ESPECIAL

A UNIÃO “Paraíba democrática, JOÃO PESSOA, DOMINGO, terra amada” BELEZAS DO BREJO 16 DE AGOSTO DE 2009 Casa-grande do Engenho , situada na zona rural da cidade de Serraria, é sede de pousada que leva o mesmo nome

Casa-grandeCasa-grande dede " Art Nouveau engenho,engenho, umum ricorico O Engenho Laranjeiras é o único que ostenta em sua fachada esse acervoacervo dodo BrejoBrejo estilo do movimento artístico P. 4 A beleza da arquitetura das pequenas agroindústrias da " Pioneirismo época açucareira da região do Brejo da Paraíba encanta A bela cidade de Borborema foi os visitantes. Elas integram os diversificados atrativos a primeira a ter uma de turísticos que a região oferece aos turistas energia elétrica no Estado P. 7

BAIXA VERDE, O ENGENHO QUE AINDA CONSERVA GRADIS E PÁTIO ONDE O CAFÉ ERA SECADO AO SOL P. 5 ESPECIAL A UNIÃO 2 JOÃO PESSOA, DOMINGO, 16 DE AGOSTO DE 2009 BELEZAS DO BREJO “Paraíba democrática, terra amada” Editorial Turismo do açúcar

beleza da casa-grande de engenhos Ora, não somente a casa grande de engenho vão redundar em resultados concretos para os de cana-de-açúcar do brejo integra esse imenso patrimônio social e histórico, moradores das comunidades e da região, numa paraibano, que simboliza o poder mas também todos os equipamentos, bens móveis crescente perspectiva de crescimento econômico da aristocracia rural do período e máquinas que ainda restam nessas pequenas e bem-estar social. Desde já, é fundamental pensar Aaçucareiro que vigorou desde o Brasil Colônia agroindústrias. Todo esse conjunto proporciona em consolidar essas parcerias entre os municípios até o Brasil Império, e dezenas de outros um belo passeio aos turistas pelos períodos do e os empreendedores locais, a exemplo das atrativos, é apenas uma pequena parte do grande Brasil Colônia e Brasil Império. É certo que muitos associações de artesãos, dos donos de engenhos, potencial turístico que a região exibe para o estão desativados e outros ainda em pleno de bares e restaurantes e dos governos locais. público visitante. Eles representam também funcionamento, mas, ambos, fornecem diversos e Só assim, será possível transformar o potencial os ciclos da cana de açúcar e do café. importantes atrativos para os visitantes. dos municípios do Brejo paraibano em destinos A suntuosidade e o esplendor da casa grande Se trata, ainda, de uma boa visita tendo como turísticos conhecidos nacionalmente e de engenhos, dessa forma, integra o extenso locais estratégicos dos engenhos, além da casa internacionalmente. Alagoa Grande, Alagoa Nova, patrimônio social, cultural e artístico que grande, a produção da rapadura e da cachaça e Bananeiras, Borborema, Guarabira, Pilões, também pode ser utilizado para desenvolver o de oturos derivados da cana-de-açúcar. Pirpirituba, Serraria, Areia e Solanêa tem históricas turismo do Brejo tendo como foco a integração É bem verdade que o potencial turístico da e patrimônios muitos importantes que, na cerca, entre os municípios da região. É certo que já região está sendo estruturado no sentido de vão deslanchar os projetos turísticos. começam a se esboçar os primeiros passos neste promover a sua rica identidade cultural e a Então, é preciso que todos possam trabalhar de sentido, mas, porém, ainda de forma inicial, melhoria da qualidade dos serviços ofertados, no forma integrada, somando esforços, almejando como é o caso dos programas Caminhos dos entanto, falta uma iniciativa mais arrojada por um desenvolvimento sustentável. É bem verdade Engenhos e do Frio, que tem como parceiros parte dos proprietários desses engenhos, que, que um potencial de um município pode servir de principais o governo do Estado e o Sebrae-PB. ainda somam um bom número no Brejo apoio para o outro vizinho. Essa grande Essa parceria, obviamente, também teria a paraibano, que ainda exibe belezas naturais de oportunidade se percebida a tempo, a região do participação de entidades públicas e privadas, seus grotões, cachoeiras, matas virgens, belos Brejo pode ampliar a sua oferta turística, isto é, redundando assim numa espécie de resquícios de trens ferroviários, entre outros procurando também oferecer serviços com associativismo e desenvolvimento sustentável pontos turísticos importantes. qualidade, conforto e também, prolongando a do turismo da região do Brejo. Dessas forma, as parcerias formadas, doravante, permanência do turista na região. Monumento presta homenagem a um A UNIÃO ex-combatente da Força Expedicionária SUPERINTENDÊNCIA DE IMPRENSA E EDITORA Fundado em 2 de fevereiro de 1893 no governo de Álvaro Machado

BR-101 - Km 3 - CEP 58.082-010 - - João Pessoa - José Diogo Pereira foi encontrado com vida nos Paraíba . PABX: (0xx83) 3218-6500 - FAX: 3218-6510 - Redação: Alpes italianos pelos aliados durante a Segunda 3218-6511/3218-6512 www.paraiba.pb.gov.br Grande Guerra Mundial. Foi ferido mortalmente por Superintendente soldados alemães. Levou três tiros e ficou estendido NELSON COELHO DA SILVA numa vala quando foi encontrado. O ex-combaten- Diretor de Operações MILTON FERREIRA DA NÓBREGA te nasceu na cidade de Serraria (a 90 Km da Capital, região do Brejo) no ano de 1921, no Sítio Nova Flo- Diretor Técnico WELLINGTON H. VASCONCELOS DE AGUIAR resta. Diretor Administrativo "Depois de dois anos minha avó, Maroquinha, CRISTIANO XAVIER DE LIRA MACHADO achava que ele estava morto e teve a notícia que ele Editor Geral JOÃO EVANGELISTA estava internado em um hospital da Itália", relata Editor de Cadernos Especiais uma das netas do ex-combatente, a advogada e con- WILLIAM COSTA tadora Siena Florália. Texto e Fotos CARLOS CAVALCANTI José Pereira integrava a Força Expedicionária Bra- Praça dedicada a José Diogo Pereira é ponto turístico Editoração Eletrônica ULISSES DEMÉTRIO E sileira no período de fevereiro a setembro de 1945. JOSÉ INÁCIO (ZEZINHO) Em sua volta ao Brasil, ele chegou a ser condecora- particular e faleceu aos 76 anos. O monumento,

