GRAVEL ISSN 1678-5975 Novembro - 2014 V. 12 – nº 1 1-14

Origem e Significado Geológico da “Barra Falsa”: Uma Feição Geomorfológica Peculiar da Margem Leste da Lagoa dos Patos/RS, Brasil

Tomazelli, L.J.1,2; Barboza, E.G.1,2; Dillenburg, S.R.1,2 & Rosa, M.L.C.C.1

1 Centro de Estudos de Geologia Costeira e Oceânica - CECO/IGEO/UFRGS, 2 Programa de Pós Graduação em Geociências, Universidade Federal do - UFRGS. 1, 2 Av. Bento Gonçalves, 9500 - Agronomia - CEP: 91509-900 - Porto Alegre - RS - Brasil [email protected], [email protected], [email protected], [email protected].

Recebido em 16 de junho de 2014; aceito em 27 de agosto de 2014.

RESUMO

A feição geomorfológica conhecida como Barra Falsa aparece nos mapas que retratam a margem leste da Lagoa dos Patos, nas proximidades da localidade de Bujuru, no município de São José do Norte, litoral médio do Rio Grande do Sul. Nos últimos anos, vários artigos científicos foram publicados defendendo a hipótese de que esta feição é um paleocanal que estava ativo durante o Holoceno (últimos 10 ka), conectando a Lagoa dos Patos com o Oceano Atlântico. Além disso, vários trabalhos publicados atribuíram a origem desta feição à atividade erosiva do Rio Camaquã durante o Holoceno, quando o mar situava-se em um nível mais baixo do que o nível atual. O trabalho aqui apresentado mostra que estas interpretações estão equivocadas e não se sustentam em evidências científicas. Para refutar as hipóteses defendidas nesses trabalhos anteriores, este artigo apresenta uma série de evidências geológicas, geomorfológicas, sedimentológicas, hidrológicas e geofísicas que mostram, de forma muito clara, que, durante o Holoceno, a Barra Falsa não se comportou como um canal de ligação entre a lagoa e o mar, e que sua origem não está relacionada à atividade erosiva do Rio Camaquã. Provavelmente a origem desta feição esteja relacionada à atividade de um pequeno canal fluvial voltado para a Lagoa dos Patos, que seria sua bacia receptora, em sentido inverso ao sugerido pelos trabalhos anteriores.

ABSTRACT

The geomorphological feature known as Barra Falsa appears on maps that depict the eastern margin of the Lagoa dos Patos lagoon, near the village of Bujuru, in São José do Norte, middle coast of Rio Grande do Sul. During the last years, several scientific articles were published advocating the hypothesis that this feature is a paleoinlet that was active during the Holocene (last 10 ka), connecting the Lagoa dos Patos with the Atlantic Ocean. In addition, several published studies have attributed the origin of this feature to the erosive activity of the Camaquã River during the Holocene when the sea stood at a lower level than the current level. The work presented here shows that these interpretations are wrong and do not hold on any scientific evidence. To refute these hypotheses defended in previous work, this paper presents a series of geological, geomorphological, sedimentological, hydrological and geophysical evidence that show, very clearly, that during the Holocene, the Barra Falsa did not behave as a channel connection between the lagoon and the sea, and that its origin is not related to the erosive activity of the Camaquã River. Probably the origin of this feature is related to the activity of a small river that flowed to the land and not in the direction of the sea. This river flowed into the Lagoa dos Patos, which was his receiving basin, in a reverse direction to that suggested by previous work.

Palavras chave: Evolução Costeira, Geomorfologia, Sensoriamento Remoto.

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INTRODUÇÃO representaria um vale fluvial, escavado pelo Rio Camaquã em períodos em que a depressão onde O nome Barra Falsa, constante na toponímia situa-se, atualmente, a Lagoa dos Patos dos documentos cartográficos da margem leste da encontrava-se exposta, ou seja, em períodos de Lagoa dos Patos, é aplicado a uma reentrância da nível de mar mais baixo que o atual. margem lagunar próximo à localidade de Bujuru, Toldo Jr. et al. (1991) foram os primeiros a no município de São José do Norte (Figs. 1 e 2). levantar a hipótese de que a Barra Falsa O nome reflete, certamente, a primeira impressão representaria um paleocanal que, durante o de quem observa esta feição e a confunde com Holoceno, comunicaria a Lagoa dos Patos com o uma possível desembocadura para o mar (feição Oceano Atlântico. Mais tarde, Weschenfelder et denominada, normalmente, por “barra”). Este al. (2005, 2008a, 2008b, 2010) e Baitelli (2012), “pitfall” geomorfológico pode, no entanto, ser interpretaram esta feição como tendo sido gerada acompanhado de outros de consequências mais pelo Rio Camaquã durante a última glaciação, sérias do que simplesmente não encontrar a saída quando o nível do mar situava-se próximo à borda para o mar. O erro nesta interpretação pode da plataforma continental. Portanto, segundo conduzir a um modelo evolutivo falso para a estes autores, o Rio Camaquã teria seccionado a Planície Costeira do Rio Grande do Sul (PCRS) barreira pleistocênica de 125 ka (Barreira III de durante o Pleistoceno superior e o Holoceno. O Villwock et al., 1986). problema resulta do fato de que a feição Neste trabalho serão apresentados dados que denominada de Barra Falsa encontra-se em uma demonstram, de forma muito clara, que estas posição coincidente ao que seria o prolongamento interpretações são incorretas. Ao mesmo tempo, do Rio Camaquã, situado na margem oposta da será apresentada uma proposição alternativa para Lagoa dos Patos. Devido ao seu alinhamento, a origem da Barra Falsa, proposição esta que é quem observa um mapa, ou uma imagem de mais consistente diante dos dados geodésicos, satélite, fica tentado, de pronto, a estabelecer uma geofísicos, geológicos, geomorfológicos, relação entre as duas feições: a Barra Falsa hidrológicos e sedimentológicos disponíveis.

