Diagnóstico Social do Concelho de Alenquer

Diagnóstico Social do Concelho de Alenquer

Conselho Local de Acção Social de Alenquer

Data do Diagnóstico: Setembro de 2006

Contactos: Rede Social de Alenquer Calçada Francisco Carmo, n.º33 Casa da Torre 2580-306 Alenquer Telef: 263730903 Fax: 263733334 e-mail:[email protected]

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Èndice

Pág.

1. - Sumário Executivo...... 1

2. - O Programa Rede Social...... 5

2.1. - O Programa Rede Social em Alenquer...... 7

3. - Opções Metodológicas...... 10

3.1.- O Diagnóstico Social em Alenquer...... 12

4.- Enquadramento Geo-Demográfico...... 21

5.- Análise de Problemáticas...... 32

5.1.- Deficiência...... 33

5.2.- Famílias em Risco...... 46

5.3.- Formação e Emprego...... 56

5.4.- Infância e Juventude...... 79

5.5.- Idosos...... 92

5.6.- Multiculturalidade...... 111

5.7.- Saúde...... 121

6.- Do Diagnóstico ao Plano de Desenvolvimento Social...... 128

7.- Notas Finais...... 131

8.- Bibliografia...... 132

ANEXOS

- Anexo 1- Composição do Conselho Local de Acção Social de Alenquer

- Anexo 2- Composição do Núcleo Executivo da Rede Social de Alenquer

- Anexo 3 - Mapa de Causas

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Èndice de Quadros

Pág.

Quadro 1.- População residente no concelho por freguesia...... 24

Quadro 2.- Densidade populacional por freguesia (hab./Km2)...... 25

Quadro 3.- Taxas de Natalidade, Mortalidade e Crescimento Natural...... 27

Quadro 4.- Indicadores Demográficos por unidade territorial...... 27

Quadro 5.- População residente, segundo as migrações por concelho de residência habitual em 12/03/01...... 29

Quadro 6.- População residente, por Grupos Etários...... 30

Quadro 7.- População residente em Alenquer segundo o tipo de deficiência e sexo...... 33

Quadro 8.- População com deficiência por escalões etários...... 34

Quadro 9.- População portadora de deficiência por freguesia...... 35

Quadro 10.- População portadora de deficiência segundo o Grau de Incapacidade...... 35

Quadro 11.- População residente deficiente, com 15 ou mais anos, segundo o tipo de deficiência, por condição perante a actividade económica.... 39

Quadro 12.- População residente deficiente, com 15 ou mais anos, segundo o tipo de deficiência, por principal meio de vida...... 40

Quadro 13.- Crianças acompanhadas pela CPCJ de Alenquer por Sexo e Idade... 50

Quadro 14.- Processos em acompanhamento pela CPCJ de Alenquer por Freguesia...... 51

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Quadro 15.- Estrutura de ensino no concelho...... 57

Quadro 16.- Taxa de Analfabetismo na região Oeste...... 58

Quadro 17.- Rede de Cursos de Educação Extra-Escolar (2004/05)...... 60

Quadro 18.- Número de pessoas em lista de espera para cursos de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências...... 61

Quadro 19.- População escolar do ensino profissional (2002/05)...... 63

Quadro 20.- Centro de Formação do Carregado œ Cursos leccionados e número de formandos (2004/05)...... 64

Quadro 21.- Desemprego registado por freguesia...... 67

Quadro 22.- População desempregada por Grupos Etários e Sexo...... 68

Quadro 23.- Habilitações literárias dos desempregados por freguesia (%)...... 69

Quadro 24.- Taxa de Desemprego em 1991 e 2001...... 70

Quadro 25.- Equipamentos para Actividades de Tempos Livres no concelho de Alenquer (2005/06)...... 81

Quadro 26.- Dados relativos ao Abandono Escolar (2003/2004) ...... 83

Quadro 27.- Estrutura Etária da População residente por freguesia...... 93

Quadro 28.- Evolução dos Èndices de Dependência (1960-2001)...... 95

Quadro 29.- Èndices de Dependência por Freguesia...... 96

Quadro 30.- Evolução do Èndice de Envelhecimento...... 97

Quadro 31.- Èndice de Envelhecimento (2001)...... 97

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Quadro 32.- Listas de espera para a valência de Lar...... 101

Quadro 33.- Equipamentos das IPSS‘s para a terceira idade...... 102

Quadro 34.- População residente, com mais de 65 anos, em lugares com menos de 100 habitantes, por freguesia e por sexo...... 105

Quadro 35.- Programa de Cuidados Continuados de Saúde - Principais doenças...... 107

Quadro 36.- População imigrante residente no concelho (relativamente a 31/12/1999)...... 111

Quadro 37.- Número de Médicos por Centro de Saúde e Extensões...... 124

Quadro 38.- Número utentes sem médico de família...... 124

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Èndice de Fotografias

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Foto. 1 - Sessão de Apresentação do Programa Rede Social em Alenquer...... 7

Foto. 2 - Formação em —Planeamento Estratégico de Base Territorial“...... 13

Foto. 3 œ Workshop participativo de Diagnóstico Social...... 14

Foto. 4 œ Workshop participativo de Diagnóstico Social - identificação dos problemas...... 14

Foto. 5, 6, 7 e 8 œ Workshop participativo de Diagnóstico Social - Pontuação dos problemas...... 15

Foto. 9 œ Workshop participativo de Diagnóstico Social Agrupamento dos problemas em áreas...... 16

Foto. 10 œ Grupo de Trabalho —Famílias em Risco“...... 46

Foto. 11 œ Grupo de Trabalho —Formação e Emprego“...... 56

Foto. 12 œ Grupo de Trabalho —Idosos“...... 98

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Èndice de Gráficos

Pág.

Gráfico 1.- Modelo de Einsenhower...... 19

Gráfico 2.- Peso percentual das freguesias do concelho...... 26

Gráfico 3.- Evolução da população residente no concelho de Alenquer...... 30

Gráfico 4.- População portadora de Deficiência (%)...... 34

Gráfico 5.- Evolução do número de alunos a frequentar o Ensino Recorrente...... 59

Gráfico 6.- Evolução do Abandono Escolar (2º e 3º Ciclos do Ensino Básico)...... 84

Èndice de Mapas

Pág.

Mapa 1.- Localização geográfica do concelho de Alenquer...... 21

Mapa 2.- Localização geográfica das freguesias do concelho...... 22

Mapa 3.- Acessibilidades a nível concelhio...... 23

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1. Sumário Executivo

O presente Diagnóstico Social é realizado no âmbito do Programa Rede Social, criado através da Resolução de Conselho de Ministros n.º 197/97 de 18 de Novembro e regulamentado pelo Decreto-Lei n.º 115/2006 de 14 de Junho. Este Programa está em implementação no concelho de Alenquer desde Janeiro de 2005, possuindo como objectivos principais o combate à pobreza e à exclusão social e a promoção do desenvolvimento social local.

Para além de um requisito essencial do próprio Programa, o Diagnóstico Social que aqui se apresenta constitui uma fase bastante importante na medida em que permite obter um conhecimento aprofundado sobre a realidade concelhia, apresentando-se como um importante instrumento de planeamento, funcional e com utilidade prática no local, servindo de apoio a todos os parceiros do Conselho Local de Acção Social de Alenquer e a todas as entidades que trabalham na área social no concelho.

Não constituindo um produto acabado, é um documento que se encontra antes em constante actualização, dado que a realidade que retrata também não é estanque e vai sofrendo transformações de vários níveis. Como tal, pretende-se que o Diagnóstico Social, ambicionando ser um retrato o mais fiel possível do concelho de modo a garantir uma adequabilidade das acções a desenvolver às necessidades locais, acompanhe as transformações do mesmo.

A este processo não pode ser alheio o contributo e a participação de todos os que detêm as competências e um papel importante na resolução dos problemas identificados, bem como a responsabilidade na definição de políticas que possam contribuir para a promoção do desenvolvimento social local.

O Diagnóstico Social deve assim permitir, sempre que possível, a integração de novos dados, informações e ajustes derivados das relações de interdependências que se estabeleçam a partir de dados disponíveis e de novos dados que se vão obtendo.

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Saliente-se que este documento mantém uma estrita ligação com o anteriormente produzido pela Rede Social de Alenquer, o Pré-Diagnóstico Social, aprovado pelo Conselho Local de Acção Social de Alenquer (CLASA) a 20 de Julho de 2005, na medida em que o primeiro constitui uma recolha de dados essencialmente estatísticos sobre o concelho por áreas temáticas, complementados por um conjunto de entrevistas exploratórias a interlocutores privilegiados nas diferentes áreas que aborda. Já o presente documento pretende superar uma análise sectorializada dos problemas, analisando-os numa perspectiva mais abrangente, pois como é sabido os problemas são multidimensionais, tocando várias áreas. Podemos encontrar uma identificação clara de quais os principais problemas que se verificam no concelho de Alenquer, sentidos por agentes de intervenção social local nas mais diversas áreas que foram chamados a participar no processo de Diagnóstico Social, e a análise destes mesmos problemas, chamando-se a atenção para os recursos existentes que permitem a resolução dos mesmos, as oportunidades que poderão de alguma forma ser aproveitadas para que estes problemas deixem de se verificar ou se atenuem, e os factores que podem dificultar a resolução dos problemas.

A identificação das causas dos problemas foi também uma fase crucial neste processo, na medida em que só sabendo o que está por detrás da existência dos problemas é possível planear formas eficazes que permitam a resolução dos mesmos.

—Idosos“, —Deficiência“, —Infância e Juventude“, —Multiculturalidade“, —Saúde“, —Formação e Emprego“ e —Famílias em Risco“ foram as problemáticas identificadas, que emergiram de diversos problemas identificados pelos parceiros locais, os quais foram priorizados de acordo com os critérios Importância e Urgência de intervenção, tendo como objectivo a resolução ou minimização dos problemas. Assim, serão os problemas identificados como sendo simultaneamente os mais urgentes e os mais importantes que serão merecedores de uma atenção especial no âmbito do trabalho a desenvolver em futuro Plano de Desenvolvimento Social.

Sucintamente, as prioridades identificadas dentro de cada uma das problemáticas são as seguintes:

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Deficiência : 1º - Existência de população portadora de deficiência sem colocação em instituição de educação especial e reabilitação; 2º - Dificuldades de sinalização precoce de algumas deficiências; 3º - Insuficiência de equipas multidisciplinares para a intervenção precoce; 4º - Insuficiência de formação profissional; 5º - Dificuldades de acesso ao mercado de trabalho; 6º - Dificuldades nas acessibilidades; 7º - Canais insuficientes de informação.

Famílias em 1º - Famílias em situação de pobreza extrema; Risco: 2º - Existência de famílias que vivem em más condições de habilidade; 3º - Violência Doméstica; 4º - Falta de equipamentos de apoio a crianças em risco; 5º - Elevada taxa de desemprego.

Formação e 1º - Baixa escolaridade/formação; Emprego: 2º - Falta de alternativas de ensino/formação para jovens fora da escolaridade obrigatória e sem aproveitamento no 6º ano de escolaridade; 3º - Elevada taxa de desemprego; 4º - Rede de transportes insuficiente; 5º - Falta de escolas profissionais, 6º - Pouco investimento empresarial no alto concelho.

Infância e 1º - Carência de respostas para a primeira infância; Juventude: 2º - Falta de actividades de ocupação de tempos livres para crianças e jovens, particularmente no alto concelho; 3º - Abandono escolar; 4º - Degradação física do parque escolar; 5º - Horário das escolas não compatível com o dos pais.

Idosos: 1º - Abandono de idosos por parte das famílias; 2º - Poucas respostas para idosos; 3º - Idosos em situação de isolamento.

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Multiculturalidade: 1º - Dificuldades de legalização de estrangeiros; 2º - Falta de um Centro Local de Apoio ao Imigrante; 3º - Existência de crianças descendentes de imigrantes que ficam sem supervisão dos pais em determinados períodos, 4º - Elevada mobilidade da população imigrante; 5º - Dificuldades com a língua.

Saúde: 1º - Consumo excessivo de álcool; 2º - Consumo de drogas ilícitas cada vez mais elevado; 3º - Falta de médicos (estado); 4º - Falta de respostas tipo hospital de retaguarda.

Na medida em que a identificação destes problemas resulta de uma sensibilidade dos parceiros nos vários momentos de trabalho, tentou-se ao longo do Diagnóstico Social sistematizar um conjunto de informações que permitam de alguma forma confirmar a existência destes problemas a nível concelhio. Para além de conter alguma informação já presente no documento de Pré-Diagnóstico Social, foi feito um esforço no sentido actualizar alguns dados.

Podemos ainda encontrar neste documento pistas para momentos de trabalho futuros, nomeadamente a priorização dos problemas identificados, que foi realizada de uma forma conjunta pelas entidades concelhias (parceiros ou não do CLASA) que aceitaram colaborar neste processo, tornando-o um instrumento dinâmico, resultado do trabalho de participação e co-responsabilidade de diversas entidades.

A eles se deve este documento, deixando-se um agradecimento especial ao esforço feito por todos para estar presentes nas várias etapas deste processo, e com os quais se espera poder continuar a contar nas fases seguintes de implementação do Programa no concelho, para que se possa levar este processo a bom porto, permitindo a realização dos seus objectivos fundamentais, mediante a colaboração activa dos parceiros locais, pretendendo-se que a Rede Social constitua uma prova efectiva de que o trabalho em parceria é o caminho a seguir para um concelho onde todas as forças vivas têm um papel decisivo nas opções estratégicas para o futuro.

Agradecemos assim a todas as entidades que, directa ou indirectamente, contribuíram e tornaram possível a construção do Diagnóstico Social de Alenquer.

O Núcleo Executivo da Rede Social de Alenquer

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2. O Programa Rede Social

Presentemente uma das grandes preocupações que pautam a actuação em termos de políticas de intervenção social gira em torno de questões relacionadas com a melhoria das condições de vida dos grupos sociais mais atingidos pelos fenómenos da pobreza e exclusão social. Neste sentido, têm sido implementadas por toda a Europa políticas sociais activas com vista à realização destes objectivos, surgindo em o Programa da Rede Social justamente num contexto político em que se afirmam tendências de descentralização e territorialização no combate à exclusão social, pretendendo-se uma maior responsabilização e mobilização do conjunto da sociedade para o esforço de erradicação da pobreza e da exclusão social e para a promoção do desenvolvimento social local.

A Rede Social de Alenquer apresenta-se assim como uma medida de política social que procura tornar mais eficaz a intervenção social dos agentes concelhios (entidades públicas e privadas que desempenham a sua actividade profissional numa mesma unidade territorial) na aplicação de programas e medidas de combate à pobreza e exclusão social. Pretende-se o desenvolvimento de uma parceria efectiva e dinâmica (Conselho Local de Acção Social) que permita uma articulação da intervenção social dos diferentes agentes locais, a promoção de um planeamento integrado e sistemático, potenciando sinergias, competências e recursos a nível local de modo a garantir uma maior articulação e eficácia do conjunto de respostas sociais no concelho e freguesias.

Com a adopção deste Programa, pretende-se essencialmente fomentar a formação de uma consciência colectiva dos problemas sociais locais e contribuir para a activação dos meios e agentes de resposta e para a optimização possível dos meios de acção nos locais. O local passa a ser o meio privilegiado de acção, pois só actuando próximo das populações e com as populações, será possível criar condições efectivas de desenvolvimento. No trabalho social, a Rede Social permite o aumento da qualidade da intervenção social, ao suscitar a afirmação de parcerias alargadas, construídas de acordo com objectivos e estratégias de intervenção, bem como contribuir para a mobilização dos recursos institucionais e das comunidades.

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No âmbito do Programa Rede Social, as parcerias são definidas como uma —dinâmica de funcionamento e intervenção, cooperativa e negociada, entre entidades públicas e privadas e outros actores locais, com objectivo de potenciar o desenvolvimento local“ (...) esta forma de funcionamento em que a tomada de decisão é assumida como um compromisso colectivo, permite uma racionalização das intervenções, reduzindo custos e riscos e promovendo trocas de experiências, de conhecimentos e de saberes.“1

Verifica-se que a constituição de parcerias se apresenta, na maior parte dos casos, como um processo bastante moroso, implicando disponibilidade da parte das pessoas envolvidas, que nem sempre se encontram motivadas perante as dificuldades inerentes a um processo de planeamento. Por outro lado, dado se ter tornado prática quase comum a constituição de parcerias para os vários projectos desenvolvidos, estas começam-se a verificar em número elevado, envolvendo quase sempre as mesmas entidades, o que poderá também conduzir a uma saturação neste sentido.

No entanto, a Rede Social não pretende ser apenas —mais uma parceria“, mas sim uma grande parceria integradora das diferentes parcerias que já funcionam a nível dos concelhos, assim como do trabalho individualizado de algumas instituições, de forma a se poder desenvolver uma dinâmica de planeamento e resolver os casos sinalizados, numa intervenção coordenada, inter-institucional, optimizando recursos, equipamentos, etc., o que as instituições isoladamente não seriam capazes de fazer. Esta coordenação torna-se fundamental, pois muitas vezes assiste-se a uma sobreposição de intervenções com vista à resolução de um mesmo problema. Assim, a partir de um Diagnóstico dinâmico e participado, associando os diversos parceiros, quer públicos, quer privados, deixa de ter sentido a implementação de uma multiplicidade de projectos isolados, sem coordenação e sem que haja uma sinergia de esforços.

Em síntese, pode-se referir que a aposta inovadora deste Programa tem sido a de fomentar processos territorializados de planeamento estratégico aplicados à área social, tendo em vista uma acção colectiva transformadora, capaz de encontrar soluções à medida dos problemas e necessidades locais, incentivando a participação

1 NCLEO DA REDE SOCIAL, Plano de Desenvolvimento Social, Lisboa, Instituto de Solidariedade e Segurança Social, 2003, p. 72.

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da comunidade e potenciando a articulação das medidas de política existentes de âmbito nacional.

2.1. - O Programa Rede Social em Alenquer

O processo de implementação do Programa Rede Social em Alenquer iniciou com uma sessão de esclarecimento com o objectivo de dar a conhecer o mesmo aos potenciais parceiros concelhios. Esta sessão foi realizada no dia 15 de Fevereiro de 2005, no Fórum Romeira, tendo contado com a presença de cerca de 50 convidados, de entre os quais constaram Juntas de Freguesia, IPSS‘s, Agrupamentos de Escolas, Associações de Pais, entre outras entidades do concelho.

Foto 1. œ Sessão de Apresentação do Programa Rede Social em Alenquer

A abertura da reunião esteve a cargo do Sr. Presidente da Câmara Municipal e do Sr. Vereador do Pelouro da Acção Social e a condução dos trabalhos foi da responsabilidade de um representante do Instituto de Segurança Social, que elucidou os presentes sobre a Rede Social, os seus objectivos e a sua implementação faseada.

Nesta reunião foi eleito um Núcleo Dinamizador que se propôs preparar a sessão de constituição do Conselho Local de Acção Social (CLAS), bem como criar as condições necessárias para a elaboração do Regulamento Interno do CLAS dada a necessidade de se estabelecerem regras de funcionamento e de organização deste órgão.

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O Conselho Local de Acção Social de Alenquer (CLASA) foi constituído em sessão de plenário, no dia 21 de Março de 2005, sendo composto actualmente por 32 entidades, públicas e privadas2 e presidido pelo Sr. Vereador do Pelouro da Acção Social da Câmara Municipal de Alenquer. Nesta data foi eleito também o Núcleo Executivo, que é a modalidade restrita do CLASA, sendo um grupo operativo da Rede Social, cujas funções são essencialmente a dinamização da parceria e a realização do trabalho técnico de suporte a todo o processo. Este grupo é constituído por 7 entidades3, com funções de divulgar, planear, dinamizar e elaborar as acções previstas no âmbito da implementação do Programa em Alenquer. Das diversas actividades desenvolvidas até ao momento pelo Núcleo Executivo destaca-se a elaboração de um desdobrável informativo e a criação de uma página na Internet alusivos ao Programa, bem como todo o trabalho de preparação das sessões de trabalho dos Grupos de Trabalho temáticos e de Plenários do CLASA.

A primeira etapa ao nível da implementação do Programa Rede Social no concelho foi a elaboração do documento de Pré-Diagnóstico Social do concelho de Alenquer, o qual teve por objectivo realizar um primeiro levantamento, essencialmente estatístico, sobre diversas áreas da realidade social, como sendo: Demografia e Território; Educação; Saúde; Sector Social; Segurança Pública; Actividades Económicas e Emprego; Cultura, Desporto e Ocupação de Tempos Livres; Habitação; Ambiente; e Transportes e Acessibilidades. Nesta etapa foi possível estabelecer um primeiro contacto com alguns problemas do concelho, detectados quer mediante a recolha e análise de informação estatística, quer pela realização de entrevistas exploratórias a alguns actores sociais do concelho, que possuíram o duplo objectivo de contemplar as perspectivas dos diferentes actores e envolvê-los no trabalho a realizar. Este documento foi aprovado em reunião de plenário do CLASA, no dia 20 de Julho de 2005, onde se aprovou igualmente o Plano de Trabalho anual do CLASA.

Com base nas informações constantes no Pré-Diagnóstico Social passou-se à fase de Diagnóstico Social, que corresponde à análise de uma dada realidade num determinado contexto social, espacial e temporal, respeitante a uma ou várias situações problemáticas. É um instrumento que proporciona dados e informações relativos à realidade sobre a qual se pretende intervir e se quer transformar.

2 Ver anexo 1 - Composição do Conselho Local de Acção Social de Alenquer

3 Ver anexo 2 - Composição do Núcleo Executivo da Rede Social de Alenquer

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Pretendendo-se que o mesmo fosse o mais participado possível, foram chamados a participar na elaboração do mesmo um conjunto de entidades concelhias que se considerou possuírem um conhecimento privilegiado sobre as problemáticas do concelho4.

Mas quando é proposto a todos os CLAS a elaboração de um Diagnóstico Social, no âmbito do Programa Rede Social, o objectivo não é apenas a obtenção de um conhecimento mais aprofundado sobre a realidade social dos seus concelhos, mas também enraizar hábitos de trabalho planificado, e, na medida em que envolve vários tipos de parceiros que actuam em áreas diferenciadas, deve ser um elemento chave para desenvolver intervenções integradas a nível concelhio.

Por outro lado, ao fomentar a participação e a responsabilização dos vários actores locais na identificação das necessidades e no reconhecimento dos recursos do seu meio, pretende-se que as comunidades locais assumam o seu papel de protagonistas na definição de soluções para os seus problemas. A elaboração de Diagnósticos Sociais à escala do concelho constitui um dos elementos de inovação de Programa Rede Social, na medida em que os diagnósticos produzidos pelos Conselhos Locais de Acção Social dos vários concelhos são uma primeira tentativa em Portugal de produção de um conhecimento sistematizado e articulado dos problemas sociais locais.

Relembre-se que o Programa de Apoio à Implementação da Rede Social implica a construção de vários instrumentos de trabalho, encontrando-se já concluídas as etapas de Pré-Diagnóstico e Diagnóstico Social. Até Maio de 2007 prevê-se ainda a construção de um Plano de Desenvolvimento Social (para 3 ou 5 anos) e de Planos de Acção (anuais)5.

4 No capítulo seguinte proceder-se-á à explicitação das opções metodológicas utilizadas para a realização do Diagnóstico Social de Alenquer.

5 Para mais desenvolvimentos consultar o capítulo 6 —Do Diagnóstico ao Plano de Desenvolvimento Social“.

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3. Opções Metodológicas

Para a prossecução dos objectivos mencionados, e para o cumprimento dos princípios que defende, a Rede Social faz uso de metodologias participativas de planeamento estratégico e integrado, assentes em lógicas de investigação-acção que procuram racionalizar e conferir maior eficácia tanto à intervenção dos agentes na aplicação das medidas, projectos e programas de combate à pobreza e exclusão social, como à promoção do Desenvolvimento Social.

A construção do Diagnóstico Social é geralmente entendido como o primeiro momento de qualquer processo de intervenção social, cujo principal objectivo é analisar a realidade social sobre a qual se pretende intervir. Esta constitui-se assim como uma etapa importante, configurando o ponto de partida do processo de planeamento. Exige a definição das linhas de pesquisa e de aprofundamento dos factores que inibem o Desenvolvimento Local, sendo simultaneamente um instrumento que promove a participação de todos os que possuem um determinado conhecimento sobre a realidade.

Genericamente pode-se definir Diagnóstico Social como sendo um —instrumento dinâmico que permite uma compreensão da realidade social, inclui a identificação das necessidades e a detecção dos problemas prioritários e respectivas causalidades, bem como dos recursos e potencialidades locais, que constituem reais oportunidades de desenvolvimento. Pode ser um instrumento resultante da participação dos diversos parceiros, é facilitador da interacção e da comunicação entre eles e parte integrante do processo de intervenção, criando as condições sociais e institucionais para o seu sucesso“6

Assim sendo, todos os actores que desenvolvem a sua actividade a nível do concelho deverão contribuir para a identificação das necessidades concelhias e para a delimitação de prioridades que orientem a intervenção prevista. O Diagnóstico da situação implica um processo de investigação-acção participado e dinâmico, onde os actores sociais fornecem um importante contributo com o conhecimento que possuem da situação. A participação dos actores é assim indispensável,

6 NCLEO DA REDE SOCIAL, Plano de Desenvolvimento Social, Lisboa, Instituto de Solidariedade e Segurança Social, 2003, p. 70

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entendendo-se por actores todos aqueles que, directa ou indirectamente, possuem um papel nos processos de mudança. O Diagnóstico é um instrumento que pretende essencialmente:

- Descrever, analisar e interpretar os problemas sociais existentes na unidade territorial definida (neste caso concreto, o concelho de Alenquer); - Elencar as respostas sociais, recursos humanos e materiais existentes (pois para que o Diagnóstico possa servir de base à definição de prioridades na acção social e estratégias de intervenção, é indispensável conhecer as respostas sociais e os meios/recursos humanos e técnicos disponíveis para determinar a sua adequação aos problemas existentes e aferir as carências existentes); - Avaliar a adequação dos recursos disponíveis aos problemas existentes; - Apontar pistas para uma planificação futura, nomeadamente através da definição de prioridades de intervenção social, identificando as respostas e recursos e sugerindo formas de adequar os recursos existentes às necessidades identificadas e de rentabilizar as dinâmicas e potencialidades locais.

Esta última etapa é fundamental, na medida em que, de uma maneira geral, os Diagnósticos apresentam uma grande diversidade de campos potenciais de intervenção. Na impossibilidade de se poder dar resposta a todos os problemas identificados, e dado que os recursos disponíveis, quer sejam técnicos, financeiros ou humanos, são quase sempre insuficientes para a resolução de todos os problemas detectados, torna-se necessário seleccionar os campos que necessitam de uma intervenção prioritária. É necessário assim seleccionar os problemas sobre os quais os actores no seio da Rede Social podem intervir, e quais aqueles que, sendo eventualmente prioritários, não são de resolução possível dentro da Rede Social.

Temos assim que —um bom Diagnóstico é o garante da adequabilidade das respostas às necessidades locais“7, assim como da eficácia de qualquer plano de intervenção. A sua importância é fundamental, no sentido de delinear a intervenção sem perdas de tempo e objectividade, conduzindo a uma capacidade de intervenção que atinja —as causas dos fenómenos, e não as suas manifestações

7 GUERRA, Isabel, Introdução à Metodologia de Projecto, Lisboa, Centro de Estudos Territoriais, 1994, p.17

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aparentes8. Quanto mais informado e complexo for o Diagnóstico, maiores serão as possibilidades de se actuar directamente sobre as causas dos problemas que atingem os grupos e as comunidades.

Contudo, os objectivos do Diagnóstico não se esgotam na detecção dos problemas e na identificação das necessidades mas sim na sua capacidade de orientar a escolha dos decisores relativamente às intervenções necessárias.

3.1.- O Diagnóstico Social de Alenquer

O Diagnóstico Social de Alenquer foi construído em termos metodológicos tendo em conta os princípios da investigação-acção e os pressupostos do planeamento estratégico, que se pode entender como um —procedimento racional, que traduz a articulação e integração de decisões, e através do qual se formalizam compromissos e estratégias de mudança (social e territorial). Traduz uma forma participada de pensar, agir e decidir sobre o futuro desejável“9.

Como já foi referido, este documento encontra-se intrinsecamente ligado ao Pré-Diagnóstico Social do concelho de Alenquer, sendo que muita da recolha de dados estatísticos que serviram de suporte à realização do Diagnóstico Social foi realizada na fase de Pré-Diagnóstico. O documento de Pré-Diagnóstico apresenta assim uma descrição de várias áreas a nível concelhio, sendo que, ao nível da construção do Diagnóstico Social, optou-se por fazer referência apenas à informação que poderá retratar de alguma forma os problemas sinalizados pelos agentes locais, e não proceder a uma repetição de dados por áreas temáticas, pois é possível consultar os mesmos no documento de Pré-Diagnóstico Social. Foram utilizadas várias técnicas de recolha de informação, tanto a nível documental, como sendo a pesquisa bibliográfica sobre as temáticas em estudo e a análise de documentação relevante, bem como técnicas não documentais, das quais se pode destacar o workshop participativo de Diagnóstico Social, as reuniões com os Grupos de Trabalho e os contactos com interlocutores privilegiados.

