SORAIA CHAVES CASA DO CAIS PAUL B. PRECIADO UAU PROJECT fotografia ANDY DYO / PLAYGROUND styling MARTA LOBO hair and make-up BY DIO produção PL AYGROUN D collants em mousse CALZEDONIA PRIMARK sandálias pele em cinto em FRANCHI pele ELISABETTA saia em algodão e brincos em resina COS camisa em pele e calças de algodão COS trench em napa RELISH kimono em seda estampada A OUTRA LUA DA FACE camisa em cetim de seda COS blazer GALLI em lã GIOVANNI kimono em seda estampada A OUTRA LUA DA FACE

SORAIA piada mas não isenta de um certo em papel, ver um filme numa sala Uma coisa do nosso tempo Outra para a qual não tens resposta? Situações que evitas? CHAVES orgulho, que fiquei presa no século de cinema e, sobretudo, gosto de que te deixa a pensar? Nunca irei compreender a Situações de qualquer passado. Gosto muito de preservar olhar as pessoas nos olhos quando A urgência em travar o propensão que o Homem tem para a tipo de violência. hábitos da era pré-internet. Por comunico com elas. Porém, se há aquecimento global e a pergunta: violência, para o ódio e intolerância. exemplo: devo ser a única pessoa algo que me faz sentir uma mulher Haverá ainda tempo para As atrocidades infligidas ao ser Top 5? O que te faz pensares seres que conheço que consegue e gosta do meu tempo é a minha liberdade. remediar os consequências Humano pelo próprio ao longo John Cassavetes, Comida uma mulher do teu tempo? de viver sem um smartphone. Sou trágicas do Egoísmo Humano? de toda a nossa História é algo asiática, Sri Lanka, Stiletto É engraçada a pergunta porque contemplativa, gosto de ouvir álbuns que não consigo assimilar. preto, Gunter Grass. eu costumo dizer, em tom de do princípio ao fim, ler o jornal

02 03 SORAIA CHAVES e CASA DO CAIS You Must fotografados por ANDY DYO. Styling 06 Aimee MARTA LOBO (Soraia) PATRÍCIA 08 Martha Haversham CÉSAR VINCENTE (Casa do Cais). 10 Sem receio de criar o caos Hair&mua BY DIO (Soraia) JULIANA 12 Jillian Banks ZABUMBA e KSENIIA POPKOVA (Casa 14 Chk Chk Chk do Cais). Produção PL AYGROUN D. 16 Oito Cds 17 Urban Shapes SORAIA CHAVES CASA DO CAIS SORAIA veste Blazers em crepe 18 Sonic Youth PAUL B. PRECIADO UAU PROJECT de seda estampada, MIGUEL 20 Come to Daddy VIEIRA, blazer em lã fria, GIOVANNI 22 Variações GALLI, camisa em algodão e saia 24 Era uma vez... Taratino em fazenda, COS. CASA DO CAIS 25 Fred Perry vs Raf Simons vestem tudo ADIDAS ORIGINALS. 26 Swift Carbon + Youdontneedasuite 27 Beleza

PARQ: Revista de tendências de distribuição gratuita. Soundstation Rua Quirino da Fonseca, 25 – 28 Festival Indiegente SORAIA CHAVES CASA DO CAIS 2oesq. 1000-251 Lisboa 30 Samba PAUL B. PRECIADO UAU PROJECT Assinatura anual: 12 euros

Central Parq Director: Francisco Vaz Fernandes ([email protected]) 32 Casa do Cais Editor: Conforto Moderno 38 UAU Project Editor de Moda: Rúben de Sá Osório 40 When they see us Design: Valdemar Lamego (www.k-u-n-g.com) 42 Paul B. Preciado

Periocidade: Bimestral Fashion ed. Depósito legal: 272758/08 44 Bad Boy Registo ERC: 125392 50 Hey Hey Edição: Conforto Moderno Uni, Lda. 58 Wild Side FREDPERRY.COM NIF: 508 399 289 Propriedade: Conforto Moderno Uni, Lda. Rua Quirino da Fonseca, 25 – 2oesq. 1000—251 Lisboa Parq Here Telef: 00351 218 473 379 64 Lessa 65 East Mambo 66 Eneko Lisboa Impressão: Eurodois. R. Santo António 30, 2725 Sintra 12.000 exemplares Distribuição: Conforto Moderno Uni, Lda.

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Tex tos Rui Miguel Abreu FRED PERRY STORES: Carla Carbone Sara Madeira Carlos Alberto Oliveira Sara Silva NORTE SHOPPING, MATOSINHOS / PORTO ARRÁBIDA SHOPPING, V. N. GAIA Diana de Nóbrega RUA DO OURO, LISBOA Francisco Vaz Fernandes Fotos Joana Teixeira Andy Dyo SHOP-IN-SHOP: João Levezinho Frederico Santos Liliana Pedro Pedro Leote EL CORTE INGLÉS GAIA / PORTO EL CORTE INGLÉS LISBOA Luís Sereno MARQUES & SOARES, PORTO Margarida Santos Styling Maria São Miguel Daniela Gil Miguel Rodrigues Marta Lobo Patrícia César Vicente Patrícia César Vicente Rafael Vieira Pedro Aparício Roger Winstanley Sara Soares

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04 OUTUBRO 2019 05 A ATIVISTA DE RUA O que veio primeiro: a arte ou o AIMÉE, como começaste AIMÉE ativismo? Com a gentrificação a desenhar? PEDEZERT desenfreada a consumir Lisboa Sempre desenhei, faz parte do por dentro e a bolha imobiliária a meu quotidiano desde a infância. tirar tetos a famílias, estudantes texto por Joana Teixeira e millennials, a revolta só não Como caracterizas o teu basta. AIMÉE PEDEZERT é uma estilo de desenho? ativista artística, promovendo o Desenho de maneira muito direito à habitação em Lisboa — impulsiva e aproximativa, nas paredes, nas ruas, em todo para um resultado bastante o lado. AIMÉE, francesa, com ingénuo, até desajeitado. E formação em Línguas e Mediação sempre com tinta de china. Cultural, faz do desenho a sua arma contra a crise habitacional No que te inspiras? descontrolada. Afinal, todos Inspiro-me nas cenas diárias do precisamos de uma casa em Lisboa. teatro humano. Sair de casa e abrir os olhos —está lá tudo.

Fala-nos um pouco sobre os teus desenhos de pessoas que precisam de uma casa em Lisboa? Esses desenhos querem trazer à luz a crise habitacional em Lisboa. São uma mensagem simples e exposta diretamente ao olhar de todos. Não há nenhum conceito. As pessoas precisam de casas. E muitas.

Onde é que as pessoas podem ver e adquirir os teus trabalhos? Na rua e no meu Instagram: www.instagram.com/aimee.pzt

No que estás a trabalhar agora? Estou a iniciar ateliers de arte para crianças em Lisboa, às quartas e aos sábados. São tempos muito felizes, que fomentam o jogo e a malícia da imaginação de cada uma, através da criação de uma obra coletiva. Brincar ao máximo para aprender melhor. Também estou a trabalhar em alguns projetos de ilustração em colaboração com músicos, e em outros que ainda são segredo!

06 YOU MUST SEE 07 ATELIER SMALLDITCH “One man’s trash is another man’s O seu projeto, Atelier Smallditch, é MARTHA treasure”, alguém disse um dia. uma crítica visionária ao consumismo HAVERSHAM E MARTHA HAVERSHAM apegou‑se e à fast fashion contemporâneos. a esta ideia e materializou-a na MARTHA reutiliza objetos texto por Joana Teixeira coleção de moda de Instagram aparentemente insignificantes, mais sustentável de sempre. transformando-os em peças de Do lixo ao luxo, MARTHA, uma artista roupa. Folhas, beatas de cigarro, interdisciplinar Inglesa, criou o seu penas, molas... pequenas coisas próprio atelier de design de moda com um enorme potencial artístico. explorando os conceitos artísticos Da rua para o Instagram, isto é de colagem, montagem e still life. literalmente streetwear de luxo.

08 YOU MUST SEE ☺ RUI PALMA ←

Tradition since 1774.

GALERIA FOCO Tendo como referência o universo nas suas múltiplas referências à SEM RECEIO DE cinematográfico de HARMONY sociedade de consumo. Há um CRIAR KORINE, realizador que tem baralhado certo ambiente de realismo mágico. O CAOS as questões de género e da Já nos desenhos minuciosos de sexualidade, THOMAS MENDONÇA, KARINE ROUGIER prevalece uma texto por Francisco Vaz Fernandes na sua terceira colaboração com atmosfera de surrealismo em todo a Galeria Foco, reúne um conjunto um mundo minucioso que deixa de artistas —ANDY JAMES, DY L A N descobrir outros mundos cada vez SILVA, KARINE ROUGIER, FILIPPO mais microscópicos num desenho FIUMANI e RUI PALMA— que evocam minucioso. Nas fotografias de R U I uma vontade de desconstruir PALMA encontramos uma atitude os paradoxos da realidade em trash que na descoberta do desejo que vivemos. São jovens artistas frustado de um corpo mutilado residentes em Portugal, que leva-nos a um certo liricismo exploram o universo pop, o kitsch, poético. Por outro lado o desenho e trash, às vezes delirante e poético de DYLAN confronta‑nos com que tem paralelos ao imaginário fantasmas dos outros em perda que KORINE gosta de explorar e que de uma individualidade. Com A N DY GALERIA FOCO podemos entender como o reverso JAMES encontramos o universo Rua da Alegria, 34 da moeda do sonho americano, no kitsch e pop que envolve a vida Lisboa qual o quadro estético se constrói que nos pretendem vender. em torno de uma sociedade No universo destas obras expostas, Ter. → Sex. marginalizada, teoricamente como o curador refere, há a 14:00 → 19:00 livre e decadente. Na pintura de composição de um retrato cru de birkenstock.com FILIPPO FIUMAMI encontramos uma uma sociedade hedonista e efémera, Sáb. profusão de elementos figurativos, que os artistas procuram questionar. 14:00 → 18:00 que geram um sentimento de caos

10 YOU MUST SEE PROVOCANTE E VULNERÁVEL As batidas frenéticas e as letras you like that?”). Em algumas faixas JILLIAN densamente pessoais fazem parte a voz de BANKS soa manipulada e BANKS da atmosfera musical de “III”, o sem espaço para respirar, como é terceiro trabalho de originais da o caso da confusa Look What You’re texto por Miguel Rodrigues norte-americana BANKS. “III” surge Doing to Me (com FRANCIS AND THE dois anos após a edição do seu LIGHTS). No entanto, a comovente último disco, “”, que rendeu Contaminated (“And I wish I could singles como Gemini Feed e Fuck change it and we’re always gonna be with Myself. A artista que, em 2014, contaminated”) e a introspetiva If cativou o público com o seu álbum We Were Made Of Water expõem as de estreia “Goddess”, aposta agora fragilidades de relações passadas num conjunto de temas marcados com a versatilidade da voz de por alguns riscos criativos. É com JILLIAN BANKS como foco principal. a sinistra Till Now (“You’ve put your words on my mouth ‘til now”) que “III” mostra o amadurecimento a cantora‑compositora configura de uma artista que conquistou o o tom de “III”. Segue‑se o primeiro mundo com a sua marca de pop single, a intensa e confiante Gimme, melancólico e eletrónico misturado um hino sobre insatisfação sexual, com influências R&B, presente onde BANKS canta sobre exigir aquilo em músicas como Waiting Game que merece sem preconceitos. e Drowning. Um álbum com o selo de qualidade de uma equipa As músicas retratam a dualidade de produtores como HUDSON da personalidade de JILLIAN BANKS: MOHAWKE (KANYE WEST, F R A N K provocante e vulnerável. Relações OCEAN), BJ BURTON (BON IVER, LOW) tóxicas e destrutivas são muitas e PAUL EPWORTH (ADELE, LONDON vezes a principal inspiração da GRAMMAR). “III” retrata alguém que artista, como a distorcida e pulsante sabe e consegue obter aquilo que Stroke (“You want me to stroke your quer. “You can call me that bitch”, ego”) e a cativante Alaska (“You como BANKS canta em Gimme. could put me in your pocket/Wouldn't

