revista digital

#4 - ano 1 - DEZEMBRO 2012 supernovo.net

+ especial 50 anos dos rolling stones O que esperar de O Hobbit + ARGO + a origem dos guardiões + cloud atlas + o homem da máfia + amanhecer parte 2

+ assassin’s creed iii + : absolution + call of duty: black ops ii + medal of honor: warfighter +angry birds: star wars Leandro de Barros editor @leco90 editorial lá nobres e gloriosos leitores, sejam bem-vindos à mais uma edição da SuperMag, a revista digital mensal do Supernovo. Se essa é a sua primeira vez, puxe uma cadeira e sinta-se em O casa. Tem cerveja na geladeira. Essa edição da SuperMag está recheada de conteúdo analítico. No cam- po do cinema, vários filmes estrearam na nossa frente e seria um crime não falar de obras tão interessantes como A Viagem, Argo e O Homem da Máfia, mesmo que isso signifique ter de falar sobre Amanhecer: Parte 2 por coerência. Além disso, uma matéria bem especial sobre O Hobbit, um dos candidatos a lançamento do ano, te aguarda nas próximas pági- nas.

Quando o assunto é games, o bicho pega, com o perdão dessa expressão tão boba. Novembro foi o mês de grandes lançamentos na indústria ga- mer e não dava pra deixar passar a chance de dissecar Hitman: Absolu- tion, novo jogo do Agente 47, Assassin’s Creed III, dessa vez com um novo assassino, além de treinar para a 3ª Guerra Mundial nos FPS’s Call of Duty: Black Ops 2 e Medal of Honor: Warfighter.

Mas não é só isso, meus queridos leitores. Que experiências mágicas ain- da temos pela frente! Os Rolling Stones completam 50 anos e nós anali- samos a história da banda, recheada de drogas, rock e mulheres. Para sermos honestos com o rock britânico e não favorecer nenhum lado, tra- zemos uma matéria sobre Os Beatles em vinil também.

E ainda tem muito mais nessa tal de SuperMag, camaradas. Tem dicas sobre Hajime no Ippo, Mockingbird Lane, As séries que voltam em Janei- ro, Angry Birds: Star Wars, nosso ácido macaco refletindo sobre a vida e o polêmico final de Caverna do Dragão, pelo menos dois anos depois dele ser produzido em quadrinhos – pontualidade é o nosso forte.

Enfim, divirta-se. Todo esse conteúdo foi feito justamente pra isso. jackresponde

Galera, não consigo baixar a Super- “Pfv, quero essa revista em papel. Colecioná-la desde a primeira edição!” Mag #3, o link está errado… – Tales Marques, comentário – Paulo Souza, por email. Alô editoras nacionais, a voz do povo é a voz de Não é problema do link, Deus, hein? é que o servid… “Ta tao boa q eu to ficando com medo q vocês vão dominar o mundo” – Hermann Rainer sobre a SuperMag #3 “Deu erro aqui” – Tiago Macha- do, comentário. Dominar o mundo? Haha, não, a gente não. Haha, Eu sei, é o que eu estava que ideia boba, dominar o mundo. Haha, vamos falando, o servi… mudar de assunto? *suando*

“Não consegui” “Deu “Gente, a revista tá ótima. Tô acompanhando desde a primeira e o conteúdo só vem melhorando. Mas já que vocês pediram e disseram que sem crítica Erro” “Aqui não vai” “Link Fail” ninguém vai pra frente vou ter que ser o chato. A maior parte dos textos tão “Como eu baixo?” “O QR Code ótimos, mas em quase todos eu encontro de uns errinhos básicos de concor- não está funcionando…” dância até uns mais grosseiros como frases com palavra faltando. Em todos os “Preciso me registrar?” “Por que casos percebo que é erro de revisão mesmo, provavelmente textos finalizados aqui não está indo?” “Acho que fiz com um pouco de pressa e etc. Acho que é só isso. A qualidade dos textos alguma coisa errado” “Manda o vem claramente melhorando da primeira edição pra cá e parte gráfica eu con- link de novo” “Parece que tá sidero impecável. Continuem com o excelente trabalho! “ fora do ar…” – Felipe Autran, por e-mail

PAREM! Parem de nos jul- Comaçim erros de português? Nois tem dois português gar! O servidor explodiu em escrevinhando essa revista, jovem. Mas não se preocupe, milhões de pedacinhos, a Felipe. Obrigado pelo retorno e saiba que nós já tomamos culpa não é nossa! A propó- ações para evitar que esse tipo de situação se repita. O gru- sito, já está tudo regulariza- po de macacos responsável pela revisão dos textos foi fuzi- do e a SuperMag #3 já está lado e a pele deles vendida para grandes marcas da moda. no ar pra todo mundo con- Um novo grupo foi “”contratado”” para o serviço. Espero ferir. Vão lá no Supernovo que eles não falhem dessa vez. pra baixar. críticas, dúvidas e sugestões para: [email protected] Jack responderá com carinho! 3 EXPEDIENTE

MONTAGEM EDER AUGUSTO conteúdo LEANDRO DE BARROS EDITORES EDER AUGUSTO cinema LEANDRO DE BARROS Cloud Atlas, Amanhecer Parte 2, Argo, O Homem da RONALDO D’ARCADIA MATHEUS PESSÔA Máfia, A Origem dos Guardiões JÉSSICA PAGLIAI ROBERTA RAMPINII TAYNÁ TAVARES o hobbit PEDRO LUIZ FRAGA O que esperar do aclamado Hobbit? ILUSTRAÇÕES UBISOFT WARNER BROS SQUARE-ENIX games ACTIVISION Assassin’s Creed III, Hitman: Absolution, CoD: Black Ops ELECTRONIC ARTS II, Angry Birds: Star Wars, Medal of Honor: Warfighter DREAMWORKS REINALDO ROCHA

DIREÇÃO DE ARTE música EDER AUGUSTO 50 anos dos Rolling Stones, e o Fab Four em vinis re- masterizados PARCEIROS PIPOCAENANQUIM.COM.BR OSCINEFILOS.COM.BR SUPERNOVO.NET séries & tv CRITICADAQUELEFILME.COM Mockingbird Lane, Suits, Justified e White Collar anime e mangá 8 motivos para conhecer Hajime no Ippo quadrinhos O tão esperado fim de Caverna do Dragão descaralhando...... a banana, Jack Mankey solta o verbo e fala até de Deus

4 o seu site preferido agora cabe no seu bolso Fala a verdade, você nao imagi- nava que seu bolso era tão grande assim? “Agora eu posso estar com o Su- pernovo 100% do tempo! No meu celular! Nunca es- tive mais feliz!” - leitor escolhido aleato- riamente que não foi pago pela nossa equipe

Disponível para iOS, Android, Symbian, Nokia 3310, Má- quina de Costura, Calcula- dora Científica, GameBoy Color e Rádio à pilha.

5 cinema

cloud “Filosofia, gênero, arte e diversão - uma estrela pra cada”

atlas 6 aviagem s irmãos Lana e Andy Wa- tica em 1973, uma comédia britâ- a qualidade do trabalho de fotogra- chowski, directores da trilo- nica em 2012, uma ficção científica fia, maquiagem e efeitos especiais O gia Matrix, se uniram à Tom cyberpunk em 2144 e, por fim, uma do longa. Depois de muita delibe- Tykwer, de Perfume e Corra Lola, história milhões de anos no futuro, ração, me contentei com “magnífi- Corra, em um dos mais ambiciosos após um evento chamado A Queda, co”, “estupendo” e “formidável”, res- projectos cinematográficos dos últi- onde a humanidade parece ter re- pectivamente. Apenas para me fazer mos anos. E isso é um feito em tan- tornado aos seus primórdios. entender, preciso dizer que a cidade to. de Neo Seul é uma das coisas mais Todas essas histórias são encenadas incríveis dos últimos anos nos cine- Basicamente, os três cineastas ten- pelos mesmos atores. Nomes como mas (em termos estéticos) e que os tam colocar 6 filmes diferentes den- Tom Hanks, Halle Berry, Hugh Grant, atores do longa mudaram suas ca- tro de um mesmo longa, todos in- Susan Sarandon, Jim Broadbent, racterísticas raciais durante o filme: terligados de maneiras sutis (ou não Hugo Weaving, Jim Sturgess, Ben negros ficaram brancos em certas tão sutis), tudo convergindo num Whishaw, Keith David, David Gyasi, partes, ocidentais viraram orientais, conceito só. A Viagem é um filme Zhou Xun e Doona Bae estão em etc. com uma ideia interessante sobre a todos os 6 contos em diferentes pa- vida e a alma humana, que vai aca- péis. Essa repetição de atores serve A Viagem é um filme lin- bar dividindo opiniões entre o públi- para ajudar o espectador na tran- co. Concordando ou não, gostando sição entre histórias mas também do. Esteticamente lindo, ou não dessa essência, A Viagem ajuda muito em ilustrar o conceito visualmente impressio- é um filme bem executado, belo e cíclico do longa na tela. Some isso nante. Mas ele não se ambicioso. à atuações de alto nível do elenco, resume à beleza. O filme principalmente do óptimo Hugo Baseado no livro de David Mitchell, A Weaving, e não há como reclamar tem conteúdo, tem um Viagem é composto por 6 diferentes dessa decisão. conceito motor e vai con- histórias, com diferentes persona- tribuir muito para quem gens e diferentes estilos. Acompa- Porém, a parte de A Viagem que nhamos uma história de escravidão mais merece elogios é a parte téc- for aos cinemas. Se você em 1849, uma romance homosse- nica e a direcção de arte. Confesso tiver a chance, vá ver. Va- xual em 1946 pós-Segunda Guerra que fiquei confuso ao escolher as lerá o ingresso. Mundial, uma investigação jornalís- palavras necessárias para descrever 7 Eder Augusto editor @edaum até que enfim amanheceu... Esse texto vai surtir mais entender? Eu aposto tudo que a sua conteúdo, e alguns com conteúdo resposta é “não”. apenas para os seres privilegiados e como um desabafo do dotados de sabedoria por terem lido que uma crítica, pois eu Por que eu fiz essa pergunta? Porque os livros, eles sim entenderam o por- penso que a crítica deva o filme te trata dessa maneira, em que dos olhos da Bella mudarem de momento algum eu fui informado cor do vermelho para o dourado por ressaltar os pontos positi- na bilheteria do cinema que é item exemplo, o resto não. Esses mesmos vos e negativos da obra, e obrigatório para consumir aquele sabichões também entenderam a essa tem apenas um posi- produto que eu tivesse lido a saga genial piada de Jacob com a quanti- completa. E mais, também não era dade de pessoas de olhos vermelhos. tivo que eu ressalto agora requisito eu ter visto o primeiro filme, (Você, fã, está ofendendo minha mãe mesmo: Acabou! afinal eu paguei um ingresso inteiro nesse momento e começando a es- no primeiro e mais um inteiro ago- crever nos comentários a explicação Não caríssimo leitor, eu não come- ra, ou seja, eu paguei por dois filmes para isso, mas lembre-se, VOCÊ LEU! cei as piadas, essa não é a famigera- se minha matemática não falha. (Sim, Isso é um texto sobre cinema.) da Crítica de Macho que fizemos no eu sei que o que falha nessa situação ano passado para alegrar as grandes é minha estupidez de pagar por isso, A estética e os efeitos especiais da massas que nos acompanham. Eu assunto para outra ocasião.) Saga nunca foram alvo de elogios, queria apenas colocar duas ou três mas nesse último estão extrema- imagens de Kristen Stewart, Robert O filme começa exatamente na cena mente ridículos me perdoem a pala- Pattinson e Taylor Lautner que te fi- em que acabou o Amanhecer – Parte vra chula mas é a exata definição para zessem rir. Mas fazer isso depois de 1, mas em nenhum momento faz um a situação. Devo dar o devido desta- ver esse filme seria ainda mais pa- flashback para recordar aqueles que que à cena em que Bella vai fazer sua tético que o próprio filme. Essa foi a tem memória fraca e viram a Parte 1 primeira caçada depois de se tornar sensação ao sair do cinema: me senti à cerca de 365 dias (mais ou menos) uma vampira, que é das piores coi- patético e enganado, me senti traído ou ainda pior: e as pessoas que não sas que eu vi no cinema nos último pela humanidade. viram o primeiro, como fica? Pois é, 5 ou 6 anos. Um chroma key extre- são ignoradas. mamente mal feito, um CGI horrível Deixe-me colocar um questiona- e a movimentação dos personagens mento, sábio e amargurado leitor: Depois, ao mesmo tempo que a his- completamente sem sentido, pare- Você (sim, você!) gostaria que eu tória que sobrou é extremamente ciam bolinhas saltitantes num cená- escrevesse meu texto sem explicar rasa para essa conclusão da saga, rio de borracha, tentem montar essa nada, como se fosse uma obriga- o filme tem um ritmo corrido atre- imagem na cabeça. Outra cena que ção sua ler meus pensamentos para lado aos diálogos nonsense e sem merece completo destaque é quan- 8 do a bela Bella conhece pela primei- explicar a nova sensibilidade de Bella, ra vez sua filha Renesmee. Um bebê ele estava indo bem, mas começou metade CGI e metade real que não uma série de erros como a cena da faz sentido e ofende sua vista. Sério, caçada que eu já mencionei, e uma Amanhecer – Parte 2 consegue ex- ainda mais sem sentido quando con- pressar tudo de ruim que um filme ta a dificuldade de Bella dosar sua pode passar na parte técnica, é uma força ao se sentar ou sua velocidade obra extremamente medíocre. ao andar quando está se preparando para receber seu pai Charlie. Porém Eu não vou entrar na discussão do a personagem já estava andando e argumento, do plot, da base da obra, sentando normalmente antes dessa porque já fiz isso nesse texto e con- cena. Cadê a coerência? tinuo achando absurdamente estra- nho as mulheres gostarem de his- A certa altura do filme há uma cena tórias como Crepúsculo, que são bem legal protagonizada por um extremamente machistas em dias vampiro aleatório que eu não faço a onde elas brigam por direitos iguais, mínima ideia de quem seja pois não não faz sentido em minha cabeça. li os livros e não sou telepata, ainda. Nesta cena o vampiro percebe que Nem vale de nada eu comentar atua- vai morrer, e solta a seguinte pérola: ções de Kristen Stewart, já que a Saga “Finalmente!”, tirando as palavras da marcou um estilo para a atriz, ela mente dos espectadores. hoje é muito conhecida por não ter expressão, eu diria até que ela é um Infelizmente o filme é medíocre e eu sinônimo de atuação sem expressão. realmente preferia ter apenas feito Robert Pattinson com extrema cara uma brincadeira humorada a respei- de nojo durante o filme todo, é com- to mas foi impossível após sair do ci- pletamente evidente que o ator está nema, me senti enganado pelos mo- desagradado com o que está fazen- tivos que já descrevi acima, me senti do, você olha para ele e percebe que usurpado. É com preocupação com ele está extremamente desconfortá- a industria cinematográfica mundial vel em cena. Por incrível que pareça que eu digo isso, pois se você aceita o melhor em cena no filme é Taylor e bate palmas pra isso você terá que Lautner e seu personagem Jacob, engolir filmes que não são do seu inclusive a melhor cena do filme (ou “livro preferido” mas que são feitos a menos pior) é protagonizada por com a mesma técnica amadora que Jacob e Charlie (Billy Burke) onde o este, e aí meu caro amiguinho, você lobinho faz um striptease, true story. irá reclamar. Como diria o sábio Ca- pitão Nascimento: “É você que finan- Com cinco minutos de filme minha cia essa porra!” mente pensou em elogiar Bill Con- don pela maneira como ele usou a PS: Eu não coloquei sinopse, afinal é fotografia e as macro-imagens para obrigação sua ter lido os livros.

“condizente com o conteúdo do filme...”

