tema tão chocante, tão triste, que representa tanto a degradação humana e que expões tão abertamente as feridas da nossa sociedade, que prática ações abomináveis contra aqueles que mais dependem dela, contra aqueles que menos condições têm de se defender. Recentemente, houve em nossa Capital um caso que abalou a opinião pública e que comoveu a todos nós, Senador Magno Malta, do menino Kaytto, violentado e morto por um maníaco que estava em liberdade condicional após ter praticado crimes de abuso sexual de menor. O pior é que, após ter sido pego e confessado o crime, ainda, disse que se permanecesse solto atacaria novamente. Esse caso triste e revoltante é muito mais comum e frequente que se pode imaginar! Para se ter uma ideia, em nosso Estado houve mais de um caso por dia de violência sexual contra menores nos últimos doze meses. Senhoras e senhores, a situação é, extremamente, alarmante, mas, é a ponta do iceberg , oculto sob a falta de denúncia. Existe toda uma perversidade de famílias desregradas, onde a violência é praticada por genitores, que me recuso a chamar de pais. Calcula-se que, apenas, 10% dos casos de abusos sexuais ocorridos dentro de casa são, efetivamente, denunciados, seja por vergonha, seja por medo dos familiares frente ao agressor. Também, há números que indicam a participação da genitora na confecção de parte muito significativa do material contendo pornografia infantil que a Polícia Federal apreendeu desde o ano de 2001. A genitora, que, também, me recuso chamar de mãe, muitas vezes, é a própria agenciadora do corpo da criança. Vendem a inocência, a honra, a dignidade, a moral, a sanidade e o futuro de crianças como se vende banana em uma feira livre. É repugnante! Existe, ainda, o problema das mães que, por desinformação, por um alheamento ou por ingenuidade, não enxergam o problema acontecendo dentro da própria casa. A criança sendo abusada sexualmente por um parente próximo, intimidada, não se manifesta. Ela fica acuada e se esconde do mundo com vergonha da situação. E a mãe acredita que o filho é, apenas, tímido, esquisito ou que está ficando bobo enquanto cresce. Isso é triste! Das quase quatrocentas ocorrências da Delegacia de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente registradas no primeiro trimestre deste ano, cerca de trezentas tornaram-se inquéritos, sendo que 20% tratam de crimes sexuais. Isso, apenas, na Capital. Ou seja, apenas em Cuiabá. O problema, logicamente, vai para muito além dos limites do nosso município. Aliás, o problema está por toda parte, mesmo na estrada ele ocorre. Um levantamento feito pela Polícia Federal identificou 130 (cento e trinta) pontos vulneráveis: bares, lanchonetes, postos de combustíveis, boates e outros, ao longo de cinco rodovias. A vulnerabilidade a que faz a referência a polícia, diz respeito ao uso de drogas e exploração sexual, inclusive, infantil. Outro campo aberto à disseminação da pedofilia é a internet , seja na construção dos sites , com material pornográfico envolvendo menores; seja no aliciamento desses menores, utilizando ferramentas de comunicação como o msn e orkut. Tanto na exploração comercial do sexo da criança e adolescentes, quanto no abuso doméstico, um fator mostra-se como preponderante na barbárie em que está tudo inserido: a falência do sistema familiar. Na família bem estruturada, onde os pais, avós, tios, irmãos, primos, agem Pág. 3 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER AS POLÍTICAS PÚBLICAS DE PROTEÇÃO À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE CONTRA O ABUSO SEXUAL E O USO DE DROGAS, REALIZADA NO DIA 15 DE MAIO DE 2009, ÀS 09:00 HORAS. como pessoas responsáveis um pelos outros, com distinção, segundo as regras morais, não há espaço para violência, sobretudo, sexual. No entanto, vimos assistindo a degeneração da nossa sociedade! A realidade social, senhoras e senhores, não é um dado. Ela está construída. A cada dia construímos um mundo em que vivemos. Nossos atos, nossas escolhas, formam o mundo que está ao nosso redor. Se for fato que a nossa sociedade; que o mundo ao nosso redor foi forjado de forma desregrada; se, hoje, vivemos uma rotina de violência, de desrespeito à criança e ao adolescente, também, é fato que não e não iremos nos quedar inertes, assistindo passivamente o desenrolar dos fatos. Nesta Audiência Pública aprenderemos muito com a experiência do Senador Magno Malta e da Srª Neide Castanha, que tem desenvolvido um trabalho de suma importância no enfrentamento desse tema, no combate à pedofilia. A CPI da Pedofilia, presidida pelo Senador Magno Malta, tem revelado uma face do Brasil que muitos não querem enxergar, mas que precisa ser vista e precisa ser combatida. Parabéns Senador! Parabéns, Srª Neide! Precisamos de mais Magnos Maltas, de mais Neides Castanhas no Brasil! De nossa parte, também, temos que cerrar fileiras com os nossos guerreiros por uma sociedade unida contra a pedofilia. Neste momento, Srª Neide, Senador Magno Malta, vamos lançar uma campanha contra a pedofilia. Seremos intransigentes e incansáveis contra essa brutalidade. Convido a todos, neste momento, para assistir o vídeo de lançamento da campanha da Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso contra a violência sexual de crianças e adolescentes. (EXIBIÇÃO DE VÍDEO) O SR. PRESIDENTE (RIVA) - O bicho papão que vive no imaginário infantil deveria ser o único motivo de preocupação de nossas crianças. Mas ele, hoje, está mimetizado em figuras humanas, na maioria das vezes próximas, muitas vezes familiares Esta campanha vem como uma alerta, uma denúncia, uma exposição franca do problema e um aviso que a Assembleia Legislativa está na luta contra a pedofilia. Ao longo dos anos, muitos têm sido os projetos de lei apresentados pela Assembleia Legislativa que esboçam a preocupação de Parlamentares em coibir, notificar e identificar os atos de violência contra crianças e adolescentes. Os projetos de leis, apesar de bem elaborados e de boas intenções, nem sempre são aprovados e sancionados, haja vista a limitação que esta Casa de Leis tem em razão de dispositivos constitucionais. Mas, agora, é hora de inovar Não é mais possível que Assembleia Legislativa assista apenas a violência roubar a inocência e a juventude de nossas crianças e adolescentes Agora a ação é nossa! Nós temos consciência que sozinhos não chegamos longe, por isso vamos nos unir a todos que estão nessa luta: a Sala da Mulher, por meio de sua Coordenadora Janete Gomes Riva; e a Assembleia Legislativa, serão parceiros de organizações não governamentais e governamentais. Apenas para citar alguns de nossos parceiros: A Câmara Municipal de Cuiabá; o Comitê de Municipal de Enfretamento ao Abuso e Exploração Sexual da Criança e do Adolescente de Cuiabá; o Ministério Público do nosso Estado e o Poder Judiciário. Muito obrigado pela parceria e pela firme disposição! Todo esforço será importante nessa luta. Muito há que se fazer. É necessária uma mudança geral na nossa cultura. Precisamos incentivar aqueles que sofrem o abuso e que denunciem. Pág. 4 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER AS POLÍTICAS PÚBLICAS DE PROTEÇÃO À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE CONTRA O ABUSO SEXUAL E O USO DE DROGAS, REALIZADA NO DIA 15 DE MAIO DE 2009, ÀS 09:00 HORAS. O silêncio dos que sofrem o abuso é a maior arma dos que cometem atrocidades. Queremos desarmá-los! Otimista por natureza, acredito que hoje iniciamos uma cruzada, ainda sem igual em nosso Estado, em prol do respeito pelas crianças e adolescentes. Em alguns anos, Srª Neide Castanha, Sr. Senador Magno Malta, espero que nos encontremos neste mesmo plenário para que possamos ter um relato histórico de como Mato Grosso eliminou a pedofilia e lembrar da importância que esta Audiência Pública representou. A fé em Deus e a esperança de que os homens de boa vontade nunca se cansem de lutar me dão força todos os dias para manter o ânimo de sempre trabalhar por um Estado mais justo e mais humano. Muito obrigado a todos! O SR. NARRADOR (EDSON PIRES) - Sr. Presidente, ainda registramos as presenças: dos Vereadores Francisco Vuolo e Domingos Sávio; do Dr. Alexandre Bustamante, Secretário-Adjunto de Estado de Segurança Pública; do Conselho Tutelar Municipal de Nova Mutum; da Srª Ana Emília Sotério, Presidente do Conselho Estadual de Direitos da Mulher; da Srª Maria das Graças, do Conselho Comunitário de Segurança de Mato Grosso; do Sr. Benildes Aureliano Firmo, Presidente do Conselho Estadual de Direitos da Criança e do Adolescente; da Srª Janete Aparecida, Presidente do Clube de Mães do Residencial Paiaguás; da Srª Elezir Margareth dos Santos, do Conselho Comunitário do Jardim Vitória; do Dr. Jones Gattas, Juiz da Vara da Infância e Juventude de Várzea Grande. Neste momento, convido o Vereador Deucimar Aparecido da Silva, Exm° Presidente da Câmara Municipal de Cuiabá, para prestar uma homenagem com o Título de Cidadão Cuiabano, de autoria do Vereador Rooselvet Coelho, ao Exmº Senador Magno Malta, Presidente da CPI da Pedofilia. O SR. DEUCIMAR APARECIDO - Bom-dia a todos e a todas! Em nome do Presidente desta Casa de Leis, Deputado Riva, cumprimento todas as autoridade aqui presentes. Queremos, em nome dos Vereadores da Câmara Municipal de Cuiabá, aqui presentes, do nosso Presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito, da CPI da Pedofilia, Vereador Rooselvet Coelho, em nome da nossa Cidade de Cuiabá e de todos aqueles que aqui vivem fazer uma homenagem ao Senador Magno Malta, entregando-lhe um Título de Cidadão Cuiabano. Muito obrigado! (NESTE MOMENTO O SR. DEUCIMAR SILVA PROCEDE À ENTREGA DO TÍTULO DE CIDADÃO CUIABANO AO SR. MAGNO MALTA - PALMAS). O SR. PRESIDENTE (RIVA) - Convido a Srª Neide Castanha para entregar um vídeo da nossa Campanha, que está sendo lançada hoje em toda mídia mato-grossense, ao Senador Magno Malta. (A SRª NEIDE CASTANHA PROCEDE À ENTREGA DO VÍDEO AO SENADOR MAGNO MALTA) O SR. PRESIDENTE (RIVA) - Concedo a palavra, neste momento, ao Presidente da CPI da Pedofilia, Senador Magno Malta. O SR. MAGNO MALTA - Quero saudar a todos, agradecendo a oportunidade e o privilégio de estar de volta a Cuiabá depois de tantos anos. Cumprimentando a Mesa, não sou homem de formalidades, não sei o nome de todo mundo, não me deram aqueles papeizinhos, e nem daqueles papeizinhos eu gosto, para que fiquemos falando os nomes, acho aquilo até feio, porque o cara não conhece as pessoas e fica com Pág. 5 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER AS POLÍTICAS PÚBLICAS DE PROTEÇÃO À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE CONTRA O ABUSO SEXUAL E O USO DE DROGAS, REALIZADA NO DIA 15 DE MAIO DE 2009, ÀS 09:00 HORAS. um monte de papel na mão falando o nome. Para que falar se você não conhece? Acho até feio aquilo. É melhor dizer que saúdo a todos com o meu carinho e o meu abraço. (PALMAS) Quero saudar o Presidente, que é do Espírito Santo, e agradeço a Deus por ele ter saído de lá, porque deixou a vaga para mim - vim do Nordeste e entrei na vaga dele. Ele é de Nova Venécia, terra do granito. É Nova Venécia, ou não? A família é de Cachoeira, não é isso? De Iguaçuí, terra do Governador Paulo Hartung. Eu vim do Nordeste, arrumei uma namorada em Cachoeira - nasci e sofri no Nordeste, mas não nasci besta - fiquei lá, amarrei meu jumento lá, e Cachoeira me deu todas as oportunidades. Cheguei lá em 1982, Sr. Presidente, e em 1992, dez anos depois de estar naquela terra, me elegi vereador no interior. Em 2002, eu já era Senador, com a graça de Deus, e tive a maior votação da história do Estado do Espírito Santo. Assim, agradeço a oportunidade, agradeço muito o senhor ter se retirado de lá para que eu pudesse ter ficado no seu lugar. Permaneça aqui! Nunca pense em voltar! Quero dar um abraço na Neide, minha amiga, militante da causa de muitos anos, conhecedora profunda do assunto, que tem colocado sua vida, suas energias, seus dias à disposição das crianças do Brasil. Quero abraçar a minha amiga Celcita, fomos Deputados Federais juntos, pessoa com quem tive a melhor das relações, tenho o maior respeito, pela honra, pelo patrimônio moral que é, pelo procedimento que tem e pela maneira como honrou no Parlamento o seu povo de Mato Grosso, quando teve oportunidade de militar no Congresso Nacional. Meu amigo Wilson Santos, bom de bola. Está jogando bola ainda? Era melhor quando jogava comigo, porque eu estava no meio. Sabe que depois daquilo eu fiquei paralítico? Tive uma lesão de medula e perdi o meu fio condutor, ou seja, para tirar um tumor da minha medula, arrancaram o receptor do meu cérebro. Nós temos um receptor abaixo da medula que o cérebro informa e recebe informação e você tem os movimentos. O meu foi tirado, e fiquei paralítico quando o nosso mandato estava se encerrando. “Ah! Mas como anda?” Eu ando por um milagre de Deus na minha vida! (PALMAS) Tenho dores tremendas na minha vida, mas sublimo essa dor pelo privilégio de andar. No meu primeiro ano de lesão, de paralisia, eu fazia de dezesseis a dezoito horas de fisioterapia por dia, mas estou de pé, graças a Deus, na sua cidade, e quero dizer ao povo que me orgulho muito de ter convivido com você, pelas mesmas razões da Celcita Pinheiro, com o mesmo procedimento, mesmo comportamento moral e ético. Você é umas das reservas que eu considero, reserva moral, de comportamento, de procedimento, de amizade. Infelizmente, a vida pública brasileira está criminalizada. Eu não me sinto estimulado para ela, muito pelo contrário. Você pode ser o melhor homem do mundo. As pessoas te estimulam para ir para vida pública e, quando você vai para a vida pública, todo gesto seu é banditismo, tudo o que você faz é por interesse. Eu sempre cantei, tenho trinta anos de carreira como músico, fazia shows e as pessoas achavam maravilhoso. Quando fui para a vida pública, eu ia fazer shows, mas as pessoas diziam: “Esse cara tem que fazer show de graça, porque ele agora ele é político.” E ainda, quando eu fazia de graça, diziam: “Está fazendo de graça por interesse.” E você fica vitimado por tudo. Sua família não vale nada! Se seus filhos se derem bem na vida, foi safadeza que o pai fez para o filho se dar bem; se eles se deram mal, você é um irresponsável; se colocar com você, é nepotismo. Então, as coisas estão... E as pessoas do bem vão ficando muito tristes. Não que Pág. 6 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER AS POLÍTICAS PÚBLICAS DE PROTEÇÃO À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE CONTRA O ABUSO SEXUAL E O USO DE DROGAS, REALIZADA NO DIA 15 DE MAIO DE 2009, ÀS 09:00 HORAS. estejamos desestimulados, mas é como se estivéssemos enxotados da vida pública. Mas as causas me mantêm de pé. Tem trinta anos que tiro drogados das ruas, aliás, sou ex-drogado, e tem trinta anos que tiro drogados das ruas. Tenho uma instituição chamada “Projeto Reviver”, que mantenho com os meus shows. Quando chega a época da eleição, falam que a minha instituição é para lavar dinheiro de drogas. E para você que tira drogados das ruas a vida pública está muito dura! Eu o cumprimento pela coragem, pelo desejo de servir e de ser ordenador de despesas, mas eu o cumprimento pelo homem que você é, e tenho muito orgulho da amizade que tenho por você. Quero cumprimentar o meu colega, Senador Jayme Campos. Todas as vezes que eu descia da tribuna, e parece que sou orador de uma nota só, porque vou para a tribuna, e quem assiste a TV Senado me vê falando de combate à violência, ao narcotráfico, em recuperação de gente, e nos últimos quatro anos só falo de abuso de criança, mas o Senador Jaime Campos foi uma das primeiras pessoas que me aproximei para fazer essa discussão. Tinha o meu sonho, o meu desespero, a vontade incontida de investigar esse crime no Brasil, desestimulado por alguns que diziam assim: “Moço, isso não existe. Isso é pouca coisa, de vez em quando um padrasto desavisado, bêbado, abusa de uma enteada.” Normalmente, o grande crime é sempre depositado na conta dos pobres até que ele apareça, quando aparece com um poderoso, eles abafam. E eu disse ao Senador Jayme Campos: vou abrir uma CPI de pedofilia. Vossa Excelência assina? Ele disse: “Assino.” Foi uns dos primeiros a assinar comigo - preciso fazer esse registro. Todas as vezes que estou na tribuna com esse tema, todas as vezes que nos encontramos pelos corredores, porque há um ano e três meses eu só respiro esse ar, me desliguei de todas as Comissões da Casa, não participo de Comissão nenhuma do Senado, essa tem sido a minha luta, e tenho encontrado o Senador Jayme Campos, esse homem que tem uma história larga no Estado - quem sou eu para contar a historia dele para vocês que os conhecem muito mais do eu -, uma experiência absolutamente importante, e sou muito grato pelo seu apoio, Senador Jayme Campos. (PALMAS) Quero cumprimentar o Deputado Federal Valtenir Pereira - é até meu primo, porque sou Magno Pereira, mas eu não uso o Pereira, só uso Magno Malta, fica um nome mais conciso, apesar de que gosto do Pereira porque é de mãe, dona Dada. Percebo no Deputado, na sua humildade, esse denodo, essa luta, e nos últimos tempos tenho convivido com ele essa angústia, dividindo a angústia que eu tenho pela falta de instrumentos para a sociedade brasileira, para que o Judiciário possa operar em favor das famílias das crianças e, por falta de instrumentos não o faz, ou, quando faz com os instrumentos que têm, a sociedade muitas vezes nem compreende, porque o sujeito abusa, o sujeito mata, o sujeito faz sequestro e vai para a rua, porque o Código é tão ruim que está mais a serviço do crime do que a serviço da sociedade. Precisamos realmente remodelá-los. Quero cumprimentar as outras as autoridades que estão na mesa, o pessoal do Ministério Público. Quero na minha fala falar do nosso amado líder do GAECO. O GAECO é absolutamente importante. Eu o abraçava e dizia: Oh, o GAECO entrou comigo no caso de Catanduva, e nós só desenterramos aquilo tudo lá porque o GAECO estava comigo lá em Catanduva, no interior de São Paulo.” Daqui, não estou vendo quem está lá na ponta, mas quem está lá na ponta, não sei os nomes, sinta-se também abraçado por mim. Pág. 7 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER AS POLÍTICAS PÚBLICAS DE PROTEÇÃO À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE CONTRA O ABUSO SEXUAL E O USO DE DROGAS, REALIZADA NO DIA 15 DE MAIO DE 2009, ÀS 09:00 HORAS. Quero cumprimentar a nobre Deputada Thelma de Oliveira, viúva do nosso ícone. Embora tenha ido tão jovem, mas lendário pela causa. Escreveu o seu nome na história do País e levou junto com o seu nome o nome de Cuiabá, o nome de Mato Grosso, Dante de Oliveira (PALMAS). Se o seu marido não tem um busto no centro da cidade, alguém um dia tem que fazê-lo! Uma das mais lindas páginas da história do Brasil foi escrita por iniciativa do seu marido. Ele já estava na vida pública, quando eu só o admirava de longe, porque entrei na vida pública em 1992, quando me candidatei a Vereador. Ele já militava e já estava na vida pública muito antes de ter mandato, porque militou enfrentando a Ditadura, a exemplo de tantos outros. Quem sabe o estresse da vida, da luta, levou o seu marido tão cedo, tão jovem! Mas o seu marido deu a mim o direito de falar, por ter enfrentado a Ditadura. Ele deu a mim, um político jovem, o direito de falar. Sem o sacrifício da vida dele e de outros, eu não falaria, outros não falariam, continuaríamos na Ditadura. Então, esse enfrentamento foi absolutamente importante! Essa página está escrita! Mato Grosso escreveu uma das lindas histórias do País: as Diretas Já! Quando se fala em conquista da democracia, ninguém é capaz de começar falando qualquer reportagem, qualquer documentário, sem falar das Diretas Já! Começa-se com o discurso de Ulysses Guimarães nas praças, e as faixas: Diretas já! E aí Diretas Já é o mesmo nome de Dante de Oliveira! Na verdade, ele tinha dois nomes, o Sr. Diretas Já! Quer dizer um troço que tentavam colocar lá no Ulysses Guimarães, o Sr. Diretas Já, exatamente porque ele comandou, mas é também o nome do Dante de Oliveira. Sinto muito orgulho disso! Tive pouca oportunidade de conviver com ele. Vim aqui com a CPI do narcotráfico, só vim aqui em situações muito difíceis, em situações ruins. Quero vir aqui noutro dia. Algumas pessoas já me convidaram, disseram que vão me levar lá na Chapada dos Guimarães. É isso mesmo? Então, eu vim aqui em situações muito ruins. Vim com a CPI do narcotráfico e venho agora numa situação como essa em que o Estado vive a comoção com a morte do Kaytto. E quando vim aqui, Deputada Thelma de Oliveira, almocei na sua casa. Aí, sim, sentei à mesa com o Dante de Oliveira e ouvi dele mesmo as histórias das Diretas Já, acompanhado do Wilson Santos. Cumprimento Vossa Excelência. Sei do seu desestímulo com vida pública - compartilhamos isso juntos, ali -, mas se a senhora encerrar agora terá muita foto para olhar, terá muita história para contar para os filhos e os netos, e uma história muito bem escrita pelo seu marido, enquanto viveu, que é a própria história da família, o próprio movimento da história deste Estado, que prestou um serviço tão brilhante ao País. Cumprimento a Câmara de Vereadores. Eu fui Vereador. Comecei minha vida como Vereador, agradecido que sou, porque continuo Vereador. E sou daqueles que defende uma tese: o sujeito que nunca disputou uma eleição de Vereador não deveria ser candidato a nada. Não é verdade? Porque só conhece a eleição quem disputou uma eleição de Vereador. Quem nunca foi Vereador... O cara tinha que disputar ainda que fosse para perder, para saber o quanto é difícil. É a pior eleição que existe no mundo! Você disputa na mesma cidade com todo mundo que conhece. Todo mundo conhece todo mundo; um estudou com o tio do outro; a sogra do outro pediu; a enfermeira que atendeu o filho do outro pediu voto para o filho dela; o primo do cara da faculdade que estudou com você... “Não posso te dar o voto, porque meu professor agora é candidato.” “Da outra vez, eu vou ver, porque, agora, o meu pai é candidato.” “Como é que eu faço? Lá em casa tem o meu cunhado, também meu pai.” Uma confusão danada! Como é que um cara ganha uma eleição num universo desses? Essa é a eleição mais difícil do mundo! Então, o cara tinha que disputar a eleição primeiro para Vereador para depois ser candidato a qualquer outra coisa. Aí ele saberia! A eleição mais fácil do mundo é a de Senador. É plebiscitário. Ou é tu ou é tu! Você só precisa consolidar o nome. E a consolidação é plebiscitária. Ou é aquele, ou é esse. A Pág. 8 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER AS POLÍTICAS PÚBLICAS DE PROTEÇÃO À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE CONTRA O ABUSO SEXUAL E O USO DE DROGAS, REALIZADA NO DIA 15 DE MAIO DE 2009, ÀS 09:00 HORAS. eleição de Deputado Estadual também não é brincadeira, porque é como a eleição de Vereador, só que é no Estado. É a mesma coisa, só que é no Estado. É difícil também. A eleição de Deputado Federal já melhora um pouquinho. E a de Senador fica melhor ainda, quando o nome já está consolidado. Mas a de vereador é “madeira de dar em doido”. Eu não sei como é esse negócio de reeleição, porque só fui Vereador por dois anos e me elegi Deputado Estadual. O cara, quando se reelege Vereador, acho que ele é do caramba! Eu acho! Então, quero cumprimentar a Câmara Municipal de Cuiabá. Obrigado pelo Título de Cidadão Cuiabano. Eu me sinto Vereador. Muito obrigado! Espero um dia poder ir ao plenário da Câmara Municipal de Cuiabá agradecer o Título de Cidadão Cuiabano que me deram e fazer um discurso como vereador. Gostaria muito de ser Vereador aqui em Cuiabá para dar sustentação ao Wilson Santos, comprar as brigas dele lá (RISOS). Quero cumprimentar o Ministério Público; o Secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública; a OAB; as autoridades policiais, Polícia Federal e Polícia Civil; as autoridades religiosas, as bases eclesiásticas; as crianças. Gostaria de ter vindo numa outra situação. Mas quis Deus, aprouve Deus, que eu viesse nesta situação. E quero de uma forma geral falar do que eu me propus a fazer e como isso se desenrolou, a partir da CPI da Pedofilia. Nós somos uma grande engrenagem, somos uma grande máquina que precisa funcionar. E, para sermos uma máquina que funcione, cada um de nós é um roda dentada. Essa não é uma luta de Dom Quixote nem uma luta que se ganha só ou que se enfrenta sozinho. Nós estamos vivendo uma situação absolutamente esdrúxula e dolorosa! O Brasil está entre os três maiores abusadores do mundo! E, em consumo de crime cibernético, ou seja, crime na internet , o Brasil é o primeiro! Nós somos os maiores consumidores de abusos de crianças na internet ! A pedofilia movimenta, Prefeito Wilson Santos, cento e cinco bilhões de dólares por ano, o dobro do narcotráfico! Cada um opera num viés. A Neide, todo mundo conhece a militância dela, o viés onde ela milita, com as pessoas arregimentadas, com sentimento absolutamente voluntário nos Estados do Brasil, onde a semente é permanentemente semeada e regada pelo ideal dela ou pela missão que cumpre de tomar contas das crianças do Brasil. A nós do Parlamento cabe cumprir o papel de onde nós estamos. Eu sou Parlamentar, e a mim cabe, a mim foi dada a prerrogativa de criar um instrumento, ou seja, fazer uma lei, dar um instrumento à sociedade para que ela possa, minimamente, se defender e fazer um arco de defesa das crianças do Brasil. Quando fui Deputado Federal, presidi a CPI do Narcotráfico. No seu último momento, detectei que narcotraficantes com a força do fuzil, com a imposição da bala e com a força do dinheiro tomavam crianças das famílias para abuso sexual. E algumas famílias, assassinas, covardes, pais e mães covardes, entregavam os filhos para abuso em nome das benesses que recebiam do tráfico. Eu denunciei isso, naquele relatório, mas esse não era o nosso foco, ou seja, não era o nosso fato determinado. Então, eu não tinha como tratar daquela questão, o que me deu muita angústia. Quando eu fui para o Senado, nos meus últimos quatro anos, quem assiste à TV Senado sabe, eu só falava desse assunto. E as pessoas diziam: “Rapaz, procure um outro assunto... Procure outro assunto. Rapaz, você fala num troço que parece que é um bicho... Bicho, isso nem existe!” Os “caras” falavam para mim.

