2019-2030 M I N E R A Ç Ã O 0 2 0 2

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Á P A C

Plano de A Mineração M do Estado do Amapá PLANO DE MINERAÇÃO DO ESTADO DO AMAPÁ 2019-2030

MINERAÇÃO | 02 Macapá - 2020 GOVERNADOR DO ESTADO DO AMAPÁ Antônio Waldez Góes da Silva

VICE-GOVERNADOR DO ESTADO DO AMAPÁ Jaime Domingues Nunes

SECRETÁRIO DE PLANEJAMENTO DO ESTADO DO AMAPÁ Eduardo Corrêa Tavares

DIRETORA PRESIDENTE DA AGÊNCIA AMAPÁ Tânia Maria S. B. M. Sousa

DIRETOR DE DESENVOLVIMENTO SETORIAL E REGIONAL Joselito Santos Abrantes

COORDENADOR EXECUTIVO DE DESENVOLVIMENTO DA MINERAÇÃO E PETRÓLEO Wagner José Pinheiro Costa

MINERAÇÃO | 03 Macapá - 2020 Copyrigh ©, 2019, Governo do Estado do Amapá. Agência de Desenvolvimento Econômico do Amapá – Agência Amapá.

COORDENAÇÃO E ORGANIZAÇÃO Wagner José Pinheiro Costa

EQUIPE TÉCNICA Ana Maria de Lima Ferreira Antônio Celso Dias Façanha Antônio Ferreira do Amaral Cilete Maria Matos de Menezes Gemaque Emanuella Marques da Silva Brito Josué Santiago de Sousa Michael da Silva Costa Samuel da Silva Barros Waldizett Nascimento Torres

DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)

Plano de Mineração do Estado do Amapá 2019-2030 / coordenador, Wagner José Pinheiro Costa. – Macapá: Agência de Desenvolvimento Econômico do Amapá, 2019.

80p.: il. ISBN: 978-65-80902-00-2

1. Mineração. 2. Geologia. 3. Produção mineral. 4. Amapá. 5. Amazônia brasileira. I. Costa, Wagner José Pinheiro. Coord.

CDD (21. ed.) – 338.2098116

Bibliotecária Responsável: TERESA RAQUEL FRANCO DA CONCEIÇÃO CRB – 2/1291

É permitida a reprodução desta publicação desde que mencionada a fonte.

MINERAÇÃO | 04 Macapá - 2020 LISTA DE SIGLAS

AGEAMAPA – Agência de Desenvolvimento Econômico do Estado do Amapá AFAP – Agência de Fomento do Estado do Amapá ALAP – Assembleia Legislativa do Estado do Amapá ANM – Agência Nacional de Mineração ANP – Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis APA – Área de Proteção Ambiental ARIE – Área de Relevante Interesse Ecológico BASA – Banco da Amazônia CERM – Cadastro Estadual de Controle, Acompanhamento e Fiscalização das Atividades de Pesquisa, Lavra, Exploração e Aproveitamento dos Recursos Minerais CFEM – Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais CNEN – Comissão Nacional de Energia Nuclear COGACA – Cooperativa dos Garimpeiros do Vale da Capivara CONFINS – Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COOGAL – Cooperativa de Mineração dos Garimpeiros do Lourenço COOMEJ – Cooperativa de Mineração Especializada do Vale do Jari COOMINAS – Cooperativa de Mineração dos Garimpeiros do Santa Maria COOMING – Cooperativa Mineral São Domingos COOPEVALE – Cooperativa de Mineração do Vale do Amapari COOPGAVIN – Cooperativa dos Garimpeiros do Vale Vila Nova COOTA – Cooperativa de Mineração do Município de CPRM – Serviço Geológico do Brasil CSLL – Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido DIPAR – Diretoria de Planejamento e Arrecadação DNPM – Departamento Nacional de Produção Mineral EMBRAPA/AP – Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuária/Centro Amapá EIA – Estudo de Impacto Ambiental FLONA – Floresta Nacional FLOTA – Floresta Estadual FRAP – Fundo de Desenvolvimento Rural do Estado do Amapá GEA – Governo do Estado do Amapá IBAMA – Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e de Recursos Naturais Renováveis ICMBIO – Instituto Chico Mendes da Conservação da Biodiversidade ICMS – Imposto Sobre Circulação de Mercadorias ICOMI – Indústria e Comercio de Minérios S/A IEF – Instituto de Florestas do Estado do Amapá IEPA – Instituto de Pesquisas Cientificas e Tecnológicas do Estado do Amapá IFAP – Instituto Federal do Amapá IMAP – Instituto de Meio Ambiente e de Ordenamento Territorial do Amapá INCRA – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária IOF – Imposto sobre Operações Financeira IRPJ – Imposto de Renda de Pessoa Jurídica ISS – Imposto Sobre Serviço MDIC – Ministério da Indústria, Comercio Exterior e Serviços MINACOOP – Cooperativa Extrativista do Mineral dos Vales do e Cassiporé MPE – Ministério Público do Estado do Amapá MPF – Ministério Público Federal OCB/AP – Organização das Cooperativas Brasileiras/Sistema Amapá PGE – Procuradoria Geral do Estado do Amapá PGB – Programa Geologia do Brasil

MINERAÇÃO | 05 Macapá - 2020 PIS – Programa da Integração Social PRODAP – Centro de Gestão da Tecnologia da Informação RAIS – Relação Anual de Informação Social RDS – Reserva de Desenvolvimento Sustentável RENCA – Reserva Nacional de Cobre e seus Associados RESEX – Reserva Extrativista RF – Reserva de Fauna RIMA – Relatório de Impacto ao Meio Ambiente RPPN – Reserva Particular do Patrimônio Natural SEBRAE/AP – Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas no Estado do Amapá SEFAZ – Secretaria da Fazenda do Estado do Amapá SEMA – Secretaria de Meio Ambiente do Estado do Amapá SETE – Secretaria de Estado do Trabalho e Empreendedorismo SETEC – Secretaria de Estado da Ciência e Tecnologia SIGMINE – Sistema de Informações Geográficas da Mineração SISMINERA – Sistema de Mineração do Estado do Amapá SNUC – Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza TAH – Taxa Anual por Hectare TFRM – Taxa Estadual de Controle, Monitoramento e Fiscalização da Pesquisa, Lavra, Exploração e Aproveitamento dos Recursos Minerais UEAP – Universidade do Estado do Amapá UNIFAP – Universidade Federal do Amapá UPA – Unidade de Pronto Atendimento USP – Universidade de São Paulo VERDE MINAS - Cooperativa dos Garimpeiros do Oiapoque

MINERAÇÃO | 06 Macapá - 2020 LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Evolução do setor mineral do estado do Amapá através da arrecadação da CFEM, também conhecida como Royaltles...... 13 Figura 2 – Evolução das exportações do estado do Amapá entre 2012 e 2018...... 14 Figura 3 – Importância da comercialização de minério na balança comercial do estado do Amapá...... 15 Figura 4 – Geração de emprego do setor mineral com carteira assinada entre os anos de 2013 e 2017...... 15 Figura 5 - Localização da RENCA...... 17 Figura 6 – Folhas, em escala 1:250.00, com mapeamento geológico no estado do Amapá...... 21 Figura 7 – Localização dos Distritos Mineiros do Amapá...... 23 Figura 8 – Distribuição das áreas oneradas pela mineração no Estado do Amapá em fevereiro de 2019...... 24 Figura 9 – Evolução dos processos minerários no estado do Amapá...... 25 Figura 10 – Distribuição dos processos de requerimento de pesquisa e autorização de pesquisa no estado do Amapá em fevereiro de 2019...... 26 Figura 11 – Percentual por substância nas fases: A – Requerimento de Pesquisa e B – Autorização de Pesquisa...... 27 Figura 12 – Distribuição dos processos de requerimento de licenciamento e licenciamento no estado do Amapá em fevereiro de 2019...... 28 Figura 13 – Percentual por substância nas fases: A – Requerimento de Licenciamento e B – Licenciamento...... 29 Figura 14 – Distribuição dos processos de requerimento de lavra garimpeira e lavra garimpeira (PLG) no estado do Amapá em fevereiro de 2019...... 30 Figura 15 – Percentual por substância nas fases: A – Requerimento de Lavra Garimpeira e B – Lavra Garimpeira (PLG)...... 31 Figura 16 – Distribuição dos processos de requerimento de lavra e concessão de lavra no Estado do Amapá em fevereiro de 2019...... 32 Figura 17 – Percentual por substância nas fases: A – Requerimento de Lavra e B – Concessão de Lavra...... 33 Figura 18 – Comportamento de arrecadação da TFRM entre 2013 e 2017...... 36 Figura 19 – Valores recolhidos de compensações e taxas federais pelas empresas do setor mineral no estado do Amapá, entre os anos de 2013 e 2018...... 37 Figura 20 – Valores repassados pelo Governo Federal aos municípios nos anos de 2017 e 2018, a partir da arrecadação da CFEM...... 38 Figura 21 – Valores repassados pelo Governo Federal aos municípios amapaenses no ano de 2018, por substância, a partir da arrecadação da CFEM...... 39 Figura 22 – Espacialização dos processos minerários e das áreas protegidas do estado do Amapá...... 45 Figura 23 – Distribuição dos processos minerários em áreas protegidas do estado do Amapá...... 46 Figura 24 – Número de processos minerários em áreas protegidas de uso sustentável do estado do Amapá...... 47 Figura 25 – Modelo de Certificado de Registro no CERM expedido pelo Governo do estado do Amapá...... 51 Figura 26 – Localização dos blocos arrematados na costa do Amapá durante a 11ª rodada da ANP...... 56 Figura 27 – Registro das oficinas realizadas e os Distritos Mineiros (DM) alcançados...... 63 Figura 28 – Matriz de Problemas e Soluções trabalhada nas oficinas do Plano Mineração do Estado do Amapá 2019/2030...... 64 Figura 29 – Foto de encerramento da oficina em , com alguns participantes e com a matriz de problemas e soluções preenchida...... 65 Figura 30 – Foto de encerramento da oficina no Distrito de Lourenço, Município de Calçoene, com alguns participantes e com a matriz de problemas e soluções preenchida...... 67 Figura 31 – Foto de encerramento da oficina no Município de Macapá, com alguns participantes e com a matriz de problemas e soluções preenchida...... 70

