Ano XXIII 2014 - NÚMERO 127 ISSN 1415 - 2460

O lendário

Fernanda Terra apresenta sua nova banda Shadowside Extermina O metal brasileiro no exterior E mais: Prêmio Dynamite, André Barcinski, notícias, shows e lançamentos Dezembro/2014 Dezembro/2014 ÍNDICE EXPEDIENTE EDITORIAL 04 Retrospectiva revista Dynamite chega com tudo trazendo o melhor da cena independente nacional e Ainternacional! Nessa edição, você confere uma entrevista com o lendário baterista Dave Lombardo. O músico, que conquistou uma carreira solida com o Slayer, esteve no Brasil para uma série de workshows e 06 Shows aproveitou para falar sobre sua carreira. Dani Nolden, líder da banda Shadowside, relembrou os ótimos momentos nas turnês pelo exterior. Ainda falou sobre o show business do metal nacional, influências musicais, entre outros assuntos. A baterista Fernanda Terra apresenta à Dynamite sua nova banda Extermina. Além disso, ela passou a limpo toda sua carreira, lembranças de quando 20 Dave Lombardo começou a tocar, em Brasília, também o projeto Rock Camp Girl, Nervosa e muito mais. Você também vai conferir a seguir a lista dos melhores do Prêmio Dynamite de Música Independente de 2014. Ainda nessa edição, o jornalista André Barcinski fala sobre seu último livro lançado “Pavões Misteriosos – 1974-1983: a explosão da música pop no Brasil”, e claro, tudo o que rolou no cenário independente, resenhas de CDs, resumo dos melhores shows e as notícias mais incendiárias do rock. 24 Shadowside Boa leitura!

Marcos Chapeleta – Editor

28 Prêmio Dynamite

Expediente DYNAMITE – Edição 127 – Dezembro/2014 Publisher e Jornalista Responsável: André “Pomba” Cagni MTB 34553 ([email protected]) Editor: Marcos “Chapeleta” ([email protected]) Diagramação: Rodrigo “Khall” Ramos ([email protected])

Colaboraram nesta edição: Adriano Coelho, Alexandre Cintra, Aloísio Ribeiro, Angélica 30 André Barcinski Kernchen, Bianca Belli, Daniel Esteves, Denis Zanin, Diego Fernando, Dum de Lucca Neto, Edu Lawless, Fabia Fuzeti, Fabio Mori, Fernando Menechelli, Fernando Montinho, Flavio “El Loco” Ferraz, Flavio Santiago, Gabi Torrezani, Givaldo Menezes, Greg Tasso, Ique Iahn, Jair Santana, Jay Sosa, Jeniffer Souza, Luciano “Carioca” Vitor, Maíra Hirose, Marcel Nadal Michelman, Marcelo Luis dos Santos Coleto, Marcelo Teixeira, Márcio Baraldi, Nilson Rizada Martins, Patrícia Cecatti, Paulo Ueno, Peete Neto, Pri Secco, Renan Facciolo, Rodrigo “Khall” Ramos, Silmara de Oliveira, Tatiana Tavares e Vivian Maia.

Contato: Tel/Fax: (11) 3064-1197 32 Fernanda Teerra R. 13 de Maio, 363 - Bela Vista - São Paulo/SP - CEP:01327-000 Site: www.dynamite.com.br E-mail: [email protected]

Capa: divulgação

A Revista Dynamite e o portal Dynamite Online são geridos pela Associação Cultural Dynamite, CNPJ 07.157.970/0001-44, através do projeto Pontos de Cultura da Secretaria de Estado da Cultura do Governo do Estado de São Paulo e do Ministério da Cultura do Governo Federal. 38 Ears Up Dezembro/2014 03 RETROSPECTIVA

NEWS(Fotos: Divulgação)

L7, quarteto feminino que fez grande sucesso nos anos 90, anunciou huck Mosley, ex-vocalista através da página oficial do Facebook que está de volta. O grupo do , está enviou um comunicado agradecendo o apoio dos fãs pela repercussão Cpassando por dificuldades O financeiras. O músico pediu ajuda em na rede social e aproveitou o entusiasmo para anunciar que as integrantes originais Donita Sparks (vocal e guitarra), Suzi Gardner (guitarra e vocal), Jen- sua conta do Facebook para pagar os nifer Finch (baixo e vocal) e Dee Plakas (bateria) toparam se reunir depois de alugueis atrasados. No texto publi- 14 anos. Agora, as garotas pediram para o público continuar apoiando, assim cado, Mosley demonstrou desespero divulgando a notícia para que promotores de shows se interessem. M pela situação de sua família, disse estar de joelhos para não ser despe- jado. O cantor participou dos dois primeiros álbuns do Faith No More, “” e “Introduce Your- self”, antes de assumir o posto de vocalista em 1988. M

grupo norueguês A-ha está de volta para fazer um show obby Keys, saxofonista que especial na edição de 30 anos tocou com os Rolling Stones O ason White, guitarrista do Green do Rock in Rio em setembro. For- em diversas fases da carreira B Day, foi diagnosticado com um mado por Morten Harket, Magne Fu- do grupo, morreu em sua residência, ruholmen e Paul Waaktaar, o trio tem em Tennessee, nos Estados Unidos. Jcâncer na amígdala. A doença uma história de sucesso junto com o O músico, de 70 anos, lutava contra foi descoberta quando o músico festival. Em 1991, na segunda edição, uma cirrose, segundo noticiou o site submeteu a uma amigdalectomía seu show foi um dos mais espera- Nashville Scene. Os Stones divulgou de rotina. Segundo comunicado da dos com recorde de maior público um comunicado oficial nas redes banda, White deve ter uma recuper- pagante na época, nada menos que sociais dizendo que “estão devasta- ação rápida e completa por ter sido 198 mil pessoas. Dos nove álbuns de dos pela perda de seu amigo muito localizada cedo a doença. Na banda estúdio, o primeiro lançado, “Hunting querido e lendário saxofonista”. Keys desde 1999, Jason acompanha nas High and Low”, também completa também participou de trabalhos com turnês o trio Billie Joe Armstrong três décadas em 2015. Comemo- outros artistas, entre eles, Eric Clap- (vocal/guitarra), Mike Dirnt (baixo) e rações não vão faltar. M ton, John Lennon e Joe Cocker. M Tré Cool (bateria). M 04 Dezembro/2014 Dezembro/2014 banda Culture Club está de volta com sua formação original. O retorno aos palcos aconteceu no Heaven, em Londres. O quarteto A não tocava junto há 12 anos. O show se tornou ainda mais especial já que o local foi onde Boy George e companhia fizeram o primeiro show, em 1982. No repertório, não faltaram clássicos como “Karma Chameleon”, “Do You Really Want to Hurt Me” e “It’s A Miracle”, além de músicas inéditas que estarão no novo álbum. M The Beatles Expe- rience, biografia A em quadrinhos dos quatro rapazes de Liver- pool, acaba de chegar ao Brasil. Lançada pela ZNL Zine Editora, a revista pos- sui 240 páginas que aborda a trajetória do grupo com histórias reais e algumas com o ponto de vista do autor. Publicada original- mente pela extinta editora norte-americana Rock n’ Roll Comics, que lançou cantor Morrissey revelou biografias em quadrinhos pela primeira vez em entre- de bandas como Metallica, vista ao jornal El Mundo AC/DC, Guns N’ Roses e O Van Halen, o material se que sofre de câncer. Na reportagem publicada, o ex-Smiths falou sobre torna um registro histórico o tratamento que tem feito: “Eles do que acontecia no mundo [os médicos] já rasparam os teci- durante a passagem dos dos cancerosos quatro vezes, mas Beatles. As manchetes em não importa. Se for para eu morrer, cada página são acompanha- morri. Se for para não morrer, que das por fatos históricos e não morra”.O artista, de 55 anos, tem lançamentos musicais que cancelado shows e turnês desde o aconteceram em determi- último ano por problemas de saúde, guitarrista Marty Fried- nadas épocas. Como bô- incluindo uma turnê sul-americana man, conhecido por ter nus, há uma história sobre que passaria pelo Brasil. “Neste mo- participado de uma das a lenda da morte de Paul O McCartney desenhada pelo mento, me sinto bem. Estou ciente de melhores fases do Megadeth e ter que, nas últimas fotos que tiraram de gravado álbuns como “Rust In ex-desenhista da Liga da mim, estou debilitado, mas assim são Peace” e “Countdown to Extinc- Justiça, Stuart Immonen, as doenças. Não vou me preocupar tion”, vem ao Brasil em março para que também ilustrou a bio- com isso, e vou descansar quando es- uma série de workshops. O músico grafia do Anthrax para a tiver morto”, disse o músico em outro vai rodar o país, vinte performances mesma editora no começo trecho da publicação. M já estão confirmadas. M dos anos 90. M Dezembro/2014 05 Dezembro/2014 grupo Ministry, um dos precursores do metal indus- O trial, confirmou através das redes sociais show no Brasil em 2015. A única apresentação acontece no dia 6 de março, no Audio SP. A turnê pela América Latina inclui também supergrupo Temple of the Dog, formado por integrantes do Pearl países como Argentina (08/03), Chile Jam e Soundgarden, se reuniu na Califórnia, onde tocou a música (10/03), Colômbia (12/03) e México O “Hunger Strike”. As duas bandas de Seattle participaram do fes- (13/03). Formada atualmente por Al tival acústico beneficente Bridge School Benefit, do cantor Neil Young, e Jourgensen (vocal e guitarra), Sin aproveitaram fazer essa “jam session”. O Temple of the Dog foi um projeto Quirin (guitarra), Casey Orr (baixo), criado para homenagear Andrew Wood, vocalista das bandas Mother Love (bateria) e John Bechdel Bone e Malfunkshun, considerado um dos padrinhos do movimento grunge. (teclados), a banda vem divulgar o ál- O músico morreu de uma overdose de heroína, em 1990. Esse tributo rendeu bum “From Beer to Eternity”, lançado o álbum homônimo “Temple of the Dog”, lançado em 1991. M em 2013. M

onsiderado um dos principais Mr. Big retorna ao Brasil em representantes do hardcore fevereiro onde se apresenta em Cnova-iorquino, o Sick Of It Otrês cidades do país. Os shows All confirmou três shows do Brasil em acontecem em Porto Alegre (06/02 – março. As apresentações acontecem no Pepsi on Stage); em São Paulo (07/02 guitarrista Marcão Britto Rio de Janeiro (13/03 – Teatro Odis- – Studio Verona); e no Rio de Janeiro (ex-Charlie Brown Jr.), a séia) em São Paulo (14/03 – Clash (08/02 – Fundição Progresso). Dessa O baixista Lena Papini (ex- Club) e Curitiba (15/03 – Music Hall). vez a banda estará muito bem acom- A Banca) e o baterista Pinguim O grupo vem ao país promover o novo panhada. O grupo Winger será o con- (ex-Charlie Brown Jr.) montaram álbum, “The Last Act of Defiance” vidado especial da turnê. Os ingressos a nova banda Bula. O power trio (Century Media). Os norte-americanos já estão à venda. M se reuniu há aproximadamente um do Stick To Your Guns serão os convi- ano, quando começaram a gravar dados especiais na turnê brasileira. M onfirmado o retorno o primeiro disco, “Não Estamos ao Brasil do guitarrista Sozinhos”, trabalho lançado pela Raimundos lançou o novo Slash, ex-Guns N’ Roses, gravadora Deck. Composto por 13 C faixas e 2 faixas bônus, o disco DVD “Cantigas de Garagem”. Velvet Revolver e atualmente em O trabalho é um registro de en- carreira solo. O músico, ao lado foi gravado no estúdio Electro O Sound, em Santos, litoral sul de saio que traz músicas do último álbum, do vocalista Myles Kennedy e da “Cantigas de Roda”, além dos clássicos banda The Conspirators, estará no São Paulo. A produção é de André da banda. A direção é de Daniel Ferro país em março onde se apresen- Feitas, que também fez a mixa- e o lançamento é uma parceria entre tará em seis cidades. A abertura gem e masterização, e Marcão o canal de TV a cabo Multishow e a ficará com conta de Gilby Clarke, Britto, que assina todas as músi- gravadora Som Livre. M também ex-Guns N’ Roses. M cas desse trabalho. M 06 Dezembro/2014 Dezembro/2014 cantor britânico Joe Cocker morreu, aos 70 anos, após uma Olonga batalha contra um cânc- er de pulmão. O músico faleceu em sua casa, no estado do Colorado, nos Estados Unidos. Com sua voz rouca, s norte-americanos do NOFX, considerados um dos maiores grupos forte e inconfundível, o artista lançou de punk/hardcore do mundo, confirmaram quatro shows no Brasil. As mais de 40 álbuns. Entre seus maiores Oapresentações acontecem em Porto Alegre (17/03 – Bar Opinião), Rio de sucessos, estão “You Can Leave Your Janeiro (19/03 – Circo Voador), Curitiba (20/03 – Vanilla Music Hall) e São Paulo Hat On”, “Unchain My Heart” e a (21/03 – Via Marques). Formada por Fat Mike (voz/baixo), Eric Melvin (guitarra/ versão para “With A Little Help From voz), El Hefe (guitarra e trompete) e Eric Sandin (bateria), a banda aproveitou as My Friends”, dos Beatles, conhecida apresentações no Chile e Argentina para agendar a turnê brasileira. M também como tema de abertura da série “Anos Incríveis”, exibida na TV Cultura. M

