FERNANDO LOPES 7 - 31 março 2014 Nascido em Alvaiázere, chega a Lisboa em 1945 e apaixona-se pelo cinema com HANGMEN ALSO DIE de Fritz Lang, praticando uma cinefilia autodidata nas salas de cinema da cidade e no Cineclube Imagem. Da sua formação fazem parte o trabalho na televisão pública portuguesa onde começa em 1957, depressa descobrindo na montagem o seu espaço natural; a aprendizagem académica na London School of Film Technique frequentada graças a uma bolsa do Fundo Nacional de Cinema entre 1959 e 61, onde toma contacto direto com

NÓS POR CÁ TODOS BEM (rodagem) BEM CÁ TODOS NÓS POR o “free cinema”, se torna espectador do British Film Institute e tem a oportunidade de um estágio com Nicholas Ray em THE SAVAGE INNOCENTS; a posterior atividade retomada na RTP paralelamente à realização de curtas-metragens para cinema. Realiza a primeira longa, BELARMINO, a convite de António da Cunha Telles, no ano anterior a uma residência de um mês nos Estados Unidos com uma bolsa da Fundação Fulbright (que lhe permite conviver com Jean Renoir em Los Angeles), reunindo-se depois ao grupo que elabora o documento “O Ofício do Cinema em ”, dirigido à Fundação Calouste Gulbenkian e decisivo para o seu apoio ao cinema através da cooperativa Centro Português de Cinema, de que é presidente. Entre 1972 e 1974 assume a direção da nova série da revista Cinéfilo, que Fernando Lopes (1935-2012) deu, juntamente com Paulo Rocha, os passos que puseram em tem grande influência e deixa um assinalável rasto, voltando à RTP em 1978 para dirigir o marcha o Cinema Novo Português nos anos sessenta, como ele assumindo-se uma sua figura segundo canal da estação pública e, mais tarde, o seu departamento de coproduções. Entre tutelar. Entre os anos sessenta de BELARMINO – a primeira longa-metragem, dois anos 1979 e 93, neste contexto, desenvolve um trabalho fundamental na produção de cinema posterior à estreia no cinema – e os da segunda década de 2000 de EM CÂMARA LENTA, a em Portugal, revelador de uma visão e de uma generosidade que pessoalmente o marcam obra de Fernando Lopes atravessou capitalmente o cinema português, construindo-se num como o interlocutor privilegiado de realizadores portugueses de várias gerações e círculos. balanço de dois impulsos, o documental e o da ficção, congregando afinidades e assumindo Em 1975, é um dos trabalhadores da atividade cinematográfica que (não) assinam o coletivo uma pluralidade de tons que permitiu a coexistência, com as obras de maior fôlego, de AS ARMAS E O POVO. Participa como ator em alguns filmes de outros realizadores, de KILAS pequenos filmes institucionais e publicitários que foram simultaneamente um campo de O MAU DA FITA de José Fonseca e Costa e ROSA DE AREIA de António Reis e Margarida experimentação (numa primeira fase, dos anos sessenta e setenta) e retratos de cumplicidades Cordeiro nos anos oitenta, a A FELICIDADE de Jorge Silva Melo ou THE LOVEBIRDS de artísticas (nas décadas de noventa e seguintes). Nas longas-metragens de ficção, assinala-se Bruno de Almeida (2008), dando voz à versão portuguesa de KALI, O PEQUENO VAMPIRO a recorrência das adaptações literárias de escritores contemporâneos de Lopes, a partir de Regina Pessoa (2012). de UMA ABELHA NA CHUVA, cujo argumento se baseia no romance homónimo de Carlos Os filmes desta retrospetiva vão ser apresentados em cópias novas ou resultantes de de Oliveira: casos de Mário Zambujal (CRÓNICA DOS BONS MALANDROS), Antonio processos de preservação dos anos noventa (até SE DEUS QUISER… e à exceção de O FADO Tabucchi (O FIO DO HORIZONTE), José Cardoso Pires (O DELFIM, com a participação no OPERÁRIO, a apresentar numa cópia 16mm de época). Entre as “falhas” desta retrospetiva, argumento de Vasco Pulido Valente), Rui Cardoso Martins (EM CÂMARA LENTA). E os