9 Eder Augusto editor @edaum

Um filme dentro do filme e Ben Affleck cada vez mais perto de encontrar sua verdadeira vocação.

ssim é Argo, um excepcional Argo retrata a história de um agente real, de uma operação secreta que longa baseado numa história da CIA (Affleck) especialista em extra- foi divulgada oficialmente em 1997 A real de um herói americano e ções que precisa resgatar 6 america- por Bill Clinton. Cabe então a Af- de uma industria que vive de menti- nos foragidos e abrigados na casa do fleck fazer do filme destacável de ras. embaixador canadense no Irã. Isso alguma maneira, já que o argumen- ocorreu durante a Crise de Reféns no to não é de todo surpreendente. Já O ator, diretor e roteirista Ben Affleck Irã onde 52 norte-americanos foram sabemos que não seria com a sua vem para seu terceiro longa como feitos reféns por 444 dias de 1979 à atuação que isso ia acontecer, mas diretor, e devo dizer que cada vez 1981 após um grupo de protestan- podíamos esperar algo bom de sua mais eu gosto dele nessa função. Até tes Iranianos tomarem a embaixada direção tendo em visto o excelente nem me importo dele protagonizar americana pedindo extradição do Xá Atração Perigosa. os filmes que dirige, acho que deve Reza Pahlevi (O título Xá é um título contribuir para sua auto-confian- muito semelhante à Rei). Uma ambientação re- ça. Ele estava fora das telonas desde Atração Perigosa (The Town, 2010) Depois de algumas ideias absurdas cheada de muitos cigar- que também é um filme escrito, di- chegam a conclusão de que a “me- ros, bigodões sensacio- rigido e protagonizado por ele. Sim, nos ruim” de todas elas é fingir a pro- ele é egocêntrico. dução de um grande filme de Holly- nais e muita sorte fazem wood e entrar no Irã para escolher um perfeito retrato do Em Argo, ele abdica do roteiro o que locações, e sair com os 6 america- fim dos anos 70 que é de parece o ter deixado mais espaço para nos como parte da equipe do filme. atuar fazendo de seu Tony Mendez Eu destaquei o “menos ruim” porque se louvar. algo de valor dentro do produto final. em certo momento do filme, o per- Detalhe que roteiro foi a única função sonagem vivido pelo brilhante Bryan Ben Affleck aproveita também para que já lhe rendeu um Oscar, será que Cranston diz isso ao Ministro da De- usar de um humor introvertido com ele consegue um na direção dessa fesa para defender a ideia perante às a situação de Hollywood na época vez? Eu diria que Argo pode despon- outras e conseguir a aprovação. (e até hoje por quê não?), fazendo tar como um sério longa a receber uma leve crítica aos costumes dessa alguns indicações da Acadêmia, e Di- O roteiro não precisa de grandes industria que é movida a muitos bi- reção pode ser uma delas facilmente. análises, é baseado numa história lhões de dólares e muitas mentiras. 10 Em muitos momentos do filme cita- Goodman e Alan Arkin entregam um mos Star Wars como referência para alívio cômico digno do filme, permi- a industria cinematográfica daque- te aliviar literalmente a tensão da si- le tempo – O Episódio 4 Uma Nova tuação. Os 6 americanos refugiados Esperança era um recém sucesso apesar de bastante tempo de tela são vencedor de 6 Oscars na época, e pouco aproveitados, eu diria até que o Império Contra-Ataca era muito tratados com objetos que devem aguardado. ser movidos, e de certa forma isso é bom, puxa a atenção toda para o Excelente fotografia e ótima monta- lado político da coisa, o lado de Af- gem que conseguiu criar suspense e fleck e Cranston, o lado que sabe (ou aflição em situações normais, ou que não) o que está fazendo. deveriam ser aparentemente nor- mais para uma visão de fora, Affleck Não é por acaso que consegue fazer com que nós seja- mos parte do grupo que tenta sair do Argo aparece com uma Irã, faz com que nós sintamos medo, das principais apostas a pavor, o tremor nas pernas nas horas de pressão. Consegue passar toda a concorrer ao Oscar de emoção necessária para fazer de um Melhor Filme de 2013, drama memorável. Esse é o trunfo de e também Affleck à Argo. concorrer pela Melhor Como eu já adiantei um atuação me- Direção. Sem dúvida o lhor do que já vimos antes de Ben Affleck garante o sucesso do longa, melhor trabalho dele seguro, preciso, e paciente. Um sen- em toda sua carreira. sacional Bryan Cranston, sou suspei- Um thriller dramático e to para falar pois sou fã confesso de seu personagem mais famoso (Wal- sério. ter White da série Braking Bad) mas o pouco tempo de tela de Cranston é aproveitado com maestria. Já John Vale muito à pena.

“Ben Affleck tem de perder essa mania de protagonizar seus fil- mes...”

11 o homem da máfia

Eder Augusto editor @edaum

terceiro longa do diretor situação em que o país se encontra de interpretações como a que citei Andrew Dominik é uma ten- e como o governo está trabalhando no parágrafo anterior, ou então sobre O denciosa, clara e escanca- para melhorar a situação. o que realmente Jackie Cogan esteve rada crítica a situação política e fi- fazendo neste caso que estava inves- nanceira após a crise dos Bancos de tigando. Me odiaria eternamente por 2008. “…America não é um fazer essa comparação, portanto to- país. America são mem isso apenas como exemplo: os No filme Jackie Cogan (Brad Pitt) é diálogos finais fazem margem para um detetive contratado para investi- apenas negócios. Ago- interpretações que mudariam toda gar um assalto a um jogo de pôquer ra me pague porra!” a essência do filme como acontece de altas cifras que acontecia sob a em A Origem de Christopher Nolan. proteção da máfia. Jackie terá que Em certo momento do longa na te- Veja bem, não tem nada de seme- desarmar todas as armadilhas colo- levisão, como quase em todas as ce- lhança, apenas tirem como exemplo cadas em seu caminho numa corrida nas está presente, Barack Obama diz o nível de mudança que pode ocor- contra o tempo para solucionar esse que ele vai recuperar o sonho ameri- rer variando interpretações de quem mistério. cano, o sonho de que em muitos eles realmente pode vir a ser Jackie Co- são apenas um. Para Jackie Cogan, gan. “Eu vivo na America, personagem excepcionalmente bem vivido por Brad Pitt, isso vira piada, Brad Pitt como eu já adiantei é o e na America estamos aliás, vira uma revolta misturada com dono do filme, personagem muito por nossa conta…” piada. Talvez Dominik queria ali mos- bem construído, enigmático, em- trar como o povo americano deveria blemático, caricato. Um verdadeiro Um fato interessante que Andrew se comportar se fosse inteligente? É malandro. Malandro com grife, nada Dominik usa nesse filme, que à pri- uma ótima pergunta para se fazer ao Mickey o cigano de Snatch (Guy Rit- meira vista não tem nada relaciona- terminar de ver o filme. chie, 2000). A participação do eter- do a crise de 2008, é o fato de uma no Tony Soprano, James Gandolfini, televisão ou um rádio estarem cons- Apesar de não ser uma história que protagoniza ótimos diálogos com o tantemente ligados e você ouve ao realmente explode sua cabeça, aliás personagem de Pitt. A dupla Scoot fundo noticiários e discursos, em sua é uma história relativamente simples McNairy e Ben Mendelsohn tam- maioria de Barack Obama, sobre a e até morna, no fim cabe uma série bém nos proporciona alguns ótimos 12 diálogos num filme que se sustenta muito nisso, nas conversas, na maio- ria das vezes, conversas fiadas, papo pro ar. Ray Liotta só esteve ali porque tem cara de mafioso.

Tecnicamente o filme tem uma foto- grafia interessante, abusando de ân- gulos baixos em muitas das vezes, a visão de baixo para cima pode fazer sentido para aqueles que gostam de analisar isso mais à fundo. Mixagem e Edição de som nesse filme é algo realmente muito evidente, eu até di- ria que se você é um apaixonado por cinema e que aprender sobre cate- gorias técnicas, esse é o filme per- feito para você aprender sobre as duas. Como eu já citei a constante presença da televisão e/ou rádio li- gados à um noticiário é otimamente retratada e bem executada, simulan- do constantemente como seria a sua audição da situação na posição da câmera, ou seja, na posição dos seus olhos. Na cena do assalto ao jogo de pôquer isso fica extremamente evi- dente quando a câmera segue um personagem entre alguns cômodos do ambiente e o som muda e “posi- ção” e de volume.

O Homem da Máfia não é um filme grandioso, longe disso. Mas é um bom filme, se encarado como tal, como a crítica que o autor quer pas- sar. Se você busca apenas por diver- são rasa esse não é seu filme, ele não foi feito para ser divertido.

“não tem essa de somos um só, pagas o que deves...”

13 A Origem

Roberta Rampini editor dos Guardiões @rampinii

Origem dos Guardiões é e engraçadinho como o seu avô que tos. Não duvido muito que agora tenha fofo, gostoso de assistir faz a piada do pavê. Ao seu lado estão, crianças por aí esperando nevar (#espe- e engraçadinho. É muito a fofa e feminina Fada do Dente, o bo- rança) para encontrar Jack e culpando fácil se envolver com os ladão Coelhinho da Páscoa, ou como Sandman quando os olhos coçarem. personagensA e suas essências simples o chamam no filme, o Coelhão (1,85 e características dos contos infantis. Nem dois bumerangues em uma auto des- Plasticamente lindo, a mesmo o fato do filme fazer muito mais crição) e por fim, o por nós desconhe- sentido para os americanos do que para cido Sandman. animação da Dream- o resto dos espectadores faz com que Works soube usar o 3D gostemos menos do fofo Sandman ou No Brasil Jack Frost e Sandman não tive- e fazer os brilhos das do heroico Jack Frost. ram seus nomes traduzidos justamente porque por aqui eles não existem. Para cores vibrantes salta- O filme conta a história dos Guardiões, as crianças americanas Sandman é o rem sobre as cadeiras os quatro mitos mais comuns do credo responsável pelos sonhos, seu nome do cinema. infantil - pelo menos nos EUA, mas vol- significa Homem da Areia e vem da tamos nisso daqui a pouco. O quarteto sensação de ter areia nos olhos quan- A escolha das cores e dos traços é um tem como missão honrar os desejos do do estamos com sono. Já Jack Frost show a parte, prendendo o espectador Homem Que Mora Na Lua – uma mis- é, segundo dizem, um moleque sape- não só pela história que ouve, mas tam- teriosa entidade superior - e proteger ca que trás as traquinagens do inverno bém pelos efeitos que vê. A caracteri- as crianças, incentivando sua infância - tipo escorregar no gelo e ficar preso zação dos personagens consegue ser e sentimentos de esperança como so- na neve. Para você que no Halloween moderna e clássica, além de ser muito nhar, lembrar e acreditar. Tudo vai bem ficou compartilhando o bendito dia do divertido tentar imaginar as expressões até a Lua escolher Jack Frost, um mito Saci, dadas às devidas diferenças, Jack e dos atores que os dublam, muito deles neutro (nem do bem nem do mal) para Saci tem personalidades parecidas. está lá na telona. ajudá-los agora que Breu, o mito do Bi- cho Papão resolveu sair das escuridões Provavelmente algumas piadas fizeram Aproveite as férias e deixe de lado a de debaixo da cama, literalmente. muito mais sentido para os americanos, desculpa de levar as crianças da famí- mas ainda sim, como Jack e Sandman lia. Cutuque o Peter Pan que existe em Apesar do bafafá em volta da caracteri- são para a trama ligeiramente mais im- você e acredite em fadas, afinal a esse zação de rebelde do Papai Noel o bom portantes que os três outros guardiões ponto de nossas vidas já estamos care- velhinho é exatamente o cara que “co- por nós conhecidos, esse gancho que cas de saber que certas coisas só preci- nhecemos” há alguns anos atrás, doce nos faz ir logo com a cara dos nova- sa que nós acreditemos nelas. 14 Ronaldo D’Arcadia Colunista (Crítica Daquele Filme) cinema @RonaldoDarcadia

15 muito além de apenas uma jornada Adaptando para as telas uma das mais importan- tes histórias do universo da fantasia, Peter Jack- son tem a chance de revolucionar o cinema de to- das as maneiras que lhe são permitidas.

é o mais conhecido trabalho de Tol- “Num buraco kien - isso devido ao sucesso do livro no chão vivia nos anos 60 (segunda grande emer- são da obra na cultura pop, influen- um hobbit.” ciando diretamente diversos artistas da época, além do movimento hippie) Preciso começar me cor- e também pelas excelentes e premia- rigindo. Dizer que “The das adaptações de Peter Jackson para Hobbit” - obra de 1937, es- o cinema (terceira grande emersão). crita por J.R.R. Tolkein - é Mas a fama suprema de Frodo, Sam, uma das mais importantes his- Aragorn e sociedade em geral será tórias de fantasia é uma gran- desafiada neste final de 2012. dessíssima besteira. O livro, na verdade, é basicamente um “O Hobbit” e “O Senhor dos Anéis” tra- dos alicerces deste univer- zem linguagens extremamente distin- so. tas, denotando que a complexidade da escrita de Tolkien evoluía a cada Se “Songs for the Phi- trabalho realizado, sendo “O Silmaril- lologists” (primeiro lion” o maior exemplo disso. A história trabalho) serviu para de “O Hobbit: Uma Jornada Inespe- desencadear o cora- rada” se passa 60 anos antes da saga ção poético do pro- “O Senhor dos Anéis”, e segue a épica fessor universitário, aventura de Gandalf, Bilbo Baggins e “O Hobbit” simples- 13 anões rumo a reconquista de Ere- mente criou a magia. bor, reino dos anões, que foi subjuga- Gerou as bases de tudo do há muitos anos atrás pelo terrível que vemos hoje nas mais dragão Smaug. Durante esta árdua diversas produções do gê- epopéia, eles enfrentarão trolls, orcs, nero, que no final, se alimentam goblins, transmorfos, wargs, aranhas desmedidamente desta rica fonte de gigantes e feiticeiros. O grupo per- inspiração. correrá lugares sombrios e inóspitos - como os túneis dos goblins (local Feito para agradar seus filhos, a histó- onde Bilbo encontra Gollum e seu ria do pequenino ser foi o passo inicial precioso anel) -, seguindo sempre ao para “O Senhor dos Anéis”, que hoje Leste, rumo a Montanha Solitária. 16 iniciando a jornada

início da adaptação do pro- com estas batalhas, del Toro pulou fora sonagem novamente), Hugo Weaving jeto para os cinemas foi con- (para a tristeza de Ron Perlman), mas ressurge como Elrond, Elijah Wood O turbado. Primeiramente era deixou sua importante contribuição reviverá Frodo (só para matar a sauda- Guillermo del Toro (diretor de “O Labi- no roteiro, que divide com Fran Wal- de dos mais nostálgicos, já que o per- rinto do Fauno”) quem supostamente sh, Philippa Boyens e Peter Jackson, sonagem não aparece no livro), Cate conduziria “O Hobbit: Uma Jornada responsáveis também pela releitura do Blanchett será a bela Galadriel, e Andy Inesperada”. Mas como é de costume, texto da franquia “O Senhor dos Anéis”. Serkis encarnará de “corpo e alma” o certa burocracia assombrosa rodeia os Só que depois de uma “onda de sui- obsessivo Gollum. habitantes da Terra Média. cídios coletivos”, causada pela possi- bilidade de o filme ser cancelado por Mas todos os olhos estavam voltados O último capítulo desta dramática no- conflitos envolvendo os direitos de dis- para as novidades, cujos destaques vela ocorreu poucas semanas atrás, tribuição, problemas de financiamen- são os 13 anões: Nori (Jed Brophy), quando os herdeiros de Tolkien e a to, greve de atores e manifestações Fili (Dean O’Gorman), Dori (Mark Ha- editora HarperCollins processaram contra um possível abandono da Nova dlow), Bofur (James Nesbitt), Gloin a Warner, a New Line Cinema e Saul Zelândia como local de filmagens (Ma- (Peter Hambleton), Dwalin (Graham Zentz Co. (que adquiriram direitos par- tamata), Peter Jackson, mesmo com McTavish), Balin (Ken Stott), Oin (John ciais da distribuição de “O Hobbit” da uma úlcera estomacal dolorosa, assu- Callen), Bombur (Stephen Hunter), MGM, que se encontrava em uma se- miu de vez a direção desta produção Bifur (Wiliam Kircher), Ori (Adam Bro- vera crise), por infringirem um acordo que já nasceu ligada a ele - derrubando wn) and Kili (Aidan Turner), todos lide- de comercialização de produtos liga- por terra a maldição de Robert Shaye, rados por Thorin Escudo de Carvalho dos ao livro. Pouco antes disso, foram co-fundador da New Line, que após (Richard Armitage). E completando o feitas denúncias de mortes de animais um dos diversos processos envolvidos, novo time, temos também Benedict durante as filmagens (27 animais te- prometeu para Jackson que o mesmo Cumberbatch (do seriado “Sherlock”, riam morrido durante a produção, mas não dirigiria mais nenhum filme de sua assim como Freeman) como Smaug / irregularidades não foram encontradas empresa por ser muito ganancioso. The Necromancer. pela ONG American Humane Associa- tion, que regula e monitora o bem-es- Foi então que tudo começou a fluir O compositor Howard Shore, também tar de animais em trabalhos cinema- naturalmente. Primeiramente tivemos da franquia “O Senhor dos Anéis”, já foi tográficos). Mesmo assim, a PETA está o elenco escalado: o experiente Martin confirmado para, pelo menos, os dois indignada e promete realizar protestos Freeman (de “O Guia do Mochileiro das primeiros filmes, sendo que a trilha será durante pré-estréias do filme mundo Galáxias”) será Bilbo Baggins, Ian Mc- mais uma vez executada pela Orques- afora. Kellen retornará como Gandalf (mes- tra Filarmônica de Londres e gravada mo ele tendo afirmado na Comic-Con no mítico estúdio Abbey Road. E depois de perder bastante tempo 2012 que não queria interpretar o per- 17 O potencial ilimitado de “O Hobbit” ocê se lembra quando “Avatar” “Nós vivemos em uma era de (do diretor James Cameron) avanço digital rápido. A tec- V foi lançado? Todos apontavam nologia continua sendo desen- a obra como uma revolução do cine- volvida para melhorar e enri- ma... e realmente foi. Quem viu o filme quecer a experiência de ir ao no formato 3D IMAX teve a oportuni- cinema. O uso do High Frame dade de presenciar a mais intensa ex- Rate em filmes de maior públi- periência cinematográfica (pelo me- nos no quesito técnico) existente até co só se tornou viável nos últi- então. mos dois anos, e ainda vivemos em uma era de crescimento do O fato é que toda a tecnologia de entretenimento em casa. Come- “Avatar” veio do estúdio de Peter Jack- cei a filmar O Hobbit em HFR son, o Weta Digital, localizado na Nova porque queria que a audiência Zelândia. Eles reinventaram a captu- sentisse como o cinema pode ra de movimentos (principalmente de ser inesquecível e imersivo.” movimentos faciais), revolucionaram as câmeras de 3D IMAX e desenvol- No entanto, existe certa preocupação veram processos instantâneos de CGI em relação a receptividade do públi- que apresentavam o resultado final co mediante o uso do HFR 3D, por se dos efeitos especiais durante as filma- tratar de algo extremamente intenso e gens, o que poupava muito tempo de que pode nem mesmo parecer um fil- pós-produção - estes foram apenas me de verdade para alguns. Sobre isso, alguns dos elementos aprimorados Jackson explica: para o filme de Cameron. “A ciência nos diz que os olhos Só que em “O Hobbit: Uma Jornada humanos param de enxergar Inesperada” tudo será intensificado. imagens individuais a partir Peter Jackson constantemente reve- de aproximadamente 55 fps. No Brasil, apenas algumas salas espe- la em sua página do Facebook vídeos Assim, filmar 48 fps dá uma ciais poderão rodar o filme em 48 fps. que exploram as técnicas utilizadas nas ilusão maior de vida real. A re- Até o fechamento desta matéria, so- filmagens (como a do departamento dução do motion blur em cada mente a empresa UCI confirmou que exclusivo que cuida apenas da digita- quadro aumenta a nitidez e dá exibirá o formato. As salas são: lização perfeita das barbas dos perso- ao filme a sensação de que foi nagens), e mais recentemente foi evi- gravado em 65mm ou IMAX. UCI New York City Center – Sala 08 denciado o uso da tecnologia HFR 3D Uma das grandes vantagens (Rio de Janeiro), UCI Orient Iguatemi (sigla para Higer Frame Rate, que em Salvador – Sala 09 (Salvador), UCI Jar- é o fato dos olhos verem o do- português significa Alta Taxa de Qua- dim Sul – Sala 11 (São Paulo), UCI Aná- dros, os famosos frames per second, bro do número de imagens por lia Franco – Sala 07 (São Paulo), UCI ou FPS). Serão 48 quadros por segun- segundo, dando ao filme uma Palladium – Sala 06 (Curitiba) e UCI do, o dobro do normal. Ainda no Face- incrível qualidade imersiva. Kinoplex Plaza Casa Forte Shopping book, Jackson respondeu, para alguns Isso faz a experiência 3D muito – Sala 08 (Recife). Especula-se que fãs, questões envolvendo o HFR 3D. mais fluida e reduz o cansaço a sala IMAX do Cinépolis JK Iguatemi Ele disse: visual.” (São Paulo) também entre na lista. 18 o novo filme mais lucrativo de todos os tempos? Levando em consideração o êxito comercial de “Avatar”, é possível especular que “O Hobbit: Uma Jornada Inesperada” possa se tornar o novo filme mais lucrativo de todos os tempos. Seu conceito é infinitamente mais vendável do que a fita de Cameron, e tem como alvo crianças no útero até o Oscar Niemeyer - sem contar as óbvias ramificações para outras mídias, como games e brinquedos. É uma exponencial mina de ouro.

