O Museo De Macedonio E Suas Afinidades Literárias
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Imara Bemfica Mineiro EXCÊNTRICOS E MODERNOS: o Museo de Macedonio e suas afinidades literárias Belo Horizonte UFMG 2013 Imara Bemfica Mineiro EXCÊNTRICOS E MODERNOS: o Museo de Macedonio e suas afinidades literárias Tese apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Letras: Estudos Literários da Universidade Federal de Minas Gerais, como requisito parcial à obtenção do grau de Doutor. Área de Concentração: Literatura Comparada. Linha de Pesquisa: Literatura, História e Memória Cultural. Orientadora: Profa. Dra. Graciela Inés Ravetti de Gómez. Belo Horizonte Faculdade de Letras da UFMG 2013 À memória de Renato Rocha Vierno Zanforlin. Agradecimentos Agradeço, com admiração, à professora Graciela Ravetti Inés de Gómez que orientou o trabalho com muita dedicação, pela prontidão em amainar as angústias, pela confiança e atenção carinhosa. Aos professores Walter Costa e Wander Miranda, pelas contribuições no exame de qualificação e na defesa da tese. Ao professor Marcos Alexandre pela leitura cuidadosa da dissertação de mestrado e da tese de doutorado, por incentivar e contribuir com os trabalhos. À professora Gladys Viviana Gelado também pelas contribuições na ocasião da defesa. Ao pessoal da secretaria do Pós-lit, pelo apoio durante esse tempo de doutorado. Ao professor Fernando Moreno, agradeço pela recepção e atenção no CRLA- Archivos de Poitiers, também à Sylvie e ao Fernando Colla, pela simpatia e disposição em ajudar, bem como os demais colegas pesquisadores de Poitiers. À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pela bolsa concedida nos quatro anos de doutorado e pela bolsa sanduíche (PDSE) que possibilitou o estágio de pesquisa no CRLA-Archivos durante o primeiro semestre de 2012. Pela amizade e pelos bons momentos, agradeço especialmente à Mayra Melo, à Carolina Assunção e à Juliana Giosa. Ao Raphael Campos Drumond. Aos companheiros da História, sempre presentes e queridos. Aos colegas do CRLA- Archivos. A todos que fizeram esses quatro anos mais interessantes e divertidos. Ao Lucas, escudeiro fiel e incansável companheiro. Ao meu pai Cadinho e meus irmãos, Aiano e Érico, pelo carinho. Ao Gus, pelas dicas de sobrevivência. À Tia Gi, ao Tio Nando e ao Gu. À minha mãe, por tudo. Ao Nilo querido, que alegra os dias de trabalho e de descanso. “Hoy he traspuesto el umbral de mi biblioteca” Silencio, sí… Mas pronto mis oídos, habituándose a él, percibieron un leve, levísimo rumor, un rumor de trituración menuda casi microscópica, pero implacable. Me di cuenta enseguida lo que estaba ocurriendo. Esos bichitos bibliófilos que ignoro cómo se llaman, esos bichitos que hacen su pan de la bibliotecas abandonadas, se estaban nutriendo con todas las palabras que mil autores habían enmudecido y plasmado en mi estantería para que yo, cada vez que el Demonio me lo incitara, las sacara de su mutismo y las hiciera rehablar a mis oídos. (Juan Emar, Un año) Resumo “Excêntricos e modernos: o Museo de Macedonio e suas afinidades literárias” trata da ambiguidade entre, de um lado, a constatação de uma tendência ao descolamento da obra desse autor e, de outro, o movimento que busca vinculá-la como precursora de diversos “modos de fazer” literários e distintas correntes estéticas. Tem por objetivo identificar a presença de alguma trama que vincule outros escritores latino-americanos e suas obras às concepções presentes no Museo a partir de elementos que se consolidaram no correr da Modernidade. Para isso, inicialmente acompanha momentos dos percursos de escrita, publicação e recepção dessa obra, em seguida apresenta elementos característicos da sua proposta literária que permitem algum vínculo com abordagens teóricas e conceituais, assim como com outras produções literárias difundidas no contexto de sua publicação e, por fim, sugere uma possível rede de afinidades, a partir do diálogo com obras do uruguaio Felisberto Hernández, do chileno Juan Emar e do equatoriano Pablo Palácio, seus contemporâneos. Examina o lugar que o Museo de la Novela de la Eterna ocupa na produção de Macedonio Fernández, o modo como esse romance – tido como radicalmente singular em seu contexto – atravessa o século XX em distintas atualizações e, também, o modo como, na condição de “novela futura”, essa obra é reclamada como precursora por distintas gerações, sem conexão com sua própria época. Como resultado, identifica nesse romance uma dimensão que, ao se aderir a diversas conexões, evidencia o caráter não ortodoxo e multifacetado da obra, o qual se presta a constante atualização; situa o Museo de la Novela de la Eterna em lugar central no conjunto da obra do escritor, na medida em que condensa balizas conceituais que nortearam sua produção intelectual: um corpo fragmentado e ideias que, em movimentos rápidos ou interrompidos, remetem a ele e às relações que o envolvem – personagens, leitores, críticos –, os limites do gênero e noções de obra literária; e evidencia a trama que vincula os escritores convidados para o diálogo e suas obras a partir de pontos de contato