ANO hipertexto 11 Jornal dos alunos da Famecos/ PUCRS. , setembro 2009 – Ano 11 – Nº 74

Lívia Stumpf/ Hiper Lívia Stumpf/ Hiper Guilherme Santos/ Hiper Jerry Lewis, A exuberante Um futebol matador de Vanessa quase 73 anos da Mata secreto Página 11 Página 10 Página 9

Guilherme Santos/ Hiper Informar convence mais que MISSÃO a opinião

FÁTIMA João Moreira Salles, Crianças da vila editor da piauí, definiu recebem universitários no 22° SET Universi- gaúchos e chilenos tário a linha editorial em ação solidária da revista, que vai na Página 7 contramão da imprensa brasileira Página 5

Mariana Fontoura/ Hiper

Humberto Werneck na Famecos A sedução do jornalismo Página 3 OPINIÃO

• O fim do diploma despertou um sentimento de defesa da profissão.

• Parem de choramingar, a mão estendida no trânsito pode dar certo. Página 2 2 abertura Porto Alegre, setembro 2009 hipertexto

EDITORIAL A IMAGEM Mariana Moraes/ Hiper Jornalismo, apesar de tudo

O JORNALISMO entra numa nova mestres. O início da carreira é logo com- etapa. Agora, os repórteres-estudantes partilhado com alunos e professores com e os editores-professores do Hipertexto mais experiência. Essa troca, somente per- já não exercem as respectivas funções de mitida pela universidade, deve resultar na forma reconhecida. A partir da decisão do produção de matérias de qualidade para o Tribunal Superior Eleitoral de jornal distribuído nos corredores junho desse ano, os repórteres e da faculdade, para as instituições editores desse jornal talvez nem públicas, faculdades de comuni- precisassem mais ser alunos e cação do país e no mercado de professores. O fim da obrigato- trabalho. Cada edição será uma riedade do diploma assustou a credencial aos futuros profissio- muitos profissionais dessa área. nais que daqui sairão, aptos para Porém, mais que tudo, despertou exercerem o jornalismo gráfico. na maioria um sentimento de Nesse semestre, começamos defesa da própria profissão e, consequente- mais uma etapa: sem reconhecimento, mente, fortaleceu uma paixão característica mas com anseio ainda maior. O empenho dos que exercem a atividade. na produção do Hipertexto 2009/2 veio ao Os protestos e debates sobre o assunto encontro disso, desde os alunos que reali- foram muitos em todo o Brasil. Os realiza- zaram as reportagens até os responsáveis dos pelos alunos da Faculdade de Comu- pela parte gráfica. A renovação no projeto nicação da PUCRS tiveram repercussão gráfico do jornal tem o objetivo dar amais até mesmo nas principais mídias locais. dinamismo à leitura do que é produzido O melhor exemplo de mobilização contra por quem ainda não tem diploma, mas que, a resolução, no entanto, esteve em outras com essas páginas, luta por ele. manifestações. No primeiro dia de aula, os Depois de muitas discussões e teorias a corredores da Famecos foram novamente respeito do caminho que deveriam seguir lotados por novos futuros jornalistas. E os aspirantes a jornalistas, o resultado é agora, a lista do nomes no expediente do quase unânime: seguir em frente. Porque, Hipertexto, periódico feito por estudantes, nesse âmbito de trabalho, o reconhecimen- é completada com novos personagens. to mútuo já existe. Os “focas” começam a trabalhar aqui como jornalistas desde os primeiros se- Por Luana Duarte Fuentefria, editora Encantamento: Menina acaricia ovelha no Parque Harmonia, na Capital

ARTIGO Mão aberta pede trégua no trânsito

A PREFEITURA de Porto Alegre de- atravessar a rua tranquilo e serelepe, sem síndrome de talião optam por desrespeitar benéfica para a capital sul-rio-grandense cidiu investir verba generosa em uma correr o risco de ser atropelado. quem os desrespeitou, ao atravessarem e merece atenção. A conscientização campanha para lembrar aos motoristas de Pretende-se copiar o modelo de Brasí- em qualquer lugar da via, inclusive quando visa não apenas a regular as vias, mas que é preciso respeitar o artigo nº 70 do lia, onde se pode observar respeito a essa o semáforo está nitidamente verde. A faixa também, e primordialmente, a preservar a Código Nacional de Trânsito, que enuncia lei graças a um projeto similar que surtiu de pedestres pode estar perto, mas emo- vida. Parem de choramingar aqueles que a prioridade de passagem do pedestre em efeito positivo no comportamento dos cionante mesmo é ignorá-la, passando não acreditam que isso possa dar certo. locais com delimitação de faixa e sem se- habitantes. A finalidade é colocar ordem bem pertinho dos carros, e dizendo em Educação, seja no trânsito ou em qualquer máforo. Devem ter esquecido de cumprir no caos em que se transformou o tráfego pensamento aos condutores para saírem outro âmbito, exige esforço, dedicação e essa lei, os condutores da capital. porto-alegrense. De um lado, estão os do caminho de uma vez. O trânsito virou tempo. A transformação gradual de um O novo sinal de trânsito da cidade, apressados motoristas que desejam che- uma disputa de forças. O contraditório é hábito é possível. promovido pela Empresa Pública de gar a seus destinos rapidamente. Não há que a maioria das pessoas é pedestre em A propósito, é lamentável a atitude de Transporte e Circulação (EPTC), é uma tempo para ser gentil com pedestres ou alguns momentos e motorista em outros alguns motoristas que acionam a buzina tentativa de estimular a educação dos com quem quer que seja. Imagina chegar e, ao inverterem funções, mudam de enlouquecidamente quando o carro à cidadãos nas vias púbicas. O objetivo é atrasado ao trabalho e o cafezinho já estar convicção como se estivessem mudando frente segue o novo costume de deixar que o pedestre utilize o símbolo do braço frio. Nem pensar. Sair mais cedo de casa de time. o pedestre passar. Quem não quer cola- esticado e da mão aberta para comunicar não é preciso, pois divertido mesmo é Que tal o respeito se tornar o lema de borar, deve, no mínimo, não atrapalhar. ao motorista que se aproxima de uma correr pela rua. De carro, claro. ambas as partes? A campanha Novo Sinal faixa sem sinaleira de que ele deseja Do outro lado, os pedestres com a sugere uma mudança comportamental Por Shaysi Melate

Hipertexto Apoio cultural: Zero Hora. Impressão: Pioneiro, . Tiragem 5.000

Jornal mensal dos alunos do Curso de Jornalismo Produção dos Laboratórios de Jornalismo Gráfico Lívia Stumpf. Ricardo Selister Araújo, Shaysi Melate, Stéfano da Faculdade de Comunicação Social (Famecos), e de Fotografia. Redação: Bruno Pereira Goularte, Bruna Bar- Aroldi Santagada, Simone Cardoso e Tatiany da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande Professores Responsáveis: Tibério Vargas bosa Griebeler, Camila Cardoso Soares, Carolina Oleques Lukrafka. do Sul (PUCRS). Ramos e Ivone Cassol (redação e edição), Celso Beidacki, Giordano Benites Tronco, Fabrício Souza Repórteres Fotográficos: Bruno Todeschini, Avenida Ipiranga 6681, Jardim Botânico, Porto Schröder (arte e editoração eletrônica) e Elson de Almeida, Felipe Kroner Uhr, Fernando Severo Laís Cantelli, Débora Backes, Ita Pritsch, Lívia Alegre, RS, Brasil. E-mail: [email protected] Sempé Pedroso (fotojornalismo). Soares Jr., Ian Correa Linck, Leonardo Serafim, Stumpf, Felipe Dalla Valle, Guilherme Santos, Site: http:// www.pucrs.br/ famecos/ hipertexto/ Estagiários matriculados e voluntários: Luana Duarte Fuentefria, Liza Marques de Mello, Bolívar Abascal Oberto, Vanessa Freitas, Gabrielle 045/ index.php Editores: Fabrício Souza de Almeida, Luana Du- Júlia Souza Alves, Julian Schumacher, Marco Toson, Júlia Preis, Lívia Auler, Luiza Carmona, Reitor: Ir. Joaquim Clotet arte Fuentefria, Julian Schumacher, Liza Marques Antonio Mello de Souza, Marcus Perez, Mariana Mariana Moraes, Renata Lopes da Silva, Henry Vice-reitor: Ir. Evilázio Teixeira de Mello, Mariana de Mattos Pires, Pedro de Souza de Mattos Pires, Marina Sant’Anna de Oliveira, Soares, Jonathan Heckler, Maria Helena Sponchia- Diretora da Famecos: Mágda Cunha Palaoro e Tatiany Oleques Lukrafka. Natália Bittencourt Otto, Pedro Henrique Arruda do, Mariana Gomes da Fontoura, Daniela Curtis Coordenadora de Jornalismo: Cristiane Finger Editores de Fotografia: Bruno Todeschini e Faustini, Pedro de Souza Palaoro, Raquel Robaert, do Lago e Camila Guimarães Cunha. hipertexto Porto Alegre, setembro 2009 comunicação 3 Werneck defende um jornalismo sedutor Pautas e textos iguais eliminam a individualidade do autor e repórteres são facilmente substituídos