Red Hot Chili Peppers está preparando seu novo álbum Ode estúdio. Em entrevista à , Flea adiantou algumas novidades sobre o disco inédito: “Nós estamos compondo e ensaiando, ralando muito, entrando no estúdio batalha judicial para o uso do e gravando. Estamos terminando as ayne Static, líder do Static- nome Legião Urbana ganhou composições. Então, vamos ao estúdio X, foi encontrado morto. mais um capítulo. De acordo nos próximos dois meses”. Em relação A a atual formação, o baixista disse que Fontes ligadas ao músico com a sentença do juiz Fernando Cesar W Ferreira Viana, da 7ª Vara Empresarial está mais fácil e natural trabalharem indicam que a causa da morte tenha sido overdose. Ele tinha 48 anos. O do Rio de Janeiro, os ex-integrantes juntos, e que a estrada ajudou a criar grupo Static-X foi fundado por Wayne Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá uma nova linguagem entre a banda e o Richard Wells (seu nome original) em poderão usar o nome da banda no guitarrista Josh Klinghoffer. O músico 1994. A banda lançou seis álbuns, o de exercício de suas atividades profission- ainda revelou que o sucessor de “I’m maior sucesso foi “Wisconsin Death ais. Caso o filho de Renato Russo, Gi- With You”, de 2011, está legal e dan- Trip”, de 1999, que faturou disco de uliano Manfredini, tente impedir, será çante. M platina. Atualmente, Wayne Static penalizado com uma muita no valor de vinha se apresentando como artista R$ 50 mil. Os músicos divulgaram a cantor Ozzy Osbourne solo e se preparava para excursionar notícia nas redes sociais e agradeceram revelou que o Black Sabbath com o Powerman 5000. M os fãs e a imprensa. M Ocomeçará a trabalhar em mais um álbum inédito neste ano. Durante entrevista à Metal Hammer, o “Mad- ack Bruce, ex-baixista e vocalista do Cream, morreu aos 71 anos. A família man” disse ter gostado da turnê do ál- divulgou um comunicado lamentando a perda do artista: “É com grande tris- bum “13”, então achou ser uma ótima Jteza que nós, a família de Jack, comunicamos o falecimento do nosso amado ideia lançar mais um disco e fazer a Jack: marido, pai, avô, e uma verdadeira lenda. O mundo da música será um turnê de despedida: “Toda a experiên- lugar mais pobre sem ele, mas ele vive em sua música e para sempre em nossos cia do SABBATH dessa vez foi ótima. corações”. A assessoria do músico divulgou que ele sofria de doença hepática. Nós fizemos amigos, não brincamos Ao lado do guitarrista Eric Clapton e do baterista Ginger Baker, Bruce era a voz e em serviço, todos nós sabíamos que o compositor por trás de faixas clássicas do Cream como “White Room”, “SW- tínhamos um trabalho a fazer, e assim LABR” e “Sunshine of Your Love”, que co-escreveu com Clapton. Considerado foi feito. Foi muito divertido. Vamos o primeiro “supergrupo” de rock, o trio foi o primeiro a faturar disco de platina fazer mais um álbum e uma última com as vendas do álbum “Wheels Of Fire”, lançado em 1968. M turnê”. M Dezembro/2014 07 Dezembro/2014 Uriah Heep Via Marquês – SP (27/05/14) Texto: Adriano Coelho SHOWS Foto: Leandro Cipriano

ela quarta vez os ingleses do Uriah abuso dos flanelinhas de rua, que perceberam Heep tocaram em terras brasileiras. Fui que o público era mais velho. Eu não dei nada, P conferir o show que aconteceu no Via preferi deixar o carro mais longe, pago seguro Marquês, em São Paulo. A banda que teve lend- para quê? Quem foi incumbido de abrir o show ários vocalistas como David Byron e John Law- foi a banda Pop Javali, que recebeu elogios na ton, tocou em nossas terras nos anos de 1989, sua mescla de metal com rock n’ roll. 1995 e 2006. Em todas as ocasiões, o vocalista A banda entrou em cena com “Against the foi Bernie Shaw, que está no posto desde 1986. Odds” e logo emendou “Overload” e “Traveller in Aliás, o único remanescente da primeira for- Time”. O delírio dos fãs foi mesmo quando apre- mação é o guitarrista Mick Box. Já o novato é o sentou “Sunrise”. A viagem atmosférica estava baterista Russell que entrou em 2007. começando. “I’m Ready”, “Between the Words” e Quando assisti a primeira vez o Uriah Heep, a fantástica “Gypsy”. O público se mostrava con- confesso que gostei. Isso foi em 1995, quando tente com a performance dos velhinhos quando dividiram o palco com o Nazareth. Dessa vez eles emendaram o outro clássico “ Look at parece que a vontade deles tocarem era ainda Youself”. “July Morning” foi a próxima, e muitos maior. Numa conversa com amigos e conheci- aplausos para a que vinha na sequência, a faixa dos, os álbuns mais lembrados são “Demons & “ Lady in Black”. Wizards”, de 1972; “Return to Fantasy”, de 1975, A banda se despediu, mas percebemos que “Innocent Victin” de 1977; Abminong de 1982 e teria o retorno. Foi quando voltou com “Free N’ claro, quando o assunto é ao vivo, “Live in Mos- Easy” e a mais comercial do grupo “Easy Livin”, cow”, de 1988, é o destaque. momento em que várias mulheres são chamadas Nessa nova passagem, o grupo havia se apre- ao palco para cantar e dançar. Alguns fãs curti- sentado na Virada Cultural antes de Mark Farm- ram a apresentação acompanhados pela cerveja er (ex- Grand Railroad). Simplesmente da banda que estava sendo vendida no local. tocaram em sete cidades nessa turnê. Na volta a Como já comentei, achei que eles estavam São Paulo, um dia antes do show, os fãs tiveram com muita disposição. O baterista que era a o prazer de beber com os integrantes num Pub dúvida de muitos, por ser a primeira vez no onde ocorreu o lançamento da cerveja oficial da Brasil, o que pareceu, não comprometeu. Senti banda. Com muita simpatia, eles beberam com falta da música “Sweet Loraine”, porém a banda os convidados presentes. continua com peso, e com psicodelismo, ou A noite estava ótima para o show, tirando o seja, mantiveram sua tradição. M 08 Dezembro/2014 Therion Via Marques – SP (18/05/14) Texto: Adriano Coelho Foto: Givaldo Menezes

Therion surgiu como uma banda de death parecida, mas talvez os antigos shows como em metal, hoje é até estranho falar isso, pois 2001 e 2004 foram perfeitos. Ainda era novidade, O o som do grupo está totalmente modifica- os músicos que acompanhavam a banda eram do. Atualmente se auto rotula como metal sinfôni- melhores. Aparentemente o público gostou porque co. No período de 2001 a 2007, foi lançado álbuns cantou junto, agitou e aplaudiu. Para o músico o clássicos como “Sirius B”, “Lemuria”, “Gothic Kab- que vale é isso. balah”. A banda veio ao Brasil com a turnê do disco Momentos marcantes foram quando Christofer “Les Fleurs Du Mal”. tocou a flauta na canção “Gothic Kabbalah”. Em “Le- Chegando ao local do show, avisto uma fila muria”, o músico pegou no alto uma camisa que foi enorme, fiquei admirado. Por ser a sexta visita arremessada do público. Senti falta da musica “Birth da banda ao país, não imaginei que lotaria tanto. of Venus”, mas destaco as faixas do meu álbum Houve um pouco de desorganização da casa, as preferido “Secret of the Runes”, no qual foram apre- filas geralmente costumam ser mais bem feitas. sentadas as clássicas “Asgard” e “Ginnumgagap”. Pela demora, a produtora pediu para que o show Durante o show também rolou a música do novo atrasasse um pouco. trabalho “J’ai Lé Mal de Toi”. Do excelente álbum “Vo- Ao entrar em cena, Christofer Johnsson, vocal e vin”, o grupo presenteou com “Eye of Shiva” e “The guitarrista do Therion, tem todo o estilo frontman. Rise of Sodom and Gamorrah”. O Therion tem um Quanto as duas backing vocals, posso destacar repertório para sempre fazer um bom show. que a loira Lori Lewis algumas vezes roubou a Foram tocadas no total 23 canções, as três últimas cena. Num momento do show, o baixista Nalle foram “To Mega Therion”, “Son of the Sun” e “Poupée Pahlsson, resolveu fazer um discurso, mas como de Cire, Poupée de Som”. seu inglês era ruim, percebeu que ninguém enten- Eu gostava quando a banda fazia alguns covers, já deu nada. nas últimas apresentações, não fazia mais parte do Em relação a apresentação, posso afirmar que já setlist. O Therion mandava muito bem as versões de vi melhores, não que a banda não foi boa, ou coisa Motorhead, Mercyful Fate e ABBA. M