MINERAÇÃO | 07 Macapá - 2020 LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Valores recolhidos de ICMS pelo Governo do Estado do Amapá pela comercialização de produtos minerais, entre os anos de 2013 e 2017...... 35 Tabela 2 – Valores recolhidos de tributos federais pelas empresas do setor mineral no estado do Amapá, entre os anos de 2013 e 2017...... 36 Tabela 3 – Possibilidade de atividade mineral nas zonas estabelecidas no Plano de Manejo da FLOTA...... 48

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Principais encargos que incidem na produção mineral do estado do Amapá por esfera governamental...... 34 Quadro 2 – Unidades de Conservação do Estado do Amapá de Uso Sustentável (AMAPÁ, 2012)...... 40 Quadro 3 – Análise sobre o desenvolvimento da atividade mineral em unidades de conservação de uso sustentável, conforme Maia Neto (2010)...... 41 Quadro 4 – Blocos arrematados na costa do Amapá durante a 11ª rodada da ANP...... 55 Quadro 5 – Matriz de Problemas e Soluções construída na oficina de Porto Grande...... 65 Quadro 6 – Matriz de Problemas e Soluções construída naoficina do Distrito do Lourenço...... 67 Quadro 7 – Matriz de Problemas e Soluções construída na oficina de Macapá...... 70

MINERAÇÃO | 08 Macapá - 2020

PRE F Á C I O

A história do Amapá está relacionada, também, com o desenvolvimento da mineração. Os relatos históricos demonstram que a descoberta de ouro no século XIX, na porção norte do Amapá, foi uma das principais causas da disputa entre a França e o Brasil por parte de nosso território.

As lições aprendidas com a implantação do primeiro projeto de mineração industrial de grande porte na região Amazônica, ocorrida no município de , com a exploração de manganês, realizada entre os anos de 1953 e 1997, possibilitou que os estados da região norte pudessem ajustar o modelo de desenvolvimento econômico com as questões sociais e ambientais.

Desde então, a atividade mineral ocupa posição de destaque na economia amapaense, impulsionando as economias municipais, promovendo a geração de emprego e renda e contribuindo com a arrecadação de tributos.

Em 2010, lançamos o Diagnóstico do Setor Mineral do Amapá, como base para o planejamento do setor. Entretanto, nos anos seguintes com a mudança de cenário imposta pelo surgimento da mais severa crise econômica vivenciada no país, a atividade mineral decaiu sobremaneira no Estado. Essa crise foi oriunda, principalmente, da diminuição do ritmo do crescimento da economia mundial, em particular, dos EUA e da China, redundando na queda vertiginosa dos preços dos minérios no mercado internacional, agravada no estado do Amapá pelo acidente no Porto de Santana em 2013 e posterior paralisação da ferrovia, prejudicando a exportação mineral, que caiu vertiginosamente afetando de forma sensível a economia amapaense.

O Plano de Mineração que estamos apresentando expressa o esforço do Governo do Estado do Amapá em retomar e promover o desenvolvimento da mineração a partir do envolvimento de todos os atores ligados ao setor. Este documento é um instrumento de planejamento para construção de leis e políticas públicas para os próximos anos e está em consonância com os anseios da sociedade amapaense.

Antônio Waldez Góes da Silva GOVERNADOR DO ESTADO DO AMAPÁ MINERAÇÃO | 09 Macapá - 20220 APRESENTAÇÃO

A Agência de Desenvolvimento Econômico do Estado do Amapá – Agência Amapá foi criada em 2015 com o objetivo de contribuir com a promoção do desenvolvimento econômico do Amapá. Entre as ações da Agência estão inseridas o Desenvolvimento da Cadeia Produtiva do Setor Mineral e o Desenvolvimento da Cadeia Produtiva do Petróleo.

A Agência Amapá tem desenvolvido uma série de medidas visando fortalecer o setor mineral amapaense. Dentre as ações merecem destaque a retomada do Cadastro Estadual de Controle, Acompanhamento e Fiscalização das Atividades de Pesquisa, Lavra, Exploração e Aproveitamento de Recursos Minerários – CERM, com desburocratização do processo e a construção e implantação do Sistema de Mineração (SISMINERA), em conjunto com o PRODAP.

Em 2018, a Agência Amapá iniciou a construção do Plano de Mineração do Estado do Amapá 2019-2030. Assim, várias discussões com os segmentos do setor mineral ocorreram nos municípios de Macapá, Porto Grande e Calçoene. Os eixos e as ações estratégicas propostas neste plano expressam exatamente o produto dessas discussões ocorridas nos municípios com os atores públicos e privados relacionados com a mineração.

O produto apresentado, além de ser um instrumento norteador de políticas públicas, é um marco para atração de investimentos, demonstrando claramente os passos que o Estado do Amapá buscará nos próximos anos para retomar o desenvolvimento da mineração e promover os avanços sociais e econômicos esperados pela sociedade amapaense.

Tânia Maria S. B. M. Sousa DIRETORA PRESIDENTE DA AGÊNCIA AMAPÁ

MINERAÇÃO 10 Macapá - 20220 SUMÁRIO

01 CONTEXTO DO SETOR MINERAL NO AMAPÁ...... 13

1.1 – A IMPORTÂNCIA DA MINERAÇÃO NA ECONOMIA AMAPAENSE...... 13 1.2 – GEOLOGIA E POTENCIALIDADES MINERAIS DO AMAPÁ...... 16 1.3 – EVOLUÇÃO DOS PROCESSOS MINERÁRIOS NO ESTADO ENTRE 2009 E 2019...... 24 1.4 – ARRECADAÇÃO PROVENIENTE DA MINERAÇÃO NO AMAPÁ...... 34 1.5 – MINERAÇÃO EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO...... 40

02 PRODUÇÃO MINERAL DO AMAPÁ A PARTIR DO CERM...... 50

2.1 – CADASTRO ESTADUAL DE CONTROLE, ACOMPANHAMENTO E FISCALIZAÇÃO DAS ATIVIDADES DE PESQUISA, LAVRA, EXPLORAÇÃO E APROVEITAMENTO DE RECURSOS MINERÁRIOS – CERM...... 50 2.2 – MINERAIS METÁLICOS FERROSOS...... 51 2.3 – MINERAIS METÁLICOS PRECIOSOS...... 52 2.4 – MINERAIS INDUSTRIAIS...... 53 2.5 – MATERIAIS PARA CONSTRUÇÃO CIVIL...... 53 2.6 – ÁGUA MINERAL...... 54 2.7 – PETRÓLEO E GÁS...... 54

03 DESAFIOS DA MINERAÇÃO NO AMAPÁ...... 63

3.1 – INTRODUÇÃO...... 63 3.2 – OFICINA EM PORTO GRANDE...... 65 3.3 – OFICINA NO DISTRITO DO LOURENÇO...... 67 3.4 – OFICINA EM MACAPÁ...... 70 4 – PLANO DE MINERAÇÃO DO AMAPÁ (2019-2030)...... 73

MINERAÇÃO | 11 Macapá - 2020 04 PLANO DE MINERAÇÃO DO AMAPÁ (2019-2030)...... 73

4.1 – OBJETIVOS...... 73 4.2 – DIRETRIZES ESTRATÉGICAS...... 73 4.2.1 - AÇÕES ESTRATÉGICAS PARA O EIXO GOVERNANÇA E REGULAÇÃO DO SETOR MINERAL...... 75 4.2.2 - AÇÕES ESTRATÉGICAS PARA O EIXO INDUÇÃO À PRODUÇÃO MINERAL SUSTENTÁVEL E ESTRATÉGICA...... 76 4.2.3 - AÇÕES ESTRATÉGICAS PARA O EIXO CONHECIMENTO E DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO DA MINERAÇÃO...... 77

05 REFERÊNCIAS...... 79

MINERAÇÃO 12 Macapá - 2020 CONTEXTO DO SETOR MINERAL NO AMAPÁ.1

MINERAÇÃO 13 Macapá - 2020 1 – CONTEXTO DO SETOR MINERAL NO AMAPÁ

1.1– A IMPORTÂNCIA DA MINERAÇÃO NA ECONOMIA AMAPAENSE

No ano de 2003, o Amapá se destacava no cenário nacional na 6ª posição do ranking de arrecadação de CFEM (Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais) em relação aos estados brasileiros produtores de minério. Entretanto, com o fechamento da mina de manganês em Serra do Navio e o fim das operações da ICOMI em 2003, as áreas econômicas e sociais dos municípios diretamente afetados pelo empreendimento, bem como o estado do Amapá sofreram com a redução de arrecadação de impostos e fechamento de postos de trabalho. A partir de então o Amapá passou a se destacar no cenário nacional como um dos principais exportadores de minério de ferro e de ouro (Figura 1).

No ano de 2013, com o sinistro ocorrido no Terminal de Uso Privativo para embarque de minério da ANGLO/ZAMIN, localizado no município de Santana, se iniciou um verdadeiro “Apagão Mineral” no estado. Neste mesmo ano o estado do Amapá atingiu a 13ª Posição do ranking de arrecadação de CFEM entre os estados brasileiros. No ano de 2016 a arrecadação melhorou e o Amapá chegou a 9ª Posição no referido ranking, graças à explotação de ouro.

Além dos problemas relacionados com a infraestrutura para transporte e embarque de minério, outro fator que tem contribuído para esse “Apagão Mineral” está ligado com o baixo preço do minério de ferro no mercado internacional.

Figura 1 - Evolução do setor mineral do estado do Amapá através da arrecadação da CFEM, também conhecida como Royalties.

Royalties

MINERAÇÃO 14 Macapá - 2020 Apesar de todas as dificuldades enfrentadas pelo setor mineral no estado, dados da Secretaria do Comércio Exterior do MDIC demonstram que a exportação de bens minerais ainda é o principal gerador de receitas na balança comercial amapaense, seguido da exportação de produtos madeireiros e de produtos agrícolas, conforme pode ser observado nos dados apresentados entre os anos de 2012 e 2018 (Figura 2).

Figura 2 – Evolução das exportações do estado do Amapá entre 2012 e 2018.

Fonte: MDIC

Em 2012 a comercialização de bens minerais era responsável por 88% da pauta de exportação do estado. Em 2018, os dados demonstraram que essa pauta de exportação do Amapá continuou dependendo da comercialização de minério, sendo responsável por 65% de tudo que foi exportado pelo estado (Figura 3).

A redução no volume de minério exportado promoveu entre 2012 e 2018 uma perda de recursos ao Amapá próximo a US$ 223 milhões (dólares).

MINERAÇÃO 15 Macapá - 2020

Dentre os benefícios gerados pela atividade mineral, merece destaque a geração de empregos com carteira assinada. De acordo com os dados da Relação Anual de Informações Sociais – RAIS disponibilizados pelo Ministério do Trabalho, em 2013, ano em que ocorreu a queda do porto de embarque de minérios no Município de Santana, o setor mineral era responsável por 1,6% dos empregos com carteira assinada no Estado do Amapá. A partir de então a participação do setor foi reduzindo até o ano de 2016 quando atingiu a menor geração de emprego com aproximadamente 0,7%. No ano de 2017 houve uma reação do setor mineral elevando a participação na geração de empregos com carteira assinada para 0,75% dos 127.550 empregos gerados no estado do Amapá (Figura 4).

Figura 3 – Importância da comercialização de minério na balança comercial do estado do Amapá.

Fonte: MDIC

MINERAÇÃO 16 Macapá - 2020 Figura 4 – Geração de emprego do setor mineral com carteira assinada entre os anos de 2013 e 2017.

Fonte: RAIS (Ministério do Trabalho - CGCIPE/DER/SPPE/MTB)

1.2 – GEOLOGIA E POTENCIALIDADES MINERAIS DO AMAPÁ

O conhecimento geológico é essencial para a descoberta e o aproveitamento dos recursos minerais, para o planejamento e a execução dos projetos de infraestrutura, bem como para a indicação dos processos geológicos que revelam mudanças ambientais.

O atual estágio do conhecimento geológico do Amapá é resultado de esforço de longa data e contou com o envolvimento de geocientistas de diversas instituições públicas e privadas. Esse acúmulo de conhecimento abrange estudos realizados há anos, passando pela atuação do Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil, criado em 1907 e do Departamento Nacional da Produção Mineral – DNPM, fundado em 1934, que substituiu o Serviço Geológico e Mineralógico. Com o I Plano Mestre Decenal para avaliação de recursos minerais do Brasil (1965 – 1974), o programa nacional de levantamento geológico foi impulsionado com mais eficácia a partir da criação da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais – CPRM, em 1969.

MINERAÇÃO 17 Macapá - 2020 No contexto geológico regional, o estado do Amapá está inserido na porção norte da Plataforma Amazônica. Citaremos a seguir vários trabalhos executados ao longo dos anos no estado.

Em 1974 a CPRM desenvolveu um reconhecimento geológico por meio do estudo de concentrado de minério e que constituiu uma das atividades do projeto Macapá-Calçoene.

Os trabalhos desenvolveram-se em uma área de 70.000 km2, limitado ao sul pelo equador, ao norte pelo paralelo 4º e fronteira do Brasil; a leste e oeste pelos meridianos 51º e 53º W, respectivamente.

Do ponto de vista geológico, essa área abrange rochas gnáissicas de composição variada, intrusivas ácidas, básicas, mais raramente ultrabásicas, metamorfitos do Grupo Vila Nova (Anfibolitos, Xisto e quartzitos) e rochas sedimentares.

A Reserva Nacional de Cobre e seus Associados – RENCA foi criada pelo DECRETO N° 89.404, DE 24 DE FEVEREIRO DE 1984 na área compreendida entre os paralelos 01°00'00" de latitude norte e 00°40'00" de latitude sul, e os meridianos 52°02'00" e 54°18'00" de longitude oeste, no estado do Pará e no Território Federal do Amapá (Figura 5). Os trabalhos de pesquisas destinados à determinação e avaliação das ocorrências de cobre e seus associados na área supracitada foi oferecido, com exclusividade à Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais - CPRM, a qual realizou trabalhos de pesquisa na área de forma extensiva na década de 1980, os quais culminaram com a identificação de áreas potenciais e ocorrências minerais para algumas substâncias.

MINERAÇÃO 18 Macapá - 2020 Figura 5 - Localização da RENCA.

Em 1994, trabalhos desenvolvidos pela CPRM (Serviço Geológico do Brasil), em uma área limitada pelos paralelos 00º30’00’’ de latitude sul e 04º00’00’’ de latitude norte e pelos meridianos 50º52’41’’ e 55º00’00’’ de longitude oeste, Faraco e Carvalho (1994) identificaram a Província Metalogenética do Amapá/NW do Pará, assim definida por que se distribui nos dois Estados.

Carvalho et al. (1995) em concordância com Faraco et al. (1995) dividiram o contexto regional do estado do Amapá em duas Unidades Geotectônicas distintas, denominadas de Crosta Antiga, retrabalhada ou não, e Coberturas de Plataformas. Associadas a essas unidades ocorrem várias suítes Plutônicas de idades e naturezas e diversas.

MINERAÇÃO 19 Macapá - 2020 No domínio denominado de Crosta Antiga, foram individualizados Complexos de alto a médio grau metamórfico, de idade Arqueana, cujos litótipos são representados por granulitos e granitóides de composição tonalítica, granodiorítica e trandhjemítica, todos pertencentes ao Complexo Guianense (ISSLER et al., 1974), que pertence ao Escudo das Guianas e faz parte do Craton Amazônico (ALMEIDA et al., 1978); Seqüências Metavulcanossedimentares do tipo Greenstone Belt, de idade Paleoproterozóica, cujos litótipos principais são gnaisses, anfibolitos e metassedimentos clastoquímicos do Grupo Serra Lombarda (CARVALHO et al. 1995); rochas Metaígneas máfico-ultramáficas e; os metassedimentos da Suíte Metamórfica Vila Nova (JORGE JOÃO et al., 1978), do fácies almandina-anfibolito, cujos representantes principais são os anfibolitos, talco-xisto, mica-xisto, itabiritos e quartzitos micáceos e ferruginosos. Esses trabalhos foram executados na escala 1:1.000.000.

É oportuno lembrar que nesse domínio ocorrem os ambientes geotectônicos do tipo greenstone belts, representados pelas sequências metavulcanossedimentares, onde a nível mundial, são explorados a maioria dos depósitos de elementos metalíferos, tais como: cobre, zinco, níquel, ferro, manganês, cromo, ouro e prata.

No domínio das coberturas de Plataforma, de idade Fanerozóica, são mencionados as sequências Sedimentares Paleozóicas, tipo Formação Trombetas (de idade Siluriana), Formação Maecuru (de idade Devoniana), Formação Ererê (de idade Devoniana) e Formação Curuá (de idade Neodevoniana), que afloram na borda norte da Bacia Amazô nica.

Além dessas unidades, ocorrem sequencias sedimentares de idade Meso-Cenozóica, representadas pelas seguintes formações:

Formação Alter do Chão (idade Neocretácea) (PRICE, 1960) constituída por arenitos vermelhos a esbranquiçados, finos a médios; siltitos e argilitos, geralmente avermelhados e rosados, ferruginosos; conglomerados lenticulares, mal selecionados com seixos arredondados a subarredondados (IBGE, 2004).

MINERAÇÃO 20 Macapá - 2020 Formação Barreiras (idade Terciária) constituída por arenito, siltito, argilitos e conglomerados de coloração variegada, com granulometria variando entre fina a grosseira, com níveis concrecionários e caulínicos; depositados em ambiente predominantemente continental (IBGE, 2004).

No ano de 2004 foi concluída a Folha Macapá, NA.22-Y-D, limitada pelos paralelos 00°00’00”, e 01°00’00” de latitude norte e 51°00’00” e 52°30’00” de longitude oeste, na escala 1:1.000.000, a qual foi reapresentada, em 2013, na escala 1:250.00.

Em 2004 foi concluída a Folha Tumucumaque, NA.22-Y-A, limitada pelos paralelos 01°00’00” e 02°00’00” de latitude norte e 52°30’00” e 54°00’00” de longitude oeste; que cobre parte dos estados de RR, PA e AP, escala 1:1.000.000.

Ainda em 2004 foi concluída a Folha Rio Jari, NA.22-Y-C, limitada pelos paralelos 00°00’00”, e 01°00’00” de latitude norte e 52°30’00” e 54°00’00” de longitude oeste; que cobre parte dos estados do PA e AP, escala 1:1. 000.000.

Em 2010, o Amapá já estava com seu território totalmente coberto com trabalhos desenvolvidos na escala 1:1.000.000, na Carta Geológica do Brasil ao Milionésimo. Todavia, nas escalas de maior detalhe, o conhecimento geológico do estado ainda era parcial.

A partir do ano de 2010 foram apresentados vários trabalhos na escala de 1:250.000, inclusive em áreas já cobertas pela escala 1:1.000.000.

No ano de 2011, o Serviço Geológico do Brasil-CPRM, por meio do Programa Geologia do Brasil-PGB, concluiu o Projeto Oiapoque (Folha Oiapoque) que corresponde à porção brasileira da Folha NA.22-V-B, escala 1:250.000 (Maria Telma Lins Faraco, Hervé Théveniaut-CPRM-Belém-2011), localizada no extremo norte do Brasil, limitada pelos paralelos 03°00’ e 04°00’ de latitude norte e 51° e 52°30’ de longitude oeste, em região de fronteira com Guiana Francesa.

MINERAÇÃO 21 Macapá - 2020 A Folha Oiapoque é integrante do setor oriental do Escudo das Guianas. A carta geológica na escala 1:250.000 produzida pelo projeto, resulta da interação dos dados de campo, com aqueles provenientes de interpretação de levantamento aerogeofísico de alta resolução, de imagens SRTM, de análises petrográficas, químicas e isotópicas. Cerca de 70% da área é constituída por uma crosta paleoproterózoica riaciana que consiste em arcos magmáticos retrabalhados e bacias relacionadas (greenstone belts). O restante são rochas magmáticas intraplacas (diques de diabásio devonianos e neotriássico e ou jurássicos) e coberturas sedimentares cenozóicas. Rochas básicas associam-se a esses granitóides como melanossomas de migmatitos, enclaves máficos, diques mesozóicos e enclaves de anfibolito do Grupo Vila Nova.

Em 1985, a então Companhia de Recursos Minerais – CPRM, por meio do Projeto Mapas Metalogenéticos e de Previsão de Recursos Minerais concluiu a Folha NA.22–V–D, Lourenço, na escala 1:250.000, (ARAÚJO et al., 1985) limitada pelos paralelos 02°00’ e 03°00’ de latitude norte e 51° e 52°30’ de longitude oeste. Em 2018 foi apresentado o relatório Geologia e Recursos Minerais da Folha Lourenço – NA.22-V-D, também em escala 1:250.000 (ROSA-COSTA et al., 2018).

O Domínio Lourenço está representado por um segmento crustal Riaciano com relíquias retrabalhadas de crosta continental arqueana, cuja evolução envolveu a formação de arcos magmáticos em margem continental ativa.

Ainda em 2014, o Serviço Geológico do Brasil-CPRM através do Programa Geologia do Brasil-PGB, concluiu a Folha Rio Araguari NA.22-Y-B, na escal 1:250.000 (ROSA-COSTA et al., 2014), localizada na porção central do estado do Amapá, limitada pelos paralelos 01°00’ e 02°00’ de latitude norte e 51°00’ e 52°30’ de longitude oeste, com área de aproximadamente 18.000 km2.

Esta folha está localizada na borda oriental do Cráton Amazônico, no sudeste do Escudo das Guianas, no contexto deuma faixa orogênica cuja evolução foi consolidada no período Riaciano.

MINERAÇÃO 22 Macapá - 2020 O ferro é o recurso mineral de maior importância econômica atual na Folha Rio Araguari, cujos depósitos estão associados às sequências metassedimentares do Grupo Vila Nova. Considerando-se o contexto tectônico da área, pode-se especular o elevado potencial desta área para conter depósitos orogênicos de ouro e mineralização de cobre sulfetado. Os principais destaques da prospecção geoquímica regional foram indícios de ouro, cassiterita e torianita, e anomalias geoquímicas de Ni-Co-Cr e Mn- Fe-V-Sc-Al-Ti, estas identificadas principalmente na área de ocorrência do Grupo Vila Nova.

As Folhas com mapeamento geológico, em escala 1:250.000, estão representadas na Figura 6. Também foram executados trabalhos na escala 1:100.000, nas seguintes folhas: NA-22-Y-B-III, NA-22-Y-B-VI (Falsino), no ano de 1979 e NA-22-Y-C-II (Matapi), ano de 1982.

Figura 6 – Folhas, em escala 1:250.00, com mapeamento geológico no estado do Amapá.

O estado do Amapá é contemplado com geologia diversificada, onde já foram registradas inúmeras ocorrências minerais, tanto metálicas como não metálicas. Com base nesses conhecimentos, Faraco e Carvalho (1994) definiram e delimitaram a ocorrência de uma provável província metalogenética inserida no domínio do Cráton Amazônico

MINERAÇÃO 23 Macapá - 2020 que ocorre na porção central e oeste do estado. Segundo Faraco e Carvalho (1994), a província metalogenética do Amapá está associada às sequências metavulcanosedimentares do tipo greenstone belts e, gnaisses TTG, pertencentes aos Grupos Vila Nova e Serra Lombarda, respectivamente. Rochas máficas-ultramáficas do Complexo Bacuri, também fazem parte da referida província, que se estende pela parte sul, central e nordeste do Estado, orientados em geral na direção NW-SE, na forma de fragmentos alongados de greenstone belts. De acordo com os depósitos minerais existentes na província, foram delimitados pelo menos sete distritos metalogenéticos no estado do Amapá, a saber:

1. Cassiporé – também chamado de Distrito Aurífero de Lourenço por Dardenne e Shobbenhaus (2003), localizado na porção norte do estado, no município de Calçoene. Nesta região a extração mineral de ouro já se estende por mais de um século.

2. Tartarugalzinho – inserido na porção centro-leste do estado, uma região que já foi alvo de intensa garimpagem aurífera nas décadas de 1980 e 1990. Atualmente a atividade está parcialmente paralisada.

3. Serra do Navio/Vila Nova – Compreende importantes jazimentos minerais de ouro e ferro, sendo caracterizado por pelo menos dois depósitos auríferos (Santa Maria e Vicente Sul) e quatro jazidas de ferro que ocorrem próximo do rio Vila Nova nos municípios de Porto Grande e - região central do estado.

3. Serra do Navio (Mn) – foi definido por Faraco e Carvalho (1994) em função dos imensos depósitos manganesíferos explorados por mais de 40 anos na região de Serra do Navio – centro do estado. O manganês praticamente foi exaurido.

4. Bacuri – localizado na parte centro-sul do estado, na margem direita do igarapé Bacuri, porção norte do município de Mazagão, sendo caracterizado por depósitos de cromita pertencentes ao Complexo Máfico- Ultramáfico Bacuri.

MINERAÇÃO 24 Macapá - 2020 5. Igarapé do Breu - localiza-se na parte sul do Amapá, nas cabeceiras do Igarapé do Breu, afluente direito do rio Preto, município de Mazagão. São depósitos de cromita semelhantes aos do Bacuri, contudo com reservas bem mais modestas em relação ao mesmo. Seu teor médio é de 31,9 % de Cr2O3 (QUEIROZ apud IEPA, 2002), as quais ainda não foram lavradas.

6. Serra do Cupixi – localizado na porção central do estado, este distrito foi definido em função das inúmeras ocorrências e garimpos de ouro identificados na região durante a década de 1980. Foi desativado após a criação da Reserva Nacional do Cobre – RENCA em 1984.

Além dos distritos e outras ocorrências minerais dessas províncias metalogenéticas, há ainda importantes depósitos minerais localizados nas coberturas sedimentares da porção leste e sul do estado, como os de bauxita e caulim de Vitória do Jarí e; de agregados de construção civil no município de Porto Grande.

O estudo Diagnóstico do Setor Mineral do Estado do Amapá realizado no ano de 2009 e publicado pelo Governo do Estado por meio do IEPA em 2010 aponta a existência de 9 Distritos Mineiros que precisam ser potencializados para fins de geração de emprego e renda para a sociedade amapaense (OLIVEIRA, 2010) (Figura 7).

Figura 7 – Localização dos Distritos Mineiros do Amapá.

Fonte: Oliveira (2010)

MINERAÇÃO 25 Macapá - 2020 Assim sendo, o estado do Amapá abriga um grande potencial Metalogenético, o que faz dos bens minerais uma fonte de recursos que podem ser aproveitados para melhorar as condições de desenvolvimento regional.

As características geológicas ímpares do estado, descritas anteriormente, colocam o Amapá como um dos estados de maior potencial mineral do Brasil.

1.3 – EVOLUÇÃO DOS PROCESSOS MINERÁRIOS NO ESTADO ENTRE 2009 E 2019

A partir da análise das informações disponibilizadas pela Agência Nacional de Mineração – ANM, no SIGMINE, foi possível estabelecer um comparativo sobre a evolução das fases dos processos minerários (Figura 8). Os dados foram comparados para o mesmo período entre os anos de 2019 e 2018, bem como com as informações de 2009, publicadas no Diagnóstico do Setor Mineral do Estado do Amapá por Oliveira (2010).

Figura 8 – Distribuição das áreas oneradas pela mineração no estado do Amapá em fevereiro de 2019.

MINERAÇÃO 26 Macapá - 2020 Para as dez fases de processos minerários tramitaram na ANM, até 07 de fevereiro de 2019, 1062 processos, o que representa um crescimento aproximado de 1,5% em relação a 2018, entretanto, 7 % menor que em 2009, conforme demonstrado na Figura 9.

Figura 9 – Evolução dos processos minerários no estado do Amapá.

Em relação aos processos que envolveram a atividade de pesquisa mineral 520 foram de requerimentos de pesquisa e 228 de autorizações de pesquisa, distribuídos conforme Figura 10.

Figura 10 – Distribuição dos processos de requerimento de pesquisa e autorização de pesquisa no estado do Amapá em fevereiro de 2019.

MINERAÇÃO 27 Macapá - 2020 Dos 520 processos de requerimento de pesquisa 53% foram para ouro (Au), 28% para ferro (Fe), 9% para columbita/tantalita (Nb/Ta) e 7% cassiterita (Sn). As autorizações de pesquisa para ouro (Au) e ferro (Fe) representaram 32% e 26%, respectivamente, dos 228 processos (Figura 11).

Figura 11 – Percentual por substância nas fases: A – Requerimento de Pesquisa e B – Autorização de Pesquisa.

Fonte: ANM/SIGMINE (acesso em 07/02/2019)

As fases que envolvem os minerais de emprego na construção civil ocupam o segundo lugar em números de processos junto a ANM. Os processos de requerimento de licenciamento estão distribuídos em três regiões do estado (Figura 12): região central, em parte dos municípios de Porto Grande e ; região sul, em áreas dos municípios de Macapá, Santana e ; e região norte, em parte do município de Oiapoque.

MINERAÇÃO 28 Macapá - 2020 Figura 12 – Distribuição dos processos de requerimento de licenciamento e licenciamento no estado do Amapá em fevereiro de 2019.

Em relação aos minerais de emprego na construção civil, as substâncias areia e saibro são as que mais se destacam em termos de processos. Dos 35 requerimentos para licenciamento, os pedidos para areia representam 51% e saibro 23%, enquanto que na fase de licenciamento se destacaram as substâncias areia com 30%, saibro 24% e argila com 23% dos 104 processos (Figura 13).

MINERAÇÃO 29 Macapá - 2020 Figura 13 – Percentual por substância nas fases: A – Requerimento de Licenciamento e B – Licenciamento.

Fonte: ANM/SIGMINE (acesso em 07/02/2019)

As fases minerárias que envolvem a atividade garimpeira ocorrem concentradas em 2 regiões do estado (Figura 14): região central, em parte dos municípios de Porto Grande, Pedra Branca do Amapari e Mazagão; e na região norte, em áreas dos municípios de Tartarugalzinho, Calçoene e Oiapoque.

Figura 14 – Distribuição dos processos de requerimento de lavra garimpeira e lavra garimpeira (PLG) no estado do Amapá em fevereiro de 2019.

MINERAÇÃO 30 Macapá - 2020 Dos 92 processos de requerimento de lavra garimpeira as substâncias mais solicitadas são ouro (Au) 39%, seguida de columbita/tantalita (Nb/Ta) com 33%. As mesmas substâncias se destacam nos 11 processos de lavra garimpeira (PLG), conforme Figura 15.

Figura 15 – Percentual por substância nas fases: A – Requerimento de Lavra Garimpeira e B – Lavra Garimpeira (PLG).

Fonte: ANM/SIGMINE (acesso em 07/02/2019)

As fases que tratam da lavra mineral estão concentradas em três regiões do Amapá (Figura 16): na região sul, em áreas dos municípios de Vitória do Jari, Mazagão, Santana e Macapá; na região central, em parte dos municípios de Mazagão, Porto Grande, Pedra Branca do Amapari e Serra do Navio; e na região norte, em áreas dos municípios de Tartarugalzinho e Calçoene.

MINERAÇÃO 31 Macapá - 2020 Figura 16 – Distribuição dos processos de requerimento de lavra e concessão de lavra no estado do Amapá em fevereiro de 2019.

Dos 23 requerimentos de lavra tramitando na ANM, 39% são para ouro (Au), 18% para ferro (Fe) e 17% para granito. Enquanto dos 34 processos que detêm concessão de lavra se destacam o caulim com 32%, ferro (Fe) 23%, seguidos de ouro (Au) e água mineral com 12% cada (Figura 17).

Figura 17 – Percentual por substância nas fases: A – Requerimento de Lavra e B – Concessão de Lavra.

MINERAÇÃO 32 Macapá - 2020 1.1– ARRECADAÇÃO PROVENIENTE DA MINERAÇÃO NO AMAPÁ

Os benefícios econômicos gerados diretamente pela mineração em termos de arrecadação são provenientes de encargos municipais, estaduais e federais, conforme descritos na Quadro 1.

Quadro 1 – Principais encargos que incidem na produção mineral do estado do Amapá por esfera governamental.

Neste trabalho serão apresentados dados sobre o comportamento de arrecadação do setor mineral nas esferas estadual e federal, com informações prestadas pela Secretaria de Estado do Fazenda e Receita Federal do Brasil, no período compreendido entre os anos de 2013 e 2017, bem como pela Agência Nacional de Mineração – ANM/AP.

Em termos de ICMS recolhido pelo Governo do Estado do Amapá, a comercialização de água mineral é responsável pelo maior volume arrecadado, seguido de brita/seixo/cascalho conforme apresentado na Tabela 1. A redução na arrecadação dos valores de ICMS expressa os efeitos da crise econômica que afetou o país e o estado do Amapá em termos de construção civil e consumo.

MINERAÇÃO 33 Macapá - 2020 Tabela 1 – Valores recolhidos de ICMS pelo Governo do Estado do Amapá na comercialização de produtos minerais, entre os anos de 2013 e 2017.

Fonte: Secretaria de Estado da Fazenda

Em 30 de dezembro de 2011, a Lei 1.613 instituu a Taxa de Controle, Acompanhamento e Fiscalização das Atividades de Pesquisa, Lavra, Exploração e Aproveitamento de Recursos Minerários - TFRM e o Cadastro Estadual de Controle, Acompanhamento e Fiscalização das Atividades de Pesquisa, Lavra, Exploração e Aproveitamento de Recursos Minerários - CERM. A Figura 18 expressa a queda significativa de arrecadação da TFRM por parte do Governo do Estado do Amapá até 2016 e uma tendência de crescimento a partir de 2017.

MINERAÇÃO 34 Macapá - 2020 Figura 18 – Comportamento de arrecadação da TFRM entre 2013 e 2017.

FONTE: Portal da Transparência (http://www.transparencia.ap.gov.br)

Em termos de arrecadação de tributos federais, de acordo com a Receita Federal do Brasil, no Amapá, CONFINS e CSLL são os tributos mais recolhidos pelas empresas do setor mineral, conforme Tabela 2.

Tabela 2 – Valores recolhidos de tributos federais pelas empresas do setor mineral no estado do Amapá, entre os anos de 2013 e 2017.

Fonte: Receita Federal do Brasil

MINERAÇÃO 35 Macapá - 2020 Dentre os encargos recolhidos por meio da mineração pelo Governo Federal merecem destaque a Taxa Anual por Hectare (TAH) e a Compensação Financeira sobre a Exploração de Recursos Minerais (CFEM), também conhecida como “Royalty” do setor mineral. Os valores expressos na Figura 19 demonstram a queda de arrecadação a partir de 2013, não somente pela crise macroeconômica nacional, mas também pela interrupção do embarque de minério no Porto de Santana e da operação de transporte de minério pela estrada de ferro, o que afetou diretamente a comercialização de minério de ferro e cromo. A partir de 2017, os valores arrecadados demonstram uma tendência de recuperação do setor no estado do Amapá.

Figura 19 – Valores recolhidos de compensações e taxas federais pelas empresas do setor mineral no Estado do Amapá, entre os anos de 2013 e 2018.

Fonte: ANM

Dos 10 municípios do estado do Amapá que têm produção mineral, aqueles que mais recebem repasses do Governo Federal provenientes da arrecadação com a CFEM são Pedra Branca do Amapari e Vitória do Jari. Os dados comparativos de repasses de CFEM para os municípios, entre os anos de 2017 e 2018, demonstram a redução de comercialização mineral nos municípios de Oiapoque e Vitória do Jari (Figura 20).

MINERAÇÃO 36 Macapá - 2020 Figura 20 – Valores repassados pelo Governo Federal aos municípios nos anos de 2017 e 2018, a partir da arrecadação da CFEM.

Fonte: ANM

Em 2018, dentre as 10 substâncias minerais produzidas no estado do Amapá, as que apresentaram maior receita de CFEM repassadas aos municípios foram o ouro responsável por 65% dos valores distribuídos e o caulim, responsável 31% (Figura 21).

Figura 21 – Valores repassados pelo Governo Federal aos municípios amapaenses no ano de 2018, por substância, a partir da arrecadação da CFEM.

Fonte: ANM MINERAÇÃO 37 Macapá - 2020 1.1– MINERAÇÃO EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

O estado do Amapá tem atenção especial em termos regional, nacional e internacional uma vez que 62% do seu território está sob modalidades especiais de proteção. São 19 unidades de conservação, totalizando 8.798.040,31 hectares, 12 das quais federais, 5 estaduais e 2 municipais. (DRUMMOND et al., 2008). Dessas unidades de conservação 12 são de uso sustentável e 07 de proteção integral conforme as categorias preconizadas na lei que instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza – SNUC, Lei Federal Nº 9.985, de 18 de julho de 2000.

As unidades de conservação de uso sustentável têm como objetivo compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável de parcela dos seus recursos naturais e ocupam aproximadamente 25 % do território amapaense, das quais 06 são administradas pelo Governo Federal, 04 pelo Governo do Estado e 01 pela administração municipal (Quadro 2).

Quadro 2 – Unidades de Conservação do Estado do Amapá de Uso Sustentável (AMAPÁ, 2012).

MINERAÇÃO 38 Macapá - 2020 A partir da análise realizada por Maia Neto (2010) sobre a possibilidade da exploração de recursos minerais em cada uma das 07 (sete) categorias de unidades de conservação de uso sustentável, foi possível identificar as causas dos conflitos e as inseguranças jurídicas estabelecidas entre o setor mineral e as unidades de conservação (Quadro 3).

Quadro 3 – Análise sobre o desenvolvimento da atividade mineral em unidades de conservação de uso sustentável, conforme Maia Neto (2010).

