Revista Cig Nº 84

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Revista Cig Nº 84 84 TEMAS E NOTÍCIAS DA CIDADANIA E DA IGUALDADE DE GÉNERO OUTUBRO 2010 « A REPÚBLICA, MINHAS SENHORAS, NÃO SENDO UMA FORMA DE GOVERNO NOVA, NEM PERFEITA – PORQUE NÃO HÁ NADA QUE EM ABSOLUTO O SEJA – É NO ENTANTO MAIS LÓGICA, MAIS COMPREENSÍVEL À NOSSA INTELIGÊNCIA E MAIS TOLERÁVEL À NOSSA RAZÃO, DANDO-NOS TAMBÉM MAIS GARANTIAS DE PROGRESSO. » ANA DE CASTRO OSÓRIO NA FUNDAÇÃO DA LIGA REPUBLICANA DAS MULHERES PORTUGUESAS AS MULHERES E A REPÚBLICA JUNTOS POR UMA SOCIEDADE PARA TODOS CIG NOTÍCIAS | 84 | OUTUBRO 2010 3 nesta edição tema de capa As Mulheres e a República 84 TEMAS E NOTÍCIAS DA CIDADANIA E DA IGUALDADE DE GÉNERO OUTUBRO 2010 A República revelou-se também uma aspiração feminina e contou com mulheres que se bateram pelos seus ideais antes e depois do 5 de Outubro, associando o combate político às suas próprias reivindicações. Pensaram, debateram, denunciaram, organizaram-se, actuaram, peticionaram, apresentaram soluções. Estiveram na rua pela República, sem abdicarem 10 da obtenção de direitos para as mulheres portuguesas. Saudaram as Ao comemorar o Centenário da A REPÚBLICA, MINHAS “ SENHORAS, NÃO SENDO medidas do Governo Provisório, rejubilaram com o simbolismo do República deve dar-se visibilidade UMA FORMA DE GOVERNO NOVA, NEM PERFEITA – PORQUE NÃO HÁ NADA QUE EM ABSOLUTO O SEJA – voto solitário de Carolina Beatriz Ângelo, emocionaram--se na abertura às feministas republicanas do Con- É NO ENTANTO MAIS LÓGICA, MAIS COMPREENSÍVEL À NOSSA INTELIGÊNCIA E MAIS TOLERÁVEL À da Assembleia Nacional Constituinte, censuraram o oportunismo e selho Nacional das Mulheres Por- NOSSA RAZÃO, DANDO-NOS TAMBÉM MAIS GARANTIAS DE PROGRESSO. refutaram as incursões monárquicas, denunciaram as ditaduras e foram ANA DE CASTRO ”OSÓRIO tuguesas. O CNMP tinha um pro- NA FUNDAÇÃO DA LIGA REPUBLICANA DAS MULHERES PORTUGUESAS solidárias com os presos e deportados políticos. Reivindicaram-se como grama muito abrangente e queria cidadãs entre cidadãos, reclamaram o voto, a instrução, salário igual para federar as associações que se ocu- trabalho igual e a revisão do Código Civil. pam de «coordenar, dirigir e esti- mular todos os esforços tendentes na capa: composição gráfica incluindo um postal ilustrado da época (colecção particular) à dignificação e a emancipação das AS MULHERES E A REPÚBLICA reproduzido no catálogo Percursos, Conquistas e Derrotas das Mulheres na 1ª República mulheres». 4 28 Editorial Autarquias Sara Falcão Casaca Igualdade na diversidade João Paiva e Rita Paulos PROPRIEDADE E EDIÇÃO 5 30 COMISSÃO A CIG prossegue o esforço de com- Mensagem da SEI 29 bate à violência doméstica. Dá-se PARA A CIDADANIA Elza Pais Casa Eco Criativa notícia, nesta edição, do programa E IGUALDADE Joana Marteleira SEM Violência Familiar, dos resulta- DE GÉNERO 7 dos do concurso Pensar os Afectos, Homicídio Conjugal 30 Viver em Igualdade e da terapia ino- Elza Pais Programa vadora disponível, na Região Norte, DIRECTORA SEM Violência Familiar para mulheres vítimas de violência na intimidade. SARA FALCÃO CASACA 8 Marta Silva Mulheres e água COORDENAÇÃO Sara Falcão Casaca 31 Pensar os Afectos, ANA BORGES 10 Viver em Igualdade PAULA BRITO Mulheres e República Marta Silva João Esteves GRAFISMO 32 3 CORES 14 Terapia inovadora O Conselho Nacional para mulheres vítimas das Mulheres Portuguesas de violência na intimidade IMPRESSÃO Anne Cova Susana Mota SIG 34 TIRAGEM 19 33 Assinalam-se progressos na repre- sentação das mulheres nos média. 