A CERTIFICAÇÃO LEED EM ESTÁDIOS BRASILEIROS: O LEGADO DA COPA DO MUNDO 2014

LUCCA MENEZES DE OLIVEIRA FEI-SP [email protected]

MARIA TEREZA SARAIVA DE SOUZA FEI/SP [email protected]

RENY APARECIDA GALVÃO FEI-SP [email protected]

THIAGO A. C. DE ALMEIDA AQUINO FEI-SP [email protected]

1

A CERTIFICAÇÃO LEED EM ESTÁDIOS BRASILEIROS: O LEGADO DA COPA DO MUNDO 2014

RESUMO Devido à expansão de eventos esportivos de grande repercussão nos países em desenvolvimento, como a Copa do Mundo no Brasil, tornaram-se cada vez mais recorrentes políticas por uma arquitetura verde, uma vez que estes torneios demandam de grandes obras de infraestrutura que impactam o meio ambiente ao redor das arenas. Este trabalho tem como objetivo analisar as medidas adotadas para a Certificação LEED nos estádios brasileiros que irão sediar a Copa do Mundo FIFA Brasil 2014, por meio da identificação das principais variáveis utilizadas em pesquisas sobre as certificações ambientais, da análise dos critérios do LEED para a certificação dos prédios verdes, e da comparação da implementação da Certificação LEED nos estádios brasileiros. O trabalho consiste na revisão bibliográfica e na pesquisa documental desta temática, apresentando os parâmetros que regulam projetos de estádios de futebol. A FIFA exige que os estádios estejam de acordo com as normativas da certificação ambiental LEED, portanto a pesquisa se deu a partir de registros das soluções de sustentabilidade adotadas pelas arenas. Como resultado da pesquisa observa-se que é possível minimizar e mitigar os impactos ambientais gerados pela construção e reforma dos estádios de futebol que irão sediar os jogos da Copa do Mundo. PALAVRAS-CHAVE: Certificação LEED, Edifícios Verdes, Sustentabilidade Ambiental.

LEED CERTIFICATION IN BRAZILIAN STADIUM: THE LEGACY OF WORLD CUP 2014

ABSTRACT Due the expansion of the sports events of big repercussion on development countries, like the World Cup in , has become more often policies of green building, once this type of tournaments demand big effort in of infrastructure, so ever impacting the environment around the arenas. This project aims to analyze the measures adopted for the LEED certification on the brazilian stadiums that will host the FIFA World Cup Brazil 2014, through the identification of the key variables used in researches about environment certifications, analysis of the criteria of the LEED for the certifications of the green buildings, and compare the LEED certification implementation on the brazilian stadiums. The work consists on the bibliographic review and documentary research of this theme, presenting parameters that regulate projects of soccer arenas. FIFA requires that all the stadiums be in accordance with the normative of the LEED environmental certification, therefore the research occurred from the registration of solutions of sustainability adopted by the arenas. As result of the research observes that is possible minimize and mitigate the environmental impact generated by the construction and refit of the soccer stadiums that will host the World Cup.

KEYWORDS: LEED Certification, Green Buildings, Environmental Sustainability.

2

1 INTRODUÇÃO A expansão de grandes eventos esportivos em países em desenvolvimento, como os Jogos Olímpicos de Verão na China em 2008; a Copa do Mundo FIFA na África do Sul em 2010 e no Brasil em 2014 demandam de grandes obras de infraestrutura no setor da construção civil, consumindo recursos naturais e energéticos, além da geração de muitos resíduos (MASCARENHAS; BIENENSTEIN; SÁNCHEZ, 2011). Especificamente, a construção e a reforma dos estádios exigidos pela FIFA têm um alto nível de exigência, e objetiva a inserção de práticas de sustentabilidade nos projetos para que se alcancem melhores níveis de qualidade e conforto no ambiente construído (PEREIRA, 2013). Para alcançar patamares de qualidade, a FIFA passou a exigir a partir da Copa de 2010 que todos os estádios de Copa do Mundo passassem a ter a certificação ambiental LEED, com o objetivo de trazer aos projetos um viés de sustentabilidade ambiental. A certificação Leadership in Energy and Environmental Design – LEED é um sistema internacional para certificação ambiental de edificações criado no ano 2000 pelo Green Building Council dos EUA – USGBC. Utilizado em 143 países seu principal objetivo é avaliar projetos que foram construídos com estratégias que buscam maximizar o desempenho em áreas de sustentabilidade ambiental. Tem como metodologia avaliar a eficiência ambiental do edifício por meio de documentos que retratam a conformidade aos itens obrigatórios exigidos pela certificação (LEED, 2014). Especificamente nos estádios da Copa do Mundo, foram avaliadas questões como: uso racional da água; eficiência energética; redução, reutilização e reciclagem de materiais e recursos; qualidade dos ambientes internos da edificação; espaço sustentável. O interesse na certificação LEED em construções sustentáveis ainda é incipiente nas publicações internacionais (RIES ET AL., 2006; WOLF, 2007; NOWLIN, 2008, NALEWAIK; VENTERS, 2009; BOWN, 2010; TÓFFANO; JESUS, 2013). No Brasil a maioria dos estudos específicos concentraram-se sobre a construção das arenas esportivas para a realização da Copa 2014 (GUEDES et al. 2011; CESAR e MAZZEI, 2013; MELO, 2013) Diante do exposto, a questão de pesquisa que este trabalho se propõe em responder é: quais as medidas adotadas para a Certificação LEED nos estádios brasileiros que irão sediar a Copa do Mundo de 2014? O objetivo geral desta pesquisa é analisar as medidas adotadas para a certificação LEED nos estádios brasileiros que sediaram a Copa do Mundo de 2014, por meio de revisão bibliográfica e pesquisa documental. Para a consecução do objetivo geral foram estabelecidos os seguintes objetivos específicos: identificar as principais variáveis utilizadas em pesquisas sobre as certificações ambientais; analisar os critérios do LEED para a certificação dos prédios verdes; e comparar a implementação da certificação LEED nos estádios brasileiros. O artigo está dividido em introdução, apresentando uma visão geral sobre o tema a ser abordado, a justificativa, a questão de pesquisa, o objetivo geral e os objetivos específicos. O referencial teórico discorre sobre cos conceitos de rotulagem ambiental e de certificação ambiental LEED. Em seguida, trata-se do método de pesquisa a ser utilizado, apresentando a abordagem metodológica, os instrumentos de coleta de dados e a forma de tratamento e análise dos dados. Na sequência são apresentados os resultados e a análise da pesquisa, com as medidas adotadas pelos estádios de futebol para adequarem aos quesitos da certificação LEED. Por fim, as considerações finais, mostra de forma sucinta o resgate dos objetivos da pesquisa, os principais resultados, a limitação da pesquisa e as recomendações para estudos futuros.

3

2. REFERENCIAL TEÓRICO Esse item discorre sobre o tema certificação ambiental, abordando o conceito de rotulagem ambiental, a certificação ambiental LEED e as pesquisas que estão sendo desenvolvidas sobre o assunto.

