MASARYKOVA UNIVERZITA V BRNĚ Filozofická fakulta

Ústav románských jazyků a literatur

Portugalský jazyk a literatura

Pavlína Dvořáková

A transferência da sede do bispado de

Bakalářská diplomová práce

Vedoucí práce: Mgr. et Mgr. Michaela Malaníková

Brno 2011

Prohlašuji, že jsem bakalářskou diplomovou práci vypracovala samostatně s využitím uvedených pramenů a literatury.

……………………………………. Na tomto místě bych ráda poděkovala především vedoucí své bakalářské práce Mgr. et Mgr. Michaele Malaníkové za veškerý čas, úsilí a trpělivost, které mi věnovala, za užitečné rady a připomínky, kterými mi pomáhala při tvorbě mojí práce. Índice

INTRODUÇÃO ...... 3 1. A HISTÓRIA DO DOMÍNIO ROMANO NO TERRITÓRIO PORTUGUÊS . 4

1.1 ÉPOCA PRÉ-ROMANA ...... 4 1.2 AS LUTAS ENTRE ROMANOS E CARTAGINESES E A CONQUISTA DA PENÍNSULA IBÉRICA...... 5 1.3 A ORDENAÇÃO DO TERRITÓRIO DA PENÍNSULA IBÉRICA ...... 8 2. CONÍMBRIGA E AEMINIUM, DUAS CIDADES DA ÉPOCA ROMANA ... 10

2.1 A CIDADE DE CONÍMBRIGA ...... 10 O FÓRUM DE AUGOSTO ...... 11 AS TERMAS DE AUGUSTO ...... 12 O AQUEDUTO ...... 12 O FÓRUM FLAVIANO ...... 13 AS TERMAS DE TRAJANO ...... 13 A MURALHA DA CIDADE ...... 14 2.2 A CIDADE DE AEMINIUM ...... 16 O CRIPTOPÓRTICO DE AEMINIUM E O FÓRUM DA CIDADE ...... 17 3. A TRANSFERÊNCIA DO BISPADO DE CONÍMBRIGA PARA AEMINIUM NO CONTEXTO HISTÓRICO ...... 19

3.1 ATAQUES PELAS TRIBOS GERMANAS ...... 19 3.2 A INFLUÊNCIA CRISTÃ EM CONÍMBRIGA ...... 22 3.3 A SEDE DO BISPADO EM CONÍMBRIGA E A SUA TRANSFERÊNCIA A AEMINIUM .... 25 3.4 OS PROBLEMAS DE DATAÇÃO DE TRANSFERÊNCIA DO BISPADO E A UTILIZAÇÃO DE NOME CONÍMBRIGA ...... 26 4. OS MOTIVOS DO ABANDONO DE CONÍMBRIGA ...... 30 CONCLUSÃO ...... 32 ANEXOS ...... 34

IMAGENS ...... 34 ESCAVAÇÕES ...... 36 BIBLIOGRAFIA ...... 39 AS FONTES DA INTERNET ...... 42

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Introdução

Cada civilização desaparecida deixa-nos alguns vestígios da sua existência. É graças ao esforço de arqueólogos e historiadores, que nos ajudam a descobrir estes vestígios perdidos, que foi possível escrever este trabalho sobre duas antigas cidades. Trata-se de Conímbriga e Aeminium, as cidades que alcançaram o seu desenvolvimento máximo na época romana. Às vezes é difícil acreditar que nos edifícios em ruínas e agora descobertos graças ao trabalho empenhado dos arqueólogos, habitavam os nossos antepassados. Todavia este trabalho não tem como sua principal tarefa reconstruir pormenorizadamente os monumentos da época romana. Tenta sim, apresentar aqueles que eram essenciais para a vida dos habitantes do Império Romano ou importantes para a defesa da cidade. Não se trata da reconstituição vasta, mas da apresentação sumária que nos relata a beleza e a importância destas cidades. Mas não nos enganemos, nada persiste para sempre e apesar da sua glória, a cidade de Conímbriga foi abandonada e quase esquecida. O objectivo deste trabalho é tentar revelar os últimos momentos da existênica desta cidade poderosa e encontrar os motivos do seu desaparecimento. Pretendemos descobrir os motivos da transferências da sede do bispado de Conímbriga para Aeminium, descrever os acontecimentos antecedidos ao abandono da cidade. Vamos procurar alguma possível data do abandono e, se possível, determinar o exacto momento do abandono. Também mencionamos as razões porque foi escolhida Aeminium como o sítio para a sede do bispado. Conímbriga era uma cidade grandiosa, apesar disso não conseguiu sobreviver. Só o seu nome foi mantido até ao presente na forma modificada – .

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1. A História do domínio Romano no território português

1.1 Época pré-romana

Os primeiros habitantes no território português que conseguimos identificar foram os Iberos. Estes viviam provavelmente na parte mediterrânea já no neolítico e penetraram lentamente também nas áreas do oeste.1 Os Iberos negociavam preponderantemente com metais como ouro, prata, estanho e cobre. E também por causa das jazidas abundantes de cobre, os Fenícios começam a chegar à Península Ibérica cerca do século XI a. C e estabeleceram aqui muitas feitorias comerciais.2 E não só os Fenícios foram atraídos pelas jazidas de cobre e estanho, desde o século VII a. C., mas também os Gregos começaram a desembarcar na margem portuguesa. A sua influência é testemunhada pela letra usada no sudoeste de que era muito parecida à letra da Grécia Antiga.3 Cerca do século VI a. C. chegaram da Europa central as tribos dos indo- europeus Celtos. Dominavam prepoderantemente a parte ocidental e central da Península, porém, penetraram também na parte sudoeste, ocupada pelos Iberos, e mestiçaram-se com eles. A povoação assim criada chamou-se celtibérica.4 Cerca do século IV, os Cartagineses começaram a influenciar a Península.5 Estes conseguiram apoderar-se das feitorias fenícias e consolidar a sua posição económica.6

1 KLÍMA, Jan. Dějiny Porgualska. Praha: Nakladatelství Lidové noviny, 2007. Doba bronzová a vliv středomořských civilizací (2000 př.n.l−200 př.n.l.), pág. 11−13. 2 HÁLA, Arnold. Úvod do dějin a kultury Portugalska. Praha: Státní pedagogické nakladatelství, 1987. Období pravěké a starověké, pág. 5−11. 3 KLÍMA, Jan. Dějiny Porgualska, pág. 11−13. 4 Ibidem, pág. 11−13. 5 Segundo: LÖWE, G., STOLL, H. ABC Antiky. trad. Dalibor Plichta. Praha: Ivo Železný, 1999. p. 177: Os Cartagineses provinham de Cartago, a cidade fundada pelos Fenícios no século IX a. C. na norte da África. 6 HÁLA, Arnold. Úvod do dějin a kultury Portugalska, pág. 5-11. 4

1.2 As Lutas entre Romanos e Cartagineses e a Conquista da Península Ibérica

A conquista da Península Ibérica pelos Romanos está ligada às guerras púnicas,7 decorridas no século III a. C. Trata-se das guerras pela hegemonia sobre todo o território do Mediterrâneo entre os Romanos e os Cartagineses. Após a primeira guerra púnica (264−241 a. C.) quando o Cartagineses derrotados perderam a Sardenha (238 a. C.), tentaram, pois, alargar o seu domínio na Península Ibérica, que era para eles a fonte dos recursos naturais. Começaram por conquistar a área de Sagunto a Olisipo e estenderam- se até ao Tejo, e posteriormente até ao Douro. Em 226 a. C. foram acordados tratados que delimitavam a fronteira da influência entre Roma e Cartago. Mas, no ano de 218, o exército cartaginês atacou Sagunto e atravessou o rio Ebro, o que foi considerado pelos Romanos como desrespeito aos tratados e declararam, portanto, a segunda guerra púnica contra Cartago. E com esta guerra começou também a conquista da Península Ibérica pelos Romanos.8 No início o exército romano não conseguiu encarar as habilidades militares do exército cartaginês mas, no ano 202 a. C., foi travada a batalha de Zama, uma área na norte da Árica em direção a sudoeste de Cartago,9 e os Romanos conseguiram derrotar os Cartagineses. Cartago teve que assinar um tratado de paz e assim terminou a segunda guerra púnica, após quase 20 anos de duração. Sobre o avanço romano no território português não temos dados literários nem arqueológicos, não sendo possível dizer por onde os Romanos entraram no Sul de Portugal. A ocupação do Algarve e do Alentejo deve ter acontecido na primeira metade do século II a. C.10 Por conseguinte, o território da Península Ibérica já estava sob a influência dos romanos e começou a colonização activa pela povoação romana.11

7 Segundo: LÖWE, G., STOLL, H. ABC Antiky, pág. 308: Trata-se de três guerras entre Roma e Cartago. Depois da última, terceira guerra, Cartago foi derrotado, saqueado e os habitantes foram matados ou vendido como escravos. 8 JORGE, Vítor Oliveira, et al. Nova História de Portugal, vol. I: Portugal: das origens à romanização. Lisboa: Presença, 1990. pág. 346. 9 LÖWE, G., STOLL, H. ABC Antiky, pág. 410. 10 JORGE, Vítor Oliveira, et al. Nova História de Portugal, vol. I: Portugal: das origens à romanização, pág. 346. 11 Ibidem, pág. 308. 5

