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XIV Jornada de Iniciação Científica Meio Ambiente

Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul

Porto Alegre, RS 11 a 14 de setembro de 2018

Citação recomendada:

JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA – MEIO AMBIENTE, 14., 11-14 set. 2018, Porto Alegre. Resumos... Porto Alegre: FZBRS, 2018. 121p.

Dados Internacionais de Catalogação na Fonte (CIP)

J82 Jornada de Iniciação Científica - Meio Ambiente, 14., 11-14 setembro 2018, Porto Alegre. - Resumos... - Porto Alegre: FZBRS, 2018. 121p.

1.-Meio ambiente - RS. I.Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul. II. Título. CDU 502.7(816.5)

Bibliotecária: Sílvia Maria Jungblut CRB 10/644 Coordenação Geral

Ana Maria Ribeiro (FZB)

Comissão Organizadora

Secretaria e Coordenação de Monitorias Simone Baes das Neves Thais Matos Pereira Ferreira

Monitores Ágata Ferreira Ribas Bibiana Campanher Ramos Caroline Nectoux Culau Danielle Gomides Domingues Deivid Pereira Dener Heiermann Diego Dutra Silveira Fernanda Oliveira da Silva Gustavo Berwanger Potrich João Pedro Baraldo Mello Júlia Fialho Soares Júlia Gomes Ilha Kassiane Garcia Gonçalves Larissa Marçal Laura Barbieri Alfaya Lilith Schneider Bizarro Luís Ricardo Schmitz Luiza Almeida Maria Eduarda Bernardino Cunha Marina Vieira da Rosa Mateus Zimmer Matteus Lirio Campo Nathalia Paz Nunes Paloma Linck Roberta Delgado Bauer Samuel Ferreira Gohlke Vanessa Maria Didoné William Souza Piovesani

Comissão de Apoio Caroline Maria da Silva (FZB) Diego Pascoal Vicente – TI (FZB) Renato Zolet - TI (FZB)

Coordenação Científica Aline Barcellos Prates dos Santos (FZB)

Comissão Científica

Aline Barcellos Prates dos Santos (FZB) Ana Maria Ribeiro (FZB) Glayson Ariel Bencke (FZB) Ingrid Heydrich (FZB) Jan Karel Felix Mahler Junior (FZB) Janine Oliveira Arruda (FZB) Jorge Ferigolo (FZB) Luciano de Azevedo Moura (FZB) Márcia de Assis Jardim (FZB) Marco Aurélio Azevedo (FZB) Natividad Fagundes (FZB) Patrick Colombo (FZB) Priscila Porto Alegre Ferreira (FZB) Roberto Baptista de Oliveira (FZB) Rosana Moreno Senna(FZB) Tatiane Campos Trigo (FZB) Vera Regina Werner (FZB) Vinícius Araújo Bertaco (FZB)

Ministrantes de Minicursos

Adriane Parraga (UERGS) Clódis Andrades Filho (UERGS) Flávio Flores Pires (FZB) Glayson Ariel Bencke (FZB) Ingrid Heydrich (FZB) Jan Karel Felix Mahler Junior (FZB) Marcelo Negreiros (UERGS) Marco Aurélio Azevedo (FZB) Mateus da Silva Reis (UERGS) Mirayr Quadros (UERGS) Patrick Colombo (FZB) Vera Regina Werner (FZB) Apresentação

Dizem que vivemos tempos duros. E vivemos, de fato. Costuma-se dizer, também, que tempos de crise são tempos de reação e de crescimento. Pois nós, da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul, escolhemos continuar reagindo.

A Jornada de Iniciação Científica - Meio Ambiente (JIC), em suas 14 edições ininterruptas, é uma das respostas mais desafiadoras, entusiasmadas e otimistas que nós, profissionais e estudantes desta Instituição, temos a dar, tanto aos nossos milhares de apoiadores quanto aos nossos poucos algozes. Por alguns dias, todos os anos, nos negamos a falar de crise, mostramos nosso trabalho, aprendemos com o trabalho de outros colegas e de outras instituições e dizemos, alto e bom som: sim, estamos vivos, fazendo o que gostamos e o que devemos fazer: Ciência.

Neste livro, encontram-se os resumos dos trabalhos apresentados na XIV JIC por quase uma centena de estudantes entusiasmados, dedicados e cheios de garra. Boa leitura!

Comissão Organizadora - XIV JIC

Sumário

Biologia Marinha ...... 7 Botânica e Ecologia Vegetal ...... 10 Ecologia Aplicada ...... 26 Ecologia/Zoologia de Invertebrados ...... 29 Ecologia/Zoologia de Vertebrados - Herpetologia ...... 40 Ecologia/Zoologia de Vertebrados - Ictiologia ...... 51 Ecologia/Zoologia de Vertebrados - Mastozoologia ...... 59 Ecologia/Zoologia de Vertebrados - Ornitologia ...... 66 Ecotoxicologia ...... 72 Educação Ambiental ...... 75 Educação em Ciências ...... 83 Engenharia Ambiental ...... 90 Engenharia de Bioprocessos ...... 94 Genética Ambiental/Toxicológica ...... 96 Gestão Ambiental ...... 99 Museologia das Ciências Biológicas ...... 106 Paleontologia ...... 111

Biologia Marinha

XIV Jornada de Iniciação Científica - Meio Ambiente Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul Porto Alegre, RS, 11 a 14 de setembro de 2018

Análise quali-quantitativa de microplásticos no sedimento arenoso de praias no Litoral Norte do Rio Grande do Sul

Ingrid Schneider, Daiana Maffessoni (orient.)

Universidade Estadual do Rio Grande do Sul; [email protected]; [email protected]

A poluição por materiais plásticos nos oceanos, principalmente por itens de plástico inferiores a 5 mm, denominadas de microplásticos (MPs), é um problema ambiental marinho onipresente. Esférulas de plástico virgem (pellets) e partículas de plástico utilizadas pela indústria de cosméticos são definidos como microplásticos primários e chegam ao ambiente marinho pela perda durante a sua cadeia produtiva e através do despejo de águas residuais. MPs secundários resultam da fragmentação de plásticos maiores, devido ao processo de degradação físico-química. Este estudo buscou avaliar quantitativamente os microplásticos e caracterizar quais os tipos de plástico (pellets e/ou fragmentos) predominam em três praias arenosas do Litoral Norte do Rio Grande do Sul: Torres – Praia Grande, Capão da Canoa e Cidreira – Cabras. Nos meses de janeiro (verão) e abril (outono) de 2018, realizaram-se as coletas em três pontos em cada praia, sendo que em cada ponto, delimitaram-se dois locais de coleta: uma na zona de estirâncio e outra nas dunas embrionárias. O sedimento superficial foi coletado com o uso de um quadrante de 50 x 50 cm. No laboratório, as amostras foram secas em estufa a 100ºC, peneiradas em peneiras granulométricas com malhas de 1 mm e 4,75 mm e, classificadas em fragmentos ou pellets. Nas três áreas de coleta, obteve-se um total de 574 MPs, correspondendo a 291 pellets e 283 fragmentos. A praia das Cabras apresentou maiores quantidades de MPs, 452 unidades (276 pellets e 176 fragmentos), seguida por Capão da Canoa e Torres, com 62 (54 fragmentos e 8 pellets) e 60 (53 fragmentos e 7 pellets), respectivamente. No mês de janeiro, foi coletada a maior quantidade de MPs: 407 unidades, sendo 187 fragmentos e 220 pellets Enquanto que em abril, foram encontrados 167 MPs (96 fragmentos e 71 pellets). Em todos os meses, nas Cabras foram coletadas as maiores quantidades de MPs. Durante o período da pesquisa, observou-se que as condições ambientais interferem na presença dos MPs. Na coleta de janeiro, o mar estava mais agitado, o que pode explicar a quantidade ter sido mais expressiva do que na de abril, em que as condições do mar estavam mais brandas. Os pellets foram o tipo de plástico mais encontrado durante as duas coletas, demonstrando que há uma perda significativa para o ambiente, principalmente na praia das Cabras, o que requer atenção especial quanto a origem, bem como, mecanismos de controle para a redução do lançamento desse material no ecossistema marinho.

XIV JIC - Livro de Resumos 8

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A percepção dos pescadores artesanais sobre a pesca cooperativa e a importância dos botos (Tursiops truncatus) em dois estuários do sul do Brasil

Yasmin Camargo Gonçalves1, Paulo Henrique Ott2,3 (orient.)

1- Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS); 2 - Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS); 3 - Grupo de Estudos de Mamíferos Aquáticos do Rio Grande do Sul (GEMARS); [email protected]; [email protected]

As populações costeiras do boto, Tursiops truncatus (Montagu, 1821), apresentam uma associação única com pescadores artesanais de tarrafa em diversas localidades do sul do Brasil. No presente estudo, foi realizada uma análise comparativa da percepção desses pescadores sobre a importância da espécie nos estuários dos rios Tramandaí (Tdai.) e Mampituba (Mamp.), no litoral norte do Rio Grande do Sul. Entre 16 de maio e 18 de junho de 2018, foi aplicado um questionário estruturado, contendo 20 perguntas fechadas e abertas, abordando questões sobre o perfil dos pescadores e a percepção deles a respeito do boto. Um total de 18 pescadores, sendo nove de cada localidade, respondeu ao questionário. O perfil geral dos pescadores foi bastante similar entre as duas localidades em relação à idade média (Tdai. = 55,2 anos, DP = 15; Mamp. = 54,1 anos, DP= 12,9), e ao nível de escolaridade, caracterizado pelo ensino fundamental (Tdai. = 66,7%; Mamp. = 77,8%). Por outro lado, o número de pescadores associados às colônias de pesca (Tdai. = 55,6%; Mamp. = 33,3%) e a frequência de pesca diária (Tdai. = 44,4%; Mamp. = 77,8%) diferiram ligeiramente entre os entrevistados de cada estuário. Em relação ao número de botos, os pescadores de Tramandaí informaram que existem entre seis e nove botos que utilizam o estuário na região, os quais são reconhecidos individualmente e possuem nomes próprios. Por outro lado, no Mampituba, a maioria (77,8%) dos pescadores informou que apenas um boto frequenta o estuário, e que este não teria um nome, ou mesmo que os botos não utilizam mais o rio. Contudo, os pescadores das duas localidades consideraram, na mesma proporção, que o boto é muito importante (88,9%) ou importante (11,1%) para a pesca. Porém, quando questionados a respeito do que aconteceria com o desaparecimento dos botos, 77,8% dos pescadores de Tramandaí disseram que a pesca diminuiria, enquanto esta mesma opinião foi indicada por apenas 44,4% dos pescadores do Mampituba. Do ponto de vista do manejo, quando questionados o que poderia ser feito para que a pesca cooperativa com os botos fosse mantida, os pescadores nas duas localidades indicaram a importância de uma maior fiscalização da pesca (Tdai. = 44,4%; Mamp. = 77,8%), com um especial destaque para a pesca irregular com redes dentro do rio Mampituba. Os resultados encontrados reforçam a importância dada pelos pescadores aos botos e indicam a clara necessidade de ações concretas para garantir a conservação da espécie na região.

XIV JIC - Livro de Resumos 9 Botânica/Ecologia Vegetal

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Atividade antifúngica de Orthostichella pentasticha (Brid.) W.R. Buck (Lembophyllaceae, Bryophyta) sobre Cryptococcus neoformans

Christchellyn Klegin Rodrigues1,2, Ênio Lupchinski Júnior1 (coorient.), Eduardo Miranda Ethur2; Juçara Bordin1 (orient.)

1 - Universidade Estadual do Rio Grande do Sul; 2 - Universidade do Vale do Taquari; [email protected]; [email protected]

O gênero Cryptococcus e composto por fungos leveduriformes encapsulados, pertencentes à classe Blastomycete. A espécie Cryptococcus neoformans é reconhecida como um patógeno oportunista, responsável, principalmente, pela criptococose em indivíduos imunocomprometidos, como aqueles acometidos pelo vírus HIV. A Criptococose é uma infecção, podendo se apresentar de forma disseminada, acometendo vários órgãos, causando a micose sistêmica, ou ainda, devido ao fato do fungo ter maior afinidade pelo SNC, a meningoencefalite, que é a forma com maior taxa de mortalidade. Embora esta seja a forma mais letal, a infecção pulmonar é a mais frequente. Orthostichella pentasticha (Brid.) W.R. Buck é uma espécie de musgo, com exclusiva ocorrência no Domínio Mata Atlântica, Brasil, pertencente à divisão Bryophyta, e faz parte da família Lembophyllaceae. A utilização de briófitas como fonte de compostos bioativos por muito tempo foi desconsiderada ou mesmo desconhecida pela ciência. No entanto, estudos recentes comprovam que as briófitas são um armazém de compostos naturais pouco comuns. Desta maneira, este trabalho teve como objetivo demonstrar a sensibilidade dos compostos antifúngicos extraídos da espécie O. pentasticha sobre o fungo C. neoformans. O extrato etanólico de O. pentasticha foi obtido por maceração estática a frio. A atividade antifúngica foi determinada a partir da concentração inibitória mínima – CIM e, para tanto, analisou-se a concentração mínima necessária para impedir o crescimento microbiano (ação fungiostática); e a concentração fungicida mínima – CFM, concentração mínima necessária para que ocorra a morte microbiana (ação fungicida). Os resultados obtidos através do teste de sensibilidade – CIM demostraram que o isolado fúngico foi sensível ao extrato de O. pentasticha, sendo que a ação fungiostática ocorreu na concentração de 312 μg/mL e, a ação fungicida ocorreu na concentração de 625 μg/mL. Estes resultados demonstraram que esta espécie apresenta grande potencial para obtenção de compostos bioativos, no entanto, estudos especí́ficos sobre fitoquí́micos de briófitos ainda são pouco conduzidos, especialmente no Brasil, fato que enaltece a necessidade e importância da continuidade dos experimentos.

XIV JIC - Livro de Resumos 11

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A coleção de Blechnaceae (Monilophyta) do Herbário Prof. Dr. Alarich Rudolf Holger Schultz (HAS), Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul (FZB-RS)

Danielle Gomides Domingues1,2, Rosana Moreno Senna1 (orient.)

1 - Museu de Ciências Naturais, Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul; 2 - Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS); [email protected]; [email protected]

O Herbário Prof. Dr. Alarich Rudolf Holger Schultz foi oficializado em 1975 e conta com um acervo de 150.000 registros com representantes de algas, plantas vasculares, briófitas e fungos, principalmente da flora regional. A família Blechnaceae (Monilophyta), representada no Brasil por apenas dois gêneros, Salpichlaena e Blechnum teve, recentemente, rearranjos para as espécies de B. Blechnaceae caracterizam-se pelos soros abaxiais alongados, paralelos e próximos ao eixo dos segmentos ou à nervura mediana, recobertos por indúsio introrso. Este trabalho tem como objetivo relatar a organização, atualização taxonômica e informatização da coleção científica da família Blechnaceae do herbário HAS. Todo o material da coleção de Blechnaceae está sendo organizado e as informações contidas nos rótulos junto às exsicatas são comparadas com as disponíveis em uma planilha de dados. A atualização taxonômica está sendo realizada utilizando a classificação adotada no projeto Flora do Brasil 2020 e novos registros de espécimes que ainda não haviam sido digitados estão sendo adicionados à planilha. Até o presente momento, a coleção científica da família possui 211 registros de espécimes. Deste número total, 41 registros novos foram adicionados à planilha de dados. De acordo com os registros do HAS, as coletas foram realizadas somente no Brasil, sendo o Rio Grande do Sul o estado que apresenta maior número de registros de coleta. Os gêneros desta família presentes na coleção científica são: Austroblechnum, Blechnum, Lomaria, Lomaridium, Lomariocycas, Neoblechnum, Parablechnum e Telmatoblechnum. Blechnum apresenta 98 registros de espécimes, representando 46% da coleção de Blechnaceae, seguido pelos gêneros Neoblechnum (13%) e Lomariocycas (12%). Ao total, foram compiladas 19 espécies e um híbrido na coleção, sendo que destes táxons, apenas uma espécie não tem registro de ocorrência para o RS. Os resultados deste trabalho, mesmo que ainda estejam sendo construídos, estão contribuindo para a qualificação da família Blechnaceae na coleção científica de pteridófitas (Monilophyta e Lycophyta) do Herbário HAS.

Apoio: CNPq/PIBIC

XIV JIC - Livro de Resumos 12

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Dinâmica de biomassa arbórea acima do solo em dois sítios de Mata Atlântica no sul do Brasil

Giuliano Zanette Ramos1, Sandra Cristina Müller (orient.)2, Kauane Maiara Bordin (coorient.)2

1 - Graduando em Ciências Biológicas Universidade Federal do Rio Grande do Sul; 2 - Programa de Pós-Graduação em Ecologia, Departamento de Ecologia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, [email protected]; [email protected]

A dinâmica de biomassa em florestas tem se mostrado uma boa ferramenta para conhecer variações entre comunidades florestais. São importantes para essa dinâmica os processos demográficos dessas comunidades, que correspondem a taxas de crescimento (TC), recrutamento (TR) e de mortalidade (TM). Estes processos permitem identificar ganhos e perdas de biomassa ao longo do tempo na comunidade florestal. O objetivo do estudo foi comparar a dinâmica de biomassa em duas regiões na Mata Atlântica subtropical. O primeiro sítio é em uma área de Floresta Ombrófila Densa, em Maquiné (RS), e o segundo está localizado na FLONA-Chapecó (FNC), em Guatambu (SC), em uma área de transição entre Floresta com Araucária e Floresta Estacional. Foram analisadas 23 parcelas permanentes em cada sítio, respectivamente, de 100m² e 500m². Para analisar a dinâmica da biomassa foram consideradas duas amostragens por sítio em tempos diferentes. Todos os indivíduos com diâmetro à altura do peito (DAP) > 10 cm foram marcados, identificados e medidos em ambas as amostragens. Para estimar a biomassa por comunidade foi utilizada a equação (AGB=0.0673*(pD²H)^0.976), considerando-se DAP do indivíduo (D), a densidade da madeira da espécie (p) e a altura do indivíduo (H). A TC foi obtida através dos valores de biomassa no t1-t0/t, a taxa anual de biomassa de recrutados foi obtida por (TR/t) e a taxa de mortalidade por (TM/t); onde t=tempo (em anos). O incremento foi calculado a partir da soma de TC e TR e a variação líquida da biomassa através de (TC+TR)-TM. Todas as taxas representam valores de Mg/ano. Utilizamos testes T para comparar as taxas obtidas em cada um dos sítios, considerando um alfa de 0,05. Apenas a TR não diferiu entre os sítios (FNC ≈ 0,03; Maquiné ≈ 0,02). A TC e TM foram maiores na FNC (TC ≈ 0,22 e TM ≈ 0,27); do que em Maquiné (TC ≈ 0,1 e TM ≈ 0,03). O incremento em biomassa foi de ≈ 0,24 na FNC e de ≈ 0,1 Maquiné. Já a variação líquida da biomassa foi maior e positiva no sítio de Maquiné ≈ 0,09 e ligeiramente negativa na FNC, ≈ -0,02. A maior TC na FNC elevou a taxa de incremento e o ganho em biomassa das comunidades desta floresta em relação às comunidades de Maquiné. Por outro lado, o sítio da FNC também apresentou maior taxa de mortalidade. Os resultados indicam que a dinâmica em florestas subtropicais pode apresentar-se distinta conforme o tipo florestal e o sítio de estudo. A princípio, as comunidades localizadas na FNC são mais dinâmicas que as localizadas em Maquiné.

Apoio: CNPq

XIV JIC - Livro de Resumos 13

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Avaliação regional de risco de extinção de espécies do gênero Myrceugenia O.Berg (Myrtaceae) utilizando coleções biológicas com dados revisados

João Pedro Baraldo Mello1,2, Martin Molz1 (orient.)

1 - Museu de Ciências Naturais, Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul. 2 - Universidade Federal do Rio Grande do Sul; [email protected]; [email protected]

Os constantes cortes de recursos para pesquisa têm levado a um uso cada vez mais frequente de dados de coleções biológicas para a previsão de características ecológicas, distribuição de espécies e avaliações de risco de extinção, entre outras aplicações. É necessário, contudo, lidar com fatores limitantes como a falta de determinação taxonômica de alta qualidade e de dados georreferenciados. Critérios de distribuição geográfica são responsáveis, por exemplo, pela presença de quase metade das espécies ameaçadas presentes na Lista Vermelha da União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN). Em nível regional, no Estado do Rio Grande do Sul (RS), 74% das espécies de plantas listadas como ameaçadas foram categorizadas a partir de critérios de distribuição geográfica. Neste trabalho utilizamos as espécies nativas no RS de Myrceugenia O.Berg (Myrtaceae), gênero exclusivamente sul-americano e associado a áreas úmidas, sobretudo de altitude, como um modelo para testar as avaliações das espécies do gênero presentes na lista de ameaçadas de extinção no Estado e também daquelas ausentes. Foram utilizados os dados de cinco herbários, totalizando quase dois mil espécimes revisados que, quando necessário, foram georreferenciados a partir dos dados constantes nos rótulos das exsicatas. Adicionalmente, utilizaram-se mais de 100 registros de um banco de dados georreferenciados de espécies arbóreas no RS. Foram elaborados então mapas de distribuição e foi calculada a extensão de ocorrência (EOO) para cada uma das 15 espécies nativas. A avaliação preliminar revelou que, pelos critérios de IUCN, surpreendentemente 11 das 15 espécies se encontram regionalmente ameaçadas, apesar de somente duas estarem presentes na lista oficial de 2014. Posteriormente a avaliação será ajustada com base na área de ocupação e disponibilidade de habitat. Os mapas indicam que a distribuição do gênero é muito mais ampla no Estado do que anteriormente reputada na literatura. Além da escassez de conhecimentos sobre a distribuição das espécies, nossos resultados sugerem que um número bem maior de táxons de outros grupos pode estar igualmente ameaçado. A revisão dos dados por especialista se mostrou imprescindível, visto que 37% das exsicatas foram corrigidas ou careciam de determinação taxonômica. O próximo passo será a utilização dos dados de distribuição para modelagem e simulação de cenários futuros frente a possíveis mudanças climáticas.

Apoio: PIBIC-CNPq/ FZBRS

XIV JIC - Livro de Resumos 14

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Avaliação da composição de cianobactérias e microalgas formadoras de florações na água do lago da Praça Itália, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil

Jordana Schmaedeck Boelter1, 2, Vera Regina Werner1 (orient.)

¹Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul (MCN-FZB/RS); ²Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS); [email protected]; vera- [email protected]

A diversidade do fitoplâncton é indicadora da qualidade da água. Dentro do fitoplâncton, as cianobactérias têm recebido especial atenção devido à capacidade de formarem as florações das águas, conferindo coloração, odor e sabor, além da potencial toxicidade de algumas espécies, o que pode dificultar, ou até mesmo inviabilizar, o uso da água para recreação e potabilidade. A água do lago da Praça Itália é esverdeada pela ocorrência desses fenômenos. O presente trabalho teve como objetivos realizar análises taxonômicas e quantitativas, visando o conhecimento da biodiversidade, especialmente das cianobactérias potencialmente tóxicas, e seus aspectos ecológicos. As amostras foram coletadas mensalmente (setembro/2017 a março/2018), em dois locais do lago, com rede de plâncton (30 µm) e pela passagem de frascos na superfície d’água; preservadas com formol 4% e solução lugol, respectivamente. Estas foram tombadas no herbário HAS do MCN-FZB/RS. As análises taxonômicas foram realizadas em microscópio óptico (400- 1.000x) e as quantitativas em microscópio invertido (400x) segundo o método Utermöhl. Tratam- se de florações mistas formadas por cianobactérias e desmídias (Chlorophyta). Foram identificadas seis espécies de cianobactérias potencialmente tóxicas, destacando-se Cylindrospermopsis raciborskii (espécie invasora e produtora de vários tipos de toxinas). Com 100% de frequência (FO), a espécie foi abundante em 57% das amostras analisadas, atingindo a densidade máxima em outubro/2017 (18.481 ind/mL). As outras cianobactérias com 100% de FO foram: Aphanocapsa annulata, Microcystis aeruginosa, Planktolyngbya contorta e Radiocystis fernandoi. Staurastrum sp. e Staurodesmus sp. foram as desmídias presentes nas florações. A primeira se destacou como dominante em 50% das amostras e como abundante em 50%, alcançando a densidade máxima (450.839 ind/mL) em março/2018. Staurodesmus sp. foi abundante em 35% das amostras. A maior riqueza específica de cianobactérias ocorreu no verão (janeiro e fevereiro), com 11 espécies identificadas em cada mês. Durante o estudo, a água variou de levemente ácida a básica (pH 6,1-8,7), a temperatura da água de 17-33°C e a condutividade de 63,9-116 µS/cm. A contínua incidência de florações no lago da Praça Itália, com presença expressiva de cianobactérias produtoras de toxinas, coloca em risco a biota aquática e a comunidade associada. Assim, a correta identificação desses organismos é fundamental para subsidiar a manutenção deste corpo d’água.

Apoio: PROBIC-FAPERGS/ FZBRS

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Composição florística de epífitos vasculares no Jardim Botânico de Porto Alegre

Júlia Fialho Soares1,2, Natividad Ferreira Fagundes1 (orient.)

1 - Jardim Botânico de Porto Alegre, Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul; 2 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul; [email protected]; [email protected]

Os epífitos vasculares são plantas que, durante todo o seu ciclo de vida ou em parte dele, utilizam outras plantas, os forófitos, como suporte físico para o seu desenvolvimento. Estudos sobre a sua ocorrência espontânea em áreas verdes urbanas, como jardins botânicos, contribuem para o conhecimento da flora local e fornecem dados para avaliar a interferência antrópica sobre comunidades epifíticas. Os objetivos deste estudo são identificar as espécies de epífitos vasculares nativas de Porto Alegre que ocorrem espontaneamente no Jardim Botânico de Porto Alegre (JBPA), além de categorizá-las ecologicamente. O JBPA abrange cerca de 36 ha, com áreas onde predomina vegetação cultivada, nas quais se encontram coleções, gramados e canteiros ajardinados, e com áreas onde predomina vegetação espontânea, incluindo um relicto de campo dos morros graníticos de Porto Alegre. Foram realizadas, neste estudo, expedições de coleta mensais, abrangendo todas as estações do ano e toda a extensão do JBPA – inclusive as áreas onde predomina vegetação cultivada, pois há epífitos que ocorrem espontaneamente nas mesmas, ainda que seus forófitos sejam plantados. As plantas amostradas foram fotografadas, identificadas e herborizadas para posterior inclusão no herbário HAS. No total, foram registradas 37 espécies distribuídas em 13 famílias, sendo: 27 holoepífitos habituais, quatro holoepífitos facultativos, quatro holoepífitos acidentais e dois hemiepífitos. As angiospermas foram representadas por 24 espécies (64,86%), enquanto as pteridófitas por 13 (35,14%). As famílias mais ricas foram Polypodiaceae (dez espécies), Bromeliaceae (oito espécies) e Orchidaceae (sete espécies), contribuindo com 67,57% do total amostrado e 85,19% dos holoepífitos habituais. As espécies mais frequentes foram Tillandsia aeranthos, T. recurvata, Rhipsalis teres, Microgramma squamulosa, M. vacciniifolia, Pleopeltis pleopeltifolia e Serpocaulon menisciifolium. As áreas com maior riqueza corresponderam às coleções Savana Temperada, Fabaceae, Floresta Estacional, Gimnospermae, Bignoniaceae e Myrtaceae. Foi encontrada uma espécie ameaçada de extinção no Rio Grande do Sul (RS) – Cattleya intermedia. O JBPA possui uma considerável riqueza de epífitos vasculares, inclusive quando comparado a outras áreas do RS. Isso demonstra que, mesmo suscetível a interferências antrópicas, apresenta características ambientais que colaboram para a conservação da flora epifítica nativa.

Apoio: PIBIC-CNPq/ FZBRS

XIV JIC - Livro de Resumos 16

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As espécies de briófitas epífitas da Área de Proteção Ambiental Morro de Osório são as mesmas que ocorrem nos troncos em decomposição?

Kathiane Marques da Silva1, Andrei Luiz Nowtzki2, Juçara Bordin1 (orient.)

1Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS); 2Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Centro de Estudos Costeiros, Limnológicos e Marinhos; [email protected]; [email protected]

A Área de Proteção Ambiental Morro de Osório situa-se na Mata Atlântica, domínio fitogeográfico com maior número de espécies de briófitas (1.337), representando 87,7% do total de espécies do Brasil (1524). Do total de espécies do Brasil, 797 ocorrem sobre troncos vivos (epífitas) e 210 sobre troncos em decomposição (epixílicas). Na APA Morro de Osório, dados preliminares apontam a ocorrência de 39 espécies de briófitas epífitas e epixílicas. O presente estudo teve como objetivo verificar se as espécies epixílicas são as mesmas que ocorrem sobre troncos vivos. Foram comparados dados das coletas realizadas em 2014 e 2015 sobre 20 troncos vivos e 20 em decomposição. As espécies estão depositadas no Herbário HERW. A comparação foi feita através da elaboração de uma lista de espécies compilada em tabela de Excel. Para identificação de outros substratos onde as espécies ocorrem, foi utilizada a Flora do Brasil 2020. Verificou-se que 17 espécies são comuns a ambos os substratos; 16 são exclusivamente epífitas e 6 são exclusivamente epixílicas. Comparando com dados de literatura, verificou-se que as espécies comuns a ambos os substratos também ocorrem como terrícolas, rupícolas ou epixílicas, ou seja, comportam-se como generalistas. Das exclusivamente epífitas, sete ocorrem também como rupícolas e epixílicas e quatro como terrícolas. Dentre as espécies epixílicas, constatou-se que Schlotheimia rugifolia (Hook.) Schwägr. não era mencionada como epixílica, mas era citada apenas como epífita. As demais espécies epixílicas também foram citadas como epífitas, terrícolas e rupícolas. Portanto, 47,36% das espécies ocorrentes sobre os troncos em decomposição são as mesmas que já ocorriam sobre estes troncos quando os mesmos estavam vivos. Possivelmente, as demais espécies que ocupam esses troncos provêm de outros substratos disponíveis na área ou são advindas de esporos carregados pelo ar. Estudos a esse respeito deverão ser realizados a fim de se compreender melhor este processo de colonização.

Apoio: FAPERGS,/ Uergs

XIV JIC - Livro de Resumos 17

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Uso de ferramentas de morfometria para distinção de gramíneas do complexo Chascolytrum calotheca (Trim.) Essi, Longhi-Wagner & Souza-Chies x Chascolytrum juergensii (Hack.) Essi, Longhi-Wagner & Souza-Chies (Poaceae): resultados preliminares

Leonardo da Silveira de Souza, Tatiana Teixeira de Souza Chies (orient.), Leonardo Nogueira da Silva (coorient.)

Universidade Federal do Rio Grande do Sul; [email protected]; [email protected]

Chascolytrum Desv. é um gênero de gramíneas que compreende 22 espécies, sendo 18 são encontradas no Sul do Brasil, centro de diversidade do grupo. Sua delimitação taxonômica é recente, pois durante muito tempo suas espécies foram consideradas como morfologicamente relacionadas a Briza L. Os processos evolutivos que moldaram a atual diversidade do gênero ainda são pouco conhecidos, principalmente para espécies incluídas em complexos morfológicos e geográficos. O complexo formado por C. calotheca, C. ambiguum (Hack.) Essi, Longhi-Wagner & Souza-Chies e C. juergensii var. juergensii e C. juergensii var. angustilemma Essi, Longhi-Wagner & Souza-Chies, inclui táxons que são de difícil identificação devido à sobreposição dos caracteres morfológicos utilizados em suas determinações. Alguns destes táxons apresentam ampla variação morfológica, estando alguns morfotipos aparentemente relacionados e restritos a regiões de altitude. Assim, o objetivo deste estudo é realizar uma análise morfométrica para melhor delimitar os táxons, definir caracteres de importância taxonômica e testar a influência do gradiente altitudinal sobre estes caracteres. As plantas utilizadas provêm de coletas realizadas em expedições de campo nos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Rio de Janeiro e Minas Gerais, além de material oriundo de herbários. Para a análise, 16 caracteres qualitativos e quantitativos têm sido medidos, abrangendo comprimento total da planta e da sinflorescência, espiguetas e antécios. Os caracteres medidos foram selecionados com base em trabalhos anteriores, e estados de caráter qualitativos foram definidos conforme The Kew Plant Glossary. Características que se apresentaram autocorrelacionadas foram excluídas da análise. Para determinar a amplitude das variáveis quantitativas, foram gerados boxplots no programa estatístico R. Análises de agrupamento e de ordenação (NMDS) foram realizadas para a identificação de grupos morfológicos e definição de caracteres diagnósticos para a sua distinção. Os resultados preliminares indicam que a “razão entre comprimento e largura da espigueta”, “razão entre o comprimento e a largura do lema”, “indumento do lema” e “indumento da pálea” são os caracteres mais informativos na delimitação de grupos dentro do complexo. Além disso, um cluster incluindo todas as amostras de C. juergensii var. angustilemma e morfotipos afins sugere que este táxon deva ser melhor circunscrito e, possivelmente, elevado à categoria de espécie.

Apoio: CNPq

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XIV Jornada de Iniciação Científica - Meio Ambiente Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul Porto Alegre, RS, 11 a 14 de setembro de 2018

Guia de campo da flora nativa das dunas da Praia Grande, Torres, Rio Grande do Sul, Brasil

Maiquel Rodrigo Müller1, 2, Talita da Silva Dewes1, 3, Felipe Gonzatti 4 (coorient.), Juçara Bordin1 (orient.)

