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Orquestra Jazz de Matosinhos 30 Nov 2019 · 21:00 Sala Suggia

Pedro Guedes direcção musical João Paulo Esteves da Silva piano José Diogo Martins piano saxofone tenor

APOIO Maestro Pedro Guedes sobre o programa do concerto.

https://vimeo.com/376335714

A CASA DA MÚSICA É MEMBRO DE Música de George Russell

1ª PARTE*

Jazz in The Space Age (1960) 1. Chromatic Universe, Part 1 2. Dimensions 3. Chromatic Universe, Part 2 4. The Lydiot 5. Waltz from Outer Space 6. Chromatic Universe, Part 3

2ª PARTE*

All About Rosie (1957) Similau (1949)1 A Bird in Igor’s Yard (1949) So What (1959, arranjo c.1983)2

*Músicos convidados: 1ª Parte: João Paulo Esteves da Silva e José Diogo Martins (piano) 2ª Parte: Andy Sheppard (saxofone tenor)

Todas as composições e arranjos são de George Russell, excepto: 1 Composição de Arden Clar e Harry Coleman; arranjo de George Russell. 2 Composição de Miles Davis; arranjo de George Russell sobre o solo de Miles Davis.

Arranjos de Jazz in the Space Age e “All About Rosie” transcritos por Telmo Marques.

3 Para falarmos de George Russell (1923-2009), originalidade começaram então a revelar-se: o compositor, não podemos deixar de parte em 1947 a orquestra de Dizzy Gillespie toca a o teórico. Vamos directamente ao assunto: sua composição dupla Cubano Be/Cubano Russell desenvolveu o tratado Lydian Chro‑ Bop, a primeira fusão alguma vez realizada matic Concept of Tonal Organization, resul- entre ritmos afro-cubanos e o jazz. tado de reflexões e experiências iniciadas nos Dizem os relatos que o ímpeto de Russell anos 40 e com uma primeira edição restrita para as suas pesquisas foi a resposta que em 1953 – e sucessivas reedições aumenta- recebeu de Miles Davis a uma pergunta sua das em 1959, 1964 e 2001. É comum dizer-se – qual seria o grande objectivo musical de que é o único tratado musical nascido no jazz Miles?, “I want to learn all the changes”. Como – e mesmo que hoje não seja o único, é certa- Miles já dominava todas as progressões de mente o mais original e completo, aquele que acordes, Russell interpretou a resposta como está na origem de todas as teorias que se lhe uma vontade de descobrir uma nova forma de seguiram. Mas o que realmente importa, hoje e tocar sobre estruturas harmónicas. Uma outra no contexto do concerto desta noite, é perce- hospitalização contribuiu para a concentra- ber em que sentido é que o pensamento de ção de George Russell nos estudos e entre Russell moldou a sua música e a de vários dos 1950 e 53 criou a sua influente teoria, alimen- compositores e solistas mais influentes de tado também por aulas com o compositor sempre (nomes como Miles Davis, Bill Evans, alemão Stefan Wolpe, professor de vários John Coltrane e Ornette Coleman, por exem- músicos de jazz da época. plo), sendo fundamental para o surgimento A complexidade das ideias de George de música bem conhecida – como a do disco Russell torna o seu estudo algo inatingí- Kind Of Blue, de Miles Davis, simplesmente o vel para um leigo em teoria musical e difícil álbum de jazz mais bem-sucedido de sempre. mesmo para o instrumentista que não se George Russell teve um percurso forma- dedique à improvisação ou à composição. Em tivo sinuoso, desde os tempos em que tocava termos resumidos, Russell parte da análise bateria em contexto escolar até se tornar de música que o precedeu, quer no jazz (em uma figura central do ensino de jazz no New especial solistas como Lester Young, Cole- England Conservatory desde 1969 e durante man Hawkins e Charlie Parker) quer na tradi- décadas. Ainda em 1941, uma tuberculose ção erudita (analisa excertos de Ravel ou levou-o ao hospital durante seis meses, e aí Bach, na edição de 2001 do livro), e sugere um conheceu um outro paciente que lhe trans- método contrário ao pensamento formatado mitiu os fundamentos de harmonia e arran- do músico ocidental: a base da música não jos. Tocou com a banda de Benny Carter, é uma escala a partir da qual se constroem mas seria substituído por Max Roach – o sequências de acordes; mas tendo como que o levou a desistir da bateria. Já em Nova base o acorde pode usar-se diferentes esca- Iorque, frequentava os encontros de músicos las, com níveis sequenciais de dissonância em casa de , que incluíam figuras até ao cromatismo total (uso de todas as 12 como Miles Davis, Gerry Mulligan, Max Roach, notas de uma oitava). A escala primordial é Johnny Carisi e por vezes Charlie Parker. o chamado modo Lídio, também conhecido Os seus talentos como arranjador e a sua como o modo de Fá, que oferece estabilidade