Podemos ver então Hollywood transformando, de maneira honesta, arte em di- nheiro, qualidade em retorno financeiro, capitalismo em expressividade... e ou- tras “loucuras” como estas que condenam puristas da sétima arte a um conflito existencial secreto e profundo.

No final, é imensamente satisfatório ver J.R.R. Tolkein sendo adaptado mais uma vez para o cinema - e novamente por Peter Jackson, que fez um excelente tra- balho com a trilogia “O Senhor dos Anéis”. Melhor ainda é saber que o realiza- dor se importa em lapidar as técnicas cinematográficas vigentes, buscando mais imersão e interatividade para o público.

E só lembrando: além do lançamento de “O Hobbit: Uma Jornada Inesperada”, agora no dia 14 de dezembro, teremos em 2013 “O Hobbit: A Desolação de Smaug” e em 2014 “O Hobbit: Lá e De Volta Outra Vez” – todos estes estão sen- do filmados e finalizados de uma vez só, no mesmo espírito de fraternidade de “O Senhor dos Anéis”.

Desejo-lhes uma boa viagem! 19 “Grshjaduuurgaargrrrr” - Zumbi de TWD elogiando o Zumbi de Bolso

“Minha mãe não deixa ouvir” - Carl

“Concordo tanto que co- pio todos os argumentos” - Concorrência REVIEWS DE THE WALKING DEAD EM ÁUDIO

20 games

21 Eder Augusto editor @edaum

Ubisoft enfim vem terminar a jornada de Des- mond Miles, aquele pacato barman que nos presenteou com as sensacionais memórias A de seus ancestrais da Ordem dos Assassinos. Em Assassin’s Creed III viajamos até os Estados Unidos e Desmond vai reviver as memórias de Ratonhnhaké:ton (sim, ele tem um nome espetacular), mas você pode cha- mar o rapaz de Connor, mais elegante eu diria. Estamos no século XVIII e Connor terá participação no mais im- portante acontecimento dos Estados Unidos, a Revolu- ção Americana.

O jogo se inicia no fim de 2012, após os eventos de Assas- sin’s Creed: Revelations, onde Desmond descobre uma forma de entrar no Grande Templo da primeira civilização a habitar a Terra, assim podendo descobrir uma maneira de impedir a Catástrofe de Toba, uma grande erupção so- lar que irá varrer a vida do planeta. Para isso ele faz uso da versão 3.0 do Animus, um dispositivo capaz de criar pro- jeções em três dimensões a partir de sequências de me- mórias de contidas no DNA, para se ligar ao seu ancestral Connor Kenway.

22 A Jornada do Herói?

É possível dizer que um em apenas um game. intrigas, mentiras, corrupção. E a inocência de Connor muitas vezes Assassino é um herói ou O personagem chega muito tarde é alheia a isso. seria ele um anti-herói? ao jogo, nas primeiras horas revive- mos as memórias de seu pai, Hay- Um erro de Assassin’s Creed III, que onnor tem muito da fa- tham Kenway. Somos apresentados se repetirá em todos os aspectos, é mosa Jornada do herói em à Connor ainda criança e desde querer proporcionar uma variedade seu desenvolvimento, mas então começamos a reviver as me- de funções para tudo e todos, in- acredito que suas motiva- mórias do índio mohawk. cluindo Connor, que faz um pouco Cções não sejam de herói. Em As- de tudo no jogo. Imagine viver tudo sassin’s Creed III acompanhamos A ambientação de Nova York e Bos- que você viveu com Ezio em ape- literalmente toda o crescimento de ton é completamente diferente dos nas um jogo? É o que tentam fazer Connor como personagem, como jogos anteriores, arquitetura “nova” com Connor. E muitas vezes essas homem e como Assassino da Or- da época é uma mudança à qual funções são completamente des- dem. demora para se acostumar. Ao in- necessárias. Você passa cerca de 3 vés de das vielas estreitas e irregu- horas de jogo apenas em tutoriais, lares da Itália por exemplo, temos tutorias sem sentido. O persona- É verdade que ele não largas avenidas, completamente gem não precisa se alimentar, para tem o carisma de Ezio lineares e niveladas. A floresta e as que perder tanto tempo ensinando proximidades como Lexington, são à caçar? Isso é só um exemplo. Auditore ou a malan- uma agradável surpresa para essa dragem de Altäir. nova ambientação, acho que caiu Ok, não vou só reclamar, há inova- bem legal para o índio mohawk an- ções sensacionais como a Batalha Eu diria até que ele é o oposto dos dar pelas árvores de troncos largos. de Navios. A Ubisoft surpreendeu dois. É arrogante e inocente (para muito nessa novidade, é muito in- não dizer burro), uma mistura que Apesar de ser um jogo sobre o pe- teressante ser o capitão do navio não cativa nem um pouco. Pode ser ríodo mais importante da história e manobrar em alto-mar durante pelo apego que ainda temos à Ezio, americana, o jogo não é “patriota”, uma batalha, me senti em um filme afinal, passamos 3 jogos ao lado o aliás, pelo contrário. O jogo mos- dos Piratas do Caribe algumas ve- italiano para agora a Ubisoft nos tra que até no momento de maior zes. enfiar um americano goela abaixo vitória do povo americano houve 23 Para que o desespero? abe o que eu senti com As- A Ubisoft também já preparou o sassin’s Creed III? Senti um terreno para não acabar a franquia S grande desespero e uma Assassin’s Creed. Ela encerrou a grande pressa por parte da Ubi- “Trilogia Desmond” (ou não) mas soft em querer concluir de uma citou Daniel Cross, personagem da vez por todas à saga de Desmond história em quadrinhos da franquia, Miles. Lançaram o Assassin’s Assassin’s Creed: A Queda, onde Creed III e o Assassin’s Creed III: ele revive as memórias de um As- Liberation em simultâneo, o jogo sassino na Revolução Russa. Quem retrata toda (ou quase toda) a sabe não damos um pulo à Russia jornada de Connor como Assas- num próximo game? sino da Ordem e aparentemente encerra a jornada de Desmond. Mas quais serão os próximos passos da Ubisoft? Ela nos mostra tudo, ou Só porque o evento quase tudo, que há para mostrar sobre Connor nesse jogo, de uma à qual todos espe- maneira que parece exaustiva e de- ram no jogo é 21 de sesperada ao mesmo tempo. Uma tentativa frustrada de nos fazer sen- Dezembro de 2012? tir simpatia por outro personagem Sim, deve ser… que não Ezio Auditore, uma vez que Desmond nunca teve a simpatia do Foram desesperados até ao dar público. Bom, pensando pelo lado destaque para o Desmond, pro- interessante disso tudo, ao menos vavelmente por ser a última vez ambos os personagens já viveram dele na franquia, a Ubisoft nos tudo que havia para viver nessa deixou brincar mais com o franquia, é hora de partir para algo rapaz, mas mesmo assim novo, personagem novos, novo fica aquela sensação de objetivo e novos métodos. Hora de atraso, só conseguimos caprichar, pois agora tudo que vier ser um Assassino será surpresa. da atualidade no último episódio da “Trilogia Des- mond”. Foi rápi- do, foi sem gra- ça, não foi como queríamos. 24 Mas então o jogo é ruim? ssassin’s Creed nunca é zes antes do lançamento. E o tomah- vamente o que pode ter saturado um ruim. Seria cansativo se eu awk? Confesso que eu tinha o pé atrás pouco a franquia ofuscando o possível repetisse todos os elogios com a nova arma de Connor. A hid- brilho de AC3. Os dois títulos interme- que o jogo merece, todos den blade é o símbolo da franquia, um diários talvez nos deram esperanças à osA elogios que nós já conhecemos. marco. Mas o tomahawk se sai mui- mais. Em Assassin’s Creed III a história de to bem, melhor do que eu esperava, Desmond segue e o curso que espe- é uma arma interessante e poderosa. Favorito do Video Game Awards? Bom, rávamos. A de Connor, mesmo com o Faz de Connor uma máquina de matar, o jogo foi indicado à quase tudo, por- pouco apelo do personagem, é inte- muito mais que seus antecessores. tanto, tem potencial de favorito sim. ressantíssima. Emocionante até. Qua- É um ótimo jogo, apesar do fanático se uma novela mexicana. Infelizmente o quinto game da franquia aqui apenas apontar os defeitos do tí- está longe de vir a ser um dos preferi- tulo. Mas creio que não é o melhor de A jogabilidade foi melhorada com um dos, e esbarra completamente em sua 2012. Um dos melhores talvez. Assas- novo motor gráfico que tornou o jogo obrigação de ser lançado anualmente. sin’s Creed é sempre um dos melho- famoso pelas ótimas paisagens ain- A franquia não foi feita para isso, não res, pelo menos até agora. da mais bonito. Lindo. E redondo de estava preparada para isso, nem recri- se jogar, leve. Inovou na jogabilidade? mino Assassin’s Creed III. Essa sensa- Agora vamos ansiosos esperar pela Sim, até mais do que necessário, ino- ção pode ser reflexo da sucessão de surpresa que a Ubisoft vai nos causar vou desajeitadamente eu diria. títulos. Tendo em vista que o título está daqui para a frente. Se a franquia ter- em produção desde o lançamento de mina neste capítulo ou se teremos E o combate? Tá legal, tá mais acessí- Assassin’s Creed II em 2009, porém novos personagens em novas épocas. vel, mais visual com alertas de ataque nesse meio tempo tivemos Assassin’s Tem universo para isso, ameaçou uma para quem não joga no “hard”. Outra Creed: Botherhood e Assassin’s Creed: ligação com as HQs neste título. Cabe pergunta que foi feita várias e várias ve- Revelations em 2010 e 2011 respecti- mais, precisamos de mais. 25 games

esenvolvido pela IO Interac- tive e publicado pela Squa- D re-Enix, Hitman: Absolution conta mais um capítulo da vida de um dos maiores nomes do mundo dos vídeo-games, o Agente 47. Dessa vez, o “assassino original” (como diz o material de divulgação do game) é designado com uma tarefa ingrata: matar Diana Burnwood, sua superior dentro da ICA, a agência de assassi- nos internacional. O que nem a ICA e nem o próprio Agente 47 esperavam era o último pedido de Diana ao as- sassino: proteger Victoria, uma mis- teriosa garota.

Agora, 47 terá de ir até as últimas con- sequências para manter a inocente Victoria à salvo, mesmo que isso sig- nifique trair a ICA e arranjar briga com gente muito poderosa. Como não poderia deixar de ser, nós jogamos o mais recente capítulo da franquia Hitman e sobrevivemos para contar Leandro de Barros o relato. O mesmo não pode ser dito editor de quem cruzou o nosso caminho. @leco90