8 Idem, Ibidem

9 Núcleo da Rede Social, Programa Rede Social, Instituto de Solidariedade e Segurança Social, 2001, Lisboa, p. 43

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Pretendeu-se que o processo de construção do Diagnóstico Social fosse o mais participado possível, isto é, alargado a diferentes sectores, pelo que se optou pelo convite a um conjunto de entidades concelhias, que fizessem ou não parte do Conselho Local de Acção Social de Alenquer, para as várias fases deste processo. Deste modo, foi possível integrar diferentes opiniões e contributos de pessoas que, devido às posições que ocupam ou ás actividades que desenvolvem, detêm informações privilegiadas sobre a realidade do concelho, independentemente do seu nível de conhecimentos técnicos. Dada a multiplicidade dos fenómenos em análise aquando da elaboração de um Diagnóstico Social, dever-se-á abranger técnicos de diversas áreas que se encontrem mais familiarizados com determinado tipo de problemas, sendo que a constituição de equipas multidisciplinares é condição necessária de uma visão global dos problemas sociais, face à dimensão e complexidade de que os mesmos se revestem.

O processo de construção do Diagnóstico Social do concelho de Alenquer iniciou com uma pequena formação relativa ao tema —Planeamento Estratégico de Base Territorial“, em Outubro de 2005, dirigida a todos os parceiros do CLASA, e orientada pelo consultor externo da Rede Social de Alenquer, Dr. Paulo Teixeira, formação esta que possuía como objectivo principal dar a conhecer a lógica e etapas de construção de um processo de planeamento. Pretendeu-se no final da formação que os formandos adquirissem os conceitos associados ao planeamento e se encontrassem capacitados para planear de forma tecnicamente correcta um projecto.

Foto 2 - Formação em —Planeamento Estratégico de Base Territorial“

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Pretendendo-se identificar quais os principais problemas do concelho, realizou-se um Workshop participativo de Diagnóstico Social, também em Outubro de 2005. Para este momento de trabalho, que marcou o arranque do processo de construção do Diagnóstico Social, foi convidado um grupo representativo de pessoas de diferentes áreas de intervenção que se considerou possuírem um conhecimento privilegiado sobre a realidade social concelhia, de modo a se obter uma visão multidisciplinar da mesma.

Foto 3 œ Workshop participativo de Diagnóstico Social

Nesta sessão de trabalho, numa primeira fase, foi solicitado aos participantes que identificassem aqueles que, na sua opinião, seriam os principais problemas sentidos, nas mais diversas áreas no concelho de Alenquer.

Foto 4 œ Workshop participativo de Diagnóstico Social œ identificação dos problemas

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Os problemas identificados pelo grupo foram fixados de uma forma aleatória, como é possível observar na foto anterior, sendo que de seguida foi solicitado aos intervenientes que pontuassem os problemas, utilizando pequenos autocolantes, de acordo com a sua opinião sobre a importância de cada problema no concelho de Alenquer. Este exercício permitiu obter uma primeira noção de quais os problemas que mais se apresentaram como motivo de preocupação por parte das entidades locais.

Fotos 5, 6, 7 e 8 œ Workshop participativo de Diagnóstico Social œ Pontuação dos problemas

Numa terceira fase os problemas foram agrupados em grandes problemáticas com o objectivo de reunir problemas que, segundo os participantes, apresentem entre si uma forte relação. Esta construção de problemáticas pretendeu ultrapassar a habitual lógica de abordagem sectorial na intervenção social, nomeadamente a utilizada para a organização dos dados do documento de Pré-Diagnóstico, ou seja, por áreas temáticas.

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Foto 9 œ Workshop participativo de Diagnóstico Social œ Agrupamento dos problemas em áreas

Os principais problemas identificados10, com uma forte relação entre si, foram agrupados nas seguintes problemáticas:

∑ Infância e Juventude ∑ Famílias em Risco ∑ Idosos ∑ Formação e Emprego ∑ Multiculturalidade ∑ Saúde ∑ Deficiência11

10 Foram ainda destacados outros problemas relacionados com a questão da Segurança que acabaram por não ser inseridos em nenhuma das problemáticas identificadas por se tratarem de problemas muito específicos ou demasiado genéricos: —Falta de segurança pública“ e —Segurança no Carregado deveria ser mais frequente“.

11 Refira-se que um dos problemas que foi levantado neste momento de trabalho, tendo acabado por não ter sido agrupado em nenhuma problemática, foi a questão da —Inexistência de equipamentos de apoio a pessoas portadoras de deficiência“. No entanto, aquando da primeira ronda de reuniões realizada com os diferentes Grupos de Trabalho, chegou-se à conclusão que efectivamente a questão da Deficiência assumia um peso importante a nível concelhio, merecendo uma atenção especial. Como tal, foi criado numa fase posterior um Grupo de Trabalho constituído por técnicos com um conhecimento especializado na área da Deficiência.

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Este agrupamento dos problemas em grandes áreas temáticas permitiu obter uma visão integrada da realidade, dado que os problemas deixaram de estar agrupados pelas áreas clássicas e sectorializadas. Permitiu igualmente a identificação da dimensão dos problemas, uma vez que se visualizaram as problemáticas em que eles se integram. Outra das vantagens deste agrupamento em problemáticas foi a identificação das especificidades dos problemas no município, uma vez que os problemas considerados isoladamente podem ser os mesmos em territórios distintos, mas as problemáticas serão diferentes conforme a realidade de cada território.

Identificadas as problemáticas foi necessário proceder a uma análise mais minunciosa de cada uma delas. Como tal, o Núcleo Executivo reuniu posteriormente com o objectivo de constituir Grupos de Trabalho temáticos compostos por técnicos e/ou outros actores locais detentores de saberes especializados sobre as temáticas em análise. Propôs-se a estes Grupos um conjunto de três reuniões de trabalho:

∑ A primeira ronda de reuniões com os Grupos de Trabalho destinou-se a aprofundar os problemas levantados na fase de Workshop, identificando-se os recursos existentes que possam permitir de alguma forma a resolução dos mesmos, as potencialidades que se poderão aproveitar para combater os problemas e por fim os factores que podem dificultar a sua resolução.

Esta análise das temáticas foi realizada tendo em conta a utilização da matriz S.W .O.T (Strengths, Weaknesses, Opportunities, Threats), que em português se traduz por F.O.F.A. (Forças, Oportunidades, Fraquezas e Ameaças), sendo uma técnica muito utilizada no planeamento, que proporciona um conhecimento do —ambiente“ em que se pretende planear. Esta análise deverá ser realizada identificando-se primeiramente os pontos fracos ou fraquezas, e fazendo corresponder a cada um as respectivas Forças, Oportunidades e Ameaças.

As Forças e Fraquezas correspondem aos pontos positivos e negativos, respectivamente, e referem-se à situação presente e à realidade interna do concelho. As Fraquezas são o próprio problema que se identificou e as Forças dizem respeito aos recursos e capacidades (factores internos ao concelho) que possam ser utilizados na resolução dos problemas. As Oportunidades e Ameaças são tendências exteriores à realidade do concelho e podem funcionar como alavancas de desenvolvimento. As Oportunidades são factores externos que

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possam contribuir, de forma positiva, para a resolução dos problemas identificados, que podem já existir embora não tendo sido ainda activadas. Por fim, as Ameaças são factores externos ou situações que possam de alguma forma condicionar a resolução dos problemas identificados ou mesmo agravá-los.

∑ A segunda sessão com os Grupos de Trabalho possuiu como objectivo a identificação das causas dos problemas identificados, pois apenas sabendo o que está por detrás da persistência dos problemas no concelho será possível planear uma intervenção eficaz. Assim, cada Grupo de Trabalho foi convidado a preencher um mapa de causalidades, onde se identifica a causa de cada um dos problemas identificados, tendo sido também solicitada a identificação da intensidade da relação entre o problema e a causa. Esta fase foi fundamental, na medida em que se torna importante conhecer com rigor as causas geradoras dos problemas sociais, com o objectivo de um planeamento eficaz e de uma intervenção social sustentada que não sirva apenas para atenuar as manifestações aparentes dos problemas mas sim para alterar e actuar directamente nas suas causas.

∑ Num terceiro momento de trabalho foi pedido aos elementos dos Grupos que priorizassem os problemas de acordo com os critérios Urgência e Importância de resolução dos mesmos, recorrendo-se para tal ao modelo Eisenhower. Esta definição de prioridades torna-se particularmente útil dado que a escassez de recursos, tanto humanos, como materiais e financeiros, não permite que se tratem todos os problemas identificados ao mesmo tempo, qualquer que seja a sua importância e independentemente da urgência da sua resolução. Por conseguinte, dever-se-á intervir sobre os problemas considerados prioritários, devendo estes ser adequados à realidade, tendo em conta os recursos disponíveis.

O modelo de Eisenhower é um dos instrumentos possíveis sugeridos para a definição de prioridades12. Consiste essencialmente em, após a introdução do primeiro problema no diagrama, dispor os restantes problemas, comparando o grau de importância e urgência de cada um deles face aos que já se encontram colocados nos quatro quadrantes, podendo a qualquer momento ser reavaliada a posição dos que lá se encontram. O resultado final será uma representação gráfica cuja leitura permitirá, através da localização dos problemas, visualizar as prioridades de intervenção. A representação gráfica deste modelo é a seguinte:

12 NCLEO DA REDE SOCIAL, Guião prático para a implementação da Rede Social, Lisboa, Instituto da Segurança Social, I.P., 2004, p. 19

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Gráfico 1.- œ Modelo de Eisenhower

+

Prioridade II Prioridade I

a

i c n â t r o p m I Negligenciar Prioridade III

-

Urgência - +

FONTE: NCLEO DA REDE SOCIAL, Guião prático para a implementação da Rede Social.

Como é possível visualizar no gráfico anterior, os problemas que se devem considerar em primeira instância, logo, constituindo-se como prioridade I, são os que se situam no quadrante superior direito do esquema, sendo problemas simultaneamente importantes e urgentes. No quadrante inferior esquerdo constam os problemas cuja urgência e importância de resolução são menos significativos em relação aos restantes problemas identificados.

Após uma compilação da informação recolhida nestas três reuniões com os Grupos de Trabalho13, foi realizada uma reunião com os Sr.s Presidentes das Juntas de freguesia do concelho em horário pós-laboral, com o objectivo de apresentar as informações recolhidas e dar a oportunidade de participação destes importantes agentes concelhios na fase de Diagnóstico Social. Esta necessidade de se realizar uma reunião apenas com os Sr.s Presidentes de Junta deveu-se ao facto de, devido às suas actividades profissionais, não lhes ter sido possível estarem presentes nas reuniões de Grupos de Trabalho por estas se realizarem em horário laboral.

13 No caso dos Grupos de Trabalho constituídos para analisar as problemáticas —Deficiência“ e —Saúde“, o Núcleo Executivo, ao compilar as informações recolhidas, detectou a necessidade de se realizar uma quarta reunião com estes Grupos de modo a se poder debater de uma forma mais aprofundada algumas questões.

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Em Junho de 2006 foi realizada uma sessão de Plenário do Conselho Local de Acção Social, onde foi apresentado aos parceiros da Rede Social os resultados das reuniões com os Grupos de Trabalho para debate e validação do trabalho realizado. Após esta etapa, passou-se à actualização de alguns dados já existentes no Pré- Diagnóstico Social e à recolha de novos dados que se considerou pertinentes para a fundamentação das problemáticas identificadas. Nesta fase tentou-se realizar uma recolha o mais completa possível de informações relativas aos problemas identificados, que permitissem obter um conhecimento mais aprofundado sobre os mesmos, procedendo-se a pesquisa bibliográfica, recolha estatística de dados quantitativos censitários, recolha de dados de várias instituições concelhias e análise de documentos e estudos de caracterização do concelho.

A este respeito, é de referir que, dado que um dos instrumentos base de recolha de informação utilizado é o Recenseamento Geral da População (Censos), e que esta informação data do ano de 2001, é inevitável alguma desactualização dos dados existentes. Existiu a vontade de se proceder a um levantamento mais aprofundado em algumas temáticas, mas alguns constrangimentos, nomeadamente ao nível de tempo e de recursos existentes para a realização destas tarefas, impediram a sua realização nesta fase de Diagnóstico Social, ficando no entanto identificada a necessidade da realização destas actividades assim que houver possibilidade, podendo vir a constar como actividades a desenvolver em Plano de Desenvolvimento Social se os elementos da Rede Social considerarem pertinente.

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4. Enquadramento Geo-Demográfico do concelho

Antes de iniciar a análise das problemáticas identificadas, seria pertinente começar por realizar uma análise a nível geográfico e demográfico do concelho em análise. Ao nível do enquadramento geográfico, o concelho de Alenquer insere-se na sub- região Oeste (NUT III), região esta que possui uma área de cerca de 2200 Km2, repartida por doze municípios, sendo que o concelho de Alenquer representa 14,5% da área total da sub-região Oeste. Possui uma superfície de 305,4 Km2, o que o torna no terceiro maior concelho do Distrito de Lisboa, logo após Sintra e Torres Vedras. Localiza-se a 36 Km de Lisboa, sendo limitado a Norte pelo concelho de Cadaval; a Sul pelos de Vila Franca de Xira, Arruda dos Vinhos e Sobral de Monte Agraço; a Oeste pelo concelho de Torres Vedras e a Este pelo de Azambuja

Mapa 1.- Localização geográfica do concelho de Alenquer

FONTE: Gabinete de Sistemas de Informação Geográfica da CMA

O concelho de Alenquer é composto pelas seguintes dezasseis freguesias: Abrigada, Aldeia Galega da Merceana, Aldeia Gavinha, Cabanas de Torres, Cadafais, , Carregado, , , , Pereiro de Palhacana, Ribafria, Santo Estêvão, Triana, e .

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A população do concelho encontra-se assim dispersa por diversos aglomerados, na sua maioria de pequena dimensão, verificando-se um acentuado contraste interno, dada a existência de duas realidades bastante diferentes entre si a todos os níveis: uma zona urbana centrada no eixo Carregado-Alenquer-Ota e uma outra zona ainda com um cariz muito rural, que compreende as restantes freguesias.

Mapa 2.- Localização geográfica das freguesias do concelho

FONTE: Gabinete de Sistemas de Informação Geográfica da CMA

As condições específicas de inserção territorial do concelho são assim geradoras de complexas inter-relações, que confrontam a ruralidade da zona envolvente à Serra de Montejunto com a influência metropolitana que irradia a partir da cidade de Lisboa, correspondendo esta última a um fenómeno cuja intensidade tem vindo a ganhar uma expressão crescente a nível local, particularmente nas zonas de Carregado, Santo Estêvão e Triana.

São os núcleos de Alenquer e Carregado que desempenham portanto um papel principal dentro da rede concelhia, ao se assumirem como principais pólos de atracção populacional e de actividades económicas. Para isso assume primordial importância o papel das acessibilidades. Na verdade, a localização junto a eixos importantes como é o caso da EN1, EN3 e A1 explica em parte a proximidade das

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zonas industriais e a notória concentração de serviços, o que irá conduzir consequentemente a maiores concentrações populacionais nestas localidades.

Mapa 3.- Acessibilidades a nível do concelho

FONTE: Gabinete de Sistemas de Informação Geográfica da CMA

Ao nível da dinâmica de crescimento, tem-se constatado nos últimos anos no concelho um aumento das assimetrias intra-concelhias, marcado em particular por dois fenómenos importantes: por um lado verificam-se ganhos populacionais significativos nas freguesias mais próximas da região de Lisboa (donde se destaca o papel assumido pela freguesia do Carregado) e por outro as freguesias que compõem a zona mais rural do concelho têm vindo a registar graves perdas populacionais. É o caso das freguesias de Aldeia Galega da Merceana, Aldeia Gavinha, Cabanas de Torres, Meca, Ota, Pereiro de Palhacana, Ribafria, Ventosa e Vila Verde dos Francos, que entre 1991 e 2001 viram a sua população residente diminuir. Note-se que, em contrapartida, as freguesias de Santo Estêvão e Triana registaram um aumento populacional bastante acentuado, bem como a freguesia do Carregado, que mais população conseguiu atrair em termos absolutos œ 3 876 habitantes œ sendo a freguesia que detém um maior número de residentes: 9 066 indivíduos, que representam 23% da população total do concelho em 2001.

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Quadro 1.- População residente no concelho por Freguesia

1991 2001 Variação Freguesias N.º % N.º % (%) Abrigada 3 291 9,6 3 416 8,7 3,8 Aldeia Galega da Merceana 2 257 6,6 2 175 5,8 -3,6 Aldeia Gavinha 1 211 3,6 1 173 3,0 -3,1 Cabanas de Torres 1 073 3,1 1 013 2,6 -5,6 Cadafais 1 558 4,6 1 687 4,3 8,3 Carregado 5 190 15,2 9 066 23,1 74,7 Meca 1 842 5,4 1 809 4,6 -1,8 Olhalvo 1 998 5,9 2 006 5,1 0,4 Ota 1 321 3,9 1 198 3,1 -9,3 Pereiro de Palhacana 614 1,8 591 1,5 -3,7 Ribafria 1 108 3,3 974 2,5 -12,1 Carnota 1 669 4,9 1 695 4,3 1,6 Santo Estêvão 4 383 12,9 5 338 13,6 21,8 Triana 2 819 8,3 3 532 9,0 25,3 Ventosa 2 416 7,1 2 217 5,7 -8,2 Vila Verde dos Francos 1 348 4,0 1 290 3,3 -4,3 Concelho 34 098 100,0 39 180 100,0 14,9

FONTE: INE, Recenseamento Geral da População, 1991 e 2001

Temos então que as freguesias mais populosas do concelho são Carregado e Santo Estêvão, tanto no ano de 1991 como em 2001, enquanto que as que registam um menor número de residentes são Pereiro de Palhacana e Ribafria. A freguesia de Ribafria, sendo no ano de 1991 a terceira freguesia com um peso menor a nível do concelho, com apenas 3,3 pontos percentuais, foi aquela que entre 1991 e 2001 registou um decréscimo populacional maior, na ordem dos 12,1%, o que constitui uma situação preocupante, reveladora do facto de as zonas consideradas mais rurais do concelho estarem a sofrer um decréscimo populacional, acompanhado por um elevado envelhecimento da população, enquanto que as freguesias que constituem a parte mais urbana14 do concelho têm vindo a registar ao longo dos anos um aumento no número de residentes (note-se a evolução populacional de 74,7 pontos percentuais registada na freguesia do Carregado entre 1991 e 2001).

14 Refira-se que, das 16 freguesias que constituem o concelho, apenas Santo Estêvão, Triana e Carregado são classificadas pelo Instituto Nacional de Estatística como áreas predominantemente urbanas, enquanto que as freguesias de Abrigada, Carnota, Ota, Pereiro de Palhacana e Vila Verde dos Francos são consideradas áreas predominantemente rurais. Todas as restantes freguesias possuem a classificação de áreas medianamente urbanas.

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Constata-se assim que a distribuição espacial do crescimento populacional ao nível de freguesia tem vindo a consolidar o peso detido pelos principais aglomerados urbanos do concelho, acentuando os contrastes pré-existentes relativamente ao restante território municipal.

As disparidades entre as áreas rurais no concelho e as áreas mais urbanas são uma realidade muito vincada, que se acentua de uma forma mais evidente se focarmos as freguesias da zona rural do concelho, as quais apresentam, no ano de 2001, valores de densidade populacional muito inferiores aos valores registados por exemplo nas freguesias de Santo Estêvão (331,6) ou Carregado (573,8). Estas duas freguesias, juntamente com Triana, foram precisamente as que registaram uma variação positiva ao nível da densidade populacional mais acentuada entre 1991 e 2001, sendo que nas restantes freguesias se verificou uma variação negativa entre 1991 e 2001 (à excepção de Abrigada, Cadafais, Olhalvo e Carnota, que apresentaram uma variação positiva entre 1991 e 2001, mas pouco significativa).

Quadro 2.- Densidade populacional por freguesia (hab./Km2)

Densidade Populacional Freguesias Variação 1991 2 0 0 1 ( % ) Abrigada 83,3 86,5 3,8 Ald. Galega da Merceana 115,2 111,0 -3,6 Aldeia Gavinha 145,9 141,3 -3,1 Cabanas de Torres 153,3 144,7 -5,6 Cadafais 164,0 177,6 8,3 Carregado 328,5 573,8 74,7 Meca 136,4 134,0 -1,8 Olhalvo 243,7 244,6 0,4 Ota 28,5 25,8 -9,3 Pereiro de Palhacana 66,7 64,2 -3,7 Ribafria 124,5 109,4 -12,1 Carnota 91,2 92,6 1,6 Santo Estêvão 272,2 331,6 21,8 Triana 81,9 102,7 25,3 Ventosa 107,4 98,5 -8,2 Vila Verde dos Francos 47,8 45,7 -4,3 Concelho 111,7 128,3 14,9

FONTE: INE, Recenseamento Geral da População, 1991 e 2001

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Em termos populacionais, como se pode verificar no gráfico seguinte, as freguesias de Carregado, Santo Estêvão e Triana são as que apresentam uma maior percentagem de população residente no total do concelho, registando valores de 23,1%, 13,6% e 9,0% respectivamente. Assim, cerca de 46% do total da população do concelho de Alenquer reside no ano de 2001 nestas três freguesias, que apresentam características muito diferentes, a vários níveis, das restantes freguesias do concelho.

Gráfico 2.- Peso percentual das freguesias do concelho

6% 3% 9% 6% 9% 3% 4% 3% 14%

4% 2% 23% 1% 5% 3% 5%

Abrigada Ald Galega Merceana Aldeia Gavinha Cabanas de Torres Cadafais Carregado Meca Olhalvo Ota Pereiro de Palhacana Ribafria Carnota Sto Estêvão Triana Ventosa V V dos Francos

FONTE: INE, Recenseamento Geral da População, 2001

Pode-se assim afirmar que, não obstante os esforços no sentido de dotar as freguesias de infra-estruturas essenciais, tais como água ao domicílio, saneamento básico, estradas e equipamentos sociais diversos, regista-se um decréscimo populacional nas freguesias mais periféricas, aumentando assim o isolamento geográfico em que se encontram alguns pequenos lugares. Por outro lado, assiste- se a uma crescente fixação de residência e procura de condições sócio-económicas nas freguesias com características mais urbanas.

Entre os anos de 1991 e 2001, registou-se no concelho de Alenquer uma variação populacional na ordem dos 14,9%, tendo sido o segundo concelho a registar uma maior variação populacional neste período temporal na região Oeste, apenas antecedido pelo concelho de Sobral de Monte Agraço (variação de 23,2%).

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Ao nível dos indicadores demográficos verifica-se que a tendência no concelho é para um aumento da Taxa de Natalidade, que, entre 1993 e 2001, aumentou 2,4„ . No que diz respeito à Taxa de Mortalidade, esta tem vindo a decrescer no período de tempo compreendido entre os anos de 1993 e 2001, pois se em 1993 se cifrava nos 12,6„ , em 2001 esse valor decresce 0,8„ , passando a ser de 11,8„ , ou seja, por cada mil habitantes do concelho em 2001, morriam cerca de 12. A conjugação da tendência destes dois indicadores aponta para um aumento da Taxa de Crescimento Natural (TCN), que em 2001 apresentava ainda valores negativos, dado a Taxa de Mortalidade superar a Taxa de Natalidade. No ano de 1993, a TCN no concelho de Alenquer registava um valor de -0,33%, tendo-se verificado uma tendência ao longo dos anos de aproximação a valores positivos, pois em 2001 o valor da TCN era de -0,01%.

Quadro 3.- Taxas de Natalidade, Mortalidade e Crescimento Natural

TN TM TCN Quadro 4.- Indicadores Demográficos por Anos „ % unidade territorial („ ) 1993 9,3 12,6 - 0,33

1994 9,2 13,1 -0,39 Taxa de Taxa de 1995 9,3 12,0 - 0,27 Unidade Natalidade Mortalidade 1996 10,2 13,9 - 0,37 Territorial 1991 2001 1991 2001 1997 10,8 13,4 - 0,26 Portugal 11,0 10,9 9,9 10,2

1998 10,5 13,0 - 0,25 Oeste 10,6 10,7 11,5 11,6

1999 11,9 14,2 - 0,23 Alenquer 10,2 11,7 12,6 11,8

2000 12,2 12,6 - 0,04 FONTE: INE, Anuários Estatísticos da Região de 2001 11,7 11,8 - 0,01 Lisboa e Vale do Tejo, 1993-2000

FONTE: INE, Recenseamento Geral da População 1991 e 2001

No que concerne à região Oeste e ao país, verifica-se que Portugal registou uma pequena diminuição da Taxa de Natalidade entre 1991 e 2001, mas, em ambos os anos, esta apresentou sempre valores superiores à Taxa de Mortalidade, que subiu ligeiramente entre 1991 e 2001. Já no caso da região Oeste, verifica-se a situação contrária, ou seja, a Taxa de Natalidade aumentou 0,1„ entre 1991 e 2001, apresentando valores inferiores à Taxa de Mortalidade, que também aumentou para o mesmo período de tempo 0,1„ . Estes valores apontam para uma TCN negativa, pois a Taxa de Mortalidade é superior à Taxa de Natalidade em Alenquer e na região Oeste.

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O concelho de Alenquer é o segundo da região Oeste que apresenta, no ano de 2001, o valor da Taxa de Natalidade mais elevado (11,7„ ), enquanto que no que concerne à Taxa de Mortalidade, existem na região Oeste 6 concelhos com uma Taxa de Mortalidade superior à de Alenquer.

O crescimento populacional registado no concelho de Alenquer em 2001 pode-se ficar a dever a um aumento da Taxa de Natalidade nos últimos anos, bem como à diminuição das Taxas de Mortalidade, o que vai fazer com que a Taxa de Crescimento Natural, embora apresentando ainda um valor negativo, aumente cerca de 0,32% entre 1993 e 2001. No entanto, o facto de a população residente no concelho de Alenquer continuar a aumentar e a Taxa de Crescimento Natural registar ainda valores negativos, leva-nos a concluir que este crescimento depende mais de dinâmicas migratórias e menos de dinâmicas naturais.

Isto porque, como é poss observar no seguinte quadro, Alenquer foi o concelho da região Oeste que no ano de 2001 apresentava um Saldo de Migrações Internas maior (913 residentes), o que significa que entram mais pessoas para o concelho do que as que emigram para outros concelhos. Esta situação deve-se, por um lado, ao facto de ter sido um concelho que recebeu muitos imigrantes provenientes do estrangeiro em termos percentuais, comparativamente aos restantes concelhos da região (1,6%), bem como recebeu também um grande número de imigrantes provenientes de outros concelhos: 1 589. Por outro lado, Alenquer apresenta uma percentagem muito baixa de população que emigra para outros concelhos (1,7%). Serão pois estes movimentos migratórios que podem explicar o facto de o concelho ter registado um aumento populacional tão elevado nos últimos anos.

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Quadro 5.- População residente, segundo as migrações (relativamente a 31/12/99) por concelho de

residência habitual em 12/03/01

Imigrantes Emigrantes do Saldo das População que Provenientes Provenientes concelho para Migrações Popula- não mudou de de outro do outro Concelho Internas Unidade ção concelho concelho estrangeiro Territorial residente N.º % N.º % N.º % N.º % Torres Vedras 72 250 69 075 95,6 1 535 2,1 710 1,0 1 076 1,5 459 Alcobaça 55 376 53 180 96,0 898 1,6 589 1,1 813 1,5 85 Caldas Rainha 48 846 46 243 94,7 1 391 2,8 596 1,2 1 163 2,4 228 Alenquer 39 180 36 394 92,9 1 589 4,1 630 1,6 676 1,7 913 Peniche 27 315 26 236 96,0 430 1,6 301 1,1 345 1,3 85 Lourinhã 23 265 21 956 94,4 655 2,8 338 1,5 404 1,7 251 Nazaré 15 060 14 507 96,3 209 1,4 160 1,1 362 2,4 - 153 Cadaval 13 943 13 212 94,8 423 3,0 158 1,1 257 1,8 166 Bombarral 13 324 12 642 94,9 351 2,6 198 1,5 290 2,2 61 Ìbidos 10 875 10 237 94,1 409 3,8 111 1,0 293 2,7 116 Arruda Vinhos 10 350 9 591 92,7 541 5,2 89 0,9 180 1,7 361 Sobral M Agraço 8 927 8 291 92,9 436 4,9 86 1,0 199 2,2 237 Oeste 338 711 321 564 94,9 11774 3,5 5274 1,5 7 020 2,1 4 754

FONTE: INE, Recenseamento Geral da População, 2001

A nível etário, estamos na presença de uma população que tem apresentado uma tendência para o envelhecimento ao longo dos anos, que se consubstancia no aumento do peso relativo da faixa etária com mais de 65 anos e numa redução do peso relativo da faixa etária mais jovem. No ano de 2001, a população residente possui na sua maioria idades compreendidas entre os 25 e os 64 anos (54%), o que perfaz uma estrutura etária adulta. No período intercensitário de 1991-2001, apenas as faixas etárias mais jovens (0-14 anos) perderam população, enquanto que para o mesmo período de tempo, o escalão dos 25-64 anos foi o que verificou um maior aumento. Não se pode dizer no entanto que o concelho possua uma população extremamente envelhecida, pois, no ano de 2001, 66,9% da população total encontrava-se em idade activa, ou seja, entre os 15 e os 64 anos. Regista-se, no entanto, uma situação preocupante em termos etários, que é o facto de o número de jovens ter diminuído nos últimos 40 anos cerca de 27%, enquanto que o número de idosos aumentou, para o mesmo período temporal, 134%.

