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SETEMBRO OUTUBRO 2010_ €2,50 MAGAZINE

SETEMBRO/OUTUBRO 2010 SETEMBRO/OUTUBRO RICARDO PEREIRA cara e coroa MILLENNIUM MAGAZINE PERFIL RICARDO PEREIRA

MAHARAJAS’ CULTO EXPRESS 1985: O FUTURO COMEÇOU HÁ 25 ANOS HÁ 25 ANOS COMEÇOU O FUTURO 1985: Sete dias num comboio com vista para a Índia

LINHA DA

FOTORREPORTAGEM FRENTE Maria João Valente Rosa e o ambicioso

TERREIRO DO PAÇO DO TERREIRO projecto Pordata VIAGEM DE COMBOIO PELA ÍNDIA Millennium ROTEIRO

CASCAIS 25 anos

LINHA DA FRENTE DA LINHA O FUTURO COMEÇOU EM 1985 PORDATA FOTORREPORTAGEMO NOVO TERREIRO DO PAÇO AUTOMÓVEIS SALÃO DE PARIS ROTEIROCASCAIS 02a03:Layout 1 06-10-2010 10:50 Page 1 02a03:Layout 1 06-10-2010 10:50 Page 4 04-05 2ª via:Layout 1 11-10-2010 9:23 Page 4

. O FUTURO COMEÇOU HÁ 25 ANOS

CULTO. 25 de Junho de 1985: o primeiro dia do resto da vida do Banco Comercial Português. Por essa altura, aderia oficialmente à Comunidade Económica Europeia, o multibanco começava a ser uma realidade em Lisboa e Porto, e Marco Chagas tornava a vencer a «Volta». Mas outros episódios, ícones e momentos sobrevivem desse ano crucial para as nossas vidas. 30.

ÍNDIA MAHARAJAS’ EXPRESS

VIAGEM. A jornalista Ana Músico embarcou, com o fotógrafo Paulo Barata, no Maharajas’ Express, comboio de luxo que percorre uma das maiores redes ferroviárias do mundo para mostrar um país tradicional, frenético, apaixonante e espiritual. «A Índia nunca dorme. Tudo acontece, em qualquer lado, ao mesmo tempo.» ÍNDICE

Millennium magazine

SETEMBRO.OUTUBRO 2010 07 56.

FICHA TÉCNICA Banco Comercial Português, S.A. propriedade millennium bcp (NIPC 501 525 882) I director miguel magalhães duarte I Sociedade Aberta - Sede: Praça edição coordenação editorial D. João I, nº 28, 4000-295 - Porto projectos especiais I (projectos especiais) joão mestre I - Capital Social 4.694.600.000 projecto gráfico josé gonçalves / projectos especiais I design josé gonçalves, pedro dias I Euros - Nº Único de Matrícula e colaboradores ana músico, carlos alves, joão alexandre, joão mestre, pedro alfaia I de Pessoa Colectiva 501525882. fotografia Mediador de Seguros Ligado nº corbis / vmi, feriaque, luís de barros, nuno palha, paulo barata / volta ao 207074605 - Data de Registo: mundo, pedro loureiro I ilustração pedro dias I 26/06/2007. Autorização para revisão joão mestre I apoio editorial inês neto vilas-boas I mediação de seguros dos Ramos publicidade Vida e Não Vida dos Seguradores projectos especiais I Ocidental - Companhia Portu - pré-impressão pré&press I impressão lisgráfica I Casal de Sta. Leopoldina, guesa de Seguros de Vida, S.A., 2730-053 Barcarena Ocidental - Companhia Portu - periodicidade tiragem guesa de Seguros, S.A., e Médis - bimestral I 100.000 exemplares I Companhia Portuguesa de Segu - IMAGEM DA CAPA: ERC Registo nº 125713 I Depósito Legal 298369 / 09 ros de Saúde, S.A. e ainda com a RICARDO PEREIRA Projectos Especiais, Consultores de Comunicação S.A. I Rua João da Silva nº 20, 1900-271 Lisboa Pensões gere - Sociedade Gestora FOTOGRAFIA: de Fundos de Pensões, S.A. In- LUIS DE BARROS tel.: 21 844 07 09 [email protected] www.projectosespeciais.pt I I forma ções e outros detalhes do O Millennium bcp não subscreve necessariamente as opiniões veiculadas nesta revista. registo disponíveis em www.isp.pt.

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RICARDO PEREIRA O BOM, O MAU E O GALÃ

PERFIL FALADO. Recém-chegado do e já de partida para o Festival de Cinema de Toronto, o «mais brasileiro» dos actores portugueses fala de sonhos e ambições, de galãs e maus-da-fita, e de como encontrou uma nova casa na Rede Globo. «Ser actor é uma profissão muito séria. Temos o dever de transmitir uma verdade encenada de forma credível e não podemos defraudar, de forma alguma, o público.» 22.

TERREIRO DO PAÇO SALÃO NOBRE

FOTORREPORTAGEM. Depois de anos de sucessivas obras e interven ções, o Terreiro do Paço é finalmente «devolvido» a Lisboa, livre de automó veis (ou quase) e com interessantes projectos de animação e valorização turística no horizonte. Enquanto esses trabalhos não arrancam, o fotógrafo Nuno Palha mostra-nos como ficou, de «cara lavada», a sala de visitas da capital. 42.

07. Curtas 74. Automóveis: desfile de novidades 50. Maria João Valente Rosa, os números que somos 80. Operação Internacional — Polónia 64. Passeio marítimo: roteiro de Cascais 82. Yola Semedo: uma voz com alma 70. Boa vida no Pestana Palace 86. A opinião de Pedro da Rosa Ferro 72. Arte: “Cristal”, de Maria Helena Vieira da Silva 90. Conversa de algibeira, com Roberta Medina

RECTIFICAÇÃO: No artigo “Cidade da Luz” da última edição, a reconstrução do castelo de Tavira foi, por lapso, datada do século XVIII. Um «V» faz toda a diferença: foi, isso sim, no século XIII. Na mesma edição, na rubrica “Top 5: Livros Essenciais de um Nobel”, a descrição de “A Viagem do Elefante” atribui a D. João II a oferta do elefante Salomão, em 1551, ao arquiduque Maximiliano II. Porém, o monarca português morreu em 1495. Foi o seu sobrinho, D. João III, que enviou Salomão como presente de casamento ao herdeiro austríaco. As nossas desculpas aos leitores.

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PESSOAS n CINEMA n DISCOS n LIVROS n EXPOSIÇÕES n ESPECTÁCULOS n ALMANAQUE n MODA n HOTÉIS n BD

O CITADINO DO FUTURO

CITROËN LACOSTE. Os especialistas garantem que o “concept-car” apresentado pela Citroën no Salão Automóvel de Paris (2 a 17 de Outubro) remete auto maticamente para o mítico Mehari da marca francesa. História e comparações à parte, o modelo nunca chegará a ser comercializado, mas permite antecipar as principais linhas dos futuros citadinos da Citroën. Apresenta 3,45 metros de comprimento, 1,80 de largura e 1,52 de altura. Tiradas as medidas, o desportivo Concept Citroën Lacoste consegue ainda destacar-se pela ausência de portas e teja dilho, pelos encostos de cabeça que partem do tecto, pelo painel digital, pelos bancos revestidos com o tecido de algodão utilizado no fabrico dos pólos Lacoste, pelas rodas inspiradas em bolas de golfe ou pelo motor de três cilindros a gasolina.

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MIKHAIL GORBACHEV. O Comité Nobel norueguês não ficou indiferente à queda do Muro de Berlim e ao fim declarado da Guerra Fria e atribuiu o Nobel da Paz a um dos protagonistas políticos da segunda metade do século XX: o presidente da União Soviética. A cerimónia decorreu

ALMANAQUE a 15 de Outubro de 1990.

SNOOPY. Há 60 anos, a 2 de Outubro de 1950, Charles Schulz (1922-2000) publicava a primeira tira dos “Peanuts” em sete jornais norte-americanos. Dois dias depois, um dos cães mais famosos do mundo mostrava a sua raça: Snoopy, sempre na companhia de Charlie Brown.

A TEIA POR DETRÁS DA REDE ABEBE BIKILA. Dia inesque cível: 10 de Setembro de 1960. O lendário CINEMA. Mark Zuckerberg, co-fundador e actual CEO do Facebook, é o mais jovem “self- maratonista etíope (1932-1973) -made billionaire” de sempre. É um facto. Outro facto: a partir do seu quarto na residência conquistava, descalço, o seu de estudantes da Universidade de Harvard criou a base desta rede social em parceria com primeiro ouro olímpico em Roma. Eduardo Saverin — que, mais tarde, saiu do projecto. Terceiro facto: os gémeos Winklevoss Repetiria a proeza nos Jogos Olím - moveram uma acção judicial contra o Facebook, alegando que Zuckerberg copiara a sua ideia. picos de Tóquio, quatro anos depois. Na hora de escrever o argumento de “A Rede Social” — filme realizado por David Fincher, com Jesse Eisenberg, Andrew Garfield e Justin Timberlake nos principais papéis —, Aaron DAVE GROHL. O actual líder Sorkin preferiu não tomar partido de ninguém: «Como havia narrativas contraditórias, em vez dos Foo Fighters era escolhido, de tomar uma delas por verdadeira, achei que o mais interessante seria incluir todas no em audição, num modesto estúdio enredo — e enfatizar o facto de serem contraditórias», explica nas suas notas de produção. de Seattle, para baterista dos «Pegámos numa série de factos e fizemos uma verdade. Ou melhor: fizemos três verdades.» Nirvana, substituindo Chad A história começa com Mark Zuckerberg (Eisenberg), embriagado e frustrado por ter Channing, que apenas gravara o sido deixado pela namorada, a criar o “website” que originou o Facebook, uma rede álbum de estreia “Bleach” (1989). global que hoje conta com mais de 500 milhões de utilizadores. A partir daqui, o “tagline” O calendário marcava 25 de explica o resto: «Não se chega a 500 milhões de amigos sem fazer alguns inimigos.» Setembro de 1990. Um ano depois “A Rede Social” estreia nas salas portuguesas a 4 de Novembro. era lançado “Nevermind”, um dos www.thesocialnetwork-movie.com discos marcantes dos anos 90.

OITAVO SÓ NO NOME

HOTEL. Se o primeiro dia de Setembro assinalasse oficialmente a “rentrée” de oferta turística em Portugal, 2010 ficaria invariavelmente marcado pela inauguração de um novo hotel de luxo na Quinta da Marinha, em Cascais. Com desenho em forma de «Y» assinado pelo arquitecto José Anahory, «design contemporâneo de linhas direitas e esguias» e interiores «simples e luminosos», o The Oitavos, localizado junto ao campo de golfe Oitavo Dunes, dispõe de 16 suites e 142 quartos, todos com varandas e decorados em tons azuis e brancos. Também o spa, as piscinas exterior e interior com água do mar aquecida, os restaurantes “gourmet” e um amplo centro de congressos conferem outro brilho ao estatuto deste cinco estrelas. Preços a partir de 275 euros por noite. Rua de Oitavos, Quinta da Marinha (Cascais) I Tel.: 214 860 020 E-mail: [email protected] I www.theoitavos.com

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CHRISTINA HENDRICKS ATRACÇÃO FATAL

TELEVISÃO. Joan Holloway é cínica, dominadora e perversa. Contudo, é impossível não simpatizar com a ruiva bombástica que controla todas as mulheres (e, com igual facilidade, manipula os homens) da agência de publicidade Sterling & Cooper, na série televisiva “Mad Men”. Christina Hendricks, a actriz que lhe dá corpo (e de que maneira!), é a sua perfeita antítese — chegou até a perder um papel num filme de Woody Allen, o seu realizador de sonho, por ser «demasiado doce» para a personagem. Christina Rene Hendricks nasceu loira, em 1975, na cidade de Knoxville (Tennessee). Tinha 10 anos quando pintou pela primeira vez o cabelo de vermelho. «Andava obcecada com a “Ana dos Cabelos Ruivos”», revelou à “L.A. Times Magazine”. «Ficou cor de cenoura. E eu estava feliz da vida. Senti-me eu mesma.» Esse tom afogueado acabou por se tornar uma das suas imagens de marca, a par da silhueta curvilínea, que a ministra britânica da Igualdade, Lynne Featherstone, considera a forma ideal de uma mulher. «Ela é absolutamente fabulosa. Precisamos de mais exemplos destes.» Não é a única: num inquérito realizado pela revista “Esquire” junto do público feminino, Hendricks foi apontada como “a mulher mais atraente dos EUA”, reunindo mais votos do que Jessica Alba e Megan Fox juntas. Nos próximos tempos, poderemos vê-la na nova temporada de “Mad Men” (arranca a 27 de Outubro, no Fox Next) e também na comédia “É a Vida”, que chega aos cinemas portugueses a 28 de Outubro. Na calha estão ainda “Leonie” (com Emily Mortimer) e “Detachment” (com Adrien Brody e Lucy Liu).

© 2009 Frank Ockenfels/AMC/Lionsgate

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SEPARADOS POR UM SÉCULO

EXPOSIÇÃO. O pretexto é o centenário da República; o objectivo, colocar em confronto obras do início dos séculos XX e XXI. A exposição “Res Publica — 1910 e 2010 face a face”, comissariada por Maria Helena de Freitas e Leonor Nazaré, passa por diferentes territórios (fotografia, pintura, vídeo, etc.,) e artistas, como Adriano de Sousa JOÃO FERREIRA* Lopes, Ângela Ferreira, Armanda Duarte, Bruce Nauman, Eurico Lino do Vale, Nuno Maya, Gabriel Orozco ou Joana O QUE A REPÚBLICA Vasconcelos. «No início do século XX, a ceno grafia, a NOS DEU decoração, as artes gráficas cruzam-se com o território da pintura no espaço não muito alargado da folha ou da tela», 1. ELEIÇÃO DO CHEFE DO ESTADO defendem as comissárias. Pelo contrário, nos primeiros Acabou a sucessão por herança, mas pela anos do século XXI, «o design, a comunicação, a ciência Constituição de 1911 o Presidente era eleito são trazidos para dentro do espaço digital, imaterial e SUSAN PHILIPSZ LUCIA JOYCE, PARIS, MAIO 1929. apenas pelos deputados e os senadores. tecnológico.» Na Fundação Calouste Gulbenkian, em CORTESIA THE STUART GILBERT COLLECTION, Só durante o governo de Sidónio Pais (1917- Lisboa, até 16 de Janeiro de 2011 (de terça a domingo, HARRY RANSOM CENTER, UNIV TEXAS, AUSTIN. PHOTOGRAPHER UNKNOWN -1918) houve eleição por sufrágio universal. das 10h às 18h). cam.gulbenkian.pt

2. O «MILAGRE DE TANCOS» Para entrar na Grande Guerra, Norton de Matos tentou transformar a tropa num exército moderno. O sacrifício nas trincheiras garantiu as colónias, mas contribuiu para a queda da República às mãos dos militares.

3. A CÉSAR O QUE É DE CÉSAR A Lei da Separação da Igreja e do Estado ajudou à liberalização da sociedade, mas o novo regime partiu para o ataque à liberdade GRINDERMAN. ROBERT PLANT. TRACY BONHAM. religiosa com a perseguição ao clero, pondo Grinderman 2 Band of Joy Masts of Manhatta contra si o povo católico. Algures entre “Abattoir Com os rumores da reunião Tem quatro álbuns, no mea- Blues...” e “Dig!!! Lazarus dos Led Zeppelin ainda no ções para “Grammies” e 4. EDUCAÇÃO Dig!!!”, Nick Cave e os seus ar, o “frontman” da mítica colaborações com nomes A fundação das universidades de Lisboa e Bad Seeds sentiram neces- banda inglesa põe de parte sonantes co mo Aerosmith. do Porto e a luta contra o analfabetismo si dade de criar outra «enti - as expectativas e, na hora Ainda as sim, é pra ticamen te através do Ministério da Instrução Pública da de colectiva» para escoar de lançar um álbum novo, des co nhe ci da nes te lado do ficam para a história como um contributo uma veia mais crua da sua retoma o caminho trilhado mundo — e tal vez não seja positivo da República. mú sica. E aí nasce Grinder- em “Raising Sand” (uma es te dis co a colo cá-la no man — a banda e o disco colaboração com Alison “mainstream”. Contu do, 5. INSEGURANÇA homónimo, de 2007. Três Krauss que lhe valeu seis “Masts of Manhatta” é 42 governos em menos de 16 anos; golpes e anos depois, regressam “Grammies”), juntando à um traba lho que importa revoluções constantes; presos políticos às com “2”, ainda mais visce - receita de folk contemporâ- des co brir, guia do por centenas; massacres nas ruas de Lisboa ral, intenso, irreveren te. O neo um pouco mais de uma voz doce e femini na (como o da «Noite Sangrenta» de 19 de que é obra para alguém que blues — e, algures ao fundo, ser vi da, em doses iguais, Outubro de 1921). Foi o lado negro do regime. leva já 30 anos de carreira. o fantasma dos “Led Zep”. de ambien tes urba nos e PREÇO: 16€ PREÇO: 17€ pai sa gens bu có li cas. * João Ferreira, jornalista e editor executivo da “NS’”, revista do “Diário de Notícias” e do “Jornal de Notícias”, www.myspace.com/grinderman www.robertplant.com PREÇO: 11,60€ (amazon.co.uk) é autor de “Histórias Rocambolescas da História de Portugal” (Esfera dos Livros, 2010). www.myspace.com/tracybonham

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LOW COST, É EVIDENTE

HOTEL. O lema diz quase tudo: «Faça e desfaça a sua cama desde 18 euros por noite». O hotel Santa Catarina é o mais recente “low cost” do grupo Evidência. As suas duas estrelas, o ambiente informal e o conceito “light” direccionam-se, à partida, para um público jovem e cosmopolita. Há 17 quartos (13 duplos, três triplos e um múltiplo, para 14 pessoas) com 49 camas e casas de banho privativas (excepto no quarto múltiplo). O “lounge” para refeições, encontros descontraídos e Internet “wireless” gratuita, ajuda a completar a oferta de um “low cost” situado bem no centro de Lisboa, com o miradouro que lhe dá nome e o elevador da Bica a dois passos.

