editorialeditorial António Marques, Presidente da AIMinho

É com grande satisfação que escrevo o indo ao encontro das necessidades dos jovens editorial da edição especial da Revista no que respeita à procura de novas formas FUTURO dedicada à Minho de aprendizagem, mais de acordo com a sua 2002, o maior encontro nacional de utili- visão social, cultural e laboral. zadores de computadores, que decorreu Temos presente, também, que sem os entre Julho e Agosto no Pavilhão Multiu- apoios e patrocínios não seria possível a AIMi- sos de Guimarães. nho levar a cabo esta iniciativa de tão gran- Superando todas as expectativas, juntá- de alcance, pelo que dedicamos as páginas mos mais de 700 participantes com a finali- desta publicação a todos quantos se asso- dade de compartilhar dúvidas, trocar expe- ciaram a esta iniciativa. riências e realizar todo o tipo de actividades Esta revista, sendo um repositório do suces- relacionadas com computadores e comuni- so da Minho Campus Party de 2002, é tam- cações. Conciliando lazer, formação e parti- bém uma prévia apresentação das próximas lha de conhecimentos e experiências, a Minho edições. Campus Party 2002 ofereceu um amplo pro- António Marques grama de cursos e conferências de alto nível, Presidente

1

FOTO DIREITOS RESERVADOS 10 ANTÓNIO MARQUES, PRESIDENTE DA AIMINHO

1 Editorial AFIRMAÇÃO DO MINHO 4 Um evento único em COMO REGIÃO HIGH-TECH 7 MCP na Imprensa 14 Diogo Vasconcelos A edição de 2002 da Minho Campus Party consolidou este evento e constituiu um passo 15 Manuel Mota importante no sentido da constituição do Minho Região High-Tech. Em entrevista à Futuro, António Marques, presidente da AIMinho, fez um balanço altamente positivo da iniciativa. 15 Luís Guimarães 16 Joaquim Borges Gouveia 17 Paulo Laureano 19 18 Elizabete Maria Alves EDUARDO BEIRA, 22 Eduardo Beira COORDENADOR DA MINHO CAMPUS PARTY 24 José Carlos Nascimento 26 Charles Pinto MATURIDADE NA SOCIEDADE 28 Leonel Valbom 30 Paulo Sérgio Almeida DA INFORMAÇÃO 32 Vítor Fontes A edição deste ano da Minho Campus Party demonstrou “que é possível fazer no Minho um 38 António José Coutinho evento moderno e avançado, com impacto e projecção nacional, capaz de atrair apoios empresariais e institucionais relevantes, e capaz de ter visibilidade e impacto nacionais”.

Propriedade: Associação Industrial do Minho • Director: Ricardo Salgado Coordenação Editorial: Filipe Fadigas do Vale Produção e Publicidade: ENTRETEXTOS - Publicações e Relações Públicas, Lda., Largo 12 de Dezembro, 22, Ponte Pedrinha, Lomar - 4700-199 • email: [email protected] Distribuição gratuita aos sócios da AIMinho — Preço de capa: 4,00 EURO Pré-Impressão e Impressão: Lookware Depósito Legal n.º 104266/96 Registo na DGCS n.º 120278 Projecto co-financiado pela União Europeia e pelo Estado Português FOTOS DIREITOS RESERVADOS [ Um evento único em Portugal ] O PAVILHÃO MULTIUSOS DE GUIMARÃES TRANSFORMOU-SE, NOS PRIMEIROS DIAS DE AGOSTO, NA CAPITAL DAS NOVAS TECNOLOGIAS DA COMUNICAÇÃO AO ACOLHER A MINHO CAMPUS PARTY 2002. A EXCELENTE ADESÃO REGISTADA É MOTIVO DE ORGULHO PARA A ORGANIZAÇÃO E TODOS AQUELES QUE COLABORARAM NA REALIZAÇÃO DESTE EVENTO.

4 www.minhocampusparty.org

O facto dos 734 inscritos terem cabeças a debruçarem-se sobre os mais do que duplicado os números teclados. da edição do ano passado, que Durante o evento, os participantes decorreu no Parque de Exposições de tiveram a oportunidade de aceder Braga, é a consolidação da Minho com grande rapidez aos conteúdos da Campus Party – um evento único em Internet, sendo muitos dos “down- Portugal, a que nenhum aplicado uti- loads” efectuados quase instantanea- lizador de computadores e amante mente. da Internet deseja faltar O enorme sucesso alcançado é, ESPECTÁCULOS então, a confirmação de que é possí- MULTIMÉDIA vel criar e manter um evento desta natureza, com esta complexidade e A decorrer no mesmo fim-de- sofisticação tecnológica, num âmbito semana das Festas Gualterianas, a claramente nacional, mas fora dos Minho Campus Party pretendeu asso- grandes centros. Tanto mais que a ciar-se aos festejos com dois espec- maioria dos inscritos vieram de outras táculos multimédia nas noites de Confiança regiões do país. A Minho Campus Sábado e Sexta-feira, com a projec- renovada dos Party pretende afirmar-se, assim, ção de imagens de Guimarães nas patrocinadores como evento nacional, pronta para paredes exteriores do Pavilhão Mul- projectar o Minho no país e no mundo. tiusos, que puderam ser visionadas Apesar de organizada pela um pouco de toda a cidade-berço. AIMinho, a Minho Campus NEM UM MINUTO Foi o prestar uma homenagem à Party 2002 contou também A PERDER cidade, ao património histórico e às com os preciosos contributos comemorações. da Universidade do Minho, A paixão pelos computadores e pela Câmara Municipal de Guima- Internet, o espírito de aventura, um TECNOLOGIA INSTALADA rães, Idite Minho, PT Comuni- computador e um saco-cama foram cações, Sisco Systems, Sun os requisitos necessários para partici- A segunda edição da Minho Campus Micro Systems e HP (Compaq). par no evento. No primeiro dia, às 8 Party representou um investimento A confiança no projecto foi horas da manhã já havia quem ocu- de cerca de 250 mil euros (50 mil renovada, desde logo, com o passe a porta principal do Pavilhão contos), sem contar o equipamento apoio dos principais parceiros Multiusos de Guimarães, mas só às 11 emprestado pelos patrocinadores de tecnológicos que equiparam o horas a legião de “fanáticos” da Inter- valor superior a um milhão de euros recinto com computadores e net começou a instalar-se na Minho (200 mil contos). programas necessários para a Campus Party, para dar início a cinco A tecnologia de redes instalada na gestão e funcionamento das dias e quatro noites de acesso rápido Minho Campus Party foi por si só um diversas áreas. e ininterrupto a um mundo virtual. acontecimento em termos de capaci- Para manter os mais de Mesmo durante a noite, o rodopio dade e inovação. Com uma ligação a 700 participantes bem acor- de cibernautas manteve sempre um 100 MB na rede local do evento, a dados durante as provas, a ritmo impressionante. Ninguém que- 1000 MB nas ligações inter-servido- Unicer ofereceu as bebidas ria perder um minuto de banda larga. res, a operar em UNIX, a PT Comuni- (sem álcool) e a Segafredo os No entanto, à medida que as horas cações assegurou uma largura de cafés. Uma equipa médica passavam, a legião de corajosos foi banda com um ATM 34 Megabits CIR prestou apoio permanente e diminuindo. Rendidos ao sono, alguns para ligação permanente da rede o alojamento esteve assegu- iam ocupando as tendas. Às primeiras local ao mundo da Internet, onde rado, com tendas de campis- horas do dia, os olhos daqueles que estiveram ligadas outras campus par- mo, instaladas no próprio tiveram a coragem de fazer “uma ties a decorrer, em simultâneo, nou- recinto, onde, aliás, se reali- directa” começavam a fechar-se e as tros países europeus. ■ zaram também as refeições.

5 ACESSO WIRELESS SEM FIOS À INTERNET Participantes surpreendidos Uma das grandes novidades da segunda edição da Minho Campus Party foi, sem dúvida alguma, o acesso wireless sem fios à Internet. Graças aos servido- res especiais que a Cisco Systems instalou, foi montada no exterior do recinto uma zona onde era possível navegar na World Wide Web através de um por- tátil ou de um PDA sem necessidade de uma ligação à rede de fibra óptica. A grande festa da informática reservou ainda outras surpresas, nomeada- mente na área de comunicações móveis, com telemóveis de nova geração, em que se desenvolveram algumas actividades com telemóveis de GPRS (com multimédia) e alguns concursos associados a esta actividade. Uma das áreas de competição mais concorridas da Minho Campus Party são os jogos. As várias centenas de cibernautas dividiram-se entre Quake II Are- na, Unreal Tournament, StarCraft, Warcraft II, Age of Empires II e 2002 FIFA World Cup. Entretanto, em paralelo, realizaram-se diversas conferências e cur- sos sobre algumas das áreas de competição: jogos (que incluíam as provas de qualificação para os World Cyber Games); multimédia; segurança; robóti- ca; e computação móvel. Existiram ainda áreas de lazer, abertas ao público com a possibilidade de utilizar consolas e computadores disponibilizados pela organização, uma área de stands de empresas e organizações e o Minho Net Point, também aberto ao público e onde se realizaram conferências e workshops.

Minho Net Point

À semelhança do que havia sucedido na primeira edição, a Minho Campus Party 2002 criou um espaço destinado ao públi- co visitante – o Minho Net Point. Neste recinto realizaram-se FOTOS DIREITOS RESERVADOS demonstrações de diversos equipamentos tecnológicos, desen- volvidos pelos patrocinadores do evento, e foram disponibiliza- dos computadores e consolas para que o público em geral pudesse experimentar, por exemplo, a sensação de navegar na Internet, participar num chat ou ainda jogar numa Playstation. No Minho Net Point estiveram instalados os stands dos patrocinadores e de diversas empresas e organizações.

CHILL OUT

Outro dos pontos de encontro importantes nesta LAN Party foi o Chill Out onde se realizaram os workshops e conferências que captaram a atenção de muitos dos inscritos na iniciativa. Aliás, as exposições, demonstrações de material informático, pequenos cursos e workshops (com acesso livre e gratuito) foram uma boa oportunidade para os cibernautas e o público em geral aprenderem e discutirem temas do seu interesse.

6 Semanário Económico 12/07/2002

Diário do Minho 02/08/2002

Diário Económico 10/07/2002

Região do Minho Diário de Notícias 12/07/2002 05/08/2002

Jornal de Notícias 04/08/2002

O Comércio do 10/07/2002 Correio da Manhã 20/07/2002

Correio do Minho 31/07/2002 Comércio do Porto 01/08/2002

Expresso do Ave 26/07/2002 7 Euronotícias 12/07/2002 FOTOS DIREITOS RESERVADOS FENÓMENO AFECTA TODA A EUROPA ONDE ESTÃO

AS MULHERES?... TUDO FOTO DIREITOS RESERVADOS COMEÇOU NO NORTE DA EUROPA O fenómeno das campus par- ties surgiu há cerca de dez anos em diversos países do Norte da Europa, num período em que a Internet ainda se estava a expandir para chegar à forma que tem hoje. As também deno- minadas “raves da informática” tiveram, assim, origem em paí- ses como a Finlândia, a Suécia e a Dinamarca. A Campus Party é um dos fenómenos mais incríveis que se realizam uma vez por ano, em vários países da Europa. Trata-se de uma rede de pessoas, prove- As mulheres continuam a faltar à cha- ções das campus parties queixam-se nientes de várias regiões e paí- mada da Minho Campus Party. Apesar do mesmo fenómeno. O que não dei- ses, que partilham a paixão por de em número mais elevado (11 par- xa de ser um paradoxo, já que 45 a 50 computadores e pela Internet, ticipantes) do que no ano passado, as por cento dos utilizadores da Internet trocam experiências e fazem mulheres continuam a faltar neste tipo são mulheres. amizades. Reunidos durante de eventos, onde a esmagadora maio- vários dias num recinto adequa- ria dos participantes são rapazes com EXPLICAÇÃO? idades entre os 18 e os 25 anos. do (habitualmente instalações Mas, como estas coisas das novas Talvez esta situação se deva ao sim- amplas, como pavilhões despor- tecnologias não têm idade, o partici- ples facto de as mulheres usarem mais tivos polivalentes), estes apaixo- pante mais novo da edição deste ano a Internet para questões de trabalho e nados pela informática dedi- da Minho Campus Party tinha apenas não tanto para se divertirem. Ou mes- cam-se durante esse período a sete anos e o mais velho comemorou mo porque os jogos – na sua maioria todo o tipo de actividades rela- os 50 anos ainda durante o evento. De com violência e sexo – não as atraiam cionadas com computadores. destacar ainda a presença de três espa- ou motivem o suficiente. O utilizador Actualmente, Itália e Espanha nhóis e de um londrino, filho de por- feminino procura mais jogos de inteli- são os países onde estes even- tugueses. gência e de envolvimento emocional. E tos alcançam maior sucesso. Mas voltando à escassa participação foi a pensar nelas que a Minho Campus Portugal foi o último país a ser feminina, este facto não é exclusivo Party colocou em experimentação algu- nosso. Por toda a Europa, as organiza- mas “coqueluches” destas áreas. ■ “infectado” pelo vírus das Cam- pus Parties.

9 FOTOS ENTRETEXTOS/HDF

António Marques, Presidente da AIMinho Afirmação do Minho como região “High Tech”

A EDIÇÃO DE 2002 DA MINHO CAMPUS PARTY CONSOLIDOU ESTE EVENTO E CONSTITUIU UM PASSO IMPORTANTE NO

SENTIDO DA CONSTITUIÇÃO DO MINHO REGIÃO HIGH-TECH. EM ENTREVISTA À FUTURO, ANTÓNIO MARQUES, PRESI-

DENTE DA AIMINHO, FEZ UM BALANÇO ALTAMENTE POSITIVO DA INICIATIVA E REFORÇOU A DISPONIBILIDADE DA INS-

TITUIÇÃO PARA, EM PARCERIA COM OS MUNICÍPIOS DA REGIÃO, DESCENTRALIZAR A MINHO CAMPUS PARTY DE 2003.

