Revista de audiências públicas do Senado Federal Ano 1 - Nº 5 - novembro de 2010

aviação civil O que o Brasil pode fazer para não perder o voo?

Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo do Senado propõe soluções para as deficiências de infraestutura em tempos de crescimento acelerado do setor Cresce a demanda por Um novo formato para uma uma nova aviação leitura mais agradável

A revista Em discussão! inaugura, nesta edição, Audiência pública da Comissão de uma nova maneira de apresentar as audiências Desenvolvimento Regional e Turismo públicas promovidas pelo Senado. (CDR) Se nos números anteriores os debates eram reproduzidos na íntegra, com informações acessórias para ajudar o leitor a compreender Nesta edição, Em discussão! apresenta os temas os temas abordados, a partir de agora as analisados pela Comissão de Desenvolvimento discussões são apresentadas em textos com Regional e Turismo (CDR) em audiência pública de formato e conteúdo jornalísticos. 19 de maio de 2010, ilustrados pelos mais recentes dados e propostas para mudar a legislação do Neste novo formato, cada item discutido na setor de aviação civil. O debate foi proposto pelo reunião transformou-se em tópico de pesquisa senador Roberto Cavalcanti (PRB-PB), por meio do para a equipe. Foram selecionados dados requerimento 04/10, e sua realização aprovada em auxiliares de fontes oficiais e fotografias para março. ajudar a compreensão dos assuntos e seus desdobramentos. A perspectiva de mudança do marco regulatório Uma pesquisa ainda mais ampla que nas do setor, que depende da aprovação de senadores edições anteriores, para ajudar o leitor a e deputados, é um dos focos da edição. A alcançar os detalhes, e, ao mesmo tempo, expectativa é de que novas regras possam a abrangência dos debates realizados pelas aumentar a segurança jurídica da indústria da comissões permanentes do Senado. aviação, estimulando o investimento na melhoria das infraestruturas aeroportuária e aeronáutica, Essa, aliás, foi, desde a sua criação, a intenção inclusive para a Copa do Mundo e para as da revista, cujo primeiro número circulou em Olimpíadas, e evitando um novo “apagão aéreo” abril deste ano. no país. Com essa reformulação editorial, esperamos Assim como a audiência pública da CDR, a revista oferecer ao leitor um texto agradável, e ao se dedica ainda ao debate dos problemas e projetos mesmo tempo completo, sobre o assunto para o desenvolvimento da aviação regional e à tratado. A ideia é que a revista, dessa forma, discussão em torno da segurança na aviação civil funcione como um guia para compreender brasileira. a legislação sobre o assunto e suas possíveis alterações.

Afinal, é antes de tudo nas discussões no Congresso, entre os representantes da Convidados sociedade, que as instituições brasileiras Solange Paiva Vieira, diretora-presidente são avaliadas e aperfeiçoadas, na constante da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) construção da democracia que acontece no Legislativo. Fabiana Todesco, secretária de Aviação Civil do Ministério da Defesa Esperamos que todos tenham uma boa leitura Ronaldo Jenkins de Lemos, diretor-técnico e e tirem proveito das informações contidas especialista em Segurança Aérea do Sindicato nesta e nas próximas edições. Nacional das Empresas de Aviação (Snea) Os editores Participantes Fernando Antônio Ribeiro Soares, diretor do Departamento de Política de Aviação Civil, da Secretaria de Aviação Civil do Ministério da Defesa SUMÁRIO

Mesa do Senado Federal

Presidente: José Sarney Legislação 1º Vice-Presidente: Marconi Perillo Investimento pode vir 2º Vice-Presidente: Serys Slhessarenko Contexto

1º Secretário: Heráclito Fortes Demanda crescente exige An a Vo lpe com mudanças na lei Prevista em lei, concessão de 2º Secretário: João Vicente Claudino salto em infraestrutura Câmara e Senado sugerem aeroportos não sai do papel 3º Secretário: Mão Santa mudar relação do Estado 4º Secretária: Patrícia Saboya Até recentemente, avião era coisa com a iniciativa privada no página Suplentes de Secretário: César Borges, para poucos. O crescimento da setor, para permitir inclusive 39 Adelmir Santana, Cícero Lucena e economia mudou esse quadro e maior participação do capital Gerson Camata ampliou a indústria da aviação. estrangeiro em empresas Especialistas sugerem gestão Diretor-Geral: Haroldo Feitosa Tajra Agora, a preocupação é que os aéreas. Propostas também civil para o controle aéreo Secretária-Geral da Mesa: Claudia Lyra serviços consigam atender a são do Ministério da Defesa todos, com conforto, no futuro página página 33 42 página 7 E mbraer

Expediente Período sujeito a turbulência página 8 Aviação Regional Diagnósticos sobre o setor sugerem como planejar o futuro Sem incentivos, malha aérea não atende interior do país página 16 Diretor: Fernando Cesar Mesquita Passageiro do interior, mesmo Diretor de Jornalismo: Davi Emerich com economia em ascensão, não tem acesso a voos S. T e n. ereira /Ron g u api P A revista Em discussão! é editada pela regulares. Linhas hoje servem Secretaria Jornal do Senado, com base a menos municípios que no passado e número de aeroportos nas audiências públicas promovidas pelas em atividade diminuiu comissões do Senado Federal página 47 Diretor: Eduardo Leão (61) 3303-3333 Infraestrutura Editores: João Carlos Teixeira e Thâmara Brasil Aeroportos se aproximam Ausência de planejamento, regras claras e Reportagem e redação: João Carlos do limite operacional recursos públicos afetam aviação regional Teixeira e Thâmara Brasil Diagramação: Bruno Bazílio e Priscilla Paz Infraero tem R$ 6,5 bi página 49 Pesquisa de fotos: Ana Volpe, Bárbara para investimentos em Voos comerciais não têm Batista, Braz Félix, Bruno Dantas, Leonardo aeroportos nos próximos Senado aposta no subsídio para cinco anos, mas aumento Sá e Thamyres Souza acidentes há dois anos viabilizar operações regionais Revisão: André Falcão, Fernanda Vidigal, no fluxo de passageiros nos terminais e de pedidos Pedro Pincer e Silvio Burle Sem registro de acidentes fatais nos últimos dois página Tratamento de imagem: Roberto Suguino de uso de pistas e pátios anos, índices de voos regulares são tão bons 55 Fá bi o Pozz eb o m /AB r Arte: Diego Jimenez e Priscilla Paz podem causar incômodos quanto os dos asiáticos. Já a aviação geral luta em horários Foto da capa: Valter Campanato/ABr para alcançar os patamares de segurança da ONU. de pico Projeto define regras para entorno de aeroportos página 18 página 66 Segurança Novas tecnologias podem Risco de colisão entre aviões e Site: www.senado.gov.br/emdiscussao ampliar capacidade aves cresce e ameaça segurança E-mail: [email protected] página Tel.: 0800 61-2211 68 Fax: (61) 3303-3137 página 23 Praça dos Três Poderes, Anexo I do Senado Federal, 20º andar – Brasília- Satélites guiam aviões, aumentam precisão Para estatal, terminais provisórios DF – CEP 70165-920 dos voos e economizam combustível são solução para a Copa

página S empre Vo la n d o/W i k imedia Co mm on s página 74 Impresso pela Secretaria Especial de 29 Editoração e Publicações – Seep Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo (CDR)

Presidente Neuto De Conto (PMDB-SC)

Vice-presidente César Borges (PR-BA)

Membros titulares Serys Slhessarenko (PT-MT) Antonio Carlos Valadares (PSB-SE) José Nery (PSOL-PA) Neuto De Conto (PMDB-SC) Valter Pereira (PMDB-MS) Romero Jucá (PMDB-RR) Almeida Lima (PMDB-SE) José Bezerra (DEM-RN) Marco Maciel (DEM-PE) Rosalba Ciarlini (DEM-RN) Adelmir Santana (DEM-DF) Lúcia Vânia (PSDB-GO) Marconi Perillo (PSDB-GO) Sérgio Guerra (PSDB-PE) Gim Argello (PTB-DF) Jefferson Praia (PDT-AM)

Membros suplentes Delcídio Amaral (PT-MS) Roberto Cavalcanti (PRB-PB) Tião Viana (PT-AC) Pedro Simon (PMDB-RS) Valdir Raupp (PMDB-RO) Gerson Camata (PMDB-ES) Gilberto Goellner (DEM-MT) Jayme Campos (DEM-MT) Demóstenes Torres (DEM-GO) Kátia Abreu (DEM-TO) Cícero Lucena (PSDB-PB) Papaléo Paes (PSDB-AP) Tasso Jereissati (PSDB-CE) Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR João Durval (PDT-BA)

foto: Paula Cinquetti contexto

Demanda crescente exige salto em infraestrutura

transporte aéreo no Brasil Atento a esse desafio, o Senado se mo- cres­ce a taxas altíssimas e deve biliza para encontrar meios para que as continuar nesse ritmo. Depois necessidades de modernização do setor de décadas em que viajar de aéreo sejam supridas. Em 19 de maio des- aviãoO era apenas para os ricos, finalmen- te ano a Comissão de Desenvolvimento te mais pessoas passaram a ter acesso ao Regional e Turismo (CDR) realizou uma transporte aéreo, graças ao aumento do audiência pública para debater a seguran- poder aquisitivo dos brasileiros e à compe- ça nos voos e a aviação regional, a pedido tição entre as empresas aéreas, que reduziu de Roberto Cavalcanti. O debate enve- o custo das passagens (veja infográfico na redou por um diagnóstico dos principais pág. 10). problemas da aviação civil brasileira e a “Há um novo tipo de passageiro, que necessidade de aprimorar o marco regula- entra no avião tirando retrato, sem sa- tório do setor. ber como achar a cadeira. O número de Os dados demonstram que o desenvol- passageiros de primeiro voo tem crescido vimento do setor de transporte aéreo no muito nos últimos anos”, constatou o se- país é forte – tendência que deve ser man- nador Roberto Cavalcanti (PRB-PB). tida pelos próximos anos. Até bem pouco Se esse fenômeno proporcionou a mi- tempo atrás, as projeções davam conta de lhares de brasileiros a experiência de via- que o mercado interno para o transpor- jar pelos céus, ao mesmo tempo sobre- te aéreo de passageiros cresceria cerca de carregou a infraestrutura nacional para a 200% nos próximos 20 anos. No entanto, aviação civil, que hoje precisa de investi- os percentuais de crescimento nos últimos mentos bilionários para conseguir atender cinco anos, período que coincide com o à demanda crescente. aprofundamento da desregulamentação

Fernando Soares e Fabiana Todesco, do Ministério da Defesa; senador Neuto De Conto; Solange Vieira, pela Anac; e Ronaldo Jenkins, do sindicato das companhias aéreas, (da esq. para a dir.) na audiência da CDR f o t o: J. F reitas

 7 Contexto Contexto

do setor, já se encontram em pa- e o turismo. Mas não no Brasil. Período sujeito a tamares muito mais elevados. En- Em 2009 o país registrou 11,6% Demanda de passageiros cresce mais que a economia brasileira tre 2004 e 2006, o crescimento de aumento no número de passa- turbulência médio do número de passageiros geiros em comparação com 2008, 2003 71,22 milhões transportados por quilômetro foi enquanto que, no resto do mun- Histórico A última década da indústria de 18,8% ao ano e, nos últimos do, houve redução de 3,2%. 2004 82,71 da aviação civil no Brasil pode meses, a taxa por vezes subiu aci- Além das perspectivas anima- Cenário com previsão de crescimento de 6,4% ao ano ser comemorada pela forte ma dos 40% (veja infográficos nas doras para a economia brasileira, 2005 96,08 expansão do tráfego aéreo e, págs. 12 e 13) . o país ainda ganhará muita visibi- Cenário com previsão de crescimento médio de 8,5% ao ano consequentemente, das receitas O diretor técnico do Sindicato lidade e receberá grande número 2006 102,19 das empresas. Por outro lado, se Nacional das Empresas Aeroviá- de visitantes por conta da Copa a liberalização permitiu a entrada rias (Snea), Ronaldo Jenkins, tra- do Mundo de 2014 e dos Jogos 2007 110,57 de novas empresas, companhias balha com dados da Coordenação Olímpicos de 2016. Os aeropor- antigas, que tinham grande parte de Pesquisa e Pós-Graduação em tos serão a porta de entrada para 2008 113,26 O cenário real: crescimento do mercado, não suportaram a Engenharia (Coppe) da Univer- turistas, atletas e dirigentes nacio- 2009 127,71 em 2010 já supera a expectativa nova concorrência e deixaram de sidade Federal do Rio de Janeiro nais e é esperado que, somente os operar. (UFRJ), que preveem um au- aeroportos de São Paulo (Guaru- mais otimista mento da demanda do setor entre lhos e Congonhas), recebam mais 135,88 De janeiro a setembro de 2010 a 2010 demanda de passageiros cresceu Ao mesmo tempo, a infraestrutura 6,4% (em um cenário mais con- de 600 mil passageiros apenas nos 145,38 22,8% em relação ao mesmo período dos aeroportos e de navegação servador) e 8,5% ao ano, se leva- dois meses que envolvem a reali- do ano anterior. Nesse ritmo, o número começou a dar sinais de que da em conta a tendência de maior zação da Copa. 157,35 aquecimento da economia (veja de passageiros chegará a 157,35 ajustes são necessários para que Oportunidade ou risco? milhões no final de 2010, número o setor continue crescendo. Foi o infográfico na página ao lado). 144,58 “Em 2010 já houve mais de O problema reside exatamente 2011 superior à previsão mais otimista para que demonstrou o apagão aéreo, 20% de crescimento. Até o mais aí: o que se apresenta como uma 156,34 2011. Utilizando os índices da entre 2006 e 2007, que levou o caos otimista dos cenários está aquém oportunidade para a economia Coppe/UFRJ sobre esse resultado, aos aeroportos nacionais. Esses da realidade. Há bastante tempo e para milhões de brasileiros que 153,83 entre 201,66 e 218,06 milhões de anos ainda foram tragicamente temos crescimento expressivo, aci- querem viajar de avião pode se 2012 pessoas deverão voar em 2014 marcados pelos dois maiores ma de dois dígitos, como no ano transformar em uma grande frus- 167,84 acidentes da história da aviação passado”, atesta Jenkins. tração. Todo esse crescimento do civil brasileira, além do acidente De fato, a realidade superou movimento nos aeroportos e nos 163,68 com o voo 447 da Air France, que 2013 em muito as melhores expecta- céus pressiona a infraestrutura, 179,68 vitimou 228 pessoas em 2009. tivas de 2008, quando estourou que já demonstra não suportar a a crise econômica internacional. demanda atual (veja infográficos 174,15 Veja abaixo e nas próximas páginas, Os analistas acertaram a previ- nas págs. 21 e 25). 2014 os fatos que marcaram a aviação no são para outros lugares do mun- “Gargalos afetam a aviação ci- 192,35 Brasil nos últimos onze anos. do, onde a crise teve grande efeito vil e alertam para a necessidade

 negativo sobre as empresas aéreas de compatibilizar as infraestrutu- Fonte: Estudo da Coordenação de Pesquisa e Pós-Graduação em Engenharia (Coppe) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) realizado a pedido do Sindicato Nacional das Empresas Aéreas (Snea).

2000 2001 2002 2004 2005 Agosto Dezembro Janeiro Julho Setembro Dezembro Março Março Fevereiro

A General Atentados terroristas A Vasp paralisa suas Início de Electric (GE) no dia 11 nos Estados A A OceanAir, atividades após intervenção operação da Criação da A TAM Transportes Criação da Gol pede a falência Unidos geram fica sem crédito fundada em 1998 O empresário boliviano, federal, por conta de dívidas WebJet Linhas Log (Varig Aéreos Regionais Transportes Aéreos, da Transbrasil prejuízos de para comprar como empresa de naturalizado brasileiro, trabalhistas e fiscais. (Hoje, as Aéreas Logística S.A.), é incorporada pela companhia aérea no Tribunal de US$ 11,9 bilhões para combustível e táxi aéreo, passa Germán Efromovich, dono aeronaves da empresa estão

que já nasce como TAM Transportes de baixo custo, que Justiça de São a indústria da aviação todos os voos a operar linhas da Sinergy, que controla da B ahia abandonadas, penhoradas a terceira maior Aéreos Meridionais, divide o mercado com Paulo (TJ-SP) em todo o mundo da empresa são regionais a OceanAir, informa que para saldar dívidas fiscais) empresa do grupo sob o nome de TAM TAM, Transbrasil, Varig cobrando uma cancelados. Bilhetes comprará 75% da companhia Varig (Viação Aérea Linhas Aéreas e Vasp (Viação Aérea dívida de US$ já comprados não aérea colombiana Avianca – Rio-Grandense) São Paulo) 22,5 milhões são honrados segunda mais antiga do mundo 8   9 ah oo N o t í cias Y C arl o s A.Mo rill o ria /A sas Do Contexto Contexto O movimento nos aeroportos brasileiros em 2009 Entre 2003 e 2008, o preço médio por quilômetro voado caiu 48% Aeroportos e aeródromos no Brasil Preço da passagem por quilômetro voado, em R$, ajustado para valores de hoje: É a segunda maior rede do mundo, superada apenas pela dos 0,6 4.263 Estados Unidos, que tem 14.497 aeroportos e aeródromos 0,50 0,48 0,47 $ 0,5 $ 0,46 0,46 0,47 0,45 $ $ $ $ $ 0,39 Aeroportos operados pela Infraero 0,4 $ 0,35 $ 0,32 -48% $ 32 Internacionais 0,3 0,27 $ 0,26 $ $ 67 35 Domésticos 0,2 Passageiros Carga 0,1 Guarulhos, Congonhas, Galeão  Guarulhos, Viracopos e Manaus e Brasília concentraram 46,4%   concentraram 56,5% da carga 0 128,1 dos passageiros do país 1,3 aérea movimentada no país 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 milhões de Outros milhão de Outros 53,6% Guarulhos 42,2% Fontes: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE); Agência Nacional de Aviação Civil (Anac); Estudo do Setor passageiros 17,0% toneladas de Transporte Aéreo do Brasil: Relatório Consolidado (McKinsey & Company, 2010) Guarulhos Congonhas 30,5% 10,7% Brasília Campinas Galeão Manaus ras aeroportuária e aeronáutica ao Confederação Brasileira de Fute- caso as mudanças necessárias na milhões milhões 9,5% mil mil (Viracopos) 13,1 115 9,2% 550,9 745,4 11,2% crescimento da demanda. Se esses bol (CBF) e presidente do comitê legislação não sejam feitas. no tráfego no tráfego no tráfego no tráfego 14,8% gargalos não forem superados, a organizador da Copa do Mun- “Vislumbra-se o surgimento de internacional doméstico internacional doméstico atuação das empresas aéreas e da do de 2014, Ricardo Teixeira, a grave quadro de insegurança jurí- indústria aeronáutica e o atendi- afirmar recentemente que os três dica, com comprometimento de mento a novos nichos ficarão se- problemas mais graves do país na investimentos, da qualidade dos Fontes: Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero). O número total de aeroportos e aeródromos é fornecido pelo riamente comprometidos”, avalia preparação para o evento são: “ae- serviços e da satisfação dos con- Comunicados do Ipea nº 54 – Panorama e perspectivas para o transporte aéreo no Brasil e no mundo estudo do Instituto de Pesquisa roporto, aeroporto e aeroporto”. sumidores”, afirmou. Econômica Aplicada (Ipea) divul- O alerta do ministro da De- gado em maio de 2010 (veja info- fesa, Nelson Jobim, não é menos Aviação regional gráfico na pág. 16) . enfático. Numa avaliação que Paradoxalmente, enquanto a Essa possibilidade de a forte demonstra a necessidade de refor- aviação que liga os maiores e mais demanda levar o sistema aéreo mular e modernizar o transporte movimentados aeroportos do país – que já enfrenta percalços em aéreo, apresentada à Câmara dos sofre com a correlação desigual diversos aeroportos no país – a Deputados, o ministro aponta entre infraestrutura e demanda um colapso levou o presidente da para um cenário desanimador crescente, a aviação regional pede

2005 (continuação) 2006 Setembro Novembro Março Julho Setembro Marcos Bueno/CC A TAP (Transportes Aéreos A WebJet pede A instalação da Anac Após colidir em pleno voo com um jato executivo da Portugueses) e a Volo Brasil o cancelamento é concluída, o que Embraer recém-adquirido por uma empresa dos EUA, um (controlada pelo fundo Matlin temporário de A BRA Transportes significa a extinção Boeing 737-800 da Gol Linhas Aéreas, que faz o voo 1907, AgênciaANAC Nacional de Aviação Civil - Brasil Sancionada a Lei Patterson e por investidores seus voos por não Aéreos, que só oficial do DAC entre Manaus e Brasília, cai no dia 29 na serra do Cachimbo, 11.182/05, que cria brasileiros) compram a Varig Log e conseguir obter fazia voos fretados, A Varig vai a leilão. Por US$ 24 em Mato Grosso. Todas as 154 pessoas a bordo morrem. a Agência Nacional a Varig Engenharia e Manutenção 35% de ocupação. começa a operar milhões, a Varig Log (VRG Linhas Como causas do acidente, são apontadas falhas dos pilotos de Aviação Civil (VEM). Com a venda, a Varig A empresa culpa a regularmente, Aéreas) arremata a companhia e americanos e dos controladores de voo de Brasília que, (Anac) e extingue o consegue recursos para pagar guerra tarifária entre dentro do conceito assume a dívida de R$ 315 milhões. pressionados, apontam problemas no controle do espaço Departamento de credores internacionais Gol, Varig e TAM de baixo custo Cinco mil pessoas são demitidas sem aéreo brasileiro, entre eles equipamentos obsoletos ou Aviação Civil (DAC) receber salários ou verbas rescisórias avariados, carga excessiva de trabalho e baixos salários

10  novembro de 2010 www.senado.gov.br/emdiscussao  11 Contexto Contexto

passageiros 350 (PTB-RR) e Roberto Cavalcan- dos grandes aeroportos em ho- do debate na CDR sobre a avia- Desde 2003, número de passageiros transportados 325 ti contam que há voos intermu- rários de menor movimento, o ção regional. A proposta resgata cresce muito mais que a economia nicipais mais caros que outros que seria ideal, não apenas para o subsídio a rotas deficitárias, 300 que atravessam vários estados, desafogá-los, como também mas essenciais ao atendimento 275 PIB em bilhões de dólares com mais de três horas de du- para oferecer alternativas às em- da população e à integração do 250 renda per capita em mil dólares ração. De Manaus a Tabatinga presas que trazem os passageiros país, por meio da cobrança de passageiros por quilômetro 225 (AM), o custo da passagem é do interior. um percentual sobre as tarifas Obs.: 1986 = 100 200 superior à do voo de Manaus a Projeto nesse sentido foi uma cobradas pelos voos lucrativos. PIB 175 Brasília, que dura mais de três das soluções apresentadas pela No entanto, as grandes e horas. CPI do Apagão Aéreo. A pro- pequenas empresas não se en- 150 renda per capita Os pesquisadores ressaltam posta, porém, foi rejeitada pela tendem quanto à subvenção. 125 ainda que a política de tarifas Câmara dos Deputados, que viu Se, para as regionais, ela é tida 100 cobradas pelos aeroportos vem a necessidade de previsão do im- como essencial à sobrevivência 75 prejudicando a aviação brasileira pacto na arrecadação. do setor, para as grandes em- 50 como um todo, na medida em Outro projeto, apresentado presas o adicional sobre as ta- 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 que, adotando tarifas unifor- em 2001 pelo senador Mozaril- rifas vai acabar sendo pago por Fontes: Fundação Getulio Vargas (FGV) e Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) mes, não há estímulo para o uso do Cavalcanti, esteve no centro elas, não pelos passageiros. Há

socorro para sair do marasmo. As to público em forma de subven- baixos, voos diretos e o nível de regiões e cidades atendidas e a pro- ção às rotas deficitárias, excessi- atendimento oferecido pelas gran- porção dos passageiros de voos re- vas exigências de segurança pela des empresas. Relação entre a oferta gionais caem a cada ano, o núme- Agência Nacional de Aviação Ci- Com todas essas dificuldades, e a demanda por ro de aeroportos interditados por vil (Anac), falta de recursos ou de a malha aérea do país apresenta taxa de ocupação assentos dos assentos inadequação às exigências de se- interesse de estados e municípios distorções graves, na rota e nos 62% 59% 73% disponíveis gurança chegou a mais de 100 em em investir na melhoria do aten- preços. Há casos em que é preciso 63% 68% 2009, e o total de aeroportos em dimento do setor aéreo ao interior viajar mais de dois mil quilôme- 70% operação caiu 22% entre 1998 e do país, entre outros. tros para chegar a uma cidade que 2008 (veja infográfico na pág. 49). Estudo conjunto de especia- está a menos de 500 quilômetros Na CDR, senadores e convida- listas do Ipea e do Instituto Tec- de distância. Esse é o caso da via- dos, além dos estudos e pesquisas nológico da Aeronáutica aponta gem entre João Pessoa e Teresina. consultados por Em Discussão!, que, em que pesem as vantagens Para ir de uma a outra, o passa- fizeram um rol das causas da si- oferecidas pela aviação regional, geiro tem que passar por Brasília, tuação: falta de planejamento ela costuma perder passageiros a milhares de quilômetros distan- para o setor, gestão anacrônica para outros tipos de transpor- te das duas cidades nordestinas, número de assentos oferecidos dos aeroportos, normas inade- te, principalmente o rodoviário, que, por rodovias, estão a 577 por quilômetro quadas e confusas, concorrência porque não consegue estabelecer quilômetros uma da outra. (em milhões) * até agosto predatória por parte das grandes uma malha aérea inteligente e di- Isso sem contar os preços. Os Fonte: Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) companhias, falta de investimen- nâmica, capaz de oferecer preços senadores Mozarildo Cavalcanti

Gustavo Amorim/CC Apagão aéreo 2007 Outubro/2006 Novembro Dezembro Fevereiro Março

Aeroportos em todo o O presidente Lula pede ao Maior pane O Tribunal A “Nova Mais atrasos e Grupo de Aeroportos brasileiros Apesar A Aeronáu- O presidente Lula O Cindacta-1 e, país começam a registrar ministro do Trabalho, Luiz no sistema de Contas Varig” caos em aero- trabalho registram agressões, dos pro- tica conclui tira Luiz Carlos depois, o Cindacta-2 atrasos em pousos e de- Marinho, que negocie com de contro- da União inicia portos do dia interminis- com detenção de blemas, o inquérito Bueno do Coman- registram pane no colagens e longas esperas os controladores de voo. le aéreo (TCU) apon- suas 20 até o Natal. terial sugere passageiros, no dia 23. o tráfego policial do da Aeronáutica. sistema de informáti- nas filas de check-in e nas A situação é agravada no registrada ta falhas opera- O overbooking a reformu- Funcionários da TAM aéreo militar Em seu lugar, entra ca. Governo suspeita salas de embarque, no dia feriado de Finados. Atrasos até então. de gestão ções se torna mais lação da abandonam postos de no país sobre a o brigadeiro Juniti de sabotagem 27, em razão de operação nos voos chegam a até Falhas em e falta de frequente. carreira de check-in. A antevéspera cresce crise aérea Saito. Os controla- padrão deflagrada pelos 12 horas nos principais equipa- recursos Aviões da FAB controlador do Natal tem as maio- mais de e conclui dores aprovam a controladores de voo, em aeroportos. Passageiros mentos im- no sistema são usados de voo e a res filas de espera da 10% no que nin- mudança e os voos resposta a inquérito cri- invadem e provocam pedem que de controle para minorar os desmilita- história. Mais de 55% ano guém deve transcorrem sem C i n dacta minal no caso do aciden- quebra-quebra em check-in os aviões aéreo problemas rização do dos voos têm atrasos ser punido grandes problemas te com o avião da Gol da Gol no Rio de Janeiro decolem setor de mais de uma hora no Carnaval

12  novembro de 2010 www.senado.gov.br/emdiscussao Contexto Contexto

e regulamentado em seus planos A CDR debateu ainda a ne- Atualmente, já está disponível Divisão do mercado entre as companhias aéreas diretores, acaba sendo um dos cessidade de atualizar os siste- um sistema que permite um con- Desde 2000, passageiro migrou de Varig, Vasp e Transbrasil, para TAM e Gol. Médias crescem; regionais oscilam responsáveis por grande parte dos mas de navegação e controle trole mais preciso do tráfego aé- 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010* acidentes entre aviões e aves no aéreo do país, cuja defasagem reo, o que permitiria um núme- Grandes 60% Brasil e no mundo. tecnológica, tal qual ocorre com ro maior de pousos e decolagens 50% Para tentar solucionar o proble- a infraestrutura dos aeroportos, num mesmo período de tempo, 40% ma, projeto da Câmara em análise ameaça frear o crescimento do sem comprometer a segurança do 30% no Senado cria grandes áreas de setor e tornar-se um risco à se- voo. A implantação do sistema segurança ao redor dos aeroportos, gurança no atual cenário de su- poderia, inclusive, facilitar a reor- 20% onde não poderá haver qualquer peraquecimento da aviação co- ganização da gestão da navegação 10% 1 atividade atrativa de pássaros. mercial brasileira. aérea, opinam os especialistas. (Nova Varig) 0% 1. Foi criada em julho de 2006 com a compra da Varig pela Varig Log e foi vendida para a Gol em março de 2007.

