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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIODIVERSIDADE TROPICAL

PAULO HENRIQUE DETTMANN BARROS

FLORA DO ESPÍRITO SANTO: gêneros Alicia, Amorimia, Barnebya, , Carolus, Dicella, Heladena, Hiraea, Lophopterys, , Mezia, Niedenzuella, Tetrapterys e Thryallis ()

Dissertação de Mestrado em Biodiversidade Tropical

SÃO MATEUS, ES

Setembro de 2019

PAULO HENRIQUE DETTMANN BARROS

FLORA DO ESPÍRITO SANTO: gêneros Alicia, Amorimia, Barnebya, Bunchosia, Carolus, Dicella, Heladena, Hiraea, Lophopterys, Mascagnia, Mezia, Niedenzuella, Tetrapterys e Thryallis (MALPIGHIACEAE)

Dissertação apresentada ao programa de Pós-

Graduação em Biodiversidade Tropical da

Universidade Federal do Espírito Santo, como

requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em

Biodiversidade Tropical.

Orientadora: Profª Dra. Valquíria Ferreira Dutra

Coorientador: Dr. Rafael Felipe de Almeida

SÃO MATEUS, ES

Setembro de 2019

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PAULO HENRIQUE DETTMANN BARROS

FLORA DO ESPÍRITO SANTO: gêneros Alicia, Amorimia, Barnebya, Bunchosia, Carolus, Dicella, Heladena, Hiraea, Lophopterys, Mascagnia, Mezia, Niedenzuella, Tetrapterys e Thryallis (MALPIGHIACEAE)

Dissertação apresentada ao programa de Pós-Graduação em Biodiversidade Tropical da Universidade Federal do Espírito Santo, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Biodiversidade Tropical.

Apresentada em 18 de setembro de 2019.

SÃO MATEUS, ES

Setembro de 2019

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AGRADECIMENTOS

Quero agradecer primeiramente a Deus, pois sem ele nada do que aconteceu e o que se segue seria possível, agradeço a meu pai Daniel e minha mãe Leoní que desde criança me ensinaram a observar, apreciar e respeitar a natureza, além do apoio em minhas escolhas e a ajuda em diversas situações. Aline que mesmo nas horas mais difíceis esteve comigo, seja ajudando ou puxando a orelha, não poderia querer uma melhor companheira para a vida. A professora valquíria e meu co-orientador Rafael Felipe, pela orientação, confiança e principalmente pela paciência, sem seu auxílio esse trabalho não seria possível de forma alguma. Quero agradecer também a todos os colegas do herbário vies, pelos momentos de descontração e aprendizados ao longo desses anos, especialmente a Luana e Rodrigo pela colaboração e diversas dicas. Agradeço às equipes de todos os herbários que me receberam em suas instalações (BHCB, CRVD, MBML E RB). À agência financiadora CAPES pela bolsa concedida para o mestrado

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SUMARIO

AGRADECIMENTOS ...... IV SUMARIO ...... VII LISTA DE FIGURAS ...... VIIII RESUMO ...... XI ABSTRACT ...... XII INTRODUÇÃO GERAL ...... 13 REFERÊNCIAS ...... 14 FLORA DO ESPÍRITO SANTO: GÊNEROS ALICIA, AMORIMIA, BARNEBYA, BUNCHOSIA, CAROLUS, DICELLA, HELADENA, HIRAEA, LOPHOPTERYS, MASCAGNIA, MEZIA, NIEDENZUELLA, TETRAPTERYS E THRYALLIS (MALPIGHIACEAE) ...... 16 Introdução ...... 18 Métodos ...... 20 Resultados e Discussão ...... 21 Chave de identificação dos gêneros de Malpighiaceae no estado do Espírito Santo ...... 22 1. Alicia anisopetala (A.Juss.) W.R.Anderson ...... 24 2. Amorimia maritima (A.Juss.) W.R.Anderson ...... 26 3. Barnebya dispar (Griseb.) W.R.Anderson & B.Gates ...... 28 4. Bunchosia Kunth ...... 29 4.1. Bunchosia acuminata Dobson ...... 30 4.2. Bunchosia macilenta Dobson ...... 31 4.3. Bunchosia maritima (Vell.) J.F.Macbr...... 33 5. Carolus chlorocarpus (A.Juss.) W.R.Anderson ...... 34 6. Dicella Griseb...... 35 6.1. Dicella bracteosa (A.Juss.) Griseb...... 36 6.2. Dicella macroptera A.Juss...... 38 7. Heladena multiflora (Hook. & Arn.) Nied...... 39 8. Hiraea Jacq...... 40 8.1. Hiraea bullata W.R.Anderson ...... 41 8.2. Hiraea macrophylla (Colla) P.L.R.Moraes & Guglielmone ...... 42 8.3. Hiraea restingae C.E.Anderson ...... 44 9. Lophopterys floribunda W.R.Anderson & C.C.Davis ...... 45 10. Mascagnia (Bertero ex DC.) Bertero ...... 47 10.1 Mascagnia cordifolia (A.Juss.) Griseb...... 48 10.2. Mascagnia sepium (A.Juss.) Griseb...... 49 10.3. Mascagnia velutina C.E.Anderson ...... 51 11. Mezia araujoi Schwacke ex Nied...... 52 12. Niedenzuella W.R.Anderson ...... 53 12.1. Niedenzuella acutifolia (Cav.) W.R.Anderson ...... 54 12.2. Niedenzuella multiglandulosa (A.Juss.) W.R.Anderson ...... 56 12.3. Niedenzuella poeppigiana (A.Juss.) W.R.Anderson ...... 57 13. Tetrapterys Cav...... 58 13.1. Tetrapterys anisoptera A.Juss...... 59 13.2. Tetrapterys crispa A.Juss...... 60 13.3. Tetrapterys mucronata Cav...... 62 vi

13.4. Tetrapterys paludosa A.Juss...... 63 13.5. Tetrapterys phlomoides (Spreng.) Nied...... 64 14. Thryallis brachystachys Lindley ...... 66 Agradecimentos ...... 67 Referências ...... 68 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...... 100

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Mapa mostrando os diferentes tipos de vegetação do Espírito Santo (adaptado de Garbin 2017).

Figura 2. Alicia anisopetala – A. ramo; B. Inflorescência; C. Fruto (vista frontal); D. Flor (Fotos por M.O.O. Pellegrini).

Figura 3. Amorimia maritima – A. Inflorescência; B. Botão floral evidenciando elaióforos; C. Flor (Vista superior); D. Frutos (Fotos por P.H.D. Barros).

Figura 4. Barnebya dispar – A. Ramo; B. Flor (vista de cima); C. Esquizocarpo (Vista lateral); D. Núcleo seminífero (Fotos por P. Sampaio).

Figura 5. Distribuição geográfica de Alicia anisopetala (círculo preto), Amorimia maritima (quadrado branco) e Barnebya dispar (estrela) no estado do Espírito Santo.

Figura 6. Bunchosia acuminata (A-B) A. Ramo com frutos; B. inflorescência; Bunchosia macilenta (C-D) C. Ramo; D. Inflorescência (Fotos por G. Siqueira).

Figura 7. Bunchosia maritima - A. Ramo com botões; B. flor (vista lateral); C. Detalhe das drupas com pirênio exposto; D. inflorescência com frutos imaturos (Fotos por A. Junior).

Figura 8. Distribuição geográfica de Bunchosia acuminata (triangulo preto), Bunchosia macilenta (círculo branco) e Bunchosia maritima (quadrado preto) no estado do Espírito Santo.

Figura 9. Carolus chlorocarpus - A. Ramo; B. detalhe botão; C. Flor (Vista de cima); D. Fruto (visto de lado) (Fotos por P.H.D. Barros).

Figura 10. Dicella bracteosa - A. Ramo; B. flor (vista de lado); C. Frutos imaturos (Fotos por R.F. Almeida).

Figura 11. Dicella macroptera - A. Folha (face adaxial); B. Inflorescência; C. Fruto imaturo (Fotos por C.F. Hall).

Figura 12. Distribuição geográfica de Carolus chlorocarpus (estrela), Dicella bracteosa (círculo branco) e Dicella macroptera (círculo preto) no estado do Espírito Santo.

Figura 13. Heladena multiflora - A. Ramo; B. Folha (Face abaxial); C. Fruto maduro (Fotos por A. Francener).

Figura 14. Hiraea bullata - A. Ramo; B. Folha jovem (face abaxial); C. Detalhe das estípulas e glândulas do pecíolo; D. Flor (vista de lado); E. Esquizocarpo (Visto de lado) (Fotos por A. Popovkin).

Figura 15. Hiraea macrophylla - A. Ramo; B. Frutos (Fotos por J.M. Braga).

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Figura 16. Hiraea restingae - A. Ramos; B. Flor (vista de cima); C. Flor (vista de lado) (Fotos por R.F. Almeida).

Figura 17. Distribuição geográfica de Heladena multiflora (estrela), Hiraea bullata (triângulo) e Hiraea macrophylla (círculo preto) e Hiraea restingae (quadrado branco) no estado do Espírito Santo.

Figura 18. Lophopterys floribunda - A. Folha (face adaxial); B. Inflorescência; C. Frutos maduros (Fotos por G. Shimizu).

Figura 19. Mascagnia cordifolia - A. Inflorescência; B. Flor (Vista de cima); C. Mericarpo maduros (Fotos por M.O.O. Pellegrini).

Figura 20. A-C. Mascagnia sepium, D. Mascagnia velutina - A. Ramo; B. Flor (vista de cima); C. Esquizocarpo (visto de frente); D. ramo (Fotos por P.H.D. Barros).

Figura 21. Mezia araujoi - A. Folha (face abaxial); B. Detalhe do botão floral; C. Flor (vista de cima); D. esquizocarpo (visto de frente) (Fotos por A. Assis).

Figura 22. Distribuição geográfica de Lophopterys floribunda (quadrado branco), Mascagnia cordifolia (estrela), Mascagnia sepium (triângulo), Mascagnia velutina (círculo preto) e Mezia araujoi (círculo branco) no estado do Espírito Santo.

Figura 23. Niedenzuella acutifolia - A. Folha (face adaxial); B. Detalhe do pecíolo (glândulas); C. Botão floral; D. Flor (vista de cima) (Fotos por R.F. Almeida).

Figura 24. Niedenzuella multiglandulosa - A. Ramo; B. Botões florais; C. Flor (vista de cima); D. Mericarpo (visto de frente) (Fotos por R.F. Almeida).

Figura 25. Niedenzuella poeppigiana - A. Ramo; B. Folha (face abaxial); C. Botões florais; D. Flor (vista de cima); E. Mericarpo (visto de frente) (Fotos por M.O.O. Pellegrini).

Figura 26. Distribuição geográfica de Niedenzuella acutifolia (quadrado branco), Niedenzuella multiglandulosa (estrela) e Niedenzuella poeppigiana (círculo branco) no estado do Espírito Santo.

Figura 27. Tetrapterys mucronata - A. Ramo; B. flor (vista de cima); C. Mericarpo (visto de frente) (Fotos por R.F. Almeida).

Figura 28. Tetrapterys paludosa - A. Ramo com flores; B. Ramo com frutos imaturos e botões; C. Ramos estéril; D. Inflorescência com frutos maduros; E. Flor (vista de cima) (Fotos por R.F. Almeida).

Figura 29. Tetrapterys phlomoides - A. Ramo; B. Flores antes da fecundação; C. Flores após a fecundação; D. Mericarpo maduro; E. Flor (vista de cima) (Fotos por M.O.O. Pellegrini).

Figura 30. Thryallis brachystachys - A. Ramo; B. Flor (vista de cima); C. Fruto maduro (Fotos por R.F. Almeida).

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Figura 31. Distribuição geográfica de Tetrapterys anisoptera (quadrado preto), Tetrapterys crispa (quadrado branco), Tetrapterys mucronata (estrela), Tetrapterys paludosa (triângulo), Tetrapterys phlomoides (círculo preto) e Thryallis brachystachys (círculo branco) no estado do Espírito Santo.

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RESUMO

O estado do Espírito Santo está inteirmente inserido na Mata Atlântica, que é considerada uma das zonas biogeográficas de maior diversidade e que correm mais risco com a fragmentação de áreas naturais. A flora do Estado do Espírito Santo ainda é pouco estudada e em estudos recentes sua riqueza tem sido cada vez mais revelada. Este trabalho dá prosseguimento a uma série de estudos focados na taxonomia de Malpighiaceae no estado do Espírito Santo, onde apresentamos o tratamento taxonômico de 14 gêneros. O estudo visa ampliar o conhecimento dos gêneros para o estado, mostrar a distribuição geográfica das espécies, realizar descrições, fornecer chaves de identificação e imagens das espécies. Foram encontradas 26 espécies através de análise de material de herbários e expedições de campo entre janeiro de 2018 a abril de 2019. Dos gêneros estudados Tetrapterys foi o mai rico, com quatro espécies, seguido por Bunchosia, Hiraea, Mascagnia e Niedenzuella (3 spp. cada), Dicella (2 spp.), Alicia, Amorimia, Barnebya, Carolus, Heladena, Lophopterys, Mezia e Thryallis (1 spp. cada). Foram encontradas duas novas ocorrências para o estado Hiraea macrophylla e H. restingae, ambas citadas apenas para o estado do Rio de Janeiro. Palavras-chave: Brasil, Floresta Atlântica, Lianas, , Taxonomia.

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ABSTRACT

The state of Espírito Santo is fully inserted in the Atlantic Forest, which is considered one of the most diverse biogeographic zones and most at risk with the fragmentation of natural areas. The flora of the state of Espírito Santo is still poorly studied and in recent studies its richness has been increasingly revealed. This work follows a series of studies focused on the of Malpighiaceae in the state of Espírito Santo, presenting the taxonomic treatment of 14 genera. This study aims to expand the taxonomic knowledge of genera for the state, show the geographical distribution of , make descriptions, identification keys and illustrations of species. Through material analysis, 26 species were found in herbariums and field expeditions that took place between January 2018 to April 2019, from the studied genera the largest was Tetrapterys (4 spp.) followed by Bunchosia, Hiraea, Mascagnia e Niedenzuella (3 spp. each), Dicella (2 spp.), Alicia, Amorimia, Barnebya, Carolus, Heladena, Lophopterys, Mezia e Thryallis (1 sp. each), among the species found there were two new occurrences for the state Hiraea macrophylla and H. restingae, both known only for the state of Rio de Janeiro. Keywords: Atlantic Forest, Brazil, Lianas, Malpighiales, Taxonomy.

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INTRODUÇÃO GERAL

A familia Malpighiaceae é uma das 36 famílias atualmente incluídas na ordem Malpighiales (APG 2016). Suas espécies são facilmente reconhecidas pela presença de tricomas variados, sempre unicelulares, mais ou menos aderidos à epiderme e em formato de “T”, “Y” ou “V”, denominados “pelos malpighiáceos”; por suas sépalas com duas glândulas secretoras de óleo conspícuas na face abaxial das cinco sépalas ou de quatro das sépalas laterais; e por suas pétalas geralmente unguiculada (Anderson 1981). A família pode ser dividida em dois grandes grupos pelo seu tipo de fruto: alado ou não alado (Anderson 1977). Segundo este mesmo autor, espécies com frutos alados são frequentemente, mas nem sempre, lianas, enquanto espécies sem alas são geralmente arbustos ou árvores. A família inclui atualmente 77 gêneros e cerca de 1.300 espécies, sendo especialmente diversa na região neotropical, com aproximadamente 85% de suas espécies confinadas a essa região (Anderson et al. 1981). O maior centro de diversidade da família está na América do Sul, ao norte do Trópico de Capricórnio. Quanto ao hábitat, podem ser encontradas em florestas densas até savanas esparsas, ou nas margens de rios e florestas (Anderson, 1979). No Brasil são registrados 45 gêneros e 574 espécies, sendo 349 endêmicas (BFG 2018). A Mata Atlântica é o terceiro bioma brasileiro mais diverso em espécies de Malpighiaceae, com 203 espécies, destacando-se os gêneros Heteropterys Kunth (51 spp.), Stigmaphyllon A. Juss. (31 spp.), Byrsonima Rich. ex Kunth (27 spp.) e Banisteriopsis C.B.Rob. ex Small (14 spp.) (BFG 2018). No estado do Espírito Santo ocorrem 129 espécies e 23 gêneros, a maioria encontrada na Floresta Ombrófila Densa (Almeida & Mamede 2014; Dutra et al. 2015) O estado do Espírito Santo possui uma área de 46.184km², que já foi totalmente coberta por Mata Atlântica e abrange a maior parte do Corredor Central da Mata Atlântica (MMA 2007). Abriga importantes centros de endemismos de plantas, apresenta trechos de Mata Atlântica com elevada diversidade florística e é considerado uma área de extrema importância biológica (Thomas et al. 1998; IPEMA 2005; Martini et al. 2007; Saiter et al. 2011). Apesar da grande biodiversidade, o Espírito Santo vem sofrendo com a fragmentação florestal (Simonelli & Fraga 2007). Atualmente, 1.334 espécies vegetais estão sob algum tipo de ameaça no estado (Fraga et al. 2019), e Malpighiaceae é a família de eudicotiledônea mais ameaçada de extinção, com 68 espécies categorizadas em algum grau de ameaça (Dutra et al. no prelo)

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Estudos envolvendo a família no Espírito Santo, vem sendo realizados sistematicamente, nos últimos 10 anos. Almeida & Mamede (2014) publicaram a lista das espécies que ocorrem no estado, com informações sobre o estado de conservação e análise do esforço amostral. Os mesmos autores estudaram o gênero Stygmaphyllon (Almeida & Mamede 2016) e Banisteriopsis (Almeida & Mamede no prelo). Byrsonima e Heteropterys estão em fase de conclusão e 37 espécies citadas para o Espírito Santo, reunidas em 15 gêneros pequenos, bem resolvidos taxonomicamente, ainda não estudados no estado, foram objeto deste estudo. São eles: Alicia, Amorimia, Barnebya, Bunchosia, Callaeum, Carolus, Dicella, Heladena, Hiraea, Lophopterys, Mascagnia, Mezia, Niedenzuella, Tetrapterys e Thryallis. O estudo foi organizado em um manuscrito: Flora do Espírito Santo: gêneros Alicia, Amorimia, Barnebya, Bunchosia, Carolus, Dicella, Heladena, Hiraea, Lophopterys, Mascagnia, Mezia, Niedenzuella, Tetrapterys e Thryallis (Malpighiaceae), apresentado no formato da Revista Rodriguésia (https://rodriguesia.jbrj.gov.br/).