Diagnóstico Social do Concelho de Alenquer

Quadro 6.- População Residente, por Grupos Etários (1960-2001)

Anos 0-14 15-24 25-64 65 e mais Total N.º % N.º % N.º % N.º % N.º % 1960 8 448 25,1 4 357 12,9 18 000 53,4 2 885 8,6 33 690 100 1970 7 355 22,6 4 480 13,8 17 260 53,1 3 395 10,4 32 490 100 1981 7 477 21,6 4 750 13,7 17 809 51,5 4 539 13,1 34 575 100 1991 6 066 17,8 4 898 14,4 17 678 51,8 5 456 16,0 34 098 100 2001 6 190 15,8 5 177 13,2 21 050 53,7 6 763 17,3 39 180 100 Variação 1960-01 - 26,7 % 18,8 % 16,9 % 134,4 % 16,3 % (%)

FONTE: INE, Recenseamentos Gerais da População, 1960-2001

No seguinte gráfico é possível visualizar a evolução da população residente nos últimos 40 anos em Alenquer, que tem registado um crescimento marcado por avanços e recuos. Verificou-se uma significativa diminuição da população da década de 60 para 70, que se poderá eventualmente ficar a dever à corrente emigratória para a Europa e ex-colónias. Na década de 80 a população sofre um aumento, em 1991 volta a diminuir, ainda que de uma forma pouco significativa, sendo que entre as décadas de 1990 e 2000 se registou um aumento populacional na ordem dos 15%.

Gráfico 3.- Evolução da população residente no concelho de Alenquer (1960-2001)

45000 40000 35000 39180 30000 33690 32490 34575 34098 25000 20000 15000 10000 5000 0 1960 1970 1981 1991 2001

Fonte: INE Recenseamentos Gerais da população 1960-2001

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Numa perspectiva de movimento populacional, e em termos gerais, convém ter presentes alguns aspectos a nível concelhio. Assim, no ano de 2002 registaram-se no concelho de Alenquer: • 506 nados-vivos, dos quais 271 são do sexo masculino e 235 do sexo feminino. • 444 óbitos, 239 deles são homens e 205 mulheres. A nível de óbitos com menos de 1 ano, apenas foram registados 3 casos, o que se traduz numa Taxa de Mortalidade Infantil muito reduzida. • 245 casamentos foram celebrados, sendo 125 deles católicos, enquanto que foram dissolvidos 305 casamentos, 192 deles por morte e 113 por divórcio.

FONTE: INE, Estatísticas Demográficas, 2002

Seria importante referir, por fim, que a possibilidade de implantação do Novo Aeroporto Internacional de Lisboa no concelho, na área actualmente ocupada pela Base Aérea de Ota, representa um elemento cujos impactes locais se revelarão certamente profundos, configurando um quadro de referência totalmente distinto do actual, não só ao nível populacional, em análise neste capítulo, como a vários outros níveis no concelho. Assim, a profunda indefinição que caracteriza actualmente esta questão inviabiliza qualquer exercício prospectivo no concelho de Alenquer.

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5. Análise de Problemáticas

Seguidamente será analisada cada uma das problemáticas que se verificam no concelho de Alenquer de acordo com a compreensão da realidade social por parte dos actores locais que acederam ao desafio de colaborar neste processo, discutindo os problemas de cada uma das problemáticas de acordo com os recursos existentes no concelho que permitam a resolução do problema, as oportunidades que poderão ser aproveitadas para os solucionar/minimizar e os factores que poderão eventualmente dificultar a resolução dos mesmos.

Assim, no final de uma pequena análise de cada um dos problemas que compõem as problemáticas, é possível observar um quadro com a identificação de recursos, oportunidades e ameaças e um segundo quadro onde constam as causas que estão por detrás da persistência dos problemas ou seja, quais os factores que fazem com que determinado problema exista no concelho, bem como o nível de impacto que as causas possuem nesses problemas15. Esta análise de causas permite percepcionar que há que intervir prioritariamente em determinadas causas, particularmente nas que apresentam um maior impacto. Em anexo é possível consultar um mapa de causalidades onde se verifica a relação entre todas as causas identificadas e todos os problemas concelhios, sendo possível observar que uma a mesma causa pode ter influência em mais do que um problema16.

Os problemas são apresentados pela ordem segundo a qual foram priorizados pelos elementos dos Grupos de Trabalho, tendo em conta que esta priorização, como já foi referido, foi realizada esquematicamente através do modelo Eisenhower de acordo com o que os parceiros julgaram ser de resolução simultaneamente mais urgente e mais importante para o concelho

15 Nesta análise da intensidade da relação entre o problema e a sua causa, correspondia a cor vermelha a uma relação muito forte entre a causa e o problema (para a resolução do problema ter-se-á de intervir prioritariamente nessa causa); a cor laranja a uma relação relativamente forte entre a causa e o problema; a cor amarela a uma fraca relação e a cor branca a inexistência de qualquer tipo de relação causa-problema.

16 Ver anexo 3 œ Mapa de Causalidades.

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5.1. Deficiência

Antes de proceder à enunciação dos principais problemas identificados pelos elementos do Grupo de Trabalho destinado a analisar esta problemática, seria importante realizar uma pequena caracterização a nível concelhio da população portadora de deficiência.

Optou-se por elaborar esta análise tendo por base os dados disponibilizados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) para o ano de 2001, os quais poderão constituir um ponto de partida para o conhecimento da população portadora de deficiência residente no concelho. No entanto, foi identificada pelo Grupo de Trabalho a necessidade de, numa fase posterior, se poder vir a realizar um levantamento a nível concelhio em relação a esta problemática, pois só assim será possível ter uma noção da quantidade de pessoas portadoras de deficiência que são abrangidas pelos problemas identificados, como também só será possível planear uma intervenção a este nível conhecendo de uma forma eficaz o grupo-alvo.

De acordo com os dados disponíveis, existiam no concelho de Alenquer em 2001, 1 905 residentes portadores de algum tipo de deficiência, 56,5% dos quais são homens e 43,5% são mulheres. São os indivíduos com deficiência motora que representam um peso mais elevado de população com deficiência (28,2%), seguidos do grupo dos indivíduos portadores de deficiência visual (24,8%). O tipo de deficiência que apresenta um número mais reduzido é a paralisia cerebral, com 46 casos.

Quadro 7.- População residente em Alenquer segundo o Tipo de Deficiência e Sexo

Total Indicador Homens Mulheres N.º % População com Deficiência Auditiva 132 101 233 12,2 População com Deficiência Visual 241 231 472 24,8 População com Deficiência Motora 348 190 538 28,2 População com Deficiência Mental 114 99 213 11,2 População com Paralisia Cerebral 23 23 46 2,4 População com outra Deficiência 218 185 403 21,2 Total População com Deficiência 1 076 829 1 905 100,0

FONTE: INE, Recenseamento Geral da População, 2001

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O gráfico seguinte permite visualizar, de uma forma mais clara, em termos percentuais, a repartição da população deficiente no concelho de Alenquer pelos vários tipos de deficiência, no ano de 2001, permitindo percepcionar de imediato o peso assumido pela categoria —deficiência motora“ no total da população deficiente no concelho.

Gráfico 4.- População Portadora de Deficiência (%)

População com Deficiência Auditiva População com 21% 12% Deficiência Visual População com 2% 25% Deficiência Motora População com 11% Deficiência Mental População com Paralisia 29% Cerebral População com Outra Deficiência

FONTE: INE, Recenseamento Geral da População, 2001

Do ponto de vista da estrutura etária, constata-se que o peso proporcional de residentes com algum tipo de deficiência vai crescendo à medida que se avança no escalão etário (37% da população deficiente possui mais de 65 anos), reforçando a necessidade de uma atenção acrescida à população idosa. A importância do número de deficientes, mesmo nos escalões etários mais jovens, é um claro sinal da necessidade de reforçar os apoios, serviços e equipamentos já existentes no concelho e enquadrá-los em medidas que permitam a melhoria da qualidade de vida destes indivíduos.

Quadro 8.- População com deficiência por escalões etários

Escalões Etários N.º % Deficientes por cem hab 0-14 anos 108 5,7 1,7 15-24 anos 161 8,5 3,1 25-54 anos 612 32,1 3,7 55-64 anos 318 16,7 7,4 65 e + anos 706 37,1 10,4 Total 1 905 100,0 4,9

FONTE: INE, Recenseamento Geral da População, 2001

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A nível de freguesia, é possível verificar que Santo Estêvão possui o maior número de residentes portadores de deficiência, mas ponderando sobre o total da população, e dado que Santo Estêvão é uma das freguesias mais populosas do concelho, esse número não é tão significativo como por exemplo na freguesia de Aldeia Galega da Merceana, onde aproximadamente 10% da população residente possui algum tipo de deficiência.

Quadro 9.- População portadora de deficiência por freguesia

Tipo de Deficiência Paralisia Outra % na Freguesias Auditiva Visual Motora Mental Cerebral Deficiência Total População Abrigada 26 53 77 23 6 37 222 6,5 Ald. Galega Merceana 23 38 44 25 3 69 202 9,3 Aldeia Gavinha 2 9 15 10 1 7 44 3,8 Cabanas de Torres 4 18 14 6 1 2 45 4,4 Cadafais 11 19 23 7 1 15 76 4,5 Carregado 47 98 89 28 10 63 335 3,7 Meca 7 33 24 15 2 25 106 5,9 Olhalvo 19 17 26 12 2 24 100 5,0 Ota 4 3 17 4 3 5 36 3,0 P. Palhacana 1 4 10 5 1 3 24 4,1 Ribafria 5 5 9 5 2 2 28 2,9 Carnota 7 10 14 4 3 14 52 3,1 Santo Estêvão 36 70 83 31 4 53 277 5,2 Triana 21 43 54 15 2 41 176 5,0 Ventosa 12 40 32 12 5 39 140 6,3 V.V.Francos 8 12 7 11 _ 4 42 3,3 Concelho 233 472 538 213 46 403 1 905 4,9

FONTE: INE, Recenseamento Geral da População, 2001

Quanto ao grau de incapacidade atribuído às pessoas portadoras de algum tipo de deficiência, apenas 10% da população do concelho apresenta um grau de incapacidade superior a 80%, sendo que a grande maioria (49%) não possui qualquer grau de incapacidade atribuído. No entanto, não deixam de ser indivíduos fragilizados, física e socialmente, que requerem uma atenção especial.

Quadro 10.- População portadora de deficiência segundo o Grau de Incapacidade

Total Indicador Homens Mulheres N.º % População com deficiência 1 076 829 1 905 100,0 População sem grau de incapacidade atribuído 495 446 941 49,4 População com incapacidade inferior a 30% 146 94 240 12,6 População com incapacidade entre 30% a 59% 131 84 215 11,3 População com incapacidade entre 60% a 80% 200 113 313 16,4 População com incapacidade superior a 80% 104 92 196 10,3

FONTE: INE, Recenseamento Geral da População, 2001

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Apesar do número de residentes portadores de deficiência, existe apenas um equipamento no concelho direccionado para prestar apoio a esta população, o Centro de Actividades Ocupacionais de Olhalvo. Este equipamento constitui uma valência da Cooperativa para a Educação e Reabilitação de Crianças Inadaptadas (C.E.R.C.I.) Flôr da Vida de Azambuja, e destina-se essencialmente a dar resposta às necessidades da população deficiente, nomeadamente a pessoas portadoras de deficiências mentais, moderadas ou profundas, ou pessoas com multideficiências. A principal função deste equipamento é a ocupação de tempos livres da população deficiente que já não se encontra em idade escolar e que não reúne condições para integrar uma formação profissional, sendo que todas as actividades desenvolvidas a nível ocupacional possuem fins terapêuticos. No ano de 2006 este equipamento apresenta uma capacidade para 15 utentes, encontrando- se todas as vagas preenchidas. Apesar de desempenhar um trabalho bastante meritório com a população que acompanha, apresenta-se manifestamente insuficiente para dar resposta a esta problemática a nível concelhio.

Dada a carência de respostas, a Câmara Municipal de Alenquer procura colmatar esta falta através da cedência de transportes para instituições situadas fora do concelho. Assim, cabe ao Serviço de Acção Social da Câmara acompanhar a integração do utente nas instituições de ensino especial dos concelhos limítrofes. No ano lectivo 2005/06, a autarquia procedeu ao transporte de pessoas portadoras de deficiência para as seguintes instituições:

- CERCI Flôr da Vida Azambuja: 15 utentes - CERCI Póvoa - Póvoa de Santa Iria: 2 utentes - CERCI Tejo - Alverca: 2 utentes - Associação Para a Educação de Crianças Inadaptadas (A.P.E.C.I.) - Torres Vedras: 23 utentes - Escola Básica Soeiro Pereira Gomes œ Alhandra: 1 utente - Centro de Actividades Ocupacionais de Olhalvo: 4 utentes.

Foi assim identificado pelos agentes concelhios que a área da Deficiência seria uma problemática a analisar no âmbito da Rede Social, sendo que se procedeu à constituição de um Grupo de Trabalho para este fim, que englobou as seguintes entidades:

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- Agrupamento de Escolas Pêro de Alenquer - Associação para a Educação de Crianças Inadaptadas - C M Alenquer œ Sector de Acção Social e Sector de Apoios Terapêuticos - Centro de Actividades Ocupacionais œ Olhalvo - Centro de Saúde de Alenquer - CERCI Flor da Vida - Segurança Social de Vila Franca de Xira

Os problemas identificados na área da Deficiência foram os seguintes:

1º Problema: Existência de população portadora de deficiência sem colocação em instituição de educação especial e reabilitação

Como foi referido anteriormente, este problema prende-se com o facto de apenas existir um equipamento a nível concelhio que dá resposta a algumas pessoas portadoras de deficiência, o Centro de Actividades Ocupacionais de Olhalvo. Não obstante o facto de se recorrer às instituições de concelhos limítrofes, existe ainda uma percentagem significativa de pessoas a nível concelhio que não se encontram colocadas em instituições de educação especial e reabilitação, essencialmente, de acordo com o Grupo de Trabalho, devido à falta de associativismo para a área da deficiência, à falta de sensibilidade em relação a esta problemática, e à insuficiência de apoios financeiros, particularmente a falta de candidaturas a programas de financiamento que poderiam permitir, de alguma forma, ultrapassar este problema.

2º Problema: Dificuldades de sinalização precoce de algumas deficiências

Apesar dos esforços desenvolvidos pelos técnicos que trabalham na área da deficiência a nível concelhio, o Grupo de Trabalho identificou que se verificam ainda algumas dificuldades de sinalização precoce de algumas deficiências, pelo que foi acentuada a necessidade de se proceder a uma sensibilização ao nível do despiste de algumas deficiências. O Centro de Saúde de Alenquer, os Hospitais e os técnicos na área de apoios terapêuticos da autarquia foram sinalizados como sendo os recursos existentes ao nível deste problema.

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3º Problema: Insuficiência de equipas multidisciplinares para a intervenção precoce

A intervenção precoce é muito importante ao nível da problemática da deficiência, na medida em que constitui uma medida de apoio integrado, centrado na criança e na família, mediante acções de natureza preventiva e habilitativa. Visa essencialmente assegurar condições facilitadoras do desenvolvimento da criança com deficiência ou em risco de atraso grave de desenvolvimento; potenciar a melhoria das interacções familiares, bem como reforçar as competências familiares como suporte da progressiva capacitação e autonomia face à problemática da deficiência. Refira-se ainda que a intervenção precoce tem como destinatários crianças até aos 6 anos de idade, especialmente dos 0 aos 3 anos, que apresentem deficiências ou risco de atraso grave do desenvolvimento17.

Assim sendo, torna-se essencial começar a intervir com alguma antecedência ao nível da população portadora de deficiência, numa tentativa de minorar as consequências futuras. Neste sentido, foi apontada a insuficiência de equipas multidisciplinares que possam intervir a este nível, que poderá ser agravada pela questão da falta de técnicos. A oportunidade identificada para a resolução deste problema passaria pelo estabelecimento de uma parceria institucional para a criação de uma unidade de intervenção precoce. Esta oportunidade poderá vir a ser dificultada essencialmente pela falta de recursos materiais e humanos, bem como pela falta de iniciativa para esta questão, conforme identificado pelos elementos do Grupo de Trabalho.

4º Problema: Insuficiência de formação profissional

A insuficiência de formação profissional é uma questão também merecedora de atenção na medida em que é um factor que muitas vezes dificulta a integração no mercado de trabalho desta população. Dada a inexistência de instituições já mencionada, bem como a falta de apoios financeiros, os únicos recursos que permitem colmatar esta insuficiência de formação profissional são a recorrência a instituições dos concelhos limítrofes e o Centro de Emprego de Vila Franca de Xira.

17 Despacho conjunto n.º 891/99 de 19 de Dezembro.

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5º Problema: Dificuldades de acesso ao mercado de trabalho

Em relação a este problema, os dados do último Recenseamento Geral da População apontam para o facto de apenas 25,2% da população deficiente possuir actividade económica, dos quais 1,9% se encontrava em situação de desemprego em 2001 (34 indivíduos). Os restantes 74,8% do total de indivíduos portadores de deficiência não possuíam no mesmo ano nenhuma actividade económica, sendo na sua maioria indivíduos reformados, aposentados ou na reserva (43,6%). A percentagem de indivíduos incapacitados permanentemente para o trabalho é também algo significativa: 19,7%.

Quadro 11.- População Residente Deficiente, com 15 ou mais anos, segundo o tipo de deficiência, por condição perante a actividade económica

Tipo de Deficiência Condição perante a Actividade Económica Auditiva Visual Motora Mental Paralisia Outra Total Cerebral Deficiência N.º % População População com Empregada 58 152 102 15 4 87 418 23,3 Actividade População Económica Desempregada 4 10 11 3 - 6 34 1,9 Estudantes 7 25 8 6 - 5 51 2,8 Domésticos 14 39 14 6 2 17 92 5,1 População Reformados sem /Aposentados/ 125 175 257 61 8 157 783 43,6 Actividade Na Reserva Económica Incapacitados permanentemen 7 29 118 79 23 98 354 19,7 te p/ o trabalho Outros 8 11 12 25 - 9 65 3,6 Total 223 441 522 195 37 379 1 797 100,0

FONTE: INE, Recenseamento Geral da População, 2001

Ao nível da população residente portadora de deficiência e desempregada no concelho, 32,4% desta população apresenta deficiências a nível motor, enquanto que 29,4% do total da população deficiente desempregada apresenta deficiências visuais.

Verifica-se, através do quadro seguinte, que o principal meio de vida da população deficiente no concelho é a Pensão/Reforma (56,4% da população), mas tanto o Trabalho (22,2%), como a Família (13,5%) constituem também importantes suportes para a subsistência desta população. Efectivamente, o Trabalho constitui o segundo principal meio de vida com mais casos, à excepção da população portadora de deficiência mental que, seguidamente à Pensão/Reforma, depende em

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grande parte do apoio da família. O mesmo se verifica no caso dos indivíduos portadores de paralisia cerebral, que dependem em maior número da Família do que do Trabalho para sobreviver.

Estes são os dois tipos de deficiência onde se torna mais difícil a inserção na vida activa, como aliás é possível também verificar através do quadro 11, pois apenas 15 pessoas com deficiência mental e 4 com paralisia cerebral se encontram empregadas.

Quadro 12.- População Residente deficiente com 15 ou mais anos, segundo o tipo de deficiência, por principal meio de vida

Tipo de Deficiência Principal Meio de Vida Paralisia Outra Total Auditiva Visual Motora Mental Cerebral Deficiência N.º % Trabalho 58 146 97 14 4 80 399 22,2 Rendimentos da propriedade/empresa 2 3 4 - - 3 12 0,7 Subsídio de desemprego 3 8 6 2 - 4 23 1,3 Subsídios temporários - 4 10 3 2 8 27 1,5 RMG 1 4 3 1 - 2 11 0,6 Pensão/Reforma 130 199 343 95 18 228 1 013 56,4 Apoio Social 1 1 9 18 3 7 39 2,2 A cargo da Família 26 69 46 49 10 43 243 13,5 Outra Situação 2 7 4 13 - 4 30 1,7 Total 223 441 522 195 37 379 1 797 100,0 % 12,4 24,5 29,0 10,9 2,1 21,1 100,0

FONTE: INE, Recenseamento Geral da População, 2001

Pelos dados expostos, verifica-se assim que continuam a existir muitas dificuldades por parte da população portadora de deficiência ao nível da inserção no mercado de trabalho, que se poderá ficar a dever em parte à falta de sensibilidade e de informação das entidades empregadoras para a contratação de população portadora de deficiência. Apesar de o Instituto de Emprego e Formação Profissional conceder incentivos à contratação de pessoas portadoras de deficiência, estes já não se mostram aliciantes para as entidades empregadoras.

6º Problema: Dificuldades nas acessibilidades

O problema das dificuldades de acessibilidades foi também enunciado neste Grupo de Trabalho, encontrando-se em sexto lugar ao nível das prioridades identificadas. Verifica-se que, pese embora o facto de os deficientes constituírem um grupo claramente minoritário no conjunto da população concelhia, mas cujo peso relativo

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é já bastante significativo (4,9% da população concelhia possui algum tipo de deficiência), a atenção dispensada a esta população em termos de equipamentos e serviços não tem sido a mais adequada. A nível concelhio os equipamentos adaptados à mobilidade da população deficiente são ainda em número reduzido para o que seria desejável. Em alguns edifícios onde se encontram sediados os mais diversos serviços públicos verifica-se uma inadequação à mobilidade desta população.

Também os passeios, sinais de trânsito e o estacionamento indevido constituem claras barreiras à mobilidade destas pessoas, apresentando-se como uma questão que necessita de especial atenção quando 28% da população deficiente concelhia regista problemas ao nível motor, sendo que este tipo de intervenção referente às barreiras arquitectónicas está prevista no Decreto-Lei nº 123/97 de 22 de Maio, e recentemente entrou em vigor o Decreto-Lei n.º 163/06 de 8 de Agosto que aprova o regime de acessibilidades aos edifícios e estabelecimentos públicos. Assim sendo, a sensibilização para a aplicação da legislação em vigor foi identificada como sendo a única oportunidade que poderia eventualmente contribuir para melhores acessibilidades, sendo que a não aplicação de coimas ao incumprimento destas Leis foi identificado pelo Grupo de Trabalho enquanto um dos factores que podem dificultar a resolução do problema das dificuldades ao nível das acessibilidades, bem como a não valorização da problemática da deficiência aquando da construção de novos equipamentos.

7º Problema: Canais insuficientes de informação

O último problema identificado na área da Deficiência remete para o facto de se verificar uma insuficiência de canais ao nível de informação relativa à problemática da deficiência, o que faz com que muitas vezes a população não tenha acesso à informação que lhe permita usufruir dos benefícios que podem ter. Sendo a comunidade um importante recurso a este nível, surge a necessidade de mobilizá-la neste sentido. A criação de um Guia de Recursos que poderia colocar à disposição da população as respostas existentes na área da deficiência às quais as pessoas poderão recorrer, e a sua ampla divulgação pelo concelho, poderá constituir um factor que permita colmatar a questão da insuficiência de canais de informação.

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Matriz SW OT Deficiência

FRAQUEZAS FORÇAS OPORTUNIDADES AMEAÇAS 1º Existência de população - Centro de Actividades Ocupacionais (CERCI portadora de Azambuja œ Pólo de Olhalvo) - Candidaturas a deficiência sem - Câmara Municipal de Alenquer œ Transportes, programas de - Parecer desfavorável à colocação em acompanhamento e encaminhamentos do financiamento candidatura instituição de deficiente e da família. educação especial - Instituições dos concelhos limítrofes e reabilitação

2º Dificuldades de - Centro de Saúde - Sensibilização dos - Falta de sensibilização sinalização - Hospitais técnicos envolvidos dos técnicos para o precoce de - Técnicos da área de apoios terapêuticos (CMA) nesta problemática despiste de situações de algumas deficiência. deficiências

3º Insuficiência de - Instituições dos concelhos limítrofes (CERCI

equipas Póvoa, CERCI Tejo, CERCI Flor da Vida, APECI) - Parceria institucional

multidisciplinares - Centro de Saúde para a criação de uma - Falta de técnicos para a - Hospitais unidade de intervenção

intervenção - Apoios educativos do Ministério da Educação precoce precoce - Câmara Municipal de Alenquer

- Estabelecer protocolos com instituições 4º Insuficiência de - Centro de Emprego limítrofes para a - Falta de financiamento formação - Instituições na área da deficiência dos realização de cursos de - Inexistência de profissional concelhos limítrofes formação profissional instituições no concelho no concelho - Criação de uma instituição na área da deficiência

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Matriz SW OT Deficiência (Cont.)

FRAQUEZAS FORÇAS OPORTUNIDADES AMEAÇAS

- Falta de sensibilidade das

entidades empregadoras - Entidades empregadoras relativamente à contratação de 5º Dificuldades de - Centro de Emprego œ Programas específicos de população portadora de acesso ao apoio a esta problemática deficiência mercado de - Formação profissional dada pelas instituições e - Criação de uma empresa - Falta de informação das trabalho Centro de Emprego de inserção entidades empregadoras - Emprego protegido relativamente à contratação de - Inserção em mercado aberto de trabalho população portadora de

deficiência - Conjuntura económica do país

- Alguns equipamentos concelhios adaptados à - Falta de sensibilidade / vontade mobilidade de pessoas portadoras de de políticas deficiência. -Não-valorização da deficiência 6º Dificuldades nas -—Design for all“ œ programa ao nível de - Sensibilização para a aquando da construção de acessibilidades acessibilidades arquitectónicas, informáticas, aplicação da legislação em equipamentos visuais, auditivas … vigor - Falta de adequação das verbas / - Decreto-Lei n.º123/97 œ obrigatoriedade de planeamento eliminar as barreiras arquitectónicas. - Não aplicação de coimas ao incumprimento do Decreto œ Lei

7º Canais - Sensibilização da - Desinteresse da comunidade insuficientes de - Comunidade comunidade para a - Falta de sensibilidade da informação divulgação da informação comunidade - Elaboração de um Guia de Recursos do concelho

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Análise de causas - Deficiência

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Causas à o i õ d i u

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r n i a i e m i l c a s r e i t t i a a e n r a a a a a a u a a a a a a c i i o g t c d s s i a t o t p i d í t t t t t t t t t t t t t t m c m a o s p r o f c l l l l l l l l l l l l c n n e s n s a r s i s f i e a u n e o o e s e c s a a a a a a a a a a a a m e o o i o i n i n n n s F f R i c l D g F n F i F m h F i F f p p d F i F c a F f F d Problemas F a F

Existência de pop. portadora de deficiência sem colocação em instituição de ed. especial e reabilitação

Dificuldades de sinalização precoce de algumas deficiências

Insuficiência de equipas multidisciplinares para intervenção precoce

Insuficiência de formação profissional

Dificuldades de acesso ao mercado de trabalho

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Análise de causas œ Deficiência œ Cont.

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Dificuldades nas acessibilidades

Canais insuficientes de informação

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5.2. Famílias em Risco

O Grupo de Trabalho formado para analisar as questões relativas à problemática —Famílias em Risco“ foi constituído pelos seguintes elementos:

- Câmara Municipal de Alenquer - Centro de Saúde de Alenquer - Centro Social Paroquial do Carregado - Centro Social Paroquial Nossa Senhora das Virtudes de Ventosa - Comissão de Protecção de Crianças e Jovens de Alenquer - Guarda Nacional Republicana œ Destacamento Territorial de Alenquer œ Posto Territorial de Alenquer, Posto Territorial de Merceana, Núcleo Escola Segura - Santa Casa da Misericórdia de Aldeia Galega da Merceana - Segurança Social de Vila Franca de Xira

Foto 10 - Grupo de Trabalho —Famílias em Risco“

1º Problema: Famílias em situação de pobreza extrema

O problema prioritário a nível da problemática Famílias em Risco foi a existência de famílias em situação de pobreza extrema, problema este que foi referido com alguma preocupação por parte das entidades concelhias. Para fazer face ao mesmo, o Centro Social Paroquial do Carregado possui um Banco Alimentar que em

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Setembro de 2006 se encontrava a acompanhar 75 famílias, que englobam 100 adultos e 55 crianças. Este tipo de apoio é prestado mensalmente apenas às famílias residentes na freguesia do Carregado, dando resposta também a alguns casos de Alenquer, sendo que um dos factores que poderia constituir uma oportunidade para ajudar mais famílias no concelho seria a apresentação de candidaturas por parte das restantes IPSS‘s concelhias ao mesmo projecto.

De forma a tentar atenuar este problema, o Instituto Sãozinha, a Santa Casa da Misericórdia de Aldeia Galega da Merceana e o Centro Social Paroquial N.ª Sr.ª das Virtudes prestam um apoio a nível alimentar a algumas famílias carenciadas do concelho através do Programa Comunitário de Ajuda Alimentar a Carenciados, que apenas se realiza duas vezes por ano. Assim, em Setembro de 2006, o Instituto Sãozinha apoia 37 pessoas a nível alimentar, que consistem nas crianças que se encontram no Lar de Crianças e Jovens de Abrigada e alguns funcionários da instituição, bem como a 34 famílias que englobam 86 pessoas, não só da freguesia de Abrigada como das freguesias limítrofes. A Santa Casa da Misericórdia de Merceana presta apoio a 21 famílias e o Centro Social Paroquial N.ª Sr.ª das Virtudes apoia no âmbito deste programa 58 agregados, que se traduzem em 133 pessoas. Embora abrangendo no total um número significativo de famílias, este programa foi identificado como sendo bastante burocrático.