Fotos: Mariana Fontoura/Hiper SHERAZADE É a padroeira de livro, O Pai dos Burros, um pe- Humberto Werneck. A narradora queno dicionário de lugares- da clássica obra persa Mil e Uma comuns e frases feitas que o autor Noites cativa a atenção do rei Xe- colecionava desde a década de 70. riar dia após dia, torna-se rainha Na época, Werneck trabalhava e escapa da morte graças ao modo na redação do Jornal da Tarde e, envolvente com que conta suas ao reconhecer chavões utilizados histórias. Assim, os jornalistas pela mídia impressa, anotava-os, devem “dar à notícia uma vesti- para lembrar de não colocá-los menta sedutora, capaz de prender em suas matérias. Quando seu a pessoa da primeira linha até o filho decidiu organizar em ordem ponto final”, comparou. A qua- alfabética as expressões que o pai lidade do texto jornalístico foi guardava há tantos anos, surgiu a tema da palestra que realizou na ideia de reuni-las em uma obra, Famecos, com mediação do pro- cuja intenção é incentivar a reci- fessor Vitor Necchi, inaugurando clagem criativa dos clichês. os eventos do +SET, atividades O jornalista critica a constante que antecedem o 22º SET Uni- cópia que profissionais e veículos versitário. de comunicação fazem uns dos A razão da vinda a Porto Ale- outros. “O lugar-comum é algo gre foi o lançamento de seu novo geral hoje”, observa. Esse conven- cionalismo, afirma, interessa ao chefe. “Você é incitado a eliminar a sua individualidade e fazer um jornalismo igual ao do cara do +SET: Alunos lotam auditório da Famecos em palestra mediada pelo professor Vítor Necchi computador ao lado do seu. O dia em que o patrão decide te mandar um jornalista é alguém dizer: nós sola de sapato, apurando toda a uma massa passiva e insipiente. embora, coloca um igualzinho a queremos uma matéria sua”. enorme complexidade do real”, Por isso, afirma não subestimar o você”, alerta. Apurar informações minucio- declara. David Coimbra, colunista leitor, já que ele mesmo é leitor. A queda da exigência do diplo- samente, buscar e ouvir diversas do jornal Zero Hora, opina que, “Eu não tenho nada contra colocar ma de Jornalismo para o exercício fontes e colocar fora as primeiras além de dedicar-se à leitura, o a pessoa para pensar. A gente tem da profissão reforça a necessidade ideias, pois “elas só assomam tão repórter deve refletir sobre o que que servir ao leitor um pouco mais de os estudantes demonstrarem rápido a nossa mente porque já está escrevendo: “Tem que pen- do que achamos que ele precisa”. que possuem um diferencial. O as vimos por aí”. Essas são as sar. As pessoas pensam pouco, es- Para ele, cada notícia necessita de palestrante recomenda que se dicas de Eliane Brum, jornalista tão sempre fazendo outra coisa”. um invólucro sedutor que atribua invista no desenvolvimento de gaúcha de destaque no país, que Werneck observa que é uma a ela uma graça que cative a aten- uma maneira peculiar de escrever. atualmente trabalha para a revista obrigação social do jornalista ção do receptor. Um jornalismo à Durante entrevista coletiva com Época. “Só consigo escrever um valorizar a perspicácia do público la Sherazade. alunos da faculdade, declarou texto rico em detalhes porque que recebe as informações trans- “As pessoas pensam pouco” que “a coisa mais gratificante para antes gastei muita, mas muita mitidas pela mídia, o qual não é Por Shaysi Melate Conferência Nacional de Comunicação traz a marca do acordo entre sociedade, profissionais e empresários O evento oportuniza, pela primeira vez, a discussão entre segmentos contrários

A 1ª CONFERÊNCIA de Co- nicação, até então mantidos sob necessária. Os empresários da da conferência. vontade de chegar a um acordo. municação programada para monopólio de poucos. Como toda mídia também se manifestaram, Polêmicas à parte, a Confecom “A realização da conferência é 1º a 3 de dezembro deste ano, novidade, esta também recebe avisando que temem a conver- ainda não aprovou o regimento a grande vitória da sociedade em Brasilia, terá como tema críticas e elogios. Desde janeiro, gência digital como propulsora interno. Enquanto não estiver brasileira. Pela primeira vez na central “Comunicação: Meios quando o presidente Luiz Inácio da invasão de multinacionais pronto, atrapalha as etapas esta- história do país, poderemos pro- Para a Construção de Direitos e Lula da Silva anunciou a Confe- telefônicas no setor. duais do processo. A falta do regu- duzir e debater políticas públicas de Cidadania na Era Digital”. A rência Nacional de Comunicação Alguns grandes jornais e lamento é uma das consequencias para a comunicação a partir dos conferência será presidida pelo em Belém, as divergentes opini- emissoras de televisão posicio- das diferenças entre o movimento interesses da nação”, afirma. ministro da Comunicação, jorna- ões começaram a surgir. naram-se contra a participação social e o setor empresarial que, A agenda, com datas de even- lista Hélio Costa, e deverão par- da sociedade, como a Folha de por sua vez, impõe diversas con- tos que se antecipam a Conferên- ticipar delegados representantes Ministros divergem São Paulo que publicou os gastos dições para dar continuidade. cia, pode ser conferida no site da da sociedade civil, empresários e Na Secretaria de Comunica- públicos com o evento. A Socieda- A definição da porcentagem de Pró Conferência (www.procon- governantes. ção Social, o jornalista e secre- de Interamericana de Imprensa delegados de cada setor e a pauta ferencia.org.br). No Rio Grande Embora a organização tenha tário Franklin Martins defende a também manifestou preocupação da conferência são alguns dos do Sul, a Conferência Estadual se efetivado há pouco, é antiga conferência alegando que servirá em relação ao evento. Por outro impasses. será dias 3 e 4 de novembro e foi a vontade de desenvolver essa para democratizar o setor, en- lado, órgãos como Federação Para Celso Schöreder, vice- convocada pela Assembléia Legis- democratização das mídias. A quanto o ministro Hélio Costa Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e presidente da Federação Nacional lativa, devido à falta de iniciativa Confecom oportunizará a partici- acredita que no governo Lula o Fórum Nacional pela Democra- dos Jornalistas (Fenaj) e titular do governo do Estado. pação da sociedade nas decisões sempre houve democratização tização da Comunicação (FNDC) da Comissão Organizadora, as que envolvem os meios de comu- e uma conferência se faz des- apoiam integralmente o conteúdo polêmicas são ultrapassadas pela Por Bruna Griebeler 4 geral Porto Alegre, setembro 2009 hipertexto

Antonio Scorza/ AFP Parlamentares apoiam a luta pelo diploma Audiência pública da Comissão de Educação da Assembléia na Famecos

DUAS NOTÍCIAS positivas pessoas politicamente neutras. para os jornalistas foram anun- O deputado Kalil Sehbe (PDT) ciadas na audiência pública da considera a qualificação, por meio Comissão de Educação da As- da formação acadêmica, funda- sembléia Legislativa, realizada mental: “O país precisa de cabeças no auditório da Famecos, dia pensantes e precisamos respeitar 22 de setembro. A primeira foi o curso superior”. O secretário anúncio do deputado Sandro de Comunicação da CUT, Paulo Boka (PMDB) de que pretendia Farias, enfatizou que a decisão protocolar um projeto de lei para do STF atende aos interesses das assegurar que os órgãos públicos empresas de comunicação e do do Estado contratem apenas capital. “Existe uma campanha, jornalistas com formação univer- muito bem articulada e que tem sitária, tanto em concursos como o objetivo de desregulamentar as para ocupar cargos em comissão. profissões”, afirmou. A outra boa notícia foi dada Na opinião do vice-presidente pelo deputado federal Paulo da Fenaj, professor Celso Schrö- Pimenta sobre a tramitação da der, a decisão do STF retira da Proposta de Emenda Constitucio- sociedade a possibilidade de co- nal (PEC) 386 que busca manter brar dos jornalistas qualificação, o conceito de liberdade de ex- com técnica e compromisso ético. pressão e informação, sem que a Para ele, a decisão do Supremo exigência do diploma de jornalista pode determinar o retorno de um seja considerada uma restrição jornalismo em que a qualidade ou embaraço a essa liberdade. não é fundamental e, sim, o aten- Os deputados passaram essas dimento a interesses privados. informações aos participantes da Para coordenadora do curso de audiência, a maioria estudantes Jornalismo da PUCRS, Cristiane de comunicação da Famecos que Finger, a realização da audiência Política do governo: novas reservas fazem Lula deixar de lado a bandeira do biocombustível estiveram presentes na atividade na universidade aproxima os promovida pela Comissão de estudantes da realidade política Educação, com apoio do Sindicato e da luta para reverter a decisão dos Jornalistas Profissionais do do STF, além de mobilizá-los Pré-sal muda o rumo . A audiência, para participar de manifestações requerida pelo deputado Sandro e atos em defesa do diploma. O Boka, debateu a decisão do Su- presidente do Sindicato dos Jor- premo Tribunal Federal (STF) em nalistas, José Nunes, ressaltou a da política energética relação à suspensão da obrigato- necessidade de mobilização, com riedade do diploma de jornalismo a realização de manifestações, para o exercício da profissão. audiências públicas e atividades Descobertas ofuscam combustíveis menos poluentes Para o presidente da Comissão de rua. A representante do Núcleo de Educação, deputado Mano dos Estudantes de Jornalismo do A APOSTA do governo federal no grupo de países mais ricos em iniciada. O diretor é o mesmo Changes (PP), a formação uni- Sindicato, Fernanda Nascimento, em uma matriz energética fun- hidrocarbonetos. O petróleo dos que causou confusão na Bolsa de versitária é o caminho para a enfatizou as diversas atividades damentada no uso do petróleo novos campos de exploração está Valores do Rio quando divulgou, construção de uma imprensa que tem sido realizadas pelos vai contra a política colocada em localizado abaixo de uma extensa sem nenhuma estimativa, ter séria e baseada em princípios estudandantes aqui e em todo prática no Brasil pela adminis- camada de sal, a sete mil metros sido confirmado pela Petrobras, éticos. A deputada Marisa For- Brasil. tração Luiz Inácio da Silva até de profundidade. que 33 bilhões de barris era uma molo (PT) criticou o STF, que, agosto. O uso de combustíveis projeção aproximada da capaci- segundo ela, não é formado por da Redação menos poluentes era defendido Biocombustível dade das reservas descobertas no