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12 YOU MUST LISTEN WALLOP Os veteranos nova iorquinos !!! oitenta e a métrica do ritmo CHK (CHK CHK CHK) estão de regresso do baixo remete-nos para o CHK CHK com Wallop, aumentando a sua universo de QUINCY JONES. Ainda na discografia para oito álbuns, senda dos anos oitenta, “Domino” texto por Carlos Alberto Oliveira distribuídos ao longo de duas aproxima‑se de artistas como PETER décadas de atividade. Dançar GABRIEL, sobretudo a flauta a fazer continua a ser o seu mote, lembrar “Red Rain” do artista. espalhando a sua energia As impressionantes batidas “Garage” contagiante por todos os e as precursões metálicas de lados, não deixando adormecer “Rhythm of the Gravity” catapultam nenhuma parte do nosso o ouvinte para um ritmo mais cru e corpo durante todo o disco. frenético. Por seu turno “Slow motion” A faixa de abertura “Let It Change desce o tom para uma harmonia You” acelera o batimento cardíaco mais melancólica, encorpada numa ao som da batida eletrónica, linha mais psicadélica, como quem acompanhada pela voz arrastada concede a oportunidade para o e sexy de NIC OFFER. A intensidade ouvinte recuperar o folego. rítmica aumenta nas faixas “Off Não sendo um disco coerente, Wallop the Grid” e em “In the Grid”, numa promove momentos de pura delícia continua festa que pisca o olho ao para quem gosta de ouvir e dançar house. “U R paranoid” não se afasta música eletrónica. Manuseiam muito da linha mestra e garante géneros tão distintos como o house, mais tempo para libertar energia. o disco, o funk, a pop dos anos Mas as linhas eletrónicas cruzam oitenta e piscam o olho a referências as guitarras tropicais e a pop como SLY STONE ou STIVIE WONDER, sem no single “Serbia Drums”, num pudor nem pecado e apenas para tom muito funk e próximo do seu belo prazer. Não é o disco mais registo dos TWO DOOR CINEMA arriscado da banda, no sentido de CLUB, uma abordagem corajosa ousar e ir além-fronteiras na sua dada a similaridade, mas que é abordagem eletrónica, mas comete assumida como uma aproximação a proeza de cativar o ouvinte o de temas mais comerciais. “This suficiente para bons momentos is the Door” resgata os ritmos de festa. E como apetece dançar dos sintetizadores dos anos como se não houvesse amanhã. ModaLisboa 2019 | Photo: Carlos Teixeira | Models: Karacter: Afonso Peixoto, Carla Pereira, João Pacola; Central: Edy, Isabella; We are Models: Beatriz Ferreira, Prisca | Design: Joana Areal are Models: Beatriz Ferreira, Prisca | Design: Joana Isabella; We Afonso Peixoto, Carla Pereira, João Pacola; Central: Edy, | Models: Karacter: Teixeira ModaLisboa 2019 | Photo: Carlos

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14 YOU MUST LISTEN

AF_PARQ.indd 1 05/09/2019 20:07 OITO lançamento de um novo álbum seu CABANA MAD Na busca de uma programação DISCOS seja um excecional acontecimento. Rua da Misericordia, 66 -1ºdto multifacetada, a Galeria Cabana O seu novo disco Juice B Crypts será Lisboa Mad reúne 3 artistas que apesar texto por Carlos Alberto Oliveira lançado a 18 de Outubro pela Warp. de trabalharem disciplinas e medias diferentes têm na sua lógica de apropriação e construção das formas, pontos de contágio relevantes. APRIL KEY é uma designer Aproximam-se os dias de Outono, inglesa residente em Istambul num desapego gradual dos dias que desenvolve trabalhos a partir quentes e soalheiros do Verão. de lógicas da escultura trazendo Nada como reunir uma boa coleção referências a formas arquitetónicas, de canções para nos enternecer URBAN nomeadamente a arquitetura deco. e aconchegar nas noites mais SHAPES Os seus candeeiros da Ocean Drive longas que se avizinham. collection, tiveram como ponto de texto por Francisco Vaz Fernandes inspiração inicial o colorido de uns LINDSTRØM prepara-se para lançar Kodakcromes com vistas de Miami o seu novo disco On A Clear Day I que encontrou numa loja de velharias ↑ Can See You Forever a 11 de Outubro. de Istambul. Tal como na silhueta ☺ MARCO LABORDA A avaliar pelo single “Really Deep de uma cidade há uma acumulação Snow”, é possível uma incursão por de formas tendencialmente paisagens gélidas magistralmente A segunda parte de Destroyer, geométricas coroadas por neons. camufladas pela eletrónica. o novo álbum de TR/ST sairá São matérias que nos remetem a 1 de Novembro. Sendo que para o brilho e a magia de qualquer a primeira parte do disco foi cidade. Os candeeiros de KEY são lançada a 19 de Abril deste ano, realizados a laser, e os tubos de brevemente descobriremos se os vidro dos neons são produzidos à dois álbuns se complementarão mão por artesãos locais experientes ou se serão testemunhos que lhes conferem a mesma completamente à parte. ternura mágica das cidades.

O mesmo ambiente formal dos anos 50 parece sugestionar o universo de MONICA MENEZ, fotógrafa de moda, a uma imagem transgressiva e residente em Berlim, que gosta de sensual. Ainda que em alguns recriar ambientes cinematográficos. aspetos toque o kitsch e um certo A par dos filmes de moda, a maior irreal, essa regressividade leva parte da sua fotografia é criada para a criadora a um sentimento de A cantora e compositora revistas de moda, classificando-se libertação e permissividade. Ou seja norte‑americana ANGEL OLSEN na área de fotografia de produto. as suas fotografias, são o espelho garante uma nova incursão A icónica artista nova iorquina, ☺ APRIL KEY ↑ A execução da imagem obriga da liberdade que molda as grandes pela sua intimidade no seu novo e antiga membro dos S O N I C um processo construtivo e uma cidades como Berlim. MONICA MENEZ disco All Mirrors a 4 de Outubro, YOUTH, KIM GORDON está de ☺ MONICA MENEZ ↓ execução rigorosa para chegar trabalhou para a Vogue Portugal com a chancela da editora regresso em nome próprio com assim como para muitos outros No Home Record. Exímia contadora títulos de referência na moda. de histórias, gloriosamente embrulhadas em camadas sónicas, Também no trabalho de M A R C O instiga a curiosidade sobre o que A britânica FKA TWIGS está de LABORDA, artista catalão residente poderemos encontrar no seu regresso aos discos este outono, em Madrid, encontramos um novo álbum que será lançado mais precisamente a 25 de processo construtivo e uma certa pela Matador a 11 de Outubro. outubro. O novo registo de originais emoção surreal, a partir das suas chamar‑se-á Magdalene. De acordo colagens sobre fotografias. Tendo com uma entrevista à revista no essencial o retrato como i-D, o álbum será produzido pela referência, desconstrói as imagens artista e conta com o contributo usando o recorte, para depois as de NICOLAS JAAR. O lançamento reconstruir, aplicando colagens. terá o selo da editora Young Turks. Nesse sentido, recusa uma lógica naturalista juntando elementos formais que desfigurar o retrato, dão uma nova plasticidade ao trabalho final. As novas formas acumuladas Jagjaguwar. O single que dá nome Com a faixa “Violence”, a canadiana adensam os seres que nos são ao álbum, lança pistas para mais Grimes apresentou mais um tema propostos e dão-lhes aspetos um grande disco da artista. daquele que será o seu novo disco surrealistas uma experiência que vai Um novo disco dos DIIV chegará Miss_Anthrop0cene. O álbum está ao encontro do trajeto modernista às lojas a 4 de Outubro com o agendado para chegar às lojas ainda sobre a representação do real. As título Deceiver. Será o seu terceiro neste Outono. De acordo com a desfigurações dos seres criados disco, e pelos temas apresentados artista, Miss_Anthrop0cene é um por MARCO LABORDA remetem-nos “Taker ” e “Skin Game”, antevê-se um A incomparável energia sustentada álbum conceptual acerca de uma para o mundo das transfigurações mergulho pelas referências dos M Y por baterias e precursões frenéticas personagem antropomórfica, a do ser na complexidade das BLOODY VALENTINE e SONIC YOUTH. dos BAT TLES, fazem com que cada deusa das alterações climáticas. sociedades urbanas.

16 YOU MUST LISTEN 17 YOU MUST SEE NOVOS ARTISTAS SONIC YOUTH é uma banda de rock Para que não permaneçam, por na parede, ou de objecto autónomo. SONIC subversivo que surgiu no início dos muito tempo, artistas escondidos, Ali, entre as imediações da pintura YOUTH anos 80, e permaneceu em total FILIPA OLIVEIRA, vai desbravando e da escultura, ou da instalação. anonimato até eclodir, em máxima caminho e sulcando a terra texto por Carla Carbone popularidade, nos finais dos anos por cá, à procura de tesouros PEDRO CABRITA E PAIVA, outro dos 80, tornando-se uma banda de desconhecidos. Esta exposição artistas presentes na exposição, culto para as gerações vindouras. promete edições futuras. Será explorou, no passado, projectos a primeira de um grupo de em que tinha, como objecto de Foi dessa forma que a curadora edições que se realizarão num exploração o cenário da escolar FILIPA OLIVEIRA deu nome à exposição, período de dois em dois anos, ou a irreverência juvenil. Aquando “A Sonic Youth”, presente na como refere a curadora. da inauguração desta exposição, Galeria Municipal de Arte de Este ano a exposição conta com o artista mencionou o uso de Almada, e estabeleceu um paralelo a presença dos artistas: ADRIANA pastilha elástica, colocada nos com a nova geração de artistas PROGANÓ, ALICE DOS REIS, AXELLE lugares mais inusitados da portugueses, “uma geração de CAMILLE, DAVID GONÇALVES, INÊS NETO galeria, como forma de expressão grande qualidade”, como diz, e que DOS SANTOS, JAIME WELSH, JOÃO dessa mesma irreverência. parece, neste momento, “existir PEDRO TRINDADE, JORGE JÁCOME, pelo país fora” envolta em certa MADALENA CAIADO, MANÉ PACHECO, A instalação de INÊS NETO DOS SANTOS “Quando vamos a um restaurante, penumbra. Despercebida, mas MARIA TRABULO, PEDRO CABRITA E PAIVA, compreende a apresentação de sabemos que, alguns minutos depois, capaz de deixar sementes de PRIMEIRA DESORDEM e RUI CASTANHO. uma estante que, num primeiro acabamos por descontrair. A ideia mudança positiva e de irreverente contacto, aparenta ser oriunda é levar essa descontracção para o inteligência. Quem sabe, “talvez RUI CASTANHO apresenta um trabalho de um velho consultório, ou de seio da galeria, lugar quase sempre um dia, como a banda norte que já foi exposto em parceria um fragmento de um móvel, formal”, sério e obsequioso. com a artista LUÍSA CUNHA, na que pertencera outrora a algum Por outro lado sabemos que as Galeria Buraco, em Março de alquimista, pejado de segredos galerias de arte, e os espaços 2019. Uma galeria em Lisboa, que e carregado de legado histórico. expositivos, são lugares onde a CASA DA CERCA promoveu, com essa exposição, A estante contém vários frascos imagem tem sido a forma de arte Almada um encontro entre artistas de vidro, de vários tamanhos e mais privilegiada, e sobejamente → 19 Outubro plásticos, de gerações diferentes. cores, preenchidos com chás de utilizada. E onde, de forma leve, A exposição chamava-se “Fica variadas ervas, em processo de já começa a ser explorado o som, Seg. → Sex. Assim”, e enfatizava as descobertas fermentação. O intuito é explorar, ou o odor. Mas ao que o paladar 11:00 → 12:30 que o artista vai fazendo no ou potenciar, o uso pleno dos diz respeito, ainda parece haver 14:00 → 18:00 atelier, de objectos que, de forma sentidos, num espaço geralmente muito a fazer, muito caminho a expontânea, se vão acumulando cerimonioso como o é o da percorrer, por parte dos artistas. Sáb. e relacionando com os demais, galeria. Porque, como diz a artista: 14:00 → 18:00 e em que o artista, de forma atenta deixa que aconteçam. Ligações imprevistas, sem grande intervenção ou controlo. O trabalho de RUI CASTANHO é composto por um grupo de varas de bambu, cobertas por pasta de papel, embebida em tinta acrílica. É com a pasta absorvida pelo líquido colorido que o artista vai cobrindo a superfície curva do bambu, em degradé, compondo linhas policromas americana, venham a emergir” e que vão, progressivamente, se tornem referência para as assumindo, um jogo alternado gerações de artistas seguintes. entre a bidimensionalidade Até lá, aguardam, em encubadora, e a tridimensionalidade. produzindo belas pérolas. O artista começou a sua actividade artística como pintor, o que explica a presença da cor em muitos dos seus trabalhos. Vários dos elementos (varas) são encostados de modo oblíquo, à parede, “como se faz com os espelhos”, explica o artista. São simplesmente deixados ali, como os chapéus de chuva, quando se chega a casa, ou quando se colocam objectos, sem se estar a fazê-lo conscientemente, com séria intencionalidade subjacente. Esse frescôr vai brotando. Os objectos simplesmente vão surgindo, no atelier. E o diálogo, entre eles vai‑se estabelecendo. Na condição de objecto para pendurar

