IHU Revista do Nº 395 Revolução oumito? Semana deArteModerna. uma revolução Moderna nãofoi A SemanadeArte Cavalcanti Jardel Dias

E MAIS -AnoXII-04/06/2012ISSN 1981-8769 nucleares construir usinas Brasil: chegade Dossiê: Instituto Humanitas

Yago Euzébio um mundonovo Uma artenovapara Paiva Junho Bueno de

empresarial perspectiva A Rio+20na Carlos Young: ON-LINE

cultural dopaís importante movimento Modernismo, mais de Moraes Eduardo Jardim projetos históricos Vaticano IIeosdiferentes continuidade. OConcílio Para alémderuptura e Sergio Coutinho:

2 www.ihu.unisinos.br Editorial Schneider ([email protected]). Gerente Administrativo: Diretor: E-mail Telefone: res e artistas plásticos modernistas de versoincorporadonão escritopelos para música nossa veio deoutro uni que agrande contribuição “moderna” fessor da PUC-Rio, por sua vez, analisa questioná-lo. referência, atése tentavaquando de 1922tevena comoModernismo o em arte eliteraturaSema da depois produzimos que o tudo praticamente versidadeFederal de Janeiro,Rio do Uni da Sociais Ciências e Filosofia de professor AdjuntoDepartamentodo até osanos1960e1970. ferência para avidaculturalpaís do re principal a continuaram dernistas mo dos teses as que afirma Palavra, coleção Modernismo+90,daCasa fessor da PUC-Rio e coordenador da principal legado doModernismo”. arte nova paranovo, ummundo o eis apaixonadasreações contrárias. “Uma tenhadernismo despertadoas mais é deespantarque não nala Mo o que caçãoSanta RitaSapucaí, do MG,assi e Gestão,Superior Tecnologiae Edu Junho pesquisadores epesquisadoras. abordaentrevistarao conjunto um de A : Yago Euzébio Bueno de Paiva Frederico Oliveira Coelho Para Eduardo Jardim deMoraes [email protected]. , professorCentro no de Ensino

Prof. Dr. InácioNeutzling. 5135911122-ramal 4128. IHU On-Line ta um debate que arevista susci ainda depois, 90 anos Semana deArte Moderna, Pedro Duarte deAndrade Semana deArte Moderna. CEP.: 93022-000 São Leopoldo/RS. Unisinos, 950, Endereço: Unisinos Instituto Humanitas Jacinto , desta semana,

Av. Av. Revolução ouMito? , pro , pro IHU Jesuítas –Residência Conceição. Apoio: Comunidadedos Unisinos. terças-feiras, apartirdas8h, na Sua versão impressa circula às www.ihu.unisinos.br.no sítio acessada àssegundas-feiras, IHU On-Linepodeser ISSN1981-8769. Humanitas Unisinos-IHU do Instituto IHU On-Line ------, o “espírito daépoca”. MovimentoModernista representou professoraque o analisa na Unisinos, Helena CamposdeBairros plenamentegido seuintuito.E atin tenha não ainda modernismo o vez,sua por Unisinos, na lamenta que efeitos estão longe deseesgotarem. seus que profícua tão e rica tão arte, rou uma nova e perene concepção de ra,de Arte aSemana instau Moderna queumatendênciamais do passagei professora na Unisinos, diz que, muito gerações.” legado para osmúsicos detodas as se tornouque urbana, até um hoje Paulo.São “Veio damúsica popular IU qe aulzd diariamente, atualizada é que –IHU, Unisinos Humanitas Instituto do nica uma nova arte”. bre a fundação de um novo tempo e “se tornou um mito, uma narrativa so Semana a ele, Segundo sucesso”.zer fa queriam que artistas jovens Eram novas interferir ideias, ambiente.no parabida marcar umadata, lançar terminou,não “a Semanafoiconce autor livro do 1922 – ASemanaque Moderna nãofoi umarevolução. de Arte aSemana – UEL, de Londrina rias daarte na UniversidadeEstadual professor dehistória daarte e teo

éarevista semanal Márcia Lopes Duarte Flach Bittencourt Alessandra Recentementeeletrô apágina Para Já para

Marcos Augusto Gonçalves

adl is Cavalcanti Dias Jardel

([email protected]). Revisão: ([email protected]). Magalhães MTB0669451 ([email protected]) e Thamiris br), Patricia Fachin MTB13062 9447 (mjunges@unisinos. Redação: ([email protected]). Wolfart MTB13159 Editora executiva: Neutzling ([email protected]). Diretor deredação: REDAÇÃO , professora , também Isaque Correa Márcia Junges MTB Maria Graziela Inácio Inácio ------, , , Continental de Teologia, de 7 a 11 de 11 a 7 de de Continental Teologia, 2 a5deoutubro,dias eoCongresso cas da civilização Igreja no contexto das novas gramáti Mistério.semântica MistérioA do da Internacional IHU: Igreja,Cultura e nos, com a realização tosimportantes, neste ano,Unisi na momen dois terá Vaticano II Concilio no dossiêpublicado nesta edição. do BrasilBispos – CNBB, sãoreunidas dente daConferênciados Nacional USP e D. Whitaker Brasil.As entrevistas com trução de novasnucleares usinas no entrevistas sobre a questão dacons de segundaasegunda,publicou três na eumaexcelente leitura! junho. próxima edição circulará25 nodiade A IHU. do sítio no diariamente cadas publi Dia, do Notícias nas Rio+20, da tointeresse, e debatesdiscussões as estaremos acompanhando, com mui larápróximas nas semanas, pois duas completam aedição. informações e artigos Outros tóricos. his projetos diferentes os e II ticano ruptura e continuidade. O Concílio Va de além Para intitulado historiador, de artigo outubro.Nesta edição publicamos um A celebração50 dosanosdo A todas e todos uma ótima sema A revista , Luana NylandeNatália Scholz PatriciaInácio Neutzling, Fachin, Atualização diáriadosítio: da Unisinos-Agexcom. Experimental deComunicação Projeto gráfico: Curitiba-PR. aos Trabalhadores -CEPAT, de do Centro dePesquisa eApoio André Langer eDarliSampaio, Colaboração: Jayme Chemello égo iad Coutinho Ricardo Sérgio Ildo Sauer IHU On-Line tecnocientífica, nos tecnocientífica, CésarSanson, do XIII Simpósio Agência , professor da

, ex-presi não circunão Francisco

------, TemaÍndice de Capa www.ihu.unisinos.br 33 : A indignação e o sistema capitalista capitalista e o sistema : A indignação : Para além de ruptura e continuidade. e continuidade. além de ruptura : Para : Uma arte nova para um mundo novo um mundo para nova : Uma arte : A atualidade do legado de Lutzemberger de Lutzemberger do legado : A atualidade : O Movimento Modernista representou o “espírito o “espírito representou Modernista : O Movimento : A crise mexicana e os negócios da convergência digital da convergência e os negócios mexicana : A crise : Semana de Arte Moderna, nova concepção de arte concepção Moderna, nova : Semana de Arte : “Abandonar o projeto de Angra III, poupar os R$ 10 bi, de Angra o projeto : “Abandonar | Entrevistas : Semana de Arte Moderna, mito fundador do fundador mito Moderna, : Semana de Arte : Modernismo, mais importante movimento cultural do país cultural movimento mais importante : Modernismo, : Poderíamos imaginar a arte brasileira do século XX sem o do século XX sem brasileira imaginar a arte : Poderíamos : A música na Semana de Arte Moderna: fluidez entre o entre Moderna: fluidez na Semana de Arte : A música : “Brasil não deve investir em energia nuclear” em energia investir não deve : “Brasil : A Semana de Arte Moderna não foi uma revolução uma revolução não foi Moderna : A Semana de Arte Henrique Soares Carneiro Henrique Soares : “O modernismo ainda não atingiu plenamente seu intuito” plenamente ainda não atingiu modernismo : “O Lilian Dreyer : Por um Brasil livre de energia nuclear de energia livre um Brasil : Por Ana Maria Casarotti

: Rio+20 e as empresas: a mudança deve vir de fora deve a mudança : Rio+20 e as empresas: : Oficina de Indicadores Educacionais, por uma educação de qualidade por uma educação Educacionais, : Oficina de Indicadores bit.ly/ihufacebook www.ihu.unisinos.br twitter.com/ihu

Eduardo Jardim de Moraes Jardim Eduardo Coluna CEPOS: Irma Portos Pérez Coluna CEPOS: Irma Portos investir em energia alternativa” em energia investir IHU EM REVISTA da época” históricos projetos II e os diferentes O Concílio Vaticano HABITÁVEL: TERRA SEMANA: DA LIVRO em colapso TEMA DE CAPA DE CAPA TEMA modernismo brasileiro modernismo? e o popular erudito ARTIGO DA SEMANA: Sérgio Ricardo Coutinho Ricardo SEMANA: Sérgio DA ARTIGO O que foi a Semana de Arte Moderna a Semana de Arte O que foi Baú da IHU On-Line Junho de Paiva Bueno Euzébio Yago Gonçalves Augusto Marcos de Andrade Duarte Pedro Dias Cavalcanti Jardel Coelho Oliveira Frederico Flach Bittencourt Alessandra Lopes Duarte Márcia Maria Helena Campos de Bairros AGENDA DA SEMANA DA AGENDA Carlos Young Werle Flávia IHU REPÓRTER: Dom Jayme Chemello Dom Jayme simples Ildo Sauer: Proposta ON-LINE DESTAQUES DOSSIÊ BRASIL: CHEGA DE USINAS NUCLEARES! USINAS DE CHEGA BRASIL: DOSSIÊ Whitaker Francisco NESTA EDIÇÃO NESTA

DESTAQUES DA SEMANA DA DESTAQUES 32 36 18 21 23 27 29 6 10 12 15 5 5 60 61 63 66 49 53 58 41 44 46 LEIA LEIA Tema de Capa

Destaques da Semana

IHU em Revista www.ihu.unisinos.br

4 SÃO LEOPOLDO, 00 DE XXX DE 0000 | EDIÇÃO 000 Tema de Capa O que foi a Semana de Arte Moderna

A Semana de Arte Moderna, na liberdade criadora da ruptura com ro, como Mário de Andrade, Oswald também chamada de Semana de o passado e até corporal, pois a arte de Andrade, Víctor Brecheret, Plínio 22, ocorreu em São Paulo no ano de passou então da vanguarda, para o Salgado, Anita Malfatti, Menotti Del 1922, nos dias 13 a 17 de fevereiro, no modernismo. O evento marcou época Pichia, Guilherme de Almeida, Sérgio Teatro Municipal. ao apresentar novas ideias e conceitos Milliet, Heitor Villa-Lobos,Tácito de Cada dia da semana foi dedicado artísticos, como a poesia através da Almeida, Di Cavalcanti entre outros, a um tema: respectivamente, pintura e declamação, que antes era só escrita; e como um dos organizadores o inte- escultura, poesia, literatura e música. a música por meio de concertos, que lectual Rubens Borba de Moraes que, O presidente do estado de São antes só havia cantores sem acompa- entretanto, por estar doente, dela não Paulo à época, Washington Luís, nhamento de orquestras sinfônicas; e participou. Na ocasião da Semana de apoiou o movimento, especialmente a arte plástica exibida em telas, escul- Arte Moderna, Tarsila do Amaral, con- por meio de René Thiollier, que soli- turas e maquetes de arquitetura, com siderada um dos grandes pilares do citou patrocínio para trazer os artistas desenhos arrojados e modernos. O Modernismo Brasileiro, se achava em do Plínio Salgado e Me- adjetivo “novo” passou a ser marca- e, por esse motivo, não partici- notti Del Pichia, membros de seu par- do em todas estas manifestações que pou do evento. tido, o Partido Republicano Paulista. propunha algo no mínimo curioso e Fonte: http://bit.ly/i9v2F A Semana de Arte Moderna re- de interesse. presentou uma renovação de lingua- Participaram da Semana nomes gem, na busca de experimentação, consagrados do modernismo brasilei- Baú da IHU On-Line

Confira outras publicações da IHU On-Line cujos temas são ligados à Literatura:

• João Cabral e jornalismo literário: “A literatura não é o • Antônio Vieira: um dos autores mais densos e complexos terreno das facilidades e das liquidações”. Entrevista es- da literatura brasileira. Entrevista especial com Claudio pecial com José Castello, publicada em 21-01-2008, dis- Daniel, publicada em 06-02-2008, disponível em http:// ponível em http://migre.me/9jRYb; migre.me/9jTbb; • “A literatura é um direito do cidadão, um usufruto pecu- • Poesia, música, publicidade e literatura: uma mistura de liar”. Entrevista com Flávio Aguiar, publicada na revista linguagens. Entrevista especial com Ricardo Silvestrin, IHU On-Line, edição 278, de 21-10-2008, disponível em publicada em 23-03-2008, disponível em http://migre. http://migre.me/9jS4u; me/9jTj4;

• Jorge Luis Borges.A virtude da ironiana sala de espera- • “Quase todas as grandes obras da literatura mundial têm www.ihu.unisinos.br do mistério. Revista IHU On-Line, edição 193, de 28-08- dimensão religiosa”. Revista IHU On-Line, edição 251, de 2006, disponível em http://migre.me/9jSd1; 17-03-2008, disponível em http://migre.me/9jToQ; • “Sertão é do tamanho do mundo”. 50 anos da obra de • O belo e o verdadeiro. A tensa e mútua relação entre li- João Guimarães Rosa. Revista IHU On-Line, edição 178, teratura e teologia. Tema de Capa da revista IHU On-Line, de 02-05-2006, disponível em http://migre.me/9jShH; edição 251, de 17-03-2008, disponível em http://migre. • Carlos Drummond de Andrade: o poeta e escritor que me/9jTx0; detinha o sentimento do mundo. Revista IHU On-Line, • Teologia e Literatura: a cena alemã. Revista IHU On-Line, edição 232, de 20-08-2007, disponível em http://migre. edição 251, de 17-03-2008, disponível em http://migre. me/9jSxj; me/9jTAX; • : em busca da “alma” e da “forma”. • Macunaíma: 80 anos depois. Ainda um personagem para Revista IHU On-Line, edição 276, de 06-10-2008, disponí- pensar o Brasil. Tema de Capa da revista IHU On-Line, vel em http://migre.me/9jSP0; edição 268, de 11-08-2008, disponível em http://migre. • “Vejo na poesia uma possibilidade de transubstancia- me/9jUwe; ção”. Entrevista especial com Mariana Ianelli, publicada Machado de Assis e Guimarães Rosa: intérpretes do em 08-12-2007, disponível em http://migre.me/9jT1n; Brasil. Tema de Capa da revista IHU On-Line, edição 275, de 29-09-2008, disponível em http://migre.me/9jUDY.

EDIÇÃO 395 | SÃO LEOPOLDO, 4 DE JUNHO DE 2012 5 Uma arte nova para um mundo novo

Não é de espantar que o Modernismo tenha despertado as mais apaixonadas reações contrárias, frisa Yago Euzébio Bueno de Paiva Junho

Por Thamiris Magalhães

Semana de Arte Moderna pode ser de- te constatação: “podemos fazer uma arte re- Tema de Capa de Tema finida como um movimento de reno- volucionária com elementos de nossa própria Avação cultural do Brasil, acreditaYago realidade. Os modernistas nos ensinaram que Euzébio Bueno de Paiva Junho. Em entrevis- temos condições de, com elementos próprios, ta concedida por e-mail à IHU On-Line, Yago criar um movimento cultural genuinamente diz que, incorporando as inovações nos pro- brasileiro”. cedimentos artísticos verificados na Europa, Yago Euzébio Bueno de Paiva Junho éli- principalmente com o Futurismo, Oswald de cenciado e Bacharel em Ciências Sociais pela Andrade e Mário de Andrade, mas, principal- Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF, mente Oswald, propôs uma nova forma de pós-graduado em Estudos Literários e Identi- enxergar a realidade social brasileira, “trazen- dade Cultural e mestre em Teoria Literária e do para o debate as características culturais Identidade Cultural pela mesma Universida- do Brasil”. O Modernismo europeu, segundo de. É professor de Sociologia, Antropologia e ele, incorporou o “primitivismo”, por exem- Metodologia de Pesquisa da FAI – Centro de plo, da escultura africana. “No Brasil, esse Ensino Superior e Gestão, Tecnologia e Edu- ‘primitivismo’ poderia ser encontrado inter- cação Santa Rita do Sapucaí, de Minas Gerais. namente. Isso foi buscado na cultura indíge- Publicou o texto “Um legado sociocultural”, na, no modo de falar do povo brasileiro, em referente à Semana de Arte Moderna, na Re- nosso folclore”. vista Sociologia, disponível em: http://migre. Com relação à Semana de Arte Moderna, me/9hzpP. o professor frisa que esta nos deixou a seguin- Confira a entrevista.

IHU On-Line – Como você define por exemplo, da escultura africana. Yago Euzébio Bueno de Paiva a Semana de Arte Moderna de 1922? No Brasil, esse “primitivismo” poderia Junho – Podemos caracterizar o Mo- Qual o principal legado que ela dei- ser encontrado internamente. Isso foi dernismo como um movimento que xou para as gerações posteriores até buscado na cultura indígena, no modo trouxe no plano simbólico as inova- os dias atuais? de falar do povo brasileiro, em nosso ções tecnológicas e sociais verificadas Yago Euzébio Bueno de Paiva folclore. A Semana de Arte Moderna no mundo ao Brasil. E mais: colocou o Junho – A Semana de Arte Moderna nos deixou a seguinte constatação: nosso país no mapa das grandes cria- pode ser definida como um movi- podemos fazer uma arte revolucioná- ções estéticas verificadas no mundo. mento de renovação cultural do Bra- ria com elementos de nossa própria Proporcionou um intercâmbio criativo sil. Incorporando as inovações nos realidade. Os modernistas nos ensina- e independente com a Europa, sem os procedimentos artísticos verificados ram que temos condições de, com ele- complexos de inferioridade que sem- na Europa, principalmente com o Fu- mentos próprios, criar um movimento pre marcaram nossa relação com o turismo, e Má- cultural genuinamente brasileiro. resto do mundo. Podemos dizer que, rio de Andrade, mas, principalmente com o Modernismo, entramos em Oswald, propôs uma nova forma de IHU On-Line – Como podemos nossa maioridade artística. Deixamos enxergar a realidade social brasileira, caracterizar o modernismo, já que ele de nos envergonhar de nosso traço www.ihu.unisinos.br trazendo para o debate as característi- tem como marco simbólico, no Brasil, mestiço, de nossa miscigenação. De cas culturais do Brasil. O Modernismo a Semana de Arte Moderna? certa forma, a Semana de Arte Mo- europeu incorporou o “primitivismo”,

6 SÃO LEOPOLDO, 4 DE JUNHO DE 2012 | EDIÇÃO 395 derna antecipa a obra Casa Grande & realidade nacional. Essa dessacraliza- Tema de Capa Senzala de Gilberto Freyre. “Não é de ção da literatura se dá acompanhada da carnavalização da realidade brasi- IHU On-Line – O que era a estéti- espantar que leira. O cotidiano brasileiro passa a ser ca modernista? o Modernismo matéria-prima para a poesia. A partir Yago Euzébio Bueno de Paiva do modernismo no Brasil, seus mo- Junho – A estética modernista se con- tenha despertado dos, sua gente e seus costumes pas- trapôs no plano literário ao Parnasia- sam a fazer parte da criação artística. nismo. Em nossas matas não existe as mais Em 1922, a literatura ainda era o meio duendes e sim o curupira. Instaurou privilegiado de discussão do nosso o verso livre, a incorporação milioná- apaixonadas quadro societário. Entretanto, com o ria de todos os erros. Como Manuel modernismo esse quadro passa a ser Bandeira1 vai dizer a língua errada reações contrárias. visto a partir do grotesco. Por exem- do povo, a língua certa do povo. Os plo, aqui misturamos artesanato com modernistas viajaram pelo Brasil em Uma arte nova tecnologia. A Poesia Pau-Brasil é a ex- busca de elementos culturais para pressão máxima dessas contradições. servir de matéria-prima de suas com- para um mundo posições. Por exemplo, peguemos o IHU On-Line – Como podemos livro na Pancada do Ganzá de Mário novo, eis o definir o Romantismo e qual a sua de Andrade. Essa obra é fruto de uma influência para a literatura do Brasil? viagem que o escritor fez a Natal, Rio principal legado Yago Euzébio Bueno de Paiva Grande do Norte, hóspede de Luís da Junho – O Romantismo foi um mo- Câmara Cascudo2, o maior folclorista do Modernismo” vimento literário que veio na esteira brasileiro, para estudar os cantado- da Independência do Brasil. Não se res de côco. Raul Bopp, um viajante rompe com a dependência política, contumaz, usou e abusou, no bom econômica de Portugal apenas com a sentido, de tudo o que viu e ouviu nos IHU On-Line – Por que, em seu intenção de sermos independentes. vários lugares onde esteve. Cobra No- ponto de vista, a Semana mudou É preciso fazer a separação cultural. rato3 nada mais é do que a descoberta definitivamente o Brasil? Em que O Romantismo veio cumprir essa fun- do interior do Brasil. aspectos? ção. Quando os escritores elevam o Yago Euzébio Bueno de Paiva índio à condição de personagem prin- Junho – A Semana de Arte Moderna cipal de nossa história, implicitamente 1 Manuel Carneiro de Sousa Bandeira mudou a maneira como nós olhamos Filho (1886-1968): poeta, crítico literário está dizendo que eles eram os ver- e de arte, professor de literatura e para o nosso país. Sem a Síndrome dadeiros antepassados do brasileiro. tradutor brasileiro.Considera-se que Caramuru, como diz Gilberto Felisber- Bandeira faça parte da geração de 22 da Vejamos um livro fundamental desse 4 literatura moderna brasileira, sendo seu to Vasconcellos , ou seja, babando de período:Iracema, de José de Alencar5. poema Os sapos o abre-alas da Semana medo e inveja na gravata estrangeira. de Arte Moderna de 1922. Juntamente Mudando as letras de Iracema, temos com escritores como João Cabral de Melo Essa mudança de ótica é uma das fun- América. Ou seja, os índios represen- Neto, , Gilberto Freyre, Nélson damentais contribuições da Semana Rodrigues, Carlos Pena Filho e Osman tavam a verdadeira América. Muitas Lins, entre outros, representa a produção de Arte Moderna. pessoas de posses contratavam ser- literária do estado de Pernambuco.(Nota viços de pesquisadores para fazer as da IHU On-Line) IHU On-Line – De que maneira a www.ihu.unisinos.br 2 Luis da Câmara Cascudo (1898 – 1986): suas árvores genealógicas para des- historiador, folclorista, antropólogo, literatura foi retratada na Semana? E cobrir algum antepassado indígena. advogado e jornalista brasileiro. Passou qual a contribuição do modernismo toda a sua vida em Natal e dedicou- Quando descobriam, mudavam o se ao estudo da cultura brasileira. Foi nesse sentido? seu sobrenome. O Romantismo, en- professor da Universidade Federal do Rio Yago Euzébio Bueno de Paiva Grande do Norte – UFRN. Pesquisador das tão, pode ser considerado o segundo manifestações culturais brasileiras, deixou Junho – A literatura de certa forma movimento nacionalista brasileiro. O uma extensa obra, inclusive o Dicionário desce do pedestal. Tira o pedantismo do Folclore Brasileiro. A edição 126 dos primeiro foi a Guerra de Guararapes, Cadernos IHU Ideias é intitulada Câmara da poesia parnasiana, com suas cons- Cascudo: um historiador católico, e pode truções rebuscadas e sem aderência à ser lida em http://migre.me/UHIk. (Nota 5 José Martiniano de Alencar (1829-1877): da IHU On-Line) jornalista, político, advogado, orador, 3 Cobra Norato: Honorato é, segundo uma crítico, cronista, polemista, romancista lenda do Pará, um rapaz encantado em 4 Gilberto Felisberto Vasconcellos: e dramaturgo brasileiro.Formou-se em uma cobra-grande, que habita o fundo do sociólogo brasileiro, professor da Direito, iniciando-se na atividade literária rio e que a noite vira gente novamente.Esta Universidade Federal de Juiz de Fora. no Correio Mercantil e Diário do Rio de lenda produziu uma obra-prima da moderna A Questão do Folclore no Brasil: do Janeiro. Escreveu inúmeras obras, das literatura brasileira, Cobra Norato, de Raul Sincretismo à Xipofagia(Natal:EDUFRN, quais destacamos O guarani, Iracema e Bopp. (Nota da IHU On-Line) 2009). (Nota da IHU On-Line) Senhora. (Nota da IHU On-Line)

EDIÇÃO 395 | SÃO LEOPOLDO, 4 DE JUNHO DE 2012 7 onde negros, índios e portugueses compreendida a partir do fabulário lutaram juntos para a expulsão dos “A Antropofagia, popular. holandeses do Brasil. O Romantismo instaurou a ideia de nação entre nós. com certeza, foi a Macunaíma elaboração teórica Outro exemplo é Mário de Andra- IHU On-Line – De que maneira de com o Fantástico Macunaíma. Ma- o modernismo possibilitou “outro mais sofisticada do cunaíma está em busca do muiraquitã, olhar sobre nós mesmos”? que representa a identidade cultural Yago Euzébio Bueno de Paiva Modernismo. Foi a brasileira. Ao longo do livro, Mário de Junho – O sociólogo francês Roger Andrade mistura os mitos brasileiros. Bastide6 dizia que o intelectual que base filosófica do Ou seja, um mito do nordeste ele colo- estuda o Brasil fica sem saber qual ca no sul. Essa mistura é para dar ideia conceito utilizar, pois os mesmos, im- movimento” de organicidade de nossa cultura. Po- portados da Europa e Estados Unidos, demos reparar que, tanto Raul Bopp-

Tema de Capa de Tema teriam uma validade relativa aqui. Era como Mário de Andrade utilizavam o preciso, então, encontrar conceitos nosso folclore para elaborar estetica- de Andrade. Criou uma forma nova de que descrevessem fenômenos inter- mente seus textos e para compreen- pensar o país dentro de uma discursi- -relacionados que seriam forjados der nossa realidade social. vidade violenta e explosiva. pela dinâmica transformação social. E mais: o professor afirma que o teó- IHU On-Line – De que maneira IHU On-Line – De que forma os rico que quiser conhecer o Brasil, não Oswald de Andrade e Mário de An- elementos nacionais e populares raro precisa transformar-se em poeta. drade utilizavam-se da linguagem? eram retratados nos trabalhos da Se- A realidade social de nosso país desa- Quais suas peculiaridades? Eles con- mana de Arte Moderna? fia a imaginação de qualquer intelec- seguiram permitir a reviravolta da li- Yago Euzébio Bueno de Paiva Ju- tual. É uma loucura e, às vezes, não teratura brasileira? Em que sentido? nho – Os mitos do folclore brasileiro conseguimos apreendersua totalida- Yago Euzébio Bueno de Paiva Ju- foram amplamente usados como ele- de com o rigor metodológico das Ci- nho – Nós possuímos cinco antenas mentos estruturantes da composição ências Sociais. Por exemplo, Glauber que captam o mundo a nossa volta. dos trabalhos dos modernistas. Veja- Rocha, há muita análise apuradíssima São elas: audição, tato, paladar, olfa- mos um dos principais livros do movi- em sua aparente loucura. E Glauber é to e visão. Como tudo em nossa vida, mento Cobra Norato. Nesse livro é nar- tributário da estética modernista. Ele para essas antenas captarem bem rada a descoberta do interior do Brasil dizia que Luís Carlos Prestes7 deveria nossa realidade, é necessário que se- através da peregrinação de Cobra No- ler urgentemente as obras de Oswald jam bem treinadas, educadas. Os mo- rato por um mundo em formação, em dernistas escrevem numa época de busca da rainha Luzia. É uma das me- muitas transformações, principalmen- 6 Roger Bastide (1898-1974): sociólogo lhores criações do Modernismo. te tecnológicas, o que fez com que a francês. Em 1938 integra a missão de velocidade com que as coisas aconte- professores europeus à recém-criada Explicando Cobra Norato... ciam fosse muito maior. Não podemos Universidade de São Paulo (USP) para Cobra Norato é uma das lendas ocupar a cátedra de Sociologia. No Brasil, esquecer que a velocidade estrutura estudou por muitos anos as religiões afro- difundidas do folclore do Amazonas. nossa apreensão do mundo social. O brasileiras, tornando-se um iniciado no Diz a lenda que a Boiúna engravidou candomblé da Bahia. Uma de suas obras cubismo, por exemplo, foi um movi- mais importantes é O Candombé da Bahia uma índia na Amazônia. Dessa gravi- mento artístico de sobreposição de (São Paulo: Companhia das Letras, 2001), dez nasceram gêmeos, um menino e bem como é As Américas negras: as imagens para, em boa parte, educar o uma menina: Norato e Maria Canina- civilizações africanas no Novo Mundo (São nosso olhar para a nova realidade. Ex- Paulo: EDUSP, 1974). (Nota da IHU On-Line) na. Norato era bondoso, entretanto, 7 Luís Carlos Prestes (1898-1990): plico: uma coisa é observar o mundo sua irmã era muito má. Ela afundava militar e político comunista brasileiro. andando a pé ou a cavalo. Outra coi- Foi secretário-geral do Partido Comunista navios, matava banhistas, etc. Para sa é a quantidade de informação que do Brasil (PCB), posteriormente chamado pôr fim a suas crueldades, Norato de- Partido Comunista Brasileiro. Casou-se aprendemos andando de trem. Com com Olga Benário, morta na Alemanha, na cide matar a irmã. Em noites de luar, o modernismo se deu a mesma coisa. câmara de gás, pelos nazistas. Em 1936, Norato se transformava em um rapaz Prestes foi preso, perdeu a patente de Oswald de Andrade usou e abusou das capitão e inicia o cumprimento de sua pena, e levava uma vida normal. frases curtas; das elipses; da técnica que durou nove anos. Com o fim do Estado Podemos dizer que para Raul Novo, foi anistiado, elegendo-se Senador. de montagem, influenciada pelo cine- Após o golpe de 1964, com o AI-1, teve seus Bopp só podemos apreender a for- www.ihu.unisinos.br ma; do uso das expressões populares direitos de cidadão novamente revogados, mação cultural do povo brasileiro re- dessa vez por dez anos. Exilou-se na União em suas composições; da violência de Soviética, para não ser novamente preso, correndo aos seus mitos. A “geografia regressando ao Brasil devido à anistia de mágica do sem-fim” só poderia ser 1979. (Nota da IHU On-Line)

8 SÃO LEOPOLDO, 4 DE JUNHO DE 2012 | EDIÇÃO 395 imagens em seus livros; da escatolo- Tema de Capa gia; do sarcasmo e da ironia. Isso era “A Semana nos uma novidade altamente revolucio- nária no sentido de criação poética. deixou a seguinte Não é de espantar que o Modernismo constatação: tenha despertado as mais apaixona- das reações contrárias. Uma arte nova podemos para um mundo novo, eis o principal legado do Modernismo. fazer uma arte IHU On-Line – O que foi a antro- revolucionária pofagia no movimento de 1922? Yago Euzébio Bueno de Paiva com elementos Junho – A Antropofagia, com certe- za, foi a elaboração teórica mais so- de nossa própria fisticada do Modernismo. Foi a base Leia as filosófica do movimento. Oswald de realidade” Andrade buscou uma prática religiosa do mundo indígena para fundamentar o principal propósito do modernismo. téticas estrangeiras e misturá-las com A antropofagia era o ritual indígena de o que há de melhor em nossa cultura. entrevistas comer aqueles índios capturados em Essa operação dotaria o Brasil, na vi- guerra. Aliás, a guerra era a atividade são modernista, de uma arte original mais nobre no mundo indígena, como e eminentemente brasileira. Como salientaram Florestan Fernandes8 e Oswald disse: a vida é deglutição pura. do dia no Darcy Ribeiro9. Esses índios captura- É a nossa Revolução Caraíba. dos, e que seriam comidos, eram os mais valentes, corajosos, os que se IHU On-Line – Gostaria de mostraram mais destemidos. A covar- acrescentar algum aspecto não dia no mundo indígena é abominada. questionado? sítio do IHU: Os índios acreditavam que, se comes- Yago Euzébio Bueno de Paiva sem esses líderes, as qualidades deles Junho – É importante salientar que o passariam aos que comiam. A Antro- Modernismo possibilitou o surgimen- pofagia modernista tem a mesma fun- to dos mais importantes pintores, en- ção: deglutir as melhores criações es- saístas, músicos e escritores do Brasil. Podemos citar: Anita Malfatti, Tarsila www.ihu. do Amaral, Di Cavalcanti, Vicente do 8 Florestan Fernandes (1920-1995): considerado o pai da sociologia brasileira, Rego Monteiro10, Graça Aranha, Raul tem como principal obra o livro A revolução Bopp, Oswald de Andrade, Mário de burguesa no Brasil, apresentado no I Ciclo de Estudos sobre o Brasil, promovido pelo Andrade, Manuel Bandeira, Menot- IHU em 9-10-2003, e comentado pelo Prof. ti Del Picchia, Cândido Mota Filho11, unisinos.br Dr. Carlos Águedo Nagel Paiva, pesquisador www.ihu.unisinos.br na FEE, que concedeu uma entrevista à IHU Ronald de Carvalho Villa-Lobos, entre On-Line nº 78, de 6-10-2003. (Nota da IHU outros. Ainda, o Modernismo influen- On-Line) 9 (1922-1977): etnólogo, ciou os mais interessantes movimen- antropólogo, professor, educador, ensaísta, tos culturais da segunda metade do romancista e político mineiro. Completou século XX, tais como: O teatro, de José o curso superior na Escola de Sociologia e Política de São Paulo, no ano de 1946. Celso Martinez Corrêa Júnior; o Cine- Trabalhou como etnólogo no Serviço de ma Novo, principalmente com Glau- Proteção ao Índio, e, em 1953, fundou o Museu do Índio. Foi professor de etnologia ber Rocha e o Tropicalismo. e linguística tupi na Faculdade Nacional de Filosofia e dirigiu setores de pesquisas sociais do Centro de Pesquisas Educacionais e da Campanha Nacional de Erradicação 10 Vicente do Rego Monteiro (1899-1970): do Analfabetismo, além de ocupar, no pintor, desenhista, escultor, professor e biênio 1959/1961, o cargo de presidente poeta brasileiro. (Nota da IHU On-Line) da Associação Brasileira de Antropologia. 11 Cândido Motta Filho (1897-1977): Foi eleito em 8 de outubro de 1992 para advogado, professor, magistrado, a Cadeira n. 11 da Academia Brasileira de jornalista, escritor, ensaísta e político Letras. (Nota da IHU On-Line) brasileiro.(Nota da IHU On-Line)

EDIÇÃO 395 | SÃO LEOPOLDO, 4 DE JUNHO DE 2012 9 Semana de Arte Moderna, mito fundador do modernismo brasileiro

Concebida para projetar a presença de São Paulo nas comemorações do centenário da Independência e para marcar uma data em nosso mundo cultural, a Semana de Arte Moderna tornou-se uma espécie de mito fundador do modernismo brasileiro, esclarece Marcos Augusto Gonçalves

Por Thamiris Magalhães Tema de Capa de Tema

Semana foi concebida para marcar tinua, “o jornalismo foi um dos palcos onde se uma data, lançar novas ideias, interfe- encenou a modernidade, com o desenvolvimen- “A rir no ambiente. Eram jovens artistas to da crônica, por exemplo, e de narrativas como que queriam fazer sucesso”, admiteMarcos Au- as de João do Rio ou contribuições como as de gusto Gonçalves, autor de 1922 – A Semana que Juó Bananere... Posteriormente, a imprensa con- não terminou, livro que está lançando por todo o tinuou a ser um espaço importante para a crítica, Brasil, em entrevista concedida por e-mail à IHU os manifestos e a consagração do modernismo”. On-Line. E completa: “É o que vemos na carta Marcos Augusto Gonçalves estudou literatu- que Mário de Andrade escreve logo depois do ra na Pontifícia Universidade Católica do Rio de evento para Menotti del Picchia dizendo: ‘conse- Janeiro – PUC-RJ e cursou o mestrado em Comu- guimos enfim o que desejávamos: celebridade’.” nicação na Universidade Federal do Rio de Janei- Com relação à imprensa, Marcos Augusto ro – UFRJ. Trabalhou para diversos veículos da Gonçalvesfrisa que esta foi fundamental no lan- imprensa brasileira. Foi editor da Ilustrada e do çamento do modernismo em São Paulo. “Menot- caderno Mais!, na Folha de S.Paulo, onde tam- ti del Picchia, que era editor do Correio Paulista- bém exerceu o cargo de editor de Opinião. É au- no, órgão oficial do governo do Estado, militou tor, com Heloisa Buarque de Hollanda, de Cultura em prol do movimento sob o pseudônimo de Hé- e participação nos anos 60 (Brasiliense, 1982) e lios nas páginas do jornal. Oswald até a Semana organizador de Pós-tudo – 50 anos de cultura na era basicamente um jornalista. Mário também Ilustrada (Publifolha, 2008). escrevia para jornais e revistas.” Além disso, con- Confira a entrevista.