Dezembro/2014 09 New York São Paulo Connection Espaço Moinho – SP (24/05/14) Texto: Nilson Rizada Fotos: Dea Guedes e divulgação

conteceu o primeiro intercâmbio cultural da Lauren, a rapper de Mogi das Cruzes, mostrou o música rap, o New York São Paulo Con- poder da mulher no hip hop, fazendo um show com Anection no espaço Moinho, em São Paulo. muita postura. Lembrou muito nossa saudosa rapper O evento, que teve a idealização dos produtores Dina Di que era do grupo Visão de Rua. Ela foi hom- Gerson Fantastic Chic e DJ Zulu 67, levou ao palco enageada na noite também. Na sequência, entrou o grandes atrações numa noite fria na cidade. Vieram grande rapper Thaíde com uma apresentação muito diretamente do Brooklyn, Nova York, os rappers Sean boa, levantando o público e agitando como sempre nas Ron e Eli Efi (ex-integrante do grupo DMN). São músicas “Pra Cima”, do disco “Thaíde Apenas”, “Apre- Paulo foi representado por $mokey Dee , Musthapha, sento meu Amigo” e seu maior hit “Que Tempo Bom”, Slow de BF (RJ), Lauren (Mogi das Cruzes), A Cura da época da dupla Thaíde e DJ Hum. (Ribeirão Preto), além da participação especial de O show continuou com EliEfi, ex-integrante do DMN, Thaíde, um dos ícones do rap nacional. que também fez um show muito competente mostrando O evento ainda contou com a presença dos DJ´s faixas de seu disco solo. Slow da Bf, representou muito King, Bydu, Nelsinho e Zulu 67. Foi uma festa fantástica o rap do Rio de Janeiro e na sequência rolou o grupo pela qualidade dos rappers e produção. Não lotou muito de Ribeirão Preto A Cura. Fechando com chave de devido a overdose de shows internacionais na cidade ouro, o rapper americano Sean Ron, o grande nome da da garoa, mesmo assim a festa não perdeu o brilho. noite, entrou arregaçando nos vocais e mostrou muita A abertura ficou por conta do rapper Musthapha que simpatia aos presentes. Seu maior hit, “Karma”, agitou trouxe ao palco atores de teatro interpretando pastores muito a galera, outras que também fizeram sucesso e viciados em drogas, com ótima encenação mostrando foram “Hotta than Me” e “Start a Fire”. Um show e um a cara feia da marginalidade. Foi um grande momento momento inesquecível para a cidade de São Paulo. do show. Logo em seguida, entrou $mokey Dee, um Que venha o próximo em setembro segundo o produtor digno rapper dos tempos da São Bento, hoje vocalista Gerson Fantastic Chic. Vamos aguardar as novidades também da Banda Aftazardem. O artista apresentou no 2º New York Connection. algumas canções de seu primeiro disco solo como Confira a entrevista exclusiva com Gerson Fantastic “Enigma”, “A Realidade das Ruas” e “Ritmo”, com a pre- Chic, um dos organizadores do New York São Paulo sença de Mr. Rizada. Finalizou com a música “Máximo Connection, e também com o rapper Sean Ron, de Respeito” na qual o público curtiu bastante. New York. 10 Dezembro/2014 Dynamite: O que achou deste primeiro evento na Dynamite: Sean Ron, o que você achou do show cidade de São Paulo? no Brasil, na cidade de São Paulo? Gerson Fantastic Chic: Achei uma grande oportu- Sean Ron: Foi um dos maiores shows da minha nidade para o rap de São Paulo e para outros estados vida, e que a experiência de sair do meu país e can- também. Foi um evento muito bom por ser o primeiro, tar no Brasil foi muito maravilhosa, uma coisa muito o espetáculo foi excepcional com muito talento na inesquecível, vou guardar pra sempre e pro resto da produção e dos próprios rappers que fizeram grandes minha vida este momento que passei no Brasil. apresentações. Dynamite: O que você achou da recepção dos Dynamite: Qual o critério que você usou pra es- brasileiros? colha dos rappers que participaram deste evento? Sean Ron: Foi uma recepção muito calorosa, gostei Gerson: A princípio foi acreditar no projeto, mais muito de tirar fotos com os rappers de São Paulo, rece- tarde este projeto se tornou uma realidade que foi um ber o carinho da forma que foi feita não tem palavras. sucesso. Eu já tinha em mente os rappers que iriam Aproveitei também pra fazer um documentário pra apoi- participar por eu ter um contato em São Paulo, mesmo ar o rap nacional nos Estados Unidos com a parceria do eu morando em Nova York. A escolha foi a melhor Fantastic Chic que nos deu esse suporte pra gente ir ao pra este primeiro evento. Eu achei que este deu um Brasil e mostrar a cultura do rap americano. No Brasil suporte para o próximo que será em setembro se Deus tem muito rap de qualidade, isso foi mostrado no evento quiser. realizado, fiquei muito feliz com tudo que vi e principal- Dynamite: Então você já começou a pensar mente a produção, foi ótimo tudo. Obrigado Brasil pelo no próximo New York São Paulo Connection 2ª carinho que recebi. M Edição? Já tem alguns nomes em vista? Gerson: Sim, como este foi um grande sucesso, já comecei a me programar para o segundo. Estou muito feliz com o resultado do primeiro evento. Sobre os nomes do próximo evento, eu já até tenho alguns em vista, mas prefiro não falar, pois estamos negociando e pesquisando alguns nomes do rap paulista. Queremos trazer novamente grandes atrações para o engrandeci- mento do New York Connection. Se o primeiro foi ótimo imagine o segundo? Já estamos trabalhando para isso. Dezembro/2014 11 Revamp Clash Club – SP (20/05/14) Texto e foto: Givaldo Menezes O show se iniciou com “On The Sideline”, “The Limbic System”, “All Goodbyes Are Said” e “Wild Card”, faixa do mais recente trabalho do Revamp. Depois dessa sequência de músicas, Floor deixou o palco por um período bem curto para regular o som de seu microfone. Com tudo ok, o grupo prosseguiu o show normalmente. Em seguida veio um dos ápices do show com a execução de “Sweet Curse”, um dos grandes hits da banda que foi cantada um uníssono pelos fãs. A banda mostrou-se muito carismática com o público, os músicos diversas vezes interagiam com os fãs, sem contar que o show inteiro houve pouquíssimos interva- los. A banda mandou música atrás de música. Floor mos- trou muito entusiasmo com a plateia. Em um momento, pegou uma filmadora para registrar partes do show enquanto cantava. A apresentação seguiu com grandes sucessos da banda como “I Lost Myself”,”Here’s My Hell” e “Wolf and Dog” que encerrou a primeira parte do show da melhor maneira possível. Com a banda ainda no backstage, os gritos do m meio ao caos, devido as diversas manifestações público pedindo mais músicas ecoavam pela casa. em que a cidade de São Paulo se encontrava Após alguns minutos, a banda retornou ao palco para Enaquela terça-feira caótica, o Revamp, banda da euforia de todos ali presentes. grande Floor Jansen, pisava pela primeira vez em solo O bis foi o mesmo que a banda tocou na noite ante- paulista. Apesar dos protestos pela cidade que afetaram o rior em sua apresentação no Rio de Janeiro e contou transporte da população, os fãs compareceram em peso ao com as músicas “Sins” e “Nothing”. Floor e companhia show que aconteceu no Clash Club. encerraram com “Wolf and Dog”. A cantora propor- Conforme anunciado, às 20h30, as luzes se apagaram cionou uma noite fantástica para quem admira a car- e o logotipo da banda surgiu nos telões, e no palco apare- reira dela e certamente todos saíram satisfeitos pela ceu o grupo para a alegria dos presentes que aguardavam primeira de muitas apresentações que o grupo deverá tanto por isso, após ter uma turnê cancelada no passado. fazer por aqui no futuro.M 1212 Dezembro/2014 Lacuna Coil Carioca Club – SP (10/05/14) Texto: Adriano Coelho Foto: Edu Lawless

banda italiana Lacuna Coil fez sua e “Fragments of Faith” causaram alvoroços terceira apresentação no Brasil. nos fãs. A Devido aos muitos elogios em Do novo álbum “Broken Crown Halo”, suas apresentações, os fãs compareceram o sétimo da carreira, a música que mais em peso no Carioca Club agradou foi “Zombies”. Momento marcante Quem ficou encarregado em abrir o espe- na apresentação foi quando Cristina entrou táculo foi a banda brasileira Imbyra. For- com a camisa da seleção brasileira com mada nos Estados Unidos, o grupo conta o nome dela nas costas. Segundo infor- nos vocais com o simpático Fabrício, que mações, os integrantes adoram futebol já já tocou bateria no Hirax. Com influências que são de Milão, cidade com duas equipes de new metal, o Imbyra conseguiu tirar muita tradicionais no futebol mundial, o aplausos do público. No total foram ex- Milan e Internazionale. ecutadas seis músicas. Outro destaque foi quando a vocalista A vocalista Cristina Scabbia subiu ao avistou uma briga, que foi apartada muito palco com seu carisma, acompanhado do rápida. Após o breve incidente, a vocal- competente Andrea Ferro. Bandeiras escri- ista disse: “Vamos esquecer os problemas, tas em italiano agradeciam a volta do La- porque todos nós temos em casa e no tra- cuna Coil ao país. O grupo abriu com “Dara balho. Vamos nos divertir, acreditar em nós, Adrenaline” e “Trip the Darkness”. O show somos fortes”. Foi merecidamente aclamada foi continuo em relação aos aplausos e o por todos. Ouvimos na sequência “Intoxicat- público cantando o tempo todo. Senti que ed”, “Victins” e “Spelbound”. Ainda tocaram o álbum “Comalies”, de 2002, talvez seja mais três músicas, finalizando com “Our o mais clássico, já o “Swamped” soa como Truth”, num total de dezenove sons. um hino, não muito diferente foi com a can- Faltou “Closer”, “I Like It” e “End of ção “Heaven’s a Lie”, mas afirmo também Time”, mas isso é uma opinião particular, o que o álbum “Karmacode”, de 2006, não fi- show foi um dos melhores do ano até ago- cou atrás, porque as musicas “To the Edge” ra. M

Dezembro/2014 13 Virada Cultural Centro – SP (17 e 18/05/14) Texto e fotos: Marcos Chapeleta

integrantes. Em “Tolices”, destaque para o solo de trompete de Guizado. Em “Eu Quero Sempre Mais”, Nasi falou do suc- esso da música no acústico MTV, mas lembrou que a faixa faz parte do disco “7”, de 1996. Ainda rolou “Envelheço na Cidade”, “Núcleo Base”, “Coração”, entre outros sucessos. O show terminou com a galera gritando em coro: “O Ira! voltou, o Ira! voltou”. Na sequência, a caminhada foi sentido Avenida São João. Para não acontecer o mesmo problema na área de imprensa, dei a volta pelo Palco Arouche. Nesse momento quem estava cantando era a cantora Rosana. Não consegui ver o seu sucesso “Amor e Poder”, mas a vi cantar os covers de “What’s Up”, do 4 Non Virada Cultural, tradicional evento gratuito Blondes, e “Finally”, da Ce Ce Peniston. na capital paulista, acontecer mais uma vez Chegando no Palco São João, dedicado ao rock, Acom vários palcos espalhados pelas ruas conferi o Golpe de Estado fazendo um tributo ao Hélcio do centro de São Paulo. Entre as atrações, as mais Aguirra, guitarrista que faleceu em janeiro. Dino Linardi esperadas nessa 10ª edição eram os dinossauros do (vocal), Nélson Brito (baixo), Roby Pontes (bateria) e rock Uriah Heep e Mark Farner, líder do Grand Funk Tadeu Dias (guitarra – Oitão) fizeram uma homenagem Railroad. Claro que não podemos deixar de citar o ao lado de amigos de Hélcio como André Christovão, retorno aos palcos da banda Ira!. A apresentação do João Luiz Braghetta, Luiz Calanca, além de músicos grupo paulistano abriu o Palco Júlio Prestes. das bandas Baranga e Carro Bomba. Sua guitarra, uma Nasi e Edgard Scandurra, únicos membros originais, Flying V branca, esteve durante o show à frente do acompanhados por músicos convidados, subiram no palco. No repertório músicas como “Nem Polícia, Nem palco já com o jogo ganho. O show começou com Bandido”, “Todo Mundo Tem Um Lado Bicho” e “Olhos os sucessos de carreira “Longe de Tudo”, “Gritos na de Guerra”. Multidão” e “É Assim que me Querem”. Nesse momen- A esposa de Hélcio, Jane Lopes, bastante emocio- to, o local já estava totalmente lotado. Confesso que nada, mandou um recado ao público: “Não vamos tive dificuldade para entrar na área de imprensa, outros jornalistas que também chegaram pelo sentido da Estação Luz, tiveram a mesma dificuldade porque a entrada ficava do lado esquerdo do palco. Foi preciso atravessar a multidão para poder trabalhar. Voltando ao show, mais sucessos como “Tarde Vazia” e “Dias de Luta” foram tocados. A última com toda galera gritando em coro o tradicional “porra, caralho, cadê meu baseado?”. É, estavam com saudades. O grupo aproveitou para executar um som novo intitulado “ABCD”. Nasi com sua voz rouca e alguns quilos a mais, contagiou a multidão presente. Edgard Scandurra dedicou o show aos ex-