4 e a partir do qual pode ser (ou não) encon- variados graus de abordagem à improvisação/ trado um motor no sentido da criação de composição sobre progressões de acordes. tensões e resoluções. O que acontece com Em todo o caso, esta teoria tem sido associada o uso de uma escala maior como base é que mais naturalmente a uma corrente do jazz que esta já pressupõe uma direcção, já implica nasceu como sua consequência directa: o jazz tensões e resoluções, pelo que condiciona o modal. improvisador/compositor. O modo Lídio, pelo contrário, sobrepõe-se de forma pacífica a A proposta da Orquestra Jazz de Matosi- um acorde maior, sem impor tensões e reso- nhos para esta noite começa por centrar-se luções – como acontece com o modo Dórico num disco seminal de George Russell, Jazz (modo de Ré) sobre um acorde menor. in the Space Age, editado pela Decca em Esperando não ter ainda afastado destas 1960. Nesta altura tinha já sido editado o seu notas o leitor menos versado nas teorias da primeiro disco The Jazz Workshop (1956), música, concluímos este capítulo dizendo que em que se revelava uma escrita inspirada no esta é apenas a base inicial para as propostas fraseado dos grandes solistas e se manifes- de George Russell, que na verdade se esten- tava a intenção de criar melodias tão intensas dem a variantes do tal modo Lídio e incluem como se tivessem resultado do momento. A escalas de blues e as tradicionais maiores e escrita do compositor era uma escrita solís- menores, ao ponto de permitir a sobreposi- tica, mas havia naturalmente espaço para as ção de diferentes camadas harmónicas e de improvisações propriamente ditas. Só que atingir maior ou menor densidade de acordo Russell criava as secções destinadas à impro- com as escolhas do improvisador/compositor. visação com recursos diferentes dos habi- Em maior ou menor grau, e por vezes com tuais: a estrutura não precisava de se resumir outras nomenclaturas, as propostas de George à tradicional exposição-solos-reexposição, Russell são ainda hoje base para grande parte sendo que os solos podiam ter por base novas das técnicas de improvisação que se ensina sequências de acordes ou ostinatos (linhas de nas escolas de jazz. No seu tempo, represen- baixo repetidas continuamente). Aqui, como taram uma revolução no pensamento musical depois acontecerá no disco Jazz in the Space do jazz (com fundamentos na prática anterior Age, a linha que separa as partes escritas das dos grandes improvisadores, ou seja, não era improvisadas é muito ténue. Bill Evans, que uma teoria nascida do nada) e foram especial- tocou em ambos os discos, ilustrou-o dizendo: mente importantes ao serem assumidas por “George compõe coisas que soam improvi- músicos de excepção como Bill Evans, Miles sadas. É preciso estar profundamente envol- Davis (quer na fase modal quer na eléctrica) ou vido com o jazz e compreender todos os seus Ornette Coleman. Quem conhecer a música elementos para conseguir fazê-lo.” destas três personagens, saberá que falamos Este carácter improvisado da música de linguagens muito diversas, por vezes até escrita trouxe um desafio adicional a este aparentemente contraditórias. A abrangência projecto: perante a ausência de partituras, do estudo de Russell é tal que permite uma foi feita uma transcrição dos arranjos por ligação a todas essas linguagens, não impondo Telmo Marques, um trabalho que obrigou a qualquer restrição mas sim permitindo os mais uma interpretação que distinguiu as secções