Pág. 9 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER AS POLÍTICAS PÚBLICAS DE PROTEÇÃO À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE CONTRA O ABUSO SEXUAL E O USO DE DROGAS, REALIZADA NO DIA 15 DE MAIO DE 2009, ÀS 09:00 HORAS. E quando eu comecei a falar, eu virei um “delegado” do Brasil. Ou virei um “delegado” ou virei uma “caixa postal”. Eu comecei a receber e-mails do país inteiro, bilhetes do país inteiro, comecei a receber cartas do país inteiro, cartas assim, lá de Cruzeiro do Sul, no : “Meu ‘fio’, eu tenho 90 anos. Em frente a minha casa tem um homem, meu ‘fio’, que faz ousadia com as crianças, inclusive fez com o meu neto. Meu ‘fio’, vem aqui!” Como é que eu vou? E aí eu respondi: “Vó, Procure o Conselho Tutelar.” Ela responde o bilhete: “Fio, Conselho Tutelar é o quê?” Eu recebo e-mail de lá, outro e-mail de lá... E aí, comecei a receber do Ministério Público. “Senador, tem um caso emperrado aqui, assim, envolve isso aqui...”; “Senador, tem um caso aqui assim...” O advento da internet, ou seja, o advento da tecnologia, que foi um mal para o Brasil, um mal para o mundo. Mas, quem irá divorciar da internet ? Mais ninguém! Vamos viver casados com a internet! E ela aumentará a sua tecnologia, irá operar muito mais... Eu acho que terá um dia que pegaremos o cartão de crédito, digitar assim, num telão enorme: “Quanto é a viagem para Disney?” O “cara” passa o cartão, digita e encosta o seu filho na tela e fala: “entra” O filho aparece lá na Disney... (RISOS) É! Eu acho que vai acontecer isso um dia... Sei lá. Está avançando tanto! E o advento da tecnologia foi um mal e foi um bem. Por que foi um bem? Porque deu a possibilidade, acreditando na inviolabilidade da internet e acreditando, principalmente, no Brasil, da nossa incapacidade em punir por falta de legislação. E a impunidade fez com que os monstros de toda ordem usassem a internet para cometimento de crime. E os pedófilos, então, saíram das suas tocas, porque eles têm duas taras. A primeira tara é a que faz saciar a sua lascívia, os seus anseios, os seus desejos sexuais. A sua lascívia é a primeira coisa. E a segunda tara é a do exibicionismo. Eles são exibicionistas, gostam de fotografar e se conhecem! Eles se relacionam, trocam figurinhas... Na época da máquina de trinta seis poses, de doze poses, eles batiam as fotos e as trocavam, como se troca figurinha! E eles gostam de olhar aquilo, o abuso, para saciar a sua lascívia. Ainda que se masturbando, olhando uma criança abusada por ele mesmo, abusada por outro, uma foto vale dois mil dólares; um filmete de dois minutos vale seis mil dólares. Pois bem, quando o Ministério Público começou a fazer algumas prisões por causa do celular, era fácil abusar de uma criança, ele mesmo filmar com outra mão, e alguns foram presos e o Ministério Público sacou as imagens. O GAECO, de , me mandou uma imagem, o dia da minha indignação. Naquele dia da minha indignação, última, era imagem de um homem de 70 anos tendo conjunção carnal com uma criança de três anos de idade. Eu falei: agora acabou. Chamei, vamos fazer a CPI da Pedofilia. Mas, e o fato-fato, pedofilia é fato sozinho... Eu não preciso dizer que uma criança ali foi abusada para isso não. Vamos fazer. Fiz, escrevi, protocolei, fui recolher as assinaturas. E alguns Senadores diziam: “não tem”. Eu fui procurar o Presidente do Senado, Senador Garibaldi, grande amigo, que me ajudou a instalar a CPI, mas ele falava assim, nordestino fala arrastado: “Homem, esqueça isso, homem”. Esquecer como? “Homem, eu fui Governador, não tem isso, não. Homem, olha, é muito pouca coisa, é um pai ali, bêbado e tal”. Presidente, Vossa Excelência sabe o que é pedofilia? “Sei”. Sabe não. Não sabe e tem um monte de gente que pensa que sabe, mas também não sabe. Eu comecei, Wilson Santos, a andar pelos Tribunais do Brasil, Presidente, e nos Tribunais eu marco audiência e chego ao Tribunal para falar com Desembargadores: “É, eu julguei Pág. 10 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER AS POLÍTICAS PÚBLICAS DE PROTEÇÃO À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE CONTRA O ABUSO SEXUAL E O USO DE DROGAS, REALIZADA NO DIA 15 DE MAIO DE 2009, ÀS 09:00 HORAS. um caso, mas não teve conjunção, foi absolvido... Não, o cara foi acusado, a mulher o acusou porque separou; o menino falou, mas não dá para acreditar em conversa de menino”. Não dá, não? Como? O senhor sabe... “Sei”. Não sabe. Então, vamos abrir essas imagens. Quando eu abro as imagens, os homens entram em desespero: “Mas, eu nunca...” Porque a nossa mente, esse HDzão aqui, só tem um registro. O registro que tem aqui, quando se fala pedofilia, o que vem a nossa mente é de um homem formado abusando de uma criança, ou não abusando de uma criança, mas tendo relação sexual com uma menina de treze a quatorze anos. Dificilmente a nossa mente nos dá a imagem de um menino. Não dá imagem de um menino. Também não nos dá imagem de um menino de um, de dois ou de três anos de idade. Não nos mostra uma menina pegando Orkut com seis anos de idade, tendo relação sexual com três homens e achando bom. Não nos dá imagem de um pediatra abusando de uma criança de vinte dias de nascida. Não nos mostra o pai estuprando uma filhinha com cabo de martelo; a mãe estuprando o ânus da criança com dedo e ele se masturbando com a outra mão. Então, realmente, nós não sabíamos o que é isso? Eu disse: Presidente, então olha essa imagem! Quando eu mostrei a imagem, ele disse: “Homem, para com isso!” Eu disse: olha aqui, você tem neto? É isso aqui! “Mas, eu não sabia!” É isso aqui! Assinou! A maioria deles eu precisei mostrar imagens. Assinou! E nós instalamos. E eu fui fazer o quê? O que toda CPI precisa fazer! É verdade que uma CPI do Congresso Nacional tem poder de polícia, poder de justiça! Mas, a Neide conhece, o Tiago conhece, o CONANDA - Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, conhece, a Polícia Federal foi a que mais avançou no mundo! E o mundo reconhece. Tecnicamente, os Delegados Federais do Brasil combatem crimes cibernéticos sem ter legislação. Eles avançaram! E sem legislação! Nos crimes cibernéticos, os nossos Peritos são pouquinhos, diante de um País de 200 milhões de pessoas... Aliás, é a situação da Polícia Federal do Brasil. A Argentina tem 32 milhões de pessoas, tem 47 mil homens na Polícia Federal. O Brasil tem quase 200 milhões, tem 14 mil homens na Polícia Federal. Operacional só tem sete. Polícias Federais no Brasil fazem milagres! Em Brasília tem 07 mil marinheiros, não tem nem mais em Brasília. Fui desequilibrado! Então, minha gente, quando instalamos, eu fui buscar, fui ao CONAMP - Associação Nacional dos Membros do Ministério Público, pedi ajuda e o CONAMP me deu. E eu escolhi alguns, outros foram indicados do Ministério Público, que vieram. Fui ao Ministério Público Federal, ao Dr. Antonio Fernando, e ele me deu Suyama, um japoneszinho que é um siri na lata, lá de São Paulo; ele e a Drª Adriana, que já vinham de briga com a Google de há quatro anos. E a Google é prepotente. Eles batem no peito e dizem: “nós não cumprimos Lei no País de ninguém. Nosso servidor está nos Estados Unidos. Só cumprimos Lei lá.” E vinha brigando com o Suyama. O Suyama veio. Eu fui buscar o Dr. Tiago. No dia que a CPI instalou, fui para um debate na televisão. Não conhecia nada de crimes cibernéticos. Essa figura se sentou do meu lado aqui, era eu e ela em Brasília e mais dois em São Paulo. Foi o dia que eu vi o Tiago pela primeira vez. E eu tinha voltado da convocação dele, convidando-o para ficar conosco. Naquele dia as coisas se iniciaram. Chamei a Polícia Federal, o Ministro da Justiça me deu os Policiais Federais, Dr. Sobral, Dr. Stênio, Dr. Adauto. Os Peritos vieram, o Tiago veio, e nós formamos uma assessoria que trabalha de segunda a sexta-feira em Brasília, trancados dentro de uma sala. A partir dali, com o dossiê da Google , eu convidei - o Senador Jayme Campos acompanhou -, fiz um ofício à Google convidando-a a vir para discutirmos, porque a informação já era, a partir da CIBERNET, que nós éramos os maiores consumidores de pedofilia do planeta na Internet e que o Orkut consumido hoje por 29 milhões de brasileiros. Parece que o Orkut foi feito pelo Brasil, criado nos Estados Unidos. Mas os Estados Pág. 11 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER AS POLÍTICAS PÚBLICAS DE PROTEÇÃO À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE CONTRA O ABUSO SEXUAL E O USO DE DROGAS, REALIZADA NO DIA 15 DE MAIO DE 2009, ÀS 09:00 HORAS. Unidos usam é My Space, Facebook, Bibow, que são sites de relacionamentos. Esse site de relacionamento consumido pela Índia, em 2º lugar, que são 25 milhões de indianos. E somos quase vinte milhões de brasileiros que consomem o orkut . Eu, não, porque acho aquilo uma desgraça. Aliás, quando falei que quebraria o sigilo do orkut fizeram uma comunidade para mim: “Odeio Magno Malta”. Tem gente demais na comunidade. Quando eu abri aquilo, que me mostraram, fiquei espantado: “Odeio Magno Malta”. Eles acharam... “Esse cara vai quebrar o sigilo”... Eles achavam que era para quebrar o sigilo de todos. Eu entrei ao vivo no programa do Datena e ele me disse: “Malta, tem uma comunidade dizendo: ‘Odeio Magno Malta’”. Eu disse: É claro! Todos são pedófilos. No outro dia, a comunidade sumiu. As pessoas estão desavisadas que estamos focados. Ninguém tem interesse de abrir sigilo de cidadão de bem. E a Google dizia: “Não, eu tenho que proteger o cliente”. Na verdade, o site de relacionamento não foi feito para o mal. Foi feito para o bem. Foi feito para você se relacionar, se comunicar com as pessoas. É perigoso! Sabem por que é perigoso? Porque antes do termo de ajuste de conduta, que veio depois, qualquer um entrava no seu orkut . Certo? Estava aberto, entravam. Você aceitava ou não, mas, qualquer um entrava. Qualquer um entrava e podia ver a sua página. Correto? E qualquer um podia entrar e, depois de aceito, sacar qualquer foto sua e levar para a comunidade dele. Então, o sujeito entrava e sacava foto da mulher e do marido com os filhos. Tirava a foto do marido e colocava em álbuns de homossexualismo, álbuns fechados, porque a foto de um homem bem vestido, também, é muito bem comprada nesse submundo; sacava a foto da mulher e colocava nos álbuns de prostituição masculina, principalmente, se estava de biquíni numa praia qualquer e sacava a foto dos filhos, porque há pedófilos que só gostam de fotos de meninos bem vestidinhos e as colocava nos álbuns de pedofilia. Então, há foto de filho de brasileiro, de família de bem, de menino vestidinho na porta da igreja, rodando por ai e sendo vendida no mundo inteiro. Tem um tipo desses desgraçados que só querem abusar e só compram a imagem de criança down ; tem um tipo desses desgraçados que só abusam de crianças desnutridas, que só se interessam por crianças desnutridas; alguns só querem crianças com lesão mental na cadeira de rodas. Isso é perigoso! Quem gosta muito de orkut quero dizer que é possível que uma foto sua esteja viajando por aí e sendo muito bem paga. Então, o que aconteceu com isso? Quando o Dr. Thiago me deu um dossiê de cinco mil páginas de pedofilia comprovada; algumas denúncias feitas pelo Disque 100... Aliás, quero fazer uma ressalta: o Disque 100 é importante quando você desconfia; quando você sabe de um pedófilo que mora num determinado lugar, para que haja uma investigação. Ele não serve para uma carga imediata, porque, senão, lhe frustra. Tem um problema na sua comunidade, você corre no orelhão e disca e fica esperando a Polícia chegar, ela não chegará. Acho que precisamos divulgar isso, Neide. Há muitas pessoas frustradas com o Disque100 porque a Polícia não vem. O Call Center , também, está deficitário. As pessoas ficam ao telefone e não têm atendimento. Então, é preciso dizer assim: olha, procure o Conselho Tutelar ou a Polícia; se a polícia não estiver, procure o vigia do primeiro prédio; procure a Guarda Municipal; procure o Ministério Público; entre em algum lugar, chame alguém. Em risco iminente, chame alguém! Do contrário, comece a dizer às crianças assim: olha, se não achar nada, jogue pedra; se não achar nada, pegue um pedaço de pau. Não falarei mais nada não, porque...