casos as primeiras das quais as curtas de escola THE BOWLER HAT, INTERLUDE e THE LONELY em que Fernando Lopes assumiu a autoria ou coautoria dos argumentos que filmou, como ONES realizadas em 1960 em Londres, é de assinalar a ausência de NACIONALIDADE em NÓS POR CÁ TODOS BEM (onde teve a colaboração literária de Alexandre O’Neill) e PORTUGUÊS, correalizado em 1973 com Gérard Castello-Lopes e Nuno Bragança. HABITAT o seu raccord passados cerca vinte anos – SE DEUS QUISER…; MATAR SAUDADES (que e SONS E CORES DE PORTUGAL, duas curtas-metragens documentais realizadas no contexto também contou com as participações de Carlos Saboga e António-Pedro Vasconcelos); de produção do Centro Português de Cinema, originalmente rodados em 16mm e de que LÁ FORA e 98 OCTANAS, os dois filmes da sua parceria com João Lopes; OS SORRISOS não existem materiais de projeção, vão ser apresentados em transcrições videográficas na DO DESTINO, em cujo argumento trabalhou com Paulo Filipe Monteiro. Nelas, Fernando sala 6x2, onde este mês estará igualmente patente o registo da conferência de imprensa Lopes foi originalmente lisboeta, cronista, retratista, no sentido em que as notas seguintes que anunciou a retrospetiva da Cinemateca “Fernando Lopes Por Cá” em 1996 e a série apresentam os seus filmes. televisiva de 2005 ELA POR ELA. BELARMINO AS PEDRAS E O TEMPO). Com AS PEDRAS E MINO, e meados dos anos setenta, pós-UMA O ENCOBERTO é o filme em que Fernando de Fernando Lopes O TEMPO, Fernando Lopes quis, como disse ABELHA NA CHUVA no caso dos dois últimos Lopes filmou a escultura de D. Sebastião de com Belarmino Fragoso, Albano Martins, Júlia Buisel na altura, “ fazer sentir a presença do tempo em filmes do alinhamento que segue a cronologia João Cutileiro no momento da sua montagem Portugal, 1964 – 72 min Évora, estabelecendo um contraste entre o silên- das datas. VERMELHO, AMARELO E VERDE, pelo escultor em Lagos. cio das pedras e o ruído da vida, entre o vazio TEJO – ROTA DO PROGRESSO, A AVENTURA É um dos filmes chave do Cinema Novo Por- Ter. [11] 19:30 | Sala Luís de Pina das praças e a gente que passa, entre o preto e o CALCULADA (respetivamente produzidos pela tuguês, produzido por António Cunha Telles Qui. [13] 19:30 | Sala Luís de Pina branco, tudo isto salientando os extraordinários Prevenção Rodoviária Portuguesa, Lisnave com uma equipa pequena de jovens iniciados e valores plásticos da capital alentejana”. Retratan- e Laboratório Nacional de Engenharia Civil) baixo orçamento pouco depois de OS VERDES do um universo industrial, AS PALAVRAS E OS integram-se na série de filmes institucionais UMA ABELHA NA CHUVA ANOS de Paulo Rocha. BELARMINO capta FIOS revela por seu lado uma óbvia inspiração que Lopes realizou respondendo a encomen- de Fernando Lopes uma Lisboa noturna e marginal como até então na exploração do movimento e da cor. Como em das encaradas como um campo de ensaios com Laura Soveral, João Guedes, Zita Duarte, ninguém a tinha filmado. Utilizando métodos BELARMINO, a sua banda musical apresenta o e experimentação. O primeiro, também o Ruy Furtado, Carlos Ferreiro semelhantes aos do cinema direto, Fernando jazz de Manuel Jorge Veloso. Dedicado aos emi- primeiro filme de Lopes com fotografia de Portugal, 1971 – 66 min Lopes segue Belarmino Fragoso, um pugilista, grantes, utilizando imagens de arquivo alusivas Manuel Costa e Silva, tem comentário de Ale- A segunda longa-metragem de Fernando Lopes é e através dele mostra os sinais de uma cidade (e à viagem inaugural de Sacadura Cabral e Gago xandre O’Neill e assenta em variações sobre o uma adaptação do romance homónimo de Carlos de um país) à beira do sufoco. “BELARMINO é Coutinho, O VOO DA AMIZADE centra-se na motivo do trânsito, dos sinais e da prevenção de Oliveira, um clássico da literatura