IHU On-Line – De que maneira cipal, o palco mais “chique”da cidade maduras – o escritor e diplomata Gra- você define a Semana de Arte Moder- graças ao encontro desse “grupinho ça Aranha3 e o cafeicultor, empresário, na de 1922? Em que sentido ela con- de intelectuais”, como dizia Mário de mecenas e historiador Paulo Prado4. tribuiu para a trajetória da literatura Andrade2, com duas figuras já mais Concebida para projetar a presença brasileira? de São Paulo nas comemorações do Marcos Augusto Gonçalves – A centenário da Independência e para 2 Mário Raul de Morais Andrade (1893- Semana foi um evento organizado 1945): poeta, romancista, crítico de marcar uma data em nosso mundo por um grupo de escritores e artistas arte, folclorista, musicólogo e ensaísta cultural, a Semana de Arte Moderna emergentes de São Paulo, com a pre- brasileiro. Em 1917 foi publicado o seu tornou-se uma espécie de mito fun- primeiro livro de versos: Há uma gota de sença de nomes de outras cidades, sangue em cada poema. A sua segunda dador do modernismo brasileiro, um como Rio de Janeiro e Recife, além obra, Paulicéia desvairada, colocou-o entre marco histórico. É claro que as origens os pioneiros do movimento modernista no de alguns estrangeiros. O que seria Brasil, culminando, em 1922, como uma anteriormente um salão a ser realiza- das figuras mais proeminentes da famosa 3 José Pereira da Graça Aranha (1868- do numa livraria no centro da cidade, Semana da Arte Moderna. Durante a década 1931): escritor e diplomata brasileiro, e um de 1920 continuou sua carreira literária, imortal da Academia Brasileira de Letras, ideia de Di Cavalcanti1, tornou-se uma ao mesmo tempo que exercia a função considerado um autor pré-modernista no semana de festivais no Teatro Muni- de crítico musical e de artes plásticas na imprensa escrita. Em 1928 publicou seu Brasil, sendo um dos organizadores da romance mais conhecido, Macunaíma, Semana de Arte Moderna de 1922.(Nota da IHU On-Line) www.ihu.unisinos.br considerado por muitos como uma das 1 Emiliano Augusto Cavalcanti de obras capitais da narrativa brasileira no 4 Paulo Prado (1869-1943): escritor e Albuquerque e Melo, mais conhecido como século XX. Alguns dos seus livros de poesia ensaísta brasileiro, considerado junto Di Cavalcanti (1897-1976): pintor, desenhista, mais conhecidos são: Losango cáqui, Clã de Monteiro Lobato um dos que melhor ilustrador e caricaturista brasileiro. (Nota da do jabuti, Remate de males, Poesias e Lira dominaram a arte e a prática de interpretar. IHU On-Line) paulistana. (Nota da IHU On-Line) (Nota da IHU On-Line)

10 SÃO LEOPOLDO, 4 DE JUNHO DE 2012 | EDIÇÃO 395 do modernismo no Brasil são mais am- tico que cultural ou artístico? Até que IHU On-Line – Que surpresas Tema de Capa plas e complexas, mas a Semana ficou ponto? você teve e que descobertas você traz como uma referência, uma data. Marcos Augusto Gonçalves – A em seu livro 1922 –A Semana que não imprensa foi fundamental no lança- terminou? Poderia explicar o porquê Modernismo e a Semana mento do modernismo em São Paulo. da escolha deste título? Não devemos confundi-la com o Menotti del Picchia, que era editor do Marcos Augusto Gonçalves – O movimento de que fez parte, mais am- Correio Paulistano, órgão oficial do livro tem muita informação e muitos plo e duradouro. O modernismo contri- governo do Estado, militou em prol fatos novos para quem conhece ape- buiu para acertar os ponteiros de nossa do movimento sob o pseudônimo de nas a história padrão da Semana. É um literatura e das artes com o que se fazia Hélios nas páginas do jornal. Oswald5 relato jornalístico, que faz a crônica e na Europa e ao mesmo tempo incorpo- até a Semana era basicamente um jor- conta episódios curiosos da vida da- rar com mais propriedade a temática nalista. Mário também escrevia para quelas pessoas, como a declaração de brasileira. O modernismo deixou um le- jornais e revistas. Além disso, o jorna- amor de Anita7 a Mário de Andrade, gado de liberdade de pesquisa estética lismo foi um dos palcos onde se en- que é tratada em cartas inéditas da e a ideia interessantíssima da antropo- cenou a modernidade, com o desen- artista ao poeta. O título foi uma brin- fagia como método cultural. volvimento da crônica, por exemplo, e cadeira com o livro do Zuenir Ventu- de narrativas como as de João do Rio ra (1968 – O Ano que Não Terminou), IHU On-Line – É um mito afirmar ou contribuições como as de Juó Ba- meu mestre, que acabou ficando. que o Modernismo nasceu com a rea- nanere6... Posteriormente, a imprensa lização da Semana de Arte Moderna? continuou a ser um espaço importante IHU On-Line – De que maneira Por quê? para a crítica, os manifestos e a consa- você aborda as visões dicotômicas do Marcos Augusto Gonçalves – gração do modernismo. tipo avançados x atrasados, futuristas Como disse, o modernismo é fruto de x passadistas, mocinhos x bandidos processos históricos mais diversificados IHU On-Line – Em que sentido surgidas durante a Semana de Arte e complexos, que não podem ser resu- a Semana tornou-se uma espécie de Moderna? midos a um festival de arte e literatura. parábola da criação da cultura mo- Marcos Augusto Gonçalves – São derna no país? polarizações esquemáticas, que aca- IHU On-Line – Como avalia o fato Marcos Augusto Gonçalves – No bam servindo para simplificar situa- de muitas vezes a arte e a literatura sentido de que se tornou um mito, ções complexas. dos anos que antecederam a Semana uma narrativa sobre a fundação de um terem sido vistas como acadêmicas novo tempo e uma nova arte. IHU On-Line – Quem são, de ou passadistas? fato, os grandes herdeiros do moder- Marcos Augusto Gonçalves – O IHU On-Line – Acredita que hou- nismo de 22? grupo modernista de São Paulo atuou ve fama e marketing durante a Sema- Marcos Augusto Gonçalves – To- durante um período como vanguarda, na? Em que sentido? dos nós. na tentativa de impor novos parâme- Marcos Augusto Gonçalves – A tros para a produção cultural. A van- Semana foi concebida para marcar IHU On-Line – Em que sentido o guarda atua de maneira muitas vezes uma data, lançar novas ideias, interfe- modernismo tornou-se nossa escola autoritária e simplificadora. Uma das rir no ambiente. Eram jovens artistas oficial? estratégias dos modernistas e de seus que queriam fazer sucesso. É o que Marcos Augusto Gonçalves -O mo- seguidores foi justamente conside- vemos na carta que Mário de Andra- dernismo foi encampado pelo Estado e rar que uma nova arte nascia com o de escreve logo depois do evento para construímos uma capital modernista! movimento e que o resto, com raras Menotti del Picchia dizendo: “con- exceções, não passaria de manifesta- seguimos enfim o que desejávamos: IHU On-Line – De que maneira ções ultrapassadas ou “passadistas” celebridade”. Anita Malfatti exerceu um papel aglu- www.ihu.unisinos.br de uma arte e uma literatura sem in- tinador no movimento modernista? teresse e presa a padrões acadêmicos. Marcos Augusto Gonçalves – Ela Certamente não era bem assim. Nem foi a pioneira. Quando fez sua expo- toda a arte pré 22 era acadêmica ou sição de pintura moderna, em 1917, passadista. Depois criou-se uma outra 5 José Oswald de Sousa Andrade (1890- Mário era um poeta careta e conser- categoria, também problemática, que 1954): escritor, ensaísta e dramaturgo vador e Oswald um autor de peças de brasileiro. Foi um dos promotores da é o “pré-modernismo”, uma outra ma- Semana de Arte Moderna de 1922 em São teatro escritas em francês... A mostra neira de enfiar no mesmo saco mani- Paulo, tornando-se um dos grandes nomes de Anita teve o papel de reunir aque- festações que não se encaixavam no do modernismo literário brasileiro. Foi las pessoas que não se conheciam ou considerado pela crítica como o elemento programa modernista. mais rebelde do grupo. (Nota da IHU On- se conheciam de orelhada e estimular Line) mudanças. IHU On-Line – O modernismo 6 Juó Bananère: pseudônimo usado pelo escritor brasileiro Alexandre Marcondes se beneficiou de alguma maneira da Machado para criar obras literárias num imprensa daquela época? De que ma- patois falado pela numerosíssima colônia 7 Anita Catarina Malfatti (1889-1964): neira? Ela foi mais um evento midiá- italiana de São Paulo na primeira metade pintora, desenhista, gravadora e professora do século XX. (Nota da IHU On-Line) brasileira. (Nota da IHU On-Line)

EDIÇÃO 395 | SÃO LEOPOLDO, 4 DE JUNHO DE 2012 11 Modernismo, mais importante movimento cultural do país

As teses dos modernistas, segundo Eduardo Jardim de Moraes, continuaram a principal referência para a vida cultural do país até os anos 1960 e 1970. “Basta ver o Cinema Novo, o tropicalismo, a obra de Hélio Oiticica e de José Celso Martinez Correa”, explica

Por Thamiris Magalhães Tema de Capa de Tema

movimento modernista, que teve rado pela incorporação na cultura brasileira como marco inaugural a Semana de de meios expressivos modernos, identificados O Arte Moderna de 1922, sempre re- geralmente aos que eram adotados nas van- jeitou o regionalismo. Essa é a afirmação do guardas europeias”. docente Eduardo Jardim de Moraes, que con- Eduardo Jardim de Moraes é professor versou sobre o tema com a IHU On-Line,por de Filosofia da Pontifícia Universidade Cató- e-mail. Para o coordenador da coleção Mo- licado Rio de Janeiro – PUC-Rio ecoordena a dernismo+90, da Casa da Palavra, que publi- coleção Modernismo+90, da Casa da Palavra. cará onze livros sobre os desdobramentos do Graduado e mestre em Filosofia pela Ponti- movimento em diversas áreas da cultura, o fícia Universidade Católica do Rio de Janei- principal objetivo dos modernistas de 1922 foi ro - PUC-Rio), cursou mestrado em Filosofia “a atualização da produção artística e cultural na Universidade Federal do Rio de Janeiro no país”. E completa: “Isto significava, naque- – UFRJ e pós-doutorado na Universidade le momento, promover o ingresso do país no Erlangen-Nurnberg (Friedrich-Alexander), na concerto das nações consideradas modernas. Alemanha. Na opinião deles, este ingresso seria assegu- Confira a entrevista.

IHU On-Line – Durante a Sema- cados geralmente aos que eram ado- de Euclides da Cunha1, a música de na de Arte Moderna de 1922, o que tados nas vanguardas europeias. Esta Villa-Lobos2, até os filmes de Glauber significou “modernizar” para o Brasil? solução de incorporação imediata ao Eduardo Jardimde Moraes – A mundo moderno, pela simples adesão Semana de 22 veio a ser considerada às estéticas modernas, foi revista em 1 Euclides da Cunha (1866-1909): engenheiro, escritor e ensaísta brasileiro. como o marco inaugural do moder- 1924, quando se definiu o ideal nacio- Entre suas obras, além de Os Sertões nismo, a partir dos anos 1940, com a nalista do modernismo. O Manifesto da (1902), destacam-se Contrastes e conferência de Mário de Andrade, feita Poesia Pau-Brasil, de Oswald de Andra- confrontos (1907), Peru versus Bolívia (1907), À margem da história (1909), a no Rio, em 1942 (O Movimento moder- de, sinaliza essa mudança de rumos. conferência Castro Alves e seu tempo nista). É um momento de uma corren- O nacionalismo modernista continuou (1907), proferida no Centro Acadêmico XI te renovadora que se iniciou décadas universalista, só que agora esta solução de Agosto (Faculdade de Direito), de São Paulo, e as obras póstumas Canudos: diário antes. O propósito dos modernistas de dependia da afirmação dos traços na- de uma expedição (1939) e Caderneta 1922 foi a atualização da produção ar- cionais da cultura. O traço universalista de campo (1975). Confira a edição 317 tística e cultural no país.Isso significava, do modernismo de 1922 é a caracterís- da revista IHU On-Line, de 30-11-2009, intitulada Euclides da Cunha e Celso naquele momento, promover o ingres- tica de um amplo movimento cultural Furtado. Demiurgos do Brasil, disponível so do país no concerto das nações con- (do final do século XIX ao final do sécu- para download em http://bit.ly/kEfLqp. sideradas modernas. Na opinião deles, lo XX), que entendeu a modernização (Nota da IHU On-Line) 2 Heitor Villa-Lobos (1887-1959): www.ihu.unisinos.br esse ingresso seria assegurado pela do Brasil como entrada no universo compositor brasileiro. Aprendeu as incorporação na cultura brasileira de moderno – o concerto das nações cul- primeiras lições de música com seu pai, meios expressivos modernos, identifi- tas. Nele incluem-se desde Os sertões, Raul Villa-Lobos, funcionário da Biblioteca Nacional. Ele lhe ensinara a tocar violoncelo

12 SÃO LEOPOLDO, 4 DE JUNHO DE 2012 | EDIÇÃO 395 Rocha3 e as canções de Caetano regionalismo, inclusive o gaúcho. Para Claro, do ponto de vista da re- Tema de Capa Veloso. os modernistas, afirmar a identidade novação das linguagens artísticas, o nacional era um meio de assegurar a modernismo é muito bem sucedido. IHU On-Line – De que maneira o incorporação no universal. A partir de A literatura brasileira tornou-se real- nacionalismo/regionalismo foi traba- meados dos anos 1920, em diferentes mente expressão do país justamente lhado durante e após a Semana? orientações, eles se dedicaram ao exa- com o modernismo. Isso é um ganho Eduardo Jardimde Moraes – me dessa identidade. Onde ela estava? que ninguém precisa mais discutir. Nossos modernistas sempre rejei- Como defini-la? Portanto, o tema da taram o regionalismo. Eles queriam unidade nacional se impunha, e tudo IHU On-Line – A Semana de Arte pensar a nação e não a região. Daí o que levasse a uma visão fragmentada Moderna conseguiu romper com a contato tenso dos modernistas com da nação, como a noção de região, era dependência política, mental e moral autores como Monteiro Lobato4, Gil- rejeitado. da sociedade daquela época? berto Freyre5, ou qualquer versão de Eduardo Jardimde Moraes – Os IHU On-Line – A Semana de Arte modernistas não queriam ser propria- Moderna conseguiu, de fato, romper mente “independentes”. As doutrinas usando improvisadamente uma viola, devido ao tamanho de “Tuhu” (apelido com o passado? Em que sentido? modernistas têm duas principais pre- de origem indígena que Villa-Lobos tinha Eduardo Jardimde Moraes – Os ocupações: inserir o Brasil no cenário na infância). Sozinho, aprendeu violão na modernistas de 1922 faziam oposição mundial e modernizar o país em todas adolescência, em meio às rodas de choro cariocas, às quais prestou tributo em aos que chamavam de “passadistas”. as áreas. O modernismo literário e ar- sua série de obras mais importantes: Os Os escritores modernistas criticavam, tístico é um capítulo de uma história Choros, escritos na década de 1920. (Nota sobretudo, os poetas e ficcionistas da mais ampla. Uma importante carac- da IHU On-Line) 3 Glauber de Andrade Rocha (1939- geração imediatamente anterior, cujas terística do modernismo brasileiro foi 1981): cineasta brasileiro e também obras, aliás, não eram tão importan- que seus participantes sentiram pela ator e escritor. Sempre controvertido, tes. Há uma série de textos de Mário primeira vez a urgência de não só escreveu e pensou cinema. Queria uma arte engajada ao pensamento e pregava de Andrade, Mestres do passado, que abordar temas brasileiros, mas tam- uma nova estética, uma revisão crítica da exprime essa posição. Ele critica a bém de pensar de forma brasileira. A realidade. Era visto pela ditadura militar estética “atrasada” dos parnasianos, “inteligência”, pela primeira vez, este- que se instalou no país, em 1964, como um elemento subversivo. Deus e o Diabo pois ela não poderia servir de parâme- ve comprometida com a nação. Pode- na Terra do Sol (1964), Terra em Transe tro para a poesia feita na atualidade. -se lembrar do final de Macunaíma6, (1967) e O Dragão da Maldade contra o Os modernistas viam que os passadis- de Mário de Andrade. O escritor ali Santo Guerreiro (1969) são três filmes seus paradigmáticos, nos quais uma crítica social tas faziam uma arte e uma literatura aparece com a tarefa importantíssima feroz se alia a uma forma de filmar que que não cabiam nos novos tempos. A de transmitir ao leitor a mensagem pretendia cortar radicalmente com o estilo posição dos modernistas sobre o pas- dos tempos de Macunaíma – o herói importado dos Estados Unidos da América. Essa pretensão era compartilhada pelos sado cultural do país se modificou na do livro. Isso quer dizer: ele deve pas- outros cineastas do Cinema Novo, corrente segunda fase do movimento, de orien- sar o legado da brasilidade. artística nacional liderada principalmente tação nacionalista. A partir de 1924, os por Rocha e grandemente influenciada pelo movimento francês Nouvelle Vague modernistas buscaram se aproximar IHU On-Line – Como a mídia da e pelo Neorrealismo italiano. Foi um de autores e causas do passado, es- época divulgou o movimento e a Se- cineasta controvertido e incompreendido pecialmente do romantismo, com sua mana de Arte Moderna? Houve mui- no seu tempo, além de ter sido patrulhado tanto pela direita, como pela esquerda busca de uma identidade brasileira. ta rejeição? Em que aspectos? brasileira. Tinha uma visão apocalíptica de Eduardo Jardimde Moraes – um mundo em constante decadência e toda O modernismo e a expressão da Houve sim repercussão na imprensa a sua obra denotava esse seu temor. (Nota da IHU On-Line) literatura brasileira de São Paulo e do Rio. Os modernistas 4 José Bento Monteiro Lobato (1882- sempre estiveram atentos à repercus- 1948): escritor brasileiro popularmente são do evento e de todas as suas ini- www.ihu.unisinos.br conhecido pelo tom educativo, bem como brasileiros. Foi professor convidado da divertido de sua obra de livros infantis, o Universidade de Stanford (EUA). Recebeu ciativas. Como alguns eram também que seria, aproximadamente, metade de vários prêmios por sua obra, entre os quais, jornalistas, o trabalho era facilitado. sua produção literária. A outra metade, em 1967, o prêmio Aspen, do Instituto composta de romances e contos para Aspen de Estudos Humanísticos (EUA) e adultos, foi menos popular, mas um divisor o Prêmio Internacional La Madoninna, de águas na literatura brasileira. Entre seus em 1969. Entre seus livros, citamos: 6 Macunaíma: romance de Mário Raul de livros, destacamos: O picapau amarelo (34. Casa grande & Senzala e Sobrados e Morais Andrade publicado em 1928. O ed. São Paulo: Brasiliense, 2001); Dom Mocambos. O Prof. Dr. Mário Maestri, do livro é uma das obras-primas da literatura Quixote das crianças (27. ed. São Paulo: PPG em História da Universidade de Passo brasileira, em que reúne inúmeras Brasiliense, 2001); Viagem ao céu (45. ed. Fundo (UPF), apresentou o segundo livro lendas e mitos indígenas para compor a São Paulo: Brasiliense, 1995); Memórias na programação do II Ciclo de Estudos história do “herói sem nenhum caráter”, da Emilia (42. ed. São Paulo: Brasiliense, sobre o Brasil, promovido no dia 15-04- que, invertendo os relatos dos cronistas 1994). Confira a edição 284 da Revista 2004, pelo IHU. Sua palestra originou o quinhentistas, vem da mata para a cidade IHU On-Line, de 01-12-2008, intitulada artigo publicado no Cadernos IHU nº 6, de de São Paulo. Sobre Macunaíma, confira Monteiro Lobato: interlocutor do mundo, 2004, intitulado Gilberto Freyre: da Casa- a edição 268 da Revista IHU On-Line, de disponível em http://bit.ly/Mr4sDQ. (Nota Grande ao Sobrado. Gênese e Dissolução 11-08-2008, intitulada Macunaíma: 80 anos da IHU On-Line) do Patriarcalismo Escravista no Brasil. depois. Ainda um personagem para pensar 5 Gilberto Freyre (1900-1987): escritor, Algumas Considerações, disponível para o Brasil e disponível para download em professor, conferencista e deputado download em http://migre.me/69teH. http://bit.ly/Lgf55q. (Nota da IHU On- federal. Colaborou em revistas e jornais (Nota da IHU On-Line) Line)

EDIÇÃO 395 | SÃO LEOPOLDO, 4 DE JUNHO DE 2012 13 Esta preocupação não se restringe ao para as posições, no debate cultural, momento da Semana, mas se apre- “Uma importante que defendiam a incorporação trans- senta em toda a história do movimen- formadora das linguagens artísticas to. As informações sobre essa história característica modernas no ambiente brasileiro. estão no livro recentemente publicado pela editora Casa da Palavra, A sema- do modernismo IHU On-Line – Quais as reais con- na sem fim, de Frederico Coelho. tribuições dos modernistas durante a brasileiro foi que Semana até os dias atuais? IHU On-Line – Como podemos Eduardo Jardimde Moraes – As definir e caracterizar o Movimento seus participantes teses dos modernistas continuaram a Antropofágico? Qual a sua reper- principal referência para a vida cultu- cussão durante a Semana de Arte sentiram pela ral do país até os anos 1960 e 1970. Moderna? Basta ver o Cinema Novo10, o tropica- Eduardo Jardimde Moraes – A primeira vez lismo, a obra de Hélio Oiticica11 e de Antropofagia é uma corrente do se- José Celso Martinez Correa. Atual-

Tema de Capa de Tema gundo tempo modernista, com sua a urgência de mente o ambiente em que vivemos é bandeira nacionalista. Houve diversas outro. Já podemos pensar a certa dis- maneiras de se entender a identida- não só abordar tância a doutrina modernista. Preci- de nacional dentro do modernismo. samos investigar seu significado, pois Duas são principais – a via analítica de temas brasileiros, ele foi o mais importante movimento Mário de Andrade, que queria fazer o cultural do país. Precisamos também levantamento dos traços que definem avaliar a distância que nos separa a cultura brasileira. Para ele, a brasili- mas também de dele. Recomendo a vocês a leitura dos dade estava na cultura popular, mais livros de uma coleção que estou orga- precisamente no folclore, e era preci- pensar de forma nizando para a editora Casa da Palavra so uma verdadeira pesquisa etnográ- – Modernismo+90. São onze livros de fica para chegar a ela. Outra viade- brasileira” diversos autores que apresentam os fendia a apreensão intuitiva e sentida vários aspectos da contribuição dos da realidade nacional. Nessa direção, modernistas. estão autores tão diferentes como Mas o Manifesto Antropófago tem 7 Oswald de Andrade e Plínio Salgado . forte impacto, é muito polêmico e su- A base da doutrina dos “intuitivos” é o gestivo. Por esse motivo, a noção de 10 Cinema Novo: movimento conceito de integração. Ela opera em cinematográfico brasileiro, influenciado Antropofagia foi sendo retomada e re- pelo neo-realismo italiano e pela vários níveis: integração de elementos vista várias vezes nas décadas seguin- “Nouvelle Vague” francesa, com reputação nacionais e estrangeiros, integração tes, especialmente nos anos sessenta internacional. Surge em circunstâncias da cultura brasileira no solo brasilei- idênticas ao do movimento homônimo e setenta, como no e no português, também referido como Novo ro, integração dos brasileiros entre si Tropicalismo9. Ela serviu de suporte Cinema. (Nota da IHU On-Line) (“só a Antropofagia nos une” – diz o 11 Hélio Oiticica (1937-1980): pintor, Manifesto Antropófago de 1928), in- escultor, artista plástico e performático Amaral e Oswal de Andrade, amigos de aspirações anarquistas. É considerado tegração entendida como processo pessoais, pariticpou da Semana de Arte por muitos um dos artistas mais de conhecimento da realidade. Os Moderna. (Nota da IHU On-Line) revolucionários de seu tempo e sua obra antropófagos queriam uma incorpora- 9 Tropicalismo ou Movimento tropicalista: experimental e inovadora é reconhecida movimento cultural brasileiro que surgiu internacionalmente. Em 1959, fundou o ção por meio da devoração; já outros sob a influência das correntes artísticas Grupo Neoconcreto, ao lado de artistas defendiam uma versão “incruenta” do de vanguarda e da cultura pop nacional como Amilcar de Castro, , processo. Do ponto de vista das suas e estrangeira (como o pop-rock e o Lygia Pape e . Na concretismo) misturou manifestações década de 1960, Hélio Oiticica criou o realizações, a Antropofagia não é tão tradicionais da cultura brasileira a Parangolé, que ele chamava de “antiarte significativa. Há alguma coisa na obra inovações estéticas radicais. Tinha objetivos por excelência” e uma pintura viva e de Tarsila, o Manifesto, de Oswald comportamentais, que encontraram eco ambulante. O Parangolé é uma espécie de em boa parte da sociedade, sob o regime capa (ou bandeira, estandarte ou tenda) de Andrade, a Revista de Antropofa- militar, no final da década de 1960. O que só mostra plenamente seus tons, gia em suas duas fases (1928-1929), movimento manifestou-se principalmente cores, formas, texturas, grafismos e textos Cobra Norato, poema de Raul Bopp8. na música (cujos maiores representantes (mensagens como “Incorporo a Revolta” foram , Torquato Neto, Os e “Estou Possuido”), e os materiais com Mutantes e Tom Zé); manifestações que é executado (tecido, borracha, tinta, artísticas diversas, como as artes plásticas papel, vidro, cola, plástico, corda, palha) 7 Plínio Salgado (1895-1975): político, (destaque para a figura de Hélio Oiticica), a partir dos movimentos de alguém que o escritor, jornalista e teólogo brasileiro o cinema (o movimento sofreu influências vista. Por isso, é considerado uma escultura que fundou e liderou a Ação Integralista e influenciou o Cinema novo de Glauber móvel. Em 1965, foi expulso de uma Brasileira (AIB), partido de extrema-direita Rocha) e o teatro brasileiro (sobretudo nas mostra no Museu de Arte Moderna do Rio inspirado nos princípios do movimento peças anárquicas de José Celso Martinez

www.ihu.unisinos.br de Janeiro por levar ao evento integrantes fascista italiano. Entre outros, escreveu Corrêa). Um dos maiores exemplos do da Mangueira vestidos com parangolés. A Integralismo perante a nação. (Nota da IHU movimento tropicalista foi uma das experiência dos morros cariocas fazia parte On-Line) canções de , denominada da dimensão da sua obra. (Nota da IHU On- 8 Raul Bopp (1898-1984): poeta modernista exatamente de “Tropicália”. (Nota da IHU Line) e diplomata brasileiro. Com Tarsila do On-Line)

14 SÃO LEOPOLDO, 4 DE JUNHO DE 2012 | EDIÇÃO 395 Tema de Capa Poderíamos imaginar a arte brasileira do século XX sem o modernismo?

Praticamente tudo o que produzimos em arte e literatura depois da Semana de 1922 teve o Modernismo como referência, até quando se tentava questioná-lo

Por Thamiris Magalhães

s modernistas buscavam firmar no ce- modernista era que, a despeito disso, perma- nário nacional uma arte nova, antena- necíamos colonizados culturalmente, impor- Oda com as vanguardas europeias, mas tando de fora padrões tradicionais aos quais sem copiá-las, ou seja, sem cair no mesmo devíamos obediência”.Com a Semana de Arte problema que tinha a antiga arte brasileira, Moderna, conta, buscava-se “atualizar a nos- cujo modo de operação costumava tomar o sa situação cultural a partir de um contato que vinha de fora como modelo, lembraPedro mais livre com os países ditos civilizados”. Duarte de Andrade, em entrevista, por e-mail, Pedro Duarte de Andrade é professor Ad- à IHU On-Line. Os modernistas, segundo ele, junto do Departamento de Filosofia e Ciências tinham em vista inserir o Brasil no queMá- Sociais da Universidade Federal do Estado do rio de Andrade chamaria de “concerto das Rio de Janeiro – UniRio. É mestre e doutor nações cultas, mas, para tanto, precisariam em Filosofia pela PUC-Rio, onde atua na Pós- ainda redescobrir o que era o próprio Brasil, -Graduação Lato-Sensu (Especialização em para terem algo próprio com o que contribuir Arte e Filosofia e Especialização em Filosofia naquele concerto”. E recorda: “Lembremos Antiga). Foi professor pesquisador na Brown que a Semana foi marcada propositalmente University (EUA) em 2004 e 2006. É autor do para um ano já significativo do país, o do cen- livro “Estio do tempo: romantismo e estética tenário de sua independência política, quan- moderna” (Zahar, 2011). do deixamos de ser colônia. O diagnóstico Confira a entrevista.

IHU On-Line – De que maneira Paulo, mas com preocupação nacio- do Brasil antes do Modernismo do que você avalia a Semana de Arte Moder- nal, de ataque à tradição passadista depois. O Modernismo foi, sem dúvi-

na de 1922? pelo espírito de inovação das vanguar- da, mais liberação do que prisão. www.ihu.unisinos.br Pedro Duarte de Andrade– De das modernas. Tal ataque fez algumas maneira positiva. É claro que a Sema- vítimas inocentes, mas o objetivo era IHU On-Line – ASemana de Arte na de 1922 teve suas contradições e nobre e necessário: afirmar o que Má- Moderna foi um momento de ruptu- seus problemas, mas sua herança é al- rio de Andrade chamaria de direito ra? Em que sentido? tamente positiva. Não é preciso consi- permanente à pesquisa estética, ou Pedro Duartede Andrade – Sem derar que ali se deu, de uma hora para seja, o direito à criação livre na arte. dúvida. Não fosse assim, a Semana ja- outra, a modernização cultural do país Isso deixou a cultura brasileira em um mais poderia ser moderna, pois o que para se admitir a sua importância de- estágio de liberdade mais amplo do dá à arte sua modernidade é o caráter cisiva em nossa história. Nem é ne- que havia antes. O tempo passou, e a de ruptura. Certas obras expostas na cessário ignorar que fora dali também consagração do ideal modernista foi Semana até podiam ser ainda conven- havia arte moderna no Brasil para se acompanhada também pela acusa- cionais, mas o sentido geral e objeti- reconhecer a concentração de energia ção de que ele seria uma “ditadura do vo era criticar a tradição acadêmica do evento. A Semana de 1922 é um novo”, pois exigia obras originais, dife- que orientava a arte. Para dar dois marco, um símbolo. Foi o momento rentes das passadas. No entanto, se a exemplos: na poesia, rompia-se com em que se cristalizou para o Brasil um palavra ditadura pode ser aplicada à a obrigação parnasiana de métrica e movimento que se formava em São arte, ela se encaixa melhor à situação rima, em nome do verso livre; e, nas

EDIÇÃO 395 | SÃO LEOPOLDO, 4 DE JUNHO DE 2012 15 artes plásticas, rompia-se com a figu- “A maior lição que tinha a antiga arte brasileira, cujo ração naturalista da realidade, em prol modo de operação costumava tomar das experimentações expressionistas, do Modernismo o que vinha de fora como modelo. Os cubistas, surrealistas. Se atentarmos modernistas tinham em vista inserir o para os precedentes do evento, esse para a cultura Brasil no que Mário de Andrade cha- ponto fica claro, pois a Semana de maria de concerto das nações cultas, 1922 é a conclusão de uma briga que mas, para tanto, precisariam ainda se arrastava desde 1917, quando hou- brasileira é a da redescobrir o que era o próprio Bra- ve a famosa exposição de pinturas em sil, para terem algo próprio com o que estilo moderno de Anita Malfatti. Elas inquietação crítica, contribuir naquele concerto. Lembre- foram atacadas por Monteiro Loba- mos que a Semana foi marcada propo- to, em nome de uma arte atemporal, autocrítica. Essa é sitalmente para um ano já significativo eterna. Os modernistas, que ainda do país, o do centenário de sua inde- nem tinham esse nome, juntaram-se a grande herança pendência política, quando deixamos para defender Anita e, sobretudo, o de ser colônia. O diagnóstico moder- Tema de Capa de Tema direito de existência de uma arte mo- modernista, até nista era que, a despeito disso, perma- derna, que mudasse com o progresso necíamos colonizados culturalmente, da história e não tivesse que seguir para que, se importando de fora padrões tradicio- sempre os mesmos padrões de be- nais aos quais devíamos obediência. leza. Nesse aspecto, o Modernismo estivermos de Com a Semana de Arte Moderna, bus- brasileiro alinhou-se ao espírito van- cava-se atualizar a nossa situação cul- guardista. Entretanto, houve uma par- fato numa era tural a partir de um contato mais livre ticularidade em nosso caso, ao mesmo com os países ditos civilizados. tempo rica e paradoxal. Como a nossa pós-moderna, tradição era incipiente, por se tratar IHU On-Line – Muitos afirmam de um país ainda novo, os modernis- evitemos o que a Semana em si não teve grande tas brasileiros, se rompiam com a tra- importância em sua época, mas com dição hegemônica, construíam uma conformismo o tempo, ganhando valor histórico ao outra. Rompiam com o Parnasianismo projetar-se ideologicamente ao longo e o Simbolismo, por um lado, mas re- acomodado do século. Como você analisa essa cuperavam o legado do Romantismo e informação? do Barroco, por outro. Isso, contudo, Pedro Duartede Andrade – Cla- ocorre em uma fase já tardia do Mo- que pode surgir ro que a Semana de 1922 teve gran- dernismo, depois de 1922. Durante a de importância em sua época. E claro Semana, a ênfase era na ruptura com no mundo também que essa importância aumen- o passadismo, a ponto de a chamarem tou ao longo do tempo. Os próprios – empregando um termo que causou globalizado” modernistas começaram a forjar uma enorme polêmica – “futurista”. história da cultura brasileira em que tinham o papel protagonista. IHU On-Line – De que maneira o -se explicitamente à proposta moder- Entretanto, acho que, se a Se- movimento mudou o rumo da litera- nista de Oswald de Andrade. Não foi mana de 1922 pôde se transformar tura e da arte brasileiras? diferente com a Tropicália. Pratica- em um marco, foi porque sua pro- Pedro Duartede Andrade – De mente tudo o que produzimos em arte posta estética abriu o horizonte duas maneiras principais, ao menos. e literatura depois da Semana de 1922 posterior da arte moderna brasileira Em primeiro lugar, conquistando um teve o Modernismo como referência, e porque alguns dos que participa- estado de pleno direito à criação li- até quando se tentava questioná-lo. ram daquele evento confirmaram- vre, fora de regras e prescrições, em Especialmente, o enlace entre arte e -se como grandes artistas e críticos, constante busca do novo. Em segundo Brasil é um legado modernista defini- com obras instigantes, complexas, lugar, definindo uma relação participa- tivo para a cultura que foi produzida nas mais diversas áreas. Embora cer- tiva da arte brasileira com o resto do no país depois. tas obras apresentadas na Semana mundo, pela qual se destacava a nossa de Arte Moderna não fossem assim singularidade a partir da incorporação IHU On-Line – O que, de fato, os tão modernas, mas ainda um pou- das informações estrangeiras. Não é artistas brasileiros do modernismo co conservadoras, o evento chocou, possível imaginar o que seria a arte buscavam com a realização da Sema- sendo até vaiado às vezes pelo públi- brasileira do século XX sem o Moder- na de Arte Moderna? co arraigado ao gosto clássico. Ime- nismo e a Semana de 1922, tal a sua Pedro Duartede Andrade – Bus- diatamente, houve repercussão, até www.ihu.unisinos.br centralidade em nossa história. Tanto cavam firmar no cenário nacional uma internacional, pelo que se propunha assim que, na década de 1970, Hélio arte nova, antenada com as vanguar- e pelo que se negava ali. Mesmo os Oiticica ainda queria, em suas pala- das europeias, mas sem copiá-las, ou artistas que não se filiaram depois vras, uma superantropofagia, filiando- seja, sem cair no mesmo problema ao Modernismo, como Graciliano

16 SÃO LEOPOLDO, 4 DE JUNHO DE 2012 | EDIÇÃO 395 Tema de Capa Ramos, desfrutaram da liberdade “Praticamente em que já despontava no Brasil com literária alcançada graças à negação o comércio do café. Em outras pala- que o movimento fez das normas es- tudo o que vras, os modernistas fizeram alianças téticas tradicionais. políticas de compromisso, a fim de produzimos em garantir o evento que planejavam. IHU On-Line – Houve alguma li- São Paulo, chamada de Locomotiva ção deixada pelo movimento em rela- do Brasil, assumia-se assim também ção à cultura no Brasil? Que lição foi arte e literatura nos trilhos das artes, dando força ao essa? mito do bandeirante como centro do Pedro Duarte de Andrade – Curio- depois da Semana progresso nacional. Entretanto, acho so o emprego da palavra “lição” nessa que, mais interessante do que obser- pergunta, pois Mário de Andrade, em de 1922 teve o var as influências políticas na Sema- uma famosa conferência de 1942, na de Arte Moderna, seria destacar também a usou para falar do movi- Modernismo como a influência política da Semana, não mento modernista. Comemorando os no sentido partidário ou institucional, vinte anos da Semana de Arte Moder- referência, até mas no sentido de apontar novas pos- na, Mário contava todas as conquistas sibilidades de relação entre o Brasil e de si e de seus amigos para a cultura quando se tentava o exterior, entre a arte e o povo. Isso brasileira. Entretanto, ao fim, entrega- chegou a ter repercussões concretas, va também o que seria o seu fracasso: questioná-lo” às vezes polêmicas, como no posterior ter deixado de lado uma maior inter- envolvimento de Mário de Andrade no ferência política e social na vida cole- governo de Vargas, em nome de um tiva. Mário acusa de individualista o projeto alicerçado na cultura popular movimento que ele mesmo liderou. E e na sua preservação. concluía afirmando que os modernis- IHU On-Line – Podemos afirmar tas não deveriam servir de exemplo a que a Semana de Arte Moderna so- IHU On-Line – Gostaria de ninguém, mas podiam servir de lição. freu influências políticas e econômi- acrescentar algum aspecto não Penso, no entanto, que a maior lição cas? Em que sentido? questionado? do Modernismo para a cultura brasi- Pedro Duarte – Sim. Não sei, ali- Pedro Duartede Andrade – Todos leira é aquela que Mário de Andrade, ás, o que não sofre influências políti- esses apontamentos fazem parte de ao escrever isso, continuava a dar. É a cas e econômicas em todo o mundo. uma pesquisa que se encontra em cur- lição da inquietação crítica, autocrí- A Semana de 1922 foi financiada por so, e que logo será publicada no meu tica. Essa é a grande herança moder- Paulo Prado e seus amigos, ou seja, livro A palavra modernista: vanguarda nista, até para que, se estivermos de pela elite paulista – em parte burgue- e manifesto, pela coleção Modernis- fato numa era pós-moderna, evitemos sa, em parte aristocrata – que deseja- mo+90, coordenada por Eduardo Jar- o conformismo acomodado que pode va afirmar-se como moderna cultural- dim e editada pela Casa da Palavra. surgir no mundo globalizado. mente, para além da seara econômica

Evento: Rio+20 – desafios e perspectivas

Data: 06-06-2012 www.ihu.unisinos.br Palestra: Rio + 20 sob a perspectiva empresarial Palestrante: Dr. Carlos Eduardo Young - UFRJ Horário: 19h30min às 22h Local: Sala Ignacio Ellacuría e Companheiros, no IHU Mais informações: http://migre.me/9m9Do