Pág. 12 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER AS POLÍTICAS PÚBLICAS DE PROTEÇÃO À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE CONTRA O ABUSO SEXUAL E O USO DE DROGAS, REALIZADA NO DIA 15 DE MAIO DE 2009, ÀS 09:00 HORAS. É preciso! Chegamos numa situação, absolutamente, vergonhosa no mundo inteiro! Quando eu convidei a Google , fiz uma carta bonita como Presidente da CPI: “Convido os Senhores Diretores...” E eles me responderam com uma carta mais bonita do que a minha: “Estamos felizes, honrados... Essa CPI é o máximo. O Brasil precisava. Estamos juntos! Conte conosco! A Google ... Estaremos aí na quinta-feira. Eu chamei o Dr. Suyama e falei: Olha aqui. Está vendo? Você falou tão mal e os caras virão. Ele falou: “Duvido!”. Chamei o Dr. Thiago e falei: olha Thiago... Ele falou: “Duvido!” Chamei o Sobral, da Polícia Federal, ele falou: “Eu quero ver”. Eu falei: Vocês vão ver. Na quarta-feira, às 16:00 horas, chegou um comunicado por e-mail : “Pedimos desculpas a essa amada CPI... O senhor está fazendo um bom trabalho. Parabéns! Conte conosco! Nós temos um encontro nos Estados Unidos com o nosso servidor. Qualquer outra ocasião - quem sabe, quem sabe - nos encontraremos”. Eu falei: é verdade! Eles contrataram uma banca de advogados de São Paulo. Eu acho isso o fim do mundo: o sujeito jogar contra a sua Nação, contra as crianças. Eles orientavam a Google a não cumprir a lei do Brasil. Este País não tinha legislação mesmo para combater crimes cibernéticos. A legislação que tinha para combater crime organizado, ou seja, qualquer tipo de abuso contra a criança era o ECA, em seus arts. 240, 241 e 244. Uma legislação, absolutamente, frouxa; que precisava juntar o Código Penal para que o juiz pudesse levar esse cara a algum lugar. Mas, facilmente, um advogado, por mais inexperiente que fosse, descolava esses artigos, dizia que não houve conjunção carnal, que ele só passou a mão. Não tem lei para bulinamento. E o monstro voltava à rua! Pois bem, mas, minimamente, temos o Código, o Estatuto da Criança e do Adolescente. Temos o Código do Consumidor e o Código Civil Brasileiro, que diz que qualquer empresa multinacional que põe os pés nesta Nação se torna uma empresa nacional. E nesse caso obriga-a a cumprir com a lei do País. Pois bem, reunimo-nos, na quinta-feira, e eu li a carta da Google e disse: Mas eles virão. Vão vir! Para os estudantes de direito, quero dizer que uma CPI do Congresso Nacional tem poder de polícia e poder de justiça. No exercício da Presidência eu sou juiz e sou polícia. Eu os convoquei! Não mais convidei com a educação do primeiro dia, mas, os convoquei. E os convoquei coercitivamente e mandei a Polícia Federal trazê-los. Dei uma coletiva: “Eles virão?” É claro que eles virão. Amanhã eles estarão aqui! Virão! A Polícia Federal já foi buscá-los. E fui para o meu gabinete. Então, recebi um telefonema que alegrou a minha alma: “Senador, o ex-Ministro Márcio Thomaz Bastos quer falar com o senhor”. Disse: “Que bom!” Nem sabia o que era. E o Ministro sumiu, hein! “Oi, Magno! É o Márcio rapaz.” - Oi, Márcio! E aí? Diga lá. “- Magno, bicho, eu não entendo nada de negócio de internet . Não! Você convocou os caras da Google agora. Não foi? Convocou?” - Convoquei! “- Rapaz, eu saí da sede, agora, da Google. Fui contratado pela Google. Dê-me cinco dias que eu levo os caras aí.” Eu falei: Dou-lhe oito. Estou feliz da vida! Vou à tribuna do Senado, agora, dizer que eles contrataram você e que, agora, você é o advogado deles. Você é ex-Ministro da Justiça, não vai jogar contra o... “- Não! Não, fale isso. E tal!” Pág. 13 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER AS POLÍTICAS PÚBLICAS DE PROTEÇÃO À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE CONTRA O ABUSO SEXUAL E O USO DE DROGAS, REALIZADA NO DIA 15 DE MAIO DE 2009, ÀS 09:00 HORAS. Eu digo: Não, Márcio, eu vou... E corri lá e falei: Pela Ordem, Sr. Presidente... E já fui falando: a Google contratou o Sr. Márcio Thomas Bastos. Agora, estamos feitos, porque ele é ex-Ministro da Justiça e não vai jogar contra o País. Não é, Jayme Campos? (RISOS). Ele vai atender tudo. Agora, os caras vão cumprir a lei! E o Márcio me ligou e falou: “Magno, você falou aí agora?” Falei! “Rapaz...” Não, Márcio, estou feliz, rapaz. A Nação está feliz! Poxa, esses caras tinham uma banca de advogados que diziam para não cumprirem com a lei e, agora, você vai mandar cumprir! Eu lhe dei oito dias. No sexto dia ele me ligou e falou: “Estamos prontos para ir. Vem cá: vocês não vão prender ele não. Não é?” Não! Eu disse: Não. Tem minha palavra. Será muito bem tratado aqui. Ele chegou para o Sr. Alexandre Hohagen, Presidente da Google... É um rapaz educado. Ele estava cumprindo ordens dos Estados Unidos. E o Sr. Alexandre fez o depoimento dele. É gente boa pra caramba! E encerrou dizendo: “A Google está pronta para assinar o Termo de Ajuste de Conduta com o Brasil”. Eles enfrentaram o mundo! Têm seis anos de uma guerra com a Espanha, com o Reino Unido, com a Índia, nos tribunais internacionais. Quando ele terminou de falar, que iria assinar o Termo de Ajuste de Conduta, eu quebrei 3.264 (três mil, duzentos e sessenta e quatro) álbuns fechados de pedofilia! Ali o mundo assistiu... Os jornais do mundo inteiro. O jornal El País estampou uma página inteira dizendo: “Senado do Brasil... - esse que a mídia nacional tenta tanto desmoralizar - ...põe a Google de joelhos! Põe Google no banco dos réus”. “O Brasil presta um serviço ao mundo”, dizia uma nota do jornal New York Times . Nós quebramos o sigilo! “Mas como entregar o sigilo? São discos rígidos que estão na América” Vocês tragam os discos rígidos. Montamos um aparato de internet . E um aparato de internet com os melhores programas do mundo para abrir Eles nos entregaram. Eu pensei que já tivesse visto tudo na minha vida, senhores e senhoras, achei que narcotráfico era o último instrumento do inferno, de satanás para destruir as famílias. Eu sempre achei isso. Mas, quero dizer aos senhores e as senhoras que pedofilia é absolutamente pior do narcotráfico E vou dar outra informação mais dura: O Brasil já tem mais gente usando criança do que usando drogas. Ao quebrar o sigilo, Promotores, Polícia Federal, ONGs, reunidos numa mesa, cada um com laptops com programas avançadíssimos, para abrir as primeiras imagens, quero dizer uma coisa aos senhores: Eu vi a própria degradação da humanidade. A primeira imagem que me deparei foi um pediatra de São Paulo estuprando uma criança de vinte dois dias de nascido. Meninas e meninos de sete anos, oito anos, pegos no Orkut e alguns em sala de bate-papo, clicando com menina ou menino da mesma idade que, na verdade, era um monstro que estava do outro lado e que desenvolvia um relacionamento de meses, dois, três, até conquistar a amizade da amiguinha, do amiguinho. E esse amiguinho e essa amiguinha ficam até de madrugada no computador, enquanto os pais dormem. Um menino de seis, sete anos... Criança não pode e está em site de relacionamento na sala de bate-papo. Tem pai e mãe desavisados que batem no peito: “Eu não sei nada ainda desse negócio de computador, mas meu filho, que tem seis anos, sabe tudo” - como se isso fosse uma glória.

Pág. 14 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER AS POLÍTICAS PÚBLICAS DE PROTEÇÃO À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE CONTRA O ABUSO SEXUAL E O USO DE DROGAS, REALIZADA NO DIA 15 DE MAIO DE 2009, ÀS 09:00 HORAS. Imagens de meninas de sete anos tendo sexo com três homens; meninos de cinco anos de idade tendo relações homossexuais, estimulados pelo site de relacionamento. É o fim do mundo! A própria lama da humanidade! Aquelas Promotoras, uma delas, do GAECO do Espírito Santo, começou a vomitar; em seguida, a outra, a outra; e essa que tinha duas crianças pequenas começou a vomitar bílis em cima do computar. Eu nunca vi uma cena tão trágica na minha vida, de tanto sofrimento, que temos vergonha de ser um ser humano. Quero dizer aos senhores e as senhoras que estamos vivendo um momento tão ímpar na história do Brasil que não precisamos de bravata, de quem diz que vai melhorar a economia brasileira, até porque a economia brasileira está sólida, os fundamentos são sólidos, começou com Fernando Henrique e o Lula teve a grandeza de segurar isso lá. Não precisamos de ninguém que fale que vai inventar inclusão social, muito pelo contrário, o Fernando Henrique ameaçou e o Lula foi. A inclusão social tem vindo. O Brasil tem anos de sofrimento, mas melhorou bem! Os povos estão sendo incluídos educacionalmente. Eles estão sendo incluídos. Falam: “Ah, Bolsa-família é esmola! Tem que ensinar dar o peixe!” Não pode dar o peixe, tem que ensinar a pescar. “É, mas tem tanta gente neste País que já sofreu tanto e não vai aprender a pescar mais não! Tem que dar o peixe é na mão mesmo! Entendeu! Já pagou um preço muito grande!” Então, quer dizer que vão inventar a roda? O Brasil precisa de um homem ou de uma mulher que discuta a segurança pública deste País! O nosso grande problema é narcotráfico e falta de segurança! O nosso grande problema é abuso de crianças neste País! Homens e mulheres que estejam dispostos a fazer vida pública para tomar na mão a luta das crianças e das famílias! Estudos - a Neide sabe, porque viaja o mundo e ouvimos isso com tristeza por aí nos Congressos - de estudiosos do comportamento humano, daqui e muito mais de fora, dizem que se o Brasil não tomar providências, nos próximos quinze anos, seremos nós a sociedade mais lesionada emocionalmente do mundo! Então, por que estou falando isso? Porque milhões de pessoas adultas, que nos ouvem, que estão nos vendo agora, que foram abusadas na infância; pessoas que trabalham, que convivem na faculdade, na Igreja, na ONG, gente boa... Nós falamos: “Fulano é tão bom, mas é estranho”! “Dr. Fulano é um cara bacana, mas, de repente, fica sério, some, não fala com ninguém”! “Poxa, fulana é tão alegre, mas é estranha! Ela fica sem falar com as pessoas, fica mal humorada”! “Ah, fulano está bom, está ruim”! Muitas vezes, são pessoas que foram abusados na infância e não sabemos. Por que eu sei disso? Porque - outro dado que achei que nunca me ocorrer - recebi milhares de e-mails de pessoas que dizem: “Olha, sou casada, tenho pesadelos, esmurro o meu marido de madrugada. Hoje, ele entende, eu grito...” Porque foi abusada de sete a doze anos de idade. “Eu sou médico. Quando estou fazendo cirurgia, começo a suar frio, tenho que sair do centro cirúrgico, porque lembro quando o meu pai começou a abusar de mim com cinco anos de idade”. “Sou Pastor, quando estou pregando não consigo entender mais nada! Eu tenho que parar, porque lembro que o meu pai abusava de mim com três anos de idade”. Eu estava em uma Audiência Pública debatendo sobre abuso de crianças e segurança, e a Deputada Federal Marina Magessi era a mediadora da Mesa, e quando comecei a falar da quebra do sigilo do orkut , olhei para ela, uma Policial casca grossa do que enfrentou a milícia, que começou a tremer o queixo e começou a chorar. Quando devolvi a palavra, ela falou: “Quero falar para os senhores aqui, para a imprensa, aos meus colegas, alguma coisa que guardo desde a minha infância, há vinte e dois anos faço análise, não sei se mudou a minha vida, não Pág. 15 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER AS POLÍTICAS PÚBLICAS DE PROTEÇÃO À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE CONTRA O ABUSO SEXUAL E O USO DE DROGAS, REALIZADA NO DIA 15 DE MAIO DE 2009, ÀS 09:00 HORAS. sei se adiantou nada, mas quero dizer que fui abusada dos cinco aos doze anos de idade. Uma sociedade absolutamente lesionada! E aí, o que temos que fazer? Diante daquele quadro, por falta de legislação, fui ao Presidente Lula, porque precisávamos mudar uma Lei do ECA. Alguém escreveu o texto lá que dizia que o cara só era criminoso se fosse pego teclando. Mas, ele podia ter tudo que é desgraça de abuso de criança no computador e no pen drive dele, que era um homem de bem. Mas, se ele fosse pego teclando, aí ia acontecer a Operação Carrossel no Brasil, busca e apreensão. Os jornais e televisão mostrando: “Duzentas buscas e apreensões”. Só computador de pedófilo. Perícia... Demorou. Os caras continuam abusando, porque eles não param, são compulsivos. E, no final, é um pedófilo. Mas, e agora? E agora? Devolve o computador deles, porque não tem lei para prender. Só um desavisado foi preso, porque o pegaram teclando. O resto não! Devolveu o computador dos caras. Estão devolvendo os computadores dos caras! Nós fizemos a criminalização da posse. Nós modificamos as Leis n°s 241 e 240 do ECA. Eu fui ao Presidente Lula, quando da CPI, e ele me disse: “Senador Magno Malta, não quero ver não”. Eu falei: Presidente, o Senhor precisa ver. Precisa ver uma imagem! É ruim, mas, senão, é um mero encontro protocolar. Eu falei: Vou te mostrar a imagem do Tenente de São Paulo, aquele Pai de Santo que pegamos na rede de bate-papo da UOL. T inha seiscentos na rede do Pai de Santo, inclusive esse Tenente muito respeitado na Corporação e no condomínio onde vivia. Porque o pedófilo... Quem é pedófilo? O pedófilo é uma sombra, é um individuo acima de qualquer suspeita, é alguém que qualquer um põe a mão no fogo por ele. O pedófilo é o seu melhor amigo, seu melhor empregado. O pedófilo é o marido da melhor amiga da sua esposa, ou ela mesma o é, que você viaja e deixa os filhos para dormir na casa dela, porque é de confia e o marido está abusando dos seus filhos. O pedófilo é o seu melhor funcionário, é o sujeito que dirige a Van que leva o seu filho à escola. O pedófilo pode ser o professor, o padre e pode ser o pastor. Por que estou falando isso? Porque tenho imagem deles todos. Para vergonha, tenho imagem de todo mundo na quebra do sigilo da internet . Ouvi falar: “Você está pregando terror. Agora, vamos viver de paranoia?” Não estou dizendo nada disso, para alguém viver de paranoia. Mas, estou dizendo que é para viver de paranoia. “Há, mas o Senhor está dizendo para não confiar em ninguém”. Não falei nada disso. Mas, estou dizendo que não é para confiar em ninguém. Confiem desconfiando! É preciso que chegue numa situação tão caótica, que é preciso pegar uma criança de tenra idade e dizer: “Meu filho, esse aqui é o seu piu-piu, essa aqui é a sua perereca, filha, aqui é seu bumbum, aqui ninguém põe o dedo, aqui ninguém põe a mão, só mamãe e o médico, o doutor, quando a mamãe levar, quando a mamãe estiver olhando. Se alguém tentar fazer carinho aqui, grita, conta para a mamãe, não tenha medo. Se disser que vai matar a mamãe, é mentira! Não acredita.” Tem que ensinar uma criança - olha que situação - a se defender. Deixe-me fazer um parêntese aqui: filho é dádiva de Deus! Criar filho não é obrigação da polícia, não. Porque, quando acontece um negócio na comunidade, falam: “A polícia também não fica na rua...” Não! Criar seu filho não é dever de polícia, é seu. A responsabilidade é sua. “Ah, porque esses políticos não fazem leis...” Criar filho não tem nada a ver com político. O político tem a responsabilidade de criar o filho dele, e você o seu! Você tem que dizer assim: Que tipo de filho eu estou criando? Que tipo de cidadão estou formando? Que tipo de caráter estou trabalhando para entregar à sociedade? A responsabilidade é de pai e mãe.

Pág. 16 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER AS POLÍTICAS PÚBLICAS DE PROTEÇÃO À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE CONTRA O ABUSO SEXUAL E O USO DE DROGAS, REALIZADA NO DIA 15 DE MAIO DE 2009, ÀS 09:00 HORAS. Deus não nos deu essa dádiva para um DVD tomar conta desse filho. Você põe um DVD de música infantil, põe ele sentado na frente da televisão e ele fica ali. Você o ensinou a jogar na internet e agora ele fica no joguinho. Não foi para isso! Tem que ficar na creche, devido à situação da sociedade avassaladora, que as pessoas têm que trabalhar? Infelizmente tem, mas nem a creche foi feita para criar filho. Educação de filho é para os pais. Você que tem que olhá-lo. Você tem que tomar conta dele. Uma criança abusada dá sinais, e muito profundos: ela começa a comer compulsivamente, volta a fazer xixi na cama, ou não quer comer mais. Por que quando sua criança volta de determinados lugares, faz xixi e diz que o canal urinário está ardendo você nunca olhou a calcinha dessa menina? Por que esse menino diz que está sentindo dor nas costas, dor no ânus, e você nunca olhou a cueca dele? Por que, quando você fala de determinados lugares ou de determinados nomes de parente, seu menino refuga? Por quê? Ou por que ele só quer viver na casa de determinadas pessoas? Por que só quer dormir na casa dos outros? Ora, criança dormindo não brinca. Então, o filho da gente não precisa dormir na casa de ninguém. Por que o computador da sua casa está no quarto, não está na sala onde você possa ver, perguntar, inquirir e instruir? Na verdade, eu vim dar uma panorâmica, não vim dar uma aula de criação de filho, mas é preciso, é necessário que essas coisas aconteçam. Eu mostrei ao Presidente Lula a imagem de um Tenente que pegou uma criança de dois anos que foi à casa dele brincar, tirou a roupa da bichinha, a colocou na cama, pôs a mão no peito, a mão dele era maior do que o corpo dela, e ejaculou na boca da criança. E a bichinha, chamando-o de tio, falava assim: “Tio, é uim, é uim! Tio, é uim! Tio, é uim! Tá suzo, ta suzo!” Eu vi o Presidente Lula virar um bicho dentro da sala. Começou a andar para lá e para cá, colocava a mão na cabeça, me olhava e falava assim: “O povo pedirá pena de morte?” Eu falava: Vai. “- O povo virá para a rua, não virá?” Virá. “- O que vamos fazer?” Eu disse: Presidente, se não criarmos um instrumento que tire esses monstros das ruas - até para proteger a vida deles -, se não construirmos um instrumento que não tenha progressão, instrumento sem progressão, mais rastreamento eletrônico até a morte, porque eles são compulsivos e quantas vezes vierem para a rua cometerão abuso... A nossa Carta Magna tem um dispositivo de causa pétrea. Acho que tínhamos que arrebentar com essa causa pétrea em favor da criança. Não tem conversa! (PALMAS) “Então, está conquistado! Faremos isso! Vamos criar um tipo penal, porque o tipo penal não existe no Código Penal Brasileiro.” Presidente, precisamos criminalizar a posse. Nós quebramos o sigilo do Orkut. Ele disse: “- Quebraram o sigilo do Orkut, encontraram um monte de gente. E daí?” Falei: Calma. Espero que a partir do dia 20 o Brasil esteja bem melhor. E o Presidente Lula pegou nos meus braços, ligou para o Tarso Genro na minha frente e disse: “Precisamos sancionar isso, e logo, pelo amor de Deus!” Tínhamos cinco meses de CPI, fizemos a lei e no Congresso do Rio o Presidente Lula sancionou na nossa frente. O mundo voltou os olhos para o Brasil por causa desse gesto. Só vinte e sete países no mundo têm essa lei! E nós, um País em desenvolvimento, nos inserimos num contexto mundial, e quebramos o sigilo da Google! Escrevemos regras, Sr. Presidente. O que é regra? A Google vem, e aqui eu quero fazer justiça, a partir daí a Google se tornou parceira do Brasil, assinou um termo de ajuste de Pág. 17 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER AS POLÍTICAS PÚBLICAS DE PROTEÇÃO À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE CONTRA O ABUSO SEXUAL E O USO DE DROGAS, REALIZADA NO DIA 15 DE MAIO DE 2009, ÀS 09:00 HORAS. conduta, e o Sr. Alexandre Hohagen, aquele que veio à CPI com o Sr. Márcio Thomas Bastos, foi promovido. Agora ele é presidente da América Latina, porque assinou o termo no Brasil e será obrigado a assinar na América Latina toda. Então, como é ele que sabe, daqui a pouco ele será o presidente do mundo, porque eles terão que assinar com o mundo e no congresso na Índia. Após a minha fala, entreguei para a Índia os pedófilos indianos, o sonho deles, que pegamos na quebra aqui no Brasil, porque o crime é transnacional, o crime é mundial! Começamos a trabalhar, trabalhar e trabalhar. Começamos a viajar pelo Brasil e fui socorrer os bispos da ilha de Marajó. Que absurdo! A Marajó, Prefeito Wilson Santos, Vossa Excelência, que um dia poderá ser o Presidente da República, está na vida pública - e “quem está na chuva é para se queimar”, dizia Vicente Mateus, e “quem entra no fogo é para se molhar” - não tem cobertura do SIVAM - Sistema de Vigilância da Amazônia, e as nossas crianças são levadas para as Guianas em pequenas canoas para subirem nas embarcações, terem relação sexual e descer com cinco quilos de arroz. E o cara fala: “Se isso existe, não é por ruindade, não, é por culpa do Governo, é por falta de inclusão social, é para matar a fome.” Espera aí! O cara na beira do rio, amigo, com tanto peixe! Se é para trocar por cinco quilos de arroz, por que ele não dá o dele? Por que não manda a mulher dar o dela? Por que tem que ser a criança? Mentira! Abuso de criança não tem justificativa! Não tem justificativa! E temos que criar uma legislação para os ônibus da água - lá não tem asfalto, só tem água, os barcos são os ônibus - para instalar sistema de câmera dentro deles e em cada policia militar das regiões por onde passa o barco, para que as polícias vejam os barcos por dentro o tempo inteiro. E, assim como os batalhões tiram serviços nas ruas, nas frentes dos bancos, dos estádios, que os batalhões de locais que são banhados por águas, que as corporações tirem serviços dentro dos barcos, uma maneira de criar proteção e impedir que o crime aconteça. Votamos, no âmbito da CPI, a criação do tipo penal de abusos de criança de zero a quatorze anos; de dezesseis a trinta anos. Dezesseis a trinta anos para não quebrar o ordenamento jurídico brasileiro, que eu não acho que essa maravilha. Fala-se: “Ordenamento Jurídico...” Eu não acho essa beleza toda, mas está lá. Temos os códigos horríveis, velhos, de 1940, de 1952, que estão mais a serviços do crime do que da sociedade. É preciso mudar o Código Penal Brasileiro urgentemente, o Código de Processo Penal urgentemente a serviço da sociedade brasileira. Aliás, a sociedade brasileira precisa de uma lei de exceção para os próximos vinte anos, para dar prisão perpétua para o narcotráfico, prisão perpétua para abuso de criança, prisão perpétua para crime organizado. (PALMAS) A Lei 41 Bis, que foi criada na Itália após a morte Giovanni Falcone - a roda já foi inventada, não precisamos mais inventar, é só copiar a 41 Bis... O sujeito que abusa de criança, o narcotraficante... O nosso problema não é de Segurança Nacional, porque, até onde eu sei, Bin Laden não tem nenhum problema conosco, não quer jogar bomba aqui, até onde eu sei, não temos problemas com ninguém, somos gente boa, mas eu sei que temos fronteiras e os nossos vizinhos, os mais próximos, não gostam de ordenamento jurídico. Temos 1.100 quilômetros abertos com Paraguaia, de onde vem toda maconha para consumo interno e faz do Brasil entreposto internacional, porque a maconha - da para cima é o polígamo da maconha - da Bahia para baixo vem do Paraguai, e vem também o contrabando de armas.

