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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO-OESTE SETOR DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E AMBIENTAIS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA EVOLUTIVA Associação ampla entre a UEPG e a UNICENTRO

LETICIA DE MATTOS

ESTRUTURA FLORAL EM ESPÉCIES DE COM DIFERENTES SÍNDROMES DE POLINIZAÇÃO

GUARAPUAVA 2017 LETICIA DE MATTOS

ESTRUTURA FLORAL EM ESPÉCIES DE PASSIFLORA COM DIFERENTES SÍNDROMES DE POLINIZAÇÃO

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa

de Pós-Graduação em Biologia Evolutiva na

Universidade Estadual do Centro-Oeste em

associação com a Universidade Estadual de Ponta

Grossa, como parte dos requisitos para obtenção do

título de mestre em Ciências Biológicas (Área de

concentração em Biologia Evolutiva).

Orientador: Prof. Dr. Adriano Silvério.

GUARAPUAVA 2017

Catalogação na Publicação Biblioteca Central da Unicentro, Campus Cedeteg

Mattos, Leticia de M444e Estrutura floral em espécies de Passiflora com diferentes síndromes de polinização / Leticia de Mattos. – – Guarapuava, 2017 xiii, 61 f. : il. ; 28 cm

Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual do Centro-Oeste, em associação com a Universidade Estadual de Ponta Grossa, Programa de Pós-Graduação em Biologia Evolutiva, área de concentração em Biologia Evolutiva, 2017

Orientador: Adriano Silvério Banca examinadora: Adriano Silvério, Luiz Antônio de Souza, André Luiz Gaglioti

Bibliografia

1. Ciências biológicas. 2. Anatomia floral. 3.concentração de açúcares . 4.Recompensa floral . 5. Nectário. 6. . 7. Maracujá. I. Título. II. Programa de Pós-Graduação em Biologia Evolutiva.

CDD 583.456

Dedico esse trabalho aos meus pais, que são exemplos de luta, dedicação e otimismo, a minha irmã e o meu marido por todo o incentivo. AGRADECIMENTOS Primeiramente agradeço a Deus pela vida, saúde e perseverança concedida a mim.

Aos meu pais Mauri e Ivete, a minha irmã Luana ao meu marido Álvaro que são meus alicerces, que com todo o amor carinho e dedicação sempre me incentivaram, me apoiaram e me ajudaram em tudo, principalmente emocionalmente.

Agradeço ao meu orientador, professor Dr. Adriano, pela confiança, oportunidade, amizade e pela orientação na realização desse trabalho.

Aos meus amigos e companheiros de mestrado, Lari, Cami, Gi, Maíra, Daia,

Rick, Jesus, Mi, Tay, Jo e Claúdia, agradeço pela alegria que me proporcionaram neste tempo de convivência tornando esta fase mais descontraída.

Aos meus colegas do Laboratório de Botânica Estrutural, Le, Laura, Elo,

Jhonnatan, Jaiana, Cris e Daiane, pelo trabalho, colaboração e companheirismo, tornando os dias menos exaustivos.

Agradeço aos professores Dr. André, Dr. Paulo e Dr. Sergio pela oportunidade de continuar meus estudos.

Agradeço ao Programa de Pós Graduação em Biologia Evolutiva pela oportunidade e a CAPES pelo aporte financeiro.

Enfim, faço aqui um agradecimento geral para todos que contribuíram direta ou indiretamente para a minha formação. “Talvez não tenha conseguido fazer o melhor, mas lutei para que o melhor fosse feito. Não sou o que deveria ser, mas Graças a Deus, não sou o que era antes.”

Marthin Luther King

RESUMO Leticia de Mattos. Estrutura floral em espécies de Passiflora com diferentes síndromes de polinização. Passifloraceae Juss. ex Roussel é uma família de angiospermas com distribuição tropical e subtropical, sua reprodução pode envolver tanto sistema auto-compatíveis como auto-incompatíveis, também há casos em que pode ocorrer ambos na mesma espécie. O comportamento dos polinizadores pode ser influenciado pelas características químicas e morfológicas das flores. Dentre as recompensas ao polinizador está o néctar. Este estudo objetivou analisar a anatomia do tubo do cálice de diferentes espécies de Passiflora L., relacionando com a síndrome de polinização. Em campo foi medido a concentração de açúcares no néctar com refratômetro de bolso. Os estudos anatômicos foram realizados com amostras já fixadas, submetidas em meio de inclusão em resina plástica, seccionadas em micrótomo de rotação e analisadas em microscópio de campo claro. As concentrações de açúcar no néctar apresentaram variação de acordo com o horário de coleta. A análise anatômica evidenciou a presença de idioblastos contendo oxalato de cálcio e células com compostos fenólicos. A exsudação do néctar ocorre pela própria epiderme em Passiflora tholozanii Sacco, P. guazumifolia Juss., P. suberosa L., por meio de estômatos modificados e pela própria epiderme em P. villosa Vell., P. tenuifila L., P. caerulea L., P. actinia Hooker, P. galbana Masters, P. amethystina Mikan, por meio de papilas em P. mixta L., P. tripartita var. mollissima (Kunth) Holm- Niels. & P. Jorg., P. tarminiana Coppens & V.E. Barney. O amido esteve presente por todo o tecido secretor, antes de iniciar a secreção encontrava-se próximo aos vasos condutores. Os compostos fenólicos produzidos atuem na defesa contra a herbivoria e surrupiadores de néctar. A anatomia demonstrou que plantas com mesma síndrome de polinização apresentam característica anatômicas semelhantes.

PALAVRAS–CHAVE: Anatomia floral, Concentração de açúcares, Recompensa floral, Nectário, Passifloraceae, Maracujá.

ABSTRACT Leticia de Mattos. Floral structure in Passiflora with different pollination syndromes. Passifloraceae Juss. Ex Roussel is a angiosperms family with tropical and subtropical distribution, their reproduction may involve both self-compatible and self-incompatible systems, there are also cases where both may occur in the same species. The behavior of the pollinators can be influenced by the chemical and morphological characteristics of the . Among the rewards to the pollinator is nectar. This study aimed to analyze the anatomy of the tube of different species of Passiflora L., related to the pollination syndrome. The concentration of sugars in nectar was measured in field with a refractometer. The anatomical studies were performed with samples already fixed, submitted in plastic resin inclusion medium, sectioned in a rotating microtome and analyzed under a light field microscope. The concentrations of sugar in the nectar presented variation according to the collection schedule. The anatomical analysis evidenced the presence of idioblasts containing calcium oxalate and cells with phenolic compounds. The exudation of nectar occurs by the epidermis itself in Passiflora tholozanii Sacco, P. guazumifolia Juss., P. suberosa L., by modified stomata and by the epidermis itself in P. villosa Vell., P. tenuifila L., P. caerulea L., P. actinia Hooker, P. galbana Masters, P. amethystina Mikan. By means of papillae in P. mixta L., P. tripartita var. mollissima (Kunth) Holm-Niels. & P. Jorg., P. tarminiana Coppens & V.E. Barney. The starch was present throughout the secretory tissue, before initiating the secretion was near the conducting vessels. The phenolic compounds produced act in the defense against herbivory and nectar scavengers. The anatomy evidenced that with the same pollination syndrome have similar anatomical characteristics.

KEY WORDS: Floral anatomy, Concentration of sugars, Floral reward, Nectary, Passifloraceae, Passion fruit.

SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO...... 1 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...... 2 2.1 .A Família...... 2 2.2. Histórico...... 3 2.3. Descrição Morfológica...... 3 2.4. Os subgêneros de Passiflora...... 4 2.5. Importância econômica do gênero...... 10 2.6. Polinização e recursos florais em Passiflora...... 10 3. OBJETIVOS...... 13 3.1. Objetivo geral...... 13 3.2. Objetivos específicos...... 13 4. MATERIAIS E MÉTODOS...... 14 4.1. Material vegetal...... 14 4.2. Concentração de açúcares no néctar...... 15 4.3. Anatomia do tubo do cálice...... 15 5. RESULTADOS...... 17 5.1. Biossíntese do néctar e hidrólise do amido...... 17 5.2. Concentração de néctar e tamanho floral...... 20 5.3. Anatomia e morfologia floral...... 20 6- DISCUSSÃO...... 42 6.1. Dinâmica do néctar...... 42 6.2. Concentração de açúcares no néctar...... 43 6.3. Anatomia do tubo do cálice...... 43 6.4. Polinização...... 45 7. CONCLUSÃO...... 51 8. REFERÊNCIAS……………………………………………………………….……52

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1- INTRODUÇÃO Passifloraceae Juss. ex Roussel apresenta distribuição tropical e subtropical, possuindo espécies arbóreas, arbustivas, lianas e herbáceas (VARASSIN e SILVA, 1999). Passiflora L. é o principal gênero da família Passifloraceae, sendo este o mais abundante na América do Sul (ULMER e MACDOUGAL, 2004). A presença de uma corona desenvolvida nas flores é uma sinapomorfia da família, além de tal característica, a mesma apresenta hábito geralmente escandente, com gavinhas, sépala frequentemente petalóides e androceu e gineceu dispostos em pedúnculo formando um androginóforo (JUDD et al., 2009; MONDIN, CERVI e MOREIRA, 2011). A corona em diversas espécies de Passifloraceae mostra-se pentâmera em diferentes posições, oposta ou alternadas com os estames, extra ou intra- estaminal, apresentando estreita relação com o disco nectarífero (DE WILDE, 1974; CRONQUIST, 1981; BERNHARD, 1999), enquanto que entre as angiospermas a corona evoluiu em muitas monocotiledôneas e eudicotiledôneas e sua formação pode iniciar a partir dos estames ou da corola, evolutivamente pode levar a um complexo de órgãos relativamente independentes e está envolvida na biologia da polinização (ENDRESS, 2011). A ocorrência de três brácteas abaixo de cada flor é característica praticamente constante em todo gênero Passiflora, as quais podem ser pequenas e lineares, como nas secções Decaloba MacDougal e Feuillet e Cieca (Medic.) MacDougal e Feuillet, ou grandes com aspecto foliar, como em Granadilla (Medic.) Mast. e Calopathanthns Harms. As brácteas são geralmente sésseis e arranjadas em espiral abaixo do receptáculo, em sua maioria são livres. As pétalas e sépalas são em número de cinco e os estames estão situados acima do androginóforo. As anteras são dorsifixas, as quais na maturidade viram para baixo e o gineceu é geralmente tri-carpelar e placentação parietal (PURI, 1947). O comportamento dos polinizadores pode ser influenciado por características morfológicas e químicas de flores. Os visitantes florais são geralmente orientados pela visão ou olfato, diferenças de pigmentos florais e compostos voláteis devem estar associados a atração de polinizadores específicos e entre as recompensas para os polinizadoress está o néctar, sua concentração e a taxa de secreção de néctar podem afetar o número de flores visitadas, determinando o sucesso reprodutivo de plantas (VARASSIN, TRIGO e SAZIMA, 2001).