Os Agrupamentos de Escuteiros do concelho prestam também um contributo importante na ajuda às famílias carenciadas, efectuando uma recolha de produtos alimentícios na altura natalícia, e a sua posterior distribuição a famílias sinalizadas quer pelos próprios, quer em articulação com o sector de Acção Social da Câmara Municipal de Alenquer. Em 2005 foram sinalizadas 205 casos de pessoas a necessitar de apoio a nível alimentar no concelho.

As empresas na área alimentar tanto do concelho como das zonas limítrofes foram identificadas como oportunidades no combate a situações de fome, enquanto que a falta de emprego, a falta de apoio técnico e a conjuntura nacional são os principais factores que poderão agravar o facto de existirem famílias no concelho em situação de pobreza extrema.

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2º Problema: Existência de famílias que vivem em más condições de habitabilidade

Existe por parte dos elementos que constituíram o Grupo de Trabalho a percepção de que este é um problema que afecta uma percentagem significativa da população. Não existe no entanto um levantamento ao nível do número de famílias que vivem em más condições de habitabilidade, sendo que os recursos existentes no concelho para fazer face a este problema são em número reduzido. A Câmara Municipal de Alenquer tenta ajudar algumas famílias através do Programa de Apoio em Materiais para a Recuperação de Habitação Própria Degradada, que, como o próprio nome indica, consiste em avaliar as situações que necessitem de apoio a nível da reconstrução de habitação degradada, cedendo alguns materiais às situações consideradas mais carenciadas neste sentido. Este programa é promovido desde 1999, tendo-se procedido ao acompanhamento de 24 casos.

O Programa Solarh foi outro recurso identificado ao nível deste problema, sendo que tem por objectivo a concessão de um apoio financeiro especial, sob a forma de empréstimo sem juros, a agregados familiares de fracos recursos económicos, de modo a permitir a realização de obras nas habitações de que são proprietários e que constituem a sua residência permanente. De acordo com o Decreto-Lei n.º39/2001 de 9 de Fevereiro, para além da reabilitação do parque habitacional, este Programa possui ainda como objectivo estimular a colocação no mercado de arrendamento de inúmeros fogos devolutos. Este Programa é promovido pelo Instituto Nacional de Habitação e delega na autarquia a instrução das candidaturas ao mesmo. Desde a sua implementação até Setembro de 2006 deram entrada na autarquia 6 pedidos, sendo que o processo referente a um deles ainda se encontra a decorrer.

Os Programas do Instituto Nacional de Habitação e o Clube Madeicávado foram as oportunidades identificadas que poderão contribuir para o combate ao problema de algumas famílias do concelho que vivem em más condições de habitabilidade. A respeito do Clube Madeicávado é possível referir que é um Clube de cariz social, localizado nas instalações da empresa Damadeira, na freguesia de Ota, e que presta apoio essencialmente ao nível da concessão de madeiras e de mobiliário de cozinha a pessoas carenciadas. Apesar de ter sido criado à cerca de um ano e meio, ainda não se encontra formalizado, logo, não existem processos a decorrer no concelho de Alenquer.

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A falta de habitação social e a insuficiência de habitação a custos controlados, o excesso de burocracia e o desconhecimento de saber como aceder a apoios no âmbito da habitação são alguns dos factores identificados pelo Grupo de Trabalho como dificultando a resolução deste problema.

3º Problema: Violência Doméstica

No que se refere ao problema da violência doméstica, não foi possível recolher atempadamente a informação respeitante ao número de casos sinalizados pelo Núcleo Mulher e Menor de Vila Franca de Xira no concelho de Alenquer. Este Núcleo, juntamente com a Comissão de Protecção de Crianças e Jovens de Alenquer e com a GNR de Alenquer, são as únicas instituições a nível concelhio que prestam apoio a vítimas desta problemática.

Este é um problema —silencioso“ na medida em que existe muita dificuldade em a vítima assumir e denunciar a situação de violência doméstica, quer por medo de represálias por parte do agressor, quer por falta de apoios à vítima que denuncia a situação, quer ainda pelo desconhecimento da própria vítima em relação ao tipo de apoios que lhe pode ser prestado após a denúncia da situação de violência.

O Grupo de Trabalho identificou como sendo importante a realização de actividades que promovam uma maior sensibilização relativamente a este problema, e que por outro lado possam informar a comunidade sobre as respostas existentes para esta problemática. Em relação a esta oportunidade, refira-se que em Maio do corrente ano foi realizado no concelho de Alenquer um Fórum subordinado ao tema da violência doméstica, promovido pela Câmara Municipal de Alenquer em parceria com a GNR de Alenquer. Esta foi uma iniciativa importante, pelo que será de continuar a promover este tipo de iniciativas.

4º Problema: Falta de equipamentos de apoio a crianças em risco

Este problema é sentido de uma forma particular pelos técnicos que constituem a Comissão de Protecção de Crianças e Jovens (CPCJ) de Alenquer, aquando da necessidade de fazer a retirada de uma criança ou jovem do seu meio familiar, que se encontre em situação de risco, e a posterior colocação em instituição de acolhimento.

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O único equipamento que existe a nível concelhio para dar apoio a crianças e jovens em risco é o Lar de Crianças e Jovens do Instituto Sãozinha, sito na freguesia de Abrigada e que se destina apenas a crianças do sexo feminino, com idades compreendidas entre os 2 e os 19 anos, que se encontrem em situação de risco social. É uma instituição para onde são encaminhadas situações de crianças e jovens que necessitem de uma intervenção prolongada, no mínimo de 1 ou 2 anos, e cujos processos provenham de tribunais, da Segurança Social ou de Comissões de Protecção de Crianças e Jovens. Em Setembro de 2006 este equipamento possuía 30 crianças/jovens, não existindo vagas disponíveis.

Esta necessidade de equipamentos de apoio a crianças em risco é evidente aquando se analisa as informações recolhidas junto da Comissão de Protecção de Crianças e Jovens (CPCJ) de Alenquer. Assim, em Setembro de 200618, existem nesta Comissão 104 processos em activo, que abrangem um total de 132 crianças/jovens, 46 das quais do sexo feminino e 86 do sexo masculino, maioritariamente na faixa etária dos 6 aos 9 anos e dos 13 aos 15 anos.

Quadro 13. - Crianças acompanhadas pela CPCJ de Alenquer por Sexo e Idade

Idade Sexo Total Feminino Masculino 0-2 4 4 8 3-5 8 11 19 6-9 12 17 29 10-12 6 9 15 13-15 7 25 32 16-18 9 20 29 Total 46 86 132

FONTE: Comissão de Protecção de Crianças e Jovens de Alenquer, 2006

A principal problemática identificada pela CPCJ nos casos que acompanha é Negligência, com 75 ocorrências, encontrando-se em segundo lugar a problemática do abandono escolar (16 casos). É possível observar no seguinte quadro a distribuição dos processos em acompanhamento pela CPCJ, que permite concluir que é na freguesia do Carregado que se verifica um maior número de casos.

18 Note-se que, aquando da recolha desta informação, pelo facto de alguns processos terem sido abertos muito recentemente, ainda não foi possível recolher toda a informação relativamente a todos os processos.

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Quadro 14. - Processos em acompanhamento pela CPCJ de Alenquer por freguesia

Freguesias N.º de processos Abrigada 6 Aldeia Galega da Merceana 5 Aldeia Gavinha 3 Cabanas de Torres 4 Cadafais 2 Carregado 29 Meca 4 Olhalvo 10 Ota 5 Pereiro de Palhacana 2 Ribafria 3 Carnota 0 Santo Estêvão 7 Triana 6 Ventosa 8 Vila Verde dos Francos 6 Concelho 100

FONTE: Comissão de Protecção de Crianças e Jovens de Alenquer, 2006

Verifica-se assim uma falta de instituições e de técnicos que permitam atenuar este problema, sendo que quando surge a necessidade de retirar uma criança do seu meio familiar, a CPCJ de Alenquer recorre a instituições de todo o país, onde existam vagas.

5º Problema: Elevada taxa de desemprego

A elevada taxa de desemprego é um problema que influencia de uma forma muito directa a existência de famílias em risco. Existem alguns recursos no concelho que podem ser potenciados para a resolução deste problema, como é possível verificar na análise SWOT, no entanto os factores que o podem dificultar apresentam um peso importante.

A Taxa de Desemprego no concelho de Alenquer no ano de 2001, de acordo com os Censos, é de 3,1% no caso dos homens e de 8,5% ao nível das mulheres, não tendo sido disponibilizados atempadamente por parte do Centro de Emprego informações mais recentes em relação à Taxa de Desemprego concelhia. É possível encontrar uma análise mais aprofundada em relação a este problema na

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abordagem da problemática “Formação e Emprego“, nas páginas 65 a 69 do presente documento, onde o mesmo problema foi analisado pelo Grupo de Trabalho.

Foram identificados como recursos que permitam resolver este problema o Centro de Emprego, as empresas de trabalho temporário, os empregadores locais, assim como o Centro de Formação do Carregado pertencente ao Grupo Salvador Caetano e a Organização Local de Educação e Formação de Adultos de Alenquer pois de entre as principais causas que dificultam a resolução deste problema podemos encontrar a baixa escolaridade e o baixo nível de formação profissional. Problemas relacionados com as acessibilidades e com o isolamento geográfico foram igualmente identificados enquanto factores que dificultam a resolução do problema do desemprego a nível concelhio, pois conjugados com a existência de uma rede de transportes insuficiente que não permita responder às necessidades da população que não possui meio de transporte próprio, pode dificultar a aceitação de empregos em meios afastados da residência dos utentes.

Os Programas Ocupacionais de Carenciados foram a única oportunidade referida por este Grupo de Trabalho ao nível da resolução do problema da elevada Taxa de Desemprego no concelho, sendo que se optou por completar esta informação com as oportunidades identificadas pelo Grupo de Trabalho destinado a analisar a problemática —Formação e Emprego“, dado que este mesmo problema foi analisado nos dois Grupos.

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Matriz SW OT Famílias em Risco

FRAQUEZAS FORÇAS OPORTUNIDADES AMEAÇAS

- Centro Social Paroquial do Carregado - Empresas na área - Falta de emprego 1º Famílias em (Banco Alimentar) alimentar - Burocracia no processo de candidatura situação de - Segurança Social - Candidaturas ao Banco à atribuição de apoios económicos pobreza extrema - IPSS‘s do concelho œ Programa Alimentar por parte das - Conjuntura nacional comunitário de ajuda alimentar restantes IPSS‘s - Falta de apoio técnico a carenciados. - Agrupamentos de Escuteiros œ distribuição de alimentos no Natal

2º Existência de - Câmara Municipal de Alenquer œ - Falta de programas de apoio. famílias que Programa de Apoio em Materiais - Programas do Instituto - Falta de habitação social. vivem em más para a Recuperação de Habitação Nacional de Habitação - Falta de oferta de habitação a custos condições de Própria Degradada - Clube Madeicávado controlados. habitabilidade - Programa Solarh - Desconhecimento e dificuldade de saber como aceder a recursos - Excesso de burocracia

- Núcleo Mulher e Menor (GNR) - Realização de actividades que - Dificuldade em a vítima denunciar a 3º Violência - GNR de Alenquer promovam uma maior situação de violência doméstica Doméstica - Comissão de Protecção de Crianças e sensibilização relativamente a - Falta de apoios às vítimas Jovens este problema - Falta de informação sobre os apoios

4º Falta de - Lar de Crianças e Jovens do Instituto - Candidatura a programas de - Falta de técnicos equipamentos de Sãozinha para meninas financiamento - Falta de iniciativa local para criação apoio a crianças - Articulação com instituições de equipamentos em risco sediadas em concelhos limítrofes

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Matriz SW OT Famílias em Risco (Cont.)

FRAQUEZAS FORÇAS OPORTUNIDADES AMEAÇAS

- Centro de Emprego - Programas Ocupacionais de - Baixo nível de escolaridade - Empresas de trabalho temporário Carenciados - Baixo nível de formação profissional 5º Elevada taxa de - Centro de Formação Profissional - Aproveitamento dos incentivos - Dificuldades ao nível das desemprego Salvador Caetano existentes à contratação por acessibilidades - Empregadores locais parte das entidades - Falta de equipamentos de apoio à - Organização Local de Educação e empregadoras família Formação de Adultos de Alenquer - Candidaturas à criação do - Isolamento geográfico - AERLIS (pólo do Carregado) próprio emprego - UNIVA

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Análise de Causas œ Famílias em Risco

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Violência doméstica

Falta de equipamentos de apoio a crianças em risco

Elevada taxa de desemprego

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5.3. Formação e Emprego

O Grupo de Trabalho constituído para analisar as questões relativas à problemática da Formação e Emprego foi composto pelos seguintes elementos:

- Associação Comercial e Industrial do Concelho de Alenquer - Barraqueiro Transportes S.A. (Boa Viagem) - Câmara Municipal de Alenquer - Escola Secundária Damião de Goes - Escola Profissional Salvador Caetano - Instituto de Emprego e Formação Profissional - Organização Local de Educação e Formação de Adultos de Alenquer

Foto. 11 œ Grupo de Trabalho —Formação e Emprego“

Sendo que a temática da Formação e Emprego é muito abrangente, de forma a se poder percepcionar de uma forma mais aprofundada algumas questões relativas ao emprego no concelho de Alenquer, remete-se para a consulta do Capítulo —Actividades Económicas e Emprego“ do documento de Pré-Diagnóstico Social do concelho de Alenquer.

Foram identificados 6 problemas ao nível da Formação e Emprego em Alenquer pelo Grupo de Trabalho.

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1º Problema: Baixa escolaridade/formação

A baixa escolaridade/formação da população residente no concelho de Alenquer foi o problema prioritário identificado pelo Grupo de Trabalho. Como é possível visualizar pelo seguinte quadro, verifica-se a existência de uma população com níveis de escolaridade muito deficitários.

Quadro 15. - Estrutura de Ensino do concelho

Nível de Ensino Freguesias Nenhum Nível de < 1º 1º 2º 3º 2ário Médio Superi Total A Ensino ciclo Ciclo Ciclo Ciclo or frequen tar Abrigada 13,6 16,6 31,4 14,3 13,6 7,9 0,2 2,5 100,0 17,2 Ald Galega Merceana 19,1 17,7 32,0 10,3 10,6 7,2 0,3 2,7 100,0 15,3 Aldeia Gavinha 19,6 17,2 30,6 12,4 9,1 7,4 0,3 3,3 100,0 15,6 Cabanas Torres 15,1 17,8 37,2 16,1 9,0 3,3 0,1 1,5 100,0 15,0 Cadafais 15,0 13,3 28,3 14,0 13,6 11,1 0,4 4,1 100,0 15,6 Carregado 11,4 12,1 25,1 14,2 18,3 14,6 0,4 3,9 100,0 20,4 Meca 17,6 15,0 33,5 14,7 10,4 7,4 0,0 1,4 100,0 15,2 Olhalvo 14,8 17,6 31,2 12,6 12,6 8,2 0,6 2,4 100,0 15,8 Ota 11,0 14,8 30,1 17,0 12,3 10,5 0,5 3,8 100,0 18,8 Pereiro de Palhacana 19,1 20,0 31,5 11,5 10,3 5,9 0,2 1,5 100,0 18,1 Ribafria 21,8 17,7 32,8 12,4 8,8 5,1 0,1 1,3 100,0 14,4 Carnota 23,6 13,6 33,0 12,6 9,6 5,2 0,1 2,4 100,0 14,6 Santo Estêvão 12,4 12,4 28,4 11,2 14,5 13,9 0,9 6,3 100,0 18,2 Triana 11,4 13,9 28,7 11,6 14,2 13,3 0,8 6,1 100,0 19,2 Ventosa 17,4 18,5 34,4 11,7 10,0 6,1 0,2 1,7 100,0 13,8 Vila V. Francos 22,7 21,1 36,3 8,4 7,0 3,1 0,0 1,4 100,0 14,9 Concelho 14,7 14,8 29,8 12,9 13,4 10,3 0,4 3,6 100,0 17,4

FONTE: INE, Recenseamento Geral da População, 2001

A percentagem da população concelhia que possui um nível de ensino Médio (0,4%) ou Superior (3,6%) é bastante reduzida, predominando o 1º Ciclo do Ensino Básico, com 29,8% da população. 14,7% da população não possui nenhum nível de ensino, enquanto que 14,8% não chegou a concluir o 1º ciclo. Esta situação revela-se preocupante uma vez que 59,3% da população residente no concelho de Alenquer não ultrapassou o 1º Ciclo do Ensino Básico.

Ao nível da análise da variável —Escolaridade“ por freguesia é possível visualizar que são as freguesias de Carregado, Triana, Santo Estêvão e Ota que apresentam tanto as percentagens mais baixas de população sem escolaridade, como as percentagens mais elevadas de pessoas com os níveis de ensino Médio e Superior.

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O concelho de Alenquer ocupava, no ano de 2001, a 4ª posição ao nível do valor mais elevado da Taxa de Analfabetismo a nível da região Oeste, posição essa partilhada com os concelhos de Lourinhã e Sobral de Monte Agraço, todos com um valor de 11,7%, ligeiramente superior ao valor da região Oeste (11,1%). Assim, apenas os concelhos de Ìbidos, Cadaval e Arruda dos Vinhos registavam para o ano de 2001 valores da Taxa de Analfabetismo superiores a Alenquer.

Quadro 16. - Taxa de Analfabetismo na região Oeste

Taxa de Unidade Territorial Analfabetismo Ìbidos 14,0 Cadaval 13,5 Arruda dos Vinhos 12,1 Alenquer 11,7 Lourinhã 11,7 Sobral de Monte Agraço 11,7 Bombarral 11,6 Torres Vedras 10,8 Peniche 10,6 Alcobaça 10,3 Caldas da Rainha 10,2 Nazaré 10,1 Oeste 11,1

FONTE: INE, Recenseamento Geral da População, 2001

Achou-se pertinente desenvolver de uma forma mais aprofundada os recursos existentes a nível concelhio que permitam de alguma forma dar resposta ao problema da Baixa escolaridade/formação da população residente.

De acordo com a informação apresentada, torna-se evidente a importância da formação extra-escolar, que deve ser apoiada e incentivada no sentido do combate à elevada Taxa de Analfabetismo verificada no concelho. Um recurso importante ao nível do problema da baixa escolaridade é o ensino recorrente nocturno, leccionado na Escola Secundária Damião de Goes, que se destina a indivíduos que se encontram fora da escolaridade obrigatória e a quem não teve oportunidade de se enquadrar no sistema educativo. Este tipo de ensino pode ser leccionado de acordo com três modalidades, sendo que no ano lectivo de 2005/06 se registaram 45 alunos no Ensino Básico Recorrente, 267 alunos no Ensino Secundário por Unidades Capitalizáveis e 48 alunos no Ensino Secundário por Módulos Capitalizáveis. É possível verificar a evolução do número de alunos a frequentar o ensino recorrente no seguinte gráfico:

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Gráfico 5- Evolução do número de alunos a frequentar o Ensino Recorrente (2002/06)

400 364 336 360 350 270 300 250 200 150 100 50 0 2002/03 2003/04 2004/05 2005/06

FONTE: Escola Secundária Damião de Goes

A Organização Local de Educação e Formação de Adultos de Alenquer (OLEFA) apresenta-se também como um importante recurso para este problema, possuindo como objectivo permitir a cada indivíduo aumentar os seus conhecimentos e desenvolver as suas potencialidades. Ao nível de formação de adultos, proporciona dois tipos de resposta: o ensino recorrente e cursos de educação extra-escolar. No que concerne ao ensino recorrente, direcciona-se a pessoas com mais de 16 anos e possibilita a frequência dos 1º e 2º ciclos do Ensino Básico, constituindo como que uma segunda oportunidade para quem não teve possibilidade de concluir o seu percurso escolar na idade própria. Em 2004/05, no que diz respeito aos cursos de ensino recorrente promovidos pela OLEFA, existiu apenas um curso de 1º ciclo onde se inscreveram 20 formandos. Ao nível de cursos de formação extra-escolar, esta pretende essencialmente veicular o desenvolvimento e/ou actualização de conhecimentos, podendo também funcionar como complemento da educação escolar, ajudando deste modo ao desenvolvimento de aptidões tecnológicas e/ou à ocupação de tempos livres. No ano lectivo de 2004/05 foram leccionados 8 cursos de Educação Extra-Escolar, cuja frequência é possível observar no quadro seguinte:

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Quadro 17. - Rede de Cursos de Educação Extra-escolar (2004/05)

Curso Local de Funcionamento N.º de Formandos

Cabanas de Torres 12

Labrugeira 27 Artes Decorativas Merceana 10

Ota 12

Actualização de Inglês 2 Alenquer 18

Corte e Costura 2 Refugidos 12

Expressão Dramática Refugidos 18

Expressão Vocal Aldeia Gavinha 14

Português para Estrangeiros Carregado 12

Aldeia Gavinha 24

Saúde e Movimento Cadafais 27

Vila Chã 30

Alenquer 15 Tapeçaria Carregado 15

Total 237

FONTE: Organização Local de Educação e Formação de Adultos de Alenquer

No entanto, no ano lectivo de 2006/07, a opção do Ministério da Educação passa pela extinção deste serviço, não existindo ainda directrizes em relação à continuidade dos cursos oferecidos pela OLEFA.

Outro recurso identificado no concelho pelo Grupo de Trabalho foi a existência de cursos de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências (RVCC) promovidos pela Agência de Desenvolvimento Regional do Oeste. O sistema de RVCC pretende dar a oportunidade a todos os cidadãos, em particular aos adultos menos escolarizados e aos activos empregados e desempregados, de verem reconhecidas, validadas e certificadas as competências e conhecimentos que, nos mais variados contextos, foram adquirindo ao longo do seu percurso de vida, atribuindo-lhes uma equivalência escolar ao 1º, 2º e 3º ciclos, que promova e facilite percursos subsequentes de Educação - Formação. Permite identificar as competências que os adultos foram adquirindo ao longo do seu percurso, pela apresentação de resultados da sua experiência de vida, trabalho e formação não certificada e atribuir-lhes validade social, escolar e profissional.

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O processo de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências está dividido em três fases. A fase inicial do Reconhecimento, em que o candidato, em estreita colaboração com os técnicos, realiza um Balanço de Competências e elabora um dossier pessoal. Uma segunda fase de Validação, em que se prepara toda a documentação para posterior avaliação por um júri. A terceira fase será a Certificação, com a apreciação da candidatura que permitirá o reconhecimento das competências do adulto e a obtenção do respectivo certificado

No ano de 2005, os cursos de RVCC funcionaram em regime itinerante em parceria com a Junta de Freguesia do Carregado, onde iniciaram dois grupos num total de 33 adultos; na Junta de Freguesia de Olhalvo, onde igualmente iniciaram dois grupos com 33 adultos; e no Agrupamento de Escolas Pêro de Alenquer, que englobou dois grupos num total de 26 pessoas. Não existe uma data específica para o início dos cursos, sendo que se vão aceitando inscrições ao longo do ano, iniciando-se os cursos quando se regista um número de inscrições significativo. A este respeito, no ano de 2006 existe, nas referidas entidades, um elevado número de adultos a aguardar o início do processo de RVCC:

Quadro 18. - Número de pessoas em lista de espera para cursos de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências

Local Nº Agrupamento de Escolas Pêro de Alenquer 66 Junta de Freguesia do Carregado 51 Junta de Freguesia de Olhalvo 30 Total 147

FONTE: Agência de Desenvolvimento Regional do Oeste

Desde Fevereiro de 2006 encontra-se em funcionamento no concelho de Alenquer, no Lugar da Torre (Carregado), uma Unidade de Inserção na Vida Activa (UNIVA), que resulta de uma intervenção da Associação Empresarial da Região de Lisboa em parceria com o Instituto de Emprego e Formação Profissional no âmbito do apoio aos desempregados da região. O tipo de oferta prestado por este equipamento situa-se a diversos níveis. É prestada informação relativamente às ofertas de emprego disponibilizadas pelo Centro de Emprego, sendo que para isso os utentes terão de estar inscritos no Centro de Emprego de Vila Franca de Xira; existem também ofertas de emprego que são apresentadas pelas empresas

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directamente à UNIVA, sendo depois comunicadas ao Centro de Emprego de Vila Franca de Xira; e por fim existe um encaminhamento dos utentes para formação profissional ao nível dos Centros de Formação com que o Centro de Emprego de Vila Franca de Xira articula, particularmente para o Centro de Formação Profissional de Alverca. É ainda prestado apoio ao nível de orientação escolar e profissional, integração em estágios profissionais, bem como sessões de técnicas de procura de emprego aos utentes que procuram apoio nesta instituição. Destina-se a jovens desempregados e à procura do primeiro emprego, bem como aos desempregados em geral que necessitem de apoio ao nível de inserção no mercado de trabalho. Em Setembro de 2006 verificava-se um total de 15 inscritos nesta instituição.

Ao nível de respostas no âmbito da Formação no concelho, refira-se ainda a existência de alguns cursos promovidos pela Associação Empresarial da Região de Lisboa, que como foi referido se situa no Lugar da Torre. Estes cursos, relacionados essencialmente com as áreas de Desenvolvimento Pessoal, Informática e Gestão Administrativa, estão a ser promovidos no concelho pela primeira vez, sendo que apenas serão leccionados no ano de 2006/07 os cursos que apresentem um número significativo de inscrições que justifiquem a sua entrada em funcionamento.

A Associação Comercial e Industrial do Concelho de Alenquer (ACICA) é igualmente um importante recurso ao nível da formação identificado pelo Grupo de Trabalho, dado promover também alguns cursos de formação destinados aos empregados do comércio do concelho de Alenquer, quer os empregadores sejam ou não associados da ACICA. No ano de 2005/06, os cursos promovidos por esta Associação foram os seguintes: Inglês Comercial Inicial; Inglês Comercial Avançado, cursos na área de Informática, Vitrinismo, Atendimento e Vendas na loja, Controle e Qualidade Alimentar, Gestão Integrada na Qualidade e Ambiente, Higiene e Segurança no Trabalho, Gestão de Micro e Pequenas empresas, Estratégia Empresarial, e Finanças e Contabilidade para não-financeiros. Das informações recolhidas junto desta Associação foi possível constatar que estes cursos têm muita adesão por parte dos empregados do comércio, particularmente os cursos na área de Informática, sendo que para o ano de 2006/07 ainda não existem indicações de quais os cursos que irão ser realizados.

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Ainda no que diz respeito a respostas ao nível da formação no concelho, o Grupo de Trabalho identificou a existência de um protocolo entre a Empresa de Transportes Barraqueiro Transportes S.A. e a Escola Secundária Damião de Goes, protocolo este que existe há cerca de 8 anos, de acordo com o qual os alunos dos cursos técnico-profissionais têm vindo a realizar estágios nesta empresa nas áreas Administrativa e Chefia de Tráfego. Têm estagiado por ano 1 ou 2 alunos, sendo que até ao corrente ano foram absorvidos por esta empresa 4 alunos que ali realizaram o seu estágio.

No âmbito do ensino regular, verifica-se que nos anos lectivos 2002/04 funcionaram nas Escolas Básicas 2,3 Pêro de Alenquer, 2,3 Visconde de Chanceleiros e na Escola Básica Integrada do Carregado 4 cursos profissionais abrangendo 41 alunos e no anos lectivos 2003/05 apenas 2 cursos para um universo de 26 alunos. É de referir que estas escolas não possuem actualmente capacidade para disponibilizar a oferta de outros cursos de ensino profissional.

Quadro 19. - População Escolar do Ensino Profissional (2002-2005)

Escolas Cursos Ano Lectivo N.º Alunos Empregado de Serviços 2002/04 14 E. B. 2,3 Pêro de Comerciais Alenquer Electricista de instalações 2002/04 15

Carpintaria 2002/04 6 E. B. 2,3 Visconde de Serralharia Civil 2002/04 6 Chanceleiros Informática 2003/05 14 E.B.I. Carregado Cozinheiro 2003/05 12

FONTE: Carta Educativa do Concelho de Alenquer

Tendo em conta que muitos jovens abandonam o sistema de ensino sem terem concluído a escolaridade obrigatória e/ou sem formação profissionalmente qualificante facilitadora da inserção no mundo do trabalho, é de realçar o importante papel desempenhado pelas escolas de ensino profissional na formação de muitos jovens. Ao nível do ensino profissional, existe apenas um estabelecimento no concelho œ o Pólo de Formação do Carregado (PFC), situado na freguesia do Carregado, nas instalações do Grupo Salvador Caetano, que é actualmente o maior grupo do sector automóvel a nível nacional, e funcionando em articulação com o Instituto de Emprego e Formação Profissional.

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Como tal, os cursos ministrados nesta instituição são cursos essencialmente direccionados para as áreas automóvel e metalomecânica.

Este Centro de Formação desenvolve desde 1991 formação de jovens inserida nos sistemas de aprendizagem em regime de alternância. Possuindo como objectivo qualificar profissionalmente jovens dos 15 aos 25 anos, promove a valorização da formação alternadamente entre um pólo de aprendizagem e um posto de trabalho de uma empresa, facilitando a transição da escola para a vida activa. Os cursos de aprendizagem, de acordo com as diferentes saídas profissionais, conferem qualificações profissionais de nível I, II e III e equivalência escolar ao 6.º, 9.º ou 12.º ano de escolaridade, respectivamente. Para frequentar estes cursos, existem alguns requisitos que deverão ser preenchidos, tais como a idade (15 a 25 anos); os jovens têm, obrigatoriamente, de estar inscritos no Centro de Emprego da sua área de residência, que fará posteriormente o encaminhamento dos casos para o Centro de Formação de Alverca que coordena os cursos leccionados na Salvador Caetano; e, por fim, para a frequência de cursos de Nível I é exigido o 4º ano de Escolaridade, para os cursos de Nível II é exigido o 6º ano completo, bem como para frequentar os cursos de Nível Três, é necessário ter o 9º ano. Também se exige que os jovens sejam considerados como se encontrando em situação de 1º emprego para a frequência da formação profissional, ou seja, não podem ter trabalhado mais de um ano numa profissão qualificada. Se os alunos desistirem durante o curso, não possuirão equivalência a nenhum grau de ensino oficial.