26 um homem virá para te buscar…

u preciso confessar que eu pensei em muitas maneiras di- E ferentes de começar esse tex- to. Eu pensei em fazer um parágrafo introdutório com uma visão em ge- ral de Hitman: Absolution, eu pensei em pincelar novamente a sinopse do game, eu literalmente pensei em mais de uma dezena de maneiras de começar a falar sobre o jogo. Vejam só: eu pensei até em fazer uma brin- cadeira relacionando a quantidade mostra o Agente 47 dentro da Sétima de maneiras que eu pensei em co- Geração de Video-Games (o Blood meçar esse texto com a quantidade Money pode ter saído pro Xbox 360, de maneiras possíveis de se cometer mas é da Sexta Geração no seu co- um assassinato em Hitman: Absolu- ração). Gráficos melhorados vieram tion. Porém, eu preciso ser honesto com o preço de um novo sistema comigo mesmo e tirar um peso das de jogo, algo que deixou alguns minhas costas: QUEJOGODIFICIL- fãs com a pulga atrás da orelha. DOCARVALHO! Não era por menos, Absolution não era apenas um novo game da série, era uma mudança Ok, me sinto mais de patamar e de platafor- ma. “Como o Agente 47 se leve. Vamos lá! comportará nesse novo campo?”, se perguntaram Depois de Hitman: Blood Money, os fãs, sem estarem cien- lançado em 2006 para PlayStation 2, tes de que ninguém usa Xbox, Xbox 360 e PC, a IO Interac- termos como “novo campo” ao con- tive não demorou muito para anun- templarem tais questões existenciais. ciar que já estava trabalhando em um novo capítulo da vida do Agente 47. Porém, bastava uma olhadela em Foi em 2007 que Hitman: Absolution um dos gameplays fornecidos pela começou a ser imaginado na cabeci- IO Interactive para saber o que Hit- nha dos desenvolvedores do estúdio, man: Absolution tinha a oferecer. bem antes da Eidos Interactive (an- Arrisco dizer que os fãs mais anti- tiga publisher da franquia) ser com- gos não sairão decepcionados da prada pela Square-Enix, mãe de Final experiência proporcionada pelo Fantasy. novo game da franquia. Os fãs novatos no universo do Agen- De lá pra cá, muita coisa mudou, o te 47 podem se sentir tenta- jogo ganhou corpo, engine nova e dos à entrar pela primeira muito mais, até o seu lançamen- vez nessa brincadeira, mas to oficial, no final de novembro de já deixo um aviso: você vai 2012. Hitman: Absolution finalmente falhar. 27 BANG! Você perdeu... ocê está numa Biblioteca e teiras e morre como iniciante. Tenta jogo para chegar à uma conclusão: um esquadrão da polícia está algo novo apenas para ter o resulta- apenas 20% dos jogadores conse- V te procurando. Nada para do antigo. Desliga o jogo, mas volta guirão terminar Hitman: Absolution. se preocupar, você já esteve em si- 10 minutos depois porque “pensou Após zerar o jogo, eu acho que 20% tuações piores. Como um fantas- numa estratégia brilhante”. Não pre- é uma estimativa muito bondosa. ma, você se move pelo local sem ciso dizer que essa estratégia resul- ser visto. Num piscar de olhos, dois ta em você morrendo. Esse ciclo se Ok, eu só estou dizendo isso para policiais estão mortos e seus corpos repete por algumas dezenas de ve- valorizar o fato de ter terminado o escondidos. Tudo vai bem até você zes até você finalmente entender a game, mas Absolution é realmente errar uma curva e dar de cara um ter- movimentação dos seus adversários difícil e desafiador. Para quem gosta ceiro policial. Pode até ser que você e conseguir solucionar esse proble- de re-jogar um título atrás de me- derrube o cara na porrada, mas não ma. Ou passar por sorte, em alguns lhores pontuações, prémios extras sem antes alertar dois outros agentes casos. ou apenas pelo prazer de mais de- da lei, que se encarregam de passar safios, Hitman: Absolution será um a mensagem pelo rádio para o res- Seja como for, uma coisa é preciso prato cheio que te deixará ocupado to do esquadrão. Não demora muito dizer: por meses. Cada fase do jogo possui e você está servindo como treino de muitos segredos, maneiras diferentes pontaria da polícia de Chicago. Hitman: Absolution de se cometer assassinatos, condi- ções específicas para serem comple- Ok, nada para se preocupar. Você é difícil pra caramba. tadas, itens para serem encontrados, tenta novamente, dessa vez cien- Muito. Mais do que mui- disfarces para serem vestidos. Tudo te do risco naquela parte do mapa. to. Muito mais do que isso em nada mais, nada menos do Tudo vai bem e você até consegue que 5 níveis diferentes de dificuldade, evitar aquele terceiro policial, mas outros jogos da mesma cada um te chamando de franguinho acaba caindo no ponto de visão geração. por usar o anterior. de um outro tira que fazia patrulha. Avançando na história: você morre. E A IO Interactive, desenvolvedora do morre. E tenta de novo apenas para game, realizou alguns testes métri- morrer novamente. Se irrita, faz bes- cos durante a fase de produção do 28 Mas você tem caras (um deles descendo) no andar de cima e dois no andar debaixo. Se eu mato o cara que está descendo, tenho um cor- po sem ter onde esconder (perco pontos recursos! porque o jogo me julga) e ainda tenho três outros adversários me encurralando. franquia Hitman possui seu próprio estilo Tá bem, pode tirar essa de jogo (que é justamente esse: fazer as Além disso, o checkpoint ainda apresen- missões sem ser visto), mas foi algo que cara de chorão do ros- ta um outro problema sério. Em Hitman: me incomodou um pouco, especialmen- Absolution, os inimigos espalhados pelo to. Hitman: Absolution te porque eu fiquei com as palavras de mapa são pré-programados para efec- Diana na cabeça “não o julgue pelo que é difícil, mas não é im- tuarem certas ações quando o Agente 47 ele poderá fazer” – e o jogo me julgava estiver por perto. Por exemplo, uma du- possível. Isso porque o o tempo todo! Sei que alguns não se in- pla de guardas vão começar a conversar comodarão (principalmente os fãs mais game fornece recursos sobre qualquer coisa quando o jogador antigos da série), mas já estão avisados de estiver ali. Antes disso, eles continua- ao jogador. Muitos. que é assim que a banda toca em Hitman: rão com a patrulha ou ficarão parados. Absolution. Vamos pegar por exemplo a segunda mis- Se você vê uma dessas ações e depois morre, com um checkpoint ativo, quan- são do jogo, quando nós precisamos ma- E já que estamos falando em problemas do você renascer, você NÃO verá essas tar o Rei da Chinatown de Chicago. Basi- relacionados à mecânica do jogo, eu vou ações. Será como se elas “já tivessem camente, temos um mapa relativamente jogar logo o segundo problema (esse sim acontecido”. Esse é um outro problema simples, com um coreto no meio, onde um problema “de verdade”). Hitman: Ab- seríssimo, porque em muitos casos, essas está o alvo, “escondido em plena vista”. O solution possui algo muito irritante que, ações justamente fornecem cobertura ou jogador pode simplesmente andar até lá e infelizmente, não acho que seja um bug. alguma outra oportunidade para o Agen- colocar uma bala na cabeça do cara. Ou Veja bem, eu já comentei que você irá fa- te 47. Construir uma jogabilidade baseada o jogador pode colocar um explosivo no lhar muitas vezes no jogo (que não possui em se aproveitar de falhas em sistemas carro do alvo. Ou pode se vestir como o um sistema de save disponível à qualquer de movimentação e colocar um “bug” traficante do alvo, levá-lo para um beco e momento). Até aí tudo bem, um desa- desses é de uma maldade sem igual. Em matá-lo. Ou se disfarçar de um vendedor fio é sempre bom. Porém, em cada fase muitas oportunidades, o jogador fica lite- de comida de Chinatown e envenenar o existe um ou dois checkpoints espalha- ralmente preso em alguma parte, porque alvo. Ou talvez subir até um apartamento dos pelo mapa. O erro acontece quan- a cobertura que ele tinha para avançar foi perto e atirar no alvo como um sniper. Ou do você comete a asneira de ativar um destruída com o checkpoint. A alterna- quem sabe se disfarçar de policial, entrar desses checkpoints, porque quando você tiva é acabar matando alguém, mas daí no coreto e matar o alvo. Ou jogar uma morrer (e você irá!), você renascerá exa- o game tira pontos do jogador (e essa é faca de longe e se esconder na multidão. tamente no lugar do checkpoint! Parece uma das razões pra eu odiar Ou ad infinitum. lindo na teoria, mas é péssimo na práti- tanto essa história de tirar ca, PORQUE TODO MUNDO QUE VOCÊ pontos por mortes). Cada missão possui várias possibilidades MATOU RENASCE JUNTO! diferentes e você é avaliado pelo game de acordo com o seu estilo de jogo. Basica- Exato, com a excessão dos alvos, todos as mente, você cumpre algumas condições outras pessoas mortas durante a missão e ganha pontos, você comete erros e per- renascem com você no momento do de pontos. Nasce aí um dos meus proble- checkpoint. Isso pode não parecer gran- mas com o jogo (são só dois, prometo). de coisa aqui na análise, mas será na hora É lindo oferecer um mundo de inúmeras do jogo. Apenas um exemplo: em uma possibilidades, mas te recriminar tirando certa missão, eu estava em um prédio pontos porque você decidiu matar um com dois andares. O checkpoint fica policial para pegar o seu uniforme. Basi- bem embaixo da escada principal. Eu camente o game coloca o jogador em já havia limpado o andar de cima, es- um parque de diversões mas o recrimina condendo todos os corpos e ativei se ele não brincar como o Agente 47 brin- o checkpoint quando desci. Logica- caria. O que difere muito de, por exemplo, mente, eu morri um pouco depois e Dishonored, onde o jogador pode agir de voltei para a escada, com todo mundo qualquer maneira sem ser “punido” pelo do andar de cima vivo. O problema é jogo. É claro que são jogos diferentes e a que logo na escada mesmo, já estão dois 29 Mas vamos falar de coisa boa! á falamos dos problemas, que Isabelle Fuhrman, de Jogos Vorazes; são poucos e não chegam a ti- Keith Carradine, de Dexter, além de J rar os méritos do jogo. Hitman: David Bateson, reprisando o seu papel Absolution é excepcional em cada as- como o Agente 47. pecto que um game pode ser. Aproveitando o gancho da dubla- A sua história é realmente interessante. gem, parto para falar da sonoplastia do Como já dito antes, o Agente 47 pre- game, que REALMENTE faz a diferen- cisa proteger a jovem Victoria, que é ça na hora de jogar. Quando estamos caçada pela ICA e pelo vilão Blake, que jogando Absolution, somos realmen- pretende “vender” a menina. Apesar de te manipulados pela parte sonora do pouco espaço para os personagens jogo. É muito difícil não ficar tenso de brilharem, cada alma que cruza o ca- verdade quando sobe uma música de minho do Agente 47 ganha valor aos suspense, sempre que estamos nos olhos do jogador. Além disso, a trama esgueirando perto de algum inimigo. segue uma pegada cinematográfica bem interessante, apresentando ao jo- Para fechar a conta e passar a régua, gador os três lados diferentes da his- Hitman: Absolution tem tudo aquilo tória: 47, a ICA e Dexter. Nós vemos os que fez a franquia famosa e agradará três lados sendo manipulados (na falta os fãs antigos da série. Tem Ave Maria, de uma palavra melhor), por Birdie, ex é bem desafior, te deixará entretido por -agente da ICA e especialista em obter um bom tempo, vem com uma boa informações. história e uma jogabilidade excelente. Para os fãs novatos, o jogo também é A equipe de dublagem do game tam- recomendado. Desde que você não bém cumpre muito bem o seu papel, se importe em apanhar bastante pra contando com a presença de Mar- aprender a ser um Hitman. sha Thomason, da série White Collar; 30 games

gumento interessante ao mesclar duas timelines separadas por cerca de 50 anos. No final dos anos 70 e início dos 80 está o protagonista Alex Mason e seu parceiro Frank Woods e em 2025 O segundo título da sub-franquia pu- estão o mesmo Frank Woods, já muito blicada pela Activision bateu, está ba- velho é claro, contando algumas his- tendo e baterá muitos recordes. Foram tórias para o jovem David Mason, filho mais de 10 mil exemplares vendidos de seu antigo parceiro Alex. nos primeiros 5 minutos no dia do lançamento. Foram $500 milhões de Na história vivida por Frank Woods e dólares nas primeiras 24 horas, baten- Alex Manson no final da Guerra Fria, do o recorde de Call of Duty: Modern somos apresentados à ascensão de Warfare 3 e se tornando o maior lan- Raul Menendez, um maior terrorista çamento de todos os tempos na in- do mundo em 2025, era de David nas dústria do entretenimento. Operações Especiais, este mesmo Raul Eder Augusto que planeja um cyber-ataque à China editor @edaum Call of Duty: Black Ops II tem um ar- e Estados Unidos em simultâneo.

31 PASSADO PRESENTE FUTURO

uma indústria onde o gênero jogo bem sucedido no mercado atual. num estilo que já está bastante desen- FPS - ou Tiro em Primeira Pes- Mais o maior destaque de Call of Duty: volvido e com pouca margem de ma- N soa - domina uma larga fatia do Black Ops II não é o multiplayer e sim a nobra. mercado, nada mais normal que haja campanha bem construída e com uma sempre os produtos de ponta. Normal história envolvente, mesmo seguindo Outro fator interessantíssimo e, porque é também a competição entre dois o estilo habitual de: cutscene-tiroteio- não, surpreendente de Call of Duty: ou três produtos por essa ponta, e nos cutscene-tiroteio… Black Ops II é a possibilidade de mudar shooters a grande briga é entre Call of o rumo da história fazendo algumas Duty da Activision e Battlefield da Elec- Mas por que a campanha é boa então? escolhas durante as missões, que dá tronic Arts. Costumo dizer que eles po- O grande atrativo é um pé futurista que um pequeno toque de RPG (bem pe- dem facilmente ser comparados os lí- a história traz, estamos em boa parte queno vai…) e dá ao jogador um pou- deres do mercado de jogos de futebol, dela no ano de 2025, e obviamente co de poder de decisão num game PES e FIFA. Call of Duty está para o PES isso traz mudanças, armas futuristas, conhecido por ser um puro arcade. assim como Battlefield está para o FIFA. equipamentos diferenciados, cenários No futebol, você quer acima de qual- inovadores como o gigantesco por- O vilão do jogo também é um ótimo quer coisa chegar o mais próximo dos ta-aviões Obama ou a cidade fluvial personagem que compete cabeça a astros, ser o mais real possível. E num Plaza. A oscilação de presente, pas- cabeça com o protagonista central FPS o que você quer? sado e futuro em momento algum é David Manson. Raul Menendez é um confusa, pelo contrário, ela funciona líder terrorista completamente psicóti- Bem, eu quero me divertir muito bem como um filme narrado co, estrategista e minucioso, extrema- por exemplo, e exatamente por oscilar mente bem construído dentro do jogo acima de tudo, e se você não fica cansativo, se os anos fossem e o melhor você participa da constru- pensa assim, Call of Duty lineares acredito que poderia se tornar ção do personagem direta e indireta- é a sua franquia perfeita. chato o desenrolar da história. mente. Pode-se dizer que sem David a história funcionaria, já sem Raul não Um jogo linear e frenéti- Grande mérito para o êxito da cam- era a mesma coisa. Mesmo que a tra- co, ação o tempo todo e panha é do roteirista. David S. Goyer é jetória de ambos os personagens este- diversão acima de tudo. o responsável pela obra e tem em seu jam ligadas desde o ínicio. currículo filmes como a trilogia Bat- Quando se pensa num FPS, acho que man de Christopher Nolan. Diferente A campanha de Black Ops II tem po- o desejo de todos é saber do multipla- de outros títulos da franquia, Black Ops der para surpreender até aqueles que yer, afinal o gênero agregou muito para II não precisa de apelos e cenas cho- só ligam para o multiplayer. E eu diria modos multiplayer, que se tornaram cantes para mascarar um roteiro fraco, que pode ser até um grande fator di- quase que um pré-requisito para um dessa vez o roteiro é um ponto forte ferencial. 32 Dá para se destacar num mercado saturado?

laro que dá, dá sempre para E por que então o novo título não trouxe players, a Treyarch alterou o sistema de se destacar em qualquer mer- grandes inovações? Existe uma máxima pontuação, então agora não é só matar C cado. Como um exímio NÃO que diz que em time que está ganhan- que dá pontos, mas cumprir objetivos entendedor do mundo dos FPS eu di- do não se mexe, e essa máxima é ver- também dá. Terror dos campers e por ria que Battlefield inovou, se destacou e dade, mas pode ser perigosa. Para mim uma jogabilidade mais democrática é o ganhou parte do monopólio do Call of um ótimo roteiro deixa o jogo mais no- CoD aprendendo com o Battlefield. Duty na temporada passada por trazer tável, mas nesse mundo dos FPS não um estilo mais simulador e com mais deve contar tanto, aliás, não deveria. possibilidades como controlar veículos Mas nos tempos atuais onde os jogos de diversos tipos ou vários modos dife- já estão num nível elevadíssimo de re- rentes para o jogos multiplayer. cursos e qualidade para proporcionar a máxima diversão em conjunto, uma Em Call of Duty: Black Ops II o diferen- grande história pode ser um extra raro cial do roteiro pode marcar esse novo para os jogadores mais solitários. destaque? Não sei, difícil dizer quando o novo título de uma franquia bate o Pela franquia ser um exemplo a ser co- recorde de venda que já era dela. Call piado nesse ramo, pode vir a ser ten- of Duty é uma franquia extremamente dência que outros FPSs agora venham bem sucedida, aliás, a mais bem suce- com a história cada vez mais amarrada, dida da atualidade. Lançamento de um complexa e cativante. novo Call of Duty é um evento de gran- de magnitude. Mas será que a franquia O multiplayer de Call of Duty: Black se sentiu ameaçada com o fandom Ops II sofreu poucas melhorias, é mais conseguido por Battlefield 3 na última do mesmo e se passa em 2025 com temporada? Não acredito, como já re- o arsenal de armas e mapas futuristas. peti três vezes, o novo título da franquia Numa tentativa de espalhar os jogado- foi recordista de novo. res por seus diferentes modos multi- 33 Um FPS diferenciado? em dúvida alguma que Call of Duty: Black Ops II pode ser conside- S rado diferenciado mesmo sem enormes mudanças.

O jogo quase não tem pontos fracos e melhora nos poucos deslizes que cometera até então como o “incentivo” apenas ao Team Dea- thmatch e seu roteiro que apelava para choques no jogador tentando criar algum sentido de simpatia por parte deste. Poderíamos dizer que é quase o jogo perfeito do gênero e com toda certeza o jogo a ser batido, quem sabe batido pela própria franquia no ano que vem, já que lançar FPSs é quase uma tradição anual.

Se você for como eu, prefere uma boa ação e não ser mais refém de cutscenes intermináveis, então Black Ops II é uma ótima pedida, mesmo que sua praia não seja os FPSs. Este Call of Duty pode ser um ótimo iniciador na modalidade. Aliás, pode ser o melhor iniciador de sempre, pois tem os dois membros de ótima qualidade, singleplayer e multiplayer.