Figura 1. Localização da Barra Falsa na margem leste da Lagoa dos Patos, litoral médio da PCRS, em posição “alinhada” ao Rio Camaquã (mapa geológico de Tomazelli & Villwock, 1996).

Contexto Geológico estaria condicionada ao desenvolvimento da Barreira II e, principalmente, ao estabelecimento De acordo com o modelo de evolução da Barreira III. Esta última barreira está associada paleogeográfica proposto para a Planície Costeira ao estágio de mar alto do último interglacial do Rio Grande do Sul (Villwock et al., 1986; pleistocênico – estágio isotópico de oxigênio 5e Villwock & Tomazelli, 1995; Tomazelli & – ocorrido há cerca de 125 ka (Tomazelli & Villwock, 2000), a formação da Lagoa dos Patos Dillenburg, 2007). Segundo este modelo, os rios

GRAVEL Tomazelli et al. 3 provenientes das terras altas adjacentes (Rio o nível do mar atingiu sua posição mais baixa, Camaquã, sistema do Rio Jacuí e outros posicionando-se próximo à borda da plataforma afluentes), que se estendiam pela plataforma continental, cerca de 120 m abaixo do nível atual continental durante períodos de mar baixo, (Corrêa, 1995). Neste cenário, a plataforma passaram, a partir da formação da Barreira III, há continental do Rio Grande do Sul encontrava-se aproximadamente 125 ka, a se encaixar na Falha exposta, comportando-se como uma planície (Saadi et al., 2002), uma zona deprimida costeira de baixa declividade, muito semelhante à atualmente ocupada pela Lagoa dos Patos e pela atual planície costeira. Lagoa Mirim. Diante desta paisagem de nível de mar baixo, Durante o último período glacial, que se surge a questão: o que estaria acontecendo com estendeu de, aproximadamente, 90 a 17 ka A.P., as drenagens provenientes do continente?

Figura 2. Fotografia aérea vertical de maio de 1975, mostrando a configuração da Barra Falsa como um vale que se abre para a Lagoa dos Patos e não para o Oceano Atlântico, como sugerido nos trabalhos anteriores. Observa-se, de forma clara, a continuidade física dos terrenos pleistocênicos da Barreira III e holocênicos da Barreira IV que não apresentam nenhum sinal de incisão.

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A Barra Falsa como um paleocanal ser mais antigas do que as apresentadas, como já (paleoinlet) gerado pelo Rio Camaquã durante foi sugerido por Cordeiro (1991) e Cordeiro & o Holoceno: argumentos prós e contras Lorsheitter (1994). Estas autoras analisaram a palinologia completa de um destes testemunhos Argumentos favoráveis coletados na Lagoa dos Patos. Além dos dados palinológicos as autoras apresentam duas Toldo Jr. et al. (1991) foram os primeiros a datações por radiocarbono realizadas em um defender a hipótese de que a Barra Falsa seria um laboratório certificado e reconhecido paleocanal que teria comunicado a Lagoa dos internacionalmente (Beta Analytic Inc. – Miami- Patos com o Oceano Atlântico durante o FL-Estados Unidos). As datações de amostras Holoceno. Weschenfelder et al. (2005, 2008a, coletadas na base do testemunho 2,12 m, e a 1,24 2008b, 2010) e Baitelli (2012), aceitaram esta m acima da base revelaram, respectivamente, hipótese e propuseram que esta feição teria sido idades de 5170 +/- 120 anos A.P e 4080 +/- 110 gerada pelo Rio Camaquã, e representaria, assim, anos A.P. Os dados palinológicos do testemunho um vale inciso escavado por este rio no mostram uma influência marinha na base e que Pleistoceno superior/Holoceno, quando o nível decresce para o topo. Segundo as autoras, os do mar situava-se mais baixo do que o nível atual. dados florísticos indicam que a lagoa sofreu uma Consequentemente, estes autores propõem que a salinização progressiva que, após atingir um Barreira III (gerada no interglacial de 125 ka) foi máximo, decresceu no sentido do topo do seccionada por este rio na sua busca da linha de testemunho até atingir as condições de água doce costa que situava-se, então, em alguma posição atual. Como destacado por estas autoras, este da atual plataforma continental. fenômeno pode muito bem ser explicado pelo O principal argumento apresentado por Toldo aumento e diminuição gradativa da salinização Jr. et al. (1991) para alicerçar a hipótese de através do maior e menor influxo de água ligação da Lagoa dos Patos com o mar, durante o marinha pela atual desembocadura da Lagoa dos Holoceno, através da Barra Falsa, foi a Patos (Canal de Rio Grande) como resposta às composição e a idade de camadas biodetríticas flutuações do nível do mar nos últimos milhares encontradas em cinco testemunhos coletados nos de anos. Assim, no máximo nível do mar do setores central e norte da lagoa. A associação período pós-glacial, atingido há cerca de 5-6 ka, faunística foi interpretada como representativa de quando o nível da Lagoa dos Patos situava-se ambientes estuarinos e marinho raso, ambientes cerca de 3 m acima do atual (Barboza & estes que não são compatíveis com a situação Tomazelli, 2003), é de se esperar que a lagoa atual que é de água doce. Chamou a atenção dos apresentasse salinidade mais elevada. Com a próprios autores (pg. 102) que "embora as posterior queda do nível do mar esta salinidade camadas tenham diferentes níveis de localização foi progressivamente diminuindo até chegar à nos testemunhos, todas apresentam idades situação de água doce atual. Este fenômeno pode semelhantes, entre 2080 anos e 2450 anos A.P." ser explicado, sem maiores dificuldades, com a Os autores interpretaram estes dados como geomorfologia atual da lagoa, sem a necessidade indicativos de que a Barra Falsa manteve-se ativa, de postular a existência de outra comunicação como um canal de ligação com o mar, entre 2080 com o mar. Portanto, o argumento apresentado e 2450 anos A.P. Com o seu posterior pelos autores não pode ser considerado como um fechamento, as condições de salinidade argumento consistente uma vez que o fenômeno diminuíram até ser atingida a situação de água pode ser explicado de maneira mais simples. doce atual. Lembramos aqui um dos princípios-guias que Estes mesmos dados paleontológicos e devem nortear a pesquisa científica que é o geocronológicos podem ser interpretados de “princípio da parcimônia”, também conhecido outra forma. A semelhança das idades, apesar da como a “espada de Okhan”: quando duas distância entre os testemunhos e dos diferentes hipóteses podem explicar o mesmo fenômeno, níveis estratigráficos amostrados, associado ao normalmente a mais correta é a hipótese mais fato de que as análises foram realizadas na década simples. de oitenta por um laboratório não certificado e A hipótese de que a Barra Falsa é um que há vários anos deixou de realizar este tipo de paleocanal escavado pelo Rio Camaquã durante o análise, permite supor que as idades reais possam Holoceno foi apresentada com base na