No ano de 2005, foram leccionados no Centro de Formação do Carregado 6 cursos, encontrando-se a frequentar estes cursos um total de 80 formandos. Refira-se que no ano de 2004 estavam em funcionamento no Centro de Formação 9 cursos, que abrangiam um total de 126 formandos.

Quadro 20. - Centro de Formação do Carregado œ Cursos Leccionados e Número de formandos

Nível C ursos Formandos Obs. Mecânicos de Veículos Ligeiros 7 Termina em Dezembro de 2006 2 Pintura de Veículos 11 Termina em Outubro de 2006

Técnicos de Manutenção Industrial 13 Termina em Dezembro de 2006

Técnicos de Manutenção Industrial 19 Termina em Setembro de 2008

3 Mecatrónica Automóvel 14 Termina em Dezembro de 2006

Mecatrónica Automóvel 16 Termina em Setembro de 2007

Total 80

FONTE: Centro de Formação do Carregado, 2005

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Para além dos recursos identificados, ao nível do concelho de Alenquer destaca-se ainda o importante papel desempenhado ao nível do aumento da formação/ escolaridade da população pelo Centro de Formação de Alverca, que organiza os cursos de formação do Pólo de Formação da Salvador Caetano, oferecendo as seguintes modalidades de ensino:

A- Cursos com equivalência escolar ∑ Cursos de Aprendizagem ∑ Cursos de Educação e Formação de Adultos (B1- Cursos para pessoas com uma escolaridade inferior ao 4º ano e que dão equivalência ao 1º Ciclo. Consistem numa primeira fase no reconhecimento e validação de competências e numa segunda fase consiste na qualificação aos formandos. B2 œ Cursos para pessoas com o 4º ano e que dão equivalência ao 6º ano. B3- Cursos para pessoas com o 6º ano e que dão equivalência ao 9º ano.) ∑ Cursos de Educação e Formação de Jovens (são de 7 tipos, entraram em vigor este ano lectivo e funcionam nas escolas e no Centro de Emprego).

B- Cursos sem equivalência escolar ∑ Qualificação e Reconversão Profissional œ Para desempregados (nível 2 para quem possui a escolaridade obrigatória ou o 9º ano em alguns casos, e nível 3 para quem possui o 11º ou o 12º ano.) ∑ Qualificação Inicial - Para jovens à procura do primeiro emprego (nível 2 para quem possui a escolaridade obrigatória ou o 9º ano em alguns casos, e nível 3 para quem possui o 11º ou o 12º ano.) ∑ Formação para Desempregados Qualificados (Bacharelato ou Licenciatura) œ destinado a actualizar as competências profissionais ∑ Especialização tecnológica œ Com a duração de 1 ano, destinada a jovens que concluíram o ensino secundário e que têm uma certificação profissional de nível 3. ∑ Portugal Acolhe œ Cursos de curta duração em horário pós-laboral destinado a imigrantes legalizados. ∑ Formação de formadores ∑ Formação contínua (pós-laboral)

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Estas modalidades de ensino são oferecidas pelo centro de formação de Alverca, e às quais as pessoas do concelho de Alenquer podem recorrer, mas por uma questão de acessibilidades, particularmente nos casos em que as pessoas residem no alto concelho e em que a rede de transportes é insuficiente, algumas destas modalidades são desenvolvidas no Balcão de Atendimento do Centro de Emprego.

Assim, a questão das acessibilidades, juntamente com a falta de fluidez de informação em relação às respostas existentes e a falta de recursos humanos que permita a facilitação da informação, constituem-se como factores que podem dificultar a resolução da questão da baixa escolaridade/formação.

Os baixos níveis de escolaridade/formação assumem uma importância relevante no concelho de Alenquer, pelo que se torna importante a adopção de medidas que ajudem a minimizar esta realidade com vista à promoção de competências sócio- educativas.

Refira-se que a baixa escolaridade tem a ver não só com a falta de interesse pela escola e por aquilo que esta pode oferecer, como também pelo factor cultural, isto é, tem-se assistido, de acordo com os parceiros, a uma desvalorização da aquisição de competências tanto por parte das famílias como dos jovens.

2º Problema: Falta de alternativas de ensino/formação para jovens fora da idade limite de escolaridade obrigatória e sem o 6º ano de escolaridade

Este problema foi identificado pelo Grupo de Trabalho como assumindo uma importância relevante, dado que efectivamente os jovens entre os 15 e os 18 anos com escolaridade inferior ao 6º ano possuem a nível concelhio poucas respostas de ensino/formação.

O único recurso para esta população seria o Centro de Formação de Alverca, onde existe possibilidade da realização de cursos de educação e formação de jovens tipo 1, assim como algumas instituições dos concelhos limítrofes na área da deficiência para utentes portadores de deficiência ou com graves dificuldades de aprendizagem.

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De entre os principais factores que podem dificultar a resolução deste problema encontram-se questões como a falta de articulação entre ensino/formação ou a falta de gabinetes de orientação vocacional que possam orientar os jovens ao nível do seu percurso escolar. As acessibilidades, a dispersão geográfica ou a rede de transportes deficitária foram referidas enquanto factores que podem contribuir para o facto de se verificarem a nível concelhio falta de alternativas de ensino/formação para jovens que não possuem a escolaridade obrigatória.

3º Problema: Elevada taxa de desemprego

A informação disponibilizada pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) relativamente ao Desemprego no concelho de Alenquer permite retirar algumas conclusões importantes em relação a este problema. De acordo com esta fonte, o desemprego registado no concelho aumentou, entre 1998 e 2005, cerca de 51,5%, pois enquanto que em 1998 o total de desempregados era de 1 026, no ano de 2005 esse número aumentou para 1 554. No seguinte quadro é possível verificar a variação da problemática do desemprego entre os anos de 1998 e 2005, desagregado a nível de freguesia.

Quadro 21.- Desemprego registado por freguesia

1998 2005 Variação 1998- Freguesias N.º % N.º % 2005 (%) Abrigada 61 5,9 133 8,6 118,0 Ald. Galega Merceana 38 3,7 37 2,4 -2,6 Aldeia Gavinha 26 2,5 28 1,8 7,7 Cabanas de Torres 22 2,1 27 1,7 22,7 Cadafais 28 2,7 65 4,2 132,1 Carregado 247 24,1 595 38,3 140,9 Meca 42 4,1 47 3,0 11,9 Olhalvo 75 7,3 66 4,2 -12,0 Ota 28 2,7 44 2,8 57,1 Pereiro de Palhacana 12 1,2 9 0,6 -25,0 Ribafria 38 3,7 23 1,5 -39,5 Carnota 41 4,0 40 2,6 -2,4 Santo Estêvão 180 17,5 238 15,3 32,2 Triana 120 11,7 106 6,8 -11,7 Ventosa 46 4,5 61 3,9 32,6 Vila Verde dos Francos 22 2,1 35 2,3 59,1 Concelho 1 026 100,0 1 554 100,0 51,5 FONTE: Instituto do Emprego e Formação Profissional, 2005

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A análise do desemprego por freguesia permite concluir que é a freguesia do Carregado a mais afectada por este problema no ano de 2005, com 38,3% do total do desemprego verificado no concelho (595 desempregados), mas no entanto é também a freguesia que possui o maior número de residentes. Esta freguesia foi igualmente a que viu variar de uma forma mais acentuada o desemprego entre os anos de 1998 e 2005 (variação de 140,9%), seguida de Cadafais, que aumentou o seu número de desempregados de 28, no ano de 1998, para 65 desempregados em 2005 (variação de 132,1%). Nas freguesias de Aldeia Galega da Merceana, Olhalvo, Triana, Pereiro de Palhacana, Carnota e Ribafria o desemprego diminuiu para o mesmo período de tempo, enquanto que em todas as restantes freguesias do concelho se verificou um aumento do fenómeno do desemprego entre os anos de 1998 e 2005.

Ao nível do sexo e dos escalões etários, é possível concluir que o escalão etário entre os 25 e os 44 anos é o mais afectado pelo fenómeno do desemprego, com 732 desempregados (47,1%), enquanto que a faixa etária que possui a população com idades inferiores a 25 anos regista apenas 17,1% do total dos desempregados do concelho.

Quadro 22.- População desempregada por Grupos Etários e Sexo

Sexo Grupos etários Masculino Feminino Total % < 25 anos 103 163 266 17,1 25-44 anos 252 480 732 47,1 45-54 anos 128 140 268 17,2 >=55 anos 177 111 288 18,5 Total 660 894 1 554 100,0 % 42,5 57,5 100,0

FONTE: Instituto do Emprego e Formação Profissional, 2005

O desemprego afecta maioritariamente a população feminina (57,5%), pois apenas 42,5% dos desempregados são homens, num concelho em que, no ano de 2001, a população feminina é ligeiramente superior à masculina (50,8% contra 49,2%). Este problema poderá eventualmente ficar a dever-se a uma discriminação face ao emprego, não tanto por parte das entidades empregadoras, mas devido a um conjunto de problemas que cruzam o problema da falta de serviços sociais de apoio, quer a crianças quer aos idosos, com a tradicional discriminação ao nível das responsabilidades familiares ainda bastante enraízado na nossa sociedade e que

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conduz a que muitas mulheres tenham de abdicar da sua vida profissional para prestar apoios a nível familiar que não encontram outro tipo de resposta.

No que concerne às habilitações literárias dos desempregados no concelho de Alenquer, verifica-se no quadro 23 que, no ano de 2005, grande parte dos desempregados possuem níveis de escolaridade relativos ao Ensino Secundário (40,9% dos desempregados), enquanto que a escolaridade inferior ou igual ao 1º Ciclo regista apenas 5,2% do total da população desempregada, sendo a categoria que apresenta um menor número de desempregados. De uma maneira geral, predominam no concelho as habilitações escolares baixas, sendo que mais de 50% da população desempregada não possui a escolaridade obrigatória (51,9%), e é pouco significativa a percentagem de desempregados que possui um nível de ensino médio/superior em 2005 (7,2%).

Quadro 23. - Habilitações literárias dos desempregados por freguesia (%)

< 1º 2º 3º Ensino Ensino Médio/ Total Freguesia Ciclo Ciclo Ciclo Secundário Superior N.º % Abrigada 14 50 23 35 11 133 8,6 Ald Galega da Merceana 4 10 9 11 3 37 2,4 Aldeia Gavinha 1 12 5 10 0 28 1,8 Cabanas de Torres 2 6 6 12 1 27 1,7 Cadafais 6 21 13 23 2 65 4,2 Carregado 20 140 110 291 34 595 38,3 Meca 2 18 7 13 7 47 3,0 Olhalvo 5 21 11 22 7 66 4,2 Ota 2 13 3 23 3 44 2,8 Pereiro de Palhacana 0 2 3 4 0 9 0,6 Ribafria 5 3 8 6 1 23 1,5 Carnota 1 9 13 11 6 40 2,6 Santo Estêvão 4 55 52 106 21 238 15,3 Triana 6 29 16 42 13 106 6,8 Ventosa 4 28 10 17 2 61 3,9 Vila Verde dos Francos 5 12 7 10 1 35 2,3 TOTAL 81 429 296 636 112 1 554 100,0 % 5,2 27,6 19,0 40,9 7,2 100,0 -

FONTE: Instituto do Emprego e Formação Profissional, 2005

No caso da situação face ao emprego, verifica-se que 3,5% dos desempregados no concelho se encontra à procura do 1º emprego e 1 394 desempregados (96,5%) procuram novo emprego.

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O desemprego no concelho de Alenquer atinge maioritariamente a população mais jovem. No entanto, note-se que 35,8% da população desempregada possui mais de 45 anos de idade. Esta situação, conjugada com o baixo nível de habilitações presente, evidencia um problema estrutural de emprego que merece uma atenção especial, pois exige medidas no seu combate que tomem em consideração todos estes aspectos.

Como é possível observar no quadro seguinte, os dados disponibilizados pelo INE apontam para a existência em Alenquer, no ano de 1991, de uma Taxa de Desemprego feminina superior à de Portugal e Oeste, que diminuiu em 2001, enquanto que a Taxa de Desemprego masculina aumentou para o mesmo período de tempo, mas situando-se, no ano de 2001, a um nível ainda inferior ao de Portugal e da Região Oeste.

Quadro 24.- Taxa de Desemprego em 1991 e 2001

Taxa de Desemprego (%) Êrea 1991 2001 Geográfica Homens Mulheres Homens Mulheres Portugal 4,2 8,9 5,2 8,7 Oeste 2,7 8,4 3,4 8,4 Alenquer 2,7 10,8 3,1 8,5

FONTE: INE, Recenseamento Geral da População, 2001

É possível dizer que a nível do concelho se verificam condicionalismos associados à má acessibilidade de alguns lugares, à deficiente rede de transportes públicos, mas também às características da população que procura emprego: idade avançada, baixas qualificações escolares e profissionais, etc. Estes condicionalismos predominam particularmente no seio da população feminina que procura trabalho. Apresentam múltiplos problemas associados que são um entrave à sua integração/colocação num posto de trabalho de entre os quais a representação ao nível da responsabilidade de gestão familiar por parte das mulheres. Normalmente pertencem à faixa etária 25-50 anos, domésticas, não são detentoras de escolaridade obrigatória porque não puderam ou não sentiram vontade de continuar a estudar, não têm formação específica, factores estes que tornam a sua inserção no mercado de trabalho muito difícil.

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Ao nível de recursos no concelho para combater a Elevada Taxa de Desemprego, foram identificados pelo Grupo de Trabalho o Centro de Emprego, a UNIVA, a AERLIS e os empregadores da região, empregadores estes que poderão não possuir informação relativamente aos incentivos à contratação, sendo o aproveitamento destes incentivos uma oportunidade mencionada pelo Grupo.

4º Problema: Rede de transportes insuficiente

Este foi um problema identificado pelo Grupo de Trabalho como sendo também importante quando se analisa a problemática da —formação e emprego“. Neste sentido, foi identificada uma relação directa entre a insuficiente rede de transportes e a frequência de instituições de ensino/formação, bem como a inserção no mercado de trabalho. Isto porque, sendo o concelho muito disperso geograficamente, torna-se complicado para quem não possui transporte próprio conseguir aceitar uma proposta de emprego ou mesmo frequentar cursos de formação quando a rede de transportes públicos não seja compatível com os horários dos utentes.

A nível de recursos, existem alguns táxis no concelho, enquanto que ao nível dos transportes públicos colectivos, estes são assegurados no concelho por um único operador, a empresa Boa Viagem (Grupo Barraqueiro Transportes). Informações recolhidas junto desta empresa aquando da elaboração do documento de Pré- Diagnóstico Social apontavam para a existência de 21 carreiras, sendo 12 delas carreiras regulares locais, efectuando serviço no interior do concelho; 7 carreiras regulares interurbanas estabelecem a ligação a sedes de concelho limítrofes, e as restantes 2 carreiras são regulares regionais, servindo a sede de concelho ou parte do seu território e estabelecendo ligações a Lisboa.

Com excepção de uma carreira interurbana e de uma regional, todas as restantes carreiras apresentam pontos terminais na sede de concelho, sendo o serviço a nível local assegurado por paragens intermédias nos seus principais aglomerados urbanos, proporcionando assim o estabelecimento de variadas ligações internas. Para além destas, existem também ligações ou prolongamentos a Arruda dos Vinhos, a Sobral de Monte Agraço e a Azambuja. Destaque-se ainda a existência de uma carreira, que efectua ligação entre a Quinta da Barnabé e a Pacheca, com partidas de hora a hora em cada extremo do percurso, sendo de referir a positiva

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adesão que se tem verificado por parte dos utentes, que encontram neste transporte um modo alternativo de acesso ao centro da Vila.

A nível interno, ressalta a importância das ligações que percorrem o eixo Alenquer/Carregado. A Norte, para além de algumas carreiras que terminam o seu percurso em sedes de freguesia ou outros lugares, o serviço prestado passa em grande parte pela distribuição assegurada pelas ligações a Torres Vedras.

Em termos de procura de passageiros, e de acordo com informações fornecidas pelo operador de transportes públicos no concelho, as ligações que registam uma maior procura são essencialmente: Alenquer ⇔ Carregado⇔Vila Franca de Xira Alenquer ⇔ Carregado ⇔ Lisboa Abrigada ⇔ Labrugeira ⇔ Alenquer Olhalvo ⇔ Labrugeira ⇔ Merceana ⇔ Torres Vedras Labrugeira ⇔ Olhalvo ⇔ Alenquer

Dada a diminuição de passageiros que se tem vindo a verificar pelo operador, cujas causas se poderão ficar a dever, essencialmente, aos níveis de desemprego elevados e ao crescente uso do transporte individual, previa-se neste ano um reajustamento dos horários das carreiras por parte da empresa, de forma a diminuir as despesas suportadas pela mesma, pois alguns percursos não se tornavam rentáveis. Esta medida decerto agravará o problema da insuficiência de transportes públicos no concelho para uma fatia significativa da população que, não possuindo viatura própria, nem nenhuma outra forma de se deslocar, depende dos serviços dos transportes públicos de passageiros. Esta situação verifica-se de uma forma significativa na zona mais rural do concelho, chegando a existir localidades onde apenas existe um autocarro que faz o percurso de manhã e outro que transporta os passageiros ao final da tarde.

O principal factor identificado como dificultando a resolução do problema da insuficiência da rede de transportes é o facto de os circuitos não serem rentáveis segundo as empresas transportadoras, sendo que nestas zonas menos populacionais, uma oportunidade a desenvolver seria a possibilidade de criação de táxis sociais.

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A Câmara Municipal constitui também um importante recurso ao nível da insuficiência da rede de transportes, nomeadamente no que diz respeito ao serviço de transportes escolares. Este serviço abrange apenas os alunos que frequentam o Ensino Básico e Secundário oficial, Particular com Contrato de Associação ou Paralelismo Pedagógico, ou Cooperativo em iguais condições, quando a paragem de transporte público que serve a área de residência diste 3 ou 4 km dos estabelecimentos de ensino, respectivamente sem ou com refeitório. O transporte escolar é gratuito para os estudantes que frequentam a escolaridade obrigatória e comparticipado em 50% para os estudantes do ensino secundário.

A Câmara Municipal alargou este serviço aos alunos que frequentam escolas profissionais e às crianças que frequentam os Jardins de Infância. Os percursos são efectuados em transportes colectivos e em circuitos especiais (veículos das juntas de freguesia, táxis, veículos das colectividades e veículos municipais). Refira-se que a autarquia celebrou um protocolo de colaboração com as juntas de freguesia e colectividades para a realização dos transportes dos alunos. Relativamente aos transportes escolares efectuados em táxis é elaborado concurso público nos termos do decreto-lei n.º197/99, de 8 de Junho.

No ano lectivo 2004/05 o número de alunos a beneficiar dos transportes escolares foi de 3 063, número este que abrange o ensino pré-escolar, 1.º, 2.º e 3.º Ciclos, Ensino Secundário, ATL, Ensino Profissional e Alunos com Necessidades Educativas Especiais.

5º Problema: Falta de escolas profissionais

Como foi referido, não existem estabelecimentos de ensino profissional no concelho, sendo que os cursos de formação profissional são leccionados em instituições já mencionadas anteriormente.

Esta inexistência de escolas profissionais sente-se de uma forma mais acentuada ao se verificarem os níveis de escolaridade da população residente no concelho, e sendo a formação um factor importante aquando da inserção no mercado de trabalho, a sua inexistência poderá constituir um factor que contribui para a elevada Taxa de Desemprego.

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Os factores que poderão contribuir para o facto de não existir nenhuma escola profissional no concelho poderão ser, como foi discutido em sede de Grupo de Trabalho, a falta de iniciativa privada, bem como a dificuldade de concretizar o processo de criação de escolas profissionais.

6º Problema: Pouco investimento empresarial no alto concelho

O último problema identificado nesta área foi o facto de existir pouco investimento empresarial, particularmente no alto concelho. De uma maneira geral, é possível referir que o concelho de Alenquer se tem caracterizado por um elevado dinamismo económico, que se sustentou no crescimento do número de unidades empresariais, bem como no seu volume global de emprego. Em termos de localização, a maior concentração industrial do concelho situa-se na freguesia do Carregado, junto ao nó da auto-estrada do Norte, seguida da Vila de Alenquer. Quanto ao restante território concelhio, denota-se a existência de alguns núcleos industriais, distribuídos principalmente pelas freguesias de Cheganças e Abrigada. Apesar do fenómeno da industrialização ser relativamente difuso a nível concelhio, é possível percepcionar uma organização da estrutura territorial da indústria ao longo da Estrada Nacional Nº1, importante eixo rodoviário para o concelho.

Assim, é possível identificar no concelho 4 áreas de implantação industrial, com características e dimensões bastante diferentes, assumidas pelo Plano Director Municipal de Alenquer como os mais importantes para dar continuidade ao desenvolvimento industrial do concelho. A implantação industrial acontece, num primeiro momento, em torno da EN1, nomeadamente no troço entre o lugar de Cheganças e o limite do concelho a Sul, na freguesia do Carregado, prolongando-se posteriormente até Abrigada, não obedecendo a nenhum esquema de ordenamento específico, gerando por vezes alguns conflitos com outras ocupações do território.

Carregado é, inquestionavelmente, a área responsável por grande parte do dinamismo industrial de Alenquer demonstrado nas estatísticas. Com efeito, é nesta zona que se concentram as maiores empresas industriais do concelho, cujo impacto extravasa significativamente a economia concelhia. Cheganças e Ota possuem uma área industrial de dimensão mais reduzida, composta por pequenas empresas. A freguesia de Abrigada pode ser considerada como englobando o espaço industrial situado mais a Norte do concelho, caracterizando-se principalmente pela concentração de indústrias ligadas ao sector aviário e da indústria da cerâmica.

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Sendo as acessibilidades um factor fundamental ao nível de atracção de investimento empresarial para o concelho, foi referido pelo Grupo de Trabalho que as más acessibilidades e a má rede viária são factores importantes que poderão dificultar a resolução deste problema.

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Matriz SW OT Formação e Emprego

FRAQUEZAS FORÇAS OPORTUNIDADES AMEAÇAS - Pólo de Formação Profissional Salvador Caetano - Centro de Formação de Alverca - OLEFA - Escolas do concelho - Criação de Escolas Profissionais 1º Baixa - Associação Empresarial da Região de - Rede de táxis colectivos - Famílias valorizam pouco a escolaridade/ Lisboa - Mobilização das Juntas de Freguesia escola/formação formação - ACICA œ cursos de formação para o transporte de alunos - Falta de estímulo familiar - Protocolo entre Escola Secundária e - Criação de centros de apoio que - Falta de informação/ articulação a empresa Barraqueiro Transportes permitam a articulação entre escola, S.A. (Boa Viagem) para a realização trabalho e instituições de estágios profissionais - Agência de Des. Regional do Oeste - Cursos técnico-profissionais - Escolas Básicas do Carregado, Pêro de Alenquer e Visconde de Chanceleiros

- Articular necessidades de 2º Falta de empregadores locais aos programas - Acessibilidades alternativas - Centro de Emprego de formação - Rede de transportes deficitária de ensino/ - Centro de Formação de Alverca - Estar atento às mudanças do - Limitações na articulação entre as formação - Instituições dos concelhos limítrofes mercado local instituições da rede escolar e para jovens na área da deficiência (Formação - Cursos de Educação e Formação de profissional fora da idade para portadores de deficiência) Jovens tipo 1 - Baixas qualificações académicas

limite de - Hipótese de ter vários modelos de dos jovens impede acesso a escolar. formação (maior ou menor duração, formação mais exigente

obrigatória e com maior ou menor especialização) - Hipótese de fecho do Centro de sem o Formação da Salvador Caetano 6º ano

Diagnóstico Social do Concelho de Alenquer

Matriz SW OT Formação e Emprego (Cont.)

FRAQUEZAS FORÇAS OPORTUNIDADES AMEAÇAS

- Centro de Emprego - Aproveitamento dos incentivos - Más acessibilidades 3º Elevada - Empregadores da região existentes à contratação por parte - Falta de motivação para a taxa de - AERLIS (Carregado) das entidades empregadoras qualificação desemprego - UNIVA - Candidaturas à criação do próprio - Baixos níveis de qualificação Emprego - Falta de informação relativamente - Programas Ocupacionais para aos incentivos à contratação Carenciados

4º Rede de - Câmara Municipal de Alenquer - Inquéritos à mobilidade - Os circuitos não são rentáveis transportes - Barraqueiro Transportes S.A. (Boa - Possibilidade de criação de táxis segundo as empresas insuficiente Viagem) sociais para zonas menos transportadoras - Táxis populacionais

5º Falta de - Falta de iniciativa privada escolas Não foram elencados recursos pelo - Sensibilização para a criação de - Dificuldade de concretizar o profissionais Grupo de Trabalho escolas profissionais processo de criação de escolas profissionais

6º Pouco - Estudo para ver a viabilidade da investimento Não foram elencados recursos pelo criação de novos pólos industriais - Más acessibilidades empresarial Grupo de Trabalho - Candidaturas à criação do próprio - Má rede viária no alto emprego concelho

Diagnóstico Social do Concelho de Alenquer

Análise de Causas œ Formação e Emprego

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f a o m s c m s c r n d o h e u r e e u a i m a s l i e a r v v r c a l a a a g c f s c a o o c f c e c o o p n p x i u t t t t r b n v a i s s v o i o a r r o u e c l l l l n ã o i o s f o p a f d f c g e a a o Problemas e i e i a c

u e e r r a u r p ç o l r o a a a a o j r r n n o D a ( M t i F i a e B q D g P œ l F d v A D a p F p F t P n m D b c p

Baixa Escolaridade/ Formação

Falta de alternativas de ensino/formação para jovens fora da idade limite de escolaridade obrigatória e sem o 6º ano

Elevada taxa de desemprego

Rede de transportes insuficiente

Falta de escolas profissionais

Pouco investimento empresarial no alto concelho

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5.4. Infância e Juventude

Os seguintes elementos formaram o Grupo de Trabalho destinado a analisar as questões relativas à Infância e Juventude:

- Associação Juventude de Ventosa

- Câmara Municipal de Alenquer - Sector da Educação e Sector de Acção Social - Agrupamento de Escolas Pêro de Alenquer - Agrupamento de Escolas de Abrigada - Agrupamento de Escolas de Aldeia Gavinha/Merceana - Centro de Saúde de Alenquer - Escola Básica 2,3 Visconde de Chanceleiros - Escola Secundária Damião de Goes - Segurança Social de Vila Franca de Xira - Instituto Sãozinha - Santa Casa da Misericórdia de Alenquer

1º Problema: Carência de respostas para a 1.ª Infância

A percepção dos elementos deste Grupo de Trabalho é de que o problema prioritário nesta área é o facto de, a nível de respostas para a primeira infância, a capacidade de resposta dos equipamentos concelhios estar muito aquém das necessidades da população residente no concelho.

A análise ao nível das respostas existentes para a primeira infância permite constatar que esta é efectivamente uma realidade, pois no que concerne a estabelecimentos da rede de solidariedade social existem apenas dois equipamentos com este tipo de resposta: a Santa Casa da Misericórdia de Alenquer, com 103 crianças, e o Instituto Sãozinha, com 27 crianças em 2005/06, que são manifestamente insuficientes para dar resposta às necessidades da população concelhia, como é possível verificar através das listas de espera para estas valências. No caso da Santa Casa da Misericórdia de Alenquer a lista de espera é de 189 crianças, enquanto que no Instituto Sãozinha este número é de 17, sendo que um cruzamento realizado ao nível das listas de espera nominais destas instituições aponta para a existência de 2 crianças inscritas simultaneamente nas duas instituições.

Diagnóstico Social do Concelho de Alenquer

Estes elevados números em lista de espera justificam, por si só, a criação de mais equipamentos nesta área, onde a oferta pública é inexistente. A vantagem da rede de solidariedade no que se refere a estes equipamentos prende-se com uma maior facilidade em estabelecer prolongamentos de horário, o que permite proporcionar uma resposta mais adequada às necessidades actuais das famílias.

A restante oferta a nível concelhio para a valência de creche é prestada por dois estabelecimentos privados. O colégio —Os Cartaxinhos“ situa-se na freguesia de Triana e no ano de 2005/06 teve 33 crianças na valência de Creche. A outra instituição privada no concelho, —Os Pintainhos“, localiza-se na freguesia do Carregado, sendo uma instituição que apenas se encontra em funcionamento no concelho desde Novembro de 2005. No ano lectivo de 2005/06 deram resposta a 25 crianças, sendo que para 2006-07 encontram-se inscritas nesta instituição 35 crianças, estando previsto que se atinja a capacidade máxima que é de 43 utentes.