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Algumas espécies de Passiflora são cultivadas visando-se interesse comercial, dentre elas destacam-se o popular maracujá azedo ( Sims) e o maracujá doce ( Curtis). A polinização em Passifloraceae pode envolver tanto sistemas auto- compatíveis como auto-incompatíveis, também há casos em que ocorrem simultaneamente ambos os mecanismos dentro de uma mesma espécie. A auto- incompatibilidade é compreendida como um mecanismo de aumento da variabilidade genética (KOSCHNITZKE e SAZIMA, 1997). Estudos relacionados a taxonomia e distribuição de Passiflora e relacionados às espécies comerciais são razoavelmente abundantes. No entanto, pesquisas com características anatômicas, principalmente das estruturas reprodutivas ainda são escassas.

2- REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1- A Família Passifloraceae Juss. ex Roussel pertence a Ordem (APG IV, 2016). A ordem apresenta alta diversidade principalmente no sub-bosque arborizado, podendo compreender 28% das espécies (DAVIS, et al., 2005; APG IV, 2016). A família possui cerca de 16 gêneros (KROSNICK, FORD e FREUDENSTEIN, 2009), ocorrendo principalmente nas regiões tropicais, podendo também ser encontrada em regiões subtropicais e temperadas (JUDD et al., 2009). Passifloraceae são em sua maioria liana com gavinhas axilares, ocasionalmente, arbusto e árvores sem gavinhas. Apresentam glicosídeos cianogênicos e alcaloides entre seus metabólitos secundários, com folhas alternas, simples e lobadas, com venação palmada e nectários presentes no pecíolo (JUDD et. al., 2009). As flores desta família podem têm ampla gama de cores, geralmente monóicas, de simetria radial, apresentam corona, que consiste de uma até várias linhas de filamentos, projeções ou membranas, usualmente colorida, o qual atrai polinizadores. Os frutos são tipo baga ou cápsula, com arilos carnosos e coloridos ao redor, tendo as sementes geralmente dispersas por pássaros (Killip, 1938).

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2.2- Histórico O histórico começa com a expansão europeia, suas flores coloridas e corona incomum atraíram a atenção dos primeiros colonizadores do Novo mundo. Os primeiros missionários de fé católica encontraram na flor os símbolos da paixão de Cristo (MACDOUGAL, 1994). Passiflora era conhecida com o nome de granadilla, porque seu fruto se parecia com Punica granatum L.. A primeira espécie descrita (atualmente L.), mais tarde recebeu a denominação de Passiflora, passionária ou flor da paixão. O nome flor da paixão é atribuído pelo que representava para os homens de fé católica. Os quais associavam partes da planta com alguns instrumentos da paixão de Cristo, as folhas recordavam a lança; as gavinhas o açoite; a corona de filamentos de coloração vermelha e azul, a coroa de espinho; os três estiletes simulavam os três cravos e as cinco anteras representavam as chagas do crucificado (CERVI, 1997). O primeiro registro publicado das plantas é o de Pedro de Cieza em sua “Historiae Peruvianae” (1553) (MACDOUGAL, 1994). Segundo Cervi (1997) somente no final do século XVII é que surge a primeira citação cientifica e taxonômica, e em 1735, com a primeira edição do “Sistema Naturae” de Linneau, que se estabelece o gênero Passiflora e em 1938, E. P. Killip publica “The American species of Passifloraceae”, sendo uma das principais obras para a família até o momento.

2.3- Descrição Morfológica Cervi (1997) descreve Passiflora sendo caracterizada pela presença de vegetais herbáceos ou cipós, os quais elevam-se com o auxílio de gavinhas, ou ainda como arbustos subescandentes, gavinhas solitárias, estípulas sempre presentes, podendo ser caducas; folhas variáveis quanto á forma, sempre alternas; no pecíolo encontram-se nectários extraflorais, sua presença, ausência, forma, número e posição constituem caracteres para a diferenciação de espécies ou grupos; as brácteas constituem caracteres importante para separar subgêneros, secções e espécies, normalmente presentes em número de três, às vezes caducas. As flores apresentam cálice e corola, pétalas e sépalas em número de cinco. Sépalas e pétalas normalmente de coloração igual ao tubo do cálice; sépalas normalmente carnosas ou subcoriáceas, na maioria apresentam uma arista foliácea; pétalas membranáceas alternando-se com as sépalas (CERVI, 1997). As flores são

4 vistosas, como corona de filamentos que variam em número, forma e coloração, geralmente a estrutura mais chamativa nas flores (ULMER e MACDOUGAl, 2004) A monofilia da família é sustentada pela presença de uma corona bem desenvolvida nas flores (JUDD et al. 2009). Cervi (1997) caracteriza a corona como um conjunto de estruturas ordenadas em uma ou mais séries circulares encontradas no interior do tubo do cálice, sendo de grande importância taxonômica. As séries externas chamadas de “radii”, costumam ser alongadas e coloridas, enquanto que as séries internas são menores e denominadas de “pali”, possuem forma e tamanhos variados, característica peculiares na determinação de espécies, normalmente coloridos e com frequência bandeados horizontalmente com diversas cores.

2.4- Os subgêneros de Passiflora E. P. Kilip publicou em 1938 “The American species of Passifloraceae”, dividindo Passiflora em 22 subgêneros, este subdividido em seções e/ou series. Feuillet e MacDougal (2003) sugeriram o agrupamento das espécies em 4 subgêneros: Astrophea Mast., Deidamioides (Harms) Killip, Decaloba Rchb. e Passiflora L., preposições baseadas principalmente em caracteres morfológicos. Muschner et al. (2003) simplificam os 22 subgêneros propostos por Killip (1938), em três clados (Passiflora, Decaloba e Astrophea), utilizando três marcadores moleculares, sendo dois deles plastidiais e um nuclear. Hansen et al. (2006) analisaram dois marcadores plastidiais (rpoC1 e trnT), sugerindo a redução dos 22 subgêneros propostos por Killip (1938) para quatro subgênero, reforçando os gêneros propostos por Feuillet e MacDougal (2003). Para o presente trabalho utilizou-se a classificação proposta por Feuillet e MacDougal (2003) abaixo estão descritos os quatro subgêneros.

Subgênero Astrophea (MacDougal e Feuillet, 2004) São lianas lenhosas, às vezes pequenas árvores. Apresentam folhas não lobadas, nunca variegadas e com venação pinada. Dois nectários peciolares próximos do ápice e ausentes na lâmina foliar e com minúsculas estípulas. Os pedúnculo apresentam de 1 a 5 flores, que nascem raramente na base de gavinhas, brácteas minúsculas e flores coloridas, variando de rosa e vermelho até alaranjado, com corona amarela e tubo floral,

5 ou raramente brancas com corona amarela, opérculo não plicado e número cromossômico n=12. Apresenta 57 espécies distribuídas nas Américas Central e do Sul.

Subgênero Deidamioides (MacDougal e Feuillet, 2004) Lianas lenhosas, às vezes apresentam gavinhas bifurcadas ou discos apicais. Com folhas não lobadas e nunca variegadas, com estípulas minúsculas e dois nectários peciolares, pedúnculo com uma ou duas flores ou com flores nascendo a partir de gavinhas. Brácteas minúsculas, flores brancas e esverdeadas com corona amarela, ou amarelas com corona alaranjada, número cromossômico n=12. Com cerca de 13 espécies distribuídas nas Américas do Sul e Central.

Subgênero Decaloba (MacDougal e Feuillet, 2004) São lianas com pequenas flores e frutos pequenos de cor roxa a preta, ou esverdeados, amarelos, laranjas ou avermelhados. Folhas 2,3-lobadas, raramente 5- lobada, as vezes variegadas. Estípulas pilosas e foliáceas com dois nectários peciolares ou ausentes, raramente quatro; lâmina com nectários entre as nervuras principais. Flores pequenas e variáveis verde-amarelada a brancas, ou avermelhadas, raramente com tubo floral; corona com 1-3 séries de filamentos, as vezes vermelhos com manchas rosas. Opérculo plicado. Número cromossômico n=6. Com 214 espécies distribuídas pelas Américas, Sudeste Asiático e Austrália.

Passiflora suberosa L. Flores com 0,8-2,5 cm de diâmetro; tubo do cálice pateliforme, piloso na face abaxial e glabro na face adaxial; sépalas oblongo-lanceoladas, obtusas ou sub-obtusas no ápice, coloração verde-amarelado, pilosas na parte abaxial e glabras na parte adaxial; pétalas ausentes; corona de filamentos em duas séries; verde-amarelada (às vezes alvas ou amarelas no ápice e purpúreas na base); opérculo membranáceo plicado com margem um pouco revoluta e fimbriada; límen anular (CERVI e LINSINGEN, 2008). No Brasil sua distribuição ocorre nos estados de Roraima, Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Sergipe, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina (BERNACCI et al., 2015).

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Subgênero Passiflora (MacDougal e Feuillet, 2004) O subgênero Passiflora possui hábito escandente, sendo algumas lianas lenhosas, com flores grandes e coloridas. As folhas costumam ser lobadas e nunca variegadas, com 2 a 6 nectários peciolares. As flores são axilares e de tamanho variado, podendo apresentar corona de uma até 20 séries. Número cromossômico n=9, podendo também n=10 ou 11. O subgênero contém 236 espécies, com ocorrência principalmente na América do Sul.

Passiflora amethystina Mikan Flores de 6-10 cm de diâmetro, tubo do cálice curto-campanulado. Sépalas verde na face abaxial e azul na face adaxial; subcoriáceas; obtusas e com uma arista foliácea. Pétalas obtusas no ápice, membranáceas, cor azul-púrpura. Corona de filamentos de 4 a 5 séries (raramente a 5ª série presente). As duas séries exteriores, liguliformes, com cor púrpura na base, branco-azulada no meio e púrpura pálido no ápice; as séries seguintes, filiformes, de cor púrpura escura. Opérculo membranáceo na base e filamentoso a partir dos 2 mm para cima. Processos dentiformes na parte interior do opérculo, justamente onde se iniciam os filamentos de cor violeta escuro. Ocorre na Argentina, Paraguai, Bolívia (CERVI, 1997) e Brasil no Nordeste (Bahia), Centro-Oeste (Brasília, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul) Sudeste (Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo), Sul (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul) (BERNACCI et al., 2015).