CONSELHO EDITORIAL do pelo presidente Getúlio Vargas com a comenda hoje, é um dos pontos turísticos da cidade de Serra- Medalha de Campanha, em 1951. ria. O tio do ex-combatente foi o autor da constru- Lena Guimarães, Genésio de Sousa, Nelson Coelho, Wellington Aguiar, Cristiano Machado, Milton Nóbrega, João Evangelista, Na cidade de Serraria, o visitante vai se deparar ção do Portal da Glória, que fica em frente à casa Linaldo Guedes, Marlene Alves (UEPB), João Pinto (API), Land com um monumento artístico feito de bronze e onde o soldado da FEB morava. Seixas (Sind. Jornalistas), Juarez Farias (APL), Luiz Hugo Guimarães (IHGP), Rômulo Polari (UFPB) e Thompsom Mariz (UFCG) granito. Se chama Portal da Glória. O autor da "Ele só saiu de casa para a guerra. À época, a mãe obra é o pintor Marcos Pinto. O prefeito que fica dele, Maria Batista, contava somente com três filhos, encravado em uma pequena praça foi inaugurada um homem e duas mulheres. Ele se alistou de forma em março de 2007. expontãnea. Vez por outra me mostrava as marcas Após voltar da Itália, José Pereira foi empregado de balas pelo corpo. Depois voltou ao Brasil, casou- pelo ex-governador Pedro Gondim como motorista se e teve três filhos. ", narra a advogada. A UNIÃO ESPECIAL “Paraíba democrática, terra amada” BELEZAS DO BREJO JOÃO PESSOA, DOMINGO, 16 DE AGOSTO DE 2009 3 Brejo exibe a opulência dos engenhos n A região mantém conservadas algumas casas-grandes das agroindústrias com sua bela arquitetura rudimentar e simbolizam o poder nos séculos XVI e XVII o Brasil Colônia um Testemunhas do dos postos mais eleva- Ndos na complexa socie- dade açucareira era exercido Brasil Colônia pelo senhor de engenho em função dele deter os principais e do Império poderes, à época. Mais ainda: O Engenho Triunfo guarda o proprietário dos pequenos consigo um diferencial. Suas complexos agroexportadores máquinas foram criadas pelo do setor canavieiro, mais co- próprio marido de Maria Jú- nhecidos como engenhos, des- lia, do moedor de carne a se- frutava de admirável status cador de cabelo, tudo era social. Trata-se de uma socie- aproveitado pelo empresá- dade colonial do período açu- rio-inventor no início do ne- careiro, que se desenvolveu gócio. Outra coisa interessan- nos séculos XVI e XVII. te: o filho mais velho do ca- No que se relaciona com os sal, estudante de Engenharia engenhos, essas pequenas Química, conseguiu desen- agroindústrias tinham como volver uma forma de trans- opulência o estilo de sua casa- formar a cachaça de cabeça grande. Ela era o mais autên- em álcool combustível, que é tico retrato do período e faz parte de um contexto históri- utilizado nos carros da pro- co de grande importância priedade. Passado o período para a história do período co- difícil do começo, o Engenho lonial do Brasil. Triunfo possui modernos Na região do Brejo paraiba- equipamentos, recebe atual- no, entre os muitos atrativos mente centenas de pessoas turísticos, se encontram essas por mês e produz a cachaça agroindústrias que não fugi- Triunfo, uma das melhores ram à regra. Elas eram forma- do Nordeste, que tem toda das por amplas propriedades sua produção vendida ime- de terras conquistadas por in- diatamente. termédio de cessão de sesma- Outro passeio inesquecível rias. Eram lotes abandonados é proporcionado pelo Enge- cedidos pela Coroa portugue- nho Mineiro: foi em 1880, sa a quem se comprometesse a aproximadamente, que foi aproveitá-los para o cultivo. O construída essa agroindús- senhor e sua família moravam tria. Testemunha dos vários na casa-grande, local onde ele ciclos agrícolas vividos no desempenhava sua autorida- Várzea do Coaty, em Nordeste brasileiro, hoje a Areia, e Boa Fé, em de junto à comunidade, cum- construção histórica, com Bananeiras, são prindo o papel de patriarca. Os traços do período colonial, re- engenhos de rara escravos eram praticamente siste ao tempo e produz ra- beleza no Brejo padura pura, sem ingredien- as mãos e os pés do senhor de paraibano engenho naqueles idos. tes complementares. Na região do Brejo da Pa- Haroldo Barreto, 82 anos, é raíba, ainda hoje, se encon- o atual dono da propriedade. tram de pé algumas casas- # e pássaros típicos da região A casa-grande está totalmen- grandes de antigos engenhos. brejeira. A mata do Engenho te conservada. Ali, história e No município de Areia, por Alagoa Grande, Pilões, Areia, Serraria e Borborema Martiniano, por exemplo, se memória se encontram har- exemplo, estão presentes vá- são alguns dos municípios que proporcionam destaca pela presença de que- monicamente, apesar das rios engenhos antigos e mui- das d'água com mais de 10 perspectivas nada otimistas tos dos quais já não perten- belos passeios em propriedades que ostentam metros de altura. para o mercado da rapadura. cem aos séculos XVI e XVII, Outras atrações do municí- É pelas mãos do filho Guten- mas que conservam alguns belezas em legados arquitetônicos pio de Serraria, também, ficam berg Barreto que o Engenho vestígios daqueles tempos, por conta de suas cavernas, da Mineiro tem vislumbrado como o Ipueira, Vaca Brava, Pedra da Furna, da Fazenda boas perspectivas. Como um Quati, Viração, São José, Tri- Santa Helena e dos engenhos guia que sabe muito bem o va- unfo, Carro, Bujari e Santa Te- Verde, Belo Monte e Balancinho. Já no município de Serraria Belo Horizonte e Santo Antô- lor histórico e familiar que a reza. Vale à pena visitá-los No município de Alagoa Nova o visitante ainda pode se des- nio. Areia é quem mais exibe propriedade tem, o dono expli- pois muitos remetem o visi- também vale a pena fazer um lumbrar com a beleza da casa engenhos velhos, a exemplo do ca todo o processo de produ- tante a uma viagem prazero- passeio até os engenhos Beatriz, grande dos engenhos Baixa Bujari. Um belo passeio tam- ção da rapadura. Também são sa da época dos senhores de Urucu e Santa Rita, que produ- Verde, Coitizeiros e Martinia- bém pode ser feito no engenho produzidos caldo-de-cana, engenho. No município de Ba- zem mel, aguardente e rapadura. no, Além do Laranjeiras. Triunfo, cuja dona Maria Júlia doces e queijos, que são comer- naneiras existe a bela casa- Em Pilões, que além das casas- No Brejo paraibano, além faz papel de guia pelas insta- cializados, bem como ofereci- grande do Engenho Lagoa do grandes e de engenhos antigos, o dos velhos engenhos, é possí- lações da propriedade, con- dos aos visitantes, acompa- Matias, do século XIX. município oferece belas paisa- vel encontrar reservas de tando a história do engenho e nhados de sucos, bolos, frutas O município de Alagoa Gran- gens naturais. Entre os principais mata atlântica com árvores as dificuldades iniciais e apon- e outras iguarias com um ex- de também não fica atrás. A re- da região estão os Engenhos Olho centenárias, clareiras, pedras tando os equipamentos usa- celente sabor caseiro. Vale à gião exibe os seguintes e princi- d'Água, Santana, Avarzeado, gigantes e animais como ra- dos na produção de mel, rapa- pena conferir as delícias da re- pais engenhos, são eles: Lagoa Pinturas de Cima e Poções. posas, gatos-do-mato, coelhos dura e cachaça. gião do Brejo paraibano. ESPECIAL A UNIÃO 4 JOÃO PESSOA, DOMINGO, 16 DE AGOSTO DE 2009 BELEZAS DO BREJO “Paraíba democrática, terra amada” Laranjeiras, a beleza da Art Nouveau n A casa-grande do engenho é a única que apresenta esse aspecto arquitetônico na região do Brejo e mostra muita suntuosidade