1 – Universidade Estadual do Rio Grande do Sul - UERGS, Litoral Norte; 2 - Bolsista de Iniciação Científica; 3 - Estudantes do Mestrado Profissional em Ambiente e Sustentabilidade - UERGS; 4 - Herbário da Universidade de Caxias do Sul - HUCS; [email protected]; [email protected]

As dunas costeiras são ecossistemas de alta importância biológica por abrigar elevada diversidade e vegetal. No entanto, estas áreas estão cada vez em maior grau de degradação, principalmente pela influência antrópica. O desenvolvimento de estudos nesses ecossistemas e a divulgação dos resultados para a comunidade em geral são, portanto, formas de contribuir para a sua conservação. As dunas costeiras da Praia Grande, município de Torres, RS, tiveram sua flora nativa inventariada no ano de 2016, desde a foz do Rio Mampituba até o primeiro afloramento rochoso, correspondendo a 2 km de extensão de faixa de praia. Neste levantamento, foram utilizadas parcelas, juntamente com o método de caminhamento para coleta de amostras. As espécies observadas foram fotografadas, coletadas e identificadas através de bibliografia e consulta a herbários e especialistas. As exsicatas foram depositadas no Herbário Dr. Ronaldo Wasum da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul – Litoral Norte (HERW). Foram identificadas 107 espécies nativas e sete naturalizadas, distribuídas em 46 famílias. Com o objetivo de informar à população e disponibilizar os dados para a comunidade científica e em geral sobre as espécies nativas ocorrentes nas dunas da Praia Grande, foi elaborado um guia rápido para identificação das espécies mais representativas. Foram selecionadas as 20 espécies que tiveram as maiores frequências de ocorrência obtidas no levantamento florístico. Para elaborar o guia, foram utilizadas fotos em alta resolução obtidas em campo, ferramentas de edição de imagem, juntamente com ferramentas do “Microsoft Office”, seguindo as regras do “Field Museum” para elaboração do “Rapid Color Guide”, o qual será publicado online e ficará disponível no site do Field Museum. Este guia será uma ferramenta importante, pois busca evidenciar a diversidade e importância das dunas costeiras da Praia Grande, a qual possui também grande importância como área de nidificação de diversas espécies de aves. Além disso, pela proximidade com o Refúgio da Vida Silvestre da Ilha dos Lobos e pela sua grande importância biológica, a Praia Grande faz parte da zona de amortecimento do REVIS. Este guia rápido será de fundamental importância para ampliar o conhecimento pela comunidade em geral a respeito das espécies nativas ocorrentes na área e assim, poderão contribuir para sua conservação, bem como para a conservação de toda a biodiversidade ali existente.

Apoio: FAPERGS/ UERGS

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Fenologia de Pteris deflexa Link (Pteridaceae): uma análise comparativa em Floresta com Araucária

Marina Zimmer Correa, Jairo Lizandro Schmitt (orient.), Andressa Müller (coorient.)

1 – Universidade Feevale; [email protected]; [email protected]

A fenologia é o estudo da relação entre eventos biológicos e fatores abióticos e ajuda a compreender como o clima influencia no desenvolvimento de espécies. O objetivo do estudo foi comparar a renovação foliar, os esporângios em formação e a senescência foliar de duas populações de Pteris deflexa e relacioná-los com temperatura, precipitação e fotoperíodo. No total, as fenofases de 23 espécimes situados na Floresta Nacional de São Francisco de Paula (RS) foram monitoradas de jan/16 até dez/17. Os indivíduos estão distribuídos em dois ambientes: 12 deles em uma borda natural da floresta (BN), delimitada por um cânion, e 11 deles no interior florestal (INT) a 100 metros de qualquer outra borda. O índice de atividade e de intensidade de Fournier foram calculados para os eventos vegetativos e reprodutivo. A temperatura média e a precipitação acumulada foram coletadas por uma estação meteorológica instalada próxima ao local de estudo e o fotoperíodo foi obtido por meio do anuário interativo do Observatório Nacional. A atividade e a intensidade das fenofases foram relacionadas com os dados abióticos por meio do teste de correlação de Spearman. As plantas da BN apresentaram maior frequência e intensidade de renovação foliar (em jan/16, 92% e 23%, respectivamente), de esporângios em formação (em jan/16, 25% e 6%, respectivamente) e de senescência foliar (em ago/16, 67% e 17%, respectivamente) em relação ao INT. A renovação foliar e a fertilidade dos indivíduos foram mais acentuadas na BN do que no INT, ao contrário da senescência foliar que foi mais acentuada no INT. Na BN, a frequência de indivíduos renovando suas folhas relacionou-se com o fotoperíodo (r=0,40; P<0,05) e a frequência de indivíduos e a intensidade de esporângios em formação relacionaram-se com a temperatura (r=0,41; P<0,05 para ambas). No INT, apenas a renovação foliar relacionou sua frequência de indivíduos e intensidade com temperatura (r=0,53; P<0,01; r=0,59; P<0,01, respectivamente) e com fotoperíodo (r=0,56; P<0,01; r=0,57; P<0,01, respectivamente). O fotoperíodo, variável astronômica, influenciou a renovação foliar tanto na BN quanto no INT, mostrando que a quantidade de horas de luz/dia desencadeia a produção de folhas novas. Além disso, a temperatura desencadeou o evento reprodutivo da BN, enquanto que essa mesma variável apenas influenciou o evento vegetativo do INT. Dessa maneira, os indivíduos de P. deflexa crescendo em borda natural foram os mais influenciados pelas variáveis abióticas.

Apoio: FAPERGS, CNPq e CAPES

XIV JIC - Livro de Resumos 20

XIV Jornada de Iniciação Científica - Meio Ambiente Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul Porto Alegre, RS, 11 a 14 de setembro de 2018

Avaliação da composição química e do rendimento do óleo essencial de Eucalyptus staigeriana durante o inverno

Tayná Trentin, Carine Pedrotti, Joséli Schwambach (orient.)

Laboratório de Controle Biológico de Doenças de Plantas / Laboratório de Biotecnologia Vegetal - Instituto de Biotecnologia - Universidade de Caxias do Sul, Caxias do Sul – RS – Brasil; [email protected]; [email protected]

Eucalyptus staigeriana é uma planta exótica, pertencente à família Myrtaceae, muito cultivada para a extração do óleo essencial (OE). O OE desta espécie possui propriedades antimicrobianas e inseticidas, porém, a composição do OE, bem como o seu efeito biológico, podem variar de acordo com as condições ambientais em que a planta se desenvolve. O objetivo deste trabalho foi avaliar a composição e o rendimento do OE de E. staigeriana durante os meses de inverno. Folhas de E. staigeriana foram coletadas em Caxias do Sul, no inverno (julho, agosto e setembro de 2017). Amostras desta espécie foram depositadas no herbário da Universidade de Caxias do Sul (número de registro 37937). As folhas foram secas em estufa a 30ºC e o OE foi extraído por hidrodestilação em aparelho clevenger por 1 hora. O rendimento foi calculado através da relação entre o volume de OE e o peso das folhas secas (% v/p). A determinação da composição química do OE foi realizada através dos espectros de massas, obtidos por CG-EM e os compostos identificados por comparação dos tempos de retenção obtidos com os tempos de retenção de hidrocarbonetos (série homóloga de C8-C26) que foram coinjetados com a amostra. Os índices de retenção e os espectros de massas foram comparados com dados da espectroteca Wiley e Nist e da literatura. O OE teve um rendimento de 4,1; 4,6 e 2,5 % nos meses de julho, agosto e setembro, respectivamente. Foram identificados 23 compostos, sendo que os compostos bem como a sua proporção variaram significativamente de acordo com o mês da coleta. Todos os OEs são constituídos principalmente de monoterpenos, sendo o geranial, o neral e o limoneno os compostos majoritários. O geranial variou de 23,16 a 30,43 %, assim como o neral com porcentagens entre 14,29 e 19,88 %, sendo que as maiores proporções de ambos foram encontradas no mês de agosto e as menores em setembro. O limoneno variou entre 10,15 e 17,16 %, com a maior proporção no mês de julho e menor proporção em agosto. Os demais compostos identificados foram: α-pineno, α-felandreno, mirceno, 1,8-cineol, γ-terpineno, cis-β-ocimeno, ρ- cimeno, δ-terpineno, citronelal, linalol, β-cariofileno, terpinen-4-ol, acetato de citronelila, acetato de terpinila, acetato de nerila, acetato de geranila, citronelol, nerol, geraniol e ácido gerânico. Estes resultados sugerem que há uma variação significativa no rendimento e na composição do OE de E. staigeriana nos diferentes meses do inverno.

Apoio: CNPq

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XIV Jornada de Iniciação Científica - Meio Ambiente Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul Porto Alegre, RS, 11 a 14 de setembro de 2018

Efeito de diferentes intensidades de pastejo sobre atributos funcionais da chuva de sementes em campos naturais subtropicais

Thiago Rambo Martins, Graziela Har Minervini Silva (coorient.), Gerhard Ernst Overbeck (orient.)

Laboratório de Estudos em Vegetação Campestre, Departamento de Botânica, Instituto de Biociências, Universidade Federal do Rio Grande do Sul; [email protected]; [email protected]

A dispersão de sementes é um processo importante na dinâmica de comunidades vegetais. As características funcionais mostram como as espécies interagem com as demais e com o ambiente e como respondem aos distúrbios (p.ex. pastejo). Faltam estudos que envolvam os atributos funcionais de sementes em relação a diferentes intensidades de pastejo que podem influenciar processos de dispersão. Este estudo propõe analisar e comparar o efeito de diferentes intensidades de pastejo aos atributos de sementes (formas e ciclo de vida, presença ou ausência de pápus, pelos e arista) das espécies dispersadas no campo. O estudo foi realizado em área de campo nativo com quatro diferentes intensidades de pastejo (4, 8, 12 e 16% de oferta de forragem) e um campo sem pastejo. Para a amostragem foram utilizados coletores em funil, adesivo e potes com solo estéril. O experimento durou um ano. Os coletores em funil e potes foram postos ao nível da superfície no solo e o adesivo consistia em uma placa inclinada a 45° a 25 cm do solo. Em cada potreiro foram distribuídos em três pontos um conjunto com os três tipos de coletores. Os coletores em potes foram acompanhados por um ano, para cada coleta, em casa de vegetação para a análise pelo método de emergência de plântulas. Os demais coletores foram triados com uso de lupa. Aqui apresentamos apenas os resultados obtidos nos potes, estando os demais em processo. Encontramos um total de 2754 plântulas de 97 espécies distribuídas em 23 famílias botânicas, sendo Asteraceae e Poaceae as mais representativas. O campo abandonado apresentou a maior abundância, onde há dominância de subarbustos de Asteraceae e espécies ruderais. Março e abril apresentaram o maior pico de sementes dispersas, coincidindo ao período as qual as asteráceas estão em dispersão. Somente 2% dos indivíduos possuem arista e pelos e 37% dos indivíduos apresentam pápus. 78% dos indivíduos são de espécies perenes. As herbáceas foram as formas de vida mais abundantes, apresentando 52% dos indivíduos amostrados, seguido pelos subarbustos com 27% dos indivíduos. Os resultados encontrados se devem ao fato da presença da família Asteraceae, caracterizadas pelo investimento na produção de propágulos, algumas apresentam caráter ruderal, e são, em sua maioria, herbáceas e subarbustos. Com a análise e finalização das demais etapas do projeto, esperamos contribuir para uma melhor compreensão dos atributos de sementes e as estratégias envolvidas em sua dispersão em comunidades campestres.

Apoio: Fapergs

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Estudos sobre morfologia, desenvolvimento e distribuição de Komarekiella atlantica (Cyanobacteria, Nostocales)

Vanessa Maria Didoné1,2; Mariéllen Dornelles Martins1,3, Vera Regina Werner1 (orient.)

1Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul (MCN-FZBRS); 2Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS). 3Laboratório de Biologia Ecologia e Taxonomia de Algas, Universidade Estadual Paulista (UNESP), São José do Rio Preto, SP; [email protected]; [email protected]

Komarekiella atlantica Hentschke, Johansen & Sant’Anna (espécie tipo do gênero) foi recentemente descrita a partir de populações terrestres brasileiras, tropicais e subtropicais da Mata Atlântica do estado de São Paulo e de material norte-americano subtropical do Havaí. A espécie foi encontrada sobre casca de árvore, madeira e concreto, caracterizada por formar talos verde-azulados claros a escuros, formados por colônias subesféricas ou agregações de filamentos envolvidos por mucilagem; colônias formadas por células compactas, no início os arranjos de filamentos não são visíveis; primeiro os tricomas são unisseriados depois multisseriados; células vegetativas quadráticas até mais longas que largas, tornando-se esféricas em filamentos maduros; heterocitos esféricos ou ovais; acinetos apoheterocíticos, esféricos ou subesféricos; divisão celular em mais de um plano. A partir de análises taxonômicas, visando à identificação de cepas classificadas na ordem Nostocales, obtiveram-se novos registros de K. atlantica em ambientes terrestres brasileiros. Os talos trabalhados foram coletados manualmente em zona temperada e subtropical do Rio Grande do Sul; encontrados sobre casca de árvore no município de São Jorge, sobre concreto na Estação Ambiental Braskem, Triunfo e sobre solo na Praça Shiga, Porto Alegre. Isolamentos e repicagens foram feitos por meio de “pescaria” sob microscópio óptico e estereoscópio. Os espécimes isolados foram adicionados a meios de cultura BG-11 e ASM-1 (líquido e sólido). As culturas foram mantidas sob condições controladas de luz e temperatura no banco de cultura de cianobactérias do MCN-FZB/RS. Estudos morfológicos foram realizados em microscópio óptico e estereoscópio. O material foi fotografado com câmera digital posicionada diretamente ao sistema óptico. Foram analisados o gene 16S RNAr e o espaçador intergênico 16S– 23S. Os espécimes isolados se desenvolveram apenas em meio BG-11, tanto em meio líquido quanto sólido. As populações estudadas mostraram extensa variabilidade morfológica (macro e microscopicamente) com características e estágios de desenvolvimento muito semelhantes aos de outros gêneros de Nostocales, dificultando a identificação. Porém, as sequências de RNAr 16S e de ITS 16S-23S revelaram que essas populações correspondem a K. atlantica. Os novos registros da espécie para o Brasil sugerem que sua distribuição pode ser ampla, com possibilidade de adaptação a diversos ambientes e regiões da Terra.

Apoio: PIBIC-CNPq/ FZBRS, FAPESP, BETA-UNESP.

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Cultivo ex situ de esporófitos de Regnellidium diphyllum Lindm. (Marsileaceae) em diferentes substratos

Verônica Kern de Lemos, Maiara Castello Branco Friedrich, Catiuscia Marcon (coorient.), Annette Droste (orient.)

Laboratório de Biotecnologia Vegetal – Universidade Feevale; [email protected]; [email protected]

Regnellidium diphyllum Lindm. é uma samambaia com distribuição restrita a ambientes com águas rasas ou superfícies alagáveis de fundo lodoso. Seus habitats vêm sofrendo alterações pelas atividades agrícolas e pela crescente urbanização. Atualmente, R. diphyllum figura na lista de espécies ameaçadas da flora do Brasil, na categoria vulnerável. Visando à propagação e conservação da espécie, o cultivo ex situ pode auxiliar na compreensão do desenvolvimento inicial das plantas. O objetivo do estudo foi testar diferentes substratos para o cultivo de esporófitos de R. diphyllum. De uma população natural (Gravataí, RS), esporocarpos maduros foram coletados, esterilizados em etanol 70% e NaClO 7%, e com auxílio de um alicate, foram rompidos. Micrósporos e megásporos foram semeados em: (a) vermiculita, (b) casca de arroz/areia (1:1 v/v) e (c) areia. Para cada substrato, uma bandeja plástica foi preparada, sendo estas acondicionadas em sala de germinação em 25±1ºC e luz natural. Após 50 dias, por substrato, 48 esporófitos foram individualizados e plantados em uma bandeja com células, no mesmo substrato. As plantas foram acondicionadas em 25±1ºC e 12 h luz por 30 dias. Os parâmetros mensurados foram o número de folhas (NF) e o comprimento do pecíolo maior (CP) de cada esporófito, no momento da individualização (T1) e após 30 dias (T2). Para os dois parâmetros, foi calculada a taxa de aumento relativo pela fórmula TAR= ((T2-T1)/T1)*100. Ao final do experimento, ainda foi avaliada a sobrevivência. As TAR foram submetidas ao teste de Kruskal-Wallis seguido de Student- Newman-Keuls, a 5% de probabilidade. O teste de qui-quadrado, a 5% de probabilidade, foi aplicado para comparar a sobrevivência nos substratos. A TAR do NF foi maior no substrato casca de arroz/areia (146%) do que na areia (98%) e na vermiculita (12%) (H=47,72; p=<0,001). Na casca de arroz/areia, a TAR do CP apresentou aumento de 112%, diferindo significativamente da TAR na vermiculita (decréscimo de -34%) (H=35,82; p<0,001). A sobrevivência foi de 42 e 19 indivíduos na casca de arroz/areia e na vermiculita, respectivamente (X2= 57,55; p=0,001). Com base neste teste, observou-se que o substrato mais eficiente para o cultivo ex situ de R. diphyllum é a casca de arroz/areia. O desenvolvimento das plantas continua sendo monitorado nos substratos, com vistas à sua futura transferência para o ambiente natural.

Apoio: BIC/Universidade Feevale

XIV JIC - Livro de Resumos 24

XIV Jornada de Iniciação Científica - Meio Ambiente Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul Porto Alegre, RS, 11 a 14 de setembro de 2018

Composição florística de trepadeiras no Jardim Botânico de Porto Alegre

Willian Souza Piovesani1,2, Priscila Porto Alegre Ferreira (orient.)1

1 – Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul (FZB), Jardim Botânico de Porto Alegre, Seção de Coleções; 2 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS); [email protected]; [email protected]

Trepadeiras são plantas mecanicamente dependentes que germinam no solo e mantêm-se enraizadas durante todo seu ciclo de vida. São muito importantes na composição, dinâmica e estrutura das florestas tropicais e subtropicais. Estudos focados nessa categoria de plantas têm aumentado nos últimos anos, embora ainda escassos. Do mesmo modo, pouco tem sido considerado sobre a flora residente em áreas urbanas, sendo os poucos trabalhos florísticos existentes realizados com diversos grupos vegetais, o que pode subestimar a riqueza. Nesse sentido, o objetivo deste estudo é avaliar a riqueza de espécies trepadeiras presentes no Jardim Botânico (JB) de Porto Alegre, contribuindo para o conhecimento sobre a flora desta importante área verde da capital. O JB ocupa uma área de 36 ha no bairro de mesmo nome. Apresenta em sua estrutura áreas construídas, onde se encontram os prédios, canteiros, gramados e as coleções do arboreto, e áreas de vegetação natural ou espontânea, representadas por formações florestais secundárias e por um relicto de campo dos morros graníticos de Porto Alegre, mantido como zona de conservação in situ (ca. 1,5 ha). A área de estudo foi dividida em subáreas, para facilitar a amostragem, realizada desde janeiro de 2017, pelo método do caminhamento. As espécies foram coletadas, identificadas e classificadas quanto ao seu modo de ascensão e hábito. Realizou-se análise de agrupamento para evidenciar a similaridade específica entre a área de estudo e outras regiões do RS, a partir da bibliografia existente. Foram registradas 68 spp. de trepadeiras distribuídas em 25 famílias, sendo Apocynaceae (10 spp.) e Asteraceae (8) as mais representativas, contribuindo com 26% da riqueza total. O modo de ascensão e o hábito predominantes foram o volúvel e o herbáceo, com 38 e 41 spp., respectivamente (56 e 60%), em concordância com outros estudos realizados no sul do Brasil. A zona de conservação in situ abrigou o maior número de espécies (48) dentre as subáreas amostradas (70%). A análise de agrupamento mostrou dois grupos claros, relacionados à Floresta Ombrófila e à Floresta Estacional, tendo o presente estudo relação próxima com o segundo. O JB está inserido em uma matriz urbana em constante expansão, servindo de refúgio para 15% das espécies de trepadeiras nativas do RS. O caráter inicial de sucessão e o contexto urbano acabam favorecendo o estabelecimento de espécies exóticas invasoras, as quais constituem o maior problema para a conservação da área.

Apoio: PIBIC-CNPq/FZBRS

XIV JIC - Livro de Resumos 25 Ecologia Aplicada

XIV Jornada de Iniciação Científica - Meio Ambiente Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul Porto Alegre, RS, 11 a 14 de setembro de 2018

Comparação da produtividade da pesca artesanal entre comunidades situadas dentro e fora de reservas extrativistas nos rios Tapajós e Negro, Amazônia brasileira

Luís Henrique Tomazoni da Silva, Renato Azevedo Matias Silvano (orient.)

Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS); [email protected]; [email protected]

A pesca artesanal agrega quase 90% do total de pescadores no mundo, o que demonstra a importância econômica, cultural e socioambiental desse tipo de atividade. O presente estudo tem por objetivo comparar a captura por unidade de esforço (CPUE) na pesca artesanal realizada em dois tipos de áreas: de proteção ambiental, incluindo as reservas extrativistas, e áreas que não pertencem a essas reservas nos rios Tapajós e Negro, Amazônia brasileira. A hipótese inicial seria que a CPUE, dentro de uma área protegida, seria menor do que as que não pertencem a estas áreas. Para ter acesso aos dados da pesca, foram utilizadas fichas de desembarque, preenchidas voluntariamente pelos pescadores das comunidades ribeirinhas e estudadas com o registro das cinco primeiras pescarias de cada mês. A CPUE foi calculada a partir do peso de pescado relacionado com o tempo de pesca. Foram registrados: 3944 desembarques pesqueiros em 16 comunidades da Amazônia, 8 no rio Negro (1493 desembarques), sendo 4 em áreas protegidas e 4 fora delas; e 8 comunidades no rio Tapajós (2267 desembarques), com 4 comunidades em áreas protegidas e 4 fora, sendo que 184 desembarques foram descartados do número total. Análises de comparação de médias de amostras independentes e com variâncias diferentes indicaram que existem diferenças significativas na CPUE dentro e fora de áreas de proteção. Para as análises, só foram considerados desembarques (n = 3360), onde os campos de tempo de pesca e biomassa total pescada foram preenchidos. No rio Negro, a média da CPUE encontrada em áreas de proteção foi de 2,07 kg/h (± 2,48) e a CPUE encontrada em comunidades fora dessas áreas foi de 3,98 kg/h (± 7,15). No rio Tapajós, a média da CPUE encontrada em áreas protegidas foi de 3,76 kg/h (± 5,21), à medida que em áreas fora a média foi de 3,27 kg/h (± 4,72). Ainda serão realizadas análises para avaliar possível sazonalidade. Essas diferenças estão relacionadas com a distância até as grandes cidades além do manejo mais adequado ou regras mais restritivas da pesca em reservas extrativistas do que em áreas de proteção ambiental ou situadas fora dessas reservas.

Apoio: PIBIC-CNPq/ UFRGS

XIV JIC - Livro de Resumos 27

XIV Jornada de Iniciação Científica - Meio Ambiente Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul Porto Alegre, RS, 11 a 14 de setembro de 2018

Pressão ambiental na área de distribuição de peixes de água doce ameaçados de extinção no Rio Grande do Sul

Marco Aurélio de Carvalho Aurich, Fernando Gertum Becker (orient.)

Laboratório de Ecologia de Paisagem, Departamento de Ecologia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul; [email protected]; [email protected]

As listas vermelhas de espécies ameaçadas são ferramentas estratégicas para a aplicação de políticas públicas em biodiversidade. Para compor a lista, o estado de conservação das espécies é avaliado seguindo protocolos que utilizam critérios relacionados ao número e tamanho das populações, suas distribuições no espaço e variações ao longo do tempo. Um dos aspectos mais importantes está relacionado à ocorrência de fatores causais de ameaça na região onde ocorrem as espécies. Segundo o protocolo de avaliação da IUCN, adotado por diversos países, inclusive o Brasil, as espécies são classificadas com base em cinco grupos de critérios (A, B, C, D e E), sendo B e D relacionados às ameaças antrópicas que afetam diretamente as populações. Considerando a importância da quantificação dessas informações sobre ameaças para a categorização de espécies ameaçadas, este trabalho tem como objetivo avaliar os fatores de pressão na extensão de ocorrência (EOO) das espécies ameaçadas de peixes do Rio Grande do Sul. Utilizamos análise em sistema de informações geográficas (SIG) para delimitar a EOO das espécies (Mínimo Polígono Convexo) e para mapear os fatores de pressão (ameaças) nessas áreas. Para a delimitação da EOO, foram utilizadas as coordenadas dos pontos de ocorrência juntamente com o mapeamento da hidrografia e da divisão de bacias hidrográficas (ottobacias nível 12). Foram mapeados os seguintes fatores de ameaça para cada EOO: densidade de estradas, porcentagem de área agrícola, ocorrência de mineração, hidrelétricas e porcentagem de área urbana. Também será analisada a presença de áreas protegidas dentro da EOO, consideradas como fatores positivos na paisagem. Os resultados parciais mostram a pouca influência de áreas urbanas sobre a EOO da maioria das espécies (apenas duas EOO com mais de 10 por cento de urbanização). Os testes para as outras ameaças poderão fornecer informações a serem consideradas nas revisões da lista vermelha estadual, como a reavaliação da categoria de ameaça das espécies de peixes, além de acrescentar dados relacionados às mudanças temporais da paisagem.

Apoio: BIC/ UFRGS

XIV JIC - Livro de Resumos 28 Ecologia/Zoologia de Invertebrados

XIV Jornada de Iniciação Científica - Meio Ambiente Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul Porto Alegre, RS, 11 a 14 de setembro de 2018

Qualidade da água e comunidade de macroinvertebrados bentônicos do Rio Paranhana, Rio Grande do Sul: dados parciais

Bárbara Tamires da Silveira, Lauren Machado Gayeski (coorient.), Marcelo Pereira de Barros (orient.)

Universidade Feevale; [email protected]; [email protected]

As alterações dos ecossistemas aquáticos têm aumentado consideravelmente nas últimas décadas. O rio Paranhana, importante afluente do Rio dos Sinos, no Rio Grande do Sul, é um exemplo dessas alterações devido ao aporte de resíduos domésticos e de animais que recebe. As comunidades de macroinvertebrados podem auxiliar na compreensão da qualidade do ambiente aquático devido a sua tolerância a ambientes impactados. O objetivo deste trabalho foi comparar a diversidade de macroinvertebrados bentônicos e avaliar a qualidade da água de dois pontos ao longo do rio Paranhana em Três Coroas (P1) e Igrejinha (P2). Foram realizadas três amostragens bimensais (setembro/2017 a janeiro/2018) de água e de macroinvertebrados. A água foi coletada com frascos esterilizados e estes acondicionados para posteriores análises físico-químicas e microbiológicas. A amostragem dos invertebrados ocorreu pela metodologia de kick-sampling repetida por 10 vezes em cada local. Um puçá de 40 x 60 cm e malha de 2 mm foi utilizado e os macroinvertebrados retidos foram fixados em álcool 70%GL e identificados em nível de família. Os resultados foram submetidos a testes estatísticos no programa PAST 2.16. A temperatura da água no momento das coletas variou de 18,2°C a 20,2°C no P1 e de 18,9°C a 20,5°C no P2. Em relação ao pH, a média ficou em 7,76 no P1 e 7,72 no P2. As médias do oxigênio dissolvido foram 8,15 mgO2L–1 (P1) e 7,05 mgO2L–1 (P2). Os coliformes fecais variaram de 0 (setembro) a 6,1x103 NMP (novembro) no P1 e de 1,0x103 NMP (novembro) a 3,3x103 NMP (janeiro) no P2. Um total de 1.121 indivíduos foi amostrado. No P1 (Três Coroas) foram coletados 145 espécimes pertencentes a 20 famílias e 976 indivíduos de 13 famílias no P2 (Igrejinha). O índice de Shannon (H’) variou de 2,498 no ponto 1 para 1.702 no ponto 2. O índice de Margalef foi de 3.818 para o P1 e 1.743 para o P2. O estimador de riqueza Chao-1 calculou o número possível de famílias para cada ponto: P1 – 20; P2 – 13. O índice de equitatividade variou de 0.4219 no P2 para 0.6078 no P1 demonstrando que o ambiente está com uma alta dominância monoespecifica característica de ambientes impactados. As análises de água e a diversidade de macroinvertebrados mostram que o P2 encontra-se mais impactado que o P1, ocorrendo uma perda da qualidade da água ao longo do rio. No entanto, o número reduzido de famílias, quando comparado a estudos anteriores, demonstra a necessidade de coletas futuras.

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Ephemeroptera e Trichoptera: prospecção de bioindicadores da integridade ambiental de lagoas costeiras do Rio Grande do Sul, Brasil

Daniel Reolon, Rosane Maria Lanzer (orient.)

Universidade de Caxias do Sul, [email protected]; [email protected]

Lagos possuem valor ecológico, cultural e econômico e contêm amplas faixas de macrófitas que abrigam elevada diversidade de invertebrados. Ephemeroptera, Plecoptera e Trichoptera (EPT) constituem organismos úteis na avaliação da qualidade ambiental. A diversidade de invertebrados e seu potencial como bioindicadores nas lagoas costeiras do Rio Grande do Sul são pouco conhecidos. O objetivo deste estudo é comparar a presença de Ephemeroptera e Trichoptera, buscando identificar potenciais indicadores da integridade ambiental. Foram selecionadas 28 lagoas distribuídas na costa do estado. As amostras foram coletadas entre 2008 e 2016, associados às macrófitas Eichhornia azurea e Salvinia spp. e está tombado na coleção científica do Laboratório de Limnologia e Toxicologia, UCS. O Índice de Estado Trófico (IET) de Carlson, calculado para as lagoas costeiras foi usado para determinar o grau de trofia. A relação entre a presença de famílias e a abundância de indivíduos, com o IET calculado pela quantidade de clorofila (IET-Clo) e de fósforo (IET-P) foi analisada por correlação, usando o método de Spearman, após verificação da distribuição dos dados, com o programa IBM SPSS Statistics 22. Nas lagoas, foram encontradas as famílias: Baetidae, Caenidae, Leptohyphidae, Polymirtacidae, Hydropsychidae, Hydroptilidae, Leptoceridae e Polycentropodidae. A Lagoa das Traíras foi a mais diversa, com sete famílias, enquanto na Lagoa do Marcelino apresentou apenas a família Baetidae, considerada tolerante ao enriquecimento orgânico. Estes resultados se devem às características ecológicas de cada lagoa e seu grau de eutrofização, demonstrado pelos valores do IET-Clo (75) e IET P (80) para a Lagoa das Traíras e IET-Clo (91) e IET-P (91) para a Lagoa do Marcelino. Na Lagoa da Charqueada observou- se o menor valor do IET-Clo (65) e IET-P (78) entre as lagoas estudadas, sendo registrado Baetidae, Caenidae, Leptohyphidae e Hydroptilidae, Leptoceridae, Polycentropodidae. A análise de correlação entre o número de famílias e a quantidade de indivíduos com os valores IET-Clo e IET- P, evidenciou uma relação negativa entre a presença de Leptoceridae com os menores valores, ou seja, nos ambientes com menor grau de trofia, podendo indicar que este táxon pode ser um potencial indicador do estado trófico das lagoas. A identificação de gêneros e a relação da presença destes nas lagoas poderá melhor definir indicadores da integridade ecológica destes ecossistemas.

Apoio: PIBIC-CNPq

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Nova espécie de Hoplonannus McAtee & Maloch (Hemiptera, Schizopteridae) e primeiro registro do gênero na América do Sul

Diego Dutra Silveira1, 2, Aline Barcellos1 (orient.)

1 - Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul MCN/FZBRS); 2 - Universidade La Salle/Canoas-RS; [email protected]; [email protected]

A Infraordem Dipsocoromorpha inclui os menores hemípteros conhecidos, os quais são pouco estudados, além de seu pequeno tamanho, por serem habitantes de serapilheira e possuírem padrões crípticos. Nesta infraordem, Schizopteridae inclui três subfamílias, com um total de 350 espécies distribuídas em mais de 60 gêneros. Hoplonannus McAtee & Maloch, 1925, juntamente de outros cinco gêneros, faz parte do chamado “grupo do gênero Corixidea”, caracterizado por apresentar o ápice do lábio truncado e as células costais do hemiélitro esclerotizadas. O gênero foi descrito para H. brunnea McAtee & Malloch, 1925, com base em uma fêmea braquíptera procedente da Guatemala. Posteriormente, H. paenebrunneus Emsley, 1969 e H. craneae Emsley, 1969 foram descritas para Trinidad e Tobago. Este trabalho objetiva descrever uma nova espécie de Hoplonannus, redefinindo os caracteres diagnósticos do gênero, além de fazer o primeiro registro deste para o continente sul-americano. Os exemplares foram obtidos nos projetos Biodiversidade RS e PELD (Programas Ecológicos de Longa Duração) em amostragens de serapilheira, de onde foram identificados 18 exemplares de Hoplonannus. Os indivíduos foram fixados em álcool e alguns montados a seco, analisados sob estereomicroscópio e depois fotografados em microscópio óptico e microscopia eletrônica de varredura. Machos da nova espécie apresentam a cápsula genital amplamente visível dorsalmente, exibindo a assimetria característica da família; processo anofórico longo e afilado distalmente; parâmero direito longo e com ápice bifurcado; parâmero esquerdo com aproximadamente metade do comprimento do direito; edeago curto, não completando uma volta completa em torno do parâmero direito, um processo unilateral no tergito 7 e um processo lanceolado no tergito 8. As fêmeas apresentam uma proeminente protuberância basal no esternito 7. A combinação destas características, aliada à macropteria das fêmeas, até então desconhecida no gênero, implicará em uma revisão do mesmo.

Apoio: PIBIC-CNPq/ FZBRS

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Coleópteros necrófagos na região do Vale do Rio dos Sinos

Gabriela Streppel Steindorff1,2, Luciano de A. Moura1 (orient.)

1 – Museu de Ciências Naturais, Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul; 2 – Universidade do Vale dos Sinos; [email protected]; [email protected]

Levantamentos de fauna são essenciais para o conhecimento do estado da biodiversidade local de insetos necrófagos. Há uma gama de trabalhos realizados no Brasil, principalmente na Região Sudeste e no Estado do Paraná. No Rio Grande do Sul ainda se tem poucas informações nesta área do conhecimento. Este trabalho objetiva comparar sazonalmente a diversidade de Coleoptera de três locais de mata situados no Vale do Rio dos Sinos: Sapucaia do Sul, São Leopoldo e Novo Hamburgo. As coletas foram realizadas durante dez dias no início dos meses de agosto (inverno) e novembro (primavera) de 2017 e fevereiro (verão) e maio (outono) de 2018, utilizando cinco garrafas PET em cada local, iscadas com carne de porco em decomposição. Obteve-se um total de 11.910 indivíduos, que foram identificados em menor nível taxonômico possível visando fornecer análises com maior refinamento. As famílias de hábito necrófago com maior riqueza de morfoespécies foram Nitidulidae (13) e Staphylinidae (9), porém, demais grupos com outros hábitos também foram abundantes. Foram realizadas análises de riqueza, abundância, frequência, MANOVA, correlação canônica e índices de diversidade. A maior quantidade de coleópteros ocorreu no outono. As maiores amostragens foram obtidas em Sapucaia do Sul e São Leopoldo. Em Novo Hamburgo, por ser uma área rural com maior fluxo de pessoas, as amostragens foram inferiores, possivelmente devido a maior oferta de alimento, ocasionando a dispersão dos insetos. Os dados resultantes podem contribuir para o conhecimento da entomologia forense da região.