As intervenções romanas no território português não foram todavia apenas contra os Cartagineses, pois a segunda guerra púnica já tinha acabado em 201 a. C., mas contra a população indígena.12 O território português era habitado, na época da colonização romana, pelas tribos dos Galaicos (ou Calaicos) que residiam no Norte, no baixo Douro. Entre o Douro e o Tejo estendia-se a área dos Lusitanos e ao Sul, no baixo Tejo viviam as tribos dos Cónios. Depois da segunda guerra púnica, os Romanos começaram a ter a pretensão sobre a área da Península e, em 197 a. C., dividiram o território em novas províncias – Hispânia Citerior e Hispânia Ulterior13 – mas os Celtibéricos, particularmente os Lusitanos na Hispânia Ulterior, revoltaram-se contra esta ocupação. Em 194 e 193 a. C., os Romanos defrontaram-se com as tribos indígenas e conseguiram acalmar a rebelião. Depois de 189 a. C., foi proclamada paz mas, nos anos 155 – 150 a. C. decorreram outras lutas com os Lusitanos.14 Em 150 a. C., os Romanos invadiram a terra dos Lusitanos e saquearam-na.15 Durante a conquista do território 9000 Lusitanos foram mortos e 20 000 aprisionados ou vendidos como escravos.16 Em 147 a. C., os Lusitanos comandados por Viriato17 iniciaram novamente as lutas contra a ocupação. Preferiam o estilo de guerrilha porque só assim tinham possibilidade de atacar o adversário mais efectivamente. As equipas romanas foram assaltadas inesperadamente. Viriato não só desempenhava o papel do comandante de todo o exército lusitano mas também de representante supremo político dos mesmos, por conseguinte, somente ele podia negociar com os Romanos o tratado de paz (140 a. C.). O senado romano admitiu a autonomia da Lusitânia e denominou Viriato como amicus populi romani. Mas a aliança durou pouco tempo. Em 139 a. C., três homens da confiança de Viriato assassinaram o líder perto de Viseu.18

12 JORGE, Vítor Oliveira, et al. Nova História de Portugal, vol. I: Portugal: das origens à romanização, pág. 346. 13 KLÍMA, Jan. Dějiny Porgualska, pág. 14. 14 Ibidem, pág. 14−15. 15 Ibidem, pág. 14−15 . 16 JORGE, Vítor Oliveira, et al. Nova História de Portugal, vol. I: Portugal: das origens à romanização, pág. 347, também em: KLÍMA, Jan. Dějiny Porgualska, pág. 14. 17 Viriato: (?–139 a.C.) – segundo a lenda era o pastor, que se tornou o líder de rebelião celtibérica e começou a ser considerado como o héroi nacional o símbolo da luta pela liberdade. 18 JORGE, Vítor Oliveira, et al. Nova História de Portugal, vol. I: Portugal: das origens à romanização, pág. 347−348. 6

Apesar da morte de Viriato a resistência dos Lusitanos continuava também depois da morte dele. Os Romanos não conseguiram pacificar a rebelião das tribos por muito tempo. Em 80−72 a. C. ocorreram as lutas contra a hegemonia romana. Mas por fim, o exército lusitano, desta vez comandado pelo lugar-tenente de Sertório,19 foi derrotado pelos Romanos.20 Embora também no futuro tenham ocorrido lutas21 de maior ou menor importância, os Romanos conseguiram estender progressivamente a sua influência na Península Ibérica. Esta expansão paulatina da influência romana no território e nas colónias ocupadas pelos Romanos chamamos o processo da romanização. Este processo podemos ver em vários sectores. Por exemplo, no sector militar onde se processava o encaixamento da povoação indígena no exército romano e a construção dos campos militares. No que diz respeito à administração foram criadas as unidades típicas para o Império Romano. Os Romanos também desenvolveram as relações comerciais entre a Península e o Mediterranêo, relações que já decorriam anteriomente. Iniciaram o desenvolvimento da agricultura, instalaram os novos processos agrários, intensificaram a produção de trigo, vinho e azeite com a finalidade da exportação. Em relação ao dever de pagar as taxas, estendia-se por toda Península a utilização do dinheiro. A possibilidade de cunhar moedas era o símbolo da importância económica. No sul de país cunhavam-se moedas, por exemplo, em Évora, Beja, Alcácer do Sal, Faro.22 A maioria das moedas era cunhada em Roma e chegavam à Península graças ao comércio de troca. Mais tarde foi construída a rede viária que conjugava a parte Sul com a do Norte, a zona litoral com o interior e a costa atlântica com a mediterrânea. As estradas tinham importância não só estratégica e económica mas também cultural. Possibilitavam o contacto mais fácil entre várias regiões e facilitavam a expansão da cultura romana. Para além das estradas, construiram-se também pontes, aquedutos, termas e outros edifícios.23

19 JORGE, Vítor Oliveira, et al. Nova História de Portugal, vol. I: Portugal: das origens à romanização, pág. 349. 20 HÁLA, Arnold. Úvod do dějin a kultury Portugalska, pág. 8. 21 Segundo JORGE, Vítor Oliveira, et al. Nova História de Portugal, vol. I: Portugal: das origens à romanização, pág. 351: As lutas demoram até 25 a. C. pois a conquista do território demorou cerca de 175 anos. 22 HÁLA, Arnold. Úvod do dějin a kultury Portugalska, pág. 9−10. 23 Ibidem, pág. 9−10. 7

No sector cultural podemos inserir também a expansão do cristianismo. Porém, a principal contribuição observou-se na expansão da língua latina. O latim vulgar – sermo vulgaris – tem sido o fundamento da criação da língua portuguesa.24

1.3 A ordenação do território da Península Ibérica

Não temos dados literários nem arqueológicos, por isso, não podemos dizer com certeza como parecia o ordenamento territorial pré- romano. «A diversidade dos níveis de integração político-administrativa que se verificava em Portugal nos fins do século I a. C., não foi ignorada por Augusto quando definiu o Carta das divisões administrativas seu programa de romanas da Hispânia (J. Alarcão, Roman Portugal, 1988) reordenamento territorial».25 A Península Ibérica foi dividida em três províncias: a Bética, a Tarraconense e a Lusitânia, a data é incerta mas a divisão ocorreu provavelmente entre 16 e 13 a. C.26 «O território actual português ficou repartido por duas províncias: a região a norte do Douro foi integrada na Citerior, cuja capital era Tarraco (Tarragona); a área entre o Douro e o Guadiana foi incluída na Lusitânia, com Emerita Augusta (Mérida) por capital.»27 (na imagem) As províncias eram repartidas em conventus.28

24 Segundo: HÁLA, Arnold. Úvod do dějin a kultury Portugalska, pág. 9−11. 25 Citação segundo: JORGE, Vítor Oliveira, et al. Nova História de Portugal, vol. I: Portugal: das origens à romanização, pág. 360. 26 Ibidem, pág. 383. 27 Ibidem, pág. 383. 28 KLÍMA, Jan. Dějiny Porgualska, pág. 15. 8

Uma unidade político-administrativa típica para o Império Romano era a civitas. Cada civitas tinha uma cidade capital e outros aglomerados urbanos secundários que eram sujeitos à cidade, para além da população rural dispersa.29 No que diz respeito às unidades indígenas pré-romanas, os romanos atenderam à distribuição étnico-cultural original. Muitas vezes as fronteiras de uma unidade étnica ou política original coincidiam com as fronteiras de uma civitas.30 «No sul e na faixa litoral entre o Tejo e o Douro, isto é, na área que designámos por céltico-túrdula, o estádio da evolução político-social permitia, sem grandes dificuldades, a instalação de civitates».31 Algumas das unidades anteriores, prepoderantamente os oppida, podiam ser eleitas como capitais ou centros da região.32 «A selecção poderá ter sido condicionada pela situação geográfica, pela implantação topográfica (mais ou menos prestável para um reordenamento urbano segundo os padrões mediterrâneos), pelo nível de vida material e cultural, pela composição social dos oppida e pela sua eventual atitude filo-romana durante as guerras civis».33 Na época inicial da romanização nem todos os habitantes das colónias romanas possuiam a cidadania romana. Nas civitates com o direito latino só os funcionários tinham a cidadania romana. O municipium autónomo com um senado próprio era Olisipo. Todas as outras cidades maiores tinham o estatuto das cidades estipendiárias. Os habitantes destas cidades eram obrigados a pagar impostos sobre a utilização do solo. A cidadania romana era atribuída primeiro aos cidadãos selectos. Depois da implantação de ius Latii,34 imposto durante o reinado de Vespasiano,35 os direitos romanos estenderam-se à maioria dos habitantes do Império, porém, todos os habitantes do Império Romano receberam a cidadania em 212 d. C.36

29 JORGE, Vítor Oliveira, et al. Nova História de Portugal, vol. I: Portugal: das origens à romanização, pág. 360. 30 Citação segundo: Ibidem, pág. 360. 31 Citação segundo: Ibidem, pág. 360. 32 Ibidem, pág. 360. 33 Citação segundo: Ibidem, pág. 360. 34 Segundo: LÖWE, G., STOLL, H. ABC Antiky, pág. 297−298: O direito latino dado pelos Romanos, o nível intermédio entre a cidadão de pleno direito e a cidadão sem direitos. 35 Tito Flávio Sabino Vespasiano: (69 d. C.— 79 d. C.) 36 KLÍMA, Jan. Dějiny Porgualska, pág. 16–17. 9

2. Conímbriga e Aeminium, duas cidades da época romana Cada época e cada civilização trazem consigo não só mudanças políticas e administrativas mas, também, faz com que os monumentos culturais passem por algum progresso. Começam a transformar-se os edifícios de acordo com estilos daquela época, erguem-se construções necessárias à vida urbana. O mesmo acontece com a conquista da Península Ibérica pelos Romanos. À medida que o tempo passava a sua influência expandia-se em muitas partes da Península. As suas actividades são perceptíveis em todos os cantos da Península. Nós vamo-nos focar só nas duas cidades – Conímbriga e Aeminium. O povoamento pré-romano nos lugares das cidades futuras é muito provável mas, a grande prosperidade pode ser observada só na época romana. A disposição das cidades que descrevemos nos subcapítulos seguintes, ajudam-nos a imaginar a grande beleza e a monumentalidade destas cidades. Trata-se principalmente dos edifícios públicos que os Romanos consideravam importantes à vida urbana ou as construções essencias à defesa.