estilo arquitetônico da casa-grande do OEngenho Laranjeiras (moradia do senhor de sua família), localizado na zona ru- ral do município de Serraria (distante 130 km da Capital, re- gião do Agreste), é Art Nouveau, uma das únicas com esse aspec- to formal situada na região do Brejo paraibano. O casarão se situa ao final de uma ladeira, onde se acha encravado em meio a vestígios de uma mata selvagem envolta por várias fontes de água límpida. O ambiente do Engenho La- ranjeiras ainda exibe muita suntuosidade ao público, re- sultado de uma época em que os donos de engenhos domi- navam politicamente e eco- nomicamente a vida no cam- po na região do Nordeste bra- sileiro, mais especialmente no século XIX. A pequena agroindústria não está em atividade, mas conserva toda a sua estrutu- ra a qual fornece uma ideia de como funcionava a produção de rapadura, mel, aguarden- te e açúcar mascavo na casa- do-engenho, local aonde se processava o beneficiamento dos derivados da cana-de- açúcar.

EQUIPAMENTOS Ao lado esquerdo da casa- grande do Laranjeiras pode- se encontrar ainda uma co- bertura rústica que esconde alguns equipamentos anti- gos do engenho, a exemplo Engenho Laranjeiras ainda conserva muitos dos equipamentos rudes utilizados na produção do mel e rapadura, a exemplo da moenda, dornas e tachos de madeira da moenda (onde se moía a cana-de-açúcar para a ex- SAIBA MAIS # tração do caldo, a garapa), Casa-do-engenho produzia um esplendor feito em ma- Arte Nova deira e ferro fundido, crava- No que se refere com a art nouveau (arte nova), foi um movimento artístico que desde mel, rapadura e cachaça da no chão de produção da surgiu na Europa, no período 1890 e 1910. Exibindo um estilo meramente decorativo, agroindústria, as dezenas de a arte nova era voltada ao design e à arquitetura e influenciou também o universo das artes plásticas. A art nouveau recebeu nomes diferentes nos diversos países onde se tachos de madeira que rece- A rotina num engenho englo- cana era fervido e purificado manifestou e se consolidou, a exemplo de style nouille (estilo macarrônico) na França; bava vários processos. Por em tachos de cobre. Quando a biam o melaço fervente da style coup de fouet (estilo golpe de chicote) na Bélgica; modern style (estilo moderno) exemplo, no local existia várias casa de purgar, lá o açúcar era cana-de-açúcar e vários ou- na Inglaterra; jugendstil (estilo da juventude) na Alemanha; style liberty (estilo livre) na tros utensílios utilizados Itália.Conforme os especialistas, o movimento da art noveau preocupava-se com a construções, como a casa-gran- branqueado, separando-se o naquela época. originalidade da forma e tinha relação direta com a Segunda Revolução Industrial. E, de, a moradia do senhor e de açúcar mascavo (escuro) do também, com a exploração de novos materiais, como o ferro e o vidro (principais Todo o rico acervo do Enge- sua família, a senzala, que tra- açúcar de melhor qualidade e elementos dos edifícios que passaram a ser construídos segundo a nova estética), e tava-se da habitação dos escra- depois posto para secar. nho Laranjeiras integra, atual- os avanços tecnológicos na área gráfica, como a técnica da litografia colorida, que teve vos. E, ainda, a capela e a casa Ao final de toda essa opera- mente, a Pousada Laranjeiras, grande influência nos cartazes da época. Foi no início do século XX que o art nouveau uma hospedaria estratégica no chegou ao Brasil, importado da França, principalmente na decoração de interiores ou do engenho. ção, o produto era pesado e se- que se relaciona com a localiza- em grades e elementos arquitetônicos de ferro forjado. São testemunhos disso, no Rio A casa-do-engenho abrigava parado conforme a qualidade, e de Janeiro, a decoração da Confeitaria Colombo, na rua Gonçalves Dias, nº 32, e as ção e propícia para quem quer todas as instalações destinadas colocado em caixas de até 50 ar- grades dos salões do Teatro Municipal. Na década de 10 do seculo passado, chegou ao preparo do açúcar, mel, ca- robas. Só então era exportado conhecer outros atrativos da re- ao Rio o arquiteto italiano Virgilio Virzi, que projetou em neogótico com ornamentos art gião do Brejo paraibano. A Pou- nouveau o prédio do Elixir de Nogueira, na rua da Glória (demolido), a residência chaça e outros produtos deri- para a Europa. Muitos engenhos sada Laranjeiras se situa em Martinelli, na avenida Oswaldo Cruz, nº 149, (demolida), e uma casa na rua do Russel, vados da cana-de-açúcar. Era possuíam também destilarias meio a Mata do Brejo, como é nº 734. Em São Paulo, a Vila Penteado (1902) foi projetada por Carlos Eckman em na moenda onde se moía a cana para produzir a aguardente (ca- típico estilo art nouveau francês. conhecida na região resquício para a extração do caldo (a ga- chaça), utilizada como escambo da mata atlântica. rapa). Na fornalha o caldo-de- no tráfico de negros da África. A UNIÃO ESPECIAL “Paraíba democrática, terra amada” BELEZAS DO BREJO JOÃO PESSOA, DOMINGO, 16 DE AGOSTO DE 2009 5 Baixa Verde ainda resiste no Brejo com os portentosos gradis e pátio n Engenho situado no município de Serraria foi construído no século XIX e proporciona um verdadeiro passeio aos visitantes ao período açucareiro