5 escritas das que terão sido (e que serão explora as sonoridades tradicionais da big também neste concerto) improvisadas. band. Do mesmo ano, “A Bird in Igor’s Yard” é A música deste disco tem a forma de uma já uma composição original de Russell escrita suite com um tema recorrente, apresentado para uma gravação pela orquestra de Buddy nas três partes de “Chromatic Universe”. Em DeFranco – uma big band all star criada para “Dimensions”, ouvimos pela primeira vez uma um ciclo de gravações da Capitol Records sequência de solos que nos apresenta uma especialmente dedicado ao jazz moderno. sonoridade característica resultante das Aparentemente, o resultado soou demasiado ideias do Lydian Chromatic Concept. Apesar moderno para a editora e a gravação só seria do espaço naturalmente reservado à expres- editada muito mais tarde, em 1972. A peça são individual dos solistas, a transcrição de é uma referência e uma fusão de elementos Telmo Marques parte dos solos gravados oriundos da música de Charlie Parker (Bird) para sugerir, por exemplo, o uso da chamada e Igor Stravinski, resultado das audições e “escala lídia diminuta”, uma escala simétrica discussões sobre música moderna no apar- de oito notas que já tinha sido dada a conhecer tamento de Gil Evans (em que se ouvia Stra- por Olivier Messiaen no seu tratado Techni‑ vinski, Ravel, Debussy ou Schoenberg, entre que de mon langage musical (1944). Contando outros). Estes dois temas surgem na altura originalmente com os pianistas Bill Evans e em que Russell usava a música para testar as Paul Bley, os arranjos exploram em diversas teorias que estava já a construir para o seu ocasiões os diálogos entre os dois pianos, livro, pelo que são um testemunho importante mas também incluem solos de vários sopros. dessa fase. O uso da polimodalidade, ou seja, de esca- Já depois da primeira edição do Lydian las diferentes sobrepostas, tem um exemplo Chromatic Concept e do álbum The Jazz muito nítido no tema “The Lydiot” – a melodia Workshop, George Russell escreveu “All About harmonizada que se ouve nos trompetes, um Rosie” como resposta a uma encomenda do riff perfeitamente tonal, é dobrada por dois Brandeis Jazz Festival. As três partes da peça trombones mas estes tocam-na meio-tom funcionam como três andamentos, dois rápi- acima e um tom acima do primeiro trompete, dos e um intermédio lento, e apenas no último tudo em simultâneo. Assim, uma sequência há lugar para solos. que soaria completamente consonante ganha O programa desta noite inclui ainda “So contornos bem mais sugestivos. What”, o tema de abertura do disco Kind Of Blue de Miles Davis, mas num arranjo criado A segunda parte do concerto é preenchida anos mais tarde por Russell para a sua Living por composições anteriores a Jazz in the Time Orchestra, a partir do solo que Miles Space Age, num conjunto bastante ecléctico. tocou na histórica sessão de gravação. A refe- “Similau” foi um tema gravado originalmente rência a este álbum célebre de 1959 é espe- por Peggy Lee com o acompanhamento da cialmente significativa, já que ele põe em banda afro-cubana de Dave Barbour, em 1949, prática várias das ideias de George Russell, e apresenta o sabor latino que já se ouvira na resultado dos seus contactos intensos com colaboração anterior de Russell com Dizzy Miles Davis e Bill Evans nos anos anteriores. Gillespie, com um arranjo mais clássico que FERNANDO PIRES DE LIMA