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010* Médias 6% Sob denúncias, direção da Anac pediu demissão em 2007 4,5% O caos aéreo e a busca de respon- Além de Denise Abreu, toda a dire- Olten Abreu Júnior, prestava servi- 3% sáveis pelo acidente com o avião da toria da Anac foi vista como omissa ços à TAM. 1,5% TAM em Congonhas levou a uma diante dos problemas registrados na Diante de críticas do ministro da

2 0% sucessão de acusações contra a di- aviação civil naquele ano. Defesa, Nelson Jobim, da quebra dos 2. Passou a se chamar Avianca em abril de 2010. retoria da Anac, em especial a então A primeira denúncia contra Denise sigilos fiscal, bancário e telefônico na diretora de Serviços Aéreos, Denise Abreu, no entanto, fora feita no iní- CPI do Senado e da admissão, pela 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010* Abreu. A crise culminou com a re- cio do ano pelo ex-presidente da Justiça e da denúncia do Ministério Pequenas 0,80% núncia de toda a diretoria da Anac. Empresa Brasileira de Infraeestrutura Público Federal por uso de documen- 0,60% A principal denúncia foi que Denise Aeroportuária (Infraero) José Carlos to falso e fraude processual, Denise 0,40% Abreu apresentara à Justiça Federal Pereira, que a acusou de tentar tirar Abreu deixou a diretoria da Anac em 0,20% de São Paulo, meses antes do aci- da estatal o controle do setor de car- 24 de agosto de 2007, alegando “ra- 0% dente com o avião da TAM, docu- gas de dois aeroportos para benefi- zões de natureza pessoal”. Até outu- *até agosto. Fonte: anuários estatísticos e dados comparativos avançados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) mento da Anac sobre pousos e deco- ciar empresário do setor. Em reação, bro, todos os diretores já haviam dei- lagens no aeroporto de Congonhas Denise processou Pereira por calúnia. xado os cargos. dez anos na Câmara, o projeto, brasileiro nos últimos dois anos No entanto, nem tudo são boas em dias de chuva, para demonstrar Ela também foi acusada de incentivar Mais tarde, em 2008, a ex-diretora transformado em substitutivo, foi vem dando motivos para que os notícias na parte de segurança dos que a agência teria normatizado esse empresas a driblar a proibição de co- da Anac acusou a Casa Civil de fa- aprovado por duas comissões e passageiros se sintam aliviados. voos. A existência de atividades que tipo de operação. nexões no aeroporto de Congonhas vorecer a venda da Varig Log e da aguarda inclusão na pauta de vo- Segundo os dados apresentados, atraem pássaros nas imediações dos Porém, o documento, publicado no e a reagir contra a decisão do Varig ao fundo norte-americano tações daquela Casa. a proporção de acidentes em re- aeroportos, como lixões, curtumes site da Anac, era um estudo técnico Conselho Nacional de Aviação Civil Matlin Patterson e aos três sócios lação à frota na aviação comercial e frigoríficos, é motivo de aumento que não havia sido transformado em (Conac) de reduzir o tráfego aéreo brasileiros. Segundo ela, a então Segurança brasileira é menor que a média do chamado risco aviário. norma. Sem saber que o estudo não em São Paulo. Denise negou tudo ministra Dilma Rousseff e a então Tema que deu origem à reu- mundial e só comparável a alguns O uso indevido do espaço em tinha validade legal, a Justiça paulis- e disse que recomendou o cumpri- secretária executiva da Casa Civil, nião da CDR sobre a aviação, a países asiáticos, que detêm os me- torno dos aeroportos, que deve ta liberou pousos e decolagens na- mento das normas. Mais tarde, foi Erenice Guerra, pressionaram em fa- segurança do transporte aéreo nores índices do mundo. ser fiscalizado pelas prefeituras quele aeroporto em dias de chuva. revelado que o irmão da diretora, vor da transação.

2007 (continuação) Março Abril Maio Junho Julho Outubro

A Gol ad- Greve dos controladores paralisa O movimento nos aeroportos CPI do Apa- O Senado No dia 4, o Nova operação- No maior acidente da avia- Pilotos se recusam a O ministro Termina a CPI do Por decreto presi- quire a VRG os principais aeroportos e o caos ainda sofre reflexos da greve no gão Aéreo instala comandante padrão dos ção brasileira, um Airbus pousar em Congo- da Defesa, Apagão Aéreo na dencial, é criada a Linhas Aére- toma conta dos saguões no dia 30. dia 31. Um passageiro morre de é instalada a sua da Aeronáuti- controladores A320 da TAM derrapa na nhas. Chuvas levam Waldir Pires, Câmara. Relatório Secretaria de Aviação as, a “Nova O Comando da Aeronáutica ordena infarto em Curitiba, ao tentar na Câmara CPI do ca, Juniti Saito, suspende voos pista do aeroporto de Con- ao cancelamento de deixa o car- final não considera os Civil, ligada ao Minis- Varig”, por a prisão de controladores militares. embarcar. Centenas de pessoas dos Depu- Apagão diz à CPI do no dia 22 e gera gonhas no dia 17, se choca pousos e decolagens go. Nelson problemas da pista tério da Defesa, para US$ 320 Para negociar com a categoria, o dormem nos saguões dos aero- tados no Aéreo no Senado que a mais transtor- com um prédio e explode. e a Anac suspende Jobim, ex- de Congonhas e o coordenar a gestão, milhões presidente Lula chama o ministro do portos. Em Brasília, um grupo de dia 3 dia 17 ideia de des- nos 187 pessoas a bordo e 12 venda de passagens ministro do problema no reverso regulação e fiscaliza- Planejamento, Paulo Bernardo, que passageiros invade um avião da militarizar o em terra morrem de voos que têm STF, assume do avião como cau- ção das infraestrutu- promete evitar punições, conceder TAM controle aéreo o aeroporto como sas relevantes do aci- ras aeroportuária e reajuste salarial e desmilitarizar a fora arquivada origem dente com o Airbus de navegação aérea atividade pelo governo da TAM e isenta os diretores da Anac a u la C i nqu etti Jon as P ereira P SEWELT PI N HEIR O R OO SEWELT 14   15 Contexto Contexto

Diagnósticos sobre o setor sugerem como planejar o futuro

O ponto de partida desta edi- Aéreo no Brasil e no Mundo, do do Senado fizeram na audiência Civil do Ministério da Defesa em ção foi a audiência pública sobre Instituto de Pesquisa Econômica pública da CDR, como também novembro de 2009. aviação civil brasileira realiza- Aplicada (Ipea), de maio de em outros trabalhos, como a da em 19 de maio de 2010 pela 2010, mostra, com profusão de apresentação Política Nacional A parte sobre segurança da avia- Comissão de Desenvolvimento dados, a atual dinâmica do setor de Aviação Civil: contexto insti- ção civil brasileira contou com Regional e Turismo (CDR) do aéreo nacional, ponderando sa- tucional, objetivos e perspecti- a ajuda da apresentação do di- Senado. ídas para garantir o crescimento vas, do Ministério da Defesa, de retor técnico do Snea, Ronaldo dessa importante indústria. setembro de 2010. Jenkins. A partir dos temas discutidos pelos senadores, a equipe partiu Contratada pelo Banco Nacional Para o tema Infraestrutura, Já o estudo Potenciais Apli­ em busca dos dados mais recen- de Desenvolvimento Econômico além das avaliações dos estu- ca­ções Estratégicas do Siste­ tes para ilustrar e contextualizar e Social (BNDES), a consulto- dos acima, são citados dados da ma CNS/ATM, desenvolvido o debate. E encontrou fontes de ria McKinsey & Company apre- Infraero, obtidos na apresentação pelo Departamento de Teleco­ informações preciosas, grande sentou, em janeiro de 2010, o Planejamento dos Investimentos municações do ITA, em 2007, parte delas divulgadas por insti- Estudo do Setor de Transporte 2010 a 2016 - Aeroportos Cida­ ajudou a compreender as espe- tuições do setor de aviação civil Aéreo do Brasil, que se defi- des Sede da Copa 2016, que cificidades técnicas desse novo brasileiro. ne como uma “avaliação inde- diretores da estatal fizeram à sistema de navegação aérea. pendente que traz diagnósti- Câmara dos Deputados em ju- No próprio Senado, o estu- cos do setor e recomendações lho de 2010. Detalhes sobre os Outros documentos como o do do consultor legislativo para os horizontes de 2014, módulos operacionais provisórios Relatório anual de segurança Victor Carvalho Pinto, O Marco 2020 e 2030”. O trabalho con- foram obtidos no site da empresa operacional da Anac, de 2009, Regulatório da Aviação Civil: tou com consultoria técnica da na internet. os sites do Escritório de Registro Elementos para a Reforma do Fundação Instituto de Pesquisas de Acidentes de Avião (Acro) e o Código Brasileiro de Aeronáutica, Econômicas (Fipe), e do Instituto As características do setor de Relatório anual da Iata de 2010 de junho de 2008, foi funda- Tecnológico de Aeronáutica aviação regional em grande também foram consultados. mental para a compreensão do (ITA), entre outros. parte só foram relacionadas atual modelo de gestão. O tra- graças ao estudo Constituição Além desses estudos, foram so- balho faz ainda críticas contun- O Relatório Final da CPI do do Marco Regulatório Para o licitados dados diretamente aos dentes à organização institucio- Apagão Aéreo do Senado, de Mercado Brasileiro de Aviação órgãos envolvidos. Outros espe- nal e legal do setor no Brasil e 2007, foi usado para contextua- Regional, publicado por pes- cialistas, identificados nos textos, foi desenvolvido para o Centro lizar aquele momento. Propostas quisadores do ITA e do Ipea em foram consultados diretamente, de Altos Estudos da Consultoria que saíram da comissão também abril de 2008. por meio de entrevistas por tele- Legislativa do Senado. são citadas. fone ou por correio eletrônico. Para essa seção também con- Outro estudo didático e atu- A visão dos órgãos de governo tribuiu a apresentação Ligações Veja os endereços eletrônicos al sobre o setor, Panorama e está presente não somente nas Aéreas Regionais, realizada pela das fontes pesquisadas na pági- Perspectivas para o Transporte explanações que os convidados Diretoria de Política de Aviação na 78.

2007 (continuação) 2008 2009 2010 Outubro Novembro Dezembro Março Dezembro Junho Dezembro Abril Agosto Setembro Outubro

A CPI do Apagão Aéreo A BRA sus- Solange Um Airbus A330 A TAM usa os horários de Por problemas Voos da Webjet No feriadão do do Senado chega ao pende suas Paiva Vieira, Azul da Air France, com A TAM anuncia A OceanAir pouso e decolagem da na escalação TAM anun- são cancelados dia 12, 24,5% dos fim depois de rejeitar operações economista Linhas Aéreas Brasileiras 228 pessoas (52 a compra da muda sua (slots – leia mais de tripulan- cia fusão e a Anac sus- voos atrasam, 43% relatório do senador e demite e funcionária A Flex, herdeira da Entra em operação a brasileiros), que ia Pantanal, por marca para na pág 21 ), aumentando tes, 430 voos com a chi- pende a venda da WebJet. Um Demóstenes Torres 1.100 fun- do BNDES, antiga Varig, faz Azul Linhas Aéreas, do Rio de Janeiro R$ 13 milhões Avianca em 10% seus voos a partir da Gol (53%) lena LAN, de bilhetes controlador de

(DEM-GO), que pedia cionários é nomeada seu voo inaugural com jatos da Embra- para Paris, cai no Gu ilherme S pre n ger /AB r Brasil e ad- de Congonhas. A Panta- atrasam no dia originando da empresa. voo é condenado o indiciamento da ex- diretora- entre Rio de Janeiro e er. Em oito meses, já oceano Atlântico no dia 1º, quire novas nal passa a operar a partir 2, afetando o grupo Webjet atribui pela Justiça por diretora da Anac Denise presidente Salvador. Seis meses transporta 1 milhão de entre o Brasil e a África. aeronaves de Guarulhos as demais Latam, cancelamentos responsabilidade no Abreu e 15 pessoas. Tex- da Anac, em depois, a empresa, passageiros. No mun- Apenas 51 corpos foram Airbus empresas. A maior da a falhas na esca- acidente da Gol de to alternativo, do então substituição gerida por 17 mil do, é a empresa que encontrados. As caixas- A-319 Anac multa a América la de trabalho setembro de 2006 senador João Pedro a Milton credores e ex-empre- levou menos tempo pretas não foram resgata- empresa em do Sul AE

(PT-AM) , foi aprovado Zuanazzi gados, deixa de voar para chegar à marca das e as causas continuam a u la C i nqu etti R$ 2 milhões P um mistério 16  Infraestrutura

s dúvidas se o Brasil vai conseguir investimentos necessários serão feitos e que Aeroportos se aproximam atender, com conforto, a todos os os aeroportos estarão prontos para os even- passageiros – incluindo os turis- tos (leia mais na pág. 25). tas estrangeiros – que querem Durante o debate na Comissão de De- Ae precisarão viajar de avião nos próximos senvolvimento Regional e Turismo do do limite operacional anos não têm ocorrido por acaso. Atual- Senado (CDR), o diretor técnico do Sin- mente, a infraestrutura de aeroportos e de dicato Nacional das Empresas Aeroviárias navegação aérea já está saturada em diver- (Snea), Ronaldo Jenkins, apresentou dados sas cidades, que sofrem limitações para pla- de estudo realizado em janeiro deste ano Projeções sugerem que terminais, pistas, pátios, nejar novos voos e receber mais passageiros pelo Banco Nacional de Desenvolvimento movimentação de carga e navegação aérea não (veja infográfico na pág. 20 – texto slots). Econômico e Social (BNDES) e pela con- Sem grandes investimentos, a tendên- sultoria McKinsey, que apontou problemas devem suportar crescimento. Mudanças legais, cia é de que grande parte dos aeroportos para se adequar a demanda na maioria dos investimentos, tecnologia e planejamento são nacionais não consiga absorver todo o principais aeroportos do país, inclusive nos saídas para evitar novos apagões nos aeroportos movimento estimado para o futuro, espe- que servem às cidades-sede da Copa do cialmente para os grandes eventos esporti- Mundo. O levantamento avaliou os três vos que serão realizados no Brasil nos pró- principais itens que compõem a infraestru- ximos anos: a Copa do Mundo de 2014 e tura aeroportuária: pista de pouso e deco- as Olimpíadas de 2016. A expectativa da lagem, pátio para estacionamento de aero- Empresa Brasileira de Infraestrutura Aero- naves e terminal de passageiros (incluindo portuária (Infraero) é de que mais 2,7 mi- portões de embarque, posições para check- lhões de pessoas circulem nos 16 aeropor- in etc.). tos próximos às 12 cidades-sede da Copa Assim como aconteceu na definição do em 2014. A estatal, porém, garante que os estádio para a abertura da Copa, São Paulo

Apesar de ter ganho mais uma pista e uma reforma no terminal de passageiros, o aeroporto de

Brasília, terceiro maior do país, In fraer o também opera com restrições

18  novembro de 2010 www.senado.gov.br/emdiscussao  19 Infraestrutura Infraestrutura

é a cidade que apresenta maiores Principais aeroportos exigem investimentos para 2014 apontou a falta de um arcabouço “No caso do aeroporto de Sal- O diretor-financeiro da Infraero, problemas. O aeroporto de Con- institucional para prover e ante- vador, qual é a perspectiva para o Mauro Roberto de Lima, afirmou, gonhas já está com suas operações A análise baseia-se no uso das pistas e pátios nas horas de pico e no ver as necessidades do setor aéreo curto e o médio prazos? Há um porém, em apresentação recente na trânsito anual de pessoas nos terminais de passageiros completamente limitadas. “Não e incentivar investimentos, pú- planejamento? Quando é que vai Câmara dos Deputados, que a esta- tem para onde crescer”, sintetizou Saturado Necessário investimento até Capacidade blicos e privados, para que essa ser feita a expansão?” – questio- tal já planejou a adequação dos ae- 2014 ou 2030 (ano limite para atual suficiente Jenkins. Limitado saturação) até 2014 indústria cresça e ofereça aos bra- nou o senador (leia mais sobre o roportos e investirá R$ 6,5 bilhões O aeroporto de Guarulhos sileiros acesso às viagens aéreas. aeroporto de Salvador na pág. 32). (leia mais nas págs. 24 e 25). também apresenta gargalos nos Terminal de Aeroporto Pista Pátio horários de pico, tanto no pátio passageiros quanto no terminal de passagei- Guarulhos/SP 2014 ros. E, se não forem realizadas capacidade pedidos de pousos Falta espaço na maioria dos grandes aeroportos máxima* e decolagens** obras, em 2014 as pistas de pouso Congonhas/SP 53 65 estarão congestionadas nos perío- Viracopos/SP 2010 2010 Guarulhos (SP) dos de maior movimento. Galeão/RJ 24 34 Congonhas (SP) Mesmo locais que receberam Santos 36 45 investimentos mais recentemente Dumont/RJ – como o aeroporto de Brasília, Brasília (DF) Confins/MG 2013 2014 9 17 que ganhou uma nova pista de Manaus (AM) pouso – têm restrições. Com ex- Pampulha/MG 2012 14 20 ceção do Galeão, no Rio de Janei- Brasília Porto Alegre (RS) ro, cujos problemas não envolvem 14 18 a sua capacidade, o estudo mostra Porto Alegre 2014 Curitiba (PR) que os aeroportos já apresentam Curitiba 2014 2014 15 18 Santos Dumont (RJ) sérias carências, que tendem a se 2014 16 19 agravar até 2014 (veja infográfico Salvador 2014 Confins (MG) ao lado).. 5 8 Outro dado do estudo, envol- Pampulha (MG) Fonte: Sindicato Nacional vendo dez aeroportos em cidades Manaus 2011 7 8 das Empresas Aeroviárias (Snea) que também receberão jogos da Natal (RN) *em horários de pico Cuiabá 2014 **em movimentos por hora A análise prevê o aumento da demanda em função do evento o aumento A análise prevê Copa do Mundo de 2014, de- do Mundo de 2014 das cidades-sedes da Copa Aeroportos monstra que, em 2009, já não Natal* 2014 havia condições de atender aos Florianópolis pedidos de voos e decolagens fei- Vitória 2030 tos pelas companhias aéreas (veja Belém 2014 2030 Anac restringe pousos e decolagens infográfico na página ao lado). Segundo Betânia Gonçalves Goiânia 2030 O congestionamento de ae- quais os aeroportos podem não é a vontade política de fazer isso de Carvalho e Cláudio Jorge Al- * Sem gargalo se São Gonçalo do Amarante estiver operando antes da Copa roportos pressiona a coordena- ser capazes de atender à deman- acontecer”, analisa Stanton. ves, do Instituto Tecnológico de Fontes: Secretaria de Aviação Civil (SAC), Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária ção dos horários de pousos e da, mas a falta de vontade polí- Mesmo admitindo que não Aeronáutica (ITA), as situações (Infraero), Estudo do Setor de Transporte Aéreo do Brasil (McKinsey & Company, 2010) decolagens por meio do siste- tica é provavelmente a principal atua na área de infraestrutura preocupantes são aquelas em que ma de gestão de slots. Um ae- causa”, diz Peter Stanton, dire- aeroportuária e aeronáutica, a o nível de utilização das roporto coordenado (que tem tor de Serviços de Programação diretora-presidente da Agên- instalações suplanta rioração do serviço. “Nesses ca- o diretor de Engenharia e Meio sistema de gestão de e Bagagem da Associação Inter- cia Nacional de Aviação Civil 80% de sua capa- sos, dependendo do percentual Ambiente da Infraero, Jaime Slot (vaga) aero- slots) é algo que as nacional de Transporte Aéreo (Anac), Solange Vieira, expli- cidade. Nas si- alcançado está-se beirando o co- Henrique Caldas Parreira, afir- portuário é o direito companhias aéreas (Iata). cou aos senadores da CDR em tuações críticas, lapso operacional”, afirmam os mou que, hoje, nenhum aeropor- atribuído pelo aero- procuram evitar, já No Brasil, já estão sujeitos à maio passado que a agência porto ou pela agên- em que o uso especialistas, que apresentaram o to brasileiro opera acima da capa- cia governamental a que preferem voar gestão de slots os aeroportos de deve alertar para problemas na das instalações estudo Um Preocupante Prognós- cidade máxima, havendo apenas uma companhia aé- – e desenvolver suas Guarulhos, Brasília, Pampulha, capacidade dos aeroportos e, supera a capaci- tico para a Rede Aeroportuária horários de pico. rea para programar atividades econômi- Santos Dumont e Congonhas. assim, buscar maior conforto e dade instalada, Brasileira no Simpósio Internacio- uma chegada e uma cas – sem restrições. O problema está intimamen- segurança para os passageiros. ocorre uma nal de Transporte Aéreo realizado Mais planejamento partida de avião “Um sistema de te relacionado à infraestrutura “A Anac pode impor um durante um período JOSÉ CRUZ dete- em Brasília, em 2006. Diante dos dados apresenta- gestão de slots é indi- disponível: o slot deixa de exis- slot, um limite máximo, para A secretária de Aviação Civil, dos, o senador Roberto Caval- de tempo específico. cativo de um fracasso tir com a expansão das capaci- pressionar o gestor aeroportuá- Fabiana Todesco, esclareceu que canti (PRB-PB) pediu que as Não há consenso dos governos ou dos dades dos aeroportos e de ge- rio a fazer obras. Até o fim de há problemas de capacidade li- obras em infraestruturas já exis- sobre quem deve aeroportos em prover renciamento do espaço aéreo. 2010, a idéia é publicar um do- ser considerado seu miitados apenas às horas de pico. tentes e a construção de novos proprietário: se as infraestrutura ade- “A melhor solução de todas cumento alertando a Infraero e Nessa linha, durante debate rea- aeroportos estejam de acordo companhias aéreas, quada à manutenção é construir mais infraestrutura, demais gestores aeroportuários lizado na Câmara dos De- com a demanda projetada. O a autoridade aero- do ritmo de deman- de acordo com as necessidades sobre aeroportos que estejam putados este ano, senador César Borges (PR-BA) portuária ou, ainda, da de linhas aéreas. da indústria, e liberar espaço próximos a entrar em regras de a agência governa- Há uma multiplici- aéreo onde for conveniente. slots. O público saberia quais Para o senador Roberto Cavalcanti, tem que haver mental do setor dade de razões pelas Tudo o que realmente é preciso são esses aeroportos e poderia coerência entre as obras de reforma e construção de novos aeroportos e a demanda estimada 20  novembro de 2010 www.senado.gov.br/emdiscussao  21 Infraestrutura Infraestrutura

na África do Sul e no Canadá. também podem ajudar a aliviar rentes taxas de uso, conforme Há ainda diversos aeroportos a demanda das horas de pico, re- a demanda, para que as linhas coordenados apenas nos horá- distribuindo o tráfego para ou- aéreas sejam redistribuídas rios de pico. tros aeroportos. Isso, no entanto, de modo a diminuir custos. Para David Gamper, diretor pode não agradar aos passagei- Com taxas mais altas, aeropor- de Assuntos Técnicos e de Segu- ros, que preferem horários de tos congestionados poderiam rança no Conselho Internacional voo e conexões confortáveis. obter recursos para investir de Aeroportos (ACI, na sigla em Gamper inclusive sugere em infraestrutura (leia mais inglês), as companhias aéreas que os aeroportos adotem dife- na pág. 51).

Novas tecnologias podem ampliar capacidade

Enquanto o país define a principais e dois auxiliares. Se- temas de controle de tráfego

o/AB r n at C ampa alter forma como garantirá os recur- gundo estudo do Instituto de aéreo e as instalações de apoio

Excesso de pousos e decolagens em Congonhas (SP), palco de graves e recentes V acidentes. “Não tem para onde crescer”, diz especialista em segurança sos necessários, inclusive com Pesquisa Econômica Aplicada para suportar os impactos pro- um novo marco regulatório (Ipea) – Panorama e Perspecti- vocados pela entrada em ope- pressionar o gestor aeroportuário Assim como definido pela Iata, voos operados pela TAM no aero- (leia mais na pág. 44), novas vas para o Transporte Aéreo no ração dessas aeronaves. Serão para que obras fossem feitas antes pelas regras brasileiras a empresa porto paulistano. tecnologias vêm sendo apresen- Brasil e no Mundo –, essa é, re- necessárias mudanças físicas que o limite de capacidade fosse perde o slot se deixar de utilizá-lo Ou seja, além do controle da tadas para ampliar a capacidade almente, a tendência: a constru- nos aeroportos (maior distância atingido. A Anac já fez isso para por 30 dias ou não atingir índice Pantanal, a TAM ganhou na ne- dos aeroportos e da navegação ção de mega-aeroportos afasta- entre os portões de embarque, Congonhas e para Guarulhos”, de regularidade de 80% por 90 gociação os mais de 100 slots da aérea. dos das metrópoles, conectados com pontes de acesso próprias, afirmou Solange Vieira. dias consecutivos. Pantanal em Congonhas. Nos Os novos sistemas de na- por trens de alta velocidade. por exemplo), operacionais e Para o consultor legislativo do 66 voos semanais da Pantanal, a vegação (leia mais na pág. 74) Com relação aos terminais de gestão para atender à mo- Regras visam segurança Senado Victor Carvalho Pinto, TAM vai usar aviões de grande e pistas que permitem saídas de passageiros, uma novidade vimentação desse contingente Internacionalmente, as regras as regras da Anac são vantajosas porte, no lugar dos turboélices da mais rápidas das aeronaves, pode vir a ser utilizada para maior de passageiros. para os slots são propostas pela para as empresas já estabelecidas Pantanal, o que, na prática, tri- por exemplo, vão permitir o adaptar os aeroportos brasilei- “A próxima geração de aviões Iata. No Brasil, a regulamentação é nos aeroportos. Como os slots plica a quantidade de passageiros aumento do número de pousos ros provisoriamente e atender necessitará atender, portanto, feita pela Resolução nº 2, de 2006, não podem ser vendidos ou alu- transportados. e decolagens diários. Isso por- a períodos em que o movi- a um volume de tráfego quase da Anac, que trata da “alocação de gados a novas empresas, somente Os voos da Pantanal, que ser- que os congestionamentos e as mento supere a média: os mó- quatro vezes o atual”, aposta o horários de chegadas e partidas de a desistência de operar um slot vem cidades do interior de São limitações de acesso de aerona- dulos operacionais provisórios estudo do Ipea. aeronaves em linhas aéreas domés- permite a entrada de uma nova Paulo e Minas Gerais, foram, ves aos espaços aéreos em torno (MOPs) (leia mais na pág. 29). Por conta das mudanças tec- ticas de transporte aéreo regular de empresa. então, remanejados para o aero- dos grandes aeroportos não são Outra perspectiva é o au- nológicas na infraestrutura, as passageiros nos aeroportos”. A in- Só recentemente as regras bra- porto de Guarulhos. Em um ae- apenas um problema brasileiro. mento da frota de superaviões. capacidades dos aeroportos vêm tenção da Iata e da Anac é aplicar sileiras começaram a entrar em roporto menos atraente para os Em todo o mundo, o controle O principal exemplo é o novo sendo reestimadas. Segundo critérios que garantam a segurança conformidade com as normas in- passageiros, a tendência é de que do tráfego aéreo já trabalha em Airbus A380, que entrou em Ronaldo Jenkins, do Snea, a In- dos voos. ternacionais. As diretrizes da Iata a Pantanal reduza suas atividades, níveis críticos. operação comercial em 2007, fraero estimava, em 2009, que, Segundo as regras da Anac, as ainda permitem um comércio se- o que, futuramente, pode levar ao Além das novas tecnologias mas, até hoje, fez apenas um após as intervenções propostas, empresas que já voam para um cundário, com troca e negociação abandono da bandeira pela TAM de navegação aérea, uma das voo experimental para o Brasil. o aeroporto de Guarulhos po- aeroporto coordenado ficam com de slots entre companhias aéreas. (leia mais sobre os rumos da avia- alternativas em lugares como A aeronave é capaz de trans- deria receber 30,5 milhões de 80% dos slots, enquanto as de- “Os brasileiros implementam ção regional na pág. 47). Nova York e Londres é desviar portar entre 555 e 845 passa- passageiros em 2014 (para uma mais ficam com o restante. Por atualmente mudanças que levarão voos para aeroportos alternati- geiros. Para que o país receba demanda de 29,5 milhões). sorteio, as empresas escolhem, su- seu sistema à conformidade com Redistribuição do tráfego vos: enquanto a cidade ameri- uma linha regular operada Este ano, o Snea já revisou esse cessivamente, os horários de slots procedimentos internacionais”, De acordo com a Iata, existem cana tem três aeroportos prin- com esse avião há também a número para 35 milhões, o que de sua preferência. Uma vez feita avaliou Peter Stanton, da Iata, em atualmente 155 aeroportos coor- cipais e três auxiliares, a capital necessidade de ajustar a infra- daria espaço para atender aos a escolha, a empresa passa para a agosto de 2010. denados no mundo. São aeropor- do Reino Unido tem quatro estrutura aeroportuária, os sis- picos de demanda. última posição na fila para esco- tos onde a demanda por acesso a lha. Após quatro opções das em- Comercialização de slots pistas e portões excede a capaci- presas estabelecidas, uma nova Enquanto a comercialização dade instalada, o que resulta na O Airbus A380, com capacidade para até 845 passageiros, empresa (“entrante”, que opera de slots não é possível, as empre- necessidade de gerenciar os slots fez pouso experimental em Guarulhos (SP), em 2007 dois ou menos pares de slots por sas buscam caminhos alternati- entre as companhias aéreas. Há

dia) tem o direito de escolher um vos que permitam a ampliação ainda os aeroportos que têm con- B r uno D a n tas slot. de suas atividades em aeroportos troles de slot apenas nos horários As empresas podem trocar slots coordenados, como é o caso de de pico. entre si “com a finalidade de oti- Congonhas, em São Paulo. Em A Europa tem 98 aeroportos mizar suas operações e obter um dezembro de 2009, a TAM anun- coordenados (23 na Grécia), os melhor rendimento econômico ou ciou a compra da Pantanal e, em Estados Unidos têm dois, as re- técnico do serviço”. Essas trocas agosto de 2010, reestruturou os giões da Ásia e do Pacífico têm têm que ser autorizadas pela Anac voos da empresa adquirida para 45. Os demais aeroportos coor- e é vedada a comercialização. obter um aumento de 10% nos denados estão no Oriente Médio,