xibindo uma arquitetura impo- SAIBA MAIS # nente e conservando todo o seu E aspecto original, o Engenho Bai- Produção de açúcar xa Verde, situado no município de Ser- A produção do açúcar não era fácil no raria e construído no final do século período açucareiro. Nessas agroindústrias XIX, é um verdadeiro convite ao visi- canavieiras o produto era feito com uma tante para uma viagem ao período açu- grande quantidade de mão de obra que, em sua maioria, era formada por escra- careiro. Ele ainda conserva a sua cape- vos. Os bois eram de suma importância la, casa curada, senzala, antigo barra- para a fabricação dos derivados de cana- cão e o maquinário, que envolve a de-açúcar. Esses animais faziam girar a moenda e as pás de mexer a garapa fer- moenda que extraia a garapa da cana-de- vente nos tachos. açúcar. Eles, também, puxavam os carros O Engenho Baixa Verde exibe uma com lenha para a casa das caldeiras. A casa-grande com portentosos gradis os cana-de-açúcar era cortada pelos escravos e colocavam-na nos carros dos bois que a quais no passado guardavam um pá- levavam para a moenda. Cortar cana-de- tio que servia para a secagem do café açúcar é um trabalho árduo e essa tarefa produzido na propriedade. Vale lem- perdura até os tempos atuais. O engenho, brar que a região do Brejo paraibano, a grande propriedade produtora de outrora, já foi uma grande produtora açúcar, era constituído, basicamente, por de café. dois grandes setores: o agrícola - formado O Engenho Baixa Verde está situado pelos canaviais -, e o de beneficiamento - a casa-do engenho, onde a cana-de-açúcar no sopé da serra que dá acesso à cida- era transformada em açúcar e aguardente. de de Serraria. Além de seus atrativos, Casa grande do Baixa Verde, outrora o engenho foi um grande produtor de café no Brejo o visitante vai encontrar em suas cer- canias reservas de mata atlântica com árvores centenárias, clareiras e pedras Civilização deixou raízes no Nordeste Pesquisador catalogou gigantes. A antiga agroindústria é proprieda- O conjunto de características sociais e região do Brejo paraibano. E até hoje o 294 agroindústrias de privada da família Spínola, mas os culturais da civilização dos engenhos dei- mais citado por historiadores. Porém, visitantes são bem vindos, mas desde xou raízes profundas no Nordeste brasi- adotando como base menções feitas na região do Brejo que façam a comunicação de forma an- leiro. Essas marcas ainda sobrevivem na pelos habitantes da cidade de Areia, tecipada aos proprietários. memória da região de forma concreta. não se descarta a possibilidade da exis- no ano de 1994 Integra o cenário do Engenho Baixa Basta observar as centenas de casas- tência de engenhos antes dessa época. Verde a deslumbrante paisagem ser- grandes ostentando um rico e belo estilo Os engenhos construídos na região do O Brejo paraibano acolhia cerca de rana e um clima agradável, que ador- arquitetônico. São construções seculares Brejo, a partir do século XVIII, seguiram 294 engenhos catalogados pelo pes- nam o visual de velhos engenhos. Pró- e, em sua maioria, se encontram abando- os modelos das agroindústrias situadas quisador Antonio Augusto de Almei- ximo à propriedade se encontra a Mata nadas, mas representam de forma legíti- no Litoral nordestino, apesar de que eles da no ano de 1994. Passados cerca de do Grilo, que tem como diferencial a ma de uma atividade que simbolizava a não gozavam da mesma opulência e po- 240 anos, atualmente existem, se- curiosa Pedra da Furna, usada pelos riqueza da região nordestina em deter- sição privilegiada destes últimos, que fo- gundo dados do IBGE de 2000, 52 en- genhos ativos. Apesar do número re- índios antigos como abrigo. minada época do Brasil. ram o símbolo da aristocracia rural bra- duzido de agroindústrias, eles ainda A propriedade, que está inserida em Vale lembrar que os engenhos ergui- sileira desde o período colonial. O fato é permanecem em número relativa- região de preservação ecológica, mos- dos no interior no Nordeste brasileiro que o surgimento dos engenhos no Brejo mente significativo, a exemplo dos tra uma atração especial, a Pedra da surgiram bem depois das pequenas fez nascer uma pequena burguesia ru- municípios de Areia, Alagoa Gran- Furna, antiga residência de índios. agroindústrias localizadas na faixa li- ral em torno desta atividade produtiva de, Alagoa Nova, Bananeiras, Borbo- Para visitá-la o turista deve ter espíri- torânea. Os registros indicam a existên- do setor canavieiro. rema, Pilões e Serraria. to aventureiro pois as trilhas são pre- cia de engenhos na região do Brejo pa- É bastante informar que os engenhos Destes 52 engenhos, 25 produzem cárias e faz-se necessária o acompa- raibano desde a segunda metade do sé- do Brejo não acompanharam a suntuo- apenas aguardente; 8 produzem ape- nhamento de guias experientes. culo XVIII. Basta observar a referência sidade das edificações das pequenas nas rapadura e 19 fabricam aguar- No ambiente do Engenho Baixa Ver- feita por Horácio de Almeida em sua agroindústrias da região do Litoral, po- dente e rapadura conjuntamente. Al- de foram realizadas as filmagens "de obra: Brejo de Areia de 1958, ao Gover- rém, alguns deles chegaram a alcançar guns ainda estão moendo a cana-de- época" para um documentário sobre o nador da Capitania da Paraíba, Fran- um certo grau de importância econô- açúcar, porém, a sua maioria está de- histórico passado de Serraria, cidade cisco de Miranda Henriques: "Homem mica em relação a estes últimos, nas sativada. famosa pela sua paisagem serrana e seu probo e moderado, governou a Capita- épocas áureas do açúcar, a exemplo dos Os engenhos jamais poderiam de- clima agradável. Antigamente, a re- nia da Paraíba de 1761 a 1764. Termi- engenhos Vaca Brava em Areia, Goia- saparecer do Brejo paraibano, uma gião mostrava muitas florestas de pal- nado o governo fixou-se em Areia, no munduba em Bananeiras e Olho vez que está marcada pela tradição meiras. engenho Bolandeira, onde veio a fale- D'Água de Bujari em Alagoa Nova. do cultivo e processamento da cana- Os vales verdejantes que ainda per- cer em avançada idade". Os engenhos da região do Brejo pa- de-açúcar. A manutenção de hábitos, duram na região do Brejo paraibano, Conforme indica a informação de Ho- raibano, em sua maioria, possuíam costumes e tradições seculares, no na verdade, integram a paisagem dos rácio de Almeida, chega-se à conclusão menos porte do que os do Litoral, no caso e questão, em termos de produ- velhos engenhos os quais favoreceram que os primeiros engenhos do municí- entanto, as casas-grandes dos mais an- ção, não sucumbiu, mesmo que apon- para um tipo de aristocracia rural, de pio de Areia surgiram há cerca de 240 tigos que restaram nesta microrregião tasse alternativa neste sentido. No nomes ilustres, como os Duarte e os anos. O registro de Horácio de Almeida também podem ser considerados espé- caso do Brejo, essa tradição produti- Santos Lima na região dos municípios é o mais fiel, até agora, que existe em cimes da arquitetura dos antigos enge- va vem persistindo na região por de Serraria e Borborema. termos do surgimento dos engenhos na nhos de açúcar do Brasil. quase dois séculos e meio. ESPECIAL A UNIÃO 6 JOÃO PESSOA, DOMINGO, 16 DE AGOSTO DE 2009 BELEZAS DO BREJO “Paraíba democrática, terra amada” Engenho Velho, berço da cidade de Serraria e da aristocracia rural n O engenho possibilitou o PERÍODO DA FORMAÇÃO surgimento da cidade que tinha como marcas principais ! ADMINISTRATIVA vales verdejantes e florestas de palmeiras que adornavam Elevado à categoria de município com a as pequenas agroindústrias denominação de Pilões, pelas leis provincial 1 nº 775, de 04-12-1883, e estadual nº 26 de do setor açucareiro 02-03-1895, desmembrado de Areia. Sede na povoação de Pilões.

amosa pela sua paisagem serrana Pela lei estadual nº 80, de 13-10-1897, e seu clima agradável, a cidade de 2 transfere a sede da povoação de Pilões Serraria, até uns anos atrás, exi- para de Serraria, tomando o município F esta denominação. bia muitas florestas de palmeiras. E con- tava com vales verdejantes que adorna- vam os velhos engenhos, os quais for- Em divisão administrativa referente ao ano de 1911, o município já maram um tipo de aristocracia rural na 3 denominado Serraria é constituído do região do Brejo paraibano. distrito sede. Uma agroindústria do setor canaviei- ro - o Engenho Velho - deu origem à ci- Assim permanecendo em divisão administrativa referente ao ano de 1933. dade de Serraria (88 km da Capital, re- 4 gião do Brejo paraibano). Os primeiros Igreja matriz de Serraria que recebeu os primeiros colonos em princípio do século XVIII colonizadores que se estabeleceram em Em divisões territoriais datadas de 31de terrenos do atual município chegaram 5 Dezembro de1936 e 31dezembro em princípio do século XVIII à região, SAIBA MAIS # de1937, o município aparece constituído quando então se formou a missão de de três distritos: Serraria, Arara e Pilões "Santo Antônio" da Boa Vista. No ano Localização do município de Dentro. de 1850, o agricultor Firmino José Fer- O município de Serraria se situa na região do Brejo. É uma das cinco zonas fisiográficas em que está Pela lei estadual nº 1164, de 15-11- nandes de Maria, oriundo da Várzea do dividido o Estado. Faz fronteiras com os municípios de Pilões, Areia, Solânea, Arara, Borborema e 1938, o distrito de Pilões passou a rio Paraíba, ergueu o primeiro engenho Pelõezinhos. Serraria tem as seguintes coordenadas geográficas: 6º 52' de latitude Sul e 35 38'. Seu 6 denominar-se Entre Rios. no lugarejo para a fabricação de rapa- clima é quente e úmido, descendo o termômetro, consideravelmente, por ocasião do período dura. hibernal. A temperatura oscila entre 15º, à sombra. A superfície de Serraria é de 75 quilômetros Já no ano de 1851, Manoel Birindiba, quadrados. A população atual é de 6.602 habitantes, conforme dados do IBGE no ano de 2007. A Pelo decreto-lei estadual nº 520, de 31- 12-1943, o distrito de Entre Rios voltou proprietário de abundantes matas no cidade faz parte da cordilheira de Borborema e grande área de seu território apresenta-se bastante 7 a denominar-se Pilões. município, permitiu a sua exploração e ondulada, porém, sem grandes picos. também a edificação de residências em suas terras. Um dos primeiros edifícios No quadro fixado para vigorar no levantados foi uma serraria, exatamen- uma igreja-matriz, dentro do povoado, interesse espiritual a 2 de outubro de período de 1939-1943, o município é 8 constituído de 3 distritos: Serraria, Arara te no local onde hoje se ergue a igreja- porque a antiga e única existente era pe- 1900, foi por decreto de Sª Excia. Remª. e Pilões ex-Entre Rios. matriz, dando origem ao topônimo do quena, fora do povoado, e dentro de um Bispo Dom Adauto de Miranda Henri- município. cemitério. quez transferida a Sede da de Pela lei estadual nº 916, de 20-08-1953, No ano de 1860, Firmino José Fernan- Neste período, muitos moradores do Pilões para Serraria, onde o Excia. Vi- desmembra do município de Serraria o des de Maria fundou a Capela de Nossa lugarejo decidiram, em três de março de gário fixou sua residência, e em uma 9 distrito de Pilões. Elevado à categoria de Senhora da Boa Morte, que muito con- 1897, a convite do major Antônio Bento casa (adrede) preparada, celebrava to- município. correu para o desenvolvimento do po- Duarte dos Santos, e um punhado de dos os atos religiosos". Em divisão territorial datada de 1o de voado. Ele foi o incentivador do desbra- amigos, com a presença do padre José Em 12 de janeiro de 1902 teve lugar a julho de1955, o município é constituído vamento e progresso da zona do Curi- Calazam Pinheiro, então vigário de Pi- benção da capela ficando "nesta oca- 10 de 2 distritos: Serraria e Arara. Assim mataú. lões, benzer a primeira pedra da capela. sião em benefício das obras uma caixa permanecendo em divisão territorial Nesse mesmo período, o atual muni- Na ocasião, houve muito entusiasmo de um conto de réis, 1:000#000. Dos 2 datada de 1o de julho de-1960. cípio de Arara teve como um dos seus durante a solenidado dos fiéis presen- de janeiro de 1903 a primeira festa do Pela lei estadual nº 2602, de 01-12- desbravadores e fundadores o padre Ibia- tes, ficando nesta ocasião para o início Sagrado Coração de Jesus Padroeiro da 1961, desmembra do município de pina, fundador da "Casa de Caridade San- das obras a quantia de um conto e tre- Capela, que a 2 de janeiro de 1907 foi 11 Serraria o distrito de Arara. Elevado à ta Fé", localizada nas proximidades da zentos mil réis. Ou seja, 1:300#000. benta por Sª Excia. Remª Sr. Bispo em categoria de município. atual cidade de Arara, que corresponde Em fevereiro de 1899, o major Antô- visita pastoral, e por direito datado do hoje à antiga zona do Curimataú. Outro nio Bento Duarte dos Santos junto com mesmo dia foi elevada a cathegoria de Em divisão territorial datada de 31 de pioneiro da região foi Antônio José da João Pereira de Sá Serrão, Joaquim Pe- Matriz, sendo seu primeiro vigário 12 dezembro de 1963, o município é Cunha. Ele veio da cidade de Areia para reira de Mello, José Pereira de Goes, João Maranhão os trabalhos quase que constituído do distrito sede. Assim Francisco Duarte dos Santos e Francis- não foram interrompidos, apresentan- permanecendo em divisão territorial explorar as jazidas de calcário e foi quem datada de 2007. doou terreno para construção da Casa co de Paula Miranda, se apresentaram do nesta última data o seguinte resul- da Caridade, instalada no ano de 1866, ao padre João Maranhão, segundo rela- tado: Matriz toda coberta e limpa por Alteração toponímica municipal Pilões pertencente ao município de Solânea. ta o jornalista José Nunes em seu livro dentro em ordem Corinthia, forro da 13 para Serraria alterada, pela lei estadual nº No mês de março de 1895, sendo Ser- Serraria Princesa do Brejo, "então vi- capela mor a estuque, dos corredores a 80, de 13 de outubro de 1897. raria Capela Filial da Freguesia de Pi- gário de Pilões, o que diante da offerta zinco e madeira, torre já no segundo lões, levantou-se no coração do povo ser- de um conto de réis de cada um dos ca- andar, ladrilho a mosaico com excur- (FONTE: http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/dtbs/ paraiba/serraria.pdf rariense o desejo de levar Serraria a uma valheiros supracitados, não hesitou em são de uma pequena parte de um cor- NUNES, José - " Serraria Princesa de Brejo" - 1997 sede ´parochial´. Por essa ocasião, foi er- começar a obra, o que fez a 28 do mes- redor, sete altares e mor do Sagrado PESQUISADOR: NEMÉSIO GOMES CAVALCANTI) guida uma capela com proporções de mo mês e ano. Por motivo de melhor Coração de Jesus." A UNIÃO ESPECIAL “Paraíba democrática, terra amada” BELEZAS DO BREJO JOÃO PESSOA, DOMINGO, 16 DE AGOSTO DE 2009 7