6 Pedro Guedes direcção musical Festival de Jazz do Porto. Foi ainda coordena- dor e programador da área do Jazz na Capital Oriundo de uma família com forte tradição Europeia da Cultura – Porto 2001. musical, Pedro Guedes estudou piano com Em 1999 fundou a Orquestra Jazz de Mato- uma professora particular entre os 5 e os 9 sinhos, da qual é actualmente Director Artís- anos de idade. Em meados dos anos 80, tico, Director Musical (em parceria com Carlos ingressou na recém­‑criada Escola de Jazz do Azevedo), compositor, arranjador e pianista. Porto, onde foi aluno de Mário Laginha. Neste Após leccionar na Universidade Católica período, foi presença habitual como pianista Portuguesa e no Departamento de Teatro da em bares e outros palcos e integrou a primeira ESMAE, foi um dos fundadores da primeira formação da Orquestra de Jazz do Porto. Licenciatura em Jazz do país, também na Frequentou o Conservatório de Música do ESMAE – Escola Superior de Música e das Porto com Vitali Dotsenko. A inexistência de Artes do Espectáculo. Desde então é profes- oferta educativa na área do jazz em Portugal sor em regime de exclusividade deste curso, levaram­‑no a mudar­‑se para Nova Iorque em que coordenou entre 2002 e 2006. 1992, sendo admitido na New School for Jazz and Contemporary Music, onde concluiu o curso em 1994. Durante este período estudou João Paulo Esteves da Silva piano com alguns dos mais reputados músicos de jazz (Richie Beirach, Fred Hersch, Brad Mehl- A música do pianista João Paulo Esteves da dau, Jim Hall e Joe Chambers, entre outros). Silva é moldada pelos mundos do jazz, da De regresso a Portugal, criou o Quinteto Pedro canção, da música clássica e da música tradi- Guedes, para o qual compôs música original cional. A profundidade emotiva assume, para e que o levou a festivais e clubes de Portugal, João Paulo, maior importância que o virtuo- Espanha e França. Em 1995 tornou­‑se Director sismo. Para o pianista, emoção não tem a ver Musical da Walt Disney em Portugal, e em 1997 com volume. As suas publicações vão de CD fundou e dirigiu a Héritage Big Band, orques- a solo a gravações com big bands. Também tra que interpreta composições e arranjos poeta e tradutor, traduziu Shakespeare e originais de standards e que mais tarde daria Molière para o teatro, tem publicado regular- origem à Orquestra Jazz de Matosinhos. mente os seus livros de poesia e composto Em 1997 regressou aos EUA, ingressando música em diálogo com outras artes, como na University of Southern California em Los fotografia e cinema. Angeles, onde frequentou a pós­‑graduação Nasceu em Lisboa em 1961, filho de mãe em Scoring for Motion Picture and Television pianista e de pai filósofo. Em 1979 participou como bolseiro da Comissão Cultural Luso­ no Festival de Jazz de Cascais com o grupo ‑Americana (comissão Fulbright) e da Funda- Quinto Crescente. Em 1984 completa o Curso ção Luso­‑Americana para o Desenvolvimento. Superior de Piano do Conservatório Nacio- Concluiu a pós­‑graduação no ano seguinte nal e parte para França, mantendo­‑se no com o prémio da USC (International Student exílio até 1992. Em 1993 grava o seu primeiro Award) e o prémio de Composição Harry disco em nome próprio, Serra sem Fim, para Warren. Entre 1998 e 2001 foi programador do a editora Farol. Em 1996 conhece o produtor

