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Foto: Franco Folini - Flickr lhar Olhar Diferente O abraço das ruas Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da Página 2 ocial Universidade Municipal de Ano 7 - Nº 44 - Outubro de 2016 São Caetano do Sul Foto: Luciana Prado Luta contra o racismo Um refúgio Foto: Gabriela Reis

chamado Brasil Conheça a entidade que Página 3 existe há 82 anos Foto: Carolina Aguiar desenvolvendo trabalho com crianças e jovens do ABC Página 8

Como os Banda Lyra de Mauá Da Venezuela refugiados se para o ABC adaptam à nova forma músicos Foto: Luciana Serpeloni nação e o papel da escola neste profissionais processo Página 7 Foto: NASA / JPL - Cassini Imaging Team - Composition Mattias Malmer Página 7 Um olhar de Esporte e inclusão

Foto: Viviane Lima da Silva Santo André para o céu O ensino de astronomia tem sido um ponto de interesse na cidade, seja no ramo educativo ou apenas para lazer

Página 6 Foto: Renan Souza Foto: Maria Izabel Rufino Página 4 Bancas Alma De diversão à profissão de jornal: de Herói Foto: Thais Saes Stavale é o fim? Andar de cavalo Jornaleiros não é mais precisam transformar só um esporte, suas bancas em lojas é qualidade de conveniência de vida para sobreviverem