EDIÇÃO 395 | SÃO LEOPOLDO, 4 DE JUNHO DE 2012 17 A Semana de Arte Moderna não foi uma revolução

Os nossos modernistas só tinham a roupinha importada da Europa. Um verniz que pode passar a ideia de modernidade, sem efetivamente existir tal modernidade, critica Jardel Dias Cavalcanti

Por Thamiris Magalhães Tema de Capa de Tema Semana de Arte Moderna origina inú- roupinhas moderninhas, como os adolescen- meras polêmicas e controvérsias. Ape- tes que se vestem de punks com roupinhas de Asar de muitos afirmarem que foi neste boutique pagas com o dinheiro do papai”, e período que houve a transformação na arte dispara: “Não há revolução nenhuma”. brasileira, outros pensam que este episódio Jardel Dias Cavalcanti possui graduação e não foi o mais significante para o Brasil em bacharelado em História pela Universidade relação à arte. Um deles é o professor de his- Federal de Ouro Preto, mestrado em História tória da arte e teorias da arte na Universidade da Arte pela Universidade Estadual de Cam- Estadual de Londrina – UEL – Jardel Dias Ca- pinas – Unicamp e doutorado em História da valcanti, que afirma, em entrevista concedida Cultura pela mesma instituição. Foi professor por e-mail à IHU On-Line, que,enquanto a de história da arte, teorias da arte, filosofia arte europeia destruía a ideia de identidade, da arte e arte e sociedade da Universidade corroendo a própria concepção da arte que Metropolitana de São Paulo – Unimesp-FIG. É se praticou por séculos, aqui se buscara carac- professor de história da arte e teorias da arte terizar a realidade, as identidades locais com na Universidade Estadual de Londrina – UEL. É extrema ingenuidade. “Compare-se a obra de colunista do site www.digestivocultural.com.br, Fernand Léger com a de Tarsila e podemos ver de São Paulo. o abismo que separa esses dois artistas. Nós Confira a entrevista. apenas vestimos nossa pobre realidade com

IHU On-Line – Qual foi a reper- rária demais para ser moderna”, no Cubismo2 ou Futurismo3, propondo cussão da Semana de Arte Moder- artigo “Semana de 22 e Modernismo: na de 1922? Considera que foi um um fracasso nacional”, publicada re- total da cultura, o Dadaísmo defende o sucesso? centemente pelo Digestivo Cultural absurdo, a incoerência, a desordem, o Jardel Dias Cavalcanti – A reper- (http://bit.ly/L1nnBs)? caos. Politicamente, firma-se como um protesto contra uma civilização que não cussão foi grande. Isso devido não só Jardel Dias Cavalcanti – A van- conseguiria evitar a guerra (Nota daIHU a Semana em si, mas também porque guarda europeia rompeu de fato com On-Line) seus participantes criaram, após os a arte da tradição, seja no Dadaísmo1, 2 Cubismo: movimento artístico que surgiu no século XX, nas artes plásticas, tendo acontecimentos, uma visão da Sema- como principais fundadores Pablo Picasso na como se ela tivesse realmente rom- e Georges Braque e tendo se expandido pido com a arte do passado e criado 1 Dadaísmo: Formado em 1916 em Zurique para a literatura e a poesia pela influência por jovens franceses e alemães, o Dada foi de escritores como Guillaume Apollinaire, a verdadeira Arte Moderna no Brasil. um movimento de negação. Fundaram um John dos Passos e Vladimir Maiakovski. O A primeira Historiografia da Semana movimento literário para expressar suas quadro “Les demoiselles d’Avignon”, de foi escrita por seus participantes, que decepções em relação a incapacidade da Picasso, 1907 é conhecido como marco ciências, religião, filosofia que se revelaram inicial do Cubismo. Nele ficam evidentes tendiam a engrandecê-la e exaltá-la. pouco eficazes em evitar a destruição da as referências a máscaras africanas, que Seu sucesso se deve a isso. De um mo- Europa. Dada é uma palavra francesa que inspiraram a fase inicial do cubismo, vimento pequeno da elite paulista, ela significa na linguagem infantil “cavalo juntamente com a obra de Paul Cézanne. de pau”. Esse nome escolhido não fazia (Nota daIHU On-Line) passou a ser vista como uma revolu- sentido, assim como a arte que perdera 3 Futurismo: movimento artístico e todo o sentido diante da irracionalidade literário, que surgiu oficialmente em 20 www.ihu.unisinos.br ção na arte brasileira. da guerra. Sua proposta é que a arte de fevereiro de 1909 com a publicação do ficasse solta das amarras racionalistas e Manifesto Futurista, pelo poeta italiano IHU On-Line – O que quer dizer fosse apenas o resultado do automatismo Filippo Marinetti, no jornal francês Le com a expressão “nossa arte foi lite- psíquico, selecionado e combinando Figaro. Os adeptos do movimento rejeitavam elementos por acaso. Sendo a negação o moralismo e o passado, e suas obras

18 SÃO LEOPOLDO, 4 DE JUNHO DE 2012 | EDIÇÃO 395 outros paradigmas para a arte. No ma. A ideia de uma comunicação mais Tema de Capa caso brasileiro, ficamos ainda presos “Nós apenas imediata era necessária ao pressupos- a questões de ordem narrativa, bus- to ideológico da identidade nacional e cando descrever os elementos que vestimos nossa isso era o contrário dos cortes radicais se acreditavam definidores de nossa da arte europeia em relação ao real. suposta identidade, de nossa “brasili- pobre realidade Vejam-se, por exemplo, as pinturas dade”. Sacrificamos a experiência de para lá de medíocres de Tarsila do uma arte de ruptura, que buscava ser com roupinhas Amaral, como “A gare” e “Operários”. uma experiência apenas de ordem es- A violência da modernidade, a poética tética, em nome da uma arte da des- moderninhas, da força das máquinas ou a combus- crição de nossa fauna, flora e gênero. tão radical dos movimentos sindicais Dá-lhe abacaxi, palmeiras, bananeiras como os não aparecem nestas obras como e mulatas! apareciam no Futurismo italiano. Não adolescentes existe a poética da força nem do mo- Ideia enganosa vimento; o que se vê é uma descrição quase lírica dessas realidades. Outra ideia enganosa do moder- que se vestem nismo é que se tomou o “popular” IHU On-Line – Os modernistas, (em suas manifestações festivas, mís- de punks com na Semana de Arte Moderna, conse- ticas, no trabalho, na miséria -e sen guiram compreender a radicalidade sualidade) como se fosse uma repre- roupinhas de do Modernismo? sentação de todo o Brasil. Talvez esse Jardel Dias Cavalcanti – Não tí- compromisso oficial de preservação boutique pagas nhamos estrutura socioeconômica e de uma identidade seja o componente nem condições espirituais para nos que os impedia de levar adiante uma com o dinheiro tornarmos modernos. A industrializa- prática artística mais radical. O dada- ção promovida pela antiga aristocracia ísmo, com certeza, não aportou por do papai. Não paulista do café estava apenas come- aqui. Porquê? Na Europa, havia uma çando. Não vivíamos objetivamente as independência dos artistas em rela- há revolução questões modernas referentes à téc- ção ao poder. Aqui, ao contrário, como nica, à ciência e à desestruturação do disse Carlos Zilio4, a política cultural nenhuma” “Eu” na fragmentação do mundo mo- irá passar das mansões paulistas para derno. Por isso nossos modernistas in- os corredores e salas de repartições sistiam em pintar procissões religiosas públicas. Aqui se buscava renovar as do interior de São Paulo e abacaxis, velhas instituições culturais governa- Jardel Dias Cavalcanti – De fato, como se isso fosse possível dentro do mentais por dentro, fazendo da arte de concreto, não houve tal apropria- embate vanguardista da arte contra um braço do poder cultural. ção. Ao contrário, enquanto a arte europeia destruía a ideia de identida- todas as instituições reacionárias do passado.A radicalidade do modernis- IHU On-Line – De que manei- de, corroendo a própria concepção da mo pressupunha a destruição da for- ra os modernistas se apropriavam arte que se praticou por séculos, aqui ma, a desconstrução da realidade e a das questões estruturais da arte se buscara caracterizar a realidade, descontinuidade do “Eu”. O contrário moderna? as identidades locais, com extrema ingenuidade. Compare-se a obra de dos propósitos do modernismo brasi- Fernand Léger5 com a de Tarsila6 e leiro. Nós ainda acreditávamos numa realidade a ser representada. Precisa

podemos ver o abismo que separa es- www.ihu.unisinos.br dizer mais? baseavam-se fortemente na velocidade ses dois artistas. Nós apenas vestimos e nos desenvolvimentos tecnológicos do nossa pobre realidade com roupinhas final do século XIX. Os primeiros futuristas moderninhas, como os adolescentes IHU On-Line – Como pode- europeus também exaltavam a guerra e a mos diferenciar os modernistas de violência. O Futurismo desenvolveu-se em que se vestem de punks com roupi- todas as artes e influenciou diversos artistas nhas de boutique pagas com o dinhei- 1922 dos movimentos de vanguarda que depois fundaram outros movimentos ro do papai. Não há revolução nenhu- europeus? modernistas. (Nota daIHU On-Line) Jardel Dias Cavalcanti – Os nos- 4Carlos Augusto da Silva Zilio (1944): pintor e professor brasileiro.Dedica-se às sos modernistas só tinham a roupinha artes plásticas desde 1965, tendo estudado 5Jules-Fernand-Henri Léger (1881-1955): importada da Europa. Um verniz que com Iberê Camargo. Formou-se pelo pintor francês que se distinguiu como pode passar a ideia de modernidade, Instituto de Belas Artes do Rio de Janeiro pintor e desenhador cubista, autor de e, posteriormente, cursou Psicologia. Foi muitas litografias. (Nota da IHU On-Line) sem efetivamente existir tal moderni- perseguido durante a repressão política 6Tarsila do Amaral (1886-1973): pintora dade. Na arte europeia, não só a forma nos anos 1970 e exilou-se na França, onde brasileira. Foi a pintora mais representativa da arte tradicional foi destruída como conclui o doutorado em História da Arte. De da primeira fase do movimento modernista volta ao Brasil, paralelamente à carreira brasileiro, ao lado de Anita Malfatti. também se investiu na radicalidade do artística, foi professor da PUC do Rio de Seu quadro Abaporu, de 1928, inaugura pensamento, que se voltou contra as Janeiro até 1994. Foi fundador e editor da o movimento antropofágico nas artes instituições repressivas da sociedade: Revista Gávea. (Nota da IHU On-Line) plásticas. (Nota da IHU On-Line)

EDIÇÃO 395 | SÃO LEOPOLDO, 4 DE JUNHO DE 2012 19 a família, a religião e o capital. Como dionisíaso-antropofágico, colocan- verdadeiramente de vanguarda. Ao eu disse acima, não tivemos a poética do seus atores num eterno bacanal romper os limites de uma arte na- da modernidade, mas uma descrição sexo-cultural ou Gerald Thomas10, cional, universalizar o conceito de de trens parados e carros alinhados a que colocou e criação, sem precisar da modorra palmeiras comoilustração de um Brasil Fernanda Torres (mãe e filha) se mas- nacional, eles conseguiram, de fato, caipira que se modernizava. Isso não turbando frente a frente no palco em dialogar em âmbito mais largo, mais pode ser chamado de arte moderna. Flash and Crash Days? Ora, é evidente radical, menos tupiniquim, com a arte que o transgressor é Gerald Thomas e universal, fazendo com que suas obras IHU On-Line – Que frutos o Mo- não Zé Celso. Quem desestrutura a lin- não precisassem do cheiro da banana dernismo deixou para o Brasil após a guagem e nos mergulha numa recusa para ser entendidas, mas dos pressu- Semana de 1922? de significados já fixados é o teatro de postos universais da criação em arte. Jardel Dias Cavalcanti – Talvez Gerald Thomas. o fruto pobre da ideia de que nossa Brasil dos brancos... arte só seria brasileira se expressasse, IHU On-Line – Qual foi o maior Não há como ficar em cima do de forma quase ideológica, folclórica legado deixado pelo modernismo e muro: ou você problematiza a socie- Tema de Capa de Tema e descritiva a “realidade brasileira”, a pela Semana de Arte Moderna? dade e a arte, formulando uma crítica “identidade brasileira”.Um artista ver- Jardel Dias Cavalcanti – Uma dessas duas ordens, ou você resvala dadeiramente modernista (surrealis- coisa pode ter ficado de positivo nis- para uma regressão mítica nacionalis- ta) como Ismael Nery7, por exemplo, so tudo: a ideia da necessidade de ta de cunho conservador. Aquilo que foi simplesmente esquecido e despre- atualização de nossa inteligência atra- Baudelaire12 exigia do artista moder- zado por não representar temáticas vés do contato com outras culturas e, no, que mergulhasse para valer numa do folclore ideológico brasileiro. Ele principalmente, com a modernidade experiência de choque, numa expe- era chamado de “pintor maldito”, por europeia. Mas isso é pouco se compa- riência de fragmentação, não parece sua atormentada sensualidade e ero- rado com o reacionarismo que envol- nosso forte. Ao contrário, nosso mo- tismo, que aprofundavam questões do ve a perigosa crença na ideia de uma dernismo sonhava com a identidade surrealismo, em vez de simplesmente suposta “identidade brasileira”, que se nacional como totalidade orgânica, tipificar nossa sensualidade com pro- entranhou dentro de nossas criações com a integração de um povo numa priedade da mulata. Aliás, ele se con- artísticas. Ismael Xavier chama a aten- noção ideológica da harmonia das três trapunha a isso, chamando essa preo- ção sobre isso, ao referir-se ao cinema, raças fundadoras do Brasil. A ideologia cupação de “exotismo”. dizendo que “já se tornou um cacoete venceu na cultura, mas as três raças da crítica e dos cineastas esta aflição jamais se integraram na realidade. So- IHU On-Line – Quais são os em detectar um diagnóstico geral, em mos ainda um país de brancos, para “ecos” deixados pelo modernismo flagrar um conceito de Brasil nos fil- brancos... Negros e índios não têm vez nas artes brasileiras hoje? mes que lidam com os mais diversos nem voz. Aqui são massacrados. E do Jardel Dias Cavalcanti – Um eco aspectos da experiência”. sonho modernista paulista de integra- pernicioso, que fez gerações acredita- ção das raças só sobrou o massacre do rem que, para ser moderno, você teria IHU On-Line – Gostaria de Carandiru, cantado por Caetano Ve- que cantar e exaltar seu quintal. Ou acrescentar algum aspecto não loso: “e quando ouvir o silêncio sorri- seja, a ideia de uma “aldeia global cul- questionado? dente de São Paulo diante da chacina, tural” não chegou aqui ainda, apesar Jardel Dias Cavalcanti – Nossa 111 onze presos indefesos, mas presos de ter se iniciado no Renascimento. modernidade de fato, a universali- são quase todos pretos, e você sabe Nem o radicalismo do Cinema Novo zação de nossa arte, começou com o como se trata os pretos”. escapou do nacionalismo ingênuo. Até Movimento Concretista11, esse sim, Caetano Veloso denominou seu livro Verdade tropical8, fazendo crer que mais importantes ligadas ao teatro temos uma identidade única que nos brasileiro. Destacou-se como um dos definiria e diferenciaria dos outros po- principais diretores, atores, dramaturgos vos. Afinal, como juntar o sul, o sudes- e encenadores do Brasil. (Nota da IHU On- Line) te, o norte e o nordeste numa única 10Geraldo Thomas Sievers (1954), ), Décio Pignatari e José camisa de força conceitual? mais conhecido como Gerald Thomas: Lino Grunewaldt. (Nota da IHU On-Line) A questão que temos que colocar diretor de teatro brasileiro com carreira 12Charles-Pierre Baudelaire (1821- internacional. Seus trabalhos se dividem 1867): poeta e teórico da arte francês. hoje é a seguinte: quem é mais revo- entre o Brasil, a Inglaterra, a Alemanha e É considerado um dos precursores lucionário, Zé Celso9 com seu teatro os Estados Unidos. (Nota da IHU On-Line) do Simbolismo e reconhecido 11Concretismo: a mais importante internacionalmente como o fundador da corrente de vanguarda (movimentos de tradição moderna em poesia, juntamente 7Ismael Nery (1900- 1934): pintor brasileiro caráter agressivo e experimental que com Walt Whitman, embora tenha se de influência surrealista. (Nota da IHU On- rompiam os padrões da arte tradicional) relacionado com diversas escolas artísticas. Line) da nossa literatura e influenciou poetas, Sua obra teórica também influenciou www.ihu.unisinos.br 8VELOSO,Caetano.Verdade Tropical (São artistas plásticos e músicos.Sua máxima profundamente as artes plásticas do século Paulo: Companhia das Letras, 1997) (Nota expressão mundial é o grupo concretista XIX. Em 1857 lança As flores do mal, da IHU On-Line) de São Paulo, fundador da Revista contendo 100 poemas. O livro é acusado 9José Celso Martinez Corrêa, conhecido “Noigandres”, na década de 1950, liderado de ultrajar a moral pública. (Nota da IHU como Zé Celso (1937): uma das figuras pelos irmãos Campos (Augusto de Campos e On-Line)

20 SÃO LEOPOLDO, 4 DE JUNHO DE 2012 | EDIÇÃO 395 Tema de Capa A música na Semana de Arte Moderna: fluidez entre o erudito e o popular

A grande contribuição “moderna” para nossa música veio de outro universo não incorporado pelos escritores e artistas plásticos modernistas de São Paulo. Veio da música popular urbana, que tornou-se até hoje um legado para os músicos de todas as gerações, comenta Frederico Oliveira Coelho

Por Thamiris Magalhães

principal legado musical deixado música de orquestra”. pela geração que participou da Frederico Oliveira Coelho possui gradu- “OSemana foi a abertura do pensa- ação em História pela Universidade Federal mento cultural brasileiro para as novas infor- do Rio de Janeiro – UFRJ, mestrado em His- mações estéticas que circulavam no mundo e, tória Social pela mesma Universidade e dou- ao mesmo tempo, a articulação dessas novas torado em Literatura Brasileira pela PUC-Rio. informações com uma musicalidade ligada Entre 2001 e 2009 foi pesquisador do Núcleo aos valores do território nacional, ditas po- de Estudos Musicais – NUM da Universidade pulares, seja no âmbito rural, seja no âmbito Cândido Mendes e atualmente é pesquisador urbano”, analisa Frederico Oliveira Coelho, do Núcleo de Estudos de Literatura e Música – em entrevista concedida por e-mail à IHU NELIM, da PUC-Rio. Em 2009, tornou-se cura- On-Line. E completa: “Uma música em que a dor-assistente de artes visuais do Museu de fronteira entre o erudito e o popular foi sen- Arte Moderna do Rio de Janeiro – MAM-RJ, do cada vez mais fluida até chegarmos a uma onde ficou até julho de 2011. Desde março música popular brasileira com nomes como deste ano é professor dos cursos de Literatura Tom Jobim ou , cuja obra e Artes Cênicas no Departamento de Letras da pode ser localizada tanto no âmbito do con- PUC-Rio. sumo cultural de massas como no universo da Confira a entrevista.

IHU On-Line – Que mudanças a nos centros urbanos, como o Choro e brasileira a partir do embate entre o Semana de Arte Moderna de 1922 o . “velho” e o “novo” na cultura e na so- trouxe para a música brasileira? ciedade. Tanto a Bossa Nova como o www.ihu.unisinos.br Frederico Oliveira Coelho – Di- IHU On-Line – Em que sentido a Tropicalismo, mesmo que a primeira reta e efetivamente, a Semana não Semana de Arte Moderna influenciou não tenha nenhuma alusão direta ao trouxe nenhuma mudança substan- movimentos posteriores, como o Tro- movimento de 1922, nutriram-se des- cial a partir da sua realização. Basta picalismo e a Bossa Nova? ses princípios lançados pela Semana e pensarmos, por exemplo, que não ti- Frederico Oliveira Coelho – A o Modernismo. veram novas músicas compostas por Semana e, principalmente, o Moder- Villa-Lobos para as apresentações no nismo de 1922-1930 influenciaram IHU On-Line –Qual foi o sucesso Municipal de São Paulo. O que ocor- movimentos culturais posteriores da Semana de Arte Moderna? reu com a música brasileira nos anos pelo seu caráter de fundadores de Frederico Oliveira Coelho – Na após a Semana foi, em paralelo às uma nova lógica cultural brasileira, sua época, ao menos no grande pú- outras artes, uma renovação de cer- aberta ao fluxo dos progressos esté- blico, praticamente nenhum. Anos tas ideias relativas à incorporação de ticos de cada época, organizando-se depois, ficou lentamente famosa en- elementos ligados à cultura folclórica, como frentes coletivas de ação artísti- tre os literatos do país pelo trabalho o diálogo da música erudita de matriz ca e, principalmente, garantindo uma bem sucedido dos participantes do europeia com a música popular feita memória da transformação cultural evento, principalmente nomes como

EDIÇÃO 395 | SÃO LEOPOLDO, 4 DE JUNHO DE 2012 21 Mário de Andrade, Oswald de Andra- da crítica – ao menos no primeiro mo- Babo4, Ismael Silva5, , Ores- de, Di Cavalcanti, Victor Brecheret e mento posterior a 1922. tes Barbosa e tantos outros, veremos outros. Ao longo das décadas, passou que a grande contribuição “moder- momentos em que foi declarada sua IHU On-Line – Qual o principal na” para nossa música veio de outro morte até atingir grandes comemo- legado musical deixado durante a universo não incorporado pelos escri- rações nacionais e governamentais Semana e que perdura até os dias tores e artistas plásticos modernistas no seu cinquentenário (1972). Assim, atuais? de São Paulo. Veio da música popular seu sucesso de hoje em dia foi paula- Frederico Oliveira Coelho – O urbana que a informação “moder- tinamente sendo construído por me- principal legado musical deixado pela na” se enraizou na cultura brasileira mórias, debates e comemorações nos geração que participou da Semana foi e tornou-se até hoje um legado para últimos noventa anos. a abertura do pensamento cultural os músicos de todas as gerações. Vale brasileiro para as novas informações lembrar que Villa-Lobos morava no Rio IHU On-Line – Quais foram os estéticas que circulavam no mundo e, de Janeiro e seu convívio musical com principais mentores na música du- ao mesmo tempo, a articulação dessas rodas de choro e de samba foram fun-

Tema de Capa de Tema rante o movimento? Quais eram seus novas informações com uma musica- damentais para a ampliação de suas principais anseios e o que eles de fato lidade ligada aos valores do territó- ideias musicais. buscavam? Conseguiram? rio nacional, ditas populares, seja no Frederico Oliveira Coelho – Como âmbito rural, seja no âmbito urbano. disse mais acima, a música não era Uma música em que a fronteira entre para os escritores modernistas o prin- o erudito e o popular foi sendo cada cipal esteio da Semana de Arte Mo- vez mais fluida até chegarmos a uma derna. Claro que nos anos seguintes música popular brasileira com nomes Mário de Andrade, que já era profes- como Tom Jobim ou Egberto Gismonti, sor de piano em 1922, se tornará um cuja obra pode ser localizada tanto no dos grandes nomes dos estudos musi- âmbito do consumo cultural de mas- cais brasileiros, porém na época da Se- sas como no universo da música de mana essa reflexão musical passava ao orquestra. arranjador brasileiro.É considerado um dos maiores compositores da música popular largo de suas preocupações. Guiomar brasileira, contribuiu diretamente para que Novaes1 e Villa-Lobos não trouxeram IHU On-Line – Quais eram as o choro encontrasse uma forma musical definitiva. (Nota da IHU On-Line) nada de novo para o debate musical peculiaridades da música durante o 4 Lamartine de Azeredo Babo (1904-1963): do momento e apenas o segundo se modernismo? Acredita que ainda há um dos mais importantes compositores apresenta como um renovador após “algo de moderno” nas músicas bra- populares do Brasil. Mesmo tendo sido um leigo em técnica musical, Lamartine criou a Semana. Quando esses dois nomes sileiras atuais? melodias maravilhosas, resultantes de seu mergulharam na busca de uma brasi- Frederico Oliveira Coelho – espírito inventivo e altamente versátil. Começou a compor aos catorze anos - a lidade na composição musical, outras Como dito acima, não há grandes pe- valsa “Torturas do Amor” e, aos dezesseis informações e histórias já estavam culiaridades em uma música durante anos, compõe a opereta “Cibele”. Quando foi para o Colégio São Bento dedicou-se ocorrendo em suas trajetórias e no o Modernismo, pois esse processo foi a músicas religiosas. Porém, foi através país. Lembremos que, quando ocorre mais longo. Além de Villa-Lobos, não das marchinhas carnavalescas, cantadas até hoje, como O Teu Cabelo Não Nega, o Estado Novo entre 1937 e 1945, as há nomes ligados à Semana de Arte Grau 10, Linda Morena, e A Marchinha do concepções musicais – e políticas prin- Moderna que podem ser pensados Grande Galo, que o seu nome se tornou cipalmente – de Mário de Andrade e como renovadores da música brasilei- mundialmente conhecido como o Rei do Carnaval. Em suas letras, predominavam o Villa-Lobos se encontram em campos ra. Mesmo assim, se pensarmos que humor refinado e a irreverência.(Nota da distintos. Portanto, a questão musical a geração literária do Modernismo de IHU On-Line) 5 Mílton de Oliveira (1905- no Modernismo é bem difusa e, ao 1922 é contemporânea da geração de 1978): conhecido como Ismael Silva, foi um contrário da Literatura, não apresenta Noel Rosa2, Pixinguinha3, Lamartine músico brasileiro.Aos 15 anos fez o samba Já desisti, considerado como a sua primeira correntes de pensamento confluentes, composição. Em 1925 teve o seu primeiro manifestos coletivos ou programas de 2 Noel de Medeiros Rosa (1910-1937): samba gravado: Me faz carinhos. Essa sambista, cantor, compositor, bandolinista, composição promoveu a sua aproximação intervenção no campo da produção e violonista brasileiro e um dos maiores e com Francisco Alves, o Chico Viola ou mais importantes artistas da música no Rei da Voz. Ao lado de Nílton Bastos e Brasil. Teve contribuição fundamental Francisco Alves, Ismael formou o trio que na legitimação do samba de morro e no ficou conhecido como Bambas do Estácio e 1 Guiomar Novaes (1894-1979): pianista “asfalto”, ou seja, entre a classe média que deu origem àquele que é considerado brasileira que construiu sólida carreira e o rádio, principal meio de comunicação um dos mais bonitos da história: Se no exterior, particularmente nos Estados em sua época - fato de grande importância,

www.ihu.unisinos.br você jurar. Após a morte de Nilton, teve Unidos. Ficou especialmente conhecida não só o samba, mas a história da música início sua contribuição com . As pelas suas interpretações das obras de popular brasileira.(Nota da IHU On-Line) dezoito composições da dupla fazem de Chopin e Schumann. Foi importante 3 Alfredo da Rocha Viana Filho (1897- Ismael Silva o mais frequente parceiro do divulgadora de Villa-Lobos no exterior. 1973): conhecido como , Poeta da Vila.(Nota da IHU On-Line) (Nota da IHU On-Line) foi flautista, saxofonista, compositor e

22 SÃO LEOPOLDO, 4 DE JUNHO DE 2012 | EDIÇÃO 395 Tema de Capa Semana de Arte Moderna, nova concepção de arte

Muito mais do que uma tendência passageira, a Semana de Arte Moderna instaurou uma nova e perene concepção de arte, tão rica e tão profícua que seus efeitos estão longe de se esgotarem, pontua Alessandra Bittencourt Flach

Por Thamiris Magalhães

ão acredito que houvesse grande participantes e não se firmou a partir de um preocupação desta primeira ge- grupo sólido e com propósitos em longo pra- “Nração de modernistas em firmar zo”. Por outro lado, 90 anos depois, continua raízes, construir um legado”, percebe a pro- sendo vista como “o marco de uma nova e fessora Alessandra Bittencourt Flach, em en- inovadora estética brasileira, o símbolo de um trevista concedida por e-mail à IHU On-Line. projeto que deu visibilidade mundial a nomes E continua: “Tinham mais interesse em abalar como Oswald de Andrade, Mário de Andrade, a opinião das pessoas, fazer refletir. Todavia, a Manuel Bandeira, Portinari, Tarsila, da mesma permanência e o amadurecimento dos ideais forma que abriu caminho para seus sucesso- modernistas se refletiram, sem dúvida, nas res, Guimarães Rosa, , Nelson artes plásticas, na literatura e até na música, Rodrigues, os tropicalistas Caetano e Gil, en- mas como um ganho colateral. Os anseios dos tre tantos outros”. artistas modernistas foram muito mais mo- Alessandra Bittencourt Flach édoutoran- destos do que os efeitos de seus discursos e da em Letras pela Universidade Federal do de suas obras”. Rio Grande do Sul – UFRGS. É licenciada em Segundo a docente, a Semana de Arte Mo- Letras (português, latim, literatura) e possui derna, por si só, foi um acontecimento de pro- mestrado em Literatura Brasileira pela mes- porções limitadas: “restringiu-se a uma elite ma instituição. É professora de Língua Latina intelectual do eixo São Paulo-Rio de Janei- e Língua Portuguesa na Unisinos. ro, causou perplexidade e irritação a muitos Confira a entrevista.

IHU On-Line – Qual o principal nas artes e no próprio conceito de dessacralizada, ou seja, aproxima-se legado deixado pela Semana de Arte brasilidade. do cotidiano, do homem comum, ex- Moderna? pressa a poesia do cotidiano. Em vez www.ihu.unisinos.br Alessandra Bittencourt Flach – A Arte vista de forma da Antiguidade Clássica parnasiana, a Semana de Arte Moderna deu visibi- dessacralizada trivialidade do dia a dia recebe o inte- lidade a uma série de inquietações e resse do artista. Veja-se, a propósito, anseios de intelectuais e artistas bra- A Semana foi o ponto de con- o “Poema tirado de uma notícia de sileiros, que, inspirados nos movimen- fluência de tendências que, desde a jornal”, de Manuel Bandeira. A expe- tos de vanguarda europeus, buscaram década de 1910, já vinham se deline- rimentação formal (o verso livre talvez despertar o Brasil daquilo que con- ando: das influências cubistas e - ex sendo a maior aquisição nesse senti- sideravam ser uma inércia e um con- pressionistas na arte de Anita Malfatti do) e temática possibilitaram não só formismo no campo das expressões até o hibridismo estético das obras novos usos da linguagem como tam- artísticas. O que, a princípio, foi um de Oswald de Andrade. A partir des- bém deram visibilidade a um Brasil movimento de contestação acabou se movimento em torno das ativida- até então desconhecido dos próprios se tornando o embrião de inovações des modernistas é que, pela primeira brasileiros, na medida em que a lin- vez, a arte passa a ser vista de forma guagem coloquial, por exemplo, é ele-

EDIÇÃO 395 | SÃO LEOPOLDO, 4 DE JUNHO DE 2012 23 vada ao status de arte literária. A mo- de seus autores por explorar os novos dernidade, as máquinas, o barulho, a “A modernidade, “ismos”, ficaram restritas ao contexto cidade, o exotismo, a cor, o trabalho, de sua época, mais como um exem- a terra, tudo isso é lembrado na arte as máquinas, o plo do que foram as experimentações modernista, não de forma estereoti- barulho, a cidade, vanguardistas. Outras fazem parte pada, mas como “expressão” do olhar do cânone literário brasileiro, lidas e singular do artista. o exotismo, a estudadas até nossos dias, com alto grau de universalidade e qualidade Abaporu, de Tarsila do Amaral cor, o trabalho, a estética, praticamente desvinculadas O famoso quadro de Tarsila do do Movimento de 1922. Amaral, Abaporu (em tupi, “o homem terra, tudo isso que come gente”), é um ícone dessa IHU On-Line – Quais eram os experimentação, uma vez que brinca é lembrado na principais anseios dos escritores e com a perspectiva, ao retratar, com poetas modernistas? Acredita que fo- Tema de Capa de Tema cores fortes, um homem de cabeça arte modernista, ram alcançados? pequena e mãos e pés exageradamen- Alessandra Bittencourt Flach – te grandes. não de forma Os três dias de debates, concertos A concepção e a percepção e exposições que constituíram a Se- de arte nunca mais foram as estereotipada, mana tinham, inicialmente, o objeti- mesmas vo de promover discussões, entre os mas como jovens intelectuais do Brasil, sobre Seja nas artes plásticas, na litera- os rumos da nossa cultura, em espe- tura, predominantemente na poesia, ‘expressão’ do cial sobre o comportamento passivo ou na música, a Semana deixou sua diante da arte importada. É emble- marca ao romper com a ideia de que olhar singular do mático terem escolhido a comemo- existam modos e temas predetermi- ração dos 100 anos da Independên- nados para a criação artística. Graça artista” cia do Brasil, que se lembrava no ano Aranha, em seu discurso de abertura de 1922, para a realização do evento. da Semana, defende: “O que hoje fixa- De certa forma, havia a necessidade mos não é a renascença de uma arte ruptura com modelos preconcebidos de uma independência ideológica que não existe. É o próprio comovente e o microcosmo como tema de arte, e cultural ou, antropofagicamente nascimento da arte no Brasil, e, como é possível dizer que foi uma empresa — para usar um termo notório no não temos felizmente a pérfida som- bem-sucedida. De fato, a partir desses contexto em questão —, adaptar e bra do passado para matar a germi- intelectuais e artistas, houve maior conformar essa cultura à realidade nação, tudo promete uma admirável abertura à experimentação artística brasileira. A célebre afirmação de ‘florada’ artística. E, libertos de todas e à criação livre, sem amarras a um Aníbal Machado, “Não sabemos de- as restrições, realizaremos na arte o único e rígido modelo. Todavia, como finir o que queremos, mas sabemos Universo. A vida será, enfim, vivida na um movimento coeso e doutrinário, discernir o que não queremos”, de- sua profunda realidade estética”. Sem no sentido de estabelecer modos de fine bem o espírito do grupo: havia dúvida, depois do que esse discurso fazer, ficou muito longe de atingir uma unidade em relação ao desejo anteviu, a concepção e a percepção de esse objetivo. Por ser inicialmente de abominar uma arte formular, uma arte nunca mais foram as mesmas. uma arte de contestação, buscou-se arte sem sentimento, sem liberda- mais a ruptura com modelos passa- de, “contra todos os importadores IHU On-Line – O que faltou, em distas. Não havia unidade entre os ar- de consciência enlatada”, segundo seu ponto de vista, para o movimen- tistas, no sentido de buscar construir Oswald de Andrade. No entanto, era to? Ou ele foi completo? um futuro juntos; queriam mesmo é ainda nebulosa (ou inexistente) a Alessandra Bittencourt Flach se fazer ouvir quanto a suas reivindi- consciência das implicações de todo – Se considerarmos os modernistas cações por uma arte nova, uma arte esse movimento. Pela heterogenei- da geração de 1922 como um grupo brasileira, sem muito discernimento a dade do grupo, pelas diferenças ide- de intelectuais que buscou discutir e respeito de qual seria o produto disso ológicas e pelos enfoques diferentes concretizar uma nova e mais abran- tudo. Acreditavam numa arte plural, desses artistas, é possível mesmo gente expressão da arte, a partir das antropofágica, capaz de assimilar e afirmar que os cabeças do evento

www.ihu.unisinos.br influências vanguardistas da Europa, transformar a tradição e as novas ten- não tinha interesse em constituir um que refletiam, entre outros aspectos, dências. Daí a riqueza e a diversidade movimento, ou uma escola artística a experimentação da linguagem, a de seu legado. Muitas obras, na ânsia com ideais modernistas. Buscaram

24 SÃO LEOPOLDO, 4 DE JUNHO DE 2012 | EDIÇÃO 395 desacomodar valores e padrões até Villa-Lobos e o seu terno e Tema de Capa então bastante enraizados em nossa “Seja nas artes chinelo cultura. Os rumos seguidos pelos in- plásticas, na Outro caso isolado e, aparen- tegrantes do grupo redundaram em temente, sem importância também uma dispersão de formas e criações. literatura, atraiu olhares sobre os modernistas de Os modernistas e o fazer refletir 1922: na terceira noite de apresenta- ções, 17 de fevereiro, Villa-Lobos apre- Não acredito que houvesse gran- predominan- senta-se ao público de terno e chinelo. de preocupação desta primeira gera- Bastou essa atitude, associada à ideia ção de modernistas em firmar raízes, temente na que muitos tinham de que esses “jo- construir um legado. Tinham mais in- poesia, ou na vens intelectuais” eram anarquistas e teresse em abalar a opinião das pes- fascistas, para a apresentação do mú- soas, fazer refletir. Todavia, a perma- música, a Semana sico tornar-se um palco de afrontas. Só nência e o amadurecimento dos ideais depois da repercussão dos fatos é que modernistas se refletiram, sem dúvi- deixou sua se soube que nada tinha de contesta- da, nas artes plásticas, na literatura e dor o ato de Villa-Lobos, apenas um até na música, mas como um ganho marca ao romper problema com um calo que o impedia colateral. Os anseios dos artistas mo- de calçar sapato fechado. dernistas foram muito mais modestos com a ideia de do que os efeitos de seus discursos e Poema “Os sapos”, de Manuel de suas obras. A Semana, por si só, que existam Bandeira foi um acontecimento de proporções Também a recepção do poema limitadas: restringiu-se a uma elite in- modos e temas “Os sapos”, de Manuel Bandeira, lido telectual do eixo São Paulo-Rio de Ja- por Menotti del Picchia na segunda neiro, causou perplexidade e irritação predeterminados noite, em clara objeção aos poetas par- a muitos participantes e não se firmou nasianos, foi algo que teve grande im- a partir de um grupo sólido e com para a criação pacto, pela importância da escola par- propósitos em longo prazo. Por outro nasiana e de seus representantes. Tais lado, 90 anos depois, continua sendo artística” evidências criaram certa imagem dos vista como o marco de uma nova e modernistas como aqueles que rene- inovadora estética brasileira, o símbo- gavam o passado, o país e o sentido da lo de um projeto que deu visibilidade ça e respeitabilidade de que dispunha arte, quando nada disso se sustentava. mundial a nomes como Oswald de o já consagrado Graça Aranha, um dos Andrade, Mário de Andrade, Manuel idealizadores da Semana. Um evento de proporções Bandeira, Portinari, Tarsila, da mesma significativas forma que abriu caminho para seus Repercussão de um depoimen- Em um primeiro momento, hou- sucessores, Guimarães Rosa, Clarice to de Monteiro Lobato ve cautela e ceticismo. Com o ama- Lispector, , os tro- Outro fator de relevância na durecimento estético e a notoriedade picalistas Caetano e Gil, entre tantos época foi a repercussão de um de- dos artistas e com os desdobramentos outros. poimento de Monteiro Lobato sobre políticos, sociais e culturais da primei- Anita Malfatti. Anita participou da Se- ra metade do século XX, aquele “epi- IHU On-Line – Acredita que o mana expondo seus quadros cubistas- sódio” pouco compreendido na época www.ihu.unisinos.br movimento conseguiu renovar e -expressionistas. Anos antes (1917), foi ressignificado e contextualizado transformar o contexto artístico e cul- Lobato escrevera uma crítica ao seu como um evento de proporções signi- tural urbano da época? estilo, o que foi reavivado depois ficativas em todo o país. Mesmo não Alessandra Bittencourt Flach do boom da Semana, não sem uma alterando de forma plena o contexto – Na ocasião de sua realização, a Se- grande dose de sensacionalismo. Na da época, a Semana reuniu os prin- mana de Arte Moderna, como um pro- verdade, Lobato até elogia a artista, cipais nomes e tendências que nor- grama aberto ao público, teve grande ainda que demonstre certo incômodo tearam boa parte do século XX. Uma repercussão, muito mais pelos emba- com seu estilo. Isso foi suficiente para outra visão estética ganhou forma e tes e pelas polêmicas, pela rejeição Lobato tornar-se, de forma equivoca- consistência a partir da Semana, o às proposições “futuristas”, do que da, o grande “inimigo” dos modernis- que, de certa forma, teve implicações propriamente pelos ideais defendidos. tas, logo ele que foi um dos maiores em outras áreas da sociedade, para A imprensa, na época, deu boa visibili- defensores da modernização do país. além de uma discussão restrita ao dade ao evento, em especial pela for- campo das artes.