Passiflora caerulea L. Flores de 7-10 cm de diâmetro. Tubo do cálice campanulado. Sépalas subcoriáceas; obtusas no ápice e com uma arista foliácea dorsal; verdes, na face abaxial, e alvas, na face adaxial. Pétalas oblongas, com três nervuras longitudinais, membranáceas, obtusas no ápice, alvas. Corona de filamentos em 3 ou 4 séries; as duas séries exteriores de cor alva no ápice e púrpura na base, as duas séries interiores (às vêzes pode faltar uma série) púrpuras na base e brancas no ápice. Opérculo membranáceo, filamentoso nos dois terços superiores. Límen cupuliforme rodeando frouxamente o androginóforo (CERVI, 1997). Distribui-se no Brasil (Bahia, Ceará, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo) (BERNACCI et al, 2015). Encontrada nos Estados

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Unidos da América do Norte (, cultivada), México, Bermudas, Guiana, Perú, Chile (cultivada), Paraguai, Uruguai, Argentina. Na Europa sendo cultivada na Itália (Roma, Florença e Pompéia) e Espanha (Barcelona e Granada) (CERVI, 1997).

Passiflora tenuifila L. Flores de 4-5 cm de diâmetro. Tubo do cálice pateliforme. Sépalas obtusas no ápice, com uma arista foliácea na face abaxial, verdes, na face abaxial, e com a margem alvecente e alva, na face adaxial. Pétalas obtusas no ápice, alvecentes. Corona de filamentos em 4 séries, alvas. Opérculo membranáceo, plicado. Na margem do opérculo existem filamentos inseridos dorsalmente. Límen cupuliforme, envolvendo frouxamente a base do androginóforo. Com distribuição geográfica na Argentina, Bolívia, Paraguaí (CERVI, 1997) e no Brasil (Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo) (BERNACCI et al, 2015).

Passiflora galbana Masters Flores alvas, de 8-9 cm de diâmetro, tubo do cálice cilíndrico-campanulado. Sépalas agudas no ápice; na face abaxial uma arista avermelhada em forma de quilha foliácea, próxima do ápice. Pétalas semelhantes em forma e tamanho às sépalas, porém sem arista na face abaxial. Corona de filamentos em 2 séries. Opérculo filamentoso; límen cupuliforme CERVI, 1997). Endêmica do Brasil com ocorrência em Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Sergipe, Espírito Santo, Minas Gerais e Rio de Janeiro (BERNACCI et al, 2015).

Passiflora actinia Hooker Flores de 7-9 cm de diâmetro; tubo do cálice campanulado. Sépalas obtusas no ápice, esverdeadas na face abaxial e alvas na face adaxial. Pétalas membranáceas, alvas. Corona de filamentos em 4 ou 5 séries (normalmente quatro); as duas séries exteriores bandeadas de branco e violeta, alternadamente; as séries seguintes alvescentes. Opérculo membranáceo, plicado com numerosos processos dentiformes inflexos. Límen tubular, rodeando a base do androginóforo (CERVI, 1997). Endêmica do Brasil (Espírito Santo, Paraná, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Santa Catarina e São Paulo) (BERNACCI et al, 2015).

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Passiflora villosa Vell. Flores 4-4,5 cm de diâmetro; tubo do cálice campanulado; sépalas verdes na face abaxial e alvas na adaxial, com uma arista dorsal; ápice obtuso; pétalas com ápice obtuso, membranáceas, alvas; corona de filamentos em três séries; duas séries exteriores liguliformes 1-1,3 cm comprimento bandeados de alvo com lilás; série interior, filamentos filiformes; opérculo membranáceo, fimbriado na parte superior; límen cupuliforme envolvendo a base do androginóforo (CERVI e LINSINGEN, 2008). Endêmica do Brasil e ocorre nas regiões Nordeste (Bahia.), Centro-Oeste (Goiás e Distrito Federal) Sudeste (Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro), Sul (Paraná e Santa Catarina) (BERNACCI et al., 2015).

Passiflora guazumifolia Juss. Passiflora guazumifolia em Killip (1938) na obra “The American species of Passifloraceae”, recebe o nome de Passiflora guazumaefolia. Flores de 5 a 7 cm de diâmetro. Sépalas oblongos, obtusa; pétalas linear- lanceoladas, igual as sépalas. Corona de filamentos em várias séries, de 1,5 a 2 cm de comprimento, densamente reunidos; opérculo membranoso, ereto minunciosamente denticulado; límen cilíndrico, em torno da base do androginóforo. Ovário ovóide, glabro; globosa fruta globulosa. Ocorre na e Colômbia (KILLIP, 1938).

Passiflora tripartita var. mollissima (Kunth) Holm-Niels. & P. Jorg. As flores apresentam tubo floral cilíndrico com 1-12 cm de comprimento, 0,7- 1,2 cm de largura, verde, muitas vezes arroxeado na direção do vértice. Flor rosa ao púrpura 6-9 cm de diâmetro, 10-16 de comprimento; sépalas rosa a purpura, oblongas; pétalas semelhantes as sépalas, corona com uma serie de filamentos reduzidos a um anel roxo com dentes brancos (MACDOUGAl e FEUILLET, 2004).

Passiflora tarminiana Coppens & V.E. Barney Tubo floral cilíndrico com 6-8 cm de comprimento, 0,7-1 cm de espessura com coloração verde claro. Flores rosa claro com 9-11 cm de diâmetro e 10-13 cm de comprimento; sépalas rosa, oblongo, pétalas semelhantes as sépalas. Corona em uma única serie reduzida a um anel roxo com dentes brancos (MACDOUGAl e FEUILLET, 2004).

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Passiflora mixta L. Tubo floral cilíndrico com 8 a 11 cm de comprimento, cerca de 1 cm de largura, glabro ou pubescente e verde-amarelo para laranja-vermelho, dentro de cor creme; sépalas oblongas, de 3 a 4 cm de comprimento, cerca de 1,5 cm. de largura, obtuso, com arista na face adaxial, verde-amarelo e rosa ou branca na margem abaxial, rosa ao vermelho-alaranjado e branco na base; pétalas igual as sépalas, obtuso, rosa ao vermelho-alaranjado, cor branca na base; corona com filamentos de até 1 mm de comprimento, em uma série ou às vezes em 2 (filamentos interiores mais curtos.), de coloração lavanda profunda ou roxo; opérculo 2 a 3 mm recurvado, margem crenulada (KILLIP, 1938).

Passiflora tholozanii Sacco Tubo do cálice cilíndrico-campanulado, sulcado de 0,9-1cm de comprimento x 1,3-1,5cm de diâmetro. Sépalas oblongas, côncavas vermelhas lustrosas de 3-5 x 1- 1,3cm. Pétalas de tamanho e cor igual as sépalas. Corona de filamentos em 2 séries, a série externa de filamentos subulados de 1-1,7cm de comprimento, livres desde a base; a série interior, formada de filamentos filiformes de 0,5-0,8cm de comprimento. Opérculo pendente de ápice recurvo fimbriado. Límen anular, róseo. Fruto globoso (CERVI e DUNAISKI JUNIOR, 2004). Endêmica do Brasil, com ocorrência no Amazonas, Pará, Amapá, Rondônia, Roraima, Maranhão e Mato Grosso (BERNACCI et al, 2015).

Passiflora glandulosa Cav. Tubo do cálice cilíndrico de 1,5-2,5 x 0,8-1cm. Sépalas oblongas ou linear- oblongas de 2-5 x 0,6-1,3 cm com uma pequena arista próxima ao ápice. Pétalas do tamanho da sépala, vermelhas ou escarlates. Corona de filamentos em 2 séries; a série externa com filamentos em forma de sovela, livres na base, alvos ou levemente róseos; a série interna formada na base por uma membrana e a parte livre filamentos lacerados de 2-5mm de comprimento. Opérculo róseo, pendente e margem recurvada, ápice filamentoso. Límen membranáceo, cupuliforme, ereto envolvendo a base do androginóforo. Com distribuição geográfica no Brasil: Amazonas, Pará, Acre, Amapá,

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Roraima, Maranhão, Ceará, Paraíba e Rio de Janeiro (cultivada) (CERVI e DUNAISKI JUNIOR, 2004).

2.5- Importância econômica do gênero Algumas espécies do gênero são cultivadas visando o interesse comercial, dentre elas destacam-se o popular maracujá azedo (Passiflora edulis) produzido em larga escala. De acordo com IBGE (2015), o Brasil é o maior produtor mundial de maracujá, com uma produção de 694 toneladas em um área de 51 mil hectares. O maracujá é mais consumido na forma de sucos, durantes muitos anos foi considerado uma fruta de pomar doméstico. No final da década de 60 foi descoberto seu valor comercial e os primeiros pomares foram instalados (MELETTI, 2011) e várias espécies de tem sido utilizadas na medicina popular em todo o mundo, principalmente por suas propriedades sedativas e ansiolíticas (KLEIN et al., 2013). O potencial farmacológico do gênero é demonstrado a partir dos seus compostos químicos, Dhawan et al. (2004), em uma revisão sobre os principais compostos químicos encontrados em espécies do gênero, relatam a ocorrência de alcaloides, fenóis e glicosídios cianogênicos.

2.6- Polinização e recursos florais em Passiflora O processo de polinização envolve o fluxo de pólen entre as flores (OLIVEIRA e MARUYAMA, 2014). Para o visitante floral a polinização é um recurso secundário da coleta de recurso alimentar fornecido pelas flores (VITALI, DUTRA e MACHADO, 1995). Nas angiospermas, os principais recursos procurados pelos polinizadores predominantemente são o pólen e o néctar que fornecem proteínas e hidratos de carbono como recompensa nutricional (SILVÉRIO et al., 2012).

Em torno dos grãos de pólen da maioria das angiospermas polinizadas por animais ocorre a presença de um material adesivo denominado pollenkitt. Pacini e Hesse (2005) sugerem que suas principais funções são a proteção do grão contra dessecação e radiação ultravioleta; conter o grão de pólen na antera até o momento de dispersão e mantê-lo aderido ao corpo do animal durante o transporte; deixar o pólen atraente e visível, além de proporcionar uma recompensa digerível para polinizadores.