Página 8 Página 3 Página 5 Outubro de 2016 lhar 2 Ano 7 - Nº 44 ocial Olhar diferente lhar pelo menos duas semanas sem usar droga alguma e isso poderia até ser bom se não fosse trágico. A gota d’água para um adolescente é quando apanha de um ocial O abraço das ruas homem covardemente, e assim, pude sentir na pele o que minha mãe viveu Ano 7 - Edição 44 por tantos anos. Ela havia conseguido escapar e finalmente decidi fazer o mes- Outubro de 2016 Camila Gomes mo: fui embora como deveria ter feito há muito anos e, desde então, nunca Hoje sou apenas um homem que anda pelas ruas de Santo André, mais tive notícias daquele senhor. Talvez nem esteja mais vivo. Jornal - Laboratório do Curso de Jornalismo atrapalhando pedestres e pedindo dinheiro a cada um que passa. Pelo menos O grande problema da minha vida foi quando vi a falta que a escola e da Escola de Comunicação é isso o que sinto quando me olham. Hoje sou apenas um homem com roupas pelo menos saber ler fazia para qualquer pessoa e fui obrigado a morar nas rasgadas, sujas, tendo como única companhia um cachorro. Hoje vivo do meu ruas, pois não tinha um centavo para dormir em outro lugar. Chorei todas próprio esforço em querer viver, pois se dependesse das coisas que o mundo me as noites seguidas por um mês, ganhando comida de poucos comércios, até dá, já estaria morto. que finalmente aceitei o fato de estar sozinho. Eu precisava entrar de cabeça Universidade Municipal de Quando se passa fome, um pão torna-se algo divino, mas que tenho de no mundo. São Caetano do Sul dividir com meu cachorro. Quando não se tem onde dormir, um cobertor do- Não estou nas ruas por opção, porque usava drogas ou não quis trabalhar. ado é sinônimo de paraíso. Quando alguém escuta tudo o que você tem para Não peço dinheiro nos faróis para fumar ou cheirar. Não, eu apenas quero Reitor falar, o é ganho. Coisas simples que mudam a vida de um morador de comer. A cada olhar torto, a cada pessoa que fecha a janela do carro e corre Prof. Dr. Marcos Sidnei Bassi rua, e não é apenas a minha, não. Esse pessoal que me conhece sempre diz que mais rápido, me sinto um pouco mais pequeno nesse mundo. Mas, ninguém [email protected] Pró-Reitor Administrativo beber é a saída para curar o frio e esquecer os problemas. Acho que no fundo sabe da minha história. Descobri que ter vida não é apenas ter saúde, mas e Financeiro eles só precisam de alguém para ouvir sobre as feridas que a vida causou. sim, querer viver quando você não tem mais motivos para isso. Prof. Dr. Gilberto da Silva Alves Todos temos problemas, mas quando você não tem saída para seguir Me pergunto a cada dia o que acontece quando não seguimos os conselhos [email protected] outros caminhos, acaba na rua onde estou hoje. Meu pai batia na minha de nossos pais, não vamos a escola e muito menos temos alguma noção do que Pró-Reitor de Graduação mãe todas as noites quando chegava transtornado, deixando-a mais frágil é certo ou errado na vida. Me pergunto porque tantas pessoas ao meu lado Prof. Ms. Marcos Antonio Biffi fisicamente e psicologicamente, dando-lhe uma depressão que a fez voltar tem família e alguém para lhes ensinar, enquanto eu nunca tive. São as pesso- [email protected] Pró-Reitora de Pós-Graduação para sua cidade natal, em Minas Gerais. Fiquei para trás sem entender o as que passam diariamente por mim com sacolas de lojas repletas de roupa ou e Pesquisa que acontecia com aquele homem que nunca me matriculou em uma escola, comida, enquanto eu sei que nunca terei isso. Não sei nem ao menos escrever Profa. Dra. Maria do Carmo Romeiro enquanto ele passava a noite bebendo, usando drogas e jogando truco com meu nome, mas saiba que é João Silva Soares. De certa forma, me orgulho de [email protected] amigos que eram exatamente iguais a ele. como eu mesmo soube o que era certo e errado não seguindo o mesmo cami- Mesmo adolescente, eu me trancava num pequeno canto que chamava nho do meu pai. Talvez seja a minha avó olhando por mim, ou simplesmente, Diretores de Área de quarto, me cobria da cabeça aos pés e chorava perguntando quando eu ia eu seja sim bom demais para tudo isso. A vida continua toda torta pelas ruas Pesquisa crescer e sair daquele lugar. Certo dia, meu “pai” estava sem dinheiro e ficou de Santo André, mas quem sabe um dia ela melhor? Profa. Dra. Carla Cristina Garcia [email protected] Lato Sensu Prof. Ms. Silton Marcell Romboli [email protected] A TRAJETÓRIA DA RÁDIO CACIQUE, UMA FAMOSA EMISSORA DO ABC NOS ANOS 60 Stricto Sensu Affonso José, Andressa Claudino, Profa. Dra. Maria do Carmo Romeiro Caroline Teixeira Manchini, Rádio fez sucesso em São Caetano do Sul e região com seus O grupo pediu a transferência [email protected] Letícia Oliveira, Stephanie Rodrigues locutores e artistas que ajudaram a construir a história do rádio de nome para o Ministério das Gestora de Stricto Sensu e Thiago de Paula Silva Comunicações, na época o DEN- em Administração Em 7 de Julho de 1958 a cida- sa Jaqueline Mirna, da antiga TV Ex- e Odair Vituri de criar um progra- TEL (Departamento Nacional de Profa. Dra. Raquel da Silva Pereira Telecomunicações) e, em 23 de [email protected] de de São Caetano do Sul foi palco celsior, que compareceu aos bastidores ma de rádio para transmitir notícias Gestor de Stricto Sensu de um grande evento: a inaugura- da rádio na década de 1960. Naquela estudantis, literatura, notas sociais, maio de 1983, o então presidente, em Comunicação ção da Rádio Cacique, pertencente época, havia diversas rádios funcio- comentários, opiniões, etc. A primei- General João Batista de Figueiredo, Prof. Dra. Priscila F. Perazzo à família Cyrillo de Comunicação. nando no ABC que eram concorren- ra transmissão do programa foi ao ar autorizou a mudança do nome da [email protected] A emissora funcionava no segun- tes da Rádio Cacique, entre elas a Rá- em novembro de 1963, aos sábados, e Rádio Cacique para Rádio Difuso- do andar do prédio na Rua Santa dio ABC em Santo André e, em São durava apenas 10 minutos. ra do Brasil Ltda. Gestor da Escola de Comunicação Prof. Ms. Flávio Falciano Catarina, 97. O diretor-presidente, Bernardo, a Rádio Independência. Em setembro de 1964, oito meses A rádio mudou-se para São [email protected] Alcides Cyrillo, recebeu várias au- Atualmente, apenas a rádio ABC é a depois de sua oficialização, a equipe Paulo e, depois de alguns anos, seu toridades para a festa de inaugu- única AM que ainda continua ativa. queria mais tempo no ar, e decidida nome foi mudado para Super Tupi Curso de Jornalismo: ração, como o deputado Ulysses O programa que obteve mais au- a conseguir uma hora de programa- de São Paulo. Como a antiga Tupi Prof. Ms. Flávio Falciano Guimarães e o prefeito Oswaldo diência foi o Cacique nos Esportes. ção, foi atrás de patrocínio. A General não estava mais na ativa, passou-se Curso de Publicidade e Samuel Massei. O jornalista Wal- Sua equipe era formada por João Bres- Motors do Brasil passou, então, a pa- a utilizar esse nome fantasia. Mas, Propaganda: ter Thomé ficou responsável por siani, Alberto do Carmo, João Anhê e trocinar o programa a partir do dia 8 depois de um tempo, o grupo foi Profa. Ms. Luciana Curso de Rádio,TV e Internet: multado pela Rádio Tupi do Rio registrar o evento. A rádio trans- Edivard de Souza. Mauro Guilherme de outubro de 1964, com uma verba Prof. Ms. Luciano de Souza mitia sua programação em AM na foi sonoplasta da Rádio Cacique. Ele de 140 mil cruzeiros mensalmente. O de Janeiro, que ainda funcionava. frequencia 1.330KHz. entrou na emissora em 1973 e perma- patrocínio durou um ano, e o progra- Além da multa, foi preciso pagar Coordenação do Projeto Integrado A Rádio Cacique foi uma rá- neceu por quase nove anos. Ele conta ma chegou ao fim em 1967. royalties à rádio carioca. (PI) da edição do jornal: dio glamorosa e muito badalada, que “a programação principal da rádio O grupo Cyrillo vendeu a rádio para Pela lei de telecomunicações, Profa. Ana Paula Borges de Oliveira pois muitos cantores famosos se que dava muita audiência na região a Igreja Católica Brasileira, cujos donos ela jamais poderia ter mudado sua Editor Jornal Olhar Social: apresentaram nela, como Ânge- era o esporte, pois ela divulgava todas eram os bispos Dom Luigi e Dom Be- localidade, e sim mantido seus es- Prof. Dr. Eduardo Luiz Correia la Maria, Cauby Peixoto, Nelson as modalidades”. nedito de Carvalho, diretor e procurador túdios e transmissores em São Ca- Chefia de Redação: Gonçalves, entre outros astros da O programa Entre Estudantes, da rádio. Antes de falecerem, venderam etano do Sul. Hoje, a antiga Rádio Profa. Ana Paula Borges de Oliveira musica brasileira. A rádio também levado ao ar pela Rádio Cacique, sur- a Rádio para o Grupo Abreu de Comu- Cacique transmite com o nome de Fotojornalismo: contou com a presença de artistas giu da vontade dos estudantes Moacir nicação, que tinha uma emissora em São Rádio Top, localizada na Avenida Profa. Jô Rabelo internacionais, como a atriz france- Ricci, Nilton Moreto, Admir Vituri Paulo, a Rádio Marcone. Paulista. Direção de Arte: Prof. Ms. Paulo Alves de Lima Isabela Gil EDITORIAL Equipe de fechamento dessa edição: manicomial e o alívio de estar de ter, Gabriela Reis, traz à tona em programas de formação musical Profa. Ana Paula Borges de Oliveira, Produzido por alunos do volta aos braços de sua família. suas entrevistas a importância de venezuelanos, Rogério Schiundt Prof. Ms. Paulo Alves de Lima curso de Jornalismos da USCS Dor, arrependimento, sonhos lutar pelos direitos, e relatos de em entrevista à Luciana Serpe- Colaboração Especial: - Universidade de São Caetano inalcançados, desesperança. É isso quem sofre preconceito diariamen- loni, fala sobre a importância Logotipo do Jornal Olhar Social do Sul, está em mãos, a 44ª que Camila Gomes retrata em te. A matéria de Vinícius Britto do ensino musical à crianças e AG - Agência Experimental de edição do jornal “Olhar Social”. sua crônica emocionante sobre a conta como o preconceito ainda jovens. O Projeto Locomotiva, Publicidade da USCS [email protected] - Fone: 4239-3212 Em entrevista à repórter Be- vida e a rotina de um morador de existe em relação aos portadores do de Santo André, vem mudando Impressão: atriz Felix, uma ex-paciente do rua que busca, nas ruas de Santo vírus da AIDS. a vida de aproximadamente Gráfica MAISTYPE Centro de Atenção Psicossocial André, melhores. E para quem ainda acredita 50 crianças com suas aulas e (CAPS II), relembra as con- Essa edição ainda mostra a que andar a cavalo é somente apresentações. dições precárias e humilhantes luta social de um grupo da cidade um esporte, Maria Izabel Rufino Esperamos que você leitor, DISTRIBUIÇÃO que pacientes de manicômios de Rio Grande da Serra que busca apresenta a Equoterapia e todos goste da edição feita com todo GRATUITA viviam nos anos 80 e mostra o reconhecimento à cultura negra os seus benefícios de tratamen- o carinho para a comunidade Tiragem: reconhecimento à luta anti- nas escolas públicas. Nossa repór- to e suporte. Inspirando-se em USCS. Boa leitura! 300 Exemplares Universidade Municipal de lhar Outubro de 2016 São Caetano do Sul - USCS Cidades ocial Ano 7 - Nº 44 3 Um refúgio chamado Brasil Como os refugiados se adaptam à nova nação e o papel da escola neste processo Foto: Carolina Aguiar dificuldades eram o preconceito de essencial e assim vão se apropriando e principalmente para reforçar os alguns brasileiros que faziam brinca- do português aos poucos. laços com brasileiros e com os pró- deiras infelizes e o idioma. A leitura Além do conteúdo escolar, o di- prios haitianos que vivem na mesma e escrita da língua requereu muito retor diz que os alunos frequentam comunidade a fim de também não esforço, portanto ele frequentou aulas de pintura em tecido e tela, perderem a própria cultura. aulas na EJA (Educação de Jovens e texturização e recepção em eventos. A partir do momento que o Adultos) na EMEB Maria Adelaide Isso ajuda muito os estrangeiros, domínio da língua vai sendo con- em São Bernardo do Campo – SP, pois com a arte podem aprender al- quistado, os alunos se sentem mais juntamente com brasileiros que guns costumes sem precisar ter um preparados para entrarem no merca- concluíam seus estudos e hoje estu- alto grau de comunicação. do de trabalho brasileiro. Os cursos da no Ensino Médio. Dois alunos haitianos relataram profissionalizantes são muito fre- Ficar no meio de conflitos na como se sentem em relação às au- quentados por eles, juntamente com Síria “acaba com a cabeça”, diz o ra- las de artes que participam todas alunos brasileiros, para arrumar al- paz. Aqui, com a ajuda de colegas de segundas, terças e quintas-feiras. gum emprego e reconstruir a vida, Aluno Amin Badawi classe e professores, ele foi se adap- Marc Henry e Fadnel Nestor usam se sustentar e muitas vezes cuidar da frenquentou tando. Segundo a orientadora peda- aulas de pintura como modo de família que está aqui ou que ficou a EJA em gógica Erica Silva, da EMEB Maria compreender a cultura do Brasil no país de origem. São Bernardo do Campo Adelaide, “o contexto da educação brasileira é de inclusão, pois somos todos diferentes e essa interação Total de refugiados no Brasil e no mundo Carolina Aguiar os direitos desses imigrantes, além possibilita troca de conhecimentos A crise de imigrantes que fogem da lei interna brasileira (Lei 9.747 entre os estudantes”. de suas nações está cada vez maior. de Julho de 1997) que garante aos O município de Santo André 65,3 milhões refugiados no mundo Só no Brasil, são cerca de oito mil refugiados os mesmos direitos de também recebe refugiados. De acor- refugiados segundo dados do CO- outros estrangeiros. do com o diretor Marco Antônio, da 8 mil refugiados no Brasil NARE (Comitê Nacional para os Desses oito mil refugiados, EMEF João de Barros Pinto, teve a Refugiados). Isso porque o país é 2.298 são sírios. Segundo Amin primeira turma do curso de Cultura considerado pelo ACNUR (Alto Alsaid Badawi, 17 anos, que veio Brasileira e as dificuldades impostas 2080 refugiados em São Paulo Comissariado das Nações Unidas da Síria com 15 anos, a diferença foram superadas facilmente. Entre para Refugiados) um pioneiro na de cultura entre os países é drásti- tchecos e haitianos que frequentam a proteção internacional dos refu- ca. Para ele, ver mulheres de shorts escola e que chegam ao Brasil falan- giados sendo o primeiro a validar e pessoas dormindo nas ruas não é do apenas a língua materna, o traba- a Convenção de 1951 que explica algo natural. O jovem disse que as lho dos profissionais e interpretes é Fonte: Itamaraty