Que balanço faz da Minho Campus A elevada adesão à edição deste tamos, para o próximo ano, atingir os Party de 2002? ano da Minho Campus Party (mais do mil participantes, o que nos parece ser É um balanço altamento positivo. Ao dobro que o ano passado) traduz a o número ideal para o Norte, num even- nível dos patrocinadores, dos partici- consolidação deste evento? to desta natureza. pantes, mas sobretudo ao nível do A organização da Minho Campus Party impacto e da visibilidade que teve. Foi de 2002 significou, antes de mais, que A realização deslocalizada da Minho uma iniciativa muito importante para o teste que a AIMinho fez em 2001 teve Campus Party é para manter? Já pen- a divulgação da ideia do Minho Região resultados positivos. Significou também saram onde vai decorrer a edição do High-Tech. que a mensagem do Minho como região próximo ano? O mais importante que colhemos des- digital está a ter visibilidade. A edição de 2003 está a ser prepara- ta iniciativa de 2002 foi que quem visi- A Minho Campus Party enquadra-se da há já algum tempo. No final da edi- tou a Minho Campus Party, como é o nesta envolvente de região digital, de ção deste ano enviámos aos patrocina- caso dos representantes das institui- região “high-tech” que o Minho é. Obvia- dores e aos 24 presidentes das Câma- ções, ficou admirado com a dimensão mente que a organização se aprimorou ras Municipais do Minho um “dossier” da iniciativa. O Pavilhão Multiusos de um pouco mais, corrigiu algumas defi- sobre o evento, com o que pretende- Guimarães foi um espaço de excelên- ciências do passado, e portanto a ini- mos fazer no próximo ano, e, sobretu- cia para a realização de uma iniciativa ciativa teve mais do dobro dos partici- do, apontando o caminho da disponibi- desta natureza. pantes e foi notável por isso. Nós con- lidade da AIMinho para realizar em con-

10 junto a edição do próximo tores ditos tradicionais se pos- ano. Aguardamos serena- sa adoptar novas soluções mente o ponto de vista e a tecnológicas, apontar os cami- disponibilidade das Câmaras nhos de modernização, de Municipais. A Minho Campus maior flexibilidade e, no futu- Party não tem de realizar-se ro, trazer para o negócio tra- apenas nas grandes cidades, dicional ferramentas que pos- mas onde tivermos mais sam optimizar e gerar mais apoios e mais massa crítica eficiência e, sobretudo, maior e logística disponível para o eficácia. Nesse sentido o fazer. impacto foi altamente posi- tivo. Este evento é também mais uma oportunidade Com a organização da para envolver os empresá- Minho Campus Party, a AIMi- rios ligados à área das novas nho confirma a sua aposta tecnologias? no Silicon Valley português? A grande mensagem que Este é mais um dos mui- queremos passar aos empre- tos passos que estamos a dar sários é a do funcionamento no sentido da constituição em rede. Um funcionamen- do “Silicon Valley” no Minho. to com alguma informalida- Este é um projecto que está de, mas sempre em rede. A a ser formatado com sere- nossa ideia é pôr os empre- nidade, com grande deter- sários em comunicação uns minação e discrição pela com os outros e a comunicar AIMinho, Universidade do com as instituições que têm Minho e a Minhodigital.com. a ver com esta ideia do digi- A Universidade do Minho tem tal. Pretende-se potenciar dado um apoio extraordiná- “Este é mais um dos muitos passos que através da cooperação as com- rio, sem o qual seria com- plementaridades que as plicadíssimo avançarmos com estamos a dar no sentido da constituição empresas do Minho e do Nor- um projecto desta enverga- te de Portugal têm nesta área dura e com impacto trans- do “Silicon Valley” no Minho. (...) Este é um e que contribuem para o seu versal na região. Também o sucesso no país, e sobretudo apoio da Minhodigital, na projecto que está a ser formatado com sere- no exterior. Acreditamos que qual está agregado o “clus- a Minho Campus Party vai ter” das TIC, é importante. nidade, com grande determinação e des- contribuir também para que Este é mais um passo, não é isso aconteça. o único, mas demonstra bem crição. A Universidade do Minho tem dado a vontade politico-institu- Como reagiram os empre- cional que a AIMinho e os um apoio extraordinário, sem o qual seria sários a esta iniciativa? seus parceiros tem de levar Os empresários, em geral, a cabo o “Silicon Valley”. complicadíssimo avançarmos com um pro- ficaram muito satisfeitos com a iniciativa. Os empresários Até que ponto é impor- jecto desta envergadura e com impacto das áreas das tecnologias fica- tante o envolvimento gover- ram mais satisfeitos porque namental na realização de transversal na região. Também o apoio da eram os seus sectores que um evento como este? estavam ali representados. Estamos em contactos com Minhodigital, na qual está agregado o “clus- Os outros, dos sectores ditos o Governo quanto ao apoio tradicionais, também ficaram, financeiro. Mas é preciso notar ter” das TIC, é importante. Este é mais um porque é bom saber que nós que o Governo tinha tomado estamos a apontar os cami- posse há pouco tempo e ain- passo, não é o único, mas demonstra bem nhos da modernização das da não estavam nomeados suas empresas. os ministros e as pessoas res- a vontade politico-institucional que a AIMi- O que estamos a discutir é ponsáveis por esta área. as ferramentas que podem Um dado que queria dei- nho e os seus parceiros tem de levar a cabo permitir que mesmo nos sec- xar bem vincado é que a o ‘Silicon Valley’.” AIMinho tem que se habituar a viver sem os apoios gover- namentais. O Governo aparecerá sempre e será sempre convidado para estas iniciativas, mas não vier por vontade própria também dispensamos a sua presença. A maturida- de, a credibilidade, o nível de implementação, o nível das iniciativas que temos levado a cabo em conjunto com os nossos parceiros, dispensam, sempre que não seja possí- vel, a presença do Governo. É evidente que gostamos sem- pre que os representantes do Governo se associem a ini- ciativas que contribuam para o desenvolvimento do país e em particular para o desenvolvimento da região. Em Portugal temos a ideia de que o mais importante é o ministro ou o secretário de Estado, mas o mais importante é o empresário. Quem cria riqueza e quem cria emprego é o empresário, pelo que é ele que tem de estar no palco. É evi- dente que a AIMinho aprecia sempre a presença voluntária dos membros do Governo nas suas iniciativas, mas temos de acabar com esta ideia, que já é um ciclo vicioso, que as ini- ciativas só são importantes se tiverem a presença de um membro do Governo. Gostamos que os membros do Gover- no venham ao Minho para que se apercebam e tomem melho- res decisões, e possam apontar melhores caminhos para o desenvolvimento da região. Para perceberem que a região do Minho tem sido prejudicada, como mostram os indicado- “O mais importante que colhemos res que temos disponíveis. É importante a presença dos membros do Governo para desta iniciativa de 2002 foi que quem que os empresários se sintam apoiados, mas o mais impor- tante é que a AIMinho colmate essa falha e que dê esse con- visitou a Minho Campus Party, como é tributo institucional e de apoio que os empresários precisam. É nesse sentido que temos de caminhar. o caso dos representantes das insti- Uma iniciativa como a Minho Campus Party também tuições, ficou admirado com a dimen- contribui para promover a aproximação entre os empre- sários e a universidade? são da iniciativa. O Pavilhão Multiusos Aproximar a universidade dos empresários é uma tarefa que vai demorar muito tempo. Conquistar as pessoas da uni- de Guimarães foi um espaço de exce- versidade e das empresas para a cooperação institucional que deve cada vez mais existir e da qual depende o suces- lência para a realização de uma ini- so das empresas, da região e do país é uma tarefa que nun- ca está terminada. Estas iniciativas, obviamente, só podem ciativa desta natureza.” ter um caminho, que é o do reforço desta relação que nem sempre é fácil. Também aqui temos a certeza que o impac- to foi altamente positivo. ■

12 Um grande número de clãs ou comunidades virtuais marcou presen- ça na Minho Campus Party 2002. Ves- tidos com T-shirts identificativas e munidos de computadores decorados e iluminados, estes grupos ajudaram a criar o ambiente próprio de uma festa dos “fanáticos” dos computadores. Constituídos por grupos de três a cinco cibernautas, os clãs, como no desporto, têm muitas vezes um grupo rival, com o qual disputam o protago- nismo no mundo dos computadores e dos jogos. Chegam a ser fanáticos de jogos que envolvam precisão, ataque e defesa, treinando tácticas e estraté- gias para derrotar outros clãs. Tudo por uma fama que se concretiza ape- nas no mundo cibernértico. Os clãs têm a sua origem no Norte da Europa, onde, actualmente, já são grupos extremamente organizados. Estes grupos são constituídos por jovens que se conheceram pela Net, convivem nela e também na realidade. Na Minho Campus Party de Guima- rães mais de 50 clãs inscreveram-se nos jogos “Quake III”, “Age of Con- querors” e “Unreal Tournament”.

13 MINHO CAMPUS PARTY UM FÓRUM DE LIBERDADE

A Tecnologia, que abre o caminho para uma emergente Sociedade da Informação e do Conhecimento, traz a possibi- lidade prática de praticarmos uma Globalização eficaz, de informação partilhada em tempo real. Traz, na sua génese, o espírito aberto da Liberdade. A Minho Campus Party é bem o DIREITOS RESERVADOS DIREITOS exemplo dessa realidade: setecentas pessoas em rede, entre

FOTOS si e com o mundo, numa atmosfera criativa e organizada; livre e surpreendentemente serena. Para quem participou nesse verdadeiro Fórum da Liberda- de e do Conhecimento, ficou a sensação ímpar de uma rede supersónica, quase sem limites de largura. Uma espécie de uma utopia feita realidade alí, em Guimarães? Creio que se tratou sobretudo de antever um futuro porventura mais pró- ximo do que hoje conseguimos prever: a Internet, com máxi- ma largura de banda, verdadeiro "enabler" do “e-learning”, dos Conteúdos multimédia, do comércio electrónico, da tele- medicina, das indústrias de tecnologia avançada (automó- vel, moldes, aeronáutica, etc.). Sem banda larga, não poderão os cidadãos e as empresas tirar todo o partido das potencialidades de terem acesso ao Conhecimento, que é hoje a principal fonte de vantagem com- petitiva. A capacidade de acesso à Internet de banda larga trás consigo a Transformação da forma como nós vivemos, apren- demos e trabalhamos e convivemos uns com os outros. Gui- marães foi o expoente máximo dessa experiência. A AIMinho, através do Professor Eduardo Beira, fez deste evento uma demonstração que em Portugal há Empreende- dores capazes de organizar, de mobilizar parceiros, de moti- var à participação. Parabéns! Diogo Vasconcelos Responsável pela Unidade Missão Inovação e Conhecimento do Ministério da Ciência e Ensino Superior e Coordenador do PROINOV A APOSTA NO FUTURO DA REGIÃO

Mais uma vez se realizou entre 1 e 4 de Agosto o Minho Campus Party. O evento teve lugar no Pavilhão Multiusos de Guimarães, que garantiu excelentes condições de reali- zação. Os 700 jovens adeptos das novas Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) participaram entusiastica- mente em todos os acontecimentos, trouxeram as suas máquinas mais ou menos transformadas ou utilizaram as máquinas cedidas pela organização. A UM apoiou activamente este evento. Abriu as portas das residências universitárias, cedeu a utilização de mesas, cadeiras, computadores, projectores multimédia. Colabo- A SUN rou, através de docentes seus, na organização geral, assim como na implementação de sessões específicas. A UM participou activamente no Minho Campus Party porque tem consciência de que a captação de mais jovens NA MINHO para as novas tecnologias é uma aposta no futuro desta região, no futuro do país e na consolidação da própria Uni- versidade. Esta é a perspectiva também compartilhada pela Asso- CAMPUS ciação Industrial do Minho, a qual, como patrocinadora principal deste evento, assumiu uma posição de vanguarda à escala nacional na promoção das novas tecnologias. Esperemos, pois, que o sucesso desta 2ª Edição do Minho PARTY Campus Party incite a Associação Industrial do Minho a organizar um novo evento em 2003. Se o fizer, como espe- O Minho Campus Party é, como o nome indica, uma ver- ramos, a Universidade do Minho cá estará para apoiar a dadeira festa. O entusiasmo que reina em torno deste rectaguarda. evento contagia desde a primeira hora, fruto da dedicação dos principais promotores do evento – A Associação Indus- Manuel Mota trial do Minho e a Universidade do Minho. A Sun Micros- Vice-Reitor da Universidade do Minho ystems não podia deixar de apoiar este evento e estar ao lado dos 734 entusiastas dos computadores, servidos por mais de oito quilómetros de cabos de fibra óptica instala- dos no local e por uma rede informática de banda larga, suportada por servidores Sun – dois Netras, dois T3 e três Cobalt Qube. A Sun disponibilizou ainda o software de pro- dutividade pessoal StarOffice 6.0 para download gratuito nos servidores instalados no local e organizou uma Confe- rência sobre Sun ONE (Sun Open Net Environment). O Minho Campus Party é sem dúvida um evento único no nosso país e a Sun congratula-se por estar presente desde a primeira hora. Agora é só aguardar pelo próximo. Até lá! Luís Guimarães Sun Microsystems FOTOS DIREITOS RESERVADOS Uma tarde na Minho Campus Party