1412 Dezembro/2014 tor mantém o astral em cima do palco. Entre um solo e outro, Farner fez suas dancinhas. A sequência matadora rolou com “Bad Time”, “The Loco-Motion” e “Some Kind of Wonderful”. Era nítido ver a galera dançando. Após um solo de bateria, o show encerrou com “I’m Your Captain (Closer to Home)”. Na sequência fiquei para assistir o som maluco do Secrets Chiefs 3, grupo liderado por Trey Spruance, guitarrista do Mr. Bungle e que também participou do álbum do Faith No More, “King for a Day… Fool for a Lifetime”, de 1995. A banda inteira subiu ao palco vestindo capuzes, parecendo seguidores de algu- ma seita. Seu som experimental é capaz de misturar diversos ritmos ao mesmo deixar o Hélcio morrer novamente”. No final do show, tempo. O show começou com “Personae: Halloween” foi anunciado que Tadeu Dias será o novo guitarrista do que parece uma trilha de filme de terror. Na sequência Golpe. Após a apresentação, conversei com o Tadeu e foi o som quebrado de “Balance of the 19”, em “Fast”, ele falou mais a respeito: “Conheço os caras da banda há momentos que lembram baião (?). Em “Toccata” há anos, sempre aparecia nos ensaios. No último show ocorreu um duelo de teclados, em seguida com o vi- com o Hélcio, ele me entregou sua guitarra na última olino tocando música clássica (?) e pitadas de hardcore música para eu tocar. Fiquei com aquilo na cabeça. (!). A última faixa da apresentação foi “Brazen Serpent”, Quando me convidaram, aceitei na hora”. que lembrou em algumas partes música indiana. Quem O Uriah Heep subiu no palco com meia hora de foi embora mais cedo, perdeu essa piração dos caras. atraso, mas a demora não incomodou a galera. Os Segundo o balanço da Polícia Militar, mais uma britânicos eram um dos mais esperados pelo público vez se repetiram os roubos durante a Virada Cultural. presente. O show começou com “Against the Odds”, Infelizmente existem pessoas que continuam querendo “Overload” e “Sunrise”. Apesar do vocalista Bernie estragar a festa de quem está ali para se divertir. Shaw interagir com a plateia, o guitarrista Mick Box era O fim dessa edição foi marcado por cancelamento o mais carismático. Durante seus riffs, o músico não dos últimos shows devido a forte chuva que caiu na economizou sorrisos. Na apresentação ainda rolou cidade. Martha Reeves & The Vandellas, Pato Fu e Céu clássicos como “Gypsy” e “Look at Yourself”. A apresen- são alguns dos artistas que foram prejudicados pelo tação encerrou com “Easy Livin’”. mal tempo. M Depois do rock progressivo do Uriah Heep, fui assistir um pouco do pop progressivo de Guilherme Arantes no Palco Líbero Badaró. Acompanhado por grandes músicos, entre eles o guitarrista Luís Carlini, o artista tocou seus suces- sos como “Planeta Água”, “Amanhã” e “Um Dia, um Adeus”. Voltei ao Palco São João para assi- stir o show de Mark Farner. Durante o percurso entre o Vale do Anhangabaú e a Avenida São João, notei um grande número de policiamento, bem maior do que nas edições anteriores. Cheio de vitalidade, Mark Farner, a voz do Grand Funk Railroad, interpretou clássicos de sua antiga banda. “Are You Ready”, “Rock N’ Roll Soul” e “We’re An American Band” foram as primeiras músicas do show. Aos 65 anos, o can-

Dezembro/2014 15 Voivod Hangar 110 – SP (30/04/14) Texto: Adriano Coelho Foto: Flavio Santiago

s canadenses do Voivod deixaram os Claro, que queríamos as músicas dos álbuns fãs headbangers muito excitados com clássicos da banda, como: “War and Pain” O o anúncio da vinda da banda por terras (1984), “Rrroooaaarrr” (1986) e “Killing Technol- brasileiras em 2010, mas por problemas alfande- ogy” (1987), mas o grupo não parou no tempo, e gários, eles não puderam aparecer. A espera algumas faixas mais recentes foram lembradas. demorou mais quatro anos, só que dessa vez Abriram o show com “Kluskap O’ Kom”, depois aconteceu. emendaram os clássicos “Tribal Convictions”, O Hangar 110 estava com um bom público, “Target Earth”, “Psychic Vacuum”, “Forgot- apesar de ser véspera de feriado. A banda de ten in Space”. Essa sequência fez com que o metal do ABC Necromancia foi escalada para público se extasiasse, e os senhores no palco abrir o evento. Eles que já estão na estrada não esconderam a satisfação. Foram executa- algum tempo, conseguiram deixar o público feliz, das quinze músicas, a banda chegou a se des- pois muitos aplaudiram e cantaram as músicas pedir, mas voltou para tocar “Voivod” e “Astromy da banda. Domine”. Encerram em grande estilo. Em seguida, foi a vez da atração principal O guitarrista Denis Piggy, falecido em 2005, Voivod. Os caras sempre inovaram seu som, che- foi lembrado em uma homenagem, o vocalista garam a se auto rotular progressivo, Denis “Snake” agradeceu de forma emocionada das inúmeras mudanças, alguns fãs se incomodar- a plateia. Depois, o guitarrista Dan comentou am quando colocaram um pouco de eletrônico sobre o show no Brasil em uma rede social. no som, mas isso não afetou muito, eles sempre Talvez faltaram as músicas “We Carry On”, “Fix foram diferentes, inclusive nas capas de seus dis- my Heart” e “Ravenous Medicine”, mas resum- cos, já que os primeiros lembravam cartoons. indo, foi uma noite perfeita. M

16 Dezembro/2014 Obituary Clash Club – SP (27/04/12) Texto: Adriano Coelho Foto: Jeferson Lima

embro quando estava no Festival Wack- sem parar, o que fazia com que os músicos en Open Air em 2005, e assisti a apre- não escondiam a satisfação. Como eu co- L sentação dos americanos do Obituary, mentei no começo, eles priorizaram os álbuns a banda considerada como uma das funda- clássicos, tocaram cinco músicas do primeiro, doras do , mostrava um lado bem “Slowy We Rot”, destaque para “Intoxicated” hardcore, prova disso foi que um dos músicos e “Gates to Hell”, na sequência veio o álbum tocou com a camisa da banda Black Flag. O mais famoso do grupo, “Cause of Death”, e show foi logo depois do retorno da banda. Eu vieram os petardos “Chopped in Half”, “Turned perguntava, será que nessa nova visita ao Inside Out” e “Body Bag”, depois com certeza Brasil eles executariam essa nova influên- foi a vez do “The End Complete”, quando cia, ou serão fieis ao estilo que os brasilei- vieram quatro músicas. Destaque maior para ros tanto o admiram? A segunda resposta foi “Back to One”. a alternativa certa, apesar de apresentarem Foram tocadas dezenove músicas no total. três musicas novas, eles priorizaram os três O grupo abriu com “Stinkupuss” e fechou com primeiros álbuns. “Slowly We Rot”, os irmãos John e Donald Os responsáveis em abrir o show foram as Tardy, respectivamente vocal e batera, acom- bandas brasileiras Krow e Genocídio. Como panhados do outro fundador, o guitarra Trevor de costume cheguei atrasado e não assisti os Peres, não perderam o pique, a disposição e o brasileiros, peço desculpas principalmente ao peso com o passar dos anos. meu amigo Perna, baixista do Genocídio. No show, ocorreram as tradicionais rodas, a Os relógios apontavam 21h45 quando a casa estava lotada, e o som foi de primeira, banda do estado da Flórida subiu no palco do foi uma noite perfeita, prontamente para os Clash Club. O público sedento gritava o nome verdadeiros e fieis fãs do estilo. M

Dezembro/2014 17 Guns N’ Roses Music Park – SC (01/04/14) Texto: Jay Sosa Foto: Daniel Esteves

mpossível falar desse show e não ser crítico. Haters gonna love it. Eu vi o Guns N’ Roses na Iturnê do álbum “Use Your Illusion” e depois de muitos anos vi essa banda que o Axl Rose montou e continua usando o mesmo nome. Cara, é um show de rock muito bem feito com luz, som, performance. Tudo de primeira. Para quem nunca viu o Guns de verdade, foi um puta show, sem maiores pretensões. Set list escolhido a dedo para os dez mil fãs que deixaram o Devassa On Stage intransitável. Mr. Axl me surpreendeu com sua energia, e perto dos shows atuais que eu tinha visto na net, neste ele mandou muito bem, falhando muito pouco nos vocais. No fim, mais uma boa noite de rock na ilha da magia. M

18 Dezembro/2014 O PUB MAIS ALTERNATIVO DE SAMPA! COM AS FESTAS MAIS LEGAIS E DIFERENCIADAS!

E agora com palco para eventos com bandas!

Em novo local: Rua 13 de maio, 363 Bixiga - Bela Vista - São Paulo/ SP (antigo Carbono 14)

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Dezembro/2014 19 O mestre das baquetas Dave Lombardo Por: Marcos Chapeleta - Fotos: Divulgação

O lendário baterista Dave Lombardo retorna por aqui para apresentar seu workshow. Foi ao Brasil pela primeira vez com sua nova ban- uma maratona de apresentações entre ago- da, Philm. O show acontece dia 18 de fever- sto e setembro. As cidades que receberam o eiro no Manifesto Bar, em São Paulo. O grupo músico foram Salvador, Brasília, Guarapuava, vem ao país promover o seu mais recente Curitiba, Joinville, Florianópolis, Porto Alegre, trabalho, “Fire From The Evening Sun” (UDR Belo Horizonte, Rio de Janeiro e por fim, São Music). Antes disso, em 2014, o músico esteve Paulo. 20 Dezembro/2014 O artista recebeu alguns jornalistas no insti- Em relação ao Philm, sua atual banda, disse tuto Bateras Beat, em São Paulo, para falar que seria lançado em setembro o álbum “Fire sobre os eventos e também a respeito de sua From the Evening Sun”, com 12 faixas. Além carreira. Muito simpático durante o bate papo, disso, já estava trabalhando na mixagem do Lombardo respondeu uma série de perguntas, EP “Blood in the Basement” (divulgado em entre elas, suas influências musicais, projetos primeira mão), composto por seis faixas e que e Slayer. pretende lançar entre fevereiro e março de Comecei perguntando sobre os workshows, 2015. o que os fãs poderiam esperar das apresen- Naquele momento, sua agenda estava in- tações. Dave Lombardo disse que o workshop tensa, até mesmo para ensaiar com sua ban- é uma forma de mostrar técnicas de bateria e da. Após os workshops no Brasil, Lombardo também tocar músicas de sua autoria como, por exemplo, clássicos do Slayer, acompan- hadas de uma base gravada de guitarra. Além disso, é uma oportunidade de estar próximo aos fãs. Disse que a clínica é recomendada para qualquer tipo de baterista, desde os ini- ciantes aos profissionais. Falou que gosta de conversar com todos, ensinar suas técnicas de uma forma diferente das escolas, com senti- mento. Se alguém tiver uma dúvida no pedal, por exemplo, ele pega o pedal e mostrar como se usa.