2.1 Rotulagem Ambiental Com o propósito de estabelecer as diretrizes entre produtos e consumidores, a ISO – International Organization for Standardization criou a família de normas ISO 14000. Os rótulos ambientais são ferramentas de gestão ambiental que buscam estimular a procura de produtos e serviços com baixos impactos ambientais por meio da disponibilização de informações para compradores ou potenciais compradores, em termos de suas características ambientais gerais, ou de um ou mais aspectos ambientais específicos (NBR ISO 14020, 2002). Muitos países já adotaram de forma espontânea algum mecanismo de rotulagem ambiental, no qual são atribuídos “selos verdes” a produtos que atendam parâmetros de controle ambiental previamente estipulado. Essas iniciativas transformaram-se em mecanismos utilizados para adoção de políticas públicas em favor do desenvolvimento de novos padrões de consumo que envolve condições ambientalmente mais saudáveis, além de alavancarem o avanço na produção industrial (PREUSSLER et al., 2006). As normas relativas à rotulagem ambiental têm finalidade de estabelecer critérios estruturais que sejam válidos tecnicamente nos programas existentes a fim de serem medidos (TO; LEE, 2013). Para Yudelson (2007) edifícios verdes são parte de uma resposta global para aumentar a consciência do papel da atividade humana nas mudanças climáticas, visto que, mais de 40% do dióxido de carbono emitido é gerado por construções. A NBR ISO 14020 estabelece princípios gerais, aplicáveis a todo o tipo de rotulagem ambiental cujo objetivo é assegurar correção técnica, transparência, credibilidade e relevância ambiental. Encontram-se dentre eles: rótulos e declarações ambientais devem ser precisos, verificáveis, relevantes e não enganosos; devem basear-se em metodologia científica para dar suporte às afirmações, e que produza resultados precisos e reproduzíveis; procedimentos e requisitos para rótulos e declarações ambientais não devem ser elaborados com intenção de criar obstáculos ao comércio internacional; informações referentes aos procedimentos e metodologias devem estar disponíveis às partes interessadas sempre que solicitadas; devem considerar todos os aspectos relevantes do ciclo de vida do produto; não devem inibir inovações para o desempenho ambiental; no processo de desenvolvimento de rótulos e declarações ambientais deverá haver consulta às partes interessadas; informações sobre aspectos ambientais dos produtos e serviços devem ser disponibilizadas aos compradores e potenciais compradores junto à parte que faz o rótulo ou declaração ambiental. A rotulagem ambiental estabelece critérios estruturais que sejam válidos tecnicamente nos programas existentes a fim de serem medidos e é composta por três tipos de declarações ambientais – Tipo I– Programas de Selo Verde; rotulagem Tipo II – auto-declarações ambientais e; rotulagem Tipo III – inclui avaliações de ciclo de vida A declaração Tipo I, de acordo com a NBR ISO 14024 (ABNT, 2004) estabelece os princípios e procedimentos para o desenvolvimento de programas de rotulagem ambiental, incluindo a seleção de categorias de produtos, critérios ambientais dos produtos e características funcionais dos produtos, e para avaliar e demonstrar sua conformidade. Relaciona, ainda, os procedimentos de certificação para a concessão do rótulo e compara produtos com outros de mesma categoria. Segundo a NBR ISO 14021 (ABNT, 2004) a rotulagem tipo II especifica os requisitos para auto-declarações ambientais, incluindo textos, símbolos e gráficos, no que se refere aos produtos; descreve termos selecionados usados comumente em declarações ambientais e

4

fornece qualificações para seu uso. Esta mesma norma apresenta uma metodologia de avaliação e verificação geral para auto-declarações ambientais. São reivindicações ambientais que são feitas pelos próprios fabricantes, importadores ou distribuidores para os seus produtos. A rotulagem tipo III, segundo a NBR ISO 14025 (2006), informa sobre dados ambientais de produtos ou serviço, qualificados de acordo com os conjuntos de parâmetros previamente selecionados e baseados na Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) por meio de diagramas que apresentam um conjunto de indicadores ambientais (aquecimento global, depleção de recursos, resíduos, entre outros), acompanhados de uma interpretação da informação. São rótulos concedidos e licenciados por organizações externas independentes.

2.2 A Certificação Ambiental LEED Segundo Fuerst e McAllister (2011) o crescimento do ambientalismo tem levado ao surgimento de abordagens baseadas no mercado na forma de certificações ambientais voluntárias para construção, como exemplo a Green Star, na Austrália; Energy Star, Green Globes e Leadership in Energy Environmental Design – LEED, nos EUA e; Building Research Establishment Environmental Assessment Method – BREEAM no Reino Unido. Os mais utilizados no Brasil são o LEED e o AQUA (LEITE, 2011). A certificação LEED – Leadership in Energy and Environmental Design (LEED, 2014) é um sistema internacional para certificação ambiental de edificações. Desenvolvido em 1998 pelo US Green Building Council – USGBC com o intuito de transformar a indústria da construção mais responsável ambientalmente foi lançada em 2000 como o primeiro sistema para novas construções e grandes reformas a fim de avaliar e classificar o que representava a construção verde (YUDELSON, 2007). Utilizado em 143 países atualmente, este selo é essencial para qualquer edificação que deseja ser reconhecido como referência em sua localidade, em seu projeto ou mesmo para aqueles edifícios que querem oferecer conforto, segurança, alto desempenho para seus usuários. Os benefícios da certificação LEED são econômicos, sociais e ambientais. Dentre os benefícios econômicos destacam-se: a diminuição dos custos operacionais e dos riscos regulatórios; a valorização do imóvel para revenda ou arrendamento; o aumento na velocidade de ocupação e da retenção e; a modernização e menor obsolescência da edificação. Quanto aos benefícios sociais são destacadas: a melhora na segurança e priorização da saúde dos trabalhadores e ocupantes; a inclusão social e aumento do senso de comunidade; a capacitação profissional; a conscientização de trabalhadores e usuários; o aumento da produtividade do funcionário; o incentivo aos fornecedores com maiores responsabilidades socioambientais, entre outros. Os benefícios ambientais são destacados pelo: uso racional e redução da extração de recursos naturais; redução do consumo de água e energia; implantação consciente e ordenada; uso de materiais e tecnologia de baixo impacto ambiental e; redução, tratamento e reuso dos resíduos da construção e operação (LEED, 2014). A certificação LEED possui sete critérios a serem avaliados nas construções, sendo que todos possuem pré-requisitos a serem atendidos para garantir pontos que definirão o nível de certificação. Os pontos podem variar de 40-49 nível certificado, 50-59 nível prata, 60-79 nível ouro, a mais de 80 pontos atingindo o maior nível, o platina (YUDELSON, 2007; GBC BRASIL, 2014). Os critérios avaliados para a certificação LEED estão relacionados aos seguintes tópicos: espaço sustentável; eficiência do uso da água; energia e atmosfera; materiais e recursos; qualidade ambiental interna; inovação e processos; créditos de prioridade regional (LEED, 2014).