portuguesa. o nosso ‘filme negro’, o nosso filme de guerra, rota aérea entre Lisboa e o Rio de Janeiro como rodoviária; o segundo, com música de Manuel Uma realização original, com alguma influência de gangsters ou de aventuras: fala da solidão estímulo das relações entre Portugal e o Brasil. Jorge Veloso, regista imagens do estaleiro de Bergman, contando a história das frustrações e do medo. Fala de algo universal e por isso O VOO DA AMIZADE é uma primeira exibição da Lisnave como a maior doca seca ocidental de um casal formado por um proprietário rural resiste” (José Manuel Costa). na Cinemateca. da altura; o terceiro, com locução de Gérard e uma aristocrata arruinada. Primeira adaptação Sex. [07] 21:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro Sáb. [08] 19:00 | Sala Dr. Félix Ribeiro Castello-Lopes regista um estudo de barra- literária de Lopes, UMA ABELHA NA CHUVA é gens e obras de engenharia portuguesa como um filme elíptico e surpreendente. “Instigado por esse desejo de rutura com a transparência VERMELHO, AMARELO E VERDE as da primeira ponte sobre o Tejo. CRUZEIRO AS PEDRAS E O TEMPO – ÉVORA DO SUL (uma produção Ricardo Malheiro ou o naturalismo americano, Lopes refletiu sobre Portugal, 1966 – 9 min Portugal, 1961 – 16 min para Cultura Filmes) evoca a travessia aérea o lugar da ficção cinematográfica centrando-se O VOO DA AMIZADE CRUZEIRO DO SUL do atlântico sul em 1922 por Gago Coutinho naquilo que, por esses anos, voltava a ser uma Portugal, 1966 – 17 min Portugal, 1961 – 13 min e Sacadura Cabral. HOJE ESTREIA (produzido pedra de toque: a montagem” (José Manuel Costa). AS PALAVRAS E OS FIOS HOJE ESTREIA por Gérard Castello-Lopes para Média Filmes) Portugal, 1967 – 8 min tem comentário de Alberto Seixas Santos e Portugal, 1962 – 12 min Ter. [11] 21:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro Fernando Matos Silva como assistente de de Fernando Lopes TEJO – ROTA DO PROGRESSO Portugal, 1967 – 11 min realização, centrando-se “no mais lisboeta dos duração total da sessão: 41 min O FADO OPERÁRIO / A AVENTURA CALCULADA cinemas de Lisboa”, o Condes, inaugurado em 1916 e reconstruído em tempo mínimo em se- CANTIGAMENTE – Nº 1 A sessão reúne três trabalhos de curta- Portugal, 1970 – 14 min de Fernando Lopes -metragem de Fernando Lopes anteriores a BE- tembro de 1967 na sequência de um incêndio ERA UMA VEZ… AMANHÃ LARMINO, dois títulos seminais na sua obra (AS nessa mesma data. ERA UMA VEZ… AMANHÃ Portugal, 1976 – 78 min Portugal, 1971 – 10 min PEDRAS E O TEMPO e AS PALAVRAS E OS FIOS (produção Telecine-Moro) é realizado com Produção do Centro Português de Cinema para com Luís Lança, Conceição Pombo, Isabel Fernandes respetivamente produzidos pelo Secretariado colaboração literária de Maria Alberta Mene- a RTP, é o primeiro episódio da série televisiva Nacional de Informação, Cultura Popular e Turis- O ENCOBERTO res. Terceira das curtas-metragens filmadas “Cantigamente”, que também contou com títu- mo e por Álvaro Belo Marques para a CEL-CAT) Portugal, 1975 – 11 min entre a ABELHA e NÓS POR CÁ TODOS BEM los realizados por António-Pedro Vasconcelos, e um terceiro representativo da série de filmes de Fernando Lopes (para além de ERA UMA VEZ… AMANHÃ e José Álvaro Morais, Rogério Ceitil, Ernesto de institucionais e promocionais que realizou em duração total da sessão: 80 min NACIONALIDADE PORTUGUÊS, correalizado Sousa e António Escudeiro, assente na ideia da paralelo à sua obra cinematográfica (O VOO DA O programa reúne sete dos títulos de curta- em 1973 com Nuno Bragança, a mais grave revisitação da história social e política portu- AMIZADE, uma produção Filipe de Solms para a metragem realizados por Fernando Lopes das “faltas” desta retrospetiva, por inexis- guesa do século XX a partir do eixo orientador