Dezembro/2014 21 excursionou com o Philm pela Europa. Como Aproveitei para perguntar sobre a vinda do solução, teve a ideia de falar com os outros in- Fantômas na América do Sul, divulgada pela tegrantes para ensaiarem sozinhos. Para essa imprensa chilena. Lombardo disse que não temporada europeia, disse que pretendia mos- poderia falar nada naquele momento, mas trar algo mais pesado, atendendo ao pedido do ficou curioso em querer saber de onde veio os público. Seguindo o baterista, o Philm é uma rumores. O show ocorreu depois no Chile em banda bem aberta, que consegue tocar de som novembro durante o Rockout Fest. leve ao mais pesado. Ele adoraria tocar no Dave também falou a respeito do projeto com Brasil com o trio o quanto antes para mostrar a , outro músico do Faith No More. potência no palco. Desejo realizado! Segundo ele, a ideia surgiu de um artista Como baterista, Lombardo influencia até dinamarquês chamado Mads Heldtberg, que hoje outros músicos pelo seu estilo rápido de aproximou os dois músicos. House of Hayduk tocar. Tive a curiosidade de saber sobre suas é um projeto em que artistas gravarão individ- próprias influências. Ele disse que seu estilo ualmente, sem se encontrarem. O baterista já de tocar rápido veio do punk. Outra referência gravou toda sua parte, Billy vai gravar o baixo é a levada do Judas Priest. Dave fez questão e terá uma guitarra por cima. de batucar com as mãos o ritmo e como apri- O artista teve uma história de sucesso no morou. Brincou ao dizer que o ideal é tocar e Slayer, deixando sua marca no metal mundial, tomar café para ficar cada vez mais rápido. independente de sua saída tumultuada. Per- Ao perguntar sobre seu melhor disco que já guntei se o músico tem algum contato com os gravou, disse que é muito difícil escolher so- integrantes, Lombardo foi direto ao dizer que mente um álbum de toda carreira. Porém, um não se falam mais. Lembrou que a última vez dos preferidos é o “Reign in Blood’, do Slayer. foi com vocalista Tom Araya quando anunciou Também gostou de gravar alguns álbuns do a morte do guitarrista Jeff Hanneman, em Fantômas, projeto com o cantor Mike Patton. 2013. M 22 Dezembro/2014 Dezembro/2014 23 Shadowside Por: Adriano Coelho - Fotos: divulgação

banda Shadowside, liderada Gamma Ray. Em entrevista exclusiva pela vocalista Dani Nolden, à Dynamite, a cantora falou sobre a A tem colhido bons frutos após turnê, além de outros assuntos, en- a recentemente turnê europeia na tre eles, o metal nacional e política. qual excursionou com Helloween e Confira a seguir. 24 Dezembro/2014 DYNAMITE – A Shadowside retornou de uma DANI: Provavelmente em 2015. O lançamento do bela tour com Helloween e Gamma Ray. Depois “Inner Monster Out” no exterior aconteceu somente disso, conquistou grande destaque na mídia, em 2012 e acabamos fazendo tantos shows que principalmente nacional, com esta tour, o que não tivemos o tempo necessário para trabalhar em manteve vocês em evidencia já que fizeram um álbum da forma que gostamos de trabalhar… mais alguns shows pelo Brasil. Dani, o que você até agora. Agora os shows estão chegando ao fim pode falar sobre o atual momento da banda? e poderemos nos concentrar em material novo DANI NOLDEN: Estamos no melhor momento da sem outras preocupações. carreira até agora, sem dúvida alguma! A turnê do “Inner Monster Out” foi extremamente longa DYNAMITE – A Shadowside é uma banda que e ainda temos mais alguns shows a fazer antes faz muitas apresentações no exterior. O que de encerrarmos este ciclo, então posso dizer que você se lembra da primeira vez que tocou fora estamos em um ponto extremamente produtivo. de terras brasileiras? Acredito que fizemos cerca de 60 shows, mais DANI: A primeira vez foi no Indianapolis Metal da metade deles na Europa. O “Inner Monster Fest, nos Estados Unidos, em 2007. Eu não sa- Out” nos colocou entre os álbuns mais vendidos bia o que esperar, estava nervosa como se fosse no Japão e tivemos várias músicas entre as mais a minha primeira apresentação. Especialmente tocadas nas rádios dos Estados Unidos. É seguro porque o lugar estava completamente vazio quan- dizer que nunca havíamos ido tão longe quanto do chegamos, então achávamos que tocaríamos fomos agora. para apenas as três pessoas presentes. Estáva- mos meio desanimados, mas decidimos que faría- DYNAMITE – “Inner Monster Out” foi um disco mos um show exatamente igual, com a mesma que firmou a Shadowside como um dos grandes energia e empolgação de sempre, faríamos valer a nomes do metal nacional. O disco foi lançado pena. Subimos no palco com as cortinas fechadas em 2011. Quando teremos o novo trabalho? e quando abrimos, a casa estava cheia e tomei Dezembro/2014 25 um susto! Me perguntei: de onde aquele monte de porém o que nunca se deve fazer é questionar as gente havia vindo? (risos). Aconteceu que tinha os condições necessárias para a outra banda. Cada um horários das bandas afixados na porta e estávamos sabe onde o sapato aperta e o que precisa para fazer marcados como “Shadowside from Brazil”. E todo o show ideal e acho absurdo ficar desrespeitando mundo queria ver a “banda do Brasil”. Foi um show um colega de música porque você não acha que ele incrível, com uma galera insana e nunca vou es- precisa de certo equipamento, de certo tempo de quecer aquele evento! No ano seguinte voltamos ao passagem de som, ou porque você fica chateado mesmo Indianapolis Metal Fest já como headliners. que as condições que ele recebeu não são iguais as Acredito que fizemos um bom barulho! (risos) suas… se uma banda conseguir condições melhores que a minha em um festival, méritos dela. No próximo DYNAMITE – Tenho lido muitas entrevistas evento, posso tentar negociar condições melhores suas e você tem falado muito sobre o metal na- para a minha, mas nesse, terei o que foi combinado e cional. Na sua opinião, o que precisa para este respeitarei o que a outra banda conseguiu. Porém, a segmento musical vingar? maioria das bandas aqui prefere atacar a banda que DANI: Profissionalismo e ética entre as bandas. Nem recebeu melhores condições, sem observar que a falo mais sobre união, porque acho que isso nunca culpa não é dessa banda, e sim delas mesmas que vai acontecer. Mas ética, enquanto não houver, ver- não negociaram algo melhor, não foram firmes como emos diferenças entre o metal brasileiro e estrangei- precisam, ou simplesmente ainda não chegaram ro. Aqui, vejo muita gente despreparada, que em um em um estágio onde podem ou precisam exigir algo evento com mais bandas, um festival, não se preo- melhor. Se fazemos show com equipamento ruim ou cupa em elaborar um contrato pedindo as condições sem passagem de som, ninguém no público vai falar necessárias para se realizar um evento, não se “ah o som deles estava ruim, mas é porque não pas- preocupa em passar um som decentemente, porém saram o som…” Não! Vão falar que o som está ruim quer chegar na hora do show e discutir condições. e pronto. Chegamos a um ponto da carreira onde Sempre pedimos as condições que precisamos ao temos certa responsabilidade e são poucas as ban- contratante, se tem alguma banda que tem con- das que entendem isso. Lá fora, isso não acontece. dições que conflitam com as nossas, nós temos duas Vemos bandas com mais tempo de carreira e mais opções: não tocar ou adaptar nossas condições. Em status que algumas bandas brasileiras que abriram alguns eventos, é possível adaptar, em outros não, para nós lá e aceitaram as condições de maneira 26 Dezembro/2014 profissional, assim como quando somos a banda de abertura ou uma banda menor em um festival, nós aceitamos as condições que nos são impostas ou não aceitamos o evento, se sentimos que vai prejudi- car nossa apresentação. Porém já cansamos de to- car com a bateria na frente da bateria de outra banda. Na Europa, o Helloween montava a deles, o Gamma Ray montava a deles na frente da do Helloween e a nossa ia na frente das duas. Aqui, toda vez se cria confusão por causa de uma bateria no palco. Aqui, todo mundo quer ser headliner. Todo mundo quer ser estrela. Pelos mais diversos motivos… por tempo de estrada, por méritos passados e ninguém entende uma banda masculina, é apenas uma banda (risos). que nada disso importa coisa alguma. A única coisa Se tivesse que escolher uma, escolheria Vixen. que importa é o número de fãs que vai ao show. E enquanto as bandas não respeitarem o trabalho das DYNAMITE – O Brasil tem passado por momen- outras e não se tornarem profissionais o suficiente tos de recorrentes manifestações. As letras da para exigirem as condições corretas para se fazer Shadowside abordam temas fortes. O que você uma apresentação que valha o ingresso do fã, vere- pensa das atuais manifestações? mos problemas no metal nacional. As poucas bandas DANI: Deveria ter mais manifestações, porém que agem de maneira correta, você descobre rapida- mais focadas em motivos fortes e reais. Se o Brasil mente, porque elas crescem, se destacam e passam parasse para exigir as coisas que realmente impor- a ser atacadas. tam, conquistaríamos muito mais. O Brasil parou por causa do aumento das tarifas dos ônibus, DYNAMITE – E o que você anda ouvindo? dizíamos que não era por causa do aumento, que DANI: Eu gosto bastante de Sevendust, Disturbed, era por muito mais, mas no instante que o governo In Flames, é o que eu escuto com frequência. cancelou o aumento, as manifestações pararam. Quando quero algo mais antigo, escuto Skid Row, O gigante acordou e voltou a dormir. Existem Judas Priest. Essas são algumas das minhas ban- algumas anti-Copa, outras pedindo por melhores das favoritas. salários para professores, mas realmente, qual de- las mobilizou o país da mesma forma que aquela DYNAMITE – Dani, você é considerada uma diva sobre os aumentos dos ônibus? Onde está o Brasil da música. Muito se fala do assédio dos homens, apaixonado e patriota que grita o hino a plenos mas e o público feminino, como elas te tratam? pulmões na hora do jogo de futebol, mas acha uma DANI: Eu não vejo essa coisa de diva, mas vejo perturbação ter que votar e vota em um palhaço, carinho, especialmente do público feminino. Elas em um humorista, porque é engraçado votar nele? são sempre extremamente gentis, pedem uma foto, Onde está esse Brasil na hora de exigirmos nossos batem um papo e sempre me passam uma energia direitos, na hora de cobrar nossos governantes? muito positiva. Costumam ser tímidas, então eu Gostamos bastante de cobrar por Facebook, mas tento deixá-las mais tranquilas, converso com elas, realmente colocar a mão na massa é mais compli- é bem legal vê-las nos shows. Hoje tem muito mais cado do que parece. meninas indo aos shows porque gostam do som do que 10 anos atrás. Era mais comum ver meninas DYNAMITE – Muito obrigado pela entrevista. que estavam acompanhando os namorados e ainda Por favor, envie uma mensagem aos fãs. assim, em um número bem menor. Tem muito mais DANI: Muito obrigada pelo espaço, Adriano! Es- mulheres interessadas em metal hoje. pero que curtam o “Inner Monster Out”, nosso álbum mais recente e fiquem ligados no nosso site DYNAMITE – Qual sua banda feminina favorita? oficial (http://www.shadowside.ws/) para saber dos DANI: Não tenho uma banda feminina de coração. shows, além de estarmos trabalhando em material Pra mim, uma banda feminina significa tanto quanto novo. Abraços a todos! M Dezembro/2014 27 Por: Marcos Chapeleta - Fotos: Paulo Neobeck

tradicional cerimônia do Prêmio Dynamite de Música Independente revelou os Amelhores de 2014. O evento, comandado por André “Pomba” (ONG Dynamite) e Nilson “Rizada” (Aftazardem), aconteceu no Beco 203, em São Paulo. Durante a premiação, ocorre- ram performances de Mr. Kaos, Daniel Peixoto, Los Porongas, Aftazardem e 365. O último O vocalista do Primal Scream, Bobby Gillespie, comemorando os 30 anos de carreira e falou com exclusividade à Dynamite sobre a o retorno do vocalista Finho. Ainda rolou conquista de melhor álbum internacional: “Nós uma jam session com os Garotos Podres. do Primal Scream gostaríamos de agradecer o Entre os ganhadores do ano, quem faturou prêmio de melhor álbum internacional para ‘More o troféu de melhor álbum punk / hardcore foi o Light’. Isso realmente significa muito para nós ter Blind Pigs; melhor álbum de foi Apanhador esse tipo de reconhecimento internacional com o Só; melhor álbum de música eletrônica ficou com a nosso trabalho. Adoraríamos ir ao Brasil e tocar Gang do Eletro. Já o rapper Emicida faturou na o álbum ao vivo para todos vocês em algum categoria melhor álbum de rap / hip hop / black momento”. music; a Noize ganhou mais um ano seguido O rapper Smokey Dee (Doctor Mcs e Aftazardem) como a melhor revista; o festival Lollapalooza e a banda 365 foram os homenageados da noite. como melhor evento; entre outros. Confira a seguir, a lista completa dos vencedores: 28 Dezembro/2014Dezembro/2014 Melhor casa de shows alternativos Asteroid (SP)