ma crescente. E não consigo disfarçá-lo... Após um almoço no centro histórico de Guimarães, bem engalanado em dia de Festas Gualterianas, partimos, eu , O Diogo Vasconcelos e o Jaime Quesado para o Minho Campus Party, onde nos aguardava o Eduardo Beira... E que excelente surpresa. Um pavilhão cheio de gente nova, completamente silencioso e só o ruído ambiente que- Joaquim Borges Gouveia Professor Catedrático da Universidade de Aveiro brava a capacidade de concentração de [email protected] tanta gente que mais não fazia do que estar naquilo que mais os apaixona: com- petir e partilhar experiências no mundo Noutros anos o convite tinha sido de da computação. igual modo aliciante. Só que por isto e Quanto não gostaria que ali estivessem por aquilo não tinha sido possível com- dezenas de colegas meus professores das parecer na festa “rave” da malta dos universidades para verem como é possí- computadores. vel entusiasmar tão elevado número de Este ano tinha mais um motivo para jovens pela simples paixão da computa- não poder faltar. Tinha um convite para ção. E que comportamento? Que é sem- falar sobre empreendedorismo para aque- pre difícil aguentar tanta gente junta, mais la malta. E o convite continuava a ser ali- de mil jovens durante vários dias, viven- ciante e não tinha desculpa. do, comendo e dormindo, no mesmo pavi- Ainda bem. Sábado de tarde. Em Gui- lhão. E fazendo maratonas com as diver- marães. Combinei com ilustres amigos sas provas e competições sempre tendo que o convite também era para eles. E como base a informática, os computado- teríamos uma oportunidade de conver- res e o seu mundo virtual das redes, do sarmos todos em conjunto durante a via- software e dos jogos disputados em ambien- gem que meteria almoço e que acabou tes cooperativos ultra rápidos. com um jantar mas agora na Feira, no E tudo isto num clima de elevada sere- Monhé. Como diria a minha família, um nidade que nem as palestras que o Eduar- dia em cheio para o pai. do Beira nos tinha quase que obrigado E foi, sem excepção por tudo o que se a falar e que mais parecia uma intro- passou, por tudo o que vivi, pela compa- missão tumultuosa num ambiente cal- nhia, pela possibilidade de mais uma vez mo e sossegado, os tiraram do seu meio... constatar a excelência da nossa juventu- Valeu a pena e muito mais pelo pre- de quando orientados para projectos de senciar e testemunhar um Campus Party grande responsabilidade e importância que quase sem apoio algum permitiu que dali advêm para a sua vida futura. que o Eduardo com um conjunto de cole- A mim cabia-me um papel pequeníssi- gas do seu departamento, tivessem cum- mo mas entusiamante: falar para aquela prido mais esta jornada que muitos de gente sobre empreendedorismo e inova- nós dificilmente esquecerão. Para o ano ção. Realmente dois temas pelos quais me voltarei com toda a certeza, com ou sem apaixono todos os dias, cada vez de for- convite. ■

16 Paulo Laureano

Administrador de sistemas há cerca de 14 anos, o Paulo tem a seu cargo servi- Quatro dias na dores como a “NEC Portugal” (www.nec.pt) e “SIC” (www.sic.pt) e é responsável pela segurança de sistemas da ligação à Internet das redes de gran- Minho Campus Party des empresas como a “SATA”. Consultor, formador, comentador sic-online e audi- tor de segurança, complementam as ticipantes) e cerca de 34 actividades desenvolvidas profissional- mente na Mr Net onde ocupa as posi- Megabits de banda para a ções de sócio-gerente e director técnico. Internet. No seu percurso profissional o Paulo passou por empresas como a Optivisus, O QUE SE FAZ onde exercia a função de SysOp, e Esoterica (actual “via network”) onde POR LÁ? administrava os servidores de “mail”, “news” e “sistemas de monitorização Para a maioria dos parti- de servidores”. Foi durante 3 anos con- cipantes a Minho Campus sultor do programa “Acontece” da RTP 2 Party é sinónimo de jogos na área de novas tecnologias. Por Paulo Laureano on-line em condições ideais e downloads sem limites em A Minho Campus Party é, na opinião condições não acessíveis ao de um dos organizadores do evento (pro- utilizador comum. Há torneios de Qua- fessor Eduardo Beira), uma "orgia" de ke, UT, Warcraft III, entre outros jogos computadores e conectividade. Franca- populares, com prémios interessantes mente não me ocorre uma melhor defi- (placas de som de última geração, tele- petir contra estas massas anónimas de nição. São cerca de 700 pessoas, a maio- móveis, kits ADSL). Um repositório local técnicos "sem nada a perder". Destaco ria estudantes, fechadas dentro de um (servidor de FTP), bem como os pro- uma empresa, excepção à regra, cha- pavilhão (este ano foi o multiusos de gramas de peer-to-peer (Kazaa sendo mada "Ruído Visual Telecomunicações Guimarães), que jogam, competem em o mais popular) permite aos partici- Interactivas" que não só participou como concursos de programação e segurança, pantes partilhar os recursos de banda ganhou mais competições que qualquer participam em conferências e workshops disponíveis e acederem a um pouco de outra entidade ou indivíduo. Estavam e, acima de tudo, convivem entre si. tudo; filmes, mp3, demos, etc. presentes ambos os administradores da Não estive na edição anterior da Minho Para uma minoria, as competições de empresa e parte do staff técnico. Esti- Campus Party pelo que tudo era novi- Linux, programação e segurança, são veram sempre disponíveis para dialo- dade. Quando me convidaram para par- hipótese única de demonstrar sapiên- gar com os restantes participantes, não ticipar como orador, em uma das mui- cia e habilidade. Participam nesses con- foram dormir a hotéis (para ser franco tas conferências a realizar, eu já tinha cursos representantes de algumas das dormiram muito pouco durante os qua- há muito decidido deslocar-me a Gui- mais conceituadas empresas de tecno- tro dias, e certamente bem menos que marães. A minha vontade de conhecer logia do nosso mercado, o que torna eu), integraram-se e fizeram parte da pessoalmente as pessoas com quem há ainda mais aliciante a participação do festa. anos trocava ideias, e de quem apenas jovem estudante anónimo. Entre as empresas patrocinadoras, que conhecia os "nicks" de chats e fóruns, se associaram à organização do evento era motivo mais que suficiente para valer ALGUMAS EMPRESAS e dos vários concursos, por oposição a as horas de viagem. TAMBÉM participarem como concorrentes, des- Durante os quatro dias dorme-se pou- PARTICIPARAM... taques para a Sun, Eurotux , Apple e co, em tendas fornecidas pela organi- Microsoft. Em todos os casos com staff zação e todas as refeições (bem como Confesso que tenho alguma pena que prestável, simpático e sempre pronto a bebidas e muito café disponíveis 24h grande parte do tecido empresarial Por- ajudar os participantes. por dia), estão incluídas nos 80 euros tuguês ignore este tipo de oportunida- de inscrição. Cada participante leva o de. É nestes ambientes que se desco- ATÉ 2003... seu computador e um saco cama. No brem jovens com tremendo potencial, recinto encontra uma tenda, seguran- futuros quadros técnicos, examinando Para o ano lá estarei outra vez. Leva- ça, cadeiras, mesas e um cabo de liga- no terreno as capacidades destes. O típi- rei comigo várias equipas, baseadas ção à rede. Por esse cabo há acesso a co empresário parece desdenhar a ideia no staff da empresa, para participar uma rede local de fibra óptica (com tem- de passar quatro dias de convívio com nos vários concursos de segurança e pos de latência de poucos milisegun- as massas, dormir em tendas, e de colo- programação mas também nos jogos. dos, ideais para jogos on-line entre par- car a sua reputação em jogo ao com- Até lá! ■

Universidade do Minho CISCO APOIA MINHO CAMPUS PARTY

Tendo em conta que cerca de 90% do versidade do Minho, pela sua dinâmica Virtualmente, todo o tráfego da Inter- tráfego da Internet em todo o mundo e capacidade de organização. net corre sobre tecnologia Cisco. Foi a corre sobre infra-estruturas Cisco Systems, descoberta feita pelos fundadores da esta empresa, líder mundial em solu- SOBRE A CISCO SYSTEMS companhia, sobre a possibilidade de ções de rede de comunicações, não podia diferentes redes poderem comunicar deixar de dar todo o seu apoio à inicia- A Cisco Systems, Inc. é líder mundial entre si que conduziu à criação da rede tiva Minho Campus Party. Deste modo, em networking para a Internet. A Inter- de todas as redes que, hoje, conhece- a Cisco concretizou, de certa forma, o net está a mudar o mundo e a influen- mos como Internet. Para mais informa- seu papel enquanto entidade com ele- ciar todas as suas vertentes, na forma ções consultar http://www.cisco.com vada responsabilidade no que diz res- como trabalhamos, vivemos, como nos peito à promoção da Internet um pou- divertimos e aprendemos. Por detrás Elizabete Maria Alves co por todo o mundo. desta revolução está a Cisco Systems. Especialista Marcom Em termos práticos, a empresa dis- ponibilizou todo o equipamento neces- FOTOS DIREITOS RESERVADOS sário para ligar os 734 participantes pre- sentes no Minho Campus Party 2002 que decorreu no passado mês de Agos- to, no Pavilhão Multiusos de Guimarães. Para além das já habituais competi- ções em banda larga, que muito con- tribuíram para o ambiente de entusias- mo que se viveu ao longo dos quatro dias e três noites consecutivos, uma das grandes novidades da Minho Campus Party deste ano foi o acesso wireless. Todos os participantes que tiveram opor- tunidade de levar computadores portá- teis puderam aceder à Internet sem qual- quer tipo de fios e em qualquer ponto dentro do Pavilhão através da infra- estrutura wireless, baseada na solução Aironet, que a Cisco implementou espe- cificamente para este evento. A Cisco aproveita a oportunidade para saudar todos os participantes e as enti- dades impulsionadoras do evento: a Associação Industrial do Minho e a Uni- Eduardo Beira, coordenador da Minho Campus Party “Demos um sinal de maturidade em termos de sociedade da informação”

FOTOS DIREITOS RESERVADOS A edição deste ano da Minho Campus Party demonstrou, segundo Eduardo Beira, coordenador geral do evento e professor da Universidade do Minho, “que é possível fazer no Minho um evento moderno e avançado, com impacto e projecção nacional, capaz de atrair apoios empresariais e institucionais relevantes, e capaz de ter visibilidade e impacto nacionais”.

Qual é o balanço que faz da Minho Campus Party 2002? Naturalmente que faço um balanço positivo, quer sobre a forma como o even- to decorreu e sobre o número de pes- soas envolvidas (mais de 750 pessoas – o evento mais do que duplicou a dimen- são e a complexidade relativamente ao ano anterior), quer pelo entusiasmo e civismo demonstrados pelos participan- tes e pela qualidade das suas prestações, quer porque a equipe organizadora foi capaz de responder ao desafio e conso- lidar o evento, reforçando o seu impac- to a nível nacional e regional e consoli- dando a Minho Campus Party como a grande festa portuguesa dos entusiastas dos computadores e da internet. A Minho Campus Party é já um even- to de muita alta complexidade tecno- lógica e organizacional, já com muitas centenas de pessoas e que ainda por cima funciona “non-stop” 24 horas por dia durante mais de quatro dias, com elevadas expectativas de performance

19 de rede e da logística, com múltiplas competições e actividades em simultâ- neo, levando ao limite as capacidades de produção do evento. Depois de uma experiência inicial em 2001, com algum apoio de uma equi- pe espanhola experiente na montagem de um evento deste tipo, nesta edição contamos apenas com os nossos pró- prios recursos para o projecto, instala- ção e produção do evento. Deixa-me pessoalmente satisfeito verificar que o esforço financeiro feito em 2001 na aprendizagem e transferência de conhe- cimentos valeu a pena e funcionou em pleno do nosso lado. E fico satisfeito porque a AIMinho, pro- motora do evento e que aceitou o risco da sua realização em condições espe- cialmente difíceis, viu reforçado a nível nacional o seu protagonismo na constru- ção da sociedade da informação em Por- tugal e terá contribuído para reforçar a imagem do Minho como “região digital”. Não resisto aqui a recordar as pala- vras que escrevi no final do evento de 2001 e que creio continuam absoluta- mente actuais e pertinentes (ver caixa).

Com a experiência adquirida na edi- ção da Minho Campus Party 2001, quais foram as áreas de programa- ção reforçadas este ano pela organi- “Na área de jogos online aumentámos muito a varie- zação? Quais foram as principais novi- dades da edição deste ano da MCP? dade de competições e implementámos uma plata- O evento deste ano teve várias novi- dades, procurando consolidar e melho- forma de gestão on line das eliminatórias e dos jogos rar o evento do ano anterior. Novas áreas, com destaque para a desenvolvida em Portugal (no Minho, mais concreta- experiência desenvolvida em torno da temática de comunicações móveis (pro- mente) pela Eurotux, e que cumpriu os objectivos. Este dução de conteúdos para dispositivos moveis e jogos on-line via telemóvel), facto pode ter sido pouco visível, mas era indispensá- assim como um reforço da importância das competições de segurança infor- vel para tornar a organização autónoma.” mática e que atingiram um elevado patamar de sofisticação tecnológica.