Evidência Light Santa Catarina Rua Dr. Luís de Almeida e Albuquerque, 6 Bairro Alto (Lisboa) Tel.: 213 461 009 E-mail: [email protected] www.evidenciahoteis.com

FELIPE OLIVEIRA BAPTISTA A CRIAR PARA O CROCODILO

MODA. É oficial: Felipe Oliveira Baptista assina a primeira colecção integral de pronto- -a-vestir feminino da Lacoste para a temporada Primavera/Verão 2012, mas desde Setembro que o designer português de 35 anos exerce funções como director criativo da conceituada marca francesa, substituindo Christophe Lemaire — que abandonou o cargo para suceder a Jean-Paul Gaultier na Hermés. «O seu grande sentido de cor e o seu incontestável talento em projectar os códigos da marca Lacoste no futuro serão a chave para a renovação constante e a definição de uma nova linha de produtos», defende a multinacional presente em 114 países e que tem no crocodilo o seu ícone de gerações. Licenciado pela Kingston University, criador de uma linha em nome próprio e consultor de diversas empresas europeias e asiáticas, Felipe Oliveira Baptista tem visto o seu trabalho amplamente reconhecido, como provam os prémios do Festival de Hyeres e, por duas vezes, do ANDAM, promovido pelo Ministério da Cultura francês e pela Association Nationale pour le Développement des Arts de la Mode. Em 2005, foi convidado a integrar o calendário oficial de alta-costura parisiense, e apresenta as suas propostas na Semana da Moda de Paris desde o ano passado. Colecções, propostas e outros projectos em www.felipeoliveirabaptista.com.

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tintin TINTIN NA AMÉRICA DE VENTO EM POPA

BANDA DESENHADA. Portugal detém dois recordes quando o assunto são as aventuras do jovem repórter criado pelo belga Hergé (1907-1983): foi o primeiro país não-francófono a publicá-las (na revista “Papagaio”, em Abril de 1936) e o primeiro do mundo a fazê-lo a cores — mesmo sem a permissão do autor, que no fim acabou por não se opor. Quase 75 anos depois, a ASA quer dar um novo fôlego a Tintin, reeditando os 24 álbuns da colecção com novas traduções (assinadas por Maria José Pereira e Paula Caetano), formato inédito (mais pequeno do que o tradicional da Casterman) e grafia original — Tintin em vez de Tintim. «O Tintin é uma marca», explica Maria José Pereira, responsável pela banda desenhada da ASA. «E também não fomos buscar os nomes das primeiras versões das personagens, tal como existiram em Portugal, nomeadamente as do “Papagaio”». Os seis primeiros livros (“Tintin no País dos Sovietes”, “Tintin no Congo”, “Tintin na América”, “Os Charutos do Faraó”, “O Lótus Azul” e “A Orelha Quebrada”) já estão nas livrarias, e até ao final do ano devem ser lançados outros seis. O objectivo da editora é ter os 24 álbuns prontos em finais de 2011, quando estrear nos cinemas “The Adventures of Tintin: The Secret of the Unicorn”, o início de uma trilogia realizada por Steven Spielberg.

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LLOYD COLE. O «cantautor» inglês regressa a Portugal com uma mini-digressão de cinco datas e, na bagagem, um disco pronto a estrear, “Broken Record”. Passará pelo Porto (Casa da Música, 14/Out), HISTÓRIA DA VIDA Guimarães (CAE São Mamede, 15), PRIVADA EM PORTUGAL. Estarreja (Cine-Teatro, 16), Sintra (CC Olga Cadaval, 17) e Coimbra Direcção de José Mattoso I Círculo de Leitores (Teatro Gil Vicente, 19). «A História é, de facto, uma disciplina que ajuda a olhar sem crispação e, ao mesmo A NÃO PERDER tempo, sem ilusões, para as regras de comportamento que o homem foi inventando THE WALKMEN. O quinteto através dos tempos.» A frase do historiador José Mattoso, que dirigiu esta colecção, nova-iorquino está de volta à cidade resume parte do grande empreendimento editorial que são os quatro volumes de que inspirou o título do seu último “História da Vida Privada em Portugal”, inspirada na obra homónima de Philippe Ariès disco: o recém-lançado “” e Georges Duby, recentemente lançada em exclusivo pelo Círculo de Leitores. será o mote para um concerto no Planeada desde Outubro de 2004, esta “História” teve o contributo de 40 autores. Coliseu dos Recreios, a 14 de O primeiro volume versa sobre «A Idade Média», e conta com a coordenação de Novembro. Bilhetes a partir de 25€. Bernardo Vasconcelos e Sousa. Seguem-se, nos próximos meses (a um ritmo bimestral), «A Idade Moderna» (Nuno Gonçalo Monteiro), «A Época Contemporânea» (Irene OTANGO. Em Outubro, o tango Vaquinhas) e «Os Nossos Dias» (Ana Nunes Almeida). invade Portugal. “OTango, the PREÇO: 26,64€ 1.º Volume I historiadavidaprivadaemportugal.blogspot.com ultima te tango show” passará por Lagoa (19), Faro (20), Braga (22), Lisboa (23), Caldas da Rainha (24), Porto (26), Coimbra (27), Leiria (28), Sintra (29) e Funchal (30).

REDES COM MILHARES DE VISITANTES CORSÁRIOS LIVRO. SUPERFREAK- EXPOSIÇÃO. A iniciativa superou as E PIRATAS José Luís Peixoto ONOMICS. melhores expectativas. Mais de 68.500 PORTUGUESES. Quetzal Steven D. Levitt e pessoas visitaram a exposição “Redes Alexandra Pelúcia “Livro” marca o regresso Stephen J. Dubner sem Mar: Arte Partilhada Millennium A Esfera dos Livros de um dos mais jovens e Presença bcp”, que até 19 de Setembro reuniu, Sebastião Tibau — soldado consistentes escritores É a continuação de “Freak - no Paço dos Duques de Bragança embarcado para a Índia, em portugueses, vencedor do onomics”, o “best-seller” (Guimarães), 13 tapeçarias da Manu- 1605, desertor, líder de uma Prémio José Saramago que abordava a aplicação factura de Tapeçarias de Portalegre, república pira ta — é um dos em 2001 (com “Nenhum de métodos de economia seleccionadas entre o acervo artístico nomes «desco bertos» por Olhar”). A personagem à vida quotidiana. Levitt, do Banco. Para além destas peças, Alexandra Pelúcia, historia - que empresta o nome ao economis ta, e Dubner, executadas a partir de pinturas de dora da Universidade Nova romance integra uma antigo edi tor da “New York vários artistas nacionais (entre eles de Lisboa. Mas há outros fascinante galeria de Times Magazine”, voltam a Júlio Pomar e Graça Morais), a mostra cuja actividade cor sá ria, ao sinais, momentos e figuras discutir questões insólitas incluía ainda 13 fotografias de Duarte serviço do Rei, era pratica- da emigração portuguesa — seja a prostituição ou o Belo e um vídeo de António Caramelo mente desconhe ci da: Vasco para França. Entre uma aquecimen to global — para que mostrava como «a tecelagem da Gama, Álvares Cabral, vila do interior e Paris, há mostrar como as pessoas reconstrói em lã o que a pintura criou Afonso de Albuquer que... um passado por revelar. rea gem aos incentivos. em tela». PREÇO: 22€ PREÇO: 17,95€ PREÇO: 17,50€

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nicole kidman DE NOVO NA BROADWAY

TEATRO. Na sua última e única passagem pela Broadway (“The Blue Room”, 1998), Nicole Kidman deu que falar, não só pela qualidade artística do seu desempenho (que lhe valeu a nomeação para o prémio Laurence Olivier) como pelo nu integral que o papel implicava — menos de quatro segundos, mas o suficiente para dominar as atenções. Passados treze anos, a actriz havaiana volta ao palco, desta vez sob direcção de David Cromer e vestida da cabeça aos pés: a partir do Outono de 2011, será Alexandra del Lago, uma estrela de cinema decadente e com um problema de alcoolismo, em “Sweet Bird of Youth”. A peça foi escrita por Tennessee Williams em 1959 e nesse mesmo ano chegou à Broadway pela mão de Elia Kazan, com Geraldine Page e Paul Newman nos principais papéis — replicados no grande ecrã em “Corações na Penumbra” (1962), realizado por Richard Brooks. Enquanto “Sweet Bird of Youth” não estreia, Nicole Kidman tem encontro marcado com o público no drama “Rabbit Hole” (uma prestação candidata a nomeação para Óscar) e na comédia romântica “Just Go With It”, ambas ainda sem data de estreia para as salas portuguesas. www.nicolekidmanofficial.com

O CINEMA REGRESSA AO ESTORIL

FESTIVAL. Cinéfilos, jornalistas e profissionais da sétima arte: de 5 a 14 de Novembro, todos convergem para o Estoril Film Festival, que, durante dez dias, coloca Portugal no mapa do cinema internacional. Este ano, o certame presta homenagem a Roman Polanski, Chris Marker, Marisa Paredes e Koji Wakamatsu, passa em retrospectiva a obra do palestiniano Elia Suleiman e da oscarizada Kathryn Bigelow, e dedica o ciclo “Cineastas Raros” ao romeno Andrei Ujica. Para a competição oficial foram seleccionados 12 filmes que, segundo a organização, «ainda não tiveram o merecido destaque nas competições de outros grandes festivais»,

“O AMERICANO”, DE ANTON CORBIJN entre eles “A Espada e a Rosa”, do português João Nicolau. Fora desse lote, e como é habitual, serão exibidos vários títulos em antestreia nacional, entre eles “Machete”, de Robert Rodriguez, “Tournée”, de Mathieu Amalric, e “O Americano”, de Anton Corbijn, com George Clooney na pele de um assassino contratado. Corbijn, uma das figuras internacionais com presença confirmada no evento (assim como Amalric), terá também patente uma exposição de retratos de estrelas do mundo da música — recorde-se que, antes do cinema, tinha já um longo percurso na fotografia. A programação conta ainda com conferências, “masterclasses”, concertos, encontros com o público e um desfile de moda com a assinatura de John Malkovich: o actor vem ao Estoril apresentar a sua marca Uncle Kimono. “MACHETE”, DE ROBERT RODRIGUEZ www.estoril-filmfestival.com

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TEXTO JOÃO MESTRE FOTOGRAFIA LUIS DE BARROS

RICARDO PEREIRA O BOM, O MAU E O GALÃ

RECÉM-CHEGADO DO RIO DE JANEIRO E JÁ DE PARTIDA PARA O FES- TIVAL DE CINEMA DE TORONTO, O «MAIS BRASILEIRO» DOS ACTORES PORTUGUESES FALA DE SONHOS E AMBIÇÕES, DE GALÃS E MAUS-DA- -FITA, E DE COMO ENCONTROU UMA NOVA CASA NA REDE GLOBO.

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PERFIL FALADO

“ADORO FAZER No labirinto de ruas de faz-de-conta GALÃS, É UM na «Cidade Maravilhosa»: em Abril, assinou criado dentro dos estúdios da NBP, em Bucelas, PRIVILÉGIO con trato com a Globo até 2014. «Era um a azáfama é gran de: figurantes, pessoal técnico ENORME SER- convite irrecusável. É a quarta maior televi- e actores apressam-se para começar a gravação são a nível mundial, as possibilidades são de mais um episódio da série “Bairro da Fonte”. MOS VISTOS imensas.» Em breve, terão início as grava - Entre eles, um jovem estudante de Psicologia COMO PESSOAS ções de “Insensato Coração”, a sua quarta com a ambição de fazer carreira na represen- EXEM PLARES, telenovela brasileira, sobre a qual pouco re - tação, quase a estrear-se no seu primeiro papel CAPAZES DE vela. «Nem sequer podemos falar sobre as televisivo. «Estava completamente perdido, era personagens.» Apenas garante que a sua será tudo novo», recorda Ricardo Pereira, nove anos APAIXONAR O «diferente» das que tem interpretado. E que, depois desse momento mágico. «Andava de ESPECTADOR.” pela primeira vez, não fará o papel de um olhos e ouvidos bem abertos, a tentar registar o português, mas sim de um brasileiro – outra maior número de percepções por minuto, para poder evoluir, crescer rapidamen te.» façanha inédita para um actor estran gei ro. Ricardo Pereira não era propriamente um novato. Para além de uns quantos filmes pu- blicitários e aparições fugazes em outras séries, trazia no currículo a peça “A Real Caçada ao No dia em que nos encontramos, Ricar- Sol”, de Peter Shaffer, que o Teatro Nacional D. Maria II levou à cena em 2000. O elenco do Pereira está de partida para o Festival de incluía «pesos-pesados» como Ruy de Carvalho ou Guil herme Filipe. «Foi aí que aprendi o Cinema de Toronto, a propósito da apresen- rigor, a disciplina, a responsabilidade de o que é ser actor. Foi a minha “licenciatura”.» Não tação do filme “Mistérios de Lisboa”, reali- era a primeira vez que pisava um palco. «Esta profissão foi-me conquistando», acrescenta, com zado pelo chileno Raoul Ruiz a partir do o sorriso que se tornou a sua imagem de marca. Começou a apaixonar-se pela arte da repre- romance de Camilo Castelo Branco. «É um sentação no grupo de teatro amador do Liceu Camões, em Lisboa. Seguiram-se as oficinas filme de culto, dirigido por alguém com uma de expressão dramática, vários cursos e “workshops”, em Portugal e depois no estrangeiro, forma bastante diferente de olhar o cinema. até que, quando deu conta, os papéis se ti nham invertido: «De repente, eu é que estava Já o vi duas vezes e adorei!», afirma, entusias- a tentar conquistá-la, diariamente, trabalhando para me tornar um melhor actor.» mado. Em parte, pela personagem que lhe foi entregue, algo diferente das que costuma en- Em criança, sonhava ser atleta profissional. Primeiro no judo, onde chegou a cin- carnar no pequeno ecrã: «É um tipo execrável, turão verde; depois, aos 12, no basquetebol; anos mais tarde, no ténis. Por esta altura, eram muito irónico, muito jogador. Soube-me bem vários os convites de fotógrafos amigos da sua mãe a desafiá-la para que os deixasse fazer fazer este papel. Os “maus” são persona gens um portefólio do rapaz. A mãe, na verdade, nunca se opôs. Era o próprio Ricardo que muito agradáveis de fazer, podemos exorci- não tinha interesse. «Queria dedicar-me ao desporto, queria lá saber de fotografias.» Até ao zar todas as nossas raivas.» Aliás, se lhe des- dia em que se deixou convencer a ser fotografado por Luís Magone. Sem saber, dava o sem a escolher um papel numa grande primeiro passo no caminho que acabaria por orientar a sua vida: a «brincadeira» abriu a produção de Hollywood, escolheria um vilão. porta da agência Look Elite, que lhe garantiu os primeiros trabalhos como modelo. Fez des- E o “Joker” – seja o de Jack Nicholson (1989) files, catálogos e filmes publicitários. Começava assim a sua grande viagem. Literalmente. ou o de Heath Ledger (2008) – está entre as Passou longas temporadas em Milão, Paris, Barcelona, Madrid e Munique, o que cedo suas personagens favoritas de sempre. Não se o habituou a viver sozinho. E acabou por ter uma influência decisiva no seu futuro: des- pense, contudo, que está farto dos papéis de cobriu em si o espírito de viajante. «Nunca estranho nada, nem o sítio onde fico, nem «bonzinho»: «Adoro fazer galãs, é um privi - a comida, muito menos as pessoas – adoro conhecer pessoas diferentes.» légio enorme sermos vistos co mo pessoas Em 2004, estreou-se na televisão brasileira com a telenovela “”, no exemplares, capazes de apai xo nar o teles - papel do português Daniel Cascaes, um fugitivo que se vê envolvido num complicado pectador.» Além disso, garante, «o papel de triângulo amoroso. E logo conquistou os telespectadores. «Tive a felicidade de, na minha galã é muito difícil de fazer, são personagens primeira telenovela, ser protagonista», responsabilidade que nunca tinha sido entregue a um extremamente densas e muito diferentes actor estrangeiro. «Além disso, apaixonei-me pelo Rio de Janeiro e pelo país, fui muito bem entre si, não têm de ser uma coisa já estipulada». recebido e criei sólidos laços de amizade.» A partir daí, os convites sucederam-se: teleno- Vilão ou galã, Ricardo Pereira quer con- ve las, séries, programas de entretenimento. Tanto lá, como cá. E as milhas foram-se acu- tinuar a gozar o prazer de ser actor: «fingir mulando no seu cartão de passageiro frequente: «A ponte aérea Lisboa/Rio tornou-se que não sou eu, criar outras realidades, muito curta. Faço-a umas 30 vezes por ano.» Nos próximos anos, passará ainda mais tempo viver vidas que não a minha.»

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RICARDO PEREIRA

PERCURSO.

1979. Ricardo da Silva Tavares Pereira nasce a 14 de Setembro, em Lisboa.

1995. Começa a trabalhar como modelo em desfiles, catálogos e publicidade. Descobre o interesse pela representação no grupo de teatro amador do Liceu Camões (Lisboa).