TAP, com fotografia de Aquilino Mendes como entre meados dos anos sessenta, pós-BELAR- tência de materiais localizáveis a esta data), de músicas e canções representativas da época 3 retratada. Contando com testemunhos de CRÓNICA DOS BONS como num western, comprime o tempo para DEUS QUISER… é aceitar um convite à viagem, Jacinto Baptista, Oliveira Marques, César de MALANDROS dilatar o espaço” (João Bénard da Costa). à oficina das imagens e dos sons, tal como eu as Oliveira, João Perry e Alexandre O’Neill, e as- pratico, e que desejo compartilhar convosco” de Fernando Lopes Sáb. [15] 19:00 | Sala Dr. Félix Ribeiro sente numa estrutura convencional que combi- (Fernando Lopes). com Duarte Nuno, João Perry, Lia Gama, na testemunhos, material de arquivo (incluindo Maria do Céu Guerra, Nicolau Breyner, Paulo de Carvalho O FIO DO HORIZONTE Qua. [19] 19:30 | Sala Luís de Pina excertos de LISBOA CRÓNICA ANEDÓTICA Portugal, 1984 – 82 min Ter. [25] 19:30 | Sala Luís de Pina de Fernando Lopes de Leitão de Barros e JOÃO RATÃO de Jorge Quarta longa-metragem de Fernando Lopes com Claude Brasseur, Andrea Ferreol, Ana Padrão Brum do Canto) e comentário off, O FADO com ponto de partida no livro homónimo de Portugal, França, 1993 – 91 min / versão francesa legendada LISSABON WUPPERTAL LISBOA OPERÁRIO documenta o período que vai do Mário Zambujal. Filme elíptico e festivo em em português Portugal, 1998 – 35 min / legendado em português fim da monarquia ao momento da ascensão do que o protagonismo é concedido à cidade de Nesta adaptação do romance de Antonio Ta- regime fascista em 1926. Lisboa, CRÓNICA DOS BONS MALANDROS bucchi, Fernando Lopes revela-nos uma Lisboa GÉRARD, FOTÓGRAFO Qua. [12] 19:30 | Sala Luís de Pina junta uma estrutura narrativa fragmentária a escura e melancólica, à margem dos clichés e Portugal, 1998 – 43 min Seg. [17] 22:00 | Sala Luís de Pina uma série de referências que incluem a tradição inspirada em Cesário Verde. Entre o thriller e de Fernando Lopes duração total da sessão: 78 min policial, a comédia, a música ligeira e a banda o fantástico, sem nunca resvalar para nenhum NÓS POR CÁ TODOS BEM desenhada. “Tentei fazê-lo como uma espécie deles, O FIO DO HORIZONTE mostra-nos um A sessão reúne dois títulos documentais de banda desenhada, mas não o consegui levar homem confrontado com a imagem da sua de 1998 centrados em criadores artísticos. de Fernando Lopes O primeiro acompanha a residência em com Zita Duarte, Wanda França, Adelaide João, consequentemente até ao fim. [...] Curiosamen- própria morte. “Encontramos uma Lisboa revis- Fernando Barradas, Lia Gama, Paula Guedes te acabou por ser o meu filme mais popular: ta em chave ambiguamente realista. ‘Realista’, Lisboa de Pina Bausch e da sua companhia, a Portugal, 1978 – 80 min teve cem mil espectadores” (Fernando Lopes). porque todos estes lugares são reconhecíveis, Tanztheater Wuppertal, que conduziu à criação Longe do “cinema militante” e mais perto Sex. [14] 19:00 | Sala Dr. Félix Ribeiro dotados de uma espécie de plausibilidade que de “Masurca Fogo”, coreografia inspirada na do que se pode designar por “cinema nem se esgota numa mera sinalização tipológi- cidade. Ao incidir sobre o trabalho concreto ca nem, no fundo, a contradiz (…). Mas ambígua deste conjunto de bailarinos, o filme testemunha etnográfico”, a terceira longa-metragem de MATAR SAUDADES Fernando Lopes elege o lugar da Várzea dos porque esta Lisboa, raramente ou nunca filmada uma experiência única, compartilhando o peso e de Fernando Lopes Amarelos, na Beira Litoral, e os seus habitantes: ‘em plano geral’, surge singularmente cerrada, a graça do universo de Bausch. Para o segundo, com Rogério Samora, Teresa Madruga, Fernando Lopes filmou Gérard Castello-Lopes um documento sobre a vida na Várzea, uma