O Centenário De Babi De Oliveira O Violão Clássico Em Porto Lalegre Um
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NÚMERO z8 DEZEMBRO DE 2008 r 11 1 larlE1 REVISTA SEMESTRAL DA ACADEMIA BRASILEIRA DE MÚSICA O Centenário de Babi de Oliveira eiWachado de eAsis e a (Música José (.2/1aurício,cildareos Portugal e a Sonata de lAydn O Violão Clássico em Porto LAlegre Um 'Fenômeno Sócio-cultural Centenário Brasileira de cMiltsica DESDE 1945 A SERVIÇO DA MÚSICA NO BRASIL DIRETORbk: Ricardo Tacuchian (presidente), Roberto Duarte (vice-presidente), Turíbio Santos (1Q secretário), Vasco Mariz (2' secretário), Ernani Aguiar (1Q tesoureiro), Jocy de Oliveira (2' tesoureira). COMISSÃO DE CONTAS: Titulares: Manuel Veiga, Mario Ficarelli, Regis Duprat. SUPLENTES: Amaral Vieira, Lutero Rodrigues CADEIRA PATRONO FUNDADOR SUCESSORES 1. José de Anchieta Heitor Villa-Lobos Ademar ~rega - Marlos Nobre 2. Luiz Álvares Pinto Fructuoso Vianna Waldemar Henrique - Vicente Saltes 3. Domingos Caldas Barbosa Jayme Ovalle e Radamés Gnattali Bidu Sayão - Cecilia Conde 4. JJ.E. Lobo de Mesquita Oneyda Alvarenga Ernani Aguiar 5. José Maurício Nunes Garcia Fr. Pedro Sinzig Pe. João Batista Lehmann - Cleofi 1? de Mattos - Roberto Tibiriçá 6. Si gismund Neukomm Garcia de Miranda Neto e Antônio Sá Pereira Ernst Mahle 7. Francisco Manuel da Silva Martin Braunwieser Mercedes Reis Pequeno 8. Dom Pedro I Luis Cosme e José Siqueira Alice Ribeiro - Arnaldo Senise - Paulo Bosísio 9. Tomáz Cantudria Paulino Chaves e Brasília Itiberê Osvaldo Lacerda 10. Cândido Ignácio da Silva Octavio Maul Armando Albuquerque - Regis Duprat 11. Domingos R. Moçurunga Savino de Benedictis Mario Ficarelli 12. Pe. José Maria Xavier Otavio Bevilacqua José Maria Neves - John Neschling 13. José Amat Paulo Silva e Andrade Muricy Ronaldo Miranda 14. Elias Álvares Lobo Dinorá de Carvalho Euelóxia de Barros 15. Antônio Carlos Gomes Lorenzo Fernândez Renzo Massarani - JA. de Almeida Prado 16 Henrique Alves de Mesquita Ari José Ferreira Henrique Morelenbaum 17. Alfredo E. Taunay Francisco Casabona Yara Bernette - Belkiss Carneiro de Mendonça - Guilherme Bauer 18. Arthur Napoleão Walter Burle Mane Sonia Maria Vieira Rabinovitz 19. Brasília Itiberê da Cunha Nicolau B. dos Santos, Helza Gamem Roberto Duarte e Arthur Iberê de Lemos 20. João Gomes de Araújo João da Cunha Caldeira Filho Sérgio de Vasconcellos Corrêa 21. Manoel Joaquim de Macedo Claudio Santoro Luiz Paulo Horta 22. Antônio Callado Luiz Heitor Corrêa de Azevedo Jorge Antunes 23. Leopoldo Miguéz Mozart Camargo Guarnieri Laís de Souza Brasil 24. José de Cândido da Gama Malcher Florêncio de Almeida Lima Norton Morozowicz 25. Henrique Oswald Aires de Andrade Junior Aylton Escobar 26. Euclides Fonseca Valdemar de Oliveira Anna Stella Schic Phili ppot 27. Vincenzo Cernicchiaro Silvio Deolindo Frois Francisco Chiafitelli-Pe: Jaime Diniz - Pe. José Penalva- lira Nogueira 28. Ernesto Nazareth Furio Franceschini Aloysio de Alencar Pinto - Flávio Silva 29. Alexandre Levy Samuel A. dos Santos e Enio de Freitas e Castro Ricardo Tacuchian 30. Alberto Nepomuceno João Batista Julião Mozart de Araújo - Mário Tavares - João Guilherme Ripper 31. Guilherme de Mello Rafael Baptista Ernst Widmer - Manuel Veiga 