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A polinização em Passifloraceae pode envolver tanto sistemas auto- compatíveis como auto-incompatíveis com casos também em que ocorrem simultaneamente ambos os mecanismos na mesma espécie. A auto-incompatibilidade é compreendida como um mecanismo de aumento da variabilidade genética (KOSCHNITZKE e SAZIMA, 1997).

Passiflora apresenta flores com mecanismos que facilitam a polinização cruzada, como a presença dos estigmas no ápice do androginóforo superiores as anteras, com ocorrência de protandria. As flores apresentam características atrativas para possíveis polinizadores, sendo grandes, coloridas e com odor forte, além de possuir néctar em abundância, localizado na base da corona (CAMILLO, 1987; TEIXEIRA, 1995; HOFFMANN et al., 2000).

Os polinizadores em Passiflora são diversificados, abelhas, beija-flores e morcegos são atraídos pela grande quantidade de néctar produzido pelas flores (SAZIMA e SAZIMA, 1978; VARASSIN et al., 2001). A composição do néctar pode variar entre espécies, geralmente composto por açúcares de cadeia curta (sacarose, glicose, frutose), lipídios e proteínas, proporcionando uma dieta equilibrada para os visitantes florais, porém outros ingredientes como, óleos essenciais, compostos fenólicos e terpenoides podem se acumular diminuindo a palatabilidade do néctar aos visitantes florais indesejados (NICOLSON e THORNBURG, 2007).

Do ponto de vista funcional são estruturas secretoras em plantas, que produzem néctar (NEPI, 2007). Anatomicamente são formados por uma epiderme com ou sem tricomas e um tecido parenquimatoso composto de pequenas células com paredes finas, citoplasma denso e núcleos relativamente grandes (CASPARY, 1848; BEHRENS, 1979; BONNIER, 1879; FAHN, 1952, 1974, 1979). O floema fornece a matéria bruta para o néctar, o pré-néctar é descarregado para o parênquima adjacente e muitas vezes nos espaços intercelulares, passando através de plamodesmos do floema para as células do parênquima do nectário (PACINI e NEPI, 2007). As células do parênquima nectarífero armazenam os compostos na forma de amido, a dinâmica da secreção do néctar é consequência da hidrólise do amido armazenado (LÜTTGE, 1971; BELMONTE et al., 1994; VARASSIN, 1996).

A exsudação do néctar pode ocorrer pelas células da epiderme, tricomas, células do parênquima ou tecido nectarífero via estômatos, quando feita pela própria

12 epiderme ocorre a ruptura da cutícula, ocorrência de poros ou a cutícula ser permeável (FAHN, 1979). A exsudação do néctar por estômatos e relatada por Nepi (2007) como a forma de liberação mais comum.

A concentração de solutos no néctar tende a aumentar após a secreção, especialmente em flores abertas, devido a evaporação da água (CORBET et al., 1979; PLOWRIGHT, 1981, NICOLSON, 2002; NICOLSON e THORNBURG, 2007). Os três açúcares presentes no néctar são a sacarose, um dissacarídeo e os monossacarídeos frutose e glicose, os quais são derivados da sacarose translocada via floema ou sintetizada no nectário (PATE et al., 1985). Outros açúcares estão presentes em menor quantidade no néctar (BAKER e BAKER, 1982; 1983, NICOLSON e THORNBURG, 2007). Estes podem ser monossacarídeos (manose, arabinose e xilose), dissacarídeos (maltose, melibiose) raramente oligossacarídeos (rafinose, melezitose e estaquiose) (NICOLSON e THORNBURG, 2007). Os teste referentes a preferência do polinizador em relação aos açúcares, frequentemente são restritos a sacarose, glicose e frutose, onde os açúcares menos abundantes foram incluídos, pois geralmente são menos atraentes e nutritivos (BARKER e LEHNER, 1974, NICOLSON e THORNBURG, 2007).

Dados sobre a composição de açúcares no néctar sugerem que há relações co- evolutivas entre a proporção de açúcar e os tipos de visitantes florais (NICOLSON e THORNBURG, 2007). Baker e Baker (1982, 1983) agruparam espécies de plantas não relacionadas de acordo com o tipo de polinizador e verificaram que a alta taxa de sacarose no néctar está correlacionada com a polinização por mariposas, borboletas, abelhas de língua longa e beija-flores. Altas taxas de glicose e frutose são características de espécies polinizadas por moscas, abelhas de língua curta, aves passeriformes e morcegos neotropicais.

A distribuição e disponibilidade do néctar nas flores, determinam o comportamento dos polinizadores em relação à frequência de visitação, o número de flores visitadas e o tempo de duração da visita (RATHCKE 1992; LONGO E FISCHER, 2006). A secreção do néctar é influenciada ocorrendo variação em função do local, do horário, tamanho, idade da flor e/ou em função das condições ambientais (ZIMMERMAN & PYKE 1988; SAZIMA et al. 1994; VICENTINI e FISCHER 1999; LONGO e FISCHER, 2006).

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3- OBJETIVOS

3.1- Objetivo geral

Analisar a estrutura do tubo do cálice de diferentes espécies de Passiflora relacionando com a síndrome de polinização. 3.2- Objetivos específicos Descrever a estrutura anatômica do tubo do cálice das espécies coletadas. Inferir dados sobre a estrutura floral quanto ao processo de produção de néctar. Interpretar as informações sobre as concentrações de açúcares no néctar. Relacionar os eventos reprodutivos, interpretando com os possíveis polinizadores. Comparar a estrutura floral das diferentes espécies em relação ao seu polinizador específico.

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4- MATERIAL E MÉTODOS 4.1- Material vegetal As coletas foram realizadas de outubro a dezembro em 2015 e em 2016, de janeiro a outubro (Tabela 1). As amostras obtidas foram ramos reprodutivos os quais foram prensadas e secas para a confecção de exsicatas para a identificação e serão tombadas no Herbário do Museu Botânico Municipal, Curitiba –PR (MBM) e no Herbário Valle, Palmira-Colômbia.

Tabela 1. Locais e datas de coletas das espécies de Passiflora.

Espécie Data de coleta Local de coleta

15/10/2015 Laboratório de Botânica Estrutural P. villosa 08/11/2015 – Universidade Estadual do 13/11/2015 Centro-Oeste, Guarapuava- Paraná Jardim Botânico de Faxinal do Céu P. amethystina 11/03/2016 Pinhão – Paraná Jardim Botânico de Faxinal do Céu P. tenuifila 04/12/2015 Pinhão – Paraná 03/09/2016 Universidade Estadual do Centro- P. caerulea 05/09/2016 Oeste- campus CEDETEG, 05/09/2016 Guarapuava- Paraná P. guazumifolia var. Tenerife, Valle del Cauca molissima – Colômbia P. tarminiana P. mixta Campus do Vale – UFRGS – Porto P. suberosa 10/04/2016 Alegre-RS P. tholozanii 12/01/2016 Itaituba – Pará P. glandulosa 28/01/2016 Santarém – Pará Conceição da Barra, Itaúnas- P. galbana 02/10/2016 Espirito Santo Jardim Botânico de Curitiba – P. actinia 04/10/2016 Paraná

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4.2- Concentração de açúcares no néctar A concentração de açúcares no néctar das flores foi medida usando-se um refratômetro de bolso, segundo DAFNI (1992). Em P. villosa e P. caerulea as mensurações de concentração do néctar foram realizadas em diferentes períodos, logo após a antese, no horário de secreção mais intensa e próximo ao fechamento da flor. Em P. amethystina, P. tenuifila, P. tholozanii, P. glandulosa e P. galbana foi possível mensurar as concentrações de açúcares no néctar. P. suberosa não apresentou quantidade suficiente para medição e as demais espécies não apresentavam acúmulo de néctar no momento de coleta.

4.3- Anatomia do tubo do cálice O material analisado é proveniente de coletas realizadas a partir de flores, das quais foram dissecadas, e fixadas em F.A.A 50 (JOHANSEN, 1940). O material foi desidratado em série etílica crescente sendo transferido gradualmente para do F.A.A para Etanol (50, 70, 90, 100%), com intervalos de tempo de 20 minutos, posteriormente, o material foi colocado em solução etanol/clorofórmio (1:1), clorofórmio, ambas as etapas as amostras permaneceram por 1 hora. O processo inverso foi realizado, etanol/clorofórmio (1:1) por 1 hora, e álcool 100% 20 minutos para extração de lipídios epidérmicos. Como meio de inclusão foi utilizado a resina plástica 2-hidroxietilmetacrilato, as amostras ficaram 24 h em resina plástica/etanol (1:1), posteriormente ficaram 24 horas embebidas em resina plástica para a polimerização foram colocados um mililitro de resina plástica com 0,66 microlitros de polimerizador, agitadas manualmente durante dois minutos, posteriormente transferidas para o interior de moldes plásticos. Após polimerização, as amostras foram coladas em blocos de para as secções histológicas. As seções histológicas com espessura entre 2 µm e 5 µm foram obtidas com micrótomo de rotação Zeiss Mikron. A coloração foi realizada com Azul de Toluidina O 0,005% pH 4,4 (FEDER e O’BRIEN, 1968). O teste para presença de amido foi realizado com Lugol 1% (JOHANSEN 1940). A presença de compostos fenólicos foi realizada com Cloreto férrico 10% (JOHANSEN, 1940). As seções anatômicas obtidas foram montados entre lâmina e lamínula com bálsamo-do-canadá. A análise dos dados foi realizada por meio de microscopia de campo claro, e as fotos foram obtidas pela

16 câmera Axio Cam ERc 5s, pelo programa Zen lite (2011). A edição e preparação final das imagens foi utilizado o software Photofiltre Studio 10.11.0 (2016).

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5- RESULTADOS

5.1- Biossíntese do néctar e hidrólise do amido Para interpretação histológicas e dos conteúdos de reserva foi utilizada a espécie P. caerulea e P. villosa em diferentes horários durante o dia, contemplando a pré, durante e pós antese. Nas flores coletadas no início da manhã apresentou amido na região da base do tubo e na região interna do opérculo (Fig. 1A) e Passiflora villosa apresentou amido nas camadas internas da região secretora, não apresentando amido nas camadas próximas a epiderme (Fig. 2A). Flores coletadas próximos às 12 horas, P. caerulea apresentou amido por toda a região secretora e em grande quantidade na região do opérculo (Fig. 1B). P. villosa apresentou amido nas camadas do tecido secretor próximas a epiderme (Fig. 2B). As flores coletadas no final da tarde em P. caerulea o teste de amido foi negativo, já P. villosa apresentou amido na região do opérculo em pequena quantidade (Fig. 2C).