5

O espaço sustentável incentiva estratégias que minimizam o impacto no ecossistema durante toda a implantação da edificação e aborda questões indispensáveis de grandes centros urbanos, como diminuição do uso do carro e das ilhas de calor com pontuação máxima de 26 pontos. A eficiência do uso da água incentiva inovações para o uso inteligente da água, com foco na redução do consumo de água potável e opções de tratamento e reuso dos recursos com pontuação máxima de 10 pontos. A energia e atmosfera incentiva à eficiência energética nas edificações através de conceitos simples e inovadores, como por exemplo: simulações energéticas, medições, comissionamento de sistemas e utilização de equipamentos e sistemas eficientes com pontuação máxima de 35 pontos. Os materiais e recursos estimula o uso de materiais de baixo impacto ambiental (reciclados, regionais, recicláveis, de reuso) e reduz a criação de resíduos, além de promover o descarte consciente, reduzindo bastante o volume de resíduos gerados dos aterros sanitários com pontuação máxima de 14 pontos. A qualidade ambiental interna incentiva a qualidade do ar, essencial para ambientes com alta estada de pessoas, preterindo materiais com baixa emissão de compostos orgânicos voláteis, maior controle de sistemas, conforto térmico e priorização de espaços com vista externa e luz natural com pontuação máxima de 15 pontos. A inovação e processos promove a busca de conhecimento sobre Green Buildings, assim como, a criação de práticas e medidas de projetos não descritas nas categorias existentes do LEED com pontuação bônus de seis pontos. Os créditos de prioridade regional promovem os créditos definidos como prioridade regional para cada país, de acordo com as diferenças ambientais, sociais e econômicas existentes em cada local com pontuação bônus de quatro pontos.

2.3 Pesquisas sobre LEED Ries et al. (2006) realizaram um estudo quantitativo sobre construções sustentáveis e verificaram os benefícios econômicos e ambientais como o aumento da eficiência produtiva no trabalho e na saúde humana, assim como, a diminuição dos custos de consumo de energia, operação e manutenção; especificamente. Wolf (2007) apresenta casos de certificação LEED em estádios de futebol nos Estados Unidos, onde realizaram projetos de reuso de água, telhados verdes e um sistema de controle automático que monitora o ar condicionado e o uso e energia. Nowlin (2008) aborda que a certificação LEED implementada em um centro esportivo no Canadá apresentou diminuição dos custos de energia em até 30% devido a substituição do sistema de aquecimento tradicional por soluções de eficiência energética. Nalewaik e Venters (2009) realizaram pesquisas a respeito dos benefícios sociais, econômicos e ambientais das construções verdes com vistas a melhorar a eficiência energética e sustentabilidade. Para os autores, os edifícios verdes podem trazer benefícios tangíveis e intangíveis, tais como redução de custos de recursos e energia. Bown (2010) relata que o ano de 2009 um centro de esportes aquáticos na cidade de Portland, nos Estados Unidos, recebeu a certificação LEED Platinum por realizar uma abordagem integrada de conservação de água e energia. Tóffano e Jesus (2013) abordaram as medidas de sustentabilidade adotadas na concepção do projeto da em prol da divulgação dos benefícios da construção civil verde e da obtenção da primeira certificação de sustentabilidade ambiental para um edifício público local, o selo LEED. Os autores observaram que uma construção deste porte não pode ser 100% sustentável, entretanto, seus impactos ambientais podem ser minimizados.

6

No Brasil, Guedes et al. (2011) fizeram um estudo sobre a utilização das diretrizes de sustentabilidade na construção do estádio do Mineirão e concluíram que a FIFA contribuiu para a realização da “”, ao apontar que as arenas busquem certificações ambientais. Os autores ressaltaram a importância das certificações para a conscientização da população para identificar produtos que apresentem características desejáveis. Cesar e Mazzei (2013) realizaram um estudo por meio de uma pesquisa exploratória e descritiva, com o objetivo de investigar e analisar por meio de uma avaliação pré-evento, as ações de sustentabilidade no projeto e na construção do estádio Arena da Amazônia. Para tanto, verificaram se o estádio de futebol em Manaus atendia às características de uma construção sustentável sob as diretrizes da certificação LEED. Melo (2013) publicou um artigo que analisa a questão dos estádios de futebol brasileiros, entre as Copas do Mundo de 1950 e de 2014, no Brasil, se atentando para diversos fatores na construção de novos estádios, entre eles: o desenvolvimento tecnológico, a sustentabilidade ambiental, a capacidade para absorver múltiplos eventos, a segurança física e patrimonial, entre outros.

2.3.4 Certificação Ambiental LEED em Estádios da Copa do Mundo Os megaeventos, apesar da curta duração, promovem resultados de longo prazo. Para Matheson (2010) os legados de eventos esportivos são amplos e incluem desde melhoramentos nos benefícios educacionais, até no desenvolvimento ambiental, econômico e social do local que organiza o evento. Tais legados podem ser divididos em duas categorias: tangíveis e intangíveis. Os legados tangíveis estão relacionados à infraestrutura construída para atender ao megaevento, tais como, obras viárias e infraestrutura de transportes. Quanto aos legados intangíveis estão relacionados os impactos culturais e sua repercussão sobre os habitantes do lugar onde foi construído (POYNTER, 2006). Os projetos de estádios de futebol evoluíram em todo o mundo, principalmente nos últimos treze anos. Os estádios passaram por perceptíveis mudanças, saindo de locais voltados somente a partidas de futebol para enormes instalações de eventos multiuso, permitindo melhores serviços de transporte, segurança e uma infraestrutura muito mais moderna. Assim como para qualquer edificação certificada pelo selo LEED, os estádios foram rigorosamente avaliados em quesitos que vão desde a eficiência do uso da água dentro dos estádios ao fácil acesso ao transporte público, importante para dias de grandes eventos esportivos ou multiuso, passando por outras centenas de aspectos (MATHESON, 2010). A Copa do Mundo FIFA 2014 no Brasil transformou-se em referência internacional de estádios sustentáveis e dos 12 estádios sede que seguiram as especificações de construção sustentável da certificação ambiental LEED, sete receberam a certificação Leadership in Energy and Environmental Design – LEED. O estádio Fonte Nova, em Salvador, foi o primeiro a receber o Selo Prata e o único a receber o Selo Platinum, categoria máxima na certificação, foi o Estádio Mineirão. A arena de Belo Horizonte, reformada para o evento, cumpriu oito itens considerados pré-requisitos e apresentou inovações sustentáveis que não eram exigidas para conquistar a graduação. Os estádios do Maracanã, no Rio de Janeiro; , em Recife; Arena Amazônia, em Manaus e; Beira Rio, em Porto Alegre também obtiveram a certificação LEED Prata. Estádio Castelão, em Fortaleza, recebeu o LEED Certified.

3 MÉTODO DE PESQUISA Trata-se de uma pesquisa qualitativa descritiva realizada por meio de pesquisa bibliográfica e documental, que buscou dados sobre certificação LEED das obras feitas nos estádios para a realização da Copa do Mundo.

7

Dentre os vários métodos de pesquisa pode-se destacar a pesquisa documental, a qual consiste na utilização de dados secundários. De acordo com Lakatos (2001, p. 43), podemos considerar como pesquisa documental “todos os materiais, ainda não elaborados, escritos ou não, que podem servir como fonte de informação para a pesquisa científica”. A pesquisa documental é considerada uma técnica decisiva para a elaboração de trabalhos em diversas áreas, principalmente nas áreas de pesquisa que vão desde pesquisas em ciências sociais e humanas até pesquisas em áreas contábeis e financeiras. A maior parte das fontes de dados documentais é a base para trabalhos de investigação, e trabalhos que exigem qualquer tipo de investigação, requer que sejam feitas pesquisas documentais. Esses dados foram reunidos das fontes de pesquisa e remodelados de acordo com o objetivo da pesquisa, a fim de comparar a implementação da certificação LEED nos estádios brasileiros.

4 RESULTADOS DA PESQUISA O objetivo desse item é apresentar o resultado da pesquisa, das medidas ambientais implementadas na construção de cada estádio escolhido para sediar os jogos oficiais da Copa do Mundo da FIFA em 2014 e fazer a comparação dessas edificações. 4.1 Caracterização dos Estádios de Futebol pesquisados O Quadro 1 mostra as principais características dos estádios que sediaram a Copa do Mundo em 2014. Cada cidade sede teve que reformar ou construir uma arena de acordo com os padrões da FIFA. Os dados apresentam as datas de inauguração, o início e o término das obras, o valor previsto, o valor final da reforma e a capacidade de torcedores antes e após as obras de modernização. Inaugu- Início da Entrega Valor Previsto Valor Real da Lugar Lugar Estádios ração Obra da Obra da Reforma Reforma Antes Atual Maracanã – RJ 1950 03/2010 06/2013 R$ 932 milhões R$1,05 bilhões 87.101 78.639 Castelão 1973 12/2010 01/2013 R$ 452 milhões R$519 milhões 60.326 64.846 Mané Garrincha 1974 05/2010 05/2013 R$ 745,3 milhões R$ 1,566 bilhões 45.200 71.400 Arena Manaus 1970 03/2010 03/2014 R$ 515 milhões R$ 669,5 milhões 31.000 42.374 Mineirão 1965 01/2011 12/2012 R$ 426 milhões R$ 695 milhões 78.000 62.160 Arena Dunas 1972 08/2011 12/2013 R$ 320 milhões R$ 423 milhões 42.000 42.086 1914 10/2011 05/2014 R$ 184,5 milhões R$ 326,7 milhões 25.000 41.456 Arena Pantanal 1976 04/2010 12/2013 R$ 454 milhões R$ 646,5 milhões 50.000 42.968 Beira-Rio 1969 03/2012 04/2014 R$ 130 milhões R$ 330 milhões 56.000 48.849 Pernambuco 2013 01/2011 04/2013 R$ 491 milhões R$ 532 milhões - 44.248 Arena SP 2014 05/2013 04/2014 R$ 820 milhões R$ 1 bilhão - 69.160 Fonte Nova 1951 08/2010 04/2013 R$ 591,7 milhões R$ 689,4 milhões 60.000 48.747 Quadro 1 – Principais características dos Estádios Fonte: dados da pesquisa O Maracanã é o maior estádio e sede dos jogos da copa, está localizado na cidade do Rio de Janeiro e pertence ao governo do Estado. A inauguração foi em junho de 1950 e em março de 2010 começaram as obras de modernização, concluídas em junho de 2013. O Maracanã tinha capacidade para 87.101 e com a reforma esse número diminuiu para 78.639 lugares. O Estádio tem uma área construída de 240 mil m² e 328 vagas para carros. A previsão inicial de custo estimada para a construção do estádio foi de R$932 milhões, mas o valor final ficou em R$1,05 bilhões, aumento de R$118 milhões (11%), mesmo com a redução de 8462 lugares na reforma. O Estádio Governador Plácido Castelo, mais conhecido como Castelão é situado na cidade de Fortaleza – CE e de propriedade do Estado. O Estádio foi inaugurado em 1973 e as obras de modernização começaram em dezembro de 2010, sendo finalizadas em janeiro de 2013. A capacidade do estádio era de 60326 torcedores e depois da reforma passou para

8

64846 torcedores, uma área construída de 155 mil m² e 1900 vagas para carros. A previsão inicial de custo estimada para a construção do estádio foi de R$452 milhões, mas o valor final ficou em R$ 519 milhões, aumento de R$ 67 milhões (15%) e adicionados 4520 lugares. O Estádio Nacional Mané Garrincha está localizado em Brasília e é propriedade do governo do Distrito Federal. A obra começou em maio de 2010, partes do estádio foram demolidas e reaproveitadas para a nova estrutura, concluída em maio de 2013. O Estádio Nacional tinha capacidade para 45200 torcedores e com as obras sua capacidade aumentou para 71400 torcedores, em uma área construída de 218 mil m² e 8557 vagas para carro. A previsão inicial de custo estimada para a construção do estádio foi de R$ 745,3 milhões, mas o valor final ficou em R$ 1,566 bilhões, sendo o estádio mais caro da Copa do Mundo de 2014, com aumento de R$ 820,7 milhões (52%) no custo final e 26200 lugares a mais. O Estádio Vivaldo Lima, mais conhecido como Arena Amazônia, pertence ao governo do Amazonas e está localizado na cidade de Manaus. A arena foi construída em 1970 e em julho de 2010 começaram as obras de modernização, sendo que a inauguração ocorreu em março de 2014. A Arena tinha capacidade para 31000 torcedores e passou para 42374. O estádio tem uma área construída de 170 mil m² e 400 vagas para carros. A previsão inicial de custo estimada para a construção do estádio foi de R$ 515 milhões, mas o custo final ficou em R$ 669,5 milhões, um aumento de R$ 154,5 milhões (23%), com 11374 novos lugares. O Estádio Governador Magalhães Pinto, o Mineirão, localizado em Belo Horizonte, é de propriedade do governo do Estado de Minas Gerais. A inauguração foi em setembro de 1965, sendo que as obras para a copa do mundo começaram em janeiro de 2011 e a reinauguração oficial foi em dezembro de 2012. Na reforma para a Copa a capacidade do estádio foi reduzida de 78000 torcedores para 62160 torcedores. A área construída é de 209 mil m² e 2.925 vagas para carros. A previsão inicial de custo estimada para a construção do estádio foi de R$ 426 milhões, mas o custo final ficou em R$ 695 milhões, um aumento de R$ 269 milhões (39%) e redução 15840 lugares. O Estádio João Cláudio de Vasconcelos Machado, mais conhecido como “Machadão”, construído em 1972 foi totalmente demolido em 2011 e deu lugar ao Estádio , localizado em Natal. O Estádio pertence ao Governo do Estado do Rio Grande do Norte e foi construído entre agosto de 2011 a dezembro de 2013, com capacidade para 42086 torcedores durante a copa, depois reduzida para 30000 torcedores. A Arena tem uma área construída de 120 mil m² e 2617 vagas para carros. A previsão inicial de custo estimada para a construção do estádio foi de R$ 320 milhões, mas o custo final ficou em R$ 423 milhões, um aumento de R$ 103 milhões (24%), com adição de apenas 86 lugares. O Estádio Joaquim Américo Guimarães, mais conhecido como arena da baixada, está localizado em e pertence ao Clube Atlético Paranaense. O início da construção do estádio foi em 1914, sendo reformado por várias vezes. Suas obras de modernização começaram outubro de 2011 e a inauguração foi em maio de 2014. O projeto da Arena da Baixada teve aumento de sua capacidade de 25000 torcedores para 41456 torcedores no total, esse estádio tem uma área construída de 126 mil m² e 1908 vagas para carro. A previsão inicial de custo estimada para a construção do estádio foi de R$ 184,5 milhões, mas o custo final ficou em R$ 326,7 milhões, um aumento de R$ 142,2 milhões (43%), com 16456 lugares. A Arena Multiuso Governador José Fragelli inaugurado em 1976, a Arena Pantanal é considerada a principal obra para a Copa do Mundo FIFA Brasil 2014 na cidade de Cuiabá e pertence ao governo do Estado de Mato Grosso. A obra iniciou em abril de 2010 e foi concluída em dezembro de 2013. A Arena Pantanal foi construída a partir da demolição do antigo estádio que tinha capacidade para 50000 torcedores e após as obras passou para 42968. A Arena tem uma área construída de 101,4 mil m² e 2831 vagas para carros. A previsão inicial de custo estimada para a construção do estádio foi de R$ 454 milhões, mas o custo

9

final ficou em R$ 646,5 milhões, um aumento para o valor final da reforma de R$ 192,5 milhões (30%), com a retirada de 7032 lugares. O Estádio José Pinheiro Borda, conhecido como Estádio Beira-Rio, está localizado na cidade de Porto Alegre e é de propriedade do Sport Club Internacional. Inaugurado em abril de 1969, teve as obras de modernização iniciadas em março de 2012 e foi reinaugurado oficialmente em abril de 2014. A antiga capacidade era de 56.000 torcedores e após as obras passou para 48849. A Arena tem uma área construída de 171 mil m² e 7.000 vagas para carros. A previsão inicial de custo estimada para a construção do estádio foi de R$ 130 milhões, mas o custo final ficou em R$ 330 milhões, um aumento de R$ 200 milhões (60%) com a retirada de 7.151 lugares do estádio. A Arena Pernambuco também conhecida como Arena Timbu, está localizada em São Lourenço da Mata a 19 quilômetros de Recife e pertence ao governo de Pernambuco. O estádio começou a ser construído em janeiro de 2011 e as obras foram concluídas em abril de 2013. O Estádio foi construído especialmente para a Copa do Mundo e tem capacidade para 44.248 torcedores. A Arena tem uma área construída de 128 mil m² e 4.700 vagas para carros. A previsão inicial de custo estimada para a construção do estádio foi de R$ 491 milhões, mas o valor final ficou em R$ 532 milhões, um aumento de R$ 41 milhões (7%). As obras da Arena São Paulo começaram em maio de 2013 e foram finalizadas em abril de 2014. O Estádio pertence ao Sport Club Corinthians Paulista e Odebrecht. O Estádio da Abertura da Copa do Mundo FIFA 2014 foi construído especialmente para o evento e conta com uma capacidade para 69160 torcedores durante e a Copa, depois alguns acentos serão retirados. O Estádio tem uma área construída de 289 mil m² e 3.500 vagas para carros. A previsão inicial de custo estimada para a construção do estádio foi de R$ 820 milhões, mas o valor final ficou em R$ 1 Bilhão, um aumento de R$ 180 milhões (18%). O Estádio Octávio Mangabeira, mais conhecido como Fonte Nova, está localizado na cidade de Salvador e pertence a construtora OAS/Odebrecht e ao Governo da Bahia foi inaugurado em dezembro de 1951. Em agosto de 2010 começaram as obras para a copa do mundo que ficaram prontas em abril de 2013. A Arena antes das obras tinha uma capacidade para 60000 torcedores e passou a ter capacidade para 48747 torcedores, tem uma área construída de 126,5 mil m² e 1978 vagas para carros. A previsão inicial de custo estimada para a construção do estádio foi de R$ 591,7 milhões, mas o valor final ficou em R$ 689,4 milhões, um aumento de R$ 97,7 milhões (14%) e com redução de 11253 lugares.

4.2 A certificação ambiental dos estádios de futebol brasileiros Os estádios foram construídos ou reformados entre 2010 e 2014 seguindo os princípios da certificação Leadership in Energy and Environmental Design (LEED). Para conseguir esse selo foram avaliadas questões como: uso racional da água; eficiência energética; redução, reutilização e reciclagem de materiais e recursos; qualidade dos ambientes internos da edificação. O arquiteto David Douek, diretor da OTEC, a consultoria de projeto e a obra para a obtenção da certificação ambiental LEED ressalta: “Quando você compara estádios com outros edifícios, como fábricas, prédios comerciais, normalmente o acesso à grande massa é restrito porque 99% deles são de origem privada. Quando a gente fala de estádio, temos uma incrível oportunidade de mostrar à população, sobre os benefícios de pensar a sua casa ou o seu prédio de uma forma mais sustentável, principalmente quanto à redução da utilização de recursos naturais” (DOUEK, 2014) As arenas foram construídas com soluções e tecnologias que garantem o uso racional de recursos naturais Quanto às medidas de mitigação de consumo de água e energia e a mitigação de emissão de poluentes na atmosfera todos os estádios apresentaram efetiva redução de consumo nesses quesitos, como mostra o Quadro 1.

10

Estádios Água Energia Ar Maracanã Sistema de coleta e distribuição de Sistema automatizado e luzes de Sistema de ar-condicionado água da chuva para reuso em baixo consumo. de última geração. banheiros, irrigação etc. Castelão Descargas de duplo acionamento Sistema automatizado dos aparelhos Proteção dos dutos de ar. (três e seis litros). Torneiras de elétricos e aparelhos com alta Lixeira com aspirador. fechamento automático. Sistema eficiência e maior vida útil. Materiais de baixa emissão. de esgoto a vácuo. Mané A água da chuva será captada pela Energia solar, através da instalação Cobertura do estádio é feita Garrincha cobertura e pelo piso permeável de placas fotovoltaicas no anel de para ajudar na regulagem de em volta do estádio. O sistema tem compressão, grandes aros em temperatura do estádio capacidade para 6,84 milhões de concreto com um quilometro de refletindo as luzes do sol. O litros de água. circunferência que sustenta a material da cobertura cobertura. decompõe a sujeira e tirar gases poluentes da atmosfera. Reflete a luz solar assim com menos necessidade de outro tipo de ventilação artificial Arena Sistema que armazena água da Os equipamentos de iluminação têm Os equipamentos de Manaus chuva, que é reutilizada nos alto desempenho e baixo consumo climatização têm alto banheiros e irrigação do gramado, de energia elétrica. Geração de desempenho e baixo reduzindo o uso de água potável. energia através da luz solar. consumo de energia. Mineirão Usa um reservatório de Tem 6.000 painéis (fotovoltaicos) de N/C aproximadamente 6 mil metros captação de luz solar para a geração cúbicos, que capta água da chuva e de energia elétrica, que garante uma utiliza nos banheiros, na irrigação iluminação de qualidade e de baixo do gramado, jardins e limpeza consumo de energia. externa. Arena A água é tratada e reutilizada no N/C A cobertura do estádio Dunas gramado e nos sanitários. São permite maior ventilação nove reservatórios, com volume de interna de ar diminuindo o três mil m³. calor. Arena da Tem um sistema de captação e Sistema automatizado de controle de A construção tem proteção Baixada tratamento de água da chuva energia. contra o sol e uma implantado na sua cobertura. ventilação natural, que reduz todo o calor interno. Arena N/C N/C Entradas de ar entre as Pantanal arquibancadas reduz o uso de ar condicionado durante os jogos. Beira-Rio Sistema de captação e armazenada Geradores alimentados por energia N/C nas bacias do estádio. solar. Pernam- Há a captação de água da chuva e Tem uma usina de energia solar Construção que permite uma buco uma estação de tratamento de localizada junto a área do estádio, melhor circulação de ar. esgoto próprio. que capta a luz emitida pelo sol e a convertem em energia elétrica que alimenta o estádio. Arena SP N/C N/C N/C Fonte Cobertura que capta água da chuva Equipamentos elétricos e lâmpadas Arquitetura foi feita para Nova para reuso nos banheiros e na de alta eficiência. maior e melhor circulação irrigação do campo. de ar. Quadro 1 – Medidas ambientais adotadas nos Estádios a) Medidas de redução de consumo de energia Em todos os estádios a iluminação foi feita por lâmpada de LED de alta eficiência, que iluminam mais, tem maior durabilidade e baixo consumo de energia. O sistema de ar-