Renan dos Santos Souza começa colocar um doce, um sor- “Antigamente a gente não pre- vete, um refrigerante”. Já Fernan- cisava nem vender revista, só o jor- do Souto, da Revistaria da Cidade, nal dava. Até 10 horas da manhã já Bancas de jornal: é o fim? segue o mesmo raciocínio: “Só o tinha acabado tudo. Vendia mui- Jornaleiros precisam transformar suas bancas em loja de conveniência para sobreviverem jornal seria complicado. Mas tem to, não tinha internet, nem TV a a conveniência e algumas revistas cabo, então cedinho já começava. que o pessoal procura bem”. Depois das 10 horas a gente já mente em uma manhã de domingo hoje vende um. E olhe lá ainda”. esta ferramenta reduz a distância Para não fechar as portas, Du- vendia tudo e podia fechar a ban- com todo o estoque. São icônicas A era digital facilitou muito entre o leitor e a notícia, os jorna- clecio também precisou inovar e ca”, este é o relato do jornaleiro as fotos, vídeos e filmes daqueles a vida de todos, com uma rápida leiros perderam muitos fregueses colocar em sua banca alguns ele- Duclecio Carmona, da Revistaria senhores nos anos 40, trajando ter- pesquisa no Google ou um simples do jornal impresso e hoje precisam trônicos, doces, entre outras coi- da Goiás, em São Caetano, e que no, gravata e chapéu, lendo jornal utilizar outras alternativas para não sas: “A gente ta mantendo aqui na resume muito bem a atual situação nos ônibus e praças ou procurando irem à falência. Uma delas, a mais base da teimosia. Têm coisas de das bancas de jornal. por um jornalzinho na banca. Era digital e a comum, é transformar a tradicio- celular, doce e refrigerante. Tá vi- Um olhar ao passado mostra Jornaleiro desde 1985, Ducle- dupla função: nal banca em loja de conveniência. rando uma loja”. que, antes de existir qualquer apa- cio se lembra dos áureos tempos: Banca / Loja de Segundo o jornaleiro Fernando Na banca Migliani, em São Ca- relho digital, até o início dos anos “Vendia 30 , 30 Notícias Po- Silva, é impossível manter o ne- etano, André Luiz Oliveira, recor- 90, o jornal era uma das princi- pulares, 20 de outros. Isso era todo conveniências gócio vendendo somente jornais reu a uma alternativa pouco usual, pais fontes de notícias, e a banca dia”. O gazeteiro Fernando Silva, e revistas: “As bancas tem que co- montou uma lan house nos fundos sempre foi a grande fornecedora. da Banca Glória, já há 20 anos toque no celular, é possível acessar meçar a diversificar, hoje você não do estabelecimento: “É o que dá Os gazeteiros faturavam com as neste mercado, reforça a ideia: “10 qualquer jornal e revista do mun- vê mais bancas só jornal e revista. para fazer, jornal e revista não ven- vendas de jornais, acabando facil- anos atrás, você vendia 30 Estado, do. Mas, ao mesmo tempo em que Se você vê, o cara está falindo, daí dem mais”.

O que o futuro reserva para as bancas? Segundo o professor de Comunicação da USCS (Universidade Municipal de São Caeta- Foto: Renan Souza Renan Foto: Souza Renan Foto: no do Sul), Roberto Araújo, as revistas e jornais não vão morrer, mas irão migrar para o meio digital. Já as bancas, provavelmente durarão no máximo mais 50 anos: “Na verdade, muitas revistas ainda sobrevivem mesmo na era digital, mas a tendência é que cada vez mais a gente Munícipe tenha menos revistas impressas. Mas isso vai olhando a levar anos, não vamos ter a extinção da banca Revistaria da Fernando Souto, de jornal amanhã, mas está em processo. Daqui Cidade Revistaria da Cidade uns 50 anos, a probabilidade é que não tenha mais nenhuma revista ou jornal em papel”. Outubro de 2016 lhar Universidade Municipal de 4 Ano 7 - Nº 44 ocial Cidades + Esportes São Caetano do Sul - USCS professora, que caminha durante toda ao se aposentar, correu atrás do antigo a aula ajudando individualmente cada sonho “Parei de trabalhar e quis pro- aluno, os desenhos vão tomando for- curar alguma atividade que eu gostas- Refúgio na arte ma, cor, sombras e vida. se de fazer, acho que tudo que fazemos Para manter a mente saudável e ocupar o tempo livre, Em sua primeira aula, Deise Cre- e nos dá prazer melhora a saúde”. paldi, de 62 anos, conta como está No ramo há mais de 15 anos, a idosos participam de aulas gratuitas de pintura em tela sendo sua experiência: “É bom para professora Fátima ressalta que as au- ocupar o tempo, a gente chega numa las direcionadas à terceira idade são certa idade que começa a doer aqui e totalmente diferentes de outras faixas ali e se ficarmos parados é pior. Além etárias: “O modo como você fala com de pintura eu faço dança country e os idosos e a atenção e paciência que restauração de móveis.”. dedica a eles é muito mais importante A fã de paisagens Cristina Di Sil- do que qualquer técnica de aprendiza- vestre, de 53 anos, frequentadora há do. A grande maioria chega aqui com três anos das aulas, relata o motivo o anseio de ver as obras prontas o mais da procura: “Sempre tive vontade de rápido possível e com o tempo perce- aprender a pintar e de ter uma convi- bem que o melhor é ter paciência.”. vência com pessoas na minha faixa de As aulas são uma iniciativa da pre- idade”. Questionada sobre o que sente feitura do munícipio e acontecem no ao fazer as aulas, ela responde: “É uma desde 2013 no CISE João Castaldelli, terapia, só me concentro na atividade que está localizado na Av Keneddy, e esqueço o resto”. 2400 – Bairro Olímpico – São Cae- Frequentador das aulas há um tano do Sul. Mais informações sobre ano e atualmente o único homem da turmas e inscrições podem ser obtidas Turma é formada turma, João Silva, de 59 anos, conta no telefone (11) 4231-2617 ou (11) por idosos a partir que sempre se interessou por pintura e 4232-2450. Fotos: Laís Coyado de 50 anos. Fotos: Laís Coyado Fotos:

Laís Coyado das 9h às 11h30, com o intuito de Geografia e Estatística (IBGE) ultra- Referência em programas de saú- reunir idosos que queiram dedicar passa os 11% na terceira idade, tendo de voltados aos idosos, São Caetano uma pequena parte do dia à arte. como causa principal a queda na pro- do Sul oferece atividades para saúde Os benefícios da pintura são inú- dutividade. física e mental, dentre elas, destacam- meros, além de ser uma forma alter- Durante as aulas, Fátima explica -se as aulas de pintura em tela no nativa de comunicação, é também as técnicas de pintura e deixa livre Centro Integrado de Saúde e Edu- um meio de manter o cérebro ativo, para que cada aluno escolha o dese- cação da Terceira Idade (CISE) João melhorar a concentração, preencher a nho. Ora natureza morta, ora paisa- Deise Crepaldi se Castaldelli. Ministradas pela professo- mente e esquecer os problemas, con- gem, os aprendizes da arte se inspiram familiarizando com os ra Fátima Saes há dois anos, as aulas trolar a ansiedade e fugir da depressão em imagens da internet e revistas e às materiais de pintura. acontecem sempre às segundas-feiras que, segundo o Instituto Brasileiro de levam para as aulas. Com o apoio da

por exemplo: trabalho, educação e andar sem cair e com a ajuda do esporte Sul é visível o apoio efetivo do Pro- também no esporte. o Erick está até correndo”. grama de Inclusão Desportiva, mas Esporte é sinônimo de São Caetano do Sul atingiu uma A deficiência em si, seja de nas- ainda assim, não são todas as pessoas marca histórica em métodos que cença ou adquirida ao longo do que sabem dessa oportunidade. Caio contribuem para a inclusão social. tempo, pode resultar em baixa au- Ferraz Cruz, profissional de educa- Aos munícipes com deficiência de toestima e até mesmo depressão. ção física da USP, esclarece: “Para a felicidade e inclusão todas as idades são oferecidas várias A fim de evitá-los, o cidadão pode inclusão esportiva ainda falta muita A prática esportiva representa muito mais que saúde, modalidades esportivas adaptadas e adotar a prática de esportes, trazen- modificação da sociedade, falta infor- gratuitas. Algumas delas são: atle- do equilíbrio emocional e gerando mação da família, saber que os seus é a porta de entrada para conquistar tismo, judô, karatê, ballet, natação, o sentimento de felicidade. Maurí- familiares têm a condição de partici- autoconfiança e sociabilidade tênis de mesa, tênis de campo, ta- cio Pavanello, jogador de vôlei do par. Há muitos pais que acham que a ekwondo, basquete e xadrez. time Clube dos Paraplégicos de São criança cega não pode jogar futebol e Um exemplo de motivação é o Paulo, relata: “Para mim foi uma re- existe futebol para cegos. Então falta praticante de basquete, Erick Andrei alização poder praticar o esporte, pois um pouco de conhecimento”, conclui. Irovski, 21 anos, que possui parali- quando fui submetido à cirurgia para cerebral e sonha em se tornar um colocar prótese no quadril, meu médi- Para se inscrever grande jogador: “Quando morava co falou que nunca mais poderia jogar. Foto: Viviane Lima da Silva Lima Viviane Foto: em São Paulo, eu não fazia nada, só Como já fui jogador fiquei muito tris- Rua Major Carlos Del Prete via TV e ia para a escola. Depois me te, foi aí que encontrei a oportunidade mudei para São Caetano do Sul e meu de treinar e conhecer o voleibol senta- nº 651, Centro, pai comentou que havia esportes e eu do. Fico muito feliz”. São Caetano do Sul, poderia participar, logo fomos atrás e Na cidade de São Caetano do ou pelo telefone ele me inscreveu no basquete. Come- cei a fazer as aulas e fiquei com mais 4227-7702. energia do que antes, agora tenho mais Paralimpíadas no Alunos da instituição equilíbrio, postura e força. Gosto da Rio de Janeiro, jogo O Semeador jogando nas professora e fiz muitos amigos. Eu ia entre BrasilxEgito. paralimpíadas escolares. ficar muito triste se tivesse que parar, pois o basquete para mim é tudo! Meu apelido na aula é Michael Jordan”, Fernanda Giulia Dal Col do Sul, que promove o Programa afirma o estudante. Um remédio natural para a vida Municipal de Inclusão Desportiva Para os deficientes, praticar qual- e que pode se tornar profissão ou ho- para os munícipes com deficiência. quer modalidade esportiva significa bby é a realização de atividades físi- No término do século XX e iní- uma realização pessoal e bom resulta- cas. Não importa a modalidade, para cio do XXI foi criado o conceito de do na independência, pois necessitam todas as idades que praticam alguma inclusão, que é baseado em princí- menos do auxílio de outras pessoas. forma de esporte, se sentem bem pios de valorização de diferenças e A professora de basquete do Erick, com o seu corpo, mente e mundo aceitação de pessoas com deficiên- Jaqueline Sartori declara: “Meu aluno externo. Um exemplo de incentivo cias. A partir disso, a sociedade se é mega participativo. O pai dele relata

acontece na cidade de São Caetano adaptou em diferentes áreas, como que alguns anos atrás ele não conseguia Ferreira Nery Maurício Foto: Universidade Municipal de lhar Outubro de 2016 São Caetano do Sul - USCS Saúde ocial Ano 7 - Nº 44 5 Maria Izabel Rufino A fisioterapeuta no Centro de Atualmente, a equoterapia se faz Equoterapia Cidade dos Meninos, presente na vida de muitos jovens e Rosangela Gonçalves, 46 anos, jus- adultos. Na Grécia Antiga, Hipócra- tifica o custo elevado em razão dos tes, o pai da medicina foi o primeiro Alma de Herói cuidados que o animal necessita, por a descrever os benefícios terapêuti- Andar de cavalo não é mais só esporte, é qualidade de vida exemplo, banho regularmente, vete- cos da equitação, a arte de andar a Foto: Maria Izabel Rufino rinária, troca das ferraduras, ração e cavalo. O passo do animal é seme- espaço físico para que o cavalo possa lhante ao do ser humano e ajuda na circular. Rosangela define a missão regeneração de doenças e prevenção. da instituição que é atender pessoas Após a Segunda Guerra Mundial, que não têm condições para pagar o foi descoberto que os soldados da tratamento. cavalaria se reabilitavam com mais A equoterapia não é uma cura, é rapidez do que os outros. um tratamento de suporte. Não só Os benefícios são diversos como crianças podem utilizar o recurso, o alívio do estresse, ajuda na coor- diversos adultos têm acesso, por al- denação motora, controle maior gum tipo de doença ou até mesmo da cabeça e tronco, ganho de equi- problemas na coluna, desde que seja líbrio, melhora na atenção e con- indicado por um especialista. centração, autoconfiança e ativação A ex- cabeleireira, Virginia Fer- dos sistemas cardiorrespiratórios. O nandes de Barros Kumagai, 49 anos, tratamento é indicado para crian- utiliza o tratamento porque sofre de ças acima de um ano e oito meses, Ataxia Cerebelar Episódica Esporádi- dependendo do tipo de deficiência. ca. Essa doença ataca a coordenação Porém, mesmo com a diversificação motora e causa dificuldades em ca- de benefícios, o tratamento tem um minhar sozinha. Virginia faz equote- custo altíssimo que limita o acesso. rapia na Associação de Pais e Amigos Psicólogo no Centro de Equo- dos Excepcionais (APAE) e sobre o terapia Voo da Liberdade, Fabiano custo do tratamento diz: “Se você Tiezzi, 40 anos, explica que o tra- Praticante de Equoterapia no Centro Cidade dos Meninos pensar pelo lado do paciente é um tamento tem um custo elevado por custo alto, mas se pensar pelo outro conta do número de profissionais ferentes para manter a equoterapia semana pode chegar até 115 pessoas. postura e coordenação motora. Com lado, o custo com o cavalo é muito que são necessários por sessão. “O ativa na vida de crianças sem renda A vendedora de doces caseiros, essa pouca idade ela já se sustenta so- elevado”. A praticante de equotera- paciente é acompanhado pelo con- para pagar como: patrocínios, bolsas, Katia Vasquez, 40 anos, mãe da Ma- zinha no cavalo e a mãe, orgulhosa, pia também diz que o tratamento não dutor do cavalo, psicólogo e fisiote- descontos e, em casos mais extremos, nuela de quatro anos, que tem Sín- garante: “A postura da Manuela é é acessível para todos. ”Eu tive muita rapeuta”. Para quem não tem apoio, o tratamento pode ser gratuito. Ten- drome de Down sempre quis que a ótima”. Quando questionada sobre dificuldade para encontrar, porque o centro fornece bolsas que variam do em vista que em alguns centros de filha tivesse contato direto com os o valor da equoterapia, Katia afirmou na APAE eles fazem o tratamento de um mês até dois anos. reabilitação o número de crianças e animais. Há dois anos, Manuela utili- que o tratamento é caro, porém é per- prioritariamente para alunos da ins- Atualmente, existem formas di- adultos que fazem o tratamento por za o tratamento, que beneficiou a sua ceptível a rápida melhora. tituição”.

Beatriz Felix -se uma nova era para o trabalho Você está na sua casa, preparando mental brasileiro com a aprovação da o almoço para sua família e cuidan- Do calabouço à vida: Lei Nº 10.216, que oferece um tra- do de crianças pequenas quando, de tamento digno e gratuito aos inter- repente, um grupo de autoridades in- nos. Foram formados os Centros de vade a sua residência, te amarra numa Atenção Psicossocial, serviço de saúde de força e te coloca em um segunda chance para reviver aberto e comunitário do SUS (Siste- carro. Você não sabe para onde está ma Único de Saúde), que tem como indo, o que fizeram com seus filhos, "Eu queria sair daquele lugar, mas não tinha ninguém para me puxar de lá”, proposta garantir um tratamento nem o que pode acontecer com você. diz Maria Beatriz ao se lembrar da vida no hospício adequado para pessoas que sofrem Desesperador, mas real. Foto: Beatriz Felix com transtornos mentais, psicoses e Esse quadro refere-se a todas as neuroses graves e persistentes. pessoas que foram levadas aos mani- Agregadas aos CAPS surgiram as cômios, onde as práticas eram desu- Residências Terapêuticas, que atuam manas. “Naquela época não tínhamos como casas de pacientes sem teto, o direito de escolher, se não quisesse garantindo a segurança e o bem estar tomar remédio, tinha que tomar do dos moradores. Além disso, eles são mesmo jeito, eles enfiavam goela inseridos nas atividades de tratamento abaixo. Batiam o remédio num vidro no CAPS do município onde moram. com chá, seguravam, tampavam o “As residências podem comportar no nariz e jogavam,” relembra a pacien- máximo oito pacientes, uma equipe te do CAPS II (Centro de Atenção de cuidadores, sendo quatro em cada Psicossocial) de Ribeirão Pires, Maria plantão e são mantidas pelo municí- Beatriz Campos de 43 anos. pio. As casas tem o objetivo de esti- De acordo com Maria, dentro mular a autonomia deles para reinseri- do hospício não existia sentimen- Maria Beatriz (43) -los na sociedade,” afirma Brandão. to bom, apenas dor, “eu queria sair realizando suas “A Luta Antimanicomial foi mui- daquele calabouço, mas não tinha atividades no CAPS II to importante, porque quando saí do ninguém para me puxar de lá”. de Ribeirão Pires. hospital pude reencontrar meus filhos Completa dizendo que as pessoas que já estavam grandes e foram cuida- que não estavam lúcidas eram mal- dos pela minha mãe enquanto estive tratadas. “Elas não tinham condi- internada. Além disso, pude continu- ções de se vestirem, então andavam Visando mudar esse contexto, em violação dos direitos humanos sofri- ruas. Segundo o médico psiquiatra ar meu tratamento no CAPS, onde nuas. Se não comessem, ninguém se 1987 ocorreu um encontro nacional dos pelas vítimas de maus tratos den- Carlos Brandão, responsável pelos encontrei amor, carinho e tive minha importava. O que mais me machu- dos trabalhadores de saúde mental tro dos hospícios. atendimentos no CAPS II, todos os identidade de volta. Hoje eu sou feliz cou foi ficar longe dos meus filhos, em Bauru, interior de São Paulo, no Por volta dos anos 90, os manicô- internos tinham prontuários com um de verdade”, conclui Maria Beatriz. eles ainda eram bebês. A maior dor qual se criou o lema “por uma so- mios começaram a fechar as portas. suposto endereço da família, porém De certo ainda há um longo ca- do mundo é ficar longe de um filho, ciedade sem manicômios” que deu Alguns pacientes voltaram para suas os parentes passavam informações er- minho a ser percorrido, mas pode- porque a gente que é mãe quer ficar origem à Luta Antimanicomial. O famílias e aqueles que não tinham radas, de lugares inexistentes. mos celebrar, pois a vida daqueles que perto deles”, conta. movimento denunciava os abusos e para onde ir, foram deixados nas Em 06 de abril de 2001, iniciava- estavam no calabouço foi devolvida. Outubro de 2016 lhar Universidade Municipal de 6 Ano 7 - Nº 44 ocial Saúde + Educação São Caetano do Sul - USCS Carlos Q. 55 anos, representante comercial, convive com a doença há Filmes 18 anos. Ele conta que quando foi Não Fale Com Ele diagnosticado, em 1998, sofreu um Filadélfia (1993) Quando surgiu a AIDS foi considerada a ‘peste negra’ pouco de receio por parte de alguns parentes, porém com o passar dos Um advogado é demitido do final do século. Hoje, apesar da evolução do tratamento anos, pelo menos que ele saiba, esse injustamente, quando seus o preconceito ainda atinge os pacientes receio foi vencido. Mas confessa que chefes descobrem que ele é teve preconceito (antes de saber que soropositivo. Foto: Vinícius Britto Foto: Vinícius nóstico que nos anos 2000, todas era HIV+), ao tomar conhecimento as famílias teriam pelo menos um que um tio seu, gay assumido, era Cazuza (2004) soropositivo em casa. Isso por volta soropositivo. “Eu achava que aquilo O filme conta a história do de 84”, lembra o Historiador e Pro- era um problema dele, pois já que cantor que morreu de AIDS fessor da Universidade de Campinas era homossexual, então ele tinha (UNICAMP), José Alves Freitas procurado”, recorda, “Tive uma na década de 90. Neto. Não era difícil ouvir informa- criação machista, muito preconcei- ções como essa naquela época. tuosa com várias coisas. Depois que The Normal Heart (2014) fui infectado, vi que a realidade era No início, o preconceito não era Conta a história do exclusivo à sociedade, muitos médi- completamente outra. Eu me abri surgimento da AIDS nos cos iam à imprensa para proclamar muito mais para o mundo depois teorias sem fundamentos como é desse momento.” EUA, na década de 80. O medo do preconceito faz com citado no livro: Histórias da AIDS Apesar da evolução do tratamen- que os pacientes, muitas vezes, tenham medo de mostrar a no Brasil, 1983-2003, (Volume I, to e dos métodos de prevenção, a Clube de compras Dallas (2014) cara e contar suas histórias, que pág 38), lançado em, novembro de AIDS ainda é vinculada aos homos- 1986, um eletricista, HIV+, poderiam ajudar outras pessoas 2015, pelo Médico Sanitarista Paulo sexuais e à questão moral. Isso aca- luta contra a industria Roberto Teixeira e, a Socióloga, Lin- ba dificultando mais o diagnóstico farmaceutica, traficando dinalva Laurindo Teodorescu. “Em de novos pacientes, por vergonha Vinícius Britto A falta de informação, o medo e 14 de julho de 1982, a revista Veja ou medo de exclusão. A UNAIDS remédios alternativos. A AIDS (sigla originada do in- os debates religiosos surgiram sobre trouxe uma matéria intitulada “Mal (Joint United Nations Program- glês, que significa Síndrome da Imu- os pacientes que eram diagnostica- Particular”, na qual o médico Elis- me on HIV/AIDS), lançou a cam- Holding the man (2016) nodeficiência Adquirida - Acquired dos com essa “nova” doença. Não se mar Coutinho atribuía a imunode- panha 90-90-90, que tem como Inspirado no livro homônimo, Immunodeficiency Syndrome) é sabia a causa, tratamento ou a cura. ficiência detectada em homossexuais objetivo acabar com a doença até conta a história de um casal uma doença que atinge a todos, in- Muitos tabus foram criados, inclu- norte-americanos ao consumo de 2030. A ideia é ter 90% da popu- que é infectado. dependentemente de orientação se- sive, pela própria mídia, por atingir hormônios femininos (estrógenos) lação mundial vivendo com o HIV xual, classe social ou gênero. O pre- classes minoritárias (homossexuais, e à promiscuidade entre eles”. Este devidamente diagnosticadas; dessas, conceito, os tabus e os julgamentos prostitutas e pessoas que usavam teria sido o primeiro artigo cientí- 90% em tratamento e 90% com sai em minutos. Os antiretrovirais e morais ainda assombram os pacien- drogas injetáveis). fico sobre a AIDS de um brasileiro o vírus indetectável. O teste anti- remédios de prevenção, como o PEP tes soropositivos. Os primeiros casos “Eu lembro nitidamente quan- publicado em uma revista científica -HIV é fácil e gratuito, basta ir aos (Post-exposure prophylaxis - Profi- de AIDS no Brasil se manifestaram do a professora tocou no assunto internacional “The Lancet”, que se postos de saúde municipais, onde o laxia Pós Exposição), também são em São Paulo, no ano de 1982. em sala de aula, fazendo um prog- revelou pouco tempo depois falsa. exame é feito na hora e o resultado distribuídos gratuitamente.