2.1 A cidade de Conímbriga

As Ruínas de Conímbriga (classificada como Monumento Nacional) ficam perto de Condeixa–a–Velha, no concelho de Condeixa–a–Nova, distrito de Coimbra e província da Beira Litoral, a cerca de 17 quilómetros a Sul da cidade de Coimbra. Implantada num pequeno promontório que é constituído por tugo calcário e encaixado entre dois vales, onde a sul corre o Rio dos Mouros.37 Na época romana, Conímbriga era situada na parte mais ocidental do Império Romano, na província da Lusitânia, exactamente, em Conventus Scallabitanus. Localizava-se junto às importantes vias de comunicação como era a estrada romana que ligava Olisipo a Bracara e o rio Modego.38 «A passagem por Conímbriga de uma das estradas mais importantes da faixa ocidental da Península, e que na época romana teria

37 BURACA, Ida Isabel. Civitas : ânforas romanas. Coimbra, 2005. Dissertação de Mestrado em Arqueologia apresentada à Fac. de Letras da Universidade de Coimbra, pág. 12. 38 Ibidem, pág. 12. 10

um papel equivalente ao que hoje tem a estrada Lisboa-Porto, deve ter sido um dos mais decisivos factores para a sua valorização.»39 É possível que esta área já tivesse sido ocupada antes da chegada dos Romanos, mas não temos nenhumas provas para esta hipótese porque os vestígios de eventuais casas da Idade de Ferro não são possíveis de reconhecer, sobretudo, numa zona tão densamente povoada como era Conímbriga.40 Mas a existência de algum povoamento pré-romano é atestada pelo próprio nome. «Briga é um sufixo céltico e o radical relaciona-se com a tribo dos Conii.»41 Também os vestígios encontrados não sao suficientes para designarmos exactamente a povoação indígena. Os Romanos talvez tivessem o primeiro contacto com esta povoação. Tratava-se mais do contacto hostil do que amigável, mas é certo que Conímbriga tinha sido integrada no Império Romano. Em Conímbriga podemos encontrar muitos monumentos romanos que foram descobertos por arqueólogos no século XX.

O fórum de Augosto É o único fórum inteiramente escavado no território português. O fórum da cidade de Conímbriga desempenhava três funções: era um centro religioso, administrativo e comercial. A praça pública era lajeada e num dos lados menores estava ocupada por nove tabernae.42 «À frente delas corria um pórtico, que igualmente acompanhava, pelo interior, a fachada sul do monumento. Nesta se abria a entrada principal e única directa do fórum, sensivelmente alinhada pelo eixo do templo. No lado nascente do fórum instalaram-se a basílica e a cúria.»43 No lado setentrional do fórum encontrava-se o templo, esse era erguido sobre um criptopórtico, cuja altura se estima pelos 4,5 metros. Assim o templo erguia-se acima do plano da praça pública.44

39 Citação segundo: Conimbriga roteiro do museu e das ruínas. Conímbriga: Museu Monográfico de Conímbriga, 1979, pág. 6. 40 ALARCÃO, Jorge de. Trabalhos de Arqueologia, 38: In territorio Colimbrie: lugares velhos (e alguns deles, deslembrados) do Mondego. Lisboa: Instituto Português de Arqueologia, 2004. pág. 13. 41 Citação segundo: Conimbriga roteiro do museu e das ruínas, pág. 4. 42 ALARCÃO, Jorge de. O Domínio romano em Portugal: Cidades, Vici e Castella, pág. 67; Taberna (plural tabernae) era uma sala de abóbada que servia muitas vezes da locação de uma loja ou de outros objectivos comerciantes. 43 Citação segundo: Ibidem, pág. 67. 44 Ibidem, pág. 68. 11

As termas de Augusto A grande renovação pública, na época augustana (27 a. C.−14 d. C),45 incluia não só a criação do fórum, mas também a construção das termas. É difícil reconstruir a sua parte setentrional por causa da profunda destruição que ocorreu no século I d. C. para se instalarem novos banhos.46 Parece que as novas termas foram enriquecidas de uma grande palaestra,47 sem pórtico interno, fora do canto sudoeste, por onde se entrava no frigidarium48 ou no pediluvium.49 Junto à entrada encontravam-se três salas com a função de alojamento do porteiro ou com a função do apodyterium.50 «O frigidarium era um recinto porticado em três lados. Ao que chamamos de pediluvium, é uma pequena sala coberta com um tanque quadrado pouco fundo.»51 Este tanque era lajeado de tesselas brancas, ornamentado com pequenos esquadros de tesselas azuis. O tanque provavelmente servia para a lavagem dos pés dos frequentadores quando passavam da palaestra ao banho quente.52 É interessante que não se encontre nenhum pararelo na arquitectura termal romana dos inícios do Império.53 Do pediluvium ou do frigidarium podia entrar-se numa sala lajeada com um nicho semicircular que possivelmente servia de lavatório. Nas termas também podiamos encontrar o caldarium, cómodo, onde estava muito quente e cheio de vapor.54

O aqueduto As termas com dimensão tão vasta não podiam funcionar sem um aqueduto. O aqueduto em Conímbriga tinha a extensão de 3550 metros e trazia água de Alcabideque. Deste modo, os construtores conseguiram abastecer todas as casas e as termas em Conímbriga.55

45 LÖWE, G., STOLL, H. ABC Antiky, pág. 419. 46 ALARCÃO, Jorge de. O Domínio romano em Portugal: Cidades, Vici e Castella, pág. 68. 47 A palaestra era uma liça que servia preponderandemente para combates. 48 O frigidarium era o espaço das termas com água fria. 49 O pediluvium, o espaço que era utilizado para o banho de pés. 50 O apodyterium era uma sala com a entrada privada onde os visitantes das termas podiam deixar a sua roupa; ALARCÃO, Jorge de. O Domínio romano em Portugal: Cidades, Vici e Castella, pág. 68. 51 Ibidem, pág. 68. 52 Ibidem, pág. 68. 53 Ibidem, pág. 68. 54 Ibidem, pág. 68−69. 55 Ibidem, pág. 69. 12

O fórum flaviano Na época dos Flávios, a dinastia imperante do ano 69 até o ano 96 no Império Romano,56 ocorreram outras renovações urbanas. O fórum da época de Augusto foi completamente reconstruído e também as termas57 foram demolidas para assentarem aqui as novas com uma extensão ainda mais vasta. «O fórum flaviano de Conímbriga foi construído em dois planos. No mais baixo instalou-se a praça, lajeada».58 Toda a praça foi portificada pelos pórticos de ordem coríntia que contornavam os lados nascente, meridional e poente. Em frente dos pórticos havia um passeio descoberto, este tinha a largura igual à do pórtico e em frente deles corria um passeio descoberto, de largura igual à do pórtico também. «O templo erguia-se no plano mais elevado, no centro de uma esplanada fechada por outro pórtico.»59 O templo foi instalado sobre um criptopórtico. Dificilmente reconstruiríamos a parte sul do fórum que foi bastante arruinada. Sem dúvida tinha uma entrada monumental ao centro, a única do recinto e no exacto eixo do templo.60 O fórum de Conímbriga era um espaço sagrado. Tratava-se do sítio consagrado ao culto imperial, um recinto meramente religioso. Desta maneira, era impossível que funcionasse aqui alguma vida administrativa ou actividade comercial.61

As termas de Trajano A segunda remodelação das termas decorreu na época de Trajano (98−117). Foram construídas novas termas que substituíram as da época de Augusto. «A entrada das termas dá imediato acesso a um espaço vasto e aberto, em cujo centro se instalou uma natatio.62 A sul, na fachada do frigidarium, erguia-se uma colunata.»63 O frigidarium era pavimentado de placas de calcário. Sob estas placas encontrava-se a rede de

56 LÖWE, G., STOLL, H. ABC Antiky, pág. 419. 57 Segundo: ALARCÃO, Jorge de. O Domínio romano em Portugal, pág. 72: a construção das termas novas são atribuídas a Trajano, talvez o projecto se possa considerar dos Flávios. 58 Citação segundo: Ibidem, pág. 72. 59 Citação segundo: Ibidem, pág. 72. 60 Ibidem, pág 72. 61 Ibidem, pág 73. 62 Uma piscina designada à natação. 63 Citação segundo: ALARCÃO, Jorge de. O Domínio romano em Portugal, pág. 73. 13

canalizações de chumbo.64 «Tinham um átrio central, definido de um lado e do outro por duas colunas ou pilares, e dois espaços, nos topos, reservados às banheiras de água fria, rigorosamente iguais e simétricas.»65 Do frigidarium podia-se entrar pelas duas portas no tepidarium.66 O arquitecto colocou–as de forma a evitar as correntes de ar. No lado nascente do tepidarium havia um laconicum.67 No centro da sala podiamos encontrar uma bacia com degraus. Era um pequeno anfiteatro especial onde os frequentadores das termas se sentavam para os banhos de vapor. A bacia com água no fundo não era suficiente para banhos, mas para pôr a atmosféra mais húmida.68 A palaestra tinha uma dimensão muito vasta. Do lado poente do edifício podiamos encontrar o acesso portificado. Desta forma, o pórtico ligava a palaestra com o terreiro da natatio. Do lado norte havia uma colunata que dominava toda a palaestra, à qual se chegava por uma escadaria monumental.69

A muralha da cidade Depois das grandes renovações urbanas ocorridas em Conímbriga, durante a época de Augosto, dos Flávios e de Trajano, o número de construções diminuiu. Até ao fim do século III e o início do IV d. C. não existem muitos dados sobre Conímbriga. Esta época é significativa para a criação das muralhas em todas as cidades romanas do Ocidente. Enquanto, por exemplo, nas províncias da Bretanha ou da Germânia eram construídas as muralhas preponderantemente de carácter defensivo,70 nas províncias do Ocidente a construção das muralhas não era tanto a questão da defesa, era mais a questão de honras da própria cidade. Nos anos 60 do século III, as tribos dos Francos e dos Alamanos saquearam a Gália e grande parte da Hispânia.71 Apesar de as tribos não terem assolado o território português, a crise económica e a agitaçaão social foram as consequências