20 Novidades de rede, com destaque para a instalação de uma rede sem fios (wire- less) em paralelo com a rede local de alto débito baseada em fibra óptica, acessível quer pelos participantes como pelo público em geral – graças ao emprés- timo de placas para portáteis por um dos nossos patrocinadores (a Cisco). Na área de jogos online aumentámos muito a variedade de competições e implementámos uma plataforma de ges- A Minho Campus Party tão on line das eliminatórias e dos jogos desenvolvida em Portugal (no Minho, demonstrou várias coisas mais concretamente) pela Eurotux, e que cumpriu os objectivos. Este facto Demostrou que é possível fazer no marketing territorial. pode ter sido pouco visível, mas era Minho um evento moderno e avança- Demonstrou que um "Woodstock" indispensável para tornar a organização do, com impacto e projecção nacional, dos computadores é afinal um even- autónoma. capaz de atrair apoios empresariais e to pacífico, sereno e sem problemas Finalmente melhoramos o programa institucionais relevantes, e capaz de de qualquer tipo. de conferências e mesas redondas do ter visibilidade e impacto nacionais. Mostrou que comunidades virtuais pre- Minho Net Point, o evento público para- Foi um "sinal dos tempos": demons- cisam e apreciam encontros reais que lelo ao Minho Campus Party e regista- trou que a cultura juvenil portuguesa promovam redes de capital humano. mos a elevada adesão que tal progra- adere a um evento deste tipo, tal como Demonstrou que é possível fazer das ma mereceu dos participantes. as sociedades europeias, com uma tecnologias da informação um elo de capacidade e um entusiasmo que não ligação entre pessoas e associar a isso As condições que encontraram no deixam dúvidas. Um sinal de clara o "espírito de festa" que caracterizou Pavilhão Multiusos de Guimarães tam- maturidade em termos de sociedade a Minho Campus Party - que é acima bém contribuiriam para o sucesso des- da informação. de tudo a grande festa dos entusias- ta realização? Demonstrou que no Minho a tecno- tas da tecnologias da informação e dos A qualidade do Pavilhão Multiusos foi logia não foi/não é problema. computadores. unanimemente reconhecida pelos par- Mostrou que é possível estabelecer Demonstrou como alguns dias de ticipantes, como os comentários no forum parcerias regionais fortes, que viabili- imersão na montagem e suporte a online do site do evento demonstram. zam um evento complexo e de risco um evento destes pode ter um valor Foi certamente um contributo impor- como este, mantendo o protagonismo educativo e formativo excepcional tante para o ambiente de bem estar e de todos, e da Universidade em par- para os alunos da Universidade do de festa que caracteriza a Minho Cam- ticular, e assumindo cada um as suas Minho e outras que voluntariamen- pus Party. responsabilidades regionais. Nesse te asseguraram, com grande efi- As facilidades polivalentes do Pavi- sentido não posso deixar de referir a ciência e dedicação, as equipes de lhão, o ar condicionado, as excelentes ousadia da Associação Industrial do apoio ao evento (instalação, desem- instalações sanitárias foram importan- Minho ao assumir o risco empresarial panagem, websites, webmarketing, tes. Mas também a envolvente estéti- desta iniciativa. check-in, ...). ca do pavilhão, quer interna como exter- Demonstrou que eventos deste tipo Finalmente este Minho Campus Party na, contribuíram para o ambiente agra- podem ser catalizadores de coopera- demonstrou aquilo que todos sabía- dável do evento. ção dentro da Universidade, numa ati- mos: que o Professor Altamiro Macha- Este Pavilhão Multiusos é um sinal dos tude e uma visão "supra-departamental". do era um visionário das grandes cau- tempos e uma força da região: a quali- Mostrou que é possível pensar even- sas e direcções das tecnologias de dade regional das infraestruturas está tos deste tipo como instrumentos de informação. (felizmente) a mudar e a transformar Portugal. E a ajudar com isso a que even- tos nacionais como o Minho Campus Party possam também acontecer com tecnológicos, passando pelas entidades máticos emprestados pelos patrocina- sucesso fora das grandes centralidades e instituições apoiantes. dores tecnológicos do evento com um de Lisboa ou do Porto. Os patrocinadores tecnológicos (Cisco, valor de mercado de cerca de 1 milhão Sun, HP, Microsoft e PT Comunicações) de euros e que permitiram montar as O contributo dos patrocinadores tec- viabilizaram a montagem e operação das redes locais (fixa e sem fios) e o acesso nológicos também é determinante infraestrutura de rede e a conectividade à internet com alta performance que para a realização da MCP? que suportam o evento e por isso o seu caracterizam o evento. O Minho Campus Party só é possível papel é fundamental. Recordaria que nes- Por outro lado, os apoios da Universi- pela conjugação de muitas boas vonta- te evento estavam em funcionamento dade do Minho e da Câmara Municipal des e esforços, desde as equipes de equipamentos de telecomunicações, de de Guimarães viabilizaram o evento sob apoio de sala até aos patrocinadores redes, servidores e equipamentos infor- o ponto de vista logístico. ■

21 atrás, que estão a “puxar” muito mais depressa da net e pagaram o mesmo. O pequeno-almoço não parece ter cor- Momentos rido lá muito bem. Um dos patrocinadores mais impor- Eduardo J. C. Beira Coordenador do Minho Campus Party tantes vem falar comigo: tem um “legal” Professor da Universidade do Minho aos berros e aos saltos algures na Euro- pa porque a minuta do contrato que man- daram não foi devolvida assinada e por [ Aviso prévio: qualquer analogia Mas foi um momento. isso eles não podiam estar ali. entre a ficção e a realidade pode ser O ambiente era mesmo o de um Party O Ricardo confirma que a rede está pura coincidência – ou talvez não.] a sério! Aquela imagem era a mesma desequilibrada, mas no controlo de segu- conhecida de outros eventos por essa rança dizem-me que a base de dados 1. Lembro-me que estava uma manhã Europa fora!. foi ao ar e que não há back-up. de sol esplendoroso, mas a verdade é que A bicha do check-in tinha a cor, a juven- E ouço falar (ou imaginei?) que pare- me custou muito a levantar, o que reco- tude, a descontracção e a ligeireza das ce que há uns espertos a conseguir sacar nheço não ser nada de muito anormal. coisas sérias da vida. A imagem pos- largura de banda de fora do evento. Mas era óbvio que já estava atrasa- moderna dos ecrans e das caixotas dos As competições de jogos on-line ain- do. Eram quase dez horas, em Guima- computadores misturados com os sacos da não começaram. O Coutinho diz que rães o “pesadelo” devia estar a come- camas e as mochilas (com alguns a dor- afinal a plataforma de jogos talvez venha çar, mas a idade pesa e os últimos dias mirem no meio da confusão) eram a a funcionar. (O Charles bem tinha ten- foram a habitual confusão – ou o habi- prova provada da sofisticação portu- tual caos organizado (também chama- guesa. Não resisto, pego na câmara digi- da organização caótica por alguns mais tal e faço um primeiro lote de bonecos. malévolos). E, por incrível que pareça, os scanners Ligo para o José Carlos (Nascimento). do controlo de entradas (comprados na Responde do Pavilhão, em Guimarães. véspera e, claro, mal testados) estavam Do mal, o menos, o nosso homem já lá a funcionar bem e o tal software de está. E é rápido nas notícias: “Tudo bem. check-in, que ninguém sabia exacta- Só é pena que já sejam dez horas, as mente como tinha sido desenhado e equipes de check-in ainda não estejam quem tinha feito, e muito menos tes- cá, o Charles ainda não tenha apareci- tado em ambiente real, funcionava nas do, o Gil também não, e o problema é mãos e cabeças de uma equipe de gen- que já temos lá fora centenas de pes- te que não faço ideia onde e como apren- soas à espera. Não há-de ser nada, já deu a trabalhar com aquilo. Magias do anunciamos que o check-in só vai come- caos e do “sparguetti” organizacional! çar às onze horas. O pessoal está cal- Algumas caras conhecidas, do ano pas- mo. Venha devagar”. sado. Reencontros e descobertas. Nada mau: no primeiro evento às dez Entretanto a equipe da Eurotux pare- horas tínhamos uma (então) reconfortante ce descansada. A rede está OK, o soft- multidão de quatro ou cinco pessoas. ware de intranet e de recepção está a A meio da viagem torno a ligar (ou funcionar (afinal parece que foram eles foi ele que me ligou?). que fizeram parte daquela tal aplica- O Charles já apareceu, o pessoal do ção). “E a plataforma de jogos também check-in já está operacional, o Gil & Cª vai estar OK”, diz-me o Coutinho. já anda por lá e o mais espantoso é que Lá fora o céu está de um azul perfeito. o software de gestão do check-in pare- Não fosse o Minho Campus Party e a cia estar mesmo a trabalhar, e ainda por vida seria perfeita... cima bem. Ninguém o tinha testado no próprio Pavilhão, mas na vida há sur- 2. Fim da manhã do segundo dia. presas agradáveis. Tudo preparado para Recorro a um dos sofás insufláveis do começar a recepção aos participantes chill-out, estico-me, tiro os sapatos e dentro de minutos. E o pessoal continua fecho os olhos. Logo se verá! a chegar a ritmo acelerado. Vários protestos veementes de gente Quando lá cheguei, passava um boca- que não consegue “sacar” da rede à mes- do das onze horas. ma velocidade que os da fila à frente ou

Câmara Municipal de Guimarães FOTOS DIREITOS RESERVADOS

te, alguns da equipe dele estão nos limi- Mas esta é a noite grande do evento, tes, não têm sistema no controlo de e é preciso montar os écrans gigantes entradas, ... “Não percebo como pode no chill-out, para o pessoal assistir aí às estar aí assim sossegado!”. Mais um finais de Quake, Unreal e não sei que murro no estômago. mais – projectadas em directo (com um Vêm-me dizer que o almoço foi ain- desfasamento de 15 segundos introdu- da pior que o pequeno-almoço. zidos pelo servidor). Vejo o Charles aparecer, a assobiar Um bocado depois de terminarem a para o ar, com ar de quem acaba de sair conferência, ainda há um grupo mais res- do chuveiro. Diz que vai ver como está trito a discutir o tema, enquanto o grupo a rede. Telefona para uns bruxos ami- do Leonel e da Eurotux tentam obstina- gos em Espanha. “Tudo bem”. Vejo-o damente afinar a transmissão das finais. reunido longamente com o Ricardo e o Espantosamente a tal plataforma de pessoal da Cisco. Nem me passa pela jogos novinha em folha acabou por fun- cabeça ir lá cheirar. cionar (não cheguei a apurar se alguém Entretanto o Coutinho e o pessoal da sabia como e porquê) e as competições Eurotux estão freneticamente agarra- fizeram-se. O atraso é só de algumas dos aos ecrans, aos ratos e aos tecla- horas relativamente ao previsto. dos, de olhos esbugalhados. Haja Deus! Afinal havia back-up da base de dados. E não chegou a ser preciso. 4. Três ou quatro da manhã de sába- E o sistema foi rapidamente reposto do. O sono pesa, mas o vice campeão no controlo de entradas e voltava a estar do Mundo de FIFA (futebol on-line) é operacional. Uma vez mais não faço ideia português e é um dos finalistas. A final como, nem por quem. é transmitida em directo pelos écrans Pelas três da tarde a rede estava equi- gigantes da sala. librada. Ao fim da tarde tinham mesmo Numa concorrida discussão no chill- conseguido melhorar muito a sua per- out, o pessoal da War Zone (www.war- formance. Os intrusos estavam contro- zone.net ) falava esta manhã da quali- lados. Ninguém se voltou a queixar da dade internacional dos ciber-desportis- velocidade. tas portugueses. A serenidade da sala, a concentração Minutos depois da final começar, dou tado testar aquilo, mas parece que sem do pessoal, os gráficos de largura de comigo num pavilhão de desportos real sucesso). O problema é que o progra- banda falava por si: por trás da sereni- a assistir fascinado a um jogo de futebol mador principal da plataforma estava dade filtrada por um entardecer com virtual, jogado por jogadores reais, e com sem dormir há uns tempos e passou-se um belo por do sol, as coisas afinal esta- uma assistência real que aplaude, asso- e não conseguia acertar uma para a cai- vam activamente a funcionar. bia, canta e dança ao sabor dos livres, xa, e os outros andavam a ver se des- Só as competições de jogos on-line é dos penalties e dos golos virtuais, como cobriam o código e o percebiam, e com que ainda não tinham começado, mas se estivesse a assistir a um jogo real. sorte lá para a tarde talvez se conse- parece que a coisa estava a ficar quase. Pura “mixed social reality”. Muito mais guisse começar com as competições de A única dúvida é que não se sabia mui- do que simples “mixed reality” ou do jogos. Entretanto tinham mandado o tipo to bem quanto faltava para o quase. que simples “realidade aumentada”. para casa, mas parece que o dito não Foi nessa altura que me lembrei que conseguiu dormir e voltou ainda pior do 3. Noite de sábado, passa da meia- nunca tinha chegado a escrever um tex- que foi (mais tarde havia de dar com ele noite e tenho que correr com o pessoal to sobre o impacto social das realida- a dormir profundamente no chill-out). do grupo Inércia ( www.inercia.org ) que des mistas ou aumentadas, que tinha Parece que na rotação de turno das está no chill-out a fazer uma conferen- prometido escrever em memória do equipes de sala faltou alguma gente. cia sobre “demo-scene”. Altamiro Machado – o pai desta ideia Ainda por cima a televisão anda a filmar Algumas dezenas de maduros conse- de se fazer um Campus Party no Minho, na sala e a transmitir em directo. Ainda guem seguir aquela hora (e com aten- que infelizmente não chegou a ver. por cima a música é óptima – para quem ção!) uma sucessão de écrans do mais Talvez o faça depois de este Minho gosta de batida forte, violenta e agres- puro código estruturado de programa- Campus Party acabar. Afinal, o “pesa- siva, não para mim. ção numa abstrusa linguagem para pro- delo” está quase no fim: já só falta o O chefe de uma das equipes vem “acor- duzir enigmática arte multimédia a sério. pior dos dias – o último. dar-me”: não compreende como posso Tudo simples, diz um deles. “Ao fim de Afinal a minha mulher é capaz de ter estar ali sossegado e tranquilo enquan- várias tentativas costuma sempre aca- razão: já devia ter idade para ter juízo. ■ to há problemas tão graves: faltou gen- bar por funcionar”. disponibilizados pela organização, nas centenas de computadores pessoais e outros equipamentos trazidos pelos par- ticipantes, nas velocidades e tecnolo- gias de comunicação disponibilizadas internamente e para ligação à Internet e, ainda, nos terabytes de informação que durante 5 dias circularam sob a for- ma de texto, imagem, som ou vídeo. Mas uma outra dimensão, mais subjec- tiva e menos quantificável, confere a este evento a sua verdadeira grandeza. E essa é a dimensão humana, sem a qual a tec- nologia não faz sentido, como sempre nos ensinou o Professor Altamiro Machado, cuja ausência presente sempre nos recorda. Essa dimensão humana revela-se no facto das muitas centenas de partici- pantes não serem meros espectadores passivos mas, bem pelo contrário, acto- res de um grande espectáculo, sempre em cena, que vão construindo em cres- cendo ao longo de quase cem horas inin- terruptas. Transportando os seus com- putadores, aprofundando e partilhando os seus conhecimentos, tentando supe- A outra rar todos os desafios com que são con- frontados, trocam as horas de descan- so pela oportunidade de ir um pouco mais além no usufruto do evento e no dimensão… seu próprio desenvolvimento. E tudo isso se passa num ambiente misto - e místico - de aprendizagem e de festa, actualmente um evento sem paralelo específico de uma comunidade virtual no panorama nacional, no domínio da que cresce fisicamente dispersa e que, divulgação, do convívio e da troca de de repente, se reúne, de forma inten- experiências em torno das Tecnologias sa, no magnífico espaço do Multi-usos de Informação e Comunicação. de Guimarães: jogando, partilhando, Entre todas as dimensões que ocupa, aprendendo, programando, fazendo músi- a tecnológica será certamente a de per- ca, participando em debates, expondo- cepção mais imediata. Suportada num se, convivendo….e dignificando as gera- conjunto privilegiado de patrocinadores ções que ali representa. José Carlos Nascimento ( Compaq, Cisco, Microsoft, Sun, Portu- Esta dimensão humana revela-se tam- Coordenador adjunto do Minho Campus Party gal Telecom) a infra-estrutura tecnoló- bém no desempenho das equipas de Departamento de Sistemas de Informação, U. Minho gica do Minho Campus Party conseguiu voluntários que suportam a organização apresentar, em cada uma das suas edi- do evento, de forma surpreendente, mes- Em apenas 2 anos, o Minho Campus ções, o que de melhor, mais rápido e mo para quem já tinha sido surpreendi- Party passou a integrar, por direito pró- mais recente se pode oferecer no domí- do na primeira edição. Ultrapassando prio, o grupo restrito dos grandes even- nio das TIC. Esta é uma realidade objec- este ano a centena, na sua maioria estu- tos nacionais. Pela sua dinâmica, pela tiva, enumerável e quantificável, con- dantes oriundos da Universidade do Minho sua dimensão, pela sua inovação e pelo substanciada no conjunto de tecnolo- e de outras instituições do Ensino Supe- seu impacto, o Minho Campus Party é gias, equipamentos e softwares rior, asseguraram de forma empenhada FOTOS DIREITOS RESERVADOS