Guilherme Santos/ Hiper em escala mundial como uma so- A possibilidade de obter gran- final de 2007. Essas estimativas lução dos problemas geopolíticos des receitas com a exploração levaram a ministra chefe da Casa do planeta. Atualmente na 24ª das reservas da camada pré-sal, Civil, Dilma Roussef, declarar que colocação no ranking das maiores fez o governo deixar em segundo o Brasil poderá deixar de ser um reservas de óleo e gás do mundo, plano, na pauta de investimentos, importador de petróleo e assu- a estimativa do presidente da o projeto de uso de tecnologias mir a posição de país exportador Petrobras, José Sergio Gabrielli, é menos poluentes, caso do bio- no mercado internacional. Esse que o país passe para a oitava ou combustível. novo cenário irá possibilitar ao nona colocação deste ranking com Em entrevista ao programa governo colocar em prática a idéia a exploração da camada pré-sal. Roda Viva, o diretor-geral da de aplicar os recursos obtidos em Em novembro de 2007, o Agência Nacional do Petróleo educação, segundo a ministra. governo brasileiro divulgou a (ANP), Haroldo Lima, declarou Após o lançamento do marco descoberta do campo de Tupi, que as descobertas irão, no mí- regulatório de exploração do Pré- uma gigantesca reserva de petró- nimo, triplicar as reservas de Sal, em 31 de agosto, segue trami- leo na bacia de Santos. Passados petróleo e gás natural do país. tando no Congresso a proposta de 10 meses, mais 12 blocos foram Essas reservas foram de aproxi- nova regulamentação dos leilões identificados nas camadas sedi- madamente 13 bilhões de barris dos direitos de exploração dos mentares Espírito Santo, Campos em 2007 e deverão chegar a blocos da camada. e Santos. O potencial de explora- 50 bilhões de barris quando a Debate: audiência reuniu deputados, professores e alunos ção das reservas colocou o Brasil exploração das novas áreas for Por Marco Antonio Souza hipertexto Porto Alegre, setembro 2009 última hora 5 Na contramão da imprensa brasileira

Editor da piauí, Moreira Salles ressalva que a publicação criativa ainda não dá lucro

Guillherme Santos/Hiper A INFORMAÇÃO como base mação.” Salles acrescentou que o principal do jornalismo foi ressal- cinema é um meio ineficiente para tada pelo documentarista e cria- informar, pois o público não sai de dor e editor da revista piauí, João casa e paga ingresso para saber o Moreira Salles, em palestra na que ele pode ver na televisão ou abertura do 22º Set Universitário, ler no jornal. dia 28, que se realizou na Famecos O palestrante afirmou ter até 30 de setembro. Isso ficou aprendido com o jornalismo evidente quando Salles destacou escrito a importância da forma, uma característica da publicação além do conteúdo. Ensinamento que, por decisão editorial, anda que procura utilizar em seus na contramão da imprensa bra- documentários. “A fórmula é sileira, pelo fato de não possuir a matéria bruta da vida. Docu- colunistas. “Grande parte do jor- mentarista importante é o que nalismo nacional utiliza muito do revoluciona forma. Nada tem a espaço de opinião. É muito fácil ver com o tema”. Para exempli- colocar um colunista para falar ficar, Salles citou Gay Talease, sobre a Guerra do Iraque. Aí ele um dos maiores nomes do New fica o dia inteiro assistindo à CNN Journalism, que em textos como e opina sobre isso. A piauí não faz “A ponte” provou que a forma de isso, a gente só cobre o que viu, se narrar pode ser mais importante o repórter esteve lá”, esclareceu. do que o fato narrado. Como Ele também registrou as prin- título cinematográfico, foi citado cipais diferenças entre jornalismo o documentarista Eduardo Cou- e documentário. “No jornalismo, a tinho e seu recente filme “Jogo Inovação: João Moreira Salles lançou a piauí sem acreditar em pesquisa de opinião informação é o mais importante. de Cena”, que também chamou Não importa o jeito que ela for atenção mais pela forma do pelo ao equilíbrio, acredito que, nos dos maiores índices de fidelidade que eu tive capacidade financeira arquitetada, ela é o que o leitor vai tema apresentado. próximos dois anos, vamos con- de leitor, o número de assinantes para isso sem ter que entrar nas absorver. No documentário, não. Questionado se a revista dá seguir. Mas é complicado, é pouco que renova as assinaturas é um regras do mercado e fazer pesqui- Chego a pensar que a informação lucro, ele respondeu que não, mas tempo no mercado, as revistas dos mais altos entre todas as pu- sas de público. A grande sacada é a morte do documentário. O que considera fundamental. “É demoram para conseguir se man- blicações brasileiras”, completou. está na possibilidade de ela ter que importa é a interpretação importante que se chegue a um ter e lucrar”, afirmou lembrando Perguntado sobre qual é a uma grande sacada”. sensorial de cada espectador. Não equilíbrio, que a revista se auto- que a famosa New Yorker levou 15 grande sacada da revista, João Um mérito do evento, que faço documentário para dar infor- sustente. Nós estamos chegando anos para se estabelecer. Moreira Salles riu, ficou verme- marcou esse SET, foi a interati- Mesmo acreditando que o lho, passou a mão sobre o rosto vidade com o público. Debates Bruno Todeschni/Hiper veículo vai conseguir se equilibrar e demorou alguns segundos para e palestras foram transmitidos em um futuro próximo, ele admite formular a resposta. Ele, que pela internet. Assim, João Mo- que o dinheiro investido inicial- pertence a uma família da elite reira Salles respondeu perguntas mente, talvez, seja irrecuperável. carioca, concluiu: “Não sei se tem da plateia e de espectadores que “Mas eu acho que é justo que uma uma grande sacada. Acho que a se comunicaram via Twitter e revista como a piauí se estabeleça, sacada é exatamente essa, não ter telefone. ela tem conteúdo, é bacana e pos- a obrigação de nada. Fazer uma sui um bom público. Temos um revista que eu goste de ler e só. Já Por Bruno Goularte

Feira das Profissões durou três dias na PUCRS e teve 14 mil visitas de alunos de Ensino Médio

A FEIRA DAS PROFISSÕES funcionários, foram mobilizadas Jardim, da Coordenadoria de 2009 da PUCRS teve a duração na organização do evento, para Controle Acadêmico da Pró- de três dias, de quinta, dia 17 de receber os estudantes. Reitoria de Graduação, explica setembro, a sábado, dia 19. No O evento foi marcado por es- que a Feira tem o objetivo de encerramento, foram contabili- tandes criativos, que buscavam apresentar os cursos oferecidos zadas mais de 14 mil visitas de passar as informações de forma pela Universidade, para auxiliar alunos do Ensino Médio, muitos divertida e didática sobre cada os alunos na escolha profissio- acompanhados dos pais, que vie- profissão. As faculdades apresen- nal, e o Simulado possibilita ao ram conferir os cursos oferecidos taram os seus trabalhos e oferece- estudante se familiarizar com o pela universidade para o vestibu- ram atividades que permitiram ao processo de seleção que será feito lar 2010. público interagir com cada área durante o Concurso Vestibular Com entrada franca e sem profissional. 2010 da PUCRS. Jardim afirma a necessidade de prévia inscri- Na manha de sábado, último que a prova foi organizada da ção, a instituição ainda ofereceu dia da Feira, foi realizado o tradi- mesma forma que as do Concurso transporte para cerca de 100 cional simulado da PUCRS, com Vestibular, abordando os mesmos escolas públicas e particulares 45 questões de português, mate- conteúdos, diferenciando-se ape- da área metropolitana para que mática, química, física, biologia, nas pelo número de questões e a seus alunos pudessem visitar a literatura, história, geografia e ausência de redação. o local. Quase duas mil pesso- línguas (inglês ou espanhol). Futuro: Feira auxilia vestibulandos a decidirem profissão as, entre professores, alunos e O professor Antônio Carlos Por Simone Cardoso 6 nativismo Porto Alegre, setembro 2009 hipertexto