64 ALARCÃO, Jorge de. O Domínio romano em Portugal, pág. 73. 65 Citação segundo: Ibidem, pág. 73. 66 O tepidarium era um espaço aquecido por um sistema do aquecimento central. 67 ALARCÃO, Jorge de. O Domínio romano em Portugal, pág. 73−74; Tipo de uma sauna. Uma sala destinada a sudação. 68 Ibidem, pág. 74. 69 Ibidem, pág. 74. 70 Ibidem, pág 74: No século IV, cada vez mais, cresce a agressão das tribos bárbaras. Por causa disso contstruíram-se as muralhas defensivas que deviam protegir a cidades contra esta agressão. Noutro caso a cidade fortificada era a marca da certa autonomia. 71 Ibidem, pág. 75−76. 14

desta invasão em toda parte do Império. A pacificação conseguiu-se no fim do século III., que trouxe consigo também a grande reconstrução das muralhas, à qual a Lusitânia não ficou indiferente.72 Mas a própria datação da muralha em Conímbriga leva algumas dúvidas. Já na época augustana temos dados sobre uma muralha que identificava a porta principal e que abria a sudoeste em direção a Sellium (hoje Tomar).73 É necessário descrever a evolução da muralha para definirmos melhor a data da sua criação. Numa primeira fase a muralha tinha uma porta ladeada por duas torres de planta quadrangular. No interior da porta havia dois espaços rectangulares que funcionavam como casa de guarda. Posteriormente, foram adossados dois maciços de construção distinta.74 «(Estes) devem ter sido originalmente escadas de acesso às torres, à própria muralha tendo provavelmente desempenhado também a função de contrafortes estabilizadores das torres.»75 A fase posterior destas mudanças é comprovada graças a um dupôndio de Antónia encontrado aqui.76 A última evolução da muralha, em que as torres foram demolidas e substituídas por uma fachada monumental com vão triplo e em que foi também tranformado o espaço interno num cavaedium77 com abside, podemos colocar na época trajânica por causa de algumas semelhanças com a arquitectura da palaestra desta época.78 O problema do financiamento desta obra está relacionado também com a datação, porque antes da época dos Flávios não seria possível datar uma obra de tão grande dimensão. A Conímbriga era um oppidum stipendiarium e a dotação e edificação da muralha significaria uma certa autonomia.79 Apesar da possibilidade da existência duma muralha anterior, o século III ou IV para a criação da muralha defensiva parece como ser data mais provável.

72 ALARCÃO, Jorge de. O Domínio romano em Portugal, pág. 75−76. 73 CORREIA, Virgílio Hipólito. Os Problemas a Resolver: A Muralha da Cidade. In Perspectivas sobre Conimbriga. Coimbra: Âncora Editora, 2004. pág. 51. 74 Ibidem, pág. 51. 75 Ibidem, pág. 51. 76 Ibidem, pág. 51. 77 Era um tipo de pátio romano. 78 CORREIA, Virgílio Hipólito. Os Problemas a Resolver: A Muralha da Cidade. In Perspectivas sobre Conimbriga, pág. 51. 79 Ibidem, pág. 51. 15

2.2 A cidade de Aeminium

Aeminium encontrava-se segundo o Itinerário de Antonino,80 a dez léguas de Conímbriga, na estrada de Olisipo a Bracara Augusta.81 A menção mais antiga da cidade está na História Natural de Plínio82 que descreve a cidade como o oppidum principal dos Aeminienses incluído na lista dos estipendários da Lusitânia.83 Mas noutros documentos aparece, também, o termo civitas. Segundo Mantas: «…esse termo designa, numa fase anterior à municipalização do território, a cidade capital regional, dotada de um estatuto intermédio entre o simples oppidum e o municipium».84 Durante o governo de Augusto, a cidade foi escolhida como a capital da região, graças à sua posição vantajosa. Podia corrigir a passagem do rio e ficava entre a costa e o interior montanhoso. A proximidade da via romana Olisipo-Bracara contribuiu para o desenvolvimento de Aeminium na época romana.85 «A via Olisipo-Bracara ligava o grande porto da foz do Tejo à capital de um dos conventos jurídicos da tarraconense, representando, sem dúvida, um dos mais importantes itinerários da rede viária peninsular.»86 Este sítio, onde se ergue agora a cidade de Coimbra, foi colonizado, provavelmente, já na época pré–romana, mas para essa hipótese faltam provas.87 A respeito dos monumentos que sobreviveram da época romana podemos mencionar o aqueduto reconstruído por D. Sebastião em 1570, um arco triunfal cujas últimas ruínas foram demolidas em 1778 e o fórum da cidade com o criptopórtico onde está agora instalado o Museu Machado de Castro.88 O fórum com o criptopórtico é uma das construções mais importantes, conservadas até ao presente.

80 Segundo: Vias romanas [online]. Maio 2011 [cit. 2011-08-05]. O Itinerário de Antonino. Disponível em WWW: : Trata-se de um roteiro das estradas romanas no Império. O Itinerário é do autor desconhecido e a data da criação é também incerta. A obra foi criada provavelmente no século III e contém as distâncias em milhas entre as sucessivas estações das principais estradas. 81 ALARCÃO, Jorge de. As Origens de Coimbra. Separata das Actas das I Jornadas do Grupo de Arqueologia e Arte do Centro. Coimbra: GAAC, 1979. pág. 25. 82 Ibidem, pág. 23. 83 MANTAS, Gil Vantas. Notas sobre a estrutura urbana de Aeminium. Biblos. Revista da Faculdade de Letras, 1952, vol. LXVIII, pág. 488. 84 Ibidem, pág 492. 85 Ibidem, pág. 493. 86Citação segundo: Ibidem, pág. 494. 87 ALARCÃO, Jorge de. Roman Portugal, II: Gazetteer, fasc. 2 Coimbra e Lisboa, pág. 95. 88 Ibidem, pág. 95. 16

Trata-se de um edifício único que merece ser analisado mais profundamente. Ajuda-nos a imaginar, pelo menos parcialmente, como a cidade de Aeminium parecia na época romana.

O criptopórtico de Aeminium e o fórum da cidade É o exemplo mais monumental deste tipo dos edifícios em Portugal. Acima do criptopórtico da antiga Aeminium erguia-se o fórum da cidade. A sua planta é desconhecida, mas certamente ultrapassava a superfície do criptopórtico. Infelizmente, faltam os vestígios que têm desaparecido nas reconstruções em curso desde a Idade Média até o século XVII.89 «O cripotopórtico de Aeminium foi construído em dois andares. No piso superior, uma galeria em forma de ∏ envolve outra do mesmo traçado. Em cada braço, três passagens dão acesso de uma a outra galeria; nos topos, as galerias são também comunicantes. De través, entre os braços do ∏, sete pequenas sala comunicam entre si por passagens abobadadas dispostas no mesmo enfiamento.» No andar inferior podemos encontrar outras sete salas mais altas e vastas. Estas salas são dispostas ao longo de uma galeria e comunicam entre si por corredores estreitos. Por causa da construção das casas na época medieval ou moderna este andar foi parcialmente destruído.90 Construções das casas dificultavam a reconstrução da fachada poente do criptopórtcico. Esta fachada era provavelmente uma das mais altas ou talvez a mais alta fachada romana em Portugal.91 Aeminium não pertencia às cidades romanas mais importantes de Portugal, mas o criptopórtico de Aeminium parece ter posto um dos maiores problemas técnicos e estéticos em toda a história da arquitectura romana de Portugal. Não temos nenhum dado arqueológico ou epigráfico, mas há hipótese que o arquitecto dessa construção tenha sido Caio Sévio Lupo, o mesmo architectus aeminiensis que construiu o farol romano da Corunha em Espanha.92 No que diz respeito à datação do edifício temos de considerar que além do fórum, também foi encontrada aqui uma estrutura habitacional.93 Essa era, provavelmente,

89 ALARCÃO, Jorge de. O Domínio romano em Portugal: A Arte, pág. 184. 90 Ibidem, pág. 184. 91 Ibidem, pág. 184. 92 Ibidem, pág. 184. 93 CARVALHO, Pedro. O de Aeminium. Lisboa: Instituto Português de Museus, 1998. pág. 179. 17

algum tipo de casas que foram ocupadas durante os primeiros decénios do século I da nossa era, mas para especificarmos a cronologia, precisaríamos de ter mais dados. Essa estrutura habitacional poderá ter sido construída nos finais do século I a. C., durante o governo de Augusto, numa época em que a maioria dos oppida a norte do Tejo passou pelo desenvolvimento urbanístico.94 «De facto, o reordenamento político-administrativo iniciado no tempo de Augusto terá desencadeado profundas alterações urbanísticas nos oppida, que, como Aeminium, terão sido promovido à condição de capitais regionais dos teritoria das civitates recém- criadas.»95 Assim nas cidades do Império começou a construção dos edifícios públicos que os Romanos consideravam cruciais para vida urbana. Uma das construções deste tipo era naturalmente o fórum. Era, por conseguinte, muito provável que o primeiro fórum em Aeminium tivesse sido erguido já na época de Augusto.96 Também é possível que a construção do edifício remonte à primeira metade do século I97 ou à época Júlio- Claudiana.98 Porém para confirmar estas hipoteses faltam-nos dados epigráficos ou arqueológicos.