A informação disponibilizada pelo Centro de Saúde de Alenquer aponta para a existência de 929 crianças no concelho com idade de frequentar a valência de Creche, ou seja, com idades compreendidas entre os 0 e os 3 anos. Sendo que no ano de 2005 os equipamentos com a valência de creche do concelho, públicos e privados, apenas dão resposta a 264 crianças, e tendo em conta o elevado número de crianças que se encontram em lista de espera para esta valência, é possível afirmar que os equipamentos existentes se revelam manifestamente insuficientes para dar resposta às necessidades da população concelhia.

No concelho de Alenquer existe uma real necessidade de equipamentos de Creche, preferencialmente o mais próximo possível das famílias, dado que, se é uma realidade que a população do concelho tem vindo a aumentar, este aumento terá necessariamente de ser acompanhado por um acréscimo de equipamentos de apoio à família, particularmente neste caso na área da infância.

Para além das creches existentes no concelho, um outro recurso identificado que poderá vir a dar resposta a este problema foi a Segurança Social, nomeadamente através da possibilidade da criação da valência de creches familiares. A constituição de creches familiares é um processo que deverá ser proposto pelas IPSS‘s, sendo que o apoio prestado pelas instituições às amas consiste em apoio técnico, alimentação às amas e às crianças ao seu cuidado, assim como camas e brinquedos. Cada ama apenas poderá ter a seu cargo na sua casa 4 crianças, dos 4

Diagnóstico Social do Concelho de Alenquer

meses aos 3 anos, e terá de cumprir alguns requisitos estabelecidos pela Segurança Social. Apesar de ser uma valência que se está a planear alargar ao nível da Segurança Social, esta é uma resposta que não existe ainda no concelho de Alenquer, havendo um conhecimento empírico da existência de algumas pessoas que têm a seu cargo crianças, mas que o fazem a título particular.

2º Problema: Falta de actividades de ocupação de tempos livres para crianças/jovens particularmente no alto concelho

O problema da falta de actividades de ocupação de tempos livres para crianças/jovens assume uma importância relevante quando é sabido que a questão da crescente inserção da mulher no mercado de trabalho faz com que surja a necessidade de mais equipamentos de apoio de modo a colmatar o período temporal entre o término das aulas e a altura do dia em que os pais chegam a casa dos empregos.

No que concerne a recursos concelhios para este problema, a autarquia criou uma rede pública de Actividades de Tempos Livres (A.T.L.‘s) através do pelouro da Educação, sendo o seu principal objectivo promover —um espaço de prazer e aprendizagem espontânea, proporcionando às crianças do 1º CEB uma ocupação do seu tempo livre de forma criativa e educativa“.19

Quadro 25.- Equipamentos para Actividades de Tempos Livres no concelho de Alenquer (2005/06)

Freguesia Frequência Abrigada 35 Carregado 56 Aldeia Galega da Merceana 20 Ota* 23 Triana 60 Ventosa** 26 Total 220

FONTE: Gabinete Técnico-Pedagógico do Pelouro da Educação da CMA

* Funciona numa das salas do Centro Social Recreativo Desportivo de Ota ** Funciona no Centro Social Paroquial Nossa Senhora das Virtudes

19 Câmara Municipal de Alenquer, Carta Educativa do concelho de Alenquer, 2006, p. 42

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A nível de rede de solidariedade social, é possível encontrar a valência de A.T.L. no Centro Infantil e Juvenil da Santa Casa da Misericórdia de Alenquer, que no ano de 2005/06 recebeu 117 crianças; no Instituto Sãozinha que abrangeu 35 crianças nesta valência, e na Santa Casa da Misericórdia de Aldeia Galega da Merceana, com 20 crianças neste ano lectivo. Existem ainda no concelho alguns centros de estudos particulares onde é possível encontrar a valência de Actividades de Tempos Livres. Assim, englobando os A.T.L‘s da Rede Pública e da Rede de Solidariedade Social, o concelho encontra-se coberto por 9 equipamentos de actividades de tempos livres.

No caso da ocupação de tempos livres para crianças/jovens, é de referir também as actividades de enriquecimento curricular que entrarão em vigor no presente ano lectivo nas escolas básicas 1º Ciclo do concelho. Estas actividades surgem na sequência do despacho n.º 12 591/06 de 16 de Junho, de acordo com o qual foi estabelecida uma parceria entre a autarquia e os agrupamentos de escolas do concelho, de modo a promover as actividades de Inglês, Educação Física, Educação Musical, Expressão Plástica e Educação Ambiental. Sendo de oferta obrigatória, estas actividades são de frequência facultativa, dependendo a oferta destes cursos das condições existentes em cada escola.

Dado que a implementação destas actividades implicam um prolongamento do horário do funcionamento dos equipamentos educativos até às 17.30h, não existem ainda orientações concretas em relação ao funcionamento dos equipamentos de ATL‘s, que no início de Setembro de 2006 se encontram a funcionar de forma regular, à semelhança de anos anteriores. Existe assim alguma indefinição acerca do funcionamento de alguns ATL‘s se os pais optarem pelos filhos frequentarem as actividades de enriquecimento curricular.

Numa faixa etária mais avançada é possível verificar que as associações de jovens do concelho - Associação Juventude de Ventosa e Associação de Jovens de Alenquer - desempenham igualmente um papel importante ao nível da ocupação de tempos livres dos jovens, bem como os Agrupamentos de Escuteiros 514 do Carregado, 513 de Alenquer e a Associação de Escoteiros de Portugal œ Grupo 5 de Alenquer e Grupo 231 de Ota.

Também a autarquia tem vindo constituir um recurso no que concerne à ocupação de tempos livres para jovens, através da colaboração no programa de ocupação de tempos livres promovido pelo Instituto Português da Juventude. No ano de 2006,

Diagnóstico Social do Concelho de Alenquer

no concelho de Alenquer, este programa foi subordinado ao tema —Os jovens na autarquia“ e ocorreu nos meses de Julho e Agosto, abrangendo um total de 16 jovens.

Recenseadas as respostas existentes a nível concelhio no que concerne à ocupação dos tempos livres das crianças/jovens, é um facto que grande parte das respostas se localizam na zona de Alenquer e Carregado, deixando a descoberto muitos jovens na zona do alto concelho que poderão passar uma parte do dia sem ocupação. Neste sentido, torna-se importante o desenvolvimento de actividades de modo a ocupar esta lacuna, sendo sabida a importância da ocupação dos tempos livres dos jovens nos dias de hoje, até eventualmente como forma de prevenção de comportamentos desviantes.

3º Problema: Abandono escolar

Ao nível da problemática do abandono escolar, optou-se pela apresentação dos dados disponíveis na Carta Educativa do concelho de Alenquer, que apontam para o facto de ser essencialmente no 3º Ciclo do Ensino Básico que este problema assume contornos mais acentuados. Assim, no ano lectivo de 2003/04, a situação ao nível do abandono escolar no concelho por ano de escolaridade é a seguinte:

Quadro 26.- Dados relativos ao Abandono Escolar (2003/2004)

Ano de Escolaridade N.º de Alunos Abandono n.º % 2º 462 3 0,6 3º 387 1 0,3 4º 443 - - 5º 491 13 2,6 6º 422 2 0,5 7º 550 13 2,4 8º 358 6 1,7 9º 409 6 1,5 10º 260 31 11,9 11º 210 15 7,1 12º 188 11 5,9 Total 4 180 101 2,4

Fonte: Carta Educativa do concelho de Alenquer

De acordo com a Carta Educativa do concelho, verificaram-se 101 casos de abandono escolar no concelho no ano lectivo de 2003/04, que representam 2,4% da população escolar entre o 2º e o 12º anos de escolaridade. Apesar de estes

Diagnóstico Social do Concelho de Alenquer

dados apontarem, numa primeira análise, para o facto de este problema não ser significativo no concelho, existe a percepção por parte dos elementos do Grupo de Trabalho de que efectivamente este problema assume uma dimensão maior do que a que é retratada pelos dados estatísticos.

Através do gráfico seguinte é possível verificar a evolução do abandono escolar no concelho nos 2º e 3º Ciclos do Ensino Básico, que tem vindo a apresentar valores irregulares, não permitindo uma análise precisa sobre se este é um fenómeno que tem vindo a evoluir ou a regredir no concelho. Apesar de os dados estatísticos não permitirem retirar conclusões exactas, da sensibilidade resultante da experiência dos parceiros que constituem este Grupo de Trabalho, é possível afirmar que realmente este é um problema que assume uma dimensão relevante actualmente.

Gráfico 6 - Evolução do Abandono Escolar (2º e 3º Ciclos do Ensino Básico)

60 51 53 50 43 40 34 40

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0 1999/00 2000/01 2001/02 2002/03 2003/04

FONTE: Carta Educativa do Concelho de Alenquer

Assiste-se ao abandono escolar de alunos com habilitações inferiores ao 9º ano apesar dos esforços realizados na área da educação para que os alunos possam realizar um percurso escolar regular e tornar as escolas e a escolaridade mais atractivas. Em grande parte das situações sinalizadas este tipo de comportamento é fomentado também pelos pais e encarregados de educação por não valorizarem a aprendizagem escolar.

Os recursos existentes no concelho são os que é possível verificar na matriz SWOT apresentada na parte final da análise desta problemática, sendo que o Grupo de Trabalho identificou que as respostas existentes são insuficientes e não correspondem às necessidades do grupo alvo e às suas motivações, onde também

Diagnóstico Social do Concelho de Alenquer

é possível constatar que o facto de as famílias valorizarem pouco a escola, o enfraquecimento e a desautorização da escola, bem como a falta de enquadramento legal para jovens com idades compreendidas entre os 12 e os 15 anos são alguns dos factores que poderão dificultar a resolução do problema —Abandono Escolar“.

4º Problema: Degradação física do Parque Escolar

Um dos recursos enunciados pelo Grupo de Trabalho para o problema da degradação física do parque escolar é a Carta Educativa do concelho de Alenquer, onde é realizado um diagnóstico do sistema educativo e de formação do concelho, a partir do qual se elaboraram propostas de reordenamento da rede educativa, ou seja, está prevista a requalificação do parque escolar bem como a construção de novos equipamentos. A concretização das medidas propostas depende do Quadro de Referência Estratégico Nacional 2007-2013 (QREN) que irá disponibilizar verbas para a requalificação do parque escolar, sendo que este poderá ser considerado como sendo uma oportunidade no sentido da atenuação do problema da degradação física do parque escolar.

Com base neste recurso, apresenta-se seguidamente uma sucinta análise do estado de conservação geral dos equipamentos de ensino do concelho por nível de escolaridade.

A nível de jardins de infância o concelho apresenta um total de 28 salas, sendo que, de acordo com a Carta Educativa, —na grande maioria funcionam em edifícios que foram adaptados, pelo que, nem sempre reúnem as condições arquitectónicas e pedagógicas ideais. Apenas o Jardim de Infância de Pereiro de Palhacana e o Jardim de Infância de Santana da Carnota foram construídos de raíz, encontrando- se portanto, num melhor estado de conservação. Os Jardins de Infância de Abrigada (uma das salas), Cabanas de Torres, Carregado, Ota, Merceana (uma das salas), Paredes e Vila Verde dos Francos funcionam em edifícios pré-fabricados.“ Assim, de acordo com informações do Gabinete de Educação da CMA, tendo em conta o estado de conservação geral dos Jardins de Infância concelhios, somente os equipamentos de Casais da Marmeleira, Penafirme da Mata, Pereiro de Palhacana e Santana da Carnota apresentam um Bom estado de conservação. Em contrapartida, nas localidades de Cabanas de Torres, Carregado, Meca, Paredes e Vila Verde dos Francos, o estado de conservação geral dos equipamentos é

Diagnóstico Social do Concelho de Alenquer

deficiente, não reunindo os requisitos desejáveis ao óptimo funcionamento das actividades educativas. Os restantes Jardins de Infância foram classificados como razoáveis, considerando-se que possuem alguns problemas estruturais.

Quanto ao Estado de Conservação Geral dos estabelecimentos de Ensino Básico 1º Ciclo, a carta educativa de Alenquer aponta para o facto de apenas a EB1 de Cheganças ter sido incluída na categoria —Bom“, visto se apresentar como o estabelecimento mais recente, reunindo portanto boas condições quer a nível arquitectónico como pedagógico. Pelo lado negativo, destacam-se os equipamentos de Ensino Básico de Meca e Paredes, que funcionam em edifícios pré-fabricados. As escolas de ensino básico 1º Ciclo de Bairro, Estribeiro e Penedos foram também consideradas como apresentando um estado de conservação deficiente. Pode-se assim constatar que ao nível do 1º Ciclo, não obstante o esforço da autarquia e das juntas de freguesia ao nível da reabilitação do parque escolar, encontram-se ainda estabelecimentos de ensino a necessitar de intervenção.

No que diz respeito ao Ensino Básico 2º e 3º Ciclos existem quatro estabelecimentos de ensino públicos localizados nas freguesias de Abrigada, Aldeia Galega da Merceana, Carregado e Santo Estêvão, sendo que o estado de conservação geral deste último estabelecimento de ensino é considerado Bom, enquanto que os restantes são Razoáveis. No caso do Ensino Secundário, apenas existe uma escola o concelho, a Escola Secundária Damião de Goês, cujo estado de conservação Geral foi considerado Bom.20

A análise geral que é realizada na Carta Educativa ao nível do estado de conservação dos equipamentos de ensino no concelho é a seguinte: —Os problemas detectados ao nível da conservação dos edifícios e da sua desadequação levaram ao questionamento da actual rede escolar. De um modo geral, as instalações escolares públicas não têm a qualidade desejável, não estando preparadas para responder às exigências da comunidade escolar, nomeadamente, através da componente de apoio à família (refeições e prolongamento de horário). Por outro lado, a proliferação de estabelecimentos de ensino com um número muito reduzido de alunos inviabiliza o desenvolvimento da qualidade da oferta educativa concelhia.“21 Esta última referência conduziu à necessidade de se proceder ao encerramento no ano lectivo de 2006/07 das escolas de Ensino Básico de 1º Ciclo de Pancas,

20 Idem, p. 43

21 Idem, p. 100

Diagnóstico Social do Concelho de Alenquer

Espiçandeira, Base Aérea, Estribeiros, Meca, Penafirme da Ventosa e Penedos de Alenquer, encontrando-se em curso o processo de encerramento da escola de Freixial.

O encerramento destes estabelecimentos de ensino deve-se fundamentalmente a questões relacionadas com a diminuição do número de alunos, o isolamento geográfico e com as respostas insuficientes ao nível dos apoios educativos e de recursos humanos. Se do ponto de vista pedagógico o encerramento das escolas traz vantagens devido ao facto dos alunos passarem a ter acesso a horizontes mais vastos, tanto a nível de conhecimento como de relacionamento humano, certo é, também, que em termos culturais e sociais para as aldeias significa um empobrecimento passível de criar nas populações alguma resistência a esta mudança.

É de referir, no entanto, que a autarquia tem realizado grandes esforços para proporcionar o transporte de todas as crianças que são deslocadas, como aliás a lei indica, e para munir as escolas receptoras de novos alunos, que irão ser transformadas em grandes pólos educativos, com melhores instalações e equipamentos.

Para além da Carta Educativa, os recursos identificados para combater este problema foram a Câmara Municipal e as Juntas de Freguesia, nomeadamente ao nível da construção e manutenção das escolas de ensino pré-escolar e 1º Ciclo. A autarquia presta igualmente algum apoio pontual a equipamentos de ensino de 2º e 3º Ciclo e Ensino Secundário, embora não seja da sua competência, mas sim da competência do Ministério da Educação. A falta de Programas de apoio para a intervenção nas escolas é um factor que dificulta a resolução deste problema.

5º Problema: Horário das escolas não compatível com o dos pais

O facto de actualmente cada vez mais ambos os membros do casal possuírem actividade profissional, e possivelmente uma parte significativa dos residentes do concelho trabalharem fora do concelho, faz com que se verifique uma incompatibilidade entre o horário destes e dos equipamentos de ensino ao cargo dos quais deixam os seus filhos. Esta é precisamente uma causa de impacto elevado que é possível encontrar na raiz deste problema: o facto de as necessidades se alterarem (flexibilização de horários de trabalho, etc.).

Diagnóstico Social do Concelho de Alenquer

Para fazer face a este problema, os recursos concelhios existentes são essencialmente os ATL‘s da Rede Pública e da Rede Privada, bem como as actividades de enriquecimento escolar já referidas.

Os factores identificados pelos elementos do Grupo de Trabalho que poderão de alguma forma dificultar a resolução deste problema prendem-se essencialmente com a desadequação dos transportes às actividades existentes no concelho, bem como à falta de recursos humanos que impedem o prolongamento dos equipamentos de ensino concelhios.

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Matriz SW OT Infância e Juventude

FRAQUEZAS FORÇAS OPORTUNIDADES AMEAÇAS - Candidatura a FEDER (St. Casa - Creche da Santa Casa da da Misericórdia de Aldeia 1º Carência de Misericórdia de Alenquer Galega da Merceana) - Falta de instituições interessadas respostas para - Creche Cartaxinhos - Hipótese a candidatura a - Falta de recursos financeiros a 1.ª Infância - Creche do Instituto Sãozinha PIDAC - Falta de programas de financiamento - Segurança Social - Criação de creches familiares - Creche —Pintaínhos“ - Programa de Alargamento da Rede de Equipamentos Sociais - 6 ATL‘s da Rede Pública 2º Falta de - ATL Santa Casa da Misericórdia actividades de de Alenquer - Articular o trabalho de - Falta de recursos disponíveis para ocupação de - ATL Santa Casa da Misericórdia colectividades e associações financiar respostas tempos livres d e A l d e i a G a lega da Merceana - Rentabilizar os espaços e o - Não existência de apoios a partir do para crianças/ - ATL Instituto Sãozinha trabalho das instituições do 2º Ciclo jovens - Associações de Jovens concelho - Dispersão e desorganização das particularmente - Agrupamentos de Escuteiros - Criação de uma Casa da respostas no alto - Comissão Municipal da Juventude Juventude concelho - Programa de ocupação de tempos livres dos jovens (IPJ) - Famílias valorizam pouco a escola - Enfraquecimento e desautorização da - Escolas escola - Ensino recorrente - Falta de meios - Educação e formação de adultos - Programas de educação e 3º Abandono - Falta de articulação entre as instituições - Protocolos com empresas locais formação de jovens escolar - Falta de enquadramento legal (12-15 anos) para alunos com menos de 15 - Poucas empresas concelhias, o que faz anos e sem o 6º ano de com que nos casos dos protocolos se escolaridade tenha de deslocar os alunos para outras

localidades

Diagnóstico Social do Concelho de Alenquer

Matriz SW OT Infância e Juventude (Cont.)

FRAQUEZAS FORÇAS OPORTUNIDADES AMEAÇAS

4º Degradação - Câmara Municipal - Quadro de Referência - Falta de Programas para apoio à física do - Juntas de Freguesia Estratégico Nacional (2007/13) intervenção nas escolas Parque Escolar - Carta Educativa

5º Horário das - Ensino de Inglês no 1º Ciclo - Articulação entre escolas e - Desadequação entre transportes e escolas não - Colectividades ATL‘s actividades compatível - ATL‘s da rede pública - Aumento do horário de - Falta de recursos humanos com o dos pais - ATL‘s das IPSS‘s funcionamento das escolas

Diagnóstico Social do Concelho de Alenquer

Análise de Causas œ Infância e Juventude

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Carência de respostas para a 1.ª Infância

Falta de actividades de ocupação de tempos livres para crianças/ jovens particularmente no alto concelho

Abandono escolar

Degradação física do Parque Escolar

Horário das escolas não compatível com o dos pais

Diagnóstico Social do Concelho de Alenquer

5.5. Idosos

Seria pertinente iniciar a análise desta problemática pela apresentação de alguns dados demográficos que permitirão constatar que a área da terceira idade merece uma atenção particular, na medida em que o envelhecimento populacional, à semelhança de vários concelhos do país, apresenta-se como um fenómeno que tem vindo a manifestar-se com alguma intensidade nas últimas décadas em Alenquer.

A análise demográfica realizada a nível etário permite constatar que ao longo dos últimos 40 anos a população idosa no concelho de Alenquer sofreu um aumento de 134,4%, enquanto que a faixa etária dos 0 aos 14 anos registou uma diminuição de 26,7% no mesmo período temporal. Esta diminuição do número de jovens poder- se-á ficar a dever à crescente inserção da mulher no mercado de trabalho e à luta por uma melhor qualidade de vida, que vieram a redefinir o conceito de estrutura familiar, assistindo-se a uma redução acentuada do número de filhos por casal.

Dado isto, há que reservar uma atenção especial ao aumento da população idosa, nomeadamente no que diz respeito a equipamentos e serviços de apoio social destinados ao apoio dos indivíduos pertencentes a esta faixa etária. Isto porque, se a população idosa aumentou no concelho de Alenquer 134,4 pontos percentuais entre 1960 e 2001, a tendência será certamente para uma continuação do aumento da população deste grupo etário. Ora se os equipamentos destinados aos idosos não possuem capacidade, no momento actual, de dar resposta às necessidades desta população, confirmando-se a tendência de crescimento desta faixa etária, a situação tenderá a piorar, daí a necessidade da programação de mais equipamentos destinados à população idosa.

Ao nível de freguesia é possível observar no quadro seguinte que praticamente todas as freguesias apresentam um valor elevado de idosos no total dos residentes, enquanto que a população jovem vai diminuindo o seu peso. Realce-se neste âmbito a freguesia do Carregado, que regista uma percentagem de idosos muito reduzida, enquanto que a proporção de jovens é a mais elevada de todas as freguesias. Pelo lado negativo destacam-se Pereiro de Palhacana e Ventosa, que apresentam o número de idosos mais elevado, e percentagens de jovens muito reduzidas.

Diagnóstico Social do Concelho de Alenquer

Quadro 27- Estrutura Etária da População residente por Freguesia

Escalões Etários por Freguesia Escalões Etários 0 - 1 4 15-24 25-64 65 e Total Èndice de Freguesias mais Envelhecimento Abrigada 508 480 1 770 658 3 416 % 14,9 14,1 51,8 19,3 100,0 129,5 Ald. Galega da Merceana 307 260 1 100 508 2 175 % 14,1 12,0 50,6 23,4 100,0 165,5 Aldeia Gavinha 159 122 616 276 1 173 % 13,6 10,4 52,5 23,5 100,0 173,6 Cabanas de Torres 158 120 515 220 1 013 % 15,6 11,9 50,8 21,7 100,0 139,2 Cadafais 253 194 943 297 1 687 % 15,0 11,5 55,9 17,6 100,0 117,4 Carregado 1 847 1 409 5 048 762 9 066 % 20,4 15,5 55,7 8,4 100,0 41,3 Meca 264 230 994 321 1 809 % 14,6 12,7 54,9 17,8 100,0 121,6 Olhalvo 259 284 1 017 446 2 006 % 12,9 14,2 50,7 22,2 100,0 172,2 Ota 190 156 668 184 1 198 % 15,8 13,0 55,8 15,4 100,0 96,8 Pereiro de Palhacana 87 68 287 149 591 % 14,7 11,5 48,6 25,2 100,0 171,3 Ribafria 128 113 510 223 974 % 13,1 11,6 52,4 22,9 100,0 174,2 Carnota 210 206 884 395 1 695 % 12,4 12,2 52,1 23,3 100,0 188,1 Santo Estêvão 803 660 2 949 926 5 338 % 15,0 12,4 55,2 17,4 100,0 115,3 Triana 578 439 1 986 529 3 532 % 16,4 12,4 56,2 15,0 100,0 91,5 Ventosa 253 269 1 126 569 2 217 % 11,4 12,1 50,8 25,7 100,0 224,9 Vila Verde dos Francos 186 167 637 300 1 290 % 14,4 13,0 49,3 23,3 100,0 161,3 Concelho 6 190 5 177 21 050 6 7 6 3 39 180 % 15,8 13,2 53,7 17,3 100,0 109,3

FONTE: INE, Recenseamento Geral da População, 2001

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Em 2001, a população com menos de 15 anos mantinha um peso na estrutura etária claramente acima da média concelhia nas freguesias de Carregado (20,4%) e Triana (16,4%). Ao nível da população idosa, apenas Ota (15,4%), Triana (15,0%) e Carregado (8,4%) registam uma percentagem de idosos abaixo da média concelhia, pois todas as outras freguesias superam este valor.

O índice de envelhecimento indica a relação entre a população idosa e a população jovem, definida habitualmente como o quociente entre o número de pessoas com 65 e mais anos e o número de pessoas com idades compreendidas entre os 0 e os 14 anos. O Èndice de Envelhecimento no concelho no ano de 2001 é de 109,3%, o que significa que para cada 100 jovens com idade inferior a 15 anos, existem 109 idosos. Este índice indica, com clareza, o significativo envelhecimento da população do concelho, realidade que conduz a situações de maior vulnerabilidade à pobreza e exclusão social, nomeadamente em idosos que auferem fracas pensões e que não se encontram abrangidos pelo Rendimento Social de Inserção.

Ao observarmos os Èndices de Envelhecimento por freguesia é possível verificar que, em 2001, nenhuma das freguesias apresenta uma estrutura etária jovem. Existem sim freguesias extremamente envelhecidas, como Ventosa, com um Èndice de Envelhecimento de 224,9%, ou Carnota, com um valor de 188,1%, e outras menos envelhecidas, como Carregado (41,3%), porém, muito longe de uma estrutura etária jovem. Mais uma vez, pode-se destacar as diferenças existentes entre Carregado, Triana, Santo Estêvão e Ota, que apresentam os Èndices de Envelhecimento mais reduzidos no concelho.

Esta situação de envelhecimento dos idosos é confirmada pelo Èndice de Dependência da população idosa, que de 1991 para 2001 aumentou cerca de 2%. Regista-se assim, em 2001, um Èndice de Dependência de Idosos que ronda os 26%, o que significa que, para cada 100 indivíduos em idade activa, existiam 26 residentes idosos.

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Quadro 28.- Evolução dos Èndices de Dependência (1960-2001)

Èndice de Èndice de Anos dependência de dependência de Total Indicador de jovens (%) idosos (%) Vitalidade 1960 37,8 12,9 50,7 0,3 1970 33,8 15,6 49,4 0,5 1981 33,1 20,1 53,2 0,6 1991 26,9 24,2 51,1 0,9 2001 23,6 25,8 49,4 1,1

FONTE: INE, Recenseamento Geral da População 1960-2001

Relativamente à população com menos de 15 anos, o Èndice de Dependência diminuiu na ordem dos 3,3% entre 1991 e 2001, o que se prende com a redução do número de efectivos nesta faixa etária. Assim, no ano de 2001, para cada 100 indivíduos em idade activa, existiam 24 jovens com idade inferior a 15 anos. No que concerne ao Èndice de Dependência Total, este ronda os 50%, o que constitui uma situação preocupante, dado existir um número semelhante de população activa e de população inactiva.

Ao nível do Indicador de Vitalidade, este tem vindo a aumentar ao longo das décadas. Se em 1960 existiam mais jovens do que idosos no concelho de Alenquer œ por cada 100 jovens existiam 30 idosos, no ano de 2001 a situação inverteu-se drasticamente, passando a haver para cada 100 jovens cerca de 110 idosos. Os mecanismos que justificam esta situação no concelho prendem-se com a ocorrência de um duplo envelhecimento da estrutura etária, marcada tanto pelo aumento da proporção de idosos no conjunto da população residente, como pela diminuição do peso detido pelos escalões de idades mais jovens nesse contexto. A esperança média de vida vai aumentando, enquanto que o número de filhos por casal veio a diminuir.

Importa analisar também as assimetrias da distribuição territorial destes fenómenos, concretamente no interior do concelho de Alenquer, onde as realidades são diversas. Assim, em grande parte das freguesias do concelho, a percentagem de grupos inactivos ultrapassa já o número de indivíduos em idade activa, verificando-se a situação mais grave na freguesia de Pereiro de Palhacana, onde 66,5% da população se encontra em idade inactiva, sendo também a freguesia que apresenta um Èndice de Dependência de Idosos mais elevado: 42 (para cada 100 indivíduos em idade activa existiam 42 idosos). Carregado é a freguesia que possui

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um valor mais baixo ao nível da população em idade inactiva: 40,4%, registando também um maior Èndice de Dependência de Jovens.

Quadro 29.- Èndices de Dependência por Freguesia

Ind. Freguesia Idosos Jovens Total Vitalidade Abrigada 29,2 22,6 51,8 1,3 Aldeia Galega da Merceana 37,3 22,6 59,9 1,7 Aldeia Gavinha 37,4 21,5 58,9 1,7 Cabanas de Torres 34,6 24,9 59,5 1,4 Cadafais 26,1 22,3 48,4 1,2 Carregado 11,8 28,6 40,4 0,4 Meca 26,2 21,6 47,8 1,2 Olhalvo 34,3 19,9 54,2 1,7 Ota 22,3 23,1 45,4 1,0 Pereiro de Palhacana 42,0 24,5 66,5 1,7 Ribafria 35,8 20,5 56,3 1,7 Carnota 36,2 19,3 55,5 1,9 Santo Estêvão 25,7 22,2 47,9 1,2 Triana 21,8 23,8 45,6 0,9 Ventosa 40,8 18,1 58,9 2,3 Vila Verde dos Francos 37,3 23,1 60,4 1,6 Concelho 25,8 23,6 49,4 1,1

FONTE: INE, Recenseamento Geral da População

O Indicador de Vitalidade é também superior a 1 na grande maioria das freguesias do concelho como se verifica no quadro anterior, à excepção de Ota, Carregado e Triana, ou seja, todas elas, à excepção destas três freguesias, possuem um número de idosos superior ao número de residentes com idade inferior a 15 anos. Merece uma especial atenção neste contexto a freguesia de Ventosa, que regista para cada 100 jovens, 230 idosos. Carnota é outra freguesia que se encontra numa situação preocupante, apresentando quase 200 idosos para cada 100 jovens.