REFERÊNCIAS

Almeida, R.F. & Mamede, M.C.H. 2014. Checklist, conservation status, and sampling effort analysis of Malpighiaceae in Espírito Santo State, Brazil. Brazilian Journal of Botany 37: 329–337. Almeida, R.F. & Mamede, M.C.H. 2016. Sinopse de Malpighiaceae no Estado do Espírito Santo, Brasil: Stigmaphyllon A.Juss. Hoehnea 43(4): 601–633. Almeida, R.F. & Mamede, M.C.H. no prelo. Flora do Espírito Santo: Banisteriopsis (Malpighiaceae). Rodriguesia. Anderson, W.R. 1977. Byrsonimoideae, a new subfamily of the Malpighiaceae. Leandra 7: 5- 18. Anderson, W.R. 1979. Floral conservatism in neotropical Malpighiaceae. Biotropica 11: 219- 223. Anderson, W.R. 1981. Malpighiaceae. In: Botany of the Guiana Highland – Part XI. Memoirs of the New York Botanical Garden. 32:21-305. APG - The Angiosperm Phylogeny Group. 2016. An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering . Botanical Journal of the Linnean Society, 181:1-20.

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BFG - The Brazil Flora Group. 2018. Brazilian Flora 2020: Innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513– 1527. Dutra, V. F., Alves-Araújo, A. Carrijo, T. T. 2015. Angiosperm Checklist of Espírito Santo: using electronic tools to improve the knowledge of an Atlantic Forest biodiversity hotspot. Rodriguésia, 66(4), 1145–1152. Dutra, V.F. et al. no prelo. Angiospermas eudicotiledôneas ameaçadas no Espírito Santo. In: In: Fraga, C.N.; Chaves, F.G. & Formigoni, M.H. (orgs.). Fauna e Flora Ameaçadas no Estado do Espírito Santo. Fraga, C.N. et al. Espécies Ameaçadas do Estado do Espírito Santo. Disponível em: http://tempustecnologia.com/site/index.php (Acesso em 01/11/2019) IPEMA. Conservação da Mata Atlântica do estado do Espírito Santo: cobertura florestal e unidades de conservação. Programa centros para conservação da biodiversidade - Conservação Internacional do Brasil. Vitória, ES: IPEMA, 2005. Martini, A.M.Z.; Fiaschi, P.; Amorim, A.M.; Paixão, J.L. 2007. A hot-point within a hot-spot: a high diversity site in Brazil’s Atlantic Forest. Biodiversity and Conservation 16:3111- 3128. MMA. Corredores Ecológicos - experiências em planejamento e implementação. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, Secretaria de Biodiversidade e Florestas, 2007. Saiter, F.Z.; Guilherme, F. A. G.; Thomaz, L. D. & Wendt, T. 2011. Tree changes in a maturerainforest with high diversity and endemism on the Brazilian coast. Biodiversity and Conservation 20(9):1921-1949. Simonelli, M.; Fraga, C.N. 2007. Espécies da flora ameaçadas de extinção no estado do Espírito Santo. Vitória: IPEMA. 144p. Thomas, W.W.; Carvalho, A.M.V.; Amorim, A.M.A.; Garrison, J.; Arbeláez, A.L. 1998. Plant endemism in two forests in southern Bahia, Brasil. Biodiversity and Conservation 7:311- 322.

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Flora do Espírito Santo: gêneros Alicia, Amorimia, Barnebya, Bunchosia, Carolus, Dicella,

Heladena, Hiraea, Lophopterys, Mascagnia, Mezia, Niedenzuella, Tetrapterys e Thryallis

(Malpighiaceae)

Paulo Henrique Dettmann Barros1*, Rafael Felipe de Almeida2 & Valquíria Dutra1,3

1 Universidade Federal do Espírito Santo, Centro Universitário Norte do Espírito Santo,

Programa de Pós-Graduação em em Biodiversidade Tropical, Rod. Governador Mário Covas,

Km 60, bairro Litorâneo, CEP 29932-540, São Mateus, Espírito Santo, Brasil.

2 Universidade Federal de Minas Gerais, Instituto de Ciências Biológicas, Departamento de

Botânica, Av. Antonio Carlos 6627, bairro Pampulha, CEP 31270-901, Belo Horizonte, Minas

Gerais, Brasil.

3 Universidade Federal do Espírito Santo, Departamento de Ciências Biológicas, Av. Fernando

Ferrari, 514, bairro Goiabeiras, CEP 29075-910, Vitória, Espírito Santo, Brasil.

* Autor para correspondência: ([email protected])

Título abreviado: Malpighiaceae II do Espírito Santo

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Resumo– Flora do Espírito Santo: gêneros Alicia, Amorimia, Barnebya, Bunchosia,

Carolus, Dicella, Heladena, Hiraea, Lophopterys, Mascagnia, Mezia, Niedenzuella,

Tetrapterys e Thryallis (Malpighiaceae)

A flora do estado do Espírito Santo ainda é pouco estudada e em estudos recentes sua riqueza tem sido cada vez mais revelada. Este trabalho dá prosseguimento a uma série de estudos focados na taxonomia de Malpighiaceae no Espírito Santo e apresentamos o tratamento taxonômico de 14 gêneros dessa família botânica para o estado. Foram encontradas 26 espécies através de análise de material de herbários (BHCB, CRVD, MBML, RB, SPF e VIES) e expedições de campo, que aconteceram de janeiro de 2018 a abril de 2019. Tetrapterys foi o gênero com maior número de espécies (4 spp.), seguido por Bunchosia, Hiraea, Mascagnia e

Niedenzuella (3 spp. cada), Dicella (2 spp.), Alicia, Amorimia, Barnebya, Carolus, Heladena,

Lophopterys, Mezia e Thryallis (1 spp. cada). Dentre as espécies encontradas duas são novas ocorrências para o estado: Hiraea macrophylla e H. restingae, anteriormente mencionadas apenas para o estado do Rio de Janeiro. O estudo visa ampliar o conhecimento taxonômico dos gêneros para o estado, mostrar a distribuição geográfica das espécies, fornecer descrições, chaves de identificação e imagens das espécies.

Palavras-chave: Brasil, Lianas, Floresta Atlântica, Malpighiales, Taxonomia.

Abstract– Flora of Espírito Santo: genera Alicia, Amorimia, Barnebya, Bunchosia,

Carolus, Dicella, Heladena, Hiraea, Lophopterys, Mascagnia, Mezia, Niedenzuella,

Tetrapterys and Thryallis (Malpighiaceae)

The flora of the state of Espírito Santo is still poorly studied and in recent studies its richness has been increasingly revealed. This work follows a series of studies focused on the taxonomy of Malpighiaceae in the state of Espírito Santo and presents the taxonomic treatment of 14 genera of this botanical family to the state. Through material analysis, 26 species were found

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in herbaria (BHCB, CRVD, MBML, RB, SPF and VIES) and field expeditions that took place from January 2018 to April 2019, from the studied genera the largest was Tetrapterys (4 spp.) followed by Bunchosia, Hiraea, Mascagnia e Niedenzuella (3 spp. each), Dicella (2 spp.),

Alicia, Amorimia, Barnebya, Carolus, Heladena, Lophopterys, Mezia e Thryallis (1 sp. each), among the species found there were two new occurrences for the state Hiraea macrophylla and

H. restingae, both mentioned only for the state of Rio de Janeiro. This study aims to expand the taxonomic knowledge of genera for the state, show the geographical distribution of species, make descriptions, identification Keys and illustrations of species.

Keywords: Atlantic Forest, Brazil, Lianas, Malpighiales, Taxonomy.

Introdução

Malpighiaceae compreende 77 gêneros e 1.300 espécies, distribuídas principalmente pela região neotropical (Anderson 1981a). No Brasil a família está representada em todos os estados, contando com 45 gêneros e 574 espécies, sendo dessas 349 endêmicas (BFG 2015).

A família pode ser reconhecida pela presença de “pelos malpighiáceos”, que são tricomas unicelulares com uma base e duas projeções laterais, mais ou menos aderidos à epiderme formando estruturas em forma de “T”, “Y” ou “V”, pelas pétalas geralmente unguiculadas e pelas sépalas que frequentemente possuem um par de glândulas secretoras de

óleo, conhecidas como elaióforos, sendo eventualmente uma dessas sépalas eglandular

(Anderson 1981a). Tratando-se de morfologia floral, Malpighiaceae possui uma grande conservação nas características básicas, tornando sua forma bem constante na maioria dos gêneros, e por isso, caracteres como tipo e formato de frutos, indumento, formato e tamanho de folhas são amplamente utilizados na identificação de espécies (Anderson 1981a).

O estado do Espírito Santo está inteiramente coberto pela Mata Atlântica, apresentando diversas de suas fitofisionomias, como as áreas de Formações Pioneiras, Floresta Estacional

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Semidecidual, Floresta Ombrófila Densa, Floresta Ombrófila aberta e Refúgios Ecológicos

(Garbin et al. 2017). A Mata Atlântica é uma das zonas biogeográficas mundiais com maior diversidade e endemismo estando entre os considerados hotspots para a conservação no mundo

(Tabarelli et al. 2004; Mittermeier et al. 2005). Devido a exploração econômica e crescimento das áreas urbanas, a Mata Atlântica, no estado, hoje se restringe a cerca de 13,1% de sua cobertura original, isolados em sua maioria, em pequenos fragmentos de menos de 50 hectares entre pastagens, áreas de plantio e cidades (Ribeiro et al. 1999; Fundação SOS Mata Atlântica

2019). O Espírito Santo é o 7º estado mais diverso em flora no Brasil com cerca de 8,3% das espécies endêmicas (Dutra et al. 2015). Malpighiaceae é a 15ª família com maior riqueza no estado, com 129 espécies e 23 gêneros (Dutra et al. 2015).

Os estudos em Malpighiaceae para a Mata Atlântica e para o Espírito Santo, sobre o ponto de vista taxonômico são recentes. Para a Mata Atlântica foi realizada a sinopse da família

(Almeida et al. 2016) e do gênero Bunchosia (Almeida & Pellegrini 2016). A lista das espécies que ocorrem no Espírito Santo foi publicada por Almeida & Mamede (2014) e a sinopse do gênero Stigmaphyllon, por Almeida & Mamede (2016). Outros estudos envolvendo novos registros, descrição de novas espécies, notas e adição de informações sobre espécies encontradas no Espírito Santo tem sido publicada nos últimos anos (Amorim 2003; Almeida et al. 2013; Almeida & Amorim 2015; Almeida et al. 2015; Almeida 2017; Almeida et al. 2018;

Francener et al. 2018). Entre as revisões de gêneros, Amorimia foi monografada por Almeida

(2018), e Anderson (2014) publicou um estudo com recombinação e descrição de espécies de

Hiraea, porém não examinou nenhum espécime do Espírito Santo.

Neste estudo, apresentamos o tratamento taxonômico de 14 gêneros para o estado

(Alicia, Amorimia, Barnebya, Bunchosia, Carolus, Dicella, Heladena, Hiraea, Lophopterys,

Mascagnia, Mezia, Niedenzuella, Tetrapterys e Thryallis, com chaves de identificação, descrições morfológicas, materiais examinados, comentários sobre distribuição, principais

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características distintivas, mapas de distribuição geográfica e imagens para as espécies estudadas.

Métodos

Foram analisadas as coleções dos herbários do estado (CRVD, MBML, SAMES e

VIES) e estados vizinhos (BHCB, RB, SPF e VIC) além de espécimes adicionais e tipos depositados nas coleções online (CEPEC, ESA, HUEFS e NYBG ) (acrônimos segundo Thiers, continuamente atualizado), além de materiais obtidos durante coletas em campo entre 2017 e

2019, e depositados no Herbário VIES. Amostras de flores e/ou frutos foram coletedas e conservadas em álcool 70% para identificação e confecção das descrições. Todos os espécimes foram analisados utilizando-se um estereomicroscópio, literatura especializada (Niedenzu

1928; Radford 1974; Anderson 1981a; Anderson 1981b; Chase 1981; Anderson 2001b;

Anderson 2005; Anderson 2014; Almeida 2018; Almeida & Pellegrini 2016) e consultando-se tipos nomenclaturais de cada binômio pessoalmente ou em herbários virtuais. Dados de distribuição geográfica foram obtidos das etiquetas dos materiais selecionados, seguindo a classificação de Veloso et al. (1991). Mapas foram elaborados utilizando-se o software ArcGis

9.2 (ESRI 2010), shapefiles foram obtidos do IBGE (2015) e coordenadas geográficas foram obtidas de materiais herborizados. Foram utilizadas a “Lista Nacional de Espécies da Flora

Ameaçadas de Extinção” (CNCFlora 2019) e a “Lista das Espécies Ameaçadas do Espírito

Santo” (Fraga et al. 2019) para a identificação de espécies ameaçadas de extinção.

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Resultados e Discussão

Entre os 14 gêneros estudados, foram encontradas 26 espécies, e Tetrapterys foi o maior gênero, com quatro espécies, seguido por Bunchosia, Hiraea, Mascagnia e Niedenzuella (3 spp. cada),

Dicella (2 spp.), Alicia, Amorimia, Barnebya, Carolus, Heladena, Lophopterys, Mezia e

Thryallis (1 spp. cada). Hiraea macrophyla e H. restingae são novas ocorrências para o Espírito

Santo. Das espécies anteriormente citadas para o estado, os espécimes mencionados como

Amorimia rigida (A.Juss.) W.R.Anderson (Almeida & Mamede 2014) estavam com a identificação incorreta e pertenciam a Amorimia marítima. Os espécimes identificados como

Bunchosia glandulifera (Jacq.) Kunth e B. palescens Skottsb. (Dutra et al. 2015) tiveram sua identificação corrigida e pertencem a Bunchosia macilenta Dobson. Callaeum psilophyllum

(A.Juss.) D.M.Johnson inicialmente integraria este trabalho (Almeida & Mamede 2014), mas o

único espécime identificado como essa espécie na verdade pertence ao gênero Banisteriopsis.

O gênero Carolus passa por uma revisão (Oliveira 2019) onde C. renidens (A.Juss.)

W.R.Anderson e C. chasei (W.R.Anderson) W.R.Anderson (Almeida & Mamede 2014; Dutra et al. 2015) sofreram uma recombinação e deixam de existir e é descrita uma nova espécie ainda não publicada, sobrando apenas Carolus chlorocarpus (A.Juss.) W.R.Anderson que é citada nesse trabalho. As espécies Hiraea cuneata Griseb. e H. fagifolia (DC.) A.Juss. (Almeida &

Mamede 2014) foram sinonimizadas (Anderson 2014) e atualmente são Hiraea restingae

C.E.Anderson e H. macrophylla (Colla) P.L.R.Moraes & Guglielmone, respectivamente. Os espécimes tratados como Mascagnia bierosa (A.Juss.) W.R.Anderson (Almeida & Mamede

2014) são na verdade indivíduos de Mascagnia velutina C.E.Anderson. Os indivíduos antes tratados como Niedenzuella glabra (Spreng.) W.R.Anderson, N. leucosepala (Griseb.)

W.R.Anderson, N. lucida (A.Juss.) W.R.Anderson e N. sericea (A.Juss.) W.R.Anderson

(Almeida & Mamede 2014) se tratam de indivíduos de N. acutifolia (Cav.) W.R.Anderson, não existindo características morfológicas que as diferenciem da mesma. No gênero Tetrapterys, T.

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discolor (G.Mey.) DC. tinha sua identificação incorreta, sendo na verdade, T. crispa A.Juss., plantas identificadas como T. ramiflora A.Juss. e T. chamaecerasifolia A.Juss. tiveram sua identificação corrigida para T. paludosa, por não possuírem características morfológicas semelhantes a essas espécies.

Malpighiaceae Juss., Gen. Pl.: 252. 1789.

Trepadeiras, arbustos ou árvores; tricomas “malpighiáceos” (estrelados nas estruturas reprodutivas de Thryallis); estípulas interpeciolares ou epipeciolares. Folhas opostas (raramente alternas), simples (raramente lobadas em Stigmaphyllon), pecioladas, frequentemente com glândulas nos pecíolos e lâminas foliares, margem inteira, raramente dentada. Inflorescências em cíncinos 1-floros, agrupados em arranjos secundários de tirsos, corimbos, dicásios ou umbelas, terminais ou axilares; cíncinos geralmente pedunculados; brácteas e bractéolas ocasionalmente com um par de glândulas. Flores pediceladas; cálice com glandulas presents ou ausentes, 8 ou 10 quando presentes; pétalas amarelas, rosa a branco, pétala posterior frequentemente diferindo de tamanho, cor e formato das demais pétalas; androceu com 10 estames férteis (5-6 em Janusia), frequentemente heteromórficos e conados na base (livres em

Janusia); ovário súpero, tricarpelar, 3-locular, geralmente 3 estiletes (1 em Janusia). Frutos indeiscentes, na maioria das vezes secos, drupas, nozes ou mais frequentemente esquizocárpicos, separando-se em 3 mericarpos, lisos, setosos ou alados, esses mericarpos possuindo alas centrais e/ou laterais (Anderson 1981).

Chave de identificação dos gêneros de Malpighiaceae no estado do Espírito Santo

1. Estípulas epipeciolares.

2. Trepadeiras. Frutos secos.

3. Mericarpos com alas laterais fundidas.

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4. Estípulas triangulares e decíduas. Inflorescências em panículas de cíncinos 1-

floros; corola branca ...... Alicia

4’. Estípulas subuladas e persistentes. Inflorescências em umbelas de cíncinos 1-

floros; corola amarela ...... Hiraea

3’. Mericarpos com alas livres ou sem alas.

5. Mericarpos com alas livres.

6. Mericarpos com a ala central desenvolvida ...... Heteropterys

6’. Mericarpos com as alas laterais desenvolvidas.

7. Mericarpos com 4 alas laterais formando um “X” ...... Niedenzuella

7’. Mericarpos com 2 alas laterais superiores formando um “V” ...... Lophopterys

5’. Mericarpos sem alas.

8. Sépalas tomentosas; elaióforos adpressos ...... Thryallis

8’. Sépalas glabras; elaióforos estipitados ...... Heladena

2’. Árvores ou arbustos. Frutos carnosos.

9’. Árvores ou mais raramente arbustos. Pétalas cuculadas ...... Byrsonima

9’. Arbustos. Pétalas planas ...... Bunchosia

1’. Estípulas interpeciolares.

10. Mericarpos com as alas laterais desenvolvidas.

11. Mericarpos com quatro alas laterais livres...... Tetrapterys

11’. Mericarpos com duas alas laterais.

12. Mericarpos com duas alas laterais fundidas entre si, membranáceas.

13. Estípulas 0,8–2 mm; folhas glabras. Brácteas e bractéolas expandidas cobrindo

o botão floral; pétala posterior com mácula avermelhada ...... Mezia

13’. Estípulas 0,1 mm; folhas seríceas a velutinas. Brácteas e bractéolas reduzidas;

todas as pétalas amarelas ...... Mascagnia

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12’. Mericarpos com duas alas laterais livres entre si, cartáceas.

14. Folhas elípticas. Brácteas glandulosas ...... Amorimia

14’. Folhas lanceoladas a estreitamente lanceoladas. Brácteas eglandulosas ......

...... Carolus

10’. Mericarpos com a ala central desenvolvida ou fruto em forma de noz.