Borborema, pioneira na energia elétrica

n Cidade do Brejo paraibano acolheu o empreendedor advogado José Amâncio Ramalho que construiu a primeira usina de força da Paraíba por volta de 1910

ma iniciativa empreendedora no Brasil - foi por volta de 1910 que Great Western, U um paraibano, o advogado José Amâncio Ramalho, de maneira ousada, um dos principais implantou a primeira usina de luz da Paraíba. Era uma turbina movida com a força da água do açude da cidade de Bor- pontos turísticos borema, localizada no Brejo paraibano. Era registrada como Empresa Hidroe- do município létrica de Borborema e o pessoal escuta- va rádio com a energia da empresa. O Um dos pontos turísticos, a estação de proprietário, com os empregados, tam- Camucá, foi inaugurada em 1913 pela bém cuidou de instalar linha de trans- Great Western, como ponta de linha do missão na região: eram postes de cimen- ramal. Em 1922 o ramal foi prolongado to e madeira. Não era tão altos como os até Manitu. Em 1932, a estação e a cidade de hoje, mais tinham postes de baixa e já se chamavam Borborema. Em 1966, o alta tensão. Ficou bastante conhecida na trem deixou de passar pela estação. Bor- região do Brejo naqueles tempos. Quem borema destacou-se por muito tempo na saia de porta em porta cobrando a conta produção de rapadura, existentes nos de luz eram dois eletricistas da usina. A engenhos do município e em todo o Brejo energia só chegava às casas das pessoas paraibano. A vinda dos trilhos em 1913 quando escurecia. facilitou o maior escoamento deste e de Na década de 40 do século passado sua Borborema oferece várias atrações turísticas, como a rusticidade da velha estação ferroviária outros produtos comuns na região. Na usina de força já fornecia energia para época da vinda dos trilhos até Borbore- as cidades de Borborema, Bananeiras, ma, ela era distrito de Bananeiras. A esta- Solânea, Pilões de Dentro e Serraria. Tam- gião começou a ser conhecida quan- te o período invernoso e varia de ção ferroviária de Borborema foi desati- bém alimentava bicos de luz de escolas do, a partir de 1912, o doutor José 22ºC a 30ºC, resultado de um clima vada em 1968 pela RFN, por ordem do agro-técnicas da região e a várias pro- Amâncio Ramalho, vindo de Araru- úmido e agradável. governo federal. O prédio hoje serve priedades rurais. na, adquiriu aquelas terras e enten- A cidade de Borborema possui uma como a sede da Secretaria de Educação A usina de força de José Amâncio Ra- deu de desbravá-las. Homem ativo e estrutura singular. Quer dizer, ela não do município de Borborema. malho deixou de gerar energia elétrica de espírito progressista, de imediato possui ruas curvas, sinuosas ou logra- porque a Codebro, uma empresa que che- construiu um grande açude, e logo douro edificado local improvisado. A PIONEIROS gou à região e que utilizava energia elétri- tratou de fazer a primeira hidroelé- sua construção foi muito bem plane- O empresário pioneiro no setor de ener- ca da cachoeira de Paulo Afonso, entrou trica da Paraíba na região. jada. A chegada do trem no ano de gia elétrica, na Paraíba, José Amâncio Ra- no mercado paraibano. Era a concessio- A cidade de Borborema está loca- 1913, a construção da igreja de Nossa malho, irmão mais velho de Odilon, era nária de energia elétrica daqueles tempos. lizada na zona do Brejo, na Serra da Senhora do Carmo, na década de vin- uma figura notável. Sua magnífica casa Foi a partir daí que a Empresa Hidroelé- Borborema, na região Nordeste do te e a expansão de uma agricultura flo- que ele construiu na cidade de Borbore- trica de Borborema deixou de fornecer Brasil. Conta com 5.009 habitantes rescente, chamaram a atenção de no- ma tem data de 1918 em relevo na facha- energia para as casas. Até hoje o visitante de acordo com o Censo 2006. O rio vos moradores que ali acorreram. da, estilo que lembra o neoclássico, man- que visitar o açude vai se deparar com al- que banha a cidade é o Rio Camucá, O município tem como principais tida intocável pela viúva de segunda núp- gumas ruínas da antiga usina de força. bastante volumoso em tempo de in- atrativos turísticos, entre outros, a Ca- cias, Maria Livramento. Na sala de visi- verno. O município tem uma exten- choeira do