Podemos verificar pelo quadro 30 que o Èndice de Envelhecimento no concelho de Alenquer tem sofrido um grande aumento, o que vem comprovar a ideia de envelhecimento populacional no concelho.

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Quadro 30.- Evolução do Èndice de Quadro 31. - Èndice de Envelhecimento Envelhecimento (2001)

Anos Èndice de Envelhecimento Èn Èndice de Envelhecimento (%) (%) Portugal 102,2 1960 34,2 Oeste 115,0 1970 46,2 Alenquer 109,3 1981 60,7 1991 89,9 2001 109,3 FONTE: INE, Recenseamento Geral da População, 2001

FONTE: INE, Recenseamentos Gerais da População, 1960-2001

Comparativamente à região onde se insere, no ano de 2001 o concelho de Alenquer regista um valor ao nível do Èndice de Envelhecimento inferior, pois Oeste apresenta um Èndice de Envelhecimento de 115,0%. Já a nível de Portugal, o valor é inferior ao verificado no concelho de Alenquer: 102,2%.

Refira-se ainda que a população idosa no concelho é maioritariamente feminina, o que apresenta reflexos ao nível das relações de masculinidade. Assim, para o ano de 2001, registou-se uma população com 60 ou mais anos maioritariamente feminina œ para cada 100 idosas existiam apenas 83 idosos.

Para explicarmos o fenómeno do envelhecimento da população não podemos deixar de referir também o crescente aumento da esperança média de vida, fruto do incremento de políticas de bem-estar social junto das populações, ao nível da saúde, ambiente, protecção social.

Estes números são de alguma forma preocupantes, na medida em que os efeitos económicos e sociais de uma estrutura demográfica envelhecida podem ser diversos e devem estar presentes no planeamento das políticas sociais em geral, concretamente no que concerne aos serviços e equipamentos sociais. Por um lado, os grupos etários mais jovens diminuirão o seu número, o mesmo acontecendo no caso da população activa. Por outro lado, o aumento do número de idosos traduzir- se-á num acréscimo de dependência em relação aos esquemas de protecção social existentes, nomeadamente no que diz respeito aos sistemas de saúde e de apoio social. A dependência, associada muitas vezes a situações de isolamento

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resultantes da redefinição do papel da família e da alteração da sua estrutura, contribuem para a vulnerabilidade e precaridade das condições de vida de grande parte dos idosos.

Todos estes indicadores demográficos são fundamentais para avaliar as necessidades em matéria de políticas urbanísticas e de equipamentos e serviços, tanto a nível concelhio como, sempre que possível, a nível de freguesia.

Quanto à análise realizada no âmbito desta problemática, o Grupo de Trabalho constituído para analisar as questões relativas aos Idosos foi composto pelos seguintes elementos:

- Câmara Municipal de Alenquer - Centro de Saúde de Alenquer - Centro Social Paroquial do Carregado - Centro Social Paroquial Nossa Senhora das Virtudes de Ventosa - Comissão de Reformados, Pensionistas e Idosos de Alenquer - Instituto Sãozinha - Guarda Nacional Republicana œ Destacamento Territorial de Alenquer œ Posto Territorial de Alenquer, Posto Territorial de Merceana, Núcleo Escola Segura: Programa Apoio 65 Idosos em Segurança - Santa Casa da Misericórdia de Alenquer - Santa Casa da Misericórdia de Aldeia Galega da Merceana - Segurança Social de Vila Franca de Xira

Foto 12 - Grupo de Trabalho Idosos

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Foram validados os seguintes problemas nesta área:

1º Problema: Abandono de idosos por parte das famílias

O abandono dos idosos por parte das famílias foi considerado pelo Grupo de Trabalho como sendo o problema prioritário na área dos idosos. Este problema verifica-se nas sociedades actuais essencialmente devido à quebra da rede de suporte familiar para cuidar dos parentes que se encontram na faixa etária mais avançada, uma vez que o investimento profissional é cada vez maior e não existem condições que viabilizem a permanência e o cuidado de idosos que já não possuam auto-suficiência física e/ou psíquica por parte das suas famílias. Neste sentido, o recurso ao internamento em lar tem sido a solução para muitas famílias de forma a colmatar a insuficiência de condições que permitam a prestação de cuidados aos idosos, o que é possível observar pelo elevado número de utentes que se encontram em lista de espera nas instituições concelhias.

Ao nível do concelho de Alenquer, são 5 as instituições particulares de solidariedade social que prestam apoio à terceira idade, sendo que se verifica ainda no concelho um lar privado com alvará da Segurança Social, bem como alguns lares que não possuem alvará, logo, não se encontram em situação regular.

Para além destas instituições, que serão apresentadas de uma forma mais aprofundada no problema seguinte, um outro recurso que permite de alguma forma atenuar o problema do abandono da população idosa é a resposta dada pelo Núcleo Escola Segura (NES) do destacamento territorial de Alenquer da Guarda Nacional Republicana, denominada Apoio 65 œ Idosos em Segurança. Este Programa é uma iniciativa do Ministério da Administração Interna, cujos objectivos são essencialmente:

• Garantir as condições de segurança e a tranquilidade pública das pessoas idosas. • Promover o conhecimento do trabalho da GNR junto desta população. • Ajudar a prevenir e a evitar situações de risco.

Através de: • Reforço de policiamento dos locais públicos mais frequentados pelos idosos. • Colaboração com outras entidades que prestam apoio à 3ª idade.

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• Criação de uma rede de contactos directos e imediatos entre idosos, a GNR e a PSP, em caso de necessidade.

Existindo no concelho de Alenquer desde Outubro de 2005, o tipo de actividades desenvolvidas até ao momento no âmbito deste Programa foi essencialmente a promoção de acções de sensibilização junto da população idosa, onde são dados importantes conselhos ao nível da sua segurança. Na fase actual, o NES encontra- -se a proceder ao levantamento dos idosos em situação de isolamento de modo a poder realizar um patrulhamento de proximidade aos idosos mais vulneráveis a situações que coloquem em risco a sua segurança.

A Segurança Social é igualmente um recurso importante no âmbito deste problema, identificado pelo Grupo de Trabalho, na medida em que apoia a integração dos idosos em lares particulares com alvará quando não se verificam vagas nas instituições particulares de solidariedade social.

O último recurso a nível deste problema é o Programa de Apoio Integrado a Idosos (PAII), que resulta de uma candidatura apresentada pelo Instituto Sãozinha, aprovada no ano de 2005 sob o tema —Dar anos de Vida“. Os principais objectivos deste Programa são essencialmente: - promover a autonomia das pessoas idosas, prioritariamente no domicilio e meio habitual de vida; - Estabelecer medidas para melhorar a mobilidade e acessibilidade a serviços - implementar respostas de apoio às famílias que prestam cuidados a pessoas com dependência, especialmente idosos - promover e apoiar a formação de prestadores de cuidados informais e formais de profissionais, familiares, voluntários e outras pessoas da comunidade. - desenvolver medidas preventivas do isolamento e da exclusão.

A falta de meios que permitam a responsabilização da família foi um factor referido pelo Grupo de Trabalho como podendo dificultar o facto de cada vez mais os idosos serem abandonados pelas suas famílias, bem como a inexistência de uma comissão de apoio ao idoso que, à semelhança das comissões de protecção de crianças e jovens, possam desempenhar um papel importante ao nível da defesa dos direitos do idoso.

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2º Problema: Poucas respostas para idosos

Foi identificado nos momentos de trabalho destinados a analisar os problemas na área dos Idosos que as respostas existentes no concelho para prestar apoio à terceira idade se apresentam ainda em número insuficiente.

Com efeito, como foi referido anteriormente, a procura de respostas para a prestação de cuidados aos idosos tem passado muito, por parte das suas famílias, pelo internamento em Lar. A este nível, existem 4 instituições particulares de solidariedade social com a valência de Lar: o Centro Social Paroquial do Carregado, que em no ano de 2006 dá resposta a 60 idosos, o Centro Social Paroquial Nossa Senhora das Virtudes (Ventosa) que possui 40 idosos, a Santa Casa da Misericórdia de Aldeia Galega da Merceana que tem 65 idosos a seu cargo, e a Santa Casa da Misericórdia de Merceana que possui 75 utentes nesta valência.

Sabendo que o indicador —utentes em Lista de Espera“ é possivelmente um dos mais importantes quando se pretende analisar se os equipamentos existentes dão resposta aos pedidos a nível concelhio, constituindo assim um indicador importante da carência de um determinado equipamento na área concelhia, foi efectuado um levantamento do número de utentes inscritos em cada instituição com esta valência desde o ano de 2003 até Setembro de 2006. Aquando desta análise chegou-se à conclusão que existe um grande número de utentes que se encontram inscritos nas instituições do concelho de Alenquer, mas que residem em localidades fora da área concelhia. Assim, tomou-se a opção de considerar apenas os utentes em lista de espera que residem no concelho de Alenquer, sendo possível verificar esta informação no seguinte quadro.

Quadro 32. - Listas de espera para a valência de Lar

Instituição N.º de utentes inscritos do concelho - Santa Casa da Misericórdia de Alenquer 54 - Santa Casa da Misericórdia de Aldeia Galega da Merceana 79 - Centro Social Paroquial do Carregado 55 - Centro Social Paroquial N. Sra das Virtudes 42 Total 230

FONTE: Dados fornecidos pelas Instituições Particulares de Solidariedade Social do concelho

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Foi ainda realizado, para a análise deste indicador, um cruzamento entre as listas de espera nominais dos utentes que se encontravam inscritos em todas as instituições concelhias com a valência de Lar, de modo a se poder alcançar um número real de utentes em lista de espera, evitando assim que o facto de o mesmo utente poder estar inscrito em mais do que uma instituição aumente o número real das listas de espera. Efectuado este cruzamento, foi possível constatar que 28 utentes se encontravam inscritos em mais do que uma instituição concelhia, tendo- -se chegado a um total de 194 utentes em lista de espera.

Apenas se verificam listas de espera na valência de Lar, pois no que diz respeito a de Centro de Dia, a sua capacidade é superior ao número de utentes a que dá resposta. O Serviço de Apoio Domiciliário também é uma valência para a qual as solicitações têm vindo a aumentar, mas de uma maneira geral as instituições têm conseguido dar resposta aos pedidos.

Sucintamente, as respostas prestadas por cada uma das instituições concelhias na área da terceira idade são as seguintes:

Quadro 33. - Equipamentos das IPSS‘s para a Terceira Idade

Utentes por Valência Serviço de Instituição Centro Centro de Apoio Lar de Dia Convívio Domiciliário - Santa Casa da Misericórdia de Alenquer 32 - 51 75 - Santa Casa da Mis. de Aldeia Galega da Merceana 25 - 40 65 - Centro Social Paroquial de Carregado 21 - 19 60 - Centro Social Paroquial N. Sra das Virtudes 16 30 38 40 - Instituto Sãozinha - - 26 - Total 94 30 174 240

FONTE: Dados fornecidos pelas Instituições Particulares de Solidariedade Social do concelho

Ao nível das áreas de intervenção abrangidas pelos serviços prestados por cada uma das instituições, temos que: o O Centro Social Paroquial do Carregado abrange as freguesias de - até à localidade de Refugidos. o No caso do Centro Social Paroquial Nossa Senhora das Virtudes, a nível da valência de Lar, as freguesias abrangidas são Ventosa, Vila Verde dos Francos, Cabanas de Torres, Abrigada e Olhalvo. No caso do serviço de Apoio Domiciliário possui uma área de intervenção que engloba as

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freguesias de Ventosa, Vila Verde dos Francos, Cabanas de Torres e a localidade de Pocariça, sendo que no caso de Centro de Dia, as freguesias são as mesmas que foram referidas anteriormente, juntamente com as localidades de Cabanas do Chão, Estribeiro e Pocariça. o O Instituto Sãozinha possui apenas a valência de Serviço de Apoio Domiciliário na área da terceira idade, dando resposta a casos da freguesia de Abrigada. o A Santa Casa da Misericórdia de Aldeia Galega da Merceana abrange, no que concerne à valência de Lar, as freguesias de Aldeia Galega da Merceana, Aldeia Gavinha, Ribafria, Pereiro de Palhacana e Olhalvo, bem como a localidade de Quentes, enquanto que nas valências de Centro de Dia e Serviço de Apoio Domiciliário, as freguesias de abrangência são idênticas à valência de Lar, à excepção da localidade de Quentes. o No que diz respeito à da Santa Casa da Misericórdia de Alenquer, a área de intervenção da instituição diz respeito a todo o concelho de Alenquer para a valência de Lar, sendo que no caso do serviço de Apoio Domiciliário este é prestado de acordo com a capacidade disponível (refira-se que esta é uma resposta que tem vindo a aumentar sendo que foi recentemente criada outra equipa de apoio domiciliário, com duas funcionárias e uma carrinha). Actualmente este apoio é prestado desde a localidade de Bogarréus até Casal Pinheiro (Carregado).

Em termos de Lares privados, apenas foi recolhida informação junto da Residência Geriátrica —Casa Minha“, pois é o único lar particular que possui alvará no concelho. Esta instituição existe no concelho desde o ano 2004, tendo-se registado desde a sua abertura até Setembro de 2006 cerca de 300 inscrições, provenientes de todo o país. Possuindo capacidade para 40 utentes, encontram-se, em 2006, 36 utentes nesta instituição.

No que concerne a ocupação de tempos livres de idosos, destaca-se no concelho o Programa Vida Activa, promovido pelo Pelouro de Desporto da CMA e desenvolvido nas freguesias de Triana, Carregado, Ota e Olhalvo, e que promove actividades lúdicas e desportivas destinadas exclusivamente à terceira idade. A Comissão de Reformados, Pensionistas e Idosos, na freguesia de Santo Estêvão, constitui um espaço onde os idosos podem ocupar os seus tempos livres.

Por fim refira-se a existência de um outro recurso a nível concelhio que presta apoio na área da terceira idade que é a Fundação Mariápolis, uma IPSS localizada

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na freguesia de Abrigada desde 1999. Através do Programa de Apoio Integrado a Idosos foi criada nesta IPSS um Centro de Apoio a Dependentes que, apesar de possuir uma parte significativa de pessoas de idade mais avançada, destina-se à população em geral, residente ou não no concelho. São vários os serviços prestados por esta instituição, destacando-se no caso da terceira idade as consultas de fisiatria, tratamentos de fisioterapia que são inclusivamente usufruídos uma vez por semana por utentes do Centro Social Paroquial N.ª Sr.ª das Virtudes, e classes de ginástica para a terceira idade.

No que concerne às oportunidades identificadas pelo Grupo de Trabalho, refira-se que foi proposta a criação de um núcleo dinamizador de técnicos na área da terceira idade, com o objectivo de planear de uma forma conjunta formas de intervenção eficazes e conjuntas para melhorar as respostas que são prestadas a nível concelhio à população idosa, pretendendo também constituir um espaço onde fosse possível a troca de experiências entre profissionais que trabalham na área da terceira idade. Este foi um passo bem sucedido no âmbito do Programa Rede Social, uma vez que, na última reunião deste Grupo de Trabalho foi constituído este Núcleo Dinamizador que engloba, para além dos representantes das IPSS‘s concelhias, representantes da Câmara Municipal de Alenquer e da Segurança Social de Vila Franca de Xira, e que tem vindo a reunir periodicamente no sentido de alcançar os objectivos propostos e também para colmatar um dos factores que pode dificultar a resolução do problema da falta de resposta para idosos que é a —Falta de articulação entre as instituições concelhias na área dos idosos (partilha de experiências)“.

O Programa de Alargamento da Rede de Equipamentos Sociais foi um Programa cujas candidaturas decorreram no período temporal em que o Diagnóstico Social se encontrava em elaboração, e que como tal constituía uma oportunidade a potenciar no sentido das poucas respostas existentes a nível concelhio para idosos. No âmbito deste Programa surgiu uma candidatura de uma entidade concelhia, a Associação de Apoio a Idosos e Jovens da Freguesia de Meca, cujos objectivos seriam a criação das respostas Centro de Dia e Serviço de Apoio Domiciliário para a população idosa. Esta candidatura foi sujeita a parecer da Rede Social que, apesar de não possuir o Diagnóstico Social terminado nessa fase, considerou ser de toda a pertinência o parecer positivo a esta candidatura dada a sensibilidade dos parceiros locais em relação à carência de respostas na área da terceira idade. Candidaturas ao Programa de Apoio Integrado a Idosos podem igualmente constituir uma oportunidade a potenciar por parte das restantes instituições concelhias.

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3º Problema: Idosos em situação de isolamento

O terceiro e último problema identificado nesta área encontra-se directamente relacionado com os anteriores, e aponta para o facto de se verificarem no concelho muitos idosos que se encontram em situação de isolamento, que pode ter a ver quer com o abandono de idosos por parte das famílias, quer pela insuficiência de respostas existentes ao nível da terceira idade.

Embora não possuindo um conhecimento aprofundado em relação ao número exacto de idosos que se encontram no concelho em situação de isolamento, este Grupo de Trabalho considerou que este é um problema que afecta uma parte significativa da população idosa residente em Alenquer, e como tal merecedora de uma especial atenção no sentido de combate ao seu isolamento.

Os dados que foi possível apresentar em relação a este problema são referidos nos Censos 2001, e dizem respeito à população com mais de 65 anos que se encontra a residir em lugares com menos de 100 habitantes, portanto lugares em que estes idosos se encontram mais sujeitos a problemas relacionados com o isolamento.

Quadro 34. - População residente, com mais de 65 anos, em lugares com menos de 100 habitantes, por freguesia e por sexo

Sexo Freguesias Feminino Masculino Total Abrigada 0 1 1 Aldeia Galega da Merceana 8 3 11 Aldeia Gavinha 29 27 56 Cabanas de Torres 0 0 0 Cadafais 1 2 3 Carnota 98 64 162 Carregado 17 19 36 Meca 37 29 66 Olhalvo 20 15 35 Ota 6 6 12 Pereiro de Palhacana 47 38 85 Ribafria 13 12 25 Santo Estêvão 38 21 59 Triana 29 18 47 Ventosa 28 25 53 Vila Verde dos Francos 18 19 37 Concelho 389 299 688

FONTE: Recenseamento Geral da População 2001

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O quadro anterior aponta para o facto de ser essencialmente na freguesia de Carnota que se verifica um maior número de residentes com mais de 65 anos em lugares com menos de 100 habitantes, seguida pela freguesia de Pereiro de Palhacana. Note-se que as mulheres no concelho encontram-se mais em situação de isolamento do que os homens, verificando-se 389 mulheres nesta situação.

Importa ainda referir que, enquanto que a maioria da população com idade inferior a 15 anos (33,8%) se localiza maioritariamente em lugares com mais de 2 000 habitantes, apenas 17,9% da população idosa se encontra nestes lugares. Efectivamente, a população idosa do concelho reside, na sua maioria, em lugares com poucos habitantes, podendo-se verificar que 38,4% da população com mais de 65 anos se encontra em lugares que compreendem entre 100 a 499 habitantes. No caso dos residentes com idades compreendidas entre os 15 e os 65 anos, estes distribuem-se de forma mais ou menos equitativa pelos lugares com diferentes dimensões no concelho.

As respostas existentes no concelho que poderão de alguma forma combater o problema do isolamento dos idosos foram já referidos anteriormente, verificando-se efectivamente uma falta de actividades de ocupação de tempos livres para idosos que possa proporcionar uma qualidade de vida mais elevada quer aos idosos quer aos seus familiares. Um importante recurso que ainda não foi referido, e que de alguma forma dá resposta, ao nível da prestação de cuidados de saúde, a idosos que se encontram em situação de isolamento ou que se encontrem fisicamente dependentes no seu domicílio, é o Programa de Cuidados Continuados de Saúde. Este Programa resulta de uma parceria entre o Centro de Saúde de Alenquer, as Santas Casas da Misericórdia de Alenquer e Aldeia Galega da Merceana e o Centro Social Paroquial do Carregado.

Em Dezembro de 2005, existiam 506 utentes em acompanhamento no Programa de Cuidados Continuados, sendo que uma grande parte se situava no escalão etário com mais de 65 anos. São doentes que necessitam de apoio médico, essencialmente devido a —AVC“ (20,4%), —Neoplasias“ (17,0%) e —Osteoarterose“ (10,9%).

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Quadro 35.- Programa de Cuidados Continuados de Saúde œ Principais doenças

Principais Doenças N.º % AVC 103 20,4 Osteoarterose 55 10,9 Neoplasias 86 17,0 Diabetes com complicações 41 8,1 lseras Varicosas 39 7,7 Acidentes/Lesões/Traumatismos 34 6,7 Demência 51 10,1 Cólo do Fémur 16 3,2 Insuficiências Cardíacas 7 1,4 Card. Esquemi. 6 1,2 Outras 68 13,4 Total 506 100,0

FONTE: Centro de Saúde de Alenquer, 2005

Ao nível de oportunidades que poderão ser potenciadas na resolução deste problema, o Grupo de Trabalho referiu, entre outras, a criação de um grupo de voluntários no sentido de fazer face ao mesmo. Surge assim a necessidade de consciencializar a população para uma participação activa neste sentido, pois no concelho o voluntariado surge ainda como uma actividade muito pouco desenvolvida.

Alguns dos factores que poderão dificultar a resolução deste problema identificados no seio do Grupo de Trabalho, como sejam —Falta de delimitação das zonas de abrangência de cada uma das instituições“, —Desconhecimento do trabalho realizado por cada uma das instituições concelhias na área dos idosos“ ou ainda —Desconhecimento/desinteresse/falta de sensibilização das instituições para a apresentação de candidaturas“ espera-se poderem vir a ser combatidos mediante os encontros do Núcleo Dinamizador de técnicos na área da terceira idade que, como já foi referido, surgiu no âmbito das reuniões deste Grupo de Trabalho.

Seria ainda importante referir que, aquando da análise de algumas causas que se encontram por detrás da persistência dos problemas desta problemática, surge pela primeira vez a questão do sub-aproveitamento dos recursos existentes a nível concelhio, sendo a rentabilização dos recursos locais um dos objectivos do Programa Rede Social.

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Matriz SW OT Idosos

FRAQUEZAS FORÇAS OPORTUNIDADES AMEAÇAS

- 5 IPSS‘s na área dos idosos 1º Abandono - Programa PAII œ Instituto da - Desconhecimento da existência de de idosos Sãozinha (SAD) - Pôr em prática a legislação legislação específica de apoio à 3ª por parte - Segurança Social œ apoio à existente idade das famílias integração em lares particulares - Falta de meios que permitam a com alvará. responsabilização da família - Programa Apoio 65 œ Idosos em Segurança

- Candidatura ao Programa de Apoio Integrado a Idosos por parte das - Falta de abertura de - Fundação Mariápolis (Centro de restantes instituições candidaturas/Segurança Social 2º Poucas Apoio a Dependentes - CAD) - Criação de um núcleo dinamizador - Falta de trabalho sócio-cultural respostas - 5 IPSS‘s com valências para idosos de técnicos na área da terceira (técnicos) para - Comissão de Reformados, idade - Falta de articulação entre idosos Pensionistas e Idosos de Alenquer - Sensibilização de outras entidades as instituições concelhias na área - Programa —Vida Activa“ (juntas de freguesia, dos idosos (partilha de - Cartão 65 œ Fundação do Idoso colectividades) experiências) - Programa de Cuidados Continuados - Possibilidade da criação de um lar de Saúde (Comissão de Reformados, - Residência Geriátrica —Casa Minha“ Pensionistas e Idosos de Alenquer) - Programa de Alargamento da Rede de Equipamentos Sociais

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Matriz SW OT Idosos (Cont.)

FRAQUEZAS FORÇAS OPORTUNIDADES AMEAÇAS

- Falta de delimitação das zonas de abrangência de cada uma das instituições - Abertura de candidaturas a - Desconhecimento do trabalho - Programa Apoio 65 œ Idosos em Programas para idosos realizado por cada uma das 3º Idosos em Segurança (GNR) - Promoção de reuniões/encontros instituições concelhias na área dos situação de - 5 IPSS‘s com valências para idosos inter-institucionais idosos. isolamento - Programa de Cuidados Continuados - Criação de um grupo de - Falta de transportes públicos para a de Saúde voluntários que permita combater deslocação de idosos o isolamento dos idosos. - Falta de articulação inter-ministerial - Desconhecimento/desinteresse/ falta de sensibilização das instituições para a apresentação de candidaturas - Falta de recursos humanos e materiais

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Análise de Causas œ Idosos

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Abandono de idosos por parte das famílias

Poucas respostas para idosos

Idosos em situação de isolamento

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5.6. Multiculturalidade

Em relação à problemática da Multiculturalidade, é possível afirmar que, nos últimos anos, verifica-se que em Portugal o fenómeno da imigração tem vindo a crescer a um ritmo acelerado. A maior parte dos fluxos migratórios, oriundos dos países de língua oficial portuguesa e do Leste Europeu, realizam-se por razões de trabalho, pois muitos imigrantes vêm ocupar os lugares mais desqualificados e mal remunerados do mercado de trabalho. A precaridade e ilegalidade de muitas situações originam a discriminação nas condições de trabalho, o que faz com que muitos destes imigrantes reforcem a categoria dos trabalhadores de classes mais baixas. Esta é uma situação relativamente à qual o concelho de Alenquer não é excepção, constatando-se um número cada vez maior de imigrantes que se fixam no concelho à procura de emprego.

Este aumento do fluxo migratório para o concelho resulta uma vez mais da sensibilidade das entidades parceiras, pois a nível concelhio, os únicos dados existentes para a população imigrante são os que constam no Recenseamento Geral da População, e que apontam, no ano de 2001, para a existência de um total de 630 imigrantes provenientes do Estrangeiro, principalmente oriundos do Brasil (53,2%), donde provêm mais de metade dos imigrantes recenseados em Portugal neste ano. Pensa-se que este número se situe muito aquém do número de imigrantes presente no concelho

Quadro 36. - População imigrante residente no concelho (relativamente a 31/12/1999)

Países de Proveniência N.º % Brasil 335 53,2 Outros 175 27,8 PALOP 65 10,3 Alemanha 19 3,0 França 12 1,9 Canada 12 1,9 EUA 5 0,8 Venezuela 3 0,5 Macau 2 0,3 Êfrica Sul 1 0,2 Timor Leste 1 0,2 Total 630 100,0 FONTE: INE, Recenseamento Geral da População, 2001

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A necessidade de dedicar uma atenção especial a esta população prende-se com o facto de Alenquer ter vindo a ser, nos últimos anos, concelho receptor de um elevado número de imigrantes que se deslocam no sentido de tentar obter melhores condições de vida. Como foi possível verificar na caracterização demográfica do concelho, Alenquer foi um concelho que recebeu um número muito elevado de imigrantes provenientes do estrangeiro (630), comparativamente aos restantes concelhos da região Oeste. Efectivamente, do conjunto de concelhos que compõem esta região, apenas Torres Vedras (710) registou um número de imigrantes superior ao verificado em Alenquer. Mais uma vez se chama a atenção para o facto de estes dados se encontrarem desactualizados, e poderem não retratar de forma fidedigna a realidade dos números de imigrantes no ano de 2001, pois esta é uma população difícil de recensear. É no entanto a única informação oficial que existe em relação a esta problemática no concelho.

Assim, esta é uma população que ainda está por quantificar e conhecer, sendo de considerar a realização de um estudo aprofundado sobre a real situação em que se encontram estes indivíduos, por forma a, posteriormente, se desenhar a resposta mais adequada e eficaz para apoiar a integração da população imigrante que escolhe Alenquer como concelho de acolhimento.

Existe um conhecimento manifestamente diminuto da sua presença quando se pretende elaborar um programa coerente, estruturado e prolongado de intervenção junto dos imigrantes. Há que aprender então a lidar com o fenómeno da imigração, o qual sendo historicamente recente, tem implicado por vezes dificuldades em obter respostas eficazes e positivas à divergência de códigos culturais, normas, valores e padrões de conduta desta população.

Torna-se assim fundamental a realização de um diagnóstico específico da população imigrante, que tenha em conta as suas características demográficas, de organização (família, escola, trabalho, lazer), os diferentes estados de inserção, as necessidades diferenciadas dos apoios mais básicos (habitação, aprendizagem da língua, inserção no mercado de trabalho, etc) aos serviços mais complexos (apoio à família, inserção social dos jovens através de programas integrados, etc.). Esta análise deverá ter em conta, entre outros, o facto de esta ser uma população flutuante e muito instável do ponto de vista quantitativo.

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Os elementos que constituíram o Grupo de Trabalho destinado a analisar as questões relacionadas com a Multiculturalidade foram os seguintes:

- Agrupamento de Escolas de Abrigada - Agrupamento de Escolas de Aldeia Gavinha/Merceana - Agrupamento de Escolas Pêro de Alenquer - Câmara Municipal de Alenquer - Escola Secundária Damião de Goes - Guarda Nacional Republicana œ Destacamento Territorial de Alenquer œ Posto Territorial de Alenquer, Posto Territorial de Merceana, Núcleo Escola Segura: Programa Apoio 65 Idosos em Segurança - Organização Local de Educação e Formação de Adultos de Alenquer - Segurança Social de Vila Franca de Xira

1º Problema: Dificuldades de legalização de estrangeiros

Tem-se verificado efectivamente uma dificuldade de integração de comunidades imigrantes quando entram em Portugal em busca de melhores condições de vida. Uma parte significativa desta população encontra-se ilegal ou numa situação de grande precaridade. A sua integração é difícil, tendo em consideração quer as diferenças culturais e linguísticas, quer porque a vinda para Portugal se faz muitas vezes sem o acompanhamento dos membros da família e sem qualquer rede de suporte e ajuda.