Pedro Éfe, Eunice Muñoz misteriosa, ‘cabalística’ (…) Uma Lisboa, enfim, filmada como inesgotável fonte de narrativas” em 1997, compondo o seu retrato do fotógrafo, entrevista com a mãe do realizador, um registo Portugal, 1988 – 83 min amigo e colaborador em NACIONALIDADE da realização do filme. E também uma forma Um emigrante, ex-combatente na guerra colo- (Luís Miguel Oliveira). Foi o filme da segunda PORTUGUÊS (correalizado por Lopes, Gérard e de notar os “ecos da revolução” na sociedade nial, volta à sua terra em Trás-os-Montes para colaboração entre Lopes e António da Cunha portuguesa, fora da cidade, depois do 25 de Telles, produtor de BELARMINO, aqui respon- Nuno Bragança em 1973) a partir de uma longa ajustar contas com as traições que lhe foram abril de 1974. NÓS POR CÁ TODOS BEM entrevista filmada no laboratório do fotógrafo. feitas e recuperar o amor da mulher que o sável pela produção executiva. é uma produção do Centro Português de A descoberta da fotografia, o percurso e as esqueceu. Chama-se Abel, como o irmão traído Ter. [18] 21:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro Cinema, inserindo-se no projeto coletivo do várias fases do trabalho fotográfico de Gérard – por Caim, e regressa a casa como Ulisses a Museu da Imagem e do Som, que também deu as fotografias dos anos cinquenta e as dos anos Ítaca, sendo a sua história filmada a partir de um SE DEUS QUISER… lugar a TRÁS-OS-MONTES de António Reis e oitenta em diante – são seguidas na primeira argumento escrito por Carlos Saboga, António- de Fernando Lopes Margarida Cordeiro, MÁSCARAS de Noémia pessoa. As famosas fotografias das escadinhas Pedro Vasconcelos e Fernando Lopes. “Para Portugal, 1996 – 64 min Delgado e FALAMOS DE RIO D’ONOR de de São Cristóvão (Lisboa, 1957) e da grande uma visão tão radicalmente panteista, Fernando Primeira experiência em vídeo de Fernando António Campos. pedra que flutua no mar (Figueira do Guincho, Lopes não procurou apoios em textos. Mas no Lopes, SE DEUS QUISER… foi o filme do seu Qua. [12] 21:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro 1988) são duas âncoras do filme. imaginário cinematográfico português que já regresso à Várzea dos Amarelos, onde nasceu e Qua. [19] 22:00 | Sala Luís de Pina fora a essas terras para ver (Oliveira, certamente, realizou NÓS POR CÁ TODOS BEM. “SE DEUS mas mais ainda António Reis) e no imaginário QUISER… passou a ser um work in progress, mítico cinematográfico, onde as paixões dos com revisitações regulares à Várzea, uma homens mais radicais foram. Temos que remon- espécie de diário e de reflexão sobre imagens tar aos grandes westerns (Vidor, Walsh, Ford) e sons, que espero venham a ter efeito sobre para buscar a outra linhagem deste filme que, futuras ficções minhas. Digamos que ver este SE 4 O DELFIM 98 OCTANAS de um muito célebre plano de lua segundo ELEGIA POR ALGUNS de Fernando Lopes de Fernando Lopes Méliès. Primeira exibição na Cinemateca. FOTOGRAMAS PORTUGUESES com Rogério Samora, Alexandra Lencastre, Rui Morrison, com Rogério Samora, Carla Chambel, Márcia Breia, Qua. [26] 19:00 | Sala Dr. Félix Ribeiro com Isabel Ruth Miguel Guilherme, Joaquim Leitão Fernando Heitor, Joaquim Leitão, Fernando Lopes Portugal, 2007 – 8 min Portugal, 2001 – 83 min Portugal, 2006 – 95 min BERNARDO MARQUES – O AR DE Fernando Lopes filmou o argumento de Vasco O filme da segunda colaboração de Fernando O MEU AMIGO MIKE AO UM TEMPO TRABALHO Pulido Valente a partir do romance de José Lopes com João Lopes no argumento adapta Portugal, 1999 – 45 min Cardoso Pires, dando a Rogério Samora e a Ale- um texto de Diogo Seixas Lopes na obra homó- Portugal, 2008 – 48 min CINEMA xandra Lencastre dois dos seus melhores papéis nima que retrata o universo das autoestradas e de Fernando Lopes com Isabel