11

condicionado dos estádios foram de última geração. O Estádio Castelão tanto as lâmpadas como os sistemas de ventilação desligam automaticamente em algumas partes do estádio. Todas as arenas instalaram painéis fotovoltaicos na cobertura que captam a luz emitida pelo sol e a convertem em energia elétrica que alimenta o estádio, com iluminação de qualidade e baixo consumo. O Estádio do Mineirão tem 6000 painéis fotovoltaicos. Na Arena de São Paulo as células fotovoltaicas estão incorporadas à fachada em pele de vidro no setor oeste. O Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha utiliza energia solar de placas fotovoltaicas no anel de compressão, grandes aros em concreto com um quilometro de circunferência que sustenta a cobertura. As 9,6 mil placas têm capacidade para gerar 2,5 megawatts de energia por hora, o que corresponde ao abastecimento de quase duas mil residências por dia. A Arena Pernambuco tem uma usina de energia solar localizada junto a área do estádio com 3652 painéis solares fotovoltaicos, o suficiente para alimentar cerca de seis mil habitantes. Quando o estádio não está em operação, a energia restante é direcionada para o sistema de energia da cidade. A cobertura dos estádios permite a entrada de luz solar que também é refletida para o campo e proporciona uma iluminação natural. Além disso, a arquitetura das arenas possibilita entrada e circulação interna de ar que reduzem o calor interno e o uso de ar condicionado durante os jogos. A estrutura da Arena Pantanal permite a entrada de ar entre os pórticos, formados por estruturas metálicas internas das arquibancadas. Na Arena Ponte Nova a cobertura tem Politetrafluoretileno (PTFE), material que absorve o calor e reflete a luz do sol para o estádio, e o ar condicionado utiliza gás não clorado o que reduz a quase zero o impacto na camada de ozônio. No Estádio Arena das Dunas tanto a cobertura como a fachada é revestida de aço, 20% composta por policarbonato que proporciona sombra e reduz a insolação no campo de jogo. Na Arena da Baixada a construção da cobertura também foi feita com painéis de policarbonato para reduzir o aquecimento do estádio, com proteção contra a luz solar e uma ventilação natural. Esse material é leve e resistente a mudança de tempo, melhora a iluminação usando mais a luz do sol. Além disso, as coberturas e o piso dos estádios são claros para evitar o calor. Os estádios foram construídos para evitar desperdício e consumir o mínimo de energia elétrica, os equipamentos de climatização têm alto desempenho e baixo consumo de energia elétrica. Todos os sistemas de água, energia elétrica, de climatização e de ventilação são automatizados.Na Arena da Baixada o sistema de climatização reduz em 30% o consumo, quando comparado aos sistemas tradicionais. O Estádio Beira-Rio tem um sistema elétrico que utiliza cargas de 2% até 100%, com ajuda de geradores alimentados por energia solar. O Estádio do Maracanã trabalha com um sistema que automatiza os elevadores, escadas rolantes, ventilação e iluminação. O sistema de ar-condicionado também trabalha com baixo gasto energético e eficiência de ventilação. A Arena de São Paulo e Amazônia possuem também um sistema automatizado que controla e otimiza todas as fontes de energia do estádio. b) Medidas de redução de consumo de água As reformas e os novos estádios tornaram o consumo de água mais eficiente por meio de um sistema de captação e tratamento da água de chuva implantado na cobertura. Essa água é posteriormente reutilizada nos banheiro, na irrigação do gramado e jardins, na limpeza de áreas externas e na lavagem das arquibancadas. Os equipamentos dos banheiros automatizados e baixo consumo com descargas de duplo acionamento, de 3 e 6 litros, e torneiras de fechamento automático, economizando o máximo o uso de água potável. O Estádio Castelão reduziu a água potável em 67,61% e possui um sistema de esgoto a vácuo para redução do volume gerado. No Estádio Mineirão foi feito um reservatório de aproximadamente seis mil metros cúbicos para captar água da chuva. No Estádio Nacional de Brasília o reaproveitamento de água é realizado por meio de um sistema que armazena água

12

da chuva em cinco cisternas no interior do estádio e um lago de retenção no entorno, na área mais baixa do terreno. A água da chuva é captada pela cobertura e pelo piso permeável em volta do estádio. O sistema tem capacidade para 6,84 milhões de litros de água, que representa 80% da demanda do estádio e equivale a encher duas piscinas olímpicas e duas semiolímpicas. No Estádio Arena das Dunas a cobertura do estádio tem calhas que captam água da chuva para reuso. No meio da estrutura, há calhas que coletam a água e a levam para reservatórios abaixo das arquibancadas. A água é tratada e reutilizada. São nove reservatórios, com volume de três mil m³. A cobertura do Maracanã capta água de chuva, diminuindo muito a utilização de água potável. No Estádio Arena Pernambuco, há a captação de água da chuva e uma estação de tratamento de esgoto próprio. Essas medidas tornaram alguns estádios autossustentáveis em relação ao consumo de água, como a Arena da Baixada. Algumas arenas têm a cobertura inovadora de alta tecnologia, com uma membrana feita de politetrafluoretileno que absorve pouquíssima água, reduz o calor e é autolimpante, como o Estádio Beira-Rio e o Estádio Nacional de Brasília. O Estádio de Brasília a cobertura é composta por uma estrutura tensionada com cabos e treliças metálicas revestidas por uma membrana que também cobre todos os assentos do estádio. A membrana de 90 mil m² é autolimpante e revestida de PTFE (politetrafluoretileno) com TiO2 (dióxido de titânio) – uma combinação de fibra de vidro (material base) revestido de PTFE com propriedades fotocatalíticas. Isso permite que, quando a membrana entra em contado com o sol ocorre uma decomposição da sujeira, que reduz o consumo de água na limpeza. c) Medidas para melhoria da qualidade do ar Quanto a qualidade do ar, no Estádio Castelão foi proibido o fumo nas áreas internas e externas, os fumantes devem manter uma distância mínima de oito metros de todas as entradas de ar dos edifícios. O sistema de condicionamento de ar não utiliza gases refrigerantes à base de CFC (clorofluorcarbono), responsáveis pela destruição da camada de ozônio. A proteção dos dutos de ar para evitar acumular poeira no ambiente, lixeiras com aspirador, circulação de ar nos ambientes fechados, uso de materiais de baixa emissão de compostos voláteis, controle de iluminação e temperatura. Na Arena Pantanal a qualidade do ar tem monitoramento constantemente, assim como a do solo. Usaram caminhões pipa para molhar a terra da construção para redução do levantamento de poeira. O Quadro 2 apresenta o destino dos resíduos da construção no período na obra ou durante a reforma dos estádios. Os resíduos, entulhos e madeira, passaram por um processo de reciclagem e foram reaproveitados na própria obra.