94 CARVALHO, Pedro. O Forum de Aeminium, pág. 179. 95 Citação segundo: Ibidem, pág. 180. 96 ALARCÃO, Jorge de, et. al. O Forum de Aeminium: A busca do desenho orginal. Coimbra: Instituto dos Museus e da Conservação: Museu Nacional de Machado de Castro, 2009., pág 37. 97 Segundo: MANTAS, Gil Vantas. Notas sobre a estrutura urbana de Aeminium, pág. 506: «Nos entulhos foram encontrados os retratos de Lívia e de Agripina e também o fórum é semelhante com o fórum de Bilbilis. «No caso de Aeminium, a esplanada e os edifícios profanos terraço artificial obtido através da construção do criptopórtico enquanto o templo ocuparia uma posição mais elevada sobre um terraço natural, situado a este. Teríamos, assim, um fórum com uma implantação e com uma estrutura semelhante à forum de Bilbilis (Cerro de la Bambola, Calatayd), construído no principado de Tibério.» 98 Segundo: CARVALHO, Pedro. O Forum de Aeminium, pág. 180: A época em que se passou balizagem da via Olisipo-Bracara no território eminiense, efectuada por Calígula. «De facto, os miliários de Calígula encontrados no território eminiense parecem sugerir uma datação Júlio- Cláudia para o ordenamento teritoria da civitas de Aeminium.» 18

3. A transferência do bispado de Conímbriga para Aeminium no contexto histórico A importância da cidade de Conímbriga na época romana é indiscutível, isso testemunha entre outros aspectos também o número dos habitantes que costuma ser calculado entre 10 000 ou 15 000 pessoas.99 Apesar disso, a sede do bispado é transferida no fim do século VI e provavelmente a maioria dos habitantes deslocam-se para Aeminum (actual Coimbra) também. Nós tentamos descobrir os motivos da deslocação, que resultou no abandono completo da cidade. Mas também é importante apercebermo-nos que a transfarência não foi brusca e imediata. Havia muitos factores que obrigaram à povoação sair da cidade e arraigar-se na cidade de Aeminium. Entre os séculos V e VI, as tribos germanas começam a atacar o território da Península. Todavia, Aeminium conseguiu sobreviver às invasões germanas graças à protecção da muralha tardo-romana, enquanto a sua vizinha Conímbriga foi arruinada.100 Também na Península Ibérica paulatinamente penetra o cristianismo. Este processo pôs em movimento transformações responsáveis pela criação da sede do bispado de Conímbriga.

3.1 Ataques pelas tribos germanas

É difícil determinar o principal facto que motivou a transferência da sede do bispado. Porém, é certo que ataques pelas tribos germanas contribuam para a deslocação. Mas primeiramente vamos encaixar aquela época historicamente para podermos seguir os acontecimentos em Conímbriga. Em 395, foi divido o Império Romano no Império Romano do Oriente e no Império Romano do Ocidente.101 No final do século IV, a invasão pelos Hunos na Europa causou o grande movimento dos grupos étnicos no

99 JORGE, Vítor Oliveira, et al. Nova História de Portugal, vol. I: Portugal: das origens à romanização, pág. 396. 100 MANTAS, Gil Vantas. Notas sobre a estrutura urbana de Aeminium, pág. 512. 101 Enquanto, o primeiro império conseguiu sobreviver até o ano 1453, o Império do Ocidente perdurou só até o ano 476, quando Rómulo Augusto abdicou e com isso terminou o domínio romano. 19

território europeu. Este processo causou o movimento das tribos germanas como Vândalos, Suevos, Visigodos e outros.102 As tribos suévicas e vandálicas em conjunto com os Alanos foram deslocadas da Europa central e acabaram o seu movimento pelo território europeu com a invasão na Hispânia, em volta do ano 409.103 Depois de dois anos da devastação do país, estabeleceram-se na Península e partilharam o território do oeste da Hispânia. Os Suevos e os Vandalos ocupavam a Galícia, os Alanos a Lusitânia e a tribo vandálica dos Silingos ocupou a Baetica, a actual Andaluzia. Dos invasores, apenas os Suevos conseguiram estabelecer o estado que sobreviveu mais tempo. Celebraram o trato com Honório, o imperador do Império Romano do Ocidente, no início do século V, e ganharam assim o estatuto do aliado oficial de Roma. Todavia, rapidamente, abdicaram da aliança com o Império e declararam o reinado independente suévico com a capital em Braga. O seu domínio foi alargado ao Leste da Galícia e ao Sul do Douro. Segundo a crónica de Idácio, o primeiro ataque pelos Suevos na área de Coimbra ocorreu no ano 465.104 Referiu-se ao aprisionamento da nobre família de Cantaber. «Parece óbvio que se tratava da prinicipal família local, e que, de uma forma ou de outra, ela se encontrava ligada à administração».105 O outro ataque ocorreu no ano 468. «O próprio facto de as hostes suevas terem atacado a cidade por duas vezes significa que ela, na prática, não estava sob o seu controle.»106

102 KLÍMA, Jan. Dějiny Porgualska, pág. 20−24. 103 HÁLA, Arnold. Úvod do dějin a kultury Portugalska, pág. 12−14. 104 CARDOSO, José. Idácio Crónica. Braga : Universidade do Minho, 1982. pág. 44. 105 Citação segundo: DE MAN, Adriaan. Aspectos de Conimbriga tardo – antiga, pág. 509. 106 Citação segundo: DE MAN, Adriaan. Conimbriga : Do Baixo Império à Idade Média. Lisboa: Edições Sílabo, 2006, pág. 69. 20

Apesar disso considera-se que Conímbriga não foi destruída completamente porque ainda neste tempo existia aqui a sede do bispado. «Na época suévica, a cidade de Conímbriga era mais importante que a de Aeminium, pois, segundo o testemnunho do Parochiale de fins do século VI, era sede de bispado, enquanto Aeminium e Lurbine (actual Lorvão) eram simples paróquias (mas) aquando da conquista do reino dos Suevos por Leovigildo, em 585, a sede do bispado transferiu-se para Aeminium».107 A única estrutura administrativa que sobreviveu em todo o território do Reinado Suévico, era a religião. A maior parte do povo hispano-romano era cristã e em todo território havia a grossa rede de paróquias. A autoridade da religião acresceu ainda mais, na metade do século V, quando o rei suévico Requiário I108 aceitou o cristianismo e tornou-se o único rei católico na Europa.109 Porém, cada vez mais crescia a agressão pelos Visigodos. Os domínios dos Alanos, Vandâlos e por fim também, no ano 585110 o Reino Suévico foram destruídos e, com isso, acabava a etapa suévica no território actual português.111 A sede episcopal conimbrigense funcionava ainda durante o Reino Suévico, pois, não podemos dizer que ataques causaram a transferência da sede. Mas parte da cidade foi arruinada e foi cativada a família de Cantaber com ligação provável à administração, por conseguinte, seria possível que, depois da queda do Reino Suévico, Conímbriga ficasse sem alguém que tomaria conta da administração. O prestígio da cidade diminuiu e possivelmente já não conseguiu bem reprentar a Igreja cristã. Neste aspecto era necessário encontrar o sítio onde poderia no futuro funcionar a sede do bispado. A antiga Aeminium não sofreu tanto dos ataques pelas tribos germanas e ao contrário o seu prestígio cresceu.112 Por este motivo poderia ser conveniente para o lugar novo da sede do bispado.

107 ALARCÃO, Jorge de. Trabalhos de Arqueologia, 38: In territorio Colimbrie: lugares velhos (e alguns deles, deslembrados) do Mondego, pág 17. 108 Requiário I: (448 – 456), o filho de Réquila 109 HÁLA, Arnold. Úvod do dějin a kultury Portugalska, pág. 12−14. 110 KLÍMA, Jan. Dějiny Porgualska, pág. 22. 111 HÁLA, Arnold. Úvod do dějin a kultury Portugalska, pág. 12−14. 112 Vamos falar disso mais profundo nos capítulos seguintes. 21

3.2 A Influência cristã em Conímbriga

Com a penetração do cristianismo começaram a transformar-se os edifícios pagãos e a ser estabelecidas as sedes de bispados em todo o Império. Para podermos falar do bispado conimbrigense seria bom salientar a etapa da chegada do cristianismo e transformações ocorridas em Conímbriga. Mas ainda antes de falarmos da influência cristã na própria Conímbriga, é necessário encaixar historicamente este fenómeno na Península Ibérica. Sem este encaixamento seria mais difícil seguir as transformações ocorridas em Conímbriga. A penetração do cristianismo e mudanças sujeitas à religião em Conímbriga testemunham que a cidade era um sítio importante, por conseguinte, a criação da sede do bispado foi o passo mais lógico. Na primeira penetração da religião nova à Península Ibérica anotamos durante o reinado de Trajano.113 Todavia, tratava-se da infiltração paulatina porque o cristianismo se desfrontava aqui com os cultos e as divindades indígenas.114 Destas podemos mencionar deuses, prepoderamente, do carácter tutelar: Banda, Cosus, Arentius, Reva e Nabia com epítetos que variam de região para região.115 Estes eram acompanhados pelos cultos clássicos e pelo culto imperial. «O culto ao imperador nasce da necessidade que Augusto sente de justificar, perante o Senado e perante a população, a sua subida ao trono pela força das armas».116 Em 182–188 foram documentadas as primeiras comunidades cristãs em Lusitânia.117 Durante o século II o cristianismo estendeu-se por toda a costa do Mediterranêo. Em meados do século, durante convulsões militares, epidemias de peste, crises económicas e grandes fomes, os membros da igreja cristã ficaram unitários e substituíram autoridades estatais na vida quotidiana. Desse modo, o cristianismo ganhou adeptos entre as comunidades municipais.118 Em 300–304, realizou-se o primeiro