Ruth em cinema: Portugal, finais dos anos sessenta, estações de serviço. “A viagem de 98 OCTANAS duração total da sessão: 56 min Portugal, 2001 – 23 min Tomás Palma Bravo, o Delfim, senhor da Lagoa, faz-se de uma dupla geografia. Percorrendo A sessão reúne dois filmes de Fernando Lopes da Gafeira e marido de Maria das Mercês, “é o país através de sucessivas áreas de serviço, TOMAI LÁ DO O’NEILL produzidos pela Midas Filmes. Em ELEGIA o herdeiro de um mundo em decomposição”. Dinis e Maria são náufragos de um tempo cuja com Rogério Jacques POR ALGUNS FOTOGRAMAS PORTUGUESES, Portugal, 2004 – 53 min À volta da sua personagem, o retrato da agonia violência conhecem demasiado bem, mesmo partindo das imagens pioneiras do cinema de Fernando Lopes lenta do país salazarista em plena Guerra Colo- se não sabem que palavras dizer ou que gestos português de Aurélio da Paz dos Reis, de duração total da sessão: 121 min nial, com ligações identificáveis a UMA ABELHA executar para resistir a todas as suas manifes- fotogramas de filmes de Manoel de Oliveira, A sessão reúne dois títulos documentais, o NA CHUVA. O DELFIM foi o filme do início da tações quotidianas. Utopicamente (mas eles já João César Monteiro ou, entre vários outros, primeiro dos quais realizado no quadro da série colaboração de Fernando Lopes com Paulo não sabem o que seja a utopia), seriam um par José Álvaro de Morais, Fernando Lopes filma da RTP “Artes & Letras”. A partir de uma ideia de Branco, que seria o produtor das suas longas- romântico entregue ao fascínio do seu próprio ainda o poema Cinema de Carlos de Oliveira Maria João Seixas, a colaboração e participação metragens de ficção seguintes. enigma. Na verdade, deslocam-se em direção a numa interpretação de Isabel Ruth (retomada de Maria Elisa Marques, por ocasião de uma Sex. [21] 19:00 | Sala Dr. Félix Ribeiro esse ponto de fuga que é a avó de Maria como de CINEMA), concebendo, em duas partes, retrospetiva do artista organizada pelo Museu quem pergunta: será que temos uma história? uma ELEGIA pessoal ao cinema português. do Chiado, BERNARDO MARQUES – O AR DE Será que ainda podemos ter uma história?” (Fer- O MEU AMIGO MIKE AO TRABALHO apresen- LÁ FORA UM TEMPO evoca a vida e obra do caricaturista, nando Lopes). Primeira exibição na Cinemateca. ta-se como “um filme de Fernando Lopes com de Fernando Lopes desenhador, aguarelista e ilustrador, destacada fi- Seg. [24] 19:00 | Sala Dr. Félix Ribeiro o pintor Michael Biberbstein” e foi filmado no com Rogério Samora, Alexandra Lencastre, Ana Zanatti, gura da segunda geração de pintores modernistas atelier do pintor, que então vivia em Portugal Maria João Abreu, Joaquim Leitão portugueses. Realizado a seguir a O DELFIM, com há 30 anos. Fernando Lopes escreveu na altura: Portugal, França, 2004 – 105 min OS SORRISOS DO DESTINO depoimentos de Antonio Tabucchi, Hellmut Wohl, “Decidimos partir para esta aventura numa Depois de O DELFIM, Fernando Lopes con- de Fernando Lopes Gérard Castello-Lopes, João Botelho, Afonso conversa em casa de amigos comuns. ‘Mike, servou o par protagonista (Rogério Samora e com Ana Padrão, Rui Morrison, Milton Lopes, Teresa O’Neill, Mário Cesariny de Vasconcelos, TOMAI porque é que não fazes um quadro para eu Alexandra Lencastre) e mergulhou-o em am- Tavares, Cristóvão Campos, Pedro Lopes, Rogério Samora, LÁ DO O’NEILL é outro dos retratos afetivos de Alexandra Lencastre, Julião Sarmento filmar?’. ‘Porque não?’, respondeu-me o Mike. bientes e registos completamente diferentes. Lopes a um dos seus cúmplices de longo curso, LÁ FORA é um filme quase antonioniano sobre Portugal, 2009 – 98 min um tributo pessoal a “um dos maiores poetas do ‘Devo dizer-te, no entanto, que se não gostar Partindo de um argumento coescrito com Paulo as solidões e as dificuldades de comunicação nosso século XX, com quem tive o privilégio de do quadro não há filme.’ ‘Vamos arriscar, essa é no mundo moderno – assumindo-se aqui que Filipe Monteiro, OS SORRISOS DO DESTINO conviver”, como na altura disse. Entre os filmes a verdadeira natureza do cinema, e já agora da esse “mundo moderno” é representado pelo é, escreveu Fernando Lopes, “um filme sobre documentais, apresenta-se CINEMA, realizado pintura, não achas?’”. O que arriscaram resultou condomínio fechado em que vivem os protago- relações virtuais e infidelidades electrónicas (…), para a Porto 2001 em homenagem a Aurélio da num belíssimo filme que evoca Michael Biberbs- nistas. LÁ FORA tem argumento de João Lopes uma história de intensos amores e profundos Paz dos Reis e rodado no Teatro Sá da Bandeira, tein (1948-2013), artista plástico suíço radicado (a partir de uma ideia de Fernando Lopes), que desamores que, como diria a Dolores Duan, é como um filme construído a partir do poema ho- em Portugal desde a década de setenta. assinaria também o do seguinte 98 OCTANAS. como se fosse uma canção de dor de corno”. mónimo de Carlos de Oliveira com a participação Qui. [27] 19:30 | Sala Luís de Pina A fotografia é de Edmundo Díaz, a partir deste Variação sobre o tema do casal a partir de uma de Isabel Ruth e imagens de OS VERDES ANOS filme diretor de fotogafia de Lopes. Entre a intriga assente num triângulo amoroso com re- de Paulo Rocha. “Um filme que dá conta da música, algumas peças de Bernardo Sassetti. miniscências de motivos anteriores do realizador, liturgia do cinema, da sua morte e ressurreição.” Sáb. [22] 19:00 | Sala Dr. Félix Ribeiro trabalhando o registo da comédia de costumes Primeiras exibições na Cinemateca. e referências cinéfilas com lugar para a evocação Qua. [26] 22:00 | Sala Luís de Pina

5 A FELICIDADE KALI: O PEQUENO VAMPIRO EM CÂMARA LENTA SALA 6X2 de Jorge Silva Melo de Regina Pessoa de Fernando Lopes Sessões contínuas com Fernando Lopes, Pedro Gil, Miguel Borges com Fernando Lopes (voz) com Rui Morisson, João Reis, Maria João Pinho, Maria João 2ª a 6ª feira, das 13h30 às 22h00 Portugal, 2008 – 8 min Portugal, 2012 – 9 min Luís, Maria João Bastos, Carlos Santos, John Frey, Nuno Entrada livre Rodrigues, Miguel Monteiro THE LOVEBIRDS FERNANDO LOPES, Portugal, 2011 – 71 min de Bruno de Almeida APRESENTAÇÃO DO CICLO PROVAVELMENTE EM CÂMARA LENTA é a última longa-metragem com , , Ana Padrão, FERNANDO LOPES POR CÁ | 3 - 7 março de João Lopes de Fernando Lopes, a partir de um argumento Joaquim de Almeida, Drena De Niro, Fernando Lopes Portugal, 1996 – 27 min Portugal, 2008 – 94 min de Rui Cardoso Martins que adapta livremente Portugal, Estados Unidos, 2008 – 81 min / legendado em Registo da conferência de imprensa e sessão de português o romance homónimo de Pedro Reis, “um duração total da sessão: 103 min apresentação da retrospetiva organizada pela asteroide romanesco raro e surpreendente na duração total da sessão: 89 min Fernando Lopes é a voz da versão portuguesa Cinemateca em maio e junho de 1996 com o literatura portuguesa” nas palavras de Fernando Fernando Lopes filmado por Jorge Silva Melo do mais recente filme de animação de Regina título “Fernando Lopes por Cá”, que teve lugar