Estádios Destino do Entulho Destino da Madeira Destino da Terra Parte do entulho foi reciclado e Transformada em tijolos Maracanã N/C reutilizado na obra. e telhas. Castelão Reciclado e reutilizado N/C N/C Mané Separados e destinados para Destinado a reciclagem nos N/C Garrincha reciclagem eco pontos. Cerca de 75% das matérias da Arena obra foram reciclados e Idem Controle de erosão. Manaus reaproveitados Foram reutilizados nas obras e em Doada para artesãos nas Retirada e reutilizada em Mineirão pavimentação de ruas. proximidades da Arena. outras obras. 90% de tudo que foi gerado foi reciclado. 99% do material do Arena Dunas Reciclado N/C antigo estádio foi usado na reconstrução. Arena da N/C N/C N/C Baixada Arena Resíduos e entulhos passaram por Arvores da região foram N/C

13

Pantanal um processo de reciclagem e retiradas. foram reaproveitados na própria obra. Beira-Rio N/C N/C N/C Reciclagem e reutilização na Pernambuco Reciclagem e reutilização na obra. N/C obra. Arena SP N/C N/C N/C Controle da terra para Fonte Nova Reciclagem. Reciclagem. não contaminação dos cursos d´água. Quadro 2 – Medidas ambientais durante as obras dos Estádios Fonte: Elaborado pelos autores. Houve um processo de controle da terra para que não contaminasse os cursos de água. Quanto ao consumo de recursos naturais os estádios tomaram medidas para reduzir o consumo de água e energia e mitigar a poluição atmosférica d) Plantio e recuperação de vegetação Os estádios utilizaram nas edificações madeiras de fornecedores licenciados (Estádio Nacional) ou certificadas com o selo FSC (Conselho de manejo Florestal), a missão da FSC é garantir a origem da madeira com bom manejo de florestas brasileiras seguindo princípios e critérios que preservem as matas e traga benefícios sociais e econômicos. No Estádio Castelão No Estádio Mineirão a madeira gerada pelo desmatamento da área ao redor do estádio foi doada para artesãos próximos ao estádio que ganharam matéria prima certificada. Na construção do Estádio Nacional foram plantadas cinco mil árvores no Distrito Federal para compensar o impacto da obra na região, seguindo normas ambientais. Além disso, o projeto de paisagismo da Arena Pantanal engloba uma área verde, que são os pontos localizados entre as arquibancadas, em toda sua área externa e a cobertura verde. Em julho de 2013, foi finalizado o plantio de mudas em uma área de 18600 m² ao redor estádio. Ao todo 2080 mudas nativas da região foram plantadas para compensar as 232 árvores que foram retiradas na obra. No Estádio Beira-Rio foi utilizado mais concreto e menos madeira nas arquibancadas. e) Gestão de resíduos sólidos Os estádios tomaram medidas para diminuir o uso de matérias e gerar menos resíduo. No Estádio Castelão foram construídas centrais de resíduos para o armazenamento para separação, reutilização e reciclagem de materiais, incluindo papel, plástico, vidro e metal. O concreto reciclado foi usado na construção da base do estacionamento do local. No Estádio Nacional de Brasília foram instalados eco pontos pela obra, para a coleta e separação pelos operários de todos os resíduos sólidos e entulhos gerados na construção do estádio. Na construção do Estádio Arena das Dunas, a maioria (90%) de todos os resíduos sólidos gerados na obra foram reciclados, desse total 99% de demolição foi reutilizado na reconstrução do novo estádio e toda a madeira foi reciclada. Houve também um processo separação e seleção de matérias junto com catadores para reciclagem. Na Arena Pernambuco parte dos resíduos sólidos foi reutilizada na obra e a outra reciclada por terceiros na coleta seletiva. Na construção da todo o material foi reciclado. No Estádio Mineirão a terra retirada do local na construção foi reutilizada em outras obras. O Maracanã teve 75% dos resíduos e entulhos oriundos da demolição inicial da obra reutilizados na nova construção e em outras obras públicas. O concreto, mais de 50 mil m³, de foi reutilizado na obra do estádio e outras obras públicas, parte desse concreto também foi usado nas trincheiras do estádio. Os vergalhões, o metal da estrutura, foram encaminhados para reciclagem. Os assentos foram reutilizados em outros estádios. Foi usado material com baixa emissão de carbono, cimento e aço reciclados, e a lama que foi gerada na perfuração do solo foi transformada em tijolos e telhas ou reutilizadas em outras obras.