Fotos Camila Cunha/Hiper Reconstituída a vida rural em Porto Alegre Acampamento Farroupilha traz o campo para a cidade, na semana dedicada à cultura gaúcha

“ORA, PORQUE a gente é cuias e pelegos. Na exposição Os gaúcho, tchê”. Aos 9 anos, Tairine Farroupilhas e Suas Façanhas, explica a presença no Acampa- pode-se ler sobre os heróis far- mento Farroupilha. Instalado no rapos e ver uma pequena réplica Farrapos: a procura pelas roupas e calçados típicos dos gaúchos para aparecer bem na festa Parque Harmonia, na Capital, o do lanchão Seival, de Giuseppe evento reuniu mais de 300 pique- Garibaldi. Na praça de alimenta- cultura. do acampamento e do desfile é meu dia-a-dia normal, nada tes e Centros de Tradição Gaúcha ção, estavam à disposição desde “Algumas pessoas confundem realizado no domingo, dia 20. A muda”, alega. “Ando assim mes- (CTGs), entre 7 a 20 de setembro, doces de à truta grelhada. o acampamento com lugar para cavalgada temática percorreu a mo na fazenda. É só para reforçar na celebração da cultura do Esta- O trânsito por entre as tendas, beber cachaça e fazer bailão o dia avenida Edvaldo Pereira Paiva, a tradição”. E revela, divertido, do. Nem a chuva, presença quase no entanto, não era fácil. Devido todo. Mas o que nós fizemos aqui é onde os cavaleiros se apresenta- que sua rotina se resume a “carne, tão tradicional quanto o chimar- à companhia constante da chuva cultuar a tradição”, explica Pretto. ram para figuras importantes do truco e música”. Inerena Maria rão, interrompeu as atividades. no período, o parque Harmonia Aos visitantes, conta, com orgu- estado, como a governadora Yeda Cardoso, uma bela prenda de 81 Cada piquete é um micro- ficou tomado pela lama. Para lho, sua rotina de acordar cedo Crusius. anos, concorda. Ela é madrinha universo de histórias e tradição. amenizar o problema, tratores para fazer o fogo de chão, aquecer do piquete Mangaça há três anos Dispostos lado a lado, a maioria foram usados para aterrar as ruas a água do café de chaleira e do Empreitada e frequenta o acampamento há dos casebres de madeira mantém com pedras britadas. mate. Em seguida, começavam José Luiz Carvalho, 28 anos, cinco. “A gente vem também a porta aberta para que o visitan- os preparativos para o almoço, tira do bolso o dinheiro necessá- para se divertir”, disse abrindo te se aprochegue. “Vizinho não, Viagem no tempo que podia ser churrasco, carre- rio para mobilizar não apenas a um sorriso que deixa à mostra o aqui é tudo na parceria,” convida Caminhar pelo acampamen- teiro campeiro ou a vaca atolada família, mas os cavalos, os asnos dente de ouro. o portoalegrense Paulo Pretto, to era entrar em um cenário (espinhaço de ovelha com aipim). e o poodle Caco, que o acompa- Em frente ao piquete 30 de 40 anos, do Departamento Tra- mítico do Rio Grande: homens A culinária tem papel importan- nham. “O desfile é o nosso maior abril, Carlos Fernando Scalco, dicionalista Gaúcho (DTG). Ao pilchados, bombacha e lenço no tíssimo em qualquer piquete, o orgulho”, justifica. Carvalho, 28 48 anos, convidava os visitantes lado do casal de amigos, Paulo e pescoço, andavam pelas ruelas que faz do cozinheiro, ou assador, anos, do piquete Porteira Aber- a cruzar a porteira. Tudo para Romilda Negreiro, Pretto faz da estreitas às voltas de piás e pe- convidado de honra. À tardinha, ta, argumenta que “tudo é meio exibir aos convidados o fogão a semana farroupilha um exercício quenas prendas vestidos como eles reunem os “mais chegados e improvisado”. O colchão sobre lenha, “verdadeiro e legítimo”. de “homenagem aos costumes manda a tradição. Cavalos e cães, as prendas” para o bailão. E a fes- o estrado, fogão à lenha, comida Inflado de orgulho, dizia que “a gaudérios”. eternos companheiros do gaúcho, tividade segue até a madrugada. requentada que servia de café-da- imprensa” já esteve no seu pique- Além dos 364 piquetes, o completavam o cenário. Imagens Para os tradicionalistas, a manhã. Mesmo assim, se encanta- te. Com frase pronta e ensaiada, acampamento oferecia diversas da vida rural que resistem e se Semana Farroupilha equivale va ao descrever o acampamento, acrescenta: “a semana é como se atrações. Na feira de artesanato, reconstroem entre as margens ao carnaval para as escolas de as façanhas de seus antepassados fosse um aniversário. E o acam- localizada no centro do parque, do rio e a grande cidade de con- samba do Rio de Janeiro. Um ano e seu dia-a-dia na fazenda lá em pamento é o nosso presente para era possível comprar artigos como creto que lentamente soterra essa inteiro é dedicado à preparação Tupanciretã, na região central do o estado”. Encontro de gerações Estado. “Um pouquinho do que unidas por uma mesma paixão a gente vive lá fora a gente traz também é uma definição para o para cá. Relembramos nossos Acampamento Farroupilha, que ancestrais”, enfatiza. faz elo entre o passado e o futuro. Gabriel Souza, 19 anos, mos- Para a prenda Romilda Negreiro, trava com as roupas e as feições “o mais importante de tudo isso é sisudas duas tradições: militar e a volta aos costumes. A tradição gaudéria. Ele integrava o piquete não se perde no tempo”. Guardas da Tradição, criado pela 1ª Companhia de Guardas do Comando Militar do Sul. “Aqui Carolina Beidacki e Natália Otto

DESDE 1982

O Parque Harmonia, que passaria a ser palco do Acampamento Farroupilha, foi inaugurado em 4 de Setembro de 1982. Na inau- guração, os CTGs Aldeias dos Anjos de Gravataí e Tiarajú de Porto Alegre deram início às tradições do mês de setembro com danças de invernada, dança dos facões, chula e declamações. O CTG Rodeio da Saudade de ficou responsável pela cancha de rodeio, realizou as primeiras prova de rédea, gineteada e o tiro de laço. Um ano depois, o parque, idealizado pelo engenheiro agrônomo Curt Alfredo Guilherme Zimmermann, comemorou o aniversário com fogo de chão na entrada. O fogo ficava aceso e a água fervia à espera de uma parceria para a costumeira “mateada” do gaúcho. Desde guri, o Parque Harmonia ou Mauricio Sirotsky, recebe a “gau- deriada” de todos os cantos do Estado para que possam expressar seu amor pelo Rio Grande do Sul. Os piquetes são um microuniverso de história e tradição e têm fandangos até de madrugada hipertexto Porto Alegre, setembro 2009 reportagem 7 Alunos realizam trabalho missionário Universitários gaúchos e chilenos atuam durante uma semana em vila de Porto Alegre