Melhor evento Lollapalooza (SP)

Melhor produtora ou entidade Overload

Melhor programa de rádio ou emissora Metal Heart

Melhor programa de TV ou emissora Estúdio Showlivre Melhor álbum de heavy metal Fates Prophecy – “The Craddle of Life” (SP) Melhor revista, fanzine ou jornal impresso Noize Melhor álbum de indie rock Apanhador Só – “Antes que tu conte outra” (RS) Melhor selo Läjä Rex Melhor álbum de MPB Daniel Groove – “Giramundo” (CE) Melhor site, coluna, blog ou fanzine Whiplash Melhor álbum de música eletrônica Gang do Eletro – “Gang do Eletro” (PA) Personalidade Rafael Vieira Melhor álbum de música instrumental Bixiga 70 – “Bixiga 70″ (SP) Revelação Xërxës (MA) Melhor álbum de rap / hip hop / black music Emicida – “O glorioso retorno de quem nunca esteve aqui” (SP)

Melhor álbum de reggae Semente Yeshua – “Mente Vazia” (PE)

Melhor álbum de rock Medulla – “O Homem Bom” (RJ)

Melhor álbum internacional Primal Scream – “More Light”

Melhor álbum pop Maglore – “Vamos pra rua” (BA)

Melhor álbum punk / hardcore Blind Pigs – “Capitânia” (SP)

Melhor álbum regional Jefferson Gonçalves – “Encruzilhada Ao Vivo” (RJ) Dezembro/2014 29 André Barcinski A história da música pop nacional antes do BRock Por: Tatiana Tavares - Fotos: Divulgação uito se fala a respeito da até hoje cul- tuada década de 1980. O surgimento Mdo chamado BRock provocou uma espécie de revolução na música nacional. Mas o que veio antes de Legião Urbana, Paralamas do Sucesso e companhia? Principalmente para as gerações mais novas, pode ficar a im- pressão de que houve um pulo dos anos 60, auge da Bossa Nova – movimento que, mesmo os mais jovens, sabem que foi fundamental para reafirmar a identidade da música produzida no Brasil – diretamente para o boom do rock brazuca. Existe uma boa bibliografia tratando do movimento que fez despon- tar nomes como João Gilberto, da época da Jovem Guarda de Roberto e Erasmo Carlos, do Tropicalismo de Caetano Velo- so e os Mutantes, da época dos grandes festivais de TV que revelaram Chico Buarque e tantos outros, e da explosão do Rock e sua geração de Brasília. Mas é preciso lembrar que no meio do caminho, existiu a década de 1970, rica em diversidade musical, mas “esquecida” pela mídia. Para contar um pouco da história que ante- cedeu um

30 Dezembro/2014Dezembro/2014 dos momentos mais importantes da cultura pop Rita Lee, Lulu Santos, Pepeu Gomes e Sidney tupiniquim, o jornalista André Barcinski lançou, Magal. “Acabei centrando o livro num período pela editora Três Estrelas, “Pavões Misteriosos – específico. 1974 foi o primeiro ano em que um 1974-1983: a explosão da música pop no Brasil”. disco de artista novo – e um disco pop – chegou Em pouco mais de 200 páginas e recheado de ao primeiro lugar da parada: ‘Secos e Molhados’. fotos da época, o livro faz esta “ligação” entre E 1983 foi o ano da explosão do Ritchie com os dois períodos através de um texto delicioso “Menina Veneno”, que prenunciou o sucesso do de ler, divertido e sem a menor intenção de ser BRock de Legião, RPM, etc.” didático. Ao final, ainda apresenta uma lista O advento do “milagre econômico”, a populari- bem interessante dos 50 dias mais im- zação da televisão, a expansão das rádios FM portantes para a música pop nacional, e o crescimento significativo da venda de LPs, além de uma extensa bibliografia ajudaram a fortalecer o mercado do para quem quiser se aprofundar disco, tornando a indústria ainda mais no tema. musical competitiva “Comecei a fazer o livro tentando pela primeira vez no responder a uma pergunta que país. “Foi nesse período sempre me intrigou: por que tan- também que as rádios tos discos bons foram lançados FMs se popularizaram, no Brasil na primeira metade os discos com trilhas de da década de 70? É só ver novelas se tornaram o ‘mo- a lista: Secos e Molhados, tor’ da indústria musical, o Raul Seixas, Novos Baianos, jabá se ‘profissionalizou’, a Roberto, Erasmo, Jorge Ben, discoteca explodiu e a onda Guilherme Arantes. Foram de covers se espalhou pelo muitos LPs bons lança- país. Falo sobre tudo isso no dos num espaço curto livro”, conta. de tempo”, conta o au- Barcinski lembra que, ao con- tor que levou dois anos trário do que acontece hoje, quan- para concluir o projeto. do a palavra pop é geralmente Ele lembra que nesse período, usada para se referir à música um grupo diversificado de artistas trocou a comercial de baixa qualidade, o tradição da MPB pela novidade da música pop. termo “Música Pop” surgiu ainda nos O gênero começava a ganhar força no país anos 50, na imprensa inglesa, para definir o com a internacionalização da cultura jovem e a rock n’ roll e todos os estilos influenciados por modernização da indústria fonográfica por aqui. ele. Elvis Presley, por exemplo, era pop. Foi na Para retratar esse hiato entre a MPB combativa década seguinte que este conceito começou e politizada do início da década de 1970 e o nas- a mudar e quando o rock nacional explodiu, já cimento do BRock, Barcinski recorreu à pesquisa havia uma distinção clara entre os gêneros. e uma série de entrevistas com artistas, produ- “Pavões Misteriosos” chega em um momento tores e executivos de gravadoras. “Fiz cerca de em que vemos um crescimento expressivo do cem entrevistas com 65 pessoas. Li dezenas de mercado editorial em relação à obras que tem livros e fiz uma pesquisa extensa em arquivos a música como tema principal e segundo o de jornais e revistas”, lembra o jornalista jornalista, ainda há muita história para se contar. que em 1992, foi vencedor do Prêmio “Está crescendo sim. Acho que isso é reflexo da Jabuti de literatura com “Barulho: maior facilidade que as pessoas hoje têm para uma viagem ao underground conhecer música, por causa da internet. Se você do rock americano”, lan- lê um livro sobre um artista que não conhece, çado pela Editora 34. pode ter toda a obra do sujeito à disposição, e Entre os entrevista- isso certamente aumenta a curiosidade das pes- dos, nomes como soas”, completa o jornalista. M

Dezembro/2014 31 Fernanda Terra Passado e futuro Por: Marcelo Teixeira - Fotos: Divulgação

baterista Fernanda Terra tem Atualmente, a artista trabalha uma longa estrada dentro do em sua nova banda Extermina, Arock n’ roll. Ficou conhecida a formada só por garotas. Nessa princípio no circuito hardcore com o entrevista, Fernanda relembra Food 4 Life, tempo depois montou o toda sua carreira e fala das grupo de thrash metal Nervosa. novidades. Confira a seguir. 32 Dezembro/2014Dezembro/2014 DYNAMITE: Fernanda, porque começou a tocar tocar parecido com eles. Aí as coisas foram ro- bateria? O que te fez gostar do instrumento? lando, eu vi que dava pra dar certo, ter banda. FERNANDA TERRA: Foi meio que por acaso. Comecei a ouvir o som e queria tocar algum DYNAMITE: Você começou a tocar punk instrumento, só que não sabia qual ainda. Aí hardcore, né? fui morar em Brasília, meu irmão montou uma FERNANDA: Minha primeira banda era cover banda e faltava baterista. Então, comecei a de metal. A gente tocava Metallica, Iron Maiden, fazer aula. Na primeira aula já fiquei apaixona- tudo errado, mas tocava. (risos). A gente es- da pelo instrumento, desde então nunca mais tava aprendendo, éramos muito novos, mas era parei. Tudo conspirou, o vizinho era professor cover e não saímos da garagem. Já a minha de bateria, estava precisando de baterista. Eu primeira banda mesmo que fez shows era de tentei toca guitarra também, mas vi que o negó- hardcore. cio era bateria mesmo.

DYNAMITE: Teve algum músico ou banda que te influenciou de alguma forma que você percebeu que aquilo era pra sua vida? FERNANDA: Naquela época, teve três muito marcantes pra mim. Era o Dave Lombardo (Slayer), Chad Smith (Red Hot Chili Peppers), que não tem muito a ver, mas eu gostava do estilo, e o Vinnie Paul (Pantera). Mas naquele período eu não pensava em levar a sério, viver de banda. Pra mim era um hobby e eu queria

Dezembro/2014Dezembro/2014 33 uma tour grande pelo Brasil. Tocamos em vários lugares como nordeste, Minas Gerais. Gravei CD, teve clipe. Foi a primeira banda de verdade, tinha um público legal.

DYNAMITE: Quando foi que gravaram o CD? FERNANDA: Foi em 2000.

DYNAMITE: A banda durou quanto tempo? FERNANDA: Foram quatro anos.

DYNAMITE: Depois disso você teve outra banda mais hardcore que era o Final Fight. FERNANDA: Era mais um punk hardcore. A gente chegou a gravar também. Foi minha banda que durou mais tempo, sete anos. A gente tocou bastante. Antes de virar o Final Fight, a banda se chamava Gutter Cats, que era uma banda de cover. Até o Deca (Baranga) tocava também. O cover era mais pra se entro- sar e fazer depois som próprio. Só que a banda desanimou, o Deca tinha o Baranga, os outros integrantes estavam montando outras bandas. Então virou o Final Fight com o Demente que era do Phobia e Juventude Maldita. Aí começa- mos a fazer o som próprio mesmo. Chegamos a gravar CD e tudo.

DYNAMITE: Isso se deve a cena de Brasília DYNAMITE: E essa conversão ao metal? que era muito forte ou você escolheu essas Você fez o Nervosa que era uma banda bandas? thrash. Como foi a montagem da Nervosa? FERNANDA: A cena de Brasília era forte mes- Você me falou que era um sonho ter uma mo, muitas bandas. Mas eu era muito nova, banda feminina. nunca iria ter uma banda que tocava em um FERNANDA: Na época do Food 4 Life, por palco naquela época. Como te falei, era banda volta do ano 2000, fui tocar em Curitiba e de garagem mesmo. Só fui começar a tocar conheci a Karen, era a ruiva da guitarra. No mesmo e ver que teria uma banda de som hardcore não tinha muita gente que gostava próprio aqui em São Paulo. Também tive algu- de metal, mas todos do Food 4 Life gostava. mas bandas que não deram certo, logo depois montei o Baby Scream e o Food 4 Life. Aí eram músicas próprias mesmo. A gente conseguiu marcar o primeiro show e foi indo. Era muito mais difícil, não tinha internet. A banda saía em zines e caras do interior mandava carta ou ligava pra gente falando pra tocar lá.

DYNAMITE: Uma das bandas que você teve destaque foi o Food 4 Life. FERNANDA: Eu considero a minha primeira banda séria mesmo. A gente chegou a fazer

34 Dezembro/2014Dezembro/2014 de qualquer forma e a Fernanda entrou duas semanas antes e falou ‘vamos fazer!’. O primeiro show foi muito legal. Depois disso a gente gravou no Mr. Som, fizemos o clipe e colocamos na internet. Foi a partir daí que a banda ficou conhecida. Surgiram oportuni- dades como, por exemplo, abrir para o Exo- dus. Foi muito legal, o batera deles assistiu o nosso show do palco. Fiquei mais nervosa. (risos) Eles são muito legais, foi uma experiência bacana.