18 YOU MUST SEE 19 YOU MUST SEE by ANT TIMPSON Este ano o festival de terror de COME TO Lisboa, vulgo MOTEL X, brindou‑nos DADDY nesta sua 13ª edição com uma bela e apetitosa paleta de filmes texto por João Levezinho terroríficos, mas quero aqui destacar a sessão de encerramento, que contou com o conhecido E L IJA H WOOD no papel de Norval no filme multinacional “Come to Daddy”. Norval é uma personagem sui generis, meio afetado, trintão, vive ainda com a mãe desempregada e ao receber uma carta do pai, decide ir visitá-lo num recanto paradisíaco. Como tem uma lacuna sentimental para com o pai, decide preenche-la indo ao seu encontro, ao encontrá-lo repara que este está esquisito, e a partir daí é um sem número de peripécias, umas mais insólitas que outras…

Realizado e produzido por A N T TIMPSON, que tem feito parte de muitos projetos no campo do fantástico e terror, tendo agora aventurado se na realização da sua primeira longa, e logo com esta história familiar e insólita. Filme que desafia os limites deste género tão característico, pois é muito imprevisível e inclassificável. E L IJA H WOOD têm um papel como nunca o tínhamos visto até aqui nas salas, muito afetado, medroso e acima de tudo ciente do medo que têm em enfrentar o mundo que o rodeia.

20 YOU MUST SEE de JOÃO MAIA ANTÓNIO VARIAÇÕES é a fim do disco e o início dos anos 80. VARIAÇÕES personificação da cultura punk, No espaço de um ano, houve grandes —GUARDA ROUPA da simplicidade dos pormenores mudanças na forma de vestir.” Essas e da constante procura por mudanças levaram ao aparecimento texto por Liliana Pedro tudo o que é diferente. No das mangas abalonadas, dos filme biográfico “Variações”, estampados e das sobreposições. embarcamos numa viagem pelo PATRÍCIA DÓRIA procurou também estilo avant-gard do cantor com trocar alguns dedos de conversa PATRÍCIA DÓRIA, responsável com aqueles que eram próximos do pelos figurinos, no comando. cantor, mas foi com ROSA MARIA, amiga de ANTÓNIO VARIAÇÕES, Da música para o grande ecrã, interpretada no filme por VITÓRIA ANTÓNIO VARIAÇÕES levou milhares GUERRA, que conseguiu obter o de espectadores ao cinema para melhor testemunho. “Foi bastante assistirem ao filme biográfico importante para a construção dos "Variações", realizado por JOÃO MAIA. figurinos das personagens falar Do primeiro ao último minuto, a com a Rosa Maria. Ela deixou-me moda foi uma das protagonistas. ficar com alguns registos das suas Quem esteve por detrás dos fotografias pessoais do Trumps e figurinos foi PATRÍCIA DÓRIA. Ao deu-me a conhecer de forma mais longo de vários meses, vestiu a aprofundada o caráter do António.” pele de ANTÓNIO VARIAÇÕES e dia das gravações o que é que ele A construção do guarda-roupa ía vestir. Era uma personagem que de “Variações” resultou numa merecia isso.” Da panóplia de looks, fusão entre o novo e o velho. Foi- PATRÍCIA DÓRIA elege o macacão de se à feira da ladra, alugou-se e operário que VARIAÇÕES usou no construí‑se peças de raíz. “Tínhamos concerto dos Faíscas como o seu uma costureira na equipa. Grande favorito. “O António foi carpinteiro parte dos macacões e calças fomos aos 12 anos e as referências dos dias de nós que fizemos.” Apesar de não trabalho estão presentes nesse look.” ter tido contacto com a roupa do ANTÓNIO —pois grande parte dela já Os acessórios estrelaram lado a não existe— isso não afetou o seu lado com as roupas. Todos os dias, trabalho. “Quando soube que ia fazer ANTÓNIO VARIAÇÕES mudava de o filme, disseram-me que tinha que brincos, saía à rua com diferentes fazer réplicas das roupas dele, mas eu chapéus e nunca punha de lado os não achei que isso fosse interessante. anéis e colares. Numa conversa O que eu fiz foi pôr-me na pele do ocasional com uma amiga, PATRÍCIA António.” PATRÍCIA DÓRIA procurou, DÓRIA ficou a saber que o ANTÓNIO assim, inspirar-se no estilo de deu um espetáculo com umas VARIAÇÕES, na sua estética cuidada ligaduras, o momento ficou retratado pensou como o próprio, criando e no seu amor pelas novidades. O no filme como a sua grande estreia looks que nos dão a conhecer a ANTÓNIO VARIAÇÕES teve à volta de no mundo da música. “Quando soube moda lisboeta dos anos 80. O seu 30 roupas, que já estavam decididas do concerto que ele deu com umas trabalho foi dividido em várias fases. antes do início das filmagens. “Eu ligaduras procurei reinterpretar Primeiramente, procurou ler o guião já sabia do primeiro até ao último esse momento no espetáculo do e falar com o realizador e só depois Trumps. Pus-lo com umas ligaduras é que partiu para a pesquisa. Fiel à de risca vermelha, com um espartilho tradição do papel, comprou livros dos anos 20, com um brinco, um sobre as ruas de Amesterdão, leu colar e argila na cabeça.” a biografia de ANTÓNIO VARIAÇÕES, escrita por MANUELA GONZAGA, e A etapa mais exigente do seu folheou as páginas de um livro sobre trabalho foi a inicial. “Como é que o disco em Nova Iorque. Depois, eu ía vestir o António Variações? Há conheceu a fundo as discotecas gay mil e um caminhos e eu decidi optar em Portugal e deixou-se contagiar pela simplicidade da altura.” Já a pela cultura punk, bastante presente etapa mais interessante foi a das no estilo de VARIAÇÕES. Através provas. “O mais giro foi começar da sua pesquisa, PATRÍCIA DÓRIA a vestir os atores e os figurantes, percebeu que em Portugal, nos foi começar a escolher o que é anos 80, o punk ainda estava meio que ficava melhor a cada um.” adormecido. “O punk em Portugal não era como o punk na Inglaterra. O estilo de ANTÓNIO VARIAÇÕES Aqui era mais ténue, havia apenas pode ser visto por muitos como algumas referências, lá fora era mais maximalista, mas PATRÍCIA DÓRIA hardcore.” Para além da estética afirma o contrário. “Embora punk, PATRICIA DÓRIA mergulhou exuberante em alguns detalhes, de cabeça na moda dos anos 80, ele tinha um estilo bastante que, segundo a própria, é o oposto minimalista. A simplicidade da moda dos anos 70. “Fiz uma existia em António Variações.” pesquisa sobre Lisboa de 79 com o

22 YOU MUST SEE 23 YOU MUST SEE ERA É muito difícil, em 2019, que alguém Para podermos apreciar os filmes FRED RAF SIMONS propõem nesta nova UMA ainda não tenha ouvido falar de deste realizador temos de ter PERRY coleção desenvolvida para a F R E D VEZ... QUENTIN TARANTINO. Mesmo quem algumas coisas em mente: perceber VS PERRY uma verdadeira viagem ao TARANTINO não aprecia cinema já ouviu de que TARANTINO não é só realizador, RAF universo das subculturas a partir certeza este nome. E com um mas também o argumentista destas SIMONS do espólio fotográfico de GAVIN texto por Margarida Santos nome destes, TARANTINO só podia 9 obras; que existe um narrador WATSON e GEORGE PLEMPER dois estar destinado a grandes feitos. muito presente na história e filmes texto por Maria São Miguel ingleses, que registaram a sua Realizador e argumentista tem divididos por capítulos; que os planos juventude entre os finais dos sido muito admirado nos últimos são magníficos, posso mesmo anos 70 e os 80. O conhecido anos e os seus filmes têm sido arriscar dizer que alguns deles são designer belga selecionou algumas bastante analisados e falados pelo obras de arte incríveis, e violência, das imagens mais emblemáticas público. Este ano celebramos o muita violência, já faz mesmo destes dois fotógrafos para 25° aniversário de um dos filmes parte do estilo cinematográfico as imprimir digitalmente nos que veio mudar completamente do realizador. Com este exercício clássicos da FRED PERRY. o cinema, Pulp Fiction, um filme dei por mim a perceber algumas que ainda hoje dá que falar e coisas que por vezes só se “veem” WATSON, com apenas 16 anos já que se tornou, mesmo, um ícone nas entrelinhas. Como por exemplo tinha acumulado mais de 10 mil da cultura pop. E em agosto o a música. Os mais atentos irão fotos relativas aos finais dos anos realizador estreou o seu projeto perceber que a música nos filmes 70 e início dos anos 80, tendo como mais recente, o filme Era Uma Vez de TARANTINO é extremamente foco o universo dos seus amigos Em… Hollywood. Um filme que mistura importante. O realizador usa a onde naturalmente estava incluído. factos com ficção de uma maneira música não só para tornar a cena Através das suas amizades, ele que só TARANTINO sabe fazer. Para mais memorável, como também retratou um universo musical — “comemorar” a chegada da nona para criar um certo incómodo no particularmente o seu amor pelo película deste realizador, decidi fazer espetador. Pois uma cena muito género musical two-tone. WATSON foi algo que todos os fãs de cinema pesada e violenta pode ter uma capaz de documentar uma geração deveriam fazer, pelo menos uma música divertida, isto faz com que de jovens que amadureceram e vez na vida. Ver os nove filmes de os nossos sentimentos fiquem um usaram as suas roupas como uma QUENTIN TARANTINO seguidos e por pouco confusos e a cena se torne ferramenta poderosa para expressar ordem cronológica. Uma maratona. marcante e a próxima vez que a sua identidade. Nas fotografias Fazer uma maratona de TARANTINO é ouvirem aquela música é muito de GEORGE PLEMPER, na altura um uma experiência incrível e só revela o provável que se lembrem do filme. professor no princípio da carreira da quão extraordinário é o seu trabalho. zona sul de Londres, encontramos o Mas aviso que não é tarefa fácil, O realizador já disse várias vezes que retrato dos seus alunos, que eram são filmes muito longos, com muitas aprendeu tudo o que sabe a ver não o espelho da condição da classe partes pesadas e muita violência. um, não dois, mas milhares de filmes trabalhadora britânica. Centrando‑se e isso vê-se perfeitamente nas na nova cidade de Thamesmead, suas obras, ele vai buscar cenas de um bairro social brutalista, PLEMBER filmes icónicos e interpreta-os à sua regista as ocorrências quotidianas maneira nas suas películas. É incrível da juventude que crescia no bairro. como uma única cena pode ter Paralelamente a esta coleção há influências cinematográficas que vão uma consagração destes dois desde os filmes noir até aos filmes fotógrafos ingleses que viram parte de desenhos animados da Disney. da sua obra restaurada e exibida no YOUTH CLUB Museum, um instituto Posso também dizer que toda a que arquiva um espólio gigantesco cinematografia do realizador são de imagens que procuram fixar os como cartas de amor aos géneros momentos mais importantes da cinematográficos mais icónicos, o história da cultura jovem britânica. Inglorious Basterds, é um hino aos filmes sobre a Segunda Guerra Mundial, o Pulp Fiction ao estilo noir francês, o Death Proof, aos filmes de low-budget, o Django Unchained aos spaghetti western. Pulp Fiction e Inglorious Basterds estão entre os favoritos do público, sendo que há muita discussão entre qual deles o melhor. Na minha opinião Pulp Fiction leva a medalha de ouro. Se também quiserem entrar neste universo tarantiniano já sabem, aconselho uma maratona.