EDIÇÃO 395 | SÃO LEOPOLDO, 4 DE JUNHO DE 2012 25 IHU On-Line – Gostaria de acres- IHU On-Line – Em que aspectos “Não acredito que centar algo? movimentos como o Futurismo, o Alessandra Bittencourt Flach – É Cubismo e o Expressionismo influen- houvesse grande interessante destacar que, na história ciaram os artistas brasileiros moder- preocupação desta da literatura brasileira, sempre hou- nistas durante a Semana? ve forte influência do que se fazia na Alessandra Bittencourt Flach – primeira geração Europa, e isso, claro, graças à relação Para entender como foi a repercus- com Portugal e à pobre urbanização são das vanguardas europeias no Bra- de modernistas do país até o início do século XX. Até sil, é preciso conhecer o contexto em então notamos uma oscilação entre que isso desenvolveu. Claro que os em firmar raízes, os períodos literários, que ora apre- modernistas, apesar do seu inegável sentavam uma estética realista e de legado, só obtiveram êxito e reconhe- construir um rigidez formal, ora uma valorização da cimento porque seus ideais estéticos subjetividade, do sonho, do símbolo, Tema de Capa de Tema se propagaram em um período de legado. Tinham um período sempre rompendo com o grandes inovações e novidades, em outro e retomando aspectos já consa- todos os âmbitos, não só nas artes. mais interesse em grados em outras épocas. Assim é na Desde Baudelaire e Mallarmé já se sucessão Renascimento/Barroco/Neo- podia perceber certa evolução for- abalar a opinião classicismo/Romantismo/Realismo. A mal e temática da poesia. Aí já estão partir do Modernismo, não se voltou as principais indicações do que seria das pessoas, fazer mais atrás. Isso talvez possa ser expli- a base das vanguardas: o confronto cado pelo fato de que é próprio desse entre o microcosmo e o macrocosmo, refletir” movimento a assimilação e o sincretis- a experimentação linguística, a recon- mo de toda e qualquer expressão de figuração das teorias artísticas e, até, arte. Não há limites para criar, não há filosóficas. drade, Ronald de Carvalho e Alberto expectativas. A contestação e o estra- de Oliveira, entre outros, encarregam- nhamento são, por mérito dos artistas Grandes movimentos vanguar- -se de divulgar no Brasil a existência e da geração de 1922, reações legítimas distas – Futurismo, Expressio- a importância de uma arte com ten- e esperadas diante da arte. Também nismo e Cubismo dências modernas. Diz Graça Aranha: se percebe a atualidade de temas Os grandes movimentos van- “A inteligência impávida, libertadora e e formas: permanecem igualmente guardistas – o Futurismo de Marinetti construtora, animada do espírito mo- atuais e instigantes as abordagens do (1909), o Expressionismo de Munch, derno que vivifica o mundo, transfor- cotidiano e do trivial de maneira poé- Van Gogh e outros (1910) e o Cubismo mará o Brasil”. Ainda que o Futurismo tica, o interesse pelo comum; a liber- de Apollinaire e Picasso (1913) –, que tenha sido renegado pelos modernis- dade de gêneros e formas de criação; se iniciaram antes da I Guerra, por seu tas (muito pela relação com o Fascis- o verso livre; a experimentação com a espírito contestador e vibrante, servi- mo), as concepções de “desvairio” e linguagem; o hibridismo (de temas, de ram de inspiração para movimentos o tenicismo da linguagem são contri- formas, de discursos); a sugestibilida- pós-guerra que tentaram expressar buições suas, assim como os ideais de de em detrimento da materialidade. O artisticamente o estranhamento e o ousadia e agitação do homem moder- conceito de “pós-modernidade”, ain- absurdo da guerra e de seus desdo- no. O Expressionismo foi responsável da que indique algo para além do mo- bramentos (o Dadaísmo é um bom pela valorização da subjetividade e da derno, compartilha com os primeiros exemplo disso). Nomes como Graça constituição da obra não como reflexo modernistas certo grau de subjetivida- 1 Aranha, Lasar Segall , Oswald de An- da realidade, mas uma impressão des- de, de questionamento, de incertezas, ta, com a valorização do inconsciente, de relativismo. Nesse sentido, muito da intimidade. Já ao cubismo atribui- 1 Lasar Segall (1891-1957): pintor, mais do que uma tendência passagei- escultor e gravurista judeu brasileiro -se todo o jogo de hibridismo formal, ra, a Semana de Arte Moderna instau- nascido na Lituânia. O trabalho de Segall linguístico e composicional, sem con- tem influências do impressionismo, rou uma nova e perene concepção de expressionismo e modernismo. Seus temas tinuidade e lógica aparentes. Todas arte, tão rica e tão profícua, que seus mais significativos foram representações essas vanguardas davam vasão a um pictóricas do sofrimento humano: a efeitos estão longe de se esgotar. guerra, a perseguição e a prostituição. espírito de modernidade (esprite nou- No ano de 1923, Lasar Segall mudou-se veau) e agradavam ao gosto do públi- definitivamente para o Brasil. Já era um www.ihu.unisinos.br co ávido por novidades. artista conhecido. Contudo, foi aqui que, segundo suas próprias palavras, sua arte ficou como o “milagre da luz e da cor”. Foi um dos primeiros artistas modernistas a expor no Brasil. (Nota da IHU On-Line)

26 SÃO LEOPOLDO, 4 DE JUNHO DE 2012 | EDIÇÃO 395 Tema de Capa “O modernismo ainda não atingiu plenamente seu intuito”

Creio que, infelizmente, ainda hoje a sociedade brasileira em geral é bastante conservadora no que diz respeito à questão estética, lamenta Márcia Lopes Duarte

Por Thamiris Magalhães

principal objetivo da Semana de Arte mond de Andrade, Guimarães Rosa, Oscar Moderna, de acordo com a professo- Nyemeier, entre outros”, explica. O raMárcia Lopes Duarte, foi chamar a Márcia Lopes Duartepossui graduação em atenção do público brasileiro, representado, Letras pela Universidade Federal do Rio Gran- naquele momento, pela burguesia paulista, de do Sul – UFRGS, mestrado e doutorado em para os novos ventos que estavam sopran- Letras pela mesma instituição. Atualmente do no sentido da reconfiguração da arte oci- é professora da Universidade do Vale do Rio dental. “A Semana, por mais que se passa dos Sinos – Unisinos e coordenadora de espe- criticá-la, visto que sua origem é justamente a cialização desta Universidade. Tem experiên- recém-enriquecida burguesia cafeeira de São cia na área de Letras, com ênfase em Língua Paulo, foi um marco no sentido de apregoar Portuguesa, atuando principalmente nos se- um novo pensamento estético, que culminou guintes temas: literatura brasileira, literatura nos mais bem elaborados artistas brasileiros, gaúcha, identidade feminina, autoritarismo e como Tarsila do Amaral, Di Cavalcantii, Graci- subversão. liano Ramos, Manuel Bandeira, Carlos Drum- Confira a entrevista.

IHU On-Line – Como a senhora poética, que, naquele momento, era Márcia Lopes Duarte – O movi- avalia a Semana de Arte Moderna de cultivada grandemente pelos parna- mento foi ápice de uma insatisfação 1922? sianos, grupo que adorava o equilíbrio gerada pela parca construção estéti- Márcia Lopes Duarte – A Semana clássico, mas prescindia de brasilidade ca vanguardista que havia no Brasil. de Arte Moderna foi um movimento e musicalidade. Os artistas que, como a pintora Anita que se preocupou com a desconstru- Malfatti, tentaram romper estas- bar ção de algumas características cultu- IHU On-Line – Qual era o prin- reiras foram duramente criticados, rais brasileiras que estavam arraigadas cipal objetivo da Semana? Ele foi pois o gosto brasileiro sempre foi ba- na intelectualidade do país naquele alcançado? seado em um tradicionalismo aferra- momento e que eram extremamente Márcia Lopes Duarte – O princi- do ao modelo colonialista, com um

tradicionais. O valor da Semana está pal objetivo da Semana foi chamar a influxo europeizante. Ainda que o www.ihu.unisinos.br justamente em sua veia vanguardista, atenção do público brasileiro, repre- movimento modernista também esti- pois serviu para “sacudir a poeira” do sentado, naquele momento, pela bur- vesse embasado em preceitos vindos legado colonial brasileiro, que ainda guesia paulista, para os novos ventos do continente europeu, havia uma era muito presente na cultura do país. que estavam soprando no sentido preocupação nacionalista evidente da reconfiguração da arte ocidental. entre os precursores do modernismo IHU On-Line – Que mudanças o Creio que, infelizmente, ainda hoje a brasileiro, que se evidencia em uma movimento trouxe para a poesia? sociedade brasileira em geral é bas- obra como Macunaíma, de Mário de Márcia Lopes Duarte – No que tante conservadora no que diz res- Andrade. se refere à poesia brasileira, a contri- peito à questão estética. Portanto, o buição do movimento modernista é modernismo ainda não atingiu plena- IHU On-Line – Gostaria de evidente, visto que seus principais au- mente seu intuito. acrescentar algum aspecto não tores, como Mario e Oswald de Andra- questionado? de e Manuel Bandeira, foram aqueles IHU On-Line – Em que sentido o Márcia Lopes Duarte – A Se- que introduziram uma série de novos movimento foi o ponto alto da insa- mana de Arte Moderna, por mais postulados estéticos na construção tisfação com a cultura vigente? que se passa criticá-la, visto que

EDIÇÃO 395 | SÃO LEOPOLDO, 4 DE JUNHO DE 2012 27 sua origem é justamente a recém- -enriquecida burguesia cafeeira de Leia mais... São Paulo, foi um marco no sentido >>Márcia Lopes Duarte já concedeu outras entrevistas à IHU On-Line. Confira: de apregoar um novo pensamento • A amplitude da identidade gaúcha. Entrevista publicada na IHU On-Line estético, que culminou nos mais número 264, de 30-06-2008, disponível em http://migre.me/9jGvX; bem elaborados artistas brasileiros, • Amar verbo intransitivo.Entrevista publicada na IHU On-Line número 206, de 27- como Tarsila do Amaral, Di Caval- 11-2006, disponível em http://migre.me/9jGDS; cantii, Graciliano Ramos, Manuel • Simões Lopes Neto e a Invenção do Gaúcho. Entrevista publicada nos Bandeira, Carlos Drummond de An- Cadernos IHU ideias, ano 1, n° 8, de 2003, disponível em http://migre. drade, Guimarães Rosa, Oscar Nye- meier, entre outros. me/9jGNa. Tema de Capa de Tema

Evento: ObservaSinos Oficina de Indicadores Educacionais (Primeiro Módulo)

Data: 06-06-2012 Palestrante: Profa. Dra. Flávia Werle – Unisinos Horário: 14h às 17h Local: Sala Ignacio Ellacuría e Companheiros, no IHU Mais informações: http://bit.ly/JEqWPQ

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28 SÃO LEOPOLDO, 4 DE JUNHO DE 2012 | EDIÇÃO 395 Tema de Capa O Movimento Modernista representou o “espírito da época”

Ele não se limitou apenas à arquitetura e à arte. Foi um movimento cultural global que envolvia vários aspectos: sociais, tecnológicos, econômicos e artísticos, afirmando, desse modo, a identidade de nossa cultura e representando o “espírito da época”, avalia Maria Helena Campos de Bairros

Por Thamiris Magalhães

Modernismo esteve muito pró- em seus projetos caracterizados por um esti- ximo da Europa no primeiro mo- lo que apresentava formas geométricas defi- “Omento, sobretudo se considerar- nidas, sem ornamentos, com uso de pilotis a mos o movimento futurista”, diz Maria Helena fim de liberar o espaço sob o edifício; panos Campos de Bairros, em entrevista concedida de vidro contínuos nas fachadas no lugar das por e-mail à IHU On-Line. Segundo ela, um janelas tradicionais; integração da arquitetu- dos manifestos de Maiakovski se chamava ra com o entorno pelo paisagismo e com as “Bofetada no gosto do público”, e a Semana outras artes plásticas, através do emprego de de Arte Moderna quis ser isso,“uma bofeta- painéis de azulejo decorados, murais e escul- da”. E completa: “os grandes autores mo- turas”, explica. dernistas, os que celebramos até hoje como Maria Helena Campos de Bairros possui clássicos, foram aqueles que souberam conju- graduação em Letras pela Faculdade Porto- gar o estrangeiro e o nacional de uma forma -Alegrense de Educação Ciências e Letras, inovadora”. especialização em Literatura Infanto-Juvenil Em relação à arquitetura, Maria Helena pela mesma faculdade, mestrado em Letras frisa que, dentre os arquitetos brasileiros, fo- pela Pontifícia Universidade Católica do Rio ram e Lúcio Costa que difun- Grande do Sul – PUCRS e doutorado em Letras diram, mais tarde, este estilo tornando-o co- pela mesma instituição. nhecido e aceito. “Os arquitetos modernistas Confira a entrevista. buscavam o racionalismo e o funcionalismo

IHU On-Line – Que lição a Sema- nacional e de provocar uma explosão IHU On-Line – De que maneira www.ihu.unisinos.br na de Arte Moderna de 1922, após 90 no marasmo das artes brasileiras. As- a arquitetura foi retratada durante o anos de sua realização, deixa para a saltar os bastiões do passadismo, dar movimento? cultura brasileira? um golpe na velha ordem, através de Maria Helena Campos de Bair- Maria Helena Campos de Bair- uma semana de “escândalos”, foi ini- ros – A arquitetura não foi objeto ini- ros – Acredito que a ideia de “lição” cialmente uma sugestão de Di Caval- cialmente da discussão dos primeiros não era exatamente algo que os inte- canti, que teve a adesão de outros modernistas, embora o movimento grantes da Semana de Arte Moderna intelectuais, artistas e escritores - bra tenha dado início a uma nova fase tinham em seus horizontes de expec- sileiros. Considerando tais premissas, estética na qual ocorreu a integração tativas. Durante os três dias (13, 15, vale indagar o alcance da proposta e de tendências que já vinham surgin- 17 de fevereiro de 1922), ocorreram a ressonância que tais ideias têm na do, fundamentadas na valorização da representações no Teatro Municipal contemporaneidade, especialmente realidade nacional. A intenção princi- de São Paulo no intuito de dar uma es- nos estados fora do eixo São Paulo-Rio pal era a do abandono das tradições pécie de sacudida na intelectualidade de Janeiro. que vinham sendo seguidas, tanto na

EDIÇÃO 395 | SÃO LEOPOLDO, 4 DE JUNHO DE 2012 29 literatura como nas artes. Apesar da ra da ruptura com o passado tiveram Anita Malfatti e A Semana de 22 – que grande repercussão que a arquitetu- influência durante a Semana? ganharam significado de movimento ra e a arte moderna obtiveram, vale Maria Helena Campos de Bairros aglutinador do sentimento de inquie- ressaltar que o Movimento Modernis- – Quem definiu muito bem o legado tude da juventude intelectual e artís- ta não se limitou apenas a essas áre- da Semana de Arte Moderna foi Má- tica brasileira que desejava “destruir” as. Foi um movimento cultural global rio de Andrade, vinte anos depois. Se- o passadismo parnasiano e acadêmico que envolvia vários aspectos: sociais, gundo o escritor, a experimentação e a que dominava o ambiente das primei- tecnológicos, econômicos e artísticos, liberdade criadora estariam represen- ras décadas do século. afirmando, desse modo, a identidade tadas pela ruptura das subordinações de nossa cultura e representando o acadêmicas, pela destruição do espí- Sentimento de progresso “espírito da época”. rito conservador e conformista e pela Nesta época surge, em todo o demolição de tabus e preceitos. Nas mundo, o sentimento de progresso, Arquitetura artes deveriam prevalecer três princí- de avanço e de desenvolvimento, que Em relação à arquitetura, o Mo- pios fundamentais: direito à pesquisa incrementariam o sentido das nacio-

Tema de Capa de Tema dernismo foi introduzido no Brasil estética, atualização da inteligência nalidades, acirrado após a Primeira através da atuação e influência de ar- artística brasileira e a estabilização de Grande Guerra. Todos se apraziam quitetos estrangeiros adeptos do mo- uma consciência criadora nacional. de um “espírito moderno” – expres- vimento. Foi o arquiteto russo Gregori são de origem europeia que se torna Warchavchik quem projetou a “Casa IHU On-Line – Qual a relação do corriqueira entre a intelectualidade Modernista” (1929-1930), a primeira Modernismo brasileiro com a van- artística brasileira após as famosas casa em estilo moderno construída guarda europeia? conferências de Graça Aranha e Mário em São Paulo. Maria Helena Campos de Bairros de Andrade. Há, assim, uma incipiente Dentre os arquitetos brasileiros, – O Modernismo esteve muito próxi- atitude de abertura que operará gran- foram Oscar Niemeyer e Lúcio Costa mo da Europa no primeiro momento, des mudanças nos planos das ideias, que difundiram, mais tarde, este es- sobretudo se considerarmos o movi- sejam essas artísticas, políticas ou so- tilo tornando-o conhecido e aceito. mento futurista. Um dos manifestos ciais. Amplia-se a concepção do mun- Os arquitetos modernistas buscavam de Maiakovski se chamava “Bofetada do no mesmo momento em que se o racionalismo e o funcionalismo em no gosto do público”, e a Semana de revaloriza a identidade nacional, num seus projetos caracterizados por um Arte Moderna quis ser isso, uma bo- nativismo conscientizado e crítico di- estilo que apresentava formas geomé- fetada. Mas os grandes autores mo- ferenciado daquele que se verificava tricas definidas, sem ornamentos, com dernistas, os que celebramos até hoje no romantismo plástico ou literário. uso de pilotis a fim de liberar o espaço como clássicos, foram aqueles que sob o edifício; panos de vidro contínu- souberam conjugar o estrangeiro e o os nas fachadas no lugar das janelas nacional de uma forma inovadora. Leia mais... tradicionais; integração da arquitetura >>Maria Helena Campos de Bairros já com o entorno pelo paisagismo e com IHU On-Line – Quais eram as concedeu outra entrevista à IHU On- as outras artes plásticas, através do peculiaridades das artes plásticas Line. Confira: emprego de painéis de azulejo deco- modernistas? rados, murais e esculturas. Maria Helena Campos de Bairros • O Rei da Vela. Entrevista publicada – A expressão da modernidade bra- na IHU On-Line número 207, de 04- IHU On-Line –Em que medida a sileira manifestou-se sob a égide do 12-2006, disponível em http://mi- experimentação e a liberdade criado- progressivo desenvolvimento paulista com os marcos – Exposição de 1917 de gre.me/9jHdZ.

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30 SÃO LEOPOLDO, 4 DE JUNHO DE 2012 | EDIÇÃO 395 TemaTema dede CapaCapa

DestaquesDestaques da daSemana Semana www.ihu.unisinos.br IHUIHU em em RevistaRevista www.ihu.unisinos.br

31 EDIÇÃO 000 | SÃO LEOPOLDO, 00 DE 00 DE 0000 SÃO LEOPOLDO, 00SÃO DE LEOPOLDO,XXX DE 0000 00 | EDIÇÃODE XXX DE000 0000 | EDIÇÃO 000 31 32 www.ihu.unisinos.br Destaques da Semana IHU On-Line mundo possível quais as obras, dentre Portoem Estef, inúmeras de É autor Alegre. Teologia– Franciscana eEspiritualidade Escola PUCRS enaSuperior de na Leciona Gregoriana deRoma,Universidade Itália. em doutor e mestre TeologiaPontifíciapela 1 a cinquentaaberturada anos Con do juntura eclesial”. para apresentar uma“análisede con Susin Carlos Luiz abril, em realizada CNBB, – Brasil Conferênciado Bispos dos Nacional Introdução Por Sérgio RicardoCoutinho projetos históricos Vaticano IIeosdiferentes continuidade. OConcílio Para alémderuptura e Artigo daSemana

Luiz Carlos Susin: Luiz Sua falaSua seconcentrouna “Igreja da Geral Assembleia última Na ) 1 , OFM Cap, foi convidadofoi Cap, OFM , civilização tecnocientífica (http://bit.ly/K23J tecnocientífica civilização da Igreja no contexto das novas gramáticas da Mistériosemântica do A Sociedade. Culturae Igreja, IHU: Internacional Simpósio XIII o II: Vaticano Concílio do início do aniversário 50º eventos maiores quemarcam, neste ano, o Giuseppe Alberigo. otimista posta por Bento XVIe a II, pro Vaticano Concílio do hermenêutica” “justa a analisa Coutinho Ricardo Sérgio leck, A (Paulinas,da (Nota 2006). atg é m o sbíi paradois bom subsídio um é artigo O pelo historiadopelo alemão Reinhart Kosel desenvolvida Conceitos” dos “História dos partir Teologiaoutro para frei capuchinho, proposta pelaEscolade de Bolonha

pressupostosda essenciais - - etr descontinua leitura (Nota da (SãoPaulo:ao cristianismo Loyola, 2006). dos é Introdução seus livros fundamentais de2005, um obra teológica, vasta eimportante uma deabril era oJosephRatzinger.Cardeal 19 Autor de a João sucedendo Paulo II. Anteriormente, em pontífice Papaatualmente foi XVI, escolhido Bento 2 tomadaBentopapa pelo XVI ele corroboraanálise com aposição da continuidade”. hermenêutica a e ruptura da nêutica “a herme entre polarizado conflito liar, queacabouestabelecer por um de interpretações” doevento conci dela, se debruçou sobre a “pluralidade parte primeira na e, II” Vaticano cílio

Joseph Ratzinger Poisbem, a certa altura desua IHU On-Line - - - ) : teólogoalemão, dias 7a11deoutubro. acontecerá,que ly/q7kwpT), nos Unisinos, na Congresso Continental de Teologia (http://bit.o e outubro, de 5 a 2 de realizado ser a Br), América Latina (Cehila-Brasil). na Igreja da História em Estudos de Centro Boaventura,São deBrasília.É presidente do Instituto no Igreja da História de e UnB na go Anti Cristianismo do História em -graduação Ricardo Coutinho é professor do curso de pós UniversidadeFederal – UFG, deGoiás Sérgio Brasí – UnBedoutorandolia mesma na área pela de Universidade pela Social História Confira oartigo. em é mestre Coutinho Ricardo Sérgio 2 , quan - - - e continuidade, mas o que se revela é a espécie de“terceiraentre via” ruptura Concílio”, do “hermenêutica uma uma força aesperança”. enquantotemsentido só re memória o futuromais doqueopassado, ea dade, e, portanto, renovação.Importa novi evangelho: o desde cristianismo é “renovação”,esta “pois é a história reforma do uma introduzir quer que -chave para entender um Concílio Igreja”. Parade fato, Susin, apalavra ma na continuidade do mesmo sujeito é “renovação”, se pois trata da“refor de 2005,apalavrade que adequada do de seu pronunciamento Natal no SÃO LEOPOLDO, 4DEJUNHO DE2012|EDIÇÃO 395 O que Susin apresenta não é mais ------Destaques da Semana www.ihu.unisinos.br 33

, ------. O a priori escolástica:

originária. (Nota do autor) (Nota do autor) (ou seja, as ruptu 7 causas, um saber um saber causas,

primeira causa da única e verdadeira Igreja

continuidade continuidade dos princípios No entanto, quando Bento XVI XVI quando Bento entanto, No . Por isso ela, a “Igreja”, é o “úni é a “Igreja”, isso ela, . Por 6 O exemplo paradigmático é, sem dúvida Quando prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, o cardeal Ratzinger afirmou o seguinteé “uma realidade ontologicamente e sobre a Igreja:temporalmente anterior a todas as igrejas ela particulares individuais”. 7 nenhuma, o caso Galileu Galilei, em que a Inquisição o condenou, para depois, mais de quatro séculos, a Igreja reconhecer sua teoria e pedir perdão. se refere às ações e decisões dos dos decisões e às ações se refere da no percurso “homens da Igreja” no período especialmente história, da Modernidade não se para ele alerta ocorridas), ras concretas as formas em conta levar tomadas, foram decisões estas como his da situação “dependem porque mu sofrer podem por isso, e, tórica danças” ao longo do tempo. O que não se pode esquecer (e segundo o os que percebem papa são poucos isso) é que somente “os princípios duradouro, o aspecto expressam no fundo e motivan permanecendo assim, e, dentro” do a decisão desde sendo seguir podem decisões estas sua de formas as mesmo que válidas, possam novos a contextos aplicação mudar. 6 dade e a con todo está teórico arcabouço centrado na matriz filosófica grega da do transitório, não trata – que – e do devir da mudança, sucessão, da teológico no modelo metafí marcadamente uma teologia das o conhecimento que busca sica, primeiras da experiência à margem constituído XVI Bento Assim, concreta. histórica um ser, como a “Igreja” compreende e trans invisível a sua essência com contínua, permanente, cendental, mes a si idêntica e sempre imutável ma nos deu; que o Senhor [sujeito] co no tempo que cresce é um sujeito mas permanecen e se desenvolve, sujeito único o mesmo, do sempre Por Deus a caminho”. de do povo do Senhor” que “vem isso também ou essencial da Igreja, a constituição a seja, ------Reflexões continui “ leitura con leitura (1926-2007): ] e a 4 ) , que ocupa lugar que ocupa lugar , leitura leitura descontinua . 5 , marcada por maior inser por maior marcada , , São Paulo, nº 2, ano 3, 2008. , São Paulo, IHU On-Line Marcadamente teocêntrica, sua sua teocêntrica, Marcadamente É justamente diante desse qua diante É justamente “[De um lado está] uma linha uma linha lado está] “[De um Giuseppe Alberigo Giuseppe Revista Eletrônica da Pontifícia da Pontifícia Eletrônica Revista CALDEIRA, Rodrigo Coppe. CALDEIRA, Rodrigo

historiador alemão, e na de Delio Cantimori em Firenze; seu mestre Giuseppe foi Dossetti, da quem herdou uma visão da história da Igreja com uma função de as promover orientações progressistas sua mais obra A da política eclesiástica. importante foi a direção da iniciativa II. editorial Storia del Concilio Vaticano (Nota da 5 continuidade e descontinuidade da acerca de análise”. II: possibilidades no Vaticano In: Nossa Senhora da Faculdade de Teologia Assunção tempo” tempo” contida nele, uma espécie de que o papa desen da história” “teoria históri de um “projeto vista em volve específico. co” procura do tempo” “representação em continui “renovação combinar pro duas ideias a partir de dade” a imbricadas: fundamente 4 importante historiador da Igreja Católica. Estudou na escola de Hubert Jedin, pela chamada Escola de Bolonha de Bolonha de de chamada Escola pela Alberigo Giuseppe tínua pessimista já católico, no cenário destaque de a linha oficial ditar vai ela que é que vaticana” o tom compreender que devemos dro naque XVI, do papa Bento do discurso le primeiro natal de seu pontificado. nos atentar devemos lado, outro Por do “representação a para também lação à ruptura que defende ter o o ter que defende à ruptura lação na história II representado Vaticano uma linha está] outro e [de da Igreja; marcada contínua, interpretação de pelo pessimismo no que diz respei do dos documentos à recepção to to análise, de efeito Para concílio. linhas que com mamos aqui as duas conciliares põem as hermenêuticas a hegemônicas: otimista o fi desde Latina na América ção nal do concílio em 1965 [conduzida ciliar ciliar nos anos seguintes à realização II: do Vaticano des descontínua, interpretação de uma concepção dela membrando em re otimista outra e pessimista eletronica/numeros/n3/n3_rodrigo.html Os grifos são nossos. (Nota do autor) http://www.teologia-assuncao.br/re------, en . Isso traça, traça, e, por por e, 3 : graduado ) ruptura eventos e para forjarem forjarem para externos e e IHU On-Line estruturas continuidade experimentam experimentam e reagem à sua Este pronunciamento deve ser ser deve pronunciamento Este Em um pronunciamento feito às feito Em um pronunciamento Assim, neste momento de avalia momento Assim, neste fatores fatores internos Rodrigo Caldeira Coppe

intitulado “Deus: uma invenção?”, em 14-11-2011, disponível em http://bit.ly/ seP1aG (Nota da disponível em http://bit.ly/K97FCQ; outra e entrevista intitulada “Tradicionalismo católicos: as ideologias conservadorismo em jogo”, em 30-07-2011, disponível em http://bit.ly/K6JzgR; e um artigo e doutorado em Ciências da Religião pela e doutorado em Ciências da Religião Universidade Federal de Juiz de Fora. Dele publicamos uma entrevista intitulada mística e a heresia”, em 11-01-2011, “A 3 em História pela PUC Minas, onde é mestrado Realizou atualmente professor. de forma esquemática, quadro o seguinte geral da hermenêutica con fato, com o término do Concílio, não não do Concílio, o término com fato, por sua interpre a luta muito tardou Coppe Caldeira Rodrigo tação. qual se desenvolveu o grande debate debate o grande qual se desenvolveu sobre o significado e recepção a do Concílio Vaticano II (1962-1965). De lido e compreendido num quadro num quadro lido e compreendido do mais amplo em torno histórico ções ções dos 40 anos do Concílio Vaticano a sua “jus XVI propôs II, o papa Bento conciliar”. hermenêutica ta vésperas do Natal de 2005, para os para de 2005, do Natal vésperas e da Cúria romana, membros cardeais as comemora quando encerravam se A “justa XVI Bento hermenêutica” de como como própria temporalidade históricos”. seus “projetos cano II, o que importa é compreender é compreender o que importa II, cano histórico “sujeitos os melhor como -eclesiais” refletem sobre seu tempo, ções de continuidade. ções ção dos 50 anos de recepção do Vati fim, entre de concepções na história, porque, concep também implicam mudança cotomias: as clássicas oposições biná oposições as clássicas cotomias: rias entre tre do II,Concílio como também Vaticano histórico, evento qualquer outro para di falsas três de nos afastar devemos específico a partirda experiência que à sua proporcionou conciliar o evento o estudo para Portanto, historicidade. sua própria “representação de tempo de tempo “representação sua própria histórico” um “projeto com histórico”, EDIÇÃO 395 | SÃO LEOPOLDO, 4 DE JUNHO DE 2012 LEOPOLDO, 395 | SÃO EDIÇÃO 34 www.ihu.unisinos.br Destaques da Semana uma compreensãode todoadequada prejudica, ainda e prejudicou, vezes que muitas e ruptura, continuidade entre dicotomia a equívoca mistificar tribuem em grandepara medida des ReinhartKoselleck, ver, a nosso con senvolvidapelo historiador alemão de Conceitos” dos “História da ciais nhart Koselleck O “tempo histórico” Reiem divino. transcendental e verdadeiramente princípio seu o seja, ou nossos), são e sua verdadeira identidade” (os grifos teve e aprofundou sua íntima natureza Igreja] [a descontinuidade rente épocapela nesta moderna, “mas apa em relaçãoproblemasaos levantados da Igreja”,“homens los especialmente históricas”mas decisões tomadas pe parte umaruptura, “corrigiupois algu em foi Vaticano II Concílio o que de é mesmo. o continua sim, este princípio, o mas Verdade jánãosãomaisosmesmos, da defesa a para métodos Os Fé). da hoje Congregação Inquisição, para aDoutrina da Ofício Santo (ontem por issomesmo, elaspodemmudar determinados contextos históricos e, a busca por“formas adequadas”em possibilitou Verdade da contínua sa defe a modo, Desse Magistério). no presente naRevelação, naTradição e está que (aquela Verdade da defesa a Doutrina daFé hoje é o mesmo: a como sustenta aCongregação para passado, no Ofício Santo o tentava dentro”; ouseja, oprincípioquesus desde decisão a “motivando e nente papa, seuaspecto duradouro, perma o conforme expressando, instituição, teve oprincípiodefundoda“velha” na da Fé. Esta “nova” instituição man Ofício,chama-se Congregação para aDoutri Santo antigo o hoje, atuais: Sua forma concreta mudou nos dias da Cristandade. período do tituição ins típica – Inquisição a histórica: ca da Igreja” emumadeterminada épo ção criadaedirigidapelos“homens exemplo,por instituiaplicá-la, numa propostas porBento XVI, podemos Alguns dos pressupostosdos Alguns essen A conclusãoBentoque chegaXVI Se entendemos bem asideias man ------

to e deseparação notempo”. compreensão dos“modosdeconta “teoria” para quetorne possível a e presentes”. Por issoelabora uma cia ocupadaporconceitos passados convergên de zona “a justamente história dosconceitos éade cobrir dameriana, suaproposta para uma Influenciado pela hermenêutica ga os acontecimentos e asinstituições. então, seirradia dalinguagem para uma descontinuidade histórica que, pode ser ocontexto de origem de guagem. Além disso, alinguagem tas rupturas estão refletidas nalin como porcontinuidades, então es rupturas por tanto caracterizada é da análiseconceitual. Seahistória meio por localizada ser pode tórica ideia de que a descontinuidade his a é primeiro O centrais. parâmetros dois de partir a realizado foi selleck Vaticano II. o processo de recepção doConcílio tua nohoje, éfuturo feito presente, A estarriam ainda presentes saber”. no mento que nãodevem, ounãodeve modos inconscientes docomporta tanto aelaboração racional como os cordados. Naexperiência sefundem foram incorporados e podemserre sado presente, cujosacontecimentos uma delas.Ae cada de significado do esboço breve ex periências. Koselleck nosoferece um suas às sentido dá mundo, seu organiza homem o “antropológico”, rias decaráter “meta-historico” ou catego duas tativas”. dessas Através expec de “horizonte e experiências” terminada relação entre “espaço de historiador estaria em jogo umade período histórico aseranalisadopelo tóricos –ofuturo passado. e projetos seusprojetos passados, his mais precisamente, as possibilidades turo; nãoofato, masapossibilidade; é propriamentepassado, o fu maso não historiográfica temática A futuro. particularmente,ralidadee, sobre seu sobrepor umasociedade sua tempo rico”as concepçõessão construídas o “tempo histórico”. “Tempo histó constitui que o sobre noção uma para expectativa Todo o trabalho de Reinhart Ko Em todo conceito, realidade ou adesdobra ele reflexão, Desta pr u vz “e efe “se vez, sua por , xperiência “é um pas ------itrc” Aigms nã o ponto então o“tempo Atingimos histórico”. como algo identifica que na tensãoÉ entre dimensões asduas tegorias nãoexistem separadamente. presente. no atualizando-o futuro, um planejar de capazes também mas passado, do em grandeexperiências medida,pelas seres temporais, isto é, conformados, to, na medidaemqueoshomenssão da realidade como nodoconhecimen é possível, para oautor, tantoplano no poralidade.A existência históriada só real: a relação dohomemcom atem torna possível aexistência dahistória uma “condiçãouniversal” humana que constituem”. a e expectativa da parte formam de curiosida a ou receptiva visão a nal, tude, mastambém aanáliseracio e temor, desejo e vontade, ainquie que sóse podedescobrir. Esperança aponta ao[...]nãoexperimentado, ao 255. Preto:UFOP, nov./dez.7, nº 254- pp. 2001, In: e objetividade. tradição histórico: entre Koselleckdo conhecimento a respeito entre 8 hermenêuticas diferentes nas contidos ricos” histó “projetos de conflito O históricos. caracterizamque diversosos períodos esociais políticos conflitos os tender tenciais,a história chegar pode aen Atentandopara esses elementos exis (Heidegger). humana à finitude tivas informam “tensões existenciais”rela tempo”,do sociais gias indicam que e histórica, com suasdiferentes “ontolo se referir aoproblemada experiência expectativas determinadas e experiências binam em que os homens, que a fazem, tóriaconcreta ocorrer pode medida na com suas expectativas de futuro passada experiência sua de dimensão ram concretamente em seu presente a combina homens os como maneira da partir a ria histó da longo ao eclesial) também casoaqui, (no nosso e social política da ação o movimento entender fica: centralpropostade sua historiográ Cit. por Cit. PEREIRA,Rauter.Luisa Odebate SÃO LEOPOLDO, 4DEJUNHO DE2012|EDIÇÃO 395 Revista História da Historiografia da História Revista (Nota doautor)