Numa terra com todos tem multiplayer quem tem um bom e grande singleplayer é rei meu amigo. 34 Jéssica Pagliai editora @JehPagliai

e você já jogou um jogo An- anteriores são construídos para parecer ferentes. Enquanto isso, os porcos assu- gry Birds (quem nunca?), então Tatooine Landspeeders e Moisture Far- mem a forma de todos os tipos de ini- provavelmente irá adorar essa ms. As Vines of Dagobah se tornar pon- migos do Star Wars: de Raiders Tusken S versão. Puxe com o estilingue tes suspensas, e as torres das barricadas a Darth Pigs. Até mesmo Tie-Fighters, e envie o Luke Skywalker Bird para voar da Death Star se tornam, protegendo assume uma forma familiar. nas telas dos seus dispositivos móveis... os Stormtrooper Pigs. O resultado final Dê um toque na tela e o veja sacar seu uma miscelânea de elementos visuais Angry Birds Star Wars ainda, deixa mui- sabre de luz ao som de “tan tan tan da- incríveis. to espaço para a expansão. Os dois pri- nananan danananan”, familiar a todos meiros grupos de níveis controlam os os nerds, e transforme cada Pigtrooper Falando em misturas, os personagens eventos de A New Hope. Se você está à em bacon interestelar. também se modificaram: o pássaro ver- procura de mais, poderá ainda comprar melho foi transformado em Luke Sky- um pacote de níveis adicionais... Angry Birds Star Wars é o primeiro da walker, o pássaro negro se tornou Obi- série a permitir que os jogadores ma- Wan Kenobi. O amarelo é Han Solo. E Dito isso, o ceticismo sobre tal parce- nipulem a gravidade. O Obi-Wan-bird Big Bird é Chewbacca. E os pássaros ria é compreensível: quando a maior tem a capacidade de usar a força (um têm agora todos os temas de Star Wars marca do mundo do entretenimento poder telecinético) para dobrar a gra- como poderes. Skywalker Bird balança já atende a maior popularidade de apli- vidade ao redor objetos, os fazendo o sabre de luz supracitado. Obi-Wan- cativos da época, o perigo é possível: mexer em qualquer direção que, mui- Bird usa uma Força para empurrar blo- ser tão cercado por diretrizes de nome, tas vezes derruba arquiteturas nas pro- cos claros e inimigos. Han Birdie dispara que se esquece de ser divertido… ximidades fragilmente construídas. Mas, três tiros de seu blaster para acertar os Não é o caso: esse é um jogo que res- a Força também serve os porcos inimi- inimigos em cantos de difícil acesso. E gata a emoção de várias gerações de gos... Darth Vader-Pig levita plataformas o gigante Chewie, esmaga coisas muito crianças sentiram ao assistir os primei- em determinadas fases, e os leva para bem... ros três filmes Star Wars! fora libera os objetos, a favor do Império -Pig. A Força não é apenas um chama- Conforme você jogar, vai desbloquean- Mas afinal, ele cumpre o que promete? riz em Angry Birds Star Wars, mas sim do níveis bônus estrelando os perso- Sim, com certeza! Já que esse é um de- uma camada de estratégia. nagens favoritos de muitos: os robôs leite para os fãs de Star Wars e fãs Angry R2-D2 e C-P3O. R2-D2 pode atirar nos Birds, igualmente. O jogo estará dispo- Os ambientes são uma fusão surreal inimigos com seus poderes eléctricos nível desde o dia 08 de novembro para dos dois universos, na fronteira com (e tem muito alcance) e C-3PO explode os dispositivos móveis iOS, Android e Pop Art. Os blocos de vidro, madeira e em pedaços, seus pedaços metálicos Windows Phone, bem como Mac, PC aço usados para a construção dos jogos navegam e pode atingir vários alvos di- e Windows 8. 35 games

Pedro Luiz Fraga editor @PedroLuiz7

36 Quem falou mal, não jogou

s jogos de tiro em primeira jogado. Não estamos falando do novo especificamente nos consoles, o jogo pessoa estão passando por ditador de moda dos jogos de tiro em apresenta alguns problemas de textu- O um momento bastante curio- primeira pessoa, longe disso. ras, vistos também nos outros jogos so do ponto de vista qualitativo e quanti- que usam esse engine gráfico. Já no tativo. Por ano, são lançados no mínimo Mas o game é divertido PC, onde o céu é o limite se você tem três grandes jogos nesse subgênero, e uma máquina preparada para aguentar os mais criticados em relação a pouca e cumpre bem aquilo o tranco, é impressionante o nível de- inovação são os mais vendidos. É como que se propõem a ser, talhista que o game alcançou. Melhor a supervalorizada saga cinematográfi- que os cenários, são as ações. Duran- ca ‘’Crepúsculo’’, que de nada acres- além de apresentar os te um tiroteio, onde milhares de coisas centa ou traz relevância, mas é con- melhores gráficos que estão acontecendo na tela simulta- sumido ferozmente por fãs. Se esse um jogo de guerra já neamente, é comum que o jogo apre- fenômeno acontece, certamente algo sente uma pequena queda na taxa de muito chamativo no jogo mantém um trouxe, sem perder fra- quadros por segundo. Por algum mi- nível aceitável. É o caso, por exemplo, mes por segundo. lagre, isso não acontece aqui, e ainda da franquia Call of Duty, que tem em consegue manter os corpos nos cená- seu modo online uma verdadeira mina Já que citei os gráficos, comecemos rios sem precisar sumir com eles como de ouro. A Eletronic Arts, empresa res- por ele. O novo motor gráfico Frost- num passe de mágica (prática comum ponsável por outro FPS de sucesso, o bite 2, visto também em Battlefield 3 em jogos do gênero. Acabam optan- Battlefield 3, tem nas mãos a franquia e Need for Speed: The Run, é o maior do por tirar o corpo do cenário após Medal of Honor, linha de jogos aclama- diferencial do jogo. De longe, os me- um tempo para que o processamento dos na geração 32 bits que foi, ao lon- lhores gráficos que um jogo de guerra não fique sobrecarregado com ‘’pesos go dos anos, perdendo força e iden- já trouxe. Falamos muito do já citado mortos’’, com perdão do trocadilho). tidade em seus lançamentos. Mesmo Battlefield 3 quando o assunto é o vi- com a pouca aprovação da maioria, sual, mas em Medal of Honor: War- Obviamente, um jogo não pode (nem Medal of Honor voltou em 2012 com fighter é algo de encher os olhos. Co- deve) se sustentar somente pelos grá- o subtítulo Warfighter e algumas car- mum, por exemplo, nos depararmos ficos. A campanha single player, que tas na manga, e antes mesmo de seu com alguma cidadezinha devastada anda cada vez mais com cara de trei- lançamento, já se dizia que o game pela guerra e pararmos somente para namento para o modo online, con- não traria nada realmente relevante. analisar os detalhes que o cenário, a segue ser um pouco maior que a de Certamente, quem criticou o jogo di- atmosfera e os tiroteios apresentam. Battlefield 3, concorrente direto. De- zendo que o mesmo é só mais uma O jogo está disponível para os con- pendendo da dificuldade escolhida, é decepção para o gênero, não deve ter soles Xbox 360 e PS3, além do PC. E possível terminar os 13 capítulos em 7 37 ou 8 horas. Embora curta, a campanha te, não do visual do combate, que fi- ao mesmo tempo irritante. Em uma é extremamente bem elaborada e di- que claro, está longe de agradar. Aqui determinada missão, o protagonista nâmica. Algumas sequências se des- temos a tão criticada munição infinita, Preacher precisa eliminar alguns alvos tacam porque dão ao jogador um pa- que consiste em um simples apertar localizados em um prédio em ruínas. norama diferente daquele que temos de botão. Você sempre carregará uma O problema é que se você não seguir da guerra, algo entre tática e tiroteio. pistola com munição infinita, com essa a ordem de tiros imposta pelo jogo, a Várias outras ações, como por exem- nem precisa se preocupar. Mas as ou- missão não é cumprida, ou pior, gera plo, perseguições a bordo de um carro tras armas, as principais, eu diria, vão fi- um erro absolutamente grotesco. Ás no meio do trânsito de Dubai, dão um cando sem munição, e você só precisa vezes você decide atirar no segundo tom muito mais corrido e acrescen- ‘’pedir’’ a um dos membros do seu es- soldado, ao invés do primeiro, e o tiro tam elementos necessários para não quadrão que lhe ceda um pouco. Ou (que parecia certeiro), simplesmente entediar o jogador com o clássico an- seja, se você chegar a 0 de munição, não acerta o alvo. Você fica preso ao da-mira-atira. E de quebra ainda deixa fique tranquilo. É só pedir ao parceiro roteiro que o jogo determinou para muito game de corrida no chinelo. que lhe dê uma ajuda... Quantas vezes você, e isso, mais uma vez, tira o jo- forem necessárias. Esse é o problema. gador da realidade pela qual o jogo foi As armas usadas em A história é fraquinha e tenta criar uma vendido. ligação entre os soldados americanos Medal of Honor: War- e os grupos terroristas, dizendo que, na O final do jogo consegue ser interes- fighter são escassas, essência, são extremamente próximos. sante mesmo com aquela fórmula Sujam as mãos e fazem de tudo pelo clássica de enaltecimento ao soldado mas muito bem selecio- objetivo, que às vezes não traz bene- americano. Como foi dito ao longo do nadas, atuais. ficio algum. Assim como a narrativa, texto, os gráficos estão espetaculares, que de nada serve senão para amarrar e a cut scene final é belíssima, conse- Diferente da maioria dos games do as sequências de tiroteios e persegui- guindo passar uma mensagem fantás- gênero, você pega uma arma do chão ções. tica de superação e mudança de vida somente para uso imediato, não a adi- através de um texto. Vale chegar até cionando ao seu inventário. O proble- Um ponto que tem sido discutido a o final para conferir também a música ma está na quebra de realidade que o cada lançamento é a impossibilidade ‘’Castle of Glass’’, do grupo Linkin Park. jogo se gaba (e apresenta). Se os ce- de trilhar o seu próprio caminho no Essa faixa está concorrendo como nários e os níveis de detalhes estão em jogo. Em alguns momentos de Medal melhor música do ano no Video Game nível altíssimo, a realidade do comba- of Honor: Warfighter isso fica nítido e Awards, e já tem a minha torcida.

38 No modo multiplayer, onde esses jo- gos geralmente fazem seu pé-de- meia, o jogo tenta trazer um sistema de classes, com esquadrões de vários países. Cada classe apresenta uma ca- racterística diferente, e quanto mais se progride, maior é o seu arsenal e mais classes são desbloqueadas. Nada novo. Mesma diversão.

Se apegando ao que já faz sucesso e com medo de inovar na jogabilidade, Medal of Honor: Warfighter é só mais um FPS. Divertido e bonito, mas que no mercado internacional não tem fei- to nenhum sucesso. Não é ruim, mas não traz nada novo, e games assim es- tão, infelizmente, fadados ao fracasso.

39 a vozinha de caju da equipe do supernovo com você!

“BananaCast - programas espe- ciais sobre a cul- tura pop” - 78% de aprovação da família dos participantes

“Podcast da Re- dação - resumo semanal de no- tícias e sessões particulares de bullying.” Nenhum animal é ferido ou maltratado durante as gravações desse programa

40 música

41 Matheus Pessôa editor @Matheus__Pessoa oinício

oze de julho de 1962. Uma banda, hoje formada pelo ‘quarteto’ data normal para a maioria Jagger/Richards/Watts/Wood (Mick D das pessoas. Mas para o uni- Jagger, Keith Richards, Charlie Watts verso da música, tem um significa- e Ron Wood) completa 50 anos neste do especial. Foi esse doze de julho saudoso ano de 2012. Mas que estão que marcou a junção de cinco jo- lá há realmente muito tempo Jagger vens ingleses que gostavam de rock e Richards desde a criação da banda; e blues no palco do Marquee Club Watts entrou um ano depois (1963); e sob o nome que cinco décadas de- Ron Wood é o ‘novato’, tendo entra- pois ainda seria gritado mundo afo- do em 1974. ra: The Rollin’ Stones. Na verdade, o nome da banda é uma homenagem A banda foi idealizada por Keith e a uma música de mesmo nome do Mick, lá em 1960. Os dois se encon- grande Muddy Waters, uma das refe- traram casualmente numa estação rências no mundo musical nos anos de trem e começaram a conversar. 50, 60 e 70. O Marquee Club não só Logo viram que o interesse pelo rock ficou marcado como o clube onde e pelo blues era mútuo. Brian Jones os Stones tocaram, como também convidou-os definitivamente para foi o lugar onde várias bandas inter- formar um grupo e assim nasce- nacionalmente conhecidas também ram os Rolling Stones. Jones e Bill deram seus primeiros acordes: The Wyman foram os dois nomes que Who,King Crimson, Yes, Jethro Tull, completaram a primeira formação The Jimi Hendrix Experience, Pink da história dos Rolling Stones. Floyd e até mesmo AC/DC, que tam- bém começou nessa época. Aliás, os Rolling Stones estão no Hall da Fama do Rock and Roll como ‘ a Com um ‘g’ a mais no nome e cen- melhor banda de todos os tempos’. tenas de músicas no repertório, a 42 primeirossucessos história dos Rolling Stones Is on My Side” (1964), que na verdade (1965). Você com certeza já ouviu mistura-se com a história é um cover de uma música do Jerry essa música em algum momento da A do rock inglês. Os Stones Ragovoy (Norman Meade). Foi gra- sua vida, mesmo que só aquele início começaram cedo. Em 1963, já ti- vada inicialmente por Kai Winding de guitarra com um ritmo contagian- nham um contrato com a Decca e sua Orquestra em 1963, mas de- te. E esse é o grande trunfo da can- Records, que tinha perdido certo pois adentrou no álbum Stone 1235 ção: um ritmo um pouco mais rápido, prestígio por ter recusado gravar e se foi o primeiro sucesso da banda mas ainda sim contagiante e suave, para os Beatles. Mas desta vez, a chegar ao top 10 das paradas dos que não ‘satura os tímpanos’, por as- eles acertaram. Um fato engraça- Estados Unidos, na sexta posição, e sim dizer. De acordo com o próprio do é que na campanha de promo- permanecendo em alta por muitas Mick Jagger: ‘Foi a música que real- ção da banda, foi utilizado o slo- semanas. Time Is on My Side tem um mente nos fez Rolling Stones e nos gan: ritmo bem calmo e progressivo, bem tirou da posição de ‘apenas mais uma característico dos Stones nessa épo- banda’ para uma ‘banda de tamanho Você deixaria sua filha ca, que ainda começavam sua cami- monstruoso!’. Ele também disse que nhada pelo mundo da música. E Mick Keith que foi o idealizador dessa mú- se casar com um Rolling Jagger já mostrava seus vocais fortes sica, e depois Charlie Watts deu o ‘to- Stone? desde então, mesmo numa música que final’. Keith também não gostou amena. muito das primeiras vezes que eles Antes disso, os Stones faziam al- tocaram havendo uma divergência guns covers de Muddy Waters, que Apenas um ano depois, os Rolling de opiniões sobre a composição, que era realmente a grande referência da Stones já conseguiram o que era/é/ tinha um ritmo folk, como ele disse. época para todas as bandas ‘novatas’. será o grande objetivo de todas as bandas: atingir a primeira coloca- Pode-se dizer que os Rolling Stones ção no ranking das paradas dos Es- Essa foi a única vez tiveram uma ascensão meteórica ao tados Unidos, com uma das músicas que nos desentende- sucesso. Logo no início de sua his- mais marcantes da banda, que até tória pelos palcos, o grupo logo em- hoje é tocada por rádios ao redor do mos placou vários sucessos como “Time mundo: (I Can’t Get No) Satisfaction 43 discosmarcantes m 1969, quando o grupo fazia te depois, os Beatles vieram a gravar. de dos Stones quando falamos de mú- bastante sucesso tanto na Amé- Logo no ano seguinte, em 1970, a ban- sicas com ritmos diferentes, ou então E rica quanto na Europa, um fato da ganhou o seu logo, conhecido por toda essa diferença em uma compo- triste marcou essa época; o guitarrista quase todos na face da terra, que foi sição só. Aqui eles provaram mais uma Brian Jones (que fora o fundador dos desenhado por John Pesche, basean- vez o potencial que tinham e também Stones) resolveu sair da banda por ter do-se na boca de Mick Jagger. Selo que têm músicas que transcendem a problemas com drogas, e, um mês de- que é até hoje a marca oficial dos Sto- mainstream do que eles mesmos to- pois, foi encontrado morto misteriosa- nes e pode ser reconhecido em qual- cavam antes, renovando, adicionando mente numa piscina, tendo, suposta- quer lugar do mundo. Em 1970, um e revivendo alguns estilos de sua sono- mente, se afogado sozinho nela. Isso show curioso também foi um marco ridade. É também o único álbum duplo gerou muita polêmica naquela época, na banda naquele ano; os seguranças da banda, e um dos melhores, diga-se já que a banda estava na mídia. do show (que eram Hell Angels) aca- de passagem. Uma curiosidade sobre baram matando uma pessoa que es- o nome do disco: os Stones estavam, A morte de Brian ditou tava assistindo os Stones em Altamont. naquela época, exilados na França, não Em 1971, a banda lançou o seu novo podiam retornar ao seu país (Inglater- o início de uma nova era álbum Sticky Fingers , que teve a capa ra) porque estavam tendo problemas para os Rolling Stones e idealizada e feita pelo artista plásti- com impostos. O álbum, então, foi co Andy Warhol. A capa é famosa por gravado no porão da mansão de Keith a chegada de um novo conter a pélvis de Mick Jagger, por mais Richards, que tinha uma estrutura que e talentoso integrante: o estranho que isso pareça. Mas nada de não era muito boa, como disse Mick guitarrista Mick Taylor, estranho aparece, só uma calça jeans Jagger, Mas, no fim, o álbum foi um normal (ainda bem). Além disso, esse sucesso e é até hoje considerado por que acabara de sair dos disco foi um marco na banda porque muitos como um dos melhores tra- Bluesbrakers de John ele foi o lançamento que ditou a sono- balhos da banda e da história do rock, ridade dos Rolling Stones naquela dé- como já destacaram várias listas que Mayall. cada, um pouco diferente da anterior tratam sobre essa temática; O fato de (em parte, pela troca de guitarristas). eles estarem exilados contribuiu, de Ainda em 1969, o disco Let It Bleed foi certa forma, para a sonoridade que foi lançado, Você provavelmente deve es- O álbum posterior foi uma verdadei- colocada nesse trabalho e, acima de tar achando que este é uma cópia do ra mistureba de vários estilos que os tudo, nas letras de algumas músicas hit dos Beatles Let It Be, mas na verda- Stones sabiam tocar; em Exile on Main que fazem alusão ao fato de ‘estar lon- de o contrário aconteceu; o disco dos Street , podemos perceber a volatilida- ge de casa’. Stones saiu primeiro e depois, somen- 44 Mick Taylor deixou a banda em 1974, mo assumiu a responsabilidade (mais no’ dos Rolling Stones à sua origem, substituído pelo atual guitarrista da uma) de tocar a guitarra, tanto que na mas com um ritmo e musicalidade banda, Ron Wood. A chegada dele foi faixa Respectable, por exemplo, os três mais contemporâneos, que podem até marcou o álbum It’s Only Rock’N’ Roll membros tocaram guitarra. lembrar grandes bandas atuais, como é , que, como o próprio nome diz, tem o caso de The Black Keys e The White apenas canções de rock and roll, com Tatoo You, de 1981, não teve muitas Stripes, mas ainda sim com o estilo que destaque para a faixa que dá nome ao músicas que foram produzidas real- os Stones já tinham mostrado algumas álbum, It’s Only Rock’N’ Roll, que tem mente para ele. Na verdade, a maioria décadas atrás, com Some Girls, mas um ritmo bem cadenciado e que flui das músicas que estavam ali eram gra- com uma pegada mais forte. O álbum bem ao longo da letra que -essa sim- vações da década de anterior com al- foi gravado principalmente por Jagger, é bem forte, uma verdadeira ode ao gumas regravações pontuais em algu- Richards e Watts, pois Ronnie Wood rock’n’roll. Dedicado de cria para cria- mas canções. ‘Não foi uma questão de estava ausente em algumas gravações, dor, só é difícil é saber quem é quem. nós pararmos de escrever coisas novas. e tocou dez das dezesseis faixas que Nesse álbum, a grande parte dois cré- Foi apenas uma questão de tempo. compõem o disco. ditos foi dada realmente a Mick Tay- Queríamos sair pela estrada com algum lor, que gravou parte do disco. Já Ron álbum, e não tínhamos tempo de gra- Wood, só passou a ganhar créditos por var um álbum inteiro e ainda começar A turnê de A seu trabalho nos relançamentos do a turnê’, Keith Richards comentou, em disco. Na época, ele ainda estava acer- 1993. O álbum foi muito bem aceito Bigger Band foi tando alguns detalhes de sua saída do pela crítica e tido como um dos traba- Faces (banda da qual fazia parte) e con- lhos que estava entre os melhores dos simplesmente fan- tratos com gravadoras. Mesmo assim, Rolling Stones. Em 1983, rumores sobre tástica. no fim dos anos 70, muitos criticavam a separação da banda pairavam sobre a os Rolling Stones. mídia a todo o momento, pois nenhum Principalmente para os fãs brasileiros, dos Stones era visto ‘junto’ aos outros, e que puderam acompanhar uma apre- Some Girls, de 1978, marcou uma épo- sempre fazendo trabalhos solo. sentação completamente de graça ca que têm claras influências de disco/ nas areias de Copacabana, numa noi- funk das canções do grupo, e também Avançando um pouco no tempo,em te que reuniu 1,5 milhões de pessoas, foi o primeiro gravado com Ronnie 1995, os Stones lançam Bridge to Ba- sendo considerado um dos maiores Wood sendo um membro vitalício da bylon, um trabalho marcado por so- shows da banda em si e um dos me- banda. A maneira de tocar a guitarra los vocais sem precedentes de Keith lhores shows de todos os tempos. A (semelhante a Keith Richards) casou Richards. Muitos músicos fizeram turnê foi a que mais faturou na história muito bem com o estilo das músicas. pontas nesse disco, como Jeff Sar- da música, com cerca de 437 milhões Wood também foi importante esse ál- li, Jamie Muhoberac, Blondie Chaplin, de dólares, recorde que eles mesmos bum porque os seus solos de guitarra Don Was,Danny Saber, Darryl Jones, bateram um ano depois, faturando slide ficaram como uma marca regis- Me’shell Ndegeocello e Doug Wim- cerca de 560 milhões de dólares. Foi trada dessa nova sonoridade dos Sto- bish. E, de novo, Keith Richards e Mick também a mais longa turnê da banda, nes. A performance Jagger, os ‘Glimmer Twins’. que tocou para apro- de Mick Jagger ximadamente 6 também ajudou A Bigger Band, o mais re- milhões de pes- muito, pois em cente trabalho da ban- soas, aproxima- algumas músi- da, de 2006, marca damente. cas ele mes- um possível ‘retor-