Apoio: PIBIC-CNPq/ FZBRS

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Uso de papel filtro como alimento artificial alternativo para inoculação de extratos químicos em experimentos de desempenho alimentar de isópodos terrestres

Luis Gustavo Mello Nunes1, Geraldo Luiz Gonçalves Soares1 (orient.) e Diego Costa Kenne1,2 (coorient.)

1 – Laboratório de Ecologia Química e Quimiotaxonomia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul; 2 – Laboratório de Carcinologia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul; [email protected]; [email protected]

Em ensaios laboratoriais, sejam de observação de animais ou vegetais vivos, papel filtro é utilizado como substrato de unidades experimentais, sendo umedecido periodicamente para manter a umidade desses compartimentos. Durante experimentos de observação de desempenho alimentar de isópodos terrestres expostos a um alimento artificial (ágar) com concentrações de flavonoides distintas realizados no Laboratório de Ecologia Química e Quimiotaxonomia, notou-se a fragmentação do papel filtro utilizado nas unidades, fato que pode estar comprometendo o resultado final desses ensaios. Afim de testar se tatuzinhos-de-jardim preferem se alimentar de papel filtro, mesmo na presença de outras fontes alimentares, um teste está sendo realizado com a espécie Armadillidium vulgare (Latreille, 1804): vinte indivíduos foram aclimatados individualmente em unidades experimentais (UE), com uma esfera de algodão umedecida e um pequeno pedaço de cenoura como fonte alimentar. Após esse período, a cenoura foi retirada da UE e os animais permaneceram um dia sem alimento, visando esvaziar o trato digestivo. (o que é evidenciado pela presença de pellets fecais na cor laranja). Em seguida, os espécimes foram expostos a dois tratamentos de escolha simples, em placas de petri circulares. O primeiro consistiu em expor os animais a discos foliares de 10mm de serapilheira de Machaerium stipitatum (DC.) Vogel (Fabaceae), considerada boa fonte nutricional para isópodos terrestres, e discos de papel filtro umedecidos com água destilada (15mm de diâmetro). No segundo os indivíduos foram expostos a discos foliares de 18mm de serapilheira de Inga vera Willd. (Fabaceae), considerada fonte de baixa preferência alimentar por tatuzinhos-de-jardim, bem como discos de papel filtro umedecidos com água destilada. A preferência alimentar de A. vulgare será dada pela comparação da fragmentação entre os discos de cada placa, medida através de presença de pellets fecais, perda de superfície e de massa dos discos. Os dados serão comparados através de ANOVA, seguida do teste de Tukey (á < 0.05). Vale ressaltar que essa técnica está em fase inicial de observação e ainda será testada com outras espécies de oniscídeos, com o intuito de se constatar a possibilidade do uso de papel filtro como alimento artificial para testes de preferência alimentar com extratos químicos de flavonoides.

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Pachycoris torridus (Scopoli) e Pachycoris klugii Burmeister: um estudo morfológico da genitália de dois Pachycorinae (Hemiptera: Scutelleridae) policromáticos

Luís Ricardo Schmitz1, 2², Aline Barcellos1 (orient.)

1 - Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul (MCN/FZBRS); 2 – Universidade La Salle/Canoas-RS; [email protected]; [email protected]

Pachycoris Burmeister, 1835 possui 12 espécies neotropicais, ocorrendo desde o norte do México até o sul da América do Sul. Pachycoris torridus (Scopoli, 1772) e P. klugii Burmeister, 1835 são as duas espécies mais estudadas dentro do gênero pela sua importância na agricultura. Ambas as espécies ocorrem no México e América Central, porém, enquanto P. klugii está distribuída quase exclusivamente nesta região, com alguns registros duvidosos na América do Sul, P. torridus é principalmente sul-americana, com seu limite norte no sul do México. Estes escutelerídeos possuem policromismo, o qual é definido pela presença, em uma mesma espécie, de diferentes padrões de manchas e coloração. Mais de 28 padrões de coloração de P. torridus já foram descritos na literatura. Além do polimorfismo em ambas as espécies, P. klugii e P. torridus são também muito semelhantes na sua morfologia geral. Mesmo se tratando de espécies aposemáticas e com relevância econômica, trabalhos taxonômicos que incluam características da genitália são escassos, especialmente para P. torridus. Assim, este trabalho tem como objetivo descrever a genitália masculina e feminina de ambas as espécies e traçar as características diagnósticas que as diferenciam. Foram analisados doze machos e sete fêmeas de P. torridus e um casal de P. klugii, procedentes de coleções científicas. As genitálias foram dissecadas mecanicamente com o auxílio de pinças e alfinetes e, após dissecção, preparadas com uma solução de KOH a 10% a quente, seguida de coloração com vermelho Congo. Foram feitas fotografias e desenhos vetoriais, com auxílio de programas gráficos. Todos os indivíduos de P. torridus analisados possuem genitália idêntica, apesar de sua diferença cromática. A cápsula genital dos machos de Pachycoris apresenta uma estrutura chamada processo suprapigoforal, em forma de tridente, provavelmente utilizada na cópula e que parece ser uma característica diagnóstica para o gênero. A forma deste processo, bem como da cápsula genital, parâmeros e processos conjuntivais dos machos, diferenciam claramente as duas espécies. Na genitália externa feminina, as diferenças são mais sutis, porém as margens laterais do VII segmento abdominal são mais angulosas em P. torridus. Na genitália interna da fêmea, os anéis esclerotizados são cerca de um terço maiores em P. torridus e a bolsa ginatrial póstero-mediana é mais desenvolvida em P. klugii.

Apoio: PIBIC-CNPq/FZBRS

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Guia ilustrado dos ermitões das famílias Diogenidae e Paguridae presentes no Rio Grande do Sul

Mariana Santos Marques, Paula Beatriz de Araujo (orient.), Felipe Bezerra Ribeiro (coorient.)

Universidade Federal do Rio Grande do Sul; [email protected]; [email protected]

Os ermitões são caracterizados pelo uso de conchas de gastrópodes como proteção para seu pléon pouco calcificado contra predadores e dessecação. Eles são divididos atualmente em seis famílias: Coenobitidae, Diogenidae, Paguridae, Parapaguridae, Pylochelidae e Pylojacquesidae. Esses crustáceos possuem ampla distribuição geográfica, ocupando os mais diferentes habitats marinhos e as famílias Diogenidae e Paguridae são as que possuem maior representatividade no Brasil. Destas famílias, seis espécies estão presentes no Rio Grande do Sul. O objetivo deste trabalho é desenvolver um guia ilustrado das espécies de ermitões das famílias Diogenidae e Paguridae que ocorrem no Rio Grande do Sul. O guia irá trazer diferentes informações das espécies como desenhos do hábito e caracteres diagnósticos, tamanho médio, profundidade de ocorrência e tipo de habitat. O material examinado é proveniente da Coleção de Crustáceos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo e do Museu Nacional do Rio de Janeiro. As espécies foram identificadas de acordo com a bibliografia especializada. As ilustrações foram feitas a partir do uso de estereomicroscópio com câmara clara acoplada, digitalizados e posteriormente editadas com programa Photoshop. Este guia traz informações importantes de um grupo pouco conhecido para a população, mas que é bastante abundante e um importante elo nas cadeias tróficas marinhas. Ele pode ser usado para fins de pesquisa, docência e extensão, ajudando na identificação das espécies de ermitões presentes no Rio Grande do Sul.

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Revisão de Trochidae (Mollusca, Gastropoda) da coleção malacológica Eliseo Duarte da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul

Nathalia Paz Nunes1,2, Janine Oliveira Arruda1 (orient.), José Carlos Tarasconi3

1- Museu de Ciências Naturais, Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul; 2- Universidade Federal do Rio Grande do Sul; 3- Centro de Estudos Marinhos do Atlântico Sul; [email protected]; [email protected]

Trochidae Rafinesque, 1815 é uma família de caramujos marinhos amplamente distribuída pelo mundo, de ocorrência litorânea e sublitorânea rasa sobre diversos substratos consolidados, como costões rochosos e recifes de corais ou sobre plantas aquáticas e lodo de águas profundas. As espécies dessa família têm como características uma concha piramidal cônica ou globosa de base geralmente achatada, superfície externa pode ser lisa ou rugosa (com grânulos, nódulos ou tubérculos) esculpida axialmente em espiral e columela e margem do lábio externo geralmente em planos distintos. A taxonomia desse grupo foi revisada e modificada de modo que os dados nos lotes da coleção Eliseo Duarte do Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul estão desatualizados ou identificados de forma equivocada. Assim, o objetivo do projeto é revisar e atualizar a taxonomia dos representantes identificados como Trochidae da respectiva coleção. Até o momento, foram revisados 363 lotes, dos quais cerca de 55% permaneceram como Trochidae. Os demais lotes passaram a se enquadrar em outras oito famílias: Tegulidae (24,5%), Calliostomatidae (11,8%), Margaritidae (3,3%), Chilodontaidae (1,9%), Solariellidae (1,4%), Calliotropidae (1,1%), Turbinidae (0,5%) e Littorinidae (0,3%). Foi observada também uma mudança na taxonomia dentro das próprias famílias, tanto em nível genérico como específico: em Trochidae, de 200 lotes, cerca de 55% apresentaram alteração taxonômica; em Tegulidae, os índices foram de 16% para 89 lotes; 28% em 43 lotes de Calliostomatidae, 25% em 12 lotes de Margaritidae, 86% em sete lotes de Chilodontaidae; 20% em quatro lotes de Calliotropidae; 50% em dois lotes de Turbinidae e 100% em um lote de Littorinidae. Nenhuma mudança taxonômica foi observada dentro de Solariellidae. O estudo da taxonomia dos representantes de Trochidae da coleção Eliseo Duarte deve ter continuidade ao longo de mais um ano.

Apoio: PROBIC-FAPERGS/FZBRS

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Malacofauna terrestre e límnica do Jardim Botânico de Porto Alegre

Thalita Müller de Brito¹,², Janine Oliveira Arruda¹ (orient.)

1 - Museu de Ciências Naturais, Fundação Zoobotânica de Rio Grande do Sul; 2-Universidade do Vale do Rio dos Sinos; [email protected]; [email protected]

O Jardim Botânico de Porto Alegre é uma das quatro áreas protegidas do município, com 430.000 m2. Este contribui para o equilíbrio do meio ambiente regional, facilitando ao público o contato com a natureza, bem como o despertar da consciência ecológica. Os moluscos pertencem ao filo com o segundo maior número de espécies. A região continental está representada por moluscos terrestres e límnicos pertencentes às classes Gastropoda e Bivalvia. O objetivo deste estudo foi investigar a malacofauna do Jardim Botânico de Porto Alegre. Foram utilizados os métodos de coleta quadrado e coleta manual para cinco pontos no ambiente terrestre e quadrado, coleta manual e dragagem para dois pontos no ambiente límnico. As coletas terrestres ocorrem a cada estação, iniciando no inverno de 2016 e finalizando no verão de 2018, enquanto as aquáticas ocorreram nas quatro estações do ano de 2017. Doze morfótipos de moluscos, todos da classe Gastropoda, foram coletados. Desses, sete são terrestres – os exóticos Bradybaena similares, Deroceras laeve, Zonitoides arboreus e os nativos Habroconus semenlini, Megalobulimus sp., Drymaeus sp. e Subulinidae – e cinco são límnicos – Lymnaea columella, Physa marmorata, Drepanotrema kermatoides, Heleobia sp. e Ancylinae. Os pontos terrestres que apresentaram maior riqueza foram o P3 e P5, ambos com cinco morfótipos, enquanto nos demais foram coletados quatro. Megalobulimus sp. foi o morfótipo mais frequente (coletado no inverno/2016, verão/2017, outono/2017 e verão/2018), seguido de H. semenlini (presente em todo o período amostrado, exceto no inverno/2017 e verão/2018) e D. laeve (inverno/2016 e 2017 e verão/2018). O mais abundante foi H. semenlini, representado por 77,5% dos moluscos terrestres amostrados. Megalobulimus sp. foi o único morfótipo onde somente material seco foi coletado. No Lago das Tartarugas foram coletadas cinco morfótipos e no Lago da Ponte, dois. Lymnaea columella foi o mais frequente, seguido por Ancylinae, sendo que ambos foram coletados nas quatro estações do ano de 2017. Em relação à abundância, Ancylinae correspondeu a 35,3% dos espécimes coletados, seguido por D. kermatoides com 26,9%. A coleta manual foi a mais eficiente na busca de moluscos tanto terrestres como límnicos. O único estudo anterior para a área foi feito em 1997, em conjunto com outros dois parques da cidade. Entretanto, os resultados não são comparáveis, uma vez que o estudo referido não diferenciou quais moluscos ocorreram em cada parque.

Apoio: FZB e PIBIC/CNPq

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Discriminação das espécies de Anodontites Bruguière, 1792 (Mollusca, Bivalvia, Unionoida) com base na morfometria da concha

Thiago Nunes Antoniazzi1, 2, Janine Oliveira Arruda1 (orient.), Maria Cristina Dreher Mansur (coorient.)2, Daniel Pereira3, Paulo Eduardo Aydos Bergonci4

1 -Museu de Ciências Naturais, Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul; 2 –Universidade Federal do Rio Grande do Sul; 3 – Lótica Pesquisa, Desenvolvimento e Consultoria Ambiental; 4 – Universidade Federal do Vale do São Francisco; [email protected]; janine- [email protected]

Mycetopodidae é uma família de bivalves límnicos da América do Sul. Anodontites é o seu gênero mais diverso. A discriminação das espécies é feita quase exclusivamente pela morfologia da concha, que, todavia, apresenta uma grande plasticidade devido a fatores ambientais. Porém, estudo morfométrico prévio realizado com algumas espécies do gênero se mostrou útil na diferenciação específica. Este trabalho mediu 2335 valvas de 12 espécies depositadas na coleção José Willibaldo Thomé do Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do RS, sendo elas A. elongatus (77 valvas), A. ensiformis (61), A. ferrarisi (125), A. iheringi (107), A. lucidus (104), A. obtusus (14), A. patagonicus (592), A. schomburgianus (12), A. soleniformis (51), A. tenebricosus (182), A. trapesialis (586) e A. trapezeus (424). As variáveis medidas foram comprimento, altura, largura e posição umbonal. Análises dos Componentes Principais foram rodadas no programa SPSS 13.0. Os valores das quatro variáveis analisadas foram estatisticamente significativos para a discriminação das espécies do gênero. O componente principal (CP) 1, o qual representa o tamanho dos indivíduos, bem como as alterações relacionadas às mudanças de tamanho, foi relacionado à largura e correspondeu a 72% da variação de tamanho da concha. Já o CP2 (19%), que determina a forma, foi relacionado à posição umbonal. Anodontites ensiformis apresentou o formato mais distinto dentre as demais espécies do gênero, ficando distante das demais no diagrama de dispersão, o que corrobora a alocação atual da espécie dentro do gênero Lamproscapha. Retirando A. ensiformis da análise, o CP1 (64%) passa a ser o comprimento e o CP2 (23%) a altura. Nesta análise A. soleniformis se destacou das demais espécies com maior comprimento e menor altura. Numa terceira etapa, após a remoção de A. ensiformis e A. soleniformis, novamente constatou-se o comprimento como CP1 (67%) e a altura como CP2 (19%). Anodontites trapesialis apresenta-se como a espécie mais díspar. Anodontites trapezeus encontrou-se concentrada no segundo quadrante, ou seja, apresentou maior isonomia para comprimento e altura, quando comparada às demais espécies analisadas. Anodontites patagonicus, por outro lado, encontrou-se dispersa entre os quadrantes 2, 3 e 4, sendo difícil distingui-la de A. trapezeus devido à alta variabilidade populacional, não se descartando a possibilidade de formas híbridas. A presente análise contribuiu para a diferenciação das espécies estudadas.

Apoio: PIBIC-CNPq/ FZBRS

XIV JIC - Livro de Resumos 39 Ecologia/Zoologia de Vertebrados - Herpetologia

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Pequeno mochileiro: o uso de casulos de costura para rastreamento do sapo-de-cruz, Rhinella henseli, na Mata Atlântica do Rio Grande do Sul

Bibiana Campanher1, 2, Dener Heiermann1, 2, Deivid Pereira1, 2, Maria Eduarda Bernardino Cunha1,2, Patrick Colombo (orient.)1

1 – Museu de Ciências Naturais, Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul; 2 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul; [email protected]; [email protected]

Informações sobre o padrão de movimentos e uso do espaço por indivíduos são úteis para entendermos as relações das espécies com o habitat. Para anuros, há diversas técnicas para determinar esses aspectos. Uma alternativa menos invasiva e de baixo custo é o uso de casulos para costura. Encontramos estudos utilizando-os com a rã-pimenta, Leptodactylus labyrinthicus, e com o ferreiro, Boana faber, os quais visavam reconhecer o movimento diário e o uso de micro- habitat. Nosso objetivo foi avaliar o período de atividade e os sítios de abrigo do sapo-de-cruz, Rhinella henseli, na Reserva Biológica Estadual Mata Paludosa, Itati, Rio Grande do Sul, utilizando o método de rastreamento com casulo de costura. Para isso, foi usado um casulo com 300 metros de fio envolto por filme plástico para proteção da linha. Um elástico, com 1 cm de espessura, foi costurado formando uma cinta, presa ao casulo com fita adesiva tipo “silver tape”. Um pequeno furo no plástico permitiu que a linha soltasse de dentro para fora sem atrapalhar o movimento do animal. O equipamento foi colocado no indivíduo pelos membros posteriores até a região inguinal, com a ponta da linha presa no ponto de captura do animal. As observações foram feitas acompanhando-se a linha deixada no substrato. Um carretel (casulo, plástico, fita e cinta) foi colocado em um macho de 6,15 cm e 16 g. Para a rã-pimenta e o ferreiro, o equipamento tinha 5 e 10% do peso dos indivíduos. Por não haver estudos com sapo-de-cruz, não sabíamos sobre seu comportamento com o carretel, então optamos por usar 18% do seu peso para que se mantivesse uma quantidade razoável de linha, evitando interferências pela troca de material. Realizamos observações de oito em oito horas, em três turnos, durante dois dias, descontando as primeiras 24 horas devido à interferência da colocação do carretel. Em cada turno, seguíamos a linha até o encontro sapo, o qual só se deslocou sobre a serapilheira (20,20 m de deslocamento) e no turno da tarde, indicando o seu período de maior atividade. Os sítios de abrigo à noite e pela manhã foram buracos sobre raízes e pedras sobre a serapilheira. Apesar de apenas um indivíduo ter sido monitorado, a técnica mostrou-se eficiente, pois além de obtermos dados inéditos sobre a espécie, não identificamos comportamentos anormais. Novas observações devem ser realizadas com um maior número de indivíduos para determinar os padrões de atividade e uso do habitat por essa espécie.

Apoio: PIBIC-CNPq/FZBRS

XIV JIC - Livro de Resumos 41

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Uso do habitat e repostas a fatores climáticos de uma comunidade de anuros na Mata Atlântica do Sul do Brasil

Deivid Pereira1, Marcelo Duarte Freire2 (coorient.), Patrick Colombo1 (orient.)

1 - Museu de Ciências Naturais, Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul; 2 -Universidade Federal do Rio Grande do Sul; [email protected]; [email protected]

Trabalhos sobre a influência do habitat e de variáveis climáticas na diversidade de anfíbios na região da Mata Atlântica stricto sensu do Rio Grande do Sul (RS) são inexistentes. Em vista disso, nossos objetivos foram avaliar o uso do habitat e a influência de fatores climáticos na atividade de vocalização da fauna de anfíbios da Reserva Biológica Estadual da Mata Paludosa (RBMP), localizada no município de Itati. Realizamos as amostragens através de registros auditivos em 20 sítios reprodutivos perante 17 campanhas entre novembro de 2015 e junho de 2018. Dividimos esses sítios entre três habitats: floresta, borda de floresta e área aberta. Executamos um teste de MANOVA para verificar a significância nas diferenças entre a composição e abundância de espécies nos três tipos de habitat amostrados. A correlação entre as variáveis climáticas (chuva, temperatura, fotoperíodo e umidade) e a abundância foi testada através do coeficiente de Spearman (rs). Para todos os testes foi considerado significativo o valor de p<0,05. Entre as áreas amostradas, foram encontradas 22 das 34 espécies registradas na RBMP. Em relação à riqueza, 20 espécies ocorreram na borda de floresta, 14 na área aberta e 13 na floresta. O teste de MANOVA mostrou que houve diferença na diversidade entre floresta e borda de floresta (f = 9,09 e p = 0,001), entre borda de floresta e área aberta (f= 6,03 e p=0,001) e entre floresta e área aberta (f=11,56 e p = 0,001). Em relação às variáveis climáticas, a umidade relativa foi a mais correlacionada com a abundância e a riqueza de anfíbios (rs = 0,76 e p = 0,001; rs = 0,58 e p = 0,029, respectivamente). A atividade de seis espécies foi significativamente correlacionada com a umidade relativa, enquanto cinco foram correlacionadas com o fotoperíodo e uma foi correlacionada com a temperatura. Nossos resultados indicam a ocorrência de três assembleias de anfíbios distintas na RBMP, com predominância de espécies da família Hylidae na floresta, espécies tanto de áreas abertas quanto florestais na borda de floresta e de espécies relativamente tolerantes a alterações antrópicas na área aberta. A umidade foi o fator que mais influenciou a vocalização das espécies, semelhante à encontrada em outras regiões da Mata Atlântica no sudeste. Por conseguinte, esse estudo traz informações inéditas sobre o uso do habitat da fauna de anfíbios na Mata Atlântica do RS e indica fatores climáticos que influenciam na atividade de vocalização.

Apoio: PIBIC-CNPq

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Quem são os anfíbios da Área de Proteção Ambiental do Banhado Grande, Rio Grande do Sul, Brasil?

Dener Heiermann1,2, Bibiana Campanher Ramos2, Maria Eduarda Bernardino Cunha1,2, Marcelo Duarte Freire (coorient.)3 e Patrick Colombo (orient.)1

1 - Museu de Ciências Naturais, Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul; 2 - Universidade Federal do Rio Grande do Sul; 3 - Programa de Pós-graduação em Biologia Animal, UFRGS; [email protected]; [email protected]

Inventariamentos de fauna e flora são a fonte de conhecimento básico sobre biodiversidade, pois, além de apontar quais espécies (co)existem em um ambiente, revelam espécies e habitats carentes de maior atenção por parte da sociedade. Realizamos um levantamento de anfíbios na Área de Proteção Ambiental do Banhado Grande com 136.935 ha e localizada na região metropolitana de Porto Alegre, nos municípios de Glorinha, Gravataí, Santo Antônio da Patrulha e Viamão. Essa área pode ser considerada importante para a conservação de anfíbios que tiveram uma grande redução de habitat devido a diversas atividades antrópicas. Realizamos três campanhas: maio, junho e outubro de 2017. Amostramos os anfíbios à noite por meio de procuras auditivas nos sítios reprodutivos. Além das amostragens, revisamos coleções científicas (MCN/FZB, PUCRS e UFRGS) e compilamos dados de revisão bibliográfica. Encontramos um total de 30 espécies (cerca de 30% do total para o Rio Grande do Sul), distribuídas em seis famílias: Hylidae (11 spp.: Boana faber, B. pulchella, Dendropsophus minutus, D. sanborni, Julianus uruguayus, Scinax nasicus, S. fuscovarius, S. granulatus, S. squalirostris, S. tymbamirim e Pseudis minuta), Leptodactylidae (10 spp.: Leptodactylus fuscus, L. gracilis, L. latinasus, L. latrans, L. mystacinus, Physalaemus biligonigerus, P. cuvieri, P. gracilis, P. henselii, Pseudopaludicola falcipes), Bufonidae (6 spp.: Rhinella henseli, R. dorbignyi, R. fernandezae, R. icterica, Melanophryniscus dorsalis, M. sp. 2 aff. pachyrhynus), Odontophrynidae (Odontophrynus americanus), Brachycephalidae (Ischnocnema henselii), e Microhylidae (Elachistocleis bicolor). Dentre elas, destacamos o sapinho-de-barriga-vermelha, M. sp. 2 aff. pachyrhynus, uma espécie ainda não descrita, mas devido a sua distribuição restrita e degradação do habitat (florestal) é possivelmente ameaçada de extinção. Além disso, há espécies como M. dorsalis, endêmica do sul do Brasil, ameaçada de extinção (em perigo no Rio Grande do Sul e vulnerável, no Brasil). Essa rica anfibiofauna, somada a grande quantidade de áreas úmidas, ambiente com menos de 10% de sua área original no sul do Brasil, evidencia a necessidade do desenvolvimento de estratégias de conservação e uso sustentável do solo na APA do Banhado Grande. Além disso, ainda há necessidade de explorar melhor algumas áreas, como as potenciais para a ocorrência do sapinho-de-barriga-vermelha, visto que foi somente registrado em sete locais diferentes.

Apoio: PIBIC-CNPq/FZBRS

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Avaliação do método de foto identificação como ferramenta de reconhecimento individual em estudos populacionais da cobra-d’água, Helicops infrataeniatus (Jan, 1865) (Serpentes, Dipsadidae)

Lilith Schneider Bizarro1,2, Roberto Baptista de Oliveira1 (orient.)

1 - Museu de Ciências Naturais, Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul (FZB); 2 - Universidade Federal do Rio Grande do Sul; [email protected]; roberto- [email protected]

O reconhecimento individual é fundamental em muitos estudos populacionais, e técnicas de marcação têm sido desenvolvidas para diversos grupos, mas para animais ápodes, como serpentes, estas geralmente são mais invasivas e/ou de custo elevado. Este estudo visou avaliar a eficiência da foto identificação visual, em termos de confiabilidade e tempo dispendido, para estudos populacionais de Helicops infrataeniatus, serpente aquática de coloração ventral conspícua. Para tal, 150 exemplares de H. infrataeniatus da coleção de répteis do Museu de Ciências Naturais da FZB tiveram a região ventral, entre a cloaca e a vigésima escama ventral anterior a ela, fotografada em duas condições: com o corpo estendido sobre uma base (banco de imagens 1), e em posição natural (banco de imagens 2), de modo a evitar o uso desintencional da forma do corpo para reconhecimento dos espécimes, além do padrão de coloração, quando na comparação das imagens. As imagens foram numeradas aleatoriamente de 1 a 150 em cada banco. Para testar o reconhecimento foram feitos três experimentos simulando estudos populacionais com dez eventos de coleta cada, onde a proporção de indivíduos marcados cresceu na ordem de 10% por evento, sendo dois executados pela autora como observadora e simulando populações de 90 e 150 indivíduos, e um realizado por dez observadores diferentes, acadêmicos da UFRGS, simulando populações de 100 indivíduos. Em cada evento de coleta simulado foram tomadas aleatoriamente 11 imagens do banco 1 (representando indivíduos capturados no evento em curso) e uma quantidade de imagens do banco 2 (representando indivíduos “marcados”, ou seja, capturados em evento anterior) correspondente à ordem do evento. As imagens foram comparadas visualmente, registrando-se o tempo gasto para avaliar todos os indivíduos da coleta, e após, feita a conferência. Nas 1595 comparações realizadas pela autora, ocorreram apenas quatro erros de reconhecimento (taxa de erro=0,2%) e o tempo máximo gasto para a avaliação de todos os indivíduos em cada evento de coleta foi de 20’33”. Nas simulações feitas pelos demais observadores, a taxa de erro variou de 0 a 10% (média=5,4 %), enquanto o tempo máximo gasto para a avaliação de todos os indivíduos em cada evento de coleta foi de 36’01”. Os resultados indicam que a foto identificação é eficiente em termos de confiabilidade e esforço no reconhecimento individual de Helicops infrataeniatus, ao menos para populações em torno de 150 indivíduos.

Apoio: PIBIC-CNPq/ FZBRS

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Sapos e pererecas como agentes foréticos de ostrácodes (Crustacea) de bromélias

Maria Eduarda Bernardino Cunha1,2, Deivid Pereira1,2, Marcelo Duarte Freire2 (coorient.), Patrick Colombo1 (orient.)

1 – Museu de Ciências Naturais, Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul; 2 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul; [email protected]; [email protected]

A foresia é uma interação ecológica interespecífica onde um indivíduo transporta outro sem que haja prejuízo para os envolvidos. Ocorre entre diversos organismos, sendo comum entre invertebrados e vertebrados. Ostrácodes do gênero Elpidium são crustáceos estritamente aquáticos, restritos à Região Neotropical, que habitam tanques de bromélias e dependem da foresia para colonizá-las. Anfíbios são frequentemente encontrados nessas plantas, utilizando-as como abrigo, fonte de alimento e/ou sítios reprodutivos. Nosso objetivo é apresentar novos registros da interação entre ostrácodes e anfíbios. As observações foram reunidas de diversos levantamentos de anuros realizados no Rio Grande do Sul (RS) nos últimos 16 anos. Entre 2016 e 2018, realizamos dez amostragens direcionadas a anfíbios em bromélias na Reserva Biológica Estadual Mata Paludosa (RBMP), no município de Itati, RS. Quando achávamos um registro inédito, coletávamos o anuro e o tombávamos na Coleção Herpetológica do Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do RS. Os dados provenientes dos levantamentos anteriores a 2016 são de observações em bromélias realizadas ad libitum em diversas áreas do estado. Adicionalmente, geramos uma compilação de todos os registros da literatura acerca da interação entre anuros brasileiros e Elpidium. Encontramos 11 registros inéditos de espécies de anfíbios interagindo com ostrácodes. Dez ocorrem na RBMP, sendo oito exclusivos da reserva. Um registro decorreu de levantamentos anteriores. Na literatura, encontramos a interação em 12 espécies de anfíbios, somando 23 espécies que interagem com ostrácodes. Até o momento, a RBMP é o local com mais espécies de anuros portando o crustáceo, possivelmente pelo uso das bromélias como esconderijo de 14 das 18 espécies de pererecas da reserva. Por enquanto, esta é uma interação restrita aos biomas Pampa e Mata Atlântica. Ocorre nos estados da Bahia, Rio de Janeiro e RS, principalmente em áreas com significativa abundância de bromélias. A falta de registros em São Paulo, Paraná e Santa Catarina é intrigante. Se amostragens que busquem diretamente a interação forem conduzidas, novos registros devem ser efetuados. Este trabalho ressalta a importância da RBMP para manutenção da interação e sua potencialidade como área de estudo para elucidar as lacunas de conhecimento sobre a relação, tais como espécies preferenciais de anfíbios pelo ostrácode, sazonalidade da interação e mecanismos de colonização de novas bromélias.

Apoio: PIBIC-CNPq/FZBRS

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A influência do ambiente no grau de infestação de ácaros endoparasitas (Hanemannia, Leeuwenhoekiidae) na rã-crioula (Leptodactylus latrans, Leptodactylidae)

Marina Vieira da Rosa1,2, Ricardo Ott1, Lina Crespo2, Marcelo Duarte Freire2, Patrick Colombo1 (orientador)

1– Museu de Ciências Naturais, Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul; 2– Universidade Federal do Rio Grande do Sul; [email protected]; [email protected]

Apesar de possuir uma grande diversidade de substâncias tóxicas na pele, os anfíbios podem apresentar uma série de parasitos. Existem registros de ácaros das famílias ectoparasitas Argasidae e Ixodidae, e de uma família de endoparasitas, Leeuwenhoekiidae, representada pelo gênero Hannemania. Quando larva, os ácaros desse gênero infectam anfíbios, podendo causar anemia ou servir de vetores secundários de infecções. Existem poucos estudos sobre a interação entre esses ácaros e seus hospedeiros, incluindo a influência de fatores ambientais. O objetivo foi verificar a diferença no grau de infestação por ácaros do gênero Hannemania (número de indivíduos) em rãs-crioulas, Leptodactylus latrans, em regiões antropizadas e não antropizadas. Realizamos esse trabalho em três áreas no Rio Grande do Sul, duas em região com alto grau de alteração antrópica, próximas a locais com intensa atividade agropastoril e ocupação urbana na Área de Proteção Ambiental do Banhado Grande (APABG) e uma em região com baixo grau de alteração, na Reserva Biológica Estadual Mata Paludosa (RBMP). Vistoriamos 81 indivíduos; 60 na APABG, sendo 5 adultos, e 21 na RBMP, sendo 18 adultos. Após a contagem dos ácaros (vesículas avermelhadas sobre a pele), medimos o comprimento rostro-cloacal e pesamos as rãs. Dos indivíduos das áreas antropizadas, 47 possuíam pelo menos um ácaro e, destes, a média de infestações foi de 25 Hannemania/indivíduo, variando de 1 a 134 ácaros. Dos 47, 40% possuíam entre 1 e 20 infestações, 33% entre 21 e 100 e 27% apresentaram mais de 100. Indivíduo algum da RBMP apresentou infestação. Comparamos o grau de infestação dos anfíbios nas duas regiões através de análise de variância via testes de aleatorização (10.000 aleatorizações) com o programa Multiv v. 3.31. Consideramos um nível de significância de p=0,05. A análise indicou diferença significativa entre o grau de infestação nas rãs da região antropizada e não antropizada. O resultado se manteve quando consideramos somente as rãs adultas. Esses dados indicam que pode haver uma relação entre características do ambiente, como o grau de antropização, e a infestação de ácaros. Sabemos que, por exemplo, a utilização de agrotóxicos, em lavouras de arroz na APABG, pode causar alterações no sistema imune dos anfíbios, deixando-os mais suscetíveis a infestações. É necessário aprofundar esses estudos, ampliando o número de regiões e áreas, bem como verificando as consequências dessas interações para a saúde dos anfíbios.

Apoio: PROBIC-FAPERGS/FZBRS

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Dieta de Ololygon catharinae (Anura: Hylidae) em período reprodutivo

Natália Aparecida Mendonça, Camila Fernanda Moser, Mateus de Oliveira, Alexandro Marques Tozetti (orient.)

Universidade do Vale do Rio dos Sinos; [email protected]; [email protected]

A avaliação da dieta ajuda na compreensão de elementos básicos da biologia das espécies. A perereca Ololygon catharinae possui uma distribuição geográfica restrita ocorrendo no Sul do Brasil nas regiões orientais do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Devido a essas características, existe uma grande lacuna sobre o conhecimento desta espécie. O objetivo do nosso estudo foi analisar e descrever a dieta de O. catharinae em período reprodutivo. A área de estudo foi a Floresta Nacional de São Francisco de Paula, no planalto do Rio Grande do Sul. Os indivíduos foram capturados manualmente em um corpo d’água lótico a partir do método busca ativa entre setembro e outubro de 2017. O conteúdo estomacal foi obtido através do método de lavagem estomacal (flushing). Parte dos indivíduos capturados foi coletada como testemunho, e também para confirmar a eficácia do flushing através da dissecação do trato gastrointestinal. Estes indivíduos foram eutanasiados com xilocaína aplicada em sua pele, armazenados em um ambiente refrigerado e tombados em coleção científica. O estudo possui licença de coleta bem como aprovação do Comitê de Ética institucional. Os itens do conteúdo foram classificados em nível taxonômico de Ordem, e contabilizados quanto ao número (N), frequência de ocorrência (F) e volume (V). Foram avaliados 19 indivíduos de O. catharinae. Apenas quatro indivíduos apresentaram conteúdo alimentar. As presas encontradas foram Araneae, Diptera e Coleoptera, que são presas comuns na dieta de outros hilídeos. O fato de a maioria dos indivíduos apresentar o estômago vazio pode estar relacionado com o seu período reprodutivo. Existem outros estudos que mostram que durante o período reprodutivo algumas espécies optam por não se alimentar e priorizar a reprodução. Além disso, também foi citado que existe uma correlação positiva entre duração do período reprodutivo e ingestão de presas. Outra possível explicação para os nossos resultados seriam diferenças entre os locais de forrageio e reprodução dessa espécie. É possível que o sítio de forrageio de O. catharinae seja diferente do sítio reprodutivo, com diferentes ofertas de presas, dificultando a alimentação durante a reprodução.

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Dieta de Physalaemus henselii (Peters, 1872) (Anura, Leptodactylidae) no sul do Brasil

Renata K. Farina1, Camila F. Moser1, Patrícia Witt2, Mateus de Oliveira1, Alexandro Marques Tozetti (orient.)1

1 - Laboratório de Ecologia de Vertebrados Terrestres, Universidade do Vale do Rio dos Sinos; 2 - Laboratório de Biologia Molecular, Universidade do Vale do Rio dos Sinos; [email protected]; [email protected]

Estudos que investigam a biologia alimentar fornecem importantes informações sobre a história natural das espécies. Além disso, novos dados sobre a ecologia trófica das espécies são fundamentais para descrevermos seus nichos ecológicos. Houve um aumento exponencial no número de estudos sobre a dieta dos anfíbios neotropicais nos últimos anos. Todavia, a maior parte das espécies ainda tem sua biologia alimentar desconhecida. O objetivo do estudo foi descrever a dieta de Physalaemus henselii a partir de uma população em habitats preservados de Mata Atlântica no sul do Brasil. As coletas ocorreram por armadilhas de queda, entre 2014 e 2016, na Reserva Biológica do Lami Jose Lutzenberger, localizada no município de Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Em laboratório, os animais foram dissecados para remoção do conteúdo gastrointestinal (estômago e intestino) que foi conservado em álcool 70% e triado com estereomicroscópio. As presas foram mensuradas quanto ao número, volume e à frequência de ocorrência. Foi calculado o Índice de Importância Relativa (IIR) e o Índice de Amplitude de Nicho Trófico Padronizado de Levins (Bsta). As presas foram identificadas no menor nível taxonômico possível. Foram coletados 18 indivíduos de P. henselii, sendo que todos eles apresentaram presas no seu conteúdo gastrointestinal. Foi possível identificar um número de 154 presas, distribuídas em dez categorias. A categoria mais importante na dieta foi Isopoda (IIR=51,7%), seguido de Formicidae (IIR=34,9%). A amplitude de nicho trófico foi de 0,32. A grande importância de Isopoda observada para a espécie não é um padrão comum para o gênero Physalaemus, onde, geralmente, a categoria de presa mais importante é Formicidae. A amplitude de nicho trófico encontrada para P. henselii (Bsta = 0,32) foi maior do que a de outras espécies, sugerindo um comportamento mais generalista em relação a outras espécies do gênero. Esse estudo traz informações inéditas acerca da composição alimentar de P. henselii no sul do Brasil, além de descrever a importância da categoria Isopoda, pouco frequente na dieta do gênero Physalaemus.

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Répteis da Área de Proteção Ambiental do Banhado Grande, Rio Grande do Sul, Brasil

Samuel Ferreira Gohlke1,2, Roberto Baptista de Oliveira(orient.)1

1 - Museu de Ciências Naturais, Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul; 2 -Universidade Federal do Rio Grande do Sul; [email protected];[email protected]

Compreender a composição de espécies que ocorrem em determinada área é fundamental no planejamento das estratégias a serem adotadas para a conservação dos ecossistemas, organismos e processos ecológicos que abriga. A Área de Proteção Ambiental do Banhado Grande (APABG) é uma unidade de conservação (UC) estadual de uso sustentável criada em 1998 com o objetivo de proteger os banhados formadores do rio Gravataí. Possui uma área de 136.935 ha, pertencendo aos municípios de Glorinha, Gravataí, Viamão e Santo Antônio da Patrulha, que abrange parte dos biomas Pampa e Mata Atlântica e apresenta diferentes coberturas vegetais. O presente trabalho tem como objetivo o inventariamento das espécies de répteis presentes na APABG, a fim de gerar informações que subsidiem o processo de elaboração do plano de manejo da UC. O levantamento das espécies foi realizado através de consulta ao material procedente da área de interesse depositado nas coleções de répteis da Fundação Zoobotânica do RS (MCN) e da PUCRS (MCP), e campanhas de campo em áreas pouco representadas nestes acervos (leste e extremo nordeste da APABG). Foram realizadas até o momento três campanhas (março, outubro e dezembro de 2017), sendo o material testemunho depositado na coleção MCN. Foram registradas para a APABG, até o momento, 50 espécies de répteis pertencentes às ordens Crocodylia (n=1), Testudines (n=4) e Squamata (quatro anfisbenas, sete lagartos e 34 serpentes),que corresponde a 40% das espécies continentais registradas para o Rio Grande do Sul (124), sendo 100% dos crocodilianos, 66% dos Testudines, 33% dos lagartos, 37% das serpentes e 66% das anfisbenas. Nas campanhas de campo, foram registradas 11 espécies, sendo sete serpentes, uma anfisbena e três lagartos. O encontro do lagarto Enyalius iheringii, no interior de mata na região de Santo Antônio da Patrulha, consistiu no primeiro registro da espécie para a APABG. A relativa alta riqueza registrada no presente estudo está relacionada à grande extensão territorial da APABG, abrangendo dois biomas distintos e uma grande heterogeneidade de habitats. O registro de E. iheringii, espécie associada à Floresta Ombrófila Densa, indica que outras espécies associadas a este ambiente potencialmente ocorram na área, podendo a riqueza dessa UC ser ainda maior. Novas amostragens e a utilização de ferramentas de modelagem de nicho para espécies de ocorrência em áreas adjacentes à APABG podem incrementar a riqueza observada e potencial desta UC.

Apoio: PIBIC-CNPq

XIV JIC - Livro de Resumos 49

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Ciclo reprodutivo em machos de Thamnodynastes hypoconia (Serpentes: Dipsadidae) no sul do Brasil

Vinicius Inacio Monteiro dos Santos, Laura Verrastro (orient.), Marluci Müller Rebelato, (coorient.), Júlia Gioria (coorient.)

Universidade Federal do Rio Grande do Sul; [email protected]; [email protected]

A biologia reprodutiva é um dos principais aspectos no estudo da vida de um animal, pois é essencial para compreender a dinâmica e parâmetros populacionais de qualquer espécie. Em serpentes podemos classificar os modos reprodutivos como ovíparos ou vivíparos, e os ciclos reprodutivos como contínuos ou sazonais. Fatores físicos exógenos, como temperatura, umidade e fotoperíodo podem induzir diferentes ciclos reprodutivos. Considera-se que serpentes de regiões temperadas possuam ciclos não contínuos, e a reprodução ocorra nas estações mais quentes do ano, sendo altamente sincronizadas entre indivíduos. Nos machos o aumento das dimensões e massa dos testículos são usados para indicar espermatogênese. Thamnodynastes hypoconia (Cope 1860) é uma serpente Dipsadidae, com distribuição ampla no Brasil, até Paraguai, Uruguai e Argentina. As fêmeas de populações subtropicais-temperadas possuem ciclo vitelogênico sazonal, já nos machos foi observado tanto ciclo contínuo quanto sazonal. Sabendo que a variação sazonal climática pode afetar o ciclo reprodutivo e que análises macroscópicas do sistema reprodutor de espécimes fixados podem mostrar resultados ambíguos, o objetivo deste trabalho é determinar e descrever, através de análises histológicas, o ciclo reprodutivo em machos de T. hypoconia no Rio Grande do Sul. Nossa hipótese de trabalho é que as baixas temperaturas do extremo sul do Brasil possam afetar diretamente o ciclo dos machos, fazendo com que a espermatogênese seja sazonal. Foram coletados testículos, ducto deferente e rim de 15 espécimes tombados na Coleção Herpetológica da Universidade do Rio Grande, provindos do município de Rio Grande e região, abrangendo todas as estações do ano. Por serem órgãos pares, determina-se a utilização do órgão direito para padronização das amostras. Foram feitos cortes de 3 µm de espessura na porção mediana do testículo, cranial do rim e caudal do ducto deferente, e corados com azul de toluidina. Serão obtidas 10 medidas de diâmetro e altura do epitélio do túbulo seminífero e do segmento sexual renal, presença ou ausência de espermatogênese no túbulo seminífero e de espermatozoides no ducto deferente. As estações do ano foram definidas como verão (jan, fev e mar), outono (abr, maio e jun), inverno (jul, ago e set) e primavera (out, nov e dez). Até o momento, foi observada presença de espermatozoides nas quatro estações do ano.

Apoio: CNPq

XIV JIC - Livro de Resumos 50 Ecologia/Zoologia de Vertebrados - Ictiologia

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Revisão taxonômica das espécies de Rineloricaria Bleeker, 1892 (Siluriformes: Loricariidae) das bacias costeiras do Sul e Sudeste do Brasil

Alessandra Cristina Soares Lima, Luiz Roberto Malabarba (orient.), Tiago Pinto Carvalho (coorient.)

Universidade Federal do Rio Grande do Sul; [email protected], [email protected]

Rineloricaria é um gênero com 69 espécies válidas, distribuído na América do Sul em habitats que vão desde riachos de montanhas, com águas rasas, claras e forte correnteza, até grandes rios e lagoas. As bacias costeiras do Sul e Sudeste têm uma rica ictiofauna e diversos eventos geológicos influenciaram sua composição. Essas drenagens possuem grande importância no contexto da ictiofauna de água doce por conta de suas características naturais e isolamento geográfico que proporcionam a ocorrência de espécies endêmicas. Este estudo tem como objetivo examinar a diversidade de espécies ocorrentes das bacias costeiras do Sul e Sudeste do Brasil, bem como identificar possíveis novas espécies. Os lotes analisados são das coleções do Departamento de Zoologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e do Museu de Ciências e Tecnologia da PUCRS (MCP) e a região de estudo fica entre os rios Tramandaí no estado do Rio Grande do Sul até o rio São João no estado do Rio de Janeiro. Nessa região, foram encontrados, até o presente momento, 11 espécies/morfotipos, identificados por uma combinação de características morfológicas como: tamanho da área nua no focinho, tamanho das cúspides dos dentes e das nadadeiras, número de placas abdominais, laterais e longitudinais, número de manchas dorsais em forma de sela, formato da cabeça e corpo, ausência ou presença de filamentos na nadadeira caudal, de cristas supraoccipitais e pré-dorsais, de placas no abdome e de manchas na nadadeira dorsal. Dados de distribuição das espécies do gênero foram reunidos e analisados de acordo com as delimitações das principais áreas de endemismo e reconstruções de paleodrenagens nesta região.

XIV JIC - Livro de Resumos 52

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Interações entre dieta, mandíbula faringeal e ontogenia em Cichlasoma portalegrense Hensel 1870

Amanda Antunes de Souza Santos, Clarice Bernhardt Fialho (orient.), Laísa Wociechoski Cavalheiro (coorient.)

Universidade Federal do Rio Grande do Sul, UFRGS, Laboratório de Ictiologia, Prédio 43435. CEP 90540-000 - Porto Alegre, RS, Brasil; [email protected]; [email protected]

O desenvolvimento do aparato mandibular faríngeo dos ciclídeos representa uma inovação chave na manipulação dos alimentos e utilização dos recursos. A morfologia do peixe tem papel principal na determinação da dieta. Muitas espécies de ciclídeos sofrem mudanças na alimentação ao longo da vida, geralmente acompanhada por mudanças na mandíbula faringeal inferior (LPJ). Os objetivos deste estudo são: descrever a alimentação e a LPJ de Cichlasoma portalegrense; testar a existência de padrões ontogenéticos na sua dieta e sua variação entre os pontos de coleta; investigar relações entre dieta, morfologia e plasticidade morfológica da LPJ e ontogenia. Os espécimes foram amostrados em quatro pontos de coleta em Viamão, sendo dois no Refúgio de Vida Silvestre Banhado dos Pachecos. As coletas ocorreram mensalmente, de junho de 2017 a janeiro de 2018, com uso puçá e picaré. Os exemplares foram distribuídos em três categorias de tamanho conforme a regra de Sturges e dissecados, sendo os itens alimentares identificados. Dados de volume de ocorrência (VO%) e frequência de ocorrência (FO%) foram gerados para cada categoria de tamanho em cada ponto de coleta. Para testar a influência ontogenética na alimentação, foi empregada PERMANOVA e, para ilustrar padrões ontogenéticos existentes na dieta, foi utilizada PCoA. Foram realizadas quatro medições lineares nas LPJ e sua dentição foi quantificada e qualificada. Padrões de disposição dos dentes na LPJ foram investigados. Os itens alimentares mais consumidos foram insetos aquáticos, microcrustáceos aquáticos, peixes e escamas, material vegetal e matéria orgânica. A espécie é onívora e alimenta-se de itens tanto pelágicos quanto bentônicos e de diferentes origens. A hipótese de que existem padrões ontogenéticos na sua dieta, que variam ao longo do espaço, foi refutada. Cichlasoma portalegrense possui cinco tipos de dente na LPJ, variedade que reflete a diversidade de itens consumidos. O número de dentes foi bastante variável, independentemente das categorias de tamanho. A LPJ não parece apresentar variações ontogenéticas funcionais. Conforme o indivíduo cresce e se desenvolve, sua dieta permanece a mesma, o que faz com que, em uma população, organismos dos diferentes tamanhos estejam compartilhando recursos. Os padrões alimentares encontrados indicam que a espécie tem uma grande capacidade de adaptação ao ambiente.

Apoio: PIBIC-CNPq/UFRGS

XIV JIC - Livro de Resumos 53

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Levantamento rápido da ictiofauna de um trecho do rio Maquiné, utilizando diversos apetrechos de coleta, Maquiné - RS, Brasil

Andrei Luiz Nowtzki1, Guilherme de Ávila Rodrigues1, Otávio Gutierrez e Silva1, Karine Orlandi Bonato2 (orient.)

1 - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Centro de Estudos Costeiros, Limnológicos e Marinhos; 2 - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Laboratório de Ictiologia; [email protected]; [email protected]

A Bacia Hidrográfica do Rio Tramandaí, apesar de abranger uma pequena área do Estado do Rio Grande do Sul, apresenta uma grande riqueza de espécies. Os rios da encosta da Serra Geral, como o rio Maquiné, apresentam trechos lóticos de alta e média velocidade, bem como trechos lênticos, apresentando pedras ou cascalho ao fundo e margem associada à Mata Atlântica. Este trabalho teve como objetivo amostrar a ictiofauna de um trecho do rio Maquiné com diferentes métodos de coleta. A amostragem da ictiofauna ocorreu no dia 25 de novembro de 2017 em um trecho do rio Maquiné (29º39’10”S 50º12’36”O), no município de Maquiné. Os apetrechos de coleta utilizados para captura dos exemplares foram: tarrafa (malha entre nós de 12 mm), puçá e rede de arrasto do tipo picaré (ambos malha entre nós de 5 mm). Ainda em campo, os espécimes coletados foram anestesiados com óleo de cravo e fixados em solução formalina 10%, após foram levados para o Centro de Estudos Costeiros, Limnológicos e Marinhos (CECLIMAR), onde foram conservados em álcool 70% e então triados e identificados. Ao todo, foram amostrados 757 espécimes pertencentes a 21 espécies, com exceção de uma amostra que foi categorizada em nível de gênero, Rhamdella sp. As três espécies mais abundantes da coleta foram Diapoma itaimbe com 481 indivíduos, Deuterodon stigmaturus 89 indivíduos e Diapoma alburnum com 81 indivíduos. Com o método de arrasto foram amostradas 16 espécies, e as que apresentaram maior frequência de ocorrência foram D. itaimbe (71,79%), D. alburnum (12,08%) e D. stigmaturus (10,29%). Para o apetrecho puçá, foram coletadas 12 espécies e as de maior frequência de ocorrência foram Ancistrus multispinis e Phalloceros caudimaculatus, ambas apresentando 14 indivíduos coletados, totalizando 45,16% de contribuição para este método. Na tarrafa, foram amostradas quatro espécies, e a que mostrou maior frequência de ocorrência neste método foi Deuterodon stigmaturus (76%), com 19 indivíduos. O trabalho demonstrou que, mesmo com uma pequena área de amostragem, pode-se obter uma riqueza considerável de espécies. No entanto, ressalta-se que diante da diversidade de microhabitats presentes nos trechos dos rios e riachos pertencentes à bacia do rio Tramandaí, deve-se utilizar diversos métodos de coleta para que seja amostrada a maior riqueza de espécies possível.

XIV JIC - Livro de Resumos 54

XIV Jornada de Iniciação Científica - Meio Ambiente Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul Porto Alegre, RS, 11 a 14 de setembro de 2018

Ictiofauna da Reserva Biológica Estadual Mata Paludosa

Caroline Nectoux Culau1,2, Leonardo Martins Pinheiro2, Bibiana Campanher Ramos1, Maria Eduarda Bernardino Cunha1, Vinícius Araújo Bertaco1 (orient.)

1 - Museu de Ciências Naturais, Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul; 2 - Universidade Federal do Rio Grande do Sul; [email protected]; [email protected]

Inventários são cada vez mais indispensáveis para maior conhecimento da diversidade dos locais. Tornam-se mais importantes em regiões que ainda contenham remanescentes de vegetações nativas, muitas vezes pertencentes a unidades de conservação (UC), as quais têm finalidade de conservação perante a alta taxa de extinção de espécies por causa, principalmente, da perda de hábitats. A Reserva Biológica Estadual Mata Paludosa (RBMP), que abrange a transição de mata de encosta e baixada, situa-se no município de Itati, RS, na porção média da bacia do rio Três Forquilhas, sistema do rio Tramandaí. Este é o primeiro estudo de ictiofauna realizado na RBMP e tem como objetivo realizar um levantamento das espécies ocorrentes na UC e compará-las entre as estações sazonais e os pontos de amostragem. A primeira coleta foi realizada em junho de 2018 em quatro pontos de amostragem: arroio (1), açudes (2) e áreas alagadas (1). Para a captura dos indivíduos utilizou-se o puçá (0,9 x 0,45 x 0,5 m; comprimento, largura, profundidade), padronizado em 15 lances por ponto. Os indivíduos coletados foram anestesiados em óleo de cravo e após fixados em formol. Em laboratório os indivíduos foram identificados e catalogados na Coleção Científica de Peixes do Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica. Foram coletados 92 indivíduos pertencentes a 16 espécies, seis famílias e quatro ordens. As famílias e ordens predominantes foram Characidae/Characiformes, Poeciliidae/Cyprinodontiformes, Cichlidae/Cichliformes e Loricariidae/Siluriformes. Os siluriformes foram capturados somente no arroio, representados pelos loricarídeos Epactionotus bilineatus, Pareiorhaphis hypselurus e Rineloricaria aequalicuspis. Os ciclídeos Crenicichla lepidota e Cichlasoma portalegrense (Cichliformes) só foram capturados nos açudes, além de indivíduos de Characiformes e Cyprinodontiformes. Na área alagada foram capturados indivíduos das ordens Characiformes e Cyprinodontiformes. Os Characiformes apresentam ampla distribuição dentro da RBMP, ocorrendo em todos os pontos, entretanto, deve-se ressaltar a presença de Hollandichthys taramandahy, uma espécie ameaçada de extinção na categoria "Em Perigo" (EN), com apenas um indivíduo coletado em um remanso do arroio Mittmann. Pode-se, então, observar a preferência de algumas espécies e ordens por ambientes específicos, como os Siluriformes e Cichliformes. A confirmação dessas observações será avaliada nas próximas expedições de campo.

Apoio: PIBIC-CNPq/ FZBRS

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Biologia reprodutiva de Mimagoniates inequalis (Eigenmann, 1911) (Characidae, Stevardiinae, Glandulocaudini) do arroio Calombos, Sul do Brasil

Igor B. N. da Silva1,2, Marco A. Azevedo1 (orient.)

1Setor de Ictiologia, Museu de Ciências Naturais, Fundação Zoobotânica do RS; 2Universidade Federal do Rio Grande do Sul; [email protected]; [email protected]

Glandulocaudini é uma tribo de peixes caracídeos inseminadores em que os machos transferem esperma para os ovários sem que se saiba o exato momento da fecundação. Nesse trabalho, são investigadas as características reprodutivas de Mimagoniates inequalis (Eigenmann, 1911), tais como período reprodutivo e suas relações com fatores bióticos e abióticos, períodos e fases de inseminação, fecundidade e diâmetro dos oócitos maduros, tipo de desenvolvimento oocitário, tamanho de primeira maturação gonadal e proporção sexual. Foram realizadas coletas mensais de abril de 2014 a junho de 2015 no arroio Calombos, bacia do rio Jacuí, em Eldorado do Sul, RS. Os exemplares foram medidos, pesados e dissecados para observação, extração e pesagem das gônadas e do estômago. Foram estimadas as fases de maturação gonadal e calculados os índices gonadossomático (IGS) e de repleção estomacal (IR). O período reprodutivo foi estimado a partir da variação mensal do IGS e da frequência de indivíduos maduros. Foi testada a correlação das médias de IGS com a variação do IR, da temperatura da água, do fotoperíodo e da pluviosidade. A fecundidade total será estimada pelo número médio de oócitos maduros produzidos pelas fêmeas. O período do ano e as fases de maturação em que as fêmeas da espécie se encontram inseminadas serão avaliados através da histologia dos ovários. Os resultados preliminares mostram que indivíduos aptos à desova/extrusão e valores altos de IGS estão presentes na maior parte do ano, com médias de IGS mais elevadas em abril e junho, para machos, e em abril, junho, setembro e dezembro, para fêmeas. Houve correlação significativa negativa entre o IGS de machos e o fotoperíodo (Pearson, p=-0,038). Fêmeas predominaram nas menores classes de tamanho e machos nas maiores. A maioria dos caracídeos tem reprodução sazonal situada nos meses de primavera e verão, mas os dados obtidos sugerem que M. inequalis, a exemplo de suas congêneres, também apresenta atividade reprodutiva intensa nos meses de outono e inverno, sem sazonalidade clara. O predomínio de machos nas maiores classes de comprimento sugere um dimorfismo sexual ligado ao tamanho e pode estar relacionado ao comportamento de corte descrito para caracídeos inseminadores. As análises histológicas poderão verificar se os machos são capazes de inseminar fêmeas com ovários ainda em desenvolvimento, o que poderia explicar as diferenças entre sexos quanto aos períodos de maior atividade reprodutiva.

Apoio: PIBIC-CNPq/ FZBRS

XIV JIC - Livro de Resumos 56

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Planejamento do desenho amostral em estudos da diversidade da ictiofauna: é melhor amostrar poucos pontos várias vezes ou mais pontos uma vez?

Jennifer Tainara Amaral de Mello, Marlon da Rosa Ferraz, Uwe Horst Schulz (orient.)

Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS; [email protected]; [email protected]

Durante a construção do desenho amostral de um projeto de levantamento da biodiversidade, tem -se que levar em conta a relação custo / benefício das amostragens. Em projetos que investigam a diversidade de peixes, existe a possibilidade de amostrar um local em estações diferentes do ano para obter o conhecimento da variabilidade da diversidade na escala temporal, ou de aplicar o esforço amostral investigando mais pontos para avaliar as eventuais alterações da diversidade em uma escala espacial. O objetivo deste estudo foi avaliar a diversidade da comunidade de peixes em 14 pontos de quatro sub-bacias do Rio dos Sinos nas estações de inverno e verão. Para as coletas, foi utilizada a pesca elétrica, em uma área de 700 m², com três passadas. Foram calculados os índices de diversidade de Shannon, dominância, riqueza e abundância total, por ponto e estação. Um teste t pareado foi aplicado para comparar os resultados do verão com o inverno. Num segundo passo, foi avaliada a variação da composição através do teste de Permanova com o auxílio de NMDS, para verificar a ordenação das comunidades. A média da riqueza verão foi de 16,9 (dp = 3,4) e inverno 15,6 (dp = 3,8) por ponto, do índice de Shannon verão 2,01 (dp = 0,22) e inverno 2,0 (dp = 0,2) e dominância verão 0,17 (dp = 0,04) e inverno 0,19 (dp = 0,07) e abundância verão 433,6 (dp= 193,7), inverno 326,4 (dp = 209,5). O teste t pareado não foi significativo para riqueza (t=1,66; p=0,12), Shannon (t=1,14; p=0,27) e dominância (t=-1,09; p=0,29). A abundância média do verão foi significativamente maior (t= 3,12; p= 0,008). O teste de Permanova não mostrou diferenças significativas da composição da ictiofauna entre as estações (F=0,85; p=0,63). Com base nos resultados, pode-se recomendar a amostragem da diversidade de peixes numa única estação. A relação custo / benefício da amostragem é mais favorável com uma intensa amostragem no verão, ampliando a escala espacial com mais pontos, em vez de amostrar cada ponto várias vezes. A recomendação de amostrar no verão baseia-se no aumento da abundância nesta estação, causada principalmente pelo recrutamento de muitas espécies na primavera e, consequentemente, da entrada de novas coortes nas populações.

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Divulgação Científica - Ictiofauna do Lago Guaíba e Afluentes

Letícia Freitas Rodrigues, Luiz Roberto Malabarba (orient.), Juliana Mariani Wingert (coorient.)

Laboratório de Ictiologia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul; [email protected]; [email protected]

A ictiofauna do Complexo da Laguna dos Patos possui cerca de 200 espécies. Incluso no complexo da Laguna dos Patos, o Lago Guaíba contém 56 espécies residentes e possui uma grande diversidade devido a encontro de espécies estuarinas que penetram pela Laguna dos Patos originárias do Sul, com espécies de água doce residentes no lago. Já no Delta do rio Jacuí, que recebe as águas dos rios Jacuí, Gravataí, Sinos e Caí, são registradas cerca de 78 espécies. Parâmetros Curriculares Nacionais de Ensino Médio e do Ensino Fundamental, ressaltam a importância da compreensão do aluno perante a natureza viva a partir de ambientes próximos aos alunos. O objetivo deste trabalho é realizar um guia sobre a ictiofauna do Lago Guaíba e afluentes para estudantes da região metropolitana de Porto Alegre, aproximando-os desses animais e trazendo mais conhecimento sobre a natureza nativa por meio da ilustração cientifica. A elaboração desse trabalho foi dividida em seis etapas. Na etapa 1, foram pesquisadas algumas características dos rios e suas bacias, além dos diferentes ambientes em que os peixes podem estar. Na etapa 2, foram pesquisadas.espécies de peixes que se encontram nesses ambientes, abordando o nicho ecológico, habitat e estado de conservação, segundo os critérios da União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN). Na etapa 3, foram selecionados 35 de todas as espécies de peixes.no Guaíba e seus afluentes, utilizando critério de endemismo, abundância e uso humano (aquariofilia ou culinária). A etapa 4, consiste em ilustrá-los utilizando desenhos das espécies, que serão feitos com lápis de cor aquarelável, pincel e água e depois digitalizá-los para computador fazendo algumas alterações se necessário. Na etapa 5, serão feitas atividades didáticas para crianças e adolescentes a respeito do que foi abordado no guia para despertar a ludicidade no jovem. Na etapa 6, será feita introdução e uma conclusão para o guia, além de separar os capítulos e fazer a capa.

Apoio: UFRGS

XIV JIC - Livro de Resumos 58 Ecologia/Zoologia de Vertebrados - Mastozoologia

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Influência da passagem pelo trato digestório de aves e mamíferos no sucesso germinativo de sementes de frutos de mirtáceas nativas do Rio Grande do Sul

Cauanne Iglesias Campos Machado1, 2, Marcia Maria de Assis Jardim (coorient.)1, Jan Karel Felix Mähler Junior1 (orient.)

1 - Museu de Ciências Naturais, Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul; 2 - Universidade Luterana do Brasil; [email protected]; [email protected]

A dispersão de sementes por frugívoros é importante para a manutenção da riqueza vegetal de florestas neotropicais e possui papel fundamental na sua regeneração. A ingestão de sementes por animais pode afetar sua germinação, possibilitando alterações mecânicas e químicas em suas estruturas. O trabalho objetivou analisar o efeito da passagem de frutos de araçá (Psidium cattleianum), guabiroba (Campomonesia xanthocarpa) e pitanga (Eugenia uniflora), pelo trato digestório de mamíferos e aves: bugios (Alouatta guariba clamitans e Alouatta caraya), quati (Nasua nasua), cujubi (Aburria cujubi) e jacu (Penelope obscura), assim como, avaliar o tempo de germinação de sementes ingeridas e não ingeridas. A oferta de frutos aconteceu no Parque Zoológico-FZB/RS e na Quinta da Estância-Viamão/RS. No dia seguinte à oferta, as fezes foram coletadas, armazenadas e, em laboratório, lavadas, selecionadas as sementes e encaminhadas para germinação no Banco de Sementes do Jardim Botânico. Para o controle, as sementes foram despolpadas manualmente diretamente dos frutos. A emergência das plântulas foi o critério para definir a data de germinação das sementes, avaliadas duas vezes por semana, durante 120 dias. As diferenças no sucesso de germinação de frutos entre os tratamentos (bugio-ruivo/bugio-preto/ quati/cujubi/jacu e controle) foram avaliadas pelo teste qui-quadrado χ2, utilizando-se o programa Past®.Não houve diferença significativa na germinação de araçás para as três espécies de mamíferos: bugio-ruivo (p= 0,652), bugio-preto (p= 0,426) e quati (p= 0,250). Igualmente não houve diferença na germinação de pitangas oferecidas a quatis (p= 0,792). Os frutos de guabiroba foram oferecidos para as cinco espécies estudadas, não havendo diferença significativa para nenhuma delas: jacu (p= 0,232), cujubi (p= 0,453), bugio-ruivo (p= 0,435), bugio-preto (p= 0,305) e quati (p= 0,305). Ao longo do estudo, foram registradas diferenças no sucesso germinativo de uma mesma espécie vegetal em distintas ofertas de frutos às espécies animais. Dessa forma, repetições serão feitas com as espécies vegetais já testadas em busca de um resultado mais consistente. Adicionalmente, experimentos com outras espécies de mirtáceas nativas do RS serão realizados na continuidade do estudo. A ingestão de frutos na natureza por dispersores permite que as sementes sejam transportadas para longe da planta-mãe, contribuindo na manutenção dos ecossistemas e na recuperação de áreas degradadas.

Apoio: PIBIC-CNPq/ FZBRS

XIV JIC - Livro de Resumos 60

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Avaliação de dimorfismo sexual em Akodon montensis (Thomas, 1913) no extremo sul do Brasil

Jéssica Bandeira Pereira1,2, Izidoro Sarmento do Amaral3,4, Alexandre Uarth Christoff (orient.)1,2

1 - Laboratório de Sistemática e Evolução de Mamíferos Neotropicais, Museu de Ciências Naturais ULBRA; 2 - Universidade Luterana do Brasil; 3 - Laboratório de ecologia de mamíferos; 4 - Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS; [email protected]; [email protected]

Akodon montensis (Fischer, 1929) é um roedor sigmodontíneo com ampla distribuição no leste do Brasil, encontrado principalmente na Mata Atlântica. Ocorre no Paraguai, nordeste da Argentina e Brasil, nos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Goiás e Rio Grande do Sul. Morfologicamente é muito similar a outras espécies do gênero, distinguindo-se por apresentar cariótipo variando de 2n = 24, 25 e 26. Muitos estudos vêm sendo realizados com populações do leste do Brasil. A espécie nessa região apresenta machos com dimensões cranianas maiores do que das fêmeas (dimorfismo sexual). As populações do extremo sul são pouco analisadas em razão da dificuldade de identificação das espécies, visto a necessidade de pesquisas que utilizem indivíduos corretamente identificados. Deste modo, o objetivo deste estudo foi avaliar a ocorrência de dimorfismo sexual em A. montensis, utilizando espécimes do Rio Grande do Sul identificados a partir de parâmetros adequados. A amostra consiste em 43 espécimes adultos (machos n = 27 e fêmeas n = 16) identificados através de análises da estrutura do cariótipo (n=31) e análises de sequências gênicas, utilizando fragmentos do gene mitocondrial Citocromo b (Cyt-b) (n=12), provenientes de cinco localidades do Rio Grande do Sul. O material encontra-se depositado na coleção de mamíferos do Museu de Ciências Naturais da ULBRA (MCNU). Foram aferidas 25 medidas do sincrânio, destas 21 medidas são do crânio e quatro da mandíbula. Cinco medidas corpóreas foram aferidas do livro de registros do MCNU. A comparação das médias entre machos e fêmeas foi realizada através do Teste – t de Student. As dimensões cranianas evidenciaram que há dimorfismo sexual em nove medidas, corroborando estudos anteriores que afirmam que machos são maiores do que as fêmeas da espécie. Não foram evidenciadas diferenças significativas nas dimensões externas. As populações do extremo sul do Brasil são pouco estudadas e ainda não se reconhecem os padrões diagnósticos das espécies do gênero com ocorrência no extremo sul do Brasil. Este estudo faz parte de uma pesquisa mais abrangente sobre as espécies do gênero Akodon com ocorrência no Rio Grande do Sul, que busca estabelecer padrões diagnósticos, se possível, e sugerir uma distribuição geográfica mais precisa para cada táxon no estado.

XIV JIC - Livro de Resumos 61

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Mamíferos terrestres de médio e grande porte da coleção científica do Museu de Ciências Naturais/FZB-RS: Análise de representatividade espacial e identificação de lacunas de amostragem no Rio Grande do Sul.

Júlia Gomes Ilha1,2, Tatiane Campos Trigo1, Márcia de Assis Jardim1 (orient.)

1 - Museu de Ciências Naturais, Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul; 2 - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS); [email protected]; [email protected]

Os espécimes contidos em coleções científicas são valiosos por serem testemunhos únicos da biodiversidade de determinada região. A coleção de mamíferos do Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica (FZB/RS) se destaca por ter uma expressiva representatividade da mastofauna gaúcha, apresentando atualmente um acervo com cerca de 4.000 exemplares. Das 175 espécies conhecidas para o estado, 68% estão representadas na coleção científica. Além disso, contempla exemplares de 77% das espécies ameaçadas de extinção no RS. Este estudo teve como objetivos quantificar a representatividade espacial de táxons da coleção científica e identificar as lacunas de amostragem no estado. Foram sistematizadas as informações referentes aos registros do Livro Tombo da coleção científica de acordo com categorias taxonômicas, origem e procedência geográfica. Os critérios considerados para inclusão dos registros nas análises foram: espécies de mamíferos terrestres de médio e grande porte (acima de 1kg) nativas do RS; e exemplares com informações de procedência na natureza cuja coleta tenha sido realizada no estado. Deste conjunto de dados (n=576), foram considerados apenas os registros que continham coordenadas geográficas (n=50) ou informações passíveis de serem georreferenciadas (n=223). Os registros (n=273) foram plotados em um mapa do estado e sobrepostos às bases de informações geográficas de biomas, regiões fisiográficas e regiões fitofisionômicas. A atribuição de coordenadas geográficas e as análises foram realizadas com o auxílio dos programas Google Earth Pro® e ArcGIS®. No total, 86% dos exemplares são procedentes do bioma Pampa, enquanto que apenas 14% são da Mata Atlântica. Foram obtidos registros em todas as regiões fisiográficas, exceto a região das Missões. As regiões mais representadas foram a Depressão Central (45%), Campanha (19%), Litoral (15%), Campos de Cima da Serra (7%) e Encosta Inferior do Nordeste (6%). As demais tiveram representatividade abaixo de 3%. A maioria dos exemplares foi registrada nas fisionomias campestres (91%), sendo os Campos da Depressão Central (49%), Campos litorâneos (17%) e Campos arbustivos (7%) os mais representados. Nos Campos com Espinilho e Campos dos Areias não houve registros. As regiões de Floresta com Araucária (n=8), Floresta Atlântica (n=7) e Floresta Estacional (n=7) totalizaram somente 8%, evidenciando a necessidade de um esforço maior de coleta nestas fisionomias.

Apoio: CNPq

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Aspectos ecológicos da coocorrência de cães (Canis lupus familiaris) e carnívoros silvestres no Refúgio de Vida Silvestre Banhado dos Pachecos (Viamão - RS)

Mateus Zimmer1, 2, Flávia Pereira Tirelli2, Márcia M. Assis Jardim1, José Reck Jr.3, Tatiane Campos Trigo2 (orient.)

1 - Setor de Mastozoologia, Museu de Ciências Naturais, Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul; 2 - Universidade Federal do Rio Grande do Sul; 3 - Instituto de Pesquisas Veterinárias Desidério Finamor (IPVDF); [email protected]; [email protected]

Um problema crescente nas unidades de conservação é o trânsito de animais exóticos, domésticos ou não, em seus interiores. Esses animais podem ocasionar prejuízos para a fauna nativa, sejam eles ecológicos, por competição ou predação; ou de saúde, atuando na transmissão de doenças. O Refúgio de Vida Silvestre Banhado dos Pachecos (RVSBP), localizado em Viamão, possui área circundada por meio urbano e rural, estando assim sujeito à intrusão de animais domésticos. A ocorrência de cães (Canis lupus familiaris) no interior do RVSBP é um fato, porém não são conhecidas as consequências ecológicas, para a fauna silvestre, da presença destes animais exóticos. Deste modo, o objetivo deste trabalho é avaliar os padrões de distribuição temporal e espacial de cães e carnívoros silvestres no RVSBP, com a hipótese de que existem processos de partição de nicho. Para tal, utilizamos registros de armadilhas fotográficas, obtidos em uma amostragem de malha com 22 pontos, realizada de setembro a dezembro de 2017. Os padrões de atividade temporal foram avaliados através de estatística circular e teste de Rayleigh no programa ORIANA, e sobreposição de nicho temporal no programa RSTUDIO com o pacote “Overlap”. Foram obtidos 211 registros para a ordem Carnivora, sendo 168 de canídeos, 27 de felídeos, nove de procionídeos, quatro de mustelídeos e três não identificados. Cerca de 14% dos registros de carnívoros corresponderam a cães, sendo estes obtidos em nove pontos amostrais, e 86% a carnívoros silvestres com ocorrência observada em 19 pontos. A coocorrência foi detectada em sete pontos. Análises do padrão de atividade foram realizadas somente para as quatro espécies de silvestres com maior número de registros: Procyon cancrivorus, Cerdocyon thous, Leopardus guttulus e Leopardus wiedii. Os picos de atividade foram detectados entre 17h e 5h, sendo obtidos valores significativos para o teste de Rayleigh (p < 0,05) para todas as espécies, com exceção apenas de L. wiedii (p = 0,067). Para os cães domésticos, os picos de atividade se mantiveram entre 9h e 18h (Rayleigh, p < 0,01). A sobreposição de nicho temporal entre os carnívoros silvestres e o cão variou de 24,1% a 40,6%. Avaliações mais detalhadas sobre distribuições de ocorrência e sobreposição de nicho espacial serão realizadas através da construção e avaliação de modelos de ocupação no programa PRESENCE, com a inclusão de diferentes variáveis ambientais.

Apoio: PIBIC-CNPq/ FZBRS

XIV JIC - Livro de Resumos 63

XIV Jornada de Iniciação Científica - Meio Ambiente Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul Porto Alegre, RS, 11 a 14 de setembro de 2018

Períodos de atividade, densidade e ocupação das espécies de felídeos do Refúgio de Vida Silvestre Banhado dos Pachecos, Viamão - RS

Paloma Linck1,2, Ingridi C. Franceschi1, André Osório Rosa3, Flávia Pereira Tirelli2 (coorient.), Tatiane Campos Trigo1 (orient.)

1- Setor de Mastozoologia, Museu de Ciências Naturais, Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul; 2 - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS); 3 – Secretaria de Ambiente e Desenvolvimento Sustentável; [email protected]; [email protected]

Compreender a ecologia espaço-temporal das espécies é de suma importância nos estudos de interação ecológica, pois nos permite avaliar os padrões de coexistência de espécies similares. No Brasil, o Rio Grande do Sul é o estado que compreende a maior diversidade de felídeos, com oito espécies registradas, sendo todas incluídas em alguma categoria de ameaça de extinção. O objetivo deste trabalho é identificar as espécies de felídeos com ocorrência no Refúgio de Vida Silvestre Banhado dos Pachecos, no município de Viamão, e avaliar de forma comparativa os padrões de distribuição espacial, períodos de atividade e densidade populacional dos felídeos registrados. Para este fim, foram instaladas 22 estações com armadilhas fotográficas dispostas em uma grade de aproximadamente 1 km2. Estas permaneceram em funcionamento contínuo por 79 dias, de setembro a dezembro de 2017, totalizando um esforço amostral de 1.243 armadilhas/noites. Os períodos de atividade foram avaliados através da análise circular e teste de uniformidade de Rayleigh no programa ORIANA e sobreposição de nicho (Dhat1) no programa RSTUDIO, com o pacote “Overlap”. Estimativas das taxas de ocupação foram obtidas com o programa PRESENCE e de densidade populacional com o programa SPACECAP. Para esta última, foi utilizado o padrão de manchas da pelagem para a identificação individual dos registros. Duas espécies de pequenos felídeos foram registradas, com um total de 23 registros: 16 de Leopardus guttulus, 6 de Leopardus wiedii e 1 não identificado. A estimativa de ocupação para L. guttulus foi de 0,56 (0,21 - 0,85), cerca de duas vezes maior do que a obtida para L. wiedii, de 0,26 (0,08 - 0,57). Ambas as espécies apresentaram atividade predominante no período noturno, com picos da 00h às 05h para L. guttulus e das 21h às 03h para L. wiedii, no entanto apenas para a primeira espécie foi identificado um padrão não uniforme de distribuição dos registros ao longo do dia (Teste de Rayleigh, p < 0,05). O coeficiente de sobreposição dos períodos de atividade das espécies foi alto (Dhat1 = 0,54). Para a realização de estimativas da densidade populacional, o número de registros obtidos para L. wiedii foi insuficiente, sendo esta realizada apenas para L. guttulus. As estimativas médias obtidas para esta espécie foram de 0,48 a 0,54 indivíduos por km2. Análises futuras incluirão ainda testes de modelos de ocupação para avaliar os padrões de distribuição das espécies na área de estudo.

Apoio PIBIC-CNPq/ FZBRS

XIV JIC - Livro de Resumos 64

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Análise da assimetria flutuante do crânio de Ctenomys torquatus (Rodentia: Ctenomyidae) como forma de mensurar o impacto de carvão em áreas do bioma Pampa

Thamara Santos de Almeida1, Renan Maestri (coorient.)³, Rafael Albuquerque de Carvalho³, Bruno Busnello Kubiak2, 3, Thales Renato Ochotorena de Freitas3 (orient.)

1 - Universidade Luterana do Brasil; 2 - URI Campus de Frederico Westphalen 3 - Universidade Federal do Rio Grande do Sul; [email protected]; [email protected]

O Pampa é um dos biomas mais ameaçados pela degradação de hábitat. O uso de carvão como fonte energética contribui como um dos fatores de ameaça à biodiversidade neste bioma. A assimetria flutuante (AF) se refere à presença de diferenças aleatórias entre os dois lados de uma estrutura biológica com simetria bilateral. Essas diferenças estão relacionadas à incapacidade do organismo de atenuar a influência de pressões ambientais em sua trajetória ontogenética. Dessa forma, ela pode ser usada como uma estimativa de instabilidade no desenvolvimento, caracterizando uma forma de mensurar o impacto ambiental sobre populações endêmicas. A espécie Ctenomys torquatus, popularmente denominada de tuco-tuco de colar, possui uma das maiores distribuições geográficas do gênero Ctenomys. O presente estudo teve como objetivo avaliar se há diferença nos valores de AF no crânio dessa espécie em áreas com impacto de queima e extração de carvão (Candiota/RS) e somente extração de carvão (Butiá/RS), em comparação com uma área que não possui influência desses impactos (Pelotas/RS). A amostra foi composta por 39 crânios, sendo 11 de Butiá, 16 de Candiota e 12 de Pelotas. Os crânios foram obtidos na coleção do Laboratório de Citogenética e Evolução da UFRGS. Análises de morfometria geométrica foram feitas na vista ventral de cada crânio, onde 30 marcos anatômicos foram digitalizados. A mensuração de AF foi calculada no software MorphoJ através da análise de Procrustes ANOVA. Os índices de AF foram comparados entre as três populações utilizando uma ANOVA One Way, onde valores de P<0,05 foram considerados significativos. Os resultados indicaram um índice de AF mais alto para Butiá ( 1,6x10² ± 3x10³), intermediário para Candiota ( 1,3x10² ± 4,2x10³) e menor para a região controle, Pelotas ( 1,1x10² ± 2,8x10³). O resultado da ANOVA (F=9,5; P<0,001) aponta que existe diferença nos valores de AF para as três populações avaliadas. O resultado par a par demonstra uma diferença significativa entre os valores de AF das populações de Butiá e Pelotas (P=0,0017), mas não houve diferenças significativas entre as populações de Butiá e Candiota (P=0,11), Candiota e Pelotas (P=0,2183). Os resultados apontam que onde há extração de carvão (Butiá) o índice de AF é mais alto, provavelmente refletindo um efeito negativo do carvão sobre o desenvolvimento do crânio de C. torquatus; contudo, é primordial analisar outras vistas do crânio e aumentar a amostra para inferir um resultado mais robusto.

Apoio: CNPq

XIV JIC - Livro de Resumos 65 Ecologia/Zoologia de Vertebrados - Ornitologia

XIV Jornada de Iniciação Científica - Meio Ambiente Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul Porto Alegre, RS, 11 a 14 de setembro de 2018

Inventário e mapeamento de ninhais de aves aquáticas no Rio Grande do Sul, Brasil

Douglas Ciecielski Fagundes da Silva1, Luís Fernando Perello (orient.)2, Glayson A. Bencke3, Jan K. F. Mahler Junior3, Ricardo Aranha3

1 - Centro Universitário Ritter dos Reis, Porto Alegre, RS, Brasil; 2 - Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam/RS), Porto Alegre; 3 - Museu de Ciências Naturais, Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre; [email protected]; [email protected]

Conhecer a biologia reprodutiva é importante não só por auxiliar na compreensão de padrões da história natural das espécies, mas também por ser útil em ações conservacionistas. Inventariar e espacializar ninhais em escala compatível é tarefa urgente para atender requisitos de gestão dos ecossistemas e mais pontualmente os processos de licenciamento ambiental. Muitas espécies de aves nidificam em colônias formando ninhais multiespecíficos. Estes ninhais são ambientes complexos e decisivos para a manutenção das populações. Suprimir tais ambientes atinge negativamente o recrutamento nas espécies, quadro que pode resultar em extinções locais. Este trabalho teve como objetivo criar uma base de dados georreferenciados de ninhais de aves aquáticas com reprodução colonial, com suas espécies associadas, e descrever a paisagem no entorno dos ninhais. A identificação das áreas de reprodução foi obtida com base em registros de campo produzidos por pesquisadores da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul, em consulta aos Estudos de Impacto Ambiental depositados na biblioteca da Fundação Estadual de Proteção Ambiental – Fepam/RS e na revisão de literatura científica. A classificação do uso da terra (nove classes) foi obtida em um raio de cinco quilômetros ao redor dos ninhais. Foram identificados mais de 60 ninhais que se distribuem principalmente na Região Hidrográfica do Litoral e estão normalmente associados a áreas úmidas. Os registros mais antigos da existência de ninhais datam de 1980 e os mais recentes de 2014. Não foram encontradas referências sobre acompanhamento de atividade dos ninhais, o que remete para o fato de que alguns podem não estar mais ativos na atualidade. Nos últimos anos, os ganhos econômicos obtidos com a soja têm fomentado a conversão dos campos em lavouras. Os prejuízos neste caso vão desde a perda do hábitat até a contaminação por agrotóxicos, com reflexos negativos nesses ambientes de reprodução. Pretende- se disponibilizar o inventário de ninhais ao órgão licenciador do Estado na expectativa de que a presença desses ambientes em determinadas paisagens influencie e qualifique o exame dos impactos nos processos de licenciamento ambiental.

Apoio: CNPq

XIV JIC - Livro de Resumos 67

XIV Jornada de Iniciação Científica - Meio Ambiente Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul Porto Alegre, RS, 11 a 14 de setembro de 2018

O guardião dos campos: um estudo sobre o comportamento do quero-quero (Vanellus chilensis, Aves: Charadriiformes) no Sul do Brasil

Henrique Cardoso Delfino, Maria João Ramos Pereira (coorient.) e Caio José Carlos (orient.)

Universidade Federal do Rio Grande do Sul; [email protected]; [email protected]

O quero-quero (Vanellus chilensis) é uma ave típica do Rio Grande do Sul (RS), mas possui ampla distribuição geográfica, desde o Norte da América do Sul até o Sul da Argentina. Habita campos e o chaco e é conhecido por sua coloração preta, cinza e branca, além do canto imponente e da agressividade e territorialidade. Apesar de ser reconhecido como animal símbolo do RS, nenhum trabalho acerca do comportamento desta ave foi desenvolvido no estado, havendo a necessidade de aprofundar os estudos sobre espécie para melhor compreender as suas relações com o ambiente e com os demais animais típicos da região. Observações do comportamento dessa ave foram feitas em uma área de campo com oito hectares, no município de Torres, RS, entre dezembro de 2017 e março de 2018, totalizando 29 horas de observação. Utilizou-se a metodologia de observação de todas as ocorrências e observação de animal focal, coletando-se, também, dados relacionados às interações, como duração, distância, tipo de interação e participantes, além das condições edafoclimáticas do momento. Com os dados construiu-se um etograma. Observaram-se 16 comportamentos diferentes categorizados em quatro classes comportamentais: locomoção (3), manutenção (5), alimentação (3) e social-agonista (5). O tempo total de observação e o número de ocorrências de cada categoria comportamental são, respectivamente, 8,55h/1418, 12,66h/1308, 4,63h/1107 e 2,38h/494. Identificaram-se duas formas de vocalização distintas em sonoridade, duração e ocasião, o que sugere diferentes funções para cada uma. Foram registradas 106 interações agonistas com 11 diferentes espécies, subdivididas em três categorias: ocasional, proposital e intraespecíficas. Padrões de interação permitiram a formação de seis classes de ataque, baseados na duração, nos participantes, na distância entre os indivíduos, na complexidade dos comportamentos expressos e na forma de conclusão dos ataques. Os dados aqui apresentados referem-se ao período não reprodutivo do animal; portanto, mais observações serão feitas para melhor compreender a dinâmica comportamental do quero-quero no período reprodutivo, em agosto–novembro.

XIV JIC - Livro de Resumos 68

XIV Jornada de Iniciação Científica - Meio Ambiente Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul Porto Alegre, RS, 11 a 14 de setembro de 2018

Correlações ecológicas do uso de liquens para construção de ninhos por aves no Rio Grande do Sul

Kassiane Garcia Gonçalves1,2, Glayson Ariel Bencke1 (orient.)

1 – Setor de Ornitologia, Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul (MCN/FZB); 2 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul; [email protected]; [email protected]

Aves utilizam diversos materiais para a construção de seus ninhos, entre eles gravetos, fibras, palha, folhas e plumas. Liquens são utilizados por muitas aves, mas suas funções no ninho, a extensão de seu uso e o grau de dependência das espécies usuárias em relação a esse recurso são aspectos ainda pouco compreendidos. Este estudo tem por objetivo identificar quais espécies de aves utilizam liquens e quais características ecológicas têm em comum. Nossa hipótese é que o uso de liquens para construção de ninhos não é aleatório entre as aves, mas se concentra em determinados grupos taxonômicos ou ecológicos. Também suspeitamos que existam diferentes graus de especialização entre as espécies no uso desse recurso. Dados sobre a utilização de liquens e diversos atributos ecológicos das espécies de aves que nidificam no Rio Grande do Sul (RS) foram obtidos em campo, por meio de extensiva revisão bibliográfica e por consulta a coleções científicas e às fotos do portal WikiAves. As coletas em campo ocorreram no Parque Estadual de Itapuã, Refúgio de Vida Silvestre Banhado dos Pachecos (ambos em Viamão), Jardim Botânico de Porto Alegre e Estação Ambiental Braskem (Triunfo). Das 511 espécies de aves que nidificam no RS, 86 (17%) de 16 famílias usam ou podem utilizar liquens em seus ninhos. Tyrannidae (26,7%), Trochilidae (17,4%) e Thraupidae (15%) se destacaram como as famílias com o maior número de usuárias. Em relação à frequência de uso, as espécies podem ser classificadas em usuárias obrigatórias (sempre ou quase sempre usam liquens), usuárias facultativas (usam às vezes) e não usuárias. As usuárias obrigatórias (28) são de pequeno porte e habitam principalmente os estratos superiores e intermediários de florestas ou bordas florestais, construindo ninhos do tipo cesto. Mais de 40% das usuárias obrigatórias são nectarívoras. As usuárias facultativas (58) são mais variáveis quanto aos atributos avaliados. São aves de pequeno até grande porte que habitam uma variedade maior de hábitats e constroem ninhos do tipo cesto/tigela (52%), fechado (31%) ou plataforma (17%). Diferentemente das usuárias obrigatórias, as facultativas incluem uma proporção maior de aves que forrageiam nos estratos inferiores da vegetação; predominam espécies insetívoras (52%), mas também se encontram carnívoras e granívoras. As usuárias obrigatórias compartilham certos atributos ecológicos, que podem estar relacionados à aptidão para a localização e incorporação de liquens ao ninho.

Apoio: PIBIC-CNPq, SEMA/RS

XIV JIC - Livro de Resumos 69

XIV Jornada de Iniciação Científica - Meio Ambiente Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul Porto Alegre, RS, 11 a 14 de setembro de 2018

Comportamento no solo e atividade circadiana do jacuaçu, Penelope obscura (Aves: Cracidae), no sul do Brasil

Paula Caetano Costa1, Flávia Pereira Tirelli2 (coorient.), Thaiane Weinert da Silva1 (coorient.), Carla Suertegaray Fontana1 (orient.)

1- Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul; 2- Universidade Federal do Rio Grande do Sul; [email protected]; [email protected]

As aves da família Cracidae são importantes dispersoras de sementes de espécies vegetais nativas e indicadoras de habitats conservados. Entretanto, apesar de sua importância ecológica, estudos comportamentais sobre a espécie são escassos e restritos em geral a avaliações de espécimes de cativeiro e/ou com a presença do observador. Os principais objetivos desse estudo são caracterizar o comportamento e o período de atividade do jacuaçu (Penelope obscura) no solo, e comparar a atividade entre populações dos biomas Pampa e Mata Atlântica. Para isso foram realizadas observações com o uso de armadilhas fotográficas no ambiente natural desta ave e, portanto, sem a presença do observador. O estudo está sendo realizado com dados obtidos no Rio Grande do Sul, nas cidades de Alegrete (Pampa; de 2013 a 2015) e Cambará do Sul - Parque Nacional da Serra Geral (Mata Atlântica; de setembro/2017 a janeiro/2018). Os comportamentos da espécie foram quantificados e descritos a partir das visualizações de vídeos com duração média de 15 segundos. O período de atividade foi estimado e caracterizado através da utilização dos pacotes overlap e circular do programa computacional R 3.5.0. O esforço amostral foi de 8845 e 2700 armadilhas-dia nas áreas de Alegrete e Cambará do Sul, respectivamente. Em Alegrete (n=312), houve sobreposição de 80% na atividade do jacuaçu entre as estações quentes (primavera e verão) e frias (outono e inverno), mostrando que o período de atividade é sazonalmente similar. Entretanto, na primavera e verão a atividade teve maior amplitude de horário, diferentemente do outono e inverno, sendo a densidade de registros maior ao meio-dia, o que possivelmente está relacionado com a oferta de alimento e a temperatura. Os comportamentos observados com maior frequência foram locomoção (77,8%) e forrageamento (17,6%). Cerca de 55% dos registros de forrageamento foram de indivíduos se alimentando de extratos herbáceos e 4 % de frugivoria. Em Cambará do Sul (n=65) as coletas foram realizadas principalmente na primavera e verão, não sendo possível realizar uma sobreposição do período de atividade com as estações frias. Os dados comportamentais em Cambará do Sul ainda estão sendo compilados e serão posteriormente analisados e comparados com os dados referentes às estações quentes de Alegrete. A atividade circadiana do jacuaçu não se distribuiu uniformemente (Rao, p < 0,001), ocorrendo no período diurno e crepuscular, e tal padrão foi encontrado nos dois biomas.

Apoio: CNPq

XIV JIC - Livro de Resumos 70

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Contribuição para o conhecimento da dieta de corujas no Rio Grande do Sul

Renata Brentano, Luiz Liberato Costa Corrêa, Maria Virginia Petry (orient.)

Laboratório de Ornitologia e Animais Marinhos, Universidade do Vale do Rio dos Sinos; [email protected]; [email protected]

As corujas são aves de hábitos noturnos, distribuídas em duas famílias: Tytonidae e Strigidae. A dieta do grupo inclui desde invertebrados até pequenos a médios vertebrados. As egagrópilas (ejeção de material após a ingestão) e o conteúdo estomacal são importantes fontes de informação sobre a dieta do grupo, que em nível taxonômico específico ainda é pouco conhecida. O presente estudo teve como objetivo analisar conteúdos estomacais de Strigiformes encontradas atropeladas entre 2001 e 2017 em rodovias no estado do Rio Grande do Sul. Foram coletados exemplares atropelados que se encontravam em boas condições. Os conteúdos estomacais foram triados no Laboratório de Ornitologia e Animais Marinhos – UNISINOS com o auxílio de estereomicroscópio e os itens alimentares foram classificados até o menor nível taxonômico possível. Foi realizado o cálculo de frequência de ocorrência (FO = n*100/nº total de estômagos) para determinar os itens na dieta de cada espécie. Foram coletados Megascops choliba (n=4), Tyto furcata (n=3), Asio clamator (n=1) e Bubo virginianus (n=1). Oito conteúdos apresentaram itens alimentares, um de T. furcata estava vazio. Cinco classes foram encontradas: Arachnida, Myriapoda, Hexapoda, aves e mamíferos. Megascops choliba apresentou a dieta mais generalista, predando quatro classes. Entre os itens destacam-se um indivíduo jovem de Zenaida auriculata (Aves, F0=25%) e invertebrados. Orthoptera (FO = 50%) foi o item mais abundante, com dez Acrididae e seis Tettigoniidae, seguido por quatro aracnídeos Hogna sp (FO=25%), além de Coleoptera (dois Scarabaeidae e um Cerambycidae), três larvas de Lepidoptera e um quilópode Scolopendra sp. Para T. furcata foi encontrado um indivíduo do roedor Mus musculus (F0=33,33%), Coleoptera (F0=33,33%) e Hymenoptera (F0=33,33%). Asio clamator apresentou apenas fragmentos de Coleoptera (FO=100%) e B. virginianus um indivíduo de M. musculus (FO=100%). O registro de Z. auriculata é um importante complemento sobre a dieta de M. choliba, pois a predação de aves pela espécie é considerada pouco frequente. Pelos, ossos e penas não são digeridos pelas corujas, sendo posteriormente regurgitados após a ingestão. A presença desses itens alimentares corrobora o conhecimento da importância do grupo como predadores de topo da cadeia alimentar. Este estudo contribui para o conhecimento trófico de Strigiformes no sul do Brasil.

Apoio: UNIBIC/UNISINOS

XIV JIC - Livro de Resumos 71 EcotoxicologiaEcotoxicologia

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Determinação de dosagens da substância de referência para padronização de ensaios de toxicidade utilizando Biomphalaria glabrata (Say, 1818)

Diego Castellan Elias, Rosane Maria Lanzer (orient.)

Laboratório de Toxicologia e Limnologia, Universidade de Caxias do Sul; [email protected]; [email protected]

A realização de ensaios de toxicidade exige organismos de fácil reprodução e bem estudados, tornando o molusco planorbídeo Biomphalaria glabrata (Say, 1818) um animal adequado. A indicação de uma substância de referência para controle dos organismos-teste também se faz necessária. O estudo visa testar, juntamente com outros laboratórios, o sulfato de cobre pentaidratado, buscando padronizar a concentração adequada para substância de referência. Os animais do cultivo foram mantidos em aquários com água mole reconstituída (Dureza: 40-48 mg de CaCO3/L, pH: 7,2-7,6), aerados, em ambiente climatizado (25ºC) com fotoperíodo de 12h/luz e alimentados com Lactuca sativa. Foi realizado teste agudo com 96 horas de duração, sendo selecionados organismos com 10-12 mm de diâmetro da concha, mantido um indivíduo por réplica em copos de vidro de 200 mL, forrados com plástico para oviposição, com número amostral de 10 organismos por concentração de CuSO4.5H2O: A (controle), B (0,0625 mg/L), C (0,125 mg/L), D (0,25 mg/L), E (0,5 mg/L), F (1,0 mg/L) e G (2,0 mg/L). Estas concentrações foram propostas pelo laboratório da Embrapa-Cerrado para verificação por meio de teste interlaboratorial. Foram observados a mortalidade dos organismos, o número de desovas e ovos por postura, com leituras feitas a cada 24h. Ao final do ensaio, foi constatada mortalidade de 10% no controle, nenhuma na concentração B, 10% na concentração C, 40% na concentração D e de 100% nas concentrações E, F e G. Houve posturas no grupo controle (efetuadas por 5 organismos, somando 9 posturas e 80 ovos), no grupo B (efetuadas por 3 organismos, somando 3 posturas e 35 ovos) e no grupo C (efetuada por 1 organismo, 1 postura com 7 ovos). Verifica-se que a desova foi totalmente inibida a partir da concentração 0,25 mg de CuSO4.5H2O/L. Os resultados sugerem que as concentrações testadas se mostram adequadas para uso como referência. Atualmente encontra- se em andamento o ensaio de toxicidade crônica semi-estático com as concentrações: A (controle), B (0,015mg de CuSO4.5H2O/L), C (0,03mg de CuSO4.5H2O/L) e D (0,06mg de CuSO4.5H2O/L), com 30 dias de duração e duas trocas de meio/leituras semanais, para assim complementar os dados e ampliar a aplicabilidade do estudo.

Apoio: BIC-NP-UCS

XIV JIC - Livro de Resumos 73

XIV Jornada de Iniciação Científica - Meio Ambiente Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul Porto Alegre, RS, 11 a 14 de setembro de 2018

Potencial mutagênico de água superficial do rio Taquari em locais destinados ao abastecimento público

Naiara Costa Pereira1,2,3 Paula Hauber Gameiro (coorient.)1, Vera Maria FerrãoVargas (orient.)1,3

1- Centro de Ecologia, Curso de Pós-graduação em Ecologia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, UFRGS; 2- Universidade da Vale do Rio dos Sinos, UNISINOS; 3-Fundação Estadual de Proteção Ambiental, FEPAM; [email protected]; [email protected]

Mananciais hídricos degradados alteram os sedimentos e reduzem a qualidade da água, prejudicando seus usos, como o abastecimento. A pureza da água potável depende da sua qualidade nos mananciais, pois muitos contaminantes podem ser carreados até o tratamento final. Projetos conjuntos estão sendo desenvolvidos pela FEPAM/PPG Ecologia-UFRGS na região das sub -bacias do Baixo Taquari. Análises anteriores detectaram substâncias mutagênicas em sedimentos do rio Taquari, incluindo locais de captação. Assim, o presente estudo tem como objetivo avaliar o potencial mutagênico de amostras de água bruta, priorizando locais destinados ao abastecimento. Na fase atual foram analisados os locais: Ta063, Ta032, Ta011, Ta006, sendo Ta referente ao rio e a distancia em Km em relação à foz. As amostras foram submetidas à extração para compostos orgânicos em resinas XAD4, pH natural e ácido, com eluição em metanol/diclorometano (compostos moderadamente polares/apolares) e metanol/etilo acetato (compostos polares), respectivamente, sendo os eluatos concentrados em rotavapor. A mutagênese e citotoxidade foram avaliadas no ensaio Salmonella/microssoma, em linhagens que detectam erro no quadro de leitura (TA98) e substituição de pares de bases (TA100) do DNA, na ausência (-S9) e presença (+S9) de ativação metabólica (fração microssomal hepática humana). A curva dose-resposta para mutagênese foi analisada no programa SALANAL. Os resultados significativos foram predominantes em presença de S9, linhagem TA100. No local Ta063 a amostra neutra apresentou 647,1±81,8 revertentes por litro (rev/L) e a ácida 1065,6±27,2. Em ensaios diretos a amostra neutra apresentou indução menor de 274,0±74 rev/L. Os resultados em local a jusante (Ta011) foram de 617,6±65 (neutra) e 566±66 (ácida) rev/L, também para TA100+S9. Nenhuma amostra foi citotóxica. Esses resultados reforçam a preocupação com a qualidade da água deste manancial. O local Ta063, situado na sub-bacia do Arroio Sampaio/Estrela, foi inicialmente considerado área de referência para este trecho da bacia. Tem como principais usos, além de captação de água, turismo, pesca, entre outros. O local Ta11 apresenta influência de lavouras, estando a menos de 1 km a montante de sítio contaminado por preservantes de madeira. A mutagênese encontrada nessas áreas foi o resultado de uma mistura complexa de substâncias, sendo um indicativo da presença de compostos orgânicos mutagênicos na água que será destinada ao tratamento para abastecimento.

Apoio: PIBIC- CNPq/FEPAM; CAPES; CNPq 308272/2015-3

XIV JIC - Livro de Resumos 74 Educação Ambiental

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O ambiente que toca as crianças: os cinco sentidos da natureza

Ana Paula Goetz, Jéssica Guimarães Alvarenga, Matheus Antonio de Andrade Lima de Souza, Mirella Aguiar da Silva, Eunice Aita Isaia Kindel (orient.).

Universidade Federal do Rio Grande do Sul; [email protected]; [email protected]

A educação ambiental tem como objetivo despertar a preocupação coletiva e individual perante questões ambientais e sensibilizar o sujeito sobre questões de caráter socioambiental. Esse projeto teve como objetivo fazer das crianças as protagonistas da atividade de educação ambiental com ênfase na reciclagem de resíduos, trabalhando questões de corporeidade e sensibilização. Para tal, a metodologia foi baseada em uma sequência para que as brincadeiras e atividades se tornassem mais produtivas. independentemente do local ou do estado de espírito do grupo. Essa sequência, proposta por Joseph Cornell, se harmoniza a determinados aspectos sutis da natureza humana e tem o nome de Aprendizado Sequencial, sendo composto por quatro estágios: entusiasmo, concentrar a atenção, compartilhar experiências e compartilhar inspirações. A atividade foi pensada em diversos encontros para decidir e elaborar como seria a oficina proposta, pensando em qual faixa etária de crianças participariam da oficina, em qual escola ela seria aplicada e como seriam feitos os quatro estágios previstos no Aprendizado Sequencial, até a concretização da oficina. As atividades foram feitas em três momentos: no primeiro dia com turmas de primeiro e segundo ano do Ensino Fundamental, e no segundo dia com as turmas de quarto e quinto ano juntas em sala de aula. A oficina seguia então a seguinte ordem: o primeiro momento, entusiasmo, as crianças poderiam brincar com os brinquedos feitos pelo grupo com sucata, depois para concentrar a atenção era contada uma história com um teatrinho e era passada uma mensagem por telefone-sem-fio, para compartilhar experiências, as crianças deveriam passar por um túnel elaborado pelo grupo com imagens dos arredores da escola de animais, de resíduos e opções para reciclagem nas paredes junto com resíduos pelo chão que as crianças deveriam pegar e separar o que seria reciclado e o que seria descartado, e enfim para compartilhar inspirações foi feito um momento de introspecção com cada turma e reflexão sobre o que as crianças aprenderam com as atividades. Mesmo com atividades feitas dentro de sala de aula, ficou claro que as crianças se sensibilizaram pelo tema abordado e se aproximaram ao máximo da natureza, se identificando como parte dela e reconhecendo sua responsabilidade com o ambiente em que vivem.

XIV JIC - Livro de Resumos 76

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Projeto Horta Mãe-da-Terra: trilha sensitiva – um olhar por meio das sensações

Anna Clara Blum1, 2, Gelson L. Fiorentin1, 2 (orient.), Daiani Fraporti dos Santos1, 2 (coorient.)