Koselleck salientacaas duas que Todas estas categorias tematizam Hans-Georg Gadamer eReinhart Gadamer Hans-Georg 8 . A ciência histórica deve investigação acerca da acerca investigação . A his . , Ouro com ------Destaques da Semana www.ihu.unisinos.br 35 . - Entrevista Entrevista . Confira: ) Cantai! É terrível! De a Noite IHU On-Line Galos todos, IHU On-Line Não desperta Mais alto ainda! Mais alto Tão escuro ainda! escuro Tão Não haverá perigo Não haverá E não nos desperta! Emendar com a Noite? com Emendar Que despertais a Aurora, Que despertais E as horas se arrastando... E as horas Quando a própria Madrugada Quando a própria Entrevista publicada nas Notícias do Notícias nas publicada Entrevista em Dia disponível de 21-04-2012, http://bit.ly/IvAMA4; A CNBB depois da última assem bleia geral. Uma análise. publicada na IHU On-Line número em disponível de 23-05-2011, 362, http://bit.ly/lbUqKv. Igreja: de regente a terceiro violino • >> Sergio Coutinho já concedeu concedeu Coutinho já >> Sergio à entrevistas • Leia mais... o artigo Hélder Câmara: cartas do Concílio. Na edição 157, de 26-09-2005, publicamos a entrevista O Concílio, Dom Helder e a Igreja no Brasil, realizada com Ernanne Pinheiro, que pode ser lida em http://migre.me/ KtGO. Confira, ainda, a editoria FilmeSemana da edição 227 da IHU On-Line, 09- da 06-2007, que comenta o documentário Dom Hélder Câmara – o santo rebelde. O material pode ser acessado em http://migre.me/ KtIb. (Nota da em 1931. Aos 55 anos, foi nomeado arcebispo em 1931. Arquidiocese Assumiu a de Olinda e Recife. em 12-03-1964, permanecendo neste cargo durante 20 anos. Na época em que tomou posse como arcebispo em Pernambuco, o Brasil encontrava-se em pleno domínio às Paralelamente da ditadura militar. atividades religiosas, criou projetos e organizações pastorais, destinadas a atender às comunidades do Nordeste, que viviam em situação de miséria. Dedicamos a editoria Memória da IHU On-Line número 125, de 29- 11-2005, a Dom Hélder Câmara, publicando ------dos

Futuro Nem todos In: LUNEAU, : as mutações (1909-1999): Por isso a neces Por 12 (Nota do autor) * * * 11 (Nota do autor) , dos “galos cantarem”: , dos “galos 13 e esta ideia fica clara na Haveria Haveria possibilidade para algum É com esta visão da Tradição e visão da Tradição esta É com Mas, para isso, constrói outro outro constrói isso, Mas, para Dom Hélder Câmara Como disse, Como certa vez, um membro Danièle. “O bispo, HERVIEU-LÉGER,

Católica no Brasil e no mundo como um grande defensor da paz e da justiça. Foi ordenado sacerdote aos 22 anos de idade, das “pedras falarem” ou, como D. Hel D. como ou, falarem” “pedras das der Camara ����������������������������������� para alguns bispos da Cúria Romana brasileiros: “Não tenho a menor saudade do 1º milênio!”. ��������������� ��������������������� a Igreja e a modernidade”. (org.). & MICHEL, Patrick René os caminhos levam a Roma Vozes, atuais do catolicismo, Petrópolis: 1999, pp. 320-321. �� arcebispo lembrado na história da Igreja de passado, que a Igreja da “minoria da que a Igreja de passado, “minoria” mesmo é (ainda pessimista” e seu projeta “pessimista”?) futuro de plausibilidade na sociedade contem evan ardor um “novo com porânea gelizador”. Já a “maioria “maioria” de ser deixou que há muito otimista”, e parece“otimista”, desanimada pela da “parusia” de seu projeto demora histórico. che tenhamos Talvez projeto? “outro” disse Jesus, como ao momento, gado tempo tempo presente visando “nova realizar a evangelização” (recristianiza ção) do Ocidente. sidade de atrelar com firmeza -Passado “única a sobre XVI Bento de semântica e mesma identidade da Católica Igreja do tempo. longo ao Romana” comprometidos com a comunhão com com comunhão a com comprometidos o Sumo e, consequentemen Pontífice te, com a manutenção da identidade romana. católica horizonte de expectativa na projeta messiânica”: de “antecipação forma e radicalmen próximo em um futuro, no um mundo novo transformado, te qual poderia ser plenamente restitu da ída a plausibilidade da mensagem por meio possível Isso só será Igreja. de uma forte mobilização católica no porais ainda maiores para controlar e controlar para ainda maiores porais de o espera desacelerar horizonte da restaura através “alberigonianos” de disciplinas, cate ção/implantação e congrega ordens cismos, liturgias, eclesiais e movimentos religiosas ções ------) Con , mas , 10 IHU On-Line (o modelo de 9 : realizado de 1545 : Revista Internacional de : Revista (Nota do autor) ecclesiae ecclesiae primitivaeforma sobre os 40 anos do Vaticano II, os sobre 40 anos do Vaticano Já a “representação do tempo” do tempo” Já a “representação Mas, por sua acentua o vez, hori Por Por outro lado, revaloriza outro Assim, tomando emprestado a emprestado tomando Assim, Concilium Concílio Trento de

qual é denominado como Concílio da (Nota da Contra-Reforma. �� nº 312, fasc. 4, Vozes, Petrópolis: Teologia, ano 2005. histórica) e a disciplina eclesiástica, no da Igreja Católica e contexto da Reforma a reação à divisão então na vivida Europa razão pela Protestante, devido à Reforma 9 a 1563, o 19º foi concílio ecumênico. III para Paulo Foi convocado pelo Papa assegurar a unidade da fé (sagrada escritura o espaço da experiência, dando a ela da experiência, o espaço densidade e tem um prolongamento da hermenêutica da “minoria pessi do tempo a aceleração teme mista” ampliar Procura otimista”. “maioria da desânimo atual “Vatica perguntando: esquecido?”. no II: um futuro Revista Internacional de Teologia de Teologia Internacional Revista cilium onde os articulistas demonstram seu cultural” cultural” da Igreja e sintonizada/atu alizada com o mundo moderno. Isso fica bemevidente, em um número da o Concílio – procurando intensificar e acelerar esta expectativa – trabalhan “revolução do por uma verdadeira as Igrejas”. após abriu se que expectativa de zonte 1054 (cisma do Oriente), que, segun Morini, estava Enrico do o historiador entre recíproca “nutrida de comunhão milênio”, não na busca de uma idea não na busca milênio”, lizada das práticas e “espírito”do daquela de ainda indivisa pela ruptura Igreja “reformulação da tradição anterior”. da tradição “reformulação que é a do “1º da experiência, espaço Reforma Gregoriana e aprofundadas aprofundadas e Gregoriana Reforma no Concílio de Trento Cristandade). Em síntese: defendem a pelo chamado “2º milênio” da história pelo chamado “2º milênio” história da uma onde se desenvolveram da Igreja vindos desde a costumes e tradição procura controlar e rejeitar certo espa certo e rejeitar controlar procura ço da experiência delimitado (não só mas mentalmente) cronologicamente, toriador italiano Giuseppe Alberigo Giuseppe Alberigo italiano toriador (“leitura descontínua otimista”), conciliar, no “espírito” sua ênfase toda e de Koselleck, podemos dizer que hermenêutica da a Escola de Bolonha, his do falecido ao trabalho referente representação de tempo histórico histórico de tempo representação EDIÇÃO 395 | SÃO LEOPOLDO, 4 DE JUNHO DE 2012 LEOPOLDO, 395 | SÃO EDIÇÃO 36 www.ihu.unisinos.br Destaques da Semana da fundação da fundação da de Associação Gaúcha vigor.globalização em modelo de Participou os perigosdo para alertando renováveis, e no usodos agricultura recursos na não sustentável o desenvolvimento defendeu e Sul. Aà natureza se dedicou então, de partir do lavouras doRioGrande agrotóxicos nas de o usoindiscriminado denunciar para carreira a Basf, abandonou da executivo anos como treze depois de Em 1971, 1992. Presidênciada Repúblicada a 1990 de do Meio Foi secretário-especial Ambiente ambiental. preservação conservação e pela luta na ativamente participou que 2002): 1 da morteLutzembergerde Por Márcia Junges jáquestionava1971 “Lutz” o cálculo doPIBeapontava oFIB como mais coerente pertinentes edialogam com omundoemquevivemos, pondera LilianDreyer. Em Uma década apósamorte doecólogo eativista ambiental, suasideias continuam Lutzemberger A atualidade dolegado de Terra habitável

José (1926- Lutzemberger Antônio IHU On-Line - Passada uma déca

agrônomo e ecologistabrasileiro uma espécie de céu na Terra, se conseguísse estávamos próximosdesfrutarde poder de tantoEle al. percebeu quantointuiu quantoo um caminho de profundo significado espiritu traçou religiosa, ou mística inclinação nhuma ne tinha não que “Lutzenberger, completa: generoso”. muito e “acessível,divertido era E “brabo”, de fama a tinha que em tempo mo mes passional”.Ao “forma de dava se vezes cobrança”, na às e que crítica algo na “rápido ser por caracterizava se ele “Lutz”, de Lilian morte.sua Carinhosamentepor chamado a importância doseulegado umadécada após concedeu por e-mail à da jornalista Dreyer, Lilian em entrevista que desatualizou”. é afirmação se A nada em que mação, quedesenvolveu umcorpode ideias do,o ponto sob devista deformação einfor “L homem excepcionalmente prepara vista ambiental, foi umecólogo, um ati um apenas foi não utzenberger 1 , quais IHU On-Line, - me/5uSsx. em disponível 2002, de maio em favornatureza da Line daRevistamais naedição 18 Leia Gaia. Fundação criou a e - do país antigas mais ambientalistas das entidades uma - Proteção ao (AGAPAN)Natural Ambiente foium ecólogo, um homemexcepcio ambiental, ativista um apenas foi não Lutzenberger fazia. ele que o e gava tude, acoerência entre oqueelepre mais importante seja a sua própria ati são seusmaiores ensinamentos? , intitulada Lilian Dreyer- avaliando (Notada Lutzemberger: uma vida ------IHU On-Line , publicada em 20 de em 20 , publicada Talvez o primeiro e com atuaçãoáreana deproduçãoaudiovisual ra,Dreyer Lilian é diretoraVidicom da Edições, Caudal daVida”. verência diante queele do chamava oGrande mos recuperare reum sensodehumildade 2008). cia Social de uma Nação Johannpeter,Elena Maria com junto e, 2004) Edições, diovisuais Lutzenberger José entre outros, de, autora É 1999. de junho até munerada) e não-re (eletiva função na permanecendo de presidentede Administração,Conselho do de Porto Alegre, e, em 1996, ocargoassumiu Educativo da Cooperativa Ecológica Coolméia, noConselho atuou e ecologia, operativismo e desenvolvimento cultural.ao coVinculada Jornalista, formadaUFRGS,pela eescrito Confira aentrevista. http://migre. ) IHU On- Sinfonia Inacabada - A Vida de Vida A - Inacabada Sinfonia - - - (Porto Alegre: Vidicom Au Vidicom Alegre:(Porto O Quinto Poder- Consciên -desperdício-lixo,acríticaaceitação na cio internacional, narelação consumo na agricultura, naindústria,comér no errado!”.percebeu ele que desvios Os gritando“gente, pegamos o caminho um imensopisca-alerta ligado, sempre contemporânea,vida da sempre com velava todosos aspectos relevantes çoua disparar umdiscursoque eno o Desde décadada princípio de 1970 elecome desatualizou. se nada em desenvolveu umcorpo que de ideias vista deformação einformação, que nalmente preparado,pontoo sob de SÃO LEOPOLDO, 4DEJUNHO DE2012|EDIÇÃO 395 (Porto Alegre: L&PM, ------Destaques da Semana www.ihu.unisinos.br 37 - - - - IHU (São IHU On- ) (sua lite (São Paulo: (São Paulo: 7 e Lyn Margu e Lyn 5 (1919): cientista ) IHU On-Line Gaia, alerta final (1938-2011): bióloga (1920-1992): escritor e nº 171, de 13-03-2006, publicou A vingança de Gaia A IHU On-Line ) Lynn Margulis Lynn . Admirava Isaac Asimov . Admirava Isaac Asimov Isaac 6 James Ephraim Lovelock James Ephraim

de Lovelock, disponível em http://bit.ly/ h7KNw6. De sua bibliografia em português, citamos Intrínseca, 2006) e Intrínseca, 2009). (Nota da Paulo: a perseguição que ela sofreu, por ex por ela sofreu, que a perseguição por os danos causados por pesticidas, dele de mudar na decisão pesaram vida. Ernst os rumos de sua própria a concep lhe apontou Schumacher e do da funcionalidade do local ção às que suas Lutz atou descentralizado, de a “constelação sobre observações dos ecossistemas. equilíbrios” dentro na hipótese livros Baseou um de seus Lovelock Gaia de James lis bióloga e americana, zoóloga, escritora cujo trabalho principal, Silent Spring, é geralmente reconhecido como o principal impulsionador do movimento global sobre o Ambiente. (Nota da 5 e ambientalista inglês, conhecido o por ser Atualmente vive de Gaia. Teoria autor da no centro de uma polêmica defender por que apenas usinas nucleares podem os livrar de um desastre. É membro honorário Associaton of Environmentalists for da Nuclear Energy (para maiores informações, A consulte sítio www.ecolo.org). o On-Line vingança de Gaia, de autoria A artigo o bioquímico estadunidense, nascido na Rússia, autor de obras de ficção científica mais famosa obra A e divulgação científica. Asimov é a série da Fundação, também de da Fundação, que Trilogia conhecida como faz parte da série do Império Galáctico e que combinou logo com sua outra grande escreveu obras Também série dos Robots. de mistério e fantasia, assim como uma total, No não-ficção. de quantidade grande escreveu ou editou mais de 500 volumes, Line 6 e na professora Universidade de mais científico trabalho Seu Massachusetts. importante a teoria da endossimbiose, foi segundo a qual a mitocôndria teria surgido a mitocôndriaendossimbiose: por seria um organismo separado que teria entrado em simbiose com células eucarióticas. Foi casada com Carl Sagan e com ele teve seu filho Dorion Sagan, jornalistaespecializado em e escritor Muito divulgação menos aceitação do meio científica. científico tem a hipótese de Gaia, que com Margulis começou a trabalhar ano de 1972. no hipótese de Gaia apresentada fora A por James E. Lovelock, químico inglês Gaia é uma deusa, a Mãe e inventor. terra grega. Na sua hipótese, Lovelock é um vivo organismo Terra sustentava que a terrestre Biota a que especificou Margulis e – o agregado de toda a matéria viva do planeta – é habilitada para o crescimento e tem um metabolismo e uma interação química apropriada à manutenção da temperatura do planeta da composição e atmosférica nos níveis desejáveis para a Terra. eclosão e a existência da vida na (Nota da 7 - - e ) 4

(1872- , sob o , ocorrido , de 28-02- (1907–1964): IHU On-Line ) IHU On-Line (1879-1955): físico , disponível em http:// IHU On-Line Einstein: 100 anos depois , disponível em http:// Terra habitável: um desafio um habitável: Terra de bar” e acompanhar o pensamen acompanhar e IHU On-Line 2 , disponível em http://migre. , influências de quenunca se 3 de jornalista de jornalista impediu que impediu que mas isso não mas isso alguma mesa Einstein. 100 anos depois do Annus Einstein. 100 anos depois do juntos em seus juntos Simpósio Terra Habitável Simpósio Terra trabalhássemos trabalhássemos Albert Albert Einstein Rachel Louise Carson Louise Rachel Bertrand Arthur Arthur William Russell Bertrand

quando o conheci, o conheci, quando “Eu era um esboço esboço um era “Eu livros, em geral em em geral livros, profeta da vida racional e da criatividade. (Nota da 4 cientista alemão, do qual o professor Alberto dos Santos participou, Carlos concedendo uma entrevista. Leia, ainda, a edição 130 da 2005, intitulada Paulo II. Annus Mirabilis. João Balanço do e perspectivas migre.me/16Mur e a edição 141, de 16-05- 2005, chamada para a humanidade migre.me/16MuZ. (Nota da 3 matemáticos, influentes mais dos um 1970): XX. século no viveram que lógicos e filósofos liberal, ativista e um popularizador Político da filosofia, Russellinúmeras pessoas como uma espécie de foi respeitado por 2 alemão naturalizado americano. Premiado com o Nobel de Física em 1921, é famoso por ser autor das teorias especial e geral da relatividade suas ideias e por sobre a natureza corpuscular da luz. É, provavelmente, o físico mais conhecido do século XX. Sobre ele, confira a edição nº 135 da revista título Mirabilis TV Unisinos produziu, a pedido A me/16Mto. do IHU, um vídeo de 15 minutos em função do de 16 a 19-05-2005, em homenagem ao dim de sua mãe, e que começou a se dim de sua e que mãe, começou o quedes compreender em interessar do apoio e da mente por causa cobria mais que pouco de seu pai. Era aberta a estudar um piá quando começou Einstein to do filósofo e matemático Bertrand Russell Carson Rachel A bióloga apartou. ------Ga livro quedei livro Lutz” era rápido Lutz tinha alma e Lilian Dreyer – Dreyer Lilian IHU On-Line - Lutzemberger IHU On-Line - Lutzemberger Lilian Dreyer – “ Dreyer Lilian IHU On-Line - Quais são as maio são - Quais On-Line IHU nava com pensadores e universidades e universidades pensadores com nava que dizia Ele continentes. os todos em jar no natureza da mágica a descobriu formação de cientista, com pós-gradu com cientista, de formação Unidos, nos Estados química em ação idiomas e se relacio cinco dominava referenciais teóricos que embasavam que embasavam teóricos referenciais ideias? tais tornou-se conhecido por sua visão visão por sua conhecido tornou-se os seus eram Quais vida. da sistêmica grafia, uma frase padrão que ouvi de mudou a minha “ele foi entrevistados vida”. bre bre o mundo. Depois de sua partida, que de memórias em quando o livro bio em se converteu trabalhávamos juntos em seus livros, em geral em al em geral em seus livros, em juntos simples A presença de bar. guma mesa dele modificava o olhar gente da so se essa qualificação. Eu era um esboço esboço um era Eu qualificação. essa se mas quando conheci, o de jornalista isso não impediu que trabalhássemos em abertura e disponibilidade. Não é em abertura o chamasse de gente quetanta à toa atribuís não se ele embora professor, osa. Quando percebia que alguém osa. Quando percebia tinhainteresse sincero aprender, em sua rabugice de imediato se convertia também também acessível, divertido e muito generoso. Apesar da postura uma pessoa afetu meio rígida, era física na crítica e nacobrança, que ele mui tas vezes expressava de forma pas sional. Fazia jus à fama de brabo. Era soa Lutzemberger? Como era convi Como era Lutzemberger? soa com ele? partilhar saberes e ver res lembranças que você tem da pes tem que você lembranças res pensamento econômico, econômico, pensamento que só e morrer de antes pronto xou publicado. foi recentemente falhas em suas avaliações e previsões. previsões. e suas avaliações em falhas painel em um grande Ele traçou rimpo ou – gestão Crítica do ecológica te. te. Lutzenberger algumas vezes equivocou com relação a prazos, mas se acho difícil que se grandes encontrem biomas como a Amazônia, tudo isso continuadramático agora e - reque mais urgen redirecionamento rendo da tecnologia, no posicionamento no posicionamento da tecnologia, coletivoante ecossistemas grandes e EDIÇÃO 395 | SÃO LEOPOLDO, 4 DE JUNHO DE 2012 LEOPOLDO, 395 | SÃO EDIÇÃO 38 www.ihu.unisinos.br Destaques da Semana Line da (Nota http://bit.ly/NzuiTb. em nos publicado artigo possibilidades, e limites sustentável: desenvolvimento e sustentável Line seus heróisheroínas” e ignorar nossas realizações cooperativas http://bit.ly/KXLdxB: em cassino global” seu maluco de em decorrência de consciênciadocolapso está evoluindo rumo a níveis mais elevados On-Line: IHU à concedeu que entrevistas as Confira 1999). Cultrix, sustentável economia global uma modelando globalização: da Além �� �� da em autoridade Teilhard(Nota de Chardin. cosmólogo e geólogo, considerado como ecoteólogo, bem historiador e 9 8 On-Line da (Nota filosofia. em exceto Dewey, de bibliográfica classificação de sistema do importante categoria cada obras em tem e ou postais, mil cartas 90 aproximadamente no exterior. agenda deinterlocutores, Brasilno e que compuserambiblioteca sua esua paradá citar avariedade denomes Henderson Hazel pessoal, e Ross Jackson,eraquais dos amigo Daly Herman com giu interesse Rupert Sheldrake Berry Thomas Schweitzer Albert científica), ratura todos ganhem 1991), Cultrix, TranscendendoEconomia a vários livros, no Brasil seus forampublicados www.hazelhenderson.com.página na Dos pode serconferido Seu trabalho britânica. �� ly/I5ezMV. (Notada disponível paradownloademhttp://bit. a Diárias Confira às por Daly concedida entrevista deseconômico. crescimento de ideia a atribuída geralmente é ele College Park,de nos EstadosUnidos. A PolíticaEscola de na estadunidense Pública observado. (Notada e chegando estão Asendo estar de sensação seus donos quando sabem Cães natureza, da livros Orenascimento seus estão Entre dos a teoria camposmorfogenéticos. parte faz do qual teleológico, desenvolvimento modelo de um pesquisar e palestras dar escrever,a dedicado tem-se Bretanha, Grã- à volta De amplamente. usadas decultivonosemi-árido hoje de técnicas Participou,do desenvolvimento Índia, na auxina. da detransporte o mecanismo fisiologia e descobriu juntocomPhilipvegetal, Rubery, bioquímica em Pesquisador por damorfogênese. conhecido suateoria Paz em1952.(Notada na Recebeucomo docente. o Prêmio Nobelda Filosofia alsaciano. e e médico onde atuou Strasbourg, de Universidade Teologia em Formou-se filósofo músico,

Albert Schweitzer Albert

Thomas Berry IHU On-Line Herman Daly: Herman Hazel Henderson Cadernos IHU Ideias ) Sociedade e 16-05-2005, de 141, nº Rupert Sheldrake: do site do IHU, em 13-08-2011, em do IHU, do site ) (SãoPaulo:e 1996) Cultrix, Construindo um mundo onde ) 9 e acompanhava com (1914): padre católico, padre (1914): economista e professor e economista IHU On-Line (1875-1965): teólogo, (1875-1965): IHU On-Line (1933): economista (1933): IHU On-Line 11 nº 56, disponível nº56, biólogo inglês , Amory Lovins, Amory “O capitalismo “O “Não podemos “Não , na , (São Paulo: , disponível , (São Paulo: 10 12 ) ) . Intera ... Nem ... Notícias IHU On- IHU On- ) IHU 8 - , Lutzembergerpode nos ajudarapen eucalipto. do e soja da pobreza pela substituí-lo do Pampa,bioma ser anãoerradicá-loe riqueza incrível a com fazer sabe o que não curso em volvimentista desen modelo O agrotóxicos. de uso campeões- somos sada no mundiais o Brasilestá Hoje àmercêquímica da pe inevitáveis. quase retrocessos lamentar, as vitórias sãoparciaise os costumava Lutz próprio o como Mas, taçãopesticidas,dos em Brasil. o todo profundasna avaliação e regulamen mudanças produziram 1970 de cada ambientaisderamque caras as dé na da soja,emespecífico? e eucalipto do como monocultivo do nosso estado,junto e disso o avanço em hoje, pesticidas dos uso o avalia tóxicos nas lavouras gaúchas. Como carreira para denunciar o uso de agro lho na BASF, Lutzembergerabandou a IHU On-Line -Após 13 anos de traba tanto quanto pude observar elatende relação ànatureza e àdistribuição de guinada ética com renda noplaneta” cética em relação natureza, emvez a mercantilizar a economia’, pois de propor uma IHU On-Line - Comoo legado de Lilian Dreyer- “Sou bastante a esta ‘nova l e s ativistas os e Ele ------de computador de última geração, o geração, última de computador de mecânica: confrontadoscom umgran destreza própria sua com fascinados nos comportamosainda como garotos rimpo ou gestão, destrutivos. Perdemos aprudência.”No livro tão tornamos nos qual bedoria pela janela. Esta é a razão pela sa a atiramos que só - espetacular to cultura desenvolveu umconhecimen andavamsabedoria juntas. “Já anossa “primitivas”, dizia ele, conhecimento e Emtodasda Vida. Caudal as culturas dianteele chamavaque do Grande o e reverênciaum sensodehumildade Terra, se conseguíssemosrecuperar desfrutar de uma espécie de céu na quantoestávamos próximos de poder espiritual. tantoEle percebeu quanto intuiu o significado profundo de umcaminho traçou religiosa, ou mís tica inclinação nenhuma tinha não Terra e,também, com oconsumo? sar umaoutra relação com avida na dos “primitivos”, o quanto percebia a percebia quanto “primitivos”, o dos quantoele respeitava cosmogonias as tenções eresultados.Considerando o padrões e, em cima disso, avaliar in capacidadeuma única deperceber veis reações de Lutzenberger. Ele tinha me que não atrevo éfalar sobre prová originárias? da biodiversidadedas populações e no quedizrespeito àpreservação te àsobras do PAC dehidrelétricas vável reação deLutzemberger fren humanidade. a toda para significado e abundância haveria condições sabedoria, para comvida uma de tipo esse a aliar se to conhecimen Terra,o na se vida da za aprender a operá-los.Diante da rique desvendarcisa lógica sua intrínseca e continuar desmantelando biomas pre de vez em mas científico, volvimento desen espantoso um produziu nífico, mag é cérebrohumano O mundo. do ecossistemas os todos com fazendo é isso, uma infantilidade, o que estamos ele, Para avião. de modelos fazer para e chapas fios os usamos depois desmantelamos com serra ealicate e SÃO LEOPOLDO, 4DEJUNHO DE2012|EDIÇÃO 395 Lilian Dreyer- Lilian Dreyer - IHU On-Line - Qual seria a pro Lutzenberger diz que Lutzenberger,que Se háumacoisa Ga ------Destaques da Semana www.ihu.unisinos.br 39

, ------física, Confira

. A . A física : ) disponível em ‘’Salvemos as Shiva é figura de

, e . (1952) diretora da Research diretora da Research

É

IHU On-Line http://bit.ly/t1B5IA Vandana Shiva Vandana IHU On-Line - Recentemente a IHU On-Line - Recentemente visitou o Rincão Gaia, onde onde Lut Gaia, o Rincão visitou 13

as seguintes entrevistas de Vandana as seguintes entrevistas de Vandana Shiva reproduzidas pelo site do IHU: da no centro a vida é colocar Ecofeminismo organização social, política e econômica, afirma Vandana http://bit.ly/KK0OTc Shiva sementes tradicionais’’ e os cultivos disponível em física eVandana econofeminista Shi va �� ecofeminista e ativista ambiental da Índia. Na década de 1970, participou daquele que ficou conhecido comodas Mulheres de Chipko, em formado o Movimento mulheres sua maioria por que adotaram a tática de para se amarrar às árvores impedir sua derrubada despejo de lixo e o atômico na região. Uma das líderes do International Forum on Globalization, Shiva em 1993, Award ganhou Right o Livelihood considerado uma versão alternativa do Nobel da Paz. Prêmio and Technology, Foundation Science, for em Nova Déli Ecology, destaque no movimento anti-globalização e consultora para questões ambientais da Network. Entre suas atividades Third World mais recentes, incluem-se iniciativas de ampla divulgação para a preservação das florestas da Índia, lutasementes como patrimônio da humanidade em favor das sobre biodiversidade e programas dirigidos a diferentes coletividades, além de pesquisas para o desenvolvimento de uma nova estrutura legal para os direitos de propriedade coletivos, como alternativa para os sistemas de direitos de propriedade intelectual atualmente vigor. em penso penso eu, historicamente, nesse tipo os que de na ideia foca se encontro de à proteção usar a querem países ricos como natureza instrumento para limi É econômico. nosso crescimento tar outros muitos a visão de também essa emer tornarem países ansiosos por se brasilei o governo disso, Além gentes. ro, em todos os níveis, continua sem da biodi uma visão estratégica ter versidade, nós continuamos vendo a natureza como estorvo e não como Mas de bem estar. aliada na produção da con pode resultar no que fé levo fluência de cidadãos conscientes do mundo inteiro no Rio. Acho que a ati vidade paralela aos oficiais, encontros a atividade da sociedade civil, É um mo deve ser bem mais interessante. para simbólica força de grande mento este momento da História, em que a o poder de a deslocar começa internet e decisão. informação esteve na Unisinos a convite do IHU em 2002. (Nota da ------Lutz na verdade, mágica da mágica de seu pai” descobriu a descobriu “Ele dizia que que dizia “Ele de sua mãe, e de sua mãe, Lilian Dreyer - Dreyer Lilian IHU On-Line - Esse ambientalista Esse ambientalista - On-Line IHU que começou a que começou compreender o compreender se interessar em em se interessar da mente aberta aberta da mente causa do apoio e causa que descobria por que descobria natureza no jardim no jardim natureza no planeta. A diplomacia brasileira, diplomacia A brasileira, no planeta. para o Meio Ambiente, a Rio-92. Eu la o Meio Ambiente, para que aqueles que hoje discutem mento interes pouco a Rio+20demonstrem da discussão se pelos antecedentes daquiloPIB/FIB e de que torno em chamam de eco seria o que agora nomia verde. Sou bastante cética em pois economia”, “nova a esta relação ela tende pude observar quanto tanto a mercantilizar a natureza, emvez de relação com ética guinada uma propor à natureza e à distribuição de renda também esteve ligado às conferên às ligado esteve também Passa Rio-92. da cias preparatórias pres está evento, desse 20 anos dos suas são Quais a Rio+20. a ocorrer tes expectativassobre as decisões que desse encontro? podem surgir na do Meio Ambiente ministro como de amplo personalidade como e época a ongs do mundo intei junto trânsito ro, esteve no centro das articulações Unidas das Nações da Conferência relação com os sistemas de suporte de suporte os sistemas com relação cami encontre da vida possivelmente nhos bem mais saudáveis. ------Robert Kennedy, Kennedy, Robert Lilian Dreyer - Dreyer Lilian IHU On-Line - Em seu livro publi livro - Em seu On-Line IHU como como nossas escolhas coletivas estão nossa real, nosso bem-estar afetando entre a população. Quando conseguir a população. entre e padrão desse mos nos desvincular sobre a nos perguntar começarmos se florestas, água limpa e saúde pública. sobre nada diz não que indicador um É distribuída está gerada a renda como Movimentação de dinheiro. É uma de dinheiro. Movimentação porque e meio absurda, rasa conta irrecuperá os recursos não desconta veis que foram gastos, como jazidas, como o FIB, para medir o grau de fe o grau medir para o FIB, como tra da nação licidade que as escolhas ziam ao seu povo. O que mede o PIB? Rio-92, Lutz apontava insistentemente insistentemente apontava Lutz Rio-92, pe deste a disposição e o Butão para algo queno um padrão, país criar em der, a prestar atenção nestas palavras. palavras. nestas atenção a prestar der, cima dis em martelava já ele Em 1971 à so. Depois, no período preparatório aquilo que faz com que a vida valha a foi pena. Desconfio que Lutzemberger do po pessoas, fora uma das primeiras questão de questionar o PIB como me como PIB o questionar de questão disseque Kennedy dida de progresso. com exceto tudo, com a ver o PIB tem pouco antes de morrer assassinado, assassinado, de morrer antes pouco que, intenso discurso um fez 1968, em nesta pioneiro foi sei, quanto tanto pessoas e as empresas se relacionam se relacionam empresas e as pessoas o meio ambiente? com (Felicidade (Felicidade Interna Bruta), por exem con Em plo? que medida essa nova as como iria mudar a forma cepção acentua que o PIB tal qual é concebi qual tal PIB o que acentua de se caso o Seria é um engodo. do, o FIB como pensar em expedientes cado postumamente, Lutzemberger Lutzemberger postumamente, cado nião pública, quando deveriam estar estar quando deveriam nião pública, discussões das nossas atuais no centro obras. de grandes a respeito truturação e as negociatas que estas que estas e as negociatas truturação terríveis, foram propiciaram obras pela opi ignorados mas permanecem lofotes histórias anteriores, como as as como anteriores, histórias lofotes Balbina, e Tucuruí de das hidrelétricas por exemplo. O desperdício, a deses sentada sobre concentração de poder de concentração sobre sentada e ativadorade corrupção,especulo sob ho colocando que ele hoje estaria natureza natureza como fonte do bem viver, o as a tecnologia abominava ele quanto EDIÇÃO 395 | SÃO LEOPOLDO, 4 DE JUNHO DE 2012 LEOPOLDO, 395 | SÃO EDIÇÃO 40 www.ihu.unisinos.br Destaques da Semana IHU On-Line plantou 30milhõesdeárvores. Network), noQuênia,umainiciativa que Pan-africano (Pan-African GreenBelt VerdeCinturão do movimento o fundou meio ambiente. Ainda nadécadade1970, do e florestas das conservação de luta sua queniano. país, seu dezembro, nasprimeiraseleiçõeslivresdo Universidade da Yale.emano, mesmo No do GlobalInstituteofSustainableForestry Em 2002,atuoufoiprofessoraconvidada tornou professoradeanatomiaveterinária. naquela universidade,ondetambémse e Centralareceberograudedoutora Foi aprimeiramulhernaÁfricaOriental 1971.em Nairóbi, de Universidade na de receberoseudoutoradoemanatomia antesGiessen, e Munique em Alemanha, pesquisadora emmedicinaveterináriana Pittsburgh e,emseguida, trabalhacomo mestrado embiologiapelaUniversidadede Kansas. em Atchison, College,Scholastica St Mount no biologia, da ÁfricaOrientalaobterobachareladoem 1960. nos EstadosUnidosapartirdesetembro quenianos, pôdeprosseguirseusestudos Joseph P. Kennedy Jr. e,comoutros300 Porém, recebeuma bolsa daFundação Uganda.Kampala, em Oriental, África pretendia ingressarnaUniversidadeda concluir osestudossecundários,em1959, na áreaháváriasgerações. numeroso grupoétnicodopaís,evive Kikuyu,etnia família pertenceà maiso do Quênia,entãocolôniabritânica.Sua no distritodeNyeri,naProvíncia Central Nobel daPaz. Nasceu naviladeIhithe, receber,a africana Prêmioo 2004, em ambiente queniana.Foiaprimeiramulher professora eativistapolíticadomeio- �� alimentar osideaiscomuns. tandoao local ele onde “se reciclou”, e homenagearquis depois, o amigo, vol anos dez agora, e dele, falecimento pouco Mundial, rum Social antes do Fó duranteum Rincão no Lutz visitou Vandana hoje. até faz Vandana como isso, por Batiam-se alimentos. de cia comunidadeharmônica e abundân dos e poder de decisão local produzem tura saudável, ecossistemas equilibra sobremesma visão comouma agricul a tinham Eles agrotóxicos. de presas de dominaçãodas sementes pelasem florestas,as processo agricultura o a e discutiam se onde internacionais tros costumavam atuar juntosencon nos Maahatai Wangari e Lutz ela, como ções demundo, devida? Qual é o nexo que une suas concep bientalista ao seu lugar derepouso? significado da ida dessa amiga do am zembergerestá sepultado. Qual o é

Wangari MutaMaathai( Lilian Dreyer-

Em 1964, torna-se a primeiramulhertorna-se 1964, Em

foi eleita membro do Parlamentodo membro eleita foi F icou conhecidanomundopela )

Em 1966, obtém oobtém 1966, Em Vandanacontou

1940 Depois de

(Nota da - 2011) 14 ------:

o ico aa qe urs ativida outras que Gaia, Rincão ao o aspecto filosófico de seu tra seu de Lutzenberger, filosófico aspecto em o percebido co oportuno colocar umaspecto pou centar algum aspecto não questionado? humanidade. por umareorientação de rumosda de décadas vem seempenhando longo ao Lutz, do figura pela rados de reencontro daqueles que, anco to, foi umponto alto, ummomento Rincão enoFronteiras doPensamen no Shiva, Vandana com encontro O continuarão nospróximos meses. paisagismo. Essesdebates temáticos tema central foi otrabalho deles em neiro, naLivraria Cultura, ondeo de umencontro, com Augusto Car Participei Lutzenberger. Jardim no Gaia, ver debateu odocumentário de Cultura MarioQuintana exibiu e dos Agricultores Ecologistas. ACasa espaço. Foi homenageado naFeira tou àmídia, quelhe dedicou amplo vol Lutz intensa. muito gramação ambientalista? des foram feitas memória do em interesse sincero disponibilidade” IHU On-Line - Alémda visita Lilian Dreyer - IHU On-Line-Gostaria deacres Lilian Dreyer - em abertura e em aprender, alguém tinha percebia que sua rabugice se convertia de imediato promoveu também saraus “Quando Houve uma pro uma Houve Creio que é uz Fore Lutz

------hcno eas tle cd de cedo talvez demais, nhecendo co homem, O faustiana. situação Uma decisivo. momento Um novo! totalmente fato um é Este Gaia. de fotoprimeira aquela representa que Vida, da História de termos em mas humana, história de termos em te somen não monumental, do conta dão-se Poucos beleza. singela sua toda em mesma, si a viu-se vez ra satélite,Terrade a gens primei pela ima nas e astronautas dos olhos os de umdeseustecidos. células como somos individualmente, humanos, nós gregos, dos Gaia a ra, Terda organismo No destes. ao rior supe organização de nível num rém po banhado, ou cerrado um bosque, um é o como vivo, sistema um é mas morrem, e se envelhecem reproduzem, crescem, nascem, que dividual, como umaplanta ouumanimalin vivo ser um Terraé a não que claro É ção, umtrecho deseusescritos: balho. Deixo aqui,como ilustra Leia mais... Mas isto nãoé inevitável. Gaia. para mortal perigo um representa comportamento nosso as crises anteriores. Neste momento, cesso de demolição que supera todas pro um desencadeou gula incontrolável, com e orgulho de cego mais, • entrevista à >>Lilian Dreyer jáconcedeu outra SÃO LEOPOLDO, 4DEJUNHO DE2012|EDIÇÃO 395 bit.ly/bcGwLK http:// em disponível 12-04-2010, ção324 darevista Edi sustentabilidade. a garantir de Adequação ecológica: única forma Já somos os olhos de Gaia. ComGaia. de olhos os somos Já IHU On-Line. IHU On-Line IHU Confira: , de ------