7 Todd Garfinkle, da editora MA Recordings, José Diogo Martins piano com quem inicia uma longa colaboração, documentada em seis discos, e que dura até José Diogo Martins iniciou os estudos musi- 2001. Neste ano, instigado por Carlos Bica, cais aos 5 anos de idade, no Conservatório grava um primeiro solo de piano, Roda, para de Música Calouste Gulbenkian de Braga, a editora francesa L’Empreinte Digitale. Em sob a orientação de Ivete Rebelo. Terminou o 2003 começa a gravar para a editora Clean- 8º grau com 20 valores e 3 prémios de mérito feed. O seu disco Scapegrace, em duo com académico, musical e artístico. Ao mesmo Dennis González, foi galardoado com o prémio tempo que acaba o 1º ano da faculdade com Autores da SPA para o Melhor Disco 2009. 19 valores na Universidade Minho, na classe de As suas últimas gravações incluem Memó‑ Luís Pipa, é aceite como aluno de Piano Jazz rias de quem, White Works (a partir de músi- na Escola Superior de Música de Lisboa, onde cas de Carlos Bica), Bela Senão Sem (com obtém a Licenciatura na classe de João Paulo a Orquestra Jazz de Matosinhos) e mais Esteves da Silva. recentemente Bright Bird (em trio com o Tem colaborado com grupos e orques- contrabaixista Mario Franco e o baterista tras de jazz tais como Big Band de Estarreja, Samuel Rohrer). Orquestra Jazz do Porto e Orquestra Jazz Ao longo dos anos são inúmeras as colabo- de Matosinhos, com artistas como Manuela rações, em concertos e discos, com músicos Azevedo, Luís Represas e Ana Paula More- nacionais e estrangeiros. De destacar parti- lenbaum. No âmbito do Prémio de Composi- cularmente os trabalhos com Ricardo Rocha, ção Bernardo Sassetti, grava o primeiro disco Carlos Bica, Cláudio Puntin, Samuel Rohrer, de Pedro Melo Alves’ Omniae Ensemble, que Jean­‑Luc Fillon, Peter Epstein, Ricardo Dias e se apresentou na Festa do Jazz do S. Luiz, no Dennis González no campo da música instru- Festival Valado dos Frades, no Rampa Jazz e mental; e também as parcerias com os canto- no European Jazz Conference (CCB Lisboa). res Vitorino, Sérgio Godinho, Filipa Pais, Ana Com o líder do grupo e o contrabaixista Hugo Brandão, Maria Ana Bobone, Cristina Branco Antunes, partilha também o projecto symph, e Ricardo Ribeiro, entre outros. com apresentações na Casa da Música, no Tem vindo a trabalhar cada vez mais O’culto da Ajuda e no Sudtirol Jazz Festival noutras áreas como a poesia­ (dois livros publi- (Bolzano, Itália). cados e colaborações em revistas, de papel e Como compositor, escreveu em parceria online) e o teatro, enquanto tradutor e músico ­ com Pedro Lima e Francisco Fontes a ópera (Beckett, Ibsen, Strindberg, Brecht). Interessa­ THEATRO – um ensaio geral, encomendada ‑se por aproximações e diálogos entre a pelo Conservatório de Música Calouste música e outras artes, tendo assinado traba- Gulbenkian de Braga e apresentada no Thea- lhos conjuntos com o fotógrafo José Luís Neto tro Circo. Mais tarde, no âmbito dos Labora- e composto, por exemplo, a banda sonora do tórios de Verão do GNRation, escreve a ópera filmeNenhum Nome de Gonçalo Waddington. de câmara Precisas de Falar?, novamente É professor da Licenciatura em Jazz na em parceria com o compositor Francisco Escola Superior de Música de Lisboa. Fontes. Na edição 2016 Prémio Jovens Músi- cos, obteve o 2º lugar na categoria Combo