Fotos Guilherme Santos/ Hiper AS CRIANÇAS ESTÃO coladas presa Carris, chega à Vila Fátima, PUCRS). Houve distribuição de ao portão da escola Nossa Senhora às 14h40min, transportando os camisetas, bolsas do projeto e dos de Fátima. Fazem fila e a gritaria jovens missionários. Desde 2004, crachás e uma confraternização. se instala. Esperam efusivos pelas universitários das PUCs do Rio Às 15h, todos conheceram a Vila oficinas. A de Jogos Online é a Grande do Sul e do Chile, mais as Fátima e às 19h30min aconteceu mais concorrida, o computador é a universidades federais de Santa a Celebração do Envio, cerimônia máquina da modernidade. Reflete Maria (UFSM) e do Rio Grande religiosa na capela do Colégio a tecnologia da diversão. Durante do Sul (UFRGS), além do Instituto Champagnat. Era o sinal de que os uma semana, acadêmicos gaúchos Porto Alegre (IPA), se reúnem jovens missionários já podiam ser e chilenos desenvolverão traba- para participar da Missão Vila iniciados. Uma das prioridades da lhos comunitários e ministrarão Fátima, que acontece sempre na missão é de que os universitários oficinas na Missão Vila Fátima, última semana de julho. Cerca de envolvidos na causa sejam os junto a moradores daquela vila 60 inscritos, inclusive universi- protagonistas. Todas as atividades do bairro Bom Jesus, zona leste tários de Guiné Bissau, levaram solidárias são idealizadas por eles, de Porto Alegre. uma palavra amiga e uma propos- previamente, em uma reunião ge- Pedro, sete anos, nascido na ta de vida aos moradores da vila, ral. Nela são definidas as oficinas Solidariedade: estudantes distribuem doações na Zona Leste vila, com uma altivez esplêndida, nos dias 24 a 30. direcionadas aos jovens, adultos garante que vai participar todos O projeto faz parte do progra- e às crianças da região. os dias das oficinas e a mãe dele ma Universidade Missionária do Atividades educativas e re- também. Estará na que trata de Centro de Pastoral e Solidarieda- creativas foram projetadas. As “Gerar renda fazendo pão”. Enfim, de da PUCRS, que ajuda a comu- crianças são as mais ansiosas à os portões se abrem e a correria nidade, através de um trabalho espera das oficinas. “É uma pena se instala. O pátio fica repleto de solidário e proporciona aos es- que projetos assim aconteçam crianças que jogam vôlei, basque- tudantes uma formação integral. somente em uma semana do ano. te nas quadras e brincam de bam- Este ano a missão esteve nas A missão salva vidas, muda rea- bolê. O laboratório de informática escolas municipais José Mariano lidades. A partir das oficinas, as e as demais salas da escola abrem- Beck e Nossa Senhora de Fátima, crianças conhecem outra realida- se para ensinamentos e a união. onde ocorreram as oficinas. de, o que ajuda para que o futuro As crianças revelam o que não Por que a Vila Fátima? O Cen- deles seja distante das drogas e querem para suas vidas. “Prefiro tro de Extensão Universitária da violência”, comenta confiante ficar aqui do que na rua, enquanto PUCRS já atua na lá há cerca de 30 o morador Thiago Proença, 26 a minha mãe trabalha. Um dia vou anos, auxiliando a população de anos, formado em História, que trabalhar com informática”, diz baixa renda com atividades cur- participou das iniciativas de 2006 Isabela, 12 anos. riculares das faculdades de Medi- e, agora, em 2009. Jogos online: a oficina mais concorrida na Missão Fátima Entre ruas de terra batida, bar- cina, Serviço Social, Odontologia, No domingo, dia 26, aconte- racos humildes, famílias carentes Direito, Educação, Enfermagem, ceu a oficina mais esperada, de OFICINAS OFERECIDAS de tudo, jovens universitário entre outras. O programa Uni- Brechó. “Todas as roupas que ven- •Teatro e Dedoches •Brinquedos Recicláveis (rea- dedicam uma semana de suas versidade Missionária serve para demos por saco, a R$ 0,20 cada, •Ritmos (dança) proveitamento do lixo) vidas para o trabalho voluntário intensificar e complementar as são doações arrecadadas pela •Jogos Recreativos •Jogos Online de levar esperança à comunidade ações humanitárias já realizadas Campanha do Agasalho 2009, •Escolhas Alimentares •Tum, Tom, Tum (percussão da Vila Fátima, uma das mais pela PUCRS e a Católica do Chile, da Pastoral da PUCRS”, enfatiza •Tartaruga Gigante (coopera- com latas, garrafas pet, latinhas) deficitárias da Capital. Realidades com a Misión Pais. a coordenadora geral da missão ção) •Ler para quê? (incentiva a •Família no Porta-Retrato (va- leitura) opostas que se harmonizam na Os voluntários se reuniram e agente de pastoral Melissa de lores familiares) •Gerar renda fazendo pão corrente de solidariedade, apren- às 9h do dia 24 de julho (sexta- Oliveira Maciel. •Ceguinho (exercita a confiança) •Debatendo o sentido da paz dizado e alegria. feira), no Laboratório de Nutrição •Natureza Viva (meio ambiente) •Brechó. Um ônibus, cedido pela em- (prédio 41, campus central da Por Marina Sant’Anna Um choque de realidade na comunidade carente da Vila Fátima

OS PARTICIPANTES da Mis- sores na faculdade. que lhe acolhe sem querer nada acadêmica, espiritual e humana. é uma vontade que carrego há são Vila Fátima são organizados Para Valentina Cerda, 23, do em troca, apenas necessita de um Ao entrarmos em cada casa, plan- muito tempo. Como estudo na em grupos, cada um com o seu Chile, aluna do sexto semestre de pouco de carinho. Pude escutar tamos uma semente de renovação. PUCRS e sabia que a universidade líder. Neste ano, eram cinco Design Gráfico, o seu primeiro dia seus problemas, fazer orações, Através das visitas, oficinas e de fazia trabalhos voluntários, decidi turmas e os integrantes ficaram não foi como esperava. “Só duas realmente me emocionei, porque trabalhos comunitários, podemos procurar a Pastoral. Acho que essa hospedados em dormitórios do famílias abriram a porta para nós. pude perceber que, às vezes, ape- anunciar algo bom e transforma- é uma grande oportunidade para Colégio Champagnat. Nos dias É minha quarta missão, mas a nas uma conversa já reconforta”, dor que seja válido para nós e para o crescimento pessoal e profissio- da semana missionária, depois primeira aqui no Brasil, e fiquei ressalta Juliana. eles. Não fazemos oficinas apenas nal”, acredita Beretta. do café da manhã no Laboratório impressionada com a diferença, O projeto “Mão na Massa”, de- por fazer, mas porque transmitem Para Vanessa Carvalho, 21, de Nutrição, eles seguiam para a porque lá no Chile o pessoal é senvolvido no dia 29, necessitou um valor especial a estas pessoas”, sexto semestre de Psicologia, par- vila, onde visitavam as famílias. mais receptivo do que aqui. Eu um dia inteiro de dedicação. Os explica Gilnei Lopes de Lima, ticipante da missão desde 2006, Literalmente, os missionários pensava que ia ser igual, por se cinco grupos foram divididos para agente de pastoral e coordenador a proposta é viver em outro tipo batiam na porta da casa dos mo- tratar do Brasil”, confessa. atender às exigências das duas geral da missão. Ele acredita no de sociedade, partilhar sentimen- radores, presenteando-os com a A estudante de Engenharia escolas que ganharam espaços potencial dos jovens agentes da tos e ideias, o que pode mudar solidariedade, atenção, caridade, Mecânica pela UFSM, Juliana revitalizados pelos trabalhos de paz, “eles doam amor e isto não a mentalidade individualista. diversão, afeto e explicavam as Palma, 19, realizou sua segunda jardinagens nos canteiros e hor- tem preço”. “Quando temos contato com uma oficinas da tarde. Nas visitas missão – a primeira foi no Chile. tas, pinturas de jogos de damas Douglas Beretta Moroni, 21, comunidade que nunca vimos aos moradores, os estudantes Ela contou que teve uma experi- nos bancos, amarelinhas, reparos cursa o quarto semestre de Admi- antes, nos sentimos inicialmente escutam seus problemas e suas ência emocionante no primeiro nas quadras esportivas e pátios. nistração de Empresas e quer, por impotentes, que o mundo é cruel alegrias, além de poderem colocar dia e não trocaria isto por nada “Nós colocamos à disposição meio do voluntariado, uma ma- e pensamos: o que aconteceu? em prática todos os conhecimen- neste mundo. “Não tem preço deles, nesta semana, aquilo que neira de fazer a diferença. “Estou Este questionamento pode mudar tos teóricos recebidos dos profes- entrar na casa de uma família temos para doar: nossa formação na missão, porque ser voluntário a vida deles e a nossa”, conclui. 8 esporte Porto Alegre, setembro 2009 hipertexto

GabrielleToson/ Hiper

Pistas interditadas para que esportistas amadores possam se exercitar durante o dia de folga, liberando o estresse da semana As correrias do lazer no domingo Corridas de curta distância conquistam ruas e rotinas na Capital durante os fins de semana