Disponível na loja: Fred Perry Authentic Store Lisboa Rua Áurea, 234, Lisboa T 213 470 711

24 YOU MUST SEE 25 YOU MUST WEAR SWIFT SISLEY CARBON ÉMULSION ÉCOLOGIQUE texto por Francisco Vaz Fernandes texto por Liliana Pedro

A pintora polaca E L Z B I E TA RADZIWILL já é um nome conhecido da marca SISLEY. Pelo segundo ano consecutivo, RADZIWILL faz renascer o perfume best seller Émulsion Écologique através de uma embalagem inspirada na natureza. Criada em 1980, a Émulsion Écologique é um explosão de hidratação pelo seu complexo de extratos de origem natural de CAROLINA HERRERA centelha asiática, ginseng, alecrim, BAD BOY lúpulo e cavalinha. As propriedades texto por Liliana Pedro nutritivas deste creme dão à pele a tonificação e a proteção que ela precisa para combater Bad Boy é o nome da nova fragrância as agressões externas. O frasco SWIFT CARBON é uma empresa na alta competição. É um projeto da Volta a Portugal, pertencente masculina de CAROLINA HERRERA e o estojo desta nova edição sul‑africana de construção de de sucesso testado que tem ao Futebol Club do Porto, está NEW YORK. O perfume celebra o transportam‑nos para um universo bicicletas que recentemente tido como rosto mais visível da equipada com bicicletas SWIFT. Tal espírito aventureiro do homem que onírico, onde as borboletas e instalou a sua linha de produção e marca o atleta sul-africano HENRI como muitas outras marcas, a SW I F T não tem medo de arriscar na vida. libélulas pousam as suas asas sobre comercialização na zona do Porto. SCHOEMAN que conquistou com pode ser adquirida on-line tendo Num frasco em forma de raio, o as folhas de Centelha Asiática. Fundada em 2008, pelo o ex‑atleta uma SWIFT, uma medalha de bronze a vantagem de oferecer algumas Bad Boy é composto por pimenta profissional MARK BLEWETT, o projeto no triathlon das Olimpíadas 2016 alterações ao quadro, assim como, preta e branca, bergamota, sálvia propôs desde o início criar quadros no Rio, além de vencer o mundial algum nível de personalização e cedro como notas de topo. Já em fibra de carbono através da de WTS em Abu Dhabi em 2018 e que passa pela seleção da a fava tonka e o cacau são as as mais da alta tecnologia disponível, o Commonwealth Games também cor, a introdução de frases ou notas de base que dão ao perfume destinado assim a responder às em 2018 na Austrália. Também a desenhos mais personalizados. um toque sensual e masculino. necessidades do seu fundador equipa vencedora da última edição

GUCCI MÉMOIRE D'UN ODEUR texto por Liliana Pedro

Para a próxima temporada, a GUCCI DOLCE GABBANA apresenta-nos o perfume Mémoire K d’un Odeur. Num vaivém temporal, texto por Liliana Pedro o passado e o presente estão ligados por uma ponte que projeta o futuro. Mémoire d’un Odeur é um #YOUDONTNEEDASUIT O K é o novo perfume masculino perfume sem género e tempo. O da dupla de criadores D O M E N I C O aroma é composto por ingredientes texto por Maria São Miguel DOLCE e STEFANO GABBANA. Esta inesperados e enigmáticos, com fragrância da DOLCE & GABBANA é particular destaque para a camomila acentuadamente cítrica com um romana, que irradia um rasto alegre, A imagem do homem de sucesso à porta do fim de semana. Para da praga de um fato que procura toque de lavanda e madeira. A doce e aromático com mel e maçã vestido de fato, há muito tem sido muitos foi a oportunidade perfeita impor‑se. Ou seja, a DOCKERS nova fórmula possui ainda bagas verde. O frasco da fragrância, em negada no imaginário dos jovens para estenderem esse visual para garante à geração Y, um look cuidado de zimbro, gerânio, essência verde-claro transparente, apresenta criativos. Parte dessa desconstrução o resto da semana. É precisamente e confortável nos limites do formal. de pimento, madeira de cedro, uma silhueta refinada e uma tampa mistura-se com as origens da este legado revolucionário que Grande parte das suas pesquisas vetiver e pachuli. O frasco de de ouro brilhante. A embalagem própria DOCKERS, marca que nos a nova campanha da DOCKERS vão nesse sentido e o modelo 360 vidro, retangular e transparente, simboliza o céu noturno estrelado e anos 90 propõem à sociedade #youdontneedasuit, pretende flex, com flexibilidade nos 4 sentidos tem um símbolo monárquico e tem como decoração firmamentos norte-americana um par de chinos, retratar com piada, levando-nos a é hoje o seu topo de gama, com uma tampa em forma de coroa, celestiais inspirados nas pinturas promovendo o casual friday, Ou seja, assistir à luta matinal de um jovem inúmeros detalhes técnicos. feita à mão e decorada com românicas e góticas da idade média um dia de escritório menos formal criativo que a custo se vê livre partículas de ouro de 24 quilates. e do renascimento da Europa.

26 YOU MUST SEE 27 YOU MUST WEAR Os promotores do FESTIVAL INDIEGENTE, na sua 1º edição, realizada em outubro passado, conceberam um espetáculo único sem interrupções, em que os artistas tocam alguns temas encadeados uns com os outros, como se fossem elos de uma corrente. Haveria espaço para a criação e novos arranjos dos temas tocados pelas bandas em conjunto. O mote está lançado para mais uma edição, também a reali- zar-se a 19 de Outubro. O local escolhido será o Lisboa ao Vivo, como no ano passado.

FESTI VA L IN DIEGENTE Este ano o cartaz é composto por: ACT-UPS, ALGUMACENA (ALEX D'ALVA TEIXEIRA e RICARDO MARTINS), ANARCHICKS, BIZARRA LOCOMOTIVA, DEAD CLUB, CABRITA (projecto novo a THE PARKINSONS ↑ solo de JOÃO CABRITA), a estreia dos KNOT3 (SELMA UAMUSSE e TONI FORTUNA), MANU DE LA ROCHE, NANCY KNOX, PISTA, ALGUMACENA ☺ Vera Marmelo ↑ PLASTICA, RUI MAIA, THE DIRTY COAL TRAIN, THE PARKINSONS Acerca dos THE DIRTY COAL TRAIN, podemos dizer tratar-se e VAIAPRAIA. de um power trio de inspiração no DIY do punk, no gara- ge dos 60 e no cinema de série B. Depois de cinco álbuns, Sem desprimor algum pelos artistas, espreitemos um pouco uma compilação, splits com outras bandas e cinco singles para ver o que este recheado cartaz tem para nos oferecer. promovidos com datas pela Europa e América do Sul, a FESTI VA L IN DIEGENTE FESTI VA L banda começa agora a sua tour de promoção a Primitive, As ANARCHICS surgiram no final do Verão de 2011 e des- um LP em formato trio que marca o regresso à produção de aí nunca mais pararam. Contam com inúmeras parti- rock mais crua e imediata. cipações em festivais, nacionais e internacionais, e fize- ram as honras de abertura de concertos, entre os quais Dispensados de apresentações, os THE PARKINSONS têm se pode destacar a primeira parte das CANSEI DE SER SEXY uma carreira dividida sobretudo entre Portugal e o Reino em Lisboa e a atuação no Festival Masculin/Feminin, em Unido. São uma banda de culto e considerados por muitos França, onde partilharam o palco com PEACHES. A nível das como uma das melhores bandas punk-rock a surgir no cir- atuações internacionais, 2014 tornar-se-ia o ano da sua cuito musical britânico no principio deste século. São deli- consagração. Participarem em Paris nas comemorações do ciosamente inquietos, reivindicativos e altamente ruidosos. INDIEGENTE Dia Internacional da Mulher e no Verão participaram ain- da no Theather der Welt, realizado na Alemanha. Só para RODRIGO VAIAPRAIA é um artista que aprendeu sozinho a citar os mais sonantes. Dada a sua grande experiência ao quebrar barreiras nas artes. Começa a compor e a tocar can- vivo, as ANARCHICKS apresentam um espetáculo enérgico ções ao vivo em 2013. As atuações ao vivo não são apenas e dinâmico que nunca deixa o público indiferente. uma oportunidade para expor as canções: são também um momento para criar comunidade, seja qual for a geografia Dos DEAD CLUB, espera-se uma experiência sensorial, ou a situação. Com a mesma missiva, VAIAPRAIA é um dos graças ao recurso de vozes, guitarras, bateria, drum ma- fundadores da agência/promotora/produtora MATERNIDADE chines, sintetizadores, teclados, corações partidos e ba- e do Rama Em Flor (festival comunitário feminista queer). NANCY KNOX ← DEAD CLUB ← talhas interiores. Dead Club é a orquestra de uma pessoa Colabora pontualmente com a Plataforma 285 enquanto e dos seus demónios. performer e escreve para cinema com o realizador TO M ÁS FESTI VA L IN DIEGENTE PAULA MARQUES. Poder-se-á dizer sobre os KNOT3, que o encontro entre os seus dois componetes, deu-se por obra e graça divina no Os BIZARRA LOCOMOTIVA são tidos como precursores da mundo espiritual da música gospel. Com carreiras musicais música industrial no nosso país, sendo hoje a principal re- bastante distintas que viajam do frenético rock’n’roll dos ferência do género no panorama musical Português. A "d3o" e das canções cinematográficas dos "Mancines" à ex- sua história remonta a 1993, quando RUI SIDÓNIO (voz) e plosiva África urbana do projeto a solo de "Selma Uamusse" ARMANDO TEIXEIRA (voz e maquinaria) formam uma banda ou à intimista música de "Rodrigo Leão", a quem esta tam- com vista a participar no Concurso de Música Moderna bém empresta a voz desde 2014. Numa informal conversa, da Câmara Municipal de Lisboa, o qual venceram. Com Selma Uamusse e Toni Fortuna aka António Gomes confes- 20 anos de existência este projeto conta com uma carrei- FESTI VA L IN DIEGENTE savam que, se alguma vez se aventurassem a fazer algum ra invejável no panorama nacional com 9 discos editados projeto juntos, seria uma espécie de The Kills vs Johnny e com uma platina aquando da participação no tributo aos Cash-June Carter em 2020. XUTOS E PONTAPÉS com o tema “Se me amas”. s A l b e r t o r l o O Desde 2011 que a carreira de MANU DE LA ROCHE tem como a l i pano de fundo o burlesco, nas suas mais variadas estéti- C v e i fetish performance r cas e na , inegavelmente precursora no a nosso país. Tratando-se de uma artista versátil, colaborou r com nomes como: LA CHANSON NOIR, QUINTETO EXPLOSIVO, o

p ENA PÁ 2000, IRMÃOS CATITA, GHOSTS, SUICIDE COMMANDO

FESTI VA L e mais recentemente participou no videoclip do novo sin-

gle de MUNDO CÃO – “É Sempre Essa Treta do Amor Eterno

o Que Me Lixa” (2019).