Destaques da Semana www.ihu.unisinos.br 41 - - - - Os

- - - (São (Rio de Comida e socie Bebida, abstinência IHU On-Line – Esse período de – Esse período On-Line IHU – Carneiro Henrique Soares (São Paulo: Boitempo, micas cíclicas, e as ondas de rebelião e as ondas de rebelião cíclicas, micas econô crises as de social assim como e a difu a oscilações obedecem micas sões. O movimento atual tem eviden na onda de rebeliões referências tes também que correspondem de 1968, do modelo ao início do esgotamento da e ordem mundial Potsdam de Yalta contestação pode ser equiparado a ser equiparado pode contestação Qual? na História? outro possuem dinâ períodos históricos - - - - Occupy. Movimentos Occupy. de protesto Amores e sonhos da flora. Afrodisíacos e Henrique Soares Carneiro é bacharel, a entrevista. Confira inspirada inspirada no artigo de Carneiro, escrito para a coletânea que tomaram as ruas 2012). mestre e doutor em História Social pela Uni onde leciona. – USP, São de Paulo versidade De sua vasta produção bibliográfica destaca mos alucinógenos na botânica e na farmácia Paulo: Xamã Editora, 2002), dade. Uma história da alimentação Janeiro: Campus, 2003) e e temperança na história antiga e moderna 2010). Senac São Paulo, Editora (São Paulo: . - - - - IHU On-Line IHU culação social dos conteúdos citados. social dos conteúdos culação busca busca de alternativas revolucionárias, retoma revolução palavra a própria sua condição de pela utopia realizável junto. agir de coletiva vontade simples de os mo há o fato lugar, Em terceiro totalmente mesmo sem ser vimentos, espontâneos, serem organizados por forças políticas críticas ao sistema po lítico e sindical oficial. Finalmente, os ágeis, usos de meios de comunicação são veícu etc. celulares, por internet, los particularmenteeficientes de arti -

Seja em

eja em Nova Iorque, em Madri, em em Iorque, Nova eja em há uma denúncia ou no Cairo, Túnis o poder com dos ricos da aliança

Em segundo lugar, Em segundo lugar,

no sistema financeiro global”. A entrevista foi A no entrevista sistema financeiro global”. social e haja direções revolucionárias capazes social capazes e revolucionárias haja direções de apontar nessa O direção”. sistema capita de um colap à beira está um todo como lista sua “da e sociais, ambientais so em termos sua reprodução de gerir capacidade própria ampliada na medida em que os mecanismos em colapso entrando estão dessa reprodução para para oprimir afirma oe o his explorar povo”, toriador Henrique Soares Carneiro na entre por e-mail à que concedeu vista podem se as manifestações Em sua opinião, à “medida que em revoluções em converter o desespero aumente da crise o agravamento “S

Henrique Soares Carneiro – Carneiro Henrique Soares IHU On-Line – Há um traço que um traço – Há On-Line IHU

no Cairo, há uma denúncia da aliança há uma denúncia da aliança no Cairo, oprimir e o poder para com dos ricos o povo. explorar há uma unidade objetiva da própria perdulária, exploradora e predatória predatória e exploradora perdulária, global. econômica da ordem ou Madri, em Túnis em Iorque, Nova Sim. O que une os protestos globais ao uma recusa lugar, primeiro em é, uma denúncia da ação capitalismo, une as mobilizações e protestos so e protestos une as mobilizações em 2011? ciais no mundo afora Por Márcia Junges Por Márcia Pelo mundo afora manifestantes denunciam os conchavos dos ricos para “oprimir e “oprimir para dos ricos denunciam os conchavos manifestantes mundo afora Pelo podem redundar Manifestações Carneiro. Henrique Soares destaca o povo”, explorar social” da crise e o “desespero o agravamento com em revoluções capitalista em colapso em capitalista A indignação e o sistema e o sistema A indignação Paulo: Boitempo, 2012) Boitempo, Paulo: Movimentos de protesto que tomaram as ruas (São (São as ruas tomaram que de protesto Movimentos HARVEY, David; ZIZEK, Slavoj. ALI, Tariq et ali. Occupy. Occupy. ali. et Tariq ALI, Slavoj. ZIZEK, David; HARVEY, Livro da Semana da Livro EDIÇÃO 395 | SÃO LEOPOLDO, 4 DE JUNHO DE 2012 LEOPOLDO, 395 | SÃO EDIÇÃO do segundo pós-guerra. Mas em cada IHU On-Line – Em que medida IHU On-Line – Em que medida país há dinâmicas próprias. essa indignação pode se converter a segurança alimentar tem sido uma em revolução? das formas de controle e disciplina IHU On-Line – Qual a peculiari- Henrique Soares Carneiro – Na da população? Como esse controle se dade dos indignados? O que os dife- medida em que o agravamento da cri- relaciona com essas revoltas que ora rencia de outras manifestações so- se aumente o desespero social e haja presenciamos? ciais que já ocorreram? direções revolucionárias capazes de Henrique Soares Carneiro – O Henrique Soares Carneiro – Os apontar nessa direção. aumento dos preços dos alimentos indignados não têm ainda uma defini- ajudou a desencadear as revoltas nos ção clara do que são. Uma coisa é o IHU On-Line – Salvar bancos e países da África do Norte e do mundo que ocorre na Espanha, onde há ten- arrochar a população vêm se tornan- árabe. dências como DRY (Democracia Real do uma constante no capitalismo. Ya) e outra em distintos lugares. Têm Pensando na crise de 2008, acredita semelhanças com outras irrupções de que esse sistema está à beira de um movimentos de juventude, mas carac- colapso? terísticas históricas próprias, ainda di- Henrique Soares Carneiro – Sim, Leia mais... fíceis de analisar em poucas linhas sob como colapso social e socioambiental risco de superficialidade. e também como colapso da sua pró- >>Confira a entrevista concedida pria capacidade de gerir sua reprodu- IHU On-Line – Tomando em con- ção ampliada na medida em que os por Vladimir Safatle à IHU On-Line sideração essa conjuntura, o ano de mecanismos dessa reprodução estão 362 inspirada na coletânea Occupy. 2011 foi bom para a esquerda? Por entrando em colapso no sistema fi- Movimentos de protesto que quê? nanceiro global. Isso ameaça também Henrique Soares Carneiro – Sim, a ordem do segundo pós-guerra do tomaram as ruas: obviamente, se pensarmos em es- FMI, do Banco Mundial e do dólar. • A política contemporânea tende a ir querda como o polo dos movimentos sociais de explorados e oprimidos an- IHU On-Line – Quais são os refle- para os extremos. Revista IHU On- ticapitalista. Porque aumentou a influ- xos do Occupy no Brasil? -Line, número 392, de 14-05-2012, ência das organizações e das ideias da Henrique Soares Carneiro – Os esquerda revolucionária com reflexos reflexos são ainda pequenos, mas ten- disponível em http://bit.ly/JDN2z2 em vários países, a se destacar o Siryza dendo a crescer, pois o país também na Grécia. está imerso na crise global.

Evento: IHU Ideias Data: 14-06-2012 Palestra: Rio+20 e alternativas energéticas: tecnologias limpas para o aproveitamento do carvão mineral Palestrante: Prof. Dr. Roberto Heemann - PUCRS - Pes- quisador do Centro de Excelência em Pesquisa e Inovação em Petróleo, Recursos Minerais e Armazenamento de Car- bono (CEPAC) Horário: 17h30min às 19h Local: Sala Ignacio Ellacuría e Companheiros, no IHU Mais informações: http://migre.me/9matj

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EDIÇÃO 395 | SÃO LEOPOLDO, 4 DE JUNHO DE 2012 43 A crise mexicana e os negócios da convergência digital

Por Irma Portos Pérez 1

Os efeitos da crise no México têm sido chamadas redes sociais, ativadas nos telefo- evidentes. Ao depender crescentemente do nes celulares que hoje somam mais de 110 ciclo econômico dos Estados Unidos, o que milhões operando no país, como resposta à confere peculiares características dentro do queda de investimento em infraestrutura de modelo econômico neoliberal de tipo orto- redes para a telefonia fixa. Essa caída tem doxo (“o mercado é o que manda”) no ex- prejudicado severamente e condenado ao terno, mas no interno prevalece a proteção atraso tecnológico, econômico e de comuni- aos principais monopólios privados, sobre- cação milhares de municípios e populações tudo da comunicação, da informação e da do espectro nacional. cultura. A indústria de serviços de telecomu- Esse modelo, que tem prejudicado pro- nicação tem sido uma das mais favorecidas fundamente ao tecido social e produtivo do em termos de rentabilidade, pois vem con- país, vem se aplicando desde os 1990 com centrando sua atuação à comercialização da o objetivo central de impulsionar os gran- rede elétrica e de fibra ótica, propriedade da des grupos exportadores mexicanos dentro nação para o lucro de seus benefícios eco- dos quais se encontram os monopólios da nômicos. O Estado neoliberal tem permiti- comunicação e a cultura. A partir deste mo- do o fortalecimento de uns quantos grupos mento destacam os consórcios dedicados empresariais, impedido e limitado à partici- aos negócios da convergência digital, cujo pação de outros competidores e, portanto, epicentro e eixo das atuais disputas empre- tem propiciado o encarecimento acelerado sariais é entre o das telecomunicações e os dos serviços de telecomunicação, além de meios de comunicação, destacando a TV afetar a operação e extensão de redes de aberta e paga, e em geral as atividades uni- telefonia fixa que levariam os serviços- ne das ao entretenimento e ao consumo de mi- cessários para a comunicação de internet às lhões de mexicanos. Dessas se destacam as regiões cada vez mais estagnadas do país.

______* Irma Portos Pérez é comunicóloga e economista, investigadora e docente da Universidade Nacional Autônoma do México – UNAM. É uma das coordenadoras do grupo de trabalho de Economia Política da Comunicação da Associação Latino-Americana de Investigadores da Comunicação – ALAIC e colabora regularmente nas atividades do grupo Cepos. E-mail: .

44 SÃO LEOPOLDO, 4 DE JUNHO DE 2012 | EDIÇÃO 395 Nessa perspectiva, a chamada meios, não incluindo os serviços de comunicação, unidas com as ativida- economia digital que resume os re- telecomunicação. des financeiras, oferecem uma com- sultados das atividades dedicadas à Sabe-se do poder econômico binação interessante para a geração comunicação, informação e entreteni- fruto da concentração dos principais de ganhos extraordinários que, ao que mento, todas elas atividades concebi- grupos multimídia mexicanos no cha- parece, é o que destaca do dinamismo das no marco das indústrias culturais mado oligopólio Televisa e TV Azteca, atual dos principais investidores, favo- (agora em debate conceitual ante a além da grande concentração do ne- recidos pelos governos do México ne- acepção econômica neoliberal de in- gócio das telecomunicações em uma oliberal. Desde a presidência de Carlos dústrias criativas concebida no mun- empresa que foi do Estado até me- Salinas de Gortari (1988-1994), Ernes- do anglo-saxão, especificamente na ados dos anos 1990: Telefones Me- to Zedillo (1995-2000), Vicente Fox Grã-Bretanha), que, sem dúvida, têm xicanos (Telmex). Recordemos que a (2000-2006), Felipe Calderón (2006- um impacto econômico cada vez mais empresa, agora propriedade de Carlos 20012): todos eles são os responsáveis relevante correspondente à evolução Slim, foi uma das mais importantes pelo crescimento de atividades ilícitas da sociedade da informação e a eco- empresas do Estado mexicano, pio- no México, fruto do narcotráfico, bem nomia do conhecimento e o acelerado neira na digitalização de suas opera- como da decomposição e degradação dinamismo dos meios audiovisuais. ções, que atualmente opera através de milhares de mexicanos, fundamen- Isso não só tem revolucionado as ati- de Telmex Internacional em um amplo talmente jovens, milhões de mexi- vidades mediáticas tradicionais (TV, espaço geográfico que inclui a vários canos que merecem um país melhor rádio, cinema e imprensa) senão que países da América do Norte e do Sul. com empregos e salários dignos, res- a cada vez mais são aplicadas em um Dentre estes destaca-se o Brasil, que peito à diversidade de opinião e que conjunto de indústrias produtoras de tem recebido fortes investimentos na têm saído às ruas das principais cida- bens de consumo e de capital com a construção de infraestrutura em redes des clamando a regeneração do país finalidade de gerar maiores margens fixas e a presença a cada vez maior da a partir de consignas simbólicas da de produtividade e ganhos. América Móvel, como uma das opera- realidade que hoje se vive em México: Pode-se observar a tendência doras mais lucrativas do grupo Carso, “Queremos educação, Não televisão”. dos últimos dois anos no crescimento propriedade do empresário Slim, que, do setor mediático, incluindo as tele- como conglomerado, atua em diver- comunicações, em comparação com sos setores que incluem à banca e o ERRATA o desempenho da economia mexi- comércio, e que de maneira recente Na coluna do Cepos da edição cana. Destaca o impulso do primeiro tem dado a conhecer fortes investi- passada da IHU On-Line (número 394, semestre nas diferentes atividades mentos em infraestrutura dentro e de 28-05-2012) publicamos errone- mediáticas, e sua decaída no segun- fora de México. amente o nome do autor do artigo. do semestre de 2011, que sem dúvida De maneira geral, é possível afir- Ao invés de Bruno Lima Rocha, leia-se refletiu o impacto negativo da crise mar que as atividades derivadas das João Miguel. econômica e a queda no consumo de novas tecnologias da informação e

EDIÇÃO 395 | SÃO LEOPOLDO, 4 DE JUNHO DE 2012 45 46 www.ihu.unisinos.br Destaques da Semana nas nucleares? campanha por umBrasil livrede usi Confira a entrevista, publicada originalmente no sítio do IHUem 17-05-2012 e está disponível em http://bit.ly/KSdW7I. são avançados, equeoBrasil nãopodeficar para trás”, afirma o arquiteto sinônimo dealta tecnologia, dequeospaísesinvestem nessemodelodeenergia “Os defensores daenergia nuclearconseguem pintar umaimagem dequeelaé Francisco Whitaker nuclear. Entrevista especialcom Por umBrasil livre deenergia Dossiê Brasil: Chega deUsinasNucleares! panha iniciou após o desastreo após iniciou panha de IHU On-Line – Em que consisteIHU On-Line–Em a Francisco Whitaker – não libere esse dinheiro, se pois ogoverno externo.“Pressionamos paraa Alemanha que financiamento um de depende que III, Angra A primeira foiadiamentoo conclusãoda de vitórias.conquistaram já duas Articulação a e Coalizão a que avalia Whitaker telefone, por energia nuclearnopaís. da ampliação da desistir a federal governo o convencer de sentido no atuam frentes duas queas diz e Coalizão da participa Whitaker Francisco brasileiro ativista e arquiteto O ra. brasilei energética matriz da composição a repensar para ações promovem e energético informações sobre os riscos desse modelo divulgam Brasileira, que Anti-Nuclear culação Arti a e Nucleares, Usinas de Livre País um por Coalizão a discussão: frentesde duas por Brasil épromovidalivre deenergia nuclear” um “Por campanha a energia a Hoje, país. do nuclear banir de tentativa na sentido contrário, no organizam se civil sociedade da pesquisadores, ambientalistas e integrantes fende a conclusãode Angra III, engenheiros, O Em entrevista concedidaà no Brasil.no Enquanto ogoverno de cendeu odebate da energia nuclear acidente nuclear deFukushimarea Essacam - - periculosidade daenergia nuclear. tre acordouem relaçãoas pessoas à frimentopovo do Esse desas japonês. so ao assistimos quando Fukushima, IHU On-Line - - - -

cleares em outrosDiante países. da pressão energia nuclear, não pode financiar usinas nu em investir mais irá não que decide alemão Sociais (Ilpes/ONU). Instituto e no Econômicas Pesquisas de Latino-Americano e Paris de Desenvolvimento o para Formação de Instituto professorfoino e -fundadorda Associação Transparência Brasil 1988. Foivereador Paulo, deSão SP. Ésócio Paulode São quidiocese CNBB de1982a e da de Conjunto em 1965-1966, e assessor daAr Brasildo Bispos Pastoral1° Plano CNBB no – 1954, assessor daConferênciados Nacional ventude Universitária Católica –JUC em 1953- ções daenergia nuclear. ca umasériede entrevistas sobre asimplica intitulada A energia nuclear em debate, publi 355 da revista bém participa deste debate. A edição número adiar aconstrução denovas nucleares. usinas respeitoiniciativagoverno do a diz federal de ção deAngra III”, explica. A segunda conquista gar a decisão de dar a garantia para a constru brasileira, o governo alemãoresolveu poster Confira aentrevista. FranciscoWhitaker foipresidente Ju da O Instituto Humanitas Unisinos – IHU tam IHU On-Line - - em l, ntrz s encarregou se natureza a lá, mesmo Mas magnitude. e tipo acidentedesse mo lugar que se poderia esperar um nuclear,últi tecnologia o então,a era SÃO LEOPOLDO, 4DEJUNHO DE2012|EDIÇÃO 395 O Japão é conhecido por dominar , de 28-03-2011, ------Destaques da Semana www.ihu.unisinos.br 47 ------Nós esta Já tivemos Ainda sobre as nossas articula campanha – Essa On-Line IHU – Whitaker Francisco IHU On-Line – Pode nos dar – IHU On-Line Pode – Whitaker Francisco uma delegação Recentemente, que a construção da Angra III depende III da Angra que a construção do financiamento alemão. Pressiona que não libere mos a Alemanha para ale pois se o governo esse dinheiro, mão decide que não irá mais investir em energia nuclear, não pode finan que a data da viagem coincidiu com com coincidiu da viagem que a data Eles Florestal. do Código a votação parlamentar queriam criar uma frente a nuclear e preparar a energia contra do Congresso. dentro luta no dia 21 um livro lançar vamos ções, um texto com em São Paulo, de maio, a ques quando apresentei que escrevi Conselho nuclear ao da energia tão da Conferência de Pastoral Episcopal – CNBB, Nacional dos Bispos do Brasil deste em ano, e fevereiro com artigos desse li capítulo Um de professores. é vro intitulado de um livre “Por Brasil que e como Por de Usinas Nucleares. nuclear”. ao lobby resistir posição na efeito algum causado tem federal? do governo delas é Uma duas boas repercussões. nuclear. Infelizmente, ainda há falta de de falta há ainda Infelizmente, nuclear. ao tema. relação em informações proposta essa sobre detalhes mais de emenda à Constituição, proibindo no nucleares de usinas construção a esse debate? Como está Brasil? Precisa assinaturas. mos coletando 1.500.000 assinaturas mos coletar para que o tema seja que um depois conseguir e Congresso, discutido no número suficiente de deputados assi que para profissional, emenda uma ne ela possa ser discutida no Congresso. a ser um trabalho todo tem Então, feito. queria brasileiros de parlamentares ter participado da visita a Chernobyl Chemello. Mas Dom Jayme com junto por ir, não puderam os parlamentares ------) A diferença diferença A IHU On-Line , ativistas que batalham contra 1 As duas frentes também partici A Articulação reúne organizações A reúneArticulação organizações A Coalizão se definiu como um Francisco Whitaker – Whitaker Francisco O acidente radiológico de Goiânia, usinas nucleares. (Nota da contaminação por radiatividade ocorrido contaminação teve início A no Brasil. em 13 de setembro de 1987, quando um aparelho utilizado em radioterapias das instalações de um hospital abandonado foi encontrado, na zona central de Goiânia, no estado como nível cinco na Escala Internacional de Goiás. Acidentes Nucleares. O instrumento de Foi deixado no hospital encontrado foi por classificado local, catadores velho do de um ferro que entenderam tratar-se de sucata. Foi desmontado e repassado para terceiros, gerando um rastro de contaminação, o qual afetou seriamente a saúde de centenas de pessoas. O acidente com Césio-137 foi o maior acidente das radiativo fora ocorrido usinas nucleares no Brasil. usinas nucleares uma ten na Rio+20 com juntas parão da antinuclear. Nossa proposta é di que as informações ao máximo vulgar que as pessoas saibam o para temos o caso correndo queestamos risco a energia expandir em insista Brasil 1 amplamente conhecido como acidente com o Césio-137, foi um grave episódio de do Brasil todo vinculadas ao tema. vinculadas ao tema. todo do Brasil foram as pessoas que também Reúne vítimas do acidente do Césio-137 em Goiás Ela amplia etc. de Urânio a mineração mais o debate do que a Coalizão, mas em estreita trabalhando as duas estão uma juntas duasAs lançaram relação. iniciativa popular de emenda consti das a construção proibir tucional para lizão lizão em São Paulo, foi criada, no Rio Articulação. de Janeiro, grupo de pessoas e organizações que irão atuar no sentido de esclarecer a e nuclear, a energia sobre população o que go para batalhar precisamente essa opção. não adote brasileiro verno fe de que o governo é Nossa proposta de obras das desista e atrás volte deral as usinas An de desmantele III, Angra nesse projeto. não invista I e II, e gra diz respeito à forma como foram cria das. A Coalizão trabalha intimamente relacionada com a Articulação. Coin no dia mesmo que nós cidentemente, a realizamos primeira reunião da Coa ------IHU On-Line – No Brasil, dois fó dois Brasil, – No On-Line IHU Outro Outro risco diz respeito ao lixo Quando acontece um desastre um desastre Quando acontece Os que defendem a energia nu entre essas duas frentes? entre “ArticulaçãoAnti-Nuclear Brasileira”. e aproximações as diferenças Quais runs discutem as questões referentes referentes as questões runs discutem por um a “Coalizão nuclear: à energia e a Nucleares” de Usinas Livre País que a radiatividade saísse da usina. que a radiatividade feito um sarcófago sobre a usina, e ele a usina, e sobre um sarcófago feito construir Precisaram a vazar. começou impedir para um segundo sarcófago mico acumuladas e não sabem o que acumuladas não sabem e mico fazer com esse material. Cinco anos foi explodido, ter depois Chernobyl de Ainda não há solução para tratar esse tratar para Ainda não há solução tipo de Na lixo. eles França têm quase atô de lixo mil toneladas cinquenta extremamente extremamente radiativos. Alémmais, do o lixo radiativoprecisa de 100 mil anos para perder a radiatividade. atômico. As varetas de urânio produ de urânio varetas As atômico. zem elementos e materiais que são anos no local, contaminando as pesso contaminando anos no local, as e o meio ambiente. que tal radiação não desaparece rapi não desaparece radiação que tal damente. A radiatividade permanece por dezenas, centenas ou milhares de explosão, explosão, e outras são atingidas pela nuvem de radiatividade que seforma por o ar, a água, o solo, e contamina como o de Chernobyl ou Fukushima, ou Fukushima, o de Chernobyl como da por causa pessoas morrem muitas pendentemente do custo econômico, econômico, do custo pendentemente ao bom a usina si em é um atentado dos riscos. senso por causa mente contestado, principalmente principalmente contestado, mente da usina os ao custo se agregarmos Inde oriundos de um desastre. gastos clear argumentam que ela é mais que ela é argumentam clear extrema que é argumento barata, nos mostrou que não é possível haver haver não possível que é nos mostrou nuclear 100% segura. uma usina co metros de altura para prevenir de prevenir para de altura metros co uma veio mas ondas do mar, eventuais onda de quinze metros. Esse acidente de destruir as previsões. Eles construi as previsões. de destruir de cin um riam dique de contensão EDIÇÃO 395 | SÃO LEOPOLDO, 4 DE JUNHO DE 2012 LEOPOLDO, 395 | SÃO EDIÇÃO 48 www.ihu.unisinos.br Destaques da Semana de reais.Muitas empresas estrangei custa aproximadamente 10bilhões A construção denuclear uma usina to dinheiro envolvidonesse debate. Que setores fomentam olobby? sa aconstrução deusinas nucleares? gia nuclear. econômicoBrasil do depende daener to.Ele considera crescimentoo que uma visãomuitodo assun “pequena” tem porque desistiu, não ainda mas -se que ogovernoa construção, adiou Percebe 2020. de partir a Nordeste sejam construídas quatro no usinas que de fazer.é a previsãomeçamos A temsão aver compressãoa coque Nordeste. Nãosabemosse essa deci a construçãonucleares dasusinas no governo brasileiro ter adiar decidido se ofinanciamento deAngra III. cando moraluma dupla seasseguras prati estaria alemão governo o que des internacionais,todas mostrando mente daUrgewald, edepersonalida especial muito alemãs, organizações são “brasileira”, daação de solidária Hermes foi fruto, mais do que da pres Garantia a sobre decisão a postergar ses. A decisão dogoverno alemãode nuclearesciar usinas em outros paí Francisco Whitaker– IHU On-Line –Aqueminteres A segunda vitória é o fato deo L EIA OS Tem mui WWW.IHU.UNISINOS.BR C ADERNOS ------NO SITEDO dificuldades enorme de abandonar enorme dificuldades têm eles Hoje avançada. tecnologia ses têm omaior orgulhode terem a É inacreditável ver como osfrance trás. para ficar pode não Brasil o que de energiamodelo avançados, são e de que ospaísesinvestem nesse de altaque elaésinônimo tecnologia, ar conseguem pintar umaimagem de nuclear ésegura. Éinacreditável. do queFukushima provou queusina dizen artigo um escrever de sensatez brasileira deenergia nuclearteve ain assessoresprincipais dos daempresa do desastredepois de Fukushima, um não é problemática. Por exemplo, logo auraseguem criaruma a usina deque ças, Essescapitais maquinários. con desenvolvem fabricampesquisas, pe de Angra III,exportampois reatores, ras estão interessadasconstrução na çãofoi GorbachevMikhail por criada nas discussõesambientais? o senhor vê a atuação de Gorbachev nos falar sobre essa fundação? Como vida pela Fundação Gorbachev. Pode dial contra aenergia nuclear épromo é nuclear. esse modelo, porqueenergia77% da s eesrs a nri nucle energia da defensores Os Francisco Whitaker – IHU On-Line – Acampanha mun T EOLOGIA Essa funda IHU ------do acidentedo deFukushima,um grupo se ano, em ocasiãodo primeiro ano des de março 12 dia No sentido. se vítimas dodesastre. Chernobyl, de assistência àsfamílias desenvolvegrande um trabalho em tenucleares. àsarmaseusinas Ele vertrabalho um de comba mundial desenvol a passou e Soviética União nobyl, Gorbachev era presidente da ocorreuQuando odesastre deCher fundação queestána Suíça. sediada uma Verde, Cruz a criaram Então,ar. nucle energia da vítimas às atender para especificamente voltada fosse que Vermelha, a Cruz como tituição Surgiuentão, de criarumains aideia discutida. foi radiatividade por nação nuclearesdas usinas e da contami nucleares, armas das problemática a em 1993, logo onde Rio-92, da depois pela Articulação. e Coalizão pela introduzidas e duzidas con cidades, dez a restritas quenas, No Brasilas manifestações foram pe mobilizaçõeshouvenesta data.países 110 de mais Em coisa. alguma zesse fi se todo mundo no que para apelo um lançou organização Essa França. francês protestou contra da asusinas SÃO LEOPOLDO, 4DEJUNHO DE2012|EDIÇÃO 395 urs raiaõs ta nes atuam organizações Outras P ÚBLICA ------Destaques da Semana www.ihu.unisinos.br 49

------Confira a entrevista. Confira De acordo com ex-presidente da Confe ex-presidente com acordo De Dom Jayme Chemello cursou Filosofia no te por dois mandatos, entre 1998 e 2002. De e 2002. 1998 entre por dois mandatos, te da Comissão Epis presidente foi a 2011 2005 Evange de Projeto no Amazônia, a para copal lização da Amazônia, da CNBB. Em breve pu a trajetória sobre uma entrevista blicaremos do Brasil. na Igreja de Dom Jayme 800 metros para lançar os sacos de areia e de areia os sacos lançar para metros 800 sa ao hospital chegavam baixo, chumbo para mastisfeitos, quando não iam tinham comer, informa. depois morriam”, e logo apetite – CNBB, Nacional dos Bispos do Brasil rência um novo recentemente inaugurou a Ucrânia sarcófago para armazenar o pela radiação. lixo corroído foi pois o anterior radiativo, “Eles enterram o lixo radiativo, mas não se sabe até quando aquele lixo vai reco E poder fazer”. que ficar o sabe Ninguém enterrado. energia em investir deve não Brasil “O menda: nuclear. Se existem alternativas energéticas, nuclear tão uma energia que pensar em para perigosa?” Seminário Pontifício de Buenos Aires, e Te ologia na Pontifícia Faculdade Sa ordenado Foi Buenos Aires. em Teologia, também de Mar São de Matriz Igreja na 1958 em cerdote nomeado bispo-auxiliar de foi Em 1969, cos. foi VI. Ele também Paulo pelo Papa Pelotas Nacional dos da Conferência vice-presidente e presiden em 1994, – CNBB, Bispos do Brasil dos dos voos, aqueles que voavam cima de aqueles que voavam dos dos voos, ------IHU On-Line

ais de duas décadas depois do aci ais de duas décadas ainda Chernobyl, de nuclear dente é impossível contabilizar os preju

Depois de voltar da Ucrânia, Dom Jayme Dom Jayme da Ucrânia, Depois voltar de radiação para outras regiões. “Dessas, cem regiões. outras para radiação e quatrocentos militares recrutas mil eram que os encarrega “Relata-se civis”. mil eram Chemello recebeu a equipe da Chemello recebeu onde con RS, Pelotas, em sua residência, em são revela que aos poucos fatos, novos tou dos na tentativa deexplicar o aconteceu em “mais ou menos 1986. Segundo ele, na época convocadas mil pessoas” foram quinhentas da a expansão combater para pelo governo uma estradinha, que devia ter uns quatro me uns quatro ter que devia uma estradinha, quilô Caminhamos uns cinco de largura. tros de uma fai não podíamos e pisar fora metros era a radiação naquele espaço xinha, porque relata. maior”, vezes três taminadas, diz o bispo emérito de Pelotas-RS, Pelotas-RS, de bispo diz o emérito taminadas, es que recentemente Chemello, Dom Jayme teve na Ucrânia a a convite ONG Green Cross pelo ex-presidente coordenada Internacional, da União Soviética, Mikhail Gorbachev. “Vi onde foi de ônibus até Fomos Lokotkiv. sitei possível, e depois tivemos de seguir a pé por mil mortos e feridos e que destruiu famílias famílias que destruiu e feridos e mil mortos ir de forma meio ambiente o contaminou e da radiação os efeitos Embora reversível. em humanos tenham diminuído nos últimos cuidado visitar ao ter preciso anos, ainda é con amplamente algumas cidadesque foram M ízos dessa tragédia, que deixou mais de 250

Confira entrevista,a que http://bit.ly/LhvZTr foi originalmentepublicada no sítio do IHU em 02-06-2012, estando disponível em Ucrânia, para participar da celebração em memória dos mortos de Chernobyl”, de Chernobyl”, em memória dos mortos da celebração participar para Ucrânia, de Pelotas bispo emérito declara Chemello a para um representante XVI pudesse enviar Bento que o Papa “Seria oportuno especial com Dom Jayme Jayme Dom com especial energia nuclear”. Entrevista Entrevista nuclear”. energia “Brasil não deve investir em em investir deve não “Brasil EDIÇÃO 395 | SÃO LEOPOLDO, 4 DE JUNHO DE 2012 LEOPOLDO, 395 | SÃO EDIÇÃO 50 www.ihu.unisinos.br Destaques da Semana Ucrânia, localizada naregiãocentro- Ucrânia, 2 1 de Chernobyl e percebi queem Kiev 23 miltoneladas. de largura. A estrutura demetal pesa metros de comprimento, e 257 metros gode 108metrossão de altura, 162 novodo nem 25.Asmedidas sarcófa rasseaguentoumas elenão 30anos, terior, construídoo desastre, após du an o sarcófago que de estimativa era a previsão é de quedure 100 A anos. Ele custou e 500 euros, 1bilhão mil e o antigo. substituir para construído talaçãonovodo sarcófago, foiqual o presidente da Ucrânia ains anunciou construído. váriospossui andares e é muito bem desastreo nuclear.é enorme; Ele após ela ficou de como e tigamente soas, fotos decomo era an acidade aconteceu através de fotos depes nobyl, onde retrataram oque tudo nessa comitiva. ca.e esteverusso é um Ele presente Soviéti União da presidente era este lheiroGorbachev deMikhail Alexandercional, Likhotal, era conse presidenteGreen da CrossInterna impactos das usinas nucleares. O atual ca aomeioambiente e os que analisa dedi se que organização uma Cross, promoveu essaviagem foia Green como foi essavisita àUcrânia? promoveu aviagem?Pode nos relatar pelo desastre deChernobyl. Quem atingidas foram que cidades visitou recentementepara aUcrânia, onde Comunista no país, levando até mesmo até levando país, no Comunista com o poderio doPartidoterminou Guerra da final objetivo, esse tivesse não que ainda e, Fria ao conduziram reforma Soviética. União da de tentativas As suas do Partidolíder tornando-se Comunista, geral secretário foi eleito idade, anos de Gorbachev, Mikhail Chernenko, com 54 Konstantinde morte Com a 1991. a 1985 Partidode Soviética da União Comunista do Central do Comitê secretário-geral da Terra, em 1994.(Notada promotores Carta dos principaisda Foi um Cruz Verdea também fundou Internacional. Em 1993, 1992. em Gorbachev Fundação Criou a Soviética. União dissolução da à

Kiev Mikhail Gorbachev Visiteipróximascidades algumas No 26de2012, dia deabrilo Nós visitamos omuseudeCher JaymeDom Chemello – IHU On-Line – Osenhor viajou : é a maior cidade e capital da capital e maior cidade a é : (1931): foi (1931): IHU On-Line 1 , quando Quem ) 2 ------, vamterempor doloridos perdidoo total, silêncio um porquetodos esta Haviaaltar. um em rosas duas tamos entrepor Caminhamos e deposi elas corredor. um fosse se como filas duas outras cidadesvizinhas. não sóde Slavutych, mas também de bitantes; essas 50 mil pessoasvieram emcidade sitem esse número deha Havia aproximadamente A 50 pessoas. mil Slavutych. de praça na teceu muitocerimônia interessante eacon cerimônia? todos quemorreram emChernobyl. çãode prata dejubileu 25 anos dos de comemoraçãode uma pamos em fun Tambéma Slavutych fui tem plantaçõesconta por radiação. da metros de Chernobyl, quase nãoexis quilô 180 menos ou mais a fica que (Nota da habitantes. com 24.549 Ucrânia, da norte 3 On-Line da (Nota governo daUcrânia. central ao subordinada diretamente está e por lei determinado especial governo e estatuto Kievcidade. na habitantes 2.611.300 possui registrou da Europa.Ocensode2001 cidades antigas mais e das maiores É uma do rioDniepre. às margens do país, norte perto daPolônia têm maiscatólicos. que disseram me ortodoxos Os doxa. existe lá,masvisitei umaigreja orto verNão pude a catedral católica que guém roube ouquebre alguma coisa. aconteceque tudo para evitar queal observando fica que sentada, pessoa lugares estratégicos hásempre uma xuosas.Uma coisa em é que curiosa torres douradas, são pomposas, lu As igrejasno. delessãobonitas, têm muitoeles são que ligados goverao por partepecial ortodoxos, dos por por lá;nãohouve uma cerimôniaes participa dessacelebração ounão? tuação daquelepovo. si a entendesse Deus que para Rezei no acidentenhecido de Chernobyl. parentemãe, algum a ou pai, co ou

Slavutych Jovens comformaram lâmpadas Dom Jayme Chemello– IHU On-Line – Como foi essa Dom Jayme– IHU On-Line – AIgreja Ortodoxa ) IHU On-Line : é uma cidade localizada ao localizada cidade uma : é ) Padres passaram 3 , onde partici Foi uma IHU ------aconteceu em de1986, 25 deabrilna nucleardeChernobylna usina plosão viagem àUcrânia? te?Que relatos o senhor ouviu na sua das hoje, 26anos depois do aciden relaçãoem a Chernobyl são conheci abril de1986.(Nota da em história, da nuclear o maioracidente a fica cidade ocorreu onde Chernobyl, de nuclear central à Próximo Bielorrússia. a com fronteira da perto Ucrânia, da norte 4 naSuécia, a chegar começaram tivas radia partículas as Como grave. tão cidade nãosabiam quea situação era própriosos técnicos estavamque lá, mas na de pessoas essas retirar era primeira coisaque precisava serfeita A habitantes. mil 43 uns tinha época estavade Pripyat acidade ram osimpactos dessaexplosão. dizer tudo o que aconteceu e quais fo falar, tantolevaramque para 20anos de medo tinham Chernobyl de sastre veram conhecimentofoique do de o ti que pessoas as Todas vento. pelo tivas foram levadas para outros países partículas radia as metrose mil subiu ainda maisasituação. com o incêndio piorou água,masisso rasEles tentaram damanhã. combater da explosão,depois dias dois às5ho bachev,foi só informado incêndio do tantopresidente o que época, na Gor achavameranão que umaexplosão, começo No lado). ao (mapa Ucrânia