15. Fruto do tipo noz com tricomas urticantes e 2 embriões desenvolvidos ...... Dicella

15’. Fruto esquizocárpicos, mericarpos com uma ala central desenvolvida.

16. Árvores ...... Barnebya

16’ Trepadeiras e arbustos.

17. Estípulas conspícuas e fusionadas ...... Peixotoa

17’. Estípulas discretas e livres.

18. Venação eucamptódroma. Pétala posterior com um par de glândulas

conspícuas no limbo ...... Bronwenia

18’ Venação broquidódroma. Pétala posterior eglandular ou com glândulas

diminutas.

19. Pétalas pubescentes ...... Diplopterys

19’ Pétalas glabras.

20. Um único estilete ...... Janusia

20’. Três estiletes livres.

21. Ápice dos estigmas uncinados ou truncados ...... Banisteriopsis

21’. Ápice dos estigmas foliáceo ...... Stigmaphyllon

1. Alicia anisopetala (A.Juss.) W.R.Anderson, Novon 16(2): 176, f. 3. 2006. (Fig. 2 e 5)

Trepadeiras lenhosas; ramos seríceos; estípulas epipeciolares, ca. 0,4 mm compr., triangulares, decíduas, livres. Folhas reduzidas nas inflorescências presentes; pecíolo 0,4–0,9

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mm compr., canaliculado, seríceo, 2–3 pares de glândulas; lâmina foliar 5,6–7,8 × 3,1–3,6 cm, cartácea, elíptica, base obtusa, margem inteira, plana, ápice cuspidado, face adaxial glabra, serícea apenas sobre a nervura central, face abaxial serícea, nervura central impressa na face abaxial, eglandulares. Panículas, 8–10 cíncinos, 1–floros; raque serícea; brácteas 2–2,4 mm compr., cartáceas, estreitamente triangulares, persistentes, eglandulares; bractéolas ca. 1,5 mm, cartáceas, estreitamente triangulares, persistentes, eglandulares. Flores com pedúnculos 1,8–2,7 mm compr., seríceos, pedicelos 4,5–5,6 mm compr., seríceos; sépalas paralelas ao androceu,

4,5×2,2 cm, ápice agudo, face adaxial glabra, face abaxial serícea; 2 elaióforos por sépala, amarelos, 1,6× 0,6 mm; pétalas brancas a rosas, limbo orbicular, seríceas em ambas as faces, margem erosa; pétalas laterais 4–4,2 × 2,4–2,7 mm, unguículos 1,6 × 0,3 mm; pétala posterior

5,1 × 3 mm, unguículo 1,3 × 0,3 mm; estames com filetes 1,8 mm compr., conectivos glandulares das anteras cobrindo a parte posterior dos lóculos, lóculos glabros; ovário 1,2 × 0,9 mm, cônico, seríceo; estiletes 2,2 × 0,1 mm, eretos, divergentes, cilindricos, glabros; estigma apical, truncado. Mericarpos alados, marrons quando maduros, duas alas laterais desenvolvidas e fundidas entre si, membranáceas, seríceas, tricomas não irritantes, ala 1–2,1×1,3–3,3 cm; núcleo seminífero 4,6–6,6 mm compr., rugoso, seríceo, 1 álula central, serícea.

Material examinado: Águia Branca, Assentamento 16 de Abril, 21.XI.2007, fr., V. Demuner

4566 (MBML).

Material adicional: Brasil. Minas Gerais. Alfenas: RPPN Jequitibá, 30.IV.2007, fl, M.C.W.

Vieira 2205 (RB).

Alicia anisopetala é endêmica da América do Sul ocorrendo no Brasil, Peru, Bolívia,

Paraguai e (Anderson 2006). No Brasil é encontrada nos estados da Bahia, Minas

Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul estando representada na Mata Atlântica, Amazônia e Pantanal (BFG 2018).

No Espírito Santo ocorre em Floresta Estacional Semidecidual e Floresta Ombrófila Densa,

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porém é pouco amostrada no Estado. Coletada com frutos em novembro. Considerada ameaçada de extinção na categoria “Em perigo” (Fraga et al. 2019)

Quando em frutificação, assemelha-se a espécies do gênero Mascagnia pelo formato orbicular de seu fruto, mas é facilmente diferenciada por suas estípulas epipeciolares, encontradas nos ramos jovens, e por possuir 2 a 3 pares de pequenas glândulas ao longo do pecíolo, enquanto Mascagnia apresenta apenas 1 par, normalmente no ápice do pecíolo.

Quando em floração A. anisopetala diferencia-se das demais espécies de Malpighiaceae do

Espírito Santo por suas pétalas posteriores apresentarem normalmente uma mácula róseo- avermelhada no centro e serem bem maiores que suas pétalas laterais (5,1 mm compr. vs. 4–4,2 mm compr.

2. Amorimia maritima (A.Juss.) W.R.Anderson, Novon 16(2): 181. 2006. (Fig. 3 e 5)

Trepadeiras lenhosas; ramos glabros; estípulas interpeciolares, 0,2–0,5 mm compr., triangulares, decíduas, livres. Folhas reduzidas nas inflorescências ausentes; pecíolo 3,6–10 mm compr., canaliculado, glabro, eglandular; lâmina foliar 2,8–11,4 × 5,7–16,9 cm, cartácea, elíptica, base aguda, margem inteira, plana, ápice agudo, glabra em ambas as faces, nervura central impressa em ambas as faces, 1 par de glândulas próximo a base. Tirsos ou panículas de cíncinos 1-floros axilares e apicais, 10–45 flores; raque serícea a velutina; brácteas 3,6–4,6 mm compr., cartáceas, lanceoladas, persistentes, 1 par de glândulas na margem; bractéolas 1,6–2,3 mm compr., cartáceas, oblanceoladas a lanceoladas, persistentes, eglandulares; pedúnculos 2,6–

4,7 mm compr. Flores apedunculadas, pedicelos 2,8–5,1 mm compr., seríceos; sépalas adpressas ao androceu, 2,8–3 × 1,1–1,3 mm, ápice arredondado, ambas as faces seríceas, as 4 laterais com 2 elaióforos cada, a anterior eglandular; elaiofóros 8, verde-amarelados na pré- antese, avermelhados na pós-antese, 2,7–2,9 × 0,9–1,4 mm; pétalas amarelas a avermelhadas na pós-antese, limbo ovado a elíptico, margem denticulada, pétalas laterais 5,4 × 2,8 mm,

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unguículos 1,5 × 0,3 mm, pétala posterior 5,7 × 3,3mm, unguículo 1,7 × 0,5 mm; estames com filetes 1,8–2 mm compr., conectivos glandulares das anteras ausentes, lóculos pubescentes na base; ovário 1,2 × 1,7 mm, cônico, seríceo; estiletes 1,3 × 0,4 mm, livres, retos, divergentes, cilíndricos, glabros; estigma terminal, truncado. Mericarpos alados, marrons quando maduros, duas alas laterais desenvolvidas, cartáceas, seríceas a glabrescentes, tricomas não irritantes, alas

1–2,1×1,3–3,1 cm; núcleo seminífero 56–12 mm compr., rugoso, seríceo a glabrescente, 1 álula central, serícea.

Material examinado: Alegre: São João do Norte – Base da Pedra Severina, 25.VI,2008, fr., L.

Kollmann 11066 (VIES). Cachoeiro do Itapemirim: Sítio do Remy, 4.II.1991, fl., P.C. Vinha

1204 (VIES). Linhares: 6.VIII.1990, fl., s.c. (VIES 4346). Nova Venécia: Área de proteção ambiental da Pedra do Elefante, Serra de Baixo, Mata da Fazenda Santa Rita, 15.IV.2009, fr.,

R.C. Forzza 5534 (MBML). Santa Teresa: Rio Saltinho – Beira da estrada fundão-Santa Teresa,

29.V.2001, fr., L. Kollmann 3726 (MBML). Serra: Área de Proteção Ambiental do Mestre

Álvaro, 15.II.2013, fl., P.H.D. Barros 161 (VIES). Vila Velha: Morro da Mantegueira,

18.X.1992, fl., J.M.L. Gomes 1776 (VIES).

Endêmica do Brasil, ocorre nos estados de Sergipe, Bahia, Espírito Santo e Rio de

Janeiro (Almeida 2018; BFG 2018). No Espírito Santo é encontrada em Floresta Estacional

Semidecidual e Floresta Ombrófila. Coletada com flores em janeiro, fevereiro, abril, agosto e outubro, e com frutos em janeiro, abril, maio, junho e julho.

Amorimia maritima pode ser confundida com representantes do gênero Mascagnia, porém diferencia-se principalmente por possuir folhas glabras em ambas as faces, frutos com as alas cartáceas e livres entre si, além de tanto as brácteas quanto as bractéolas possuírem um par de glândulas cada, enquanto em Mascagnia apenas M. velutina apresenta glândulas nas bractéolas.

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3. Barnebya dispar (Griseb.) W.R.Anderson & B.Gates, Brittonia 33(3): 280. 1981. (Fig. 4 e

5)

Árvores 5–10 m alt.; ramos glabros; estípulas interpeciolares, 2,3–4,7 mm compr., estreitamente triangulares, decíduas, livres. Folhas reduzidas nas inflorescências ausentes; pecíolo 6–15 mm compr., aplanado, glabrescente, eglandulares; lâmina foliar 4–8,4 × 3,3–4,1 cm, cartácea, oblanceolada, base acuminada, margem inteira, plana, ápice agudo a cuspidado, glabra em ambas as faces, nervura central impressa na face abaxial, 1 par de glândulas na base.

Tirso de cíncinos 1–floros, 6–25 flores; raque glabra; brácteas 1,6mm compr., membranáceas, triangulares, deiscentes, eglandulares e bractéolas 1mm compr., membranáceas, triangulares, deiscentes, eglandulares; pedúnculos 1,3–1,5 cm compr. Flores com pedicelos 1–1,2 cm, glabros; sépalas adpressas ao androceu, 2,4 × 1,6 mm, ápice arredondado, face adaxial glabra, face abaxial glabra; 2 elaióforos em cada sépala, amarelos, 3,5 × 1,1 mm; pétalas amarelas, limbo obovado, margem fimbriada, glandular; pétalas laterais com limbo 4,5 × 3,4 mm, unguículos 0,8 × 0,2 mm; pétala posterior 4,4 × 2 mm, unguículo 0,9 × 0,4 mm. Estames com filetes ca. 2 mm compr., conectivos glandulares das anteras cobrindo a parte posterior dos lóculos, lóculos glabros; ovário 2,8 × 02 mm, fusiforme, seríceo; estiletes 2,4 × 0,1 mm, eretos, divergentes, cilíndricos, glabros; estigma apical, truncado. Mericarpos alados com uma ala dorsal desenvolvida, alas laterais ausentes, marrons quando maduros; ala dorsal 4,8 × 2,1 cm, glabra, tricomas não irritantes; núcleo seminífero 1,8–1,9 cm compr., rugoso, glabrescente.

Material examinado: Santa Teresa: Estação Biológica de Santa Lúcia, 21.IX.1993, est., L. D.

Thomaz 950 (MBML), loc. cit. 18.VIII.1993, est., L. D. Thomaz 1043 (VIES).

Material adicional examinado: BRASIL. Minas Gerais. Carangola: Fazenda Santa Clara,

05.VIII.2006, fr, A.L.A. Faria 27 (RB). Rio de Janeiro. Nova Iguaçu: Estrada para Boa

Esperança, 16.I.2002, fl, S.J.Silva Neto 1624 (RB).

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Endêmica do Brasil, Barnebya dispar ocorre nos estados de Bahia, Minas Gerais,

Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo (Anderson 1981a; BFG 2018). No Espírito Santo ocorre em Floresta Ombrófila Densa. Não há coleta da espécie com flores ou frutos no estado.

Considerada ameaçada de extinção na categoria “Em perigo” (Fraga et al. 2019) e “Quase ameaçada” (CNCFlora 2019).

O gênero apresenta apenas duas espécies, que apresentam particularidades como as folhas alternas, com estípulas, glândulas foliares, 10 elaióforos, flores perigíneas e estilete cilíndrico (Anderson 1981b), que o distingue de outros gêneros. No Espírito Santo, Barnebya dispar diferencia-se principalmente pelo seu porte arbóreo e apesar de encontrada em estado estéril, possui frutos esquizocárpicos com as alas centrais desenvolvidas. No estado, a espécie dispõe apenas da coleta de um indivíduo, estéril, na Reserva Biológica de Santa Lúcia em Santa

Teresa e o indivíduo não foi encontrado novamente em expedição, é uma espécie relativamente rara com cerca de 40 registros em todo o Brasil, mesmo sendo uma espécie arbórea de porte considerável.

4. Bunchosia Kunth, Nov. Gen. Sp. (quarto ed.) 5: 153. 1821 [1822].

Arbustos; estípulas epipeciolares. Folhas reduzidas nas inflorescências ausentes; pecíolo com 0–1 par de glândulas no ápice; lâmina foliar estreitamente elíptica, elíptica ou lanceolada, margem plana, nervura central levemente impressa a impressa na face abaxial, 1 par de glândulas na base ou 1–3 pares de glândulas submarginais. Tirso de cíncinos 1-floros, brácteas e bractéolas persistentes. Flores com pedúnculos sésseis; sépalas adpressas ao androceu, com 2 elaiofóros; elaióforos 8–10. Drupas com 2 ou 3 pirênios, avermelhadas ou alaranjadas quando maduras, glabras.

O gênero Bunchosia se diferencia dos demais gêneros de Malpighiaceae do Estado por suas drupas avermelhadas e por ser o único gênero de porte arbustivo com inflorescências em

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tirsos. O gênero se distribui do México ao norte da Argentina compreendendo o total de 69 espécies (González 2010), sendo 11 dessas encontradas no Brasil (BFG 2018). Nesse estudo foram encontradas três espécies.

Chave de identificação para as espécies de Bunchosia no estado do Espírito Santo

1. Pecíolo eglandular ...... 4.3. B. maritima

1’. Pecíolo com 1 par de glândulas no ápice.

2. Ramos seríceos a glabrescentes. Lâmina foliar membranácea, elíptica .... 4.2. B. macilenta

2’. Ramos glabros. Lâmina foliar cartácea, estreitamente elíptica a lanceolada ......

...... 4.1. B. acuminata

4.1. Bunchosia acuminata Dobson, Systematic Botany 8(3): 275. 1983. (Fig. 6 e 8)

Arbustos ca. 4 m alt.; ramos glabros; estípulas epipeciolares, 1,6–3 mm compr., estreitamente triangulares, decíduas, livres. Folhas reduzidas nas inflorescências ausentes; pecíolo 5,5–9,6 mm compr., canaliculado, glabro, 1 par de glândulas no ápice; lâmina foliar 8–

16 × 2,8–5,6 cm, cartácea, estreitamente elíptica a lanceolada, base aguda a atenuada, margem inteira, plana, ápice acuminado, glabras em ambas as faces, nervura central impressa na face abaxial, 1 par de glândulas na base. Tirso de cíncinos 1-floros, 11-15 flores; raque esparsamente serícea a glabra; brácteas 1,1–2,6 mm compr., cartáceas, triangulares, persistentes, eglandulares; bractéolas 1,1–1,8 mm compr., membranáceas, triangulares, persistentes, eglandulares; pedúnculos 0–3 mm compr. Flores com pedúnculos sésseis, pedicelos 4–10 mm compr., tricomas esparsos a glabros; sépalas adpressas ao androceu, 1,6–1,9 × 1,3–1,4 mm,

ápice arredondado, ambas as faces glabras, com 2 elaiofóros cada; elaióforos 10, amarelos, 2–

2,5 × 1,2 mm; pétalas amarelas, limbo orbicular, margem erosa; pétalas laterais 3,2–4 × 3,2–

4,4 mm, unguículos 1,6–1,9 × 0,2 mm; pétala posterior 2,7 × 3,2 mm, unguículo 2 × 0,4 mm;

30

estames com filetes 0,9–1,2 mm compr., conectivos glandulares das anteras expandidos no

ápice, lóculos glabros; ovário 0,6 × 0,6 mm, cônico, glabro; estiletes 1 × 0,1 mm, eretos, paralelos, cilíndricos, glabros; estigma apical, truncado. Drupas com 2 ou 3 pirênios, avermelhadas quando maduras, glabras, 0,9–1,1 × 1,2–1,3 cm.

Material examinado: Conceição da Barra: Reserva Biológica do Córrego Grande, 13.II.2009, fr., L.F.T. Menezes 1899 (VIES). Pinheiros: Reserva Biológica Córrego do Veado, 23.II.2011, fr., M. Ribeiro 450 (SAMES). loc. cit., 01.II.2007 fl, L.M. Versieux 409 (RB), loc. cit.

26.X.2000, fl., V. Demuner 1513 (MBML). Sooretama: Reserva Biológica de Sooretama,

19.I.2010, fr., M. Ribeiro 74 (VIES).

A espécie é endêmica do Brasil, ocorrendo apenas nos estados de Bahia e Espirito Santo

(Almeida & Pellegrini 2016; BFG 2018). No Espírito Santo é encontrada em Floresta Estacional

Semidecidual e Floresta Ombrófila Densa. Coletada com flores de outubro a abril e com frutos de novembro a maio. Considerada ameaçada de extinção na categoria “Vulnerável” (Fraga et al. 2019) e “Quase ameaçada” pelo CNCFlora (2019).

Diferencia-se das outras espécies de Bunchosia encontradas no Espírito Santo principalmente por suas folhas estreitamente elípticas a lanceoladas e glabras em ambas as faces.

4.2. Bunchosia macilenta Dobson, Systematic Botany 8(3): 274. 1983. (Fig. 6 e 8)

Arbustos 1–3 m de altura; ramos seríceos a glabrescentes; estípulas epipeciolares, 0,5–

1,1 mm compr., triangulares, decíduas, livres. Folhas reduzidas nas inflorescências ausentes; pecíolo 6–8 mm compr., canaliculado, seríceo, 1 par de glândulas no ápice; lâmina foliar 7,9–

10,3 × 4,6–5,4 cm, membranácea, elíptica, base aguda, margem plana, ápice agudo, ambas as faces glabrescentes, nervura central impressa na face abaxial, 1–2 pares de glândulas submarginais na face abaxial. Tirsos de cíncinos 1-floros, 4–8 flores; raque serícea; brácteas

31

0,9–1,1 mm compr., cartáceas, triangulares, persistentes, eglandulares; bractéolas 0,6–0,8 mm compr., cartáceas, triangulares, persistentes, eglandulares; pedúnculos 2–2,3 mm compr. Flores com pedúnculos sésseis, pedicelos 8–10 mm compr., seríceos; sépalas adpressas ao androceu,

2,4 × 1 mm, ápice arredondado, face adaxial glabra, face abaxial serícea, com 2 elaiofóros cada; elaióforos 10, amarelos, 1,1–1,3 × 0,8–1,1 mm; pétalas amarelas, limbo obovado, margem fimbriada; pétalas laterais 3,4–3,7 × 2,9–3,2 mm, unguículos 2,2 × 0,3 mm; pétala posterior 3,6

× 3,9 mm, unguículo 3,3 × 1,4 mm; estames com filetes 1,6–2,9 mm compr., anteras com conectivos glandulosos cobrindo a parte posterior dos lóculos, lóculos glabros; ovário 1,1 × 0,7 mm, botuliforme, glabro; estiletes 2,6 × 0,1 mm, eretos, divergentes, cilíndricos, glabros; estigma apical, truncado. Drupas com 3 pirênios, alaranjados quando maduras, glabras, 0,7–1 cm compr.