as inúmeras tarefas imprescindíveis ao bém mais confiantes ficaram - com o sucesso do evento: do montar ao des- devido destaque para a UM e a AIMinho fazer da festa, assegurando o suporte - as Instituições de Ensino que os for- tecnológico e todo o acompanhamento mam e as Associações que representam aos participantes, desde a sua chegada as empresas que os vão acolher. até ao momento da partida. Ao longo Esta dimensão humana revela-se ain- de vários dias todos estes futuros pro- da na equipa de profissionais, maiorita- fissionais tiveram como grande recom- riamente de empresas do Minho que, pensa a possibilidade de avaliar a sua pela primeira vez apenas com recursos preparação para a entrada no mundo do nacionais e num tempo recorde, prepa- trabalho. Num contexto bem real e com- raram todo o suporte tecnológico do even- plexo, puderam verificar a sua capaci- to: os equipamentos, as redes, os “sites”, dade de executar e coordenar o traba- as aplicações, as plataformas de jogos, lho em equipa, de assumir responsabi- o som… Apoiados em poucas horas de lidades individuais e colectivas, de tomar sono, muitas fatias de pizza e grades de decisões e procurar as melhores solu- SpurCola, mostraram por que pode o ções em tempo útil, num ambiente de Minho ver-lhe reconhecida a designação permanente “stress” e de crescente fadi- de “Silicon Valley Português” e por que ga. Na sua maioria trabalharam mais do devem a UM, a AIMinho e outras enti- que esperavam e do que se esperava. dades manter as apostas de afirmação Regressaram a casa certamente exaus- da região como referência nos domínios tos mas com a noção de ter vivido uma das tecnologias de Informação. experiência única e de terem descober- Na dimensão humana, o sonho do seu to realidades, competências e capaci- criador transformou-se em realidade. dades que em si mesmo desconheciam. Aqui ficam a esperança e o repto para Merecidamente também com um refor- que, nesta dimensão, outros eventos se ço da sua auto-estima, mais valorizados afirmem de igual ou superior grande- humanamente e mais confiantes no seu za. Que o país bem precisa e a juven- desempenho profissional futuro. E tam- tude bem merece… ■ ELOGIO DAS LAN PARTIES: OREGRESSO

Charles Pinto AO FUTURO Consultor do Minho Campus Party

Muita gente acha que ligar a tralha toda ao computador é feitos em casas particulares, outros são feitos em espaços de uma confusão e implica um esforço enorme. Mas na reali- grandes dimensões, por vezes decorados com luzes frenéti- dade é muito simples. A maior parte dos cabos estão mar- cas, estilo discoteca, e com musica tecno ou rap. Mas em vez cados. Basta encaixá-los. Em 95% dos casos funciona logo. de gente a dançar na pista temos filas e filas de computa- Já estive em muitas LAN parties e sei que se me apressar dores, e restos de pizzas, e pratos de papel... As geleiras estão consigo ligar tudo em 7 min 23 seg. Não é difícil. Podem crer. habitualmente bem recheadas de Spur Cola, de sumo de gua- Parece que ainda ontem a maior parte das pessoas tinha raná e de outras bebidas ricas em cafeína para ajudarem o 14.400 de internet, 2 megas de video e 64 megas de RAM. pessoal a manter os olhos abertos e os reflexos rápidos duran- Mas em cada ano as coisas estão melhores. te a longa maratona que é o evento deste tipo. Em 1996 estive envolvido num dos primeiros LAN parties Os LAN parties atraem os gamers porque tiram valiosos em Espanha, com cerca de 200 pessoas e com conectivida- micro segundos ao tempo de reacção do jogador. É essa a de apenas para 50, e só com 22 modems para 200 pessoas. grande vantagem de jogar numa LAN em vez de jogar pela Uau! Foi realmente um sucesso ter conseguido isso! Entre- internet. Para além, claro, da camaradagem criada pelo even- tanto a internet mudou e continua a mudar. to. Por isso a popularidade destes eventos tem crescido mui- Pode parecer trivial, mas acho que não falhei o meu encon- to nos últimos anos. É que quando se joga um decisivo com- tro com o futuro, pois não? bate mortal através da internet e se ganha, ou se perde, não O Minho Campus Party é o futuro hoje para os que lá vão. É se pode gritar para o público, ter uma claque a responder, ultrapassar as limitações da ligação da internet em casa. São berrar na cara do parceiro, pela simples razão de que se está interacções entre pessoas com computadores e a trocar e a sozinho à frente do computador. Numa LAN party pode-se discutir ideias. Para mim é também um regresso ao futuro. levantar e dar um berro, e ser aplaudido, e assobiado, e leva- Fazem-se mais do que 250 parties nos USA e na Europa e do em triunfo ou desgraça. E obter dicas e truques e estra- Ásia apareceram já mais de 350 eventos regulares. Várias tégias para jogar melhor. A adrenalina criada por tudo isto é parties em Espanha são rivais da Minho Campus Party, mas fabulosa e não tem preço para um gamer. há sempre algo de muito especial em estar ligado a um even- Os jogadores de jogos em computador sempre têm lutado to tão belo! É que o evento é acerca de pessoas, não de CPUs! por oportunidades de confraternizar. Há vinte anos atrás ape- Os LAN parties são populares com os jovens, mas também nas tínhamos jogos baseados em texto, mas já os fanáticos com gente de vinte e trinta anos. Em geral homens. Mas há da tecnologia se equipavam com modems de dial-up para também algumas “hardcore female gamers”. E o ambiente ligar terminais e jogarem uns com os outros. Mas agora, com das LAN parties é espectacular! Embora alguns eventos sejam os jogos multi-jogador e intensamente multimédia, como o FOTOS DIREITOS RESERVADOS

É QUE QUANDO SE JOGA UM DECISIVO COMBATE MORTAL ATRAVÉS DA INTERNET E SE GANHA, OU SE PERDE, NÃO SE PODE GRITAR PARA O PÚBLICO, TER UMA CLAQUE A RESPONDER, BERRAR NA CARA DO PARCEIRO, PELA SIMPLES RAZÃO DE QUE SE ESTÁ SOZINHO À FRENTE DO COMPUTADOR. NUMA LAN PARTY PODE-SE LEVANTAR EDAR UM BERRO, E SER APLAUDIDO, E ASSOBIADO, E LEVADO EM TRIUNFO OU DESGRAÇA. E OBTER DICAS E TRUQUES EESTRATÉGIAS PARA JOGAR MELHOR. A ADRENALINA CRIADA POR TUDO ISTO ÉFABULOSA E NÃO TEM PREÇO PARA UM GAMER.

Quake e o Doom, assistimos a um boom das LAN parties. As pessoas sempre procuraram maneira de competir umas com as outras. É uma coisa natural. Faz parte da nossa auto-esti- ma. Porque nos havemos de limitar a uma sessão privada de internet em casa, se realmente a podemos partilhar com cen- tenas de outras pessoas que estão no mesmo comprimento de onda? Este ano assistimos a algo que estava a fermentar desde algum tempo: a arte multimédia. Tivemos um pouco disso no Pavilhão Multiusos de Guimarães, com projecções multi- média (filme 70x18 cm) na parede frontal do Pavilhão. Ape- sar de ser possível melhorar muito o que se fez, surpreen- deu-me a reacção de interesse dos participantes e de gente que não estava no evento. A Minho Campus Party tem um longo caminho para per- correr e quero fazer parte desse futuro. A minha experiên- cia pessoal tem-me ensinado que a melhor maneira de antecipar o futuro é ajudar a criar esse futuro. Que melhor maneira temos para o fazer do que participar na Minho Cam- pus Party? ■ Multimédia no Chill Out do Minho Campus Party 2002

Leonel Valbom Coordenador da area Multimédia Investigador do CCG - Centro de Computação Gráfica (Guimarães)

O Chill out caracteriza-se por ser um espaço com cerca máticas dos potenciais utilizadores. de 150 m2, constituindo uma espécie de ilha no espaço A área Multimedia procura ainda estimular o desenvol- do campus party onde o bem estar, o descanso e o entre- vimento da criatividade através da utilização de hardwa- tenimento se conjugam ao mesmo tempo com a forma- re e software informático de uso comum, mas com resul- ção, a competição e a informação. tados finais mais ou menos imediatos. Dispondo de uma grande quantidade de almofadas e de Em termos de actividades, durante a edicão 2002, os sofás insufláveis, além de piso confortável, o Chill Out tor- participantes dispuseram de um espaço aberto para quem nou-se uma zona de referência que permite uma postura quisesse passar música no Chill Out e de um tempo pre- informal aos participantes que ali se juntam para ouvir visto para o fazer (entre as 13 e as 14 horas) música, discutir, trocar ideias, para descansar, ouvir uma Pela primeira vez este ano, mas com um discreto suces- conferência, assistir a um curso, tomar uma bebida fres- so, houve diariamente, durante duas horas (a partir das ca, formar equipas, combinar estratégias de competição 23h), a “noite da Dance Music“, a “noite da Rock Music” ou mesmo para dormir alguns minutos depois de um tem- e a “noite da Electronic Music”, onde os inscritos partici- po prolongado à frente do computador. pavam como DJ’s passando a música (MP3 e ficheiros Em conjugação com as outras áreas abordadas no Cam- áudio) previamente carregados do computador pessoal pus, a área Multimédia, tendo como base de operações o para computador de serviço no Chill Out. Chill Out, pretende promover entre participantes o espíri- A temática dos cursos e sessões da área multimedia foi bas- to de companheirismo e entreajuda, a criação de work- tante genérica de forma a que os participantes não tivessem groups de forma a incentivar as actividades de grupo e necessidade de ter conhecimentos prévios para se envolve- intercâmbio de conhecimentos, a partilha do trabalho indi- rem nas actividades, tal como aconteceu no curso sobre o soft- vidual em cooperação com os outros. >> Como suporte para toda a actividade, e além da dispo- nibilização de ligação à internet numa rede virtual dife- rente da dos restantes participantes, o Chill Out dispõe dos meios autónomos em termos de equipamento de som, hardware e software musical imprescindíveis para as acti- vidades ali desenvolvidas. Na Edição 2k2 a Creative Labs cedeu para o Chill Out 3 sistemas sonoros Surround 5.1 e placas de som topo de gama para plataforma Windows, para que os participantes pudessem usar, testar e disfru- tar os produtos Creative, além da Apple que cedeu um computador topo de gama para controlo sonoro, com ecrã LCD e com gravador de CD/DVD. O Chill Out é supervisionado por uma equipa com 4 ele- mentos cuja especialização varia entre a música/som, pro- dução, imagem/vídeo e informática, de forma a ajudar a resolver dúvidas, facilitar informação, pôr em contacto pes- soas com interesses comuns e aproximar ferramentas infor- >> ware Rebirth. Este ano abriu-se também uma mesa redonda (com sofás insufláveis J)sobre o tema “Música, som e streaming áudio/video” onde, com a presença de duas pessoas especializadas nestas áreas, se procurou responder a questões específicas postas pelos participantes.