4000 EXEMPLARES Exposição: Percursos, Pobreza no feminino conquistas e derrotas O número de mulheres jornalistas DEPÓSITO LEGAL Teresa Pinto 34 está a aumentar e as notícias fei- 87764/95 Notícias ainda tratam tas por mulheres tendem para um retrato mais equilibrado. Aqui se ISSN 20 homens e mulheres dá conta das conclusões do Global 0871-3316 O levantar do véu de forma desigual Media Monitoring Project. Ana Borges Maria João Silveirinha 22 36 A responsabilidade dos média Conselho Consultivo da CIG Clara Guerra Santos – Secção Interministerial 23 Marinha Portuguesa Mudança de sexo e de nome 38 Odete Maia Conselho Consultivo da CIG – Secção ONG 24 ILGA Portugal Consolidar dinâmicas APF 36 e lançar novas redes Amnistia Internacional O Conselho Consultivo da CIG é um Teresa Alvarez MDM órgão de apoio à tomada de deci- AV. DA REPÚBLICA, 32 - 1.º 1050-093 LISBOA Rede são no âmbito do esforço nacional TELEFONE: 217 983 000 26 AJPaz pela Igualdade e não discrimina- R. FERREIRA BORGES. 69 - 2.º C Educação, Género e Cidadania MARP ção. Integra uma Secção Intermi- JUNTOS POR UMA SOCIEDADE 4050-253 PORTO Teresa Pinto nisterial e uma Secção ONG. Neste TELEFONE: 222 074 370 número, um artigo sobre as mulhe- EMAIL: [email protected] 50 PARA TODOS res militares da Marinha Portugue- URL: www.cig.gov.pt 27 O modelo de Duluth sa bem como balanços breves da Desafiar a indiferença e a realidade portuguesa acção recente de sete ONG. Isabel Elias e Vitor Almeida Celina Manita 4 editorial CIG NOTÍCIAS | 84 | OUTUBRO 2010 Sara Falcão Casaca | Presidente da CIG Recordar o papel das Mulheres no centenário da República o ano em que o país co- ao voto incumbia apenas aos «chefes de família do sexo masculi- Nmemora o centenário da no» (1913). Assim se defraudavam as expectativas das mulheres implantação da República, este republicanas e a sua «legítima aspiração» de cidadania (mesmo número do Notícias procura no contexto das reivindicações mais moderadas). Como bem elu- prestar homenagem às Mulhe- cida o artigo de Anne Cova, as mulheres viriam a persistir na luta res que pugnaram pelos ideais pela igualdade efectiva de direitos, por uma sociedade republica- republicanos e neles confiaram na e democrática onde fossem reconhecidas como «cidadãs entre a conquista dos seus próprios cidadãos». direitos civis, políticos e so- ciais. Nas palavras aqui trazidas uas exposições procuram, em 2010, dar visibilidade a este pelo historiador João Esteves, Dpercurso. Recentemente, em Outubro, foi inaugurada a a República revelou-se também uma aspiração feminina, onde exposição Percursos, Conquistas e Derrotas das Mulheres na I se reivindicou o direito ao sufrágio e à cidadania, à instrução, República (Biblioteca do Museu República e Resistência), que ao salário igual para trabalho igual, à melhoria das condições aqui nos é apresentada pela respectiva Comissária, Teresa Pin- de vida, à protecção da maternidade e à revisão do código civil to. A norte, há a destacar a exposição Carolina Beatriz Ângelo, de 1867 (à luz do qual, por exemplo, a mulher casada estava Intersecções dos Sentidos, Palavras, Actos e Imagens, patente no obrigada a prestar obediência ao marido, não estando autoriza- Museu da Guarda. De notar ainda que, por