Material examinado: Águia Branca: Propriedade do Sr. Ailton Cortelete, 16.I.2008, fl., M.M.

Saavedra 652 (MBML). Castelo: Parque Estadual Mata das Flores, 15.XII.2012, fl., M.L.

Garbin, 1529 (VIES). Colatina: 27.IV.1995, fr., G. F. Árbocz 1367 (VIES). Linhares: Reserva

Natural da Vale, 01.VI.2001, fr., D.A. Folli 3939 (CVRD). Santa Teresa: São João de

Petrópolis, 24.I.2006, fl., L. Kollmann 8597 (MBML). Serra: APA Mestre Álvaro, 13.I.2011, fl., A.M. Vago 144 (VIES).

Bunchosia macilenta é endêmica do Brasil, e ocorre nos estados de Minas Gerais, Bahia e Espírito Santo (Almeida & Pellegrini 2016; BFG 2018). No Espírito Santo ocorre em Floresta

Ombrófila Densa. Coletada com flor de dezembro a fevereiro e com fruto em janeiro, fevereiro, maio, junho e julho. Considerada ameaçada de extinção na categoria “Vulnerável” (CNCFlora

2019; Fraga et al. 2019).

Pelo formato das folhas, Bunchosia macilenta pode ser confundida com B. maritima, mas se diferencia pelos ramos seríceos a glabrescentes (vs. glabros), folhas membranáceas (vs.

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cartáceas) e consideravelmente menores (7,9–10,3 × 4,6–5,4 cm vs. 11,1–25,5 × 6,3–9,1 cm), além de possuir as inflorescências com um número menor de flores ( 4–8 flores vs. 9–13 flores).

4.3. Bunchosia maritima (Vell.) J.F.Macbr., Publ. Field Mus. Nat. Hist., Bot. Ser. 13(3/3): 860.

1950. (Fig. 7 e 8)

Arbustos ca. 3 m; ramos glabros; estípulas epipeciolares, 0,6–0,7 mm compr., triangulares, decíduas, livres. Folhas reduzidas nas inflorescências ausentes; pecíolo 8–11 mm compr., canaliculado, seríceo, eglandular; lâmina foliar 11,1–25,5 × 6,3–9,1 cm, cartácea, elíptica, base aguda, margem plana, ápice acuminado, ambas as faces glabras, nervura central levemente impressa na face abaxial, 2–3 pares de glândulas submarginais na face abaxial. Tirso de cíncinos 1-floros, 9–13 flores; raque serícea; brácteas 2,2–3 mm compr., cartáceas, triangulares, persistentes, 1 um par de glândulas; bractéolas 1,3–2,4 mm compr., cartáceas, triangulares, persistentes, 1 um par de glândulas; pedúnculos 2,4–3,3 mm compr. Flores com pedúnculos sésseis, pedicelos 0,4–5,3 mm compr., seríceos; sépalas adpressas ao androceu, 2,4

× 1,7 mm, ápice arredondado, ambas as faces glabras, as 4 laterais com 2 elaióforos cada, a anterior eglandular; elaiofóros 8, amarelos, 4 × 0,9 mm; pétalas amarelas, limbo elíptico a obovado, margem fimbriada, glandular; pétalas laterais 4,3–5 × 3–4,7 mm, unguículos 2,2 ×

0,6 mm; pétala posterior 3,7× 3,3 mm, unguículo 3,2 × 0,8 mm; estames com filetes ca. 1,2 mm compr., conectivos glandulares cobrindo a parte posterior das anteras, lóculos glabros; ovário

1,6 × 0,8 mm, ovóide, glabro; estiletes 1,2 × 0,2 mm, eretos, paralelos, cilíndricos, glabros; estigma apical, papiloso. Drupa com 3 pirênios, avermelhadas quando maduras, glabras; 0,75–

0,84 × 0,7–0,8 cm.

Material examinado: Alegre: ARIE Laerth Paiva Gama, 15.II.2008, fr., D. Couto 1391

(MBML). Aracruz: Picuã, 16.IV.2011, fr., T.F. Sagrillo 4 (MBML). Cachoeiro de Itapemirim:

Floresta Nacional de Pacotuba, 05.III.2008, fr., L. Magnago 10733 (MBML). Cariacica:

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Reserva Biológica Duas Bocas, 16.II.2008, fr., A.M. Amorim 7142 (MBML). Linhares: Lado direito da estrada indo da Encapa para Pedra Lisa, 16.III.1993, fr., V.D. Souza 454 (CVRD).

Santa Leopoldina: Bragança, Rancho Chapadão, 30.VI.2006, fr., Jaqueline 2099 (MBML).

Espécie endêmica do Brasil, é encontrada nos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro,

Espírito Santo, São Paulo, Paraná e Santa Catarina (Almeida & Pellegrini 2016; BFG 2018).

No Espírito Santo ocorre em Floresta Estacional Semidecidual e Floresta Ombrófila Densa.

Coletada com flores apenas em janeiro e com frutos de dezembro a julho.

Os caracteres que diferenciam B. maritima de B. macilenta foram discutidas anteriormente. Além das características mencionadas, é a única espécie de Bunchosia no

Espírito Sanro que possui pecíolos eglandulares.

5. Carolus chlorocarpus (A.Juss.) W.R.Anderson, Novon 16(2): 188. 2006. (Fig. 9 e 12)

Trepadeiras lenhosas; ramos glabrescentes a seríceos; estípulas interpeciolares, ca. 0,7 mm compr., triangulares, decíduas, livres. Folhas reduzidas nas inflorescências ausentes; pecíolo 4,6–8,1 mm compr., canaliculado, glabrescente a seríceo, eglandular; lâmina foliar 8,8–

13 × 1,9–2,5 cm, cartácea, lanceolada a estreitamente lanceolada, base acuminada, margem inteira, revoluta, ápice acuminado, ambas as faces glabras, nervura central levemente impressa na face abaxial eglandulares. Tirso de cincinos 1-floros, 5–12 flores; raque serícea a glabrescente; brácteas 1,2–2,2 mm compr., cartáceas, estreitamente triangulares, persistentes, eglandulares; bractéolas 0,3–0,5 mm compr., cartáceas, triangulares, persistentes, eglandulares; pedúnculos 1,1–1,6 mm compr. Flores com pedúnculos sésseis, pedicelos 4,3–4,3 mm compr., glabros a seríceos; sépalas adpressas ao androceu, 1,5–1,7 × 0,7–0,9 mm, ápice agudo, face adaxial glabra, face abaxial serícea; elaióforos ausentes; pétalas amarelas, limbo orbicular, margem erosa; pétalas laterais 2 × 1,7 mm, unguículos 1 × 0,3 mm; pétala posterior 2 × 1,4 mm, unguículo 1 × 0,3 mm; estames com filetes 0,7–0,9 mm compr., conectivos das anteras

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cobrindo a parte posterior dos lóculos, lóculos glabros; ovário 1,7 × 0,9 mm, cônico, seríceo; estiletes 3,2 × 0,2 mm, eretos, divergentes, cilíndricos, glabros; estigma apical, truncado.

Mericarpos alados, marrons quando maduros, duas alas laterais desenvolvidas e livres entre si, cartáceas, glabrescentes, tricomas não irritantes, alas 8,8–13 × 1,9–2,5 cm; núcleo seminífero

6,5–5,5 mm compr., seríceo, 1 álula central cartácea.

Materials examinado: Águia Branca: Águas Claras, propriedade de Zequinha, 08.VI.2006, fr.,

V. Demuner 2489 (MBML). Barra de São Francisco: Córrego da Esperança, 13.XII.2000, fl.,

L. Kollmann 3526 (MBML). Cariacica: Estação Biológica Duas Bocas, 06.V.2008, fr., A.M.

Amorim 7396 (MBML). Santa Teresa: Pedra da Onça, 06.I.2000, fl., V. Demuner 502 (MBML).

Ocorre na Bolívia e Paraguai e Brasil (Anderson 2006). No Brasil, ocorre nos estados da Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Goiás, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraná (BFG 2018). No Espírito Santo é encontrada em Floresta Estacional Semidecidual e

Floresta Ombrófila Densa. Coletada com flor em dezembro e janeiro, e com fruto de maio a agosto.

Carolus chlorocarpus pode ser confundida com espécies do gênero Amorimia por seus frutos alados com duas alas laterais livres, porém as alas de seus frutos possuem margem erosa e suas folhas são lanceoladas a estreitamente lanceoladas, com ápice acuminado características não encontradas em Amorimia (Almeida 2018). Diferencia-se de A. maritima pelos ramos glabrescentes a seríceos (vs. glabros), folhas com margem revoluta (vs. plana) e elaióforos ausentes (vs. presentes nas 4 sépalas laterais).

6. Dicella Griseb., Linnaea 13: 249. 1839.

Trepadeiras lenhosas; estípulas interpeciolares. Folhas reduzidas nas inflorescências ausentes; pecíolo com 0–1 par de glândulas no ápice; lâmina foliar forma, margem, nervura, 1–

20 pares de glândulas submarginais. Dicásio de cíncinos 1-floros; brácteas e bractéolas

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decíduas. Flores com pedúnculos sésseis ou pediceladas; sépalas adpressas ao androceu, elaiofóros 8. Nozes com 2 embriões, douradas quando maduras, seríceas, tricomas irritantes.

O gênero Dicella se diferencia dos demais gêneros de Malpighiaceae principalmente pelos seus frutos em forma de noz com indumento seríceo de tricomas irritantes de cor dourada, além de possuírem sempre apenas dois embriões por fruto. As flores são semelhantes às das espécies de Thryallis por suas sépalas que se expandem com o amadurecimento dos frutos. O gênero se distribui por toda a América do Sul e Central, tendo todas as suas seis espécies representadas no Brasil (Chase 1981), no Espírito Santo conta com duas espécies.

Chave de identificação para as espécies de Dicella no estado do Espírito Santo

1. Pecíolo com 1 par de glândulas na região mediana; lâmina foliar com margem revoluta, 1–3

pares de glândulas submarginais. Brácteas cuculadas ...... 6.1. D. bracteosa

1’. Pecíolo com 0–1 par de glândulas no ápice; lâmina foliar com margem plana, 2–10 pares de

glândulas marginais. Brácteas elípticas ...... 6.2. D. macroptera

6.1. Dicella bracteosa (A.Juss.) Griseb., Linnaea 13: 250. 1839. (Fig. 10 e 12)

Trepadeiras lenhosas; ramos seríceos a glabrescentes; estípulas interpeciolares, 0,5–0,6 mm compr., triangulares, persistentes, livres. Folhas reduzidas nas inflorescências ausentes; pecíolo 9–16 mm compr., canaliculado, seríceo, 1 par de glândulas na região mediana; lâmina foliar 6,1–11,7 × 3,6–5,8 cm, cartácea, elíptica, base obtusa a aguda, margem inteira, revoluta,

ápice agudo a cuspidado, serícea em ambas as faces quando jovens, glabra na face adaxial quando madura, nervura central e secundárias impressas na face abaxial, 1–3 pares de glândulas submarginais. Dicásio de cíncinos 1-floros; raque serícea; brácteas 4,8–5,8 mm compr., cartáceas, cuculadas, decíduas, eglandulares; bractéolas 3–3,7 mm compr., cartáceas, elípticas, decíduas, eglandulares; pedúnculos 2,7–8,3 mm compr. Flores com pedicelos 4,8–8,4 mm

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compr., seríceos; sépalas adpressas ao androceu, 2,2–9 × 1,1–5 mm, ápice agudo a mucronado, face adaxial glabra, face abaxial serícea, as 4 laterais com 2 elaióforos cada, a anterior eglandular; elaiofóros 8, amarelos na antese, 2,5 × 1,2 mm; pétalas amarelas, limbo elíptico, margem inteira a levemente erosa, pétalas laterais e posterior iguais, 4,2–4,5 × 2–2,6 mm, unguículo 1,1–2 × 0,5–0,6 mm; estames com filetes ca. 2,2 mm compr., anteras com conectivos glandulosos cobrindo a parte posterior dos lóculos, glabros, lóculos pubescentes na base; ovário

2 × 1,4 mm, cônico, seríceo; estiletes 1,3 × 0,2 mm, eretos, paralelos, cilíndricos, glabros; estigma apical, truncado. Nozes, douradas quando maduras, sem alas, seríceas, tricomas irritantes, 1,9–2,9 × 1,5–2,3 cm.

Material examinado: Anchieta: Estrada para Castellanos, 02.II.2012, fr., N.E. Oliveira Filho

78 (VIES). Guarapari: Parque Estadual Paulo César Vinha, 16.I.2007, fl., R.T. Valadares 374

(VIES). Jaguaré: Barra Seca, 18.I.1996, fl., G. Hupp 3 (MBML). Linhares: Estrada não- pavimentada partindo do bairro Quartel rumo a Colatina, 19.I.2011, fl., P. Fiaschi 3470

(MBML). Marilândia: Alto Liberdade, 20.I.2011, fr., P. Fiaschi 3484 (SP). Pinheiros: RPPN,

18.I.2008, fr., L.A. Pereira 1610 (MBML). Presidente Kennedy: São Salvador, 06.II.1998, fl.,

J.M.L. Gomes 487 (VIES). Santa Teresa: Propriedade de D. Demuner, 20.I.2000, fl., V.

Demuner 582 (MBML).

Endêmica do Brasil, ocorre nos estados de Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Minas

Gerais, São Paulo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Paraná, Santa Catarina e Rio

Grande do Sul (Almeida & Mamede 2014; BFG 2018). No Espírito Santo ocorre em Floresta

Estacional Semidecidual e Floresta Ombrófila Densa. Coletada com flor e fruto de novembro a fevereiro.

Se diferencia de Dicella macroptera por suas sépalas nos frutos maduros alcançarem metade do tamanho do fruto, enquanto em D. macroptera essas sépalas chegam mais que o dobro do tamanho dos frutos.

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6.2. Dicella macroptera A.Juss., Ann. Sci. Nat., Bot., sér. 2 13: 323. 1840. (Fig. 11 e 12)

Trepadeiras lenhosas; ramos seríceos a glabrescentes; estípulas interpeciolares, 0,4–0,6 mm compr., triangulares, persistentes, livres. Folhas reduzidas nas inflorescências ausentes; pecíolo 12–15 mm compr., canaliculado, seríceo, 0–1 par de glândulas no ápice; lâmina foliar

6,9–13,2 × 3,5–6,1 cm, cartácea, elíptica a lanceolada, base obtusa, margem inteira, plana, ápice agudo a acuminado, face adaxial glabra, face abaxial esparsamente serícea, nervura central levemente impressa na face abaxial, 2–10 glândulas marginais. Dicásio de cíncinos 1-floros, 6–

25 flores; raque serícea; brácteas 5–6,8 mm compr., cartáceas, elípticas, decíduas, eglandulares; bractéolas 4–6,1 mm compr., cartáceas, elípticas, decíduas, eglandulares; pedúnculos 4,1–5,8 mm compr. Flores com pedúnculos sésseis, pedicelos 4,4–6,6 mm compr., seríceos; sépalas adpressas ao androceu, 1,7–2,2 × 1–1,2 mm, 3,9 × 1,5 cm quando expandidas no fruto, ápice arredondado, face adaxial glabra, face abaxial serícea, as 4 laterais com 2 elaióforos cada, a anterior eglandular; elaióforos 8, amarelos, 1,8 × 0,9 mm; pétalas amarelas, limbo orbicular, margem erosa, pétalas laterais e posterior iguais, 3,8–4,1 × 2,8–3,6 mm, unguículos 1,6–1,8 ×

0,3–0,5 mm; estames com filetes 4–6,1 mm compr., conectivos das anteras apicalmente elongados, lóculos glabros; ovário 1,5 × 1,5 mm, cônico, seríceo; estiletes anteriores desenvolvidos, 1,6 × 0,3 mm, estilete posterior, 0,9 × 0,2 mm, recurvados, divergentes, canaliculados, glabros; estigma apical, truncado. Nozes, douradas quando maduras, sem alas, seríceas, tricomas urticantes, 1,3 × 1,4 cm.

Material examinado: Governador Lindenberg: Morelo – Propriedade de Fernando Nicolli,

24.IV.2007, fl., V. Demuner 3746 (MBML). Jaguaré: 07.VIII.2012, fl, Siqueira, G.S. 770

(CVRD). Sooretama: 13.II.2012, fr, Siqueira, G.S. 717 (CVRD).

A espécie se distribui pelo Paraguai, Bolívia, Equador e Brasil (Chase 1981), onde é encontrada nos estados de Tocantins, Maranhão, Bahia, Ceará, Pernanbuco, Goiás, Mato

Grosso do Sul, Mato Grosso, Minas Gerais, Espírito Santo e no Distrito Federal (Almeida &

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Mamede 2014; BFG 2018). No Espírito Santo ocorre em Floresta Estacional Semidecidual e

Floresta Ombrófila Densa. Coletada com flor em janeiro, fevereiro e abril, e com fruto em abril e agosto. Considerada ameaçada de extinção na categoria “Vulnerável” (Fraga et al. 2019).

Os caracateres que diferenciam D. macroptera de D. bracteosa foram apresentados anteriormente. Em estágios iniciais de maturação do fruto, a diferenciação entre as espécies por meio do tamnbaho das sépalas se torna difícil, pois ainda encontram-se pouco expandidas, sendo mais informativo o uso da forma das brácteas e a posição das glândulas no pecíolo.

7. Heladena multiflora (Hook. & Arn.) Nied., Arbeiten Bot. Inst. Königl. Lyceums Hosianum

Braunsberg 5: 16. 1914. (Fig. 13 e 17)

Trepadeiras lenhosas; ramos esparsamente velutinos a glabrescentes; estípulas epipeciolares, ca. 0,8 mm compr., falcadas, persisitentes, livres. Folhas reduzidas nas inflorescências; pecíolo 3–4,1 mm compr., canaliculado, glabro, eglandular; lâmina foliar 4,7–

13,8 × 1,9–7,1 cm, membranácea, elíptica, base atenuada, margem inteira, plana, ápice agudo, glabra em ambas as faces, nervura central impressa na face abaxial, 1 par de glândulas na base.