SÃO LEOPOLDO, 4DEJUNHO DE2012|EDIÇÃO 395 Pripyat Dom Jayme Chemello– IHU On-Line – Quenovidades Próximode Chernobylda usina A fumaçada explosão oriunda : é uma cidade-fantasma no : éumacidade-fantasma IHU On-Line 4 , que na A ex A ) ------Destaques da Semana www.ihu.unisinos.br 51 ------Na re Eles di Cherno Não sei, Dom Jayme Chemello – Dom Jayme a compara IHU On-Line – Qual Chemello – Dom Jayme IHU On-Line – E por que será? IHU On-Line Chemello – Dom Jayme pessoas – Muitas On-Line IHU – Chemello Dom Jayme é Cherno onde E – On-Line IHU zem zem que a experiência de Chernobyl não sabiam nada eles porque única, é sobre a questão radiativa. Depois de descobrin foram investigação de anos pelo corpo entrava do que a radiação à problemas muitos quecausava e byl byl fica no norte Ucrânia da (foto ao lado). Não podemos visitá-la. Lá tem a só cratera. Os reatores que explo isso tudo. Por com acabaram diram de a construção não aceita Gorbachev usinas nucleares. novas Fukushima? com que eles fazem ção mulo, havia um prato de comida arru de comida um prato havia mulo, o morto. para mado talvez porque eles pensam que a vida é eterna. Fazem muita comida para mortos. em Lokotkiv? ainda moram aquelas só encontrei gião que visitei, três senhoras. Os maridos e os filhos As pessoas visitam delas morreram. essa região, mas costumam ficar por tempo. pouco lá hoje? O que existe byl? ------A radia A Encontramos três senhoras que senhoras três Encontramos Dom Jayme Chemello – Dom Jayme IHU On-Line – A radiação se – A radiação On-Line IHU Depois desse desastre, aconte desastre, Depois desse cemitério. É curioso que, sob cada tú É curioso que, sob cada cemitério. uma faixinha, porque naquele espaço naquele espaço porque uma faixinha, maior. vezes três era a radiação o desastre o que foi nos explicaram aí que eu comecei e foi de Chernobyl, de ra essa tal o que era a descobrir um padre encontrei Também diação. muito disposto, muito até ortodoxo, enfeitam se eles – porque enfeitado ele do com conversar Tentei bastante. não sabia ele porque que dava, jeito um visitei idioma. Também outro falar ção se espalhou para a Suécia e para a Suécia e para se espalhou para ção o Esse mapa mostra toda. a Europa verme mais quanto radiação, de nível maior lho, ao o nível (foto de radiação lado). Na Ucrânia, as cidades Slavu tych e Lokotkiv foram bastante atingi de ônibus Fomos Lokotkiv. das. Visitei tivemos depois e possível, foi onde até de seguir a pé por uma estradinha, de metros uns quatro ter que devia quilô Caminhamos uns cinco largura. de não e podíamos pisar fora metros países? cada cada República, que pertencia à anti ga União Soviética,fizesse obra uma uma cidade visitei fato, De na Ucrânia. aproxi que tem chamada Slavutych, e hoje 50 mil habitantes, madamente visitei bem. Também as pessoas vivem uma Pakul, cidadezinha que foi conta e que hoje está minada pela radiação destruída. completamente e cidades quantas para espalhou chegavam chegavam ao hospital satisfeitos, mas quando não iam tinhamcomer, apeti depois morriam. e logo te ceram coisas positivas. Por exemplo, que conseguiu Gorbachev o próprio ------Elas de Relata-se que que os encarre Relata-se Foi aí que tiveram a ideia de cons de ideia a tiveram que aí Foi IHU On-Line – Como essas partí Chemello – Dom Jayme De toda forma, ninguém sabia forma, toda De gados dos voos, aqueles que voavam voavam aqueles que dos voos, gados os lançar para cima de 800 metros baixo, chumbo e para de areia sacos mil pessoas na de morreram tentativa da radiação. a expansão conter após 20 anos ele já estava arrebenta já estava anos ele após 20 anos Vinte da radiação. do por conta que mais de 250 depois divulgaram cial feito de chumbo e aço, para abafar abafar para de chumbo e aço, cial feito as partículas. previsãoA era de que anos, mas trinta durasse o sarcófago partículas radiativas para cima. para radiativas partículas um túmulo espe truir um sarcófago, se para outros locais, mas os destroços mas os destroços locais, outros para se de Chernobyl continuavam lançando largaram centenas de sacos de areia e de areia de sacos centenas largaram uma quantidade enorme de chumbo se espalhas que a radiação evitar para proliferação da radiação. Dessas, cem da radiação. proliferação quatro e militares recrutas mil eram civis. Essas pessoas mil eram centos do souberam da dimensão do proble do souberam mais ou menos 500 ma, convocaram a ajudar a conter mil pessoas para cidade morta, uma cidade fantasma. uma cidade fantasma. cidade morta, dias após a catástrofe, Nos primeiros pessoas. de 30 Quan cerca morreram ossos quebrados etc. Os moradores de de moradores Os etc. quebrados ossos iria que a radiação pensavam Pripyat hoje ela é uma mas até desaparecer, compõem o sangue e, em função dis função em e, o sangue compõem feridas, câncer, a surgir começam so, culas afetam os seres humanos? os seres culas afetam tram no ser humano, ele não sente não ele sente no ser humano, tram nada. Dez ou doze dias depois é que sintomas. os a aparecer começam que a situação era tão grave, porque, porque, grave, tão era que a situação quando as partículasradiativas pene tando os fatos, porque não tinha como tinha não porque fatos, os tando dizer para o povo sobre o que ocorre Seria terrível. ra. de Chernobyl, pois fiscalizaram tudo via satélite. O governo Russo já sabia ocul mas estava o que tinha ocorrido, nar a sua origem. Aviões começaram começaram Aviões origem. nar a sua a fiscalizar aregião eforam os ameri tratava que se quedescobriram canos os moradores de lá ficaram intrigados questio a começaram e fumaça a com EDIÇÃO 395 | SÃO LEOPOLDO, 4 DE JUNHO DE 2012 LEOPOLDO, 395 | SÃO EDIÇÃO 52 www.ihu.unisinos.br Destaques da Semana presidenteCNBB disseram da quete Brasil– CNBB.Então osecretário e o da Conferência do Bispos dos Nacional listas, deputados e queriam umbispo No Brasil,nos. eles convidaram jorna sia, alémdealemãesenorte-america Itália,de pessoasda Japão,do Rús da Lembro-me participar. a brasileiro co sentantes de muitoso úni Fui países. visita aChernobyl? dessa participaram países quais de nuclear tão perigosa? cas, para quepensarem uma energia clear. Se existem alternativas energéti Brasil não deve investir em energia nu bastante petróleo. Damesma forma, o utilizam e nuclear, energia a contra modelo? nesse investindo continuar tendem dependem deenergia nuclear. Pre na Ucrânia atualmente?Eles ainda a discussão sobrea energia nuclear tirem nada. saúde, apesar de as pessoasnãosen Dom JaymeDom Chemello – IHU On-Line – Representantes Dom JaymeChemello IHU On-Line – Como acontece eventos/ihu-semantica-do-misterio/ Parawww.unisinos.br/ informações, acesse mais a 5deoutubropróximos,estão abertas. 2 de acontecerá que Sociedade, e Cultura Igreja, - As IHU inscrições do XIII SimpósioInternacional XIII SimpósioInternacional – Eles são –Eles Inscrições abertaspara o Repre ------contrar algumaalternativa. en tentar de sentido no colaborem esperania queoutrostambém países Ucrâ a caro, muito é lixo o armazena que sarcófago do custo fazer.o Como que o sabe Ninguém enterrado. ficar se sabe atélixoaquele quando vai poder não mas radiativo, lixo o terram não sabemoquefazer com ele? ainda radiativo, ou lixo o para deram durante esses25anos. euros.Devem ter gasto umafortuna sarcófagocustou de e meio 1 bilhão somenteque aconstrução novodo tratamentos ambientais edesaúde? e os países atingidos já gastaram com me escolheram. riam deescolheremérito,um bispo e Porém, até onde é ele democrático é democrático ele é onde até Porém, uma democracia. tem Já mocrático. do mandaem tudo, embora sejade munismo naUcrânia? Dom Jayme Chemello– eles destino Que – On-Line IHU JaymeDom Chemello – IHU On-Line – Quanto a Ucrânia Dom JaymeDom Chemello IHU On-Line – Percebe-seo co O Esta O – Elesen Soube ------anos. ção começaram a diminuir nos últimos radia da impactos Os terríveis. eram antes asconsequênciasda radiação têmnão mais casostão graves. Mas médica pediatraatualmenteque disse tei algumascreches em Slavutych, e a radiação? têmproblemas de saúde por conta da do quenós. melhor relativamente estão eles ral, casinhasmuito pobres. ge Demodo habitantes comoEles têm aqui. umas de multidão uma existe não cidades ou menoscomo noBrasil.Em algumas econômica esocialdaUcrânia? nos trataram muito bem. algo difícil de se saber. Posso dizer que Chernobyl. lebração em memóriamortos dos de ce da participar para Ucrânia, a para enviarpudesse XVI um representante SÃO LEOPOLDO, 4DEJUNHO DE2012|EDIÇÃO 395 Dom JaymeDom Chemello – IHU On-Line –Aspessoas ainda Dom Jayme Chemello – IHU On-Line – Qual a situação Seria oportuno que oPapaSeria oportuno Bento

Sim. Visi Sim. É mais - - - - Destaques da Semana www.ihu.unisinos.br 53

------curso de circulação. Quando fecha o Quando fecha de circulação. curso consumo, e produção entre circuito produz-se mais excedente econômico e os a produção quemcontrola para essa con Então, meios de produção. tam presente e está existe tradição bém na sociedade brasileira. organiza organiza e intensifica a produção não com o objetivo deatender necessida acumulação a aumentar mas de des, um que têm ou criar mercadorias - - - - - Ildo Sauer é graduado em Engenharia Civil em Engenharia Ildo Sauer é graduado a entrevista. Confira veis custarão a metade desse valor, sem dei desse valor, a metade custarão veis xar como herança toneladas de combustíveis irradiados, rejeitos de E baixa a riscos”. a população e a região expondo radiatividade, aban simples: é minha proposta “A dispara: pouparIII, os 10 bi de Angra donar o projeto emlhões alternativa energia de investir reais, hidráulica, antes: das que citei na combinação térmica. biomassa, complementação eólica, 5 bilhões de reais”. Esse modelo custaria do do Rio Grande Federal pela Universidade Nuclear Engenharia em mestre Sul – UFRGS, pela e Universidade Energético Planejamento em e doutor – UFRJ, do Rio de Janeiro Federal Engenharia Nuclear pelo Massachusetts Insti titular É daprofessor Uni tute of Technology. – USP. de São Paulo versidade apresenta a proposta da criação de uma em de uma da criação a proposta apresenta enfati e energia a gerenciar para estatal presa energia em investir país o de inviabilidade a za disponí que estão opções outras “As nuclear. - - - - - o sistema capitalista de produção, que de produção, capitalista o sistema atender às necessidades das pessoas. atender a sociedade como Isso depende de está organizada, que modo de dução ela utiliza pro paraatender às suas a necessidades, produ como organiza entre o produto reparte como e ção, que, concomi os cidadãos. É evidente Indus a Revolução com tantemente trial, a estrutura produtivase concen sistemas e indústrias fábricas, em trou consigo junto urbanos, que trouxeram - - - por telefone.

IHU On-Line

A economia brasi A economia ara ampliar a produção de energia no de energia ampliar a produção ara necessário desenvolver é não Brasil, eólicos e hidráulicos os recursos todos Na entrevista a seguir, o engenheiro ex o engenheiro a seguir, entrevista Na Crítico da maneira como os governos Lula e Lula governos os como maneira da Crítico po visando a exportação de alumínio”. po visando a exportação plica os da equívocos atual matriz energética, timos anos, Sauer afirma que reestruturação a “não o governo porque feita não foi do setor o fez mas dever “lançou de mão casa”, do que tinha na um prateleira: feito projeto nogover no do FHC, de energia elétrica no rio Madeira, no gestado um projeto foi que Belo Monte, e tem naquele desenvolvido da ditadura, tempo semelhante ao europeu, italiano e espanhol espanhol e italiano ao europeu, semelhante o assegura e inglês”, alemão o padrão ou até entrevista em nuclearIldo Sauer, engenheiro à concedida úl nos energética questão a conduziram Dilma P do metade Se o país “aproveitar existentes. potencial hidráulico e brasilei o consumo dobrar eólico hoje, daria para identificados de consumo a um padrão acesso tendo ro

Ildo Sauer – Ildo IHU On-Line – O governo tem tem IHU On-Line – O governo

Efetivamente ainda não se sabe, em de mundial, qual é o padrão escala necessários para produção e consumo leira e a população estão ainda em estão a população e leira mui Aí há uma nuança crescimento. to importante que precisa ficar clara. cas cas sob a justificativa de que poderá O futuramente. país no energia faltar existe? risco ampliado a construção de hidrelétri construção a ampliado http://bit.ly/Jpb0xb Confira entrevista,a que foi originalmentepublicada no sítio do IHU em 23-05-2012, estando disponível em porque o desenvolvimento sustentável permite atender às necessidades da geração da geração às necessidades atender permite sustentável o desenvolvimento porque o adverte de fazê-lo”, futuras a possibilidade das gerações sem prejudicar atual, nuclear engenheiro “Investir em energia nuclear é a negação total do desenvolvimento sustentável, sustentável, do desenvolvimento total a negação nuclear é em energia “Investir em energia alternativa” em energia “Abandonar o projeto de Angra Angra de o projeto “Abandonar bi, investir R$ 10 os poupar III, EDIÇÃO 395 | SÃO LEOPOLDO, 4 DE JUNHO DE 2012 LEOPOLDO, 395 | SÃO EDIÇÃO 54 www.ihu.unisinos.br Destaques da Semana quilowatts/hora por ano, média por média ano, por quilowatts/hora sumo médiobrasileiro hojedá2.500 con O hidráulico. próprio ao superior megawatts, mil 300 em estimado é já a 150metros dealtura, esse potencial Agora, com as torres naordem de 100 megawatts. mil 143 de ordem da era principalmente noNordeste e no Sul, logia disponível de velocidades médias, a tecno para oficial estimativa a 2001, pidamente segundoasavaliações. Em potencial eólico quetem crescido ra um também Há desenvolvimento. em 100 mil jáestão desenvolvidos somente ouestão quais dos megawatts, tencial hidráulico, cerca de 256mil e hidráulico enorme. No caso dopo Brasil dispõe deumpotencial eólico no modelohidráulico? insiste país o matriz, a diversificar de cas? Por que, se existe a possibilidade ainda é muito refém das hidrelétri cando a matriz energética, ou o Brasil diversifi energia de produção a tar em geral, e elétrica em particular. energia de oferta da crescimento o tir naturais em grande escala para permi Um paíscomo oBrasil detém recursos mentar osistema econômico esocial. produzirdeenergia comoforma ali de é desejável incrementar acapacidade regime socialdeprodução existente, sociais detodo mundo. possível deatender às necessidades permanente parece ser a única forma sim, porquecrescimento odogmado estáque social, limbo, no digamosas política questão uma é produzido) é que o melhor (distribuir se parte gunda Essa produzido. é que o melhor encontrarcisa maneirasde distribuir mastambémde benseserviços, pre crementar aprodução deenergia e remover suas assimetrias, precisa in crescimentose quiser populacional, estádade que em desenvolvimento e socie sentido, uma Nesse etc.salário, sobrar será destinado aos cidadãos via que O empresarial. ganho o e dução Pelocontrário, irá incrementar apro atender às necessidadeshumanas. casistema edo industrial urbano irá a ampliação daprodução econômi permitir para energia de incremental tão,necessariamente não a produção de mercadosociedade capitalista. En Energia para setor industrial Ildo Sauer– IHU On-Line–Épossível aumen No Brasil, independentemente do uma é evidentemente Brasil O Na área elétrica, o ------apenas recentementeapenas passaram aser nas degrande porte, eólicasas usinas sos degrande monta, que sãoasusi políticos? são motivos Os prática? na acontece questões por ambientais. ou sociais razões por condições deserem desenvolvidos eólicos, porquemuitos têmdeles não hidráulicos,sos nemtodosrecursosos para desenvolver isso todosrecuros Não énecessário alemão einglês. italianoe ouaté espanhol o padrão de consumosemelhante ao europeu, brasileiro tendo acessoaumpadrão parahoje, daria dos dobrar oconsumo potencial hidráulico e eólico identifica tados Unidosémuito maior. quilowatts/hora7.500 Es Nos ano. por na Alemanha, é três vezes isso, ou seja, e naInglaterra ano; por lowatts/hora sumo édobrado, em média 5.000qui habitante. Na EspanhaenaItália ocon e empreendedores, especialmente der àpressão dosgruposeconômicos para aten anos últimos nos utilizado mais ortodoxos. Esse critério foi muito para oplanejamento –eles eram muito os chamadosengenheiros economistas haviamjamento, antigamente, quando dor. Foi assimqueaconteceu noplane empreende do perspectiva da partir a pelo governo éointeresse econômico co atributo analisadohistoricamente atributos. Infelizmente, até agora o úni trajetória quemelhorequilibrasse os ra de recursos, épossível escolher uma de 10a20milmegawatts. gerandoenorme potencial daordem área e de serviços na área industrial, paraqueimados gerar calor e vapor na são que combustíveis usar de lidade possibi a existe megawatts. Também parausados gerar cerca de10a15mil casca de arroz e outros que podem ser mente o bagaço decana-de-açúcar, a os resíduosde biomassa,especial centraispequenas hidrelétricas, usar nas investir pode ainda o Brasil tica, muitos estudos. de objeto foi que hipótese, essa zou anos, também noBrasilse materiali quatro ou três últimos Nos China. na ropa, Estados nos e Unidostambém desenvolvimentodo precursor naEu razão em importantes como aceitas Ildo Sauer – IHU On-Line – Por que isso não Se o Brasilaproveitar metade do Para umpaísque tem essacartei energé matriz a diversificar Para Além desses recur ------décadasde 1960, 1970 e1980parcial sistemapelo fundados Eletrobrás nas da décadasão de 1950, eforam apro hidráulico brasileiro, estudoscujos forma seriareavaliartodo o potencial jar aproduçãode energia Uma país. no possívelreorganizar formaa plane de era que diziam Lula, candidato então técnicosassessoraramque inclusive o Cardoso,os Henrique Fernando verno apagãodo racionamentoe do gono de recursos, em 2001 e 2002, depois A reorganização energética pre é assim. a sociedade brasileira. Masnemsem para futuro no positivos resultados ter vai que indução de benefício em gico para criarodesenvolvimento tecnoló é feito isso que contra anuncia partida, governo, em O leilões. vários em teceu impor suatrajetória. Foi issoqueacon por “lobbão”, acabando satisfazendo o e “lobbynho” o influenciando acaba te que aquele que tem olobby maisfor nos governos Lulae Dilma.Deforma carvão importado, usinas a óleo, óleo foram a leilão vencedoresusinas do Os 2005. Então, foram feitos novos leilões. do aeconomia começou acrescer em sobra de energia seesfumaçou quan sobra deenergia. Acontece queessa ço esplêndido achandoque haveria governos ber em deitados ficaram Dilma Os e Lula 2001/2002. de mento houvesobraa de energia doraciona seriam feitos porprimeiro. um seguro de mérito, e os melhores atributos seriamordenadosconforme les projetos quepassassemporesses pontodo de vista ambiental.Aque do pontoou devistaainda ou social, do ponto devista técnico-econômico, seriam barreiras intransponíveis, ou tosseriam descartados, porque eles esses três atributos, muitos projedos naturezaTendoprópria.uma têm que diferentes, são complementares, mas tegrada –osestudos que são sociais, separar– embora disso deforma in biomas, osecossistemas. Era preciso em cada região, levandoem conta os estudosos ambientais aprofundados fazer necessário então, Seria, social. técnico-econômico,ambiental o e o atributos para cada aproveitamento três possível: o definir e feitos tários cursos hidráulicos, reavaliar osinven ção para oBrasilseria mapear osre mente, edepoisforam abandonados. SÃO LEOPOLDO, 4DEJUNHO DE2012|EDIÇÃO 395 ft é u, o es carteira essa com que, é fato O Por que issonãofoi feito? Porque solu a que dizíamos 2002, Em ------Destaques da Semana www.ihu.unisinos.br 55 ------Proponho a criação a criação Proponho Depois de muitas prorrogações, prorrogações, Depois de muitas estão concessões essas Agora IHU On-Line – O senhor propõe senhor propõe On-Line – O IHU – Sauer Ildo que não foram inteiramente amortiza inteiramente foram não que global de rever a reserva dos, existe ano o que todo e 1957, são criada em do de 2,5% valor cerca pessoal paga dos investimentosanuais amortiza dos para fazer um fundo. O governo tem utilizado esse fundo para muitas coisas: para o Programa Luz para To quando a concessão vence, os recur vence, quando a concessão Nacional. ao Tesouro sos retornam Fernan no governo as feitas como do Henrique Cardoso, quando houve aquelas usinas que uma assimetria, foram privatizadas tiveram a sua con 35 ampliada para cessão prorrogada, possibilidade estender de anos, com efetivar para feito foi Isso 20. mais por a privatização e a fruição privada dos benefícios do excedente econômico em resultando hidráulica, da renda naturais de recursos aproveitamento com características muito gerar permitem custo, baixo que, com especiais E as demais usi valor. de alto energia por prorrogadas só foram nas estatais 20 anos. até de concessões Vencimento de 22 mil me São cerca vencendo. gawatts depotência instaladas, cor da capacidade a 20% respondendo Além dis energia. de gerar brasileira so, para aqueles feitos, investimentos seja livre. Se ele fosse livre, todos te todos livre, ele fosse Se seja livre. vendi fosse acesso. riam Se a energia pri ela deveria baixo, tão da a preço ao mercado vendida ser meiramente na ver que é população à regulado, naturais. dade dona daqueles recursos a Hidrobrás, de uma estatal, a criação mercado essa questão resolver para da energia? do custo lógica da Hidrobrás por outra Constituição brasileira determina, questão. em A seu artigo 6º, quetodo brasileirotem direitos sociais. O primeiro deles é a o segundo é a saúde, a mo educação, coisas e outras a alimentação radia, mais. O artigo 20, diz que pertence ao na os recursos todos brasileiro povo hidráu incluindo os potenciais turais, os como do subsolo, os recursos licos, e ouro as jazidas de minérios de ferro, usi Mas muitas natural. gás e petróleo desde a década construídas nas foram contrato com cá 1950 para de 1940, de concessão. Diz a lei também que, ------Então, Então, o governo democrático Como a população não participa Infelizmente Infelizmente o setor de energia grupos econômicos. Por isso é ironia isso ironia é Por grupos econômicos. dizer que esse mercado de energia é muito precário, enviesado, matizado, porque estig aqueles criti que cam esse modelo são marginalizados, do Con nos debates aconteceu como da CPI ocasião Nacional. Na gresso Pinguelli Rosa, elétricas, das tarifas o erro mostramos eu e Araújo Roberto para da energia do custo de cálculo do os parlamentares e os deputados, que somos profes disseram governo ressentidos. sores popular faz acertos entre os grandes com menos capital de trabalho con se de trabalho menos capital com maior e ter um produto obter segue excedente E esse econômico. valor por todos disputado é econômico poder de barganha aqueles que têm nas E o governo, no seio do governo. últimas três décadas,têm sido muito aqueles que conse com generoso e pressão im fazer guem se organizar, por suas soluções. democrático Governo na imprensa o debate da discussão, to pequeno de consumidores de alto de consumidores de pequeno to poder econômico e de alta influência política. Esse setorestá em organizado im então, nacionais que, associações põe uma assimetria enorme e faz com que brasileiro, regulado o mercado que consu 50 milhões de de a mais atende –, 75% do consumo – mais de midores seja penalizado com as tarifas elétricas do mundo. mais caras tem esse condão de ser beneficiado e, ao mesmo tempo, maleficiado pelo onde setores chama de rendas, que se um paradoxo, pois determinaram que pois determinaram um paradoxo, livre. contração de mercado é um ele composto é livre mercado de Esse setor que mil consumidores, de por menos os por 1/4 da energia, são responsáveis com do tempo, na maior parte quais, 20% do a mais ou menos energia pram o mercado É por isso que real. custo do que energia mais receber consegue da água o valor casos, Nesses mandar. mui é da operação parcial do custo e que livre, dito mercado e este baixo, to privilegia um grupo mui não é livre, mérito é utilizada para orientar a opera a orientar para utilizada é mérito hidrotér e hidrelétrico do sistema ção apenas para serve que operação mico, poupa ser deve hoje de água a se dizer da queimando-se combustível ou utili isso no pre converteram fim, Por zada. é também ironicamente Esse preço ço. ------Um dos riscos que Um dos riscos O governo criou um mecanismo Ildo Sauer – IHU On-Line – Como foram ela Como foram – On-Line IHU Recursos naturais não faltam. No não faltam. naturais Recursos Então, rasgaram-se todas as aná todas rasgaram-se Então, tem contratado e tem especulado com o especulado com tem e contratado tem existe. de água que excedente de subterfúgio pelo qual uma defigura cativo. mercadoO livre, respondeque tem brasileira, hoje por 1/4 da energia não sobras, aparentes de beneficiado se mínima de três a cinco anos, que é o anos, a cinco três mínima de prazo necessário para construir os pro o mercado só para feito Isso foi jetos. adotou-se a metodologia de estabelecer de estabelecer a metodologia adotou-se de 15 anos para duração de contratos 30 anos para usinas termoelétricas, antecedência com usinas hidrelétricas, levaram ao racionamento foi a ausên foi ao racionamento levaram cia de contratos de longo prazo. Então, de energia no governo Lula? Que re Lula? governo no de energia nos feitas sido ter deveriam visões setor do de concessões contratos elétrico? borados os contratos de concessão de concessão os contratos borados correspondido a essa qualidadede correspondido e do planejamento por causa recursos inadequados. da gestão cartar os projetos hidrelétricos. os projetos cartar não têm feitas as escolhas entanto, não deu tempo ao processo político os ambientais, social, e aos estudos des ou desenvolver permitiriam quais dos camponeses e índios, e impor pro dos camponeses favo naturais atributos que têm jetos mas de Belo Monte, no caso ráveis, indígenas. indígenas. Costumo repetir que, apa rentemente, o governo democrático a espada emprestada popular tomou nos peitos cravá-la para dos militares antigamente. governo O Lula usou o seu prestígio e impôs esses projetos e dos dos camponeses a baixo” “goela lises e avaliações. Jogou-se tudo no Jogou-se lises e avaliações. lixo e voltou-se a repetir o que era empacotada sob essas commodities. sob essas empacotada modelo do Reprodução energético gestado no tempo da ditadura, desen da ditadura, tempo no gestado visando à ex tempo naquele volvido energia ou seja, alumínio, de portação de de casa – lançou mão do que tinhana no governo feito um projeto prateleira: no rio Madeira elétrica de energia FHC, projeto um foi que Monte, Belo em e quando houve a crítica dos movimen proje esses a ambientais sociais e tos tos, o governo – como não fez o dever diesel, diesel, óleo combustível, como usinas a gás, entre outras. Isso fez com que, EDIÇÃO 395 | SÃO LEOPOLDO, 4 DE JUNHO DE 2012 LEOPOLDO, 395 | SÃO EDIÇÃO 56 www.ihu.unisinos.br Destaques da Semana sileira émuito cara. Então, eles querem está dizendo que a energia elétrica bra puta poressafatia domercado. excluídos, porque háumaenorme dis vez,eque,uma nada mais estão sendo de beneficiaram se nunca que rurais, les quevivem nasperiferias urbanase estão àsescuras. Emgeral, sãoaque dos, cerca de 2,5 milhõesdebrasileiros Topara Luz Programa do obras das e até hoje. Apesardemuita propaganda nação pública, àenergia elétrica, como tosnuncativeramdeles ilumi à acesso donos dospotenciais hidráulicos. Mui brasileiros quesão, desde aorigem, os Essa seria umaforma deretribuir aos pública. educaçãosaúde a financiar e destinados para um fundo público para cerca de 6a7bilhõesporanosejam do com os consumidores cativos, e que utiliza seja – reais de bilhões 10 de no 80% darenda hidráulica –algo em tor blica, proponho que cerca de 70%ou como aeducação pública, asaúde pú teve acesso aosdireitos sociaisbásicos, conjunto de cidadãosque aindanão se dentro danação brasileira háum cursos nacionaissãoosbrasileiros, e se osprimeiros donosde todos osre Proposta tipos aumpreço maiselevado. devários e térmicas usinas fizessem privados investidores os que de permitir fim a menor preço um a energia tenha utilizado as estatais para vender muitoembora governoo passado no na previsão futura da energia nova, 80% valor,do teríamos umaredução cativo a um preço da ordem de 70% ou vendêssemos energiapara mercado o e essas usinas, Se usarmos ano. por reais de bilhões 10 de ordem na zirão energia for de100reais, elasprodu de energia.ano preçoSe o da médio por megawatts/hora de milhões 100 de cerca produzem usinas Essas cas. que sãosomente parcialmente públi tarão em mãosdeempresas estatais, que foram construídasBrasilno –, es ao centro deconsumo– asprimeiras próximas localizadas, melhor usinas de 20%dacapacidadebrasileira das próximosanos, de2013 a2018, cerca nos que então, Significa, isso. para do mentos, essedinheirodeveria serusa investi seus os recuperado tiver não tos de mais de 22 mil megawatts ainda bilhões dereais. etc.dos, restaainda Mas de 15 mais Minha proposta émuito simples: Portanto,projedaqueles seum O empresariado de grande porte grande de empresariado O ------cultura, diagnóstico, terapia, etc. No etc. terapia, diagnóstico, cultura, menteáreas nas agri medicina, da especial recurso, desse beneficiar se avançada,mais sociedade quepossa importantes para desenvolver uma ciência eatécnica sãoextremamente crevi, percebi queaenergia nuclear, a quadrofunçãodo energético des que trução de usinasnucleares? dro, porque ainda se propõe a cons maior poder de pressão econômica. nha essadisputa têm sidoosque têm naturais permite e, em geral, quemga nefícios que a apropriação dos recursos dade. Há uma disputa em torno dos be competitivi de chamam eles que o ou ção, apenaspara aumentar oslucros mercadorias quevão àpopula servir das preço o reduzir sem produção, a subsidiar para utilizado seja nacional, 2017, algo em torno de 20% da energia e 2016 2015, 2014, 2013, de partir a ção, irá pertencer aogoverno brasileiro que aenergia que, conforme alegisla do cérebro,do fazer coração.imagensdo A imagem fazer para necessários são que nêutronsparaproduzirradioisótopo,de fluxo alto reatorde um isto:faça se que construir eoperar reatores. Proponho projetar, significa tecnológica pacidade para ter maiscapacidade. Ampliaraca energética matriz a Brasil ampliar o precisava que dizem isso Por lobby. do Angra III, retomaram aobra porpressão Angra III? insisteretomarem a construção de va previsto acaba acontecendo. Fukushima.Sempre algo estanão que não é desprezível, como se revelou em nuclear,do acidente a possibilidade pulação ariscos.No caso daenergia po a e região a expondo diatividade, ra baixa de rejeitos irradiados, tíveis comoherança toneladasde combus rãoa metade dessevalor, semdeixar opções queestão disponíveis custa como10 bilhões, Angra III.Asoutras nuclearesusinas custem que fazerde mais de necessidade há Não níveis. parteuma usando recursos dos dispo Brasilpoderá dobrarconsumo o atual perior aosdemaisrecursos. porque ocusto dourânioé muito su elétrica, energia fazer para urânio do entanto, o caso brasileiro nãoprecisa Ildo Sauer– IHU On-Line –Diantedesse qua Ildo Sauer– IHU On-Line – Por que o governo disse, em Como 20422043, ou o No caso particular de de particular caso No Há muitos anos, em anos, muitos Há ------Baía de Itaorna, que quer dizer “pedra dizer quer que Itaorna, de Baía Angra Iestão situadasnumaregião da Fukushima? Épossí vel ocorrer umacidente como Angra? o de de sítio do cações futuras defazê-lo. judicargeraçõesdas apossibilidade geraçãoda cessidades atual, sem pre to sustentável permite atender às ne sustentável, porque odesenvolvimen negaçãototal desenvolvimentodo para fazer oreator depesquisa. cincodaqueles queforem poupados bilhão um utilizar possível seria pois, custariamodelo de reais. 5bilhões De massa, complementação térmica. Esse citeique antes: hidráulica, eólica, bio energia alternativa na combinação das investir em reais, de bilhões 10 os par projetoo abandonar de Angra III,pou para amedicina,biologiaeagricultura. área nuclearpodedarumacontribuição pode ser separadoa prolifera disso: mais avançados. vido,se construam desdeque reatores tecnologicamente pode ser desenvol e científica que disponível, natural so Não podemos abrirmão de um recur II estãotemosNós só lá. cuidar. que a Angra IeaAngra II? opção sejaconcluir Angra III. nucleares, e provavelmente aúnica a construçãoliando denovas usinas ou considera irrelevante adiscussão. debateum cerceado,espaçodá não faz imprensa a Hoje, nuclear. energia bate mais aberto e esclarecedor sobre ma Nuclear Brasileiro, houve um de militar,no o Progra seiniciou quando para dentro dosítioedasusinas. deslizamento um eventualmente sível Embora seja improvável, nãoéimpos acidente, ou uma tragédia maior ainda. evacuação depessoasse houver um que pode inviabilizar a possibilidade de terra, de tsunami um a suscetível está região a Portanto, deslizamentos. de 1850, 1860têm registros periódicos tanhas que, desde asdécadas 1840, rani. Aregião está cercada demon podre”, “pedra precária” em tupi-gua SÃO LEOPOLDO, 4DEJUNHO DE2012|EDIÇÃO 395 Ildo Sauer– IHU On-Line – Quais as impli éa nuclear energia em Investir A propostaminha é simples: á ur polm qe não que problema outro Há Ildo Sauer – IHU On-Line –Eoque fazercom reava está que disse governo O Ironicamente, na época dogover Bom,Angra IeAngra Angra III, Angra IIe ------Destaques da Semana www.ihu.unisinos.br 57 ------É preciso criar um consórcio um consórcio criar É preciso de Ener Internacional A Agência balhe em favor da humanidade. balhe em favor te ou trinta anos, mil toneladas para para mil anos, toneladas ou trinta te II. I e Angra de Angra reator cada os todos de dar conta mundial para elementoscombustíveis, era rejeitos diativos dos programas produção de dos e programas elétrica de energia nucleares. as armas que produziram servindo que hoje está gia Atômica, perseguir para aos americanos muito mudar de países, deveria outros e o Irã de que a presença perceber papel, e tec de de reatores, armas nucleares, ameaça constitui nologia ultrapassada mundial. da população à segurança ele seja pequeno, Ainda que o risco A de uma solução. e precisa existe Atô de Energia Internacional Agência lobis como ingenuamente atua mica convencionais, de reatores a favor ta acima do ne risco alguns deles com reato dos três o caso como cessário, e de Fukushima o reator de Angra, res na França operando estão que muitos a chance países, e perde e em outros que tra de se uma tornar organização ------O Brasil decidiu in IHU On-Line – Qual será o custo custo o será – Qual On-Line IHU – Sauer Ildo Já não podemos descartar os be descartar Já não podemos top de tecnologia Esse nos anos 1970. tecnologia de top ultrapassado, está modelo atualmente o dobro gastar em mas o país insiste de formas outras do que custariam energia. O investimento nas heran como deixará atuais nucleares usinas ça, além dos rejeitos radiativos, que exigem cuidado por dez, quinze, vin nefícios que a energia nuclear permite permite nuclear energia a que nefícios a agricultura, a medicina,para para nem a ciência, a biologia e para para Porém, a energia. para eventualmente do aci as lições aproveitar preciso é de Chernobyl, de Fukushima, dente outros. entre o Brasil? para das usinas nucleares vestir em reator um nuclear é dos anos que foi 1950, tecnologia cuja a de de tecnologia nuclear, inclusive de de inclusive nuclear, tecnologia de de fazer bombas se quiser, num relativamente prazo curto, como Argen a tina também, mas deveria tornar se o precursor no sentido deexigir uma quo. no status mudança ------>> Confira outros materiais publicados pela IHU On-Line sobre o tema da energia nuclear. tema da energia o On-Line sobre pela IHU publicados materiais outros >> Confira O ciclo do combustível nuclear em http://bit.ly/KaebaH http://bit.ly/KpvQuw em disponível em flor em Fukushima, 21/05/2012 - Cerejeiras no mar e no ar de Fukushima do desastre 20/03/2012 - As consequências em http://bit.ly/zr2t9M Um ano depois, disponível nuclear de Fukushima. do dia. A central 13/03/2012 - Fotos 27/03/2012 - Alemanha vive difícil travessia rumo ao fim da energia nuclear, disponível em http://bit.ly/HaItYZ em disponível nuclear, rumo ao fim da energia difícil travessia 27/03/2012 - Alemanha vive em http://bit.ly/vQ7wfd +25, disponível 21/12/2011 - Chernobyl 28/04/2011 - Conferência pela paz avaliará conseqüências de Chernobyl LsM0Wn e Fukushima, disponível em http://bit.ly/ 12/03/2012 - Fukushima: um alerta ignorado pelo Brasil. Entrevista especial com Heitor Scalambrini Costa, disponível 12/04/2012 - Vaticanoatômico. Desvanece-se a“santa aliança”contra a energia nuclear, disponível emhttp://bit.ly/ HFrZe7 03/04/2012 - Brasil completa 30 anos de uso da energia nuclear com avanços tecnológicos e críticas,http://bit.ly/HPGjm9 disponível em disponí nuclear, banir a energia querem ambientalistas no mundo, das usinas xeque em - Com a segurança 03/04/2012 em http://bit.ly/HeoeN8 vel bit.ly/KSdW7I o de projeto III, Angra 23/05/2012 poupar simples: - os Proposta “Abandonar R$ 10 bi, em energiainvestir alternativa”. em http://bit.ly/Jpb0xb disponível Ildo Sauer, especial com Entrevista 27/03/2011 - Energia nuclear é ambientalmente Entrevista sustentável? especial com David Fig, disponível em http:// bit.ly/M05gd3 em http://bit.ly/LrLgkD disponível nuclear, à energia renuncia japonesa também 08/05/2012 - A Igreja Revista IHU On-Line ed. 355, de 28-03-2011, intitulada A energia nuclear em debate, disponível em http://bit.ly/gaYZnA em disponível debate, nuclear em A energia 355, de 28-03-2011, intitulada IHU On-Line ed. Revista disponível em •17/05/2012 http:// - especial Por um Entrevista com Whitaker, Brasil Francisco livre de energia nuclear. • • • • • • • • • • • • • • • por todos os países O conjuntamente. um papel importante, pode ter Brasil capacida um país é que tem porque Leia mais... ONU, ONU, de maneira que todo o enrique de ener reprocessamento e cimento escala em feitos gia nuclearseriam global por uma entidade controlada para usinas civis deveria ser feito por feito ser usinas civis deveria para da o controle sobre uma empresa Paquistão, da Coreia do Norte e todos todos e do Norte da Coreia Paquistão, fazê-lo. os demais que poderiam nuclear Controle Unidos, da Rússia, da Inglaterra, da Unidos, da Rússia, da Inglaterra, (se Sul do África da e Israel, de França, ela tiver armas), Irã,do Índia, da do o Brasil deve tomar a liderança e exi a liderança tomar deve o Brasil nuclear de todos gir o desarmamento dos Estados especialmente os países, périos que criaram armas nucleares nucleares armas périos que criaram capazes de destruir o planeta várias Essas vezes. armas estão nas mãos de apenas alguns países. Um país como como resultado da Segunda Guerra da Segunda Guerra resultado como so do bloco a criação Mundial, com dos im capitalista, do bloco cialista, ção de armas nucleares. criamos Nós nucleares. de armas ção desigual mundo um extremamente EDIÇÃO 395 | SÃO LEOPOLDO, 4 DE JUNHO DE 2012 LEOPOLDO, 395 | SÃO EDIÇÃO 58 www.ihu.unisinos.br Destaques da Semana Pobreza rural: umdilemahistórico Os dilemasdademocracia chilena responsabilidade écoletiva Política Nacionalde Resíduos Sólidos:a 28-05-2012 a04-06-2012 Entrevistas especiaisfeitas pela Destaques On-Line Acesse nolinkhttp://bit.ly/KGaxYP Confira nasNotíciasdoDiade30-05-2012 engenheiro agrônomo Entrevista especialcom Lauro Mattei, continuará sendo”, adverte. e, enquanto nãomudaraConstituição de1980, “O Chileaindaéumasociedadepós-pinochetista Acesse nolinkhttp://bit.ly/LATsxU Confira nasNotíciasdoDiade29-05-2012 cientista político Entrevista especialcom Gastón Passi Livacic, especialista. se implantar aPNRS deforma plena”, assegura a “Já setêm acúmulos,instrumentos, expertises para Acesse nolinkhttp://bit.ly/MVnKxS Confira nasNotíciasdoDiade28-05-2012 Pólis socióloga, coordenadora executiva do Instituto Entrevista especialcom Elisabeth Grimberg,