PARA ELES, domingo não 10 km, atingindo desta manei- destaque no cenário do atletismo, perguntada, após cruzar a linha alternativas, como é o caso das é dia de acordar tarde, ficar em ra um público mais iniciante. deixando para atrás o favoritismo de chegada da Track&Field Run esportivas Adidas (Circuito das casa, na maior preguiça. Cada vez Antigamente conhecida como de nomes das grandes potências Series, no estacionamento do Sho- 4 estações com uma corrida a mais há pessoas que despertam “pedestrianismo”, a atividade econômicas. Nas corridas de rua, pping Iguatemi, o que achou da cada trimestre), Nike (diversas cedo para sair de casa e correr também disputada de maneira o fenômeno se repete e não há experiência, revela sorrindo: “É, opções de corrida, buscam públi- pelas ruas da cidade. Nas proxi- tradicional nos eventos olímpicos como descrever de forma homo- sabe que até achei divertido? Vale cos específicos, como o Circuito midades de parques e avenidas de atletismo, conquista a atenção gênea as características dos parti- a pena encarar o espírito saudável Vênus, destinado às mulheres), tradicionais, uma ou duas pistas de um segmento bastante extenso cipantes. São jovens adultos, mas e abrir mão das baladas rotineiras Track Field, Fila, Mizuno e ou- são isoladas para a realização de de pessoas nos últimos anos. também velhos adultos e quase para participar de disputas ale- tros anunciantes como a TAM, corridas rua. Em circuitos urba- Há uma lenda que diz ser a adultos; pessoas com biotipo ade- gres como essa.” A jovem, quando de passagens de aéreas, a Avon, nos, atletas amadores que antes corrida de rua o esporte mais quado para a prática do esporte disse ‘disputas alegres’, referia-se do meio dos cosméticos e a Caixa só praticavam exercícios nas aca- democrático do mundo, pois de com o corpo magro e veloz, mas há ao clima animado do evento. Com Econômica Federal. Essas marcas demias fechadas ou realizavam fundamental mesmo só a neces- também grandões com sobrepeso uma megaestrutura de logística, buscam associar sua identidade alguma atividade física esporádica sidade de utilizar um par de tênis. na mesma competição. incluindo fisioterapeutas, locu- com os conceitos de qualidade de despertam para o vício de correr O resto é o prazer unânime de Chega a ser engraçado obser- tor, massagistas, som, equipe de vida. O ditado popular “corpo são, no asfalto. Foi o que aconteceu movimentar o corpo e desafiar a var a filha adolescente correndo apoio, organização e, consequen- mente sã” já faz parte do imaginá- no domingo, 13 de setembro, própria condição humana. Não (ou seria arrastada?) no meio dos temente, os custos operacionais rio coletivo da população e revela nas proximidades do Shopping é à toa que países miseráveis da pais, em pleno domingo chuvoso são elevados. a realidade de que, sem saúde, é Iguatemi. África produzem verdadeiros (13 de setembro), implicando com A “festa” geralmente é fi- impossível viver em paz. A maioria dos percursos conta homens-máquina. Mesmo com a idéia da mãe de ter inscrito a nanciada por empresas que in- com a reduzida distância de 5 e uma trajetória humilde, alcançam família inteira na prova. Quando vestem seu marketing em ações Por Júlia Souza Alves

Vanessa Freitas/ Hiper ALIVIA TENSÕES O esporte ajuda a aliviar as Segundo o site Corpore tensões do dia-a-dia causando Brasil (www.corpore.org.br), já uma sensação de bem-estar são mais de 100 mil associados devido à liberação da endorfina. a clubes de corridas em todo o Pesquisadores da Universi- País. Qualquer pessoa é capaz dade de Bohn, na Alemanha, de praticar atividade aeróbica, analisaram o cérebro de 10 mas algumas precauções devem corredores antes e depois de ser estabelecidas para que im- uma corrida e encontraram previstos desagradáveis sejam áreas ativadas pela liberação da evitados. “Procurar um médico substância neurotransmissora antes de iniciar qualquer plani- em regiões cerebrais ligadas à lha de metas é essencial para a emoção. Além disso, os atletas realização correta da exercício”, relataram aumento no nível de adverte Márcio Fabiano Muniz, euforia depois de terem corri- profissional de Educação Física do – testemunho universal de e professor da Academia VIP todo praticante de esportes e Bela Vista. A atenção deve ser atividades físicas ao concluir redobrada se o atleta possui um treino. mais de 35 anos. São muitas as competições promovidas por empresas de materiais esportivos hipertexto Porto Alegre, setembro 2009 esporte 9 Enquanto o Gauchão não chega Copa Dallegrave garante vaga em competições nacionais e evita que clubes fiquem parados

Guilherme Santos/Hiper OBSCURA para o grande pados, a maioria se classifica para público, a Copa da Federação a segunda etapa. De cada chave, Gaúcha de Futebol (FGF) chega à oito avançam para o mata-mata. sexta edição em 2009. O torneio, Os 16 remanescentes, então, se que este ano tem o nome de Copa digladiam entre si até chegar à Arthur Dallegrave, em memória grande final, disputada com jogos ao falecido ex-presidente do In- de ida e volta. ternacional, reúne 19 equipes, a maioria clubes do interior. As ex- Vaga no Brasileiro ceções são São José, Porto Alegre Para incentivar os participan- FC, Cruzeiro e os times B de Inter tes, o vencedor da competição e Grêmio. pode escolher: ganhar uma vaga O sentido do torneio alter- na Série D 2010 ou na Copa do nativo é manter em atividade os Brasil 2011 e ainda participar da profissionais que dependem do Recopa Sul-Brasileira, que reú- futebol. “A Copa FGF existe para ne os campeões das Copas das movimentar os times no segundo federações gaúcha, catarinense, semestre. Antes os times termi- paranaense e paulista. A maioria navam o Gauchão e não tinham dos estados do Brasil tem uma nada para disputar pelo resto Copa equivalente. do ano. O objetivo é manter em Apesar de contar com cinco atividade os clubes gaúchos, tanto clubes da Capital, o torneio tem da 1ª quanto da 2ª divisões”, diz apelo forte no Interior, com times Flavio Fiorin, assessor da Federa- tradicionais, como Caxias, Novo ção Gaúcha de Futebol e um dos Hamburgo, Ypiranga de organizadores da competição. e Brasil de Pelotas, todos parti- A cada ano, o torneio home- cipando este ano. Pelotas, Santa Prêmio: vencedor do torneio escolhe disputar a Série D 2010 ou a 2011 nageia um grande nome do meio Cruz, Veranópolis, Esportivo esportivo gaúcho. Em 2007, o de Bento Gonçalves, Inter-SM, a delegação sofreu no início do atrás de uma das goleiras, cerca de partida foi dominada pelo time da escolhido foi o também ex-pre- Riograndense-SM e São Paulo de ano e que matou Cláudio Millar, dez adolescentes formavam uma Serra. O primeiro tempo terminou sidente colorado Paulo Rogério Rio Grande não estão presentes ídolo da torcida xavante. barra chamada Os Farrapos. To- em 2 a 1, para o Caxias, com gols Amoretty, que morreu no mesmo nesta edição, devido a problemas cavam seus bumbos e cantavam de Natan e Edenilson. Jefferson ano no vôo 3054 da TAM. Em financeiros. “Por questões de Jogo no Passo D’Areia músicas de incentivo ao time, a marcou de pênalti, para o Zequi- 2008, a Copa levou o nome de orçamento, algumas equipes não Apesar da entrada franca, o maioria adaptada de cânticos en- nha. No segundo tempo, o São Lupi Martins, radialista esportivo têm como montar um time para público do jogo entre São José toados pelas torcidas de Grêmio José novamente não conseguiu se também falecido em 2007 e irmão o segundo semestre”, diz Fiorin. e Caxias era pequeno no Passo e Inter. Já a torcida do Caxias se impor diante dos visitantes e aca- do jornalista Lasier Martins. Quem tem se destacado é o D’Areia: cerca de 120 espectado- constituía em alguns gatos pinga- bou levando mais um, cortesia do As equipes são divididas em Brasil de Pelotas, que está em- res. Também não colaborou o fato dos infiltrados nas cadeiras. camisa 10 Tiago Adan, de pênalti. duas chaves, com dez e nove clu- balado pela boa campanha na de o jogo ter sido remarcado para Com o campo ainda embar- Placar final: São José 1 x 3 Caxias. bes. Para que a Copa dure mais Série C, lidera a Chave 1. O time as 15h de uma segunda-feira, 14 rado por causa das chuvas que tempo e mantenha os times ocu- superou o acidente de ônibus que de setembro. Nas arquibancadas duraram até o dia anterior, a Por Ian Linck