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x

e Certamente que esta 2ª Edição deste FESTIVAL INDIEGENTE t elevará ainda mais a fasquia. Espera-se que seja uma es- fusiante troca de experiências, ultimando num processo SEGUNDA criativo cativante e onde a palavra de ordem será festa e EDIÇÃO muito divertimento. INDIEGENTE THE DIRTY COAL TRAIN ↑ 28 SOUNDSTATION 29 SOUNDSTATION SAMPA sabe que pensar local, sem esquecer a sua cultura, Estamos em 2019 e SAMPA THE GREAT não sente, como tan- a sua herança e a sua cor, é o melhor caminho para con- tos/as outros/as artistas no presente, necessidade de fingir quistar o futuro. que é americana ou europeia. A sua singularidade, a sua particular experiência, é a fonte da sua arte: “Eu acho que o DE ÁFRICA PARA Sim, é mulher como ROSALÍA. Sim, é negra como BEYONCÉ. que liga a Diáspora africana é a nossa cultura, e essa cultura Mas também é africana como MIRIAM MAKEBA, nascida na está cravada na minha música. Eu sei que essa conexão está O MUNDO Zâmbia, e emigrante criada no Botswana que agora vive em lá. Estando ligados pela música e cultura, nós, os africanos, Melbourne, na Austrália. Ah, e com uma editora londrina, a Ninja vamos reagir a isso onde quer que estejamos no mundo. Temos SAMPA SAMPA Tune. De onde é, afinal de contas, SAMPA? No interlúdio “Wake o exemplo do género afrobeats, que vem da cultura nigeriana, Up”, uma voz gra- mas que é abraça- vada com o aten- da por todos. Eu dedor de chama- acho que viajar aju- das, confessa: “I dou a isso porque don’t even know estive em diferen- where you are...” tes sítios e vi que a Ela está, na ver- Diáspora dança a dade, a caminho mesma música que de casa, parece dançamos em casa. SAMPA SAMPA SAMPA dizer-nos em The No fundo, ajudou- Return, contagian- -me a perceber que te mescla de hip essa ligação existe hop, afrobeats, a um nível global”. neo-soul, jazz, electrónica, r&b A voz de S A M P A e algo mais, tudo —a sua personali- combinado em dade, o seu timbre proporções que e grão, a sua tessi- não se encontram tura, a sua entrega SAMPA SAMPA em mais lado ne- e elasticidade— é, nhum. A não ser afinal de contas, na sua cabeça. o grande trunfo deste The Return: SAMPA falou ouvi-la é escutar com ALEXANDRE um incrível instru- ui Migu RIBEIRO do Rimas mento, capaz de R el e Batidas sobre enormes subtile- or Ab tudo isto: “A capa zas, em que nos p reu foi feita na Zâmbia. podemos perder to Estou sentada em tranquilamente, ex S A M P A frente a uma ha- seguros que nos t bitação que reme- reencontrarmos te para "casa", o sempre, pois na grande tema que sua execução re- liga o álbum”, ex- conhecemos a plica a artista, re- classe familiar dos velando, afinal de grandes artistas a contas onde se que regressamos encontra, pelo me- com frequência. E nos espiritualmen- se calhar podemos SAMPA SAMPA SAMPA SAMPA te. “Como já disse ler assim também noutras entrevis- o título deste pri- tas, eu comecei a meiro registo de minha carreira na longa duração ofi- Austrália e desco- cial de SAM PA T H E bri que estar longe GREAT: um regres- de casa cria uma so que vamos que- sensação de deslo- rer ensaiar mui- camento. Quando tas vezes, como discuti isso com os quando voltamos SAMPA SAMPA SAMPA SAMPA meus amigos e familiares, ficou claro que muitos de nós pas- a casa para nos rodearmos do que amamos, do que é fa- sam por esse sentimento de nos sentirmos deslocados. Ainda miliar e nos oferece o conforto sem que não sabemos vi- mais se não puderes voltar a casa; ou até podes estar no teu ver. É isso: a voz de SAMPA soa a casa. E não há melhor sítio e não te sentires em casa. Por essas razões, o assunto elogio do que esse... "casa" tornou-se um tópico central e questões como "onde é que é a nossa casa?", "o que é realmente casa?" e "podemos or Ru i M i g u criar um sítio que sintas como casa dentro de ti próprio? fo- p e l A ram-se levantando durante a construção do disco. Por isso, t o b x r e achei que era importante pôr uma casa na capa, já que é so- t e u SAMPA SAMPA SAMPA bre isso que fala". 30 SOUNDSTATION SOUNDSTATION Eu ouvi, engoli em seco, e continuei a tentar comer enquanto me tentava controlar para não chorar. Não queria que me vissem chorar, porque não queria que PEPERAN também achassem que eu era fraca. Sempre senti, desde criança, que as pessoas à mi- nha volta, incluindo a minha família, me achavam um pouco estranha, daquela forma em que olhavam meio (EMA) de canto para mim e questionavam as brincadeiras e as coisas que eu dizia. Aquele comentário tirou-me tudo. Foi a primeira vez CASA DO CAIS que me lembro de me sentir desapoiada e não com- preendida. Aquele pequeno comentário perseguiu-me e ainda persegue. Por isso é que tento ter cuidado com o que digo a outras pessoas. Não quero ser a pessoa que faz um comentário que assombra a men- te de outra pessoa. Dito isto, foi um comentário que me magoou imenso, mas que também me fez crescer. Fez com que eu me enfrentasse a mim mesma. Fez-me colocar a questão "afinal, sou dig- CASA DO CAIS na ou não?" e a verda- de é que sou. Sou dig- na. Somos todos dignos, independentemente das nossas estranhezas, pe- culiaridades, pontos for- tes e fracos. Qual foi a melhor coisa que já te disseram? Quando a minha mãe me disse "Só quero que sejas feliz" depois de ter feito CASA DO CAIS CASA DO CAIS o meu coming out. Não sei se esta foi a me- lhor coisa que me dis- seram, mas foi se ca- lhar o que me fez sentir mais apoiada a nível fa- miliar, depois de anos e anos de me negar a mim própria e de me tentar compreender. Permitiu-me parar de vi- ver uma vida dupla com a minha família. Pude ser A CASA DO CAIS é um exemplo de que podemos ser dife- CASA DO CAIS exatamente quem eu era, rentes, não fazer parte de um molde ou padrão e sermos sem ter que me esconder. um caso de sucesso. Num salto de ousadia e a fazer prova É um privilégio que al- de que está a acompanhar as novas gerações, a RTP1 vai or Pa t r í c i a C gumas pessoas hétero transmitir a segunda temporada da CASA DO CAIS. É um mo- p é s tomam por garantido e t a a r tivo de orgulho para os cinco amigos que criaram a série e i s V não se apercebem de pensaram nos milhares de jovens que se podem identificar v i como retirar esse direi- e c com as suas vidas. A homossexualidade continua a ser um r e to a pessoas da comuni- t n t tema que exige ser debatido, quando já deveria ser uma não n dade LGBTIQ é basicamente retirarem o direito de e e o questão. O racismo continua presente entre os nossos fa- D y viver destas pessoas. Se não podes amar, o que é miliares, amigos, conhecidos mesmo que possamos ignorar i a C que podes fazer? dy P a t r í c é s a r V i e fazer de conta que já vivemos numa sociedade evoluída. n r n c e É fantástico como o remover de uma barreira permi- p o n t e Por estes motivos e mais uma mão cheia de motivos, é que A g Qual foi a pior coisa que já te disseram? te que outras pessoas sejam mais felizes e evoluam. r n t J u l i a n a Z a b esta série gera controvérsia e é muito necessária. Se lermos l i i s u m b Não me lembro bem da idade que tinha, mas tinha Descreve a 2ª temporada da #CasaDoCais numa palavra… o y y l a p t s t i i a Po os comentários menos bons direcionados ao elenco, possi- s r s e n p k o v provavelmente 5 ou 6 anos e lembro-me que está- Só uma?? Assim é difícil. a i K a velmente vamos concluir que ainda há pessoas que vivem s h u a vamos a jantar. Mas ok, vou tentar. Acho que a palavra é "diferente".

o m com medo. O medo é filho da ignorância e da angústia do t A tia da minha mãe, que eu sentia que não ia muito Diferente em todos os sentidos: nas personagens,

desconhecido e tem sido usado contra todas as gerações o com a minha cara e que já tinha feito uma boa dose no tipo de história e situações exploradas em ficção f que desejam viver a sua vida num mundo que os aceite tal todos usam: de comentários depreciativos em relação a mim, portuguesa, na honestidade dos diálogos, em retra- como são. Para todos aqueles que desejam viver numa so- casaco ADIDAS ORIGINALS porque eu não era aquilo que ela considerava pro- tar personagens com falhas, mas também com la- ciedade livre de preconceitos, sejam todos muito bem-vin- calções ADIDAS ORIGINALS priamente normal, disse-me, chateada: "tu nem para dos muito bonitos, como todos os que nos rodeiam dos à CASA DO CAIS. ténis PRIMARK comer serves". Quem estava no jantar riu-se. Achou no mundo real. brincos BE VINTAGE piada. Eu não.

