Terra De Trabalho: O Sentido Da Resistncia Nos Assentamentos A
Total Page:16
File Type:pdf, Size:1020Kb
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA CAMPUS DE PRESIDENTE PRUDENTE/SP Programa de Pesquisa e Pós-Graduação em Geografia NÚCLEO DE ESTUDOS, P ESQUISAS E PROJETOS DE REFORMA AGRÁRIA TÂNIA PAULA DA SILVA AS FORMAS ORGANIZACIONAIS DE PRODUÇÃO DOS CAMPONESES ASSENTADOS NO MUNICÍPIO DE BATAYPORÃ/MS Presidente Prudente 2004 TÂNIA PAULA DA SILVA Bolsista CNPq AS FORMAS ORGANIZACIONAIS DE PRODUÇÃO DOS CAMPONESES ASSENTADOS NO MUNICÍPIO DE BATAYPORÃ/MS Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Geografia da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista - UNESP, como requisito para obtenção do título de Mestre em Geografia. ORIENTADOR PROF. DR. BERNARDO MANÇANO FERNANDES PRESIDENTE PRUDENTE 2004 TÂNIA PAULA DA SILVA AS FORMAS ORGANIZACIONAIS DE PRODUÇÃO DOS CAMPONESES ASSENTADOS NO MUNICÍPIO DE BATAYPORÃ/MS Defesa de Dissertação apresentada como requisito para a obtenção do título de Mestre em Geografia, junto ao Programa de Pós-Graduação em Geografia da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista – UNESP, Campus de Presidente Prudente (Área de Concentração: Geografia Agrária). BANCA EXAMINADORA _________________________________________ Prof. Dr. Bernardo Mançano Fernandes (Orientador) ______________________________________________ Profª. Drª. Rosemeire Aparecida de Almeida (UFMS) _____________________________________ Profª. Drª. Mirian Cláudia L. Simonetti (UNESP) Presidente Prudente/SP, 08 de Outubro de 2004. Resultado: APROVADA DEDICATÓRIA Para Odete, minha mãe. Mulher forte que me ensinou não só a sonhar, mas também a lutar por meus sonhos. A todas as pessoas que lutaram, ao longo do tempo, pela construção ou defesa de uma sociedade justa, onde a exploração de classe deixe de existir e as diferenças não se transformem em desigualdade. Em especial aos assentados de Batayporã/MS, que por ainda acreditarem nesse ideal continuam firmes nessa luta. A Maria Vitória, “pequena” amada, que vem me ensinando a cada dia a olhar e sentir o mundo a partir de um sorriso. AGRADECIMENTOS Apesar de redigida de forma individual, as contribuições recebidas para a realização desta pesquisa foram inúmeras. Desse modo, torna-se necessário trazer a tona os mais sinceros agradecimentos a todas as pessoas e instituições que, de uma forma ou de outra, contribuíram para que a nossa reflexão pudesse tomar corpo. Agradeço a toda minha família que de maneira direta ou indireta, com gestos ou palavras, estimularam-me a continuar na busca do conhecimento. Em especial aos meus irmãos Ângela e Rogério, que sempre estiveram presentes no meu dia-a-dia, me dando forças nas horas mais difíceis desta caminhada. A Vera, que mesmo “distante” estará sempre em meu coração e a Tamires, sobrinha querida, pelo carinho e amizade; Ao orientador Bernardo Mançano Fernandes, pela liberdade proporcionada na escolha dos caminhos da pesquisa, bem como na confiança depositada nos resultados deste trabalho; À Rosemeire Ap. de Almeida, amiga e orientadora dos primeiros passos desta trajetória, não só por me ensinar os caminhos da pesquisa e da construção do conhecimento, como também, pela convivência e incentivo, enfim, por me ajudar a superar meus desafios e por me fazer acreditar que chegar lá era possível. A você Rose deixo meu carinho, minha admiração e minha eterna gratidão; À minha amiga de todas as horas, Altamira, por nossas experiências vividas e, acredito, ainda por viver. Que os (des)caminhos que sempre trazem um pouco de ausência e presença não sejam capazes de anular a cumplicidade dos sonhos que um dia partilhamos... Somos companheiras de luta, de sonhos; À amiga Cleide, pelos bons e alegres momentos que compartilhamos; A Joelma, Júlia, Karina (ká) e José Alves (Zé), pelo carinho e amizade descobertos e fortalecidos durante o período de Mestrado e pelo partilhar de angústias e otimismo nos momentos difíceis; À professora Maria Celma Borges, pela paciência com que leu e releu este trabalho no intuito de dar uma melhor forma ao conteúdo; Aos funcionários do IDATERRA, do INCRA, do IBGE, do Sindicato Rural e ao coordenador do MST no município de Batayporã/MS, cuja disposição em fornecer dados e informações contribuiu para a realização deste trabalho; Aos membros do Núcleo de Estudos, Pesquisas e Projetos de Reforma Agrária (NERA) pela participação nas discussões sobre os sem-terra. Um abraço especial para: Diana, Gleison, Anderson, Solange e Priscilla; Aos membros da banca de qualificação, Prof. Dr. João E. Fabrini e Prof. Dr. Antonio Thomaz Jr., cujas observações, críticas e sugestões muito enriqueceram o trabalho; A Profª. Drª. Mirian Cláudia L. Simonetti pelos apontamentos e observações feitos durante a Defesa da Dissertação. Aos funcionários da Seção de Pós-Graduação em Geografia da UNESP de Presidente Prudente, em especial a Erynad, Ivonete e Márcia, pela presteza constante; A Deus, por conceder-me esse pequeno, mas grandioso dom que é a vida; E, sobretudo ao CNPq, pela concessão da bolsa de estudos. EPÍGRAFE É verdade que depois de derrubadas as cercas do latifúndio, outras se levantarão: as cercas do judiciário, as cercas da polícia (ou das milícias privadas), as cercas dos meios de comunicação de massa [...]