Imagens Em Angola, Imagens Da Memória: Cinemas, Marcas E Descobertas (Tempos Das Lutas Anticoloniais, Tempos Das Independências)
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Universidade de Brasília Instituto de Ciências Humanas Programa de Pós-Graduação em História IMAGENS EM ANGOLA, IMAGENS DA MEMÓRIA: CINEMAS, MARCAS E DESCOBERTAS (TEMPOS DAS LUTAS ANTICOLONIAIS, TEMPOS DAS INDEPENDÊNCIAS) Leandro Santos Bulhões de Jesus Brasília 2013 LEANDRO SANTOS BULHÕES DE JESUS IMAGENS EM ANGOLA, IMAGENS DA MEMÓRIA: CINEMAS, MARCAS E DESCOBERTAS (TEMPOS DAS LUTAS ANTICOLONIAIS, TEMPOS DAS INDEPENDÊNCIAS) Tese de doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em História da Universidade de Brasília, como requisito para a obtenção do título de Doutor em História sob orientação da Professora Dra. Nancy Aléssio Magalhães. Brasília 2013 Termo de Aprovação Imagens de Angola, imagens da memória: cinemas, marcas e descobertas (tempos das lutas anticoloniais, tempos das independências) Leandro Santos Bulhões de Jesus Tese aprovada como requisito parcial à obtenção do título de Doutor em História no Programa de Pós-Graduação em História, Instituto de Ciências Humanas, Universidade de Brasília. BANCA EXAMINADORA Profa. Dra. Nancy Aléssio Magalhães Programa de Pós-Graduação em História, PPGHIS/UnB Orientadora Profa. Dra. Selma Alves Pantoja Programa de Pós-Graduação em História, PPGHIS/UnB Examinadora Prof. Dr. Marcos Antonio da Silva Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, FFLCH/USP Examinador Profa. Dra. Roberta Kumasaka Matsumoto Instituto de Artes, IDA/ UnB Examinadora Prof. Dr. Edvaldo Aparecido Bérgamo Departamento de Teorias e Literaturas, TEL/UnB Examinador Brasília 2013 Para Raimundo Nonato Fonseca e Manoel Bomfim Agradecimentos: Escrevi estes agradecimentos ouvindo uma música dos compositores baianos Gerônimo e Vevé Calazans, Agradecer e abraçar . A canção conta a história de alguém que juntamente com as águas, o céu, o sol, a lua e o tempo experimentam a graça das celebrações. O eu-lírico nos convida para adentrar num universo de totalidade homem-mundo que muito me comove e sensibiliza. Na música, vemos um sujeito que vai à festa das águas e subitamente se percebe dentro de uma cadência narrativa universal e cotidiana de estar vivo junto com as coisas vivas e nada pede à rainha das águas no dia do seu festejo. Entrega uma dúzia de rosas, cheiros de alfazema e outros presentes e apenas agradece, banha-se e abraça o mar. Tudo isso ao som malemolente do nosso sofisticado afoxé – que pode significar um ritmo ou em ioruba, a fala que faz . Tal como aquele da música que experimenta o amálgama da imensidão das águas, tento agora “escolher melhor os pensamentos” mergulhado nos fragmentos das memórias porque é tempo de agradecer. A professora Nancy Aléssio Magalhães que me escolheu como seu orientando e que eu a escolhi para vida. Foram tempos de aprendizados, reflexões, debates com os quais muito aprendi e sei que continuarão a se ramificarem. Obrigado pela confiança, pelas trocas, pelo profissionalismo afetivo como só a senhora sabe muito bem fazer. Obrigado por ser infinita. Aos professores Marcos Silva e Selma Pantoja que na ocasião da banca de qualificação deram notas fundamentais para os questionamentos, problemáticas e rumos sugeridos para esta pesquisa. Agradeço também aos professores Edvaldo Bérgamo e Roberta Matsumoto, assim como a Silva e Pantoja novamente pelas outras reflexões e sugestões pontuados no dia da defesa desta tese. A Capes que me concedeu uma bolsa de pesquisa durante o doutorado, assim como uma bolsa de Estágio CAPES/PDEE que me possibilitou realizar pesquisas em Portugal vinculado à Universidade de Lisboa. A professora Isabel Henriques que me orientou na bolsa sanduíche em Lisboa e por quem tenho grande admiração. A Fabiane Andrade que me convidou para vir à Brasília e, desde então, cá estou entre curvas e concretos. Aos meus amigos da Bahia, em especial Bruno Rodrigues, Jeanne Almeida, Aline Lima, Gilberto Sena, Adriano Café, Jean Michel Ferreira, Luciana Cristina, Gustavo Carvalho, Fabiana Bahia, Cristiane Puridade, Manoel Neves, Acton Lobo, Wagner Coutinho, Kelma Costa, Márcia Cleide Carvalho, Lusânia Gonzalez, as loiras e a sempre Elisângela Oliveira, sempre. A todos nós que fazemos a Lavagem da Barriquinha ser um encontro de memórias e projetos de futuro e, claro às parceiras baianas da festa: César Ramos e Isaías Meneses, a Cau Paim e a Nancy Rita Assis – pela fé na vida. A Nora de Cássia que me ensinou e abraçou. A Valeska Barreto, Raphael Feldhues, Ivette Tatiana Carrascal, Jhonny Guimarães, Rodrigo Fernandes, Flávia Rocha e Rose pela família no Bloco K, na Colina/UnB. A Vale, pelos caminhos cruzados, pelo cuidado e afeto. A Feldhues pelo companheirismo e pelos projetos megalomaníacos. A Rafael Rosa que faz de Brasília um lugar muito melhor. A