45 shinelights demartinscorsese hine Light foi um documentá- - Pegar fogo!? Temos que tomar cui- para descrever o show. Uma setlist rio dirigido por Martin Scorse- dado, não pode tacar fogo no Mick repleta de clássicos que colocaram S se que retratou o ‘backstage’ Jagger, ok?- ou então ‘It might burn o público para dançar fizeram a ale- de uma apresentação dos Rolling Mick Jagger... So we can’t set him on gria da platéia que delirava enquanto Stones em 29 de outubro de 2006 fire’ (o tom de humor é melhor em Mick Jagger dançava de modo extra- (uma das últimas antes da pausa que inglês). vagante- sua marca registrada- pelo a banda deu). palco, sem parar de se mexer mesmo Nos primeiros 10 minutos, toda a (quase) aos 70 anos de idade. Keith Por ser um documentário, a gravação preparação está sendo feita, desde a Richards e Ronnie Wood deram uma mostrou até mesmo o próprio Scor- montagem do palco e à colocação de aula de como se toca guitarra, o pú- sese nos momentos em que ele es- câmeras ao redor dele, visando cap- blico saudando-os calorosamen- tava no canto dele, planejando todos tar as melhores imagens do show. Há te quando foram apresentados no os efeitos visuais que ele queria, para também, uma preocupação extrema meio do show. Charlie Watts é outro tornar o show, e por conseqüência o de Scorsese quanto à setlist. (Deta- que também recebeu aplausos pelo documentário, melhor. Iluminação, lhe: ele mesmo tinha feito uma setlist seu trabalho atrás dos pratos, que ele disposição dos quatro membros no ‘sugestiva’ que Mick Jagger filmou executou muito bem, com bastante palco, instrumentos, setlist, captação com uma câmera caseira e mostrou; energia, mesmo com idade avança- de imagens, plateia... Scorsese estava esse tape também entrou no filme). da. atento a tudo isso. Há, inclusive, uma Bill Clinton, o fundador da Clinton parte muito engraçada logo no início Foundation, uma fundação de cari- O público vibrou ainda mais quan- do documentário, em que um assis- dade para a qual toda verba do show do os primeiros acordes de Loving tente chega para ele e diz: foi direcionada. Clinton faz um rápi- Cup foram tocados, que foi quando do discurso e o show começa. Jagger dividiu o palco- e o microfo- - O aparelho pode dar curto... Pode ne- com Jack Whyte. As duas vozes até pegar fogo. Intenso. Essa é uma palavra possível deram casaram bem, assim como o 46 violão de Whyte com as guitarras da os braços nas primeiras músicas (e a (I Can’t Get No) Satisfac- dupla Keith-Wood. Cristina Aguilera sincronização dos movimentos com foi outra que também soltou a voz as luzes) contribuíram muito para o tion fechou a noite do com Jagger, na música Live With Me, espetáculo, tanto técnico quanto show, o público saudan- uma das últimas a serem tocadas. musical. Tudo isso, também, graças do os Rolling Stones mais Houve também vários outros artis- à produção de Steve Bing e Michael tas que tocaram instrumentos com- Cohl. uma vez durante a sua plementares- como saxofone, por história, que no tempo em exemplo- em músicas que o reque- É interessante, também, observar a que o filme foi gravado, riam, como Champagne & Reefer, do adição das cenas de entrevistas anti- grandioso Muddy Waters. gas dos Rolling Stones a vários jorna- era de 46 anos. A última Foi nessa música, aliás, que Buddy listas, cada uma delas com um toque cena, a de despedida, mos- Guy, renomado e importantíssimo sarcástico ou de mal-humor que os tra todos os convidados e bluesman de Chicago fez uma parti- Stones sempre fizeram questão de cipação muito boa, e depois até ga- fazer. Essas cenas aparecem em mo- os Stones reverenciando o nhou uma guitarra de Keith Richards mentos oportunos do documentário, público que lotou o Beacon de presente depois que eles tocaram. são bem pontuais, e tem como fun- Teathre. E então, Shine A ção mostrar um pouco mais sobre Se o desempenho dos Stones im- a vida de um Rolling Stone fora dos Light encerra o ducumen- pressionava de palco, os reflexos do palcos, mostrando a personalidade tário com um tape de Scor- trabalho de Scorsese também fica- de cada um, etc. Essas entrevistas, sese que é em primeira ram evidentes em todos os aspectos. que são desde pequenas cenas em Primeiro porque o jogo de câmeras preto e branco até noticiários tam- pessoa, quando os Stones que ele fez foi muito bom pegando bém foram uma outra boa sacada de se encaminhavam para aqueles momentos mais empolgan- Scorsese para complementar ainda fora do local. A câmera en- tes do show de uma maneira muito mais o ar histórico do show, acres- boa, não deixando escapar nada. O centando na importância que os Rol- tão se afasta e passa pelos que também foi excelente pela par- ling Stones tiveram, tem e vão ter na prédios da cidade, o vocal te da direção foram os efeitos visuais música, afinal, há vários momentos de Mick Jagger ecoando que foram colocados lá. A iluminação polêmicos que são retratados, como foi um espetáculo; o jogo de luzes quando Keith Richards foi preso por pela noite escura de New toda vez que Mick Jagger levantava porte de drogas. York.

47 oanode2 012

omo todos sabem, em 2012 pela Europa e pelos Estados Unidos. da mais incrível é que vocês ainda es- os Rolling Stones completam Parece que o ar de Paris faz bem aos tão nos vendo... Não podemos lhes C 50 anos de história. E, para Stones, que além de terem grava- agradecer suficientemente- o voca- comemorar da devida maneira, eles do as novas canções lá, fizeram um lista Mick Jagger proferiu durante a resolveram lançar um Box superes- show surpresa com ingressos de 20 apresentação. pecial de seu mais novo disco, Grrr!, dólares num Pub inglês e ainda por que chegou às lojas nesse mês, mais cima fizeram esse anúncio surpresa, Os ex-Stones Bill Wyman e Mick Tay- especificamente dia 9 de novembro que dizia: lor também participaram do show, na Europa e no resto do mundo no numa reunião que não acontecia há dia 12. Grrr! é uma compilação his- aproximadamente 20 anos. A crítica tórica de muitíssimas músicas dos You all knew this sobre o show também foi muito boa: Rolling Stones. O Box completo tem was coming! “Keith Richards já disse que a beleza 4 discos, um disco bônus e ainda um do rock and roll é que a cada noite disco de vinil, um livro de capa dura, Ou seja, ‘Todos vocês sabiam que uma banda diferente pode ser a maior pôster e vários cartões postais. O ál- isso estava chegando’. No dia 26 do mundo. Bom, ontem à noite, na bum marca a presença das duas no- aconteceu o show na O2 Arena, em O2 Arena, foi a vez dos próprios Rol- vas canções dos Stones: Doom And Londres. De volta à cidade natal, os ling Stones reivindicarem o título que Gloom e One More Shot, que já ti- Stones colocaram o público de 20 eles inventaram”, Neil McCormick nham sido liberadas no canal oficial mil pessoas para pular a noite intei- comentou sobre a apresentação dos da banda no Youtube (Doom And ra, com uma setlist cheia de músicas Stones no Daily Telegraph. “E eles o Gloom com um clipe oficial, estre- clássicas e que também incluía as fai- fizeram com estilo e autoconfiança.” lando Noomi Rapace). xas novas. Um show de duas horas e meia que Além do lançamento dessa compila- -Levamos 50 anos para irmos de prova que os Rolling Stones estão ção gigantesca, os Stones anuncia- Dartford a GreenwichMas, vocês sa- longe de estarem acabados. Ou aca- ram que fariam uma turnê pequena bem, nós conseguimos. O que é ain- bando. 48 Depois de várias brigas, intrigas e Veja a setlist: recaídas, os Stones voltaram a bri- lhar. Ou melhor: é injusto dizer isso. Nunca deixaram de brilhar. Mas eles estão de volta ao auge, de volta ao topo, onde eles merecem estar e es- 1 - “I Wanna Be Your Man” tarão para sempre na história da mú- 2 - “Get Off of My Cloud” sica mundial. A turnê 50 & Counting continua pe- 3 - “It’s All Over Now” los Estados Unidos. Vamos ver até 4 - “Paint It Black” quanto vamos contar. 5 - “Gimme Shelter” (com Mary J. Blige) 6 - “Wild Horses” 7 - “All Down the Line” 8 - “I’m Going Down” (com Jeff Beck) 9 - “Out ff Control” 10 - “One More Shot” 11 - “Doom and Gloom” 12 - “It’s Only Rock’n’Roll” (com Bill Wyman) 13 - “Honky Tonk Women” (com Bill Wyman) 14 - “Before They Make Me Run” 15 - “Happy” 16 - “Midnight Rambler” (com Mick Taylor) 17 - “Miss You” 18 - “Start Me Up” 19 - “Tumbling Dice” 20 - “Brown Sugar” 21 - “Sympathy For The Devil” Bis: 22 - “You Can’t Always Get What You Want” 23 - “Jumpin’ Jack Flash”

Agradecimentos à Luiz Guilherme Prates 49 Ronaldo D’Arcadia Colunista (Crítica Daquele Filme) música @RonaldoDarcadia

Fab Four em vinis remasterizados Veja abaixo a lista completa dos discos que integram o “The Beatles Stereo Vinyl Box Set”:

Please Please Me With The Beatles A Hard Day’s Night Beatles For Sale Help! Rubber Soul Revolver Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band Magical Mystery Tour The Beatles Yellow Submarine Abbey Road Let It Be Past Masters - Volumes One & Two

50 O lançamento se trata de uma pro- Do Yê Yê Yê ao vir- dução “fac-símile”, o que garante to- Repassando o legado tuosismo psicodé- dos os detalhes originais das obras, como os pôsteres e encartes interio- E diante deste importante documen- lico. Nova coleção res diferenciados do “White Album” e to, que está sendo imortalizado em de vinis traz disco- do “Sgt. Pepper’s Lonely Heart Club uma nova era, percebemos como o Band”, por exemplo. nome Beatles é inserido de décadas grafia completa dos em décadas para o deleite de novas Beatles. As faixas prensadas são as mesmas gerações. O resultado desta cons- da versão remasterizada pela Apple tante reciclagem é sempre positivo, Está cada dia mais caro ser um Beatle- em 2009, as famosas edições “mono tanto financeiramente, como cultu- maníaco... e cada dia mais divertido. e estéreo”, que posteriormente fo- ralmente. Enquanto Paul McCartney aproveita ram disponibilizadas em um Pen uma nova e maciça onda de popu- Drive em formato de maçã, símbolo A penúltima leva de lançamentos mais laridade para relançar trabalhos bri- da gravadora. Mas todos estes itens, enfáticos do quarteto foi em 1995, lhantes de sua carreira solo - como o hoje, não são nada perto destes dis- com o “The Beatles Anthology”, que “Band On The Run”, “Venus and Mars” cos de 180 gramas. trazia um extenso e rico documen- e “Ram” -, a EMI também aproveitou tário do grupo, e três álbuns duplos: para lançar a discografia remasteri- Aqueles que não quiserem pagar US$ “Anthology 1, 2 e 3”, que, além de reu- zada completa dos Beatles em vinil 399,99 (R$ 813,38) por toda a cole- nirem clássicos sucessos de outrora, neste último dia 13 de novembro. ção (que é limitada a 50 mil exempla- ofereciam conversas de estúdio, er- res) poderão comprar os LPs separa- ros de gravação, e as músicas inédi- A caixa se chama “The Beatles Stereo damente. Mas é óbvio que a edição tas “Free as a Bird” e “Real Love” - que Vinyl Box Set”, e conta com 14 álbuns especial oferece seus atrativos cole- se tratavam de rascunhos gravados (dois deles duplos) do Fab Four. Te- cionáveis extremamente almejáveis, por John Lennon, que foram traba- mos os 12 originais britânicos, o norte como um livro de capa dura com lhados pelos três Beatles remanes- -americano “Magical Mystery Tour” e 252 páginas, escrito pelo produtor de centes na época: Paul, George e Rin- mais a coleção “Past Masters Volumes rádio Kevin Howlett, que destrincha go (lembrando que Harrison morreu One & Two”, com todas as canções minuciosamente os álbuns e cada em novembro de 2001). Este é talvez de compactos que não entraram em música gravada. Temos também fo- o material mais relevante do conjun- LPs (os famosos “B-Sides”) e algumas tos raras, informações técnicas sobre to lançado até hoje, por ter reunido, raridades da banda mais famosa de a preparação dos discos, e faixas iné- mesmo que de maneira simbólica, os Liverpool (e de toda a galáxia). ditas. músicos uma última vez. 51 52 Ronaldo D’Arcadia Colunista (Crítica Daquele Filme) séries & tv @RonaldoDarcadia

Reinventando Monstros 53 Seria “Mockingbird Lane” uma interessante promessa ou apenas um fracasso irremediável?

os anos sessenta, uma das sé- seria monstruoso?), o pai Herman ries de maior destaque da TV busca ajudar seu filho de todas as N Americana foi a “The Muns- formas possíveis, isso quando não ters”, batizada no Brasil como “Os está preocupado com a manu- Monstros” - título que acaba ficando tenção de seu corpo pré-fabri- meio perdido na tradução, não ofere- cado – se velho coração falha, cendo a profundidade exata da piada ele precisa de uma peça de que mistura um nome comum com a reposição. palavra monstros. No entanto o experiente Gran- Estrelada por Fred Gwyne, Al Lewis, dpa - avô vampiro de aproxima- Yvone De Carlo, Butch Patrick e Pat damente 600 anos - tenta con- Priest, o show acompanhava o dia a vencer o neto, a todo o momento, dia de uma estranha família, formada que não há razão para o mesmo se basicamente por aberrações: eram os entristecer por sua natureza, pois afi- tais Munsters. Buscando uma vida or- nal, ele é um devorador de homens... dinária, eles decidem conviver entre e nunca se sentiu mal com isso. humanos normais, e o endereço Moc- kingbird Lane, 1313, se revela o lugar E completando o núcleo familiar ideal para o começo desta nova fase. temos a belíssima e hipnotizan- Sendo então uma releitura do clássico, te Lily Munster - a matriarca “Mockingbird Lane” surge com um vi- da casa, esposa de Herman sual completamente diferente da obra - e a vergonha da família, a de 1964, mas muito fiel a trama origi- “humana” Marilyn Munster nal. Nela, temos como foco (primeira- – garota que foi adotada mente) a insatisfação do caçula Eddie por Grandpa após qua- Munster, que não curte a ideia de se se ser devorada por sua tornar um lobisomem em noites de lua mãe verdadeira. cheia, decidindo então ser o primeiro vegetariano da espécie... Quando pos- sível.