. Mas é verdade também que cada vez mais caem as cercas e a sociedade é obrigada a olhar e discutir o tamanho das desigualdades, o tamanho da opulência e da miséria, o tamanho da fartura e da fome. Pedro Tierra, 1995. RESUMO Nesta pesquisa, analisamos as formas organizacionais de produção dos camponeses assentados no município de Batayporã/MS. Partimos do pressuposto de que embora exista o ideal de cooperação e de cooperativas de produção para os assentamentos rurais exposto nas publicações do e sobre o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a predominância na forma de trabalho tem sido aquela que possibilita maior autonomia para o assentado e sua família no tocante ao processo de produção, e com isso, sobre o seu próprio modo de vida. Dessa maneira, visamos apreender o que o MST tem construído/praticado em termos de cooperação, bem como os desafios enfrentados pelos assentados nestas frações camponesas do território capitalista, os assentamentos rurais. Para isto, procuramos, através de leituras de obras referentes à temática, principalmente, dos documentos produzidos pelo setor de produção do MST e de análises da realidade a partir de entrevistas realizadas com os assentados e observações em campo, verificar as condições econômicas, políticas, sociais e culturais que essas formas de organização da produção proporcionam as famílias assentadas. Os resultados desta pesquisa evidenciaram, entre outras coisas, que no Mato Grosso do Sul a luta pela resistência na terra tem feito os assentados lançarem mão de diversas formas de trabalho de acordo com as circunstâncias de mercado e de vida na terra, onde a alternância de formas organizacionais de produção tem sido a marca mais evidente, tornando os assentamentos um verdadeiro campo de lutas e de permanentes redimensionamentos da experiência de cooperação. PALAVRAS-CHAVE: Assentamentos Rurais; Formas Organizacionais de Produção; MST; Mato Grosso do Sul. ABSTRACT In this research we analysed the production (labour) organization forms used by peasants settled down in Batayporã/MS. We found out that although there is an ideal of cooperation and several production cooperatives for the rural settlers, as present in many publications written by and for the Landless People Movement (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - MST) the prevailing labour form has been the one that permits greater autonomy for the rural settler and his family, as far as production is concerned, and so, greater control over his own life. Thus, we tryed to capture what the MST Movement has built/practiced in terms of cooperation, as well as the challenges faced by rural settlers on these small areas belonging to capitalist territories, the rural settlements. For this purpose, we had access to reading concerning this subject, mainly the documentation produced by the production sector of the movement and we also interviewed rural settlers and did field observation, trying to check the economic, political, social and cultural conditions that these production organization forms offer the rural settled families. The results of this research showed basically that in Mato Grosso do Sul the struggle and resistance for the land has forced the rural settlers to make use of different labour forms according to circumstances and their own survival, where alternative production forms of organization have been evident, showing that the small settlements have become vast struggling fields and a permanent reavalution in cooperation experiences. KEY-WORDS: Rural Settlements; Production Organization Forms; MST; Mato Grosso do Sul. SUMÁRIO I - INTRODUÇÃO 16 1.1 Os Sujeitos da Pesquisa 24 1.2 Estrutura da Dissertação 28 II – A LUTA PELA TERRA NO MATO GROSSO DO SUL 30 2.1 Luta pela Terra no Estado: conflitos e resistência 31 2.2 A Formação do MST no Estado e a Territorialização da Luta 41 2.3 FETAGRI: gênese e atuação no Mato Grosso do Sul 54 2.4 A Atuação da CUT/MS e a Criação do DETR 58 2.5 A Formação dos Assentamentos São Luis, São João e Mercedina em Batayporã/MS: da terra de exploração à terra de reprodução do trabalho camponês 63 III – A COOPERAÇÃO AGRÍCOLA NOS ASSENTAMENTOS RURAIS 70 3.1 A Construção da Concepção de Cooperação do MST e as Diversas Formas Organizativas dos Sem-Terra nos Assentamentos Rurais 70 3.2 A Cooperação Agrícola nos Assentamentos Rurais: