Universidade Federal De Viçosa Centro De Ciências Humanas, Letras E Artes Departamento De Direito
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES DEPARTAMENTO DE DIREITO OLÍVIA DE ALMEIDA CAMPOS O NOVO CÓDIGO FLORESTAL E OS AGRICULTORES FAMILIARES: UM ESTUDO DE CASO NO MUNICÍPIO DE PORTO FIRME (MG). VIÇOSA – MINAS GERAIS 2014 OLÍVIA DE ALMEIDA CAMPOS O NOVO CÓDIGO FLORESTAL E OS AGRICULTORES FAMILIARES: UM ESTUDO DE CASO NO MUNICÍPIO DE PORTO FIRME (MG). Monografia apresentada ao Departamento de Direito da Universidade Federal de Viçosa, como requisito para a aprovação na disciplina DIR 499 - Monografia II. Orientador: Davi Augusto Santana de Lelis Coorientadores: Raíssa de Oliveira Murta Rennan Lanna Martins Mafra VIÇOSA – MINAS GERAIS 2014 AGRADECIMENTOS Agradecer a todos os que colaboraram para a elaboração dessa monografia não é tarefa fácil, já que ela representa não só uma obrigação acadêmica, mas o fechamento de um ciclo. Por isso, peço de uma vez minhas desculpas por eventuais esquecimentos. Agradeço ao Rennan e à Raíssa o trabalho conjunto e as animadas orientações. Ao Davi, pelo acolhimento sempre entusiasmado desta proposta. Aos membros do Ministério Público de Piranga, pelo acesso aos documentos e informações prestadas, aos agricultores familiares entrevistados por abrirem suas casas para nós. Gostaria de agradecer também aos companheiros de estágio do Ministério Público de Viçosa, onde tive contato com as primeiras reflexões sobre a aplicação da legislação ambiental. Por fim, agradeço a todos os amigos (re)conhecidos nesses anos de UFV, aos companheiros de Movimento Estudantil da velha e da nova guarda, ao companheiro e aos familiares que, diversas vezes, entenderam minha ausência por conta dos compromissos do final do curso. Dedico esta monografia a Tia Wilma, com quem li meus primeiros livros e de quem guardo a mais doce memória de alguém que via no ensino e na universidade espaços de pensar a vida com sabedoria e liberdade. Muito recentemente nos inteiramos de que a natureza se cansa, como nós, seus filhos; e soubemos que, como nós, pode morrer assassinada. Já não se fala em submeter a natureza; agora até os seus verdugos dizem que temos que protegê-la. Mas num ou noutro caso, natureza submetida ou natureza protegida, ela está fora de nós. A civilização que confunde os relógios com o tempo, o crescimento com o desenvolvimento e o grandalhão com a grandeza, também confunde a natureza com a paisagem, enquanto o mundo, labirinto sem centro, dedica-se a romper seu próprio céu. Eduardo Galeano LISTA DE ILUSTRAÇÕES Gráfico 1 Autoria das infrações à legislação ambiental – Procedimentos 28 Cíveis – 2013. Gráfico 2 Tipo de infração à legislação ambiental – Procedimentos 28 Cíveis – 2013. Gráfico 3 Processos ativos por Crimes Ambientais – 2013. 29 Gráfico 4 Processos por Crimes Ambientais baixados – 2013. 29 Gráfico 5 Percepção dos Agricultores Familiares de Porto Firme/MG 41 acerca de legislação ambiental e efeitos da lei no cotidiano dos indivíduos entrevistados – 2013. LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS ACP Ação Civil Pública ADI Ação Direta de Inconstitucionalidade ARPA Associação Regional de Proteção Ambiental – Alto Paraopeba e Vale do Piranga CAO-MA Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça do Meio Ambiente do Ministério Público de Minas Gerais. CAR Cadastro Ambiental Rural CNJ Conselho Nacional de Justiça CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente DADOC Diretoria de Atendimento às Denúncias do Cidadão e de Órgãos de Controle EMATER Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis IEF Instituto Estadual de Florestas MP Ministério Público MPMG Ministério Público do Estado de Minas Gerais PGR Procuradoria-Geral da República PRAD Plano de Recuperação de Área Degradada PRONAF Programa Nacional de Desenvolvimento da Agricultura Familiar PSD-TO Partido Social Democrático – Tocantins PSOL-SP Partido Socialismo e Liberdade – São Paulo SISEMA Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos STF Supremo Tribunal Federal SUPRAM Superintendência Regional de Regularização Ambiental TAC Termo de Ajustamento de Conduta RESUMO Este trabalho analisou, através de um estudo de caso no município de Porto Firme (MG), os limites e possibilidades do Novo Código Florestal, tendo em vista a garantia de tratamento diferenciado aos agricultores familiares. Em uma sociedade marcada por diferentes formas de se enxergar e utilizar a natureza, um consenso em torno da proteção do meio ambiente tem sido difícil de alcançar. No contexto brasileiro, o recente processo de alteração do Código Florestal trouxe à cena midiática alguns problemas da legislação ambiental nacional, entre os quais a falta de um tratamento diferenciado que possibilitasse a igualdade material entre