Thiago de Paula alguns feitos no Brasil. É transmitido Nascido na Holanda, Doutor em também filmes voltados para outras Astronomia pela Universidade de Ba- Um olhar de Santo André para o céu áreas da ciência, incluindo público siléia na Suíça, Pieter Willen Westera, em geral. 44 anos, dá aulas de Astronomia para O ensino de astronomia tem sido um ponto de interesse na cidade, Ao redor do planetário, há alguns quem tiver interesse na UFABC (Uni- seja no ramo educativo ou apenas para lazer recursos que reforçam o ensino da as- versidade Federal do ABC), falando tronomia. O primeiro deles é um me- desde História até a Física. O profes- canismo que simula a interação entre sor, que não está no projeto sozinho, “A Astronomia o Sol, a Terra e a Lua. Esse recurso conta também com o apoio de alunos mostra como é realizado o movimen- da universidade. Em média, cinco é uma área to de translação da Terra, as fases da alunos de cada turma, escolhidos em dinâmica e está Lua, as estações do ano e como se um processo seletivo para o ajudarem em constante formam os eclipses. A simulação de ao longo das aulas. como é o sistema solar é outro mé- Segundo Westera, o curso vem mudança” todo de ensino, começando pelo Sol crescendo, em relação à quantidade e seguindo com cada planeta em sua Pieter Willen Westera de alunos, desde sua primeira edição, ordem, o volume dos planetas e a dis- em 2012. O professor acompanha os tância são proporcionais à realidade. estudantes em excursões oferecidas Há demonstração de como um mes- pela própria universidade para o IAG mo objeto pode variar sua sensação (Instituto de Astronomia, Geofísica e de peso em cada planeta, alguns mais Ciências Atmosféricas) na USP (Uni- leves e outros mais pesados, sendo o versidade de São Paulo) para uma ex- da Terra o padrão. Isso explica como a periência astronômica. Os estudantes gravidade age de formar diferente em observam o céu através de telescópios cada planeta. do IAG, em uma experiência única e O planetário inclui também si- gratuita. mulações de uma central espacial na Outro local bem visitado na re- Planetário Johannes Kepler Terra, a história da corrida espacial e gião do ABC é o planetário Johannes uma explicação de como foram esco- Fotos: Thiago de Paula Kepler, situado no Sabina – Escola lhidas as estrelas que compõem a ban- Parque do Conhecimento. Voltado deira do Brasil. para a ciência em geral, o parque têm tes. Zuchi apresenta a mais nova de- manchas e erupções solares e outros Localizado na Rua Juquiá, s/n um amplo espaço para o ensino de di- las. Inaugurada recentemente, no ano fenômenos que acontecem no Sol. Professor – Vila Eldizia, o Sabina funciona de versas áreas da ciência. de 2015, o Núcleo de Observação é Outra novidade são cinco Rosas Dos Pieter Willen Westera segunda a sexta-feira para visitas esco- Rachel Zuchi, 53 anos, é uma das a nova atração para o público. Lá as Ventos feitas no solo, ao colocar um lares, tendo em média 400 alunos do responsáveis pelo ensino de Astrono- pessoas têm a opção de observarem o telescópio no centro de cada uma, há segundo ao quinto ano do ensino fun- mia do Sabina, detalha os projetos Sol, como é uma experiência diurna, a a possibilidade de se orientar no céu tado na ala astronômica. Já há algum damental. O parque fica aberto aos fi- que o parque oferece para a região. tecnologia é eficaz, não prejudicando com os pontos cardeais, tornando a tempo em funcionamento, o planetá- de semana no período da tarde, No Sabina há diversos recursos a visão de quem tiver essa experiência. observação espacial mais fácil. rio apresenta documentários, filmes podendo haver alterações. Todas as para ensinar astronomia aos visitan- A visita traz a oportunidade de ver O Planetário é o local mais visi- educativos, informativos e de lazer, idades são bem-vindas. Universidade Municipal de lhar Outubro de 2016 São Caetano do Sul - USCS Cultura ocial Ano 7 - Nº 44 7 Luciana Serpeloni gostei de música, mas hoje faz parte da Foi em uma viagem à Venezue- minha vida. Meu sonho é ser violinis- la, em 2008, que o maestro Rogério ta, por causa do Projeto Locomotiva”. Schuindt conheceu o “El Sistema”, Da Venezuela para Santo André “O que uma faz, as outras duas um programa de formação musical O poder social da música, contribuindo para melhorar a qualidade de vida das famílias andreenses também querem fazer, elas gostam para crianças e adolescentes. Retor- das mesmas coisas, é impressionante”, nando ao Brasil, ele decidiu, a partir acrescenta o avô.