GRAVEL Tomazelli et al. 5 interpretação da presença de canais no fundo e hidrológica, sedimentológica e geofísica, subfundo da Lagoa dos Patos, registrados em claramente contrários às hipóteses formuladas. levantamentos sísmicos de alta resolução Analisados e considerados em seu conjunto, estes realizados nesse corpo lagunar (Weschenfelder et argumentos apresentam base consistente al., 2005, 2008a, 2010; Baitelli, 2012). Alguns apontando para o falseamento destas hipóteses. A destes canais detectados localizam-se próximos à aceitação das hipóteses necessariamente deveria Barra Falsa e, segundo os autores, estariam derrubar os argumentos que serão apresentados a alinhados com o Rio Camaquã, indicando que seguir. este rio os teria escavado durante o Pleistoceno superior/Holoceno. 1. O primeiro dos argumentos contrários às A fragilidade deste argumento reside no fato hipóteses formuladas para a origem da de que é impossível determinar a verdadeira Barra Falsa pode ser considerado de posição espacial de um canal ou paleocanal pela natureza geológica. Durante o simples análise de imagens registradas em linhas mapeamento geológico da Folha de sísmicas 2D isoladas, como foram as linhas dos Bujuru, onde se situa a Barra Falsa, levantamentos sísmicos realizados. Nestas realizado pelos pesquisadores do condições, os cortes observados nas imagens CECO-IGEO-UFRGS, e que se baseou possuem orientação aleatória em relação à em um detalhado trabalho de campo, posição real do canal, podendo ser com cuidadosa amostragem de perpendiculares ou oblíquos a ele. Para a sedimentos (as amostras estão determinação da posição real do canal seria armazenadas e disponíveis no acervo do necessário um levantamento sísmico 3D, com CECO-IGEO-UFRGS) verificou-se a uma malha de linhas com espaçamento continuidade física da Barreira III na compatível com a largura do canal, à semelhança área de estudo. Não se encontrou do levantamento por Georradar (GPR) realizado nenhuma evidência de incisão na na região do Banhado do Taim e que identificou barreira que indicasse o prolongamento um vale inciso que conectava a Lagoa Mirim com da Barra Falsa. Esta situação, retratada o mar (Tomazelli et al., 2009). no mapa geológico publicado Outro aspecto importante a ser considerado na (Tomazelli et al., 1988) pode ser avaliação do argumento das linhas sísmicas é que, constatada, hoje em dia, in situ, ou, como foi sugerido no modelo evolutivo proposto através de fotografias aéreas e imagens por Villwock & Tomazelli (1995), tudo indica de satélite do local, as quais mostram que, durante os períodos de nível de mar baixo, a que a Barra Falsa secciona somente os região ocupada atualmente pela Lagoa dos Patos terrenos lagunares pleistocênicos e se comportava como uma planície exposta, holocênicos, não afetando a Barreira III topograficamente baixa e com declividade muito (Figs. 2, 3 e 4). suave. Estas características geomorfológicas estimulariam um padrão altamente meandrante Este argumento reflete um princípio básico da para os rios que drenavam esta planície. Estratigrafia relacionado às relações de Serpenteando por ela, os canais provavelmente intersecção, já postulado por James Hutton teriam orientações muito diversas, (1795) para definir a idade relativa entre as impossibilitando deduzir o sentido dos fluxos dos rochas. Onde se observa uma rocha rios a partir da simples análise de algumas linhas interseccionando outra camada de rocha, a rocha sísmicas 2D. que interseccionou é a mais jovem. Assim, podemos correlacionar este postulado com uma Argumentos contrários às hipóteses feição morfológica, na qual a mais jovem deve formuladas intersectar a mais antiga. Na realidade, o que se observa na região da Barra Falsa deve ser Além do fato de os argumentos principais analisado pelo princípio da superposição, no qual apresentados pelos autores citados poderem ser depósitos relacionados a esta feição encontram- contestados, existem vários outros argumentos, se sobre os depósitos da Barreira III (Fig. 4). de ordem geológica, geomorfológica,

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Figura 3. Integração de dados de sensores remotos aplicada ao mapeamento geológico realizada por Rosa et al. (2014). Em A, composição colorida combinando as bandas 4 (em vermelho) e 1 (em azul), do satélite Landsat 7, com o modelo digital de elevação do terreno (em verde). Em B, o resultado da classificação automática supervisionada (sem correções) realizada sobre o conjunto de imagens do satélite Landsat 7, o MDT e seus produtos derivados (Rosa et al., 2014).