Diante deste conflito existencial (ou 54 That’s some bad hat Harry...

ockingbird Lane tem como não irá encomendar mais episódios extremamente positivo. seus desenvolvedores o dire- – como informou o site internacional Ironicamente - diante das discus- M tor Bryan Singer (que com o The Hollywood Reporter. sões de conceito e tudo mais -, este fim de “House”, procura um novo filão primeiro episódio ofereceu uma na TV para sua Bad Hat Harry Produc- Primeiramente, o desenvolvimento do linguagem concisa, alicerçada por tions) e Bryan Fuller (criador das séries projeto levou dois longos anos para se um humor sutil e de qualidade, que “Dead Like Me” e “Pushing Daisies”). completar, e o piloto (dirigido por Sin- homenageia de maneira honesta o ger) custou nada menos que 10 mi- clássico sessentista da CBS. Já a pro- Como já foi dito, o visual repaginado lhões de dólares. Além disso, Singer, dução (de 10 milhões) é impecável, e chama atenção, principalmente com Fuller e a NBC parecem ter discordado utiliza efeitos especiais incríveis, que Herman Munster, que ao invés da apa- em alguns pontos básicos envolvendo se destacam facilmente – principal- rência de Frankenstein, surge como a roteirizarão da história, que posicio- mente o bichinho de estimação de um cara de meia idade normal, mas naria os personagens em ambientes Eddie. A roteirizarão e direção fun- todo remendado, com partes diferen- mais realistas, na questão do impacto cionam muito bem, e as interpreta- tes perceptíveis (quando digo partes, social, enfatizando a falta de adaptabi- ções, no geral, são corretas e bem me refiro a membros, certo?!) e um lidade das criaturas na sociedade (visão conduzidas. zíper no peito que dá acesso ao co- de Singer e da NBC), ou então, passaria ração. Ele é interpretado por Jerry O’ por cima disso tudo e se focaria mais Só que mesmo assim, no final, “Moc- Connel (o maluco de “Joe e as Baratas” na base fantasiosa do tema (visão de kingbird Lane” aparentemente não e o gordinho bunda mole de “Conta Fuller). vai se desenvolver – apesar de mui- Comigo”). tos sites apontarem o fim da série E diante destes problemas, começa- como certo, nada foi oficializado de O bom elenco traz ainda: Portia de ram os rumores de que a série não te- fato, mas no Internet Movie Dateba- Rossi (“Arrested Development”), Cha- ria futuro, sendo as limitadas opções da se (IMDb), a produção está cataloga- rity Wakefield (“O Corvo”), Eddie Izzard emissora: exibir o piloto como um es- da como “TV Movie”, e creio que isso (o Mr. Kite de “Across the Universe”) e o pecial de Halloween, transformar tudo (infelizmente) já elucide a questão... eficiente ator mirim Mason Cook, que em um filme de TV e terminar as coisas por enquanto pelo menos. estará presente no badalado “O Cava- por ali mesmo, ou tentar seguir adian- leiro Solitário”. te, torcendo para que o show vingue. No final, analisando pelo prisma de aceitação comprovada de público e Só que apesar de tudo parecer pro- E o veredito final? crítica, os novos Munster mereciam missor, a NBC - emissora que patro- uma chance... Mas como diria o Su- cina a brincadeira - não se mostrou O piloto foi mesmo ao ar como um per Sam: “Time is Money! Oh Yeah!”. muito contente com o andamento especial de Halloween (como haviam inicial do programa, e provavelmente especulado), e o resultado autoral foi 55 séries & tv

calendário das emissoras e os retornos da Fall Season de 2012. de TV americanas é algo Dessa vez, agora que o Outono já está as bem definido e tradicio- acabando no Hemisfério Norte, nós O nal. Em Setembro/outu- voltamos com as principais novidades bro, se dá início a Fall Season, a prin- e retornos da TV americana em Janei- Séries de cipal temporada de estreia e retorno ro, na Mid-Season. de séries de TV. Em janeiro, começa a Janeiro Mid Season, a parte da temporada em Para os brasileiros, janeiro é o mês que algumas séries voltam a ser exibi- marcado pelas férias de começo de das depois de um tempo paradas e al- ano. Oportunidade ideal para ir pra Leandro de Barros editor guns projectos menores estreiam. Por praia, se divertir e recarregar as baterias @leco90 fim, temos a Summer Season no verão para o ano que está começando, mas norte-americano (de junho à agosto), o mês também representa a oportuni- quando séries diferentes, mais leves dade de colocar as suas séries em dia estreiam. (ou conhecer algumas novas!). Então interrompa os preparativos para o Na- Na SuperMag #1 e #2, as edições de tal por um segundo para saber o que Setembro e Outubro, respectivamen- está voltando e o que está estreiando te, nós falamos sobre as novidades em Janeiro! 56 verão combina com ternos

“Como assim Verão Nova York. No centro da trama estão Quem já acompanha a série sabe Harvey Specter (Gabriel Match, de que vem coisa boa por aí em janeiro. combina com Ternos? Spirit) e Mike Ross (Patrick J. Adams), Louis (Rick Hoffman) agora possui o Quem consegue usar um dos principais advogados da ci- mesmo cargo de Harvey e promete dade e um jovem com memória fo- virar suas armas na direção de Mike, um terno em um calor tográfica, respectivamente. Harvey que ainda tem a sua vida totalmente desses? Vocês da Super- contrata Mike para ser seu assistente de ponta cabeça. Mag são muito otários, depois de ver do que o jovem era ca- paz, mesmo ele nunca tendo visitado Saca-rolhas, frases de filmes e epi- vou cancelar minha a universidade de Direito. sódios de alta qualidade nos aguar- assinatura agora mes- dam na segunda metade da segunda Eu admito que escrevo esse texto temporada de Suits. mo!”. com duas intenções. A primeira é avisar aos fãs da série que Suits está alma, rapaz/mocinha. Em voltando (o retorno está marcado primeiro lugar, é impossí- para o dia 17 de janeiro lá fora!). A se- vel cancelar a assinatura da gunda é trazer mais de vocês para o SuperMag, somos piores C lado enternado da força. que a [INSIRA AQUI A PROVEDORA DE INTERNET/TV À CABO DE SUA Com sinceridade, eu posso dizer que PREFERÊNCIA]. Em segundo lugar, Suits é uma das séries mais legais da me deixe explicar. atualidade, simples assim. Claro que é ótimo ver os zumbis de The Wal- O que eu quis dizer com “Verão king Dead, as tramas de Game of combina com Ternos” é que será em Thrones, a conspiração de Home- janeiro que a segunda temporada de land ou o charme de época de Mad Suits [pausa para as palmas da plateia Men, se entusiasmar com Breaking pela brincadeira linguística] voltará a Bad ou Justified, mas Suits possui ser exibida. um charme viciante que é fantástico. E eu sei o que você deve estar pen- A série, que é transmitida pelo canal sando: “Ah, o que será que tem para americano USA e no Brasil pelo canal o jantar?” “Eu não gosto de séries de Space, narra o dia-a-dia de um dos advogados”. Sua opinião vai mudar. maiores escritórios de advocacia de 57 Você nunca deixará Harlan vivo…

ustified, a série número 1 do coração de apreciadores de filmes de faroeste, retorna para a sua quarta tempo- rada em Janeiro, nos EUA, Jpelo canal FX. Aclamada como uma das melho- res séries da atualidade por quem já viu, Justified é uma unanimidade en- tre quem escreve a SuperMag. Não há como não achar incrível a história de Raylan Givens (Timothy Olyphant, o Agente 47 do filme do Hitman), um policial com a filosofia do Velho Oeste gravada à ferro na mente.

Depois de 3 temporadas alucinantes, é fácil saber o que esperar da nova temporada de Justified: mais e mais boas histó- rias. Eu costumo dizer que cada vida é uma história e, considerando a quantidade de novos personagens que serão inseridos nos próximos episódios de Justified, nós teremos a nossa cota de boas histórias garantidas.

58 começar pelo novo “vilão” para os íntimos), um amigo de Ray- pede que o delegado federal vá atrás da temporada. Jovem e lan do colegial. O protagonista da sé- de Jody Adair, um duplo-homicida carismático, o pastor Billy rie contrata Bob para cuidar da casa que conseguiu a fiança e fugiu. A St. Cyr aparecerá para brin- de Arlo, que foi preso na temporada car no condado de Harlan. Quem passada. Bob é um daqueles persona- Os fãs mais ferrenhos da série devem deverá sofrer bastante com as ações gens que encarna o espírito do interior estar se perguntando sobre a presença de Billy será Boyd (Walton Goggins), americano, orgulhoso do seu “kit de de Winona (Natalie Zena), ex ²-mulher nosso antagonista preferido. O re- emergência” e cheio de histórias sobre de Raylan. Na última vez que vimos ligioso começará uma campanha futebol americano para contar. Winona, ela deixou o cowboy grávi- para salvar os viciados em drogas do da. Como a atriz Natalie Zena estará condado, infligindo um considerável Além de Bob, Raylan também terá a no elenco regular da série The Follo- prejuízo para Boyd. Só essa situação companhia (mais agradável, talvez) de wing (que estreia em janeiro na FOX já tinha tudo para dar um resultado Sharon Edmunds, descrita como “ex- – para mais informações, consulte a memorável, mas porque não colo- tremamente tchutchuca” e que não SuperMag #2), muito se tem comen- car mais pólvora nesse barril? Nes- gosta de palhaçadas. Sharon é uma tado sobre a presença ou ausência de se caso, a pólvora virá na forma de “fiadora profissional”. Basicamente, Winona na quarta temporada de Jus- dois personagens Hiram Pugh e Cas- quando um preso não tem dinheiro tified. A informação disponível é que a sie. O primeiro é um ex-viciado em para pagar a fiança, ele pode ligar para atriz possui um contrato para participar drogas, salvo por Billy. Um novo ho- uma empresa de fianças atrás de um de três episódios da nova temporada, mem, Pugh não tem medo da mor- fiador profissional. Esse fiador paga um deles provavelmente mostrando o te, o que o leva a resolver não pagar parte da fiança do preso (deixando que parto do primeiro(a) filho(a) de Raylan. Boyd - exatamente a ação de um o próprio acusado pague uma porcen- homem que não tem medo da mor- tagem). Como nos EUA as fianças são Seja como for, nós estaremos aguar- te. Já Cassie é a irmã de Billy St. Cyr e devolvidas se o acusado comparecer dando ansionamente pelo desenrolar parceira dele na igreja. Esquentada, a à todos os julgamentos certinhos, a das coisas em Harlan. mulher não tem o trato social que o empresa ou o fiador profissional recu- irmão mais novo tem e não poupará peram todo o valor da fiança, recupe- esforços para protegê-lo. rando seu dinheiro de volta e lucrando com a porcentagem paga pelo preso. Mas Boyd não será o Portanto, Sharon se envolverá com Raylan a partir do momento que ela único com diversão nes- sa temporada, nosso glorioso cowboy Raylan Givens também terá com quem brincar nes- sa temporada.

Um dos novos coadjuvantes da série será Bob Sweeney (ou Bob, o Policial,

59 UMA RECUPERAÇÃO PARA White Collar Toda vez que eu ia sugerir para algum amigo ver White Collar, eu costumava dizer a seguinte frase:

“White Collar é aquela série que é boa mesmo quando o episódio é ruim”.

E era verdade.

White Collar era uma série boa quando colocava as conspiratórias tramas de temporada, era uma série boa nos casos da semana, era uma série boa até mesmo nos seus episódios filler, sem ligação nenhuma com o resto da série. Exceto quando a quarta temporada começou, no meio desse ano.

Seguindo o gancho do final da terceira temporada da série, a quarta tempo- rada começou com o malandro Neal Caffrey (Matt Bomer) fugindo do FBI em uma ilha paradisíaca ao redor do mundo. A melhor parte era que esse início representava uma das ações mais corajosas da medrosa TV americana. Tirando Neal de Nova York e o colocando novamente como um criminoso, os roteiristas quebraram o processo de recuperação que o personagem vi- nha sofrendo, abrindo espaço para uma boa trama de desenvolvimento in- terrompido ou uma das outras dezenas de possibilidades. Tudo isso com o mérito de ter mudado o seu esquema depois de três temporadas e sem per- der a qualidade.

Claro que poderia dar errado, mas o prêmio se desse certo seria muito maior. Porém, os responsáveis por White Collar voltaram atrás e trataram de reesta- belecer o status quo da série em alguns dos piores quatro episódios da his- tória do seriado. A primeira metade da temporada ainda tentou se recuperar com a trama envolvendo o passado do pai de Neal, mas já era tarde. Agora, depois de uma longa pausa para repensar as atitudes, White Collar volta à TV americana no dia 23 de janeiro, com o 13º episódio dessa quarta temporada. O caminho para se recuperar e voltar a ser uma série boa “até mesmo quando é ruim” está aí.

Pelo lado positivo, White Collar só depende de si mesma. E a gente sabe o quão boa ela pode ser… 60 OUTRAS SÉRIES DEjaneiro

HOUSE OF LIES CALIFORNICATION 14 de Janeiro 14 de Janeiro Showtime Showtime

GIRLS 14 de Janeiro HBO

SHAMELESS US 14 de Janeiro Showtime

ANGER MANAGEMENT 18 de Janeiro FX 61 62 anime e mangá

Se você já conhece essa magnífica obra, por fa- vor, entre em contato comigo, quero ser sua amiga. É sério. Porém, caso você, jovem ami- guinho, ainda não tenha tido a oportunidade ou a curiosidade de conhe- cer essa história, agora é sua chance! Eu vou explicar com 8 motivos irados, o porque você deveria se tornar mais um fã dessa série.

TaynáTavares editora @taynatavares motivos para8 você conhecer hajime no ippo 63 ocomeço

ajime no Ippo é um mangá 1. O Realismo da série 2. Desenvolvimento de criado por George Morikawa Personagens He publicado semanalmente Mesmo sendo um shounen “de por- pela Weeky Shounen magazine des- rada”, Hajime no Ippo é um dos man- A evolução dos personagens ao longo de 1989, com mais de 900 capítulos e gás mais “pé no chão” que eu já li. Não da série é sensacional, uma das mais chegando a quase 100 volumes enca- existe nenhum golpe especial inter- bem feitas que eu já vi. Você percebe dernados. Isso mesmo, o mangá pro- galáctico dos personagens. Todas as que determinado personagem não é vavelmente é mais velho do que você. lutas da série são possíveis e encenam simplesmente forte, ele se tornou for- sempre golpes e estilos que realmen- te, ele treinou, lutou, ganhou, perdeu Makunouchi Ippo é um típico adoles- te existem. e se esforçou muito para estar ali. É cente de 16 anos que tem como rotina possível acompanhar todos esses de- apanhar na escola, não tem amigos, A série ainda mostra que o boxe, além talhes, desde o primeiro tombo, até o nenhuma pretensão na vida e usa o de ser um esporte ligeiramente peri- primeiro soco no adversário. Nós ve- seu tempo livre para ajudar sua mãezi- goso, podendo ser muitas vezes letal mos também que eles não são ape- nha nos negócios da família. Após ser ou provocar danos permanentes, ela nas lutadores, são pessoas, possuem vítima de bullying, Ippo é salvo por Ma- apresenta o lado não tão bonito assim outros amigos, famílias, hobbies, ma- moru Takamura, um boxeador, que o do esporte, que ele não é tão bem re- nias. leva para academia depois de desmaiar munerado, fazendo com que muitos por apanhar. Depois desse encontro dos personagens tenham um traba- A história de cada um deles é mui- Takamura se torna seu ídolo e, após lho, além do esporte, para se susten- to bem estruturada. E ao contrário da lhe ensinar um básico sobre o esporte tar. maioria dos mangás shonens onde e lhe emprestar um vídeo de uma luta os objetivos são destruir a todos e se do Mike Tyson, o inspira a buscar por Um dos fatores que eu acho muito le- tornar o mais forte ou salvar o univer- sua própria força. gal em Hajime no Ippo é não apenas so, em Hajime no Ippo os objetivos o realismo em relação ao combate e podem ser menores, mas não menos Ok, até aqui a história ao cotidiano dos personagens, mas importante. Ippo luta em busca da sua se parece com mais todo o contexto histórico da série. Por força, Miyata luta para provar que o exemplo, vemos Ippo assistindo a uma estilo criado pelo pai possa ser reco- um mangá de esporte luta do Mike Tyson gravada em uma nhecido e para se livrar da sombra do com muitos golpes com fita de vídeo, os personagens usan- mesmo. Além de serem apaixonados do telefones fixos sem nunca pensar por boxe, cada personagem possui um nomes bizarros e sem em um celular, e podemos ver toda a bagagem, um sonho que você pode nada acrescentar. En- evolução tecnológica e cotidiana até facilmente se identificar. A força desses tão, agora é a hora que os tempos atuais com o decorrer da personagens não é vista ou reconheci- história. da apenas ao entrar ringue, mas tam- mágica começa. bém em seu cotidiano, em suas vidas. 64 3. Não existe vilão 5. O Anime é tão bom mas antes era tudo no mano-a-mano! quanto o mangá Por ser uma série passada no “mundo E boxe não é só essa parte feliz e vio- lenta, em Hajime no Ippo é apresenta- real”, não existe um super vilão, ob- Admito que assisti apenas alguns epi- do o outro lado dessa história, como viamente todo personagem tem um sódios, mas no pouco que vi, pude toda a disciplina que os lutadores pre- rival ou algum obstáculo em sua jor- perceber que o anime conseguiu pas- cisam aprender a respeitar e a praticar, nada, mas não será nenhum lutador sar toda a qualidade do mangá, sem o quão complicado é o treinamento e mal caráter comedor de criancinhas. esquecer de nenhum detalhe, pelo a rotina pra conseguir ser tornar bom Antes de cada partida, e algumas ve- contrário, adicionando melhorias e lutador, que vai desde exercícios físi- zes até mesmo durante, somos apre- dando mais vida a jornada do Ippo. cos até dieta e controle do peso. sentados à história e ao objetivo dos Como diria um amigo meu, o que já lutadores que estarão no ringue, seus era brutal, agora se tornou espetacu- maiores sonhos e desejos. Ao acom- lar. As lutas passam toda a intensidade 7. Motivação para a sua panhar essa história podemos ver a que uma luta de boxe deveria passar, saúde evolução não somente física, mas você sente a potência de cada golpe, também emocional deles, se tornan- esquece de respirar a cada esquiva. Um dos meus grandes problemas com do quase que impossível conseguir Cada vez que vemos os personagens mangás/animes de esporte, é a vonta- torcer para apenas um dos lutado- no ringue, além do emocional da luta, de louca de começar a praticar o mal- res, porque no fundo você acaba ainda temos a intensidade e o poder dito esporte depois de começar a ler não querendo que ninguém perca da violência, que não foi poupada para ou assitir algo sobre ele. E, ao contrário ou desista, pois nenhum sonho pode a nossa felicidade. A trilha sonora é ou- do que isso pode parecer, isso é bom, ser considerado melhor que o outro, tro fator que merece ser citado, pois muito bom. Como estamos seguindo apenas a vontade de realizá-lo. ela é uma das grandes responsáveis um futuro cada vez mais sedentário, por fazer toda essa mágica e dar vida a é muito legal ver algo que consegue 4. Humor todos os traços do mangá. fazer com que você sinta vontade de mudar, de agir. Eu, por exemplo, já O humor é outro fator que merece 6. Boxe não é um esporte procurei aulas de boxe pra começar a atenção. Somos pegos por situações de porrada sem noção fazer, só preciso agora de um atestado inusitadas e muitas vezes bizarras, médico pra começar a praticar. nos momentos menos esperados da Sim, boxe é muito mais que socos tro- série. Mas não é aquele tipo de si- cados. O esporte é praticado desde tuação e humor exagerado, onde os as civilizações antigas, como Grécia e personagens ficam menores ou mu- Roma, mas só foi se aproximar do que dam a voz toda vez que algo acon- conhecemos hoje a partir do séc. XVII, tece. Em Hajime, o humor é basea- no Reino Unido. Atualmente temos do na relação dos personagens, na regras e materiais adequados, amizade e intimidade criada entre eles, assim como seria em uma roda de amigos, onde de repente alguém fala al- guma coisa e fica aquela deixa para ele ser zoado.