8 Jazz, com o Sócrates Bôrras Quarteto. Mais Bugge Wesseltoft, , Charlie Haden, tarde e fruto do concurso Cena Jovem Jazz. , , Anders Jormin e pt, grava juntamente com Miguel Rodrigues . É um dos poucos músicos que e Demian Cabaud. É co­‑fundador e membro trabalharam com três dos mais importantes do grupo MAYOKONDOR, que em 2017 ganha compositores de jazz contemporâneo: Carla o concurso Laboratórios de Verão onde Bley, George Russell e Gil Evans. realiza uma instalação de realidade virtual e É autor de mais de 350 composições. Foi dois concertos no festival Noite Branca em convidado para escrever para ensembles Braga. Em 2018 inicia o mestrado em Music de várias dimensões no âmbito do jazz e da Performance no Rytmisk Musikkonservatoriu música erudita contemporânea. Entre a sua em Copenhaga. música, incluem­‑se colaborações com a UMO Jazz Orchestra (Finlândia) e a Bergen Big Band (Noruega), ao saxofonista John Harle e Andy Sheppard saxofone tenor a Bournemouth Sinfonietta, o City of London Festival, Bigger Sky e o Norfolk & Norwich Enquanto compositor, líder e artista da editora Festival, a Northern Sinfonia e European ECM, Andy Sheppard é um dos principais Green Capital. A sua obra de grande escala saxofonistas europeus e um dos poucos britâ- mais recente foi encomendada pelo Bristol nicos que tiveram um impacto significativo no International Jazz & Blues Festival em cola- panorama internacional do jazz, tanto a solo boração com o Bristol Film Festival em 2017 – como em big band e em orquestra de câmara. uma partitura para o filmeMetropolis de 1927. Depois de uma temporada em Paris, onde Desde 2008, a ECM editou quatro álbuns tocou com grupos como a banda Urban Sax, aclamados de Andy Sheppard: Movements regressou ao Reino Unido em meados dos in Colour (2008), Trio Libero (2012), Surrou‑ anos 80 para gravar o disco Andy Sheppard nded by Sea (2015) e Romaria (2018). A estes para a Antilles/Island Records, com Steve juntam-se discos em trio com os lendários Swallow como produtor – o início de uma e : Trios (2013) e ligação musical que ainda perdura. Desde (2016). Romaria é o capí- então, gravou para editoras como Blue Note, tulo mais recente de uma história iniciada Verve, e Provocateur. Colaborou com a gravação de Trio Libero com o baixista com artistas tão variados como o percus- Michel Benita e o baterista Sebastian Roch- sionista brasileiro Naná Vasconcelos, o ford em 2011. O disco Surrounded By Sea, de violinista indiano L. Shankar, a música folk 2014, contou com na guitarra inglesa Kathryn Tickell, o especialista em e electrónica numa formação que passou a tabla Kuljit Bamhra, os compositores-intér- quarteto. Entre várias excelentes críticas, a pretes eruditos contemporâneos John Harle revista Downbeat considerou­‑o uma “banda e Joanna MacGregor, os cantautores John sonora para nos perdermos nas estrelas”. Martyn e Elvis Costello e ainda uma miríade Andy Sheppard recebeu o prestigiante de grandes figuras do jazz – incluindo Steve prémio de Músico de Jazz Europeu do Ano Swallow, , , 2016, atribuído por L’Académie du Jazz. Eivind Aarset, Marilyn Mazur, Ketil Bjørnstad,