A nível de música houve 3 competições: – Rebirth Session – Mp3 - Composição livre – Rap (música e texto)

Na competição Rebirth session, cada concorrente tinha cerca de 3 minu- tos para mostrar (na final realizada no Chill Out) uma composição feita em tempo real usando os automatismos e as pré-definições do programa Rebirth da Propellerheads. O Rebirth é uma emulação em software do sintetizador TB303 da Roland e das caixas de ritmos TB 808 e TB 909 também da Roland, onde cada módulo pode ser programado utilizando loops baseados em padrões, permitindo fazer composições musicais em tempo real. Na Competição MP3 –Composição livre, cada concorrente podia usar qual- quer software (shareware... freeware) de edição áudio, para compor uma música original com cerca de três minutos e meio, onde poderia utilizar fon- tes musicais originais, de librarians ou da internet. No caso da competição Rap (musica e texto) os concorrentes, (ou grupos) teriam de fazer uma performance (na final realizada no Chill Out) da músi- ca composta. (ver caixa com texto vencedor) Na edição de este ano a Creative Labs patrocinou em exclusivo os 1.ºs, 2.ºs e 3.ºs prémios de todas as competições de música oferecendo placas de som Sound Blaster Audigy Platinum (no valor de 284,99 Euros), placas de som Sound Blaster Audigy Player (no valor de 142,99 Euros) e placas de som Vencedor do concurso de Design 1000K Sound Blaster Live!5.1 Digital (no valor de 94,99 Euros) e foto vencedora do concurso Foto Minho Party Quanto à imagem digital, dirigida aos participantes que se interessam pelo design gráfico, houve 3 competições: Letra do 1ª lugar – Concurso 1000K na competição Rap – Flash (som e animação - competição em equipa) O ppl todo a curtir, a banda larga a fluir – Foto Minho Party Download a cair, camadas de mísseis a explodir Resmas de jovens e cotas a trabalhar em fusão Concentração, pura dinâmica, exploração em acção Na competição 1000K os participantes concorreram com trabalhos gerados E é assim, frags prali, frags paki em editores de imagem como o Photoshop exibindo a criatividade e as quali- Wazaaaaaa pa ti, e agora só KaZaa pra mim dades individuais de design, tendo como tema base o Minho Campus Party. O Marquei um golo no fifa, toma um upload pa lista Entrei na tua machine, decifrei vinegine resultado objecto de classificação seria numa imagem com cerca de 1000K entre- Mpc, o poder da evolução!! gue num formato digital comum (jpeg...). Seria injusto não referir aqui a quali- Velocidade constante, Pelo conhecimento de uma nação dade gráfica principalmente dos trabalhos vencedores (ver imagem de caixa). Empenhada, pouco julgada Do mesmo modo, a competição de flash, onde se pretendia, com o tema Minho Controlada sem poder, DIREITOS RESERVADOS DIREITOS Competições disputar Campus Party, que os participantes criassem trabalhos em Flash com som e ani- Apenas pelo prazer

FOTOS mação, deu igualmente origem a resultados com bastante qualidade. Mais uma foto, mais um movie, mais um joguito Porra, já se acabaram cds? Nem acredito.. Para terminar o tema das competições, havia uma outra em que se pre- Buga a loja, trouxe lg20 debx do braço miava a melhor fotografia do evento, aqui... a quantidade e a qualidade das Noites em claro e já nem sei o k faço De repente Um Mega som, acorda o popl atordoado, fotos concorrentes dificultaram bastante a tomada de decisão do júri que Fdx, mas eu só keria dormir + 1 bocado... premiou a foto da caixa. Vira a cabeça po lado... tou descansado O pc ta bloqueado... nem precisa cadeado.. Como nota de fecho, é de referir que eventos como o Minho Campus Party 2, 3, 4, 5 meia 7, 8 - vou apenas comer mais um biscoito, que conseguem mobilizar jovens de todo o país, pelo tipo e qualidade de ando feito num oito evento, só pode trazer benefícios individuais, sociais, tecnológicos a curto e 100 tarados e taradas com muito k fazer vão dar a ste joe, trabalho a fazer médio prazo. A existência da área de multimedia, que esperamos possa vir a ter nas próximas edições ainda mais protagonismo, é aquilo que nos faz dizer que “a arte também existe e acontece no Minho Campus Party”. ■ designados por "mods", que resultam em experiências de jogo muito dife- rentes. Para a MCP escolhemos para tor- TORNEIOS neios, do Quake III Arena, as variantes "Deathmatch" em competição 1v1, e "Team Deathmatch" e "Urban Terror" para jogos em equipa. Do Unreal Tour- ATRAEM JOVENS nament escolhemos o "Deathmatch" para 1v1 e o "Capture The Flag" em equi- pas. Outro jogo popular que escolhemos foi o "Counter-Strike" uma modificação À MCP do Half-Life, onde terroristas e contra- FOTOS DIREITOS RESERVADOS

Paulo Sérgio Almeida Outra componente que atrai as pes- Prof Auxiliar do Departamento de Informática da UM Coordenador dos Jogos na MCP2002 soas é a existência de torneios. Claro que as pessoas também jogam informal- mente, pelo simples prazer de jogar, mas Os jogos multi-jogador em rede muda- um torneio tem aliciantes suplementa- ram tudo no panorama dos jogos de com- res: os prémios, mas principalmente a putador. Apesar dos progressos na inteli- fama, o poder dizer que "fiquei em pri- gência artificial, fazendo o computador "dar meiro", a satisfação do ego. luta", saber que está uma pessoa do outro lado torna tudo diferente. E não é uma AS MODALIDADES questão de ser fácil ou difícil, de muitas EM COMPETIÇÃO vezes ser fácil ganhar ao computador. As pessoas são mais imprevisíveis e diferen- Uma das tarefas na área de jogos foi a tes umas das outras. Além disto, jogos escolha das "modalidades" em competi- entre pessoas despoletam, como no des- ção. Foi necessário agradar a gregos e porto, um espírito competitivo, um querer troianos, e ao mesmo tempo manter um ficar em primeiro. Na realidade, os jogos número comportável de torneios. Os gran- em rede, estão a ficar autênticos despor- des géneros populares de jogos em rede tos, não físicos, mas análogos ao xadrez. competitivos são os FPS ("First Person Jogos em equipa acrescentam ainda Shooters") e os RTS ("Real Time Strategy"). novas dimensões: a colaboração e a Num FPS o jogador tem uma visão 3D necessidade de comunicação para atin- sobre um mundo que percorre e onde gir um objectivo comum, a entreajuda, interage com (vulgo dispara sobre) as as batalhas massivas, a confusão com- representações dos outros jogadores. Os pleta. Surgem os clãs organizados, que RTS são jogos de estratégia, em que o têm presença na internet, fazem trei- jogador controla exércitos, constrói bases, nos entre os jogos de torneio, trocam obtém recursos de pontos estratégicos do informação secreta e estabelecem estra- mapa, com o intuito de vencer o adver- terroristas se confrontam. tégias, tudo isto apesar de poderem sário. Nestes, ao contrário dos Wargames Dos jogos de estratégia não podíamos viver em cidades diferentes e não se clássicos de tabuleiro, não há turnos, e o deixar de incluir o Starcraft, na variante conhecerem pessoalmente. jogador tem que conseguir em tempo Broodwar, um dos grandes jogos destes O facto de as pessoas normalmente real dar ordens para serem cumpridas: se últimos anos. Apesar de velho é extre- não se encontrarem cara a cara, e se for lento, o adversário não vai ficar à espe- mamente competitivo, além de quase conhecerem apenas pelo "nickname" ra. O primeiro jogo que revolucionou os um desporto nacional em locais como a torna uma Lan Party como a Minho Cam- jogos em rede foi um FPS, o Quake. Coreia do Sul, onde vários canais de tele- pus Party algo de muito especial. Os Hoje na sua terceira incarnação, o Qua- visão transmitem e comentam jogos de jogos em rede serem populares torna ke III era uma presença sem discussão Starcraft, como se fosse futebol. O War- esta componente algo muito apeteci- possível. Outro FPS que se tornou popu- craft III, que acabou de aparecer, esteve do, e que atrai grande parte dos parti- lar foi o Unreal Tournament, e que tam- também na lista de torneio. Este deverá cipantes da Campus. Aqui as pessoas bém entrou para a lista de torneios. De ficar a longo prazo com grande parte dos vêem-se cara a cara e os clãs podem jogos como estes têm sido desenvolvi- jogadores de Starcraft, e será um dos trocar ideias enquanto tomam um café. das variantes, modificações, vulgarmente jogos a manter nas próximas edições da Campus. Um outro RTS popular que incluí- que registar os dados dos participantes um jogo importante, a final de Age of mos foi o Age of Empires II - The Con- à chegada, no "check-in", permitir a ins- Empires, um dos finalista não apareceu querors Expansion, do qual existem tam- crição de jogadores em torneios indivi- à hora e mesmo depois de chamarem bém bons jogadores em Portugal. duais, a criação de clãs e a gestão do por ele nada ... ninguém sabia dele há Para além destes dois grandes géne- clã por parte do líder. várias horas. Muito mais tarde lá apare- ros, decorreu também na MCP um tor- Durante o torneio, a plataforma esca- ceu ele: tinha ido dormir, coisa que mui- neio de FIFA 2002 World Cup, um jogo lonava as rondas de apuramento e os pla- tas vezes os participantes pouco faziam. também popular em torneios, onde cada yoffs, lançava servidores de jogos, guar- No pavilhão, na zona dos participan- jogador controla uma equipa de futebol. dava os "logs" dos servidores e apurava tes, havia dois painéis gigantes onde se os resultados para ver quem passava para faziam anúncios. É normal nas Campus A PLATAFORMA a próxima ronda. A automatização foi estes não serem usados para transmitir DE JOGOS importante devido ao número de joga- jogos a ser disputados, sendo os jogos dores envolvidos. Como exemplo, na pri- importantes transmitidos na zona de chill- Organizar um torneio para uma dúzia meira ronda de apuramento em Quake out. Este ano para além de transmitir um de pessoas não é complicado. Mas quan- III individual estiveram cerca de 120 joga- ou outro jogo nesses painéis (com um do estão várias centenas de jogadores a dores, pelo que a plataforma lançou simul- atraso, de modo a não dar possíveis van- participar em vários torneios de diferen- taneamente 8 servidores de Quake, com tagens a algum jogador), decidimos trans- tes modalidades, como foi o caso da Cam- cerca de 15 jogadores por servidor. mitir a final de FIFA 2002 WC para toda pus, a coisa fica mais complicada: é neces- A plataforma permitia ainda o anún- a zona dos participantes. Esta transmis- sário automatizar procedimentos e ter cio dos jogos a efectuar e a divulgação são teve imenso sucesso, sendo curioso na Web de resultados e notícias em geral, ver as reacções que o futebol suscita nas possibilitando ainda um fórum de dis- pessoas, mesmo sendo futebol virtual. cussão e constituindo um ponto de encon- De resto, tal como é tradição, foram tro para os jogadores. transmitidas domingo de madrugada, no chill-out as finais de Quake e Unreal, ambas DURANTE com imensa audiência sentada descon- A CAMPUS PARTY traidamente em puffs, bancos compridos, ou no chão. Foi também transmitida no Num acontecimento desta dimensão e chill-out a final de Starcraft Broodwar, ten- complexidade muitos episódios ocorreram. do esta tido comentários em directo por Primeiro havia pequenos "bugs" na dois jogadores de Starcraft portugueses. plataforma (era a primeira vez que esta- Para esta final tivemos alguma precau- va a ser usada), resultando na necessi- ção extra, virando o painel de modo a dade de estar atento e resolver na hora não haver hipótese de este poder ser vis- os problemas que iam surgindo, desde to, mesmo de longe, pelos finalistas na dados de inscrição até ao apuramento zona dos participantes. Mas valeu o esfor- de resultados. Estes problemas foram ço, já que não é todos os dias que temos sendo resolvidos com mais ou menos um jogo com comentadores, e este jogo, esforço e com mais ou menos horas de que depois de vários anos pode estar sono, com mais ou menos pizzas e ham- prestes a ser reformado, bem merece. burgers ao almoço e jantar, sem sair da A lista do vencedores seria demasia- zona de controlo. do extensa mas será sempre interes- Um dos problemas que ocorreram teve sante referir que na modalidade Quake a ver com o não comparecimento de tivemos um bi-campeão, o "Mess", que alguns jogadores à hora marcada para já tinha vencido em 2001, em Unreal um dado jogo. Muitas vezes os partici- venceu o "Mortalys", o Age of Empires pantes estavam distraídos, ou em jogos foi ganho pelo "DarkL_Pro", em Starcraft particulares, ou a navegar na Web. Às ganharam os "Evangelion Virtuous Acolly- vezes, em jogos sem servidor central, tes", em Warcraft III os "nO.1" e em uma estrutura informática para os jogos. que deveriam ser combinados entre 2 FIFA2002 a "taça" foi para o "thebeast". A plataforma utilizada na Campus Party jogadores, um deles não aparecia no pon- Finalmente, domingo à hora de almo- foi desenvolvida pela Eurotux Informáti- to de encontro (virtual, como um canal ço, foi a entrega de prémios aos vence- ca S. A. com o fim de permitir a uma equi- de IRC). Como acabamos por não ter a dores, o fazer as malas dos participantes, pa reduzida controlar durante o evento informação sobre a localização de cada o abandono do pavilhão no início da tar- todo o desenrolar dos acontecimentos. jogador no pavilhão, surgiu a necessida- de e o desmontar a infraestrutura. Depois, A plataforma integrou diversos aspec- de de por vezes chamar pessoas ao pos- foi dormir o que faltou durante a Campus tos. Antes dos torneios começarem havia to multimédia. Uma dessas vezes, para um até para o ano que vem. ■ A ÁREA DE LINUX

Vítor Fontes Coordenador da área Linux e Segurança Departamento de Informática da Universidade do Minho