Pág. 18 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER AS POLÍTICAS PÚBLICAS DE PROTEÇÃO À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE CONTRA O ABUSO SEXUAL E O USO DE DROGAS, REALIZADA NO DIA 15 DE MAIO DE 2009, ÀS 09:00 HORAS. Nós temos, na Amazônia, duas mil e quinhentas pistas clandestinas para aeronaves de pequeno porte, clandestinas para o narcotráfico e armas, para matar sociedade brasileira, matar e consumir os nossos filhos. Temos setecentos abertos aqui. Não é? Setecentos abertos aqui! As cabriteiras por onde passam os carros roubados. E nós não temos cobertura do SIVAM por aqui? Precisava ter. Então temos que discutir Segurança Nacional. E Segurança Nacional não é o medo de ser invadido pelo Irã. O Irã não fala que vai invadir o Brasil. O nosso problema de Segurança Nacional, Sr. Presidente, é o narcotráfico e é a violência! Esses são os problemas! Nós não precisamos de Ministro do Meio Ambiente que vá a público dizer que é preciso legalizar as drogas. Um Ministro, um homem que faz um discurso na rua precisa saber que, como cidadão, ele pode falar o quiser; mas, como Ministro, ele é o braço do Governo e não pode falar isso (PALMAS)! Aliás me entristece muito o discurso que é o mesmo do ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso. Mostra que não conhece o País. O homem que pede a legalização de drogas no Brasil não conhece as lágrimas de uma mãe que chora, porque tem um filho drogado; não conhece a fila de uma penitenciária num domingo, quando uma mãe de quarenta, cinquenta, sessenta anos vai visitar um filho, e é preciso ficar nua, ser revistada em suas partes mais íntimas, para ver um filho lá dentro desde os dezoito anos, que aprendeu fumando maconha, porque lhe abriram uma oportunidade; e esse cara nunca viu uma fila de cemitério em novembro, quando uma mãe vai visitar o túmulo de um filho de treze, doze anos que morreu nas drogas! E um Ministro vir a público dizer que o Brasil tem que legalizar as drogas! Que conversa é essa? Discurso fácil de quem não tem coragem de enfrentar o problema (PALMAS)! Quero encerrar minha fala dizendo que nós votamos o tipo penal. E nesse tipo penal criamos um tipo penal absolutamente importante, criamos o tipo penal “bulinamento”. Qualquer indivíduo que bulinar uma criança de zero a catorze anos de idade... Acabou a história dos advogados que defendem esses canalhas dizerem - aliás, eles têm direito, todo mundo tem -: “Não houve conjunção carnal, Sr. Juiz. Esse homem não penetrou a vagina dessa criança de dois anos de idade.” Que discurso! “Ele só tocou. Só pôs o dedo.” Agora, o tocar vai dar de oito a dez anos de prisão! Está criminalizado o bulinamento (PALMAS)! Criamos o tipo penal no Senado e ele vai à Plenário, Senador Jayme Campos, para nós darmos o nosso voto com gosto lá! Votaremos na próxima semana a lei que, agora, determina que todas as embaixadas do Brasil para conceder um visto, entre todos os documentos, o indivíduo tem que entregar a sua ficha criminal. E com a ficha criminal, a embaixada do Brasil no País local, na sua relação com a chamada difusão verde, e as autoridades da INTERPOL checam se o sujeito já teve alguma investigação de abuso de criança. E, mesmo que não tenha sido consumado, se pagou pena por abuso de criança, está em liberdade constitucional, esse indivíduo nunca terá visto para entrar no Brasil. Em segundo lugar, aquele que tem visto, para renová-lo, agora também terá de fazer a mesma coisa. Isso quer dizer que nós reduziremos o chamado turismo sexual do Brasil. Os Estados Unidos já fizeram essa ideia. Eu falei sobre ela pela primeira vez naquele encontro na Argentina, e, depois, quando falei em Genebra, os Estados Unidos fizeram-na rapidamente; agora, o Japão votou, ainda este mês; e nós também vamos votar. O Presidente Lula vai sancionar a difusão vermelha. A difusão vermelha é uma linha absolutamente importante. Para que os senhores possam entender, darei um exemplo: o Salvatore Cacciola tinha um mandado de prisão no Brasil, estava na Itália, vivendo bonito, regaladamente, desfrutando dos seus bens. Ninguém podia proibir a Itália de não ter difusão vermelha. Mas ele relaxou e foi para o Reino Unido. A Interpol estava olhando para ele. O Reino

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Não deixará de ser réu primário, porque ninguém começa sendo secundário. É primário sempre. Mas os privilégios que dizem: “Não! É réu primário. Tem essa e aquela vantagem”... Quando o crime for abuso de criança, não terá vantagem nenhuma! Não terá vantagem nenhuma! Quarto lugar, se esse réu primário tiver curso superior, terá a pena agravada pelo abuso de criança. Nós, na terça-feira, vamos nos sentar com o CONANDA e vamos discutir o mais belo dos projetos, que é o projeto do depoimento sem danos. Nós não podemos revitimar a criança. A criança conta para a mãe ou na escola, depois conta no Conselho Tutelar e tem que repetir isso para o Delegado, para o Ministério Público e depois para o Juiz, tem que ir para reconhecimento, etc. Se vocês pudessem estar em Catanduva para ver a miséria que cerca a vida daquelas crianças, quase setenta e oito já do mesmo bairro. Passei de casa em casa, e falei para minha mulher que, se eu ficasse mais meia hora, moraria lá. Mães desempregadas, todas as crianças tomando remédio controlado, todas elas abusadas por um cafetão descarado que está preso, chamado Zé da Pipa, um desgraçado que aliciava crianças e as levava para a classe média alta abusar. Esses desgraçados estão foragidos, mas nós vamos achá-los. Como foragido está o Dr. Jacob, formado em Harvard , o homem que ajudou gestar o Plano Real. Serviu os Governos de Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso, Lula; estava como assessor do Senador Aloizio Mercadante; e começou a espalhar na rede do Senado imagens de pedofilia. Foi pego no gabinete do Senador Aloizio Mercadante. Quando a investigação da polícia ao Senado chegou, o Senador Aloizio foi chamado, chamou seu assessor e o demitiu na mesma hora. Ele é um especialista. O Senador Aloizio era da Comissão de Economia e mandou seu assessor de volta para o Banco Central, seu órgão de origem. O Dr. Jacob voltou para o Banco Central, pediu uma licença até 2011 e fugiu. Está com um mandado de prisão, mas fugiu para Portugal. Senador Jaime Campos, irei ao seu Gabinete lhe mostrar as imagens do Dr. Jacob. Só abusa de criança no berço. Pedofilia no Brasil é desdentada, mas tem dente de porcelana também; é analfabeta, mas é doutora, mora em condomínio, está em colunas sociais. E o Brasil verá! Pedofilia no Brasil reza missa, dirige culto, é empresária, é desempregada. A Pedofilia no Brasil tem mandato. Os senhores viram lá o Deputado Luiz Seffer, do Pará? Tinha rede de hospital, seis mandatos, rico! Luiz Seffer, aliás juntando o nome dele dá Lúcifer (RISOS). Foi para isso que essa CPI viajou tanto, conforme disse a mídia. CPI instituída para durar cento e vinte dias. Quando uma CPI é votada, precisa ser votada com orçamento também. O orçamento dessa CPI é de quatrocentos mil reais para cento e vinte dias. Gastou duzentos mil reais em um ano e três meses! Dá vontade de ir embora! Eu agradeço por ter vindo aqui. Fica com as crianças, fica com o Kaytto, com a família do Kaytto, esse menino que se torna um símbolo... E eu me comprometo aqui de que, em Pág. 20 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER AS POLÍTICAS PÚBLICAS DE PROTEÇÃO À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE CONTRA O ABUSO SEXUAL E O USO DE DROGAS, REALIZADA NO DIA 15 DE MAIO DE 2009, ÀS 09:00 HORAS. uma dessas leis que votaremos na próxima semana ou nos próximos quinze dias, não no tipo penal, porque no tipo penal eu pretendo colocar o nome da Joana Maranhão, que é um símbolo, a nadadora que teve coragem de enfrentar o seu técnico, mas, quem sabe, nesses dez anos de cadeia por bulinamento de criança nós possamos colocar no nome dessa lei, Senador Jaime Campos, o senhor pode propor, o nome do Kaytto (PALMAS). Eu conclamo os senhores e senhoras para que façamos uma grande cruzada. Eu conclamo os senhores e senhoras para que não abramos mão dessa questão. Esse é o mote mais importante da sociedade! Porque a criança não é azulejo, a criança é a pedra fundamental! Ninguém começa a construir casa pelo azulejo, mas começa com a pedra. Ninguém nasce na terceira idade. Nós nascemos na primeira idade. É ali que tem que cuidar, porque tem um processo: Processo da adolescência, da juventude e da velhice. E quantas pessoas frustradas, pessoas com depressão na velhice, porque foram abusadas na infância, e ninguém lhes deu ouvidos, ninguém lhes ajudou? Mas, vamos esperar o prefeito Wilson Santos fazer como Prefeito... Aliás, faz um belo trabalho, que eu tenho conhecimento na área social... E pode fazer mais e deve fazer mais, é pai, tem sentimento... Aliás, o governador pode fazer... Porque fazer esgoto é bom, fazer asfalto é necessário, estrada, então, nem se fale, mas cuidar de gente é melhor! É melhor! (PALMAS) E há tanta coisa a se fazer. Aí o “cara” fala: “Mas, o que faz uma CPI municipal? Não tem poder de nada! Não tem poder de polícia, não pode quebrar sigilo, não pode nada...” Pode! Poxa! Pode mapear a cidade, pode chamar o Conselho Tutelar para dentro... Tem muito Conselho Tutelar dando errado. Nós temos mandado de prisão para presidente de Conselho Tutelar abusando de criança. Tem membro de Conselho Tutelar abusando de criança. Chamar para dentro! Quantos casos, nos últimos cinco anos? Quantos foram levados à polícia? Quantos foram levados ao Ministério Público? Quantos andaram? “Não, porque o Conselho Tutelar é votado. O cara é eleito da comunidade.” Mas é preciso colocar regra. Que tipo de cara pode ser votado? Precisa escrever regra. O sujeito precisa ser militante da vida. Ele precisa dar sinais de querer dessa luta! Porque, senão, qualquer um, o cara que tem força na comunidade se candidata. O cargo no conselho tutelar é remunerado, qualquer um vai... E se fizesse um mapeamento? E o Cyber Café ? E as Lans Houses ? Tudo isso que envolve o código de postura pode uma CPI municipal fazer. Uma CPI municipal, por exemplo, pode fazer uma lei. Dia 18 é o dia de combate? Votaremos o mês inteiro! O mês inteiro. O que pode fazer no mês inteiro? “Ah! Mas não tem orçamento.” Nem é preciso ter orçamento, é preciso ter criatividade. Vamos fazer uma campanha de poesias nas escolas que só tratam dessa questão. Deixem as crianças fazerem e depois publica livros com essas poesias. Mexa com a sociedade, com a família! A mãe ensinará a criança a escrever...(PALMAS) Faremos mais o que? Monte um palco na praça e faça um festival. Faça eliminatória nos bairros e depois faça o ganho final, as músicas só falam sobre isso. No final faz CD, faz DVD e distribui para a sociedade. Que mais poderemos fazer? Faremos uma campanha do muro mais bonito. Cada qual irá atrás da sua própria tinta e terá criatividade para pintar o muro na defesa da criança. O sujeito vai entrar na cidade e vai dizer: Poxa, que cidade bonita, não tem nenhum muro sujo, os muros todos bonitos! É tudo na defesa da criança. Que frase bonita! Caramba! E você classifica os dez mais bonitos muros, os dez melhores, as dez melhores frases e dá lá um prêmio, dá medalhas, incentiva. Não precisa ter orçamento, só precisa ter criatividade. O Prefeito de Macaé chegou perto de mim e falou: “Eu vivo um grande problema, muito drogado na minha cidade e tem muito mendigo na rua”. Eu falei: porque que você não Pág. 21 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER AS POLÍTICAS PÚBLICAS DE PROTEÇÃO À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE CONTRA O ABUSO SEXUAL E O USO DE DROGAS, REALIZADA NO DIA 15 DE MAIO DE 2009, ÀS 09:00 HORAS. resolve, dá para resolver com trinta dias. “Mas, como assim? Não, o negócio do petróleo, o povo correu para lá e tal... Rapaz, tem gente que enche uma Kombi e solta dentro da cidade da gente, outros enchem um ônibus e soltam na cidade da gente, e não temos como fazer nada”. Amigo, eu sei na sua cidade um monte de gente que recuperam drogados, e sei de gente que recupera mendigo também. Eu conheço umas freiras que têm casa que recupera menina drogada, prostituta, viciada em crack , em cocaína. Imagina uma freira pegar a casinha dela, pegar a geladeira dela, ela vai dormir no sofá, pega a cama dela e dá para duas meninas dormirem, põe uma beliche improvisado, mais um colchonete no chão e fica fazendo rifa. Rifa. Imagina o cara que tem uma casa de recuperação de drogados, tem vinte drogados. Olha, um drogado fora da rua é um bem que se faz à sociedade. Um só fora da rua é a possibilidade a menos de um seqüestro, estupro; a possibilidade a menos de um carro roubado, de uma criança abusada; uma possibilidade a menos com drogado fora das ruas. E o cara que tem coragem de tirar vinte e colocar dentro de casa, vai pedir ajuda na Secretaria de Ação Social... E o sujeito fala: “Esses caras são todos picaretas! Dá uma cesta básica para ele”.Conversa! Conversa! Eu falei: prefeito, chama todo mundo, faz um café com ele, honre-os. Esse pessoal todo lá... “Amigo, como é a sua instituição? Traz um DVD de três minutos, roda para todo mundo ver. Poxa! Bacana, hem! Sua beliche está ruim, rapaz, o seu freezer está acabadinho”. Chama a Associação Comercial, o povo quer participar, o Governador tem força, o Prefeito tem força, chama a Associação Comercial. Fala: “Está vendo? Eu vou precisar de você aí. Eu preciso trocar essas beliches. Você tem quantos? Vinte! Eu vou te dar trinta beliches. Você vai ter sessenta agora. Chama o Ministério Público e, junto com o Ministério Público, faça um convênio. Imagine, o sujeito que tira os mendigos da rua. A sua Associação fala: não, eu vou recolher o mendigo, mas vou levar para uma casa ali. Fulano toma conta. Nós temos convênio lá. Ele toma conta, dá banho, deixa bonitinho. Você não pega feito bicho, joga no ônibus e quer manda para casa com uma passagem. Ele volta. Faz isso, prefeito, larga mão disso. “Ah! Eu quero construir uma casa de recuperação...” Você sabe mexer com isso? Isso é espiritual, você sabe? “Não, mas eu tenho funcionários”. Prefeito, funcionário nenhum quer tomar conta de filho de ninguém. Ficou drogado, bandido, falando palavrão, não. O cara tem medo. E se ele vai para lá, cumpre as quatro horas dele e vai embora... Isso aí é investimento de vida, Prefeito. O senhor tem que ir atrás de quem tem sacerdócio, de quem tem a alma nesse troço, rapaz. (PALMAS) Desculpe, eu nem vim falar sobre isso aqui. A nossa luta é essa, porque tem tanta instituição tomando conta de criança, e mendigando, fazendo por puro sacerdócio. Crianças aidéticas, crianças abusadas... Por exemplo, eu sou evangélico. Vejo tantos Psicólogos preparados nas nossas Igrejas. Eu queria ver uma manifestação! Há um movimento que nasceu em , tão lindo! “Mães contra a pedofilia”. Nasceu nas ruas. “Mães contra a pedofilia”, sabem o que elas fazem? Fazem chá; fazem café; fazem almoço; compram computador para o Conselho Tutelar, para o Projeto Sentinela. Eu fui ao Projeto Sentinela, lá em Roraima, quando o Procurador, aquele homem poderoso, abusava das... Ele ia três vezes para o motel, por dia, abusar de crianças de 3 a 4 anos de idade. A menininha grávida dele, com doença venérea, oito anos, a bichinha, e não tem um carro para levar... Cheguei à Assembleia Legislativa, cheia de Deputados Estaduais, lotada! E aí vi o Procurador, aquele desgraçado! Eu falei: Oh, gente, não tem um carro lá, fiquei com uma vergonha danada, fui lá agora... Parabéns para as Psicólogas! Aliás, parabéns para o pessoal dos Conselhos; parabéns para o pessoal do Projeto Sentinela; parabéns para o pessoal que toma conta das ONGs que cuidam das crianças aqui em Cuiabá, aqui no Estado... (PALMAS)... Pág. 22 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER AS POLÍTICAS PÚBLICAS DE PROTEÇÃO À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE CONTRA O ABUSO SEXUAL E O USO DE DROGAS, REALIZADA NO DIA 15 DE MAIO DE 2009, ÀS 09:00 HORAS. ...Eu disse: não tem um carro! Eu sou evangélico, e sei que os senhores gostam de zombar do Dízimo e da oferta. Eu gosto de dar a oferta e gosto de dar o Dízimo. Eu creio na Bíblia, eu dou! Então, vou levantar uma oferta é agora, falei para eles. Dei R$1.000,00 (mil reais), e passei uma sacolinha. Levantei R$12.000,00 (doze mil reais). A Primeira-Dama falou que deu mais R$8.000,00 (oito mil reais), compraram um carro para o Projeto Sentinela. É tão fácil! Se chamarmos, as pessoas vêm! Tem gente que está em casa sem saber o que fazer. Tem mulher que dorme tomando remédio controlado, e o marido tem um monte de dinheiro no banco e ela também. Tem cara que toma remédio controlado, e quando é chamada para uma festa, aluga um vestido por R$4.000,00 (quatro mil reais). Vai para a festa em que a luz é negra e ninguém nem vê o tal vestido! Mas, no outro dia, sai na coluna social. Mas, se chamar, elas vão participar!... Mandaram-me encerrar. Acabou! (PALMAS). O SR. PRESIDENTE (RIVA) - Quero agradecer imensamente ao Senador Magno Malta. E quero compartilhar com os senhores e pedir desculpas ao Senador. Estamos desde ontem tentando um avião para deixar o Senador no Rio de Janeiro. Infelizmente não foi possível. Recorremos a todos os aviões particulares, uns estão em São Paulo, outros estão não sei onde... E o Senador tem um compromisso às 18:30 horas no Rio de Janeiro. Então, seria impossível deixá-lo perder um compromisso marcado há mais de seis meses. Temos que agradecer muito a sua disponibilidade, Senador, e pedir desculpas, porque, realmente, não foi possível viabilizar. Ele mesmo colocou, ontem, que viria, com maior prazer, mas, teríamos que colocá-lo no voo hoje. E a única possibilidade é o voo que sairá às 11:40 horas. Daremos sequencia a esta Audiência Pública, agradecendo ao Senador. Vou acompanhá-lo até lá fora. Convido a Deputada Chica Nunes para presidir esta Audiência Pública, dando continuidade, porque gostaríamos, na verdade, que este tema não parasse aqui; não parasse no discurso do Senador. Que os Senhores e Senhoras permaneçam aqui por mais uma hora. Quem sabe por mais uma hora faremos alguma estratégia para nos somarmos com muito mais força a esse movimento. Combinado? Muito obrigado. Convido a Deputada Chica Nunes para presidir esta audiência pública. (A SRª DEPUTADA CHICA NUNES ASSUME A PRESIDÊNCIA ÀS 10:59 HORAS.) A SRª PRESIDENTE (CHICA NUNES) - Dando continuidade a esta Audiência Pública, convidamos para fazer o uso da palavra a Srª Neide Castanha, Coordenadora do Comitê Nacional do Abuso Sexual da Criança e Adolescente. A SRª NEIDE CASTANHA - Só gostaria de esperar os cumprimentos ao Senador acabar, depois dessa brilhante participação, que demonstra o seu compromisso de autoridade, de homem público e, sobretudo, de pessoa cidadã, humana, envolvida nessa causa que tantas vezes requeremos. Necessitamos desse tipo de intervenção. Eu queria dizer-lhe, Senador Magno Malta, como uma pessoa que participa do Movimento Social Brasileiro a favor da infância e da adolescência, o quanto somos gratos por seu envolvimento, por seu empenho e, sobretudo, pela contribuição concreta que vem dando ao Brasil e ao mundo na defesa das crianças e dos adolescentes. Bom-dia a todos e a todas! Pág. 23 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER AS POLÍTICAS PÚBLICAS DE PROTEÇÃO À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE CONTRA O ABUSO SEXUAL E O USO DE DROGAS, REALIZADA NO DIA 15 DE MAIO DE 2009, ÀS 09:00 HORAS. Gostaria de cumprimentar os Pares que compõem a Mesa nesta solenidade, nesta Audiência Pública. Quero fazer algumas referências especiais, correndo o risco, como todos quando buscam fazer algum destaque ou alguma referência dentro de uma solenidade, em um ambiente como este, em que, verdadeiramente, sabidamente, todos e cada um, só por estar aqui, são deferências especiais. Não poderia deixar de aqui mencionar, pela forma emblemática que caracteriza a nossa luta em favor da infância e contra todos os tipos de violência a que pude... Primeiramente, quero cumprimentar esta Casa, a Assembleia Legislativa do Estado do Mato Grosso, na pessoa do seu Presidente, Deputado Riva, pelo envolvimento e tomada de posição imediata frente a uma questão concreta que mobiliza toda sociedade; que, ainda que venha motivada pelo estado de comoção, não perde, efetivamente, a condição de responsabilidade dos Poderes Públicos e da sociedade na tomada de posição imediata. Gostaria, também, de dizer, Senador Magno Malta, antes que perca o avião que, efetivamente, a contribuição que a CPI da Pedofilia do Senado Federal tem dado ao Brasil e ao aperfeiçoamento do marco legal, com certeza, nos dispõe de ferramentas e instrumentos que nos permitirá não repetir a história que temos visto a cada dia com nossas crianças e adolescentes, como a que aconteceu, recentemente, aqui, em Mato Grosso, simbolizada no caso do menino Kaytto. Eu queria, minha amiga - que acho que foi dar uma entrevista - Deputada Federal Thelma de Oliveira, que desde 2003 colocou incondicionalmente uma contribuição nacional na luta pelo combate à impunidade, pela consolidação de redes de proteção social e de garantias de direito à criança e adolescente... Hoje, certamente, não é conhecida como a Deputada que defende as causas e as questões das crianças de Mato Grosso, mas, como a Deputada que defende as causas e as questões das crianças brasileiras e do mundo. Com a Deputada Thelma de Oliveira aprendemos, pois, corríamos esse Brasil inteiro acompanhando a CPMI da Exploração Sexual, que o cansaço não poderia existir. Aliás, era uma CPMI de mulheres. O homem que nos acompanhava era o Deputado Luiz Couto. Nós passávamos noites e noites em depoimentos e aprendemos como é importante sustentar a esperança. Porque no olhar de cada menina, de cada menino, que ouvíamos, víamos depositada a esperança de que éramos capazes de fazer alguma coisa. Aqui, em Cuiabá, não poderia deixar de falar do Prefeito Wilson Santos. Comecei a conversar com o Prefeito Wilson Santos, dizendo assim: Olha, eu não queria voltar aqui para dizer que temos, apenas, solenidade. Eu queria voltar aqui para dizer que temos ações; que temos práticas; que temos, verdadeiramente, uma atenção, um acolhimento, às crianças e adolescentes ao que elas têm de alma e de verdadeiro, que são suas expressões infantis, suas expressões juvenis, numa contribuição de responsabilidade conforme sua idade. Um ano depois eu voltei e vi o que estava acontecendo enquanto políticas públicas à infância a partir desse compromisso assumido pela Prefeitura de Cuiabá. Não precisaria dizer isto porque vimos, hoje, nesta solenidade a participação delas. Não é? (PALMAS) E a sociedade civil organizada, que costumo dizer que tem que matar um leão por dia para continuar fazendo a sua missão; para continuar fazendo a sua tarefa? O Estado de Mato Grosso respondeu, imediatamente, há quase quinze anos, com sua contribuição e responsabilidade nessa luta. Temos, hoje, uma rede nacional que se organiza em cada Estado, buscando manter a mobilização da sociedade como uma força viva no enfrentamento dessa questão. Pág. 24 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER AS POLÍTICAS PÚBLICAS DE PROTEÇÃO À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE CONTRA O ABUSO SEXUAL E O USO DE DROGAS, REALIZADA NO DIA 15 DE MAIO DE 2009, ÀS 09:00 HORAS. Aqui, em Mato Grosso, podemos manter essa relação, essa conexão, com essa rede nacional. Sempre que necessitamos aqui estava a sociedade, através das suas organizações, colocando, brigando, reivindicando, cobrando, mas, também, propondo e colocando sua força, sua energia, a serviço das nossas crianças e adolescentes. Queria, então, dizer da nossa gratidão a Srª Dulce Regina Amorim, que é representante do Comitê Nacional no Estado de Mato Grosso, que está conosco o tempo todo nessa luta, fazendo o Brasil na unidade contra a violência sexual de criança e adolescente. Obrigada, Dulce, por nos representar aqui no Estado. (PALMAS) Por fim, não encerrando a nossa lista de deferência, mas, entendendo que cada pessoa aqui está, com certeza, porque entende a dimensão da sua responsabilidade no dever de proteger crianças e adolescentes. Mas ter aqui e nesta hora, porque já tiveram que sair muitos deles e delas em razão das suas atividades e responsabilidades próprias, por exemplo, como a escola... Mas ter crianças e adolescentes presentes nesta Audiência Pública, sem dúvida, é apostar que, realmente, precisamos deixar de lado a noção imaginária de que adolescentes é problema; é o rebelde; é o aborrecente, pois, muitos acham, de alguma forma, características para dizer de uma fase de vida; para dizer que temos sujeitos históricos de uma possível mudança. (PALMAS). É neles e nelas que podemos apostar que somos capazes de ser diferentes. Temos uma juventude responsável; temos uma adolescência responsável e temos uma infância responsável. Achamos que o nosso mundo adultocêntrico, que, como disse aqui o Senador, criamos uma cultura para dizer: Cala boca, menino, você não sabe o que está falando, que pode construir as vulnerabilidades de não possibilitá-los interditar a violência acometida sobre eles. Acho que essa nova fase que inaugura, em que não são aqui enfeites, chaveirinhos de adultos para encher plenários, mas que são pessoas, sujeitos históricos de suas próprias vidas e que podem, sim, fazer uma sociedade diferente, um Brasil diferente, um mundo diferente. Gostaria também de dizer que o Comitê Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual Contra Criança e Adolescente presta toda a sua solidariedade à família do Kaytto; presta toda a sua solidariedade à família mato-grossense; presta toda solidariedade à família brasileira, que vive, a cada momento, a cada dia, o sofrimento de centenas de casos como esse, mas que vê que nenhum de nós está ausente de ser vítima dessa tragédia, como a nossa companheira Dilma, também, de Comitê Nacional, que aqui representa o Comitê Municipal, que é vítima dessa situação, dessa tragédia, ao tempo que é uma lutadora nacional pelo fim da violência sexual. Hoje, 15 de maio, comemoramos o Dia da Assistente Social e gostaria de parabenizar aquelas que se encontram nesta Audiência Pública e aquelas que não puderam estar presentes. Eu acho que depois da fala do Senador Magno Malta, não precisamos mais dizer da dimensão desse problema, porque estamos diante de uma das maiores tragédias da contemporaneidade, talvez um dos maiores desafios para que possamos retomar a nossa condição mínima de humanidade. Enfrentar a violência sexual, combater a violência contra criança e adolescente talvez seja o maior desafio colocado para uma sociedade que sequer humana; que sequer contemporânea e que sequer moderna. Acho que a comparação que ele faz com a velocidade e a modernidade das novas tecnologia, da internet, coloca-nos diante de uma indagação e de uma indignação: O que nos faz ser modernos? Incompatível com o viver, a contemporaneidade e a modernidade, com esse tipo de situação que aniquila a vida de milhares e milhares de crianças no