32 CULTURA 33 CULTURA ofendida. A ficha só caiu quando o vídeo começou a os dedos de uma mão os amigos que consegui fazer, chegar às pessoas e as pessoas responderam com que me aceitavam completamente pelo que eu era. mais relatos semelhantes... Muitos deles mais bem Mas acho que as coisas que mais me marcaram mais graves. Ainda há racismo em Portugal. Algum KIKO foram os gozos que o meu pai me fazia constante- DJUBSU bem escondidinho e disfarçado. mente antes de eu sair de casa, quando comecei a Qual foi a melhor coisa que já te disseram? usar roupas mais femininas e a usar maquilhagem. Eu sou uma pessoa intensa. Demasiado até...e sei dis- Ao longo do tempo tenho feito as pazes com isso, so. Toda a gente tem os seus demónios e eu conheço (JAY)como é obvio. Tento entender que é uma geração (LARA) bem os meus, mas a verdade é que concordo quando diferente e sei que esses comentários para ele não me chamam boa pessoa. No Arraial Pride 2018 em tiveram tanta importância. Lisboa, estive no palco com os restantes 4 membros Mas a verdade é que as coisas que nos acontecem da CASA DO CAIS. Esta tarde foi quente e super bem em estágios primários da vida, são coisas que mui- Qual foi a pior coisa que já te disseram? passada. Numa das vezes que desci para dar água tas vezes nos seguem e nos acompanham para o Claro que, ao contrário dos meus amigos e colegas a jovens que lá estavam há várias horas, vejo uma resto do dia. da série, as ofensas mais fortes que ouvi na vida fo- menina entusiasmada que pareceu querer vir comi- Sabendo de como a opinião do meu pai afetou a mi- ram raciais. Acho go ao palco. Chama-se nha auto-estima e criou que não consigo Madalena e deu-me um em mim inseguranças eleger uma coisa abracinho com aqueles enormes, faz-me que- que tenha sido bracinhos de 9 anos e eu rer e apelar a todos os pior que as ou- retribui. Ela queria subir pais que tenham em con- tras, num leque ao palco e com autori- sideração que os vossos de coisas feias zação da mãe, lá conse- filhos são pessoas indivi- que me disseram. guimos concretizar este duais, com vontades pró- Mas destaco en- desejo. Antes de subir ao prias, gostos diferentes, tão duas histórias. palco com a Madalena, a e não tem mal quererem A primeira acon- sua mãe disse-me que explorar isso, já é difícil o teceu quando eu estavam ainda à espera suficiente lá fora e é ain- tinha uns 12 anos do seu filho mais velho. da pior quando esse jul- e na segunda, 19. Não me lembro do nome, gamento vem de dentro Nesta primeira mas ele tinha 17 anos e de casa, do nosso supos- história, morava sofria de bullying na esco- to lugar ''seguro''. em Campolide, es- la por ser gay. Sem adian- Qual foi a melhor coisa tava a regressar tar muito esta conver- que já te disseram? da escola, e es- sa, subi ao palco com a Não é engraçado como tava muito pen- Madalena e dançámos... por vezes nos lembramos sativa. Atravessei A Madalena tomou conta muito mais rapidamente a estrada sem do palco do Terreiro do das coisas negativas que estar verde para Paço sem grande ajuda. nos disseram, do que as peões e um taxis- Pouco antes de levar a positivas? ta ficou chateado menina de volta para a Tenho a sorte e o privi- (o que percebo). mãe, pedi para o André légio de poder dizer que Este senhor podia Mariño tirar a música. já perdi também a conta ter mandado vir e Apresentei a Madalena das coisas boas que me com razão, mas e falei do seu irmão, que disseram. Tive a sorte de não… Abrandou era alvo de preconceito conseguir viajar por todo a velocidade e e ignorância. Olho para o país na altura que co- acompanhou-me a Madalena e pergunto mecei e me tornei uma uns bons metros se ela quer dizer alguma estrela no Youtube e as a gritar ofensas. coisa ao microfone. Ela coisas que ouvi de jovens Um outro taxista, pega no microfone e diz frágeis, de como a minha decidiu juntar-se que sabe que o irmão é pessoa, os meus vídeos, a ele. Entre várias gay e que o ama muito. E os fizeram ter mais co- ofensas raciais, ouvimos uma enorme sal- ragem, serem mais eles lembro-me bem va de palmas. Descemos próprios, não se impor- de algumas frases: para ir ter com a mãe da tarem com o que as pes- “Na tua terra não Madalena, que estava a soas dizem...é realmente deve haver semáforos.” e o clássico: “Preta de merda!”. chorar. Dá-me um abraço forte e diz-me: “Obrigada”, recompensador. Não podia pedir mais nada com o Quando cheguei a casa, fechei-me no quarto, chorei ao que respondi: “Obrigada eu!” e abraçámo-nos. Kiko (Jay) que eu faço. Por vezes dou por mim a pensar que durante horas. Um misto entre raiva e culpa. Tive São momentos como este que me enchem o cora- a minha existência terá esse propósito na terra. A imensa vontade de fazer mal a mim mesma. Nunca ção e me fazem ter a certeza de que o tenho no sí- Qual foi a pior coisa que já te disseram? minha mera existência é política. A maneira natural mais me esqueci dessa tarde... A segunda história é tio certo...apesar da cabeça estar sempre na Lua. Acho que podia escrever um livro de insultos que as com que olho e vivo a minha vida, abre portas para conhecida pela maioria da malta que me conhece. Eu Descreve a 2ª temporada da #CasaDoCais numa palavra… pessoas já direcionarem à minha pessoa. Já perdi a jovens que não vivem no centro de Lisboa, como eu, fazia vídeos para o Youtube com o nome DJUBSU e Ousado! conta ao longo destes 8 anos de vida ''pública'' das percebam que existem pessoas como eles. Que pen- esse acabou por ser o vídeo mais visto, comentado vezes que completos estranhos tiveram opiniões ne- sam como eles. Recordo-me em especial, de uma e partilhado do meu canal. Tinha ido sair com umas gativas sobre mim, e pior, que tiveram a necessidade menina que teve internada no hospital, com graves amigas e do grupo de cinco amigas, fui a única a ser de expressá-la dirctamente a mim. Paneleiro, gay, bi- problemas mentais e que começou a ver os meus impedida de entrar naquele espaço noturno (que vim cha, aberração, devia arder no Inferno, fútil, estúpi- vídeos e lentamente conseguiu tomar cada vez me- a saber mais tarde ter um extenso, preconceituoso e do, inútil para a sociedade, traveca... Acho que não nos medicação, e sentir-se cada vez melhor. Ainda violento historial). Sem olharem para mim diretamen- há nada que não me tenham chamado. Podia tam- hoje tenho arrepios quando penso nisso. te, disseram apenas que o motivo era a minha afro. bém falar claro, dos anos, pré-estrelato, na escola, Descreve a 2ª temporada da #CasaDoCais numa palavra… Na altura achei tão descabido que não consegui ficar em que fui alvo de bullying diário. Em que contei com Transformadora.

34 CULTURA 35 CULTURA de uma rapariga que se assumiu aos pais e estava várias disciplinas, fez com que eu estivesse um bo- a explorar o seu lado masculino por causa da série. cado à toa e não estivesse a conseguir ter o melhor Fez‑me sentir ainda mais que o conteúdo que eu es- aproveitamento. tou a criar, apesar de ser leve e hedonístico, traz à Tinha nessa altura um professor de Design muito ANDRÉ MARINÑO luz representação que não existe em Portugal. Uma LENA (BIA) peculiar, que se viria a tornar alguém muito impor- representação multifacetada e natural, em que o tante para mim. O professor Maia, era o género de define a personagem não é sair do armário contra Qual foi a pior coisa que já te disseram? professor que não levava muito a sério alguns pro- os pais odiosos, onde os corpos não sou perfeitos, Já me fizeram um ou outro insulto graves que pen- tocolos universitários. (ALEX) onde as ideias do que é ser homem ou mulher, fe- so não serem tão merecedores de serem abordados O Professor Maia era bruto, mas de alguma forma, minino ou masculino são questionadas visualmente. aqui, talvez por agora serem mais irrelevantes. Mas eu sentia que ele pensava fora da caixa da maioria Acima tudo, uma representação em que o dilema posso partilhar que alguns comentários feitos a pes- dos professores no ensino privado, talvez por isso não é como a sociedade vai lidar connosco, que por soas de quem gosto, como ao Kiko ou à Pep, marca- até tenha comprado algumas “guerras” dentro do Qual foi a pior coisa que já te disseram? si só já tem um subtom de exclusão, mas sim como ram-me bastante e fizeram-me sentir tão ou mais in- sistema da universidade, mas eu sentia que ele tinha É estranho, mas numa viagem pela minha memória, não moldamos e fazemos parte da sociedade. Enfim, uma sultada do que se tivesse sido comigo própria. Fiquei visão e que era um bom professor. Chegou o dia da consegui voltar com uma lembrança de um momen- representação que me teria ajudado imenso há uns um bocado chocada quando comecei a perceber que entrega final a Design no 1ª semestre. O professor to crucial, em que anos atrás. ainda são muitos os insultos a pessoas que fogem Maia veio à minha mesa e disse-me: “Helena. (pausa me tenham dito Descreve a 2ª temporada ao que é considerado “normal” para uma parte da dramática) Tu és um diamante em bruto.” Eu olhei-o algo que me dei- da #CasaDoCais numa sociedade mais convencional, sejam eles comentá- incerta porque me parecia um elogio mas as suas xou incapacitado palavra… rios homofóbicos, ra- mãos a segurar a testa como de alguma forma. Creio que a palavra cistas, xenófobos, ou se tivéssemos ali um problema, Acho que foram que define melhor a outros. Por exemplo, diziam-me o contrário. “Mas sempre pequenos #CasaDoCais esta tem- lembro-me uma vez tens de lapidá-lo. Sem isso, ÉS cortes: um "ma- porada, como a anterior, que estávamos eu, a SÓ UMA PEDRA!”. Ainda hoje ricas" a apunha- é diversidade. Acho um Pep, a Soraia e o Kiko, me dá vontade de rir quan- lar ali, um "bicha" triunfo ver uma estação no Lux a dançar e um do me lembro disto, porque a espetar acolá, nacional pegar num pro- homem aproxima-se foi quase um “turn off” mas entre outras pa- jecto nada "friendly" e da Pep e apalpa-lhe com esperança de que um dia lavras que me es- que representa imensas as mamas descara- poderia aprender a lapidá-lo. faquearam figura- facetas da comunidade damente com as 2 No 2º semestre, o professor tivamente a partir LGBTQ+ de uma maneira duas mãos. Ficámos Maia deu-me 18 valores no do meu 5º ano. que não é didática, pe- todos em choque. A projecto final e encheu-me de Porém, lembro-me dagógica ou moralista. Pep foi apanhada tão orgulho. Com este professor distintamente da Principalmente num país desprevenida quem aprendi que nem tudo está primeira vez que demograficamente mui- nem conseguiu rea- certo ou errado, nem tudo é me chamaram, a to envelhecido e um ba- gir apenas tirar-lhe bom ou mau, o importante é grande e pomposa ckground religioso com as mãos de cima dela dedicarmo-nos verdadeira- palavra: panelei- séculos e séculos. e dizer-lhe: “Tas-te a mente àquilo que queremos ro. Recordo-me, passar?”. O homem alcançar porque temos mais não pela dor in- disse sem vergonha capacidades do que normal- fligida mas pela na cara: “És um gajo ou mente achamos. inocência com a uma gaja?” Claro que Descreve a 2ª temporada da qual a recebi, já na raiva do momento #CasaDoCais numa palavra… que eu não sa- e perante o desres- Empoderadora, seria uma das bia o que era. Só peito, tivemos todos palavras que poderia escolher! conseguia sentir o vontade de lhe bater, A CASA DO CAIS é um projec- tom depreciativo, o que não iria resolver to que foi pensado para dar sem o meu cére- nada, por isso, viemos- representação a esta comu- bro fazer a asso- -nos apenas embora nidade que já não se escon- ciação completa, imediatamente. de como antigamente, mas porque acima de Com isto quero dizer que ainda necessita de muito tudo, nem eu com- que também os actos trabalho para que possamos preendia que re- podem ser insultos, sentir-nos seguros e respei- ferenciavam a mi- aliás muitas vezes, a tados por este mundo fora. nha sexualidade. forma como tratamos Pelo que alguns fãs me con- Da qual eu nem as pessoas, como as olhamos, como insinuámos algo tam, acredito que trouxe compreensão, companhia tinha consciência, de forma irónica sem ser um insulto directo, são os e amizade para muitas pessoas que se sentiam sozi- pela falta de representação que este país tinha. Mal piores insultos porque estão disfarçados e não dão nhas na sua orientação, género e/ ou identidade, no sabia eu que essa palavra ia ser uma constante, nos tanta oportunidade à outra pessoa de se defender. contexto do seu dia-a-dia. Deu esperança a muitas corredores, em sussurros, em berros na minha cara, Para quem sofre com estas questões, não tenham pessoas, deu força a tantos outros para se assumi- quando me deram um murro ou quando me rodo- medo de o dizer se sentirem que algo que vos dis- rem aos seus familiares, amigos e colegas, mesmo piaram pelos pés e me atiraram contra uma parede seram não é respeitoso. É a conversar que nos tor- nas terrinhas menos desenvolvidas para estes assun- deixando-me hospitalizado. Contudo, "paneleiro" é namos mais informados, mais entendedores e, por tos. E desconstruiu alguns preconceitos, recorrendo meramente uma palavra e há que pegar nela e nou- isso, menos ignorantes, que é um dos motivos pelos sempre à comédia, que para mim torna o conteúdo tras e virá-las ao contrário dentro dos nossos meios, quais eu acredito que há tantos insultos. mais divertido de consumir e deixa a mensagem de tirar-lhes o peso, dar-lhe outro. Para quando ouvires Qual foi a melhor coisa que já te disseram? que podemos sempre rir-nos do quão estúpido pode "paneleiro" ou seja o que for, não sentires absoluta- Quando estava no 1º ano da minha licenciatura em por vezes ser a nossa realidade, mas que podemos mente o peso das inseguranças das outras pessoas Design Industrial, tive uma negativa no primeiro se- contribuir para a sua mudança, todos os dias um projectadas em ti. mestre à cadeira mais importante, Design. Com todas bocadinho. Não apenas nos gestos arrojados e co- Qual foi a melhor coisa que já te disseram? as novidades e maluqueiras do mundo académico, rajosos, mas nos pequenos gestos, vivendo a nossa Não sei se será a melhor coisa que já me disseram e somando a isso a quantidade absurda de traba- verdade e tentado contribuir para um país mais in- mas significou toneladas para mim ouvir da boca lho que tínhamos que entregar todas as semanas a clusivo e igualitário, por isso, menos injusto.