Jade Ferreira, Maurício Borges e ao meu irmão Bob Bulhões que me ajudaram a transcrever as entrevistas que realizei para esta tese. A Gina Carvalho que me ajudou na tradução do francês. A Dona Dil, minha mãe, minha irmã Jeanne e meu sobrinho Jean e a Doika, obrigado pelo amor e cuidado incondicionais. A Marcelo Brito, pelas aventuras; a Salatiel Gomes, pelo apoio; À Ana Rita Uhle, pela graça de viver e viver em Brasília; Ana Carolina Barbosa Pereira, pelo pulsar da vida; A Alexandre Carvalho, Ana Catarina Zema de Rezende, Giliard da Silva Prado, Edriane Daher, Eleonora Zicari, Emerson Dionísio, Edlene Silva, com os quais vivemos experiências marcantes na Universidade de Brasília e para além dela. A Jader Menezes pela confiança, cuidados, afetos. A Helenice Barroso, historiadora querida, pelas sutilezas e caminhadas em Lisboa. À Lígia Benevides, Tuliana Brunes, Teca e a Philipp Jung. A Tarcísio Paniago, pelos afetos, apostas e descobertas. Aos colegas do Uniceub que cotidianamente, juntos, nos aventuramos nos universos dos saberes. Aos ex-colegas e ex-alunos da UEG – belo lugar de memória e de aprendizados. A equipe do Festival de Cinema de Língua Portuguesa CINEPORT pelo apoio e por possibilitar-me o acesso a alguns filmes. A Tiago Ferreira, pelo companheirismo e pelas promessas. A Zezé Gamboa, Luís Carlos Patraquim, Américo Soares que me instigaram a buscar mais sobre imagens, cinemas e Áfricas. A Jorge Antonio que muito me ajudou em Lisboa com sugestões de caminhos a seguir nessa pesquisa: obrigado por sua generosidade; bem como à Luisa D’Almeida e Antonio Escudeiro que com suas memórias e reflexões também muito ajudaram nas interpretações dos passados angolanos. A Mitó da Cinemateca Portuguesa e Luis Gameiro do Arquivo Nacional das Imagens em Movimento de Portugal, obrigado. A Andreea Bahin, Annimari Juvonen, Anna Poïsa, Roberto Fallallero, pela família em Lisboa. Aos alunos por me proporcionarem aprender tanto. Modinha para Gabriela Quando eu vim para esse mundo, Eu não atinava em nada Hoje eu sou Gabriela Gabriela, iê... Meus camarada! Eu nasci assim, eu cresci assim, E sou mesmo assim, vou ser sempre assim: Gabriela, sempre Gabriela! Quem me batizou, quem me nomeou, Pouco me importou, é assim que eu sou Gabriela, sempre Gabriela! Eu sou sempre igual não desejo o mal Amo o natural, etc e tal. Gabriela, sempre Gabriela! Eu nasci assim, eu cresci assim, E sou mesmo assim, vou ser sempre assim: Gabriela, sempre Gabriela! Quem me batizou, quem me nomeou, Pouco me importou, é assim que eu sou Gabriela, sempre Gabriela! Eu sou sempre igual não desejo o mal Amo o natural, etc e tal. Gabriela, sempre Gabriela! Dorival Caymmi (1975) Nos primeiros suspiros da independência em Angola foi exibida na TPA (Televisão Popular de Angola) a novela brasileira Gabriela, cravo e canela sendo um sucesso absoluto. Dizem que o presidente Agostinho Neto admirava a atriz Sônia Braga, mas que era resistente a sua personagem Gabriela por causa da música-tema que a acompanhava e insistia repetidamente: “Eu nasci assim, eu cresci assim, e sou mesmo assim, vou ser sempre assim...” Que ele então questionava: “Como é possível alguma pessoa não mudar”? Resumo: Angolanos e portugueses têm suas histórias entrecruzadas há pelo menos cinco séculos. Durante esse período, esses povos estiveram envolvidos em diferentes projetos de sociedades engendrados por grupos que disputavam poderes e legitimidades de exercê-los. Esses conflitos podem ser analisados em registros e suportes de linguagens nos quais há possibilidades de se ver questões relacionadas aos pertencimentos a determinadas filiações políticas e/ou a projetos de identidades, em que múltiplas temporalidades são experimentadas, como os tempos coloniais, anticoloniais e das independências. O universo das pertenças – suas negociações, apropriações, ressignificações – podem revelar uma dinâmica que permite analisar as experiências sociais dos angolanos e portugueses por meio das configurações e articulações visuais. Imagens em Angola, imagens da memória: cinemas, marcas e descobertas (tempos das lutas anticoloniais, tempos das independências) é uma pesquisa com a qual busco identificar problematizando lugares do visível e do invisível em diferentes momentos das histórias das relações entre os angolanos e portugueses, ao interpretar formas com as quais dimensões dos poderes, olhares, memórias, narrativas, pertenças são articuladas nos dramas das disputas sociais. Nesse ínterim, interessam sobremaneira as possibilidades de reflexão abertas pelos diversos sentidos que constituem as condições discursivas nas quais os movimentos das ideias são traduzidos, isto é, as marcas das enunciações e daqueles que enunciam. As narrativas fílmicas elaboradas pelos portugueses, angolanos e estrangeiros se configuram como fontes aqui eleitas para analisar essas performances enunciativas dessas