que lhes conferem estruturas similares: a desarticulação da função de autoria e a figura de personagens-autores cuja autoridade sobre o texto é minimizada e cujo potencial de contenção se mostra contraditório, na medida em que constroem narrativas fragmentárias e dispersivas. Palavras-chave: Macedonio Fernández; Literatura hispano-americana; Escritores excêntricos; Modernidade. Resumen “Excêntricos e Modernos: o Museo de Macedonio e suas afinidades literárias” discurre sobre la ambigüedad entre la identificación de una tendencia que despega la obra del escritor argentino de su contexto de producción y, a la vez, que reclama para ella un título de precursora de diferentes linajes literarios. Tiene por objetivo reconocer una trama que la vincule a otros escritores y obras, partiendo de sus trayectorias de recepción y de elementos internos a las obras que tienen que ver, entre otras cosas, con la Modernidad. Para eso, inicialmente sigue los caminos de escritura, publicación y recepción de la obra de Macedonio; presenta las características de su propuesta literaria que presentan vínculo con abordajes teóricos y afinidades literarias del periodo de su publicación y, por fin, sugiere una posible trama a partir del diálogo con obras del escritor uruguayo Felisberto Hernández, el chileno Juan Emar y el ecuatoriano Pablo Palacio, todos contemporáneos suyos. Analiza el lugar que el Museo de la Novela de la Eterna ocupa en la producción de Macedonio Fernández y como esa novela – leída como radicalmente singular en su contexto – atraviesa el siglo XX en distintas actualizaciones y, también, como es vista como precursora de diferentes generaciones de escritores latinoamericanos y presentada como “novela futura”. Entre los resultados, identifica en la novela una dimensión que, al adherirse a diversas conexiones, evidencia el carácter no ortodoxo y multifacético de la obra, que se ofrece a la actualización constante. Se sitúa el Museo de la Novela de la Eterna en lugar central en el conjunto de la obra del escritor, condensando balizas conceptuales que nortearon su producción intelectual: un cuerpo fragmentado e ideas que, en movimientos rápidos o interrumpidos, remiten a él y a las relaciones que envuelven personajes, lectores críticos, los límites del género y nociones de obra literaria. Y, por fin, pone en evidencia una trama que vincula los escritores invitados al diálogo y sus obras a partir de puntos de contacto presentes en sus estructuraciones similares: la desarticulación de la función de autoría y la figura de personajes-autores cuya autoridad sobre el texto es minimizada y cuyo potencial de contención se muestra contradictorio en la medida en que se construyen narrativas fragmentadas y dispersivas. Palabras-clave: Macedonio Fernández; Literatura hispanoamericana; Escritores excéntricos; Modernidad. Sumário Introdução 11 Capítulo 1: “He sido lanzado a la literatura”: Macedonio no campo literário 14 1.1 Publicações 14 1.1.1 Entre a criação e a teorização: escolhas estéticas e percurso literário 17 1.1.2 A “novela sin mundo” toma corpo: a publicação do Museo 35 1.2 Recepção 42 1.2.1 Do personagem à obra: humorista, precursor e filósofo 42 1.2.2 Relatos de visitas ao Museo 61 Capítulo 2: Laboratório do romance 72 2.1 Museo de la Novela de la Eterna: Modos de fazer 74 2.1.1 Construção do labirinto: arquitetura porosa e excessiva do Museo 80 2.1.2 Prosa de personagens: advertência da ficção 85 2.1.3 Convite aos leitores: uma pedagogia da leitura 92 2.2 Museo de la Novela de la Eterna: Modos de usar 98 2.2.1 Afinidades teóricas 101 2.2.2 Afinidades literárias 112 Capítulo 3: Escritores excêntricos 125 3.1 Caminhos comuns 137 3.1.1 Resistência à classificação 136 3.1.2 Identidades 142 3.1.3 Ausências e presenças 146 3.1.4 Ressignificação pelo boom 150 3.1.5 Dinâmicas da recepção 156 3.2 Escritores de papel 161 3.2.1 A ficção da biografia 161 3.2.2 Autor como um personagem a mais 165 3.2.3 Escrever a angústia da escrita 168 Capítulo 4: Diálogos possíveis 178 4.1 Diálogos com a Modernidade 179 4.1.1 Tempo, subjetividade e narrativa 179 4.1.2 O avesso dos textos e de seus personagens 194 4.2 Marcas da reflexão 202 4.2.1 Velocidade e Modernização 202 4.2.2 Fragmentarismo 212 4.2.3 Literatura como versão 217 4.2.4 Aberturas 220 Considerações Finais: Excêntricos e modernos 226 Referências 234 Referências de Macedonio 234 Referências Bibliográficas 235 11 Introdução O projeto deste trabalho nasceu de uma questão surgida durante a pesquisa do mestrado, na qual me propus a pensar os textos de Papeles de Recienvenido y Continuación de la Nada a partir de possíveis diálogos com noções próprias à Modernidade. Essa proposta de leitura partia do pressuposto da localização de Macedonio Fernández em determinado contexto no qual a Modernidade se apresentava tanto em um movimento secular que marcou certas concepções epistemológicas ocidentais, quanto nas feições do crescimento exponencial de algumas capitais latino- americanas nas primeiras décadas do século XX, entre as quais Buenos Aires, que terminou instaurando novos termos e valores determinantes das relações sociais.