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5.2- Concentração de néctar e tamanho floral A tabela 2 ilustra os dados obtidos em campo durante as coletas. A maior concentração de açúcares no néctar foi evidenciada para P. caerulea no horário de 12 horas, sendo que P. amethystina¸ P. caerulea e P. villosa apresentaram concentrações de açúcares no néctar semelhantes. A menor concentração de açúcares encontrada foi em P. tholozanii apresentando concentração de 12%. P. galbana apresentou concentração semelhante (14%). P. actinia, P. guazumifolia, P. tripartita var molissima, P. tarminiana e P. mixta não apresentaram as concentrações de açúcares evidenciadas, P. suberosa não foi possível obter a concentração devido a baixa produção de néctar, não apresentando quantidade suficiente para medição.

Tabela 2: Espécies de Passiflora com as respectivas concentração de açúcar no néctar e medidas da região do tubo do cálice. Tamanho Concentração de Umidade Horário de Espécie do tubo açúcares no Temperatura relativa do coleta cm néctar ar (%) 0,4 7:00 26°C 60% P. villosa 0,4 45% 12:00 28° 55% 0,4 33% 18:00 26°C 65% P. amethystina 0,5 35% 11:00 22°C 70% P. tenuifila 0,3 29% 13:30 18°C 70% 0,5 8:00 P. caerulea 0,5 46% 12:00 27°C 56% 0,5 34% 18h 15°C 94% P. tholozanii 1,2 12% 12:30 25,6C 92% P. glandulosa 2.3 34% 11:00 33°C 52% P. galbana 0,9 14% 5:00 20°C 85%

5.3- Anatomia e morfologia floral As características presentes nas espécie analisadas estão inseridas na tabela 3.

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Tabela 3: Características anatômicas das espécies de Passiflora.

P. P. P. P. P. P. P. P. P. P. P. P. P.

villosa amethystina tenuifila caerulea guazumifolia tripartita tarminiana mixta suberosa tholozanii glandulosa galbana actinia Revestimento do tubo do cálice X X X X X X X X X X X células com parede espessa e péctica Região secretora entre a base do límen até a base do filamento X X X opercular Região secretora: base do tubo e X X estende-se pelo opérculo Região secretora: entre o opérculo e o X X X límen Região secretora entre o opérculo e a região de curvatura próximo ao X X X androginóforo Região secretora inicia-se próximo ao X límen e termina acima do opérculo Região secretora inicia-se próximo ao X límen e estende-se além do opérculo Opérculo contornado por tecido X X X X X X secretor Opérculo membranoso X X X X X X X O opérculo dobra-se em direção ao X ápice Estômatos modificados no opérculo X X X X X

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Estômatos modificados X X Papilas na epiderme da região X X X secretora Região secretora com células epidérmicas com parede celular X X delgada Região secretora com células epidérmicas retangulares e pequenas X X com pectinas Feixes vasculares em maior quantidade próximos a região X X X X X X X X X X X X secretora Feixes vasculares adentran o tecido X secretor Filamento opercular sobreposto ao X X límen Tricomas no límen X X Compostos fenólicos X X X X X X Tubo do cálice alongado X X X X O tubo do cálice é levemente X alongado Tubo do cálice posiciona-se voltado X X para baixo Tubo do cálice posiciona-se inclinado X na posição 180

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Simetria zigomorfa X Antese diurna X X X X X X X X X X X X Antese noturna X Teste para a presença de amido + + + + + + + + + + + - -

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Passiflora amethystina Mikan Passiflora amethystina apresenta flores de coloração azul-púrpura nas sépalas e pétalas. A corona apresenta 4 séries de filamentos, sendo as duas externas púrpura na base, branco-azulada na região mediana e púrpura pálido no ápice. As séries seguintes apresentam coloração púrpura intenso (Fig 3A). A análise do tubo do cálice evidencia que o acúmulo de néctar ocorre na base do tubo do cálice (Fig. 3B), abaixo do opérculo. O revestimento do tubo do cálice é feito por uma única camada de células epidérmicas com parede espessa e com pectinas, a qual se torna mais fina na ponta do opérculo. Na parte interna do tubo do cálice as células epidérmicas são células esféricas de base achatada revestindo a região secretora. A parte externa e as demais regiões não secretoras são revestidas por células epidérmicas de formato esférico. A principal região secretora ocorre entre a base do límen e a base do filamento opercular. O opérculo é todo contornado por tecido secretor apresentando ao centro tecido parenquimático e feixes vasculares adentrando o opérculo. Na extremidade do opérculo ocorre estômatos modificados, as células da epiderme nesta região apresentam parede celular mais fina, sendo este o principal local de liberação do néctar (Fig. 3C), nas demais regiões a parede celular das células epidérmicas é espessa e péctica (Fig. 3D). A região secretora apresenta cerca de dez camadas de células secretoras, apresentando alguns idioblastos com oxalato de cálcio (Fig. 3E). Os feixes vasculares irradiam-se também nas demais regiões do tudo do cálice, mas em menor quantidade e não ramificados (Fig. 3F). Internamente à região secretora ocorre parênquima e o filamento opercular está sobreposto ao límen. O teste para a presença de amido (Fig. 3G), evidenciou amido por toda a região secretora, sendo em maior quantidade na região adjacente, principalmente na epiderme interna do opérculo.

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Passiflora villosa Vell. Apresenta flores com sépalas e pétalas alva, corona de filamentos com coloração rosa e antese floral voltada para baixo, com inclinação média de 45° (Fig. 4A). A região secretora encontra-se entre a base do límen, opérculo e extende-se até próximo da base do filamento opercular, o maior número de camadas de células secretoras encontra-se na região do opérculo (Fig. 4B). O opérculo é ereto e pouco desenvolvido externamente. O filamento opercular está sobreposto ao límen. A região secretora apresenta células epiteliais com parede celular delgada (Fig. 4C), sendo que na região do opérculo ocorrem estômatos modificados (Fig. 4D). Os estômatos modificados apresentaram espaço entre as células nas flores coletadas às 12 e 18 horas e ausentes nas flores coletadas às 7 horas, quando as células estão justapostas. Nas demais regiões, mesmo na parte externa do tubo do cálice, as células epiteliais são retangulares, justapostas e unisseriada. O acúmulo de néctar ocorre entre a base do límen e o opérculo e em torno da região secretora estão presentes os feixes vasculares, com predomínio de floema próximo ao tecido secretor e xilema em menor quantidade. Após a região secretora ocorre a presença de tecido parenquimatoso. Na região do parênquima apresenta idioblastos contendo oxalato de cálcio (Fig. 4E), os quais encontram-se próximo as vasos condutores. Grãos de amido foram observados por toda a região secretora (Fig. 4F).

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Passiflora caerulea L. Passiflora caerulea apresenta flores com antese diurna e sépalas e pétalas alvas, corona de filamento de coloração purpura na base e alvas no ápice. (Fig. 5A). O tubo do cálice é campanulado, sendo que a região secretora ocorre na base do mesmo e estende-se por todo o opérculo (Fig. 5B). As regiões interna e externa do tubo do cálice apresenta uma camada de células epidérmicas com parede celular espessa e péctica (Fig. 5C), sendo que na região do opérculo esta torna-se delgada e com pouca pectina. O opérculo apresenta espessamentos nas células epidérmicas (estômatos modificados), esse espessamento ocorre em flores coletadas às 12 e às 18 horas (Fig. 5D), sendo que em flores coletadas as oito horas as células são justapostas (Fig. 5E). No opérculo ocorre um pouco de parênquima e o xilema e floema adentram o opérculo, idioblastos contendo oxalato de cálcio estão presentes entre as células secretoras (Fig. 5F). O parênquima próximo a epiderme externa do tubo do cálice apresenta células com espaços reduzidos entre si e parede celular com maior deposição de pectina, enquanto que entre a região secretora e o parênquima ocorrem muitos feixe vasculares. Na região do filamento opercular e do límen as células são vacuoladas e apresentam parede celular com maior deposição de pectinas. O teste para presença de amido foi positivo em flores coletadas ás oito horas (Fig. 5G) e as 12 horas (Fig. 5H).

Passiflora tenuifila Killip Passiflora tenuifila apresenta flores brancas com antese diurna (Fig. 6A). A região secretora do tubo do cálice encontra-se na base do tubo, estendendo-se por todo o opérculo, desde a base do filamento opercular e indo em direção ao límen (fig. 6B). O tubo do cálice é pateliforme, e encontra-se revestido por uma única camada de células epidérmicas, que por sua vez apresentam parede celular com grande acúmulo de pectinas. O opérculo apresenta epiderme com parede celular delgada e com menor deposição de pectinas (Fig. 6C). A maior quantidade de feixes vasculares é encontrada abaixo da região secretora, estando presentes floema e xilema. Abaixo da região secretora ocorre a presença de parênquima com células espaçadas entre si, com idioblastos contendo oxalato de cálcio próximo aos feixes vasculares (Fig. 6D) e em quantidade menor na região secretora (Fig. 6E). O teste para presença de amido foi positivo, com grãos de amido por toda a região secretora, com maior quantidade na região do opérculo (Fig. 6F).

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Passiflora suberosa L. Passiflora suberosa apresenta flores pequenas, com antese diurna, apresenta apenas sépalas, com coloração verdes, sendo que estas se camuflam em relação as folhas, difíceis de serem visualizadas (Fig. 7A). A anatomia do tubo do cálice evidenciou que a região secretora encontra-se entre o opérculo e o límen, (Fig. 7B). No límen pouco desenvolvido e com tricomas unicelulares voltados para a região secretora (Fig. 7C). A região secretora apresenta epiderme com células esféricas maiores que a região adjacente, que apresentam parede celular fina e acúmulo de pectina irregular (Fig. 7D). O xilema e floema encontram-se em maior quantidade na porção interna. O parênquima apresenta idioblastos grandes e espaçados entre si com parede celular delgada. A epiderme que reveste o tubo do cálice apresenta células grandes e retangulares com parede celular espessa e deposição de pectina. O teste para a presença de amido foi negativo.