Entendimento sobre a Atividade de Unidades de Conservação Mineração em Unidades de Presentes no Amapá Conservação de Uso Sustentável

Área de Proteção Ambiental (APA) - APA DO CURIAÚ Justamente por ser a categoria de unidade de APA DA FAZENDINHA conservação menos restritiva com relação ao uso dos recursos naturais localizados no seu interior não proíbe, em tese, a extração mineral. Tendo em vista a descrição dessa categoria de unidade, bem como os seus objetivos, não é de se vedar, em princípio, o desenvolvimento de qualquer atividade/empreendimento, incluída aí a mineração. Todavia, as condições para as atividades de mineração (assim como todas as demais) nas APA’s deverão observar o zoneamento estabelecido no seu plano de manejo.

MINERAÇÃO 39 Macapá - 2020 Áreas de Relevante Interesse Ecológico (ARIE’s) - Por seu turno, a resposta é menos simples, pois, se por um lado a Lei do SNUC fala em "uso admissível dessas áreas" (art. 16, caput) e permite que essa categoria de unidade seja constituída por terras particulares (art. 16, § 2º), o que parece indicar a possibilidade de quaisquer atividades no seu interior, por outro lado afirma que o referido uso admissível deverá ser compatibilizado "com os objetivos de conservação da natureza" (art. 16, caput). Assim, entende-se que essa compatibilidade, possível em tese de existir, não veda, a priori, a atividade de mineração nas ARIE’s, devendo a compatibilidade ou incompatibilidade do desempenho dessa atividade com a conservação da natureza ser analisada de forma mais geral no zoneamento estabelecido no plano de manejo da unidade e de forma específica em cada licenciamento ambiental.

Reserva Extrativista (Resex)- A questão foi RESEX CAJARI expressamente enfrentada e resolvida pela Lei nº 9.985/2000, com a proibição expressa RESEX BEIJA-FLOR da "exploração de recursos minerais" (art. 18, - § 6º). Essa vedação expressa exclusiva para BRILHO DE FOGO as Resex é utilizada, em interpretação a contrário sensu, pelos defensores da possibilidade de exploração dos recursos minerais nas demais categorias de unidades de uso sustentável. Entretanto, como já mencionado, o que deve guiar a interpretação sobre essa temática é a compatibilidade ou não da referida atividade com o regime jurídico de cada uma dessas categorias.

MINERAÇÃO 40 Macapá - 2020 Reserva Particular do Patrimônio Natural RPPN RETIRO PARAÍSO (RPPN)- Não é admitida a mineração porque esta é uma categoria de uso sustentável sui RPPN REVECON generis, que não permite efetivamente o uso direto dos seus recursos naturais, ou seja, RPPN SERINGAL TRIUNFO não permite justamente o uso sustentável. Isso ocorre em virtude do veto presidencial ao RPPN RETIRO BOA ESPERANÇA art. 21, § 2º, III, da Lei do SNUC, que previa e autorizava a extração de recursos minerais RPPN EKINOX nas RPPN’s. O referido veto, na verdade, operou a migração da RPPN para o grupo das unidades de proteção integral, nas quais se permite apenas o uso indireto. Assim, aplicam-se às RPPN’s as vedações das unidades de proteção integral, razão pela qual é vedada a atividade minerária dentro do seu perímetro.

RDS IRATAPURU Reserva do Desenvolvimento Sustentável (RDS)- É categoria de unidade voltada ao atendimento de dois objetivos, a preservação ambiental e o desenvolvimento das populações tradicionais, através da garantia de condições e dos "meios necessários para a reprodução e a melhoria dos modos e da qualidade de vida e exploração dos recursos naturais das populações tradicionais" (Lei do SNUC, art. 20, § 1º). Essas são as razões pelas quais devem ser criadas as RDS e que devem guiar a interpretação a respeito das atividades permitidas e vedadas dentro dessa categoria de unidade.

MINERAÇÃO 41 Macapá - 2020 Sob tal ótica, a exploração de recursos minerais (espécie de recurso natural) nas RDS não pode ser realizada nem mesmo pelas próprias populações tradicionais, pois a mineração não é um modo de produção tradicional que desempenha "um papel fundamental na proteção da natureza e na manutenção da diversidade biológica" (Lei do SNUC, art. 20).

Reserva de Fauna (RF) - Talvez seja a categoria de UC prevista na Lei nº 9.985/2000 da forma mais lacônica. No caput do art. 19 da referida lei se constata a fusão entre a descrição e os objetivos da unidade: "área natural com populações animais de espécies nativas, terrestres ou aquáticas, residentes ou migratórias, adequadas para estudos técnico-científicos sobre o manejo econômico sustentável de recursos faunísticos". Por isso, defende-se aqui a possibilidade de qualquer atividade econômica nas RF’s, incluída a mineração, desde que tais atividades não prejudiquem ou inviabilizem a utilidade da área para do desenvolvimento dos estudos técnico- científicos citados.

Floresta Nacional (FLONA)- A categoria de UC que tem se apresentado mais controversa, FLOTA/AP especialmente por dois motivos: o regime jurídico anterior permitida a mineração e, na FLONA/AP prática, ustamente em virtude

MINERAÇÃO 42 Macapá - 2020 dessa permissividade anterior, ainda é recorrente a mineração nessa categoria de unidade. Entretanto, o regime jurídico instituído para as FLONAs pela Lei do SNUC não deixa margem para outra leitura que não a de que é vedada a atividade minerária no interior de tais unidades. Isso porque o objetivo das FLONAs é "o uso múltiplo sustentável dos recursos florestais e a pesquisa científica, com ênfase em métodos para exploração sustentável de florestas nativas" (art. 17, caput). Note-se: a lei fala na espécie recursos florestais e não no gênero recursos naturais (este, que inclui os recursos minerais). E como a própria Constituição afirma que é "vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção" (art. 225, § 1º, III), não há lugar para exploração de recursos minerais em FLONA, sob pena de comprometimento dos recursos florestais, que devem motivar a instituição dessa categoria de unidade.

A análise deixa claro que as categorias de unidades de conservação APA e ARIE são as que apresentam maior permissividade para o desenvolvimento da mineração, estando a possibilidade de realização da atividade de mineral atrelada aos instrumentos norteadores de gestão da unidade de conservação, tais como o zoneamento e o plano de manejo.

O Quadro 3 deixa claro os motivos que promovem a instabilidade da atividade mineral em FLONAs/FLOTAs. Segundo Silva (2014) as atividades legais de mineração em Florestas Nacionais só podem ser permitidas se estiverem contidas em seus devidos planos de manejo, além de serem aceitas apenas para lavras pré-existentes à criação da unidade.

MINERAÇÃO 43 Macapá - 2020 Após o levantamento de áreas oneradas pela mineração no SIGMINE/ANM, relativo ao mês de fevereiro de 2019, dos 1062 processos presentes no sistema, apenas 27% têm áreas consideradas fora de espaços legalmente protegidos (unidades de conservação e terras indígenas) (Figura 22).

Figura 22 – Espacialização dos processos minerários e das áreas protegidas do estado do Amapá.

Proteção Sustentável

Dos 771 processos cujas superfícies estão sobrepostas às áreas protegidas 91% estão relacionadas com a categoria de unidade de conservação de uso sustentável (Figura 23).

MINERAÇÃO 44 Macapá - 2020 Figura 23 – Distribuição dos processos minerários em áreas protegidas do estado do Amapá.

A análise dos dados mostrou que dos 699 processos presentes em áreas de unidade de conservação de uso sustentável 476 se encontram dentro dos limites da FLOTA, 124 na RDS Iratapuru e 46 na FLONA, conforme Figura 24.

Figura 24 – Número de processos minerários em áreas protegidas de uso sustentável do estado do Amapá.

MINERAÇÃO 45 Macapá - 2020 A Floresta Estadual do Amapá – FLOTA, Unidade de Conservação de Uso Sustentável, criada em 2006, com 2.368.848,42 ha engloba parte de 10 municípios do estado - Mazagão, Porto Grande, Pedra Branca do Amapari, Serra do Navio, Ferreira Gomes, Tartarugalzinho, Pracuúba, Amapá, Calçoene e Oiapoque - dividida em 4 módulos, o que representa uma ocupação de 16,25 % do espaço do estado.

O Art. 1º da Lei Estadual Nº 1028, de 12 de julho de 2006, que dispôs sobre a criação e gestão da Floresta Estadual do Amapá indicou que a criação da FLOTA visava o uso sustentável, mediante a exploração dos recursos naturais renováveis e não renováveis de maneira a garantir a perenidade dos recursos ambientais e dos processos ecológicos, mantendo a biodiversidade e os demais atributos ecológicos, de forma socialmente justa e economicamente viável. Ainda, conforme Art. 5º da referida lei ficavam proibidas quaisquer atividades em desacordo com o plano de manejo, ficando resguardado, contudo, na forma da lei, o direito legal sobre quaisquer formas de ocupação legítima já existentes na área.

O Plano de Manejo da FLOTA foi publicado em fevereiro de 2014, com a definição de 11 zonas, das quais apenas três zonas possibilitam algum tipo de atividade mineral (Tabela 3), essas zonas representam 68,76% da área total da FLOTA (AMAPÁ, 2014). Vale ressaltar que desse total 60,98% permitem apenas a pesquisa mineral.

MINERAÇÃO 46 Macapá - 2020 Tabela 3 – Possibilidade de atividade mineral nas zonas estabelecidas no Plano de Manejo da FLOTA.

MINERAÇÃO 47 Macapá - 2020 Tabela 3 – Possibilidade de atividade mineral nas zonas estabelecidas no Plano de Manejo da FLOTA.