Gabrielle Toson/Hiper Começam Olimpíadas da PUC

QUASE MIL quilos de alimen- que uns times eram tecnicamente medalhas e troféus. tos e 1.110 de peças de agasalhos. muito superiores. Essa nova me- As Olimpíadas proporcionam Estes foram os primeiros resulta- dida, apesar de ser uma dificulda- a realização de atividades benefi- dos da 2ª Olimpíadas da PUCRS, de na hora da inscrição, promove centes. Em 2008, foram arrecada- iniciada em 26 de setembro. O a integração e impede que uma dos cerca de 500kg de alimentos objetivo do evento, além da ati- equipe seja formada apenas por entre as equipes inscritas. Em vidade esportiva e de promover alunos muito bons de uma mesma 2009, além de 1kg de alimento, a integração, é ajudar a quem turma”, explica Suñé. cada atleta doou um agasalho. O precisa com doações. Algumas modalidades sofre- material foi entregue à Pastoral A segunda edição da com- ram alterações em relação ao ano da PUCRS, que distribuiu para petição começou com algumas passado. O vôlei de quadra deu lu- instituições assistidas. inovações. A primeira delas é que gar ao vôlei de praia, o judô (mas- Mesmo com o tempo mais os atletas são professores, alunos, culino e feminino) foi incluído na quente, a doação de agasalhos é funcionários e ex-estudantes da competição e as inscrições foram estimulada. Marisol Trindade, universidade, todos em times que feitas pelo site da PUCRS. Os agente líder da Pastoral, explica devem contar com pessoas de di- esportes de maior apelo social – que mais de um terço das doações ferentes faculdades. Fabio Suñé, futebol e futsal – ganharam finais no inverno não são peças para professor de Educação Física da de semanas inteiros para cada combater o frio. “São doados PUCRS e membro da comissão um, embora as decisões de todos até mesmo biquínis, enquanto organizadora dos jogos, diz que os esportes estejam programadas toucas e meias dificilmente são a proposta é estímular o nivela- para o mesmo dia e horário, em entregues”, conta. mento técnico dos competidores. 25 de outubro. Os campeões, vice Doações: recolhidos alimentos e peças de vestuário “Algumas pessoas reclamaram e terceiros colocados ganharão Por Pedro Faustini 10 cultura Porto Alegre, setembro 2009 hipertexto

Daniela Lago/ Arquivo Hiper Os perfumes de Vanessa da Mata em Porto Alegre A cantora mato-grossense encanta ao misturar ritmos

DESDE O COMEÇO da car- roseiras iluminadas por várias sões originais. Outras como reira, Vanessa da Mata mostrou pequenas lâmpadas, que quan- Um dia de Adeus, de Guilherme versatilidade musical fora do co- do em contato com os refletores, Arantes, e O Último Romance, mum, misturando MPB e ritmos mudavam de cor de acordo com de Rodrigo Amarante, pecaram caipiras com o reggae. A mato- o tom de cada música. não só pelo péssimo arranjo que grossense desenvolveu um estilo Durante o show, a dona de descaracterizou as composições, próprio de cantar, compor e se um dos timbres de voz mais como também pela falta de apresentar. Estilo que 1.100 inconfundíveis da nova música familiaridade da cantora com pessoas presentes no Teatro popular brasileira demonstrou a letra, que errou mais de uma do Bourbon Country puderam grande segurança em seu reper- vez os versos de Amarante.Mes- conferir em 19 de setembro, no tório. Isso se evidenciou não só mo assim, isso não impediu o show “Perfumes do Sim”. nas canções mais conhecidas do público de chamá-la duas vezes Eram mais de 21 horas quan- público, como Não me deixe só, para voltar ao palco depois da do ela surgiu no palco, vestida Ai, Ai, Ai, Amado, e Boa sorte/ apresentação, que se estendeu com um lindo vestido amarelo Good Luck – esse um dos mo- por mais de 20 minutos. e acompanhada de um time de mentos mais interessantes da O teatro do Bourbon Country primeira. Davi Morais (filho de noite com excelente performan- se consolida como um dos me- Moraes Moreira) na guitarra, ce de Donatinho, fazendo uso de lhores lugares para se assistir A escolha é uma sublimação do público infantil Alberto Continentino, no baixo, vocoders, – como também nas qualquer tipo de concerto, não Stephane San Juan, na bateria, menos conhecidas: Quando um só pelo conforto e segurança que e um muito inspirado Donati- homem tem uma mangueira no oferece, como pela sua acústica nho (filho de João Donato) nos quintal, Fugiu com a novela e privilegiada. Foi assim, dançan- Urbim é o patrono teclados formavam sua banda. Joãozinho. do e chamando todos para fazer A produção do espetáculo Algumas surpresas foram o mesmo, que Vanessa da Mata proporcionou um show à parte, incluídas no setlist, umas muito se despediu como uma artista com bonito trabalho tanto da boas, como Eu sou Neguinha, singular, embora o show não da Feira do Livro equipe de iluminação, quanto do de Caetano Veloso, e As Rosas tivesse igual singularidade. cenotécnico. Juntos montaram Não falam, de Cartola, que O eleito é autor de livros infantis, um cenário composto por duas conseguiram fazer jus as ver- Por Marcus Perez entre eles, Um Guri Daltônico Lívia Stumpf/ Hiper

JORNALISTA, escritor, e in- Diário de Um Guri e Saco de dicado para o cargo todos os anos Brinquedos, muitos adaptados desde 2003, Carlos Urbim final- com frequência para o teatro. Seu mente é eleito patrono da Feira mais recente trabalho é o infanto- do Livro de 2009. O anúncio foi juvenil Admissão ao Ginásio, que feito por Charles Kiefer, atual trata das angústias de um menino patrono, que entrega o posto para que teme não passar nos exames Urbim em 30 de outubro, quan- orais e escritos que serão aplica- do é inaugurada a 55ª edição do dos para sua admissão ao ginásio, evento, na tradicional Praça da o Ensino Médio vigente no Brasil Alfândega. entre 1930 e 1970. A escolha é realizada por um Desde 2008, o atual patrono colégio eleitoral, formado pela ocupa uma cadeira na Academia diretoria e associados da Câmara Rio-Grandense de Letras. Como Rio-Grandense do Livro (CLR), jornalista, trabalhou nos Diários patronos de feiras anteriores, Associados, Folha da Manhã, titulares de entidades culturais Istoé, Diário do Sul e Zero Hora. e associativas ligadas à área do A Feira do Livro de Porto Alegre, livro e outros. Os envolvidos su- em sua 55ª edição, vai de 30 de gerem três dos cinco nomes indi- outubro a 15 de novembro. cados pela CLR, e é eleito aquele Este ano, além de Urbim, que receber a maioria de votos. os patronáveis eram Airton Or- tiz, Juremir Machado da Silva, Símbolo da Feira Luís Augusto Fischer e Regina Carlos Urbim possui uma car- Zilberman. Silva é professor da reira respeitada como jornalista e Famecos. é autor de livros para crianças e Consulte a programação em adolescentes. Natural de Santana www.feiradolivro-poa.com.br. do Livramento, suas principais obras são: Um Guri Daltônico, Por Tatiany Lukrafka Performance: O vestido esvoaçante no show em setembro no teatro do Bourbon Country hipertexto Porto Alegre, setembro 2009 cultura 11