Lopes. O filme é assim apresentado: “Salvador ©NR-cinematecaportuguesa-museudocinema, e Bruno de Almeida. Sobre A FELICIDADE Pessoa, “a história de um rapaz que sonha com na pastelaria Vává a 15 de abril de 1996. Com in- conhecia Constança e Santiago. Não conhecia (primeira exibição na Cinemateca), Jorge Silva um lugar ao sol mas é na sombra que encontra tervenções de João Bénard da Costa, Fernando mas admirava Laurence. De entre eles, Lauren- Melo: “Um pai e um filho. O pai terá setenta a luz que procura. É o último capítulo de uma Lopes e António da Cunha Telles. ce conhecia Santiago. Constança não conhecia anos, o filho pouco mais de vinte. O filho leva trilogia e o resultado de uma reflexão sobre Laurence. Só Santiago conhecia Laurence, o pai ao hospital. Na rádio, ouve-se música os temas e as estéticas que me têm inspirado: HABITAT - UN DÉFI | 10 - 12 março Constança e Salvador. Uma teia de relações clássica: o Exultate, Jubilate de Mozart, cantado a infância e os seus os medos, a diferença, Fernando Lopes, Portugal, 1976 – 24 min em que cada personagem talvez não coincida por Teresa Stich-Randall. Nem o pai sabia que a solidão, a luz e a sombra. No fundo, é a re- com a própria identidade que a ficção parece Produção do Centro Português de Cinema, o filho gostava de música clássica, nem o filho conciliação com a infância, o aceitar ser adulto, garantir. Num certo sentido, cada um vive em uma curta-metragem documental centrada sabia que aquela seria a última conversa que deixar de fugir dos medos e conseguir vê-los estado de branda amnésia: o inevitável ‘quem na situação das carências habitacionais teria com o pai. Mas Mozart pede que as almas de outro ângulo”. (Regina Pessoa) Primeira sou eu?’ amplia-se, transfigura-se e ecoa num portuguesas da época. Comissão Nacional se alegrem, que os homens rejubilem.” THE exibição na Cinemateca. “Sou um realizador para o Desenvolvimento e o Fundo de Desen- plural e perturbante ‘não sei quem tu és’.” 2014 LOVEBIRDS, terceira longa-metragem de ficção improvável porque, como diria o O’Neill, estou volvimento para a Habitação. de Bruno de Almeida passa-se em Lisboa, onde onde não devia estar. Nada na minha vida Seg. [31] 21:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro foi filmado, no decorrer de uma noite que segue indicava que eu podia vir a ser um realizador de SONS E CORES DE PORTUGAL | 13 - 14 março seis histórias simultâneas, todas elas de amor e cinema. (…) No fundo, o que estava previsto era Fernando Lopes, Portugal, 1977 – 11 min sobrevivência. As personagens principais são que eu fosse um camponês da Várzea, alguém Produção do Centro Português de Cinema, um americano que está de passagem, uma que trabalhasse a terra… e depois acabei a uma curta-metragem documental que regista a rapariga de Alfama, dois malandros dedicados trabalhar imagens e sons” (Fernando Lopes realidade portuguesa pós-1974 através da ilus- a pequenos roubos, um realizador de cinema em FERNANDO LOPES, PROVAVELMENTE). tração da música original de António Victorino empenhado num filme sobre boxe, um arque- Na sua primeira longa-metragem, João Lopes d’Almeida. ólogo estrangeiro obcecado nas escavações retrata Fernando Lopes num filme que define em que está metido, um taxista emigrante e um como uma viagem em que “desaparecem as ELA POR ELA | 17 - 31 março piloto de aviões. Fernando Lopes interpreta o fronteiras entre o cinema e a vida” sem que seja papel do realizador de cinema num segmento “um movimento nostálgico, mas uma exigência Fernando Lopes, Portugal, 2005 | 13 programas de 25 min Série televisiva com Agustina-Bessa Luís e Maria que evoca “raccords sobre raccords (Fernando de verdade”. Da infância passada na Várzea à João Seixas em conversas sobre provérbios e Lopes e BELARMINO, Belarmino e Lisboa, aventura lisboeta do Cinema Novo português, aforismos. Lisboa e o cinema, para nomear os mais trans- FERNANDO LOPES, PROVAVELMENTE foca o parentes)” (Maria João Madeira). universo e percurso do realizador. Programa sujeito a alterações. Horário da bilheteira: Sex. [28] 19:00 | Sala Dr. Félix Ribeiro Seg. [31] 19:30 | Sala Luís de Pina seg./sáb., 14:30 - 15:30 e 18:00 - 22:00 Não há lugares marcados Bilhetes à venda no próprio dia Classifi cação Geral dos Espectáculos: maiores de 12 anos Rua Barata Salgueiro 39 em Lisboa | www.cinemateca.pt

6