Roncador, O Túnel do Trem, tas, pode-se ver o quadro de formatura ESTRUTURA são territorial de 72km². A sua área trilhas ecológicas, Cachoeira Boa Vis- de José Amâncio, Faculdade de Direito do Boa Vista foi o primeiro nome do lo- mede 39 Km² e tem uma densidade ta, Ilha da Fantasia, Barragem Cana- Recife, turma de 1908, no qual também se acha o concluinte José Américo de Almei- cal onde hoje se ergue a cidade de Bor- demográfica de 112 hab /K. A tem- fístula II, Barragem Humberto Lucena da, famoso escritor e político paraibano. borema. Essa exuberante e bonita re- peratura é muito agradável duran- e dezenas de casarões históricos. A mobília da casa em madeira escura, o piso, as portas e as janelas, tudo em per- Agricultura, comércio e pecuária formam base econômica feito estado, lídima memória de uma épo- ca que o tempo tende a apagar. As atividades econômicas do muni- ciais que exigem grandes extensões de ter- O relevo mostra-se diversificado nas Para erguer a usina de energia elétrica, ele importou da França uma turbina ge- cípio de Borborema estão concentradas ra, como por exemplo, a cana-de-açúcar, diferentes unidades geomorfológicas radora de energia. Decidido, sua palavra em três setores: agricultura, que é ba- presente nas décadas 40 a 70 e, mais re- ocorrentes na Paraíba. No município de tinha quase sempre força de uma ordem. seada no cultivo de várias espécies es- centemente, pela pecuária resultou na ex- Borborema, o conjunto geomorfológico Contam-se ao resolver casar pela segun- pecificamente para a subsistência. As trema degradação dessas florestas e a par- é formado pela superfície elevada aplai- da vez, pois não suportava mais a condi- principais culturas, são o feijão, milho, tir daí vem se transformando. nada da Borborema, configurando-se ção de viúvo, mandou avisar ao Juiz de mandioca, banana e algumas frutas e Esta paisagem da mata úmida vem uma ampla área planáltica, englobando bananeiras a sua intenção de contrair núp- hortaliças. Uma pecuária voltada para dando lugar a capoeiras diversas, clas- toda a região do Agreste. cias, naquele mesmo dia, com sua nova a criação de bovinos, caprinos e aves sificadas como capoeira herbácea (ju- Esta é a região do "Brejo paraibano" paixão, Maria do Livramento. O Juiz res- para o abate e consumo local. Um co- rubeba, câmara, chumbinho e espinhei- que para alguns é considerada "Terra pondeu que não podia atender a seu pedi- mércio centrado na compra e venda de ro) e capoeira arbustiva (, das Águas" por sua grande dimensão do, pois haveria uma festa na cidade à produtos e mercadorias para consumo. cajueiro e pitombeira), pastagem culti- em aspectos hidrográficos, rica em ca- qual tinha de comparecer. José Amâncio, O município conta com pequenas casas vada como capim elefante, sempre ver- choeiras, cacimbões, cacimbas, rios e então mandou dizer ao juiz que a luz de comerciais como padarias, mercadi- de, brachiária e pastagem natural como açudes. Em plena zona urbana na cida- Bananeiras seria cortada e, assim, não nhos, lojinhas, farmácias, entre outros capim de roça, amoroso, grama e prin- de de Borborema encontramos casas que em haveria a tal festa. O meritíssimo não pen- estabeleicmentos, que atende a popu- cipalmente a plantação de bananas (cul- seus quintais abrigam poços artesianos, ca- sou duas vezes, foi rápido para Borbore- lação local. tura permanente), muito comercializa- cimbas, uma riqueza sem igual. E com a ma e fez o casamento, para a felicidade de Com a continuada derrubada e queima- das no município, como também cul- escassez da água já sucedida no verão, todos, principalmente dos alegres noivos. da da mata úmida no município de Bor- turas temporárias como a mandioca, servem de suporte para o abastecimen- Então, tudo foi festa, naquela noite nas duas borema, produzidas por cultura comer- feijão, milho e arroz. to da vizinhança. cidades do Brejo paraibano. ESPECIAL A UNIÃO 8 JOÃO PESSOA, DOMINGO, 16 DE AGOSTO DE 2009 BELEZAS DO BREJO “Paraíba democrática, terra amada” Confraria entre amigos e filhos integra projeto Caminhos do Frio n Sob agradável frio, evento ocorre sempre no dia nove de agosto em Serraria, que oferece ainda forró, cavalgada e shows de grupos folclóricos