36 CULTURA 37 CULTURA A Uau project é uma formação de designers, fundada em 2011, por JUSTYNA FALDZINSKA e MILOSZ DABROVSKI. Ambos residentes na bonita cidade de Varsóvia, pertencem a uma geração de designers que desenvolve um trabalho perti- nente, longe já dos ideais de design racionalista militados no século XX, do cinzentismo da escola de Ulm e dos prin- cípios redutores industrialistas. O design das novas gera- ções não se cuíbe de oferecer um festival de cores e for- mas, profíquo, para deleite de muitos.

UAU PROJECT Esta policromia é visível em vários dos projectos da Uau. Sobretudo os mais recentes e coloridos candeeiros Neptune, Anemone, Bubble e Bloom. Causam perplexidade e alegria quando os descobrimos ou vislumbramos. São, de facto, tão delicados pelas suas formas e riqueza pantone que fa- zem jus ao próprio nome: Uau! A fonte criativa de MILOSZ e JUSTYNA é inesgotável, fresca e livre. E não são alheios às questões de sustentabilidade. O mais recentes candeeiros da dupla de designers provenientes da Polónia são feitos de materiais recicláveis, sobretudo oriundos de bioplásticos MATERIAIS RECICLÁVEIS à base de plantas. O chamado PLA. O PLA é um polímero composto por moléculas de ácido láctico orgânico de ori- gem biológica. Mais precisamente designado por Poliácido láctico, ou poliláctico. Diz-se que foi criado algures, por GARFILL DOW, em 2000. Não há muito tempo, e deriva de uma simples e banal planta, o milho. O estranho PLA está mais próximo de nós do que julgamos, e já deve ter entrado em todas as nossas casas. É usado em embalagens alimen- tares descartáveis, à escala global, e por marcas que todos conhecemos, como a Tetrapack. A boa rigidez, elasticidade, UAU PROJECT UAU PROJECT capacidade de moldagem, entre outras propriedades me- cânicas, como o comportamento termoplástico, tornaram- -no um material especial, de eleição para estes candeeiros. E as mesmas qualidades deste polímero parecem “casar” bem, e sem grande dificuldade, com as formas fluídas digi- tais que a Uau desenha e cria, usando softwares próprios.

Já passaram alguns anos para concluirmos, sem grande di- ficuldade, que a esfera virtual trouxe com ela múltiplas pos- sibilidades criativas e estéticas, e que, através de scanners 3D, essas esferas, desenvolvidas digitalmente, podem ser UAU PROJECT trazidas para a nossa realidade palpável, das coisas analó- gicas. MILOSZ e JUSTYNA conseguem-no, através dos seus maravilhosos candeeiros. Por isso, é sempre agradável poder tocar na “realidade virtual”, tocar nos candeeiros Neptune, por exemplo, e poder passar as nossas mãos pelas super- ficies texturadas e estriadas. Consistindo numa experiên- cia plena de sentidos.

MATERIAIS RECICLÁVEIS o r C a r l a C a o p r b x t o n UAU PROJECT t e e UAU PROJECT UAU PROJECT 38 DESIGN 39 DESIGN No fim-de-semana anterior ao fecho deste artigo, a série do Netflix WHEN THEY SEE US, foi distinguida nos Emmy de Artes Criativas com o galardão de Melhor Filme/Série Limitada.

A série relata a experiência dos cinco exonerados, previa- mente explorados pelos media como Os Cinco do Central Park, um grupo de rapazes afro-americanos adolescen- tes, entre os catorze e os dezasseis anos, que caíram nas garras dos preconceitos e da falta de discernimento, da ganância e do individualismo tão prevalecentes na socie- WHEN THEY SEE US YOUSEFdade capitalista, sendo erroneamente acusados da viola- ção de uma mulher (branca) no dito Central Park de Nova Iorque, em 1989. Não haviam provas físicas que os acu- sassem (aliás, as que existiam gritavam que os jovens não eram os culpados e foram intencionalmente ignoradas), e os adolescentes não tiveram sequer o direito de voltar a ver a luz do dia ou a despedirem-se das suas famílias — antes de cumprirem as sentenças (variadas, entre 5 a 15 anos) que os mantiveram ilegalmente encarcerados. When They See Us é baseado na história real de ANTRON MCCRAY (Caleel Harris/Jovan Adepo), KEVIN RICHARDSON (Asante Blackk/Justin Cunningham), KOREY WISE (Jharrel Jerome), RAYMOND SANTANA JR. (Marquis Rodriguez/Freddy Miyares) e YUSEF SALAAM (Ethan Herisse/Chris Chalk). Na reunião organizada por OPRAH WINFREY e também disponível no WH E N KEVINmesmo popular website, as vítimas expuseram que estão traumatizados para sempre. Cumpriram, no entanto, um importante propósito. A série, escrita e realizada pela bri- lhante AVA DUVERNAY foi nomeada para 16 Emmys no total e causou indignação por todo o mundo. Aconselha-se al- guma preparação ao espectador: trata-se de uma descri- ção emocional e que induz a reflexões fortes e profundas. É difícil mas absolutamente obrigatória.

Mas o que tem este assunto, reflexo tão fiel da voracidade americana, a ver com o nosso pacato país? Um caso como este poderia acontecer em Portugal? Não? Tudo aponta para que poderia. Recentemente, um artigo sobre quotas para as minorias étnico-raciais no Parlamento, escrito por alguém que se teria ocupado de estudar História e publica- do num dos principais jornais portugueses —que já não são TH EY ANTRONnem muitos nem encerram uma agenda variada— chocou o país. Esta era uma absurda carta aberta, repleta de cita- ções grosseiras próprias de imaturos e malcriados, como mulheres de minissaia e pernas abertas na mesa de café. Uma vergonha para a sociedade evoluída e um embaraço para os media portugueses. Alguns ainda tentaram escrever artigos para tentar salvar a situação mas estas foram igual- mente tristes. A realizadora AVA DUVERNAY comentou sobre o propósito do seu trabalho: é importante que as pessoas (que cometem crimes de racismo) sejam responsabilizadas. Essa responsabilidade está a ser realizada através deste produto de entretenimento. Ela, (referindo-se á promotora de justiça LINDA FAIRSTEN que trabalhou para condenar os jovens-vítimas) é parte de um sistema que não está débil, mas que foi criado mesmo assim. Foi criado para colocar SEE US KOREYumas classes ou culturas acima das outras e criado para controlar. Foi criado para desenhar a cultura num formato próprio para reter algumas pessoas e propulsionar outras. Para lucrar. Para oferecer benefícios políticos e poder a al- guns e dispersar outros”. YOUSEF, KEVIN, ANTRON, KOREY & RAYMOND. Eu. Tu. Eles. Nós. Todos.

a d e N a n ó b r e D i g a r o p o t x e WHEN THEY SEE US RAYMOND t 40 SOCIEDADE 41 SOCIEDADE “Não sou um homem. Não sou uma mulher. Não sou hétero. e redirecionar os corpos para o binarismo legal”, acrescen- Não sou homossexual. Também não sou bissexual. Sou um tou na mesma entrevista. dissidente do sistema sexo-género. Sou a multiplicidade do cosmos presa a um regime político e epistemológico biná- O seu processo de redesignação de género de BEATRIZ para rio, gritando à vossa frente”. É desta forma que o filósofo PAUL, através de injeções hormonais, mutações no corpo e transgénero e ativista queer PAUL B. PRECIADO se define. mudança de nome foi o ponto de partida do recente livro O excerto está incluído no recente livro “Un apartamento “Un apartamento en Urano” (ainda sem data de lançamento en Urano: Crónicas del cruce” (2019), no qual o autor ques- em Portugal). Além de abordar questões relacionadas com tiona e analisa as normas políticas e as atuais estruturas a transição de género, o filósofo e comissário de arte es- sociais, culturais e sexuais. panhol reflete também sobre a crise grega, as novas for- mas de violência masculina, o feminismo, a apropriação PAUL B. PRECIADO, que nasceu BEATRIZ PRECIADO em 1970, tecnológica do útero, o movimento zapatista no México e em Burgos (Espanha), é um dos mais influentes autores a américa de Trump, por exemplo. contemporâneos sobre questões de género, corpo, identi- dade, sexualidade e teoria queer. Sob a mentoria de ÁG N ES A maior parte da sua obra baseia-se na análise da expe- HELLER e JACQUES DERRIDA, estudou Filosofia e Teoria do riência humana que se encontra em espaços intermédios Género na New School for Social Research de Nova Iorque. ou de transição. Espaços que rompem ou se opõem às for- Posteriormente, obteve um doutoramento em Filosofia e mas de poder, quer políticas, identitárias ou sexuais. “A tra- Teoria da Arquitetura pela Universidade de Princeton. vessia é o lugar da incerteza, da não-evidência, do estranho. E isto não é uma fraqueza, mas um poder”, afirma o ativis- Segundo a revista Art Review, PAUL B. PRECIADO é tam- ta. Para PENSADO, os migrantes são aqueles se encontram bém uma das 25 pessoas mais influentes da arte con- numa condição de maior cruzamento, na medida em que temporânea, devido ao seu trabalho de curadoria de arte. atravessam os limites de género, geográficos, políticos, Entre 2011 e 2014, foi diretor de Programas Públicos do nacionais e sexuais. Museu de Arte Contemporânea de Barcelona (MACBA) e diretor do Programa de Estudos Independentes (PEI). Foi “A mudança de sexo e a migração são as duas práticas de tra- também curador de Programas Públicos da 14.ª edição da vessia que, ao porem em xeque a arquitetura política e legal Documenta, que ocorreu em Kassel e Atenas em 2017. A do colonialismo patriarcal, da diferença sexual e do Estado- Documenta acontece de 5 em 5 anos e é a maior exposi- nação, colocam o corpo humano nos limites da cidadania e ção de arte contemporânea a nível mundial. Recentemente, até do que entendemos por humanidade. O que caracteriza PRECIADO foi curador do pavilhão de Taiwan na 58.ª Exposição as duas viagens, para além do deslocamento geográfico, lin- Internacional de Arte - Bienal de Veneza 2019. guístico ou corporal, é a transformação radical não só do via- jante, mas também da comunidade humana que o acolhe ou Em 2002, lançou o livro “Manifesto Contrassexual” sobre a rejeita. O antigo regime (político, sexual, ecológico) crimina- construção política e social do sexo e a produção da sub- liza todas a práticas de travessia”, declara num fragmento jetividade como forma de resistência, que o tornou numa do novo livro. figura de referência do pensamento queer e do ativismo trans. Embora o “Manifesto Contrassexual” apenas tenha sido Defende abertamente que o sexo é uma imposição política editado em Portugal pelas Edições Unipop em 2015 (13 anos e confessa que enfrentou desafios quando começou a ter após a publicação do original), continua a ser uma leitura “uma aparência masculina e continuava a ter um passaporte imprescindível nos dias de hoje. Influenciado pelas teorias com identidade feminina”. “Cruzar a fronteira era um desafio. de JUDITH BUTLER, MICHEL FOUCAULT e DONNA HARAWAY, o Apercebi-me da precaridade do nosso estatuto de cidadania”, filósofo espanhol renuncia a ideia de uma identidade se- disse à revista ICON em junho de 2019. xual fechada e determinada naturalmente. É também autor de outros livros de referência como “Testo Yonqui” (2008) Ao questionar e atravessar o regime de poder instituído, e “Pornotopía” (2010). o percurso do autor espanhol possibilita uma reflexão en- riquecedora sobre a humanidade. O constante apelo ao PRECIADO acredita que o feminismo é necessário mais do afastamento das normas e a procura pela liberdade colo- que nunca como resposta à ordem social altamente nor- cam PAULO B PRECIADO na linha da frente dos estudos de mativa. Defende também que identidade de género e a raça género e da teoria queer. são uma invenção do patriarcado colonial desde o século X V. “A nossa tarefa não deve ser a identificação, mas sim de não identificação contra as políticas heteropatriarcais, que defendem que se uma mulher não for mãe, é uma pária”, afir- mou em entrevista ao El País, em abril de 2019.