IHU On-Line edisponíveis nas

Notícias do Dia discussão precarizada Governança ambiental global:Uma de seprevenir” “As secas sãoprevisíveis. Éumaquestão Acesse nolinkhttp://bit.ly/KLVblA Confira nasNotíciasdoDiade31-05-2012 sociólogo, professor naUSP Entrevista especialcom Pedro Roberto Jacobi, sistema judiciáriobrasileiro”, destaca. localizam emduasesferas: naestrutura política eno entravam arealização dareforma agrária noBrasil se “Não hádúvidasdequeosprincipaisobstáculos que desamparadas”, declara oentrevistado. falando deummilhãofamílias que continuam a condição devidadasfamílias, masestamos mil cisternas nosemiáridobrasileiro melhorou “É obvio queaexistência dequasesetecentas Acesse nolinkhttp://bit.ly/LPyRW2 Confira nasNotíciasdoDiade01-06-2012 da Articulação noSemiáridoBrasileiro –ASA Entrevista com Antônio Barbosa,coordenador nacional einternacional”, assegura osociólogo. pactos queterão deserassumidosemnível regional, de umaarticulação deepicentros decisóriosede se dará apartirdeumepicentro, massimapartir de chamaraatenção dequeagovernança globalnão “Ninguém tem areceita dagovernança, mastemos do sítio do IHU (www.ihu.unisinos.br) de SÃO LEOPOLDO, 4DEJUNHO DE2012|EDIÇÃO 395

Tema de Capa

Destaques da Semana www.ihu.unisinos.br IHU em Revista

EDIÇÃO 000 | SÃO LEOPOLDO, 00 DE 00 DE 0000 SÃO LEOPOLDO, 00 DE XXX DE 0000 | EDIÇÃO 000 59 60 www.ihu.unisinos.br IHU em Revista Mais informações: Local: Horário: Palestrante: Palestra: Evento: CiclodePalestras Rio+20:desafios eperspectivas Mais informações: Local: Horário: Palestrante: Evento: ObservaSinos OficinadeIndicadores Educacionais (Primeiro Módulo) Mais informações: Local: Horário: Palestrante: Palestra: CriseEconômica GlobaleaEconomia Civil –Possibilidades eDesafios Mais informações: Local: Horário: Filme: Evento: CiclodeFilmes:Acrisedocapitalismo nocinema–Reprise emhorário alternativo Data: 06-06-2012 Data: 06-06-2012 Data: 05-06-2012 Data: Sala IgnacioEllacuríaeCompanheiros, noIHU Sala IgnacioEllacuríaeCompanheiros, noIHU Sala IgnacioEllacuríaeCompanheiros, noIHU Sala IgnacioEllacuríaecompanheiros, noIHU. Margin Call–ODiaAntes doFim(EUA, 2011,107minutos, direção: J. C.Chandor)

14hàs17h 9h30minàs12h Rio+20eaperspectiva empresarial 19h30min às22h 17h às19h 04-06-2012 Agenda da CarlosEduardo Young –UFRJ Profa. Dra. Flávia Werle –Unisinos Stefano Zamagni –Università deBologna–Itália http://bit.ly/HOXwyP http://bit.ly/JEqWPQ http://bit.ly/KJ8QuS http://bit.ly/Mfbo7c Semana programados paraasemanade04-06-201211-06-2012 Eventos doInstituto Humanitas Unisinos–IHU SÃO LEOPOLDO, 4DEJUNHO DE2012|EDIÇÃO 395 IHU em Revista www.ihu.unisinos.br 61 ------. va das empresas e da sociedade civil e da sociedade civil das empresas va pa ou eventos nos chamados fóruns uma enorme onde teremos ralelos, as pessoas de todas concentração envolvidas com o tema: cientistas, ativistas, inclusive setor o empresa do se ações rial. Já há uma série de ferências. ferências. Uma será a Rio+20 oficial, que documento um a respeito diz que mui está e dos países, a posição trará to claro que será esvaziado, bastante pois não deverão ser discutidas me tas quantitativas,apenas princípios. de diplo de governo, É uma questão espaço pouco dando muito macia, civil. Mas e sociedade empresas para ati mais atuação uma ter poderemos ------Carlos Eduardo Young é doutor em Econo em doutor é Young Eduardo Carlos a entrevista. Confira Carlos Eduardo Young participará do even do participará Young Eduardo Carlos to Rio+20 – Desafios e Perspectivas, promovi Perspectivas, Rio+20 to – Desafios e do pelo IHU, ministrando a palestra “Rio+20 sob a perspectiva empresarial”, próximo no na Unisinos. Sai quarta-feira, dia 6 de junho, ba mais em http://bit.ly/wh2tt8 professor e Londres de mia pela Universidade do Rio de Janeiro Federal da Universidade – UFRJ. princípios de sustentabilidade”. E conclui que E conclui princípios de sustentabilidade”. o grande tema a ser debatido na Rio+20 é a renda e emprego gerar como de problemática o respeitando inclusiva, socialmente de forma meio ambiente. – É importante es – É importante - - - - - IHU On IHU IHU On-Line – Qual deve ser o deve On-Line – Qual IHU Carlos Young clarecer que acontecerão duas con que acontecerão clarecer mente nos temas da biodiversidade da biodiversidade nos temas mente Na à desertificação. e do combate al havendo do clima acabou área do destaque função em gum avanço do Protocolo da questão do tema, es e das regulamentações Kyoto de ainda há áreas, outras Nas pecíficas. fazer. o que muito na Rio+20? papel das empresas Nesse aspecto, percebemos que há que há percebemos aspecto, Nesse mas de for heterogeneidade, muita menor do muito foi a ação ma geral, principal a que seria necessária, que - - - - -

a visão do economista Carlos Eduar a visão do economista do Young, uma empresa “não tem o correta, papel de ser ecologicamente – A Rio+20 é uma uma – A Rio+20 é , onde argumenta que “é muito ingênuo ingênuo muito que “é , onde argumenta nesse processo, haja uma incorporação de haja uma incorporação processo, nesse vista que concedeu por telefone à por telefone que concedeu vista -Line seja promover supor que o papel da empresa o desenvolvimento sustentável. O papel das empresas continuará sendo produzir e obter lucro. O que devemos é pressionar para que, N nem sustentável. O que uma empresa de bens e ser tem de produção é um local que ser viços. Nesse sentido, a sustentabilidade dela das demandas das pessoas função em ser vai ou que deman essa empresa que compõem dam Ele dela”. emitiu essa opinião na entre

Carlos Young IHU On-Line – Quando se refle

diversidade e serviços e ecossistêmi diversidade à desertificação. e ao combate cos o que as empresas fizeram nessas delas em a atuação qual foi áreas, da bio à questão ao clima, relação 1992, na Convenção do Clima, da da do Clima, na Convenção 1992, combate e de biológica diversidade saber É importante à desertificação. políticas e das ações efetuadas nos nos efetuadas das ações e políticas últimos 20 anos a partir dos acor em Janeiro, dos assinados no Rio de destacar? das das implementações avaliação te te sobre a Rio+20 sob a é importante que o empresarial, va perspecti Por Graziela Wolfart Para Carlos Young, quando se fala em sustentabilidade ou em economia verde, o verde, ou em economia em sustentabilidade fala quando se Carlos Young, Para ser feito deve que” e não em “o atuar em “como” é pensar importante mudança deve vir de fora deve mudança Rio+20 e as empresas: a a as empresas: e Rio+20 Eventos EDIÇÃO 395 | SÃO LEOPOLDO, 4 DE JUNHO DE 2012 LEOPOLDO, 395 | SÃO EDIÇÃO 62 www.ihu.unisinos.br IHU em Revista empresa com asociedade, tanto de mais alto –como pela relação da lucro, háumnível deprodutividade do que simplesmente ageração do missão dessainstituição algo além gados motivados, queidentificam na que umaempresa quetem empre há umasérie de estudos mostrando empresário e dostrabalhadores –e do conscientização a é que presa, tentabilidade, tanto pordentro em incorporação de princípiosde sus para que, nesse processo, hajauma pressionar é devemos que O lucro. obter e produzir sendo continuará empresas das papel O sustentável. sa seja promover odesenvolvimento ingênuo suporque opapel da empre Mas aquestão é aseguinte: é muito ocupar com aquestão ambiental? papel tambémdo empresário pre se demandam dela. compõemque essaempresaque ou em funçãopessoas das demandas das sentido, a sustentabilidade dela vai ser de produção Nesse debense serviços. que uma empresa tem queser é umlocal O sustentável. nem correta, te não tem o papeldeser ecologicamen terminologia,porque umaempresa mente correta? caracteriza uma empresa ecologica lo empresasde sustentáveis?que O entravesatuais relaçãoem ao mode serão replicadas. muitas experiências bemsucedidas que perceber permitirá sociedade, entre asempresas, eentre elas ea que essa intensa troca de informação mos um resultado interessante, por verde.sentido,economiaNesse tere implementação dosprincípiosda rial, quaissãoasconsequências da empresa de vista ponto do discutir, mentos de atuação, etambém para procedi metodologias, identificarem as empresas trocarem experiências, Efetivamente, será um momento para tor empresarial que serão avaliadas. Carlos Young IHU On-Line – Mas não deve ser Carlos Young Quais IHU On-Line–osavanços e –Eunãousariaessa Cm certeza. Com – ------que sãovoltadas para aconserva e de inclusãosocial, oucomo ações simultaneamente deconservação ser pode produtiva atividade a como Rio+20? os ser grandes temasdebate em na próprio Estado regulador. sa, seja pelos consumidores oupelo empre da fora de induzida ser que das modificações necessárias terá esses critérios. Mas a maior parte de eficiência, ela própria irá adotar sibilidade deumganho financeiro e eficiência. Quandoperceber apos voluntariamente, porquestões de critérios aempresa podeadotar aplicação da empresa. Parte desses critérios desustentabilidade para a está inserida. Edaípodemos discutir to com acadeia produtiva onde ela quem demanda osseusbens, quan mostra simplesmente queospaíses que é acontece que O proeminente. “na conversa”. muito Não deverá serumtema ficar vai objetiva, meta tão pouco está sepretendendo uma te internacional. Mascomo também quecer aposição doBrasil nodeba talistas brasileiros, oque vai enfra dos ambien parte por crítica muita posição do governo brasileiro. Haverá fragilizará,atéele porquebastante a surgi tema o certeza com Mas leiro. digo Florestal éextremamente brasi conferência mundial.Eotema doCó aparecernos debates da Conferência? sobreo novo Código Florestal deve questão doclima. a sobre específicas conferências as conferência bem maisaberta doque uma Será pobreza. da questão na se disso, hátambém umagrande ênfa os princípiosfundamentais. Além tando omeioambiente. Sãoesses forma socialmente inclusiva, respei como gerar emprego erenda de de econômica. Emoutras palavras: ativida de e social inclusão de ações ção donossoambiente sãotambém Carlos Young IHU On-Line – Quais devem Carlos Young IHU On-Line – Comoa discussão –Émuito simples: – A Rio+20 éuma –ARio+20 ------ao como fazer,como ao produzir,como como não dizem respeito ao que fazer, mas sustentabilidade e aeconomia verde rio, aumenta. O fundamental é que a a atividade econômica, pelocontrá diminui não coisas essas fazer que renda. Amensagem deve serade social, gerando emprego egerando dade, com grande ênfase nainclusão re esses elementos desustentabili econômica demaneira queincorpo mos reestruturar anossaatividade mos. Agrande premissa éessa:va E como tal, é umaforma depensar propagado emrelação àRio+20? ao conceito deeconomia verde, tão em relação se colocam que desafios o façam. que apenasospaíses desenvolvidos agendassuas cumprir esperarenão em desenvolvimento também devem e não“o que”. consumir. Apalavra-chave é “como” Leia mais... SÃO LEOPOLDO, 4DEJUNHO DE2012|EDIÇÃO 395 • • Confira: outras entrevistas à >> CarlosEduardo Young já concedeu ijth7A http://bit.ly/ em disponível 2009, IHU On-Line desafio. Um clima. e econômico Crescimento http://bit.ly/LSPMLi de 01-06-2011,Dia disponível em do Notícias nas publicada trevista econômico? crescimento o para contribui Florestal Código novo O Carlos Young IHU On-Line –Quais os limites e número311, de19-10- Entrevista publicadana –Éumconceito. IHU On-Line . En ------IHU em Revista www.ihu.unisinos.br 63 ------IHU On-Line IHU isso junto dos professores com alguns com dos professores isso junto critérios de aprendizagem. Depois, fi zemos o pós pré-conselho, contando supervisora. eu, e a orientadora com as planilhas com na turma Entramos regen o professor com juntamente e, eles. Fomos isso com trabalhamos te, o que os alunos precisam apontando cada turma. Então, chegamos ao pré chegamos turma. Então, cada de classe, em que reunimos -conselho as disciplinas de todas os professores que os alunos para estabelecemos, e, me pudessemcompreender também onde cores, com tabela lhor tudo isso, especificamos verde, o para o aluno acima da média; o vermelho, que está da média e o abaixo o que está para na média, sendo que a mé amarelo, 60. Trabalhamos é dia da nossa escola - - - - Confira a entrevista. Confira ras de educação básica de Esteio, Marilan de de Esteio, básica de educação ras Schneider Sche Lisandra Moreira, Carvalho ffer e Elisane Cristina Kolz Rieth, que explica educacionais o uso de indicadores sobre rão em suas profissionais. A práticas a professora com pessoalmente conversou Alenis Cleu a doutoranda com Werle, Flávia Lisandra as professoras e com sa de Andrade Schneider e Scheffer Elisane Kolz Cristina Rie a mais sobre um pouco th, que explicaram Oficina. vas de análise dos indicadores de qualidade de análise dos indicadores vas municipal de São Leo na rede da educação Alenis Cleusa de as doutorandas com poldo”, da mesma Rocha, CleoniceSilveira e Andrade professo das depoimento o com e instituição

------Sai . . A Escola Centro Municipal de Edu Centro A Escola este projeto há três anos nessa esco há três projeto este la. Começamos fazendo um perfil de cação cação Básica Santo Inácio é localizada em um bairro específico de Esteio-RS. Atendemos É de classe média baixa. 1.340 alunos. É uma esco na escola a segunda maior. da rede, la grande O trabalho que iremos apresentar foi realizado com 550 alunos, dos anos finais do ensino fundamental. Além um grupo de 30 com trabalhei disso, pe e mais a coordenação professores do sexto foram turmas As dagógica. ano até a oitava série. Já realizamos qualificar os indicadoresqualidade de na Escola O trabalho - -

Oficina de indicadores educa http://migre.me/9iV15

uscando facilitar o acesso e manuseio o acesso e facilitar uscando ins como da educação de indicadores melhor compreender, para trumento Durante a programação, haverá a palestra a palestra haverá a programação, Durante “O “O debate qualificado da educação a partir a Profa. com educacionais”, dos indicadores Dra. Flávia Werle, da Unisinos; “Perspecti estabelecimentos educacionais da região, da região, educacionais estabelecimentos a realizada será cionais – Módulo I, no dia 6 de junho, na Sala IHU no Companheiros, e Ellacuría Ignacio ba mais em: B realidade educacio a e transformar qualificar do Rio dos Sinos, nal dos municípios do Vale e analisar dados acessa debater bem como dos no confronto com a realidade institucio nal e profissional dos participantes vivida nos

Lisandra Lisandra Schneider Scheffer – IHU On-Line – De que maneira – De On-Line que maneira IHU

Ações da coordenação peda coordenação da Ações de Municipal no Centro gógica – Cemeb para Básica Educação Cada uma vai expor a sua prática e a sua vivência. indicadores de qualidade da secretaria de qualidade da secretaria indicadores a sala de para escola da e a escola para nisso. baseada será oficina Nossa aula. tica. Sou coordenadora relatar iremos pedagógica Então, de uma escola. os e trabalhados são tratados como profissionais? Iremos fazer um relato da nossa prá vocês vocês irão durante abordar, a oficina o uso educacionais, de indicadores desses indicadores em suas práticas Por Thamiris Magalhães Por Thamiris aplicação de uma técnica, e sim de articulação de grupo, de entendimento de de entendimento de grupo, de articulação e sim de uma técnica, aplicação Werle Flávia afirma e erro, pessoas, de acerto Um indicador educacional é uma expressão em geral numérica, mas que, em si, mas que, numérica, em geral é uma expressão educacional Um indicador na escola que entremos É uma chamada para traduz. que realidade a não altera de não é um trabalho que pedagógico, do trabalho a importância e valorizemos de qualidade Educacionais, por uma educação educação por uma Educacionais, Oficina de Indicadores de Indicadores Oficina EDIÇÃO 395 | SÃO LEOPOLDO, 4 DE JUNHO DE 2012 LEOPOLDO, 395 | SÃO EDIÇÃO 64 www.ihu.unisinos.br IHU em Revista que elas têm relato que traduzem os traduzem que relato têm elas que cadores dentrorealidade, dasua por apresentar como trabalhamcom indi as professoras darede irão municipal tro de suas teses ou dissertações. E estãojá eles que den manuseando torandosirão trabalhar com dados mestrandosé quealguns cina e dou da Oficina? área daeducação. um longo caminho aser percorridona falta Ainda sozinhos. estamos vezes porqueda série inicial, alunos muitas precisamospara demaisumauxílio os que no entanto, Creio, versificadas. di atividades aula de sala em balhar outroAlém disso,turno. procurotra dificuldades. Trata-sede reforço deumaaula em suas diminuir visando há umaprofessora queirá trabalhar onde Aprendizagem, de Laboratório ao enviados são aprendizagem na dificulda de maior têm que alunos Os ba frustrandoo trabalho professor.do Mas muitos nãocompareceram, o que aca aprendizagem. na defasagem comcomdesses alunos pais os maior se. Alémdisso, esse ano, conversamos conversadocom clas da 30 alunos os classe, queédetodaa turma,é onde dizagem. Depois, temos o Conselho de alunos que têm dificuldades de apren conversamosque de específicos casos em classe, de pré-conselho o zamos reali e diretiva equipe a com -feira mos reuniãopedagógica todasexta prática. Te minha a pouco um Relato sora daeducação básica, quarto ano. na mesmabalho escolae profes sou com osalunos,paiseprofessores. um conselhomos de classeindividual, realiza isso, tudo de além trimestre, segundo No resultado. traz que coisa melhorar? Dátrabalho, mas é uma podemos que O aprendizagem? reu Ocor avanço? Houve perfil. um ção, avalia uma fazemosreunião, cada de mos com o conselho de classe. Ao final zes, elas estão ausentes. Depois, volta porque percebemos que,muitas ve famílias, as com trabalho um lizamos rea disso, Além melhorar.para fazer Flávia Werle– IHU On-Line – Qual a proposta – Rieth Kolz Cristina Elisane A propostaA Ofi da Tra ------eles não tinham alguém que fizesse de educacionais,porque dentro grupo do indicadores de questão a cificamente vaSinos,estamos trabalhandoespe Obser o Agora, com parceria essa com ampla. nós, mais atividade uma fórum, um de nome o com fazíamos que Só fazendo. estamos já nós que supervisores. Então,é umacoisa isso com osseusprofessores, diretores e de Educação, Escolares,aos Conselhos tãoMunicipal ao Conselho vinculadas educaçãobem como que es pessoas portanto, secretáriosde municipais a redede escolas municipal públicas, co, masumtrabalhocomdialogue que circuledentro ambientedo acadêmi que pesquisa uma fazer apenas não adotamosesse procedimento, é que ca,já está que quinto no ano, emque peram depoisdoencontro? es vocês resultados que e Oficina da como professora. ordenadora pedagógica daescola ou co como seja prática, sua da dentro tradução, elastambém incorporam essa fazer de além lado, outro por e, indicadores para osseusprofessores no quinto ano, que prática, quejáestá é nãoapenasfazer uma pesquisaque rede municipalde escolas públicas” um trabalho que acadêmico, mas dialogue com a Flávia Werle– IHU On-Line – Quais os objetivos circule dentro do ambiente “Temos uma Temos uma práti Temosuma ------

avaliaçõesprofessores, dos apavorei supervisora,de vi asplanilhas quando cheguei Quando àescola em que sou dicadores educacionais naescola? depois que vocês implantaram os in pria prática. disponíveispara uminsumo asuapró gam fazer desses elementos que estão mista.professores Masqueos consi econo um de ou matemático um de estatística,técnicoem um de domínio os próprios indicadores não fiquem de go quesejapromissor, que demodo esse diálogocom arede. Eumdiálo cês esperam? mais ampla. temos essediálogo com acomunidade educação.da cussão Por lado, um já uma forma maisaprofundadaa dis ordenação pedagógica. paraaluno aorientaçãoparaou aco comosabendo agir, encaminhandoo surge algum conflito; eles acabam não técnico; aprendeme quando aensinar tratacomo elessaemapenas disso; formação acadêmica do professor não como professor, suametodologia.E a nidade, rever a sua própria avaliação com oaluno, daruma nova oportu vaiter que checar isso, queconversar compareceu,não que, seoaluno ele os professores conseguiram enxergar apresentar, creio queomaior cipalmente. Nesse trabalho que irei responsáveis.são professoro E prin tem oresultadodado de quetodos mas e cansativo, difícil é famílias as toda essaretomada com e osalunos fazer e indicadores esses para olhar visão,Essa hoje,está diferente. Então, a aula,nósdeveríamospreocupar. nos foialuno em saberseo paranão ou so. Que, se o painãose preocupa Que devíamosaí. por dar conta dis começamosquando a ver é que não para déssemosconta que Foi disso. çamos ater formação dasecretaria temos quever, iratrás.Então, come compareceu,não aluno Se o assim. faltas etc. ser poderia não que Disse -me aover o nível dereprovação, de SÃO LEOPOLDO, 4DEJUNHO DE2012|EDIÇÃO 395 Lisandra Schneider Scheffer – Scheffer Schneider Lisandra IHU On-Line – Oque melhorou Flávia Werle– IHU On-Line – Queresultado vo Nós queremos up é que ------IHU em Revista www.ihu.unisinos.br 65 ------Ademais, iremos trabalhar a tra trabalhar iremos Ademais, O objetivo da oficina mostrar é São as perspectivas de análise Existem várias, mas iremos desmem mas iremos várias, Existem a as que o professor, de maneira brar trabalhar sessoria ou a equipe que irá entender consiga os indicadores com o que ele pode dizer. Trajetória da rede municipal de municipal rede da Trajetória São Leopoldo municipal de São Le rede da jetória opoldo, fazendo diferentes perspecti vas de análise. Essas perspectivas são como de detalhar as que acabei tanto outras análises por zoneamento do de atendimento por região município, de matrícu pelo número e das escolas las da rede. Oficina – objetivo que e assessores, os professores para indicadores, esses com trabalham maneira de se pode trabalhar como um maior domínio que eles tenham para análise e planejamento a partir tornem que se dessa “ferramenta”, daquela rede. dentro mais pautáveis algu oficina a durante apontar Iremos mas perspectivas de análise, diferen pelo governo. daquelas propostas tes se de características das redes de ensi de redes das características de se dados desses pode compreensão a no, que tenha maneira de trabalhada ser significado para aquela rede, porque apenas é um elemen aquele número é não to, a podemos “essa quali dizer na rede”. dade da educação de análise Perspectivas que iremos trazer para a oficina, de um que isso tenha também maneira nessa oficina fazemos Não significado. dos in apenas um desmembramento para Ideb, olhando somente dicadores aspectos. analisar vários ele. Iremos o desempenho do foi como Veremos no pri em Português, aluno na prova um segundo em foi ano; como meiro momento em 2007. Ou seja, iremos os ca o crescimento, analisar qual foi no percorreu, minhos que aquela rede a que é o de 2009, até ano de 2005 publicada. avaliação última ------os próprios os próprios esse diálogo diálogo esse de modo que de modo que com a rede. E E a rede. com seja promissor, seja promissor, um diálogo que um diálogo “Nós queremos queremos “Nós indicadores não não indicadores um economista” estatística, de um estatística, de um técnico em em de um técnico matemático ou de matemático fiquem de domínio fiquem de está sendo avaliada. Indicadores são Indicadores sendo avaliada. está análi e planejamento para elementos Prova Brasil nas disciplinas de Portu Brasil Prova guês e Matemática, junto com o in que, na reali de rendimento dicador dade, seria o fluxo de entrada e saída dos alunos na rede específica está sendo onde realizada a prova. Então, a partir dacorrelação dessas duasvari de e o indicador ou seja, a nota áveis, o indicador construído é rendimento, esse indica Ideb. Quando é publicado ele é Diz pontual. alguns aspectos dor, que na rede da qualidade da educação sas escolas. No caso específico da ofi relativo indicador do tratar irá ela cina, Edu da Desenvolvimento ao Índice de A Brasil. – Ideb e a Prova Básica cação Prova Brasil é uma realizada avaliação ano no quinto dois anos tanto a cada no nono ano do ensino funda como mais turmas que tenham em mental, edi de 20 alunos. Ela já possui quatro ções, foi realizada nos anos de 2005, 2007, 2009 e 2011. O indicador Ideb é constituído por essasavaliações. Ele da da avaliação os resultados reúne a partir deavaliações em larga escala realizadas por amostragem em diver

------– Perspec 1 que a pessoa Fica claro, após após claro, Fica ) background IHU On-Line Os indicadores de qualidade da Flávia Werle – Werle Flávia Alenis Cleusa de Andrade Andrade é graduada Alenis Cleusa de Flávia Werle. Fez o mestrado em Educação Flávia Werle. Educacionais e é doutoranda em Políticas em Educação, na área de Políticas Educacionais, pela mesma instituição. (Nota da em Matemática pela Unisinos. Durante a graduação, bolsista de Iniciação foi de na área em Educação, Científica PPG no políticas educacionais, junto à professora educação são publicados pelo governo pelo governo são publicados educação 1 qualidade da educação na rede muni rede na educação da qualidade cipal de São Leopoldo doutoranda Cleusa de Andrade Alenis tivas de análise indicadoresdos de erro. de uma Depoimento trabalho de aplicação de uma técnica, de uma técnica, de aplicação trabalho e sim de articulação de grupo, de en e de pessoas, de acerto tendimento É uma chamada para que entremos que entremos É uma chamada para na escola e a valorizemos importância que nãoum é pedagógico, do trabalho problema. problema. E isso é difícil.Então, um é uma expres educacional indicador mas que, em numérica, são em geral si, não altera a realidade que traduz. está com este ou aquele problema. É ou aquele problema. este com está um pouco o que um médico faz, que o seu qual com um a um, cada atende co, e não de um trabalho de massa, não um trabalho e de co, sala em de o que o professor que é aula deve fazer, de ver que tal aluno to ano, do quinto ano, como supervicomo ano, do quinto ano, to devemos que também E creio etc. sora clíni do trabalho a importância notar la e de meu aluno. Eu sou eu e o meu como aluno. construo aí que eu me E é quar do professora como profissional, se constrói como profissional. Dever pro sou não profissional como eu que fissional em separado de minha esco de de sintonia, de sensibilização com lado, outro Por inclusive. o seu aluno, a pessoa como uma forma é também nas o indicador que vai fazer isso. É um inclusive capacida de e conhecimento de tem o quanto é importante a pergunta, o a pergunta, é importante o quanto do edu e o desconforto desassossego Não é ape realidade. à frente cador essa exposição, que os indicadores que os indicadores essa exposição, Tam por si só não a realidade. mudam bém na apresentação delas fica claro EDIÇÃO 395 | SÃO LEOPOLDO, 4 DE JUNHO DE 2012 LEOPOLDO, 395 | SÃO EDIÇÃO 66 www.ihu.unisinos.br IHU em Revista ca muitoMeus vida. sérianaminha estavaMas, aos17anos, em uma bus em consagrardo a Deus. vida minha pensa tinha nunca eu Antes, anos. na comunidadejovem,ainda com 19 Cristo Ressuscitado.ingressarDecidi religiosa, de Missionárias chamada ção em nossacasa, emMontevidéu. da família.cuidar moram Elesainda comencerrou meupai a carreira para que casoude medicina,masdepois consultas.o cursomãe iniciou Minha mais jovens quepedemreferênciase continuaanos, orientando psiquiatras Ele ama sua profissão. Por isso, aos 78 comolhou psiquiatra eneurologista. está aposentado, mas sempre traba te muitosatualmente Meupai anos. duran morei onde Argentina, Aires, Primeiroeu. fui país parafui Buenos do saiu que filha primeira A novos. família.nossa E tenho três irmãosmais díaca,foique o muito para difícil toda deles, Alberto, faleceu deparada car mais velhos.desteNo início anoum irmãos dois Tenho seis. entre filha ra avó,nome daminha aterceiAna. Sou neirome de1964.Meuspaisderam o WolfartPor Graziela eThamiris Magalhães Ana MariaCasarotti IHU Repórter –Pertenço aumacomunidade Comunidade religiosa vocae Origens – Nasci no dia 26 deja dia –Nascino ft d etr epe aed perguntas, fazendo sempre estar de fato o e destacapessoal, comomarcasuma desuas os aspectos maismarcantes de suatrajetória conta ela seguir, a entrevista Na IHU. – nos Unisi Humanitas Instituto do colaboradores U ria Casarotti, que integra a equipe de a equipe integra que Casarotti, ria comvida esperança.Esta éAnaMa ma pessoaalegre, que tenta olhara ------formação católica, mas muito livre. oferecerampais para todos uma nós mente, no sentido de encontrar Deus encontrar de sentido no mente, essa nova realidade mais profunda Crisma. No final daquele ano descobri vam para recebersacramento o da de jovensum grupo se prepara que de participar a Comecei direcionada. A buscapessoas? minha foium pouco tava oqueacontecia navidadessas companhiapara sair. Eeume pergun idade,queeramda minha legais, boa ma coisa.eramEles novas, pessoas capelaantes deiraobartomar algu uma em minutos 10 rezar preferiam eu consideravaque “normais”, que to forte aexperiência dever jovens E láfoiSalesiano. num Colégio mui troqueide escola ecomecei aestudar coisas,para queviver? Nessa época eu as fazer que para estudar, que para do. Mas no fundo eu me questionava: o queeuestavanem sabia perguntan uma resposta.de 17anos,pedi Eu Então,dimensão. meu aniversário no aquele momento nãoalcançava essa atéconhecia eu que O vida. minha na vital,mais experiencial, mais realmais cisava conhecer outra coisaque fosse me considerarpodia católica.preEu Deus não tinha sentido para mim, não busca,Em minha eu pensava que,se - - que encontra. realidades às sensível bastante diz se e soas giosa, quegosta deserelacionar com aspes para isso”. Conheça umpouco maisdesta reli forte bem argumento um ou razão uma ter Possoideias. minhas até mudar, mastem que aprender.uma pessoaconvencida “Sou das porque tem o desejopermanente de saber e ------e viva. Senti o convite a comunicar a comunicar a convite o Senti viva. e como umapessoa queestava próxima tequese deumcolégio. trabalhava como coordenadora deca tes e jovens. Nessa época também trabalhandosocial com adolescen os précaria.colaborava Eu seu projeto no ravam numacomunidadeigualmente Junto com outras religiosas, que mo diferentes áreas darealidadesocial. que até hoje continuam engajadas em formaçãona lhei e pessoas degrupos uma favela.Aires,Em Buenos traba bem munidade precária, em inserida Montevidéu, até morei em uma co todaa vida trabalhoao pastoral. Em e superá-los.Gosto de ter dedicado conseguimosvivê-los com esperança mas problemas, muitos difíceis, ções vocação.minha Passei muitas situa a Deus é que nunca tive dúvidas dessa agradeçosempre eu que O juntas. do cesso defundação, sempre caminhan pro em continuamos Hoje iniciando. na Igreja Católica que estava apenas comunidadea Deusnuma vida nova Aos 19anos,consagreicidos. minha juntosmenos favore aos aoserviço conhecê-loe dedicássemos que nos que meusamigos eamigas pudessem trabalharde Deus,edecidi vida para SÃO LEOPOLDO, 4DEJUNHO DE2012|EDIÇÃO 395 ------IHU em Revista

Família e irmãos – Meu irmão mentos, problemáticas e desafios que Nas horas livres – Gosto de estar mais velho, Eduardo, também optou se nos apresentavam. Nunca deixarei com pessoas, de conhecer lugares no- por seguir a vida religiosa e decidiu de agradecer a possibilidade que me vos, ir ao cinema. ser padre. Nós nem imaginávamos. foi oferecida. Ele entrou para a Companhia de Je- Como eu sempre gostei da plu- Música – Folclore. E minha can- sus aos 24 anos. Hoje ele é reitor na ricultura e da multidiversidade do tora preferida é , por Universidade Católica do Uruguai, que Brasil, tinha vontade de morar aqui. suas letras e sua voz. está sob a responsabilidade dos jesuí- Depois de viver tantos anos na Argen- tas. Nossos outros irmãos casaram-se. tina, pedi para vir para cá. Quando Filme – Gosto bastante de filmes acabei meus estudos de Teologia – sou argentinos, mas também de filmes Educação – Sempre agradeço ao graduada em Teologia pela Pontificia que tenham a ver com histórias reais. meu pai pelo fato de que ele insistia Universidad Católica Argentina Santa Por exemplo, Homens e Deuses, Cen- na importância de que devíamos estu- Maria de Los Buenos Aires – UCA –, tral do Brasil, El pianista, ou os seria- dar e aprender línguas. Ele e a minha vim para o Brasil. Era o ano de 2007. dos dos anos 1980 que estão passan- mãe fizeram um esforço muito grande do agora no Chile. para isso. Todos estudamos em um Formação e trabalho – Além da colégio francês. Depois aprendi inglês, graduação em Teologia, fiz um curso Livro – Leio diferentes tipos de concluindo também os estudos neste de especialização em Assessoria Bí- livros, por exemplo, Crime e castigo idioma. blica na Escola Superior de Teologia de Dostoievsky, Cartas de Nicodemo – EST, de São Leopoldo. Durante o cur- de Dovrasczinsky, El librero de Kabul. Brasil – Eu tinha grandes dese- so, fui para Israel, onde fiquei durante Gosto de livros que contam histórias jos em minha vida, depois da minha dois meses, e foi uma experiência in- de vida de pessoas que deixaram sua entrega a Jesus: conhecer mais a pa- crível. Na época, eu já colaborava na marca neste mundo. Leio bastante as lavra, estudar a Bíblia; e conhecer criação de cursos de Espiritualidade narrativas bíblicas também. outras culturas. Isso me levou para a Bíblica em EAD no Instituto Humani- Índia, fazer voluntariado, em 2000. É tas Unisinos – IHU. Sempre gostei de Sonho – Conhecer mais o Brasil. muito impressionante as diversas re- colaborar no IHU, que é um espaço As pessoas falam que existem cinco alidades que podemos encontrar na- amplo e de muitas possibilidades; brasis. Ainda conheço pouco. www.ihu.unisinos.br www.ihu.unisinos.br quele país. Outro sonho era conhecer está sendo muito bom para mim. Fiz o as terras da origem da minha fé: Ter- mestrado em Teologia também na EST Unisinos – Apresenta a possibili- ra Santa. Alí mora também um irmão e atualmente estou fazendo o projeto dade de conhecimento, de saber mais de meu pai junto com sua mulher e do doutorado para ingressar, em bre- sobre diversos pensadores, especial- algumas de suas filhas. Como presen- ve, na FAJE, de . Meu mente aqui no Instituto Humanitas. te pelos 25 anos de vida consagrada projeto é sobre as mulheres no Evan- Temos uma abertura muito grande no recebi um convite para participar de gelho de João. Aqui no IHU estou no sentido de compreender uma religião um curso sobre “Women’s roles in the programa Teologia Pública, trabalhan- que dialoga com a ciência, não fecha- work for peace and reconciliation” do especificamente na área da espiri- da em normas, mas respeitando-as organizado pelo Instituto de Teologia tualidade, onde temos o atendimento e tendo em conta as diferentes reali- da Suécia em Jerusalém (STI). Partici- e os pedidos de orações, por exemplo. dades da pessoa humana. Agradeço pamos doze mulheres de diferentes muito o convite para trabalhar aqui e continentes: Ásia, África, América e a confiança que depositam em mim. Europa. Partilhamos a vida, conheci-

EDIÇÃO 395 | SÃO LEOPOLDO, 4 DE JUNHO DE 2012 67 - bit.ly/ihufacebook twitter.com/ihu

159ª edição - A ética católica e o espírito do capitalismo, disponível em http://bit.ly/rtwqRC 159ª edição - A ética católica e o espírito 155ª edição - Civilizar a economia: o amor e o lucro após a crise econômica, disponível em http://bit.ly/ positiva, desenvolvimento, disponível em http://bit.ly/LOimdr 157ª edição - Democracia, liberdade Os Cadernos IHU Ideias publicaram os seguintes textos do Prof. Stefano Zamagni: os seguintes textos do Prof. Os Cadernos IHU Ideias publicaram 153ª edição - Globalização e o pensamento econômico franciscano: orientação do pensamento econômi

L3ieXN co franciscano e Caritas in Veritate, disponível em http://bit.ly/LOiJEU disponível em http://bit.ly/LOiJEU co franciscano e Caritas in Veritate, Contracapa IHU em Revista