2000. Entra para a companhia de teatro infantil Magia e Fantasia. Mais tarde, integra o elenco de “A Real Caçada ao Sol”, encenada por Carlos Avilez, no Teatro Nacional D. Maria II.

2001. Primeiro papel televisivo, na série “Bairro da Fonte”. Seguem-se as telenovelas “Sonhos Traídos”, “Amanhecer” (2002), “Saber Amar” e “Queridas Feras” (2003).

2004. Aventura-se no Brasil como protagonista da telenovela da Globo “Como Uma Onda”. Filma “O Milagre Segundo Salomé”, de Mário Barroso.

2005. Replica a «fórmula» telenovela brasileira/filme português com “Prova de Amor”, na Rede Record, e “O Crime do Padre Amaro”, de Carlos Coelho da Silva, repetindo no ano seguinte: “Pé na Jaca”, na Globo, e “Viúva Rica Solteira Não Fica”, de José Fonseca e Costa.

2008. Volta a filmar com Coelho da Silva, agora no aclamado “Amália”. Na Globo, faz “Negócio da China”.

2010. Depois de encarnar um vampiro na série juvenil “Lua Vermelha”, assina um contrato de quatro anos com a Globo e começa as filmagens da sua quarta telenovela brasileira, “Insensato Coração”. Estreia o filme “Mistérios de Lisboa”, de Raoul Ruiz.

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PERFIL FALADO 22-29:Layout 1 06-10-2010 11:06 Page 27

RICARDO PEREIRA

omo conseguiu entrar num mercado tão con- Santeiro” foi a novela que mais me ca ti - corrido como o brasileiro? vou. Ainda tenho o último episódio, Antes de mim, tinham lá estado outros actores que gravado numa cassete beta. fizeram um belíssimo trabalho: a Maria João Bastos, o Paulo Pires, o Nuno Lopes, o Duarte Guimarães, Quando decidiu que queria ser actor, a Anabela Teixeira, entre outros. Tive a felicidade foi fácil convencer os seus pais? de ser protagonista na minha primeira novela: isso credibilizou-me como actor, criou Sempre tive uma relação muito boa com raízes mais sólidas e fez-me querer investir numa carreira no Brasil. eles: faço o que quiser, mas tenho de assu- mir as consequências. É a primeira lição Ainda há muitos preconceitos em relação Portugal? de responsabilidade. Acima de tudo, eles Acho que não. Muitos brasileiros já viajaram, não só para Portugal como para a Eu- incutiram-me valores, noções, direcções, ropa, e percebem que hoje temos um país supermoderno, cosmopolita. Sou muito caminhos, para que tomasse as minhas de- patriota, promovo Portugal tanto quanto posso. cisões. E estão, estiveram e estarão sem- pre ao meu lado. São dois grandes amigos, No entanto, a sua personagem em “Negócio da China” é um padeiro, um velho dois grandes companheiros. cliché acerca de nós… Não é nem pode ser uma generalização de Portugal. O Miguel Fallabela, que é um Na universidade, estudou Psicologia… grande autor e conhece muito bem o País, tentou retratar um outro Portugal que ele Estou no último ano do curso desde também conhece. Quando se cria uma obra ficcionada, não se pode pensar «meu 2004. Faltam-me quatro cadeiras, o está- Deus, isto pode causar algum problema em alguém». Seria censura criativa. Se virmos gio e a monografia. Não tive tempo de um filme de “cowboys”, não ficamos a pensar que nos Estados Unidos as pessoas terminar porque foi sempre trabalhar, ainda andam aos tiros. A novela “Negócio da China” [actualmente em exibição na trabalhar, trabalhar. Fiz o terceiro e o SIC] teve um grande sucesso e o núcleo português foi dos mais aplaudidos. Era um quarto ano à noite – durante o dia estava grupo muito cómico, com excelentes actores: a Maria Vieira, que é a minha mãe, toda a gravar novelas. E no quinto fui para o vestida de preto, o Joaquim Monchique, um padeiro que já lá vive há muito tempo, e Brasil. Estou agora a ponderar concluí-lo a Carla Andrino, a mulher dele. Eles fizeram um trabalho excelente. lá, tenho uma faculdade de Psicologia perto de casa. Tendo em conta a dimensão das produções brasileiras, sente-se limitado quando trabalha em Portugal? Que papel mais gostou de representar? Em Portugal fazemos muito bem aquilo que fazemos. Sim, precisaríamos de mais Há, sem dúvida, um carinho especial orçamento. Porém, isso vem da publicidade. E no Brasil, um mercado com 200 milhões pelo primeiro. Foi na série “Bairro da de pessoas, a publicidade movimenta valores bem diferentes. O que influencia (e Fonte” [SIC, 2001], em que o meu pai era muito) a forma de trabalhar. E quando digo isto não estou a condenar: ou é assim, ou o Virgílio Castelo e a minha mãe a Helena não se produz. Então, é melhor produzir assim. Isabel, que entretanto se casava com o Vítor Norte. E entrava também o António No Brasil, fala com sotaque brasileiro. Está a aprender com um «treinador»? Feio. Estava muito bem rodeado… Tenho feito um trabalho muito interessante com uma terapeuta da fala, ao nível de sonoridades, sílabas, respirações, formas de colocar a língua. E ajuda-me muito ler Ambiciona chegar a Hollywood? livros e jornais brasileiros em voz alta. É uma questão de prática. O problema é Sim. E ambiciono outros locais. Tenho quando, à noite, em casa falo com a minha mulher, ou com os meus pais através do trabalhado com Espanha, Holanda, Skype, e esse trabalho me é meio «roubado». França. Ainda não me estabeleci como no Brasil ou em Portugal, mas tenho esse Se houvesse um “remake” de uma telenovela brasileira, qual gostaria de fazer? sonho. É tudo uma questão de encarar um O “Roque Santeiro” [1985]. Se pudesse, faria a personagem do José Wilker, o “play- desafio noutras paragens a seguir às aven- boyzão”. Mas o Sinhozinho Malta [Lima Duarte] também era fantástico. “Roque turas no Brasil.

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PERFIL FALADO

EM DISCURSO DIRECTO.

NEM ACTOR NEM MODELO: O MEU SONHO SEMPRE FOI, E AINDA É, SER FELIZ. SER ACTOR OCUPA UMA GRANDE PARTE DA MINHA PAIXÃO PELA VIDA.

Quando era miúdo, tínhamos uma ludoteca na escola Marquesa de Alorna, onde logo aparecem três ou quatro propostas. nos mascarávamos e fazíamos peças de teatro. Essa fantasia de poder ser alguém que É sempre assim. Fico danado quando não era sempre me fascinou. Não tinha qualquer tipo de vergonha. tenho de recusar projectos que me interes- sam por falta de disponibilidade. No início da minha carreira como modelo fiz uma série de anúncios que não tinham nada que ver comigo. Adorava e adoro fazer publicidade. Não houve nenhum É importante termos os ouvidos e trabalho que não tenha gostado de fazer. Houve, isso sim, alguns em que me ques- os olhos bem abertos para captarmos tionei: «Porque é que eu estou a vender isto?» aquilo que as pessoas nos podem trazer. Essa é a maior das aprendizagens. Por Procuro ser sempre muito profissional por onde passo. Gosto de deixar portas vezes, esquecemo-nos disso. abertas. Estou nesta área há uns 15 anos e não só por ser o meu «amor» – é também o meu ganha-pão. É importante ser realista a este ponto. Tenho tido bons encontros profis- sionais ao longo do meu percurso, Nunca falei nem nunca me vão ouvir falar mal daquilo que se faz no meu país com actores, realizadores, encenadores e – seja em teatro, em cinema ou em televisão. Há que ser positivo. produtores que apostaram em mim, que me ensinaram, que me endireitaram. Em Portugal, os artistas enfrentam sempre muitas adversidades para instituir a sua arte. Por vezes quem manda esquece-se de que a arte forma as pessoas, O que aprecio num actor? Gosto de ensina-as, educa-as. Mas mesmo com essas dificuldades, conseguimos fazer coisas sentir no olhar a representação. Há actores muito boas. formidáveis, cujo olhar, só o olhar, nos diz

tudo antes de abrirem a boca. M ilh d Só i P I A grande questão – bato sempre na mesma tecla – é o orçamento. E quando digo isto, não estou a condenar: ou é assim, ou não se produz. É melhor produzir assim. Ser actor é uma profissão muito séria. Temos o dever de transmitir uma verdade Esta profissão é muito instável: quando estou a terminar uma coisa, começo encenada de forma credível e não podemos logo a pensar «O que vou fazer a seguir?». No entanto, se estou cheio de trabalho, defraudar, de forma alguma, o público. l

APOSTA A i d f fi Fili S lh i I Com uma carreira de sucesso e de forma transversal a comunicação do Banco e, em a cara em inúmeras campanhas em Portugal e no Brasil, simpatia e o reconhecimento Janeiro de 2008, apareceu pela do Millennium bcp, promovendo Ricardo Pereira é um dos mais do público. No final de 2007, primeira vez numa campanha produtos como Vantagem bem cotados jovens actores o Millennium bcp convidou-o publicitária da Solução Ordenado, Crédito Habitação, portugueses da actualidade, a integrar o grupo de perso- “Cliente Frequente”. Desde PPR e o Depósito Taxa e recolhe sem dificuldade nalidades envolvidas na então, Ricardo Pereira já deu Crescente. d á S Pdã Báb

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Produção: Bárbara Santos I Assistente de fotografia: Filipe Serralheiro I Maquilhadora: Sónia Pessoa 30-37:Layout 1 11-10-2010 9:49 Page 30

CULTO

MAIS CONCRETAMENTE A 25 DE JUNHO DE 1985, O PRIMEIRO DIA DO RESTO DA VIDA DO BANCO COMERCIAL PORTUGUÊS. POR ESSA ALTURA, PORTUGAL ADERIA OFICIALMENTE À COMUNIDADE ECONÓMICA EUROPEIA E O MULTIBANCO COMEÇAVA A SER UMA REALIDADE EM LISBOA E PORTO, MAS OUTROS EPISÓDIOS, ÍCONES E MOMENTOS SOBREVIVEM DESSE ANO CRUCIAL PARA AS NOSSAS VIDAS.

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TEXTO JOÃO ALEXANDRE

SENNA VENCE GRANDE. PRÉMIO DO ESTORIL.

A primeira das 41 vitórias da carreira do mítico tricampeão mundial de Fórmula 1 (1988, 1990 e 1991) acontece no Grande Prémio de Portugal, mais concretamente na pista do autódromo do Estoril, a 21 de Abril de 1985, ao volante de um Lotus, no segundo ano como piloto profissional ao mais alto nível. Tinha então 25 anos e uma década de sonho à sua frente. Sonho que terminaria em pesadelo com o acidente fatal no Grande Prémio de San Marino, em 1994. Em Dezembro de 2009, 217 pilotos de Fórmula 1 elegeram-no como o melhor piloto de todos os tempos.

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NASCEM TRÊS. ESTRELAS: TELMA, RONALDO. E FREDERICO.

Com poucos meses de diferença, começava a desenhar-se em 1985 uma trilogia desportiva de sucesso. A judoca que há poucas semanas conquistou a medalha de prata (categoria de menos 57 quilos) no Mundial em Tóquio nascia Telma Alexandra Pinto Monteiro, em Almada, dois dias depois do Natal. Bem mais a sul, no Funchal (Madeira), Cristiano Ronaldo dos Santos Aveiro, futebolista do Real Madrid que dispensa qualquer apresentação, vivia o seu primeiro dia de vida a 5 de Fevereiro. Em Lisboa, marcava o calendário 24 de Março, era a vez de os pais de Frederico Gil sonharem com muita coisa, talvez nunca com a possibilidade de o seu filho se tornar o tenista português que mais longe foi, até hoje, no “ranking” ATP (66º lugar em 2009).

“WE ARE THE WORLD”. LIDERA O TOP DE. VENDAS DE DISCOS.

Portugal não escapou à onda de solidarie dade e, tal como em Inglaterra MANOEL DE OLIVEIRA. e nos Estados Unidos, o álbum gravado por 45 músicos que formavam a “USA DISTINGUIDO EM VENEZA. for Africa”, liderados por Kenny Rogers, Michael Jackson, Lionel Richie ou Harry Os 415 minutos de “Le Soulier de Satin” Belafonte, era o mais vendido no mês de (“O Sapato de Cetim”), adaptação da obra Junho de 1985, data da escri- homónima do francês Paul Claudel levada a tura de constituição do Banco cabo por Manoel de Oliveira em 1985, não foram Comercial Português e da obstáculo para o cineasta português que em sua primeira Assembleia Dezembro de 2010 completa 102 anos receber de Accionistas. dois prémios do Festival de Cinema de Veneza, O “top 3” dos álbuns mais um dos mais conceituados do mundo: o Leão de vendidos fechava com Ouro Especial do Júri, atribuído “ex-aequo” a “Reckless”, de Bryan Adams, Federico Fellini e John Huston, e o Prémio da e “Songs From the Big Chair”, Crítica. Seleccionado também para o Festival de dos Tears for Fears. Cannes, “ O Sapato de Cetim” acabaria ainda por ser distinguido pela Cinemateca Real da Bélgica.

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PORTUGAL. ASSINA TRATADO. DE ADESÃO À CEE.

A 12 de Junho de 1985, no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, Mário Soares (primeiro-ministro), Rui Machete (vice- -primeiro-ministro), Jaime Gama (ministro dos Negócios Estrangeiros) e Ernâni Lopes (ministro das Finanças) assinaram oficialmente o Tratado de Adesão que tornava Portugal o 11º estado-membro da Comunidade Económica Europeia. «Para Portugal, a adesão à CEE representa uma opção fundamental para um futuro de progresso e modernidade», afirmava Mário Soares na cerimónia. «Mas não se pense que seja uma opção de facilidade. Exige muito dos portugueses, embora lhes abra, simultaneamente, largas perspectivas de desenvolvimento.»

MARCO CHAGAS. GANHA TERCEIRA. VOLTA A PORTUGAL.

O ciclista português que mais venceu a Volta a Portugal (quatro vezes, tantas como o espanhol David Blanco, ainda em actividade) Arquivo DN conseguia em 1985 (e depois em 1986) repetir com a camisola do Sporting CP o triunfo que antes alcançara pelo FC Porto — clube que, por esta altura, se sagrava pela oitava vez campeão nacional de futebol, o que já não acontecia desde 1979, deixando o Sporting CP e o SL Benfica a SIBS LANÇA. uma distância de 8 e 12 pontos, respectivamente. OS PRIMEIROS. 12 TERMINAIS. MULTIBANCO.

A rede de caixas Multibanco, gerida pela Sociedade Interbancária de Serviços (SIBS), que actualmente processa mais de 69 milhões de operações por mês — equivalentes a um volume de 3.475 milhões de euros (média mensal de 2008, dados da SIBS), através de 13 mil caixas automáticas —, começou em Setembro de 1985 com apenas 12 terminais em Lisboa e no Porto. Uma «pequena» revolução no dia-a-dia dos portugueses com 25 anos de história, e que hoje oferece 60 funcionalidades — entre carregamento de telemóveis, transferências, compra de bilhetes para espectáculos e transportes, pagamento de serviços, levantamentos e consultas.

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A GLÓRIA DE. CARLOS LOPES. Arquivo DN É o fado dos grandes campeões ganhar sempre mais, mesmo depois de conquistarem um feito único, como foi o caso de Carlos Lopes LOBO ANTUNES. com a medalha de ouro na maratona das Olímpiadas de Los Angeles, PREMIADO. em 1984 (o seu tempo, 2h 9m 21s, permaneceu como recorde olímpico Na sua quarta edição, o prémio atribuído até Pequim 2008). Um ano depois, pela Associação Portuguesa de Escritores o atleta nascido em Viseu em 1947 (APE) foi para António Lobo Antunes, continuava a «fazer história»: vencia pelo romance “Auto dos Danados”, o seu terceiro Campeonato do Mundo sucedendo a José Cardoso Pires de Corta-Mato, em Lisboa, e cortava (“Balada da Praia dos Cães”), Agustina a fita da maratona de Roterdão, Bessa-Luís (“Os Meninos de Oiro”) quebrando o recorde mundial da prova. e Mário Cláudio (“Amadeo”). A partir deste ano (1985), o romancista e psiquiatra lisboeta, nascido em 1942, passava a dedicar-se exclusivamente à escrita. Lobo Antunes voltaria a receber o máximo galardão da APE em 1999, por “Exortação aos Crocodilos”.

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CULTO

CARRO EUROPEU DO. ANO: OPEL KADETT.

Os jornalistas europeus não tiveram dúvidas: o Opel Kadett era o sucessor do Fiat Uno como Carro Europeu do Ano. Os 326 pontos atribuídos ao modelo alemão deixavam-no a uma distância considerável dos dois outros ocupantes do pódio (261 pontos para o Renault 25 e 191 para o Lancia Thema). Com mais de meio século de história — na primeira edição, em 1964, foi distinguido o Rover 2000 —, este prémio internacional é votado todos os anos por jornalistas especializados de vários países da Europa. A lista completa dos vencedores pode ser consultada no “website” www.caroftheyear.org.

XUTOS & PONTAPÉS,. GNR E ADELAIDE FERREIRA.

Com seis anos de existência, os Xutos & Pontapés lançavam o seu segundo álbum, “Cerco”, com temas que resistiriam a várias gerações, entre eles “O Homem do Leme” e “Conta-me Histórias”; por seu lado, os portuenses GNR (Grupo Novo Rock), fundados em 1980, avançavam para o terceiro trabalho, “Os Homens Não Se Querem Bonitos”, com o clássico “Dunas” em lugar de destaque. Nesse mesmo ano, Adelaide Ferreira vencia o Festival da Canção, com “Penso Em Ti (Eu Sei)”, mas não passou do 18º lugar na Eurovisão.