Pág. 25 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER AS POLÍTICAS PÚBLICAS DE PROTEÇÃO À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE CONTRA O ABUSO SEXUAL E O USO DE DROGAS, REALIZADA NO DIA 15 DE MAIO DE 2009, ÀS 09:00 HORAS. mundo, talvez tivéssemos que parar para pensar que estamos muito mais próximos - enquanto uma relação da humanidade, de homens, de pessoas - à barbárie do que à civilidade. Então, é preciso que se questione o que é pode ser modernos, poder ser contemporâneos, se vivemos com uma situação dessa natureza! E se é assim, temos que compreender que estamos diante de uma situação que é responsabilidade de todos: do Poder Público; da sociedade; mas, é responsabilidade de cada um. É uma tomada de posição, onde não vai ter o filho do outro; onde todas as crianças são nossas crianças; onde todas as crianças são nossos filhos e onde todas as crianças são de nossa responsabilidade. E é importante conceber que a violência, então, que cada criança sofre é uma violência que cada um de nós está sofrendo. Somente uma mudança da concepção de que a violência sexual contra a criança e o adolescente é uma violência contra a humanidade; é um crime contra a humanidade; e que a pedofilia, o abuso, a exploração de crianças e adolescentes são formas subjetivas de escravizar uma sociedade, ou seja, são formas modernas de escravidão. E é isso que nos coloca muito mais próximo à barbárie do que à civilização. Acho que se nós pudemos assumir desafios muitos maiores que coloca a nossa possibilidade enquanto homens, o primeiro desafio que temos a assumir - e aí quero contar com o Presidente desta Casa e dizer: Nós pudemos, em bem pouco tempo, estar reunidos para dizer que foi possível que uma sociedade tomasse a responsabilidade de dizer: “Aqui, as nossas crianças podem desenvolver a sua sexualidade de forma segura, protegida, livres do abuso e da exploração sexual, porque os poderes públicos foram capazes de colocar ferramentas disponíveis para isso”. As Casas Legislativas foram capazes de criar leis em que foi possível amparar situações de proteção à criança e combater o crime na sua real rigidez de crime. As políticas públicas foram capazes de combater aquelas condições que fazem famílias, crianças e adolescentes vulneráveis. Mas, sobretudo, a sociedade foi capaz de alterar um padrão de comportamento de relação de criança e adolescente que, realmente, possa se considerar civilizada, amorosa e acolhedora para com todas as crianças. E é nessa perspectiva que o comitê vem entendendo que depois de anos de luta e que hoje, realmente, a sociedade reage - e o Senador tem razão - de dizer: “Eu posso e quero colaborar e precisamos partir com uma atitude”. Nós vamos começar com uma atitude. Estamos, então, neste dia 18 de maio de 2009... Não mais que a Deputada Thelma, que nos acompanha nesse tempo todo, sabe que começamos fazendo a campanha: “Exploração sexual é crime”! “Precisamos de mais cadeia”. “Precisamos combater a impunidade”. Precisamos da rede de proteção, é claro, mas, colocando sempre uma atitude fora de uma atitude de cidadania. Este ano não! Nós estamos lançando uma campanha em que buscamos o cidadão e dizemos-lhe: Faça bonito! Proteja nossas crianças e adolescentes! Tome uma atitude! É você que tem que fazer algo! Queremos que, num tempo bem próximo, quando esta florzinha for apenas vista, como num button , num adesivo de carro, em qualquer situação, saibamos que ali tem um cidadão que fez a sua opção pela civilidade, pela humanidade e pelo acolhimento. Vamos querer pensar como a fitinha da AIDS, que ao olhar para um singelo desenho de criança, saberemos que queremos fazer bonito, e fazer bonito é ter essa sociedade amorosa, acolhedora, que fortalece cada criança, que será capaz de sentir confiança em cada adulto, pai, mãe, professor, amigo, vizinho, autoridade, por terem construído no seu imaginário qual é a diferença entre um afeto do carinho afetivo com o carinho abusivo. Pág. 26 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER AS POLÍTICAS PÚBLICAS DE PROTEÇÃO À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE CONTRA O ABUSO SEXUAL E O USO DE DROGAS, REALIZADA NO DIA 15 DE MAIO DE 2009, ÀS 09:00 HORAS. Transformaremos isso porque nesta hora criança e adolescente é uma responsabilidade de todos, até quando ele olhar para cada janela, cada pessoa, cada ambiente e possa dizer: “Aqui eu estou em um ambiente sadio e seguro.” Toda criança é nossa criança. O folder que soltamos nessa campanha... E aqui também dizia o Senador: Quem é o pedófilo? Qual é a cara? Qual é o perfil? Como faremos uma ajuda às famílias, às crianças, aos professores, à comunidade, dizendo: Olha, o pedófilo é aquele que tem cara feia, que tem cabelo assim, que tem braço assado. Não. Fazemos o contrário, sabemos como proteger a criança. Quais são as dicas para termos um diálogo respeitador, acolhedor, disciplinador, mas com dignidade e direitos para a criança e ao adolescente. Esperamos, sim, que o desafio lançado nesta Casa hoje, nesta audiência, colocado pelo Presidente, de que somos capazes, sim, de nos reunir outra vez, mas para contabilizar o fim da impunidade e a proteção de todas as crianças e adolescentes possam ser assumidos pela comunidade, pela sociedade de Mato Grosso e que possamos ser o elo que irradiará pelo Brasil a nossa capacidade de amar, de querer, de acudir e acolher todas as crianças e adolescentes brasileiras. O Comitê Nacional se sente honrado de participar desta Audiência Pública, mas se sente muito mais comprometido e responsável com essa iniciativa e esse tipo de tomada de decisão que se inicia nesta semana de 18 de maio, neste mês de maio que dedicamos ao Momento Nacional de Mobilização de Todos em Combate à Violência Sexual de Crianças e Adolescentes. (O DEPUTADO RIVA REASSUME A PRESIDÊNCIA ÀS 11:23 HORAS.) A SRª NEIDE CASTANHA - Parabéns! Estamos à disposição nessa luta. Muito obrigado. (PALMAS) O SR. PRESIDENTE (RIVA) - Peço desculpas, mais uma vez, a todos que participam desta Audiência Pública. Aproveitando a presença do Dr. Paulo Prado, da Drª Amine Haddad, da Drª Ana Cristina Silva Mendes, que é juíza da 1ª Vara de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher, da Drª Lindinalva Corrêa, e quero fazer um agradecimento especial ao Ministério Público, que tem dado toda a atenção a essa questão, porque há uma indagação muito grande por parte da sociedade. Não seria possível criar uma vara especializada apenas para esse crime? Porque admitir que um cidadão que comete um crime de pedofilia demore dez anos para ser punido é degradante. Assim, eu gostaria de pedir ao Dr. Paulo Prado, e pediremos ao Judiciário mato-grossense, que estude a criação de uma vara especializada para esse tipo de crime para que ninguém fique sem ser punido por um crime dessa natureza por mais de um ano. Acho que seria conveniente, até porque teríamos especialistas nessas varas. O nosso grande mal é admitir que o crime é organizado. Não é o crime que é organizado, mas o aparelho estatal que é desorganizado. Na verdade, o próprio Governo admite ser desorganizado na hora em que admite que o crime é organizado. Mas nós é que somos despreparados para combatê-lo. Quero conceder a palavra ao Deputado Federal Valtenir Pereira e quero fazer um agradecimento especial a ele, que acompanhou a Srª Janete Riva, juntamente com o Senador Jayme Campos e o Deputado Federal Eliene Lima ao gabinete do Senador Magno Malta, e tem se dedicado muito no combate à pedofilia. Com a palavra o Deputado Federal Valtenir Pereira. (PALMAS) O SR. VALTENIR PEREIRA - Bom-dia a todos e a todas. Quero saudar o Presidente da Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso, o Deputado Riva, cumprimentar o membro do Ministério Público, Dr. Paulo Prado, a Deputado Chica Pág. 27 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER AS POLÍTICAS PÚBLICAS DE PROTEÇÃO À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE CONTRA O ABUSO SEXUAL E O USO DE DROGAS, REALIZADA NO DIA 15 DE MAIO DE 2009, ÀS 09:00 HORAS. Nunes, o Secretário de Justiça e Segurança Pública do Estado de Mato Grosso, o Delegado Federal Diógenes Curado, a Deputada Federal Telma de Oliveira, o Prefeito Wilson Santos, a ex-Deputada Celcita Pinheiro, os Deputados Estaduais presentes, o Sr. Jorgemar, pai do Kaytto Guilherme, enfim, cumprimentar todos os presentes nesta audiência importantíssima para debater a exploração sexual de crianças e adolescente. A palestra ministrada aqui pelo Presidente da CPI da Pedofilia, do Senador Federal, foi muito esclarecedora, nos enriqueceu, trouxe vários elementos que podemos estar utilizando e debatendo no dia-a-dia. Eu gostaria de deixar aqui registrado as ações que temos feito, que, de forma direta ou indireta, vai repercutir também no combate à violência contra crianças e adolescentes. Assim que assumimos na Câmara dos Deputados, apresentamos um projeto de Emenda a Constituição Federal, que é a PEC 13, de 2007. Nessa PEC, nós pedimos a presença psicólogo e assistente sociais nas escolas, para acompanhar o nível de aprendizado dos nossos jovens e nossas crianças. Então, no ensino médio e no ensino fundamental passaria a ser obrigatória uma equipe de assistentes sociais e psicólogos para acompanhar essas crianças e esses adolescentes. (PALMAS) Qual o objetivo dessa PEC? Vimos aqui o Senador Magno Malta colocar que muitas vezes o pai, o padrasto, as mães também são autores do crime de pedofilia com seus filhos, parentes, enfim. Sabemos que a criança está descobrindo o mundo, começando a aprender e temos exemplos, por exemplo, que ficou descoberto que aquilo era crime, a partir de uma entrevista do Senador Magno Malta, explicando, na entrevista, que a criança, quando fosse tocada, que ela comentasse com os seus pais. E era um tio que vinha fazendo esse tipo de prática, e a criança entendia que aquilo era muito simples, que aquilo era normal. E, a partir da entrevista do Senador, aquela criança teve acesso e aí ela pegou e denunciou. Quando o crime é cometido dentro de casa fica muito mais difícil para descobrir. Daí a importância da psicóloga, da assistente social, como o Senador colocou com muita propriedade. A criança, às vezes, não quer comer, às vezes, ela não tem disposição para brincar, e a psicóloga e a assistente social vão com seu olhar técnico, com os conhecimentos científicos desses profissionais, identificar essas questões e vão atrás fazer a investigação. E aí tenho certeza que vamos começar a proteger nossas crianças, trabalhando na prevenção. E agora, mais recentemente, depois de nós, nesse período, estarmos fazendo uma série de avaliações, de pesquisas para podermos fundamentar as propostas de leis que estamos apresentando, a oitava PEC, o oitavo Projeto de Emenda à Constituição que nós apresentamos ontem, denominado PEC Kaytto Guilherme. Vimos que o Kaytto foi vítima exatamente de uma circunstância, de um pedófilo que foi condenado a quarenta e seis anos por ter violentado e matado a pauladas uma criança de oito anos, e por ter violentado e tentado contra a vida de outra criança, que só sobreviveu porque fingiu que estava morta, foi condenado a quarenta e seis anos de reclusão. Quando ele comentou esses crimes, a Lei dos Crimes Hediondos estava em pleno vigor, tinha plena validade. Até havia sido desafiada junto ao Supremo Tribunal Federal, mas era tida como constitucional. Mas essa lei, com a modificação da composição no Senado Federal, em 2006, por seis votos a cinco, foi declarada inconstitucional, no dispositivo que dava como tratamento a esses criminosos o cumprimento da pena em regime integralmente fechado. Com isso, permitiu-se que aquele assassino viesse às ruas para convivência com a sociedade. E, logo em seguida, com sessenta dias de convivência, voltou a