Tirsos de cíncinos 1-floros, 12–27 flores; raque esparsamente serícea; brácteas 1,3–2 mm compr., membranáceas, triangulares, persistentes, eglandulares; bractéolas 0,6–0,8 mm compr., membranáceas, triangulares, persistentes, eglandulares; pedúnculos 1,3–5,4 mm compr. Flores com pedúnculos sésseis, pedicelos 2–4,5 mm compr., seríceos; sépalas paralelas ao androceu,

1,9–2,3 × 1,1 mm, ápice arredondado, ambas as faces glabras, as 4 laterais com 2 elaióforos cada, a anterior eglandular; elaióforos 8, estipitados, verdes, 1,6–1,9 × 1,3–0,6 mm; pétalas amarelas, limbo obovado, margem lacerada da base ao meio e inteira do meio ao ápice; pétalas laterais 2,6–2,9 × 2–2,3 mm, unguículos 1,6 × 0,2 mm; pétala posterior 5 × 4,5 mm, unguículo

2,7 × 0,4 mm; estames com filetes 1,7–2,5 mm compr., conectivos das anteras glandulosos, cobrindo a parte posterior das anteras, lóculos glabros; ovário 1 × 0,7 mm, botuliforme, seríceo;

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estiletes 1,3 × 0,15 mm, eretos, divergentes, cilíndricos, seríceo; estigma apical, truncado.

Mericarpos sem alas, marrons quando maduros, seríceos, sem tricomas urticantes; núcleo seminífero 2,3–3,5 mm compr.

Material examinado: Boa Esperança: 16.XII.2007, fl., L. Kollmann 10205 (MBML). Santa

Teresa: Beira da estrada para o 25 de Julho, 03.XII.1998, fr., L. Kollmann 1215 (MBML),

Estrada do 25 de julho, 13.XII.2016, fr., L. Kollmann 13218 (MBML).

Ocorre na Argentina, Paraguai e Brasil. No Brasil, é encontrada no Mato Grosso, Mato

Grosso do Sul, Minas Gerais e Espírito Santo (BFG 2018), onde habita a Floresta Estacional

Semideciduale a Floresta Ombrófila Densa. Coletada com flor e fruto em dezembro.

Considerada ameaçada de extinção na categoria “Em perigo” (CNCFlora 2019; Fraga et al.

2019).

Heladena multiflora diferencia-se das demais espécies de Malpighiaceae do Espírito

Santo por seus elaióforos estipitados, visíveis em todas as fases de maturação da flor, e por seus frutos esquizocárpicos sem alas, canelados entre os mericarpos e lisos, podendo eventualmente serem confundidos com frutos de Thryallis brachystachys, mas estes são angulosos entre os mericarpos e rugosos.

8. Hiraea Jacq., Enum. Syst. Pl. 4, 21. 1760.

Trepadeiras lenhosas ou arbustos; estípulas epipeciolares livres. Folhas reduzidas nas inflorescências ausentes; pecíolo com 1 par de glândulas no ápice ou eglandular; lâmina foliar elíptica a oval, margem inteira, nervura central e/ou secundárias impressas na face abaxial ou em ambas as faces, 1 par de glândulas na base e múltiplas glândulas na margem. Umbelas de cíncinos 1-floros; brácteas e bractéolas persistentes. Flores com pedúnculos sésseis ou pediceladas; sépalas paralelas ao androceu, elaiofóros 8. Mericarpos alados com duas alas laterais desenvolvidas, esparsamente seríceas a seríceas.

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Hiraea é um gênero facilmente diferenciado dos demais por suas estípulas epipeciolares subuladas e inflorescências axilares em umbelas. O gênero ocorre desde o México até o

Paraguai e compreende 70 espécies (Anderson 2014), sendo que 19 ocorrem no Brasil (BFG

2018). Foram encontradas três espécies no Espírito Santo.

Chave de identificação para as espécies de Hiraea no estado do Espírito Santo

1. Pecíolo com 1 par de glândulas no ápice; lâmina foliar bulada e com margem revoluta

...... 8.1. H. bullata

1’. Pecíolo eglandular; lâmina foliar com margem plana.

2. Arbustos. Lâmina foliar com ambas as faces glabras, 1 par de glândulas na margem da

lâmina ...... 8.3. H. restingae

2’. Trepadeiras lenhosas. Lâmina foliar com ambas as faces com tricomas esparsos a

glabrescentes, múltiplas glândulas na margem da lâmina ...... 8.2. H. macrophylla

8.1. Hiraea bullata W.R.Anderson, Contr. Univ. Michigan Herb. 19: 372–373. 1993. (Fig. 14 e 17)

Trepadeiras lenhosas; ramos tomentosos a velutinos; estípulas epipeciolares, 2,4–3,5 mm, subuladas, persistentes, livres. Folhas reduzidas nas inflorescências ausentes; pecíolo 7–

14 mm, canaliculado, velutino, 1 par de glândulas no ápice; lâmina foliar 7,3–16,2 × 3,9–10,8 cm, cartácea, elíptica a oval, base arredondada, margem inteira, revoluta, ápice arredondado a agudo, face adaxial glabra, face abaxial tomentosa, nervura central e secundárias impressas em ambas as faces, glândulas na margem próximo ao ápice. Umbelas de cíncinos 1-floros, 2-4 flores; raque tomentosa; brácteas ca. 1,3 mm compr., cartáceas, triangulares, persistentes, eglandulares; bractéolas ca. 1 mm compr., cartáceas, triangulares, persistentes, eglandulares; pedúnculos 6,7–8,2 mm, seríceo a velutino. Flores com pedicelos 16–22 mm, seríceos; sépalas

41

paralelas ao androceu, 2 × 1,6 mm, ápice arredondado, face adaxial glabra, face abaxial serícea, as 4 laterais com 2 elaióforos cada, a anterior eglandular; elaióforos 8, avermelhados, 1,6 × 0,8 mm; pétalas laterais amarelas orbiculares, margem erosa, pétala posterior com mácula vermelha no centro, obovada, margem fimbriada, pétalas laterais 4,9 × 3,4 mm, unguículos 2,1

× 0,1 mm; pétala posterior 5,1 × 4 mm, unguículo 2,9 × 0,3 mm; estames com filetes 2–2,7 mm compr., conectivos glandulares das anteras cobrindo a parte posterior dos lóculos, lóculos glabros; ovário 1,4 × 1,4 mm, esférico, seríceo; estiletes 2,9 × 0,1 mm, eretos, divergentes, cilíndricos, glabros; estigma apical, estigma dos estiletes laterais subulados, estigma do estilete posterior pedaliforme. Mericarpos alados, marrons quando maduros, duas alas laterais desenvolvidas, membranáceas, esparsamente seríceas, tricomas não urticantes, alas 2,3–2,7 ×

1,3–1,5 cm; núcleo seminífero 3,4–4,7 mm compr., rugoso, tomentoso.

Material examinado: Conceição da Barra: Área 126 da Aracruz Celulose S.A, 02.XII.1992, fl., O.J. Pereira 4269 (VIES). Linhares: Pontal do Ipiranga, 20.X.1996, fr., R.L.S. Dutra 176

(VIES),

Endêmica ao Brasil, ocorre nos estados da Bahia e do Espírito Santo (BFG 2018). No

Espírito Santo ocorre em Floresta Estacional Semidecidual e Floresta Ombrófila Densa.

Coletada com flor de setembro a dezembro, e com fruto de outubro a dezembro. Considerada ameaçada de extinção na categoria “Vulnerável” (CNCFlora 2019; Fraga et al. 2019).

Hiraea bullata é facilmente reconhecida por suas folhas buladas principalmente em matéria herborizado e com margem revoluta.

8.2. Hiraea macrophylla (Colla) P.L.R.Moraes & Guglielmone, Harvard Pap. Bot. 18(1): 27.

2013. (Fig. 15 e 17)

Trepadeira lenhosas; ramos seríceos a glabrescentes; estípulas epipeciolares, 1,4–2 mm compr., subuladas, persistentes, livres. Folhas reduzidas nas inflorescências ausentes; pecíolo

42

7–14 mm compr., canaliculado, seríceo, eglandular; lâmina foliar 7,9–18,1 × 3,1–6,5 cm, cartácea, elíptica a obovada, base aguda, margem inteira, plana, ápice agudo a arredondado, raramente mucronado, ambas as faces com tricomas esparsos a glabrescentes, nervura central e secundárias impressas na face abaxial, 1 par de glândulas na base e múltiplas glândulas na margem. Umbelas de cíncinos 1-floros, 2-4 flores; raque serícea; brácteas 2–2,7 mm compr., cartáceas, triangulares, persistentes, eglandulares; bractéolas 1,4–1,6 mm compr., cartáceas, triangulares, persistentes, eglandulares; pedúnculos 12–15 mm compr. Flores com pedúnculos sésseis, pedicelos 15–21 mm, seríceos; sépalas paralelas ao androceu, 1,6–2 × 1,9–2,2 mm,

ápice arredondado, face adaxial glabra, face abaxial serícea, as 4 laterais com 2 elaióforos cada, a anterior eglandular; elaióforos 8, amarelos, 0,9–1,5× 0,5–0,7 mm; pétalas amarelas, limbo orbicular, margem das pétalas laterais inteiras a ligeiramente denticuladas, da pétala posterior fimbriada e glandular; pétalas laterais 6,1–6,3 × 7,1–7,4 mm, unguículos 2,6–2,8 × 0,3 mm; pétala posterior 4,5 × 4 mm, unguículo 4,5 × 0,5 mm; estames com filetes 2–3 mm, conectivos glandulares das anteras cobrindo toda a parte posterior dos lóculos, lóculos glabros; ovário 1 ×

1,1 mm, esférico, seríceo; estiletes 4,3 × 0,2 mm, arqueados, convergentes, cilíndricos, glabros; estigma apical, truncado a pedaliforme. Mericarpos alados, marrons quando maduros, duas alas laterais desenvolvidas, membranáceas, tricomas esparsos, não urticantes, alas 2,1–1,3 × 7,1–

7,4 cm; núcleo seminífero 2,9–3,3 mm compr., rugoso, seríceo.

Material examinado: Alegre: Ponte do Palmito, 21.I.2008, fl., L. Kollmann 10385 (MBML).

Nova Venécia: Área de Proteção Ambiental da Pedra do Elefante, 19.II.2008, fl., C.N. Fraga

1900 (MBML), loc. cit. 19.II.2008, fl., A.M.A. Amorim 7185 (MBML). Santa Leopoldina:

Fazenda Caioaba, 29.I.2008, fl., V. Demuner 4941 (MBML). Santa Teresa: Pedra da Paulista,

17.II.2000, fr., V. Demuner 769 (MBML), Estação Biológica de Santa Lúcia, 22.II.1994, fr.,

C.C. Chamas 116 (MBML).

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Ocorre desde o México e Caribe até a Argentina (Anderson 2007). No Brasil foi citada apenas para o estado do Rio de Janeiro (Anderson 2014; BFG 2018) mesmo com coletas em diversos estados brasileiros, antes identificada como Hiraea fagifolia. No Espírito Santo ocorre em Floresta Estacional Semidecidual e Floresta Ombrófila (Restinga). Coletada com flor em janeiro, fevereiro e junho, e com fruto em fevereiro.

É frequentemente confundida com H. restingae, porém se diferencia por apresentar múltiplas glândulas na margem da folha (vs. apenas um par de glândulas) e ambas as faces da folha com tricomas esparsos a glabrescentes (vs. ambas as faces das folhas glabras).

8.3. Hiraea restingae C.E.Anderson, Edinburgh J. Bot. 71(3): 375. 2014. (Fig. 16 e 17)

Arbustos de 1,5–2 m; ramos seríceos a glabrescentes; estípulas epipeciolares, 1,1–1,6 mm compr., subuladas, persistentes, livres. Folhas reduzidas nas inflorescências ausentes; pecíolo 4,8–8,3 mm compr., canaliculado, seríceo, 1 par de glândulas no ápice; lâmina foliar

5,9–9,4 × 2,8–4,3 cm, cartácea, elíptica, base arredondada, margem inteira, plana, ápice arredondado, ambas as faces glabras, nervura central impressa na face abaxial, 1 par de glândulas na base e 1 par de glândulas na margem. Umbelas de cíncinos 1-floros, 2–4 flores; raque serícea; brácteas 1,6–2 mm compr., eglandulares; bractéolas 0,6–1 mm compr., cartáceas, triangulares, persistentes, eglandulares; pedúnculos 3,8–4,3 mm compr. Flores com pedúnculos sésseis, pedicelos 4,6–6,1 mm, seríceos; sépalas paraleas ao androceu, 1,2 × 1,9 mm, ápice arredondado a levemente agudo, face adaxial glabra, face abaxial serícea, as 4 laterais com 2 elaióforos cada, a anterior eglandular; elaióforos 8, verdes, 1,5 × 0,6 mm; pétalas laterais amarelas, posterior avermelhada, limbo orbicular, margem das pétalas laterais inteira, da pétala posterior fimbriada glandular, pétalas laterais 4–4,3 × 5,4–5,7 mm, unguículos 2,4 × 0,3 mm; pétala posterior 4,2 × 4 mm, unguículo 3,2 × 06 mm; estames com filetes 2,3–3,2 mm, conectivos glandulares das anteras cobrindo toda a parte posterior dos lóculos, lóculos glabros;

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ovário 1,2 × 1,1 mm, esférico, seríceo; estiletes 3,3 × 0,2 mm, arqueados, divergentes, cilíndricos, glabros; estigma apical, truncado. Mericarpos alados, marrons quando maduros, duas alas laterais desenvolvidas, membranáceas, glabrescentes, tricomas não urticantes, alas com 2,4 × 1,4 cm; núcleo seminífero 3,5–4 mm compr., rugoso, seríceo.

Material examinado: Guarapari: Parque Estadual de Setiba, 06.IX.1990, fl., O.J. Pereira 2216

(VIES), Parque Estadual Paulo César Vinha, 30.I.2012, fl., R.F. Almeida 542 (SP). Linhares:

Reserva Natural da CVRD, 20.I.2012, fl., R.F. Almeida 518 (SP)

Material adicional examinado: Rio de Janeiro. Saquarema: Restinga de Ipitangas,

25.XI.1988, fr, M.F, Freitas. 17 (RB)

Hiraea restingae é endêmica ao Brasil com ocorrência registrada apenas para o Rio de

Janeiro (Anderson 2014; BFG 2018). Se trata de um novo registro para o estado do Espírito

Santo, onde ocorre em Floresta Estacional Semidecidual e Floresta Ombrófila (Restinga).

Coletada com flor em janeiro, junho e setembro.

Os caracteres que diferenciam H. restingae de H. macrophylla foram apresentados anteriomente.

9. Lophopterys floribunda W.R.Anderson & C.C.Davis, Contr. Univ. Michigan Herb. 23: 92–

93, f. 1. 2001. (Fig. 18 e 22)

Trepadeiras lenhosas; ramos quadrangulares seríceos; estípulas epipeciolares, ausentes ou vestigiais, livres. Folhas reduzidas nas inflorescências ausentes; pecíolo 10–17 mm compr., canaliculado, seríceo, 0–4 glândulas no ápice; lâmina foliar 11–17,2 × 4,1–6,3 cm, cartácea, oblonga a elíptica, base arredondada, margem inteira, plana, ápice mucronado, face adaxial glabrescente a glabra, face abaxial serícea, nervura central impressa na face abaxial, eglandular.

Dicásio de cincinos 1-floros, 20–144 flores; raque serícea; brácteas 1,2–1,8 mm compr., cartáceas, triangulares, persistentes, eglandulares; bractéolas 1,8–2,5 mm compr., cartáceas,

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triangulares, persistentes, eglandulares; pedúnculos 0,8–1,4 mm compr. Flores com pedúnculos sésseis, pedicelos 2,6–3,4 mm compr., seríceos; sépalas adpressas ao androceu, 1,9–2 × 1,3–

1,6 mm, ápice arredondado a agudo, face adaxial glabra, face abaxial serícea, as 4 laterais com

2 elaióforos cada, a anterior eglandular; elaióforos 4, verdes, 0,7–1,3 × 1–2 mm; pétalas amarelas, orbiculares, margem erosa; pétalas laterais 5,6 × 4,4 mm, unguículos 0,8 × 0,3 mm; pétala posterior 4,1 × 3,2 mm, unguículo 3 × 0,7 mm; estames com filetes 1,3–1,6 mm compr., conectivos glandular das anteras presente, cobrindo face posterior dos lóculos, lóculos glabros; ovário 1,2 × 1 mm, esférico, seríceo; estiletes 1,8 × 0,1 mm, arqueados, divergentes, cilíndricos, esparsamente seríceos; estigma apical, truncado. Mericarpos alados, marrons quando maduros, duas alas laterais livres formando um “V” e uma pequena crista central, cartáceas, seríceas, tricomas não urticantes, alas 2,5–3 × 0,7–0,9 cm; núcleo seminífero 7,1–7,5 mm comprimento, levemente estriado, seríceo.

Material examinado: Alegre: Área antropizada. 30.X.2014, fl. fr., A.A. de Oliveira 35 (VIES).

Barra de São Francisco: Parque Ecológico Sombra da Tarde, 12.IX.1998, fl., S.L. Mendes s.n.

(MBML 7748), Parque Ecológico Sombra da Tarde, 21.XI.2000, fr., L. Kollmann 3267

(MBML). Colatina: Boa Esperança (Torre 37/1 – LT 230 Kv Mascarenhas x Verona),

16.VII.2008, fl., A.M. Assis 1719 (VIES), Conceição da Barra: Reserva Biológica do Córrego

Grande, 01.X.2008, fl., O.J. Pereira 7663 (VIES). Governador Lindemberg: propriedade de

José Antônio, 22.VIII.2006, fl., V. Demuner 2671 (VIES). Linhares, Pontal do Ipiranga,

04.XII.1996, fr., O.J. Pereira 5741 (VIES). Nova Venécia: Área de proteção Ambiental Pedra do Elefante, 09.V.2008, fr., A.M. Amorim 7412 (MBML). Pinheiros: Reserva Biológica

Córrego do Veado, 18.IX.2010, fl., M. Ribeiro 267 (VIES). Santa Leopoldina: Colina verde –

Morro do Agudo, 29.VIII.2007, fl., R.R. Vervloet 3342 (MBML). Santa Teresa: Vargem alegre

– Cachoeira do Madalão, 30.VII.2001, fl., L. Kollmann 4459 (MBML), loc. cit. Estrada de

Tabocas para Várzea Alegre, 10.XI.1998, fr., L. Kollmann 934 (MBML). loc. cit. São Sebastião

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– Propriedade Djalma Novelii, 26.IX.2000, fr., V. Demuner 1416 (MBML). loc. cit. São Roque:

Santa Luzia, 24.XI.2007, fr., M. Simonelli 1299 (MBML),

Endêmica do Brasil, ocorre nos estados de Amazonas, Pará, Amapá, Bahia, Minas

Gerais e Espírito Santo (Anderson 2001b; BFG 2018). No Espírito Santo é encontrada em

Floresta Estacional Semidecidual e Floresta Ombrófila Densa. Coletada com flor de junho a outubro e com fruto em maio e outubro.

Lophopterys floribunda pode ser identificada por possuir raque, pedúnculos e pedicelos com indumento marrom a marrom escuro e pelos seus frutos esquizocárpicos com alas formando um “V”, além de seus ramos quadrangulares.

10. Mascagnia (Bertero ex DC.) Bertero, Hortus Ripul. 85. 1824.

Trepadeiras lenhosas; estípulas interpeciolares. Folhas reduzidas nas inflorescências ausentes; pecíolo com 1 par de glândulas ou eglandular; lâmina foliar com margem plana, nervura central impressa ou levemente canaliculada na face abaxial, 1–2 pares de glândulas na face abaxial ou 2 pares de glândulas submarginais. Tirsos de cíncinos 1–67-floros; brácteas e bractéolas persistentes. Flores com pedúnculos sésseis; sépalas paralelas ou adpressas ao androceu, com 2 elaióforos; elaiofóros 8. Mericarpos alados orbiculares com alas laterais desenvolvidas e fundidas, glabrescentes, seríceas ou esparsamente seríceas.

Mascagnia se diferencia dos outros gêneros principalmente por seus frutos orbiculares com as alas laterais completamente fundidas e de consistência membranácea. O gênero se distribui latitudinalmente desde o México até o norte da Argentina e compreende cerca de 60 espécies (Anderson 2001a). No Brasil ocorrem 19 espécies (BFG 2018) e três espécies foram encontradas no Espírito Santo.

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Chave de identificação para as espécies de Mascagnia no estado do Espírito Santo

1. Ramos, pecíolos e lâmina foliar com indumento velutino ...... 10.3. M. velutina

1’. Ramos, pecíolos e lâmina foliar com indumento seríceo

2. Pecíolo 5–8,5 mm compr., 1 par de glândulas no ápice; lâmina foliar 5,2–11,8 × 3,2–7,6

cm, elíptica a ovada ...... 10.2. M. sepium

2’. Pecíolo ca. 15 mm compr., eglandular; lâmina foliar 4,9 × 4,4 cm, orbicular ......

...... 10.1. M. cordifolia

10.1 Mascagnia cordifolia (A.Juss.) Griseb., Flora Brasiliensis 12(1): 95. 1858. (Fig. 19 e 22)

Trepadeiras lenhosas; ramos seríceos; estípulas interpeciolares, 1,3–2 mm compr., estreitamente triangulares, persistentes, livres. Folhas reduzidas nas inflorescências ausentes; pecíolo ca. 15 mm compr., canaliculado, seríceo, eglandular; lâmina foliar 4,9 × 4,4 cm, cartácea, orbicular, base arredondada, margem inteira, plana, ápice arredondado a mucronado, serícea em ambas as faces, nervuras central e secundárias levemente impressas na face abaxial,

2 pares de glândulas submarginais na face abaxial. Tirso de cíncinos 1-floros, 18–67 flores; raque serícea; brácteas 2,6–3,1 mm compr., cartáceas, estreitamente triangulares, persistentes, eglandulares; bractéolas 0,6–1,2 mm compr., cartáceas, estreitamente triangulares, persistentes, eglandulares; pedúnculos 2,5–3 mm compr. Flores com pedúnculos sésseis, pedicelos 2,1–2,4 mm, seríceos; sépalas adpressas ao androceu, 2,3 × 1,2 mm, ápice arredondado, face adaxial glabra, face abaxial serícea, as 4 laterais com 2 elaióforos cada, a anterior eglandular; elaióforos

8, amarelos, 1,8 × 0,5–0,8 mm; pétalas amarelas ou rosas, limbo elíptico, margem erosa; pétalas laterais com limbo 4,2–4,5 × 3,1–3,3 mm, unguículos 1 × 0,2 mm; pétala posterior 4,3 × 3,4 mm, , unguículo 1,6 × 0,4 mm; estames com filetes 1,3 mm compr., conectivos glandulares cobrindo a parte posterior das anteras, lóculos glabros; ovário 1,2 × 1,4 mm, ovóide, seríceo; estiletes 1,9 × 0,2 mm, eretos, divergentes, cilíndricos, glabros; estigma apical, truncado.

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Mericarpos alados orbiculares, marrons quando maduros, glabrescentes, tricomas não urticantes, alas laterais 0.9 × 1.6 cm; núcleo seminífero 2,5–3,3 mm compr., rugoso, seríceo.

Material examinado: Conceição da Barra: Reserva Biológica Córrego Grande, 23.I.2012, fl.,

R.F. Almeida 534 (SP). Linhares: Gavião Real, 04.I.2018, fl., G.S. Siqueira 1237 (RB).

Sooretama: Reserva Natural Vale, Estrada Aceiro Bobbio, 13.II.2012, fr., G.S. Siqueira 716

(RB).

Mascagnia cordifolia possui ocorrência na Bolívia e Brasil (Anderson 2005). No Brasil

é encontrada no Acre, Amazonas, Rondônia, Pará, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás,

Bahia, Minas Gerais, São Paulo, Espírito Santo e no Distrito Federal (Anderson 2005; BFG

2018). No Espírito Santo ocorre em Floresta Estacional Semidecidual e Floresta Ombrófila

Densa. Coletada com flor em janeiro e com fruto em outubro.

Diferencia-se das outras espécies de Mascagnia encontradas no Espírito Santo, principalmente por sua inflorescência laxa e folhas jovens orbiculares. Em um trabalho sobre o grupo de Mascagnia cordifolia (Anderson 2005) a única planta analisada do Espírito Santo é citada como atípica ao padrão da espécie, tendo características de indumento não tão denso como em outras populações, além disso esses tricomas não se apresentam eretos como nesses outros indivíduos.

10.2. Mascagnia sepium (A.Juss.) Griseb., Flora Brasiliensis 12(1): 96. 1858. (Fig. 20 e 22)

Trepadeiras lenhosas; ramos jovens seríceos, glabrescentes; estípulas interpeciolares,

1,3–1,6 mm compr., estreitamente triangulares, persistentes, livres. Folhas reduzidas nas inflorescências ausentes; pecíolo 5–8,5 mm compr., canaliculado, seríceo, 1 par de glândulas no ápice; lâmina foliar 5,2–11,8 × 3,2–7,6 cm, membranácea, elíptica a ovada, base obtusa a subcordada, margem inteira, plana, ápice agudo a acuminado, ambas as faces esparsamente seríceas e glabrescentes, nervura central levemente canaliculada na face adaxial, 1–2 pares de

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glândulas na face abaxial, submarginais. Tirso de cíncino unifloros congesto, 6–12 flores; raque serícea; brácteas 1,4–2 mm compr., cartáceas, triangulares, persistentes, eglandulares; bractéolas 0,6–1,3 mm compr., cartáceas, estreitamente triangulares, persistentes, 1 de cada par com uma glândula abaxial; pedúnculos 2,2–3 mm compr., seríceos. Flores com pedúnculos sésseis, pedicelos 6,1–8,3 mm compr., seríceos; sépalas adpressas ao androceu, 16 × 12 mm,

ápice agudo a arredondado, face adaxial glabra, face abaxial serícea, as 4 laterais com 2 elaióforos cada, a anterior eglandular; elaióforos 8, verde-amarelados, 1,6 × 0,5 mm; pétalas amarelas, limbo ovado, margem inteira; pétalas laterais 3,9 × 2,4 mm, unguículos 1,2 × 0,1 mm; pétala posterior 3,3 × 2,8 mm, unguículo 1,2×0,4 mm; estames com filetes 0,9–1,1 mm compr., conectivos glandulares das anteras cobrindo a parte posterior dos lóculos, lóculos glabros; ovário 1,2 × 1,2 mm, esférico, seríceo; estiletes 2, 8× 0,1 mm, eretos, divergentes, cilíndrico, glabro; estigma apical, truncado. Mericarpos alados orbiculares, verde-claros quando maduros, duas alas laterais fundidas, membranáceas, esparsamente seríceas, tricomas não urticantes, alas laterais 0,8 × 1,5 cm; núcleo seminífero 2,2–3,7 mm compr., liso, seríceo.

Material examinado: Águia Branca: Sr. Voito, 22.XI.2007, fr., V. Demuner 4581 (MBML).

Santa Teresa: Pedra do Cruzeiro, 24.XI.2007, fl., M. Simonelli 1334 (MBML). Serra: APA

Mestre Álvaro, 04.XI.2012, fl. fr., P.H.D Barros 127 (VIES). Vila Velha: Morro do Moreno,

15.XII.2016, fl. fr., D.T. Wandekoken 187 (VIES). Vitória: Campus da UFES, Goiabeiras, mata,

26.VIII.1985, fl., O.J. Pereira 299 (VIES).

Endêmica do Brasil, Mascagnia sepium ocorre nos estados de Amazonas, Tocantins,

Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Ceará, Piauí, Rio Grande do Norte, Paraíba,

Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná (BFG 2018). No Espírito Santo ocorre em Floresta Ombrófila Densa. Coletada com flor em agosto, outubro, novembro e dezembro, e com fruto em junho, novembro e dezembro.

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Diferencia-se de M. velutina por seu indumento esparso-seríceo nos ramos e folhas (vs. velutinos) e de M. cordifolia pela sua inflorescência congesta (vs. alongada).

10.3. Mascagnia velutina C.E.Anderson, Brittonia 53(3): 414. 2001. (Fig. 20 e 22)

Trepadeiras lenhosas; ramos velutinos; estípulas interpeciolares, 0,8–1,1 mm compr., triangulares, persistentes, livres. Folhas reduzidas nas inflorescências ausentes; pecíolo 7–13 mm compr., canaliculado, velutino, 1 par de glândulas no ápice; lâmina foliar 6,8–8,1 × 3,8–

4,9 cm, cartácea, ovada a elíptica, base arredondada, margem inteira, plana, ápice acuminado a mucronado, ambas as faces velutinas, face adaxial com tricomas mais esparsos, nervura central impressa na face abaxial, 1-2 pares de glândulas na face abaxial. Tirso de cincinos 1-floros, 14-

30 flores; raque velutina; brácteas 1,3–2,2 mm compr., cartáceas, subuladas, persistentes, eglandulares; bractéolas 0,5–1 mm compr., cartáceas, triangulares, persistentes, eglandulares; pedúnculos 0,4–0,6 mm compr., velutinos. Flores com pedúnculos sésseis, pedicelos 0,6–0,8 mm compr., sericeos; sépalas paralelas ao androceu, 1,4 × 1 mm, ápice agudo, face adaxial glabra, face abaxial serícea, as 4 laterais com 2 elaióforos cada, a anterior eglandular; elaióforos

8, verdes, 1,6 × 0,4 mm; pétalas amarelas, limbo orbicular, margem erosa; pétalas laterais 3.3

× 2,3 mm, unguículos 1,1 × 0,1 mm; pétala posterior 3,5 × 2,7 mm, unguículo 1,3 × 0,3 mm; estames com filetes 1–1,1 mm compr., conectivos das anteras cobrindo a face posterior dos lóculos, lóculos glabros; ovário 1,1 × 1,1 mm, esférico, seríceo; estiletes 2,5 × 0,1 mm, retos, divergentes, ciíndricos, glabros; estigma apical, truncado. Mericarpos alados orbiculares, marrons quando maduros quando maduros, duas alas laterais fundidas na parte inferior, seríceas, tricomas não urticantes, alas 1,4–2,4 × 0,4–1,1 cm; núcleo seminífero 0,5–0,7 mm compr., estriado, seríceo.

Material examinado: Conceição do Castelo: Alto Bananal, s.d., fl., G. Hatschbach 49939 (RB)

Vila Pavão: Barra da Rapadura, 16.II.2014, fr., R.C. Forzza 7834 (VIES).

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Mascagnia velutina é endêmica do Brasil e registrada para os estados de Minas Gerais,

Rio de Janeiro e Espírito Santo (BFG 2015), onde ocorre em Floresta Estacional Semidecidual e Floresta Ombrófila Densa. Coletada com flor em outubro e com fruto em fevereiro.

Considerada ameaçada de extinção na categoria “Em perigo” (Fraga et al. 2019).

A espécie é facilmente reconhecida entre as demais Mascagnia encontradas no Espírito

Santo por seu indumento velutino nos ramos jovens, pecíolos e folhas.

11. Mezia araujoi Schwacke ex Nied., Nat. Pflanzenfam. III(4): 58. 1890. (Fig. 21 e 22)

Trepadeiras lenhosas; ramos seríceos a glabrescentes; estípulas interpeciolares, ca. 0,1 mm compr., triangulares, decíduas, livres. Folhas reduzidas nas inflorescências ausentes; pecíolo 14–27 mm compr., levemente canaliculado a aplanado, seríceo a glabrescente, eglandular; lâmina foliar 7,6–16,7 × 4,5–9,8 cm, cartácea, elíptica a obovada, base aguda, margem inteira, plana, ápice arredondado a acuminado, ambas as faces glabras, nervura central e secundárias impressas na face abaxial, 1 par de glândulas na base do limbo e 2-3 pares submarginais. Dicásios de umbelas de 3-4 cíncinos 1-floros, 15–41 flores; raque serícea; brácteas 4–5 mm compr., cartáceas, cuculadas, decíduas, eglandulares; bractéolas 7–8 mm compr., cartáceas, cuculadas, decíduas, eglandulares; pedúnculos 8–11 mm. Flores com pedúnculos sésseis, pedicelos sésseis; sépalas paralelas ao androceu, 6,6–6,8 × 2,7–2,8 mm,

ápice arredondado, face adaxial glabra, face abaxial serícea, as 4 laterais com 2 elaióforos cada, a anterior eglandular; elaióforos 8, amarelos, 1,7 × 0,8 mm; pétalas laterais amarelas, posterior vermelha, limbo das pétalas laterais orbicular a obovado, pétala posterior elíptica, margem erosa; pétalas laterais 7,1–7,4 × 6,2–6,4 mm, unguículos 2 × 0,5 mm; pétala posterior 6,7 × 4 mm, unguículo 2,8 × 0,6 mm; estames com filetes 2,7–3,5 mm compr., conectivos das anteras glandulosos, cobrindo a parte posterior das anteras, lóculos glabros; ovário 2,2 × 1,7 mm, piriforme, seríceo; estiletes 2,7 × 0,2 mm, eretos, divergentes, cilíndricos, glabros; estigma

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lateral, pedaliforme. Mericarpos alados, marrons quando maduros, duas alas laterais desenvolvidas fucionadas na parte inferior, ala dorsal presente, acompanhada de álulas laterais, membranáceas, esparsamente seríceas a glabras, tricomas não urticantes, alas com foliar 4,8–

5,1 × 2,5–2,8 cm; núcleo seminífero 9–10 mm, rugoso, glabro.

Material examinado: Barra de São Francisco: Parque Municipal Sombra da Tarde,

21.XI.2000, fr., L. Kollmann 3280 (MBML). Governador Lindenberg: Morello, 24.VIII.2006, fl., V. Demuner 2792 (MBML). Linhares: Reserva Natural Vale do Rio Doce, 17.XII.1981, fr.,

H.C. de Lima 1702 (MBML). Marilândia: Liberdade, 10.XII.2007, fl., V. Demuner 4700

(MBML).

Endêmica do Brasil, ocorrendo nos estados de Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais e

Rio de Janeiro (BFG 2018). No Espírito Santo ocorre em Floresta Estacional Semidecidual e em afloramentos rochosos. Coletada com flor de agosto a dezembro e com fruto em novembro e dezembro. Considerada ameaçada de extinção na categoria “Em perigo” (CNCFlora 2019;

Fraga et al. 2019).

Mezia araujoi pode ser facilmente identificada pelo seguinte conjunto de caracteres: brácteas e bractéolas cuculadas, indumento marrom na inflorescência, flores com a pétala posterior de cor vermelho intensa.

12. Niedenzuella W.R.Anderson, Novon 16(2): 194–198. 2006.

Trepadeiras lenhosas ou volúveis; estípulas epipeciolares, pecíolos com um par de glândulas ou eglandulares, folhas opostas com 0-8 pares de gândulas na margem. Dicásio de cincinos 1-floros; Sépalas 5, glabras a seríceas, glândulas (quando presentes) em pares em cada sépala, frequentemente ausentes na sépala anterior. Mericarpos alados, marrons quando maduros, 4 alas laterais formando um “X”.

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O gênero Niedenzuella é frequentemente confundido com Tetrapterys, mas diferencia- se principalmente pelo formato de seus frutos, em que as alas laterais tem tamanho semelhante, formando um “X”, sendo que em Tetrapterys as alas superiores são geralmente maiores que as inferiores, e pelas estípulas epipeciolares, diferente de Tetrapterys em que as estípulas são interpeciolares. Suas 16 espécies ocorrem na América Central e do Sul (Anderson 2006a), no

Brasil ocorrem 13 espécies (BFG 2018) e três espécies foram encontradas no ES.

Chave de identificação para as espécies de Niedenzuella no estado do Espírito Santo

1. Lâmina foliar com ambas as faces glabras ...... 12.1. N. acutifolia

1’. Lâmina foliar com face adaxial glabra e face abaxial serícea.

2. Estípulas ca. 0,1 mm compr., decíduas, livres. Pecíolo velutino a glabrescente. Sépalas

laterais com 2 elaióforos cada. Núcleo seminífero 5,1–5,4 mm compr., rugoso

...... 12.2. N. multiglandulosa

2’. Estípulas ca. 0,2 mm compr., persistentes, livres. Pecíolo seríceo. Sépalas eglandulares.

Núcleo seminífero ca. 3,4 mm compr., liso ...... 12.3. N. poeppigiana

12.1. Niedenzuella acutifolia (Cav.) W.R.Anderson, Novon 16(2): 198. 2006. (Fig. 23 e 26)

Trepadeira lenhosa; ramos glabros a glabrescentes; estípulas epipeciolares, ca. 0,1 mm compr., triangulares, persistentes, livres. Folhas reduzidas nas inflorescências ausentes; pecíolo

2–5.5 mm compr., canaliculado, glabro a glabrescente, 1 par de glândulas a eglandular; lâmina foliar 8,1–12 × 3,5–6 cm, cartácea, lanceolada a elíptica, base aguda a obtusa, margem plana,

ápice acuminado, ambas as faces glabras, nervura central impressa na face abaxial, 0-2 pares de glândulas marginais. Dicásio de cincinos 1-floros, 5-25 flores; raque glabrescente; brácteas

1.2–2,1 mm compr., membranáceas, elipticas, persistentes, eglandulares; bractéolas 0.6–0,9 mm compr., membranáceas, elípticas, persistentes, eglandulares; pedúnculos 3,5–4,7 mm

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compr. Flores com pedicelos 5,6–9 mm compr., seríceos a glabros; sépalas paralelas ao androceu, 2,3 × 2 mm, ápice arredondado, face adaxial glabra, face abaxial sericea, as 4 laterais com 2 elaióforos cada, a anterior eglandular; elaióforos 8, verdes, 1,8 × 0,7 mm; pétalas amarelas, limbo orbicular, margem erosa; pétalas laterais 3–3,4 × 2,8–3.1 mm, unguículos 1,5

× 0,2 mm; pétala posterior 2,9 × 2,6 mm, unguículo 1,2 × 0,3 mm; estames com filetes 1,5–2,1 mm compr., conectivos glandulares cobrindo a parte posterior das anteras, lóculos glabros; ovário 0,9 × 0,7 mm, ovóide, sericeo; estiletes 1,8 × 0,2 mm, eretos, divergentes, cilíndricos, glabros; estigma lateral, truncado. Mericarpos alados, marrons quando maduros, 4 alas laterais formando um “X”, glabrescentes, tricomas não urticantes, alas laterais 0.8–1,5 × 0.5–0,7 cm; núcleo seminífero 4–5 mm compr., rugoso, seríceo.

Material examinado: Alegre: Parque Nacional do Caparaó, 22.II.2000, fr., V.C. Souza 23670

(SP). Nova Venécia: Área de Proteção Ambiental Pedra do Elefante, 07.III.2016, fl., A. Alves-

Araújo 1807 (VIES). Santa Teresa: Reserva Biológica Augusto Ruschi, 11.XII.2012, fl., R.R.

Vervloet 1519 (MBML). Sooretama: Reserva Florestal da CVRD, 23.II.2000, fr., A.M. Amorim

3353 (MBML).

A espécie ocorre no Brasil, Equador, Guiana Francesa, Guiana, Suriname e Venezuela

(Funk 2007). No Brasil é encontrada nos estados de Acre, Amazonas, Tocantins, Bahia,

Maranhão Pernambuco, Goiás, Mato Grosso, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São

Paulo, Paraná e Santa Catarina (BFG 2018). No Espírito Santo ocorre em Floresta Estacional

Semidecidual e Floresta Ombrófila Densa. Coletada com flor em quase todos os meses do ano, exceto setembro e novembro, e com fruto de dezembro a junho.

Niedenzuella acutifolia diferencia-se das outras espécies do gênero encontradas no

Espírito Santo por suas folhas glabras em ambas as faces, por possuir apenas 1 par de glândulas na margem e pelo ápice foliar frequentemente acuminado.

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12.2. Niedenzuella multiglandulosa (A.Juss.) W.R.Anderson, Novon 16(2): 200, f. 10. 2006.

(Fig. 24 e 26)

Trepadeiras volúveis; ramos velutinos a glabrescentes; estípulas epipeciolares, vestigiais, ca. 0,1 mm compr., decíduas, livres. Folhas reduzidas nas inflorescências ausentes; pecíolo 6–8 mm compr., canaliculado, velutino a glabrescente, 1 par glândulas; lâmina foliar

7,9–8 × 3,7–4,4 cm, cartácea, elíptica, base aguda, margem plana, ápice arredondado, face adaxial glabra, face abaxial serícea, nervura centeal impressa na face abaxial, 5–8 pares de glândulas marginais. Dicásio de cíncinos 1-floros, 17–27 flores; raque serícea; brácteas 1,1–2 mm compr., cartáceas, triangulares, persistentes, eglandulares; bractéolas 0,6–0,7 mm compr., cartáceas, triangulares, persistentes, eglandulares; pedúnculos 1,3–2 mm compr. Flores com pedúnculos sésseis, pedicelos 5–6 mm compr., seríceos; sépalas adpressas ao androceu, 2,4 ×

1,7 mm, ápice arredondado, revoluto, face adaxial glabra, face abaxial serícea, as 4 laterais com

2 elaióforos cada, a anterior eglandular; elaióforos 8, verdes, 1,3–1,9 × 0,6–0,8 mm; pétalas amarelas, limbo orbicular, margem erosa; pétalas laterais 2,6–2,9 × 1,8–2,2 mm, unguículos

1,5 × 0,2 mm; pétala posterior 2,2 × 2,1 mm, unguículo 1,9 × 0,4 mm; estames com filetes 1,2–

1,8 mm compr., conectivos das anteras glandulosos, cobrindo a parte posterior das anteras, lóculos glabros; ovário 1,7 × 1,3 mm, cônico, seríceo; estiletes 1,7 × 0,3 mm, eretos, divergentes, cilíndricos, glabros; estigma lateral, truncado. Mericarpos alados, marrons quando maduros, 4 alas laterais formando um “X”, cartáceas, seríceas, tricomas não urticantes, alas com 0,7–1,2×0,4–0,9 cm; núcleo seminífero 5,1–5,4 mm compr., rugoso, seríceo.

Material examinado: Cariacica: Reserva Biológica de Duas Bocas, 06.V.2008, fl., A.M.

Amorim 7387 (MBML). Santa Leopoldina: arredores da Reserva Biológica de Duas Bocas,

17.I.2009, fr., R. Goldenberg 1245 (MBML), Colina verde, 29.I.2007, fl., V. Demuner 4610

(MBML). Sooretama: Reserva Biológica de Sooretama, 21.I.2012, fr., R.F. Almeida 523 (SP).

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Espécie endêmica do Brasil, ocorre nos estados de Bahia, Goiás, Mato Grosso do Sul,

Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná (BFG 2018). No Espírito

Santo ocorre em Floresta Ombrófila Densa. Coletada com flor em novembro e com fruto em janeiro. Considerada ameaçada de extinção na categoria “Vulnerável” (Fraga et al. 2019).

Niedenzuella multiglandulosa diferencia-se das demais espécies do gênero no Espírito

Santo, principalmente, por suas glândulas na margem das folhas que frequentemente formam pequenas projeções na margem da lâmina e pelo seu indumento seríceo na face abaxial.

12.3. Niedenzuella poeppigiana (A.Juss.) W.R.Anderson, Novon 16(2): 200–201. 2006. (Fig.

25 e 26).

Trepadeiras volúveis; ramos seríceos a glabrescentes; estípulas epipeciolares, ca. 0,2 mm compr., triangulares, persistentes, livres. Folhas reduzidas nas inflorescências ausentes; pecíolo 7–9 mm compr., canaliculado, seríceo, 1 par de glândulas; lâmina foliar 8,9–11,3 × 2,1–

6,2 cm, cartácea, elíptica, base aguda, margem plana, ápice agudo, face adaxial glabra, face abaxial serícea, nervura central impressa na face abaxial, 4–5 pares de glândulas marginais.

Dicásio de cíncinos 1-floros, 18–44 flores; raque serícea; brácteas 0,9–1 mm compr., cartáceas, triangulares, persistentes, eglandulares; bractéolas 0,5–0,6 mm compr., cartáceas, triangulares, persistentes, eglandulares; pedúnculos 1,7–2,2 mm compr. Flores com pedicelos 4,6–6,3 mm compr., seríceos; sépalas adpressas ao androceu, 2 × 0,7–0,9 mm, ápice agudo e revoluto, face adaxial glabra, face abaxial serícea, eglandulares; pétalas amarelas, limbo orbicular, margem erosa; pétalas laterais 2,9–3,6 × 1,9–2,4 mm, unguículos 1,5 × 0,2 mm; pétala posterior 2,5 ×

1,4 mm, unguículo 1,6 × 0,4 mm; estames com filetes 1,6 mm compr., conectivos glandulares cobrindo a região posterior das anteras, lóculos com tricomas esparsos; ovário 0,7 × 1,4 mm, cônico, seríceo; estiletes 2,5 × 0,2 mm, eretos, divergentes, cilíndricos, glabros; estigma lateral, truncado. Mericarpos alados, marrons quando maduros, 4 alas laterais formando um “X” e crista

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dorsal desenvolvida, seríceas a glabrescentes, tricomas não urticantes, alas 0,9 × 45 cm; núcleo seminífero ca. 3,4 mm compr., liso, seríceo.

Material examinado: Iúna: Serra do Valentim, 30.XI.2013, fl., J.P.F. Zorzanelli 884 (VIES).

Santa Leopoldina: Chaves, 18.I.2008, fl., V.F. Mansano 535 (SP). Santa Teresa: Reserva

Biológica Augusto Ruschi, 22.XI.2011, fl., R.F. Almeida 506 (SP), 22.XI.2011, fl., R.F.

Almeida 508 (SP). Serra: APA Mestre Álvaro, 24.II.2013, fl. fr., W.C. Cardoso 252 (VIES),

Ocorre no Brasil, Colômbia, Guiana, Bolívia e Venezuela. No Brasil ocorre nos estados de Acre, Amazonas, Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo (BFG 2018). No Espírito Santo

é encontrada em Floresta Ombrófila Densa. Coletada com flor de outubro a abril e com fruto em janeiro, fevereiro, março e outubro.

Niedenzuella poeppigiana caracteriza-se principalmente pelo seu indumento foliar tornando a folha discolor, com a face adaxial de um verde escuro e face abaxial ligeiramente prateada.

13. Tetrapterys Cav., Diss. 9: 433. 1790.

Trepadeiras volúveis; estípulas interpeciolares conadas ou livres, pecíolos com um par de glândulas ou eglandulares, folhas opostas com 0-7 pares de glândulas submarginais. Dicásios ou umbelas de cincinos 1-floros; Sépalas 5, glabras a seríceas, glândulas (quando presentes) em pares em cada sépala, frequentemente ausentes na sépala anterior. Mericarpos alados, marrons quando maduros, 4 alas laterais formando um “X”,

O gênero é reconhecido por seus frutos que se dividem em mericarpos alados em formato de “X” de forma assimétrica, tendo a parte inferior de suas alas laterais menores que a parte superior. Distribui-se do México à Argentina (Anderson 1998), e apresenta 69 espécies

(Anderson 2006), com 30 espécies no Brasil e cinco espécies no Espírito Santo (BFG 2018).

58

Chave de identificação para as espécies de Tetrapterys no estado do Espírito Santo

1. Estípulas conadas. Lâmina foliar com 3–7 pares de glândulas submarginais na face abaxial

...... 13.2. T. crispa

1’. Estípulas livres. Lâmina foliar eglandular ou com glândulas na face abaxial próximas a

nervura central ou marginais.

2. Pecíolo glabro a glabrescente.

3. Estípulas 0,3–0,4 mm compr. Lâmina foliar 7,5–10,3 × 3,5–4,6 cm, elíptica. Núcleo

seminífero com glabrescente ...... 13.3. T. mucronata

3’. Estípulas ca. 0,8 mm compr. Lâmina foliar 3,7–3,9 × 2,1–2,3 cm, obovada. Núcleo

seminífero seríceo ...... 13.4. T. paludosa

2’. Pecíolo seríceo ou densamente velutino.

4. Pecíolo e lâmina foliar eglandulares ...... 13.1. T. anisoptera

4’. Pecíolo com 1 par de glândulas no ápice. Lâmina foliar com até 7 pares de glândulas

na face abaxial ...... 13.5. T. phlomoides

13.1. Tetrapterys anisoptera A.Juss., Ann. Sci. Nat., Bot., sér. 2 13: 265. 1840. (Fig. 31)

Trepadeiras volúveis; ramos seríceos a glabrescentes; estípulas interpeciolares 1–1,3 mm compr., triangulares, decíduas, livres. Folhas reduzidas nas inflorescências ausentes; pecíolo 9–13 mm compr., canaliculado, seríceo, eglandular; lâmina foliar 5,6–7,2 × 2,6–3,7 cm, cartácea, elíptica, base aguda, margem plana, ápice agudo a acuminado, ambas as faces glabras, eglandular; nervura central impressa na face abaxial. Dicásio de cíncinos 1–floros, 8–29 flores; raque serícea; brácteas ca. 2,3 mm compr., membranáceas, cuculadas, decíduas; bractéolas ca.

1 mm compr., membranáceas, cuculadas, decíduas; pedúnculos ca. 3,9 mm compr. Flores com pedicelos ca. 6,1 mm compr., seríceos; sépalas adpressas ao androceu, 1,3 × 1 mm, ápice arredondado, ambas as faces glabras, as 4 laterais com 2 elaióforos cada, a anterior eglandular;

59

elaióforos 8, amarelos, 1,3 × 1 mm; pétalas amarelas, pétalas laterais com limbo obovado, pétala posterior com limbo orbicular, margem erosa; pétalas laterais 4,2–4,4 × 2,3–2,4 mm, unguículos 0,5 × 0,2 mm; pétala posterior 3,3 × 3,4 mm, unguículo 1,2 × 0,2 mm; estames com filetes ca. 1,5 mm compr., conectivos glandulares cobrindo a face posterior das anteras, lóculos glabros; ovário 1,4 × 1,4 mm, esférico, seríceo; estiletes 1,6 × 0,2 mm, eretos, divergentes, cilíndricos, glabros; estigma lateral, truncado. Mericarpos alados com 4 alas laterais formando um “X” e crista dorsal desenvolvida, marrons quando maduros; alas laterais 0,8–3,4 × 0,3–1 cm, seríceos a glabrescentes, tricomas não urticantes; núcleo seminífero 6–8 mm compr., rugoso, seríceo.

Material examinado: Cariacica: Estrada do entorno da reserva em acesso alegre, 11.IV.2009, fr, A.M.A. Amorim 7845 (RB), Reserva Biológica de Duas Bocas, 16.II.2008, fr, A.M.A. Amorim

7139 (RB). Linhares: Reserva Biológica de Sooretama, 12.V.1985, fr, G. Martinelli 10970

(RB), Reserva da Vale, 23.II.2000, fl, A.M.A. Amorim 3357 (MBML).

Tetrapterys anisoptera é endêmica do Brasil, ocorrendo nos estados de Alagoas, Bahia,

Espírito Santo e Pernambuco (BFG 2018). No Espírito Santo é encontrada em Floresta

Estacional Semidecidual e Floresta Ombrófila Densa. Coletada com flor em fevereiro e abril e com fruto em agosto. Considerada ameaçada de extinção na categoria “Em perigo” (Fraga et al. 2019).

Pode ser confundida com T. mucronata e T. crispa, diferencia-se da primeira principalmente por suas folhas eglandulares (vs. 2-4 glandulas na face abaxial) e da segunda por suas estípulas interpeciolares livres (vs. conadas).

13.2. Tetrapterys crispa A.Juss., Ann. Sci. Nat., Bot., sér. 2 13: 265. 1840. (Fig. 31)

Trepadeiras volúveis; ramos seríceos a glabrescentes; estípulas interpeciolares, ca. 0,2 mm compr., triangulares, conadas, decíduas. Folhas reduzidas nas inflorescências presentes;

60

pecíolo 8–10 mm compr., canaliculado, glabrescente, 1 par de glândulas no ápice; lâmina foliar

5,8–7,3 × 3,1–4,2 cm, cartácea, elíptica, base obtusa, margem inteira, plana, ápice agudo, ambas as faces glabras, nervura central impressa na face abaxial, 3–7 pares de glândulas submarginais na face abaxial. Dicásio de cíncinos 1-floros, 15–27 flores; raque serícea; brácteas ca. 1,3 mm compr., membranáceas, elípticas, persistentes, 1 par de glândulas na base; bractéolas ca. 0,7 mm compr., membranáceas, elípticas, persistentes, 1 par de glândulas na base; pedúnculos 3,2–

3,6 mm compr. Flores com pedúnculos sésseis, pedicelos 4,2–5,3 mm compr., seríceos; sépalas adpressas ao androceu, 1,7 × 1,3 mm, ápice arredondado, ambas as faces glabras, as 4 laterais com 2 elaióforos cada, a anterior eglandular; elaióforos 8, amarelos, 1,4 × 1 mm; pétalas amarelas, pétalas laterais com limbo obovado, pétala posterior com limbo orbicular, margem erosa; pétalas laterais 4,4–4,6 × 2,5–2,6 mm, unguículos 0,6 × 0,1 mm; pétala posterior 3,4 ×

3,3 mm, unguículo 1,3 × 0,2 mm; estames com filetes 1,5 mm compr., conectivos glandulares cobrindo a face posterior das anteras, lóculos glabros; ovário 1,6 × 1,6 mm, esférico, seríceo; estiletes 1,9 × 0,3 mm, eretos, divergentes, cilíndricos, glabros; estigma lateral, truncado.

Mericarpos alados, marrons quando maduros, 4 alas laterais formando um “X” e alas inferiores menores que as alas superiores, crista central desenvolvida, seríceas a glabrescentes, tricomas não urticantes, alas laterais 0,9–2,1 × 0,4–0,8 cm; núcleo seminífero 4–5 mm compr., rugoso, seríceo.

Material examinado: Aracruz: Próximo ao asfalto de Coqueiral á Jacaraípe, 23.VIII.1991, fr.,

V.D. Souza 175 (CVRD). Santa Leopoldina: Colina Verde, 16.IV.2013, fl., R.C. Forzza 7497

(VIES).

Tetrapterys crispa é endêmica do Brasil, ocorrendo nos estados de Acre, Amazonas,

Amapá, Pará, Rondônia, Maranhão, Bahia, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Espírito Santo,

Minas Gerais, São Paulo e Paraná (BFG 2018). No Espírito Santo é encontrada em Floresta

61

Estacional Semidecidual e Floresta Ombrófila Densa. Coletada com flor em fevereiro e abril e com fruto em agosto.

Normalmente confundida com T. mucronata, diferencia-se por possuir as brácteas e bractéolas glanduladas, o que não ocorre em T. mucronata.

13.3. Tetrapterys mucronata Cav., Diss. 9: 434, pl. 262, f. 2. 1790. (Fig. 27 e 31)

Trepadeiras volúveis; ramos glabros; estípulas interpeciolares, 0,3–0,4 mm compr., triangulares, persistentes, livres. Folhas reduzidas nas inflorescências ausentes; pecíolo 6–9,6 mm compr., canaliculado, glabro, eglandular; lâmina foliar 7,5–10,3 × 3,5–4,6 cm, cartácea, elíptica, base acuminada, margem inteira, plana, ápice acuminado, ambas as faces glabras, nervura central levemente impressa na face abaxial; 2–4 pares de glândulas na face abaxial próximas a nervura central. Dicásio de cíncinos 1-floros, 6–16 flores; raque serícea a glabrescente; brácteas 2,8–3,8 mm compr., cartáceas, triangulares, persistentes, eglandulares; bractéolas 0,7–0,8 mm compr., cartáceas, triangulares, persistentes, eglandulares; pedúnculos

3,2–7,1 mm compr. Flores com pedúnculos sésseis, pedicelos 7,2–9,1 mm, seríceos; sépalas adpressas ao androceu, 29 × 15 mm, ápice arredondado, face adaxial glabra, face abaxial serícea, as 4 laterais com 2 elaióforos cada, a anterior eglandular; elaióforos 8, verde amarelados, 1,9 × 1,1 mm; pétalas amarelas, limbo obovado a espatulado, margem inteira; pétalas laterais 7 × 4,3 mm, unguículos 1,5 × 0,5 mm; pétala posterior 4,3 × 2,7 mm, unguículo

2,4 × 0,6 mm; estames com filetes 2,6–2,8 mm compr., conectivos glandulares cobrindo a face posterior das anteras, lóculos glabros; ovário 2,1 × 2,2 mm, esférico, seríceo; estiletes 2,4 × 0,2 mm, eretos, divergentes, cilíndricos, glabros; estigma apical, truncado. Mericarpos alados, rosados quando maduros, 4 alas laterais formando um “X” e alas inferiores menores que as alas superiores, crista central desenvolvida, esparsamente seríceas, tricomas não urticantes; alas

62

superiores 1,6–2 × 0,6–0,8 cm, alas inferiores 0,9–1,4 × 0,5–0,7 cm; núcleo seminífero 4,7–5,1 mm compr., levemente rugoso, glabrescente.