todo o país, organi- da, sem o consentimento dele, a administrar, adquirir ou alienar zações não governamentais – e designadamente as organizações bens). Adelaide Cabete, Ana de Castro Osório, Carolina Beatriz não governamentais que integram o conselho consultivo da CIG Ângelo e Maria Veleda [ordenação alfabética] são nomes que, e intervêm no domínio dos direitos das mulheres –, assim como embora longe de esgotar as vozes e as intervenções republicanas investigadores e investigadoras, peritos e peritas em igualdade de e feministas da primeira vaga, se destacam como referências in- género, têm evocado o contributo das Mulheres na I República, contornáveis de um período em que, individual e colectivamen- tanto do ponto de vista político como social, consagrando-o de- te, se reclamaram medidas para alterar a «situação deprimente» vidamente na nossa memória colectiva. (palavras de Carolina Beatriz Ângelo), de subalternidade, vivida De sublinhar, por fim, o papel da CCF/CIDM/CIG, aqui re- pelas portuguesas. É conhecido o seu papel enquanto fundadoras cordado por Ana Borges, de publicação de estudos sobre o tema, da mais influente organização feminista da época – a Liga Repu- além da notável recuperação de um passado feminino e femi- blicana das Mulheres Portuguesas (1909), pese embora as conse- nista, expresso num acervo bibliográfico (Núcleo Reservados) quentes divergências quanto a matérias como a abrangência do superior a duas mil obras, incluindo de mulheres republicanas. sufrágio ou o lugar da religião. Mulheres cujo nome aguardamos No resgate da memória de lutas passadas e das suas prota- em todos os compêndios e manuais que retratem este período da gonistas, compreendemos melhor as conquistas alcançadas, mas História. «A República é, pois, também um pouco obra nossa, a eleva-se também o sentido de responsabilidade perante os desa- nossa filha – não o esqueçamos. Por isso, o seu triunfo é o nosso fios do presente… triunfo, a sua alegria a nossa glória também» (Ana de Castro «Eis o motivo porque eu, como mulher e como feminista, Osório). aceito a política como arma de libertação e desejo que a mu- As leis do Divórcio e da Família, introduzidas em 1910, após lher, ao entrar nela, não vá para o campo mesquinho dos in- o triunfo da República, estabeleceram o princípio da liberdade teresses pessoais, mas para o largo horizonte das reformas so- e da igualdade entre os cônjuges (sociedade conjugal), tendo-se ciais.» (Discurso de Ana de Castro Osório na sessão fundadora concretizado a revisão do código civil e a supressão do princípio da Liga Republicana das Mulheres Portuguesas, 28/08/1908 do dever de obediência da mulher (embora se tivesse mantido a cit. in João Esteves, Mulheres e Republicanismo, 1908-1928 administração dos bens pelo marido). A I República não con- CIG, Colecção Fio de Ariana, 2008, pág. 68.) cedeu, porém, o sufrá- gio às mulheres, tendo mesmo, após o voto de Carolina Beatriz Ângelo (1911) – cujo estatuto se ajustava à Lei, por ser viúva e chefe de família –, cla- rificado que o direito CIGmensagem NOTÍCIAS | 84 | OUTUBRO 2010 5 Elza Pais | Secretária de Estado da Igualdade A Igualdade neste milénio* á precisamente quinze anos, 9. Direitos Humanos. Os direitos são efectivamente humanos se Hem 1995, realizou-se em Pe- igualmente considerados para homens e para mulheres.
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