2. O segundo argumento contrário às da lagoa, fechando-se no sentido da hipóteses formuladas é de natureza barreira (Fig. 2). Ou seja, a região mais sedimentológica e resulta, igualmente, a montante da Barra Falsa situa-se junto das observações de campo realizadas à Barreira III, enquanto a região mais a durante os trabalhos de mapeamento jusante posiciona-se junto à Lagoa dos geológico. Todas as amostras de Patos (Figs. 2, 3 e 4). Esta morfologia é sedimentos coletadas na área (e que se o contrário do que se poderia esperar se encontram arquivadas na litoteca do a feição correspondesse a um paleovale CECO-IGEO-UFRGS) são de areias fluvial que tivesse sua foz no mar, como finas a muito finas, bem selecionadas e defendem os autores. Se isso fosse com grãos arredondados, indicativas de verdade, o vale deveria se abrir no ambiente praial e eólico. Se a hipótese sentido do mar e não no sentido da lagoa formulada pelos autores fosse correta, o como ele o faz. Os vales fluviais atuais Rio Camaquã certamente teria deixado (estuários) e os paleovales (vales vestígios de sua passagem refletidos na incisos) apresentam essa assinatura natureza dos sedimentos do local, com a geomorfológica que é o contrário do que presença de areias grossas e cascalhos se observa na Barra Falsa. fluviais, semelhantes aos depósitos existentes hoje em dia junto a este rio, 4. Um quarto argumento, também de na outra margem da lagoa. Estes natureza geomorfológica, considera os sedimentos não ocorrem em nenhum gradientes do terreno. Os terrenos da local. Como explicar a ausência destas margem lagunar, incluindo o fundo da fácies se a feição era um paleocanal Barra Falsa, mergulham atualmente no fluvial ativo durante o Holoceno? sentido da Lagoa dos Patos. Seria difícil explicar como os processos de 3. O terceiro argumento contrário às sedimentação, durante o Holoceno, hipóteses formuladas é de natureza teriam invertido o sentido do mergulho, geomorfológica e pode ser visualizado uma vez que, em sendo um vale fluvial, em mapas topográficos, fotografias o fundo da Barra Falsa deveria aéreas ou imagens de satélite. A mergulhar no sentido do mar. morfologia da Barra Falsa se expressa por uma reentrância que abre no sentido

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Figura 4. A - Modelo digital de elevação do terreno (Shuttle Radar Topography Mission – SRTM, versão 4), ilustrando a continuidade morfológica da Barreira III na região situada ao norte da Barra Falsa. B - Morfologia em “V” com fechamento para leste, e nascentes da Barra Falsa sobre a Barreira III (Fonte: Google Earth). Uma feição similar é observada ao sul, com origem também sobre a Barreira III, mas, que ao contrário da Barra Falsa, não permaneceu ativa com o desenvolvimento dos terraços lagunares.

5. Um quinto argumento contrário às rios do estado (Jacuí - o maior deles - hipóteses formuladas é de natureza Taquari, Caí, Sinos, entre outros). Este “hidráulica”. Ele considera os papéis sistema fluvial deságua no extremo exercidos pelos principais rios que norte da Lagoa dos Patos. O volume de afetam a região. Uma das mais água trazido por estes rios é importantes bacias de drenagem do Rio extremamente superior ao volume Grande do Sul é a chamada Bacia do aportado pelo Rio Camaquã. Não há Guaíba, formada por vários dos maiores evidência de que esta situação atual