DYNAMITE: O disco da Nervosa foi o Heros e o Pompeu que produziram? FERNANDA: Isso, gosto do trabalho deles. Já tinha gravado com o Food 4 Life lá. Era hardcore e ficou bem pesado, então pensei que com metal ficaria extremamente pesado.

DYNAMITE: Depois você teve uma nova banda, o Kombato. Queria saber principal- mente do nome. FERNANDA: O nome veio da luta Kombato. Eu já lutei Taekwondo, o Juan é faixa preta em várias lutas, mas também não luta Kom- bato. A gente escolheu o nome por ser uma luta brasileira, soava legal. Pensamos no nome da luta por causa do estilo do som.

Enfim, lá conheci a Karen que adorava. Então DYNAMITE: Fernanda, você é uma mulher eu falei pra gente montar uma banda de metal muito bonita e no começo quando começaram só de mulheres um dia. E ficou nessa. E não a surgir bandas de mulheres como o Volkana, tinha muita mina que tocava naquela época, Flammea, tinha alguns engraçadinhos que muito menos metal. Demorou um tempão pra não iam pra ver os shows, ficavam vendo conseguir fazer acontecer essa história. Quan- as meninas e falando besteira. Hoje em dia do o Final Fight estava acabando, comecei a você sente que tem algum vestígio dessa falar que iria realizar esse sonho. Conheci mais época? gente, sabia que tinha minas tocando e come- FERNANDA: Meu, um pouco, mas melhorou cei a perguntar pra galera. Aí o Thrash, que era bem. Eu lembro que na época do Food 4 Life a vocalista do Armagedom, falou que conhecia galera invadia o palco, me dava medo. A galera a Pri. Disse que ela tinha uma banda e estava subia e eu pensava: ‘Nossa, e agora, quem vai procurando batera. Eu dei a minha proposta de me defender?’. (risos). Não tinha segurança, sei montar uma banda só de mulheres e ela não lá, me dava medo. acreditava que poderia dar certo, não botava fé. É meio constrangedor, você estar no palco e Mas eu disse pra gente tentar e falei que tinha alguém te chamando de gostosa. Ainda mais uma amiga de Curitiba, contei toda a história. sou tímida. Então tentamos com várias minas no vocal e no baixo, e não dava certo, até entrar a Fernanda. DYNAMITE: Mentalidade bem atrasada. Já tinha um show marcado e a gente iria tocar FERNANDA: Muito, bem atrasada. Dezembro/2014Dezembro/2014 35 DYNAMITE: Teve uma vez com a Syang DYNAMITE: Quanto tempo durou os en- (guitarrista), quando estava no P.U.S., saios antes da banda anunciar publica- um cara tentou agarrar ela e o seu namo- mente a sua existência? rado, que era o Ronan, foi lá e deu um FERNANDA: Alguns meses antes. soco no cara. Acontecia, eu lembro da Marielle, do Volkana, que é um doce de DYNAMITE: As letras são em inglês? pessoa, perder a paciência com uns en- FERNANDA: Não, tudo em português, pra graçadinhos também. deixar bem claro o que queremos dizer!!! Agora conte sobre sua nova banda. Como surgiu a Extermina? DYNAMITE: Quais os temas das músicas? FERNANDA: Eu queria montar mais uma FERNANDA: A gente fala de justiça, respeito, banda só de mulheres, aí resolvi reunir as cumplicidade. Normalmente eu falo mais ou musicistas que eu já conhecia o trabalho menos a ideia e a Tamy escreve. Mas todas e admirava. Só a Claudia (baixista) eu não tem que estar a favor da letra pra gente usar conhecia ainda, foi indicação de um amigo, na banda. mas foi a pessoa perfeita pra fechar a banda. DYNAMITE: Vocês pretendem gravar um CD, ou a planejam primeiramente uma DYNAMITE: Por que o nome Extermina? turnê? FERNANDA: Tem a ver com o conceito do FERNANDA: A gente está pra entrar em estú- nosso som, voadora na cara! (risos) dio, a tour pretendemos fazer neste ano. 3136 Dezembro/2014Dezembro/2014 para aprender a tocar, compor uma música e apresentar no sábado. Foi muito legal a experiência. A primeira parte do dia eram as aulas. Eu dava aula de bateria, mais três meninas também, e eram dez alunas apren- dendo, sendo quatro bateras. Na parte da tarde, elas já iam compor. Cada produtora pegava uma banda. Eu, além de dar aula, fui produtora de uma banda de metal. No primeiro tempo do dia eu dava aula e depois acompanhava as meninas para compor. De início foi meio difícil porque ninguém sabia tocar nada ainda. Eu não sabia se iria rolar, DYNAMITE: Fora a banda, quais outras ativi- mas no quarto dia já saiu alguma coisa. No dades você tem? quinto dia estava bem legal e no sexto foi FERNANDA: Eu dou aula de bateria, trabalhei para aperfeiçoar mesmo. A apresentação com edição no sábado foi de vídeo, sou muito legal, formada em foi emocion- publicidade, ante. pós-graduada em design DYNAMITE: gráfico. En- Esse projeto tão, faço uns continua? freelancers FERNANDA: por aí. Ah, eu Continua, as pinto quadros meninas que- também por riam de tivesse hobby. o ano inteiro para participar. DYNAMITE: Muito legal. Tem outra coisa que me DYNAMITE: chamou aten- Agradeço ção, é o Girls Rock Camp. Queria que você muito você pela entrevista, pessoa super contasse sobre esse projeto. bacana e profissional e a Dynamite está de FERNANDA: Esse projeto surgiu na Cail- portas abertas. fórnia, a gente conheceu, inclusive a Flavia FERNANDA: Muito obrigada! M mesmo que trouxe para o Brasil. Quando a gente foi tocar com o Dominatrix lá, acho que era o primeiro que estava rolando, foi em 2001. A gente achou muito legal o pro- jeto, só que não pensava que pudesse vir pra cá. A Flavia chegou a participar de uma edição lá, viu como funcionava e trouxe pra cá. Deu muito certo, não tinha nada parecido. O Rock Camp é uma atividade de férias só pra meninas e elas aprendem a tocar. Ninguém sabia ali, tinha uma ou outra que tocava. Você tinha uma semana

Dezembro/2014Dezembro/2014 3237 EARS UP Fique por dentro dos últimos lançamentos de CDs. para a opinião alheia – nem mesmo para o público. O site da revista (www.dynamite.com.br) traz mais lançamentos. Os cerca de 11 minutos da quase progressiva faixa Cotação: “Human Sedness”, escolhida como primeiro single MMMMM (Excelente); do trabalho, deixam isso bem claro. A música que MMMM (Ótimo); foi disponibilizada pouco antes do lançamento do MMM (Bom); disco soa como um amontoado de sons experimen- MM (Regular); tais, pesados, cheios de distorção e nada palatável M aos ouvidos. Porém, se o ouvinte conseguir passar (Fraco) dessa, que é a quarta faixa, as chances de chegar ao final das 12 faixas com uma sensação equili- Korzus brada entre a frustração e a impaciência, são boas. Legion Não é um álbum para os fãs do Strokes. Assim (Voice Music) como também, não é um álbum fácil de rotular. Não Por: Por: Adriano se encaixa nos padrões estabelecidos pela mídia e Coelho a única coisa fácil de ser percebida aqui é que sim, MMMM trata-se de um disco de rock. Definido por Casablancas como uma crítica ao No ano de 2004, o corporativismo tirânico que tomou conta do mundo Korzus lançou o globalizado, mais especificamente, do mundo da “Ties of Blood”, eu achei música, “Tyranny” não se parece também com o que naquele momento a trabalho anterior, “Phrazes for the Young”, lançado banda teria lançando o melhor trabalho da sua em 2009. São álbuns bastante diferentes entre história, e que eles nunca fariam um trabalho tão si. Neste novo, não há nenhum apelo comercial, bom quanto aquele. Em seguida, no ano de 2010, muito pelo contrário, a preocupação aqui – se é o grupo põe no mercado o “Discipline Hate”, que o músico se preocupa com alguma coisa – também muito bom, mas confesso que o anterior parece ser o oposto: um disco feito para não tocar ainda foi melhor. no rádio. Agora o novo disco “Legion” quebrou as minhas “Where No Eagles Fly”, que também já estava pernas. Nenhum trabalho do Korzus foi tão espe- disponível na rede desde o início de setembro, cial quanto esse. Não desmerecendo a história é exceção. A faixa lembra até o som do Strokes, da banda, mas o “Legion” está impecável, princi- mas deve ter sido sem querer. Outra que tam- palmente as guitarras, e o baixo do lendário Dick bém não faz feio é “Father Electricity”, assim Silbert. como “Business Dog” e, numa boa, é só isso. A Peso, velocidade, letras conscientes, destaco produção ficou a cargo de Shawn Everett e a The as duas primeiras, “Lifetime” e “Lamb”. Porém, Voidz, que como banda, deixa muito a desejar, a que eu mais gostei é “Vampiro”, cantada em é composta por Jeramy “Beardo“ Gritter, e Amir português. São 13 petardos, encerram com a Yaghmai nas guitarras, Jacob “Jake“ Bercovici no música que ganha o nome do álbum. Vale a pena baixo e sintetizadores, na bateria e conferir. nos teclado. Crucifixion BR Tyranny Destroying the Fucking () Disciples of Christ Por: Tatiana Tavares (Independente) MMM Por: Adriano Coelho MMM É tudo proposital: A postura meio desleixada, Antes de começar a fazer as músicas que parecem a critica desse trabalho, ter sido jogadas de percebi que o CD foi bem qualquer maneira, uma pensado, as letras, a após a outra, as sonoridades que as vezes até capa, a website, o encarte e até o comprido nome. agridem os ouvidos. Nada é por acaso. “Tyranny”, A banda não poupou esforços para nada, mesmo segundo trabalho solo do vocalista dos Strokes, sendo um álbum extremo na praia death/black Julian Casablancas, que acaba de ser lançado metal. Posso sem medo usar a palavra carinho dos pela Cult Records, selo do próprio cantor, já havia componentes para a realização desse trabalho. mostrado a que veio durante as apresentações do Apesar da gravação estar boa, as introduções per- músico nas edições latinas do Lollapalooza deste feitas, uma coisa difere: o vocal se destaca muito ano. Os shows ao lado da banda , a mais do que o instrumental, está alto demais. mesma que o acompanhou em estúdio, não foram O que faz com que o som de guitarra e bateria lá muito bem recebidos pelos fãs ou pela crítica, sumam. Mesmo assim a banda foi fiel naquilo que que considerou a apresentação do grupo no Chile tinha intenção de mostrar, som extremo, com boa como a pior do evento. O álbum, tem tudo para qualidade, mas, espero que no próximo trabalho, seguir o mesmo caminho. se preocupem em balancear, o vocal com os in- Mas Casablancas realmente não dá a mínima strumentos, para que a nota seja maior.

