Teatro De Revista Contemporâneo: História, Ensino E Reexistência
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TEATRO DE REVISTA CONTEMPORÂNEO: HISTÓRIA, ENSINO E REEXISTÊNCIA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE TEATRO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARTES CÊNICAS JONES OLIVEIRA MOTA TEATRO DE REVISTA CONTEMPORÂNEO: HISTÓRIA, ENSINO E REEXISTÊNCIA SALVADOR 2020 JONES OLIVEIRA MOTA TEATRO DE REVISTA CONTEMPORÂNEO: HISTÓRIA, ENSINO E REEXISTÊNCIA Tese apresentada ao Programa de Pós -Graduação em Artes Cênicas, Escola de Teatro, Universidade Federal da Bahia, como requisito para obtenção do título de Doutor em Artes Cênicas. Orientadora: Prof.ª Dr.ª Eliene Benício Amâncio Costa SALVADOR 2020 Mota, Jones Oliveira. Teatro de revista contemporâneo: história, ensino e reexistência / Jones Oliveira Mota. - 2020. 330 f.: il. Orientadora: Profa. Dra. Eliene Benício Amâncio Costa. Tese (doutorado) - Universidade Federal da Bahia, Escola de Teatro, Salvador, 2020. 1. Teatro. 2. Teatro - Estudo e ensino. 3. Teatro - Estudo e ensino - Salvador (BA). 4. Teatro - Estudo e ensino - Ilhéus (BA). 5. Teatro de revista - Brasil - História. 6. Teatro de revista - História e crítica. I. Costa, Eliene Benício Amâncio. II. Universidade Federal da Bahia. Escola de Teatro. III. Título. CDD - 792.70981 CDU - 792.7(81) Aos meus avôs, Antônio Pimentel de Oliveira e José Sousa Mota in memoriam e às minhas avós Antônia Firmo de Oliveira e Josefa de Jesus Mota, por manterem a vida reluzindo numa terra seca, carente e distante. Onde o ensinamento é oral, o trabalho braçal e a fome um perigo constate. Onde fui feliz na infância que trago em mim. Onde compartilhar é a principal regra e crescer a maior alegria. AGRADECIMENTOS A Daniel Moreno, meu companheiro de vida e arte, fonte de otimismo, amor e fé, meu agradecimento especial por tudo que representa e por tudo que fez, incluindo a revisão cuidadosa do texto e as ricas observações. A Liz Novais, amiga-irmã que sempre acolheu as minhas crises e me ajudou a continuar. Sua voz é força e seu canto doçura. Que eu esteja à altura para retribuir. A Taiana Lemos, grande exemplo de garra e persistência , mas também de poesia e beleza. Sua presença é sempre notada, porque você “fêxxxaaaaaa”! A Neide Firmo, que me ensinou a ser gente e a encarar o mundo de frente. Minha mãe-amiga-parceira. Sua inteligência social é uma fortuna da qual se orgulha em dividir. Isso encanta. À Cia de Revista da Bahia, formada por mim e pelas quatro citadas acima. Espaço de experimentações e trocas que, desde 2010, é meu cantinho de criação artística e realização de desejos. Obrigado a todas e todos que colaram comigo e deram vida a todas as produções, dos espetáculos às atividades de arte-educação. A Paula R. Bacellar Gonzaga, amiga-irmã, ouvinte e conselheira, sempre crítica e certeira. Contigo apreendi o mundo de outros pontos de vista, me tornei cumplice e sedento de esperança. Espero ver em vida os frutos dessa sua trajetória que, embora ainda no começo, foi e é desafiadora. Aos meus familiares e amigos mais próximos que me deram suporte físico e emocional quando as intempéries me colocaram à prova. Nem os alagamentos e nem o incêndio foram capazes de destruir essa conquista – graças a vocês. Aos colegas de turma, principalmente às íntimas de “Thaís”: Cecília Borges, Diego Pizarro, Enjolras de Oliveira, Lineu Gabriel, Ludimila Mota e, em especial, Nayara Brito, pelas divertidas e ricas trocas. A Eliene Benício Amancio Costa, professora que me orientou desde a graduação em Licenciatura em Teatro, passando pelo Mestrado e agora fechando esse ciclo de estudos no Doutorado em Artes Cênicas na Escola de Teatro da UFBA. Exímia professora de História do Teatro brasileiro, excelente pesquisadora do circo moderno e gestora perseverante – um marco para a primeira escola universitária de teatro do Brasil. Por ter acreditado em minhas ideias, ter sido paciente nos meus momentos de adoecimento psicológico e por ter contribuído em minhas produções acadêmicas, lhe sou eternamente grato. À professora Marlúcia Mendes da Rocha (UESC) e amiga (carinhosamente chamada de Malu), por todo seu Axé e sua forma especial de olhar a humanidade e o intangível. Sua contribuição foi fundamental para a ampliação da interdisciplinaridade na pesquisa. Aos professores Mario F. Bolognesi (UNESP) e Raimundo Matos de Leão (UFBA) por suas valiosas contribuições no dec orrer da pesquisa, e à professora Ana Dias (UFSJ) por oportunizar um venturoso intercâmbio com estudantes dos cursos de Bacharelado e Licenciatura em Teatro em São João del-Rei – MG. Ao professor Fábio Dal Gallo (UFBA) por ter contribuído tanto na minha formação docente quanto na pesquisa das interfaces entre Teatro de Revista e Educação. Quando essa pesquisa ainda era um projeto de estágio para o TCC, o prof. Fábio me deu todo suporte e incentivo para sua continuidade e ampliação. À professora Mariana de Lima e Muniz (UFMG) por seus feitos exemplares no GT Pedagogia das Artes Cênicas da Associação Brasileira de Pesquisa e Pós-graduação em Artes Cênicas – ABRACE, onde pude expandir