INAUGURAÇÃO DA. MESQUITA DE LISBOA.

«A Mesquita Central de Lisboa acolhe não só os muçulmanos; os não-muçulma- nos também a podem visitar e partilhar das suas ideias e crenças. Hoje é conhe cida como um local de referência.» A frase do imã Sheik David Munir percor re parte da história da principal mesquita da comunidade islâmica em Portugal, cuja primeira pedra foi lançada em Janeiro de 1979. A inauguração, essa

tem a data de 29 de Março de 1985. Arquivo DN Arquivo 30-37:Layout 1 11-10-2010 9:49 Page 36

Arquivo DN

QUATRO AVENTURAS, “ZARABABIM” E. QUEIJINHOS FRESCOS.

A aventura literária de Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada continua em pleno durante o ano de 1985, com a publicação de mais quatro volumes (do 11º ao 14º) da série "Uma Aventura": na Mina, no Algarve, no Porto e no Estádio. O público mais jovem tinha, há 25 anos, mais motivos para sorrir. Estreavam na RTP as séries de animação "As Misteriosas Cidades de Ouro", "Fábulas da Floresta Verde" ou "Heathcliff e Marmaduke", assim como a série juvenil “Zarababim”, protagonizada por Carlos Alberto Moniz, José Wallenstein, São José Lapa e António Feio. Na música, os Queijinhos Frescos chegavam ao disco de ouro com o álbum “Batem Corações”.

CORNETTO. A 65 ESCUDOS.

Em 1985, o catálogo dos gelados da Olá, vendidos desde 1959, apresentava 20 escolhas diferentes, com o Cornetto a liderar a oferta, tanto pelo preço (65$00, cerca de 0,32€) como pela variedade (sabores chocolate, morango, “moka” e... “whisky”). No rol de novidades deste ano apareciam o Calippo (50$00), o Tri-Choc CAVACO SILVA CHEGA A. (40$00) e o Split Morango (25$00). O «cardápio» incluía ainda Upa-Upa PRIMEIRO-MINISTRO. (50$00), Crok (45$00) Krisspi e Epá (40$00), Pinky e Super Maxi (30$00), Eleito líder do PSD no Congresso da Fizz Limão e Perna de Pau (27$50), Tigre, Figueira Foz, em Maio de 1985 — e depois Popsi e Super Nave (25$00), Laranja do fim da coligação governamental entre (17$50) e Ananás (15$00). PSD e PS e a dissolução da Assembleia da República pelo Presidente Ramalho Eanes, com a consequente convocação de eleições legislativas —, Cavaco Silva e o PSD ganham ENTRA EM JOGO. a batalha eleitoral de 6 de Outubro com O PRIMEIRO DIÁRIO. 29,8 por cento dos votos. O novo primeiro- -ministro é empossado um mês depois, DESPORTIVO. a 6 de Novembro, com 46 anos de idade. Era o início da década (1985-1995) de Quando “A Bola” e o “Record” ainda Cavaco Silva em São Bento. mantinham a sua periodicidade trissemanal, é fundado no Porto “O Jogo”, o «primeiro jornal diário desportivo português», garante Manuel Tavares, director desde 1994, ano em que o título é comprado pela Jornalinveste (de Joaquim Oliveira) à Empresa do Jornal de Notícias. «Creio que o “O Jogo” trouxe uma abordagem diferente e mais jovem ao panorama da imprensa desportiva, com mais estatística e um enfoque na área económica do desporto.»

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HERMANIAS DUARTE & COMPANHIA

A ESTREIA DE “HERMANIAS”, “DUARTE & COMPANHIA” E “CHUVA NA AREIA”.

O fulgor humorístico de Herman José continuava em alta. Um ano após Tony Silva, Nelito e a estreia de “O Tal Canal”, em 1984, aparecia Serafim Saudade e Maria Teresa Pissarra de Bragança em “Hermanias”. 1985 assinala outras duas estreias que se tornaram ícones da história da televisão portuguesa: a série de CONTINENTE, UMA. detectives “Duarte & Companhia”, que se prolongou até 1989, NOVA RAÇA DE LOJA. protagonizada por Rui Mendes, António Assunção, Paula Mora e um Citroën 2 CV; e a telenovela “Chuva na Areia”, filmada em Tróia por Nuno Teixeira. «Gigantão! Baratão! Uma nova raça de loja!» A frase do folheto promocional da abertura do primeiro hipermercado Continente em Matosinhos, em Dezembro de 1985, funcionava como grande mote publicitário na rádio, televisão e jornais — os anúncios estão disponíveis no “website” 25 anos.continente.pt. O investimento da Sonae revelou-se acertado e hoje a marca Continente é uma referência de confiança no sector do retalho, com uma rede de hipermercados que cobre todo o País.

CENTRO COMERCIAL. DAS AMOREIRAS. ABRE AS PORTAS. O REGRESSO DO. A 27 de Setembro de 1985, o Centro Comercial COMETA HALLEY. das Amoreiras abria as portas para se mostrar como ícone pós-modernista de um O mais famoso dos cometas — reconhecido grande espaço de comércio e serviços perto como periódico no século XVII por Edmond do centro da capital portuguesa. Em 1993, o Halley mas já registado há mais de 2000 anos Prémio Valmor e Municipal de Arquitectura — trouxe o pânico a Portugal em 1910, envolto reconheceu a qualidade arquitectónica de em superstições, especulação e bastante todo o complexo das Amoreiras, assinado exploração comercial e religiosa. Quando por Tomás Taveira. Actualmente, o centro voltou a cruzar o céu, passados 75 anos comercial de dois pisos conta com 247 lojas (na verdade, o intervalo de tempo das suas em 40 mil metros quadrados e 900 aparições fica entre 75 e 76 anos), a 27 de lugares de estacionamento. Novembro de 1985, a sua brilhante passagem foi mais pacífica. O próximo periélio está marcado para 28 de Junho de 2061. 38-39:Layout 1 06-10-2010 11:14 Page 38

25 ANOS A CRIAR O FUTURO.

AMERICAN EXPRESS..

Mais de 200 mil portugueses podem fazer pagamentos com um cartão American Express graças à parceria pioneira e exclusiva firmada entre esta marca e o Millennium bcp. Os prestigiados cartões American Express podem ser utilizados em mais de 50 mil estabelecimentos em Portugal, aos quais se soma a vasta rede internacional.

SEGMENTAÇÃO. E PROXIMIDADE..

Na génese do actual Millennium bcp A HISTÓRIA DO MILLENNIUM BCP está o objectivo de criar um banco moderno e inovador, que se diferencia CONTA-SE CONJUGANDO O VERBO pela qualidade de serviço. A segmentação «INOVAR». A NOSSA GÉNESE SEMPRE do mercado, primariamente em particu- lares e empresas, e a personalização do FOI CONS TRUIR O FUTURO DA BANCA. serviço são marcas distintivas daquele que é, actualmente, o maior banco privado português.

BANCA TELEFÓNICA..

Um banco a operar exclusivamente por telefone é uma inovação com a assinatura do Millennium bcp. O Banco 7, o primeiro sem sucursais, adicionou à vantagem da comodidade um preçário de comissões bem mais atractivo que o dos bancos tradicionais. Mais tarde passa a fazer gestão de activos e “trading” sob a nova denominação Activo Bank7, centrando a sua actividade no canal Internet.

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SAÚDE PRIVADA..

Escrever sobre inovação no sistema financeiro em Portugal implica referir os seguros de saúde e, mais uma vez, o maior grupo financeiro português contribuiu para a história deste produto. A Médis, marca pioneira no conceito de “managed care” no nosso país, rapidamente se tornou a referência do sector, apostando na inovação e na excelência de serviço. Hoje apresenta uma rede com mais de 6400 médicos e é suportada por uma linha de enfermeiros disponível 24h por dia.

HORÁRIOS DIFERENCIADOS.. BANCA MÓVEL..

Os horários diferenciados na Banca passam a ser uma realidade Em 2010 o renovado Activo Bank introduz quando, em 2002, o Millennium bcp decide implementá-los. Com uma nova forma de fazer banca em Portugal. o objectivo de corresponder às necessidades dos clientes, com Direccionado a clientes de espírito jovem, total comodidade e garantindo um acompanhamento sempre utilizadores intensivos das novas tecnologias personalizado, 129 sucursais de norte a sul passam a estar de comunicação e das redes sociais, o Activo disponíveis até às 19h00. Em 2009, os clientes passam também Bank tem como principal objectivo tornar a a contar com o seu Banco aos sábados, com 28 sucursais abertas vida mais simples. Um exemplo do seu um pouco por todo o País. carácter inovador foi o lançamento de uma aplicação pioneira de contacto com o Banco para “smartphones”.

UM BANCO. NA INTERNET..

A aposta na excelência passa também por assegurar um serviço de proximidade, com total comodidade para o Cliente. Depois do sucesso com a banca telefónica, o portal de Internet cidadebcp.pt é apresentado ao mercado em 2000 e, em apenas dois anos, torna-se a «mais movimentada sucursal» do Banco, com cerca de 250.000 clientes/utilizadores e dois milhões de transacções por mês. Hoje, o millenniumbcp.pt conta com múltiplas distinções consecutivas, tanto nacionais como internacionais, que consolidam a sua posição de destaque entre os portais financeiros. 40-41:Layout 1 11-10-2010 9:46 Page 40

EXTRA OS PRÓXIMOS 25 ANOS

SEM ENTRAR PELOS CAMINHOS DA FUTUROLOGIA BARATA, TRAÇAMOS UM PLANO, EM DEZ PONTOS E COM A AJUDA DE ESPECIALISTAS, DE COMO PORTUGAL E O MUNDO PODERÃO EVOLUIR ATÉ 2035. DA MEDICINA À GENÉTICA, DA INTERNET AOS AUTOMÓVEIS, DA CRISE ENERGÉTICA AO MUNDO VIRTUAL, DOS TRANSPORTES AO NOSSO PAPEL NO ESPAÇO EUROPEU.

CIBERESFERA. ESPAÇO.

David Gelernter, professor de Ciências Depois da Lua, Marte. Não é novidade que o da Computação na Universidade de Yale, planeta vermelho é um dos alvos da corrida teoriza que, por volta de 2035, a Internet espacial. Sir Martin Rees, professor no deve perder o protagonismo actual e ceder King’s College e responsável por amplo o seu lugar à «Ciberesfera, cheia de feixes trabalho de investigação no Instituto de de informação». E dá um exemplo actual: Astronomia de Cambridge, garante que nos a Bolsa de Nova Iorque tem feito a tran- próximos anos «vai ser enviado um batalhão sição para uma localização efectiva no de sondas espaciais para Marte no sentido ciberespaço. «Quando nos ligarmos a um de estudar a sua superfície e trazer destes feixes, estaremos a ligar-nos a uma eventualmente amostras para Terra. A “mente exteriorizada” — a nossa própria longo prazo, existem planos para pesquisar ou a de alguma organização ou instituição. noutros lados do sistema solar com sondas A informação em que cada um de nós se espaciais robotizadas — por exemplo, na apoiar viverá e mover-se-á connosco.» atmosfera de Titã, a lua gigante de Saturno.»

GENÉTICA. MEDICINA.

A aplicação generalizada da engenharia A evolução da Genética mudará a forma genética será uma evidência em 2035, como nos relacionamos com os médicos defendia já em 2002 Rodney Brooks, e os hospitais. Samuel Barondes, director director do Laboratório de Inteligência do Centro de Neurobiologia e de Psiquiatria Artificial no Massachusetts Institute of da Univer sidade da Califórnia, sustenta Technology: «Tornar-se-á comum o uso, que os doentes terão «uma nova fonte de em grande escala, da engenharia genética informa ção»: «Uma palavra que fornecerá — para além da agricultura e da medicina, acesso ao seu ficheiro de ADN individual». nas quais já é actualmente utilizada. Será Nesse ficheiro estará a sequência dos seus usada na indústria do petróleo, na produção genes «bem como anotações, chamando a de plásticos e de outros materiais, atenção para as variantes genéticas e para na reciclagem, nas baterias, nas fontes as combinações que influenciam a vulnera- de energia renovável.» bilidade a uma diversidade de doenças.»

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JOGOS VIRTUAIS. POPULAÇÃO.

A criação de experiências virtuais será Segundo um estudo do Eurostat, a a indústria dominante em 2035. Roger C. popu lação da actual União Europeia Shank, investigador conceituado no campo (27 países), que em 2010 se situa nos 501 da inteligência artificial e professor na milhões, atingirá um pico de 521 milhões Escola de Ciências da Computação de em 2035 mas, a partir daí, começará Carnegie Mellon, prevê que estes jogos se a decair. Contudo, o número de óbitos tornem «muito mais sofisticados e ainda ultrapassará o de nascimentos logo mais entrelaçados com o mundo real». em 2015 e será o fluxo migratório a Para esta indústria de entretenimento, assegurar o crescimento até 2035. o futuro começou ontem. «Jogos como o Por essa altura, um quarto da população “Everquest” atraem centenas de milhares terá mais de 65 anos (contra os actuais de jogadores, que habitam mundos virtuais, 17%). Portugal chegará aos 11,4 milhões esforçando-se para obter estatuto, forjar de habitantes (actual: 10,6 milhões) relações e adquirir objectos virtuais.» também em 2035.

AUTOMÓVEIS. 3ª REVOLUÇÃO INDUSTRIAL.

Ainda não será desta que teremos carros Balanceando as previsões optimistas e voadores. No entanto, espera-se uma pessimistas, o economista Jeremy Rifkin, produção de modelos cada vez mais presidente da Foundation on Economic resistentes, compactos e eficientes Trends (www.foet.org), sustenta que entre ao nível de consumos. Pedro Alfaia, 2010 e 2030 se registará o pico da produção jornalista do sector automóvel, acredita petrolífera. Em entrevista ao “website” que «dentro de 15 anos já teremos 10 Euractiv.com, aponta a inevi tabilidade da a 15% de automóveis e perto de metade 3ª Revolução Industrial (a acontecer entre dos transportes públicos movidos a 2020 e 2050), assente em três pilares: electricidade». Por volta de 2050, a transição para as energias renováveis, o estima-se que haja quatro mil milhões de hidrogénio como forma de armazenamento carros no planeta — e que 20% não emita, de energia e uma inter-rede europeia onde de forma directa, um único grama de CO2 cada estado pode partilhar os excedentes para a atmosfera. da sua produção energética.

GEOESTRATÉGIA. INFRA-ESTRUTURAS.

No estudo “Portugal 2025 — Que Funções No Polémicas à parte — e fazendo fé no Espaço Europeu?”, o ex-subdirector-geral do “website” da RAVE (www.rave.pt) —, em Departamento de Pros pectiva e Planeamen to 2035 Lisboa estará li ga da a Madrid (desde José Félix Ribeiro apontava quatro cenários 2013) e ao Porto (desde 2017) por comboio para o País: “Costa de Espa nha” (destino de alta velo cida de. A via gem durará 2h45 e ibérico e de turismo des por tivo do Norte da 1h15, respectivamen te. E, a partir de 2015, Europa);“Costa Rica/Repúbli ca Dominica na” será possível ir do Porto a Vigo em apenas (turismo assente em activos como o golfe, uma hora. Quanto ao Novo Aeroporto o Sol e o mar); “Flandres” (renas cimento de Lisboa, em Alcochete, entrará em indus trial do Norte, “hub” logísti co do Sul, funcionamento, segundo se prevê, em for necimen to de energia à Europa meridio - finais de 2017. E a conclusão da Terceira nal); e “Flórida” (destino residencial para Travessia do Tejo, eixo fundamental destes norte-europeus, americanos e asiáticos). dois projectos, está programada para 2013.

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FOTORREPORTAGEM

SALÃO NOBRE

DEPOIS DE ANOS DE SUCESSIVAS OBRAS E INTERVENÇÕES, O TERREIRO DO PAÇO É FINALMENTE «DEVOLVIDO» A LISBOA, LIVRE DE AUTOMÓVEIS (OU QUASE) E COM INTERESSANTES PROJECTOS DE ANIMAÇÃO E VALORIZAÇÃO TURÍSTICA NO HORIZONTE . ENQUANTO ESSES TRABALHOS NÃO ARRANCAM, O FOTÓGRAFO

NUNO PALHA MOSTRA-NOS COMO FICOU, DE «CARA LAVADA», A SALA DE VISITAS DA CAPITAL.

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TERREIRO DO PAÇO

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FOTORREPORTAGEM TERREIRO DO PAÇO

ESTÁTUA DE D. JOSÉ I Inaugurada a 6 de Junho de 1775, num Terreiro do Paço ainda inacabado, a estátua equestre da autoria de Machado de Castro marca o centro monumental da Lisboa reconstruída após o terramoto.

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FOTORREPORTAGEM

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TERREIRO DO PAÇO

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FOTORREPORTAGEM

CHÃO DO TERREIRO A calçada portuguesa foi substituída por uma pedra fina granulada que recupera a cor original do terreiro que deu nome à praça, com diagonais em pedra de lioz. A área de circulação automóvel foi reduzida, de forma a «devolver» o espaço às pessoas. A “M MAGAZINE” AGRADECE À DIRECÇÃO REGIONAL DE CULTURA DE LISBOA E VALE DO TEJO O APOIO NA REALIZAÇÃO DESTA REPORTAGEM.

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TERREIRO DO PAÇO

ARCO DA RUA AUGUSTA Só ficou concluído em 1875, com a colocação das estátuas da autoria de Vítor Bastos e A. Calmels: ladeando o escudo real, Viriato, Vasco da Gama, Marquês de Pombal e Nuno Álvares Pereira; no topo, a Glória, coroando o Génio e o Valor.