32. Francisco Braga Eleazar de Carvalho Jocy de Oliveira 33. Francisco Valle Assis Republicano Francisco Mignone - Lindembergue Cardoso - Raul da Valle 34. José de Araújo Vianna Newton Pádua César Guerra-Peixe - Edino Krieger 35. Meneleu Campos Eurico Nogueira França Jamary de Oliveira 36 J.A. Barrozo Netto José Vieira Brandão Lutero Rodrigues 37. Glauco Velasquez João Itiberê da Cunha Aluo Bocchino 38. Homero Sá Barreto João de Souza Lima Turíbio Santos 39. Luciano Gallet Rodo faseai Rossini Tavares de Lima - Maria Sylvia T Pinto - Amaral Vieira 40. Mario de Andrade Renato Almeida Vasco Mariz Membro honorário: Gilberto Mendes. Membros correspondentes: Aurélio de la Vega (Cuba/EUA); David Appleby (EUA), Gaspare Nello Vetro (Itália) , Gerhard Doderer (Alemanha/Portugal); Robert Stevenson (EUA). Lrfcademia 'Brasileira de (Música Rua da Lapa, 120/12° andar - Rio de Janeiro - RJ - Brasil - CEP: 20021-180 - Tel.: (21) 2221-0277 - Fax: (21) 2292-5845 www.abmusica.org.br - [email protected] Revista Brasiliana - ISSN 1516-2427 Editor: RICARDO TACUCHIAN. Conselho Editorial: EDINO KRIEGER, LUIZ PAULO HORTA, MERCEDES REIS PEQUENO, REGIS DUPRAT e VASCO MARIZ. Assessora Técnica: VALÉRIA PEIXOTO. Projeto Gráfico e Produção: FA EDITORAÇÃO. Editoração: JULIANA NUNES. Capa: PEDRO DOMINGUEZ - Gravura gentil- mente cedida pela acadêmica Cecilia Conde. Revisão: REGINA LAGINESTRA. Versões em inglês: GISELE FORTES. Tiragem desta edição: 500 exemplares. Os textos para publicação devem ser submetidos ao Conselho Editorial sob a forma de disquete ou enviados por correio eletrônico (editor de texto Word 6.0 ou versão mais nova; máximo de 12 laudas de 25 linhas com 70 toques, incluídos exemplos, ilustrações, bibliografia e biografia do autor). As opiniões e os conceitos emitidos em artigos assinados são de exclusiva responsabilidade de seus autores. NÚMERO 28 DEZEMBRO DE 2.008 n. La REVISTA SEMESTRAL DA ACADEMIA BRASILEIRA DE MÚSICA Editorial Sumário 'Desconstruindo ocMito 2 José (Maurkio,(Mgrcos Portugal e a Sonata dei-44n: mundo das artes vive de mitos e de aná- Desconstruindo o (Mito Olises objetivas. Viagens fantásticas, su- postas heranças musicais, confissões ideológi- Marcelo Campos Hazan cas, relatos anedóticos, paixões rocambolescas sobre compositores nem sempre se encaixam 12 O Centenário de Rabi de Oliveira com a realidade cotidiana de seus personagens. Vasco Mariz Na ausência do documento histórico, surge o mito. Mas o mito sempre apresenta uma for- 14 (Machado de (Asis e a eMsica te carga simbólica. Ajuda o entendimento de Vasco Mariz uma cultura ou de uma época. É como disse Fernando Pessoa, citado por Marcelo Hazan, ao desconstruir o mito do primeiro encontro 18 O Violão Clássico em Torto (Alegre de José Maurício com Marcos Portugal: "O Daniel Wolff mito é o nada que é tudo". A partir de um tex- to do Visconde de Taunay, descrevendo aque- 26 Um 'Fenômeno Sócio-cultural Centenário: le encontro improvável e do famoso quadro de Henrique Bernardelli (Museu de História patrimônio e memória da música brasileira clássica Nacional), o mito foi se perpetuando, na re- Karina Barra Gomes petição ad nauseam de diferentes biógrafos e comentaristas. A análise objetiva de Hazan é 3 2 .