1 – Programa de Ação Socioeducativa na Comunidade PASEC/UNISINOS; 2 – Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS; [email protected]; [email protected]

A trilha sensitiva é uma ferramenta pedagógica da educação ambiental que trabalha a percepção do ambiente por meio dos sentidos, permitindo a construção do conhecimento pela experimentação e vivência sensorial. O objetivo da atividade foi que os participantes vivessem a privação da visão possibilitando o aprimoramento do tato e olfato a fim de restabelecer a conexão homem--natureza e assim contribuir no processo de ensino-aprendizado dos sujeitos para questões socioambientais. O projeto “Horta Mãe-da-Terra: educação ambiental e cidadania” do Programa de Ação Socioeducativa na Comunidade – PASEC, está vinculado ao Centro de Cidadania e Ação Social da UNISINOS – CCIAS. Trata-se de uma ferramenta socioambiental que realiza oficinas temáticas e cultiva hortaliças orgânicas no contra turno escolar, com crianças e adolescentes de 06 a 15 anos de idade. Está localizado em uma escola municipal na periferia de São Leopoldo, RS – Brasil. Os participantes foram divididos em duplas e essas deveriam decidir quem teria os olhos vendados primeiro e quem seria o condutor na trilha da horta. Os condutores solicitavam para que os colegas tocassem nas hortaliças encontradas pelo caminho e que percebessem as sensações vividas por meio do tato e do olfato. Terminado o trajeto, a dupla invertia os papeis com intuito de que o colega também vivesse o processo de sensibilização e aprendizagem. A aplicação da trilha sensitiva auxiliou na construção coletiva e significativa de novos conhecimentos, ajudando na percepção do ambiente em que estão inseridos. Além disso, a trilha ensinou aos participantes a identificarem as hortaliças e suas características utilizando o tato e o olfato.

Apoio: UNISINOS

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XIV Jornada de Iniciação Científica - Meio Ambiente Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul Porto Alegre, RS, 11 a 14 de setembro de 2018

A Educação Ambiental através da produção de vídeos: efetivando a educomunicação no ensino superior

Cleria dos Santos Goularte, Éderson Gustavo de Souza Ferreira, Arques Etamar Magalhães, Daniela Cristina Haas Limberger (orient.)

UERGS - Universidade Estadual do Rio Grande do Sul; [email protected]; daniela- [email protected]

A educomunicação une a comunicação e educação para fazer emergir uma nova forma de sensibilizar para proteção do meio ambiente através da utilização dos recursos de mídia. Educação Ambiental deve ser um processo para conduzir as pessoas à compreensão crítica do ambiente, para elucidar valores e desenvolver atitudes. Neste contexto, o objetivo geral deste trabalho foi analisar o impacto do uso da educomunicação junto aos discentes do Curso de Gestão Ambiental, da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul. A proposta é que se promova a aprendizagem por meio da reflexão e da apresentação de desafios, com objetos de aprendizagem no formato de vídeos, levando informações para comunidades escolares. Assim estimulou-se a realização de filmagens, com a pesquisa-ação onde os pesquisadores desempenham um papel ativo para apreciar problemas encontrados e ações desencadeadas. O ambiente natural foi fonte direta de dados, envolvendo a obtenção de dados descritivos, obtidos dentro do processo indutivo, priorizando a perspectiva dos participantes. Para realizar a atividade, os discentes foram divididos em dez grupos de trabalho. No contexto de suas futuras atuações para sensibilização quanto a preservação ambiental, introduzindo-se a construção do vídeo, observou-se as expectativas e motivação para a ação. Foi escolhido o tema resíduos sólidos. A prática dos Gestores Ambientais no âmbito da Educação Ambiental necessita de atividades de campo para atingir seus objetivos, consagrados na educomunicação. Os vídeos gerados serão utilizados como material didático em futuros projetos de atuação na rede municipal. Na aproximação da realidade socioambiental, pode -se construir conceitos ambientais, os quais, atrelados à percepção, ressaltam o papel de cada individuo nos seus diferentes meios. Este quadro é animador e desafia a educação ambiental, que tem como lastro promover a prática voltada para a construção de uma educação para a sustentabilidade, promotora da inclusão social e o desenvolvimento regional, intuito maior da universidade pública.

XIV JIC - Livro de Resumos 78

XIV Jornada de Iniciação Científica - Meio Ambiente Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul Porto Alegre, RS, 11 a 14 de setembro de 2018

Horta Mãe-da-Terra: uso de Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANCs) na alimentação

Dennis Samuel Gamarra Dias1,2,3, Gelson Luiz Fiorentin1,2 (orient.), Celia Severo1,3 (coorient.), Daiani Fraporti dos Santos1,2 (coorient.)

1 - Universidade do Vale do Rio dos Sinos - Unisinos; 2- Programa de ação socioeducativa na comunidade (PASEC); 3- Tecnologias Sociais para Empreendimentos Solidários (TecnicoSociais); [email protected]; [email protected]

No Brasil, ocorre uma grande diversidade de plantas que podem ser utilizadas na alimentação, devido ao seu importante valor nutricional. São denominadas Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANCs). A maioria da população as trata como “mato” ou “inço” porque desconhecem suas propriedades nutricionais. O uso dessas plantas na alimentação diária pode solucionar o problema da falta ou escassez de alimentos em casa, pois seu cultivo é fácil e, muitas vezes, espontâneo. O trabalho tem como objetivo divulgar informações sobre a preparação de receitas com as PANCs. Este trabalho está em desenvolvimento na Escola Municipal de Ensino Fundamental Santa Marta, São Leopoldo, com os participantes do Programa de Ação Socioeducativa na Comunidade (PASEC) e seus familiares em parceria com o Programa Tecnosociais, vinculados ao Centro de Cidadania e Ação Social da Unisinos (CCIAS). As oficinas ocorrem em intervalos de 15 em 15 dias, onde estão previstas quatro formações, sendo duas com os participantes e mais duas com os participantes e seus familiares. As atividades estão divididas da seguinte maneira: identificação das plantas, teorização da tabela nutricional das mesmas e elaboração de receitas. Após cada oficina, os participantes irão levar para casa as receitas e na próxima formação devem fazer um breve relato da tentativa de testar em casa as mesmas. Assim, podemos avaliar a aceitabilidade das receitas e a viabilidade doméstica. Com três das quatro atividades propostas já concluídas, foram consolidados grupos de 21 crianças no turno da manhã e 26 à tarde, além de oito familiares que participaram das formações, somando um total de 55 envolvidos nas oficinas. A aceitabilidade das receitas foi relatada pelos alunos como de grande valia e sua reprodução em casa foi gradualmente aumentando com o envolvimento dos familiares.

Apoio: CNPq- UNISINOS

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Teatro de Fantoches como ferramenta de Educação Ambiental

Ivamara Caroline de Azevedo Stiehl, Ingrid Schneider, Manoela Silva do Evangelho, Daiana Maffessoni , Ester Wolff Loitzenbauer (orient.)

Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS); [email protected]; [email protected]

A falta de conscientização ambiental e o consumismo, associado ao elevado tempo de permanência no ambiente, tem transformado o plástico em um grande problema ambiental. Este material tem causado, além da poluição de diversos habitats, a morte de espécies marinhas dentre elas as tartarugas que comem o plástico, confundindo-o com o seu alimento natural, a água-viva. Como forma de sensibilizar as crianças sobre o impacto do plástico nos organismos marinhos e informar sobre as formas de separação correta do lixo destinado à coleta seletiva, criou-se um Teatro de Fantoches, intitulado “Será que o mar está para peixe?”, que está vinculado à Coleção Didático- Científica de Lixo de Ambientes Aquáticos e que foi apresentado no dia 04 de junho de 2018, durante a Semana do Meio Ambiente de Osório, RS, para duas escolas do município. As apresentações ocorreram na Escola Municipal de Educação Infantil Matheus Closs-Estrelinha do Mar, para crianças de 4 a 6 anos e a na Escola Municipal de Ensino Fundamental José Paulo Silva, para alunos do 1º ao 4º ano. No teatro, uma tartaruga aparece com um plástico preso na garganta e uma menina, vendo a situação, pede ajuda para um polvo que, na história, tem a função de médico. No decorrer da história, eles conversam sobre a poluição causada pelos humanos, o tempo de decomposição de alguns materiais na natureza, o impacto do plástico aos animais e conscientizam sobre as formas de separação de lixo e como podemos, através de nossas ações, ajudar a preservar o meio ambiente. A reação dos alunos da primeira escola foi surpreendente, pois, mesmo sendo de pouca idade, demonstraram ter um bom conhecimento sobre o tema abordado no Teatro. Os alunos da segunda apresentação também demonstraram muito interesse, que serviu como complemento para todas as atividades que são desenvolvidas na escola e, inclusive, um projeto nesta área chamado “Pé na Areia” que desenvolve atividades na região, trazendo informações e sensibilizando a comunidade sobre os cuidados com a natureza e a preservação dos ecossistemas. A oficina foi considerada interessante e despertou atenção de alunos e professores em ambas escolas. A abordagem da temática ambiental previamente pelos professores das escolas participantes pareceu ser um fator de incremento do impacto positivo da atividade nos alunos.

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Projeto de Educação Ambiental “Dilúvio: diversos olhares sobre uma nascente”

Luana V. Pereira, Ana Paula S. Rodrigues, Glaucia Marques, Stéphani Caroline Pedrotti, Eunice Kindel (orient.)

Universidade Federal do Rio Grande do Sul; [email protected], [email protected]

A Educação Ambiental (EA) deve estar presente desde os anos iniciais de formação e deve ser multidisciplinar. Neste contexto, foi desenvolvido o projeto de EA em apenas uma escola estadual de Porto Alegre (RS) por a mesma apresentar um potencial para trabalhar diversas questões ambientais e sociais, uma vez que se situa em uma região de cunho popular, nos arredores do Morro Santana e ao lado do arroio Dilúvio. Foram desenvolvidas oficinas diretamente com oito professoras dos Anos Iniciais da escola, por ser uma forma de o trabalho ter uma continuidade após o término das ações. Assim, foram realizadas atividades com a finalidade de sensibilização para com essas questões ambientais e posterior conscientização para ações de conservação com os elementos presentes na realidade cotidiana daquela comunidade. Em um primeiro momento, executaram-se oficinas lúdicas pensadas de acordo com a aprendizagem sequencial proposta por Joseph Cornell, na qual passa de despertar o interesse para buscar a concentração, seguida de dirigir a experiência, terminando com compartilhamento de inspirações. Já na segunda etapa, passou-se a trabalhar com seis turmas das professoras participantes, atingindo em torno de 60 estudantes, como forma de introduzir o assunto de uma maneira divertida. Uma das experiências dirigidas que mais se destacou foi a Teia da Vida, na qual foi abordada a temática da importância e interdependência de todos os seres vivos, sensibilizando e tornando acessível um conhecimento acadêmico a respeito das espécies nativas do Morro Santana, onde a escola está inserida. Para avaliar os resultados da intervenção realizada na escola, levaram-se em conta as considerações finais elencadas oralmente pelas professoras, que confirmaram a importância de uma Educação Ambiental desde a base, para já formar cidadãos conscientes e críticos. Foi levantada a questão de que ir apenas algumas vezes e trabalhar com os alunos, por mais importante que seja, pode ter um efeito superficial e efêmero. Assim, ficou como conclusão a recomendação de trabalhar diretamente com a fonte de formação dos estudantes, as professoras, que ao conhecerem mais e se sensibilizarem com a realidade que lhes cercam, ficam mais preparadas e estimuladas a dar continuidade a ações do campo da Educação Ambiental. Acredita-se que esse é um dos modos de constituir-se um sujeito ambiental.

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Educação e Equidade Racial: uma análise de imagens contidas em livros didáticos de Biologia do Ensino Médio

Michele Assis de Oliveira, Russel Teresinha Dutra da Rosa (orient.)

Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Faculdade de Educação; [email protected]; [email protected]

Alguns dos objetivos da Educação Ambiental são: a promoção da equidade social, a disseminação de saberes tradicionais de utilização e de conservação da biodiversidade e a valorização da pluralidade étnica, racial e de gênero, associando a dimensão ambiental à justiça social e à prevenção à violação aos direitos humanos. Assim, neste estudo qualitativo, foram analisados livros didáticos de Biologia com o objetivo de verificar como é representada a pluralidade étnico- racial e de gênero da população brasileira. Foram descritas e analisadas imagens de pessoas, a fim de verificar como as etnias negra e indígena são representadas antes e após a implantação do Programa Nacional do Livro Didático do Ensino Médio (PNLEM) em 2009. Também foram examinadas as obras incluídas no Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) de 2018, verificando-se os efeitos dos critérios de avaliação dos editais que orientam a produção de livros adquiridos e distribuídos pelo Ministério da Educação. Nos livros anteriores à implantação do PNLEM, em 2009, observam-se poucas fotografias de pessoas, sendo todas de pessoas brancas. As mulheres aparecem como objeto de estudo da ciência (por exemplo, com hipertireoidismo ou grávida), enquanto a representação de homem é como cientista. Dos 17 livros aprovados pelo PNLEM de 2009, foram analisados sete, sendo localizadas 131 fotos de pessoas, dessas, 26 (20%) eram de pessoas negras e não havia nenhuma foto de indígena. A partir do edital do PNLD de 2018, foram aprovadas dez coleções de livros didáticos de Biologia, sendo analisadas oito coleções (24 livros) com 425 fotos de seres humanos e dessas, 112 (26%) eram de pessoas negras e 20 (5%) fotos eram de indígenas. Embora ocorra um ligeiro aumento no número de representações de pessoas negras, ainda fica muito abaixo da proporção de 54% de pretos ou pardos que constituem a população brasileira. Observaram-se poucas representações de pessoas indígenas nas coleções de 2018, ausentes até 2009. Todas as fotos localizadas mostram representantes de diferentes etnias numa condição que expressa uma vida primitiva, optando-se por selecionar imagens de pessoas seminuas e com ornamentos típicos. Os resultados apontam a necessidade de pensar o racismo que perpassa essas publicações, buscando ações afirmativas que evidenciem as contribuições desses povos.

XIV JIC - Livro de Resumos 82 Educação em Ciências

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“A bioquímica como ela é”: revista online como ferramenta de alfabetização científica

Alice Brinckmann Oliveira Netto, José Cláudio Fonseca Moreira (orient.)

Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS); [email protected]; [email protected]

A revista online “A bioquímica como ela é” é uma revista de divulgação científica que atualmente está com textos produzidos apenas por alunos de graduação do curso de Ciências Biológicas da UFRGS. O trabalho feito consistiu em instigar os alunos da graduação a produzirem textos de divulgação científica nas disciplinas Bioquímica I-A e Bioquímica Ecológica I, com o propósito de serem publicados no site da revista online e divulgados para alunos do ensino básico da rede pública e privada. O intuito da divulgação dos textos era a utilização dos mesmos como uma ferramenta de alfabetização científica dos alunos de educação básica, proporcionando a descoberta do universo da Ciência de uma maneira diferente do usual, e também proporcionando aos alunos de graduação uma iniciação à produção em divulgação científica. No desenvolvimento do trabalho, foram utilizados os textos produzidos pelos alunos de graduação de Ciências Biológicas publicados no site da revista. Após a publicação, foi realizada a divulgação para o público geral, e também a escolha de dois textos distintos para serem aplicados em turmas de 6° e 9° ano de diferentes escolas da rede pública e uma da rede privada da Grande Porto Alegre, com um total de aproximadamente 200 alunos. Os textos escolhidos foram “Por que os cachorros se cheiram? ” (N°6 – Bioquímica Ecológica) e “ Por que sonhamos? ” (N°6 – Bioquímica I). Nas escolas, era explicado resumidamente o objetivo do projeto e como seria realizado o trabalho. Os alunos recebiam o texto correspondente ao seu ano e um questionário, composto por questões objetivas e uma dissertativa. Através das respostas obtidas, foi possível notar uma dificuldade de compreensão textual e de desenvolvimento da escrita pelos alunos das escolas, pois algumas vezes as respostas objetivas e dissertativas não coincidiam. Houve um bom retorno verbal dos alunos, mostrando interesse nos textos e nos assuntos tratados, pelo fato de serem assuntos do dia a dia que não eram completamente compreendidos cientificamente. Além disso, o retorno dos alunos e suas dificuldades nos auxiliaram a guiar o trabalho de escrita dos alunos do Curso de Ciências Biológicas visando uma melhor adequação dos textos e materiais audiovisuais produzidos. De acordo com o que foi relatado, pode-se chegar à conclusão que os textos produzidos pelos alunos de Graduação podem ser utilizados como uma ferramenta de alfabetização científica para as crianças nas escolas de Ensino Básico.

XIV JIC - Livro de Resumos 84

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1ª Edição da Olimpíada Nacional de Aplicativos: a interface entre o protagonismo juvenil e o desenvolvimento sustentável

Antonio Agnaldo Rodrigues de Morais1, Patrick de Oliveira2, Daniela Mueller de Lara1, Débora da Silva Motta Matos1 e Erli Schneider Costa1 (orient.)

1 – Universidade do Estado do Rio Grande do Sul; 2 – Universidade Federal do Rio de Janeiro; [email protected]; [email protected]

Olimpíadas científicas ocorrem em todo o mundo e, no Brasil, vão além dos Planos Curriculares Nacionais (PCNs), ao estimular interdisciplinaridade, criatividade e pensamento crítico em busca de soluções para diversos problemas. Estimulam professores e outros atores da educação a buscarem condições adequadas para que alunos se destaquem em áreas de conhecimento pelas quais tem mais interesse e para despertar o interesse por outras áreas. A “1ª Olimpíada Nacional de Desenvolvimento de Apps: ações para o desenvolvimento sustentável” (1ª ONDA) ocorre em todo território nacional em 2016 incentivando o uso de Apps como importantes ferramentas para divulgar, promover, incentivar e educar sobre ações ambientais. A divulgação da 1ª ONDA ocorreu via mídias eletrônicas em especial pela fanpage do Facebook. Tiveram equipes participantes de oito estados, sendo que as regiões sul e sudeste apresentaram maior interesse e participação. Registramos o interesse de 180 escolas de todo o país e as mesmas receberam material de divulgação e orientações por e-mail. A fanpage teve mais de 1.000 curtidas e houveram postagens que alcançaram mais de quatro mil pessoas e um número superior a 200 compartilhamentos. O número de usuários que visualizaram as publicações totalizou 24.949 pessoas e o número de reações as publicações registrou 44.537 retornos. Segundo os dados da página do Facebook, 60% do público interessado foi do sexo feminino e a faixa etária com maior representatividade incluiu público com idades entre 18-24 anos (28%) e 35-44 anos (27%). O público feminino teve um amplo interesse pelo tema e a maioria dos interessados consistia potencialmente de professores, sendo que devemos considerar a limitação do Facebook para analisar dados de idade, já que menores de idade não podem fazer cadastro e usam data aleatória de ano de nascimento. Todos os inscritos (total de 36) foram convidados a apresentar suas propostas em sessão MConf e foram selecionadas as três propostas que cumpriam o edital. Diante dos resultados alcançados na 1ª ONDA, consideramos realizar a 2ª Edição da Olimpíada com apoio do CNPq que está ocorrendo em 2018. Entendemos essa ação como promissora para inserção de jovens no campo científico, aproximando mais os mesmos de áreas consideradas “duras” como é o caso da programação, por meio de atividades multidisciplinares como a que propõem a criação de apps.

Apoio: CNPq

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Interações do público escolar em dois diferentes tipos de museus de ciências

Ebráilon Masetto, Russel Teresinha Dutra da Rosa1 (orient.) Departamento de Ensino e Currículo, Faculdade de Educação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil; [email protected]; [email protected]

Este trabalho buscou analisar a visita de público escolar em dois diferentes tipos de museus de Ciências da Natureza. Foram observadas interações de estudantes visitantes entre si, com professores, mediadores e com as exposições dos museus. A revisão teórica abarcou obras clássicas e estudos mais recentes acerca do tema. A abordagem metodológica de natureza qualitativa com caráter exploratório empregou, como técnica para a coleta de informações, observações naturais, não-participantes em três museus em município da região sul do Brasil: um tradicional do tipo interativo e dois tradicionais ortodoxos. Efetuou-se análise de conteúdo, sendo criadas categorias de interação. No museu tradicional do tipo interativo, predominaram interações entre visitantes e objetos expostos, experimentos ou equipamentos. Mas também ocorreram interações horizontais entre visitantes, havendo a subversão de relações pedagógicas hierárquicas, quando os estudantes, crianças e jovens, ensinavam outros visitantes adultos e os seus professores ou os incentivavam a utilizar equipamentos e experimentos do acervo. Nos museus tradicionais ortodoxos, interações pessoa-pessoa foram mais marcantes, sobretudo interações entre visitantes, professores e estudantes, e mediadores. Nessas instituições, as interações costumavam ser hierárquicas, mantendo um modelo de relação pedagógica em que os mediadores dos museus transmitiam as informações e coordenavam a sequência de atividades. As interações de estudantes visitantes com os seus professores foram mais comumente observadas em um dos museus ortodoxos. Neste também foi observada a realização de tarefas escolares e a expressão de relação das exposições com atividades e conhecimentos previamente construídos sobre o assunto, na escola; nenhuma das quais puderam ser observadas no museu interativo. A leitura dos textos explicativos acerca dos objetos e experimentos expostos nas instituições foi raramente observada nos três museus, embora tenha sido um pouco mais comum no museu interativo. O estudo empírico mostrou que as características dos museus influenciam o público, cujos interesses e bagagens de conhecimento marcam a forma como o acervo é explorado.

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Ciência, câmera e (transform)ação: projeto de extensão divulga a pesquisa da UERGS por meio de vídeos

Maurício Farias da Silva1,2, Débora da Silva Motta Matos2, Clódis de Oliveira Andrades Filho3, Erli Schneider Costa3 (orient.)

1 - Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS); 2 - Unidade Universitária em Guaíba, UERGS; 3. Mestrado Profissional Ambiente e Sustentabilidade, UERGS; mauricio- [email protected], [email protected]

A divulgação científica tem tripla função: 1) comunicar a ciência; 2) demonstrar o caráter social de uma instituição de pesquisa e 3) revelar a importância da ciência para o público em geral. Desta forma, o mundo científico deixa de ser exclusivo do ambiente tradicional de pesquisa e permite que a população compreenda a importância da ciência no cotidiano. Esta ação, promovida pela Pró -Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação da Uergs, teve como objetivo selecionar entre cinco e dez projetos de pesquisa da universidade para produzir vídeos de divulgação científica direcionados a um público amplo. A seleção ocorreu por meio de um Edital para o qual os coordenadores submeteram seus projetos. Foram recebidas 15 propostas e estas foram avaliadas por uma comissão de seleção que considerou alguns critérios, como: inserção social do projeto; contribuição para o desenvolvimento regional e sustentável; existência de atividades em campo e/ ou laboratório que pudessem ser contadas como uma história envolvente e criativa; existência e relevância de resultados obtidos e possibilidade de criação de um roteiro; entre outros. Foram classificadas as dez propostas mais bem pontuadas e a produção dos vídeos está sendo realizada em conjunto com o coordenador e a equipe de pesquisa. Até o momento, foram iniciadas as atividades de produção de dois vídeos, seguindo os seguintes passos: 1) definição do roteiro (adequação científica); 2) visita ao ambiente de campo ou laboratório; 3) gravação de cenas com a equipe nas atividades do projeto; 4) gravação das falas previstas no roteiro; 5) edição; 6) revisão e ajuste do vídeo (qualidade e seleção das imagens e do som, coerência dos textos; etc.) e 7) divulgação em sites e redes sociais. Os maiores desafios estão sendo os relacionados à elaboração do roteiro no que diz respeito à adequação da linguagem científica para a linguagem popular. A equipe optou por não eliminar termos científicos e utilizar formas criativas para esclarecer e aproximar o público leigo destes termos, de maneira a torná-los mais familiares. Espera-se que os vídeos se transformem em ferramentas sensibilizadoras e relevantes para a comunidade, unindo conhecimento e arte para despertar maior interesse do público, através de realizações da Uergs com o seu compromisso com a humanidade. Para comprovar o interesse do público nos vídeos, iremos realizar uma análise dos dados de visualização, e caracterizar o público atingido, considerando os diferentes vídeos produzidos.

Apoio: CNPq

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Ensino de Parasitologia: proposta de jogo didático

Natália Pinheiro Sommer1,2, Letícia Dias Monteiro3, Stephanie Lopes de Jesus1,2, Nícolas Felipe Drumm Müller1,2, Cláudia Calegaro-Marques (orient.)1,2

1 - Laboratório de Helmintologia UFRGS; 2 - Universidade Federal do Rio Grande do Sul; 3 - Universidade Luterana do Brasil; [email protected]; [email protected]

A pesquisa que é desenvolvida em instituições de ensino superior, além do conhecimento científico, também deveria divulgar esses assuntos específicos para a população leiga. No ensino de ciências e biologia, o conteúdo de Helmintologia é apresentado de maneira complexa, com várias terminologias e muitas vezes tem um enfoque principal “doenças causadas pelos parasitos”. Geralmente esses temas são vistos no Ensino Médio, em algumas horas-aula e sem aprofundamento. Levando os alunos à impressão de “coisas nojentas” e sem utilidade na vida prática. Neste sentido o Laboratório de Helmintologia- Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul aderiu ao projeto “Portas Abertas”. O desafio foi elaborar materiais didáticos para desmistificar a imagem negativa do parasitismo. Intitulamos a atividade como “Parasite World-explore o mundo ignorado dos parasitos” e foram criadas atividades lúdicas para que o público conhecesse o laboratório. Uma dessas atividades foi jogo de encaixe “Ache e encaixe”, que buscou reproduzir a morfologia e as estruturas de alguns grupos de helmintos. As peças foram confeccionadas em E.V.A. e para fixação das estruturas utilizou-se velcro. Cada participante recebeu um desenho esquemático de determinado parasito, que deveria ser utilizado como guia de montagem. As peças representando as estruturas dos diferentes grupos de parasitos foram misturadas em uma caixa. Ao sinal do coordenador da atividade, os jogadores deveriam procurar as estruturas pertencentes ao espécime recebido e montá-lo. O interesse e a motivação dos participantes ao realizarem as atividades foram visíveis pelo entusiasmo em relação à compreensão do conteúdo abordado. Também foi destacada a importância da elaboração didática na formação do docente, trazendo uma reflexão sobre o método de ensino atual e a relevância de um método acessível para a divulgação científica. Expectativas futuras para este trabalho incluem sua aplicação em diferentes níveis do ensino e possível inspiração de exercícios lúdicos, auxiliando na transmissão do conhecimento científico de maneira eficiente.

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Comportamento sexual e biologia reprodutiva de mamíferos: omissões em livros didáticos e sites de divulgação científica

Valéria Ribeiro Machado, Maria João Ramos Pereira (orient.), Russel Teresinha Dutra da Rosa (coorient.)

Universidade Federal do Rio Grande do Sul; [email protected]; [email protected]

O ensino da temática sexualidade na disciplina de Biologia é caracterizado por uma abordagem voltada às boas práticas em saúde, visando conduzir o aluno a adotar práticas de autocuidado para garantir seu bem-estar. Entretanto, em tempos marcados pela intolerância à diversidade sexual, fazem-se necessárias estratégias pedagógicas apropriadas que priorizem uma abordagem diferenciada a fim de romper com a continuidade de padrões discriminatórios. A temática sexualidade no contexto de estudos de animais não humanos costuma restringir-se à descrição e à interpretação de sistemas de acasalamento, isto é, as formas como são feitas as escolhas dos pares e cópula durante o período reprodutivo, que particularmente no caso dos mamíferos, compreende uma diversidade de comportamentos que variam de acordo com cada espécie e de acordo com pressões ambientais. O presente estudo teve como objetivo analisar a divulgação dos estudos sobre comportamento sexual e reprodutivo e de cuidado parental em mamíferos em sites de divulgação científica e em livros didáticos. Foram analisados livros didáticos do último Programa Nacional do Livro Didático (PLND 2018), bem como publicações de três sites de divulgação científica. Os dados obtidos reforçam a percepção da omissão de informações sobre diversidade de comportamentos sexuais, reprodutivos e de cuidado parental de mamíferos tanto em livros didáticos quanto em artigos de divulgação, onde foi verificada uma abordagem superficial do tema, não abrangendo a totalidade de comportamentos, além disso, em praticamente todas as obras que citam o cuidado parental, é subliminarmente apresentado um conceito normativo de família nuclear, composta por um macho, uma fêmea e seu(s) filhote(s). Esse estudo conseguiu mostrar que as informações sobre diversidade de comportamento sexual, reprodutivo e cuidado parental ainda estão restritas ao meio acadêmico-científico, estando ausentes em livros didáticos e em artigos de divulgação. Diante dessa realidade, a prática pedagógica do professor ganha um papel fundamental, implicando no entendimento e decisão para o enfrentamento de preconceitos, bem como na promoção de discussões e debates que auxiliem na construção de pensamento crítico acerca de diferentes temas sociais.

XIV JIC - Livro de Resumos 89 Engenharia Ambiental

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Teorias sobre aquecimento global e mudanças climáticas

Bruna Krause Corati1, 2, Elba Calesso Teixeira1(orient.) e Flávio Wiegand1 (coorient.)

1 - Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luiz Roessler; 2 - Universidade Federal do Rio Grande do Sul; [email protected]; [email protected]

O efeito estufa se originou nos ciclos naturais de aquecimento e resfriamento intercalados com períodos de forte atividade geológica, que lançaram altas quantidades de gases no ar, formando uma camada gasosa sobre a Terra: a atmosfera. As preocupações com as mudanças climáticas devido ao aquecimento global iniciaram na década de 1950, mas somente na década de 1990 se desenvolveram modelos para explicar a variabilidade climática desta época. Devido à importância assumida por este tema nas últimas décadas e dos vários argumentos existentes, o presente trabalho tem o objetivo de analisar, ponderar e avaliar as diversas opiniões. A metodologia utilizada foi a revisão das principais teorias sobre aquecimento global e mudanças climáticas, através de livros e artigos científicos, redação e compilação das informações obtidas. Uma das correntes científicas defende que o aumento da temperatura, cerca de 0,6 °C no último século, é causado principalmente pela intensificação do efeito estufa, podendo ter relação com atividade antrópica, em especial emissões de gases de efeito estufa e mudanças no uso e cobertura do solo, e só é explicado considerando forçantes antrópicas e naturais em conjunto. A outra corrente defende que a temperatura média do planeta está diminuindo, que o aumento da temperatura precederia o aumento de CO2 (não o contrário), que não há boa correlação entre aumento das emissões antrópicas de CO2 e aumento da temperatura terrestre, e que outros fatores, como o vapor d’água, são mais influentes na temperatura do que o CO2: o aumento de 1 ppm de CO2 por ano gera aumento de apenas 0,004°C na temperatura, enquanto um aumento de 10% na concentração de vapor d’água gera aumento de 1,3 °C na temperatura. Diante de diversos estudos, o aquecimento global é considerado um paradigma atual, mas não há consenso sobre suas causas. Mesmo a discussão sendo muito importante e relevante, pois gera implicações ambientais, econômicas, políticas e sociais, não se deve adotar uma teoria como verdade absoluta: é necessário estudar seriamente todos os fatores que influenciam o clima terrestre e suas inter- relações, para que modelos climatológicos sejam mais abrangentes e precisos. Como o Homem pode causar mudanças climáticas globais, com consequências positivas ou negativas, devemos tomar atitudes benéficas, contribuindo para a redução da influência humana no clima. São necessárias medidas como políticas públicas de cunho ambiental e contenção da emissão de poluentes.

Apoio: PIBIC-CNPq/ FEPAM

XIV JIC - Livro de Resumos 91

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Variação de partículas ultrafinas na atmosfera externa e interna de escola

Bruna Pinho dos Santos1,2, Nicole Becker Portela2 (coorient.), Elba Calesso Teixeira1,2 (orient.)

1 – Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luís Roessler; 2 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul; [email protected]; [email protected]

As partículas ultrafinas–UFP atmosféricas são partículas menores que 1000 nm e derivam de fontes antropogênicas nas áreas urbanas, principalmente de emissões veiculares. Esta faixa de partículas é de importante compreensão para a saúde infantil devido às suas propriedades cancerígenas, influência em problemas respiratórios e cardiovasculares. Assim, o objetivo desse estudo foi analisar as concentrações de UFP associadas a períodos quente e frio no ar interno(sala de aula)-CAI e externo(portão de acesso)-CAO em uma escola urbana da Região Metropolitana de Porto Alegre – RMPA. Para isso, foi selecionada uma escola de Canoas/RS altamente influenciada pelo tráfego veicular da BR-116/RS e outras vias da RMPA. A medição de UFP foi realizada com o equipamento portátil NanoScan SMPS Nanoparticle Sizer modelo 3910 (TSI Inc. Manufacturer). As atividades foram executadas entre junho e dezembro de 2016 de duas em duas semanas, em 11 campanhas. O tempo de amostragem foi alinhado com o período letivo diário escolar (das 7h às 19h). Os dados meteorológicos (temperatura do ar, radiação solar e umidade relativa) foram coletados em estações de monitoramento da FEPAM. Os resultados obtidos apontam que a concentração média de UFP foi de 2,60E+04#/cm³ na CAI e 6,03E+04#/cm³ na CAO. Isto representa que no portão de acesso os níveis de UFP foram 132% maiores do que na sala de aula. Os picos de UFP no portão de acesso ocorreram nas horas de rush. Em CAI a concentração de partículas ultrafinas foi 60% maior no período quente em relação ao período frio. Em CAO a concentração de UFP foi 26% maior no período frio. Realizou-se uma correlação de Spearman entre os parâmetros meteorológicos e as UFP que mostrou correlação positiva com radiação solar e temperatura, respectivamente, para CAI (0,15 e 0,19) e negativas para CAO (-0,16 e -0,50). A umidade relativa apresentou correlação inversa em CAI e CAO (0,44 e -0,32). Podemos concluir que as UFP sofrem variações entre CAI e CAO, considerando que há diferentes processos de formação e influência de diferentes fontes, o que resulta numa maior sensibilidade sob diferentes condições atmosféricas.

Apoio: CNPq/ FEPAM

XIV JIC - Livro de Resumos 92

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Importância do monitoramento de óleos isolantes em transformadores de potência para redução de danos ao meio ambiente

Daniella Pozza, Lucia Allebrandt Ries (orient.), Tiago Bresolin (coorient.)