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LINHA DA FRENTE

MARIA JOÃO VALENTE ROSA OS NÚMEROS QUE SOMOS

O “WEBSITE” PORDATA, UM DOS PROJECTOS MAIS SIGNIFICATIVOS DA FUNDAÇÃO FRANCISCO MANUEL DOS SANTOS, MOSTRA COMO PORTUGAL EVOLUIU AO LONGO DOS ÚLTIMOS 50 ANOS, ATRAVÉS DE ESTATÍS TICAS RIGOROSAS ACESSÍVEIS A TODOS. MARIA JOÃO VALENTE ROSA, DIRECTORA DESTE ENORME BANCO DE INFORMAÇÃO, SABE QUE ESSE É O GRANDE TRUNFO.

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TEXTO JOÃO ALEXANDRE FOTOGRAFIA PEDRO LOUREIRO

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LINHA DA FRENTE MARIA JOÃO VALENTE ROSA

PORTUGAL: OS NÚMEROS.

AUTORES Maria João Valente Rosa e Paulo Chitas EDIÇÃO Fundação Francisco Manuel dos Santos, 2010

a janela da sua sala, na sede da em 1960 e se prolonga até à actualidade. Pordata – Base de Dados de Portugal Contemporâneo, Maria João Valente Rosa O projecto Pordata começou com Maria vê reflectido no centro de Lisboa o «país a dois tempos» de que fala em “Portu- João Valente Rosa e Ana Luísa Barbosa, gal: os Números”, ensaio escrito em co-autoria com o jornalista Paulo Chitas em Junho de 2009, seguido do lança- (recém-publicado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos): vê as Torres das mento do “website”, nove meses depois, Amoreiras, o Hotel Ritz, o rio Tejo, prédios em construção, terrenos desocupa- a 23 de Fevereiro de 2010. De duas pes- dos, pequenos bairros antigos – e da sala de reuniões, nem a dois metros dali, vis- soas passou a um núcleo duro de quatro lumbra, ao longe, a Basílica da Estrela, o Parque de Monsanto, o Hotel D. Pedro profissionais, aos quais é necessário Palace. «Portugal é assim na actualidade – um país a dois tempos, com áreas que somar os responsáveis da empresa são exemplos bem-sucedidos e outras exemplos de insucesso.» Epopeia que tratam, no mesmo 15º piso, «Conseguir transformar o complexo numa apresentação simples – é esta a arte de toda a logística informática. da Pordata», afirma Maria João Valente Rosa, professora universitária com espe- Entre livros e dossiers, o gabinete da di- cialização em Demografia e Sociologia, autora de vários estudos sobre a popu- rectora não engana: há uma placa de lação portuguesa e titular de um currículo que se divide entre os gabinetes de tabuada (presente de quando assu miu estatística do Conselho Superior de Estatística e dos Ministérios da Educação e funções) e uma máquina de calcular, fiel da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, e a representação nacional na Comis- companheira há muitos anos e que são Europeia, no Eurostat ou na OCDE. «Foi um mergulho profundo na pro- «nunca se estragou». «Sempre tive uma dução de estatísticas, acompanhando sobretudo a trajectória da sociedade preocupação: compreender o que so - portuguesa.» A longa experiência revela-se boa conselheira: é essa arte «de trans- mos, de onde vimos e para onde vamos.» formar o complexo em simples» que permite a qualquer português que visite o Com este enorme banco de infor mação, o “website” www.pordata.pt perceber como tem sido a evolução do País em áreas objec tivo mantém-se e alar ga-se para fora tão diferentes como a educação, a justiça, a protecção social, a cultura, a econo- dos corredores académicos: «dispo ni bi - mia – em mais de 750 quadros com informação que (sempre que possível) começa lizar informação credível e de confiança,

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OS NÚMEROS QUE SOMOS

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LINHA DA FRENTE MARIA JOÃO VALENTE ROSA 50-55:Layout 1 06-10-2010 11:21 Page 55

OS NÚMEROS QUE SOMOS

OS NÚMEROS SÃO REVELA - retirando barreiras ao seu acesso». DORES: 6000 Nesta primeira fase, a Pordata tra- SÉRIES DE 1960 balha com esta tísticas de 40 entidades À ACTUALIDADE, oficiais (com uma contri buição significativa do Instituto Nacional de 500 MIL VISITAS, Es ta tística). Recebidos em variados 2 MILHÕES formatos, os números são analisa- dos, tratados, e só depois colocados DE PÁGINAS “on-line”. «Queremos aumentar a VISITADAS EM literacia estatística para as pessoas terem opiniões informadas.» Dá um 140 PAÍSES exemplo: sempre que aparecem notí- DIFERENTES. cias da taxa de desemprego é impor- tante saber se são baseadas nos dados do INE ou do Instituto de Emprego e Formação Profissional – e qual a forma de cálculo dessa taxa. A Pordata faz o trabalho de casa e harmoniza essa informação para que «as pessoas possam discutir os números e não sobre os números.» A estatística, como qualquer disciplina, tem o seu jargão, por vezes difícil de enten- der para o comum dos cidadãos. «Se alguém quiser saber o número de nascimentos num determinado ano, não precisa de conhecer o conceito de nados-vivos. Pode fazer a pesquisa por “bebés”, por exemplo, e a lista de informação relacionada com aquele conceito aparece sem perder rigor.» Os números da Pordata são reveladores: 6000 séries de 1960 à actualidade, 500 mil visitas, 2 milhões de páginas visitadas por pessoas de 140 países diferentes, com destaque para Espanha, Reino Unido, EUA, França ou Brasil. «Com a minha experiência, posso dizer que é um projecto único no mundo. É a possibilidade de entrar pela mesma porta para várias casas dife rentes, com uma série de funcionalidades que simplificam a leitura da informação, como o cálculo de percentagens ou variações. Tudo com informação idêntica para uma dis- cussão em igualdade de circunstâncias.» No fundo, acrescenta Maria João Valente Rosa com bom humor, «é contribuir para que as pessoas não se percam nesta selva de informação.» A segunda fase do projecto Pordata arranca até ao fim do ano, com as estatísticas dos 27 países da União Europeia, mais alguns dos Espaço Schengen, EUA e Japão. A terceira fase, ainda sem data marcada, incluirá os números das regiões e municípios portugueses. Portugal visto à lupa dos números – é isso que Maria João Valente Rosa tem feito e é o que promete continuar a fazer. Nos últimos 50 anos, o país viveu a «dois tempos», com mudanças assinaláveis, como o número de alunos nas escolas, a protecção social, a integração das mulheres ou a mortalidade infantil – actualmente uma das mais baixas do mundo, «indicador importantíssimo do desenvolvimento económico e social de um país, que depois se relaciona com outras mudanças, como as condições sanitárias, a qualificação, etc.». O reverso da medalha acontece com a justiça, o tempo de per- manência na escola, a evolução dos rendimentos reais dos pensionistas. «Há ainda um longo caminho a percorrer», avisa. Os números disponibilizados pela Pordata podem ajudar-nos a descobrir qual a melhor direcção.l

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ÍNDIA 56-63:Layout 1 07-10-2010 15:26 Page 57

TEXTO ANA MÚSICO FOTOGRAFIA PAULO BARATA / VOLTA AO MUNDO

MAHARAJAS’ EXPRESS A VER A ÍNDIA PASSAR

EMBARCÁMOS NO MAHARAJAS’ EXPRESS, COMBOIO DE LUXO QUE PERCORRE UMA DAS MAIORES REDES FERROVIÁRIAS DO MUNDO PARA MOSTRAR UM PAÍS TRADICIONAL, FRENÉTICO, APAIXONANTE E ESPIRITUAL.

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ÍNDIA

AGRA É A PRIMEIRA ESCALA DA VIAGEM. É IMPOSSÍVEL NÃO FICAR IMPRESSIONADO PELA IMPONÊNCIA DO TAJ MAHAL, UMA DAS NOVAS SETE MARAVILHAS DO MUNDO. 56-63:Layout 1 07-10-2010 15:26 Page 59

MAHARAJAS’ EXPRESS

remotos do país. Todos os dias, mais de 8.300 comboios percorrem cerca de 80.000 quilómetros de ferrovia (sem contar com as linhas secundárias), transportando algo como 12,5 milhões de pessoas e 1,3 mi- lhões de toneladas de mercadorias. No total, estima-se que a cada 24 horas os com- boios indianos viajem o equivalente a três vezes e meio a distância entre a Terra e a Lua. Para além de empregar perto de um milhão e meio de pessoas e de ter um mi - nis tério próprio, o sector ferroviário está na origem de uma rede infindável de serviços e pequenos negócios. O Maharajas’ Express parte de Nova Deli às dez da manhã, depois de um pomposo ritual de boas-vindas. Um grupo de jor- na listas e operadores turísticos tem o privi - légio de inaugurar a rota “Classical India”. O restrito grupo inclui outros dois viajan - tes: José Manuel, um alto executivo refor- mado de um grande banco espanhol, e Francine, a sua mulher. É a quarta vez que o antigo banqueiro está na Índia. Desta vez, quis mostrar o país a Francine de «uma forma confortável e segura». São os primeiros passageiros oficiais do Mahara- jas’ Express. Para além da enorme vantagem de se via- jar «de casa às costas», com todo o luxo e conforto, o Maharajas’ Express percorre uma longa distância, atravessando diversos estados e algumas das mais importantes cidades do subcontinente, sem os incon- venientes dos “check-ins” e das habituais burocracias de embarque e transferes. Esta foi uma das razões que levaram José Manuel a «oferecer a Índia» a Francine. A segunda razão é Varanasi, a cidade sagrada da Índia. A primeira escala, contudo, acon- á muitas formas de via- tece em Agra, onde fica o fabuloso Taj jar por um país tão grande e apaixonante Mahal, uma das novas sete maravilhas do como a Índia. Mas este comboio tem um mundo. Imponente e belo, apresenta-se encanto especial. “Classical India” é uma como símbolo da supremacia da cidade rota de sete dias entre Nova Deli e Cal- sobre as gigantes Deli, Calcutá (ou cutá, com passagem por Agra, Gwalior, Kolkata, na grafia moderna) e Bombaim. Khajuraho, Bandhavgarh e Varanasi, a A sua história é lendária: o edifício foi bordo do Maharajas’ Express, um sump- mandado erguer pelo imperador Shah tuoso palácio sobre carris, digno de marajá. Jahan numa homenagem a Aryumand A rede ferroviária indiana assemelha-se a Banu Begam, a sua esposa preferida, a um polvo gigante, com tentáculos de li - quem carinhosamente chamava Mumtaz nhas sinuosas que chegam aos lugares mais Mahal, «Jóia do Palácio». As paredes de

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MAHARAJAS’ EXPRESS

medievais hindus. Construído entre 950 e 1050, tem o estatuto de Património da Humanidade, sendo que o conjunto inicial contava com mais de 80 templos, dos quais apenas 22 estão actualmente em bom estado de conservação. Apesar da imensidão dos grandes centros urbanos – afinal, é uma das maiores eco- nomias do mundo e um dos principais centros mundiais de investigação e desen- volvimento de telecomunicações e alta tecnologia –, viajar pela Índia significa também recuar no tempo. Por exemplo, nas zonas rurais ainda se encontram os mercados de troca directa, coloridos e rudimentares, e aldeias tradicionais, recor- tadas da antiguidade. A Índia nunca dorme. Depois de mais uma noite de viagem, despertámos em Varanasi, no estado de Uttar Pradesh. José Manuel foi o primeiro a acordar e a de- bruçar-se sobre as janelas do comboio para ver o amanhecer sobre o rio Ganges. A paisagem é indescritível. Embora a data de fundação seja desconhecida, estima-se que Varanasi exista há mais de cinco mil anos. O nome significa «porta do céu», e é a cidade mais sagrada da Índia, onde uma turba de gente dança, canta e reza sem parar. A cor dos “saris” das mulheres – cuja maioria resiste ainda à tentação dos “jeans” – e das fiadas de flores penduradas por todo a parte, em devotas e surpreen- dentes manifestações espirituais, inundam a cidade de alegria e de ritmo. Nas ruas, para além do trânsito e de milhares de pes- soas, amontoam-se minúsculas bancas de madeira com comida, roupas, especiarias, tintas naturais, pilhas, rádios e uma infini - dade de objectos e símbolos religiosos. Enquanto isso, as vacas passeiam-se vaga- mármore branco, originalmente incrustadas AO LONGO DOS rosas, indiferentes ao bulício ensurdecedor. com pedras semi-preciosas, apresentam di- DIAS, A ÍNDIA Finalmente Kolkata, a «cidade da alegria», versas inscrições do Corão e a cúpula terá fundada em 1690 pela Companhia Inglesa sido costurada a fio de ouro. DESFILA, TÃO das Índias Orientais e capital da Índia Ao longo dos dias, a Índia desfila, tão con- CONTRADITÓRIA britânica entre 1833 e 1912. Na sua área traditória quanto bela, nas janelas do Ma- QUANTO BELA, metropolitana vivem mais de 16 milhões de harajas’ Express. Os templos, na maioria DIANTE DAS pessoas. As ruas são caóticas, frenéticas e hindus e budistas, são reveladores de uma JANELAS DO fascinantes, com milhares de carros, carri- enorme e devota espiritualidade. O com- MAHARAJAS’ nhas, riquexós, bicicletas e autocarros cheios plexo de Khajuraho, a pouco mais de 600 de gente. Kolkata, no fundo, é como toda a quilómetros de Deli, representa o maior EXPRESS. Índia: uma cidade viva, onde tudo acontece, e mais importante grupo de templos em qualquer lado, ao mesmo tempo.l

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ÍNDIA MAHARAJAS’ EXPRESS

ÚTIL.

DINHEIRO. A moeda nacional é

Nova Deli a rupia indiana (1EUR=62,62INR). O câmbio deve ser efectuado Agra Varanasi apenas em locais credenciados Gwalior Gaya e autorizados. Recomenda-se Khajuraho o câmbio de quantias elevadas Bandhavgarh de uma só vez, pois não haverá Calcutá muitas oportunidades de o fazer ao longo do percurso.

ÍNDIA Baía Nas compras, os preços são, Mar de Bengala de um modo geral, regateáveis. Arábico

ANTES DE PARTIR. O visto de entrada custa 50€ e adquire-se na embaixada da Índia em Lisboa. É aconselhável marcar uma DESTAQUES. consulta do viajante, embora não se exijam vacinas ou medicação profiláxica antes da viagem. Na O COMBOIO. O MAHARAJAS’ EXPRESS TEM LUGAR PARA 80 PASSA - Índia não é recomendável comer GEIROS E UMA TRIPULAÇÃO DE CERCA DE 50 PESSOAS. AS CARRUA- ou beber seja o que for na rua e GENS DISPÕEM DE 20 CABINAS “STANDARD”, 18 SUITES “JUNIOR", DUAS só se deve beber água engarrafada SUITES “DELUXE” E UMA SUITE PRESIDENCIAL – TODAS COM INTERNET (mesmo para escovar os dentes). SEM FIOS, TELEVISÃO POR CABO E DVD. À DISPOSIÇÃO DOS PAS- SAGEIROS, HÁ SERVIÇO DE LIMUSINA COM MOTORISTA (NÃO ESTÁ IN- ROUPA. Deve levar-se roupa CLUÍDO NO PREÇO), MEDIANTE RESERVA. A BORDO HÁ DOIS RESTAURANTES E DOIS BARES, leve e discreta (sobretudo as E CADA CABINA FICA A CARGO DE UM “VALLET”, RESPONSÁVEL PELA SATISFAÇÃO DE TODAS senhoras) e um agasalho. AS NECESSIDADES DOS PASSAGEIROS. É aconselhável o uso de ténis ou sapatos frescos mas fechados. PREÇOS. EM PORTUGAL, ESTE PROGRAMA É COMERCIALIZADO PELA ACROSS (www.across.pt). Para os jantares a bordo, OS PREÇOS VARIAM DE ACORDO COM A ALTURA DO ANO E O PACOTE PRETENDIDO. A OPÇÃO recomenda-se um guarda-roupa “CLASSICAL INDIA”, DE SETE DIAS E SEIS NOITES EM CABINA “STANDARD” PARA DUAS mais sofisticado, embora o PESSOAS, COM PASSAGENS AÉREAS, TRANSFERES, DESLOCAÇÕES, PENSÃO COMPLETA E “casual chic” também seja ENTRADAS NOS MUSEUS E MONUMENTOS, RONDA OS 9.000€ POR PESSOA. adequado.

Cartão Millennium Prestige: TAEG de 29,3% VANTAGEM MILLENNIUM.

O CARTÃO PRESTIGE do Millennium bcp, o seu melhor companheiro de viagem, assegura uma assistência próxima e permanente, basta ligar +351 210 347 932. Ao viajar com o cartão Prestige poderá, entre outros serviços, receber assistência médica em caso de emergência no estrangeiro, com reembolso de despesas médicas, farmacêuticas e de hospitalização; informação e controlo médico; comparticipação nas despesas de estadia após hospitalização e por prescrição médica; acompanhamento de familiar, em caso de hospitalização; garantia de encargos com guarda e regresso ao domicílio com crianças menores de 15 anos em caso de hospitalização de quem as tem a cargo; e o eventual repatriamento ou transporte sanitário. E, claro, o Cartão Prestige é um meio de pagamento seguro e flexível que lhe garante um serviço universal e de excelência, através das redes Mastercard ou Visa onde estas se encontram disponíves. TAEG de 29,3% e TAN de 21,190% para crédito de 2.500€ pago em 12 prestações mensais iguais no valor de 230,65€. Montante total imputado ao Cliente: 2.852,75€, incluindo anuidade e impostos.