Lívia Stumpf/Hiper cidas. Estava tão a vontade que esquecia o microfone ligado em Os dez mais do Inter, no sua frente e conversava com a Ele é o banda entre uma música e outra. Pedia para os músicos o lembra- livro de Kenny Braga rem a canção, ria dizendo numa voz rouca que esqueceu a letra. ANO DO CENTENÁRIO de foram essenciais para a história do rock n’roll Mudava a ordem na hora e como seu clube do coração, o jornalista clube”, comentou Falcão. Carpe- recompensa para o público que e escritor Kenny Braga lançou, gianni não foi diferente ao falar: não parou sequer um minuto, dia 15 de setembro, o livro “Os “É um orgulho, é muito gratifican- emendou duas músicas não dez mais do Internacional”. A te figurar no livro, pois reflete todo planejadas no set list original. sessão de autógrafos, ocorrida no trabalho de nossas vidas”. Do velho amigo Chuck Berry, Barra Shopping Zona Sul, teve a Também compareceram à o mesmo que recusou se apre- presença de muitos colorados e de sessão de autógrafos os secretá- sentar antes de Lewis num show dois dos dez selecionados: Paulo rios municipais de Esportes, João no final dos anos 50 e fez com Roberto Falcão e Pau- Bosco Vaz, e da Copa, que o Matador ateasse fogo no lo César Carpegianni. Os escolhidos: José Fortunatti. Para piano e continuasse a tocar até Valdomiro Vaz Franco o secretário João Bos- o instrumento suportar, Jerry é o grande destaque Carlitos co Vaz, o livro é um Lee sacou Roll Over Beethoven entre os 10, na opinião Valdomiro trabalho importantís- e Sweet Little Sixteen. do autor do livro, por Claudiomiro simo, pois “resgata a Entre um clássico eletrizante que foi o jogador que Tesourinha história dos ídolos do que fez dançar o público vestido mais vestiu a camisa Falcão passado”. a caráter, com direito roupa de do Inter e na década Oreco A obra faz parte bolinha, jaqueta de couro e to- de 70. da coleção, da edito- petes minuciosamente prepara- A dupla de volan- Carpegianni ra carioca Maquina- dos, e canções da época country tes Falcão e Carpe- Fernandão ria, Ídolos Imortais e pouco conhecidas, Lewis fez gianni que encantou Figueroa e e tem como principal um dos melhores shows do ano os torcedores colora- Manga objetivo descrever em Porto Alegre. Embora ele dos na década de 1970, a trajetória dos dez tenha ficado só 30 minutos no jogando junto, na ses- maiores jogadores palco, o público não se queixou. são de autor, se posicionou lado dos principais clubes do País. A não ser pelo saudosismo e a lado do autor para assinar seus Já foram lançadas as edições do o gostinho de quero mais que nomes em cada exemplar com- Flamengo, Palmeiras, Fluminense ficou no ar logo após a banda, já prado. Entre autógrafos e fotos e Corinthians. Estão para serem sem o pianista, encerrar o show. os dois relembraram os tempos lançadas as de Grêmio, Botafogo, Mesmo sem realizar movi- de jogador, principalmente da- Santos entre outros. Os dez mais mentos que criaram sua fama quele time Bi-campeão nacional do Internacional resultou da Jerry Lewis e seu piano personificam de rebelde, como chutar o banco em 75 e 76. “Toda lembrança é o votação entre dez jornalistas que para trás e continuar a música reconhecimento do trabalho de- acompanham ou acompanharam o gênero em noite inesquecível em pé, sentar sob as teclas ao senvolvido. Metade dos jogadores o futebol gaúcho. final das canções, tocar com os escolhidos fez parte daquele gru- O CABELO já não balança anos 40. Aproveitava o vacilo pés, subir num pulo só na calda po bi-campeão, mas todos os dez Por Felipe Uhr freneticamente como antes, de familiares e corria para um do piano e cantar rebolando quando acompanhava o rit- dos bairros negros próximo para o público num frenesi Mariana Fontoura/Hiper mo do corpo que, agora, fica de onde morava. Em um dos alucinante, as mãos do músico comportado junto ao banco do casebres descobriu que o piano estavam lá. As mesmas mãos piano. Talvez seja o preço pago poderia ser muito mais que um que Sam Phillips, da gravadora por assumir um dos ramos simples acompanhante calmo Sun Records, a que lançou Elvis principais da árvore genealógica e angelical. Vendo a festa que Presley, afirmou ser união do do rock n’ roll. O tempo passa e faziam ao som de um blues negro com o branco, a origem os efeitos são visíveis naquele rasgado, cantado com aquela do rock n’ roll. Essas mãos não homem de 73 anos. Visto da voz cheia de pigarro que só os decepcionaram, pareciam não rua seria um velhinho qualquer bons bluseiros poderiam ter, sentir os 73 anos e três ataques que passa as tardes no parque Jerry Lee Lewis despertou para cardíacos que o corpo sofrera. admirando as garotas, com música, e de quebra ganhou seu O tempo passa e Jerry Lee olhares perdidos num ponto primeiro sucesso, Whole Lotta Lewis supera obstáculos. Seis fixo distante e, provavelmente, Shakin’ Goin’ On. A mesma anos de rejeição após descobri- ri por dentro ao se lembrar do canção que encerrou o show do rem o casamento com a prima de passado. Killer 60 anos depois, no dia 16 segundo grau, de apenas 13 anos Ao vencer a distância entre de setembro em Porto Alegre, na época. Cirurgias de risco, o backstage e o centro do palco, numa apoteose ao bom, velho e abuso de álcool e drogas. Diver- onde o aguarda um piano preto original rock n’ roll. sos casamentos rompidos: duas Lançamento e sessão de autógrafos no Barra Shopping de cauda, senta-se sem dirigir Apoiado pela banda de mulheres e dois filhos mortos. O uma palavra para a platéia que Kenny Lovelace, o mesmo gui- Matador passou por tudo sem- o ovaciona e fica claro quem é tarrista que acompanha Jerry pre acompanhado do piano. Não “Revivi momentos da minha a figura. Ao estralar os dedos e Lee desde 1965, o músico subiu parou de tocar sequer uma vez deslizar as mãos nas teclas bran- ao palco para um show direto em mais de 50 anos de carreira. vida de torcedor colorado” cas e pretas com uma intimidade e rápido, seguindo à risca os Foi da fama ao lixo e voltou por cinquentenária se percebe que princípios de um bom matador. cima, mais uma vez. Ainda grava NO FINAL da sessão de au- domiro. Foi o jogador que mais aquelas mãos nunca vão enve- Trocava poucos olhares com as canções inéditas, mesmo admi- tógrafos, o mais feliz era Kenny vestiu a camisa do Inter e foi lhecer. É Jerry Lee Lewis, baby, duas mil pessoas que assistiam tindo ser extremamente difícil Braga. imprescindível nas conquistas da o pai mais endiabrado desse embasbacadas sua performan- decorar as letras. Ainda vive ao Kenny, qual o sentimento de década de 70”. eterno jovem inconsequente ce. Mas ele estava à vontade, estilo selvagem que o consagrou. mais este trabalho sobre o Inter? Comente a escolha dos dez chamado rock n’ roll, em Porto nem um pouco intimidado com Basta ver a escolha feita quando “Eu revivi, na coleta de informa- mais? “Eu não votei nos dez es- Alegre. quantidade de câmeras que perguntado em uma entrevista ções desses jogadores, momentos colhidos. Apesar disso foi justís- O garoto de Lousiana apren- filmavam e fotografavam, ou se preferia o céu ou o inferno. da minha vida de torcedor quando sima. Todos eles merecem essa deu a tocar sozinho aos oito com o público que chutou as Não teve dúvidas, escolheu o vi, a maioria deles atuando com a distinção, pois de alguma forma anos de idade e trocou a música cadeiras para trás e dançava inferno. camisa do Inter”. colaboraram para a grandeza do gospel por um ritmo conside- ou apenas olhava e gritava em Dos dez lembrados qual o Internacional. Creio que o resulta- rado do diabo lá nos idos dos transe as canções pouco conhe- Por Ricardo Araujo mais justo na tua opinião? “Val- do final foi absolutamente justo”. 12 ponto final Porto Alegre, setembro 2009 hipertexto Monjardim aposta no Brasil como referência em televisão Diretor foi principal atração do RBS Debates no primeiro dia do SET Universitário na PUCRS

Lívia Stumpf/Hiper NOVELA, PALAVRA-CHAVE para o diretor da TV Globo, Jayme Monjardim, centro das atenções do RBS Debates de 28 de setembro. No evento, integrante do 22º SET Universitário, Monjardim comentou que acredita no potencial brasileiro como produtor de programas televisivos de qualidade. Segundo ele, o Brasil está a um passo de se tornar referência mundial no assunto. Com auditório do Centro de Eventos da PUCRS lotado e público sedento por informações, Monjardim, um dos gran- des nomes de televisão da atualidade, era a estrela do RBS Debates. Ao lado dos cineastas Fabiano de Souza e João Daniel Tikhomiroff, o diretor da atual novela das oito da TV Globo, Viver a Vida, discorreu sobre o fenômeno televisão que domina as casas brasileiras: reality shows, seriados e minisséries. Nada passou despercebido pelo diretor, que teve de se esquivar do mar de perguntas dos presentes. Tema polêmico devido ao conteúdo por vezes considerado impróprio para o pú- blico infantil, as novelas do horário nobre ganharam destaque no debate, gerando opiniões diversas. Para ele, o material produzido é adequado, caso contrário, não Horário nobre: “Claro que temos algumas cenas um pouco mais fortes, mas nada que a população já não tenha visto.” estaria no ar. “É claro que temos algumas Fotos Bruno Todeschini/Hiper cenas um pouco mais fortes, mas nada que a população já não tenha visto”, defendeu. Apesar do tom liberal presente na maioria de suas justificativas, o convi- dado se mostrou cauteloso ao responder a questão: Quando será exibido o beijo gay na TV? Sem pestanejar, Monjardim afirmou que ainda é cedo para a cena, e isso poderia afetar a maneira de pensar de alguns, inclusive das crianças. “Acho que tudo tem seu horário, o da novela das oito não seria o mais adequado para isso. Não sou contra. Acho que pode acontecer em filmes ou minisséries. Não pretendo ter beijos gays nas minhas obras. Pelo menos, não agora”, explicou. Jayme Monjardim também sintetizou o futuro da televisão nacional. Apesar do bom conteúdo já feito, acredita que o Brasil tem potencial para se tornar referência mundial, mas precisa investir. “Nosso país já é uma das principais nações a desenvol- ver bons programas, porém podemos ir além. Novos autores, tecnologias, modos de transmissão vem a somar. Precisamos ROCK DOS MESTRES abrir nossos olhos e ir onde está o talento”. Por Leonardo Serafim Quem está acostumado a ver os professores só na sala de aula teve uma surpresa na noite de 29 PRINCIPAIS OBRAS de setembro. Em pleno saguão da Famecos, a atra- Novelas: ção era a banda Trouble No More, em formação Viver a Vida 2009 especial para o SET. O som dos mestres invadiu a América 2005 atmosfera acadêmica e trouxe ao térreo do prédio O Clone 2001/2002 7 algumas dezenas de curiosos. Terra Nostra 1999/2000 Os alunos puderam assistir a Sérgio Stosch (aci- Minisséries: ma, no microfone), Elson Sempé (à direita acima, Maysa Quando Fala o Coração 2009 no saxofone), Ticiano Paludo, Alberto Raguenet, A Casa das Sete Mulheres 2003 Carlos Gerbase (à direita) e o funcionário José Carlos Andrade.