14

Na Arena Pantanal os resíduos e entulhos passam por um processo de reciclagem e reaproveitamento na própria obra e em suas vias de acesso. No Estádio Mineirão, o concreto da demolição, por exemplo, foi usado para na pavimentação das ruas reformadas ao redor do estádio e também na construção da arena e a terra foi para outras obras públicas. Houve ainda a coleta seletiva de lixo e armazenamento de resíduos sólidos durante a obra. Arena da Amazônia reaproveitando cerca de 75% dos materiais removidos e demolidos do antigo Estádio Vivaldo Lima e os assentos foram reutilizados. A Arena Fonte Nova reutilizaram 100% do concreto da antiga construção para o novo estádio. Em todas as fases de construção da arena do começo ao fim foram adotadas medidas ambientais visando obter o selo de certificação LEED. As medidas adotadas foram: prevenção a poluição causada pela própria construção; proteção das bocas de lobo para evitar que os resíduos bloqueiem os tubos da rede de escoamento de água; foram feitas bacias de decantação para reter a água da chuva por um período maior, podendo também separar da água outros compostos; na saída do estádio há um lava rodas, que limpa a roda dos caminhões das obras para não sujarem as ruas. Na construção dos estádios foi dada preferência o uso de materiais de baixo impacto ambiental. No Estádio Mineirão as tintas usadas na pintura das paredes foram à base de água, Na busca para obtenção do selo LEED as arenas seguiram rigorosos quesitos, entre eles: o controle de erosão, sedimentos e poluição do solo durante a obra. Na Arena Fonte Nova em toda a construção foram tomadas medidas e ações de controle de sedimentos levados pelas águas, evitando a contaminação dos cursos d´água. Os estádios instalaram ainda um sistema de lava-rodas dos caminhões com água reutilizada, para deixar as rodas limpas e não levarem sujeira de dentro da obra para as ruas ao redor da construção. Estádio do Maracanã tomou medida de proteção de bueiros, trincheira drenante, proteção e identificação das árvores, paisagismo com solo do antigo gramado, retenção de sedimentos dentro da obra. As entradas e saídas dos estádios foram projetadas para que se tenha mais facilidade de acesso aos veículos de transporte público e vagas com prioridade para carros eficientes. O Estádio Arena Pernambuco está localizado próximo ao terminal de ônibus e do aeroporto, que facilita o transporte e diminui a emissão de gases. No Castelão há vagas preferenciais para prática da carona solidária, vagas preferenciais para veículos de baixa emissão de poluentes, bicicletário.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS O objetivo geral desta pesquisa foi analisar as medidas adotadas para a certificação LEED nos estádios brasileiros que sediaram a Copa do Mundo de 2014, por meio de revisão bibliográfica e pesquisa documental. O resultado do estudo mostra que de maneira geral houve economia de recursos naturais durante a construção e redução de consumo de água, luz, media. A maioria dos estádios foi reformada para a Copa do Mundo e está localizada nas principais capitais. De maneira geral, eles também tiveram valores de previsão e valores finais de reforma em um mesmo patamar. Dois estádios tiveram um custo mais elevado tanto na previsão quanto em seu valor real. O Maracanã, o maior estádio e palco do final do mundial, e o Estádio Nacional Mané Garrincha, foram os dois que receberam os maiores investimentos. O Estádio Mané Garrincha recebeu mais investimentos em sustentabilidade, tanto que tem o selo prata da certificação LEED, e na escala da certificação atingiu mais pontos. O investimento também reflete na capacidade de cada estádio, ficaram com custo mais elevado as arenas com mais lugares e, os demais tiveram investimentos muito semelhantes. O aumento no orçamento das obras deve-se à falta de planejamento dos responsáveis e a muitos contratempos, greves, acidentes ocorridos durante o período que os estádios estavam

15

sendo reformados. Todos os estádios ultrapassaram os prazos estabelecidos pelo Comitê Organizacional do Evento e superaram a previsão orçamentária inicial. Todos os estádios de alguma maneira fizeram controle e captação de resíduos sólidos da obra, esses resíduos foram reciclados e grande parte reutilizados nas construções. Alguns dos entulhos depois de reciclados foram usados para outras obras nas cidades, contribuindo para não acumular resíduos de construção. O controle da água teve como propósito não contaminar as proximidades dos estádios e o lençol freático. A água captada da chuva foi tratada e reutilizada conforme a necessidade, diminuindo o uso de água potável. Perante o exposto, recomenda-se para estudos futuros, entrevistas com os responsáveis pelas obras de construção e reforma dos estádios para obtenção de dados mais aprofundado sobre as medidas implementadas para a certificação LEED.

REFERÊNCIAS BORIAL, O. Managing with ISO Systemn: Lessons Praticde. Long Range Planning, v. 44, p. 197-220, 2011. BROWN, N. Locker contents. Athletic Business, October, p. 45-50, 2010 CERTIFICAÇÃO INTERNACIONAL LEED. Certificação LEED. Disponível em: . Acesso em: 20 fev. 2014. FIFA. Stadiums. Disponível em: . Acesso em: 01 abr. 2014. FIFA. Sustentabilidade. Disponível em: . Acesso em: 28 abr. 2014. FSC. Certificação. Disponível em: . Acesso em: 17 mai. 2014. FUERST, F.; MCALLISTER, P. Green noise or green value? Measuring the effects of environmental certification on office values. Real Estate Economics, v.39, n.1, p.45-69, 2011. GUEDES, A. F.; VELOSO, A. C. DE O.; MORENO, A. C.; MATTOS, M. C.; DE SOUZA, R. V. G. Copa 2014 - O Estádio do Mineirão e Diretrizes de Sustentabilidade na Primeira Copa Verde do Mundo. Programa de Pós-Graduação em Ambiente Construído e Patrimônio Sustentável, Escola de Arquitetura, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte–MG, 2011. MASCARENHAS, G.; BIENENSTEIN, G.; SÁNCHEZ, F. O Jogo Continua: Megaeventos Esportivos e Cidades. Rio de Janeiro: EdUERJ. 2011. MELLO, E. de C. O estádio de futebol e sua percepção inovadora. Revista USP, n. 99, 2013. NALEWAIK, A.; VENTERS, V. Cost benefits of building green. Cost Engineering. v. 51, p. 28–34, 2009. NOWLIN, T. Go green: Recreation centers strive to become certified “green.” Parks & Recreation, March, p.58-63, 2008. PEREIRA, R. P. T. Sustentabilidade em estádios de futebol: o caso da Arena Pantanal em Cuiabá-MT. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Edificações e Ambiental) – Faculdade de Arquitetura, Engenharia e Tecnologia, Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá. 2013 POYNTER, G. From Beijing to Bow Bells: Measuring the Olympic Effects (London East Research Institute. Working paper in Urban Studies). Londres: London East University, 2006. PREUSSLER, Maria F.; MORAES, José A. R.; VAZ, Marquion; LUZ, Eduardo; NARA, Elpidio O. B. Rotulagem Ambiental: Um Estudo Sobre a NBR 14020. In: Anais..XIII SIMPEP. Bauru, SP, Brasil, 2006.

16

RIES, R.; BILEC, M. M.; GOKHAN, K. L. Needy. The economic benefits of greenbuildings: a comprehensive case study. The Engineering Economist. v.51 n.3, p.259–295, 2006. SCHIMMEL, K. S. Deep Play: sports mega-events and urban social conditions in the USA. In: HORNE, J; MANZENREITER, W. (Ed.) Sports Mega-Events: Social Scientific Analyses of a Global Phenomenon. (Special Issue: The Sociological Review, 2006. TÓFFANO, R.; JESUS, J. M. H. Copa 2014 - diretrizes de sustentabilidade na concepção do projeto do novo verdão, a Arena Pantanal, em Cuiabá-MT. Revista Habitat Sustentable. v.3, n.2, p. 35-44, 2013 TO, W. M.; LEE, P. K. Diffusion of ISO 14001 environmental management system: global, regional and country-level analyses. Journal of Cleaner Production, v. 66, p. 489-498, 2013. WIENGARTENA, F.; PAGELL, M.; FYNES, B. ISO 14000 certification and investments in environmental supply chain management practices: identifying differences in motivation and adoption levels between Western European and North American companies. Journal of a Cleaner Production, v.56, p. 18-28, 2013. WOLFF, A. Going, going green, as global warming changes the planet, it is changing the sports world: To counter the looming environmental crisis, surprising and innovative ideas are already helping sports adapt. Sports Illustrated, March, n.11, 2007. YUDELSON, J. Green building A to Z: understanding the language of green building. Gabriola Island: New Society Publishers, 2007.