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ROTEIRO PASSEIO MARÍTIMO

APROVEITAR OS ÚLTIMOS DIAS DE SOL OU DAR AS BOAS-VINDAS AO OUTONO, DOIS BONS PRETEXTOS PARA UM PASSEIO PELA «VILA ARISTOCRÁTICA». SEMPRE COM O MAR POR PERTO. 64-69:Layout 1 11-10-2010 9:59 Page 65

1 TEXTO CARLOS ALVES FOTOGRAFIA PAULO BARATA AUTO-ESTRADA A5

PARQUE NATURAL DE SINTRA / CASCAIS ESTRADA DO GUINCO

CASCAIS

ouco interessa o que diz o calendário. Enquanto o Sol continuar a brilhar, Cascais recusa declarar o Verão como terminado. À porta do famoso Santini, P continuam as longas filas de pessoas à espera para provar (ou comprovar) o me lhor gelado da «Linha». As esplanadas mantêm-se cheias de vi - da, tal como as praias. E o «paredão», o agradável passeio marítimo que as aproxima, não perde a animação de entusiastas do “jogging”, 1 famílias, casais e jovens que aproveitam os últimos dias de férias. O centro da vila, sucessão de ruas empedradas ao longo da baía, HOTEL FORTALEZA DO GUINCHO. gra vita em torno da Frederico de Arouca (ou Rua Direita, para ESTRADA DO GUINCHO quem é «da terra») e dos restaurantes que se espalham pelas traves- Com o Atlântico aos pés e uma vista inspiradora para o Cabo da sas e vielas circundantes. Quando se aproxima a hora de almoço ou Roca, a antiga fortaleza, construída no século XVII, é hoje um de jantar, é tempo de o peixe fresco encher os assadores. É um dos sum ptuo so hotel de 5 estrelas, integrado na rede Relais & pretextos habituais para ir até Cascais. Para não fugir à «tradi ção», re- Châteaux. A nove quilómetros do centro de Cascais, jun to à praia serve-se mesa no Baiuka, uma referência não só pela ementa como do Guincho, e a meia hora de Lisboa. Tem 24 quartos e três suites. tam bém pela localização, junto à Praia das Moi tas. Ou então, numa www.guinchotel.pt nota «reinterpretativa», suba-se ao primei ro andar da estalagem Villa Albatroz, onde se situa, com uma vista de primei ra sobre a baía, o Vin Rouge. O jovem chefe João An tunes dá cartas com a sua co- zi nha de reinvenção, em equipa com Rita Caldas, sua mulher e res- ponsável pela escolha dos vinhos (a selecção a copo é excelen te). Para quem desejar subir a fasquia, a morada a reter é Fortaleza do Guincho. Além de hotel de charme, é um restaurante de alta cozi- nha francesa com um toque de portugalidade. A estrela Michelin conquistada em 2001 serve de cartão-de-visita às criações do chefe Vincent Farges – que desenha os menus de cada estação em co- laboração com o multipremiado Antoine Westermann, detentor de três estrelas no cobiçado guia vermelho com o seu restaurante Buerehiesel (Estrasburgo). Fica fora da vila, é certo, mas a viagem de nove quilómetros ao longo da Estrada do Guincho, entre o verde do Parque Natural de Sintra-Cascais e as ondas do Atlântico, é muito recompensadora, em particular se for feita de bicicleta – ou de «biCas», a bicicleta disponibilizada gratuitamente pela autarquia. 1 Além das boas mesas com vista para o mar, há outros motivos para passar um ou mais dias na «vila aristocrática». Enquanto se RESTAURANTE FORTALEZA DO GUINCHO. aguarda a abertura da renovada Cidadela, prevista para 2011 (que ESTRADA DO GUINCHO incluirá a conversão de parte da estrutura militar renascentista O salão requintado, com grandes janelas sobre o Atlântico, qua - numa unidade hoteleira integrada na rede Pousadas de Portugal), se passa despercebido quando começam a desfilar as cria ções a grande novidade continua a ser a Casa das Histórias Paula Rego, de Vincent Farges, cuja cozinha de «aliança fran co-portu gue sa» que, só no primeiro ano, recebeu qualquer coisa como 150 mil ostenta uma estrela Michelin. Os vinhos estão a car go de Inácio visitantes – número impressionante que, estima-se, continuará a Loureiro, distinguido repetidamente pela “Wine Specta tor”. crescer. Mesmo quando terminarem estes dias de Sol. www.guinchotel.pt

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ROTEIRO

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CASA DAS HISTÓRIAS PAULA REGO. MERCEARIA DA VILA. AVENIDA DA REPÚBLICA, 300 RUA VISCONDE DA LUZ, 12A O interior do icónico edifício projectado por Souto Moura é Por um lado, é uma loja “gourmet”. Por outro, ven de pro dutos ha bitado pelo imaginário da pinto ra, com uma extraordinária biológicos — frutas frescas, ervas aromáticas, lac ti cínios e colec ção de quadros, desenhos e gravuras. Até Janeiro de 2011 muito mais. Além disso, tem refeições ligeiras, «ge la dos de estarão paten tes as exposições “Victor Willing — Uma Retros - autor» Ice Gourmet (alfarroba e eucalipto são alguns dos sa- pectiva” e “Anos 70 — Contos Populares e Outras Histórias”. bores), chá com “scones” e comida “take-away”. www.casadashistoriaspaularego.com T: 214 835 481

AV. DE SINTRA

AV. DOM PEDRO I

AV. MARGINAL

AV. 25 DE ABRIL AV. MARGINAL ESTAÇÃO CP CASCAIS RUA DA BELA VISTA AV. DO ULTRAMAR ALAMEDA DUQUESA DE PALMELA RUA DRA. IRACY DOYLE

RUA VISCONDE DA LUZ RUA AFONSO SANCHES 4 5

AV. VALBOM

RUA VISC. DA LUZ 3 RUA FREDERICO AROUCA

RUA VISTA ALEGRE RUA DOS NAVEGADORES RUA DA SAUDADE6 RUA ALEXANDRE HERCULANO

RUA FREITAS REIS

RUA DO GAMA RUA LATINO COELHO

AV. VASCO DA GAMA RUA SACADURA CABRAL

AV. DOM CARLOS I

AV. EMÍDIO NAVARRO

RUA JOSÉ INÁCIO ROQUETTE CASCAIS

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L LAGO DA ASSUNÇÃO

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E 2 R E P IO L JÚ R. AV. DOM CARLOS I AV. DA REPÚLICA GUINCHO ß PARQUE MAL. CARMONA

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CASCAIS

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GELADOS SANTINI. AVENIDA VALBOM, 28 Mesmo com a abertura da sua segunda filial em pleno Chiado (a primeira fica em São João do Estoril), a casa fundada em 1949 pelo italiano Attilio Santini continua a ter filas de gente do balcão até à rua. “I gelati più fini del mondo” («os melhores gelados do mundo») é a promessa. A clientela fiel atesta que não é um mero “slogan”. T: 214 833 709

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ROTEIRO

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LIVRARIA GALILEU. RESTAURANTE VIN ROUGE. AVENIDA VALBOM, 24A RUA FERNANDES TOMÁS, 1 Passados 38 anos, a livraria mais antiga de Cascais lá conti - O dístico “Bib Gourmand” do Guia Michelin, afixado à entrada, nua, dedicada «àquele nicho de mercado que prefere a quali - é esclarecedor: «refeições cuidadas a preços moderados». dade e a raridade à espuma passageira do “best-seller”» João Antunes e Rita Caldas, marido e mulher, largaram os an- (como se apresenta no seu “website”). Além de livros novos, teriores empregos e apostaram tudo neste projecto. Acertaram nas suas prateleiras há também livros usados, alguns deles em cheio. A carta de vinhos casa na per feição com a cozinha bem antigos, verdadeiros tesouros para coleccionadores. criativa de João Antunes. Para não falar da vista… www.livrariagalileu.pt www.restaurantevinrouge.com

AV. AMARAL AV. DE PORTUGAL DE AV.

RUA DO PORTO 8

AV. DOS BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS

AV. CLOTILDE AV. DE NICE RUA DO PARQUE

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AV. BIARRITZ

RUA J. A. FERREIRA

CASCAIS 7 ß ESTAÇÃO AV. MARGINAL CP ESTORIL PASTELARIA GARRETT. AVENIDA DE NICE, 46 (ESTORIL) A Garrett é há muito um clássico da «Linha». Renovada não há muito tempo, mantém a aura aristocrática, herdada dos seus 76 anos. Na montra, a estrela é o bolo-rei, que muitos não têm dúvidas em apontar como o melhor de Lisboa e arredores. Quem as tiver pode sempre falar com os dois mil fãs que a pastelaria tem no Facebook. T: 214 680 365 ESTORIL

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CASCAIS

8 TERMAS DO ESTORIL AVENIDA DE PORTUGAL (ESTORIL) Nos tempos de estância de veraneio das elites europeias, o Es- to ril era também conhecido pelas suas águas termais. Volvido meio século sobre o encerramento, o único balneário termal da Gran de Lisboa está de volta, agora em parceria com a insígnia Banyan Tree — juntando à proverbial «saúde através da á gua» a longa lista de tratamentos de bem-estar de um spa de luxo. www.termasdoestoril.pt l

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BOA VIDA

PALÁCIO COM CEM ANOS DE HISTÓRIA, CINCO ES- TRE LAS E UM CARTÃO-DE-VISITA: ARTE VALIOSA, JARDINS DE ENCANTAR, SUITES REAIS COM VISTA DESLUMBRANTE E UM RESTAURANTE DE ELEIÇÃO.

HOTEL DE FINA FLOR 70-71:Layout 1 06-10-2010 11:42 Page 71

TEXTO JOÃO ALEXANDRE

A história do Palácio de Valle Flôr, criado no início do século XX, tem mui- tíssimos pormenores. Se o espaço desta página nos coíbe de enumerá-los, tal não significa que deixem de ser apreciados ao vivo, um por um. O Pestana Palace, é dele que falamos, não é apenas um luxuoso cinco estrelas – é um luxuoso cinco es- trelas com orgulho no seu passado. Por isso, restaurou e recuperou o brilho e a beleza das fachadas, dos salões e dos jardins; dos frescos, pinturas, estuques e vitrais. Parte do reconhecimento apare- ceu em 1997, com a classificação de Monumento Nacional; o restante chega anualmente com várias distinções, em que se destacam alguns «óscares do turis mo» (World Travel Awards). Nesta história, os jardins ligam o pas- sado e o presente, o mesmo é dizer ligam o antigo palácio – que alberga a recepção, os salões ou as quatro suites reais com uma vista deslumbrante para o Tejo – aos novos edifícios, onde pre- dominam os quartos (qualquer coisa como 190), as amplas salas para reu- niões e outros eventos, a piscina inte- rior e um moderno spa. Pelo meio, há a Casa do Lago, pavilhão de decoração oriental onde, sobretudo nos meses mais quentes, são servidos almoços e lanches, e a piscina exterior, construída no lugar do antigo lago. O premiado Valle Flôr, conduzido pelo chefe Pedro Marques, leva-nos de volta aos salões de baile do palácio para oferecer um prato principal até ao VANTAGEM final do ano: é o restaurante oficial das 7 Maravilhas Naturais de Portugal.l Cartão Prestige Security (TAEG de 29,3%): des con to de 10% sobre a melhor tarifa disponível, em qualquer unidade do Grupo Pestana Hotels & Resorts, “upgrade” a quartos superiores (mediante PESTANA PALACE disponibilidade), “welcome drink” no “check-in”, entre outras vantagens. Marque através da RUA JAU, 54 - 1300-314 LISBOA Central de Reservas (código SX000928). Cartões American Express (TAEG mínima de 24,9% TEL: 213615600 I FAX: 213615601 e máxima de 31,1%): A redenção de 30.000 pontos do programa Membership Rewards dá direito RESERVAS: 282 24 00 01 / 808 252 252 a uma noite em quarto duplo, acesso ao Health Club e “upgrade” a quarto superior se dis ponível. www.pestana.com Reserve pelo número 213615600 (código 200026).

Cartão Prestige Security: TAEG de 29,3% e TAN de 21,190% para crédito de 2.500€ pago em 12 prestações mensais iguais no valor de 230,65€. Montante total imputado ao Cliente: 2.852,75€, incluindo anuidade e impostos. Cartões American Express (TAEG mínimas e máximas): Cartão Blue da American Express com TAEG de 24,9% e TAN de 21,190% para crédito de 1.500€ pago em 12 prestações mensais iguais no valor de 138,39€. Montante total imputado ao Cliente: 1.685,65€, incluindo anuidade e impostos; Cartão American Express da Ordem dos Advogados com TAEG de 31,1% e TAN de 23,020% para crédito de 1.500€ pago em 12 prestações mensais iguais no valor de 139,53€. Montante total imputado ao Cliente: 1.724,31€, incluindo anuidade e impostos.

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COLECÇÃO DE ARTE

CONCLUÍDO HÁ 40 ANOS POR MARIA HELENA VIEIRA DA SILVA, “CRISTAL” É UMA DAS 74 OBRAS REUNIDAS EM “ABSTRACÇÃO”, UMA EXPOSIÇÃO QUE APRESENTOU AO PÚBLICO UM IMPORTANTE ACERVO DE PINTURA ABSTRACCIONISTA DA COLECÇÃO DO MILLENNIUM BCP.

TOME NOTA. A exposição “Arte Partilhada Millennium bcp Abstracção”, comissariada por Raquel Henriques da Silva, esteve patente na Sociedade Nacional de Belas Artes, em Lisboa, entre Março e Maio de 2010. O acervo reuniu 74 obras do abstraccionismo português e estrangeiro provenientes da colecção privada do Millennium bcp — uma vez mais, par- tilhada com o público de forma gratuita.

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TEXTO JOÃO ALEXANDRE

TEIA DE CRISTAL «Teço a minha teia de aranha, à medida e ao passo que vivo: e tudo vem parar aqui. Tudo aqui se re- sume. Poeira, moscas, flores, folhas secas e, de tem- pos a tempos, faço o inventário das minhas riquezas mas como não tenho nenhum talento para inven- MARIA HELENA tários, perco-me e não o faço nunca completamente, VIEIRA DA SILVA e ponho-me de novo a tecer.» Maria Helena Vieira da 1908-1992 Silva, só ela poderia estar na origem de “Abstracção. Em 1970, enquanto “Cristal” ganha Obras da Colecção Millennium”, exposição de pintu- vida no atelier de Vieira da Silva, o nome ra que reúne 74 obras de alguns dos mais importantes da pintora portuguesa já conquistara nomes do abstraccionismo português e estrangeiro. o prestígio internacional que Portugal A saber: Alfred Manessier, André Lanskoy, Arpad demorou a reconhecer. Vieira da Silva Szenes, Artur Bual, Eduardo Batarda, Júlio Pomar, nasce em Lisboa a 13 de Junho de 1908, Júlio Resende, Nadir Afonso, Paula Rego ou Zao e morre em Paris a 6 de Março de 1992. Wou-Ki. Apesar de não ser «uma exposição sobre a Pelo meio, há uma carreira de vulto que artista e seus amigos», explica a investigadora Ana atravessa várias geografias artísticas, Ruivo, «não poderia distanciar-se desse contexto e sobretudo entre França, Brasil e revela bem a sua presença e o leque de relaciona- Portugal, países onde viveu com o pintor mentos gerados em seu torno», como aconteceu de origem húngara Arpad Szenes (1897- com Mário Cesariny, Manuel Cargaleiro, Augusto 1985). Por entre prémios e exposições, a Barros, Fernando Lemos e Justino Alves. obra deste nome fundamental da pintura O núcleo mais significativo desta mostra é, sem europeia da segunda metade do século XX dúvida, o de Vieira da Silva, resultado de heranças ganha retrospectivas em Hanover e do Banco Comercial Português (“Sem título”, 1951; Bremen (1958), Grenoble e Turim (1964), “Blanche”, 1958; “Diagramme du regard (L’été)”, ou em Roterdão, Oslo, Basileia e Paris 1960; “Sem título”, 1972; “Printemps”, 1976), do (onde realizou a sua primeira exposição Banco Português do Atlântico (como são exemplo individual, em 1933). Segue-se Portugal, “Ville” ou “Porto”, 1962), do Banco Mello (“Gaya”, e a grande mostra na Fundação Calouste 1971) e de colecções privadas com passagem pelas Gulbenkian, em 1977. Seis anos depois, galerias Jeanne Bucher em Paris (“Palais des o Metropolitano de Lisboa oferece aos Glaces”, 1965), Beyel em Basileia (“Lisbonne”, seus passageiros um presente especial: 1962) ou Knoedler em Nova Iorque (“Cristal”, a decoração da estação da Cidade 1970). «Nas telas-teia de Vieira adivinham-se cate - Universitária (seguiram-se outras) drais, labirintos, bibliotecas, jardins, vendavais, arre- assinada pela artista que os Estados batamentos de estio, sentido à flor da relva. Nas português e francês souberam pinturas aqui reunidas, encontramos tudo isso num homenagear oficialmente. Ainda em espectro temporal que se estende de 1950 a 1976, vida, assiste à criação, em Lisboa, da quando a artista regressada do Brasil – refugiada que Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva esteve da Segunda Guerra na Europa, com Arpad (fasvs.pt), corria o ano de 1990 (o museu Szenes, seu marido – retoma o seu trabalho num seria inaugurado apenas em 1994). ritmo de produção e exposição constantes», explica Ana Ruivo. «Adquiridas a vários tempos, reflectem bem as propostas da artista, fundadas quer no valor compositivo dos dispositivos traçados, quer na im- pulsividade contida com que suspende, em sopros de cor, o que os olhos vêem e o coração sente.» l CRISTAL, 1970 Óleo s/tela, 81 x 100 cm

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AUTOMÓVEL

ESTE ANO, O SALÃO DE PARIS VAI VIVER SOBRE- TUDO DOS VEÍCULOS DESTINADOS A ATINGIR JÁ HOJE A MOBI LIDA DE AMI GA DO AMBIENTE QUE ESPERA MOS TER NO FUTU RO.