MINERAÇÃO 48 Macapá - 2020 PRODUÇÃO MINERAL DO AMAPÁ A PARTIR DO CERM. 2

MINERAÇÃO 49 Macapá - 2020 2 – PRODUÇÃO MINERAL DO AMAPÁ A PARTIR DO CERM

2.1 – CADASTRO ESTADUAL DE CONTROLE, ACOMPANHAMENTO E FISCALIZAÇÃO DAS ATIVIDADES DE PESQUISA, LAVRA, EXPLORAÇÃO E APROVEITAMENTO DE RECURSOS MINERÁRIOS – CERM

Para o melhor acompanhamento da produção de minério no estado, o Governo do Estado do Amapá através da AGÊNCIA AMAPÁ implementou o Cadastro Estadual de Recursos Minerais – CERM, conforme estabelecem as diretrizes preconizadas na lei Nº 1.613, de 30 de dezembro de 2011 alterada pelas leis 1.762 de 11 de julho de 2013 e 2.247 de 21 de novembro de 2017.

De Acordo com a Lei 1.613/2011.

Art. 13. Fica instituído o Cadastro Estadual de Controle, Acompanhamento e Fiscalização das Atividades de Pesquisa, Lavra, Exploração e Aproveitamento de Recursos Minerários – CERM, de inscrição obrigatória para as pessoas físicas ou jurídicas, a qualquer título, autorizadas a realizarem a pesquisa, a lavra, a exploração ou aproveitamento dos recursos minerários do Estado.

Art. 16. As pessoas obrigadas a se inscreverem no CERM que não o fizeram no prazo estabelecido em regulamento ficam sujeitas ao pagamento de multa equivalente a 10.000 (dez mil) UPF/AP, por infração.

Visando simplificar, modernizar e facilitar a atualização das informações previstas nas referidas leis a Agência Amapá estabeleceu através da Portaria nº 038/2018-AGÊNCIA AMAPÁ, de 29 de maio de 2018, os documentos e formulários necessários ao CERM. Após o cumprimento das exigências, o empreendedor recebe o Certificado de Registro no CERM, conforme Figura 25. Vale ressaltar que o CERM é auto declarativo e o Certificado não habilita a execução das atividades de pesquisa, lavra, exploração e aproveitamento de recursos minerais.

MINERAÇÃO 50 Macapá - 2020 Figura 25 – Modelo de Certificado de Registro no CERM expedido pelo Governo do Estado do Amapá.

Agência Amapá, após as adequações para atualização do Cadastro Estadual de Recursos Minerais, criou, em parceria com o Centro de Processamento de Dados do Amapá (PRODAP), o Sistema de Mineração (SISMINERA). Pela plataforma será possível realizar o cadastramento das atividades minerais no estado, acompanhar os dados de produção, geração de empregos e arrecadação do setor mineral amapaense.

A seguir serão apresentados os dados disponíveis na Agência Amapá, a partir das informações prestadas pelas empresas.

2.2 – MINERAIS METÁLICOS FERROSOS

Em virtude da paralisação do Porto de Embarque de Minério do Município de Santana pelo acidente ocorrido no mês de maio de 2013 e posterior interrupção das operações da Estrada de Ferro do Amapá, as operações de exportação e, consequentemente, produção de minerais metálicos ferrosos (ferro, manganês e cromo) sofreram redução significativa.

A empresa Unamgem Mineração e Metalurgia S/A tem informado por meio da Declaração de Minério Extraído que a produção de minério de ferro está suspensa e apresenta um estoque de 258.376 toneladas de minério.

MINERAÇÃO 51 Macapá - 2020 Dados da Autoridade Portuária, Companhia Docas de Santana, indicam que no ano de 2017 ocorreram as últimas exportações de minério de ferro do estado do Amapá num total de 95.650 toneladas de minério, com dois embarques efetuados pela empresa Unamgem Mineração e Metalurgia S/A.

Em que pese a disputa judicial entre as empresas Ecometals Manganês do Amapá LTDA e a Indústria e Comércio de Minérios S/A pelo minério de manganês lavrado nas minas do Município de Serra do Navio, em abril de 2017 foram exportadas 18.005 toneladas de minério de manganês pela empresa Ecometals Manganês do Amapá LTDA.

Em termos de minério de cromita a empresa Mineração Vila Nova LTDA promoveu um embarque em 2018, segundo dados da Autoridade Portuária, de 25.000 toneladas.

Essas empresas se encontram em processo de atualização de seus cadastros junto a Agência Amapá.

2.3 – MINERAIS METÁLICOS PRECIOSOS

De acordo com o Sistema OCB/AP no Amapá existem 14 cooperativas garimpeiras, das quais 11 estão ativas. Em 2018 foi fundada a Federação das Cooperativas de Mineração do Estado do Amapá. A Federação é formada pelas cooperativas COOEMAP de Macapá, COOGAL de Lourenço, COOMEJ de Laranjal do Jari, COOMING do Cupixi, MINACOOP e VERDE MINAS de Oiapoque, COGACA de Porto Grande, COOPEVALE de Pedra Branca, COOPGAVIN do Distrito do Vila Nova em Porto Grande, e COOMINAS de Mazagão.

Em atendimento à Lei 1.613/2011 duas empresas que exploram ouro no estado do Amapá realizaram junto a Agência de Desenvolvimento do Estado do Amapá – Agência Amapá o Cadastro Estadual de Controle, Acompanhamento e Fiscalização das Atividades de Pesquisa, Lavra, Exploração e Aproveitamento de Recursos Minerários – CERM, foram elas: a Empresa de Mineração LTDA e a Beadell Brasil LTDA.

MINERAÇÃO 52 Macapá - 2020 As informações prestadas pelas empresas apontam para uma produção anual estimada em 4.052.110,53 gramas de ouro, com geração de 1.329 postos de trabalho, com média salarial de R$3.026,41.

2.4 – MINERAIS INDUSTRIAIS

No Sul do estado do Amapá, no município de Vitória do Jari, ocorre a extração de caulim, desde 1976, realizada pela empresa CADAM S/A.

Em atendimento à Lei 1.613/2011 a CADAM S/A solicitou o Certificado de Registro junto ao CERM. Os dados apresentados apontam para uma produção no ano de 2018 de 427.992,08 toneladas de caulim, sendo 35 postos de serviços gerados, com média salarial de R$1.116,70.

2.5 – MATERIAIS PARA CONSTRUÇÃO CIVIL

A exploração de argila no estado do Amapá é utilizada para a produção de cerâmica vermelha. Dessas argilas são produzidas uma variedade de blocos de tijolos e telhas utilizados na construção civil amapaense. Para produção unitária de telha e tijolo de 6 furos são utilizados, aproximadamente, 1,5 Kg e 2,3 Kg de argila, respectivamente.

Em atendimento à Lei 1.613/2011 sete empresas que exploram argila no Estado do Amapá realizaram junto a Agência de Desenvolvimento do estado do Amapá – Agência Amapá o Cadastro Estadual de Controle, Acompanhamento e Fiscalização das Atividades de Pesquisa, Lavra, Exploração e Aproveitamento de Recursos Minerários – CERM, são elas: Cerâmica Nova União, Cerâmica do Chico, Cerâmica Líder, Irmãos Noronha LTDA, Cerâmica Mundial, Cerâmica Calandrini e Cerâmica Tramontin LTDA.

Os dados informados demonstram a extração de 893.640 toneladas/ano de argila e a geração de 149 postos de trabalho, com média salarial de R$1.041,26.

MINERAÇÃO 53 Macapá - 2020 Em termos de exploração de areia, brita e cascalho quatro empresas realizaram o cadastramento na Agência Amapá para obtenção do registro de certificado, são elas: Mineração Araguary LTDA, Gran Amapá do Brasil, Transeixo e Rocha Seixo e Cia.

As informações prestadas pelas empresas apontam para uma produção de 20.827 m3/ano de areia, 25.000 m3/ano de brita e 5.911 m3/ano de cascalho. As empresas cadastradas neste segmento mineral geram 31 postos de trabalho, com salário médio mensal de R$1.725,00.

2.6 – ÁGUA MINERAL

A indústria de água mineral do estado do Amapá está instalada na zona urbana do Município de Macapá.

Em atendimento à Lei 1.613/2011 três empresas que exploram e comercializam água mineral no Estado do Amapá realizaram junto a Agência de Desenvolvimento do estado do Amapá – Agência Amapá o Cadastro Estadual de Controle, Acompanhamento e Fiscalização das Atividades de Pesquisa, Lavra, Exploração e Aproveitamento de Recursos Minerários – CERM, são elas: Águas da Amazônia LTDA, Água Mineral Cristal da Serra e Água Mineral Andina LTDA.

As informações prestadas pelas empresas apontam para produção estimada em 71.769.205 litros/ano de água mineral. A indústria gera 131 postos de trabalho, com média salarial de R$1.133,33.

2.7 – PETRÓLEO E GÁS

A bacia da foz do Amazonas se estende da Ilha do Marajó no Estado do Pará até a costa do estado do Amapá. O preenchimento sedimentar existente nessa bacia pode alcançar até 5.000 metros de espessura. Nela há potencial de descoberta de gás e óleo leve, porém a bacia é muito pouco conhecida (ANP, 2013).

MINERAÇÃO 54 Macapá - 2020 Nos dias 14 e 15 de maio de 2013, a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) realizou a 11a rodada licitações, quando foram arrematados 14 blocos para exploração de petróleo no litoral do Amapá, conforme Quadro 4 e Figura 26.

Quadro 4 – Blocos arrematados na costa do Amapá durante a 11ª rodada da ANP.

Fonte: ANP

MINERAÇÃO 55 Macapá - 2020 Figura 26 – Localização dos blocos arrematados na costa do Amapá durante a 11ª rodada da ANP.