9 Orquestra Jazz de Matosinhos A OJM actua regularmente nas principais salas do país e tem feito digressões a várias A Orquestra Jazz de Matosinhos foi criada cidades da Europa e dos Estados Unidos, em 1997 e tem o apoio da Câmara Municipal incluindo Barcelona (residência de quatro de Matosinhos desde 1999. Promove conti- anos no Voll­‑Damm Festival Internacional nuamente a criação, a investigação, a divul- de Jazz de Barcelona), Belgrado, Bruxe- gação e a formação na área do jazz, cruzando las, Marselha, Viena (Konzerthaus com Kurt a ambição internacional com o sentido de Rosenwinkel), Milão, Boston (Beantown Jazz responsabilidade local. Festival) e Nova Iorque. Nesta cidade, realizou A 5 de Outubro de 2017, no ano em que temporadas nos clubes Birdland, Jazz Stan- celebrou 20 Anos, a OJM foi convidada a dard, Jazz Gallery e Iridium, actuou no Blue participar nas comemorações do 107.º aniver- Note e foi a primeira formação portuguesa de sário da Implantação da República no Palácio jazz a participar num festival norte­‑americano de São Bento em Lisboa, e recebeu a Medalha (JVC Jazz Festival, Carnegie Hall, em 2007). de Mérito Cultural do Primeiro­‑Ministro, Antó- A discografia da OJM é o reflexo de algu- nio Costa, e do Ministro da Cultura, Luís Filipe mas das suas colaborações mais sólidas: Castro Mendes. Orquestra Jazz de Matosinhos Invites: Chris Constituindo uma autêntica orquestra Cheek (Fresh Sound New Talent, 2006), nacional de jazz, apresenta repertórios de Portology, com como composi- todas as variantes estéticas e de todas as tor e solista principal (Omnitone, 2007); Our épocas do jazz. Dirigida por Pedro Guedes Secret World com Kurt Rosenwinkel, lançado e Carlos Azevedo, colaborou com Maria nos EUA e em Portugal (WomMusic, 2010); Schneider, Carla Bley, Lee Konitz, John Amoras e Framboesas com a cantora Maria Hollenbeck, Jim McNeely, Kurt Rosenwinkel, João (Universal Music, 2011); Bela Senão Sem João Paulo Esteves da Silva, Carlos Bica, com arranjos originais sobre a música do Ingrid Jensen, Bob Berg, Conrad Herwig, pianista João Paulo Esteves da Silva (TOAP, Mark Turner, Rich Perry, Steve Swallow, Gary 2013); Jazz Composers Forum: today’s Valente, Dieter Glawischnig, Stephan Ashbury, european­‑american big band writing, trabalho Chris Cheek, Ohad Talmor, Joshua Redman, que resultou da gravação de oito encomen- Andy Sheppard, Dee Dee Bridgewater, Fred das feitas a oito compositores – quatro ameri- Hersch, Rebecca Martin, Peter Evans, Maria canos e quatro europeus – para o ciclo de Rita, Maria João, Mayra Andrade, Manuela concertos com o mesmo nome (TOAP, 2014). Azevedo, Sérgio Godinho e Manel Cruz. Parti- A partir de 2018, a orquestra está a lhou o palco com a Orquestra Sinfónica do ocupar o CARA – Centro de Alto Rendimento Porto Casa da Música, o Remix Ensemble Artístico, em Matosinhos, um espaço com Casa da Música, o Drumming e o Quarteto de 800 m2 onde se promove o diálogo entre arte, Cordas de Matosinhos. A parceria que desen- ciência e tecnologia. Este espaço foi inau- volve com a Casa da Música desde 2007 dá gurado oficialmente em Setembro de 2018 lugar à apresentação de dois projectos inédi- e está preparado para acolher concertos, tos por ano nesta sala de concertos. ensaios, gravações e as iniciativas do serviço educativo da OJM.

10 Madeiras José Luís Rego João Guimarães Mário Santos José Pedro Coelho Rui Teixeira

Trompetes Luís Macedo Ricardo Formoso Rogério Ribeiro Javi Pereiro

Trombones Daniel Dias Álvaro Pinto Xavier Sousa Gonçalo Dias

Secção Rítmica Carlos Azevedo (piano) Eurico Costa (guitarra) Demian Cabaud (contrabaixo) Marcos Cavaleiro (bateria)

11 MECENAS ORQUESTRA SINFÓNICA APOIO INSTITUCIONAL MECENAS PRINCIPAL DO PORTO CASA DA MÚSICA CASA DA MÚSICA