DESFILE DE NOVIDADES

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TEXTO PEDRO ALFAIA

PEUGEOT 508. O substituto do 407, agora com formas mais elegantes.

ob o lema «O Futuro, Hoje», neste sector –, assistem ao desfilar de au- a edição deste ano do salão tomóveis de diferentes tipos e para todas automóvel de Paris surge em as bolsas. Se a maioria dos modelos as- Stempos de crise, mas numa sume versões mais atraentes, mais bem fase em que recuperação é construídas ou mais possantes, não vão uma realidade. De 2 a 17 de Outubro, mi - faltar novos veículos em que a prioridade lhares de visitantes – ou não fosse França passa pelos consumos e, por tabela, pelas um dos países com indústria mais forte emissões nocivas.

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AUTOMÓVEL

A jogar em casa, os construtores france- Golf e Polo, de grelha mais rasgada, mas ses fazem questão de estar bem repre- com a mesma qualidade de construção. EM FOCO. sentados e, se da Renault não se esperam Concorrente directo, a Opel surge final- grandes novidades, o mesmo não se pode mente com os modelos da gama Astra PEUGEOT 508. dizer da Citroën ou da Peugeot. A que há muito lhe faltavam, como é exem - O familiar topo de gama que substitui o 407, com primeira promete brilhar ao mais alto plo a Astra Sports Tourer, versão que por formas menos polémicas e mais elegantes, está nível, pois apesar do “restyling” do C4 tradição é a mais vendida da gama. Os disponível nas versões quatro portas e carrinha Picasso (que adopta uma versão híbrida condutores mais agressivos passam a ter E-HDI, com um motor diesel em con- disponível a versão GTC, o “coupé” da CITROËN C 4. junção com uma unidade eléctrica), a família Astra. A Chevrolet, agora fora do O novo C4 cresce substancialmente em atenção centra-se no novo C4, que cresce universo GM, continua a renovar os seus dimensões, adoptando linhas mais esguias, substancialmente, adoptando linhas mais modelos a bom ritmo. Desta vez é o o que promete torná-lo mais sedutor. esguias e elegantes. Para quem deseje um Cruze, na versão “hatchback”. O interior também está mais prático e sólido. “crossover” tipo Nissan Qashqai, a Citroën Continuando pela Alemanha, mas com o tem preparado o novo DS4, baseado no foco dirigido aos construtores de luxo, a AUDI A 7 SPORTBACK. C4, mais alto e musculado. Audi mostra ao público, pela primeira O concorrente do Mercedes CLS na categoria Na Peugeot, o 508, familiar topo de gama vez, o seu imponente A7, que concorre dos “coupés” de luxo com quatro portas que substitui o 407, aparece com formas com o Mercedes CLS na categoria dos concilia boa mala com habitáculo espaçoso, menos polémicas e mais elegantes. Os “coupés” de luxo com quatro portas. envolto numa carroçaria de “coupé”. amantes das soluções eléctricas têm à Maior e mais atraente do que o A5, o A7 dispo sição o Ion, o mesmo que serve a Sportback é esguio e concilia boa mala BMW X 3. Mitsubishi e a Citroën, enquanto quem com habitáculo para quatro adultos, tudo O popular X3 aparece com novas roupagens. procura uma opção híbrida pode ver no envolto numa carroçaria de “coupé”. A Maior por fora e mais espaçoso por dentro, 3008 Hybrid4 a solução perfeita, com qua- isto a BMW responde com o novo X3, destaca-se pelos materiais de melhor tro rodas motrizes, ligando o motor diesel um SUV que cresce em dimensões e qualidade numa carroçaria mais atraente. a um eléctrico. qualidade, mais de acordo com os Entre os construtores germânicos, a padrões da marca. Bem junto da BMW MERCEDES CLS . Volkswagen, que se mantém com pri- estará a Mini (ambas pertencem ao A mais recente geração do “coupé” de quatro meiro fabricante europeu, prepara-se mesmo grupo), cujo “stand” será domi- lugares que revolucionou a indústria propõe para apresentar o substituto do incon- nado pelo Countryman, o primeiro auto - linhas mais «fortes», que emprestam à elegante tornável Passat. Com a mesma denomi- móvel de quatro portas da marca, que carroçaria uma personalidade ímpar. nação, a nova geração é maior e adopta serve de base para o futuro modelo do uma frente mais próxima dos actuais construtor nos ralis do campeonato do

CITROËN C4. Nova versão, maior e mais esguia. 74-79:Layout 1 06-10-2010 11:44 Page 77

DESFILE DE NOVIDADES

BMW X3. Um SUV em versão revista e aumentada.

A BMW RESPONDE COM O NOVO X3, UM SUV QUE CRESCE EM DIMENSÕES E EM QUALIDADE, MAIS DE ACORDO COM OS PADRÕES DA MARCA.

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AUTOMÓVEL

AUDI A7 SPORTBACK. Um “coupé” de luxo elegante e espaçoso.

NO SALÃO DE PARIS, A AUDI MOSTRA AO PÚBLICO, PELA PRIMEIRA VEZ, O SEU IMPONENTE A7, UM ESPAÇOSO “COUPÉ” DE LUXO DE QUATRO PORTAS.

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DESFILE DE NOVIDADES

mundo. Ainda assim, muito provavel- 560cv, igualando o Gallardo LP560-4. mente será a Mercedes a atrair as aten- A McLaren retoma o estatuto de construtor VANTAGEM ções entre os fabricantes de luxo alemães: de superdesportivos, depois de em 1991 em termos imediatos, propõe o novo ter introduzido o McLaren F1. Desta vez, LEASING/ALD. Exemplo para viatura de 50.000€. CLS, a recente geração do “coupé” de o McLaren MP4-12C é muito acessível Renda mensal de 726,01€, considerando uma quatro lugares que revolucionou a indús- para a classe (cerca de 200 mil euros), primeira renda de 10.000€ (entrada de 20%), tria automóvel, agora com linhas mais continuando elegante, eficaz e potente, prazo de 60 meses e valor residual de 2%. TAEG «fortes» e ousadas; para um futuro pró - à custa do motor 3.8 bi-turbo de 600cv. de 4,2% e Taxa Anual Nominal de 3,640%, tendo ximo fica prometida a carrinha deste O 918 é a atracção do “stand” da Porsche, como referência a média da Euribor a 1 mês CLS, que entra em Paris como Shooting apesar de o modelo proposto por mais na base 360 dias, de 0,640% (média aritmética Break, muito elegante e destinada a quem de 700 mil euros não estar disponível tão simples das cota ções diárias de Agosto de 2010 pretende mais versatilidade mas não está cedo – as opções imediatas vão limitar-se com arredondamento à milésima mais próxima), disposto a abdicar do estilo. ao 911 GT2 RS (o 911 mais veloz de acrescida de um “spread” de 3% (“spreads” pro- A Nissan é o representante oriental sempre) e ao Panamera híbrido. Quem mocionais a partir de 3%, definidos em função do perfil de risco do cliente, valor de entrada inicial mais interessante para o mercado por- apenas se satisfaz com o melhor do e prazo da operação, não-acumuláveis com tuguês. Para além do Leaf – veículo mundo terá de se «contentar» com o quaisquer outras condições promocionais e váli- eléctrico (similar ao Renault Fluence Lamborghini Reventón Roadster, versão dos até 29 de Outubro de 2010). Montante total ZE) disponí vel antes do final do ano aberta do modelo italiano do grupo imputado ao Cliente (Leasing): 54.307,82€. Inclui por cerca de 30 mil euros e cujas bate- Volkswagen, agora limitado a 650cv (em as seguintes comissões, não-financiadas (IVA rias se podem carregar em tomadas vez dos 670 da versão de carroçaria incluído): dossier 181,50€, processamento men- domésticas por cerca de dois euros com fechada). É de espe rar que a Ferrari apre- sal 1,21€, gestão de contrato trimestral 9,68€ e uma autonomia de 160 quilómetros –, sente apenas o impressionante 599 GTO final de contrato 36,30€. Montante total imputado a Nissan mostra o novo Juke, versão – um dois luga res de 670cv já em comer- ao Cliente (ALD): 54.352.82€, incluindo, adicional- ligeiramente mais pequena e acessível cialização, capaz de atingir os 335 km/h e mente ao Leasing, o Imposto do Selo sobre a € do popular Qashqai, com um design ultrapassar os 100 km/h em apenas 3,3 caução (correspondente ao valor de 15%) de 45 . RENTING. muito ousado e irreverente. segundos –, uma vez que o F70 está reser- Exemplo para a viatura BMW X3 Xdrive 18D, Cxm6 5P 143cv. Cotação mensal Nem só de carros racionais ou preocupa- vado para mais tarde. de 751,55€, IVA incluído, tendo em conta os dos com o ambiente vive o Salão de Paris. Não faltam motivos para visitar o último seguintes parâ metros: 48 meses, 80.000km, 4 A Audi apresenta o seu novo cartão-de- certame automóvel de 2010, onde serão pneus de substituição, serviços de manutenção -visita: o R8 GT, mais ligeiro e com a exibidos os veículos que se pode comprar prevista e imprevista (avarias), assistência ao potência do motor a subir de 525 para até ao final deste ano e durante 2011.l condutor 24 horas/365 dias por ano, assistência em viagem 24 horas e serviços de gestão oficinal e gestão de entrega; imposto único de circulação incluído na renda. Caso seja percorrida quilometragem superior à con- MERCEDES CLS. tratada, o valor das rendas será recalculado A reinvenção do em função das condições contratadas. . “coupé” que revolu- CRÉDITO AUTOMÓVEL Exemplo para viatura € cinou a indústria. de 50.000 , com entrada inicial de 20% e um montan te solicitado de 40.000€, com reserva de propriedade a favor do Banco e prazo de 60 meses. Prestação fixa mensal de 812,91€.TAEG de 8,4%. Taxa Anual Nominal fixa de 7,25%, definida para viaturas novas, em função do perfil de risco do Cliente, prazo e entrada inicial, válida até 29 de Outubro de 2010. Montante total impu - tado ao Cliente: 48.774,60€, incluindo comissão de dossier (120,19€, à qual acresce Imposto do Selo à taxa actual de 4%) e Imposto do Selo sobre a abertura de crédito, ambos financiados, juros e respectivo Imposto do Selo.

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OPERAÇÃO INTERNACIONAL

FOI O ÚNICO PAÍS DA UNIÃO EUROPEIA A REGISTAR CRESCIMENTO ECONÓMICO EM 2009. ESTE ANO, O PIB DEVERÁ CRESCER MAIS DE 3 POR CENTO, DE ACORDO COM AS ESTIMA- TIVAS DO BANCO CENTRAL POLACO. UM MERCADO DINÂMICO, COM CERCA DE 38 MILHÕES DE HABITANTES, ONDE O MILLENNIUM TEM MAIS DE 460 SUCURSAIS E GESTORES DEDI- CADOS AO ACOMPANHAMENTO DE EMPRESAS PORTUGUESAS. POLÓNIA UMA ECONOMIA QUE DESAFIA A CRISE

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certo e sabido que as empresas portuguesas têm encontrado na internacionalização um espaço de crescimento que dificil- mente conseguiriam no mercado doméstico. Há países que, por afinidade histórica, surgem como extensões naturais das nossas actividades económicas, como Espanha, Brasil ou An- gola. E há outros com quem temos ligações de menor intimi - dade mas que, pelo potencial de mercado, são destinos do investimento nacional. É o caso da Polónia, onde a crise travou mas não parou o crescimento económico – e é de lá que nos chegam histórias de sucesso comprovado. Os casos mais visíveis, pela expressão do investimento e pela exposição pública das marcas, são o Bank Millennium, com mais de 460 sucursais, das quais mais de 100 na região de Varsóvia, e a Jerónimo Martins, que possui a maior rede de supermercados, sob a insígnia Biedronka. De acordo com os resultados do primeiro semestre de 2010, mais de 15 por cento dos resultados líquidos do Millennium bcp provêm das operações fora de Portugal, com a Polónia a destacar-se como a operação mais importante, registando um resultado líquido de 34,4 milhões de euros. Mas nem só de grandes companhias se faz a presença portuguesa na Polónia. São várias as pequenas e médias empresas que diariamente escrevem parte da sua história na língua de Copérnico, Chopin e Polanski. A Colep, fabricante de embalagens presente há mais de dez anos, foi das primeiras a chegar à Polónia; a Parfois já tem lojas em Poznan, Cracóvia, Gdansk, Lodz, Wroclaw, Katowice e Varsóvia; e a sociedade de advogados Ra- poso Bernardo & Associados recebeu, este ano, os títulos de “Newcomer of the Year” e “New Law Firm of the Year”, resultado da vitória nos prémios “Corp INTL Global Awards” e “ACQ Law Awards”, respectivamente. «É um mercado cheio de oportunidades mas também muito cobiçado por empresários de países mais próximos, como a Alemanha, por isso uma empresa portuguesa que queira vin- gar aqui tem de ter vantagens competitivas bem vincadas mas também paciência, perseve- rança e músculo financeiro, pois os resultados não surgem de um dia para o outro», afirma João Brás Jorge, Vice-Presidente do Bank Millennium. «Quem deseja conhecer melhor este mercado pode começar por contactar a Câmara de Comércio Polónia - Portugal e o próprio Bank Millennium, porque temos uma experiência muito rica no apoio à internacionalização das empresas portuguesas nesta região», lembra o gestor destacado em Varsóvia desde 2006.l

TOME NOTA. O Bank Millennium, detido em 65,51% pelo Millennium bcp, é uma das maiores instituições financeiras na Polónia, com especial enfoque na banca de particulares e na banca de empresas. Em 2008, o Bank Millennium e a AICEP (Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal), visando apoiar empresas portuguesas que pretendam iniciar actividade na Polónia, celebraram um protocolo de cooperação estratégica onde, entre outras obrigações, o Banco se compromete a disponibilizar um gestor de conta específico para empresas de capital português.

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PRESENÇA INTERNACIONAL

A VOTAÇÃO DO PÚBLICO DEU-LHE O PRIMEIRO LUGAR NO “TOP DOS MAIS QUERIDOS” E A SUA CARREIRA FOI HOMENAGEADA PELOS PRÉMIOS ANGOLA 35 GRAUS. A ARTISTA QUE DÁ A CARA (E A VOZ) PELO MILLENNIUM ANGOLA – RECENTEMENTE ELEITO O “MELHOR BANCO ESTRANGEIRO” A OPERAR NAQUELE PAÍS – FALA SOBRE OS SONHOS DE 25 ANOS DE CARREIRA.

YOLA SEMEDO UMA VOZ COM ALMA

Apesar de só ter 32 anos, conta já com 25 de carreira. Qual é o segredo para tempo... A emoção foi tanta que acabou esta longevidade? por tomar conta de mim. Faço parte de uma família de músicos. O meu pai foi professor de música. A primeira vez em que subi a um palco tinha sete anos. Aprendi a tocar piano aos Quando se apercebeu de que a música 11. E faço parte de um grupo musical familiar, os Impactus 4. Acredito que os laços seria a sua vida? familiares e a grande união que há entre nós são a base destes 25 anos de carreira. Eu cresci na música. Acredito que, nesse A minha família é fundamental. momento em que subi a um palco pela primeira vez, já estava escrito que a música Ainda se lembra da primeira vez que actuou ao vivo? teria um papel muito importante na minha Foi horrível! Congelei completamente no palco. Senti frio, calor, tudo ao mesmo vida. Sei que sou uma mulher de sorte.

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MILLENNIUM ANGOLA

Lançou recentemente o seu segundo “NO MOMENTO PRESENÇA álbum a solo, “Minha Alma”. O que o dis- EM QUE SUBI ALARGADA. tingue do disco de estreia? A UM PALCO Ao longo da minha carreira, têm sido os PELA PRIMEIRA produtores com quem tenho tido o privilé- Com a abertura da sucursal na gio de colaborar a assegurar todo o trabalho. VEZ, JÁ ESTAVA Estrada de Catete, província de “Minha Alma” é o primeiro trabalho real- ESCRITO QUE A Bengo, no início de Outubro, mente «meu» em todos os sentidos: pro- MÚSICA TERIA o Banco Millennium Angola dução musical, arranjos vocais, etc. “Minha UM PAPEL aumentou a sua rede para 33 Alma” é uma homenagem aos meus 25 anos IMPORTANTE NA balcões. A nova sucursal, em de carreira, feito com muito carinho por MINHA VIDA.” funcionamento todos os dias úteis todos aqueles que gostam da minha música. das 8h00 às 15h00, disponibiliza, entre outros, o serviço de Passaram cinco anos entre os dois discos. Foi difícil compor este “Minha Alma”? transferências rápidas Western Não. Durante esses cinco anos, trabalhei muito para desenvolver aquilo que sei Union em espaço dedicado. fazer. Aproveitei ao máximo para aprender. Foi o tempo necessário para me preparar para o “Minha Alma”.

Continua ligada aos Impactus 4? Continuo e acredito que estamos mais unidos agora, pela música e pela herança que o nosso pai nos deixou. Pretendemos continuar juntos para o resto das nossas vidas, se Deus deixar.