113 Marco Úlpio Nerva Trajano: (98 d.C.—117) 114 KLÍMA, Jan. Dějiny Porgualska:Pronikání křesťanství, pág. 18 – 24. 115 JORGE, Vítor Oliveira, et al. Nova História de Portugal, vol. I: Portugal: das origens à romanização, pág. 447. 116 Citação segundo: Ibidem, pág. 455. 117 KLÍMA, Jan. Dějiny Porgualska:Pronikání křesťanství, pág. 18 – 24. 118 CARNEIRO, André. Sobre a Cristianização da Lusitânia: Novas Reflexões a partir dos Dados Histórico e das Evidências Arqueológicas. Espacio , Tiempo y Forma: Prehistoria y Archeología [online]. 2009, vol. I, n.° 2, [cit. 2011-04-18]. Pág. 93−104. Disponível em: . 22

concílio cristão em Iliberida (actual Elvira, o Sul da Espanha) onde estavam presentes também os representantes de Évora e de Faro. Em suma, estiveram presentes 19 bispos e 24 outros dignitários eclesiásticos.119 «A dinâmica cristã na Lusitânia é assegurada pelo activo papel da capital, Augusta Emerita120».121 Nos anos 303–305, os cristões foram perseguidos, pela última vez, pelo imperador Diocleciano.122 Depois do ano 313, quando Constantino aceitou Édito de Milão,123 cresceu o número das referências sobre a expansão do cristianismo em todo império. Contudo, a religião antiga era sempre practicada, em particular, nos templos rurais, em montes, em bosques ou nas áreas periféricas mais distantes de centros da Província.124 A igreja lutava contra a heresia. As lutas intensificaram-se ainda mais depois da proclamação do cristastianismo como a religião estatal em 391.125 Graças às escavações podemos encontrar as evidências da presença do cristianismo também em Conímbriga. Não se trata das obras grandes e transformações marcantes. Porém, desde o tempo de grandes renovações na época augustana e dos Flávios, não são conhecidos nenhumas referências ou dados arqueológicos sobre outras obras feitas no fórum até a época do cristianismo. Porém, na fase primeira desta época, o fórum mantinha, provavelmente, o seu carácter comercial e desempenhava também o papel de «santuário» semi-pagão.126 Essa hipótese confirma o facto que, na maioria de cidades, o fórum romano mantinha a sua função de comércio quando já não lhe era reconhecida função política, na época de deslocação de poder centralizado.127 Conímbriga mudou, neste tempo, também a disposição do criptopórtico que suportava o fórum numa época não anterior aos inícios do século IV.128 Chegou ao estabelecimento

119 KLÍMA, Jan. Dějiny Porgualska: Pronikání křesťanství, pág. 18−24. 120 Actual Mérida na Espanha. 121 DE MAN, Adriaan. Sobre a Cristianização de um Forum. Al-madan [online]. Julho 2005, IIª, nº 13 [cit. 2011-06-18]. Disponível em: . O autor não menciona os números das páginas. 122 Gaius Aurelius Valerius Diocletianus Augustus: (284 d.C–305 d.C.) 123 Pelo édito enunciou Constantino a liberdidade de cristões em todas as partes do Império Romano. Depois de muitos anos da perseguição de cristões, eles podiam liberalmente praticar a sua religião. 124 DE MAN, Adriaan. Sobre a Cristianização de um Forum. 125 KLÍMA, Jan: Dějiny Portugalska: Pronikání křesťanství, pág. 18−24. 126 DE MAN, Adriaan. Conimbriga : Do Baixo Império à Idade Média, pág. 50. 127 DE MAN, Adriaan. Sobre a Cristianização de um Forum. 128 DE MAN, Adriaan. Conimbriga : Do Baixo Império à Idade Média, pág 50. 23

de partes novas, provavelmente, com a função administrativa, mas também a transformação da ala oriental em cisterna, além do acrescento tardio de um conjunto de latrinas.129 Também tinham sido escavadas dez sepulturas perto de necrópole. As reliquias foram encontradas entre a praça e a escadaria do templo. A manutenção desta área indica que se trata de uma área de grande importância pública. O conjunto leva ainda aos traços de enterro romano, apesar disso, encontra-se dentro do perímetro da cidade. Vários túmulos são delimitados por alinhamento de tegulae130 que cria uma caixa rectangular, o modelo difundido no período do Baixo Império, resistindo até ao século IV.131 Vários outros túmulos são datados no período Conímbriga: detalhe da necrópole, adaptado de posterior, pelo menos, se a cisterna, cujo Alarcão e Etienne, 1977 enchimento servia de base para os jazigos, for considerada contemporânea do templo cristão.132 No Museu de Conímbriga podem-se encontrar prepoderantemente os objectos da época romana. Mas há alguns que se datam até ao século V – VII. Há duas inscrições cristãs (uma de Serenianus, outra de Martúria), além das duas lápides, tendo sido também encontrada, uma lucerna decorada com um crismon que testemunha a existência do cristianismo em Conímbriga.133 Em suma, considera-se que, muito provável, decorreu alguma transformação do templo em lugar cristão, já durante o século IV. Os cemitérios intramuros levam a crer que existia aqui um lugar sagrado dentro da cidade.134 A exitência favorece também uma lei de 435 no Codex Theodosianus insistindo na destruição dos templos pagãos e purificando-os ao colocar uma cruz no seu lugar.135 Por conseguinte, era pouco provável

129 DE MAN, Adriaan. Sobre a Cristianização de um Forum. 130 Alinhamento de telhas 131 DE MAN, Adriaan. Sobre a Cristianização de um Forum. 132 Ibidem. 133 Conimbriga roteiro do museu e das ruínas, pág. 18. 134 Ibidem, pág. 18. 135 Citação segundo: DE MAN, Adriaan: Sobre a Cristianização de um Forum. 24

que isso não envolvesse também Conímbriga. Mas as transformações dos monumentos conimbrigenses não eram tão marcantes, como se poderia pressupor. Evidentamente, os bispos e outros representantes da religião cristã percebiam que a destruição, sobretudo, de edifícios com boa construção era mais dispendiosa do que uma simples transformação. Também, por causa da exastão económica ligada à construção maciça de muralhas defensivas em todo território do Império, parece que as conversões dos templos pagãos eram a forma menos custosa.136 A respeito do financiamento das obras, é evidente que os bispos tinham maior interesse na participação das modificações dos monumentos pagãos do que os decuriões alto-imperiais. Há muitas opiniões no que diz respeito às próprias finanças, mas é possível anotar uma mudança. As finanças eram submetidas ao interesse da igreja. «O bispo surge cada vez mais como administrador de um património que não para de aumentar, através de heranças e doações, fenómeno desde cedo legitimidado por determinação imperial.»137 As pequenas sedes episcopais eram de uma autarcia económica. Também o Codex Theodosianus (XVI, 2, 4) reconhece à igreja uma habilidade jurídica relativa à acumulação de bens. Por conseguinte, a igreja ganhava bens com que poderia cobrir não só os gastos da igreja mas, também, gastos com os pobres, doentes ou peregrinos.138 Por conseguinte, é bastante provável que as transformações decorridas em Conímbriga subsidiram o bispo local. Falamos hipoteticamente, mas parecendo esta a explicação mais lógica.

3.3 A sede do bispado em Conímbriga e a sua transferência a Aeminium

Com o desenvolvimento do cristianismo na Península Ibérica desenvolveu-se também a rede das sedes episcopais. A maioria das civitates transformaram-se, nesta época, na sede do bispado ou na paróquia e começam a reinventar-se como as capitais cristãs. As referências sobre a sede do bispado em Conímbriga são datadas entre os anos 572 e 585. Aeminium tinha estatuto, entretanto, da paróquia de Conímbriga, mas só até

136 DE MAN, Adriaan: Sobre a Cristianização de um Forum. 137 Citação segundo: DE MAN, Adriaan. Conimbriga : Do Baixo Império à Idade Média, pág 59. 138 Ibidem, pág. 59. 25

o ano 589, quando a diocese foi transferida para Aeminium (actual Coimbra). Como possível data da transferência está apresentado também o ano 585, ano em que foi destruído o Reino Suévico. A transferência poderia ser efectuada, por motivo de alguma reforma político–administrativa ou religioso–administrativa na época inicial da conquista do território pelos Visigodos.139

3.4 Os problemas de datação de transferência do bispado e a utilização de nome Conímbriga

O primeiro bispo conimbrigense que se conhece foi Lucêncio o bispo de Conímbriga (561–580). Era abade do convento de Lorvão. Lucêncio participou no primeiro Concílio provincial de Braga em 561 e 572 como Colimbriensis ecclesiae episcopus. No entanto, o seu sucessor, Possidónio, já estava presente no terceiro concílio de Toledo como Eminiensis ecclesiae episcopus, no ano 589. Porém Renato,140 o bispo em 638, surge outra vez como eclessiae Conimbriensis episcopus.141 «Volta a registrar-se, porém, o aparecimento de bispos de Conímbriga em concílios posteriores como os IV, VI, VIII, XII, XIV e XVI de Toledo, e o de Mérida em 660, mas é possível que nessa altura, embora o nome tradicional se mantivesse, a sede do bispado já tivesse sido mudada para a vizinha cidade de Aeminium que, com a transferência, herdaria o próprio nome de Conímbriga.»142 Então era muito possível que fosse tomada a decisão, ainda antes do terceiro Concílio de Toledo, de mudar o título oficial do bispado.143 E os bispos, à excepção do Possidónio, mantinham o seu título episcopi conimbriensis o que resultou no abandono do nome Aeminium e o começo de utilização do nome Conimbria. Aliás, desde o fim do