38 Dezembro/2014 Johnny Marr Detonator Playland Metal Folclore (Warner Music) (Independente) Por: Tatiana Tavares Por: Adriano Coelho MMMM MMMM

Depois de tocar ao Bruno Sutter, ex- lado de bandas como vocalista do Mas- The The e Electronic, sacration, incorpora e formar o The Heal- o “Filho do Deus ers, o eterno guitar- Metal” Detonator rista dos Smiths já não precisa experi- e mostra sua genialidade no álbum mentar para ter certeza de que seu lugar “Metal Folclore”. Com apresentação no rock ainda está garantido – e mais de Alexandre Frota, o artista explora forte do que nunca – mesmo depois de o folclore brasileiro da forma mais mais de duas décadas do fim da banda. sarcástica possível. Menos de dois anos depois de sua es- As meninas, ou melhor, as “Musas do treia longe da sombra de Morrissey e Metal” que o acompanham não deixam sua antiga banda, Johnny Marr, que pas- nada a desejar na parte instrumental. sou pelo Brasil em abril, durante o fes- O disco contou com convidados ilus- tival Lollapalooza, acaba de lançar seu tres como Rafael Bittencourt e Felipe segundo álbum solo, “Playland”. Andreoli, do Angra, João Gordo, líder Mais introspectivo que o trabalho an- do Ratos de Porão, entre outros. terior, “The Messenger”, o disco surge Não podemos deixar de citar o tra- mais autoral, com letras mais pessoais, balho gráfico do CD. É na verdade um deixando o lado “politizado” de Marr em álbum de figurinhas, com cromos au- segundo plano. A deliciosa “Back To The tocolantes com as imagens dos inte- Box” abre o álbum e traz à tona toda a grantes e convidados que podem ser influência que os anos 80 deixaram no colados no encarte do disco. Criativi- som do guitarrista. Está tudo ali: o pós- dade acima de tudo. punk e a new wave. Tudo na dose certa sem a nostalgia brega que dá o tom de Jorge Cabeleira tantos trabalhos de seus companheiros & O Dia Em Que de geração. Seremos Todos Depois, “Easy Money”, escolhida como Inuteis primeiro single entre as 11 faixas, muda Trazendo Luzes um pouco o tom. Mas é igualmente gos- Eternas tosa de ouvir. Refrão que gruda no ou- (Independente) vido e Johnny Marr já sem nenhum medo Por: Adriano Coelho de assumir o microfone. É claro que sua MMMM marca continua sendo a inconfundível guitarra, que pode ser ouvida em can- Lembro na década ções como “25 Hours” ou a faixa que dá de 90, quando Jorge Cabeleira de- nome ao CD, mas ele se mostra seguro spontou na MTV e nas rádios pau- nos vocais, deixando para trás a timidez listanas, com seu rock pesado, com ainda presente no álbum de estreia. ritmos nordestinos. O grupo vinha O músico tem dito em entrevistas re- na mesma onda de bandas como centes que “Playland” teve como in- Raimundos, Sheik Tosado, Nação spiração a cidade de Londres – como Zumbi. Isso na época era aclama- não poderia deixar de ser – e “Homo do, pois era uma forma do rock na- Ludens: o jogo como elemento da cultu- cional, com as nossas verdadeiras ra”, livro escrito em 1938 por Johan Hu- origens, ficar em evidência. Mas o izinga. Ele tem afirmado que a intenção tempo passou e o que esperavámos seria transpor os sentimentos de quem não aconteceu, e o estilo voltou vive na capital britânica para dentro da para o underground. música. No entanto, o disco soa bastante Nessa coletânea, Jorge mostra solar, como em “Boys Get Straight”, o seus 20 anos de trabalho, muito que talvez não combine muito com o barulho, e letras que lembram leitu- clima londrino. Mas não importa. O que ra de cordel e literatura de Jorge vale é viajar na idéia. Amado, sempre falando dos prob- Bem menos arrogante que Morrissey, lemas da região do Nordeste, mas, Johnny Marr não precisa – e nem merece sem perder a alegria. Um trabalho mais – as comparações com o ex-líder que merece respeito e admiração de dos Smiths. Sua carreira solo já tem per- quem nunca parou no tempo, mesmo sonalidade e promete ser duradoura. longe dos holofotes.

Dezembro/2014 39 Foo Fighters como Joan Jett, Buddy Guy, Willie Nelson Sonic Highways e Josh Homme. Ao mesmo tempo, regis- (Roswell/RCA) trou as sessões, colheu depoimentos e Por: Dum de Lucca produziu o documentário – “Foo Fighters: MM Sonic Highways”-, de cunho pretensa- mente antropológico. O novo lançamen- O trabalho em si tenta de forma desas- to do Foo Fighters, trada, como nas canções “Congregation”, “Sonic Highways”, “Something for Nothing”, “In The Clear” banda capitaneada e “Subterranean” enveredar pelo Classic pelo “cara mais le- Rock. E, se a banda não tem a mínima gal do rock”, Dave Grohl, escancara uma vocação e talento para ir adiante nesse história de muito marketing, moda, e tom, Grohl escolheu as piores matizes e maximiza o quanto a cena rocker empo- clichês do Classic Rock como inspiração. breceu, criando mitos e lendas que têm a E mesmo as tentativas de inesperadas consistência de uma geleia. Grohl apostou mudanças de dinâmicas não convencem, todas as suas fichas no rock carnal, pós- pois soam como o rock de arena em seu punk, rápido e fácil. Lançou oito álbuns, pico pré-MTV. Claro que muitos vão gos- desde 1995, abastecendo as viúvas do tar, mas é evidente para mim que a tenta- Nirvana com algo parecido, mas longe de tiva de flertar com o Classic Rock, e “ten- ser original (o que não é nenhum proble- tar evoluir” em sua musicalidade, foram ma), além de ter frequentado as listas dos dois tiros nos pés. álbuns mais vendidos e amealhado alguns Fãs admitem tudo, e por isso são fãs, prêmios. Criações para programas de TV, mas Grohl parece perdido em seu “Son- participações em projetos com nomes ic Highways”. A única certeza que ele como John Paul Jones, do Led Zeppelin, parece ter é que sua conta bancária vai e com o , entre engordar. Errado? Não! Ele conhece outros, sempre estiveram na pauta dele. muito bem a linha tênue entre ser infaliv- O vocalista/baterista/guitarrista acendeu elmente consistente e implacavelmente através do Nirvana e todo hype criado em estereotipado, e tem tentado fornecer torno do épico grupo de Seattle, as portas a cada novo disco uma nova narrativa. de sua virtuosa inteligência e faro para Ironicamente, na experiência de explorar os negócios. Hoje ele se assemelha muito a mística das cidades mais célebres da a Gene Simmons, do Kiss, ou seja, virou América, o Foo Fighters desmistifica uma máquina de ganhar dinheiro. É proibi- completamente o seu próprio processo do? Não! O que incomoda é vender a ima- criativo, efetivamente transformando o gem de alternativo, diferente e talentoso, projeto “Sonic Highways” em um experi- pois o americano foi engolido pelo main- mento frustrado ao tentar se reinventar. stream faz tempo, mas ainda posa como a última bolacha do pacote underground. E, Maurício Nunes se o Nirvana musicalmente já era duvido- Quase Tudo Que so, apesar da indiscutível balançada que Eu Queria Ter Dito provocou na cena rocker, o Foo Fighters (Independente) é um engodo que satisfaz pela metade, ou Por: Adriano Coel- muito pouco. Bandas como, por exemplo, ho o Dinosaur Jr e o Temples, são infinita- MMM mente mais consistentes e inteligentes do que o FF. Tanto pelo talento dos músicos O músico e escri- como pelas composições, linhas melódi- tor Maurício Nunes cas, harmonias e punch. lança seu trabalho de Em “Sonic Highways”, o oitavo tra- forma independente, balho do grupo, o FF desceu a ladeira suas letras são calçadas de um lado no perdendo o maior trunfo que tinha, sua romantismo e do outro no sarcasmo. As identidade. Grohl, na esteira do docu- composições são inteligentes, a produção mentário que produziu em 2013 sobre o está bem feita e a sua voz condiz com lendário estúdio “Sound City”, por onde o tipo de música que o CD apresenta, passaram Fleetwood Mac, Nirvana e Nine uma hora lembrando MPB, outra rock, Inch Nails, apostou em uma cartada mais sem deixar o pop de lado. Mesmo assim, ampla, mais rendosa e bem mais midiáti- quando o trabalho está chegando ao fi- ca. Gravar o álbum em oito cidades de nal, já que temos 16 canções, ele começa grande valor para a história da música a ficar meio previsível, talvez Maurício dos Estados Unidos, entre elas, , poderia apresentar uma surpresa maior Nashville, Austin, Nova Orleans, Nova nos próximos álbuns. O que se percebe York, Los Angeles, Washington e Seattle, também é que o compositor não guarda e recheá-lo de participações especiais nada, fala tudo que vem a cabeça.

40 Dezembro/2014 Pink Floyd de Mason em “Ummagumma”, 1969, uma das The Endless River melhores realizações do batera no catálogo do (Sony Music) Pink Floyd. Ele combina floreios de tom-tom e Por: Dum de Lucca marcha, em uma textura tribal em que usa uma MMM gama de dispositivos de percussão acústica. Apesar do trabalho soar como um pastiche da Para uma mega banda própria banda, não se pode negar que ainda veterana que ocupa o assim é melhor do que muitos discos de grupos posto das tops no univer- acéfalos que inundam o rock contemporâneo. so do rock n’ roll, lançar Simplesmente pelo fato de Gilmour ser um mag- um novo trabalho após 20 nifico guitarrista e Mason um baterista criativo e anos é uma tarefa atormentadora. Pois o grande poderoso. O que causa um certo desconforto é o Pink Floyd acaba de colocar no mercado o estra- fato de saber que “The Endless River” foi pro- nho “The Endless River”, que nada mais é do que duzido com um pouco de preguiça, pois outros algumas sobras de estúdio do medianíssimo “The ícones do rock como David Bowie, Bob Dylan, Division Bell”, de 1994, acrescido de pitadas e Patti Smith, Deep Purple, Jeff Beck e Black Sab- fagulhas de alguns momentos geniais do passa- bath lançaram discos surpreendentes de bons do. O guitarrista David Gilmour e o baterista Nick nos últimos quatro anos. Mason, os únicos membros originais do magnifico Apesar disso, não vou detonar o álbum, porque Floyd, em seu 15° álbum fizeram um mix de so- isso já se estabeleceu como obrigação na crítica noridades de seus melhores trabalhos como, por especializada e o trabalho não é esse horror que exemplo, fagulhas de synths da canção “Welcome pintam. Prefiro olhar pelo lado de dois músi- to The Machine” do disco “Wish You Were Here”, cos que sabem o quanto contribuíram para o 1975, na faixa “It´s What You Do”. Não vou aqui rock com trabalhos seminais como “The Piper of enumerar todos os trechos e citações propositais The Gates of Dawn”, 1967; “More”, 1969, “Um- que Gilmour e Mason colocaram no álbum, mas magumma”, 1969, “Meddle”, 1971, “Atom Heart algumas merecem citação. Vale lembrar que os Mother”, 1970, “Dark Side of The Moon”, 1973” teclados são de Rick Wright, morto em 2008, a e “Wish You Were Here”, 1975, o último disco quem o disco é dedicado. significativo do Floyd. E, dessa forma, buscar- O álbum é puramente instrumental (menos am seu epitáfio, como disse o guitarrista para Louder Than Words) e consiste em uma sé- a BBC: “o álbum é um fluxo contínuo de uma rie de paisagens sonoras contemplatórias com música que se constrói em peças separadas, é intenções sedutoras. E, obviamente, os sinteti- nosso último disco”. zadores, as guitarras e a bateria enfatizam os Enfim, “The Endless River” é longo, forte e pontos fortes do Pink Floyd em seu transporte experimental, e mesmo sendo formatado por para um mundo metafísico e espacial, o que sobras de estúdio retrabalhadas, cada membro marcou a grande fase da banda quando produzia recebeu uma certa quantidade de espaço para um som alucinante, elástico e que evocava os fazer a sua própria música. O Pink Floyd está ai, abismos do espaço. O grupo sempre explorou com a música que a banda tem, e de fato isso seus limites com mergulhos em assuntos munda- é o que sempre falou mais alto em sua história. nos do ego, da mente, da memória e do coração, Os abismos mais profundos do rio infinito con- tocando em temas como loucura, alienação, e o tinuam sendo definidos por esse mesmo anseio. narcisismo da sociedade em seus álbuns con- O álbum é um fim tranquilo para uma carreira ceituais dos anos 1970. mais do que convincente. “The Endless River” O clássico e o mais vendido álbum da banda foi lançado em CD e vinil duplo, além dos forma- até hoje, “Dark Side of The Moon”, é revivido em tos digitais. A banda, separada desde 1994, se “Anesia”, faixa preenchida por um piano abafado reuniu apenas uma única vez, em 2005, durante e saxofones. Já “Skins” lembra muito o trabalho o concerto beneficente Live 8, em Londres.

Dezembro/2014 41 38 Dezembro/2014