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Previsão de investimentos da Infraero até 2014 (em R$ bilhões)

Investimentos Local Infraero prevê R$ 5,34 bi para (2011 a 2014) União Aeroportos nas cidades-sede da Copa 5,34 39% Demais aeroportos 1,14 2,50 De onde virão os recursos: Infraero aeroportos das cidades da Copa Total 6,48 3,9861% pesar de atrasos nas obras e rão incorporadas ao sistema, que, somente atender aos eventos, mas Ado ceticismo de deputados e até lá, já estará recebendo 26 mi- também à projeção da demanda senadores, a Infraero garante que lhões de passageiros por ano. de passageiros nos aeroportos. Gastos nas cidades-sede da Copa (em R$ milhões) vai executar as obras necessárias “Garantiremos um aumento O presidente da subcomissão Investimentos Aeroporto Empreendimento para atender à crescente deman- de capacidade com o nível de permanente da Câmara para fis- (2011 a 2014) da por infraestrutura nos aero- conforto adequado nos aeropor- calizar os investimentos federais Reforma e modernização do terminal de passageiros e adequação do sistema viário 231,9 portos brasileiros, inclusive para tos em que há estrangulamento para a Copa de 2014, deputado Belo Horizonte a Copa de 2014 e as Olimpíadas de infraestrutura”, reforçou o su- Sílvio Torres (PSDB-SP), ad- (Confins) Pista de pouso e pátios 166,9 de 2016. A estatal assegura que o perintendente de Estudos e Pro- vertiu para a possibilidade de a Ampliação do terminal de passageiros, pátio, sistema viário e edificações complementares 732,4 planejamento está pronto e que jetos de Engenharia da Infraero, estatal não conseguir cumprir o Brasília Módulo operacional provisório 4,0 vai realizar os investimentos. Jonas Maurício Lopes, em de- cronograma das obras. Pistas de táxi, adequação da pista de pouso, viaduto e quatro áreas de segurança de fim de pista 44,2 Em debate realizado em julho bate sobre as obras para a Copa “Boa parte das obras nos ae- passado na Comissão de Via- de 2014 realizado em maio na roportos faz parte do Programa Cuiabá Terminal de passageiros, sistema viário e estacionamento 87,5 ção e Transportes da Câmara, o Comissão de Fiscalização Finan- de Aceleração do Crescimento Terminal de passageiros e sistema viário 40,2 diretor-financeiro da Infraero, ceira e Controle da Câmara dos (PAC) e está atrasada. Como po- Ampliação do pátio e pista de táxi 8,2 Curitiba Mauro Roberto de Lima, anun- Deputados. demos ficar tranquilos e esperar Ampliação do terminal de cargas 4,0 ciou que serão investidos R$ 6,5 que elas fiquem prontas a tem- bilhões na reforma de aeroportos Cronograma atrasado po?”, questionou Torres, na Co- Construção da terceira pista de pouso (estudos preliminares em elaboração) 320,0* até 2014. Somente os 16 aeropor- Lopes explicou que os princi- missão de Fiscalização Financei- Fortaleza Terminal de passageiros – fase 1; sistema viário 275,7 tos que atendem às 12 cidades-se- pais gargalos estão nos terminais ra e Controle da Câmara. Manaus Terminal de passageiros – fase 1; sistema viário 326,4 de da Copa do Mundo receberão de passageiros. Até a conclusão As informações da Infraero Natal (São Pista e pátio 95,0 R$ 5,34 bilhões (veja infográfico das obras, a empresa instalará sa- tampouco tranquilizam o depu- Gonçalo) las de embarque provisórias, com na página ao lado). tado Vanderlei Macris (PSDB- Ampliação do terminal de passageiros 345,8 Esses aeroportos concentram o uso de módulos operacionais, SP), para quem os investimentos 83% do tráfego aéreo nacional e como foi feito em países como já estão atrasados: “Desde o apa- Porto Alegre Ampliação da pista 212,9 a estimativa da estatal é de que, Portugal e África do Sul (leia gão aéreo, o governo não foi ca- Novo terminal de cargas 142,9 apenas durante a Copa de 2014, mais na pág. 30). Segundo ele, paz de planejar o desenvolvimen- Recife Torre de controle 19,2 mais 2,7 milhões de pessoas se- a aplicação de recursos não visa to da infraestrutura dos aeropor- Reforma do terminal de passageiros nº 1 254,1 Rio de Janeiro Conclusão da reforma do terminal de passageiros nº 2 312,4 (Galeão) Sistema de pistas e pátios 19,1 Rio de Janeiro Obras complementares do terminal de passageiros 49,5* Obras da Infraero no aeroporto (Santos Dumont) de Vitória, paralisadas pelo TCU e retomadas pelo Exército Reforma do terminal de passageiros 11,9 Ampliação do pátio 17,4 Salvador Torre de controle 15,1 Projeto da nova pista de pouso (depende de desapropriação e licenciamento ambiental) 4,7 Terminal de passageiros nº 3 653,8

T hiag o Gu imar ã es /S ec o m ES Módulo operacional provisório A 32,5 São Paulo Módulo operacional provisório B 23,2 (Guarulhos) Sistema de pista e pátio (depende de desapropriação) 232,5* Pista de táxi e saída rápida 10,0 Novo terminal de passageiros e pátio 523,6 Adequação do terminal de passageiros existente 47,4 São Paulo Módulo operacional provisório 5,0 (Viracopos) Projeto da segunda pista e projeto do contorno ferroviário 10,2 Alargamento da pista de táxi, ampliação do pátio do terminal de cargas, construção do novo 66,9 pátio de aviação geral, reforma geral e recapeamento da pista principal Total 5.346,5

Fonte: Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) * Valores podem sofrer alteração

24  novembro de 2010 www.senado.gov.br/emdiscussao  25 Infraestrutura Infraestrutura

tos a fim de atender um público “São muitas obras e pouco tatal para modernizar aeroportos Capacidade de gestão da Infraero crescente”. tempo para fazê-las. Preocupa- em capitais de estados. Em aeroportos como os de me a velocidade brasileira para Gerson Camata (PMDB-ES) Guarulhos, Vitória e Goiânia, por materializar essa infraestrutura destacou que a Infraero tomou é questionada por especialistas exemplo, as obras estiveram para- até 2014”, afirmou. providências para reiniciar as lisadas por longos períodos desde O senador Papaléo Paes (PS- obras de construção da pista O monopólio sobre o setor Apesar de ter características ta para ocupação de cargos, o 2008. Isso porque o Tribunal de DB-AP) também acredita que a auxiliar do aeroporto de Vitó- e a influência política, tanto de concessionária de serviços que pode levar à ineficiência e Contas da União (TCU) suspen- capacidade dos aeroportos não ria, que haviam sido embarga- para nomeação de diretores públicos, a Infraero se mantém, à corrupção, tendo em vista o deu os contratos por suspeita de será suficiente para atender a de- das pelo Tribunal de Contas da quanto para a aplicação dos na prática, como única empresa volume de recursos que a esta- irregularidades e de superfatura- manda para os eventos esporti- União (TCU) por superfatura- recursos, são características do setor, sem contrato de con- tal movimenta. Por lidar com mento de até R$ 70 milhões. vos de 2014 e 2016. Ele observou mento de R$ 61 milhões. da Infraero que dificultam o cessão com o governo federal. uma direção ligada ao governo Na opinião do senador Ro- que os terminais de passageiros Segundo Camata, a obra foi acompanhamento pela estatal “Não há incentivos à melho- federal e ao Ministério da De- berto Cavalcanti (PRB-PB), fal- dos aeroportos de Congonhas e assumida pelo Exército e será en- do ritmo de expansão da de- ria da produtividade e do aper- fesa, afirma Carvalho Pinto, tam à Infraero recursos e con- Guarulhos estão saturados. Os de tregue ainda em 2010. Ele tam- manda por transporte aéreo no feiçoamento tecnológico. Não a fiscalização da Infraero pela dições técnicas para atender ao Brasília, Confins (Belo Horizon- bém lembrou que a estatal pre- país. A opinião é compartilha- há tampouco uma individu- Anac também é dificultada. A crescimento da demanda. Ca- te), Cuiabá e Viracopos (Campi- tende instalar um módulo opera- da pelo consultor legislativo do alização nas finanças de cada aplicação de multas pela agên- valcanti disse que as filas para nas-SP) estariam atingindo suas cional temporário no local. Senado Victor Carvalho Pin- aeroporto, pois eles não têm cia à empresa, ao afetar seus check-in são “quilométricas” e capacidades no final deste ano. Já a senadora Serys Slhessa- to e por estudo realizado pelo personalidade jurídica própria”, resultados, na verdade impli- que, no aeroporto de Brasília, De acordo com o senador, em renko (PT-MT) considera que a Ipea este ano. critica Carvalho Pinto. ca ônus somente à União, sua atingem 100 metros em horários Macapá as instalações do aero- ampliação do aeroporto que ser- Para o consultor, critérios maior acionista (veja infográfi- de pico. porto estão obsoletas e há ape- ve a Cuiabá vai impulsionar o políticos são levados em con- co abaixo). De acordo com a Iata, a ocupa- nas uma esteira de bagagem para desenvolvimento em seu estado: ção ideal para o mínimo conforto atender os 40 mil passageiros que “Mato Grosso tem um espa- nas salas de embarque não deveria por lá passam mensalmente. ço gigantesco de oportunidades. ultrapassar uma pessoa por metro “O transporte aéreo no Brasil Já vamos começar a perceber os quadrado. Em Congonhas, Porto encontra-se em situação precarís- efeitos positivos de sermos sede Alegre, Brasília e Fortaleza, nos sima e requer medidas urgentes, da Copa do Mundo de 2014. horários de pico, a média é bem tanto para dar um mínimo de Recebi um cronograma da In- Empresa pública, vinculada ao Ministério da Defesa maior, afirmou o senador. conforto aos passageiros quanto fraero e o Aeroporto Marechal Ano de fundação: 1972 Ele reclamou também da de- para assegurar as condições bási- Rondon, em Várzea Grande, vi- Capital: fechado, com 88% das ações pertencentes à União e 11,2% ao Fundo Nacional de mora na retirada das bagagens, cas e indispensáveis de seguran- zinha à Cuiabá, deve estar total- por conta de esteiras obsoletas. ça”, disse Papaléo. mente pronto em 2013, com re- Desenvolvimento, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) No Brasil, a média é de 600 ba- forma e ampliação do terminal Finalidades: Desenvolvimento gagens retiradas das esteiras por de passageiros, adequação do t*NQMBOUBS BENJOJTUSBS PQFSBSFFYQMPSBSJOEVTUSJBMFDPNFSDJBMNFOUFBJOGSBFTUSVUVSB hora, enquanto, no exterior, é de Por outro lado, há senadores sistema viário e estacionamen- aeroportuária e de apoio à navegação aérea 2 mil por hora. que reconhecem o esforço da es- to”, afirmou Serys. t1SFTUBSDPOTVMUPSJBFBTTFTTPSBNFOUPFNTVBTÈSFBTEFBUVBÎÍPFOBDPOTUSVÎÍPEFBFSPQPSUPT Número de empregados: BQSPYJNBEBNFOUFNJM DPODVSTBEPTFUFSDFJSJ[BEPT Número de aeroportos administrados:  DPODFOUSBOEPBQSPYJNBEBNFOUF tEPNPWJNFOUPEF tNJMIÜFTEFQPVTPT tNJMIÜFTEF aldemir B arret o G erald o M agela G erald o M agela transporte aéreo do país e decolagens passageiros W Gerencia ainda aeroportos que não recebem voos comerciais regulares, FNMPDBJTDPNP5FGÏ ". 5BCBUJOHB ". $SV[FJSPEP4VM "$ FOUSFPVUSPT A estatal administra ainda: tHSVQBNFOUPTEF tVOJEBEFTEF tUFSNJOBJTEF navegação aérea navegação aérea logística de carga

Fonte: Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero)

Para o senador Papaléo Paes (E), terminais de passageiros estão no limite e aeroportos ficarão sufocados na Copa e na Olimpíada. Gerson Camata e Serys Slhessarenko elogiam trabalho da Infraero

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O Ipea avalia que a disponibili- As receitas da estatal são gera- “Essa individualização é um dade de recursos da Infraero tam- das principalmente por tarifas de dos principais instrumentos de di- Para estatal, terminais provisórios pouco é suficiente para fazer face armazenagem e capatazia de car- recionamento da demanda para os às necessidades de obras para aten- ga aérea, concessão de espaços co- aeroportos ociosos e para os horá- são solução para a Copa der ao crescimento da demanda. merciais nos aeroportos, taxas de rios menos demandados dos aero- Sem contar os investimentos, hoje embarque, pouso e permanência, portos congestionados”, avalia o Diante das urgências na pal aeroporto para a Eurocopa Os módulos custam R$ 2,5 apenas pouco menos de um terço e prestação de serviços de comu- consultor, lamentando que, apesar adequação da infraestrutura realizada em Portugal naque- mil o metro quadrado e podem dos aeroportos administrados pela nicação e auxílio à navegação aé- de a lei de criação da Infraero aeroportuária para atender às le ano. As estruturas oferecem ser construídos em apenas nove estatal não são deficitários. A isso, rea (veja infográfico na pág. 53). prever que os aeroportos devem demandas da Copa do Mundo facilidades disponíveis em um meses. Para isso, utilizam mate- afirma o estudo, soma-se a pressão O Ipea aponta ainda que, em ter contas separadas, apenas re- de Futebol em 2014, a Infrae- aeroporto: salões de embarque riais como tendas apoiadas em política para aplicação dos recur- 2000, as receitas comerciais dos centemente as receitas do aero- ro já estuda a implantação dos e desembarque, posições de estruturas metálicas e até partes sos, que acabam dispersos. aeroportos (concessão de explo- porto de Congonhas foram indi- chamados módulos operacio- check-in, esteiras de bagagem, infláveis (veja infográfico abai- “Privilegiam-se inves- ração para lojas etc.) representa- vidualizadas. nais provisórios (MOPs) em portões de embarque e pontos xo). timentos em terminais vam cerca de 21% do faturamen- Os que defendem a adminis- Taxiar – deslocar 16 aeroportos em cidades que de inspeção por raios X, sa- Para os aeroportos cujos ter- o avião em terra de passageiros, que têm to anual da empresa, enquanto a tração centralizada argumentam sediarão jogos do evento espor- nitários e até áreas para lojas minais de passageiros estão sa- ou na água, imedia- maior visibilidade, em média mundial era de aproxima- que aeroportos menores dificil- tivo. e restaurantes. Os padrões de turados em momentos de pico tamente antes da detrimento das pistas damente 50%. mente terão capacidade finan- Os MOPs foram adotados segurança exigidos devem ser (veja infográfico na pág. 25), e decolagem ou logo de pouso e taxiamento e Segundo o economista Er- ceira, o que seria compensado pela primeira vez em 2004, em garantidos, assim como o isola- onde são necessárias soluções após o pouso antes dos pátios de estaciona- nani Lustosa Kuhn, a adminis- em um sistema integrado. As- Lisboa, que adaptou seu princi- mento térmico e acústico. emergenciais, os MOPs, de de estacionar. mento de aeronaves. As tração centralizada é menos efi- sim, o Ipea sugere que um novo despesas de conserva- ciente se comparada à dos aero- modelo pode manter a Infraero ção e manutenção são sacrificadas portos-empresa. Nesse sentido, como holding, responsável pelo com relação aos novos investimen- Victor Carvalho Pinto defende que planejamento e definição de es- tos, que propiciam inaugurações. cada aeroporto deveria ter tarifas tratégias gerais, com empresas Veja como são os módulos operacionais A distribuição regional dos inves- próprias, calculadas em função dos subsidiárias que seriam “privati- timentos também é distorcida”, custos, dos investimentos previstos zadas” para exploração de aero- provisórios (MOPs) propostos pela Infraero analisa Victor Carvalho Pinto. e da demanda de utilização. portos. Estruturas são feitas de materiais como lona, plástico e vidro e podem ser desmontadas e reaproveitadas em outros lugares

Aeroporto do Galeão (RJ) em reforma: especialistas questionam capacidade financeira da Infraero para realizar todas as obras necessárias

Planta esquemática de um MOP

5 1 Área interna - 1.095,33 m2 8 9 10 7 2 376 cadeiras 6 7 6 3 Baia para ônibus (4 vagas) 4 Acesso 2 5 Circulação de serviço 4 6 Cafés 1 7 Áreas para mesas 8 Banheiros M/F/Familiar 9 Livraria 10 Ar condicionado

3

Fonte: Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) In fraer o

28  novembro de 2010 www.senado.gov.br/emdiscussao  29 Infraestrutura Infraestrutura In fraer o acordo com a Infraero, se apre- partir deste ano. O primeiro deles técnico do Sindicato Nacional das dulos seriam “puxadinhos”, sem sentam como a melhor opção, deve ser implantado no aeroporto Empresas Aéreas (Snea), Ronaldo estrutura adequada para os usu- também pela economia de tempo de Viracopos, em Campinas (SP), Jenkins, no debate na CDR. ários. Segundo ele, os módulos na licitação, já que, pelo seu valor, ao custo de R$ 5 milhões, com A Infraero também tem estu- possuem conforto e mobiliário de podem ser contratados por meio início das obras em setembro e en- dos para a instalação de MOPs uma sala de embarque permanen- de pregão eletrônico. trega prevista ainda para este ano. em Goiânia, Vitória, Cuiabá, Ma- te. “Eles são utilizados em todo o Outra vantagem é que, caso Para o aeroporto de Brasí- capá, Teresina, Ilhéus (BA), Im- mundo como solução barata para obras definitivas sejam executa- lia está previsto um MOP de peratriz (MA), Juazeiro do Norte aguardar a conclusão de obras de das, os módulos podem ser rea- R$ 4 milhões, a ser instalado entre (CE) e São José dos Campos (SP). ampliação”, defendeu. proveitados em outros aeroportos. agosto de 2012 e junho de 2013. Além de Lisboa – cujo aero- Os MOPs a serem instalados, de Para o aeroporto de Guarulhos “Puxadinhos” porto contou com um módulo acordo com critérios da Infraero, (SP), planejam-se dois MOPs, um Uma restrição ao uso dos temporário de 8 mil metros qua- têm que ser completamente des- de R$ 32,5 milhões e outro de R$ MOPs foi feita pelo presidente da drados que duplicou a sua capa- montáveis e removíveis. 23,2 milhões. O primeiro entra- Comissão de Viação e Transpor- cidade –, também a África do O aeroporto de Florianópolis ria em operação já em dezembro tes (CVT) da Câmara dos De- Sul instalou MOPs em três cida- Infraero planeja a foi o primeiro a receber um MOP, de 2011 e o segundo, em abril de putados, deputado Milton Monti des que receberam jogos da Copa ampliação do terminal de em abril de 2009. Segundo a In- 2013, a tempo de atender ao mo- (PR-SP). Ele teme que as estrutu- do Mundo de 2010: Cidade do passageiros do aeroporto fraero, os passageiros aprovaram a vimento da Copa das Confede- ras se tornem definitivas. Cabo, Port Elizabeth e Bloem- de Manaus, obra estimada solução, que ampliou em mil me- rações, realizada pela Fifa no ano “Os recursos serão da ordem de fontein. O aeroporto de Doha, em R$ 326,4 milhões tros quadrados as salas de embar- anterior à Copa do Mundo. R$ 115 milhões e, devido à vida no Catar, também adotou a so- que e desembarque do aeroporto. “Os módulos operacionais que a curta dos MOPs, essas instalações lução de terminal temporário du- “A satisfação das pessoas diante Infraero criou absorverão o exces- não representarão uma parte do rante os Jogos Asiáticos de 2006. do conforto proporcionado pelo so de demanda, até que as obras expressivo legado que os inves- Outros aeroportos internacio- Em 2010, atraso na liberação de cargas no aeroporto módulo operacional é muito po- estejam prontas. A capacidade timentos para a Copa de 2014 nais que, por diferentes razões, já causou prejuízos ao Polo Industrial de Manaus sitiva”, declarou a superintenden- do aeroporto de Brasília, que, ao deixarão para a infraestrutura de empregaram MOPs são: Bruxelas, te do aeroporto de Florianópolis, término de 2014, seria de 18 mi- transportes do Brasil”, afirmou o na Bélgica; Dublin, na Irlanda; O aeroporto de Manaus registrou Virgílio (PSDB-AM) denunciaram o Maria Edwirges Madeira, à im- lhões de passageiros, com os mó- deputado. Munique, na Alemanha; Pequim, no primeiro semestre de 2010 pro- “apagão logístico”. Na CDR, Praia prensa da Infraero. dulos operacionais vai ser maior O diretor-financeiro da In- na China; Mumbai, na Índia; blemas no transporte de cargas. revelou os problemas de armazena- A estatal anuncia que três aero- para poder absorver o excesso de fraero, Mauro Roberto de Lima, Colônia-Bonn, na Alemanha; e Segundo a Infraero, a movimenta- gem de eletrônicos e de movimen- portos já devem receber MOPs a demanda previsto”, disse o diretor refutou as críticas de que os mó- Seattle, nos Estados Unidos. ção de mercadorias registrou cres- tação e liberação de cargas. Segun- cimento de 173%, mais de quatro do Virgílio, os atrasos compromete- vezes acima do esperado. Como ram cronogramas da indústria local, consequência, a liberação de mer- paralisando linhas de produção e cadorias, que deve ser feita em 24 deixando até 20 mil trabalhadores horas, chegou a demorar 15 dias, ociosos.

a u la C i nqu etti causando prejuízos às empresas do A Infraero, que chegou a ser cobra- P Polo Industrial de Manaus (PIM), da na Justiça para explicar a demora Sala de embarque do módulo calculados em R$ 60 milhões por na liberação de mercadorias, con- operacional provisório de mês, inclusive com cargas mal ar- tratou 185 funcionários e conseguiu Florianópolis: já há temor de que, de temporárias, estruturas levem ao mazenadas, expostas a chuva e sol. reduzir a quantidade acumulada de adiamento de obras definitivas e de O aeroporto de Manaus é o tercei- carga, que havia chegado a um re- maior conforto aos passageiros ro em movimentação de cargas no corde de 5,8 mil toneladas em feve- Brasil, atrás apenas de Guarulhos e reiro. A estatal ergueu uma área de Viracopos, no estado de São Pau- armazenagem provisória, com 2,5 lo. O aquecimento da economia e mil metros quadrados, e fez com a grande procura por eletrônicos que o terminal de cargas operasse produzidos no PIM, principalmen- 24 horas por dia. Segundo a empre- te TVs, no ano da Copa do Mundo sa, em agosto o aeroporto voltou a de Futebol, causaram o crescimento funcionar normalmente. acima do estimado. O transporte aéreo é fundamental para Manaus, que não tem ligação rodoviária ou ferroviária com o resto do Brasil. J. F reitas Em maio, quando o aeroporto re- gistrava o problema, os senadores Jefferson Praia (PDT-AM) e Arthur

Jefferson Praia narrou à comissão os problemas na liberação de cargas para a indústria de eletrônicos 30 Infraestrutura Legislação

Cercado por uma área de proteção In fraer o ambiental, que guarda as últimas dunas do litoral da cidade, o aeroporto de Salvador precisa ser ampliado, mas a reserva pode Investimento pode vir impedir as obras com mudanças na lei

No lugar do emaranhado de normas vigente, especialistas sugerem um único marco legal, capaz de estimular e garantir o aporte de recursos privados

desafio de adequar a infraestrutura de pelo Ministério da Defesa e apresentado ao Con- aeroportos e navegação aérea no Brasil gresso em março de 2010. O texto aguarda votação ao ritmo de crescimento da demanda no plenário da Câmara (leia mais na pág. 44). pelas viagens de avião – potencializado Opela realização da Copa do Mundo de 2014 e dos Apagão aéreo Jogos Olímpicos de 2016 – caminha paralelamente A mobilização do Congresso para mudar as re- à construção de uma nova legislação para regular o gras que regem a aviação civil no Brasil se intensi- setor. Aliás, segundo especialistas, entre eles o mi- ficou após o chamado “apagão aéreo” que ocorreu nistro da Defesa, Nelson Jobim, garantir recursos após o acidente com o voo 1907 da Gol, que se cho- para ampliar o sistema depende de segurança jurí- cou com um avião particular em setembro de 2006, dica, que, por sua vez, depende do trabalho de se- matando as 154 pessoas a bordo. Debate expôs deficiências do aeroporto de Salvador. Infraero nega nadores e deputados. Depois do acidente, controladores de voo re- Atualmente, a Câmara dos Deputados analisa 31 alizaram uma operação-padrão, seguindo à risca Na audiência pública da CDR, o Infraero tem projetos prontos para que a pista principal do aeropor- projetos cujo principal objetivo é atualizar o Código as recomendações de segurança, o que ocasionou senador César Borges (PR-BA) construção de uma nova pista no to também passa por reformas. Brasileiro de Aeronáutica (CBA), que está em vigor atrasos na maioria dos voos, lotação dos aeroportos alertou para a necessidade de uma aeroporto de Salvador, mas que “Hoje, não há condição de a ae- desde 1986 – antes, portanto, da promulgação da e até a queda do ministro da Defesa, Waldir Pires, nova pista no aeroporto de Salva- há problemas ambientais, já que o ronave pernoitar no aeroporto Constituição de 1988 e da liberalização do setor aé- expondo falhas nas estruturas do setor. O Senado dor. Segundo ele, já há dificulda- terreno, próximo ao mar, é coberto de Salvador, o que significa mais reo, cujo principal marco é a lei de criação da Anac e a Câmara realizaram comissões parlamentares de des para que voos do interior do por dunas. voos, porque não há local para (Lei 11.182/2005). Um dos projetos foi elaborado inquérito (CPIs) para investigar o episódio e propu- estado consigam horário de pouso O projeto da Infraero, de 2009, estacionar. Quer dizer, até 2013 ou decolagem. prevê que a nova pista, paralela será necessário conviver com res- “Salvador precisa de uma nova pis- à atual, custará R$ 350 milhões e trições”, lamentou. ta. Quem cuida desse planejamen- terá 2.500 metros de extensão. O A Infraero informa que a revitali-

to? Pátio e terminal de passageiros problema é que a nova pista pode zação da pista principal, em fase f o t o: D iv u lga ção/FAB também já têm gargalos. Precisa- ocupar até 80% da Área de Prote- de acabamento, custou R$ 13 mos de providências até a Copa, ção Ambiental Lagoas e Dunas do milhões. Segundo a assessoria de até 2013”, apelou o senador. Abaeté, último remanescente de imprensa da estatal, a reforma faz A secretária de Aviação Civil, Fa- dunas no litoral da cidade. parte de uma manutenção perió- biana Todesco, esclareceu que os Segundo a Infraero, o projeto faz dica e não houve impacto opera- problemas de capacidade se limi- parte do plano diretor de obras cional durante a obra. tam às horas de pico desde os anos 80. Porém, a estatal César Borges lembrou ainda que, (veja infográfico ainda quer que uma empresa de- em 2002, uma reforma ampliou na pág. 25). Ela senvolva um estudo de impacto o terminal de passageiros para garantiu que a ambiental para analisar a viabili- receber 6,5 milhões de passagei- dade de construir a pista. ros por ano, mas esse número já Ronaldo Jenkins, do foi atingido em 2009. O senador Snea, reconheceu sugeriu a construção de um aero- que a situação porto apenas para cargas, em Fei- é crítica, já ra de Santana ou Camaçari.

