Ordem Familiar Da Ciranda De Pedra: Uma Leitura Da Construção Identitária Dos Personagens Do Romance Lygiano
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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE CAMPUS AVANÇADO “PROFª. MARIA ELISA DE ALBUQUERQUE MAIA DEPARTAMENTO DE LETRAS” – DL Programa de Pós-Graduação em Letras – PPGL Mestrado Acadêmico em Letras Área de concentração: Estudos do Discurso e do Texto Linha de Pesquisa: Literatura, Crítica e Cultura LICILANGE GOMES ALVES A (DES)ORDEM FAMILIAR DA CIRANDA DE PEDRA: UMA LEITURA DA CONSTRUÇÃO IDENTITÁRIA DOS PERSONAGENS DO ROMANCE LYGIANO PAU DOS FERROS - RN 2017 LICILANGE GOMES ALVES A (DES)ORDEM FAMILIAR DA CIRANDA DE PEDRA: UMA LEITURA DA CONSTRUÇÃO IDENTITÁRIA DOS PERSONAGENS DO ROMANCE LYGIANO Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Letras – PPGL, do Departamento de Letras – DL, do Campus Avançado “Profª. Maria Elisa de Albuquerque Maia” – CAMEAM, da Universidade do Estado Rio Grande do Norte – UERN, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Letras. Ficha catalográfica gerada pelo Sistema Integrado de Bibliotecas e Diretoria de Informatização (DINF) - UERN, com os dados fornecidos pelo(a) autor(a) A474( Alves, Licilange Gomes. A (des)ordem familiar da "Ciranda de pedra": uma leitura da construção identitária dos personagens do romance lygiano / Licilange Gomes Alves - 2017. 95 p. Orientador: Roniê Rodrigues da Silva . Coorientadora: . Monografia (Graduação) - Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, Mestrado Acadêmico em Letras/PPGL, 2017. 1. Ciranda de pedra. 2. Relações familiares. 3. Identidades. 4. (Des)ordem. I. Rodrigues da Silva , Roniê , orient. II. Título. A (DES)ORDEM FAMILIAR DA CIRANDA DE PEDRA: UMA LEITURA DA CONSTRUÇÃO IDENTITÁRIA DOS PERSONAGENS DO ROMANCE LYGIANO Aprovado em: _____/_____/_____ BANCA EXAMINADORA ______________________________________________________ Prof. Dr. Roniê Rodrigues da Silva (Orientador – UERN) ______________________________________________________ Profa. Dra. Maria Aparecida da Costa (Examinadora interna - UERN) ______________________________________________________ Profa. Dra. Maria Eliane Souza da Silva (Examinadora externa - IFRN) ______________________________________________________ Profa. Dra. Maria Edileuza da Costa (Suplente - UERN) À minha família e aos amigos. AGRADECIMENTOS Primeiramente a Deus, razão maior de eu ter chegado até aqui, por ter me proporcionado a realização de mais esse sonho; À minha família, pelo apoio que me dedica em todos os sentidos; À CAPES, pelo incentivo financeiro, viabilizando a realização deste trabalho através do financiamento de bolsa; Aos professores do PPGL, meus mestres, por todo o conhecimento proporcionado ao longo desses dois anos, de modo particular, ao meu orientador, Dr. Roniê Rodrigues, pela dedicação à minha trajetória acadêmica; Aos amigos, pelo incentivo para continuar a jornada; A todos os mencionados aqui, o meu afetuoso MUITO OBRIGADA!!! “Mesmo quando eu lia muito Dostoiévski eu achava extraordinária a preocupação dele de buscar, mesmo nos ambientes da aristocracia, aquelas pessoas humildes, despojadas, de costas curvas, com vontade de sobreviver, de superar todos os obstáculos. Esses são os tipos que me tocam, me emocionam mais. Eu procuro nessas vidas miúdas, apagadinhas, marginalizadas, os meus temas. O ouro, o poder, as plumas, não me interessam: é a fala muda que me comove, a fala obscura.” (Lygia Fagundes Telles) RESUMO Este trabalho objetiva discutir o modo como ocorre o processo de construção das identidades das personagens do romance Ciranda de Pedra, de Lygia Fagundes Telles, partindo de uma análise da tensão entre a representação da ordem e da desordem manifestadas nas relações familiares figurativizadas na narrativa. Para tanto, valemo-nos, especialmente, das concepções filosóficas de Michel Foucault sobre a Ordem do discurso e sobre a História da loucura, e das ideias de Gilles Deleuze e Félix Guattari sobre as noções de (des)(re)territorialização, Corpo sem órgãos, anômalo, devir, rizoma, dentre outras, a fim de interpretarmos a identidade de Laura, personagem considerada em nossa leitura como sujeita transgressiva, responsável primeira, dentro da trama, pelo esfacelamento da própria família. No giro da ciranda, fizemos na sequência do estudo uma leitura de Virgínia, protagonista do enredo, observando o entremeio que a personagem ocupa no contexto da história e como a sua identidade se constitui de maneira problemática. Para o desenvolvimento de nosso raciocínio, levantamos discussões em torno de outras temáticas que também fazem parte dessas relações, como a opressão feminina, o falso moralismo, a rejeição vivenciada pela filha bastarda, dentre outras questões que delineiam nosso corpus de análise. Palavras-chave: Ciranda de pedra. Relações familiares. Identidades. (Des)ordem. ABSTRACT