À semelhança da edição anterior, a filosofia a ele subjacente. Esta Minho Campus Party de 2002 foi tam- área funcionou acima de tudo bém ela um ponto de encontro dos entu- como pretexto para o encon- siastas do sistema operativo Linux. O tro de entusiastas daquilo que número de inscrições na área ultrapas- se entende por software Open sou as 130, um acréscimo substancial Source, ou seja, soft- relativamente à primeira edição. Esta ware cujo código fon- maior participação não deixa de espe- te é aberto, sem res- lhar o crescimento do número de entu- trições de acesso e siastas deste sistema operativo e da de modificação. Dada a faixa etária de uma parte significativa dos inscritos na área Linux, para muitos a O GIL MCP de 2002 ficará nas suas memórias O Grupo de Investigação Linux como tendo sido mes- (GIL) é um grupo de utilizadores mo a primeira vez que tiveram escritório, fer- e de estudo do sistema operati- a oportunidade participar num encon- ramentas de desenvolvimento e bases vo Linux criado em 1997 por ini- tro desta comunidade e de trocar ideias de dados - entre muitas outras cate- ciativa do Grupo de Sistemas com algumas das suas personagens gorias de software - que o qualificam Distribuídos do Departamento mais populares. A atmosfera que se res- como uma plataforma de trabalho extre- de Informática da Universidade pirou na área Linux foi a de uma ver- mamente completa, apropriada aos do Minho. Constitui-se como dadeira festa, um espaço descontraído mais diferentes cenários de informa- uma estrutura de carácter infor- que envolveu os participantes nas várias tização. Grande parte deste software mal que reúne docentes, alunos actividades propostas, nos concursos e é distribuído sob licenças Open Sour- e ex-alunos. no espaço reservado ao debate. ce, de forma gratuita e está disponí- Desde sempre o GIL tem esta- A MCP de 2002 não deixou de pro- vel para diversas arquitecturas de pro- do empenhado no apoio à comu- porcionar uma oportunidade de divul- cessador e de sistemas operativos. nidade de utilizadores de Linux gação de produtos e serviços para esta de expressão portuguesa. Nesse plataforma. Desde logo a Sun com a O MINHO NA sentido tem desenvolvido projec- promoção do StarOffice - um conjun- VANGUARDA DO LINUX tos nas áreas da documentação e to de aplicações para automação de de produção de software, dispo- escritório -, a Caixa Mágica com a sua A Universidade do Minho e em parti- nibilizando nos seus arquivos distribuição portuguesa de Linux apro- cular o seu Departamento de Informá- públicos cópias do software e veitaram a oportunidade para formal- tica - presente no evento com stand pró- conteúdos mais relevantes. mente divulgar os seus produtos. É que prio -, estão na vanguarda do desen- O GIL promove e está frequen- longe vai o tempo em que o Linux era volvimento do Linux em Portugal. O seu temente presente em acções de utilizado quase exclusivamente em envolvimento data de 1992, um ano divulgação e instalação do siste- ambientes académicos e em sistemas apenas após o lançamento deste siste- ma operativo Linux, tanto dentro servidor.. Além de um sistema opera- ma operativo, bem antes da sua versão como fora da Universidade do tivo reconhecidamente maduro e extre- 1.0 e das primeiras distribuições comer- Minho. Entre outras instituições, mamente fiável, o Linux dispõe actual- ciais. Hoje, o seu envolvimento é cada o GIL procura dar uma especial mente de sofisticados ambientes grá- vez maior, não só do ponto de vista da atenção às acções em escolas do ficos, aplicações de automação de infra-estrutura informática da UM, como ensino secundário no norte do país. também e acima de tudo pela aposta no Linux na formação dos alunos das licenciaturas em informática e valoriza- ção dos profissionais que daí resultam. Na realidade, praticamente toda a infra-estrutura de serviços informáti- VENCEDORES DA ÁREA DE LINUX cos do Departamento de Informáti- ca da UM é assegurada recorrendo ao sistema operativo Linux. Mais, Real Time Battle as componentes práticas de uma 1º Jorge Santiago aka MENiMUS parte substancial das disciplinas 2º Equipa RVTI da Licenciatura em Sistemas e 3º Joaquim Figueiredo aka MiUQ Informática e da Licenciatura em Matemática e Ciências da Linux on a Floppy Computação - pelas quais o 1º Equipa RVTI Departamento é co-responsá- 2º Pedro Quintas aka Kintas vel - são leccionadas em 3º Mário Rebelo aka Zippo ambientes Linux. Se é certo que as licenciaturas em Linux Desktop informática da Universi- 1º Equipa Void dade do Minho são reco- 2º Igor André Pereira Neves aka backblue nhecidas como as melho- 3º Equipa RVTI res a nível nacional, fruto do seu envolvimento com Linux Hack o Linux, a UM tem vindo a 1º Equipa RVTI colocar no mercado de trabalho 2º Pedro Quintas aka Kintas os melhores profissionais também 3º Equipa Void em termos de tecnologias Linux e Open Source de uma maneira geral. Constituição das equipas vencedoras A UM é também ela o ponto de par- tida para iniciativas empresariais recen- RVTI tes na área do Linux. Diversas são as Mário Valente aka Ace empresas fundadas por licenciados Júlio Silva aka zorton desta universidade que se dedicam ou Nuno Simões aka Nbk utilizam quase exclusivamente este Rui Pimenta aka Viper sistema operativo para os seus pro- dutos e serviços nas mais diversas Void áreas. Uma das mais activas, e certa- Hugo Conceição aka sokoot mente uma das mais especializadas Paulo Abrantes aka Ghost na área de Linux - não só no Minho João Ferreira aka Bracaman como a nível nacional - esteve mes- Carlos Dourado aka McBrain mo directamente envolvida na orga- nização do evento. A Eurotux, uma empresa com sede em Braga, foi a entidade responsável por todo o site Universidade do Minho (ver caixa do sente no stand do DI na Minho Cam- web interno e externo do evento, bem GIL). Os elementos da equipa do GIL pus Party. como pela área de rede e pela área prestaram um apoio inestimável não de jogos. só no que diz respeito à realização das OS TORNEIOS actividades da área, como também, e O GIL em especial, no acompanhamento dos Globalmente, a equipa RVTI foi a cla- participantes, procurando resolver as ra vencedora da área Linux, tendo mes- A organização da área de Linux na pequenas dificuldades que inevita- mo alcançado um lugar entre os pri- MCP contou ainda com a colaboração velmente surgiram durante a realiza- meiros classificados em todas as com- do Grupo de Investigação Linux (GIL) ção deste evento. Além da colabora- petições. do Departamento de Informática da ção prestada, o GIL esteve ainda pre- Apesar da presença quase hegemó-

33 VENCEDORES DA ÁREA DE SEGURANÇA

Criptoanálise 1º Uranus aka Nuno Sousa Capture The Flag 1º Equipa Blowfish 1º Equipa Planet Hollywoody nica de computadores com Linux, alguns 3º Equipa Void participantes apresentaram-se também 3º Equipa RVTI com variantes de sistemas operativos BSD - sistemas operativos descenden- Constituição das equipas vencedoras tes directos do Unix - , tais como o FreeBSD e OpenBSD. Além dos concur- Blowfish sos da área Linux, alguns destes parti- João Santos aka Gamblit cipantes envolveram-se ainda em acti- Ivo Alho aka NetGateway vidades na área de Segurança, tendo mesmo uma das equipas obtido o pri- Planet Hollywoody meiro lugar ex-aqueo no torneio de Nuno Morgadinho aka Gotcha Capture The Flag dessa área. Tiago Bilou aka VoRtEx REAL TIME BATTLE RVTI Mário Valente aka Ace O Real Time Battle (RTB) trata-se, como Júlio Silva aka zorton o nome sugere, de um jogo de comba- Nuno Simões aka Nbk te em tempo-real. Neste jogo, um con- Rui Pimenta aka Viper junto de robots programados pelos con- correntes degladiam-se numa arena vir- Void tual procurando a eliminação dos Hugo Conceição aka sokoot adversários. Ganha o último robot sobre- Paulo Abrantes aka Ghost vivente ou o que obtiver a maior pon- João Ferreira aka Bracaman tuação no fim de um pré-determinado Carlos Dourado aka McBrain período de tempo. Este é um jogo em que, mais do que pura sorte, as capacidades de pro- gramação e de noções de estratégia são os ingredientes fundamentais para gramado por Jorge Santiago sob o pseu- e servir conteúdo estático e dinâmico. a chegar à vitória. Mais do que um dónimo de MENiMUS. Este concurso foi ganho pela equipa jogo, o RTB é uma excelente oportu- RVTI, capitaneada por Mário Valente. O nidade para por à prova os conheci- LINUX ON A FLOPPY trabalho submetido pela equipa RVTI mentos em qualquer linguagem de superou todos os requisitos do concurso. programação. O mais furtivo dos robots Neste concurso propôs-se o desen- ou o mais destrutivo pode ser pro- volvimento de uma instalação mínima LINUX DESKTOP gramado na linguagem preferida de do sistema operativo que deveria caber cada concorrente. e arrancar de uma disquete, suportar um O concurso Linux Desktop foi um ape- Este concurso, patrocinado pelo Depar- ambiente de rede e que ainda fosse lo à inspiração, ao espírito criativo e ao tamento de Informática da Universida- capaz de funcionar como um servidor conhecimento do uso de aplicações de de do Minho, foi ganho ao fim de três WWW (protocolo HTTP) suficientemen- manipulação gráfica por parte dos parti- rondas pelo robot Carty Pampus, pro- te completo ao ponto de executar CGIs cipantes da área. Este foi um dos torneios espaço de debate sobre o sistema ope- rativo e sobre o software Open Source de uma maneira geral. O painel de con- vidados contou com a presença de Mário Valente, fundador da Esotérica, Paulo Laureano comentador de informática da SIC e fundador da empresa Mr. Net, e João Neves em representação da ANSOL, a Associação Nacional do Software Livre. A discussão foi de tal forma interes- FOTOS DIREITOS RESERVADOS sante que, ultrapassando o tempo pre- visto para o debate, a maior parte da assistência perdeu a hora de almoço. O debate da área Linux terminou, quase duas horas depois do que estava pro- gramado, e apenas quando se tornou imperativo dar início a uma apresenta- ção da área de Multimédia prevista para depois do período de almoço nesse mes- mo local. Uma iniciativa sem dúvida a repetir numa próxima edição da MCP.

A ÁREA DE SEGURANÇA

Numa altura em que o tema da segu- rança é mais actual do que nunca, a edi- ção da MCP deste ano propôs aos parti- cipantes uma área de interesse espe- cialmente dedicada a estes assuntos. Uma parte substancial dos participantes nesta área estiveram igualmente envol- vidos na área de Linux. A participação nesta área não se restringiu porém à uti- lização de Linux. Na verdade, nenhuma mais descontraídos de todo o evento. os únicos requisitos é que deveria ser um sugestão foi feita aos participantes no Nada pode ser mais subjectivo do que a trabalho original e correr sobre Linux. Entre sentido de utilizarem um dado sistema beleza de uma imagem, mas o desktop outras, a concurso apresentaram-se, curio- operativo em concreto. Como resultado, submetido pela equipa Void tendo como samente, diversos trabalhos que jogavam diversos foram os participantes que se pano de fundo uma fotografia do cená- automaticamente alguns competições onli- apresentaram nos concursos da área com rio em que decorreu a MCP deste ano, ne promovidas por diversos sites nacio- sistemas operativos baseados em BSD, foi no entanto unanimemente aclama- nais. A vitória foi no entanto para um nomeadamente FreeBSD e OpenBSD do como o vencedor deste torneio. pequeno programa escrito em Perl pela (ambos sob licenças Open Source). equipa RVTI que descarregava para o com- Sem qualquer surpresa, dado o cariz LINUX HACK putador as mais recentes tiras de banda técnico dos desafios propostos pela área desenhada do Garfield. Nada mais impor- de Segurança, os participantes na área Se o Linux Desktop foi um dos torneios tante que uma boa gargalhada foi a opi- apresentaram, de uma forma geral, mais descontraídos da área Linux, o Linux nião geral dos participantes no concurso conhecimentos avançados no que diz Hack foi talvez o mais divertido. Aqui a e daí a atribuição deste primeiro prémio. respeito à configuração segura de sis- regra é que não havia regra. Foi pedido temas operativos e serviços. O que sur- aos participantes para apresentarem a O DEBATE preendeu, no entanto, a organização foi concurso a aplicação mais divertida, a mais que, ao contrário do que se poderia inútil ou a mais surreal. Bom, na verdade A área de Linux promoveu ainda um supor, em vez de uma tentativa de ocul- tar as técnicas usadas em concurso, os participantes manifestaram todo o inte- resse em partilhar essa informação. Em especial, como resultado do enorme interesse suscitado pelo torneio de Cap- brar" essa cifra, recuperando o texto lim- ture The Flag, cedo se identificou a neces- po e identificando a chave utilizada. sidade de incluir um espaço de debate Vencia esta competição o primeiro sobre as técnicas usadas pelos vários concorrente que submetesse a solução concorrentes. correcta. Pouco tempo depois do início da competição, com uma diferença de poucos segundos dois concorrentes OS TORNEIOS apresentavam a solução para o desa- fio. O vencedor acabou por ser o con- corrente Nuno Sousa sob o pseudóni- CRIPTOANÁLISE mo de Uranus. Este concurso foi promovido pelo Gru- A Criptografia é a ciência de obscu- po de Lógica e Métodos Formais e patro- recer o conteúdo de uma mensagem, cinado pelo Departamento de Informá- de forma reversível, para garantir a tica da Universidade do Minho. Criptoanálise segurança na comunicação entre dois interlocutores sobre um canal insegu- CAPTURE THE FLAG “O objectivo do concurso foi ro. Esse processo de transformar um o de "quebrar" essa cifra, texto limpo num criptograma denomi- O torneio Capture The Flag (CTF) foi recuperando o texto limpo na-se cifragem. O processo inverso cha- sem dúvida o evento que mais entu- e identificando a chave ma-se decifragem. siasmo suscitou nesta área da MCP. Ape- Na realidade, este concurso não foi sar de este torneio ter constituído uma utilizada. um concurso de Criptografia, mas sim surpresa para a maioria dos partici- Vencia esta competição o um concurso de Criptoanálise, a ciên- pantes - uma vez que foi incluído no primeiro concorrente que cia complementar da Criptografia. De programa da MCP já muito perto da data submetesse a solução facto, a Criptoanálise é a ciência de de início do evento - o sucesso alcan- correcta. Pouco tempo gorar os esforços da Criptografia que- çado foi total, sendo certamente uma depois do início da brando a segurança da cifra. Aos par- iniciativa a repetir. Inspirado no céle- competição, com uma ticipantes neste concurso foi apresen- bre concurso de segurança da Defcon, diferença de poucos tado um criptograma cifrado com a o CTF realizado na MCP 2002 terá pro- segundos dois concorrentes Cifra de Vigenere. Esta cifra foi inven- vavelmente sido o primeiro torneio de apresentavam a solução tada no Século XVI e a sua criptoaná- segurança deste tipo organizado no país. para o desafio. O vencedor lise, complexa para a época em que No CTF da MCP 2002 o objectivo de acabou por ser o foi inventada, está hoje ao alcance de cada equipa era duplo. Por um lado deve- qualquer pessoa com acesso a um com- riam instalar uma máquina com o sis- concorrente Nuno Sousa sob putador e alguns conhecimentos de tema operativo que desejassem e ofe- o pseudónimo de Uranus” programação. recer um conjunto de serviços. Entre O objectivo do concurso foi o de "que- outros, os concorrentes poderiam ofe- recer serviços de base de dados remotos (MySQL), de serviços tem como consequência a exposi- FTP, web estática e dinâmica (PostNuke), cor- ção a maiores riscos de vulnerabilidades: nes- reio electrónico (SMTP) e acesso remoto anó- tas situações os adversários têm também eles nimo. Por outro, os concorrentes deveriam ten- maiores possibilidades de derrotarem a segu- tar explorar vulnerabilidades dos serviços ofe- rança destes serviços obtendo desta forma recidos pelas equipas adversárias. A pontuação pontuação para eles próprios. final obtida seria função dos serviços que con- A competição de CTF da MCP 2002 desenro- seguissem oferecer em condições de segu- lou-se durante 48 horas, ininterruptamente, e rança e das vulnerabilidades que conseguis- nela estiveram envolvidas 10 equipas com- sem detectar nos serviços oferecidos pelas postas em média por três elementos. Esta pri- equipas adversárias. Quantos mais serviços meira edição do CTF de segurança foi uma com- oferecessem maior pontuação conseguiriam petição extremamente renhida: duas equipas alcançar desde que a sua segurança não fos- terminaram o concurso no primeiro lugar; outras se comprometida. Os serviços que as equipas duas terminaram o concurso empatadas nos oferecessem seriam verificados pela organi- lugares imediatos como se pode verificar no zação sem aviso prévio durante o período em quadro de resultados da área. que o concurso se desenrolasse. Relativamente O CTF terminou com um debate improvisa- a esta ementa de serviços propostos pela orga- do entre os participantes durante pequeno- nização, refira-se que nem todos ofereciam o almoço de Domingo, dois dias após o início da mesmo grau de risco e conhecimentos técni- competição. O sentimento foi de se ter parti- cos para uma configuração segura, pelo que a cipado numa verdadeira festa, tendo diversos pontuação atribuída a cada um procurou reflec- participantes expressado a intenção de orga- tir este facto. Como provavelmente será óbvio, nizarem pequenos torneios de forma a pre- a contrapartida de procurar obter uma eleva- pararem-se para a esta competição numa pró- da pontuação oferecendo um grande número xima edição da Minho Campus Party. ■ O Minho voltou à ribalta

António José Coutinho ([email protected] ) Engenheiro de Sistemas e Informática Administrador da Eurotux SA. (www.eurotux.com)

De há dois anos para cá algo mudou na percepção que há a nível nacional sobre a região do Minho no que diz res- FOTOS DIREITOS RESERVADOS peito às tecnologias de informação. Já se sabia que aqui havia boas empre- sas de informática, que a Universidade do Minho tinha excelentes cursos nesta área, e que a região era um pólo impor- tante deste sector. Mas a concorrência é muita, surgem cursos por todo o lado, muito em instituições com muito maior dimensão que a U.M., e não faltam pro- gramas que promovem esta ou aquela terra a "cidade digital" e candidatos a "silicon valley"... Em 2001, no entanto, o Minho recupe- rou de forma inédita a sua posição pioneira na área, com a primeira Minho Campus Party, realizada no Pavilhão de Exposições de Braga. De um momento para o outro os media desceram sobre a cidade, para filmar ou entrevistar as centenas de jovens, que com computador "às costas" vieram viver por uns dias uma experiência de imer- são na nova ciber-cultura. Em 2002 o fenó- meno repetiu-se, agora em Guimarães, e em permanência acesso à Internet e à participante lhe dá. com maior dimensão. O Minho voltou à rede interna nas melhores condições, No que diz respeito à quantidade, os ribalta, e os efeitos não se fizeram sentir, garantir que os servidores de jogos, do números são impressionantes: ao todo, enquanto muitos cursos universitários tive- site interno e de FTP funcionam sempre, para participantes, stands, organização, ram menos este ano menos candidatos, não é tarefa simples, nem aconselhável imprensa, pontos públicos de acesso à os principais cursos de informática da UM para cardíacos. Foi essa a função da Euro- Internet, tivemos de planear mais de viram esse número aumentar, de forma tux na Minho Campus Party 2002 e este 1000 ligações à rede, cada um com o seu até a fazer subir as médias de entrada em é o nosso testemunho sobre esta odis- cabo, e cada um a necessitar de ser liga- mais de 2 valores. Nas reitorias e nos minis- seia informática. do a um switch. Dezenas de switches térios poderão ter muitas teorias para expli- Em 2001 a Eurotux já esteve intima- estiveram ligados entre si com fibra ópti- car o facto, mas quem lá esteve sabe bem mente ligada à MCP, em particular na ca, e deles saiam centenas de cabos de qual a explicação: jovens de todo o país gestão da rede, mas também cá esteve rede. É difícil para quem não viu imagi- querem vir estudar informática para o uma equipa espanhola com larga expe- nar as enormes meadas de cabos de rede Minho, porque aqui é a terra da Minho Cam- riência neste tipo de eventos. Este ano, espalhadas pelo Pavilhão Multiusos de pus Party. Para um observador casual, estes porém, a responsabilidade da rede caiu Guimarães, perfazendo um total de mais eventos podem parecer brincadeiras, mas exclusivamente sobre a nossa empresa, de dez quilómetros. A colocação física uma coisa é certa: durante muitos anos a adicionando-se-lhe ainda a implemen- dos cabos coube à empresa TLCI. região, a sua universidade e as suas empre- tação do site interno e da plataforma de No entanto poder-se-ia argumentar sas vão estar a colher os benefícios das jogos, bem como o acompanhamento que muitas empresas e universidades, Minho Campus Parties. técnico dos mesmos. têm redes com mais postos e mais exten- Participar numa Minho Campus Party A componente de rede é a mais críti- sas. Isto leva-nos ao outro ponto: o tipo é uma experiência única. Isto aplica-se ca numa Campus Party. Há dois aspec- de utilização. Um empresa pode ter mais aos participantes, que vivem dias e noi- tos que tornam o planeamento desta de 1000 computadores ligados à rede, tes seguidos de competições e activida- rede muito mais exigente do que o que mas na sua utilização normal, a maioria des, mas aplica-se ainda mais às pes- seria de esperar numa situação normal, dele usa apenas uma pequena fracção soas que têm que garantir que tudo fun- numa empresa ou instituição: o primei- da capacidade que lhe é disponibiliza- ciona bem, em particular nas componentes ro é quantitativo, tem a ver com a dimen- da. Não é bem essa a situação numa técnicas. Assegurar 24 horas por dia que são da rede; o segundo é qualitativo, tem Minho Campus Party... 750 entusiastas dos computadores, têm a ver com o tipo de utilização que cada Cada participante está lá para tirar o

38 técnicos da Eurotux a andar na penum- bra constante na sala desde o pôr ao nas- cer do Sol, cada um com um computador portátil aberto e ligado nas mãos, diri- gindo-se a um participante qualquer que tinha ficado se rede por um motivo qual- quer. Chegado lá era preciso verificar se o problema era do computador do parti- cipante ou do switch a que estava ligado, e nisto passávamos as horas, dia e noite, quase sem parar, abastecidos por pizzas e hamburgers entregues na própria sala de servidores, pois não dava sequer tem- po para ir almoçar ou jantar. A outra grande componente da nossa actuação na Minho Campus Party 2002 foi a implementação da plataforma de jogos. Se o acesso à Internet e os down- loads rápidos são importantes para os par- ticipantes, os jogos são a alma de qual- quer Campus Party. Tratam-se de jogos por computador, dos mais diversos tipos, maior partido possível da rede, e sabem ram a rede física, a Cisco disponibilizou mas em que o jogador não se debate con- que têm apenas 4 dias para o fazer. E é também centenas de placas de rede wire- tra a própria máquina, mas contra outro precisamente isso que fazem. Seja dia, less e vários pontos de acesso, que per- jogador, através da rede. Em circunstân- noite ou madrugada, aqueles 750 com- mitiram que os participantes que trou- cias normais,os gamers, como se costu- putadores estão sempre a usar no limi- xeram computadores portáteis estives- mam designar, defrontam-se a partir de te a rede a que estão ligados: são down- se permanentemente ligados à rede, sem casa, mas a qualidade do jogo depende loads do exterior ou do servidor interno cabos, com plena liberdade de movi- da rapidez com que os pacotes de dados de FTP; são transferências de ficheiros mentos. viajam desde um computador até outro, gigantescos entre os próprios computa- Além da preparação prévia da rede, há ou até um servidor alojado num dos pro- dores dos participantes, são os próprios outra tarefa hercúlea: à medida que os vedores de acesso. Dependendo do tipo jogos em rede. Não deve haver muitas participantes vão chegando, numa longa de ligação esses tempos, designados por empresas em Portugal que tenham num fila de carrinhos carregados de computa- "ping time" podem variar desde as cen- ano o tráfego de rede interna que a Minho dores, é necessário garantir que eles con- tenas de milissegundos, caso das ligações Campus Party têm em 4 dias. seguem ligar as suas máquinas à rede. por modem analógico, às dezenas no caso Estes dois factores fazem com que a Alguns não têm placa de rede e é preci- de RDIS, cabo ou ADSL. rede deste evento precise de um pla- so abrir o computador para instalar uma; Numa rede local como a da Minho Cam- neamento muito cuidado e específico, e outros têm placas de rede antigas ou que pus Party esses pings andam na casa das de equipamento que raramente se vê não funcionam bem com o equipamen- unidades, o que proporciona uma grande fora das maiores empresas de teleco- to de última geração ao qual vão ser liga- qualidade de jogo. Além da qualidade da municações. O equipamento de rede foi dos; noutros casos as placas funcionam rede, a Campus Party proporciona aos joga- emprestado pelo maior patrocinador do de forma errática. Depois há participan- dores algo que raramente encontram nou- evento, a Cisco Systems, e era de tal modo tes que mudam as configurações do seu tros lados: a possibilidade de jogar com valioso que foi difícil arranjar companhia computador durante o evento, deixando centenas de outros gamers e a de se encon- de seguros disposta a segurá-lo nos dias de ter ligação; há também os que tentam trarem pessoalmente, uma vez que estão anteriores à Campus Party, quando este- fazer operações não permitidas e que só na mesma sala e não fechados nos seus ve nas nossas instalações para ser con- conseguem que os switches desactivem quartos sem contacto com ninguém a não figurado, pelo departamento técnico da as portas a que estão ligados. Com tudo ser pela Internet, que é a sua situação nor- Eurotux, com o apoio da própria Cisco. isto, uma das imagens mais vívidas que mal. Para muitos jogadores que há anos Além dos routers e switches que servi- me ficou da Minho Campus Party é a dos se defrontam quotidianamente a partir das

39 suas casas, esta é a oportunidade de final- tes, é o carácter "em directo e ao vivo" mente se conhecerem no mundo real. de toda a intervenção. É normal para os A plataforma de jogos tem duas com- técnicos e para os programadores terem ponentes fundamentais e inter-ligadas: a prazos apertados a cumprir, é normal ter primeira trata das inscrições dos jogado- que se fazer grandes esforços para evitar res em cada jogo, o escalonamento de atrasos, é normal que ocorram bugs nos jogos e o tratamento dos resultados; a programas que se têm de corrigir o mais outra componente, mais técnica, consis- depressa possível... O que não é tão vul- te no lançamento, em computadores devi- gar, mas ocorre na Minho Campus Party, damente preparados, de servidores para é ter 750 "clientes" a olhar para nós, à os jogos, que servem de arena onde decor- espera que o problema seja resolvido, rem as competições oficiais. Também nes- sentir a pressão da situação, em que nada ta área o grande desafio de uma Minho pode falhar e em que qualquer inciden- Campus Party são as quantidades envol- te tem que ser resolvido imediatamente, vidas: só na competição de Quake III havia seja manhã tarde ou madrugada, sem 129 inscritos. parar, durante quatro dias. As primeiras rondas de eliminação Para a Eurotux é um privilégio estar obrigaram a lançar 8 servidores em associada à realização da Minho Campus simultâneo, em 8 computadores dife- Party, não só pela sensação de assim con- rentes, tendo cada um cerca de 16 joga- tribuir para a continua afirmação do Minho dores ao mesmo tempo. Isto repetiu-se como pólo de excelência e inovação na 4 vezes numa tarde, ao fim da qual se área das tecnologias de informação, como tinham realizado 32 jogos e recolhido pela imensa "experiência de combate" mais de 400 resultados individuais. E que este desafio nos proporciona. Costu- logo a seguir há que fazer o mesmo mamos dizer entre nós que se sobrevi- para o Unreal e para outras variantes vemos a duas Campus Parties, já nada de jogos, cada uma com os seus adep- nos pode impressionar muito. Às vezes tos e regras específicas. penso com preocupação num técnico que Apesar da complexidade da infra-estru- está a resolver um problema difícil num tura de rede e do software envolvido, o cliente complicado, mas depois acalmo- grande desafio para quem assegura a me. É um veterano da Campus, de certe- ■ A plataforma de jogos tem componente técnica de um evento des- za que vai correr tudo bem. duas componentes fundamentais e inter- ligadas: a primeira trata das inscrições dos jogadores em cada jogo, o escalonamento de jogos e o tratamento dos resultados; a outra componente, mais técnica, consiste no lançamento, em computadores devidamente preparados, de servidores para os jogos, que servem de arena onde decorrem as competições oficiais. Também nesta área o grande desafio de uma Minho Campus Party são as quantidades envolvidas: só na competição de Quake III havia 129 inscritos.

40 41 FOTO ENTRETEXTOS/HDF