J. Freitas César Borges sugeriu prioridades para que o aeroporto de Salvador possa suportar a demanda até a Copa do Mundo de 2014 Destroços do avião da Gol que bateu em um jato executivo americano em 2006 e caiu na serra do Cachimbo (MT) 32  novembro de 2010  33 Legislação Legislação seram diversos projetos de lei para dos agentes com os da sociedade sempre precisas. A legislação ae- melhorar a organização do setor em geral. Quando isso não ocor- ronáutica, afirma Carvalho Pin- aéreo. re, os problemas se acumulam e to, demanda atualização, para se “A crise evidenciou a existência as oportunidades são perdidas”, adequar a conceitos modernos de de uma série de deficiências no afirma o consultor legislativo do regulação econômica. setor aéreo, que se acumularam Senado, Victor Carvalho Pinto. Esses argumentos são compar- ao longo dos anos e continuam Segundo o consultor, as leis so- tilhados pelo ministro Jobim. No presentes. Uma parte dessas defi- bre o setor – que incluem a Cons- texto que acompanha o projeto ciências diz respeito ao marco re- tituição, o CBA, a lei de criação que o governo encaminhou ao gulatório do setor, que se apresen- da Anac e a lei complementar so- Congresso em março deste ano, ta defasado e confuso. Um bom bre as Forças Armadas – adotam Jobim afirma que é preciso “ga- modelo deve alinhar os interesses terminologias distintas e nem rantir a segurança jurídica neces- sária para estímulo e desenvol- vimento da aviação nacional e adequação do setor à realidade mundial”. Mais que isso, o mi- Aeroporto de Brasília nistro avalia que “o atual mo- em abril de 2007, um delo de delegação de serviços dia depois da greve de controladores que causou aéreos encontra-se em descom- verdadeiro “caos aéreo” passo com a realidade ante o rápido crescimento e a elevada complexidade do setor”. “As atuais normas sobre ex- Lojas em Guarulhos (SP): ploração dos serviços aéreos, especialistas sugerem que contidas no Código Brasileiro aeroportos sejam geridos como de Aeronáutica, mostram-se centros de negócio insuficientes para disciplinar as atividades e relações jurí-

dicas desse segmento. Aquele Ana Volpe diploma necessita de atualiza- ção de seus conceitos a fim de O estudo é específico ao suge- de, características comuns na ini- e a iniciativa privada, bem como acompanhar a expressiva mu- rir que as funções de regulação do ciativa privada, especialmente na as concessões (leia mais na pág. dança no quadro institucional- controle de tráfego aéreo, hoje fei- aviação. Em outras palavras, o que 39). Foram esses modelos que jurídico, bem como a evolução tas pelo Departamento de Con- está em análise é a privatização de transformaram a dinâmica do se- técnica ocorridas nos últimos trole do Espaço Aéreo (Decea) partes da infraestrutura aeroportu- tor nas regiões que concentram a anos”, afirma o ministro, ao do Ministério da Defesa, passem ária e aeronáutica. maior parte do tráfego aéreo no sugerir a revogação ou modifi- para a Anac, e a sua execução, “Não há soluções baseadas ex- mundo, ou seja, Europa, Améri- cação de dispositivos do CBA para uma empresa pública não li- clusivamente em recursos públi- ca do Norte e Ásia. No modelo que, segundo ele, "não mais se gada ao Ministério da Defesa (leia cos. Para atrair investimentos pri- dominante nesses locais, um ae- justificam no atual cenário”. mais na pág. 37). Por fim, a aná- vados, na quantidade necessária roporto compete com outro para Estudo elaborado pelo Ban- lise sugere a migração de todas as para aproveitar o crescimento re- atrair mais voos, lojas, passageiros co Nacional de Desenvolvi- atividades relacionadas à aviação gistrado e, ainda, o atendimento e, logicamente, receitas. mento Econômico e Social civil para um ministério civil, ao aos novos nichos e oportunidades “A exemplo do que ocorreu em (BNDES) e pela consultoria qual a Anac ficaria ligada. de negócios, é urgente a criação outros setores de infraestrutura, McKinsey faz diagnóstico “A quase totalidade dos paí- de um ambiente de estabilidade a gestão do sistema aeroportuá- semelhante: “A estrutura de ses analisados tem órgão regu- institucional e segurança jurídi- rio deve ser repassada à iniciati- governança do setor apresenta lador ligado ao Ministério dos ca para esses novos investidores”, va privada. Diversos benefícios pontos passíveis de aprimo- Transportes ou da Indústria/De­ afirma estudo do Instituto de Pes- decorreriam dessa providência: ramento. Não está claro qual senvolvimento, para facilitar o quisa Econômica Aplicada (Ipea) mais investimentos, substituição entidade é responsável pelo planejamento integrado da matriz divulgado em maio de 2010. do fisiologismo por uma admi- planejamento de longo prazo de transportes”, afirma o estudo. Nessa mesma linha, o estudo nistração técnica, busca cons- e coordenação do setor como do BNDES sugere que as alterna- tante de novas oportunidades um todo, incluindo serviços Recursos privados tivas passem pela reestruturação de negócio e de tecnologias mais de transporte aéreo, infraes- A principal preocupação é que organizacional da Infraero e pelo eficientes”, afirma Victor Carva- trutura aeroportuária e con- a regulação do setor propicie um aumento da participação privada lho Pinto. trole de tráfego aéreo, algo ambiente favorável à realização dos na operação e construção de ae- Já o estudo do BNDES aposta primordial, tendo em vista a grandes investimentos necessários, roportos, o que pode ser feito por que, a partir dos ganhos de pro- intensa interação entre esses especialmente nos aeroportos. As diferentes modelos. dutividade e da melhor utilização componentes”, avalia o estudo, propostas – como a de abertura do dos ativos, a administração aero- de janeiro de 2010, que sugere setor ao capital estrangeiro – apon- Aeroportos-empresa portuária seria autossuficiente, a consolidação das normas em tam para o estímulo à concorrên- Entre as opções possíveis, estão com receitas tanto para custear apenas uma lei. cia e ao aumento da produtivida- as parcerias entre o setor público suas operações como para finan-

  34 An t ôn i o C r uz/AB novembro de 2010 www.senado.gov.br/emdiscussao 35 Legislação Legislação ciar sua expansão, sem necessida- ciais representam apenas 20% do ação, a sugestão do estudo não é de de recursos públicos. total, contra uma média mundial diferente das demais: aumento da Da militarização De acordo com essa análise, os de 40%, e têm um nível de efi- participação da iniciativa privada aeroportos nacionais são subutili- ciência operacional menor que os e individualização da coordena- à liberalização: zados, já que suas receitas comer- estrangeiros. Para mudar a situ- ção de cada aeroporto. transição começou

Em Porto Seguro em 1992 (BA), empresa privada administra o aeroporto An a Vo lpe desde 2000 e investe para aumentar o B ritish A irp o rts th o rity Au conforto dos passageiros

Aeroporto de Heathrow em Londres, um dos maiores do mundo, é operado pela iniciativa privada

A organização da aviação Muitas vezes esse argumento é (CBA), de 1986, que manteve a civil em todo o mundo foi utilizado para justificar uma gestão militar da aviação civil. fortemente influenciada pela atuação mais intensa do Esta- Porto Seguro tem gestão privada desde 2000 2a Guerra Mundial. Um marco do, e particularmente da Aero- Desregulamentação para o setor, a Convenção de náutica, no setor, assim como Uma “Política de Flexibiliza- O aeroporto de Porto Seguro (BA) público-privadas na Bahia, como aeroporto de Porto Seguro. Se- Chicago (EUA), de 1944 – por- as exigências de nacionalidade ção da Aviação Comercial” foi tem gestão privada desde 2000. o aeródromo de Guaibim (área tu- gundo ele, o aeródromo da cidade tanto, em plena guerra – tradu- brasileira para empresas aéreas adotada na década de 90, re- A cidade do litoral sul da Bahia é rística na cidade de Valença), que ainda “é uma espécie de rodovi- ziu as preocupações militares, e seus dirigentes, e para aero- movendo gradativamente con- o quinto maior polo turístico do atende também à ilha de Morro de ária de cidade pequena”. Outro prevalecendo forte viés nacio- naves e tripulantes”, analisa o troles do governo sobre o setor, Nordeste, atrás apenas de capi- São Paulo. No estado, além de problema, segundo o senador, é a nalista, estatista e com forte consultor legislativo do Senado por meio de portarias do antigo tais (Salvador, Recife, Fortaleza e Porto Seguro, a Sinart opera os pista de pouso, que tem 2 mil me- atuação das forças armadas. Victor Carvalho Pinto. DAC. Natal), e registra quase 1 milhão aeroportos de Lençóis e Teixeira tros de extensão. No Brasil, desde 1941, o sis- Somente com a consolidação “Pode-se dizer que a desregu- de passageiros por ano. Segundo de Freitas e, em Minas Gerais, o “Não há como ter um voo direto tema nacional de aviação civil dos tempos de paz, houve espa- lamentação do setor foi feita em Carlos Rebouças, superintendente de Juiz de Fora. para a Europa, pois não existem funcionou de maneira centrali- ço para mudanças, que vieram três rodadas, em 1992, 1998 e do aeroporto, entre 85% e 90% Para ampliar essa parceira, porém, condições de o avião decolar lo- zada, vinculado ao Ministério com a onda liberal dos anos 80 2001, em trajetória semelhante dos passageiros que desembarcam o senador César Borges considera tado, com combustível. É preciso da Aeronáutica. nos Estados Unidos e na Ingla- à liberalização promovida pela na cidade são turistas. fundamental que o governo fede- fazer um pouso técnico em Salva- Todas as áreas ficaram su- terra. União Europeia, de forma a O governo estadual concedeu a ral defina o quanto antes um mo- dor, um grande empecilho”, nar- bordinadas aos militares: con- Seguiram-se a desregulamen- evitar um forte acirramento da administração do aeroporto para delo nacional para a concessão de rou César Borges. trole do espaço aéreo e proteção tação e a privatização (de com- competição no mercado, como a Sociedade Nacional de Apoio aeroportos à iniciativa privada. Pela Sinart, Carlos Rebouças con- ao voo, por meio do Decea; in- panhias aéreas, de aeroportos ocorrera nos Estados Unidos”, Rodoviário e Turístico (Sinart), César Borges lamenta que, há firma a limitação técnica, mas afir- fraestrutura aeroportuária, por e até do controle do tráfego), explica estudo do Instituto Tec- empresa que paga – ou investe re- três anos, tenha promovido uma ma que, na prática, não tem gran- meio da Infraero; regulação, influenciando e pressionando nológico de Aeronáutica (ITA), cursos próprios – para explorar os reunião entre o prefeito de Porto de efeito no número de passagei- fiscalização e controle da avia- – por meio do crescimento do publicado em 2010. serviços. Desde então, a empresa Seguro, a Anac e empresários dis- ros que a cidade pode receber. ção civil, por meio do antigo mercado e de maior eficiência – De acordo com o consultor investiu para ampliar a capacida- postos a explorar o potencial tu- Segundo ele, geralmente os tu- DAC; e prevenção e investiga- a organização do setor aéreo em legislativo do Senado Victor de do aeroporto e oferecer maior rístico da Costa do Descobrimento ristas europeus que visitam Porto ção de acidentes aeronáuticos, outros países. Carvalho Pinto, o conceito ado- conforto e segurança a quem usa (região onde se localiza o municí- Seguro, mesmo em voos charter, por meio do Centro de Investi- No Brasil, a influência da tado – inclusive pela V Con- o terminal. pio), mas que, até hoje, as regras passam em outro destino turístico gação e Prevenção de Acidentes Aeronáutica no setor sobreviveu ferência Nacional de Aviação O senador César Borges (PR-BA) ainda não tenham saído das gave- do Nordeste antes de voltar para Aeronáuticos – Cenipa (veja in- ao fim do regime militar, em Civil, de 1992 – reconheceu a trouxe o tema à tona na reunião da tas do Ministério da Defesa. casa. Nessas outras cidades, como fográfico na pág. 77). 1985. Enquanto no Hemisfério pressão por competitividade e CDR para demonstrar que há esse O senador acredita que há espaço Salvador e Natal, os aeroportos “É comum mencionar-se o Norte caía a intervenção do Es- produtividade que já se verifica- e outros exemplos de parcerias para muitas melhorias no próprio têm pistas mais compridas. caráter estratégico da aviação tado, aqui era aprovado o Có- va em outras partes do mundo. civil para a segurança nacional. digo Brasileiro de Aeronáutica A forte redução de custos, os

36  novembro de 2010 www.senado.gov.br/emdiscussao  37 Legislação Legislação Liberalização na década de 1990 acirrou a competição entre as empresas, como Vasp Prevista em lei, concessão de Sede da Infraero em Brasília: e Varig, que fecharam por estatal dos aeroportos é problemas de gestão concessionária, mas aeroportos não sai do papel sem contrato

Mesmo aprovado em um estudo do Ipea sobre o setor aé- momento em que havia maior reo, perguntas comuns a quem participação do Estado e das analisa o modelo em vigor. Forças Armadas no setor aé- Entre as alternativas suge- reo, o Código Brasileiro de ridas pelos estudiosos está a Aeronáutica (CBA) prevê, des- abertura do capital da Infraero, de 1986, a possibilidade de a com maioria ou não de capi- União (que detém o monopólio tal da União. Mas há também do setor) delegar a exploração e quem sugira que a exploração a operação de aeroportos à ini- e a operação dos aeroportos ciativa privada, por concessão sejam feitas individualmente – ou autorização. ou em partes –, com diferentes De acordo com a lei de cria- empresas (entre elas a Infraero) ção da Anac, a agência deveria concorrendo a esse direito por ser responsável pelo “estabe- meio de licitações. G erald o M agela lecimento de um modelo de Mantida a Infraero como concessão da infraestrutura principal concessionária, a ges- ganhos de escala, a evolução tec- propiciar maior liberdade tarifá- e prevenção de acidentes, por ­aeroportuária”, por meio do tão da infraestrutura aeropor- nológica e, consequentemente, a ria, abrir o mercado para novas exemplo, continuam no Coman- qual o Estado “concede ou au- tuária continuará centralizada. expansão do mercado internacio- empresas e incentivar a compe- do da Aeronáutica, sem contar toriza a exploração de infraes- Nesse cenário, a vantagem é nal desafiaram os limites da ação tição. que a Infraero e a própria Anac truturas aeroportuárias no todo que o sistema poderia se equili- reguladora do Estado também no Como consequência, a dife- se mantêm vinculadas ao Minis- ou em parte”. brar, garantindo que aeroportos Brasil. rença entre os padrões de pro- tério da Defesa. O Comando da Porém, na prática, isso não com menor movimento ou em “Até 1990, o setor era extre- dutividade e qualidade entre as Aeronáutica administra, ainda, vem acontecendo e a agência regiões menos centrais recebes- mamente concentrado e regula- empresas nacionais e as estran- aeródromos de uso misto (civil reguladora do setor não faz li- sem investimentos. Mauricio CTA/CC mentado. A desregulamentação, geiras diminuiu. O planejamen- e militar) e pode determinar que citações com essa finalidade. A abertura do capital da es- Quais são as dificuldades para iniciada naquela década ficou in- to passou a privilegiar a redução aeródromos civis sejam considera- Por outro lado, a relação da tatal também poderia, de acor- completa. Ela foi suficiente para dos custos operacionais pela ra- dos “de interesse militar”. definir esse modelo? Esse mo- União com a Infraero, que, em do com o estudo do Ipea, per- delo está atrelado à questão da que houvesse uma competição cionalização da oferta e pelo me- O Decea, ao mesmo tempo tese, seria a concessionária dos mitir maior controle sobre a entre as empresas já instaladas: lhor aproveitamento das aerona- que cuida da defesa aérea, con- Infraero? Há muita confusão se maiores aeroportos federais, aplicação de recursos, reduzir a Infraero vai ser privatizada, Vasp, Transbrasil, Varig, TAM ves e rotas. trola o tráfego, a cartografia, a não é de concessão (leia mais interferências políticas e orien- e a nascente Gol. Mas três delas “Esse ganho operacional levou meteorologia e outras atividades se vai ter ações em bolsa. Seria na pág. 27). O resultado é um tar investimentos às demandas mais simples a Anac exercer saíram do mercado por má gover- ao aumento da competição e ao já consideradas civis em outros sistema misto, com regras inde- concretas. nança”, avalia o diretor do Depar- declínio sistemático das tarifas. países. O mesmo pode ser dito seu papel, abrir concessões para finidas, que, de acordo com os Da mesma forma, o estudo construção de aeródromos. A tamento de Política de Aviação Empresas que operavam sob a do Cenipa, que na maioria dos especialistas, dificulta os inves- do BNDES e da consultoria Civil (Depac) do Ministério da proteção de reservas de mercado modelos estrangeiros é um órgão proteção ao voo seria sempre timentos necessários para que a McKinsey levanta a possibili- fiscalizada pela Anac”, sugeriu Defesa, Fernando Soares. e controles governamentais saí- independente, com garantia de infraestrutura consiga absorver dade de a Infraero se transfor- A lei de criação da Anac, em ram de cena [Varig, Vasp, Trans- autonomia. o senador César Borges (PR- o crescimento da demanda pelo mar em uma concessionária de BA) durante o debate na CDR. 2005, último grande marco legal brasil], cedendo lugar a um novo “O mais adequado, portanto, transporte aéreo. acordo com as características a alterar a organização do setor, modelo de gestão empresarial, do ponto de vista constitucional, “Se não existe um contrato desse regime jurídico, como continuou a quebrar a tradição mais eficiente e seguro”, afirma seria retirar das Forças Arma- Desestatização de concessão, a Infraero é uma sociedade de economia mista, Em resposta ao senador, intervencionista estatal. Carvalho Pinto. das suas atribuições subsidiárias, concessionária? Ela deve ser ob- com capital aberto. Reforçou-se a ten- Mas a lei de criação da Anac transferindo-as para organismos a diretora-presidente da jeto de regulação? Esta regula- Mas o estudo não descar- Anac, Solange Vieira, dência de gra- não implicou a transferência da civis. Em consequência, a supervi- ção é de competência da Anac? ta um cenário de “maior rup- J. Freitas dual flexibi- gestão da aviação civil para insti- são desses organismos deveria ser confirmou que a lei No caso de serem concedidos tura”, ou seja, concessões de de criação da agên- lização tuições civis, ainda que hoje, na retirada do Ministério da Defesa aeroportos para a exploração aeroportos para a iniciativa para maioria das situações, as compa- e repassada para um ministério cia exige que haja JOSÉ CRUZ privada, a Infraero poderá fazer privada, de forma individual um modelo de nhias aéreas nacionais venham pertinente ao tema, como o dos a subconcessão? Se a Infraero ou “em blocos”, com encargos competindo livremente, o que as Transportes”, afirma o consultor concessão não é uma concessionária, por que prevejam, por exemplo, in- de ae- aproxima do modus operandi da do Senado, em consonância com não dispor de um contrato de vestimentos em pistas, pátios e indústria internacional. o que recomenda estudo do BN- concessão, a Anac pode conce- terminais. “A Anac tem a atri- Os sistemas de controle do DES e da consultoria McKinsey der ou autorizar a exploração buição legal de abrir processos espaço aéreo e de investigação divulgado este ano. dos aeroportos por ela opera- licitatórios e fazer conces- dos, ou mesmo estabelecer o sões. Mas, lamentavelmen- Fernando Soares, diretor do Departamento de regime tarifário?”, questiona te, ainda não há o modelo. Política de Aviação Civil, lembra que, até 1990, o setor era fortemente concentrado e regulamentado Solange Vieira, diretora da Anac, informou que a agência já enviou proposta de modelo de concessão ao Ministério da Defesa 38  novembro de 2010 www.senado.gov.br/emdiscussao  39 Legislação Legislação

Aeroporto de São Gonçalo do Amarante (RN), em In fraer o TCU aponta que relação entre companhias construção, pode ser o primeiro a ser concedido à aéreas e governo precisa de regras claras iniciativa privada Assim como em outras ativi- deixar muitos assentos desocu- “A rigor, a natureza jurídica dos dades econômicas, o Estado tem pados (consideradas linhas de serviços atuais já não é de con- a responsabilidade de regular o baixa densidade) ou em horá- cessão”, afirma o consultor, para transporte aéreo. No Brasil, po- rios noturnos. As companhias quem as empresas aéreas só se rém, há confusão sobre como as telefônicas, por exemplo, transformariam em concessioná- empresas aéreas podem explorar para poder explorar o servi- rias caso houvesse uma alteração o setor: por concessão de servi- ço em um local rentável são completa na legislação do setor de ço público ou, simplesmente, obrigadas, como contraparti- aviação civil. por autorização governamental. da pelo contrato de conces­são Na pr át ic a , Hotran (Horário de Trans- A intenção é que os projetos em com a União, a levar a telefo- para voar, a em- porte) – Autorização dada tramitação no Congresso supe- nia até áreas remotas, onde a presa aérea de- pela Anac para voos regu- rem esse tipo de confusão legal e infraestrutura pode ficar su- pende apenas de lares. Para isso, a Agência analisa as capacidades de constituam um marco regulatório butilizada; autorizações para infraestrutura aeroportuária claro para o setor. • Nas concessões, ao final do a exploração de e de espaço aéreo. Na Ho- Atualmente não se pode afir- contrato, os investimentos fei- uma linha especí- tran são definidos: o núme- mar que as empresas aéreas rece- tos pelo concessionário são re- fica (as chamadas ro do voo, o tipo de serviço bem concessões da União para vertidos para o poder público. Hotran), expe- (internacional, doméstico, explorar serviços aéreos. Nesse Porém, com as empresas aére- didas pela Anac. cargueiro ou rede postal), a empresa prestadora, as roportos. Segundo ela, a Anac en- de Contas da União (TCU), para lógica, estados e municípios po- sentido, o TCU observou, em as, as aeronaves, por exemplo, Por meio delas, o localidades atendidas e caminhou uma proposta em mar- que, finalmente, o edital seja pu- dem ser os agentes a iniciar con- 2008, que os procedimentos que são privadas e sequer perten- Estado tem algum respectivos aeroportos, ho- ço de 2010 ao Ministério da De- blicado. Todo esse processo conta, tratos de parceria ou concessão levam à operação das empresas cem às empresas aéreas, que as controle sobre a rários de partida e parada fesa, que discute o modelo com inclusive, com o acompanhamen- com investidores privados. aéreas não apresentam qualquer utilizam em regime de leasing; disponibilidade de de motores da aeronave, o Ministério da Fazenda e com to do grupo executivo do Progra- Segundo o diretor do Depac, elemento típico das concessões. O • As tarifas são livres, deven- infraestrutura e as frequências de ida e volta, a Casa Civil. Solange lembrou ma de Aceleração do Crescimento Fernando Soares, já existe pre- distância entre escalas que documento do TCU incentivou o do apenas ser registradas na condições econô- compõem a linha, equipa- ainda que, definido o regime de (PAC). visão legal para que a União faça governo a apresentar o seu projeto agência reguladora. Em outros micas da empre- mento utilizado e número concessão, é preciso incluir o ae- convênio com estados para que de lei este ano (leia mais na pág. setores, como energia elétrica sa para que haja de assentos oferecidos roporto no Programa Nacional de Estados e municípios estes fiquem responsáveis pela de- 44). e telefonia, há previsão de rea- garantia de que a Desestatização (PND), o que é Proposta apresentada este se- sestatização do aeroporto. Na mesma linha do TCU, o juste das tarifas de acordo com exploração de determinada linha feito por decreto do presidente da mestre na Câmara dos Deputa- “Seria uma possibilidade de ti- consultor legislativo do Senado fórmulas e índices de inflação aérea seja viável. República. dos (Projeto de Lei 7.768/10), rar o foco da União, que poderia Victor Carvalho Pinto listou di- pré-determinados; e Segundo Carvalho Pinto, as As providências para a pri- pelo deputado Mauro Mariani ficar com os aeroportos maiores. versos itens que demonstram que • Nas concessões típicas, o equi- características atuais se asseme- meira concessão para a iniciativa (PMDB-SC), autoriza a União a Os aeroportos de interesse esta- a relação entre as empresas aéreas líbrio econômico e financeiro lham mais ao regime jurídico de privada já estão em andamento, o delegar a exploração dos aeropor- dual e regional ficariam com os e o Estado, na prática, não é de do contrato é oferecido como “atividade econômica” e não com que sugere que o modelo está em tos a estados e municípios. Essa estados”, afirmou Soares duran- concessão: segurança ao concessionário. o de “serviço público”. Uma ativi- fase adiantada de elaboração: em medida já é prevista para portos te a audiência da CDR em maio • No setor aéreo, as concessões No setor aéreo, porém, lucros dade econômica é aquela em que 2008, o aeroporto de São Gonça- e rodovias federais, cuja gestão passado. são outorgadas sem licitação ou prejuízos são responsabili- é permitida livremente a entrada lo do Amarante, a 11 quilômetros já pode ser delegada a estados e Um exemplo dessa iniciativa ou qualquer procedimento que dade exclusiva do concessio- de novas empresas da iniciativa de Natal – ainda em construção municípios, de acordo com a Lei pode ser encontrado na Bahia, demonstre que ela é dispensá- nário, o que já levou diversas privada. e com inauguração prevista para 9.277/96. onde aeródromos do estado já têm vel ou não deve ser exigida; empresas aéreas à falência ou Por esse regime, o Estado ape- 2014 –, foi incluído no PND, e, Pela proposta, os convênios en- gestão privada, como em Porto • As empresas aéreas não têm a sair do mercado nos últimos nas deve dar autorizações e exer- apesar de ainda não haver marco tre União, estados e municípios Seguro (leia mais na pág. 36). nenhuma obrigação de prestar anos (Varig, BRA e Ocean cer o poder de fiscalização, para regulatório para o modelo de con- poderiam ter até 50 anos de dura- “Por que não avançar por esse o serviço em condições que Air, por exemplo), sem que garantir os interesses coletivos, cessão, a Anac já organiza audiên- ção e os recursos arrecadados (por tipo de possibilidade? Por que não sejam vantajosas financei- isso levasse a qualquer tipo como segurança operacional e cias públicas sobre o tema. taxas, receitas etc.) deveriam ser não utilizar capitais que querem ramente, como fazer voos para de indenização por parte da respeito às relações entre fornece- Em setembro de 2010, a agên- investidos no próprio local objeto investir nessa atividade rentável, cidades cuja demanda pode União. dor e consumidor. cia apresentou, em reuniões em do acordo. quando há volume de passagei- Brasília e Natal, os estudos con- O consultor legislativo do Se- ros, de pousos e decolagens su-

duzidos pelo BNDES sobre a nado Victor Carvalho Pinto, que ficientes para manter a ativida- G erald o M agela viabilidade técnica, ambiental e analisou essa possibilidade, su- de?”, questiona o senador César financeira para a concessão, além gere que diferentes locais do país Borges. de minutas do edital de licitação e adotem arranjos institucionais A CPI do Apagão Aéreo que do contrato de concessão. distintos, para que os mais van- o Senado realizou em 2007 tam- Avião da Gol pousa no A partir daí, as contribuições tajosos sejam disseminados. Essa bém sugeriu esse caminho, mas aeroporto de Brasília: para apresentadas serão avaliadas pela experimentação serviria, inclusi- apenas para aeroportos com mo- voar, empresa depende de Anac antes do envio dos docu- ve, como transição para um novo vimento superior a 3 milhões de simples autorização mentos para análise pelo Tribunal modelo. Para o consultor, por essa passageiros por ano.