Foto: Luciana Serpeloni especial à comunidade, pois preenche Sérgio Biscassi, 70 anos, morador Pensando nas crianças, Rogério o tempo que as crianças e os adoles- de Santo André, leva e busca suas ne- Schuindt procura realizar quinzenal- centes ficam ociosos, evitando que se tas trigêmeas no Projeto Locomotiva mente apresentações da Orquestra Apresentação do envolvam com algo negativo que - in- desde 2015. Ele conta que cuida das Locomotiva em parques, teatros, hos- Projeto Locomotiva felizmente - está presente em muitos meninas juntamente com sua esposa, pitais, empresas, entre outros lugares, no Teatro Gamaro bairros de Santo André. desde quando elas estavam na barriga com o intuito de motivar os alunos em São Paulo E para garantir que todas as crian- da mãe. “Eu e minha esposa fazemos e levar alegria através da música para ças, independentemente de sua classe tudo por elas, é muito prazeroso, pois quem convidá-los. Seu maior sonho é social, possam participar, as aulas são as trigêmeas são muito dedicadas”, diz que o projeto possa dar bolsa de estu- totalmente gratuitas. Assim, o Proje- o avô todo feliz. do para que seus alunos tenham uma to Locomotiva conta com doações e Ao perguntarmos para as trigême- formação Superior, independente do parcerias de empresas e profissionais as o que o projeto acrescentou em suas segmento desejado: “o que importa é liberais por intermédio da Lei de in- vidas, a pergunta foi individual, porém darmos um referencial para o futuro centivo à cultura (Lei Rouanet). as respostas foram unânimes: “Sempre deles”, finaliza Schuindt.

A importância do ensino musical Foto: Luciana Serpeloni para crianças é de grande valia, pois As trigêmeas de 16 anos: desenvolve uma região do cérebro que Maria Victória Bordini, poucas pessoas usam no decorrer de Ana Caroline Bordini suas vidas, ajudando nos estudos e ou- e Ana Flávia Bordini tras atividades diárias. “A música está presente em todos os momentos da daquele modelo, criar o Projeto Loco- do Projeto Locomotiva situado na nossa vida, como uma trilha sonora motiva, onde ensina música, com au- Avenida dos Estados 6755, no Parque de um filme, no qual muitas vezes, las diárias e gratuitas, para aproxima- Jaçatuba, é bem diferente dos méto- somos nós os atores”, acrescenta o damente 50 alunos em Santo André. dos tradicionais. “Aqui as crianças músico Thiago Ferreira. O nome Projeto locomotiva sur- aprendem a tocar no primeiro dia de O esporte é muito similar ao ensi- giu de um texto escrito pelo maestro, aula”, garante o maestro, pois as aulas no musical, pois exige dedicação e con- dizendo que a locomotiva que move são de segunda à sexta com duas horas centração, comenta Schuindt. “Nós todo o projeto é a música. Revisando por dia, para que os alunos tenham vamos assistir outras orquestras tocan- o texto, todos gostaram da palavra disciplina e motivação. do, assim como os atletas assistem a “Locomotiva”, pois tinha tudo a ver Schuindt explica que a dedicação outros jogos. E como fonte de inspira- com a proposta. diária, ajuda no aprendizado e cresci- ção eu tenho o vôlei masculino, onde A metodologia do ensino musical mento dos alunos, contribuindo em Bernardinho é o maestro do time.”

Andressa Claudino o respeito ao trabalho árduo, a força A Corporação Musical Lyra de da coletividade e a convivência com as Mauá é uma entidade sem fins lucra- Banda Lyra de Mauá forma mais diversas realidades sociais”. tivos, localizada na Rua Princesa Isa- Steffany de Oliveira, 17 anos, era bel, 247, Vila Bocaina. A atual presi- uma criança que gostava muito de dente da banda é Ana Maria de Freitas músicos profissionais brincar na rua e, depois que entrou na Silva e o maestro é Carlos Binder. A banda, começou a fazer algo realmen- banda desenvolve um trabalho cultu- Conheça a entidade que existe há 82 anos desenvolvendo trabalho com crianças e jovens do ABC te produtivo. A estudante ainda acres- ral e social com crianças e jovens da Foto: Luciana Prado centa que esse é um projeto social que cidade de Mauá e região. O intuito é muda as pessoas. Crianças que parti- proporcionar uma formação musical cipam da banda têm uma projeção de de qualidade. A Banda Lyra já formou vida e uma perspectiva de ser alguém. profissionais notórios, como é o caso Atualmente, a Banda Lyra possui 70 do trompetista da Orquestra Sinfôni- alunos, de todas as classes sociais, para ca do Estado de São Paulo (OSESP), fazer parte do projeto a criança tem Flávio Gabriel Parro. que ter de nove a 14 anos. Oficialmente fundada em 1934. Carlos Binder afirma que recebe Quem participava da entidade naque- feedbacks positivos dos pais dos alu- la época eram imigrantes europeus, nos, contando que as crianças e jovens músicos e moradores da cidade. Na melhoraram as notas na escola. Ele realidade, Mauá se emancipou politi- ressalta que alguns alunos não seguem camente de Santo André no ano 1954, carreira musical, mas levam a questão ou seja, a Lyra é 20 anos mais velha do do comprometimento, da disciplina e que Mauá. Ao longo de sua existên- do foco como valores para qualquer cia, o grupo já conquistou 16 títulos tipo de profissão. nacionais. O maestro Carlos Binder Em 5 de novembro de 2015 (Lei conta que a Banda Lyra se apresentou 5.102) foi instituído “O dia da Banda em diversos estados brasileiros, como Flávio Gabriel Parro, Lyra”, a ser comemorado, anualmente Minas Gerais, Santa Catarina, Rio de da Banda Lyra direto no dia 15 de junho, que será incluí- Janeiro, entre outros, incluindo um para os palcos do no Calendário Oficial de Eventos festival de bandas no Chile na cidade do mundo de Municipalidade. O presidente da de Melipilla. “Essa viagem internacio- Câmara de Mauá, Marcelo de Olivei- nal foi marcante, mas cada viagem é ra, durante sessão solene de 82 anos especial, mesmo que for para tocar na Lyra com 11 anos de idade. Ele conta Doutorado em Música. Foi o prin- Em 2006, foi semifinalista em um da Banda Lyra, falou que “através de esquina. Os alunos têm uma expecta- que o primeiro contato com o apren- cipal trompetista da Orquestra Sin- concurso Maurice André (Paris) e em ações socioculturais e educativas, a tiva muito grande das apresentações, dizado de partituras e instrumento fônica de Porto Alegre (OSPA) entre 2010 ganhou o 2° prêmio no Con- Banda Lyra promove o desenvolvi- da reação do público, de mostrar o aconteceu na Lyra. Flávio é Bacharel 2004 e 2009, trabalhou na (OSESP) curso Primavera de Praga (República mento cívico e moral de meninas e repertório e o trabalho que desenvol- em Música pela Universidade Federal entre 2009 e 2015 e hoje é Professor Tcheca). Segundo o músico, “a Banda meninos mauaenses, acrescentando veram”, diz o maestro. do Estado do Rio de Janeiro (UNI- de trompete e percepção musical da Lyra me proporcionou uma excelen- em suas vidas, valores essências para o Flávio Gabriel entrou na Banda RIO), atualmente está cursando o Universidade Federal de Uberlândia. te base de educação humana, como desenvolvimento humano”. Outubro de 2016 lhar Universidade Municipal de 8 Ano 7 - Nº 44 ocial Cultura São Caetano do Sul - USCS dos vídeos, usuários inscritos, visu- ma de pensar e acrescentar coisas çar um canal, ele dá uma dica: alizações, likes e publicidade, entre boas para aqueles que me assistem. “Nada é impossível. Cada vez De diversão à profissão outros. Não é só vista como uma Também é uma forma de alegrar e mais o YouTube está crescendo. profissão para ganhar dinheiro, entreter as pessoas”. Se a pessoa tiver criatividade, ser O ciberespaço cria cada vez mais oportunidades mas considerada um trabalho dos Mas nem todas as profissões bom no que faz, ela pode chegar sonhos para milhares de pessoas. são perfeitas. Para isso, é preciso longe. Não espere você ter a má- para todos, incluindo os Youtubers da região Segundo a psicóloga Suzana muito trabalho e dedicação. Eles quina ideal, o microfone ideal, a