139 ALARCÃO, Jorge de. Conimbriga 20 anos depois: A Data do abandono de Conimbriga. In CORREIA, Virgílio Hipólito. Perspectivas Sobre Conimbriga. Coimbra: Ancora Editora, 2004. s. 96−114. 140 O sucessor de Ermulfo, o que era o bispo em 633 141 Segundo: Diocese de Coimbra [online]. 2010 [cit. 2011-07-19]. História - Bispos. Disponível em: WWW: . 142 Citação segundo: Conimbriga roteiro do museu e das ruínas: Notas Históricas, pág. 7. 143 DE MAN, Adriaan. Conimbriga : Do Baixo Império à Idade Média, pág. 60. 26

século IV e o início do século V, existem provas da variedade da utilização dos nomes Conímbriga e Conimbria.144 É quase certo que a sede do bispado já não voltou de Aeminium para Conímbriga, embora não seja possível excluir completamente esta hipótese. Há uma possibilidade que Leovigildo145 poderá ter colocado o bispado ariano146 em Conímbriga. Esta acção poderá ter sido uma razão pela qual o bispo conimbrigensis abandonou Conímbriga e se deslocou para Aeminium. «Após a conversão de Recaredo147 ao catolicismo em 587, este hipotético e efémero bispado ariano de Conímbriga teria desaparecido.»148 Mas não existe nenhuma prova para podermos demonstrar estas suposições. Por conseguinte, o facto que bispos se decidiram a utilizar o título episcopi conimbriense está ligado propriamente ao honra da cidade de Conímbriga do que a sua existência ainda depois da queda do Reino Suévico. Julgamos que o nome Conimbria ou Colimbria se usa, cerca do ano 638, em relação a Aeminium, mas existem provas que o próprio nome Aeminium não desapareceu completamente. Ainda até aos meados do século VII cunhavam-se as moedas com o nome Iminio. Por conseguinte, o nome original da cidade sobreviveu até aos anos 636 – 640.149 «A proeminência da cidade como centro administrativo no período visigótico reflecte-se nas cunhagens de Recáredo (586−601), Liúva (601−603), Sisebuto (612−621) e Chintila (636−640), todas com a denominação Aeminium nas legendas, ainda que sob as variantes Iminius, Aeminio, Iminio e Eminio.»150 Todavia, a utilização contínua do nome Conimbria ou Colimbria provoca a questão se o nome não pudesse ser usado como menção sobre a antiga cidade Conímbriga. Se a cidade não pudesse sobreviver até à época tardia. «Uma moeda de ouro de Rodrigo, último rei dos Visigodos, cunhada na Egitânia e encontrada em

144 ALARCÃO, Jorge de. Conimbriga 20 anos depois: A Data do abandono de Conimbriga. In CORREIA, Virgílio Hipólito. Perspectivas Sobre Conimbriga, pág. 98−99. 145 O Rei dos visigodos durante os anos 569 e 586. 146 Segundo: LÖWE, G., STOLL, H. ABC Antiky, pág. 39−40: a religião ariana contesta deidade de Jesus Cristo. O arianismo impunha principalmente a parte ocidental do Império, então a igreja católica estava muito tempo partida por esse conflito dogmático. O arianismo mantinha-se prepoderantemente nas tribos germanas. 147 O filho do Leovigildo. 148 Citação segundo: ALARCÃO, Jorge de. Conimbriga 20 anos depois: A Data do abandono de Conimbriga. In CORREIA, Virgílio Hipólito. Perspectivas Sobre Conimbriga, pág. 98−99. 149 Ibidem, pág. 98−99. 150 MANTAS, Gil Vantas. Notas sobre a estrutura urbana de Aeminium, pág. 512. 27

Conímbriga, deixa-nos suspeitar da sobrevivência da cidade pelo menos até à conquista muçulmana, embora seja de estranhar, dada a extensão das escavações, que não tenham aparecido, até agora, senão três moedas visigóticas.»151 A ausênica de cunhagens visigóticas em Conímbriga testemunha claramente menor importância e menor prestígio de Conímbriga depois do ano 585.152 Certo é que depois da transferência da sede do bispado, a população começou a abandonar a cidade que passou a ficar diminuída.153 Outra hipótese é que a cidade era ocupada ainda na época islâmica, por conseguinte, cerca de dois séculos mais tarde. «O achado de algumas moedas islâmicas leva-nos a supor ter existido uma ocupção muçulmana. Tais moedas, publicadas em Fouilles, III, eram apenas 7, uma de 736, cinco sem data precisa determinável mas anteriores a 748/9 e uma de 838/9, num total de 4351 numismas. Posteriormente, foram achadas mais quatro moedas árabes, de 705, 815–816, 880–881 e uma de data indeterminável (tendo aumentado também consideravelmente o número de moedas romanas, recolhidas na estação).»154 Achados de moedas islâmicas leva a crer que em Conímbriga existia uma ocupação apenas residual.155 «Se bem que 23 moedas portuguesas de D. Afonso Henrique a D. Afonso V (20 publicadas em Fouilles, III e 3 aparecidas posteriormente) tenham sido recolhidas sem que haja qualquer indício de que a cidade foi ocupada entre essas datas, nem sequer por uma população residual.»156 Mas esta hipótese é pouco provável e não há nehnuma outra prova, salvo as moedas, que a testemunharia. Também aparecem algumas referências nos recursos históricos sobre Conimbria. Uma das quais é da Crónica de Albelda,157 onde se descreve a conquista de Conimbria por Afonso III das Astúrias. É inexacto identificar a Conimbria da Crónica de Albelda

151 ALARCÃO, Jorge de. Conimbriga 20 anos depois: A Data do abandono de Conimbriga. In CORREIA, Virgílio Hipólito. Perspectivas Sobre Conimbriga, pág. 98−99. 152 Ibidem, pág. 98−99. 153 Ibidem, pág. 98−99. 154 Citação segundo: Ibidem, pág. 98–99. 155 Ibidem, pág. 98−99. 156 Citação segundo: Ibidem, pág. 98−99. 157 ALBORNOZ, Claudio Sánchez. La Crónica de Albelda y la de Alfonso III. Bulletin Hispanique [online]. 1930, vol. 32, n.º 4, [cit. 2011-06-18]. Disponível em: . 28

com a actual Coimbra. O cronista não mencionou expressamente se a antiga Conímbriga sobrevivia e foi também conquistada por Afonso III.158 Esta é uma das muitas tardias referências escritas sobre o território conimbriense ou colimbrie. Em todo caso, não há dúvidas que falem da actual Coimbra porque a sobrevivência de Conímbriga, até ao século IX, parece o facto muito improvável. Para resumir, a cidade não foi abandonada repentinamente por volta do ano 585. É muito provável que existisse aqui algum povoamento, mas muito diminuto. Após a transferência da sede episcopal partiu, possivelmente, a maioria dos habitantes para Aeminium. A importância da religião é indiscutível, então seria muito lógico que os habitantes seguissem a sede do bispado para Aeminium. E uma das razões seria também melhor localização de Aeminium.159 A cidade não sofreu tantos ataques dos Suevos ao contrário de Conímbriga, por conseguite, seria mais vantajoso viver aqui.

158 ALARCÃO, Jorge de. Conimbriga 20 anos depois: A Data do abandono de Conimbriga. In CORREIA, Virgílio Hipólito. Perspectivas Sobre Conimbriga, pág. 98−99. 159 Aeminium ficava perto da via Olisipo-Bracara. 29

4. Os motivos do abandono de Conímbriga

Para resumirmos todos os factos, motivos e razões relacionados ao abandono da cidade de Conímbriga é importante sublinhar que não podemos dizer qual foi o motivo mais importante para a transferência da cidade de Conímbriga para Aeminium. Trata-se de um processo paulatino e todos os acontecimentos têm alguma relação com a despovoação da cidade. Nós só podemos salientar a lista dos momentos importantes da última etapa desta cidade e das razões da trasferência. Anteriormente dito, Conímbriga sofreu por duas vezes ataques suévicos, parte da cidade foi arruinada e Conímbriga incluído a administração estava sob o controlo dos Suevos. Depois da queda do Reino Suévico, no ano 585, a cidade perdeu o seu prestígio e para a Igreja foi melhor escolher um outro sítio que podia representar a religião cristã. A cidade de Aeminium era capaz de substituir o papel da cidade religiosa. A data exacta da transferência do bispado não é possível designar mas muito provável é, propriamente, a data da queda do Reino Suévico ou a data um pouco posterior. Porém, perguntamos de qual motivo foi escolhida Aeminium para o sítio da sede do bispado. Conímbriga situava-se na grande via entre Olisipo e Bracara. Mas Aeminium era ponto de passagem obrigatório da grande via também. Ainda por cima não poderia encontrar melhores condições para a travessia do rio noutro local.160 Quando a cidade de Conimbria tinha sido tranferida para Aeminium ganhava com isso também a posição vantajosa a respeito da defensa porque, como já foi dito, Aeminium encontrava-se entre a costa e o interior montanhoso. Também a cidade de Aeminium estava situada acima do rio Munda (actual o Mondego) então a existência de um porto fluvial é muito provável.161 Era muito possível que com o porto tenha existido aqui algum transporte ou mercado fluvial. «(Actual) Coimbra era, pois, ponto de passagem obrigatório entre o norte e o sul, centro onde naturalmente se podiam trocar os produtos da serra pelos da planície e do mar.»162 Por conseguinte, o comércio desenvolvido e a boa localização garantiria também melhor nível de vida para população.

160 ALARCÃO, Jorge de. Roman Portugal, II: Gazetteer, fasc. 2 Coimbra e Lisboa, pág. 99- 100. 161 ALARCÃO, Jorge de. As Origens de Coimbra, pág 28. 162 Ibidem, pág 28. 30

Durante o governo de Augusto, Aeminium foi escolhida como a capital da região e assim aumenta o seu prestígio. Durante o reino visigótico, a cidade foi escolhida como o lugar onde foi cunhada a sua moeda. E enquanto o prestígio de Aeminium cresceu, a cidade de Conímbriga entrou em declínio, embora Conímbriga não fosse abandonada imediatamente os habitantes provavelmente não encontram bastantes capacidades para sobreviverem aqui. A cidade de Aeminium afigurou-se como a melhor possibilidade. Mas não podemos dizer que a cidade de Conímbriga foi totalmente esquecida. Este facto testemnha de maneira mais clara a utilização do nome Conímbriga que se usa até o presente na forma modificada: Coimbra.