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Especialistas sugerem gestão L aycer To ma z civil para o controle aéreo Controladores deveriam acidente em que um Boeing pousos e decolagens, dedicando- aérea não faz o menor sentido. É poder acusar o excesso 737 da empresa Gol caiu de se a um número menor de aviões como colocar o Exército para to- de trabalho sem O serem tratados como uma altitude de 11,2 mil metros, por vez. A iniciativa levou a uma mar conta do transporte de ôni- insubordinados, afirma após se chocar com um avião par- débâcle no setor, com verdadeiro bus interurbanos”, compara. consultor do Senado ticular Embraer Legacy, em 29 de caos nos aeroportos, onde era co- A transição de um modelo de setembro de 2006, matando as mum encontrar passageiros espe- controle de tráfego aéreo militar 154 pessoas a bordo, trouxe à dis- rando por dezenas de horas para para um civil quase foi concre- to por taxas cobradas, por exem- planos de cargos e salários e estru- mar ao sistema da saturação de cussão pública o sistema de con- chegar a seus destinos. tizada em 2005, quando o Con- plo, de passageiros e empresas aé- tura organizacional. Além disso, sua capacidade”, pondera Carva- trole de tráfego aéreo brasileiro. gresso votou a lei de criação da reas, a previsão é de que o fundo subordina a alocação de recursos lho Pinto. As condições de trabalho dos Sistema superado Anac. obtenha R$ 1,8 milhões em 2010, humanos, tecnológicos e finan- Com esse raciocínio, o consul- controladores de voo foram ex- Chamados para avaliar essa si- Os parlamentares chegaram a segundo o Portal da Transparên- ceiros do setor a uma instituição tor enfatiza que as necessidades postas nos meses que se segui- tuação, especialistas apontaram incluir o controle do tráfego aé- cia do governo federal. que tem outra destinação consti- de redimensionamento do sistema ram ao acidente, quando ocorreu que o modelo brasileiro, em que reo entre as atribuições da agên- “Não há questões técnicas sen- tucional”, afirma Carvalho Pinto. são diagnosticadas primeiramente do discutidas nessa disputa, que pelos técnicos responsáveis pelas o chamado “apagão aéreo” nos os militares têm papel preponde- cia, porém a medida foi descar- Cultura incompatível aeroportos. As notícias da épo- rante no controle do tráfego aé- tada sob argumento de que a Lei é de poder. A atividade-fim da operações. Na ausência de diálogo ca divulgaram que o controlador reo, está há muito superado. Complementar nº 97/99, que Aeronáutica [defender o espaço Carvalho Pinto adiciona à e ainda com o caráter sigiloso dado poderia estar trabalhando sob Em outros países, como Esta- criou o Ministério da Defesa e aéreo nacional] fica em segun- discussão o que ele considera ser a algumas informações no meio pressão para dar vazão ao crescen- dos Unidos, Nova Zelândia ou na definiu as atribuições subsidiárias do plano por não prover receitas. uma incompatibilidade entre a militar, afirma Carvalho Pinto, o te tráfego de aviões. Europa, a gestão é civil e a discus- das Forças Armadas, estabelece Sem elas, os militares tornam-se cultura militar e a atividade: a sistema pode não dispor dos me- Se, por um lado, um controla- são se concentra na forma como o que “cabe à Aeronáutica prover a dependentes do Orçamento [da hierarquia rígida, que dificulta lhores dados em bom tempo, o que dor tem sob sua responsabilidade Estado deve prover esse serviço: segurança da navegação aérea”. União] e sem a reserva de merca- o fluxo de informações de baixo pode levar à demora dos órgãos, um grande número de aeronaves se por meio de uma empresa pú- Para Guilherme Lohmann, a do”, diz Lohmann. para cima, ou seja, dos controla- como a Anac, em tomar as provi- e pode comprometer a segurança blica ou por concessão à iniciativa solução passa pelo desmembra- O consultor legislativo do Se- dores (geralmente de baixa pa- dências para reequilibrar o sistema. nado Victor Carvalho Pinto e o tente) para o comando da corpo- dos voos, por outro, um espaça- privada, como acontece no Reino mento das funções em dois siste- Transição suave mento maior entre as aeronaves Unido. mas diferentes, mas interligados: estudo preparado pelo BNDES e ração, o que seria essencial para a diminui a quantidade e a pontu- O especialista em transpor- o controle do tráfego aéreo fica- pela consultoria McKinsey tam- gestão e o planejamento do setor. Os especialistas concordam alidade de pousos e decolagens te aéreo e turismo da Southern ria com civis e a defesa do espaço bém sugerem que o serviço de “A contestação ou reclamação, que a transição para um ­modelo em um aeroporto. Durante o apa- Cross University, da Austrália, aéreo nacional, com os militares, controle de tráfego aéreo esta- no caso dos controladores de voo, civil não pode ser imediata. A gão, os controladores acusaram o Guilherme Lohmann considera a como é o caso do Sistema de Vi- ria mais bem abrigado em uma pode ser interpretada como insu- evolução tecnológica do setor aumento da carga de trabalho e situação atual uma “aberração”. gilância da Amazônia (Sivam). instituição civil do que na Aero- bordinação. Essa cultura revela- pode ser, segundo eles, o momen- consequente diminuição da pre- “O Ministério dos Transportes Lohmann considera que a dis- náutica. O estudo do BNDES é se preocupante no quadro atual to correto para passar a navegação cisão nos comandos – e da segu- lida com todo tipo de transporte, cussão gira em torno da gestão do ainda mais específico: o controle da aviação civil, em que há uma aérea dos militares para os civis. rança – e, então, mudaram de ati- menos o aéreo. Colocar um mili- Fundo Aeronáutico, hoje geren- do tráfego aéreo deveria passar do carência de infraestrutura aero- “O mais adequado seria fazer tude, aumentando o tempo entre tar para controlar avião de ponte ciado pela Aeronáutica. Compos- Decea para uma empresa pública náutica, notadamente no que diz essa transição por ocasião da im- enquanto que a regulação do ser- respeito aos recursos humanos. plantação do sistema CNS-ATM viço ficaria a cargo da Anac. Há um incentivo para que os (leia mais na pág. 74), que, por “A atual estrutura militar im- controladores existentes adminis- si só, exigirá uma reformulação Saguão do aeroporto pede a adoção de modelos ad- trem, sem reclamar, um volume completa na forma como se dá o de Congonhas (SP) ministrativos específicos para o crescente de tráfego, quando eles controle do tráfego aéreo no país”, congestionado em julho setor, em áreas essenciais, como deveriam ser os primeiros a infor- sugere Carvalho Pinto. de 2007, ainda como

o/AB r n at ampa C alter reflexo do “caos aéreo” V Na Alemanha, controle aéreo é questão de soberania

O controle do tráfego da aviação quele país à de vizinhos da União de, que ocorreu um choque entre comercial e particular na Alemanha Europeia. duas aeronaves em julho de 2002, é comandado por civis, reunidos na Porém, a lei foi vetada. Segundo similar ao que levou à queda do Companhia Alemã de Segurança o então presidente Horst Köhler, vôo 1907 da Gol. O acidente dei- de Vôo (DFS), uma empresa es- o controle de tráfego aéreo é uma xou 71 mortos, entre eles 52 crian- tatal. Em 2006, uma lei aprovada questão de soberania e seguran- ças russas a caminho de férias na por ampla maioria do parlamento ça pública e, constitucionalmente, Espanha. O acidente foi atribuído permitiria que o governo vendesse deve ser mantido pelo governo. à falha de um controlador de voo. as ações da DFS. A iniciativa equi- Foi sobre o espaço aéreo do país, (Com informações da agência pararia a administração da área na- a mais de 11 mil metros de altitu- Deutsche Welle)

42 novembro de 2010 www.senado.gov.br/emdiscussao  43 Legislação Legislação

Congresso próximo de via n ca ampliar liberalização D iv u lga ção/A

os últimos dez anos, os se- - Lei 7.565/86). Caso seja aprova- entre os agentes”, defende Jobim Nnadores vêm analisando e do pelos deputados em plenário, ao justificar a proposta. aprovando projetos que buscam o texto ainda deve ser analisado O projeto do governo permi- aperfeiçoar o transporte aéreo no pelo Senado. te que companhias estrangeiras país e evitar novas crises no setor. operem no mercado brasileiro, Foi assim com o projeto do Capital estrangeiro desde que venham de países onde senador Mozarildo Cavalcan- Entre as propostas que os de- as empresas brasileiras também

ti (PTB-RR) para incentivar a putados da comissão usaram tenham liberdade para operar. J ialia n g G a o/CC aviação regional (leia mais na pág. no texto aprovado está o projeto Assim como prevê o PLS 55) e a proposta que aumenta o 6.961/10, elaborado pelo Ministé- 184/04, aprovado pelo Senado limite de participação do capital rio da Defesa, que facilita a entra- em novembro de 2009, a propos- estrangeiro nas empresas aéreas da de novas empresas no mercado ta do Ministério da Defesa eleva o Ocean Air usa a marca estrangeira (PLS 184/04, no Senado, e PL de transporte aéreo. Entre as me- percentual máximo de participa- Avianca e a chilena LAN se fundiu 6.716/09, na Câmara), do ex-se- didas, o projeto prevê a explora- ção de capital estrangeiro nas em- à TAM: legislação proíbe mais de nador Paulo Octávio (DF). ção dos serviços por meio de au- presas que operam no país para 20% de participação de capital estrangeiro nas companhias aéreas No momento, as atenções de torização do poder público. 49%. O limite atual é de 20%. quem espera alterações na orga- “O instituto da autorização De acordo com o ministro da nização legal do setor aéreo bra- é, jurídica e economicamente, o Defesa, Nelson Jobim, as medi- “Como resultado, eleva-se a pequenas, como Avianca, Azul, Direitos dos passageiros sileiro estão voltadas para a Câ- mais adequado ao atendimen- das diminuem as barreiras para eficiência, diminuem-se os cus- Webjet, Trip, ou as regionais, se Entre outros pontos, a proposta mara dos Deputados, onde uma to dos interesses do Estado. Por entrada no mercado e criam tos regulatórios e aumentam-se a consolidarem”, afirmou Soares da comissão especial da Câmara comissão especial aprovou em esse regime, o poder público di- maior competitividade para que oferta e a qualidade dos serviços”, aos senadores. (que tem como base 31 projetos) junho passado um texto que alte- minui as barreiras à entrada de o setor possa acompanhar o cres- sustenta Jobim na exposição de A diretora-presidente da Anac, aborda também direitos dos pas- ra cerca de 50 artigos do Código novas empresas no setor e esti- cimento da demanda, o que não motivos que acompanhou o pro- Solange Paiva Vieira, também já sageiros, como indenização devi- Brasileiro de Aeronáutica (CBA mula maior grau de competição acontece hoje. jeto, apresentado ao Congresso manifestou sua posição favorável à da por demora na restituição de em março de 2010. ampliação da participação estran- bagagens e atrasos nos voos. No debate realizado pela geira, que faria com que empresas Pelo CBA, se houver atraso de CDR em maio deste ano, o di- como a chilena Lan e a colom- quatro horas, o passageiro deve

J O SÉ CR UZ retor do Depac – departamento biana Avianca, que recentemente ser embarcado em outro voo do Ministério da Defesa –, Fer- entraram no mercado brasileiro, equivalente ou receber o reem- nando Soares, argumentou que aumentem seus investimentos. bolso do valor pago. O texto da a origem do capital não importa A secretária de Aviação Civil, comissão da Câmara estabelece desde que a regulação e a fiscali- Fabiana Todesco, acrescenta ou- que, com duas horas de espera, os zação tenham como base a legis- tra vantagem à entrada de recur- passageiros devem receber refei- lação brasileira. sos externos na aviação civil: o ções, cartões telefônicos e acesso “É impensável que um setor estímulo à produção de aviões no à internet. brasileiro consiga crescer com Brasil. Se a espera subir para três ho- restrição ao capital estrangeiro. “A partir do momento em que ras, os passageiros poderão es- A maioria dos setores (telecomu- as empresas aéreas tiverem maior colher entre embarcar em outro nicações, energia, petróleo) não poder de captação de recursos, voo no mesmo dia ou na data tem essa restrição. É difícil que poderão financiar, com maior fa- mais conveniente, endossar o bi- haja capital nacional para surgi- cilidade, a aquisição de aeronaves lhete a terceiros ou receber o re- mento de novas empresas para na indústria aeronáutica brasilei- embolso integral do valor pago. competir com TAM e Gol. Qual ra”, afirmou a secretária à CDR. As opções são as mesmas para os investidor estrangeiro vai entrar O consultor legislativo do casos de cancelamento de voos ou aqui só para ter 20% das ações Senado Victor Carvalho Pin- recusa de embarque em razão de ordinárias? Enquanto houver essa to afirma que a abertura para overbooking (venda de número de barreira, o problema da malha maior participação de capital passagens maior que o número de aérea não vai se resolver. O em- estrangeiro pode facilitar ainda assentos disponíveis). presário precisa de estímulos e a integração entre voos domésti- Se o passageiro desistir do voo, Nelson Jobim, ministro da garantias para explorar mercados cos e internacionais, já que uma perderá 5% do valor pago se a de- Defesa, fala a senadores. mais arriscados e menos rentá- mesma empresa poderia prestar sistência acontecer com sete dias Governo propõe maior veis. Isso só vai acontecer quan- ambos os serviços, eliminando a de antecedência e 10% se o prazo liberdade para o mercado de aviação do o mercado rentável for mais neces­sidade de acordos entre em- for inferior. (Com informações da fatiado, quando novas empresas, presas. Agência Câmara)

44  novembro de 2010 www.senado.gov.br/emdiscussao  45 Legislação

Fabiana Todesco, secretária

Acordo internacional vai J. F reitas de Aviação Civil, pede que Congresso acelere aprovação do facilitar e diminuir custo acordo de 2001 de leasing de aviões

Entre as medidas legais que para assegurar a prioridade dos dependem de aprovação do Con- direitos e da garantia sobre o bem gresso e que podem simplificar as financiado. regras e diminuir custos do setor O resultado esperado é que de transporte aéreo, estão a con- o financiamento de aviões e he- venção e o protocolo sobre opera- licópteros, entre outros equipa- ções de crédito e financiamento mentos aeronáuticos, fique mais de aeronaves e equipamentos ae- barato, com redução de custos ronáuticos. cobrados em forma de taxas de De acordo com a secretária de risco, ou seja, juros mais baixos. Aviação Civil, Fabiana Todesco, Encaminhados pelo Executivo a aprovação desses acordos inter- ao Congresso Nacional em outu- nacionais ajudaria a aumentar a bro de 2009 (Mensagem 808/09), segurança jurídica dos contratos os acordos internacionais já rece- de leasing (arrendamento) de no- beram parecer favorável da Co- aumentar a competitividade das vas aeronaves. Isso porque esses missão de Relações Exteriores e empresas brasileiras”, afirmou Fa- textos instituem mecanismos para Defesa Nacional da Câmara dos biana Todesco durante o debate dar aos credores maior certeza de Deputados, que recomendou em na Comissão de Desenvolvimen- que receberão de volta os recursos abril deste ano a ratificação desses to Regional e Turismo (CDR) do emprestados ou o bem, em caso acordos internacionais. Senado. de inadimplência do comprador. “Entendemos como fundamen- A convenção institui, por exem- tal aperfeiçoar os mecanismos Análise no Congresso plo, um registro internacional de garantia ao financiamento de As convenções internacionais aeronaves, até e os acordos bilaterais são aprova- como forma de dos pelo Congresso Nacional, por Sede mundial da reduzir os cus- meio de decretos legislativos, que Oaci (Organização tos desses em- levam à atualização da legislação da Aviação Civil Internacional), préstimos”, afir- brasileira. No caso da aviação ci- /CC J eff C hetelat em Montreal, mou o relator vil, é comum que o Legislativo Canadá na CRE da Câ- seja ouvido, tendo em vista que o mara, deputado direito aeronáutico, desde a Con- Arnon Bezerra venção de Chicago, de 1944, tem (PTB-CE). grande interface com o direito in- O Itamaraty ternacional. argumenta que Os textos que estão em análi- a aprovação do se na Câmara, por exemplo, fo- acordo vai per- ram aprovados em conferência mitir que o setor realizada em 2001, na Cidade do privado nacio- Cabo, na África do Sul, a partir nal se beneficie de propostas elaboradas pela Or- de reduções no ganização Internacional de Avia- custo dos em- ção Civil (Oaci - leia mais na pág. préstimos para a 76) e do Instituto Internacional compra ou o ar- para a Unificação do Direito Pri- rendamento de vado (Unidroit), organizações das equipamentos. quais o Brasil é membro. “A diminui- O projeto de decreto legislati- ção dos custos vo aprovado pela CRE da Câma- do financia- ra ainda tem que passar por ou- mento de aero- tras duas comissões da Câmara, naves e a redu- antes de ser votada em Plenário ção do custo do pelos deputados. Se aprovada, se- leasing devem gue pra votação no Senado.

46  novembro de 2010 Aviação regional Sem incentivos, malha aérea não atende interior do país

s problemas da malha aérea da Defesa classifica as linhas, segundo a Linhas aéreas para regional do país estiveram demanda, como de baixa, média e alta menos de 20 mil entre os assuntos mais dis- densidades. A primeira tem um poten- passageiros por cutidos na audiência so- cial de demanda de até 5 mil passagei- breO aviação realizada pela Comissão de ros ao ano. Já as de média densidade são ano não atraem Desenvolvimento Regional e Turismo aquelas com potencial de demanda entre empresas e deixam (CDR). Porém, muitos deles tendem a 5.001 e 20 mil passageiros ao ano. Os comunidades durar, já que, conforme Fabiana Todes- conceitos têm como referência o local isoladas. Subsídios co, secretária de Aviação Civil do Mi- com menor demanda. aparecem como nistério da Defesa, não existe um pro- “As ligações aéreas no país não con- jeto específico para fomentar a aviação templam adequadamente as localidades solução para regional no Brasil. Para ela, apenas um de baixa e média densidade de tráfego e integrar regiões conjunto de ações e um trabalho conca- aquelas com dificuldade de acesso por tenado de todos os setores, órgãos e enti- outros tipos de transporte. Essas liga- dades do sistemam, além do Congresso, ções precisam de esforços adicionais, de governadores e de prefeitos podem para integração nacional e desenvolvi- impulsionar o setor. mento regional”, constatou Fabiana, ci- A secretária explicou que, na aviação tando estudo feito pelo Banco Nacional regional, o número de passageiros é bem de Desenvolvimento Econômico e Social menor que o das linhas aéreas entre as (BNDES) e pela Consultoria McKinsey, maiores cidades do país. O Ministério contratada pelo Ministério da Defesa

N NE 33 16

CO 19 Metade do território nacional, região Norte tem poucas estradas e o maior número de aeroportos regionais SE em operação S 26 21 Fonte: Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) – Voos autorizados vigentes (Hotran) 30/9/09

 47 Aviação regional Aviação regional

para auxiliar na elabo­­ração de empresas: Cruzeiro do Sul, Real- ta o senador Roberto Cavalcanti Ausência de planejamento, regras claras e propostas para a aviação regio­­nal Aerovias, Aeronorte, Racional, (PRB-PB), que discorda do diag- (veja infográfico na pág. 52). Sadia. Quase todas foram incor- nóstico que atribui os problemas recursos públicos afetam aviação regional A realidade atual da malha aé- poradas à Varig. Esse monopó- da malha aérea unicamente à fal- rea regional é considerada crítica lio, mal conduzido por ­políticas ta de infraestrutura dos aeropor- Entre 1998 e 2008 a cober- to Tecnológico de Aeronáutica dos pela aviação regional são: pelos senadores. “Antigamente, governamentais, foi prejudicial à tos. tura aérea no interior do Brasil (ITA) e do Instituto de Pesqui- • institucionais: ausência de havia voos normais de Recife aviação. Hoje surgem novas em- “Hoje não há enlace entre diminuiu significativamente. sa Econômica Aplicada (Ipea). planejamento de longo pra- a Caruaru, de Recife a Gara- presas. Porém, se o modelo de uma cidade com uma infraestru- Aeroportos em todas as regiões O estudo aponta um aumen- zo, de políticas públicas con- nhuns. Hoje, nenhuma dessas 50, 60 anos atrás tivesse evoluído tura montada, como João Pessoa, do país pararam de funcionar, to das operações nos aeroportos sistentes e de regulação eco- cidades é atendida normalmente. de outra forma, talvez houves- e outra nas mesmas condições, especialmente no Norte (veja grandes e médios, que passaram nômica adequada; Era a época dos DC-3, dos Cur- se hoje maior concorrência, com como Fortaleza ou Teresina. Para infográfico abaixo). Ao todo, 44 a concentrar maior número de • legais: leis inadequadas e tiss Commander. Havia diversas melhor atendimento”, argumen- ir de João Pessoa a Teresina, o aeroportos, ou 22%, deixaram voos em detrimento dos aeropor- falta de regras claras e está- cidadão tem que ir antes a de operar nesse período. Desses, tos locais. Segundo os institutos, veis que orientem decisões de Brasília. E isso não é uma 32 eram locais, os ­menores. isso ocorreu porque as grandes investimento de longo prazo; exceção. Pessoas viajam E não foi só o número de lo- e médias empresas passaram a • financeiras: escassez de re- De cada quatro municípios atendidos por voos regulares em mais de 2 mil quilômetros calidades com aeroportos que competir mais intensamente e cursos públicos e limitação 1960, apenas um mantém o serviço. Se, antes, 13% das cidades para chegar a uma cidade caiu em dez anos: a proporção a explorar com mais eficiência dos mecanismos de financia- recebiam voos, o percentual não passa de 2,06% hoje que está a menos de 500 de pessoas que viajaram em suas malhas aéreas, concentran- mento de longo prazo; quilômetros. Por quê?”, empresas regionais sobre o to- do voos nas cidades com maior • físicas: degradação da infra- pergunta Cavalcanti, que tal transportado caiu 37%. De renda, população e, portanto, estrutura e descontinuidade 6.000 5.561 criticou ainda a demora na 1,6% da soma de passageiros demanda, prejudicando a cober- de investimentos, o que dis- Enquanto o número 5.565 de municípios solução do problema: da aviação doméstica em 1998, tura do território nacional. torceu malhas aéreas; e 5.000 dobrou,... “Há dois anos, toda a as linhas regionais ficaram com Outra pesquisa feita pelo • operacionais: falta de integra- proposta de incentivo e de- apenas 1% em 2008, segundo Ipea, de 2010, afirma que os ção e conflitos no uso de insta- 4.000 senvolvimento da aviação pesquisa conjunta do Institu- principais problemas enfrenta- lações e equipamentos de apoio. regional já estava traçada, 3.000 2.766 ... a quantidade mas, até hoje, algumas atendida por voos decisões não foram toma- Em dez anos, número de aeroportos ativos diminuiu 2.000 regionais diminuiu das. A implementação da mais de três vezes aviação regional daria à 1.000 Embraer uma participa- 360 94 115 ção maior no mercado na- 0 cional. Em outros países, 1960 2003 2010 Municípios existentes como nos Estados Unidos, Municípios existentes Municípios atendidos há muitas aeronaves da Fonte: "TurismoMunicípios como Fator adetendidos Decisão no Planejamentopor voos de Empresas regionais Aéreas Regionais Brasileiras", Embraer. Já na TAM e na F. J. Valente epor G. Lohmann. voos regionais Os dados de 2010 são da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Gol não há aviões fabrica- dos no Brasil”, lamenta.

Belo Horizonte

Aeroportos grandes 0 10 20 30

1998-2000

2006-2008

Aeroportos médios 0 10 20 30

1998-2000

2006-2008 Porto Alegre Aeroportos pequenos 0 10 20 30 Grande

1998-2000 Médio Os senadores Roberto Pequeno Cavalcanti (à esquerda) e 2006-2008 Local f o t o: J. F reitas Jefferson Praia pediram, na Desativados CDR, maior atendimento a Aeroportos locais entre 1998-2008 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 cidades do interior do país 1998-2000 Fonte: “Constituição do Marco Regulatório Para o Mercado Brasileiro de 48  novembro de 2010 2006-2008 Aviação Regional”, Alessandro Oliveira/ITA e Lucia Helena Salgado/Ipea  49 Aviação regional Aviação regional

No estudo de 2008, ITA e Outras dif iculdades Aviação regional também da pela estatal é apenas uma Nessa linha, o consultor pequena empresa. E, sem ela, Ipea já criticavam a dinâmica identificadas pela pesqui- atende a áreas produtivas das opções para a exploração legislativo do ­Senado Victor a rota – e a população por ela atual do sistema por restrin- sa dos institutos foram o dos serviços aeroportuários, Carvalho Pinto, em estudo de atendida – geralmente fica à gir a competitividade entre as baixo poder de barganha De acordo com o estudo do ITA/Ipea, o já que o Código Brasileiro de 2008, defende que, caso seja mercê da decisão da grande empresas aéreas, provocar dis- das companhias regionais Brasil tem três tipos de aviação regional Aeronáutica (CBA) e a lei de adotado um sistema que exi- empresa de continuar operan- torções na configuração e na em contratações, compras (que interliga o aeroporto de uma cidade criação da Anac preveem ou- ja maiores compromissos das do naquele trecho ou não. viabilidade das malhas aéreas e encomendas, alto custo de pequeno ou médio porte aos aeropor- tras duas formas de gerir um empresas, como a concessão, Os pesquisadores apontam regionais, impedir o desen- do querosene de aviação e tos maiores) claramente definidos: aeroporto: o convênio com o o poder público poderia reali- a necessidade de distribuir volvimento das empresas re- condutas predatórias por • aviação regional guiada pelo mercado e estado ou município e a con- zar licitações para exploração, os slots retomados de grandes gionais no longo prazo, elevar parte das grandes compa- pelas oportunidades abertas com o deslo- cessão ou autorização. Segun- em regime de monopólio, de companhias que não cumpri- custos, e não integrar a oferta nhias aéreas. camento da fronteira econômica e com os do eles, embora a gestão cen- linhas aéreas atrativas para rem as regras de prestação do da indústria aeronáutica à de- Como resultado desses novos polos produtivos; tralizada tenha desempenhado as empresas aéreas. Em con- serviço a novas empresas que manda por serviços regionais. e de outros problemas, o • aviação regional de atendimento às necessi- papel importante no início da trapartida, as vencedoras da operem em parceria com ou- Esse problema se torna mais desempenho econômico-fi- dades de pequenas regiões, também movida implantação da infraestrutura concorrência se compromete- tras, de aviação regional, para grave ainda tendo em vista as nanceiro recente das com- pelo mercado, mas carente de apoio ou estí- aeronáutica nacional, hoje ela riam a operar também linhas estimular alternativas para am- dimensões continentais do panhias do setor foi ruim, mulo, principalmente de infraestrutura; e impede os aeroportos de de- deficitárias. Além disso, ao pliação de localidades atendi- país e as vastas áreas em que ainda que a demanda pelo • aviação regional amazônica ou de atendi- senvolverem estratégias pró- final dos contratos, aeronaves das pela malha aérea. não há outro tipo de meio de transporte aéreo tenha mento a regiões remotas e carentes, que de- prias (leia mais na pág. 50). e oficinas de manutenção po- transporte disponível, como crescido significativamente pendem de maior apoio e, consequente- deriam ser revertidas para o Tarifas uniformes na Amazônia. no mesmo período. mente, de subsídio. Liberdade excessiva patrimônio público. Em relação à política de ta- Outro fator que tem dificul- O estudo ITA/Ipea propõe rifas, os pesquisadores do ITA/ tado a atuação das empresas de ainda que as normas de con- Ipea e o consultor legislativo menor porte e de atuação mais cessão de slots sejam revisadas, do Senado Victor Carvalho restrita, prejudicando enorme- de forma a criar dificuldades Pinto são unânimes em criticar Para ITA e Ipea, falta visão de negócio a aeroportos mente a aviação regional, é a para a entrada e a saída das a política atual, pela qual os liberdade de preços combina- empresas de determinado ae- aviões podem usar o aeropor- Um dos principais problemas da com a liberdade irrestrita roporto, impedindo a concor- to que desejarem, no momento da aviação regional, na ótica do para operar ou deixar de ope- rência predatória. A ideia é que em que desejarem, pagando ta- estudo do ITA/Ipea, são as fa- Distribuição de aeroportos por estados e gestores rar voos, afirmam Alessandro as normas obriguem a empresa rifas iguais, fixadas pela Anac, lhas de administração, apontadas Estado Infraero Municipais Estaduais Outros Total Oliveira e Lucia Helena Silva. que solicita uma rota a fazer a para aeroportos como anacrônicas pelos dois ór- Segundo eles, é comum uma linha por determinado período de uma mesma Lú ci o Lo b o J r /CC Minas Gerais 6 74 17 97 gãos: “Aeroportos administrados grande empresa começar a ope- de ­tempo. categoria. de forma burocrática e não como São Paulo 5 42 1 35 83 rar uma linha já explorada por Essa estratégia foi desenha- centros de negócios autônomos Bahia 3 26 9 45 83 uma empresa regional, forçan- da para evitar que grandes implicam, entre outras distor- Rio Grande do Sul 4 33 4 22 63 do a retirada da empresa me- empresas, com maior fôlego ções, total descolamento entre a Amazonas 3 27 14 44 nor por meio de sua política de ­financeiro para oferecer pas- estrutura de tarifas aeroportuá- Mato Grosso 1 17 5 21 44 preços e serviços, e depois de sagens mais baratas, operem rias e as demandas por aeropor- Pará 6 31 4 41 pouco tempo deixar de fazer em rotas regionais, já que têm tos centrais e horários de pico. Paraná 4 37 41 esse voo, sem que haja qual- liberdade para isso. Nesse Isso reforça as escolhas das com- quer restrição . cenário, a tendência é que panhias aéreas pela utilização de Goiás 2 22 1 9 34 uma concorrência desleal infraestrutura nessas condições, Mato Grosso do Sul 3 19 3 25 inviabilize o negócio em que podem exercer de forma Santa Catarina 4 13 4 1 22 para a mais efetiva seu poder de merca- Maranhão 2 15 2 19 do”, afirmam os pesquisadores Tocantins 1 9 3 3 16 Alessandro Oliveira, do ITA, e Rio de Janeiro 5 7 2 14 Lucia Helena Salgado e Silva, do Pernambuco 2 2 3 7 14 Ipea. Ceará 2 1 9 1 13 Como visto na página 27, os principais aeroportos do país Piauí 2 9 1 12 são administrados pela Empresa Rondônia 1 7 4 12 Brasileira de Infraestrutura Ae- Paraíba 2 9 11 roportuária (Infraero). Alguns Roraima 1 8 9 aeroportos são geridos por esta- Rio Grande do Norte 1 3 1 2 7 dos e municípios, e a gestão pela Acre 2 5 7 iniciativa privada ainda é exce- Espírito Santo 1 5 6 ção. Há ainda diversos aeropor- tos pequenos, de uso civil, admi- Amapá 1 2 1 4 nistrados pela Aeronáutica (veja Alagoas 1 1 1 3 Sergipe 1 2 3 infográfico ao lado). Estratégia para que voos atendam a cidades Os pesquisadores afirmam Distrito Federal 1 1 2 como Araguaína, no Tocantins, com 120 mil que a administração centraliza- Total 67 415 41 206 729 habitantes, envolve também os aeroportos Fonte: Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) 50  novembro de 2010 www.senado.gov.br/emdiscussao  51 Aviação regional Aviação regional De norte a sul, há menos aeroportos em operação hoje que em 1998 passageiros e de carga em trechos aeronaves que chegam ao Brasil Um acordo desse tipo está pre- Com isso, população atendida diminuiu e setores da economia ficaram sem ter acesso ao transporte aéreo em sua região domésticos de uma linha inter- pela manhã e retornam aos seus visto também no Acordo de Forta- nacional. Isso porque o Código países à noite, permanecendo es- leza, em que os países do Mercosul Brasileiro de Aeronáutica proíbe tacionadas em aeroportos interna- sugerem a possibilidade de empre- Norte empresas com mais de 20% do cionais cujos pátios estão conges- sas de Brasil, Argentina, Uruguai 248 capital nas mãos de estrangeiros tionados”, argumenta Carvalho e Paraguai explorem a malha aérea 59 41 214 6,5 46 33 5,5 Nordeste de operarem linhas domésticas Pinto. do território do bloco. 35 31 366 6,8 regulares, na prática, a lei invia- A proibição da cabotagem no Na avaliação de Carvalho Pin- 29 26 6,0 274 biliza a cabotagem. Brasil está em descompasso com to, a aplicação do ­acordo dentro Aeroportos Microrregiões Municípios PIB agricultura “Diversas aeronaves, oriun- a tendência de desregulamentação do bloco comercial já beneficiaria operados cobertas cobertos coberto* das de voos internacionais, ficam da aviação internacional. Acordos os estados com ­fronteira inter- 93 11,4 Aeroportos Microrregiões Municípios PIB agricultura 27,2 26,7 47,5 44,8 88,4 10,4 operados cobertas cobertos coberto* ociosas no território brasileiro. bilaterais e até multilaterais vêm nacional, pois cidades brasileiras Ainda que realizem escalas em criando áreas de “céus abertos”, que ficam ­próximas de países 42,7 42,2 105,4 24,3 101,5 181,4175,7 22,3 mais de uma cidade, não podem que permite que as empresas, es- vizinhos poderiam receber mais

PIB indústria PIB serviços PIB total População oferecer serviços exclusivamente trangeiras ou nacionais, explorem voos, o que já ajudaria no desen- coberto* coberto* coberto* coberta** entre elas. Outro exemplo são as voos em diferentes países.­ volvimento ­­regional. 1998 2008 PIB indústria PIB serviços PIB total População coberto* coberto* coberto* coberta** *(R$ bilhões 2005) Centro-oeste **(milhões 2005)

31 24 232 12,0 9,7 22 18 162 Sudeste

42 516 9,5 39 8,2 32 30 417 Aeroportos Microrregiões Municípios PIB agricultura operados cobertas cobertos coberto*

19,9 107,4 102,1 158,5 9,5 17,1 146,9 8,3 Aeroportos Microrregiões Municípios PIB agricultura operados cobertas cobertos coberto*

881,1 230,8 218,2 493,1476,7 846,6 50,3 47,8 raero PIB indústria PIB serviços PIB total População Fonte: “Constituição do Marco : Inf coberto* coberto* coberto* coberta** Regulatório Para o Mercado Fonte Brasileiro de Aviação Regional”, Alessandro Oliveira/ITA e Lucia Helena Salgado/Ipea PIB indústria PIB serviços PIB total População coberto* coberto* coberto* coberta** Sul

31 Os especialis- 32 459 9,8 as tarifas deve- 26 24 t a s c onc ord a m 370 7,3 riam ser destinadas exclusiva- que, sem tarifas mente ao pagamento pelos ser- + + ­específicas para viços efetivamente ­prestados. Aeroportos Microrregiões Municípios PIB agricultura cada aeroporto, os operados cobertas cobertos coberto* Na visão do consultor, o Para onde + ociosos não con- modelo atual mantém aeropor- 70,5 139,6 256,8 17,8 seguem vantagens 61,5 126,9 229,4 15,8 tos deficitários, cujas receitas vão as taxas com relação aos con- são insuficientes para manter gestionados. O mes- suas atividades. Ainda assim, pagas nos mo acontece com PIB indústria PIB serviços PIB total População são feitos investimentos nesses relação aos horários coberto* coberto* coberto* coberta** locais sem que haja demanda aeroportos dos voos. Tampouco que os justifiquem. Esses recur- há incentivo para que haja mais nome dado à movimentação e ao sos só chegam a esses aeroportos voos fora dos horários de pico. manuseio de mercadorias. pela redistribuição do que é arre- A Lei 6.009/73 criou sete tari- Além de o administrador do cadado nos aeroportos superavi- fas aeroportuárias. A única paga aeroporto ser impedido pela ta- tários, geralmente congestiona- Senado aprovou flexibilização das tarifas dos aeroportos em 2008 pelo passageiro é a de embarque. bela única de se adaptar à reali- dos, que financiam os demais. O Senado tentou, em 2008, per- pelo vice-presidente da CPI, senador seguiu para a Comissão de O operador do avião paga qua- dade econômica do local, Car- Esses grandes aeroportos ficam, mitir que os aeroportos aplicassem Renato Casagrande (PSB-ES), asse- Finanças e Tributação, onde tro: tarifa de pouso, pelo uso das valho Pinto afirma que um terço assim, sem os recursos que ge- tarifas diferentes, mais baratas para guraria que as receitas de tarifas ae- foi derrubado por não con- áreas e serviços até três horas após das tarifas recebidas não chega ram, que não são aplicados onde atrair voos ou mais caras para aliviar roportuárias e aeronáuticas fossem ter dados exigidos pela Lei o pouso; tarifa de permanência, ao operador aeroportuário (veja eles seriam mais necessários e, ao o movimento em horários de pico. destinadas exclusivamente aos pres- de Responsabilidade Fis- caso o avião fique estacionado infográfico na pag. 53). Com mesmo tempo, sem ajudar a im- Foi quando aprovou projeto (PLS tadores de serviços. cal: estimativa de impacto mais de três horas; tarifa de uso isso, recursos gerados nos aero- pulsionar a aviação regional. 704/07), da CPI do Apagão Aéreo, O apoio dos senadores, porém, não nas receitas e previsão de das comunicações e dos auxílios portos centrais, que são os que que determina que a Agência Nacio- foi suficiente para que a mudança en- compensação de perdas à navegação aérea em rota; e ta- mais demandam investimentos, Cabotagem proibida nal de Aviação Civil (Anac) fixe as ta- trasse em vigor. A Câmara encontrou ou comprovação de rifa de uso das comunicações e podem ser destinados a outros, Outro ponto polêmico é a im- rifas proporcionalmente ao grau de um problema técnico no texto e, por que metas da Lei dos auxílios no terminal. Quem com menos necessidades. Para o possibilidade de empresas estran- congestionamento, à época do ano e isso, resolveu arquivar a proposta. de Diretrizes Or- transporta carga paga as tarifas consultor, a prática é contrária à geiras realizarem a cabotagem no ao horário de uso dos serviços pres- Aprovado pela Comissão de Viação çamentárias não de armazenagem e de capatazia, Constituição, que determina que Brasil, ou seja, o transporte de tados pelos aeroportos. e Transportes, o projeto (que rece- seriam afe- Além disso, a proposta, assinada beu na Câmara o ­número 3.421/08) tadas.

 52 novembro de 2010 Renato Casagrande C éli o Az eved o Aviação regional Aviação regional Mais recente empresa a disputar mercado, ganhos para a indústria e para a Azul ampliou as opções ao consumidor Passagem barata depende de concorrência e dólar o consumidor. Como representante das Os preços das passagens aéreas ­sugestões para tornar as passa- do Ministério da Defesa, Fernan- grandes companhias aéreas, caíram muito nas últimas décadas gens mais populares. do Soares, admite que o Brasil Ronaldo Jenkins, do Sindicato (veja infográfico na pág. 10), mas “Venho da iniciativa privada e tem poucas empresas aéreas, sen- Nacional das Empresas Aero- os senadores veem espaço para sou favorável à liberação total do do que duas delas detêm 85% do viárias (Snea), reconhece que uma queda maior, especialmente mercado. Mas cabe acompanhar mercado. a diminuição dos preços vem nos voos regionais. O aumento da o abuso de algumas companhias “É lógico que os preços [na ocorrendo não somente pela concorrência, a maior ocupação nas tarifas praticadas”, afirmou atual conjuntura] serão elevados. competição, mas também pela das aeronaves e a queda do dólar Roberto Cavalcanti. Na medida em que houver con- redução dos custos de insumos podem, de acordo com os debate- Solange Vieira, diretora-pre- dições regulatórias para entrada como o combustível, por con- dores da CDR, baratear as tarifas sidente da Anac, destacou que a de novas empresas, os preços po- ta da desvalorização do dólar. de transporte aéreo. No caso das agência não tem autoridade para derão cair. Falta competição, há Jenkins esclareceu que o custo viagens regionais, não se descarta intervir no preço das passagens, uma limitação ao investimento da tarifa depende, basicamente, A er on avega a concessão de subsídios. mas que a agência trabalha para no setor. É preciso alterar a legis- da taxa média de ocupação da Os senadores Mozarildo Ca- incentivar a concorrência e, assim, lação”, sugere Soares. aeronave. Quanto maior a ocu- valcanti (PTB-RR) e Roberto conseguir a redução das tarifas. O consultor legislativo do Se- pação, mais rentável é a ligação ção do preço do combustível, podemos importar diretamente, Cavalcanti acham inexplicável Ela destacou que, em 2009, hou- nado Victor Carvalho Pinto ava- aérea entre duas cidades. dos impostos e do custo do le- nem que o avião esteja parado um voo realizado em um mesmo ve redução de cerca de 25% no lia que a lei que criou a Anac libe- “Às vezes, uma ligação maior asing de importação de material –, o custo irá baratear. Barate- estado ser mais caro que outro preço médio da passagem aérea. ralizou o setor apenas parcialmen- é mais barata que uma menor, aeronáutico – hoje temos que ando custo, tenham certeza de com mais de três horas de dura- Nesse sentido, o estudo do te, havendo leis em vigor, como o por conta da maior taxa de ter um estoque de peças e equi- que isso vai ser transferido para ção. Mozarildo conta que para ir BNDES e da McKinsey sobre o Código Brasileiro de Aeronáutica, ocupação. Acelerando a redu- pamentos enorme porque não a tarifa”, garantiu Jenkins. de Manaus a Tabatinga (AM) se setor recomendou, em janeiro de que ainda desestimulam a entrada paga mais caro do que para viajar 2010, que o órgão revisasse pe- de novas empresas no mercado e de Manaus a Brasília. riodicamente as tarifas cobradas, a liberdade na operação de rotas. Roberto Cavalcanti narrou o com o objetivo de transferir os Haveria, portanto, mais espaço que acontece em Pernambuco: ganhos de produtividade para o para aumentar a concorrência. Senado aposta no subsídio para “O custo da tarifa [do voo] de passageiro, sem comprometer in- Com isso, novos competidores Brasília a Recife é bem mais ba- vestimentos futuros. poderiam continuar alterando a rato do que a tarifa [do voo] de Para a aviação regional, porém, malha aérea para racionalizar a viabilizar operações regionais Recife a Campina Grande (PE). especialmente nas cidades que oferta, melhorar o aproveitamen- Os passageiros, então, pegam o têm menor demanda e, por isso, to das aeronaves e reduzir custos ntre as propostas sugeridas não consigo entender. Está lá na cado dos serviços de transporte voo Brasília/Recife, via Campina são servidas por apenas uma em- operacionais. Ou seja, a aposta é Epara solucionar as deficiên- Constituição: é dever da Repú- aéreo. Grande. Quando o avião chega a presa aérea, sem concorrência, So- que o modelo gerencial privado, cias da aviação regional, fazendo blica a eliminação das desigual- “Já há uma versão preliminar Campina Grande, abandonam lange disse que “a forma de atuar que busca incansavelmente a efi- com que a malha aérea alcance dades regionais. A aviação regio- desse normativo, desenvolvida o avião com bagagem de nos preços é por meio de projetos, ciência e a produtividade, traga importantes cidades do interior nal merece, portanto, um empe- pelo Ministério da Defesa, pre- mão para garantir essa como o do senador Mozarildo, e passe efetivamente a integrar nho maior dos órgãos oficiais, vendo que o modelo de conces- tarifa.” que criam subsídios públicos para o país, está o projeto do senador urgentemente. Em Roraima, são de linhas aéreas domésticas Os dois sena- linhas essenciais” (leia mais na Nova sede da Anac, em Brasília: Mozarildo Cavalcanti que prevê havia Rico, Meta, Transbrasil, de baixa e média densidade de dores pediram pág. 55). agência não interfere em preço de o subsídio para linhas aéreas que Vasp, Varig. Mais tarde, TAM, tráfego considere os seguintes as- aos espe- O diretor do Departamento de passagens e estimula a concorrência atendam a cidades no interior de Gol, Rico e Meta. TAM e Gol pectos: a necessidade de integra- cialis- Política de Aviação Civil uma mesma região. baixaram o preço das passagens t a s A proposta de Mozarildo pre- ao nível das outras e elas se reti-

Mendacch vê a criação de um adicional ta- raram. Para continuar operando, J. F reitas ucturei se neque rifário para que o passageiro, ao a Meta voa para ­Georgetown publicatrei patur, aucio, voar em uma empresa grande, [Guiana], Paramaribo [Surina- tam. Vilic int? contribua para formar um fundo me] e Belém, porque não conse- At C. Scibusa cujos recursos seriam direciona- gue concorrer com TAM e Gol. coraccibute, dos para garantir a viabilidade Essa política tem que ser revista”, elles faccia das empresas pequenas. defendeu o senador. No debate promovido pela Para Fabiana Todesco, as li- An a Vo lpe CDR, Mozarildo demonstrou nhas aéreas domésticas de baixa preocupação especial com a avia- e média densidade de tráfego ne- ção regional na Amazônia: cessitam efetivamente de um re- “O projeto que eu apresentei gime especial de exploração sub- [PLS 130/01, no Senado, e PL vencionado. Isso depende, segun- 7.199/02, na Câmara] era es- do a secretária de Aviação Civil, pecífico para a Amazônia, mas da definição da fonte de recursos depois foi estendido às outras re- e de um modelo de concessão de giões. Ele foi para a Câmara em linhas aéreas subsidiadas, dife- Mozarildo Cavalcanti reclama da falta de 2002. Nós estamos em 2010. Eu rente da atual dinâmica de mer- interesse do governo para votar seu projeto

54  novembro de 2010 www.senado.gov.br/emdiscussao  55 Aviação regional Aviação regional ção, a dificuldade de acesso e a “Na época dos Douglas, dos de Mozarildo. “A regulamentação limitação ao uso de outro tipo de Curtiss Commander, tínhamos e a operacionalização do projeto Para Snea, recursos para linhas regionais transporte. Uma consultoria con- uma rede no interior muito gran- podem causar problemas, já que tratada pelo Ministério da Defe- de, mas baseada em subvenção. seriam necessárias mais robustez devem sair do governo, não das passagens sa e pelo BNDES elabora estudos Era a Rede de Integração Nacio- e pessoas no ministério para rea- para o setor de transporte aéreo, nal, sucedida pelo Sistema Inte- lizar as tarefas”, argumentou. Assim como em maio de 2010, José Idalberto disse que as ços em real e fiado”, observou, analisando medidas para a ins- grado de Transporte Aéreo Re- No entanto, para Roberto a Comissão de Serviços de Infra- companhias aéreas regionais que ­referindo-se à venda das passa- talação do regime de concessão gional (Sitar), ambos com suple- Cavalcanti, subsídios são neces- estrutura (CI) debateu em 2002 operam na Amazônia têm, todas gens por meio de cartão de crédi- dessas linhas”, afirmou. mentação tarifária. As duas ini- sários “até para fazer com que as o projeto do senador Mozarildo e elas, custos dobrados com com- to. “É comum que aviões com 45 A proposta, porém, não é uma ciativas não deram resultado. Há companhias que operam linhas evidenciou as discordâncias entre bustível, mão de obra e peças de lugares trafeguem na Amazônia unanimidade na indústria. Ro- que se buscar novas soluções.” rentáveis sejam obrigadas a sub- pequenas e grandes empresas aé- reposição. somente com dois passageiros, naldo Jenkins, do sindicato das Fernando Soares, do Ministé- vencionar outras, de menor ren- reas acerca da concessão de subsí- “Nós compramos tudo em em razão da baixa densidade de- empresas aéreas, por exemplo, rio da Defesa, apontou dificulda- tabilidade”. dios à aviação regional. dólar e vendemos nossos servi- mográfica”, revelou. discorda de possíveis subsídios. des para implementar a proposta Mozarildo também discorda Naquela ocasião, George Er- da posição do sindicato das em- makoff, então presidente do Snea, presas aéreas e cobra uma posi- que representa as grandes compa- Linhas aéreas regionais atendem a passageiros que estão em Projeto que taxa bilhetes espera votação na Câmara ção do governo sobre a questão. nhias aéreas do país, afirmou que, regiões com PIB agrícola elevado e menor atração para turismo “Em reunião do Ministério da no regime de liberdade de preços, O projeto de lei (PLS 130/01) do sena- tegração Nacional e de Desenvolvimen- Defesa com a Abetar [Associação o pagamento do adicional sobre a dor Mozarildo Cavalcanti prevê uma ta- to Regional; de Viação e Transportes; e Brasileira das Empresas de Trans- tarifa será feito, em última análise, rifa adicional de 1% sobre as passagens de Constituição e Justiça e Cidadania, porte Aéreo Regional], foram não pelos passageiros, mas pelas aéreas domésticas, exceto para os voos que propuseram e aprovaram um pro- discutidas formas de aperfeiçoar próprias companhias aéreas. dentro da Amazônia Legal. A proposta jeto substitutivo. o projeto. Mas quase uma déca- Entretanto, Ermakoff concor- esteve prestes a se tornar lei. Aprovada Os deputados sugerem a criação do da depois, o projeto está parado dou que o subsídio é necessário pelo Senado em 2002, foi para a Câ- Programa de Estímulo à Malha de Inte- na Câmara. Quando o governo para a sobrevivência das empre- mara, onde há mais de três anos aguar- gração Aérea Nacional (Premia) e, em não quer, todo o artifício é usa- sas regionais em algumas áreas, da votação do Plenário. vez de adicional tarifário, o substitu- do para não aprovar e a proposta como a Amazônia. Ele sugere, A ideia original sugeria que os recur- tivo propõe a criação de Contribuição não anda. Lamento que aqui nós contudo, que os recursos para sos obtidos fossem usados para subsi- de Intervenção no Domínio Econômico estejamos ouvindo a parte ofi- esse subsídio venham do Orça- diar o transporte aéreo de passageiros (Cide) sobre as passagens aéreas para cial. Vamos convidar a Abetar, mento da União, como acontece na região amazônica. Isso porque, em subsidiar, por meio de licitação, as li- os governadores da Amazônia, a nos Estados Unidos, e da Infra- 2001, quando apresentou o projeto, nhas deficitárias apontadas como Embraer”, sugeriu. ero. Ele sugere ainda que os es- Mozarildo já avaliava que as empresas estratégicas por governadores e tados abram mão dos 33% do regionais não sobreviveriam sem o adi- prefeitos. tda . ICMS (Imposto sobre Circulação cional tarifário, colocando em risco o Aprovado pelas comissões, o projeto de Mercadorias e Serviços) inci- atendimento a mais de uma centena de estava praticamente pronto para ser dentes sobre os combustíveis de comunidades em cidades do interior da enviado à sanção presidencial. Po- aviação. “Fazer a integração do Amazônia, principalmente para o trans- rém, em abril de 2007, um recurso R ic o Táx i ére o A L país é função do governo, e não porte de doentes graves. fez com que a proposta tivesse que das companhias aéreas”, frisou. O senador, inclusive, recorda que a ta- ser votada também pelo Plenário da Já Átila Yurtsever, José Idal- rifa suplementar, no passado, já foi de Câmara. Desde então, ela aguarda berto da Cunha e Francisco As- 3% e serviu de fonte de recursos res- inclusão na pauta de votações. sunção Mesquita, respectivamen- ponsável pelo fortalecimento de várias Mozarildo faz parte da Frente Parla- te representantes das companhias empresas, como a TAM e a Rio Sul. mentar em Defesa do Transporte Aé- Hidroavião da Rico durante pouso: empresa deu apoio à Transamazônica, aéreas regionais Rico, Tavaj e Depois de receber o apoio da Comissão reo Regional, presidida pelo deputa- mas suspendeu voos desde julho Meta, que operam na Amazônia, de Serviços de Infraestrutura do Sena- do Vital do Rêgo Filho (PMDB-PB). A de 2010. Humaitá (abaixo), no afirmaram que não tinham outra Amazonas, não recebe voos regulares do, o projeto foi enviado em setembro frente vem discutindo como aumentar alternativa senão encerrar suas de 2002 à Câmara (PL 7.199/02). Até os investimentos no setor e comemo- atividades caso não recebessem 2007, a proposta foi analisada, junta- rou a aprovação do financiamento da subsídios para atenuar os altos mente com outras com o mesmo obje- compra de aeronaves pelo BNDES, na custos operacionais. tivo, pelas comissões da Amazônia, In- Lei 12.906/09. “Atendemos municípios que distam 900 quilômetros de Ma- naus, a cidade mais próxima ca- paz de prestar um socorro médi- co a uma pessoa. Nossos aviões são o único meio de transporte existente em muitas regiões no Norte do país, onde não há fer- rovias, hidrovias ou rodovias. As pessoas lá estão completa- mente isoladas do resto do país”, Fonte: “Constituição do Marco Regulatório Para o Mercado Brasileiro de Aviação Regional”,

P refeit u ra Hu mait á ­argumentou Yurtsever. Alessandro Oliveira/ITA e Lucia Helena Salgado/Ipea

56  novembro de 2010 www.senado.gov.br/emdiscussao  57 Aviação regional Aviação regional

Incentivos oficiais existiram entre 1975 e 1999 Crédito facilitado não Jatos da Embraer têm Entre 1960 e 1975 uma grave por uma única empresa, que não roviário dispõe de R$ 30. entre 37 e 122 assentos crise na aviação comercial brasi- podia ter operações nacionais. A Em 2009 foi criada a Política chegou à aviação regional leira levou a uma drástica redução exploração era feita por concessão Nacional de Aviação Civil, com a Apesar de não ser comum para um pas- do número de cidades atendidas de 15 anos, prorrogáveis por perí- finalidade de “estimular o desen- pontada durante a audiência Segundo a secretária de Aviação sageiro de uma grande companhia aérea por transporte aéreo. Entre os odos idênticos. volvimento das ligações de baixa Apública da CDR como uma Civil, Fabiana Todesco, quando brasileira fazer um voo em um avião da motivos da crise, descrita pelo es- O governo lançou mão ainda e média densidade de tráfego” e das medidas que podem incenti- entrar em vigor, o fundo permitirá Embraer, a empresa tem grande parti- tudo ITA/Ipea de 2008, estava a de um adicional tarifário, de 3% “incentivar o desenvolvimento var a aviação regional, a concessão “às empresas aéreas melhores con- cipação no mercado mundial de aero- construção de estradas, que faci- sobre o valor dos bilhetes das li- e a expansão dos serviços aéreos de créditos do Fundo de Garantia dições de aquisição de aeronaves, naves que atendem, principalmente, a litou as viagens de curta distância nhas aéreas domésticas, deposita- prestados em ligações de baixa à Exportação (FGE), gerido pelo permitindo a expansão dos ser- linhas regionais. Grandes companhias – as mais disputadas pelas com- do no Fundo Aeroviário. Os re- e média densidade de tráfego”, a BNDES e pelo Ministério da Fa- viços aéreos. O efeito secundário dos Estados Unidos, da Europa e da Ásia panhias aéreas. Além disso, pes- cursos eram usados para subsidiar fim de aumentar o número de ci- zenda, para compra de aviões por da lei é o aumento da demanda de já compraram centenas desses modelos quisa identificou que as empresas as linhas deficitárias do Sitar. dades e municípios atendidos pelo empresas aéreas nacionais ainda aviões produzidos pela indústria desde meados da década de 1990. apresentavam baixa rentabilida- Em 1992 começou o processo transporte aéreo. não saiu do papel. Como resulta- ­brasileira”. Os jatos da empresa têm capacidade de naquele período por conta de de flexibilização do setor de trans- A participação do governo no do, até o momento as empresas de Fernando Soares, diretor de Po- para entre 37 e 122 passageiros, o que concorrência excessiva e pelo fato porte aéreo, que permitiu a en- setor (leia mais na pág. 37) em aviação regional ainda não conse- lítica de Aviação Civil, esclarece limita excesso de oferta de assentos em de não ter sido feita a substituição trada de novas empresas no mer- grande parte está relacionada ao guiram ter acesso aos benefícios que o fundo garantidor, até hoje ligações aéreas de baixa e média densi- das aeronaves do pós-guerra, ob- cado. Isso significou alterações atendimento de áreas em que li- previstos na lei. aplicado somente às exportações dades (que têm como origem ou desti- soletas, de operação e manuten- nas regras da suplementação de gações aéreas são deficitárias. Em A possibilidade foi prevista pela de aeronaves da Embraer, quan- no regiões com até 20 mil passageiros ção caras, que, muitas vezes não tarifas. A partir de 1999 as gran- estudo de 2008, o Ipea analisa Lei 12.096, de dezembro de 2009, do acessível a empresas nacionais, por ano). De acordo com especialistas, estavam disponíveis para voar. des empresas começaram a buscar que “o transporte aéreo nos países mas, de acordo com o Ministério pode significar uma redução aci- os jatos da Embraer apresentam alto Por fim, as companhias aéreas na Justiça o direito de não pagar menos desenvolvidos tem a tradi- da Fazenda, ainda é necessário al- ma de 15% no custo dos emprés- desempenho e baixo custo de operação deixaram, naquele período, de ter o adicional tarifário. A Varig, à ção de ser um serviço ‘quase go- terar um decreto para permitir as timos. e de consumo de combustível. acesso ao dólar em condições es- época responsável por cerca de verno’, uma vez que cumpre fun- operações. A proposta com as alte- “Antes havia empresa, isso a No Brasil, apenas a Azul, a NHT, a Pas- peciais para fazer as importações 90% do recolhimento do adicio- ções de ocupação do território e rações foi enviada pelo ministério gente escuta pelos corredores, que saredo e a Trip já encomendaram aviões de que ­precisavam. nal, foi a primeira a obter a limi- apoio às populações não assistidas à Casa Civil, mas não há prazo tinha uma offshore [subsidiária no da Embraer. Apesar de os recursos do Para tentar resolver a situação, nar para suspender o pagamento, por outros meios de transporte. definido para que a nova legisla- exterior] para exportar, importar e FGE ainda não estarem disponíveis às o governo criou, em 1975, o Sis- seguida das demais companhias, As empresas operadoras de linhas ção comece a beneficiar as compa- nacionalizar o avião. Essa medida empresas, em abril de 2009, o BNDES tema Integrado de Transporte Aé- o que deixou o programa sem re- internacionais de longo curso pra- nhias nacionais que operam voos provisória de 2009 resolveu esse concedeu o primeiro financiamento reo Regional (Sitar), para atender cursos. Como resultado, a receita ticavam, frequentemente, subsí- com aviões menores, como os que problema. Agora, as empresas na- em reais para que uma companhia aé- a localidades de médio e baixo com o tributo caiu de mais de R$ dios cruzados em favor das opera- a Empresa Brasileira de Aeronáu- cionais podem comprar aeronaves rea nacional, a Azul, comprasse qua- potencial de tráfego (veja infográ- 50 milhões, em 1997, para pouco ções internas. Durante décadas, o tica S.A (Embraer) produz (leia da Embraer de forma um pouco tro aviões da Embraer. fico abaixo). A estratégia foi divi- mais de R$ 10 milhões, em 2001. contexto da aviação civil foi, por- mais no quadro ao lado). mais facilitada. Aeronaves da em- dir o território nacional em cinco Em 2010, o Portal da Transpa- tanto, de maior intervenção esta- Outro problema é que a lei dá pra- presa, como o 145 e o 170, podem áreas, cada uma delas atendida rência informa que o Fundo Ae- tal e de reduzida competição”. zo até 31 de dezembro de 2010 atender à aviação regional. Talvez (prorrogável por mais seis meses) não aquela de fronteira, de inte- para concessão do crédito. gração nacional, mas as cidades de Evolução do número de companhias aéreas no Brasil O senador Mozarildo Cavalcanti médio porte, com toda certeza”, Aviões Embraer 170 têm capacidade para 70 a 80 lamenta que o país, apesar de ser afirmou Soares. passageiros e são vendidos 27 um grande produtor e exportador 26 para empresas estrangeiras 25 Criação da Anac 25 de aviões, ainda não venda aerona- de transporte regional 24 24 24

23 23 23 23 23 ves como deveria para o mercado Liberalização atrai Choque 22 22 22 22 22 interno. Já Roberto Cavalcanti 21 21 21 21 21 21 21 21 21 20 cambial novas empresas 20 20 20 20 20 20 20 20 20 cobrou dos representantes para o mercado 19 19 19 19 19 19 19 19 19 19 19 do Ministério da Defesa 18 18 18 18 18 18 18 18 18 18 18 18

17 17 17 17 17 17 17 17 17 17 17 17 17 mais agilidade na apli-

16 16 16 16 16 16 16 16 16 16 16 16 16 16 16

o m p a n h i s 15 cação da lei. 15 15 15 15 15 15 15 15 15 15 15 15 15 15 15 15

Entrada em vigor do Sitar (1975): 14 14 14 14 14 14 14 14 14 14 14 14 14 14 14 14

o d e c 4 empresas nacionais e 5 regionais 13 13 13 13 13 13 13 13 13 13 13 13 13 13 13 13

12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12

ú m e r 11 11 11 11 11 11 11 11 11 11 11 11 11 11 11 11 n 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10

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1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 0 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010* *Fontes: Até 2004: Alessandro Vinícius Oliveira. Performance dos Regulados e Eficácia do Regulador, Nectar/ITA, 2005, com base em anuários estatísticos do DAC(1974-2004). A partir de 2005: anuários estatísticos da Anac.

58  novembro de 2010  59 Aviação regional Aviação regional

Lei permite acesso por empresas nacionais a fundo de R$ 44 bilhões Anac fechou mais de cem aeroportos em 2009 A Lei 12.096, de dezembro de ões da Embraer no mercado global. as taxas de empréstimos para 4,5% por não cumprirem condições de segurança 2009, alterou as regras do Fundo de O governo destinou este ano R$ 44 ao ano. O prazo para a concessão Garantia à Exportação (FGE) para bilhões do Orçamento ao fundo, de crédito termina em 31 de de- Além dos problemas já apon- estado cujos aeroportos deixa- cialmente no Norte e no Nor- permitir que as garantias dadas pela que é gerido pelo BNDES. zembro de 2010 e pode ser prorro- tados por senadores, especialis- ram de operar: Caravelas, Aba- deste), segundo ela, é feita de União como seguro de empréstimos A lei autoriza o governo a, também gado por mais 180 dias. tas e pesquisadores, um outro ré, Amargosa, Belmonte, Barra, modo que, mesmo com poucos a exportações fossem estendidas a por meio do BNDES, subsidiar os ju- A alteração no FGE foi proposta por entrave ameaça a malha aérea Canavieiras, Esplanada, Itabe- recursos financeiros, eles pos- compras de aeronaves por empresas ros dos financiamentos para aqui- meio de Medida Provisória 465/09, regional: o fechamento de aero- raba, Ibotirama, Feira de San- sam se adequar às normas, que nacionais. O FGE fora criado para sição e produção pela indústria da que foi alterada pelo Congresso portos pela Anac, em razão do tana, São José do Jacuípe, Bro- quase sempre têm grau de exi- melhorar a competitividade dos avi- aviação civil, o que permitiu reduzir ­Nacional. não cumprimento das normas tas de Macaúbas, Carinhanha, gência para aeroportos de mo- de segurança. O senador César Palmeiras, Queimadas, Prado, vimento muito grande. Ainda Borges (PR-BA) questionou ve- Souto Soares, Valente, Mundo assim, Solange Vieira informou ementemente a interdição dos Novo e Castro Alves. terem sido fechados mais de aeroportos: “Precisamos desses aeródro- cem aeroportos no Brasil em “Na Bahia existem 63 ae- mos, todos no litoral, por ser- 2009. ari n ti s ródromos públicos. Segundo mos um estado essencialmente “A Anac endureceu, sim. de P informações da Anac, 20 de- turístico. A Bahia tem 67 mil A gente tem, na verdade, fei- les estão interditados, 19 desde quilômetros quadrados. Deslo- to cumprir as exigências. Uma

P refeit u ra 2007. As interdições são moti- camentos de mais de mil qui- auditoria internacional no ano vadas pela falta de cerca, proxi- lômetros, sem aeroporto, ficam passado nos cobrou isso. Procu- midade a área urbana, buracos difíceis. O que é preciso fazer ramos sentar com o governo do na pista etc. A responsabilida- para eles voltarem a funcio- estado, que, junto com o gover- de sobre quase todos eles é do nar?” perguntou o senador. no municipal, tem a responsa- governo do estado. Essa é uma Solange Vieira, diretora-pre- bilidade de buscar as soluções. situação específica da Bahia ou sidente da Anac, explicou que Tão logo elas são alcançadas, a Anac endureceu suas regras a agência tem se esforçado para liberamos o aeroporto para trá- e agora está interditando mais minimizar e reduzir as exigên- fego”, esclareceu. aeródromos em todo o Brasil?”, cias dos aeroportos de pequeno Não foi possível precisar o questionou o senador durante o porte para que não haja inter- número de aeroportos interdita- debate na CDR. rupção de voos. A avaliação de dos no país hoje, já que a Anac Aeroporto de Parintins, que já foi listado como irregular pela Anac, atende ao polo turístico do Amazonas César Borges listou ainda nível de risco e de movimento informou não dispor de dados importantes municípios do seu dos aeroportos pequenos (espe- consolidados.

Com 1.340 metros, pista do aeroporto de Canavieiras, Programa federal oferece recursos para no sul da Bahia, está interditada por faltar muro ou cerca reforma e construção de aeroportos

maioria dos aeroportos bra- e adequar os aeroportos adminis- adequar o aeroporto às normas da Asileiros é administrada por trados pelos governos estaduais e Anac para que as empresas pos- estados e municípios, que têm sé- municipais nos quais há interesse sam operar. Embora os estados rias dificuldades para mantê-los. por parte das empresas aéreas em venham priorizando projetos de Quando se pensa na necessidade operar”. Este ano, estavam previs- novos aeroportos, aqueles que es- de modernizá-los e adequá-los às tos investimentos de R$ 157,7 mi- tão sendo interditados pela Anac normas de segurança para atender lhões, em 17 estados, o que repre- podem receber recursos para re- a voos regionais, a situação parece senta 29% a mais que em 2009. forma e adequação aos requisitos crítica. Essa é a opinião de sena- Entre 1992 e 2007, o Profaa de segurança exigidos pela agên- dores e especialistas que partici- foi gerido pelo extinto Departa- cia. É preciso priorizar essas obras param do debate da CDR. mento de Aviação Civil (DAC) e para que a Anac permita a reaber- Entre os mecanismos para me- pela Aeronáutica, mas, em 2008, tura ao tráfego”, analisa. lhorar a operação de aeroportos, passou para a Anac. Em 2009, Fernando Soares concordou Fabiana Todesco destacou que ele voltou para o Ministério da que o programa precisa ser mais o Programa Federal de Auxílio a ­Defesa (veja infográfico na pág. efetivo e, para isso, deve contar Aeroportos (Profaa), gerido pela 77). Segundo Fabiana, o Profaa com o apoio dos governadores e S t u di o 1 Secretaria de Aviação Civil, do está sendo reestruturado para ace- prefeitos, que precisam apresentar Ministério da Defesa, e pelo Co- lerar a aplicação dos recursos em projetos. “Sem a parceria com os mando da Aeronáutica, “é uma aeroportos de interesse regional. estados, não é possível aplicar os fonte de recursos para reforma e “O administrador municipal recursos na infraestrutura aero- construção destinada a viabilizar muitas vezes tem dificuldade para portuária”.

60  novembro de 2010 www.senado.gov.br/emdiscussao  61 Aviação regional Aviação regional tados, cada um com uma alíquo- margem para negociar o preço, presas aéreas analisam a viabili- Caminhões contra incêndio doados a cidades foram sucateados ta diferente. Segundo o Snea, mesmo que o nível de combustí- dade econômica do transporte em São Paulo, onde as empresas vel seja superior ao que é neces- de combustível extra, para cada A Anac publicou resolução em para o problema: porto”, denunciou o presidente compram cerca de 35% do que- sário para o trecho a ser voado. aeronave, etapa por etapa. As- outubro de 2009, exigindo a “Se a resolução não for olhada do Snae. rosene necessário para os seus Sai mais barato, por exemplo, sim, o planejamento da malha implantação e a manutenção com flexibilidade, pode levar Ainda segundo Jenkins, nos Es- voos, a alíquota é uma das mais um avião com destino a Salva- aérea acaba afetado pelo custo do Serviço de Prevenção, Sal- municípios a deixarem de fazer tados Unidos esse tipo de cami- caras: 25%. No Distrito Fede- dor e escala em Brasília decolar do combustível, privilegiando a vamento e Combate a Incêndio a manutenção dos seus aeropor- nhão é obrigatório apenas em ral, de onde se distribui muitos com mais combustível do Rio de conveniência das empresas, em em Aeródromos Civis (Sescinc). tos. No final da década de 1990, aeroportos que transportem a dos voos para todo o país, a alí- Janeiro, onde o ICMS é de 4%, detrimento dos interesses dos Com a medida, sem a presença o então Ministério da Aeronáu- partir de 1,8 milhão de passa- quota também é de 25%. Já nos para não ter que abastecer em passageiros e da integração do de caminhão contra incêndio, tica comprou 40 caminhões de geiros por ano. Nova Zelândia, aeroportos de Confins, em Belo Brasília, que cobra uma alíquota país (veja infográfico na pág. 64). aeródromos (aeroportos que não combate a incêndio e os doou a Canadá e Austrália flexibilizam Horizonte, e do Galeão, no Rio de 25%, segundo o Snea. Nem essa margem de mano- têm terminal de passageiros, só vários municípios. Doze prefei- a norma, permitindo a operação de Janeiro, a alíquota é de 4%. Essa manobra, comum no bra está acessível às empresas re- têm pista de pouso) podem ser tos não quiseram sequer receber sem o contra incêndio. As empresas recorrem, então, Brasil, é conhecida como fuel gionais. Como elas operam em interditados. A norma passou a o caminhão por não terem con- “No levantamento do Snea fei- à estratégia de encher o tanque tankering, “tanqueamento de rotas mais restritas, onde, em ser um fator crítico para a ope- dições de mantê-lo. Seis meses to à época, 17 cidades não ti- nos aeroportos onde o preço do combustível” ou “abastecimento geral, o combustível não varia ração regular dos aeroportos, já depois, foi feita uma vistoria nos nham sequer bombeiros, mas querosene é menor, ou onde há econômico”. Geralmente as em- muito de preço, tendem a ficar à que os caminhões custam entre municípios e constatado que a teriam que manter bombeiro e R$ 500 mil e R$ 1 milhão. maioria dos caminhões não ti- caminhão no aeroporto. Em al- Ronaldo Jenkins, diretor técnico nha pneu e alguns estavam até gumas delas, a renda per capita do Snea, alertou sem motor. Eram figuras deco- é menor que um salário mínimo. rativas na proxi- Quer dizer, como é que o muni- midade do cípio pode sustentar um cami- aero- nhão contra incêndio?”, avalia. Para Fabiana Todesco, a solu- ção estaria no Programa Fe- abi o R aphael / mm on s Co C reative

deral de Auxílio a Aeroportos F (leia mais na pág. 60). “Temos que viabilizar a aquisição des- ses caminhões contra incên- dio. Nosso trabalho está sendo justamente utilizar esse recur- so para adequar os aeroportos nos quais as empresas aéreas têm interesse em operar”, afir- Com caminhão contra mou a secretária de Aviação incêndio, como o AP-2, Civil. avião médio e grande pode pousar FAB

Guerra fiscal sobre querosene afeta mais as regionais Os especialistas ouvidos fixos se diluem, reduzindo o outro problema: o querosene pela CDR concordam que um custo por quilômetro voado. de aviação é produzido princi- dos maiores custos das empre- Como o maior gasto de com- palmente no Sudeste (veja in- sas aéreas, principalmente as bustível ocorre nas manobras fográfico na pág. 64), próximo regionais, é o preço do que- de decolagem e aterrissagem dos aeroportos maiores, onde rosene de aviação. De acordo e no voo de baixa velocidade, são abastecidas as aeronaves com estudos da Iata (Associa- o custo do combustível tende de grande porte. Assim, o ção Internacional de Trans- a ser relativamente mais eleva- combustível chega a um custo porte Aéreo), o consumo de do quando a aeronave é usada mais baixo que nos aeroportos combustível representa o se- para cobrir distâncias mais menores, em geral mais dis- gundo maior componente dos curtas, ou seja, em voos regio- tantes das refinarias e centros gastos das empresas, cerca de nais. de distribuição. Logicamente, 20% a 40%, atrás apenas dos As empresas regionais ain- as empresas que atuam nesses custos de mão de obra. da encontram enorme difi- aeroportos, principalmente re- Entre outras razões, as re- culdade para negociar com as gionais, pagam mais caro. gionais sofrem mais porque o distribuidoras de combustível, Mas o que mais pesa sobre custo por quilômetro voado é pagando pelo litro um valor o custo final do combustível inversamente proporcional ao que pode ser quase 30% maior de aviação, de acordo com os tamanho do trecho. Quan- que o pago por uma empre- debatedores, é o ICMS cobra- do um voo é longo, os custos sa de grande porte. Há ainda do sobre o querosene pelos es- Avião em abastecimento em Guarulhos: estado de São Paulo usa um terço do combustível consumido no país e cobra 25% de ICMS

62  novembro de 2010 www.senado.gov.br/emdiscussao  63 Aviação regional Aviação regional

Querosene de aviação no Brasil Carga tributária do setor aéreo está acima da média nacional Distribuição geográfica do consumo A aviação civil brasileira também pagamento de serviços no exterior; o Imposto Sobre Serviços (ISS) na 58% sofre com a chamada tributação em a Contribuição de Intervenção no exportação de insumos e serviços cascata, imposto sobre imposto, nas Domínio Econômico (Cide) sobre pelas empresas aéreas; e o Imposto Sudeste três esferas de arrecadação – fede- os combustíveis; o Imposto de Im- Predial e Territorial Urbano (IPTU) 16% ral, estadual e municipal. portação sobre peças e componen- sobre lojas próprias. 11% No âmbito federal, incidem o Im- tes; e o Imposto sobre Operações Em 2001, a carga tributária com- Centro-Oeste posto sobre Produtos Industriali- Financeiras (IOF); entre outros pre- prometia 37% de toda a receita da 9% Nordeste Norte zados (IPI) na aquisição de novas vistos em lei. aviação civil brasileira, ante 17% Sul aeronaves, mesmo as da Embraer; Os estados cobram o ICMS sobre nos EUA e 9% na França, conforme 6% o Imposto de Renda Pessoa Jurídica insumos, arrendamento de aerona- estudo do Ipea de 2008, acrescen- (IRPJ) sobre o lucro real; a Contri- ves, transporte de carga e comércio tando que, pela estimativa para a buição Social sobre o Lucro Líquido de passagens aéreas, e o Imposto carga tributária em relação ao PIB (CSLL); o Imposto de Renda Retido sobre a Propriedade de Veículos Au- de 2009, é possível afirmar que a na Fonte (IRRF) sobre o arrenda- tomotores (IPVA) sobre a frota de arrecadação no setor aéreo está aci- mento internacional de aeronaves e automóveis das companhias aéreas. ma da média dos setores produtivos peças (leasing) e as remessas para Finalmente, os municípios cobram (veja infográfico na pág. 65). Localização das refinarias produtoras

Manaus Fortaleza O peso da carga mercê dos fornecedores, Laranjeiras/SE

que conseguem impor preços e porque Camaçari/BA São Francisco condições desfavoráveis. vários mu- do Conde/BA tributária no Betim/MG Uma das soluções propostas nicípios hoje Duque de durante a audiência na CDR é não atendidos pela Paulínia/SP Caxias/RJ transporte aéreo criar regimes especiais de tri- aviação poderão vir a Mauá/SP São José Araucárias/PR dos Campos/SP butação sobre o querosene de ser, mas a gente não São Mateus do Sul/PR aviação para alavancar a aviação consegue andar muito Cubatão/SP ­r e g i o n a l . no processo. Precisamos muito Canoas/RS

“É preciso desenvolver regi- da ajuda dos senadores e da Câ- Fonte: Petrobras mes especiais de tributação so- mara, e junto aos governadores, Impostos federais bre o querosene em localidades para nos apoiarem”, pediu Fer- IPI: na aquisição de novas aeronaves de baixa e média densidade de nando Soares, diretor do Depar- tráfego, para diminuir o custo tamento de Política de Aviação soneração, porém, não são gran- IRPJ e CSLL: sobre o lucro real operacional da empresa aérea Civil. des, se analisada a tramitação IRRF: sobre os contratos de CIDE nessas regiões, viabilizando as de projeto com objetivo similar, arrendamento internacional de IRRF J operações. Mas, para conseguir Projeto desonera querosene ainda que bem mais modesto, aeronaves e peças e sobre as remessas IRP CSLL isso, é necessário o apoio dos go- A Câmara já analisa projeto aprovado pelo Congresso, com para pagamento de serviços no exterior trib IOF vernadores e do Confaz [Conse- de lei (PL 6.438/05) que isenta apoio do Ministério da Defesa. ut IPI Impostos estaduais CIDE: sobre os combustíveis os lho Nacional de Política Fazen- da Contribuição de Intervenção A proposta (PLS 65/05) pro- federais dária]. A secretaria [de Aviação no Domínio Econômico (Cide), curava estender o tratamento Imposto de Importação: sobre peças e ICMS: sobre insumos, componentes arrendamento de Civil] está analisando uma pro- da Contribuição para o Finan- dado ao querosene para aviação aviões, procedimentos posta a ser submetida ao Con- ciamento da Seguridade Social – sobre o qual, desde 2004, a IOF: sobre movimentação financeira fiscais no transporte faz, mas alguns estados já estão (Cofins) e do PIS/Pasep a ven- alíquota da Cide foi reduzida a da carga aérea e no tomando a iniciativa, como Goi- da de querosene e de gasolina de zero – à gasolina para aviação. ICMS comércio de ás, Mato Grosso, Santa Catarina aviação para empresas brasileiras Votado pelos deputados em tribut IPVA passagens aéreas e Minas Gerais”, afirma Fabiana de aviação comercial, desde que 2005, o projeto foi aprovado em os is IPVA: sobre a frota Todesco. o produto seja consumido pelas 2007 por duas comissões e, em estadua própria de automóveis A redução do preço do com- próprias empresas. A proposta 2008, pelo Plenário do Senado, das empresas e sobre bustível envolve o Ministério das tramita em caráter conclusivo com base em nota técnica do Impostos municipais pequenos aviões Minas e Energia, a Petrobras, o nas comissões de Finanças e Tri- Ministério da Defesa que apon- particulares Ministério da Fazenda e a Casa butação e de Constituição, Justi- tava a medida como uma possí- ISS: na exportação de insumos e serviços Civil, e depende do Confaz. ça e Cidadania. Depois de apro- vel desoneração tributária para o pelas empresas aéreas ISS “Aprovar algo hoje junto aos vado na Câmara dos Deputados, setor da aviação. Porém, alegan- IPTU: nas lojas das empresas aéreas tribut IPTU os ais secretários da Fazenda, no Con- o projeto ainda tem que passar do dificuldades fiscais, o Palácio municip faz, é algo muito complicado. pelo Senado. do Planalto vetou integralmente Na maioria das vezes, os esta- As possibilidades de o governo o projeto. E, em 2009, o Con- Fonte: Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) dos não vão ter perda tributária, concordar com esse tipo de de- gresso manteve o veto.

64  novembro de 2010 www.senado.gov.br/emdiscussao  65 Segurança v

Civil Internacional (Oaci, órgão ligado à Voos comerciais não têm ONU do qual o Brasil é membro), para Aumento da frota não significou mais acidentes que todas as regiões do mundo mante- Desde 90, país tem 61,5% mais aviões. Registro de acidentes caiu 48,6% nham um índice de acidentes, no máxi- 14 mo, abaixo do dobro da média mundial. v 12.178 acidentes há dois anos Um dos fatores que pode contribuir 12 10.371 para a ocorrência de acidentes na aviação 10 o t a

civil é a infraestrutura ainda precária em f r

8 Em 2008 e 2009, índice de acidentes com perda total da aeronave envolvendo diversos locais. 6 “A infraestrutura aeroportuária mui- 7.494 as companhias aéreas nacionais foi de zero em cada milhão de decolagens. tas vezes é inadequada, principalmente 4 A aviação geral, porém, ainda tem o que melhorar no que tange às condições de segurança operacional e de prevenção contra atos 2 de interferências ilícitas”, constata Fer- e 2006 e 2007, quando um avião da Gol e “Mesmo com o aumento da frota, o número de nando Soares, diretor do Departamento ano 90 91 92 93 94 95 96 97 98 99 00 01 02 03 04 05 06 07 08 09 200 outro da TAM caíram causando a morte de acidentes aeronáuticos diminuiu. A média do mun- de Política de Aviação Civil do Ministé- 181 todas as pessoas a bordo (veja linha do tem- do é de 0,71 acidentes de perda total de casco por rio da Defesa. 180 po, na pág. 11), foram anos para serem es- milhão de decolagens. Já no Brasil o índice de aci- Segundo o senador Jeferson Praia esse 160

e s 140 Squecidos pela aviação comercial, 2008 e 2009 pas- dentes no transporte aéreo regular com perda total problema é “seriíssimo” nos aeroportos t 120 saram sem percalços. foi zero em 2008 e em 2009. Só a Ásia tem essas do Amazonas, muitos deles em más con- 93 100 Nesses dois anos, os índices brasileiros de aci- taxas”, afirma Ronaldo Jenkins, diretor-técnico e dições e até sem asfalto. a c i d e n dentes com aviões de transporte aéreo regular estão especialista em Segurança Aérea do Snea, que apre- Outro problema grave é a frequência de 80 entre os menores do mundo (é importante lembrar sentou dados da Associação Internacional de Trans- acidentes entre aves e aviões. Um projeto 60 44 que o acidente com o voo da Air France em junho porte Aéreo (Iata) (veja infográfico abaixo). no Senado procura evitar que aves sejam 40 de 2009, entre o Rio de Janeiro e Paris, não é con- Os números da aviação comercial regular, porém, atraídas para áreas próximas de aeroportos 20 tabilizado nas estatísticas nacionais pelo fato de a não se repetem para todo o setor de transporte aé- (leia mais na próxima página). aeronave ser francesa e a queda ter acontecido em reo no Brasil. A aviação geral, que inclui voos espo- Fonte: Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos - Cenipa águas internacionais). Os dados foram apresentados rádicos e de aviões pequenos, ainda registra muitos no debate na CDR, que tinha na segurança de voo acidentes. Nesse sentido, o senador Roberto Caval- um dos seus principais temas. canti lembrou a meta da Organização da Aviação

66   67 Segurança Maioria dos acidentes tem como causa falha humana durante pouso De acordo com o Escritório de Registros de Acidentes Aéreos (Acro, em inglês), de Genebra, Suíça, ocorreram 19.632 acidentes no mun- Acidente geralmente causa morte Colisões de pássaros com aeronaves representam do desde 1918, incluindo aeronaves civis, militares, de passageiros Dois em cada cinco dos 19.632 acidentes relatados no e de carga. Ao todo, 127.199 pessoas morreram e 104.273 ficaram o maior problema para a segurança de voo mundo até outubro de 2010 não tiveram sobreviventes feridas. O ano mais conturbado foi 1972, com 3.233 mortes. Em apenas 5,95% dos casos a culpa foi do mau tempo. A maioria foi causada por erro humano: 67,57%. Falhas técnicas responderam O número de impactos vem aumentando. Maioria ocorre na aviação civil por 20,72%.      Colisões por operador (2009) Acidentes sem sobreviventes Sem dados    Momento dos acidentes aéreos 41,5% sobre vítimas    15,7%                  Aviação civil    Durante o voo   Aproximação 6,4%  840 para o pouso Acidentes com  13,7%   sobreviventes  Subida inicial 42,8%  6,4%          Força aérea Subida  98  durante o voo Fonte: Escritório de Registro de Acidentes Aéreos (Acro)  Pouso 5,5%    43,1%  Marinha   14               Decolagem Causas de acidentes aéreos Exército 5,5%        4 Mau tempo Decolagem 5,95% abortada 4,5% Aves geralmente se chocam com fuselagem, motores, asas e para-brisas Arremetida Falha técnica 0,9% Parte não reportada Erro humano 20,72% 135 Taxiamento de saída Asa/Rotor Serviço de terra 3,7% 67,57% Cauda 107 1,8% Sabotagem 14 Hélice Descida Taxiamento de entrada 3,25% 16 1,8% 2,7% Para-brisas 96 Ignição Pré-voo Outras causas 1,8% 1,8% Fonte: Associação Nariz Internacional de Transporte Aéreo (Iata) Fonte: Escritório de Registros de Acidentes Aéreos (Acro) 42

Luzes Radome Fuselagem Motor 1 83 111 Trem de pouso 208 Risco de colisão entre aviões e 88 Fonte: Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes (Cenipa) aves cresce e ameaça segurança Atualizado em 15/04/09, dados compilados até 31/12/08

rincipal inimiga da moderna Segundo Ronaldo Jenkins, do mais de US$ 8 milhões, US$ 4 Parte dos custos de recuperação de avarias, inferiores ao Paviação, a colisão com pássa- Snea, o numero de colisões vem milhões dos quais cobertos por custo das franquias, é absorvida pelas empresas ros ainda é um dos maiores cau- ocorrendo com mais frequência seguro. Isso porque as franquias 2010 (até março) sadores de acidentes pelo mundo quando o avião está próximo do na aviação civil são muito altas, Ocorrências: > 322 283 reportadas pelas maiores – e nem sempre somente as aves solo, nas operações de decolagem, acima de US$ 250 mil, princi- Custo direto: levam a pior. A probabilidade de pouso e aproximação. palmente em transporte aéreo 2009 companhias Ocorrências: > 956 685 reportadas US$ 928.447,59 que essas colisões aconteçam – o “É preciso uma parceria com regular. Ou seja, em pequenos pelas maiores Custo direto: companhias chamado risco aviário, que rece- o município. Por controlar o uso impactos as companhias prefe- US$ 21.666.107,32 beu grande atenção dos senado- do solo, as cidades podem evitar rem arcar com o conserto, já que 2008 Ocorrências: > 659 495 reportadas (US$ 17.637.434,72 cobertos por seguro) res da CDR – é aumentada pela esse risco”, sugere Jenkins. o custo de recuperação é inferior pelas maiores Custo direto: companhias presença de atividades que atra- Jenkins informa que, das 659 à franquia (veja infografia na pá- US$ 8.305.107,45 em aves (como lixões e frigorífi- colisões ocorridas em 2008, 495 gina ao lado). (US$ 4.408.957,69 cobertos por seguro) cos), nas proximidades de aero- foram na aviação civil, com pre- Em 2009, dos 956 impac- Fonte: Azul, Gol, OceanAir, TAM e Webjet portos. juízos para as empresas aéreas de tos com pássaros, 685 foram na

68  novembro de 2010 www.senado.gov.br/emdiscussao  69 Segurança Segurança aviação civil, causando um preju- ízo de US$ 21 milhões, US$ 17 Fonte: Ministério da Defesa, Agência Nacional de milhões cobertos por seguro. Até Aeroportos com maior número de Aviação Civil (Anac) e Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) março de 2010, já haviam sido 322 ocorrências de impacto com colisões com pássaros registradas pássaros, sendo 283 na aviação ci- vil, com US$ 928 mil de prejuízo Manaus para as empresas aéreas. Belém A maior parte das colisões ocorre na decolagem, um dos Brasília momentos mais sensíveis do voo, Recife em que a aeronave necessita de Cumbica (SP) muita potência e velocidade. Em 2009 foram 242 incidentes desse Porto Alegre tipo. O motor é a parte mais atin- Galeão (RJ) gida pelas colisões com aves, 208 0 1 2 3 4 5 6 7 em 2009, o que, combinado com f o t s : J. F reitas número de ocorrências para cada 10 mil a maior incidência na decola- Representante das companhias aéreas, Ronaldo Jenkins (à esquerda) apresentou dados pousos/decolagens em 2009 gem, torna esse tipo de ocorrência que surpreenderam e preocuparam o presidente da comissão, senador Neuto de Conto ­preocupante. Para o senador Neuto de Con- Ministério da Defesa, Fabiana que a integração dos aeroportos Acidentes com aves 152 to (PMDB-SC), “os impactos Todesco. com as cidades traz, além do risco aproximação final com pássaros preocupam quem Segundo ela, o aeroporto do aviário, vários outros problemas, por fase de voo cruzeiro viaja de avião. Os lixões são um Galeão concentra em torno de entre eles o ruído, incômodo es- foco de urubus e outras aves. Os 10% dos incidentes com aves. pecialmente para os vizinhos resi- Veja as principais fases de voo 6 números, tão elevados, são uma Fabiana aposta que apenas um denciais, quando o ideal seria que onde ocorreram os 956 acidentes descida e circuito de surpresa”. esforço conjunto do governo, do o entorno dos aeroportos tivesse envolvendo aves em 2009, tráfego “O projeto (PLC 74/09) que município, da Anac, da Infraero uso apenas comercial descontadas as 11 ocorrências está no Senado (leia mais na pág. e do Comando da Aeronáutica e industrial. Tam- em que a fase é desconhecida 27 72) é vital para diminuir os aci- pode diminuir o risco aviário. bém o descontrole no pouso e dentes. A Infraero tem atuado, uso do solo, resultando reta final mas dentro dos limites dos ae- Poluição sonora na construção de edifí- 94 roportos. Fora desses limites a Em seu estudo de 2008, o cios que passam a ser obs- responsabilidade é do municí- consultor legislativo do Senado táculos às aeronaves, assim como baixa pio”, explica a secretária Victor Carvalho Pinto considera a existência de rádios-pirata pró- altitude corrida de Aviação Civil do ximas aos aeroportos, provocando 28 após o pouso interferência nas frequências de 141 uso privativo do controle de 136 inspeção de tráfego aéreo, prejudicam a trânsito segurança do setor. Carva- lho Pinto ressalta ainda que o quadro é agravado por decisões arremetida unilaterais da Infraero, não nego- subida ciadas com estados e municípios, 2 que são responsáveis pelo trans- 28 porte e pelo planejamento urbano Avião da Força Aérea Brasileira nas grandes cidades. decola em Porto Alegre em meio às aves. Choques com pássaros causam prejuízos e podem ser fatais 2 estaciona- revisão de mento pista e inspeção de transito Fonte: Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes decolagem Aeronáuticos (Cenipa). 85 Dados compilados 242 até 31/12/2009. taxi 1 Lo pes /FAB S ilva

70  novembro de 2010 www.senado.gov.br/emdiscussao  71 Segurança

Projeto cria regras para uso do solo no entorno dos aeroportos Entenda a navegação baseada em performance (PBN) Novo sistema, que já está em operação no Brasil, promete menos congestionamentos em aeroportos, O senador Jefferson Praia é o relator da administração pública, os órgãos dor Heráclito Fortes (DEM-PI). A pri- economia de combustível e redução da emissão de gases da aviação na atmosfera do Projeto de Lei da Câmara (PLC) ambientais e o gestor do aeroporto meira delas estabelece que, em caso 74/09, que cria, em torno dos aero- a, na ASA, eliminar imediatamente de haver duas ou mais ASAs com ter- portos, a Área de Segurança Aero- as atividades atrativas de pássaros, ritório em comum, a autoridade ae- portuária (ASA), onde o uso do solo como lixões, determinados tipos de ronáutica deve definir a área de cada deverá ser restrito e sujeito a exigên- plantação, curtumes, matadouros uma. Na segunda emenda, Heráclito cias específicas. A ASA compreende- etc. Também deverão adequar ativi- propõe que as punições sejam apli- Mais segurança rá todo o território do aeroporto e dades desse tipo já existentes a re- cadas aos infratores pela autoridade O novo sistema possibilita um círculo em torno dele com raio de gras estabelecidas no ato da criação aeronáutica competente. pousos mais estáveis e consistentes ao manter a 20 km a partir do centro de cada uma da ASA, e a implantação desse tipo Depois da CRE, o projeto foi para a Voos mais ecológicos das pistas de pouso ou decolagem de atividade segundo parâmetros a Comissão de Meio Ambiente (CMA) aeronave em velocidade e alinhamento padronizado Com a redução do trajeto e a otimização nos aeroportos que operam voos por serem estabelecidos pela autoridade e daí seguirá à Comissão de Serviços da performance, as aeronaves gastam instrumento – normalmente os maio- aeronáutica competente. de Infraestrutura (CI). Se aprovado menos combustível, e, por isso, emitem menos gases poluentes. É reduzida res. Para os demais, a ASA abrangerá O PLC 74/09 foi aprovado na Câma- pelas duas comissões e não for apre- também a poluição sonora, uma vez que toda a área do aeroporto e um círculo ra e recebeu, na Comissão de Rela- sentado recurso para votação pelo o pouso é feito com o mínimo de empuxo com raio de 13 km a partir da pista. ções Exteriores (CRE) do Senado, Plenário, o projeto volta à Câmara, O projeto obriga ainda os órgãos duas emendas, propostas pelo sena- para análise das emendas do Senado.

Na navegação em PBN são Perícia de piloto salvou passageiros de Airbus atingido por aves nos EUA determinados Novos destinhos Na navegação waypoints para Ao criar caminhos precisos, No que poderia ter sido uma das (foto). Todas as 155 pessoas a bor- conseguiu e avisou aos passageiros convencional cada voo, que o PBN viabiliza o acesso com maiores catástrofes provocadas por do – 150 passageiros, três comissá- que faria um pouso forçado. as rotas são permitem uma mais segurança a locais com traçadas em colisão com pássaros, um avião Air- rios de bordo e dois pilotos – foram A habilidade do piloto da US Air- rota mais precisa É instalado um sistema de relevo ou clima desafiadores aerovias pré- tanto vertical bus A320 da US Airways, com capa- salvas por barcos que trafegavam no ways, Chesley Sullenberger, 57 anos estabelecidas navegação aérea para traçar como horizontal- a rota de voo e se comunicar cidade para 179 passageiros, pousou rio naquele momento. e ex-piloto da Força Aérea dos Es- por pontos mente físicos com localizadores GPS nas águas geladas do rio Hudson, O avião fazia o voo 1549, que ia do tados Unidos, evitou o que poderia Fonte: Organização da Aviação Civil Internacional (Oaci) em Nova York, em 15 de janeiro de aeroporto LaGuardia, em Nova York, ter sido uma catástrofe, caso o avião 2009, depois que suas duas turbinas a Charlotte, no estado da Carolina caísse sobre os prédios às margens pararam em razão de colisão com do Norte (EUA). De- do rio ou sobre alguma embarcação. pássaros logo após a decolagem. pois do choque com Alguns passageiros ficaram feridos jatos até 2023. A Cessna acredi- se especialmente ao sistema também adotarão esse novo Após o pouso, os passageiros saíram os pássaros, o piloto levemente e outros foram atendidos ta em 14 mil jatos em 20 anos, RNAV (Area Navigation), mé- conceito”, informa Jenkins. do avião, parcialmente submerso, e ainda tentou retornar com hipotermia (devido à baixa tem- enquanto outro fabricante, a todo de navegação que permite No entanto, o representante esperaram o resgate sobre as asas ao LaGuardia, mas não peratura das águas do rio). Adam Aircraft – informam operar uma aeronave em qual- das empresas ponderou que o os especialistas do ITA – esti- quer curso desejado, dentro da Decea é um órgão muito pe- ma a venda de 20 mil jatos em área de cobertura dos sinais de queno, em recursos humanos 20 anos. navegação fornecidos por uma e disponibilidade financeira, Nesse cenário, cresce a neces- estação no solo, por sistemas de para instalar o sistema em todo sidade de aperfeiçoar de tal for- navegação autônoma ou, ainda, o país. Jenkins afirma ainda ma a precisão de rotas, pousos por meio da combinação das ser “muito difícil” que o Decea e decolagens que se possa obter duas tecnologias. dote os aeroportos brasileiros G reg L/CC o máximo de tráfego aéreo sem Os sistemas de navegação dos chamados sistemas de na- aumentar o risco de colisões. autônoma usam informações vegação de precisão, no que se- Novas formas de gerenciamen- eletrônicas da própria aeronave, ria o passo seguinte à instalação to do tráfego aéreo (ATM, da além de dados enviados por on- do RNAV. Snea defende implantação rápida de sigla em inglês para Air Traffic das de rádio por satélites, para “A pista de Juneau, no Alas- Management) vêm sendo estu- localizar o aparelho em relação ca [EUA], por exemplo, fica no dadas, não apenas para preser- às coordenadas terrestres. meio de montanhas, em meio novo modelo de navegação aérea var a segurança, mas também “A introdução do conceito a um desfiladeiro. Um sistema para aumentar a performance RNAV no aeroporto de Brasília de precisão, chamado RNPAR, Atualmente a navegação aérea que os sistemas atuais de navega- do saltará de 15 milhões para 30 dos voos, reduzindo custos. levou à redução de 198 tone- torna possível que o avião faça

no Brasil é feita, na sua maior ção aérea podem suportar. milhões por ano até 2015. A fa- Em sua apresentação à CDR, ladas de emissão de CO² [gás toda a aproximação entre as parte, usando radares terrestres, Estudo de Amália Massumi bricante de ­aviões Airbus trabalha Ronaldo Jenkins, diretor-técni- carbônico, causador do efeito montanhas. Esse sistema foi frequências de rádio e a decisiva Chujo e Fernando Walter, cien- com a hipótese de que o tráfego co e especialista em Segurança estufa] por dia no espaço aé- instalado pela própria Alaska participação dos controladores de tistas da Divisão de Engenharia de passageiros aumentará 5,3% Aérea do Snea, informou que reo. O Decea [Departamento Air Lines e, homologado pelo voo. No entanto, o aumento da Eletrônica do Instituto Tecno- ao ano até 2023. Além da avia- está sendo introduzida no Brasil de Controle do Espaço Aéreo governo, se tornou um proce- demanda e o estrangulamento da lógico de Aeronáutica (ITA), ção comercial, deverá aumentar o nova tecnologia de navegação do Ministério da Defesa] já im- dimento oficial. Isso pode ser capacidade operacional dos aero- aponta estimativa dos maiores número de ­aviões particulares. A aérea, baseada em desempenho, plantou o sistema também em feito no Brasil, para resguardar portos (veja infográfico na pág. 9) fabricantes de aeronaves de que o Rolls Royce, fabricante de moto- que deve cobrir todo o territó- Recife. Até 2011, os terminais a força de trabalho do Decea”, traz dúvidas sobre a capacidade número de decolagens no mun- res, prevê um mercado para 8 mil rio nacional. Jenkins referiu- de São Paulo e Rio de Janeiro sugeriu Jenkins.

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Satélites guiam aviões, aumentam precisão Em 2007, Senado pediu sistema CNS-ATM nas mãos de civis Vinculada à Comissão de Assuntos postas ao Poder Executivo, estava a trolar o tráfego aéreo independen- dos voos e economizam combustível Econômicos do Senado, a Subco- implantação do sistema CNS-ATM, temente de quem o execute. Em missão dos Marcos Regulatórios sob responsabilidade civil. que pese a sugestão, o controle de No futuro, além da demanda cujos computadores terão, inclu- te System – GNSS), que cobrirá ouviu especialistas e preparou em No entender dos senadores da sub- tráfego aéreo segue sob a respon- cada vez maior de passageiros na sive, condições de prever e evitar todo o globo terrestre com alta 2007 um amplo diagnóstico sobre a comissão, deveria ser atribuída à sabilidade do Decea, vinculado ao aviação comercial, os sistemas de colisões, indicando aos pilotos as precisão. Os sinais vindos dos sa- aviação civil brasileira. Entre as pro- Anac plena competência para con- Ministério da Defesa. navegação aérea terão que lidar providências necessárias. A co- télites serão amplificados por Sis- com um crescimento exponen ­­­­­- municação será principalmente temas Espaciais de Amplificação cial das operações com voos de de dados, ficando a voz humana (Space Based Augmentation Sys- táxis aéreos, charters (fretamento) apenas para situações de emergên- tems – Sbas), de âmbito regional, e de aviões particulares. A tecno- cia, o que deve tornar o processo já presentes nos Estados Unidos Senador e Snea sugerem melhorias na navegação aérea em João Pessoa logia de controle de tráfego aéreo independente da capacidade de (Waas - Wide Área Augmentation Um dos motivos que levaram o se- senador, afirmando que o equipa- projeto de construção de nova pista está em processo de transição em comunicação dos controladores, System), Europa (Egnos - Euro- nador Roberto Cavalcanti a pedir a mento existente, mesmo se apoiado em 2013”, prometeu a secretária. todo o mundo para atender a essa inclusive em língua estrangeira, e, pean Geo-Stationary Navigation realização do debate na CDR foi sua por procedimentos de aterrissagem A Infraero afirma que o Aeroporto expansão. consequentemente, mais preciso e Overlay System), Japão (MTSAT); preocupação com relação à seguran- do tipo RNAV (leia mais na pág. 72), de João Pessoa tem localização pri- Sob a direção da Oaci, está seguro. e Índia (Gagan - GPS Aided Geo ça. Ele e o diretor do Snea, Ronaldo não garante precisão no pouso em vilegiada, a 65 metros acima do nível sendo desenvolvido um sistema Uma das principais metas do Augmented Navigation). Jenkins, apontaram a ausência de situações adversas, como à noite e do mar, sem construções em torno baseado em satélites, chamado CNS-ATM é aumentar o número A implementação do sistema um sistema que garanta precisão nos durante uma tempestade. da pista de pouso que possam afe- CNS-ATM (Communications, de pousos e decolagens por minu- CNS-ATM obedece a um Plano procedimentos de pouso no Aero- “É um procedimento impreciso. Há a tar as operações. Para a estatal, “o Navigation, Surveillance Systems – to nos aeroportos. Em consequên- Global (Global Air Navigation porto de João Pessoa. “O trajeto de necessidade de um equipamento de clima não afeta significativamente Air Traffic Management). Atual- cia, afirma o consultor legislativo Plan – Ganp), aprovado pelo Recife a João Pessoa muitas vezes é precisão”, reivindicou Jenkins. pousos e decolagens”. mente existem três grupos de sa- do Senado Victor Carvalho Pin- conselho da Oaci, e deve ser fina- feito à noite. Às vezes o avião nem Com informações da Infraero e do Distante oito quilômetros do cen- télites em operação: GPS (Global to, haverá maior flexibilidade na lizada até 2020. Além dos investi- chega a decolar ou, quando o faz, Decea, a secretária de Aviação Civil tro de João Pessoa, no município de Positioning System), dos Estados escolha das rotas, o que permitirá mentos públicos, será preciso que não consegue pousar porque as con- do Ministério da Defesa, Fabiana To- Bayeux (PB), o aeroporto teve a ca- Unidos; Glonass (Global Orbi- fazer trajetórias mais diretas entre também as aeronaves privadas se- dições de tempo não permitem. A desco, garantiu que novos sistema e pacidade do terminal de passageiros ting Navigation Satellite System), origem e destino, contribuindo jam adaptadas ao sistema, o que alegação é de que o aeroporto não infraestrutura aeronáutica serão ins- elevada recentemente. Ainda assim, da Rússia; e Galileo, da União para reduzir atrasos, economizar atualmente já ocorre nas princi- detinha nenhum instrumento que talados no local para auxiliar pousos o senador Roberto Cavalcanti apon- Europeia. combustível e diminuir a polui- pais rotas internacionais. desse ao comandante segurança. Há e decolagens. ta que, com um crescimento anual Nesse novo sistema, os satéli- ção. Além dessas vantagens, o O sistema CNS-ATM já come- dois anos, o aeroporto de João Pes- “A conclusão das obras e da insta- de mais de 50% no movimento, há tes substituirão os atuais radares CNS-ATM cobrirá áreas remotas çou a ser instalado no Brasil, sob soa dispunha apenas de um radiofa- lação dos equipamentos na torre de transtornos para passageiros. Segun- terrestres e frequências de rádio. e inóspitas sem custo adicional e a responsabilidade do Decea. Até rol, instrumento rudimentar. Nem na controle está prevista para 2012. A do ele, em um voo de Recife a João Os aviões emitirão, de forma au- não será vulnerável a fatores cli- o final de 2008 deverá entrar em navegação marítima os radiogônios revitalização do terminal de passa- Pessoa, que leva 20 minutos, 40 mi- tomática e contínua, as informa- máticos e à topografia do terreno funcionamento um novo centro existem mais”, reclamou Cavalcanti. geiros já foi concluída. Em 2011 será nutos são gastos nas esteiras para ções sobre sua localização, que como os atuais radares terrestres. de controle, denominado ACC Ronaldo Jenkins concordou com o concluída a reforma do pátio. Há um recolher a bagagem. serão captadas e retransmitidas A navegação terá por base o Atlântico, em Recife, que moni- às estações de controle em terra e Sistema Global de Navegação por torará as rotas oceânicas com o de volta para a própria aeronave, Satélite (Global Navigation Satelli- Continente Europeu.

Satélites de Satélites de Como funciona o navegação comunicação sistema CNS/ATM No sistema CNS (comunicação, navegação, vigilância)/ATM (gerenciamento de tráfego aéreo), as aeronaves enviam e recebem informações de posição e altitude em um intervalo de no máximo um segundo. A localização dos aviões é definida a partir dos sinais dos satélites de posicionamento, que são corrigidos e melhorados com auxílio de estações em terra. Dessa forma, os aviões estão em contato constante uns com os outros por meio do envio de dados, sem a necessidade de comunicação por voz. O sistema define o conceito de free flight, Antenas VHF em que os pilotos definem a separação Antenas de em relação às outras aeronaves, sem a recepção dependência dos controladores de voo In fraer o

74  novembro de 2010 O terminal do aeroporto de João Pessoa foi ampliado para 10 mil m², mas, ainda assim, senador relata transtornos a passageiros Aviação obedece a regras internacionais

Organização da aviação civil Organismos internacionais Órgãos do governo brasileiro Conac Organizações da

Agência Nacional de sociedade civil Convenção de Chicago Conselho de Aviação Civil (Conac) Aviação Civil (Anac) Convenção de Navegação Aérea Inter­ Órgão de assessoramento do pre­sidente da República para a formulação das Associação Brasileira das Empresas de Comando nacional, ou Convenção sobre Aviação políticas relativas à aviação civil. Criado por decreto em 2000, teve sua au- do Exército Transporte Aéreo Regional (Abetar) Empresa Brasileira Civil Internacional, realizada em Chicago, toridade reforçada pela lei que criou a Anac em 2005. A autarquia ficou in- de Infraestrutura Organização não governamental que de- Aeroportuária Estados Unidos, em 1944. O documento cumbida de implementar as diretrizes e políticas estabelecidas pelo Conselho. (Infraero) fende os interesses das empresas de trans- trata de princípios, padrões e recomen- Presidido pelo Ministro da Defesa, o Conac é composto por outros sete mi- porte aéreo regional junto a todos os níveis dações para que a aviação internacional nistros (Fazenda; Turismo; Relações Exteriores; Desenvolvimento, Indústria e de governo. Muitas das 12 empresas aére- se desenvolva de maneira segura e sis- Comércio Exterior; Casa Civil; Planejamento, Orçamento e Gestão; Justiça; e as associadas são filiadas também ao Snea SAC Secretaria de temática. No evento foi criada ainda a Transportes) e o comandante da Aeronáutica. A Anac, a Infraero, o Decea e o Aviação Civil (veja a seguir). A Embraer é relacionada Organização da Aviação Civil Internacional Departamento de Polícia Federal são convidados permanentes do Conac, que é como “sócio contribuinte”. Tem gran-

(Oaci). A convenção foi ratificada pelo secretariado pela Secretaria de Aviação Civil. Comando Comando da de articulação com a Frente Parlamentar da Marinha Aeronáutica Departamento de Brasil em 1946. Controle do Espaço em Defesa do Transporte Aéreo Regional, Ministério da Defesa Aéreo (Decea) composta por 200 senadores e deputados, Centro de Investigação Organização da Aviação Civil Dirige as Forças Armadas (Marinha, Exército e Aeronáutica) e também a e Prevenção de Acidente cujo presidente é o deputado federal Vital Internacional (Oaci) aviação civil, por meio do Comando da Aeronáutica. Estabelece as políticas Aéreos (Cenipa) Fonte: Ipea (2008) e revista em discussão! do Rego Filho (PMDB-PB), recém-eleito Agência da Organização das Nações ligadas à defesa e à segurança do país. senador pela Paraíba. Unidas (ONU) com sede em Montreal, fiscalização.A diretoria da Anac tem poder normativo e é composta por um no Canadá, e 190 países membros. Sua Secretaria de Aviação Civil diretor-presidente e quatro diretores, nomeados pelo presidente da República, Sindicato Nacional das Empresas função é coordenar e regular o transpor- Criada em 2007 para assessorar o ministro da Defesa na coordenação dos que submete as escolhas à aprovação do Senado. Aeroviárias (Snea) te aéreo internacional, de modo a favore- órgãos ligados ao setor, responsáveis pela gestão, regulação e fiscalização Criado em 1933, como Associação das cer a segurança, a eficiência, a economia das infraestruturas aeroportuária e de navegação aérea. Elabora estudos e Centro de Investigação e Pre­venção de Acidentes Aeronáu­ticos (Cenipa) Empresas Aeroviárias, a enti­dade é re- e o desenvolvimento dos serviços aéreos. auxilia na formulação de diretrizes. Possui três departamentos: de Política Criado em 1971 para a investigação de acidentes aéreos. É o órgão central do conhecida pelo Ministério do Trabalho (Em inglês: International Civil Aviation de Aviação Civil, de Infraestrutura Aeroportuária Civil e de Infraestrutura de Sistema de Prevenção e de Investigação de Acidentes Aeronáuticos (Sipaer), como representante oficial dos interesses Organization – Icao). Navegação Aérea Civil. que planeja, organiza, coordena e controla as atividades de segurança de voo. das companhias aéreas. Também realiza Em consonância com as normas internacionais, investiga os acidentes visando estudos e fornece dados sobre a aviação Associação Internacional de Transporte Comando da Aeronáutica apenas à prevenção, e, se identifica responsabilidades civis ou criminais, deve comercial. A administração é composta Aéreo (Iata) Responsável pela Força Aérea Brasileira, cuida da defesa aeroespacial, im- notificar a autoridade policial para que, de maneira independente do Sipaer, por uma diretoria executiva colegiada, Entidade que representa as 230 principais pedindo o uso do espaço aéreo para atos hostis ou contrários aos interesses abra os processos cabíveis. contratada, sem vínculo com as empresas empresas aéreas do mundo, responsáveis nacionais. associadas. O sindicato reúne 24 associa- por 93% do tráfego aéreo regular. Com Responsável pelo controle do espaço aéreo e segurança da navegação aérea Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea) dos, sendo 14 empresas nacionais e dez sede em Montreal, Canadá, a associação, no país. Também tem entre suas atribuições contribuir para a formulação e Planeja e gerencia o controle do espaço aéreo, a segurança da navegação aé- estrangeiras. fundada em 1945, representa os interesses condução de políticas que digam respeito à aviação, às atividades espaciais, à rea e as telecomunicações aeronáuticas. Ligado ao Comando da Aeronáutica, da indústria junto aos governos e a Oaci. infraestrutura aeronáutica, inclusive o desenvolvimento científico, tecnológico é o órgão central do Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (Sisceab) Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA) Realiza estudos e mantém estatísticas para e industrial dos setores aeronáutico e espacial. Pode operar, diretamente ou e administra o espaço aéreo por meio de órgãos regionais, entre eles Fundado em 1942, defende o interesse dos reduzir custos, maximizar resultados e por concessão, a infraestrutura espacial, aeronáutica e aeroportuária. os quatro centros integrados de defesa aérea e controle do tráfego aéreo profissionais que operam os voos, incluin- ampliar a eficiência. A entidade também (Cindactas), localizados em Brasília, Curitiba, Recife e Manaus. O Sisceab foi do pilotos e comissários de bordo. Além de trabalha na simplificação dos procedi- Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) criado em 1990, e compreende o Sistema de Telecomunicações do Comando questões salariais e de condições de traba- mentos de compra de bilhetes e de envio Criada em 2005, é uma autarquia especial vinculada ao Ministério da Defesa, da Aeronáutica (STCA), o Sistema de Proteção ao Voo (SPV), o Sistema de lho, tem boa parte do foco de sua atuação de bagagem e cargas, além de divulgar responsável pela regulação, fiscalização e controle da aviação civil. Tem a Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (Sisdacta), entre outros órgãos. O na garantia de condições de segurança. valores de referência para tarifas aéreas missão de promover a regulação econômica da indústria de aviação civil, ze- SPV inclui meteorologia, cartografia, busca e salvamento, inspeção em voo, internacionais. lando pelo equilíbrio da relação entre empresas e consumidores. Homologa coordenação do ensino técnico e supervisão de fabricação, reparo, manuten- Sindicato Nacional dos Aeroviários (SNA) aeronaves e componentes da indústria aeronáutica nacional e elabora estu- ção e distribuição de equipamentos de auxílio à navegação aérea. Também fundado em 1942, defende os in- dos e pesquisas relacionados ao setor. Fiscaliza escolas de aviação, entidades teresses dos profissionais ligados à aviação aerodesportivas e empresas de aviação geral, de manutenção, de serviços Empresa Brasileira de Infraestru­tura Aeroportuária (Infraero) civil que trabalham em terra, na adminis- auxiliares, de táxi aéreo etc. Mantém o registro de todas as aeronaves civis Criada em 1972, é uma empresa pública (vinculada ao Ministério da Defesa) tração, manutenção, operação e controle brasileiras. É a sucessora do Departamento de Aviação Civil que, até 2005, que constrói, administra, opera e explora a infraestrutura aeroportuária. de aeronaves. dirigiu o setor, com poderes de orientação normativa, supervisão técnica e Gerencia 67 aeroportos, entre eles os principais do país (leia mais na pág. 27). a u la C i nqu etti P

76   77 Endereços eletrônicos

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