(a,nçamentos inquestionável. Vasco Mariz comenta dois centenários: o do nascimento de Babi de Oliveira e o de morte de Machado de Assis, que foi um homem de letras, ligado à música de seu tempo. Por fim, temos, nesta Brasiliana, dois ensaios sobre aspectos tão diferentes quanto presentes na música brasileira: o violão e a banda de música. Os artigos de Daniel Wolff e de Karina Gomes tratam destes dois universos que, muitas vezes, também misturam a realidade e o mito. O Editor José eMaurício,(_24arcos- Portugal e a Sonata de Ifaydn: 'Desconstruindo o (Mito' MARCELO CAMPOS HAZAN O primeiro encontro entre Marcos Portugal (1762-1830) Discorrer sobre mitos não é tarefa simples. Defi- e José Maurício (1767-1830), ocasião em que este teria sido nições e enfoques mitográficos não são apenas com- desafiado a executar, à primeira vista, uma sonata para teclado plexos, mas também extremamente diversificados. Na de Haydn, é presença quase certa nas biografias do músico- psicologia de Freud, os mitos, assim como os sonhos, compositor brasileiro. O presente artigo examina em que conciliam a urgência da gratificação dos desejos com sentidos este Famoso episódio, originalmente publicado em o impulso da negação destes desejos (edipianos). No 1880 pelo Visconde de Taunay, constitui um mito. Como estruturalismo de Lévi-Strauss, os mitos não apenas refletem a propensão da mente humana a entender o será demonstrado, o interesse musicológico deste relato não mundo em termos de oposições binárias (sobretudo está em seu valor como documento histórico, mas como natureza e cultura), mas também fornecem um modelo testemunho de uma visão romântica e autonomista da função para a resolução destas contradições. No "eterno retor- da música, da condição do músico e do caráter do processo no" de Mircea Eliade, os mitos não somente descrevem criativo. Sem falar nas suas implicações nacionalistas, que este a criação, a primeira aparição do Sagrado, porém tam- breve exercício mitográfico também pretende iluminar. bém possibilitam um regresso a este tempo originário, num reencontro com antigos deuses ou heróis. No funcionalismo de Malinowski, os mitos promovem José c2daurício,cMarcos Portugal and a unidade, à medida que afirmam e sustentam uma realidade social fundada na autoridade da tradição e da 1-laydn Sonata: deconstructing the myth origem. Não há consenso se são exclusivos às sociedades Iftrdly ever is the first meeting between Marcos Portugal não-modernas ou se ocorrem universalmente; se narram (1762-1830) and José Maurício (1767-1830), occasion on o passado ou se também podem abordar o presente e which the latter was challenged to play a Haydn sonata for o futuro; se devem ser interpretados em termos literais keyboard, not mentioned in the Brazilian musician and com- ou simbólicos; se são invariavelmente transmitidos poser biographies. The present article examines to what extent através de rituais ou se podem ter vida autônoma; se possuem um conteúdo necessariamente fantasioso the famous incident, originally published by the Viscount of ou por vezes historicamente fundamentado (SEGAL, Taunay in 1880, actually constitutes a myth. As it will be shown, 2004: p.1-10). Longe de pretender esgotar um tópico the musicological interest in