Plano Da Tese
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS – CECH PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ANTROPOLOGIA SOCIAL – PPGAS Um mundo em vários movimentos: uma etnografia sobre futebolistas de base Júlio César Jatobá Palmiéri São Carlos, agosto de 2015 Um mundo em vários movimentos: uma etnografia sobre futebolistas de base Júlio César Jatobá Palmiéri Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da UFSCar como requisito para obtenção do título de Doutor em Antropologia Social Orientador: Luiz Henrique de Toledo São Carlos, Agosto de 2015 Ficha catalográfica elaborada pelo DePT da Biblioteca Comunitária UFSCar Processamento Técnico com os dados fornecidos pelo(a) autor(a) Palmiéri, Júlio César Jatobá P179m Um mundo em vários movimentos : uma etnografia sobre futebolistas de base / Júlio César Jatobá Palmiéri. -- São Carlos : UFSCar, 2016. 277 p. Tese (Doutorado) -- Universidade Federal de São Carlos, 2015. 1. Futebol de base. 2. Dom. 3. Valorização. 4. Ecologia Esportiva. 5. Antropologia das práticas esportivas. I. Título. Aos meus avós e meus pais Agradecimentos Aos meus pais, por todo o cuidado, carinho, empenho e dedicação infinitos durante toda minha vida. Não fosse por eles, nada seria possível. Aos professores do Programa de Pós-graduação em Antropologia Social da UFSCar (PPGAS-UFSCar) durante toda minha trajetória, desde o mestrado, e agora, no doutorado. Estendo os cumprimentos também à secretaria do programa. Em especial, agradeço ao Kike, por toda confiança e liberdade para trabalhar durante a longa trajetória. Findamos um ciclo nascido em 2005, na iniciação científica. Posso dizer que, ainda que tenhamos jogado no mesmo time, talvez estivemos um tanto afastados, como que cada um em uma banda do campo. Mesmo assim, quando nos aproximamos e jogamos juntos, a coisa parece ter fluído. Acho mesmo que toda vez que lhe passei a bola quadrada, dominou-a sem dificuldades, arrumou tudo e clareou a jogada. Obrigado. Agradeço também ao Prof. Marcos Lanna, pela companhia desde o mestrado, na qualificação de doutorado e agora na defesa. O que pude entender de Lévi-Strauss foi fortemente facilitado por suas aulas e reflexões. E ao Prof. Piero, presente na qualificação, pelas pertinentes dicas sobre alguns conceitos e bibliografia. Obrigado aos membros desta banca de defesa por aceitarem o convite, pela leitura e esforço em ajudar-me a entender e enriquecer meu próprio trabalho. São eles: Prof. Dr. Osmar Souza, Prof. Dr. José Paulo Florenzano e Prof. Dr. Arlei Damo. Devo agradecer também a todos aqueles que estiveram diretamente relacionados ao trabalho de campo e permitiram que a etnografia fosse realizada. Faço referência a toda gente do São Carlos FC, por me abrirem as portas deste clube: os diretores Flavinho, Rodrigo Ramos e Thomas Tinton, o advogado e diretor Marcos Rogério Zangotti, os treinadores André Bernal (sub 15), Vardão (sub 17) e Rodrigo Santana (sub 19), o preparador físico Válter, preparador de goleiros Élton Brasília e o roupeiro Geraldinho. Vida longa ao futebol feito no estádio Luisão. Ao Clube de Regatas Vasco da Gama, representado nas figuras do coordenador geral Humberto Costa, Almir, seu Teixeira, Tornado e Cássio (treinadores), ao seu Gílson e seu filho João (caseiros do CT-fazenda em Itaguaí). Ao Clube Atlético Penapolense, por permitir que acompanhasse alguns treinamentos da equipe profissional e rever um de meus interlocutores, outrora um garoto mas que, naquela altura, já ocupava o espaço de um profissional do futebol. Ao Clube Atlético Paranaense, principalmente a seus diretores Pedro Martins e William Thomas, ao coordenador Gustavo Fragoso e o treinador Marcelo Vilhena. Devo agradecer também à Confederação Brasileira de Futebol (CBF) pela abertura, ainda que dificultosa, e possibilidade de acompanhar treinamentos de suas seleções de base. Foi um tanto conturbado estabelecer contato, mas não posso deixar de agradecer ao coordenador Roberto Valdemar por toda atenção dispensada. Aos uruguaios em geral, representados por Roberto Roo (Club 4 Nacional de Futbol) e Gustavo Machain (Danubio FC) e, especialmente, à Associação Uruguaia de Futebol (AUF), imprescindíveis e extremamente solícitos aos propósitos desta pesquisa. Não colocaram um só impedimento para que visitasse o Complejo Deportivo Celeste em duas oportunidades e acompanhasse de muito perto o cotidiano de treinamentos de suas equipes de base, sub 17 destacadamente. Seu treinador, Fabian Machado, obrigado pelas charlas sobre sua equipe e sobre futebol em geral, permitidas por Matias Faral, assessor de imprensa da AUF e pelo coordenador geral, Eduardo Belza. Muchas gracias! E obrigado também aos alemães Lutz Pfannestiel e Ingomar Weiss, pela agradável e sempre divertida companhia durante o Sul- Americano