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tenha sido muito diferente no transcorrer de natureza geofísica. Registros de do Holoceno. Assim, se for aceita a Georradar (GPR) na região da Barra hipótese de que o Rio Camaquã, durante Falsa (Ruppel et al., 2011) não o período de mar baixo holocênico, apresentam evidências de rompimento cortava o terreno ocupado atualmente na Barreira III, como, por exemplo, a pela Lagoa dos Patos, escavando a Barra ocorrência de um canal preenchido. Um Falsa e atingindo o mar, resta uma total de 60 km de seções foi adquirido incógnita a ser solucionada: por onde no entorno da Barra Falsa, saía o Jacuí e os demais rios do sistema correspondentes a 40 linhas de Guaíba? Baitelli (2012) tentou Georradar. Os dados obtidos indicam solucionar este problema indicando que, depósitos associados aos sistemas durante o Holoceno, o Rio Jacuí deposicionais Laguna-Barreira III e IV, alcançava o mar em uma posição mais sem evidenciar feições que ao norte da Barra Falsa. Para sustentar representassem incisões. Os depósitos esta hipótese o autor apresentou dados relacionados ao Sistema IV são os que sísmicos obtidos na Lagoa dos Patos, de apresentam melhor resposta de reflexão forma semelhante ao que foi das ondas eletromagnéticas, visto que apresentado por Weschenfelder et al. são menos afetados por processos (2005, 2008a, 2010). Os argumentos e diagenéticos (Rosa, 2012). Se existisse dados que foram aqui apresentados um paleocanal em subsuperfície, refutando a proposição de esperar-se-ia um registro com Weschenfelder et al. (2005, 2008a, características similares às observadas 2010) são válidos, também, para refutar por Ayup-Zouain et al. (2003) e a proposição de Baitelli (2012). Não Tomazelli et al. (2009) junto a um vale existem evidências de incisão nos inciso holocênico presente na região do terrenos pleistocênicos que separam a Banhado do Taim, porção sul da Lagoa dos Patos do mar. A Barreira III planície costeira do RS (Fig. 5). é contínua em toda sua extensão que se prolonga desde as imediações de Com relação aos dados de Georradar Tramandaí até o Canal de Rio Grande adquiridos no entorno da Barra Falsa (detalhe da (Figs. 3 e 4). Este dado descarta a Fig. 4), somente junto ao lado leste da Barreira proposição de Baitelli (2012) de que, III, em um perfil perpendicular à linha de costa, durante o Holoceno, o Rio Jacuí cortava foram identificados refletores em downlap com a Barreira pleistocênica III e alcançava mergulho no sentido do continente. Estes indicam o mar em uma posição mais ao norte da a colmatação de um sistema lagunar outrora Barra Falsa. Caso a hipótese de existente entre a barreira holocênica e a formação da Barra Falsa pelo Rio pleistocênica. Esse sistema lagunar, Camaquã fosse aceita, teríamos que provavelmente, está relacionado à Lagoa do aceitar que o Rio Jacuí e seus associados Peixe, em um período quando ela se estendia drenavam, no sentido norte-sul, o mais para o sul do que nos dias atuais (Rosa et al., terreno hoje ocupado pela Lagoa dos 2014). Os dados obtidos caracterizam Patos e, embora muito mais volumosos, comportamento transgressivo da linha de costa, seriam capturados pelo Camaquã e resultando em padrão de empilhamento infletiriam para leste, originando a Barra retrogradacional para a barreira holocênica nesta Falsa. Esta é, certamente, uma hipótese região (Dillenburg et al., 2004; Barboza et al., improvável que não possui sustentação 2011; Dillenburg & Barboza, 2014; Barboza & em nenhuma evidência. Rosa, 2014; Rosa, 2012; Rosa et al., 2014) (Fig. 6. O sexto argumento contrário às 6). hipóteses apresentadas pelos autores é

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Figura 5. Seção de Georradar adquirida com antena na frequência central de 200 MHz junto à região do vale inciso holocênico do Banhado do Taim, no local onde é observado o seccionamento de barreiras pleistocênicas. Observa-se nesta seção o preenchimento de um canal através da acresção de barras marginais com um empilhamento progradacional/agradacional (modificada de Tomazelli et al., 2009).

Além disso, levantamentos sísmicos de alta A origem da Barra Falsa: uma hipótese resolução realizados na plataforma continental alternativa adjacente à região da Barra Falsa não encontraram indícios da existência de qualquer Tendo em vista a inconsistência das hipóteses canal fluvial nas proximidades de Bujuru (Abreu apresentadas pelos diferentes autores em & Calliari, 2005). No estudo apresentado por trabalhos precedentes (Toldo Jr. et al., 1991; estes autores há um perfil sísmico que se estende Weschenfelder et al., 2005, 2008a, 2008b, 2010; desde as imediações da latitude de até Baitelli, 2012) em função dos argumentos já as proximidades do canal do Estreito, situado apresentados e discutidos, busca-se uma hipótese mais ao sul da Barra Falsa. O perfil, paralelo à alternativa que não colida com as evidências costa, posiciona-se perpendicularmente à existentes. Esta hipótese integra o modelo projeção da Barra Falsa. Portanto, se o Rio evolutivo da Planície Costeira do Rio Grande do Camaquã saísse pela Barra Falsa durante o Sul, apresentado, inicialmente, por Villwock Pleistoceno superior/Holoceno, como defendem (1984) e detalhado, posteriormente, por Villwock os autores desta hipótese, seu registro deveria ser & Tomazelli (1995, 1998). detectado por esta sísmica de alta resolução. No De acordo com estes autores, há entanto, nada foi encontrado. Somente no limite aproximadamente 125 ka, no máximo do último norte deste perfil, bem distante da Barra Falsa, período interglacial pleistocênico, estabeleceu-se são observados indícios de um paleocanal em na parte média da Planície Costeira do Rio profundidades de 10 a 12 m abaixo do fundo Grande do Sul um grande sistema lagunar que submarino, sem relações cronoestratigráficas ocupava área superior àquela ocupada atualmente definidas. Provavelmente, este paleocanal esteja pela Lagoa dos Patos. Esta grande laguna era relacionado com as drenagens pleistocênicas separada do mar por uma barreira arenosa existentes na região antes da formação da pleistocênica (Barreira III) e encontrava-se Barreira III. conectada com o mesmo através de um amplo canal de ligação posicionado em sua extremidade sul.

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Figura 6. A) Seção esquemática relacionada às barreiras III e IV na região da Barra Falsa, ilustrando as sequências deposicionais, os tratos de sistemas, os padrões de empilhamento e as superfícies chave definidas a partir da análise das seções de Georradar (EV ≈ 300x) (modificado de Rosa, 2012). B) Seção de Georradar adquirida paralelamente a feição Barra Falsa, no contato ao leste entre a Barreira III e a Barreira IV, com uma antena com frequência central de 200 MHz, observam-se refletores com mergulho para o continente, caracterizando o comportamento retrogradacional do sistema (modificado de Dillenburg & Barboza, 2014).