Pág. 28 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER AS POLÍTICAS PÚBLICAS DE PROTEÇÃO À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE CONTRA O ABUSO SEXUAL E O USO DE DROGAS, REALIZADA NO DIA 15 DE MAIO DE 2009, ÀS 09:00 HORAS. praticar o mesmo crime. E ele já havia dito lá atrás que, quando ele saísse, ele continuaria cometendo esse tipo de crime. Então nós apresentamos a PEC 364/2009, denominada PEC Kaytto Guilherme, exatamente para vedar, para proibir qualquer tipo de progressão de regime àqueles criminosos de crimes hediondos. E onde que fomos buscar o fundamento de validade dessa PEC, dessa Proposta de Emenda à Constituição? Nós sabemos que ela receberá críticas. Nós sabemos que ela será bastante atacada, porque existe um dispositivo na Constituição que versa que toda Emenda à Constituição que venha atingir direitos e garantias individuais do cidadão deve ser declarada inconstitucional. E sei que aqueles que não vão apoiar a PEC vão se utilizar desse tipo de argumento. Nós entendemos que o fundamento de validade dessa nossa PEC está no caput do art. 5 da Constituição, onde é assegurado aos brasileiros e estrangeiros que estejam no território da República Federativa do Brasil a proteção à vida, à liberdade e à segurança. Não podemos ver homens de bem, cidadãos de bem e senhoras de bem sendo atacados por aqueles criminosos contumazes que praticam crimes hediondos. Então, esse é o fundamento de validade. Nós vimos um exemplo claro à questão do Kaytto Guilherme, uma vítima inocente que foi atacada por um delinquente. E, dessa forma, o que aconteceu? Nós colocamos em risco a vida de um inocente por conta de conceder a progressão de regime que está permitido em legislação a um delinquente contumaz. Então, por isso que nós apresentamos a PEC e fazemos a fundamentação, o fundamento de validade com base no direito à vida. Todos nós temos o direito de não sermos atacados. Todos nós temos esse direito, e a sociedade tem que assegurar. E se tem que endurecer as legislações para que isso aconteça, isso é o fundamento de validade no art. 5 da nossa Constituição Federal. Nós já vínhamos trabalhando e estudando. E, quando aconteceu essa barbárie aqui em Cuiabá, que foi notícia nacional, não tivemos mais nenhuma dúvida para apresentar essa Proposta de Emenda à Constituição. Conseguimos, na primeira semana, apenas assinaturas, mas, esta semana, pessoalmente eu contactei os colegas Parlamentares, expliquei a situação para eles, pedi o apoio, e nós conseguimos ultrapassar as cento e setenta e uma assinaturas necessárias para apresentação da PEC, alcançando duzentas e três assinaturas, duzentos e três apoiamentos para o processamento deste Projeto de Emenda à Constituição. E, agora, nós trabalharemos (PALMAS) com o objetivo de fazer várias Audiências Públicas. Estive conversando com o Dr. Paulo Prado e pedi a ele, como membro do Ministério Público, para levar essa PEC à discussão no Conselho do Ministério Público aqui do Estado de Mato Grosso, para nos ajudar com mais argumentações, mais pesquisas para que possamos sustentar essa PEC e aprová-la na Câmara dos Deputados e depois no Senado Federal. Fazer os aperfeiçoamentos necessários. Nós estamos abertos ao diálogo. Mas o que não podemos é deixar como está. Nós precisamos mudar a legislação, precisamos avançar. Nós sabemos que a Constituição de 1988 é uma Constituição benevolente, foi feita num momento de transição do Sistema Ditatorial para o Sistema da Democracia. Então, várias questões foram asseguradas exatamente para poder implementar a democracia. E, hoje, a democracia no nosso País já está consolidada. Agora, precisamos avançar no combate à violência. É por isso que nós apresentamos esse projeto de emenda à Constituição.

Pág. 29 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER AS POLÍTICAS PÚBLICAS DE PROTEÇÃO À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE CONTRA O ABUSO SEXUAL E O USO DE DROGAS, REALIZADA NO DIA 15 DE MAIO DE 2009, ÀS 09:00 HORAS. Eu quero aqui, na oportunidade, parabenizar a Assembleia Legislativa por essa iniciativa para trazer a discussão para esta Casa da Democracia, para esta Casa de Leis debater esses problemas, o problema da exploração sexual das nossas crianças e dos nossos adolescentes e esclarecer para a sociedade. Até deixo aqui uma sugestão: que várias passagens da fala do Senador Magno Malta, a Assembleia Legislativa poderia constituir um vídeo de trinta segundos para esclarecer à sociedade o modus operandis da pedofilia. Isso será de fundamental importância, terá um alcance social fundamental. E, eu tenho certeza que o Presidente Riva, pelo compromisso que tem com a sociedade de Mato Grosso, não titubeará e analisará com muito carinho a possibilidade de lançar esses vídeos de trinta segundos nas televisões, nas rádios, exatamente para poder esclarecer a nossa população. Parabéns a Assembleia Legislativa e parabéns a todos os vinte e quatro Deputados Estaduais que aprovaram esta Audiência Pública para debater essa importante questão. Um grande abraço a todos. (PALMAS) O SR. PRESIDENTE (RIVA) - Agradeço o Deputado Federal Valtenir Pereira. Nós pediremos à TV Assembleia Legislativa que providencie a produção de trezentos cinqüenta fitas, que mandaremos uma para cada Câmara Municipal e pediremos para que façam uma Audiência Pública juntamente com o Conselho Tutelar. (PALMAS) Que passem na íntegra a fala do Senador Magno Malta em todas as Câmaras Municipais. A Sala da Mulher já assumiu essa coordenação, já falei com a Srª Janete Riva. A partir de segunda-feira ela estará com a sua equipe fazendo contato com todas as Câmaras Municipais, pedindo que façam Audiência Pública juntamente com o Conselho Tutelar, com o Ministério Público, com o Poder Judiciário, com os poderes constituídos e com a sociedade organizada; e que todos os municípios de Mato Grosso possam ouvir a fala do Senador Magno Malta, que é realmente uma fala muito forte. E que mande uma fita para cada RTV - Rádio e Televisão do Estado. Eu sugiro até que se mande na íntegra, e que a Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso reproduza o material de um minuto para as televisões daqui da nossa Capital, para tentarmos fazer um trabalho junto à rede de televisão estadual. Mas que essa fita seja enviada na íntegra para as RTVs, porque lá eles teriam condições de pinçar alguns trechos e estar, no decorrer dos dias, passando esse trecho. Também, uma cruzada que iniciaremos é para equipar os Conselhos Tutelares do Estado. A Assembleia Legislativa do Estado de Mato entregará ao Governador Blairo Maggi, na segunda ou terça-feira, um documento assinado pelos 24 Deputados Estaduais pedindo que o Estado faça um convênio com o Conselho Tutelar. E onde não tiver, ainda, um Conselho Tutelar, que nós possamos organizá-la. E onde tiver, que nós possamos, no mínimo, dar um veículo em condições para que eles possam fazer o trabalho. (PALMAS) (O SR. PROCURADOR PAULO PRADO DIALOGA COM O PRESIDENTE, DEPUTADO RIVA, FORA DO MICROFONE - INAUDÍVEL.) O SR. PRESIDENTE (RIVA) - Lembra bem o Procurador Paulo Prado, inclusive computadores para os Conselhos Tutelares. Na verdade, equipar os Conselhos Tutelares que desempenham um papel muito importante. Nós temos uma Lei Estadual, que é a Lei nº 7.482, de 31 de julho de 2001, que institui o Dia Estadual de Luta Contra a Violência, Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. Eu não sei se essa data tem algum acontecimento excepcional que tenha sido estabelecido essa data. Se não tiver, pediremos à assessoria da Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso que faça um estudo para estabelecer essa data, o dia da morte do Kaytto, para que nós o façamos. Pág. 30 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER AS POLÍTICAS PÚBLICAS DE PROTEÇÃO À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE CONTRA O ABUSO SEXUAL E O USO DE DROGAS, REALIZADA NO DIA 15 DE MAIO DE 2009, ÀS 09:00 HORAS. Eu disse ali, agora há pouco, é pena que, às vezes, tem que acontecer e o Kaytto precisou perder a vida para muita gente acordar. Quem sabe pode ser aí um marco. Então, nós vamos também fazer esse estudo. Eu não sei, logicamente, se tem algum significado muito especial. Eu não conheço. Eu vou conceder a palavra... Vou pedir às pessoas, nós temos muitos inscritos, logicamente que todos pensavam em usar da palavra e fazer um debate com o Senador, porém, o Senador não pode ficar. Então, nós vamos pedir... Todos nós temos ideias, temos sugestões, mas queremos constituir aqui alguma coisa permanente, para discutirmos permanentemente políticas públicas para crianças e adolescentes, especialmente nessa questão que eu falei aqui, da vara especializada; e mesmo sem sintonia mostra que... Por exemplo, Secretário de Segurança já encaminhou um pedido ao Desembargador Mariano Travassos, no sentido de estudar a criação dessa Vara Especializada de Crimes Contra Crianças e Adolescentes do Estado de Mato Grosso, Então, quero agradecer o Secretário e dizer que nós vamos somar esse esforço juntamente com o Ministério Público e pedir ao Judiciário que efetive esse pleito de Vossa Excelência. Eu vou conceder a palavras, mas vou pedir que não estendam muito, porque são muitas pessoas para falar. Nós temos vinte três inscritos. Se cada um usar três minutos, nós vamos falar durante uma hora e dez minutos. A partir de agora nós vamos ouvir nossas autoridades; em seguida, as pessoas que estão inscritas e que gostariam de participar. Com a palavra, a Deputada Federal Thelma de Oliveira. A SRª THELMA DE OLIVEIRA - Sr. Presidente, Deputado Riva, na pessoa dele, até para economizar o tempo, quero cumprimentar todas as autoridades que compõem a mesa. Eu acho que após essa palestra brilhante feita pelo nosso Senador Magno Malta, esta audiência tomou um significado muito grande. E quero dizer que o Parlamento Brasileiro, realmente, tornou-se o espaço estratégico importante dos diversos atores que existem. E dizia há pouco na minha entrevista, e o Senador falou muito bem, esse tema, essa situação, é de responsabilidade não apenas do Parlamento, mas é também do Poder Executivo, é também da família, de todos os atores envolvidos. Quero, na pessoa dessa minha amiga especial, que é a Neide Castanha, saudar todas as entidades! Trabalhar neste tema demanda compromissos, demanda vontade! Demanda, como disse aqui o nosso Senador, sacerdócio. As pessoas têm que realmente querer trabalhar com o tema, como é esse do abuso e da exploração sexual. As imagens a que aqui o Senador se referiu e que nós não vimos, são por demais chocantes! E aí quero aproveitar e cumprimentar o nosso Vereador Roosevelt que aqui está, que esteve conosco em uma Audiência com o Senador Magno Malta, vimos as imagens e ficamos realmente chocados! Eu o cumprimento, Vereador, por ter apresentado o Projeto para fazer a CPI da pedofilia aqui de Cuiabá... (PALMAS)... (O SR. DEPUTADO CARLOS BRITO ASSUME A PRESIDÊNCIA ÀS 11:43 HORAS.) A SRª THELMA OLIVEIRA - ...Porque é através dessa CPI que vamos trabalhar a questão aqui na nossa cidade. Não podemos deixar de nos sensibilizar; não podemos deixar de sofrer com a família do Kaytto que aqui está. Qualquer perda é sempre uma perda! E a perda de um filho,

Pág. 31 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER AS POLÍTICAS PÚBLICAS DE PROTEÇÃO À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE CONTRA O ABUSO SEXUAL E O USO DE DROGAS, REALIZADA NO DIA 15 DE MAIO DE 2009, ÀS 09:00 HORAS. nas circunstâncias da família do Kaytto, demanda muito mais dor do que qualquer outra perda que tenhamos tido em nossa vida...(PALMAS)... Por isso quero, Jorgemar, saudá-lo e dizer da sua força de transformar essa perda para alertar a todas as famílias e fazer com que nós queiramos continuar a nossa luta. Como disse a Neide aqui, em 2003 participamos da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito e foi a primeira vez que tivemos naquele momento a oportunidade de estudar a situação no Brasil como um todo. Participamos de inúmeras Audiências por este Brasil afora; participamos de diversas diligências percorrendo o Brasil, e, no final, fizemos o encaminhamento dessa nossa proposta. E quero lhes dizer que, além da pedofilia - que foi o foco que o Senador Magno Malta trabalhou, nós na CPMI Mista, que eram Deputados e Deputadas - trabalhamos uma outra coisa que aqui se referiu também o Senador, de maneira muito rápida, que são as redes de exploração sexual, da qual a Neide é uma das grandes batalhadoras. Essas redes existem e se transformam, também, em situações através das quais os adultos ganham dinheiro muito facilmente. No Rio de Janeiro - para vocês terem uma ideia - tinha uma rede que espalhava faixas na cidade oferecendo as nossas crianças, os nossos adolescentes, a R$ 1,99, como se fossem uma mercadoria a ser vendida que estava em promoção por R$ 1,99. No Nordeste, descobrimos um ônibus que era transformado em motel, Sr. Presidente, Deputado Carlos Brito. Transformaram o ônibus em diversos quartos e esse ônibus percorria os municípios oferecendo as nossas meninas a um preço baratíssimo. Aqui ,em Mato Grosso, descobrimos os barcos do amor na região de Cáceres, que, vocês sabem muito bem, pegavam as nossas crianças para os pescadores, que eram usadas no turismo sexual. E descobrimos muitos outros casos aqui, no Estado de Mato Grosso, em todas as cidades. Porque essa violência está enraizada no Brasil e no mundo como disse o nosso Senador. Quando estávamos à frente da PROSOL, de 1993 a 2002, fizemos uma parceria com a Universidade Federal de Mato Grosso e com a Organização Internacional do Trabalho e pesquisamos dez municípios próximos. Para quê? Pesquisa qualitativa: para criarmos e definirmos políticas públicas de combate ao abuso e à exploração. Tivemos, também, o apoio da CIRCO, que é a Comissão Interestadual Sexual de Crianças e Adolescentes da Região Centro-Oeste, do enfrentamento à violência sexual. Nessas definições de políticas públicas não basta, apenas, vontade política. Deputada Celcita, que, também, acompanhou a Comissão Parlamentar de Inquérito, pois, era membro da Comissão, é preciso, além da vontade política, recursos financeiros. É preciso que o Governo do Estado, as Prefeituras, tenham definido um orçamento para se trabalhar e fazer o combate. Naquela época, criamos diversos programas. Fizemos o que, agora, a Assembleia Legislativa está a pedir ao Governo do Estado: aparelhar os Conselhos Tutelares, colocando carros para os Conselhos Tutelares para que tenham condições de trabalhar. Naquela época, criamos o Projeto “Irmão Sol, Irmã Lua”; criamos o Projeto “Chané”, de proteção, de prevenção, para coibir essa situação e fizemos parcerias com oitenta e um municípios do Estado de Mato Grosso para trabalharem esse tema, caro Presidente Carlos Brito. Fizemos parcerias que não disponibilizavam, apenas, apoio técnico. Era, também, um apoio financeiro, pessoal, de recursos humanos, para trabalharmos esses lugares.