sub 17, na Argentina. À UFSCar, por ter me acolhido nestes longos 12 anos e ser responsável por toda minha formação superior. Muito obrigado a todos os professores que muito me ensinaram dentro e fora das salas de aula. No espaço do campus desta universidade desfrutei um bocado neste tempo e só posso agradecer: biblioteca, RU, AT’s, departamento, cerrado, gramado, lago, bosque, palquinho, quadrinhas, ginásio, piscina e campão (este, um relvado verde e plano, onde corri atrás da bola sob chuva e sol, defendendo a UFSCar). Certamente esta vivência ajudou-me ainda mais a tentar entender este esporte por outras vias. Devo mencionar também, seguindo esta linha, a querida e aguerrida equipe do curso de Ciências Sociais da qual fiz parte desde 2003. Aquele time de camisa cinza vai deixar saudades, não somente pelos campeonatos de 2007 (futsal) e 2011 (futebol de campo), senão por todas as vezes que se reuniu para treinar e jogar. Fomos e seremos ainda muito gloriosos. Aos amigos, onde estiverem, agradeço pela ajuda e pela presença em discutir (e jogar) futebol, política, antropologia, filosofia, música, cinema, pessoas... sobre a vida. O que aqui escrevi tem suas enormes contribuições, acho que até mesmo maiores que as minhas, afinal, sois muitos. E aos meus familiares, pela presença e consideração, especialmente minha irmã, Lu, e meu avô Hilário, o direto responsável por me apresentar esse esporte – sinto enorme saudade de assistir um jogo a seu lado. E tia Marizete, por me receber em Curitiba, obrigado por tanta generosidade. À FAPESP, que me concedeu bolsas no mestrado e no doutorado. Nada teria sido feito sem esse financiamento. À Santa Maria e Ilex Paraguariensis, fundamentais no calor e no frio, responsáveis por alento e inspiração. Por fim, agradeço a todos os garotos futebolistas com quem topei durante esta pesquisa. Esta tese é sobre vocês, para vocês, mas também feita por vocês. O escritor uruguaio Eduardo Galeano tem uma frase muito apropriada sobre o esporte que vocês consideram como sendo suas vidas. Ele diz: “A história do futebol é uma triste viagem do prazer ao dever”. Pois felizes os que conseguem fazer do dever, ao menos um pouco, um prazer. Que suas viagens não sejam tão tristes. 5 O sentimento, ao final, é a gratidão. 6 Resumo O tema desta tese é o futebol de base. Seus praticantes, os futebolistas de base, são possuidores de talentos variáveis, fator que os distinguem numa escala mercadológica que dinamiza a troca no universo futebolístico. Em busca do futebol profissional, partem do dom futebolístico reconhecido e alimentado pelos que os circundam, agregando muitos outros valores, de ordem prática e simbólica, que dependem das relações estabelecidas dentro do enquadramento institucional desse esporte e que tem a ver com outros futebolistas, treinadores, dirigentes, torcedores, familiares, agentes e mídia especializada, mas também com todo o ambiente onde vivenciam essas experiências. Vislumbra-se, assim, a dinâmica de uma "ecologia esportiva" abordada a partir de uma perspectiva multi-situada onde apresento parte de um emaranhado produtor de superfícies em formação e em constante movimentação e instabilidade, cujas relações entre os atores são mobilizadas em torno daquilo que se define por produção de talentos esportivos, comumente estabilizada por algumas categorizações tomadas aqui por problemáticas, tais como as noções de projeto, carreira profissional e trajetória esportiva. O cenário considerado é o futebol de base no Brasil e parte da América do Sul (Uruguai e Argentina), entre clubes e seleções (sub 15 e sub 17), buscando entender como o mundo dos futebolistas de base é concebido e reproduzido, dentro e fora de campo. Palavras-chave Futebol de base. Dom. Valorização. Relações. Ecologia Esportiva. Antropologia das Práticas Esportivas. Abstract The theme of this thesis is the youth football. Its practitioners, the youth footballers, are possessed of varying talents, factors that distinguish them in a marketing scale that streamlines the exchange in the football universe. Looking for professional football, they start from the football gift recognized and nurtured by those 7 who surround them, adding many other values, in a practical and symbolic order, which depend on the relationships established within the institutional framework of this sport and that has to do with other players, coaches, directors, supporters, family members, agents and specialized media, but also with all the environment where they live those experiences. We can glimpse, thus, the dynamics of a "sports ecology" approached from a multi-sited perspective where I present part of some meshwork relations that produces surfaces in formation and constant movement and instability, whose relations among the actors are mobilized