65 Assim que você começa a ler e passa da academia o quanto eles são fracos. para todos à sua volta. a acompanhar a evolução do Ippo - daquele menino fraco, sem pretensão, Takamura foi um dos personagens que É isso, Hajime no Ippo é se tornando um boxeador profissional mais gostei entre todos os animes e - não tem como não querer ser igual. mangás que já li. Mesmo ele sendo ab- uma série que não precisa Essa evolução do Ippo, e dos outros surdamente escroto, arrogante, fazen- de 10 motivos, 8 são o sufi- personagens, demora meses, anos, até do questão de zoar e humilhar todo que eles cheguem em seus objetivos, mundo sempre que tem uma chance, ciente. É uma serie que vai e ainda assim, continuam treinando e é impossível não gostar dele. Até os além do boxe, fazendo do lutando, para sempre melhorar. Tudo personagens constantemente zoados esporte um bônus e uma feito através de treinamentos contí- e humilhados gostam e o admiram, nuos e pesados, mas nunca impossí- pois, mesmo com toda essa pose de ponte para outros assun- veis, mostrando que não tem nenhum durão, ele está sempre presente dando tos. Instiga questões cen- atalho para se tornar mais forte e cor- aquela força ou uma lição importante rer atrás dos seus sonhos. a eles. Mas, mesmo com um lado ami- trais da vida, como futuro, gável, Takamura é uma pessoa que luta objetivos, medos, desejos, e 8. Takamura é nosso rei apenas por ele mesmo, sem precisar relacionamentos. Esse não orgulhar, defender ou justificar algo a é apenas um mangá de Ele é o mais forte da turma, com mais ninguém, a diferença é que mesmo lu- títulos conquistados, e por saber todo tando por ele, ele nunca está sozinho, esporte, é um mangá sobre o seu potencial, deixa sempre bem e sua força e determinação, indireta- a vida. claro para todos os outros lutadores mente, transmitem força e motivação

66 quadrinhos

CAVERNA DO DRAGÃO “E não é que essa parada tem um final mesmo...” 67 Leandro de Barros editor @leco90 O final de Caverna do Dragão em quadrinhos

Se você está lendo essa Fruto de uma co-produção da Mar- vel Productions, da TSR e da Toei revista, existem grandes Animation, a animação conhecida chances de saber que, em no Brasil como Caverna do Dragão 1974, duas abençoadas teve 27 episódios produzidos, divi- didos em 3 temporadas transmiti- almas chamadas Gary Gy- das nos EUA em meados da década gax e Dave Arneson cria- de 80. No Brasil, o desenho chegou ram Dungeons & Dragons, na década seguinte, pelas mãos da o primeiro e mais famosos Rede Globo. cenário de RPG moderno Caverna do Dragão é protagoniza- da história. da por seis jovens (os famosos Hank, Sheila, Presto, Bobby, Diana e Eric) ungeons & Dragons era que, quando vão passear em uma uma maravilha. Misturando montanha-russa em um parque teatro com jogos de tabu- de diversões, acabam parando em leiro, o jogo tocou caloro- uma outra dimensão, dentro de um D mundo mágico, chamado apenas samente no coração de nerds pelo mundo todo e se tornou um suces- de Reino. Lá, os jovens conhecem o so. Você pode ler um pouco mais Mestre dos Magos, que os presen- dessa história na cenário “E se a nos- teia com seis Armas do Poder – ar- sa vida fosse uma sessão de RPG?”, tefatos poderosíssimos. A partir daí, no blog Multiverso no Supernovo ou os jovens tentam voltar para casa na SuperMag #3. enquanto evitam que o maléfico Vingador tome posse dessas Armas O que nos importa para esse texto é do Poder e consiga dominar todo o que Dungeons & Dragons virou um Reino. sucesso muito grande, originando inclusive uma série animada de TV, O desenho foi muito interessante, com produção do próprio Gary Gy- muita gente gostou demais de tudo gax. Você não sabia que existia uma isso, mas tem algo que aflige prati- série animada de Dungeons & Dra- camente todos os fãs de Caverna do gons? Claro que sabia, aposto que Dragão: ninguém sabe o seu final. você a assistiu na sua infância! 68 A lenda urbana ma das maiores lendas urba- Ainda assim, não era o suficiente. Em nas do mundo da cultura pop inglês, de difícil acesso, o roteiro con- é o famigerado final de Ca- tinuava escondido nas sombras dos Uverna do Dragão. Quem pas- seus próprios rumores. Aliás, nasce aí sou a adolescência num período da uma ideia para uma boa discussão no humanidade onde não existia o Goo- futuro. O final de Caverna do Dragão gle (talvez seja um choque para você acabou gerando um monstro que en- imaginar essa vida), conviveu com a goliu o seu criador e se tornou maior e dúvida mortal sobre o final do dese- mais comentado. nho. Voltando ao raciocínio, o roteiro do Muitos rumores circulavam entre a ju- último episódio ainda estava escondi- ventude maluca daquela época sem a do, até que o artista brasileiro Reinaldo rede mundial dos computadores – um Rocha pegou esse roteiro e o transfor- fenômeno bem comum pré-conexão mou em uma história em quadrinhos. de banda larga. Existia quem JURAVA Exato! Agora você pode (já pode há que tinha sim um episódio final de Ca- uns dois anos, na verdade) ler o final de verna do Dragão, que passou na TV Caverna do Dragão. A HQ “criada” por convenientemente num dia em que Reinaldopossui uma arte bem bonita nenhum outro amiguinho tinha visto. e com traços parecidos com a da ani- Havia quem dizia que, no final da sé- mação original, então não deve causar rie, nós descobríamos que os seis pro- estranhamentos a ninguém. tagonistas estavam mortos e o Reino era uma espécie de limbo. Algumas Não contarei o final (mas deixarei um pessoas diziam que, no final da série, link para que você baixe a HQ gratuita- a verdade era revelada e o Mestre dos mente e leia), mas darei uma pequena Magos era o grande vilão do desenho, sinopse: o Mestre dos Magos e o Vin- enquanto o Vingador era o herói. gador decidem fazer uma espécie de aposta sobre a coragem dos protago- A verdade é que muita pouca gente nistas. Para tal, o sábio baixinho precisa REALMENTE sabia o que aconteceu deixar os rapazes na mão, para ver se o com o final de Caverna do Dragão. O grupo consegue se virar sozinho, sem que é fato é que os produtores chega- o apoio dele. Chateados com a “trai- ram a escrever um roteiro para o últi- ção”, o grupo se divide quando rece- mo episódio da série, que tinha uma be uma proposta do Vingador. De um natureza aberta, já que eles não sabiam lado, parte do grupo (com liderança de se o desenho seria cancelado ou reno- Eric) quer aceitar a proposta do vilão vado para uma nova temporada. para voltar para casa. Do outro, está a Porém, o cancelamento veio antes do outra metade da turma (liderados por que o esperado e o último episódio, in- Hank) que não confiam no Vingador. titulado Requiem, nunca foi produzido Caso você ainda não tenha tido acesso Visite! em animação. Daí surgiram os milha- à esse material, baixe a HQ e descubra Crédito: Reinaldo Rocha res de rumores, até que uma boa alma o final da série! http://reinaldorocha.blogspot.com/ resolveu disponibilizar esse roteiro na http://garrafadagua.deviantart.com/ Internet. Download da HQ 69 jack in the house!

O Descaralhando a Banana é um lu- gar onde eu, o pica das galáxias Jack Mankey, posso tecer comentários so- bre assuntos diversos que, porventu- ra do destino, estavam com a banana encaralhada. Não espere por palavras amáveis, gestos carinhosos ou amor: aqui é no seco.

ATENÇÃO: Não mostre essa coluna para sua mãe ou sua avó e lembre-se que a parada aqui é cabulosa, rapá

O Ministério da Saúde adverte, fumar causa câncer no pulmão, o Jack só fuma porque ele é um macaco que sofreu mutações genéticas e o pobre corpo primata dele é imune a doenças. descaralhando a banana 70 Jack Mankey dono do Boteco @jack_mankey

eu, deus na nota e reflexões sobre a sociedade brasileira menos que você viva em serem um abismal grupo de desperdí- tá falado. Lá na Constituição diz que o outro país que não esse tal cio de recursos vitais para a nossa so- Ministério Público é OBRIGADO a agir de Brasil, você deve estar brevivência, eu vou só esclarecer o tipo quando detecta uma violação da lei. A sabendo que o Ministério de pessoa que concorda com vocês: Se um agente do Ministério Público ter Público Federal deu início à uma ação José Sarney e Silas Malafaia. acesso a uma ilegalidade, por menor civil pública para retirar a expressão que seja, e não agir, ele está cometen- “Deus Seja Louvado” das notas de di- Pra vocês terem noção do quão es- do um CRIME. nheiro desse país. túpido é esse argumento, ele não só foi usado por José Sarney, como Então, quando uma reclamação for- Até aí tá tudo bem. Quer dizer, já esta- também foi reforçado por Silas Mala- mal sobre a ilegalidade da frase “Deus va na hora de alguém se mexer pra fa- faia! Teve uma vez em que eu estava Seja Louvado” na nota do dinheiro zer alguma coisa nesse Estado Federal ouvindo uma declaração do Sarney e chega ao Ministério Público, o órgão que, só por coincidência, vá de acordo meio que concordava. Quando me dei é OBRIGADO a agir para regularizar a com a Constituição Federal. Mas toda conta disso, eu peguei uma espingar- situação. a postura da sociedade brasileira sobre da, coloquei na minha boca e estava o caso me levou a refletir por alguns prestes a tomar a única saída possível Não é falta do que fazer, minutos e bolar um plano para assumir desse destino cruel quando o Sarney o comando do país e fuzilar algumas disse que “estava brincando”. Foi o pior é o contrário: é cumprir pessoas. Infelizmente, parece que esse dia da minha vida – graças a Deus eu com o trabalho que lhe tipo de atitude é contra a lei, então o nunca concordei em nada que saísse que me resta é xingar todos vocês por da boca do Malafaia. compete. aqui mesmo. Eu espero que você já tenha mudado Se citar esses dois asnos não é o su- de opinião. Se você não mudou ainda, Vamos avaliar a reação da nossa ado- ficiente para te fazer mudar de ideia, me mande um email depois. Eu tenho rável sociedade começando pelo ar- eu explicarei calmamente o porquê um amigo que precisa de você e a sua gumento mais repetido por aí: “Nossa, de não ser falta do que fazer. Vamos família pra puxar uma carroça numa o Ministério Público não tem nada me- lá, neném. Existe uma coisa chamada cidade do interior mineiro no próximo lhor pra fazer?”. Antes de eu desenhar “Constituição” no Brasil. Ela é o con- fim de semana. o porquê de vocês que disseram isso junto de leis do país e o que ela falou, 71 gora, vamos dar uma olha- ria da população”, pelo que eu respon- laro que a maior parte da em um outro comentário derei mandando-lhe chupar um saco das críticas partem de que eu ouvi bastante: “Mas a cheio até a boca de tarabas. Um glo- religiosos, que se sen- A nota não diz qual Deus é pra rioso pau no cu da maioria. A maioria C tem atacados com esse ser louvado, pode ser qualquer um”. era a favor da escravidão à centenas tipo de ação. Não é um ataque, é Eu já percebi que vocês tem um sé- de anos, a maioria era contra os direi- lei. O Estado Laico é justamente rio problema cognitivo, mas espalhar tos das mulheres, a maioria é contra o o que PROTEGE o direito do reli- merda na minha cara já é demais. Você casamento homossexual. Democra- gioso seguir a sua religião porque aí que pensa assim, deixa eu te explicar cia não é fazer o que a maioria quer, é quer, não porque é mandado. O uma coisa: NÃO É PRA TER NENHUM, proteger o direito de TODOS. Estado Laico é o que protege o PORRA. Não importa se é o Deus cris- direito de todo cidadão de seguir tão, mulçumano ou da puta que pariu A Lei de um país não é como um livro a filosofia de vida que quer, des- o universo sendo enrabada por uma “sagrado” onde você pode distorcer as de que essa filosofia não infrinja piroca bisonha. N – Ã – O – É – P – A- palavras ali, inventar significados me- a liberdade de ninguém. É justa- R – A – T – E – R – N – E – N –H – U tafóricos ou dizer que são parábolas. mente esse Estado Laico que per- – M. Aí vem o cidadão e diz “Mas tem A Lei foi feita pra ser cumprida como mite, por exemplo, que todos os de respeitar a religião alheira”. Claro está escrita. cidadãos, independente de credo, que tem que respeitar a religião alheia. classe, raça ou orientação sexual, Além da religião dos outros, também é “Mimimi, e o nome dos estados? Mimi- tenham direito à um julgamento preciso respeitar o cu da senhora sua mi e os feriados católicos?” – Se vocês justo ou direito à aposentadoria. mãe e A PORRA DA LEI. Principalmen- estão chorando por causa da porra de Para que tudo isso funcione como te a porra da lei. uma frase que ninguém nem lê, ima- deve ser, é fundamental que o Es- gina se alguém resolve acabar com a tado esteja o mais afastado o pos- Eu juro que não quero transformar isso Páscoa. sível de qualquer religião. A sua, a num ataque religoso, porque isso defi- minha e a de todos. É preciso que o Estado seja imparcial.

Agora vamos todos nós voltar pra casa tranquilos, contentes, saben- do que tirar o “Deus Seja Louvado” das notas não é um ataque à sua religião, mas uma medida para ajudar a garantir o seu direito de escolher a sua religião.

E se ainda assim você é contra essa medida, faça o favor de ir to- nitivamente não é um ataque religioso. Eu digo no título do tex- Não se trata de acabar com alguma re- mar no meio do seu ligião, se tratar de cumprir a lei. Falan- to sobre reflexões sobre cu. do sério por um momento, eu acredito a sociedade brasileira. que cada pessoa tem o direito a qual- Em tempo: até o fechamento des- quer religião ou a ausência de religião. Todo esse episódio só sa edição, a 7ª Vara da Justiça de O que não pode é ter um símbolo ou serve pra mostrar a di- São Paulo tinha NEGADO o pedi- mensagem de uma religião específica, ferença de foco do bra- do do Ministério Público Federal SEJA ELA QUAL FOR, em nada relacio- de retirar a expressão das notas. nado ao governo do país. Fim de papo. sileiro padrão. Como Vale lembrar que a decisão é pro- pode o Ministério Públi- visório e que o Ministério Público Você pode muito bem dizer que se tra- co ser apedrejado por pode recorrer ao Tribunal Regio- ta de “símbolos entranhados na cultura nal Federal. do país por causa da religião da maio- SEGUIR A LEI? 72 eis as colaborações

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