Material examinado: Domingos Martins: Rio Jucu, 23.VII.2000, fr., O.J. Pereira 6373

(VIES). Governador Lindemberg: Pedra de Santa Luzia, 23.VII.2006, fl., V. Demuner 2708

(MBML).

Ocorre nos estados de Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Roraima, Alagoas, Bahia, Ceará,

Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Goiás, Mato Grosso, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e no Distrito Federal (BFG 2018). No Espírito Santo ocorre em

Floresta Estacional Semidecidual e Floresta Ombrófila Densa. Coletada com flor e fruto em agosto.

Normalmente confundida com T. crispa, mas possui tanto brácteas quanto bractéolas eglanduladas, enquanto em T. crispa são glandulares.

13.4. Tetrapterys paludosa A.Juss., Arch. Mus. Hist. Nat. 3: 540. 1843. (Fig. 28 e 31)

Trepadeiras volúveis; ramos glabros; estípulas interpeciolares, ca. 0,8 mm compr., triangulares, persistentes, livres. Folhas reduzidas nas inflorescências ausentes; pecíolo 5,2–6,1 mm compr., canaliculado, glabrescente, 0-1 par de glândulas no ápice; lâmina foliar 3,7–3,9 ×

2,1–2,3 cm, cartácea, obovada, base arredondada a obtusa, margem plana, ápice mucronado, ambas as faces glabras, nervura central impressa na face abaxial, 0–2 pares de glândulas marginais. Umbela de cíncinos 1-floros, 3–5 flores; raque ausente; brácteas 1–1,8 mm compr., cartáceas, triangulares, persistentes, eglandulares; bractéolas 2,3–2,7 mm compr., cartáceas, elípticas, persistentes, 1 par de glândulas; pedúnculos 4–4,7 mm compr. Flores com pedúnculos sésseis, pedicelos 10–12 mm, seríceos; sépalas adpressas ao androceu, 2,9 × 1,3 mm, ápice arredondado, face adaxial glabra, face abaxial serícea, as 4 laterais com 2 elaióforos cada, a anterior eglandular; elaióforos 8, verdes, 1,8 × 1,3 mm; pétalas avermelhadas na pré-antese e

63

amarelas na pós-antese, limbo orbicular, margem erosa; pétalas laterais 5,6–5,9 × 3,3–3,5 mm, unguículos 1,7 × 0,4 mm; pétala posterior 4,4 × 3 mm, unguículo 2,6 × 0,6 mm; estames com filetes 2,3–2,9 mm compr., conectivos glandulares cobrindo a parte posterior das anteras, lóculos glabros; ovário 1,7 × 1,3 mm, ovóide, seríceo; estiletes 1,7 × 0,1 mm, eretos, divergentes, cilíndricos, glabros; estigma apical, truncado. Mericarpos alados, , avermelhados quando maduros, 4 alas laterais formando um “X” e alas inferiores menores que as alas superiores, crista central desenvolvida, glabrescente, tricomas não urticantes, alas superiores

2,3–2,7 × 0,7–0,8 cm, alas inferiores 1–1,3 × 0,3–0,4 cm; núcleo seminífero 4,1–4,4 mm compr., rugoso, seríceo.

Material examinado: Linhares: 25.VIII.1984, fl, fr, Farias, G.L. 2 (CVRD). loc. cit. Reserva

Vale, 30.X.2003, fl, Siqueira, G.S. 59 (CVRD). loc. cit. Reserva Vale, 17.IX.1987, fl,

Martinelli, G. 12236 (CVRD). loc. cit. Reserva Vale, 16.IX.1986, fl, fr, Folli, D.A. 608

(CVRD). São Mateus: Bairro Litorâneo, 31.VIII.2009, fl., A.O. Giaretta 608 (VIES).

Endêmica do Brasil, ocorre nos estados de Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais e São

Paulo (BFG 2018). No Espírito Santo habita a Floresta Ombrófila Densa, apenas em áreas acima do Rio Doce. Coletada com flor e fruto de setembro a outubro. Considerada ameaçada de extinção na categoria “Criticamente em perigo” (Fraga et al. 2019).

Diferencia-se das outras Tetrapterys no estado por suas inflorescências em umbelas de cíncinos 1-floros.

13.5. Tetrapterys phlomoides (Spreng.) Nied., Das Pflanzenreich 141: 208. 1928. (Fig. 29 e

31)

Trepadeiras volúveis; ramos densamente velutinos; estípulas interpeciolares, 0,5–2,3 mm compr., triangulares, decíduas, livres. Folhas reduzidas nas inflorescências presentes; pecíolo 11–25 mm compr., canaliculado, densamente velutino, 1 par de glândulas no ápice;

64

lâmina foliar 6,3–10,3 × 4,6–6,8 cm, cartácea, largamente elíptica a obovada, base obtusa, margem inteira, revoluta, ápice obtuso a arredondado, face adaxial tomentosa a glabrescente, face abaxial tomentosa, nervuras central e secundárias impressas em ambas as faces, até 7 pares de glândulas na face abaxial da lâmina. Dicásio de cíncinos 1-floros, 10–44 flores; raque densamente velutina; brácteas 1,9–2,5 mm compr., cartáceas, triangulares, persistentes, eglandulares; bractéolas 1,2–1,9 mm, cartáceas, triangulares, persistentes, eglandulares; pedúnculos 3–3,6 mm compr. Flores com pedúnculos sésseis, pedicelos 6,5–7,3 mm, densamente velutinos; sépalas adpressas ao androceu, 2,7 × 2 mm, ápice arredondado, ambas as faces glabras, as 4 laterais com 2 elaióforos cada, a anterior eglandular; elaióforos 8, verdes na antese e avermelhados na pós-antese, 2,7 × 1,3 mm; pétalas amarelas na antese e avermelhadas na pós-antese, pétalas laterais com limbo orbicular, pétala posterior com limbo ovado, margem erosa; pétalas laterais 4,2–5,5 × 3–3,9 mm, unguículos 2,5 × 0,45 mm; pétala posterior 3,8 × 2,7 mm, unguículo 2 × 0,7 mm; estames com filetes ca. 2,5 mm compr., conectivos glandulares cobrindo a face posterior das anteras, lóculos glabros; ovário 2,5 × 2,5 mm, esférico, seríceo; estiletes 1,4 × 0,1 mm, eretos, divergentes, cilíndricos, glabros; estigma lateral, truncado. Mericarpos alados, rosados quando maduros, 4 alas laterais formando um “X” e alas inferiores menores que as alas superiores, crista central desenvolvida, esparsamente seríceas, tricomas não urticantes, alas superiores 2,6–3 × 0,8–0,9 cm, alas inferiores 1,2–1,4 ×

0,3–0,4 cm; núcleo seminífero 5–5,4 mm compr., levemente rugoso, seríceo a velutino.

Material examinado: Águia Branca: Mata do Assentamento 16 de abril, 25.VII.2006., fl. fr.,

L.F.S. Magnago 1081 (MBML). Anchieta: Área da C.A.F., 05.VI.1997, fl., O.J. Pereira 6001

(VIES). Aracruz: Retiro, 14.VII.1992, fr., O.J. Pereira 3714 (VIES). Conceição da Barra:

Itaúnas, 14.II.2008, fl. fr., M.M. Monteiro 4 (VIES). Guarapari: Parque Natural Morro da

Pescaria, 18.V.2013, fr., A.C.S. Dal Col 47 (VIES). Linhares: Povoação, 17.VII.2010, fr., M.

Ribeiro 209 (VIES). Pinheiros: Reserva Biológica Córrego do Veado, 15.VIII.2008, fr., M.

65

Ribeiro 240 (VIES). Santa Maria de Jetibá: Belém, 19.VII.2003, fr., L. Kollmann 6255 (VIES).

Santa Teresa: Estrada do Quinze de Agosto, 26.VII.2000, fr., V. Demuner 1263 (MBML).

Serra: Parque Ecológico da C.S.T., 07.IX.1995, fr., M. Simonelli 266 (VIES). Vila Velha:

Morro do Moreno, 07.VIII.2011, fr., R.T. Valadares 1017 (VIES). Vitória: Camburi,

20.VI.1988, fl., O.J. Pereira 1543 (VIES).

Tetrapterys phlomoides é endêmica do Brasil e ocorre nos estados de Alagoas, Bahia,

Pernambuco, Sergipe, Mato Grosso do Sul, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São

Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e no Distrito Federal (BFG 2018). No Espírito

Santo é encontrada em Floresta Estacional Semidecidual e Floresta Ombrófila Densa. Coletada com flor de janeiro a agosto e com fruto em fevereiro e de junho a setembro.

Pode ser facilmente diferenciada das outras espécies de Tetrapterys encontradas no

Espírito Santo, por seu indumento densamente velutino por toda a planta, tornando-a levemente esbranquiçada e suas nervuras central e secundárias marcadas em ambas as faces das folhas.

14. Thryallis brachystachys Lindley, Bot. Reg. 14: 1162. 1828. (Fig. 30 e 31) Trepadeiras lenhosas; ramos seríceos a glabrescentes; estípulas epipeciolares 0,6–0,7 mm compr., triangulares, decíduas, livres. Folhas reduzidas nas inflorescências ausentes; pecíolo 1–1,1 cm compr., canaliculado, tomentoso, eglandular; lâmina foliar 5,2–6,1 × 2,9–3,5 cm, cartácea, elíptica a ovóide, base obtusa margem plana, ápice agudo a arredondado, face abaxial tomentosa, face adaxial glabra, nervura central impressa na face abaxial, 1-2 pares de glândulas na base da folha. Tirso de cíncinos 1-floros, 6–16 flores; raque tomentosa; brácteas

1,6 mm compr., cartáceas, triangulares, decíduas e bractéolas 1,2 mm compr, cartáceas, triangulares, decíduas; pedúnculos 3–3,7 mm compr, tomentosos. Flores com pedicelos 6–9 mm compr., tomentosos; sépalas 0,3–0,4 × 1,1 cm, ápice arredondado, face abaxial tomentosa eglandulares; pétalas amarelas, margem erosa; pétalas laterais flabeladas com limbo 5,1–5,3 ×

9–9,3 mm, unguículos 4,1 × 1,2 mm; pétala posterior orbicular com limbo 6 × 9 mm, , unguículo

66

3,3 × 0,9 mm. Estames com filetes 1 mm compr., conectivos glandulares das anteras cobrindo a parte posterior dos lóculos, lóculos glabros; ovário 1,1 × 1,5 mm, cônico, seríceo; estiletes 3

× 0,1 mm, eretos, divergentes, cilíndricos, glabros; estigma apical, pedaliforme. Mericarpos marrons quando maduros; sem alas, tomentoso, tricomas não urticantes; 3–3,4 × 4,8–5,3 mm, rugoso.

Material examinado: Vitória: Vila Velha, 06.V.1946, fr., A.C. Brade 18083 (RB).

Material adicional examinado: BRASIL. Rio de Janeiro. Maricá: Serra do Camburi,

01.II.2017, fl., D.N.S. Machado 1196 (RB)

No Brasil é encontrada nos estados de Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de

Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina (BFG 2018). No Espírito Santo, até o momento registrada apenas uma ocorrênca no município de Vila Velha, coletada em 1946, de localização imprecisa. Coletada com fruto em maio. Considerada ameaçada de extinção na categoria

“Criticamente em perigo” (Fraga et al. 2019).

Thryallis brachystachys pode ser reconhecida por suas longas sépalas eglandulares que se destacam do pedicelo junto aos frutos e pelos seus frutos esquizocárpicos sem alas. Também apresenta tricomas estrelados por toda a planta.

Agradecimentos O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001. Os autores agradecem aos curadores e funcionários dos herbários consultados pelos empréstimos e/ou doações de exsicatas. PHDB e RFA agradecem a Capes por suas bolsas de mestrado e pós-doutorado, respectivamente. Expedições de coleta e visitas a herbários foram financiadas pelo projeto

CNPq Universal (422747/2016-5).

67

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72

Figura 1. Alicia anisopetala – A. ramo; B. Inflorescência; C. Flor (vista frontal); D. mericarpo (vista lateral). (Fotos M.O.O. Pellegrini).

73

Figura 2 – Amorimia maritima - A. Inflorescência; B. Botão floral com elaióforos amarelos; C. Flor (Vista superior); D. Mericarpo (vista lateral). (Fotos P.H.D. Barros).

74

Figura 3. Barnebya dispar - A. Ramo; B. Flor (vista frontal; C. mericarpo (Vista lateral); D. Núcleo seminífero. (Fotos P. Sampaio).

75

Figura 4. Distribuição geográfica de Alicia anisopetala, Amorimia maritima e Barnebya dispar no estado do Espírito Santo.

76

Figura 5 - Bunchosia acuminata (A-B) A. Ramo com frutos; B. inflorescência; Bunchosia macilenta (C-D) C. Ramo; D. Inflorescência. (Fotos G. Siqueira).

77

Figura 6. Bunchosia maritima - A. Ramo com botões; B. flor (vista frontal e lateral); C. Detalhe das drupas com pirênio exposto; D. inflorescência com frutos imaturos. (Fotos A. Júnior).

78

Figura 7. Distribuição geográfica de Bunchosia acuminata, Bunchosia macilenta e Bunchosia maritima no estado do Espírito Santo.

79

Figura 8. Carolus chlorocarpus - A. Ramo; B. detalhe botão; C. Flor (Vista frontal); D. Mericarpo (vista lateral). (Fotos P.H.D. Barros)

80

Figura 9. Dicella bracteosa - A. Ramo; B. flor (vista de lado); C. Frutos imaturos. (Fotos R.F. Almeida).

Figura 10. Dicella macroptera - A. Folha (face adaxial); B. Inflorescência; C. Fruto imaturo. (Fotos C.F. Hall).

81

Figura 11. Distribuição geográfica de Carolus chlorocarpus, Dicella bracteosa e Dicella macroptera no estado do Espírito Santo.

82

Figura 12. Heladena multiflora - A. Ramo; B. Folha (Face abaxial); C. Fruto maduro. (Fotos A. Francener).

83

Figura 13. Hiraea bullata - A. Ramo; B. Folha jovem (face abaxial); C. Detalhe das estípulas e glândulas do pecíolo; D. Flor (vista de lado); E. Mericarpo (Vista lateral). (Fotos A. Popovkin).

84

Figura 14. Hiraea macrophylla - A. Ramo; B. Frutos. (Fotos J.M. Braga)

Figura 15. Hiraea restingae - A. Ramos; B. Flor (vista frontal); C. Flor (vista lateral). (Fotos R.F. Almeida)

85

Figura 16. Distribuição geográfica de Heladena multiflora, Hiraea bullata e Hiraea macrophylla e Hiraea restingae no estado do Espírito Santo.

86

Figura 17. Lophopterys floribunda - A. Folha (face adaxial); B. Inflorescência; C. Esquizocarpos maduros. (Fotos G. Shimizu)

87

Figura 18. Mascagnia cordifolia - A. Inflorescência; B. Flor (Vista frontal); C. Mericarpo maduro. (Fotos M.O.O. Pellegrini).

88

Figura 19. A-C. Mascagnia sepium - A. Ramo; B. Flor (vista frontal); C. Mericarpo (visto lateral); Mascagnia velutina - D. ramo. (Fotos P.H.D. Barros)

89

Figura 20. Mezia araujoi - A. Folha (face abaxial); B. Detalhe do botão floral; C. Flor (vista frontal); D. Mericarpo (vista lateral). (Fotos A. Assis).

90

Figura 21. Distribuição geográfica de Lophopterys floribunda, Mascagnia cordifolia, Mascagnia sepium, Mascagnia velutina e Mezia araujoi no estado do Espírito Santo.

91

Figura 22. Niedenzuella acutifolia - A. Folha (face adaxial); B. Detalhe do pecíolo (glândulas); C. Botão floral; D. Flor (vista de cima). E. Mericarpo maduro (Vista lateral). (Fotos R.F. Almeida)

92

Figura 23. Niedenzuella multiglandulosa - A. Ramo; B. Botões florais; C. Flor (vista frontal); D. Mericarpo (vista lateral). (Fotos R.F. Almeida)

93

Figura 24. Niedenzuella poeppigiana - A. Ramo; B. Folha (face abaxial); C. Botões florais; D. Flor (vista frontal); E. Mericarpo (Vista lateral). (Fotos M.O.O. Pellegrini).

94

Figura 25. Distribuição geográfica de Niedenzuella acutifolia, Niedenzuella multiglandulosa e Niedenzuella poeppigiana no estado do Espírito Santo.

95

Figura 26. Distribuição geográfica de Tetrapterys anisoptera, Tetrapterys crispa, Tetrapterys mucronata, Tetrapterys paludosa, Tetrapterys phlomoides e Thryallis brachystachys no estado do Espírito Santo.

96

Figura 27. Tetrapterys mucronata - A. Ramo; B. flor (vista frontal); C. Mericarpo (vista ateral). (Fotos R.F. Almeida)

97

Figura 28. Tetrapterys paludosa - A. Ramo com flores; B. Ramo com frutos imaturos e botões; C. Ramo estéril; D. Inflorescência com frutos maduros; E. Flor (vista frontal). (Fotos R.F. Almeida)

98

Figura 29. Tetrapterys phlomoides - A. Ramo; B. Flores antes da fecundação; C. Flores após a fecundação; D. Mericarpo maduro; E. Flor (vista frontal). (Fotos M.O.O. Pellegrini)

Figura 30. Thryallis brachystachys - A. Ramo; B. Flor (vista frontal); C. Fruto maduro (vista frontal). (Fotos R.F. Almeida)

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Foram encontradas 26 espécies distribuídas em 14 gêneros sendo dessas, duas novas ocorrências para o estado (Hiraea macrophylla e H. restingae). O gênero Callaeum não teve sua ocorrência confirmada para o estado como citado em Almeida & Mameede (2014). Caracteres vegetativos se mostraram muito úteis no diagnóstico das espécies, principalmente hábito de vida, folhas e indumento, mas como citado em trabalhos anteriores, o uso dos frutos para a caracterização de gêneros ainda se mostra muito importante na família. Não foi citada para este trabalho , pois se trata de uma planta exótica ornamental/alimentícia, mesmo existindo registro da mesma no herbário CVRD. As principais coleções do estado (CVRD, MBML, SAMES e VIES) tiveram atualização de nomes durante esse trabalho. São nessessárias mais expedições a campo para encontrar as espécies citadas nesse trabalho em diferentes estados fenológicos, além de cobrir regiões ainda pouco coletadas no estado como o noroeste e extremo sul do Espírito Santo.

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