O Povo Toma a Palavra > >P
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Tunis TUNÍSIA EGIPTO TUNÍSIA CÔTE D’IVOIRE SUDÃO IÉMEN Cairo EGIPTO IÉMEN Sanaa Khartoum Sudão CôTE D’IVOIRE Abidjan O povo toma a palavra > >P. 23, 24 e 25 Director Victor Silva - Director Adjunto Gustavo Costa - Edição nº 159 - 4 Fevereiro de 2011 - Luanda 200 Kwanzas - Províncias 250 Kwanzas EMBAIXADA DE ANGOLA NOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA Sem vistos e sem dinheiro 1º CADERNO ECONOMIA MUTAMBA União Africana GALP Paulo Flores Uma cimeira Mil milhões não Vida e obra de corredores assustam Sonangol de um grande talento JORNALISMO DE REFERÊNCIA. > >P. 08 >> P. 11 >> P. 07 02 4 Fevereiro 2011 ...há50anos Raízes e Folhas Foi há 50 anos! já com o apoio da ATD. Foram ainda volução Angolana, órgão da UPA Foi há 50 anos esse mais do que tornadas públicas centenas de fotos surgido em Setembro de 1960 em historicamente incontornável ano que retratam o percurso da luta de Léopoldville, sobre os momentos de 1961. Para além da geração acti- libertação. Está em curso, desde o então vividos em Angola? Ou o Bo- va desse tempo, existem hoje mais ano passado, um projecto promo- letim de Informação, editado em duas gerações adultas de compa- vido pela ATD, designado “Angola Conakry pelo MPLA, em Novembro triotas. Será que estas gerações – Nos trilhos da Independência” desse mesmo ano? Qual o conteúdo conhecem as suas raízes? E onde que tem vindo a registar (em som do Comunicado do MPLA sobre os se encontram essas raízes? De onde e vídeo) os testemunhos de mui- acontecimentos de Luanda, edita- viemos para estarmos hoje e aqui e tos dos participantes na Luta pela do em 5 de Fevereiro de 1961, em todos juntos? Independência, assim como locais Conakry? Que dados nos levarão a O NOVO JORNAL e a ASSOCIAÇÃO significativos, onde essa Luta se perceber a razão por que uma gran- TCHIWEKA DE DOCUMENTAÇÃO desenvolveu. Mais sobre este pro- de parte desses documentos foi (ATD), em colaboração, iniciam jecto, os seus objectivos, métodos publicada em inglês ou francês no nesta edição um novo espaço que, de trabalho e metas a atingir, assim exterior do território nacional? assim se espera, irá ao longo deste como os apoiantes institucionais Sobre o 4 de Fevereiro que hoje se ano de 2011, por ocasião de algu- nele envolvidos pode ser visitado assinala, seleccionamos e apresen- mas das datas mais significativas, no site www.projectotrilhos.com. tamos aos nossos leitores alguns dar a conhecer as fontes documen- Tudo isto são as folhas documentais relatos sobre as principais acções tais que são testemunho dos prin- emanadas das nossas raízes histó- levadas a cabo naquela data. Apre- cipais acontecimentos de impacto ricas. sentamos ainda e neste espaço, nacional que tiveram lugar …há 50 De forma activa também, surgem alguns acontecimentos ocorridos anos. agora estas páginas no NJ por oca- em Janeiro e Fevereiro de 1961 que O 4 de Fevereiro que esta semana sião do 50º aniversário do 4 de Fe- nos ajudam a compreender melhor se assinala é sem dúvida uma data vereiro de 1961. o contexto daquela época. maior da vida do País. Testemunhos Não se trata de “fazer” História. Se a leitura destas páginas vier a Neves Bendinha vários existem sobre os factos vi- Mas de dar a conhecer onde se en- despertar a curiosidade e o inte- vidos naquela data. E, felizmente, contram as raízes da nossa História resse pelas fontes históricas que convivem connosco hoje ainda através das folhas arquivadas que constituem as nossas raízes, esta- CONTEXTO CRONOLÓGICO muitos dos homens que os fizeram nunca serão folhas mortas, antes mos certos de que a árvore da nossa acontecer. Memória de vivências, renovadamente ressuscitadas, sem- identidade se cobrirá de muitas, retalhos dispersos que contribuem, pre e cada vez que alguém as leia. novas e viçosas folhas. É este o ob- JANEIRO DE 1961: cada um com o seu valor subjectivo, Quem sabe o que dizia A Voz da Re- jectivo destas páginas. 3 A 7 DE JANEIRO – Conferência dos Chefes de Estado Africanos em para a percepção do ambiente e do Casablanca Arquivo Lúcio Lara contexto da época e para o tecer do 4 DE JANEIRO – Revolta da Baixa de Cassanje que realmente se passou. Comentá- 9 DE JANEIRO – Fuga de José Mendes de Carvalho “Henda” para o rios nas rádios e nos jornais de en- Congo tão, telefonemas trocados, cartas 16 DE JANEIRO – Agostinho Neto envia carta desde Ponta do Sol escritas a amigos e camaradas, tudo (Cabo-Verde) ao Ministro do Ultramar pedindo transferência para isto, se registado – e esses registos Angola e reafirmando a sua posição nacionalista existem – são folhas daqueles tem- 17 DE JANEIRO – Assassinato de Lumumba pos de que os estudiosos, investi- 20 DE JANEIRO – John F. Kennedy é investido como 35º Presidente dos gadores, formandos e curiosos se E.U.A. podem e devem servir. 