Durante o último período glacial (entre, anteriormente pela Lagoa dos Patos, por ser a aproximadamente, 90 e 17 ka) o nível do mar caiu região topograficamente mais baixa, abrigou os cerca de 120 m, deslocando a linha de costa para cursos fluviais – especialmente os sistemas uma posição próximo à borda da plataforma associados ao Jacuí – que se deslocavam continental (Corrêa, 1995). Em consequência, a preferencialmente no sentido norte-sul, região da planície costeira ocupada anteriormente penetrando na atual plataforma continental na pela grande laguna pleistocênica transformou-se altura de Rio Grande. Nessa época, o Rio numa ampla depressão por onde corriam os rios Camaquã corria no sentido leste até atingir esta provenientes do continente e que desaguavam ao região axial quando então infletia para o sul, sul, na região de Rio Grande (Fig. 7). Durante o passando a integrar o sistema de drenagem cujo Quaternário a região de Rio Grande se comportou fluxo direcionava-se para o sul. como um baixo gravimétrico (identificado como Com a subida do nível do mar, após o último “Anomalia de Rio Grande” por Rosa et al., 2009) máximo glacial, a planície da Lagoa dos Patos, que capturava as drenagens provenientes tanto do antes exposta, passou a ser inundada, norte como do sul. Associados a estas drenagens reconstituindo mais uma vez o grande corpo vários sistemas deposicionais se desenvolveram lagunar. A inundação máxima ocorreu no neste setor da PCRS, como identificados por Holoceno, no final da transgressão pós-glacial Barboza et al. (2014) (Fig. 8). (em torno de 5 – 6 ka) quando a lagoa atingiu suas Na paisagem de nível de mar mais baixo que dimensões máximas, e as partes terminais dos o atual, a região axial do espaço ocupado vales fluviais que nela chegavam foram afogadas.

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Figura 7. Evolução paleogeográfica da PCRS. Reconstituição da paisagem durante o máximo regressivo de ±17 ka (Último Máximo Glacial). As setas indicam o sentido das principais paleodrenagens. Durante esta paisagem de mar baixo a região da PCRS onde se situa a Lagoa dos Patos era uma planície topograficamente baixa, cortada por uma drenagem axial que atingia o mar na região do canal de Rio Grande. O Rio Camaquã e o curso de água que gerou a Barra Falsa eram, provavelmente, afluentes dessa drenagem axial (modificado de Villwock & Tomazelli, 1995).

Como incluir a Barra Falsa nesta paisagem? atribuída à ação erosiva do Rio Camaquã durante A Barra Falsa pode ser interpretada como um o Holoceno (últimos 10 ka), como defendido por antigo vale fluvial voltado para oeste, ou seja, um vários autores (Weschenfelder et al., 2005, paleocanal fluvial gerado por um pequeno 2008b, 2010; Baitelli, 2012) e que esta feição não afluente dos grandes cursos fluviais que corriam se comportou como um canal de ligação ativo na região axial do espaço ocupado atualmente durante o Holoceno, conectando a Lagoa dos pela Lagoa dos Patos. Uma observação em Patos com o mar, como proposto originalmente fotografias aéreas e imagens de satélite permite por Toldo Jr. et al. (1991) e, posteriormente, por reconhecer várias feições similares à Barra Falsa, Weschenfelder et al. (2008a). Os dados mostram desenvolvidas ao longo das margens do corpo que a possibilidade de o Rio Camaquã (assim lagunar, e que, provavelmente tiveram origem como o Rio Jacuí e outros da Bacia do Guaíba) semelhante (Fig. 4). chegar diretamente ao mar, formando um Esta hipótese é simples e não apresenta estuário, somente poderia ter ocorrido em um conflito com os argumentos discutidos período de tempo anterior à 125 ka, ou seja, anteriormente. Diante dos dados disponíveis, é a anterior à construção da Barreira III. Após o que melhor explica a gênese da Barra Falsa, uma desenvolvimento desta barreira, que conduziu à feição geomorfológica peculiar desenvolvida na formação final da Lagoa dos Patos, o Rio margem leste da Lagoa dos Patos. Camaquã passou a desaguar diretamente no corpo lagunar, durante os períodos de mar alto. Durante CONCLUSÃO os períodos de mar baixo, com a exposição da planície antes ocupada pela lagoa, o Rio Os dados geodésicos, geofísicos, geológicos, Camaquã passou a integrar o padrão de drenagem geomorfológicos, hidrológicos e que fluía ao longo da planície recém-exposta. sedimentológicos disponíveis mostram, de forma Com fluxo direcionado, principalmente, de norte clara, que a origem da feição geomorfológica para o sul, esta drenagem fluvial chegava ao mar conhecida como Barra Falsa não pode ser no extremo sul do corpo lagunar, nas imediações

GRAVEL 12 Origem e Significado Geológico da “Barra Falsa”: Uma Feição Geomorfológica Peculiar da Margem Leste da Lagoa dos Patos/RS, Brasil de Rio Grande, ou então, se o nível do mar região axial da planície exposta devido às posicionava-se mais baixo, avançava pela condições de nível de mar baixo. O sentido do plataforma continental. Nesta paisagem, a origem fluxo deste canal fluvial é o oposto do sentido do da Barra Falsa pode ser atribuída à ação de um fluxo do Rio Camaquã, o que contradiz a hipótese curso fluvial secundário que, com nascentes apresentada por diferentes autores em trabalhos próximas à Barreira III (Fig. 4), fluía no sentido precedentes que abordam a origem da Barra do continente (sentido oeste), como um afluente Falsa. menor do curso fluvial principal, estabelecido na

Figura 8. A) Modelagem a partir de dados batimétricos, sísmica de alta resolução e Georradar da posição do Rio Grande durante a fase correspondente ao trato de sistemas transgressivo no Holoceno inferior. A linha tracejada em vermelho representa a atual linha de costa. B) Situação atual da configuração da desembocadura do Rio Grande. Imagem de satélite base Google Earth 2012. (Modificado de Barboza et al., 2014).