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Conclusão

A civilização romana tem deixado em toda parte do território português o seu cartão de visita. Porém este trabalho relata apenas um fragmento. O trabalho histórico traz consigo as dificuldades a respeito da extensão. Seria mais difícil relatar sobre os aspectos históricos sem qualquer encaixamento histórico. Por isso, decidi-me a dedicar o primeiro capítulo à história pré-romana, romana e à conquista do território. Trata-se de aspectos básicos e foi muito difícil destacar as informações mais importantes, mas sem este capítulo o resto seria só uma enumeração de acontecimentos sem enraizamento histórico. Com certeza, o meu objectivo principal não é uma grande narração da história portuguesa, por isso tentei destacar os momentos mais importantes. Na introdução formulei algumas perguntas que queria responder ao longo deste trabalho. A primeira pergunta/matéria que queria abordar eram as cidades de Conímbriga e de Aeminium. Destas duas cidades queria falar de uma forma mais concreta. Por conseguinte, era necessário realçar os aspectos que apresentariam a beleza e a importância destas cidades na época romana. A respeito da muralha defensiva, abordando isso no capítulo dois, trata-se da construção defensiva mas também da construção que significava uma certa autonomia e prova-nos outra vez que Conímbriga era uma cidade importante. Mas primeiramente era necessário enquadrar novamente a situação historicamente. Em relação a Aeminium, a cidade antiga onde se ergue agora Coimbra, encontra-se aqui uma das construções mais complexa em Portugal − O fórum de Aeminium com o seu criptopórtico. Apesar disso, Aeminium viveu muito tempo na sombra da sua vizinha Conímbriga, mas só até ao fim do século VI, quando foi transferido o bispado de Conímbriga para Aeminium e a mudança da sede do bispado está povavelmente relacionada ao processo da deslocação da maioria dos habitantes. Os ataques pelas tribos germanas desempenharam, em minha opinião, o grande papel no processo da deslocação. Trata-se da mudança mais marcante porque toda cidade ficou sob o controlo de uma tribo totalmente diferente do que eram os Hispano- romanos. Este tema é abordado mais profundamente no subcapítulo 3.1. Naturalmente

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não falta o enraizamento histórico sem o qual não poderiamos imaginar e entender os acontecimentos ocorridos em Conímbriga. Adiante menciono a influência cristã. Sem esta influência em Conímbriga não poderia ser fundado o bispado e também é interessante observar a transformação das construções pagãs para as costruções cristãs. Na introdução questionei se seria possível exactamente datar a transferência. A verdade é que na disciplina histórica é sempre muito difícil determinar alguma data certa, particularmente na época antiga. Para podermos determinar exactamente alguma data precisávamos tanto de achados arqueológicos como dos recursos históricos. Graças ao esforço de cientistas podemos determinar o provável ano da transferência do bispado para Aeminium, o ano 589 ou uma data pouco anterior. Todavia os habitantes não abandonaram a cidade imediatamente neste ano. Tratava-se de um processo paulatino. E é possível que ainda muitos anos depois Conímbriga seja habitada, como testemunham muitas referências epigráficas. Por conseguinte, a ocupação de Conímbriga ainda no tempo posterior é mais uma inferência lógica do que algo comprovado. Também queria mencionar neste trabalho o facto de Aeminium ter começado a usar o nome Conímbriga na forma modificada, porque este facto está ligado ao nosso presente. O meu objectivo principal foi entender quais eram os motivos da transferência do bispado e abandono da cidade, relatado no capítulo quatro. Aqui queria estipular todos os factos que, na minha opinião, causaram a depopulação da cidade de Conímbriga.

Aquando de criação deste trabalho ajudou-me muito o facto de ter visitado ambos os locias e ter tido o acesso à biblioteca geral de Coimbra. Ajudou-me a aprofundar os meus conhecimentos sobre a arquitectura romana e, em geral, sobre a história romana no território português.

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Anexos

Imagens

O fórum de Conímbriga

(http://www.conimbriga.pt/portugues/foto s_ruinas.html)

O fórum de Conímbriga

(http://www.conimbriga.pt/portugues/foto s_ruinas.html)

O fórum reconstruído por E. Barragán (http://italicaromana.blogspot.com/2009/1 2/foro-romano-de-conimbriga.html)

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Grandes Termas do Sul (http://www.conimbriga.pt/portugues/foto s_ruinas.html)

Grandes Termas do Sul (http://www.conimbriga.pt/portugues/foto s_ruinas.html)

As termas do Sul reconstruídas por E. Barragán (http://italicaromana.blogspot.com/2009/1 2/termas-do-sul-conimbriga.html)

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Escavações

Estes anexos apresentam todos os sítios escavados em Conímbriga e adicionam as informações sobre as obras dos arqueólogos.163

1. Anfiteatro: escavação, que ocorreu em 1993, foi dirigida por Prof. Virgílio Hippólito Correia 2. Casa de Andercus: missão Luso-Francesa, desde 1963 até 1968; outras escavações, que foram dirigidas por Prof. Jorge de Alarcão, no ano 1977, expuseram parte dos seus limites (a Leste, na rua da Casa da pátera Emanuel). Estas obras foram objecto de regularização em 1966 3. Casa de Cantaber: a sondagem entre os anos 1873 e 1899, escavações foram dirigidas por Prof. Virgílio Hippólito Correia do ano 1930 a 1934, estas obras foram complementadas em 1938. Programa de investigação de 1995 a 1997 sob a direcção de Prof. Virgílio Hippólito Correia 4. Casa da Cruz Suástica: Direcção Geral dos Monumentos Nacionais entre os anos 1940 e 1944 dirigidas por Prof. Virgílio Hippólito Correia, outras investigações foram dirigidas por Prof. Jorge de Alarcão em 1963 5. Casa de Tancinus: a investigação foi dirigida por Isabel Pereira, outros trabalhos limitados em várias épocas 6. Casa de Valerius Daphinus: escavações ocorreram entre 1929 a 1930, limpezas em 1966 7. Casa do Medianum Absidado: 1929−1930, limpezas em 1966, escavações em curso desde 2001 8. Casa do Tridente e da Espada 9. Casa dos Esqueletos: Direcção Geral dos Monumentos Nacionais entre 1940 a 1944, dirigidas por Prof. Virgílio Hippólito Correia, outras intervenções sob a direcção de Prof. Jorge de Alarcão em 1963

163 A maioria das informações são disponíveis em: Conímbriga - Ruínas, Museu monográfico [online]. 2002 [cit. 2011-07-18]. Ruínas. WWW: . ou em CORREIA, Virgílio Hipólito. Perspectivas sobre Conimbriga. 1ª edição. Coimbra: Ancora Editora, 2004. 131 p.; as imagens são disponíveis na mesma página: http://www.conimbriga.pt/english/ruinas.html. 36

10. Casa dos repuxos: identificada ocasionalmente em 1907, escavações ocorreram entre Agosto e Outubro de 1939 e depois, sob os mosaicos, a partir de 1953; sondagens parciais por Prof. Virgílio Hippólito Correia em 1990 11. Edifício dos Solidi: escavações ocorreram entre os anos 1929 e 1930, limpezas em 1996 12. Edifícios a Norte do Fórum: escavações sob a direcção de missão Luso- Francesa, em 1968; revisão da arquitectura por Prof. Virgílio Hippólito Correia em 1998 13. Edifício a Oeste da Casa de Cantaber: 1930−1934 14. Edifícios a Oeste das Termas: escavações sob a direcção de missão Luso- Francesa 15. Edifício da patera Emanuel: escavações sob a direcção de missão Luso-Francesa em 1964 até 1968, outras obras por Prof. Jorge de Alarcão em 1977 16. Edifício da Pedreira: não escavado 17. Edifício da rua da patera Emanuel: escavações sob a direcção de missão Luso- Francesa 18. Edifício das latrinas do Fórum: escavações sob a direcção de missão Luso- Francesa, em 1968 19. Edifício das "Portas do Sol" 20. Edifício da Condeixa-a-Velha: vestígios sob as casas da Condeixa-a-Velha 21. Edifício do sector JX: em data imprecisa, três quadrados foram escavados 22. Edifício portificado a Leste do Fórum: escavações sob a direcção de missão Luso-Francesa 23. Fórum: Missão Luso-Francesa, 1968 24. Grandes Termas do Sul: escavações sob a direcção de missão Luso-Francesa, 1965−1968 25. Ínsula a Norte das Termas: escavações sob a direcção de missão Luso-Francesa, 1965−1968 26. Ínsula a Oeste do Fórum: escavações sob a direcção de missão Luso-Francesa, 1965−1968 27. Ínsula do vaso Fálico: escavações sob a direcção de missão Luso-Francesa, 1965−1968 28. Ínsula do Aqueduto: 1934, por Prof. Virgílio Hippólito Correia 37

29. Ínsula do Viaduto: sondagens por Prof. Jorge de Alarcão, 1997, a escavação do cano da azenha deve ser contemporânea da escavação das termas a Norte de Aqueduto entre 1935 e 1936 30. Lojas a Sul da Via: Direcção Geral dos Monumentos Nacionais, 1940−1944, dirigido por Prof. Virgílio Hippólito Correia, outras intervenções por Prof. Jorge de Alarcão em 1963 31. Termas da Muralha: dirigido por Prof. Virgílio Hippólito Correia, 1940−1944, outras intervenções por Prof. Jorge de Alarcão em 1963 32. Termas do Aqueduto: sob a direcção de Prof. Virgílio Hippólito Correia, em 1934

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