os diferentes grupos presentes no meio rural. Assim, pretendeu-se, inicialmente, ilustrar como se deu o processo legiferante da nova lei, evidenciando a promessa dos defensores da mudança de que a nova legislação seria capaz de abarcar a complexidade social. Em seguida, realizou- se o estudo de caso através de dois atores sociais envolvidos na temática, de um lado o Ministério Público, que tem a atribuição de defesa do meio ambiente, e de outro os agricultores familiares, grupo que supostamente seria afetado de forma direta pela lei ambiental. Após colhidos e organizados os dados, concluiu-se que a norma não tem sido capaz de abarcar as diferenças existentes entre os sujeitos do meio rural, o que se deve a fatores diversos, tais como a falta de apoio do Estado, a estrutura insuficiente dos órgãos de fiscalização e a falta de aceitação e compreensão da norma por parte dos agricultores. Palavras-chave: Código Florestal; Agricultores Familiares; Eficácia. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 8 2 O ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO E A REGULAMENTAÇÃO DA PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE. ............................................................................. 11 2.1 COMPLEXIDADE SOCIAL E ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO ..................................... 11 2.2 A BUSCA DO CONSENSO EM DIREITO AMBIENTAL ......................................................... 13 2.3 LEGISLAÇÃO FLORÍSTICA EM DEBATE: ARGUMENTOS PARA ALTERAÇÃO DO CÓDIGO FLORESTAL E ARRANJO FINAL DA NOVA LEI. ...................................................................... 15 3 ESTUDO DE CASO EM PORTO FIRME (MG): CONJUNTURA ATUAL DE APLICAÇÃO DA LEGISLAÇÃO E ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL. ...................................................................................................................... 22 3.1 ESTUDO DE CASO: O MUNICÍPIO DE PORTO FIRME (MG) ................................................ 22 3.2 A ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO .......................................................................... 23 3.2.1 O posicionamento do Ministério Público diante da nova legislação. ..................... 24 3.2.2 Aplicação da Lei 12.651/2012 pelo Ministério Público em Porto Firme. .............. 27 3.2.3 Atuação em relação aos pequenos agricultores diante das alterações legais. ......... 31 4 ESTUDO DE CASO EM PORTO FIRME (MG): OS AGRICULTORES FAMILIARES E O NOVO CÓDIGO FLORESTAL. ...................................................... 33 4.1 AGRICULTORES FAMILIARES DE PORTO FIRME (MG): ASPECTOS GERAIS. ...................... 34 4.2 RELAÇÃO COM A LEGISLAÇÃO AMBIENTAL .................................................................. 37 4.3 O NOVO CÓDIGO FLORESTAL E A REALIDADE DOS AGRICULTORES FAMILIARES DE PORTO FIRME. .............................................................................................................................. 41 5. CONCLUSÃO ................................................................................................................ 45 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 48 7 ANEXO I - ROTEIRO PRELIMINAR DE ENTREVISTAS COM AGRICULTORES ............................................................................................................................................ 51 8 1 INTRODUÇÃO O debate em torno da proteção do meio ambiente tem ganhado importância nos últimos anos, fazendo com que o tema ecoasse também para o ambiente do Direito, ambiente este que, cada vez mais, é solicitado para regular situações que exigem a busca da cooperação em torno de bens coletivos. No entanto, na sociedade atual, marcada pela complexidade e pela coexistência de distintas formas de se utilizar e conceber a natureza, um consenso em torno do tema não tem sido alcançado com facilidade. No contexto brasileiro, apesar da presença de uma legislação ambiental inovadora, há diversos problemas para a concretização dos efeitos jurídicos das normas na realidade social, argumento este que tem sido utilizado para possibilitar algumas alterações legislativas. Dentre essas mudanças, destaca-se a recente aprovação do Novo Código Florestal (Lei nº 12.651/2012), que teve um processo legiferante polêmico, marcado pela pluralidade de visões existentes no país acerca da proteção da vegetação, trazendo à cena midiática diferentes atores sociais, como os setores ligados à produção agropecuária e às organizações de defesa do meio ambiente. Durante a disputa pelo conteúdo da nova lei, também foi evidenciado um aspecto crucial da legislação de proteção ambiental, que é o fato de limitar o interesse daqueles que utilizam recursos naturais, conciliando-os com o ideal coletivo de preservação.