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AGRADECIMENTOS BARBOZA, E.G.; ROSA, M.L.C.C.; DILLENBURG, S.R.; AYUP-ZOUAIN, Os autores Barboza, Dillenburg e Tomazelli R.N.; TOMAZELLI, L. J. & BIANCINI DA agradecem ao CNPq pelo suporte a este trabalho SILVA, A. 2014. Evolução da barreira através de suas bolsas de produtividade em costeira holocênica na região do Estreito - pesquisa. litoral médio do Rio Grande do Sul - Brasil. In: XIX Congreso Geológico Argentino, REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 2014, Córdoba-AR. Actas, v. CD-ROM. p. S12-3. ABREU, J.G.N. & CALLIARI, L.J. 2005. CORDEIRO, S.H. 1991. Palinologia de Paleocanais na plataforma continental interna Sedimentos da Lagoa dos Patos, Rio do Rio Grande do Sul: evidências de uma Grande do Sul, Brasil. Dissertação de drenagem fluvial pretérita. Revista Mestrado em Geociências, Instituto de Brasileira de Geofísica, 23(2): 123-132. Geociências, Universidade Federal do Rio ANGULO, R.J. & LESSA, G.C. 1997. The Grande do Sul. Porto Alegre. 123 p. Brazilian sea level curves: a critical review CORDEIRO, S.H. & LORSCHEITTER, M.L. with emphasis on the curves from Paranaguᤠ1994. Palynology of Lagoa dos Patos and Cananéia regions. Marine Geology, 140, sediments, Rio Grande do Sul, . 141-166. Journal of Paleolimnology, 10: 35-42. AYUP-ZOUAIN R.N.; FERREIRA H.P.L.; CORRÊA, I.C.S. 1995. Les variations du niveau BARBOZA E.G. & TOMAZELLI L.J. 2003. de la mer durant les derniers 17.500 ans BP: Evidência morfológica de um paleocanal l’exemple de la plate-forme continentale du holocênico da Laguna Mirim nas adjacências Rio Grande do Sul-Brésil. Marine Geology, do Banhado do Taim. In: Congresso da 130: 163-178. Associação Brasileira de Estudos do DILLENBURG, S.R. & BARBOZA, E.G. 2014. Quaternário, 9: 2003, Recife. Livro de The Dip and Strike-Fed Sandy Coast of Resumos... Recife: ABEQUA. p. 86. Southern Brazil. In: Martini, I. P. & Wanless BAITELLI, R. 2012. Evolução Paleogeográfica H. R. (eds.). Sedimentary Coastal Zones from do Sistema de Paleodrenagem do Rio Jacuí High to Low Latitudes: Similarities and na Planície Costeira do Rio Grande do Sul. Differences, Geological Society, London, Tese de Doutorado, Universidade Federal do Special Publications 388: 333-352. Rio Grande do Sul 149p., Porto Alegre. << DILLENBURG, S.R.; TOMAZELLI, L.J. & http://hdl.handle.net/10183/56850 >> BARBOZA, E.G. 2004. Barrier evolution and BARBOZA, E.G. & TOMAZELLI, L.J. 2003. placer formation at Bujuru Southern Brazil. Erosional features of the eastern margin of the Marine Geology, 203, 43-56. Patos Lagoon, southern Brazil: significance HUTTON, J. 1795. Theory of the Earth; with for Holocene history. Journal of Coastal Proofs and Illustrations. Edinburgh: Research, SI 35, 260-264. William Creech. 2 vols. BARBOZA, E.G.; ROSA, M.L.C.C.; HESP, ROSA, M.L.C.C. 2012. Geomorfologia, P.A.; DILLENBURG, S.R.; TOMAZELLI, Estratigrafia de Sequências e Potencial de L.J. & AYUP-ZOUAIN, R.N. 2011. Preservação dos Sistemas Laguna- Evolution of the Holocene Coastal Barrier of Barreira do Quaternário Costeiro do Rio Pelotas Basin (Southern Brazil) - a new Grande do Sul. Tese de Doutorado, approach with GPR data. Journal of Coastal Universidade Federal do Rio Grande do Sul Research, SI 64, 646-650. 246p., Porto Alegre. << BARBOZA, E.G. & ROSA, M.L.C.C. 2014. http://hdl.handle.net/10183/66367>> Indicadores geológicos e geomorfológicos de ROSA, M.L.C.C.; TOMAZELLI, L.J.; COSTA, setores em erosão na costa do Rio Grande do A.F.U.C. & BARBOZA, E.G. 2009. Sul. In: GOSO, C.A. (Org.). Nuevas miradas Integração de Métodos Potenciais a la Problemática de los ambientes costeros (Gravimetria e Magnetometria) na Sur de Brasil, Uruguay y Argentina. 1º ed. Caracterização do Embasamento da Região Montevideo: DIRAC Facultad de Ciencias, v. Sudoeste da Bacia de Pelotas, Sul do Brasil. 1, p. 83-98. Revista Brasileira de Geofísica, 27(4): 1-18.