Foto: Thais Saes Stavale Corraza, “os adolescentes são fas- podem até ganhar acima da média, ideia genial, simplesmente come- cinados por essa profissão, porque mas para gerar um bom conteúdo ce, 99% dos YouTubers que hoje Muca Muriçoca está naquela fase de buscar uma é preciso gastar com equipamentos são grandes, começaram com ví- gravando vlogs diários identificação, buscar sua identida- como uma boa câmera, computa- deos ruins, mas eles começaram, de. Eles assistem a esses vídeos para dor, Internet rápida, iluminação e e chegaram lá, mas precisa gostar se encontrar, é também uma coisa microfone. muito do que faz, pois o retorno de imagem, de mostrar quem eles Segundo Muca, “ O lado ruim demora”., conclui. são se colocar no mundo”, avalia. é a exposição, pois qualquer coisa O Youtuber Muca Muriçoca, que você fala, pode ser voltada ao de São Caetano do Sul, começou seu favor, ou contra você, e tem o seu trabalho em 2012, e hoje che- lado da fama que você conquista. ga a quase três milhões de inscri- Por, exemplo, dependendo do ho- tos em seu canal. “Para entrar no rário que vou ao shopping é com- YouTube não precisar conhecer plicado, você para pra bater foto ninguém. Claro, se conhecer al- toda hora. Eu gosto desse assédio, guém fica mais fácil, mas não é mas tem Youtubers que se inco- igual à televisão, que você preci- moda, isso é um ponto positivo e sa ter alguém que te indique. No negativo, depende de cada um. O YouTube, se você quiser começar positivo é que você ganha notorie- amanhã, começa. É muito difícil dade. A maior dificuldade é produ- crescer e dar certo, mas você tem zir conteúdo criativo, diversificar o o caminho”. seu conteúdo. Na Internet, se você A influência que os youtubers dormir, seu canal cai. Então tem têm com os adolescentes é enorme. que se atualizar, esse é o grande de- Thais Saes Stavale como uma diversão, em que ado- São milhões de pessoas que se ins- safio e a grande dificuldade. E das Uma profissão ganhou grande lescentes gravavam vídeos caseiros piram e dedicam horas do seu dia criticas ninguém gosta. Tem cri- força no Brasil. Os “Youtubers”, como forma de expressar suas múl- para assisti-los. Caio Guimarães, ticas que relevo, algumas que me pessoas que fazem vídeos de diver- tiplas opiniões. Nos dias de hoje, 23 anos, um dos inscritos de mi- incomodam e eu respondo - Não sos tipos e assuntos, desde 2008, ser Youtuber não é considerado um lhares de YouTubers e que preten- vale a pena você debater com as mas que só ganharam grande re- passatempo; se tornou uma profis- de seguir essa carreira revela: “O pessoas, vale a pena você se posi- percussão a partir de 2010. são para os amantes de vídeos, pois que mais me encanta é ser um por- cionar”, revela o youtuber. YouTuber Caio Guimarães Essa “onda virtual” começou gera bons rendimentos resultantes tal onde posso expor minha for- E para quem pretende come- Stavale Saes Thais Foto:

Luta contra o racismo ganha força em Rio Grande da Serra Munícipes pretendem, por meio de estudo, combater o racismo de uma região onde mais da metade da população possui raízes africanas Foto: Gabriela Reis Gabriela Reis elas e seus colegas saibam de suas “Acho que o dia em que eu me raízes e história e, principalmente, senti mais negra, foi quando eu para que não exista vergonha de ser consegui colocar um cara na cadeia negro. Apesar de recém-criado, o por racismo e o fiz pagar pelo crime U.A., que não tem ligações políti- que cometeu”. A fala embargada de cas, possui cerca de 20 participantes Neusa Jesus, assistente social e uma ativos, e continua em expansão. das fundadoras do grupo Unidade As reuniões são mensais, organi- Africana (U.A.), choca um pouco. zadas pelo grupo via internet, onde Quando um homicídio aconte- a troca de informações também é ce, os envolvidos são julgados, en- contínua. A união é a base que im- caminhados para as autoridades e pulsiona o coletivo, que ainda não perseguidos, dependendo do moti- obteve resultados significativos, mas vo do crime e da vítima, por pessoas que pretendem expandir cada vez que não têm nenhuma ligação com mais em um futuro não tão distante. os casos - na maior parte das vezes. A falta de conhecimento sobre a cultura negra faz com que o pre- Para Fabiann conceito apareça, e é dever do Esta- do - de acordo com a lei 10639/03 “Preto ‘pra entrar, tem que - exigir que a escola ensine o básico ser preto. Ah, e os brancos? sobre a cultura afro-descendente, “Nós negtos não nos apoderamos do que é nosso” - Fabiann Ifrikan Também tem que ser preto. que é tão presente no país. Contu- Mas não estou falando preto do, não é isso que acontece. com relação ao racismo e causos que segundo levantamento, possui um do U.A., acredita que a educação O grupo de Rio Grande da Ser- de pele, não me interessa você aconteceram durante a vida. total de 53% de munícipes afro- começa em casa, para que o em- ra, batizado como U.A., idealizado preto de pele. Pra mim não Fabiann Ifrikan, que é africano -descendentes. poderamento aconteça de maneira por Fabiann Ifrikan, Paulo Afonso me interessa, você pra mim, de nascimento, mas brasileiro de Para Fabiann, é importante que que possam se blindar contra os Marcelino e Fernando Jorge “Sagat” coração, é formado em História, os integrantes do grupo lutem pelos obstáculos que possam aparecer no é preto igual a mim. Me da Silva, visa a implantação do en- além de ser músico e participante direitos garantidos por leis, contra o dia-a-dia. interessa a sua atitude preta, sino da cultura afro nas escolas de do Conselho de Juventude Negra e preconceito vigente ainda no país, “Queremos ver a juventude re- o seu conceito preto, a sua fala Rio Grande e do restante do ABC não Negra do Brasil. Ifrikan mora e também que passem para os mais presentada nas escolas”, alega Ana. Paulista. Em suas reuniões, as pautas preta, com outros irmãos que em Rio Grande da Serra e tem a in- jovens a necessidade da causa. O conceito do grupo é fazer com consistem em falar um pouco das precisam da sua palavra”. tenção de passar seu conhecimento Sua esposa, Ana Rosa, ativis- que a educação das crianças seja a experiências pessoais de cada um, para os moradores da região, que ta feminista e também fundadora mais completa possível, para que