Já actuou por diversas vezes fora de Angola. Em algum lugar se sente tão aca rinhada como no seu país? Angola é um país com uma cultura muito rica. É uma honra muito grande sempre que tenho a oportunidade de levar um pouco desta cultura para a diáspora. E tive a sorte de ser muito aplaudida nos palcos por onde tenho passado. É importante enaltecer o nome de Angola.

Até onde gostaria de levar a sua música? O meu maior sonho é levá-la além-fronteiras. Receber o reconhecimento do mundo musical, levando comigo a cultura angolana. E quero continuar a ser res - peitada e acarinhada pelo mundo musical angolano. Mas sei bem que para tudo isso BANCO acontecer é necessário trabalhar! PREMIADO. É o novo rosto do Millennium Angola. O que a levou a aceitar esta ligação? O facto de o Banco Millennium Angola ser uma instituição que preza os bons cos- A revista “EMEA Finance”, dirigida tumes e o bem-estar desta comunidade. E, acima de tudo, por espelhar muita seriedade. à comunidade financeira da região Europa/Médio Oriente/África, Que balanço faz desta ligação? distinguiu o Millennium Angola Tem sido muito positiva, um casamento perfeito. É um trabalho feito com muito como o “Melhor Banco Estrangeiro” carinho e profissionalismo. Estou muito feliz por saber que está a ser bem aceite. a operar no país, destacando-o «pela “performance” positiva e No anúncio que fez para o Millennium Angola, aparecem duas raparigas que a progresso constante em 2010». vêem e começam a cantar uma canção sua. Isso acontece-lhe com frequência? Recorde-se que, em 2009, Graças a Deus, acontece. E tento lidar com todos aqueles que gostam do meu trabalho a mesma publicação apontou o da melhor forma possível. Tenho em mente que parte da popularidade que tenho hoje Millennium como o banco mais é graças a eles. Agradeço a todos de coração. l inovador no mercado angolano.

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DISTINÇÕES

O MELHOR BANCO DE MOÇAMBIQUE. A revista “EMEA Finance” apontou o Millennium bim, pelo segundo ano consecutivo, como o “Melhor Banco em Moçambique”. Além deste prémio, a operação moçambicana do Millennium foi também incluída no lote dos “5 melhores Bancos Nacionais de África” pela IC Publications, editora da “African Banker Magazine”. Esta distinção eleva Moçambique no plano mundial como um país que oferece confiança económica para potenciais investidores, num ambiente de negócios com empresas que se pautam pelas melhores práticas mundiais.

EM DESTAQUE. O ÚNICO BANCO PORTUGUÊS NO ÍNDICE MILLENNIUM CINCO VEZES ASPI EUROZONE MELHOR

“EUROMONEY” DISTINGUE MILLENNIUM BCP NA ÁREA DO IMOBILIÁRIO. No âmbito da edição de 2010 dos seus Real Estate Awards, a prestigiada revista financeira sediada em Londres acaba de eleger, pela quinta vez consecutiva, o Millennium bcp “Best Commercial Bank” em Portugal na área de Crédito à Promoção Imobiliária (“Real Estate”), reconhecendo o sucesso da sua actuação nesse segmento e a ampla variedade de serviços oferecida segundo os mais MILLENNIUM BCP INTEGRA RESTRITO LOTE DE EMPRESAS EUROPEIAS QUE SE elevados padrões de qualidade. DISTINGUEM NO CAMPO DA SUSTENTABILIDADE E DA RESPONSABILIDADE SOCIAL. A atribuição deste importante galardão O Millennium bcp passou recentemente a integrar o índice de sustentabilidade ASPI Eu- resulta de um estudo baseado na opinião rozone (“Advanced Sustainable Performance Indices”), que inclui as 120 empresas da zona dos principais operadores do mercado euro com melhor “performance” em matérias de sustentabilidade, com base na avaliação — promotores imobiliários, investidores, da Vigeo (líder europeia em avaliação de sustentabilidade e responsabilidade social) e em consultores e instituições financeiras — conformidade com as orientações ASPI Eurozone. O Millennium bcp é o único Banco por- em 54 países. tuguês a constar desta lista. A “Euromoney”, que celebra este ano o «A integração do Millennium bcp neste índice traduz o reconhecimento da nossa es- seu 41º aniversário, é uma das principais tratégia de responsabilidade social corporativa», sublinha Paulo Macedo, vice-presidente revistas financeiras a nível mundial, lida do Banco. «A criação de valor para os accionistas, a par da criação de valor social, só é em mais de 170 países por líderes de possível com uma actuação baseada em princípios de rigor e em harmonia com a valo- opinião, gestores e decisores das maiores rização dos colaboradores, a transparência na relação com os clientes, a promoção de empresas e instituições financeiras.l iniciativas que beneficiem a comunidade e a protecção ambiental.» A avaliação baseou-se em seis áreas de responsabilidade social corporativa: modelo de governação, respeito pelos direitos humanos, gestão das relações laborais, relação com os clientes, envolvimento com a comunidade e gestão e estratégia ambiental. Em 2009, o Millennium bcp tinha já sido incluído no índice ECPI Ethical Index EMU, com- pos to pelas 150 maiores empresas da União Económica e Monetária elegíveis de acordo com a metodologia ECPI Screening, que monitoriza a evolução de 4.000 empresas em termos sociais, ambientais e de “governance”. Como maior grupo financeiro privado em Portu gal, o Millennium bcp contribui directa e indirectamente para a consolidação do de- senvolvimento sustentável, tendo por isso uma responsabilidade acrescida na forma como desenvolve a sua actividade e no modo como a comunica aos seus “stakeholders” e às comunidades em que se insere.l

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REDE MILLENNIUM

“SHOPPING ON-LINE” REFORÇADO. Por ocasião do 25º aniversário do Banco, a gama de produtos comercializados na área de “shopping” do “website” millenniumbcp.pt foi reforçada, com destaque para os televiso res e os telemóveis. O vasto leque de produtos disponíveis inclui ainda aparelhos de GPS, soluções de bem-estar e aventura, libras e barras em ouro, medalhas e produtos de segurança, entre ou tros. Nesta loja “on-line” pode encontrar produtos a preços abaixo do mercado (PVP reco mendado), bem como fazer as suas compras com total segurança e comodidade.

TOME NOTA. SUCURSAIS ABREM SUCURSAIS AOS SÁBADOS QUE ABREM

MILLENNIUM BCP VOLTA A ABRIR AO SÁBADO AS SUAS AGÊNCIAS AOS SÁBADOS, ACRESCENTANDO UM «DIA ÚTIL» À CENTROS URBANOS SEMANA DE SERVIÇO BANCÁRIO. (DAS 9H30 ÀS 13H30) Após o sucesso da iniciativa nos Angra do Heroísmo (Rua da Sé, 56) dois últimos anos, o Millennium bcp Aveiro (Centro Comercial Glicínias) vol ta a apostar numa estratégia de Caldas da Rainha (Pç. da República, 7 e 8) longo prazo com o objectivo de refor - Espinho (Rua 19, 346 a 352) çar a relação de proximidade e con- Funchal (Rua Visconde Anadia, Lj 19/21) fian ça com os Clientes, ajus tando à Guimarães (Rua Paio Galvão, 10/22) conveniência destes os seus ho rá rios Leiria (Pç. Rodrigues Lobo, 59) de funcionamento. Marco de Canaveses (Av. Francisco Sá Ao todo, são 26 as sucursais do Carneiro, 166) Banco — espa lhadas um pouco por Ponta Delgada (Praça Gonçalo Velho, 33) todo o País — que passaram, desde Porto (Rua Diu, 15) finais de Setembro, a abrir as portas Porto (Pç. Mouzinho de Albuquerque, 136) ao sábado, com horários adequados Porto (Pç. de Francisco Sá Carneiro, 113/115) à realidade de cada local: das 9h30 Vila Nova de Gaia (Rua Soares dos Reis, 820) às 13h30 nos centros urbanos, e das Viseu (Pç. da República, 5) 14h00 às 18h00 nos principais cen- tros comerciais.l CENTROS COMERCIAIS (DAS14H00 ÀS 18H00) www.millenniumbcp.pt Mais informações em Braga (Centro Comercial Braga Parque) Cascais (CascaiShopping) Coimbra (CoimbraShopping) GESTORES DE CLIENTE Faro (Fórum Algarve) Lisboa (Centro Comercial Colombo) CERTIFICADOS Lisboa (Centro Comercial Vasco da Gama) Loures (Centro Comercial Pingo Doce) MILLENNIUM BCP E INSTITUTO DE FORMAÇÃO BANCÁRIA DESENVOLVEM Maia (MaiaShopping) PROGRAMA DE FORMAÇÃO E CERTIFICAÇÃO DE NOVOS GESTORES DE CLIENTE. Matosinhos (NorteShopping) Ir mais além, fazer melhor e servir o Cliente são as premissas que definem o novo Montijo (Fórum Montijo) desafio lançado aos gestores que acompanham os Clientes Empresa do Millennium Rio Tinto (Centro Comercial Parque Nascente) bcp. O Processo de Certificação de Gestores, desenvolvido em parceria com o Instituto Vila Nova de Gaia (GaiaShopping) de Formação Bancária, insere-se num programa de contínuo reforço das competên- cias e capacidade técnica dos novos gestores, focado em conteúdos programáticos essenciais, como “Trade Finance”, Contabilidade, Risco de Mercado, ou Diagnóstico Económico e Financeiro de Empresas. Esta iniciativa visa contribuir para a valorização e o reforço da relação de confiança entre os Clientes e o Banco.l

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OPINIÃO.

PEDRO DA ROSA FERRO.ECONOMISTA*

ÉTICA, NEGÓCIOS E BANCA

SERÁ A «ÉTICA EMPRESARIAL» ESSENCIAL AO MUNDO DOS bem comum não é extrínseco ou exógeno NEGÓCIOS? E A CRISE ACTUAL – ECONÓMICA, FINANCEIRA, à empresa. E o lucro, em geral, é simples- DE CONFIANÇA – UM PROBLEMA DE «CONSCIÊNCIA»? mente a remuneração (justa e socialmente necessária) do risco, inovação e energia empresarial. É ainda um indicador de que Num famoso artigo publicado em 1981, Peter Drucker chocou os seus a empresa cumpre a sua primeira respon- admiradores e irritou os seus críticos ao negar vigorosamente a entidade sabilidade perante a sociedade: criar valor ou necessidade da «ética empresarial», a ideia de uma ética exclusiva ou es- económico, em termos que garantam a pecífica dos negócios. O fundamento central do seu argumento é duplo: sua continuidade no longo prazo (ou seja, por um lado, de acordo com a filosofia moral do Ocidente, só o indivíduo “inter alia”, lucrativos). é sujeito moral (e, portanto, as organizações não o são); por outro, os princípios éti- cos são universais, embora se apliquem tendo em conta as circunstâncias. É certo que Entretanto, assistimos à a empresa enfrenta problemas morais típicos. Contudo, Drucker via a “business generalização de práticas ethics” como uma moda nefasta, resquício da herança puritana, que tenderia a impor comerciais predatórias, à cargas ilegítimas sobre as organizações. A seu favor, podemos reconhecer – por de- avidez na gratificação ime- trás do discurso banal sobre a «ética empresarial» – uma certa desconfiança ou diata, à irresponsabilidade mesmo desprezo pelas actividades comercial e financeira (de longínqua raiz greco- pessoal, à recusa em aceitar ou antecipar -romana) misturada com aquela hostilidade face aos empresários de que falava consequências das próprias acções, à Schumpeter. Neste horizonte, o lucro seria um rendimento «suspeito», olhado de tendência para olhar os incentivos mate- soslaio, que deveria ser recoberto pelo manto diáfano da «responsabilidade social» riais como se fossem a medida e pro- para granjear honorabilidade. Noutros casos, a ética empresarial será apenas retórica pósito únicos do trabalho humano, à politicamente correcta ou exercício de marketing e “window-dressing”, quando não subversão da relação de confiança entre manifestação de má consciência. accionistas e gestores, etc., e respectivas sequelas. Com efeito, a actual crise eco- Assim, é necessário recordar, antes do mais, a «bondade ontológica» e nómico-financeira nasceu não tanto da o valor social da empresa: proporciona bens e serviços desejados pelas incompetência e miopia de alguns e da pessoas, criando ou acrescentando valor que distribui por clientes, tra- falta de memória de outros, quanto de balhadores, fornecedores, accionistas e outras partes interessadas, pres- uma degradação generalizada dos padrões supondo um processo respeitoso e honrado de acordos voluntários entre éticos. A crise terá demonstrado que o sis- eles (sem violência, fraude ou abuso de posição dominante). Por outras palavras, o tema financeiro não dispensa temperança

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A CREDIBILIDADE É NÃO APENAS O PONTO DE APOIO DA ALAVANCA FINANCEIRA, MAS O OXIGÉNIO DE TODO O SISTEMA ECONÓMICO E DA VIDA SOCIAL.

por parte de investidores e credores, responsabilidade por parte de consumidores e Tudo isto afecta a Banca de devedores, veracidade por parte das agências de “rating”, justiça por parte das insti- modo particular. O fulcro tuições financeiras, humildade por parte dos economistas, coragem por parte de le - do negócio bancário é o gisladores e reguladores, prudência por parte de todos. «crédito», a credibilidade, a confiança: crédito que os Enfim, parece que Peter Drucker tinha razão no ponto essencial: para Bancos concedem às pessoas (individuais ser honrado, prudente, justo, forte e sensível ao bem comum não se e colectivas) e a outros Bancos; crédito requer «ética empresarial». Basta a ética, sem adjectivos. Basta o que que as pessoas concedem aos Bancos e a Drucker chamava o «teste do espelho» – «Que tipo de pessoa quero outras pessoas. Acresce que os bens e ver ao espelho no dia seguinte de manhã?» –, atribuindo a esse es- serviços financeiros são «especiais»: o pelho o sortilégio do retrato de Dorian Gray, capaz de reflectir no rosto as marcas mercado funciona melhor quando as pes- da deformidade moral que a mentira, a cobardia, a ganância, a fraude, o abuso e a soas sabem e compreendem o que com- preguiça vincam na alma… pram, quando existe alguma simetria de informação entre a oferta e a procura. Daqui se deduz, também, a insuficiência dos sistemas de supervisão, Daí, a maior exigência de confiança regulação e codificação do bom governo ou da boa conduta, se forem moral. A credibilidade é não apenas o tomados como sucedâneo mecânico da honradez, prudência e justiça ponto de apoio da alavanca financeira, pessoais. Com efeito, se for assim, a insistência nesses dispositivos extrín - mas o oxigénio de todo o sistema secos pode até revelar-se contraproducente. A ética passaria a ser um económico e da vida social. A crise finan- «departamento», um assunto de técnica normativa e organizativa. E a proliferação ceira que ainda testemunhamos terá re- regulatória apenas suscitaria maior astúcia no desenvolvimento de modos originais de sultado, precisamente, do nosso fracasso a iludir; ou, na melhor das hipóteses, centraria a preocupação dos agentes no respeito em reconhecer o alcance da intercomu- formal das normas mais do que na eticidade e na prudência substanciais dos pro- nicabilidade humana e a extensão do cedimentos em causa. Isto já aconteceu, com maus resultados: a lei não dispensa a «multiplicador de confiança» – do «multi - consciência individual e a interiorização do que é «bom». pli cador ético» –, da nossa falha em perce- Não pretendo retirar valor aos mecanismos de supervisão e códigos deontológicos. ber que o talento e as virtudes de cada um Até porque o bom governo também não se garante apenas com boas intenções. Alerto (na medida em que geram ou minam a apenas para a importância de estar consciente dos seus limites: por muitas normas de confiança moral) afectam o risco bom comportamento e por muitas sanções que haja, sem disposição ética não pode sistémico essencial, afectam a inteira co- haver bom governo, tal como não o pode haver sem prudência e competência. munidade de que fazemos parte. l

PARA SER HONRADO, PRUDENTE, JUSTO, FORTE E SENSÍVEL AO BEM COMUM NÃO SE REQUER «ÉTICA EMPRESARIAL». BASTA ÉTICA, SEM ADJECTIVOS.

* Professor da AESE ([email protected])

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CONVERSA DE ALGIBEIRA

ROBERTA MEDINA.32 ANOS

Ainda me lembro do meu primeiro emprego. Tinha eu 17 anos e ganhava 400 reais (cerca de 300 euros) por mês a tra balhar como assistente da equipe de marketing na produção de um evento [para a Disney, no Barra Shopping, Rio de Janeiro]. Quando recebi o pri meiro salá rio, nem sabia o que fazer com ele, estava tão animada com o facto de estar trabalhando num projecto tão bacana que o salário em si era secundário. Olhan do para trás, teria feito o mesmo: não tem preço a oportunidade de trabalhar com a Disney e ainda descobrir a minha paixão pela realização de ideias e projectos na área da cultura e entretenimento. No que respeita a di nheiro, considero-me uma pessoa muito abençoada. O meu maior luxo foi comprar a minha própria casa; ainda hoje detesto gastar dinheiro à toa e por puro impulso; nunca empres taria dinheiro a um traficante; e sonho um dia investir num projecto de arte, turismo e inclusão social. Sim, confesso que sou um pouco for reta com contratações (me irrita quando me cobram mais porque acham que tenho cara de menina rica), pago o que vale, nem mais, nem menos, mas sou bem capaz de gastar com uma besteira qualquer pela qual me apaixone e que sei que me vai fazer feliz. E se um dia me saís se a sor te grande, pagava a realização dos meus próprios projectos que visam também a inclusão social. No entanto, se a sorte só me trou xesse uma nota de 500 euros, eu colocava no banco e ia gerindo aos pouquinhos. Costu ma dizer-se que o dinheiro não traz felici dade, mas facilita imenso.l

FOTOGRAFIA LUIS DE BARROS

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