Universidade Estadual do Rio Grande do Sul; [email protected]; [email protected]

Os transformadores são os principais equipamentos elétricos das unidades consumidoras, e representam o último estágio da geração de energia elétrica. Os transformadores empregam óleo mineral para isolamento e refrigeração durante sua operação. Este óleo pode sofrer degradação, em virtude de dois fatores: i) falhas apresentadas durante a operação do transformador, ou ii) envelhecimento do próprio óleo, devido a ocorrência de reações de degradação, como oxidação e hidrólise. Considerando a larga expansão do mercado de energia no país, torna-se evidente a preocupação com os métodos empregados para proteção do meio ambiente, em caso de vazamento do óleo, causado por falhas, ou de substituição do óleo, causado pelo seu envelhecimento. Ensaios físico-químicos e cromatográficos, realizados no óleo, são importantes para diagnóstico da qualidade deste e do equipamento, informando se o óleo se encontra em um estado avançado de degradação, ou se apresenta algum tipo de contaminação, decorrente de alguma falha. O presente trabalho teve como objetivo demonstrar, a partir de um estudo de caso, a importância que a manutenção preditiva apresenta para o desempenho dos transformadores e para a proteção do meio ambiente. O transformador estudado tem capacidade de 300 kVA e volume total de 560 litros de óleo mineral. As amostragens do óleo mineral seguiram o padrão de coleta descrito nas respectivas normas e foram divididas em três etapas. O calendário de coletas, a remoção do transformador e os tipos de ensaios realizados foram planejados a partir dos resultados obtidos na primeira amostragem. Os ensaios físico-químicos e cromatográfico seguiram as suas respectivas normas. O transformador, alvo desse trabalho, não sofreu manutenções ao longo de, pelo menos, quatorze anos, vindo a apresentar problemas no sistema de isolamento, devido à ação de agentes externos, como a má vedação das tampas do tanque, e de agentes internos, como as reações de hidrólise e oxidação no sistema óleo/papel. A partir dos resultados obtidos, pode-se constatar a existência de uma relação complementar entre os ensaios físico- químicos e cromatográfico, sendo demonstrado que para qualidade na transformação da energia elétrica, aumento do tempo de vida útil do óleo, redução de custos e melhoria na segurança e proteção do meio ambiente, torna-se imprescindível investir na manutenção preditiva do transformador, a partir de vistorias em campo e ensaios laboratoriais de rotina.

Apoio: UERGS

XIV JIC - Livro de Resumos 93 Engenharia de Bioprocessos

XIV Jornada de Iniciação Científica - Meio Ambiente Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul Porto Alegre, RS, 11 a 14 de setembro de 2018

Remoção de ácido acetilsalicílico a partir de soluções aquosas empregando biofilme de Rhizopus oryzae suportado em esponjas de poliuretano

Paola T. C. Guasselli1, Marcel Ludwig2, Lúcia Allebrandt Ries1 (orient.) 1 -Universidade Estadual do Rio Grande do Sul; 2 -Fundação Escola Técnica Liberato Salzano Vieira da Cunha; [email protected]; [email protected]

Nas últimas décadas, tem se intensificado a preocupação pela presença de fármacos nos ambientes aquáticos. Tal fato se deve ao aporte crescente e contínuo destes compostos no meio ambiente e pela elevada persistência dos mesmos, cujos efeitos são ainda pouco conhecidos. Os tratamentos convencionais de água e esgoto não são capazes de remover tais contaminantes, sendo necessário o desenvolvimento e a implementação de tecnologias mais avançadas, eficientes e econômicas para o tratamento de efluentes industriais e residenciais, antes do lançamento destes no meio ambiente. O emprego de carvão biologicamente ativado em conjunto com o tratamento de água e esgoto tem demonstrado resultados satisfatórios. Contudo, o emprego de carvão ativado encarece o processo. Nesse contexto, o presente trabalho apresenta como proposta avaliar a formação de biofilme do fungo Rhizopus oryzae suportado em esponjas de poliuretano, para posterior remoção/biodegradação do ácido acetilsalicílico, estabelecendo um paralelo com o desempenho apresentado pelo carvão biologicamente ativado com o mesmo fungo, em condições de laboratório. Estima-se que mais de 10.000 toneladas deste fármaco são consumidas nos EUA a cada ano, tornado este composto um importante micropoluente emergente. Os resultados obtidos, até o momento, evidenciaram o desenvolvimento de um biofilme de Rhizopus oryzae, com produção ótima de biomassa em sete dias de incubação, empregando o meio de cultivo yes. Fatores como densidade, rugosidade, porosidade, tamanho de poro e forma do suporte, assim como a própria composição do meio, afetam a velocidade de formação e a estrutura do biofilme, proporcionando aumento na concentração de nutrientes e um ambiente de proteção para a acomodação do fungo, gerando, por consequência, uma alteração no potencial de metabolização do microrganismo. Assim, o emprego de uma metodologia simples, utilizando esponja de poliuretano como suporte, pode-se tornar uma alternativa de baixo custo para a remoção do ácido acetilsalicílico em estações de tratamento de água e esgoto.

XIV JIC - Livro de Resumos 95 Genética Ambiental/ Toxicológica

XIV Jornada de Iniciação Científica - Meio Ambiente Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul Porto Alegre, RS, 11 a 14 de setembro de 2018

Genotoxicidade de sedimentos do rio Taquari em Allium cepa

Kewen Ubirajara Dias Silva1, Paula Hauber Gameiro2, Clarice Torres de Lemos3(orient.)

1Universidade Federal do Rio Grande do Sul-UFRGS; 2Centro de Ecologia, Curso de Pós-graduação em Ecologia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul; 3Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luiz Roessler – FEPAM; [email protected]; [email protected]

As práticas antrópicas têm grande contribuição na alteração do ambiente devido à liberação de altas doses de substâncias poluentes. Estas ações têm aumentado as oscilações do ambiente aquático, permitindo a liberação indiscriminada de agentes poluidores. O sedimento dos corpos d’água constitui-se em compartimento importante por representar o histórico da contaminação de um grande número de poluentes. A utilização de técnicas de detecção de danos genotóxicos, em amostras de recursos hídricos, fornece dados para avaliação da qualidade aquática e seus efeitos sobre este ecossistema, permitindo também extrapolações para a captação e distribuição de água potável e sua importância para a saúde humana. Entre os ensaios com vegetais, o teste com Allium cepa tem sido usado para avaliar danos ao DNA, como aberrações cromossômicas e perturbações no ciclo mitótico. O objetivo deste trabalho foi avaliar a toxicidade e genotoxicidade de amostras de sedimentos do rio Taquari em áreas de captação de água potável em quatro pontos, TA063, TA032, TA011 e TA006. Como bioindicador foram utilizadas sementes de Allium cepa, através da análise do índice mitótico (IM), índice germinativo (IG) e de micronúcleos (MN). Para o ensaio, foram colocadas cem sementes para germinar em placas de Petry em presença das amostras de sedimento in natura e controles, positivo (dicromato de potássio) e negativo (H2O de poço artesiano) por cinco dias. Para análise de MN, as raízes foram fixadas em metanol/ácido acético (3:1), hidrolisadas com ácido clorídrico, e coradas com Feulgen, analisando-se 3000 células/ amostra. A toxicidade foi determinada através do IM (células em divisão/total analisadas) e IG (toxicidade determinada pela queda na germinação inferior a 60% comparado ao controle negativo) no final de cinco dias. Os valores de IM e MN são comparados estatisticamente entre amostras e controle negativo. Considerando os resultados para IG e IM, nenhuma amostra apresentou resposta positiva para toxicidade. Para análise de MN, até o momento, verificaram-se indícios de resposta positiva pelo sedimento de TA006 e TA063 (valor duas vezes maior que o controle negativo, sem alcançar significância estatística) e diferença significante em relação ao controle negativo paralelo na amostra do local TA032. Estes resultados indicam que o ensaio Allium cepa foi sensível em detectar poluentes genotóxicos em locais do rio Taquari.

Apoio: PIBIC/FEPAM/CNPq; 127808/2017-5

XIV JIC - Livro de Resumos 97

XIV Jornada de Iniciação Científica - Meio Ambiente Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul Porto Alegre, RS, 11 a 14 de setembro de 2018

Análise de metais em falcão peregrino exposto à contaminação aeroportuária

Micaele Wolfarth1, Julian Stocker1, Cristina Cadermartori (coorient.)1, Fernanda Rabaioli da Silva (orient.)1,2

1- Laboratório de Biologia Celular e Molecular, Universidade La Salle, Canoas, Brasil; 2- Laboratório de Implantação Iônica, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Brasil; [email protected]; [email protected]

O aeroporto é uma fonte complexa de emissão de poluentes que pode ter um impacto significativo no ambiente. Há vários produtos químicos transportados pelo ar, emitidos durante as atividades aeroportuárias, que apresentam um potencial de aumentar o nível de exposição dos organismos. Os hidrocarbonetos policíclicos aromáticos, nanopartículas e metais estão incluídos entre os compostos tóxicos liberados. Assim como as pessoas que trabalham no local, as aves de rapina são igualmente afetadas pelas emissões, especialmente de poluentes. Em virtude de serem predadores de topo de cadeia e capazes de bioacumular substâncias que podem ser prejudiciais ao organismo, acabam sendo sensíveis à contaminação ambiental. Logo, o monitoramento ambiental é necessário para avaliar o dano que está sendo causado no ecossistema. O falcão peregrino é uma ave carnívora, adaptada para caçar, que possui garras fortes, bicos afiados e uma excelente visão e audição. O objetivo do trabalho foi quantificar os elementos inorgânicos presentes no sangue das aves coletadas, para isso foi utilizado o método de Emissão de raio X induzida por partículas (PIXE). Foi coletado amostras de sangue periférico de uma espécie de ave de rapina: Falco peregrinus. As amostras de sangue foram secas na estufa a 60ºC, pastilhadas em prensa e colocadas em um suporte no interior da câmara de reação do implantador iônico e aplicado o método PIXE. O grupo exposto foi coletado no Aeroporto Internacional Salgado Filho e o grupo controle foi coletado em zoológicos e coleções particulares, todos situados no estado do Rio Grande do Sul. Foi realizada análise estatística dos metais encontrados nas amostras de sangue das aves, onde foi observada diferença na concentração de zinco (Zn). A concentração de Zn no grupo exposto foi de 24,80 ± 1,23 ppm enquanto no grupo controle foi 18,37 ± 2,06 ppm (P<0,01). O aumento deste metal no entorno de rodovias tem sido associado ao desgaste de pneus. A partir do resultado preliminar do presente estudo, foi possível verificar o aumento de Zn no sangue de falcões peregrinos expostos a contaminação aeroportuária, que possivelmente está ligado às atividades realizadas nesse ambiente.

Apoio: UNILASALLE, FAPERGS

XIV JIC - Livro de Resumos 98 Gestão Ambiental

XIV Jornada de Iniciação Científica - Meio Ambiente Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul Porto Alegre, RS, 11 a 14 de setembro de 2018

Análise da morfologia do leito do Canal São Gonçalo (Rio Grande e Pelotas) em área de mineração pelo método de dragagem

Aryane Araujo Rodrigues1,2, Arthur Ziebell1, Tomás Dalpiaz Strieder1,2, Samira Jaber Suliman Audeh2, Fioravante Jaekel dos Santos2 (orient.)

1 – Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luiz Roessler; 2 – Universidade Federal de Pelotas; [email protected]; [email protected]

A mineração contribui para o desenvolvimento socioeconômico, desde que feita com responsabilidade ambiental. Esta objetiva a extração mineral com fins econômicos. A dragagem é um método de extração com o qual são explotados sedimentos principalmente para a construção civil, o desassoreamento e o abastecimento de água. O Canal São Gonçalo (CSG) está localizado entre os municípios de Rio Grande e Pelotas e conecta a Lagoa Mirim à Laguna dos Patos. Os processos erosivos na bacia hidrográfica, a geomorfologia do canal e a contribuição sedimentar dos corpos d’água fomentam o interesse pela atividade no local. Uma técnica de monitoramento do leito é a batimetria, realizada com equipamentos do tipo ecobatímetro. Com as informações, é possível gerar um Modelo Numérico do Terreno (MNT) que permite analisar o fundo, a estabilidade das margens, a disponibilidade de minério e a vida útil da jazida. Acredita-se que em 2000 foi realizado o primeiro levantamento batimétrico no CSG, porém após 2012 foram definidos dois períodos de levantamento: um no inverno e outro no verão - originalmente a fim de abranger os períodos de cheia e de seca. Paralelamente, verificou-se que o canal possui sazonalidade irregular. Este trabalho visou analisar o comportamento do leito do CSG em período de cheia e seca, com foco na identificação de locais de acréscimo ou decréscimo de sedimento, levando em consideração a influência da mineração. A batimetria foi realizada longitudinalmente no canal, nos meses de dezembro de 2015 e julho de 2016. Foram gerados MNTs do leito utilizando o software SPRING 5.2. Foi calculada a diferença entre os dois Modelos a fim de verificar as diferenças durante o período de estudo e pressupor possíveis causas. A análise mostrou que no trecho entre a eclusa do Canal e a foz do Arroio do Padre houve aporte de sedimento na margem oeste e erosão na margem leste, resultando no seu avanço e retração. No trecho ao Sul, na Volta do Tigre, houve deposição entre o centro e a margem côncava do Canal. No segmento saindo da Volta do Pesqueiro até cerca de 2 km ao Sul houve acúmulo de sedimento no leito, mas principalmente próximo às margens. Foi observado que a dinâmica de sedimentos nestes trechos pode ter maior susceptibilidade à sazonalidade das cheias do que à mineração, influenciando no comportamento das margens. Cabe destacar a importância de mais estudos que possibilitem analisar a relação entre a presença das dragas com o comportamento do leito do CSG.

XIV JIC - Livro de Resumos 100

XIV Jornada de Iniciação Científica - Meio Ambiente Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul Porto Alegre, RS, 11 a 14 de setembro de 2018

Contribuição à elaboração de manual técnico para referência no licenciamento ambiental de competência municipal. Parte I: Resíduos Sólidos

Gabriel Sehnem Heck1,2, Kátia Helena Lipp-Nissinen1 (orient.)

1 - Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luiz Roessler, 2 - Universidade Federal do Rio Grande do Sul; [email protected]; [email protected]

A municipalização da gestão ambiental no Rio Grande do Sul (RS) desenvolve-se desde o final da década de 1990. O Conselho Estadual do Meio Ambiente (CONSEMA), através de suas resoluções, estruturou critérios e definições para a condução do licenciamento e da fiscalização ambiental no RS. As competências constitucionais comuns entre União, Estados, Municípios e Distrito Federal nesta matéria foram regulamentadas a nível nacional pela Lei Complementar Nº 140/2011. Recentemente, a Resolução CONSEMA Nº 372/2018 atualizou e ampliou a lista de atividades potencial ou efetivamente poluentes e/ou degradantes, destacando aquelas definidas como de impacto local, de atual competência municipal. Estudos prévios sobre o desempenho de órgãos ambientais municipais no RS constataram limitações estruturais, carências de pessoal e de informação sobre procedimentos, normas técnicas e legislação vigente, com possíveis reflexos na proteção dos ambientes locais. Através de programas de capacitação, o Estado visa incrementar a qualificação e a recente ampliação da atuação municipal. Contribuindo nesse sentido, objetiva-se neste trabalho a elaboração de materiais de referência, enfocando a padronização de procedimentos e a melhoria do controle das atividades de impacto local, tendo como público-alvo gestores, analistas e fiscais municipais. Para tanto, realizou-se uma ampla revisão bibliográfica em publicações de referência, legislação, além de diretrizes e documentos procedimentais da Fundação Estadual de Proteção Ambiental - FEPAM. Adicionalmente, entrevistas semiestruturadas foram conduzidas com analistas das divisões setoriais da FEPAM para pontuar as particularidades pertinentes às etapas processuais. Os resultados compilados estão sendo editados no formato de um manual técnico. Do conjunto de tipologias licenciáveis pelos municípios, já foram desenvolvidos os conteúdos relativos aos ramos de atividades de resíduos sólidos urbanos, resíduos sólidos da construção civil e resíduos sólidos industriais, bem como sobre a sua gestão e logística reversa. Após revisão e validação técnica, esse conteúdo será incluído em uma publicação do Órgão Estadual a ser divulgada em meio eletrônico e impresso. Espera-se que o material produzido contribua para o aperfeiçoamento do licenciamento e da fiscalização nos municípios, qualificando ações e assegurando a preservação da qualidade do meio ambiente, como meta maior da gestão ambiental pública.

Apoio PIBIC-CNPq/FEPAM

XIV JIC - Livro de Resumos 101

XIV Jornada de Iniciação Científica - Meio Ambiente Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul Porto Alegre, RS, 11 a 14 de setembro de 2018

Caracterização dos resíduos sólidos encontrados em redes de emalhe no Litoral Norte do Rio Grande do Sul

Leonardo Martins Pinheiro 1,3; Ênio Lupchinski Junior2 (orient.), Rodrigo Machado3 (coorient.)

1 - Universidade Federal do Rio Grande do Sul; 2 -Universidade Estadual do Rio Grande do Sul; 3 - Grupo de Estudos de Mamíferos Aquáticos do Rio Grande do Sul; [email protected]; [email protected]

A zona costeira brasileira é uma região que possui grande adensamento populacional, abrigando cerca de 25% da população do País. A ocupação da mesma traz consigo o aumento dos impactos socioambientais, a exemplo da geração e gestão dos resíduos sólidos. Este cenário não é diferente no Estado do Rio Grande do Sul (RS), onde a aglomeração urbana do Litoral Norte apresenta taxa de urbanização de 86,7%, com uma densidade populacional de 39,6 hab/km2. Além destes fatores, os municípios litorâneos recebem um incremento sazonal de população que pode chegar a 140%, sendo que grande parte destes não apresentam capacidade para gerir tal volume de resíduos gerados, os quais podem acabar se dispersando para o ambiente aquático. A presença dos resíduos sólidos no ambiente natural causa inúmeros impactos à biota, a exemplo da elevação das taxas de mortalidade de animais costeiros e marinhos, por ingestão destes. As atividades humanas, como a pesca artesanal, também podem ser afetadas pelo aumento dos resíduos, visto que acabam danificando os petrechos, aumentando gastos para reparos e perdas de produção. Tendo em vista tais fatores, o presente estudo visa caracterizar os resíduos sólidos que são emalhados pelas redes de cabo de beira de praia no Litoral Norte. Foram acompanhadas 33 despescas entre março e junho de 2018 nos municípios de Imbé, Tramandaí, Cidreira e Balneário Pinhal. As redes utilizadas tiveram comprimento médio de 50 m com malhas variando de 70 a 100 mm entre nós opostos, permanecendo imersas por cerca de 12 horas/dia. Foram encontrados 902 fragmentos de lixo, os quais foram limpos e armazenados, totalizando 16,460 kg. Dentre estes, foram encontradas quatro partículas de politereftalato de etileno (PET), 42 de poliestireno, 32 resquícios de polipropileno e 804 fragmentos de polietileno de baixa densidade, além de 23 fragmentos plásticos diversos (<2,5 cm) e uma placa de alumínio. Sabendo-se que a permanência do plástico no ambiente é elevada, cerca de 300 anos, é extremamente necessário que se ampliem os esforços em ações educacionais e de implementação efetiva do Plano Nacional de Resíduos Sólidos, tais como a logística reversa, segregação e otimização da coleta e destinação. Ao final deste estudo, espera-se contribuir para o conhecimento acerca da poluição marinha e dialogar com os municípios e a população sobre a importância do gerenciamento de forma eficiente, auxiliando no gerenciamento costeiro do Litoral Norte do Estado do RS.

XIV JIC - Livro de Resumos 102

XIV Jornada de Iniciação Científica - Meio Ambiente Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul Porto Alegre, RS, 11 a 14 de setembro de 2018

Diagnóstico da qualidade dos cursos hídricos do Parque Saint’Hilaire – Viamão/RS, a partir da análise de parâmetros físico-químicos e microbiológicos

Lucas Pereira da Silveira, Silvia Regina Grando (orient.)

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul, Campus Viamão; [email protected]; [email protected]

O Parque Natural Municipal Saint’Hilaire é uma Unidade de Conservação (UC) de Proteção Integral, cuja área abrange os municípios de Porto Alegre e Viamão, RS. O parque tem uma área de 1148 ha, que abriga uma vegetação de 450 ha de mata nativa, 300 ha de campo nativo com zonas de butiazais e em torno de cinquenta nascentes. A UC é um refúgio para a fauna da região metropolitana, tornando o local importante para a preservação de biomas e espécies nativas. Em contrapartida, notícias publicadas nos últimos anos evidenciam a degradação do parque causada principalmente pelo despejo de resíduos sólidos e lançamento de efluentes, ocasionada possivelmente pela urbanização sem controle nos seus entornos. Para avaliar a influência e os impactos ocasionados pela urbanização, a pesquisa buscou realizar um diagnóstico da qualidade dos cursos hídricos a partir de parâmetros físico-químicos e microbiológicos: coliformes totais e termotolerantes, pH, demanda bioquímica de oxigênio (DBO), fósforo total, nitrogênio total e metais pesados (cádmio, chumbo e cobre). A partir de estudos em mapas do parque e visitas in loco, foram determinados dois pontos de coleta: ponto I1 (interno 1) que possui sua nascente fora dos limites do parque e ponto I2 (interno 2) cuja nascente é dentro da UC. Foram realizadas três coletas de águas superficiais em cada um dos pontos, a primeira em dezembro/2016, a segunda em junho/2017 e a terceira em novembro/2017. Os laudos laboratoriais da primeira coleta apresentaram no ponto I1 uma concentração de 16,9 mg/L para o parâmetro nitrogênio total, em comparação ao ponto I2 que apresentou concentração de 0,21 mg/L. Na segunda coleta, constatou -se que o ponto I1 exibiu valores elevados de fósforo total (2,18 mg/L) em relação ao ponto I2, que mostrou a concentração de fósforo total de 0,08 mg/L. Na terceira coleta, os resultados atestaram que o ponto I1 apontou valores mais elevados de DBO (7 mg/L) em relação ao ponto I2, com DBO em 1 mg/L. Os coliformes termotolerantes apresentaram-se fora dos padrões no ponto I1 para águas doces – classes III (Res. CONAMA 357/05). Com os resultados até o momento, foi possível realizar um diagnóstico preliminar da situação dos corpos hídricos da UC, indicando que o ponto mais degradado é o ponto I1, justamente aquele que se encontra próximo ao entorno do parque. Provavelmente os valores elevados dos parâmetros citados foram causados pelo lançamento de efluentes domésticos sem tratamento, oriundos da comunidade local.

XIV JIC - Livro de Resumos 103

XIV Jornada de Iniciação Científica - Meio Ambiente Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul Porto Alegre, RS, 11 a 14 de setembro de 2018

Monitoramento da recuperação de áreas degradadas por mineração de ágata em áreas de preservação permanente (APP) às margens do rio Jacuí, no município de Salto do Jacuí, RS

Maria Eduarda Cramer Schwengber1,2, Adriana Rosa Campagna1 (coorient.), Kátia Helena Lipp- Nissinen1 (orient.)

1 - Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luis Roessler; 2 - Universidade Federal do Rio Grande do Sul; [email protected]; [email protected]

Áreas de Preservação Permanente (APP) são definidas pelo Código Florestal Brasileiro (Lei Federal nº 12.651/2012, CBF) como áreas com função ambiental de preservar recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade e assegurar o bem-estar das populações humanas. As matas ciliares e demais formações vegetais ao longo de corpos de água são tipos de APP protegidos pelo CBF. O município de Salto do Jacuí, RS (29° 05′ 16″ S, 53° 12′ 27″ O) possui as maiores jazidas mundiais de ágata e a sua exploração é reconhecida como de alto impacto e ocasionadora de degradação em zonas ribeirinhas. Neste estudo, através da análise de imagens de satélite, objetivou-se monitorar a recuperação de áreas degradadas por mineração de ágata, verificando a efetividade de ações de fiscalização e licenciamento pelo órgão ambiental estadual (FEPAM) na região de Salto do Jacuí. Para tanto, foram selecionadas as imagens do programa Google EarthTM de três diferentes datas, 2003, 2010 e 2016, dentro de um período de 15 anos, que incluiu o início das ações de fiscalização (2006). Nessas imagens, com o software QGIS 2.18.0, foram vetorizadas e calculadas as áreas degradadas por mineração inseridas na APP de um trecho do rio Jacuí. Na imagem de 2003, o valor de área degradada encontrado foi de 44,833 hectares, representando 12,02% da APP. Os resultados dos anos posteriores, 2010 e 2016, demonstraram crescente evolução da recuperação de áreas a partir da intervenção da fiscalização estadual em 2006, havendo ainda 35,112 e 14,509 hectares degradados, respectivamente. Do total, tem-se que 67,64% das áreas degradadas no ano de 2003 foram recuperadas até 2016, restando 3,95% não recuperadas ou ainda exploradas ilegalmente dentro da APP. Além das atividades de fiscalização e licenciamento pela FEPAM, outras medidas como autuações realizadas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) em 2010 contribuíram para o processo de mitigação da degradação da área. Em visita de reconhecimento à região (2018), verificou-se maior desenvolvimento espontâneo da vegetação, porém nenhuma mudança quanto à topografia, indicando a não execução das medidas de ajuste de relevo condicionadas na licença de operação que foi, portanto, descumprida pelos empreendedores. Além disso, o estudo demonstrou a efetividade do sensoriamento remoto como ferramenta de monitoramento a ser aliada à fiscalização in loco, visando à preservação de APP de corpos hídricos.

Apoio: PIBIC-CNPq/ FEPAM

XIV JIC - Livro de Resumos 104

XIV Jornada de Iniciação Científica - Meio Ambiente Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul Porto Alegre, RS, 11 a 14 de setembro de 2018

Diagnóstico dos resíduos sólidos urbanos nos municípios abrangidos pela Gerência Regional Sul (GERSUL): da geração à disposição final

Tomas Dalpiaz Strieder1,2, Aryane Araujo Rodrigues1,2, Afrânio das Neves Costa Filho1, Paulo Anselmi Duarte da Silva1, Diuliana Leandro² (orient.)

1 – Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luiz Roessler (FEPAM); 2 – Universidade Federal de Pelotas (UFPel); [email protected]; [email protected]

Os Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) são produtos da atividade antrópica nas cidades. Sua composição varia de acordo com a população, sendo dependente da situação: socioeconômica, cultural e hábitos cotidianos. A gestão de RSU tem sido um desafio com o passar dos anos. Diante do exposto, este trabalho visou realizar um diagnóstico dos RSU nos 26 municípios abrangidos pela GERSUL. Realizou-se um levantamento da geração e destinação dos RSU com base nos relatórios do Sistema Nacional de Informações de Saneamento (SNIS) de 2016. Além disso, foi verificada a existência de licenças ambientais para destinação ou transbordo, bem como licenças para Projetos de Remedição de Áreas Degradadas (PRAD) em antigos lixões ou aterros, conforme Termo de Referência para Remediação de Áreas Degradadas por disposição de Resíduos Sólidos Urbanos, Construção Civil e Saúde: FASES 1, 2 3 e 4. Adicionalmente, foram realizadas vistorias para verificar a real situação dos locais. Cabe destacar que o município de Pelotas gera o maior volume de RSU, contando resíduos sólidos urbano, rural e de serviço de saúde. São gerados 190 mil ton/ano, seguido do município de Rio Grande, com 104 mil ton/ano. O Aterro Sanitário de Candiota (ASC) é o destino os RSU de sete municípios, além da cidade de Candiota, estando em acordo com a legislação e em fase de ampliação. São Lourenço do Sul, que gera 9000 ton/ano e Pelotas são os que mais contribuem com RSU para o ASC. Nos municípios de São José do Norte e São Lourenço do Sul, as áreas de transbordo e “bota-fora” estão localizadas nos antigos aterros e não possuem licença de operação ou PRAD. Já na cidade de Pelotas, o local de transbordo possui licença de operação, entretanto seu antigo aterro sanitário que se encontra recuperado não possui licença para PRAD. O contrário foi constatado no município de Jaguarão, onde seu antigo aterro sanitário foi recuperado com PRAD, mas seu local de transbordo ocorre em um antigo galpão da prefeitura, sem licença de operação para tal atividade. De maneira geral, o estudo mostrou que apenas três municípios estavam totalmente adequados com relação aos RSU, sendo que a maioria alegou falta de recurso para concluir os ajustes à legislação. Ademais, destaca-se que melhorias na gestão dos RSU, como a redução na geração até a disposição final são essenciais para o bem-estar e qualidade de vida da população, além de colaborar para a garantia de um meio ambiente ecologicamente equilibrado para esta e futuras gerações.

XIV JIC - Livro de Resumos 105 Museologia das Ciências Biológicas

XIV Jornada de Iniciação Científica - Meio Ambiente Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul Porto Alegre, RS, 11 a 14 de setembro de 2018

Os cetáceos na exposição de longa duração do Museu de Ciências Naturais da UFRGS

Caroline dos Santos Portal, Aline Portella Fernandes (orient.)

Museu de Ciências Naturais da Universidade Federal do Rio Grande do Sul; Universidade Federal do Rio Grande do Sul; [email protected], [email protected]

O Museu de Ciências Naturais (MUCIN), que se situa no Centro de Estudos Costeiros, Limnológicos e Marinhos (CECLIMAR) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), no município de Imbé - RS, trabalha em suas exposições questões científicas, ambientais e sociais. A atual exposição de longa duração trata das belezas e fragilidades do Litoral Norte do Rio Grande do Sul e faz parte dela um núcleo sobre fauna marinha e costeira, abrangendo alguns cetáceos, sobre os quais falaremos neste trabalho. Esta seção conta com um esqueleto de baleia Jubarte (Megaptera novaengliae), um esqueleto de boto-da-barra (Tursiops gephireus) e um crânio de Toninha (Pontoporia blainvillei), além de painéis com recursos visuais e textuais. Os cetáceos, mais conhecidos popularmente como botos, baleias e golfinhos, são mamíferos aquáticos que vivem em sua maioria nos oceanos, mas também podem ser encontrados em ambientes de água doce. O Rio Grande do Sul é um dos estados mais biodiversos para este grupo, onde ocorrem 35 das 45 espécies já registradas no Brasil. São animais carismáticos que, por possuírem um apelo popular, podem contribuir para a conservação de todo um ecossistema, além da sua importância na cadeia trófica, muitas vezes como predadores de topo. Com o intuito de trazer para debate as diversas questões que permeiam a vida desses animais e visando a conservação do ecossistema marinho da região, as mediações são realizadas utilizando uma abordagem que visa a troca de conhecimento com o público, podendo ser visitantes ocasionais ou turmas escolares agendadas. Essa troca é realizada considerando tanto aspectos sociais quanto culturais que cada pessoa ou grupo que visita o Museu traz consigo em decorrência de suas vivências. Durante a mediação, são feitas perguntas na tentativa de incentivar o visitante a pensar em aspectos referentes aos cetáceos, tanto questões morfológicas utilizando-se um espécime de cada grupo, odontocetos e misticetos, e questões culturais e sociais como quais ameaças podem afetá-los e o que podemos fazer para contribuir para a conservação desse grupo. Desta forma, através do debate, mediador e visitante podem aprender juntos, discutindo sobre a preservação dos ecossistemas da região e construindo contribuições para a sustentabilidade.

Apoio: PROGRAD/ UFRGS

XIV JIC - Livro de Resumos 107

XIV Jornada de Iniciação Científica - Meio Ambiente Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul Porto Alegre, RS, 11 a 14 de setembro de 2018

Saber e uso das plantas: sabores, cheiros e tradições no Museu de Ciências Naturais da UFRGS

Cheiene Martka Brum1, 2, Aline Portella Fernandes1 (orient.)

1 - Museu de Ciências Naturais da Universidade Federal do Rio Grande do Sul; 2 - Universidade Federal do Rio Grande do Sul; [email protected]; [email protected]

O Museu de Ciências Naturais (MUCIN) está vinculado ao Centro de Estudos Costeiros, Limnológicos e Marinhos (CECLIMAR) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), localizado no município de Imbé, no litoral norte do Rio Grande do Sul. O acervo do MUCIN é especializado em fauna marinha e costeira, mas como a atual linha de trabalho tem como foco trabalhar contextos, território e relações sociais, foi criada uma oficina que trabalha também a flora do Rio Grande do Sul, com destaque para as espécies que ocorrem na região. Em geral, a comunidade conhece e utiliza apenas espécies vegetais disponíveis nos supermercados; enquanto isso, muitas plantas com diversos usos são ignoradas por não serem conhecidas popularmente. Dentre elas, temos as plantas alimentícias não convencionais (PANC) que podem ser consideradas como “mato” ou “sem utilidade”, porém, são plantas com potencial alimentício; as plantas medicinais são as que possuem a capacidade de provocar reações benéficas ao ser humano, que acabam por recuperar a saúde; as plantas utilizadas para artesanato possibilitam que alguma parte dela possa ser utilizada na confecção de adornos e acessórios, como por exemplo, os butiazeiros. As plantas também são muito empregadas na construção de moradias, como o jerivá e o cedro, utilizados na cultura Mbya Guarani. A oficina “O saber e uso das plantas” tem o objetivo de compartilhar e trocar conhecimentos acerca de espécies vegetais, seus usos e importância. A oficina aborda as PANC, as plantas com potencial artesanal e potencial medicinal. Através da realização de uma trilha situada no CECLIMAR, é feita a coleta de espécies potenciais e posteriormente são abordados conceitos e exemplos. A partir disso, o material coletado é disponibilizado para que o público possa tocar, sentir o cheiro e comer. O fato destas plantas serem em sua maioria plantas espontâneas, que não necessitam de manejo e agroquímicos para se obter algum resultado, diferentes das espécies utilizadas na alimentação convencional, propicia uma discussão a fim de incentivar o uso destas plantas no cotidiano da comunidade local. Por meio de cheiros, sabores e cores das plantas, realizamos a atividade despertando emoções e sensações que, aliadas às informações científicas, sejam capazes de sensibilizar os participantes da oficina a valorizar práticas tradicionais que contribuam para a preservação da biodiversidade e a sua sustentabilidade.

Apoio: PRAE/UFRGS

XIV JIC - Livro de Resumos 108

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Tubarões do Rio Grande do Sul: uma nova perspectiva sobre esses animais por meio do acervo do Museu de Ciências Naturais da UFRGS

Júlia Emanoela Ribeiro1, 2, Aline Portella Fernandes1 (orient.)