s encantos do Brejo da Paraíba não se resumem tão somente as Osuas belezas naturais e antigos patrimônios históricos. A confraria so- cial também integra o calendário turís- tico da região. Assim pode-se definir o animado III Encontro de Filhos e Ami- gos da cidade de Serraria (distante 130 km da cidade de João Pessoa, região do Brejo paraibano), que acontece todo dia oito de agosto do ano. O agradável frio ajudou a bela acolhida entre os partici- pantes e muitos dos quais relataram, na ocasião, diante de um microfone, suas experiências e trajetórias de vida. O evento foi promovido pela Asso- ciação Cultural dos Filhos e Amigos de Serraria, entidade que foi criada em Público do Encontro de Filhos e Amigos em confraternização animada no Centro de Serraria Ivaldo Medeiros de Moraes participou do evento 2007 com o objetivo de congregar a po- pulação, inclusive aqueles que moram em outras cidades do Estado ou do e amigos de Serraria participaram de se- do município de Serraria para o desen- Duarte e dos Santos Lima. país, em torno de projeto de desenvol- resta comandada pelo grupo musical do volvimento econômico do Estado. E, O Engenho Baixa Verde faz parte dos vimento cultural, social e econômico seresteiro Elpídio Ferreira e pelo Clube também, da união da população em tor- pontos turísticos do município de Ser- do município. do Chorinho. Para Nemésio Cavalcanti, no do projeto de desenvolvimento soci- raria. Ele guarda ainda consigo uma A festa, que integrou a programação membro da diretoria da Associação Cul- al e econômico da cidade e da região do esplendorosa arquitetura em seu seu do projeto Caminhos do Frio, promovi- tural dos Filhos e Amigos de Serraria - Brejo paraibano como um todo. aspecto original, conservando capela, do pelo Governo do Estado, Sebrae-PB, representação de João Pessoa/PB, "o en- casa curada, casa grande e grandes prefeituras e iniciativa privada, come- contro já ingressou no calendário turís- ATRAÇÕES TURÍSTICAS gradis que guarnecem um pátio que çou às 13 horas com um almoço regado tico do município. Ele oferece várias atra- Oferecendo dezenas de atrações natu- servia, no passado, para a secagem do a sucos de frutas, degustação de cacha- ções para os turistas por essa época do rais, históricas, folclóricas e artesanais, café, trabalho executado pela mão-de- ça, sobremesas e doces caseiros produ- ano, como cavalgada, dentre muitos ou- a cidade de Serraria é famosa pela sua obra escrava. zidos na região. No mesmo local do al- tros que interessam aos visitantes". bela paisagem serrana e pelo seu clima Quem for a Serraria, vale à pena uma moço, sob vários pavilhões de lona Um dos participantes do evento, o de- agradável. Imensos vales verdejantes in- visita ao Engenho Baixa Verde que for- branca, houve apresentação de Lapi- putado estadual Ivaldo Medeiros de Mo- tegram o cenário de velhos engenhos de nece uma verdadeira viagem ao perío- nha, Boi de Rei e Forró Pé-de-Serra em raes (PMDB) destacou, em requerimen- cana-de-açúcar. A aristocracia rural foi do senhorial da época. A propriedade palco armado no Centro da cidade. to apresentado na Assembleia Legisla- marcante nas terras do município e dela pertence a família Spínola, a qual deve À noite, a partir das 20 horas, os filhos tiva do Estado, a importância turística saiu vários nomes ilustres, a exemplo dos ser avisada com antecedência da visita. Laranjeiras: pousada tem mais de 30 fontes de água

As marcas históricas do ciclo da cana- nômicos, como a cana-de-açúcar, do de-açúcar, uma bonita casa-grande em café e do sisal". estilo art nouveau (única existente no Segundo avalia Francisco Barreto, "o Brejo paraibano), matas virgens e mais que está faltando para divulgar esse de 30 fontes de águas transparentes. Es- grande potencial turístico da região do ses são alguns dos encantos oferecidos Brejo da Paraíba, são campanhas arro- pela Pousada e Engenho Laranjeiras (ci- jadas institucionais, tendo como supor- dade de Serraria, a 90 km da Capital), te a publicidade e um bom trabalho de "um verdadeiro patrimônio histórico marketing". natural preservado", conforme garante Ele disse que a "Pousada e Engenho o proprietário, Francisco Barreto. Laranjeiras foi a primeira pousada en- "É uma pousada encravada nas serras genho do Brasil. É preciso que o povo da Borborema. Um lugar encantador paraibano reconheça que a região do para viver dias especiais e grandes des- Brejo dispõe de muita casa-grande de cobertas", reforça Francisco Barreto, des- engenhos de cana-de-açúcar. Temos tacando: "Temos que reconhecer que a aqui o Engenho Baixa Verde, que é do região do Brejo é um lugar avesso da século 19". Paraíba, com um clima de excelente qua- A mata virgem da Pousada e Engenho Pousada oferece trilhas, tirolesa, comida regional à lenha e a exuberância de mata virgem lidade, grandes relevos e muitas nascen- Laranjeiras, prossegue Francisco Barre- tes de águas". to, é muito rica em termos de diversida- A Pousada e Engenho Laranjeiras ofe- ofereça "uma boa acolhida aos turistas clima extraordinário. A sensação térmi- de e conta com espécies como sucupira, rece 19 apartamentos, um engenho an- nos seus 198 hectares". ca chega até a 10 graus", esclarece Fran- pau d´arco e várias madeiras nobres. tigo, o Laranjeiras, que foi construído em Ele afirma que a maioria dos hóspedes cisco Barreto. O estabelecimento hoteleiro oferece 1906, e uma piscina de água natural. da Pousada e Engenho Laranjeiras é pro- Para o empresário, "a região do Bre- aos visitantes aventuras em trilhas eco- Francisco Barreto disse que adquiriu a veniente do estado do Rio Grande do jo paraibano ainda é sub-aproveita- lógicas, tirolesa, comida regional á lenha, propriedade em 1991 e, desde àquela Norte, que também recebe turistas sue- da. É uma região formada por mini- locais para reuniões, cavalos, caiaques e data, vem estruturando-a de forma que cos, suíços e franceses. "Aqui temos um fúndios e que acolheu vários ciclos eco- um clima serrano.