Pág. 32 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER AS POLÍTICAS PÚBLICAS DE PROTEÇÃO À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE CONTRA O ABUSO SEXUAL E O USO DE DROGAS, REALIZADA NO DIA 15 DE MAIO DE 2009, ÀS 09:00 HORAS. Dentre esses frutos, com muita honra, posso citar a região Norte, na pessoa da Dulce, que está aqui, que é uma batalhadora, que está trabalhando até hoje as regiões de Apiacás, de Alta Floresta. Está lá até hoje trabalhando essa situação! Então, há, também, a necessidade, a vontade política! Eu venho aqui pedir... Tinha separado uma série de outras coisas para falar. Dizer que entendo, Sr. Presidente, que nesta Audiência Pública, talvez, não tenhamos cumprido com seu objetivo fundamental, que é avaliar as políticas públicas, sim, do Governo do Estado, do Governo Federal, da Prefeitura. Precisamos saber como está o orçamento do Governo do Estado para as nossas crianças, para os nossos adolescentes, para o combate às drogas, para o combate ao abuso e à exploração sexual. Queremos saber dentre os municípios espalhados pelo nosso Estado - que são cento e quarenta e um - quais têm o envolvimento com este tema; o que a Prefeitura está fazendo em termos de programa de prevenção; o que cada gestora da área social está fazendo para combater esta situação? Precisamos, Sr. Presidente, Deputado Carlos Brito, nos reunir aqui novamente para analisar friamente o orçamento do Governo do Estado. Precisamos nos reunir novamente para, também, avaliar o Prefeito Wilson Santos, que é do meu Partido e que não tem nenhum problema em vir aqui expor o trabalho que ele e a companheira Celcita vêm realizando, que é belíssimo, através do Siminina, do PET, do PROJOVEM, dos programas da Prefeitura, para contribuir para que essa situação seja cada vez mais combatida. E aí, sim, Prefeito Wilson Santos, o senhor e tantos outros prefeitos que receberam o Prêmio “Amigo da Criança”, nós precisamos capacitar os nossos professores; capacitar os profissionais que trabalham na área social para que lá na ponta, na escola, a professora saiba que aquela criança, que está com comportamento diferente das outras, pode estar sendo vítima, sim, da exploração. Para que as mães, ao receber as informações nas escolas, saibam isso que o Senador falou aqui, que se o filho dela mudou de comportamento é porque pode estar sendo vítima de algum tipo de abuso dentro da sua própria casa. Então, nós, enquanto Deputados, Vereadores, Senadores, Prefeitos e Prefeitas, Governador, temos uma grande responsabilidade! Antes de encerrar a minha fala, gostaria de dizer que a Janete Riva, Coordenadora da Sala da Mulher, tem um papel importantíssimo para que possamos voltar aqui e aí, sim, em cima de dados, saber o que acontece com a política de proteção e prevenção para as nossas crianças e adolescentes do Estado de Mato Grosso. Isso nós precisamos saber, porque não podemos jogar isso apenas para a prefeitura. Nós precisamos, sim, ter o Governo Federal, o Governo Estadual e os prefeitos envolvidos nessa situação. Ao encerrar a minha fala, queria também saudar um dos grandes parceiros durante o período que estivemos à frente da PROSOL, que é a Polícia Rodoviária Federal, na pessoa do Calunga, que não está aqui hoje, mas que foi um grande... Cadê ele? Calunga, por favor, queira levantar-se. O Calunga foi um grande batalhador e continua sendo nessa área. Nós começamos o nosso trabalho fazendo mapeamento nas rodovias, aqui, do Estado de Mato Grosso. Sabemos que existem muitos pontos de exploração, e ele, com a sua determinação, com seu compromisso, com a sua responsabilidade, continua trabalhando até hoje. Você é um exemplo e um orgulho para Mato Grosso, Calunga. Parabéns! Pág. 33 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER AS POLÍTICAS PÚBLICAS DE PROTEÇÃO À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE CONTRA O ABUSO SEXUAL E O USO DE DROGAS, REALIZADA NO DIA 15 DE MAIO DE 2009, ÀS 09:00 HORAS. E para encerrar mesmo, queria saudar hoje, no dia 15 de maio, todas as profissionais do Serviço Social na pessoa da Tetê, da Dulce, da Neide, que são as grandes batalhadoras nesse ramo. Por último, gostaria de dizer que em alguns momentos estive bastante desanimada e triste com essa situação toda, porque batalhamos durante a nossa CPMI. Mas, hoje, ao ouvir o discurso do nosso Senador Magno Malta, ao ver o envolvimento dos nossos prefeitos, dos nossos vereadores - e aqui o nosso Vereador Roosevelt Coelho - da Sala da Mulher, através da Janete Riva, e do nosso Prefeito Wilson Santos, nós precisamos redobrar a nossa luta, a nossa responsabilidade e o nosso desejo de erradicar, por vez, esse mal que atinge a toda sociedade. Muito Obrigado a todos! Vamos à luta! Vamos continuar! O SR. PRESIDENTE (CARLOS BRITO) - Agradecemos as palavras da Deputada Federal Thelma Oliveira. Reconhecemos que a Audiência Pública deveria ter uma participação maior da plenária, mas, diante do pronunciamento do Senador Magno Malta, que, por si só, esgotou muitas das discussões que poderia haver, e é obvio que precisa ter continuidade esse trabalho. Então, Mato Grosso cresceu e a realidade, passado anos, hoje é outra. A população, seus problemas, suas dificuldades, cada qual em seu tempo, tem se esforçado para fazer sua parte, e nós cabe hoje dar continuidade a esse esforço. Então, gostaríamos de convidar o Prefeito Municipal de Cuiabá, Sr. Wilson Santos, solicitando a todos os oradores seguintes para que cumpram, efetivamente, os três minutos em razão dos demais que, também, têm outros compromissos. Muito obrigado! Com a palavra, o Prefeito Wilson Santos. O SR. WILSON SANTOS- Muito obrigado, Deputado Carlos Brito, que preside esta Audiência Pública! Gostaria de cumprimentar o Secretário de Estado de Segurança e Justiça, Dr. Diógenes Curado; a Drª Janete; a Deputada Federal Thelma de Oliveira; a Secretaria Celcita, em nome dos quais quero cumprimentar toda Mesa; e, em nome da Tetê, todas as Assistentes Sociais pelo Dia Nacional da Assistente Social. Quero dizer que esta é, em minha opinião, a mais importante Audiência Pública realizada nos últimos anos na Assembleia Legislativa de Mato Grosso. Eu sei que aqui tem se discutido o orçamento do Estado, investimentos na infraestrutura, do Estado, a questão ambiental tem merecido um espaço especial, saúde, educação, mas esse tema, sem duvida nenhuma, Porfª Jacy Proença, nos leva a essa consideração: A mais importante Audiência Púbica, dos últimos anos, realizada aqui na Assembleia Legislativa de Mato Grosso, pela importância, pela necessidade e pela oportunidade do tema. Quero externar a minha preocupação com os novos tempos: tempos carregados de novas doenças; tempos complicadíssimos! E se nós não nos capacitarmos, não mergulharmos em momentos de reflexão, não encontraremos soluções e apenas estaremos repassando o problema, transmitindo-o para outros, tirando das nossas costas. Quero citar alguns casos, rapidamente, como o do Kaytto Guilherme. Um caso que chocou a sociedade cuiabana, mato-grossense e nacional, Neide. Mas, foi apenas mais um caso! É provável que depois desse bárbaro crime, outros meninos tenham sido vítimas neste País, no mundo afora. Eu conversava agora com a Neide, ela me ensinando: Uma coisa é o pedófilo, a outra é o abusador sexual. O pedófilo é um doente incurável! Não há cura! E diante dessa assertiva Pág. 34 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER AS POLÍTICAS PÚBLICAS DE PROTEÇÃO À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE CONTRA O ABUSO SEXUAL E O USO DE DROGAS, REALIZADA NO DIA 15 DE MAIO DE 2009, ÀS 09:00 HORAS. da Organização Mundial de Saúde, nós precisamos saber o que fazer com um doente que não tem cura. Não há cura nos Estados Unidos, na Europa, na Ásia, no Brasil, em lugar nenhum! Não há cura para o pedófilo, segundo a Organização Mundial de Saúde. Ele não faz sexo com adultos. Ele só faz sexo exclusivamente com crianças. Ele não tem nenhuma atração por adultos. Ele só tem atração por crianças, por aquela imagem pura, inocente. É um desafio para a ciência, para os sociólogos, antropólogos, religiosos, políticos, Organizações não Governamentais, Organizações Governamentais; é um desafio colocado à sociedade mundial! Estamos diante de um paradigma, de uma constatação e precisamos investir recursos financeiros, nossas inteligências mundiais na busca de uma solução para não que esse mal não postergue. Outrora, a tuberculose não tinha cura; a hanseníase não tinha cura. A dedicação, o planejamento e a priorização dessas metas nos levaram a encontrar soluções e superar as barreiras. Agora, o abusador sexual, esse é bandido, esse é canalha, esse é mau caráter, esse é assassino frio e calculista, não tem nada de doença. E ele é a grande maioria nos crimes sexuais, que envolve atividade sexual. Achei importante colocar a questão dessa forma para que possamos ter compreensão do desafio diante do qual a sociedade moderna está. Quero parabenizar o Deputado Valtenir Pereira pela propositura da PEC, tem total apoio da Prefeitura de Cuiabá. Não adianta ficar acusando Juiz que liberou o bandido, porque a legislação permitia a ele a progressão de pena. O Juiz cumpriu! Juiz não faz lei. Juiz cumpre lei. Quem faz lei são o Congresso Nacional, as Assembleias Legislativas e as Câmaras Municipais. É o Poder Legislativo que tem a prerrogativa e autonomia de legiferar. Parabéns ao Deputado Valtenir Pereira, que não se encontra mais neste ambiente, mas eu gostaria, mesmo na sua ausência, de parabenizá-lo, porque foi feliz em, primeiro, ter estudado o caso e procurado uma alternativa capaz de fechar essa porta, essa brecha que há, permitindo ao criminoso a progressão da pena. Atendidos os requisitos necessários para a progressão, e provocado para tal, o magistrado não tem outra alternativa. Quero também dizer que a Prefeitura de Cuiabá, em parceria com o Governo Federal, com a União, vem trabalhando programas de prevenção como o de erradicação do trabalho infantil, o PET - as crianças que se apresentaram aqui pertencem ao PET. É emocionante constatar a evolução dessas crianças, que outrora viviam em ruas, já praticando pequenos delitos e hoje tocam violino, violão, viola de cocho, gaita, sanfona, algumas cantam até em inglês, fazem apresentação de músicas inglesas, e melhoraram extraordinariamente. Também temos o Programa Siminina, criado aqui em Cuiabá na gestão do Prefeito Roberto França, pela ex-primeira-dama Iraci, que é uma dádiva Divina, programa através do qual cuidamos de mais ou menos mil e seiscentas, mil e setecentas meninas/ano, na faixa etária dos sete aos quatorze anos. E, ao final do ano, dois números nos chamam atenção 99% aproximadamente, Vereadora Enelinda Scala, de aprovação escolar e 0% de gravidez na adolescência. (PALMAS) É um programa, Neide Castanha, que precisa ser objeto de observação pelo Governo Federal. Na minha opinião, o mais eficaz e mais eficiente programa de combate à gravidez na adolescência.

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Naquilo que nós da classe média fazemos uma vez por ano, uma vez a cada seis meses, um check-up, dez, doze, quatorze, dezoito exames. Mas os meninos das classes D, E e C não conseguem fazer o check-up . Às vezes, um diagnóstico feito na infância elimina uma disritmia, um par de óculos corrige uma doença grave na frente. Introduzimos o programa em três regiões da cidade: norte, sul e leste e já temos mais ou menos quarenta mil crianças. E as constatações são de exigir preocupação. O que tem de abuso sexual nas crianças das nossas creches e a rede de ensino fundamental é preocupante! Dados que passariam desapercebidos até que um outro monstro, um outro doente incurável assassinasse mais alguém. Temos feito esse diagnóstico e até as doenças que exigem acompanhamento médico já estão sendo acompanhadas com especialistas no tema. Temos o Programa Escola com a Família, que abrimos todos os finais de semana na periferia. E temos os Conselhos Tutelares, Deputado Riva, seis Conselhos em Cuiabá, e a orientação nacional é um Conselho para cada duzentos mil habitantes. Mas eu tenho certeza que se a Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso capitanear essa luta é possível introduzir um Conselho Tutelar em todos os municípios de Mato Grosso. Presidente Deputado Riva, essa é uma sugestão que deixo à Assembleia Legislativa. A orientação é um Conselho para cada duzentos mil habitantes. Então, Cuiabá teria que ter três Conselhos e temos seis. Mas, se Vossa Excelência pudesse capitanear a luta para ter um Conselho em todos os municípios, independente da sua população, seria um dos maiores gestos da sua passagem por esta Assembleia Legislativa no Estado de Mato Grosso. (O DEPUTADO RIVA REASSUME A PRESIDÊNCIA ÀS 12:08 HORAS.) O SR. WILSON SANTOS - Os Conselhos Tutelares de Cuiabá são referências nacional, referências para o país - e aqui está o Dr. Davino, um dos baluartes conselheiros, um grande coordenador - todos equipados com automóveis, computadores, sede , mas, é claro, se a Assembleia Legislativa puder ajudar mais, iremos aceitar. E quero dizer, Sr. Presidente, sobre orçamento, dinheiro. É a Assembleia Legislativa que vota o Orçamento do Estado. Que a próxima peça orçamentária possa finalmente, nos últimos anos, contemplar recursos para que o Estado possa fazer cofinanciamentos na política de assistência social dos municípios deste Estado, cofinanciamento. Os municípios não aguentam sozinhos. O Estado vive um bom momento econômico-financeiro. Saltou nos últimos cinco, seis anos de três bilhões para quase nove bilhões de arrecadação/ano. Os municípios clamam, pedem! A nova Lei Orgânica da Assistência Social determina que os Estados sejam cofinanciadores de políticas públicas na área social. Não é o assistencialismo puro e barato que não promove o ser humano, mas é política estruturante, estruturada de assistência social. Sim, o emergencial tem que ser feito, a cesta básica tem que ser dada, o cobertor tem que ser entregue! Mas aquilo é emergencial, é pontual, não pode ser política definitiva. O definitivo são ações que fazem com que o ser humano se autodesenvolva, que consiga se inserir no mercado de trabalho, reconhecer a sua condição de ser Pág. 36 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER AS POLÍTICAS PÚBLICAS DE PROTEÇÃO À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE CONTRA O ABUSO SEXUAL E O USO DE DROGAS, REALIZADA NO DIA 15 DE MAIO DE 2009, ÀS 09:00 HORAS. humano de imagem e semelhança de Deus, capaz de evoluir, de crescer e, em seguida, resolver suas questões, recebendo do Estado a capacitação, a orientação, as ferramentas necessárias para pôr em prática aquilo que ele sabe que aprendeu. Agradeço e parabenizo. Quero parabenizo o Vereador Roosevelt Coelho e todo os Vereadores da Câmara Municipal, pela feliz ideia de cria a CPI da Pedofilia e daqueles que abusam sexualmente. É importante saber disso: o pedófilo não tem cura. Não são palavras do Prefeito de Cuiabá, são palavras da Organização Mundial de Saúde. Ele é um doente incurável! E, felizmente, nesse teatro de terror, ele pratica a minoria dos crimes ligados à questão da sexualidade, felizmente. Agora os outros são crápulas, bandidos, porque fazem sexo com adultos, com adolescentes e com crianças. Esses, sim, são doentes de maus-caracteres, de safadeza, e temos que endurecer a legislação para colocá-los atrás das grades de maneira definitiva, para que nunca mais atormentem vidas de crianças e destruam vidas de famílias inteiras neste País. Obrigado. Eu pedi para antecipar minha fala, Presidente Riva, porque Vossa Excelência imagina uma cidade como Cuiabá com seiscentos mil habitantes, em que o período chuvoso ainda não terminou, e eu tenho muita coisa emergencial para correr ao Palácio agora para tentar resolver. Parabéns! Parabéns, Assembleia Legislativa! E que a Assembleia Legislativa possa, este ano, ao examinar de maneira rigorosa a Peça Orçamentária, destinar para o ano que vem relevantes somas e recursos financeiros para que os nossos Conselhos Tutelares, para que as Prefeituras, as Primeiras-Damas, as Secretarias Municipais de Assistência Social possam ter condições efetivas de diminuir as desigualdades sociais e de construir redes protetoras em ação social às nossas crianças, adultos e também à terceira idade. Parabéns! Vamos em frente encontrar soluções científicas e calor humano para debelarmos, de uma vez por todas, mais essa chaga que contamina, que influencia e que tanto mal traz à sociedade mundial, que é o ato da pedofilia e do abusante sexual. Muito obrigado (PALMAS). O SR. PRESIDENTE (RIVA) - Agradeço a participação do Prefeito Wilson Santos. E, realmente, no Orçamento é onde poderemos promover políticas públicas. Infelizmente, a Peça Orçamentária ainda é uma peça fictícia e, muitas vezes, a sociedade sequer quer discuti-la, porque sabe que em uma canetada ela pode mudar. Mas não só o Governo, como também nós vamos convocar todos os municípios, inclusive, Cuiabá, para ter cuidado no orçamento nas ações sociais. Ouviu, Prefeito? E não é, Roosevelt? Então vamos todos fazer uma cruzada. Quero dar uma notícia para os senhores, porque o Senador Magno Malta foi embora contrariado. Ele não queria ir. Ele ficou esperando, esperando, e eu falei: Vossa Excelência fica falando, e, se eu conseguir um avião, dou um sinal. Mas, infelizmente, não consegui. Mas ele mesmo já agendou com a Tânia, nossa Coordenadora aqui, que estará de volta a Cuiabá em dois dias. Quer dizer, em dois dias, não. Ele ficará aqui dois dias para fazer um debate com a sociedade sobre pedofilia e, também, para conhecer a Chapada dos Guimarães e conhecer um pedaço do Pantanal. E vai encerrar com um show da banda ‘Todos Contra a Pedofilia’, que é uma banda dele. Ele, inclusive, é o cantor - não sei se os senhores sabem. Vou convidar o Prefeito Wilson Santos e o Governo do Estado para promovermos isso juntos. Fazemos aqui uma grande festa, mas, acima de tudo, dois dias de debates sobre esse tema que tanto nos preocupa. Quero agradecer e, neste momento, vou conceder a palavra ao Dr. Paulo Prado, coordenador do GAECO. Já foi Promotor da Vara de Infância e Adolescência (PALMAS). Registro que o Ministério Público tem sido muito efetivo na discussão desse tema. Com a palavra o Dr. Paulo Prado. Pág. 37 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER AS POLÍTICAS PÚBLICAS DE PROTEÇÃO À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE CONTRA O ABUSO SEXUAL E O USO DE DROGAS, REALIZADA NO DIA 15 DE MAIO DE 2009, ÀS 09:00 HORAS. O SR. PAULO PRADO - Boa-tarde a todos. Alertaram-me para falar, no máximo, cinco minutos. Eu não vou mais concorrer com o almoço, porque realmente... Meus amigos, só para lembrar que o Ministério Público topa a parada, Deputado Riva, se o Poder Judiciário criar a vara. Antes de sair como Procurador-Geral, eu autorizei a construção da Promotoria Especializada da Infância e Juventude, ali junto ao Pomeri, que é uma promotoria com brinquedoteca, com espaço lúdico, com playground , com psicóloga. Porque eu trabalhei dez anos só em Cuiabá na Vara da Infância e Juventude e os Conselhos Tutelares, em Cuiabá, o Dante de Oliveira era Prefeito e na época criou dois, depois entrou o Coronel Meireles e criou mais seis. E digo para o Wilson Santos que o Estado de Mato Grosso tem Conselhos Tutelares em todos os municípios Na minha administração eu exigi dos promotores que entrassem com a ação civil pública onde não existisse Conselho Tutelar. Então, nós topamos a parada! Se o Poder Judiciário criar a Vara Especializada, o Dr. Marcelo Ferra, atual Procurador-Geral, com certeza, colocará um Promotor de Justiça nesse espaço novo para que possamos efetivar a prioridade absoluta que é tanto preconizada pela Constituição Federal, no 227, e no Estatuto da Criança e do Adolescente. E dizer, Presidente, que o Ministério Público estará promovendo no dia 18, em todo o Estado de Mato Grosso, audiências públicas, passeatas, para debatermos o dia da mobilização nacional. Esse dia, muitos não sabem, veio com a morte da Araceli, no Espírito Santo, em 1973. No dia 18 de maio de 1973 a jovem Araceli foi sequestrada, espancada, violentada, assassinada e nada aconteceu. Em função disso, em maio, novamente, de 2000, foi criado o dia da mobilização nacional através de lei federal. Então, quero convidar a todos e a todas para no dia 18 nós traçarmos metas objetivas. Por exemplo, Deputado, Vossa Excelência sabia que nesses últimos dez anos passa governo, sai governo, e o Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente nunca teve um orçamento, realmente, sério? São duzentos mil, trezentos mil. É só pegar quanto que entra. Eu briguei muito para que o Governo do Estado priorizasse, e município também. Se você pegar os Conselhos de Direito de Criança e Adolescente e os Fundos Municipais, você verá também que não teve prefeito preocupado com isso, não. Agora, tem um município aqui, em Mato Grosso, onde o Sr. José Domingos Fraga foi prefeito, que previu 1% da arrecadação para ser destinado ao Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente. Então, que haja uma proposta para que todos os municípios, cada um com sua arrecadação, também vinculem isso e vamos vincular também ao Fundo Estadual. Porque o Fundo Estadual de Mato Grosso nunca teve no orçamento um milhão de reais. Nunca teve, a verdade é essa. Passou Governo, entrou Governo, o máximo que colocaram no Fundo Estadual foram duzentos, trezentos mil. E vinha Conselho Tutelar do Estado todo, implorando do Ministério Público de que não tinha carro, não tinha computador, não tinha sede. Então, nesse dia 18, vamos traçar um termo de ajustamento de conduta, onde possamos estabelecer propostas objetivas, porque discurso é fácil, Sr. Presidente. Mas, na hora de ver a atuação, para quem está lá com a caneta e falar vamos colocar 1% do Estado, 0,5% do Estado no Conselho Estadual, vamos colocar em cada município um percentual, eu só encontrei o José Domingos Fraga.