21 DE JANEIRO – Eduardo Mondlane chega a Lourenço Marques A ATD e o seu CENTRO DE DOCU- 21 A 22 DE JANEIRO – Sessão Extraordinária do Comité de Solidarieda- MENTAÇÃO possuem um acervo do- de dos Povos Afro-Asiáticos no Cairo cumental composto por inúmeras 22 DE JANEIRO – Desvio do paquete Santa-Maria por Henrique Galvão folhas, compiladas em milhares de 26 DE JANEIRO – Artigo de Per Wästberg no jornal sueco “Dagens livros, e uma grande profusão de Nyheter” com o título “Angola e Moçambique”, dá a conhecer a situa- documentos diversos com origem ção em Angola, bem como a prisão de A. Neto. em organizações, entidades públi- 28 DE JANEIRO – José Gilmore (Holden Roberto) da UPA, é recebido cas e pessoas particulares, dedica- em Túnis pelo Neo-Destour. dos à génese e desenvolvimento da JANEIRO – Regresso de Holden Roberto a Leopoldville e tentativa de luta de libertação que nos levou à mudança da direcção da UPA; Independência, em 1975. Este te- souro documental constitui uma FEVEREIRO DE 1961: pequena parte dos registos exis- 4 DE FEVEREIRO – Primeira acção armada de Libertação Nacional em tentes. E é esta parte que temos Luanda projectado, para o trabalho deste 9 DE FEVEREIRO – Savimbi escreve a Holden Roberto propondo união ano, pôr à disposição de todo o MPLA-UPA e envia cópia ao MPLA; interessado em investigação his- 10 DE FEVEREIRO – Savimbi informa a direcção do MPLA em Conakry tórica. Esta é uma atitude passiva. que enviou uma carta a Holden Roberto e solicita o envio de um docu- De forma activa foi, ao longo dos mento que o “identificasse como falando em nome do MPLA” na Suíça. últimos anos, levada a público, sob Foi registado como membro do MPLA número nº20016. a forma de livros, uma vasta selec- 28 DE FEVEREIRO – São enviados a partir de Leopoldville Manuel Ber- ção de documentos e testemunhos, nardo Pedro, Pedro Santos Rodrigues e Pedro Vida Garcia da UPA para compilados e editados em três to- organizar um levantamento no interior mos sob o título “Um amplo movi- PRINCÍPIO DE 1961 – Criação da FUA – Frente Unida de Angola. mento…”, dois dos quais contaram Cônego Manuel Joaquim Mendes das das Neves 4 Fevereiro 2011 03 DIA SEGUINTE - “Tarde de 5 de Fevereiro, os caixões dos polícias mortos e um grande cortejo de altas patentes do Exército Colonial. (…) fundo do cemitério irromperam homens negros enfurecidos fazendo tiros de armas automáticas e a gritarem: VIVA ANGOLA!...” (in PACAVIRA, Manuel Pedro, 2003, O 4 de Fevereiro pelos próprios, Luanda, Editorial Nzila:108-114; 124) Folhas já escritas As fontes da História são diversas e muitas vezes até contraditórias. Para que os investigadores as pos- sam consultar e comparar é funda- mental que elas sejam divulgadas. Existem já alguns livros publicados Não se trata de com memórias e documentos dos fazer História. Mas quais reproduzimos alguns extrac- tos directamente relacionados com de dar a conhecer o 4 de Fevereiro. onde se encontram CRONOLOGIA SEGUNDO as raízes da nossa MANUEL PEDRO PACAVIRA: 1- “Em Dezembro de 1960, com a História através das presença de um curandeiro mais jovem, Augusto Bengue, ligado ao folhas arquivadas movimento da Igreja Tocoista (…) que nunca serão decidiu mudar-se (... para) a Pe- dreira. (…). Foi na Pedreira que se folhas mortas, antes começou a conferir com todo rigor os aderentes mobilizados, tendo-se renovadamente estimado em cerca de 3.123 efecti- vos, devidamente preparados para o ressuscitadas, ataque. sempre e cada vez 2- (…) “No dia 2 de Fevereiro de 1961, a Direcção do Movimento que alguém as leia. Clandestino recebeu ordem supe- rior para atacar as cadeias e outros locais da cidade de Luanda no dia 4 de Fevereiro de 1961. O Cónego Ma- nuel das Neves (…) foi que, através PROTAGONISTAS SEGUNDO tos outros” da República: Dr. Eduardo dos San- Ministro da Informação e Propagan- do camarada Salvador Sebastião, HOLDEN ROBERTO: (In N’GANGA, João Paulo, 2008, O tos; Chefe do governo: Mário Pinto da: Aníbal de Melo; Ministro do In- transmitiu à direcção central do Mo- “…Em 4 de Fevereiro de 1961, dá- Pai do Nacionalismo Angolano. As de Andrade; Ministro dos Negócios terior: Dr. Mário Afonso de Almeida; vimento Clandestino a ordem para se o assalto às prisões: à cadeia de Memórias de Holden Roberto 1923- Estrangeiros: Viriato Francisco Cle- Ministro da Defesa: Lúcio Lara; Pre- atacar (…). S. Paulo em Luanda, ataque à Casa 1974. (1º Volume). Brasil, Parma: mente da Cruz; Ministro da Saúde sidente do Parlamento: Reverendo 3- “Eram cerca de 20h00. A direc- de Reclusão e à esquadra da polícia 105) e Assistência: Dr. Américo Boavida; Dr. Nascimento; Vice-Presidente: ção do Movimento Clandestino móvel (os aracuaras) arquitecta- Ministro das Finanças: Dr. Amaral; Dr. Vicente José; Procurador-Geral (…) encontrava-se reunida sob o da pelo Cónego Manuel das Neves, REFERÊNCIAS EM DOCUMENTOS Ministro da Economia: Dr.