A par do desconhecimento dos serviços de apoio, bem como dos direitos e deveres que lhes assistem, verificam-se situações de não recebimento do salário pelo trabalho realizado, a realização contínua de pequenos trabalhos sem a existência de qualquer tipo de vínculo laboral ou protecção social, o que origina graves situações de exclusão social nesta população.

O facto de se encontrarem em situação de ilegalidade leva muitas vezes ao receio por parte desta população em solicitar ajuda junto das entidades competentes no sentido de obter informações em relação aos seus direitos e deveres. Também a inexistência de uma estrutura a nível concelhio, e portanto mais próxima dos cidadãos imigrantes, com o papel de ajudar na informação e integração desta população constitui um factor que dificulta a regularização da sua situação.

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De acordo com a actual lei da imigração, regulamentada através do Decreto-Lei n.º34/2003 de 25 de Fevereiro, que regula as condições de entrada, permanência, saída e afastamento de estrangeiros do território português, a permanência de imigrantes em território nacional em situação regular poder-se-á realizar mediante as seguintes situações:

- Posse de Visto de Escala, permitindo ao seu titular, na utilização de uma ligação internacional, a passagem por um aeroporto ou porto, tendo acesso apenas à zona internacional do aeroporto ou porto marítimo; - Posse de Visto de Trânsito, que se destina a permitir a entrada em Portugal ao estrangeiro que se dirija para um país terceiro no qual tenha garantida a admissão; - Posse de Visto de Curta Duração, que permite a permanência no país por um período de 90 dias; - Posse de Visto de Residência, que se destina a permitir a entrada em Portugal a fim de se solicitar uma autorização de residência (duração de 6 meses); - Posse de Visto de Estudo, que permite a entrada em Portugal com o fim de estudar no país (duração de um ano); - Posse de Visto de Trabalho, que permite a entrada de estrangeiros a fim de os mesmos exercerem temporariamente uma actividade profissional; - Posse de Visto de Estada Temporária, que se destina a permitir a entrada em Portugal para tratamento médico em estabelecimentos de saúde oficiais, o acompanhamento de familiares que se encontrem na situação anterior, reagrupar os familiares de titulares de autorização de permanência ou outros casos excepcionais.

Na certeza de que muitos imigrantes entram no país com a finalidade de trabalhar, uma das condições essenciais para a obtenção de um Visto de Trabalho, que possibilite que os mesmos possam desenvolver a sua actividade profissional no país de acolhimento de uma forma regular, é a obtenção de um contrato de trabalho.

Muitas situações que se têm verificado ao nível de um serviço desenvolvido recentemente que será tratado no problema seguinte, o Centro Local de Apoio à Integração do Imigrante de Alenquer, é possível verificar que muitos imigrantes entram em Portugal com o visto de curta duração, acabando por conseguir obter trabalho posteriormente. Mesmo para os imigrantes que conseguem obter contrato de trabalho, a regularização da sua situação em Portugal passa pela obtenção de

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um Visto de Trabalho, sendo que para o obterem terão de se deslocar ao seu país de origem. Esta situação também pode dificultar a regularização dos imigrantes em Portugal pois muitos deles têm dificuldades em se deslocar ao país de origem e mesmo algum receio de que o processo não decorra como previsto, não podendo voltar a entrar em Portugal.

A burocracia no processo de legalização dos imigrantes foi uma das causas identificadas pelo Grupo de Trabalho como possuindo um impacto mais elevado neste problema.

2º Problema: Falta de um centro local de apoio ao imigrante

Como já foi referido, a inserção da população imigrante na comunidade de acolhimento por vezes não se realiza da forma mais desejável por diversos motivos. A inexistência de um espaço de esclarecimento de dúvidas, mas simultaneamente que desempenhe funções de promoção de actividades especialmente direccionadas para a população imigrante no sentido de tornar a sua integração na sociedade de acolhimento mais fácil, e também de funcionar como um serviço que permita obter uma visão a nível de concelho de que tipo de população imigrante procura o concelho de Alenquer, a sua origem, os seus principais problemas, enfim, um tipo de observatório das questões relacionadas com o fenómeno da imigração no concelho, fez com que surgisse a necessidade de se contactar com o Alto Comissariado para a Imigração e Minorias Étnicas (ACIME) no sentido de se poder criar no concelho um Centro Local de Apoio à Integração do Imigrante (CLAII). Estes contactos foram estabelecidos, e de um protocolo realizado entre a Câmara Municipal de Alenquer e o ACIME foi criado este CLAII no concelho, inaugurado em Junho de 2006. Dado ser um serviço à população relativamente novo, apenas é possível traçar um retrato diminuto ao nível do tipo de população imigrante que procura Alenquer como concelho de acolhimento, sendo que a autarquia se encontra a apostar na divulgação do Centro junto do seu grupo alvo mediante a divulgação nos meios de comunicação social locais e a colocação de cartazes em várias localidades concelhias.

Tem vindo a procurar o CLAII população muito diversa, com questões a vários níveis, sendo as questões relacionadas com a Legalização o tema que tem sido mais frequente nos atendimentos realizados no CLAII (21 casos). Desde a sua abertura a Setembro de 2006, foram realizados 34 atendimentos a imigrantes que

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neste serviço procuraram ajuda quer no sentido de regularizarem a sua situação, quer para esclarecer dúvidas da mais diversa ordem relacionadas com várias áreas como o acesso à Educação, à Saúde, etc., sendo que em 81% dos casos é o próprio imigrante que se dirige ao CLAII. Apenas existiu um contacto de entidades patronais e em três casos foram os familiares dos imigrantes que solicitaram esclarecimentos. A grande maioria da população imigrante que tem procurado o CLAII é de nacionalidade Brasileira (75% dos atendimentos realizados) e reside essencialmente nas freguesias de Triana, Santo Estêvão e Carregado. Cerca de metade dos imigrantes que procuraram o CLAII encontram-se em Portugal em situação irregular, sendo que nestes casos é algo solicitada a informação relativa à obtenção de um Visto de Trabalho (10 casos).

De modo a constituir um serviço cada vez mais próximo da população imigrante que reside no concelho, e pensando-se que é na freguesia do Carregado que se poderá encontrar um maior número de imigrantes, o CLAII encontra-se a título experimental a realizar atendimentos na Junta de Freguesia do Carregado uma vez por semana.

O tipo de actividades desenvolvido pelo Centro Local de Apoio à Integração do Imigrante de Alenquer tem-se restringido ao atendimento aos imigrantes que o procuram para esclarecer as suas diversas dúvidas, pois a opção deste Centro tem passado, numa primeira fase de implementação, pela divulgação do tipo de ajuda que pode ser prestada, bem como em obter um conhecimento mais aprofundado das características dos imigrantes que se encontram no concelho. Após este conhecimento do grupo-alvo, seria desejável desenvolver um outro tipo de intervenções que passarão pela realização de actividades facilitadoras da integração dos imigrantes na comunidade, a ser planeadas no seio do Grupo de Trabalho Multiculturalidade, e com a colaboração dos elementos constituintes do mesmo.

Refira-se que este é o primeiro problema identificado no âmbito dos encontros realizados pelos Grupos de Trabalho que se encontra totalmente resolvido ainda na fase de Diagnóstico Social.

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3º Problema: Existência de crianças descendentes de imigrantes que ficam sem supervisão dos pais em determinados períodos

Este é um problema que afecta não só a população imigrante, mas como foi possível verificar pela análise da problemática —Infância e Juventude“, afecta em geral a população concelhia. Na referida fase do Diagnóstico Social é possível verificar também quais são os recursos existentes a nível concelhio que permitem dar resposta a algumas crianças.

Este problema assume dimensões particulares na população imigrante dado que muitos imigrantes possuem mais do que um trabalho, trabalhando por turnos, o que faz com que os seus filhos passem muito tempo sem supervisão dos pais. Também constitui um factor que agrava este problema o facto de muitos imigrantes não possuírem um suporte familiar alargado, como avós por exemplo, a quem possam deixar os seus filhos no período em que trabalham.

A nível do combate a este problema, foi identificado pelo Grupo de Trabalho o alargamento das respostas existentes a nível concelhio, bem como a criação de creches familiares, pois este é um problema que é ainda mais preocupante quando se fala de crianças muito pequenas que necessitam de mais cuidados do que por exemplo no caso dos jovens.

4º Problema: Elevada mobilidade da população imigrante

Grande parte da população imigrante vem em busca de melhores condições de vida, logo as oportunidades de trabalho constituem um factor fundamental ao nível da sua fixação em determinado território. Esta condição faz com que esta seja necessariamente uma população com um carácter instável, dependendo a sua estabilidade das oportunidades de trabalho que encontram.

Como tal, nenhuns recursos nem oportunidades foram identificados pelo Grupo de Trabalho, havendo pouco a realizar neste sentido, não querendo no entanto o Grupo de Trabalho deixar de alertar para o facto de este ser um problema que dificulta a definição de uma estratégia de intervenção com esta população no sentido de ajudar à sua integração, o que não significa que não exista no concelho uma percentagem significativa de imigrantes que se desejem estabelecer e viver no concelho, aos quais é possível ajudar a sua integração na comunidade receptora.

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5º Problema: Dificuldades com a língua

Este foi o último problema identificado pelo Grupo de Trabalho na área da Multiculturalidade, sendo certo que o facto de os imigrantes não dominarem a língua do país receptor poderá em muitos casos constituir um entrave à sua integração. A este nível poucos são os recursos existentes a nível concelhio, passando por cursos de Português para Estrangeiros que têm vindo a ser desenvolvidos pela Organização Local de Educação e Formação de Adultos, que possivelmente não se realizarão no presente ano lectivo dada a indefinição em torno da continuação dos cursos prestados por este serviço após a sua extinção. A escassez na oferta de cursos de Português para Estrangeiros constitui assim uma causa de impacto elevado na resolução deste problema.

Os estabelecimentos de ensino concelhio constituem o recurso fundamental de ajuda ao nível do domínio da língua portuguesa, mas apenas para a faixa etária de alunos que se encontrem na escolaridade regular.

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Matriz SW OT Multiculturalidade

FRAQUEZAS FORÇAS OPORTUNIDADES AMEAÇAS - População instável (fixação depende da existência de trabalho). 1º Dificuldades de - Linha SOS Imigrante legalização de - Criação de um Centro Local - Burocracia do processo de legalização. - Alto Comissariado para a de Apoio ao Imigrante - Desconhecimento da população estrangeiros Imigração e Minorias Étnicas imigrante residente no concelho por parte das várias entidades. - Dificuldade em obter contratos de trabalho 2º Falta de um - Câmara Municipal de - Activar os mecanismos - Falta de informação relativamente centro local de Alenquer necessários à criação de um ao processo de abertura do Centro apoio ao imigrante - Alto Comissariado para a Centro Local de Apoio ao Local de Apoio ao Imigrante Imigração e Minorias Étnicas Imigrante 3º Existência de crianças - ATL‘s da Rede Pública descendentes de - ATL‘s das IPSS‘s - Alargamento das respostas - Trabalho por turnos dos pais imigrantes que - Creche Cartaxinhos existentes - Trabalho precário dos pais ficam sem - Creche Pintainhos - Criação de amas familiares - Múltiplos empregos dos pais supervisão dos - Creches das IPSS‘s - Falta de suporte familiar alargado pais em deter- - Jardins-de-infância do minados períodos concelho

4º Elevada Não foram elencadas - Trabalho precário mobilidade da Não foram elencados recursos oportunidades pelo Grupo de - Problemas de legalização população pelo Grupo de Trabalho Trabalho - Estratégias de sobrevivência imigrante

- OLEFA œ Cursos de Português - Informar e sensibilizar a - Não adesão dos imigrantes aos 5º Dificuldades com para estrangeiros população imigrante para as cursos existentes a língua - Estabelecimentos de ensino respostas existentes na - Falta de informação do concelho comunidade - Escassez na oferta de cursos

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Análise de Causas œ Multiculturalidade

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Dificuldades de legalização de estrangeiros

Falta de um Centro Local de Apoio ao Imigrante

Existência de crianças descendentes de imigrantes que ficam sem supervisão dos pais em determinados períodos

Elevada mobilidade da população imigrante

Dificuldades com a língua

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5.7. Saúde

O Grupo de Trabalho constituído para analisar as questões relativas à problemática da Saúde no concelho foi composto pelos seguintes elementos:

- Agrupamento de Escolas de Abrigada - Agrupamento de Escolas de Aldeia Gavinha/Merceana - Câmara Municipal de Alenquer - Centro de Saúde de Alenquer - Escola Secundária Damião de Goes - Guarda Nacional Republicana œ Destacamento Territorial de Alenquer œ Posto Territorial de Alenquer, Posto Territorial de Merceana, Núcleo Escola Segura: Programa Apoio 65 Idosos em Segurança - Santa Casa da Misericórdia de Aldeia Galega da Merceana

1º Problema: Consumo excessivo de álcool

Esta foi considerada uma problemática muito importante do concelho pelo Grupo de Trabalho, pois existe a sensibilidade de que é um problema que tem vindo a aumentar no concelho, abrangendo não só a população adulta, como cada vez mais os jovens, e em idades muito precoces. Ora esta é assim uma questão preocupante quando é sabido que os problemas relacionados com o consumo excessivo de álcool causam perturbações quer ao nível orgânico e psíquico, quer ao nível familiar, profissional e social.

No concelho de Alenquer, que é composto por uma percentagem significativa de zona rural onde subsiste alguma tradição ao nível da produção do vinho, existem valores culturais muito enraizados acerca do consumo de álcool. Este surge ainda muito associado ao trabalho rural, à força física que é necessário despender nesse trabalho, etc. É um tipo de problema detectado com frequência no atendimento/ acompanhamento de famílias apoiadas pelo serviço de Acção Social, bem como nas consultas no Centro de Saúde de Alenquer. Refira-se que no Centro de Saúde não existe consulta de alcoolismo, sendo cada caso avaliado pela equipa de saúde que, quando considera necessário, procede ao respectivo encaminhamento para o Centro Regional de Alcoologia do Sul, situado no Parque da Saúde.

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As situações de indivíduos/famílias que apresentam problemas derivados do consumo de álcool são difíceis de sinalizar, sobretudo pelo facto de os doentes não assumirem o seu problema e não recorrerem a médicos a não ser em situação de urgência. Assim, não existem dados quantitativos em relação à incidência deste problema a nível concelhio, e essa é uma dificuldade com que os técnicos que intervêm nesta área se debatem.

Ao nível das camadas mais jovens, existe a noção de que este é um problema que tem vido a verificar-se com alguma intensidade, o que poderá ter a ver, entre outros factores, com a necessidade de afirmação dos jovens, com um menor acompanhamento familiar, e ainda com uma falta de sensibilização dos estabelecimentos circundantes às escolas relativamente à venda de álcool a menores. A este respeito propôs-se no âmbito deste Grupo de Trabalho uma maior fiscalização por parte do Núcleo Escola Segura ao nível dos estabelecimentos circundantes às escolas, que poderá funcionar como elemento dissuasor da venda de álcool a menores, assim como o levantamento de autos aos estabelecimentos que se verifique se encontrarem em situação de incumprimento, medida esta que já tem vindo a ser aplicada, contudo os estabelecimentos não têm vindo e sofrer represálias nesse sentido. Ainda ao nível do problema do consumo de álcool nas camadas etárias mais jovens, outra proposta realizada pelo Grupo de Trabalho a este nível seria a realização de um inquérito no seio dos Agrupamentos de Escolas que permitisse proceder a um levantamento ao nível de hábitos de alcoolismo.

2º Problema: Consumo de drogas ilícitas cada vez mais elevado

Ao nível do consumo de drogas no concelho, há um conhecimento informal da existência de alguns focos de consumo entre a população jovem, de uma maneira geral um pouco por todo o concelho, assim como de alguns episódios de uso de drogas de alunos das escolas, mas não existem dados objectivos neste sentido.

Quanto à venda de drogas ilícitas, a freguesia do Carregado chegou a ser uma zona do concelho onde efectivamente se registavam casos a este nível, o que já não sucede actualmente, segundo informações recolhidas junto do Destacamento Territorial da GNR de Alenquer.

No que concerne aos recursos existentes no concelho, é realizada prevenção primária em algumas escolas do concelho, sendo as próprias escolas igualmente

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um recurso importante neste sentido, dado o seu papel sociabilizador e educacional. Existe ainda no concelho desde 2003 um programa de troca de seringas usadas denominado —Diz não a uma seringa em segunda mão“, promovido pela Associação Nacional de Farmácias, e realizado a nível concelhio em colaboração com a autarquia local e as farmácias do concelho.

semelhança do que se verifica no caso do alcoolismo, este é um problema cuja resolução é dificultada pelo facto de os consumidores não procurarem ajuda e pelo menor acompanhamento familiar, sendo que quando se solicita ajuda para tratamento, procede-se ao encaminhamento essencialmente para o Centro de Apoio a Toxicodependentes das Taipas.

As oportunidades identificadas para o combate a este problema passam pela formação para a prevenção dos consumos, bem como por uma sensibilização desde o ensino pré-escolar em relação a este problema.

3º Problema: Falta de médicos (Estado)

Este é um problema relativamente ao qual o Grupo de Trabalho não identificou Recursos, Oportunidades, nem Factores que possam dificultar a resolução do problema, justamente porque este é um problema que a nível concelhio nada se poderá fazer no sentido da sua resolução. O Centro de Saúde de Alenquer, no qual se encontram inscritos, em 2005, 39 905 utentes para apenas 7 médicos, tem aberto por diversas vezes concursos para a colocação de mais médicos, sendo que não tem existido respostas para os mesmos. Para tentar colmatar esta falha foram implementadas por esta instituição as Consultas de Recurso para os utentes que não possuem médico de família.

No entanto, o Grupo de Trabalho não quis deixar de mencionar este problema como apresentando um peso muito importante a nível concelhio.

Em termos de recursos humanos verifica-se, tanto ao nível do Centro de Saúde como das respectivas extensões, uma escassez de médicos, sendo que todos os médicos existentes no Centro de Saúde e suas Extensões são de clínica geral e medicina geral familiar, havendo assim uma carência bastante acentuada de especialidades médicas pois apenas existe uma psicóloga no Centro de Saúde de

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Alenquer. A situação em termos de recursos humanos prestadores de cuidados de saúde é a seguinte:

Quadro 37- Número de Médicos por Centro de Saúde e Extensões

Centro de Saúde N.º de Médicos Santo Estêvão 7

Extensões N.º de Médicos Carregado 5 Abrigada 3 Aldeia Galega da Merceana 2 Olhalvo 2 Carnota 1 Total 20

FONTE: Centro de Saúde de Alenquer, 2005

A freguesia que possui o maior número médicos é Santo Estêvão, o que não é de estranhar dado ser nesta freguesia que se localiza a sede do Centro de Saúde. Ao todo existem no concelho cerca de 20 médicos, segundo informações disponibilizadas pelo Centro de Saúde de Alenquer, o que permite afirmar que os médicos existentes no Centro de Saúde e respectivas Extensões são claramente insuficientes para responder às necessidades de uma população em crescimento como é a do concelho de Alenquer. O indicador do número de utentes sem médico de família é clarificador desta ideia e, genericamente, sinal claro da falta de resposta dos recursos a este nível face às necessidades da população.

Quadro 38.- Número utentes sem médico de família

N.º de utentes sem médico de família 6 457

FONTE: Centro de Saúde de Alenquer, 2005

É ao nível dos cuidados de saúde especializados que o Centro de Saúde evidenciam mais carências pois, como já foi referido, os médicos existentes são maioritariamente de clínica geral, o que obriga os habitantes à deslocação ao Hospital de Vila Franca de Xira, ou a outras unidades de saúde de carácter privado existentes no concelho, quando necessitam de um acompanhamento mais especializado.

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4º Problema: Falta de respostas tipo hospital de retaguarda

O último problema identificado pelo Grupo de Trabalho constituído para analisar a problemática da —Saúde“ a nível concelhio foi a necessidade da existência no concelho de uma estrutura tipo hospital de retaguarda. Os factores que estão na origem desta necessidade prendem-se com o facto de, após alta hospitalar, algumas pessoas não possuírem condições, sejam familiares ou habitacionais, para regressar às suas residências.

A agravar este facto, como houve oportunidade de referir anteriormente, encontra- se a questão de uma percentagem significativa de população concelhia se situar numa faixa etária mais avançada, que se encontra em situação de isolamento e muitas vezes com uma rede de transportes insuficiente que não permite a deslocação quer para o Centro de Saúde quer para o Hospital de zona aquando da necessidade de cuidados especiais após alta hospitalar. Os Cuidados Continuados de Saúde, já descritos na anterior página 103 do presente documento, constituem um importante recurso que permite atenuar alguns casos de pessoas que necessitam de um cuidado especial, mas não são suficientes para dar resposta à população concelhia.

Estas questões levam assim à constatação da necessidade da existência de um hospital de retaguarda, também pelo facto de os hospitais darem resposta a um número cada vez maior de pessoas, o que faz com que os internamentos também sejam de menor duração.

A única oportunidade identificada neste problema foi a apresentação de uma candidatura ao Programa Operacional da Região de Lisboa e Vale do Tejo, sendo que é um problema cuja resolução é ameaçada pela inexistência de recursos para financiar a construção do referido hospital, bem como a falta de iniciativa local.

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Matriz SW OT Saúde

FRAQUEZAS FORÇAS OPORTUNIDADES AMEAÇAS - Prevenção primária ao nível de algumas escolas - Formação para a prevenção do 1º Consumo - Centro de Saúde alcoolismo - O álcool é socialmente aceite excessivo de - Escolas - Articulação centro de saúde e - Falta de procura de ajuda por álcool - GNR escolas parte dos consumidores - Centro Regional de Alcoologia do - Sensibilização desde o pré- Sul (Parque de Saúde) escolar - Grupo de Alcoólicos Anónimos de - Operações de fiscalização a Vila Franca de Xira estabelecimentos de restauração e bebidas alcoólicas situadas no perímetro escolar. - Prevenção primária ao nível de algumas escolas 2º Consumo de - Centro de Saúde - Formação para a prevenção dos - Comissão para dissuasão da drogas ilícitas - Escolas consumos toxicodependência de Lisboa cada vez mais - Programa "Diz não a uma seringa - Sensibilização desde o pré- não funciona elevado em segunda mão" escolar - GNR - Centro de Apoio a Toxicodependentes de Taipas - Não foram elencadas - Não foram elencados factores 3º Falta de médicos - Não foram elencados recursos oportunidades pelo Grupo de que podem dificultar a (Estado) pelo Grupo de Trabalho Trabalho resolução do problema pelo Grupo de Trabalho

4º Falta de respostas - Programa de Cuidados Continuados - Candidatura ao Programa - Falta de recursos para tipo hospital de de Saúde Operacional da Região de Lisboa financiar retaguarda e Vale do Tejo - Falta de iniciativa local

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Análise de Causas œ Saúde

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Consumo excessivo de álcool

Consumo de drogas ilícitas cada vez mais elevado

Falta de médicos (Estado)

Falta de respostas tipo hospital de retaguarda

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6. Do Diagnóstico Social ao Plano de Desenvolvimento Social

Apresentado o documento de Diagnóstico Social, onde é possível observar quais as principais problemáticas que atravessam o concelho de Alenquer, é possível dizer que o Conselho Local de Acção Social se encontra agora munido de uma quantidade substancial de informações, bem como de algumas pistas a nível de problemas prioritários em cada uma das problemáticas em análise, que permitem traçar o ponto de partida ao nível da intervenção com o objectivo de activar os mecanismos necessários para tentar de alguma forma minimizar, ou idealmente resolver, os problemas identificados a nível concelhio.

Esta etapa de Diagnóstico deve acompanhar todo o processo de planeamento, encontrando-se desta forma intrinsecamente ligada com as restantes fases. De acordo com Isabel Guerra, é um processo —permanente e sempre participado, pelo que está sempre inacabado. No entanto vai tendo intensidades diferentes, sendo inevitavelmente mais aprofundado (...) na fase inicial do lançamento de um projecto“.22

Traçadas que estão as prioridades de intervenção a nível concelhio, importa desenvolver o quadro estratégico de intervenção do desenvolvimento social concelhio, corporizado no Plano de Desenvolvimento Social (PDS), etapa que se segue no âmbito da implementação do Programa Rede Social no concelho de Alenquer. Este constitui um instrumento estruturante, onde se inscreve um projecto comum de mudança, planeado, à semelhança do Diagnóstico Social, com a colaboração activa dos diversos parceiros sociais. Nele são definidas as estratégias de intervenção e os objectivos a alcançar, capazes de responder às necessidades e aos problemas detectados. Estes objectivos deverão ser definidos de uma forma conjunta e contratualizada, servindo de enquadramento ás intervenções para a promoção do desenvolvimento social local, quer elas sejam elaboradas no âmbito

22 GUERRA, Isabel, Fundamentos e Processos de uma Sociologia de acção: o Planeamento em ciências sociais, Cascais, Principia, 2000, p. 134

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da operacionalização dos planos de trabalho do Conselho Local de Acção Social, quer elas sejam propostas fora do âmbito do CLAS.

Por Plano de Desenvolvimento Social entende-se assim a definição de um Plano Estratégico para 3 ou 5 anos, sendo um instrumento de trabalho que —enuncia uma estratégia para atingir uma situação social desejável, mas realista, nos territórios sobre os quais incide“23. Numa óptica de promoção do desenvolvimento social concelhio e de melhoria generalizada das condições de vida da população, o PDS pretende produzir efeitos correctivos ao nível da resolução dos problemas identificados, bem como criar efeitos preventivos gerados através da indução de projectos de mudança.

O Plano de Desenvolvimento Social será construído com base em eixos de desenvolvimento sustentados nas problemáticas identificadas no Diagnóstico Social, podendo estas ser reformuladas consoante as mudanças na sociedade assim o exijam ou numa perspectiva de desenvolvimento social desejado para o concelho de Alenquer.

O Diagnóstico e o Plano de Desenvolvimento Social são assim momentos de um mesmo processo, sendo que o primeiro constitui uma base essencial para a concretização de segundo. No PDS deverão estar inscritas as linhas orientadoras do desenvolvimento social, explicitando as prioridades nas várias áreas, expressas em termos de finalidades e objectivos (gerais e específicos), bem como as estratégias, correspondentes a formas de actuação que procuram traduzir as melhores soluções de afectação dos meios existentes em função dos objectivos propostos.

Assim, neste momento em que se encontra concretizado o Diagnóstico Social e definidas as prioridades de intervenção, deve-se conceber e desenvolver um quadro estratégico de intervenção do desenvolvimento social concelhio, que se materializará no Plano de Desenvolvimento Social, que por sua vez se operacionaliza através de planos de acção anuais, onde constarão as acções concretas a desenvolver, os objectivos operacionais, os recursos materiais e humanos que serão utilizados, o calendário previsto e os resultados esperados para atingir o desenvolvimento social desejado.

23 NUCLEO DA REDE SOCIAL, Guião prático para a implementação da Rede Social, Lisboa, Instituto da Segurança Social I.P., 2004, p. 22

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Este constitui portanto o próximo desafio que se coloca à Rede Social de Alenquer, o que mais uma vez só poderá ser possível com uma colaboração activa dos parceiros locais e de todos os agentes sociais com intervenção no concelho de Alenquer.

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7. Notas Finais

A elaboração de Diagnósticos Sociais à escala do concelho constitui um dos elementos de inovação do Programa da Rede Social, na medida em que os diagnósticos produzidos pelos vários Conselhos Locais de Acção Social constituem um esforço de produção de um conhecimento sistematizado e articulado dos problemas sociais nos territórios concelhios a nível nacional.

Este é assim um Documento que se apresenta como um importante e estratégico instrumento de trabalho, resultante da participação dos diversos parceiros, sustentado num processo de reflexão conjunta e de obtenção de consensos. É portanto o resultado do desenvolvimento de um trabalho participado e conjunto das diferentes entidades do concelho que participaram neste processo, bem como facilitador da interacção e da comunicação entre parceiros.

O Diagnóstico Social de Alenquer resultou de um processo participativo, durante o qual foram identificados e analisados os principais problemas do concelho de Alenquer. Estes problemas foram agrupados em grandes problemáticas, consideradas pelos agentes sociais do concelho como prioritários em termos de intervenção, privilegiando-se nesta análise o desenvolvimento de uma acção preventiva de situações de pobreza e exclusão social, apostando na resolução de problemas que melhorem a qualidade de vida dos grupos mais vulneráveis.

Este diagnóstico pretendeu assumir-se como um instrumento que permitisse inventariar potencialidades e recursos locais disponíveis para a intervenção, tendo sido também preocupação ao nível da construção deste diagnóstico a pré-indicação de pistas para a definição de prioridades de intervenção, através da descrição, análise e interpretação o mais completo possível dos problemas sociais existentes no concelho.

Espera-se que constitua um instrumento de trabalho que possa de alguma forma contribuir para a concretização dos principais objectivos do Programa Rede Social: o combate à pobreza e à exclusão social e a promoção do desenvolvimento social local.

Diagnóstico Social do Concelho de Alenquer

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