This paper aims to discuss how the characters’ process of constructing identities occurs in the novel Ciranda de Pedra, by LygiaFagundesTelles, from an analysis of the tension between the representation of the order and disorder expressed in thefigurativized family relationships in the narrative. For this purpose, I draw on specially Michel Foucault’s philosophical conceptions about The Order of Discourse and History of Madness; and Gilles Deleuze and Félix Guattari’s ideas about (de)(re)territorialization, Body without Organs, abnormal, becoming, rhizome, amongst others, in order to interpret Laura’s identity - character considered in this review as a transgressive individual - the first one responsible for the shattering of her own family within the plot. Afterwards in this study Virginia, the main character of the story, is analyzed observing the in-between thatshe takes in the context of the narrative and how her identity is composed in a problematic way. For the development of this work, questions will be raised on other themes that are also a part of these aspects such as women’s oppression, false morality, the rejection experienced by the illegitimate daughter, amongst other issues that outline our corpus of analysis. Keywords: Ciranda de Pedra. Family relationships. Identities. (Dis)order. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO - O (NÃO) LUGAR DA LITERATURA LYGIANA ............................... 10 2 CAPÍTULO I – CARTOGRAFIAS DO DESEJO: DAS TRANSGRESSÕES DO CORPO E DAS INSUBORDINAÇÕES DO SUJEITO FEMININO .................................... 24 2.1 Laura: de Maria à Madalena ................................................................................................... 24 2.2 O (não) lugar da loucura e da constituição do Corpo sem Órgãos dentro da narrativa lygiana .......................................................................................................................................... 31 2.3 O processo do devir-mulher na constituição identitária de Laura .......................................... 48 2.4 Do uso das máscaras ao desmascaramento dos outros personagens ...................................... 51 3 CAPÍTULO II - O (ENTRE)LUGAR IDENTITÁRIO DEVIRGÍNIA .......................... 58 3.1 Do lado de fora da Ciranda .................................................................................................... 58 3.2 O signo da orfandade em Virgínia .......................................................................................... 62 3.3 Do lugar do olhar panóptico na constituição identitária de Virgínia ...................................... 68 3.4 Do trânsito das identidades em Virgínia................................................................................. 72 4 CAPÍTULO III - DOS LUGARES DE UMA SUBALTERNIDADE SEXUAL ................ 77 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................................... 88 REFERÊNCIAS ......................................................................................................................... 94 1 INTRODUÇÃO - O (não) lugar da literatura lygiana A escrita de Lygia Fagundes Telles tem despertado ao longo de mais de meio século a atenção da crítica e dos leitores, amantes de uma literatura que busca dar representatividade às classes sociais, retratando-as nos espaços urbanos de sua ficção, como atesta a revista Cadernos de Literatura Brasileira (1998, p. 05): “os aflitos de todas as classes sociais ganham vida nos grandes painéis urbanos da obra de Lygia Fagundes Telles”1. A cidade, especialmente, é o espaço central onde se desenvolvem os caóticos conflitos das personagens lygianas. A predileção da escritora pelos sujeitos marginalizados é ratificada em seu próprio relato quando afirma ser tocada por esses tipos: “Eu procuro nessas vidas miúdas, apagadinhas, marginalizadas, os meus temas. O ouro, o poder, as plumas, não me interessam: é a fala muda que me comove, a fala obscura” (CADERNOS DE LITERATURA BRASILEIRA, 1998, p. 122). Desse modo, para a autora, a literatura seria um meio através do qual é possível dar destaque a histórias que emergem pela perspectiva do sujeito excluído, estimulando o reconhecimento da alteridade. Conforme aponta a pesquisadora Sônia Régis (1998, p. 88)2, acompanhar a obra de Telles é adentrar “a alma humana, mas também se expor aos movimentos históricos e sociais, vivenciar o sofrimento das opressões, sentir o peso dramático das casualidades a desviar os planos individuais (...).” Isso ocorre porque suas narrativas costumam apresentar personagens perturbadoras, as quais experienciam circunstâncias que extrapolam o convencional, causando efeitos impactantes no leitor. Para Régis (1998), exceder o universo do habitual seria próprio da literatura que rejeita tudo aquilo que seja estável e definitivo, possibilitando sempre