minha visão sobre o ensino de teatro e experimentar outras possibilidades e m sala de aula, inclusive com estudantes da Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais – EBA UFMG. À professora Neyde de Castro Veneziano Monteiro (Unicamp) por suas generosas observações a respeito da tese, mas principalmente por sua contribuição efetiva para a consolidação do Teatro de Revista brasileiro como área de conhecimento na academia. Sem as produções e publicações de Veneziano essa tese não seria possível, portanto, o seu valor é incomensurável. Por fim, agradeço ao Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas da Universidade Federal da Bahia – PPGAC UFBA e à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES pela viabilização do desenvolvimento desta pesquisa acadêmica. Memória de um tempo Onde lutar por seu direito É um defeito que mata São tantas lutas inglórias São histórias que a história Qualquer dia contará De obscuros personagens As passagens, as coragens São sementes espalhadas nesse chão De Juvenais e de Raimundos Tantos Júlios de Santana Nessa crença, num enorme coração Dos humilhados e ofendidos Explorados e oprimidos Que tentaram encontrar a solução São cruzes sem nomes, sem corpos, sem datas Memória de um tempo Onde lutar por seu direito É um defeito que mata E tantos são os homens por debaixo das manchetes São braços esquecidos que fizeram os heróis São forças, são suores que levantam as vedetes Do teatro de revistas que é o país de todos nós São vozes que negaram liberdade concedida Pois ela é bem mais sangue É que ela é bem mais vida São vidas que alimentam nosso fogo da esperança É o grito da batalha Quem espera sempre alcança Ê ê, quando o Sol nascer É que eu quero ver quem se lembrará Ê ê, quando amanhecer É que eu quero ver quem recordará Ahhhh, não quero esquecer Essa legião que se entregou por um novo dia E eu quero é cantar essa mão tão calejada Que nos deu tanta alegria E vamos à luta Que país é esse? Pequena memória para um tempo sem memória Composição: Gonzaguinha Intérprete: Elza Soares. Plane ta Fome, 2019. MOTA, Jones Oliveira. Teatro de Revista Contemporâneo: história, ensino e reexistência / Jones Oliveira Mota. – 2020. 330 f.: il. Orientadora: Eliene Benício A. Costa. Tese (Doutorado) – Universidade Federal da Bahia, Escola de Teatro, Salvador, 2020. RESUMO Este estudo tem por objetivo consolidar a pesquisa do Teatro de Revista Contemporâneo e suas interfaces com os ensinos formal e não -formal de teatro iniciada em 2011 na Escola de Teatro da Universidade Federal da B ahia. Por meio da releitura crítica de determinados aspectos da história do gênero revisteiro, numa análise inspirada pelo pensamento de(s)colonial, articula maneiras de expurgar da Revista os seus resquícios coloniais e opressores para que as suas conformações mais recentes possam usufruir do seu caráter subversivo e transgressor com consciência política. A abordagem teórica da História pressupõe os pontos de vista dos “perdedores”, na tentativa de localizar a prática atual deste Teatro para além do luxo, do entretenimento estandardizado e dos limites geográficos do eixo Rio -São Paulo. Nesse sentido, um dos diferenciais desta pesquisa está na compreensão e no usufruto das tradições como trampolins de experimentação, criação e produção de encenações contemporâneas. Para tanto, foi necessária uma vasta pesquisa documental em meio virtual para catalogar as produções teatrais que se autointitulavam Revistas nas duas primeiras décadas do século XXI. O resultado inclui 92 (noventa e duas) produções que se inspiraram, historicizaram, reconstituíram ou recriaram revistas, resultando numa tipologia da encenação. Assim o Teatro de Revista Contemporâneo recusa o “revisticídio” – ideia de morte do gênero propagada por alguns historiadores – e extrapola a sua prática como resistência para anunciar reexistências poéticas, estéticas e educacionais. Dentre os aspectos analisados estão a hibridização das convenções revisteiras, os entraves da meritocracia e da hierarquia nos processos de criação e a contemporização da noção de autoria em processos colaborativos. Tais aspectos são fundamentais para as experiências artístico - pedagógicas relatadas e discutidas na sequência. Três práticas de ensino de Teatro com encenações, desenvolvidas em espaços formais e não -formais de Salvador e Ilhéus, Bahia, sedimentam reflexões sobre o fazer do professor - encenador com foco na crítica sociopolítica para criação dramatúrgica de Revistas de Ano e nas principais contradições e desafios político -pedagógicos que emergem dos processos, bem como na improvisação para criação de roteiros. Por fim propõe-se quatro aprendizagens para a reexistência do Teatro de Revista na contemporaneidade: aprender a desaprender, aprender a divergir, aprender a misturar e reaprender a jogar. Um anúncio para a continuida de desta investigação e um convite para o reconhecimento e a valorização da História do Teatro Popular brasileiro em suas práticas recentes. Palavras-chave: Teatro de Revista; Teatro Contemporâneo; Ensino de Teatro; História do Teatro; Teatro Popular; Teatro Musical.