Biocombustíveis

MINERAÇÃO 56 Macapá - 2020 Com o objetivo de obter licença ambiental para execução de poços profundos, visando identificar a presença de óleo e gás na costa do Amapá, as empresas Total E&P do Brasil Ltda, BP Exploration Operating Company Limited e Queiroz Galvão Exploração e Produção SA apresentaram ao IBAMA o Estudos de Impacto Ambiental – EIA e Relatório de Impacto do Meio Ambiente – RIMA. Esses estudos contaram com a participação de pesquisadores e professores do Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá (IEPA) e da Universidade do Estado do Amapá (UEAP).

Mediante análise da documentação o IBAMA negou licenciamento ambiental para a perfuração de poços de petróleo. De acordo com a análise do instituto, as empresas não apresentaram, de forma satisfatória, as informações complementares solicitadas, dentre as quais, as relacionadas a à descoberta de recifes de corais próximos às áreas de perfuração dos poços.

Vale ressaltar que o tema é controverso, não havendo consenso sobre a existência de corais vivos na região. Para Figueiredo Jr (2018) o ambiente da região é lamoso não favorável a deposição carbonática, ocorrendo apenas recifes mortos e parcialmente soterrados.

Desta feita, o Governo do Estado do Amapá aguarda o desfecho do processo de licenciamento ambiental conduzido pelo Governo Federal, na expectativa de que as pesquisas petrolíferas na costa do Amapá continuem avançando, contemplando os preceitos legais e o respeito ao meio ambiente.

MINERAÇÃO 57 Macapá - 2020 DESAFIOS DA MINERAÇÃO NO AMAPÁ 3

MINERAÇÃO 58 Macapá - 2020 PARTICIPANTES DAS OFICINAS

Município de Porto Grande

Distrito de Lourenço - Município de Calçoene

MINERAÇÃO 59 Macapá - 2020 MINERAÇÃO 60 Macapá - 2020 Município de Macapá

MINERAÇÃO 61 Macapá - 2020 MINERAÇÃO 62 Macapá - 2020 3 - DESAFIOS DA MINERAÇÃO NO AMAPÁ 3.1 – INTRODUÇÃO

O Governo do Estado do Amapá, através da Agência Amapá, estabeleceu como prioritária a participação dos vários segmentos ligados ao setor mineral na construção do Plano de Mineração do Estado do Amapá 2019/2030.

Além de ofícios com convites encaminhados para instituições públicas das 3 esferas, houveram ações de mobilização nas regiões dos distritos mineiros para convidar a sociedade civil organizada e os mineradores a participarem das oficinas, bem como ampla divulgação nos meios de comunicação.

Para tanto, se estabeleceu como estratégia, visando alcançar todos os distritos mineiros descritos por Oliveira (2010), a realização de 3 oficinas em municípios amapaenses, conforme Figura 27.

Figura 27 – Registro das oficinas realizadas e os Distritos Mineiros (DM) alcançados.

MINERAÇÃO 63 Macapá - 2020 A oficina no Município de Porto Grande foi realizada em 23/11/2018, no Centro de Convenções do município; no dia 27/11/2048, na Escola Estadual Juvenal Guimarães Teixeira ocorreu a oficina no Distrito de Lourenço, Município de Calçoene; no dia 05/12/2018, no Auditório da Agência Amapá foi realizada a oficina no Município de Macapá.

Ao longo das oficinas participaram 133 atores ligados ao desenvolvimento do setor mineral amapaense.

As oficinas objetivaram discutir com os participantes os problemas que afetam o desenvolvimento da mineração nas regiões mineiras, bem como apontar caminhos e soluções a serem alcançadas no horizonte de tempo deste plano. Para o alcance dos objetivos propostos, as oficinas foram moderadas por técnicos da Agência Amapá e os atores participaram da construção de uma Matriz de Problemas e Soluções (Figura 28).

Figura 28 – Matriz de Problemas e Soluções trabalhada nas oficinas do Plano Mineração do Estado do Amapá 2019/2030.

Os resultados das oficinas que subsidiaram as ações propostas neste plano são apresentados a seguir.

MINERAÇÃO 64 Macapá - 2020 3.2– OFICINA EM PORTO GRANDE

A oficina ocorrida em Porto Grande teve uma relevante participação de representantes do setor de exploração de minerais de uso imediato na construção civil, garimpeiros, Instituto Federal de Educação e Prefeitura de Porto Grande. Durante a oficina foram elencados 18 problemas que afetam o setor mineral na região e apontadas 13 propostas de soluções (Figura 29, Quadro - 5).

Figura 29 – Foto de encerramento da oficina em Porto Grande, com alguns participantes e com a matriz de problemas e soluções preenchida.

Quadro 5 – Matriz de Problemas e Soluções construída na oficina de Porto Grande.

MINERAÇÃO 65 Macapá - 2020 MINERAÇÃO 66 Macapá - 2020 3.3 – OFICINA NO DISTRITO DO LOURENÇO

A oficina ocorrida no Distrito do Lourenço, Município de Calçoene, teve participação significativa de garimpeiros, representantes de produtores agrícolas, religiosos, Câmara de Vereadores, Prefeitura Municipal e comunidade em geral. Durante a oficina foram apontados 23 problemas e sugeridas 26 soluções, conforme Figura 30, Quadro - 6.

Figura 30 – Foto de encerramento da oficina no Distrito de Lourenço, Município de Calçoene, com alguns participantes e com a matriz de problemas e soluções preenchida.

Quadro 6 – Matriz de Problemas e Soluções construída na oficina do Distrito do Lourenço.

MINERAÇÃO 67 Macapá - 2020 MINERAÇÃO 68 Macapá - 2020 MINERAÇÃO 69 Macapá - 2020 3.4– OFICINA EM MACAPÁ

A oficina ocorrida no auditório da Agência Amapá, Município de Macapá, contou com a participação de um público diversificado formado por representantes de instituições públicas, Assembleia Legislativa, garimpeiros, representantes de organizações não governamentais, mineradores e comunidade em geral. Durante a oficina foram apontados 22 problemas e sugeridas 20 soluções, conforme Figura 31, Quadro - 7.

Figura 31 – Foto de encerramento da oficina no Município de Macapá, com alguns participantes e com a matriz de problemas e soluções preenchida.

Quadro 7 – Matriz de Problemas e Soluções construída na oficina de Macapá

MINERAÇÃO 70 Macapá - 2020 MINERAÇÃO 71 Macapá - 2020 PLANO DE MINERAÇÃO DO ESTADO DO AMAPÁ 2019-2030 4

MINERAÇÃO 72 Macapá - 2020 4 - PLANO DE MINERAÇÃO DO AMAPÁ (2019-2030)

4.1– OBJETIVOS

O principal objetivo do Plano de Mineração do Amapá 2019-2030 é promover o desenvolvimento da mineração sustentável e, desta forma, contribuir com o crescimento econômico e social do estado do Amapá, através de:

Segurança jurídica com vistas à atração de investimentos e empresas para o setor mineral formal; Organização do setor mineral informal; Apoio aos pequenos mineradores; Promoção de ações que visem o incentivo da atividade e a sustentabilidade social e ambiental da mineração; Aumento das receitas, geração de emprego, renda e oportunidades.

4.2– DIRETRIZES ESTRATÉGICAS

Para alcançar os objetivos deste Plano e a partir das discussões ocorridas durante as oficinas, retratadas nas matrizes de problemas e soluções, foram definidos 3 eixos estratégicos de atuação (Figura 4-1): Governança e Regulação do Setor Mineral; Indução à Produção Mineral Sustentável e Estratégica; Conhecimento e Desenvolvimento Tecnológico da Mineração.

Figura 4-1 – Eixos Estratégicos do Plano de Mineração do Amapá 2019-2030.

MINERAÇÃO 73 Macapá - 2020 O eixo estratégico Governança e Regulação do Setor Mineral objetiva oferecer segurança jurídica aos mineradores, com marcos regulatórios claros, instituições atuando de forma moderna, ágil, eficiente e integradas, com processo de regulação ocorrendo de forma transparente. A implementação das ações estratégicas propostas para este eixo são fundamentais para o sucesso dos demais eixos e requisitos básicos para o alcance dos objetivos propostos no plano.

Desenvolver ações de apoio, incentivo, promoção e agregação de valor, de forma responsável, são os principais objetivos do eixo estratégico Indução à Produção Mineral Sustentável e Estratégica, capazes de alavancar a economia amapaense.

Enfrentar os desafios de ampliar o conhecimento de nossas riquezas minerais, desenvolvimento de tecnologias mais limpas, geração de produtos de melhor qualidade, formação e qualificação de recursos humanos estão entre os objetivos do eixo estratégico Conhecimento e Desenvolvimento Tecnológico da Mineração.

A seguir serão apresentadas as ações estratégicas propostas para enfrentar os problemas discutidos nas oficinas, consideradas cruciais para o alcance dos objetivos do Plano de Mineração do Amapá 2019-2030.

MINERAÇÃO 74 Macapá - 2020 4.2.1 AÇÕES ESTRATÉGICAS PARA O EIXO GOVERNANÇA E REGULAÇÃO DO SETOR MINERAL

MINERAÇÃO 75 Macapá - 2020 4.2.2 AÇÕES ESTRATÉGICAS PARA O EIXO INDUÇÃO A PRODUÇÃO MINERAL SUSTENTÁVEL E ESTRATÉGICA

MINERAÇÃO 76 Macapá - 2020 4.2.3 AÇÕES ESTRATÉGICAS PARA O EIXO CONHECIMENTO E DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO DA MINERAÇÃO

MINERAÇÃO 77 Macapá - 2020 MINERAÇÃO NO AMAPÁ

MINERAÇÃO | 78 Macapá - 2020 REFERÊNCIAS

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MINERAÇÃO 80 Macapá - 20220