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É uma sugestão, Dr. Paulo Prado, que a Assembleia Legislativa pode encabeçar junto aos municípios de Mato Grosso, junto ao Estado. Nós temos toda condição de estar discutindo, até porque o momento é oportuno. Estamos discutindo, inclusive, ampliação da Receita da UNEMAT. Então, é um momento... Já se discutiu, aqui, vinculação de recursos para tudo quanto é setor, esporte e tudo, esqueceu o setor que realmente justifica essa discussão. Eu concedo a palavra, neste momento, ao Secretário de Estado da Secretaria de Estado de Trabalho, Emprego e Cidadania e Assistência Social, em substituição legal, Sr. José Rodrigues Rocha Júnior. (PALMAS) O SR. JOSÉ RODRIGUES ROCHA JÚNIOR - Sr. Presidente Riva, em seu nome quero cumprimentar as autoridades que compõem essa mesa. Cumprimento as mulheres presentes neste evento, em nome da ex-Vereadora Enelinda Scala. Quero fazer o registro da presença de alguns grandes companheiros de luta desta causa, cada um no seu ambiente de trabalho, os nossos Presidentes de Conselhos Estaduais: a Srª Ernaminda, do Conselho da Mulher; a Srª Denildes, do Conselho da Criança e do Adolescente; o Sr. Aguinaldo Garrido, ex-Presidente do Conselho Estadual e demais companheiros do Governo do Estado, Vereadores, Deputados, Secretários, o Sr. Diógenes Curado, Secretário da Segurança Pública, nosso grande parceiro. Paulo, você foi muito feliz na sua fala! Nós precisamos de ações objetivas, claras, específicas com relação ao problema. A sociedade está cansada de demagogias e de discursos bonitos e filosóficos que não chegam a lugar nenhum. A realidade é que nós temos no Estado de Mato Grosso situações muito difíceis e que precisam ser encaradas. E o Governo do Estado de Mato Grosso não tem se furtado a nenhum debate durante esse processo. Nós temos participado de todas as discussões, seja no âmbito dos municípios, seja no âmbito federal. Temos cumprido com as nossas obrigações constitucionais legais. O governo do Estado cofinancia todos os municípios do Estado de Mato Grosso na política estadual de assistência social. Pode ser que não estejamos ainda no patamar ideal para enfrentarmos a quantidade de problemas que temos. Mas que o Estado está fazendo o seu papel dentro da política nacional, isso está. É fato. Diferente de alguns municípios que nós temos notificados, depois da realização de monitoramentos para acompanhamento da execução das atividades das políticas traçadas para a execução, que tem uma série de dificuldades e não cumprimento de obrigações estabelecidas na política nacional, e aqui, eu nem preciso citar exemplos... Eu quero fazer o registro a vocês de informações que temos colhido no Centro de Referência Especializada de Assistência Social, que é o antigo Sentinela, o Programa mudou de Pág. 39 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER AS POLÍTICAS PÚBLICAS DE PROTEÇÃO À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE CONTRA O ABUSO SEXUAL E O USO DE DROGAS, REALIZADA NO DIA 15 DE MAIO DE 2009, ÀS 09:00 HORAS. nome. Nós temos trinta unidades no Estado de Mato Grosso, e de 2006 até 2008, durante esses três anos, nós temos mais de seis mil crianças abusadas e exploradas sexualmente em Mato Grosso. Isso chega a um dado que nós temos um registro diário, incluindo aí final de semana, feriado e tudo, de cinco a seis crianças por dia no Estado de Mato Grosso, sendo abusadas e exploradas sexualmente. Isso é o que nós temos registrado, que está lá cada um com seu processo registrado pelo Conselho Tutelar, pelos CREAS de Mato Grosso. Esse número, eu tenho certeza absoluta de que está sub-dimensionado, porque as famílias têm medo de denunciar, medo de perder a pessoa que consegue trazer o recurso para subsistência em casa, medo de morrer porque é ameaçada pela pessoa que está cometendo esse tipo de crime. Então, nós precisamos, sim, unir esforços. A Assembleia Legislativa está de parabéns por ter trazido o Senador Magno Malta para esta Audiência Pública, um homem abençoado por Deus, que anda por milagre e que veio aqui, hoje, mostrar a realidade nua e crua que nós estamos vivenciando não só em Mato Grosso, mas no país inteiro. E que necessita dos esforços não só do Governo do Estado, das prefeituras, da Assembleia Legislativa, do Poder Judiciário, mas de todo vocês, de cada um de nós cidadãos. E o Governo agora participa ativamente de todas as atividades que foram elaboradas pelo Comitê Nacional. Neide, parabéns pelo seu trabalho, grande guerreira, exemplo para todos nós nessa luta. E atua diretamente junto com os comitês municipais, acompanhando toda programação que foi desenvolvida pela minha amiga Lucy. E quero anunciar aqui que nós realizamos um convênio com o Ministério de Desenvolvimento Social de Combate à Fome para equipar os Centros de Referência Especializada de Assistência Social, estamos recebendo recursos, e em breve estaremos encaminhando equipamentos, computadores, impressoras, enfim, todo material necessário para que eles possam melhorar o atendimento à população. Mas, nós temos alguns desafios que estão na nossa frente, que já foram aqui manifestados e outros que precisamos discutir com mais profundidade ainda. São problemas de legislação que não estão afetos só ao Congresso Nacional. Tem algumas coisas que precisamos discutir aqui no Estado. Nós temos problemas da efetiva punição das pessoas que comentem esses crimes. A impunidade leva à reiteração dos fatos. Essas pessoas responderem processo em liberdade expõem todas as nossas famílias. Temos problema com relação à estruturação dos serviços que são prestados à população. Necessitamos de uma reflexão maior de toda a estrutura do aparelho do Estado. Sei onde está a solução. A solução é fortalecer os vínculos familiares e prevenir a violência. A solução é a soma dos esforços de cada um de nós que estamos aqui. Muito obrigado! Bom-dia a todos! (PALMAS) O SR. PRESIDENTE (RIVA) - Pergunto se a Drª Amini Haddad está em plenário. Já saiu? Quero agradecer aqui a participação do Secretário José Rodrigues Rocha Júnior. Indago do Deputado Carlos Brito e da Deputada Chica Nunes se farão uso da palavra. Com a palavra, o Deputado Carlos Brito. O SR. CARLOS BRITO - Sr. Presidente, autoridades, ainda, resistentes nesta Audiência Pública. Venho em respeito a isso, dizer, exatamente, de um aspecto da fala do Senador Magno Malta. Pág. 40 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER AS POLÍTICAS PÚBLICAS DE PROTEÇÃO À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE CONTRA O ABUSO SEXUAL E O USO DE DROGAS, REALIZADA NO DIA 15 DE MAIO DE 2009, ÀS 09:00 HORAS. Dos anos que estou nesta Casa, esse foi, sem dúvida, um momento muito especial, de compartilhamento, uma experiência não só política, mas, uma experiência de vida. Dizer que, também, tenho origem no Movimento Comunitário, na vida política, no Parlamento Municipal; aqui; nesta Casa, e entendia a segurança pública com um olhar que acredito ser da maioria das pessoas: um olhar de fora, superficial, sem o conhecimento profundo das coisas que, efetivamente, acontecem e que não sabemos. Uma vez experimentando a difícil missão de Secretário de Justiça e Segurança Pública - hoje ocupada pelo companheiro Dr. Diógenes Curado, que envolve o trabalho de polícia e o sistema prisional e socioeducativo, enxerguei tudo por outro ângulo. É esse ângulo feio, que nos assusta e ao qual o Senador Magno Malta deu esse foco, hoje, pela temática desta Audiência Pública. Isso se amplia e muito! Foi-se o tempo que a segurança pública podia ser entendida como, apenas, coisa de Polícia. É, também, de Polícia. Portanto, o que enfrentamos, hoje, enquanto violência nas suas múltiplas formas, é o resultado de anos de ausência de políticas, de comprometimento, de atitudes. É bem verdade que muitas são as entidades, pessoas físicas, pessoas de bem, pessoas de boa índole, que procuram fazer seus papéis. Precisamos nos articular, sim, institucionalmente! Quero aqui dizer que à segurança pública com esse contexto, a Bancada Federal não destina recursos, não faz emenda, nem Senador, nem Deputado Federal. Em 2007, estive aqui, na condição de Secretário, quando estava a Comissão do Congresso Nacional que discutia o Orçamento, que viajava o País. Isso foi alertado, mas, não mudou muita coisa. Continuamos sem essa destinação de verbas. Então, naquilo que cabe à Pasta, à área de Segurança Pública, continuamos engessados, sem recursos para tocar os enes projetos que poderiam ser viabilizados ali. Ou seja, soluções há; os recursos, se não o suficiente, existem, mas, é preciso que as instituições deem lugar a esse compromisso maior com a população e não às divergências. Cito: Prefeitura, Governo do Estado, Governo Federal, partido “A”, partido “B”. Não há lugar para isso na sociedade de hoje. Então, é preciso que, de maneira concreta, tenhamos sim.... O Dr. Paulo Prado fez referência aqui nesse sentido. O Presidente Riva e a Deputada Chica Nunes têm a intenção, através da Sala da Mulher, de fazer um trabalho continuado nesta Casa. Estou aqui como Suplente, apesar de ter tido mais de trinta mil votos, por uma questão de legislação, mas, no tempo que estiver aqui, quero somar. Acho que uma das questões seria lançar um monitoramento da aplicação de recursos para essa área de interesse que, hoje, discutimos. Vamos ver na prática quanto cada um está destinando, não só do Fundo, mas, das emendas parlamentares, para que seja possível fazer a dotação de todas essas ideias esplanadas aqui. Para concluir, quero dizer que estamos em via, ainda este ano, já discuti hoje cedo com o Exm° Sr. Secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública, Diógenes Curado, de colocar mais uma ferramenta à disposição, que é uma central de Disque-Denúncia, a exemplo do que existe no Estado do Rio de Janeiro, da Bahia, do Maranhão. O Secretário-Adjunto de Justiça e Segurança Pública, Sr. Alexandre Bustamante, conhece isso. É um sistema que deu origem, por exemplo, ao Programa Linha Direta, que vocês conhecem pela televisão. Isso estará disponibilizado para todos os tipos de crimes e denúncias mediante campanhas. É uma ferramenta com o custo/benefício bastante interessante e que já está em vias de acontecer. No mais, Srª Janete Riva, fica o meu cumprimento pelo esforço da Sala da Mulher, da Assembleia Legislativa. Somo-me a esse comentário: a passagem do Senador Magno Malta por Pág. 41 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER AS POLÍTICAS PÚBLICAS DE PROTEÇÃO À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE CONTRA O ABUSO SEXUAL E O USO DE DROGAS, REALIZADA NO DIA 15 DE MAIO DE 2009, ÀS 09:00 HORAS. aqui foi mais que um compartilhamento político. Trouxe aqui o alento aos que precisam de que é possível ainda acreditar na Justiça. Na justiça de Deus sempre e na dos homens. Nem tudo está perdido, porque cada um aqui. Nós estamos aqui juntos e haveremos de fazer a diferença. Muito obrigado! O SR. PRESIDENTE (RIVA) - Quero agradecer ao Deputado Carlos Brito, que sempre foi sensível ao tema. Gostaria de informar, em função do apelo de todos e da desistência da maioria, que encerraremos no pronunciamento do Vereador de Cuiabá, Sr. Roosevelt Coelho. Com a palavra, o Sr. Roosevelt Coelho. Está assegurada a inscrição, também, da Srª Enelinda Scala. O SR. ROOSEVELT COELHO - Sr. Presidente, Deputado Riva, quero parabenizá-lo por esta brilhante Audiência Pública, de extrema importância pela atual conjuntura que estamos vivendo nesta cidade. Em nome todas as instituições que envolvem a rede de proteção as nossas crianças e adolescentes, cumprimento todas as autoridades aqui presentes; cumprimento as mães, as criancinhas, em nome dos familiares do Sr. Jorgemar, pai do Kaytto; e as mães, cumprimento em nome da Dona Neide Castanha, que faz um trabalho brilhante, de formiguinha. Realmente, é um belo trabalho. Tivemos, em 1973, o caso Araceli, em Vitória, Espírito Santo, uma menina de oito anos. Foi aquela tragédia que chocou o país inteiro. Trinta e seis anos depois, temos aqui, em Cuiabá, o caso Kaytto, um menino de dez anos, querido pelos pais... Veio um monstro e comete essa barbaridade! Na condição de homem público, como pai, como avô, não poderia ficar de braços cruzados, vendo toda essa parafernália de casos contra as nossas crianças acontecer. Criamos a CPI da Pedofilia na Câmara Municipal. Quero aqui parabenizar todos os nossos colegas Vereadores porque todos assinaram essa CPI. Quero contar com todas as instituições que envolvem essa rede de proteção às crianças - está aqui o nosso companheiro Davino - para que nos alimentem com informações. A Comissão quer conversar com cada uma dessas instituições e pegar todas as informações para que possamos fornecer todas as informações sobre a pedofilia à CPI do Senado Federal, em nível nacional, presidida pelo Senador Magno Malta, que aqui deu aqui um show e que, na realidade, nos trouxe informações preciosas, que chocou a todos. Estive esta semana em seu gabinete, juntamente com a Deputada Thelma de Oliveira. Eu vi cenas que não acreditei. Chocou-me mais ainda! Então, não tenho dúvida de que precisamos tomar a rédia dessa violência contra as nossas crianças. Quero aqui fazer uma sugestão: Que cada município, cada Câmara Municipal crie uma Comissão ou faça Audiência Pública sobre esse assunto. Sr. Presidente, Deputado Riva, quero dar uma sugestão, já até sugerida pelo Deputado Federal Valtenir Pereira: Que essa fala do nobre Senador Magno Malta, feita em DVD, seja encaminhada para cada Secretário de Educação do Estado e do Município: Sr. Ságuas Moraes e Sr. Carlos Nascimento, para que distribuam às nossas escolas, porque ali vejo um local ideal para que possamos, realmente, conter esse abuso contra as nossas crianças. Para finalizar - está aqui o Secretário Diógenes Curado e não tenho nada contra, pelo contrário, tem mais é que combater o crime, investir em penitenciária de segurança máxima - Pág. 42 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER AS POLÍTICAS PÚBLICAS DE PROTEÇÃO À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE CONTRA O ABUSO SEXUAL E O USO DE DROGAS, REALIZADA NO DIA 15 DE MAIO DE 2009, ÀS 09:00 HORAS. gostaria de dizer que está na hora, como educador, deste país investir também em escolas públicas de qualidade máxima. Muito obrigado! O PRESIDENTE (RIVA) - Agradeço a participação do Vereador Roosevelt Coelho. Convido para fazer uso da palavra a Professora e ex-Vereadora Enelinda Scala. Gostaria, antes da Srª Enelinda usar da palavra, de informar que o Comitê Municipal agradece a todos e convida para a Marcha pela Paz contra a Violência, cuja concentração se dará na Praça das Bandeiras, no dia 18 de maio, a partir das 08:00 horas. Este e um convite da Srª Dilma, que estamos passando para que vocês, também, passem a outras pessoas. Com a palavra, a ex-Vereadora Enelinda Scala A SRª ENELINDA SCALA - Bom-dia a todos e a todas! Agradeço a oportunidade de estar aqui! Cumprimento, na pessoa da Srª Neide e do Presidente desta Casa de Leis, Deputado Riva, todas as autoridades e as pessoas presentes nesta Audiência Pública. Este é um momento muito especial, porque sentimos que a classe política está se sensibilizando e compreendendo que o narcotráfico, a corrupção, são doenças sociais das mais profundas que têm feito muito mal a todas as nossas famílias e para a sociedade. Então, portanto, a forma como o Senador, com a sua autenticidade... Como disse o Secretário José Rodrigues - a quem agradeço a atenção para com a professora Enelinda, ex- Vereadora... É uma benção esse homem estar com pleno vigor da sua saúde e se aprofundou da forma como se aprofundou neste tema, na busca de soluções, quando nos traz a elaboração de leis que possibilitará que o Judiciário deixe esses monstros, que têm cometido esses abusos tão profundos as nossas crianças, tão horrorosos. Está aqui do meu lado a nossa Juíza - belíssima Juíza - que me disse: “Professora Enelinda, eu tive pessoas que dei a sentença, saiu, cumpriu, mas, de novo, cometeu outro crime, saiu, cometeu o terceiro crime”. Então, achei da maior importância... E o Presidente Lula, meu querido Presidente, se sensibilizou de tal forma que já vai sancionar, porque precisamos de leis que, realmente, acabem com a impunidade. Então, portanto, tenho algumas reivindicações: Secretário de Segurança Pública do nosso Estado, gostaria que Vossa Excelência pudesse investigar uma informação que tive, onde, na fronteira Brasil/Bolívia, o PCC tem comprado terras no sentido de estar facilitando o narcotráfico. Então, é uma investigação que tem que ser feita para estudarmos como resolver um problema dessa natureza. Gostaria de propor, também, para a Assembleia Legislativa, Sr. Presidente: Nós temos muitas instituições que fazem um trabalho belíssimo na recuperação dos dependentes químicos, em acudir os desvalidos, e sabemos que tem um impedimento, não pode... Eu tive a oportunidade de conhecer algumas instituições que fazem trabalhos belíssimos, tanto da igreja católica, espírita, evangélica, até movimentos tipo “Amor Exigente”, que precisava de um apoio, que faz um trabalho do maior valor, extraordinário, em apoiamento a esses sofrimentos das famílias, que não pode receber nenhuma ajuda, porque não pode! Há um impedimento! Então é necessário que tenhamos políticas públicas. Coloquei isso muitas vezes na Câmara Municipal, enquanto estive como Vereadora e estou muito feliz, porque estou sentindo vários partidos, vários Deputados, se sensibilizando. Temos que nos dar as mãos. Esse é um trabalho suprapartidário, de toda a sociedade civil, e temos que nos dar as mãos para defender o nosso direito de existe, da vida, para todos nós

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PRESIDENTE (RIVA) - Agradeço a participação da Vereadora Enelinda Scala. Encerraremos o uso da palavra com a participação do Exm° Sr. Secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública, Diógenes Curado. O SR. DIÓGENES CURADO - Boa-tarde, já passando da hora do almoço. Quero cumprimentar o Deputado Riva, Presidente desta Casa de Leis. Srª Neide Castanha, cumprimento-a e lhe dou boas-vindas a Cuiabá, e em nome da Senhora cumprimento todas as autoridades do dispositivo. Quero cumprimentar o colega Secretário Adjunto de Assuntos Estratégicos, Alexandre Bustamante, e em seu nome cumprimento todos, bem como o Jorgemar Pinto, pai de Kaytto. Ouvimos hoje no discurso do Senador Magno Malta o quanto é complexa e difícil essa questão. Conheci o Senador na CPI do Narcotráfico, tenho uma origem no combate ao narcotráfico e, às vezes você acha que já viu tudo no seu trabalho. Já vi situações de menor, 15 anos, carregando duas sacolas de maconha, vinda do Paraguai, e o motorista do caminhão dando carona porque é uma jovem bonita. Vi situações de um senhor de sessenta e cinco anos colocando dois quilos de cocaína dentro da mochila de uma menor de quatorze anos ser preso dizendo que essa cocaína era da menor. Vi situações de um menor de quinze anos com sessenta cápsulas de cocaína dentro do estômago. E você pensa: Eu já vi o inferno! Mas o inferno tem os seus níveis, como dizia Dante Alighieri, e o Senador Magno Malta, no seu discurso, mostrou os níveis do inferno. Por isso, Deputado Riva, acho importante esse debate não se esgotar nesta Audiência Pública. Criem uma CPI, vamos discutir esse assunto, vamos discutir políticas públicas de defesa do menor. Isso é muito importante! Isso é muito importante mesmo! Que os Deputados, falando sobre emendas, também nos ajude, definindo, colocando dinheiro das emendas para a Delegacia de Defesa do Menor, da Criança e do Adolescente. Precisamos disso também. Peço que esse assunto continue em discussão, porque ele é muito importante. Obrigado. (PALMAS) O SR. PRESIDENTE (RIVA) - Quero agradecer ao Secretário Diógenes Curado. Realmente, essa é uma discussão que nos comprometemos de fazer, Secretário, com o Colégio de Líderes, na terça-feira. Eu gosto muito de CPI, mas tem gente que acha que CPI é só para procurar problema. Naturalmente a CPI serve como instrumento também, como foi aqui a CPI da SEMA, uma CPI propositiva, para levantarmos a situação da Secretaria e fazer uma proposta para o Governo melhorar a SEMA, como foi feito. Dentro dessa premissa, prometo ao senhor que vamos realmente Pág. 44 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER AS POLÍTICAS PÚBLICAS DE PROTEÇÃO À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE CONTRA O ABUSO SEXUAL E O USO DE DROGAS, REALIZADA NO DIA 15 DE MAIO DE 2009, ÀS 09:00 HORAS. discutir essa questão no Colégio de Líderes, inclusive anunciar a participação de Vossa Excelência, como Secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública, se necessário, para nos ajudar na condução. Quero parabenizar o município de Nova Mutum, que está realizando no dia 20 de maio o I Fórum de Enfrentamento à Violência Sexual Infanto-juvenil. Parabéns pela iniciativa! Que dia da semana cairá o dia 20? Quarta-feira? Puxa, que pena! Temos Sessões Plenárias durante todo o dia, senão alguém da Assembleia Legislativa poderia estar lá, mas vou sugerir à Sala da Mulher que participe dessa Sessão à noite, porque nós temos Sessão Plenária aqui às 17:00 horas, não chegaríamos a tempo, e é Sessão deliberativa. Mas quero parabenizá-los por essa iniciativa, parabenizar o Secretário Agnaldo Garrido. Contem conosco aqui. Não tenho dúvidas de que a data de hoje representará um marco para todos nós. Quem sabe a sociedade esteja acomodada e aí, ex-Vereadora Enelinda Scala, quero dizer que tão grave quanto a corrupção, porque realmente é preocupante o narcotráfico, é o comodismo e o desinteresse. Infelizmente, temos políticos que não têm interesse e são acomodados. Assunto como esse, de tamanha relevância, merecia ter a classe política do Estado inteira aqui. Não podemos cobrar muito, porque a agenda foi de última hora, o Senador Magno Malta também confirmou na última hora, inclusive o próprio Governador disse que gostaria de estar presente, mas tem o lançamento da BR-158, no Araguaia. Só para se ter uma ideia, sairemos amanhã de madrugada daqui porque a discussão do Zoneamento começa às 08:00 horas em Vila Rica e iremos sair às 04:00 horas para alcançar essa discussão que é tão importante para o Estado, mas classifico o comodismo e o desinteresse da classe política como muito preocupante. É preciso realmente dar uma balançada e espero que o discurso do Senador Magno Malta tenha mexido com os sentimentos de todos nós. Muito obrigado a todos vocês! Quero agradecer a todos que participaram. O Vereador Toninho do Glória, de Várzea Grande, uma pessoa muito efetiva nessas discussões tem uma Moção de Pesar para entregar à família do menino Kaytto Guilherme do Nascimento. Convido o Vereador para entregar aos familiares do menino a Moção que foi aprovada pela Câmara Municipal, assim como foi aprovada aqui , que não sei se a família já recebeu. Solicito da nossa assessoria que auxilie o Vereador Toninho do Glória na entrega da Moção de Pesar ao pai do menino Kaytto Guilherme do Nascimento. Informo que iremos analisar se o dia 17 de janeiro é alguma data especial, se não for, iremos mudar a data do Dia de Combate ao Abuso e Exploração Sexual para o dia do falecimento do menino Kaytto. (NESSE MOMENTO O VEREADOR TONINHO DO GLÓRIA PROCEDE À ENTREGA DA MOÇÃO DE PESAR AO PAI DE KAYTTO GUILHERME DO NASCIMENTO - PALMAS.) O SR. PRESIDENTE (RIVA) - Obrigado aos familiares do menino Kaytto que estão aqui. Muito obrigado a todos pela presença. Tenham todos um bom fim de semana! Está encerrada a presente Audiência Pública.

Pág. 45 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER AS POLÍTICAS PÚBLICAS DE PROTEÇÃO À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE CONTRA O ABUSO SEXUAL E O USO DE DROGAS, REALIZADA NO DIA 15 DE MAIO DE 2009, ÀS 09:00 HORAS. Equipe Técnica: - Taquigrafia: - Aedil Lima Gonçalves; - Amanda Sollimar Garcia Taques Vital; - Cristiane Angélica Couto da Silva Faleiros; - Cristina Maria Costa e Silva; - Dircilene Rosa Martins; - Donata Maria da Silva Moreira; - Isabel Luíza Lopes; - Tânia Maria Pita Rocha; - Suely Maria Pita Rocha. - Revisão: - Ila de Castilho Varjão; - Nilzalina Couto Marques; - Regina Célia Garcia; - Rosa Antonia de Almeida Maciel Lehr; - Rosivânia de França Daleffe.

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