1 - Museu de Ciências Naturais da Universidade Federal do Rio Grande do Sul; 2 - Universidade Federal do Rio Grande do Sul; [email protected]; [email protected]

O Museu de Ciências Naturais (MUCIN), vinculado ao Centro de Estudos Costeiros, Limnológicos e Marinhos (CECLIMAR) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), localizado em Imbé, no litoral norte do RS, é especializado em fauna marinha e costeira e desenvolve diversas atividades educativas além da visitação às suas exposições. São oferecidas oficinas sobre temáticas que divulguem melhor o acervo do Museu e sejam relevantes para a comunidade. É o caso da oficina Tubarões do Rio Grande do Sul, a qual tem como objetivo apresentar uma nova visão a respeito desses peixes e contribuir para a conservação do ecossistema marinho como um todo. Com este intuito, na parte inicial da oficina, cada participante fala a primeira palavra que lhe remete quando pensa em tubarão, para conseguir captar do público suas impressões sobre esses animais. Para tentar despertar a sensibilidade do público, é utilizado material provindo da coleção didática do Museu, passível de ser tocado. Desta forma, é possível incentivá-lo a fazer uso de outros sentidos que não a visão, como o tato e o olfato. Ao vendarmos os olhos dos participantes, eles priorizam os outros sentidos e podem ter uma percepção diferenciada sobre o grupo. Após essa dinâmica inicial, é realizado um jogo, onde cada participante recebe uma peça e, através das informações textuais ou visuais que cada uma delas apresenta, devem ir encaixando uma na outra, fazendo com que reflitam sobre o que está colocado nas peças e gerando um debate sobre dinâmica de vida e ameaças a que o grupo dos tubarões está sujeito, ao passo que o mediador vai tecendo comentários e instigando o debate. Ao final, é feito o mesmo questionamento, para ver se a pessoa ainda tem a mesma ideia. A partir das percepções obtidas podemos desmistificar a aura de medo em torno destes animais, construída principalmente pela mídia, que faz com que sejam mortos por seres humanos simplesmente pelo medo de serem atacados. E também, alertar sobre as problemáticas que esses animais sofrem com a pesca industrial em nosso Estado, tentando sensibilizá-las a fazerem escolhas conscientes na hora de consumir carne de peixe. Através da oficina é possível fazer divulgação científica e discutir problemáticas pensando em contextos e realidades, aliando conhecimento científico e criando um diálogo com a comunidade, a fim de conscientizar sobre a importância desses animais para a conservação dos oceanos.

Apoio: MUCIN/ PRAE-UFRGS

XIV JIC - Livro de Resumos 109

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Comércio de animais silvestres: um diálogo sobre o impacto desta atividade dentro do espaço do Museu de Ciências Naturais da UFRGS

Tarcísio Linhares Löw1,2, Aline Portella Fernandes1 (orient.)

1 - Museu de Ciências Naturais da Universidade Federal do Rio Grande do Sul; 2 - Universidade Federal do Rio Grande do Sul; [email protected]; [email protected]

O Museu de Ciências Naturais (MUCIN), que se situa no Centro de Estudos Costeiros, Limnológicos e Marinhos (CECLIMAR) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), no município de Imbé - RS, é um local que integra aspectos da paisagem natural e da biodiversidade do litoral norte do RS, enfatizando o ser humano como ator desse cenário, e que pretende provocar reflexão e debate em torno das questões que trabalha, em especial a sustentabilidade. Além das exposições de longa duração e temporária, o Museu tem na sua área externa 24 tartarugas em um tanque e oito jabutis em um terrário. A maior parte destes animais é exótica e foi comercializada e abandonada, sendo que muitos deles passaram por reabilitação no Centro de Reabilitação de Animais Marinhos (CERAM), também localizado no CECLIMAR. A tartaruga-de-orelha-vermelha (Trachemys scripta) é um exemplo de espécie exótica, originária dos Estados Unidos, que foi muito comercializada no Brasil, sendo os indivíduos vendidos ainda quando filhotes. A população compra esses animais sem receber informações importantes como seu local de origem, que tamanho podem atingir e quantos anos podem viver (podem chegar a 40 anos). Quando se cansam deles, os descartam em um ambiente onde não ocorrem naturalmente, podendo tanto sofrer dificuldades para se adaptar e acabar morrendo, quanto se adaptar muito bem ao ambiente e causar um impacto significativamente negativo na biota nativa. Atualmente há legislação estadual que proíbe o comércio desses animais, porém se sabe que o tráfico de animais silvestres ainda acontece. Nesse contexto, o MUCIN utiliza o espaço em que eles estão para debater estas problemáticas, não os utilizando para simples exposição e contemplação, mas também para que o visitante reflita sobre a dinâmica de vida dos animais e as consequências de comercializá-los. Utilizando-se o espécime vivo, são mostradas diferenças morfológicas que ajudam a identificar a espécie e explanadas as questões que envolvem crimes ambientais. Sendo assim, para combater este tipo de crime, a melhor forma é a sensibilização da comunidade, já que as políticas de combate ao tráfico ilegal não são suficientes. Mesmo que não seja possível medir exatamente o alcance da atividade em cada pessoa, de forma geral, esse contato com o animal vivo, aliado às discussões que se desenrolam a partir da mediação, fazem com que o visitante tenha dimensão do problema e saia com vontade de colaborar e multiplicar esse conhecimento.

XIV JIC - Livro de Resumos 110 Paleontologia

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Levantamento de pequenos mamíferos da região do Parque Nacional da Serra da Capivara, Piauí, Brasil

Ágata Ferreira Ribas1,2, Simone Baes das Neves1,3(coorient.), Elver Luiz Mayer1,3, Ana Maria Ribeiro1,3 (orient.)

1 - Museu de Ciências Naturais, Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul; 2 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul; 3- Programa de Pós-Graduação em Geociências; [email protected]; [email protected]

A Serra da Capivara, Piauí, Brasil, é uma região internacionalmente conhecida pelas descobertas arqueológicas e registros paleontológicos do Quaternário. Abundantes estudos sobre fósseis de cavernas da região foram desenvolvidos, mas trabalhos sobre pequenos mamíferos (Rodentia, Marsupialia, Chiroptera) ainda são pouco numerosos. Além disso, informações acerca da mastofauna atual da região são limitadas, dificultando comparações com o registro fóssil. Neste contexto, o trabalho tem como objetivo realizar um levantamento dos grupos de pequenos mamíferos atuais encontrados na Serra da Capivara, através da análise de egagrópilas de aves de rapina. Assim, dados mais precisos para a comparação com a fauna fóssil serão obtidos. O material foi coletado na Toca de Cima dos Pilão, uma caverna localizada na área circundante do Parque Nacional da Serra da Capivara. O material consiste em egagrópilas íntegras e desagregadas, que foram coletadas em superfície nas imediações das entradas da caverna. O material foi submerso em água por cerca de 48 horas para remoção de sedimentos e limpeza dos ossos e dentes. Após secagem, os espécimes passíveis de identificação foram separados (dentários, maxilares, crânios e dentes). Foram preparadas seis egagrópilas íntegras e 18 desagregadas, recuperando-se 173 espécimes passíveis de identificação, dos quais 14 são provenientes das egagrópilas íntegras (8%) e 159 provenientes daquelas desagregadas (92%). Foram identificados três grupos taxonômicos: Rodentia (70%), Marsupialia (17%) e Chiroptera (13%). Rodentia é o grupo mais abundante, seguido de Marsupialia e Chiroptera. As proporções observadas para cada táxon na contabilização geral são similares às observadas nas diferentes formas de ocorrência do material (egagrópilas íntegras e desagregadas). Os resultados obtidos representam etapas preliminares da contabilização e identificação taxonômicas necessárias às futuras comparações entre as faunas fóssil e atual da região.

Apoio: PIBIC-CNPq/FZBRS; CNPq: 141352/2017-5 (SBN); 140577/2014-9 (ELM); BIC/FAPEPI/ CNPq 05/06-2012

XIV JIC - Livro de Resumos 112

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Sauropodomorpha (Dinosauria) do Sítio Vila Botucaraí (Formação Santa Maria, Zona de Associação de Hyperodapedon), Candelária, Rio Grande do Sul, Brasil

Fernanda Oliveira da Silva1,2, Agustín Martinelli3, Jorge Ferigolo1, Ana Maria Ribeiro1 (orient.)

1 - Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul (MCN-FZBRS); 2 - Universidade Luterana do Brasil (ULBRA), Canoas RS; 3 - Museo Argentino de Ciencias Naturales “Bernardino Rivadavia”; [email protected]; [email protected]

Desde o início do Carniano, os dinossauros são taxonomicamente diversos, com uma grande disparidade morfológica, cujas sinapomorfias são, entre outras, acetábulo perfurado, fossa brevis no ílio, quarto trocânter no fêmur, além de caracteres diagnósticos presentes principalmente nos membros anteriores e posteriores. No Rio Grande do Sul, até o momento, os dinossauros provêm da Formação Santa Maria, Zona de Associação (ZA) Hyperodapedon e da Formação Caturrita (ZA de ). Este estudo tem por objetivo registrar novos restos de dinossauros para a Formação Santa Maria. O material foi coletado durante o Projeto “Pró-Guaíba”, sendo proveniente do sítio Vila Botucaraí, município de Candelária, RS (29°42'7,01"S/52°51'43,38"O). No mesmo sítio já foram registrados o arcossauromorfo Hyperodapedon, o proterocampsídeo Proterochampsa nodosa, o traversodontídeo riograndensis e o probainognatio Charruodon tetracuspidatus, sugerindo uma idade Carniana (~entre 215 e 229 Ma; Triássico Superior). O material trata-se de alguns fragmentos, entre eles, três vértebras incompletas, catalogados na Coleção de Paleontologia do Museu de Ciências Naturais da FZBRS. Para a preparação foram utilizados diferentes instrumentos, como serras, pincéis e agulhas. Também foi utilizado Polietilenoglicol 4000 e copolímero de etilmetacrilato e metilacrilato (Paraloid B-72) diluído em acetona para preservação dos espécimes. As três vértebras foram identificadas como dorsais, do setor médio da coluna. Possuem o corpo ântero-posteriormente alongado (2,6 a 3,0 cm) e ligeiramente achatado e côncavo lateralmente. O arco neural está fusionado ao corpo e é mais alto, as pré- e pós-zigapófises são pouco projetadas; parapófise e diapófise são curtas e localizadas no arco neural, sendo que o processo transverso é curto e projetado póstero- dorsalmente. Também, apresentam uma fossa infradiapofiseal, embora reduzida, enquanto a lâmina diapoprezigapofiseal está ausente. O processo espinhoso é alongado ântero- posteriormente e estreito. O conjunto de caracteres observados nestas vértebras sugerem afinidades com sauropodomorfos basais, sendo similares às encontradas em Unaysaurus tolentinoi e Guaibasaurus candelariensis. Consideramos os materiais descritos como um Sauropodomorpha basal indet. Os dinossauros da Formação Santa Maria em Candelária são pouco conhecidos em comparação a outras regiões do RS. Este estudo proverá novos dados da diversidade do grupo no início da sua história.

Apoio: PROBIC-FAPERGS/ FZBRS

XIV JIC - Livro de Resumos 113

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Modelos tridimensionais digitais aplicados ao estudo paleontológico

Gabriel Schäffer Sipp1, Cesar Leandro Schultz (orient.)2

1 - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS); 2 - Departamento de Paleontologia e Estratigrafia, Instituto de Geociências, UFRGS; [email protected]; [email protected]

Modelos tridimensionais digitais vêm sendo cada vez mais utilizados em diversas áreas do conhecimento, como a Medicina, Engenharia, Odontologia e Arqueologia. Na paleontologia, nota-se um crescimento do uso destas tecnologias nas ultimas décadas. O presente trabalho objetiva exemplificar o uso de imagens tridimensionais no estudo paleontológico, com enfoque nas técnicas fotogramétricas e nas tomografias. A fotogrametria consiste na obtenção de imagens em diversos ângulos do material fóssil, seguida por um pré-processamento destas e posterior reconstrução do modelo tridimensional, com o uso de softwares gráficos. O modelo assim obtido pode servir de base para estudos morfométricos e como material de comparação taxonômica, permitindo ao pesquisador observar, à distância, detalhes de volume e de superfície que não seriam possíveis através das ilustrações bidimensionais (desenhos e fotos). Adicionalmente, estes modelos ampliam as possibilidades de divulgação e intercâmbio das coleções fossilíferas, podendo, inclusive, servir de base para a obtenção de réplicas dos fósseis originais, através de uma impressora 3D. Já as tomografias são obtidas através de um tomógrafo médico ou um microtomógrafo, com posterior edição das imagens em softwares especializados. Em relação aos modelos obtidos com fotogrametria, aqueles obtidos através de tomografias tem apenas a desvantagem de não reproduzir os detalhes da superfície externa dos fósseis (cor, texturas). Por outro lado, têm a grande vantagem de permitir a visualização de estruturas internas (por exemplo, reconstituir a forma e o volume da caixa craniana, do ouvido médio ou das cavidades nasais em um crânio fóssil). Além disso, a malha tridimensional do espécime tomografado permite (com o uso de softwares especializados) a manipulação do espécime (para a reconstrução de partes faltantes, estudos de retrodeformação, etc.) e serve como modelo para testes biomecânicos, de estresse e outros. Tal como os modelos obtidos a partir de fotogrametria, os modelos 3D de tomografias possibilitam a replicação e a multiplicação dos fósseis originais que podem assim ser amplamente utilizados em sala de aula, bem como em palestras e exposições, resultando na popularização do conhecimento paleontológico. Ambos os métodos podem ser amplamente aplicados em estudos paleontológicos, bem como auxiliar na divulgação científica, tendo em vista um apelo visual, contribuindo para a diversificação dos estudos tradicionais em paleontologia.

Apoio: BIC-UFRGS

XIV JIC - Livro de Resumos 114

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Ocorrência inédita de marcas de raízes em fósseis de vertebrados do Triássico do Rio Grande do Sul

Jossano de Rosso Morais1, 2, Flávio Augusto Pretto (coorient.)1, 3, Sérgio Dias-da-Silva (orient.)1, 3

1 - Centro de Apoio a Pesquisa Paleontológica da Quarta Colônia; 2 - Departamento de Geociências, Universidade Federal de Santa Maria, 3Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade Animal, Universidade Federal de Santa Maria; [email protected]; [email protected]

Marcas na superfície de ossos fósseis podem ser causadas por vários fatores, ocorrendo pré ou pós -soterramento. Reconhecer essas marcas permite identificar estes fatores e recontar parte da história tafonômica de um fóssil, apontando eventos que transcorreram desde a morte do organismo, passando pelo soterramento até a sua coleta. Este trabalho foi realizado a partir da análise de espécimes atribuídos a rincossauros (arcossauromorfos herbívoros do Triássico). A amostra conta com cerca de 20 elementos ósseos coletados no sítio Pivetta (Sequência Candelária, Carniano, ~233 Ma). Durante a análise da superfície de alguns ossos foram constatadas diversas marcas com padrão linear, tendo a seção transversal em formato de U. Macroscopicamente, as linhas formadas pelas marcas raramente se mantêm retas por mais que alguns milímetros, e sua distribuição é restrita ao córtex do osso, não havendo invasão da cavidade medular. As feições encontradas nos espécimes aqui descritos são compatíveis com marcas atribuídas à ação de raízes em ossos. Marcas causadas pela interação de raízes, tendo o osso como substrato, são amplamente documentadas na literatura, tanto em experimentos atualísticos quanto em fósseis, mas sua presença em fósseis do Triássico do Brasil é pouco documentada. De fato, este representaria um dos registros mais antigos deste tipo de icnofóssil. Estes dados também permitem apontar que, há cerca de 233 milhões de anos, a área onde os fósseis foram soterrados abrigava um paleoambiente capaz de sustentar a existência de cobertura vegetal, fato que também é evidenciado pela presença de fósseis de animais herbívoros. Este dado é interessante, visto que as condições do afloramento aparentemente não foram favoráveis à preservação de fósseis de plantas, restando apenas evidências indiretas de sua presença. A existência de uma cobertura vegetal relativamente farta também é sugerida pelo amplo registro de animais herbívoros e pode ter relação com um aumento do regime de chuvas, que culminaria no Grande Evento Pluvial do Carniano, um câmbio climático e biótico com grande impacto na fauna e flora do Triássico Superior. Análises do material (com base em Microscopia Eletrônica de Varredura) estão previstas, assim como a continuidade da preparação do material. Juntas, elas permitirão acessar mais dados e, possivelmente, brindar mais detalhes sobre a assembleia fossilífera do afloramento, particularmente no que tange a interação das raízes com os ossos.

Apoio: PIBIC-CNPq

XIV JIC - Livro de Resumos 115

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Neoicnologia: uso de moldes de resina em ninhos de insetos sociais

Kimberly Silva Ramos, Renata Guimarães Netto (orient.), Daniel Sedorko

Universidade do Vale do Rio dos Sinos; [email protected]; [email protected]

Diferentes grupos de insetos sociais podem apresentar similaridade na arquitetura de seus ninhos, por vezes sendo difícil identificar o grupo produtor de determinada estrutura. Cupins e formigas nidificam complexas estruturas que casualmente demonstram proximidades morfológicas em sua arquitetura. Na maioria dos casos, o registro fóssil apresenta estruturas parcialmente preservadas, dificultando inferir quem os produziu. Na Planície Costeira do Litoral Sul Rio Grande do Sul (PCRS), foram encontrados traços fósseis atribuídos a insetos sociais. Para que se saiba o grupo produtor das estruturas biogênicas, estes ninhos foram moldados com resina, para facilitar a visualização e comparação das estruturas. Portanto, o presente estudo compara estruturas atuais produzidas por cupins e formigas em depósitos de antepraia com as estruturas reportadas na literatura para o Sistema Laguna-Barreira III para (i) caracterizar arquiteturas dos ninhos preservados; (ii) inferir o potencial produtor das estruturas pleistocênicas; e (iii) interpretar características do paleoambiente a partir de dados inerentes à biologia do grupo produtor. As estruturas modernas foram moldadas nas cidades de Tramandaí (ninho de cupim) e Rio Grande (ninho de formiga) em contexto de antepraia, e os icnofósseis provêm de depósitos aflorantes em Osório. Foi utilizado a resina poliéster ortoftálica com catalisador butanox a 5% e o material foi removido manualmente após 24 horas. O molde do ninho de cupins revelou morfologia semelhante à do icnogênero Termitichnus, enquanto que o molde do ninho de formigas é semelhante a Krausichnus. Ambos icnogêneros ocorrem nos depósitos da Barreira III da PCRS, além de Vondrichnus, outro ninho atribuído a cupins na literatura. Morfologias modernas evidenciam que há similaridade arquitetural embora tenham sido elaboradas em períodos diferentes. Com isso, análogos modernos podem ser utilizados para averiguar o produtor das estruturas e o uso de moldes facilita a comparação das estruturas internas. Em estudos futuros deve-se ampliar o número amostral para outros contextos deposicionais, pois estes organismos podem ter passado por um processo de especiação ou não colonizarem o mesmo contexto atualmente.

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Novo material de () da Formação Santa Maria (Triássico Médio), município de Dona Francisca, Rio Grande do Sul

Laura Barbieri Alfaya1,2, Ana Maria Ribeiro1 (orient.)

1 – Seção de Paleontologia, Museu de Ciências Naturais, Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul; 2 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul; [email protected]; ana- [email protected]

A Depressão Central do estado do Rio Grande do Sul é conhecida pelo seu rico potencial paleontológico, sendo que nas formações triássicas: Sanga do Cabral, Santa Maria e Caturrita há importantes registros de vertebrados, tais como rauissuquídeos, dinossauros, dicinodontes e cinodontes. Na região da Quarta Colônia, ocorrem afloramentos da Formação Santa Maria (Zonas de Associação Dinodontosaurus e Hyperodapedon) e da Formação Caturrita (ZA Riograndia). Durante o período de 1998 a 2002, foram feitas coletas de fósseis nessa região por paleontólogos da Fundação Zoobotânica do RS, principalmente nos municípios de Dona Francisca, São João do Polêsine, e Faxinal do Soturno. No sítio “Bortolin”, em Dona Francisca, foram encontrados fósseis da ZA Dinodontosaurus, sendo o estudo destes o principal objetivo do presente trabalho. Para tanto, um bloco de gesso, armazenado na Coleção Científica de Paleovertebrados da Seção de Paleontologia do Museu de Ciências Naturais – FZBRS, foi separado para preparação e identificação taxonômica. A preparação se deu no início em setembro de 2017 e o desmonte do bloco foi feito aos poucos, com o auxílio de tesoura e serra, até a exposição dos fósseis. Estes estavam cobertos por pelito avermelhado, com exceção de algumas regiões de coloração cinza- esbranquiçada, possivelmente devido ao hidromorfismo. A concreção envolvendo o material delicado dificulta a preparação, por isso é utilizado polietilenoglicol 4000 e gesso para evitar fraturas e dar estabilidade. A preparação mecânica está sendo feita com o uso de espátulas odontológicas e pincéis, enquanto a química com copolímero de etilmetacrilato e metilacrilato (Paraloid B-72) diluído em acetona, para uma melhor preservação dos espécimes e colagem em casos de fratura. Ainda que o material esteja em processo de preparação, já são observadas inúmeras costelas, sendo algumas articuladas, três vértebras isoladas, duas ulnas, dois úmeros e duas escápulas, além de outros fragmentos pós-cranianos, indicando tratar de um único indivíduo. Pela morfologia do úmero, grande crista deltopeitoral e ambas as extremidades alargadas, sugere- se que o indivíduo pertença à família Traversodontidae. Para a ZA de Dinodontosaurus, já foram registrados os traversodontídeos ochagaviae, Traversodon stahleckeri, Protuberum cabralensis e sudamericana, sendo esta última espécie já referida para o sítio Bortolin. Está em curso um estudo comparativo para uma identificação mais precisa.

Apoio: PIBIC-CNPq/ FZBRS

XIV JIC - Livro de Resumos 117

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Preparação de novo um crânio de Exaeretodon riograndensis Abdala et al. 2002 (Cynodontia, Traversodontidae) do Triássico Superior do Rio Grande do Sul

Lívia Roese Miron1, Leonardo Kerber (orient.)1,2

1 - Universidade Federal de Santa Maria; 2 - Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica da Quarta Colônia/UFSM; [email protected]; [email protected]

Traversodontidae é um clado de cinodontes não- do Triássico caracterizado pela presença de dentes pós-caninos alargados transversalmente (dentição gonfodonte). A espécie Exaeretodon riograndensis é um traversodontídeo encontrado em abundância na Zona de Associação de Hyperodapedon (Carniano, Triássico Superior), localizada na Supersequência Santa Maria da Bacia do Paraná. Apesar de abundante, detalhes sobre sua variação anatômica (individual e ontogenética) e algumas regiões cranianas cuja a preservação é rara, ainda necessitam ser esclarecidos. O presente trabalho tem como objetivo relatar o achado e a preparação de um novo espécime bem preservado de E. riograndensis (CAPPA/UFSM/0027), encontrado no afloramento Janner, na cidade de Agudo, RS. O material consiste em um crânio relativamente completo com mandíbula, de um indivíduo provavelmente imaturo (uma vez que o tamanho crânio é reduzido em relação aos maiores indivíduos da espécie encontrados), e em bom estado de preservação. Para a preparação, estão sendo utilizados bisturi cirúrgico e martelo pneumático. A maioria dos ossos do sincrânio está presente, incluindo os ossos mandibulares pós- dentários. Estes se encontram articulados à região craniana através do contato entre o articular e o quadrado. Apesar do número consideravelmente alto de indivíduos de E. riograndensis já encontrados, poucos possuem a região da articulação crânio-mandibular preservada (pós- dentários, quadrado e quadrado-jugal), pois esta é frágil e de difícil preservação. Tanto na descrição original da espécie, quanto em trabalhos realizados posteriormente, não há menções da anatomia do quadrado. Entre outras características relevantes, ressalta-se que no basicrânio é possível observar as suturas entre os ossos opistótico/proótico, proótico/esquamosal e côndilos occipitais/basioccipital. Além disso, é importante mencionar a ausência de cristas no proótico, ao contrário do observado no holótipo e em outros indivíduos de E. riograndensis, em que elas estão presentes. Assim, o novo espécime constitui um achado que pode fornecer informações relevantes acerca da morfologia dos ossos da articulação crânio-mandibular, bem como sobre a ontogenia da espécie.

Apoio: FAPERGS (17/2551-0000816-2)

XIV JIC - Livro de Resumos 118

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Registro preliminar de crustáceos fósseis em depósitos da Formação Palermo

Michele Machado Gonçalves1, Renata Guimarães Netto2 (orient.), Daniel Sedorko2 (coorient.)

1 - Laboratório de História da Vida e da Terra - Universidade Vale do Rio dos Sinos; 2 - Programa de Pós-Graduação em Geologia - Universidade Vale do Rio dos Sinos; [email protected]; [email protected]

Crustáceos das superordens Syncarida e Pericarida ocorrem em estratos permianos da Bacia do Paraná, estando restritos, até o momento, aos depósitos da Formação Irati. Reportam-se aqui novos achados de crustáceos em depósitos da Formação Palermo provenientes da Serra Kramer na região de Taió (SC). Os materiais fósseis são representados por peças articuladas (cefalotórax + abdômen ou abdômen + télson), peças cefálicas, somitos torácicos e peças isoladas de télson. Este material foi analisado e ilustrado com auxílio de lupa, câmara clara e o editor gráfico CorelDRAW versão 6, e está depositado no Laboratório de História da Vida e da Terra da Universidade Rio dos Sinos (números U-5804, U-6020A, ULVG-7939, ULVG-12466A/B). O espécimen mais completo (U- 5804) apresenta corpo estreito, alongado, possuindo cerca de oito somitos torácicos, com o primeiro somito fusionado à cabeça. Nos segmentos torácicos 1-4 e 6-8, há inserções de pereópodes e, na parte anterior, o rostro apresenta um par de antênulas e um par de pinças preensoras. Em outros espécimes, o tórax ocorre desarticulado e apresenta pústulas posicionadas em pares (ULVG-12466), ou contendo até 17 pústulas alinhadas na porção mediana do somito (U- 6020). Também estão preservados um par de urópodes e télson furcado (ULVG-12466) ou télson sem furca (U-5880). Os dados obtidos até o momento permitem reconhecer características anatômicas semelhantes às da superordem Syncarida, principalmente devido à presença do primeiro somito torácico fusionado ao céfalo e ausência de carapaça. Crustáceos sincarídeos modernos são comumente associados a ambientes de água doce, mas há evidências de que muitos sincarídeos fósseis habitaram ambientes marinhos. Os espécimes aqui descritos ocorrem em fácies marinhas de transição ao offshore. Estes dados serão agora refinados, em busca de uma caracterização taxonômica mais precisa.

Apoio: UNISINOS-UNIBIC, CNPq (401826/2010-4), CAPES-PROSUC (88887.154071/2017-00); CAPES-CSF-PVE-S (88887.129752/2016-00)

XIV JIC - Livro de Resumos 119 Alfaya, L.B...... 117 Ferigolo, J...... 113 Almeida, T.S. de ...... 65 Fernandes, A.P...... 107, 108, 109, 110 Alvarenga, J.G...... 76 Ferraz, M.R...... 57 Amaral, I.S. do ...... 61 Ferreira, E.G.S...... 78 Andrades Fº, C.O...... 87 Ferreira, P.P.A...... 25 Antoniazzi, T.N...... 39 Fialho, C.B...... 53 Aranha, R...... 67 Fiorentin, G.L...... 77, 79 Araujo, P.B. de ...... 36 Fontana, C.S...... 70 Arruda, J.O...... 37, 38, 39 Franceschi, I.C...... 64 Audeh, S.J.S...... 100 Freire, M.D...... 42,43, 45, 46 Aurich, M.A.C...... 28 Freitas, T.R.O. de ...... 65 Azevedo, M.A...... 56 Friedrich, M.C.B...... 24 Barcellos, A...... 32, 35 Gameiro, P.H...... 74, 97 Barros, M.P. de ...... 30 Gayeski, L.M...... 30 Becker, F.G...... 28 Gioria, J...... 50 Bencke, G.A...... 67, 69 Goetz, A.P...... 76 Bergonci, P.E.A...... 39 Gohlke, S...... 49 Bertaco, V.A...... 55 Gonçalves, K.G...... 69 Bizarro, L.S...... 44 Gonçalves, M.M...... 119 Blum, A.C...... 77 Gonçalves, Y.C...... 9 Boelter, J.S...... 15 Gonzatti, F...... 19 Bonato, K.O...... 54 Goularte, C.S...... 78 Bordin, J...... 11, 17, 19 Grando, S.R...... 103 Bordin, K.M...... 13 Guasselli, P.T.C...... 95 Brentano, R...... 71 Heck, G.S...... 100 Bresolin, T...... 93 Heiermann, D...... 41, 43 Brito, T.M. de ...... 38 Ilha, J.G...... 62 Brum, C.M...... 108 Jardim, M.M.A...... 60, 62, 63 Cadermartori, C...... 98 Jesus, S.L. de ...... 88 Calegaro-Marques, C...... 88 Kenne, D.C...... 34 Campagna, A.R...... 104 Kerber, L...... 118 Campanher, B...... 41 Kindel, E...... 76, 81 Carlos, C.J...... 68 Kubiak, B.B...... 65 Carvalho, R.A. de ...... 65 Lanzer, R.M...... 31, 73 Carvalho, T.P; ...... 52 Lara, D.M. de ...... 85 Cavalheiro, L.W...... 53 Leandro, D...... 105 Chies, T.T.S...... 18 Lemos, C.T. de ...... 97 Christoff, A.U...... 61 Lemos, V.K. de ...... 24 Colombo, P...... 41, 42, 43, 45, 46 Lima, A.C.S...... 52 Corati, B.K...... 91 Limberger, C.H...... 78 Corrêa, L.L.C...... 71 Linck, P...... 64 Correa, M.Z...... 20 Lipp-Nissinen, K.H...... 101, 104 Costa Fº, A.N...... 105 Loitzenbauer, E.W...... 80 Costa, E.S...... 85, 87 Löw, T.L...... 110 Costa, P.C...... 70 Ludwig, M...... 95 Crespo, L...... 46 Lupchinski Jr., E...... 11, 102 Culau, C.N...... 55 Machado, C.I.C...... 60 Cunha, M.E.B...... 41, 43, 45, 55 Machado, R...... 102 Delfino, H.C...... 68 Machado, V.R...... 89 Dewes, T.S...... 19 Maestri, R...... 65 Dias, D.S.G...... 79 Maffessoni, D...... 8, 80 Dias-da-Silva, S...... 115 Magalhães, A.E...... 78 Didoné, V.M...... 23 Mähler Jr., J.K...... 60, 67 Domingues, D.G...... 12 Malabarba, L.R...... 52, 58 Droste, A...... 24 Mansur, M.C.D...... 39 Elias, D.C...... 73 Marcon, C...... 24 Ethus, E.M...... 11 Marques, G...... 81 Evangelho, M.S. do ...... 80 Marques, M.S...... 36 Fagundes, N.F...... 16 Martinelli, A...... 113 Farina, R.K...... 48 Martins, M.D...... 23 Mello, J.P.B...... 14 Rosa, M.V. da ...... 46 Mello, J.T.A. de ...... 57 Rosa, R.T.D. da ...... 82, 86, 89 Mendonça, N.A...... 47 Santos, A.A.S...... 53 Miron, L.R...... 118 Santos, B.P. dos ...... 92 Molz, M...... 14 Santos, D.F. dos ...... 77, 79 Monteiro, L.D ...... 88 Santos, F.J. dos ...... 100 Morais, A.A.R. de ...... 85 Santos, V.I.M. dos ...... 50 Morais, J.R...... 115 Schmitt, J.L...... 20 Moreira, J.C.F.M...... 84 Schmitz, L.R...... 35 Moser, C.F...... 47, 48 Schneider, I...... 8, 80 Moura, L.A...... 33 Schultz, C.L...... 114 Müller, A...... 20 Schulz, U.H...... 57 Müller, M.R...... 19 Schwambach, J...... 21 Müller, N.F.D...... 88 Schwengber, M.E.C...... 104 Müller, S. C...... 13 Sedorko, D...... 116, 119 Netto, A.B.O...... 84 Senna, R. M...... 12 Netto, R.G...... 116, 119 Severo, C...... 79 Neves, S.B. das ...... 112 Silva, D.C.F. da ...... 67 Nowstki, A.L...... 17, 54 Silva, F.R. da ...... 98 Nunes, L.G.M...... 34 Silva, G.H.M...... 22 Nunes, N.P...... 37 Silva, I.B.N. da ...... 56 Oliveira, M. de ...... 47, 48 Silva, K.M. da ...... 17 Oliveira, M.A. de ...... 82 Silva, K.U,D...... 97 Oliveira, P. de ...... 85 Silva, L.H.T. da ...... 27 Oliveira, R.B. de ...... 44, 49 Silva, L.N. da ...... 18 Ott, P.H...... 9 Silva, M.A. da ...... 76 Ott, R...... 46 Silva, M.F. da ...... 87 Overbeck, G.E...... 22 Silva, O.G. e ...... 54 Pedrotti, C...... 21 Silva, P.A.D. da ...... 105 Pedrotti, S.C...... 81 Silva, T.W. da ...... 70 Pereira, D...... 39, 41, 42, 45 Silva. F.O. da ...... 113 Pereira, J.B...... 61 Silvano, R.A.M...... 27 Pereira, L.V...... 81 Silveira, B.T. da ...... 30 Pereira, M.J.R...... 68, 89 Silveira, D.D...... 32 Pereira, N.C...... 74 Silveira, L.P. da ...... 103 Perello, L.F...... 67 Sipp, G.S...... 114 Petry, M.V...... 71 Soares, J.F...... 16 Pinheiro, L.M...... 55, 102 Soares, G.L.G...... 34 Piovesani, W.S...... 25 Sommer, N.P...... 88 Portal, C.S...... 107 Souza, L.S. de ...... 18 Portela, N.B...... 92 Souza, M.A.A.L. de ...... 76 Pozza, D...... 93 Steindorff, G.S...... 33 Pretto, F.A...... 115 Stiehl, I.C.A...... 80 Ramos, B.C...... 43, 55 Stocker, J...... 98 Ramos, G.Z...... 13 Strieder, T.D...... 100, 105 Ramos, K.S...... 116 Tarasconi, J.C ...... 37 Rebelato, M.M...... 50 Teixeira, E.C...... 91, 92 Reck Jr., J...... 63 Tirelli, F.P...... 63, 64, 70 Reolon, D...... 31 Tozetti, A.M...... 47, 48 Ribas, A.F...... 112 Trentin, T...... 21 Ribeiro, A.M...... 112, 113, 117 Trigo, T.C...... 62, 63, 64 Ribeiro, F.B...... 36 Vargas, V.M.F...... 74 Ribeiro, J.E...... 109 Verrastro, L...... 50 Ries, L.A...... 93, 95 Werner, V.R...... 15, 23 Rodrigues, A.A...... 100, 105 Wiegand, F...... 91 Rodrigues, A.P.S...... 81 Wingert, J.M...... 58 Rodrigues, C.K...... 11 Witt, P...... 48 Rodrigues, G.A...... 54 Wolfarth, M...... 98 Rodrigues, L.F...... 58 Ziebell, A...... 100 Rosa, A.O...... 64 Zimmer, M...... 63