Passiflora guazumifolia Juss. Passiflora guazumifolia apresenta flores com sépalas e pétalas brancas, corona de filamento de coloração amarela, com antese diurna (Fig. 7E). A anatomia do tubo do cálice demonstrou que a região secretora encontra-se entre o opérculo e o límen (Fig. 7F), sendo o opérculo membranáceo e recobre toda a região secretora, indo em direção ao límen, mas sem contato entre eles. O opérculo apresenta células com conteúdo fenólico e células com parede celular delgada. A presença de compostos fenólicos foi verificada em todas as regiões do tubo do cálice, não ocorrendo apenas no tecido secretor. A epiderme do tubo possui parede celular fina, sendo espessa apenas na região abaxial. O tecido secretor é curto e bastante desenvolvido, com a epiderme apresentando células esféricas, maiores que as células secretoras e com parede celular delgada com pouca pectina (Fig. 7G). O límen apresenta tricomas unicelulares (Fig. 7H), estendendo-se em uma parte do androginóforo diminuindo de tamanho. O teste para amido foi negativo enquanto que a presença de compostos fenólicos evidenciou a presença do composto por todo o tubo, exceto na região secretora.

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Passiflora tripartita var. mollissima (Kunth) Holm-Niels. & P. Jorg. A espécie apresenta flores de antese diurna e com coloração rosa a púrpura. O tubo do cálice é alongado o posiciona-se voltado para baixo (Fig. 8A). A corona de filamentos é reduzida em uma série de pequeno tamanho. A análise anatômica evidenciou a região secretora entre o opérculo e a região de curvatura próxima ao androginóforo (Fig. 8B). A epiderme em toda a região secretora apresenta papilas (Fig. 8C) e com bastante pectina. O opérculo é membranoso e projeta-se frontalmente ao límen, apresenta a ponta recurvada. O néctar fica depositado na base do opérculo com a formação de uma cúpula e apresenta saliência do tecido secretor na porção próxima ao opérculo. O tubo do cálice e o opérculo apresentam compostos fenólicos em grande quantidade, entre as células secretoras e em maior quantidade logo abaixo da região de secreção (Fig. 8D). As células epidérmicas na região externa do tubo apresentam alta concentração péctica com células parenquimáticas próximas a epiderme são células grandes vacuoladas e com acumulo de pectina, não ocorre compostos fenólicos próximo a epiderme externa do tubo (Fig. 8E). O teste para a presença de amido foi positivo para conteúdos ao longo de toda a região secretora (Fig. 8F).

Passiflora tarminiana Coppens & V.E. Barney Passiflora tarminiana possui flores de antese diurna e coloração rosa claro. O tubo do cálice é alongado e posiciona-se voltado para baixo (Fig. 8G-H). A anatomia do tubo do cálice é semelhante a de P. tripartita (Fig. 8I), com compostos fenólicos por todo o tubo (Fig. 8J) e papilas na epiderme da região secretora (Fig. 8K). A curvatura do opérculo ocorre na região próxima ao ápice do límen. O teste para a presença de amido foi positivo ao longo de toda a região secretora (Fig. 8L).

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Passiflora mixta L. P. mixta apresenta flores avermelhadas com antese diurna. O tubo do cálice é alongado e posiciona-se inclinada na posição de 180° (Fig. 9A). A região secretora ocorre desde o opérculo até próximo ao androginóforo (Fig. 9B), com papilas na epiderme (Fig.9C), compostos fenólicos por toda a região do cálice (Fig. 9D). O tubo do cálice possui a base dilatada e torna-se mais estreito após o opérculo. A curvatura do opérculo ocorre abaixo do límen e a distância entre opérculo e límen é reduzida (Fig. 9E). O teste para a presença de amido demonstrou que toda a região com células secretoras possui amido (Fig. 9F).

Passiflora tholozanii Sacco Passiflora tholozanii apresenta flores de antese diurna e coloração vermelho intenso (Fig. 9G). O tubo do cálice é levemente alongado e apresenta a abertura voltada para cima. Na anatomia do tubo do cálice (Fig. 9H) observou-se que a região secretora ocorre da base do opérculo até o límen. A presença de compostos fenólicos foi observada no parênquima ocorrendo em todo o tubo do cálice (Fig. 9I), células epidérmicas retangulares e pequenas com pectinas, tanto na região secretora quanto nas demais partes do tubo (Fig. 9J), com idioblastos contendo oxalato de cálcio no parênquima adjacente à região secretora. O teste de amido foi positivo, evidenciando pequena quantidade logo abaixo do opérculo (Fig. 9K).

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Passiflora glandulosa Cav. Passiflora glandulosa apresenta flores com coloração rosa intensa (Fig. 10A). O tubo do cálice é alongado com 2 centímetros de comprimento, a região secretora inicia-se próximo ao límen e termina acima do opérculo, com duas regiões de deposição de néctar separadas, diferentemente das outras passifloras analisadas no trabalho (Fig. 10B). O opérculo dobra-se em direção ao ápice passando bem próximo ao límen. As células da epiderme são pequenas, achatadas e com parede celular rica em pectinas (Fig. 10C), com poucos estômatos modificados (Fig. 10D), distribuídos por toda a região secretora. Os feixes vasculares estão em maior quantidade próximos a região secretora principalmente com floema, no androginóforo ocorre mais xilema (Fig.10E). As células do parênquima são grandes e com parede celular delgada. Compostos fenólicos estão presentes por toda a região do tubo e filamentos, mas não estão presentes entre as células secretoras (Fig. 10F), ocorrendo na camada de células próxima a epiderme (Fig.10G). O amido ocorreu próximo ao opérculo (Fig. 10H).

Passiflora galbana Mast. Passiflora galbana apresenta flores brancas com antese noturna e simetria zigomorfa (Fig. 11A). A anatomia do tubo do cálice evidenciou que a região secretora ocorre do filamento opercular até o límen (Fig. 11B). As células da epiderme são retangulares e menores que as demais, com parede celular espessa, a epiderme interna na região secretora apresenta estômatos modificados por toda a região secretora (Fig. 11C), porém no opérculo os estômatos são mais recorrentes (Fig. 11D). A região próxima a epiderme externa, possui 9 a 10 extratos de célula com parede celular espessa (Fig. 11E). Os vasos condutores estão presentes próximo a tecido secretor e adentrando a região próximo ao opérculo. O floema encontra-se presente em maior quantidade adentrando o tecido secretor em direção ao opérculo (Fig. 11F), o xilema foi encontrado em pequena quantidade próximo ao tecido secretor (Fig. 11G). O parênquima possui idioblastos contendo oxalato de cálcio (Fig. 10H), o teste para a presença de amido foi negativo.

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Passiflora actinia Hook. Passiflora actinia apresenta flores com antese diurna e com pétalas e sépalas alvas. O tubo do cálice é campanulado, com corona de filamentos brancos bandeados de roxo e púrpura, inclinação em torno de 45° voltada para baixo (Fig. 12A). A região secretora inicia-se próximo ao límen e estende-se além do opérculo (Fig. 12B) apresenta entre 14 e 16 estratos celulares e idioblastos contendo oxalato de cálcio no parênquima adjacente (Fig. 12C). A epiderme da região interna do tubo apresenta células retangulares de parede espessa com deposição de pectina. Na região do opérculo foram observados estômatos modificados entre as células epidérmicas (Fig. 12D). A epiderme da região externa apresenta parede periclinal espessa com acúmulo de pectinas (Fig. 12E). O teste para presença de amido foi negativo.

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6- DISCUSSÃO 6.1- Dinâmica do néctar Os nectários de Passiflora villosa e Passiflora caerulea apresentaram amido nas flores coletadas pela manhã e as 12 horas. As flores de Passiflora têm o nectário entre o opérculo e a corona (ULMER e MACDOUGAL, 2004), sendo o néctar o recurso mais procurado pelos polinizadores e o único recurso oferecido por passifloras polinizadas por beija-flor (VARASSIN et al., 2001; FISCHER e LEAL, 2006). As anteras disponibilizam pólen com alto valor energético em sua composição servindo como fonte de nutrientes para os animais (RIBEIRO, RÊGO e MACHADO, 2008). Além dos conteúdos de pollenkitt no exterior do polén, a mesma flor pode produzir outros componentes que podem ser atrativos aos polinizadores, como polissacarídeos (SILVÉRIO e MARIATH, 2013). O amido encontrava-se próximo aos feixes vasculares nas flores coletadas logo após a antese. Pacini e Nepi (2007) relatam que a quantidade de açúcar produzida no néctar está determinada antes da secreção pela quantidade de amido acumulada no parênquima do nectário o qual é hidrolisado produzindo o néctar. A presença de amido na fase pré-secreção é uma característica para muitos nectários florais (NEPI et al., 1996; AVALOS et al., 2017). Nas flores de P. villosa o amido está concentrado na região mais interna do tecido secretor próximo aos feixes vasculares. Geralmente considera-se a seiva do floema o material “bruto” do néctar (PACINI e NEPI, 2007). O néctar flui do floema através das células nectaríferas para as células secretoras que exsudam o néctar para o meio externo (FAHN, 2000, PACINI e NEPI, 2007) e é possível que em Passiflora o floema seja o principal aporte de foto-assimilados e o xilema responsável pelo aporte de água. As flores coletadas pela manhã apresentavam o amido concentrado nas células secretoras próximas à região dos feixes vasculares, Wist e Davis (2006) relatam que o amido é hidrolisado em açúcares de cadeia pequena e transportado via simplasto até a região de exsudação. Em flores coletadas no final da tarde P. caerulea não apresentou amido e P. villosa apresentou pouco amido na porção terminal do opérculo. As flores permanecem em antese por um dia e o néctar que não for consumido por visitantes florais é reabsorvido, pode ocorrer uma reabsorção seletiva de água e solutos (CORBET, 2003). O amido é um dos principais compostos de reserva nas plantas. Ao longo da evolução não tem sido apenas utilizado como reserva nutricional para a própria planta, mas

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como uma das mais importantes fontes de energia para os demais níveis da cadeia alimentar (ZEEMAN, SMITH e SMITH, 2004).

6.2- Concentração de açúcares no néctar De acordo com a tabela 2 as espécies que não apresentam néctar, provavelmente este tinha sido coletado pelos visitantes florais ou reabsorvido. O teor de açúcares no néctar é primordial para a interação entre animal e planta pois sua energia é a recompensa disponibilizada. A quantidade de açúcares na flor flutua através do tempo, o néctar fornecido é esgotado por animais ou por reabsorção, únicas vias de transporte para o açúcar, mas a água tem rotas adicionais, ela pode ser fornecida por condensação do ar úmido, ou precipitação e pode ser perdida por evaporação (CORBET, 2003). Atribui-se à umidade relativa do ar as concentrações de açúcares encontradas em P. caerulea e P. villosa que evidenciaram as maiores concentrações de açúcares e umidade relativa do ar baixa. A concentração de açúcares em P. tholozanii é atribuída ao fato que no momento da coleta estava com precipitação fraca e P. galbana em que a umidade do ar estava elevada. Os polinizadores se beneficiam do néctar, sendo este um alimento de fácil assimilação, com os açúcares como principal fonte de energia que permite o voo para uma série de vetores de pólen, como uma variedade de insetos, alguns pássaros e morcegos sendo os principais polinizadores (NICOLSON, 2007). As concentrações de açúcares do néctar tendem a ser semelhantes para plantas com as mesmas síndromes de polinização (NICOLSON e THORNBURG, 2007).

6.3- Anatomia do tubo do cálice Os nectários são compostos por uma epiderme com tricomas e um tecido parenquimático especializado (FAHN, 1979). O tecido parenquimatoso geralmente é composto por pequenas células de parede finas, núcleos relativamente grandes, citoplasma granular denso e com pequenos vacúolos (CASPARY, 1848; BEHRENS, 1979; BONNIER, 1879; FAHN, 1952, 1974, 1979). O néctar pode ser exsudado por células epidérmicas ou tricomas diretamente para o exterior do tecido, ou por células do parênquima ou tecido nectarífero via estômatos. Quando a secreção é provocada por células epidérmicas ou tricomas que apresentam cutícula a exsudação do néctar é efetuada pela ruptura da cutícula, ocorrência de poros ou a cutícula ser permeável (FAHN, 1979).

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Em P. mixta, P. tarminiana e P. tripartita ocorrem papilas na epiderme que reveste o tecido secretor. Os tricomas e as papilas são células epidérmicas especializadas, os tricomas podem ser uni ou pluricelulares e podem ocorrer em vários locais na planta, com funções diferentes. Já as papilas geralmente são menores, unicelulares e ocorrem em quantidade maior (RUDALL, 2007). Quando o néctar é secretado diretamente nas células epidérmicas, a epiderme do tecido nectarífero é geralmente composta de tricomas unicelulares ou pequenas papilas de natureza epidérmica (BERNARDELLO, 2007). Passiflora suberosa e P. guazumifolia apresentaram tricomas unicelulares na região do límen e estes tricomas podem estar relacionados com a polinização. Nadia e Machado (2014) relatam que os tricomas dificultam o acesso ao néctar, fazendo com que o inseto permaneça mais tempo em contato com a flor. Nestas espécies a epiderme da região secretora é delgada e com pouca pectina nas paredes, não conferindo resistência para a liberação do néctar para o meio externo, podendo ocorrer pela ruptura da epiderme ou esta ser permeável. Para as espécies que apresentaram parede celular delgada, células pequenas na epiderme não verificou-se a ocorrência de poros, canais ou estômatos modificados, possivelmente o néctar é exsudado para o meio externo via simplasto. Porém, um caminho simplasto contínuo à epiderme requer uma etapa apoplástica através da parede periclinal, anticlinal ou externa à superfície do nectário (WIST e DAVIS, 2006). No opérculo, por sua vez, as células epidérmicas apresentam a parede celular delgada sendo esta a principal região secretora para tais espécies. Os espaços entre as células epidérmicas são constituídos por estômatos modificados. A liberação de néctar através de estômatos é relatada na literatura como a forma mais comum destacando que quando a secreção não ocorre através dos estômatos a própria epiderme está envolvida no processo de secreção (NEPI, 2007). Apenas P. galbana apresentou estômatos modificados por toda a região secretora, sendo esta possivelmente a principal via de exsudação do néctar. Passiflora actinia, P. amethystina, P. caerulea e P. villosa apresentam estômatos modificados apenas na região opercular e acredita-se que a liberação do néctar ocorra com mais intensidade nesta região, pois em todas estas espécies é a região com maior número de camadas adjacentes a região secretora, porém devido a extensão do tecido secretor a exsudação do néctar ocorra também através de outras regiões da epiderme. A parede periclinal externa do tubo do cálice em todas as espécies é espessa com intensa deposição de pectina. As pectinas contribuem para a adesão entre as células conferindo resistência mecânica da parede celular, além de importante para o crescimento celular, também estão envolvidas na interação com agentes patogênicos (BRANDÃO e

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ANDRADE, 1999). Em P. villosa, P. suberosa, P. guazumifolia e P. glandulosa as paredes das células do parênquima próximo a epiderme são delgadas e com pouco conteúdo aparente de pectinas. Em todas as espécies analisadas verificou-se a ocorrência de feixes vasculares logo abaixo do tecido secretor, muitas vezes com células do tecido secretor bem próximas, porém estes não adentram o nectário. O tecido secretor pode ser fornecido por um tecido vascular especial, ou apenas encostar no sistema vascular normal do órgão em que elas ocorrem (FREI, 1955; FAHN, 1979). Em P. caerulea, P. amethystina e P. tenuifila os feixes vasculares adentram o opérculo, mas não o tecido secretor, de acordo com as observações de Puri (1947) relata que em Passiflora a base dos nectários é revestidos por ramos de feixes vasculares, mas nenhum dos ramos adentra no tecido secretor. Já em P. galbana os feixes vasculares com o o predomínio do floema, adentram o tecido secretor na região abaixo do opérculo. Segundo Prychid e Rudall (1999) cristais contendo oxalato de cálcio são comuns em plantas com flores, com função de prevenção contra herbivoria dentre outras, e variações sazonais nas condições ambientais podem interferir na quantidade do oxalato produzido e assim, coletas em outros períodos podem apresentar variações para a mesma espécie. O tubo do cálice de P. glandulosa, P. tholozanii e P. guazumifolia não apresentaram parede péctica espessa nos extratos do parênquima próximo a epiderme da região externa do cálice, mas apresentam no primeiro extrato próximo a epiderme muitos idioblastos contendo composto fenólicos. Os compostos fenólicos podem atuar contra ataques de microrganismos, contra a herbivoria ou contra estresse oxidativo (HUTZLER et al, 1998). Nos compostos fenólicos, além de moléculas simples como os ácidos fenólicos e os flavonoides, ocorrem também taninos, caracterizados como compostos de alto peso molecular que precipitam proteínas, incluindo proteínas salivares da cavidade oral. Propriedades que explicam o papel dos taninos na proteção vegetal contra patógenos e na detenção de herbívoros que se alimentam destas plantas (ROCHA et al., 2011) e possivelmente estes composto de natureza fenólica, principalmente os próximos à epiderme, conferem uma possível defesa química contra a herbivoria e surrupiadores de néctar.

6.4- Polinização O perianto apresentou uma vantagem evolutiva, devido à proteção exercida nos órgão reprodutivos e do néctar contra a dessecação, porém restringe o acesso e a visualização dos recursos florais. Desta forma as flores precisam proteger as estruturas florais e ao mesmo

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tempo serem atrativas (VARASSIN e AMARAL-NETO, 2014). A coloração é outra característica importante para a atração de possíveis polinizadores. No presente trabalho as flores estudadas apresentam coloração variada, desde cores frias, alvas e com cores quentes. Killip (1938) afirma que o gênero apresenta grande variação em cor e tamanho, com corona e perianto com orientação e desenvolvimento diversificado. Tais característica podem ser relacionadas a síndrome de polinização. Puri (1951) destaca que a corona no gênero Passiflora apresenta um grau de elaboração máxima, podendo apresentar várias séries. Passiflora caerulea, P. actinia e P. villosa compartilham pétalas e sépalas alvas e a corona destaca-se na flor apresentando filamentos longos e coloridos. A corona é o elemento mais chamativo da flor e seu conjunto completo de estruturas inclui (ordem centrípeta) estruturas filamentosas compridas chamadas de “radii”, estruturas curtas chamadas de “pali” e o opérculo que é uma protuberância da borda interior da corona que juntamente com o límen cobrem o tecido secretor de néctar (CLAßEN-BOCKHOFF e MEYER, 2015). Passiflora mixta, P. tarminiana e P. tripartita var. molissima apresentam corona vestigial com um único anel, assemelhando-se a pequenos dentes e estudos filogenéticos sugerem que P. mixta, P. tarminiana e P. tripartita constituem um grupo monofilético (ABRAHAMCZYK, SOUTO-VILARÓS e RENNER, 2014), com características de coloração semelhante, tubo do cálice longo e antese floral voltada para baixo e estão restritas a região dos . O acúmulo do néctar nestas espécies ocorre entre a base do opérculo e a parede do tubo do cálice. As espécies apresentam características anatômicas muito estreitas, com pequenas variações no tamanho da base do tubo do cálice e a distância entre opérculo e límen que pouco se altera. Claßen-Bockhoff e Meyer (2015) relatam que P. mixta, P. tarminiana e P. tripartita apresentam especialização extrema com o polinizador Ensifera ensifera (beija-flor). Segundo Lindberg e Olesen (2001) esta dependência do polinizador pode aumentar a extinção local ou global, e acredita-se que a escassez do polinizador tenha relação com a extinção local de P. mixta em paisagens abertas no Equador. P. glandulosa e P. tholozanii possuem coloração e estrutura morfológica semelhantes, sendo que P. tholozanii apresenta coloração vermelha mais intensa. Não foram encontrados trabalhos sobre a biologia reprodutiva dessas espécies e seu provável polinizador, porém devido às características encontradas em ambas sugere-se que sejam polinizadas por beija-flores.

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As flores de P. coccinea Aubl. apresentam características especializadas para a polinização por beija-flores, pois sua cor, morfologia, horário de antese, volume e concentração de açúcares são características compatíveis para a maioria das espécies polinizadas por beija-flores, sendo o beija-flor Phaethornis superciliosus L. o principal polinizador para a espécie e o único visitante floral (FISCHER e LEAL, 2006). As características morfológicas e de coloração entre P. tholozanii e P. coccinea são muito estreitas e possivelmente acredita-se P. tholozanii bem como P. glandulosa sejam polinizadas por beija-flores. Segundo Cervi e Dunaiski Junior (2004) P. tholozanii é semelhante morfologicamente a P. araujoi e P. coccinea, sendo que P. tholozanii distingue-se de P. coccinea pela estrutura da corona de filamentos, que nesta apresenta a série interna unidas por uma membrana na base, no entanto tais diferenças não afetariam a visitação por beija-flores. Passiflora tholozanii é endêmica do Brasil, ocorrendo nos estados do Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia, Roraima, Maranhão e Mato Grosso (BERNACCI et al, 2015). O beija-flor P. superciliosus apresenta distribuição na região norte da América do Sul (PIACENTINI, 2011). A distribuição de ambas ocorrem na mesma região, reforçando a possibilidade de P. superciliosus ser o polinizador de P. tholozanii. Passiflora suberosa é uma espécie auto-compatível (KOSCHNITZKE e SAZIMA, 1997), porém também pode apresentar reprodução cruzada, o que aumenta a frequência dos loci em heterozigoze para a espécie. As características florais, flores pequenas e rasas, com cores opacas e néctar de fácil acesso, correspondem a flores polinizadas por vespas (HEITHAUS, 1979). KOSCHNITZKE e SAZIMA (1997) relatam que as flores de P. suberosa são pouco visitadas, as vespas são os visitantes mais frequentes, realizando visitas rápidas e durante a tomada de néctar tocam nos órgão reprodutivos. Passiflora guazumifolia apresenta pétalas e sépalas alvas e corona de filamento de coloração amarela e flores maiores que P. suberosa. A anatomia do tubo do cálice evidencia que ambas são muito semelhantes, as principais diferenças encontradas foram a presença de composto fenólico e o tamanho. As flores procuradas por vespas apresentam nectários rasos, devido ao aparelho bucal curto característico de Vespidae (SOMAVILLA e KÖHLER, 2012). Passiflora actinia e P. caerulea apresentam pétalas e sépalas alvas e corona de filamentos com coloração entre violeta e púrpura. Já P. amethystina apresenta flores de cor azul-púrpura. As abelhas e vespas visitam principalmente flores com coloração violeta, azuis, rosa, amarelas e raramente vermelhas (BRITO, TELLES e LUNAU, 2012). Além da coloração semelhante apresentam anatomia e morfologia semelhantes. O tubo do cálice fica protegido por filamentos que circundam o androginóforo, os filamentos sobrepõem-se ao

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límen dificultando o acesso a câmera nectarífera. Devido às características incluímos neste grupo P. tenuifila a qual possui flores alvas. Koschnitzke e Sazima (1997) relatam que os únicos visitantes florais de P. amethystina foram abelhas e as evidências anatômicas assim como morfológicas indicam tais espécies como melitófilas. Passiflora galbana possui antese noturna e síndrome de quiropterofilia (KOSCHNITZKE e SAZIMA, 1997). A adaptação à quiropterofilia envolve antese noturna, posição ereta da flor, sépalas e pétala voltadas para baixo, redução no tamanho do filamentos da corona permitindo assim fácil acesso à câmara nectarífera, deslocamento zigomórfico dos órgão reprodutivos. Ao analisar essas características em conjunto, pode-se sugerir que estão adaptadas à polinização por morcegos e estes animais tem menos agilidades nas manobras de voo em relação as abelhas e os beija-flores (SAZIMA e SAZIMA, 1978). Passiflora galbana é endêmica para o Brasil e está distribuída na região Nordeste nos estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Sergipe, na região Sudeste nos estados do Espírito Santo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, nos domínios fitogeográficos do Cerrado e Mata Atlântica (BERNACCI et al., 2015). Varassin (1996) relata que os visitantes florais para a espécie são os morcegos Glossophaga soricina, espécie Neotropical, com ocorrência do México ao Norte da Argentina (LOUZADA e PESSÔA, 2013). Passiflora villosa não possui anatomia semelhante com outra espécie do trabalho, além de apresentar antese com tubo do cálice, levemente inclinado e voltado para baixo, não foi identificado um local para acúmulo de néctar e acredita-se que a secreção ocorra em pequenas quantidades. O néctar apresentou elevada quantidade de açúcares, as concentrações elevadas têm sido relatadas para flores adaptadas a polinização por borboletas (HEIL, 2011). A elevada concentração de açúcares no néctar pode estar relacionada à evaporação de água e considerando que P. villosa não apresenta local para o acúmulo do néctar, sugerindo que a secreção ocorra em menor quantidade. Os processos fisiológico da planta, como antese, taxa de secreção de néctar, reabsorção de açúcares, disponibilidade e evaporação da água e a qualidade nutricional do recurso, combinados com a fisiologia do animal, como suas necessidades nutricionais e hídricas, o período de atividade, promovem o ajuste ecológico entre plantas e seus polinizadores, em que ambos se beneficiam (VARASSIN, 1996). A polinização por insetos, provavelmente da ordem hemíptera, aparenta ser a síndrome ancestral em Passiflora (MACDOUGAL, 1994; KROSNICK et al., 2015). A polinização por abelhas dentro do gênero é a mais difundida (MACDOUGAL, 1994). As

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espécies polinizadas por beija-flores constituem o segundo maior grupo (JANZEN, 1968; ESCOBAR, 1985; KOSCHNITZKE e SAZIMA, 1997; VARASSIN, TRIGO e SAZIMA, 2001), as flores são caracterizadas por um androginóforo alongado, a corona pouco desenvolvida ou relativamente pequena, flores de coloração vermelhas, roxas ou rosas, estás podem estar dispostas eretas, lateralmente ou pendulares (MACDOUGAL, 1994). A polinização mediada por morcegos é conhecida para P. mucronata, P. galbana, P. penduliflora e Tetrastylis ovalis (SAZIMA e SAZIMA, 1978; 1987; BUZATO e FRANCO, 1992; VARASSIN, TRIGO e SAZIMA, 2001; KAY, 2001). A polinização por beija-flores e morcegos, acredita-se que estas síndromes evoluíram independentemente em vários clados (KAY, 2001; KROSNICK et al, 2013; KROSNICK et al., 2015). Os casos já estudados indicam que as flores apresentam atributos morfológicos e funcionais adaptados aos agentes polinizadores que efetivamente contribuem para o sucesso reprodutivo da planta, indicando a presença de um sistema de co-adaptação (ACIOLI, 2003). As flores do subgênero Decaloba são frequentemente pequenas, de coloração branca ou amareladas e corona com uma ou duas séries de filamentos (MILWARD-DE-AZEVEDO, GONÇALVES-ESTEVES e BAUMGRATZ, 2004). Predominando a polinização por himenópteros, principalmente abelhas do gênero Ptiloglossa (FARIA e STEHMANN, 2010) e por vespas (MACDOUGAL, 1994). O subgênero apresenta morfologia floral bastante uniforme, porém os estudos existentes não permitem caracterizar com precisão as estratégias reprodutivas e se a morfologia está associada a polinizadores específicos (FARIA e STEHMANN, 2010). O subgênero Passiflora é o mais diversificado, como maior número de espécies, flores de tamanho e coloração variadas. Baseando-se nesta diversidade Knuth (1904) supôs que os polinizadores também fossem diversificados, naquela época era conhecida a polinização em Passiflora por abelhas e beija-flores. Estudos de biologia reprodutiva demonstram que houve um radiação adaptativa para a polinização por abelha, aves e morcegos (FARIA e STEHMANN, 2010). A polinização por abelhas é a mais difundida, a segunda síndrome de polinização mais recorrente é a ornitofilia, e em menor quantidade é a ocorrência de polinização por vespas e morcegos (MACDOUGAL, 1994). Os subgêneros Astrophea e Deidamioides não foram encontrados trabalhos relacionados a evolução das síndromes de polinização, biologia floral, anatomia das flores e distribuição das espécies.

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A filogenia feita por Zamberlan (2007) demostra que P. galbana apresenta as características plesiomórficas no subgênero Passiflora em relação as espécies abordadas no trabalho. Em relação a morfologia do tubo do cálice, apresenta límen sem curvatura, opérculo pouco desenvolvido, com tubo do cálice aberto não conferindo dificuldade ao visitante floral para alcançar o néctar. Características que foram conservadas pela relação planta-polinizador. Filogeneticamente P. amethystina, P.villosa e P.caerulea constituem um grupo monofilético, e P. tenuifila está em um grupo parafilético às demais, porém de acordo com a anatomia do tubo do cálice P. tenuifila é mais próxima de P. amethystina e P. caerulea que P. villosa. A filogenia realizada por Zamberlan (2007) usou apenas um marcador, acreditamos que com o uso de mais marcadores pequenas alterações podem ocorrer. Neste grupo a principal diferença em relação a P. galbana é a presença do filamento opercular sobre o límen dificultando o acesso a câmara nectarífera, estreitando a relações com os polinizadores e dificultando o acesso de surrupiadores de néctar. Passiflora mixta apresenta as características mais derivadas (ZAMBERLAN, 2007). Anatomicamente P. mixta, P. tarminiana e P. tripartita são semelhantes e por apresentarem tubo do cálice alongado requerem um polinizador com um aparelho bucal compatível. Acreditamos que o tubo do cálice alongado e opérculo membranáceo, alongado e recurvado sejam as características mais derivadas dentro das espécies abordadas no presente trabalho. Para essas espécies é relatado a especialização extrema com o polinizador o Ensifera ensifera (beija-flor) (CLAßEN-BOCKHOFF e MEYER, 2015).

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7- CONCLUSÃO Este trabalho evidencia a relação entre a anatomia do tubo do cálice nas espécies analisadas e sua relação com agentes polinizadores e a importância do conhecimento anatômico das espécies. A anatomia revelou características relevantes e que diferenciam uma espécie da outra, assim como confirmou dados dispostos na literatura. A presença de compostos fenólicos para defesa contra surrupiadores de néctar. A rota de produção de néctar desde seu aporte via floema até a exsudação pela epiderme, papilas ou estômatos modificados, para algumas espécies pode ocorrer mais de um mecanismo de exsudação. O néctar é o principal recurso oferecido por passifloras e único procurado por beija- flores, sendo mediador do processo de transferência de polén. Os insetos, beija-flores e morcegos com tamanho compatível para contatar anteras e estigmas, visitam flores em busca desse recurso. O processo de polinização está fortemente relacionado com o movimento das estruturas reprodutivas, antese, período de secreção, quantidade e a disponibilidade do néctar em passifloras, estando correlacionadas com o período de atividade dos agentes polinizadores. As espécies analisadas pertencem a dois subgêneros em Passiflora, uma espécie pertencente a Decaloba polinizada por vespas, síndrome característica para o subgênero. As demais espécies pertencem ao subgênero Passiflora exibindo uma maior diversidade floral e de polinizadores, corroborando com dados dispostos na literatura. A anatomia do tubo do cálice está correlacionada com os dados filogenéticos, sendo que trabalhos com mais marcadores moleculares e sobre a evolução dos caracteres são necessários para as lacunas existentes entre a taxonomia e a filogenia.

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8- REFERÊNCIAS

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