Em 2014, PRECIADO anunciou que estava em processo de transição do sexo feminino para o masculino. Acredita que a homossexualidade e a heterossexualidade são invenções políticas. É um assumido defensor da diversidade e vê a transexualidade como um ato político. Por isso mesmo, o autor do “Manifesto Contrassexual” tenta evitar a utilização p o r M i g u do sistema binário (homem-mulher ou masculino-feminino). x t o e l Em entrevista ao jornal EL Mundo, em abril de 2019, afirma t e R segmentar a população o que este sistema tem como objetivo “ d em dois nichos de reprodução biológicos, estabelecendo nor- r i mativamente a heterossexualidade como núcleo familiar”. No g entanto, este paradigma entrou em crise na década de 40, u “porque a medicina confirmou que existem variações genéti- e UM DISSIDENTE DO SISTEMA s cas, morfológicas e cromossómicas”. “Assim nasceu a inter e SEXO-GÉNERO a transexualidade, de modo a aplicar operações e hormônios

42 SOCIEDADE 43 SOCIEDADE BAD tricot MARCIANO LOS ANGELES blusão LEVIS BOY calças DOCKERS calças LEVIS botas PALLADIUM camisola LACOSTE ténis CONVERSE fotografia FREDERICO SANTOS (@fredericcosantos) styling DANIELA GIL (@gildanielar) make-up LAURA COSTA (@makeuplauracosta) model DOUGLAS HERTZMAN (@douglashertzman) → Elite Lisbon (@elite_lisbon)

44 45 tshirt VANS calças INÊS TORCATO sapatos BIRKENSTOCK

casaco ANTONY MORATO camisa FRED PERRY boina FRED PERRY

46 47 casaco PATRICK DE PÁDUA blusão LEVIS camisola FRED PERRY chapéu NEW ERA cachecol FRED PERRY calças LEVIS botas MERREL 48 49 HEY sweatshirt FILA HEY top DAVID FERREIRA chocker DINO ALVES ténis (esq.) BUFFALO fotografia FREDERICO SANTOS (@fredericcosantos) ténis (dir.) UGG ass. foto RICARDO ARRIAGA (@arriaga_ricardo) styling SARA SOARES (@cest.fantastique) make-up BEATRIZ TEXUGO (@beatriz.texugo.mua) model EMMA HOPKINSON (@emmahopkinson_) → Karacter Agency (@karacteragency) studio ColorFoto (@colorfoto)

casaco INÊS TORCATO tshirt YUMMI chapéu LACOSTE X GOLF LE FLEUR calções LACOSTE X GOLF LE FLEUR óculos DIOR em Olhar de Prata

50 51 sweatshirt FILA calças FILA top RICARDO ANDREZ óculos MIU MIU na Olhar de Prata

casaco GONÇALO PEIXOTO sweatshirt CONVERSE

52 53 casaco GONÇALO PEIXOTO ténis BUFFALO chapéu NEW ERA

calções NEW ERA camisa ERA cachecol FILA ténis BUFFALO

54 55 casaco GONÇALO PEIXOTO tshirt JOÃO MAGALHÃES

casaco GONÇALO PEIXOTO sweatshirt CONVERSE tshirt VOLCOM calças FILA ténis CONVERSE

56 57 WILD Eliana → SIDE top OUTRA FACE DA LUA casaco TWINSET saia TOMMY HILFIGER fotografia PEDRO LEOTE brincos BERSHKA styling PEDRO APARÍCIO make-up CATARINA PINTO model ELIANA → OnWay Models DIOGO A. GOMES → Just Models

Eliana → Diogo → top MAFALDA FIALHO camisa e hoodie FRED PERRY camisola, saia e botas GUESS calças VANS brincos BERSHKA sapatilhas CONVERSE

58 59 Diogo → Diogo → Eliana → colete e jardineiras TOMMY HILFIGER camisola SCOTCH & SODA polo OUTRA FACE DA LUA calças TOMMY HILFIGER casaco GUESS boxers CALVIN KLEIN saia OUTRA FACE DA LUA correntes OUTRA FACE DA LUA cinto GUESS óculos WIDE SHADES óculos WIDE SHADES

60 61 Diogo → Diogo → Eliana → camisola SCOTCH & SODA calções PATRIK DE PÁDUA top JUST CAVALI calças TOMMY HILFIGER calças GUESS boxers CALVIN KLEIN óculos WIDE SHADES correntes OUTRA FACE DA LUA brincos BERSHKA óculos WIDE SHADES

62 63 Diogo → Eliana → Diogo → camisa e hoodie FRED PERRY top OUTRA FACE DA LUA top OUTRA FACE DA LUA calças VANS casaco TWINSET óculos WIDE SHADES saia TOMMY HILFIGER brincos BERSHKA

64 65 EAST MAMBO

texto por Maria São Miguel

EAST MAMBO Rua Latino Coelho, 87A

Seg. → Qua. 11:00 → 16:00

Qui. → Sáb. 11:00 → 16:00 19:00 → 22:30

T 218 027 906

Até um kebab pode ser elevado se exige que o sítio seja rápido, tandoors indianos, com carvão e ao grau da excelência. Esta é a porque ainda assim, não pode fugir lenha sempre a arder que dão o tal proposta de BERNARDO AGRELA um ao imaginário do fast food. O menu cheiro fumado à sala. Um dos kebabs reputado chef que num projecto um tem kebab e bebida (10€), o leva borrego, molho agridoce, outro pessoal emprega todo o seu dois acrescem as batatas com tem frango tikka, gel de laranja. conhecimento de alta cozinha no dupla fritura (12€), o três tem tudo Há um vegetariano com falafel maravilhoso mundo do junk food e isto e um mix de entradas (15€) e de favas e o quarto é de gambas, o resultado é uma conjugação de o quatro, mais simples, tem sopa, que são fritas com um molho que sabores frescos que é um festim salada e bebida (6,50€). Os kebabs tem tanto de doce como de ácido. para o palato. A magia acontece são feitos numa miniatura de um São servidos abertos e é o cliente num espaço pequeno perto de São forno tandoor, uma peça em barro que os fecha, juntando as duas Sebastião onde o menu aparece com caixa de areia que pesa uns metades do pão e envolvendo-o escarrapachado nas paredes porque 100 quilos e é uma reprodução dos com o papel em que são servidos.

LESSA Depois de uma passagem pela balcão corrido e uma carta curta cozinha do chef KIKO, ANDRÉ PINTO sem grandes complicações onde texto por Maria São Miguel BAP TISTA, ex-engenheiro com podemos encontrar referências a formação na Escola de Hotelaria clássicos como croquetes de leitão do Porto, resolveu dar um salto, da Bairrada, camarão ao alho com lançando-se num projeto novo por manteiga de ervas, pica-pau com conta própria. Abriu um restaurante molho de carne, preguinho no pão em Leça que se chama Lessa por e sandes de presunto e ovo Já referência ao nome da rua, a Santos referente ao peixe, podemos ter uma Lessa. Apaga da memória o antigo conserva do dia feita na casa ou a café escuro propondo no seu lugar pescaria frita em farinha de milho, um espaço luminoso com vista que pode variar entre petingas, para o mar. Como não podia deixar choco ou lulas, dependendo do que de ser é um espaço que privilegia houver de mais fresco no mercado. LESSA os produtos do mar, mas não quer Há ainda ceviche e tártaro que Rua Santos Lessa, 129 enquadrar‑se nos parâmetros da tanto pode ser de peixe como de Leça da Palmeira, Matosinhos cervejaria/marisqueira como outros novilho. Para pratos substanciais que podemos encontrar na zona. É propõe a sua versão de arroz de Ter. → Dom. um espaço pequeno que se quer sem marisco com molho de cataplana e 12:00 → 22:00 cerimónias, aberto todo o dia com um carolino de feijão com bochecha propostas de refeições versáteis. de porco, cozinhada lentamente. T 221 141 045 Por isso mesmo mantiveram um

66 PARQ HERE 67 PARQ HERE ModaLisboa 2019 | Photo: Carlos Teixeira | Models: Karacter: Afonso Peixoto, Carla Pereira, João Pacola; Central: Edy, Isabella; We are Models: Beatriz Ferreira, Prisca | Design: Joana Areal are Models: Beatriz Ferreira, Prisca | Design: Joana Isabella; We Afonso Peixoto, Carla Pereira, João Pacola; Central: Edy, | Models: Karacter: Teixeira ModaLisboa 2019 | Photo: Carlos by LUCAS BERNARDES Eneko Atxa em Lisboa assado e descascado com molho, ENEKO manteiga de café e cebola roxa de LISBOA De uma assentada, Lisboa ganha zalla, camarões da costa com gel + BASQUE dois resturantes com conceitos vegetal e granizado de tomate velho separados por uma leve cortina. ou castañeta de porco ibérico com texto por Francisco Vaz Fernandes Serve-lhes de palco o Antigo bombons de queijo Idiazabal e caldo Alcantara Café que sem grandes de cogumelos são alguns exemplos. alterações não deixa de continuar a POP-UP STORE ser um dos espaços mais bonitos da Basque cidade. São uma proposta do grupo MODA E LIFESTYLE ANTIGAS OFICINAS GERAIS DE FARDAMENTO de Penha Longa Resort que tem por A lembrar uma típica tasca E EQUIPAMENTO DO EXÉRCITO trás um dos mais aclamados chefs basca, Basque terá uma carta 11.12.13 OUTUBRO 2019 catalães, ENEKO ATXA, três estrelas com vários pratos (alguns deles 14H00–22H00 #LISBOAFASHIONWEEK Michelin a frente do seu Azurmendi, petiscos) ideais para partilhar. considerado o 14.º na lista do The Lulas em tempura japonesa com World’s 50 Best Restaurants. cebola confitada por 48 horas, Uma iniciativa conjunta Cofinanciado por BASQUE mexilhões na brasa levemente Ter. → Sáb. Eneko Lisboa fumados, sames de bacalhau no 19:00 → 24:00 forno em molho biscainho ou carré Restaurante de fine dining, que de cordeiro na brasa com puré de Parceiro Tecnológico Patrocínios Viatura oficial Hotel oficial Parceiro Mobilidade Apoios ENEKO LISBOA repete o modelo do Eneko Bilbao, alho confitado e jus de cordeiro, Ter. → Sáb. onde serão servidos dois menus de são quatro sugestões de um 19:30 → 23:30 degustação: Erroak e Adarrak. Neles menu que inclui ainda opções de Parceiros Tv oficial Rádio oficial Tv internacional figuram alguns dos pratos mais sobremesa. Ambos os restaurantes Rua Maria Luísa Holstein, 13 conhecidos do Azurmendi e outros contam com a supervisão do chef

Lisboa que serão novidade. O lavagante residente, LUCAS BERNARDES. Parceiros de Media

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