GRAVEL 14 Origem e Significado Geológico da “Barra Falsa”: Uma Feição Geomorfológica Peculiar da Margem Leste da Lagoa dos Patos/RS, Brasil ROSA, M.L.C.C.; BARBOZA, E.G.; AYUP- a last interglacial coastal barrier in south ZOUAIN, R.N.; ROCKETT, G.C. & Brazil. Marine Geology, 244, 33-45. BIANCINI DA SILVA, A. 2014. TOMAZELLI, L.J.; BARBOZA, E.G.; Caracterização geológica da região entre a DILLENBURG, S.R.; ROSA, M.L.C.C.; Lagoa do Peixe e São José do Norte, litoral CARON, F.; LIMA, L.G.; ANDRADE médio do Rio Grande do Sul (Brasil), através RAMOS, A.J.L ; FACCION, J.E. & de dados de sensoriamento remoto. In: XIX RANGEL, A.R. 2009. Projeto de estudo de Congreso Geológico Argentino, 2014, vales incisos na porção sul da planície costeira Córdoba-AR. Actas, v. CD-ROM. p. S12-37. do Rio Grande do Sul: um exemplo de RUPPEL, L.M.V.; BARBOZA, E.G. & ROSA, sucesso na integração de métodos de M.L.C.C. 2011. Morfologia e Estratigrafia investigação da evolução geológica de dos Sistemas Deposicionais na Região da regiões costeiras. In: IV Congreso Argentino Barra Falsa, São José do Norte - RS. In: XIII de Cuaternario y Geomorfología/XII Congresso da Associação Brasileira de Congresso da Associação Brasileira de Estudos do Quaternário - ABEQUA, 2011, Estudos do Quaternário, La Plata-Argentina. Armação de Búzios - RJ. Anais do XIII Resúmenes, v. 1. p. Resumo 167. Congresso da Associação Brasileira de VILLWOCK, J.A. 1984. Geology of the Coastal Estudos do Quaternário, v. 1. p. 1305-1307. Province of Rio Grande do Sul, Southern SAADI, A.; MACHETTE, M.N.; HALLER, Brazil. A synthesis. Pesquisas, 16: 5-49. K.M.; DART, R.L.; BRADLEY, L.A. & VILLWOCK, J.A. & TOMAZELLI, L.J. 1995. SOUZA, A.M.P.D. 2002. Map and database Geologia Costeira do Rio Grande do Sul. of quaternary faults and lineaments in Brazil. Notas Técnicas, 8, 45p. International Lithosphere Program, Task VILLWOCK, J.A. & TOMAZELLI, L.J. 1998. Group II-2, Major Active Faults of the World. Holocene coastal evolution in Rio Grande do U.S. Geological Survey - USGS, Open-File Sul, Brazil. Quaternary of South América Report 02-230, 63p. and Antarctic Peninsula, 11: 283-296. TOLDO Jr., E.E.; AYUP-ZOUAIN, R.N.; VILLWOCK, J.A.; TOMAZELLI, L.J.; LOSS, CORRÊA, I.C.S. & DILLENBURG, S.R. E.L.; DEHNHARDT, E.A.; HORN Fº, N.O.; 1991. Barra Falsa: Hipótese de um Paleocanal BACHI, F.A. & DEHNHARDT, B.A. 1986. Holocênico de Comunicação entre a Laguna Geology of the Rio Grande do Sul Coastal dos Patos e o Oceano Atlântico. Pesquisas, Province. In: RABASSA, J. (ed.). 18(2): 99-103. Quaternary of South America and TOMAZELLI, L.J. & VILLWOCK, J.A. 1996. Antartic Peninsula, 4: 79-97. Quaternary Geological Evolution of Rio WESCHENFELDER, J.; CORRÊA, I.C.S. & Grande do Sul Coastal Plain, Southern Brazil. ALIOTTA, S. 2005. Elementos Arquiteturais Anais da Academia Brasileira de Ciências, do Substrato da Lagoa dos Patos Revelados 68(3), p.373-382. por Sísmica de Alta Resolução. Pesquisas em TOMAZELLI, L.J.; DEHNHARD, B.A.; LOSS, Geociências, 32: 57-67. E.L.; BACHI, F.A.; VILLWOCK, J.A. & WESCHENFELDER, J.; MEDEANIC, S.; GODOLPHIM, M.F. 1988. Mapa Geológico CORRÊA, I.C.S. & ALIOTTA, S. 2008a. das Folhas Lagoa Doce e Bujuru. In: Atlas Holocenic Paleoinlet of the Bojuru Region, Geológico da Província Costeira do Rio Lagoa dos Patos, Southern Brazil. Journal of Grande do Sul. Edições CECO/UFRGS, Coastal Research, 24: 99-109. Porto Alegre. WESCHENFELDER, J.; CORRÊA, I.C.S.; TOMAZELLI, L.J. & VILLWOCK, J.A. 2000. O TOLDO JR., E.E. & BAITELLI, R. 2008b. Cenozóico no Rio Grande do Sul: Geologia Paleocanais como indicativo de eventos da Planície Costeira. In: Holz, M. & De Ros, regressivos quaternários do nível do mar no L.F. (eds.). Geologia do Rio Grande do Sul. Sul do Brasil. Revista Brasileira de Edições CIGO/UFRGS, Porto Alegre, p. 375- Geofísica, 26: 367-375. 406. WESCHENFELDER, J.; CORRÊA, I.C.S.; TOMAZELLI, L.J. & DILLENBURG, S.R. TOLDO JR., E.E. & BAITELLI, R. 2010. A 2007. Sedimentary facies and stratigraphy of Drenagem Pretérita do Rio Camaquã na Costa do RS. Pesquisas em Geociências, 37: 25-35.

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